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1 INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
(2008), do Ministério da Educação - MEC, defende o direito de todos os alunos estudarem
na mesma escola e recomenda a matrícula obrigatória de alunos com deficiências
(intelectual, física neuromotora, visual e surdez), transtornos globais do desenvolvimento
ou altas habilidades/superdotação em escolas comuns de ensino. Nesta perspectiva, a
Educação Especial está desenhada como modalidade de ensino inserida em todos os
níveis da educação escolar:
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional
especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse
atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização
nas turmas comuns do ensino regular. (BRASIL, 2008, p.16).
Desta forma, a educação especial, de acordo com a atual Política do MEC, deve
garantir o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é definido pelo Decreto
Federal 7.611/11, no § 1º do art 2º, alíneas 'I e II' como:
(…) conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos
organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas:
I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e
na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou
II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou
superdotação.
De acordo com a referida legislação federal, o AEE deve ser organizado nas
escolas da rede regular de ensino em espaços constituídos de mobiliários, materiais
didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade, equipamentos específicos e de
professores com formação em educação especial, devendo ser realizado
preferencialmente em Sala de Recursos Multifuncional – tipo I.
No Estado do Paraná, em cumprimento aos preceitos legais e às recomendações
de documentos nacionais e internacionais que destacam diretrizes para a construção de
espaços educacionais inclusivos, a oferta de serviços de apoio complementar e
suplementar especializado nas escolas da rede pública de ensino para o público-alvo da
educação especial, acrescido dos transtornos funcionais específicos, é organizada em
Sala de Recursos Multifuncional (SRM), Centro de Atendimento Especializado (CAE),
Professor de Apoio a Comunicação Alternativa (PAC) Professor de Apoio Educacional
Especializado (PAEE) e Intérprete de LIBRAS.
Neste texto, em atendimento aos objetivos de nosso estudo, abordaremos apenas
as o serviço de apoio complementar especializado realizado nas SRM– tipo I,
normatizadas pela Instrução n.º 014/11 SEED/SUED – Educação de Jovens e Adultos
(EJA) e Instrução n.º 016/11 SEED/SUED – Educação Básica, área da deficiência
intelectual (DI), deficiência física neuromotora (DFN), transtornos globais do
desenvolvimento (TGD) e transtornos funcionais específicos (TFE).
Áreas do desenvolvimento:
As intervenções pedagógicas na SRM– tipo I devem, primeiramente, trabalhar o
desenvolvimento das funções cognitivas, responsáveis pelo ato de aprender. Desta forma,
é de suma importância que o professor especializado detenha o conhecimento de uma
fundamentação teórica sobre os processos de desenvolvimento humano e de
aprendizagem. Diante de inúmeras teorias de aprendizagem, fizemos a opção de pautar
este texto em duas abordagens que podem auxiliar o professor no trabalho complementar
especializado: a teoria sócio-histórica abordada por Vigotsky e o construtivismo abordado
por Piaget, pois se considera que este referencial respalda satisfatoriamente as práticas
pedagógicas inclusivas.
Na abordagem Vigotskyana, o professor da SRM– tipo I deve ter como foco as
potencialidades e possibilidades de desenvolvimento do seu aluno, considerando as
relações sociais por ele vividas, ou seja, o que ele pode vir a aprender e saber. Nesta
perspectiva, destaca-se que é essencial oferecer possibilidades de aprendizado para este
aluno, sendo a SRM– tipo I um espaço privilegiado de desenvolvimento das funções
psicológicas superiores: memória, percepção, abstração, atenção e linguagem.
Ancorados na teoria cognitiva de Piaget, acredita-se que o grupo de alunos
atendidos na SRM– tipo I, tem possibilidades de se desenvolver pedagogicamente, desde
que a escola ofereça a eles estratégias de desenvolvimento das estruturas mentais e
estimulação do funcionamento intelectual. Assim, o professor deve propor situações de
aprendizagem que estimulem a atividade intelectual, pois a inteligência se estrutura a
partir de seu próprio funcionamento. De acordo com a teoria Piagetiana, as intervenções
pedagógicas na SRM – tipo I devem:
possibilitar a evolução de um estágio de desenvolvimento para o subsequente;
facilitar a aquisição de conceitos defasados, respeitando o nível cognitivo de cada
um;
propor atividades através de jogos, vivências e materiais concretos que provoquem
a aprendizagem;
partir do conhecimento que o aluno possui, investigar suas necessidades e
possibilitar-lhe novos conhecimentos.
A psicologia cognitivista defende que o desenvolvimento humano se dá nas áreas
cognitiva, psicomotora, afetiva e social, aspectos esses fundamentais para o processo de
aprendizagem. Sendo assim o trabalho da SRM– tipo I fundamenta-se a partir das áreas
do desenvolvimento, a saber:
Área psicomotora: entende-se por psicomotricidade a integração das funções motrizes e
mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso central. A psicomotricidade
destaca as relações existentes entre a motricidade, a mente e a afetividade das pessoas.
As atividades psicomotoras como resultantes de estudos científicos podem ser
consideradas como ações a serviço da educação. Cuidam do movimento, ao mesmo
tempo em que desenvolvem as funções intelectuais e afetivas. O desenvolvimento
psicomotor se organiza em esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial,
orientação temporal, tônus, postura e equilíbrio, coordenação dinâmica manual.
Área cognitiva: entende-se por cognição o ato ou ação de conhecer ou de adquirir
conhecimento. Este tema tem sido objeto de inúmeros estudos, principalmente na
psicologia evolutiva e na psicologia da aprendizagem. Em todas as correntes que tentam
explicar como o aluno aprende e pensa, há um denominador comum: a aceitação de que
se trata de fenômenos complexos, porque envolvem aspectos culturais e biopsicológicos.
O desenvolvimento da área cognitiva pressupõe o desenvolvimento da percepção,
memória, atenção, raciocínio e linguagem.
Área afetiva-emocional: entende-se por afetividade o estado psicológico do ser humano
que pode ou não ser modificado diante de diferentes experiências (positivas ou
negativas). Assim, o estado psicológico é de grande influência no comportamento e no
desenvolvimento cognitivo e consequentemente no processo de aprendizagem dos
alunos, uma vez que sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções
integram todos os campos da vida.
Áreas do Conhecimento:
Além de trabalhar o desenvolvimento das funções cognitivas que são fundamentais
ao êxito nas atividades acadêmicas, em um segundo plano, durante o trabalho individual
com o aluno, o professor da SRM – tipo I (anos finais e ensino médio) deve resgatar os
conteúdos defasados de leitura, escrita e conceitos matemáticos, principalmente aqueles
referentes aos anos iniciais, pois dificuldades nestas áreas trazem consequências
negativas para a aprendizagem de outras disciplinas.
Os conteúdos escolares defasados deverão ser trabalhados na SRM – tipo I com
estratégias e metodologias diferenciadas. De acordo com o MEC, “esse atendimento
existe para que os alunos possam aprender o que é diferente do currículo do ensino
comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela
deficiência” (BRASIL, 2007, p.22).
A ação pedagógica na SRM – tipo I deve ser, necessariamente, planejada com
atividades diversificadas, realizadas de forma individual ou em pequenos grupos, sempre
acompanhadas pelo professor que deve intervir quando necessário, com a finalidade de
acompanhar e estimular o desenvolvimento das funções cognitivas do aluno durante a
realização da atividade.
Enfim, o professor da SRM – tipo I desempenha um papel imprescindível, uma vez
que deve mediar e avaliar a construção do conhecimento a ser elaborado pelo aluno,
através de situações pedagógicas significativas, que despertem o seu interesse em
aprender.
REFERÊNCIAS