Sei sulla pagina 1di 216

ALHISMO

ULISMO ·.

29PTB

C.

E.Ortora
da UnNersidade
·~~f f'& , L . ' ~ ~-.,.,-.-. ;.. '-.. .-

_....,.... ."" · .., . .


- Direitos reservados desta edíçao:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
t• edíçao: 1992 ' ( é
Capa: Carla Luzzatto
Editoraçao: Geraldo F. IIuff .
Revisao: Marli de Jesus Rodngues dos Santos,
Anajara Carbonell Closs e Maria da Graça Storti Féres
Montagem: Rubens Renato Abreu
Oivulgaçao: Jurand1r Soares
Administraçao: Antonio A Dallazen
Composiçao: Suliani - Editografia Ltda.
Impressao: Editora Gráfica Metrópole S. A

Mlauel Bodea (1948-1988)


Foi aluno do Colégio de Aplicaçao da UFRGS. Estudou Ciências Econômicas em Cam.
bridge/lnglaterra. Mestrado em Ciencias Polfticas pela USPJSao Paulo. Assessor do MDB
na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul nos anos 70. Assessor do governador
Leonel Brizola no Rio de Janeiro nos anos 80. Trabalhou ainda como consultor do Insti.
tuto Latino-Americano do Desenvolvimento (ILDES) da Friedrich Ebert-Stifung no Rio
de Janeiro, de orientaçao socialdemocrata, organizando encontros dos membros da fu.
ternacional Socialista (Mário Soares, Willy Brandt e outros) com polfticos brasileiros com
afinidades eletivas com os partidos socialdemocratas e socialistas do Primeiro Mundo.
Publicações: A greve de 191 7: as origens do trabalhismo gaúcho (1973) e inúmeros artigoo
em revistas e jornais.

B666t Bodea, Miguel


Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul I Miguel
Bodea. -- Porto Alegre : Ed. da Universidade/UFRGS, 1992.

1. Partidos polfticos - PTB : Rio Grande do Sul- História. 2.


Partidos polfticos - Rio Grande do Sul - História. 3. Partidos polf·
ticos- Rio Grande do Sul- PTB. 4. Rio Grande do Sul - História.
I. Tftulo.

CD U: 329(PTB):981.65
329(816.5)(091)
329(816.5)(PTB)
981.65

Bibliotecária responsável: Ana Cristina de F. Griebler. CRB-10,1933

ISBN 85-7025-230-7
>

Sumário

APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 9

Capitulo 1
FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO PTB NO RIO GRANDE DO
SUL (1945-1954) ...................................................................................................... 14
O surgimento dos partidos polfticos nacionais na conjuntura de 1945 ........... 14
A reestruturação partidária de 1945 no Rio Grande do Sul ............................. 17
A formação do Partido Trabalhista Brasileiro no Rio Grande do Sul ............ J)
As eleições de 1945 e a efêmera avalanche pessedista ....................................... 31
A campanha pasqualinista de 1947 e a consolidação do PTB regional ........... :I>
As eleições de 1950 e a hegemonia trabalhista no Rio Grande do Sul ........... $
O primeiro governo trabalhista estadual, as eleições de 1951 e a
formação da "Frente Democrática" ...................................................................... 9l
A segunda campanha de Pasqualini e os reveses de 1954 .............................. 106
Notas ........................................................................................................................ 13 ·

Capítulo 2
O TRABALHISMO GAÚCHO ......................................................................... 139
As lideranças trabalhistas e seus papéis:
Vargas e Pasq ualini ......................--:........................................................................ 139
_,· O PTB no projeto poHtico nacional de Vargas ................................................. 141
O PTB e Vargas no projeto político de Pasqualini .......................................... 152
Liderança nacional e liderança regional ............................................................ 165
Notas ........................................................................................................................ 174

Capftulo 3 _
TRABALHISMO E POPULISMO: UMA INTERPRETAÇAO
ALTERNATIVA ............ ..... ....... .... ..... ... ................ ........ ........ ...... ......................... 178
O trabalhismo como formação partidária e corrente doutrinária .................. 178
Trabalhismo e populismo ......................................... :........................................... 189
Notas ............................. ........................................................................................... ·m

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 212


,._
Capítulo 1

Formação e evolução do PTB


no Rio Grande do Sul (1945-1954)
O SURGIMENTO DOS PAR TIDOS POLÍTICOS NACIONAIS
NA CONJUNTURA DE 1945

A partir de princípios de 1945 inicia-sono Brasil o processo de desmante-


lamento do Estado Novo. É uma combinação de fatores internos e externos
que acelera a democratização. Os fatores externos são derivados da nova con-
juntura internacional aberta com a proximidade da derrota do nazi-facismo,
que tornam cada vez mais inviável a sobrevivência de um regime ditatorial no
Brasil. Internamente, a partir de 1942, ocorre um reagrupamento das oposições
ao regime, representando um leque que vai desde setores das oligarquias re-
gionais prejudicados pela Revolução de 1930, passando por uma oposição bur-
guesa liberal até setores da esquerda democrática e o próprio Partido Comu-
nista, que se reagrupava na clandestinidade. As pressões sobre o governo são
tais que, já no dia 22 de fevereiro de 1945, ele proclama a sua intenção de con-
vocar eleições gerais ainda naquele ano. No dia 28 de fevereiro é decretado o
Ato Adicional n° 9 que estabelece eleições diretas para a presidência da Repú-
blica e proporcionais para o Parlamento Nacional. No dia 18 de abril o gover-
no decreta anistia geral a seus adversários poJíticos, beneficiando desde liberais
até comunistas. Finalmente, a 28 de maio de 1945 é decretada a chamada Lei
Agamenon (nome do ministro da Justiça da época), que marca as eleições para
o dia 2 de dezembro e regulamenta o novo código eleitoral e os requisitos para
a formação de partidos políticos. A grande inovação desta lei é de que ela tor-
nava obrigatória, pela primeira vez na história brasileira, a formação de parti-
dos de caráter nacional. Este dispositivo visava não apenas evitar uma excessiva
fragmentação partidária, mas também impedir o ressurgimento dos tradicio-
nais partidos oligárquicos que tinham bases essencialmente estaduais e defen-
diam um programa federalista e outros princípios derivados do liberalismo
clássico.
Não apenas as exigências da Lei Agamenon, mas as próprias característi-
cas da conjuntura de 1945 conduziriam a uma estruturação partidária com ca-
racterísticas novas, que manteria seus traços essenciais, no contexto nacional,
até 1964. Do lado da oposição a Vargas e ao Estado Novo formava-se uma
grande frente liberal-democrática que incluía, desde setores oligárquicos até
repr~sentantes. da. burguesia liberal urbana e elementos da esquerda não-co-
m~ms~a, que flcanam conhecidos como Esquerda Democrática. Esta frente se
cnst.ahzou em torno da União Democrática Nacional (UDN), que se transfor-
mana em um dos grandes partidos de período 1945-64. Durante o ano de 1945
3
UDN agrupa-se em torno da candidatura presidencial antivarguista do briga-
14

.:
., ...
. ,. _,

deiro Eduardo Go~es. Sua direção e seu. conteúdo programático vão sendo
atrnente dommados por elementos liberal-conservadores que em nfvel
gra du d . . •
. rnacional defen em um alinhamento mcondicional com os EUA no con-
Inte F . A ó -
teX to da Guerra na. P s a
. convençao. de
. abril de 1945• os elementos da
0
h rnada Esquerda emocrátlca (na ma10na socialistas antigetulistas) come-
~~ a se afastar da l~nha lib~ral-conservadora da UDN. Em agosto de 1945, a
Esquerda Democráuca praticamente rompe com a UDN. Em princípios de
1946, juntand?-~e com o~t~os grupos socialistas independentes, passa a formar
0
partido Soctahsta Brastletro (PSB). A oposição antivarguista, não-comunista,
dá origem, portanto, a duas correntes distintas - um partido liberal-conserva-
dor fortemente elitista. e que teria penetração em setores da oligarquia, da bur-
guesia e da classe m~dta urban.a- a ~J?N- e um partido de esquerda indepen-
dente, formado por mtelectuats socialistas, voltado para a classe operária mas
que nunca obteria uma grand~ base de massa: o PSB.1
Do lado das forças getuhstas também ocorre um processo de formação de
duas correntes distintas. Inicialmente, Vargas e todo o aparato oficial do Esta-
do Novo, ante a inevitabilidade das eleições, lançam-se na construção de um
forte partido de sustentação oficial: o Partido Social-Democrático (PSD). Este
partido surge a partir da força das interventorias estaduais (os governadores
nomeados por Vargas) e representa uma tentativa de centralizar as forças
oligárquicas locais fiéis a Vargas numa estrutura partidária que tivesse algumas
tinturas reformistas e fosse fiel a um programa nacionalista. O próprio nome
parece ter sido escolhido para atrair o voto urbano e dar esta conotação refor-
mista. Entre seus fundadores, destacavam-se os principais interventores doEs-
tado Novo, entre eles Benedito Valadares, governador de Minas Gerais, e
Amaral Peixoto, governador do estado do Rio de Janeiro. No entanto, tal qual
ocorrera com a UDN, no seio do PSD também passaria a prevalecer uma
tendência liberal-conservadora, vinculada às oligarquias e elites locais.
Devido ao descontentamento dos setores operários urbanos- vinculados
à estrutura sindical criada no Estado Novo- e também graças à visão de Var-
gas da necessidade de mobilizar o voto de massas urbano em torno de uma le-
genda específica, surge um outro partido, essencialmente voltado para o voto
operário: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). À diferença do PSB, o PTB
não explicitava, pelo menos no início, uma plataforma socialista e atraiu pou-
cos membros da intelligentsia de esquerda para integrar seus quadros (com ex-
ceção, como veremos, do Rio Grande do Sul). Mas a vantagem que levou so-
bre o PSB no período 1945-64 foi a de conseguir mobilizar gradualmente uma
significativa parcela do voto operário, crescendo de eleição em eleição, até tor-
nar-se o maior partido no Parlamento após as eleições de 1962, quando ocorre
a fusão com um setor da bancada eleita pelo PSB.
Além dos três grandes partidos nacionais- UDN, PSD e PTB- e do PSB,
surgem vários outros partidos, a partir de 1945. O mais forte deles é o Partido
Comunista Brasileiro. Este, graças à sua estrutura de organização fortemente
centralizada e sua disciplina ideológica, emerge com uma grande força em
~ :

, capitalizando inclu~ive as p~rseguições que sofrera no Estado Novo


1945
Gláucio Soares, chega a afumar que.
A situação político-partidária, .depois ?c muitos ~n~s de ditadura, caracte.rizava-sc
pela existência de um só part.Jdo efet1~a~ente nac1onal dotado de uma Ideologia
consistente: 0 Partido Comumsta Brasileiro, fundado em ~arç? de 1922, que sou.
be manter mesmo durante a ditadura, uma estrutura orgamzac1onal nacional anca.
2
rada nas capitais e nas principais cidades.

Nas eleições gerais de 1945, o .P~B aind~ ~up.lantaria em votos o ~TB nos
principais centros urbanos. Nas eletçoes_ m~mctp~ts de 194~, ele obt~na maio-
ria relativa dos votos na capital da Repubhca (RIO de Janetro) e farta a maior
bancada municipal em importantes centros como Sant?~ e Recife. A eclosão da
Guerra Fria fez com que o PCB fosse novamente prOibido, em 1947, já no go-
verno Dutra. A partir daí, é provável que uma boa parte da sua votação no
meio operário tenha se encaminhado para o PTB. -
Do lado oposto do espectro político surge, em 1945, o Partido de Repre-
sentação Popular (PRP) - sucedâneo ideológico da antiga Ação Integralista,
movimento parafascista da década de trinta. O P~P, partido de ideologia direi-
tista, teria pouca influência nos centros urbanos, mas algumas fortes bases re-
gionais em áreas de pequenos agricultores independentes, particularmente nas
regiões de colonização alemã e italiana do Paraná, Santa Catarina e Rio Gran-
de do Sul. O PRP entraria em rápido declínio a partir da década de cinqüenta,
sendo gradualmente deslocado pelo Partido Democrata Cristão (PDC), um
partido de centro-direita mais dinâmico e moderno, com penetração crescente
nos centros urbanos do Centro-Sul. 3
Finalmente, entre os partidos mais regionais, mas com alguma influência
no cenário nacional cumpre destacar o Partido Republicano (PR) - herdeiro
dos PRs da Primeira República e com alguma força, embora decrescente, so-
bretudo em Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, mantinha-se o Partido Li-
bertador, herdeiro dos antigos federalistas e defensor do parlamentarismo c de
uma forte descentralização do poder. Finalmente, em São Paulo, o Partido So-
cial Progressista (PSP)- do "cacique populista" local - Adhemar de Barros.
O importante a salientar, para os propósitos deste estudo, em relação ao
quadro partidário que se forma em 1945, é de que, se por um lado, surgem, pc-
la primeira vez na história do Brasil Republicano, verdadeiros partidos nacio-
n.ats, por outro, estes partidos nascem, aparentemente, com um relativo ecle-
tismo ideológico (com exceção do PC e do PRP) e caracterizam-se também
p~r um~ g~ande heterogeneidade de posições no interior de cada um deles. O
cnv~ pnnctpal da divisão partidária dá-se, em 1945, principalmente em cima da
~d~hdade. ou oposição ao presidente Vargas. A'\sim surgem simultaOL'amcntc
ots partidos de cunho liberal-conservador, um anti-Vargas (UDN), outro
pró-Vargas (PSD) c dois partidos de base operária c cun ho social-reformista:
um pró-Vargas (PTB), outro anti-Vargas (PSB). É provável que a cvoluç3o
16
•r:;,'r~­

~ ---·
' ., \,I ' ' : • ~· • • . '

polftica de long? p_raz~- nã~ fosse a ruptura de 1964- tivesse o efeito d f .,r .
Co nvergir os p.n nclpals partidos em cima de suas• ,-.,os,·ço-c s dou t nn
. á nas
. ce suas
azer
_ • t IV
"'·tscs
,,. . de sustentaçao socwl. fazendo o cs· 11 cctro políti·co te nuer
,, para uma b'Ipo- '
Jarizaç~~ entre um blo~o hhe~al-consc~ador UDN-PSD c um bloco popular-
progressista PTB_-PSD • superando asstm a dicotomia gctulismo x antigetulis-
mo. O caso do Rto Grande do Sul- na época um dos estados mais politizados
do p~tf~, além ~c tcr~a na_tal ~ b~~s_c d~ atuação de Vargas no seu período de
"exfiiO ( 1945-50) - ~ multo stgmftc<lttvo neste contexto, pois antecipam-se ali lO
algumas das t~ndê~~Jas que ~penas numa fase bem posterior viriam a se mani-
festar com ~ator nitidez no Sistema partidário nacional do período 1945-64.

A REESTRUTURAÇÃO PARTIDÁRIA DE 1945


NO RIO GRANDE DO SUL

Após o Ato Adicional n2 9 (28/2/1945), a anistia política (18/4/1945) e,


principalmente, a decretação da Lei Agamenon (28/5/1945), que regulamenta a
atuação dos partidos políticos, as forças políticas passam a movimentar-se ten-
do em vista, sobretudo, a questão da sucessão presidencial e das eleições de de-
zembro de 1945.
A aglutinação inicial das forças gaúchas obedece a um padrão semelhante
àquele verificado no cenário nacional: de um lado as correntes da oposição an-
tivarguista, agrupando-se em torno da União Democrática Nacional, do outro,
as correntes fiéis ao oficialismo, articulando, a partir sobretudo da estrutura da
interventoria estadual, o Partido Social Democrático, aparentemente fiel a
Vargas.
A UDN gaúcha, que se aglutina em apoio à candidatura do brigadeiro
Eduardo Gomes, a partir dos meses abril e maio, nasce em torno a várias lide-
ranças políticas tradicionais que se haviam incompatibilizado com Vargas. En-
tre estas cumpre citar Flores da Cunha (ex-republicano e interventor no perío-
do 1930-37, deposto por Vargas na véspera do Estado Novo), Osvaldo Aranha
(ex-ministro das Relações Exteriores, forte partidário do alinhamento incondi-
cional com os EUA) e mesmo o velho cacique republicano Borges de Medeiros
(governador da província de 1902-28, de certa forma o mentor do Getúlio
pré-1930). 5 Aranha e Flor~s da Cunha de fato desempenharam importante pa-
pel na articulação da UDN nacional, mas coube a Flores a tarefa de organizar
o partido regionalmente, enquanto Aranha concentrava-se na política nacio-
nal, na capital federal.
A estes caciques tradicionais juntaram-se, temporariamente, tal qual
ocorreria em nível nacional, elementos da chamada Esquerda Democrática li-
derados, no Rio Grande do Sul, pelo ex-libertador e reformista social Bruno de
Mendonça Lima e por Antonio Aranha, irmão mais moço de Osvaldo.
A Esquerda Democrática gaúcha era, desde o início, bem menos expres-

17

·-- - -- --· ·- ..J ,_.;,.___,-. ,_•.:....•.:. ..


·miJares em outros Estados, sobretudo São Paulo 1.,
siva do que suas st d d . c.rn sete
1 lanr!tria _
um manifesto a favor a emocracia c tlc rcf · Jll.
bro de 1945 , e a r- " . - d . orrnas r.;
. . ·nalando que diante de mamfestaçoes e um confus 10 nisrno,. .1. ·o.
ctats, asst ' ( ) f \JC Jbcr·
- 0 dizer dirigido cumpre acentuar ... , nossa ranca oposkão
do, para na ~ I b. r Ih ' l ao ba.
tado Novo c aos que se ~ncertaram para aco. ertctr- e os ~rros .c tlcsanno~·· ~
0 manifesto também apóta clara~ente ~ candtdatura _do _bngadct.~o, assinala~.
do que: "HoJ·e, Eduardo Gomes s1mbohza . '
o povo que nao se dctxou cont·
d' f· d f
nar pela corrupça"'o e pelo 'queremtsmo, a ts .arça I'a orma do nazi-fase,<nni.
·.
d :-;rno
latino-americano, ontem tentado em _Cu ba e hOJe rea 1za o no Brasil".7
Mas a aliança com os caciques da _UDN duraria pou_c~: a Eb gaút:ha
romperia com 0 partido em 1946 e tentar~a -~o~co_rrer às eletç?es estaduais de
!947: ali obteve apenas dois mil votos, nao atmgmdo o quoctente eleitoral .
desaparecendo, a partir de então, como corrente partidária independente d~
Estado. r
Mais grave para os destinos da UDN gaúcha do que a ru_ptura com a ED
local seria, entretanto, um outro ~fenô~eno político de características csscn.
cialmente regionais: a obstinação do líder maragato8 Raul Pilla em recriar 0
tradicional Partido Libertad~r (PL). Pilla havia assinado, ao l~.do de Flores,
Aranha e Borges, o manifesto nacional de apoio à candidatura de Eduardo
Gomes. Na fase da estruturação recusou-se, no entanto, a ingressar na UDN ,
então chefiada, ao n{vel regional, pelo seu velho rival, general Flores da Cunha.
Com tenacidade e forte carisma pessoal Pilla conseguiu registrar a velha sigla
PL, apesar das restrições impostas pela Lei Agamenon. 9
O PL era um partido essencialmente gaúcho e ocupo-u, no cenário local,
uma boa fatia do espaço que, em nível nacional, seria ocupado pela UDN. Tra-
tava-se de um partido elitista, liberal, visceralmente antigctulista, que trans-
formaria a luta pelo parlamentarismo na sua principal.platafo.rma doutrinária.
Ao n{vel regional, o PL levava uma grande vantagem sobre a UDN: era porta-
dor de uma longa tradição política, cultural e até militar (As Guerras Civis de
1893-95 e 1923) que remontava aos federalistas dos anos 1890 e aos libertado-
res da era Borges de Medeiros (1903-28). Com este cacifc, o PL suplan.taria a
UDN em força eleitoral já a partir das eleições estaduais de 1947.
Desfalcada no seu flanco "maragato" pela formação do PL, a UDN gaú-
cha, embora liderada por três antigos chefes "chimangos" (Flores, Aranha c
Bo:ges) não ~nseguiu, tão pouco, atrair para suas fileiras contingentes signifi-
cattvos do anttgo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR).
. A herança doutrinária republicana (com forte influência positivista) ca-
nal~zava-se, com mais naturalidade, para as águas do estuário getulista, então
aruculado em torno do PSD.1o
0 PSD _gaúcho nasce exatamente nos moldes já analisados por vários au·
tor~ a r~petto do PSD nacional. 11 Tratava-se de organizar um partido forte a
pantr da ~nterventoria e da máquina governamental local. Para tanto, as forças
pró-getuhstas contavam com o beneplácito do interventor Ernesto Dornelles,
.18
' r:· ~ " . ·· · '
. .....-~ : ·~
- .. - .'.
~. i

·',

primo do presidente Vargas. Este último, acompanho'u de perto a estruturação


do PSD gaúcho, a ponto de confiar a seu irmão, Protásio Vargas, a-.tàrefa de
organizar a máquina político-eleitoral pessedistaY Entre as lideranças do PSD
gaúcho, nesta sua fase inicial, despontavam, além.de Protásio Vargas e Dornel-
les, os ex-libertadores Walter Jobim (que fora secretário estadual de obras du-
rante boa parte do Estado Novo) e Oscar!Carneiro da Fontoura, além do ex-
dissidente liberal Cylon Rosa. 13 Estes quatro políticos, além do interventor
Dornelles, são as figuras dominantes do PSD gaúc'ho na sua primeira con-
venção regional, realizada em j\ilho de 1945. Nesta convenção começa a se de-

linear, no entanto, o primeiro esboço de um conflito que afetaria profunda-
mente o futuro,,de PSD-gaúcho: q choque entre líderes políticos tradicionais e
"elitistas" como Walter Jobim, €arneiro da Fontoura e Cylon Rosa de um lado
e)ideres getulistas de massa; de estilo "populista" 14 do outro. A expressão má-
xima destes últimos era José Diogo Brochado da Rob-ha, ex-diretor da Viação
Férrea do Rio Grande do Sul e que detinha forte liderança sobre a massa dps
ferroviários gaúchos. Na primeira convenção estadual do PSD, José Diogo en-
- fr~ntou e dasafiou· os prócer~s pessedistas- tradicionais com um estilo político
distinto, caracterizádo pqr um apelo à mobilização de massas impregnado de
uma tônica social-reformadora e antlelitista. N<;tchoque entre estes estilos de
liderança, Protásio Vargas manteve-se prudentefuente eqüidistante. 15 O confli-
to prenunCiava, no entanto, uma fissura política de sérias conseqüências na
história subseqüente do PSD gaúcho, que se manifestariam já a partir de 1946.
Mas o resultado mais imediato do conflitõ na convenção de julho de 1945 foi a
criação da chamada ala trabalhista do PSD, germe, na verdade, da futura arti-
culação do Partido Trabalhista Brasileiro, que será abordada no item seguinte.
Para completar o espectro político-partidário gaúcho, em 1945, é preciso
lembrar que, além da clivagem inicial dos blocos pró-getulista (PSD, PTB) e
antigetulista (UDN, PL), ressurgiriam, nos seus flancos extremos, dois partidos
de cunho ideológico mais marcado: o PCB, com fortes bases de penetração em
Porto Alegre, Rio Grande e alguns centros urbanos do interior, que teria, no
período 1945-47 grande penetração e influência no movimento operário sindi-
cal da região e, no extremo oposto, o PRP, sucedâneo da antiga Ação Integra-
lista, com forte penetração nas regiões de colonização alemã e italiana, a cha-
mada Zona Colonial em que predominavam as pequenas e médias proprieda-
des rurais. Nos primeiros anos após a queda do Estado Novo, o PRP contava,
como rede de apoio, com expressiva parcela do clero das paróquias rurais, em-
bora a hierarquia eclesiástica se inclinasse mais para o PSD. O PRP gaúcho era
sucedâneo singular do integralismo da década de 1930: por um lado, era depo-
sitário dos rancores e ressentimentos das colônias alemã e italiana, duramente
atingidas pelos programas de "brasilianização" implementados por Cordeiro
de Farias durante a Segunda Guerra. Por outro, absmvia a pregação naciona.-
listóide de Plínio Salgado, compartilhando com o líder a desconfiança em re-
lação às "plutocracias ocidentais" e à crescente penetração econômica norte-
americana. A força do PRP era sobretudo rural: mas derivava não da oligar-

19
~:
I
I •

I:

quia e dos estancieiros, mas sim dos pequenos e médios proprietários agrícolas.
Apesar de seu latente sentimento antioligárquico e antiimperialista,: poten-
cialmente apto a resvalar para alianças ''populistas", o clero local dedicava
uma boa parcela de suas simpatias ao PRP, graças ao zelo com que este fechava
o mundo rural ao "comunismo" e às novas idéias.
Os dois partidos liberal-conservadores de cunho antigetulista - UDN e
PL, as forças pró-getulistas do PSD e PTB, uma incipiente e efêmera Esquerda
Democrática e mais os partidos extremistas (do ponto de vista ideológico),
PCB e PRP, completavam o espectro polftico gaúcho nas vésperas das eleições
de 1945. Nas eleições estaduais de 1947, o PSP ademarista faria a sua primeira
incursão no cenário polftico regional, não obtendo, entretanto, o quociente
eleitoral para entrar na Assembléia Legislativa. Bem mais tarde, surgiriam no-
vos concorrentes, com plataformas reformistas: o PDC e o MTR ferrarista.

A FORMAÇÃO DOPARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO


NO RIO GRANDE DO SUL

O PTB gaúcho surge, no período 1945-46, a partir da confluência de três


vertentes distintas, que assim denomino:
a) a corrente sindicalista;
b) a corrente doutrinário-pasqualinista; e
c) a corrente pragmático-getulista. 16
Estas três correntes têm, de fato, origens distintas e a sua integração no
PTB gaúcho ocorre em etapas e formas diversas.

a) A primeira vertente formadora do PTB gaúcho, que denomino de cor-


rente sindicalista, é composta, essencialmente, por um núcleo de lideranças
sindicais que se forjaram no Estado Novo ou, quando anteriores a ele, nele pe-
lo menos sobreviveram em funções sindicais. Nem todos poderiam ser conside-
rados simples "pelegos" pelos padrões da época: algumas destas lideranças so-
freram inclusive os percalços das prisões e da repressão do Estado Novo, o que
contribui para conferir-lhes uma visão relativamente critica em relação às eli-
tes políticas tradicionais consolidadas ou adaptadas à estrutura de poder do Es-
tado Novo.
A corrente sindicalista 17 origina-se na chamada ala trabalhista do PSD,
formada, sob inspiração de José Diogo Brochado da Rocha, na primeira con-
venção estadual do PSD gaúcho. Ela constituiria o núcleo inicial do PTB, po-
dendo seus líderes e ativistas serem considerados os verdadeiros fundadores do
partido no Rio Grande do Sul.
Nos meses de agosto c setembro de 1945 ganha grande impulso no Esta-
do, o movimento "qucrcmista" que visava à reeleição de Va rgas c tinha o
apoio d~cla.rado de Prestes c do PCB local, tendo por base principal o movi-
mento smdtcal, como comprova a sua força nos maiores centros operários da

20
região: Porto Alegre, Rio Grande (cidade portuária considerada por alguns
"berço·.do queremismo" c J'maior bastião do trabalhismo") e Pelotas (maior
centro frigorífico do Estado). 18 A ala trabalhista do PSD envolve-se profunda-
mente no qucremismo, o que a distancia cada vez mais da cúpula do partido,
comprometida com a candidatura de D~tra c cada vez mais receosa em relação
ao eventual "continuismo" de Vargas. 19 No auge do movimento qucremista, a
ala trabalhista alugaria sede própria, na Rua Sete de Setembro, escapando de
forma crescente ao controle da liderança do PSD e deixando de ser a "máquina
de bater palmas" dos políticos tradicionais. 20 Em princípios de setembro, o
presidente da ala trabalhista, José Vecchio, na época presidente do Sindicato
da Carris Porto-Alegrense (serviço de bondes) e Sílvio Sanson, da diretoria do
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Madeireira de Porto Alegre passam a
considerar o PSD um "partido da classe dominante, liderado por políticos bur-
gueses" e decidem-se pela ruptura com a cúpula pessedista. 21 Sanson é enviado
ao Rio de Janeiro para entrevistar-se com Paulo Baeta Neves, um dos fundado-
res do PTB nacional, ato para o qual dispunha do beneplácito e apoio de Var-
gas. No Rio, Sílvio Sanson obtém, junto a Baeta Neves, o programa e os estatu-
tos do PTB nacional e consegue fazer-se portador de um "recado dado no Ca-
tete" pelo qual Getúlio Vargas teria "autorizado" o·desligamento da ala traba-
lhista do PSD e a fundação do PTB no Rio Grande.
No dia 14 de setembro, reunidas na Praça Parobé, as principais lideranças
sindicais da ala desligam-se formalmente do PSD e assinam a ata de fundação
do PTB. 22 Esta ata é firmada pelos seguintes líderes sindicais de Porto Alegre:
-José Vecchio
Presidente do Sindicato da Carris
Porto-Alegrense
-Sílvio Sanson
Diretoria do Sindicato dos Trabalhado-
res na Indústria Madeireira
-José Baldílio de Lemos
Diretoria do Sindicato dos Metalúr-
cos de Porto Alegre
- Sadi Soares Machado
Representante dos Portuários
-Augusto Diniz
Presidente do Sindicato dos Traba-
lhadores na Indústria de Trigo, Mi-
lho c Mandioca
-José Francisco Vanini
Presidente do Sindicato dos Traba-
lhadores na Indústria do Pão, Bis-
coitos e Massas
-Antero Veiga Rodrigues
Presidente do Sindicato dos Traba-
21
· tri·I do Arroz
Ihadores na I ndus • .
. C3 't"'no Frag,l
-
Bt:·rnJrd mo .. t. "d. to dos
~
Pa det-.
Prc.sid~nte do Stn tCJ
ro · . .· · nto
- JoJo Grcgônn do Nasctmc .
Direwria do Sindicato da Carns
_Vi co Tomson Collin .
Prc.sfdentc do Sindicato dos Alfaia-
tes
_ Edson 1\ foreira Chagas .
Mcmhro do Sindicato dos Alfatates
-Darcy Gross
Presidente do Sindicato dos Comcr-
ciários.23
Além dessas lideranças sindicais, a ata de f~ndação do PTB gaúcho seria
assinada por apen~s dois bacharéis: o profes~o.r ~~~o Braun c o ~autor Oibreci
Werney da Silva. E interessante notar que a mtctatlv~ da fundaça? do PTB par.
tiu de lideranças sindicais de peso (geralmente presidentes de smdicatos) das
mais variadas categorias.
· José Vecchio, líder da ala trabalhista, passaria a ser o responsável pela
organização do PTB em Porto Alegre. Apesar de seguir, naquela fase, a lide-
rança de Vargas, tratava-se de um sindicalista de tradi<;ão hastante rebelde: foi
lfder da dura greve-geral do~ transportes de Porto Alegre em 1929 e, pela sua
militância sindical, chegou a ser preso três vezes durante o Estado Novo. Sílvio
Sanson, ativista do Sindicato dos Madeireiros assumiu a presidência do PTB
durante o seu primeiro ano de existência. Foi, no início, o mais duro defensor
da criação de um partido só de trabalhadores, resistindo à entrada de bacharéis
e polfticos profissionais, o que lhe custaria o cargo, já em 1946. 24 Na primeira
fase do PTB, Sanson ficou encarregado de estruturar o partido no interior do
Estado, enquanto Vecchio dedicava-se à capital.
Em termos de estrutura organizativa do PTB, a corrente sindicalista deu
uma contribuição importante: seus líderes e militantes tomaram a iniciativa de
• I cria.r as cham~d~s "alas profissionais" dentro do partido: entre I9~5 c 194? o~­
gamzaram-se mumeras Alas no PTB: a ala dos bandrios, a ala dos mctalurgJ-
cos, ala dos gráficos, para citar as mais significativas, desempenharam impor-
tant~ papel na fase formativa do partido. Mais tarde, já durante o ano de. 1946·
surgiram_ também alas em áreas não sindicalizadas, como a ala ae<u.JêmJra ou
estudant!I e a ala feminina, que basearam sua estrutura, inicialmente, no mode-
lo das alas operárias.
. . ~ cisão da ala trabalhista do PSD manteve-se nos limites dos militantes
smdtca~s: nenhuma outra liderança política, nem m . 1110 0 inspirador d:l ai:J.
José Dwgo Brochado da Roc ha - cntao - Já
. cmpcnhnclo em sua c:trnp.tn. h:t J>ara
..
depurado federal pelo PSD- acompanhou os sindicalistas. Tudo indic:tva. JOI·

22
cialmente, que o PTB seria um partido baseado, essencialmente, na estrutura
do movimento sindical.
Por outro lado, 0 fato de ter ele surgido a partir de um racha do PSD le-
vantaria rancores e uma desconfiança mútua que tornariam cada vez mais difí-
cil uma futura composição ou aliança entre o PTB e o PSD regionais.

b) A segunda vertente formadora. do PTB gaúcho, q~e ?enomino de ~ar­


rente doutrinário-pasqualinista tem ongens totalmente d1stmtas da antenor.
Tratava-se de um círculo de intelectuais progressistas - na maioria dos casos
bacharéis c profissionais liberais - agrupados em torno de um pensador teóri-
co, o advogado Alberto Pasqualini.
Pasqualini havia sido, durante breve período, nos anos 1943 e 1944, se-
cretário do Interior e Justiça na Interventoria de Ernesto Dornelles. Sua no-
meação teria o intuito de amenizar os excessos dos programas de "brasiliani-
zação" das colônias alemã e italiana levados à frente de forma bastante im-
placável pelo interventor anterior, general Cordeiro de Farias.25 Sua crescente
incompatibilidade com as práticas do Estado Novo, levariam à sua demissão
em t2n!1944,26 passando então a fazer aberta oposição ao regime. Em dezem-
bro de 1944, como paraninfo da turma de economistas da UFRGS, Pasqualini
lançaria às bases de seu pensamento num discurso posteriormente publicado
sob o título Um mundo baseado na cooperação. 27 Em março de 1945, têm gran-
de repercussão, em todo o Estado, suas Sugestões para um programa de Gover-
no publicadas pelo Correio do Povo. 28 Nas suas sugestões, diria Pasqualini: "De
todas as questões de caráter fundamental (... ) a que sobreleva e tem primazia e
prioridade sobre as demais é, sem dúvida, a questão social" (...)"Por outro la-
do, o que denominamos (bem-estar social' tem um sentido distributivo". Pas-
qualini defendia, neste esboço de programa, idéias social-reformistas inspira-
das principalmente no trabalhismo britânico- então em plena ascensão- e, em
menor grau, na socialdemocracia do continente europeu. 29
A repercussão do artigo de março, angariou para Pasqualini numerosos
adeptos e simpatizantes. Em junho de 1945, formou-se, sob a presidência de
um padeiro progressista, João Monteiro dos Santos, o Movimento Popular em
Favor das Idéias Políticas e Sociais de Alberto Pasqualini. 30 Este movimento
seria o precursor da União Social Brasileira (USB), agrupamento político diri-
gido por Pasqualini e lançado, em sessão pública, no Teatro São Pedro, de Por-
to Alegre, no dia 21 de setembro de 1945.31 Além de Pasqualini, eleito presi-
dente do movimento, fizeram parte da USB algumas futuras lideranças impor-
tantes do trabalhismo gaúcho como o engenheiro Egydio Michaelsen, os advo-
gados. João Caruso Scuderi, Ajadil de Lemos e Lcocádio Antunes, o professor
Bruza Neno e até um empresário, Aníbal di Primo Beck.
Antes do lançamento· público da USB, Pasqualini c seus companheiros
haviam mandado publicar no Correio do Povo do dia 16 de setembro (dois
dias, portanto, após a fundação do PTB pelos líderes sindicais) o Manifesto c o
Programa da União Social Brasileira. No manifesto, constatava-se que "(... )

23
. n : rdadeiro regime democrát·
Bn'~l un1 . Ico
. · tituir no • · • . ic'l' sociais e educacionais". Ac ~em
• ~t.:
n·:t1
. ·r.<.t r
r) ossí"~. l tn~ .,·L"'
l
. 'l' ' ' ~ ~
~conotn • ~~ rescel\,,.
. . . , Ih•' I1H~l1:l r~!ll • ,
que 't.: '" h ·
. . ,~guir: . 'llcançado unindo e armomzando os fato·
tando .l. - . , . 'O somente podcn~-~ec~a· economia num plano de cooperação, de ~ls da
Esse obt ~.;lt' · d 'l~ t,:1!'t.:~ • ·da.
·~ ; c 3 sscnwn '·
1
rroduç: d •.- ·tiça s cial. ón1icas c o aumento da riqueza nacion I
·t.>ct·1ctc e c Jll~ , rças ccon '· ... . a n,:
o dc,en' 1' ~menta d:ts tovcttO
n ·. .' d lguns e com sacnftcto de muttos. Só um s·
ea ISte01 •
deverüO ·, onerar.,~e
t' -
em prodtçCe~ . . . de existência
· digna e. uma razoável
.. e justa Ph rt· ·.~
a IC!
que n~q; .. '"ure a todOS con
~ e rcscntam o
· pro 1,resso matenal e espmtual da human·d ·
~ . . 1 au~
paça·' o nos bens . .
qu ~;; r P.
b vwcncta . . do r"l'ime
.. ~ capttaltsta. . .
pod erá rnc~rmtttr
-
aáso. reque se cne . uma' nova concepção do capttal, . que não deye ter.
Por i:;...~, é ncce...;s. no f que deverá antes ser constderado, no seu p"
. .d r·tu 1 e ego sta, n135 . d . rv.
c3 rjtcr indt\'1 ua ~ • dele•~açáo da socteda e para a mato r criacão d~ .
prio aspecto pnva , . do como . uma : :, • ~ n.
.estar co!euvo. .
queza e de bC mtro 'lado n<!O " pode ser desvinculado de suas ongens e fontes 5rv-;, ·.
v' l<liS,
O lucro, por ou . ' tt
· vo de J·ustiça que parte dele reverta em benefício d ·
t nto um tmpera
sendo, po.r af ' om o seu trabalho, para produzi-lo.
que contnbu ram, c . . .I t
. • -0 . em que se msptra, essencta men e, o programa da União
E..'\Se.s sao os prmctpt :>
Social Brasileira.
0 Manifesto propõe a criação de um Fundo Social, constituído a partir
de um imposto-quota sobre os lucros das ~mpresas: Esta c?ntribu~ç.ão social
seria equivalente às obrigações de guerra amda cntao em vigor e fmanciaria,
através do Fundo Social, obras e benefícios aos trabalhadores nos setores de
habitação, saúde, saneamento, educação, cooperativismo, etc. Esta proposta
estaria baseada num princípio solidarista c visaria superar o capitalismo indiri·
dualista, alvo das criticas de Pasq ualini.
Em essência, "o programa da USB assenta, pois, no princípio da proprie·
dade pri:'ada dos me_ios de produção, com as limitações exigidas pelos intereS·
ses coletivos. Precomza porém, a socialização de uma parcela de lucros". 32
No Programa propriamente dito, por sua vez, constata-se que: "Em·ol·
. , I
vend? a. questão social uma tese sobre a distribuição da riqueza a esta questão
está Intimamente ligada a d - , . . '
d1.das urgentes propostas
... pro
fal uçao da
" propna
. _ nqueza ( ... )".Entre outras me·
consumidor intern 0 " Q ' a-se na . amphaçao e fortalecimento do mercad
nas como instrument· uanto d ao capital ' c1c " na- o deverá ser considera
· do ap·v'
expansão económica ~bpro utor de I_ucro, mas, principalmente, como meio de
N em-estar soc1al"
o tocante aos sindicatos r· .
'a Irma o Programa
XIII - A orga · - .
ntzaçao stndic·tl d . dl
ser assegurada aos sind 1·c ' everá basear-se no princípio da liberdade, dG\·cn l
d · · mos a m · lhJ c
estl!u,çao dos seus dirige ats ampla autonomia, ou er quanto ú esco
ntcs, quer qu ;..1 . . . .1 - . •

. A .platartOrma da VSB . anto ' ,ldmtmstraç<lo dos fund os ~ocJíll~-


cráttco Integrai baseado nospdr_on_uncia-sc também a favor de um regime dcOl(l·
com repres - - 1rcnos f d· . rt:tt1
cntaçao proporcionai un amcntais do homem no voto ~cc
24 c na aut onon11a
· municipal. '
- à l'tt'ca externa a única afirmação presente é a seguinte:
Em rc1açao po 1 '
·nteresses que direta ou indiretamente, a possam provocar;
g) contra a guerra e os I
. d desarmamento' de cooperaçao r.
e ·mterc<Im b'10 com todos os
11

h) por uma polft1ca e


·tados cada vez ma1s os vmcu\os de so11·u·c~ne
' ' . , · dade contmen-
·
po ' vos devendo ser estre1 .
. ue possam gerar ambiente de desconfiança entre os pa-
ta\ e remov1das as causas q ·
33
vos da América.
Esta declaraçao - demonstra a ausência , na época, das chamadas "bandci- _
.. · - " dt'scurso desta importante vertente de formaçao
ras antumpena 1tstas no
·tdcol 6 !!,Ica · do tra baIh'tsmo, corroborando ' neste ponto, a tese
.
de
wc ffort, da
· .
,., '": d h
auscncta a c ama a ques · 0 ·d " ta- nacional" do foco central do dtscurso das es-
34
qucrdas brasileiras na conjuntura de 1945.
No seu discurso de lançamento da USB, Pasqualini vaticinava, de forma
profética:
Muitos não se apercebem de que a semente democrática ~ue agora se pretende
lançar ao solo pátrio, tão mal-preparado, poderá trazer em SI mesma os germes .que
a irão destruir e que ao invés de florescerem as liberdades, poderá rebrotar o mço
dos regimes que' facilmente
' vicejam no continente sul-americano.( ... )
É profundamente deplorável que, toda vez que se trate de substituir um presidente
da República, estejamos sob a ameaça de movimentos subversivos e que os parti-
dos que se combatem procurem interessar e envolver as forças armadas na solução
das contendas polfticas.35
Após repetir alguns dos pontos básicos contidos no Manifesto e no pro-
grama, Pasqualini salienta que: "O que cumpre, pois, antes de tudo, é criar
consumidores c um grande mercado interno".
Mais adiante, Pasqualini explicaria que: "Devemos, pois, distinguir entre
o capitalismo individualista, egoísta, parasitário (... )e o capitalismo solidarista,
empreendedor, de expressão e sentido social".
(... )É essa a tese da União Social Brasileira. Não preconiza ela a socialização
dos meios de produçao, mas a criaç::ío de um capitalismo sadio onde o fim social se
sobreponha ao egoísmo, ao interesse c ao proveito exclusivamente individual; de
um capitalismo que compreenda o papel preponderante dos trabalhadores e que,
em conseqüência, não lhes recuse a parte dos proveitos que lhes cabe por justiça.
No seu discurso, Pasqualini, reafirma a necessidade de uma "socialização
parcial do lucro, para financiar um vasto Plano de Assistência Social, salien-
tando porém que "Não formulamos um programa para facilitar adesões e caçar
votos e sim aceitarmos o apoio dos nossos concidadãos para executar um pro-
grama., Lança também alguns projetos concretos, como a construção de cida-
des operárias, colônias e cooperativas agrícolas e até um banco de crédito po-
pular. Neste pronunciamento, Pasqualini distancia-se claramente das duas
candidaturas presidenciais. Declara ele:
Af estão, meus amigos, algumas das questões que se me afiguram muito mais im-
portantes do que esse episódio tristemente pitoresco da sucessão presidencial. Que

25

....
. ·~ ,..-
·:·r .·
. t .
: ·;
de homens ou de governo, se as sua .
. essar ao povo a mudanç~e as mesmas? s dificutctq_
pode mter rte continuarão semP ficará a USB, se com o candidato do or: .
des e a sua esointerpelam com . quem tade de responder que, sendo o nosso paliCiati . srno
Quando m . áo tena von rt1ct 0 u
ou com o da oposlÇ derá ficar com o povo. rn
partido do povo, só pO
. . do ele afirma:
Ftnahzan ' nto de vista pessoal contrário a qualquer c .
fi mar o meu . botica mente se pretende amparar na forçanctlda·
po
V otto agora a rea . rdireta
.
ou sJm d a. Nao
tura que , direta,d 'vida
m
de que a
s forças armadas, dan o uma alta e nobre dem
ons
temos a menor u deveres se mantem e se manterão afastadas d ·
·encia dos seus , h a agi
traçao de consc1 ém de parte de elementos estran os às forças a ·
·
tação polftJca. Nao faltam,
. . por , . .
tos intervenciomstas; não f"'e1 Itam explorações errna.
óes e mc1tamen act.
das, exortaç r mudança de rumos ou se houver substituiçao de
. de que, se. houve
vertênc1as t r isso 0 desprestfgio de um che1e ~
m1.1.1tar, o Exércitoum .
dos candidatos, por Impor a In-

tervirá. possa ainda que de leve, constituir motivo de constran


T do o que em pouuca, ' . gl-
u á' gaçao da liberdade democrática.
menta ser a ne · · 1· d'd
o povo' quer ter o d'reito
I
de examinar' d1scut1r, ana 1sar as can
.
1 aturas e se assim
'
o entender, também substituf-las. . ..
.
Por ISSO, O pov0 deseJ·a e reclama um cand1dato ctvtl.

E, mais adiante:
Não nos esqueçamos de que uma agremiação partidária não deve ter apenas uma
finalidade eleitoral e muito menos constituir-se para disputar uma eleição. Cumpre
que um partido seja um instrumento de mobilização social, de difusao de idéias e
de educação do povo. Não é apenas no número que deve residir a sua força, mas,
sobretudo, na grandeza dos seus ideais, na sinceridade e na eficiência de sua açâo.38

É interessante notar que tanto o Manifesto e Programa, quanto o discur-


so de Pasqualini no lançamento da USB não referem-se urna única vez sequer à
.expressão "trabalhismo", o que parece deixar claro que não havia uma pré-in-
t~~ção clara ~o grupo em filiar-se ao PTB.37 • A eqüidistância hostil de Pasqua-
l~n~ em relaçao às duas candidaturas presidenciais também fortalece esta supo-
stçao.
No entanto, apesar de formada em oposição ao Estado Novo e definin-
d.o-se a favor da democracia parlamentar e do estado de direito, a USB, dei.x~­
na uma porta. entreaberta ao entendimento com Vargas e o PTB: ao contráno
~os p~rttdos liberal-conservadores PL e UDN e do próprio PSD ela definia-se
meqUivocamente a favor d '' ' '' on·
quis tas sociais" at .b fd a preserv~ção da legislação trabalhista" e das c
n u as à era varguista.
O próprio Pasquar · d . da
USB a afint·dade mt eiXava claro, nos debates com seus colegas
' entre os p · f · . ~ d pro-
teção ao trabalho implementnnc ptos por ele pregados e a legtslaçao ~ ceri·
dade de sua "reconvers- d ada por Vargas.3a Caso Vargas provasse a slfl. go
ao emocrática" e o seu ajustamento às regras do JO
26
or- ' • • , •• • • •

de um Estado de direito democrático, o entendimento entre ambos não se tor-


naria inviável.39
No entanto, os passos iniciais para este entendimento caberiam a Vec-
chio , menos hostil ao ingresso de-
uma "elite de letrados" no Partido Trabalhis-
ta do que vários de seus companheiros sindicalistas. 40 Ele tomaria iniciativa de
procurar Pasqualini e outros membros da USB, em meados de Ol:ltubro de
1945, acenando inclusive com a possibilidade de apoio a uma eventual candida-
tura de Pasqualini ao governo do Estado. Ambos tinham em comum uma po-
sição em relação a qual Vargas mantinha-se ambfguo: a oposição à candidatura
de Dutra. "Não passa de um homem de botas" teria exclamado Pasqualini em
seus encontros com os petebistas. 41
Outro ponto que facilitou o acordo foi a falta de um interesse eleitoral
imediato dos membros da USB em relação ao já próximo pleito federal de 2 de
dezembro. Sua estratégia vinculava-se essencialmente à política estadual e às
eleições para governador previstas para 1947.42
As negociações entre as duas correntes- sindicalistas do PTB e pasquali-
nistas da USB- foram, sem dúvida, precipitadas pelo golpe do 29 de outubro: a
queda de Vargas, por um lado, deixava os petebistas desamparados e perplexos
diante da expulsão de seu protetor e líder máximo do Catete e, por outro lado,
eliminava, aos olhos dos usbianos, qualquer ranço de "oficialismo" na aproxi-
mação com o PTB. Dois dias depois do golpe, em 31 de outubro, era assinado,
por Alberto Pasqualini e Sílvio Sanson o "Termo de Compromisso Político en-
tre o PTB e a USB", 43 cuja íntegra rezava o seguinte:
O Diretório Estadual do Partido Trabalhista Brasileiro e a Comissão Central Pro-
visória da Uniao Social Brasileira, reconhecendo as finalidades programáticas que
unem as duas agremiaçCes e desejando, no atual momento, manter também estrei-
tas relaçCes de cooperaçao no plano polftico estadual, resolvem, ad referendum das
respectivas convcnçces partidárias, estabelecer e firmar o seguinte compromisso
pelo qual oricntar~o a sua açao polftica:

a) ambas as agrcmiaçCcs manter-se-ao vigilantes na sustentaçao dos princípios e


das instituiçCes democráticas, reconhecendo exclusivamente na vontade do povo,
manifestada sem qualquer constrangimento, o poder soberano de traçar normas
jurfdicas e de escolher os seus legftimos representantes;
b) ambas as agremiaçCes, em consonância com os respectivos programas conju-
garao os seus esforços na defesa dos direitos e dos interesses das classes traba-
lhadoras e da coletividade em geral, empenhando-se em que sejam mantidas a
paz social e a tranqüilidade pública;
c) toda e qualquer atitude ou deliberaçao referente à política estadual, à escolha do
candidato a governador do Estado, de candidatos à Assembléia Legislativa Esta-
dual e às Câmaras Legislativas Municipais, será sempre tomada em harmonia de
vistas ~ mediante prévia troca de consultas entre os órgaos competentes das duas
agremmçces;
d) o mesmo sistema de consultas é também recomendado relativamente às
quest6es concernentes à política nacional e à representaçao no Parlamento, bem
éomo à orientação polftica a ser seguida pela representação das duas agre-
miações, sob a homologação do Diretório Central do PTB;
e) o Diretório Estadual do PTB e a Comissão Central da USB designarão delega-
dos para constitufrem uma Comissão Mista destinada a facilitar a execução do
presente acordo, cujos termos poderao ser ampliados no sentido de ~d~itir a in-
ctusao de outras correntes partidárias que tenham os mesmos obJCtlvos pro-
gramáticos.
O compromisso PTB-USB seria tornado público na edição de 4/11~19 5
4

do Correio do Povo. As lideranças das duas agremiações descrevera a ahança


como "um pacto de cooperação e uma frente única política em todas as
questões referentes à poHtica estadual, tendo principalmente em vista a defesa
dos interesses das classes trabalhadoras". 44
O compromisso entre o PTB e a USB abre um processo que desemboca-
ria numa completa fusão organizativa entre ambas as correntes no curso de
1946, mantendo-se a sigla PTB. Na verdade, o PTB absorveria em seus qua~ros
os intelectuais da USB, muitos dos quais seguiriam, dali para frente, carreuas
poHticas convencionais, enquanto o núcleo da USB impunha uma certa hege-
monia ideológica e doutrinária- não isenta de conflitos e disputas com a cor-
rente, que analiso a seguir- sobre o conjunto do partido.
'.
I
De fato, a integração da USB no PTB gaúcho daria a ele um caráte~ bas-
tante distintivo no seio do PTB nacional: era a única secção que absorvena um
movimento de esquerda- claro que reformista, mas portador de um certo grau
de elaboração doutrinária. A USB ocupava, de fato, pelo menos uma parcela
do espaço político reservado à Esquerda Democrática em estados como São
Paulo e Rio de Janeiro. Tratava-se de uma esquerda democrática que optou
por integrar-se no PTB e não na UDN, ao contrário do que ocorria em nível
,, nacional. Ao nível regional, a conseqüência disto seria dupla: por um lado, o
PTB adquire, desde o início, uma conotação de "partido de esquerda" e não
apenas "partido popular" ou simplesmente "legenda popular" como tendia a
ser nos estados do centro do país. Por outro, sobrava pouco espaço para o Par-
tido Socialista Brasileiro no Rio Grande do Sul. Este apenas elegeu um depu-
tado estadual em duas legislativas (1950, 1954) para a Assembléia Legislativa
durante todo o período 1945-64, tendendo a aliar-se, em várias ocasiões, aos
partidos liberal-conservadores.
c) A terceira vertente formadora do PTB gaúcho, ingressaria no partido
durante o ano de 1946, após o pleito presidencial e parlamentar de dezembro
de 1945. Trata-se .da corrente que denomino de pragmático-getulista, um setor
I'
composto, essencialmente, por "políticos profissionais" oriundos do PSD e
que passaram a transfc.rir-~e, sob i~spiraçã~ e orientação direta de Vargas, do
PSD p~ra ~ PTB. A pnmc1ra leva mgressana no PTB ainda no curso de 1946,
com o m~~lto clar~ de for~ale~ê-lo para as eleições estaduais de 1947. Es te pro-
cesso de transfusao getuhsta só se completaria na realidade com a ro -
do PSD Auto no.mls . ta PSDA ' ' '- rmaçao
~ pró-gctulista, em 1950, c a sua aliança c absorr11o
pelo PTB a partir daquele ano. r

28
Em 1946, as duas lideranças mais significativas desta corrente foram José
Loureiro da Silva e o já citado José Diogo Brochado da Rocha.
Loureiro da Silva era um polftico oriundo do antigo PRR. Na década de
1930 realizara uma dinâmica administração como prefeito de Gravat.aí, mu-
nicípio operário da Grande Porto Alegre. Juntou-se primeiro ao Parudo Re-
111945 publicano-Liberal (PRL) de Flores da Cunha45 e, mais tarde, liderou a Dis-
.fiança sidência Liberal Pró-Vargas,46 nos últimos anos da interventoria de Flores .
1as as Com a destituição de Flores, Loureiro é nomeado prefeito de Porto Alegre, no
1efesa infcio do Estado Novo. Realizou uma administração dinâmica e moderna, que
marcou profundamente a fisionomia urbana de Porto Alegre.
boca_ Em 1945, à maneira de tantos outros próceres das interventorias, ingres-
;o de saria no PSD, abstendo-se porém de concorrer nas eleições de dezembro de
1945. No curso de 1946, Vargas convence Loureiro a transladar-se do PSD pa-
tdros
ra o PTB, alçando-o à categoria de "reestruturador do partido". Houve re-
eiras
sistências por parte dos sindicalistas do PTB originário, principalmente por
ege- parte de seu primeiro presidente, o lfder madeireiro Sílvio Sanson.
cor-
Na reunião que acolheu Loureiro da Silva como reestruturador do parti-
do, a resistência de Sanson - ainda então favorável a um partido "só de traba-
)as- lhadores", embora o PTB já houvesse assimilado os intelectuais da USB - foi
um de tal ordem, que ele acabaria sendo substituído por José Vecchio - mais fa-
rau vorável ao acolhimento dos "bacharéis"- na presidência do diretórioY Lou-
-ela reiro passou a organizar inúmeros diretórios nas cidades médias do interior do
Estado, expandindo o partido, que até então só tinha expressão em Porto Ale-
ou gre e na Região Metropolitana. 48
;eI A segunda gra nde liderança pragmático-gewlista foi o ex-diretor da
o Viação Férrea Rio-Grandense, José Diogo Brochado da Rocha, que fora o ter-
io ceiro deputado federal mais votado na chapa do PSD, nas eleições de dezem-
a bro de 1945, com mais de quarenta c cinco mil vo tos 49 graças, sobretudo, à sua
liderança de estilo "populista" no meio ferroviário gaúcho.
r-
I- José Diogo já se atritara com "caciques" do PSD na convenção de julho
a de 1945, conforme foi exposto acima. Quando, em 19/2/1946 estourou uma
greve-geral dos ferroviários gaúchos, ele solidariza-se com suas reivindicações,
s
entrando em novo c sério atrito com a cúpula do PSD. 50 Em face da intran-
sigência das autoridades es taduais c do interventor Cylon Rosa (futuro candi-
dato do PSD ao governo do Estado, nas eleições de 1950) que se negavam a
negociar com os grevistas, os ferroviários das linhas de Cruz Alta e Sa nta Rosa
dirigem dramático apelo a José Diogo, em 27/2/1946: "Reunidos em Assem-
bléia, os ferroviários ( ... ), e m atitude unânime, total c firme pró-reivindicações
de seus sagrados direitos, resolveram, com absoluta confiança, fiar-lhe a defesa
de seus direitos, na certeza d e entregarem ao amigo leal de todas as horas os
interesses dos ferroviários de Cruz Alta c do Rio Grande do Sul. Estamos pois,
agora, a seu lado para colaboração eficiente na solução de tão grande proble-
ma". 51

29
No dia 2 de março, tendo algumas de suas reivindicaçües atendidas graças
à intermediação do deputado José Diogo, os ferroviários voltariam ao traba-
lho. Mas o episódio lürnaria tensas c cada vez mais conflitivas as relações entre
a cúpula do PSD- que apoiava o interventor Cylon Rosa, indicado por Dutra,
e o deputado José Diogo. A partir de então, José Diogo de fato começou a
apoiar a estruturaç<lo do PTB ao nível estadual, embora, formalmente, manti-
vesse o seu mandato de deputado federal pelo PSD. O desligamento formal de
José Diogo do PSD só se daria no dia 4 de dezembro de 1946, já às vésperas das
eleições estaduais de janeiro de 1947. Na carta à direção do PSD gaúcho, justi-
ficando seu desligamento do partido, diria José Diogo: "Fui, dentro da direção
do Partido Social Democrático (...)a única voz a advogar a causa desses traba-
lhadores oprimidos." Depois de mencionar projeto de sua autoria con.cedcndo
anistia aos grevistas ferroviários, José Diogo constataria que "conced1da, con-
tra o voto do PSD rio-grandense, essa anistia aos trabalhadores, não encontrou
o governo pessedista do Estado, até agora, decorridos mais de sessenta dias,
oportunidade de executar o dispositivo constitucional promulgado". (... ) "En-
quanto isso, há quase dez meses sofrem os ferroviários do Rio Grande do Sul,
as mais dolorosas provações morais, inteiramente abandonados pela direção de
PSD, esquecida de que ao seu apoio e ao seu voto deve o Partido, em parte, a
vitória de 2 de dezembro". Em decorrência, diz José Diogo: (... ) "sinto esses
ressentimentos se manifestarem pela repulsa generalizada dos trabalhadores
ferroviários ao Partido Social Democrático c sua notória inclinação para o Par-
tido Trabalhista". Finaliza constatando que: ''Ainda mais: dizer aos ferroviá-
rios que continuem apoiando o PSD (... ) seria concorrer para que a democracia
que se reimplanta no Brasil nasça já viciada''. 52
Durante todo o ano de 1946 e até as vésperas do pleito de 19 de janeiro
de 1947, graças ao trabalho persistente realizado por Loureiro c José Diogo,
inúmeros políticos- e, às vezes, até diretórios inteiros- de todo o Rio Grande
foram se transladando do PSD para o PTB, num movimento muitas vezes sur-
do e lento, porém constantc. 53 Entre estes, cumpre citar um amigo pessoa l e
próximo colaborador de Getúlio no seu "exílio" são-borjcnse: o estancieiro
João Melchior Goulart que também se filiara ao PSD em 1945, mas se transfe-
riria para o PTB a conselho do ex-presidente da República.5 4
Este movimento teria um duplo efeito: por um lado "purifiGHia" gra-
dualmente o PSD gaúcho de seus elementos mais fiéis a Vargas, num movi-
mento que só se completaria com a cisão do PSDA (o PSD "a utônomo" pró-
Getúlio), já em 1950; por outro, fortaleceria o PTB a ponto deste poder drsG-
fiar a posição do PSD de maior partido regional já no pleito es tadual de 1947.
A "desgetulização" do PSD gaúcho e o conseqüente fortalecimento do trab:t-
lhismo, ao nível regional, teria conseqüências profundas c cluradouras sobr 0
sistema partidário gaúcho durante todo o período anterior a 196-t c mesmo rm
episódios c desdobramentos posteriores (por exemplo, a form:tç~1 o da ARENr\
e do MDB a partir de 1966). Este processo, como veremos a seguir. aktaria.
simultancamenre, a natureza c as bases socia is de ambos< s p~trtidos _ 0 P~D l '
30
0 PTB gaúcho_ e configuraria, no R~o ?ra_n~e do Sul, u~ quad~o bastante dis- ·
tinto no contexto nacional da época, mviabihzando, ao mvel regional, o famoso
55
"pacto populista" PTB-PSD. , . . . •
Antes do ingresso da corrente pragmattco-getuflsta nas fileuas do PTB
gaúcho, ocorreriam, entretanto, as eleições presidenciais e parlamentares de
1945, que são analisadas a seguir.

AS ELEIÇÕES DE 1945 E A EFÊMERA A VALANCHE PESSEDISTA

Apesar do acordo entre as duas correntes- a "sindica_lista" e a "pasqu~li­


nista" já no final de outubro de 1945, o PTB era um parttdo fraco e sem un-
plantação no interior do Estado às vésperas de sua primeira experiência eleito-
ral, o pleito de 2 de dezembro de 1945, no qual se elegeram o presidente da
República, dois senadores por Estado e os membros da Câmara dos Deputa-
dos.
Para o fraco desempenho do PTB neste primeiro teste eleitoral contri-
buíram também dois outros fatores: a) o relativo desinteresse de Pasqualini e
seus seguidores da USB nas eleições nacionais; b) a frieza dos trabalhistas
diante da candidatura do general Dutra.
De fato, os patrocinadores da União Social Brasileira estavam mais inte-
ressados em promover o lançamento de Pasqualini para o governo do Estado e
mantinham-se em atitude distante e até mesmo hostil às duas candidaturas mi-
litares para a presidência. Já em 28 de outubro de 1945, um membro da USB,
João Pedro Agostini, tendo chegado "à conclusão de que ele é o candidato pre-
ferido do povo", pubJicou, no Correio do Povo, um manifesto de apoio à candi-
datura de Pasqualini com mais de 1.500 assinaturas. 5 6 Pasqualini, por outro la-
do, era francamente hostil às duas candidaturas- Eduardo Gomes e Dutra- e
manteve sua posição de não votar em Dutra mesmo depois deste receber o ex-
plícito apoio de Vargas. 5 7
José Vecchio, Sílvio Sanson e a maioria dos líderes sindicais fundadores
do PTB também eram contrários ao apoio à candidatura de Dutra. Em
8/11/1945, o Correio do Povo anunciava em manchete: "O Partido Trabalhista
não apóia o general Dutra". 5 8
De 10 a 13 de novembro de 1945, o PTB gaúcho realizava sua primeira
convenção estadual, na presença de uma forte representação da USB. Sob as
instâncias de Vecchio e dos representantes da USB, a convenção aprovaria as
seguintes resoluções:

a) Aprovar o acordo celebrado entre o Diretório Estadual do PTB e a USB, cujos


termos já são de domínio público;
b) adiar, a pedido da USB, para depois da eleição federal a proclamação oficial das
candidaturas a governador do Estado e deputados à Assembléia Legislativa;
c) aprovar uma moção de apoio ao Diretório Central no que se refere à sucessão
presidencial, pela qual o PTB permanece indiferente ante as atuais candidaturas;

31
d) aceirar os posrulados conridos de Decálogo da Liga Eleitoml Católica.
Assinado Silvio San.son
Presidcnre do Direlório do PTI3/RS.s9

Alguns dos líderes sindicais mais radicais filiados ao PTB gaúcho defen-
diam, inclusive, a tese de votar no candidato do Partido Comunista, engenhei-
. so N -
ro F mza. a convençao de novembro de 1945 ficou claro também, que a USB
apoiaria os candidatos a deputado pelo PTB, mas não incluiria militantes seus
na primeira nominata eleitoral do trabalhismo gaúcho. 61
A frieza do PTB em relação à candidatura Dutra forçou as lideranças do
PSD a pressionarem diretamente o ex-presidente Vargas, já no seu exílio de
São Borja, no sentido de que ele declarasse seu apoio ao ex-ministro da Guerra
Já no início de novembro, Protásio Vargas levaria Walter Jobim, o candidato
declarado do PSD para governador do Estado, à Fazenda de Itu, buscando o
apoio de Vargas aos candidatos do PSD.
Vargas concordaria em apoiar Jobim para o governo do Estado, mas ain-
da manifestava-se a favor de uma candidatura civil alternativa para a prçsidên-
cia, lançada pelo PTB. 62 Em 18 de novembro, o próprio Cylon Rosa, da direção
do PSD gaúcho e futuro interventor nomeado por Dutra, faria um apelo escri-
to ao ex-presidente instando-o a apoiar Dutra. 63 Mas Getúlio prolongaria por
mais dez longos e penosos dias sua neutralidade aparentemente hostil a Dutra.
Em relação ao PSD gaúcho, Vargas manteve, desde o início uma atitude ambí-
gua: aceitava candidatar-se ao Senado na legenda pessedista, mas recusara vá-
rios apelos para assumir a presidência regional deste partido, inclusive os ape-
los de Walter Jobim e Cylon Rosa. 64 Ao mesmo tempo, Getúlio aceitava con-
correr para uma vaga na Câmara Federal, na legenda do PTB. 65
Na segunda metade de novembro, a eleição parecia perdida para Dutra e
o PSD, a não ser que Vargas fosse demovido de sua obstinada "neutralidade".
Tudo indicava que Vargas não nutria grande simpatia por Dutra, que o traíra
no golpe de 29 de outubro, acalentando, ainda em novembro, o sonho de uma
candidatura civil pelo PTB, para a qual lembrava o nome de João Neves da
Fontoura. 66 Dutra e a cúpula do PSD compreenderam que sem o apoio explíci-
to de Vargas, a eleição estaria perdida. O prestígio popular c a força eleitoral
de Getúlio eram perfeitamente reconhecidos pela direção do PSD. Em 22 de
novembro, Dutra dirige-se à direção nacional do PTB, propondo, como base de
um acordo PTB-PSD os seguintes itens:
1- O ministro do Trabalho será escolhido de comum acordo com o PTB;
2 - O ministério, com exceção das pastas militares, será constitufdo por elementos
dos partidos que apoiaram a ..candidatl!ra Dutra na proporção dos votos obtidos
por cada partido;
3- As interventorias seriam distribu(das na mesma proporção.
Dutra compromete-se:

"Apoiarei o programa do PTB e procurarei fazer com que as justas aspiraçOes dos
trabalhadores sejam postas em prática pelo meu Governo".
32
. .-

A.'sumc ainda o compromisso:


"i{cconhcço as atua~s leis trabalhistas c de amparo social e procurarei melhorá-las
c :~pcrfciçoar sua aphcaç:lo. .
Na certeza de que, com estas garantws, os trabalhadores brasileiros ficarão pcrfci-
07
1111 ncntc amp.·•r·•do""
• ,, ·
Mesmo assim, a maioria dos dirigentes do PTB gaúcho e praticamente a
I ·•Jidad~ dos m~mhros da.
10.
USB mantiveram-se .hostis à candidatura Dutra. 68
. . .
Os pt:.ss~distas, enquanto tsso, IIHCtaram vcrdadetra romaria a São Borja para
'ltrair 0 apoio de Vargas a Dutra.
· É prov3vcl que Vargas acabou apoiando Dutra exclusivamente para evi-
tar 0 mal maior que seria ver a UDN apossar-se do governo federal, legitimada,
ainda por cima, pelo voto popular. O governo provisório de Unhares- simpá-
tico;) UDN -já provara a Vargas o risco que isso representaria ao seu futuro
político: o PTB sofria perseguições em vários estados, Getúlio era atacado com
uma virulência crescente c já se falava até em bani-lo do país. 69
Assim, finalmente, em 25 de novembro, a uma semana das eleições, Var-
gas redigia o seu "Manifesto-bomba" aconselhando o PTB e o povo brasileiro
70
3 apoiar Dutra. O manifesto varguista efetivamente salvou a candidatura Du-
tra e canalizou amplos segmentos do eleitorado na direção do voto em Dutra e
no PSD. Mas o seu sucesso foi sem dúvida maior no chamamento direto às
massas do que na imposição desta diretriz no seio do PTB. Já em 26 de novem-
bro, São Borja era bombardeada por telegramas de protesto: até Segadas Via-
na e Baeta Neves, os fiéis organizadores do PTB nacional, revoltavam-se contra
a decisão de apoiar o ex-ministro da Gucrra. 71 Pasqualini manteve-se contrário
a esta posição de Getúlio c não votou em Dutra, no que foi seguido pela maio-
ria dos integrantes da USB. 72 Vecchio e Sanson, votaram "por disciplina par-
tidária", mas recusaram-se a ajudar na campanha presidencial. 73
Com a abstenção eleitoral da USB, a hostilidade dos líderes sindicais em
relação a Dutra, o não-envolvimento ativo do PTB gaúcho na campanha presi-
dencial e uma nominata de candidatos desconhecidos do eleitorado - à ex-
ceção do próprio Getúlio, incluindo como candidato a deputado federal - o
PTB teria parcos resultados neste primeiro teste eleitoral.
Além dos fatores já aludidos acima, adicionava-se outra dificuldade tática
insuperável: Getúlio aceitara concorrer para o senado na chapa do PSD. Isso
inviabilizava candidaturas senatoriais do PTB. Como concorrer contra aquele
que era considerado o mentor e líder de fato do novo partido? Nem mesmo
Pasqualini estava disposto a correr tal risco. A consolidação do partido, em
termos eleitorais, teria de esperar pelas eleições estaduais.
Getúlio não se abstivera, no entanto, de ''dar uma mão" aos trabalhistas;
não só autorizara a inclusão de seu nome como candidato a deputado federal
~a lista do partido, como enviara, em 10 de novembro, um manifesto que seria
hdo na primeira convenção estadual do PTB, no qual apelava aos (ltrabalhado-
res do Brasil": ''Condensai as vossas energias c tnoldai a vossa consciência cole-

33
\\\ ,\~ 1\\)il\\ \''llll\• hl "'' t· \'lt I\"''''' 1111\1 ;\Ih' 1'11'111 ""''':i\11 ,•1Jll 'i'l'llllll n
• 11 11 lc i.~ Í ii.'i (\
t'l\'.~\\ .l \\1 .1~ \' t ll ,, ,, ll\1 \\ 1111\1\ 11 i'IIIIIIIIII IHIIII 11\)'t Pll'd ld ll(liltl tlt H· · VIIIII ~'tlll t i l \
\ ~ \I ~

~,i ' \\ lll \' ' ·', h''''"'tlll h'HIIIIHo " '' "'''nlu\tln "'' f'' 10. ,., ,·du n t•s t' n
~''\1 \th' t,,,,(;H "' '·' t\IH'I I'·" '' \ '1" Hl'-" "''' ~ "''l~''' ''ulntlil a ltot '' dc 1 11jllllf l ' III W
1
' ' '''' ' \ ' t\1\.\\H \\\ .\ \''''\\' "'' 111',11\llj'ldllll'll q 1ll1t t1ll )\<' lttl hl l,
'1 \ \ll\ .hh~ \'\,, h \,IIth' ,' "'' "'': PtllltJt \ 1111 IUP • 11'111111•' tio :~ ui rnn lh IIHlll ,
\\Ih.\:\ , \'\\\.\\. ll,hl:l , \ ' 1\111 11\1' Jh ' '>l\ ,, 111'\'•111:111 ,,J,•IItlllll dt \'llfj~ll :i 1111 ~.( ' 11 t'S i il ·
•' ·' " d,, . ~1\1 \ \ltHjll, ' ' ''' ''li'jil'll ~jl' M' IIIIIIOt' t'lllllllllll:i tk '1·1':1· ti OS VO·
,\,, \\:\ •11;, 1.1\\1
h'· ~\'1'''1 ,\lh\' ;\ ' 11.1\;h ' ,h, l'li' l'lill llllll ll, 'I"'' tpi H,•dll\' 1 II 1 11HIIIil a 11H'Ill<~ 11
'.\\hhd;\tlll ,t \hl '-'1\\~( ;t , ~\ll\\';1~ ; li\ H!lllh\ di'l 'l 'll llllil d11 \ l f}~ l~o , l'lll llll M'J!IIIIdll V:t ·
.~.\\h ~ ,,,,\d,,, ' h't\\lh' "111:\:.tm•a" :">41 11 pt iu"''' ,., . futnwullll' J ·: ruc~IO J)O fll (.'. J ~
t \,, ,\,11\:\jl;Hhh :\.~ I'"' ,,.,,~ w" 1(,, 1 11 :, ( ·,11 fí,,·, 1'1 "~ ~~ ·~•• r01d111111t' st· ohsi.'rva nos
qn,Hh\ s t , .\
A 'k \ ·"' m:tfodt l\1 n l' t,•:dd ' udn ,, Srii!Hio .... n· ,ucSt'IIIOII un1 tri unfo
P·'~$,'-:tl ,\"' \ 'o\t ~:a~ ~~~' l' n U1:11td,, dn Sul, l'PIII irm!l ndo o seu I'JltH'Illl~ prestígio
l'''(Hitl\\ ;I l'''m ' m:lis "'' ""' tll 'ls d:1 ,\11 1 dcrru h ul1 do pmkr. N:1.-: dd~ cs
f'l\'l"'''' ' ' '''ll;l tS, ' td uulh d,, \ ':ll',lt!IS dndn S1' ti' uluzlll1 po r 1111111 avalanchl~ d •
\,r, s '"' l':'P, l •'..;tt' h:wi:l SI' ,.,,,,ullu :ulu t'lll quast• todos os nwnld pio;-; do Es.
t:hh'. t';\S(' ;HHIP ~~.· n;t cst tutu m d :t iut ' 1\'l' lll\lfÍ 1 dt• Ftncsro norucllcs, Dos vin -
h' \. ,h,ls lqnll !hh '.~' f.·dcr:ds, 1 !'SI ) ck~:cri 1 dc Jcsse ll', to l ul it.:llldo quase qua -
tt 'ú'ttft\..; 11\ tl \\*'s u:t kg ·nd:t, IHI scjn c,."';. dl' lol:tl (ver Q uadro .1). O PTD,
:t r~·s;tr d' ;tj ud;lth' p ·1:1 ~·~ tmlidntur:l 1k \ ':tr}'.as Jm n t dcpuwdo ft:dcr:1l faria pou.
~' nt;tis de qu:tt\'ttl :l mil vnt~\S, n u scJn. :qwu:l." t,t·;. do 101:11. ou SL'j:1, l/l O da vo-
,,, ,·:1~' dtl l'~l1. tk:ttldll l' lll '!ll !ll'f ll lug:tl', !1 11':\S doS partidos lihcr:II -COliS ·rvado-
r,·_.: l l N ' 1'1 , l}\1 ' t:u\l h('ll\ sut't crl:tm (ll'S:td:a derrota: juntos f:triam pouco
m:\is dl' · ' 1\(,, l' dc4· mil ' lftlS. ou scj:t, :tpc u:ts 17'';. do tota l. Dos partidos CX·
tr ·m ist;ts. "' r'l 'H l\Htt c ., c:t de c, ~";. dos vn tps qu:tSt' alc:llt(arb a vo ta~·ão do
l l'H. fil'.tlldl' :l l\\(lc..'lll:l-dircil :t (l'RP) l'lll Üllinltl nHn .Jf';, do..; VlHOs - aliás, o
s 'u m ·Ihnr rc.'ult:tdn em lermos :thso lut os c rl'l:tli\'ilS, em nívl'l nacional, cm-
t, lH":l n:íl :tlingis,..;,'. no Rin dr:lltdl' dll Sul. o lJUO ·it'ntc l'ldtoral sufickntc para
' I -~cr umtkput:t In.
l PSL l'lc~ ·ri:l k'l c~~l' l l' dcpu!:tdos k1.kr:tis. l ' ll!rc cks Jose: Diogn Bro-
'h:\d 1 d:1 Rnrh:l c n~ tmdirinn:1is '\·~triq ucs" Jn:'ln B:tt isu Luzardo c Jo:io Ne-
n'~ d:1 l· Htfl)Uf':l. .-\ l ION elegeria dni!'. inl'lusivc seu · ·c~llldilho " Flo res da C u-
nh!L Pl'ft) f L l'lcl!e tH\e R:l\l l Pil l:l. pt'ln PC Luiz Ctrlo.s Prestes (que se candi-
d.H:tr.t f:nnt,l5m an Scn:llhl) c pelo PTB. Jclülio V:1r!!:1s (com mais ue onze mil
' Hll~). l mn Gc ! t'ilin l pt:ts.sc pl'l:t .su:1 cadeira no senado pt'ln PSD, assum iu o
sc~un 1 m:lis nHadn pl'ft) PTB, o lfucr c Hlpcrativista Arthur FL chcr.
Nas t'll'içúc~ de I' -15 mc~claram -sc no Rio G ramh.< pela primeira c últi-
ma n.·z. <.s \'Otns (!ctulistas l'Om a nH:t\·:in dada ao PSD. A \'O taç~1o l!Ctulista
ú)nccntr u ~s ' ncs t' pJrtido c apenas mar!!inalttwnt~ hcnd'iciou o PTB. A \ '0-
taçJn incquiv c~uncntc antil!Clll lista Lfi,·ilJi tH; ' em 1arreias qu:1sc iguais, entre
_ Quadro 1
ELEIÇOES pARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
candidatos Partidos Votos %Votos
Eurico Gaspar Dutra PSD 447.517 72
Eduardo Gomes UDN-PL 110.444 18
Yedda Fiuza PCB 50.200 8
Mário Robim Telles - 341 o
Brancos - 15.001 2
Nulos - 2.337 o
Total 625.840 100
Fonte. Tnbunal Regtonal Elettoral do Rio Grande do Sul.

Quadro2
ELEIÇÕES PARA O SENADO FEDERAL
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
Candidatos Partidos Votos %Votos
Getúlio Vargas PSD 461.913 74
Ernesto Dornelles PSD 460.113 74
Joaquim Luiz Osório UDN-PL 95.794 15
Suplente:
Francisco Maciel Jr. 95.154 15
Luiz Carlos Prestes PCB 37.033 6
Suplente:
Álvaro Moreira PCB 35.033 6

Brancos 27.777 4

Nulos 3.328 1

Total 625.840* 2x 100

• Cada eleitor sufragava dois nomes


Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande Sul.

a UDN e o PL, que apoiavam a candidatura Eduardo Gomes para a presidên-


çia.
Nenhum membro das duas correntes formadoras originais do PTB -
"sindicalistas" e "pasqualinistas" se elegeria nesta primeira rodada eleitoral.
Mas a eleição de 1945, também representou uma séria derrota para os ca-
ciques tradicionais da política gaúcha: mesmo coligados contra Vargas, seu
ex-aliado de 1930, Borges de Medeiros, Flores da Cunha, Raul Pilla e Osvaldo
Aranha não conseguiram recuperar nenhuma parcela significativa da influên-
75
cia e do prestígio que gozavam na política gaúcha anterior a 1937.

35
Quadro 3
ELEIÇÕES PARA A C1VvfARA FEDERAL
.
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
Pnrtidos Votos % Votos Cadeiras %Cadeiras
PSD 389.975 62 17 76
UDN 58.663 9 2 9
PL 51.409 8 1 5
PTB 40.116 6 1 5
PCB 38.159 6 1 5
PRP 21.197 4 o
Brancos 9.244 2 -
Nulos 17.047 3 -
Total 625.840 100 22 100

A CAMPANHA PASQUALINISTA DE 1947


E A CONSOLIDAÇÃO D O PTB REGIONAL

Durante o ano de 1946 ocorreu a fusão organizativa real das três verten-
tes formadoras do PTB gaúcho: sindicalistas, doutn'nário-pasqualinistas e
pragmático-getulistas uniram seus esforços num objetivo comum: transformar o
PTB no maior partido regional, destronando e "desgetulizando" o PSD e tendo
como objetivo tático mais imediato a conquista do governo estadual.
rvias era preciso ganhar o próprio Vargas para esta idéia. Este, como já
vimos, comprometera-se com a candidatura pessedista de Walter Jobim já em
novembro de 1945. Por outro lado, a partir de outubro daquele ano, estava
também nas ruas a candidatura Alberto Pasqualini. Pelo que se deduz através
da numerosa correspondência entre Getúlio e o seu irmão Protásio Vargas, até
o final de 1946, ainda era consolidar uma aliança "das forças majoritárias
PSD-PTB" apoiando, ao nível estadual, um único candidato contra as "mino-
rias oligárquicas" representadas pela aliança UDN-PL. 76 Como \Valter Jobim
estava lançado pela convenção do PSD, desde julho de 1945, nada mais lógico
ser ele o candidato "unitário". Ao mesmo tempo, Vargas procurou, objetiva-
mente, fortalecer o PTB regional. Afastado da presidência, começara a descon-
fiar da fidelidade de um PSD criado, essencialmente, em cima de estruras ofi-
cialistas. A traição de Dutra, em outubro de 1945, servira de alerta. Era preciso
fortalecer um partido alternativo, com sólida base nas massas trabalhadoras. 77
É com este intuito que Vargas alça Loureiro da Silva ao papel de "reestrutura-
dor-partidário" do PTB regional e dá o seu beneplácito à transferência de José
Diogo, Goulart e muitos outros "políticos profissionais" do PSD para o PTB
no curso de 1946.78 O que não estava, aparentemente, nos seus cálculos ini-
ciais, era o lançamento de uma candidatura alternativa, surgida no seio do pró-
prio trabalhismo. Getúlio distanciava-se claramente de uma eventual candida-

36
• t • r""- ..· :·'! .,
•.· ' - ,.

tura Pas~ualini. Este fora um s~crcuhi_o de estado rebelde, lhe fizera oposição
na fase fmal do Estado Novo, nao segmra sua orientação em apoiar Dutra c en-
trava no PTB por um caminho autônomo c original: a formação da USB. Por
outro lado Pasqualini era um doutrinador idealista c "puro", avesso, em boa
medida, ao pragmatismo tático de Vargas c às suas manobras c alianças pouco
subordinadas a programas e princípios, pelo menos na aparência. 79
Mas a candidatura Pasqualini adquire ímpeto à revelia de Vargas. Após 0
manifesto pró-Pasqualini de outubro de 1945, há um movimento constante de
apoio à sua figura e às suas idéias. Em 3 de fevereiro de 1946, diria o Correio do
Povo, citando o Diârio Trabalhista do Rio de Janeiro "Ele (Pasqualini) é um
grande brasileiro e seu passado pequeno, cronologicamente, se agiganta pela
grandeza dos dois gestos que teve em prol dos marginais: os da sociedade sem
pão e sem teto e os outros, os marginais da democracia". 80 Em 16 de março de
1946 um grupo de trabalhistas mandava publicar novo manifesto a favor da
candidatura Pasqualini: "os trabalhadores do Rio Grande do Sul elegerão o Sr.
Alberto Pasqualini para o governo do Estado. Pasqualini é um nome que se
impõe à confiança dos gaúchos e é também, para o Brasil, uma garantia de que
haverá no Rio Grande, uma real pacifica~~o ... " dizia o manifcsto. 61
No dia 2 de abril, Pasqualini reafirmava a sua plataforma em revista à
imprensa: "Nas condições atuais do país, a medida mais indicada parece ser a
socialização parcial do lucro". 62
Em setembro de 1946, o PSD tenta uma derradeira manobra para conju-
rar o perigo de uma candidatura Pasqualini, lançando seu nome para a terceira
senatória, que seria disputada junto com a eleição para governador, em
19/1/1946. A aceitação, por parte de Pasqualini, implicaria, na prática, em selar
um acordo PTB-PSD. Mas a resposta de Pasqualini é ambígua: "No Rio Gran-
de- diria ele à imprensa - todos os partidos políticos têm figuras brilhantes
que poderão honrar a terceira senatória c lutar pelos interesses do povo.
Quanto à USB a que o noticiário alude, não é partido político, mas um movi-
mento de opinião tendo como finalidad e a rcalizaçáo de um determinado pro-
grama social. É esse o único objetivo dos que se acham espiritualmente inte-
grados nesse movimento.
Qual seria o candidato que a USB apoiaria? indagaria um repórter. Res-
ponde Pasqualini: "Como já observei, a USB não é um partido político. Entre-
tanto, parece que a resposta já está implícita. Os integrantes desse movimento
apoiarão o candidato cujas soluções administrativas mais se aproximem do
programa pelo qual se batem." 63 No dia 29 de setembro, o Correio do Povo
ainda diria de Pasqualini: "É um homem para o Senado". 84
Em outubro surge no PTB um movimento favorável à candiatura de Lou-
reiro da Silva para governador. No dia 26 de outubro este recusa a indicação,
provavelmente seguindo as instruções de Vargas, ainda favor<1vcl a uma com-
posição PTB-PSD. 85 O movimento pró-candidatura trabalhista volta-se então,
definitivamente, para Alberto Pasqualini. Nos últimos dias de outubro, ainda
há uma tentativa extrema de selar um acordo PTB-PSD, mas no dia 28 os cn-
37
rendimentos fr .
seus . acassam dcfinitivamcnrc.oo Tudo indica que Vargas, Lourcrro c
· segu1dorespra á ·
. gm t1cos eram f:.lYorávcis a uma candidarura wutrma, · ' · cw. ·se -
1
(~ a~oJO do PTB ao já lançado Waltcr Jobim. Mas wnro os sint~ica/Jstn.r
0
CCChio
. '
Sanson)
quanto os pasqualinisras eram radicalmcnrc con ra
r .< no"· a um
apolo a Jobim. Este era visto como um candidaro oficia/isla, conivcnr~ com o
governo
. Dutra .
e as medidas . ,
repressivas às greves c ao mov1mcnro 5 ·
·indrcal, <Jue
vlnham sendo. tornadas - mclusJVe
. . a dura repressão aos fcrrovw ·.<rios· gauchos .
em fevereiro e aos bancários em janeiro de 1946.87 Repcria-sc, de certa forme~,
0 movimento de novembro de 1945: as lideranças e bases do PTB rcbel<.tv~m-
se' tmp
· 1·ICJtamenre,
· contra a orientação de Vargas, recusando apowr? · cand1da -
to do PSD. Só que desta vez a revolra não levaria à abstenção, mas Sim ao lan-
çamento de uma candidatura alternativa.
No dia 29 de outubro Pasqualini rcjeira explicitamenrc o acordo co~ 0
PSD e apóia ·
aberramente a' idéia de um cand1daro
.
traba Ih·IS ra.· "Cada
. par11do .
pode, naturalmente, rer respeitáveis razões para fazer ou não accJ~ar ac?rdos.
Nessa5 condições, as diversas correnres polfticas deverão co~peur elei.toral-
mente expondo previarnenre ao povo seus objetivos. Afinal, 1sso é praucar a
democracia", diria ele ao C01reio do Povo. 88
No dia seguinte, reúne-se a comissão central da USB, apoiando a tese da
candidatura Pa5qualini. 89 Getúlio, pressentindo que o processo lhe escapa:a ao
controle, viaja para Porto Alegre numa derradeira tentativa de salvar a aJ1ança
PTB-PSD em termos regionais. No dia 9 de novembro encontra-se com Pas-
qualiní, sem conseguir convencê-lo a apoiar Jobim. 90 No dia 7 de novembro,
Getúlio reúne-se com o direrório Central do PTB em Porra Alegre para, se-
gundo o Con-eio do Po,,.o, tomar urna decisão quanto ao anunciado acordo
polfrico PTB-PSD tentado pelo Senador Vargas". 91 A decisão é tomada, mas
em sentido contrário ao desejo inicial de Vargas : o PTB fecha quesrão em ror-
no da candidatura Pasqualini e ainda impõe ao seu "Presidente de Honra", Se-
nador Vargas, uma tarefa delicada para quem já anunciara, anteriormente, seu
apoio a Jobim: presidir a convenção estadual que nos dias 11 e 12 de novem-
bro indicaria Pasqualini como candidato a governador do Rio Grande
A direita conservadora ridiculariza Vargas com pant1etos parafr~scando a
famosa frase de 1945, só que desta vez "Ele disse: vote em Alb , J b.
Walter Pasqualini!". 92 erro o 1m c
A convenção estadual do PTB reúne-se na sede d • ·
nadar F1orénciode Porto Alegre em 11 e 12 de b o parttdo, na.Praça S ~-
v:argas. novem ro sob 3 prcsJd >1 .·. d
Ao lançar oficialmente a candidatura , . ., . . t. n 1.1 c
vemos voltar as nossas vistas para a I ~asquahm, Úlna Vccchio: ·'De-
que es que nao têm re - - ~
não tém sequer um lugar onde morre " uo . · ~ rras, rwo ttm m >raJ:l.
por uma posição clara c defini''a r ... rrab.llh ismo deve C:J f~l ·rcri;ar-~c
. u perante as concepçüe .
e por uma s6ne de soluções prár. ·' c os probJcm~J' 'O ·h i.;;
.
O discurso de v
1cas
, para esses 111 , •
_ · · esmos problcm:1s ...J • • •
. . argas, na convcn~w de 19-16
u.ma clara deflm~o de apoio a Pasqu·JJini R • , •llnd.~ ambJj.!un lJll:tn r ~~
r • ; ' •

gw como uma afirmar•'ío co . . " . . . cconhccc Vargas <J uc '· f TB ~


:ru nrra a m~íqum:t eleito . I . . ~ur-
38 r..t mon r:. ~tl~ l em uo m , da li-
·~ . ~ (
r. • ~

béi-dade polltica, sacrificando a igualdade social. "Mas ele procura manter sua
eqüidistância em relação aos candidatos do PTB e do PSD: "Os dois candida-
tos são dignos e representam suas correntes com um passado de serviços do
povo. "Ao mesmo tempo exime-se da responsabilidade da ruptura entre 0 PTB
e o PSD, pois: "Era meu desejo, repito, ver o Rio Grande unido e tudo fiz para
conseguir esta união. Os dois partidos, o Social-Democrático e o Trabalhista
não deveriam enfraquecer o quadro das forças majoritárias" (isto é, o eleitora-
do getulista que representara ampla maioria nas eleições de 1945). Vargas não
parece muito seguro das possibilidades de vitória de Pasqualini, pois constata:
"O PTB, não será derrotado porque, mesmo que não eleja seu candidato, suas
idéias conquistarão os que porventura forem vitoriosos." Mas ele reconhece
que, neste pleito: "Vão os trabalhadores do Rio Grande medir energias com os
quadros clássicos da política. Os quadros políticos clássicos, com os métodos
tradicionais, terão que defrontar a nova mentalidade vibrante de entusiasmo,
lutando pela liberdade econômica do povo". 94
Naquele mesmo dia, a candidatura de Pasqualini é oficializada pela con-
venção do PTB. Pasqualini não participou dos trabalhos da convenção em si,
para não constranger os delegados. Mas no dia seguinte, 12 de novembro, ele é
recebido entusiasticamente pelos convencionais, já como candidato do PTB ao 1
Pálacio Piratini.
Em 21 de novembro, através de palestra pela Rádio Farroupilha, Pasqua-
lini inicia a campanha eleitoral. A cúpula do PSD, inicialmente perplexa com o
lançamento de uma candidatura trabalhista "dividindo as forças majoritárias",
pressentiu o perigo que a pregação pasqualinista representava para Walter Jo-
bim. Desde logo, o PSD procurou tecer novas alianças para isolar o ''vírus"
pasqualinista". Como os partidos claramente antigetulistas haviam lançado o
veterano libertador Décio Martins Costa, apoiado pela aliança PL-UDN, na
esperança de tirar proveito do "racha" no campo getulista, restava aos pesse-
distas uma aproximação com um dos partidos ideológicos mais radicais: o PCB
ou o PRP. Por via das dúvidas, os pragmáticos dirigentes do PSD procuraram
logo a ambos. E de fato, ambos aceitaram o acordo. Para o PC tratava-se de
combater o social-reformismo de Pasqualini e evitar, sobretudo, que o traba-
lhismo se consolidasse ao nível do movimento operário e sindical gaúcho. Pres-
tes participaria ativamente da campanha eleitoral gaúcha, apoiando Jobim e o
PSD contra Pasqualini e o PTB.95 O PRP, por sua vez, foi sensibilizado a entrar
em acordo com o PSD por razões diametralmente opostas: tratava-se de com-
bater o perigo ''vermelho" que representaria a candidatura Pasqualini. Com
forte penetração entre os pequenos e médios proprietários agrícolas das zonas
de colonização alemã e italiana, o PRP ficaria encarregado de bloquear o avan-
ço pasqualinista nas camadas médias e baixas do mundo rural, enquanto o PC
procuraria dificultar-lhe a caminhada no meio operário urbano. Mas além da
"quarentena ideológica" imposta com o apoio simultâneo da esquerda e da di-
reita radicais, o PSD procurou confinar Pasqualini num verdadeiro "cerco reli-
gioso". O clero, sobretudo das áreas rurais, foi habilmente trabalhado contra o
ex-seminarista, agora acusado de "ateu e esquerdista" 96 Para completar o cer.
co, foi mobilizada a poderosa Liga Eleitoral Católica, que enviara ofícios com
vários quesitos, aos três candidatos a governador.
Para Pasqualini, a Liga mandou ofício com os seguintes três quesitos:
I - Mantida, embora, a separação da Igreja do Estado, propu.gnará V. Excia. pela
colaboraçao de ambos, em prol do interesse coletivo, max~me no que tange ao
ensino e à assistência social?
II -Seguirá V. Excia. no governo as diretrizes contidas nas encfclicas dos Sumos
Pontffices relativamente à proteçao da famnía, à educação da infancia e da
mocidade, bem como no que diz respeito à natureza e à solução dos proble.
mas econômicos e sociais?
III - Rejeitará V. Excia. a colaboração, em qualquer terreno, com o comunismo
ateu, e impedirá, dentro das leis vigentes, a nomeaçao de adeptos do Partido
Comunista Brasileiro para cargos de direção no governo do Estado e no ma-
gistério público? 97
A resposta de Pasqualini foi curta e seca. Em 6 de dezembro, ele enviou
ao Dr. Raul Moreira, presidente da LEC, a sua resposta. Nela dizia:
Acuso o recebimento do offcio de V. Excia., (... ) no qual pede o meu pronuncia-
mento, como candidato do Partido Trabalhista ao governo do Estado, sobre três
itens que consubstanciam os postulados da Liga Eleitoral Católica.
Em resposta, tenho a honra de declarar a V. Excia. que a matéria do primeiro e do
segundo quesitos faz parte do programa que O PTB executará na hipótese de ven-
cer as eleiçC>es no Estado. Quanto ao terceiro quesito, o assunto já foi objeto de
deliberação partidária, conforme poderá certificar-se V. Excia. pelo teor do docu-
mento junto. A essa deliberação estou vinculado como candidato do Partido Tra-
balhista.98
À sua carta, Pasqualini anexava ofício do presidente regional do PTB,
José Vecchio, datada de 16/11/1946, com o seguinte teor:
A Comissão Executiva do Partido Trabalhista Brasileiro, secção do Rio Grande do
Sul, hoje reunida para tratar de diversos assuntos de interesse do Partido, tem a
honra de transmitir a V. Excia. o teor da moção aprovada pela Convenção do Par-
tido, em 11 do mês corrente, e em virtude da qual o Partido Trabalhista
"jamais poderá aceitar o apoio de partidos previstos no Art. 25 do nosso estatuto
partidário, isto é, de partidos de feição totalitária e reconhecidamente reacionários
I
materialistas e ateus".
Em conseqüência dessa resolução e do espfrito que a ditou não poderá o fu turo
governo, na hipótese de vir a ser vitorioso o Partido Trabalhista, aceitar a colabo-
I I
ra~o de elem~ntos . extremistas, ressalvados os direitos qu e, por força da Consti-
tu~çao e d~ leis, assista a cada um quanto ao ingresso nos cargos públicos que n~o
seJam de livre nomeação do governo.
Sem mais, val?o-me do ensejo para reiterar a V. Excia. meus mais vivos protesros
de elevada estima e profundo respeito."99
Ironicamente, o candidato do PSD, que efetivamente contava com o
r
. do pC, respondeu, segundo a Revista d G/0 b
í1P01 ~ ma declaração de amor aos três pomos; f. 0 • aos mesmos quesitos
comca~ó/ica e embora (sua resposta) tenha sid a a~osa ~na da Liga Eleito-
ral a medida de visível e razoável interesse cleit~,r~a~o~:ls q.ue a ~os outros,
um lhe valerá uma boa parcela dos .' maJs apavmnada de
daS e votos católicos" 1oo o . .
10 . do as possibilidades de cada cand·d
1 · mesmo ana 1Ista,
8 val1an . . ato, constata que: "Pasqua lini conta
mínimo, com a presugwsa recomendaça- 0 de G 1 • 1. v '
no . . M . C c u Io argas c a força das
sua
s idéias socw1s. . arl!ns osta confia na divisão
·
d os e1eitorados
. .
pessedJsta e
rrnbalhista, _esperando s_u~~rá-Io: c~~n a concentração em torno de seu nome. E
WaHcr Joblll_ com a sua máquina engalilhada, agora azeitada com o verde
óleo integrallsta, parece apontada para os adversários como quem usa um
revólver " . 101
. Já no final de nove mbro ocorre um~ polêmica aberta entre Pasqualini e
LUIZ Carlos Prestes, que acusara o candidato trabalhista a "querer vencer a
>, ele env· qualquer preçO " · 102 _
I ou
Mas a con~r?ntaçao entre~ ~TB ~o PSD se acirra sobremodo a partir de
um grande comicio pró-Pasqualmi realizado no Largo da Prefeitura de Porto
u pronuncia. Alegre, em 29 de no:cmbro. Durante este comício, Ge túlio Vargas dirige-se a
:::>, Sobre trés uma imensa c entusiasmada massa, no se u primeiro grande pronunciamento
em praça pública, na capital gaúcha, após o 29 de outubro. O discurso de Getú-
-imeiro e do lio, para surpresa geral, é o mais radical de toda a campanha, flanqueando pela
:ese de ven. esquerda as próprias posições de Pasqualini. Na sua fala, Vargas ataca pela
: objeto de primeira vez o PSD, que ele compara, em seu conteúdo à UDN, embora sem
•r do doeu. nomeá-los. Diria ele: "De um lado estão os partidos que, com nomes dife-
lrtido Tra. rentes, significam a mesma coisa. Têm a mesma substância política, social e
econdmica. (. .. ) São os expoentes da democracia burguesa, velha democracia
liberal que afirma a liberdade política e nega a igualdade social. ( ... ) Do outro
do PTB,
lado está o Partido Trabalhista Brasileiro". 103
Mais adiante no seu discurso, Vargas a ta ca a "democracia capitalista", os
rande do trusts e os monopólios" e defende, pela primeira vez "a evolução para o socia-
o, tem a lismo". A seguir faz a autodefesa de seu governo e declara que foi derrubado
do Par- "vítima dos agentes da finança internacional que pretende manter o nosso país
na situação de simples colônia". Finalmente, para Vargas. «a velha democracia
!Statuto liberal c capiralista está em franco declínio porque tem seu fundamento na de-
mários, sigualdade. A ela pertencem vários partidos com rótulos diferentes, mas com a
mesma substância.
futuro A outra é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores. A esra
:JlabO· eu me filio". E acrescenta: "( ... ) Se um conselho posso dar ao povo é q ue se in-
·0 nstí- tegre na ação do Partido Trabalhista ( ... )". 104
enM O discurso de Getúlio é ovacionado pela mullici'lo. Seria ínrerpret·1do
por todos como 0 endosso claro c in equívoco da cancJ i(fa tu m Pasqu:1lini, ' uma
verdadeira declaração de guerra aos caciqu es do PSD gaúcho. Pela primeira
vez, na campanha clcitonll, era levantada a handcira •(a ntiimpcria lisra" c a
105
1 o "qucsté1o nacional" rclalivamcn rc ausen tes na prcgaç:io pasqualisttL
'
41
Pasqu~Ii_ni endossaria as colocações de Vargas: "de um lado;'' diria ele no
mesmo com1cw" . ·á -
im ulsi ' ~ermanecem as águas do passado, águas que J nao logram
p onar os momhos da opinião pública Do ourro lado, está se formando a
caudal trabalhista ". ·
A :eação da cúpula pessedista não se faria esperar. Já no dia 2 de dezcm.
bro, o dtscurso de Vargas em Porra Alegre era fo rtemente criticado por depu-
tados d 0 PSD na Câmara FederaJ.W5 No dia seQmnte, . o própno · mims[ro
· ·. da
Gu~rra, general Canroberr Pereira da Costa, se c;ê obrigado a refutar as decla-
raçoes de Vargas:
Custa a crer tenha o Sr. Getúlio Varoas feira tais declarações. É de se esperar, caso
afirmativo, venha ele oferecer à na~o as provas de suas graves revelações, seni~ ­
do-se da tribuna do Senado ou mesmo da liberdade de imprensa ora em pleno \1-
gor. O golpe de 29 de outubro foi obra do mais puro patriotismo e as responsabili-
dades deles decorrentes caem inteiramente sobre as forças armadas nacionais em-
bora tenham os militares contado nesta jornada de indecliná\'el dever com o apoio
unanime da opinião pública. o fato reve ráo elevados propósitos que não pode ser
deformado ou deturpado ao sabor dos inrere....-.ses pessoais ou partidários. Por isso
·
smto-me obrigado a formular a minha çormal repulsa a tats· decIaraçoes.
- 101 .
No dia 5 de dezembro, o Correio do Pom noticiaria que: "Depois da efer-
vescência política que causou o discurso do senador Getúlio Vargas, uma outra
notícia de repercussão im ediata é a de que o PSD estaria tratando da expulsão
do ex-presidente dos seus quadros. O vespertino O Globo ouviu o deputado
Artur de Souza Costa, líder da bancada do partido majoritário, o qual cit ou,
também, como líder do movimento para o novo 'golpe' " 108•
Finalmente, a comissão executiva es tad ual do PSD reúne-se, em 5 de de-
:embro, sob a presidência de Oswaldo Vergara e divulga a seguinte dcclara~'.ão :
Não pode o Partido Social Democrático e com ele não pode o Rio Grande -
temos a certeza - faltar com a sua tradição, que lhe apont?. o caminho da bravura e
da dignidade cívicas.
. A palavr~ do senador Getúlio Vargas, definindo-se finalmen te, a favor do
Partido TrabalhJst~ ~rasileiro, o afasrou livre e espontaneamenrc por ato exclusivo
sP.u, do nosso convJvJo.
Não mais, portanto, pertence ele ao Partido Social Democrático
Conc/a~ados po.r S. Ex~ia., tocamos a rebate no Rio Grande c.m 1945 for-
mando o glonoso Parlldo Social Democrático que em ? d d '
d d R , · ' ' - c czem bro o clcocu
sena or a epubllca, no mesmo pleito memorável ~J - , ::-
a figura austera e nobre do presidente-general E . qGue t: evou à chctw d:J Nnç<1 .
y, fi . unco aspar Durrn
~mos a per eJta consciência do dever cumprido. .
Nao abandonamos ninguém nRo atiramos s0 b .
a nossa crítica e a nossa censura inj~sta.s (. ..). · re os comp:mhc1r s etc onrrm
(...) Nem nos ocorre, tao pouco o im c . . . .
ou vestes novas(... ). ' r ratJ\ O de I loc:1rmos simplc~ rôtul s
Repelimos todas as afirmações que nos id .
dor do capua/ismo pagao con1o ·n 'I . cntJ.fiqucm rum o li!Pmlismo crJ·.I-
. • lb Ui:J menrt: rcp ,. ' '
comumsmo "essencialmente mau"(. .. ) c unos qualquer tlfinid;idc com <
42
..

1m um atn dl~ 'lh.:tndnn -


• . _, o e ue-
Bte manife.sr foi cmi;1do a rn~~id 'tlt d .
r ' ~e ~rn ·H~ m~mbr 0 · d ·
• ~ ~ a C0mi!\s~o
t:
Eyc-..:utiY:l do PSD que alt'm de :1p i1-I "Ult , .
.. I , ,:,~..:nram que e~..; ·l m ,. . .
~_r.\Í~L'.'t' um ape o ,-eement~ 30 't'Il'ldor G , . . , .
. .
'· • ~::~m.l l onw;$;.\o
t • ~ • 1
t: U 11 ' :lP'' lS Tl · • ·
rt"it'nt' o m~d:Ho que os , tos d Partido ~ - . I ,:,:,• · · o ~ttlttdo dl.' que
r.:l~l~ rorque o senador Getúlio Var(Ta" nu- n"'. ~~
11
13 0
~mocr.üi lhe out rgn-
·d e' n'eqüentemente n:io p de~ ·- • ts pen~nc~ uo·:-. q ua d ros do Par-
u d .l'' - . repre-'entar o seu pcnsJmcntc no Scn·Hio
Fe erJ . '
A. resolu <l do diretório d PSD ll'Jú h r · ·.
-.d d R - - . . ~ OI c mum
3 pre-.st ente a epubliGl, nos dtnl'entes naci n·lis d PSD ad3, por tdc!.!rnmn
·
C lid d b ~
Soun osta. er a anG~da gaúcha do partido. I • • ~ 0 e ao d~put::ldo
'
(\r dia 6 de dezembro que-rio d0 1 ·
, . ~ ' _ ~ na pe a Imprensa sobre a "expuls<io" de
Getúlio do P~D, o deputado tederai pe'"ed 1·.,r., Glz·c-<r1• A .I - - .
"'" "" c: • \ e~retru c~lna :

~?d_a ~~s _1 'gic · O Sr. Getúli Varg · se iru: re\·cu no PTB c a su:1 fi ·ha de ins-
cn-s<= tm e.sr.ampada em ~andes c.arrazes n R 1· Gr.~"d"' d · c p ·
~ ~ o ull 1. 'ICn rmcntc
o o me do Sr .\tb~no p"- . 1· · · di' d
' ~ • - Uli '-

- e.:~f~ .. Sr. Getulio


. .
ars;as a
~ . . .
c nselbou . . ._
'
..~qua 1111, m c-a o pelos
--. ~
trabalhistas a pre.s den Ia do Rio Grande d Sul E n ·~u d ·- - d p \
-..:.: "! .....
• ~I::
' I J~CUfS e [(Q r IC -
gre -~e~e ~Ypre._~ e.s m~n , s a~,h-eis a pr pósito do P D, cuj:1s id~Si::ls c progr:1ma
- ~ c:

~:~::~.=~
; :S.d . .r~u retro~d ~- e\l~e_n~e.__porr;_:nro, que S. Ex ia. n:.to de mais s ·r pre-
E
-- ...
~~ -r • .._.,.. ..:
... ~- s.d ... nte d~ um pamdo com cu a~ 1 ems nao o rda, ao p nto de indic:1r :mdid:J.-
t · de outra_ agremiação poiÍ!ica a sufr:1gio d eleitorado g:1úch . Se o p:mid to-
m u e5sa aurude que se anuncia. não fez mais d que c m·errer uma siruaç:1 de
dire-to numa situaçã que já existi3 de tHo is foi, em , -erdnde, o Sr. Getúlio\ nr-

-- - :
: ~:::- ~
... ~ ..... ...
gc:s que abandonou o PSD. Ag ra, de\- dizer, que Q" fato, emb ra bment•1vet.
por ser S. b:cia .. um b mem ilustre n Rio Gr~mde d Sul n:"io diminui 3 minha
ccrren:1 de gue o Sr. \\'ai er J im será eleito p"la imensa mai ri:J. d s pesscdistns
do Rio Grande. :

A ruptura entre \ argas e o PSD gaúcho aceleraria o êxodo d" quadros


getulisras do PSD local. .Assim. no dia 6 de dezembro, o ministro Antonio Bro-
chado da Rocha, irmão de José Diogo, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-se-
cretário de Educação do gm·erno Dornelles, desliga,·a-se do PSD, i ngre.ss~mdo
no PTB. 1 2 Várias outras lideranças seguiram este exemplo. O confronto entre
as duas maiores forças políticas rio-granden ·es na campanha de 19-l- se daria.
---=--.
- .=a. - .=. · -

.--:
a panir de enrão, sob o signo de um curioso paradoxo: de um lado, um PTB.
-= -::---"'" algumas de cujas principais lideranças e cujo candidato a gon?rnador haYiam se
distanciado e crüicado abertamente o Estado Novo mas apr xima\'a-sc cada
,,
....... -- \·ez mais das po ições assumidas por Getúlio \ argas; de tHro. um PSD cujas
mais expressi\·as lideranç.as e cujo candidato a govern~1d r haYiam ap 1i:1d c se
beneficiado do Es tado Novo, mas s" distanciavam cada vez mais d3 liderança
do "soHtário de I tu".
É verdade que Jobim, por cálculo eleitoral, c\·iraria at~ o final da campa-
nha dar mesmo 0 mais leve tom ant.igctulista:.) sua retóri ~3, receoso de perder

43
· 1:-. , . c ' - ;
.' •· .·•
,, _,.
preciosos conr ·
home á . Ingentes de apoio. Segundo a Revista do Globo, tratava-se de "um
Novo~ ~r ttco, sensato e realizador _ que preferiu aventurar-se no Esrado
A P r~anec~r n? conservadorismo do seu PL". 113 •

d' o partir do mfcw de dezembro, a campanha eleitoral toma Impulso. No


Ia 1 de d~zembro Pasqualini inicia seu primeiro roreiro eleitoral no interior
do Estado Just · d o comicws' · po-
u ' amente na zona de colonização italiana, reaJizan
p lares em Farroupilha (1 112), Veranópolis (1!12) e Bento Gonçalves (2112).
Aco~panhando Pasqualini neste roteiro, fazia sua estréia política. um jovem
candidato a deputado estadual indicado pela ala estudantil do partido: 0 estu-
dante de engenharia Leonel Brizola.
No dia 3 de dezembro seria proclamada a chapa dos candidat~s trabalhis-
tas à deputação estadual. Entre os candidatos a deputado prevaleciam os pro-
fissionais liberais, perfazendo trinta e dois do total de cinqüenta e quatro plei-
teantes, mais da metade, portanto. Desses, quinze eram advo.g~dos. Havia
também seis funcionários públicos, cinco ruralistas, dois industriais, un; ~tu­
dante e apenas oito operários (incluindo dois comerciários, um metalurgico,
um gráfico e um ferroviário). Predominavam, portanto, ao nível das ca.ndidatu-
ras, setores de classe média embora o número de candidatos operános fosse
certamente maior do que nos ' demais partidos, com a exceção provável do
PC! 14 Entre os candidatos estava José Diogo, que renunciara ao seu mandato de
deputado federal pelo PSD para concorrer a uma cadeira no legislativo esta-
dual pelo PTB.
Nos meses de dezembro e janeiro, sob o ímpeto da campanha eleitoral, o
PTB ampliou consideralmente sua estrutura no Estado, instalando diretórios
municipais em boa pane das cidades do interior e criando diretórios distritais
em Porto Alegre, onde chegaria a instalar mais de trinta, sendo os mais ativos,
o de São João (42 Distrito -importante bairro operário) i nstalado no dia 5 de
dezembro de 1946 e o da Vila Nova. 115 Além dos diretórios dis trita is, o partido
passou a instalar também numerosos "núcleos", a ma ioria dos quais em re-
sidências de filiados, muitos deles operários ou pequenos funcionários públi-
cos.t1e
Um outro sintoma do relativo vigor organiza tivo do PTB nos seus anos
formativos f~i .a a.tua~o .~as chamadas alas profissionais criadas sob inspiração
da corrente sindicalista , conforme j á vimos. Na campanha de 1947, des taca-
ram-se
cá ·
sobretudo as alas dos metalúrgicos ' ferroviários' portuá nos,· gráf'Icos,
11 7
ban nos, entre outros. Um destaque especial, pelo peso futu ro de suas lide-
ranças, merece a chamada "ala acadêmica trabalhista" •o d
· ·á · . . . • '' rma a por es tudant es
umversH nos e CUJO pnmeiro presidente seria 0 cst d à ·
IB . 1 D . u ante c cngcnhan a Leo-
ne nzo a. ela fanam parte também Fernando F .S . .
son Vargas da Silveira , entre outros. crran, crcno Chaisc c W ll -
Uma das caracterfsricas da "ala acadêmica" . .
chamar simplesmente de "ala m , -que mais tarde passa n a a se
ri H •

que seus membros sofreram a in ê o~ ~OC!dade trabalhista" - foi o fa ro de


doras do trabalhismo gaúcho· os s·u d~ci:. Simultâ~ca das três correntes form a-
. In Ica Istas, os mtelcctuais c profission ais li-
44
,·r.u ' J'·l' p al ini:-t.b · -" p prnlt:':-. it'll:li ' ditl.'l 'llll t.'n t . " ' . 1 1
IIth. '' .
• • • • • ,, , f · t 1111.: u :h 11:\ a \ ' ;n .
' l' '\ ,:-.1.\ .... ~ L\ , ut lll \l f\h ltd 'I C:- J'll' 'l''' 'll · ' l' l'l'l'l 'll\ll'
1
~- · · .. • • •· · • u m:.1 um:t L'~pér il'
1
, • ".lt~ t'-t.\, ,. ptl 111 ·.1 cntr · :1:-. Ir .._
, ' · r lt' llt · · h'fttt tll' ''~'" ·'t' I' trt ' 1
·• · · ' • ·' u • H ll. que !'t.' t.'X·
r· r~·:- ,~Ht.l. n. .t ..-. n .l pl ' llllltd
r _
'. .t(' ' ll.l~ .IJl\.' k \ ' •·tr•'.....'l'· .•"·' I •, q.
.1 llh'fll' ,, 1 I
1I til a ll'rrota
..~: r.l~ t.!U.lllr I ' nl Jt>."' J. lj\l.lllth 1 t'.' lt.' lll'\ll lj\l.ldH' dt• liuct :\11\'.IS :t~~llllliria a ui -
n ·j;,_ 1 l r~Ht i lh'.''~ l ú 11t.'l Hri.'1. 1 l.l flli l m:lb Lk:'l;ll'.llfl) lf k r d:t :tl:l a ':td(' mica
'lu·· t ' ir.Jil·.t ri:l 1. ll h '' ·.rn tid.lll .1 li ·put:1d' cstadu:tl. O l:ln,·.1mcnto ptihlin~
!,' .-. u.1 "~m h..J.Itur.t I'' ' ll li ih.' t,l\.1 Hlll c:-till' 1( lltkn que t' f:tri:l !tSl'l' ll lk r r.tpill:t-
r.: ~·nt '. t.m h n,l t\, tn~ tu r.l intnn.t dt p.trtido. 1u:mtc' n:t pt' llt't raçin pnpubr l'
·!dh)r~tl: . A .' =' ·mt'l ' U E_, tu Lmtil. r '.lli ?.HI.tcm L ' l"' 'l q..t (~, n:ín apt'll:ts cnnt t'u
'\ ::1 a f' r ·~ ·n .I 1 rt'~t i~i l'-' :' llt 1 n. pri 'P.1~qu :ll i ni. mas :1 f.tl.l dt' jt \·em r~lnllida-
t ~ ' Ti.l Í rr:lÚJJJ.t p )r lltll.l t'Hl ÍS~ < f,l h11.':ll. 11 ~ ( U~O l'fidcnll' ÔOS tlWtkrllO$
r.:.:-:. s LI' muni ·.1 ·.in LI· m :1~~.1 \'iri.t ·l nstituir um Ôt.)S cr.mdl's trunfos n:t me-
r· ·ri,·J ·.1rr ·ir,1 Jt) jl" "t'm l'.'tu Llnte k t'n~cnh :ui:l! ·
Ant 'S d i:' . ri. l 1:1 j.i :l't'nlJ':Inhav:l r~l~tpnlini l'!ll nutri.) rntcin Si!.!tlifi-
":.~HÍ\ p,'h.l int · ril r ~.1ú ·hr'. ~ ujt' 1 Hll' :li !fi scri:1 n rnmfdn J c ~n:ias llt' Sul-
.1 prin ~i p JI -iJ JJ " i nJustri:l l d.1 7 t'll:l n'l 1ni:1l it:1li. na. Nesse c 1nrl:wc. Pasqua-
li11i fJri:1 : ·u nni:' imp~ rtantc pr nun ·iamcnto polfliro nc.ss::t c~1111panha c:IL'i-
t .., rJl. "m 1-! 12. -t6. O Jis ·ur.-t' de pasqualini. mais tarde cdit ~H.lo sob o título
,~.:_~..,_:.'i: i...P : t' so.';.f ;n"st :o' :-" ·en tra-se nn auquc simultJnco ao qul' hl j · ~ê
:~.: 5 tum . hJmJ r à " ..s · i:lli~mn rc~1 l " dn hll co S<1\-ill ic ) c :u "capit:llismo inui-
\iduJiis tJ ·· J tt.. cnr:l h 'f: 'll1(1ni ' t1 no Br:tsil. .'.t'gundn PJ,.;.quJlini. " No próprio
Bt::dL : í:.'iali:'t J. pdL) m ·n 'S t:ll 'l'nt 1 se t)~scrv~l na Uni<il Sm·i~tira, a
t '::d ;n iJ ~ J lk se fo r mJ rcm duas cl:-tssc.s: umJ. dt _.;. qu • maml:lm c l'Strto tk
im:1 . c J L1Utr3 àP~ qu"' "~!1 ·de em c csrJn dl'o:-tixo ". i'.' um tal r ·~imc. ") pro-
! t... ri) ontinuJrj scmpr • :'c nd) pro kt Jri . :to p:tsst que o p:-ttr:lo ~cria :1pcna ·
_ur5titufuo pch.1 ruh)Crat:l ou p ' I' :l!!t'ntt' J.l :mt nrid:H.I' públir3. Crl'io que a
rr.elhor fL rmJ de rc._!li/:H J justi\'a sn ·i:tl st'r.i :linda L'mpr ·gJ ndo < s nH.:todos da
lib~rdJd' c nJo os pn)ccs.'t':' LI.!\ il)kn ..:ia c LI:~ c "~:l ·jn" . ..,
Qu ... nro JO ··L.1pi :1lisnw inJi,·iJu.lli:'t:t''. c k ..... pr 1pcndc. em suas últi-
mJS on~ 'qucn ·J3s. p:1ra mom,polin. p:1r.1 :1 hl'!.!L'mn nia l'd) n 'mica. para a cx-
pl rJ _jo do r )\' t) . para l' imp ' riJiisnw.
É. senhores. esse tip1.1 Je ~tpiu l i:mn . t'f:0Í.'. ta c agressivo. que nó: comba-
emo_. orque ek gt'r3 ..1 oprc~s:it) . J mi~ ~ ria . a: guer ras, a dc.sgraça das
n2çõ .:··. ·z:
Como al ternJri\'"3 , Pasqual i ni defende o " trabJ lhismo so lidarL ta", um
C3minho in terrnedi3 rio que preserYL' seto res da iniciati\·a pri\-ada c o acesso à
propriedJde p3rticul3r dos meios de prod uç:1o. pois ··no entanto. o Brasil prc-
cis3r3 ainda de lo ngos anos de C3pitalismo. N3o ca pitalismo individuJiista, mas
de C3piraJi·mo solidaris ta''. 23
Sobre as eleiçõe.=. diria Pasq ualini:
~~'O pro· :ema não é apenas \·cn~e r uma eleição e controlar o gO\·crno;
nJ...'-S-0 prob:~ ma é criar uma ment alidade so ial que. facilite o uso d s meios que o
poder oferece para realizar o programa que defendemos... 12 J
45

...
·.·
. . · ·-··· ..: ..
::::::
·:· · :


se · .·
· . ele te .
oh ~ll} crais pasqualinistas c os políticos profiss ionais dirctam , .
- ~stacJo b - d f , . ente vmcu lados a V·
as. Nesta geraçao c uturos lideres, processou-se porta • a~­
g . I, . " n 1o uma uma csp6tJc
lJlso de "simhtose po tllca entre as três vertentes form adoras d . ·
. na sua p IenJtu
. dc, apenas
, oc,partido, que se
int~ ~o p ressana,
. .
após a morte de Varg,as . - cx-
a segunda <krrota
·c· r,or de pasquahnl em 1954, quando este novo quadro de liderança·s
los "d 11a Le , B · f . .
r • • •

assumma a di-
• •

Po, reção ~o ~art~ o. _ on~ 1 _nzo 1a ot o mats destacado lfdcr da ala académica,
. (_2112)
que 0 tndt~rta como o can?tdato a dc~utado_ ~stadual. o lançamento público
. Jovem'
de sua candtdatura prcnunctava um esttlo poiittco que o faria asc{:ndcr rapida-
o esr IJ, mente, tanto na estr~tura intcrn~ do p~rtido, quanto na penetração popular e
eleitoral: a Assembléia Estudanttl, realizada em 12/ 12/1946, não apenas contou
)aJhis, com a presença prestigiosa do próprio Pasqualini, mas a fala do jovem candida-
s Pro, to seria irradiada por uma emissora local. 119 O uso eficiente dos modernos
> Plej, meios de comunicação de massa viria constituir um dos grandes trunfos na me-
~avia teórica carreira do jovem estudante de engenharia!
esru, Antes disso, Brizola já acompanhava Pasqualini em outro roteiro signifi-
·gico, cativo pelo interior gaúcho, cujo ponto alto seria o comício de Caxias do Sul-
la tu, a principal cidade industrial da zona colonial italiana. Nesse conclave, Pasqua-
os se lini faria o seu mais importante pronunciamento político nessa campanha elei-
I do toral, em 14/12/46. O discurso de pasqualini, mais tarde editado sob o título
) de Trabalhismo e solidarismo 120 centra-se no ataque simultâneo ao que hoje se
sta, costuma chamar de "socialismo real" do bloco soviético e ao "capitalismo ind i-
vidualista" até então hegemónico no Brasil, segundo Pasqualini. "No próprio
Estado socialista, pelo menos tal como se observa na União Soviética, a
I, o
tendência é a de se formarem duas classes: uma, dos que mandam e estão de
ios
cima, e a outra dos que obedecem e estão debaixo". Num tal regime, "o pro-
üs letário continuará sempre sendo proletário, ao passo que o patrão seria apenas
>S, substituído pelo burocrata ou pelo agente da autoridade pública. Creio que a
Je melhor forma de realizar a justiç.a social será ainda empregando os métodos da
o liberdade e não os processos da violência c da coação". 121
Quanto ao "capit alismo individualista", ele " ... propende, em suas últi-
mas conseqüências, para monopólio, para a hegemonia econômica, para a ex-
ploração do povo, para o imperialismo.
É, senhores, esse tipo de capitalismo, egoísta c agressivo, que nós comba-
temos, porque ele gera a opressão, a miséria, as guerras, a desgraça das
nações". 122
Como alternativa, Pasqualini defende o "trabalhismo solidarista", um
caminho intermediário que preserve setores da iniciativa privada e o acesso à
propriedade particular dos meios de produção, pois "no entanto, o Brasil pre-
cisará ainda de longos anos de capitalismo. Não capitalismo individualista, mas
de capitalismo solidarista". 123
Sobre as eleições, diria Pasqualini:
Nosso problema não é apenas vencer uma eleição e controlar o governo;
nosso problema é criar uma mentalidade social que facilite o uso dos meios que o
poder oferece para realizar o programa que defendemos... 124
45
d etorcs_ do I naquela. época particu.
D r dendo-se dos ataques e s . . c. ero,
, Pasqualmi . exclamana: ·,
elen . . ião de colomzaçao I ta 1Jana,
larrnente reacwnáno na reg f gar vossas crenças c cap.
C ·to católicos a palavra dos pon tITiccsI
não para a a ,. .
, . a religião a serviço da po ll lca,
1 , • nAr '.Jama1s . d ·
tar a vossa s1m · palia _pois não devemos puara que con hcçaís a vcrdadc1ra .ou .trma ele e<
qu c é en~<ano
nem ada lft"ca
poIgreja
I
a serviço da religião
.
- mas P supor qu e ela defenda o cap1ta1Jsmo sua CC
social e compreendals ~
125 vista s
individualista. . tas exposições da dou- sibilid
. S I é ma das ma is comp 1e . .
o discurso de Caxias do u u
. . , b exemplo da forma
com que Pasqualmi condu-
.. d
via in,
trina "pasquallmsta e um om - d conteúdo programático e ou- nal, n
ziu a campanha, prlVl egJa~
. ·1 · do as colocaçoes e "b d uma t
. . e às técnicas eleitorais da usca a
trinário fugindo à oratóna tradiCiona l . á io e educador" presente na
' " Este aspecto "doutnn r TB
vitória a qualq uer preço · . . _ liar à secção gaúcha do P no em d<
campanha pasqualinista, dana uma fei_çao pe~u do partido nitidamente, dos
, . . ai da época diferencJan 0 ' PTB
contexto poiJtJco nac10n (PSD UDN e PL) e mesmo do Varg:
seus concorrentes liberal-conservadores . ,
~ . 0 discurso d o Pasqualim
I . 1 ou tras secções estaduais. . .
em nfve nac10na e . de
Por outro lado, é n~tó~Ja a ~usencia, n Var as e ao etulismo- eixo
1946-47 de quaisquer referencias à liderança de g g bé I
central do discurso petebista em outros estados. "" Ausentes tam m,s~a~~~ia
fase, as bandeiras "antiimperialistas" q_ue, no e~t~nto, come~vam a
festar com nitidez cada vez maior no discurso pol!tico do p:~pno Vargas.
Este retornaria ao Rio de Janeiro, logo a pós o comiCIO 29/ 11, prepa- ?e
rando-se pa ra contra-atacar na polêmica nacional que o seu discu rso de_Porto
Alegre suscitara. ' 27 Já no dia 6 de deze mbro , Vargas declara , e~ e ntrevist_a ao
matutino carioca A Democracia, em resposta à nota do PSD gaucho, pedmdo
que renunciasse à sua cadeira no Senado:

( ... ) niio haver se apresentado candidato por nenlJUm partido, não solicitara
votos a ninguém e, por último, nem sequer usara do direito de opção para ocupar
sua cadeira no Senado da Repú blica. Fora a Cons ituinte que, de acordo com seu
regimento, decidira e o reconhecera eleito pelo Rio Grande do Sul, por ser o Esta-
do que lhe dera maior votação. Depois, sua inscrição para a senatoria fora feita pe-
los dois partidos, PSD e PTB, o que aliás chegara a originar um protesto da UDN
que pretendera lhe invalidar os votos por essa razão. Era verdade, acrescentaYam
seus amigos, que o senador Gerúlio Vargas tinha no PSD, em rodo Brasil. muitos
amigos com os quais poden"a haver aré colaboração em alguns Estados. Ess:-~ era a
sítua~o do Sr. Getúlio Vargas antes da proclamação que agora surgiu ( ...).
Esta proclamaçao do PSD, no entender dos mais íntimos do senador gaú 'hO.
nao tinha que ser por este respondida. A proclamação, repetiram-nos esses que ele-
gemos como, senao porta-vozes do ex-presidente, ao menos como conhcccd res do
seu pensa mento, se limitava a narrar uma sit uação c a fazer críti a em torno do dis-
pronunciado p0 r S. Excia. na ocasião do lançamento da c:tndid~nura d Sr.
AlbertoafPasqualini.
curso

E por fim ouvimos esta declaração sensacional:


Agora, quanto ao apelo, convidando-o a ren unc·Jar ,.~ <t.l,'l d · s d
46 ,l _, ::1 ' 1ra no cn:-~ o.
~::I;.?~-~~~·::?-:.-:.:.7 ·. :··.~-: <:~,_: _·, ~~'-. ·
..
.~ ~·. :~ .. ~:_:· · ..
- .... -~.'
ishl }l\'\kfiH d:u· 't'"'" r,·~ult tdtl t•lll' n ,., , ., "'' ' I , . • .
, itlt 1111 1"'ftl l>llca r. JH , 1
' . /;I •I• '1 ''I",,,. rt,·.• o/11 ,\ f/li · \11/J 1 · j,•1 "''f'l'•,11,,,·, o• 111''o
,. ( • I 1
Jt · · I ora rCSJ>OS·
. •l'ilflt ,. dn s11 t. 1:-n
'1\hhl h:,·a,':t 1 tT~·r qlll' \ lll'l',!ls Jlflll'lll''t\' 1 ,. 1111 1-1 . . " - .
, ••. , ' - • ' "·'' a nlse sun•ula entre
ch' ,. 1 1'~1 !H 1 },tu' •t :lluk dtl Sul l'\'it •tndn tJII, . . ~· ·
, I) . I I' ' . L SL' l'llllS\Ilnasse uma rtlJllun
I
.\11 .'1 l\)1\\ ll ~ . Jl:ll' HH\ !1 . '11\ llf\'d 1\ ·' ll'itll\ ·' 11 - ', Jlllvaw I mente, j<\
•• ) . .
tendo em
.
\ 'Í\( !I ~\1 :1 lt.'lll!\11\'l\ dl' lt'tlli'I\U il pl'l'SÍdL' IIrh \1 II')' ' IS Jll') 'l r·
' l' ., ·· ·· · l L. ' .1va preservar a pos-
sillilíd:t
. • ,
k • dt~

1111\:1 a t:llt\!1 I' I H - I'SI) lJllL' n dl'SL' nrol·tr I() .
• ·
.
• t s :tcontccunentos ha-
·
\'i:t tt\\'t:l.l~tltl ;~tiP ~ l' ~~~~h' ll'''.:l\:; ll't>·r ,que d_e l'nrnw definitiva - an nível regio-
1
• • n '~t .•\1 ptl)pltl~.sl.\do
trtl • ., n.1t.1l. Nni11. SL'Ilttdo 0 J>mrcss 11 , 1.•1clt)
• · • . . L:• 1 < prt~c ·tpt't a na
·
ulll:\ tl'ndctll't:t l{\IL' s1) ht'l\l 11\!ltS t:mll~ SL' m:mir~.·staria ao n(vcl nacionnl.' 2!l
:\ntc~ de rcspnndn ao PSt g:u'trho, Vnrg:ts prrol:uparn-sc., sobretudo,
em d:tr rrspnst:l :h dn'laraç,·ks do ministro <la , 11 'rrn, general Canrobcrt.
Em twta distrilm d 1 ;'\ imprensa nu <lia .~ d, <lcz··mhrn, diria 0 senador
Va r~~as:
. Li n lkl'l:tmçl'\n ~In ilustn.~ ministrn tia Ciu ' rra, general Canrobcrt, que me
t11l'rcrnt umn 1p ll'ltll\ldnck rxrell:nte pura escl:trcccr um caso que nno existe na
wr l:tLk.
N:in :1 lrnitn Lk f(lrtlHI algum:t n explnraçnn que se quer formar. Todos os
lil'i:1i~ lo 1·~-xlr ·itn, t\t:trinh:t e t\eron:iutica c <lc modo cspccinl os oficiais generais,
:':I 1 IH nH:ns iht:'tn:s e p;llriot:ts llignus de respeito c da consiclcrnçno pública. Se nfío
o fl'S."L'Ill n~t' os teria pronmvidn, princip:tlmcntc os generais, nlmirantcs c brigadci-
l'llS qlH.' ftl!':\111 tmh1s tlc minha livre es ·olha. O que cu declarei foi positivo: intcrcs~
SL'S contr:tri:tdos rriar:un um falst' aml,icnt~ . Nesse falso ambicnle se processaram
c s anrllc imentus que ;mtcccdrram o movimento militar. A convicçno das forças
:mn;ltl:ts foi <I tk rcaliJar um mnvimcntn de ~:tlv:tçno nacional em vista da tensl'lo de
cspiriln. O meu disrursL' se refere aos que criaram o falso ambiente. Nfio preciso
outro l'lcmcniU par;l pnw;tr minh:1s a!irm:tçOcs ai\Sm da atitude intempestiva do
cmb:lix;Jdor tins Fst:Jd(ls Unidos, t.:nnfmme assinalou, em liuo, o Sr. Summer Wcl-
Ies. Em todo n c:tsn. posso ci1ar :1lgumas prc~sr>es que meu governo sofreu c entre
outras a rdativa a uma SL~tHcnç:t dn Supremo Tribunal Federal que solucionava em
lldinitivo uma qucst~o do custo llistt)rirn. O ilustre general Jumcz Té1vora, um
heróico pioneiro clcssa r:unp;mha. pode testemunhar quanto lutei por esse princf~
pio. Eu caso é t:'lo vit:1l para o Brasil que rcprcscnlil a clcvaç~o a mais do dobro de
tm.l:ls as tarifas de serviços pLihliros.
OportunHmcntc, mnstr:trci da tritmna do Senado o histórico de minhas re-
sistenri;~s c ro ntcmporizaç cs a que o governo foi forçado. E tenho a satisfaçno de
afirmar jUC sempre contei com n h:tlu:trte das nossas forças armadas para essa lu-
ta. Ou:111tn aos acontecimentos do dia 29 de outubro, aceito a dcclaraçrio do gene-
ral Gocs Monteiro de que tudo foi feito para se evitar uma guerra civil. E é preci-
s:m1cntc por isso que clcclarci c reitero que ntlS explico c compreendo. Por isso,
quando disse crn Porto Alegre que fui vftima dos "interesses da finança internacio-
nal", st~ uma nberraç!1o é que podia deturpar essa clcclaraçrio, aprcscntan~o-mc
como "vitima" d·1s forças armadas, que me apoiaram até o dia 29, para cuJa efi~
. ~ . . . . ' 130
C1cnc1a lécn1ca meu governo nunca n.:cusou mc1os.
Tornava-se claro que Vargas passaria a levantar, de forma crescente, a
47
' . •'

bándeira do nacionar . . . . -· - . , ·,.


legisla - . Ismo e tentana umr. n st:u 3pelo ~~s nt~l!'--'·1~ ••l ddc.:sa da.
~
pe · r çao trabalhista e das re1ormas -· - ~ n .·..,
. .s c m · pclo ~) rc~l!-ll
soc131 "nr ··
1.. .. um.
0 1
na Ista e a defesa de um modelo de descn~-ohimcn.r n:Kinn:Il :w rdnnmo.
d' Quanto à questão parridária. \arcas assim n:sp ndcri:l, n:Jqul'lc mc~mo
•_a, sobre a possibilidade de um acordo~entre o PTB c PCB :lO nín'l dn Dis-
l~Ho Federal: "O PTB não rem propósitos de fa za qu:llqua :J~i:w_ ,1. CSJ e-
ctalmenre onde tiver possibilidades de ,·itória, como lr. o G1S li 1 Dlstnro Fede-
ral. Onde, porém, isso não acontecer nada impcdirâ que o PTB cnrrc em -ola-
boração com outros parridos."131 ' .
3 1
. _Já delineava-se, portanro, para Vargas, o PTB com sua ba:'c de P
P~IncJpal e privilegiada, mesmo a nível nacional. Nas rcgiüe.s em que 0 !TJhJ-
lhismo tinha forte implantação (Disrriro Federal c Rio Gran~c do Sul. P r
exemplo), o PTB poderia até concorrer sozinh o. Nos demais. n:Jo se ex luf 3
preservação de urna aliança com o PSD ou mesmo o PCB.
No Rio Grande do Sul, o PTB mandaria publiC3r, no dia 13 de de~embr ·
um manifesto de desagravo à "cspulsão" de Va rgas do PSD. sob 0 IIWl d
"Uma atitude estranhável".
Os nossos antigos antagonistas do Partido Social Demo rári o n seu afã d
combater, de atacar c de criar ondas, muitas e agitadas ondas, aca :m com 3tend
e atacando a si próprios ameaçados de submergir, inapela\'elmcnrc, nas mc$m. ·
ondas que eles levantaram.
Nao é outra coisa a atitude assumida por aquele Partido, em rcla ã ao e-
nadar Getúlio Vargas. Compreendemos, perfeitamente, a nuva imp reme de n s-
sos adversários, ao constatarem que o seu grande eleiror, sinroniwdo m o dc:;ej
do povo rio-grandense, decidiu-se a apoiar, iniludh·elmenre, a candidnrura de Al -
berto Pasqualini ao governo do Rio Grande do Sul. Compreendem s o gcsro tardio
dos nossos adversários, que "expulsaram" de seus quadros aquele que, em praça
pública, an unciou pertencer ao Partido Trabalhista Brasileiro e !~o-somente a
Partido Trabalhista Brasileiro. Compreendemos, ainda que, quamo por mais nã
fosse, até por uma simples lógica de raposa que desdenha os saborosos cachos de
uva colocados fora do alcance de seu apcrirc, os no_so.s oposirores pJssa~-em a su-
bestimar o preslfgio do Sr. Getúlio Va rgas. Mas da{ a iniciarem um ataque dcsJbri-
do co~tra a pessoa do presidente do honrado PTB c ao seu governo, ,·ai um passo
demasiadamente longo c pcngoso, que a opinião pública do Rio Grande nprecia
profundamente estarrecida.
. E essa arirude é ran ro mais csrranhávc /, é ranro mais grotesca, quando IOdo 0
RIO Grande sabe, per~cllamenre, que os nossos oposir orcs, ainda onr cm endeusa-
vam o homem q~e .hoje procuram profiigar. Ainda onrem, o seu candidato a uo-
vernador e a ma10na dos seus candidatos à Assembléia L · . . o
1
como figuras de proa, o governo do Sr. Getúlio Vargas! ... 132 cgJs atJva, mregravam

No dia anterior, 12 de dezembro Va f


rnoso discurso de deesa de se ' rgas Izera no Senado Federal o fa-
'~ u governo "M'10 h 1 · - .
pressão nacional e pesam sobre · a e e1çao adquire uma ex-
ça do povo brasileiro. Ao povo me_us ombros~~-r7~ponsabilidades da confia n-
' pots, eu me dmJo anunciou ele então. E nrre
48
~'~f:tf',~}i'>~:< :; ' ' ~· : ' ',' ·: ',, : ' ' ' ' ''
. \·.·: -~ . :· trás.coisas procurava justificar seu papel no .d . ·.· ·. ·~?· ::: .·. .
1
. ·.: : ~: ou. 0 poder. Era indispensável enfrentar co go pe Ge 937: "Em 1937 eu não.~ ,_:___;t;,·t:\
1
'. qul5 . ,· . . m um overno forte t d . . . . c ·. •. c..

. 0 rornta 'Mas a htstóna p. rovou que cumprt· m dg ra ctvtl. Posso ter errado ....· ·.,_.· 0•_.-,;~'-~'.:·
uências mternac~onat.s que nos lançavam a uma uer .· . o as a m~
~.- .
. :.
· .·
na,, ~ · .. _ eu ever".133 .. ·.: ~ - .
Após a sua parttctpaçao no comício do d. , . .·
· R· G . d ta 29111 , Getuho Vargas não
ais regrcssana ao to ran e durante a campa h 1 .
Oh , _ . . n a e euoral. Sua única nova
intervençao sena o enviO de duas mensagens de a . oio a Pas . . . ,
timos dias que precederam o pleito de 19 de janeirg. quahm, Já nos ui~
Antes disso, a campanha eleitoral de Pasqualini pro ·· ,
· N d' 20 d ssegutna com tmpeto
e entustasmo. .o Ia d e ,dezembro,
· o candidato aventurava~se na zona co Io-
nial alemã, re;1tzan b0 co~~ 10 na ~róspera cidade industrial de São Leopoldo.
No dia 23 de eze~ ro,. su ta por vta fluvial para 0 Alto Taquari, quando: "Du-
rante o perc~rso no acn:na e~ todos os portos de escala, mesmo nas pequenas
povoações sttuadas à beua-n~, as populações locais( ... ) acorriam ao longo dos
trapiches para saudar o candtdato trabalhista e hipotecar~lhe solidariedade".134
Neste roteiro realizaram-se vários comícios, entre eles os de Lajeado, Estrela e
Taquari.
Após o Natal, o candidato iniciava roteiro pela região serrana, começan-
do por Carazinho "baluarte do trabalhismo gaúcho", pois fora um dos poucos
munidpios do interior do Estado em que o PTB vencera as eleições de 1945.
Também era terra natal do jovem candidato Leonel Brizola, que acompanhava
a comitiva petebista. Depois de Carazinho (27 /12), o candidato discursou no
município de Getúlio Vargas (28/12), em Erechim (29/12) e Passo Fundo
(30/12), reunindo sempre multidões de milhares de pessoas.
No dia 27 de dezembro, o PTB resolveu, finalmente, a questão do candi-
dato à terceira vaga do Rio Grande do Sul no Senado. Após o malogro da ten-
tativa de acordo com o PSD, haviam sido cogitados os nomes de Loureiro da
Silva e José Diogo, que preferiam, no entanto, permanecer no Rio Grande, na
qualidade de organizadores do partido. 135
No final de dezembro, o próprio Getúlio convenceu seu ex-ministro do
Trabalho, Salgado Filho, a aceitar a indicação do PTB. Salgado Filho, que
então residia no Rio de Janeiro, tornara-se conhecido, depois do seu período
na pasta do Trabalho, pela organização do Ministério da Aeronáutica, criado
no &tado Novo e em cuja direção permaneceria até o 29 de outubro. Além
disso, como presidente da Companhia Nacional de Aviação, Salgado Filho no-
tabilizara-se como um dos pais da aviação comercial brasileira. Como seu su-
plente, concorreria o cirurgião Jorge Braga Pinheiro. No dia 27/12 era divulga-
do o manifesto trabalhista de apoio a Salgado Filho, que chegaria a Porto Ale-
gre no dia 6/1/1947 sendo recebido com grande manifestação popular no centro
da cidade.
Em sua mensagem de final de ano, a direção do PTB regional procurava
reviver o "espirito revolucionário de 1930" em apoio a Pasqualini:
" .;

Quando o Brasil entorpecido, governado por velhos e rancorosos polít~cos


· os mteresses
que pensavam apenas em si próprios e esquecmm · da Pá tna,
· dormm o

49 ·..

··,··
l·.. '. '.· .
·I ··
l

'· r
.~ ;
i '
SllllO da l'~tagtwçoo c do atraso, o povo gduc . · hou n'do I em torno de Getúlio Vargas,
I' I
atendeu como um .-;ó homem ao brado de alerta de seu grande lfder, quando deu
esta p:tlavm de comando: Rio Grande, de pé pelo Brasil!
lloJe· novamente o H1o · Grande est. á de Pé . De pé J.á não somente
, pelo Bra.
s1l· m:t.') pela' cnus:t de seus
' prl~pnos
· filhos, dos no
· _gra ndenses • dos gauchos de todos
os m:tlli'.cs c de todos os quadrantes to ta o, dos homens que trabalham. nos
' • 1 Es d
cmnpos nas cJdaucs · · dos runc1ondn
nas coiCmas; · . : ·os que labutam . nas repart1çOes·
. '
dos JOVens que estudam nas escolas, dos mte ec ua1
• I ' •
1 t ·s que med1tam . nos gabmetes·
.. •
dos oper:tnos · que produzem a nqueza,· . dos empre. sárJ· ' os que onentam
.. e dmgem.
·
suns empresas, todos, enfim, os que constituem es a t· '
1mensa colet1v1dade
R. G d trabalhista
que ~ o f{in Grande do Sul, cst:lo novamente de pé, de pé pelo 10 ran e, com
Alhcrto Pasqualini! 106
Na fase final da campanha, o confronto entre o PTB e o .PSD_acirrou-se
de tal forma que seria quase inviável pensar-se em uma reaproxtmaçao entre os
"dois braços de Vargas". A disputa mais renhida travava-se na chama~a ."Zona
Colonial'', onde o PTB procurava furar, desesperadamente, o bloqueto tmpos-
to ao trabalhismo pela aliança PSD-PRP e pelo clero católico. Com uma estru-
tura partidária débil, o PTB levava pelo menos a vantagem da ascendência ita-
liana de Pasqualini. Vários candidatos a deputado também eram de origem ita-
liana: entre eles Fcrrari c Brizola. O primeiro começou a penetrar nas áreas do
colonato rural de Taquari, desenvolvendo uma linguagem trabalhista voltada
para os colonos c pequenos produtores. Brizola, por sua vez, realizou várias in-
cursões eleitorais na região de Caxias do Sul, sensibilizando o setor mais indus-
trializado da colônia italiana. Mais de dez anos depois, a base "urbana e pro-
letária" do trabalhismo brizolista entraria em choque com a base "rural e de
pequena propriedade" do trabalhismo fcrrarista.
A campanha anti-Pasqualini do PSD não vacilava nem mesmo em usar
panfletos em alemão e italiano, atacando o "ateísmo" e "comunismo" do líder
trabalhista. Um exemplo do tom acirrado da campanha nos seus últimos dias é
dado por um "A pedido" do PTB, publicado sob o título R evivem, através do
PSD, o~ métodos da camarí/h~ nazi~t~ que ensangüentou e o mundo degradou a
humamdade. Entre outras coisas, dinam os petebistas, referindo-se a um "do-
cumento que é uma vergonha para o Rio Grande e um insulto para 0 Brasil":
r. O PSD ven~ distribuindo, na região colonial alemã, um boletim em lfngua
alemct. Este bolet1m é repugnante por ter uma tfnguagem n · 1
, azts a, a mesma com
que os enforcados de Nuremberg envenenaram durante tanto te
alemão, acabando finalmente por desgraçar o mundo e destruir a ómp? Alo povo
nha. pr pna ema-
Hiller, Him~Ier, Goebbels et caterva começaram assim e, a retexto de
comb~ter o comumsmo, escravizaram todo o povo alemão· por fim q p r. ~
se naz1sta era sem mais ne . , , uem nao 10S·
d ' m menos, considerado comunista e ia fatalmente apa-
recer num campo de concentração.
Qual o resultado de tudo · ? F ·
do, humilhado esmagad b Isso. OI esse que afvemos: o povo alemão venci-
parte de seu p~fs do . doso o peso ~a ocupação, morrendo à fome e com uma
c mma o por comumstas.
50

•, • ..
Vcjlh"'C hem o :\lgnllicmlo da linguagem desse boletim. Nâo contente em fa- ·· ·
't <'l' \IJUI\ 11\lnn~a com o lntcgrallsmo, o PSD, usando a mesma técnica do nazismo, ' :

I''' lt\ll'l\ tlllnmar o~ vcnlmlclro~ partidos democráticos, como o Partido Trabalhista,


q11c 1\IHia tem a \ter com o Partltlo Comunista, traindo, assim, a democracia e pre-
ptll'llntlno r amlnho pnra u dcnocm.la do regime democrático.
Coerente:-: em tudo com os processos totalitários que levaram o mundo à
1\'ICITII c llcp.rnllmum 11 humanidade, os pcsscdistas apresentam seu candidato uáo
r<'"'" ctllldllllltl) de um p;1rtitlo mas como "candidato ao Governo". É a idéia nazis-
ta que nf n:ponta, clnru c insoGsm<
1vc\. Nada de partidos. O Sr. Walter Jobim, ta\
l\\1:\l ""' (;au/âtcr do Terceiro Rcich, apresenta-se como der Regiernngs Kandidat,
b tl1 ~~ cnnLlllluto do governo.
l·nl pnm is."o que algumas centenas de jovens brasileiros ficaram em Pistóiat
Ouc tlln\ o resto do Brnsi\ quando tiver conhecimento dessa suprema infamia e in-
d i ~nld udc'l
E veja--se como se pretende lograr o pacato colono, tímido e respeitador da
lei, {1\7. ·ndo-se-lhc que somente o Sr. Walter Jobim pode dar-lhe um "governo le-
gal".
Depois dis.~o, parece-nos que os bons brasileiros, os rio-grandenses sinceros e
patriotns que iludidos na sua boa f6, filiaram-se ao PSD, devem agora abandoná-lo,
rcpmli:\-lo porque ele 6 o partido de Hitler revivido, da Gestapo, dos tubarões, dos
c~:plomdorcs do povo, elos polflicos profissionais. A vitória do PSD, a 19 de janeiro,
signiticnria o domínio dos tubarQes que o mantêm e sustentam. Seria o asftxiamento
cio povo pela ganância desmedida, pela ambição do ganho, seria a vitória daqueles
que criaram o mercado negro, dos açambarcadores, dos que sugam o suor e o san-
gue de quem trabalha c luta para viver. Isto traria a revolta, levaria o povo descon-
tente n perder todas as ilusQes e ir se passando para os extremismos. Somente o
Purt iclo Trabalhista, com notável programa de cooperação entre todas as classes,
nprescntado pelo seu grande candidato, Alberto Pasqualini, pode garantir a estabi-
lidade social, u tranqUi\idade, a ordem crista.
Sigamos o exemplo de povos mais antigos e mais experientes, como a Ingla-
tcrrn, elegendo um governo trabalhista que nos dará a estabilidade e a paz socia\.137
Este manifesto é demonstrativo do estado de ânimo dos últimos dias da
campanha de 1947. Os trabalhistas não só procuravam caracterizar o PSD co-
mo um partido de direita, mas aceitavam a "guerra em duas frentes" para a
qual, em certa medida, a própria cúpula do PSD os atraíra: combater simulta-
neamente o integralismo e os comunistas. O apelo à "cooperação entre as clas-
ses" e à "tranqüilidade social" visavam distanciar o PTB das posições do PC,
embora este, naquela época, também propusesse uma plataforma de "paz e
tranqüilidade", colocando entre parênteses a tese da luta de classes.13s

Pasqualini realizava então seus derradeiros roteiros eleitorais pelo inte-


rior. No dia 2 de janeiro falaria em Passo Fundo,139 no dia 4 em Guaíba e,no
dia S,visitava os mineiros de catvão de São Jerônimo, então em greve.
No dia 6, chegava do Rio de Janeiro o candidato senatorial Salgado Fi-
lho, que falaria ao povo da capital naquele mesmo dia. A esperada participação
de Vargas em comidos do interior não se materializou: este preferiu fazer

B1BL10TEC A LA SALL\\
! 2010-00<) CANOAS ~ RS
campanha em outros estados, apoiando vários candidatos do próprio PSD
ausência de Vargas- e sabendo que a vitória na capital estava praticame ·Na
segura d a - P asqua l.mJ. e Sa lgado F1lho
. concentraram seus esforços no i nte as
t . •
do Esrado. No dia 7, falavam em São Leopoldo, 0 segundo maior núcleondenor
~ão de c?lonização alemã. A s~guir percorreram a região missioneira (s::~
A.ngelo, IJuf, c:ruz Alta) e a região pecuarista da campanha (Livramento, Ale.
gre_re, Urugua1ana e Bagé). A maratona eleitoral dos candidatos trabalhistas
sena encerrada com grandes comícios nos centros de maior concentra -
-< ·
ope"1na: :\ ·f ana,
S anta 1v · o maJOr
· centro ferroviário do Estado (comício do Ç<lo
d.
12/1), ~io Gra~de, principal centro portuário e Pelotas, cidade de maior co~~
~nt~çao de fngoríficos, onde foram realizados grandes comícios no dia 15 de
1aneuo.
O encerramento da campanha trabalhista deu-se em "comício monstro"
no 4o distrito de Porto Alegre- os bairros operários de São João e Navegantes
-no dia 16 de janeiro.
Getúlio Vargas- que preferia fazer campanha em São Paulo, Minas e ou.
tros e.stados, ainda enviaria, através de Loureiro da Silva, uma "mensagem aos
trabalhadores do Rio Grande" e outra, dirigida "aos rio-grandenses".
Na primeira, divulgada no dia 14 de janeiro, diria:
A luta que travamos tem um alto ideal, a campanha de renovação da fé e dos
destinos da pátria, tem o sentido da transformação social do nosso país, no ritmo da
evoluçao que os povos hoje exigem. E esta mensagem vos leva minha confiança na
firmeza dos vossos propósitos, na decisão de lutar com energia para que o Brasil
não se transforme em campos de credos estranhos(. ..)
A votação nos candidatos do PTB é a recomendação que vos faço como um
postulado desse idealismo renovador.
Trabalhadores do Rio Grande! Confiai na vossa fé e nos destinos do Partido
que será transformado no grande movimento de evoluçáo polftica, social e econô-
mica do Brasil. 140
No dia 16 de janeiro, Getúlio enviaria sua segunda mensagem ao Diretó-
rio Estadual do PTB, contendo um ataque explícito ao PSD, que seria divulga-
da no dia seguinte:
Rio Grandenses:
Ao encerrar-se a campanha eleitoral para o pleito de 19 de janeiro, chega ao
meu conhecimento que as forças reacionárias do Partido Social Democrático, na-
zistas e comunistas, uniram-se contra a candidatura de Alberto Pasqualini. Faço vo-
tos para que a consciência cívica do Rio Grande e a sua tradição religiosa reajam,
assegurando a vitória dos candidatos do Partido Trabalhista Brasilciro. 141

Antes de analisar os resultados eleitorais, é preciso lembrar que os dois


úlrimos meses da campanha eleitoral coincidiram com um período de grande
agitação sindical e operária no Rio Grande do Sul. Em dezembro, a Uni~o
Sindical dos Trabalhadores do Brasil, liderada por sindicalistas do PC, lançana
uma campanha a favor do abono de Natal. No dia 3 de dezembro seria realiza-

52
do um gr~~de. "co_mfc~~ síndica~", no Largo da Prefeitura, para apoiar estas e
outras reivmdicaçoes. A partu do dia 7 de dezembro 0 Sindicato dos Me-
talúrgicos da Capital lança um movimento reivindicatóri~ que acabaria desem-
bocando num~ gr~ve ger~l dos metalúrgicos da capital a partir de 26 de dezem-
bro..Em 3. de Jan~I~o sena decretada a intervenção no Sindicato e a destituição
da drretona, presidrda por J. César de Mesquita e vinculada ao PC. A greve dos
~etalú~gicos da ~pital só terminaria no dia 11 de janeiro, diante da posição
mtransigent~ do mterventor Cylon Rosa, simpático ao PSD.
Nos dias 11 a 12 de dezembro, a União Sindical dos Trabalhadores de
Porto Alegre realizava sua primeira convenção estadual, sob hegemonia do
PCB. 143 No dia de Natal estourava uma greve nos transportes públicos de Por-
to Alegre, em apoio à reivindicação do abono de Natal que seria acompanhat
também pelos trabalhadores do setor de energia elétrica, praticamente parali-
sando a capital gaúcha nos dias 24 e 25 de dezembro.
Segundo o Correio do Povo, "Às 9 horas (do dia 24) Porto Alegre apresen-
tava um aspecto completamente anormal, sem bondes, sem eletricidade e sem
energia, com os autos particulares, táxis e caminhões impotentes para atender
o imenso movimento de Natal". 144 Estas greves seriam solucionadas com a me-
diação do interventor Cylon Rosa e o atendimento parcial de algumas das rei-
vindicações.
No dia 4 de janeiro estoura a greve dos mineiros de carvão de São Jerô-
nimo e nos frigoríficos nacionais, em Gravataí, na Grande Porto Alegre. Os
frigoríficos só voltariam a trabalhar no dia 14 e os mineiros dia 16. No dia 15
de janeiro, coincidindo com o comício ali realizado na prêsença de Pasqualini e
Salgâdo Filho, estourava greve no porto do Rio Grande, que só voltaria ao tra-
balho nas vésperas da eleição do dia 19 de janeiro. 145
Os numerosos movimentos grevistas nos meses de dezembro de 1946 e
janeiro de 1947, além da intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos de Porto
Alegre, contribuíram para acirrar ainda mais os ânimos de uma confrontação
eleitoral já bastante polarizada, expondo o interventor Cylon Rosa, simpático
ao candidato pessedista, às críticas do PTB e mes~o do PCB, embora este
também apoiasse o candidato do PSD. 148 •
Realizado o pleito, abertas as urnas e apurados os votos, .constatou-se a
derrota de Alberto Pasqualini, pela estreita margem de vinte mil votos, embora
Pasqualini derrotasse Jobim na capital do Estado. Nas eleições para o Senado,
no entanto, Salgado Filho venceu o candidato Oswaldo Vergara do PSD por
boa margem de votos. Para a Assembléia Legislativa, o PTB elegeria a maior
bancada, tornando-se de fato, o maior partido regional.
São cinco as principais causas da derrota de Pasqualini para governador
nas eleições de 1947. Em primeiro lugar, o apoio integral da máquina do go-
verno estadual, sob a interventoria do p essedista Cylon R osa, ao candidato "o-
ficial" Walter Jobim.
Em segundo, a estrutura incipiente ou inexistente do PTB na maioria
dos pequenos municípios do interior. 147 Em terceiro, a posição hostil de seto-

53
(}llllllt I! ,,
rLEIÇÜE~ I' AI\ ,·\< IOVJII{NI\1>( m DO I!S'I't\00 DO HS
, FM t•> PF .lt\NI ,'IIH> Pn 1''·1'1
-------~-- ----·-·-------~.
N" Voto.'> ';'IJ \/()los
G1mfidatos l':•rl- idn..; --
I'SI +I'IH' f·l'('ll
.. -~-....,.......,. -~.----------~
1
~ .}'. 1 2 > 41
W:11tcr .Jot,im
Al~rlo P:t~qualinl I'Tll :!011. Iti.J Jfl
O~o(do Martins C'\'SI:I Pl.+ liDN 105.06:! 19
VotC\S em br:mro 10.25•1 2
Votos nu h~ 2.000 o
'lbl:ll 555.609 100

Omtdm5
11
ELEIÇÜES PARA O SENADO FEDERAL {3 VAGA)
NO RIO GRANDE DO SliL EM 19/ 1/1947
Candidatos Partidt's N° Votos % Votos
Snl~l3do Filho PTB 195.658 35
Oswaldo Vergar:1 PSD 155.329 28
Jooo Carlos .Mnchado UDN-PL 85.338 15
FéiL~ Rodrigues PRP 43.436 8
Trifino Corrêa PCB 28.550 5
Mendonça Umn Esq. Dcmocr. 1.815 o
Votos em branro 43.611 9
Votos nulos 1.872 o
Totnl 555.609 100
Fonte: Tribunll RC'gional Elritornf,h, Rio Gr:tndc do Sul.

Quadro 6
ELEIÇÕES PARA SUPLENTE DO SENADO FEDERAL
NO RIO GRANDE DO SUL EM 19/1/1947
Candidatos Partidos N° Votos % Votos
Braga Pinheiro PTB 195.052 35
Hélio F. Fernandes PSD 148.0.3.8 27
Carlos Mangabeira UDN-PL 44.538 8
Mansueto Bcncardi PRP 43.394 8
Afonso Pereira da Silva Esq. Democr. 1.573 o
Votos em branco 121.482 22
Votos nulos 1.552 o
Total 555.609 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

54

J
Quadro?
ELEIÇÓES PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 19/1/1947

---
~
parti
pTB
psD
PL
UDN
N° Votos
171.605
170.786
54.832
47.280
%Votos N° Cadeiras
31
30
10
9
23
16
5
4
%Cadeiras
42
29
9
7
•l
I
!
I

\\
46.783 8
PRP
32.009 6
4
3
7
6
I
pCB
PSP
2.727 0,5 o o
ED 2.543 0,5 o o
Brancos 25.172 5
Nulos 1.876 o
Total 555.609 100 55 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

res importantes da Igreja católica, notadamente nas áreas rurais. Em quartó, o


peso da aliança PSD-PRP nas regiões de colonização alemã e italiana, espe-
cialmente entre os pequenos e médios proprietários agrícolas. Note-se que a
vitória de Salgado Filho explica-se, em boa parte, pelo fato do PRP ter lançado
candidato próprio ao Senado. De fato, os votos de Félix Rodrigues, somados
aos de Vergara, candidato do PSD, teriam suplantado Salgado Filho (ver Qua-
dro 5).
Finalmente, em quinto lugar, é preciso mencionar a divisão do voto
operário urbano provocada pelo apoio dado pelo PCB a Jobim. Também o PC
concorreu com candidato próprio ao Senado. A votação obtida pelo candidato
comunista ao Senado, Trifino Corrêa (vinte e oito mil votos), de fato, foi su-
perior à diferença pró-Jobim nas eleições majoritárias para o executivo esta-
dual. O mesmo pode ser dito em relação à votação na legenda do PCB, nas
eleições proporcionais (trinta e dois mil votos). Dada a disciplina do eleitorado
do PC, pode-se concluir que Pasqualini teria vencido as eleições se contasse
com o apoio, ou pelo menos com a não-hostilidade, do partido de Prestes.
Em termos gerais, pode-se concluir que a tática do "confinamento
ideológico" imposta pelo PSD a Pasqualini, atando-o pelos flancos esquerdo e
direito, através da aliança simultânea com o PCB e o PRP funcionou a conten-
to. Entretanto, as eleições de 1947 representaram, apesar da derrota de Pas-
qualini, um grande triunfo para o PTB, como partido: não só os trabalhistas
conduziram Salgado Filho ao Senado, com 35% dos votos contra 28% dados
'
ao candidato do PSD (ver Quadro 5), como também suplantaram a legenda I
pe~sedista nas eleições proporcionais, pela pequena diferença de 819 votos
(menos de 1% dos votantes). Mas em relação ao resultado de 1945 tratava-se
Ii
:I
de um salto impressionante: o PTB passava de 6% para 31% dos votos propor- u
'I
55

' . '·
-''

;,
'·fi
..:·~
I
.• i:
',',
cionais, enquanto o PSD baixava de 62% para 30% (ver Quadros 3 e 7). Gr·
ao chamado "mecanismo das sobras:· - que atn'b u fa ao parti'd o majorit~ri
aÇas
0
o número de cadeiras adicionais eqmvalente às sobras dos votos de todos
partidos em relação ao quociente eleitoral - ~ PTB .viu-~e ainda mais bcne~~~
dado: obtinha 23 das 55 cadeiras da AssembéJa ~g•~latJva, contra apenas 16
atribuídas ao PSD. Com 42% dos assentos no LegislatiVO contra 29% do PSD c
igual proporção dos partidos menores somados (U_DN. P!--, PRP c PCB), 0
PTB ostentava a maior bancada, bastando-lhe a adesao de cmco deputados dos
partidos menores, para obter a maioria absoluta.
A bancada estadual eleita pelo PTB em 1947 destaca-se, por outro lado
pela presença de jovens em ascensão. O único político ('veterano" era JosÉ
Diogo Brochado da Rocha, o mais votado (20.446 votos) que se tornaria o líder
da primeira bancada estadual trabalhista e futuro presidente da Assembléia
Legislativa. Além dele despontavam várias novas lideranças: o jovem econo-
mista Fernando Ferrari, 3° mais votado, o estudante de engenharia Leonel Bri-
zola, Hder da ala moça, o pecuarista João Goulart, amigo pessoal de Getúlio, 0
advogado Egydio Michaelsen, um dos fundadores da USB. Enquanto cinco dos
deputados eleitos eram da USB, apenas um sindicalista, o líder marítimo Gui-
lherme Mariante conseguira se eleger. Do PTB originário de Vecchio e San-
son, apenas Mariante e o professor secundarista Lino Braun entraram nesta le-
gislatura. Na bancada predominariam profissionais liberais, novatos na políti-
ca, em detrimento tanto dos veteranos ((políticos profissionais" quanto dos di-
rigentes sindicais. Na verdade, não se pode afirmar que tenha havido um viés
anti-sindicalista na votação dada ao PTB, mas antes, uma propensão dos líde-
res sindicais a não concorrer a cargos legislativos, conforme já ficou claro no
exame da nominata dos candidatos do partido.
Outro aspecto interessante do resultado eleitoral e m 1947 é o predomí-
nio eleitoral do PTB em Porto Alegre, que se manteria, com raros sobressaltos,
até 1964. Já na primeira eleição para governador, Pasqualini se sagraria vitorio-
so na capital, por uma margem praticamente idê ntica à va ntagem sobre ele ob-
tida por Jobim, ao nível do Estado como um todo:
I I
Quadro 8
RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR
EM PORTO ALEGRE
(Eleições 19/1/ 1947)

Candidatos Partidos N° Votos % Votos


Alberto Pasqualini PTB 45.548 55
Walter Jobim PSD/PRD/PCB/ 23.27 1 29
D~cio Martins Costa PL/UDN 12.40-t 16
Total 79.232 100

56
.. ··,;;

pasqualini obteve,. p_orta,nto, 55% do!-i votos válidos na capitaL Nunca


. té 1964, um candidato a governador pelo PTB perderia as eleições em
rnaJS, a rc
porto6u~~to· ao Senado Federal, os rcsul_tados na capital foram os seguintes:
Nas eleições para o ~cnado, o ca~dldato do PSD seria suplantado, na ca-
. inclusive pelo candidato comumsta c pelos liberais antigctulistas (PL-
p1ta~) mostrando claramente que a principal base de sustentação do PSD si-
VD 'e no interior do Estado. Ao mesmo tempo mostra o apoio dado ao
tuava-s . d b· . '
pCB por setores ~o ope~a,na o ur ano (o ~~c tuou preciosos votos de Pasqua-
J' i) e a influência relativamente forte dos hbcral-conscrvadorcs na classe mé-
1~ bana (Quadro 9). Estes dados são indicados também pela votação por le-
dJa ur . , I PTB . . .
da partidána, na qua o atmge quase o tnplo da votação do PSD e este
gentido é suplantado, na capital, pelo Partido Comunista e pela soma dos votos
~:~legendas PL-UDN, ao contrário do que ocorre no Estado como um todo
(vide Quadro 10).
Tais resultados também comprovam a presença insignificante da chama-
da Esquerda Democráti~ no Rio Grande do Sul e o pequeno peso do PRP em
Porto Alegre (4% na capital contra 8% no Estado como um todo), a força prin-
cipal dos ex-integralistas situan_do-~e, com~ já_ vi~os, na chamada região colo-
nial, ou seja, nas áreas de colomzaçao alem a e nahana.
o domfnio eleitoral do PTB na capital, seria confirmado pelas eleições
municipais realizadas em 15 de novembro de 1947, embora em proporção bem
menor do que na votação majoritária para governador.
Mais uma vez a bancada trabalhista era favorecid& pelo mecanismo das
sobrás: com 24% dos votos, obtinha 38% das cadeiras. Note-se que nesta
eleição, o PSP ademarista conseguiria um resultado surpreen,dente, situando-se
como o terceiro partido mais votado, com 15% dos votos. Este crescimento foi
reflexo, em parte, do impacto da vitória de Adhemar de Barros nas eleições
paulistas daquele ano. De qualquer maneira, o PSP, que fizera apenas 1% dos
votos na capital e 0,5% no Estado como um todo, nas eleições de janeiro

Quadro 9
RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA SENADOR .
EM PORTO ALEGRE (19/1/1947) i

Candidatos Partidos N° Votos %Votos


Salgado Filho PTB 41.528 53
Trifínio Corrêa PCB 12.389 16
1. Carlos Machado UDN/PL 11.333 14
Oswaldo Vergara PSD 8.873 11
Félix Rodrigues PRP 3.836 5
~endonça Lima Esq. Democr: 396 1
Total 78.355 100
Ponte: Correio do Povo, 6(2Jl947.

57
(Quadro 10), marcava sua presença na capital gaúcha a partir de novembro <lc
1947. Para as eleições de 1950, seria-lhe reservado um papel complementar
porém importante, no retorno de Vargas à presidência c na conquista traba~
lhista do governo estadual.

Quadro 10 ,
VOTAÇÃO, NA CAPITAL, POR LEGENDA PART IDARIA
Legenda N° Votos % Votos
32.427 41
Partido Trabalhista Brasileiro
Partido Comunista do Brasil 13.708 17
Partido Social Democrático 12.728 16
Partido Libertador 7.798 10
Uniao Democrática Nacional 7.490 9
Partido da Representação Popular 3.030 4
Partido Social Progressista 989 1
Esquerda Democrática 600 o
Total 78.770 100
Fonte: Correio de Povo.

Quadro 11
ELEIÇÕES PARA A CÂMARA D E VEREADORES
DE PORTO ALEG RE EM 15/ 11/1947
Partidos N° Votos % Votos N° Cadeiras %Cadeiras
PTB 14.509 24 8 38
PSD 13.639 23 4 19
PSP 8.730 15 3 14
PL 8.496 14 3 14
UDN 7.479 12 2 10
. r
PRP 3.038 5 1 o
I PSB 1.038 2 o 5
Brancos 1.870 3
Nulos 1.286 2
Total 60.135 100 21 100
Fonte: Correio eúJ Povo, 29/1 1/1947

AS ELEIÇÕES DE 1950 E A HEGEMONIA TRABALHISTA


NO RIO GRANDE DO SUL

Do final de 1947 até meados de 1950 .


cho enfrentaram quatro grandes f ' _as lideranças do trabalhismo gaú-
1are as, CUJO desempenho positivo levaria o

58
'd a conquistar uma posição de verdadeira hegemonia política no Estado
partt 0
sulista:
0
_consolidar os ganchos elei~orai~ de 1947 ao nível da estrutura partidária,
1
tan to na capital, quanto
. _ .no mtenor
á .
do Estado.
o_ Exercer uma pos1çao Sis~em tlca ao .governo pessedista de Walter Jobim,
2 visando desgast~r ?o máximo a máquma do PSD, ainda hegemónica, ao ní-
vel eleitoral, pnncipalmente nas pequenas e médias cidades do interior.
o_ preparar a vitória d~ PTB .na sucessão estadual de 1950.
!o_ servir de sustentaçao regional para o retorno de Vargas à presidência da
República.
Estas quatro tarefas foram, na verdade, cumpridas a contento pelo PTB
aúcho. Já no início do governo Jobim, o partido fugiu à tentação de uma
~mposição ~~ o,~ovo gover~ador, e,~ nome da .r~u.nificação do "quadro das
forças majontánas a que aludua ?~tuh.o na fa~e .IniCial da campanha de 1947.
Pelo contrário: manteve uma opos1çao sistemática ao novo governo, procuran-
do no início, até aproximar-se do PL, para impor uma fórmula parlamentaris-
ta,' ao nfvel estadual. Em tese, os vinte e três deputados do PTB somados aos
cinco do PL poderiam constituir uma maioria absoluta na Assembléia Legisla-
tiva. sendo um dos pontos-chave do programa libertador, o parlamentarismo,
por que não tentar implantá-lo ao nfvel estadual e reduzir o governador do
PSD à mera figura decorativa? De fato, um acordo entre José Diogo e o líder
libertador Raul Pilla, estabeleceu, no dia 14 de maio de 1947, um pacto PTB-
PL, prevendo a colaboração entre os dois partidos na elaboração da Consti-
tuição Estadual, tendo em vista a implementação do parlamentarismo e a for-
mação de um secretariado estadual com maioria trabalhista. 148 O acordo tinha
vantagens mútuas: o PL realizaria o seu velho sonho de implantar o parlamen-
tarismo, pelo menos ao nível regional -e o PTB, como partido majoritário, go-
vernaria o Rio Grande. Paradoxalmente, no entanto, tratava-se de uma "alian-
ça" entre o mais "getulista" e o mais "antigetulista" dos partidos gaúchos. O
governador Jobim interrompia bruscamente esta estranha lua-de-mel, vetando
como inconstitucionais- porque conflitos com a Constituição Federal- os ar-
tigos parlamentaristas da nova Constituição gaúcha. Neste ato, seria respaldado
pelo Supremo Tribunal Federal. 149 A partir da promulgação da Constituição
Estadual, em 1947, até o final do mandato de Jobim, o PTB gaúcho faria opo-
sição sistemática tanto ao Governo Federal quanto estadual, não se benefician-
do com cargos e vantagens ao nível do aparelho de Estado. 150 Já em 5 de março
de 1947 Pasqualini declararia: "Somos majoritários c somos oposição: só nos
move o objetivo patriótico de trabalhar pela grandeza do E;;;tado e pelos inte-
resses dos trabalhadorcs". 15 1 Em abril de 1948, Pasqualini rejeita sondagens do
governo estadual para ocupar a Secretaria do Trahalho. 152
Os cinco anos de abstinência do poder, entre 1945 c 1950, juswmente no
per.fodo formativo do PTB gaúcho, constituinclo etc, j:i a p3rtir de 1947, o
maJOr partido regional, explicam, em hoa pane, seu vigor organiz:ttivo e o dis-

59
tinguem dos partidos liberal-conservadores, principalmente do PSD, conforme
será analisado, em maior profundidade, no Caphulo 3.
Jobim, por outro lado, também faria um governo essenci_almente vincula-
do ao PSD, inaugurando a prática de governos partidários, que persistiria no
Rio Grande do Sul durante todo o período de 1947-64.
A consolidação organizativa do PTB daria-se inclusive através de mobili-
zação, mesmo fora do âmbito das campanhas eleitorais. Assim, por exemplo, já
em 19 de abril de 1947, apenas três meses após a derrota, o PTB realizava
comício em Porto Alegre, em homenagem a Vargas com pronunciamentos do
senador Salgado Filho, de Pasqualini, de José Diogo e Vecchio, entre outros. 153
Durante o período 1947-50 trava-se internamente, uma luta mais ou me-
nos expHcita entre a "corrente ideológica" do partido, basicamente orientada
por Pasqualini e os "potrticos pragmáticos" oriundos do PSD. Na convenção de
maio de 1948 há uma disputa entre estas correntes, que culminaria com o afas-
tamento - temporário, como veremos -do líder maior da "corrente pragmáti-
ca", Loureiro da Silva. 154 Na realidade, os pasqualinistas detinham uma certa
hegemonia doutrinária no partido, mas sua força não seria suficiente para con-
solidar uma nova candidatura do teórico trabalhista ao governo do Estado, nas
eleiçóes de 1950. 155 A "corrente sindicalista", por sua vez, mantinha-se relati-
vamente ambígua, procurando seguir, ao mesmo tempo, a orientação teórica
de Pasquatini e a liderança nacional de Getúlio Vargas. 156
Ao nível das lutas sindicais, as bases sindicalistas do PTB passaram a ab-
sorver inúmeros quadros oriundos do PC após a decretação da ilegalidade des-
te partido e a dissolução da Confederação dos Trabalhadores do Brasil em
1947, pelo governo Dutra. 157
Sem dúvida, o voto operário e os quadros sindicais do PC foram "herda-
dos" na sua maioria, pelo PTB, embora até 1959, ao nfvel da política eleitoral e
parlamentar, o PC preferiu, em muitos casos, "abrigar-se" na legenda eleitoral
do PR. 158 Mesmo em municípios do interior gaúcho - Santa Maria, Caxias do
Sul, Rio Grande e Pelotas são exemplos disto 159 - o caminho mais "natural''
dos militantes e bases do PC era ingressar no trabalhismo, não obstante as di-
vergências ideológicas e a orientação contrária da direção nacional do PC até
pelo menos 1954. 160
Neste período, a violenta repressão desencadeada por Dutra contra o PC
e o movimento sindical, aliados à consolidação de uma certa ''normalidade
democrática", fariam diminuir marcadamente os movimentos grevistas após o
turbulento período 1945-47. Um novo ascenso na militância sind ical só ocorre-
ria no início dos anos 50. 161
Por outro lado, no interior do PTB, a inn uência dos líderes s imlir~lis que
originalmente fundaram o partido, diminuiria gradativamente. ororn.' ndn sua
substituição, ao nível da direção partidária, seja por políticos mais co nvencio-
nais, egressos do PSD, seja por intelectuais oriundos dos quadros d:-t USB c pc-
los jovens ativistas da ala moç.a, como Brizola, Ferra ri, Wilson Vargns c Sereno
Cbaise. 18 1
60
Il '
l
Já na convenção de maio de 1948, 0 líder sindical V . _
. rcra a nenhum cargo nas eleições de 1947 at t ecchi.o, que nao con-
cor . ' as a-se da presidência regional
do part tdo. _ .
Na convençao trabalhista realizada em final de ·u h . .
, ria 0 candidato do Partido ao Governo do Estad ~ ~ d~ 1950- que tndt-
0

c.1ntindo-se marginalizado nas disputas internas se o~ e~c~w, de.scontente e


se . _ , a1astana mclusive do PTB
cmJJcnhando-se na orgamzaçao de um ((Centro Cívico Trabalh' t , . '
'd t de Var · Is a 'que apota-
rl·a• ''l can d' a ura. h gas para a presidência
. da Rep u'bl'Ica, abstendo-se no
entanto, de ~pmar a ~ apa de candidatos do PTB ao nível estaduaf.162 Mais
ta rde, vecchw.f.undana o chamado _ PTBI• Partido Trabalht'sta Brast.1euo. nde-
1
pcndcnte, de efêmera duraçao.
. A~tes des.te e~isódio, já crescia a preocu~ação dos dirigentes partidários
nacwnats e regmnats com o problema sucessóno federal e estadual t d
vista · - de 1950. Na verdade, durante todo 0 período 194 _' env ° em
. as elcJçoes . . 7 50, argas
artrculava, ~c !orma. cutd~dosa, porém constante, a sua candidatura à presidên-
cia da Republica. Distanciara-se para tanto do governo Dutra mantendo-se em
atitude de franca oposição, principalmente aos aspectos ulib~rais" e antiesta-
tizantes.do go~erno feder~l, .que pare~iam querer conduzir o país a uma políti-
ca de /arssezJmre caractensttca do penodo anterior a 1930.163 Em 1948, Vargas
se retira oficialmente do PSD nacional (sua ruptura com o PSD regional já era
fato consumado desde dezembro de 1946) e assume a presidência do PTB em
nível federal. Tornava-se cada vez mais cJaro que o PTB seria o instrumento
privilegiado de sua tentativa de retorno ao Catete.164
Em nível nacional, processava-se, nesta época, um verdadeiro "pacto
conservador" entre o PSD e a UDN em apoio ao governo Dutra e às suas me-
didas mais reacionárias. 165 Tudo indicava que os dois partidos liberal-conser-
vadores pudessem finalmente superar suas divergências históricas oriundas de
uma origem distinta (as elites p.ró e anti-Estado Novo), respectivamente) e
convergir em cima de suas bases de sustentação e concepções doutrinárias .si-
milares, antecipando um movimento que acabaria só se esboçando, na esfera
nacional, mais de uma década mais tarde. 166 No Rio Grande do Sul, esta apro-
ximação PSD-UDN seria ainda mais fácil, devido à aberta polêmica já ocorrida
entre Vargas e a cúpula do PSD gaúcho por ocasião das eleições de 1947.
Mas o PSD nacional, apesar de constituir a principal base de apoio do
governo Dutra, ainda não conseguia superar o seu ((pecado original": -a ori-
gem varguista- e temia enfrentar nas urnas o seu ex-mentor aliando-se aber-
tamente aos arquiinimigos udenistas de Vargas. A cúpula do PSD nacion~l
procurava, por todos os meios, repetir o padrão de 1945: encontrar um candi-
dato que concorresse pelo PSD e obtivesse o endosso e beneplácito do ex-pre-
sidente. ta7 I
I
Até o final de 1949, Vargas procurava ganhar tempo e evitar? lançamen-
to de um candidato do PSD, impedindo que se con~olidasse, ~rev1amente, al-
gum nome ou, talvez, na remota esperan~_ de recompor a ahan~ P~-PSD
em torno de seu próprio nome. A partir de então, ele procura forJar, stmulta-
61
I
I

!
l,
,•
neamcnte, duas bases de aliança para o PTB c sua candidatura pr~sidcn~ial: a
aproximaç.1o com o governador Adhemar de Barros c o seu PSP popuhsta-
conforme definido pela imprensa da época - c a indução simultânea de uma
cisão no seio do próprio PSD, aglutinando seus rcmancsccn~c.s clcmcntos.getu-
lístas em torno do PSDA o PSD "autonomista"; que surgma, com particular
1

força c expressao no Rio Grande do Sul, já no início de 1950.


A aproximação com Adhemar c o PSP se daria a partir de uma missão
exploratória efetuada por Loureiro da Silva, em São Paulo, c~ .dczcm?ro de
1949.'6.'3 O acordo entre Vargas c Adhemar seria concluído em v~slt.a reahza~as
por Adhemar à Fazenda de I tu em julho de 1950. Adhemar ap?Iana a ~ndida­
tura presidencial de Vargas c teria o direito de indicar o candidato a vice-pre-
sidéncia, podendo contar com o apoio do PTB na sucessão paulista. A esperan-
ça de Adhemar- aliás não expressa de forma clara no encontro de Itu- seria a
de obter o apoio de Vargas às suas próprias pretensões presidenciais em 1955.
O acordo PTB-PSP, importante para Vargas em nível nacional, sobretu-
do por facilitar-lhe o acesso ao eleitorado paulista -onde não gozava de gran-
des simpatias ao nfvcl das elites e da classe média, embora na corrida senatorial
de 1945 tivesse demonstrado sua força ao nfvel das camadas populares- não
tinha peso regional no Rio Grande do Sul. AJi o PSP fizera uma pobre estréia
em 1947: obtivera 0,5% dos votos, sem atingir o quociente eleitoral.
O in centivo e fortalecim ento do PSDA, ao contrário, era de fundamental
importância para a estratégia eleitoral de Vargas ao nível regional. O PSDA
gaúcho formou-se, a partir do começo de 1950, sob a liderança de Ernesto
Dornelles, o último interventor nomeado por Vargas para o Rio Grande, na
fase fina l do Estado Novo. AJém de Dornelles, PSDA contava, desde o início,
com outras lideranças de grande expressão regional, como os deputados fede-
rais pelo PSD João Batista Luzardo c João Neves da Fontoura, que seguiriam,
quatro anos mais ta rde, a tril ha aberta pelo seu ex-colega de bancada pessedis-
ta José Diogo. Também aderiram aos ((au tonomistas" o deputado estadual do
PSD Francisco Brochado da Rocha e outros líderes que se projetariam na
hístória futu ra do trabalhismo gaúcho: Victor Isslcr, Ney Brito e Mariano
Bc.cY'.., entre outros. e~
1

. A formação do PSDA c sua aliança com o PTB completaria, ao nível re-


gwnal, o processo desencadeado pela corrente "pragmático-getulista" em
19415, nas v6speras da primeira eleição estadual do período analisado: a tr::ms-
fr~ão de quadros gctulistas para o ~TB, "dcsvarguisando", desta vez por com-
pleto, o PSD gaúcho. O PSDA apOiava não apenas as pretensões prcsidenci 3 is
li~ Vargas, mas comprometera -se, desde o início, em sustentar 0 candidato in-
tficar:fo pelo PTB para o governo estadual.
A? ~fvel do trabalhismo cxclufa-sc a hipótese de uma nova canàidJtura
P~:~qua.IJm. Apú:; a derrota de 1947 Pasqualini estava ele ó · · · lOC
· 1·1-
r. · ,. ·c ~ ,. . • ' , , pr pno, mat~
·~-=1
. J a dt>putar
Lo · um cargo . Jegrsla(Ivo. 0 E verdade que os " pr.lt
17 . 11 ffi.ttlCOS
-< • .. J
OS
s
DIO "O e urcrro da SJ!"a t' b.,. · e-
r~ 6 ' , n < : am em tmham suas JmbiÇÕCS ;_\ gO\'CfllJnÇ:l dO Es-
l,é. .JJ .. ,1a.s eLn 19... 0, o leitO na tural não só das prcrc " · da mamnn · · do parti-·
11 rcnc1áS

(;2
. ' •
'

17'
•f

. 1;!I· .
I
!
!

também de Vargas, ~esaguava na candidatura do senador Salgado Fi-


do, mas ande vitorioso, no seiO do PTB, das eleições de 1957. Salgado Filho ti-
r~o, ~!~ vantagem adicional: o seu perfeito entrosamento com Vargas, de
rt a 'á tora ministro do Trabalho e da Aeronáutica.
Á
quem convenção estadual do PTB pr~clamaria oficialmente Salgado Filho
ndidato a governador, em 30 de JUnho de 1950 na presença de nume-
como elegação
ca do PSDA Ai nda houve, por parte de lideranças
' das correntes
I
rosa d . d1. I' t . . .
li
pasqualinistas e sm ~ ts as,dquem odp.usesse reststênctas à mclusão de elemen-
do psDA na nommata os can tdatos trabalhistas. Na descrição de um
. d D
tOS
6 ter do Co"ew o r ovo, no en t anto:
rep r
A sessão çJecisiva do conclave estadual trabalhista para a escolha dos candi-
datos à chefia do Executivo rio-grandense, à Câmara dos Deputados e à Assem-
bléia Legislativa, decorreu num ambiente calmo e cordial, sujeitando-se assim os
convencionais à disciplina partidária, mesmo aqueles que, a princfpio, opuseram
embargos à inclusão de elementos da ala autonomista do PSD.111
Quanto à escolha do candidato ao Senado, graças a uma proposta de Wil-
son Vargas - um dos elementos oriundos da ala moça e candidato a deputado
estadual- que seria discutida e votada em plenário, a indicação era delegada ao
prórpio Getúlio. 172
o convencional Ruy Ramos encarregado de ser o relator de uma co-
missão coordenadora que compatibilizaria, em uma única lista, as nominatas
de candidatos do PTB e do PSDA Deste modo, ficava praticamente consagra-
da, nesta convenção, a fusão organizativa e eleitoral entre ambas as agre-
miações.
No dia 3 de julho, Salgado Filho indicaria seus três potenciais ex-rivais na
convenção partidária - Alberto Pasqualini, José Diogo e Loureiro da Silva -
como "membros de uma comissão tríplice para elaborar a plataforma do can-
didato trabalhista", após ter consultado Vargas, em visita à Fazenda de Itu.
Como reagiria o PSD gaúcho, então com o controle da máquina do go-
verno estadual, à aliança PTB-PSDA-PSP e ao enorme apelo popular das can-
didaturas trabalhistas de Getúlio Vargas e Salgado Filho? O caminho lógico
seria a formação de uma poderosa frente conservadora, reconstituindo não só a
aliança com o PRP integralista, que funcionara em 1947, mas tentando
também atrair a UDN e o PL para a idéia da formação de um bloco liberal-
conservador. Naturalmente, a acelerada "desgetulização" do PSD gaúcho faci-
litaria esta tarefa. No entanto, as cicatrizes do passado ainda não estavam intei-
ramente curadas. Em nível nacional, a UDN lançava, novamente, o brigadeiro
Eduardo Gomes à presidência da República, enquanto o PSD nacional se dis-
punha a concorrer com o mineiro Christiano Machado, dificultando sobremo- •
do os esforços unitários das forças conservadoras gaúchas.
Mesmo assim, as tentativas para constituir uma frente regional PSD-
UDN~PL ainda pareciam viáveis quando um outro fator complicador surge no ·I ;

cenáno político nacional: para fortalecer a candidatura Eduardo Gomes, a

63 I '

·;'
·l
•-r· -f ·.
. l .
, ' I
i
·L
\

UDN nacional fizera um acordo com o PRP, que apoiaria o brigadeiro, em tro.
ca do apoio udenista às pretensões senatoriais do Hder intcgralista Plfnio SaJ.
gado. A vftima desta esdrúxula aliança seria o Rio Grande do Sul: como ali en.
contrava-se a mais forte secção regional do PRP, ali decidiu candidatar-se PJf.
nio Salgado ao Senado. Ora, qualquer acordo vantajoso da UDN c do PL com
o PSD envolveria, necessariamente, a candidatura ao Senado, uma vez que o
PSD, como partido mais forte , não abriria mão de seu candidato a.governador,
.

o ex-interventor Cylon Rosa, para quem o partido tinh.a forte. d~bJto, pela aju.
da dada a Jobim em 1947. Mas a UDN, pelo acordo fctto nactonalmentc, teria
que apoiar Plfnio Salgado para 0 Senado. Furiosos, muitos udenistas revolta.
ram-sc contra a decisão da cúpula nacional. Mas o <<caudilho" Flores da Cu-
nha, chefe da secção udenista local, impós diretrizes nacionais aos seus dticos
correligionários, argumentando, justamente, que só uma ampla frente PSP-
UDN-PL-PRP derrotaria Vargas c Salgado Filho. 173 No PL, entretanto, nem
mesmo o cacique maragato Raul Pilla estava disposto a engolir tão incómoda
aliança, que envolveria apoiar um ex-interventor do PSD ao governo do Estado
e o Hder máximo do integralismo nacional ao Senado, desfigurando totalmente
um Partido Libertador que fazia inclusive oposição ao governo pessedista de
Jobim. Diante deste dilema, o PL acabou lançando candidatos próprios ao go-
verno do Estado -Edgar Schneider- e ao Senado, Décio Martins Costa - diri-
gente que fora justamente o candidato a governador da aliança PL-UDN em
1947. Inviabilizava-se, portanto, a criação de uma frente liberal- conservadora
na eleição gaúcha de 1950. Ao mesmo tempo, surgia, pela primeira vez, uma
aliança parcial PSD-UDN: o PSD aceitava apoiar Plínio Salgado para o Sena-
do em troca do apoio simultâneo do PRP e da UDN para o candidato a gover-
nador Cylon Rosa.
Apreciada do ponto de vista da eleição presidencial, esta aliança era de-
veras paradoxal: em troca do apoio do PRP ao seu candidato presidencial
Eduardo Gomes, a UDN apoiava o candidato ao Senado do PRP Plínio Salga-
do e, junto com o PRP, apoiava o candidato a governador Cylon Rosa do PSD
gaúcho. Este último também apoiava Plínio Salgado para o Senado, mas em
nível federal apoiava a candidatura presidencial de Christiano Machado do
próprio PSD. '
O P~, por sua :ez, para nã~ apoiar Plínio Salgado, do PRP e Cylon Rosa
do PSD, un~a candidato~ própnos para governador e senador, mas apoiava,
em nível naciOnal, o candidato presidencial da UDN, Eduardo Gomes. Do lado
das forças conservadoras, não havia ' portanto, nem candt'dato um , ·co ao governo
, 'I estadual. e ao senado
. e, muito
. menos
, ' uma compati'b'l ' - entre o esquema
1 Izaçao
de alianças regw~al e ~acwnal. E possível concluir que uma frente liberal-con-
servadora
. _ só .funcwnana
. . a contento no Rio Grande do s u1, .ora r do contexro de
I, 1
e eiçole.s ~residencia~s, como de fato se daria nas eleições mun icipais de 1951 e
nas e eiçoes estaduais de 1954' como veremos mais . autante
,,.
.. AA campanha
. d eleitoral
_ traballliS
· t'(1 dc 195O começa a tomar
·
fmpeto em J·u-
Ih o. partir a convença o do d. 10 d .
ta , c JUnho, a direção do partido ficara a
64
uma comissão provisória, composta por 0 .
cargo d:gydio Michaelsen. No dia 8 de julho reúne-~~a~t~· Dorn.elles, ~uy Ra-
mos e uma nova executiva na qual des tretóno naciOnal do
.,-.n e elege ponta como presidente d d
p w 1João Goulart. Desta mesma executiva fazia o eputa o
estaduastaduais Egydio Michaelsen, oriundo da USB ~ Leparte tlaBm?ém os d~pu­
tadoS e A h 0 one nzola ex-m te-
grante dad ala-;:~~put~d~p~ta~~!a~;zBrizol~ e Michaelsen derrota;a outra,
encabeça a p , um os fundadores do partido, em
1945. . . . ..
Es ta nova executiva tmpnmtna uma atuaça·o dt'nâm· á . .
. _ tca e gt 1 ao partido
ês meses que o separavam das eletçoes ativando e t ó _
nos tr . . ' , n re outros rgaos
partl.dários, o famoso
. . . Dtretóno
.b . Alberto Pasqualini do qual 1aztam ç •
parte pro-
fessores e profisst.o.nats 1t erats, entre eles o professor universitário Temperani
pereira, que se fthara ~aquele mesmo ano. Em meados de julho, 0 próprio
Vargas sondara, sucesstvamente, seus velhos companheiros de 1930, João Ne-
ves da Fontoura e _?svaldo Aran.ha. tentando convencê-los a concorrer ao Se-
nado pelo PTB. Joao Neves declt~o~ o convite por não desejar mais concorrer
a cargos eletivos. Quanto ao ex-mtmstro das Relações Exteriores ele condicio-
nava sua ace~taçã~ ao apoio de to_d?s ~~ pa~tidos g~úchos, condi~o não só in-
1
viável com~ maceitável para. Getuho. Fm. a partu de então que Vargas pas-
sou a constderar uma can~tdatura senatonal de Alberto Pasqualini como a
mais adequada ao fortalecimento da chapa trabalhista.17s A influência dou-
trinária de Pasqualini no partido continuava dominante. o professor Ajadil de
Lemos, saudando os convencionais do PTB na convenção de junho, havia ex-
clamado:
Nossa bandeira é o Sr. Getúlio Vargas e, na luta ideológica, nosso coman-
dante é Alberto Pasqualini. 176

Getúlio compreendia bem que o lançamento de Pasqualini ao Senado pe-


lo Rio Grande do Sul, consolidaria as perspectivas de uma ampla vitória traba-
I
lhista ao nfvel regional e uniria o partido, então fissurado pela luta interna en-
tre "ideológicos" e "pragmáticos" e abalado pela saída de Vecchio e outros
elementos.
No dia 11 de julho, Getúlio e Adhemar aprovariam a "organização do
grande comitê que dirigirá a campanha presidencial", nos seguintes termos:
termos:
As correntes polft icas coligadas em torno da candidatura Getúlio Vargas,
constituirão um órgão central e nacional misto, sob a denominação de Conselho
Nacional de Orientação Polftica e Eleitoral, para supervisionar e coordenar os es-
forços dessas correntes em todas as suas atividades, promovendo a planificaçao ge-
ral c de acordo com ela formuladas as diretrizes e sugest6es emanadas do candida-
to. Constituir-se-á, essa 'organização, de um a cinco representantes de cada u_ma das
correntes partidárias definidamcnte credenciadas, sob a direção do candtdato à
presidência da República. Desdobrar-se-á o Conselho em Dcpartamemos de_Co-
ordenação Polftica Departamento Nacional de Finanças, Departamento Nac10nal
d p '
e ropaganda e Departamento . 177
Nacional do Plctto.
65
, ,,, 1/11'11 11 f'IIIIIJIJIIII!H J'll·nltlt·fl'.l sll (',,, II/ •;1·J1,.
Estavam ln.n~·mhl.~; IIS Jrl tulll 1• M11 lt ll t1lf! l'll , ~~~~,.~.·;, 11 il'l l 1' '
11
hu:.L ·· I
nal, a cxccutha IIdcnu 111 1" 11
. · <1nu 110 1, 1, ., , t:lrl~tlllu l''rll , l't I,;, , ,, ,' /" 11
1 111 1 1 11 111 11 lf"'
Ruy Ranms rrlnria tllllll (·s·truturu l; llt I •lt'l fo lld l/ti f •

. 11111 tio da C'llllljillll 111 ' •


no PSP regional no lOII . • 'nfrlllo l' ;\dllt·rrllll, du ( 'ull';••IJru/lt"l''lill/if
U m t I'Ja :lfHí s'
. ., nh~·[lo por -"
. ' . .' I ti" "ltiiiPJIUiltl! lll!i~~ do J•t I) Wflitlr'' li 111/ JI'IuJ
,
· · 1 • li I'l ll'tiL"I
Onena\.,o • • --
I· lcltoru f ·'
tt· ,,. 11 , 1 flllJtiiiiiJIII I~lt 1 1 Juui'I' · IJ
,,

• J'•l (
seu apmo ~\ GIIH Ju:l ur.t \/•tl'fl • .•' \ ·~ Clll
·I
· IJIIIIJ { , o • ' //111111

fcslo conclufa dltcrulo:


'1 .• llll ll'(l fllll'llf'lll{l() !JII!' li IWIItllrH I l'fiJiflltlt dtt 1'', / J ~~ · , , ,,
As urn:rs l Ic : 1 u C ou ~ . . • I
J'·· '·'C .•, 1tUillfllHIIIr. l ll. /\ll!l llt lr..•(ltl IIIIPl l'llldH lttl. ti 1f,!Jt~. 1 t 1 : 1,,,1
I '

.
sul.lslilncra na t l~'ilu nu.l
"· · ,·. · • ~c ill' 'lli'JIOI'C flf llll!l l'llllllf(l;~ (' (jll! ' t.l' 11111111/ 't. /f ' l/1 Jlll ~ IJ}''·'IJ1f, 1
nrdpros pct mm:; que ·' '- 1 1 '
· ••. r·c Jctrt'{l(J do Jl'll tldu. Hnllilll! l.'l 11 nl' t vlr;u t u 1 lu 'l/1111 1 1'' u 1,,,.
esse lliOVIIIJCIIIU u C l 'l ' '
I' te ''lJ Jl!l' 'll () IH n!H i l'UIIIIIIIHI ~ 11 d11 lllf~l llll/ 1111 ftiJ, 11 tl•tr. 11/1, 1•
de' llliCI'JlfCI:rl'
.
11 VOII oll u • · · ' '
c o da virórin. tm
No rnc.smo l 11•,•1 r·ctlltl' r·•ttll
, , (JII (I dt: ll lljltJ
-,se IW f{io de Jlllld to, llo ('f,I'III ,
Ramos os representautc.'i do I'TB, I'SI' c da cll:l,'ddCudll elo f•,t,I J, r·tJti Vtu :11lq~
por Jo~o Neves da roniOllr:l p:rrn OI'J~<tllii'lll () ( 'mnii C N;H'I!JIJII I tllt I 'IIIJJJ!IIIIIJ:!
Vargas. o projeto de oreani za~·;i o dc.'I IC Comi I<\ ( '()111 Ulllrllit •:t~;nc ·•; :/11 f(Jdln li';
Estados foi elaborado pelo prol'rs."or Lu li'. SlrnfJr!. l,opt·:., lu111111 pt r·:./dellfl: !1:.
Fundação Getúlio Vnrgas. O c.:ornir ~ era cow.; rltufdo po1 11111:1 ,,rrn:lllllli·J:':tíd (:
três departamentos espcdalizados: IJcparl :t menlo d · ( 'ooJd cwrt,:liJ .f'ulfl /( ~,
(para integrar as trCs correnll:s de apoio 11 V:ti'J~II.'> ): I ><:p :11l i111H'IIfo de J·lllltlll1:r,
c Departamento de Propaganda c Piei ro.
O Comit~ Nacional elegeu como ~ cu prc.'ddc nr r cfc livo a .lt l:it' Nev1;'1tl:t
Fontoura, aclamnndo o governador Adhcrnar de H:11 ro :; <'<IITHI ' 1 1 1 <'~./dctll l: ti!: 1

Honra". Representava o PTB, na coonlenaç:Co do Coudt t~ . o ,•,cu:ulor . ;;tiJ~:tdo


Filho, o coronel Gazipo Chagas Pereira c Danron ( 'odl1o, pr c:,idcul c u;u.: /omd
do partido. A dissidl!ncia "auto/lomi."ra " do PSlJ era rc ~ p rc:. ·u1 :1da I' ·lo pr(,pdo
João Neves, pelo ex-interventor gaúcho I ~ ru csto Dor nd fc.•, c pelo pru/c·.·.m
Simões Lopes. O PSP se fitzia rcprc.'>errtar pelo scrradt" ( Jl:wo Oliveira, pdtl
professor Stcvcnson c por Mozarr u tgo.
No dia seguinte, 13 de julho, encerrava -se a co11vcn~·ao ·:-. tatlu;tl d11 J'SI'
gaúcho, endossando o apoio a Sa lgado l·'illw para gove rnador do f{io (jr:111dt:
do Sul c ao "candidato trabalhista que vier :r ser l an~·;rdo ao Seoado h :dl'ríd".
Ficou decidido que ainda o PSP entraria em cntendirtH.:uto com o PTH r ·gio·
nal, a fim de realizarem em conjunto a campanha para a prt.'. iliCucta d;r Jk ptí·
blica, senado c governo do Es tado.
Na sessão de encerramento, Loureiro dn Si lva falarin L: llt nome dP PTH
Segundo o Co"eio do Povo:

Disse S. l:Xcia., inicinlmcnr c, qllc foru d e li prt'l'tlr.\Pr dn knl')nll'rlll J)illill-''


~uc csrava sendo prcsc nciaclo naqut'lc nJOIIH.:nro. lft1 oito mnn ,u,,z,, ckptll~ tk \ I·
strar o csra.do de Srio P:1ulo, c ap(~.'i h:1vcr ton:-;rar:uJo n•; n.:illid.J<Il'.'l dt1 utu.tl plH'(·
mrntc p :.Htlls tél, em todos os se tores, previra que um tl1 <t n dl':.tlll Cl Ull iiÍ. i (h ÚtJI'
66
des !(deres populares do Brasil, Adhemar de Barros e Getúlio Vargas, ai?bos
gran elevado propósito de engrandecer a pátria comum, de melhorar as condtç~
com_do do povo brasileiro, tão sacrificado pelos políticos profissionais e maus admt-
de v1 a 180
nistradores.

N0 mesmo dia chegava outra mensagem significativa: o prefeito de Belo


. e Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, do PSD, apoiaria a candida-
1'
Honzon
tura presidencial de Getu'I"10 Vargas, esvaz1an
. do o apmo. mmeuo
. . a Chnst1ano
. .
Machado.1e1
Entrementes, a nova executiva estadual do PTB intensificava os prepara-
. da campanha eleitoral, convocando todos os órgãos partidários do mu-
uvos io de Porto Alegre - "d.Iretó nos,
nicí . subd.1retónos,
. nuc , Ieos, grêm1os,
. postos
d pualificação para se fazerem representar, por três membros de suas respec-
ti:a~ direções, para uma reunião conjunta", tratando do grande comício de Ian-
mento da candidatura de Vargas em Porto A1egre. 1e2
ça Em 16 de julho, o PTB lançava uma campanha de "doutrinação trabalhis-
ta":
o Diretório Alberto Pasqualini do PTB, paralelamente à sua ação eleitoral,
está iniciando sua missão doutrinária no sentido de ir formando a mentalidade par-
tidária entre o povo. Para chefiar a comissão doutrinária, cogita-se do nome do Dr.
Temperani Pereira, professor de ciências sociais na universidade do Estado. Está
em andamento a Campanha Financeira desse Diretório, a fim de custear a difusão
programática por intermédio da imprensa e rádio locais. 183

Entrementes, ampliava-se em todo o país, violenta campanha da UDN


contra a candidatura de Vargas, conduzida em termos cada vez mais duros. No
dia 18 de julho, o udenista gaúcho Gonçalves Vianna, alertava os leitores do
Correio do Povo sobre a "resporysabilidade do voto", atacando os candidatos
tanto do PTB, quanto do PSD, não obstante a existência de uma aliança
UDN-PSD em termos regionais. Diria Vianna:
Eis porque se nos antolha de suma significação e alcance polftico inestimável
o problema da próxima sucessão presidencial.
Três são os candidatos já escolhidos, os que irão concorrer às urnas. Todo o
cidadão que tenha os olhos fitos no nosso próximo futuro e no seu próprio de.stino!
Não perca de vista as precaríssimas condições da realidade brasileira!
Se oscilar na preferência, lance mão do critério da exclusao, que irá seguro.
Um deles, o mais velho, já deu de si o que tinha de melhor: quinze anos de
Ditadura, um montão de rufnas c um clamor de ódios que lhe fica ram atrás!
Temperamento de autocrata, é homem hostil à legalidade, n~o pode respirar
a atmosfera constitucional. Não será aos setenta anos que se há de comprometer 3
qualquer emenda. O seu feitio é irreversível!
O outro candidato, também de um partido majoritário é antes de tudo C.'>-
pre~ão palaciana, ramo da árvore venenosa do Estado Novo, de cuja seiva seM de
nutnr!

67
Encerra elogiando a figura de Eduardo Gomes.184
No mesmo dia, a nova executiva do PTB gaúcho, presidida por João Gou-
lart, reunia-se co m Alberto Pasqualini, José Diogo Brochado da Rocha e Lou-
reiro da Silva- os "Jfderes históricos" do partido, para traçar o itinerário a ser
seguido na campanha de Salgado Filho. O PSD~ por sua vez, em reunião pre-
sidida por Ernesto Dornelles c Ney Brito criava a sua ala moça, liderada pelo
estudante Zaire Nunes Pereira.
No dia J9 de julho, um jornalista da Folha Carioca entrevistou Alberto
Pasqualíni em Porto Alegre. Nesta entrevista abordado sobre a tese levantada
pelo Instituto da Ordem dos Advogados sobre a inegibilidade do senador
Getúlio Vargas, em virtude de ter sido a figura principal do golpe de 37, que
derrubou a Constituição de 34, o Sr. Alberto PasquaJini declarava:
Cumpre con:;ídcrar que o golpe de 37 foi dado com a cooperação de muitos
que sao, porrunr o, cn-aulorcfi. /\16m dí.~'IO, houve colatxmtção c solidariedade pos-
teriores de rodos aquele.'> que coopcravélm durante o chamado Estado N ovo. Se o
Sr . Cletúl írJ V arga.<; fo~.se comíderado ínclegfvcl, a seriam todos os que colaboraram
no golpe de JlJ17 nu prcst<m .tm sua ajuda posterior. Se a exemplo de um tribunal
de desnt1zífic:aç:ín, ríve~sc sido ín.•;titufdo entre nós um tribunal de " dcstrintcsefi-
caçao", m uito:; govcrn adorc~, senadores, deputado.<: c outros proeminentes homens
públicos deveriam f:er juli:fsdo.'l inclet(veís, n::ío po dendo deixar de figurar entre eles
o eminente general Dutra. Por um c(l;men t<:~r prinUpio de direito geral, estariam
ro<lo."l colocado:: na mc:-~ma ~{Ítu açr.ío. Por que (:.ltíngír somente ao senador Getúlio
vr~rw•~? 1 0!l

Enquanto ~c acirrava a poWmica nacional em torno da ca ndidatura de


Vargas ã presíd e!ncia, o PTB g:1 úd10 ampliava suas atividades polftico-clcito-
rais. A partir do fin al de julho, o Diretóri o /\lherto Pasquali ni, além da sua
missão doulrin (J ri:ct, pas.o.; ou a desenvolver propaga nda dos diversos ca ndidatos
do partido, formando in úmeros suhcorn ir és no in rerior do Es rado. 108
Tamhém no final do m<!s, Jo:1o (jo ularl e Dinarte Dornelles viajariam
para S:1o Paulo c Rio de .Janeiro preparando ;1 campanha eleitoral c os comf-
cios pró-V:Hgas em nfvcl nadonal. 1111
Ainda em fins de julho, urn w upo de traha lhistas, anteci pando-se ao lan-
ç:tmenro de Pasqu alíní ao Senado, manifest:tva a ele a intençfto de orga niza r
um comít6 de apoio íl sua ca ndidarura. Pa.'>qua llul aJ~radccer i a , mas pcd iría que
a id(;ia nfto tivesse p rosse1~u írn e ur o , consta tando, em ca rta <Ji ri~ida a Jo:lo
AJ~os tin i, um do~ organiz:tcJo re.\ do Cotn i té /\ lberiO Pasqua llni :

No:::;:t prt cJr.:up;s((:ÍO, nc:;re momcnl o, deve :.cr difundir os lth.:al<: do tru b:l-
:! I

. I lhlmlO, rn wnmr :1 vc:rdw lc <lcm :;c;u:l pruwfpín:; c a cxccJCncia d<.: ;<;tt :t.<: uirc rrirc!\ pro·
! p,rttm:11íc.;;s;t
N:lo ::c lr:tl:t de " l cllri:t:)" <.:nrnu :tlgun:' pcn,'.:un ou di·t crn, m:•~ de ~~~~·•t: nt ll r so·
. li
' luÇlk .•t r:sdnn:d:t c:om 1>:11:<: rl:l clt~ nri: c ,•,IJci;ll l; c:con()rnlt:í t p:tr:t lt.': qtsc~IOt:-" fund;J-
mcnr:sb, ,<it)IJrt!IUdCJ, :1.' , (jll e Jl)l f; ( t: j •.'.í ll ll ts:. r ln:::.C.'> prolct:'l fiil'•, 11():, lríiiHtllladnrr:-. tJ:I
l crr:t, ?i prod tH;:'io c t1 OfJ~:w iz:H;:io cwn(}rJJk:a crn J:crul. A:l rH:cc~~·:kJadcs c ulllç<">c.
.,
I

vo devem ser temas para estudos s~rios c n[io temas para demagogia cleitora-
~0 poÉ· necessário, principalmente, que os objetivos do trabalhismo nao sejam cs-
IISta· 'dos desvirtua
· dos ou post erga dos por mtcresses
. secundános. c su baIternos,
quec• ,
amente de caráter pessoal.
notad' . . .
Lutamos por uma causa e a campanha eleitoral somente terá scnt1do se li·
mos sempre presentes os objetivos dessa causa, pois que eles devem constituir
vermotivos permanentes de nossa açao polftica.
os o que, portanto, deseJana . . ped'1r aos caros amigos~ a realizaçao de um traba-
lhO intenso de difu~'io, propaganda e esclarecimento das id~ias que defendemos,
para que todos po~m compreendê-las e senti-las, criando-se, assim, a verdadeira
mentalidade trabalhista.
Devemos dar à polftica um sentido elevado e educativo, a fim de que o povo
adquira um discernimento cada vez maior e nao se desencante e se desiluda cada
vez mais com os aspectos desconcertantes senao deprimentes que, por sua vez, ela
oferece.
A conquista de votos deve ser uma conseqüência da conquista de consciên-
cias e só teremos êxito se as urnas forem a consagraçao de nossos ideais.
o Partido é o instrumento de uma idéia. Todos nós servimos ao Partido, cu-
ja vitória deve constituir nossa preocupaçao neste momento.
Sei que assim pensam os meus caros amigos. Desejo pois, que a sua açao se-
ja uma decorrência desse pensamento. 188

No dia 30 de julho de 1950, em um de seus primeiros roteiros eleitorais, o


senador Salgado Filho morre em trágico acidente de aviação no município de
São Francisco de Assis. A coligação PTB-PSDA-PSP perdia seu candidato ao
governo estadual apenas 15 dias após a convenção que o indicara e a pouco
mais de dois meses das eleições. Ainda sem ter lançado oficialmente candidato
ao Senado, recolocava-se, para a coligação, a questão das candidaturas majo-
ritárias.
Enquanto os trabalhistas ainda assimilavam o trágico desaparecimento
de Salgado Filho, iniciava-se a campanha presidencial de Getúlio Vargas. No
dia 9 de agosto, em Porto Alegre, realizou-se o comício de lançamento da can-
didatura de Vargas. No palanque, ao lado de Pasqualini, Goulart e Brizola, o
ex-presidente se fez acompanhar também pelo governador Adhemar de Barros,
seu grande aliado na jornada de retorno ao Catete. Adhemar, na sua fala, criti-
cou asperamente o general Dutra.
A polft'ica vigorante no momento é a polftica do pior governo que já passou
pelu Brasil, a do general Eurico Gaspar Dutra. Em matéria de inépcia, atingimos o
máximo nesse perfodo de governo. 189
Após breves alocuções de Pasqualini e do jovem deputado Leonel Brizo-
la, Getúlio Vargas faria o Discurso-Platafomw da sua campanha presidencial.
Povo do Rio Grande do Sul! Trabalhadores do Brasil! É aqui, nesta leal e va-
loro~a cidade de Porto Alegre, presente sempre às melhores lembranças de minha
mocidade, que inicio a peregrinaçao eleitoral. Para corresponder à honra que me

69
orno candidato à futura presidência "~
de meu name c ~
fizeram com a escolha . . . .
R 'brca d pessoalmente ma1s s1gmficattva para
epu ~a~ poderia encontrar outra se e o
primeiro marco desta campanha,
. multidão concentrada no Largo da Pre
. ra a 1mensa ·
exclamana Vargas pa . . entude como cadete da famosa Escola
· 1 brana sua JUV '
feitura. A segUir, e1e em " dos Presidentes":
Militar de Porto Alegre- a Escola
. te !907 tinham a singeleza da época. As fórmu.
Os problemas daquele dls~anf . da democracia formal, sobretudo inclinada
las eram caracterizadas pelos pnnc pios. ·gne sociólogo Oliveira Viana chamou de
. ue é 0 que o ms1
à prática do verbalismo, q h VI·a adensado a população urbana, nao se
l: . " Ainda nao se a
"generalidade sonora · . . e transplantaram a obra do governo do ter.
tinham criado as exigênci~S colettvas, qu o social e econômico,
rena exclusivamente polfuco para 0 camp

car duramente Dutra e o seu governo, Getúlio


constatava Vargas. A p6s a ta
proclama:
O Rio Grande foi o meu escudo durante os quase cinco a~os de ~overno que
· atos , quando 0 tempo permitir JUlgamento
me sucedeu e CUJOS . tmparcml e sereno,
.o~ H. tór
aparecerao na IS 1 , 1 ·a a ·nda mais pobres do que hoJe se
.
mostra, porque não os.
dissimulará 0 louvor mentiroso dos caudatários. Foi no RIO Gr_ande que encontr~I
0 clima ideal para restaurar as forças do espf~ito e do corpo, v1vendo, em plena h-
herdade, a vida rural e simples de um campômo.

Explicava depois a necessidade .da sua volta ao Catete:


A princípio eram vozes humildes, dos pobres, dos desamparados, dos que
sentiam, cada vez mais, distanciar-se da sua fraqueza a aç~o dos poderes públicos:
depois, a esses protestos, que nao ferem ouvidos poderosos, juntou-se o protesto
mais forte dos operários, dos trabalhadores, da classe média, do comércio, da
indústria, da lavoura, cujo equilíbrio econômico era ameaçado por providências de
vantagens duvidosas, ou por absoluta falta de providências.

Analisando a problemática da economia rio-grandense, diria Vargas:


Cumpre-nos promover a criaça.o de frigoríficos nacionais sob a forma coope-
rativista. Só assim conseguiremos abastecer, com segurança, o mercado interno de
carne e, ao mesmo tempo, proteger a indústria contra as atividades dos tmsts inter-
nacionais.

. (... ) Ainda se ressente a prosperidade da zona colonial rio-grandense dos


mesperados e fundos golpes que a nossa polftica comercial externa tem desferido
contra.a vinicultura, permitindo, sem' maior cuidado, a importaçilo de similare-S es-
trangeiros. Nao _POdemos nem devemos, é claro, deixar de comprar ao~ países ami-
gos que comercmm conosco. Mas devemos fazê-lo de forma que nao prejudique as
nossas próprias indústrias.

70
sollrc a previdência social, diria Vargas, defendendo sua extensão ao homem
do carnpo:
Os Institutos criados no mcu_governo, para amparar aos trabalhadores e cus-
teados por estes, csUío sendo dcsvtrluados na sua finalidade. Vao, aos poucos, se
transformando c~ rcn~osas fontes d~ empregos, em luxuosas máquinas burocráti-
c.1S, demoradas c mcfictcntc~ no servtço ~e _assistência aos seus associados. É preci-
so melhOrar o srandard de vtda dos brastletros e reajustar os salários dos trabalha-
ca. As fi6rlll dores. Devem ser estendidas ao t_rabalhador rural as mesmas vantagens de que já
Udo incr u. goza o trabalhador urbano: saláno m~nimo, seguro contra acidentes, aposentado-
·a ch Inada rias c pensões para os casos de enfermtdade, velhice, viuvez, orfandade e invalidez.
amou
bana , na de No final do discurso, Vargas lançaria uma frase profética:
verno 0 se
do ter. Rio Grande! Rio Grande! A 3 de outubro de 1930 parti contigo, de arma em
punho, para uma campanha de redenção nacional. A 30 de outubro de 1945 in-
compreendido, fatigado das lutas, baixei sobre o teu solo generoso e acolhedo/ Si-
o, Getúlio go, agora, outra vez, para uma nova luta no prélio das urnas, que se deve realizar a
3 de outubro de 1950. Parto para iniciar uma campanha que, no Rio Grande, devo
encerrar. Deixo-te, confiante na tua bravura, na tua lealdade, no teu valor. Levo-te
overno que no coraçtio e no espírito. Se sucumbir na luta, meus restos repousarão no teu solo.
e sereno
':11 Se vencermos, tu estarás a meu lado, com todo o povo brasileiro, e eu te represen-
~ue não os' tarei em tuas justas e nobres aspiraç6es. 190
! encontrei
Já no dia 10 de agosto, Getúlio e Adhemar embarcaram para São Paulo,
:n plena li-
onde realizaram grande comício no dia 11 , seguindo depois para o Rio de Ja-
neiro, onde Vargas reviveria mais uma das já tradicionais concentrações no
estádio do Vasco da Gama, desta vez como candidato à presidência. Depois
disso, ele só retornaria ao Rio Grande na fase final da campanha eleitoral de
1950.
. dos que Entrementes, o PTB gaúcho precisava definir as candidaturas majoritá-
públicos: rias. Só no dia 10 de agosto a executiva regional do partido, presidida por Jan-
protesto go, anunciava o nome do candidato a governador: seria o ex-interventor Ernes-
~rcio, da
to Dornelles, primo de Vargas e um dos próceres da dissidência "autonomista"
:ncias de
do PSD. As pretensões de José Diogo e Loureiro da Silva haviam sido, mais
uma vez, preteridas ... 19 1
Na mesma reunião da executiva foi aprovado o lançamento de Alberto
Pasqualini para o Senado, desta vez com o endosso de.Vargas.
coope· No dia 22 de agosto a convenção do partido- convocada para escolher o
!fOO de substituto de Salgado Filho- aprovaria as indicações da direção partidária.192
5 inter· Em 1° de setembro- a um mês da data do pleito- o novo candidato do
PTB ao governo do Estado, pronunciava o seu Discurso-Platafomw: "Se eleito
se dOS governador do Estado, procurarei aplicar os princípios bás icos que info rmam o
feridO programa do nosso candid ato à presid(3ncia da Repúhlica, diria Dornelles. na
·es es· sua plataforma, acrescentando:
5 arni·
lue as Nunca, em tempo algum, o nome do Ri~ Grande cstC\ C t!lo lig::~do, com~
agora, às esperanças de milhOcs ele brasileiros. E toda nacionalidade que se v lt.t
71

·-
d' ta e merc ê de um movimento de . opinião
.
. d eminente esta ts ' r ·ca" confere-lhe a pnmazta na
para ~s coxilhas_nat~ts d~ nossas compctiçóes po til ai~r intérprete e p3ladino elas
sem tgual na htstóna d Getúlio Vargas o m
d 0 fazendo e .
confiança o ~ov ~ á ara assegurar a mtegriclacte
aspiraçóes nactonats. ado lutou de armas na m ~I ~onheça melhores dias, sob
Assim como no passe , que o Brast d' .
da pátria, luta hoJe. o r_ io-grandense'daspara ..
que factlttcm maior contato entre mgentes
o mats esclarect , . .
normas de govern fi ao seu destino de p1one1ro.
d' · 'dos m que ser 1e 1 ·
e tngt · . . oroso 0 gaúcho te f . inovador: Mauá, no impé-
Povo JOV~mb~l~~m a ~italidade do nosso e~p ndo Brasil· Getúlio Vargas, na
10
Dois homens stm t económ1ca ' _ d b
. d
no, traçan o co m intuição genial a ro a
d fundo e de base em prol da redençao o tra alho
. ·
República, IniCia · ndo uma obra e redutoras.
e do ajustamento social das classes p

Sobre Getúlio, diria Dornelles: b os do povo e nos braços do


· retiro de Itu nos raç '
Getúlio Vargas saiu d~ seu rema da nação. .
povo será reconduzido à maglstratur~ sup !ante reside na coexistência de um es-
A pedra angular do seu prestfgto avassa to aos reclamos fundamentais
ama de governo aten fi
tadista experiente e de um progr a ambos radicados na con 1ança
da nação. Um grande lfder e um ~ra~de program ,
do vo brasileiro, eis a chave da vttóna. .
- entre seu f u turo governo e o Partido Trabalhista, Domei-
po a relaçao
Sobre
Ies asseguraria: ,.
. redominante da nossa organização polmca,
A representaçao P~pula~ tt~: ~esultante das influências veiculadas pela le-
gov~~~:n~~ ~~:tr:s orie~­
i'?porá ao :s
~~sla~u;~·c~~;rimento no~
zarOes
d: que ela traduza, iremos buscar estímulo e
tarefa. Será também imprescindível que as orgam-
polflicas exerçam atuação constante, debatendo problema:.; recolhendo a
voz da opiniao, robustecendo, em suma o orgamsmo democrático.

Com 0 lançamento de Dornelles como candidato do PTB, o PSD_ d~para­


va-se com uma situação incômoda e paradoxal: enfrentava, nas ele1çoes de
1950, exatamente os dois senadores que havia eleito, pela sua legenda, em
1945: Getúlio Vargas e Ernesto Dornelles!
No dia 10 de setembro em proclamação publicada nos grandes jornais
diários, o PTB apresentava aos rio-grandenses a sua nominata de candidato.s.
os deputados estaduais José Diogo, João Goulart, Fernando Ferrari e Egydto
Michaelsen passariam a concorrer para a C-âmara Federal, juntamente com os
ex-pessedistas João Batista Luzardo, Víctor Issler e com o advogado Ruy Ra-
mos. Leonel Brizola, ao contrário, preferia ficar em Porto Alegre, tentando sua
reeleição para a Assembléia Legislativa. Dos vinte e nove candidatos a deputa-
do federal, apenas três eram trabalhadores. Como na nominata de 1947, pre-
dominava~ os profis~ionais liberais: dezenove dos candidatos pertenciam a es-
ta categona, predom1~ando os advogados (dez) c médicos (quatro). Também
concorreram três functonários públicos, dois comerciantes e dois ruralistas. Da
72 l
.... . . .
.
o -
. · · d setenta e três candidatos, quarenta c tre. ~ ~ . ·.·:.:.·,T .
eStadual e ·nte e seis advogados c treze médicos· Cs eram profissionais
na rdu VI • · oncorria ' I

,~ar .5 ~ave
. 'j
assalariados, onze funcionários Jlúhlicos .· m também
berat ' dores 194 R ·' Cinco come ·
ti abalha industrial. eproduzia-se, portanto f. rc1antcs,
det.trrurallS. taS
n1
e UI" . r· . I .
" d. classe médta pro tsstona ,Já constatado na ,1,..r:
, o n lido prcdo r .
m n1o
trê~~ndidatos at·sso os candidatos majoritários iniciavarn ,c ~.IÇdo de 1947.
de ~,:" anto · ' li Cdmp·mh·t ·1 ·
enqu . d setembro, Ernesto Dornelles, Alberto P·tsqu· 1' . • ( c CllO-
rJo dI'·a 6 eoteiro pelo mtcnor
. .
do Estado,
• a 1111 c José Di ,
particip·tndo d, . . ogo
ra.1 . em r N , 'd d p
·gutraill . . c Alegrete. esta ct a c, asquahn 1 rc·tJizar··
. . < c com fetOs em
se .0 AJrcs ' · 1a uma das m·tis
yenânct onferências da sua campanha senatorial no Cine T , · '. · .i
ntCS c ád' 1 1 D ' - eatro Glóna \

l·mporta snus . são direta pela r to oca . estacando as glórias d '


11 '
cont tra Rio Grande, constatava o líder trabalhista:
< o passado de i:
I'
li
lutas pelo r. . li
O~. entreveros do .passado SelO os comfctos do presente Os . d'lh
. · cc~u t os de on- I.
I'

tem sno os líderes d~ h~Je. O choque cruento.d;s armas passou a ser t~o-somcnte o
debate Pacffico das tdétas. Estamos .na transtçc1o
. de uma
· fase romântt'ca
' d
< c nossa
i:
\
. · polftica para um perfodo mats realfsttco.
htst 6na 1:
'
Nossa evolução social e econ0mica cria novos problemas que já não se resol-
vem com pontas de lança e patas de c~wa~o. Opera-se uma mudança na fisionomia :I
da campanha: até o cav~lo, companhctr~ mscparável do gaúcho, está criando rodas I
I
•I
e asas, está sendo subst1tufdo pela máquma, pelo automóvel, pelo jipe, quando não li

elo teco-teco. Antes os gaúchos só cavalgavam. Hoje, eles rodam e voam. Até as
I
ferdas carretas vão minguando para dar lugar aos caminhões velozes. .I
,,
Pelas noites e pelas madrugadas já não se ouvem tão seguido os rangidos do- li
:~
tentes, o tinir da aguilhada e a voz melancólica do carreteiro, mas ouve-se o ronco d
dos motores e o som estridente das buzinas. 195 li
I',I

I
Mas o progresso econômico e tecnológico deveria ter sua correspondên-
cia, para Pasqualini, no avanço político e social:
I'
Em verdade, a história registra o esforço incessante do homem para a sua li-
bertaçao. A primeira fase desta luta é a luta pela liberdade e pela igualdade política,
que se traduz nos direitos fundamentais do homem, nas franquias democráticas c I.
nas garantias do cidadão. A segunda fase é a luta pela libertação econômica, senão, I
pela igualdade absoluta (pois esta é inatingfvel) pelo menos pela proporcionalidade
que deve existir entre o valor social do trabalho e a remuneração correspondente.
(...) "A Revolução de 30 teve ainda um sentido acentuadamente político,
mas ~á então se compreendeu que não havia,no Brasil, apenas quest6cs de ordem
política, mas que existiam também problemas de ordem social e cuja soluçao, c?mo !
j'
~nsavam alguns, não poderia ficar compreendida no âmbito de ação dos comtssá- !
nos de polfcia. .
r
AsSim,
· a Revolução de 30 na sua origem na sua mot1vaç · ..11 o popu lar
' ' na sua
.
tOrma de preparação e de eclosão - ' . ' . d ente polfuco
tinha atnda um cunho acentua am · . r.
e rama r ' . . fl ênctns cntao
d . n tco, passou depois de quebradas as forças políticas e m u ' d ..
ommant ' . r . numa verda ct-
ra es, de caráter oligárquico e reacionáno, a trans1ormar-se
revotuçao social.
73

.. ··:.. ~
\\\' ~ 'tx-1!\ qut- rs.s ruo,imcnto p:trtiu d Rio Gr~nde do Sul e que c'
0
ks.."'~ tm viment f"\ Getú\i Vmgas. Snbcis tnmbém que o grande animJdor dne~e
t\\ ·im,•nto f; i utro filh d ~ pamp::t.;;;, ÜSY3ldO ;\ranho. esse
,t·tt.lli"' \ ;\r~u." rt·pre:"'ntn\':1 o obj~tivo, n c mpreen,_~ o do problema em to.
b ~\m t".'\t ·ns.;'\, r profundid:.ld • monmcnto no seu pr essa ulterior da evo.
lu ... ,.,.':"

-\ sc.'gnir. Pasqunlini e~-poria, de forma diretJ e ~Ia ra, a ~ ua avaHaçjo cto


p!l 'l " p~so d.1 lhlt:r.1n~1 de V~ugas n o pro~esso polftl~O bra~ tl~iro . Esta pane
li~ s"u rrnmmcimnento- que r~p rcse nta n mtcrpre ta ~m mms mteressante d, ti
r.~..,qu:"~lini S0l~t't' ~ reb~1o entre líder. ma.ssa c partido no C~1SO do PTB e é~ ii
cnmo. Ser. ~m JliS :.ld~ . l ' fll detalhe.
no Capitulo 1.. c
Fim11i.z.nndo seu pn nunrianu.' nto. Pnsqu~1lini situJ a camp~mha eleitoral
J t. 1 5l1 c-.: m0 uma continuaç:ío e :1mpliaç:m d:l R..:-\ ('~luç~o ú • 1OJO e de St' us
bj~ti\\. s. l 1.. ma.n :.md~.." qut': f
... Est•.m ~ s ;.1~ ""~r.1 ...-mpt'nh..:~k·:-> c.'m urr.1 1 l'', J 11 :t.l.
m.-m:.l c..~,·c :-..1 :e r a r~.·.,ii:.:~.;-.1' .. i~l ::..: -~u n d .1 ct . J,, ·
(

t •.~ • r·", _Ji ~t.., '"·"'I.t \_.,H.. \J~,


u.~.. l l·l·''"" · !,'-•
....!\ ' n'~ •·-; ; l ~\ · ,.l• '
·~r ... l.

~:~ n ..Ll s' r.i ~l ~1mpti.'.;."t0 u:: ·~ .:.11 •. nu. s • · ·


ti.:ul.:rm-.·ntc ::..~- tr.1t'.1lh.~ ..~- ~ ;·,·::. · ,' :.
~:ntr,;- :·u:~. rr~'rn.1 :O....' f( L'
~;:-r-J .11rhi.l .1 in.... mu.~. ~' : ~ l ''

..
r~·:..'t"t~~nc~.· ~ ·r ut1.'1:>- :-; .: ..'!t.'l ,\-; ·.h.\.
~ 's•s:(' f'!1J ~·-~í.· : :.lho;~ .! ... .t.l. ..
..:s ::1 . :~-iu i n.:~:. . L'S ~ ;~s[ril :t12 · , ~t'l 1.. l'l r. .
t ....."'!.: ...• . . . "'...• .. -cnt
4 Á- ·'~
....

l .l ~-- ~ ...' ,\.. .~, ••· 1• •• ~. ,. .~-, t...•
\.. ....)"li t.. • •
~~-:'!:11 ..' .. r rr~. .. ~$f('riJ~.. ... r:-~' -.:Ç ·. ~--~ ... \.."t
~ ..:j~.

r
c:~~ ~1Jtl ..."':1rl~;.:ntc 2:- f~t.: :-r' \.. . ~ ~~ ~: ~-.' \._; .. {; ......~
.~ ..... ..,.,,.,,r'S •""''' r' r'\. ... ,,,t"'~ r"ll"ll ~• •a•~ .. ,.. ,.
,..,r'tl ..... ..., L
........ ~ ~\o. · · ';.~~ .~. ..... '""11r,.4'- t - ~-...1 1 1 .l \o. .. .i .. _.t ~\ :t- \,.. .
~L1:cnc . .· Ú(e~ ~ r0:cti\1 j:.lJt". F:-'t.:riJ ..' ,.-~ L' :;: :mr .' .. t ,
ru.-·lt~;:n""'""~·j~l·J~umn•
~'-- U~w\..._.._. • -u l..l: ~
~ - : , ,, . I .
i ~.:_v ..1 '.t~'· ~~ L\. r, ..:\-. l"' ••l\.,. ! ~ 1..""\. , . "' \
d -. \ · ~··
t .., ..•
l
4
6 ...... """\.' ... h

\:, {"',m:.:·erslhe L·.... l"Le10S r.: r~ J~ "'1


.1~l t!'"i -11
....... ~ ...~ ...' '.. ... ,..
C .. ' . l'J'(f l..l.,a
~
Y""\ ..
,:-.~,.., ,
• ~
... ... ..

...
~,
01 convicção, ~om perse~erança, com sinceridade - com o despreendimento de
co prega um 1deal e reahza um apostolado.
01
que De 1930 ~ 19~0, decorreram vinte anos. É possfvel que, em 1970, estas
crianças que aqm_ estao e que representam nossa dívida com o futuro e com o par-
tidO, estejam aqut, ~este mesmo l~gar, desfraldando uma nova bandeira de comba-
te e realizando, ~~lm, o esforço mcessante da história pela libertação e pela felici-
dade do homem.
Observe-se que_ no pronunciall!ento de Alegrete, Pasqualini retoma o es-
tilo didático e doutnnador da camp~nha de 1947. Há, porém, uma diferença
importante: naquele ano, as referências a Vargas eram praticamente ausentes
nos seus discursos, como se observa, por exemplo, no pronunciamento de Ca-
xias, em 14/12/1947. Já na ~mpanha de 1950, Pasqualini assume a plena defesa
eevoca a liderança do candtdato trabalhista à presidência da República. As di-
ficuldades de relacionamento entre os dois líderes, presentes em todo o perío-
do 1944-47 pareciam estar superadas, engajando-se ambos, ombro a ombro, na
campanha eleitoral de 1950. 198
No dia seguinte, Pasqualini realizaria o mais longo e didático de seus
pronunciamentos na campanha eleitoral de 1950, em Caxias do Sul, no qual re-
futa as acusações que o fogo cruzado da direita c da esquerda ortodoxa fazia
pairar sobre o posicionamento político do trabalhismo:
Nós, trabalhistas, justamente porque representamos uma idéia nova, somos
freqUentemente aivo de certas imputaç6es. Dizem, por exemplo, que somos um
"tanto avançados". Ora, o ser ou não avançado depende muito do ponto de re-
ferência que tomamos. A velocidade de um automóvel é muito grande em relação
a uma carreta de boi, mas em relação a um avião, o automóvel dá impressão de es-
tar parado.
Do ponto de vista do capitaiismo individualista ou do liberalismo econômico,
do ponto de vista reacionário, somos, de fato, avançados. Nós acompanhamos a
evolução do mundo, não somos mentalmente anquilosados. Se, porém, tomarmos
como ponto de referência o lado oposto, talvez nos considerem até conservadores.
(... ) Parece, por isso, que a questão não é apenas saber se nós somos "avan-
çados", mas se outros não estão demasiadamente atrasados. Nós, realmente, não
acompanhamos a marcha e a evolução do mundo, trepa dos em carretas de b01.. 199

. A seguir, Pasqualini faria exaustiva explanação sobre a questão do socia-


lismo ' ct·r
herenciando 0 "socialismo pacífico e democrá ttco
· "do " soc1a
· 1·.1smo vio-
·
lento e revolucionário" e referindo-se a vários aspectos da experiência do tra-
balhi
ta smo britânico que ' então - governava a Ingla~e~ra, p_asqua1·m.l· expona ·
mbém porque na sua opinião 0 trabalhismo brasileuo nao podena ser, na-
que! ' ' . -
d a etapa, socialista, embora propusesse urna profunda m~ervençao do Es.ta-
~ ? mecanismo econômico, compatibilizando desenvolvimento econômico
0
mJUstiça social.200
et . No final de setembro Getúlio Vargas retoma de sua excursão político-
enoral pe1o pais para participar
' .
da fase fmal da campanha em seu estado na-

75
t:al. Realii'.a cnr:.io, acompanl~ado por Pasqu~líni ~ Do~n~J_Je~, u~a vcr~adcira
mararona clcíronal pelo inrenor do E<it:Jdo. Sao pcrcorndas as ~a!orcs concen.
lraçücs urhana.<; do Rio Grande, organi:t..ando-sc gr~ndcs comJCJ~s aos quais
acorrem c.c;rusíá.<ilíca-; muJridõc.<;. ·rrala-sc de vcrdadcJra consagraçao para dois
Hdere~ m::íximos do trabalhismo c o candidato pctcbísta a governador.
No dia 20 de setembro, HJJ:.ando a enorme massa em Santa Maria, capital
dos ferroviários gaúchos, Varg;Js exclamaria: ((A sorte está lançada! Se as urnas
de 3 de ourubro me apontarem o caminho do Catetc, para Já marcharei com 0
povol".20 1 Getúlio Vargas voltava ao Rio Grande depois de um roteiro eleito-
ral pelo resto do pMs, entrando em seu estado natal através de Ercchím, de
onde suas tropas revolucionárias haviam partido rumo ao centro do país em
1930. Em Erechim, Vargas discursou no mesmo dia 20 de setembro, aniversá-
rio da Revolução Farroupilha. Dia 21, depois do grande comício em Santa Ma-
ria, os Hdcrcs trabalhistas rumaram para Santa Cruz do Sul, capital do fumo e
um dos centros de colonização alemã. Ali Vargas se exime da responsabilidade
pelos excessos cometidos no chamado ((Programa de Brasilianização" durante
a interventoria do general Cordeiro de Farias c lembra a sua substituição por
Ernesto Dornelles, o atual candidato trabalhista.
Sabcis como me desagradou c como reagi, quando na chefia do governo do
paf.s, contra aqueles que, em meu nome c à minha revelia, praticaram atos d"
violCncia c de arb(lrio, com base em preconceitos étnicos. O senador Ernesto Dor~
nellcs, por dcterminaçao minha, assumiu entao a Intcrvcntoria do Estado e fez lo-
go cc~s.tr a descabida oricntaçao, impondo o respeito c o acatamento que vosso va-
lor cfv1co estava a exigir,

diria ~argas aos te~to-brasilciros, na praça principal de Santa Cruz. E acres-


ccntana, numa aJusao a Cordeiro de Farias c aos políticos liberal-conservad 0 _
res do PSD e da UDN:

Quando v?s argüirem qualquer desses atos de arbftrio, perguntai se os seus


autores estáo hOJe a meu JadoJ202

Conforme veremos na anál. d .


d D JJ Ise os resultados eleJtorais a "ficha limpa"
e orne es no tocante às colônias ai ' . . '
bases de sustentação social o a d. ema c JtalJ~ na solaparia, ao nível de suas
. ' cor o entre os ex-mtcgr rst d PRP .
ra1s-conservadores do PSD c da UDN no a . ~ 1 as o e os llbe-
Na verdade, a aliança PRP PSD UDN . poJo à candidatura de Cylon Rosa.
Uma frente de direita amp-liada- _serll~ efêmera, rompendo-se já em 1951.
do pL, passando pelo PSD c pela' que
UDN _ Ulsse
me uc desde os l"b J era 1-conservadores
teresses da grande pecuária c da I q representavam, no campo, os in-
. , . avoura empresarial e .d .
ses da mdustna e do comércio b , nas Cl ades, os mteres-
dos colonos das pequenas e m~de. a range~do 0 próprio PRP- representante
no Rio Grande do Sul no inicio ~as propnedadcs rurais, só se tornaria viável
avançados do trabaih/smo ass os anos 60• quando Brizola e os setores mais
umem a bandcir d
rompendo a entente PTB-PRP. 2o3 a a reforma agrária radical,
76
"'h I I' \ll •.t 11! 1
<11 dt • ::,1111 11 4 'tu ·
. ' • 11 1I 11 ' '111111
' .' '·lt t.l ~ ltlll ll ,. ( li IH.'t ' "111 1\111 l ' l tq li 11 . ( h Jll "'"'"l 'l ll ttt I

li tq,
I
••.111 I I
\1 !l ll\ 1111\1 I I) 41 \ll\ 11 11 1111 11 1 I ' I\
I ., ,, l i ' I
I
I " ' ' Jl; '"' I'
I I', 11 tl ll'i 1111 ' . tii,'IIIHIIII\t
1
1111' ' lilt ~>. t " ,
1
111.1 • ' ' 111\1! 11 1 1 111111 tp1 1n
'''h • tnh' t• ''l'•l' ', "1'1111,1 't i'IIJI\ t , 1 41 I' .
111 ltn • IH' t1H , .
11 11 1111
• 1
111
'"" 1111111 ''I 11,. 11111 tI
I' ti l '""'"'" · 111111 lt 11111 1111•" 11 I 11 111 il 111•' 11 I
' lnl 11111 1 1 I 4'
lj\lkt ltldl 11)\l 1 lll!i 1" •\ 111\ 11 • I ' l ll lll ,
I •
l i; 111 ll jtt' l t 1hl , ,
't il"''"''
' 111 •• 1111 11 H"
t I' llllt ll 1111
11111,11 l' lll t t•
I
I I q 'l I'~'
1111111 ',til I 1111, 1' 1111 I '' "11 1111' 111· · ,, I
I " ''1 11111\t l I • 1 1
1 l llll 'l ' '" I .
11 "''' ' ' 1111'1 ll tl . I I 11111' 11 11
tq li III 11'· llll 11tldl l'l I
I H 11I11 111111 ,, 1 I I 11 1111 IIll ti 11 1
11111\t ' ll l I I'
I
' d ld ·. 111\'1' 11' 11 '
i li I 1\1 I " • llt I li '
11•11
ltrq
1\l.t·· ···.111 ljlll ' 'd i 11 ~~~~ , 11 1 ~ 1 . , 111 11 I'.1 lll illtd u 1 •·, ~ I l ' jlltl llt l t 1'1 I ' I
1 11111
11 ' I .' ti l i , .

"li
1 ''
111 1
I l q • ti \ ' I' I 1111 1' 1111 Jll ll I
•'l"h lt ldi ' lllll I ' ' t ftlllll \' UI :: ll!\ 111 ( 't 11 I 1111 I il IHi tl pn lll ll ,, l'•llt l
dllt!ll ll l I11: "f''~ 11\ l i' I ll ll\t ' l t•,
' i I\ \ l\11 11' Jlll\1111 I'' I , I ll l j''ll'l '' 11 li ' I I JIIIII t,l' lltl \•.tlll. I In
~
1

, ' , I''' a .,,.,lllt'llt I ut


h, '"''• I' l\111 111 )\111 11 ', 11\t I '''I lt ' tll\ ' 1111 ' , . , ,,, . ,,111 1' 1 I 'I I I 11 Pllll••t. '"I'''' '" 'l'll'
I '

t'IIIIIIH' n l lll'dl l I1\1 (\"I ' 1111 \ JI )'l tllld t•


1 I
lde' t I I II 111 11'1 '"I"''''
I I I .
. I lllltl ' l ntllt 1' 11111' )1 11( \
I 'I) 11 ' 1 " ' 1\f(• 1111• I
• 1 11 1'~" 1111 l vn·. d 11 Vt llll li
\ II ' I . • I
,h' ll lll' 1l" . 'ilt
"'I
IH\

~ c\ I
''I" •, ::a tt ll t ' 'ttll , 11 1 11111ltl vn
~~ 1 1 1, 11' 11111 1 I' t ll d 1111 11 d 1• n 1 t " / , 1111 11 1:t
I HII•t~lhl· '"
,• 1•
• 11 . .
11 1
.
. ll I 1' I111 1I11
, ' 111 ( 'tu•l
, 1I11 1lt I / 11,l ll. lll h 1111
i\J 1 111, \I 11 11 1111111\1 111 1111', \111 t' lll ( '1
1
\(, •, dtl
,.
o~\1 1 , .
11 ll lt l\111 11111\1 ' 11 \li h 11111 d :1 IC ' jtl lhl d t• lll lll lll / '[ l t li Alj I
)',I'• llltllltttl\'11 nln·. 111 "'' pt ll l tkt ll .t d .1•, '"'''I•
tl 11· 1' ltllt 11·
IH 11
111
',. ,,,,
11 111111 f\ Yll t
,· 1 ' I
,1\ IHI)',I' It ~, lt tll l:ll tl ', d1 • l' ,l'•'l ll llll tll ,. •' HII t 11 ',
' •, 111111111 il IH' 1Ih Vt'
11111 •, 'dj',llll l' lll \'ll' , tlt ·•.tl' lttli'll
lt' \ dtl', 1\11'.'. 11', Jl lll ll t ' l l• l',, dtlllll '. l ' .t •ttllllll •, " ' ' '· 'lllltlld t~tll"• ljlll' .tt llll ' tll llt h l IJ (l'1
li
tll, l ltt )',lll ' lll , u q111 c·•. t I , 1111 "'' ' " 1,1111, , ' .1111lld.11 t• ti•' lt ll ll ttllll •.•nll d iiJ',I IIIHit·IPW
11
'!IH' ~~ 1\ l
1
l i
lllil \ 1 11'\' lil l l 1'111ki1.1 111 111 11111 1 ' 111.11 d 11 j.' I jlllldl t .t, 1' ' , ' ,1' j\1\'1' 111 ldr11 lh t11
ht ' tlol' 1\ 'lllltl 11 l".
, .. 111 ( 't i\ I ,.1, \' li''·"'' I llt I• , I .I JH IIII h ,, l' lt lll t\ tl llt .I lk I lltt 111 I' 111/ 11 tl rll''dl tltt
11!1\' ltllll l l'.t ll tl 1' 11\lll)tlllt 11, I""' lll . llld\1 ·"1)'.. 111.11 li .1p11111 "I 1" ' ' 1111' \1 11 I' lll ~'' tll lt
ndu ~.11 :t . llw:d·.:

( ·,Htln,ltl , l• ' lld• ·. ~ '1'• ' 11111 • 11!. 1• 11• '.\111''1 •' t\lh'lll n •· ll1111 1n · 1'."11 11 '\ """""''i
d.l l\11','.1 1 1'•111111' I I tlilll'll l:d I 1•' 11 1. 1, 11 1}111 I I" 1111 11 I . / ,I ' 11 1 lllllhll lll ldlldll 11111'11111 ' I I

l tl ~!\tl d1• :.lllll l ll l l ' '• l ", ll i lll )'.1ll1 1' · . •I • Wlll VI'
( ' lllltj llt ' 111•', 11 ' )'. 111. 11 , · •,•. t' 1111\H' I •Il l 11111 ' 111111 1111111 , tlr 111111111 1\111' I I •
., ,~

llll:l lljll t' jlld ll ilf l lll'.'.l l '. l'll ll''l"'•i lldll '.lt l.t'
ll l'i I 1 V ll )'ll'• \l l l l'i \ll .l diU IIIIH' IIIl' I•
j .' ll\ (' llf\1 ' \ ' h\!\ )\ lllljlli ' ll ', ,l , :qll' '• llilll\ .. ' \I i\111\dll lltl'• l'llltllltlhl 11' 1
.. I 1111 . 11 li ' I 1 lll'ol ' l \'1 111111' I I 1
1'. I ): "I ·. 11111 p :tt lltltl ' "·'"' "' '"' • I 1 r k1• ·t 11111 :.l ' l1•1
p.1Ht t' I I ' )~VI 11 ptnitlc · ntl · d :1 '''• .I'" I111 1 ' 1 1 • , ,,, ., llllr)',l·l 11 .tu., I111
· ·
liPr.
I : 11 '011 ' ll l lt''• l' li I' i 111 .1 dt l (111 11, 11 li •
I I I 11 I dI d llll "li
I
I'1\'111
O\' I I. . . II I
' 11·11 OI tlt'lt' l\111 I li •
• ·• '· d .utl .,dn jl 1' 11 111
I ~ ~~ \' l111 1' 11 :1111 1dn jlt'1 11 111 lVI 1• 11 111
lt'lt'\'1(' ', dt' Jlt )\'1 I ":•Hl I iltl 111' 111 d i' PI I I.II I(I I I I •\11 t ' 111 I

Nu 111:1 .'·1 dl' _.,,·tc· rul•tll , \ 1 .1 " 1I


" ).· ·•·
' 11 '\lllljl tlll l o\
I \ r\ d' ., dlt LI'
·
1

111 1; . 111 l1 ' 11 11 111 111 • •
lntt b l.t llll 't 11llrlt' 1n•. tl 1 1 r :11 ' ':'' • ' •• · , ,,, ·nll' 'I'"\ "•" ' 1·
11
• ' 1\)') 1
11\l I ( ,
llt ll'· ll' llll ~·'' l ' •'
I . · 11· 1''''' "'' ,p
( .•. ) , ..llil ll' ll'·ll tldll 1111 lllltlltl t li I lltiJI\1' 111 1 1111 Hlll l l ol\111 I 111 ti I ' I'·" '' 11
11 lf i ÍI'hl do~ lllllllt l l i i iii • I 1 ~1\II /', 1 J\ '1' 111 ' 1111 111 11 II \!'' ',11 1111111I1' 111! I ' I 111 1
I'·"'''
, I ' \tI p .ll ti I
l' l.1l11 d :1 I lttl!' , ·o lt l'i : t •111 11 •' i!
• <
" O..· ;
pro li1 ema d os com b uStf
veis , no geral · Não me mrcpcnd
. de-_ "' ter fd to! A politil··,.
r. · do meu gouerno de,de 1910 fm c er~n tl: t.: l1rml.
u.• C com b ust.veiS • I - -

Critica ndo o governo Dutra, acrescentaria:


E mais longe teríamos ido, em lugar da posiçc1o estaci n~iri:1 i.'m que nl s en.
contra mos, na o fora a polftíca descuidosa c sem rumo _d o ~H ual g wernn. l rn:t mcn.
tnlidade estreita, atendendo apenas a interesses trans1tónos, prefcrt.· n:nur:tlmcnte
as soluçoes fáceis. ( ... )Os interessados alegam s~~prc _as ch ·_1m~d:1s ·'r:tzl c~ k rn.
bo de esquerda". Todos os defei tos, todas as escona~ ~ ·1o _a t~Jbutdas no pr dut n::l-
cionHI! (... )Só a falta absoluta de previS<"io dos ne~ó~Jos publtc_ s_ ~- ~c t~v:tr ~r< titi-
ca suicida de impedir ou abandonar os combustJYCIS à mera mrcra ti\~ p:1rt1 ubr t
ao chamado livre jogo da oferta e da procura que é scmprt.::. neste setor, um jogo d"
cart as marcadas e dados chumbados.
( ... ) Durante a minha administração, orgulho-me de dizer, (...)enterrei ) \ 'ê-
lho mito da inexistência de petróleo no Brasil. Se volta r ao gon·rno. com os Yll$$ s
sufrágios, retomarei essas iniciativas, porque toda a produç<io na i nnl depende,
em última instância da nossa autonomia em matéria de combustín~is.
( ...) Nada vos preciso pedir, operários dl! São Jcrànimo. Tenjes uma r ns-
ciCncia esclarecida c sabeis onde estão vossos amig s, quais os que compreendem~
apóiam as vossas justas reivindicações,207

concluía Vargas.
Note-se que neste discurso de São Jerônimo, Getúlio levanta da maneira
mais clara e inequívoca a bandeira do nacional ismo e apelo :.) classe opc r~iri~
para apoiar um modelo de desenvolvimento nacional au tônomo. antecipando
aquela que seria a linguagem da sua mensagem derradeira quatro anos mais
tarde, na Ca rta-Testamento.
No mesmo dia, homenageando Vargas na Câmara ivfunicipal de Bento
Gonçalves, o vereador Clemente Rossi sintetizaria b mo magnetismo do apelo
popular a favor do retorno de Vargas ao poder:
Getúlio Vargas foi conduzido ao gm·erno da n:1 )io, numa ép· ra em que nno
se cogitava supremos interesses do poYo, das necessidades urgentes de suas classes
prod utoras c trabalhadoras, a instrução pública, da higie ne~ do saneamento das
grandes áreas territoriais, a valorização do homem nu~1 a terra em que se sentia
inútil e abandonado.
Get?lio Vargas I~nçou -se imediatamente à execução de um plano de rccons-
truçao soem! e económ1c~. -~nçou-se à execução de um plano de transform::tçCes
b~néfi~as, opondo-se de IniCIO, contra velhos preconceitos e pra-xes político-admi-
mstratJvas.
Getúlio Va:gas, com sua at uação, deu ao povo brasileiro o restabelecimento
da confiança em sr mesmo.
. Com sua administração serena e patriót ica colocou o Brasil entre as princi·
pa1s naçoes do mundo.
Em 29 ~~ outubro de 1945, mergu lhado traiçoeiramente no ocaso mo-
mentâneo ' Getulio Vargas perma neceu como pnsioneJro
·· · na alma dos brasileiros.
· ·

78
q~a:: ,
11 11
:. 1tlt"/t'tnllro "" 1''·1' • I' ·In ''"1"11'·'" lt1nt vlttlr\n tltt< 111 . . · · .
.. . ,
1 11
:<1 1\111 \ n h'"
::r 11 'lt tln Rq,.111lk:1. · ' "• pov11 hras.lctro
\'"',,,~.~~.,1.\ .111
1
., I ·I\I ' ,,I·,,,.. \11''. I''..li.l ·I lll~l
1 lllll''
-l'·. '" · cxpamhii·:W >c con 1•undc-sc l:nm n almll c
· . , ·IHj'.
1

, ·'•\l\S· t\l \ \\1 'I~ ' t" po1trc:> c hmn lides· ""'
h~
' ' 11·
,,~ ,,,,,, ,L' .. tl\!\ll \tlll'l 11tll!l, nr\t) St \ cxl1•\lln no ·un ,,,.,, ti .

" do ~(>l l•"'-rcl t> , 11 Iescavo


. o,c~
·<<t',..,·\o11lt 1I' ,. 'Ih!HI' 111":" ltIS: tios I"' rsq•,"\ti tiS c in jtt<il(: ttlo::· como t"m lll n•; ; , ·.
~··\,,,,·t>ltl tltl' lt'''"' . '\1111!1\ltltttlc, 1111 tld ·s•t
• ·\ tltt·I ""
,wm:: t
"''""I 'I"' \nth si!'h~' ' I" 11t pultt\1'11t • 1111 'nnpnr" ti n lt•vt~n nt' com ""' pia ncjmncn-
I· ll vt·

t• "'.-!"'"''' 'h' rnn I' ll't\\h lntlt' I'."OI o lit•::c nvolvlmcl110 tl1n<lcrno tia Iécn\ca c tia cvo-
ltt(~" lit' ::1stct~' ' ~~~·. t't'<'<~It~I. I·.nlln.•: o :"101'1111 lic
I

(l ·hlllo Vnq;ns no pode r 6 rccla-


"'"' " 1 pdll 1\I< lhOII• I Iins 1'1 \1\1 \IçO.< ' lit' v\t\n I Ic totlllS l ts hrttsilcir<ts, I rli!)athatlorcS

111
" ,.
1111 'I~
, " ,• trnh!li h:" lutl'' •lns C!I lm I •s.
1 "'u;no "ttt "I t · ' ·Jn lloh!'lllin o 3 de ou Iuhro tlc 1930. Hot foi uma
,\1s\1
110
~o
.,,. çnn d\'1 \I<In r vil orlns!l 'I uc tcvon (:c t (11\n V nq;as poder.
1 '"' .I 1lc nut uhrn I h' I •l. 11 se•:•\ "'" muvim ·nlll cfvlco c pacfflco, que pelo vo-
11 111
11, , s ·k 111< " trv!l fi "" 111 ISIn n11hu11n <J11 nnçnu.
1111 1""" n \'lt t\rl n d<' O r tü lln V a r gns co•ts" J \l"ll' ''""'• I"'"' govcrn:~tlor
tln Rio
ti nu••"._ '' rolin•·oI • c' ullll<In t11 dll I' nrt i< lo Tr:1 ha lhi<ta 11 rasllcln>, cantlidnt u de
(h' I\ \in Vlll'l',:ls, srn:1dur \ :.rnt'stn \ )urn ·1\cs.
M r•·rc pç0r< •k tira ntrs •· :" d ·mnu::t de ntç~c:: :~prc~o
de qn c cstil <e mio atvn
""'""'t • c:u11li< In tn tlnrnl'l ks. n•·st a jnrna<Ja cfv lca em terras g:ni chas, hem at cs-
00
11
1:1111 :1 rr rt o.ll d11 soa ,. """" vit <-.ria n:" nrnas.'
Nn dht .'), Pdnta>. n ma in r c•'"
trn tia intlús 1ria frigorlfica gaúcha rcccbc-
!Í:I Vil f)','"• l'nsqm• I i ui ,., \)1\fU<'ii<'S com impressiona tttcs manifcstaçôc:: tlc
"I"'' I
1. (l pr<lp ri•' rc p(1fi <' r d'' 1"1rn"' mc n 1c co use tvatl o r Diário dc Norleias
l'x:lllll\1-~t, assim lh.·scn'' c.ndo ns L'VL'nlns:
11 mn ronsa !;raçnn snn prn·rtlr nl c> "" int criur dn t\io O randc do S uI, rccc-
ll'r:nn. hn_ir, nr>l n ridn< te. 1" S rs. ( ;clii Iin V"' ga::, Ernesto J)nrncllc< c i\tbcrt o
1':" JU!IIini, qn:1ndn n""1 mn11 idllll, r a lwind a, """ pc"imisnm, co> cinq ucnt:l mil
I"''"1:1s,NnotlV!Irinntln
tr n'"' I'"Iavr as para dcsrr ·v ·r n que foi n acolhida scn~•ciuna I dispcn·
dr Iir: mwnr nte 1" ,.'"in cn1cs homens pú hlicns.

~c
>:llln pela gcnt c dn l'rinccsa <111 S" 1:Oqnclcs I(deres potrt kn<.
h<l:ll'i<I!I~C
I'nd ·-se nti rn111r, se'" receio d · c", r<', q uc dois tcrços tia pnpulaçno dcst:t
,-;.-ram p11r:1 :.:: runs, p:n·a aclan"1rcn• nun> cntn<iasmn indcscritfvcl os
lliri!~~.:nlt.:S tn~\xinw~ nt a in tcn::lti!ldc. En1 ' poc:l atgn ma na sun hist ~-
aviaç~o,
J :nnai< l'dnl:l< 1,- co•" wnncion:tl.
dovitr:ll,alhismn

.t:~s
ria '" viu m" Hilinn 1no em1111
c nms, imlifrr •I) te ~ ~rn""
n I" ·ta, agtomcrada no campo de
1
chuv:t qn · cafn, cnqnnnto a~uardnva n chc!;ada do
'"" su:.s avcni-

Sr. Cict\l'cl:t
\in Vnrg:1s
m,mhn elo :;ct~
hist(Jricn r ·tiro ti· \lu . em que viajamos, vicr:ull os Sr<-

~11:•··" ""nu
~~~~ '.11·as
'" Inali ni, lia ti >In I -'"·" r tio, t.oi·t. SimOC~ topes, demais. comp~ncnt C~
nos "'"""" aviO « c.spcci:lis
I' C OS
do cs-pnosi<1..,, .• c ,tn sonadnr I,rnc<to l)orncllc<- I·.normc "'''" ''
hu"""'" <c "gtmncrnvn no nernpurt 0 , , . ntlo aqn ele.< pnlft icos viva mcnl c ovactnnn ·

rio do~' dia sq;uiinnntc1c. doa em·,"


llns n 'll··~··
'"·'~ l:•t·~"' ~I n avtnn:

"'"""· I
. ·•o"''
a ru mn P" ra Rio Gra ode, ma in r ecoIrn I'"
1111
• usia::nw ticl ir:miC,In nntlt id:iO, l'asqualhti é levado
rt u:\ ·
111 79
: ·.~

a fazer a defesa mais completa de Vargas, entre todas as alusões que fizera
então ao ex-presidente: até

"Senador Getúlio Vargas.


Senador Ernesto Dornelles.
Meus companheiros, trabalhadores do Rio Grande.
Esta imensa multidão, como podemos observar daqui, é constitufda ''m
. . . ', " sua
ma1ona, de homens e mulheres humildes do povo, de trabalhadores.
Trabalhadores- cu desejaria perguntar o que era o trabalhador, 0 que valia
o trabalhador antes de 1930? Respondci vós que nao valia nada -e por quê? Po _
que não tinha direitos e não tinha garantias. r
E eu vos pergunto- quem foi que outorgou estes direitos e estas garantias
aos trabalhadores?
Getúlio Vargas! Getúlio Vargas instituiu o salário-mfnimo para os trabalha-
dores; a limitação das horas de trabalho; as férias remuneradas c o descanso sema-
nal; a estabilidade no emprego e a indenização por despedida injusta. Instituiu me-
didas de proteçao ao trabalho das mulheres e dos menores. Instituiu as lei de apo-
sentadorias e pens6es para os trabalhadores. Instituiu a Justiça do Trabalho e ou-
tras medidas de amparo e proteção ao trabalhador.
Esta foi, trabalhador, a primeira etapa do trabalhismo, realizada pelo presi- GOl
dente Getúlio Vargas.
Agora, eleito presidente da República, há de realizar a segunda etapa, am-
pliando as garantias econOmicas do trabalhador.

E prosseguiu Pasqualini:
É necessário também, estender a legislação social aos trabalhadores do
campo. Getúlio Vargas há de abrir a porteira das fazendas para que nelas pene-
tre a legislação social! Alguns reacionários não gostarão, mas os progressistas,
que estão em grande maioria, hão de aplaudir porque isto corresponde a um
imperativo de solidariedade humana c justiça social.
Vemos aqui, diante de nós, uma faixa que tem a seguinte inscrição: "Os
agricultores da ilha dos Marinheiros saúdam o senador Getúlio Vargas". Pois
bem, trabalhadores da ilha dos Marinheiros, do Rio Grande do Sul, do Brasil-
Getúlio Vargas há de corresponder a esta saudação! Há de instituir medidas de
proteção aos trabalhadores rurais, aos pequenos agricultores.
(... ) Getúlio Vargas c o Partido Trabalhista Brasileiro defendem a causa
do trabalhador, do trabalhador da cidade do trabalhador do campo e do pe-
queno agricultor. Defende a causa das for~as progressistas e a causa do Brasil~
É necessário tornar esta causa vencedora. Ela já é vencedora, mJs nao
basta vencer- é necessário, trabalhador, que esta vitória seja esmagadorJ, por-
que então vós, trabalhadores, dareis forças ao presidente Getúlio Vargas para
realizar a obra de reconstrução do Brasil. 21 0
Depois dos comícios de Pelotas c Rio Grande, Getúlio Vargas encerrou
. . · . da ~1rca
sua campanha presidencial com concentrações em quatro mumcfpiD~

80
. . · ~" .. ' . ~·~:~-:--; . ~· · ._--.·.. ~:

;·;·.fi~~ ·· .. '
•. . t(\ !lo
:. ~t~
·' ..
de pecuária da fronteira gaúcha: Bagé, Uruguaiana, Alegrete e Livramento,
sempre acompanhado por Dornelles e Pasqualini.
Em Bagé, Vargas exclamaria, fazendo alusão indireta aos seus ex-compa-
nheiros do PSD e direita aos direitos do trabalhador rural:

É justo que, falando nesta zona de criadores, não esqueçamos o trabalhador


rural, o trabalhador do campo. Neste período de afastamento do governo e de iso-
lamento, no meio da hostilidade com me distinguiu o atual governo, sentindo que
os poderosos e interessados em agradar ao governo de mim se afastavam, para
; garant· não serem prejudicados nos seus interesses ou nas suas ambiçOes, enquanto os fal-
Ias sos amigos fugiam de mim para não se comprometerem, eu sentia, com grande
. trabalh a. conforto moral, que o carinho do povo nao me abandonava. E vivi entre os homens
do povo, principalmente os trabalhadores do campo. Conheci as suas necessidades
~so serna. e as suas aspirações e venho dizer-vos que devemos estender aos trabalhadores do
tituiu""'
. "le. campo, aos trabalhadores rurais, os mesmos benefícios de que já gozam os traba-
~~ de apo. lhadores urbanos.2 11
tlho e ou.
Naquele mesmo dia, a comissão executiva estadual do PTB, presidida por
elo presi- Goulart, publicava manifesto atacando diretamente a direção do PSD:

apa, am. A comissão executiva do PSD, publicou um repto ao senador Getúlio Vargas
a respeito de seus discursos pronunciados no Rio Grande do Sul.
O referido senador é um candidato de oposição e como tal tem feito a crítica
da administraçao do Governo Federal, principalmente no setor econômico e admi-
nistrativo. Isso não só no Rio Grande do Sul como em todo o Brasil. Nada tem a
ver com o protesto da executiva do PSD em defesa do general Dutra, com intuitos
ores do bajulatórios.
( ... ) Quanto ao apoio dos comunistas ao candidato oficial, é matéria larga-
ts pene- mente divulgada pela imprensa carioca há varias dias e, até agora nao desmentida.
~ss istas, Todos sabem que o Sr. Aníbal Machado, escritor de renome e um dos mais desta-
.e a um cados líderes do Partido Comunista, irmao do Sr. Christiano Machado, foi quem
fez a aproximação do candidato do Catete com os comunistas.
O PSD, tão cioso de si mesmo, já fez todas as alianças espúrias, assegurando
io: "Os
o apoio do comunismo ao seu candidato federal e do integralismo ao Sr. Cylon Ro-
;". Pois sa, candidato ao governo do Rio Grande.
3rasil- Comunismo e integralismo são irmãos gêmeos, oriundos do mesmo tronco
idas de totalitário, que o trabalhismo combate sem tréguas.
o senador Getúlio Vargas até agora não se referiu ao PSD em seus discur-
t causa sos. Apesar do nosso eminente candidato ter sido atacado pessoalmente por mem-
bros proeminentes daquele partido, até aqui, não_ fez nenhuma referência a cs..."a
dope*
agremiação partidária, ne m atacou aos outros candidatos seus contendores.
rast'}'· Era o que tínhamos a dizer aos Srs. do PSD, agora H\o suscepfveis mas que
lS não
souberam endeuzar o senador Getúlio enquanto no poder.
l, pOf* 2 12
A COMISSÃO EXECUTIVA DO P113.
s para
Em Uruguaiana, Vargas a ludiria novamente ao problema da terra c do
:erroll latifúndio:
·' - a.re~
' . ._.
- ..
Nao cabe mais discutir, c mo fizeram os s ·k 1t f,L'\S d f'\l:'...".:.ld, , se a 'sr;~n .
é elemento de seleç~1o n_rist.ocdtic.t ~~, de_ di~~itic~lÇ.1) c ,-.11 'fll!l ·.1 'dt h{1!11~m:~~
I I fase de exploraçao r mant1ca do lalltundiO, J:l v:mw..-. cnlYrr~lmh ~cu ~kll,, TüJ ~·
estamos compenetrados nJ idéiJ de que ns dc,·cn.·s da fr.Hcm id:ltk N. ·üt nt .
impõem melhor utiliuç~o da propriedade, f:r 'nd ...a instrumcnt do t · m·C~l:lr '-
letivo.
(... )Meus amigos, e trabalhJdorc.s de ru.:;uai:ma.
Chego a vossa cidade, depois de pcrc"~rrcr t do o p:us c miro.:; :m~d ,
esperanças do pü\'O brasileiro. Por toda a pane en ntrl'i de ·isiY :1p i c , n r:~IJ
solidariedade das maSS3s popular~ 3s qu:lis pcncn '' prinrif ) m '111' a mi .h.l
candidatura.
(... ) E agora preciso dirigir mais algumas pai3\T~1S :1 p ' d' ruguai.1n.1 c
especialmente aos trabalhadores, ou ~mtes :1 esta t r.I\:1 b:wchad:l fr 'ntdri~t3. ~fui­
to se fala, por af, na fuga dos trabJihad r~ do .1m p.1ra as id:~d c.s, ~xCtdu dt ·
trabalhadores rurais, que Yêm yegetar :) m~1rgcm d:1s cidades uma \id:1 ch\.'1:1c·· i-
li ficuldades, onde ele perece, n;'io cn ntrando o md f:i il d·' Yid3. P r uc c.'t:l fJJ.
ta de fiXidez do trabalhador rural n seu pr ·rri mcil? N.1 :1 sl'r.l peta t:l t:l d~ ~3·
rantia para o trabalho? (Uma ,. z: falta de amp~1r !). ema dis._.;c c..'te a~m~mt , é
a falta de apoio, é pela falta de nf n . d ' a~ istrn i:1. ~c..'\t Js n i X.', p3ra qu ~
o trabalhador rural n<1o sinta de.scj d·' :1hand nJr seu trabJlh qu tidi3n '\ :1qw-
le que ele conhece, e ir arri:c3r 3 ,·ida n s subúrbi s d:1s -i iades. para tl.\-:l-1 n
campo é preciso dar-lhe s meios para \iYcr c m mais c nft no. c m n :.1 is i~l;d .l-
de, para poder atender a sua fami1ia.
~ I
E conclufa Vargas:
Povo de Uruguaiana.
A três de outubro de 1930 este poY er_gueu-se de armas n:1 m:'i p:wa rei·
vindicar pelas armas o que lhe ha\ia m arrebatado pela fraude. Ag r:1 \-:lO se re31i-
zar novas eleiçl>es a 3 de outu bro de 1950. O \' sso candid3to é o mesm , m::.s ,!.S
circunstâncias sao diferentes. A Remluçã de 1930 assegurou a Br.lSil direü..;
que até entao nao possufa. Foi assegurad a s eleitores o ,-oro s~reto que o Lit:'\:r-
ta das perseguiç6es e ameaças de ' ioléncia. Foi a..-.segurado ,. ro feminin , que t
um instrumento divino do equi!Ibrio, pela \'ocaçao cristú da mulher trns.iJei.rJ. A
operaçao do reconhecimento do \"Dto foi retirada dos poliri s profi.s..~·i n3is e ro:u-
cada nas maos da magistratura togada. Portanto, dentro d:1 lei o eleitor tem tN..lS
as garantias para votar e para o reconhecimento de seu ,. to.
Nós vamos realizar esta eleiçao dentro dJ paz e dJ ordem. A n ~'3 úni:J ar-
ma é a cédula eleitoral. Portanto, povo de Uruguai:1na a tr~s de utu ro. !evJn!:l-
le e marcha para as urnas, levando na m:1o a tua armn que é a edula e!eil ;::! ~.
com essa cédula, à boca da urna, vai cobrar àqueles que te fi.zer~m1 i J!:'.'1S r• -;.:-~.;:_s
e te mentiram.
Nao se mente ao povo. Nao st.: promete pJra n:~o cumprir. E tu irás. x :n tu.l
cédula, à boca das urnas, cobrar as promcs.s.::I.s da uel:1s que as fal arJn .=3

. Note-se que, ao contrário do que muit::Is \'CZC" ~ c sup - t\ G~túliu d 'I '.~ -
dJa~ em plen~ região de grandes propried ades agríc las, :1 cxrens:i d3 Ic,:;t:-·
laçao trabalhista ao campo na c.Jmpanha pre~idcnciJI de 1950.
82
' .

. .... .

No dlu 21{ de s ·t ·miao, Oct úlio c E rncsto . . d


0 11
l·om(dos em Akr,r ·to , Livrnmcruo N·' •.•..• :,.• c f t .o~ne Vcs parttcrparam. e
· • "' u. u ron etnça, argas constatana:
1\ ohna r •nov1u.loru tln Rcvolur·fio ti • 19, j' • • •
• 1 .• 1 ., 1, . • . . .., - c ."l0 •Ot mtcrromptda pela aç~o rca-
nomat IH t o.'\ .ttuu s ll:spons:\vc 1s pelo governo lia Re . . . . .
ctd toml o povo ll'l1t.kdt.llr se dcs ·j· . . . . P~hhc.1. Ntt. presente campanha
nur n li"'
. • .. . . •1 .
· c ·' pcrllcr .ts conqutstas que Já realizou ou rctor-
JlHS.'>:ttlo li . profls..-.ionalbmo IX>Ift ' d b . .. .
teu, c urucrattzaçao admtmstrattva e
.
tlptc~'-1'10 so( 111 ou sc qu ·r rcnnv•tr 0 inlJlul•'<l pc .•..• t<n
._ ,, rutuO em -., 45 resolutamente ras-
t;muln novas nv ·nillas Llo seu csp!Cnuillo futuro. '
Nno vo.•• li ·vo tJromcter · · "'
se nuo o que possa realizar. A fndolc do meu espfrito
c 11 fmmttçílu do meu cnr:1tcr produto <.h vida r
•• ,1 • , • • • ' ,_ . . • tvre nas coxt_·Ih as c campanhas, ~a-
j'

/l lll-!11 n nmp.tllvcl com o arttltcnhsmo de uma 1ft.


• •<• · • • • po tca que segrega em pcque-
nns cttmlld:ts o pnvtlcgto de decidir os destinos nacionais.214
~· No dia ~9 de sctcm~ro, os dois candidatos majoritários do PTB falaram
em ~.lo Gabnd c Santo Angelo. No s~~bado, dia 30 de setembro, encerravam a
mmp:mhn eleitoral com comidos em São Luiz Gonzaga e São Borja a terra
natnlllo c.x-prc,-;idcntc. '
Em Silo Borja. Vargas lançu'ia uma proclamação final ao "Povo Brasilei-
ro" 'nos ~>Trahalh:ulorcs do Brasil", nos seguintes termos:
. . Cl~mpri1~llo dct cr~ninaç[to leal, encerro, hoje, aqui nesta longfnqu a cidade
mts.'\tOnetra, mmha quenda terra n"llal, a campanha em que me envolvi, por força
de upclos populares, reccbitius sem cessar durante cerca de três anos, de todos os
rcc..1ntus do pafs.
J1.\ agora chegou o momento de correr os olhos sobre esses quase dois meses
de jornada c fazer perante a naçrío, que dentro de poucos dias nos vai politicamen-
te julgar, o balanço das forças que foram no meu encontro na longa peregrinação
cfviea iniciada em Puno Alegre a 9 de agosto. Sem exagero, posso afirmar que tor-
nei a ver o Brasil inteiro, na imensa variedade de acidentes ffsicos da terra, e ouvir
todas as vozes clamando por um dia melhor.
Da vastid:io amazOnica a estas fronteiras meridionais: das populações de bei-
ra-mar ao Brasil Central, o povo me acolheu carinhosamente. Mais me falou ele do
que cu de mim, transmitindo-me suas queixas, suas amarguras e dificuldades
atuais. Fiz de público, por toda a parte, uma completa prestação de contas do meu
governo e um confronto imparcial, menos com palavras do que com fatos e docu-
mentos, entre o que consegui fazer e a inerte e triste apatia dos que me sucederam
Meu testemunho pessoal poderia ser inquinado de suspeito quanto às estre-
pitosas manifestaçCes que me tributaram, sem descontinuidade, os brasileiros de
todas as capitais, cidades e povoações que visitei. Mas a grandiosidade da con-
corrência e o entusiasmo delirante com que fui recebido, estao indelevelmente gra-
vados na memória de todos, desde os que as assistiram até os que as ouviram nas
transmissCes de rádio difundidas.
Nao disponho de nenhuma parcela de poder. Minha campanha resultou de
um movimento genuinamente popular. Não tenho os recursos em dinheiro de que
dispõe o oficialismo. Forçoso portanto é concluir pela cspontnncidade daquelas
provas de afeto das mullidCcs que me foram abraçar, depois de eu me hnver, du-
rante quase três anos, recolhido a este retiro distante das agitações, das intrigas e
!j das cabalas. Justa é, assim, a expcclativa de que esses aplausos se convertam em su-
·. :·J
83
frágios, em quantidade mais do que suficiente para a segurança e vitória do .
em 3 de outubro. Pleuo
(...) os partidários mais cate~orizados do cand~dato oficial à presidênci
República, em desespero de causa, Já esboçam tentatiVas de golpes branc a da
0 adiamento das eleições, visando esgotar os recursos dos candidatos popu~' corno
não dispõem de áreas no Banco do Brasil. Projetam-se contra o~ dois candi~~~~~
oposi,.~o empregando processos de suborno, com ameaças de vmlência para
~ . . ~~
as eleições. o entendimento táctto para a reação é o que resta aos ameaçad
continuidade dessa situação lamentável em que pretendem afundar 0 Brasil. os da
Da minha parte, tudo foi feito para que o desfecho da luta eleitoral coroe
aspirações de todos os brasileiros pela vigência efetiva dos preceitos constitucion ~
. à aiS.
Não transigirei, porém, com ~ua lquer d esr~p~tto ~entença das urnas, que espero
estarão ao livre acesso dos ahstados, serão mvmlávets e terão os votos apurados ri·
gorosamente, de acordo com a lei.
Brasileiros! Trabalhadores do Brasil! Bem sabeis que nao costumo fazer
promessas vãs. Basta lembrar que o programa do candidato de 1930 foi superado
pelas realizações do meu governo. Creio ser esta a razão principal da confiança que
em mim depositastes, arrancando-me deste retiro para uma nova jornada de rea.
firmação patriótica.
Limitei-me a apontar-lhes os erros e a todas as classes, as que trabalham e
produzem, prometi para os cinco anos vindouros um programa ao mesmo tempo
racional e realista, construtivo e patriótico.
Registrado sob a legenda de dois grandes partidos políticos - o Partido Tra-
balhista Brasileiro e o Partido Social Progressista - com o concurso poderoso de
fortes contingentes do Partido Social Democrático, nao sou, entretanto, um candi-
dato estritamente partidário e sim um homem que consentiu em disputar o pleito
atendendo aos apelos formais do povo, sem distinção de classes sociais nem catego-
rias políticas.
É ao povo brasileiro, portanto, e sobretudo aos trabalhadores, meus dedica-
dos amigos de todas as horas, que dirijo esta mensagem de agradecimento e de ga-
rantia da minha fidelidade aos seus anseios e às suas esperanças.
Finaliza a declaração de Vargas:
(...)Esta é a minha mensagem de gratidao aos vossos sentimentos de afeto e
solidariedade. Mensagem de confiança nas manifestações da vontade popular, que
afirmará, a 3 de outubro, o que me prometeu em todos os recantos do Brasil, nas
praças públicas das capitais, nos pequenos largos das cidades do interior, ao longo
das avenidas mais ricas como nas estradas mais abandonadas.
Agora, nestas horas finais que precedem o embate decisivo das forças par·
tidárias, renovo, perante vós, a minha fé nos postulados cristaos e da justiça social,
e nos gloriosos destinos do Brasi1.21s

A sorte estava lançada. Encerrava-se a campanha eleitoral de 1950. Var-


gas regressaria mais uma vez à solidão de Itu, para ali aguardar o veredito das
urnas.
. Abe~as as urnas e computados os votos, constatou-se a extensão do
tnunfo eleitoral do trabalhismo gaúcho em 1950, conforme se observa nos
Quadros 12 a 18.
84
/.,:·:· ·:;:,··: ·. '- '- t '-r ··. ::. . -- · . . . . ,.'

~~liQ ..
ia tia ~ - Ouatlro 12
.~lll ELI ~ IÇOES PARI\ I'RESfDFNTE D ,
~qlle
()
NO RIO C'I{I\ND ~ A REPUBLICA
J E DO SUL EM 3/10/1950
~dq candidatos Parti tios
llcer Votos % votos
Gctt:ílio Vargas PTB+PSDA+PSP
•s dt~ Cllristiann Machatlo 346.798 48
PSD ( + PC13) 207.613
Eduardo Gomes 29
UDN+PL+PRP 147.571
•e as João Mangahcira 21
PSB
lais. Brancos .636 o
11.893 1,5
>e ro Nulos
4.823 0,5
s ri, Total
719.334 100
Fonrc: Tribun:~l Regional Eleitoral do Rio Grande do SuL

Quadro 13
ELEIÇÕES PARA VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ne NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/ 10/ 1950
rpo Candidatos Partidos Votos % Votos
Café Filho PSP+PTB+PSDA 220.965 31
ra- Altino Marques PSD 208.491 29
de Odilon Braga UDN 158.479 22
di- Vitorino Freire 1.938 o
:to Brancos .299 o
o- Nulos 124.714 17
4.448 1
a- Total 719.334 100
a- Fonte: Tribunal Regional Ele itoral do Rio Grand e do Sul.

e
e Quadro 14
.S ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR DO ESTADO
J DO RIO GRANDE DO SUL EM 3/ 10/ 1950
Candidatos Partidos Votos % Votos

Ernesto Dornelles PTB-PSDA-PSP 329.884 46


Cylon Rosa PSO-UDN-PRP 283.942 39
Edgar Schneidcr PL 80.798 11
Mendonça Lima PSB .858 o
Brancos 18.401 3
5.45 1 1
Nulos
Total 719.334 100

Fonte: Tribunal Regional Ele itoral do Rio Grande do Sul.

85
Quadro 15
ELEIÇÕES PARA SENADOR DA REPÚBLICA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
V o!Os % Voro;--
Partidos
Candidatos 48-
PTB-PSDA-PSP 343.741
- Alberto Pasqualini 244.769
PRP-PSD-UDN 34
plfnio Salgado 88.614 12
Décio Martins Costa PL
37.005 5
Brancos 5.205 1
Nulos
719334 100
Total
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

Quadro 16
ELEIÇÕES PARA SUPLENTE DE SENADOR
NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos %Votos
Aníbal di Primo Beck PTB-PSDA-PSP 343.416 48
Félix Rodrigues PRP-PSD-UDN 244.450 34
G. de Britto Velho PL 88.641 12
Brancos 37.647 5
Nulos 5. 180 1
Total 719.334 100
Ponte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

I I

Quadro 17
ELEIÇÕES PARA CÂMARA FEDERAL
'I NO RIO GRANDE DO SUL EM 3!10/1950
Legendas Votos % Votos Cadeiras %Cadeiras
PTB 296.421 41
PSD 10 45
225.129 31
PL 8 36
54.195 8
PRP 2 9
.. UDN
PSP
48.728
46.505
7
6
1
1
5
5
11.329 2
PR 7.135 o
Brancos 1 o
. I 21.809
Nulos 3
8.083
Total 1
719.334
100 22
Ponte: Tribunal R . 100
egJonai Eleitoral do Ri G
o rande do Sul.
Quadro 18
0 ELEIÇÓES PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
~ NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
Legendas Votos %Votos Cadeiras %Cadeiras
PTB 250.108 35 21 38
PSD 209.404 29 17 31
PL 70.343 10 6 11
-.............. PRP 53.861 7 4 7
....._ UDN 53.423 7 4 7
PSP 26.165 4 2 4
PSB 12.867 2 1 2
PR 12.329 2 o
Brancos 20.321 3
Nulos 10.513 1
Total 719.334 100 55 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

Os resultados das eleições de 3 de outubro de 1950 no Rio Grande do Sul


(Qua~ros 12 a 18) represen~aram, na verdade, uma vitória múltipla para o PTB
no Rto Grande: Vargas tnunfava para a presidência da República, Ernesto
Dorneles ganhava o governo do Estado e Pasqualini elegia-se senador, todos
por ampla maioria de votos. Ao mesmo tempo o PTB elegeria as maiores ban-
cadas para a Câmara Federal e Assembléia Legislativa.
O triunfo pessoal de Vargas era consagrador: com 48% do total dos vo-
tos, quase atingia a maioria absoluta (obteve exatamente 49,4% dos votos no-
minais, excluindo-se, neste cálculo, os votos brancos e nulos). Sua vitória era
acompanhada de perto por Dornelles, com 46% da votação total e ele empata-
va com Pasqualini que também obtinha 48% do total de votos. Na verdade,
Vargas obteve 3.057 votos a mais do que Pasqualini. Em compensação, este
atingia a maioria absoluta dos votos nominais, com 50,8% do total, dada a
maior incidência de votos em branco na eleição para o Senado (ver Quadro
12). Na verdade, a grande maioria do eleitorado trabalhista havia votado con-
sistentemente em Vargas, Dornelles e Pasqualini. Mas a votação dos três can-
didatos majoritários excedia a votação dada ao PTB para a Câmara Federal
(41 %) e mais ainda, para a Assembléia Legislativa (35%). Mesmo somando-se
os votos do fraco PSP, es tes totais chegariam a 43% e 39%, respectivamente. A
vitória eleitoral dos candidatos majoritários era maior, portanto, que a vitória
da legenda trabalhista, podendo-se concluir que eles atraíram também uma
parcela do eleitorado de outros partidos, sobretudo dos pequenos partidos
conforme se verá a seguir.
Outra observação interessante é de que a vota~1o de Christiano ~1ach~do
acompanhou de perto a votação dada na legenda do PSD: 29% p~ua o candtda-
to presidencial contra 31 % para a legenda do PSD em nivcl federal c 29 ao nf-

87

..
' .

~ •• · - ... # •• ~ •. ' . ••
' \ • 11.1\ l.lkt,·' ., l\1 • •'t I ,\
l ,l ,\ \. ,' I l'l '.•ild\1~~~ ' ' \\ •·dl
I. (

,li ' I
I\ . I I \

• •\I h \ \ I~~ ' \!\ ,\ i l 'lll\\ I


' ' • • \ · ' 1 I \Ih\
lco \. " o ' \ ~ ,} 1.\1 \ \ \ (\ t .lll\ 1\\,'t!llltl{ '
, • I I \\ 1\1
·-·-:-.: .tf\ . •' h'.\, )'.ll.\ ' \ h~,llt llt.t~:.t ~,\,:
'.>·:
Q r"· \tllu lt lt h '·I .
·' t .• ntlt,' tti\.t I ·h·l
'ia: a ~n2..S
31 . - \ t. r. r\ m . ~t(' l·'i llt ntt •·1 , ' I•t .. ., . Ih'\ ll.t
- . ' 1
ram em Ge úli . A i ·..,fi ~ 'J l 1' .- ' I r.ltt~·.uu ·n r ~. · pti ·;tktt!l' .11 \., ,,, 1 , .,
. - . 'd . l . I ,\ I 111
branco na e e1ç_1 \1 - rt:.St c 1 ·u . . n 'l lll '· lU' •ld t ' t.hl,, tLII•:I!! ..
- cc 1· r,.,·.< F'lh , I ~1 .1
nao engo tu ~rc ~ . :"\. ~ ·qucna \: H.t ';h l_hti i:t 1 ·In l'.'\ 1' . . •,. p.tL\ l ',l
1

mara Federal, onde na :um.;m quu:tcnc · 'I 'tt 1cll · . ··.. p.l! .t a ,. \\,-;, tuhl 'l;t
onde elegeria apenas doi· eputadl s ' l1c$:lstr • d · .':1( ' Filh r·11 1í 'llstr,m1'
se não a aversão do e!eit rad ~rJbalhista g:nkltl1 :\ _:ll i:l~l ,-.1 ro111 ,\dh •tn:q, pch;
menos a pouca eficácia desta ahan~·~1c m tcrllllJ~· rq~ tl n :u~ .
Por outro lado, o eleitorJdo d 1s tri~-' ~ra nd '-" 1:u ti hl~ tt.ll' h rwi~ . I' m,
PSD e UD N dava demonstração d ' Qrandc di:\CiJ .lin:1 em :\olu ~:n tir h u, 1pr.' 11
do confuso quadro de alianças em nh· 'I nacional~ l\'\tadual j:\ :tu:1l isndt1 :tl'i tnu.
Na votação para a Câmara Federal , os ~ (·;, do PL, ';;. d 1 1'1\P r(,,·;. d,
UDN, correspondiam exatamente aos 21~-(, de votos dados a 1-'du:udn Uu ntrs.
Mas uma parcela significativa do c.ki tnrado lihcral -conscn· Hlm, 11. 11 ' \'11!~ 11 ·
Jiu", por sua vez, a aliança com o PRP c a indict~·úo dr Plfnio Sal~!n do p:tll 11
Senado Admitindo-se que a totalidade dos 7r;;, que vot tntnt n:t lq:<'ndu do
PRP em nfvel federal votassem também no seu lfdcr rwhi mo, este ohrlwtll
apenas outros 27% dos votos, dez pontos abaixo port:urr o dos 37'::, de vu r o.~
dados nas legendas liberal-conservadoras (PSD c UDN) 'flll', (codl'lllllrnlt',
endossavam sua candidatura. Tudo indica que es tes vo twi d lvidir'an ~-.~c . ('111 par ·
celas quase idênticas, entre votos dados a Ma rtins osta, <Jo I'L - c.o; tc ohwv,:
4% de votos a mais do que a legenda do PL - c vo tos hranws. Condui·.VI Ijll<',
. d . I . . lfi iiiCk ~ h/O ('().~
abnn o-se-lhes a oportunidade de opções alt crna uvas, os (OI~ 1. · ..
eleitorais- o trabalhista e o liberal-conservador - dcmonstravaut s uauvn ~flo
11

. " , . . llsnw adcmarlsru.


aItanças espunas" seja com os integra listas, scp com o popu · .. .. •
O utra prova da disciplina relativa do eleitorado ga uc ; I é dt: <jlH'O ~ f( ,\11 1
1° · · . va·
1~~
tados para as eleições de suplente de senador (Quadro I r)' - 1I 1'' éJwra• • vo • Jlr'é' 8/.
se separadamente no suplente ' tal qual se votava SCJ>arad:un 'li Ié 110 vHv , s,:.
I .. ws p·ull 1,
dente- apresentam exatamente os mesmos percentuais das c cr~·< ,. , l 111' .•
nado · Is so exclui. a hipótese alternativa, de que os " rcIJC·ld c.·s'' no c:HIIP'
88
....

..-.:~·: :~:~·: ~,~:Z : dt~


scrvador, tenham fugido do voto em Plfnio S· 1 • d
rat-co n· . · 1. . . . ..t ga o dando um voto ho-
. auw a Pasqua 11111, pe .ts suas VIrtudes tcóri, .
11orrsc . · . " b 11 . ,, .. cus c orat 6 nas, por exemplo '!

... K •.15
I"" ·
além das re c c ras. _nos dois· C'HllJlOS
'
co ntra os "espunos"
, . do PSP· e
pRP, ocorre, ao nível ~as clc•çocs estaduais, uma outra fuga da disciplina ar-
'd·<r1..1 digna de mençao. Comparando-se a votarrto I d . p.
11 " , <. . . ' •r nas egcn as partJdánas
pa r•.1 j\.-;semblcJa Lcg1slattva
. com . a votarfto
r
Jlara

go· ver na dor, nota-se que os
ot dos votos. atnbuídos ao candidato Edgar Schne·d
.11 ' (1 . n . t cr corrcspon dem, grosso
01 Od •
o aos 10 % dados à legenda do .
PL' na AsscrnbléJ'a, Lcg•s· 1a1tva.
. Mas o can-
didato Cylon Rosa, do PS~ dcvena receber os 29% dos votos do PSD mais os
7% atribuídos à UDN mats os 7% do PRP, ou seja, cerca de 43% dos votos o
que 0 teria. colocado
· ,. nos
6 calcanhares
. de Ernesto Dornelles . Est e, por sua. vez,
'
Perdcna a eletçao d
sed's ·contasse
1
.
com os 35% do PTB e os 4a.1. d PSP, num to.
:ro o
tal de 39%. Da a a IS~lp ma do eleitorado do PL e a aversão dos udenistas ao
primo de Vargas ~ ex-mterven~or, é licito supor que os 7% de votos que Dor-
nelles recebeu actma dos .partidos que o apoiavam, tenham se originado, em
boa parte, nos. 7%_ do clet~ora.do .do P~P. De fato, os ex-integralistas das re-
giões de colomza~o alema e ttahana tmham uma dfvida para com Dornelles
que, ao suceder o Implacável general Cordeiro de Farias na interventoria do
Estado em 1943, havia corrigido os "excessos" cometidos .na primeira fase dos
programas de "brasilianização". O eleitor integralista certamente tinha res-
trições ao trabalhismo ideológico de um Pasqualini (embora, ironicamente, fo-
ra ele o secretário de Interior e Justiça de Dornelles justamente na fase mode-
rada da "brasilianização"), mas era mais aberto ao trabalhismo pragmático de
um Dornelles. Por outro lado, não considerava "natural" uma aliança com os
liberal-conservadores do PSD,UDN e PL, em boaparte vinculados aos interes-
ses da oligarquia rural e dos grandes comerciantes e industriais com os quais o
colonato rural não deixava de ter marcados conflitos de interesse.21a
Esta argumentação é importante para a interpretação do realinhamento
de alianças que ocorreria já no ano seguinte, 1951, com a formação das chama-
das "Frente Democrática" e "Frente Popular".
Uma última questão a ser analisada, à base dos resultados eleitorais dos
Quadros 10 a 16, diz respeito à maior dispersão da votação por legenda ao nf-
vcl estadual do que ao federal. Com efeito, só o PRP obteve o mesmo resultado
nas eleições para a Câmara Federal e Assembléia Legislativa: 7%. Os peque-
nos partidos, ao nível regional, obtiveram uma maior presença na Assembléia
Legislativa do que na representação federal: o PL obteve 10% ao nfvel estadual
contra 8% ao nível federal. A UDN 7% dos votos estaduais contra 6% dos fe-
derais, no PSP esta redução é de 4% a 2%, no PR é de 2% a 1% e no PSB .de
2% a 0%. Com os dois grandes partidos, PTB e PSD ocorre exatamente o m-
verso: o PTB obteve 41% dos votos ao nível federal contra 35% ao nfvel est~­
duai. Menos acentuada é esta tendência no PSD: 31 % contra 29%. Uma posSl·
vei interpretação deste fenômeno é a de que a tcndênci~ de.polarização PTB x
PSD era mais acentuada nas eleiço- es majoritárias (presidente, senador, gover-
nador) e no pleito federal, pois neles o eleitorado tdentt . ·r·Jcava as grandes
89
L ~

.r

. J·unto a Vargas, à capital da República c ao Catete. O segundo conccn-


cJOna1' . . I . . . '
.~;e na poHuca reg10na , JUnto a Dornelles e ao Palácw Pirallm para onde
trava ~ . - ,
. igiriam suas aspuaçoes.
'e dJf • 'd I .
· Nos demais parti os e eg1am ou reelegiam-se vários Hderes de peso: em
nfvel federal, Tarso Dutra e Nestor Jost pelo PSD, Raul PiiJa pelo PL, Flores
da cunha pela UDN e Wolfran Metzlcr, o líder dos ex-integraiJstas tcuto-bra-
,neiros, pelo PRP. Ao nível estadual, Walter Pcracchi Barcellos, o ex-secretá-
rio de Interior e Justiça do general Cordeiro de Farias seria o segundo mais vo-
tado do PSD. No PL se elegeriam Mem de Sá, no PRP Alberto Hoffmann c
Guido Mondin, das colônias alemã e italiana, respectivamente. o Partido So-
cialista Brasileiro faria a sua estréia legislativa elegendo um jovem jornalista:
Cândido Norberto, apesar do ridfculo desempenho do seu candidato presiden-
cial, João Mangabeira, que recebera apenas 636 votos.
Um outro tipo de desagregação de dados eleitorais interessante de se fa-
zer é a avaliação dos resultados das eleições de 1950 no âmbito da capital do
Estado. Os Quadros 19 a 24 mostram as votações obtidas pelos candidatos e
partidos em Porto Alegre. 218

Quadro 19
VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS PRESIDENCWS
EM PORTO ALEGRE EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos % Votos
Getúlio Vargas PTB-PSDA-PSP 70.575 68
Eduardo Gomes UDN-PL-PRP 15.825 15
Christiano Machado PSD 13.506 13
Joáo Mangabeira PSB .476 1
Brancos 2.470 2 ,/1
I
Nulos .816 1
Total 103.668 100
Fonte: Diário de Notícias.

Quadro 20
VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS A VICE-PRESIDENTE
EM PORTO ALEGRE EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos Votos
Café Filho PTB-PSDA-PSP 59.615 58
Odilon Braga UDN-PL-PRP 18.451 18
AI tino Arantes PSD 10.319 10
I I
Vitorino Freire 1.520 1 '
Alfpio Neto .212 o
Brancos 12.745 12
Nulos .806 1
Total 103.668 100
Pollte·· D"'ano
, . de Notícias.

91
~~..--,

--- ~ -- -

Err::s..a De:::~=~· Fn-PSD.-\-F5P


C:t -'n- u r-c-:;
L- ~ ~1..;._~
PSD- TVS-PRP
Edzz Sct"L.~::~
<;;;
PL
~,fect::~~ I f"ii.G PSD
B!G...::c5
U !ns
Ta:.zl

VOTAÇÃO DOS CA..'-TIIDA.TOS .-\ SE\ .ADOR


E~.f PORTO ALEGRE E~f: ' Cl .. ..·o

Candidatos Parti:! os
Albe rto Pa..<.qU2lini PTB-PSDA-PSP il25S
O. Mártíns Casta PL
Plínio S2!gado PRP-PSD-UD-""" (l
Brancos
?lulas
T otal 1 J

Quadro 23
VOTAÇÃO PARA CÂMARA FEDERAL
EM PORTO ALEGRE NAS ELEIÇÕES DE : ' lO !950
Legendas Vo os
PTI3 56.067
-,
:-~
PSD 16.790 16
PL 8.811 s
UDN 7.040
PSP 3.768 4
PR 3.34 1
_...
PRP 2.126
Brancos 4
3.801
Nulos
1.924
Totâl
103.668 100-----
Fonre: Diário dt: N otícias.

92
_ l ) IIIHiro ·I
VOTAf,~AO I'Alt l\ t\SS!I t\tl\t 1•.1
~--·----
N
EM P<> ttTo A1.~-:u 1 u ~· \ s . · :· " I. Hc11s lATI v"
- . - '- . "-Lhl(.'t) l :s I )f i, :vto/t•):,o
Legendas Voto~ ·
~ ------~----- (" v
"' OtOil
p'Jll
pSD
UDN 1): "/:i(,
PSP H,(,().I
PSB 7 .~· 11
PR :\...·11
PRP •.••1••(,
Brancos ~ J· I7
NlliOS ... ( 1r7H
') '
- ------------
Total
·~--.....- --- ~- ~-- -
10()
Fonte: Diârio dr Nr>licir~~·.

Esse.s ?a tio~ indicam ~~ at~1plit mie da vi h~ riu t rahnlhlstn n11 ctpitul: Vareas
c Pasquahnt obtiveram matonas superiores a .../.1 nu rapit al, com (,wy,, c (,C)'Y,,
dos votos. Dornelles recehia úV;:. dos votos (contra ·IR% para os prim ·iros c
46~ para o segundo no Estado como \ttn tlHio). Pasqualini ch ·gou a rccch 'r
mats de 3/4 tios votos nominais! tvtrsmo Cafl<-. Filho safnH\l~ melhor do que no
Elitado como um todo, com 5w;;, <los votos (rontra .11 ') ~, no 13stallo).
Por outro lado, na capital invertia-se a corrcla\!\o d • forças entre os can-
didatos liheral-conservadores: Eduardo Gomes derrotava Christiano Madwdo,
para presidente, c Odilon Braga derrotava Altino Arantes. omo o PRP era I I
I
fraco na capital, conclui-se que os partidos liheral-consetvadorcs de origem an- I

tigctulista eram relativament e mais fort es na capital, quando comparados com 'l
I
I
o PSD, ao contrário tio que ocorria no Estado como um tnllo. h
Na votação para a Cfimara Fede ral, o PTB ohtev • a maioria ahsoluta na
capital com 54% tios votos (contra 4 1 no Estado como um todo). O PSD obti-
nha apenas 16% na capital, contra 31 r;1, no Estado, superando em apenas um
ponto percentual a soma do PL com a UDN ( 15 %). qunndo no n(vcl do Esta-
do, etc superava esta soma por larga margem (.11 % x .t4tJ-í,): Pode-se condu ir
que os partidos liberal-conse rvadores de. origem anttgetuhsta (P L e UDN)
era~ mais urbanos do que 0 PSD, cuja principal hase de sustcnt.açfio s~tuava -se
no tnterior uo Estado. Já 0 PRP era extremamente fraco na rapttal gaucha: oh-
teve apenas 2% uns votos para a c ttmara Federal e ig~tal ~H)Siçãn para a As-
scmbl6ia Legislativa, contra 7(7~ para amhas as casas tcg~slattvas ao n{vel do Es-
tado como um todo. Também ele e ra um partido com unplantação sohretudo
em áreas do interior tio Estado.'
A fraqueza do PRP na c•tpital, tamhém refletiu-se no mau .dcsemp~nho
de PHnio Salgado nas eleições senatoriais em Porto Alegre: ah d~ ohtmha
apenas 10% tios votos contra 34 lJ·~ 110 Estado como um todo. Na capttal, a for-
93
. . inte ralista representou menos de 1/3 do seu dcsc clUSÍVe}t~;i
ça relauva do candidato gdo FI·ca claro portanto, que foram sobrctud rn.
d0 como um to · ' o os oaría amar:
penho no ta Es d s da capital _ tanto da UDN quanto do PSD ·
. II·berai-conserva ore . d d' . - gaúchO, ma
eIeuor~. . "es úria" com 0 partido e extrema- Ircna, pois se nacional de
que reJeitaram a ~hança I' tap ti·vesse acompanhado a votação para a Câma a p'f}3. O PS
- d Jfdcr mtegra IS . . ra
votaçao 0 . ê legendas que 0 apoiavam oficialmente (PSD-UDN tas, incluin
Federal obuda pelas tr s . . . d -
. b .d 25 7n10 dos votos da capital, mais que o obro do seu rcsui do João N
PRP) ele tena o ti o •
ministério
tado efetivo. 1 · ·
seria conte
Um último fato a constatar é o desempenho re auv:mente mais positivo
do PSP ademarista na capital: ali ele obteve 4:0 p~ra a Camara Federal e che. Dura
nt d taça-o para a Assembléia Legislativa contra apenas 2% e 4%o, governaria
gava a 8 -;o a vo " .
respectivamente, no Estado como u.m todo., O popuhsm~ ademarista" ~ene- Este quad:
! I
trava portanto no bastião do trabalhismo gaucho. Anos mais tarde, nas eleições alterações
I t presidenciais de 1955 e 1960, Adhemar de Barros d~rrotaria. os candidatos pre- Já n<
sidenciais oficialmente apoiados pelo PTB -Juscelino Kubitschek e Henrique apesar de
l jJ
i ' Lott, respectivamente- na capital gaúcha, embora fica~se atrás deles no Estado nos essen(
como um todo. O eleitorado de Porto AJegre não era mfenso, portanto, à pre- mente, po
gação "populista" de estilo ademarista. ra a impo
dera! Joãc
Um
O PRIMEIRO GOVERNO TRABALHISTA ESTADUAL, AS ELEIÇÕES para ocur
• j DE 1951 E A FORMAÇÃO DA "FRENTE DEMOCRÁTICA" te da Juv
I . engenheiJ
A vitória do PTB nas eleições de outubro de 1950 e a posse de Getúlio Brb
Vargas, na presidência da República e de Ernesto Dornelles no governo doEs- passando
tado, inauguraria uma nova fase na vida do trabalhismo gaúcho. Estava encer- quem ela
rado um ciclo de cinco longos anos de abstinência do poder e o trabalhismo teve um~
passava a ser, simultaneamente, governo federal e governo estadual. Mas havia planejam
uma diferenciação importante no comportamento do partido e de suas lideran- lidade nã
ças nas duas esferas do poder: em nível federal, Vargas passou a governar ba- de Brizol
seado em uma ampla coligação que incluía, além do PTB, o PSD nacional, o sobre o ·
PSP e até setores da UDN. O primeiro ministério no novo governo Vargas ti- Brasil-U
nha tendências bastante conservadoras e refletia a estratégia getulista de re- Pardo, o
co.mpor sua base de apoio ao nível das.elites dirigentes nacionais amenizando construç
a Imagem de " esquerd'Ista " que vános · episódios do exílio no Itu' - principal- da estaç
mente o se u ra d'Ica ld'Iscurso de apoio a Pasqualini em 1946 e mesmo os discur- dráulico~
sos da campanha de 1950 h · . .. gado Fil
. - aviam cnado em amplos círculos da elite dmgente
naciOnal. Rios e C
A maioria dos trabalh · t , s e fluviail
fosse convocad 0 d IS as gauchos esperava que o ministério de Varga. hidráulic
os quadros do ó · · eo
próprio senador Pas r . .pr pno partido. Supunha-se mesmo qu · do quart
consolidação do pa {~a Ini as~umisse .o ministério do Trabalho, tão vital para a tiça, a a:
PTB gaúcho Pasqura . ~ ao .nivel nacional. Aos olhos de muitos militantes do.
1
' 1Im sena u · h·stó· da ~ll!PÍ
rica missão de consolidar e m novo Lmd?lfo Collor, encarregado da 1 . _ Jú.l~o d~
aprofundar a legislação trabalhista, estendendo Jn
94

.- · :~ -·.
. n-~uitoS de seus benefícios ao homem do campo 21e v d .
JUSive '" . . . . . argas os ecepcJO-
c . amargamente.áele
narta
nomeana, para o mimstério do Trabalho
. d0 .
· t
, um ou ro
aúcho, mais pr~gm uco que Pasqualini: Danton Coelho, então presidente
!acionai do partido. ':pasta .do T~abalho seria o único ministério entregue ao
pTB. o PSD rece?~na ~ mamr num~ro de ministérios, num total de três pas-
tas, incluindo o mmisténo das ~~laçoes Exteriores, com o qual era contempla-
do João Neves da Fo~to.ura, dingente do_ PSDA gaúcho. O PSP receberia um
ministério e até um diSSidente da UDN- o partido arquiinimigo de Vargas-
seria contemplado com uma . . pasta.
Durante toda a ~r~met~a fase de seu governo, até o final de 1952, Vargas
governaria com um mmis~éno bas.tante conservador, de hegemonia pessedista.
Este quadro só se alterana a partu de fins de 1952, em parte como reflexo de
alterações no contexto internacional, como veremos a seguir.
Já no Rio Grande do Sul, ao contrário, o governador Ernesto DorneiJes,
apesar de oriundo das hastes do PSDA, manteria a tradição gaúcha de gover-
nos essencialmente partidários. O seu secretariado seria composto, exclusiva-
mente, por políticos trabalhistas do PTB e da dissidência getulista do PSD. Pa-
ra a importante secretaria de Interior e Justiça seria nomeado o deputado fe-
deral João Goulart, presidente regional do partido.
Um ano mais tarde, Dornelles convocaria dois jovens líderes em ascensão
para ocupar secretarias importantes no seu governo: Mariano Beck, ex-dirigen-
te da Juventude do PSDA, assumiria a secretaria de Educação e Cultura e o
engenheiro Leonel Brizola ocuparia a secretaria de Obras Públicas.
Brizola de fato se revelaria um administrador dinâmico c empreendedor,
passando a ter uma presença hegemónica no secretariado de Dornelles. Foi ele
quem elaborou o famoso Plano de Obras do governo trabalhista. Este plano
teve um sentido pioneiro, pois inaugurava, no Estado, a idéia de integração do
planejamento de curto, médio e longo prazos, com projetos e estudos de viabi-
lidade não só técnicos como também sócio-económicos. 220 O Plano de Obras
de Brizola incluiu, entre ' outros, o projeto c o início das obras da famosa ponte
sobre o Rio Guaíba, o asfaltamento e abertura para o tráfego internacional
Brasil-Uruguai da ponte sobre o Rio Quaraí, a construção da ponte sobre o rio
Pardo, o reaparelhamento rodoviário do DAER, a execução de 96 projetos de
construção e ampliação de estradas de penetração c interligação, a construçãc
da estação ferroviária de Diretor Pestana, a implantação dos trens diesel-hi-
dráulicos, os famosos "Expressos Minuano", a construção do Aeroporto "Sal-
g~do Filho", de Porto Alegre, 0 reaparelhamento do Departamento de Portos,
R10s e Canais, além do projeto de implantação de doze novos portos lacustres
e_fluviais. O secretário de Obras também foi responsável pela construção de 39
hidráulicas para 0 abastecimento de água de cidades do interior, a construção
d.o quartel do Corpo de Bombeiros, 0 início das obras do novo Palácio da Jus-
tiça, a ampliação dos prédios das secretarias de Obras Públicas, da Fazenda c
~: .Imprensa Oficial além do projeto c_ o.bras ~o conhe~ido Colégio Est~~dual
. ~ ho de Castilhos. A experiência adminiStrativa de Bnzola na sccrctana de

95
r/ ·. :
,,

. ·r'·dcnd arlu 1,ara o futuro cxerddo do·. ru:


Ohras do Governo• J)oruellcs 0 (; "' · • f M f • ·
Ic 'fl' c !'overnador do J ~s t.t< o. u to, doh planq·í (·
'''·
da tos de prefeito de Porto A J,l'l ' <', ,,. 1-rodo 1')52-~~ t/l :~erlam lrnplt:rn 1•111 •1'
. • ' 11 '1 J'CS iuO li 1,, r .
projetos rcallz:td~lS n.t s · ' s ;.., ·no seja cotttO prdcl to (I )5,,- :->H), :;eja com 11 J'().
1 j • .

dos na sua próprt:t adminl. 1 • ~· . ' ' ,',Jeix·•r·h a sua marca de dl rwrn l:m•q e litÍr·
1
'1) H ·i· <l·t <c 1:t 1< ' '
vcrnador (I <J51J- ú. · 1 z 1 ' .• . • .. lleJ•clliAnl ·a no selo do pdmdro /~I JVcrrtc 1
1
,,.
r:uv~a, conquistando lllllll pr esc 11 ~· 1
I ,.,,
. • ,cs t 0 ~1 frcuiC da ~ccre1 :1 rla de Ohr'l'
~
trahalhísta cst:Htua : ·
. t •. lll 'SIIIO (1C SI1' 1 1' . • • , '
Entretanto, ·111 cs · . .1 ctn fulrnlnant ·carreira poHt ka . De; f:tl o
. . . 1·•1 c, 11 r1me1ro 6·s · ·' ·
11
Brlzol.l• .tm..rg.tr . rcv I" de novemhro de 195 1, pouco rrwf:: ck urn,
haveria ctciçl>cs numic1p:t 1s e.m ,, . . 11 11 1 c Dornelles. Por to Alegre, <JII(: até
..tn<, ·I
., H'ls· '., ctci<;ilo de. Vargas,
.. j • . In'ío
.tsqu.ttinha autounmla :HJmlnlstratlva , recupera.
ent ão, como as dcnt:t 1s c.:.tp• · s, ' 1 11 ,
ra o direito de eleger diretam ente 0 prefeito. . . , . . •, . . . .
I ~ ·
LconcI ")nzo 1a,
Ih ista tanto na cap it •11
·c>rttt> <leJHII'tdo cs tadu.tl m.ds vot.tdo d.t lcl,cnd,t lr,th,t·
, c.:<ttt'trtt<> no Interior

• ·
do Es tado, elegeu-se Udcr da bancada
. . . . .1. • • • .. .. • • • , •
)l'l., A J,Jé·i·t 1 CJ'Isl·ttlv·t e 1wssou a .11 tlc.;ul.tr r.q>kl.t c cfH:.tzmente su,J
<oI r . > na :sscn 1 • ~ ,· • ·
. . •I' ·lt ·• <l't ,.. , ,it·tl No curso de JIJ) I ele oq~a111zana, pessoal·
·· , ,
cant I ttatura :, pr c c 111 . · "' 1 · ·
1 · .
mente,1 imímeros diretórios zon:ds c nltdcos de hairro t rahallustas por tod a a
capita 1. Sua ca nd ldallor':t conl av:t 1am h6m co rn o apolo c a sim palia do novo
presidente regional do partido, Joflo Cioulart.. ~ .
Em fins de agosto, a Cornlss. o Exccuttva l·.stadual do parudo convocou
uma convcnç:'lo municipal par:t escolha dos candidatos do partido em Porto
Alegre. bsta convenc;:to reuniu -se no dia I o de setembro de I CJ51, sob a prc-
sid~ncia do pr6prlo Brlzola.
Urn dos primeiros atos da cxccut iva em rela<;.to ao condave foi o rcco·
nheclmento dos dirct(,rios de zona organizados pelo Hdcr da hancada c.omo
órg:1os Jegftlmos c Integrados na convcn~.to municipal. Com Isso, fi cava prati·
camente assegurada a indlc:tt;!'io de Brizola como candidato a prefeito. A con·
vcn\::1o de 1° de setemhro escolheu dezesset e dos trinta c quatro candltlatos a
vereador pelo PTB ela capital, ficando as demais va gas a serem preenchidas pc·
l:t cxecut iva estadual. Dos vint e c oito candidatos indicados que efetivamente
concorrem 1\s eleiçl>cs, treze eram profissionais liberais, sendo cinco atlvoga·
dos c t rCs médicos, dois era 111 fu ncion:í rios púhl i<.:os c nove t rahal hadorcs (in·
duimlo assalariados do setor terci:írio). 1favia tamh6m um ruralista c tr~s co·
mcrdant es. Note-se a prcsell(;a relativament e maior de 1rahalhadorcs nas cha·
pas pa~a vereador do que nas chapas para deputado es tadual ou federal. .
l ~ntn: os t.:amlldntos a vereador, des tacavam-se 0 professor de DirctiO
Tcmpcr:tni Pereira, um dos dirigent es do D it·ct(>rlo Alberto Pasqualini - nú·
d eo dos·~ int electuais do partido _ 0 jonnllst·t • . • .lc>stt
. "' ~ •li , . ..•n es,
· 1m.u • . f t ttttro redator
do pcnodlro I rahalhista Clarim • ( 1'cr·tl•l•l • • • O I"'.. v1o J>... oc11:1 c o un 1vc·rs " Se·
.·t't:1ri<>
I I havia sido com 1l:lllhciro de J>>I·i·í'.O1,,• " ·'. ·'. 1,,. lllO~·· .. (1() P·· rtido.
rem> Chalse, 1
.. que
NO 1Jnll ( il. l:OIIVCIII', . o • () nome, uc
.1 ~
brizoln .
lol aclamado como c:ttll\{datO
do ·pari ido 11 prcldlo
. · de Porto AI.e,~,J .c,. caso n mtlonornla mtuuctpal . . fosse. . . rc.;ti·
·
1 o que c 1cl 1vamcnt c tH:o n, .cu
tu r<a, . •.11gunws semanas mais tard e .~· .....,

'· .
No dia 4 de outubro, após o restabelecimento da autonomia administra-
tiva das capit~is, 0 PTB re~lizava nova convenção municipal, desta vez para es-
colher o candidato _a p_refe~to. '?
nome mais cotado era o de Brizola. Colocada
em votação, a ~ua mdicaçao_ foi a~rovada por 235 dos 251 convencionais pre-
sentes. José Dwgo - que nao pleiteava explicitamente a indicação - recebeu
doze votos e Manoel Vargas, quatro.
Agradecendo sua indicação, diria Brizola:

"Desejo dizer apenas que a minha maior aspiraçao, ao tomar conhecimento


da vossa resoluçao, é a de ser sempre merecedor da vossa confiança e de nunca
des~erecer a_c?nfiança que a população de Porto Alegre deposita no Partido Tra-
balhista ~ra~IIeiro. Nao pretendo estender-me em outras considerações neste mo-
mento. Direi, apenas, que as aspirações dos trabalhadores e dos humildes marcarão
sempre o nosso caminho na vida pública. A renovaçao foi a bandeira desfraldada
pelo PTB a 3 de outubro e a mesma renovaçao haverá de ser a bandeira do PTB a
1° de novembro. Comprometidos como nos encontramos com o povo, pois o PTB
nasceu, cresceu e venceu com o povo, devemos sempre voltar nossas vistas para os
seus desejos, as suas aspirações, as suas reivindicaçOes. Quero dizer, ainda, é que,
nunca desmerecendo a confiança popular, haveremos de tudo empenhar para cor-
responder à confiança do povo no Partido Trabalhista Brasileiro, que tem consa-
grado a nossa organizaçao partidária em todas as eleições, especialmente na de 3 de
outubro.
Vamos todos para mais esta campanha conscientes da nossa missão e con-
vencidos de que nós, trabalhistas, amigos leais e os vanguardeiros da obra de Getú-
lio Vargas, temos mais uma missão a cumprir- com métodos novos proporcionar
uma ordem social mais justa e mais humana, preparando o advento de melhores
dias para a pátria.223
Seria o primeiro teste do jovem engenheiro numa eleição majoritária ...
Seu companheiro de chapa era Manoel Vargas, filho do presidente Vargas.
A princípio, todos acreditavam certa a vitória de um candidato trabalhis-
ta na capital gaúcha, dado o resultado esmagador que o PTB ali obtivera em
outubro de 1950. Mas as forças liberal-conservadoras, diante do impacto das
vitórias de Vargas, Dornelles e Pasqualini, haviam concluído que somente uma
ampla coligação partidária, englobando tanto o PSD qua~to a UDN, poderia
fazer frente à hegemonia trabalhista no Rio Grande. Um dos artífices da apro-
ximação com a UDN e o PL e da total ruptura do PSD gaúcho com Vargas foi
:I
I

o coronel Walter Peracchi Barcellos, ex-comandante da Brigada Militar e se-


cretário do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul n~ Interventoria Cordeiro
·I
I
'
de Farias. Peracchi havia sido um dos mais implacáveis executores do progra-
ma de "brasilianização" da região coloni~l, ? que lhe_valia ressentimentos por
pane das populações de origem alemã e Italiana. Ele1to deputad_o esta~ual_em
1950, seria escolhido líder da bancada do PSD na Assembléia Legislativa.
Frontalmente contrário a qualquer tentati~a de reaproximação do PSD ~aúc~o
com o PTB e com 0 Getúlio, Peracchi fOI um dos mentores da aprox1maçao
com a UDN e o PL locais nas vésperas das eleições municipais de 19?1. A idéia
de uma frente dos partidos liberal-conservadores contava com o apOio declara-
do do "chefet' da UDN gaúcha, general Flores da Cunha. Restava convencer o

97
~- ·
í ..
. .. :
. ···
~: \ l \

~i~:~::~·:L;·:-~/-.~:,~:, ;.· .
re~ ,:ü.rJnte Raul Pill:1. de PL cujL s arr?ubos l!c p~u·ismo polftko havia frito
c::~"' rr.lr 3 iJ éi.1 u~ nstituir esta frente F\ nas clctçoes dl' IY50. Mas a avalan.
cte ti.:.""..Jlhista e ~etulist:l n:1qudt' pldto. arabaram por rot~\'C tllTI' o \'clho lflkr
.,.....';,..~ ,- 1 [, 3 ch·'l....J-r a um Jl: rdo rum seus alJ\·crs:\rins Lia \'l'spera. os ex-gctulis.
..-- --' 1W:- \..! \...~

us ê ?SD 1\J -:11.


~o m~m dia ~de outubro t.~m que BrizL>Ia era lan\·auo ranllitlato a prc-
(~ito. ~ cúpuiJS d lS tr~s p;.ntidos lil:lcral-ronst.'rYallnn:s t.'t~co.n~ravanH;c 110
~..! ii1~~ Pir..uini. se-de do PSD. c assina\~\111 l) arorl!o de ronstttur\·ao da rhanw.
à ~Fren te De mc (rJt ica" cndobando o PSD. a UDN c o PL. O acordu e a si.
~!J d~ ro.:1lir.l fo rJm imeuiat:mtcnte rel!istrauos no Tribunal Regional Ekito.
~. :mte::s qu~ h uYessc.? algum arrependimento por parte dos maragatos. ~·.; 4
Re:s~\-.1 aç: f3 encont rJ r um candiuato que se dispusesse ~) miss:io :1té rnt :io
ar.sider..:dJ suicida de.? en frl'ntJr o trabalhist:\ Brizola. ~ccundado pelo filho de
\·3._rg-.l5, nJS umJS ,jJ cap ita l gaúcha. Contra o enl!erth~iro do_PT,D. a PD ara-
t v :.J L1r.ç:m do um engenhd ro qu~ s~ autoproclatna\·a ."apolftu.:o : lido Mcnc-
g t ~ i. Figura singula r na polít ica gaúcha. ~knt·ghettt era um pacato c hona-
ctio fi lh de imign ntcs italianos. Entrou na poHtica quase por acaso: "llcvia
un fJ.vo r.. ao in te rventor Cylon Rosa c este ohrigou-o a Gtnuiuatar-se, a con-
lra: nsto. pJra ,-e reador nas ckiçôe..s municipais de 1 9~ 7. Conforme confessaria,
aGOS mais ta rde. o pró prio ~kn~gu<..'tti:

Cc:.s.a que eu nu n a tinhJ pc n~HJo na ,·ida era entrar na r olftica. N:inqucnu


scfrer de..~n~nt ·. ;\IJs eü n.'\o r d1a n:cu~1 r nada :10 C') lon. p ·lo f:1,·nr que ele ti-
nl1.3 me fe tto. o ~ ~ que nJ queria ser inl!rato c ;1ccitci w ncor rcr, mas 1mpus trCs
cc.-:é1~ n~o faço dLS urs , n~o quero meu rct r:llo n:1 r ua c nem LIIJ;<IIll que cu
s.::n o m~Jcr do mundo. Pensei que a:,im nJo me l'lc d:l.::-::s
Em 1947, .\le neghetti já tinhJ 52 anos. s ~m nun ra te r participado uc atl-
\id2des polfliCJS ..\!a · haYia sido pr~~ iúcnt c uo Sport Club Interna cional na d~­
cada de trinta, cu mprindo m a nd a to-tamp~1o. uurantc o quJl construiu o famoso
Es ~dio dos Euca liptos e ganh ou o tftulo de ''patrono eterno'' do popular du-
be. Eleito \·e read ~ r. ele emerge co mo uma espécie ue 1cr1ius numa hancaua
pes.se.dist.a de quatro membro , quanJo o prefeito Gabriel Pedro r..'loacir, inlli-
C210 pelo goYernador Job im, rc ·ol\·cu renunciar após uma série de atritos com
o executivo estad ual, em 1 9~ 8. ScgunJo o próprio Mcncghctt i:
O gO\·ernadcr era o \Valter Jobim, ele aceitou a Llcmiss:\u mas nnn queria
cesçrest ig~a ro homem. Entao p~di u q ue ele inLi icassc um sucessor entre os vcrca -
cc res da bancada go\'ern1sta. O Gahriel respo ndeu que n:lo d:1va para aturar aquc·
!es vagabundos e que o úmco de contin nça era cu . Eu n:\o queria, porque tmlo o
prefeito é chamado de ladr:1o e eu n:1o queria passar põr isto, m:1~ n~n tinha outro
jeito. Quando cheguei em casa, a famllia tinha ouvido a notícia pelo r<'ítlio c rodo
mundo estava chorando, parecia que cu tinha morrido. A mulher reclamou que cu
r'!~ o Linha Ou\ido ela e eu disse que nunca iria comparecer a qualquer solenidade c
nem botar os pés num carro da prefcítura.22s
Prefe~to de Po~to Alegre durante os três últimos anos uo governo Jobim,
Men:ghetu populanzou-se pelos seus métodos administrativos diretos c pela
.sua lmguagem franca e pouco afeita à retórica dos poHticos tradicionais. Nas

98
avia fcit o • - ,.c municipa is de 195 1 na falta de
a avaJan_ ele!ÇO...., . " . ' . quem se d'1spusesse -a enfrentar o nsco
·
~ lho líder de uma ele1çao quase Impossível di a nte do pode roso PTB da capital gaúcha o
x-getuJ Ls- pSD novamen te a pel~u a~ e ngenh e iro colorado, que acabou sendo lançado
candidato da recém-cn ada Fre nte D e mocrática" .
d. - d PTB · · lme nte, Leonel Brizola embora confiantes
110 a prc- A 1reçao 0 e, pnnc1pa
,m-sc no na vitória, não s.ubest ima ra m o impacto da formação da Frente Democrática
a c h a m a- (FD) que poden a re prese nta r um poderoso dique contra a maré trabalhista,
Jo c a si- principa lmen te n.os peq ue nos e médios municípios do interior do Estado. Era
ti E lc ito - preciso busca ~ aliados para. evita r o isolamento do partido. O PSP, parceiro na
tga tos.Z?4 eleição de 19)0, e ra ~m a hado natural. Ainda não se rompera a entente Var-
té cn t<io gas-Adhe mar. Mas Bnzola, p rofundo conhecedor da região de colonização ita-
1
fil h o de
üana, onde r~b ia um ~ p a rcela importante de seus votos para deputado (em-
FD aca-
trora a sua matar vo taçao se desse na capital), queria ampliar ainda mais o seu
o Mcnc-
campo de alianças: para tanto procu rou uma saídã pouco ortodoxa para o tra-
c bana-
): "devia balhis mo: a alia nça co m o P RP .
~.a con-
A formação des ta aliança apa re nte mente paradoxal com um partido dou-
fessaria, trinariame nte tende nte à di reita, tem si do apontada por muitos estudiosos e
obser.-adores da época como mais um indício da falta de autenticidade e con-
sistência ideo lógica não só do PTB, mas de todo o sistema partidário gaúcho
Jo quer ia do período 1945-64.
fUCele tí- No entanto, a partir de te estudo, consid ero poss ível enunciar uma outra
npus trés
interpretaçáo bastante disti n ta. A aliança PTB-PRP se dá a partir de um mo-
n que cu
\imento de convergência tática de s uas respectivas bases de sustentação social,
o operariado urban o e o colonato rural, con tra o bloco libe ral-oligárquico re-
J de ati- presentado pela Frente Democrá tica. Havia, inclus ive, um embasamento dou-
d n~ dé- trincírio que justifica•; a - pelo menos na época - um a aproximação, aos olhos
famoso de amplos setores do PTB - incluíndo líderes sindicais, o deputado Goulart e o
lar clu - próprio Bríwla, então candidato â p refeit ura de Porto Alegre. Tratava-se, por
Jancada um lado, da s emelhança pelo m e nos apare nte, na pregação nacionalista e anti-
ir, indi - imperialista de ambos os partidos. Por o utro, um eventual pacto com o PRP era '!
tos co m \isto pelos setores mais din8.micos do PTB como uma inteligente manobra tá-
tica para aproximar o partid o das áreas rura is, às quais até então tinha escasso
l~
acesso. Alguns militantes chegavam a sa udar o pacto como primeiro passo em
o quería
direção a tão-almejada " aliança operá rio-campo nesa". 227 Certame nte, as bases
)S vere-a-
>oc.iai.s do PRP entravam em co ntrad ição com a o ligarquia rural e vários seto-
ar aque-
e todo o r~ comerciais e industriais mais inclinados a a po ia r o PSD, a Ul)N e o PL Na
iJa outro região colonial italiana este co nflito ma nifes tava-se, em pa rte, como uma con-
:J e todo tra.dição entre os colonos p roduto res de uva c os fabricantes e com erci a ntes de
1 que cu vinho da burguesia.ü2
nídade e . É claro que pa ra as eleições municípa.is de. 195 \ a a lia.nça PTB-P.RP. teria
e:fe1to sobretudo em alguns m u nicíp ios do mte n o r. Na ca p!la l, como Já Vlmos,
Jobim , o PRP represent~va apenas 4% d o e le itorado. Mas G o ula rt e Brizola certa-
229
, c pela rntnte já pensavam e m termos da s ucessão esta dua l de 1954.
1is. Na..s Ou tro f~to r m ai5 im ediato que facililava a entenre PTB-PRP fo i o com-

99

·.~ .
~.~t.~~.: ·1:: :,: : ..,.:-.z.] ."'.~s bl.~ p~rrepistas que, um ano antes, haviam ttm.lídr,
~ ::·:z:- -::-, Dc;-::e~: ~ c.:.:J;cz o co PTB e não em Cylon Rosa, candidato do
~ --~ .:.:::~:.;-::e. ~:: :·.:1 c.v:-j.H::.I2CO .a análise dos resuJlâ dos elcítoraís de 1Y50.
~ . . ~~-:: .:ia e:-:1 .:;~e. o PSD. a UD~ e o PL sacramcnta·;am a formação
~ "'·:--: ""'7..:e D ...·::J...J.::ri :w...,~ .:.::1 4 c::: O!ltubro de 1951. Goulart- pre.5tídtntc c\ ta-
.:'~ .3 '; ? T3 e ~-=~:ir. co :J ::.:r.or e Justiça. de Dornelle-s e Bríwla- já CJJn-
~3j_ ,:.:_;).:i.....é.:- .:o ?TI 2. pref:::1mra de ?o rto A.Jegrc- procuravam o> prcsí-
.5"'- :~ .2_ :--:<.._?e.: ?S? re~ cn2-is, Oscar~ 1ach3do e Guilherme Almeida, rc~­
-x--~ -L::J~: :~ :,;- -,~.:;:.: 3. -.::ri2~0 de uma uFrente Popular"' PTB-PRP-PSP
: ... - >;. - ...
..._t..e.._-~
- -- -~-:-.- ~ --'.; :----5o d.:..~ fc rczs
.... -.i_ --.~. -I -...- '* liberal-conservadoras.~'J
...;~. '-"...r__. =- ~ .,

- :)-ls .:.i:...:; ~lli :z.r..:e.. .6 ct o ullJ· ro , o PRP e o PSP formalíz.avam o seu


..E:c:!_ 1. ~.:..1~ __;-.2 3P....z.c ..3. ::.: ro:: mrd~-.-am em panidpar da " Frtnlc Popu-
:t:-.. _.._ Q :C Gr.,;;_:.:;: .:..) S:Jl ". 'O] Ulv.a a 2S~ i.s ür 2 0 fen ômeno da bípolarização
:-.r.;:) -:f-;z __ :: ..:.:..r.::..::...:.J.:.Z...::D. w . := o o D:::no.:o da Repúblíe<i Velha (lt6Y-1.93UJ.
-
-
.. - ,""7 """ _, ~ ~ - ~ ~ ......,-. - rr;.21is
- · ""::..~.,- .:=--.,
-~ • - - L,; _ _ _ ,.__; ~--· r u _
'
J- á T1~ 0 eram mais os tradicionais HchJ·-
ili.E::r~ _:; ?::<...~ .:.=.:5-'::~~ :..3 :: ?051~;-.-bB co ntra o· " maragatos" du PL Jíbcna-
,;; -- ~~., , =---:--- """- -o:.~~-- ---J...::-
__ --.L.J.L-.;. ~ ~ -...1 - - __,__
~;.·;..:"'"-
- "'",' ' -:. lí :.. rrc-:;. - -J- .\... u . os
a __ r,.-rent" Popular"' tnfrtnf'"'ndo
_ u_, d:. ~

~.c...-_.::-.::...~.-2~.::-1~ ~ - .:- 7::-:J l ::: v::Li OC.T~lieã ""' PSD-lJD~: -PL Crí.~ lalíza­
--·---z. .: :· =-
"w ~ ~ -'~ - ---'
·- .:.;:
/ - ..
- - ,~- -;., ---..;;
_._
.,:...~,_.:.. - .-; ~ ; , .... , , ....í111
r_.~_ ~-•- _ ..__ ._..,j.J.C - - .J. JJ
l 1 '"'d ro p~rtl"d~
"j .,.c;.. u. ~
rl· o JnuedcJ·mJ·n·c.&....

~ ~ ~ :.:-: ~-:!_ r; ~.::j .::.::::. 3;.:;..! - c: ~r o c::.:~ .! ujtí o as penurbaçf)(;S e trocas de

_-.; _ ~_::
=- ,. _,. =-' ..... ~ · :.. =- ",._' __
_ . . _..__- "' J -1 .'.:..
-- '-- -= ·~ - .( I} . ar·
.:- :--:...:..· --- }as ~u·d.s res.pc.cti"·as
y....~ i;.. ~ o - r''C
--J.- _::, .. "Fren-
~ .. ~, - ::: ::::5.::~ .:.::..::.: : -'-:.: j~ ;,.:, =~ t :çt:..t:~ f ~Ha a prtfei ura de Po rto Alegre
~ - :..:: , l.fA :.. -.-=---
-~- - - - . . . ---.. . . .
_;;:. : - =--=-:. • - :-- ·:... ~~ ~ , ;~ .,:...r · rl "' J:guJ-1Ju
· - -~----- - ..._ -.. ... . . ._Jo - ~ . . - - _ ,._l..:: ~ -- ~ - !:..1
1"-' (; r·r·rt"'u, de Bri.Z"']
J LA...
·~
r..,;A,.Ja,

;:ã' :..:: -: é·~:. "' ~ :. 2 :;=. : ; ·.: 2. ·;.2,;-::;~ f'=i .c rt:~ C.:J :J n , uír.am para o insucesso do
• : t-:1''":.-_ :::-~:. ~;.. ~;-2._ ::::J ~..:...=:::.:;o 1:.: _p .r. b!i·~i.a re~ G tn d~ dentro do partido
--~~ ---~
.a.:. a;_._ _l _
-~- ~.-;>T ; _ . _
--~ - ·~ ·· - ~...;
--"- --=fT.=.........::.
. .:- ~ _u r' -:;.:> - - A - ,1 0 por G o u 1arte B nw
. •. t:ílf::r.!.Jfê!.- "- l'a.
-.-f=]~ ,j ~~- --=- .:-; _
- ·:.-'· ~ - •...., . ;. ..:;. r·· ~~ -- ;4.,._
- --1:.- -• -----=-·- --- -::·· -- ~.:- -- ~::o'. -~ n t:~ ~.: o .
'~ :JTBJ út:
,l J o· ~/..Vccch"Jo, cntl·
. -.
::L--z::. - .a::..:...~j- =:::ItJ .::.::,.- 1;:.;-.::_::::J 3 .f.a.Gla.Zü O prúpriu .!'.knt2.hctti w nfc~aria,
<-:-n~ - ~_..:; :L".:.::_ .;::.:: ; :;: '":'~=::-;; :.:i1:ra UJw a r.eu,tr.aJídcce btne-;olcntc c até
..C..?.JJ.:: :e:;:.~:; ~:; ? ..-:.:::..8., .::: 2 }.f'_:;";"':. ; .: ~raD!?...S tr~balhistas lccaís,sobrctudo
3.:.5 -::.=-.:.·.=- ~~~~::s ::: _ ;.,::.·=:~::::s é ::.2o . . o 2.o.zn Pas.qualíní e seus seguido-
~ - ~ -..:.~:::.:----::: :::. . =:ri_,-5 ::.:: 2- D ;:;..::·io o_,:n (J ?~?, (.."''Jj a r:::.const ituí~o, inclu.síYc
.:......_e~~:. -~ :. ;=-r-~·:;.-=:.. --, - ~~~ -- " ~:.. ;.'J • ~11· ., ~= 7~ ::.> r-~ l y- , ~
: - -....-. -- -=- -- _ __..._~~~ ;"'- - ~ -J.,L..:)~ ......
J.u .. -~

.-:-..J.~ :.:.:.:,::.. ~ ::::-::2a ~:. r" C) t: ? S'!.:C.O cnvd.ox.o de Brjwla nesta sua pri-
"77"•-:.:......z::. .:::.,:-_;;~- --.c. .;.:.;;.."":•:..::! ..:::.:~-!:=.C.8 :~::--~ p~rr..:éló .C.o elei torado. como ele pró-

- : =-~?:c
:::... - ~ ,!::.:;~~~
.-- -~- :.4 ::.::.:;~-:.... ~-.~-=·:= já. .::0 :: ·~rízcme polit~co gaúcho, o quadro de
?~~:.1: 1...:::_;--·~:J::~~ ~ ?""..J:.~r !:.:: I:: 05 C.r.J5 blocos polítícos - o popula r- traba ~
ss-.1::!:- -:J~}-:::-_:..:.::T".;.::.c. r- :;:.::: !2I~i... erl.z..:.ria o período 19-+5--fH no seu
- --- ,- .~·,..._·:. .:.:~; ~:~: ~:~::.:. ~ -;;~:.-~ .. ~ !s .::ria 11 m SÍ[püfic.zdo dual no pad rão
:e 1:2~d~c2 :i::: ;o:::: .:::.::~::: r_..s ::__ ~ t!:..>:;rj~: cemo os pkítos municipais se
.:-~~:~L-:L-:. ?::?:;:, :::2~ ~= ::::1 .:: ~r; :2.?0.:. ~ eJdç.Ges par.a gu-.-ernador. eJt:, Ien-
:.:2:= .1 .::;:;.:::..::....; :;~ ~ -.::~.2 :0 :. ~.--) gr;-. .tr ::!.~ IJr nus munkípíos do ínterior e
lcn·•·
'"''do
:Jato do d.....··sn ff<~ . Ja na capital do Fstallo· E_. 111 'Jt.lt
'
.. .
I ~•s p·t 1·•vr·t ·
t9so. novo gove rnador ((! tHiia a "arrastar" '>s .· •· ~ ' . ~.s- c~1quanto o prcslfgio do
' ' c 1cttores·~. JndCCISOS do mtcnor . · para_ o
rrnaçào ca i11J>O do hloco partid:hio recém-v,·t()l.1.<>.so o c 1 cttor i11 d · · d ·
te cs. ta. ria a dar um voto de "pnll esto" ..\ d··s·tl"· ' .• cc1so a capital tende-
. · ' 1· ... ' 1•111 u<> o novo govcr ad o 1 ·
· ..:
Ja con. municipaiS no R10 G rande (19·17 SI ss S<J ) . n or. s p cllos
63
~ presj. csra funç!io dual : ao mesmo tempo em que . . r . , r t.an t?• a exercer
· · • • · c - tcndtam po
l a, res. partid~rio hcgcm()nico no interior do Estad con~o tda:am a vttóna. do bloco
.· . d , . _ .. ~ o, prcnunctavam, na capital a sua
:P-Psp próx1ma crrot.•: no pleito estadual scguinte.2Ja '
Neste scntH.Io, a candidatura de Brizol·t r · • 1 ~ ·
. . . . . . · • , •Ot, <1 em dos fatores acima des-
' o seu cntos,
, t.unhém. vrtnn.1 . do rfg1do
. . . Jl'ldr·
• ·i o de •·tlter n.mcta r. • · d ·
c poder que se Implan-
Popu- tava
. , em .um . R1o. . Gr.111dc
. . .. <IIVJ<IIdo
. entre
. . dois, hl<>cos· nvais · . · dc peso c .orças
,. polí-
·ização ucas.- bast.mtc equiiihr .tdos. O. l'lellor . mdcc ·s·>
1 ' - ra· o d eCISIVO neste llpo de SI--
·.· ·
.J930). tUaÇ<JO - de Porto Alegre, JHIItclpalmentc oriundo de setores de classe média
~ "chi-
passava
. a votar em Mcncghctti • como fornl'l· de C<>ntestaç-ao ao governo tra ba-'
lhlsta de Dornelles.2J7
:berra-
Mas a vitória de Mcncguctti foi t~lo apertada (apenas 1.062 votos de dife-
1do os
rcnç~) . que não só o PTB mantinha sua posi~·ão de maior partido na Câmara
ta liza-
Mumc1pal, como também elegia o seu candidato a vice-prefeito, Manoel Var-
•mina-
gas, dcrrot.ando Fonseca de Araújo, tia Frente Democrática, conforme se ob-
:::as de serva nos Quadros 25, 26 c 27.
_Em relaç<.1o üs elci</ >cs municipais de 1947, o PTB inclusive ampliava sua
'Fren- votaçao passando de 24% para 33% dos votos, enquanto o PSD baixava de
~I eg re
23% para 17% c o PL c a UDN mantinham o mesmo resultado: 14% e 12%
üola, respectivamente, em ambos os pleitos.
.so do Encerrava-se assim wm a derrota parcial do PTB- traduzida na perda da
Jrtido prefeitura de Porto Alegre, o ano de 1951.
izola. A partir de 1952, começam a se desenhar, ao nível da política nacional, os
criti- contornos de uma radicalização nas posições do presidente Vargas, que o afas-
saría, taria gradativamente de um governo de compromisso com as elites dominantes
c a té -baseado sobretudo na alíança com o PSD nacional- e o reaproximaria da ba-
:tudo se trabalhista- inclusive do PTB gaúcho, que serviria de alavanca fundamental
uido- para a sua eleição à presidência, em outubro de 1950.
usive Os primeiros sintomas desta "virada" já aparecem no seu discurs~ de
Ano Novo, em 31 de dezembro de 1951, mais tarde publicado sob o título E es-
l pn- pantoso, brasileiros! Ali Vargas lança as primeiras denúncias, após seu retorno
pró- à chefia da nação, contra a manipulação indevida do Decreto-Lei 9.025, pro-
mulgado pelo próprio Dutra, em 27/2/1946, e que visava regulamentar a ~emes­
·o de sa de lucros para 0 exterior. A agregação, ao cálculo do mo?tante d~ cap~tal es-
raba- trangeiro aplicado no Brasil, dos reinvestimentos em cruzeu~~ aqUI rcah~do.s,
> 5 eu levava uma distorção no montante d~ remessa de lucro p~;,mltJdo pela.- altás }á
.dráo generosa _ legislação de Dutra. Ass 1m, segundo Vargas. Nesse_ cammho, .na.o
1iS se tardaria o dia em que uma percentagem de 1.% para rem.uneraçao dos capitais
· rell' ~strangciros aplicados no Brasil, representana um peso msuportável ao nosso
íO~ e alanço de pagamentos".238

I :. 101
'r , •

' - ,• r

'
· , .. • ' • ... - '
'
I ' '• .WBLIOT!CA L\ SALL(
_;·~·_, ~:~-~--\:~·~:;_.-: ~-'·..i_;: --,~;_: :, ;_- · ,!010-000 CANOAS • a~
.•
Quadro 25
ELEIÇÚES PAR 1\ PREFEITO DE PORTO ALEGRE EM 1/11/195 1
CamJiu:lll\'i Partidos Votos % Votos
lluu 1\tcnq;hclti PSD-UDN -PL 41.939 48
Lcnnct Briw la PTB-PRP- PSP 40.877 47
NuiL\.'i c Brancos(•) 3.855 5
86.671 100

Quadro 26
ELEIÇÕES PARA VICE-PREFEITO DE PORTO ALEGRE EM l/11/1951
Candidato," Pnrtidos Votos % Votos
Manoel Vargas PTIJ-PRP-PSP 40.899 47
Fonseca de Araújo PSD-UDN-PL 39.730 46
Nulos c Brancos (•) 6.042 7
Total 86.671 100
r:,,ntc: Di,ín'IJ .!~ Nc'liáas(w:r N•JIJ. 2JS).
(•) l~d~ fnnlc i•'mJ. IístirJ. n.ío foi p<."'ssíve l difcrt·nciJ.r votos brancos e nul os nas e le ições majoritárias

Quadro 27
VOTAÇAO PARA A CAMARA MUNICIPAL
DE PORTO ALEGRE EM: 1/ 11/ 1951
Partidos Votos % Votos Cadeiras % Cadeiras
PTB 28.924 33 9 43
PSD 14.636 17 4 19
PL 11.824 14 3 14
UD N 10.2 18 12 3 14
PSP 6.090 7 1 5
PR 4.980 6 1 5
PSB 3.978 5
PRP 3.348 4
Brancos 1.425
Nulos 1.248
ToWI 86.67 1 100 21 100
Fon I c: Diário ,J~ Notit:ias

Varga.s_ retomava as bandeiras nacionalistas, mesmo naquela fase em que


o s~ u conv~v10 com o governo democrata de Truman - discípulo de seu velhO
am1go c ~hado Roo_sevelt - era bom, com os EUA ainda dispostos a concede-
rem créthtos para a tmplantanção dos grandes projetos de investimento estatal,
acalentados pelo presidente Vargas.239

102
1:.
fI~ . ;'
p ..( .
f' '

É interessante notar que. as primeiras medidas adotadas por Vargas para


'il carrigir os ".excessos especulativos." de _capitais estrangeiros, no início de 1952,
são concom1~antes a uma reaproXImaçao entre o presidente e sua base de sus-
~ ntaça·o ma1s firme e coesa na época da campanha eleitoral: o PTB do Rio
~ te I A,. • •
Grande do Su · ~s1m, em ma10 de 1952, Vargas rompe com a linha mais mo-
47
derada de seu ex-ministro do Trabalho, Danton Coelho. Quando este procura

---
5
reeleger-se presidente do diretório nacional do PTB, encontra forte oposição
~ por parte do grupo de Dinarte ~omell~, fiel ao presidente. A solução encon-
trada por Vargas para este conflito na dueção do PTB é significativa: ele man-
da buscar o presidente do PTB gaúcho, João Goulart- que dirigira a campa-
nha presidencial no Rio Grande do Sul - para assumir a presidência do PTB
951 nacional. 240 Jango afasta-se do Rio Grande- onde era, até então, secretário do

--
;---
Olos
~7
~6
7
Interior e Justiça do governo Dornelles e passa a residir na capital federal,
com a incumbência de reorganizar e fortalecer o PTB nacional.
Getúlio, que já vinha sofrendo pressões da direita civil e militar, que le-
varam à renúncia seu próprio ministro da Guerra, o general nacionalista Estil-
Iac Leal, em março de 1952- e que observara, com preocupação, a derrota dos
lO oficiais nacionalistas e de esquerda nas eleições do Clube Militar, em maio -
procurou responder reaglutinando sua base de apoio trabalhista. Para tanto,
~5

era essencial estruturar o PTB nacional em moldes, senão tão sólidos e fortes,
pelo menos semelhantes aos do PTB no Rio Grande do Sul.
No dia 20 de setembro, o próprio Vargas regressava ao Rio Grande, nu-
ma de suas raras visitas ao seu es tado natal durante o segundo mandato presi-
dencial. Nas comemorações do aniversário da Revolução Farroupilha, Va rgas
as se dirigia a seus conterrâneos, tendo ao seu lado o governador trabalhista Er-
nesto Dornelles: "Não é sem emoção que revej o a capital de meu Estado e que
piso o solo desta terra gaúcha, cuja recordação nu nca me abandona e a cujas
tradições e costumes sempre fui fi ei", exclamaria Vargas. A seguir, faria uma
longa defesa de seu governo, principalmen te no aspecto econômico, naquilo
que ele próprio chamaria de "prestação de contas ao Rio Gra nde".~<! ,
Mais tarde, naquele mesmo dia, Getú lio faria um discurso aos lideres
sindicais gaúchos. Dirigindo-se aos trabalhadores do Rio Grande do Sul" e aos
"trabalhadores do Brasil", diria ele:
Conforta-me verificar que o proletariado brasileiro já adquiriu a con.stiéncia
-- nftida dos seus deveres e responsabilidade na existência da na~o. No último p.eito.,
destes uma demonstraçao irretorquível da vossa independência e do \'OS._~ d.:...o;cer-
nimento, no tocante à soluçao dos problemas políticos.
Por isso mesmo, há duas condições para o vosso progresso e para a seguran-
ça do vosso futuro: a primeira é a liberdade sindical, vinculada a eleiçóe.s livres e
que honestas no interior das vossas organiza~ profissionais; a segunda é a prepa-
raçao do proletariado para a participaçao no governo, através do processo legal e
~JhO
ed e ~
constitucional do voto livre e secreto.
:;ltal, Depois de fazer a defesa da legislação trabalhista e da neces.sidade
de sua ampliação, Vargas volta a falar nos rumos da política nacional:

103
. · . ·par efetivamente no governo a traves do voto livre -~~·uétaores ·
do Brasil para partlct · · . . . · ! .. as d
. ' e constitui pelo voto da matona. e vós sots.mcontesta ema.
cracias o governo s . d d . ve1men
. .' d brasi·leiro Só com a conquista o po er terers a oportuni·d te a
mmona o povo · b d ade p
empreen de r a grande r eforma alicerçada em ases e segurança econôm· Ica ejuara.
. I Essa reforma terá de vir, não pela revolução, mas pela evolurao n'~ StJ.
ça SOCJa • 6 · 'd I d · ~ ' aO pe1
Iuta de cIaSSes, mas pela cristalização do pr pno 1 ea a rgualdade das cl~~:~... ~na
a
comunhão nacional. . . . .
Esta deve ser a vossa grande ambrção. As rervmdtcaçOes de classe sao t
. . d d ran.
sitórios, quando não se amalgamam na hrer~~qma o po er e quando nao encon.
tram órgãos permanent~s de def~sa na admrms~ração e no parlament?: criar esses
órgãos, consolidar a posição política do proletanado, tra~ê-los das oficmas e das fá.
bricas para as altas esferas do governo, através do. voto _hvre e da seleção de valores
_ que são os processos democráticos por excelêncra - ers o que deve constituir tOdo
o objetivo dos vossos esforços e das vossas lutas.
No final de sua alocução, Vargas advertia os líderes sindicais gaú.
chos:
Nao devo ocultar os entraves e dificuldades de toda ordem que ainda surgem
a cada passo, opondo-se à realizaçao dos mais legítimos desejos dos trabalhadores;
tanto maiores, porém, essas dificuldades e tropeços, mais necessito do apoio e da
compreensão das massas trabalhadoras, a cuja felicidade e bem-estar tenho dedi-
cado toda a minha vida pública.
Preciso dessa solidariedade e dessa compreensão, preciso de vossa coope-
ração ativa e vigilante, para que o patrimônio dos trabalhadores do Brasil, que é a
legislaçao social a qual tive o orgulho de ligar meu nome, nao pereça na conjuração
dos interesses egoístas, em meio da apatia das massas.
Trabalhadores do Rio Grande do Sul!
Devemos manter vivo e claro o ideal que há vinte anos nos une, que juntos
conduzimos à vitória através de empecilhos de toda a sorte, que erigimos em es-
tandarte de luta e em legítimo título de glória para nossa Pátria. Devemos congre·
gar-nos em torno das conquistas de nossa legislação trabalhista, estendê-las a todos
~ setores da atividade nacional, vivificá-las constantemente pela fé nos seus pro~­
srtos e pela confiança no triunfo dos princípios de justiça social em nome dos quaiS
combatemos e sobre os quais havemos de construir o Brasil de amanhã.242
Menos de d,ms · meses mats · tarde se agravariam, para Vargas, as "d'ficul·
1 •
dades e t~opeços a que aludiria aos líderes operários do Rio Grande: nos~­
tados Umdos, os democratas herdeiros de Roosevelt eram derrotados por~
senhower

e pelo Part·d1 o Repubhcano.
· Os republicanos eram fortes adversános .
da tntervença-o estatal . . . do /aiS·
. na economta, defensores das velhas concepçoes der
sez-fiaue
.
e do liberalism ô . . .
0 econ mtco que traztam de sua expenêncta · de po ·.
antenor à grande cri d 19 da antt
. . se e 29. Ao nível externo adicionariam à cruza as
cornumsta Já presente T ' todas
. ' " . e~ ruman, uma campanha fulminante contra iro
tendênctas de nactonahsmo econô . , tes no ~'Terce
Mundo"· a ós um mtco porventura presen . 1113 por
urna as iid~ran an~ de ~caramuças, em 1954, começam a catr, ~tonial.
. (
' ças nactonahstas mais consistentes do antigo mundo
104
ele ano, é a vez de Arbenz, na Guatemala, Mossadegh, no Irã e Vargas no
Naq~l Em 1955, completa-se o ciclo com a queda de Perón na Argentina.243
srast . '
Getúlio Vargas pressente que é preciso preparar-se para a batalha mais
e perigosa que já travara desde a Revolução de 1930. Busca aprofundar a
dura . - 'á
dicalização de postçoes que J encenara em 1952, recompondo sua base de
ra .
aio trabalhtsta e popu 1ar.
ap o discurso de fim de ano, pronunciado em 31/12/1952, na capital federal,
efletiria o endurecimento das posições de Vargas em relação ao capital exter-
~o. o discurso de 1° de maio de 1953, no Dia do Trabalho, no Estádio do Vas-
co da Gama, traduziria sua radicalização na poHtica interna.244 O presidente
afastava-se das elites dominantes e procurava amparar-se nas suas bases de sus-
tentação trabalhista. A política de compromisso, sustentada na sua aliança com
0 PSD ao nível parlamentar e ministerial, começava a desagregar-se.
É significativo que Vargas buscasse apoio em lideranças poUticas gaú-
chas, nesta sua derradeira batalha. Convocou, para postos ministeriais, um ve-
lho companheiro de Revolução de 1930 e um fiel articulador da campanha pre-
sidencial de 1950, ambos do Rio Grande. O primeiro, Osvaldo Aranha, fora
seu ministro de Relações Exteriores durante parte do Estado Novo. Embora
rompido com Vargas desde 1943, fundador da UDN em 1945, e apesar de ter
apoiado o brigadeiro Eduardo Gomes, tanto em 1945, quanto em 1950, Aranha I
I
I
I
não resistiu ao- inesperado e dramático apelo do ex-companheiro de armas e I
"chimango" das lutas de 1923 e 1930, antecipando-se a um gesto que outro ex- \
chimango, o chefe da UDN gaúcha, Flores da Cunha, só amadureceria post
mortem, na trágica manhã de 24 de agosto diante da fúria desesperada das mas-
sas populares de Porto Alegre. 245 Em de 1953, Osvaldo Aranha era nomeado \
ministro da Fazenda. De certa forma, a nomeação de Aranha representava uma
tentativa de dar continuidade a uma política de compromisso em novos termos.
De fato, Aranha sempre fora considerado um político simpático a um bom re-
lacionamento com os Estados Unidos.246
A segunda opção de Vargas refletia a política da radicalização e rearticu-
lação de sua base de apoio popular e trabalhista. Jango, nomeado ministro do
!rabalho em junho de 1953, deveria consolidar uma estrutura sindical fiel aos
tdeais trabalhistas e articular, em nível nacional, um PTB de certo modo inspi-
rado na exemplaridade de sua secção gaúcha. Não foi por acaso que o incumbi-
do destas tarefas foi o até então presidente do PTB do Rio Grande do Sul.
. Mas a posse e as articulações de Jango no ministério do Trabalho -onde
~ulttvava inclusive um bom relacionamento com os militantes comunistas, em-
~ra a linha oficial do PC ainda fosse ·de hostilidade ao governo Vargas (o que
ahás
c(rc muct a~~a
· após o gesto suprem~ d.~ 24 de agosto ) - I~r~tara~
· · · d ·
~m a mats os
p ulos mthtares direitistas e da duetta conservadora ctvll, pnnctpalmente os
Oderosos órgãos da imprensa udenista. 247
fo A ampla campanha direitista contra o governo Vargas passou a centrar
sa~~a figura do ~inistro do Trabalho. Sobre ele começar~m .a pa.ira~ ac~­
de que estana planejando instaurar no pais uma "Repubhca Smdtcahs-

105

• ' : ~ ••• • .J' :

-, ·. _; _ -: ·
• ~ • • • • ,~ .. 1

..... , -..
; I ·,' •, ':.' ' • • ·. • ' ' .. . .
. ·.:~';;-./.':;.....
. ta Cheoou a se falar na existência de
C'd->1 r~·ro lll~ ' • e urn
u."'\ i~....':'.ir.:tdl 1\i) m .. " . '" 1. ulado por Jango, conforme estaria comp
\' • \S p~.r()n, ar IC • . "d d 24.8 Q T(}.
j"\.' ~,,, ~~'!~h ar-:.. - d" r i du\idosa credtblh a e. confronto Ja
\~·· ·' tu t lm0-s
- " :t L nn Drln ' · ue
~ • . au"e no mlclO e :> , quan d o o minist n-
· · d 19,...4
. . 1. . 'linr c-he":nta a 0 =- ro
~ tl~it.\" vt.:'\ ).. n\1 • . =-_ .- de ronccder um aumento de 100% no ~al"
•• ..., ,.·:\ --.u3 mtt·nç..w . .. ~ a.
,~, 'r·'"'~"1"' 3nun l . , , .· d·ta 1o de ma lO. Em resposta, Vlna o famo~,..
\l rl ir U'' I' f\ :\Imo
n . . ~. .\~ tn1~~i.',·
.l l ' . .. . · d ·0 dias de fevereiro de 1954, por um gru .:v
(\"~n ~1~ Lmça o n
" \ l . . . ' ·'-'
~ _.:mH .. ~h ' - é. do E'érc1t0 . .
denunciando Jango e sua p PQ
t,. , ; • t.{ .. um ten~ntt"S ~ roron ts . , , . ro.
... .. • . -. 1 , cri'e culmma com a renunCia de Jango do mi.
'''~ l ~ "' ::n~m.:·nh' ~ ... 1H ta . '"' . - d .
t . .. ' , . .. _ • ""' h'lver ~romendado a manutençao a sua proposta de
-~~ta " ' rü~ ~ .. u . ntt: ~ . . . . d . .
.. , .
~ ~~ r.u , ·~1l..H t ' mmun . L~,...
, ......núncia de Januo,:, agra\ana
.. am a maiS as Já tensas
~· . ., -~ ' ntn-' y H •, lS c set . res das elites.
'- '- .. • \ . ' - ' ..... 4 • '- • ,.. ..

, :'".;11.\J, ~- lm;?~t~. tron~f rmaria Jango - que contm~ava em. seu posto de
.; L,. t "" .. ~ , , .,. d rTB _ no segundo Hder trabalhiSta mats popular do
'('~" ~ .. I;

.
· ·" · ·
0 1 ~ •'

r~l- '~ .,~ t\ lh pn' pri presidente. ~ exalt~d~ b~es do p~ gaúcho re-
~' ri.rr, • .)n.::~. em triunfo na convençao que tnd1cana os candidatos à su .
-

...,.,_._, , -.1\o..\. .,·. ·"'- ~ "' lO ' • :~~ Vítima da campanha direitista. ele conquistaria um
"'""~ \. .l o~t..l L..ot ..
... "' ...

~t'...l:-\ }unt :1_, ~a.,rs trabalhistas e populares que o legitimaria como "herdei-
n: • ~ .. \"..rr~~1-'" e r tenci31 c-"mdidato na sucessão presidencial de 1955, caso 0
F~ r.:~ .. \~'s:S;.' C\."'nC\ mr sozinho.
rn'~pri \"arg-JS. no seu radical pronunciamento de 1° de maio de 1954,
:: ~ .. ~ c-.r..:! ~. s...'-lrh aumento de 1007c proposto por seu ex-ministro, como fa-
rü ~::i s~ tct c- ab~rto el gio a Jango, consolidando a posição deste como se-
f_:::.:.: ..' lfj~r " tnb.Jlhismo ao nhel nacional. 42-50
E.::1 j u nh~.. d~ L 54. em meio a estas crescentes tensões no cenário poHtico
::: ~ .. ~ .. :::.1- . ' lídC'res trabalhistas gaúchos confrontam-se com a questão da su-
~·' ._ d ~ Ernoto Dornelles no governo do Estado .

.-\SEG U~DA CAi\1PAl"lHA DE PASQUALINI


E OS REVESES DE 1954

A. F~r de meados de 195-t ·á f


t--J te 3 f'Qpeil do quad '} na_ ase fmal do governo Dornelles, o de-
ti~. ~.s h , 1es trab...,Jhis~ts~~óno gaucho toma conta do noticiário jornalís-
- " "" as remava um ce t 0 · · . . .
\~""J ue o m d...,.emp-enh d r ottmlSmo, potS munos acredtta-
. ""~ o o governo t b lh.
nm~\j enue Varg:!S e a b"' ra a lSta estadual somado à reapro-
- sua ase de sustent - ,
h rtJ.l('\"iment do pap.el do PTB ,. açao gaucha - e o conseqüente
\itóriJ d~ 1950 a:'-Se urand em ru\ el fe-deral- permitiria uma reediNio da
' .. o a permanê · r-
Em n~z. d qu3dro d~ alternâ . neta do trabalhismo no poder estadual.
d~ f.lto s.~ impori3 no períod: ~ de_po~er e~tre os dois blocos partidários, que
1

Qta~J~-unento de uma he 9
~5-M, munas trabalhis.tas sonhavam com o
, . d .. gemoma permane d , .
P ~ tlll o o pad.rao da Rep ·bl. nte o PTB ao mvel regiOnal
u Ica Velh d , re-
perfodo de hegemonia do PRR de Jú '7 urante _a qual prevalecera o longo
ho de Casuthos e Borges de Medeiros,
1~
v
aurante todo . o período
. 1893-1930 apesa d
. ~, r a permanente oposição maragata,
uaduzida, mcl~•:e, nas cont~taçoes armadas de 1893-95 c 1923.2ot
A probabthdade - ~en~o a certeza - de uma nova vitória trabalhista fo-
Illentaria, no entanto, a nvahda~e entre os potenciais candidatos à succssfio de
oornel~es. Pelo ~enos quat~o h~eranças ti.nham condições reais de pleitear a
indicaçao do partido. E~ pnmel~O lugar, Situavam-se os dois poHticos vetera-
nos da co~ente p:agr~zátzco-getulrsta: Loureiro da Silva- um dos arquitetos da
estruturaçao parttdána no período 1946-47 c ligado de forma pessoal c direta
ao presidente Vargas e José Diogo Brochado da Rocha - deputado federal
mais votado no Estado e Hder da bancada federal gaúcha, outro veterano diri-
gente d~ fas~ de estruturação d? partido. E segundo lugar, uma liderança jo-
vem e dmâm1ca em plena ascensao: o deputado federal João Goulart, presiden-
te regional do part1do no segundo per(odo 1950-52, secretário de Interior c
Justiça de Dornelles até meados de 1952, quando Vargas, como já vimos, 0
chamara à capital federal para assumir a presidência do PTB nacional c, um
ano mais tarde, o próprio ministério do Trabalho. Seu confronto com setores
reacionários da direita civil e militar o populiz.ara ainda mais no Rio Grande
do Sul. Sua fidelidade e ligação ao presidente Vargas eram incontcstcs. Por úl-
timo, ressurgia a possibilidade de uma candidatura Pasqualini. Sua consagra-
dera vitória na eleição majoritária para o Senado, em 1950, somada ao seu
dinâmico desempenho no Senado Federal- como relator do projeto da Petro-
brás e inúmeras outras atividades parlamentares, al6m da sua imagem de idcó-
logo e teórico abnegado do trabalhismo, faziam ressurgir, com grande impeto,
a m1stica pasqualinista no Rio Grande. Sua apertada derrota em 1947 era con- I
siderada - por amplos setores de opinião dentro c fora do partido - como um l'
lamentável equivoco, senão como uma aberração a ser retificada pelos gaúchos
em novo teste eleitoral.252 1
Enquanto no campo trabalhista grassava a disputa em torno a estas qua-
tro lideranças, no campo da oposição consolidava-se a Frente Democrática
constituída pela aliança do PSD com a UDN c o PL c já testada -com sucesso
-nas eleições municipais de 1951. O prefeito de Porto Alegre, lido Mencghct-
ti, que derrotara _ contra todos os prognósticos -o jovem engenheiro traba-
lhista Leonel Brizola , consolidara uma boa imagem junto aos setores liberal-
conservadores e passava a ser considerado o candidato natural no campo anti-
trabalhista, apesar de sua carreira recente c sua autoproclamada fama de "a-
poUtico". Sendo Meneghetti filiado ao PSD, reservaram-se as duas vagas ao
Senado (em 1954 seriam renovados 2/3 desta casa legislativa) para o PL c a
UDN, respectivamente. o grande artículador da m.anuten<;c'\o da Frente PSD-
UDN-PL voltava a ser 0 cacique pessedista Peraccht Barc~llos.
Entrementes, em principias de junho de 1954, a dtsputa pda indicaç.'\o
no PTB parecia cristalizar-se em torno a Loureiro - apoiado pela corrente
"pragmática" e Pasqualini, apoiado pelos "ideológ.icos':· ~~g~n~~ ~' i~p~cnsa
da época, os elementos mais ligados a Vargas parecmm mchnar-sc, ·' pn.ndpio,
a favor do veterano Loureiro, embora muitos já sonhassem com u candtdatura
107
253
d ·trtjdo João Goulart. M:1s logo no inf ..
· ciona I o P• ' .. · Cto
do jovem prestdente na d 5 fundadorc:. da 1,JS B·c elemento de <Jcstaq
daquele mês, João Caruso, u.m,. ?1_.1 seguia J11:ra o Rio' l!c Janeiro para scguuc
. /ó · pasqua rms ' , ' n.
da corrente w:o gzco- · ~~lutar contra 0 a u ete, perto do Cat cte", scnslhiJi.
do suas própnas palavras, . 1do p·•rtido a favor da tese de uma nova c·tn
d' r 0 nacaona ' ' . . .
zando Vargas e a ueça e Pas. ualini.2M Nessa viagem, Jo:to Caruso - que su.
didatura governamen~a~:cia doqpartido gaücho quar.u..lo este assumiu a direção
cedera Jango na prestd por dois intelectuaas de <.l cstaque da corrente
. I f ·a acompan1lar
nac10na -se az• A' d'l de Lemos e Lcocá<.lio Antunes. Enquanto isso
ideológica: ?s professores Ja o~imcntavam: José Diogo <.l cclarava-sc canditlat~
os pragmátz~os, ta~bé md s~ ~ho255 e 110 dia seguinte, Loureiro da Silva era ho.
ao governo Já no d1a e JU 2
. r da
'
Carteira de Crédito
.
Agr
f . 1· <.1 B·
co .·' . o anco do
menageado, como ue o D 1 - Brasil '
numa solenidade que visava prestigiar, na verdade, as suas prctcnsocs à su.
cessão de Dornelles.256 .
Mas a mts· são de João Caruso, Ajadil de Lemos
.d c Lcocá<.lto Antunes
. no
Rio de Janeiro que, a prindpio, parecia contr?vcrtt a, 1avrava um tento tmpor.
tante a favor dos ~~ideológicos'' já no dia 5 de JUnho: Jang?, embora desmentin-
do à imprensa que existisse um veto à sua ~róp~ia can_d•datura po.r parte dos
pasqualinistas, acabou convencido pelos em1ssános g~~uchos a aparar a ca~di­
datura Pasqualini.2~7 É bastante provável que esta dectsão de J~ngo tenha.stdo
incentivada pelo próprio Getúlio, desejoso em manter o presadcntr nacaonal
do PTB e ex-ministro do Trabalho na capital federal, para lhe dar cobertura
frente à crescente campanha oposicionista da UDN c de c(rculos militares, que
já então faziam prever a possibilidade de uma escalada de descstabilização do
governo federal. 258 É significativo que, logo após as conversações com Caruso e
os seguidores de Pasqualini, Jango, fazendo-se acompanhar pelo secretário de
Obras do Rio Grande, Leonel Brizola, jantaram com Getúlio Vargas no Palá·
cio "comunicando-lhe a solução" favorável a Pasqualini. "Até porque o Sr.
Getúlio Vargas, nesta altura" - segundo especularia, no dia seguinte, o Diário
de Notfcias- "ante o fantasma da candidatura Meneghctti não pode escolher
muito: serve mesmo o Sr. Pasqualini, a cuja indicação por duas vezes se
op0s"· Na ~ealidade, é provável que, além do receio que suscitava a candida-
259

tura do prefeito Meneghetti- já então com fama de ser bom de urna e apoiado
pela podero~a F~ente Democrática, isto é, além de considerações poUticas me-
rament~ regaonaas, Varg~s inclinava-se pelo apoio a Pasqualini também em de-
corrêncta de fatores denvados de situação poHtica nacional. Confrontando-se
com os constantes ataques das forças liberal-conservadoras Vargas optara, na
segunda fase. de seu segundo governo _justamente 0 perí~do 1953-54- por
uma reaproxtmar~o com as b b · . . , ho
')'" ases tra ~lhtstas prmctpalmente o PTB gauc '
relegado a um segundo pia r • . • ' • l'ni
. no na .asc tnlctal de seu governo Ap01ar Pasqua 1
no Rto Grande do Sul e mant . · . ,. na-
cional do PTB c do m . er 1a~go. no Rto de Janeiro como aruculauor. e
ovtmento smdrcal tornava-se uma oprllo necessjna
coerente em face da nova s·1 r 1li ' -r- se·
t: l tores mais conservado d I ua~o de polarização e enfrentamento com os
IH res as classes dominantes.200
'I ' -'" . 108
.-.
1 . t ~·
r
l '
!
I
·_
,.\inda assim, no dia 8 de junho, j6 em li, , , , • .
. re ional do PTB gaúcho, Var as de ·r.. c,"·' f.lsc de aruculnçito da con-
venÇ30 êsg grandes"- Pasqualini Jan ~ JL'<.l.\u t~nnsparcccr 'luc '\tualqucr
doS tr ' go ou osé Dtogo . • · ·
um ernador Na verdade G"túl' r . · . - scrvtna como randi-
dato,~ g:;erada" d.e Loureiro d~ SUva.~~1 ~tnu~~a~;~, d.e antemão, uma cundidu-
tura rn d d PTB f'.·. ° tlt.t scgmnte, José Vccchio embo-

· como can
1
ra ainda afasta o o d'd o Jcta , também anunciava sua diSJlOsk~lo
r 1 ato traball · t· r
d·:
'IJ'(>t'•tr
pasq~a lfll . us .a, olereccndo-lhc a legenda do PTBJ.~l~
1' " • • •
.
No dta 1~ de JUnho, a três dias apenas da convençno estadual trabalhista a im-
prensa aiOda especulava sobre o ~b~t~culo representado por velhos dc..o:;~ntcn­
dimentos entre Vargas e Pasquahn_I, mclusive discursos contendo crfticas ao
governo federal que o senador gaucho pronunciara na fase .. moderada" de
Getúlio, em 1951-52.263
No dia 14 de junho, às vésperas da convenção estadual, 0 governador Er-
nesto Dornelles atacava duramente a Frente Democrática em discurso pronun-
ciado em Passo Fundo. _"As elites sentem receio do movimento social que se
processa no pafs e, entao, reagem atacando o presidente Vargas" vaticinava
Dornelles, elogiando a ~eg~ir "a tran.sforma<;<1o social que se opera no Brasil,
sob o governo trabalhista . Conclumdo, profetizava o governador gaúcho:
"Contrariá-la ou procurar detê-la, seria precipitar acontecimentos de impre-
visfveis conseqüências ... "264
No dia 15 de junho, Brizola precipita o desenlace da disputa sucessória
no PTB gaúcho. Sob sua presidência, o diretório metropolitano de Porto Ale-
gre indica à apreciação do diretório estadual os nomes de Alberto Pasqualini
para o governo do Estado e Jango, para o Senado da República. 265 No dia se-
guinte, a convenção do PSDA remanescente, presidida por Victor Isslcr e pres-
tigiada pela presença do governador Dornelles, manifestava-se também a favor
da candidatura de Pasqualini. No dia 16 de junho, Goulart chegava da caphal
da República para presidir os trabalhos da convenção do PTB gaúcho. Os tra-
balhistas gaúchos acolhem o ex-ministro do Trabalho "apeado do governo pc-
las forças da reação" de forma apoteótica na abertura solene da convenção. Jú-
lio de Mesquita, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre,
destituído no governo Dutra e ex-integrante do PC legal, exclamava perante a
compacta multidão reunida no Cine Palerma:
Sr. Joao Goulart, esteja certo de uma coisa: do ~azonas ao Chui, o ope.ra-
riado está convosco. Nós sabemos quem sao nossos am1gos e quem sao nossos mi-
268
migos e no rol destes últimos está a maioria dos Congressistas.
. A seguir, Tarso Vieira de Faria, diretor do SAMDl!, lançava Jango à pre-
Sidência da República sob os aplausos delirantes da multtdão.
Jango Goulart é 0 homem que há de galgar a posiçao ~~ma deste pafs pa-
ra seguir os postulados deste grande vulto nacional que é Getulio Vargas.
0 radialista Dilermando Reis exclamaria:
"Eis o único homem capaz de suceder Getúlio Vargas na presidência da Naçao (...)
109
o radicalismo deste discurso ini . 1 ,.
desta campanha de 1954, caracterizada Cia a e Ja~go. entretanto, daria 0 tom I
I
1
precederam o suicídio de Vargas. Ao mpe a emociOnalidade e polarização que
do ex-ministro do Trabalho consolida esmo ~empo, a crescente popularidade
-t I . va sua Imagem d h d .
Vargas ao wve naciOnal - e potencial d. e er erro político de
caso o PTB decidisse concorrer com can~n tdato à presidência da República,
. 18 d . nh . . . I ato própno 2B9
No dta e JU o IIDCiavam-se os trab . -
dita. Na hora de encaminhar a votação alhos da convençao propriamente
dor, o deputado Leonel Brizola _ consid pa~ escolha do ~ndidato a governa-
"facçáo janguista", tida, pela imprensa d:~ lfder e ar~u~Iador regional da
0 0

. · poca como maiS vmculada a Varg


do que a PasquaIlnJ, tomava mais uma vez a · . . . as
candidatura do teórico trabalhista llllCiatrva de defender uma nova
"
"O que eles desejam
. '
os partid
·
·
05 que se coligam em conchavos" - diria
ele, é a volta da polluca das velhas raposas do
querem é o ressurgimento dos trustes é a r~ ~ co:tumes velhos, o que eles .
cargos de administração"27o D · d ' . . . n uçao dos poderosos para os
. . . . epoiS e dmg:u um apelo no sentido áe que fosse
manttda. a urudade part1dána
. e de congramlar--,e com 0 s d"mgentes
· ·
trabalhistas
pelo_ êXIto dos entendl.Dlentos
. levados a cabo com 0 fim de encaminh ar a so-
luça? do problema sucessóno_es~dua l, Briwla tran5nútiria um apelo direto ao
pres1de~te ~argas a favor da 111d1cação de Pasqualini, ped.indo a seguir, que os
convenciOnaiS aclamassem seu nome. Segundo o CoTTeio do Povo:
Esse apelo foi corres pendido de imediato, tendo a convenção, de pé, ovacio-
nado o nome do senador gaúcho. Fez, ainda, o Sr. Leonel Brizola o lançamento dos
nomes dos Srs. Jooo Goul.art e José Dio~o Brochado da Rocha, para o Senado Fe-
deral, tendo os mesmos sido igualmente actamados peJos com-encionais..211
Antes de terminar sua alocução, o ~ecretário de Obras Públicas do governo
Dornelles conclamava a todos os companheiro.s do partido a se empenharem a
fundo pela vitória do PTB nas eleições de outubro, que constituiriam, segundo
ele, em teste para o prestígio polltico do presidente Vargas, assediado na capi-
tal federal pelas forças da reação. zn
O deputado federal Ruy Ramos, falando depois de Brizola chegaria a exclamar,
referindo-se a Alberto Pasqualini - que, como de hábito, !lão se encontrava
presente à convenção para não constranger os delegados: ''E uma candidatura
muito boa para ganhar e até ótima para perder" pois, segundo ele: "Na hipóte-
se das urnas não nos serem favoráveis, ainda assim o nome e a pregação de
Pasqualini representariam um grande b-eneficio para a defini&:-a estruturação
doutrinária do PTB no tempo, mesmo fora do goven:o. A candidatura do no:-
so doutrinador não tem assim um sentido apenas eleitoraL 1vias tem profundi-
dade e sentido permanente. Uma eleição para um p~do de idéias deve ser
como cheia na existência eterna de um rio. Passada a cnse, a corrente das águas
deve marchar para 0 futuro. o nome do sen~d~r ~.~u.alini representa para o
PTB essa continuidade de um movimento de Idéias ·
Mas, além de Pasqualin.L outro destacado dirigente do partido não se encon-
111
· ·~ . -....' "
. __ _ . Embora aclamado peJos convencionais <:otno 'v ·· r·:.

trava presente: José Dtogo. líder da bancada federal gaócha, amarguraa( c:tn.
didato ao Senado, o veterano. candidatura decJ·d· · · ta_r a convenc·~_, ~·
. 1ra botco
oru:'d
. . ~ de sua própna , . . r. . r ..rJ,?"'• (1r!Ot
inviabthzaçao . . designaram uma comtBsa.o que busca: fl.e 0 por'
Preocupados, os convencton~JS prG. dia 2
'· . m sua residência. .
cer petebtsta e atender aos apelos de seus corrchgionáríw p que c
t to recusou-se a . ·~· 1ra
Este, entre an , . . da evocava um argumento formal para justificar ~~ getuli
a imprensa, José Dtogo am reeo·r
ausência: Est tutos do Partido" -diria ele ao Co"eio do Povo: de 19
"De acordo com os a . . tanÇC
só podem ter assento na convençao .os convencJonaJs, os deputados e5tad!J4it
suap
trabalhistas e os prefeitos eleitos pelo part1do. Eu nao estou em nenhuma dt.~taHí· um t
tuaçOes. Só poderia comparecer na convençao como especta.dor c os gue me co.
nhecem sabem que nao tenho temperamento para estas pos1Ç(>es contemplatíYas.
com
se os Estatutos do partido estiverem errados desta parte, devem ser reformad.cls. real 1
cinq(
Mas a seguir ele reconheceria que a razão principal de sua ausência era Lour
mesmo 0 preterimento de sua candidatura ao governo, debitada às articulaÇóes PTB]
de Brizola, Jango e Getúlio: ereta
Ontem, antes da instalaçao da convençao, fiz chegar ao conhecimento do Sr.
João Goulart, que comigo instara para aceitar minha candidatura a uma cadeira no apoi<
Senado, minha decisao definitiva no sentido de recusar a honra com que me quer com
distinguir o partido. Fico na posiçao que reiteradamente anunciei, de nao aceitar guiri
minha indicaçao para qualquer cargo eletivo, afastado que fosse meu nome para a que~
competição do governo do Estado.275 quiru
D~ fato, José. Diogo já se decidira pela ruptura com o PTB e a busca de em :
um cammho própno, que permitisse sua candidatura ao Palácio Piratini.276 PTB.
" . ~o d.ia seguinte, 19 de junho, José Diogo desabafava para a imprensa: Tant
Ftq~,et exilado quat~o anos no Rio e tenho o direito de voltar para a minha apoié
terra · ~~ mesmo dta, a convenção trabalhista formalizava a candidatura de dual
;asquahm ao governo do Estado e Jango ao Senado. A segunda vaga para 0
deB
'
I p:~:do ficava em a~e~to - seja para entendimentos com outros partidos, seja te tr;
pela ~~:e~:mpostçao com o veterano Loureiro da Silva - outro preterido PSP,
I
!
No dia 22 ~u ~eshmo co~ o próprio José Diogo.2n
e JUn o, os Jornais pubr
dor Pasqualini do Rio de J . tcavam mensagem enviada pe o
1 sena·
eleit4
ra-ca
aneuo, agradecendo sua indicação: que~
. Aos trabalhistas do Rio G esta ao g4
Jornada, dirijo uma mensa rande e a todos aqueles que se aliam a nóS 0. as
forças do conservadoris gem de fé, de confiança e de certeza na vitória, poiS tirari
luçao sociat.27e mo nao poderao jamais deter a marcha inexorável da e'/0' lonia
nado
No entanto, do dia se uinte . .~ prias
também recusava convite pg ' 23 de JUnho.,-o-pragmático Loureiro da~ com ,
terição como candidato a ara concorrer ao Senado amargura ~pela sua o
pwre-
. ~ governador M . ' r..ou·
retro nao romperia com o PTB . ats paciente do que José Diogo, 111 ,
1958.27a e aguardaria a sua próxima oportunidade, e.
112
.. ..

Enquant~ isso, no campo ad~er~á~io, as posições se endureciam: o PSD


do Rto Grande do Sul fot a umca secção regional do partido a votar a . ·I
rtodOXO d .d V
o d impeachment 0 prest ente argas, sendo por isso duramente atacada
cavovr ·c~or Issler, do PSDA naquele mesmo dia 23.280 No Diário de Notfcias do
Por I h .d . 1. .
. Z4 de junho, o con ect 0 ]Orna tsta Munlo Marroquim, avaliava os riscos
dta corria a candidatura de Pasqualini, que a seu ver não seria absorvida pelos
q:~/istas-pragmáticos dentro do partido e, ao mesmo tempo, inviabilizaria a
g~nstituição do acordo com o PRP, que se efetivara nas eleições municipais
r 51. Diria Marroquini: "O fenômeno real do PTB, que é o indisfarçável ba-
de 19
lanÇO de poder entr~ o ' getuI'ts~~, e o ' trabalhismo', enccntra no Rio Grande
sua plena confirma~o. Pasqual~m representa, sem nenhuma reserva, a linha de
um trabalhismo radicalmente mdependente, independente das suas ligações
0001 0 'getulismo' cuja direção considera desfavorável a um mais rápido e mais
real movimento trabalhista no pais". Por outro lado, previa Marroquini: "Os
cinqüenta mil votos do PRP que serviriam ao trabalhismo na pessoa do Sr.
Loureiro da Silva, se voltarão contra o Sr. Pasqualini."[Na convenção do
PTB] "A aclamação dos convencionais mascarou de fato uma votação se-
creta que não seria unânime.281
De fato, o PRP poderia, junto a suas bases de sustentação, justificar o
apoio a um candidato trabalhista de corte pragmático-getulista-nacionalista
com o perfil de Dornelles, Brizola, Jângo e até do próprio Vargas. Não conse-
guiria, entretanto, digerir um trabalhista ideológico com o estilo de Pasqualini I

que sofria ainda por cima a oposição - justificada ou não - do clero das paró-
quias rurais.282 A primeira conseqüência direta do lançamento de Pasqualini '! I
em 1954 foi a inviabilidade da reconstituição da chamada Frente Popular
PTB-PRP-PSP para se opor à Frente Democrática PSD-UDN-PL naquele ano. I
I I
Tanto os ex-integralistas do PRP quanto os ademaristas do PSP negaram-se a I
apoiar Pasqualini, procurando constituir um caminho próprio no pleito esta- I
dual que se aproximava.
O PSP - que já procurava abrir espaços para a candidatura de Adhemar I
II
de Barros em 1955, ofereceu sua legenda e sua máquina financeira ao dissiden-
te trabalhista José Diogo, que acabou concorrendo ao governo do estado pelo
PS~, correndo os graves riscos que uma troca de partido impõe perante um
eleitorado polarizado e partidário como o gaúcho. Acusado de "traidor" e ''vi-
ra-casaca", José Diogo não conseguiu sequer viabilizar uma Pequena Entente
que seria uma coalizão PSP-PRP.263 No final, o PRP deddiu concorrer sozinho
:~ &?verno do estado, evitando um vai-e-vem de alianças que provavelmente
ITana-lhe uma parcela de apoio eleitoral. Wolfram Metzler, Hder da região co-
lonial alemã, concorreria ao governo do estado e Contreiras Rodrigues ao Se-
na~o. O PRP preferia entrincheirar-se no ghetto bem guarnecido de suas pró-
Pnas bases a aventurar-se numa aliança "espúria", para seus seguidores, seja
com 0 doutrinário Pasqualini ou com o transfuga José Diogo.
el Es~e ultimo ainda tentaria justificar sua opção pelo PSP, atacando a, para
e, tão-Inesperada aliança Pasqualini-Jango-Brizola, num tom que fazia lem-

113
brar os ataques à suposta articulação de uma "República Sindicat·
d' . I tsta''
da a Jango. Em princípios de agosto, Ina e e, na Cámara Federal: atrib111_
(... )seria Ucito a mim renunciar à luta para que o meu partido
missao histórica a serviço dos trabalhadores? Seria lfcito assistir ind'r exerces.~s
. d' herente à ua
ferência da açao do PTB para os sm 1catos e para os organismos 5. d' . trans.
peita de uma ameaça ao reg1me · democrá t1co.
· ?264 m •ca1s, na su8•
Após 0 24 de agosto, o colapso da candidatura José Diogo é tão .
. . " . . 'zá I , CVIdent
que os próprios ademanstas passanam a cnsuam - o . e,
Em 29 de agosto, "um grupo de ademaristas" chega a publicar um"
dido" no Correio do Povo, nos seguintes termos: Ape.
(...) v. Excia., com surpresa de nossa parte, declara que nao é pesse .
mas sim dissidente trabalhista,(...) nao tinha compromisso com o PSP• (...) VPIShta,
en a
pois, ilustre general Brochado Rocha ao encontro do povo, renunciando à sua ·
can.
didatura, que neste momento J'á nao tem base moraI e marche conosco na luta peta
boa causa.285
Frente a um Pasqualini concorrendo apenas. pela legenda do PTB, preju.
dicado pela defecção de José Diogo e com o apoio apenas formal de "getulistas
históricos" como Loureiro- ao qual se atribuía um misto de "cordialidade hos.
til" e "hostilidade cordial" em relação ao dirigente teórico do trabalhismo,2saa
direção do PSD e da Frente Democrática, sob o comando do implacável coro.
nel Peracchi, passou logo à ofensiva.
I No dia 26 de junho, o Diário de Notlcias já constatava:

~I É interessante salientar que o PSD, (...) partindo do pressuposto para eles


certo do "antigetulismo" do Sr. Pasqualini, afirma ser ele o candidato ideal que po-
I
I
deriam encontrar para se opor ao Sr. Meneghetti.287
De certo modo, o PSD gaúcho não se livrara ainda do trauma de ter de
enfrentar o seu ex-mentor Getúlio Vargas nas urnas. Enfrentar Pasqualini era
mais fácil e natural, na medida em que permitia fazer apelo mais direto ao con·
servadorismo característico das lideranças e do eleitorado pessedista. Ao mes·
mo tempo, a não-coincidência das eleições estaduais de 1954 com eleições pre·
sidenciais - ao contrário do que acontecerá em 1950 - facilitava o acordo e~tre
o PSD, de um lado, e os partidos liberal-conservadores de origem antigetulí:ta
- UDN e PL- do outro, consolidando a Frente Democrática surgida no pleitO
municipal de 1951. Sem a interferência direta dos fatores complica.dores ~:r;
dos pela poHtiça nacional- como, por exemplo, a participação auva do áriO
federal no ministério de Vargas e a potencialidade, bastante óbvia no ce?den·
nacional, de um acordo . PTB-PSD no encaminhamento da sucessão pres~or e
cial - o PSD gaúcho podia assumir integralmente o seu caráter co~serva ente
antitrabalhista, com a vantagem adicional de não ter de enfr.entar dtretatll
o próprio Vargas nas urnas. . dispu·
Já no dia 22 de junho, o PL preenchia a vaga a que tinha diretto nabro dO
ta senatorial indicando Armando Câmara - que não era sequer roern

114
'
f

j
i.:
t.
·..I - '-
. ~- ... . .
~
possurn 1,rcsH••i<l c 1.n 11. •
Partldo' rnus em1contrnparlida
I(·• . · · (.. n n"ncaa nos meios cntóli-
co.,s sendo · um1álos
· . 1ucres da Liga Flcltorral c- IA.Jf • ~''O 13 uscava-sc repetir a
- · • •1 " ca.
bcm-succdada ' llcu (c 194 ?, de estabelecer um confronto entre PaS<JU'alini c os
setor cs mais conservadores do clero · A UDN .
. , por sua vez, mdkava o 'ex-depu-·
tado estadual Daniel Kriegcr - um fiel •sc••tai<l•>r .• c
<lc FI• ores ua
> b • un 1aa, para con-
correr a outra vaga no Senado. I or trás da chapa Mcncghctti-Cfhnara-Kricgcr
O l•'der da .bancada estadual do PSD , Pcr·ac'cl
• u· Barce 11os transformava-se no'
grande ~ruculador da Frente Democrática, disposto a levar às últimas con-
scqüêncaas o enfrent~me~to d.o PSD gaúcho com o trabalhismo c o próprio
Vargas, mesmo que tsso trnphcasse em aberta rebelião frente às direções do
PSD nacional.
No campo trabalhista, com as recusas sucessivas de José Diogo c Lourei-
ro em concorrer à scgun~a vaga no Senado, optou-se finalmente em lançar Ruy
Ramos, qu~ fora o terce1ro deputado federal mais votado na legenda em 1950,
além de bnlhante orador e disdpulo do pensamento pasqualinista. Além da
pequena estrutura remanescente do PSDA, liderada por Victor Isslcr e que
reafirmaria seu apoio a Pasqualini em prindpios de julho,2ae este atrairia de
volta ao partido os dissidentes trabalhistas do PTBI de José Vecchio, que ha-
viam se afastado do PTB na convenção de 1950 c tinham recusado apoio a Bri-
zola e à Frente Popular de 1951, em parte devido à sua aversão ao acordo
PTB-PRP.290 Os entendimentos entre o PTB oficial e os dissidentes sindicalis-
tas em torno do apoio a Pasqualini permitiram mesmo uma reaproximação
entre Brizola e Vecchio, que desde 1950 não mantinham sequer relações pes-
soais.291 Mas o apoio destes dois pequenos agrupamentos dissidentes - o re-
manescente PSDA e o PTBI- não chegavam a dissimular o isolamento da le-
genda trabalhista nas eleições de 1954: de fato, o PTB concorria sozinho contra
a coalizão liberal-conservadora da Frente Democrática.
Pasqualini retornava ao Rio Grande no dia 22 de julho - um mês após a
convenção trabalhista- para dar infcio à sua segunda campanha a governador.
Acompanhado por Jango, foi recebido por imensa multidão no Aeroporto Sal-
gado Filho, improvisando-se naquele mesmo dia um comício na frente do
Grande Hotel, onde se hospedavam os líderes trabalhistas. 292
Na verdade, Pasqualini enfrentava esta segunda campanha em precário
estado de saúde e profundamente preocupado com a ~volução d.os aconteci-
mentos na esfera federal, que presenciara de perto, no R10 de Janeuo, longe do
~ntusiasmo contagiante de seus correligi~nários gaú.chos.
293
No sábado, 24 de
JUlho, em concentração no tradicional bauro operáno. ~avegantes - forte bas-
tião do trabalhismo operário _ os candidatos P~sq.ual.mt, Jango e R~y Ramos
davam início à campanha eleitoral. Entre os pnnc1p?1s or~dores, W1lson Var-
gas falaria em nome da bancada estadual, Temperam Pereua, pela bancada de
vereadores, Ruy Ramos pela bancada federal~ Victo~ Issler pelo PSDA e ~rizo­
la pela comissão executiva estadual. A segmr falana Jango, como presidente
nacional do partido:

115
Novamente dinntc <la valorosa gente do meu estado_
1
asscmhl~ia paru li Clamar n cw1didato trabalhista ao governo~esta _vez reunid
poderiam ser outras as minhas palavras scn:'lo uma profiss~'~
0
Rio Grand 05 elll
.caOdcf< c ...
sempre nortearam os meus passos c, por que n:lo dizer? . c nos ide~· %o
· ·-a mmh "'s
hoje inteiramente voltada par:1 as rcivindicaçocs do lrab·llh d n Própria . qüe
implantaçtlo definitiva c verdadeira justiça soci:~l/~94 ' a or nncional cV!pda,ja
araa
Mais adiante, Jango condamava os gaúchos a repetir a "
dençflo social" que em 1950 levara Dornelles ao governo do E ct ruzada da re
- . s acJo c G .
Vargas "marco perene da Revoluçao Socml em nossa pátria" ao " Ctúlj0
mando da naçáo". Desta vez, segundo Jango, "o Partido Trabalh ' suprelllo
· · · · d I · d d' · IstaBras·l
~o mtcw nov:dl af~r:~n.ca da pe adccdm~m~ta . os tr?Itos das classes assalariadas' ei.
unplantação c mtttva a ver a c1ra JUStiça socral". ea
Quanto a Pasqualini, diria o ex-ministro do Trabalho:
Se n:io bastasse a sua nunca desmentida devoção aos problcm ..
. ~ro~~po
derfamos afiançar também que é um candidato que subirá as escadas do p . ·
. a1áCIO do
Governo tendo compromissos apenas com o povo do Rio Grande e co
. . mas suas
dignas classes trabalhadoras.
Dirigia-se também aos "trabalhadores do campo",
( ... )a favor de quem, como ministro do Trabalho, tive a satisfaçaodeclabo.
rar um projeto visando assegurar-lhes todas as garantias que já tem o trabalhador
urbano, projeto este que infelizmente dorme o mesmo sono que o da participaçao
dos trabalhadores nos lucros das empresas, do congelamento de preços e tantosou-
tros, faço também o meu apelo para que forme conosco nesta cruzada por um go-
verno que se identifique, cada vez mais, com os problemas dos que sofrem e que
necessitam ser amparados.
Finalizando, Goulart dirigia dramático apelo ao eleitorado para respal-
dar a política nacional do presidente Vargas:
'• Junto com o senador Alberto Pasqualini precisamos eleger também .uma
grande reprcsentaçao federal, para dar ao nosso eminente Chefe uma ~ase sóh.da~
evitar assim o que hoic ocorre com relaç:ío a todos os projetos que v1sam 0 mte
' ' J d · econó-
resse popular, solapado por aqueles que apoiados na riqueza e. no P0 .e~IO . óes
mico dirigem realmente a vida nacional, asfiXiando as mais legfumas retvmdtcaç
das classes trabalhadoras. . ue me
(... ) Como soldado de nosso Partido, nunca escolhi lugar. Aceito os q
indicam. todOS os
Eleito, ou nao, nossa luta prosseguirá, não somente aqui, mas e~~Jmcntc, a
quadrantes de nossa Pátria. Não trairei jamais a vossa confiança, espcclc 01 como
1C conforta
confiança de milhares de trabalhadores que em toda a part~ n . 'd me tem sem·
calor da sua solidariedade c que nas horas mais diffccis de mmh<~ VI a
prc apom · d o. . aqueleS qu c a
(...) Aqueles que sempre nos combateram, os rcaciO ' ~ candidatos que
· nános c '
eles se juntaram que continuem nos combatendo c que votem nos
~ I se possam prestar como instrumentos de sua voracidade.
I ·. 116
. .!
Ncio desejamos os \'Otos .dos profiss· · ·
ci.róe5 do suor dos que trabalham . tonats dos lucros e:<trnordinários, dos ta-
sas torças nos permmrem.
• • ·
1
poiS 8 nos...~ luta há de prn&.c;.cguir enqunnto nos
. .
Com Alberto Pasqualini e os candidatos do PTB . .. .
, Com 0 Rio Grande para a A • parn a \'ltónn no Rto Gmn-
de. re.uençao política e econó · d B .,
to dos trabalhadores e da lide d .. m.tca o rast , ntmv~ do
\'O rança e Getulio Var..gas!~
Encerrando
d ,, firmo conúcio, falaria o senador Pasqualin1,· sa1·tentan do a neces ..
sidade e rea ar 0 pro~ma de 1947". Várias circunstâncias podem ter
mudado, de 1~ para cá, ~as lSSO não implicava em "abandonar o programa fun-
~enta!: p~lS este de\ e ser observado e seguido com absoluta constância e fi.
delidade · ~esta ~'llpanha, segundo Pasqualini, "o Rio Grande decidirá se
d~eja seguu ~ canunho da paz~ d~ jus~iça social (...)ou se quer retrogradar às
fórmulas arcaicas de uma poliuca mteuamente vazia de verdadeiro conteúdo
humano'"'.
. O .a:rne do enfrentamento político situava-se naquele momento, segundo
Pasqualini, nas grandes questões econômicas e sociais:
Porque, em verdade, nao se trata mais de libertar o povo da apressao e da ti-
rania política. Felizmente, essa fase de nossa vida pública já pertence aos domínios
do passado. É um capftulo que se encerrou com a conquista definitiva das fran-
quias democráticas e com a consolidaçao do regime representativo através do voto
universal e secreto. Essa realidade ninguém pode negar!
"Os adversários do trabalhismo", dizia Pasqualini, "procuravam situar a
batalha eleitoral como mais um episódio da 'eterna disputa entre a liberdade e
a tirania!' " Mas para ele, se neste momento, pelo pais afora, "na tribuna e na
imprensa se podem fazer as mais contundentes críticas aos homens que detem
a responsabilidade de governo, criticas muitas vezes injustas e que safam pelos
extremos da injúria e da difamação -é, sem dúvida, porque, se tirania existe,
ela será certamente de outra natureza poHtica".
(... )Trata-se, em verdade, de uma outra tirania, nao menos cruel nem menos
perniciosa que a tirania política, mas que( ...) [os adversários] insistem em
nao enxergar, em nao compreender, em nao sentir, em nao se afastar( ...). .
É a tirania da miséria da necessidade e do sofrimento que padecem tmensas
parcelas da nossa populaça~ e que transforma em tragédia a vid~ de t~os aqueles
que lutam pelo pao de cada dia, de todos os que vivem de salános, CUJO nível está
sempre abarxo das necessidades(...)
Mas quando 0governo trabalhista luta para elevar os salários, explica o
senador pelo Rio Grande:
Desencadeia-se verdadeira tormenta que abala as próprias instituições, como
se ao governo não assistisse 0 direito e até, na verdade, o .dever de proteger os fr.a-
cos e os humildes contra 0 pior dos inimigos da paz, da liberdade,. da democracm,
da justiça e da tranqüilidade social que é o abuso do poder ecom">mtco. .
Est · é · d todos os inimigos, porque fazendo uso da liberdade,
e stm o matar e . . . d -se ao pró-
pretende conceder ao forte 0 dire1to de opnmtr o fraco e, superpon o
117

. ·· , ._ .-
prio {X)(.k r do Estado, nega a sua faculdade de intervir para corrigir as injustiças so.
ciais, impcdind a cxploraç<10 uo homem pelo homem.
ln,·ocam-~c cnt~o todas as teorias do liberalismo econômico, manipula d
as c cscamotc~1.ndo-as habi\mc~te de modo a confundi-l~s e identificá-las com~~~
bcrnlismo pohuco, para dar a tmprcss~o de que toda a mtervençâo do Estado
campo cccmómico e social tS atentado contra a democracia e a liberdade. no
Segundo Pasqualini:
O equívoco da campanha contra a intervenção e a iniciativa do Estado
A • • no
campo ~con~nnco está em supor seJam elas sempre contra a iniciativa privada. Pelo
~ontráno: a 1~t:f"\ enção do Estado, alé~ _da sua função corretiva, reclamada pelos
mtere..<:.ses soctms, tem também por ObJettvo, nos países subdesenvolvidos, realizar
os empreendimentos que condicionam a própria iniciativa privada ou libertá-la da
. d
petas '
e grupos monopohsticos que pressionam e oprimem os pequenos e médioss
produtores e, através deles, os trabalhadores e consumidores, enfim toda a vida
econômica.
Nada tem a ver a iniciativa particular legítima com a ação destes grupos po-
derosos que pretendem dominar pontos estratégicos da vida econômica. O alarde
que se tem desenvolvido ultimamente contra a iniciativa estatal é apenas um slogan
solerte dos poderosos interesses monopolísticos e dos exploradores do povo.
A iniciativa e o controle do Estado, além de constituírem uma necessidade
de ordem geral para maior equilíbrio( ...) do sistema econômico e social, vêm sendo
reconhecidos até pelos melhores defensores do sistema capitalista como uma ne-
cessidade indispensável nos países, como o nosso, de fraca estrutura econômica.
Concluía Pasqualini sua defesa do capital estatal, constatando que:
É imprescindível, portanto, a intervenção do Estado na esfera econômica,
quer para suprir as deficiências da iniciativa privada, quer para corrigir suas anoma-
lias, pois o Estado deve sempre colocar os interesses coletivos acima dos interesses
particularistas de pessoas ou grupos.
Outra questão básica na defesa do intervencionismo estatal era a questão
da justiça social:
Ao governo se impõe, portanto, o dever da justiça social, que é uma de suas
finalidades fundamentais, e esta se realiza sobretudo no encaminhamento de todos
os programas ativos do Estado no sentido de estruturar uma ordem econômica de
296
acordo com os legítimos interesses e reivindicações das massas trabalhadoras.

Tanto Pasqualini quanto Jango centravam, portanto, seus discursos na


campanha eleitoral de 1954, na defesa do governo Vargas, assedia~o pelo viru-
lento contra-ataque das forças liberal-conservadoras, em nível nact~nal, e pela
nova linha agressivamente antinacionalista e anti-estatista da polfttca externa
norte-americana dirigida pelos republicanos de Eisenhower e F?s.ter ~ull~.
Em contraste com a campanha de 1947, quando Pasquahm eVItara mvo-
car Vargas, atendo-se a uma defesa doutrinária do trabalhismo e mesmo de
1950 quando assume a plena defesa de Getúlio como líder de m.assas, Pasqua-
lini passava a dar cobertura à própria politica de Estado do prestdente Vargas.

118

. -. ~ ,_
, Y:

aproximação dos pontos de vista dos do. lfd .


A artir da "virada,. do segundo governo ~ eres trabalhtstas consolidara-se
~/sz. o próprio discurso de João Goulart ~~~~~ara a esquerda, no final de
ente 1ragmático-getulista, radicalizava-se no ra fosse ~le egresso da cor-
relo ~inistério do Trabalho, diluindo-se a diferfod_o ~os tenor a sua passagem
p 'd ' erenctaçao- antes aparentemen
te mais nftt a -entre os pragmáticos seguidores d . V . . .-
.ni e argas e os ideológzcos, fiéts
11 pasqu,all ·
No dia. 31 de julho, Pasqualini realizava seu pnmeuo
· · comfcto · no mtenor
. .
do EsMtadol, JUStdamPeRntpe em Novo Hamburgo, uma das bases de apoio de WoJ -
fran etz cr e o .
Ali, o can~idato trabalhista alertava seus compatriotas teuto-brasiJeiros
de forma profética:
( ... ) Nao podeis alimentar qualquer ilusao a respeito das verdadeiras in-
tençl>es daqueles que a pretexto ae salvaguardar a democracia que dizem ameaça-
da, in~estem contra os trabalhistas e o governo, acusando-~os até de estarmos
consp~rando contra o regime. Há, em verdade, no meio de tudo isso, uma grande
consptraçao, mas que nao parte de nós e sim das forças reacionárias( ...) a fim de
retroceder na marcha das conquistas sociais.297

No dia 1° de agosto, Pasqualini falava para os mineiros de São Jerônimo,


tradicional reduto trabalhista. No dia 9, era objeto de consagradora recepção
em Caxias do Sul, principal centro industrial da região de colonização italiana,
no dia 14, dirigia-se a Santa Cruz do Sul, centro da região de produção de fumo.
No dia seguinte, reunia grande massa humana em Cachoeira do Sul, importan-
te centro produtor de arroz. No dia 20, a comitiva trabalhista, integrada
também por João Goulart, iniciava roteiro na região das Missões, falando, na-
quele mesmo dia em São Luiz Gonzaga. No dia 21, ambos falaram em Santo
Angelo e, no domingo, dia 22, em São Borja, terra natal de Getúlio Vargas.
Por um capricho da história, o comício de São Borja seria o último evento da
campanha eleitoral anterior à morte de Vargas (... ).298
As sombrias previsões de Pasqualini no comício de Novo Hamburgo, em
princípios de agosto, acabaram se materializando naquele mesmo mês, numa
rápida sucessão de acontecimentos que, a partir do atentadQ da Rua Toneleros,
no dia 5 de agosto, precipitaram a grave crise que provocaria o confronto final
entre Vargas e seus oponentes. . ·
. O impacto do suicídio do presidente no dia 24 de a~ost~ fm dra~áttco e
VIolento no Rio Grande de Sul. Tão logo chegavam as pnmeuas noticms pro-
cedentes da capital federal enorme multidão invadiu o centro ~e ~orto Ale~re
e iniciaram-se os quebra-quebras e depredações qu~ s_ó termman~m :e~~~~~~
com a intervença-o de colunas blindadas e da infantana do Exérctto ..
An tes disso os manifestantes já haviam saqueado e mcen · d' d0 as sedes dos
ta . . .
!rês ~artido~ liberal-conservadores - PSD, UDN e PL, atacado ose~:~~:~~~
JOrnais e emissoras de rádio conservadoras, além do Consulado Ar:" . ·
C'ty ·
1 Bank e de inúmeras filiais de firmas norte-amencanas. Até loJas nac10na1s
119
r-·
r.

'll.ll"t'JW IIIIII f'o llllll vfffll lll l do fiiHJIIt' i O tfr JII!!•


com nomes ou lltl)fetHJodns l
'"'
daçõcs}!99 . . i ll<l fHu·uHs•ldll por ll lllll J~H vo enpoulnuc•JI (1!1 1Jillll
. . A CÍ(!adc ~<:•t IIJ'r:"t .t~o'lll.~',vcruutlor. JJomdlc:l o 11 IJI'IJ~IHJI! Mlllllll' (ltJt t,'II JifÍ·
capats SCIVIÇOS pu ) ICOS. o' J•
blica estadual) a ele suhordiumJu m:~IIHII'II III ttl óllllol'l 0 fHA J'~ ;~xot ti 'tilll ox.
i I

_ d ód , . I . Hctcoso Clll dcfrollfllf'•IW COIII IJfl fHOprlll hiiM:n t.lfl


plobsaloh' e Dto popltll·~".,,,· tt>LJ d~scutmlcar a ,. ' JII'Ctl!lllO. ,;ô " " llual dll ltUtlti1
tra a ISIUO, orne CS C ' 1 . ,I "/
· t .n: d•JO.: tr<>JJ'IS federuis rcsllllwlc ·ou-rw umu pr ., 111 11 IH'det11,
com a 111 crvenç~· 0 · ... • · A ·
ainda interrompida por sa<JUCS, int~ndios o llrotclor1 'tlfW t'tld1('0 d11 f'í llll fi 11 tliJ/.
1
'

te de 24 a 25 de agosto.:JOo I

o trágico desaparecimento de Vlll'tlt18 dc:ipertílrlil pwluudot 1'1111 'O f(~:l t!


também algumas reações inusitadas. Houve momeuto.'l cw <JIIü SI !lltlló•l:t p:lf<:·
cia ter retrocedido a 1930: ao saquearem a sede d:t UDN, O.'! umullcNiaufct 1/vc.
ramo cuidado de prescJVar um cnorrnc retraiO <.1 ? Flor.cN da Ct~ uh:t , que ·:~rn;.
garam em passeata lado a Jado com füiOs de GctoJio. IJrnhora IO.'j.'iC pr~nldetl le
regional da UDN, Flores reaproximara-se de Va fJ'aS, uw; morrlculo:; llmt/Nd:t
vida do presidente, graças aos esforços de Osvaldo Aranha. LeH:dl~ f:t <Xmvk lo t.:
herói da Revolução de 1930, o velho Hores assistiu crnod onado íi cr; te 1nc1Jf1C·
rado tributo. Um ano depois, em 1955, corno presiden I e do 'ougrcm-10 N:u;/o.
nal, ele romperia com a UDN para garantir a posse de Ju.'!ccJino c .I:UJBO. f!m
1958, chegaria a concorrer a urna cadeira de deputado pélo PTB. Nos momen-
tos finais da vida de Vargas pareda recompor-se a velha g ut.~ rda de J!J30, com
Flores da Cunha e Osvaldo Aranha prcstúndo tributo ao :-;ttcrilk io supremo de
seu ex-aliado e companheiro do movimento revoJtH.: ionário. 30 1
O saldo dos quebra-quebras de 24 de agosto foi violento: peJo meno.<: trCs
mortos, trinta feridos graves, mais de quarenta prédios destruídos ou fWr/amen-
te danificados. Desde as depredações antiaJemás c aniiitaliunas de agosto de
1942, Porto Alegre não assistira cenas de tamanha vioWnda.
O efeito mais imediato da morte de Vargas :-~obre o processo polftlco
gaúcho foi a paralisação momcntanea da campanha eleitoral. O enterro do
presidente em São Borja converteu-se em expressivo ato polftico, com a pre-
sença de Osvaldo Aranha, Tancrcdo Neves, Loureiro, Pasqualini, Brizola c
inúmeras outras lideranças. Só no dia 10 de setembro os trabalhistas rcinicia-
riam a campanha eleitoral.
À primeira vista, poderia se crer que a tragédia de 24 de agosto fosse fa-
vorecer, eleitoralmente, o PTB e a candidatura Pasqualini. O voto no candida-
to _trabalhista ~n~tituiria uma espécie de desforra e homenagem póstuma dos
gauchos ao mais Import.ante de seus líderes políticos. A própria Carta-Tcsra-
ment~ ent~ava no cenáno como símbolo c galvanizador das paixões populares
e nacionalistas, acalentando o "espírito de 1930" c dcsfraJdando as bandeiras
antiimperialistas.
Mas ocorria também o efeito contrário: os quebra-quebras c a fúria po-
pular do 24 de agosto, semearam o panico na pacata classe média da capital e
120
1 os p«;qut;Uotl c rnt:dloR propriclftrfos do campo . Os pa r t'd lib era I-
Afllflll 1 · 1 · • , • . 1 os
~ullu·tVlll'1H~'''1 1ouiH~r.un cxp 1o r.tr 1lilhHrnctHc 0 medo da elassem é·t · . h
· , • · ~Ia gauc a,
n'"' . llltnnlfo cflrt:tarrlcntc o P I B pelos incidentes do 24 de
11111~11 1' . agosto.
ft'~l N" cllfl ,., tfc r ctclll 1Jro, por exemplo, o cacique pessedista Peracchi Bar-
·11•1' t'xcllllllurla, na convc:l'i· o do PSD convocada para homologar as candi-
'' ,ms M(~rtcghl!ltf ao ~~ovc rno do ~Hado c endossar o apoio a Armando Câ-
dull 10 PL <; Daniel Krlcgcr, da UDN para o Senado:
fl)llfll, (
0 11acontcclmcntot1 do dia 24 de agosto sao um indfcio do que seria a conti-
nuidade do I'TH no governo: amcaça:i c depredações contra a propriedade privada,
confrull ordem e a tranqOIJldadc da famnia rio-grandense

Mcnc~hcttf tamb~m responderia à crescente radicalização do


o pr6prlo
n.
1''1 aprt:scntando-sc co~o ca_nd_idato do status quo; porém refutando os que
dnlll nele um "agente do Jmpcnallsmo":
(...) Nao prego, entretanto, demagogicamente, a transferência do poder de
11 m11 clw:sc para outra, por julgar tal oricntaçao contrária aos interesses básicos da
democracia. Sigo o conceito cristao de polftica; segundo o qual existe para 0 bem de
rodo.~. Sou comprovadamente contrário a qualquer imperialismo econômico, qual-
quer que seja a sua origem ideológica ou a sua nacionalidade.302
A defesa da 110rdcm c tranqüilidade", da propriedade privada, da família
c dn rcllgí11o dariam o tom básico da campanha da Frente Democrática, no úl-
timo m~s da campanha eleitoral. A reaproximação post mortem entre o PC e
Vargas foi tamhém amplamente explorada pelos partidos liberal-conservado-
res. Com efeito, sob o impacto do suicídio de Vargas, do conteúdo antiimperia- I
llsta úa carta-Testamento c da revolta popular que reafirmava, de forma
clo40cntc, o prestígio de Getúlio c a força do trabalhismo no seio das massas
truhalhaúoras, o PC- que combatera Vargas durante todo o período 1950-54,
I
c que nao apoiara nem Pasqualini em 1947, nem Dornelles em 1950- passava a
aliar-se abertamente com os trabalhistas.
Na vida sindical já existia, de fato, uma colaboração entre militantes co-
munistas c trabalhistas, consolidada, em certa medida, até a revelia das di-
reções partidárias.JoJ João Goulart, no ministério do Trabalho, aceitara a cola-
boraçfto ativa de sindicalistas do PC c jamais, ao contrário do que acontecera
no governo Dutra, perseguira os comunistas. Hábil negociador, mais pragmáti-
co <11~ que os teóricos pasqualinistas, mais suscetível a uma po_lítica de com-
pronusso até do que seu mais próximo aliado de então, Leo~el Bnzola, Jango se
transformaria no dirigente trabalhista mais aberto a uma aliança com o PC. 304
Já na greve-geral, a favor do salário-mínimo, realizada no dia 6 de julho
úc 1954, com a maciça adesão no Rio Grande, impôs-se uma estreita colabo-
raç{to entre os quadros do PC e do PTB.J05 Na convenção trabalhista dos dias
l?c IH de junho vários líderes sindicais próximos ao PC- entre eles Júlio de
Mcsqu· '
. . .lia- saudaram com entusiasmo o ex-ministro do Trabalho, endossando
tnctusJVc o seu lançamento como candidato à presidência da República. 306

121
Após o suicídio de Vargas e s~b o impacto da ?trta-Testamento 0 Pc
Passou a reaproximar-se do PTB naciOnalmente. No Rto. Grande do Sul . . - terra
natal não só de Vargas, mas também de Prestes- esta aliança era facthtada
· d ' h
la força e penetração do trabalhismo no operana o gauc o. Dificilment
pe.
. l'd ea
I
,I atuação sindical e operária do PC podena escap~r a esta _rea I ade. Lutar con.
tra o PTB gaúcho, ao nfvel de movimento operáno, depm_s d_o 24 de agosto, te•
.!
ria sido praticamente inviável. Em setembro, o PC anunctana seu apoio a Pas.
qualini e João Goulart.
Os dirigentes da Frente Democrática exploraram habilmente este fato
dando a entender que não fora o PC que aderira ao PTB, mas, pelo contrário,~
PTB que se "comunizani" e aderira integralmente às teses do Partido Comu.
nista. No dia 29 de setembro, a apenas quatro dias das eleiçóes, os jornais gaú.
chos estampavam um imenso "A pedido" da Frente Democrática ao eleitorado
livre do Rio Grande". Diria o manifesto:
(...) De uma parte, os comunistas, uma semana antes do pleito retiraram a
candidatura do desembargador Sampaio e passaram a apoiar, escancaradélmente,
os dois principais candidatos do PTB - Pasqualini e Joao Goulart. É preciso acen-
tuar que a posiçao tomada pelos comunistas foi perfeitamente lógica, pois desde a
morte do Sr. Vargas os trabalhistas passaram a adotar a mesma linha de polftica e
até os mesmos slogans e chavões inalteravelmente usados pelos agentes de Prestes,
em sua luta a favor do imperialismo soviético. 307
Dois dias mais tarde, uma nova matéria paga ostentava o seguinte título:
Consolidado à pedra e cal o conluio de comunistas e trabalhistas para a im-
plantaçao do socialismo no Rio Grandc.3°8

Curiosamente, o inexpressivo Partido Socialista não compartilhava das


opiniões dos próceres da Frente Democrática e acusava o PTB justamente do
oposto, em manifesto publicado pelo diretório estadual do PSB na mesma
edição dos jornais do dia 29 de setembro:
(... ) Entende o PS que a direçao do PTB representa a própria negaçao das
lutas trabalhistas e que alguns dos seus membros proeminentes nao sao infensos às
ligações imperialistas.
Diante do quadro polftico, nao pode o PS dar 0 seu apoio aos candidatos
dessas agremiações e muito menos aos das outras, fascistas e oportunistas. 309
O distanciamento em relação à radicalização do PTB parecia também ser
a última tábua de salvação da vftima mais imediata e notória do 24 de agosto
em solo gaúcho: o transfuga trabalhista José Diogo, candidato a governador
pelo PSP.
No seu discurso-plataforma pronunciado em Pelotas e publicado, em 19
de setembro, pelo Co"eio do Povo destacava-se o seguinte trecho:
A livre iniciativa e a propriedade privada S<"io fatores indispens.:1vcis à Jit,crda-
de poUtica e à paz social.

122
('l'f i~"o, s" ddtn, fnrd um gnvcrnll trnbalhistu, csscntlnlrncnte progrcssistn,
~·~,, · ., ., !\ 10
, . t\Ull~· :t SlXI.
,,, ,,~
IS • •

N:t rc:lllllml~. o prôprin José Diogo rcconh~da ttuc o tiro disparado no


. ·tl' tntllbl'tn atmgim mortalm~ntc sua l'anuillntura n governador. Se o clci-
l.tt~·n\dlO j~\ tinha umn longa trmliç!tnde punir n troca de partido (salvo a cx-
tl.r..t~ l'l.ntâdl'rada honrosa c kgitima de "rachar'' um partido parn fundar ou-
l ~) , )t:tr no lli~sid~ntl~ trabalhista apl)s a trag~dia do 24 de agosto equivaleria
~.~l'~ilf ~~ raias th~ ~ r~liç~\o. Jt~sé. Dingo o compreendeu bem c tentou convencer
\cth ,01ar n pcrnunr que lks1st1ss' da sua candidatura. O c..x-govcrnador paulis-
• 1\l rntanto, talvez por uma avaliaç!\o equivocada do quadro gaúcho, obri-
t:l. ' - . .
~lm-u a 1'\'11 . r ate.; o tnn o .compronusso assunudo com o PSP.
· No r~nnpo trnhallusta, tamb6m houve erros de avaliaç~io em relação ao
imp:H.·m mais imediato do 24 de agosto. Se é verdade que o gesto extremo de
G~túlio L'Onjuram o p~ri!!O de um golpe militar por parte das forças de direita,
O.' incidentes que se seguiram. somados à radic..11izaçfío c emotividade crc.scen-
t~~ ua c:1mp:mha trabalhista ti\'cram o deito negativo de assustar a classe mé-
Jia e alknar setores mais moderados do eleitorado, efeito este que os }(deres
tm~alhist:.s certamente suhcstimaram. 311
Rddto do choque proYnr~ldo pelo final tr~~gico de Vargas, João Goulart
-que se recolhera. por alguns dias;\ solid~o de sua fazenda- daria entrevista à
imprensa em S~o Borja. no dia 5 de setembro, declarando:
Os princípio,'\ ' dir~triz~s contidos na cnrtn do Sr. Getúlio Vargas serno ll<À"-SO
guin seguro no grand' c irrcprimin:l mo,~mcnto que se procc..,....'l no Brnsil, para a
libcrtn~1o cconõmicn do nos.s 1 pafs c n melhoria das condiçoes de \~da do povo,
dmtro da Ycnbdcira dcmocr!lCia social. 31 2
M:.s se a Carta-Testamento representava uma bandeira de luta e novo fa-
tor de aglutinação das forças trabalhistas e de esquerda, aliando a "questão na-
tional''~ 'qucstào social" presente na pregação trabalhista desde 1945 e colo-
rando as bandeiras nacionalistas e antiimpcrialistas em primeiro plano na mo-
bilização de suas hases de apoio. o seu uso nos comfcios da campanha de 1954
UCJbou induzindo os lfdcrc.s trabalhistas a excessos de radicalismo e emociona-
lidade cujo efeito final em termos eleitorais, acabou sendo negativo.
• !

E pro\·<iYel que se a cleiç~1o ocorresse imediatamente após a tragédia no


C.1tete, o PTB teria \'encido com relativa facilidade. Mas durante o mês de se-
tembro, a campanha trabalhista ac~1bou adquirindo o tom de uma verdadeira
cruzada de vingança, assustando c intimidando setores moderados do elcitora-
do.313 A oratória radic..1l c int1amada de Ruy Ramos c do deputado Brizola, que

pe~vam ainda pelo fato _aliás, bem explorado pela FD c pela Liga Eleitoral
C~tólica - de serem protestantes e não-católicos, aliada 3 intransigência dou-
tnMna do agnóstico Pasqualini c ao apoio agressivo do PC aos seus ex-rivais
~ab~lhistas produziu um bnck-lash polftico no eleitorado indeciso, que ac.abou
tidenncto às teses de "ordem e tranqüilidade'' defendidas pela Frente Democr~~-
ca com o bencphkito de amplos setores do clero católico.314
123
\ \ .\\\ \\\'1\\\\1\ .\ . \\ I \\ h \\1\ ,, ' tiH\\\1 \ \1,, •' I · ' ~ 1\1 " '"'",lltl tj ,,,,,~
, ·.. .~, .,,. \., ' "''
I .\~ ''\ \ \ ' '1 \ \, \'\\I t\1 \h\\11\\\11 ~\ 't\\11 1\ ,,,\ ' \ '"""" '"' ''" Tt tll ,· \l!ll:t
l •
'
, ,~, \ . ,,,,
.....
• \s , ._ ~ ·, ~ , \ •
, ._~
' '\ '
'
.. ' \' ,, ,t,' l\ l , \ hl\\1 ''~
l
\h
l
,, "'' t'
' \
I
\ ,,, \ \ ,,, .. , ,,, \ \\ \ 1 ' 11\1\\ 11 H\ I \h' 1 •' 111\ 1\~~'l !
lít)lq t
\'líl , ••~~'''' I. t\htlltll V I , ..
11 111 i 1
· 1J
, ~' \ ,\ 1 ~ ; 1 1\\1\\\ \\i\1\ 11 \\,-1\111\\11\ 1\ t• 1\1\11 ll\lllldu11 11 \ft!ll, ltt \J I
• \ .•.
• \
' \
• "' I \ I '
,... , \~\,h, \• ,\,1\111\I' ,, , 111\1\tl "'"' ~1 1 1 l i l~ ildtl "'' 11 \lll' tlll'il tl ,./ HI!111•
.•• ,
I
\ ., ...,. \ ' \1\\·\\\\ \\1'\\ \1\ \1\\\ }\\\1 '\11 \ • \ 111\\11 1\ ~I l. lt\q ( h ltl\;111 ·I
' ~ ' , . t I nth·t
, . ... , , •. l\\\t \ •\'" 1\\,\1 \\\111 1'\11 1 11 l hl\1\ 1\1\' 1111 ll' tln•11 (I) VI ·,
• ' I "' .. ' • ' •~ • I I l' lltt•
~ \ \ ,' \\ ,• ,, , ~\ ,\ h\ ~ . ~ I ~ 11\<I'. ~~~ ~ ltl\ h , ,, ,~)/\\ '\ ), lh\l\l\1h1 \ 11 \lllllh>ll hlq ~ ~~·
1
, , \,;\ \ 1 \I\ \ I h\\\,\\ 1 1\1\\\1\\ 1 :'1.1' :\l\\1\\11 \I \111 11'\lll'\ i\1\thl\1\\1111\ 11\ IJI\ 'lll\'ilj
\

·; ,
'

'~ .. . \\ , \\ \ \\ ~\1\ ,. , ,, ,
1
1. \\ ''"'''" ''"""'' Ih li 1'1 11\hhl'l,
1111
~,,, "' , ~ ~\\· ' \ ' .\ '~
I\ \\\,h' "''" d '1\\111\l lle t\lh 'I lo
\ , ,, : \\\Ü\\\:1 '""!\''
\'· ,, \, \\\\, \\\\,·\. ,\. ,, 'h'' \\' ,\,, ~,, ,,, ,,,,,,,, ''\\\ ' ·,\l : " ' ' '' · N" tll ~l M'l',llllll\', l'n~ .
...y ,hn, ~ ,.,,,,,\ \\ h;h\, \'' \ d , 11\:\\t, \' \\ ' \ ' '"'"''' ,, \hl :.ol:\ I11I ~HI11 (' 11\ p11v111
\ , .\~\,\, ' ' \ , \\.\ .. , I\\\ \'.\\\\h1h ~\ \\:b \\ \\~~'''':., I ~\I
1
H'''' \
' :\j~'lHh 1: 1\\1 til li I ~ . (:fll
~ \ ~: , , \\\;.\ \ \\• \,\h ,,,, \ "' ' h :\1\\h'. Nn '"" I /, '' n Hnlllv11 hllhnlhl,la
. ,,' ..'\\\\ .\\ " \\h:\ : ~\\h'h;\ ''\\\ l' :\~il I 1\h \~ ""'" :, \ \\\l ,u,, \H "'" 11 '.IVUII\1 '11•
\\ ~-'' .-\ -'.'\ ' •\ •' ,\\;\ :,, \ :\\ :\ \ ' "'!1\H\I:\\\U , N\1 \\l i\ ..'.\, l('l\1\t.I\VI\ •M) l'\llllldll
~·\~\ . ,\,;\\' \\\ \\\; : ,, \ \'.\\\•H.\;\ h:\ 'h p rn \\h ~~' ''"' M' 1\ l'Otllpl\rll\ 111:1\~!\ tk
i~·\\' \ .~ \,\l· , \\\ ~ \\ .\ ~\ ;\\l:\ . \ \:\ : ' ' ' 1:\ :\ ' ' : '' • , .. ,,·rhlm, V ~\l'l\1111 e (:tnt/1·
-,~ , ' \\:\ ~-· \h'\ •'\h .'' ~ ,\\:\ ~ ~ , \':\~,pl:\\11\\ 1:\\:u I:\ pela ''ltlnu1 vez ao~ ~cu~
:\ l'·'t"\ \~o' L'~ h .' \\'' t'\~\~\\.'n s \\:\ t1:h\i d ,H\.1\ S :hl \ t' \l\H)h\n l\ llnuhlll' lllt~, 110
j .;\ .:-~ , , ;,.' .:' 'Ü;\\ ~~ \h' t\:\ :t' ~t ti:\ :h' \\\1\\\11' ,'\11 \\h' ln 1\<' Pa~'\'t:lllnll'l\\ ptnça pú·
1-\f ~'A. ~Ú\h\: ~\'\\\ ~ t'-"'\' '\\h t:\\\\l'''\\\ :\h ~' ,·m.\'1 I:\\'t\, 1\:\ pn\lkl\, 1\ tmjcl1,tl:1
\ ' ..\ 1~~ h ~r.nh\..' \, \\t\Ú\:hh'\ ,h, \\:\l,:\\h ~'"'\ ht:t~l\(• \1,, :1 ' 11
..;\ .'~~\ ·\,, ' ' \\t \'1\t:\f \\\\\:\ \':\\\1\':Hil\:\ ladh':\\l t:td:t dn pnnto ~k vista hkoh'·
~i.\ :\'.\\ .\t.h{\\\' '~h\:\\' ~ \\\:\\~ l' \ ;\,,ll':hh S d:\S hHÇ!\S l.' OIIS'lV:HilH'a~, 1\UC
~ ...... ,..·n~.nn ~''' \\hh -·f' ih~.\'' \'"''l':\\\\h'l\t<' . ~'''''l' ,,s ddhlll'S dn intl.'.r\llr c ua
'!.;·~" .. l\\.\\i:\ \\\\\;\\\:\, l ~'~'l\\:\\\\Ü t .,.__ ~ \1:\ ~·~\\\\t\\h:\\\!1 1\\\\ilO ptcjmlkalla 11dll
$ ..'\\ l'J:...:'\.'.:\ \,, ,.~ :h\, ,l,' ~;\\'"' '. ~ , n\ ~~fdh,, *'
mc·~ m,, 1 •mpo, nas l'.klçucs de
~~4-. ..·.ü\n\\;'\' :\-~ ..• 1. l~' h:\\ ,\' ;\\t '\t\:\nd:\ d(' l""kr entre os (\nis t\r:u\dCS
~ .., :\'.S 1'.:\t \,t\t i,\,\: '{\\" \\\:h'h.' l \··:\rl:\ :\ \ n\11 h\\ \1:\lh'ha em todo o pctfodo
\ '~- ~ t\\~•l\1.\\h\\, t\'\ \ \t\\\\:\, '\\\ p:n t '. '"' ,ks;~a~1 ' ,h, gm'l'J'lHl Dornd\C$,
~\\ .:c:\ :•' '-' t\:\~ t\\···~"''' l';\\ kip:hh' 1.\h· tam 't\tc. M~\S r ·rtnmcntc unta p:u:n~la
-~.l~a::i,'~U\Y:\ L~ 'L\~'''''"''~\;\ ~:Hh'h~\ ''.'''h\if:\ :\\\t•rlr !\s h ,'scs ''~' Frcnl~· 1 ~~~,~~
· r..~ h.:\, Lnh,, :h' l' :\~m:\tt\ ' '":'\"- \\tt'\ " pr ·t'dhl t\ h.'ncghcttt a 4.1\'0ttun\ll.l
h.' r ...:-t.:\~....1 ... ~- ;, " '' km 'n.,nq\\H\,\!\d ,.. ·m ~' \n l':\\ chn. ..
l mrnt:h\, :\ ~ :\ ~\Ü\~\:i\ :\ ~"' \\;\ ,' ,\. \Hltuhr~~ d~· \'J~·l, (\l\\:\1~\\\lU·Sú :\~v~
,~tH\\.b\ ':··.H\'C\ kih' \•\l \ ·' A\bn h \\\S~\''''1\"\ l' n hl~,,~·t·~~l' \la~ ram\~~~''.~':~~·
~':l:~u n~n~ k J~'\h L' \\t\rt '· 'R\lY Rm\h).S. l ~ 1·su\t~H\ns fina i~ ll:\S d~,,~ ' '
\ '· ..'-4 ~~t .1 t~,t· ..· :h' ' '" ~ ('n:hh\ s •'s '\ · \
' • "' "
.
}' \S•
.. ~''"''"''" qn;.· {\;\~ . . d, ,,·s \ \\:\ ~'. \\ 'tn;\d ''\ ~\Cm'~'.h '\ti supl.:\\\ta,·:t. {:á
qtt.\lHu \'' ~' ~,p ..'n,l$ l'''\\" \\\;\\:\ '-'' tl int~\ mH \1,tl\"i , ,,\\tcnlill n \.':\\\4.\HI:th' ''·'
·1'!, dos votos, contra,43.( ntri,hultJos l:o candidat~ trabalhista. A candidatura
1
;,

46 Jo~é Dl(lgo naufrng:w.,, obtendo apenas sete mtl votos- apenas 1/6 da vo-
de AO·qut:, 0 JHl~prio José ' Diogo fizera para a Câmara Federal pela legenda do
taÇ ~ ctdçl''!cs de 1Y50.
p'fB. na.
Já 1, tlHk~l do PRP de con~orrcr com candidato próprio revelava-se bcm-
··•'da: \Volfrnn Mct1Jcr obtmha 9% dos votos - um ponto acima dos 8%
~Ul'tul . , l 'd d .
· ue o pRP obttvcra n.t ou ra oportum a c em que concorrera sozmho numa
q
ddç;1o majoritária, daquela vez para o Senado, em 1947. Em relação às
. "cs de 1950, o PRP melhorava sua perfonnance de 7% para 8% da vo-
c\C.IÇ(1
. 1, 0 , tanto para a Câmara Federal, quanto para a Assembl6ia Legislativa (ver

~~adros 23,24 c 31 ). Estes dados demonstram a relativa disciplina e constância


do eleitorado pcrrepista, mesmo quando os ex-integralistas optavam por uma

Quadro 28
ELEIÇOES PARA GOVERNADOR DO RlO GRANDE DO SUL
EM 3/10/1954
Candidatos Partidos Votos %Votos
lido Mencghctti PSD-UDN-PL 386.821 46
Alberto Pasqualini PTB 356.183 43
Wotfran Metzler PRP 71.1 10 9
José Diogo Brochado da Rocha PSP 7.396 1
J. Pereira Sampaio PSB 73 o
Brancos 11.010 1
Nulos 5.162 o
Total 837.755 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.

Quadro29
ELEIÇÚES PARA SENADOR DO RlO GRANDE DO SUL
EM 3/10/1954•
Candidatos Partidos % Votos % Votos
Armando Câmara PL-UDN-PSD 402.438 4S
Daniel Kricgcr UDN-PL-PSD 383.010 46
Joao Goulart PTB 346.198 41
Ruy Ramos PTD 299.188 36
Nestor Rodrigues PRP 60.814 7
Tarso Corr~a PSP 6.892 1
Brancos 82.348 2x 10
Nulru; 6.137 2x 1
S37.7Ss· · 2.1100

~~e: Tri~unal Her,loMI Eh:hor"l do IUo O undr do Sul.


•• da ~ltllor lu(ravava tlol\ nomr~.
I
Toa! votO\ noml~.aL' : doi' lfill l~ vot. i bun <•i r nulos.
I
i-. •
125
~··.

Quadro 30
\ C \MARA fT2D · RAL
ELEIÇOES _p,\Rt~ O~ SUL EM ~/10/1954

------------~N~OR~IO:~Gj=R~t\~ND-:.#~;;====~;;~== ~
~;;~==----~~~--~~
- .s
2
4!1~----~~~~-------
C:: \
~
O(OS 0 1dcims

7
.. ~
% Cntlci,.,.

.!9
11 3 1J
s s
5 1
4
o
o
o

QuJdro 31 .
PARA AASSEMBLEIA LEGI L~\TI\.-\
ELElrJ2~o GRANDE DO SUL EM -~/10/1954
Partidos Votos c:r, Vor s :-:, ~ddr.t'
PTB 312957 37 _,.. ·H
PSD 206.918 ...5
PL 15 27
107~09 1.3
PRP Li
UDN
61....18 s 4 i
52739 6 _,
PSP 30.04S
PSB + .;
I
PDC
23.664 _,
~

1 ,
•I 1L170
I
PR 1 o
'il Brancos
2045 o o
19.55+
Nulos 10.02.3 1
Total 837.755 100 s_-
Fonre: Tribuui Regional Eleircf31 do Rio Gnnde d,) Sul.

polftica de "ghetto", rejeitando a adesão a um d s dois gr:mdt'S lll '- ps •·r~·'


del,·Jr:~:~~%'~"'"
rtidi·
rios. Por outro lado, o eleitorado do PRP tnmbcm n:lo se
campanha dtretttS ta de "ordem e tra nq ü if idad ••• da FD, ma n,,. nd' .:" NJ"'"
da polarização entre o campo trabalhista c o mmpc antitr:th3lht>IJ: Sri,,,!J.
concluir que se a fórmula da Frente Popular, ra ·orecida por J:tn; .' ,.,.-<i-
1
trvesse
veJ.
. preva Iecr.do nas elerçõe.s
· de 19.-4, a vitória sobre a FD t "·ri·i· ·s.1Jo r -

126
{)C qualquer maneira, o PRP sa'ia intacto das eleições de 1954 _e com li-
de de manobra par.a barganhar seu apoio a um dos blocos poUtico-par-
t't(ll~ n•ts próximas clctçóes estaduais.
11'dánOS • .. . Ó . d p .
J:i a candtda~ura pr. pna 0 SB era tnturada pela polarização entre os
.. .,toros: os nuserávets setenta e três votos dados a Pereira Sampaio con-
d(1l~ . • ês .
.,.,,~'"' inclusiVe com os vmte e tr mtl votos que o PSB obtinha para a As-
tr.IS • • ·1 Câ
~cnthl~i~,, e os qumze mt par~ a . mara Federal. Com toda a probabilidade, o
~tdtor socialist~ ~otara ~act~mente em Pasqualini na eleição majoritária,
:tp(s 3 r das rcstnçoes da dtreçau do PSB em relação às lideranças trabalhistas
(,·a Quadro 28).
Na eleição para o Senado, a vitória dos candidatos da Frente Democráti-
C3 foi mais expressiva do que a vitória do próprio Meneghetti: Armando Câma-
rJ recebia 48% dos votos e Daniel Krieger 46%, contra os 41% dados a Gou-
tart, c os, apenas, 36% dados a Ruy Ramos. O sucesso da candidatura essen-
cialmente católica de Armando Câmara indica de forma eloqüente o sucesso
com o qual a FD ex'Plorou a questão religiosa, prejudtcanao, principalmente
no interior do Estado, as candidaturas do agnóstico Pasqualini, do "esquerdis-
ta" João Goulart e, sobretudo, do protestante Ruy Ramos, cuja votação ficava
bem atrás da dos demais candidatos majoritários do PTB.
Na eleição para o Senado, o candidato do PRP, Nestor Rodrigues, totali-
zava 7% dos votos, enquanto Tasso Corrêa, do PSP, acompanhava o infortúnio
I.
,,
de José Diogo, mal atingindo 1% dos votos (ver Quadro 29). I

Na votação para suplente de senador, Leocádio Antunes e Antonio Bro-


chado da Rocha - duas importantes expressões intelectuais do trabalhismo -
eram derrotados, com 32% e 31% dos votos, por Mem de Sá do PL e Salgado
Martins, da UDN, que obtinham 47% e 39% dos votos, respectivamente.
Mas mesmo derrotado nas eleições majoritárias, o PTB mantinha sua
condição de maior partido gaúcho nas eleições legislativas. Nas eleições para a
Assembléia, mantinha o mesmo resultado relativo da eleição anterior, com
41% dos votos, embora perdesse uma cadeira, passando de onze para dez depu-
tados federais (ver Quadros 17 e 30). No campo da Frente Democrática, quem
avançava era o PL, inclusive em detrimento de seus parceiros: ele subia de 8%
para 11% dos votos, enquanto o PSD caia de 31% para 28%, e a UDN de 6%
par~ 5%. É provável que o PL tenha se beneficiado de uma boa parcela do voto
antttrabalhista
d, de classe média , reflexo da campanha de "ordem e tranqüilida-
e.
Dos partidos não-coligados, o PRP su~ia de 7% para 8%, o PS~ cala de
2~para 1%, apesar da candidatura José Dmgo, enquanto o PSB fazta sua es-
t~éla na eleição para a Câmara Federal, com 2% dos votos, não obtendo o quo-
cten~e eleitoral. Outro estreante recém-criado PDC, faria apenas quatro mil
e qut h ,0
n entos votos (ver Quadro 30).
,., . Na votação para a Assembléia Legislativa, mantinha-se o padrão de
"'alor dis persao
- elettoral,
· · observado em 1950. O PTB am-
entre as legendas, Já

127
··:·· ·.' · r· . ..
17 %, ·n1 rclaç.~o a J950 (ver Quadros 18 c 3
plh\\~l sua vnt 1ç!\o de ~5 , c• p·n: : três c~Hidras. PL suhia de lO% para ~), 13
1

• • UDN de 7% para 6''/ o


suhindo \'i.ntc c um .p:tr:t úvant " ,..c ·
t·nquantP o l "
..,c;;o t '
] 1x·,v·,
1
• • • •
c ._';f .. ,
I''',.,
• • •
N
1(1

• • u r-•
"'1 yc /(J ,
f'SP manunha-se nos 4ry,: o h

o~ d
.)
1r;,
e-
, , PRP , thJ:l ÚC 7c, cl pM._\ o l u, 0
..
·. o, rS&
m~m r~rttúos, l su . t , . t.'m i~ cadei ra, enquanto o PDC r ..
nf de Y'', l 'lf't ':í· mts m:mtlll 1' 1 :-; u 3 . . . l<.:!tvd
• · -. ' 1 ·R· . f :, c•1 lnr·t menos d • 1':ó , ftcando este do1s partido~;, f(w
l'Jll 1~ .. l O 1 Gl a ue .. ' • ' d
d 1 ·\: ~ cmhl 'ia L ·dslntiva. . _ .
. • A I otaril:l ·."'o PTB x FD mantinha o PTB na posJç<w de ~aJor partido
inJhidu~ll : ck p ·rdia uma cadeira na C1m:Ha F~dcral, mas ~o~quJstava dois no-
' . . !'St:nH s na A.."scmh lcia ~cgislativa. O m~'?(r be~~ficJá no, da ,,P?lari<'.aÇ(io
cnt J rt.. vist pelo clcit r l'aucho co ~o o mats puro dos ad .. ersaraos do lra-
halhL m : c!, gnnhJva m::tis uma cad "tra tanto n~ Câmara, ~uanto na Assem-
hIda do Est:u.Jo. Nus clciç s legislativa estaduaa , o. PL o~tmh a um a votaÇ<io
quh kntc a tn:lis da metade da vowçjo de seu parcctro mator, o PSD, quando
em 1 50 fizera apenas um terço da \'Otaç.1o do P D.
Em termos de votnçno individ u::JI. as c1 içõcs para a Câmara Federal rc-
prc.scnt, rarn um gr~tnd • triunfo para Lc. nel Brizo l ~: este entrava na Cámara
Ft"dl'ral c m o rccord de c" nto c trl:.s mtl voto , mats do dobro da votação de
Jos ~ Di go em 1950. Fanando Ferra ri ficava em segund o, um pouco abaL'(o
d quarenta mil votos. Nc,<;ta lcgi !atura. fariam s ua estréia na amara Fede-
ral, pcl PTB, o d putados Ctsa r Prictto - o tercei ro mais votado, o "auto·
n rnisra" \ ict r lsslc r c o sindiGliL ta Sfl\io anso n ex-presidente do partido,
na ua fa " formadora, e que se elegera deputado estadua l em 1950. No campo
da Frente Democrática, Ta r. o Dutra foi o dcpu!Jdo federal mais votado do
PSD, enquanto o PL reelegia o veterano Raul Pilln e Coelho de Souza, agre-
ga ndo ainda à sua bancada Edga r Luiz chncidcr, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu lfdcr máximo, Flores da Cunha que, sob o
impacto do suicídio de Vargas c, ma i tarde, da tentativa de gol pe de novembro
de 1955, fi el a seus princípios lega lista passaria para o PTB nc ta mesma le-
gislatura.
Ao nfvcl da As cmbléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vil on Vargas,
Osmar Grafulha c S_icgfricd Heuser, ent re outros e est rea riam, nesta Jeoislatu-
ra., ~~ariano Bcck, ex-Hdcr da juvent ude do PSDA _ c 0 professor Tcmperaní
Perc~r-1, ex-vereador da capital.
No PSD, o deputado tad ual mais votad o era 0 líder da b:m , d ~t. P~r~t.­
chi Barcellos, u~ do articul:ld rc da Frcnt Dt;mocn'í ti a, que p. __ :l\'~t a pr ·
parar- c, dc.sd.e Já, p:~ra a uccs :1o de Mcneghctti c o inevir, v ·I enfrenwmenP
co.m. o. hcrdc1ros poHtico de Varg:1s e Pa. qualiní: d ·putnll Hi1 L e r:<-
mm~ tro do Trabalho, Jo;1o Goulan.
. ~Jtrn de >m_ilntcr a . ua comJiç:io llc mait r p~Htid '1, :t ntv ·I (i:IS }l:-tnl·.t.L'-'
lcgl la uva ' o 11 B manrev '. tamh ~ m ·rn 19. .J o . 'll nfli lü pr ·d )fllÍI\ 1 dc:tt'''
ralem Port o Alegre, conformes. obs .... ~ • .
-. ' . I . . . vU nos ll ~H iro s .\~ :1 .\t .
I .
Na c..t p11a ga ucln· ' ·p •.1· q. . · .
· "1•11tn 1 <lt.:rrotari:t ~kn ·d1et11 p r t' ).t n t ~ . f. ,
''I •,. H'l.
51% a 42%, ficando Mct:zlcr .
•• PRI) C()fll :tpl'llrt!\ :v·:.,
'u() ·
. l 1' ·1 .'·u
·· bc111 ,l tUIXI' l
t1 •

.,.·..-
-· . · , 37 % em rclaç~o a 1950 (ver Quadros 18
...!1 de 35% para . ' ' . L b' e 31)
pliava sua vota's'.o . c trts cadeiras. O p su ta de 10% para 13 I
submdo. . te c. um .Jlara
vtn c 29% para 25% c a UDN d,c 7ru
' vtntc 7o para 6%. Dos
%I
enquanto o PSD batxa'a .d d 7tr. Jlara S% o PSP mantinha-se nos 4% 0 pde.
·
mais parttdos, o
PRP subta c 10 ' •
· . tl'rtha sua única cadctra, enquanto o PDc c·
' • ' SB
~ mas man ' . . tcava
caía de 3 ;o para 2 10 ' ,cr.
a-:
an menos de 1%, ftcando estes dots partidos~
em 1%, e 0 PR cafa de .. , (? P• • ora
A '""embléia Legislativa. TB · - d
da~ . . PTB . FD mantinha o p na postçao c maior partid
A polanza~1o x . F d ,1 · o
. . . d' nla cadeira na C..1mara c era , mas conqutstava dois no.
mdtvtdual·• ele perA..ta u bléia • Legislativa. O matO · r bene fitct'á no · da polarizal'!i
vos assentos na n..ssem . " , d d . l"o
. elei'tor gaúcho como o mats puro os a versános do tra
era o PL, vtsto pe1o • . ,...~ ·
.
balhtsmo: e1e gan hava mais uma cadetra tanto na. \.Amara, quanto
. na Assem ·
. Es d Nas eleições legislativas estaduats, o PL obtmha uma votação
bléta do ta o. . .
equivalente a mais da metade da votação_de seu parceuo mawr, o ·PSD, quando
em 1950 fizera apenas um terço da votaçao do ~~D.
Em termos de votação individual, as ele1çoes para a Câmara Federal re-
presentaram um grande triunfo para Le.onel Brizol~: este entrava na Cámara
Federal com 0 record de cento e três mtl votos, mats do dobro da votação de
José Diogo em 1950. Fernando ~errari ficav~ em segund~, um pouco abaLxo
dos quarenta mil votos. Nesta Iegtslatura, fanam sua estréta na Câmara Fede-
ral, pelo PTB, os deputados César Prietto - o terceiro mais votado, o "auto-
nomista" Victor Issler e o sindicalista Sílvio Sanson, ex-presidente do partido,
na sua fase formadora, e que se elegera deputado estadual em 1950. No campo
da Frente Democrática, Tarso Dutra foi o deputado federal mais votado do
PSD, enquanto o PL reelegia o veterano Raul Pilla e Coelho de Souza, agre-
gando ainda à sua bancada Edgar Luiz Schneider, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu lfder máximo, Aores da Cunha que, sob o
impacto do suicfdio de Vargas e, mais tarde, da tentativa de golpe de novembro
de 1955, fiel a seus princfpios legalistas, passaria para o PTB nesta mesma le-
gislatura.
Ao nfvel da Assembléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vilson Vargas,
Osmar Grafulha e ~iegfried Heuser, entre outros e estreariam, nesta legislatu·
ra, ~ariano Beck, ex-Ifder da juventude do PSDA- e o professor Temperani
Peretra, ex-vereador da capital.
No PSD, o deputado estadual mais votado era o lfder da bancada, Perac·
chi Barcellos, u~ dos articuladores da Frente Democrática, que passava a pre·
parar-se, desd.e Já, para a sucessão de Meneghetti e o inevitável enfrentamento
~m. os herdetros polfticos de Vargas e Pasqualini: o deputado Brizola e 0 ex·
mmiStro do Trabalho, João Goulart.
. A:Jém de manter a sua condição de maior partido, ao nfvel das banca_das
Jegtslauvas, o PTB manteve, também em 1954 o seu nftido predomínio eletto·
ral em Porto Alegre co r- '
. , n,orme se observa nos Quadros 33 a 36. .
,•r
. ,•
• Na capital gaúcha p . . artrcl11·
Sl m. • asquabm derrotaria Meneghetti por boa m :::d
/o a 42 % ficando M 1 1 eu e·
' e z er, do PRP com apenas 3%, bem abaixo dos
128
, " , t.'tn rd tÇM' a 1950 (\-c.r Quacf ros 18 ~
p·tC\ , 7 · ' ' . C •3 \)
l (""
l: ·
pliav'3 sua vot:tç:lo d~..· • • . . . . tt: tn~s r:~dl'irn~. PL subta de lU .c, para 13<'-'
. . t • ., \lnl O !lr~l ' 111 ... ~ , ·· ' lDN tl•·"' 7("
·

Jl'lf'l 6C' D • r t,
~uhmdc nn c t .r .... 0 ,·•. Jllll':l .:. ~ , • t: a . c. •· • :o. os,,,
"0 t ( IX'\\''\ lk - ~~· • I \IC.
c:nqu:.nw 0 P~ '·' . · · . , 7 ~. ,nn• ~ ~;:., 0 p~ manttn ta-se nos .t%. 0 Ps
1
I

.
m:ti~ p!trttdo:-, o
. PRP !\Ublll de
· . lw -.ua t\mrn c~uctm. cnqu.mto o PDc fi..-.. B
. t ,· ., .
r: "H'"'. ma~ mnnttn • .. .. . t , . , . d ·.. . '•l\1\
cJb de J ' " pnnt - •' · . . . menos clt: 11, ,., hcanc o c~tt:s ots parttdos ~o .
em 1t;í·, r o PR " · .
" 'IÍ'' de _r;. l .tr.t r.\
A' . > t""l ia L~l·islntt\";.1.
d3 ~""''"~:n rTB . o....~\0 d' .
l' ~ . c- PTB x FD mantinha o n.t P stç. c ~natOr partido
A pot.nrz.1ç.1~ . , ,, ·in na ~'lmara F~tkral, mas conqutsta\a dois no.
. d' 'd J· cl' Jll'rdl'l Ull\.1 C.\uC ' . f' . < •
tn t\1 u:l · t . • t ·n Lcl!islntiva. o nuuor bcnc tCt~,no da polari?.aç:ão
'""' assento" na r\sscm ' 1t:t. ~ . " ., d d -< •
'\A' t v I 't r o·..,úclto romo o mats puro os a vers.,nos do tra
PL. ,;sto pelo c ct o e" ·
em~ · h . ·s uma rmi ~ira tanto nn Câmara, quanto na Assem.
balhtsmo: ele gnn 3\U mnt. . . "~ , .· PL ·
. do Estado. Nas c"lcirt"ics )CPtslativas t:~t.tdu.Hs, o obtmha uma votarão
bléta l- b • • l
. . d nt"tadc da votarão de seu parcctro mamr, o PSD, quando
equtvalente a m:us a c • l ~
em 1950 fizera apenas um terço ~a.'·ota~to do ~~D.
Em termos de votaç~'io indtvtdual. as elctç~e.s para a Câmara Federal re-
presentaram um grand • e triunfo para Leonel . Bnzota: . este entrava na Câmara
Federal com 0 rccord de cento e três mtl votos, mats do dobro da votação de
José Diogo em 1950. Fernando Ferrari fiem~ em segund~, um pouco abai.'<o
dos quarenta mil votos. Nesta legislatura, fanam sua estréta na Câmara Fede-
ral, pelo PTB, os deputados César Prietto - o terceiro mais votado, o "auto-
nomista" Victor Issler e o sindicalista Sflvio Sanson, ex-presidente do partido,
na sua fase formadora, e que se elegera deputado estadual em 1950. No campo
da Frente Democrática, Tarso Dutra foi o deputado federal mais votado do
PSD, enquanto o PL re.elegia o veterano Raul Pilla e Coelho de Souza, agre-
gando ainda à sua bancada Edgar Luiz Schneider, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu Hder máximo, Flores da Cunha que, sob o
impacto do suicídio de Vargas e, mais tarde, da tentativa de golpe de novembro
de 1955, fiel a seus princfpios legalistas, passaria para o PTB nesta mesma le-
gislatura.
Ao nfvel da Assembléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vilson Vargas,
Osmar Grafulha e S_iegfried Heuser, entre outros e estreariam, nesta legislatu·
ra, ~ariano Beck, ex-lfder da juventude do PSDA _e 0 professor Temperani
Peretra, ex-vereador da capital.
. No PSD, o deputado estadual mais votado era o lfder da bancada, Perac·
cht Barcellos, um dos articuladores da Frente Democrática que passava a pre-
parar-se' des d.e J'á • para. a sucessao - de Meneghetti e o inevitável ' enfrentamento
~m. os herdeiros polfttcos de Vargas e Pasqualini: o deputado Brizola e 0 ex-
mimstro do Trabalho, João Goulart.

Iegts · 1Além .
de manter a su a con d'Içao - de mamr . partido ao nfvcl das banca das
attvas o PTB m t ' . ·t -
ral em Porto ' an eve, também em 1954 o seu nftido predomfmo elet 0
Alegre ç '
. : con,orme se observa nos Quadros 33 a 36.
Na capital gaucha p . . . . e01:
51% a 42%, ficando ' asqua1tn1 derrotana Meneghctti por boa marg c-
Metzler, do PRP com apenas 3%, bem abaixo do seu d
128

. ·· '
.
. . ·,.
- .~ ~J ,
{)til li" AJt
il \ '
itfl~H JI .TAJ>( \ DA;l HI,.I,,H,T H{n p t\ 1\ < 't\M t\ I t\ 1,.1!f)J I (f\ I.
1

!{;~~~ - - .. I.M I ( llt I O AI.I(C 11 11 I(M 'l/lll/i'l\·l


-~;'_; -~_;
,.,· ." ·.
. I;Mifcloll
~~------ ~- -. ..
v,,,,,., ~·f, VtHII~

l~rn :, l .!it.fl
pSI>
J-'L
~'. 1 .1100
1:u;<,·, 'I1.'."'
'J

(Jf)N '/ ·''0.', 'I


psn '/,I:,z (I
I'RI' '.~.h'/(1 .,
f)

I'SP ~~tJ/''' I

Pl>C
nran co~ c nulm ____ ...__
I.•111?,
ll.<Ht•
I I(,,'1 :\.J
•r
I
'I
- 'J'otal
----·- · ---......,..--~~
100

(Jusulm :1,1
JU ~I.I lJJ:J'ADO DAS FI.JI.I<,:( H ,S 1'/\lt/\ A A 'S I'.MIII l(J/\ I.HCII:H.A'J'JVA
1

I ~ M I'OHTO /\1.1 ~( liU~ HM :1/10/1 1>;;,1


-----------------
Part ido. Voto: % Vnt n'l
-
JITB ,, ~. ) :l~~ :n
PSD I 11.'/0~i I (I
I' L 1:\..t'JJ I~
JISB I J.tl'/1 lO
UDN 11.0 /l'J 11
PSf' (,,11,)(1 (I

f'DC :\.:i:"\11 :l
PRP ?.. 11?.7 ?.
PH (,1\ I o
Branco~ c nulos 7.?:/tl t,
Total I I t• .:i~ tl 100
l'ontt: Cr•rrf'ln ,/ol'rwo,

{)tt stdro ~~ ~~
JtLSlJL'J'/\J)C > 1)/\S HLHJC,:(H(S PAitA OOVI 1.ftNADOH
I·:M I'Oi t 'J'O 1\LJ ~(IIU ~ I (M ~I/IO/I'g,4 __ I:
---. ---- ,,

Ili
~
V (li O 'Y,,
--.. Cantlill:tt c,~
--------. ~.
I'Hrll<lo:l
·- ~

:;f),l!(,(l
V111f !,'1

:,J
I ,J

~ .I
Alberto Pwlqu;tllní f' Til
llc.Jo Mcncgh(:tll PSI >-l JDN-PJ . tii!,(,•J:I ~?.
Wollran Mctzlcr I' 1t Ji :uoA ~~ I
Jor.é Díogo Hrocha<lo tlu H.ochu J'SI' ?,,2'\7, ?, I I
Bran co~ I ,ti 'í, I I !]
NUIO~l I. ?.t,lj I
r----
--
;J,,
CHal ·-· - li (, ,'i :\11 100 'I
I,
.. ..
~

Jlnntt· ·' ( 'f,r~lo


. ,if, /'o
,,
il
1111,

. .. . ~ .. .
- -..k-""'-' 1...._.· ~.:;.;,r:.., ·;~: . .,. • '
Quadro 36
DAS ELEIÇÕES PARA SENADOR
RESULTADO TO ALEGRE EM 3/10/1954
EMPOR
% Vot~
J

----------- Partidos Votos


=Candidatos
João Goulart
PTD
PTB
58.968
56.152
51
48
45.471 38
Ruy Ramos PL-UDN-PSD
UDN-PL-PSD 44.131 38
; 1 Armando camara
2.955 3
Daniel Krieger PRP
2.314 2
Nestor Rodrigues PSP
9.627 2x 8
Tarso Corrêa
1.911 2x 2
.. Brancos
,,
., Nulos 116.534 2x 100
Total
Fonte: C~io do Povo

sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de José Diogo. Pa.
ra Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotariam Armando
0
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
i~ .
I' reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, estare-
lação seria mais equilibrada: 12% para 11%. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-conservadora: 7% na c.api·
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD.
Com as eleições de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
de história do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
eleitoral de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
históricas do movimento.
Pasqualini, acometido de gravE enfermidade e amargurado com os trági·
cos desdobramentos da crise polftico-institucional de agosto de 1954 e com a
sua seg~nda ~errata à governança do Rio Grande, praticamente retira-se da vi-
da polfuca ativa, embora só viesse a falecer em 1962.
d b Ao .mesmo tempo ' a mensagem eloqüente da Carta-Testamento servma ··
e. andei~~ para_ u~a nova fase da história do trabalhismo: as chamadas "ban-
d.euas
çõ antnmpenahstas"
d passanam· a desempenhar um papel central nas mo b.I·
IJza es o período 1954-64.
05
A direção
chamados máxima
"herde" d d0 parti"d 0 é assumida por duas novas lideranças,
uos e Varg , B · 955 o
rimeiro disputar ·a as ' nzola e Jango. No ano seguinte, 1 '
P 1 com sucesso a ç • do a
vice-presidência da República. pre,euura de Porto Alegre e, o segun •
Bnzola consolida-se a . _ IhiS·
mo ao nível regional ' parttr de entao, como líder máximo do traba
'enquanto J 31· r pe· ·
0
soem nível nacional. ango afirma-se como o dirigente de !11
Candidatos P113 58.968
Joao Goulart PTB 56.152
',··
Ruy Ramos PL-UDN-PSD 45.471
Armando Câmara UDN-PL-PSD 44.131
Daniel Krieger PRP 2.955
Nestor Rodrigues PSP 2.314
Tarso Corrêa 9.627
Brancos 1.911
Nulos
116.534 2x 100
Total
Fonte: Corrtio de Povo

sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de J~sé Diogo. Pa-
ra 0 Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotanam Armando
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, esta re-.
Iação seria mais equilibrada: 12% para 11%. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-conservadora: 7% na capi-
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD .
. Co~ as eleições_ de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
de ~Istóna do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
e~eito~al de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
hiStóncas do movimento.
Pasqualini, acometido de grave enfermidade e amargurado com os trági-
cos desdobramentos da crise político-institucional de agosto de 1954 e com a
sua segunda derrota à governança d0 R. d .
da política ativa b . Io Grande, praticamente retira-se a VI-
, em ora só VIesse a falecer em 1962
Ao mesmo tempo a · ..
de bandeira para um ' mensagem eloqüente da Carta-Testamento servma
deuas . antiimperialista a nova
, fase. da histó na· do trabalhismo:
· as chama das "ban-.
lizações d? período 1 9~~~-sanam a desempenhar um papel central nas mobJ·
A direção máxima d .
chamados ''herdeiros d Vo partido é assumida por duas novas lideranças, os
· · . e argas" B · 55 o
P.nmeuo. disputaria com suces ' nzo~a e Jango. No ano seguinte, 19 '
vtce-pr~Idência da República so a prefeuura de Porto Alegre e, o segundo, a
Bnzola consolida ·
, .mo ao nível regional -se, a partir de então como lfd áx"mo do rrabalhiS·
soem r I ' enq uamo J ' er m I pe·
.•...,., ., .,y·· . .·. :, '· n ve nacional. ango afirma-se como o dirigente de maior
Quadro 36 •• - ~ . -~ 'i. -· -
S FI mçóES PARA SENADOR . -·
RESULTADO ~fAO : 1 ÉGRE EM 3/10/1954
J

EMPOR ~~ -~
Partidos Votos
58.968 51
Candidatos pTD
56.152 48
J0 ao Gou tart PTD 45.471
PL-UDN-PSD 38
Ruy Ramos 44.131 38
Armando Câmara UDN-PL-PSD
2.955 3
r, Daniel Kricgcr PR11
2.314 2
Nestor Rodrigues PSP
9.627 2x 8
Tarso Correa
1.911 2x 2
Brancos
Nulos 116.534 2x 100
Total
Fonte: C~io do Po1t0

sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de J~sé Diogo. Pa-
ra Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotanam Armando
0
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
I\. reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, estare-
I· lação seria mais equilibrada: 12% para 11 %. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-consetvadora: 7% na capi-
1'1 ;
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
1: I
I~ 1 a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD.
1I
Com as eleições de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
i I
de história do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
,I
f
eleitoral de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
históricas do movimento.
Pasqualini, acometid? de grave enfermidade e amargurado com os trági·
cos desdobramentos da cnse poHtico-institucional de agosto de 1954 e com a
sua seg~nda ~erro ta à governança do Rio Grande, praticamente retira-se da vi·
da polfttca ativa, embora só viesse a falecer em 1962.
de ba Ao
d ·mesmo tempo ' a mensagem eloqüente da Carta-Testamento servtna ..
. a tst na do trabalhismo: as chamadas a~-
n eua para uma nova fase d h' ó . "b
deiras antiimperialistas" a
lizações do perlodo
195
A direção máxima do·
~;sanam a desempenhar um papel central nas mob•·
.
chamados "herdet'ros d V parttdo é assumida por duas novas lideranças, os
. . e argas" B · · 955 o
pnmeuo disputaria co ' nzola e Jango. No ano segumte, 1 '
. . m sucesso a pref 't
vtce-prestdência da Repúbl'
ndo a
et ura de Porto Alegre e, o sego '
. 1ca.
8 nzola consolida-se a . ·s·
mo ao nível regional e ' parttr de então, como Hder máximo do trabalhl
s , nquanto Jang0 fi ·ar pe·
0 em nível nacional. a uma-se como o dirigente de mat

130
24 E:r~-i.su C(>~ J. V~lt.io, jí ciud.a.
z:! A ca~ y-olítia de Puqtulini, suu idéias e seu papel na (ormaç.io do " trabalhismo" serão analis.adu tm
!ll.aicr a~ 1le ' o capítulo 2
~ ~c~ à i!llpre!!:U.. Ccrrno de P(}\,'0, Porto Alegre, 1'1/l/1944; Pedido de demi.Wo, C~io do f o,'O, Porto AJr.
~- 13.7;19-W.
Z7 Uas i:! llldo l:-~a do 11.1 coopera ção. In: PASQ UALINI, AJ~rto. Ba.res e sug<-.rtões paro uma politic-a social,
R,.;.;, de Junro. Lr•rui.a SJo José, 1958.
48 ~"do Pcw:', Porto AJeçe 2213/1 945.

~ O ~~~ro c!e Puqu.a lin i t d iscutido, em ma ior profundidade, no c.tpftulo 2


X E:~ ~isu do .a utor rom o ex-~r de Pasqualini, deputado Lidovino Fanton, em 5!11JI9n.
3 ' C~o de PC'-v::o, Porto Alegre. 23/5/1 945, A situaç.io polític.t nacional analisada através do discurso pronun.
ci.l~o relo Sr. AJ~rto Puqualini na inst.tlaç.io da USB.
r. C~.-a do POV(), Perto Alegre, 16fJ/1945, p. 11, União Social Brasileira- Manifesto e programa.
3:)t e!:l. p. I:!.
:4 1rn::.fFORT, Frucixo, Pu1idos, sindicatos e democracia: algumas questões para a história do ~rfodo
I ~.5----N . Slo PauI , Mimeo, S.io Pau lo 1975, p. I cr-20.
l:5 C~.c do Povo. Porto Aleçe 23,9/1945.
::e Ld~ 23,9/1945.
:!':" T= c:c~n~ uc~o por entr evista rea liz.ada pelo autor em 11JI2'1977, rom Joáo Caruso Scuderi, um
da h~d.:u! ~ d.a USB.
~e E::::-:-ri3~ coe üdc-.i o F.a nton. j í cit.td.a.
::s Ic-=:::. já ci~ê.L
~ b~..:.S~ c:o::: Vea:bio, j.l ci u d.a.
-' b ~!l cc::: Jo~o Caruso Scuderi, jí ci uda .
.c! E:l~-:r..:s co::: üdmi.llo F.aaton, já citada .
.&;) ~p~l do -reroo de Coopro:nisso- - .arquivo pessoal de João Caruso Scuderi.
"~ éc P~. Porto Alegre 4/1 1/1945.
~O Fut~o Rt-pYJ~Iie1co übenl foi formado pelo interventor e revolucionário de 1930 Flores dJ C unha em
I 32. a;:á o fna.s.s.o <ll Revoluçjo Consti tucionalista, apoiada, no RS pelos líderes tradicionais d.t Fr~nte
Ú Jic PRR e PL Ele \'Íl.tv;a s1.1bstitu ir os partidos tradicionais, mas acabaria aceitando com eles o chamado
,....cé= •r..cu:!i após .a Co:stituinte de 1934.
Sd :r: a - owid~::cia Libeul .., ver nota 13.
4
b~_s~ co::: J~ Vc-ccllio, jí citadJ.
43 Ccc!cr::le coopv."iic os resultados eleitorais de d ezembro de 1945, que serão analis.1 dos .1 seguir.
43 Tr: ::JI RtPo:ul Elnro nl do RS- Eleições realiza das em 2'12/1945.

!C Ea~•.;_,b co-o last Dio~o, já ciuda.


~· -e:o do rel~~::::J di ri~do ~los ferroviários .a José Diogo Brochado da Rocha, em 27f}JI946 tra nscrito no
~ ~ PO';O, Perto Alegre, '!2.f2/1946.
~ A!:a::c!oc..1 o PSD. ingreuando nu fi leins tra ba lhist.u , o Sr. J osé Diogo Brochado da RochJ, e leito depuudo
(~e:-J I f-dos furc:Niírio1 rio-grandeau-s. CorT~Ío do Povo Porto Al tgre, 5/12/1946, p. 7.
!J Ea tr~ils~ roo J~ Dioto. jí ciuda, e ntrevisu rom Otávio Caruso da Rocha, já citada.
!." E.c::~-:su coe JoJo Uru50 Scuderi , j í citada.
!! Sd:re o P.acto Populi1ta ver CAMPELLO DE SOUZA, op. ci t', IANNI, O távio, Colapso de populismo no
b::.--' 1, P.jo c!e Jutiro. Ed. CíviliuçJo Brasileira, 1968 e BENEVIDES, M. V., O govemo Kubisch~k- desem ·ol·
..We-.1o «cr.Õrnico e atahilidade politica, Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.
2 Ccrrdo do PtM), Porto Altgr~. 28(10!19~5 p. 3

!7 .E:!:r>.ist.a coe üdoo.ino f.anton, j í citada.


Al~f.!e. 8/1 1/1945, p. 8.
!.!! Ccn--eio dJ p.,..o. Perto
~ A..-1'li-;;o JoJo Can:~so Scuderi. çifos meus.
~ E.c::C"'. ul.l co o Josi Vc-ccbio, j í cil.ld.t .
~ ~ ú::r.u ta coc:1 UdcY~ino F111 ton, j.í citad~ .
~ CFCOC - Fal!d1çio Ge túlio Vugas. Arquivo Getúlio Vargas - GV 45.11.13d. Caru de G e túlio a Protásio
\'..1 :-t;H-
~ CPCOC- Fa11<llçJo Getúlio Vargas. Arquivo Vargas GV 45.11.18b. Caru de Cylon Rosa a G etúlio
'!A G'DOC - f11od..1ç.fo Getú lio Vargas. Arquivo Vargas: Caru de Protás io Vargas a Getúlio ped indo que aceite

132
"'-!, - . .. ; ., •
'' ~ ... •., ~
: 1.1 .'•.~::-. • , ;
·. _·· ~ ..... '

'dc!ncia do PSD-RS (GV 45.07.15). Telegrama de Jobim aGe , . . .


a pres•. pSD-RS (GV 45.07.16b). Telegrama Cylon Rosa · • ~ul!o pedmdo reconsideração recusa pre·
1 0
siMoCJa, ho (GV 45.7.16c). m ervm JUnto à Getúlio para aceitar presidência
~DP" . .
à omissões do Cód1go Ele1toral de 1945, era possível .
85 Graçasra cargos distintos, por mais de uma legenda no mesmoo~~sdmo candJdato ~~nçar-se em vários estados e
até,Ppastes usaram amplamente este artifício na eleido de dez b od. Tanto Getulio Vargas quanto Luiz Car-
(osre r- emroe1945
nnr _ FGV: Correspondência de J. Neves a Getúlio agrad d ·
66 CPl;":"" à presidência (GV 45.11.14a). ecen ° 1embrança de seu nome como candida-
to cJvt 1
67 Carta de Dutra ao PTB- CPDOC-FGV: GV 45.11.22
eB Entrevistas com J. Vecchio, João Caruso Scuderi, Lidovino Fanton, já citadas.
69 V r as significativas cartas enviadas por Napoleão de Alencastro Gu' . V
e
bro(G · · a,
v
11 18 · GV 11 19b CPOOC-FGC)
· · '
•maraes a argas em 18 e 19 de novem-

70 GV.45.11.25, CPDOC-FG V.
71 GV. 45.tl.2M, Telegramas de Segadas Viana e Baeta Neves a Vargas.
12 Entrevistas com Lidovino Fanton, J . Caruso Scuderi, já citada.
73 Entrevista com J . Vecch.io, já citada.
74 GV.45.ll.l 0/3, Manifesto de Vargas a favor do PTB.
75 Sobre a ~lítica gaúcha pré-193_7, ver CORTES, Carlos. Gaucho.s politics in BraziL Uni. of N.Mexico Press,
1974, ~p1tulos 1 a 5. P~ra o penodo 1937-6~ ~ ~elato_ d: Cort~s, em~ora detalhado e bastante rigoroso na re-
produçao factual, possui a meu ver um forte VJes Jdeologtco anttvargu1sta, sustentando uma leitura "liberal" da
evolução política rio-grandense naquele período.
78 CPDOC-FGV, Ver em especial carta de Protásio a Getúlio em 21!11/1945, sobre entendimentos PTB-PSD
(GC.45.11.21) e carta de Vergara a Getúlio sobre aliança PTB-PSD de 24/11!1945 (GV.45.11.24/2).
77 Sobre o sentido mais global da estratégia getulista, ver capítulo 2
78 EntreVistas com Fanton, Caruso Scuderi e Caruso da Rocha, já citadas.
79 No capítulo 2 aprofundo esta questão, propondo uma releitura da tática e estratégia getulista no período
1945-50, relativizando substancialmente uma leitura meramente "pragmática" de Vargas.
BO Correio do Povo, Porto Alegre, 3/2/1946, p. 18.
81 Correio do Povo, Porto Alegre, 16!3/1946, p. 8.
82 Comio do Povo, Porto Alegre, 3/4/1946, p. 8.
83 Correio do Povo, Porto Alegre, 26/9/1946, p. 1O.
84 Correio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1946, p. 4.
85 Entrevista com João Caruso Scuderi, já citada.Correio do Povo, Porto Alegre, 27{10/1946.
88 Correio do Povo, Porto Alegre, 29/10/1946, p. 12 ·
87 Entrevista com o líder ferroviário Júlio Enes em 14/1/1978, entrevistas já citadas com José Diogo, Fanton e
Caruso Scuderi.
88 Correio do Povo, Porto Alegre, 30/1 0!1946, p. 1O.
89
Correio tÚJ Povo, Porto Alegre, 31/10!1946, p. 10.
90 Entrevistas com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citada.Co"eio do Povo, Porto Alegre.
91
Correio do Povo, Porto Alegre, 9/11/1946.
92
Entrevista com Fanton, já citada.
93
94
Correio do Povo, Porto Alegre, 12/11/1946.
t té"ia de Vargas perante o
PTB PSD -
eo
r
serao ana l-
Correio tÚJ Povo, Porto Alegre. O relacionamento e a es ra r.-
sadas em maior profundidade no capítulo 2 . J , . na Assembléia Legislativa, em
95 Ver CORTÉS, c., op. cit, p. 124-25 e 0 discur:o profendo por ose 0 JOgo,
31/3/1947, constatando o apoio ativo do PC a Jobim. d P . · 10/1/1978 entrevistas J. á
96 d d campanhas e asqua 1mt, em , •
Entrevista com o Prof. Bruza Netto, coordena or as
citadas, com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton. .
97
Ofício da LEC a Pasqualini, 3/12/1946, Arquivo João Caruso Scuden ..
98 Ca · J ão Caruso Scuden.
rta de Pasqualini a Moreira 6/12/1946. Arqu1vo 0 .
99 Ca A · João Caruso Scuden.
rtadeVecchioaPasqualini,16J11/1946. rqutvo b 0426 21 11/1/1947
100
Artigo de J ustino Martins. Porto Alegre. In: Revista do Glo 0 ' n ' p. ' ·
101 ld
em, p. 23.
102
103 Correi~ do Povo, Porto Alegre, 23/11/1946, P· 1O. . dos mais significativos da carreira política de
~~.o do Povo, Porto Alegre, 30/11/1946. Est~ disc~o, um
. Getúlto, será analisado em maior detalhe no capitulo
: ·- ' --- 133
'
·~ - ·. .
104Jdem, ibidem.
•,) . 1015 Entrevistas oom Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, j~ citada.
'08 Correio do Povo, Porto Alegre, 3/1 '1Jl946.
107 Entrevista do general Canrobert para O Globo citado no Correio do Povo, Porto Alegre, 4/11/1946, p. 10.
108 Correio do Povo, Porto Alegre, 5/11/1946, p. 12
109 Com:io do Povo, Porto Alegre, 6/12'1946, p. 12
110 Idem, ibidem.

1 11 Correio do Povo, Porto Alegre, 7/12/1946, p. 10.


112
1dem, ibidem.
113 Revisla do Globo, loc. cit, p. 22
114 Nominata, oom as respectivas profissões, publicada no Correio do Povo, Porto Alegre, 4/11/1946.
115 Entrevista com "Tio Eug~nio", um dos líderes, durante muitos anos, do diretório da Vila Nova. Remanesce •
0
tes do Arquivo Distrital da Vila Nova.
116 Entrevista oom "Tio Eug~nio", já citada.
117 Sobre a ala bancária, ver Correio do Povo, Porto Alegre, 7/11/1946, p. 10 e Ú>rreio do Povo, 11112'1946, p. 5;
sobre a ala dos gráficos, ver Correio do Povo, 10/11/1946, p. 16.
116 Entrevistas oom Otávio Caruso da Rocha, João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citadas.
119
Correio do Povo, Porto Alegre, 19/1 '}Jl946, p. 14.
120 PASQUALINJ, Alberto. Trabalhismo e solidarismo In: Bares e sugestões para uma politica social, Rio de Ja-
neiro, Livraria São José, 1958.
121
Idem, op. cit, p. 4Q-l.
122 Idem, p. 42-3.
123 Ibid., p. 60. O conteúdo do discurso de Caxias será analisado em maior detalhe no capítulo 2
124
Idem, p. 48.
125 Idem, ibidem.
126 Entrevistas oom Lidovino Fanton e João Caruso Scuderi, já citadas.
127
Correio do Povo, Porto Alegre, 5/111/1946, p. 12
128 Citado na edição de 7!12'1946 CD1Tt!io do Povo, Porto Alegre, p. 10, grifos meus.
129
Ver CAMPELLO DE SOUZA, 1969, op. cit; DILLON SOARES, 1969, op. cit; BENEVIDES, 1976, op.
cit
130
Correio do Povo, Porto Alegre, 5!1'1Jl946, p. 12
131
Idem, ibidem.
13
2 Com:io do Povo, Porto Alegre, 13/12/1946, p. 5.
133
Correio do Povo, Porto Alegre, 13/12/1946, p. 6. A defesa de Vargas em relação ao seu primeiro período pre·
sidencial será analisada no capítulo 2
134
Com:io do Povo, Porto Alegre, 24/12/1946, p. 3.
135 Entrevista com José Diogo, já citada.
136
Correio do Povo, Porto Alegre, 27/12/1946.
137
Correio do Povo, Porto Alegre, 3/1/1947.
138
Ver WEFFORT, Francisco. Dejemonos de farsas inutik.r: história crítica ou história itkcXógica? Mimeografa·
do, São Paulo, 1974 e WEFFORT, 1975, op. cit, p. 18.
139
Trechos do discurso de Passo Fundo será analisados no capítulo 2
140
Correio do Povo, Porto Alegre, 14/1/1947, p. 3.
141
Correio do Povo, Porto Alegre, ) 7/1/1947, p. 6.
Correi~ do Povo,~ e 3/1~9~6. Entrevista com o ex-Presidente do Sindicato dos Metalúr~:>icos de Porto Ale·
142
gre, César Mesq ulla, em Janesro de 1978. e.-
143 Entrevista com César Mesquita, já citada.
144
Correio do Povo, Porto Alegre, 25/l Z/1946.
145 As . ( -
Nott~~;.rmaçoes sobre os movimentos paredistas foram coletadas nos jornais Correio do Povo e Diário J,e
148E .
. ntrevsstas com J . Caruso. Scuderi e Lidovino Fanton, Ja
·' c1ta
· das.
14 7 .
Entrevsstas com J. Vecchso José Diogo e J Carus "á ···d
148 V . ., : · O,J cs"' as.
149
er CorreiO do Povo e Dtano tk Notícias. Porto Alegre 15/5/1947
Ver CORTÉS, C., op. cit, p. 127. ' .

-134

.,.,
. . ões Sul-Riograndenses, Imprensa Oficial do Estado do R'
1~ verconsiJIUIÇpartido e o aparelho de Estado serão analisadas no capítull030 rande do Sul. A questão das re-
~~0 o .
la~ p.0 vo Porto Alegre, 6(3/1947.
~ 1 r~1odo ' •
1 1,41''- . d Povo Porto Alegre, 28/4/1948. Entrev1sta com Lidovino Fanto . • . d
152 C(J(1't1.o do Povo' Porto Alegre, 20/4/1947. n, Ja c1ta a ,.
·
153 ()JrrtiO 0 '
. do Povo, Porto Alegre, 22/5/1948, p.1 O.
15-4 {)Jrrt/0. tas com Fanton e Ca ruso Scu d en, • 'á .
J Citadas.
155 EntreviS . ., . d
. ta com José Vecch10, Ja ctta a.
156 EntreYIS . .• . d
.•• com Júlio Mesqutta, Ja ctta a.
157 Entrevi S.,.
'stas com Lidovino Fanton, João Caruso, Júlio Mesquita
158 Entrevi . ·
159 EntreVistas com Adelmo Genro, ~x-prestdente do PTB de Santa Maria em l0/12n8; Guilherme do Valle
I
x-secretário geral do PTB de Ca'?as do Sul (20!ln8); Alberto Martins, ex-dirigente do PTB de Rio Grand; 1:
e 2Jt2fl8); e J. C. Gastai, ex-prefe1to de Pelotas (20/12{78).
(I • M . .. . d
160 EntreVista com César esqu1ta, Ja Cita a.
161 Entrevistas com J. Vecchio, J . Caruso Scuderi e Otávio Caruso da Rocha, toe. cit
162 Corrtio do Povo, P?rto Alegre, 1n/1950, p. 16; 2{7/1950, p. 28; e Carta de Vecchio a Salgado Filho, 3n!l950;
transcrita no Corre1o do Povo, Porto Alegre, 4n/1950, p. 4.
r'
183 Ver Moniz BANDEIRA. O Governo de João GouÚJrt, Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira, 1977 e Helio SIL- I'
o
VA, Ciclo de Varzas, v. 16, Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira, 1978.
I
184 Helio SILVA, op. cil, Entrevistas com José Diogo, Vecchio e Caruso Scuderi,loc. cil
185 Sobre 0 "pacto conservador", ver BENEVIDES, 1981 , op. cit., "A UDN no Governo Dutra, a Oposição Cor- I
I
dial, p. 61-9. I I

186VerBENEVIDES, 1981, op. cit, WEFFORT, 1975, op. cit., p. 67.


167 Ver 0 discurso do deputado estadual pelo PSD gaúcho, Tarso Dutra, nos anais da Assembléia Legislativa do I
Rio Grande do Sul em 16/6/1950. I
I
168 Declarações de Loureiro. Correio do Povo, Porto Alegre, 14/8/1950, p. 16.
169 Entrevista do autor com Mariano Beck, em 30/11/1977.
170 Entrevistas com Fanton e Caruso Scud eri, já citadas.
171 Comio do Povo, Porto Alegre, 1n/1950, p. t 6.
172 Correio do Povo , idem.
173
Entrevista com Lidovino Fanton, já citada.
174
Correio do Povo, Porto Alegre, 12[7!1950, p. 14.
175 E t .
\.Àiruso Scu d en,
n rev1sta com r-. . 1a
. • c1ta
. d a.
176
Diário de Notícias, Porto Alegre, 29/6/1950, p. 2.
meorrao. do co ovo, Porto Alegre, Bn/1950, p. 9.
178 E t .
n revJStas com Manano
· Beck e Ca ruso Scu d en,. 1a
. . CJta
. da.
179c • L D
orreiO<Wcovo, Porto Alegre, Bn/1950, p. 4.
18
°
181
C~io. do Povo, Porto Alegre, 14n/1950, p. 16.
Corr~10 do Povo, Porto Alegre, 14nl19 50, p. I 6.
1e2c .
orr~10 do Povo, Porto Alegre, 15n/1950, p. 4.
183
Boletim do Diretório Alberto Pasqualini citado no Correio do Pom , Porto Alegre, 16nt19SO, P· 32·
164
185
° •
futuro Presidente, Correio do Povo, Porto Alegre, 18n!l950.
t88 Correio do Povo, Porto Alegre, 20ní1950, p. 16. . T '. i•
C~io_do Povo, Porto Alegre, nnt1950, p. 32; e ntrevista do autor com o professor e ex-deputado empera- I

°
187 1Perena, 10/6/1978.
188 Corr~io do Povo, Porto Alegre, 25!7/1950, p. 18. _ SO I'
189 ~rta de Pasqualini a João Agostin~ transcrita pelo Correio do Povo, Porto Aleue, 'l.5nfl 9 · '
19Q~~odoPovo, Porto Alegre, 10/8/1950, p. 10.
191 Eorre,~doPovo, Porto Alegre,10/8/1950, p. 12

~-0 .
192 ntrev..stas com José Diogo Mariano Beck e Caruso Scuderi, já citadas.
193 Di • .' do Povo, Porto Alegre, 23/8/1950, p. 14.
ano.ck Notleias,
194 Cort • · p orto Alegre, 2/9/1950, p. 2 e 7.
195D·· ~odoPovo, Porto Alegre 1019/1950
'Oilo ck N,01 • . ' .
•c•as, Porto Alegre, 1019/1950, p. 10.
135
1
~ Díbi/í th NMfcía·t; Ht:tll,
7
f li' /Jíb.rí'J d~ llrAtdo.r, (rl,m.
1
~ & -u 'itJ"Un v.tí Allallt~th 1 rm 1111lr.t lf;-tJI).I! 1111 '•r•fl tlfll '1.
1~ Crn:ftl~1ldl ti~:: Cuiu, fJff,(r. rllf• n11tfb P.iJ/1 'J",(I fi Jml,fl, _th fi'' /l/AI/f' 11• Nr-tfdfl~ ,_,,, I 4/lfl IJ~(J, J•. 'I
:tf/1 A VInftlh•,h rlf: Cufu "''lt.u.l • an Afull U il• rlf•l•l•(lid'' '/.
z; 1 D;/,.ríf'J <k 1/Mklas, l'r•t1n Al.-f}r., ?.I f)/l'J';fJ ..
Z/l Di/vi,, d'- 1/tAfdm, hn111 /d~;f!f:, 'lJIJfJ'J',(I.
Z'J! l~ ttt"IÍ.tl.a rr..-lí'l.Al1A v,lrJ 11 11 11}( u.rto (Ju1Jt1 ,.,/lt,
tf, 1 V•ll'", C1u fu '''' !111, lt,t:, dt, Hftli•·VI•I•~ fí,;,. l'~til l•uli,
C..nw> &wi~rí . jí d u•1.u, llu~tum r~l.t rnlrd,Aifltr.rJ•IIli•A,Afl,
Z"A /.Jíbí" tb. llrAk.la-1, J't,ttn Al"1J'=, TI/J/1 1i~fl,
Z'l5 {)j,;,f,,fk 1/,Af.cím, h.t1n Alr;f)", ?Jf)fi 1J",(J,
Zl: DiWí~; tb.!ltAvJ;Jt, p,,,,,,
Al,.ffr:, 'J:'.!J/1 '.1:;0.
~ OíbVJ b 1/otkiP..t, Prl111í Alo:;f':, 'l'.f)fl'J~(I
"'-'A Di6.rW d;.l/rAkír.,, Pr,rlll Al-:yp:, '}_',()fi 'J',(J,
~A fJi/..:n/í tb.lktlâar, l'rrrtr, Aft:r;r, 1/,(Jfi/J',(J,
,,~

~ • J b í.trw b.llrAkfr;,t, p,,n,, 1·.1-:r;f:, 7.7/J/1 'J~fJ,


2 ! 1 D;t,V; b.l/tA~Í/.41, Pr,r1f, ld r.TJt:, í/'.(J/1 '.1:'/J,
~ f2 úíbVJ tb.llotkíat, f'r,rtr• Al t;1Jr:, 'J/'.f)/1 'J~(J,
~ .. Dí.b V, tk /l;,tk íM, l'ortn Alr.?J~:, '».(J/1 '.l~fJ.
~ 4 /Jí/..uV; ,J;.If;AI/.ú.-r, Prtr1fii·.I~:1Jt;, "á ()fi 'J'lJ.
~1 ~ W .NJ tk Jl~ki4r, Pr.rVII.I r:rJt , (JJ/J(J/1'.1~1,
~1.~ } J. ~ !.r~tür.u, fí dw1..u, v.rtJ Ul1,rtlr. ,, Jla , ,,,,,,}, Cu v~· (J-,uffr.tl, .lrM 1Jll,fJI, ,,fllft. r.•lltu , fJ'''ll•t '~'/~ 111 • ~I•
L-: 't"TY-r~.a f'-"'·
217 V. 6 .-!•.Jt d..u w.~..uf~ r..r,r.~ Itu ft pu11 <1<:-p •l l.a&, ft.rar.~ t.l,ll 1h e j 1111111 ' '' TS I I ~ 11! l.'
~H (A t1.a-1r~ :ia •.•.;üt"'I J r;u1 1't,t1r1 /·.lo:rJr. f,,,~rfl 1/. lf.lrl'A rlt , J'•"••I/J/4,/" tJ.., /IMfr /11• tf,rll tH•• f•'14l~ ,j•,O I J
~ ~'(ti;. ( n ~.a ~fA tÜ ímyr':'r.u , ~J.r r.l 11li •, ,,,, lf ii O: V: t r f~ ,,_ .lt'A lt,t~l• •1" "'·''" ''' ""'-'"",., 111d 1,., •••ll•flftllf'l
f..'/ - -!.a!..•A. •1-J1 'f' f .. ~ 11fJ t 'IÍ I: Í i t A. lt 1:11 1 /t / ',1/i a lt,•Ule I ô ~A • .ó) •H ITI fi ll (jll•""' t1•. 'll1fJ A f. llllol ~ f, l il l• • l ll ll m i J•Á I
c .,lÍ7Af ~ .,,_~.a,,l'J lf.t.a I t;.U 'tÚ ÍH >:1 1"0 ~ ( "'" í~..- ~ J· l • \ltl r (/t .l.; lt, ..... , •• ,,.,j,. I' · lr.r) •IA fi•t U , t ''· ) , I ,,,,.1111 ,,.,,tj.,
·r•;'!A~ f.n~I/J, H ~/";r; I .Ú~ ' •1-'l HY.n. 11:i llli f •l ' . ll t ll / ·.:.':. fli• t•· t~•h, 14 !•' ·1/J td•J• Í. I ii lt lth 111.- JI• í - J'ml•l f f.c,
r;-: - ••, 1/, :. •.rú~, &A r..4 k I.~A·A vH~ '• I'A':< rl'• 'h'M' 11m ,,A,, r~ :,, ,f,_.t,, tA' f ''"•t ltlrt.i•Í•,. .il.v,l'4'-"'"'"•
~'.'/!, !.'.:u .a ~.H í:.1 j' A' Í'trA rlu yi'•VII '/~~ rl.t: .,,,ltA d , t •1' A f"' I'A fl i'tn ~A f llfl•11t1Ja f, ,_ ll JI H if,ffA~ f•'•lftluAf
~ 4 ~·.:*:"/;~•.ul..'t ~ t~.-r t/.m ldt, r:, r v . ' Y,.trl-". ri" I Jrl,m r,,, h nt'"'· fi 1 Íl.4t1.u
~. Ú1t~/ •.a ~-,a •t.~ f/.1.~ H.a!.dltt,, ( ) ..n•t, ""' · ,.,jí,,., f11J i'·"••l f ·~J,j,,.,, ~1 1>W'Wd f1 , lltft,,h, ,_,,. Ju'llr'l A111
1)1~. P..t. 't~l..t'A· (.f; a •.r.r t/.t:. J N .tJ •:I I!t fw,f.-, '-ffi U tt....,:.. ,. "' ,,...,tt,I 11; tl•. I 11/~
m V. •.ro::l,~·.u. r/ .-t.'.! {_,/ ,t: ot;f l!r~w.l~, jí 'Át.a.t1.r, '=fn.: ;,,, r 'Ai r •J•h th 11u .h:. , lll t11 U ,;, Ji dt.el1• .
~ (/...,..W; ~/.ll'th9, Yt;t1t; f .f";ff':, I (J/J1J ~ J I / , 1;-;p., '/fJ/ 111 ~ I, I' ~~? 1'. fl',l,ltiA ,_ fi;.-
v Á, ;r;,,..,,,"j.;, /'t"'''· S'f.tlll
I"A:./.~~X':'A f 'i';'T~~','f ' //!.'. .H f ';t.V/)Í'tU j:rrt,-fÍW,.;t fiA y tl},jitv1J r~ h f ;Mi, /t, ,ü,J'tNII t1t; flli '//J/J'Jif ,

m. 1/.KrM k, Y'h~'~, Y•.r~; 1·-L-:r;-:. ".IJ/1',",I , p .(


uf/nw.~ d/, h//1, h.'fft, f-.!~:rJo:, ".!J/1 ',~ 1 , r.t tímt t-i t)r,Á.
~ f//Jf (/f-.'·'Af,, r.'' /:J, y t ,-r11; f .l?.)'J":, V'fN!. ~,'fl, 11~ l'í/'1, p '/./ () ltl. l.~ll o I /tfl flrt)•l lll I J· v rl l ll i:J, fl t'i rl~ ljitl
y.l~--;,...._ v:7~ í.~t r1 ,_o; c,.,._,.,~ VfA.~ '"·~ -' ~.l;,l',lt;
2""..Gt r.~~; ·-:,,~~·J .

m Í'A:':.~r~•ltt ~_,, h 'IIf '//!,~ J~fr//,:Ã , j í r)l~/,~' IJ~r 1t1r ( /d tl.tiÍ, lfri.~J, Ih 1 / , I'' "'Jllt, fl ;, ( ..., 1u 11•; :,,, ,,4(.,
v:;.:; "7~ /.n.m:) n', 1;. J'lJj_ .o; t'Jr)4 f'trn 1tf, ,_.fr.t'-t/,. ,, '"' t1~ .. h r'""'* f1,, l'l f! , ,.,, , ,.~ ,_,,. J.,,..s,,,ft-: 1t/'i .
# 1
74
Y~":o::l~•:.t.. 'h " . [.i'UV; A f"/;rv 1'1 " í'4l'ô:tt~li,~,S t,jt:.1u . J•,;.twÍI ~I.i t fld~< ltílí•t ( ·~.tf-41,JIIIfl .• ( f .,,1111•''' rh
4
'-"!. J .~.. r /.' r· · t· , 'I , 1
r. r.. a~~ ot;t~ A • .u lt ~ ., ,f-';f t.'Jf r,/; .i lf ,,_.,,.,,.f/;, ;.1.-t th .ab 11·'-'• •1t. ( ',. t 1U M•,I,H t••ll1•l1•• ""'
f,; 1
I

r'Ã r:~ t ~"; '~\ Í,. ~~ j)~·.~;·,,~ .l.--~1 1/l~ . ' ~


Y/. 4.!~1.~·~ 'h!.~ h l "Jt,/:c, ' t..i•ll.-1a, f; 1/,•:; / t,:/; f A l 'iVI ~ U!ltt/ÍJ,I;/ 1Jr.lt/l.r. , Jl d l:.t1.,
m
W..l_'/,,w/tih h//t, f''ntt,~ f.~•/'lí~/,f1f4JI/íJ... f~ ''~:rit..'-4 u ,m I, r:rw iV; :.~.~~~, tf, j( , ftM14
~ ~ ~/,.,W/ ~""'h',, ;--,r,,., A!.krJ•,,1Jft./1 '1": 1, ;, -~.
~ ç-.,....:~lí:.l~ •/,~\ I. '/ y/Jt._,.,_'í ,,.•..&/..a,
z~ · '/"..~ ,v,.•;;l.l.-j;.;7";
" Í'_,..•.---;l_céA u
vd//J/f;PJIAI ., íf 'A'.vh
~ ,.. ~ . ' .. • I ,.. ,, . ,
I'.A . ':'rA:·~~ Y-'ill . ,.; r ,-t/, -'A/~7) ~t, fJ.1.,;,;, ,tJ•u. t,,~ , · ,. 1 ,,,
,
11 .,~; , 11 ~ fi': Sl, )( f/ t.tfu~·l ,., •
~;;~ t >: f."*_j • ' "'4 J' I
.:!. '/A< finl.r • ' ~ ,.p,. .,.,,J.• •.1tAr..- lf. 1,_ t t' '·~4t, ~ , l:ntt,l• V'"~,_,,,, , l·r•f/.!)•;u~ 1,1141 "" I'Jif~ ;.,•1
' .I ' .I

/! /, ~ !f l• .t•., !:A '//', J y~

.:.... -··
«
1015 DiQrk.. Nooêia.(. idC'm.
197 Düirio .k N."'l.cia..<, idt'm.
1918 Esta quC'SUo SC'rí nalis.ada. C'm maior dc-Uihe no c.apítulo 2
ti'IQ c~nfert-nt'ia de- C..l.'O IS, rn~fC'rida no dia &9/1950 e public.3da 110 Diário de NoticiAr em 14,9/1950, p. 7.
2CO A ronfc-rt-nci.a dt> Ca.ti.u \'o lurí a sc-r .tnalis.ada 110 capítulo 2
201
Diãno fÚ Nc•tícios, Porto Alrgre, 2IB!l9SO.
:<'02 DiJi.rico d~ N,VJ"cia..t, Portl.. AIC'p-e. Zlt9!1950.
:1.'03 Entre\isu rcal iz.1da f't"l" autor rom Guilherme do Valle, Cuiu do Sul, loc. dt Entrevistas com Fantoa e
Ctruso Scuderi, jí ciudas. ilustr3m esu minla interpreUç!o.
204
Dibio tk Noticias, Porto Alegre. 2119/1 950.
205
Diário tÚ Nc.'ida.s, Porto Ale~ 23:9/1950.
roJ Diário de NNicias, Porto Alt>gre, 23,9!1 950.
207
Diério tÚ Notícia.,, Porto AIC'gre, 25,9/1 950.
208
Diário de Nooaa...<, Porto Alegre, 25,9/1950.
209
Diário tk Noticias, Porto Alegre, 26!9/1950.
210
Dián't:> tk Notía'a..,, Porto Alegre, 27,9!1 950.
211
Diário tk NoticiAr, Porto AJC'gre, 2..'it9/1950.
212
Diário tú Not{cias, Porto Alegre, 18!9!1 950.
213
Dibio d~ Notzaa.s, Porto Alegre. 2B!9!1950.
214 Diário tú Noticias, Porto Alt>gre, 29,9/1 950.
215
Diário tú NoticiAr, Porto Alt>gre, OVI0/1 950.
216 As entrevistas, já ciudas, com Lidovino Fanton, J. Caruso Scuderi, José Diogo, entre outras, comprovam esta
in terprt>Uç.io.
217 Os dados das vouções nominais para depuudo foram obtidos junto ao TRE-RS.'
216 Os dados da \otaç!o em Porto Alegre foram colhidos do jornal Diário de NotíCias dos dia.s posteriores 1
eJeiç!o. Os dados da imprensa, sobretudo no que se refere aos toUis de votos brancos e nulos, ao contririo
dos dados do TRE, estão sujeitos a erros. Em alguns casos, :1justei o número de: votos <!m ~ranoo pa;a compa.
tibilizar a votaç.io toul nas várias esfens (eleiç~es presidenciais, senatoriais, legislativas, etc..), considerando
votos em bnnco, as eventuais omissões da imprensa. Assim sendo, os percentuais calculados para Porto Ale-
gre- ao contrário dos calculados para o Estado como um todo- não devem ser' considerados absolutamente
eu tos, mas apt>nas indicativos das proporções de votos obtidos pt>los diversos undidatos e partidos políticos..
19
2 Entrevistas do autor com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citadas.
220 Entrevista do autor com Hamilton Chaves, ex-editor do jornal Clt:lrim, ex-assessor de Brizola, em janeiro de
1978. Entrevista do autor com Leonel Brizola, em Lisboa, em fevereiro de 1978.
221
Entrevisw com Leonel Brizola, já citada, e Otávio Caruso da Rocha, também já ciuda.
222
Correio do Povo, Porto Alegre, 1,9/1951, p. 4; Correio do Povo, Porto Alegre, W/1951, p. 32 A nominata dos
candidatos a vereador com as respectivas profissões foi publicada pelo Correio do Povo do dia 7/9!1951.
3
22 Correio do Povo, Porto Alegre, 5,9/1951, p. 4.
4
22 Correio do Povo, Porto Alegre, 5/9!1951, última página.
225
COOJORNAL, n° 20, Porto Alegre, setembro de 1977, p. 22 O imba tível Meneghetti- Depoimentos de um
político sem idéias que nunca perdeu uma eleição.
226 Idem, ibidem.
227
Entrevistas do autor com .Brizola , já citada, Darwin Corsetti, irmão do ex-prefeito de Caxias do Sul pelo
PTB, em dezembro de 1978 e Régis Ferre!ti, ex-integrante da ala moça do PTB caxiense em janeiro de 1979.
228
Entrevisw com Darwin Corsetti e R Ferretti, já citadas. Entrevistas com Júlio Costamilan, ex-candidato do
PTB a prefeito em Cuias e Guilherme do Valle, ex-integrante da ala moça de Caxias, ambas realizadas em
Caxias do Sul, em janeiro de 1978.
229
Entrevista com Brizola, já citada, e com João Caruso e Lidovino Fanton, já citadas.
230
Correio do Povo, Porto Alegre, 5!10!1952 Entrevista com J. 'Caruso Scuderi, já citada.
1
23 Correio do Povo, Porto Alegre, 7!10/1951, p. 32
232 Entrevista com J. Vecchio, já citada.
233
Entrevista com Meneghetti no COOJORNAL, já citada.
234
Entrevistas com J . Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, ex-integrantes da USB, já citadas acima.
235
Entrevista com Brizola em Lisboa, já citada. Intervenção de Brizola perante o diret6rio nacional do PDT, no
Rio de Janeiro, em 7/5!1983.

136
~~
v-- l'l 1.
:f
I •

236 Um indício deste fenômeno é dad~ pela compar~ção dos resultados eleitorais de Porto Alegre, onde o PTB
ven C
e em 1947, 1955 e 1963 (ou SeJa, sempre apos a sua derrota no pleito estadual) c perde em 1951 c 1959
após suas v!tónas,· em P1eJtos
· cst.l d Uals
· ) c~m os de Pelotas, por exemplo, onde o JYil3 perde em 1947, 1955 e
~ 63 (oU seja. apos ~ua_s derrotas estadua1s) e v~nce em 1951 e 1959 (:~pós suas vitórias ao nível ~st~rl.ual~.
9
!I
Naturalmente, es~ h•po_te~.e vale para um bom numer~ de municípios do interior. mas h.i também sJgmf•rah·
vos d
es'o•ios deste padrao • em casos como Santa Mana c Rio Grande onde 0 PTB era t.'Ío forte que só per-
. . . d 1959 .
deria as eleições mumc 1p3} 5. e. · • acompanhado id~ntico fenômeno registrado na capit.1l. Na ''chamada
.-·
lil
colonial", em mumclpiOs Importantes como Caxias do Sul e Novo Hamburgo, a presenç~1 de um forte

I
zo na ' . .. . lt ..
pRP sujeito a v_anas rcvlravo as_ no s~u ~squcma de alianças- entre os dois blocos. também provoc.a des-
·05 neste padrao. Mas a claboraçao ma1s ngorosa desta hipótese para o interior do Rio Grande do Sul. es-
\1 d' . I
capa ao escopo desta 1sscrtaç..ao. I
231 Esta hipótese é fortalecida pcl~s entrcv!s~s .do autor com João Caruso e L Fanton, já citadas, c pelas séries
históricas dos resultados de ple1tos mumc1pa1s no período 1945-64, quando se recriam situações análogas.
I
239 A grande mensagem, panOeto publicado pelo governo Brizola, Porto Alegre, 1961, p. 11.
239 Ver SKIDMORE, Thomas. Brasil, de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, S. ed ., 1976, em es-
pecial, p. 125-6 e 152-3.
240 Ver verbete sobre Jango do Dicionário de lideranças políticas brasilt.>iras; atualmente em organização no CP-
DOC-FGV.
241 VARGAS, Getúlio. Prestação dt.> contas ao Rio Gra11de- pallflt.>to publicado pt.>lo govt.'1710 Ernesto Domdles.
242 VARGAS, Getúlio. Discurso pronunciado aos líderes sindicais de Porto Alegre em 20!9 /1952- panOeto pu-
blicado pelo Governo Ernesto Dornelles.
243 Esta interpretação do reOexo da nova administração republicana dos EUA sobre o governo Vargas está pre-
sente também em SKIDMORE, T., op. cit, p. 152-3.
244 Estes discursos serão analisados no capítulo 2.
245 Vide subcapítulo 8, p. 166.
248VerSlLVA, Hélio, op. cit CORTES, C., op. cit
247 Ver SKIDMORE, J., op. cit CORTES, C., op. cit., FaU of a Titan , p. 145-fl.
248 Ver SlLVA, Hélio, op. cit
249 Ver sub-capítulo 8, p. 148-9.
250 VerCORTES, C.. op. cit, p. 145.
251 Entrevistas com Caruso Scuderi c Lidovino fanton, já citadas. Vide, também, BODEA. M ., op. cit
252 Entrevistas com Caruso Scuderi c Fanto n, já citadas.
253 Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2. Entrevistas com Joi o Caruso, Fanton, Temperani Pereira
e José Diogo, já citadas.
254 Diário dt! Notícias, Porto Alegre, 3/6/19 54, p. 2 Entrevista com Caruso, j:í citada.
255 Diário de Notícias, Porto Alegre, 4/6/1954.
256
Diário dt.> Notícias, Porto Alegre, 5/6/195-t. Entrevistas com Caruso e Panton, já citadas.
257
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954.
258 Etr '
n ev1sta com C aruso c F anton, )3.
.•.c1ta d as.
259
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954, p. 2
260
Para um maior detalhamento desta minha interpretação, vide capítulo 2
261
Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 9/6/1954.
262
O efêmero PTB independente, fundado por Vecchio em 1950. Ver Diário de Notícias, Porto Alegre,
10/6/1954.
~Diário
64D.,.
de Notícias, Porto Alegre, 121611954.
265
'.a:'.o de Notícias, Porto Alegre, 15/6!1954.
266
D'.a:'_0 dt! Notícias, Porto Alegre, 16/6!1954.
267 D,ano de Notícias, Porto Alegre, 17/6!1954, p. 2
268 D~~o de Notícias, idem.
269 D,anode Notícias, Porto Alegre, 17/6/1954, p. 4.
270 Entrevista com Caruso Scuderi, já citada.
VerD'• ·
27t C .'ano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2
272 D~ de Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2
10

213 '.~~0 de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 4. Correio do Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, P· 2
Du1no de N011•.
274 C-orre_ c1as, Porto Alegre, 19/6/1954, p . 2 , _ ., _
10
dc Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2 Entrevista com Jose Dtogo, )3 c1t.ada.

137
1';'
t~ i•

.I[
23svm indício deste fenômeno é dado pela com
I :
_
vrnce em 1947, 1955 e 1963 (ou seja, semprcpar~~ao dos resultados eleitorais de Porto Alegre onde o PTB
(·lpós su:ts vitóri:ts
· _.
1963 (ou sep. aptlS suas
l' m plt'itos estaduais) com apdos ·~~ su,, derrota no pleito estadual) e perde e~ 1951 e 1959
. .
d os c dotas p
errotas cstadua 1's) e
Naturalmcntl', esta hlpotl'se vale para um bom n .
' . vence em 1951 195
,
· ' or excmp1o, onde o fYfB perde em 1947 1955 e
. '
.c . . 9 (apos suas vitórias ao nível estadual).
I)

. d t .. d - ..
vos J(osv10s t's c pa rao . em casos como Santa M . . . umero de mun•nplo d . . . . .
s o In tenor, mas ha tambem s1gnificati-
dt'ria as dciç("'t's municipais de 1959, acompanhad 0a~da~e ~ 10 Grande, onde o PTB era Li o forte que só per-
zona colon1a . 1.., em mun1c1p10s· • • Importantes
· com • Ca' .enllro fenômeno reg1stra · 1. Na "chamada
· do na cap1ta
PRP sujeito a várias "reviravoltas" no seu esque~ dXla~.do Sul e Novo Hamburgo, a presença de um forte
\ios neste padrão. ~bs. a elaboração mais rigorosaade:t: ~~n~as- entre o~ doi~ blocos, ~mbém provoca des-
,3pa ao escopo dest.1 d 1ssertação. potese para o mtenor do R1o Grande do Sul, es-
237 Esta hipótese é fortalecida pelas entrevistas do autor com João Ca ., . . .
históricas dos resultados de pleitos municipais no período -L ruso c L Fanto~, Ja ~ltada_s, e pe.las senes
. 1945 -u4, quando se recnam s1tuaçoes analogas.
238 A gr{llldt mmsagnn, panfleto publicado pelo governo Brizola Porto AI
. , egre, 1961 , p. 11 .
239 Ver SKIDMOR E, Thomas. Bra.HI, ele G('ttílio a Castelo. Rio de Janeiro Ed p T d
· 1, p. J25-L
peCia -v e 152-3. • . az e erra, 5. e ., 1976, em es-
240 Ver verbete sobre Jango do Dicionário de lideranras políticas brn•1'fe ' . t 1 · - CP
DOC-FGV. ' ~ •ras, a ua mente em orgamzaçao no -
241 VARGAS, Getúlio. Prestação de contas ao Rio Grande- panfleto publicado pelo governo Ernesto Dornelles.
242 VARGAS, Getúlio. Discurso pronunciado aos líderes sindicais de Porto Alegre em 20/9/1952- panfleto pu-
blicado pelo Governo Ernesto Dornelles.
243 Esu interpretação do reflexo da nova administração republicana dos EUA sobre 0 governo Vargas está pre-
sente também em SKIDMORE, T., op. cit., p. 152-3.
244 Estes discursos serão analisados no capítulo 2.
245 Vide subcapítulo 8, p. 166.
246 Ver SI LVA, Hélio, op. cit. CORTES, C., op. cit
247 Ver SKIDMORE, J., op. cit CORTES, C., op. cit., Fali of a Titan, p. 145-{i.
248 Ver SI LVA, Hélio, op. cit.
249 Ver sub-capítulo 8, p. 148-9.
250 VerCORTES, C.. op. cit., p. 145.
251 Entrevistas com Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citadas. Vide, também, BODEA, M., op. cit
252 Entrevistas com Caruso Scuderi e Fa nton, já citadas.

253 Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2 Entrevistas com João Caruso, Fanton, Temperani Pereira
e José Diogo, já citadas.
254 Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2 Entrevista com Caruso, já citada.
255
Diário de Notícias, Porto Alegre, 4/6/1954.
256 Diário de Notícias, Porto Alegre, 5/6/1954. Entrevistas com Caruso e Fanton, já citadas.
257
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954.
258
Entrevista com Caruso e Fanton, já citadas.
259
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954, P· 2
260
Para um maior detalhamento desta minha interpretação, vide capítulo 2
261
Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 9/6/1954. p AI
262 h· 1950. Ver Diário de Notícias, orto egre,
O efêmero PTB independente, fundado por Vecc to em
10/6/1954.
263
Diário de Notícias, Porto Alegre, 12/611954.
264
Diário de Notícias, Porto Alegre, 15/6/1954.
265
Diário de Notícias, Porto Alegre, 16/6/1954.
266
Diário de Notícias, Porto Alegre, 17/611954, P· 2 ' i ! I
267D .. .
zano de Notícias, idem.
268
Diário de Notícias• Porto Alegre• 17/6/1954, P· 4· I I ~
~9
. 'lI
Entrevista com Caruso Scuderi, já citada.
270 I I

Ver Diário de Notícias• Porto Alegre, 19/6/1954, P· 2.


27t II. ~• '•
I I

272 Correio do Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, P· 2 , P, , p rto Alegre, 19/6/1954, p. 2 I

v·.. 954 4· CorreiO (lO 0\JO, o ' I

'
I I'
zano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1 • , P·
273
v· · · 2 J é Diogo ·á citada.
~ .j :
274 'ano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, P· . I
Correzo· do Poo,..'O, Porto Alegre, 19/6/1954 • P· 2· Entrevtsla com os '1

137

; ~- ~ ..·.
... ·. . .,
• ••• J. ...
'!I '!I ('1,,,,,, ;/11 /'lli'''• l'l~iti , I
. /1 t llt'•f.!t ,. ,,, •. ,
11fll I. ;d l,..IH' <i ,, ,, ~ li '' ' 11' ' ,:~ I• I' ~ ·,,·~~ I f li' tf/ti j' I} 1·1 f / lllti /11 , ,~ I ;,,,,..j,/1} / 11,; /I J I J; ,, j
111

'111 rtt ll,..ii' '~" ,,,,,,f u r,v l. , .~ ,, , , ,,I ' ' ' , IJ/1
;/Jit',1
. , I I' ,11 I, ,. ~, ~ /l/l,j/ 111, Jl I
'11!/11/tl /ll tf~ /ttflfr/!1~, l •/ · ' · ', . 1 ·~
'1 111 fll,it l11 1/.f/,./fl/n1, l'l•tl11 l i> f)~, 1-ifl,// l t
l"'' /)/íÍí/" d•f/..1{~/M, j•;,//11 f .l•fH, 'JA/;1/:t.:i
YIJ I JII•ír/t!tl.~ !f··ll./•'4, /'ltll't/. l•f.l~,"lif.tl/ l t~J/I i
lt~lj · ,,l'-' li~l.~ t '•l'' ( ~l ll~lt, j',ollhf', j.f 1 /1• 11~ .
I .. , I~J· I~ / ; •I •I 'tlil!l~'l, l~! llt/t!JIIif, //1!1/J/!1 ., I 1JIIIJ / , I• ;) ' J';IJ/I'!'', J
1
. .. , .
'h r;,,,,, r- ~~ - fJo. til 1 1t , • • I,..,. ~ A I ' I 'J
'l
l 11 ~ ( ·,,,,J•t llfl /'•11'1', l'tt/Ft l .l• f.l• , 1,/1./l ,,.,, 11
' I • I

?llf. r ·'"' ' lt' tf, J•, ,.,,, ,.,,,,, f ,l•'fJ"', '/'1/MI'I'//, J1 ·t
~~~., r,,,..Jht• ,,,,!lu'''' 1/1111 I, ''"'"''11, JA '~~~~1 ..
'/"'' /Jitítl ll ''-lllfii··Jn+,. ,.,,,,,, I.J~rl .. , '1.1·1't!I'J,1,1' A
~r.IJ (',,,~,, ;/1! ,.,, .,,, ,.,,, ,,, f ,l•tJI·, 'JI,jt;j/'1',!,, ,, ..
~IJt' ( ',.,.J,u l" ,., ,,, ,.,,,,, /. l~yr , t,f/!I'J i!,, J! ~
r,
'lrtil ( ·,,,"1., ,/., 1.,,, ,., ,,1 t.l~rr, ~/lll 'li4, 1' A, ~tdt•- 11 ~~~ ~~~~·J '1#11 Jtl,,, }f ' t'••IJI

L';fi lrf•m, V t
;,r.,'/ (',,,,.,11
,t., l'f!V'I, 1'111 ,,, f ,I•f!" /1 )/I/1'1 ~A.
;,"i Hr;fr ...,llf•~ tí''"' '•t1t ,l l .. Jln ,l;,,, t 1 1•'111~ Ji
~lf~ c,,,,.j,,
rf<~ l'rr ,,, l'trlf'J f, l•f) ~·, '!~/I/1 1JiA, Jl li
;rtt; c,,,.J,, tf,,J'tiJ!''' H· rli , 11 11.
~t.II'J f:,.,,.j,, ,J,, l'rrJ!/11 1·1•rt• 1 tf. 1I.
'~~1 r;,,,.,,,,f,J /'"'"'' IP.!l'J't!,, Jt. '//,
~~ (.',,, .J,, ,h; l'tM I, I(J/i',f/'J~A., JJ. '/, 1•1•'''' IAP/ I'J .,i, lt Jr,, 111 1'1 I I!~/J'Ii1 , 11 '!, l'/• 111 I 'JjY;fJ 'I~~~ p 111, 14...1
'/11/1./W,~, Í'· !,; H•'" 'J.A/1./Wi~, ,, 4
;..~.J V•t r..•tl•/,._, rfi; (',,,#/In/;, / '" •'''' • /Jifil l'• tf.., /l!d/1/"~ •I• 'J •,;::fl'! 't~
:111 f/ (',,,.,j;lfflt /'trV/11 J'l,f 111 f , j4 TJ • 1'Ji f'l./ 111•,~
Yd I Ji/.,J,,,,.. ,/,t/ll,,., ,.,,,,,f,IFtJ ~ I '!~/i(/1 Ji .1, ( J ;J•I {J;, ,·J' '11 , jl JA, I
1

f:l/1 t:,,,~;,,J,, /'tr·.it!, , .,, ,,,, f. l~rJ•·, ~.fJ/I 11i4, 1, lf1


<YII I!<'! Ir•·ih I• th ' 'i''" ,,,,,,'' 11'1~t /tt •l•l~ t(}' '' If•/1•, ~11 , '·'1'11 'll,J' · 1'··I~ I:otll /1 'ti•I,. f 1,, x•ii' J/ ' ' '1'111Jt1• t/•ll'/
'''l
vi''''' Hrt• ~ f .t .. f.J,,, I•,; r.1 t,,. '' V" t i'' 'lu~ f,,,,,,, J',q ,, 1 ' '" ti• '"','' '"'' ''~ I 't/Y,
:YI1 Httln •ti4ht UHII 1 1~t• l1r/1 1 ( .~/ tWd',.' 1irl•ti 1 f ·,.,H,, ti~ I''•' f,., •nlr~ lrlll / 11 ' 1 J~ • 1/,dlf~
::1/í /Jf/,r/tltl.. //t,f{i/11~, l'trt/1, f ,I• 1/l"t (,f I/I ~~A, .. '1/1/l'ti~ /:1,! I " ' '"'" I ' •111 ,, "1/
Irt ,,,.. ~lwli' ir} Mq 'I 'IJIA,JA I jll~~
:1/J'J /JJ(, f1J 1fl' 1/tdf~fllf, ,.,,,,, f, f~TJ"' 1 J'/f~// 11 •tA, l ~ti/ /1 11 1, 1~ / I J/•t )f1 • "j 111/• 1 fk 1 Jl• •/11
:YF! (.',,,,.,,"j,,f'trm, l'trt l'' 1. 1~;;•, '.1'1(1/1 1/',~, f' IIJ
'YA "'"'~''' tf;, I'IIVfl, l't,t h f .I~,; .., 1/I(J/fiJ',A, lt I'!
~-'11:1 (.-'lff*
• I11 I,,1 ,.I M ! / I'ht f,, f. I• f/ '- '/ I(J/1
. ,,~ A, I f! A,
:J j(j I I ·
' r·,,,,,,l(llt/'t/'1111, l'lrt f'l Al•tr. JIJ/1/J fi~A, .
á·:~~t./w!Í~f.o, U •lll 'I~''' Jt" f .tíol l'•t~ 1111, ( :. ' '''·' ' "' '1'1" fi' I'~ "''111, I '11 t ''' '1'111 Jl u•lllf, !4111i~/I' I I :. ; ~ , •11'1• ltí 't it
, ~~ (',,,,,,,J,, l'trofl, 1''"''' /',I, 'Ir' '/(1/l'l jA,tfl ,-,
<I ,J y, fl Jl~'fh;, '•lt til Jlt I ti~ 'I
: :: lr1•m, lf,l,1• ttl 1(1tll . ti ! f,.t l ''''' f ·,.1 ,tv 1 !;J ll'1•il• f , J', t,J;, 11 , J4t lf.d 11 ~
;.,; ( ',,,,.,,1(/,, f'tlllfl, l'r,1f, 1 fo,l .. f/ ~, 'JA(I/I'J ~{
b v pi /U fi~• lr1/'f.~~ tf!,(',,,,;,,{, /',,,;,, .. fjJ-1,/Itll~ /111(/,/,lf, lf•i fr• ;I'J'I•ilf~ jii/J/I 'J ·,~ ~ 1/11)/l 'l?f
27~ Ctwrdo ,/o f'ovo, idem.
· 'á 't3da
27ftEntrcvht.t do autor com José Dlogo, I c•: . . . ., . . .
277 r!ntrcvut.u com .-Aruso, 1 an
. C ~ ton c Jolié DIOgo,Já c1t.adas. Dtano de Not1c1ar, Porto Aleo
bre, 20/6/1954
278 l)idrío d~ NntícitU, Porto Alegre, 2116/1954, p. 16. .
279 f)i&rio de Nnrícifu, Porto Alegre, 24/611954.
260 Diário de Notíciru, Porto Aler,rc, 241611
954 ·
261 Diário tle Notícia.r, Porto Alegre, 24/6/1954, p. 4.
li
282 Entrevi~ tas com Caruso, Panton, já cit.adas.. ., . ,.
J
I '
263 Sobre u tcnt.ativu de est.abclecer esta coahzáo, ver DlanO de NottCiar, Porto Alegre, 10ntl954.
lI 26~ Ctwreio do Povo, Porto Alegre, 3/8/1954, P· 2
I 2B~ Correio do Povo, Porto Aleyc, 19/8/195 7• P· 7·
I
I '
288 Entrevista do autor com L. Panton, já citada.
I~
I ' 287 Diário de Notícia.r, Porto Alegre, 26/6/1954, P· 4.

I 268 Correio do Povo, Porto Alegre, 23/611954, P· 4.


i 289 Correio do Povo, Porto Alegre, 6n!l954, P· 4.
I 200 Correio do Povo, Porto Alegre, 4n/1954, p. 4, entrevistA com Vecchio, já citada.
I 291
Idem, p. 4.
I
I I
292 Correio do 23n
Povo, Porto Alegre, /1954.
293 Entrevistas com Caruso e Panton, já citadas.
I' . 294 Ccrreio do Povo, Porto Alegre, 25n /1954, p. 11.
I
I 295 Ccrreio do Povo, idem, p. 11.
I
296 ú:>tmo do Povo, idem, p. 11.
297 Ccrreio do Povo, 1/8!1954, p. 26.
298 Ccrreio do Povo, 10/8/1954, p. 7; idem, 14/8/1954, p. 16; idem 17/8/1954, p. 7; idem 19/8/1954, p. 20; idem
20/8/1954, p. 4; idem 24/8/1954, p. 4.
299 Ver edições do Ccrreio do Povo, e Diário tk Noticiar de 25/8/1954.
300 CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 25/8/1954.

30t Diário de NotlcitU, Porto Alegre, 25/8/1954; CORTÉS; op. cil, p. 147.·
302 Ccrreio do Povo, Porto Alegre, 4/9/1954, p. 1O.
303 Entrevista do autor com o Jfder metalúrgico Júlio Mesquita, já citada. Entrevistas do autor com o líderferro·
vi~rio Enes Araújo, toe. cil, e o portuário Vivaldino Prestes, em dezembro de 1978.
304
Entrevistas com Fanton, Caruso Scuderi, Caruso da Rocha, entre outras, já citadas.
305 Diário de NotícitU, Porto Alegre, 6n/1954 e 7n!1954. Entrevista com o dirigente sindical Mesquita, já ciudt
300
Diário de NotlcitU, Porto Alegre, 17/6/1954. Entrevista com Mesquita, já citada.
307
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1954, p. 10.
308
Correio do Povo, Porto Alegre, I /10/1954, p. 12
309
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1954 p. 4.
310 '
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 19/9/1954.
311
l I
Entrevistas com Temperani Pereira Caruso Scuderi Fanton Caruso da Rocha Mariano Beck. entre outras.
312 ' ' ' '
I 3t3
Correio do Povo, Porto Alegre 7/9/1954 p 15
' ' . .
Ver CORTÉS, op. cil, p. 148-9.
3
t~ ld
t em •. •'b'd
1 em. E·ntrev1stas
· com Caruso Scuderi e L Fanton, já citadas.
3 5
Corrt:t~doPovo: Porto Alegre, 24f)f1954. ~
316 95
1
Pesqulu nas edições do Correio do Povo e Diário de Noticias, do período de 10t9/195.t a 11°!1 .
·.· :

;~: : -. - .
... ~­
:.-~ - ..- : ... Caphulo%
O trabalhisrno garícho

Qu_alquer ~nálisc. ma!s profund a do trahaJhJtlmo ~:1 (1 1~1 • ~:rsJ: /tn :u,n
1 111
e evoluçao polfttco:cl: uoral.~~>.P~~foc~o 1 9~.>-:>~ prm;rm:J W t' wr~llltilr 1111 n ,
111 1 11

tulo 1 -: te~á ~uc. passar, ncccssan.lmcntc, por lllfHt íwall~H;~o ti,, 11


fll~pr~J t/1: ti rJ:f:i
duas pn~ctpats ~Ide~a nças, Vargas c Pa~-: quall nl, eujo Jl'~:lo <~ Jr 11 porl!i,cJ:1 ;1 •
11 1
da po~{Uco-parttdána daq.uclc p~rfodo tran Nt<;uclctu , de forma 1 ,J ~n lf/t;:J f l1lít, 0
1
própno contexto da poHuca regional ga(Jcha. Oc1{tJio V:u 1 ~:w ~~ l iU I :Jiflf;fJ i ti , ,,
principal personagem poHtico da vida naciou:tl de lodo o pt d c1do 1'l W -:~1 (t ;,
quiçá, até 1964), articulado r de um projeto polft ko n:u;Jona l J~ltJb:d tp lti, ,:-•;J.
dentemente, ultrapassa não apenas as front cí ra~ geogr:ítka 1du r lo nnHlfk tl tJ
Sul, mas também os limites político-partid:trios do PTB. Alhcrro J':, r~II'I:JIIIl l,
por sua vez, transforma-se, se não no único, certa ment e no prlnd paJ ldJr/t;o d()
trabalhismo brasileiro do período 1945-54.
Na primeira part e deste trabalho, procurei sll u:í-los, dc,·;crcvcndtlf>lWLr;t .
jetória poHtica no co ntext.o da vida partidária gaúcha, dc:ldc a fuu d:~t;tío du
PTB e dos demais partidos, ao nível regional, até o trágico dc:{:tparcd rn cnto de
Vargas e o derradeiro eclipse eleitoral de Pasqualini nos meses de a1~o:> t o c ou -
tubro de 1954. Nesta segunda parte, tentarei interpretar c anal.isar ~; c w1 rc:;p c~
tivos papéis, bem como o relacionamento entre :tmhos, a nartJr da ~;x p crlén cJ a
especifica do PTB do Rio G rande do Sul, situando-os, ent retant o, no con texto
mats· global da políuca
· naciOnal
· do perro d· ,, tJm.t· vcz· que é J'ustamenl
· c na corn-
plexa interaça-o entre o processo poHuco • • •• • 1 c·o regional (jUC reside
nacH>n.t . um:s .
. (:
das chaves para a compreensão da traJei >fia P ·. 0 Htlca <.Ias
·
duas
·
gra ndes lJdcr.w-
ças do trabalhismo gaúcho. . . .. . J'u<.J·trá a desvendar a
.
Es ta análise íd t • baltustas por sua vez, ti (
dos I ercs ra . : ' . , , <.1 0 utrinário, tema que será
natureza do PTB gaúcho como parttdo c corrente
tratado no caphulo 3. . . fomentado poWmí<.:ítS c inter-
O relacionamento Vargas-Pasqualtnt tc~d· s em torno do grau de proxí-
- . . ·mpre ccntrLt .:~. .
pretaçoes diVersas, pratacamentc se h oc líderes do ponto de v1sta
. I . entre am os .~ . .
mtdade e/ou distanciamento rc atavo d· épc>ca quanto nas an{tiJscs
. f •1d' imprensa a ,
polhtco-doutrinário. Tanto ao n vc ~
1
, . . de perto <HJUCie pcrfodo, vc-
d · • c1aram m.us
~observadores e políticos que vavcn . . agem de senso-comum que ~ro-
rtfica-se a tendência de cristalização de uma Im . 1. · _ um conflito rclatrva-
Vargas-Pasqua mt I' t.
cura destacar - no relacionamento . · d Vargas, de um lado, c a rn ta
rnente explicito entre a linha pragmátzca c Nas intcrprctaçiícs até agora
1.d I' . do outro. . . . . ·ia
eo/ógica ou doutrinária de Pasqua tnt, d0 rau do conflito ou <.IJstanc ."
COr rentcs, polemiza-sc gcralmcn t c• em. torno. J'sta
g . ·. 0 pasnuah-
mento que o choque entre o pragmausmo gct u J. c o doumnansm · '1
139
1•-._ .
'; ~ I

. d e ambos os líderes e ao nível das disputas intern


nista tena provoca o en1r as do
. I2
PTB gaúcho -e nacwna . . d d
Mas se as interpretações di~erem a respeito _o grau e conflito provoca.
, . d ambos no seiO do mesmo partido -num leque que abr
do pelo conviVIO ~curam ~alientar uma relativa harmonia entrecortada po/ct~­
ge desde os que pr ê d I·
ferendos episódicos e punctuais até os que cr ~~ ete~tar u~ confronto per.
significativo entre duas linhas polltlcas diferenciadas _ há um
manen te e . .à" d , d V a
tendência quase unânime em situar Pasquahnt esquer a e argas no es-
pectro político-partidário.3 • • ,
Na realidade, 0 estudo mais sistemático do trabalhismo gaucho no perío.
do 1945-54 permite submeter o relaci~namento ~argas-Pasqu~li~i a uma aná-
lise mais rigorosa que engendra uma mterpretaçao bastante distmta daquelas
até aqui difundidas. Tanto a visão de um confronto permanente entre uma Ji.
nha ideológica e uma linha pragmática aglutinadas em torno de Pasqualini e
Vargas, respectivamente, quanto à leitura de um Pasqualini situado "à esquer-
da" de Vargas, no seio do PTB, correm o risco de nos conduzir a uma avaliação
simplificada e, no limite, até mesmo equivocada do significado mais profundo
do complexo relacionamento entre as duas lideranças trabalhistas.
Na minha interpretação, a dimensão essencial do relacionamento Var-
gas-Pasqualini não se situa no confronto entre duas tendências políticas distin-
tas ou na disputa entre duas lideranças partidárias rivais, mas na dinâmica de
uma divisão de tarefas no seio do mesmo partido que gera, entre ambos, uma
relação de complementariedade com aspectos conflitivos.
Esta divisão de tarefas entre os dois líderes dá-se em três diferentes ní-
veis, engendrando, em cada um deles, relações de complementariedade confliti·
va, no âmbito da: ·
lo- es_t~atégia política_global, ocorre uma relação de complementariedade con·
fhtiva e~tre o projeto político nacional (Vargas) e o projeto de construção
d_o _P~rtldo Tra?alhista (Pasqualini).
20 -divisao ge~g.ráftca das lid_eranças, gera-se uma relação de complementarie-
dad,e_ conflt~Iva entre a liderança política nacional (Vargas) e a liderança
pohuca regiOnal (Pasqualini).
30
- divis~~ de funções político-partidárias, situa-se uma complementariedade
confllliva entre o estrate · t · ó ·co
(Pasqualini). gis a po1ft1co (Vargas) e o doutrinador e te n

Em cada um destes ní · . .- é
aparentemente, nítida e c veis, a ~lvisao de tarefas entre ambos os Ifde~es ~
das lideranças No Iara, salientando o aspecto de complementanda_d
· entanto cada t f . . . . ec1sa
·, ser cumprida em context 'd't ar~ a engendra pnondades distmtas e pr do
por sua vez, a compone~:e ~ ere~~mdos de evolução da luta política, geran as~
qualini. onfltuva no relacionamento entre Vargas e p
Nesta parte, analiso 0 rei . · pri·
aciOnamento Vargas-Pasqualini nos doiS ..
o.~~
· .....·.,_ . ·. .'níveis:· projeto poHtico-nacional
· c projeto ~ .• p ·
· . de construr~c
.
b
':<. :·..: 1'
. ... ra ... athista; liderança naciOnal c liderança· reg·
tona 1 No caph 10 3J uo artldo
_ . • r--
:;··.. · · caracterização do PTB gaúcho como partido c cor~c , · " ;. ,que d1~cutc
.
:elacionamcnto e~tre Vargas como estrategista po~:~o~tpnnan~, .a~allso o
·nador e teónco c asquahm como
doutn ·

O PTB NO PROJETO POLÍTlCO NACiONAL DE VARGAS

Pa_ra_ a compreensão dos .aspect~s conOitivos no relacionamento Vargas-


Pasquahm a~ nível_ de estratég:a poHt1ca global é fundamental entender o peso
dcsi.gual da m~erçao da questao do Partido Trabalhista nos seus respectivos
projetos ~poHucos: Para Vargas, ~ PTB era uma componente importante -
porém nao-exclustva - de um projeto político mais amplo de implantação de
um modelo de desenvolvimento nacional autOnomo. Para Pasqualini, o PTB
era o instrumento fundamental de transformação social c implantação de uma
sociedade mais justa.
Nesta disparidade do peso específico do PTB nos seus respectivos proje-
tos, reside uma das chaves para o entendimento não só dos aspectos confliti-
vos, como também da dimensão complementar das lideranças de Vargas c Pas-
qualini.
De fato, a análise do PTB gaúcho necessariamente terá que incorporar
uma apreciação acerca do caráter do PTB em nível naci?na~, su_as ~rige~s dou-
trinárias e seu papel específico nas transformações poiiuco-JnslltuclonaiS ocor-
ridas em 1945, ano da sua fundação. Esta apreciação coloca em rel~vo um pro~
blcma central: quais as motivações e com que objeti~os estratégicos Varg~
empenha-se na criação de um partido de corte trabalhista baseado nas ~ass_as
· · - 1 rclatt'vo que Vargas atnbut-
operánas urbanas? Quats as funçoes e qua o peso . . .
antes e depois do 29 de outubro de 1945 -a este parudo c como ele se mscre
· · d0 " rtário
1 do Itu"?
no projeto e na estratégia poHtica ma1s globats ~o ~ ,, · .• c l{d er
,,. :- de insp 1rador funuauor I j
. d . ma questão mats gera,1 que
Para compreender Vargas na. sua conuiÇ<W I •

máximo do PTB nacional, é prectso. ap!ofu~ ~r ~s tanto nos meios poHticos,


tem sido objeto de polêmicas e avahaçoes dJvcrs I parentemente singular
• ,
. . mo interpretar a a
quanto em estud~s acadêmtcos. co {der de um partido de massas de
metamorfose do dttador do Estado N~vo ~~i~l c na classe operária?
base popular e forte penetração no melO stn lqucr análise mais profunda do
Esta problemática- fundamental para quacont.ra um pano-de-fundo mais
próprio PTB - precisa ser discutida, a meu ver~ d aberto com a Revolução de
. · 1 no peno o
amp1o de evolução da poUuca nac10na
1930. álises a respeito de Vargas tem sido
A tendência de uma boa parte _das an ·a profundamente marcada por
..·: , a de periodizar a sua evolução poHuca, q~e s~~ al uma forma às grandes rup-
•::,,. . •ma série de "viradas" que correspondenamd0 f, Haveria portanto, o Var-
. · · ,.,,:\u,r asocorridas na vida politico-instituc!Onat pa · ' 141
~~~ff:'Sj.:(.':?::·:<;;>:,··:·: .·.•...
~J.'f~?f-: :i: :\·:·~ _,_> ' .: . ·. i blicano oom ttlgumas tinturas de positivismo do infci
t~: ~,.>>.~. . :.;· · ; gas borg stave r~puda~ condlhc~o c composição entre "chimangos" e "mao dos
~ -: L '·:.. anos 20; o arg.ts .. r d F , . raga.
J)~<- . . tos" já governador do Rio Gran~c do. Sul e .Hder. a rente ,u~aca PL-PRP do
_· ~ período 1928-29; o Vargas candadato à prcsad~ncaa da ~epu~hca. pela AlianÇa
~ f Liberal; o Vargas revolucionário de 1930; o Var~as. antrconstllucaonalista e re.
pressor de 1932; 0 cfemcro democrata ~a Consut~mte,~e ~34;. o Vargas goJ.
pista c ditador de 1937 _ segundo muatos a sua ace er adeara"; 0 Vargas
continuista de 1945 _misteriosamente metamorfoseado em líder de massas·
'd ,o
"solitário do Itu", sonhando com a volta ao poder; o presa ente constitucional
e democraticamente eleito em 1950; o Vargas moderado de 1951-52; o radical
de 1953-54 c, finalmente, o mártir popular do 24 de agosto ...
Uma trajetória tão rica em permutas e metamorfoses que no limite cair.
se-á na tentação de entendê-lo e interpretá-lo como o maquiavélico gênio da
Juta pelo poder, sobrevivendo e adaptando-se de forma habilidosa e constante
as mais variadas conjunturas poUticas. Esta interpretação parece alimentar 0
estudo de Aspásia Camargo intitulado Carisma e personalidade polftica: Vargas,
da conciliação ao maquiavelismo. 4 Nele, a "personalidade poHtica" de Vargas e
as "metamorfoses do seu desempenho" são explicadas a partir da constituição
de uma liderança carismática em que, "ao lado do 'homem cordial', coexiste 0
, personagem diabólico, ambicioso, amante do poder, astuto, frio, calculista".5 A
.
I
' carreira de Vargas implicaria em uma passagem do "conciliador" ao "árbitro"
no seio das classes dominantes para dali impor-se finalmente como "caudilho"
J, I
sobre um conjunto de setores sociais, numa realização plena do "Vargas-ma-
!I 't
I quiavélico", empenhado acima de tudo em um projeto de permanência no po-
r der.
!,I
I
No extremo oposto, uma outra linha de interpretação de Vargas, difusa-
J
mente defendida por seguidores e herdeiros políticos do getulismo - e ainda
não consolidada em estudos de respeitabilidade acadêmica - também busca so-
lucionar o problema através de uma periodização de Vargas. Só que nesta in·
terpretação haveria uma inflexão fundamental na carreira política getulista: .o
polftico de classe dominante, corporativista e, portanto, de "direita", sofrena
uma ''virada" que passa a situá-lo como polftico popular e progressista - e,
portanto, de "esquerda".
A dificuldade surge justamente quando se busca localizar ou até mesmo
II explicar este "ponto de inflexão". Se situaria ele em 1942, com a entrada do
.II país na guerra contra o nazi-fascismo (interpretação implícita na posiçãO dos
( setores do PC favoráveis à tese da "União Nacional com Getúlio")? Ou dar-
se-ia a partir da iniciativa de redemocratização em 1945, tese simpática aos que
fom~~t~;am o "qu~remismo" e inspiravam o slogan da "Constitui?t~ co:,
I (
' J

Getulio ? Ou estana na consagração eleitoral de 1950, ou então na 'viradas


para a segunda fase do segundo governo no final de 1952? Ou dar-se-ia apen
na noite trágica de 24 ~e agosto, na denú~cia eloqüente da Carta-Testa~ent~:,
Qualquer que SeJa o período que se possa situar como ponto de 1nfleX3 0
es a mha de Interpretação
t I' · · ná
depara, a meu ver, com dificuldades insanáveiS,
142
resistindo a uma análise hiNt(Jrica muiN rl,~ororm (~ IH:m mc,:~rno u uma leitura
ais intuitiva dos fatos.
rn Naturalmente: ~rala-~~. d~ d,unl) lntcrpn.!liH/ ) ·: extrem;w, <I'H~ nflo abarcam
todO 0 espectro das amlH~cs cxi~tcntcs Nohn; 0 período ~~ctulltlla. No cnt~nto
elas constitu~m dois paradigma~ (tllc tóm permeado em dfvcmos grau~ quas~
lo
das as análises .sobre o tema.
Na minha lntcrpr~l~ção, é prcdso Hltuar o prohlema da perfodlza~o de
Vargas de uma for~a ~lslanta, procurando ~alientar, c. uno ponto de par lida, 011
elementos de contmuJdade no seu pensamento político. A partir do contraste
entre estes ~lcmentos de. continuidade, de um lado, c m; gr:mdes transfor-
mações poHticas, cconOmJcas c sodais ocorridas no plano interno c externo,
durante as décadas de 1930 c 1940, é possfvel, a meu ver, desenvolver uma li-
nha de análise distinta, que escapa aos paradfgmas adma citados.
Esta interpretação parte da seguinte premissa: o Vargas Hder de massas
de 1945, e mesmo o Vargas radical de 1954, já estão contidos, de forma em-
brionária, no Vargas republicano dos anos 20. Vargas inicia a sua trajetória
polltica diretamente vinculado a um setor regional dissidente da oligarquia,
imbuído de tendências modernizantes. E"itc setor - representado no plano
político pelo Partido Republicano Rio-Grandense, de origem castilhista c com
forte influência positivista - gcstaria um conjunto de práticas poHticas c um
corpo doutrinário - ainda que rudimentar - tendcncialmcnte modcrnizantc,
embora impregnado de fortes traços autoritários c mesmo corporativistas. Es-
ta tendência modernizantc se expressa em cinco áreas distintas:
a- na vinculação desta corren te política a um setor da oligarquia local voltado
para o mercado interno c disposto a fortalc~-lo;
b- no deslocamento gradual de seu eixo de sustentação para setores comer-
ciais e industriais urbanos;
c- no seu favorecimento de práticas intervencionistas c de fomento estatal;
d- na sua fundamentação doutrinária (positivismo) e pré-disposição sócio-
econômica (vinculação ao mercado interno) favorável a uma incorporação
política das classes subalternas num esquema de "aliança para baixo" e, fi-
nalmente; .
e- na sua experiência de criação de uma máquina política fortemente ccntrah-
zada e autoritária (PRP). 6
/ A tendência modernizante desta elite política à q~al pe~ten~a Vargas a
\ COlocaria em choque com setores mais retróg~ados d.a ohg~rqma, v1~cul:dos ao
mercado externo e impregnados para ideologta do hberahs~o clásstco. ARe-
volução de 1930 é uma etapa deste processo, embora ela nao desemboque. nu-
ma derrota total da velha oligarquia, mas antes disso em uma nova compostção
:. a~ nfvel das elites dominantes. Contudo, na década de 1930, ?s setores mo~er-
ntzantes mais radicais- e entre estes cumpre salientar o movtmento ~enenusta
... VOltam-se crescentemente contra os preceitos do liberalismo clásstco, tanto
~~~ -
·. e econômico, quanto político.
I 143

' I
. : :,
.· ·_ MaJ's precisamente ao nfvel polftico, os setores modcrnizantes pass ...···:.i":·.
. arn a ..
considerar a democracia liberal for.ma I coómodmedro mJ~trum~nto de manipu.
Jação dos privilégios dos setores ~aiS retr ~r~ os a o Jg~rqUJa . O próprio jo.
go eleitoral é visto como tcndencwlmente vJcrado pelo . peso
_ do voto de cab rcs.
d
to e pelo predomínio da oligarquia rural. A mo ermzaçao econômica c 0 ccJm.
bate às oligarquias locais passaria- segundo? pensamc~to tencntista, compar.
tilhado neste ponto pelo pensamento repubhcano._vargUJsta- ncccssaríamcnt ,
por uma centralização de poder e conseqüente. diminuição da influência da;
oJigãrquias regionais. . . .. ,
Ao nfvel polftico, a democracia liberal é v1sta como obstaculo a este pro.
_cesso. o Estado Novo é de certa forma o coroamento desta tend ~ncia. Evídcn.
temente, a crise das democracias liberais burguesas em nfvel internacional ace-
,Jera o desenvolvimento autoritário e os aspectos corporativistas do fascismo
chegam a ter alguma influência no regime imposto em 1937. Mas o projeto
central do regime, a meu ver, vincula-se a um processo de modernização e cen-
tralização visando um modelo de desenvolvimento nacional autônomo. o co-
lapso da democracia liberal-conservadora é visto como corolário necessário e
até favorável ao reordenamento do modelo econômico e social que exige, por
sua vez, a implantação da legislação trabalhista. Deste modo, a componente
nacionalista do Estado Novo passa a imbricar-se com a aspiração modernizan-
te e centralizadora, assim como com o processo de incorporação das classes
subalternas.
O próprio Vargas,-assim justificava, a posteriori, o regime imposto em 10
de novembro de 1937, perante seus crflicos de 1945:
Creio ter exposto a largos traços as raz6es da implantaçao do regime de 10
de novembro. Mas a açao posterior do Governo, durante estes sete anos de traba-
lho intenso e ininterrupto, ainda as torna mais claras e convincentes no jufzo de
quantos queiram examiná-las com isençao de ânimo c senso patriótico. Todas as
medidas adotadas, a partir de novembro de 37, revelam a preocupaçao séria e
constante de fortalecer a unidade nacional. Vfnhamos dos excessos do federalism~,
com autonomias estaduais, levadas quase ao extremo de soberania e tratamos, po~
isso, de revigorar e estender a autoridade do poder central, tornando-a efetiva em
todos os recantos do território pátrio. Na execuçao do amplo programa que nos
traçamos de reconstruçao nacional, nao vachamos um só instante. 8
I

O p~ojet_o polític~ n~cional de Vargas_ que, a meu ver, já se gesta na fas~


do r~publlcamsmo-castJihJsta e borgista anterior a 1930, mas que atinge<! sua
plenuud~ na fase pós-revolucionária, abrange, assim, duas componentes f•Jn·
damentaJs:
1o- no plano interno, trata-se da busca de uma incorpora~1o ordenada d:t cl:IS·
···r
-<
~ ' ;.
scs operária c das grandes massas trabalhadoras no processo de uc.: "'n'·~JI·
vimcnto político, econômico c social num contexto de modcrnizJÇ~hJ l' ~~­
du~trial~zaçã_o da nação. A expressão máxima des ta componcnt~ é a prO·
· .pna Jeg1slaçao trabalhista c sindical do período 1930-45;
.'
. 144
·.~ '· .···
0
. Íano externo, trata-se da afirmaça·- d
.P
0
·
,... n . . - e um modelo de d · .
:' nacional autônomo, nao subordinado à h esenvolVJmento
' . . . egemonia dos d ·
eco. nômtcos externos, 1·prmctpalmente dos m . t gran cs mtercsse
cresses norte ·
.{) peso relativo cresce·a partir de 1930 nu -am.encanos, cu-
J
eclosão da Segunda Guerra Mundial e 'adq m. processo que se ace1era wm , a
avassaladores em 1945. · uue contornos verdadeiramente

A estratégia varguista de manutenção e defesa d · .


" · , o projeto polfuco assen-
tado nas conqutstas de 1930 parte da premissa bást·ca d .
. e que tanto a legts-
lação trabalhista quanto o modelo
. de desenvolvimento econAumtco
· autunomo

encontram-se ameaçados -.na tas e final do Estado Novo e, sobretudo, na con-
juntura de 1945 - pel? yeng~ do retorno ao poder de forças liberal-conserva-
doras vinculadas às ohgarqutas tradicionais e aliadas aos grandes interesses
econômicos externos.
Assim, no 1° de maio de 1945, dirigindo-se, no Estádio do Vasco da Ga-
ma, aos "trabalhadores do Brasil", Vargas faz um "Balanço no fim de Gover-
no", alertando os operários para a existência de
( ... ) remanescentes da mentalidade retardada e do partidarismo provinciano.
que parecem haver adormecido em 1930 e despertado em 1945, usando os expe-
dientes desmoralizados, os truques e os chavC>es de propaganda eleitoral da velha
República, sem se aperceberem que o Brasil progrediu consideravelmente nos úl-
timos anos, que a receptividade do povo é bem outra, o ambiente diverso e os tem-
pos muito diferentes daqueles em que os grupos oligárquicos faziam do pafs uma
colônia do financismo internacional, sugando-lhe as reservas através de emprésti-
mos escorchantes, empobrecendo-o cada vez mais e empurrando-o aceleradamen-
te para a desagref~açao. 9

. Esta vinculação entre os "grupos oligárquicos internos" e os interesses ?a


"finança internacional" é sublinhada por Vargas em diversos trechos deste dts-
curso, no qual ele chega a exclamar:
Vale assinalar que essa monstruosa dfvida externa representa a obra re-
marc<lvel e principal dos novos apósto Ios da de mocracia • ansiosos
. por .fazer
. .retor-
nar o Brasil àqueles ominosos tempos em que. Estados e stmplfies ~~n~ctpalt~aa~ocs
comprometiam.o crédito nacional em operaçC>es ruinosas e sem ma 1 a e cer ·

É .· , ê · .. esta dupla ameaça - a das oli-


, . muito significativo que as r.efer _netas a hista e dos setores externos
garqutas tradicionais contra a Iegtslaçao trabal - esentes de forma
amear!l d · 1 autônomo- estao pr ,
T"'n o ? desenvolvimento nacwna . unciamentos de Vargas na fase
cada vez mats marcante, em quase todos os pron
final do Estad N ,
o ovo. . seiVadora centram-se nestas duas
q Os seus ataques à oposição hberai-C:On . . do Estado Novo contra as
teU~tõ~ e não na defesa dos aspe~tos dttat~na.ts Vargas que toma a iniciati-
. vand énctas da redemocratização. Altás, é~ pr _pno 1945 desde a convocação ~\
.. e COnduzir o processo de redemocrauzaçao em '
- . 145
tlr. dd,·uc,, g\·t :d.s ( l' lll kvr 11.:in >). P'~ss:t ~Hlo pel a a r~ is tia ( c r~1- ab ril) até a abo-
llç.h lf . 1 l·~:.• n, 111 a ;\
ir 11 prt: n.S:l c a kga l m tç~to uos parttdos políticos.
N.t q th.'$ 1. ,,
llt lq lhl:t\': o trnh:llhis t:t, a defrsa de Va rgas c seus ataques
,1m . 1 ,hc· 1 ~.u i 1 h libl' ra l-n Hl.Sl' I\':Hiorl.'s sJo sempre contundentes. Naquele mes-
tl\t I'' dt' m,ti,, k tt>.l5. diria t: k ans opcr;h im do Rio de Janeiro:

:\1 ,,,, 11 111ir 0 ~t \ lTll \ em 19.10, nem :10 mcn era o~ervada legalmente a
um rc
t<' •' illllt'l1d., ··''' dtl Tr. tl:nhl tk \ a~ ll hcs, que prcconiwva J JOrn ada de otto horas.
instai
(\ 1-'m th , di~ f · ,,, i' w' SJ\tr:>. t'l tb lei civil c c rncrcial sobre m~so prévio c contrato
de 19
d,· 1' ··'\·i• dt• sc'"'IÇü'. 5-l' lllt' ll l(' :1 t·i que criou a s caLxas de a poscn r :-~dorias e
1 ·n,, ·s 1'-'r.' '\' f1:rn)\'i.trit ~ • pNiu:\ri s c :t de n idcn rcs, de 19 19, podem ser con-
~ t. la;,d; t~ l ·~t, f,lç.iu tt.l t~.l lh br a. N nJ:1 mnis c.-.:istin de séri o, mesmo porque, na men-
t.th,l.ld<' ti, ' l''' ''i,· , li· l'n t.1n, nwit n.s dO$ q uais hoje ~e :1prc.scntam como cam-
1''•"·::- d :1 lkllll ·r.tcla p:1rn dispu tar as simpatias popu lares, as reivindicaçces do
l'r,,l ·t.m:nl( n.i l' 1.1:~,,._, m de "·:1sos d • polf in " , que se resolviam nas prisóes e de-
1 ' fl,l . '11 ~\llll .Írl .lS .

\ ·u,,r, \"' a 1~ ·nluç.l d · Jn. umn dns primeiras inicintivas do governo foi a
.-rt.t,-.1,, ,, ~l ini:-tl' rio til Tr:tb:tlhn.

~ • n,·,•:-.,,·m ' de h~í -11 s :1t1 trit,un:ll da c nscicnci3 pública. muitos dos que
h~'F :md.H l .1 r:.\1Mi r-s~.· ·omn p.1L1llinl s dcm ráti'm ha"eriam de ser condenados
I 't nr c ..k ( r r --~ 1l . J ' tncúrin govcrn:tmcntal. de inC.3p::lCidad ' de extors:lo e
~.m.in:t.l '''ntr.l ' ' lfgittm ' ' intnc::...;;cs d pov brasileiro - que bem os iden tifica
·ntr 'rlunt~I .L c: r ·:tci m.1ril ' qu~ dur:mte de ~n i s sustentaram no B rasil a
f'1!.i1.:.t d,1 F. 1:1 '1-f''!I''·'· :tf"O:ls ch:1ma o :1 intc"i r quando se fazia necessário
.\1.'1(\~r { '.\', t1. :l .tf.l r rei:\ tx ·a :1$ r ci,i ndic!l L ·' s d f'XWO, d s lrub.11h!ldorcs - os
\ dU.i ',"Jn\\ rr
-...hll l' f l.'.' d.t rquc .I l.! N:t .i(\ , E ·ssc r o\· s conh~ce de sobra, c
s... • u · .:l,·s nun,.t t .,. • n.tJ.t c n · nhum ~· n ' f!.ci f'"1<..k cspaa r. 11

All'm ti ·k.sa J.t kgisla\.'in t r:lr~tlhista. \ ":u gas procura salientar os


u.1
rr 1_gft•$S S. r ',li ..:lÚOS, l'm St'U !!lW 'f11t) , n:1 OUS ·a ÚO Úl'SC:n\'0 (\·imen to nacional.
J~l nl' Ji.1 7 J · s 'I ' mhr ) Jc 1 9~~. ck s~tlicnu:
r
(

(
titufan
VOlvim
tarefas
signifi<
É n "'!' m ' ' mo di.s ·uc d:l em::tnJ da P:il rb que Getúlio assegura, de da ante
fMmJ ~llt'f:óri :.1. r r rno 3 dcm ia. vam so
desta a
O ~.~m3 i:tSti! ' · n:ll d p..1 ·· I3lllbém njo deve causar-nos apreen.sóes.
PJrJ VJrgJ~. o .:.~u perí do de governo .. incorporara à \ida política boa
CC
p.3 rtt' J pu L "JO Jtl\-a., dos liJ lhadore.s e produ tores da riq ueza nacional, :B
146 . . ·~~
.'· .:.

· _· ,::/ ,; ·~rocando em primero plano os in teresses d _


,' '·-:. ·,-·. de... ". Assim sendo, "terminada a guerra ~:ovo,~ segurança da com unida-
. .. através de ampla ~nsulta às urnas, poderá ro am~tente de calm_a a nação,
dos seus mandatános". 13 P nunetar-se e fazer livre escolha
Mas Getúlio também alerta sobre os · .
um retorno ao laissez-faire característico dope~~7~~~ no âm?tto da economia, de
instalar, no Catete, a Comissão de Planejam~nto E~n~en_or a 1930. Assim, ao
de 1944, ele constataria: n mtco, em 3 de outubro

Mais do que em outras ocasiões gra d .


momento, um problema imperioso· d ves . a sua V1da, o Brasil enfrenta, neste
· 0 a organrzação da econorrti · 1
ses consistentes, capazes de suportar sem crises f a nacwna em ba-
forças produtivas, mantendo o ritmo' d0 pro undas, o ~esenvol'i~ento das
. progresso com o máXJmo aproveltam"'nto
das suas fontes de nqueza e do seu potencial hum ano. ... ,
· Só
d as mentalidades
l'd impermeáveis aos ensinamentos dos 1atos • podem acredi- ·
taram. a na va
. 1 .ade dos princfpios do laissez-fiaire eco numico e nos seus corolános
A • -

polfttcos.
. O livre JOgo
. das forças sociais, no estágio de evolur~o'r' a q ue atmgimos
· - éa
anarquia pura e stmples. ~ta verd~~e, cabalmente confirmada pelas im~·ç~ da
guerra às grandes potêncms mundiais, torna-se de maior evidência em relacão aos
povos como o nosso, em plena fase de crescimento e expansao. 14 •

Neste mesmo discurso, Getúlio afirmaria, de forma taxativa:


. . O combate ao colonialismo econômico é precisamente um dos pontos dou -
tnnános em que todos os brasileiros estão de acordo 15

A seguir, ele defende o projeto de criação das indústrias de base:


, No setor das indústrias metalúrgicas precisamos progredir o mais rapida-
mente possfvel, fabricando máquinas produtoras de máquinas, que nos encami-
nharao depois às máquinas das indústrias leves, fornecedoras de utilidades de con-
sumo imediato. Com a instalaçao da nossa primeira usina siderúrgica, de pro-
porções consideráveis, poderemos, desde logo, iniciar a indústria qufmica autôno-
ma. Máquinas-ferramentas, máquinas-agrárias, combustfveis, transportes 16- sao os
elementos primaciais para a ampliaçao e intensificaçao das nossas culturas.
. O planejamento econômico e a implantação das indústrias de base cons-
tituíam elementos essenciais de uma polftica econômica voltada para o desen-
volvimento autônomo da nação, na concepção de Vargas. Ele relaciona estas
~re~as diretamente à questão da defesa da soberania nacional. O trecho mais
Significativo deste discurso _e talvez o alerta mais claro que Vargas lança, ain-
da antes do 29 de outubro de 1945, em relação às ameaças externas que paira-
vam sobre o projeto de desenvolvimento nacional autônomo- ocorre no final
desta alocução quando ele proclama:
Nao preciso indicar nem ampliar os perigos que nos rodeiam. Os pov~ fra-
. :'·" -~ : COS, herdeiros de base territorial vasta e rica, sao, naturalmente, presa cobiçad~­
. < ...\ E nao é apenas pela invasao manu militari que podem perder a sua indepe?dêncta
•.<~. _ameaças à sua soberania. Também isso acontece quando, pela ahenaçao
•;... 147'

I . .. • . ' '
. :., :<...: .·_;·
.~ ·~~
.- ·J
das indústrias-chave, se cedem os materiais estratégicos e se confiam a marn; alheia,
os fatores capitais da defesa nacional.
A Comissao de Planejamento, com a firme colaboraçao que estabelecerá en-
tre os elementos militares, preocupados com os problemas de segurança, c os maL'!
amplos setores da atividade privada, vai realizar tarefas que serao verdadeiras pro-
vas de sclcçao patriótica. O novo úrgao do Estado saberá, por certo, contrapor-se
aos propósitos solertcs de especuladores c monopolistas c às influencias pessoais ou
de grupos, permanecendo fiel aos superiores interesses da Naçao. 17
E~boça-se de forma nítida, no Vargas da fase final do Estado Novo, a
chamada ((questão nacional,, base para o erguimcnto futuro das "bandeiras an.
tiimperialistas" que se tornariam o eixo central das preocupações do conjunto
da esquerda brasileira -c do próprio trabalhismo- apenas dez anos mais tarde,
a partir dos eventos que culminariam no 24 de agosto e na Carta-Testamento.
Getúlio Vargas foi certamente o primeiro- e possivelmente o único líder
polftico brasileiro- a antever, ainda antes da derrota militar definitiva do Eixo,
o inevitável enfrentamento do nacionalismo progressista brasileiro com um
novo adversário: o imperialismo norte-americano.
Em outro discurso significativo, pronunciado por Vargas em 7/11/1944,
ele constataria:
'I

A pol(tica, portanto, que o Brasil precisa seguir é a da sua expansão das tro-
cas, sempre que nao sejam dirigidas pelos monopólios internacionais, que nos colo-
cariam, bem como às naçOes que nos tolerassem, na situaçao de meros servidores
dos interesses financeiros privados. Como as plantas novas, certas atividades
econômicas nacionais carecem de ser protegidas contra os excessos de sol, os ven-
davais e as pragas. 18
E alertaria seus ouvintes, de forma profética:
Já em 1936, o Tratado de Comércio proposto pelos Estados Unidos, e por
nós aceito sem restriçCíes, objetivava principalmente salvaguardar a liberdade de
com6rcio entre os pafses democráticos, ameaçada pelos expedientes perigosos pos-
tos em prática pelos que hoje combatemos de armas na mao. Nao podemos admitir
a hipótese, por isso mesmo, de que terminada a guerra e depois de tantos sacrifícios
venham a persistir nas relaçCíes entre os povos os mesmos processos condenáveis de
dominaçao cconOmica.
Concluindo, mais adiante, seu pensamento, Vargas vaticinaria:
A excelente máxima de "viver c deixar viver" terá de presidir aos ajustes e
convenios futuros. E, nem vale a pena pensar em que dcsorganizaçao caótica, de
revoluções c perturbaçCícs, mergulhará o mundo de novo se nao for ouvida a voz
da razao e nao nos convencermos de que nao é possfvel a hegemonia de nenhum
povo ou raça, isoladamente, sobre os dcmais. 19
Os anos de 1944 e 1945 veem portanto amadurecer em Vargas, a con-
vicção- justificada ou não, mas essencial para a compreensão de sua estratégia
política futura -de que tanto a legislação trabalhista se encontrava ameaçada,

148
.· ·_ . . ·

)ano ínterno, ~elo retorno ao eeu~rfo fi:H.:Jr111 al r};1 r~ htr~:1 ::. JJf,•:r ~~f- r;Jíy;fittpli
~ ~crrotadas ~r~. 1~~0;, c.p~ ar~tfJ pr ~J ~d c~. J~T '.JJt.tu r](; r1 _,>,t lr'lf 1l'tÍ111•.r1ft, 11 ;,-rj , ifl!~ f
0 0 1

tônornO poderia SCT :,olaJMÚO por fwr1 ,J!1 l,l,(Cr wa r~ 1 HJHIJ~1 ,1:í t.i 11 ~, ;r;;;r~:::,J :11ft /UI
~~gcrnonía nortc-amencana que Jil r.e rJ t r.•·ntJwla w1 liTJaJ rl:s, ~;~~ww•h qll'íli H
Mundial. .1 , s
Quanuo 'L
mu·'an<·~.r· r' t
.,, .•
,., 1 1 -
"'-J lJUil ur:a ut crrwr; on:tl tütJJJr1 ·;wt 11 t~ tJtd'~" '
u :('..., ,,..,
do dia a qucs tá~ da dcm~Jcr~cia liberal, lar l!í'r' pr e~:::tutr~ 'f";; .r:r;ttí: ftJII~li!!IJ ;,
r';ordenar o rcglfne P~IHtJ CO· lil,~ thudcHJf11. CtJTIHJ 1 ali~~Io ;~t.;rrl ter tjiP.í ;~fJat,,J,, ..
nar, pari passu, o proJc~o nadonal -tk.,ewtol'tlrn';tllhla qu•;, tJ J~r; f:Jr1tJ J ltntJ J11l·
ciara a ímplantar'/ Aqu1 r:c ~li ua, a m eu ·1er, uroa tf;tt; eh an.:~ do t JIIcw.ftTJia JIO
da questão dos partido~; polftlcoG ;ureJdw; err1 1~45,
É interessante ob:,ervar tJUC, ju!ltarncnte rler,te per1odo, VíH1fiJ~~ p:JI;~ :t H
colher ínformaçõcs rnlnudoí,ar; junto a Pcr(HJ, ~.Hia 1/é.r; úe. uw errJJr;~(j fltJ, (; , J,
César Vieira. Segundo e:; te, Pcr(m erltlcava a ; p er:ur~ crlte, wt époe:1 1 Oi; H·mlJJtJil
polfticos", o:; ilcarcorníuo •'\ que C".t.lltíam no Hran1J e outro;l p:t (I;e~ 'f lH) JH:HI·
11

cavam a deturpada dernocrada llberal''.:-'1 M;J ;, apcilar !Jiiito, :1hl!fa h';s~umJo


Pcrón, a ooMtitucionaliz<Hráo da Ar~cntJna tornava- ,c uma 11(./(;.t.;r;;ddarft'; lruJJOír
ta pela proxjmiuadc do fim da ~~u e rra . () Hra dl tcrla dt; neeufr (;;;te exemplo Jlll-
ra poder manter ho;.w rclaÇ(íe~l com f>íj 1JJA e a l11glatcrra. C(;~:u Vklra Je'ti',C
alarm;,do às conjectura:; ue J'cr0n. Na 1:ua mf ):dva a V:up,:Jrl diz tcx t•mlmcJJh.!:
Ante meu pcr.:,írn i:;rn o qu<tnlr> :1 ~~ tH c·;j·;~nda de r; tJtt l)bnl t<ndaJ rw r1-:~,;rcl11 ·
ría de trabalho, t1p()~; íi ín;w~LH!J'~:iu tlu HcY,ímr; t;un::tl f.ud()nal nu Arp,cntlrJa que h..•
ría forço:-.{lmcntc urn ( Ãmgre:-.:-.r> C:;ipít;Jiír.t:J 'JIIr: ertlprccrHJcrl:J :t dc fmwl:lrj!lO d~trl
humanar. leír. r.<>d ;1Í'. 4u c de li:t,t;r:t rl ecrr.; t;tr ~ u •;ir;r;.prr~ ,ídcnte (Jlóon) r:eY,rcr1ou ·
me que m rcpr cr.cnt;mt c:~ rJD prrl(j :u ~r;ntínfJ nrJ ftll flm c;cmp,rc:w~n rl!l.o rxxlcrhuu
maí. volt<.ar atr~!:, pwyuc a m w:~:1 trrt~J:i l h:trJrml ímpcdiri:J a r:uprcmríq qu c;111orpc·
címcnto dan lei .• yuc a prot e~ern c <Hnpar:un c que an r.c mcnlf:r) qu e hmr;:tra l'nttlll-
caríum, no futuro, em bcncHdr J dr n r.upr crt111íll nten.:r··~crl d:1 nar;flq,:.ll

O dilema com o qual :,e defrontavam t:ml.o Van~:w yuauto Pcr6u Jm.JlcavH
urna única sarua: era pred:,o forjar oH i n aru rnento;; que permlll;mcm mau ter ar-;
linhas rne:Hras do nae..:ional -dc:~cnvolvimentirano c a Jq~la l;t~;ão tHH;ial dlatlle tio
quadro polrtíco-iniHitudonal de urn<~ lncvllávcl re· tonntlttJCionallza<;flo. O n;.
ceio de que a CJbertura poJftio> ~ in:,titudoual poar:a rcpr ef!cntar um returno:\ si-
tuação pré-1930, c, port a nto,<~<> tlornfnJo polftko-cleltoral dar: OliJ!,flrqulaNllhc·
ral-con!,crvadora:> é 0 ponto central díJ:l J>reocu pa1f>cr; d e V:tq~a~: c r{eu:-~ Hc,.ul-
!.lorc:i. Se o E·aauo Novo, ccntrallzado c autorll(lrlo, permitira enquadrar os In ~
tcrt~sc:) oligárquico:: Jocai:l crn um Niatcma que earanlla a h 'J~C IIHlllia do setor
rnodcrnízantc :lcrn Jiquillá-Jon, man antcr: rwhonlln:wclo-ori :um lntcre:;~a.::l C:i·
tratép)(;()H do poder central, cowo ra~~ rla porwívcl lutar pela ·ow;crvaçf\o desta
~l.t:gcrnonht dentro do novo quadro lwltltucloual llhcral-dcmocr~th.:o'l A l'anka
·' <~fda po:. fvcl neria a aladío de partldoH polftl ·o1-1 que pud ·tticlll enfrentar as
fr>rÇ<t"' líherttl-comtcrvatlor~IH que rcruontavarn ri tla~l m:íqulna~-1 clcitoralll apoia-
da~ nãr; oJl1~ar4uhH' rc 1 ~ionaiH. C:wo contrário, tH-1 for<;a:l derrotadas em I ~no vol~
.~ \ ..
. ,,...· ·'· \ ...
MIII I.JO'I'V.CA LA SAJ,LJI.
n<~lf)"ot)(J c •NOAB - llt

\.
...

...
artido essencialmente vinculado à estrutura de poder estatal e, em partic
P · 26 L'de 1
às máquinas das interventonas· esta d uars. I rar. o PSD de tOrma
,. efetivau arsÓ
será possfvel a partir do controle pelo menos parctal do aparelho de Estad~. É
este controle que 1·ustamente escapa a Vargas em 1945. Na verdade, 0 PSD .
partir de 1945 expressará ca~a vez mais·
um segmen t o d~s pr6 pnas Já a
· forças libe.
ral-conservadoras. o própno Carone coloca de maneira bastante radical
0
caráter do golpe de 29 de outubro:
o golpe e a queda de Getúlio Vargas repres~ntam luta as entre duas facções das
classes dirigentes, cada uma delas tentando almnças e conchavos para permanecer
ou conquistar o poder. Só que as alas vencedoras, a de Eduardo Gomes e as da
UDN, que neste momento se aconchavam com Dutra e os do PSD, representam
uns e outros, civis e militares, os grupos mais reacionários e anticomunistas, os gru~
pos mais entreguistas e desnacionalizadores, que vão tomar conta do poder e des.
truir, um a um, grande parte das conquistas econômicas e sociais estruturadas nos
15 anos anteriores. 27

Mas apesar do "esfriamento" de suas relações com o PSD, já em 1945,


Vargas procura manter, mesmo no exílio de São Borja, o dualismo de apoio ao
PSD e ao PTB, que se configura como peça importante na sua estratégia politi-
co-global durante praticamente todo o período 1945-54
Para melhor avaliar o efeito desta estratégia político-partidária dual de
Vargas sobre seu relacionamento com Pasqualini e a secção gaúcha do PTB,
será interessante, por sua vez, analisar o papel do Partido Trabalhista no proje-
to político pasqualinista.

O PTB E VARGAS NO PROJETO POLÍTICO DE PASQUALINI

Em Pasqualini, ao contrário de Vargas, o PTB não se inseria em uma~­


tratégia dual de articulação político-partidária. o Partido Trabalhista consU·
tufa-se no instrumento fundamental de implementação de um projeto de re-
formas sociais.
Em sua essência, o projeto de sociedade defendido por Pasqualini, tal
qual expresso no programa da União Social Brasileira (USB), lançado em se~
tembro de 1945, não entrava em conflito com a visão getulista da busca de um
·
mcorporaçao - ord enada da classe operária e das massas trabalhadoras no pro-
cesso de desenvolvimento e modernização da naça-o. ··
· M
N 0 pr6pno anhesto de lançamento do USB redigido por as
·ç p quaitnt,
·-
1 d ç d 'dé" - .
e e eten e a I ta de que nao poderá haver um verdadeiro regtme detn · - ocrátt
co no B rast.I , " sem que lhe. preparem as bases econAmicas soctats
. .
e educacto.
. " b' . , u ' s (ato
nats , o Jetlvo que só poderia ser alcançado "unindo e harmonizando o ~o
res d a_ pro_d uçao
-
e ass~nt~ndo as bases da economia num plano de cooperaça '
de sohdanedade e de JUstiça social."2a to · .
A · ã0 d " - santen - · · ·
VIS e cooperaçao e equiHbrio social" tão presente no pen .··. ~; ·. ·
--mJ11inist8 deriva, claramente., da ~C:S ~ :!
r;ps e seus principa~ companbeir : d2 R :.:~ :-~;- ·.:::::~_t5-
~ castilhista do PRP no-grande ru e_ f ne:::e::1:e b·~~~:: ~ 2 .:"' r~ . .. ~ -_~_::: . . ::-
29
J,JJVpositivista.
lO • d p Uni"
A própna rupt~ ra e a.sq:U no 8 ...:.2 X '""'"'· ..._:::1 ~. ·...._ ::tr.:.-s~
na qu estão d emocrátJca - as c:r1UC1S
. . _ ct ~ p-:- .. ,,
. .""""' -~u.u,_; -:~ - ..l •..-
berdade, aos métodos de rndiC3Ç3 de diri ;ent~ F ..i· - ~ ,
colha do prefeito de . Cacho eira do S ul . •~e :eni:. c;! ~ P ....~=- r-.rr '
3 3
não em um dista naamento em re a~ a p r, _g-~-.:.2. :----;.li e. "\c:J:::i ..
verno Vargas.3D
Pasqualini defende, desde o iní : . a efii .:;J tr.:~ ~ ·~ r' w Lor:- :. . :7.-::t.~.:L!
no período 1930-45. O: aspec s au uritlli · e --..... :-r~ -.: · ~n c...: ...l ~~ ·,~~ -:2 ..
-sobretudo a questão da su bo rdina ~ das : i.r:di ::-..?. t ' ~ .\r.-·,·.:n \_, -rd~J­
lho- não chegam a ser submetid : a um::. oi i c:: s:S ~ e= i i .::.:. r·~ r r -"1e 'c F.:.s-
qualini e seus seguidores, e m~ ra pro~rn3 \.lJ ·s 3 '"'r~ i.:'' .C.. e:n . . . . ; ..... ..:. -:m
ampla liberdade sindicaP
Ao mesmo tempo em que d e ~"ende _ e ~ .: -:.2 12 ... Y:.ll'-_;-.:..5.
Pasqualini coloca também 3 ne .c:5id2ue de t :::~=.1 ~ c-.u-.:r . . .
Na campanha eleitoral de 1950. que re nd .. Y:l-~::.s .1 rn..:~ .: ,::. -=~ .. ri.!. ~ .....
em comkio realizado em C3..-d:lS d Sul:
O objetr.·o fu ndamental d r3h2:r-.:s::: ... ~~ e:- - .... ·;~ '"' ..: ~ ·.:-...'-.""~-..:. ;:.:::- :-
minar a explora~o so C\.125 s.s ··~ :-:::::.se ::::.:x:..;:.: .::.:::: •. : ~:-,:;.:: ~e: . -- ~-::. .:.~- ::-..:.':".2-
lhadores, da cidade e dos C2w p:''-. ;7.:.::- ..: ~ ~~ t"-.~..:._
Entendemos que o trab31h ... é 3 f.: ;:::e L:-;~:...-:~.2... _, - ~.:.:
bens e, por e...'-."3 raz~ os t.r.::ro::.'1:c~:-.....: c~·e::: c:-. ~~~- .: .._..~~--=--.:.: ::.: ~~ ~.: _ .. !': ;::-
teçao do Estado. Eis per que 3 eps:.::;.:;) s..._>.::::._. '"'':":-.:. · e :: ~..:: ·
senador Getú lio \ ar~ -. n~ • :>: :?"õ:e C.:\ ~j . "';-; ::::.::.:: ~ ..:.:: -:..:.· -:;?".....- -j . -~-::. ·._..
ser ampliada e estendida.: .s trJ~-,~.:::.2 --.-e5 r.:.r;:.i; s:

Assim como Vargas, Pasqu2.lini t:lmb.:m defende . :. ... m~ . 2 ir. IY r:.;,l.._ ~ ...
Estado na economia :
Entende o trabalhismo que Pocer P · ~-.:: .:- C:!'> -~.:~=:-::r. c: . ~~~ ~ ··::--~ ~.::~ -:::- ... .; . .
co nao para desorganu:ar a eccr: ":J: -.., u.; .:.!' ~ ...:._. .: • · -- .:.-...: , ~~ .: • .,.,._ - · - - ~ _,._
I
" . ." ....,-- . ., ,_ .... . ' . r ---
~ - ,...~ .
, ,.. . .,_ , .,.,_ -· ..
• _ __: · ~

forças do aca_~ pelara ::i n :lliz:: ~ . p;-e\·""r2í:cL e .; \~ :-.::..::: : ~... ..,_-.s:.__ :.._.; "- ::- .: ... ~-..:::~~::::­
cas que tantos malefí i - e ~ frime.n~ cs C..:.t..'2m .:~ r-.--·v ~ ~-: -:.: ' c-:.:: : ~ "' :r:;-=-.--~..::.s
à falência e muitos trsbalh d ~cs .~ ~ -....:i!rr: p:-~f E~:.: ~ ..'..: :, .: !::: ~ . -:~ . -.::-~ ~ .:-:­
bir o abuso do p...rxl er cr n ~m ic-ü, .s ~ -..1=-n~..l .::..:_.7.;;- ~: ~' 1.. • tn...s : ~.: . --- ,~_;..-:~ ::

mon o pólIOSetodas L [ < "-: ... • .-.. - • ,,
1 ' \ _;. ,_., • , _ .. _ . ....
~ ' -" \~
.... ' ' 4 ~
asm an er:L·qt.~ --~- ' ..:. ~ · · · " ~ .. ... ..:. ·'"~" ~ ·~ --- • t ' .. ,
proporcionando a alc,uns lucr ' r~: u: .: ~ .s.. 8 4.:.: -= ~ \-~ :.:.:::. :::
:::: ;;-='~ . ' -.:1 !\ ',
guiar as relaç~ de· tr:lb lh , p3rJ .....;;..~f •r2.r 1~.:..." -~ f .l:-.1 ...~:.::-s .:.
que não exclui o e.xato cu m~ri m~ r.t ... ::- us .:;;"' ~-~ i'..l:-.?. ,... ' --:1 .1 -·.::: : :-:.. : ~
enfim tnter\n.r
. ' p.3 ra que !-e re~ ,- e, em t L_-4., ~ ·u,
...... · · ~ ..
~;
• ... ... ,
r·. . . ' . . , .
;. , ~ -: ... ..
.. . · • . · - ' · ·) ... ~ - · - . - · • •l ...
. . , . . _, . .
de\'_·e ser apenas um'"' fr. '" \"' .... :"', ffi'1,••• ' • ~ -i , · ' r · :.1' - T\..,_ ·· -~ .... ~ : .• · ' •....·' ~·.. . -· ....
..:1 • ' U-4....1 ~1 ,_.."1 ...
4
""' " lj, -... __ _. _, : ""' ""'--- - - " " . ...__ .. e, ~ '-- ~ ~ ~

dldas práticas destinadas a re31L:.i·l.1 ..:

153
. . · Como J'á vimos na própria campanha para governador, em 1946, Pasq ·
, . , d . " ua.
lini ataca 0 "capitalismo individualista ' q~ue ten ena para o. mon~p~Iio, para
'' a hegemonia econômica, para a exploraçao do povo, para ~ tmpenahsmo". o
trabalhismo, na versão de Pasqualini, vol~a-se co~tra. este tipo de capitalismo
"egoísta e agressivo", que gera ((a opressao, a mtséna, as guerras, a desgraça
das nações.34
Mas 0 trabalhismo brasileiro, embora combata o "capitalismo individua.
lista" e o "liberalismo econômico" não propõe, naquela etapa, a "instituição de
uma sociedade socialista" no Brasil. Já em 1946, Pasqualini constatava que "o
'. Brasil precisará ainda longos anos de capitalismo. Não capitalismo individua.

o
r
i
lista, mas de capitalismo solidarista. 35
Na justificação que acompanha as Diretrizes Fundamentais do Trabalhis.
mo Brasileiro, redigidas em 1948, Pasqualini explicaria ainda melhor esta po-
sição:
Pondo de lado quaisquer considerações sobre a orientação filosófica de certas for-
mas de socialismo, mas encarando apenas o tipo de estrutura econômica que ele
apresenta com o objetivo de obter a eliminaçao crescente da usura social ou da ex-
ploraçao do homem pelo homem, deveremos observar que, no Brasil, nao existi-
riam condições materiais, objetivas, nem condiçOes psicológicas e políticas para a
instituiçao do socialismo, isto é, nao lograria aqui alcançar os objetivos visados.
(...)é preciso observar que a socializaçao a posteriori pressupõe sempre algo que se
possa socializar. É necessário um certo desenvolvimento industrial, que nao existe
no Brasil, e que esse desenvolvimento tivesse atingido aqueles limites em que já
nao seria conveniente que se mantivesse sob o regime da iniciativa privada.36
Em conseqüência disto:
O trabalhismo nao é, pois, necessariamente, um movimento socialista. Como vi-
' mos, o socialismo nao é um fim, mas um meio, isto é, uma forma de organização
L
I econômica tendo em vista a eliminaçao da usura social.
I
I I Abstraindo das diferentes concepçOes socialistas (... ) - e considerando socialismo
I
simplesmente a socializaçao dos meios de produçao, de circulaçao e de troca, me·
diante uma planificaçao da economia, observamos que 0 sistema seria inexeqofvel
num pafs como o BrasiJ. 37
No entanto, Pasqualini, a partir da constatação da existência de dois ca-
minhos distintos para se atingir uma transformação socialista, reconhece
também a existência, no mundo contemporâneo, de dois tipos de socialismo:
Como, J>?ré~, no estad~ atual, se poderia alcançar este objetivo? Parece claro qou~
os propnetános dos me1os de produçao isto é os capitalistas nao estarao mUI!
j'áO
dispostos ~ entregá-los ao Estado. Haveria, entao, dois caminhos: um, pela rebe 1
o ' '

dos própnos trabalhador~s, que acabariam, pela violência, isto é, pela revol~~;
0

por tomar conta das fábncas e das empresas em geral· o outro seria um camo o
ot o ' d tdét3
pacffiJCO, oco~s t1 uc10nal ~ democrático. A massa trabalhadora e os adep~os a esa-
se or~amzanamo em partido e depois de alcançarem o governo, começanam a d
propnar as fábncas e os meios de produçao, indenizando os proprietários.

154
,-emas aqui, &enhore..41
· ..< •
1 a41 dua41 forma d
~ e Wclislir.mo· d
~ctrtD, revoIuctonano, que pretende •tlca . · 1 e um l"do 0 ll<><.:h ll~m 1
A- • ·d . • nçar o~ ~UI! fi . (, n v o-
viofçucta e que se 1 ent1fica com n com . , · · · m11 pc1a luta dt ciH~l.'{Cs t .1
. · Unl!lmo Dn outr 1 ·• · pc H
e ~e~ocr át ICO que mtenta alcançar C~'lc~ fin~. elos . o, :'~0,, o so~lall~mo pacffico
[].3!S. p . procC~-ti\Of, lcgmq C tonsfítuciO·

O segundo caminho e a segunda fo d


Uni, é defendida pelo trabalhismo britll ~ma c ~ocialismo, reconhece Pasuua-
- amco vánas vczc 't d ,
e inSpiraçao para os trabalhistas brasileiros:' ' · s Cl a o como exemplo
O Partido Trabalhista inglês é de fndol e socmli
.· :<~ta e o se b· · fi
o declarara em seu manifesto eleitoral d · . • _u o ~et1vo mal, como ainda
1945
cialista. Em caso de vitória propunha e '.é a rcah:t.açao de uma sociedade so-
1 -se o part1d0 · · ·
de camo, a eletricidade os transport · f • IniCialmente, socializar as minas
executado pelo governo ~ra.balhl'c.ta dacG~.? Berro c 0 aço. Este programa está sendo
. . ·' ra- retanha.
O trabalhtsmo mglês, como s.abeis, nao che ou . . .
comunismo na Rússia e em outros . r g ao poder pela VJOICncm, como o
democráticos.:;a · pa ses, mas pelo voto, isto é, pelos processos

? exemplo do tra?alh~smo inglês é importante, principalmente na uilo


qte dlZ res~elt,~ à orgamzaçao do partido, ao caminho "pacífico, constituc~nal
e ~emocrát~co ~ ao programa de socialização de importantes setores econô-
:::...:os, meütante mdenização.
Neste sentido, para Pasqualini:
Vê-se, pois, que, embora o objetivo fundamental do trabalhismo possa ser o mes-
mo em todo o mundo, a maneira de atuar e realizar-se, será diferente conforme as
cond!~ peculiares e o grau de civilização e cultura de cada pafs. Na Inglaterra, o
trGbalbi.Srno é socialista. No Bra')il, nâo poderia sê-lo pela ausência dos pressupos-
tc;.<-j

A conclusão final de Pasqualini, no caso brasileiro, é de que:


D~1emos, pois, permanecer no sistema da iniciativa privada, isto é, no regime capi-
t.c:F"ta.
? fE.31 se é conveniente que se mantenha, em seus delineamentos gerais, a estrutura
do regime capitalista, i.sso nao significa que seja qualquer tipo de capitalismo que o
trG~ih!smo possa admitir e defender. Em primeiro lugar, o trabalhismo brasileiro
r.fo JXJderia solidarizar-se com um capitalismo de caráter individualista e parasitá-
rio; em segundo lugar, há certas atividades e empreendimentos, certas riquezas e
41
certGs formas de poder econômico que devem ser socializados.

. Na concepção de Pasqualini torna-se claro que o instrumento que permi-


~1~ a realização de um programa d~ reformas ~ue transfor~e ~ c:!pitalis~~~
- 7perando seus aspectos "individualistas, agress1vos e parasttános e soclah-
Z.:-:1-.., determinadas "atividades, riquezas e formas de poder econômico" é o
Panidn Trabalhista.
«Parece evidente que um partido de índole trabalhista deve propugnar
crue o Estado, na realização dos seus objetivos econômicos e sociais, tenha pre-
155

l l

L f I f ,1 L"•
· clpuamcnf(~ em vlrw• m1 ncccssldudcs c os Interesses das classes trabalhado
(... )""l dlrlu el<! nus !Jin:tr/u.v ftuultmumltJÚ' do tra/Ja/hismo brasileiro. Este ras
Hdo lcrf:t, fWJ~undo Pmíqualinf, us f{eeufntcs cnractcrfstfcas: Par.
(~ nr.ccr.mírlo, por fim, ntlo cr.qucccr que, nflo obstante as concessOcs feitas ao .
wllnmo, um 1•urrldo Truhalhl.c:lu n(lo pode ler C<Jruclcrf.-;ti.cas tipicamente burgu:•·
<Jcvt;mJo cMulx:lcccr, com prcciNrlo, u Ruu doutrina rclatJVamcnte à forma de 0 s,
nlmçflo ccon()mlcu c fixur Wl objcl ivo~ pc Im: qums • se bate. Só ass1m, rga.
· cada trabalhis.
lu lcrtí conr.ciCncla du ra:tl1o pclu qunl mllltn no Partido c só assim irá o Partido ga.
ntwndo comd.o;rCncla c cocN:Io."'J

O l)sartfcJo Trabalhista se distinguiria, qualitativamente, dos "partidos


tradicional:;", pol.q "cumpre que o profissionalísmo polftico, que é um dos
nutiores cancros do pafs, seja combatido. No seio do trabalhismo, sobretudo
n:to poderá medrar. Deve ser este um movimento de idéias (...)". 44 '

Neste sentido:
O J,urlldo Trab(lfhista, (...), deve ser um centro de formaçao de lutadores por um
klcal, de c.Jcfcnsorcs do.<~ Interesses das mass<lS trabalhadoras c nao um viveiro de
oportunldudcs c de poWicos profissionais. A linha do Partido deve ser dilatada por
obJetivos c j:amuis por Interesses de caráter subalterno. Nada há que possa justificar
umu stltcwçtlo nas diretrizc,'l dessa conc.Jura. Todo c qualquer desvio será uma
tr.Hiçao praticad:a contra us classes trabalhadoras c contra todos aqueles que acredi-
ttlm no trubalhlsmo. 4o

Ao contrário da visao de Vargas, que concebia o PTB - pelo menos numa


fase Jnklttl -como instrumento de articulação dos interesses operários e sindi-
cal~> dentro de um esquema de alianças com um partido aglutinador das elites
modernlzantcs - papel este reservado ao PSD - Pasqualini via no PTB o ins-
trumento privilegiado c exclusivo do seu projeto de reformas sociais, rejeitan-
do sempre - sobretudo no quadro regional- qualquer política de aliança com o
'' PSD.
Vargas, na realidade, defendia um projeto polftico global que visava, es-
fiendaJmcnte, dar continuidade ao modelo de desenvolvimento nacional autô-
nomo cujas bases lançara a partir de 1930- e, sobretudo, a partir do Estado
Novo - dentro das novas regras do jogo de uma democracia liberal pluripar-
tidária.
Para ele, o retorno ao poder federal era uma questão essencial, colocada
na ordem do dia, a curto prazo. A participação nas eleições só será concebível
maximizando-se as chances de vitória, através da constituição de uma poderosa
1
aHança eleitoral das ' forças majorilárias" do PTB-PSD. 40
0
Para Pasqualini, a participação nas eleições visava sobretudo forta!ec_er
P;Jrtido Trabalhisl:J c desempenhar o papel "educador c moral" que cnan~, ~
médio c longo prazo, a "mentalidade social" sem a qual não seria poss{vellftl
plantar a nova ordem trabalhista.

156
:..·';.-.·.:· em nJcna cmnpanha de
1946, no comr . d .
. ·: r· . 11 •• . ti Cto e C.1.x1as doS 1 . 1·
· de dezembro, n um rn~ as eler~·ocs ele d' . ." . u. rea Izado em
· J4 ' ma, como Já fo1 cilada:
N().~.c1o prohlcma n.no ~ upcnas vencer unrt ·
6 . • c1cJçao e controla
protl!CilHI Cflllf llll1H mcntalid:tdc sociuJ ( ) . . . • r O governo, nos._~
dcnto.ç.-41 ... par..t renhzar o programa que defen-

Ncstc sentido, Pasqualini acabou sendo · ó .


. •• • 1 cc •· ' na 1ust na do trabalhismo (la'
cho, um CMlull aro f•lUJlo bom para ganhar e at6 ótimo .. b .u-
nlflc.::ttiv:ts palavras de Ruy Ramos.'~e para perder , nas sJg-
Na medida em que .
o PTB, na visão p·tsqualt'nt'sta .- d

· · .
, nao cvena msenr-se
em• um esquema d c alianças ou coalizões partidárias _ lé d
J• ccr , , • • ..< ., , a m e ser contra a
ahan~a l "'s tOrçahs ~taiJOnt~n.ls PTB-PSD, defendida por Vargas, Pasqualinj
rambcm se opun a & c 1amada Frente Popular PTB-PRP concebida por Brizo-
Ja c Jango- C:lc acabava se tornando, curiosamente, um partido mais amplo do
que aquele VJslumbrado por Vargas. Este último, de fato, tendia a salientar a
participação de lideranças operárias e sindicais no PTB para "medir suas ener-
gias com os quadros clássicos da polftica'' e não parecia nutrir grande simpaHa
pelo ingresso de intelectuais ou outros elementos da classe média no partido.
Ainda em 1952, Getúlio deixava claro aos Ifderes sindicais de Porto Alegre, a
necessidade da "vossa preparação definitiva, trabalhadores do Brasil, para par-
ticipar efetivamente no governo através do voto livre", acrescentando: "só com
a conquista do poder tereis a oportunidade para empreender a grande reforma
aliccrçada em bases de segurança econômica e justiça social". 49
Para Vargas, o PTB era, em certo sentido, um partido para o futuro. Sua
função maior seria desempenhada numa etapa posterior ao próprio governo
empossado em 1951 _ que não era, ainda, um governo "dos t~~ba~ba~ores",
mas uma coalizão na qual o próprio PTB participava de forma mmontána.
Já para Pasqualini, o partido ~ra a~plo, abarcando todos ~queles .q~=
aceitassem 0 programa trabalhista - mclustve setores do empresanado. Ain
em Caxias do Sul, ele exclamaria:
E' á . t abalhadores manuais ou intelectuais, industriais, comer-
IS, porque, opcr nos, r . ma sao para nós "traba-
ciantes, capitalistas, todos os que apmam 0 nosso progra '
lhistas". . nao a rofissao. Muitos capitalistas estao
O que o faz trabalhista é a menta!Jdad:~ de ~spectivas amplas e de visáo social;
lutando ao nosso lado, porque sao hom peque nao há maior nem dedicado e
· aradoxal que pareça, · ·
porque sabem, por mms ~ capitalismo individualista, reac1onáno e
querido amigo do extr~m1sm~, do quer~feta para prever que, nas urnas, em 19 de
ego(sta. Nao é nccessáno, por ISSO~ ser P d deira vitória do trabalhismo. 50
janeiro eles se aliarao para impedir a ver a d'
. . ' " isoiacionista" que Pasqualini defen ta
· É Interessante notar que a pureza de uma visão "obreirista" ou de
I
·:. ,. para o PTB, na medida em que não se tratavda concepça-0 ampla e poli- . ,I
.... urn " ed . . . " cabava geran o uma . . .
~->; ; r ucmmsmo classis~a , a alini rejeitava interpartJdáno -seJa i
·~_ .-;_:::·' classista do partido. As alianças que Pasqu . · com 0 PRP dos peque-
;;-:··-.. . com . . · e empresános, seJa !
. ..
Jí~.~~-~:\::< :o PSD dos propnetános ruraiS 157
,r

?~~f~%}i,;~'> '
, ' · .. ,jr; r:Jt:J<J rntr1tr.; p~n;hdmtrltJ: wJ rJfvel -irt; :
. ·" Í'-' Tfl "i' t;(t;ft mr1 - ' 1 rrJ'[J 't • . · - '
agrfcul~f(;~, ;J{;.:fr)!1T,<•.Ii ' ,.., ; H(; Hf_:;, b~J'i;; "~(){;Í-:1) uCJ r • li·
,<t!;~f_(~ ~nti1o, fJ •
· A
nm
trapartfdárw, _n;! ampffa((1J> .d.~ TJ: r J~m~VJ c t.crnpcnu1fJ na. Jut:t ,;;r.mtr~ (J Pso.
1Yf"D ú -~ r·(, , ~ ·•!f'I.J('() [j(J ,_.(_..IJ ,,U ·j •, -~-/1..
r:r_J/.i!, , f(-f. ·(ocJ !'-~
~' , u gí1 .c,lO; ..1 -· . ,_, -IJ ''()tfrrw para perr cr u~ '"'"' _ ,r,,m pí1r;,.
H
1l.{.l " " '

a.cab~ri-a &~.;rHJo um p::~.rtfdu ~.í;l ~ ~HJO cxtrc:~;r, na prática, f u nr(Jt;~; qtJe ;w fiJ'It l n:;_.
ganha r." E z,anhí:indo e ?ít:c:na . , , . Jaliz~(J vn~-J> CI), Jdcali:~.nda. !; ;,.rtfçf;l~-<l<!
cfonal !-f;riarn dc~cmpcnhttd~"' pda Cl
por Varg,a.
1. n''fl.'''J í• ,.,.liJY;c. de .~eu~ dcJi:· Jr_ranr1r·'í lfdr•r.-.~
.- • • . ' ~· IA(j(;.')GfP;j f (;.{;1f v
V v .- . ' . ~ . • ·• '-''>
Apenar. ap J, olid . do p;:ntfdrJ é í1'/:urrwJa P'Jr Jangn e Bnmla, c t:i
bi.~t.órícon, quando aà cr~~f.:c com fmpcto: para mantcr-1><; f1t.l í:10 pmg_rarna
tencMnc,1.a afloraria -~·mrp>~;rtr~~o de governo no PTB gaúcho (1959-63) fol n<:--
trabalh sta, no t cgunuo " 1 . • . , b..: ' - --. · . •
"-- • T(>rnp'"' .. ui' rcnlc" cnm o PP.P, como tam an cr.:p.c!Jr do r:e1o
" , /.
0055<Hl0 Tl<tO <>V -
do prúprio partido 0;; !)Ctorc:;. vinculado;; ~(J cf}](~~at~J .rural. c_a cl~:/~C ~n~~a
1
.., .. · - · . •

urbana, cujo porta-voz p;:u;gan a a r;.e.r Fcrnand() Fcrran,q~c também w dma


herdeiro do legado pasqualínf:-;ta. Mas este processo clé rcafnrnaçiio ?a &.utcnti-
cíd.adc trabalhiRta rcproduzjría, no ínfdo da década ~c gcsr.cnta, o L<>Olarn(;nto
do PTB regional de forma ainda rn ai~ ampla c profunda do que no pcrfodo
1945-54: além de ter que enfrentar a sua própria dü;sid(;ncia, o MTR fcrrarLst.a,
o trabalhismo gaúcho teria que medir força., com o mais amplo de todos os
blocos conservadores, a Aliança Democr~tico-Popular, ADP, formada pela
coalizão PSD-UDN- PL-PRP-PSP- PDCJH
Mas voltemo:; ao pcrfodo 1945- 54: al6m da visão distinta do partido - e
do quadro de alianças polftico-partidárias, Pasqualini ta rnb6m diferia de Var-
gas em um outro ponto essencial: a ênfase na chamada "questão nacional" e na
ulUla antiimperíalista~'· De f~to , esta probkmátíca, tão importante no projeto
p?Uti<;> c na estratégia. gctuiJsta do pcrfodo analisado, tem uma presença ape-
n~ palida c 5e~un.dár: a em Pasquahní, pelo menos at6 os anos 50, quando
ocorrem os cnfre~tamcntos que antecedem o suicídio de Vargas.
. Ao contráno do próprio Getú lio - que no comfcio de lançamento da
candidatura trabalhista ao governo do Rio Grande em 29 . , d
1946 faz violento . t· , à . " . . , de novembro e
r • a aquc s fmanças mternacionais" que chega a responsabi-
tZar pe1o golpe do 29 de outubro 152 P· . l. .
"questão nacional" nem f•. f ~ a_squa m1 praticamente não toca na
campanha de 19 6-4 · N~z ~; e.rencm ao Imperialismo externo durante toda a
4 7· as Ja citadas D · ·
Brasileiro Pasqualini chcga.a afirmar:' lfetnzes Fundamentais do Trabalhismo

Relativamente ao capital est .


nao deverá ser jacobinista Qrangc1ro ' a atitude do p art1do
· · ·
Trabalhista BrasJICifO
0
lhador, que seja estrrmgci u.tndo capital é explorado tanto faz para o traba-
mcsmas caractcrfsti~e u ro ou nacional. O capital, em' todas as p,artes tem as
' · ma vez que d - . ,
ra111o para hostilizar 0 ca 't· . se a mJte a liberdade de iniciativa nao há
o 1ucro, mas o dc.senvoJvi PI a1ahcnfgcna.' dcsd e que o seu objetivo nao seja' apenas
• menta económJco do pafs.~
. O própno imperialismo é . .
pnalismo, no nível intcrnacio tsto por Pasqualini como um maleficio doca·
na 'que poderia ser superado pela "cooperação", · ·_
158 . ·.
· -..·<
.. ra 1
·.; -~qual, no nfvclmrcrno, os efeitos doca .1_ ..
f d"'. I " li .
"
P• a1Ismo agressi·v . d'IVIdualista"
.
··
; ··~·:<..· fartl amcn 1JI <,S flC O SO dartSntO'' D' ·, • O e lD
:: ser . tn ..t ele, nas "Diretrizes"·
·· ·nmto na colctlvidndc nacional como n~:t . 1 . . ·
co cttvJdadc 10
·t ·
vc ser pnra u coopcruçsto c ela deve rcniJ' . crnacJOnal, a tendência de-
. . ' z..tr-sc sobrctud 0 ~
OJ7CrHçl1o, porém, slgmficu rcciprocid•tdc d na es,era econômica. Co-
' c vantagens e J·a~ mms· podena. stgnificar
c.xploraçlto. c..umprc, pois, também aqui c 1·r·.
.
que este

é n forma individual do inlpcrJ'aJ' :' tlr os maleffcios do capitalismo, pois
• • < 1smo como 0 i .· · .
tcrnnclOnal do capltnhsmo.s• mpcna1tsmo é a forma 10-

A rclntiva aus~nciu da "questão nacional" em Pas ua . .


fase formadora do PTB, nos anos 1945-47 permitir' qv hm, sobretudo na
,, d ' Ia que argas o "flanqueas-
sc pc Ira csqucrda urantc• a campanha

eleitoral de 1946-47 ·
antecipando,
t de
certa ,orma,
· .. a postura
b ·. nacwnahsta.
c antiimperialista
.
mai·s d' 1 · ·
ra Ica , que VIna ca-
ractcnz.tr o trn a 1h1smo nas décadas de cmqüenta e sessenta.
. ~c fato, Vargas t.inha nesta questão uma visão e posicionamentos mais
radtcars do que o própno Partido Comunista. naquele período. Para a es uerda
ortodoxa, o cnfrcntamcnto como o "imperialismo norte-americano., só ~e tor-
naria uma questão importante após a eclosão da Guerra Fria em 1947 com 0
PC já posto na ilegalidade. 55 ' '

Neste sentido, nfio se pode dizer que Pasqualini defendesse uma posição
"atrasada" em relação ao conjunto das forças populares e de esquerda. Vargas
é que, de fato, tinha uma posição mais avançada e coerente na defesa de um
modelo de desenvolvimento nacional. Mais do que um projeto de partido ou
um projeto de reformas sociais- ambos presentes no pensamento pasqualinis-
'? - Vargas era portador de um projeto de nação. no qual os projetos partidá-
nos e as reformas sociais eram componentes de uma .estratégia global mais
ampla.
De qualquer maneira, havia uma componente de complementariedade
crescente entre os dois Ifderes. Vargas demonstraria. durante todo o período
1945-54, uma coerência básica com 0 seu projeto de desenvolvimento nacional
aut?nomo. O próprio PTB constituía não apenas um~ peça fundame~tal n~te
proJeto, mas 0 seu instrumento privilegiado e essencial nas fases I?ais críticas
d.e evolução do processo político. o PSD, na verdade, cada vez mats desven~a­
;~a a sua verdadeira natureza de partid? libera~-co~servador, porta-v?z dos m-
I .
eress~ de um importante setor das elites na~wnats. Em s~a .~sência, ~ PSD
era n~ats fiel às elites do que ao projeto vargmsta. Esta ambigutdade básica do
relaciOnamento Vargas-PSD precipita-se para desenlace de cnfrentame~to a-
berro, no cenário político gaúcho, já a partir de 1946. Mesmo ao nfvel naciOnal,
~ PSD se afasta de Vargas durante todo 0 governo Dutra e o PTB é ~ue setor-
I
l

.l
:i
ará o instrumento privilegiado da volta ao poder, em 1950. A aliança Var- I
. gas-PsD-PTB só se recompõe, ao nível nacional, n? segundo gover~o Varg~ l
.> .-·· ~~ambigüidade do PSD volta a se maníf~tar na cnse de 1954: as elites brasi-
,. ">.·... Iras- e com elas 0 PSD _já estavam mats tentadas por um modelo de desen-
. . ': - .
159
.. •.~ ''\ ::,?:,::~~~
volvimento integrado e subordinado aos interesses ~egemônicos externos, para. ~ (-->
cuja plena execução Vargas passava a tornar~se um mcômodo obstácu!o...se
É nas fases em que Vargas mais se apma no PTB que 0 s_eu relaciOnamen.
to com Pasqualini será melhor. Na campanha de 1946-4~ amd~ haveria urna
grande desconfiança mútua. É verdade que Vargas acabana ~~mando a candi-
datura independente dos trabalhistas gaúchos,_ mas ele as~u~una a ru~tura com
o PSD apenas em termos regionais. Só falana em um umco comícto no Rio
Grande, dedicando-se bem mais à campanha eleitoral em outros Estados, nos
quais prevalecia a aliança PSD-PTB. Pasqualíni, por ~ua vez, _evitava alimentar
a mística getulista: suas referências, na campanha eleitoral, sao sempre ao tra.
balhismo como movimento político e jamais à liderança de Vargas ou getulis-
mo, que dariam o tom da campanha eleitoral em outros estados.
É na campanha de 1950 que Pasqualini, como candidato a senador, assu-
me a plena defesa da figura de Getúlio na sua qualidade de líder trabalhista.
No comício realizado em Alegrete, Pasqualini colocaria de forma mais clara a
sua interpretação sobre a liderança de Vargas:
O movimento trabalhista é, sem dúvida, no Brasil, a obra de um rio-grandense e de
um filho da fronteira: Getúlio Vargas. Poderá até parecer estranho e paradoxal que
o trabalhismo seja impulsionado justamente por um homem que tem as suas ori-
gens e as suas rafzes no meio pastoril que, como sabeis, é geralmente conseiVador.
Só esse fato seria bastante para nos dar a medida do grau de evoluçao e de ante-
visao de nosso eminente candidato à presidência da República.
A seguir, acrescentava Pasq ualini:
Creio que, assim, poderemos perceber melhor o que Getúlio Vargas representa
para a massa trabalhadora . O povo não poderia compreender o trabalhismo nos
seus delineamentos teóricos, na sua concepçiío abstrata, nos seus princípios cientffi.
cos. Sabe, porém, compreendê-lo através da aç:lo polftica c administrativa de um
homem que o tem realizado. Essa pessoa representa para o povo uma diretriz, uma
tendência que sabe corresponder às suas necessidades, aos seus anseios, às suas as-
piraçoes. Nao segue o povo uma orientaçao por causa cJa pessoa, mas segue a pes-
soa por causa de sua orientaçao.
A idéia é mai~ assimilável at ravés de sua personificaçao, que se nao deve confundir
com person~lts~o. O lfder torna-se o sfmbolo de um pensamento coletivo e o povo
o ~e~ue_ por mtu1ç~o, que é o raciocfnio do instinto. A pessoa exprime, assim, a pró·
pna 1dé1a em mOVImento, em realizaçao.
Quando o po~o diz que quer Getú lio Va rgas, pretende significar que deseja ver
rcaltzada a 1dé1a que ele encarna e simboliza e que a maior parte do povo não sabe·
ria definir ideologicamente.
Vê-se, pois, que 0 queremismo é o trabalhismo representado e explicado através de
uma fig~ra human~; o trabalhismo é 0 queremismo na sua expressao racional. O
q~eremLsmo é sentimento e int uiçao. O trabalhismo é idéia e concepçao. O quere~
mismo é a fé. O trabalhismo é a razao. Mas, a razao e a fé nao se excluem, antes s
completam.
CreJ·o que, em smtcse,
·
poderfamos dizer que o queremismo é a atitude das mass
as
lr•·thalhadnras .diante de um homem que c
. ncarna uma idé' 1'dé'
:)s ~u:ts ncccssttlaclcs c ;)s suas aspirações. ta, ta que corresponde
, l ·t~ t:ssa idéia c essa oricntaç:ío que ('c .
'' · ' ,, cxpnmem p 1 1
oth:riam ter apenas a duração de uma ex· tê . c a pa avra trabalhismo, nao
11~ · , .. . . . ' ts neta humana.
\-IS Imr que Getulio Vcug.ts cnouun1'"' c('tr t . q d
" ·' u ura polfttca ·
ri:t ~ o n~fculo permanente dessa idé·1•1 c d . uc evena ser a depositá-
.' c essa oncntarão d t' d
rcaliz~\-la através do tempo. Essa estrutura polft. , é 'l •. cs ma a a atuá-la e a
ro. L tca 0 Parttdo Trabalhista Brasilei-
A função do Partido Trabalhista Brasileiro po t é ·
d~ ctdcsa das classes trabalh d . ' r anta, ser 0 mstrumento político
. ,, a oras, 0 porta-voz de suas necessidades e de suas as-
ptr~tÇCil:~.
(...). Assim como as massas trabalhadoras· compreenderam que Getulto
, · é o seu
guw, sentem também que o PTB é o seu partido.57

. Note-se que o papel primordial que Pasqualini atribui a Vargas é 0 de ca-


t:lh~~dor de ma.s~as _na forma~ão do partido. Vargas representaria a cristali-
nçao c pcrsomftcaçao do Parttdo Trabalhista ao nível do "sentimento e da in-
tu~çao" das massas .. Scri_a o momento da "fé e do instinto", enquanto o traba-
lhtsmo como doutnna (tsto é, a função do próprio Pasqualini) representariam
"idéia e concepção", ou seja, o momento da "razão" na vida do partido. Ambos
os momentos, a "fé" e a "razão", o "sentimento" e a "idéia" seriam comple-
mentares no seio do partido. Assim sendo, ambas as lideranças, a do teórico e
doutrinador e a do político c mobilizador de massas efetivamente acabariam
tendo, como procurarei demonstrar mais adiante, um caráter sobretudo com-
plementar- e não conOitivo- na formação e evolução do Partido Trabalhista.
Na verdade, o pleno entrosamento entre Vargas e Pasqua1ini durante a
campanha de 1950 se daria em uma fase em que Getúlio privilegia o PTB como
instrumento básico de seu retorno ao poder - sobretudo no quadro regional
gaúcho. Mas se ao nível regional, a ruptura entre Vargas e a maioria do PSD se
tornara total e irreversível, também ao nível nacional, a estrutura oficial do
I I
PSD- que servia de principal base de sustentação ao governo Dutra- afasta-
va-se do "solitário do Itu". No período 1946-50, o PSD desvendava, crescen-
temente, a sua natureza de partido liberal-conservador - aproximando-se in-
clusive da UDN e antecipando, já naqueles anos~ o c~amado "pacto_ conserva-
dor" que, ao nível do Congresso Nacional, se dehneana, na sua plemtude, ape-
nas na década de sessenta. 58
Além disso 0 PSD mostrava a sua face de "partido de governo", articula-
dor e centralizad,or dos interesses das elites regionais. Fora do poder, tornava-
se difícil, se não impossível, para Vargas, controlar ~ influenciar esta força, que
ele próprio concebera e criara em 1945. .
No enta t panha eleitoral de 1950, Vargas amda consegue re-
n o, na cam f · - ó
conquistar a adesão de importantes setores do PSD na es era _naciOna1- nao s
através do "racha" aberto dos autonomistas do PSDA getuhsta, mas t~mbém
Por meio de um tração ampla c difusa na estrutura do PSD ofictal, que
d a pene . " . . . ,- , d
d~sembocaria no processo que ficaria conhectdo como cnsttamzaçao a can-
tdatura oficial do PSD. 59 '
.... . .
_
·; ...
~ . ~ ' ~: .•

. . . _._ t •
' : : Após a vitória, em 1951, Vargas procura r.ecompor a a!i~nça com 0 PSD, .. ' .._
_~

dando-lhe inclusive uma participação hegemômca no seu mmtstério. Mas se 0


PSD revelava-se um bom sócio para governar e recompor um esquema de
alianças no nfvel das elites nacionais, ele não representava, na realidade, um
aliado sólido para Vargás no seu projeto estratégico: a reafirmação de um mo.
delo de desenvolvimento nacional autônomo. Já no governo Dutra, o PSD re.
velaria não apenas a sua permeabilidade às idéia~ liberal~conservadoras, mas
também a sua abertura a um projeto de desenvolvimento mtegrado e subordi-
nado à hegemonia norte-americana. O governo Dutra aderira com entusiasmo
à Guerra Fria e interrompera as linhas mestras da política econômica varguis-
ta anterior a 1945. Setores importantes das elites nacionais mostravam-se cada
vez mais dispostos a associar-se aos grandes capitais externos, encaminhando
um processo de industrialização que diferia, em questões básicas, do modelo
almejado por Vargas. O PSD, tanto quanto a UDN, refletiam cada vez mais es-
ta tendência no seio das elites nacionais. 50
O segundo governo Vargas mascara, por trás de uma coalizão polfti-
co-partidária aparentemente estável, esta profunda contradição. Vargas procu-
ra recompor sua base de sustentação nas elites, visando dar prosseguimento a
um projeto de desenvolvimento, cuja componente nacionalista, no entanto, já
não empolga os setores majoritários destas mesmas elites. Enquanto existia a
possibilidade de compatibilizar os grandes projetos de investimento estatal
com as perspectivas de financiamento externo- isto é- até o final do governo
democrata de Truman, em 1952- Vargas pode evitar um confronto aberto en-
tre estas tendências conflitivas.
A partir da vitória de Eisenhower, o novo governo norte-americano passa
a combater abertamente quaisquer tendências estatizantes e nacionalistas no
Terceiro Mundo. À cruzada anticomunista soma-se uma cruzada antinaciona-
lista. A desestabilização do governo Vargas, no perfodo 1953-54, é facilitada,
portanto, por uma incompatibilidade crescente entre o projeto getulista e a
permeabilidade não só de amplos setores das elites dominantes, mas do pró-
prio PSD, ao projeto de desenvolvimento dependente e associado proposto pe-
los setores hegemónicos externos. e1
A este processo correspondem as últimas duas fases no relacionamento
Vargas-Pasqualini: nos anos 1951-52 prevalecem os aspectos conflitivos; na fa-
se ~953-54 ocorre uma reaproximação, salientando os aspectos de compJeme.n-
tanedade, em face de um confronto crescente com os adversários do trabalhiS-
mo.
Pasqualini e a maioria dos trabalhistas gaúchos haviam encarado corr.
0
frieza e até decepção a primeira fase do governo constitucional de Vargas.
MmiSt. · é no· essenCialmente
· pessedista não agradara ao PTB da terra na taI do
05
Pres1'dente. 82 O pró pno · Pasqualini chega a fazer no Senado pronuncta · mellt
. "
crfttcos
· 1 ' . resp etto
no 'que dtz · i1
li . em reação
A •
ao governo federal , principalmente edtsta.
po .uca econumtca bastante conservadora seguida pelo gabinete pess.
' : Asstm, em 22 de outubro de 1951, Pasqualini diria, da tribuna do senado.
162
·:· '~.' N4Ô tenho autoridade ~~ra apreciar a polftica do ove .
. . tida uma observaçao, diria que ela é correta e be~ ins ~o, mas se me fosse perma-
tiVO, isto é, enquanto se preocupa em evitar 0 défi .pirada em seu ~pecto nega-
cionária. É, porém ainda Hmida senao omi·ssa ICit ~ agravar a Situaçao infla-
' em sua fei"~o ·r ·
às medidas concretas, de natureza fiscal e fi ' . -su posi rva, ISto é quanto
mobilizar os recursos destinados a resmver oisnancebiira, que devem ser tomadas para
pro emas de base.
Acrescentando mais adiante:
Ninguém
. poderia assumir, nem
. de ninguém se poder·Ia eXJgir
· · o compromisso. de fa-
zer mi1agres, porque o milagre está fora das contingê · h
é t d' ·t d · nCias umanas. 0 povo
por m, e~ 0 . Irei 0 e conh:c~r a verdade, de esperar que nao tenhamos a in~
tençao de 1ludi-Io com subterfúgios e escapatórias e qu e est eJamos
· d'1spostos, pelo
menos a preparar e construir um futuro melhor.
Que todos, portanto, pensem e meditem, enquanto é possfvel mudar o curso das
~guas. Mas, se nao o fizermos corajosa e resolutamente, enfrentando obstáculos e
mteresses, nao tenhamos dúvida, seremos todos tragados na mesma voragem.63 l

Algu~as. semanas ~ais tarde, no dia 8 de novembro de 1951, Pasqualini l


se pronunciaria contra Importantes aspectos do chamado Plano Lafer -do
ministro da Fazenda do PSD - atacando seus efeitos negativos em te~os de
I
distribuição de renda:
I
I
I
Seria inconcebível e fantástico que, depois de haver a inflaçao causado tantas pri-
vaçOes às classes trabalhadoras e ao proletariado em geral, arrebatando-lhes, de
uns anos para cá, quase que diariamente, uma parcela do valor dos salários para
transferi-la e concentrá-la nas maos de poucos afortunados, se recusassem estes
agora a contribuir com uma fraçao insignificante dos seus excedentes para custear
um programa de recuperaçao nacional.
Mais inconcebfvel ainda seria que o governo lhes advogasse a causa, colocando-se
em manifesta contradiçao, já nao digo com as promessas asseguradas e com a
orientaçao anunciada pelo candidato vitorioso nas eleiçOes de 3 de outubro de
1950, mas em contradiçao com as próprias diretrizes do presidente eleito (..).M
Apelando diretamente ao presidente Vargas, exclamaria o senador Pas-
qualini:
Chegou 0 momento de dar uma demonstração positiva da sinceridade desses
propósitos e da firmeza com que se pretende realizá-los (...)
A ênfase da "cobrança" de Pasqualini provoca até um aparte do senador
Gomes de Oliveira que constata:
Devemos compreender que 0 governo Vargas ?ao está realizando e nao ~erá
realizar um programa dentro das idéias trabai~IS~as apreg~adas por S. Excm. em
suas campanhas, porque, nao dispond.o de ma10na tranqolla _dentro do ponto de
vista de seu programa, terá de transaCionar. E é ao que, mfehzmente, estamos as-
sistindo.
" Mas Pasqualini mantém-se irredutível: os recursos para investimentos
deverão ser buscados onde existem em excesso e não tirados dos magros salá-

163

. , '' ~ ~ - · " ' • ~~ • ;o /


. . . .
"" I_,..,,......-....,...,...,;....-.,,.. _ • ...,,_.... ~:~~~~
"
: ~·"·. ·;.. · .,,s" E finntl1.tt reafirmando sua discordA nela C()rn. -
· rios dns clnssl'S t raha1111tt:1or. · · ' .,, a
. poHtil'!lOridnl:
. .. c·J'I.··s ro ostwl nt'>~ c o governo <.levcm(>N tlcckJír llc temo~ alo
Duml • dtiS (1LUIS so1ll"lul" 11 11 • I . , . , " . · ,. ·
· . . lltl lmlo do povo, poup.mtlo· I1CN novos ll<~cnf(c,os , ou r«; n"c
ICI\Ç!\tl de CO 1Ol'lll • llOS · • d J
•. . . . ..,~c indivkluulismo ego(siH que na sua Jn<.:omprccn~rao
dCSCJIIIllO'\ tOiltlllfllll c ,,,, ,
c n·•I
. .. . . • llt'•ll>•ld nlnda JlOf pruvoc;1r 11 rcvoluç:lo soctal, por tranMorm·tr·
Mlll tnSCilSl 1li1ll1lll1 , • • • . (
. . 1111 h1·ns 110 melo dos qual~ lodos n()s ncos c pohrcs, seremos r.c
n tmmt In em cst < •, n!l · •
pullmlos • conoscn, tnlvc 1. por muito tempo, 11 pr(Jpr 1a lll>crdatle!

scnt1o apl:mdido c ovacionado não apenas pela oposição, mas pela pr(>.
pri3 hanc~Hla trabalhista. . .
Nn din 23 de novembro, Pasqualuu insistiria nas suas crfticas, de forma
3inda mais contundente:
Sr. Prcsiclcntc, quando se anunciou ao pafs que se iria realizar uma reforma de ba-
se, todos compreendemos, JH~s que a desejamos, que entre outros objetivos, deve-
riu ela operar umn mudança nos m6tO<.Ios do regime capitalist<.t, com o fim de ra-
cionnh:~-ln, ch:! corrigir-lhe os excessos c malcf(cios, de atenuar-lhe a imcnsibilidade
c a. injustiçns, abrindo novas perspectivas ao desenvolvimento econômico do pa(s e
;) próprin iniciativa privada, instituindo um sistema mais cqUitativo de tlistribuiç:.ío
da renda nacional, dando novo impulso <ls atividades criadoras c novas esperanças
aos trabnlhadorcs c a todos que sofrem as agruras tla hora presente.
Scrin de lnmcntnr que tivesse sido apenas um aceno promissor que acendeu tantas
ilusOcs no corflç:lo do povo c que v(ssemos de um momento para outro, irem se
apagando uma por uma essas esperanças ante a mesma orientação conservadora, o
mesmo esp(rito individualista, os mesmos proccssns tradicionalistas, que pareciam
ter sido superados em nosso tcmpu.oa

O alvo claro da sua crftica são os ministros do PSD, principalmente os da


área econômica. Mas Pasqualini ainda dá um crédito de confiança ao presiden·
te Vargas:
Ningu6m pode duvidar da honesta intcnçao tlo governo de acudir às necessidades
do P?vo. Resta s~~hcr se os meios c medidas empregados s:lo os mais adequado~.
Realizar essa an;1hse n:lo é "fazer oposiç:lo" ao governo, mas auxiliá-lo a dcscobnr
a verdadeira soluç:lo.

. "Descobrir .3 ~crdadeira solução" seria voltar a marchar na direção alme-


Jada por Pasq_ualmt c pelos trabalhistas fiéis ao outubro de 1930 e ao outubr~
de 1950: E_fetivamente, o distanciamento entre Vargas de um lado e Pasqualint
e a ~1a,IOna dos tr~t~alhistas gaúchos do outro - bem ilustrado pelas inter·
vle9n5ç2oeos de ~asq~ahnt. no senado Federal, só seria superado a partir do final de
i ·..
I

. s pnmeiros
. . smtomas -•ua "Vlraua
· .• , do governo Vargas ocorrem 1·usta·
mente em acontecimentos ligados ao R. G *o de Jan·
go para 't presidência . · lO rande do Sul: a convocaça co·
' • nacmnal do PTB c 0 . d Vargas às
memoraçücs da Rcvolu "\o F . . comparecimento e uan·
do realiza o radical p ç. ~~rrouptlha, no dia 20 de setembro de 1952, ~tado
.·, .. .acima. · ronunctamento aos Hderes sindicais gaúchos já CI ·

.. ' ~ : ' I
:..~,;: ..~-· ..i.-"'.;'"""""'"""
- ·-
rwlt'idl"' do final de 1952, e a pró . d. "' . · : ··· : ·.· ~ _
Pasqualíni e os trabalhistas p~~chtnamtca do novo entrosamento· ._. -~?
,_.,Vargas~ nos anos 1953-54 poder/. ~ ~s na fase final do segundo go-
_. -AA~ a dinâmica especffíca gerada pela iid.s~r _madis bem interpretada, analisan-
...,.._ · IVL<;ao c tarefas ent l'd
eiOttal e lidcranca
.
regional na evolucão do PTB
. ga6cho.
re a t erança na-

LiDERANÇA NACIONAL E LIDERANÇA REGIONAL ., I

, ,.
A complementariedadc conn·r
•• ,
·
• 1 tva eXIStente no relacionamento Vargas-
I lI
..
I

Pa:~quahm assume uma segunda dimensão interessante · ·fi · d 1


íiDÂlisada do ponto de vista da cxi.5tén~ia de uma d.. . _e sdtgm Icaftlva, quan o
_. t· .. , '" IVIsao e tare as aparente-
mente c a.ra e mequívoca entre ambos: liderança regional (Pasqualini) e lide-
I
l
I

lI•
rança naciOnal (Vargas).
_E~b?ra P~qualini- ~ue se consolida corno a mais importante liderança I
do trabalhiSmo ao nível regiOnal no período 1945-54- jamais tenha aspirado a 11

de:afiar Vargas corno Hdcr nacional inconteste do PTB, nem tenha procurado I
I
atuar, de for~ a autónoma, ~o cenário político nacional, a divisão geográfica en- ' I
tre as duas hd~ran~ contmha um potencial de conflito intrínseco ao próprio
pro ce~ o polítiCO naciOnal do perfodo analisado.
A fonte básica deste potencial conflitivo situa-se, a meu ver, no desenvol-
vimento desigual do PTB gaúcho - e, de certa forma, do conjunto do sistema
partidário regional - em relação ao PTB e ao sistema partidário no nível na-
tirmal. Com efeito, Pasq ualini exercia a sua liderança sobre a secção regional
do partido mais forte, melhor estruturada e de maior penetração do país. Não
ó p o~ ufa a secção gaúcha do PTB uma influ(!ncia marcante sobre o conjunto
do partido ao nf ;cl nacional, como o peso relativo do partido no quadro políti-
co reg_ícmal era decis ivamente superior ao seu peso relativo no cenário nacio-
nal r;7
De ·de 1947 o PTB do Rio Grande do Sul vinha demonstrando sua capa-
c.idade de concorrer sozinho em eleições majoritárias e afirmar-se gradativa-
mente como 0 maior partido regional, desafiando e suplantando inclusive a
rn~quína do outro partido de origem gctulis~a, o PSD. Do ponto ~e vista da li-
derança regional, tornava-se possível, cons1s~e~te c ~té .ne~ssáno concorrer
·~Oi'.lnho _e, portanto, contra o PSD- nas elcJçoes maJ~ntánas como g?ve~nar
..ozinho _c, portanto, sem 0 PSD, cada vez q~e .o par~tdo se sag,rava vtton~so
no:; pltitos estaduais. Esta tende!ncia pcrdurana mclustve no penado postenor
a 1954, quando 0 mesmo padrão de di~isão de t~refas entre liderança regional e
nacional ~c reproduz nas figur~s de Bnzola _e Joao Goulart~ . , :
. Do ponto de vista da liderança naciOnal, ao contrano, .. ... .. !Tipensável
dL~putar a<; cltiçõcs majoritárias somente através do ~TB_e parecena totalmen-
te Inviável governar apenas com o PTB, em cas~ de _vttón~, dada~ ~raqueza _re-
lativa- c, no caso de diversos estados, a quase mextsténcJa do parttdo no mvel
: ~cional. Isso passaria a constituir um sério dilema para~ liderança nacional-

• ' ·' · · •, M O

... ..·
,·,..-·.

..

\

· -'-··· ·. • .r - r narHIO·SO numn <pat·1Hltn n!\o só dt <lcHcqullfhr'i~ ·,· -> ::


Vargas - tr,\1\SaO I . . I ' ,, nn .·
no caso .· .. ··c) 1110 wmhóm étn fl\tor dü poh)lít; nlntrllo tnll·c <1·11. ·
1
'd · t" f\ do Jllll tu o, c _ ·· - .~
vt a m .t:nu - . t 'lSC de sustcnttu;fio gatkha.
der nactonal
. c a su,, ),V. ,ro·.
. s Incentivam, na sua cstlll
. tA I . t·r·I
l.i)', a po 1 t:a, a foa·11111 ,.1'i
H vamos como 1 t....,' 1• • . -- ,110
: .. . PTB c PSD c como fnvorccltl, nn medida do possfvcl, n 11111 •
< 1 '' 1)')'1' I•S' I)
;,!
dos· dOIS~ patttdos
d -f·cntc de ''forç.as mn 1or 1ttal' as )- • , no 11 {vd nuclonrtl
nutcnçao c uma I · · •. . • • . • , . , . . . •
''.. ir .., 1,.tl!l em ouc 0 PTB cJCsda c s~.. lo1talcda no n{v •I r lllonal
No entanto, na me. · ., · . . -,
no Rio Grande do Sul, 0 partido nfio só tendia a c~rtrorrcr sozinho l\s clciç()cs
, I
,· !
mnjoritl\rias como tambénl passava"a con~<.HTer. '."ndtllll_'~.'talnt~r.'tc .wntrn 0
' 'I
I

PSD, ajudando a expor, ncst ·processo, a vct<lndcllíl natur eza llh~~al-t:onscrva.


dora c antitmbalhista desta agrcmlaçfio. O crcsdm ·nto do Pl B passava a
transformá-lo no instrumento c sustenuh:ulo polftlco mais conslstcnto <lo pro.
jcto varguista global-mesmo 1\ revelia de ~nrgas, como <lc fato ocorreu na s11 •
cess:1o gaúcha de 1947. Em face de um P I B forte c nhcrtnm ·nt. · contnírlo ll
rompido com o PSD, a Vargas nfio restava outrn escolha a nfío s ·r optar )PIO
PTB e assumi-lo como instrumento privilegiado de se.u projeto político.
A defasagem entre o processo polftit:o nacional c o processo potftlw r·.
gional gerava, portanto, uma situaç~lo conllitiva para Vnrgas: 110 Rio Oramlc
do Sul é forçado a romper com O PSD, mas ao n{vcl federal nl\o tinha COil·
dições de fazê-lo, sem abdicar ao seu projeto tle tornar-se alternativa vli\vcl de
poder já em 1950, dada a fraqueza relativa (lo PTB nacional. Mesmo transfnr·
mando o PTB no instrumento privilegiado de seu retorno an governo kdcml
-como de fato o fez - Vargas ganha a clciçl1o presidencial c:1ptnmlo o apolo de
amplos setores do PSD c, uma vez no governo. procura rcl:onstituir a nllançn
PTB-PSD, peça importante ela sua cs t ratêgia polít ira glohal.
. Na verd~de, a din[lrnica do rdacinnamcnto lülerança rcgionnl-lllleran\'!1 l
naciOnal gerana, suce-ssivamente, v;\rias situaçt cs d e, conOito c. d • cntrosamtll· f
to entre Var?as_ de. un~ lado, c Pasqualini e sua base de sustt~ntaç o gmkhn, do l
ouiro. A5 pn~ctpa1s Sltua~õcs de cnnOito ormrt~riam, romn jt\ vimos, 1\llS fnst!l I'
19 ~~-~ 7 e 19) 1-52 c as SltuaçCles de. entrosamento em 1950, c na fase finnl tk ('

. . Em
19)_,_,:,4. . todas- estas • s't ' uaço· .- ,s,, a qm.:stfio do rdacmnn · nH.:ntn rom o 1)" l
-Já d1scut1da- dcscmpenl ~ hl. 1mpnrtantc
· papl'l, mas o JHOhl~nHt t - m lis ampllll.
pro fundo, envolvendo u . . .~ ..
lonoo d h'· . ma pmblcmatu:a que ahnrra um }l ·rindo h ·m num
. _ Naa f 1st
,
6 na rcpublican·t J • I
.
.
' gauc 1a, contorm · scrü dnddndn mais mlinntc. r
para o governoase que d va1 Es do , ingr"s"o c _. t
1 p asquahni · no PTG nt ~; o seu lanÇIIl\t'll tn
li
re um contl't b~ . t.tdo na conve nção ele 11 e 12 ck nm·cmhm d · 19·16. tKOr· v
' o .tst.mtc cxplf ·· t , . . - . . . 11
maioria dos tr·llnlh' . . · . ct n ~.;ntrc Gctnho, lk um la tio c Pnsqn:~hnt l • [
, .. ~~tas ga ucho·· I0 . ' ·t hl
fortalecer e cons l'd· ... ~ t outro. Os ultim )S prorun\\'nl\\ snllfl m
. ~ O ' :1r o PTB rstad l .. . ~ . . 1' "'11 • l'lll
detnmento das tentut' . . . · · U!l ~.:m npos1Ç:10 i\ nuhptllta dn ~ , l .
vel regional. o pri~"'~\a~ g~tuhstas de cnnsolitlar uma alinn~~~ PTB-PSD :n' nt·
· de~ 19-b- quando<.::lro
cta cptsódio t1~.;Me · · cnnllu· rcntP1-S() ,,,, ckli'"'t' . . · ·ide.O·
l''c~ ·
1 '
p
asquar · , ' · · '' ,\ 1·~' 1
recusam.se. a se~~uir a d' . tnl c uma hoa par~da do PTB í'HÚd\0, nn pr. t (
• e:. • 1ret nz l"t r . ·· ·-ncn· .
Clal do PSD. O scgunct . · gt: u lsta elo voto t.:m Dutr<l c·uHlidntn prt'~' t · ·. ; -...
o epiSódio .. . , · '• • · tl\th.Hl , • ·
·166 • Ct:ntra-se na questí\o tlu sm·c:~.;i\O r~. -.
quando. Pasquali~i e a maioria do PTU ,. . .
trabalhtsta
· própna , ao u0 E
. govern<J .• 'S t ítd! L·lút.:ho
J I· optam ' · ' ,1[lr,-~;J f 1;.,, fts p;
fHH rJtrl'l
defendtda por Getulto. É significatl'v . ,, nv ,atJliJz.:trltlo ;, i11law ;f U11r ( ,,, r
. o que C" te últ ' ( ' ' .. J
força deste movtmento - clar·tmcnt " c ma· , l ·'/_ , 1 ttno, dCJi')l·, .'lf• , .. rt·J , rWt 'i..J~ f ~,
v ... ,

tabilidade de lançamento da can·•··•.· JOrP·tst.nHJ no ~.ciCi du p;HtJt1,, - f.... r· ... 1.


. . ulut.tlura I . li I -· ,, l'.. l -
pnmetro grande comfcio da camp· h ' · ( Ud n , ílCít ba c:ra1tt:~.ímrfc 1 .~ 1 . ,
. . . . an a em 2WJ 1111 A 1r 1
• 1' ,

_ 1 . • , r;.,r;, V(l,rttí'''
dos 1
. mats radtcats. dtscursos de ,su·•1 carrc1ra
.. '. t. Jl ftJnur
. • •,.•• , , , 1
Jtsta- relattvamente
· ausente em f>·asyualínl · cv,mt,wtlo
. HfJ· ~· orw~.
1 t~t> afllllrr;tt' ,.,, ,,., .
Hder regtonal. 66 Deste modo , Var gctS . rcaf1rma . cs . MltJUcandr> pt lí1 r;"'JirJr·rr1í1" 0
. . JJ ,._ 1 ~
/_ . · utt con< r;.w c.k Jfdcr rn~:drw 1 drJ
·
trabalhtsmo e torna claro que 0 PTB
da sua estratégia poHtica global sera 0 InStrumento partlútírífJ prbíl~.:-''lwfr 1
, mesmo '10 cust ú . )/
to de vista, ainda prematura -c p (; . () c urna rup.tu ra- ÚtJ ;,t·f) vm·
·. . . !•. c~ 1-.Utl ruptura U Jrn o V)fJ
, um o SD De fítt< • •
gaucho torna-se tão áspera c prof d·
0
qualquer tentativa de reconstituir ~~ ~ ~~~ !~vta.h)JIJ~.(~ a m&lío c l'mW' r)r!lí'l'
mesmo tempo, conforme ·á vim . . P . PTJ~-T SD no ni'tc.:l rc~íon~L ;.,r,
esta ruptura ao próprio Ri~ Gr o~ ,a~termrmcntc, Vargall procura "omfin,r"
tivação da aliança ao nf 1 , ~n .c oÉ Sul, preservando a pm-;íhílíúaú'; da dt;,..
. - ve nacmnal. certamente com este intuíto qu'· o c.:t.-
prestdente d nao volta .a fa lar. em comfcios· n<> R.l O 0 ranue ~ ,, . - onde Já. gravl:tra ..., ·a
marca ~ seu potencial radicalismo trabalhista - preferi ndo apoiar uma f" 6rí'·
de candtdatos do PSD em o~tros Estados. É evidente que, com j');;O, Gc.~úlí~
passa a enveredar por um arnscado cam inho de dualismo polftico, impu-ao, de
certa .forma à sua revelia, pela defasagem entre os contextos polftico; regional
e naciOnal.
O longo período de ex[)io interno do "solitário de Itu", entre 1946 c
1950, comprova, no entanto, o acerto da tática gctulísta de 194n, dentro da.)
premissas de seu objetivo estrat6gico de retorno ao Catcte. Vargas pas<;a a veri-
ficar, na prática, a dificuldade, senão inviabilidade, de liderar um partido com o
caráter e as origens do PSD sem dispor de alguma parcela de controle do apa-
r~Iho de Estado -cujas estruturas haviam desempenhado um papel tão essen-
Cial na gestão deste partido, na fase final do Estado Novo.c'J. Para um retorno
ao poder de fora para dentro, o PTB passaria a ser o instrumento privilegjado-
e a sua seção gaúcha, fortalecida pela campa nha pasqualinista de 1947 - uma
alavanca essencial. Não é por acaso que em 1950, Vargas nem sequer cogita em
propor uma aliança PTB-PSD no nível regional. Pelo contrário, ele encaminha
a candidatura Salgado Filho -e após a morte deste- do autonomista Dornel-
les e favorece lançamento de Pasqualini para o Senado. No nível nacional,
vá.rios gaúchos_ cumpre salientar os autonomistas Jo~o Neves da Fontoura c
0

Dmarte Dornelles e 0 trabalhista João Goulart, presidente reg10nal do PTB


- são convocados por Vargas para partici~arem ~a organização nacional da
campanha. Ao nfvel regional é a fase do mats per~ct~o cntrosamen.to entre Pas-
qualini e Getúlio que realizam, ombro a om~ro, mumero~ comíctos durante a
luta eleitoral no Rio Grande do sul. o própno Vargas de1xa transparecer, nes-
ta campanha, seu reencontro quase idfliCO com a base de ~ustentação gaúcha l
\ ~
que o desafiara em 5 c 1946: "0 Rio Grande do Sul fot o meu escudo du- I

\
194
.· . . do f•lW 'rtl\l 4\lt' m · su ' llt'\1 ( ... )". " Ric ( ,ramte h l·
· a_n o~ , ttnt>
rantc os q uase cmco t-
,:nti ), t i .' m ma t' m lllnlt \ p;1rn ""'
·
l' )ntt~ u O
G d ' A 3 dc ou tu oro c1c · -- · 1 . . ma
ran c. - " ·1o nacional" cxrl:unnrb l'l , nn St.'ll l...' l tnl ' t t dt' bn .11\lt' n t
campanha d~ rcdt.:npç. t L' l '''t't' n dia > :,·qqso. t'lll"IT~HHh). ) \'~m n f"l'
' ' d ~cae m Of( r \. ,:.. ' . • • . " ~C
à pres.t t:.~ t .. d , ítu l0 1: "Pano p:n'a uu ·1:1r tmm ·~nnpanh:l lu·· 11
11
Profética Já ctta a no·crr'3r
c. ·
Dl'ix )-te nfi:ultt' n:1tu:t t,ra,·um. n.1 tua k~llu 11 ,
. ·
d
Rio Grande, cvo cnc ' · _· •. . . . s, . . h.. , , • l, nac
I L te 110 C)r:-1ç·1o r n c~l m t ). , t ~u umll' t r ru luu . m ~m r•'' ec
no teu va or. .cvo- . .' ',. . ., . .,.. · . " . , , . _ · ,, .
tos repousarao -
n0 t"u ., to ( ...) num wm. qm .llltt l t p .l . tk r·t rt.l fl rm::t ' ·•1 d ·r•
t: - 1 19.:
radeira mensagem da Carta-Trstamrnt ) . 1\ . •• • \ 'OI
Mas a vitória e 0 retorno de Vn rga~ a a tt' t • "llt ·m t.'m st s.; •rm -s e drJ
uma nova situação de c:mtlito c dist anci:1men~ ' .l'n: ~d n _~i ~l Pa~qu ~llini t.' ;.1 ~l ­ 3 11
se trabalhista gaúcha. Conf rmc Yimos. ) mnnst 'rr m l .l d) 'lll L SL t:k Jari
predominância~ pessedista, rcromJ 'lc; n _nh·t.' l ~~IL'i . nal. ~ - a_lia.n -~l PTB-P'D,
mas afasta novamente Getúlio de PTB gauchl. N~1' Sl' m :ltt.'fl:.l h --:1 .1 m as l''pe-
ranças dos trabalhistas gaúchos de '"·r Pasqua lini n ) :\ tinis t~ri Tmb:1lh \
nem de terem voz e yez num gm·crno kdcrnl li' tip 1 :t rti d ~lri . m c.stil u. .
governo trabalhista estad ual de Erncst) Dorndks.: : Durante t d:1 a 1 rim 'IrJ.
fase do segundo governo Vargas, nos an 1s 19.:' l-l 9S2. l rdad n:1ment cmr mo
o presidente da República e o PTB gaú h 1 0 t"ri l' list:mt t.'. nf rme ~m ns- lide
tram os pronunciamentos de Pasqualini n) S cnJ . · r ~ld s a ·ima. ép
A partir de meados de 1952, n cntan t . ~ 3ti..l ucs CTl'S ·.:- m ~s d:J.S fi r~~ part
conservadoras de direita, no nível fedcr~ll. en l :1ni ubr em ·fn.-ul s militar ' c 1~
nos órgãos de imprensa inspirados p ~t a L'D~. f' T \") .Jm ::1 r~ap xin ::--.1 a F
Getúlio-Pasqúalini e Getúlio-PTB gaú h . n s dcrrJdt ·r s an s de ,; :.1 ' \:in<
Presidente.
É significativo que, diante do a.ss~di . o su
na esfera nacional, Getúlio vá busc~u ap i jun tL ;J su:.1 trJdi i n::tl as:e e s ,,_ Pinb
tentação gaúcha. Como já vimos no item 07 da Pane . J ;i G ul:!rt. at~ r. 3. tra~
"
~ ) presidente do PTB gaúcho e secretári d Interior e J 'iÍÇ3 .: wm:1J r ffi""' I
li
Do~nelles é convocado, em maio de 1952. paw assumir a ~e.si ·~nd3 ··) F....., Es .3
,j
naciOnal, logo após os episódios que ha\:iam ulmi a na renún 1J u 1i .;s- PRR
'ili d e
tro da Guerra, o general nacionalista Es tilla Le31.
gaúcho, veterano da Revolução de 1930 e rom id c m Yar as e~ de E.s _.L" laçôé
p Novo, seria convocado para o delicado i\1inist~ri ' 3 Fa~e d~. U\ist
A fase mais radical do Governo Var :::as. n perf . L S.?---5 . r. lf,--_,~2. cresc
\
por uma ~eafirmação das posturas naci naiis ~ e :1 us "3 e u !
na cio
de.senvol~mento nacional autà nom tem c m m d, ' "'U' "' -~ -à.i 't' :c'..!-"'- res d
mmantes us ·
. . J tamente a passagem do trabal.his.ta lT"Jú h
-... -
.-
, r;_
u..H r ::l . . ~--
PRR
msténo do Trabalho ~ . · .::! • _• ~ . ' ·. fones
b . e a sua queda, em tev reiro d 9q i\~1 u -.: t::. ~ u.~ 1 : dmp
tro rás, Pasqualmi e 0 PTB , · · . · ,.,.rt ·~-
dente 12 Na _ _ gauch \' ltam a m biliz3 r-~ ~ n:.1 dd~ ' .. r · :, Med!el
. sucessao gaucha de 19 -4 é . . . . , ·.- ~.s •••
item "a segunda ca ) , o propn \ arga.s. c m P : ·~- rJ ~:t
Jango e B · 1 mpanha
. de Pa·qu · · e s re.,·e.:;cs e ._ :~
- a11n1 , , '• 1n~..•... i; • •
- '". _t.t
nzo a a apotarem . i .,~ f'L~
tulantes maispra""' , . a candtdarura Pasqualini ·m ' trime.nr.. :l ..... .· {~;
o·· .atzcos e mod d · h i;.un ~~
..16S era os - que. n emam "'· s.empre 3\ ·
.. ._

'•--,·,
,,
li
seUS fiéis seguidores: José Diogo Brochado da Rocha e Loureiro da Silva. O ! ·•I
1=
j
conflito com_ as forças conservadoras, no nível federal, provoca, portanto, a 1
I
l
~I

eaproximaçao de Vargas com a sua base de sustentação mais sólida e consis- I


~ente: a secção gaúcha do PTB.
I
t.
.
É interessante notar que este padrão de relacionamento entre liderança
nacional e liderança regi_onal- com seus componentes de ·complementariedade
e conflito- não se restnnge ao relacionamento Vargas-Pasqualini do período
t945-54, e nem sequer constitui uma característica especifica apenas ao desen-
volvimento do trabalhismo gaúcho: pelo contrário, parece tratar-se de um pa-
drão que já marca o comportamento de lideranças gaúchas no período anterior
a 1945 e mesmo a 1930 e que volta a reproduzir-se, em novas condições, no re-
lacionamento dos herdeiros de Vargas e Pasqualini, ou seja Jango e Brizola.
De fato, é na época do antigo Partido Republicano Rio-Grandense de Jú-
lio de Castilhos e Borges de Medeiros que começa a se delinear este padrão de
divisão de tarefas entre uma liderança regional e uma liderança nacional, ge-
rando um interessante ciclo de conflitos.
O PRR castilhista .inaugura, de fato, esta prática, consolidando, ao mes-
mo tempo, uma forte liderança nacional ao nível estadual e projetando outra
liderança ao nível nacional. O primeiro ensaio nesse sentido dá-se ainda na
época em que Júlio de castilhos controlava, de forma inconteste, a máquina
partidária estadual e, durante longos períodos, o próprio governo do Estado
(1889-1903), enquanto Demétrio Ribeiro representava e garantia a cobertura
ao positivismo republicano gaúcho na esfera federal, desempenhando durante
vários anos a função de ministro da Agricultura, Indústria e Comércio. 73
De forma ainda mais nítida e clara, repete-se esta divisão de tarefas entre
o sucessor de Júlio de castilhos, Borges de Medeiros e o senador pelo PRR,
Pinheiro Machado. Durante o longo período 1903-28, Borges de Medeiros
transforma-se no "caudilho" inconteste do republicanismo gaúcho: era, ao
mesmo tempo, chefe da poderosa máquina política do PRR e governador do
Estado durante um quarto de século. Pinheiro Machado, como senador pelo
PRR, ficara encarregado de articular o esquema de alianças nacionais do parti-
do e garantir sua cobertura no Rio de Janeiro, em face das crescentes inquie-
t~ções do liberalismo oligárquicos regional e nacional, diante do "reinado posi-
tivista" no Rio Grande do Sul. 74 Mas o senador Pinheiro Machado envolve-se
cr~centemente em articulações mais amplas no âmbito do esquema de poder
nactonal, a ponto de transformar-se em verdadeiro árbitro entre diversos seto-
I
I

I
res das oligarquias de República Velha. Dentro desta articulação nacional, o I i
~RR borgista passava a ser apenas uma das peças de apoio. Já nesta época, há lI
dones indícios de que a defasagem entre o contexto político nacional e o qua-
Mo P?lftico gaúcho passava a gerar crescentes áreas de atrito entre Borges de l
p ~e~ros (liderança regional) e Pinheiro Machado (liderança nacional), que l
l
~ enam ter desembocado em conflito aberto entre os dois líderes. Este pro-
'· so seria interrompido pelo assassinato de Pinheiro Machado, em 1916. 75
. -::· . . . Um padrão semelhante de divisão de áreas repete-se; alguns anos mais

.. . -
.
_ · . c 0 próprio Gct íllio Vargas. Como deputado
tarde, entre Borges de Medeiros a ,1 'ISS\lt·n t'r grradativamcnte, o paJ>cl <lc artl zciU
. To passav, ' • , • . ·
federal pelo PRR, Getu 1 . · ·ional do PRR. Este papel consolida-se duran. . ' gi01
d d squema de apoto nac
cuia or o e . _ e
R
, quando Getúlio dá cobertura, no. io de Janci.
..
1923 etn
te o levante libertador dde Medeiros,... impedindo que se rnatcnalizc a Inter. alia
ro, a2 governo Bor~~ado exigida pela oposição "maragata".7e Mais tarde, Por
vençao feder~! ~o . '. tro da Fazenda, como representante do PRR no vitó
Getúlio será mdtcado mm•s pre~
overno Washington Luis.
g v
Em 1928, argas su
cede a Borges de Medeiros no governo do E.11tado
, . . , ·
sob
~ 'd d nçar se para governador pelo Pacto de Pedras AJtas
Este impedi o e re1a - .
' · residência do partido na esperança de segmr controlando epi~
(192á3), .conttnut~dnárat.:local E~ 1930 quando se viabializa o lançamento de um Ap<
a m quma par t · . • , .. . . , . .
· bl' · aúcho à presidência da Repubhca, Borges chcg.i a ser cog1tado. me,
repu 1cano g . . f • , o ·. 1 · /. I
t' nto muita resistência a seu nome na árc,t cdera 1. esco htdo sera
I

,
1 •
mil i
Há, no en a , 1 , • ó ·
Getúlio Vargas. Uma vez na presid6ncia ,da Rcpu~hca, ap s o movtmento re- '1:
~
JanJ
volucionário 0 distanciamento de Vargas em rclaçao a Borges torna-se paten- ' ~........~ em
. · te. No episódio de 1932 a ruptura será _total: ~ar.gas volta-se definitivamente I
<,
só (
~contra a sua base de apoio estadual - a Frente Untca PRR-PL que se envolve- (
ao J
ra no levante constitucionalista. Após breves combates, Borges de Medeiros é PTI
~~-
preso e torna-s~. "um exilado e"m seu próprio país". passará um longo pcr{odo ·, ball
de residência praticamente forçada no Recife e só voltará ao Rio Grande para ·ií, to e
. \ integrar-se na oposição antivarguista de 1945: a UDN.77 1 ' out:
).
Um quadro bastante parecido repete-se no relacionamento entre Flores (·:-, ta ri:
. da Cun}l~ e Vargas. Fl5res, o grande líder operacional da Revolução de 1930, é I: Ne'v
.nomeado interventor no Rio Grande do Sul. A divisão de tarefas é clara: Var- 'I ~
os r
. gas ·na presidência da República, Flores na chefia da máquina de apoio esta-
' -dual do Rio Grande do Sul. É incontestável que Flores mantém-se mais fiel den:
·- aos, princípios liberal:-de_mocráticos da Revolução de 1930 do que Vargas: vaci- lfde
. la~ quase apóia o' levante de 1932, simpatizando com seu aspecto constitucio- ~
rian
. ~~lista, porém mantém-se avesso ao caráter "oligárquico" do movimento pau- anH
lista. ~m-1934 apó~a decid~damente a Constituinte e, em 1937 opõem-se às arti- me r
cul~ço.es ·que Ievanam à dttadura do Estado Novo. Na verdade, transforma-se
. no ulttmo, grande obstáculo à implàntação da ditadura. Por isso mesmo, é dcr- eo
rub~do do poder·est~dual e obrigado a refugiar-se no Uruguai em 1937.7a . qua1
~a fase _r~stenor a.1954, com a advento dos herdeiros pÕ.út{é()s-de Var- , .... gani
g,.ads e asqual.mt, vol~aria a se impor o padrão de divisão de tarefas entre-uma l:'t • vam
1 erança reg10nal - Brizola .d· ' 1 do '. pré-
PTR aúcho. Esta . . _ - e u~a 11 erança nacional - Jango, ao nfve
por u~a candidatu~~~s~~ade áreas Já se delinearia em 1950, quando Jango opt~
quis
necer na Assembléia le ~ de.putado federal, enquanto Brizola prefere perm~
Vargas que promove J gtslattva do Rio Grande.re A partir de 1952 é o próprto
tivat
de a
para
eleiça-o para a pres1·d."' a~go a~s quadros da liderança nacional,·apoiando sua ,.
"'neta nactonal d 0 PTB · ean·
do-o ministro do Trabalh 0 . em maio daquele ano e nom
.Ihista- em 1953. -
0
cargo federal mais cobiçado para um Hde~ traba·
..~ · ·
·
J , . I
..·- 170 , ' .

··.,.
'· __ ,.·,
..

ApóS a morte de Oct t'alio c ·a scl'ttnda derrota eleitoral de Pasqu~lini, Bri-


zola c Jango hnpõcrn-sc c.:~Hno os novos Hdcres m:'iximo~ do PTB nos nfvcis re-
1jonal c nacional, respcctavnmcntc. Na mesma data- 03 de outubro de 1955-
~ 111 que Jango elege-se vlc.:e-presidcnte da República na chap~i apoiada pela
aliança PTB- PSD uo nfvcl nacional, Brlzula é vitorioso para a prefeitura de
porto Alegre, derrotando o candidato apoiado pela frente PSD-UDN-PL. A
vitória de Brizola pura governador em 1958 c a reeleição de Jango para a vice-
prcsi(tenda, em 1960, c.ons~)lidam suas respectivas lideranças c o seu controle
.sohrc as estruturas partad:inas do trabalhismo ao nível estadual c naêional.80 '
.

A llivis5o de tarefas c o entrosamento entre ambos é harmonioso, até os--


episódios de 1961, que ficariam conhecidos como "Movimento da Legalidade'' . .
Após a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto, uma junta militar assú- ,,
me, de fato, o poder em Brasflia. É graças a um ousado ,.c ontra-ataque cfvi~­
militar de Brizola c :) grande capacidade de mobilização do PTB gaúcho que
Jango consegue assumir a prcsid~ncia do pais. Mas o cpis()dio de 1961 contém
..
em si os germes de um grave conflito de liderança entre Jango e Briz.ola. Não
só este último invadira o cen:'irio poHtico federal, campo até então reservado
ao primeiro, como tamhém passaria a "cobrar" -com o apoio da maioria do. .
PTB gaúcho - uma polftica mais radical c mais coerente com o programa tra-
balhista, por parte do novo presidente da Rcpúhlica. O principal ponto··~e ,é;\tri-
to entre Jango de um lad.o c Brizola c a maioria dos trabalhistas gaúchos- do /
outro, seria justamente a aceitação, por parte de Jango, da f(>rmula parl.a meõ-
tarista c o seu governo de coalizão com o PSD nacional, chefiádo por Tancredo
Neves. Em 1963, o PTB gaúcho chega a desautorizar, em convenção estadual, . -!
os rumos do governo federal de João Goulart, líder nacional do partido;..81 1',
1
Quais seriam as características comuns neste padrão de dicotomia das li-
I
deranças gaúchas que gerariam o aspecto connidvo no relacionamento entre-o
Hdcr regional c o Hdcr nacional de um mcsino. partido? Que .fatores àproxima-
riam os casos acima citados, referentes a contextos hist6ricos tão diferenciados, - ~
!
I

anteriores c posteriores ao pcriodo 1945-54, da probl~mática do relaciona-


mento Vargas-Pasqualini?
Em todos eles, a meu ver, a nHida divisão de tarefas entre o líder nacional_
c o lfdcr regional processa-se em um contexto de desenvolvimento' desigual do
quadro partidário nos nfveis nacional e regional. I\ força relativa, o grau de or-
ganicidadc c a "pureza doutrinária" do partido no nível region1l é significat.i-
vamcntc superior ao do partido (ou seus congêneres, no caso do PRR
pré-1.930), no nível nacional. No Rio Grande do Sul, o partido é capaz de con-
q.uistar a hcgcmc;mia poHtico-eleitoral c governar sozinho ou com aliados rela-
ttvamcntc fracos· ou subordinados. No âmbito nacional, impõ~-se uma política
<.1: alianças c composições bem mais amplas c ncx~vcis. Esta dicotomia gera,
P.ara o Hder poHtico ga(acho de projeção na~ional (Pinheiro 'Machado, Vargas,
Jango), uma curiosa combinação de vantagens e desvantagens, de força c de
~~b.ilidad.c.. A sua vantage m e sua força iniciais ~o..contexto político nacional
ravam JUstamente da solidez c avançada organacadadc da sua ba~e de apoio

171
.....

· . . . (o PRR no caso de Pinheiro Machado e do Vargas


parttdáno reg10na 1 v ó 1945 d J )
ré-1930; o PTB gaúcho no caso de argas P s- ~ e _an~o · ~inheiro
P _
Machado nao tena
. desempenhado .
seu papel, Vargas nao tena stdo VItorioso
. . .
em 1930 e 1950 e Jango não tena se I~posto em 1961 sem o sóhdo ap010 de
suas bases de sustentação política no Rto Grande do Sul. Mas na sua atuação
ao nfvel nacional, 0 lfder polftico gaúcho vê-se forçado a desenvolver ~ma po}[.
tica de alianças e compromissos qu~ acabam col~cando:o e~ co?fltto com a
sua própria base de sustentação r~g10n~I. A .se~? partidána ?aucha passa a
resistir a esta política de compromtss?, :Obrando .do líder naciOnal a coerên-
cia e a fidelidade aos princfpios parttdános que, ahás, ela sempre tende a ver
(f
representada, com mais firmeza e nitidez, no lí?~r reg~onal úlio de Castilhos,
2
Borges de Medeiros, Flores da Cunha, ~asq~ahm_e Bnzola).
Para 0 lfder nacional, a base parudána regiOnal - que fora sua alavanca
de acesso ao poder nacional -passa a transformar-se num incômodo entrave,
solapando sua própria retaguarda. Quando ele sente-se suficientemente forte
ao nível federal, pode voltar-se contra a própria base regional gaúcha, procu-
rando liquidá-la (Vargas x Borges em 1932, Vargas x Flores em 1937). Quando
se sente fraco, procura recompor sua base de apoio regional, fazendo as con-
cessões necessárias Vargas e Pasqualini em 1947 e 1950). Mas o conflito entre
o líder nacional e a base regional é essencialmente tático, derivando de uma
correlação de forças políticas desigual em níveis regional e nacional. No caso
de um confronto mais sério com forças externas hostis ao esquema partidário e
ao próprio projeto polftico mais global do lfder nacional, este procura reaglu-
tinar sua base de apoio regional, radicalizando suas posições políticas na di-
reção desejada pela secção partidária gaúcha. É o caso de Getúlio na Consti-
tuinte de 1934, e no perfodo 1953-54 e o caso de Jango nos momentos finais
que antecedem à crise de 1964, quando ele se reaproxima, inclusive, do próprio
Brizola.
Em conclusão, se do ponto de vista do lfder nacional a base partidária
gaúcha ~ep~esenta, sucessivamente, uma sólida base de apoio inicial, uma área
de conflito mt~rno ao seu próprio esquema de poder e, finalmente, uma última
reserva _d~ apoio nos momentos de grave confrontação com forças hostis (caso
de ?etul!o e~ 1954 e_ de Jango em 1964), do ponto de vista global da-p-ó~tJ~
~a-~~~na l, a elite polfttco-partidária gaúcha representa, em momentos sucess.I-
vos, um fator de ~-tabilização e de desestabilização no cenário polftico fe~~~~t­
Eia ten~e a estabthzar nos momentos de crise, facilitando a consolidação eu~·
plantaçao de no_vos r_egimes e/ou lideranças em nível nacional (Júlio de '?.stl·
lhos no adven~o. da República durante o período 1889-95, Pinheiro· Máchado
até 1?1~, Getulio Vargas na Revolução de 1930 V PTB gaúcho no
pe:fodo de _1945-~~· Jango e o PTB gaúcho em 1'96t)rg~a~ ~a passa a contri·
buu para a mstabiiJzar3 0 d . · inte
. )"'4 estes mesmos regimes ou lideranças na fase segu
(B orges e o republicanism 0 , h FI es no
gauc o no perfodo 1923-28 Borges e or
período 1932-37, Jango em 1953-54 B . '
A maior consistência . ~ nzo 1a em 1961 -64). , den·
e organ1c1dade dos partidos políticos gauchos,
172
~:: ;·.:·.-: :':ro,:.de·um quadro
.
de relativa inconsistência c m
. ' cnor org·micidadc do ·
nr\·el nacwna 1• tem portanto um efeito du·lJ , d . . ' ' s part1dos
processo polftico nacional. Ela permite ; .c . c ~c~t.t ~or~na paradoxal sohrc
30

o I (randes lideranças polfticas oriunda


na , ~
.r ORJ~I.tr c consolidar ao nfvcl nado-
's uo 10 Gr·tndc do S 1 .1. • r
, da história republicana, mormente .' u · nas v..tnas aa -
t ~t~cional (Demétrio Ribeiro c p1·nhc· cmMpcrfodos de ruptura c transição ins-
1
d Aliança Liberal em I 930 G ·r
tro ach·1do ·1 par!" 1 • 1oo ( l
< ' Ir t c oo :1, o Getulio
• •

I;.f5 Jango a partir de 19S~ d ctu to lfdcr de massas trabalhista$ a partir de


' ~ . ' e certa forma o próprio Brizola em 19G 1)
quando estas lideranças, em maior OU menor grau tendem , •
dar decisivamente a rccom os · .- . '
n, I •,

a In ucnCJ<tr c moi-
I

. . p tçao de. um SIStema de poder político-partidário


ao nhel nacwnal. Nestas fases, a polfttca gaúch·t tem ur11 c 1rei·to 1 b ., . d
· · 1M . . ' ' cs a 1 IU I or no
cenáno ~acwna · .as a o~gamctdade dos partidos polfticos gaúchos aliada •l
sua rela~tva c~erênct,~ polfttco-doutriná.ria (tanto por parte do PRR quanto de
seus ad\~rsános da Frente Dcmocráttca" na fase 1945-64) contrasta c entra
em conflito co~ um quadro polftico-partidário mais fluido c menos consisten-
te ao nfvel naciOnal. N~t e co nflito- qu e tende a se cristalizar seja na forma de
um confr?nto ent:e a liderança nacional oriunda do Rio Grande c a liderança c
base regmnal gaucha, seja na "correção de rumo" da lideran ça nacional na di-
reção desejada ou inspirada pela base regional - a política ga úcha passa a ter
um efeito desestabilizador no cenário nacional, mormente nos momentos de
crise mais aguda, corno em 1953-54 c 1961-64.
De qualquer maneira, o contraste entre a política regional c a política
nacional produz um impacto importante sobre as lideranças polfticas ga úchas.
A divisão de tarefas entre um líder regional c um lfdcr projetado em nfvcl na-
cional- solução tentada c praticada pelos partidos gaúchos desde 1889, acaba
não superando este problema: pelo co ntrário, tende a agravá-lo na medida em
que o líder projetado ao nível nacional conquista uma posiçjo de rea l innuCn-
cia no cenário federal. De 1945 em diante, a cvo luç:<)o do relacionamento Var-
gas-Pasqualini no período que se ence rra em agosto c outubro de 1954- assim
como a própria trajetória do traba lhismo gaúcho como fo rmação _part idária c
corrente doutrinária, no período qu e se encerra em março de 1964, encon-
tram-se profundamente marcadas por esta problemática.
, Dentro deste padrão de cvoluç.'lo histórica mais ampla .das lidcran~s
gauchas, pode-se afirmar, inclusive, que os momentos de conflito no relaciO-
namento Vargas-Pasqualini não só se produziram em fases relativamente ~ur­
ras, como foram bastante moderados, comparadas, por exemplo, aos conflitos
~argaS-Borges, Vargas-Flores e mesmo Jan.go- Brizola. De fato, nunca chcg~­
~la a ocorrer uma polêmica aberta, direta e Irreversível. E, o que é talvez mats
tmponante: nos momentos decisivos, sobretudo no cnfrentamento com os ad-
versários liberal-conservadores, houve sempre um bom grau de entrosamento
entre ambos. Assim em 1947, após ver a candidatura Pasqualini homologada
:: .. PTB
~ela convenção do gaúcho, Vargas pass~ a apoiá-lo abertamente, dc~n.i~­
·~-; . · O-se a favor do PTB e contra 0 PDS regwna1s. Em 1950, no momento dcctst\O
... .-:..·.: .• ·. da eleição presidencial, Pasqualini aceita disputar o Senado c defende com
173

.f
·'
'··· . .

. . brilhante desempenho em campanha eleito.


gl.lnde en • fase - t atv~z~
no seu .m.ltS d , V·•rgas como J'·' tu c r d·c massas, conforme
· ·a ftgura c • '
ral-a lider~mça e a propn•. ~ N·• crise final do governo Vargas, nos difíceis
{t los ·mtenorcs. • G , I'
J.á \imos ~m- cap -~
u:- -()• P·•squauu 1. . d·lria
• cobertura total a .ctu to- aceitando
anos de 19~3-~-t, n.m"~ •governo c-=t"·'u·tl .., ,,u • , 31,csar de scnamcntc enfermo ,
30
concorrer novamente; . paldo 'ltivo dos líderes trabalhistas gaúchos
como o presidente procura ~ rcp'S ' "lt.·n,· c até de Brizola. ,
d ,J do própno asquu '
sobretudo t: ango, . . . b' t dos dois líderes. Ambos sucumbiram
1954 assinala o ultimo com '1 c · '
~ ~ de agosto a Carta-Testamento e a própna campanha pas-
mas o gesto do .c.-t ' · d d
. .~ . . _ dt'ções de um novo ctclo de ez anos c. ascenso
quahmsta cnaram as con . , . do
trabalhismo,. so b a l'd nça de outros dms gauchos, .Jango c Bnzola. . Ftcara
1 era ~
· d
COnJUr3 O O pengo · de un1.'a derrota total e. o estabelecimento
, de uma ditadura
_
direitista, tal qual ocorrena naquela mesma época na ~uate~ala, no Ira ou na
Argentina, após a derrota de lideranças populares e na~wnalts~as.
Ao mesmo tempo, 1954 marca o final da estratégia g.etuhsta de p.romov~r
m modelo de desenvolvimento nacional calcado no dualismo de apoto polfti-
u . d
co-partidário de um PSD centralizador das elites e um PTB galvamza or das
massas. A crise de 1953-54 desvenda, simultaneamente, por um lado o caráter
liberal-conservador do PSD e a sua profunda penetração e sedução pelo mode-
lo de desenvolvimento dependente e associado, defendido por boa parcela das
elites brasileiras e, do outro, a força insuficiente do PTB nacional para respal-
dar, sozinho, o projeto varguista em nível federal.
Quando a aliança PTB-PSD se recompõe, em 1955, no governo Kubits-
chek, será em novos termos: O PSD encarrega-se de integrar, à sua maneira, o
país em um modelo de desenvolvimento dependente e associado aos grandes
interesses ex1ernos. No nfvel interno, mantém-se a mística e o linguajar nacio-
nalistas do desenvolvimentismo, reafirmam-se as liberdades democráticas
ameaçadas pela direita radical e mantém-se a legislação trabalhista de corte ge-
t~lista. Mas o PTB continuará a galvanizar, de forma crescente, o apoio operá-
~o e .popular. Sua secção gaúcha, liderada por Brizola e fortalecida pela exp~~
nên~ta do segund.o governo estadual trabalhista (1958-62), voltaria a "cobrar
fid~l~dade ao p~ojeto global getulista ao PTB nacional, gerando uma nova ins-
tabilidade polfttca para o segundo presidente trabalhista, João Goulart.
. . O confronto de 1964, por sua vez, desvendará o verdadeiro caráter auto-
ntáno, concen~ra.dor e antipopular do modelo de desenvolvimento associado
levado às suas ultimas conseqüê · N . . · do
. . . netas. a nova cnse, acabana sucumbmdo to
o Sistema partidáno de 1945, desaparecendo d .d - PTB e o
PSD, mas a própria UDN.83 , a VI a 1ega 1, nao s6 o

NOTAS DO CAPÍTULO 2
1
A imprensa diária de Pono alegre prin · bre-
1
tudo 11.1 époc.t das campanhas el~ ·1 :•pa menteoCorr~iodoPovoeoDián"odeNotíciassalienuvarn, sodo)
an1Iises e interpretações sobre aspe~t':als dne· ~asqualini ( I9~7 e 195-J para governador,l950 para o Se~a
trcWw com I"d con lhvos e uma nva . l'd d b Vánasen·
n:
1 erançu trabalhistas qu I a e no relacionamento en tre am os.
e acompanharam a trajetória dos dois líderes também saiienum deme
174
~nflito no geral \irtual, mas em alguns casos ab rt
1\lS de ~v • · - • e os- entre V
estão f<.,r-am as entrevtstas, Ja cttadas acima J _ argas e Pasqualini Parti , .
11estt qu • com oao Caruso Scuderi L"d . · cu1armente utets
dJ. Rod1a. • 1 ovmo Fanton e Otávio Caru-
sQ . ·tas. J"á cibdas, com João Caruso Scuderi e Lid .
Z Ent«Vl> • D "' . l u - . ovtno Fanton Cob
C.
d<' ... ..~io d.o Povo e 1ano < e' voflc1as. · ertura do noticiário político po rpa rte
"'p·....:n ·i!lllnlent<" Caruso Scuderi e Lidovino Fanton que atuar , .
• " ':t>rb veemcncta • · 3 t es e d e st"tua-
· Io a' " esquerda" de V , tnhmo co ntato com pasqualini defendem
amem
•X;~~I Carlos Araújo (PDT-RS)- foram os primeiros a su~:~s. 1a Carus? da Rocha- e também o deputado es-
:,u olític-o-partidário do PTB.
tm
~ ro:t interpretaçJo alternativa relativisando- ou até po . r ent~evtstas e conversas com o autor- a busca
sstve mente tnvertendo a posição de ambos no espec-
r-:
4 CA..\iARGO,
'. c .
As pasta. ansma e pasonalidade poütica: Var as da "li _ .
1\~. CP DOC. Fundação Getúlio Vargas, 1979 g • CONCI açao ao maqwavelismo, Rio de Janei-

5 AMARGO. A, op. cit p. S.


s f ln um:t fundamentaçJo mais detalhada desta análise das origens de v -d . .
h A d 1917 · i b ,L. argasnopeno oantenora 1930 vtde
!!l<'ll trabal '': gr.n-e e e as ongens' 0 tra _a 111 lS111° gaúcho, já citado, em particular os capítulos 3 e 4:
7 N'o Rio G1and e do Sul este choque desembocana em dois confrontos armados entr bl" .. .
. •. I d0 r . '" . . e os repu tcanos poslllVIS-
tlS ("dúm~ngos ) de. um a c os 1 ?~rt:tdores ftcts _a? hberahs~o clássico ("maragatos") do outro: primeiro
1 R~·;,,Juç:to Federahsta de 18?3-95 dmgtda. contra Juho de Cashlhos; depois 0 levante Libertador de 1923, di-
rigid<' C"<.' ntr~ Borges ~e Me~etros. O repu~hca_no Vargas já seria personagem importante no episódio de 1923.
Ao nivel nlCion~I •. ~ d1~~a_nc1amento das eh!e~ hberal-~nservadoras hegemônicas no Rio de Janeiro em relação
30 ·•reinJdo pos1llV1sta 1m plantado por Juho de Casttlhos e Borges de Medeiros em Porto Alegre, pode ser
documenb do na imprensa da época, principalmente nos comentários de Lindolfo Collor como correspondente
do jornal republicano gaúcho A Federação no Rio de Janeiro, no final da década de 1910 e início dos anos
1920.
8 VARGAS, Getúlio Dornelles. A nova política do Brasi~ Rio de Janeiro, José Olympio, 1947, "Abrindo a cam-
pnha política " (Entrevista em Pett·ópolis, em 2/4/1945). p. 97.
9 VARGAS, G e túlio, op. cit Um bala nço no fim do Governo (Discurso de 1/5/1945 no Estádio Vasco da Gama),
p. 1~6.
10 !dec, op. cit, p. 147.

11 Idem, op. cit. p. 143-5. . .


'
12 VARGAS, Getúlio, op. cit. O pon to ma is a lto da existê ncia da nação (Dtscurso pronunetado em 7/9/44) P· 27.
13ld
14 VARGAS,
. 28
em, op. c1t. p. · . . . d
G e túlio, op. cit. P lanejamento econô miCO (D1scurso pronuncia o em
3!10/44) 37
• P· ·
:l
'

".11l
15
1
Idem, op. cit, p. 38.
õ Idem, op. cit, p. 38-9.
'j. ::..·.
'
• I
17
Id em, op. Cl.l , p. 40. · - Comercia
. I ·,, ., . i ..
_ (O. rso pronunciado na Assoc1açao j ' '
16 VARGAS, G etú lio, op. cit Política de expa nsao das trocas tscu ; I ../
r j: ::.
19
de São Paulo e m 7!12/1944), p.56.
!den, op. cit, p. 56-7. . GV-CPDOC, p.l. '. ·I,: .
j.ij
20 Carta de César Vi eira a Vargas em 1/1/1945. ArquiVO F
21
Idel:l, loc. cit
22 VARGAS, G e túlio. A nova p olltrcc:
. . . José Olympio Editora, 1938, "Proclamação ao
_. d o Br em·1 Rw de 1anetr0 ,
tJ'J, :.
I I. f. I
'J I f •
. .. . J •
povo brasi!'!iro em 10!1 1/1 937. v. 5, P· 20· citação p.l74-5. I J f , . f

~ CARO~E, E. O Estado Novo São Pau lo, DIFEL, 1976' 1·1·1 ''•j
i.
24 ' •
· d o P,ovo, 12/11/1946 ·
CorrttiO
'
.d
6 65
f'ticos no Brem·1, Sa"oPaulo• Alfa0mega, 197 ,p. ·
~5 C'A\1PELLO DE SOUZA • M . C., Estado e parti os po I PELLO DE SOUZA. op. cit
I • : ,

., .. I... ,.
' ,.
26
Sobre a fo rmação do PSD ver o exce 1en te estudo de CAM :t.,f
27 " Ver citação completa nas p.
CARONE, E. op. cit, p. 349. . b "I eira manifesto e programa ·
25 . 11 " União socla 1 rasl ' . .
Co~1o do Povo, 16/9/1945, p. • M 9 já citado, pnnci-
U-S deste trabalho. lho sobre a greve de 1917, BODEA, · 197 '
29 s b . .. . er meu traba . d no
~o re a tnfluênci a do po sttlvtsmo v . d d mt"ssa'o" pub 11ca o
PJlmentenocapítulo3. . doPovo 12(7/19 e 44 " Ped1do e e •
~'ll v .. , ,. ,. rni CorreiO '
er Nou a Imprensa de A Pasqua 1 • .
Corr~io do Povo de B n/1 944 . p, 16!9!1945, já cttado. , . d 4J9i19SO, p. 7.
31 v c e lO do ov0 •reproduzido no o·'
_ er Prognma da U SB, publicado no orr · wno . de N otl CICIS e 1
"~Discurso
J3
950
pronunciado em Caxias do Sul em 91911 '
ldc111, ibidem, p.7. 175

·,
·.,
· '' ' ·-.. ~ ~· · ~ "'•' ~-_·• l- .l:, f"' ;, ,~('( \ • . ~ .h '~'''\.'- ~n .\\i~,· ,~,,, \\ll ~cn~ ,lé Var~as no pcrlodo :1ntcrior a 1930, vide
••" •" ·~ .· ~ ' . · -, : ~ ,,~, --r,, · ~• ,.J,, t".? ? 1.~i.•~•' ~,1,;,.;r, ,\ j.\ ,· it:~.l ,\ em p:~nicular os c.1pftulos 3 c 4.
• , , • , ,, , ; .. .-. 1, ' " ' . ' 1 • •' ·~' , .,, ' " '' ·~ ····,·n-.h-.·."i~ ,·n\ ,I,•i ~ ,·,lnl'l\11\h\s atmad,ls entre os rcpublic.anos positivis-
"'' , ': :.....~ . ,., '\· • ""· • ~,·\• ,. ,,, ~'i"''i ' '~'''"'' fi,'i• ~,1 lih<: ~o\li <n111 rl~ ssic,, ("maragatos") do outro: primeiro
, \l,''' "' "''• ' :. '-.•... '"'1' ' ~, · '"; ' ' ,~ in)_i,h ' " 1'\t\'.\ h\ \i,, •'-' \'.\<tilt"'' : J cp•JÍs o levante Libertador de 1923, di·
~,.,,:..,,, ,~ .._~ 'l..' .\"'' .,,,. \ .;, ·\•i '' ' "'l''•t•l"'·' ·'' \ '." ' ' ' ;.\ <<'IÍ .\ l'<''' ''":l f.C III importante no episódio de 1923.
,, .. ,, ... ....,. .._ ~ i ,, , .. i, l• ,...,.; , ~.·r.t..' ,\ \• ,•:,r,,, hh•t·,l ''' "''''"·' '"' '~' hcp.cmônicas no !Uo de Janeiro em relação
'"' -,·~ ~~.L.', ,,.•\ .;, . , · · ... , l \ P,j •.~,, 1'' '. úh ,, ,1,· 1 ·.,~ti\1\•'~ c 1\, r)lC< el e 1\lcdciros em l'orto Alegre, pode ser
•.. . .,... ,• .'-' ... :'"'·!'' '"' " ,, ' •'f•''·" I' '' ,·it' 'l.-;h·nt • " ''' ,.,,nwnt.~ti,,s ,\<' Lind0lfo Collor como correspondente
•,' .... ~·· . ,.... . -,•. ~. f',.,... ' "\ . ~·..l.-·~.~·,-. • li•' n i,, .k hncin'. " '' final da década de 1910 c in feio dos anos

', ~ ·:-:~ '~- , "'~1 · , i'\: ;r.<·' ,,,, < ~.... ,. , ,.·:; \; ,f,, .~r.•··:~ H i,, ,k h nciro. José O lympio, 1947, "Abrindo a cam·
'' ~·'-·~' ,~~"",;.'\ ":' t ' ,-.. - , \\"\~\.':" ~t ,·r., . ._.~ l '~ ~ .· l'· ~ 7.
' \ ., ~ ~ ~- \i ·~ ~''· , .' ,... ~ -r-. ~.: , ,,, "' f; r;\ ,;., ; , , ...:1111 ( l)is( \1\'l>O de l /5/19ü no Estádio Vasco da Gama),
. ~"' .
, . . \ , .... . : ' >t .. ~ , .6 ..

.. ~. . '"'~·'"' :. ,·'~, i' ~ . . ~ ~


' ~'• ' ' · ." ~- · .•,,• ,..,. ,. ,, .• \',.' .1.~ ., ), t.'n..:i.\ ,\,,lu,·_.'i,, (Oiscu~o pronunciado em 7/9/44) p. 27.
\\ "' " ~ ~ "'~; ,\., ' .""''~ "- ..... . .... ,, ""

" · i..: ~ .,.,,'\"".,.. ~L. ~ :~


· ' · t\ ,· ,.- .·u~o l' r.mun.: iado em 3/10/44). p. 37.
""- ~ ""'''. :S., '. . .. :1 ~ ......, , ~' ....... , ~'· :~ r ,' ~n ·::.~..."'~ '-"'-"_.\ , ~'" '~'', '"
~ ~~.. ,'\ ,.. ~~- f ~'
,,... ~ ,'") ,"' ~:... ... :.....~ ...

.1.--.· Ir • •',\S tD isl'U!'SO pronunci:.tdo na Associação Comercial


~ . .. ~':'~n !"-.\, ""'- '"} . . , '
. 2/1946, já cit.1 do na p. 48 deste teX1o.
. CaXJaS do Su 1, em 1411
34 Discuro pronunctado em

35 Idem, ibidem. . . f da mentais do trab.1lhismo bras ileiro - justificaç;io, In · n


Dtrctnzes un . s· J . 1958 C • I 4 . ases S
36 PASQUALINI, A lb ert 0 · . R'10 de Janeiro, Librana ao osc, . apltu o , p. 86-7. c ''·
• ma Política Soctal. · r· 90
gestMS para 11 Ih' 0 socialismo, captt.1 tsmo. p. .
A o cit. Traba tsm ' .
37 PASQUALINI, ., ~· . r Alberto Pasqualini em CaxJas do Sul durante a ca mpan ha para o scn~do
38 Conferência pronunctad~- ~
0
N - · de 14/9/1950, p. 7. · ·em
8,19/1950, publicada no Dwno de otwas
39 Idem, ibidem.
40 Idem, ibidem.
41
· . · fi mei amentms
Idem' ibidem. A T b Ih' mo e classes trabalhadoras. I n: D1retnzes · do trabalhismo h . .
42 PASQUALINI, . ra a ts 1
ra.werro,
op. cit, p. 98. . . b ·1 · · 134
43 PASQUALINI, A Diretrizesfimdamentais do trabalhismo rasl e~ro. op. ctt., p. .
44 Idem, op. cit, p. 131.
45 Idem, ibidem.
48 A respeito da defesa da aliança das "forças majoritárias" PTB-PSD por parte de Vargas, ver capítulo I, p.
34-5 e 37-8.
47 PASQUALINI, A. Discurso pronunciado em ~xias do Sul em 14/1 2.1946. Ver Trabalhismo e solidarismo In:
Bases e sugestões para uma poütica social, op. CI t., p. 48.
48 Expressão usada por Ruy Ramos na Convenção do PTB em 18/6/1954. Ver ca pítulo I, p. 152
49 Discurso pronunciado por Vargas na ca.~p~nha ele.itoral de I946, em 29 d_e nove ~ br~ d ~qu ele ano. Entrevista
do autor com 0 sindicalista J. Vecc.hio, J3 cttada. Dtscu rso de Va rgas aos h deres stndtcats de Porto Alegre em
29,19/1952, por ocasião do aniversário da Revolução Farroupilha, já citado no capítulo I, p. 138- 9 e 140.
50 Discurso de A. Pasqualini em Caxias do Sul de 14/12/1946, reproduzido em Bases e sugestões... op. cit., p. 48.
51 Sobre a formação do MTR, ver o estudo de Suely Bastos, A cisão d o MTR com o PTB. In: Os partidos políticos
no Brasil, David Fleischer (org.), Brasília, Ed. da Un B, 198 1 -A fo rm ação da Alia nça Democrático-Popular
para a campanha eleitoral de 1962 e seu conteúdo profundarr.ente conservador já se insere no contexto de
confrontação e polarização política que precede o movimento de 1964 c é descrita, em detalhes, pela imprensa
de P. Alegre, principalmente pelos jornais Correio do Povo, Diário de Notícias e pela Última Hora, esta última
simpática a Jango e Brizola.
52
Discurso de Vargas em 29/11/1946, já citado. Ver capítulo I, p. 41-2.
53
PASQUALINI, A Bases e sugestões..., op. cit., p. 95-6.
54
Idem, op. cit., p. 96.
55
Sob ~e are Ia t'tva aus_êneta
. da " qu.estao - nac10nal"
· ·
na retórica do PC no período I945-47, ver parllcularmente as
perttnentes colocaçoes de Franctsco Weffort no estudo " Partid os, Sindica tos e Democracia", op. cit
58
~bre 0 enf~entamento de Vargas e as elites brasileiras ver: SKIDMORE Tho mas Brasil: de Gellílio a Castelo,
~ 10 de Janetro, Ed. Paz e Terra, 1976, principalmente o ca pítulo 3 e SILVA, Hélio Ciclo de Vargas, v. 16, op.
Cll ' '
s1 .
0
n~s~up7t~l~r~nun~;;_;o por Pasqu.alini durante a campanha eleitoral de 1950, no Alegrete, no dia 6f), já citJdo
58 .. ' p. e reproduzido na íntegra, no Diário de Notícias de I 0/9/1 950, p. 1O.
Sobre o Pacto Conservador" b .• .
59 d .. . . .
0 processo e cnsllamzação" esv ·
'ver os Ira alhos de Campello de Souza e Dillon Soares, Ja Citados.
. .
60 v CAMPELLO D aztou a candtdatura oficial de C hristiano Machado, no PSD. .
61 s b
er · E SOUZA, op. ctt., · . DI LLON SOARES op cit e I3ENEVIDE.') Ma n.a Vttona. · · · op. e~t
o re o tmpacto da vitória dos re ubl' , . .. , . o livro de
SKIDMORE, T. citado • P •canos norte-americanos sobre o segundo governo Va rgas. ver
62 . • , capttu 1o 3.
Entrevtstas com Fanton Caruso S d . . , C op. rit
63 PASQUALINI A . ' cu en e Vecch10, já citadas no capítulo 1, ver também CORTES. ' . ·(11·
, . 0 •se urso pronu . d0 i . ,,.,,[,·1!1· '
to econômico, Porto Aleg neta no Senado Federal em 22/10/195 1 In : Trabalhismo t' 1 f·'~''
64 re. 1mprensa or · 1d R .
Discurso pronunciado noS d tcta o S, 1952, p. 38.
65 ena o Feder 1 8
Idem, op. cit., p. 48-9 a em /11 /195 1. In : PASQUALI NI, A., op. cit., p. .tS.
66 . .
Dtscurso pronunciado no S d
67 ena o Feder 1
Este fato é reconhecido por v· . a em 23/11/1 95 1. In: PASQUALIN I. op. ci t., p. 53. ·p l.
68 y . anos autores · 1 . . . ·t·tJCIS art 1
l.
69
er capttulo 1 ,
p. 41-2 o·
tscurso puhr . tnc UStve Cortes e Dillon So~res nos t rah:~ l hos F' Cl .
. .,
70 Ver CAMPELLO DE SOUZA, o _'cado no Correio do P(>l'o de 30/12/1946.
Ver capítulo 1 p 85-8 o· p. Ctt
71 V ' · · tscurso re rod .
er capítulo I, p. 124-5. Entrevista p. , ~Ztdo na íntegra no Correio do Po,•o de I 0/S/1950, P· I2.
5
• )a Ciladas co
,.
··176 · m Fanton, Caruso Scudcri c Ma na· no Bn · k·
-71 P• uallnl rol rdator da CoMI filiAO do S e M do que criou 11 Pctrobr,!l. Entrevistas com Fanton e Caruso Scude-
ri.~ ciudm no capítulo I. , . .
73 Sobre o JlJUt e ot(071ovcrno J 11 h o d e Cn~ lllholl, ver o c~;tudo de LOVE, Joscpb, O rcgiooalismo gaúcho, São Pau-
lo rerRpcctiva, ~ .
7 v:r LO VI~ J., .op. dt Sohro nll rcRtriçõcll do Governo Federal ao esquema de poder do PRR gaúcho s5o signi-
4
ncativo~ o~ JIIIIJ',Oil de Un<lolro Collor como corrcR pondcnte do jornal A Ft:tkração no Rio de Janeiro princi-
palmente em 1921 e 1922 '
70 Sohre o potcncinl conflito entre Horr,cR de McdciroR c Pinheiro Machado, ver estudo de Sonia Brissola
Jord~o. 3 ner defendido ro mo ter~e de mct~trado na Universidade de São Paulo. Entrevista com Caruso da Ro-
cha,~~ citada no capítulo I.
78 Ver c~tudo de LO VI!., J., já citado.
77 Ver o c~tudo de CORTI'.!s, C., citado principalmente no capftulo 3 ("Revolution to revolution"), que trata do
levante de 1932 no Rio Ü rí\ndc do Sul.
78 Sobre o enfrcntnmcnto Vt~rtas- Plores, ver COKIT.:S, op. cit., cap(tulo 5 ("Open struggle").
70 Ver capítulo I, p. 117- 8.
eo Ver CORWZ. C., o p. cit., capítulo 9 ("Triumph of the Vargas heirs").
81 Entrevista com o Governador Leonel Brizola, em outubro de 1983. Entrevistas, já citadas, com Fanton e Caru-
so Scudcri.
82 Entrevistas com Bri?.ob, Fanton, Caruso Scudcri, Mariano Bcck. Vecchio e Caruso da Rocha, entre outros,
confirm:Jm ct~la tcnd~ncia.
83 Ver, entro outro~. os trabalhos de l l 1omas Skidmorc c Hélio Silva, já citados.
Capítulo 3

TrabalhisnHJ e populismo:
unla interprctaçáo alternativa

O TRAl3ALHlSM0 COMO FORMAÇÃ_O PART1DÁRIA


E CORRENTE DOUTRINARIA

A an:His~ do trabalhismo como fonnação partidária c doutrinária nos


r~mctc, Llirctam~nt~. ao t~rcciro nívd da divisão de tarefas entre as duas lide-
ranças m~himas do PTB gaúcho no pcdodo 1945-54: a divisão de funçõc po\í-
tico-partid:irias entre o ~stratcgista polltico (Vargas) c o doutrinador c teórico
(Pasqualini), conforme referido no início do capítulo 2. Também neste nível, a
divisün de tarefas entre os dirigentes gaúchos engendra relações de comple-
mcntaricdadc conflitiva.
! l Será interessante, nest e contexto, procurar avaliar o papel dos dois diri-
gentes nuhimos do trabalhismo gaúcho, h~m como a formação c evolução des-
ta corrente polltica él luz mais ampla tia conceituação gramsciana de "partido
polftico".
Embora sem querer esgotar aqui toda a riqueza da contribuição de
l' Gramsci <1 teoria tio partido poHtico, será interessante tentar resumir alguns
tios traços essenciais que caracteriza m, em Gramsci, o processo de construção
tle um "partitlo poHtico", no scntitlo mais 3mplo que o teórico de Turim dá a
I I

' este conceito.


Em Gramsci, o momen to superestrutura! tia sociedade tem sua expressão
através de uma "tlupla perspectiva" sint etizada na dicotomia sociedade ci-
vil/sociedade política. Na sua visão há:
~?i~ grandes planos supcrcstruturais: aquele que se pode chamar de socie-
. . é • do COnJ.UOtO d c orgc~msmos
dade CIVIl IStO · .· vulgarmente d1los
· privados e aquela
da soc1cdadc . . ou~ Estado c que corrcspondcm à fu nç:ío de hegemonia
. .polftica ' que o
''
grupo dmm?dntc cxcm.: em toda a sociedade c à de domínio direto ou de comand
''
qu~ 5~. ~xdpr~mc no Est_ado c no governo jurfd ico. Estas funr6cs s~o precisamente
orgctmza or.1s c conccllvas., os

.: . O partido político, em Gramsci situ· . . . .


I'
I entre ambas as esfera· s .. _ '. a-se como um corpo mtcrrncdt1no
_~ · c IMscc ::to nível d::t socu:dnde (1\l ..
. supcrcstruturms· cl ' r ' • • •• ,
onde prevalece 'lSJJCct d· . .
consenso c pro]~ta-sc para ~.,n·
; I
0 •· o d .trttculaçao do " , " · d·
tro da sociedade jJO/fticn ,
, procurando cnnquist · . d' - c-.·n·
do o <JUC permitirá a cl · Ma trcçao llo al'arcthn de c.:- •
. em ' unçan de ' Cl)Cn;~-ID" na ·on~tnt .tl
' • ecxcrccrtamb " .1 f - , ..- )
de sua heKemonia jJO/ítica S<)h
. . rc O COiljlllltO I· , · ,· .
Um projeto de con .1 . ..- · l ,\ socwdadt: ...
ração de uma nova "vis_,t. <)s ti uç.H) de 1nrt' • Il 0 pollttco ll:trte J)l)rt '\1\10 J~1 d~t 1H)·
1 1 •· t
. ·'" C 111\11\dO" · · · ' . ' · dt:
coletiva, através da organi·r·•tç" ·' p.nttr
.•to t 1n " t:o''fl da <ptal se n 'nstrói uma. ,·unl•
lJ)0 <}UL~ tu m1 artilha dc:aa vts;lO. ..·r•\ ll

178
. ,.

\':

nível
. .da, sociedade civil,
. o partido , realiza um trabalho d e .. conquiSta· de co ns-
C1~nc1 as • nu_m movimento d~ 'reforma moral e intelectual" que permiürá
cnar uma umdadc entre a tcona prática, entre a elaboracão teórica do seus in-
tciectuais e quadros dirigentes e o "senso co mum" da m"~" , ... dos ·•s1m
• . • • _
· p1es"J
."""'-X1

" . _ Só a parti r, da const1tu1çao desta unidade entre teoria e práti~ uma


v1sao..de ~undo s~ tr~ns for.~a em fo rça social e politica efetiva. ;-;este senú-
do o part1do políttco ou moderno príncipe" se constitui no "intelectual
orgânico colc.tivo" de determinada classe ou grupo social e procu ra estabelecer
sua hegemoma sobre o conjun to da sociedade, através de uma combinacão de
(( , ((- , - .. .)

consenso e cocrsao que sao as modalidades es....'Cnciais de exercício do po-


der. Segundo Gramsci:
O critér io metodológico... é este: que a sup:-ema:ia é'.! m grupo so::'3 se
mani festa de dois modos, como " dom 'nio" e co:no " cl!eC:o ~.r:Ee.ea 2.J n::cr<L". rn
grupo social é dominante dos grupos adversários aue re.n::i~ 2 "'[:r~::G;-- O!.! a S'J ....
. '
meter mesmo com a força armada e é dirigen e é o.s gru~ili c:Ew e z !..:zf>' Cm
grupo social pode c até deve ser dirigen e j2 c:r:ces de CO:l~:J~CC: o ç:ccer de ~c-.-e·­
nar (é esta uma das condições principais para 2 co:t~'.!i3~ C:::J p-;:x!e-r); c=.;:d-=. q.:.:~­
do exerce o poder c mesmo quando o rem firmen:~n:e e.:TI rr-~c::., :-:-.2-se GT.I '-
nantc, mas deve continuar a ser "diri6 ente".-· (á (rc.-;és de .:-::z) c;2'J :e~c=::::::a e
intelectual, moral c polítiCá. 4

Gramsci identi fica pois "dire:Ç<lo" e "domina~o·· como 35 dll.2.5 fomi2.S


que definem a relação do partido com o conjunto a so :e>1 2de, .sej2 com os
membros que aglutina c seus grupos âlíado·, s~ja com os grup-os sod.âls que a
ele se opõem.
O partido político, na definição gramsd<:.n2, trc..d 1Z, , rté 1W m2 r:o·.-a
"visão de mundo" a partir da czpcri{;nciá. hi.sróric::. de d::: erwim::._-:J g.rupv :o-
cial; organiza uma est rutura dos que compá il c..o desta ·.is.2.o, .:::!.ar:-:o - 2.
unidade entre teoria c prática, que o transforma em pc . . . ::TfiS~ fo ·ça so2zl e
política, procura co nstru ir um "con_~emo" no ~m · ·w d2. s :ie_c..: e ci·.i e, fi -
nalmente, projeta-se para dentro da sociedade po , ir:;.;::., <:.nicu 2-:~o esl2. :o ~ça
no sentido da conquista da direção do aparelho dt .Est:E.-:1 9, c..o n;·;d C::> · ~~ o
"consenso" poderá encouraçar-sc tarnbtm da " cc erção'~.
Na minha opinião, é possível argumentar que a ...GITi~~-H e e-.-o! ~~~ co
"trabalhismo" no Rio Grande do Sul, a partir de urr~..G. e i e í:i_ge:~.e c ::~r:~a
do repuhlicani!,mo pmítívista e qut se proje~ <:.tJ f•/{;) r:.2.~0;:;;: • :::.;:;~- · r ·::.- Re-
vo l ução de 1930, tende a aprozímá-lo daqui o q re Gr<::n~d ,:::.ei ~ C.'J ~ n
par/ido polüíco, em hora de forma peculiar , decrJrrcn ~dó G.=: .~ i;s •:rt:...:e ~ ..-is.fo
de mundo 4ue o orkntou, dr;terminé1ndo ns limí C"'S é < ~L. c::;:;;:.:.:~:.::: d:: c r.;e::-
nízaç;'ío e de expres..;,<io de interc<;sc;s d~c; c!G..:.s(.-5 ~ '>;;.:I E; ,..,_~~- ~...-J ::-JJ _;;rc. :·!.! eí
tlcmon~ trã r a ~egui r. .
Ü "trt:sha Jhismo" em ~entídn amplo, L)lO é , (.t ;::rJ CIJ rrt::te r ·.:t:i:-" :z '
movimento ~ocía l , tãnto no ní·;tl dt1 vL:~o dr,.. _er•-; h ·é:::: t'"> qc.ãr~r ::a. , -~ G. -
Iíz<sção de um "~ en~o comum " no :;mbiw de rr~ ::.- ., P(Y.'"· er c- :-...:f:erado ftL-

,J
119
ando definido de forma abrangente, transcende ·.· . '.~ ·- ·
tido poUtico justam_ente qu d S 1 como secção partidária e també l\da~ .
(: 10 PTB do Rto Grande o u . mo \lett .. ,-
pr >pr . d ( 45-54) uma vez que delta raizes na fase ante'"' ().. ·:.
do espcdfico ana 1tsa o 19 ' í · o llor a · ·
1930 Pr o}· etando-se, como força pol uca, pelo mt=nos até la.c.
1945 c mesmo a , b b· ""~,
em termos temporaLs, . ao mesmo tempo em que usca a nr espaço po\'t' l \CO

além das frontetras · do Rt'o Grande do Sul, em termos . geográficos. .


Para fundamentar esta argument~ção, se~á t~teressante partir justamente
~ d d. ·s:-o de funço-es polfttco-parttdánas entre Vargas e Pasqu-
<la 4ucstao a tvt a
• •
·,111n1
acima referidas. . . .
N· verdade aplicando-se a visão gramsc1ana de dtcotomta sociedade ci-
vi1/soci:dade polltica como dois momentos distintos da esfera superestrutur.l\
pode-se interpretar 0 papel de P~~qualini como vinc~lado ~~ncialmente à
busca da construção do "consenso no patamar da soczedade c1vil, enquanto a
trajetória de Vargas vincula-o mais direta_me~te ~ articula~o do poder no n[-
I
vcl da sóciedade poUtica - isto é, a busca da dtreçao da socte-dade como um to-
I I

do, quando a hegemonia construída ao nível da sociedade civil alia-se à força


,da "coerção" que só o controle do aparelho de Estado permite ter.
É deste modo que ambos expressam duas faces distintas, porém necessa-
riamente complementares, no processo de construção do trabalhismo enquan-
to partido polltico.
' eo'm efeito, o papel de Pasqualini como teórico e doutrinador nos anos
formativos do PTB, concentra-se na tarefa pedagógica da elaboração de uma
"visão de mundo" e da organização do "grupo que compartilha desta visão", ou
seja, aquelas etapas da formação de um partido politico essencialmente vincu-
ladas, na visão gramsciana, à construção de um "consenso" ao nivel da sock-
dade civil.
O próprio embrião desta articulação, a União Social Brasileira (USB) é
vist~ po~ Pasqualini como "um movimento de opinião tendo como finalidade a
reahzaçao de um determinado programa social. É esse o único objetivo dos
que se acham espiritualmente integrados neste movimento".s A formação dl!
um "~udal ~rabalhista" que deslocasse as "águas do passado, ... , que já não lo-
gram •m.p~l~tonar os moinhos da opinião pública"s expressa a idéia central que
~~~quahm t•,?ha do partido como produtor de uma visão alternativa de mundo
c. educador das massas, assumindo a sua "direção moral e intelectual": "Nos-
so problema ~ão é apenas vencer uma eleição e controlar o Governo; nosso
problema é cnar uma menta l'd t ade soctal
· que facilite o uso dos me10s . que 0 po·
~ der oferece para reat1· . l'ni
. zar 0 programa que defendemos "exclamaria Pasqu.ll
no comicio de eax· ... ·. ·1r
. . . las, no final de 1946.7 Para ele "a melhor forma de reall7"
a jusuça soctal se á · d ' o·
cessas da vt'olênc· r adm a empregando os métodos da liberdade e não os pr
· ta e a coação" .a
A preocupação central de p . . . de even·
tuai:; vitórias, era "difundi . as~uahm antes e até actma da busca e doS
seus princípios e a excelê r. os tdeats do trabalhismo, mostrar a verdad ..,.os
neta de s d' · · "lUUha•
por uma causa e a cam a . uas uetnzes programáticas" p01s, . ptc.
· P nha elettoral somente terá sentido se tivermos s~~ - .·
• 180 -
presentes .os ~.bjet~vos dessa causa". Para Pas<JUalini, "a conquista de votos de-
ve ser consequêncta da conquista de consciência c só teremos êxito se as urnas
forem a consagra~o de nossos ideais". Neste sentido, para ele a qucstüo cen -
tral era dar à poHtH:a um "sentido elevado c educativo", criando-se, no seio das
massas ~ ~~erdadeira mentalidade trabalhista". 9 Esta tarefa é priorizada em
Pasquahm, de uma tal forma que ele se transformaria, na história do traha-
l~ismo, ~m um candidato "bom para ganhar e até ótimo para perdcr." 10 Ava-
ha~~o nao . apenas seus discursos e escritos, mas tamhém a trajetôria da sua
prans polftica no período 1945-54, é possível concluir que Pasqualini privilegia
o "consenso" apenas no seu momento ao nível da sociedade civil. ·
Na verdade, o seu papel histórico concreto não o projetaria, por uma sé-
rie de circunstâncias, além desta etapa específica da vida partidária.
'
E é justamente nesta questão que se situa uma área importante de dife-
renciação entre Vargas e Pasqualini. Ao contn1rio de Vargas, Pasqtialini não
chegará a viver- nem a: teorizar- o momento da projeção do partido ao nível
da sociedade polftica, isto é, a sua inserção no processo da luta pela conquista c
direção do-Estado, quando também o aspecto da "coerç<ío" (no amplo sentido
dado a este termo na conceituaç3o gramsciana) se alia ao aspecto do "consen-
so" na busca da hegemonia. -
Na estratégia política de Vargas a questão central que se coloca, a partir /
de 1945, é justamente a conquista (ou reconquista) da direção do aparelho de
Estado, para garantir a continuidade e ampliação de um projeto nacional ini-
ciado a partir da Revolução de 1930, conforme já explicitado no Capítulo 2. A
construção do Partido Trabalhista exige, portanto, que se leve em consideração
uma estratégia mais global de alianças, necessárias e indispensáveis, em âmbito
nacional, na busca da consolidaçjo da hegemonia do projeto trabalhista ao ní-
vel da sociedade política, em especial do aparelho de Estado, num perfodo
histórico, relativamente curto ( 1945-5-l). Aqui situé\-se, a meu ver, um descom-
passo temporal- e mesmo geográfico, se pensarmos na assincronia entre polí-
tica regional e nacional -de profundas conseqüências sobre o relacionamento
Vargas-Pasq ualini.
As tarefas, que de-..eriam ser complementares, do teórico e doutrinador,
que procura construir o parti~o a pa~t~r do momento d~ "consens~" ao nível
de sociedade civil e do estrategista pohuco, que procura Situar o partidO em um
esquema de alianças que o protegerá p.ara dentro da sociedade política até o ní-
vel do aparelho de Estado, ent ram ass1m em descompasso- marcado por fases
de conflito aberto.
Pasqualini privilegia, de cert~ form~, a formaç~o d? partido a partir da
sua "cisão" e oposição, no plano IdeológiCO e doutnnáno, em relação às de-
mais forças políticas, principalmente o PSD. Vargas, ao cnntr~hio, busca privi-
legiar a etapa das alianças e de uma política concretJ de poder, que exnapola o
campo puramente doutrinário, de tai modo quê, dentro da correlaç~ío das for-
ças em presença, aquele '·consenso" articulado pelo partido como força políti-
' '·

131

..
. m espaço que o projetasse como força hegernõ .
ca, procurasse conqutstar u n1ca
no nível naciona_I. lideranças de Vargas e Pasqualini, embora expressem .. /~
Neste se~udo, _as í oca os dois momentos fundamentais de uma ú .de
uma forma nít~da e m:d~ ~a ad nível da sociedade civil e da sociedade pou~ ca
1 c
estrutura políttco-paru arplenitude, 0 aspecto conflitivo engendrado pelo ~ca, brasilei
.f
traduzem também, na su
.
· - h' . es.
t ntre estes dois momentos na Sltl1açao lStónca e region 1
compasso :~dtenpeeloetrabalhismo no Rio Grande do Sul.
n1
a te
concreta'çVlVl a construça- do trabalhismo · d d ·
po e ser enten Ida como a cons.
De 1ato, se a 0
. · é (c
.t . - de um "partido político" no sentido gramsctano, porque através dele fc
tl UIÇ30 - d d " é . qt
se expressa uma determinada "concepça? ~ mun o. que Inseparável dos
lu
,elementos constitutivos da corrente doutnnána que ~nenta a sua organização.
,. Analisando-se 0 trabalhismo gaúcho .e o própno. pe~samento de Pasqua. A
., tini e Vargas do ponto de vista das suas ongens doutnnán.~, é possível discer. castilhi:
· nir um fator adicional, tendente a agravar o aspecto confhllvo provocado pela dament
defasagem elttre os dois momentos superestruturais (sociedade civil e poHtica) teriam.
no processo histórico aqui analisado. primeir
Efetivamente, do ponto de vista doutrinário, tanto Vargas quanto Pas. Collor,
qualini são herdeiros de uma peculiar adaptação do positivismo comtiano à T<
realidade político-social brasileira. 11 Embora escape ao âmbito deste estudo ta, emb
aprofundar os aspectos filosóficos da doutrina positivista. será interessante oriundo
apresentar o ponto de vista de três autores de escolas e formações díspares, de form
sobre os efeitos da penetração positivista solo latino-americano. O primeiro D<
mento I
destes autores é Kedrov da Academia de Ciências da URSS, que constata:
ra n ças~

Para los países de America Latina de Ia segunda mitad dei sigla XIX fue ca· socicdac
racterístico un poderoso movimiento de liberación nacional que encontró su arma tir da cc
~loso_fica e ideologica en e! positivismo de Augusto Comte, em su doctrina sobre la direitos'
CI~nCia, sobre la supremacia de Ia fase superior·(positiva) del desarollo del conoci· As
~ent? humano con respecto a sus fases inferiores (teologia y metafísica). La do· blicano'
mmaCión ~e la concepción de! mundo religiosa-clerical, compartida con la escolasti· vimcnto
~· no pod1a ser destronada alli sin poseer un arma filosofico-ideologica correspon· publican
. I diente. Las fuerzas progresistas criollas vieram tal arma en el positivismo de Com· ra estas (
te, po~ cuanto éste oponia la ciencia (el conocimiento positivo) a la teologia Yla es·
colastJca (a la metafísica) (...).12 ·
por
0 segundo é de Leopoldo Zea, referindo--se ao caso argentino, princl· sob
lm à chamada &col d0 p in·
tipa ê ente
· a araná, de Ingenieros e Justo que tan1a pub
u nCia teve sobre o republicanismo gaúcho: '
blic<
espt>..ci!i~e~e~:ressan~e ~atar co~o un buen grupo de tos positivistas argent.in~ um
hasta el SOCialis que Sig~Ieron la Influencia de ta Escuela de Paraná, se onen . códi.
mo. Del mJSmo .. . d ara esta do,q
blecer la J·ustic1·a soe· posttMsmo van a deducir tos postula os P f1<te
1
rn~~k . -~~
les parece una sotución ext gentma. Desde luego no siguen ai comunts ~rio.
Algun<)S, como JOSé .remada que puede ser evitada. Un mal no nec rxiSíllo
1
combinando!o con et ;!~~~~ros YJuan B. Justo, hacen ta revisión del rna preSII· .
·~ ~""-\ ltiVISmo de Spencer. Ottos encuentram en cornte . •...
'
' ,',\<~J
l .' ·
.'.

_ ... ~-""""'.:
r - '""""" -- .,·.; .
1:.$:2. - . . .

'"·

.-
:c .... . .... ...-..__
.. -... ....._ ........
__
~· ... ........,_. ~
~ ..,

:_~.;- -.:: ::-_z:- =?-=-.._~ : ~~ ~ . ;:-.. . . . ,:_:... \:.., ~


:~-c._:; e ! :::-~ ,.. __::-;::-.- .:.:...: ~~ . -....
. .j__'- -~ _ ... .. __ _

,,l '
-.-. ---., ___.,.__. -----.---#-..-:. .
-- -:, _, -~- · . __,_
_. . _.. . __ ~-,, ,\ . . t .. , .,

..
-.'; - ;..-.. ~ -.._•• -.)'r-:. 1"'' ') ]. .. - ' .. -~ - .- - • .
"
,.
, ... ' -~~n-

- -__..... - ,.,j.o. - ..:....J~ -- - - ......... .._ __ ... .. , ..........


a
1)

,_ \\ t:\-
à
~o
Le

~o


.__ .
na
:la
-.. --- - __... '"""~ .. "
o~ .. .... ~ ........ ...... <l '- ..._ - -

- ....... 1-~ " .. .......


!o- ..: ... ...... "
~
'"-'- . . '4.
....
~ .... ,

~
.-

:;t.i· ~..:.r:..: ...: . . . ~ ""-


:m·
,rn-
es--

::-...._.' -
.... ._. ... ......-
~

f'-J: '~J.F.Jl f _ .. r
f:ii1- '~~ p:o=..;r~~ : _~ ..~ :;.:_::;~:..:::.J 0 ~c:--:.~ :c_:..:..:- ~ ~
t~!/-!'...~~ ~~~G.:::::.c-:1_ c~ 2..:-..::~ ~=:c:::: · -'"'\ ~.~~:: ;~~.-::. :.! ~-=!: :- : ~
nos, U7; \~·-~::L :::~:S. ;;; c;':.: ~~::-..-~:::~ :-.:.::7~.. 1"\... ~.:c;.::.~~::__::-.:..:._:._--..::.::.! :.~.:-_:. ~:::. :-_:::-".., :;,___:
~ta ~~> " • ..i. '"·- -:--.a - .:~~o.'"' • - - ------.,....:...-~ ..;
OJ _;t,. ~JI pJ . .-L':.':J.::. ·,.-:t_ ~:-~___::s.. t "":-- ~
,., / ,... : _ '" •
.. - - -·- --..:.- .___.. ____ . .. . ._ __ : . . __ .. --- - -" ~~· .,. ....... .---
• • • - ·;>.
:.. ·- ~.....
~,
:::.~J r_1..!e tY.- ..;j --r:-(· ·· ~-:... .. _,_,!-j E t. n: r ~. t.._. . ::~...:.. !~· --~. ._..]:~..:.·~-:c- .....· -
~
~ :· - .-~>- -'""!:::.-- ..- - --
-
:r
-- - -- ~:a- ~ - -. - ~
..
. ,_
.-
.-J"' . . - --·
.!lo..~ -·~ :r..., ...... ~ ...
( .. -) ~~ O p; :-,.,._t--~....2.!-t. .,., .,_.;_Ll_.. _ ... ____ _ .;_,. ~ ----- -· .... ...- ~ · ~-·- .. ... ~--" x- - ..~ \ -~-
..

áriô· ;'::1 c:~~;:.f'~ m:..!. L-:..::.S. r;~~-:~~, ~:c.:.:__..:.._:::::::.:_ :-...-;:z ~ - ~-..=:. .-:2.... ::::_. ..
~
~~

.... . .
~
.. :·
- ":. .. ·'
~: ·· ,, ...
à manifcstaç:Io desse formidável labor construtivo que está reservado ao prolet·
riado c à mulher na obra futura de regeneração humana, por mais fecunda sociab~~
!idade entre os homens e os povos.
É por este caminho que, amanhã depois da grande crise social que talv
...: (' é' . ez re.
P rescntcm os sacriffcios da atual catastrotc europ Ia, o proletanado dever...:
.. . . d d 17 ét ser
chamado à incorporação defimtJva na soc1c a c.
Alguns dias mais tarde, A Federaçâo voltaria à carga, constatando que:
próprio pacto constitucional do Rio Grande do Sul republicano afere.
( ... ) 0
ce (... ) uma aliança necessária, feliz e íntima, como nenhum código político em vi-
gor, entre 0 espírito doutrinário da obra de Júlio de Castilhos e as aspirações do
proletariado moderno.
Esta aliança entre "o espírito dos filósofos e dos proletários" representa-
ria "a união de um grande pensamento e de uma grande força."
Isto permite aos ideólogos de A Federação:
( ... )profetizar que, para o porvir, a grande escola doutrinária, que é a política
republicana dominante no RS, virá associar cada vez mais seus esforços aos movi-
mentos e aos esforços enormes do proletariado universal, preparar energicamente
quando as nossas idéias forem bem compreendidas e comuns a todo o mundo, se-
gundo os métodos aqui adotados, a união dos trabalhadores que valerá, pela gran-
de paz social ( ... ). 18
Nesta mesma edição de A Federação, Lindolfo Collor, um dos principais
' ' ideólogos positivistas do PRR e correspondente do órgão republicano no Rio
de Janeiro, constata a existência, no centro do país, de:
Uma grande prevenção de ânimo contra a política do Rio Grande. Ele ar-
gumenta que "pode-se discordar do sistema político em que se inscrevem (...) os
destinos do Rio Grande do Sul", jamais, porém, confundir aquele Estado com "um
acampamento apressado, sem rumo e sem ideal, de oligarquias vulgares dinamiza·
das pela mania do mando", pois o sistema gaúcho, segundo Collor, "haure a sua
força na fonte de uma doutrina filosófica .
( ...)num regime como o do Rio Grande o que conta como valor fundame~­
tal são as idéias e não os homens. Os homens do governo no Rio Grande nada maiS
são do que os realizadores de um programa.
No cerne do aspecto político estaria o fato de que ('o RGS já é, tant?
quanto possível, uma exceção dentro desta síndrome de males "(isto é, as admi·
nistrações federais). A posição excepcional do Estado teria como causa direta 3
sua organização política, baseada nas "diretrizes de Júlio de Castilhos". Isto te·
ria dado ao Rio Grande ((uma personalidade política absolutamente incon·
f un d'Ive1" - d. ai' o seu Isolamento
· ao nível federal e a explicação do sucesso pelo
menos relativo da propaganda antiborgista.1s .
A presença desta concepção- na qual se privilegia a participação do P~~
I etana. d . pollti·
o como ator político é algo absolutamente inédito no panorama
co nactona · 1 d e um penodo ' no qual a ((questão social" era tratada coll1°c
((questao - de P0 I'ICia· " · E' Importante
· · tarnent
ressaltar que esta concepção é JUS ·do
d I·run d I"d a por uma e 1·tte Intelectual
· de dirigentes políticos da cúpula do partt

184
Republicano Rio-Grandense na qual se gestariam as futuras lideranças do tra-
balhismo.
Não é pois por acaso que o discurso trabalhista, posteriormente, dará
provas de extra~rdinária flexibilidade, que lhe permitirá não romper uma uni-
dade entre o dtscurso propriamente político das elites e a "consciência dos
simples" à qual se refere Gramsci.2o
É evidente que este discurso não pode ser definido desde o seu início co-
mo uma concepção específica apenas às classes subalternas, dado que faz parte
desta vertente doutrinária a idéia da conciliação de interesses divergentes den-
tro da sociedade e um papel especifico atribuído ao Estado na mediação destes
conflitos. É justamente ao Estado que caberá implementar esta "incorporação
do proletariado" à sociedade nacional.
O próprio Collor, no seu já citado artigo emA Federação, referindo-se ao
papel do Estado na chamada "questão sodar, argumenta que"... já se formou
ali [isto é, no RGS], no espírito público, uma concepção superior das atri-
buições e funções do Estado".2 1
Neste sentido, é preciso instaurar nos poderes públicos uma nova menta-
lidade, a de que o Estado tem o "dever", fundado sobre a natureza mesmo da
sociedade" de instaurar a "justiça social", atendendo às justas reivindicações
do proletariado".22 Mas ao Estado caberá também o papel de árbitro, no senti-
do de estabelecer o "equilíbrio social", pondo fim às causas de discórdia e ga-
rantindo os direitos de ambas as partes- patrões e empregados. Já na fase an-
terior a 1930, os republicanos castilhistas defendiam a idéia de que:
O Estado tem que proteger não só os direitos do operariado e dos patrões ,
do trabalho e do capital, mas também o bem comum da sociedade.23

A influência do positivismo sobre as lideranças trabalhistas gaúchas teria,


portanto, um efeito de certa forma ambivalente sobre o projeto político im-
plementado a partir de 1930 e, sobretudo, de 1945: por um lado, se busca orga-
nizar e mobilizar o proletariado- e o conjunto das classes subalternas- na de-
fesa de seus "legítimos direitos" e na sua incorporação organizada na estrutura
social, superando o enfoque reacionário dado à "questão social" durante a
República oligárquica. Por outro, a busca da "justiça social" vincula-se à idéia
da atuação do Estado romo árbitro, articulador de um compromisso social que
levaria a uma integração harmônica das "classes produtoras" em cima de um
projeto de progresso econômico e social.
Estas duas exigências conflitivas são ambas parte integrante do conjunto
doutrinário que sustenta ó projeto trabalhista. No entanto, na medida em que
estes elementos doutrinários vão progressivamente deixando de ser apenas
uma "teoria" mas transformam-se efetivamente em "concepção de mundo"
partilhada pelos novos atores sociais que deste modo passam a ser, de fato, in-
corporados ao processo polftico, as lideranças trabalhistas, em especial Vargas,
se verão forçadas a buscar, no plano instituGional, uma forma de conciliar estas
exigências conflitantes do seu próprio projeto político.

185
. . 1 P'fl~ r 11110 lliHI hIn 1k nw~sn~ haseado nos assalariados
A arttcutaçrio to . . 1· . . • · • ·
. rcspnn<1er a, Jlfimclra t tt'dll, 1 tl u .OIJ'.·"' '··'~·o c mohilrt.açao dos
urbanos \'tsa . j . . . . . . ·
' l•ttln ,ol(tk:1 de tllan~ as 11(l pro eto v. trgu tst.t, pnncj.
subaIternos. r or nu tr( ' • 1 11
·I . . .
palmente o acnn o I rTn PSD lle ll\ 'O IIlll ll l' X{'J dt o do poLI r .ao n{vcl de di.
- • • · · f .
lle Estado, visa ntt•mkr 1\ Sl')',tlltlla lar· a, ou scp, a articu.
reçã o do ,aparelho
, (. . , .. . , f'. • • •

laçAo do compromisso sodal ctttrl'. as dass~~ · . (,li~Hl "·'. ~>~o!ll 1·'..v·' ~·~~l pos~Itvts-
ta, o Estado é o espaço prlvilc~1.hHIO pam :1 c~ :tlil. l\; <\~~t.'i·'·'. tn.nc~h.t\·.H~.·.~~~rgas,
no governo, tende a poten ·lallzar ao nutx uno n adct.t -<.: h,tvc <~·' utth'"'~HJ do
aparelho de Estado como lnstrunlt~ nto tlu polftic:l llc co mpromtsso c cq utlfhrio
social.
A ambivaWncia hásic:l do projeto trahalhista ao nível doutrinário, se tra.
duziria, igualmente, em uma amhivaten ·ia no nível da sua atua~ão polít~~: en-
quanto ele tende a ser mnhili'l.ador das massas ao nfv~ l da soctedade ctvt~, ele
procura ser o articulador de mn:t polltira de rompronusso no nfvcllle socteda-
de polftica e do Estado.
É justamente nesta amhivaWncia que se situa um importante aspecto
conflitivo do relacionamento entre Pasqualini c a base trabalhista gaúcha de
um lado, c Vargas, de outro. Enquanto Pasqualini c o t raha lhisrno gaúcho ten-
diam a atuar principalmente na esfera da sm:inladt civi l, privilegiando, portan-
to, o aspecto da mohilizaç:io de massas, Vargas tra fon;ado a atuar sobretudo
no nfvel do aparelho de Estado c <la soricdalle pollt ict, salien tando o aspecto
da polftica de alianças c do compromisso ·nHe as classes subalternas c um se-
tor modcrnizantc das elites.
Assim, embora lloutrinariamentc houvcssc uma rclativa homogeneidade
entre ambas as lideranças, o descompasso entre as suas esferas de atuação en-
gendrava um conflito que a amhivaWncia b:ísica do seu projeto poHtko apenas
tenderia a agravar.
Na realidade, a amhivaWncia doutrin:íria teria a sua correspondência
numa ~mbi~ate~cia da base de apoio social do projeto varguista global. Na sua
evoluçao htst.órtc.:'\ concreta através do longo ciclo 1930- 54, 0 projeto passaria
a ter um ap~to crescente c cada vez mais autOnomo das classes populares, fren·
te a um apmo decrescente menos seguro uc um setor da classe dominante.
. Se ist~ ocorre, é porque ao n{vcl da poHtica de massas, o discurso traba·
lh1sta '. a .arttcutac~o
. . r
do PTB "' C>nl<> p.trttuo · · ~ poHttco-elcttora
· . ·.• l1c mohthzaçao · · 1eu"
pró.~_na ~déta d~ •.~ansformaçno do Estado em instrumen to de implementaçjO
da jUStlça SOCtal d'ld'l 'I SU"' ,... 11. • • ••
• t: • • ' • • ' ( • u rcsson.mcta popular, adquirem cada vez nhW>
uma dmamtca •
própna· '~'lncond· n' . · · · · 1 n
' •1 •1 soctcl1al1c CtVll c no limite potcncw mr ·
te explostva. 24 • •

Em outras palavras 0 'lp< · , . r· 1 , :t


. · ' ' >lO c '' ll clillatlc de 'lffi}>l{>S setores das nhtss. ·
populares ao projeto 1· ' ' • ·
. gctn tsta c trabalhista, passa a independer de forma crt'S·
cente, do apoiO, ou nüo, de algum· r., 1 .r10 • . . ' .• tll>
projeto. ·' '· <i• <l.ls classes dom ma ntcs a este Jl\L.. 1
Surge, portanto um ucseo . . . J·lt
em d ~ d .· . ' .. · lllJMsso crescente entre a mohilizaçf\n por~'
e esa o projeto explicitado no discurso trahalhista c a viabi lidade da un·
186
'
.'
I

plementação do_ compromisso social visado pelos lfderes trabalhistas ao nível


das classes dommantes e do aparelho de Estado. A profunda crise em que se
debate o governo Vargas na sua segunda fase, nos anos de 1953 e 1954, é a ex-
pressão máxima deste descompasso no período ora analisado .
. ~este processo, justamente, que levaria Vargas a se reaproximar de Pas-
qu~h~t e da sua base de sustentação gaúcha, quando sente seu projeto cada vez
ma1s ISolado ao nível das elites dominantes. Quanto menos viável se tornava a
polftica de alianças e compromissos, ao nível da sociedade polftica, mais Var-
gas tenta fazer apelo à política de mobilização das classes subalternas no nível
da sociedade civil.
O desenlace de 1954 comprova, portanto, a fidelidade profunda de Var-
gas ao projeto político trabalhista, ao contrário da tese de um "oportunismo
básico de Hder populista" que alguns gostariam de lhe atribuir.
O confronto final que se daria na fase 1961-64, já após o eclipse de Var-
gas e Pasqualini, é fruto desta mesma problemática. Assim, à luz desta evo-
lução histórica, pode-se dizer que, enquanto corrente doutrinária, ocorreu com
o trabalhismo aquele processo analisado por Gramsci como o da transfor-
mação de uma "filosofia" em "senso comum". O problema fundamental de
um partido político consiste justamente em "elaborar uma filosofia que tendo
já uma difusão, ou difusibilidade, porque ligada à vida prática (das massas
populares] e nela implícita, se transforma em um renovado senso comum
com a coerência e a força das filosofias individuais: isto não pode acontecer se
não se sente sempre a exigência do contato cultural com os 'simples' ". 25 Uma
vez que o discurso trabalhista conseguiu manter uma unidade com este univer-
so cultural dos "simples", ele foi capaz de fornecer-lhes um conjunto de idéias,
valores e representações (aquilo que Laclau denomina " interpelações") 26 de
natureza democrática e popular, graças às quais, através da sua própria prática,
as classes subalternas puderam progressivamente explicitar, de acordo com
seus interesses, aqueles elementos que originariamente se apresentavam de
forma contraditória na teoria que sustentava o projeto trabalhista.
Não é pois fortuito que, ao nível de massas, o trabalhismo com toda sua
herança positivista, passasse a ser expressão de um amplo movimento social,
articulando, a partir do "senso comum" das classes subalternas, uma série de
"interpelações nacional-populares" que lhes permite ampliar de forma cres-
cente o espaço da sua participação na vida política do país até 1964.
o próprio Pasqualini expressaria bem como esta identificação da massa
com o "trabalhismo, se traduziria na personificação de um ideário em torno a
uma pessoa-símbolo, no caso, Getúlio Vargas. É neste sentido que "o quere-
mismo é o trabalhismo representado c explicado através de uma figura huma-
na; o trabalhismo é o quercmismo na sua expressão racional. O qucremismo é
sentimento e intuição. O trabalhismo é idéia e concepção. O queremismo é
a fé. O trabalhismo é a razão. Mas a razão c a fé não se excluem, antes se com-
plementam,_27
Compare-se esta colocação com a do próprio Gramsci, quando ele Cüloca
que:
Nas massas enquanto tais, a filosofia [ou, o que é o mesmo, uma con-
cepção de mundo] não pode ser vivida senao como uma fé.
( ... )Imagine-se aliás a posição intelectual de um homem do povo; ele formou
opiniões, convicções, critérios de discriminação e normas de conduta. Todo aquele
que sustenta um ponto de vista diferente do seu, na medida em que é intelectual-
mente superior sabe argumentar as suas razões melhor do que ele, pode encur-
ralá-lo logicamente, etc. Deveria por isto o homem do povo mudar as suas con-
vicções? Por que na discussão imediata não sabe fazer-se valer? Mas cotao poderia
ocorrer-lhe ter que mudar uma vez por dia, isto é, toda vez que encontrar um ad-
versário ideológico intelectualmente superior(... ).
Sobre quais elementos se funda, pois, sua filosofia? E, especialmente, na
forma que para ele tem maior importância, de norma de conduta? O elemento
mais importante é indubitavelmente de caráter não-racional, de fé. Mas fé em que
e em que coisa? Especialmente no grupo social ao qual pertence na medida em que
pensa esta filosofia difusamente como ele próprio: o homem do povo pensa que,
sendo-se tantos, não se pode errar assim globalmente como quereria fazer crer o
adversário argumentador.28
Se isto ocorre é porque:
O homem ativo de massa age praticamente, mas nao tem clara consciência (
teórica deste seu agir q.ue, no entanto é um conhecer o mundo à medida que o c
transforma. ~sua consc1êncm teórica pode assim estar historicamente em contraste
com 0 seu agir (...).A compreensão crítica de si mesmo ocorre portanto através de
uma .luta de "hegemonias"
. pol't'
11cas de 01reções
·· constrastantes primeiro no campo
da ét1ca ' depo1s da política , pa ra chegar a uma elaboração superior ' da própria con-
c(~pção do real: A ~onsciência de ser parte de uma determinada força hegemOnica
t1sto é, a·econsc1êncm
. política) é a pnme1ra
· · 1çase para uma posterior e progressiva au-
1
t~co.nscl nác ~ na qual teoria e prática finalmente se unificam. Mesmo a unidade de m
ona e pr t1ca nao é portanto um d d0 d f g
histórico que tem a' f ' a e ato mecânico, mas um transformar-se te
'
"desligamento" d• · sua
d ase elementar. e pnm1t1va
· · · no senso de "distinção", de
' e m ependêncm apena · · · tu
completa de uma concepça d s mstmttvo, e progride até a posse real e
o o mundo coerente e unitária.29
Daí, poder-se concluir em reta - . - ev,
partidária que, no seu processo de ev çao _ao trabalhismo enquanto formaçao mi
pri~mente em um "partido olítico'?luçao, ele acaba por se transformar pro· an;
aplica a colocação de Grams ~ das classes subalternas, já que a ele se do
CI no Moderno Príncipe:

. Estes dois pontos fundamentais· '.'


Clonal-popular da qual 0 M d · formação de uma nova vontade coletiva na·
. e' atuante- o f erno Prí ·
pressão ativa . nclpe é ao mesmo tempo organizador e a ex·
tura do trabalho. Os po ~ re arma mtelectual e moral deveriam constituir a estru·
primeira parte isto é dn os _Programáticos concretos' devem ser incorporadOS na
f . , , evenam "d , . . r
uma na e pedante exposiça d ramatlcamente" resultar do discurso, nao se .
o e argumentos.3D •
No que diz respeito à avaliação do trabalh.
. , . Ismo, enquanto corrente dou-
trinána, parece posstvel afumar que veiculada atra é d .
, . , ' v s c um verdadeiro "par-
tido pohttco , ela acaba por transformar-se numa "vi·sa·o de m d . , .
un o que oncn-
ta 0, comportamento
. . dos
. atores políticos que ele orgamza
·, como .orça
r .
soc1al c
pohtlca
. . e que, como
r· tats, através dele se exprimem . Neste se t"d d • •
n 1 o, c 1c se po-
ctcna dizer o que a uma Gramsci quando nota que:

" . É evidente
. , que uma construça·o de massas de tal gênero não pode acontecer
r

arbttraname~te • em torno a uma ideologia qualquer, pela vontade construtiva de


uma ~rsonahdade ou d~ um grupo que se proponha a fazê-lo por fanatismo das
própnas concepções polfttcas ou religiosas. A adesao de massa a uma ideologia c a
sua nao-ade~o é um modo em que se verifica a crítica real da racionalidade e his-
toricidade de um modo de pensar. As construç6es arbitrárias sao eliminadas mais
o~ menos rapidament~ da competiçao histórica ainda que às vezes, por uma com-
bmaçao de ctrcunstânctas favoráveis elas consigam gozar de alguma popularidade,
enquanto as construções que correspondem às exigências de um período histórico
complexo e orgânico acabam sempre por impor-se e prevalecer, embora atraves-
sem muitas fases intermediárias nas quais o seu medo de afirmar-se aparece so-
mente em combinações mais ou menos bizarras ou heteróclitas. 31

Resta, finalmente, a partir desta análise, situar o trabalhismo e suas mais


expressivas lideranças gaúchas diante dos "modelos populistas" propostos por
diversos estudiosos do período histórico a que se refere este estudo. Esta é a
questão que proponho discutir no item seguinte deste capítulo.

TRABALHISMO E POPULISMO

Na medida em que as lideranças de Vargas e Pasqualini representam dois


momentos complementares no contexto do trabalhismo gaúcho do período
1945-54, elas revelam, de fato, a existência de uma estrutura que permite carac-
terizar o PTB do Rio Grande do Sul como partido político, na própria concei-
tuação gramsciana do termo.
O peso e a importância da estrntura partidária no processo de formação e
evolução do trabalhismo gaúcho, comprovados nos capítulos anteriores, per-
mitem uma reinterpretação da natureza do próprio. "trabalhism?" à luz das
análises mais conhecidas sobre o fenômeno do popuhsmo na polfttca do perio-
do 1945-64.
As questões mais pertinentes que ~roponho ana.lisar, neste contexto, di-
zem respeito à problemática da relação hder~n~-part1do-m~ssa, bem c~mo os
aspectos da relação Hder-partido-Estado pass1ve1s de .um~ remterpretaçao à luz
do estudo de caso do PTB gaúcho, cotejando a expenêncta especifica do traba-
lhismo com a tipologia proposta nos "modelos p~pulist~s" de vários autores.
Finalmente, procurarei tecer algumas cons1deraçoes sobre a natureza de

189
No que diz respeito à avaliação do trabalhismo, enquanto corrente dou-
trinária, parece possível afirmar que, veiculada através de um verdadeiro "par-
tido político", ela acaba por transformar-se numa "visão de mundo" que orien-
ta o comportamento dos atores políticos que ele organiza corno força social e
política e que, como tais, através dele se exprimem. Neste sentido, dele se po-
deria dizer o que afirma Gramsci quando nota que:

É evidente que uma construção de massas de tal gênero não pode acontecer
"arbitrariamente", em torno a uma ideologia qualquer, pela \·ontade construtiva de
uma personalidade ou de um grupo que se proponha a fazê-lo por fanatismo das
próprias concepçC>es políticas ou religiosas. A adesâo de massa a uma ideologia e a
sua nao-adesao é um modo em que se \erifica a crítica real da racionalidade e his-
toricidade de um modo de pensar. As construçóes arbitrárias sao eliminadas mais
ou menos rapidamente da competiçao histórica ainda que às vezes, por uma com-
binaçao de circunstâncias favoráveis elas consigam gozar de alguma popularidade,
enquanto as construç6es que correspondem às exigências de um período histórico
complexo e orgânico acabam sempre por impor-se e prevalecer, embora atraves-
sem muitas fases intermediárias nas quais o seu medo de afirmar-se aparece so-
mente em combinaçóes mais ou menos bizarras ou heteróclitas.3 1

Resta, finalmente, a partir desta análise, situar o trabalhismo e suas mais


expressivas lideranças gaúchas diante dos "modelos populistas" propostos por
diversos estudiosos do período histórico a que se refere este estudo. Esta é a
questão que proponho discutir no item seguinte deste capítulo.

TRABALHISMO E POPULISMO

Na medida em que as lideranças de Vargas e Pasqualini representam dois


momentos complementares no contexto do trabalhismo gaúcho do período
1945-54, elas revelam, de fato, a existência de uma estrutura que permite carac-
terizar o PTB do Rio Grande do Sul corno panido político, na própria concei-
tuação gramsciana do termo.
O peso e a importância da estrutura partidária no processo de formação e
evolução do trabalhismo gaúcho, comprovados nos capítulos anteriores, per-
mitem uma reinterpretação da natureza do próprio "trabalhismo" à luz das
análises mais conhecidas sobre o fenômeno do populismo na poHtica do per[o-
do 1945-64.
As questões mais pertinentes que proponho analisar, neste conte>..1o, di-
zem respeito à problemática da relação liderança-partido-massa, bem como os
aspectos da relação líder-partido-Estado passíveis de uma reinterpretação à luz
do estudo de caso do PTB gaúcho, cotejando a experiência especifica do traba-
, lhismo com a tipologia proposta nos "modelos populistas" de vários autores.
Finalmente, procurarei tecer algumas considerações sobre a natureza de
classe d.o trabalhismo. em f3 - · d~ rec-entt'S P\ 1-:mi • :' sus it ~hhs p r uive~
análises do fenóm~n o p f ulista na ..-\nH::riC3 LHina.
a) A relaçiio /{da. p .rri : t- : <.s s'
Q uase t do os estudi s .s d p pulism. latin_l -amcri n dc.sta am. ern
graus diversos, a existência de uma ~13 .1 _dtrcta h~cr-m :bsJ, em detrimento
das estruturds panid3rias ....\. existcnna de hd~rt.~.s .1nsm~lt1 s m apd , C3-
pacidade de m bi\izaç-j dirigid3 diretamente 3s m. _.,as p pul rc.s seria m~m
uma das feições e1ra teristiClS d s ··m dd s p pulistJ.s" l:ltin -:.1meric:1nos n
fase transitória entre a ' 's iedade tradi i nal" e a ..s ~ kthde m d~ma·. ~t3.
sim, identificada plenamente m a "dem r..1cb repr~sentaüYa'' e a \i gemt3
dos modernos partidos p líti s..
Em autores como Gino Gemuni ~ e T rqu3t i Tell3.33 pi neiro.s n
estudo do populismo latin -americ-..1n . p. pu lisml ~ ' i st rn um m dd
ue participação imperfeita, ainda n:l d tad da - mple,-xa estrutura d s mec-J-
nismos de "cheques e balanços" que C'3ra te ri :1 mL dei liberal-dem cr-.ítiro.
incluindo-se af os sistemas partidari s represen ta ti,· 1s. C )nl f rma tr..1nsiriu-
nal da sociedade tradicio nal pam a s ·i e :.1dc:- mL de ma. p pulism tenderia J
maximizar o papel das lideranç-.lS C3rism:lti as e minimizar p3pel d3S estru-
tras partidárias. Ha\·eria .. p rtant . umJ ~ -- incronia bisi..::a entre o pr e,s .;; de
mobitização das mas-.as p pul3rt?s e pr ·c.: ' '- de rL1\3o e 3mpli3\3 d s :1-
nais de p3rticipação efetiva de.:: tas ··mJS::. J.S di s r ~. n i\·é'i~". incluind -se a[ s p3!·
tidos politicos modem s.:: . L O pr · pri bnni . n3 suJ a,-..:.liaç1 ::. c.s.tud s e.:tis-
tentes sobre o populismo na Am ~ ri :1 L:nin3 n: uu que:

P r ou ro lad , a s 'i~ .=..: urt-...::.:::3. '"''J ur~21: -indu stri:::l. n:1 di..' Ç\) .:.!.1: ~
3 3

das insti uiçú~ pDi ·i:as - ~- exemp:LC, s:S:eQ.::. Ce p.lrt!;: ' ro ÍÜl . - ..:. d eqJ~b
à mo iliza;co e in::'ürpcr2~ u Q..'-::..5 m?-'-.'-!S, ::..:' u..:~ ci J ··dern ...-.:w ..;3 re., ~::­
tativa ...

Dai o su~ da a.,-r~girr: e . .u.~ d:!S :n....:s.:::.s m-n:in::1:.s. u c.:.1..x-ts ~F .l:..l-


res pelo po;mlisrn . E p:: ; u.:Sm 2~ui t n:n ... c . 15. \.~;e~ de mN "X. :.r-.·t • ""-'-
mo urna espé-c~e de d~ mpa..'-5 " . retn.. ~ u !St r\.1 IX) d-. rru.:~~ ~~

trans-~o da dem crc..ria represem::: i\::. -., p.=.r i.:1p.:i-j ·rnir_...::.l .u. ·'11 C:0..'-.3. ::\'':·
forme o ca:-.o, ara a dern U2 _:_ re ;: =-~~n l\"3 ""p:mii:'i ~~ '31.~

Aind a segundo Ianni.


~o mundo urh
~. ~
,., ~ _in rl
cu -
-
' ·
·...,1
u , n e in ç-e .• m ;.lS r - ~ .~ " =-:~·
!.1\ 'S c ~ ~ r ~ __.. . -
\ivem ou pre arninam as rn--'-~ e 1: l!r, uj .s \i .:u l .1 J c mJ ~ "; :.1 ' . , :J-
risma_~a.

Na visão destes auto res latin . m~rk:1n s, .:· n rm' 'üns ut~l boni.
Sallculn·se, porlanh>!

o Cltrl\1 ·r dt;tníiHÓJ~lco c ~~r .-.rn:ítlUJ (1:1 tt.f::r;.r, !:cu '1!../.:'~A~' • '/.:.~""./',. ?':.r.,.-
clonnl,~ p<m:onatlr;Hio c cnc~mH(1'
,..,,0 d:a J1k , 1fr•!Jc ~ tr.,1_.1•.
'11"'.,-1 .rc ' "~''r
'V'\
:,, " .,. .,.. .. / ,.,. t
"'• A,_ /':• - 1#,, .... ~ • ..z,. ,
..... _-,., f-1"
,._.,.....,..~, /7-*'

pela~ llhcmlm1·n ·lvl.11 c (~~ 1rstt,Cf.'. f:l.~"A"J,-.t;1 ~,, n:ld r.r•.:,t.;ro1 r#;t/,{,0 ,; ..,_

Mais lldlantc, o pr(•prlo htnnf, dhcutln&J lJ :. :".tJ;tJJh t.(;. 6L:;.::.t/.~ v~::r;.·~~


sl~tn que servida de h:llle ao popull::rnCJ, t~mbém pu)r//.; r ·~f;!
1 ..

D11( rm rgcm o.'! fcn~rnc.nu; fJôpulí:<.th:".1 mr,•'fh .r.r.tf:'., Ç?.:t.&..r. ~ ,i/H~.'l--.,


crhull·. c ll(JVH!I t ~cnitM c c..IJI(t: de (Jt;~~nÍ'l-'lt~tl c Ct:l".;tí:,".l'?- f . f'-~7.:/.~/-?;;;: ~ -: ~.....
rlsmn tornunN;c clcrncnlo:-. c~:~;ntlhb, <.lcmrc ~:'. (b..;r,;i./.~ c.c ;::r,..,..,;r:.r:r.t;;tff~ 7J:í...t/.
llu~ tnii~~Hs l!l>.'llliHrla<Ja!l da dd:-t<Jc.::~.

Ilm seu estudo m;:tls c:i pcdficr> ..o!Jrc o púpuli:;rr.;r) r.r} B:~::::"1 !~.::: .. : ·,<:4 ~­
snlicntnr o peso de U<.lcr c;.HJ~imátlco c a ~ u<1 rél.ãf~ü <iíret/. cr.:::. ;:;:: r::/.::/.~~
Mas o.~ m<:rvlmcntc>" de m~·"~" c«:"•• ~• IJ',. •.,..~-r,:;"
1 ~1 ' '-~t"4*""~·
~~~ ~· :'-•\/"..-&
#4-. ... .,._,, .
-.-.,_,_,
- "''".....,. -::. ,.. ?,Vt
-,-;;.··~ ~-
_,., ••·~r.:·
; /. ... _ "
" '~-,
/./

vo, ul~m <lo~ programh1 fnrmain. Ou r.cj~ . r:; r:-rr,zr;;r:..;;:-. Y. !,-(:.-;.:·/.t.: "~.l..c'l, ":-~;---..&,
I<Jcntlflcm.lo3 com uma pc~:~o<t, i.-:v-, é, um lfrkr.•~'·

Neste sentido, em hora reconh eça a c;;cí:-.t.t1ld~ &; <<p~rtfr'...í.-: v.·.;::::'::::;.~_-"~


fase de "democracia populbta" que o Br<:t'.il tcri4 (;U::.~,.,...,_;;:~. r..r. -;:~/..c
1945- 64, o peso da.s lidcranr;af: U1ri:.mátlVi.'. ;.(>brcpi':r....-;e r..J!. ~-,1.~-;::é &- '::;_ ::~ ~
próprias estruturas partidária.<~, privikgiando ;:, rel;,(f ..f; éíro;:. : -~-7-"'/"': .
Na sua pesquisa sohrc íd co logj~ c. pr>pulí:.rr.r;, r;d~ .C~~~~ ~r..-::: 2 ·,-;:z
critica o umodclo corrente de (;xpli <A1r~o, pn::-.~nte r.rJ ;~_::r> c:-.::.:.__-:::, ~-:4:::--:.: ~....:._
grande parte da literatura sociolúgi<A1" :.(Jbre r) f~r/';;::er..r; _ç.r..::- ·:.-:-:;_

Or. clcmcnto.'1 c;cntrab modelo v.l.i!':r2r.: ~ r~-·· --:-.:tf:: -:L".~--._~


OC':.".I.;
termos: o populi~ mo C()mtítu í um.a re~rj::-J pr:::::r.;:;l ~:r:o: ;:::: :.Y~ ~ ·..:::::_ :..-..r_:f.c.r_1.!....
rado de indivfduo5, rcla~o c:A".á c7.pl!!/ld4 ar~·;&l éü ré-:~.::-...-:. :: '.68;:: -:e -=.e-...._.é..].C!l:Z..
nem sempre claramente definida. Segur.dn e:-;~ cr.r..(.."~rf-c. = r; ::1'.-.e<:' ~r:p_::~ ::B:
aparece como um verdadeiro p()Jftico, m~ ~.r:JrttJ..:::ú c:.-.r:.c _:::_ ;;:;r:'·~~~.D-..r "...2. :-; --
norancia popular, c a5 ma:-.:.a"', na ~ua írr~cir..r~ ::e;;ee, ;:~ ::..r.::~e- :-::-c:~-::..-""'::::
para qualquer tipo de polftica. O yop .i:::r.:n, Ce-",-:e p:.c.:: -:e ·,·..::;2., ::.~~ ?'L. .:=
fenômeno pr é-político ou par apolftico.'"

Trata-se aqui, naturalmente: da leítu r~ rr.zi: ,e:n:e=:: &:. :-~~~:::- "'~ - ~...:..-:
Hder-massa nos "modeJos popuhstas". Gmta Deü::-ez "'~:.:...,_:-~.:: . ::::=:.;--: ~ .:-:::..:=._
que este modelo simplificado é criticado e S11J:e72..'!D ~e~~ ::;:i,:2:.~ =.::.::: :::_:::.._,.
tes de autores como Weffort e Laclau. Tamtém p~r2. e:=-. 2. ~~·::=:c:..:.~
"manipulação" a partir de Iiderança<J caruú~t:~- preé~~ :.~; ~ -- ::- ::...=.;-: _,."
não podendo ser reduzida a uma apar ência o :r5:.:J.~ G _::..:. =-~-~ -_-! ~
termo "populismo" é utilizado para caracteri7...ar ~ =a:!..-:~ ~~ =c. . :.____.;---::·-: .:,_-
ciais e polfticos ocorridos em épocas e pates c~ !:.. :.:~~ ~ ~ ~ 0•'=-:--~ :.::_ ~ :
perigo da generalização do conceito. até porqu1::
O mito do povo-comunidade, o et:cotri..::eL.:.:: cr...:: c::r:r:..-:.. :c-e'·' .l c-,!;",- -:-
cação da von tade do povo com a j u.sti;:a t: a r:-_cra~ ~ :-~>::~.:: :~ :C . : W!!" __._ "L
.--
,_:j-

~
.
,·• - ': I •

'> f ,
' ·. .
. .. l •.
• ; ' .' ,. I
1\liiS.~:I S~ lll rm.: di:11;0o d • rlCIJhlllrl:J Ífl',(IIUit;:trJ , '...'i() Cltm•;ntt,•, f,fV :;• ;·. :::J ·· · :.~~.:;,
vmicdud. J · fnrmw. polft k w•, tan lll n;J mf·.til;t Lt·.tr.la c.c m'J em '-.c:t:~·, 'U.;:,:.:·. ·:~ ~
como d ·moer:lt ica'l."''

I\ tas quando se d •t 1'1ll na an:Jihc. do:., partido~; polflíur r ;l.' 1ks:r1 •• (!·)
pa(ollo l'J·1 5-fl·~ , a pr6pria iuil:..a !luhlinh a a c:omhinaç:Jo dedu(!·, c.:;..:raL ~ti·· 1 •
cas "11a~~r~Hlt ·~··do pcrfodo: a "pcrsonifictç;jo do poócr '' uJlCJcada, ló'/J n l.:.·~·j.
com a "nc.:c ·ssldadc de participação das ma· sa~". Omcord<Jndo tom · uu.. :~
como Paul S in ~jcr o O. Janni, a autora co nstaw :
Os partidos po lfticos n ~cium da lc gJ~I;Jç:ío eleitor al de 1!.145 e JCJ.:;ú e:(:.::-J ~=-.·
tillaucs an()rnalas, que s<J 1ivcr:m1 vrat1rlidadc.: porque a ler concc.d~ a c:~- ~~~er;:: ..
nnllns privilégios que lht:.s p<Y~il1rlrt:svam monopollt,ar ccrtw. ••• pcct<YJ d<i1,';:!ã ç _·::J-
c.:a, s~:nuo o principal dc~~;c.s pri vJI~gJC1"> o f;tl o de ~J poderem dt'putar e!c;; f-: c:-...:.-
didalos ucvillamcnlc rcgtsl r ados por partrd os (P;wJ Smgcr, 1965). E~..r.es ·• ·':,.:,
com rar;1s cxccçOt:.li, n:io ~~prcscntaw1m umdadc JdcológJca e pro~/amát1~ . e o F j..
prio car::ítcr nacional guc n ccc.o:..~ n :tmcntc dc·.,;Jm ter afct<lva 'lua un:Jace. Em ';:)
mesmo part ido, port ant o, po ucr(amm cncnntrar latrfundi~rros no t'ordcs!e, c:...:...'-
triais em Sno Paulo, cxportadm cr, no H1o de J.Jnctro c opcrjn o.s em Peno ..-\!:;:e
( . lanni, I•)(,5).
N e.ua Jirrwçtlo, ntio .\tio rH nr •wrt;açritl. mm 1iln o_s lfderes políticos cr. u ;c.·
r c!ccm com o cmnlisrul orcs da l!.xprt'\ .lrin f i(Jlt'lrca dm ~711[>01 wnai.s. "'

Ass im sendo, no que diz. respeito :..~o prohlcma específico da rc laç5o lí-
der-partido-massa, a int erprctaç~io de Guita n;Jo t.lifcre, no essencial. do " mo-
delo co rrente de int erpreta~-.;.1o" que a Jutora procura criti ca r de forma perpi-
ClZ, ao nfvel de caracterização ideológica c do conteúdo dos di·cur·o de un
leq ue de lfderes polfticos do "perfodo populistJ".
Na própria ::m áli. c de \Vcffo rt , que ccrtamcnlC supe ra os ''mode lo- sim-
plificados" de interpretação do fenômeno populi. ta como mera "mJnipul ç:o
demagógica" (conforme descrito ma i adiante), gencrali:tÂ- c a análh.: dos p.H-
tidos políticos do perfodo I945-ó4, que se caracterizariam pela "mJnik:t in-
capacidade de penetração popular". Mais que is o. \Vc.ffort chcg::t a afirnur:

Se observamos, ainda que rapidamente, as form:.ts a~umid:L' f.XU r-n ...·


paçao populnr até 1964, perceberemos que os rc. ultados c n rc t - ( , ! J .. -) f'':
alguns grupo~ no sentido de organiz.<tr as mass: 1s, cst ~o muito :1qu m 1 l J ..
1 í'~:
resultar do simples uso do direi to do voto.4!S

A qucs tào do atrcl amento aos poderes púhli ·os c da Ltlu tk .tu l~Hh'r:úJ
I •
que caracteriza o movimento sindi ·:ti do período 1 ~n5 ,.1 .tpli ·:• ·.:' ·. 5- ·pn~J,,
\Vc ffürt, tam bém aos p:.trtidos polft icos:
' ~

E'>l<l f;llta d. :HII OIHlrnta d:t~ ()fg:tni1:tçCk ... smJtc:tt~ l" ·' ( .. n . t.' ltnt .t' f ·;! ..' ·:·
.
Úl: f'CilÚ Cil l'I:S p oi(II C:S d:ts t)rg:&nii:IÇCk,.; po pul:trr.-. f'lll r:êt.tl (snl'ht,l\C' .l ' f .llt ..l.H··t "'
em face.: do poder ~.:on">tt lll iLltl n11 E'l rtdn ,, 11 ti .•:-. n: 1~ 1 ;~,, lt. J 1'-:P lt t.hi.L' i ·!,\'pu!''·
no polia.4lj • •

192
, · st 'ltuit•f:!o Mio elementos presentes em grande
.•. n u. nenhum·' 111.na mfstica
massa sem mcui:IÇ• o c .., .
· "S '
fascista como em certas teorias tidas
10
variedade de formas polftlc.ts, 11111
como de moera't 1cas. ' .. 43

. ·tna/.1 1·se dos partidos políticos brasileiros do


d • detém rM ( ·
Mas quan o se .• .1 1• sublinha a combinação de duas caracterfsti-
0
per{odo 1945-64, a própnLl ~ ~rs,·ont'ft'c··wão do poder" colocada, lado a lado
" d cr{odcr 'l pe ·
cas "flagrantes 0 P · ~ . . ção das ' massas".
'l
Concordando com autores
'

com a "necessidade de parttctpa . · . , .. ·


como Paul Singer o O. Ianni, a autora constata.
· lf · . c'dos da legislaçao eleitoral de 1945 e 1950 eram en-
Os partidOS po IICOS n.15· 1 · . . . .
. erum viabilidade porque a lei concedta a eles determt-
tidades anOmalas, que SÓ I IV .. . r • r •
· - · • lhes possibilitav·:trn monopolizar certos aspectos da v1da polftl·
nados pnvt 16g1os que · ' . . .
· · . 1 desses privilégios o fato de só poderem d1sputar ele1ç6cs can-
ca, sendo o pnnc1pa · .. . .
didatos devidamente registrados por part1dos (Paul S1~ger, 1965). Ess_es partidos,
com raras . exc
. eç"'esu , nao apresentavam unidade ideológica e programáttca, . e o pró-
prio caráter nacional que necessariamente deviam ter afetava sua umdade. Em um
mesmo partido, portanto, poderfamos encontrar I~ ti fundiários _no Nordeste, indus-
triais em sao Paulo, exportadores no H.io de Janc1ro c opcrános em Porto Alegre
(0. Ianni, 1965). . _ . , ,.
Nessa situação, nüo são as orgamzaçoes, mas .wn os !tderes polwcos que apa-
44
recem como cata/isadores da expressão polftica dos gmpos sociais.

.. Assim sendo, no que diz respeito ao problema especifico da relação If.


der-partido-massa, a interpretação de Guita não difere, no essencial, do "mo-
delo corrente de interpretação>~ que a autora procura criticar de forma perspi-
caz, ao nível de caracterização ideológica e do conteúdo dos discursos de um
leque de líderes polfticos do "período populista".
Na própria análise de Weffort, que certamente supera os "modelos sim·
plificados" de interpretação do fenômeno populista como mera "manipulação
demagógica" (conforme descrito mais adiante), generaliza-se a análise dos par-
tidos políticos do período 1945-64, que se caracterizariam pela "manifesta in·
capacidade de penetração popular". Mais que isso, Weffort chega a afirmar: ·
Se observamos, ainda que rapidamente, as formas assumidas pela partici·
paçao popular até 19~4, perceberemos que os resultados concretos (obtidos) por
alguns gru~s no sent1do de organizar as massas, estao muito aquém do que pode
resultar do stmples uso do direito do voto.45

A questão
. do atrelame
. n to aos poderes publtcos
, . c da falta de autononu·a
que caractenza o movimento sindical do per(odo 1945--64 aplica-se, segundo
Weffort, t~mbém a~s partidos poHticos: -
Esta falta de autonom··13 d . da
dependência polft. d as orgamzaç6es sindicais é apenas um aspec 10.
em face do pod tca as
. organizaç"' t"dánas)
ues populares em geral (inclusive as par 1
no poder.46 er consltluído no Es tado ou das regras de jogo ditadas petas grupos

192
.. ·.,\
.j.

Assim s~ndo, "a influência do getulismo, do janguismo ou do janismo nos


sindicatos osctlam segundo o destino poHtico de cada um destes líderes". Em-
bora a questão dos partidos políticos e da sua estrutura de organização, no
período de 1945-64, não seja colocada como foco central nas análises de Wef-
fort sobre o populismo (centradas em questões mais gerais como a crise de he-
gemonia no seio das classes dominantes, a incorporação das massas populares
no cenário poHtico e o papel do Estado a partir da Revolução de 1930), sua
visão também tende a privilegiar o relacionamento direto Hder-mass..a, não só
no seu clássico estudo sobre o janismo e o ademarismo em São Paulo•7 mas
também na sua avaliação do papel dos lideres trabalhistas: Vargas, Jango e Bri-
zola. Para Weffort;
"A liderança de massas de tipo populista, ... se constitui em uma das
principais formas de mobilização poiftica no período democrático'',48 caracte-
rizando tanto o "populismo dos demagogos" quanto o "reformismo nacionalis-
ta". Quanto ao primeiro, "o populismo, nestas formas espontâneas, é sempre
uma forma popular de exaltação de uma pessoa na qual aparece como a ima-
gem desejada para o Estado". 49 Quanto ao segundo, diz Weffort que "o refor-
mismo nacionalista foi também espontanefsta, porém em forma mais elabora-
da".50 Assim sendo, Weffort constata que:
Por outro lado, diferentemente de outras ideologias, o populismo nacionalis-
ta nao estimula a organizaçao partidária. Partindo de vinculações muito difusas
com as massas populares, não fala nunca a nenhuma classe determinada mas sem-
pre ao "povo". A idéia de povo-comunidade exige a prát:ca do compromisso políti-
co além do que é razoável para quem pretende criar uma o~ganizaçao politicamen-
te individualizada. Desprovidos de organizaçao, os nacionalistas se obrigam a orien-
tar-se por sua própria sensibilidade pessoal quanto ao andamento do processo polf-
tico, o que leva sempre a uma sobrevalorizaçao do meramente circunstancial e apa-
rente e, por mais esta razao, a uma prática que tende sempre ao oportunismo.5 1

Ora, mesmo levando em conta que o autor, na sua· descrição do "popu-


lismo nacionalista'', refere-se ao cenário p91ítico nacional do per(odo posterior
a 1954 _ano em que se encerra este meu estudo de caso regional- é preciso
constatar que a gênese de pelo menos um setor importante da vertente poHtica
que Weffort denomina "reformismo nacionalista", situa-se justamente no tra-
balhismo gaúcho e ~m lideranças polfticas cuja trajetória procurou-se reconsti-
tuir nos capitulas anteriores, principalmente através do estudo de Vargas e
Pasqualini, mas também de seus herdeiros imediatos, Jango e Brizola.
Cotejando a eiperiência trabalhista no Rio Grande do Sul do período
1945-54 (e considero que a argumentação que segue é vál~da, no essencial, pa-
ra todo o período 1945-64, embora os· últimos dez anos não tenham sido co-
bertos pela pesquisa empírica que fundamenta esta dissertação) é possfvel
constatar uma diferenciação significativa do caso conc~eto do PTB do Rio
Grande co Sul e de suas principais lideranças do padrão de relação líder-parti-
do-massa proposto nos "modelos populistas" acima descritos.
• J
Aí\sim sendo, '•a influencia do get.ulismu, do janguismo ou do janismo nos
síndic~ltns osdlnm segundo o destino poHtico de cada um destes líderes". Em-
hora a qucsHin dos partidos poHtkos c da sua estrutura de organização, no
perfmln de l9·t5-64, nno seja colocada como foco central nas análises de Wef-
fort sohrc o poputismo (centradas em qucstôcs mais gerais como a crise de he-
gemonia no seio das classes dominantes, a incorporação das massas populares
no cemhio poHtico c o papel do Estado a partir da Revolução de 1930), sua
visno também temle a privilegiar o relacionamento direto Jfder-rnass;t, não só
no seu cl~\ssico estudo sobre o janismo c o adcmarisrno em São Paulo47 mas
também na sua avaliação do papel dos Hderes trabalhistas: Vargas, Jango c Bri-
zoln. Para \Vcffort;
"A liderança de massas de tipo populista, ... se constitui em uma das
principais formas de mobilização polftica no pcrfodo democrático",48 caracte-
riznndo tanto o "populismo dos demagogos" quanto o "reformismo nacionalis-
ta''. Quanto ao primeiro, "o populismo, nestas formas espontâneas, é sempre
uma forma popular de exaltação de urna pessoa na qual aparece como a ima-
gem desejada para o & tado". 40 Quanto ao segundo, diz Weffort que "o refor-
mismo nacionalista foi também cspontanefsta, porém em forma mais elabora-
da".50 Assim sendo, Weffort constata que:
Por outro lado, diferentemente de outras ideologias, o populismo nacionalis-
ta n:'io estimula a organi1~1çl\o partid:.hia. 11 artindo de vincutaç6es muito difusas
com as massas populares, n:'1o fala nunca a nenhuma classe determinada mas sem-
pre ao "povo". A id~ia de povo-comunidade exige a prát:ca do compromisso políti-
co além do que é raza<~vel para quem pretende criar uma o~ganizaçao politicamen-
te individualizada. Desprovidos de organizaç:'1o, os nacionalistas se obrigam a orien-
tar-se por sua própria sensibilidade pessoal quanto ao andamento do processo polf-
tico, o que leva sempre a uma sobrcvalorizaçao do meramente circunstancial e apa-
rente c, por ma is esta razao, a uma prática que tende sempre ao oportunismo.5 1

Ora, mesmo levando em conta que o autor, na sua· descrição do "popu-


lismo nacionalista", refere-se ao cenário p9litico nacional do perfodo posterior
a 1954 _ano em que se encerra este meu estudo de caso regional- é preciso
constatar que a gênese de pelo menos um setor importante da vertente poHtica
que \Veffort denomina "reformismo nacionalista", situa-se justamente no tra-
balhismo gaúcho e ~m lideranças polfticas cuja trajetória procurou-se reconsti-
tuir nos capítulos anteriores, principalmente através do estudo de Vargas e
Pasqualini, mas também d~ seus herdeiros imediatos, Jango e Brizola.
Cotejando a experiência trabalhista no Rio Grande do Sul do período
1945-54 (e considero que a argumentação que segue é válida, no essencial, pa-
ra todo o período 1945-64, embora os últimos dez anos não tenham sido co-
bertos pela pesquisa empírica que fundamenta esta dissertação) é possív~l
constatar uma diferenciação significativa do caso concreto do PTB do Rto
Grande l!o Sul e de suas principais lideranças do padrão de relação lfdcr-pa.rti-
do-massa proposto nos "modelos populistas" acima descritos.
193
. Ian te ensaio Partidos, Síndicato.r e De~
O próprio Weffort, no seu esu.m~ . d 'odo 1?45-/A - defende c in-
. - ra a lustona o pen
mocracw: algumas questoes pa . . ocurou-se fazer neste ''cstuc1o
centiva o tipo de reconstituição htstónca que pr
de caso", quando constata:
m dizer que na perspectiva oferecida por
Assim não há nenhum exagero e - f · s . ·
'. . , . do erfodo 1945-64 está ainda por ser Cita. - e admi-
este tema a h1stóna pol!uca P necessita é menos de ertSáicn
é fá ·1 luir também que 0 que se
·
umas este fato, c1 cone leitor· ·que de rccortstítuí«Y..:s'
de caráter geral como este que apresento agora ao ' . / ..
. · ·das pelo movimento operano no
históricas rigorosas das s1tuaçóes concretas v1v~ . . ..
, , · b
penado, umca base so re a qua 1se poderia dar mfcio a um trabalho mterpretaum
, . ., . . c· .
sólido. Na ausência destes estudos históricos especifi.cos, a msuficiencJ~, dos cn:~JC~
se torna de 1me· d.1a1o ev1·d ente , pa1·s embora nada mms· pretendam que problcmatJ·
.
zar" a história passada para fins de pesquisa, .eles .de certo ~odo se obngam a á:.,..
sumir um tom afirmativo que só a pesquisa h1stónca podena fu ndamentar de mo-
do cabal. 5 2
A partir do estudo da experiência concreta do PTB gaúcho, nos seus nove
primeiros anos de existência, analisados no capitulo 1, bem como da comple1.a
interação entre seus líderes mais significativos (Vargas, Pasq ualini, Jango e
Brizola) tanto no cenário político regional quanto na sua projeção no cenário
nacional, avaliados no capítulo 2, fica evidente que os grandes líderes do mo-
vimento trabalhista gestam, fortalecem, projetam e reproduzem a sua liderança
essencialmente a partir da sua ascensão dentro de uma estrutura partidá ria re-
gional e não, como muitos parecem supor, a partir de uma relação carismática
direta entre o líder e a massa popular. O carisma, quando houve, desenvolve-se
a posteriori.
A liderança do próprio Vargas- que precede, sem dúvida, a formação do
PTB - forja-se a partir de uma longa carreira político-partidária no seio da
máquina do Partido Republicano Rio-grandense, no período anterior a 1930.
Deputa~~ fed~ral a partir de 1916, ele articula e defende os interesses políti-
co-admmtstrattvos do PRR no nfvel federal. No levante libertador de 1923, ele
cumpre as funções d~ uma espécie de comissá rio po lít ico junto a uma das co-
~unas ~rmadas republicanas, sendo em seguida enviado ao Rio de Janeiro para
m~p~du, ao nível do Congresso, uma in tervenção fede ral no Estado. Torna-se
mtmstro da Fazenda no governo Washington Luís por indicacão partidária,
como representante do PRR na coalizão federal. É indicado ~ndidato a go-
vernador
. _ em 1928, quando emerge . como uma es pécte· de tenius palatável para - a
opostçao marag~ta, numa actrrada disputa envolvendo Borges de Medeiros e
nomes como Joao Neves da Fontoura e Osvaldo .· . arti-
dos exclusivamente estad · R , . Aran ha. A ex1stênc1a de P
ums na epubhca Velha - d bl. ·(1cro
essencialmente político-part.dá . , . nao eve o It erar a on~
I n a de Getulio v 0 · v - ao
nível da polftica de massas ó d . argas. can sma de argas,
,
se trinta anos de luta polít icas esempenhan
, . a u · ·fi ·
m pa pe 1 stgni tcattvo após qua-
chefe de Estado. e - ai Stm- a partir da sua privilegiada posiçãOde

194

<.
. .•'

I• •
•· - M /" '~ '" '

., .: Mesmo em 1945 a sua liderança junto ao PTB gaúcho não se revelou tão
inconteste quanto se pensa: desafiado por boa parcela do PTB na sua opção
pelo voto em Dutra, em 1945, no ano seguinte, já na solidão do Itu, não conse-
gue impor sua vontade na convenção partidária: em vez de apoiar Jobim do
PSD (tese defendida por Getúlio), como já vimos, os trabalhistas lançam Pas-
qualini para o governo do Estado.
A própria figura e liderança de Pasqualini é impensável fora do quadro
partidário: inicia sua carreira como dissidente liberal no Partido Republicano
Liberal da década de trinta. Sua trajetória dentro do trabalhismo é essencial-
mente partidária -seu prestígio advém de seu renome como teórico e doutri-
nador junto aos quadros partidários. Só se torna conhecido no seio das massas
populares a partir do seu lançamento como candidato a governador na con-
venção do partido. Não exercia liderança direta sobre as massas ou mesmo a
classe trabalhadora: sem o PTB, certamente teria sido um ilustre desconhecido
no nível popular. Também não se pode argumentar que ele tenha se beneficia-
do de uma transferência de prestígio ou de carisma por parte de Vargas. Este o
via com desconfiança e, na irônica expressão de Ruy Ramos, com "um misto de
cordialidade hostil e hostilidade cordial" até às vésperas da campanha presi-
dencial de 1950.53
A própria dinâmica do relacionamento Vargas-Pasqualini, conforme
procurei demonstrar no capítulo 2 e na primeira parte deste capítulo, reflete, a
um só tempo, várias face tas de uma in tensa vida partidária, na qual se geram
aspectos conflitivos e complementa res entre uma estratégia global de conquis-
ta-do poder nacional e um projeto mais res tritivo de construção de partido, en-
tre uma liderança nacional e uma liderança regional, enfim entre o estrategista
político com a sua lógica de pode r atuando no nível da sociedade política e o
doutrinador, com a sua lógica de consenso, atuando no nível de sociedade civil.
Neste sentido, certamente não se aplica, ao PTB gaúcho, a tipologia que
Weffort propõe para o "reformismo nacionalista" no nível nacional. Isto fica
patente se cotejarmos a experiência do trabalhismo do Rio Grande com a se-
guinte constatação de Weffort: ·
A manifesta incapacidade nacionalista de levar à prática o conjunto de sua
política se explica de dois modos até certo ponto contraditórios: falta de uma lide-
rança pessoal forte, capaz de estabelecer hegemonia sobre as demais e falta de or-
ganização partidária.
O nacionalismo nunca possuiu uma única liderança qu e expressaria de forma
dita "não ideológica" a idéia da comunidade do povo, nem o partido (ou partidos)
que a expressariam de maneira dita "ideológica". Como movimento ideológico, o
nacionalismo nunca passou do estágio de atmosfera que se expandia à custa da
ambigüidade e da indeftnição sociaL
Esta incapacidade de organizaça.o ou de liderança era evidente em particular
no setor radical do movimento.5 4
Fica-se tentado a considerar que no caso do tra balhismo gaúcho, aplica-
se exatamente o oposto, pelo menos no período ora analisado.

.. .. 195
. _ .. '
. ':·. ~:-:: _:·~ :>: . ·;

~il..~tlb~~:L::·-;: , __ _
Scna. o R. 10
.. Gr":.. nd c d 'r) Sul u cxcccJn
. 1
que co •
nfirma

a regra (J(J .
dthil'tcl·"r~t
'
dos p~Hituos
.. , l l llfti · naciornis"
. u. JS .' ·. Evtdentc
. . um c"tuúo
. m_cn t c, .. . r ~.:g 1 fm;d
. <lc, líp!;
que me propus rclli z.ar será m suftctc ntc. para rc p~ n . ~r ~rt.,Lt (jtJ ~'' lJo ~~o c.:n.
0
tantll, a fone pr ·scnça, no ccn~rio ~Jc tonlll:
1
li:
ll~cr~~ \·'~ Pf~lfl~t:t•, oríur (.J1 ·,
j ustamente Jn contexto p;utilláno g;JUc~lO (V~rg. -" c, mJ.1 ~ taruc, Jdngo c Bríz1,.
13), nao nos ohriga d 3 r~formul a r a ,t,tpo logt~ at6 tH.J~ I pr~p~~.ta _úo lkll.:r ~­
rism ~\tico c populista da lmh a~em do r~fo.~~tsmo nacJonai J\ta , também dt;A
crito por \Vcffort como ''popullsmo tcó n co .
H vimos no c..apftul o 2, que os própri os herdeiros de Varga~ c P(.t~qui:thr
no trabalhismo, ou seja, JJn go e Brizo!J, rcproóuJ.cm, de ce rta forma, o padr~-l
11
de divisão de tarefas caracterfsti co das lid erança~ g<1úchas. Ambo 0"> líder .
tamb ém se gestaram dent ro da ~ trutura partidária c, se m levar em conta a
exi stên ci a de um PTB fo rt e c hcrn cstruturJdo. no nh·ct regional, scri im-
pensável tentar int erpre tar a trajet ó ria de uJ. lid~r::mç.<.\) no nível po pular.
Ambos fonal cccm -sc a partir de urn:1 c.1rrcira -~scncialmcn tc polftíco-
partidt1ria: deputados es taduais na lcgi<;LHtHJ de te 47. eles seguem rumo di5A
tintos a partir de 1950: Briz.o la pcrm Jnccc na t\.,-;cmhléia c lJdual, prcp ran-
do-se para disputar a prefeitura de Port o :\lcg r~ ( fn t o llcp •ll udo mai vota o
na capital em 1950). Jango prcicrc lan ç.n- c pM.t J .lm :1ra F edera l c acomp1·
nhar, na capital federa l, o retorn o de \'.~rg.1<. ao Cltl'l c. t\pó- um breve inter-
regno co rno secretário de Interior c Juqiç..1 nu gl>vc rno trab:.t lhista llc Erne·to
Dornelles (1951-52), ele disput a c \\:n cc . ~.:m convcnç~io,
a prcsídC:ncia n cionJI
do_ r.ani~o, apoiado po r Vargac ( 19.-2). U~l
hrt.:VC c pokrnica pas. agem pdo
Mm1sté~1? do Trabalh o em 1953 t.: 19:4 projeta c co nso lida úcfinitivamcnt a
sua pos1çao d~ l!der traba lhista de pe.~o ndcional. NJ conven\:íu do p:.1rtilJo quo;:
lança Pasquahm, pela segunda vez. ao governo dn E." tado, t.:m 1Y5 4, o nom · d:.:
3
Jango chega ser lança do para a prcsidl:ncia da Rt.:púhl ica corno succs ·or tra ·
bálhista de Vargas.~s ·

Brizola,ao invés disto dt.sput· . ,, . . p \1 . ...


1951. Durante o governo de • a t: p<:rue. a prdt.:llura tlc
o , ortu t rt:gr ,. •-·,.
. . 11
orne cs, ..t.: nomt.:ado ·~t.:crt.: t <. rio d · \ nç· ..ill... '...
Obras Pubhcas. E, neste ca ,
, . .
Novamente . .
Indicado rgo que
ca ndid'lt . consolida
r· . a sua pm "~ 10 de 11LI ·r r ·:t~>
·c··c • l•)• ..
0 1 1
par t'd 1 . , prcfello
t o, c• cgc-se . . em" 1955 ~ prc..: C..: llura lk Porto t\kgrt: pt.:l.t c Hl\' ·n ~.ltl·.....'
prcsilJ~ncia da Rc úbl ... . .. 'na ffil'sma .data ctn que J~tnf.O g.mt_.1.1
.
\I·:.
tarefas en tre 0 l f·'cp .lc::t · c•IInD. -Omo p
~· , na ch:.t}):t d . Jusc . , vuuo~
. .. ..t l h .l,J-> I. .

r n.lclonal e. 0 líLI . · · · t '• l' '


cr rep,ton:tl se m~HikrLI h:unu.\111l'.l •1 • ,
u
epís(Jdíos de agosto-s , 1 b
· · t: em ro <Je 196 1 1\ 1\ 'fi' •
fulminantc:;s c:Jrrt:iras p lí . . . · pc.:.-.;ar tk l'Oltl:.H ·m, n:h \\U' 11 '
· n ttc ts nnn co 111. 0 .11 Jn• ·~,~.
nem Brízota tcriarn uoz· ,. ·' - t.:rtcpL l:it dl' Vaq~:'' · 11 ·m · ·: .
<lo "ntcs pelo ~.: rivo <h s <J'I
f)
.~ . . H Ltn\.t.. popul.tr M' II.H. " ' .~' . n\ !1,\~'J
...lu l) u C pranll • l' I . '
~. .:1"
. . •.
195 1 13rt7.ob vtu .s, ohri ,, I,P Ul .t~ li\ I 1''11)' 11. t ' I .
· · ll. ll.h n.l\ úH\\'l'll\-Hl ' ,, ·t i' li' 1I .
1
n a IL-w
zados na
·
C'lJ>ít ·tJ S(1
L·'t
1.
dj· .
r.' 1 • 11
O l lf'C II () de V0 t . ,
~~~
.. dirclllftn
. ~
. . lh'.lll
.... 1'Pll1 tl\ '' 1Pf l 1 1 •• 1,
~~
.. ' ' • . ' • , J11lfllt
0
frente a lideres Jr>artid1 1· · . . . llt :-.lt., d11 \'!1"11 1os lllllHrfl.l l' ·' " \ 1
• lOS l:O H\0 J1) ', I . ... ,HJHl ~~ .
~~.:
• . .
convcnçao de 1<J5 J. Jan,•o t·,
1 (: tor.n t..' t-.l. tl\cl'( \ '.t rr,.t:-- " ·' (11:- ..t '"'d .
.. c. • rn 1 ·m " nbr 1 \ J\'l\.~\ ·
J~: H 1{)a dt~ptl l .tr :11·lll':-.hldH.' 1•1 ' .
'
·_.
.196 . .' .
xccça;o que confirma a regra da debilidade
. G rande do I e
Seria o RIO . Su
. ? aEvidentemente, um estu do regJOnal
. do tipo
dos partidos poHticos naciO~alS·f iente para responder a esta questão. No cn.
ue me propus realizar será msuá ~co nacional de lideranças poHticas oriundas
qtanto a forte presen ça ' no 'dá cen n ' .
. gaúcho (Vargas c, maiS tarde, Jango c Brizo
'
justamente do co.n texto parti ~ nolar a tipologia até aqu1. proposta do lfdcr ca-.
la), não nos obn~ará a r~ ~m~m do "reformismo nacionalista", também dcs-
rismático e popuhsta da hn a~ · 6 . "?
cri to por Weffort
. como f
"popuhsmo te nco . herdelfOS
que os próprios . de Vargas c Pasqualini
Já vtmos no cap tu 1 0 2, d í
. . Jango e Brizola, reproduzem, e certa .arma, o padrão
no trabalhtsmo,
.. - d ouf seja, .
característico das lideranças , has. Amb os os Hdcrcs
gauc
de dtvtsao e tare as . . e, sem levar em conta a
tro da estrutura parudána
tamb m se ges tara m den . . im-
. êé · d PTB íorte e bem estruturado, no nfvel regwnal, scna
eXIst neta e um ,, .
pensável tentar interpretar a trajetória de suas Itderanças no nfvel popular.
Ambos fortalecem-se a partir de uma carreira essencialmente poHtico-
partidária: deputados estaduais na legislatura de 1947, cl_es seguem rumos dis-
tintos a partir de 1950: Brizola permanece na Assembléia estadual, preparan-
do-se para disputar a prefeitura de Porto Alegre (foi o deputado mais votado
na capital em 1950). Jango prefere lançar-se para a Câmara Federal e acampa·
nhar, na capital federal, o retorno de Vargas ao Catetc. Após um breve inter-
regno como secretário de Interior e Justiça no governo trabalhista de Ernesto
Dornelles (1951-52), ele disputa e vence, em convenção, a presidência nacional
do. ~arti~o, apoiado por Vargas (1952). Sua breve c polêmica passagem pelo
Mtmsté~t~ do Trabalho em 1953 e 1954 projeta c consolida definitivamente a
sua postçao de lfder trabalhista de peso nacional. Na convenção do partido que
lança Pasqualini, pela segunda vez, ao governo do Estado em 1954 o nome de
J~ng? chega a ser lançado para a presidência da Repúbli~a como s~cessor tra·
balhtsta de Vargas. 55 '

195 Brizola
D 'ao invés disto 'd'tsputa e perde a prefeitura de Porto Alegre em
Obras Públicas oÉ governo de 0 orne 11es, é nomeado secretário de Viaçao
1. urante _
e
Novamente indicadneste d~rgo que consolida a sua projeção de Jfder regional.
0 can tdato à prefeit d p - do
partido, elege-se prefeito em ura e orto Alegre pela convença~
presidência da Repúbl' 1955' na mesma data em que Jango ganha a vlcc-
tca, na chapa de J - · · - de
tarefas entre o Hder n · uscc1mo. Como já vimos a dtv1sao 0
. . aciOnai e o líde . , . ~ .
ep1sód1os de agosto-sete b r rcg10nal se manteria harmôntca atli ~
· m ro de 1961 A . "
fui mmantes
.
carreiras polft' · pesar de cói1tarem nas suas Jovens"
nem Bnzola teriam gozad tcasd com co m 0 beneplácito de Vargas,
' nem Jango,
rança popular se não tivessem P·· ~·'-~a·
0 1
do antes pe1o cnvo· das ct· c grande. lide
1951 Bnzo. la v1u-se
. Isputas mtrap·
obrigado . nas convenção do PTB· em
. artt"d á nas [.;. .
rdos na capital. Só o dircit: ~egahzar os "dire tórios zonais" por ele organ•·
rente a Hderes partidários com c Jvoto destes diretórios imporia o seu nontC
convenção de 1951 · Jango tamhéo osé Diogo e Mancco Vargas na dtSP . ut'l' da1
196 m é obrigado a c tsputar a presidência naciona
I" .

' ....
.·~ : .

do PTB contra o grupo moderado de Danton Coelho. 156 Apesar de vitorioso ali,
não consegue impor as suas pretensões de concorrer ao governo do Rjo Gran-
de em 1954, diante do prestígio de Pasqualini, que é indicado candidato mesmo
não tendo comparecido à convenção, para não "constranger os delegados,~7 O
próprio Brizola, com todo o prestígio que lhe conferira o exercício da prefeitu-
ra de Porto Alegre, foi obrigado a disputar, palmo a palmo, com o "histórico"
Loureiro da Silva, a indicação para a governança estadual, em fins de 1957.
Na avaliação de todas estas carreiras polfticas- desde as de Vargas e Pas-
qualini até as de Jango e Brizola - torna-se patente que nenhum destes lideres
teria desenvolvido seu prestígio junto às massas- ao menos no âmbito regional
-sem passar pelo crivo do partido, com suas disputas internas e a luta constan-
te pelo voto dos delegados às convenções partidárias. Evidentemente, depois de
verem sacramentadas suas lideranças e candidaturas no n(vel partidário, todos
estes lfderes criaram uma projeção própria de liderança de massa para fora e
até acima do partido. Mas será esta situação tão diferente daquela de alguns H-
deres clássicos de partidos, funcionando em "democracias representativas de
participação total", na plena realização do paradigma europeu? Será tão dife-
rente da projeção carismática de um Willy Brandt, um Felipe Gon.záles, um
Miterrand ou um Bettino Cráxi, para citar apenas exemplos oriundos de parti-
dos socialistas europeus? Não haverá, aqui como lá, conjunturas em que o ca-
risma do dirigente polftico-partidário extrapola e até ofusca, ao nível popular,
a estrutura partidária na qual se gestou a sua liderança?
Ao nível da política regional gaúcha, fica claro que não se aplica a tipolo-
gia da relação líder populista-massa popular proposta por Weffort, quando ele
constata.
Desse modo, a manipulaçáo é uma relaçáo ambfgua, tanto do ponto de vista
social como do ponto de vista polftico. Do ponto de vista polftico é, por um lado,
uma relaçáo de identidade entre indivíduos, entre o lfder que "doa" e os indivfduos
que compõem a grande massa de assalariados; e, por outro, é uma relaçáo entre o
Estado como instituiçáo e determinadas classes sociais(... )
E mais adiante:
Daf que o polftico populista tenha tido sempre pouco interesse em oferecer
às classes populares que lidera a oportunidade de organizar-se, a menos que esta
organizaçáo implicasse em controle estrito de comportamento popular, como se
deu durante o perfodo ditatorial com o movimento sindical estruturado num estilo
semicorporativo. A introdução da organizaçáo, mesmo para fins somente reivindi-
cativos, haveria introduzido, como de fato se observou nos últimos anos do governo
Goulart, a possibilidade de uma ruptura na relaçao de identidade entre !Jder e mas-
sa.58

No ~o do Rio_ Grande, ao contrário, é a existência e consolidaç;._'\o de


uma orgamzaçi1o partidána forte que abre a possibilidade cto líder criar uma re-
lação de "identidade" com a massa. Pasqualini, Jango e Brízola ccrtnmcntc
consolidam seu prestígio popular a partir do partido c n1io vice-versa. Tanto no

197
..
..~ ·'
b) A re/nçc1o lfder, partido e Estado
Uma outra faceta distintiva do trabalhismo gaúcho e suas lideranças em
rehtçáo aos umodclos populistas" elaborados por diversos autores, situa-se na
dinâmica da rclaç!io Hder-partido-Estado. Na visão de Weffort, o populismo, já
nu sun f1tsc anterior ao "reformismo nacionalista", nasce de dentro para fora
do Estudo, a partir de lideranças identificadas com o próprio poder estatal:
O poputismo, nestas formas espontâneas, é sempre uma forma popular de
C.\tiltaç!\o de uma pessoa na qual esta aparece como a imagem desejada para o Es-
tndo.61

Para \Veffort, o reformismo nacionalista gesta-se, do mesmo modo, a


partir do Estado:
O reformismo nacionalista foi também espontanefsta, porém em forma mais
etabomda. Diferentemente do populismo, expressão típica da ascensão das massas
c de sua incorporação ao regime, o nacionalismo foi sua expressão global e emerge,
portanto, diretamente ao nfvel do Estado (... ).A ideologia nasce, pois, dentro doEs-
tado ou em associaçao com ele, embora pretendendo traduzir os interesses gerais
de todo o povo.62
Esta dependência e subordinação ao Estado afeta, segundo Weffort, des-
de a sua origem, os principais partidos poHticos getulistas, o PSD e o PTB. Na
sua interpretação:
O sistema partidário, por outro lado, tem base nos dois agrupamentos (PSD
e PTB) criados por Getúlio e, em larga medida, dependentes do seu prestígio pes-
soal(...). Nascidos do poder e a ele sempre vinculados (com exceçao dos seis meses
de Jânio), estes dois partidos convertem-se, particularmente o PSD, em partidos de
patronagem.63

Da mesma forma que os sindicatos- subordinados ao Ministério do Tra-


balho- na visão de Weffort, também os partidos políticos do período 1945-64,
tenderiam, a ser, sobretudo, "anexos do próprio Estado":
Com efeito, todas as organizações importantes que se apresentam como me-
diaçao entre o Estado e os indivíduos são, em verdade, antes anexos do próprio Es-
tado que órgãos efetivamente autônomos. 64

Ora, no caso específico do PTB do Rio Grande do Sul seria preciso re-
formular ou pelo menos relativisar esta interpretação de Weffort. Sem dúvida,
0 projeto nacional do PTB apóia-se, na sua origem, no prestfgio de Vargas co-
mo chefe de Estado e na legislação trabalhista do período 1931-45. No entan-
to, das três vertentes formadoras do PTB regional -sindicalistas, pragmático-
getulistas e doutrinário-pasqua/inistas - a última, aglutinada em torno à USB
(União Social Brasileira), já é uma força de oposição ao governo federal desde
0 infcio. Recusa-se a seguir a diretriz do ''voto em Dutra" e fará oposição sis-
temática durante todo o período Dutra. Na verdade, o conjunto do PTB gaú-

199

: f. ·'
-~ .'
l:ho passa a ser oposição, simultaneamente, aos governos federal e estadual~· ;;::":.
partir do 29 de outubro. A campanha eleitoral pasqualinista de 1946-47. ~ a ·
derrota nas eleições para governador ressaltam ainda mais o ~ráter .oposiCIO-
nista do PTB nos primeiros _c decisivos- cinco anos de sua extstêncta. Vargas
exilado no ostracismo do Itu, Pasqualini derrotado na disputa governamental,
o governo estadual do PSD gaúcho rompido com Vargas e, este, profundame~-
te hostil ao governo Dutra (no qual aliás tenta-se, pela primeira vez, a consti- 65
tuição do "bloco conservador" PSD-UDN, como constata o próprio Weffort
t65 ~ tal é o cenário político no qual se movimenta o trabalhismo gaúcho no
período 1945-50. Na verdade, cinco anos não só de desvinculação do aparelho
estatal, mas de dupla e sistemática oposição tanto ao governo estadu~l de ~ai-
ter Jobim, quanto ao governo federal de Dutra. As campanhas elettorats de
1947 (Pasqualini para governador) e de 1950 (Vargas para presidente, Pasqua-
lini para o Senado e Dornelles para governador) foram, como se pode observar
no capítulo 1, campanhas francamente oposicionistas e dirigidas, fundamen-
talmente, contra o PSD regional, ou seja, o braço conservador do "getulismo,
que acabaria se aliando, em termos locais, à própria UDN.
Neste período, a estrutura partidária do PTB gaúcho, nos anos decisivos
de sua formação e durante todo o processo de conquista da hegemonia políti-
co-eleitoral (que só se daria no pleito de 1950) criou-se fora do Estado, num
desvio significativo do padrão proposto por Weffort e outros autores para os
"partidos populistas" do período 1945-64.
Poder-se-ia argüir que a vinculação com o poder estatal se daria a partir
da base sindical, diretamente ligada ao Ministério do Trabalho. No entanto,
uma análise empírica mais rigorosa do PTB regional demonstra que o sindica-
lismo organizado representava apenas um setor minoritário no seio do traba-
lhismo, que era sobretudo um movimento político-partidário. Não havia víncu-
los formais entre o partido e o movimento sindical. Os vínculos informais eram
difusos e atingiam muito mais a própria massa sindicalizada (fiel ao voto no
PTB) do que as cúpulas sindicais. Ademais, as perseguições aos sindicalistas
mais militantes durante o governo Dutra - principalmente em 1946 e 1947-
atingiram não apenas os comunistas, mas muitos militantes trabalhistas. O
PTB condenou, explicitamente, estas perseguições na campanha eleitoral de
1947 e inúmeros sindicalistas perseguidos encontraram abrigo político na le-
genda trabalhista.ss
Se houve relacionamento entre o Ministério do Trabalho do governo Du-
tra e o PTB gaúcho no período 1946-50 foi de enfrentamento e criticas e não
de atrelamento ou mesmo apoio. Pasqualini combate constantemente as tenta-
tivas .de envolvi me~ to do partido com a estrutura oficial, chegando a negar um
convtte para assumu a secretaria de Trabalho do governo Jobim em 1948. Nes-
:6
t~ sentido, nã? o PTB gaúcho, do período 1945-50, caracteriza-se como par-
tido de opostçao, co~o o v~to da massa assalariada canaliza-se para o PTB
apesar e contra a mampulaçao da estrutura do Ministério do Trabalho dirigida
pelo governo Dutra e pelo PSD regiona1.a1 .
A questão essencial, na caracterização do PTB gaúcho é de que ele se for-
ja como partido de oposição- e, portanto, fora do aparelhos de Estado, no seu
período formativo, ou seja, os cinco primeiros _ e decisivos - anos de sua
existência legal: 1945-50. Também neste aspecto ele se afasta, portanto, de
forma significativa do padrão de "partido populista" criado a partir de estrutu-
ras estatais, proposto por estudiosos do populismo, como Ianni e Weffort.
Esta faceta do PTB gaúcho também o distingue, no quadro regional, do
outro partido de origem gctulista, o PSD, forjado a partir da última intervento-
ria do Estado Novo (Cylon Rosa) e que monopolizaria o poder tanto ao nível
estadual, quanto federal (nos seus reflexos regionais, o governo Dutra era es-
sencialmente pessedista) durante o período 1945-50.
É somente a partir das eleições de 1950 que o PTB passa a ocupar, de
forma hegemônica, o governo estadual e a participar, embora minoritariamen-
te, do governo federal. De certa forma, no que diz respeito à relação líder-par-
tido-Estado-massa, seria possível argüir, que na sua fase formativa, as lideran-
ças de Vargas, Pasqualini, Jango c Brizola forjam-se a partir das estruturas par-
tidárias (PRR pré-1930 e PTR pós-1945). Numa segunda fase, os processos
eleitorais (1930, 45, 47, 50 e 54) projetam estas lideranças ao nível de massa,
dando-lhes um respaldo popular personalizado, acima e além da sua origem
partidária, embora nunca inteiramente desvinculada dela (note-se a "punição"
popular implícita no fiasco político-eleitoral de grandes lideranas "infiéis" -
aos olhos da massa- aos "ideais de 1930", por terem optado pela UDN- "par-
tido dos ricos": Borges de Medeiros, Flores da Cunha, Osvaldo Aranha, no
período imediatamente posterior a 1945).
Apenas numa terce ira fas e, e, aí sim, a partir do momento em que o lfd r ~
partidário assume posições de destaque no aparelho de Estado é que comec ·
surgir o fator carisma. Os exemplos mais nítidos disto são Vargas, Brizola e
Jango. Apenas a partir do exercício da presidência da República, da prefeitura
de Porto Alegre c do Ministério do Trabalho, respectivamente, é que se desen-
volve, de forma significativa, o aspecto carismático de suas lideranças. Pasqua-
lini _que não assume nenhuma função executiva, ao nível de aparelho de Es-
tado, a partir de 1945, embora respeitado como líder e pensador dentro e fora
do partido, nunca chega a assumir a áurea carismática dos demais grandes Hde-
res populares do trabalhismo. 68 O caso gaúcho sugere efetivamente uma inte-
ressante relação entre carisma e poder estatal, posterior e acima da consoli-
dação de uma relação líder-partido, partido-massa ou da relação direta Hder-
massa. o carisma parece, portanto, depender mais da intermediação do Estado
que do partido junto à massa. Este aspect?- cuj~ aprof~nd.amento tambét_n es-
capa ao escopo deste estudo- talvez explique a 1mportanc1a que os estudiosos
do populismo têm dado à "personificação. do poder" e ao "fascínio pelo Esta-
do" nas suas interpretações sobre o relaciOnamento líder-massas no chamado
"período populista".
o estudo do caso do Rio Grande do Sul, no entanto, demonstra, a meu
ver, que este fenômeno- passível, certamente, de um estudo mais aprofundado

201
> • •
- nfio devo obliterar ou ofuscar a importancia da estrutura partidária como
elemento essencial <.la luta política do período 1945-64, nem o fato dos Hdcrcs
trabalhistas serem, na verdade, a expressão máxima- c nunca, a meu ver, a ne-
gação ou diluiÇi'\o - do partido polftico no processo de incorporação das massw;
populares naquela conjuntura histórica - pelo menos no que diz respeito ao
contexto regional gaúcho.
Esta problemática nos remete a uma última questão a ser analisada neste
capítulo: a questão da natureza de classe do trabalhismo.
c) Algumas considernções sobre a "natureza de clussc" do tralndhi.~mo
Nilo pretendo aqui entrar nas poWmicas acerca da exist~ncia ou não c da
nnturcz..1 de verdadeiros partidos "de classe" no contexto nacional do pcrfodo
1945-64 ou da presença ou não, em solo brasileiro, "do partido da classe operá-
ria", rigorosamente cotejado pelo crivo de um modelo paradigmático de apli-
caç.l:ío universal. Apenas pretendo situar o PTB gaúcho no contexto mais geral
de um confronto entre uma classe dominante (amplamente definida), respal-
dada por forças liberal-conservadoras favoráveis à manutenção do status quo c
de classes populares mobilizadas em torno a bandeiras de mudanças c progres-
so social, expressando-se, pelo menos em parte, atrav~s do apoio à legenda tra-
balhista e seus aliados nas urnas, nos movimentos reivindicatórios c nos gran-
des confrontos político-institucionais que caracterizam todo o período
1945-64.
Para tal, será interessante recorrer mais uma vez às análises já propostas
por diversos estudiosos do populismo latino-americano. Autores como Gino
Germani e Torquato di Tella analisam os ((movimentos nacional-populares",
formados a partir de elementos constitut.ivos hetcrog~ncos c muitas vezes con-
traditórios no contexto da transição, na Am~rica, de sociedades ((tradicionais,,
(de base agrário-exportadora) para sociedades ((modernas,, (de base urbano-
industrial).
o populismo surge, portanto, na fase de crise das oligarquias tradicionais
e da emergência, no cenário político, de novas classes sociais, inclusive as clas-
ses populares e a nova classe média. 69 No caso brasileiro, a crise da oligarquia
manifesta-se de forma inequívoca a partir de 1930. É a partir da Revolução de
1930 e da ascensão de Vargas ao poder que se criam, no Brasil, as precondiçõcs
enunciadas pelos diversos autores latino-americanos como favoráveis ao sur-
gimento do fenômeno populista. Para Weffort, em particular, o processo de
1930 leva a uma "ampliação institucional das bases sociais do Estado,,, geradas
pela "decadência dos grupos oligárquicos como fator de poder". Ao mesmo
tempo, coloca-se a "inca~ac.idadc .manif~stada pelas classes médias c pelos se-
tores industriais em substrtmr a ohgarqma nas funções do Estado,.7°
É neste contexto histórico que se gcstam as prccondiçõcs para a "expe-
riência populista" no Brasil, em particular, para o enorme peso du liderança de
Vargas 0 período 1930-54, na interpretação de Weffort. Neste sentido, o pró-
prio Weffort discorda das análises "simplificadas" que v~em o populismo como
um mero fenômeno de "manipulaçao de massas''.

202
. Para ele, "em realidade, o populismo é algo mais complicado que a mera
~anapulaçr\o c sua complexidade poHtica não faz mais que ressaltar a comple-
XIdade ~as condiçücs hist6ricas em que se forma. O populismo foi um modo
dctcrnunado c concreto de manipulação das classes populares, mas foi tamb6m
um modo de expressao de suas insatisfaçües. Foi, ao mesmo tempo, uma forma
de estrutura .do poder para os grupos dominantes c a principal forma de cx-
prcssfio poHtlca de emerg~ncia popular no processo de desenvolvimento indus-
trial c urhano".71
Haveria, portanto, desde a sua formação, uma ambivaWncia básica na na-
tureza do populismo brasileiro pois ele, simultaneamente.
(...) foi um dos mecanismos através dos quais os grupos dominantes exer-
ciam seu domfnio mas foi também uma das maneiras através das quais esse domf-
nio se encontrava potencialmente amcaçado.72
A esta natureza amhivalente em termos dos interesses sociais nele repre-
sentados, corresponderia também um alto grau de heterogeneidade ideológica.
Em contraposição a "ideologias racionais" como o liberalismo c o socialismo,
o populismo se caracterizaria por sua "especial capacidade de conciliar aspec-
tos essencialmente contraditórios na perspectiva das leis que regem a socieda-
de capitalista c o Estado moderno".7 3
Apesar desta amhivaWncia, Weffort tenta condensar as principais carac-
terísticas de "governos c movimentos sociais constitutivos" de cunho populista,
naquilo que ele denomina de "sistema populista", isto é, uma
estrutura institucional de tipo autoritária c semicorporativa, orientação polf-
tica de tendCncia nacionalista, antilibcral c antíoligárquica; orientação econOmica
de tendência nacionalista c industrialista; composição social policlassista mas com
apoio das classes popularcs. 74
Na própria análise de Weffort, a partir da ascensão de Vargas ao poder,
em 1930, inicia-se um processo de incorporação das massas populares ao pro-
/
I - cesso político, dirigido de "cima para baixo" pela nova elite governante.75 Des-
te processo fazem parte a legislação trabalhista e a implantação da estrutura
sindical semicorporativa. É possível argumentar, entretanto, que a fundamen-
tação doutrinária destas medidas é certamente muito mais calcada na influên-
cia do positivismo c na cxpcrWncia do rcpublicanismo castilhista gaúcho no
pensamento de Vargas c da elite revolucionária de 1930 (em particular Flores
da Cunha, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor)16 do que numa "conciliação de
aspectos contraditórios" "de significação extremamente duvidosa e perturba-
dora" com que o pensamento liberal procura situar o "populismo varguista",
como se fora·uma espécie de "aberração" ou "cqu{voco histórico".77
Na minha interpretação, a Revolução de 1930 acarretou a substituição,
no seio da classe dominante, do núcleo oligárquico tradicional por uma nova
elite, de origem positivista, portadora de um projeto reformador c modcrni-
zante, que acabaria se personificando na figura de Vargas.76 O aspecto refor-

203

1 ....,

...... ... . ... - " i

.
, · ,1•

mador deste projeto - principahncnte n lcglsluçno tmhalhiNW, !Unto tluunto 0


aspecto modernii'J.tdor- principahncntc a hulustriaiJza~!\o t;om npolo cslllllal ...
conquistam o apoio, primeiro passivo, depois ntivo, das cum:ulns populnn~N. A
ambivalência básica deste 11 populismo hrasllciro'' - o d(; ser iH) mesmo tompo
"manipulação das massas" mas tnmb6m 11 prlncipnl forma de cnwq~Cu ·In P0 1''t'
lar", claramente constatada por Weffort, deriva, porcnuto, de umn dualldHdc ( 0
apoio social ao projeto vargulstn: inspirado c npolndo por um :o~c WI' lrwv:ulot' t~
modernizante da classe dominante, alçado ao poder central pela coruhhw~!\o
dos efeitos da crise externa de 1929 c da Rcvoluçno de 1930, csto projeto tem ..
quista um crescente upoio popular - inicialtncntc surdo c p:a~:stvo, IJIIW (jllü
aflorará à supcrflcic com hnpcto c força n partir da lJIICda de sua flHUni ·N fmho~
lo do poder central, em 1945, atravó; do qucrcmlsmo c, lor,o a seguir, do lnahH·
lhismo de massas. O próprio Vargas tenta dar continuidndo nesta cluultdndo do
sua base de apoio social, at.ravés da crlaç!io de dois partidos polftkos, o PSD c
o PTB, conforme exposto no capitulo 2. Atrav6s <lo PTB, h.mtart\ captnr · clnl'
expressão orgfinica ao crescente apoio das c:unn<las popular ·s ao seu projeto
nacional-descnvolvimcntista. A própria cxist~ncia do PSI de certa l'orma purl·
fica o PTB da dualidade da base de apoio social do projeto vnq~ulsta, 1wlc con·
centrado, pelo menos ao nfvcl do sufrágio, o apoio das cum:ulns popullll'c~ o,
em especial, dos assalariados urbanos.
Mas o PTB nfio é purificado da amhivaWnda idcoh)gka oriJ~inúrla do
projeto varguista, não se formando a partir de um corpo te6rko ncnhndo, n1ns
sim de elementos constitutivos hfbridos c muitns vc:~.cs contmdih)rios. O p •n ~
sarnento de Pasqualini é expressão disto, na medida em cptc funde cl ·mcutos
oriundos do positivismo c do ideá rio do Es tado Novo com doutrinas soda l-re-
formistas originárias do reformismo europeu, principalmente do fahlnnlsmo
britânico.79 No entanto, o apelo de massas do partido extravasa o seu contm'ulo
ideológico c ele se transforma, no caso do Rio Grande do Sul, no principal tu·
nal de expressão do apoio popular ao projeto nadonal-descnvolvimcntlstll d ·
Vargas.
À medida que setores cada vez mais importantes das ctnsscs dominnntcs
se afastam do projeto varguista, atrnfdos pelo modelo de dcscnvolvhu 'llto as-
sociado e subordinado a setores hcgcm()nicos do capital externo, m 1mcnlH
também a ambigüidade do PSD em relação ao seu mcntor. No caso do Rio
Grande do Sul, este processo antecipa-se ao que ocorreria no n(vül nadonnl,
caracterizando uma aberta ruptura entre Vargas c o PSD, jt\ a punir do finnlt1~
1946. ~m a acclcr?d~l "dcsgct~lização" do PSD ga(•cho, o PTU r 'gionlll sal
fortalectdo como o umco c lcgHm10 portador dos "ideais de 1~30'' c do idc:í rio
nacional-descnvolvimcntista. Ao mesmo tempo, a polftka ~mkha tCIHic u unw
bipolarizaçáo (premat.ura, quando comparada ao processo nacional) cntt'e um
bloco popular trabalhtsta, calcado no PTB c alguns aliados cspontdkos (ora o
PSP, ora o PRP, por vezes o PCB ou o PSB) c um hlm.:o lih ·rnl-cunsürv:ulor,
calcad~ na Frente ?.~~oc~ática PSD-UDN,-PL. Como scn;no polhko-pnnldá ..
ria mats forte c maas mdcpcndentc no sem do PTB nacional, 0 trahulhismo
.204
gaúcho, além de ser.alavanca fundamental na recondução de Vargas ao poder
central de 1950, projeta novas lideranças gaúchas no cenário nacional: primei-
ro Jango, mais tarde Br.izola, sem jamais abrir mão do direito de fiscalizar e
censu.rar a atuação .do dirigente nacional cada vez que a sua poUtica de com-
-promtsso com as elites nacionais em geral- e o PSD em particular- fosse as-
similávêl pela base gaúcha.
Para uma avaliação da base de sustentação social do trabalhismo, do pon-
to de vista da _dinâmica de evolução do processo político em todo o período
1945-65, constdero de grande relevância as colocações de Ernesto Laclau no
seu estudo Para uma teoria do populismo 8 a Neste trabalho, Laclau argumenta
que o populismo pode ter bases díspares de classe e surgir em contextos histó-
ricos diversos, mas que as várias manifestações de populismo teriam como pon-
to comum a presença de interpelações popular-democráticas (e nacionais, nos
países periféricos) desenvolvidas a partir da contradição "povo-bloco de po-
der", independentemente do conteúdo de classe especffico das suas várias ma-
nifestações.
Para Laclau, poder-se-ia falar na ocorrência de dois tipos de populismo
distintos: um "populismo das classes dominantes" e um "populismo das classes
dominadas", que representariam, de certo modo, dois momentos do desenvol-
vimento de um·a contradição "povo-bloco de poder". A tese central de Laclau é
de que "o populismo consiste na apresentação de interpretações popular-de-
mocráticas como um conjunto sintético-antagônico com relação à ideologia
dominante81 No entanto, Laclau salienta muito bem·que "isto não significa que
o populismo seja sempre revolucionário. Basta que, para assegurar sua hege-
monia, uma classe ou fração de classe requeira uma transformação substancial
do bloco de poder, ·para que uma experiência populista se torne possível. Po-
demos indicar, neste sentido, a existência de um populismo das classes domi-
nantes e de um populismo das classes dominadas".82
A existência, pelo menos potencial, de um "populismo das classes domi-
nadas" em contraposição ao "populismo das classes dominantes" não engen-
draria a possibilidade do primeiro gestar-se no bojo do segundo, em determi-
nados processos históricos? A resposta de Laclau parece ser afirmativa, quan-
do constata, a respeito do jacobinismo:
(...)este é um movimento puramente transitório que, cedo ou tarde, se dis-
solve, com a reabsorção das interpelações populares pelos discursos ideológicos de
classe. o importante é que esta reabsorção pode dar-se de duas maneiras: ou os
elementos popular-democráticos se mantêm ao nfvel de meros elementos, enquan-
to se aceita, cada vez mais, o marco ideológico vigente; ou se produz uma cristali-
zação da inflexão jacobina: organização das interpelações popular-democráticas em
uma totalidade sintética que, unida a outras interpelações, que adaptam o jacobi-
nismo aos interesses das classes que através dele se expressam, apresenta-se como
alternativa antagônica à ideologia vigente.83
Estas precondições para o su~gimento de uma "experiência populista",
da maneira como são definidas por Laclau, já se gestam, a meu ver, na própria

205
.. _,
c~riência do republicanismo ~1stilhisra do PRR, representando este justa-
mente uma fraç~1o de classe que requeria uma transformaç1io do bloco de po-
der. Prc.s"'ntc.s também, no repuhlicanismo gaúcho, forres traços de jacohinis-
m , '-"'onfom1c j~\ explicitei no ensaio a respeito da greve de 1917 (escrito antes
de tomar conhecimento do texto de L1clau, publicado em 1979).84 A presença
de intcrpda~"ÕC.S popular-dcmocr~Hicas no republicanismo jacobino é outro
ponto ~llientado no trabalho de Laclau.
Nc.sta mesma linha de raciocínio, a Revolução de 1930, também, repre-
$Cnta o ~w:mço de uma fraç.3o de classe que requeria "substancial transfor-
maç-J\. do hl "O de poder". Gestam-se assim as precondiçôes do que poderia
Sl~r l"'nsidemdo, num primeiro momento, como um "populismo de classe do-
minante.", ao nfvd nacional. Getúlio Vargas passaria a representar a figura-sfn-
tt"'S' dc.stc proce._~o.Note-se que tanto o Getúlio de 1930, quanto o tenentismo,
de cena form3, se adequJm à seguinte definição de Utclau:
O pupulismo consistirá, precisamente, em reunir o conjunto das intcrpc-
I:lÇ'~.S que C..\l'fC..'..~vam n oposiçllo ao hloco de ptxlcr oligárquico: - democracia,
industriJiismo, antiimpcrinlismo; em condcns.1-las em um sujeito histórico, c em
de.._~m 1\ 'r seu antagonismo potencial, confrontando-o com o próprio ponto que
nnstitui~l o princfpio de articulaç~o do discurso oligárquico: o libcralismo.85

Esta dctiniç5o de L3clau comergc, em muitos pontos, com a definição


daua por \Vdfort ao ''sistema populista". No entanto, h:'i um ponto de diferen-
·b~'lo importante: p~lra \VetTort, o conteúdo autorit<~rio c scmicorporativo re-
prc.scnt~l uma componente importante do populismo. Laclau tende a divergir,
implicitamente, desta colocaç.3o de \Vcffort, na medida em que constata que:
P~1ra o naci n:11ismo nurorit:~rio, torna-se cada vez menos vi<"ívcl a possibili-
d:1dc de nd tar uma postur:1 simultancnmcntc antidcmocnllica c antilibcrat; espe-
cialmente depois de ter incorporado os componentes antiimpcrialista c industrialis-
ra n ~u discurso, surge um3 po."Sibilidndc antes inexistente: a do autoritarismo
dem x:r.!tico.ss

Atmn~.s deste conceito, aparentemente paradoxal de "autoritarismo de-


m r.llico". parece que Lnclan se aproxima, na sua definiç<1o, do caráter que
adquire o trabalhismo a partir de. 1945; embora firmemente centrado na figura
de \ arg-as, originariJmentc identificado com o poder do Estado, torna-se cada
yc_z m3is um movimento marc..1do pela presença das interpelações popular-de-
moL:r~itk3s e atuando dentro do contexto de uma democracia liberal pluralista,
cujas rcgr.lS de jogo o PTB respeitaria em toda sua histôria subseqüente. Neste
Sl~ntid , considero que a que.st<1o da componente autorit~hia do populismo pre-
cisa ser rediscutida, particularmente na conjuntura que se ahre a partir de
1 45. na medida em que neste contexto, demonstra ser um elemento nem sem-
pre c.sscnrial :1 seu projeto ideológico.
Para \Vcffort, a componente autorit~hia do populismo se mantém no
período posterior a 1945, c se projeta, de certa forma, na ascendência das lide-

206
ranças carismáticas, pois além da "necessidade da participação das massas po-
pulares urbanas", a "personalização do poder" c a "imagem (meio real e meio
m~stica) da soberania do Estado sobre o conjunto da sociedade" seriam com-
ponentes fundamentais do populismo. 87 A partir do estudo mais espedfico do
PTB, pode-se argumentar, de certa forma, o inverso: a evolução do trabalhis-
mo, embora marcada pela presença de lideranças carismáticas (Vargas e os
s~us "herd~iros") sugere o desenvolvimento de uma componente antiautoritá-
na no moVImento de massas - que terá desdobramentos bastante radicais nos
confrontos com núcleos do poder estatal em episódios como 1954 (morte de
Vargas), 1955 (garantia da posse de Juscelino), 1961 (campanha da legalidade),
etc. O autoritarismo, como prática política concreta, marcará, a meu ver, muito
mais a evolução polftica das forças adversárias do trabalhismo. É o bloco das
forças liberal-conservadoras que, para fazer frente ao ascenso e radicalização
dos movimentos de massas, acabaria apelando para as soluções autoritárias,
embora fazendo-o em nome do liberalismo poUtico e econômico.
Isso nos remete diretamente à questão da penetração do trabalhismo no
seio do movimento operáno, que é uma questão importante no contexto desta
discussão.
Laclau tenta demonstrar que o surgimento de um "populismo das classes
dominadas" representa, de certo modo, um avanço- e não um atraso, como
argumentaram até aqui muitos estudiosos- no nível de consciência da classe
operária, na medida em que o populismo procura articular o discurso de classe
com as interpelações popular-democráticas mais amplas do conjunto das clas-
ses subalternas. Assim, para Laclau:
Para os setores dominados, a luta ideológica consiste em expandir o antago-
nismo implfcito nas interpelaçOes democráticas e em articulá-lo ao próprio discurso
de classe. A luta da classe operária por sua hegemonia consiste em alcançar o má-
ximo possfvel de fusao entre a ideologia popular-democrática e a ideologia socialis-
ta. Neste sentido, um "populismo socialista" nao é a forma mais atrasada de ideo-
logia operária, mas sua forma mais avançada: o momento em que a classe operária
consegue condensar em sua ideologia o conjunto da ideologia democrática em uma
formaçao social determinada.88
A fase "populista" representaria, portanto, uma superação do "reducio-
nismo classista" e do isolamento da classe operária, características do perlodo
anterior a 1930, em que predominavam as concepções anarquistas e anarco-
sindicalistas. No novo perfodo que se abre, "reducionismo classista e ideologia
operária deixam de estar em correlação necessária e surge a possibilidade de
um populismo operário.89
É justamente este "populismo operário" que, a meu ver, terá o seu peso
específico no trabalhismo gaúcho a partir de 1945. A co"ente sindicalista- que
define como uma das correntes formadoras do PTB no Rio Grande do Sul- é
representativa deste fenômeno. Fiel a Vargas na defesa das conquistas traba-
lhistas dos anos anteriores a 1945, as lideranças sindicais que a compõem, no

207
entanto, tomam a iniciativa da rebelião contra o PSD e recusam-se a integrar
este partido como "ala trabalhista", tal qual Vargas o imaginara no in{cio de
1945. A partir de setembro de 1945, esta corrente sindicalista confluiria com
grupos de intelectuais e profissionais liberais liderada por Alberto Pasqualini.
Vargas, que no início tenta manter-se eqüidistante entre o PTB e o PSD, de-
pois da sua derrubada do poder vê-se forçado a privilegiar o fortalecimento do
primeiro, principalmente no Rio Grande do Sul. Consolidado a partir da trans-
fusão de polfticos varguistas oriundos do PSD, o PTB gaúcho cresceria nos
anos 1946-47, justamente sob o impacto da ruptura entre Vargas e o PSD local
e da radicalização polftica do discurso getulista na fase do seu exílio são-bor-
jense. É neste período que o PTB conquista o apoio majoritário do voto operá-
rio em Porto Alegre e nos principais centros urbanos do interior (Rio Grande,
Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul).
Conforme a exposição, apesar de sua ambivalência ideológica e do fato
de não se inspirar em corpo teórico acabado e coeso, o trabalhismo não deixa
de evoluir na direção de uma síntese das interpelações popular-democráticas,
gestadas na luta antioligárquica, com os movimentos sociais das camadas po-
pulares deflagrados no período posterior a 1945. Ele conquistará, rapidamente,
o apoio majoritário das classes subalternas e, em particular no RS, da classe
operária e do próprio movimento sindical. ·
No 'entanto, o PTB gaúcho não chegaria a trânsformar-se em um "partido
orgânico" da classe operária. Sua composiç-ão continuaria a ser essencialmente
policlassista e seus vínculos com o movimento sindical, de caráter informal,
destacando-se a complementariedade entre a militância sindical e o voto traba-
lhista, mas não uma vinculação orgânica entre partido e sindicatos. No essen-
cial, o PTB tendia a ser muito mais um partido de mobilização político-eleito-
ral que de representação popular, na medida em que não chegou a consolidar
canais permanentes de participação popular. Mas seria falso atribuir-lhe exclu-
sivamente a componente de controle de massas, sem dúvida presente desde a
sua fundação: a sua atuação no cenário político suscitaria também uma com-
ponente de incorporação das massas populares no cenário político. Esta com-
ponente chegaria, em várias ocasiões, a provocar mobilizações populares de
caráter explosivo: os episódios de 1954, 1961 e o próprio período final do go-
verno Goulart são exemplos disto. Neste sentido, o PTB gaúcho, como partido
de massas e não obstante a sua relativa inorganicidade e hibridez ideológica
chegaria a gestar, em· seu bojo, um trabalhismo popular e operário que se
aproxima do modelo de "popt,Ilismo das classes dominadas" sugerido por La-
clau. - z . ·
Nos derradeiros anos-do regime constitucional·.de 1946, nà fase 1961-64,
já fora do período especificamente analisado, importante setor do trabalhismo
de massas, liderado justamente pelo governador gaúcho Leonel Brizola, radica-
liza suas posições num processo que avançava na direção daquilo que Laclau
denomina de "inflexão jacobina'', gestando as precondições para um "populis-
mo socialista" ao nfvel do movimento de massas e das camadas populares. O

208

.'
desfecho poHtico-institucional de 1964- que fecha o ciclo poHtico que váriot;
autores cheg~m a denominar de "República populista"- é a resposta dadu pc-
los setores liberal-conservadores - que evoluem cada vez mais para posiçúc~
autoritárias de direita -a esta radicalização crescente do trabalhismo de mas-
sas. A ruptura de 1964, desmantela os setores mais radicais do movimento po-
pular c joga no exllio e na clandestinidade as principais lideranças trabalhistas.
A queda do regime ·constitucional, provoca, portanto, uma quebra pro-
funda no processo de evolução. do trabalhismo de massas. Neste sentido, seria
possível argumentar que o tempo histórico do processo político brasileiro -
demarcado pela violenta ruptura de 1964- foi insuficiente para o pleno desen-
volvimento do trabalhismo - principalmente de seu setor mais radical - como
"partido orgânico" das classes subalternas, na cristalização de uma "inflexão
jacobina" que consolidasse, no cenário nacional, um "populismo operário c
socialista" na forma referida pelo estudo de Laclau.
Em certo sentido, os reveses de 1954- que culminariam com a morte de
Vargas e o eclipse poHtico de Pasqualini- marcam o final da tentativa de im-
plementar o projeto político trabalhista a partir de uma base dual de apoio so-
cial: um setor modernizante da elite, aliado às camadas populares. A crise de
1964- que culmina com a queda de Jango e o exílio de Brizola- marca uma
ruptura histórica no processo de ascenso de um movimento de massas que pro-
curava implementar o projeto trabalhista a partir da conquista de hegemonia
dos setores populares, na plena consolidação de um "populismo das classes
dominadas".

NOTAS DO CAPÍTULO 3
1 GRAMSCI, Antonio. O moderno príncipe In: Maquiave~ á PoliJica e o Estado Moderno, Rio de Janeiio, Civi-
lização Brasileira.
2 Sobre a dicotomia sociedade civiUsociedade política como expressão de dois momentos superestruturais em
Gramsci, engendrando o aspecto do "consenso" e da "coerção" no processo de construção da hegemonia polf-
tica; ver também BOBBIO, Norberto. O concáto lk sociedade civil, Rio de Janeiro, Graal. 1982, p. 38--9.
3 Sobre o partido político e "visão de mundo" e~ Gramsci, ver princi~alme~te,~p~~ ~.un~ introduzioni e un
awiC~mmlo al1o studio ddúl fi!Mofia e lk/la stona lkll.a cultura: alcunt punl1 prelimliUJTI di rifarmmto, Qu.aderno
11 (XVIII), p. 1375-95, Quadn-ni lkl Carcere, Torino, Ed. Einaud~ 1975, vo1.2
"'GRAMSCI. A O moderno príncipe, op. cit
5 Ver upftulo 1, p. 35.
6 Discurso de Pa.squalini em Porto Alegre em 29/11/1946, ver capítulo 1, p. 42
7 Discurso de Pasqualini em Caxias, em 14/12!1946, ver capítulo 1, p. 46.
8 Idem, ver capítulo 1, p. 47.
9 Trechos e:rtrafdos da carta de Pasqualini a João Agostini em julho de 1950. Ver capítulo 1, p. 84.
10 Expresslo atribuída a Ruy Ramos. ·
BODEA.A gr~ lk 1917 e as origms do traba-
11 Sobre a origem positivista do trat-alhismo gaúcho; ver t.amb_ét.1
/Ja1smo gaúcho, op. cit '
12 KEDROV, V. W. Cú:u:sificadón lk las cimciar, Academia de Letru da URSS, tradução espanhola.. Tomo L p.
3--4, 1974.
13 ZEA. Leopoldo El pcuamimto lalinoamaicano, Buenos Aires., 3ed. Àriel. 1976, p. 328.
1"' MORAES FILHO, Evariste delntrodução a Comte, Rio de Janeiro., Átic.. 1978, p. :!8.

15 Observe-se principalmente Ptatafonna lk lançammto e o ~ama d4 USB, ciudos no capítulo 1, Jubcapitu -


lo 3 e os discursos de Pasqualini citados no capfculo 2. subupltulo 3.

209
18 Tncbos extraídos do editorial do jornal A Fedcação, porta-voz do PRR de 2/&!1917.
17 A Fetlemfão, 3/811917, p. 1. Citado em BODEA, op. cit, p. 44, grifos mell5..
18
A Fetkração, 14/8!1917, p. 1. Citado em BODEA, op. cit, p. 53-4.
19
A Fedcação, 14/8!1917, p. 1. Citado em BODEA, op. cil, p. 54-5.
20 Referindo-se à experiência do projeto das clumadas univel3idades populares, Gramsci afirr:::a: "Aprese.ntan-
se a mesma questão mencionada: um movimento culrural só o é na m~ida em que se ded1c.1 a desenvolver
uma culrura especializada para grupos restritos de intelectuais ou, ao contrário. somente na m~id~ em que,
110 trabalho de elaboração de um pensamento superior ao senso comum e cientificamente coerente nao es.que-
u nunca de permanecer em contato com os 'simples' e assim nesse contato encontra 3 fonte dos probien:as 3
esruda~ e resolver? Somente por esse contato uma filosofia se torna 'b.istóric.a', se depura dos e~ement~ tnt:-
lecruahstas de narureza 'individual' e se transforma em 'vida'. A falência daquele projeto podena ter s1do C\1·
tada se houvesse 'or~anicidade de pensamento e solidez cultural' (que) poderiam ter sido ronse.r,uidl5 SC~men­
te se entre os intelectuais e os 'simples' houvesse a mesma unjdade que de'\·e e;tistir entre troria e pr.ític.s~ isto é,
se os intelectuais tivessem sido organicamente os intelecruais daquelas massas, em outras pall\Tas, 5e hou..-es-
sem colaborado e tornado coerentes os princípios e os problemas que aquelas m.tssas rolocavarn rom .t sua .ui-
vida~e pritica, constituindo assim um bloco cultural e social". Foi esse "bloco' que, parece-me, o discuno tn-
balhist.a. apesar de suas ambigüidades, ou talvez mesmo por c.ausa delas, permitiu manter. GRA.\tSCI. A Q-.u:-
ckmi dd Carcen, v. 2, p. 11&2, Torino, Einaudi, 1975.
21
A Federação, 14/8!1917.
22 Ver BODEA, op. cit, p. 4o-1.
23
A Fedcação, Editorial, p. 1, 2/8!1917.
24
Sobre a resson!ncia popular de elementos do discu13o positi.,ista ao nível das m.tssas populares no ronte.llo
brasileiro, vide o artigo de Maria Lúcia Montes, O discuno populista ou caminhos cruzados.. In: Pcpuli.sm e
ÚlmWiicação, José Marques de Melo, Coordenador, São Paulo, Cortez Editora., 1981.
25
GRAMSCI, Quaderni dei Carcere, v.2 p. 1392 e 1383, Torino. Ed. Einaudi, 1975.
26
Ver I.ACLAU, Ernesto. Para uma teoria do populismo,In: Polilica e ideologia 11a reorül m=rirta, Rio de hnei-
ro, Pu e Tem, 1979.
27 Discul30 pronunciado por Pasqualini no Alegrete, 6/9!1950, ver capítulo 2 p. 216.
28 GRAMSCI. Quadnni dei Carcen, op. cil, p. 1390-1.
29 Idem, ibidem, p. 1385.
30 GRAMSCI. O moderno príncipe, op. cil, p. 9.
31
GRAMSCI. Quadcni delúvca-r, op. cit, p. 1392-3.
32 Ver G ERMANI. Gino. Polilica y sociedt:ul 01 una ~poca de trai'Isición, Buenos Ai~ Paidos Ed .. 196S.
33 Ver DI TELLA. Torquato. Cla.sse.s sociale.s y e.st:ructurar polilicar, Buene>S Aires.. Paidos Ed... 1974.
34 GERM.ANI. G., op. cit, DI TELLA. Torquato, op. cit

3S IANNI, Octávio. A fom~ação do Estado popuüsta na América Latina, Rio de hneiro, Ci\ili.uç.ão B~silein.
1975, p. 26.
36 IANNI, 0 ., 1975 (1) op. cit, p. 28.
37 Idem, op. cil, p. 31.
36 Idem, p. 33.
39 Idem. p. 108-9.
40 lANNI, O. O caúJpso do popuü.smo no Braril, Rio de Janeiro, Civiliz.aç..ic Brasileirl, p.66.
41 DEBREf, Guita-G., /d~ologia e popuü.smo, Slo Paulo, Queiroz Editor.1, 1979, p. I.
~ DEBREf, Guita-G., op. cit, p. 4.
43 Idem, op. cil, p. 6.
44 Idem, p. 25, pifos meus.
4-5 WEFFORT, Francisco, O popuü.smo 11a po!Jíica brarilúra, Rio de Janeiro, Pu e Terra,19SO.
48 WEFFORT, F., 1980, op. cit, p. 20.
7
• Ver WEFFORT, F~ Política de massas; In: O popuü.smo na polilica brcuikira, op. cil, p. 19.
48 WEFFORT, F., 19&0, op. cit, p.24.
49 Idem,p.36.
50 Idem,p. 40.
~~Idem, p. 42
~ WEFFORT, F. P011i~, sindicaJos e demoaacia: algumas que.stoo para a história do paiodo }9./5-M, mi-
meognbdo. 1975, op. cal, p. 3-4.
53
Entrevista c..om L Fanton, ex-secretário particular de Pasqualini, já citada no c.1pítulo 1.

210
M WEPFORT, lf>RO, ('Jl· rlt., I'· 1\0,
M Ver <"Apltuh\ I, p. In.
r.u Vrr rnpltul,l I, p. I ;\7,
['}7
Vtr l'llpltuln I , p. l.li2.
M WF.JIIo'ORI', tlll\0, p. 7'1.
50
N11 m11nlu\ do 111~ 2·l de lll'.o~tu, l'unw J•i vimo~. ns mMsM dl·strocm 11 sede ti:! UIJN (identificado como o "par-
thl<' 1lo~ riw~". tl11 dll ~~(l ll,,mlflllntc), mM po upam u rclr11to de Flore11 da Cunha que é levado de "volta ao seu
pMthl<l", ASl'llt· "'' lyl'll. "p:utitlu tln~ pohrt·s". (1 simbolismo dlls mas~ as terá repercussões práticas um ano
m11is ll\nlc: como prcshkntl• ,1:\ ( ~.1 mnra dns Deputados, Flort•s rompe com a UDN no dia li de novembro de
19.~51·, rdnr.H·ssantlo '"' lyl'l\, aj1ull\ 11 nsst•j•,uur 11 posse de Juscelino c Jan1;ol No movimento da legalidade (já
fMII d11 ptrÍíldo tlt·stll pesquisa), umn ldturn, mesmo superficial, dn imprensa da época demonstra o peso da
e~truturn pnrthUrill trnh11lhi~ta ~~:~ nwhilil.liÇ:'ío populnr.
fiO
Ver rapftulo 2 p. 21(•- 7.
01
WEPFORT, 19RO, op. dt., p. 36.
6
~ ltlt·m, p. 'lO, r,rif<'S llo 1111tor.
03
Idem, p. 5:\, l'.rifos meu s.
04
ltlt'm, p. 53.
6
~ Ver WEf-FO RT, 1975, op. cit.
60
Ver capitulo 1, prindp~lmcntt~ suhc.1pftulos 3 c 5.
67
Entn:vistns com lídacs sindicnis wmo J. Vecchio, Mesquita c outros. Entrevistas com Lidovino Fanton c João
Caruso S., já citndns no cnpftulo 1.
68
Entn:vistl\s com Panton, Ca ruso Scudcri c O tavio C.uuso da Rocha, já cit.1das.
69
Como "cbsst.'s populllfes" Wdfort dcsi~na a " todos os setores sociais-urbanos ou rurais, assalariados, semi-
assal:\riiHios ou n !io - ass:~lnrizulos, cujos níveis de ('Onsumo l'Stáo próxi mos aos Jnínimos socialmente necessá-
rios pua n suhsist~ncin". Ver WJ.:.FPORT, 1980, op. cit., p. 81, nota I.
70 WEFFORT, 19RO, op. cit., p. 63.
71
WEFFOR'l', idem, p. 62-3.
72
ltlt•rn, p. 63.
73
ld<·m, p. 63.
74
ldt.'nt, p. 84-5.
75 Idem, p. 63-71.
76 Sobre a innu~ncia positivista em Vargas, ver BODEA, op. cit
77 Sobre 11 visão liberal do populismo, cito as próprias palavras de WEFFORT, 1980, p.83.
78 Não se trata de afinn:u que Vargas fos.~c um idcólogo positivista, mas sim uma liderança política inOuenciada,
na sua origem, por um agrupamento político oriundo de uma curiosa adaptação do positivismo comtiano ao
texto latino-americano, conforme expus no item anterior deste capítulo.
79 Ver c~lpftulo 2, subcapítulo 3.
80 Ver LACLAU, Ernesto. Para uma teoria do populismo; In: Política e ideologia na teoria marxista, op. cit
81 LACLAU, op. cit., p. 179.
82 Idem, p. 179-80.
8 31dcm, Jl· 181, grifos meus.
84 Ver BODEA. já citado acima.

85 LACLAU, op. cit, p. 194.


88 Jdem, op. cit, p. 194.

87 WEFFORT, 1980, op. cit, p. 69.


68 LAClAU, op. cit, p.l80.
89 Idcm, p. 194.

'' -
211
,;.·•. i ~ -·
·. •.r' •: _··· .
lli\N I li · Jll , ~loloil f fi f;,,.,.,,, ,, ,/,. /,.,Ir' I l,.,i/1 ' 11/1/•l· 'ol, ' ' ,l.tt /ll/, ~o '· ' 1• • 1 ~ 1' •' /,, r••il I IJ•!I ,, 1 f• r,, . •
I
l ' t\ill fÁ \ '''''"~ ' ' ,.I I ' I ' 1 I I I 11
1 'ij,.,,.
1 11 1 1 11
11 ;\"lll',';";.,\. t\oi •A .. ,I .. ~I II ttlltt l' lll, ho 1 •1'• ~' /' ''/ •' • • • " ' /l. ,./1 p, ~ · lll; l ·ll! ,l ll lli J
'•r. t I•. •I
lld" lu' ( '''I! .
111 Nl·\11111 .';, 1 ~1 ~ \'lt.\tl~ ri li.•l .. t'"' flt,l•tlto/,.
I ~IH• IIo• I' , ,. I. I " · 11111\
t' t l/! f\l, ,•lirl,,.i,.,,., III• ••I·· I ~Hdt", I '•J • 1•11 , PHl l
i.'
IH l lllll! N•••"' 11 ,, 1 , , .,,, ,,,,·,,,. , ,., ,.,/,,,/,., í.,/, lll" . 1~ I ~"' 11 ot, 1 11 I, I 'In •
ll< llli ·.J\, Mlr," "l f "" ' "' ...,,,,/,/; lt.lf (·,.,,,,., , ,.,, ,/.•!·•• 1··•1'•' "' ' '' -"' 1' 1' ''· 1' 1' 11 "" 1'1'' · ' n ll ·lll .,, ,., ,
\ '1\M,\111 li I, t\•t•hl~ I ·, , , ,,,,, ~, ... ,,,.. ,,,,,,,,,/'·:''''' '1 I,,. ... ,,., . ... ,.,,.,,1'
1•' •• •• '"" flll dt , f; .. .,,. 1! .... ..,1, ,,
IUottlr< .IAn<'lltt, ! ' l' l lfl( ', 1!11ll•l ~ ••fltltlll·•' •r••. I''''' •t
< •t\~11'1 · 1111 lllf :.111 1/i\ , M 11 "''I '''"''" I ,,,,,/,, "/ '•'' '''''" 1'•'1' 11 ' " ' ' 1' ' fi,,,.,, I Jtl 11' 11 11 '" ·• I' •1f., fl t,
I lttl~'f. , I 'i !lt
C1\IU lNI 1• Jl•lr~1 O ht1t•l1• N,w.•, ~; ,,,I' '"''·Ili I I I . l 't/ t.
( '1)1(1(·.1\, ( 'Atl;,, l• l i 1111 ,J1 ,11'• '/IIz• ·••••ll•t! •tl 11', ,\,( lz!l •I • II Y••f f/, ; f••h•tl '!t " j•J/ 1
Jli ·IIHI · J'. (I ~ti IA 1I /,f,,.f,.A.,·,,, l "'l'"''"''''· '•''' I'Atd n I J•t• lt•• l I •I , I '' l't
1>111·11 '' · 1"' ' 1~~~~~~ I/,,.,, ...,~.,,, ,,. ,.,,,.,.,,.,, ,, , .. ,,,,,,,., "''' ""' "'• · • l '~ltl ••• l d . l 't/ 1
O I·JtM ,\ NI, (lfl\11 /', ./1/totl \' ,,., ,,,,,/ '" '"''' ,, .... .. ,/; ,, ,,,, ,,, ..... ' '"' ""' '"'' •. I' 1•1·· · 1'•1, 1111 1
Ulli\~I S(' I , 1\nl••tll" I I tt"'''''"'" I'"'" li' lt• ,\f, ,l"' ' ""' ••1 ···1•1• · " ' • ' ,.,,,,1 ' 1" ' , / . , , , , 1'1" oi· 11•11" 1" 1•.,
al lrl rA, 1'1/1 (i,.,,/,flrfrl; /( ',.,,n;o, l)u • oltt ll" ll , \ool ' I ti 1 1"""11 1'1/',
11\ NN I,(J, t vln ( ',.J"I"''''''I " 'I~.r,, ,I , , ,,, ,,,,,,., J ll h ,,t, ''"'"" 1 " ' '"· ~ '" llt nll•l t ~ , I 'Jz,lt
_ _ •. f.'!rrl•'l•l·•·'· '" ''•'•/•• J~ '/~ ' '"'1' 1 "' , .,,,,,,, ,/ ,,, 1" ·'"'""' 1,,, . 1, .. I 1\l l lf~\ " llt • •ll•lt 111/\
KI'IHlrlV,V. \V. 1 /,,,,,;,,,,-.,,,/,/,,,"'''I''"· j, .. , .,, ., , , ,,, '"'' Jl, I • '' ' ' ol • ll ll','l , 1''' 1
I 1\( 'I"''· I 111H' • h• I'AI 1111\A ,,. , , , , '' " 1"'1'"'1 "11" '" / ',·lol, ... ~ ,. , ,. /. "' ' "' ,, """ ''""''''·' · 11111 '" ,,.,.. ft .., , ,,
r 'I r tu, I'J 11/
I'"
I ( ) vI:, .I 11\(' I . () , f,~'· .. ,',,."'.' !:• tt i./,.' , .. r .... ... ... · ' · ••• I • r.. I .. ' ' 'I' ' ' I t " · •• I" I' ·••d' •, I'. '' I" ' l i ~ 1' I'J 11
M< IN'' '·' '· 1\t.rt .. 1 '" ~~ ,,,11 .. "'"' I'"''"'''""",''"''"···· .,,, "1···. '" ,. .,."'"''''' , ..
('otlrJ F.t , 1.,, ,1 1\1~ 1'1" "' f••l·• (t•"''" ). l'llil
..
~ '"''''' 1., ••, ·. 1.. r·.· ~'··
M<llli\J-..; I ' IIIIIJ , I • ,·~ tl • l •tl•ti• " I" 1 , J, , ,,,, ..,,... . Itt,,f, ' " ' " " ·' ''' . I 'J /11
1'/\ \( )1 11\1 IN I, '"" ''" /l.t•··· ,. '"""'''' .... I ,.,,,,, ,, .. , ,, , .. ,,,,,, , , , , •• · · " · 111 ' ' ' " IA'" 1"•. I h I "li ' , I·• 1... .~_ I'J\~
- ' .,,,,,,/}, ""'' , ""' ""~ •/o ·tttt(llf• • ... '"''" " ,, ••• I·,.,,,, ,, I' r '' ' ''''I"' n · ~ I li I• lo I " " I ~ ,,,, ,,.I. I ll'l, \ '11 '
- • "'I j,/J,,,, , .. olilt• ,,, ,,., ''"' ,/; • fi!.,,,,. ,., ...,,,,,,."·''·., , , ,, ,, ,.,.. I'",.,' "'. I 11 lo,,,, ,,,, I ••··I· ,,, 11'
I 11\11.
:at.Vr\. ll f ll" o,;,,,,,/,l ',,,,.,., ,ltJ "dr IAII i!,,( ' lv ''' ·' '"'''' · '"' Jr•. l ' l /1
s ~:ll> fi >ltl ·. ' llt oli!IA\ ' '' ·'"'· ,,, r.'n,)fj,,,,, ·,.. ,,,,., Hl" " ' ' ·' " ' ' ' " 1' 111 1 ' ' " ' · , .,,,,
S( lt\HI ·S, I IAtltln Dlll11u ,\',.,,,,f,,,{,. "I"''"",,,,, fl,,.,,f, ·,,,, 1',"11", 11111" "I '" "l''' l• ,t ,, lt \1••, I"!.'/
Vt\ ll< 11\-.;, I lrftlllt• ll,•rndl ' · ,1 ttlll\1 t~ •lltr • ,, ,f,• /11,,,,(, lU·• 111• l.u 11 lt••, ,,..,1
lll\tiiJ'i•• I •111•11• l·•l • I t li
t•n~t n
-. A • ''"'!"''""',.,,.,/,(,,,,,,f, ltht •lt• I nrlt••. 1,., ,, I lh·u1 1>1• • I · lllo 'f .l , 1'1\ I
. O·"' ''"'"'" ,,,r/.,tlltlo/,,,/,, /Ir. tu/, H n ,1, I " " ""· 1, ,., llhn q •l•• I '"''""· I\ , I'J\ '. I''' ' '' 1'1' '
. . • , . , \1.-~'AI I " "I til! I • ll•t JU.. ( IMitlr I'~" "'' "' pnld I .1.111 "" 11 r••\ •' 11111 l ltllt\t '" •, l'.•tl•• · ,, ,,. '"
1 1
V fi\NN.I\, l.ult Wr lltl'• ~ rJ .tloln• tol ,.,,;,,/, írz', , , ,.J'/11 . :; ,,,, l',1 ul". 1 ' I· t li ( ' , I 11 1
\ Jll •t I >HT. l'r ~n· ht ,, I · (1/'•'/'"lt " "' ' '"'l'· ''"'' ,,,,,,,,f,•11 , 1,tu ,, ,J,· 1" 1,,. 11 , , I' , ,, 1, 11 , , I'J I •
• ( )ri~•'ll ' olo wlllttlt .11\IJ\tl 1'''111111 >1 ~ 1111 llt .u ll ( 1\ t o111jlll1lu1 ti•• .11'' • 1'"' '' ·1) '.\,oi' ui••, 1••·1•'" ,. \ .
/1/l.·ll '.. l'illll .
l'l ' l
. " '/11""'' ' 1 dor f.u •~llillllfif,.., 111•(,., 1,1, " '" ,1 ,,,,,11 , 1, ltrt/ol.•,•/, 1 ,,,· ~;l, tl ' ui•• '"'"'' ''ti ~oi.• ,. •'
_, l '.u t lr l "~, •l ntllt4 1••' tl t' llttl• j ,,, l lf,lllll ~ \ ' Pit' IO't 1'11 • h \t.\d ,,,,I''""I •' I ,,,\ . '" '• I • I
Mlr•ti•'f.' r••t.., 1'1/\
1
i' f A, I r"l"'l·h• I.IJ '""'"hta.•{,,fi.,,..,.,l,oi,.,,.,,, Jhu ,1,, , i\lt~ ~. 1\ 1(, 1, l 'l / i 1
Referências bibliográficas

. G vcno deloão Goularl- histórico das lutas sociais no Brasi/] 961 _~.~ .
BANDEIRA. M ontz. 0 0 ~. Rto de J .
Ci\ilizaç.lo Brasileira, 1977. 'd •. B . anetro,
. • do~ rro com PTB· in: Os parlt os po11t1cos no rastl, Brasília Ed da UNB
BASTOS' Sue Iy. A Cls.lO iVl ' " . ' ' • ' 1981 D .
Fleiscber org. . . , . . • . ' av1d
BE•~EVIDES Maria Vitória. O Govcno Kubttschek- cksmvolwmmto economtco e estabilithlde " .
•' pout1ca 'Ri
Janeiro,PazeTerra,1976. . . . ' Ode
.A UDN e 0 udclismo, Rto de Janetr?,_Paz.e Terra, 1?81.
B_O_B_B-10, Norbeno 0 conuito de sociedade c~wl, R10 de Jan~uo, Gr~al, 1982
BODEA, Miguel A K""'~ ~al de 1917 e~ ongms ~ tr~baUusmo gauch~•. Po_rto Alegre, .LP~ Editora,
CAMARGO Aspásia Carisma e pcsono.lidade polittca. Vargas da conCJliaço.o ao maqUiavefism M' 1979·
Rio de Ja,neiro, CPDOC. Fundação Getúlio Vargas, 1979: ,_ o. tmeografado.
CAMPELLO DE SOUZA. Maria do Carmo. Estado e parttdos polzttcos no Brasil (1930-64), São Paulo,"Alfa.
Omega, 1976.
CARONE., Edgar O Estado Novo, São Paul?, DIFEL, 1?76.. .
CORTÉS Carlos E. Gaucho politics in Bra.ZJl, USA, Umvers1ty of New MeXJco Press, 1974.
DEBRET Guita G./deologia e populisrno, São Paulo, Queiroz Ed., 1979.
, DI TELlÀ. Torquato. Classes soeiales y estructuras politicas: ~~enos Aires, .Paidos ~-· 1974.
GERMANl, Gino. Politica y sociedad muna epoca de lranstcton, Buenos Aues, Pa1dos Ed., 1974.
GRAMSCI, Antonio. O moderno principe In: Maquiavel, a polític~ e o e:tado moderno, Rio de Janeiro, Civ. Bra-
sileira, 1977. Quaduni de/ Co.rcere, Quaderno 11, vol. 2, Ed. Emaud1, 1975.
lANNl, Octavio. Colapso do populisrno no Brasil, Rio de Janeiro, Civiliz.a_ção Brasileira, 1968.
_ _ _ .A formação do estado populista naAmirica Latina ,Rio de Jandro, Civilização Brasileira, 1975.
KEDROV,V. W. Classificación de las cimcias, Moscou, Academia de Letras da URSS, 1974.
LACLAU, Ernesto. Para uma teoria do populismo; in: Política e ideologia na teoria marxista, Rio de Janeiro, Paz
e Terra, 1979.
LOVE, Joseph L O ~gionalismo gaúcho e as origens da revolução de 1930, São Paulo, Perspectiva, 1971.
MONTES, Maria Lúcia. O discurso populista ou caminhos cruzados; in: Populisrno e comunicafiio, São Paulo,
Cortez Ed., José Marques Melo (coord.), 1981. . ,
MORAES FILHO, Evaristo./ntrodução a Comte, Rio de Janeiro, Atica, 1978.
PASQUAUNL Alberto. Bases e sugestões para uma política social, Rio de Janeiro, Livraria São José, 1958.
---.Trabalhismo e desmvolvimCJto econômico, Porto Alegre, Imprensa Oficial do Estado do RS, 1952
- - - . As idiias politicas e sociais de Alberto Pasqualini,Porto Alegre, Imprensa Oficial do Estado do RS.
1954.
SlLVA, Hélio. O ciclo de Va11:as,Rio de Janeiro, Civ. Brasileira, vol. 16, 1978:
SKIDMORE, Thomas. Brasi~ de Getúlio a Castelo, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
SOARES, Gláucio Dillon. Sociedade e politica no Brasil, São Paulo, DifUsão Européia do Livro, 1969.
11
VARGAS, Getúlio Dornelles. A nova politica do Brasil, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, vols. 5 e '
1938-47.
- - - · A campanha presickncia/, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1951.
- - - ·O govemo trabalhista do ~rasi/, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 3 v., 1952, 1954 e 1 9~!· re,l953.
- - - · Pr~taçáo de contas ao R1o Grande. Panfleto publicado sob o governo Dornelles, Porto A g
o
VIANNA, LutZ Werneck. Osistemaparticúirio e PDC, São Paulo, CEDEC, 1977.
WEFFORT, Francisco C. O populismo napoütica brasil~ira Rio de Janeiro Paz e Terra, 1973. d osCE·
- - - · o· ngens d0 Sindicalismo
· • · ·
popuhsta '
no Brasil (A conjuntura '
de após-guerra). • p au10 ' Ca(l71
Sao
BRAP, 1980. t97t
- - - · !Xj~onos ~farsas inutib: hist~ria critica ou história ideológica?. São Paulo. Mimeogr~~d~ão Paulo.
--M-.- · Partidos, smd1catos e democracia: algumas questões para a hist6ria do período 19~ 5 '
Imeografado, 1975.
ZEA. Leopoldo. E/ pmsamiento latinoamericano, Buenos Aires, Ariel, 1976.
~~ffB:·_ -J:. ··_ . ·.- . ~ .' . ~ . . . . . .··.~ - . ·;···~:::"·:~:·:~::~-.·'T
(iv~·:. :_--_ . >_~ .;~ ~~:-_.. _-. · .:. · .- · · ~ .. · · : , : .. :- : .:=.:·..~~ :
,. t I • ' ,• •. ' . . . - .. ,
!.~; ( ..~ :··.· ·~· ·:. ·.: · ·A formação do trabalhismo no Rio Grande do Sul · ... ·..·
.: " ...

'l
''( · ···> ·. ·. · · e o surpreendente r evés eleitoral de 1954 :. i
l
/ ... .· constituem o lastro histórico deste texto de ~liguei Bodea.
•:·; :··. Além disso, regis tra e analisa as coordenadas políticas·
.'~F · e o projeto ideológico das d u as figuras exponenciais · ·
J do trabalhism o: Getúlio \ 'argas e Alberto PasqualinL :.·
:. N este momen to, o livro de Bodea perde sua dimensão regional ·-
'/, ~
e torna:Se a mais si~~~cativa interpretação rt-9-"1 '-: •
!
·f;. do antigo PTB em seus postulados doutrinários.
.·; Original e rico em d ocumentaçã o e interpretaçã o,
( Trabalhism o e p o pulism o no Rio G rande do Sul
1 é um texto fundamental so bre a \ida política rio-grand ense.
•.
1
~

1 '
I
~
\

-- - . --~ --~~-~-~-~~--~~·
N.Cham. 981.65:329PTB B666t
A utor Bodea, Miguel
"Pítulo Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul

' /lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll~ 1111


Ex.2 UNILA5ALLE- BC 00007865

Potrebbero piacerti anche