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A memória ainda pode ser classificada como memória de curto prazo, memória de longo prazo,
autobiográfica, episódica e sensorial. A perda ou dificuldade de armazenamento ou
recuperação de informações é conhecida como amnésia e deve ser tratada sendo comum em
casos de lesões e traumas de diferentes espécies.
Emoção: É um estado mental subjetivo associado a uma ampla variedade de sentimentos,
comportamentos e pensamentos. Ela desempenha um papel central nas atividades humanas,
já que as emoções alteram a atenção e o nível do comportamento resultando em diferentes
respostas do indivíduo. Pode ser considerada como uma espécie de depósito de influências
aprendidas e inatas.
Pensamento: É a capacidade de compreender, formar conceitos e organizá-lo. Estabelece
relações entre os conceitos por meio de elementos de outras funções mentais (como as vistas
anteriormente), além de criar novas representações, ou seja, novos pensamentos. O
pensamento possibilita a associação de dados e sua transformação em informação estando
conseqüentemente associado com a resolução de problemas, tomadas de decisões e
julgamentos.
Linguagem: A Linguagem é a capacidade de receber, interpretar e emitir informações ao
ambiente. Por meio da linguagem podem-se trocar informações e desenvolver formas de
compreensão e de expressão. A linguagem reflete a capacidade de pensamento, então se uma
pessoa tiver um transtorno de pensamento sua linguagem poderá ser prejudicada. Junto aos
processos cognitivos é que a linguagem se desenvolve e se as habilidades das funções
mentais são crescentes assim os recursos lingüísticos também serão.
Sensação: A sensação é a resposta sensorial ou objetiva ao estimulo do meio ela detecta a
experiência sensorial básica por meio dos sons, objetos, odores e etc. Desse modo, essa
função pode classificada como sendo de natureza objetiva.
Percepção: Refere-se a capacidade de captar os estímulos do meio para processamento da
informação. Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela captação das informações, ou seja,
o processamento cerebral depende da visão, olfato, tato e etc. Ela é considerada uma
característica subjetiva, diferentemente da sensação que é classificada como sendo objetiva.
a) ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia de tipo paranóide (onde há maior estruturação psíquica e um delírio
minimamente sistematizado) apresenta um conjunto estável de alucinações auditivas verbais.
Todos os tipos de alucinação podem estar presentes em qualquer sub-tipo de esquizofrenia.
As vozes estão relacionadas com as perturbações delirantes do pensamento e seu conteúdo é
sempre negativo: vozes que comentam os atos da pessoa, a injuriam, ameaçam , dão ordens,
etc.Os pacientes vivem essas vozes como uma interferência alheia ao próprio eu, elas são
atribuídas a perseguidores.
As vozes sempre são dirigidas à pessoa que as alucina.
Os pacientes discutem ou se defendem das vozes quando possível, por vezes o caráter
imperativo das vozes não deixa outra saída além da obediência.As sonorizações do
pensamento (ouvir os próprios pensamentos como se viessem do exterior, como eco, ou como
se alguém os repetisse em voz alta) são comuns.Há também a alucinação de vozes
dialogantes, que conversam entre si, sobre o paciente ou não. Às vezes as vozes discutem sua
vida, algumas condenam sua conduta, lhe atacam e outras lhe saem em defesa.Algumas
vezes estão presentes alucinações auditivas de ruídos, rumores ou vozes sem sentido, mas
sempre esses sons são ameaçadores e dirigidos à pessoa.
As esquizofrenias de tipo desorganizada e catatônica costumam apresentar mais as
alucinações cenestésicas.
EXEMPLOS CLÍNICOS:
1 - Um paciente internado, com várias tentativas de suicídio e delírio paranóico, ouve vozes
que vêm de Deus e lhe são dirigidas: Pedro, senta a bunda nessa pedra; Pedro tu és a pedra
sob a qual edificarei a minha igreja; Pedro, apascenta as minhas ovelhas. Não apenas vozes,
mas também ruídos como o trovão são tomados como vindo de Deus de forma ameaçadora e
dirigida à sua pessoa: ouvi o trovão de Deus.
2 -Um outro paciente, deitado em sua cama ouvia um barulho estranho e ameaçador que
acaba reconhecendo como um barulho de serrote; era a criatura que o perseguia ameaçando-o
de cortá-lo em pedaços.
3 - Uma paciente ouvia vozes que lhe ordenavam ações e ela se via obrigada a obedecer
automaticamente: Bate, come, anda, etc.
4 - Uma paciente solteira, após ter um filho cujo pai não assumiu e lhe trouxe várias
dificuldades no relacionamento com sua família, estava andando na rua quando ouve alguém
dizer: \u201cEssa mulher teve um filho!\u201d (o tom da afirmação era acusatório).
5 - Um paciente ouvia a mãe sussurrar na cozinha, enquanto ele tentava descansar em seu
quarto: viadinho.
6 - O paciente R sentia o pescoço se transformando em massa plástica e derretendo, fruto de
um remédio que lhe deram para matá-lo.
7 - Um paciente reclamava de sentir as veias correrem dentro de seu corpo.
8 - O paciente M. sentia os órgãos apodrecerem, o estômago ao avesso e os olhos embaçados
de sujeira. Chegou a tomar desinfetante e outros produtos tóxicos para tentar contornar seu
mal-estar, assim como pingar água sanitária nos olhos para clareá-los.
9- Um paciente dizia que lhe jogavam descargas de fluidos para causar-lhe mal-estar. As
descargas eram acompanhadas de vozes que diziam: se você contar alguma coisa diremos
que está maluco.
10 - Um paciente diz não poder ir para casa devido ao cheiro horroroso dos piolhos das
galinhas de um aviário localizado há um quarteirão de distância. Outra diz que não podia ficar
em casa por causa das emanações de gás que deixavam um cheiro horrível, insuportável.
Quando reclamava, seus parentes diziam que estava louca.
EPILEPSIA
Há a presença de alucinações dotadas de vivacidade e nitidez, sempre angustiantes.
As mais comuns são as visuais, sendo seguidas pelas auditivas e por fim as cenestésicas.
Há a presença de auras: certos equívocos sensoriais que se dão no início da crise. Podem ser
fenômenos elementares como cores, ou até visões complexas assim como sons e vozes. O
característico das auras é que, para cada doente, elas apresentam sempre o mesmo conteúdo.
Em alguns pacientes há crises epiléticas parciais que se configuram por estados alucinatórios
que podem durar horas ou dias e deixam os pacientes inquietos, angustiados ou ameaçados.
São muito comuns as alucinações visuais em tons de vermelho, sangue, chamas, etc. É
comum a presença de reações violentas em respostas a essas alucinações. Esses estados são
seguidos de amnésia.
Causas
Alterações da linguagem,
embora de definição e delimitação difíceis, sempre foram de grande interesse para a
psicopatologia.Tais alterações ocorrem geralmente associadas à AVCs, tumores cerebrais,
malformações arteriovenosas, etc.
Afasia :É a perda da linguagem, falada e escrita por incapacidade de compreender e utilizar os
símbolos verbais.
Parafasias:São formas mais discretas de déficit de linguagem, nas quais o individuo deforma
determinadas palavras, ocorrendo muitas vezes no inicio das síndromes demenciais.
Agrafia: É a perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita, sem que haja qualquer déficit
motor ou perda cognitiva global.
Alexia: É a perda, de origem neurológica, da capacidade previamente adquirida para a leitura.
Ocorre associada às afasias e às agrafias.
Disartria:É a incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações neuronais
referentes ao aparelho fonador, alterações estas que produzem paresias da musculatura da
fonação
Disfonia:É a alteração da fala produzida pela mudança na sonoridade das palavras. Já a Afonia
é uma forma acentuada de disfonia, na qual o individuo não consegue emitir qualquer som ou
palavra.
Disfemia:É a alteração da linguagem falada sem qualquer lesão ou disfunção orgânica,
determinada por conflitos e fatores psicogênicos.
Dislalia:É a alteração da linguagem falada que resulta da deformação, da omissão ou da
substituição dos fonemas.
Bradifasia:O paciente fala muito vagarosamente, as palavras seguem-se umas às outras de
forma lenta e difícil. Em geral, está associada a quadros depressivos graves, estados
demenciais e esquizofrenia crônica ou com sintomas negativos.
Mutismo:Pode ser definido como a ausência de resposta verbal oral por parte do doente. O
paciente fica no leito sem responder ao entrevistador. Os fatores causais associados ao
mutismo são muito variáveis, podendo ser de natureza neurobiológica, psicótica ou
psicogênica.
Perseveração e estereotipia verbal:Há repetição automática de palavras ou trechos de frases,
de modo estereotipado, mecânico e sem sentido.
Ecolalia:É a repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador falou ou dirigiu ao
paciente. É um fenômeno quase que automático, involuntário, realizado sem planejamento ou
controle.
Alterações da Orientação
Orientação
A capacidade de situar-se quanto a si mesmo e quanto ao ambiente é elemento básico da
atividade mental. Pequenos rebaixamentos no nível da consciência são suficientes para
comprometer a orientação de um paciente quanto ao tempo e ao espaço. Por isso, uma pessoa
aparentemente vigil pode ter suas alterações detectadas pelo exame da sua capacidade de
orientação.
1) Orientação Autopsíquica
Orientação do indivíduo em relação a si mesmo.
Revela se o sujeito sabe quem é: nome, idade, data de nascimento, profissão, estado civil, etc.
2) Orientação Alopsíquica
Capacidade de orientar-se em relação ao mundo. Subdivide-se em:
a) Orientação espacial
O lugar onde o paciente se encontra: nome da instituição, andar do prédio, bairro, cidade,
estado e país. Pode-se perguntar a distância do local da entrevista até a residência do paciente
(em quilômetros ou horas).
b) Orientação temporal
Pode-se aferir “do mais fácil para o mais difícil”: em que ano estamos? qual o mês? que dia da
semana? que dia do mês?
Também pode-se avaliar a noção que o paciente tem da duração dos eventos: a quanto tempo
a senhora está internada? quando se alimentou pela última vez?
É importante lembrar que a orientação temporal é adquirida mais tardiamente que a
autopsíquica e a espacial na evolução neuropsicológica. Por isso, crianças com menos de 7
anos podem ter dificuldade em responder a essas perguntas sem que isso signifique,
necessariamente, uma disfunção.
Por fim, os tipos de desorientação podem ser distinguidos de acordo com a alteração de base
que os condiciona:
– Desorientação quanto à própria idade: definida como uma discrepância de cinco anos ou
mais entre a idade real e aquela que paciente diz ter. Acredita-se ser um bom indicativo clínico
de déficit cognitivo na esquizofrenia.
A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas.
sem a afetividade, a vida mental torna-se vazia, sem sabor.
É definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se
encontra a pessoa em determinado momento. [...] é um dos transfundos essenciais da vida
psíquica.
humor ou estado de ânimo
[...] os afetos e os sentimentos são vivenciados, de modo geral, em dois pólos: agradável e
desagradável, prazeroso e desprazível.
Afetos:qualidade e tônus emocional que acompanha uma idéia ou representação mental. [...]
são o componente emocional de uma idéia.
Paixões:é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um
todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os
demais interesses. segundo pieron (1996), a paixão intensa impede o exercício de uma lógica
imparcial.
Reação afetiva: a vida afetiva ocorre sempre em um contexto de relações do eu com o mundo
e com as pessoas, variando de um momento para outro à medida que os eventos e as
circunstâncias da vida se sucedem. a afetividade se caracteriza particularmente por sua
dimensão de reatividade. nesse sentido, há duas importantes dimensões da resposta ou
reação afetiva de um indivíduo:
Alterações do humor
Distimia: em psicopatologia geral, é o termo que designa a alteração básica do humor tanto no
sentido da inibição como no sentido da exaltação. não se deve confundir o sintoma distimia
com o transtorno distimia, que, segundo [...] o dsm iv, é um transtorno depressivo leve e
crônico.
Disforia:por sua vez, diz respeito à distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva
desagradável, mal-humorada.
Elação:há além da alegria patológica, a expansão do eu, uma sensação subjetiva de grandeza
e de poder. o eu vai além dos seus limites, ganhando o mundo.
Moria:é uma forma de alegria muito pueril, ingênua, boba, que ocorre principalmente em
pacientes com lesões extensas dos lobos frontais, em deficientes mentais e em indivíduos com
quadros demenciais acentuados.
Estado de êxtase:há uma experiência de beatitude, uma sensação de dissolução do eu no
todo, de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o mundo exterior, muitas vezes
com o colorido do hipertímico e expansivo. está freqüentemente associado a experiências
circunscritas a um contexto religioso ou místico, não sendo aqui considerado como fenômeno
psicopatológico, mas cultural. [...] pode estar presente [...] no transe histérico, esquizofrenia ou
na mania.
Embotamento afetivo e devastação afetiva perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. ao
contrário da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo é observável,
constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente.
Distúrbios Somatoformes
Os distúrbios somatoformes abrangem vários distúrbios psiquiátricos nos quais os pacientes
referem sintomas físicos, mas negam apresentar problemas psiquiátricos. Distúrbio
somatoforme é um termo relativamente novo, que é aplicado para o que muitos denominam
distúrbio psicossomático. Nos distúrbios somatoformes, os sintomas físicos, ou a sua gravidade
e duração, não podem ser explicados por qualquer doença física subjacente. Os distúrbios
somatoformes incluem a somatização, a conversão e a hipocondria. Os psiquiatras diferem
consideravelmente no que diz respeito ao valor e à validade do uso dessas categorias
diagnósticas. Entretanto, essa distinção dos diferentes distúrbios somatoformes proprocionou
aos psiquiatras um meio para descrever a ampla variedade de sintomas apresentados por
esses pacientes e para diferenciar os distúrbios baseando-se nessas descrições. As descrições
minuciosas podem ajudar os psiquiatras a ordenar os diferentes distúrbios que podem ser
melhor estudados cientificamente. Os distúrbios somatoformes geralmente não possuem uma
explicação clara. Os pacientes com um distúrbio somatoforme podem ser muito diferentes entre
si. Como não existe uma explicação clara de como ou por que os indivíduos desenvolvem seus
sintomas, não existem modos de tratamento específicos e aceitos consensualmente.
Somatização
A somatização é uma doença crônica grave caracterizada pela presença de muitos sintomas
físicos, particularmente uma combinação de dor e sintomas gastrointestinais, sexuais e
neurológicos. As causas da somatização não são conhecidas. Ela freqüentemente ocorre em
famílias. Os indivíduos com o distúrbio também tendem a apresentar distúrbios da
personalidade caracterizados pelo egocentrismo (personalidade narcisista) e uma dependência
exagerada de outras pessoas (personalidade dependente). Os primeiros sintomas surgem na
adolescência ou no início da vida adulta e acredita-se que eles ocorram predominantemente
em mulheres. Os familiares do sexo masculino de mulheres com esse distúrbio tendem a
apresentar uma incidência elevada de comportamento social inadequado e de alcoolismo.
Sintomas
Um indivíduo com somatização apresenta muitas queixas físicas vagas. Embora qualquer parte
do corpo possa estar afetada, os sintomas mais freqüentes são cefaléia, náusea e vômito, dor
abdominal, diarréia ou constipação, períodos menstruais dolorosos, fadiga, desmaios, dor
durante o intercurso sexual e perda do desejo sexual. Embora os sintomas sejam
principalmente físicos, também podem ocorrer a ansiedade e a depressão. Os indivíduos com
somatização descrevem os seus sintomas de forma dramática e emotiva, referindo-se a eles
freqüentemente como “insuportáveis”, “indescritíveis” ou “o pior imaginável”. Nas relações dos
indivíduos com somatização, emerge uma dependência extrema. Eles solicitam cada vez mais
ajuda e suporte emocional e podem tornar-se enraivecidas quando sentem que suas
necessidades não estão sendo supridas. Freqüentemente, eles são descritos como
exibicionistas e sedutores. Em uma tentativa de manipular os outros, eles podem ameaçar ou
tentar o suicídio. Comumente insatisfeitos com os cuidados médicos que recebem, eles mudam
constantemente de médico. Os sintomas físicos parecem ser uma maneira de transmitir um
pedido de ajuda e de atenção. A intensidade e a persistência dos sintomas refletem o desejo
intenso do indivíduo de ser atendido em cada um dos aspectos de sua vida. Esses sintomas
também parecem servir a outros propósitos como, por exemplo, permitir que o indivíduo evite
as responsabilidades da vida adulta. Os sintomas tendem a ser desconfortáveis e impedem
que o indivíduo se envolva em projetos atrativos, sugerindo que o indivíduo também apresenta
sentimentos de invalidez e de culpabilidade. Os sintomas impedem que ele tenha prazer e
também atuam como uma punição.
Diagnóstico
Os indivíduos com somatização não têm consciência de que o seu problema básico é
psicológico e, por essa razão, eles pressionam o médico a realizar exames e tratamentos
médicos. O médico é obrigado a realizar muitos exames e investigações clínicas para
determinar se o indivíduo apresenta um distúrbio físico que explique adequadamente os seus
sintomas. Os encaminhamentos a especialistas para consultas são comuns, mesmo quando o
indivíduo já estabeleceu uma relação razoavelmente satisfatória com um médico. Após o
médico haver definido que se trata de um distúrbio psicológico, a somatização pode ser
diferenciada dos distúrbios psiquiátricos similares pelos seus muitos sintomas e pela tendência
dos mesmos persistirem por anos. Ao diagnóstico adiciona-se a natureza dramática das
queixas e um comportamento exibicionista, dependente, manipulador e, algumas vezes,
suicida do paciente.
Prognóstico e Tratamento
A somatização tende a oscilar em termos de gravidade, mas ela persiste por toda a vida. A
obtenção de um alívio completo dos sintomas durante um longo período de tempo é rara.
Alguns indivíduos apresentam uma depressão mais evidente no decorrer dos anos e suas
referências ao suicídio tornam-se mais ameaçadoras. O suicídio é um risco real. O tratamento
é extremamente difícil. Qualquer sugestão de que os sintomas são psicológicos tende a
produzir sentimentos de frustração e de raiva nesses indivíduos. Conseqüentemente, o médico
não pode abordar o problema diretamente como se fosse psicológico, mesmo quando ele o
reconhece como tal. Os medicamentos não são muito úteis e, mesmo quando o indivíduo
aceita uma consulta psiquiátrica, as técnicas psicoterápicas específicas apresentam poucas
possibilidades de êxito. Geralmente, o melhor tratamento é uma relação terapeuta-paciente de
apoio, relaxada e firme que provê alívio sintomático e protege o indivíduo de procedimentos
diagnósticos ou terapêuticos muito caros e possivelmente perigosos. Entretanto, o profissional
deve permanecer alerta frente à possibilidade de o indivíduo desenvolver uma doença física.
Síndrome de Munchausen: Fingir Doença para Chamar Atenção
A síndrome de Munchausen, também denominada simulação, não é um distúrbio somatoforme,
mas as suas características são algo similares aos dos distúrbios psiquiátricos sob a aparência
de uma doença orgânica. A diferença fundamental é que os indivíduos com a síndrome de
Munchausen simulam conscientemente os sintomas de uma doença. Eles inventam
repetidamente doenças e freqüentemente vão de hospital em hospital em busca de tratamento.
Contudo, a síndrome de Munchausen é mais complexa que a simples e desonesta invenção e
simulação de sintomas. Ela está associada a problemas emocionais graves. Os indivíduos com
esse distúrbio geralmente são bem inteligentes e cheios de recursos. Eles não somente sabem
como simular doenças, mas também possuem um conhecimento sofisticado das práticas
médicas. Eles são capazes de manipular seus cuidados para serem hospitalizados e
submetidos a uma enorme quantidade de exames e tratamentos, incluindo cirurgias de grande
porte. Suas fraudes são conscientes, mas a sua motivação e busca por atenção são em grande
parte inconscientes. Uma variante curiosa da síndrome é denominada Munchausen por
substituto. Nesse distúrbio, uma criança é utilizada como paciente passivo, geralmente por um
dos genitores. O genitor falsifica a história médica da criança e pode causar-lhe danos com
medicamentos ou adicionando sangue ou contaminantes bacterianos em amostras de urina,
orientando todo o seu esforço para simular uma doença. A motivação subjacente a esse
comportamento tão estranho parece ser uma necessidade patológica de atenção e de manter
uma relação intensa com a criança.
Conversão
Na conversão, os sintomas físicos causados por conflitos psicológicos assemelham-se aos de
um distúrbio neurológico ou de outras condições médicas. Os sintomas da conversão são
claramente causados pelo estresse e pelos conflitos psicológicos, que os indivíduos convertem
inconscientemente em sintomas físicos. Embora os distúrbios da conversão tendam a ocorrer
durante a adolescência ou no início da vida adulta, eles podem ocorrer pela primeira vez em
qualquer idade. De modo geral, acredita-se que se trate de um distúrbio um pouco mais
comum em mulheres que em homens.
Sintomas e Diagnóstico
Por definição, os sintomas da conversão são limitados àqueles que sugerem uma disfunção do
sistema nervoso (geralmente a paralisia de um membro superior ou inferior ou a perda de
sensibilidade de uma parte do corpo). Outros sintomas incluem as convulsões simuladas e a
perda de um dos sentidos (p.ex., audição ou visão). Geralmente, o início dos sintomas está
relacionado a algum acontecimento social angustiante ou psicologicamente estressante. O
indivíduo pode apresentar apenas um episódio isolado ou episódios esporádicos, os quais são
geralmente de curta duração. Quando os indivíduos com sintomas de conversão são
hospitalizados, eles geralmente apresentam uma melhoria em duas semanas. No entanto, 20%
a 25% deles apresentam recaídas ao longo de um ano. No início, o diagnóstico tende a ser
difícil porque o indivíduo acredita que os sintomas são decorrentes de um problema físico e
não deseja ser examinado por um psiquiatra. O médico assegura- se cuidadosamente de que
os sintomas não possuem uma causa física.
Tratamento
Para o tratamento, é essencial que exista uma relação de confiança entre o médico e seu
paciente. Quando o médico avalia um possível distúrbio físico e tranqüiliza o paciente dizendo
que os sintomas não indicam uma doença subjacente grave, ele comumente começa a sentirse
melhor e os sintomas desaparecem. Quando uma situação psicologicamente estressante
precede o surgimento dos sintomas, a psicoterapia pode ser particularmente eficaz. Algumas
vezes, os sintomas de conversão retornam com freqüência, chegando mesmo a tornar-se
crônicos. Vários métodos de tratamento foram tentados (alguns podendo ser úteis), apesar de
nenhum deles ter produzido um resultado uniformemente eficaz. Um do métodos mais
utilizados é a hipnoterapia: o paciente é hipnotizado e os aspectos psicológicos supostamente
responsáveis pelos sintomas são identificados e discutidos. A discussão continua após a
hipnose, quando o indivíduo encontra-se totalmente alerta. Outros métodos incluem a
narcoanálise, um procedimento semelhante à hipnose, mas que prevê a administração de um
sedativo para a indução de um estado de semiadormecimento. A terapia de modificação do
comportamento, incluindo o relaxamento, também revelou ser eficaz para alguns indivíduos.
Hipocondria
A hipocondria é um distúrbio psiquiátrico no qual o indivíduo refere sintomas físicos e mostra-
se particularmente preocupado por acreditar firmemente que eles representam uma doença
grave.
Sintomas e Diagnóstico
As preocupações do invíduo pela gravidade da doença baseiam-se freqüentemente em uma
interpretação incorreta das funções normais do organismo. Por exemplo, os ruídos intestinais
e, algumas vezes, a flatulência e o desconforto que ocorrem à medida que os líquidos avançam
através do tubo digestivo são normais. Os hipocondríacos usam esses “sintomas” para explicar
a sua crença de que eles estão com uma doença grave. O fato de serem examinados e
tranqülizados pelo médico não diminui suas preocupações. Eles tendem a crer que, por alguma
razão, o médico não conseguiu encontrar a doença subjacente. O médico suspeita de
hipocondria quando um indivíduo saudável e com sintomas pouco importantes demonstra
preocupação sobre o seu significado e não reage frente às explicações do médico após uma
avaliação minuciosa. O diagnóstico é confirmado quando a condição persiste durante anos e
os sintomas não podem ser atribuídos à depressão ou a um outro distúrbio psiquiátrico.
Tratamento
O tratamento é difícil, pois o hipocondríaco está convencido de que algo em seu organismo
encontra- se gravemente alterado. A tranqüilização não reduz essas preocupações. Entretanto,
uma relação de confiança com um médico atencioso é benéfica, sobretudo se as visitas
regulares ao seu consultório forem acompanhadas por uma atitude tranqüilizadora. Se os
sintomas não forem adequadamente aliviados, o indivíduo pode ser beneficiado pelo
encaminhamento a um psiquiatra para uma nova avaliação e tratamento, concomitantemente
com o atendimento médico primário.
F20 Esquizofrenia
Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por distorções fundamentais
e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou
embotados. Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual,
embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo. Os fenômenos
psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o
roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, idéias
delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que
comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do
pensamento e sintomas negativos.
A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua, episódica com
ocorrência de um déficit progressivo ou estável, ou comportar um ou vários episódios
seguidos de uma remissão completa ou incompleta. Não se deve fazer um
diagnóstico de esquizofrenia quando o quadro clínico comporta sintomas depressivos
ou maníacos no primeiro plano, a menos que se possa estabelecer sem equívoco que
a ocorrência dos sintomas esquizofrênicos fosse anterior à dos transtornos afetivos.
Além disto, não se deve fazer um diagnóstico de esquizofrenia quando existe uma
doença cerebral manifesta, intoxicação por droga ou abstinência de droga. Os
transtornos que se assemelham à esquizofrenia, mas que ocorrem no curso de uma
epilepsia ou de outra afecção cerebral, devem ser codificados em F06.2; os
transtornos que se assemelham à esquizofrenia, mas que são induzidos por drogas
psicoativas devem ser classificados em F10-F19 com quarto caractere comum .5.
Exclui:
esquizofrenia:
· aguda (indiferenciada) (F23.2)
· cíclica (F25.2)
reação esquizofrênica (F23.2)
transtorno esquizotípico (F21)