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ULISMO ·.
29PTB
C.
•
E.Ortora
da UnNersidade
·~~f f'& , L . ' ~ ~-.,.,-.-. ;.. '-.. .-
CD U: 329(PTB):981.65
329(816.5)(091)
329(816.5)(PTB)
981.65
ISBN 85-7025-230-7
>
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 9
Capitulo 1
FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO PTB NO RIO GRANDE DO
SUL (1945-1954) ...................................................................................................... 14
O surgimento dos partidos polfticos nacionais na conjuntura de 1945 ........... 14
A reestruturação partidária de 1945 no Rio Grande do Sul ............................. 17
A formação do Partido Trabalhista Brasileiro no Rio Grande do Sul ............ J)
As eleições de 1945 e a efêmera avalanche pessedista ....................................... 31
A campanha pasqualinista de 1947 e a consolidação do PTB regional ........... :I>
As eleições de 1950 e a hegemonia trabalhista no Rio Grande do Sul ........... $
O primeiro governo trabalhista estadual, as eleições de 1951 e a
formação da "Frente Democrática" ...................................................................... 9l
A segunda campanha de Pasqualini e os reveses de 1954 .............................. 106
Notas ........................................................................................................................ 13 ·
Capítulo 2
O TRABALHISMO GAÚCHO ......................................................................... 139
As lideranças trabalhistas e seus papéis:
Vargas e Pasq ualini ......................--:........................................................................ 139
_,· O PTB no projeto poHtico nacional de Vargas ................................................. 141
O PTB e Vargas no projeto político de Pasqualini .......................................... 152
Liderança nacional e liderança regional ............................................................ 165
Notas ........................................................................................................................ 174
Capftulo 3 _
TRABALHISMO E POPULISMO: UMA INTERPRETAÇAO
ALTERNATIVA ............ ..... ....... .... ..... ... ................ ........ ........ ...... ......................... 178
O trabalhismo como formação partidária e corrente doutrinária .................. 178
Trabalhismo e populismo ......................................... :........................................... 189
Notas ............................. ........................................................................................... ·m
.:
., ...
. ,. _,
deiro Eduardo Go~es. Sua direção e seu. conteúdo programático vão sendo
atrnente dommados por elementos liberal-conservadores que em nfvel
gra du d . . •
. rnacional defen em um alinhamento mcondicional com os EUA no con-
Inte F . A ó -
teX to da Guerra na. P s a
. convençao. de
. abril de 1945• os elementos da
0
h rnada Esquerda emocrátlca (na ma10na socialistas antigetulistas) come-
~~ a se afastar da l~nha lib~ral-conservadora da UDN. Em agosto de 1945, a
Esquerda Democráuca praticamente rompe com a UDN. Em princípios de
1946, juntand?-~e com o~t~os grupos socialistas independentes, passa a formar
0
partido Soctahsta Brastletro (PSB). A oposição antivarguista, não-comunista,
dá origem, portanto, a duas correntes distintas - um partido liberal-conserva-
dor fortemente elitista. e que teria penetração em setores da oligarquia, da bur-
guesia e da classe m~dta urban.a- a ~J?N- e um partido de esquerda indepen-
dente, formado por mtelectuats socialistas, voltado para a classe operária mas
que nunca obteria uma grand~ base de massa: o PSB.1
Do lado das forças getuhstas também ocorre um processo de formação de
duas correntes distintas. Inicialmente, Vargas e todo o aparato oficial do Esta-
do Novo, ante a inevitabilidade das eleições, lançam-se na construção de um
forte partido de sustentação oficial: o Partido Social-Democrático (PSD). Este
partido surge a partir da força das interventorias estaduais (os governadores
nomeados por Vargas) e representa uma tentativa de centralizar as forças
oligárquicas locais fiéis a Vargas numa estrutura partidária que tivesse algumas
tinturas reformistas e fosse fiel a um programa nacionalista. O próprio nome
parece ter sido escolhido para atrair o voto urbano e dar esta conotação refor-
mista. Entre seus fundadores, destacavam-se os principais interventores doEs-
tado Novo, entre eles Benedito Valadares, governador de Minas Gerais, e
Amaral Peixoto, governador do estado do Rio de Janeiro. No entanto, tal qual
ocorrera com a UDN, no seio do PSD também passaria a prevalecer uma
tendência liberal-conservadora, vinculada às oligarquias e elites locais.
Devido ao descontentamento dos setores operários urbanos- vinculados
à estrutura sindical criada no Estado Novo- e também graças à visão de Var-
gas da necessidade de mobilizar o voto de massas urbano em torno de uma le-
genda específica, surge um outro partido, essencialmente voltado para o voto
operário: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). À diferença do PSB, o PTB
não explicitava, pelo menos no início, uma plataforma socialista e atraiu pou-
cos membros da intelligentsia de esquerda para integrar seus quadros (com ex-
ceção, como veremos, do Rio Grande do Sul). Mas a vantagem que levou so-
bre o PSB no período 1945-64 foi a de conseguir mobilizar gradualmente uma
significativa parcela do voto operário, crescendo de eleição em eleição, até tor-
nar-se o maior partido no Parlamento após as eleições de 1962, quando ocorre
a fusão com um setor da bancada eleita pelo PSB.
Além dos três grandes partidos nacionais- UDN, PSD e PTB- e do PSB,
surgem vários outros partidos, a partir de 1945. O mais forte deles é o Partido
Comunista Brasileiro. Este, graças à sua estrutura de organização fortemente
centralizada e sua disciplina ideológica, emerge com uma grande força em
~ :
Nas eleições gerais de 1945, o .P~B aind~ ~up.lantaria em votos o ~TB nos
principais centros urbanos. Nas eletçoes_ m~mctp~ts de 194~, ele obt~na maio-
ria relativa dos votos na capital da Repubhca (RIO de Janetro) e farta a maior
bancada municipal em importantes centros como Sant?~ e Recife. A eclosão da
Guerra Fria fez com que o PCB fosse novamente prOibido, em 1947, já no go-
verno Dutra. A partir daí, é provável que uma boa parte da sua votação no
meio operário tenha se encaminhado para o PTB. -
Do lado oposto do espectro político surge, em 1945, o Partido de Repre-
sentação Popular (PRP) - sucedâneo ideológico da antiga Ação Integralista,
movimento parafascista da década de trinta. O P~P, partido de ideologia direi-
tista, teria pouca influência nos centros urbanos, mas algumas fortes bases re-
gionais em áreas de pequenos agricultores independentes, particularmente nas
regiões de colonização alemã e italiana do Paraná, Santa Catarina e Rio Gran-
de do Sul. O PRP entraria em rápido declínio a partir da década de cinqüenta,
sendo gradualmente deslocado pelo Partido Democrata Cristão (PDC), um
partido de centro-direita mais dinâmico e moderno, com penetração crescente
nos centros urbanos do Centro-Sul. 3
Finalmente, entre os partidos mais regionais, mas com alguma influência
no cenário nacional cumpre destacar o Partido Republicano (PR) - herdeiro
dos PRs da Primeira República e com alguma força, embora decrescente, so-
bretudo em Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, mantinha-se o Partido Li-
bertador, herdeiro dos antigos federalistas e defensor do parlamentarismo c de
uma forte descentralização do poder. Finalmente, em São Paulo, o Partido So-
cial Progressista (PSP)- do "cacique populista" local - Adhemar de Barros.
O importante a salientar, para os propósitos deste estudo, em relação ao
quadro partidário que se forma em 1945, é de que, se por um lado, surgem, pc-
la primeira vez na história do Brasil Republicano, verdadeiros partidos nacio-
n.ats, por outro, estes partidos nascem, aparentemente, com um relativo ecle-
tismo ideológico (com exceção do PC e do PRP) e caracterizam-se também
p~r um~ g~ande heterogeneidade de posições no interior de cada um deles. O
cnv~ pnnctpal da divisão partidária dá-se, em 1945, principalmente em cima da
~d~hdade. ou oposição ao presidente Vargas. A'\sim surgem simultaOL'amcntc
ots partidos de cunho liberal-conservador, um anti-Vargas (UDN), outro
pró-Vargas (PSD) c dois partidos de base operária c cun ho social-reformista:
um pró-Vargas (PTB), outro anti-Vargas (PSB). É provável que a cvoluç3o
16
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polftica de long? p_raz~- nã~ fosse a ruptura de 1964- tivesse o efeito d f .,r .
Co nvergir os p.n nclpals partidos em cima de suas• ,-.,os,·ço-c s dou t nn
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,,. . de sustentaçao socwl. fazendo o cs· 11 cctro políti·co te nuer
,, para uma b'Ipo- '
Jarizaç~~ entre um blo~o hhe~al-consc~ador UDN-PSD c um bloco popular-
progressista PTB_-PSD • superando asstm a dicotomia gctulismo x antigetulis-
mo. O caso do Rto Grande do Sul- na época um dos estados mais politizados
do p~tf~, além ~c tcr~a na_tal ~ b~~s_c d~ atuação de Vargas no seu período de
"exfiiO ( 1945-50) - ~ multo stgmftc<lttvo neste contexto, pois antecipam-se ali lO
algumas das t~ndê~~Jas que ~penas numa fase bem posterior viriam a se mani-
festar com ~ator nitidez no Sistema partidário nacional do período 1945-64.
17
·',
19
~:
I
I •
I:
quia e dos estancieiros, mas sim dos pequenos e médios proprietários agrícolas.
Apesar de seu latente sentimento antioligárquico e antiimperialista,: poten-
cialmente apto a resvalar para alianças ''populistas", o clero local dedicava
uma boa parcela de suas simpatias ao PRP, graças ao zelo com que este fechava
o mundo rural ao "comunismo" e às novas idéias.
Os dois partidos liberal-conservadores de cunho antigetulista - UDN e
PL, as forças pró-getulistas do PSD e PTB, uma incipiente e efêmera Esquerda
Democrática e mais os partidos extremistas (do ponto de vista ideológico),
PCB e PRP, completavam o espectro polftico gaúcho nas vésperas das eleições
de 1945. Nas eleições estaduais de 1947, o PSP ademarista faria a sua primeira
incursão no cenário polftico regional, não obtendo, entretanto, o quociente
eleitoral para entrar na Assembléia Legislativa. Bem mais tarde, surgiriam no-
vos concorrentes, com plataformas reformistas: o PDC e o MTR ferrarista.
20
região: Porto Alegre, Rio Grande (cidade portuária considerada por alguns
"berço·.do queremismo" c J'maior bastião do trabalhismo") e Pelotas (maior
centro frigorífico do Estado). 18 A ala trabalhista do PSD envolve-se profunda-
mente no qucremismo, o que a distancia cada vez mais da cúpula do partido,
comprometida com a candidatura de D~tra c cada vez mais receosa em relação
ao eventual "continuismo" de Vargas. 19 No auge do movimento qucremista, a
ala trabalhista alugaria sede própria, na Rua Sete de Setembro, escapando de
forma crescente ao controle da liderança do PSD e deixando de ser a "máquina
de bater palmas" dos políticos tradicionais. 20 Em princípios de setembro, o
presidente da ala trabalhista, José Vecchio, na época presidente do Sindicato
da Carris Porto-Alegrense (serviço de bondes) e Sílvio Sanson, da diretoria do
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Madeireira de Porto Alegre passam a
considerar o PSD um "partido da classe dominante, liderado por políticos bur-
gueses" e decidem-se pela ruptura com a cúpula pessedista. 21 Sanson é enviado
ao Rio de Janeiro para entrevistar-se com Paulo Baeta Neves, um dos fundado-
res do PTB nacional, ato para o qual dispunha do beneplácito e apoio de Var-
gas. No Rio, Sílvio Sanson obtém, junto a Baeta Neves, o programa e os estatu-
tos do PTB nacional e consegue fazer-se portador de um "recado dado no Ca-
tete" pelo qual Getúlio Vargas teria "autorizado" o·desligamento da ala traba-
lhista do PSD e a fundação do PTB no Rio Grande.
No dia 14 de setembro, reunidas na Praça Parobé, as principais lideranças
sindicais da ala desligam-se formalmente do PSD e assinam a ata de fundação
do PTB. 22 Esta ata é firmada pelos seguintes líderes sindicais de Porto Alegre:
-José Vecchio
Presidente do Sindicato da Carris
Porto-Alegrense
-Sílvio Sanson
Diretoria do Sindicato dos Trabalhado-
res na Indústria Madeireira
-José Baldílio de Lemos
Diretoria do Sindicato dos Metalúr-
cos de Porto Alegre
- Sadi Soares Machado
Representante dos Portuários
-Augusto Diniz
Presidente do Sindicato dos Traba-
lhadores na Indústria de Trigo, Mi-
lho c Mandioca
-José Francisco Vanini
Presidente do Sindicato dos Traba-
lhadores na Indústria do Pão, Bis-
coitos e Massas
-Antero Veiga Rodrigues
Presidente do Sindicato dos Traba-
21
· tri·I do Arroz
Ihadores na I ndus • .
. C3 't"'no Frag,l
-
Bt:·rnJrd mo .. t. "d. to dos
~
Pa det-.
Prc.sid~nte do Stn tCJ
ro · . .· · nto
- JoJo Grcgônn do Nasctmc .
Direwria do Sindicato da Carns
_Vi co Tomson Collin .
Prc.sfdentc do Sindicato dos Alfaia-
tes
_ Edson 1\ foreira Chagas .
Mcmhro do Sindicato dos Alfatates
-Darcy Gross
Presidente do Sindicato dos Comcr-
ciários.23
Além dessas lideranças sindicais, a ata de f~ndação do PTB gaúcho seria
assinada por apen~s dois bacharéis: o profes~o.r ~~~o Braun c o ~autor Oibreci
Werney da Silva. E interessante notar que a mtctatlv~ da fundaça? do PTB par.
tiu de lideranças sindicais de peso (geralmente presidentes de smdicatos) das
mais variadas categorias.
· José Vecchio, líder da ala trabalhista, passaria a ser o responsável pela
organização do PTB em Porto Alegre. Apesar de seguir, naquela fase, a lide-
rança de Vargas, tratava-se de um sindicalista de tradi<;ão hastante rebelde: foi
lfder da dura greve-geral do~ transportes de Porto Alegre em 1929 e, pela sua
militância sindical, chegou a ser preso três vezes durante o Estado Novo. Sílvio
Sanson, ativista do Sindicato dos Madeireiros assumiu a presidência do PTB
durante o seu primeiro ano de existência. Foi, no início, o mais duro defensor
da criação de um partido só de trabalhadores, resistindo à entrada de bacharéis
e polfticos profissionais, o que lhe custaria o cargo, já em 1946. 24 Na primeira
fase do PTB, Sanson ficou encarregado de estruturar o partido no interior do
Estado, enquanto Vecchio dedicava-se à capital.
Em termos de estrutura organizativa do PTB, a corrente sindicalista deu
uma contribuição importante: seus líderes e militantes tomaram a iniciativa de
• I cria.r as cham~d~s "alas profissionais" dentro do partido: entre I9~5 c 194? o~
gamzaram-se mumeras Alas no PTB: a ala dos bandrios, a ala dos mctalurgJ-
cos, ala dos gráficos, para citar as mais significativas, desempenharam impor-
tant~ papel na fase formativa do partido. Mais tarde, já durante o ano de. 1946·
surgiram_ também alas em áreas não sindicalizadas, como a ala ae<u.JêmJra ou
estudant!I e a ala feminina, que basearam sua estrutura, inicialmente, no mode-
lo das alas operárias.
. . ~ cisão da ala trabalhista do PSD manteve-se nos limites dos militantes
smdtca~s: nenhuma outra liderança política, nem m . 1110 0 inspirador d:l ai:J.
José Dwgo Brochado da Roc ha - cntao - Já
. cmpcnhnclo em sua c:trnp.tn. h:t J>ara
..
depurado federal pelo PSD- acompanhou os sindicalistas. Tudo indic:tva. JOI·
22
cialmente, que o PTB seria um partido baseado, essencialmente, na estrutura
do movimento sindical.
Por outro lado, 0 fato de ter ele surgido a partir de um racha do PSD le-
vantaria rancores e uma desconfiança mútua que tornariam cada vez mais difí-
cil uma futura composição ou aliança entre o PTB e o PSD regionais.
23
. n : rdadeiro regime democrát·
Bn'~l un1 . Ico
. · tituir no • · • . ic'l' sociais e educacionais". Ac ~em
• ~t.:
n·:t1
. ·r.<.t r
r) ossí"~. l tn~ .,·L"'
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~conotn • ~~ rescel\,,.
. . . , Ih•' I1H~l1:l r~!ll • ,
que 't.: '" h ·
. . ,~guir: . 'llcançado unindo e armomzando os fato·
tando .l. - . , . 'O somente podcn~-~ec~a· economia num plano de cooperação, de ~ls da
Esse obt ~.;lt' · d 'l~ t,:1!'t.:~ • ·da.
·~ ; c 3 sscnwn '·
1
rroduç: d •.- ·tiça s cial. ón1icas c o aumento da riqueza nacion I
·t.>ct·1ctc e c Jll~ , rças ccon '· ... . a n,:
o dc,en' 1' ~menta d:ts tovcttO
n ·. .' d lguns e com sacnftcto de muttos. Só um s·
ea ISte01 •
deverüO ·, onerar.,~e
t' -
em prodtçCe~ . . . de existência
· digna e. uma razoável
.. e justa Ph rt· ·.~
a IC!
que n~q; .. '"ure a todOS con
~ e rcscntam o
· pro 1,resso matenal e espmtual da human·d ·
~ . . 1 au~
paça·' o nos bens . .
qu ~;; r P.
b vwcncta . . do r"l'ime
.. ~ capttaltsta. . .
pod erá rnc~rmtttr
-
aáso. reque se cne . uma' nova concepção do capttal, . que não deye ter.
Por i:;...~, é ncce...;s. no f que deverá antes ser constderado, no seu p"
. .d r·tu 1 e ego sta, n135 . d . rv.
c3 rjtcr indt\'1 ua ~ • dele•~açáo da socteda e para a mato r criacão d~ .
prio aspecto pnva , . do como . uma : :, • ~ n.
.estar co!euvo. .
queza e de bC mtro 'lado n<!O " pode ser desvinculado de suas ongens e fontes 5rv-;, ·.
v' l<liS,
O lucro, por ou . ' tt
· vo de J·ustiça que parte dele reverta em benefício d ·
t nto um tmpera
sendo, po.r af ' om o seu trabalho, para produzi-lo.
que contnbu ram, c . . .I t
. • -0 . em que se msptra, essencta men e, o programa da União
E..'\Se.s sao os prmctpt :>
Social Brasileira.
0 Manifesto propõe a criação de um Fundo Social, constituído a partir
de um imposto-quota sobre os lucros das ~mpresas: Esta c?ntribu~ç.ão social
seria equivalente às obrigações de guerra amda cntao em vigor e fmanciaria,
através do Fundo Social, obras e benefícios aos trabalhadores nos setores de
habitação, saúde, saneamento, educação, cooperativismo, etc. Esta proposta
estaria baseada num princípio solidarista c visaria superar o capitalismo indiri·
dualista, alvo das criticas de Pasq ualini.
Em essência, "o programa da USB assenta, pois, no princípio da proprie·
dade pri:'ada dos me_ios de produção, com as limitações exigidas pelos intereS·
ses coletivos. Precomza porém, a socialização de uma parcela de lucros". 32
No Programa propriamente dito, por sua vez, constata-se que: "Em·ol·
. , I
vend? a. questão social uma tese sobre a distribuição da riqueza a esta questão
está Intimamente ligada a d - , . . '
d1.das urgentes propostas
... pro
fal uçao da
" propna
. _ nqueza ( ... )".Entre outras me·
consumidor intern 0 " Q ' a-se na . amphaçao e fortalecimento do mercad
nas como instrument· uanto d ao capital ' c1c " na- o deverá ser considera
· do ap·v'
expansão económica ~bpro utor de I_ucro, mas, principalmente, como meio de
N em-estar soc1al"
o tocante aos sindicatos r· .
'a Irma o Programa
XIII - A orga · - .
ntzaçao stndic·tl d . dl
ser assegurada aos sind 1·c ' everá basear-se no princípio da liberdade, dG\·cn l
d · · mos a m · lhJ c
estl!u,çao dos seus dirige ats ampla autonomia, ou er quanto ú esco
ntcs, quer qu ;..1 . . . .1 - . •
25
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de homens ou de governo, se as sua .
. essar ao povo a mudanç~e as mesmas? s dificutctq_
pode mter rte continuarão semP ficará a USB, se com o candidato do or: .
des e a sua esointerpelam com . quem tade de responder que, sendo o nosso paliCiati . srno
Quando m . áo tena von rt1ct 0 u
ou com o da oposlÇ derá ficar com o povo. rn
partido do povo, só pO
. . do ele afirma:
Ftnahzan ' nto de vista pessoal contrário a qualquer c .
fi mar o meu . botica mente se pretende amparar na forçanctlda·
po
V otto agora a rea . rdireta
.
ou sJm d a. Nao
tura que , direta,d 'vida
m
de que a
s forças armadas, dan o uma alta e nobre dem
ons
temos a menor u deveres se mantem e se manterão afastadas d ·
·encia dos seus , h a agi
traçao de consc1 ém de parte de elementos estran os às forças a ·
·
tação polftJca. Nao faltam,
. . por , . .
tos intervenciomstas; não f"'e1 Itam explorações errna.
óes e mc1tamen act.
das, exortaç r mudança de rumos ou se houver substituiçao de
. de que, se. houve
vertênc1as t r isso 0 desprestfgio de um che1e ~
m1.1.1tar, o Exércitoum .
dos candidatos, por Impor a In-
E, mais adiante:
Não nos esqueçamos de que uma agremiação partidária não deve ter apenas uma
finalidade eleitoral e muito menos constituir-se para disputar uma eleição. Cumpre
que um partido seja um instrumento de mobilização social, de difusao de idéias e
de educação do povo. Não é apenas no número que deve residir a sua força, mas,
sobretudo, na grandeza dos seus ideais, na sinceridade e na eficiência de sua açâo.38
28
Em 1946, as duas lideranças mais significativas desta corrente foram José
Loureiro da Silva e o já citado José Diogo Brochado da Rocha.
Loureiro da Silva era um polftico oriundo do antigo PRR. Na década de
1930 realizara uma dinâmica administração como prefeito de Gravat.aí, mu-
nicípio operário da Grande Porto Alegre. Juntou-se primeiro ao Parudo Re-
111945 publicano-Liberal (PRL) de Flores da Cunha45 e, mais tarde, liderou a Dis-
.fiança sidência Liberal Pró-Vargas,46 nos últimos anos da interventoria de Flores .
1as as Com a destituição de Flores, Loureiro é nomeado prefeito de Porto Alegre, no
1efesa infcio do Estado Novo. Realizou uma administração dinâmica e moderna, que
marcou profundamente a fisionomia urbana de Porto Alegre.
boca_ Em 1945, à maneira de tantos outros próceres das interventorias, ingres-
;o de saria no PSD, abstendo-se porém de concorrer nas eleições de dezembro de
1945. No curso de 1946, Vargas convence Loureiro a transladar-se do PSD pa-
tdros
ra o PTB, alçando-o à categoria de "reestruturador do partido". Houve re-
eiras
sistências por parte dos sindicalistas do PTB originário, principalmente por
ege- parte de seu primeiro presidente, o lfder madeireiro Sílvio Sanson.
cor-
Na reunião que acolheu Loureiro da Silva como reestruturador do parti-
do, a resistência de Sanson - ainda então favorável a um partido "só de traba-
)as- lhadores", embora o PTB já houvesse assimilado os intelectuais da USB - foi
um de tal ordem, que ele acabaria sendo substituído por José Vecchio - mais fa-
rau vorável ao acolhimento dos "bacharéis"- na presidência do diretórioY Lou-
-ela reiro passou a organizar inúmeros diretórios nas cidades médias do interior do
Estado, expandindo o partido, que até então só tinha expressão em Porto Ale-
ou gre e na Região Metropolitana. 48
;eI A segunda gra nde liderança pragmático-gewlista foi o ex-diretor da
o Viação Férrea Rio-Grandense, José Diogo Brochado da Rocha, que fora o ter-
io ceiro deputado federal mais votado na chapa do PSD, nas eleições de dezem-
a bro de 1945, com mais de quarenta c cinco mil vo tos 49 graças, sobretudo, à sua
liderança de estilo "populista" no meio ferroviário gaúcho.
r-
I- José Diogo já se atritara com "caciques" do PSD na convenção de julho
a de 1945, conforme foi exposto acima. Quando, em 19/2/1946 estourou uma
greve-geral dos ferroviários gaúchos, ele solidariza-se com suas reivindicações,
s
entrando em novo c sério atrito com a cúpula do PSD. 50 Em face da intran-
sigência das autoridades es taduais c do interventor Cylon Rosa (futuro candi-
dato do PSD ao governo do Estado, nas eleições de 1950) que se negavam a
negociar com os grevistas, os ferroviários das linhas de Cruz Alta e Sa nta Rosa
dirigem dramático apelo a José Diogo, em 27/2/1946: "Reunidos em Assem-
bléia, os ferroviários ( ... ), e m atitude unânime, total c firme pró-reivindicações
de seus sagrados direitos, resolveram, com absoluta confiança, fiar-lhe a defesa
de seus direitos, na certeza d e entregarem ao amigo leal de todas as horas os
interesses dos ferroviários de Cruz Alta c do Rio Grande do Sul. Estamos pois,
agora, a seu lado para colaboração eficiente na solução de tão grande proble-
ma". 51
29
No dia 2 de março, tendo algumas de suas reivindicaçües atendidas graças
à intermediação do deputado José Diogo, os ferroviários voltariam ao traba-
lho. Mas o episódio lürnaria tensas c cada vez mais conflitivas as relações entre
a cúpula do PSD- que apoiava o interventor Cylon Rosa, indicado por Dutra,
e o deputado José Diogo. A partir de então, José Diogo de fato começou a
apoiar a estruturaç<lo do PTB ao nível estadual, embora, formalmente, manti-
vesse o seu mandato de deputado federal pelo PSD. O desligamento formal de
José Diogo do PSD só se daria no dia 4 de dezembro de 1946, já às vésperas das
eleições estaduais de janeiro de 1947. Na carta à direção do PSD gaúcho, justi-
ficando seu desligamento do partido, diria José Diogo: "Fui, dentro da direção
do Partido Social Democrático (...)a única voz a advogar a causa desses traba-
lhadores oprimidos." Depois de mencionar projeto de sua autoria con.cedcndo
anistia aos grevistas ferroviários, José Diogo constataria que "conced1da, con-
tra o voto do PSD rio-grandense, essa anistia aos trabalhadores, não encontrou
o governo pessedista do Estado, até agora, decorridos mais de sessenta dias,
oportunidade de executar o dispositivo constitucional promulgado". (... ) "En-
quanto isso, há quase dez meses sofrem os ferroviários do Rio Grande do Sul,
as mais dolorosas provações morais, inteiramente abandonados pela direção de
PSD, esquecida de que ao seu apoio e ao seu voto deve o Partido, em parte, a
vitória de 2 de dezembro". Em decorrência, diz José Diogo: (... ) "sinto esses
ressentimentos se manifestarem pela repulsa generalizada dos trabalhadores
ferroviários ao Partido Social Democrático c sua notória inclinação para o Par-
tido Trabalhista". Finaliza constatando que: ''Ainda mais: dizer aos ferroviá-
rios que continuem apoiando o PSD (... ) seria concorrer para que a democracia
que se reimplanta no Brasil nasça já viciada''. 52
Durante todo o ano de 1946 e até as vésperas do pleito de 19 de janeiro
de 1947, graças ao trabalho persistente realizado por Loureiro c José Diogo,
inúmeros políticos- e, às vezes, até diretórios inteiros- de todo o Rio Grande
foram se transladando do PSD para o PTB, num movimento muitas vezes sur-
do e lento, porém constantc. 53 Entre estes, cumpre citar um amigo pessoa l e
próximo colaborador de Getúlio no seu "exílio" são-borjcnse: o estancieiro
João Melchior Goulart que também se filiara ao PSD em 1945, mas se transfe-
riria para o PTB a conselho do ex-presidente da República.5 4
Este movimento teria um duplo efeito: por um lado "purifiGHia" gra-
dualmente o PSD gaúcho de seus elementos mais fiéis a Vargas, num movi-
mento que só se completaria com a cisão do PSDA (o PSD "a utônomo" pró-
Getúlio), já em 1950; por outro, fortaleceria o PTB a ponto deste poder drsG-
fiar a posição do PSD de maior partido regional já no pleito es tadual de 1947.
A "desgetulização" do PSD gaúcho e o conseqüente fortalecimento do trab:t-
lhismo, ao nível regional, teria conseqüências profundas c cluradouras sobr 0
sistema partidário gaúcho durante todo o período anterior a 196-t c mesmo rm
episódios c desdobramentos posteriores (por exemplo, a form:tç~1 o da ARENr\
e do MDB a partir de 1966). Este processo, como veremos a seguir. aktaria.
simultancamenre, a natureza c as bases socia is de ambos< s p~trtidos _ 0 P~D l '
30
0 PTB gaúcho_ e configuraria, no R~o ?ra_n~e do Sul, u~ quad~o bastante dis- ·
tinto no contexto nacional da época, mviabihzando, ao mvel regional, o famoso
55
"pacto populista" PTB-PSD. , . . . •
Antes do ingresso da corrente pragmattco-getuflsta nas fileuas do PTB
gaúcho, ocorreriam, entretanto, as eleições presidenciais e parlamentares de
1945, que são analisadas a seguir.
31
d) aceirar os posrulados conridos de Decálogo da Liga Eleitoml Católica.
Assinado Silvio San.son
Presidcnre do Direlório do PTI3/RS.s9
Alguns dos líderes sindicais mais radicais filiados ao PTB gaúcho defen-
diam, inclusive, a tese de votar no candidato do Partido Comunista, engenhei-
. so N -
ro F mza. a convençao de novembro de 1945 ficou claro também, que a USB
apoiaria os candidatos a deputado pelo PTB, mas não incluiria militantes seus
na primeira nominata eleitoral do trabalhismo gaúcho. 61
A frieza do PTB em relação à candidatura Dutra forçou as lideranças do
PSD a pressionarem diretamente o ex-presidente Vargas, já no seu exílio de
São Borja, no sentido de que ele declarasse seu apoio ao ex-ministro da Guerra
Já no início de novembro, Protásio Vargas levaria Walter Jobim, o candidato
declarado do PSD para governador do Estado, à Fazenda de Itu, buscando o
apoio de Vargas aos candidatos do PSD.
Vargas concordaria em apoiar Jobim para o governo do Estado, mas ain-
da manifestava-se a favor de uma candidatura civil alternativa para a prçsidên-
cia, lançada pelo PTB. 62 Em 18 de novembro, o próprio Cylon Rosa, da direção
do PSD gaúcho e futuro interventor nomeado por Dutra, faria um apelo escri-
to ao ex-presidente instando-o a apoiar Dutra. 63 Mas Getúlio prolongaria por
mais dez longos e penosos dias sua neutralidade aparentemente hostil a Dutra.
Em relação ao PSD gaúcho, Vargas manteve, desde o início uma atitude ambí-
gua: aceitava candidatar-se ao Senado na legenda pessedista, mas recusara vá-
rios apelos para assumir a presidência regional deste partido, inclusive os ape-
los de Walter Jobim e Cylon Rosa. 64 Ao mesmo tempo, Getúlio aceitava con-
correr para uma vaga na Câmara Federal, na legenda do PTB. 65
Na segunda metade de novembro, a eleição parecia perdida para Dutra e
o PSD, a não ser que Vargas fosse demovido de sua obstinada "neutralidade".
Tudo indicava que Vargas não nutria grande simpatia por Dutra, que o traíra
no golpe de 29 de outubro, acalentando, ainda em novembro, o sonho de uma
candidatura civil pelo PTB, para a qual lembrava o nome de João Neves da
Fontoura. 66 Dutra e a cúpula do PSD compreenderam que sem o apoio explíci-
to de Vargas, a eleição estaria perdida. O prestígio popular c a força eleitoral
de Getúlio eram perfeitamente reconhecidos pela direção do PSD. Em 22 de
novembro, Dutra dirige-se à direção nacional do PTB, propondo, como base de
um acordo PTB-PSD os seguintes itens:
1- O ministro do Trabalho será escolhido de comum acordo com o PTB;
2 - O ministério, com exceção das pastas militares, será constitufdo por elementos
dos partidos que apoiaram a ..candidatl!ra Dutra na proporção dos votos obtidos
por cada partido;
3- As interventorias seriam distribu(das na mesma proporção.
Dutra compromete-se:
"Apoiarei o programa do PTB e procurarei fazer com que as justas aspiraçOes dos
trabalhadores sejam postas em prática pelo meu Governo".
32
. .-
33
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h'· ~\'1'''1 ,\lh\' ;\ ' 11.1\;h ' ,h, l'li' l'lill llllll ll, 'I"'' tpi H,•dll\' 1 II 1 11HIIIil a 11H'Ill<~ 11
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P·'~$,'-:tl ,\"' \ 'o\t ~:a~ ~~~' l' n U1:11td,, dn Sul, l'PIII irm!l ndo o seu I'JltH'Illl~ prestígio
l'''(Hitl\\ ;I l'''m ' m:lis "'' ""' tll 'ls d:1 ,\11 1 dcrru h ul1 do pmkr. N:1.-: dd~ cs
f'l\'l"'''' ' ' '''ll;l tS, ' td uulh d,, \ ':ll',lt!IS dndn S1' ti' uluzlll1 po r 1111111 avalanchl~ d •
\,r, s '"' l':'P, l •'..;tt' h:wi:l SI' ,.,,,,ullu :ulu t'lll quast• todos os nwnld pio;-; do Es.
t:hh'. t';\S(' ;HHIP ~~.· n;t cst tutu m d :t iut ' 1\'l' lll\lfÍ 1 dt• Ftncsro norucllcs, Dos vin -
h' \. ,h,ls lqnll !hh '.~' f.·dcr:ds, 1 !'SI ) ck~:cri 1 dc Jcsse ll', to l ul it.:llldo quase qua -
tt 'ú'ttft\..; 11\ tl \\*'s u:t kg ·nd:t, IHI scjn c,."';. dl' lol:tl (ver Q uadro .1). O PTD,
:t r~·s;tr d' ;tj ud;lth' p ·1:1 ~·~ tmlidntur:l 1k \ ':tr}'.as Jm n t dcpuwdo ft:dcr:1l faria pou.
~' nt;tis de qu:tt\'ttl :l mil vnt~\S, n u scJn. :qwu:l." t,t·;. do 101:11. ou SL'j:1, l/l O da vo-
,,, ,·:1~' dtl l'~l1. tk:ttldll l' lll '!ll !ll'f ll lug:tl', !1 11':\S doS partidos lihcr:II -COliS ·rvado-
r,·_.: l l N ' 1'1 , l}\1 ' t:u\l h('ll\ sut't crl:tm (ll'S:td:a derrota: juntos f:triam pouco
m:\is dl' · ' 1\(,, l' dc4· mil ' lftlS. ou scj:t, :tpc u:ts 17'';. do tota l. Dos partidos CX·
tr ·m ist;ts. "' r'l 'H l\Htt c ., c:t de c, ~";. dos vn tps qu:tSt' alc:llt(arb a vo ta~·ão do
l l'H. fil'.tlldl' :l l\\(lc..'lll:l-dircil :t (l'RP) l'lll Üllinltl nHn .Jf';, do..; VlHOs - aliás, o
s 'u m ·Ihnr rc.'ult:tdn em lermos :thso lut os c rl'l:tli\'ilS, em nívl'l nacional, cm-
t, lH":l n:íl :tlingis,..;,'. no Rin dr:lltdl' dll Sul. o lJUO ·it'ntc l'ldtoral sufickntc para
' I -~cr umtkput:t In.
l PSL l'lc~ ·ri:l k'l c~~l' l l' dcpu!:tdos k1.kr:tis. l ' ll!rc cks Jose: Diogn Bro-
'h:\d 1 d:1 Rnrh:l c n~ tmdirinn:1is '\·~triq ucs" Jn:'ln B:tt isu Luzardo c Jo:io Ne-
n'~ d:1 l· Htfl)Uf':l. .-\ l ION elegeria dni!'. inl'lusivc seu · ·c~llldilho " Flo res da C u-
nh!L Pl'ft) f L l'lcl!e tH\e R:l\l l Pil l:l. pt'ln PC Luiz Ctrlo.s Prestes (que se candi-
d.H:tr.t f:nnt,l5m an Scn:llhl) c pelo PTB. Jclülio V:1r!!:1s (com mais ue onze mil
' Hll~). l mn Gc ! t'ilin l pt:ts.sc pl'l:t .su:1 cadeira no senado pt'ln PSD, assum iu o
sc~un 1 m:lis nHadn pl'ft) PTB, o lfucr c Hlpcrativista Arthur FL chcr.
Nas t'll'içúc~ de I' -15 mc~claram -sc no Rio G ramh.< pela primeira c últi-
ma n.·z. <.s \'Otns (!ctulistas l'Om a nH:t\·:in dada ao PSD. A \'O taç~1o l!Ctulista
ú)nccntr u ~s ' ncs t' pJrtido c apenas mar!!inalttwnt~ hcnd'iciou o PTB. A \ '0-
taçJn incquiv c~uncntc antil!Clll lista Lfi,·ilJi tH; ' em 1arreias qu:1sc iguais, entre
_ Quadro 1
ELEIÇOES pARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
candidatos Partidos Votos %Votos
Eurico Gaspar Dutra PSD 447.517 72
Eduardo Gomes UDN-PL 110.444 18
Yedda Fiuza PCB 50.200 8
Mário Robim Telles - 341 o
Brancos - 15.001 2
Nulos - 2.337 o
Total 625.840 100
Fonte. Tnbunal Regtonal Elettoral do Rio Grande do Sul.
Quadro2
ELEIÇÕES PARA O SENADO FEDERAL
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
Candidatos Partidos Votos %Votos
Getúlio Vargas PSD 461.913 74
Ernesto Dornelles PSD 460.113 74
Joaquim Luiz Osório UDN-PL 95.794 15
Suplente:
Francisco Maciel Jr. 95.154 15
Luiz Carlos Prestes PCB 37.033 6
Suplente:
Álvaro Moreira PCB 35.033 6
Brancos 27.777 4
Nulos 3.328 1
35
Quadro 3
ELEIÇÕES PARA A C1VvfARA FEDERAL
.
NO RIO GRANDE DO SUL EM 2/12/1945
Pnrtidos Votos % Votos Cadeiras %Cadeiras
PSD 389.975 62 17 76
UDN 58.663 9 2 9
PL 51.409 8 1 5
PTB 40.116 6 1 5
PCB 38.159 6 1 5
PRP 21.197 4 o
Brancos 9.244 2 -
Nulos 17.047 3 -
Total 625.840 100 22 100
Durante o ano de 1946 ocorreu a fusão organizativa real das três verten-
tes formadoras do PTB gaúcho: sindicalistas, doutn'nário-pasqualinistas e
pragmático-getulistas uniram seus esforços num objetivo comum: transformar o
PTB no maior partido regional, destronando e "desgetulizando" o PSD e tendo
como objetivo tático mais imediato a conquista do governo estadual.
rvias era preciso ganhar o próprio Vargas para esta idéia. Este, como já
vimos, comprometera-se com a candidatura pessedista de Walter Jobim já em
novembro de 1945. Por outro lado, a partir de outubro daquele ano, estava
também nas ruas a candidatura Alberto Pasqualini. Pelo que se deduz através
da numerosa correspondência entre Getúlio e o seu irmão Protásio Vargas, até
o final de 1946, ainda era consolidar uma aliança "das forças majoritárias
PSD-PTB" apoiando, ao nível estadual, um único candidato contra as "mino-
rias oligárquicas" representadas pela aliança UDN-PL. 76 Como \Valter Jobim
estava lançado pela convenção do PSD, desde julho de 1945, nada mais lógico
ser ele o candidato "unitário". Ao mesmo tempo, Vargas procurou, objetiva-
mente, fortalecer o PTB regional. Afastado da presidência, começara a descon-
fiar da fidelidade de um PSD criado, essencialmente, em cima de estruras ofi-
cialistas. A traição de Dutra, em outubro de 1945, servira de alerta. Era preciso
fortalecer um partido alternativo, com sólida base nas massas trabalhadoras. 77
É com este intuito que Vargas alça Loureiro da Silva ao papel de "reestrutura-
dor-partidário" do PTB regional e dá o seu beneplácito à transferência de José
Diogo, Goulart e muitos outros "políticos profissionais" do PSD para o PTB
no curso de 1946.78 O que não estava, aparentemente, nos seus cálculos ini-
ciais, era o lançamento de uma candidatura alternativa, surgida no seio do pró-
prio trabalhismo. Getúlio distanciava-se claramente de uma eventual candida-
36
• t • r""- ..· :·'! .,
•.· ' - ,.
tura Pas~ualini. Este fora um s~crcuhi_o de estado rebelde, lhe fizera oposição
na fase fmal do Estado Novo, nao segmra sua orientação em apoiar Dutra c en-
trava no PTB por um caminho autônomo c original: a formação da USB. Por
outro lado Pasqualini era um doutrinador idealista c "puro", avesso, em boa
medida, ao pragmatismo tático de Vargas c às suas manobras c alianças pouco
subordinadas a programas e princípios, pelo menos na aparência. 79
Mas a candidatura Pasqualini adquire ímpeto à revelia de Vargas. Após 0
manifesto pró-Pasqualini de outubro de 1945, há um movimento constante de
apoio à sua figura e às suas idéias. Em 3 de fevereiro de 1946, diria o Correio do
Povo, citando o Diârio Trabalhista do Rio de Janeiro "Ele (Pasqualini) é um
grande brasileiro e seu passado pequeno, cronologicamente, se agiganta pela
grandeza dos dois gestos que teve em prol dos marginais: os da sociedade sem
pão e sem teto e os outros, os marginais da democracia". 80 Em 16 de março de
1946 um grupo de trabalhistas mandava publicar novo manifesto a favor da
candidatura Pasqualini: "os trabalhadores do Rio Grande do Sul elegerão o Sr.
Alberto Pasqualini para o governo do Estado. Pasqualini é um nome que se
impõe à confiança dos gaúchos e é também, para o Brasil, uma garantia de que
haverá no Rio Grande, uma real pacifica~~o ... " dizia o manifcsto. 61
No dia 2 de abril, Pasqualini reafirmava a sua plataforma em revista à
imprensa: "Nas condições atuais do país, a medida mais indicada parece ser a
socialização parcial do lucro". 62
Em setembro de 1946, o PSD tenta uma derradeira manobra para conju-
rar o perigo de uma candidatura Pasqualini, lançando seu nome para a terceira
senatória, que seria disputada junto com a eleição para governador, em
19/1/1946. A aceitação, por parte de Pasqualini, implicaria, na prática, em selar
um acordo PTB-PSD. Mas a resposta de Pasqualini é ambígua: "No Rio Gran-
de- diria ele à imprensa - todos os partidos políticos têm figuras brilhantes
que poderão honrar a terceira senatória c lutar pelos interesses do povo.
Quanto à USB a que o noticiário alude, não é partido político, mas um movi-
mento de opinião tendo como finalidad e a rcalizaçáo de um determinado pro-
grama social. É esse o único objetivo dos que se acham espiritualmente inte-
grados nesse movimento.
Qual seria o candidato que a USB apoiaria? indagaria um repórter. Res-
ponde Pasqualini: "Como já observei, a USB não é um partido político. Entre-
tanto, parece que a resposta já está implícita. Os integrantes desse movimento
apoiarão o candidato cujas soluções administrativas mais se aproximem do
programa pelo qual se batem." 63 No dia 29 de setembro, o Correio do Povo
ainda diria de Pasqualini: "É um homem para o Senado". 84
Em outubro surge no PTB um movimento favorável à candiatura de Lou-
reiro da Silva para governador. No dia 26 de outubro este recusa a indicação,
provavelmente seguindo as instruções de Vargas, ainda favor<1vcl a uma com-
posição PTB-PSD. 85 O movimento pró-candidatura trabalhista volta-se então,
definitivamente, para Alberto Pasqualini. Nos últimos dias de outubro, ainda
há uma tentativa extrema de selar um acordo PTB-PSD, mas no dia 28 os cn-
37
rendimentos fr .
seus . acassam dcfinitivamcnrc.oo Tudo indica que Vargas, Lourcrro c
· segu1dorespra á ·
. gm t1cos eram f:.lYorávcis a uma candidarura wutrma, · ' · cw. ·se -
1
(~ a~oJO do PTB ao já lançado Waltcr Jobim. Mas wnro os sint~ica/Jstn.r
0
CCChio
. '
Sanson)
quanto os pasqualinisras eram radicalmcnrc con ra
r .< no"· a um
apolo a Jobim. Este era visto como um candidaro oficia/isla, conivcnr~ com o
governo
. Dutra .
e as medidas . ,
repressivas às greves c ao mov1mcnro 5 ·
·indrcal, <Jue
vlnham sendo. tornadas - mclusJVe
. . a dura repressão aos fcrrovw ·.<rios· gauchos .
em fevereiro e aos bancários em janeiro de 1946.87 Repcria-sc, de certa forme~,
0 movimento de novembro de 1945: as lideranças e bases do PTB rcbel<.tv~m-
se' tmp
· 1·ICJtamenre,
· contra a orientação de Vargas, recusando apowr? · cand1da -
to do PSD. Só que desta vez a revolra não levaria à abstenção, mas Sim ao lan-
çamento de uma candidatura alternativa.
No dia 29 de outubro Pasqualini rcjeira explicitamenrc o acordo co~ 0
PSD e apóia ·
aberramente a' idéia de um cand1daro
.
traba Ih·IS ra.· "Cada
. par11do .
pode, naturalmente, rer respeitáveis razões para fazer ou não accJ~ar ac?rdos.
Nessa5 condições, as diversas correnres polfticas deverão co~peur elei.toral-
mente expondo previarnenre ao povo seus objetivos. Afinal, 1sso é praucar a
democracia", diria ele ao C01reio do Povo. 88
No dia seguinte, reúne-se a comissão central da USB, apoiando a tese da
candidatura Pa5qualini. 89 Getúlio, pressentindo que o processo lhe escapa:a ao
controle, viaja para Porto Alegre numa derradeira tentativa de salvar a aJ1ança
PTB-PSD em termos regionais. No dia 9 de novembro encontra-se com Pas-
qualiní, sem conseguir convencê-lo a apoiar Jobim. 90 No dia 7 de novembro,
Getúlio reúne-se com o direrório Central do PTB em Porra Alegre para, se-
gundo o Con-eio do Po,,.o, tomar urna decisão quanto ao anunciado acordo
polfrico PTB-PSD tentado pelo Senador Vargas". 91 A decisão é tomada, mas
em sentido contrário ao desejo inicial de Vargas : o PTB fecha quesrão em ror-
no da candidatura Pasqualini e ainda impõe ao seu "Presidente de Honra", Se-
nador Vargas, uma tarefa delicada para quem já anunciara, anteriormente, seu
apoio a Jobim: presidir a convenção estadual que nos dias 11 e 12 de novem-
bro indicaria Pasqualini como candidato a governador do Rio Grande
A direita conservadora ridiculariza Vargas com pant1etos parafr~scando a
famosa frase de 1945, só que desta vez "Ele disse: vote em Alb , J b.
Walter Pasqualini!". 92 erro o 1m c
A convenção estadual do PTB reúne-se na sede d • ·
nadar F1orénciode Porto Alegre em 11 e 12 de b o parttdo, na.Praça S ~-
v:argas. novem ro sob 3 prcsJd >1 .·. d
Ao lançar oficialmente a candidatura , . ., . . t. n 1.1 c
vemos voltar as nossas vistas para a I ~asquahm, Úlna Vccchio: ·'De-
que es que nao têm re - - ~
não tém sequer um lugar onde morre " uo . · ~ rras, rwo ttm m >raJ:l.
por uma posição clara c defini''a r ... rrab.llh ismo deve C:J f~l ·rcri;ar-~c
. u perante as concepçüe .
e por uma s6ne de soluções prár. ·' c os probJcm~J' 'O ·h i.;;
.
O discurso de v
1cas
, para esses 111 , •
_ · · esmos problcm:1s ...J • • •
. . argas, na convcn~w de 19-16
u.ma clara deflm~o de apoio a Pasqu·JJini R • , •llnd.~ ambJj.!un lJll:tn r ~~
r • ; ' •
béi-dade polltica, sacrificando a igualdade social. "Mas ele procura manter sua
eqüidistância em relação aos candidatos do PTB e do PSD: "Os dois candida-
tos são dignos e representam suas correntes com um passado de serviços do
povo. "Ao mesmo tempo exime-se da responsabilidade da ruptura entre 0 PTB
e o PSD, pois: "Era meu desejo, repito, ver o Rio Grande unido e tudo fiz para
conseguir esta união. Os dois partidos, o Social-Democrático e o Trabalhista
não deveriam enfraquecer o quadro das forças majoritárias" (isto é, o eleitora-
do getulista que representara ampla maioria nas eleições de 1945). Vargas não
parece muito seguro das possibilidades de vitória de Pasqualini, pois constata:
"O PTB, não será derrotado porque, mesmo que não eleja seu candidato, suas
idéias conquistarão os que porventura forem vitoriosos." Mas ele reconhece
que, neste pleito: "Vão os trabalhadores do Rio Grande medir energias com os
quadros clássicos da política. Os quadros políticos clássicos, com os métodos
tradicionais, terão que defrontar a nova mentalidade vibrante de entusiasmo,
lutando pela liberdade econômica do povo". 94
Naquele mesmo dia, a candidatura de Pasqualini é oficializada pela con-
venção do PTB. Pasqualini não participou dos trabalhos da convenção em si,
para não constranger os delegados. Mas no dia seguinte, 12 de novembro, ele é
recebido entusiasticamente pelos convencionais, já como candidato do PTB ao 1
Pálacio Piratini.
Em 21 de novembro, através de palestra pela Rádio Farroupilha, Pasqua-
lini inicia a campanha eleitoral. A cúpula do PSD, inicialmente perplexa com o
lançamento de uma candidatura trabalhista "dividindo as forças majoritárias",
pressentiu o perigo que a pregação pasqualinista representava para Walter Jo-
bim. Desde logo, o PSD procurou tecer novas alianças para isolar o ''vírus"
pasqualinista". Como os partidos claramente antigetulistas haviam lançado o
veterano libertador Décio Martins Costa, apoiado pela aliança PL-UDN, na
esperança de tirar proveito do "racha" no campo getulista, restava aos pesse-
distas uma aproximação com um dos partidos ideológicos mais radicais: o PCB
ou o PRP. Por via das dúvidas, os pragmáticos dirigentes do PSD procuraram
logo a ambos. E de fato, ambos aceitaram o acordo. Para o PC tratava-se de
combater o social-reformismo de Pasqualini e evitar, sobretudo, que o traba-
lhismo se consolidasse ao nível do movimento operário e sindical gaúcho. Pres-
tes participaria ativamente da campanha eleitoral gaúcha, apoiando Jobim e o
PSD contra Pasqualini e o PTB.95 O PRP, por sua vez, foi sensibilizado a entrar
em acordo com o PSD por razões diametralmente opostas: tratava-se de com-
bater o perigo ''vermelho" que representaria a candidatura Pasqualini. Com
forte penetração entre os pequenos e médios proprietários agrícolas das zonas
de colonização alemã e italiana, o PRP ficaria encarregado de bloquear o avan-
ço pasqualinista nas camadas médias e baixas do mundo rural, enquanto o PC
procuraria dificultar-lhe a caminhada no meio operário urbano. Mas além da
"quarentena ideológica" imposta com o apoio simultâneo da esquerda e da di-
reita radicais, o PSD procurou confinar Pasqualini num verdadeiro "cerco reli-
gioso". O clero, sobretudo das áreas rurais, foi habilmente trabalhado contra o
ex-seminarista, agora acusado de "ateu e esquerdista" 96 Para completar o cer.
co, foi mobilizada a poderosa Liga Eleitoral Católica, que enviara ofícios com
vários quesitos, aos três candidatos a governador.
Para Pasqualini, a Liga mandou ofício com os seguintes três quesitos:
I - Mantida, embora, a separação da Igreja do Estado, propu.gnará V. Excia. pela
colaboraçao de ambos, em prol do interesse coletivo, max~me no que tange ao
ensino e à assistência social?
II -Seguirá V. Excia. no governo as diretrizes contidas nas encfclicas dos Sumos
Pontffices relativamente à proteçao da famnía, à educação da infancia e da
mocidade, bem como no que diz respeito à natureza e à solução dos proble.
mas econômicos e sociais?
III - Rejeitará V. Excia. a colaboração, em qualquer terreno, com o comunismo
ateu, e impedirá, dentro das leis vigentes, a nomeaçao de adeptos do Partido
Comunista Brasileiro para cargos de direção no governo do Estado e no ma-
gistério público? 97
A resposta de Pasqualini foi curta e seca. Em 6 de dezembro, ele enviou
ao Dr. Raul Moreira, presidente da LEC, a sua resposta. Nela dizia:
Acuso o recebimento do offcio de V. Excia., (... ) no qual pede o meu pronuncia-
mento, como candidato do Partido Trabalhista ao governo do Estado, sobre três
itens que consubstanciam os postulados da Liga Eleitoral Católica.
Em resposta, tenho a honra de declarar a V. Excia. que a matéria do primeiro e do
segundo quesitos faz parte do programa que O PTB executará na hipótese de ven-
cer as eleiçC>es no Estado. Quanto ao terceiro quesito, o assunto já foi objeto de
deliberação partidária, conforme poderá certificar-se V. Excia. pelo teor do docu-
mento junto. A essa deliberação estou vinculado como candidato do Partido Tra-
balhista.98
À sua carta, Pasqualini anexava ofício do presidente regional do PTB,
José Vecchio, datada de 16/11/1946, com o seguinte teor:
A Comissão Executiva do Partido Trabalhista Brasileiro, secção do Rio Grande do
Sul, hoje reunida para tratar de diversos assuntos de interesse do Partido, tem a
honra de transmitir a V. Excia. o teor da moção aprovada pela Convenção do Par-
tido, em 11 do mês corrente, e em virtude da qual o Partido Trabalhista
"jamais poderá aceitar o apoio de partidos previstos no Art. 25 do nosso estatuto
partidário, isto é, de partidos de feição totalitária e reconhecidamente reacionários
I
materialistas e ateus".
Em conseqüência dessa resolução e do espfrito que a ditou não poderá o fu turo
governo, na hipótese de vir a ser vitorioso o Partido Trabalhista, aceitar a colabo-
I I
ra~o de elem~ntos . extremistas, ressalvados os direitos qu e, por força da Consti-
tu~çao e d~ leis, assista a cada um quanto ao ingresso nos cargos públicos que n~o
seJam de livre nomeação do governo.
Sem mais, val?o-me do ensejo para reiterar a V. Excia. meus mais vivos protesros
de elevada estima e profundo respeito."99
Ironicamente, o candidato do PSD, que efetivamente contava com o
r
. do pC, respondeu, segundo a Revista d G/0 b
í1P01 ~ ma declaração de amor aos três pomos; f. 0 • aos mesmos quesitos
comca~ó/ica e embora (sua resposta) tenha sid a a~osa ~na da Liga Eleito-
ral a medida de visível e razoável interesse cleit~,r~a~o~:ls q.ue a ~os outros,
um lhe valerá uma boa parcela dos .' maJs apavmnada de
daS e votos católicos" 1oo o . .
10 . do as possibilidades de cada cand·d
1 · mesmo ana 1Ista,
8 val1an . . ato, constata que: "Pasqua lini conta
mínimo, com a presugwsa recomendaça- 0 de G 1 • 1. v '
no . . M . C c u Io argas c a força das
sua
s idéias socw1s. . arl!ns osta confia na divisão
·
d os e1eitorados
. .
pessedJsta e
rrnbalhista, _esperando s_u~~rá-Io: c~~n a concentração em torno de seu nome. E
WaHcr Joblll_ com a sua máquina engalilhada, agora azeitada com o verde
óleo integrallsta, parece apontada para os adversários como quem usa um
revólver " . 101
. Já no final de nove mbro ocorre um~ polêmica aberta entre Pasqualini e
LUIZ Carlos Prestes, que acusara o candidato trabalhista a "querer vencer a
>, ele env· qualquer preçO " · 102 _
I ou
Mas a con~r?ntaçao entre~ ~TB ~o PSD se acirra sobremodo a partir de
um grande comicio pró-Pasqualmi realizado no Largo da Prefeitura de Porto
u pronuncia. Alegre, em 29 de no:cmbro. Durante este comício, Ge túlio Vargas dirige-se a
:::>, Sobre trés uma imensa c entusiasmada massa, no se u primeiro grande pronunciamento
em praça pública, na capital gaúcha, após o 29 de outubro. O discurso de Getú-
-imeiro e do lio, para surpresa geral, é o mais radical de toda a campanha, flanqueando pela
:ese de ven. esquerda as próprias posições de Pasqualini. Na sua fala, Vargas ataca pela
: objeto de primeira vez o PSD, que ele compara, em seu conteúdo à UDN, embora sem
•r do doeu. nomeá-los. Diria ele: "De um lado estão os partidos que, com nomes dife-
lrtido Tra. rentes, significam a mesma coisa. Têm a mesma substância política, social e
econdmica. (. .. ) São os expoentes da democracia burguesa, velha democracia
liberal que afirma a liberdade política e nega a igualdade social. ( ... ) Do outro
do PTB,
lado está o Partido Trabalhista Brasileiro". 103
Mais adiante no seu discurso, Vargas a ta ca a "democracia capitalista", os
rande do trusts e os monopólios" e defende, pela primeira vez "a evolução para o socia-
o, tem a lismo". A seguir faz a autodefesa de seu governo e declara que foi derrubado
do Par- "vítima dos agentes da finança internacional que pretende manter o nosso país
na situação de simples colônia". Finalmente, para Vargas. «a velha democracia
!Statuto liberal c capiralista está em franco declínio porque tem seu fundamento na de-
mários, sigualdade. A ela pertencem vários partidos com rótulos diferentes, mas com a
mesma substância.
futuro A outra é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores. A esra
:JlabO· eu me filio". E acrescenta: "( ... ) Se um conselho posso dar ao povo é q ue se in-
·0 nstí- tegre na ação do Partido Trabalhista ( ... )". 104
enM O discurso de Getúlio é ovacionado pela mullici'lo. Seria ínrerpret·1do
por todos como 0 endosso claro c in equívoco da cancJ i(fa tu m Pasqu:1lini, ' uma
verdadeira declaração de guerra aos caciqu es do PSD gaúcho. Pela primeira
vez, na campanha clcitonll, era levantada a handcira •(a ntiimpcria lisra" c a
105
1 o "qucsté1o nacional" rclalivamcn rc ausen tes na prcgaç:io pasqualisttL
'
41
Pasqu~Ii_ni endossaria as colocações de Vargas: "de um lado;'' diria ele no
mesmo com1cw" . ·á -
im ulsi ' ~ermanecem as águas do passado, águas que J nao logram
p onar os momhos da opinião pública Do ourro lado, está se formando a
caudal trabalhista ". ·
A :eação da cúpula pessedista não se faria esperar. Já no dia 2 de dezcm.
bro, o dtscurso de Vargas em Porra Alegre era fo rtemente criticado por depu-
tados d 0 PSD na Câmara FederaJ.W5 No dia seQmnte, . o própno · mims[ro
· ·. da
Gu~rra, general Canroberr Pereira da Costa, se c;ê obrigado a refutar as decla-
raçoes de Vargas:
Custa a crer tenha o Sr. Getúlio Varoas feira tais declarações. É de se esperar, caso
afirmativo, venha ele oferecer à na~o as provas de suas graves revelações, seni~
do-se da tribuna do Senado ou mesmo da liberdade de imprensa ora em pleno \1-
gor. O golpe de 29 de outubro foi obra do mais puro patriotismo e as responsabili-
dades deles decorrentes caem inteiramente sobre as forças armadas nacionais em-
bora tenham os militares contado nesta jornada de indecliná\'el dever com o apoio
unanime da opinião pública. o fato reve ráo elevados propósitos que não pode ser
deformado ou deturpado ao sabor dos inrere....-.ses pessoais ou partidários. Por isso
·
smto-me obrigado a formular a minha çormal repulsa a tats· decIaraçoes.
- 101 .
No dia 5 de dezembro, o Correio do Pom noticiaria que: "Depois da efer-
vescência política que causou o discurso do senador Getúlio Vargas, uma outra
notícia de repercussão im ediata é a de que o PSD estaria tratando da expulsão
do ex-presidente dos seus quadros. O vespertino O Globo ouviu o deputado
Artur de Souza Costa, líder da bancada do partido majoritário, o qual cit ou,
também, como líder do movimento para o novo 'golpe' " 108•
Finalmente, a comissão executiva es tad ual do PSD reúne-se, em 5 de de-
:embro, sob a presidência de Oswaldo Vergara e divulga a seguinte dcclara~'.ão :
Não pode o Partido Social Democrático e com ele não pode o Rio Grande -
temos a certeza - faltar com a sua tradição, que lhe apont?. o caminho da bravura e
da dignidade cívicas.
. A palavr~ do senador Getúlio Vargas, definindo-se finalmen te, a favor do
Partido TrabalhJst~ ~rasileiro, o afasrou livre e espontaneamenrc por ato exclusivo
sP.u, do nosso convJvJo.
Não mais, portanto, pertence ele ao Partido Social Democrático
Conc/a~ados po.r S. Ex~ia., tocamos a rebate no Rio Grande c.m 1945 for-
mando o glonoso Parlldo Social Democrático que em ? d d '
d d R , · ' ' - c czem bro o clcocu
sena or a epubllca, no mesmo pleito memorável ~J - , ::-
a figura austera e nobre do presidente-general E . qGue t: evou à chctw d:J Nnç<1 .
y, fi . unco aspar Durrn
~mos a per eJta consciência do dever cumprido. .
Nao abandonamos ninguém nRo atiramos s0 b .
a nossa crítica e a nossa censura inj~sta.s (. ..). · re os comp:mhc1r s etc onrrm
(...) Nem nos ocorre, tao pouco o im c . . . .
ou vestes novas(... ). ' r ratJ\ O de I loc:1rmos simplc~ rôtul s
Repelimos todas as afirmações que nos id .
dor do capua/ismo pagao con1o ·n 'I . cntJ.fiqucm rum o li!Pmlismo crJ·.I-
. • lb Ui:J menrt: rcp ,. ' '
comumsmo "essencialmente mau"(. .. ) c unos qualquer tlfinid;idc com <
42
..
~?d_a ~~s _1 'gic · O Sr. Getúli Varg · se iru: re\·cu no PTB c a su:1 fi ·ha de ins-
cn-s<= tm e.sr.ampada em ~andes c.arrazes n R 1· Gr.~"d"' d · c p ·
~ ~ o ull 1. 'ICn rmcntc
o o me do Sr .\tb~no p"- . 1· · · di' d
' ~ • - Uli '-
~:~::~.=~
; :S.d . .r~u retro~d ~- e\l~e_n~e.__porr;_:nro, que S. Ex ia. n:.to de mais s ·r pre-
E
-- ...
~~ -r • .._.,.. ..:
... ~- s.d ... nte d~ um pamdo com cu a~ 1 ems nao o rda, ao p nto de indic:1r :mdid:J.-
t · de outra_ agremiação poiÍ!ica a sufr:1gio d eleitorado g:1úch . Se o p:mid to-
m u e5sa aurude que se anuncia. não fez mais d que c m·errer uma siruaç:1 de
dire-to numa situaçã que já existi3 de tHo is foi, em , -erdnde, o Sr. Getúlio\ nr-
-- - :
: ~:::- ~
... ~ ..... ...
gc:s que abandonou o PSD. Ag ra, de\- dizer, que Q" fato, emb ra bment•1vet.
por ser S. b:cia .. um b mem ilustre n Rio Gr~mde d Sul n:"io diminui 3 minha
ccrren:1 de gue o Sr. \\'ai er J im será eleito p"la imensa mai ri:J. d s pesscdistns
do Rio Grande. :
.--:
a panir de enrão, sob o signo de um curioso paradoxo: de um lado, um PTB.
-= -::---"'" algumas de cujas principais lideranças e cujo candidato a gon?rnador haYiam se
distanciado e crüicado abertamente o Estado Novo mas apr xima\'a-sc cada
,,
....... -- \·ez mais das po ições assumidas por Getúlio \ argas; de tHro. um PSD cujas
mais expressi\·as lideranç.as e cujo candidato a govern~1d r haYiam ap 1i:1d c se
beneficiado do Es tado Novo, mas s" distanciavam cada vez mais d3 liderança
do "soHtário de I tu".
É verdade que Jobim, por cálculo eleitoral, c\·iraria at~ o final da campa-
nha dar mesmo 0 mais leve tom ant.igctulista:.) sua retóri ~3, receoso de perder
43
· 1:-. , . c ' - ;
.' •· .·•
,, _,.
preciosos conr ·
home á . Ingentes de apoio. Segundo a Revista do Globo, tratava-se de "um
Novo~ ~r ttco, sensato e realizador _ que preferiu aventurar-se no Esrado
A P r~anec~r n? conservadorismo do seu PL". 113 •
...
·.·
. . · ·-··· ..: ..
::::::
·:· · :
,·
se · .·
· . ele te .
oh ~ll} crais pasqualinistas c os políticos profiss ionais dirctam , .
- ~stacJo b - d f , . ente vmcu lados a V·
as. Nesta geraçao c uturos lideres, processou-se porta • a~
g . I, . " n 1o uma uma csp6tJc
lJlso de "simhtose po tllca entre as três vertentes form adoras d . ·
. na sua p IenJtu
. dc, apenas
, oc,partido, que se
int~ ~o p ressana,
. .
após a morte de Varg,as . - cx-
a segunda <krrota
·c· r,or de pasquahnl em 1954, quando este novo quadro de liderança·s
los "d 11a Le , B · f . .
r • • •
assumma a di-
• •
Po, reção ~o ~art~ o. _ on~ 1 _nzo 1a ot o mats destacado lfdcr da ala académica,
. (_2112)
que 0 tndt~rta como o can?tdato a dc~utado_ ~stadual. o lançamento público
. Jovem'
de sua candtdatura prcnunctava um esttlo poiittco que o faria asc{:ndcr rapida-
o esr IJ, mente, tanto na estr~tura intcrn~ do p~rtido, quanto na penetração popular e
eleitoral: a Assembléia Estudanttl, realizada em 12/ 12/1946, não apenas contou
)aJhis, com a presença prestigiosa do próprio Pasqualini, mas a fala do jovem candida-
s Pro, to seria irradiada por uma emissora local. 119 O uso eficiente dos modernos
> Plej, meios de comunicação de massa viria constituir um dos grandes trunfos na me-
~avia teórica carreira do jovem estudante de engenharia!
esru, Antes disso, Brizola já acompanhava Pasqualini em outro roteiro signifi-
·gico, cativo pelo interior gaúcho, cujo ponto alto seria o comício de Caxias do Sul-
la tu, a principal cidade industrial da zona colonial italiana. Nesse conclave, Pasqua-
os se lini faria o seu mais importante pronunciamento político nessa campanha elei-
I do toral, em 14/12/46. O discurso de pasqualini, mais tarde editado sob o título
) de Trabalhismo e solidarismo 120 centra-se no ataque simultâneo ao que hoje se
sta, costuma chamar de "socialismo real" do bloco soviético e ao "capitalismo ind i-
vidualista" até então hegemónico no Brasil, segundo Pasqualini. "No próprio
Estado socialista, pelo menos tal como se observa na União Soviética, a
I, o
tendência é a de se formarem duas classes: uma, dos que mandam e estão de
ios
cima, e a outra dos que obedecem e estão debaixo". Num tal regime, "o pro-
üs letário continuará sempre sendo proletário, ao passo que o patrão seria apenas
>S, substituído pelo burocrata ou pelo agente da autoridade pública. Creio que a
Je melhor forma de realizar a justiç.a social será ainda empregando os métodos da
o liberdade e não os processos da violência c da coação". 121
Quanto ao "capit alismo individualista", ele " ... propende, em suas últi-
mas conseqüências, para monopólio, para a hegemonia econômica, para a ex-
ploração do povo, para o imperialismo.
É, senhores, esse tipo de capitalismo, egoísta c agressivo, que nós comba-
temos, porque ele gera a opressão, a miséria, as guerras, a desgraça das
nações". 122
Como alternativa, Pasqualini defende o "trabalhismo solidarista", um
caminho intermediário que preserve setores da iniciativa privada e o acesso à
propriedade particular dos meios de produção, pois "no entanto, o Brasil pre-
cisará ainda de longos anos de capitalismo. Não capitalismo individualista, mas
de capitalismo solidarista". 123
Sobre as eleições, diria Pasqualini:
Nosso problema não é apenas vencer uma eleição e controlar o governo;
nosso problema é criar uma mentalidade social que facilite o uso dos meios que o
poder oferece para realizar o programa que defendemos... 124
45
d etorcs_ do I naquela. época particu.
D r dendo-se dos ataques e s . . c. ero,
, Pasqualmi . exclamana: ·,
elen . . ião de colomzaçao I ta 1Jana,
larrnente reacwnáno na reg f gar vossas crenças c cap.
C ·to católicos a palavra dos pon tITiccsI
não para a a ,. .
, . a religião a serviço da po ll lca,
1 , • nAr '.Jama1s . d ·
tar a vossa s1m · palia _pois não devemos puara que con hcçaís a vcrdadc1ra .ou .trma ele e<
qu c é en~<ano
nem ada lft"ca
poIgreja
I
a serviço da religião
.
- mas P supor qu e ela defenda o cap1ta1Jsmo sua CC
social e compreendals ~
125 vista s
individualista. . tas exposições da dou- sibilid
. S I é ma das ma is comp 1e . .
o discurso de Caxias do u u
. . , b exemplo da forma
com que Pasqualmi condu-
.. d
via in,
trina "pasquallmsta e um om - d conteúdo programático e ou- nal, n
ziu a campanha, prlVl egJa~
. ·1 · do as colocaçoes e "b d uma t
. . e às técnicas eleitorais da usca a
trinário fugindo à oratóna tradiCiona l . á io e educador" presente na
' " Este aspecto "doutnn r TB
vitória a qualq uer preço · . . _ liar à secção gaúcha do P no em d<
campanha pasqualinista, dana uma fei_çao pe~u do partido nitidamente, dos
, . . ai da época diferencJan 0 ' PTB
contexto poiJtJco nac10n (PSD UDN e PL) e mesmo do Varg:
seus concorrentes liberal-conservadores . ,
~ . 0 discurso d o Pasqualim
I . 1 ou tras secções estaduais. . .
em nfve nac10na e . de
Por outro lado, é n~tó~Ja a ~usencia, n Var as e ao etulismo- eixo
1946-47 de quaisquer referencias à liderança de g g bé I
central do discurso petebista em outros estados. "" Ausentes tam m,s~a~~~ia
fase, as bandeiras "antiimperialistas" q_ue, no e~t~nto, come~vam a
festar com nitidez cada vez maior no discurso pol!tico do p:~pno Vargas.
Este retornaria ao Rio de Janeiro, logo a pós o comiCIO 29/ 11, prepa- ?e
rando-se pa ra contra-atacar na polêmica nacional que o seu discu rso de_Porto
Alegre suscitara. ' 27 Já no dia 6 de deze mbro , Vargas declara , e~ e ntrevist_a ao
matutino carioca A Democracia, em resposta à nota do PSD gaucho, pedmdo
que renunciasse à sua cadeira no Senado:
( ... ) niio haver se apresentado candidato por nenlJUm partido, não solicitara
votos a ninguém e, por último, nem sequer usara do direito de opção para ocupar
sua cadeira no Senado da Repú blica. Fora a Cons ituinte que, de acordo com seu
regimento, decidira e o reconhecera eleito pelo Rio Grande do Sul, por ser o Esta-
do que lhe dera maior votação. Depois, sua inscrição para a senatoria fora feita pe-
los dois partidos, PSD e PTB, o que aliás chegara a originar um protesto da UDN
que pretendera lhe invalidar os votos por essa razão. Era verdade, acrescentaYam
seus amigos, que o senador Gerúlio Vargas tinha no PSD, em rodo Brasil. muitos
amigos com os quais poden"a haver aré colaboração em alguns Estados. Ess:-~ era a
sítua~o do Sr. Getúlio Vargas antes da proclamação que agora surgiu ( ...).
Esta proclamaçao do PSD, no entender dos mais íntimos do senador gaú 'hO.
nao tinha que ser por este respondida. A proclamação, repetiram-nos esses que ele-
gemos como, senao porta-vozes do ex-presidente, ao menos como conhcccd res do
seu pensa mento, se limitava a narrar uma sit uação c a fazer críti a em torno do dis-
pronunciado p0 r S. Excia. na ocasião do lançamento da c:tndid~nura d Sr.
AlbertoafPasqualini.
curso
. 0 rornta 'Mas a htstóna p. rovou que cumprt· m dg ra ctvtl. Posso ter errado ....· ·.,_.· 0•_.-,;~'-~'.:·
uências mternac~onat.s que nos lançavam a uma uer .· . o as a m~
~.- .
. :.
· .·
na,, ~ · .. _ eu ever".133 .. ·.: ~ - .
Após a sua parttctpaçao no comício do d. , . .·
· R· G . d ta 29111 , Getuho Vargas não
ais regrcssana ao to ran e durante a campa h 1 .
Oh , _ . . n a e euoral. Sua única nova
intervençao sena o enviO de duas mensagens de a . oio a Pas . . . ,
timos dias que precederam o pleito de 19 de janeirg. quahm, Já nos ui~
Antes disso, a campanha eleitoral de Pasqualini pro ·· ,
· N d' 20 d ssegutna com tmpeto
e entustasmo. .o Ia d e ,dezembro,
· o candidato aventurava~se na zona co Io-
nial alemã, re;1tzan b0 co~~ 10 na ~róspera cidade industrial de São Leopoldo.
No dia 23 de eze~ ro,. su ta por vta fluvial para 0 Alto Taquari, quando: "Du-
rante o perc~rso no acn:na e~ todos os portos de escala, mesmo nas pequenas
povoações sttuadas à beua-n~, as populações locais( ... ) acorriam ao longo dos
trapiches para saudar o candtdato trabalhista e hipotecar~lhe solidariedade".134
Neste roteiro realizaram-se vários comícios, entre eles os de Lajeado, Estrela e
Taquari.
Após o Natal, o candidato iniciava roteiro pela região serrana, começan-
do por Carazinho "baluarte do trabalhismo gaúcho", pois fora um dos poucos
munidpios do interior do Estado em que o PTB vencera as eleições de 1945.
Também era terra natal do jovem candidato Leonel Brizola, que acompanhava
a comitiva petebista. Depois de Carazinho (27 /12), o candidato discursou no
município de Getúlio Vargas (28/12), em Erechim (29/12) e Passo Fundo
(30/12), reunindo sempre multidões de milhares de pessoas.
No dia 27 de dezembro, o PTB resolveu, finalmente, a questão do candi-
dato à terceira vaga do Rio Grande do Sul no Senado. Após o malogro da ten-
tativa de acordo com o PSD, haviam sido cogitados os nomes de Loureiro da
Silva e José Diogo, que preferiam, no entanto, permanecer no Rio Grande, na
qualidade de organizadores do partido. 135
No final de dezembro, o próprio Getúlio convenceu seu ex-ministro do
Trabalho, Salgado Filho, a aceitar a indicação do PTB. Salgado Filho, que
então residia no Rio de Janeiro, tornara-se conhecido, depois do seu período
na pasta do Trabalho, pela organização do Ministério da Aeronáutica, criado
no &tado Novo e em cuja direção permaneceria até o 29 de outubro. Além
disso, como presidente da Companhia Nacional de Aviação, Salgado Filho no-
tabilizara-se como um dos pais da aviação comercial brasileira. Como seu su-
plente, concorreria o cirurgião Jorge Braga Pinheiro. No dia 27/12 era divulga-
do o manifesto trabalhista de apoio a Salgado Filho, que chegaria a Porto Ale-
gre no dia 6/1/1947 sendo recebido com grande manifestação popular no centro
da cidade.
Em sua mensagem de final de ano, a direção do PTB regional procurava
reviver o "espirito revolucionário de 1930" em apoio a Pasqualini:
" .;
49 ·..
··,··
l·.. '. '.· .
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.~ ;
i '
SllllO da l'~tagtwçoo c do atraso, o povo gduc . · hou n'do I em torno de Getúlio Vargas,
I' I
atendeu como um .-;ó homem ao brado de alerta de seu grande lfder, quando deu
esta p:tlavm de comando: Rio Grande, de pé pelo Brasil!
lloJe· novamente o H1o · Grande est. á de Pé . De pé J.á não somente
, pelo Bra.
s1l· m:t.') pela' cnus:t de seus
' prl~pnos
· filhos, dos no
· _gra ndenses • dos gauchos de todos
os m:tlli'.cs c de todos os quadrantes to ta o, dos homens que trabalham. nos
' • 1 Es d
cmnpos nas cJdaucs · · dos runc1ondn
nas coiCmas; · . : ·os que labutam . nas repart1çOes·
. '
dos JOVens que estudam nas escolas, dos mte ec ua1
• I ' •
1 t ·s que med1tam . nos gabmetes·
.. •
dos oper:tnos · que produzem a nqueza,· . dos empre. sárJ· ' os que onentam
.. e dmgem.
·
suns empresas, todos, enfim, os que constituem es a t· '
1mensa colet1v1dade
R. G d trabalhista
que ~ o f{in Grande do Sul, cst:lo novamente de pé, de pé pelo 10 ran e, com
Alhcrto Pasqualini! 106
Na fase final da campanha, o confronto entre o PTB e o .PSD_acirrou-se
de tal forma que seria quase inviável pensar-se em uma reaproxtmaçao entre os
"dois braços de Vargas". A disputa mais renhida travava-se na chama~a ."Zona
Colonial'', onde o PTB procurava furar, desesperadamente, o bloqueto tmpos-
to ao trabalhismo pela aliança PSD-PRP e pelo clero católico. Com uma estru-
tura partidária débil, o PTB levava pelo menos a vantagem da ascendência ita-
liana de Pasqualini. Vários candidatos a deputado também eram de origem ita-
liana: entre eles Fcrrari c Brizola. O primeiro começou a penetrar nas áreas do
colonato rural de Taquari, desenvolvendo uma linguagem trabalhista voltada
para os colonos c pequenos produtores. Brizola, por sua vez, realizou várias in-
cursões eleitorais na região de Caxias do Sul, sensibilizando o setor mais indus-
trializado da colônia italiana. Mais de dez anos depois, a base "urbana e pro-
letária" do trabalhismo brizolista entraria em choque com a base "rural e de
pequena propriedade" do trabalhismo fcrrarista.
A campanha anti-Pasqualini do PSD não vacilava nem mesmo em usar
panfletos em alemão e italiano, atacando o "ateísmo" e "comunismo" do líder
trabalhista. Um exemplo do tom acirrado da campanha nos seus últimos dias é
dado por um "A pedido" do PTB, publicado sob o título R evivem, através do
PSD, o~ métodos da camarí/h~ nazi~t~ que ensangüentou e o mundo degradou a
humamdade. Entre outras coisas, dinam os petebistas, referindo-se a um "do-
cumento que é uma vergonha para o Rio Grande e um insulto para 0 Brasil":
r. O PSD ven~ distribuindo, na região colonial alemã, um boletim em lfngua
alemct. Este bolet1m é repugnante por ter uma tfnguagem n · 1
, azts a, a mesma com
que os enforcados de Nuremberg envenenaram durante tanto te
alemão, acabando finalmente por desgraçar o mundo e destruir a ómp? Alo povo
nha. pr pna ema-
Hiller, Him~Ier, Goebbels et caterva começaram assim e, a retexto de
comb~ter o comumsmo, escravizaram todo o povo alemão· por fim q p r. ~
se naz1sta era sem mais ne . , , uem nao 10S·
d ' m menos, considerado comunista e ia fatalmente apa-
recer num campo de concentração.
Qual o resultado de tudo · ? F ·
do, humilhado esmagad b Isso. OI esse que afvemos: o povo alemão venci-
parte de seu p~fs do . doso o peso ~a ocupação, morrendo à fome e com uma
c mma o por comumstas.
50
•, • ..
Vcjlh"'C hem o :\lgnllicmlo da linguagem desse boletim. Nâo contente em fa- ·· ·
't <'l' \IJUI\ 11\lnn~a com o lntcgrallsmo, o PSD, usando a mesma técnica do nazismo, ' :
B1BL10TEC A LA SALL\\
! 2010-00<) CANOAS ~ RS
campanha em outros estados, apoiando vários candidatos do próprio PSD
ausência de Vargas- e sabendo que a vitória na capital estava praticame ·Na
segura d a - P asqua l.mJ. e Sa lgado F1lho
. concentraram seus esforços no i nte as
t . •
do Esrado. No dia 7, falavam em São Leopoldo, 0 segundo maior núcleondenor
~ão de c?lonização alemã. A s~guir percorreram a região missioneira (s::~
A.ngelo, IJuf, c:ruz Alta) e a região pecuarista da campanha (Livramento, Ale.
gre_re, Urugua1ana e Bagé). A maratona eleitoral dos candidatos trabalhistas
sena encerrada com grandes comícios nos centros de maior concentra -
-< ·
ope"1na: :\ ·f ana,
S anta 1v · o maJOr
· centro ferroviário do Estado (comício do Ç<lo
d.
12/1), ~io Gra~de, principal centro portuário e Pelotas, cidade de maior co~~
~nt~çao de fngoríficos, onde foram realizados grandes comícios no dia 15 de
1aneuo.
O encerramento da campanha trabalhista deu-se em "comício monstro"
no 4o distrito de Porto Alegre- os bairros operários de São João e Navegantes
-no dia 16 de janeiro.
Getúlio Vargas- que preferia fazer campanha em São Paulo, Minas e ou.
tros e.stados, ainda enviaria, através de Loureiro da Silva, uma "mensagem aos
trabalhadores do Rio Grande" e outra, dirigida "aos rio-grandenses".
Na primeira, divulgada no dia 14 de janeiro, diria:
A luta que travamos tem um alto ideal, a campanha de renovação da fé e dos
destinos da pátria, tem o sentido da transformação social do nosso país, no ritmo da
evoluçao que os povos hoje exigem. E esta mensagem vos leva minha confiança na
firmeza dos vossos propósitos, na decisão de lutar com energia para que o Brasil
não se transforme em campos de credos estranhos(. ..)
A votação nos candidatos do PTB é a recomendação que vos faço como um
postulado desse idealismo renovador.
Trabalhadores do Rio Grande! Confiai na vossa fé e nos destinos do Partido
que será transformado no grande movimento de evoluçáo polftica, social e econô-
mica do Brasil. 140
No dia 16 de janeiro, Getúlio enviaria sua segunda mensagem ao Diretó-
rio Estadual do PTB, contendo um ataque explícito ao PSD, que seria divulga-
da no dia seguinte:
Rio Grandenses:
Ao encerrar-se a campanha eleitoral para o pleito de 19 de janeiro, chega ao
meu conhecimento que as forças reacionárias do Partido Social Democrático, na-
zistas e comunistas, uniram-se contra a candidatura de Alberto Pasqualini. Faço vo-
tos para que a consciência cívica do Rio Grande e a sua tradição religiosa reajam,
assegurando a vitória dos candidatos do Partido Trabalhista Brasilciro. 141
52
do um gr~~de. "co_mfc~~ síndica~", no Largo da Prefeitura, para apoiar estas e
outras reivmdicaçoes. A partu do dia 7 de dezembro 0 Sindicato dos Me-
talúrgicos da Capital lança um movimento reivindicatóri~ que acabaria desem-
bocando num~ gr~ve ger~l dos metalúrgicos da capital a partir de 26 de dezem-
bro..Em 3. de Jan~I~o sena decretada a intervenção no Sindicato e a destituição
da drretona, presidrda por J. César de Mesquita e vinculada ao PC. A greve dos
~etalú~gicos da ~pital só terminaria no dia 11 de janeiro, diante da posição
mtransigent~ do mterventor Cylon Rosa, simpático ao PSD.
Nos dias 11 a 12 de dezembro, a União Sindical dos Trabalhadores de
Porto Alegre realizava sua primeira convenção estadual, sob hegemonia do
PCB. 143 No dia de Natal estourava uma greve nos transportes públicos de Por-
to Alegre, em apoio à reivindicação do abono de Natal que seria acompanhat
também pelos trabalhadores do setor de energia elétrica, praticamente parali-
sando a capital gaúcha nos dias 24 e 25 de dezembro.
Segundo o Correio do Povo, "Às 9 horas (do dia 24) Porto Alegre apresen-
tava um aspecto completamente anormal, sem bondes, sem eletricidade e sem
energia, com os autos particulares, táxis e caminhões impotentes para atender
o imenso movimento de Natal". 144 Estas greves seriam solucionadas com a me-
diação do interventor Cylon Rosa e o atendimento parcial de algumas das rei-
vindicações.
No dia 4 de janeiro estoura a greve dos mineiros de carvão de São Jerô-
nimo e nos frigoríficos nacionais, em Gravataí, na Grande Porto Alegre. Os
frigoríficos só voltariam a trabalhar no dia 14 e os mineiros dia 16. No dia 15
de janeiro, coincidindo com o comício ali realizado na prêsença de Pasqualini e
Salgâdo Filho, estourava greve no porto do Rio Grande, que só voltaria ao tra-
balho nas vésperas da eleição do dia 19 de janeiro. 145
Os numerosos movimentos grevistas nos meses de dezembro de 1946 e
janeiro de 1947, além da intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos de Porto
Alegre, contribuíram para acirrar ainda mais os ânimos de uma confrontação
eleitoral já bastante polarizada, expondo o interventor Cylon Rosa, simpático
ao candidato pessedista, às críticas do PTB e mes~o do PCB, embora este
também apoiasse o candidato do PSD. 148 •
Realizado o pleito, abertas as urnas e apurados os votos, .constatou-se a
derrota de Alberto Pasqualini, pela estreita margem de vinte mil votos, embora
Pasqualini derrotasse Jobim na capital do Estado. Nas eleições para o Senado,
no entanto, Salgado Filho venceu o candidato Oswaldo Vergara do PSD por
boa margem de votos. Para a Assembléia Legislativa, o PTB elegeria a maior
bancada, tornando-se de fato, o maior partido regional.
São cinco as principais causas da derrota de Pasqualini para governador
nas eleições de 1947. Em primeiro lugar, o apoio integral da máquina do go-
verno estadual, sob a interventoria do p essedista Cylon R osa, ao candidato "o-
ficial" Walter Jobim.
Em segundo, a estrutura incipiente ou inexistente do PTB na maioria
dos pequenos municípios do interior. 147 Em terceiro, a posição hostil de seto-
53
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rLEIÇÜE~ I' AI\ ,·\< IOVJII{NI\1>( m DO I!S'I't\00 DO HS
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G1mfidatos l':•rl- idn..; --
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Al~rlo P:t~qualinl I'Tll :!011. Iti.J Jfl
O~o(do Martins C'\'SI:I Pl.+ liDN 105.06:! 19
VotC\S em br:mro 10.25•1 2
Votos nu h~ 2.000 o
'lbl:ll 555.609 100
Omtdm5
11
ELEIÇÜES PARA O SENADO FEDERAL {3 VAGA)
NO RIO GRANDE DO SliL EM 19/ 1/1947
Candidatos Partidt's N° Votos % Votos
Snl~l3do Filho PTB 195.658 35
Oswaldo Vergar:1 PSD 155.329 28
Jooo Carlos .Mnchado UDN-PL 85.338 15
FéiL~ Rodrigues PRP 43.436 8
Trifino Corrêa PCB 28.550 5
Mendonça Umn Esq. Dcmocr. 1.815 o
Votos em branro 43.611 9
Votos nulos 1.872 o
Totnl 555.609 100
Fonte: Tribunll RC'gional Elritornf,h, Rio Gr:tndc do Sul.
Quadro 6
ELEIÇÕES PARA SUPLENTE DO SENADO FEDERAL
NO RIO GRANDE DO SUL EM 19/1/1947
Candidatos Partidos N° Votos % Votos
Braga Pinheiro PTB 195.052 35
Hélio F. Fernandes PSD 148.0.3.8 27
Carlos Mangabeira UDN-PL 44.538 8
Mansueto Bcncardi PRP 43.394 8
Afonso Pereira da Silva Esq. Democr. 1.573 o
Votos em branco 121.482 22
Votos nulos 1.552 o
Total 555.609 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
54
J
Quadro?
ELEIÇÓES PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 19/1/1947
---
~
parti
pTB
psD
PL
UDN
N° Votos
171.605
170.786
54.832
47.280
%Votos N° Cadeiras
31
30
10
9
23
16
5
4
%Cadeiras
42
29
9
7
•l
I
!
I
\\
46.783 8
PRP
32.009 6
4
3
7
6
I
pCB
PSP
2.727 0,5 o o
ED 2.543 0,5 o o
Brancos 25.172 5
Nulos 1.876 o
Total 555.609 100 55 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
' . '·
-''
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'·fi
..:·~
I
.• i:
',',
cionais, enquanto o PSD baixava de 62% para 30% (ver Quadros 3 e 7). Gr·
ao chamado "mecanismo das sobras:· - que atn'b u fa ao parti'd o majorit~ri
aÇas
0
o número de cadeiras adicionais eqmvalente às sobras dos votos de todos
partidos em relação ao quociente eleitoral - ~ PTB .viu-~e ainda mais bcne~~~
dado: obtinha 23 das 55 cadeiras da AssembéJa ~g•~latJva, contra apenas 16
atribuídas ao PSD. Com 42% dos assentos no LegislatiVO contra 29% do PSD c
igual proporção dos partidos menores somados (U_DN. P!--, PRP c PCB), 0
PTB ostentava a maior bancada, bastando-lhe a adesao de cmco deputados dos
partidos menores, para obter a maioria absoluta.
A bancada estadual eleita pelo PTB em 1947 destaca-se, por outro lado
pela presença de jovens em ascensão. O único político ('veterano" era JosÉ
Diogo Brochado da Rocha, o mais votado (20.446 votos) que se tornaria o líder
da primeira bancada estadual trabalhista e futuro presidente da Assembléia
Legislativa. Além dele despontavam várias novas lideranças: o jovem econo-
mista Fernando Ferrari, 3° mais votado, o estudante de engenharia Leonel Bri-
zola, Hder da ala moça, o pecuarista João Goulart, amigo pessoal de Getúlio, 0
advogado Egydio Michaelsen, um dos fundadores da USB. Enquanto cinco dos
deputados eleitos eram da USB, apenas um sindicalista, o líder marítimo Gui-
lherme Mariante conseguira se eleger. Do PTB originário de Vecchio e San-
son, apenas Mariante e o professor secundarista Lino Braun entraram nesta le-
gislatura. Na bancada predominariam profissionais liberais, novatos na políti-
ca, em detrimento tanto dos veteranos ((políticos profissionais" quanto dos di-
rigentes sindicais. Na verdade, não se pode afirmar que tenha havido um viés
anti-sindicalista na votação dada ao PTB, mas antes, uma propensão dos líde-
res sindicais a não concorrer a cargos legislativos, conforme já ficou claro no
exame da nominata dos candidatos do partido.
Outro aspecto interessante do resultado eleitoral e m 1947 é o predomí-
nio eleitoral do PTB em Porto Alegre, que se manteria, com raros sobressaltos,
até 1964. Já na primeira eleição para governador, Pasqualini se sagraria vitorio-
so na capital, por uma margem praticamente idê ntica à va ntagem sobre ele ob-
tida por Jobim, ao nível do Estado como um todo:
I I
Quadro 8
RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR
EM PORTO ALEGRE
(Eleições 19/1/ 1947)
56
.. ··,;;
Quadro 9
RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA SENADOR .
EM PORTO ALEGRE (19/1/1947) i
57
(Quadro 10), marcava sua presença na capital gaúcha a partir de novembro <lc
1947. Para as eleições de 1950, seria-lhe reservado um papel complementar
porém importante, no retorno de Vargas à presidência c na conquista traba~
lhista do governo estadual.
Quadro 10 ,
VOTAÇÃO, NA CAPITAL, POR LEGENDA PART IDARIA
Legenda N° Votos % Votos
32.427 41
Partido Trabalhista Brasileiro
Partido Comunista do Brasil 13.708 17
Partido Social Democrático 12.728 16
Partido Libertador 7.798 10
Uniao Democrática Nacional 7.490 9
Partido da Representação Popular 3.030 4
Partido Social Progressista 989 1
Esquerda Democrática 600 o
Total 78.770 100
Fonte: Correio de Povo.
Quadro 11
ELEIÇÕES PARA A CÂMARA D E VEREADORES
DE PORTO ALEG RE EM 15/ 11/1947
Partidos N° Votos % Votos N° Cadeiras %Cadeiras
PTB 14.509 24 8 38
PSD 13.639 23 4 19
PSP 8.730 15 3 14
PL 8.496 14 3 14
UDN 7.479 12 2 10
. r
PRP 3.038 5 1 o
I PSB 1.038 2 o 5
Brancos 1.870 3
Nulos 1.286 2
Total 60.135 100 21 100
Fonte: Correio eúJ Povo, 29/1 1/1947
58
'd a conquistar uma posição de verdadeira hegemonia política no Estado
partt 0
sulista:
0
_consolidar os ganchos elei~orai~ de 1947 ao nível da estrutura partidária,
1
tan to na capital, quanto
. _ .no mtenor
á .
do Estado.
o_ Exercer uma pos1çao Sis~em tlca ao .governo pessedista de Walter Jobim,
2 visando desgast~r ?o máximo a máquma do PSD, ainda hegemónica, ao ní-
vel eleitoral, pnncipalmente nas pequenas e médias cidades do interior.
o_ preparar a vitória d~ PTB .na sucessão estadual de 1950.
!o_ servir de sustentaçao regional para o retorno de Vargas à presidência da
República.
Estas quatro tarefas foram, na verdade, cumpridas a contento pelo PTB
aúcho. Já no início do governo Jobim, o partido fugiu à tentação de uma
~mposição ~~ o,~ovo gover~ador, e,~ nome da .r~u.nificação do "quadro das
forças majontánas a que aludua ?~tuh.o na fa~e .IniCial da campanha de 1947.
Pelo contrário: manteve uma opos1çao sistemática ao novo governo, procuran-
do no início, até aproximar-se do PL, para impor uma fórmula parlamentaris-
ta,' ao nfvel estadual. Em tese, os vinte e três deputados do PTB somados aos
cinco do PL poderiam constituir uma maioria absoluta na Assembléia Legisla-
tiva. sendo um dos pontos-chave do programa libertador, o parlamentarismo,
por que não tentar implantá-lo ao nfvel estadual e reduzir o governador do
PSD à mera figura decorativa? De fato, um acordo entre José Diogo e o líder
libertador Raul Pilla, estabeleceu, no dia 14 de maio de 1947, um pacto PTB-
PL, prevendo a colaboração entre os dois partidos na elaboração da Consti-
tuição Estadual, tendo em vista a implementação do parlamentarismo e a for-
mação de um secretariado estadual com maioria trabalhista. 148 O acordo tinha
vantagens mútuas: o PL realizaria o seu velho sonho de implantar o parlamen-
tarismo, pelo menos ao nível regional -e o PTB, como partido majoritário, go-
vernaria o Rio Grande. Paradoxalmente, no entanto, tratava-se de uma "alian-
ça" entre o mais "getulista" e o mais "antigetulista" dos partidos gaúchos. O
governador Jobim interrompia bruscamente esta estranha lua-de-mel, vetando
como inconstitucionais- porque conflitos com a Constituição Federal- os ar-
tigos parlamentaristas da nova Constituição gaúcha. Neste ato, seria respaldado
pelo Supremo Tribunal Federal. 149 A partir da promulgação da Constituição
Estadual, em 1947, até o final do mandato de Jobim, o PTB gaúcho faria opo-
sição sistemática tanto ao Governo Federal quanto estadual, não se benefician-
do com cargos e vantagens ao nível do aparelho de Estado. 150 Já em 5 de março
de 1947 Pasqualini declararia: "Somos majoritários c somos oposição: só nos
move o objetivo patriótico de trabalhar pela grandeza do E;;;tado e pelos inte-
resses dos trabalhadorcs". 15 1 Em abril de 1948, Pasqualini rejeita sondagens do
governo estadual para ocupar a Secretaria do Trahalho. 152
Os cinco anos de abstinência do poder, entre 1945 c 1950, juswmente no
per.fodo formativo do PTB gaúcho, constituinclo etc, j:i a p3rtir de 1947, o
maJOr partido regional, explicam, em hoa pane, seu vigor organiz:ttivo e o dis-
59
tinguem dos partidos liberal-conservadores, principalmente do PSD, conforme
será analisado, em maior profundidade, no Caphulo 3.
Jobim, por outro lado, também faria um governo essenci_almente vincula-
do ao PSD, inaugurando a prática de governos partidários, que persistiria no
Rio Grande do Sul durante todo o período de 1947-64.
A consolidação organizativa do PTB daria-se inclusive através de mobili-
zação, mesmo fora do âmbito das campanhas eleitorais. Assim, por exemplo, já
em 19 de abril de 1947, apenas três meses após a derrota, o PTB realizava
comício em Porto Alegre, em homenagem a Vargas com pronunciamentos do
senador Salgado Filho, de Pasqualini, de José Diogo e Vecchio, entre outros. 153
Durante o período 1947-50 trava-se internamente, uma luta mais ou me-
nos expHcita entre a "corrente ideológica" do partido, basicamente orientada
por Pasqualini e os "potrticos pragmáticos" oriundos do PSD. Na convenção de
maio de 1948 há uma disputa entre estas correntes, que culminaria com o afas-
tamento - temporário, como veremos -do líder maior da "corrente pragmáti-
ca", Loureiro da Silva. 154 Na realidade, os pasqualinistas detinham uma certa
hegemonia doutrinária no partido, mas sua força não seria suficiente para con-
solidar uma nova candidatura do teórico trabalhista ao governo do Estado, nas
eleiçóes de 1950. 155 A "corrente sindicalista", por sua vez, mantinha-se relati-
vamente ambígua, procurando seguir, ao mesmo tempo, a orientação teórica
de Pasquatini e a liderança nacional de Getúlio Vargas. 156
Ao nível das lutas sindicais, as bases sindicalistas do PTB passaram a ab-
sorver inúmeros quadros oriundos do PC após a decretação da ilegalidade des-
te partido e a dissolução da Confederação dos Trabalhadores do Brasil em
1947, pelo governo Dutra. 157
Sem dúvida, o voto operário e os quadros sindicais do PC foram "herda-
dos" na sua maioria, pelo PTB, embora até 1959, ao nfvel da política eleitoral e
parlamentar, o PC preferiu, em muitos casos, "abrigar-se" na legenda eleitoral
do PR. 158 Mesmo em municípios do interior gaúcho - Santa Maria, Caxias do
Sul, Rio Grande e Pelotas são exemplos disto 159 - o caminho mais "natural''
dos militantes e bases do PC era ingressar no trabalhismo, não obstante as di-
vergências ideológicas e a orientação contrária da direção nacional do PC até
pelo menos 1954. 160
Neste período, a violenta repressão desencadeada por Dutra contra o PC
e o movimento sindical, aliados à consolidação de uma certa ''normalidade
democrática", fariam diminuir marcadamente os movimentos grevistas após o
turbulento período 1945-47. Um novo ascenso na militância sind ical só ocorre-
ria no início dos anos 50. 161
Por outro lado, no interior do PTB, a inn uência dos líderes s imlir~lis que
originalmente fundaram o partido, diminuiria gradativamente. ororn.' ndn sua
substituição, ao nível da direção partidária, seja por políticos mais co nvencio-
nais, egressos do PSD, seja por intelectuais oriundos dos quadros d:-t USB c pc-
los jovens ativistas da ala moç.a, como Brizola, Ferra ri, Wilson Vargns c Sereno
Cbaise. 18 1
60
Il '
l
Já na convenção de maio de 1948, 0 líder sindical V . _
. rcra a nenhum cargo nas eleições de 1947 at t ecchi.o, que nao con-
cor . ' as a-se da presidência regional
do part tdo. _ .
Na convençao trabalhista realizada em final de ·u h . .
, ria 0 candidato do Partido ao Governo do Estad ~ ~ d~ 1950- que tndt-
0
!
l,
,•
neamcnte, duas bases de aliança para o PTB c sua candidatura pr~sidcn~ial: a
aproximaç.1o com o governador Adhemar de Barros c o seu PSP popuhsta-
conforme definido pela imprensa da época - c a indução simultânea de uma
cisão no seio do próprio PSD, aglutinando seus rcmancsccn~c.s clcmcntos.getu-
lístas em torno do PSDA o PSD "autonomista"; que surgma, com particular
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UDN nacional fizera um acordo com o PRP, que apoiaria o brigadeiro, em tro.
ca do apoio udenista às pretensões senatoriais do Hder intcgralista Plfnio SaJ.
gado. A vftima desta esdrúxula aliança seria o Rio Grande do Sul: como ali en.
contrava-se a mais forte secção regional do PRP, ali decidiu candidatar-se PJf.
nio Salgado ao Senado. Ora, qualquer acordo vantajoso da UDN c do PL com
o PSD envolveria, necessariamente, a candidatura ao Senado, uma vez que o
PSD, como partido mais forte , não abriria mão de seu candidato a.governador,
.
o ex-interventor Cylon Rosa, para quem o partido tinh.a forte. d~bJto, pela aju.
da dada a Jobim em 1947. Mas a UDN, pelo acordo fctto nactonalmentc, teria
que apoiar Plfnio Salgado para 0 Senado. Furiosos, muitos udenistas revolta.
ram-sc contra a decisão da cúpula nacional. Mas o <<caudilho" Flores da Cu-
nha, chefe da secção udenista local, impós diretrizes nacionais aos seus dticos
correligionários, argumentando, justamente, que só uma ampla frente PSP-
UDN-PL-PRP derrotaria Vargas c Salgado Filho. 173 No PL, entretanto, nem
mesmo o cacique maragato Raul Pilla estava disposto a engolir tão incómoda
aliança, que envolveria apoiar um ex-interventor do PSD ao governo do Estado
e o Hder máximo do integralismo nacional ao Senado, desfigurando totalmente
um Partido Libertador que fazia inclusive oposição ao governo pessedista de
Jobim. Diante deste dilema, o PL acabou lançando candidatos próprios ao go-
verno do Estado -Edgar Schneider- e ao Senado, Décio Martins Costa - diri-
gente que fora justamente o candidato a governador da aliança PL-UDN em
1947. Inviabilizava-se, portanto, a criação de uma frente liberal- conservadora
na eleição gaúcha de 1950. Ao mesmo tempo, surgia, pela primeira vez, uma
aliança parcial PSD-UDN: o PSD aceitava apoiar Plínio Salgado para o Sena-
do em troca do apoio simultâneo do PRP e da UDN para o candidato a gover-
nador Cylon Rosa.
Apreciada do ponto de vista da eleição presidencial, esta aliança era de-
veras paradoxal: em troca do apoio do PRP ao seu candidato presidencial
Eduardo Gomes, a UDN apoiava o candidato ao Senado do PRP Plínio Salga-
do e, junto com o PRP, apoiava o candidato a governador Cylon Rosa do PSD
gaúcho. Este último também apoiava Plínio Salgado para o Senado, mas em
nível federal apoiava a candidatura presidencial de Christiano Machado do
próprio PSD. '
O P~, por sua :ez, para nã~ apoiar Plínio Salgado, do PRP e Cylon Rosa
do PSD, un~a candidato~ própnos para governador e senador, mas apoiava,
em nível naciOnal, o candidato presidencial da UDN, Eduardo Gomes. Do lado
das forças conservadoras, não havia ' portanto, nem candt'dato um , ·co ao governo
, 'I estadual. e ao senado
. e, muito
. menos
, ' uma compati'b'l ' - entre o esquema
1 Izaçao
de alianças regw~al e ~acwnal. E possível concluir que uma frente liberal-con-
servadora
. _ só .funcwnana
. . a contento no Rio Grande do s u1, .ora r do contexro de
I, 1
e eiçole.s ~residencia~s, como de fato se daria nas eleições mun icipais de 1951 e
nas e eiçoes estaduais de 1954' como veremos mais . autante
,,.
.. AA campanha
. d eleitoral
_ traballliS
· t'(1 dc 195O começa a tomar
·
fmpeto em J·u-
Ih o. partir a convença o do d. 10 d .
ta , c JUnho, a direção do partido ficara a
64
uma comissão provisória, composta por 0 .
cargo d:gydio Michaelsen. No dia 8 de julho reúne-~~a~t~· Dorn.elles, ~uy Ra-
mos e uma nova executiva na qual des tretóno naciOnal do
.,-.n e elege ponta como presidente d d
p w 1João Goulart. Desta mesma executiva fazia o eputa o
estaduastaduais Egydio Michaelsen, oriundo da USB ~ Leparte tlaBm?ém os d~pu
tadoS e A h 0 one nzola ex-m te-
grante dad ala-;:~~put~d~p~ta~~!a~;zBrizol~ e Michaelsen derrota;a outra,
encabeça a p , um os fundadores do partido, em
1945. . . . ..
Es ta nova executiva tmpnmtna uma atuaça·o dt'nâm· á . .
. _ tca e gt 1 ao partido
ês meses que o separavam das eletçoes ativando e t ó _
nos tr . . ' , n re outros rgaos
partl.dários, o famoso
. . . Dtretóno
.b . Alberto Pasqualini do qual 1aztam ç •
parte pro-
fessores e profisst.o.nats 1t erats, entre eles o professor universitário Temperani
pereira, que se fthara ~aquele mesmo ano. Em meados de julho, 0 próprio
Vargas sondara, sucesstvamente, seus velhos companheiros de 1930, João Ne-
ves da Fontoura e _?svaldo Aran.ha. tentando convencê-los a concorrer ao Se-
nado pelo PTB. Joao Neves declt~o~ o convite por não desejar mais concorrer
a cargos eletivos. Quanto ao ex-mtmstro das Relações Exteriores ele condicio-
nava sua ace~taçã~ ao apoio de to_d?s ~~ pa~tidos g~úchos, condi~o não só in-
1
viável com~ maceitável para. Getuho. Fm. a partu de então que Vargas pas-
sou a constderar uma can~tdatura senatonal de Alberto Pasqualini como a
mais adequada ao fortalecimento da chapa trabalhista.17s A influência dou-
trinária de Pasqualini no partido continuava dominante. o professor Ajadil de
Lemos, saudando os convencionais do PTB na convenção de junho, havia ex-
clamado:
Nossa bandeira é o Sr. Getúlio Vargas e, na luta ideológica, nosso coman-
dante é Alberto Pasqualini. 176
• J'•l (
seu apmo ~\ GIIH Ju:l ur.t \/•tl'fl • .•' \ ·~ Clll
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Ramos os representautc.'i do I'TB, I'SI' c da cll:l,'ddCudll elo f•,t,I J, r·tJti Vtu :11lq~
por Jo~o Neves da roniOllr:l p:rrn OI'J~<tllii'lll () ( 'mnii C N;H'I!JIJII I tllt I 'IIIJJJ!IIIIIJ:!
Vargas. o projeto de oreani za~·;i o dc.'I IC Comi I<\ ( '()111 Ulllrllit •:t~;nc ·•; :/11 f(Jdln li';
Estados foi elaborado pelo prol'rs."or Lu li'. SlrnfJr!. l,opt·:., lu111111 pt r·:./dellfl: !1:.
Fundação Getúlio Vnrgas. O c.:ornir ~ era cow.; rltufdo po1 11111:1 ,,rrn:lllllli·J:':tíd (:
três departamentos espcdalizados: IJcparl :t menlo d · ( 'ooJd cwrt,:liJ .f'ulfl /( ~,
(para integrar as trCs correnll:s de apoio 11 V:ti'J~II.'> ): I ><:p :11l i111H'IIfo de J·lllltlll1:r,
c Departamento de Propaganda c Piei ro.
O Comit~ Nacional elegeu como ~ cu prc.'ddc nr r cfc livo a .lt l:it' Nev1;'1tl:t
Fontoura, aclamnndo o governador Adhcrnar de H:11 ro :; <'<IITHI ' 1 1 1 <'~./dctll l: ti!: 1
67
Encerra elogiando a figura de Eduardo Gomes.184
No mesmo dia, a nova executiva do PTB gaúcho, presidida por João Gou-
lart, reunia-se co m Alberto Pasqualini, José Diogo Brochado da Rocha e Lou-
reiro da Silva- os "Jfderes históricos" do partido, para traçar o itinerário a ser
seguido na campanha de Salgado Filho. O PSD~ por sua vez, em reunião pre-
sidida por Ernesto Dornelles c Ney Brito criava a sua ala moça, liderada pelo
estudante Zaire Nunes Pereira.
No dia J9 de julho, um jornalista da Folha Carioca entrevistou Alberto
Pasqualíni em Porto Alegre. Nesta entrevista abordado sobre a tese levantada
pelo Instituto da Ordem dos Advogados sobre a inegibilidade do senador
Getúlio Vargas, em virtude de ter sido a figura principal do golpe de 37, que
derrubou a Constituição de 34, o Sr. Alberto PasquaJini declarava:
Cumpre con:;ídcrar que o golpe de 37 foi dado com a cooperação de muitos
que sao, porrunr o, cn-aulorcfi. /\16m dí.~'IO, houve colatxmtção c solidariedade pos-
teriores de rodos aquele.'> que coopcravélm durante o chamado Estado N ovo. Se o
Sr . Cletúl írJ V arga.<; fo~.se comíderado ínclegfvcl, a seriam todos os que colaboraram
no golpe de JlJ17 nu prcst<m .tm sua ajuda posterior. Se a exemplo de um tribunal
de desnt1zífic:aç:ín, ríve~sc sido ín.•;titufdo entre nós um tribunal de " dcstrintcsefi-
caçao", m uito:; govcrn adorc~, senadores, deputado.<: c outros proeminentes homens
públicos deveriam f:er juli:fsdo.'l inclet(veís, n::ío po dendo deixar de figurar entre eles
o eminente general Dutra. Por um c(l;men t<:~r prinUpio de direito geral, estariam
ro<lo."l colocado:: na mc:-~ma ~{Ítu açr.ío. Por que (:.ltíngír somente ao senador Getúlio
vr~rw•~? 1 0!l
No:::;:t prt cJr.:up;s((:ÍO, nc:;re momcnl o, deve :.cr difundir os lth.:al<: do tru b:l-
:! I
. I lhlmlO, rn wnmr :1 vc:rdw lc <lcm :;c;u:l pruwfpín:; c a cxccJCncia d<.: ;<;tt :t.<: uirc rrirc!\ pro·
! p,rttm:11íc.;;s;t
N:lo ::c lr:tl:t de " l cllri:t:)" <.:nrnu :tlgun:' pcn,'.:un ou di·t crn, m:•~ de ~~~~·•t: nt ll r so·
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' luÇlk .•t r:sdnn:d:t c:om 1>:11:<: rl:l clt~ nri: c ,•,IJci;ll l; c:con()rnlt:í t p:tr:t lt.': qtsc~IOt:-" fund;J-
mcnr:sb, ,<it)IJrt!IUdCJ, :1.' , (jll e Jl)l f; ( t: j •.'.í ll ll ts:. r ln:::.C.'> prolct:'l fiil'•, 11():, lríiiHtllladnrr:-. tJ:I
l crr:t, ?i prod tH;:'io c t1 OfJ~:w iz:H;:io cwn(}rJJk:a crn J:crul. A:l rH:cc~~·:kJadcs c ulllç<">c.
.,
I
vo devem ser temas para estudos s~rios c n[io temas para demagogia cleitora-
~0 poÉ· necessário, principalmente, que os objetivos do trabalhismo nao sejam cs-
IISta· 'dos desvirtua
· dos ou post erga dos por mtcresses
. secundános. c su baIternos,
quec• ,
amente de caráter pessoal.
notad' . . .
Lutamos por uma causa e a campanha eleitoral somente terá scnt1do se li·
mos sempre presentes os objetivos dessa causa, pois que eles devem constituir
vermotivos permanentes de nossa açao polftica.
os o que, portanto, deseJana . . ped'1r aos caros amigos~ a realizaçao de um traba-
lhO intenso de difu~'io, propaganda e esclarecimento das id~ias que defendemos,
para que todos po~m compreendê-las e senti-las, criando-se, assim, a verdadeira
mentalidade trabalhista.
Devemos dar à polftica um sentido elevado e educativo, a fim de que o povo
adquira um discernimento cada vez maior e nao se desencante e se desiluda cada
vez mais com os aspectos desconcertantes senao deprimentes que, por sua vez, ela
oferece.
A conquista de votos deve ser uma conseqüência da conquista de consciên-
cias e só teremos êxito se as urnas forem a consagraçao de nossos ideais.
o Partido é o instrumento de uma idéia. Todos nós servimos ao Partido, cu-
ja vitória deve constituir nossa preocupaçao neste momento.
Sei que assim pensam os meus caros amigos. Desejo pois, que a sua açao se-
ja uma decorrência desse pensamento. 188
69
orno candidato à futura presidência "~
de meu name c ~
fizeram com a escolha . . . .
R 'brca d pessoalmente ma1s s1gmficattva para
epu ~a~ poderia encontrar outra se e o
primeiro marco desta campanha,
. multidão concentrada no Largo da Pre
. ra a 1mensa ·
exclamana Vargas pa . . entude como cadete da famosa Escola
· 1 brana sua JUV '
feitura. A segUir, e1e em " dos Presidentes":
Militar de Porto Alegre- a Escola
. te !907 tinham a singeleza da época. As fórmu.
Os problemas daquele dls~anf . da democracia formal, sobretudo inclinada
las eram caracterizadas pelos pnnc pios. ·gne sociólogo Oliveira Viana chamou de
. ue é 0 que o ms1
à prática do verbalismo, q h VI·a adensado a população urbana, nao se
l: . " Ainda nao se a
"generalidade sonora · . . e transplantaram a obra do governo do ter.
tinham criado as exigênci~S colettvas, qu o social e econômico,
rena exclusivamente polfuco para 0 camp
70
sollrc a previdência social, diria Vargas, defendendo sua extensão ao homem
do carnpo:
Os Institutos criados no mcu_governo, para amparar aos trabalhadores e cus-
teados por estes, csUío sendo dcsvtrluados na sua finalidade. Vao, aos poucos, se
transformando c~ rcn~osas fontes d~ empregos, em luxuosas máquinas burocráti-
c.1S, demoradas c mcfictcntc~ no servtço ~e _assistência aos seus associados. É preci-
so melhOrar o srandard de vtda dos brastletros e reajustar os salários dos trabalha-
ca. As fi6rlll dores. Devem ser estendidas ao t_rabalhador rural as mesmas vantagens de que já
Udo incr u. goza o trabalhador urbano: saláno m~nimo, seguro contra acidentes, aposentado-
·a ch Inada rias c pensões para os casos de enfermtdade, velhice, viuvez, orfandade e invalidez.
amou
bana , na de No final do discurso, Vargas lançaria uma frase profética:
verno 0 se
do ter. Rio Grande! Rio Grande! A 3 de outubro de 1930 parti contigo, de arma em
punho, para uma campanha de redenção nacional. A 30 de outubro de 1945 in-
compreendido, fatigado das lutas, baixei sobre o teu solo generoso e acolhedo/ Si-
o, Getúlio go, agora, outra vez, para uma nova luta no prélio das urnas, que se deve realizar a
3 de outubro de 1950. Parto para iniciar uma campanha que, no Rio Grande, devo
encerrar. Deixo-te, confiante na tua bravura, na tua lealdade, no teu valor. Levo-te
overno que no coraçtio e no espírito. Se sucumbir na luta, meus restos repousarão no teu solo.
e sereno
':11 Se vencermos, tu estarás a meu lado, com todo o povo brasileiro, e eu te represen-
~ue não os' tarei em tuas justas e nobres aspiraç6es. 190
! encontrei
Já no dia 10 de agosto, Getúlio e Adhemar embarcaram para São Paulo,
:n plena li-
onde realizaram grande comício no dia 11 , seguindo depois para o Rio de Ja-
neiro, onde Vargas reviveria mais uma das já tradicionais concentrações no
estádio do Vasco da Gama, desta vez como candidato à presidência. Depois
disso, ele só retornaria ao Rio Grande na fase final da campanha eleitoral de
1950.
. dos que Entrementes, o PTB gaúcho precisava definir as candidaturas majoritá-
públicos: rias. Só no dia 10 de agosto a executiva regional do partido, presidida por Jan-
protesto go, anunciava o nome do candidato a governador: seria o ex-interventor Ernes-
~rcio, da
to Dornelles, primo de Vargas e um dos próceres da dissidência "autonomista"
:ncias de
do PSD. As pretensões de José Diogo e Loureiro da Silva haviam sido, mais
uma vez, preteridas ... 19 1
Na mesma reunião da executiva foi aprovado o lançamento de Alberto
Pasqualini para o Senado, desta vez com o endosso de.Vargas.
coope· No dia 22 de agosto a convenção do partido- convocada para escolher o
!fOO de substituto de Salgado Filho- aprovaria as indicações da direção partidária.192
5 inter· Em 1° de setembro- a um mês da data do pleito- o novo candidato do
PTB ao governo do Estado, pronunciava o seu Discurso-Platafomw: "Se eleito
se dOS governador do Estado, procurarei aplicar os princípios bás icos que info rmam o
feridO programa do nosso candid ato à presid(3ncia da Repúhlica, diria Dornelles. na
·es es· sua plataforma, acrescentando:
5 arni·
lue as Nunca, em tempo algum, o nome do Ri~ Grande cstC\ C t!lo lig::~do, com~
agora, às esperanças de milhOcs ele brasileiros. E toda nacionalidade que se v lt.t
71
·-
d' ta e merc ê de um movimento de . opinião
.
. d eminente esta ts ' r ·ca" confere-lhe a pnmazta na
para ~s coxilhas_nat~ts d~ nossas compctiçóes po til ai~r intérprete e p3ladino elas
sem tgual na htstóna d Getúlio Vargas o m
d 0 fazendo e .
confiança o ~ov ~ á ara assegurar a mtegriclacte
aspiraçóes nactonats. ado lutou de armas na m ~I ~onheça melhores dias, sob
Assim como no passe , que o Brast d' .
da pátria, luta hoJe. o r_ io-grandense'daspara ..
que factlttcm maior contato entre mgentes
o mats esclarect , . .
normas de govern fi ao seu destino de p1one1ro.
d' · 'dos m que ser 1e 1 ·
e tngt · . . oroso 0 gaúcho te f . inovador: Mauá, no impé-
Povo JOV~mb~l~~m a ~italidade do nosso e~p ndo Brasil· Getúlio Vargas, na
10
Dois homens stm t económ1ca ' _ d b
. d
no, traçan o co m intuição genial a ro a
d fundo e de base em prol da redençao o tra alho
. ·
República, IniCia · ndo uma obra e redutoras.
e do ajustamento social das classes p
,~ar .5 ~ave
. 'j
assalariados, onze funcionários Jlúhlicos .· m também
berat ' dores 194 R ·' Cinco come ·
ti abalha industrial. eproduzia-se, portanto f. rc1antcs,
det.trrurallS. taS
n1
e UI" . r· . I .
" d. classe médta pro tsstona ,Já constatado na ,1,..r:
, o n lido prcdo r .
m n1o
trê~~ndidatos at·sso os candidatos majoritários iniciavarn ,c ~.IÇdo de 1947.
de ~,:" anto · ' li Cdmp·mh·t ·1 ·
enqu . d setembro, Ernesto Dornelles, Alberto P·tsqu· 1' . • ( c CllO-
rJo dI'·a 6 eoteiro pelo mtcnor
. .
do Estado,
• a 1111 c José Di ,
particip·tndo d, . . ogo
ra.1 . em r N , 'd d p
·gutraill . . c Alegrete. esta ct a c, asquahn 1 rc·tJizar··
. . < c com fetOs em
se .0 AJrcs ' · 1a uma das m·tis
yenânct onferências da sua campanha senatorial no Cine T , · '. · .i
ntCS c ád' 1 1 D ' - eatro Glóna \
tem sno os líderes d~ h~Je. O choque cruento.d;s armas passou a ser t~o-somcnte o
debate Pacffico das tdétas. Estamos .na transtçc1o
. de uma
· fase romântt'ca
' d
< c nossa
i:
\
. · polftica para um perfodo mats realfsttco.
htst 6na 1:
'
Nossa evolução social e econ0mica cria novos problemas que já não se resol-
vem com pontas de lança e patas de c~wa~o. Opera-se uma mudança na fisionomia :I
da campanha: até o cav~lo, companhctr~ mscparável do gaúcho, está criando rodas I
I
•I
e asas, está sendo subst1tufdo pela máquma, pelo automóvel, pelo jipe, quando não li
elo teco-teco. Antes os gaúchos só cavalgavam. Hoje, eles rodam e voam. Até as
I
ferdas carretas vão minguando para dar lugar aos caminhões velozes. .I
,,
Pelas noites e pelas madrugadas já não se ouvem tão seguido os rangidos do- li
:~
tentes, o tinir da aguilhada e a voz melancólica do carreteiro, mas ouve-se o ronco d
dos motores e o som estridente das buzinas. 195 li
I',I
I·
I
Mas o progresso econômico e tecnológico deveria ter sua correspondên-
cia, para Pasqualini, no avanço político e social:
I'
Em verdade, a história registra o esforço incessante do homem para a sua li-
bertaçao. A primeira fase desta luta é a luta pela liberdade e pela igualdade política,
que se traduz nos direitos fundamentais do homem, nas franquias democráticas c I.
nas garantias do cidadão. A segunda fase é a luta pela libertação econômica, senão, I
pela igualdade absoluta (pois esta é inatingfvel) pelo menos pela proporcionalidade
que deve existir entre o valor social do trabalho e a remuneração correspondente.
(...) "A Revolução de 30 teve ainda um sentido acentuadamente político,
mas ~á então se compreendeu que não havia,no Brasil, apenas quest6cs de ordem
política, mas que existiam também problemas de ordem social e cuja soluçao, c?mo !
j'
~nsavam alguns, não poderia ficar compreendida no âmbito de ação dos comtssá- !
nos de polfcia. .
r
AsSim,
· a Revolução de 30 na sua origem na sua mot1vaç · ..11 o popu lar
' ' na sua
.
tOrma de preparação e de eclosão - ' . ' . d ente polfuco
tinha atnda um cunho acentua am · . r.
e rama r ' . . fl ênctns cntao
d . n tco, passou depois de quebradas as forças políticas e m u ' d ..
ommant ' . r . numa verda ct-
ra es, de caráter oligárquico e reacionáno, a trans1ormar-se
revotuçao social.
73
.. ··:.. ~
\\\' ~ 'tx-1!\ qut- rs.s ruo,imcnto p:trtiu d Rio Gr~nde do Sul e que c'
0
ks.."'~ tm viment f"\ Getú\i Vmgas. Snbcis tnmbém que o grande animJdor dne~e
t\\ ·im,•nto f; i utro filh d ~ pamp::t.;;;, ÜSY3ldO ;\ranho. esse
,t·tt.lli"' \ ;\r~u." rt·pre:"'ntn\':1 o obj~tivo, n c mpreen,_~ o do problema em to.
b ~\m t".'\t ·ns.;'\, r profundid:.ld • monmcnto no seu pr essa ulterior da evo.
lu ... ,.,.':"
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r~·:..'t"t~~nc~.· ~ ·r ut1.'1:>- :-; .: ..'!t.'l ,\-; ·.h.\.
~ 's•s:(' f'!1J ~·-~í.· : :.lho;~ .! ... .t.l. ..
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...
~,
01 convicção, ~om perse~erança, com sinceridade - com o despreendimento de
co prega um 1deal e reahza um apostolado.
01
que De 1930 ~ 19~0, decorreram vinte anos. É possfvel que, em 1970, estas
crianças que aqm_ estao e que representam nossa dívida com o futuro e com o par-
tidO, estejam aqut, ~este mesmo l~gar, desfraldando uma nova bandeira de comba-
te e realizando, ~~lm, o esforço mcessante da história pela libertação e pela felici-
dade do homem.
Observe-se que_ no pronunciall!ento de Alegrete, Pasqualini retoma o es-
tilo didático e doutnnador da camp~nha de 1947. Há, porém, uma diferença
importante: naquele ano, as referências a Vargas eram praticamente ausentes
nos seus discursos, como se observa, por exemplo, no pronunciamento de Ca-
xias, em 14/12/1947. Já na ~mpanha de 1950, Pasqualini assume a plena defesa
eevoca a liderança do candtdato trabalhista à presidência da República. As di-
ficuldades de relacionamento entre os dois líderes, presentes em todo o perío-
do 1944-47 pareciam estar superadas, engajando-se ambos, ombro a ombro, na
campanha eleitoral de 1950. 198
No dia seguinte, Pasqualini realizaria o mais longo e didático de seus
pronunciamentos na campanha eleitoral de 1950, em Caxias do Sul, no qual re-
futa as acusações que o fogo cruzado da direita c da esquerda ortodoxa fazia
pairar sobre o posicionamento político do trabalhismo:
Nós, trabalhistas, justamente porque representamos uma idéia nova, somos
freqUentemente aivo de certas imputaç6es. Dizem, por exemplo, que somos um
"tanto avançados". Ora, o ser ou não avançado depende muito do ponto de re-
ferência que tomamos. A velocidade de um automóvel é muito grande em relação
a uma carreta de boi, mas em relação a um avião, o automóvel dá impressão de es-
tar parado.
Do ponto de vista do capitaiismo individualista ou do liberalismo econômico,
do ponto de vista reacionário, somos, de fato, avançados. Nós acompanhamos a
evolução do mundo, não somos mentalmente anquilosados. Se, porém, tomarmos
como ponto de referência o lado oposto, talvez nos considerem até conservadores.
(... ) Parece, por isso, que a questão não é apenas saber se nós somos "avan-
çados", mas se outros não estão demasiadamente atrasados. Nós, realmente, não
acompanhamos a marcha e a evolução do mundo, trepa dos em carretas de b01.. 199
75
t:al. Realii'.a cnr:.io, acompanl~ado por Pasqu~líni ~ Do~n~J_Je~, u~a vcr~adcira
mararona clcíronal pelo inrenor do E<it:Jdo. Sao pcrcorndas as ~a!orcs concen.
lraçücs urhana.<; do Rio Grande, organi:t..ando-sc gr~ndcs comJCJ~s aos quais
acorrem c.c;rusíá.<ilíca-; muJridõc.<;. ·rrala-sc de vcrdadcJra consagraçao para dois
Hdere~ m::íximos do trabalhismo c o candidato pctcbísta a governador.
No dia 20 de setembro, HJJ:.ando a enorme massa em Santa Maria, capital
dos ferroviários gaúchos, Varg;Js exclamaria: ((A sorte está lançada! Se as urnas
de 3 de ourubro me apontarem o caminho do Catetc, para Já marcharei com 0
povol".20 1 Getúlio Vargas voltava ao Rio Grande depois de um roteiro eleito-
ral pelo resto do pMs, entrando em seu estado natal através de Ercchím, de
onde suas tropas revolucionárias haviam partido rumo ao centro do país em
1930. Em Erechim, Vargas discursou no mesmo dia 20 de setembro, aniversá-
rio da Revolução Farroupilha. Dia 21, depois do grande comício em Santa Ma-
ria, os Hdcrcs trabalhistas rumaram para Santa Cruz do Sul, capital do fumo e
um dos centros de colonização alemã. Ali Vargas se exime da responsabilidade
pelos excessos cometidos no chamado ((Programa de Brasilianização" durante
a interventoria do general Cordeiro de Farias c lembra a sua substituição por
Ernesto Dornelles, o atual candidato trabalhista.
Sabcis como me desagradou c como reagi, quando na chefia do governo do
paf.s, contra aqueles que, em meu nome c à minha revelia, praticaram atos d"
violCncia c de arb(lrio, com base em preconceitos étnicos. O senador Ernesto Dor~
nellcs, por dcterminaçao minha, assumiu entao a Intcrvcntoria do Estado e fez lo-
go cc~s.tr a descabida oricntaçao, impondo o respeito c o acatamento que vosso va-
lor cfv1co estava a exigir,
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concluía Vargas.
Note-se que neste discurso de São Jerônimo, Getúlio levanta da maneira
mais clara e inequívoca a bandeira do nacional ismo e apelo :.) classe opc r~iri~
para apoiar um modelo de desenvolvimento nacional au tônomo. antecipando
aquela que seria a linguagem da sua mensagem derradeira quatro anos mais
tarde, na Ca rta-Testamento.
No mesmo dia, homenageando Vargas na Câmara ivfunicipal de Bento
Gonçalves, o vereador Clemente Rossi sintetizaria b mo magnetismo do apelo
popular a favor do retorno de Vargas ao poder:
Getúlio Vargas foi conduzido ao gm·erno da n:1 )io, numa ép· ra em que nno
se cogitava supremos interesses do poYo, das necessidades urgentes de suas classes
prod utoras c trabalhadoras, a instrução pública, da higie ne~ do saneamento das
grandes áreas territoriais, a valorização do homem nu~1 a terra em que se sentia
inútil e abandonado.
Get?lio Vargas I~nçou -se imediatamente à execução de um plano de rccons-
truçao soem! e económ1c~. -~nçou-se à execução de um plano de transform::tçCes
b~néfi~as, opondo-se de IniCIO, contra velhos preconceitos e pra-xes político-admi-
mstratJvas.
Getúlio Va:gas, com sua at uação, deu ao povo brasileiro o restabelecimento
da confiança em sr mesmo.
. Com sua administração serena e patriót ica colocou o Brasil entre as princi·
pa1s naçoes do mundo.
Em 29 ~~ outubro de 1945, mergu lhado traiçoeiramente no ocaso mo-
mentâneo ' Getulio Vargas perma neceu como pnsioneJro
·· · na alma dos brasileiros.
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(h' I\ \in Vlll'l',:ls, srn:1dur \ :.rnt'stn \ )urn ·1\cs.
M r•·rc pç0r< •k tira ntrs •· :" d ·mnu::t de ntç~c:: :~prc~o
de qn c cstil <e mio atvn
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1:1111 :1 rr rt o.ll d11 soa ,. """" vit <-.ria n:" nrnas.'
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trn tia intlús 1ria frigorlfica gaúcha rcccbc-
!Í:I Vil f)','"• l'nsqm• I i ui ,., \)1\fU<'ii<'S com impressiona tttcs manifcstaçôc:: tlc
"I"'' I
1. (l pr<lp ri•' rc p(1fi <' r d'' 1"1rn"' mc n 1c co use tvatl o r Diário dc Norleias
l'x:lllll\1-~t, assim lh.·scn'' c.ndo ns L'VL'nlns:
11 mn ronsa !;raçnn snn prn·rtlr nl c> "" int criur dn t\io O randc do S uI, rccc-
ll'r:nn. hn_ir, nr>l n ridn< te. 1" S rs. ( ;clii Iin V"' ga::, Ernesto J)nrncllc< c i\tbcrt o
1':" JU!IIini, qn:1ndn n""1 mn11 idllll, r a lwind a, """ pc"imisnm, co> cinq ucnt:l mil
I"''"1:1s,NnotlV!Irinntln
tr n'"' I'"Iavr as para dcsrr ·v ·r n que foi n acolhida scn~•ciuna I dispcn·
dr Iir: mwnr nte 1" ,.'"in cn1cs homens pú hlicns.
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>:llln pela gcnt c dn l'rinccsa <111 S" 1:Oqnclcs I(deres potrt kn<.
h<l:ll'i<I!I~C
I'nd ·-se nti rn111r, se'" receio d · c", r<', q uc dois tcrços tia pnpulaçno dcst:t
,-;.-ram p11r:1 :.:: runs, p:n·a aclan"1rcn• nun> cntn<iasmn indcscritfvcl os
lliri!~~.:nlt.:S tn~\xinw~ nt a in tcn::lti!ldc. En1 ' poc:l atgn ma na sun hist ~-
aviaç~o,
J :nnai< l'dnl:l< 1,- co•" wnncion:tl.
dovitr:ll,alhismn
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ria '" viu m" Hilinn 1no em1111
c nms, imlifrr •I) te ~ ~rn""
n I" ·ta, agtomcrada no campo de
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chuv:t qn · cafn, cnqnnnto a~uardnva n chc!;ada do
'"" su:.s avcni-
Sr. Cict\l'cl:t
\in Vnrg:1s
m,mhn elo :;ct~
hist(Jricn r ·tiro ti· \lu . em que viajamos, vicr:ull os Sr<-
~11:•··" ""nu
~~~~ '.11·as
'" Inali ni, lia ti >In I -'"·" r tio, t.oi·t. SimOC~ topes, demais. comp~ncnt C~
nos "'"""" aviO « c.spcci:lis
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do cs-pnosi<1..,, .• c ,tn sonadnr I,rnc<to l)orncllc<- I·.normc "'''" ''
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111 79
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a fazer a defesa mais completa de Vargas, entre todas as alusões que fizera
então ao ex-presidente: até
E prosseguiu Pasqualini:
É necessário também, estender a legislação social aos trabalhadores do
campo. Getúlio Vargas há de abrir a porteira das fazendas para que nelas pene-
tre a legislação social! Alguns reacionários não gostarão, mas os progressistas,
que estão em grande maioria, hão de aplaudir porque isto corresponde a um
imperativo de solidariedade humana c justiça social.
Vemos aqui, diante de nós, uma faixa que tem a seguinte inscrição: "Os
agricultores da ilha dos Marinheiros saúdam o senador Getúlio Vargas". Pois
bem, trabalhadores da ilha dos Marinheiros, do Rio Grande do Sul, do Brasil-
Getúlio Vargas há de corresponder a esta saudação! Há de instituir medidas de
proteção aos trabalhadores rurais, aos pequenos agricultores.
(... ) Getúlio Vargas c o Partido Trabalhista Brasileiro defendem a causa
do trabalhador, do trabalhador da cidade do trabalhador do campo e do pe-
queno agricultor. Defende a causa das for~as progressistas e a causa do Brasil~
É necessário tornar esta causa vencedora. Ela já é vencedora, mJs nao
basta vencer- é necessário, trabalhador, que esta vitória seja esmagadorJ, por-
que então vós, trabalhadores, dareis forças ao presidente Getúlio Vargas para
realizar a obra de reconstrução do Brasil. 21 0
Depois dos comícios de Pelotas c Rio Grande, Getúlio Vargas encerrou
. . · . da ~1rca
sua campanha presidencial com concentrações em quatro mumcfpiD~
80
. . · ~" .. ' . ~·~:~-:--; . ~· · ._--.·.. ~:
;·;·.fi~~ ·· .. '
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·' ..
de pecuária da fronteira gaúcha: Bagé, Uruguaiana, Alegrete e Livramento,
sempre acompanhado por Dornelles e Pasqualini.
Em Bagé, Vargas exclamaria, fazendo alusão indireta aos seus ex-compa-
nheiros do PSD e direita aos direitos do trabalhador rural:
apa, am. A comissão executiva do PSD, publicou um repto ao senador Getúlio Vargas
a respeito de seus discursos pronunciados no Rio Grande do Sul.
O referido senador é um candidato de oposição e como tal tem feito a crítica
da administraçao do Governo Federal, principalmente no setor econômico e admi-
nistrativo. Isso não só no Rio Grande do Sul como em todo o Brasil. Nada tem a
ver com o protesto da executiva do PSD em defesa do general Dutra, com intuitos
ores do bajulatórios.
( ... ) Quanto ao apoio dos comunistas ao candidato oficial, é matéria larga-
ts pene- mente divulgada pela imprensa carioca há varias dias e, até agora nao desmentida.
~ss istas, Todos sabem que o Sr. Aníbal Machado, escritor de renome e um dos mais desta-
.e a um cados líderes do Partido Comunista, irmao do Sr. Christiano Machado, foi quem
fez a aproximação do candidato do Catete com os comunistas.
O PSD, tão cioso de si mesmo, já fez todas as alianças espúrias, assegurando
io: "Os
o apoio do comunismo ao seu candidato federal e do integralismo ao Sr. Cylon Ro-
;". Pois sa, candidato ao governo do Rio Grande.
3rasil- Comunismo e integralismo são irmãos gêmeos, oriundos do mesmo tronco
idas de totalitário, que o trabalhismo combate sem tréguas.
o senador Getúlio Vargas até agora não se referiu ao PSD em seus discur-
t causa sos. Apesar do nosso eminente candidato ter sido atacado pessoalmente por mem-
bros proeminentes daquele partido, até aqui, não_ fez nenhuma referência a cs..."a
dope*
agremiação partidária, ne m atacou aos outros candidatos seus contendores.
rast'}'· Era o que tínhamos a dizer aos Srs. do PSD, agora H\o suscepfveis mas que
lS não
souberam endeuzar o senador Getúlio enquanto no poder.
l, pOf* 2 12
A COMISSÃO EXECUTIVA DO P113.
s para
Em Uruguaiana, Vargas a ludiria novamente ao problema da terra c do
:erroll latifúndio:
·' - a.re~
' . ._.
- ..
Nao cabe mais discutir, c mo fizeram os s ·k 1t f,L'\S d f'\l:'...".:.ld, , se a 'sr;~n .
é elemento de seleç~1o n_rist.ocdtic.t ~~, de_ di~~itic~lÇ.1) c ,-.11 'fll!l ·.1 'dt h{1!11~m:~~
I I fase de exploraçao r mant1ca do lalltundiO, J:l v:mw..-. cnlYrr~lmh ~cu ~kll,, TüJ ~·
estamos compenetrados nJ idéiJ de que ns dc,·cn.·s da fr.Hcm id:ltk N. ·üt nt .
impõem melhor utiliuç~o da propriedade, f:r 'nd ...a instrumcnt do t · m·C~l:lr '-
letivo.
(... )Meus amigos, e trabalhJdorc.s de ru.:;uai:ma.
Chego a vossa cidade, depois de pcrc"~rrcr t do o p:us c miro.:; :m~d ,
esperanças do pü\'O brasileiro. Por toda a pane en ntrl'i de ·isiY :1p i c , n r:~IJ
solidariedade das maSS3s popular~ 3s qu:lis pcncn '' prinrif ) m '111' a mi .h.l
candidatura.
(... ) E agora preciso dirigir mais algumas pai3\T~1S :1 p ' d' ruguai.1n.1 c
especialmente aos trabalhadores, ou ~mtes :1 esta t r.I\:1 b:wchad:l fr 'ntdri~t3. ~fui
to se fala, por af, na fuga dos trabJihad r~ do .1m p.1ra as id:~d c.s, ~xCtdu dt ·
trabalhadores rurais, que Yêm yegetar :) m~1rgcm d:1s cidades uma \id:1 ch\.'1:1c·· i-
li ficuldades, onde ele perece, n;'io cn ntrando o md f:i il d·' Yid3. P r uc c.'t:l fJJ.
ta de fiXidez do trabalhador rural n seu pr ·rri mcil? N.1 :1 sl'r.l peta t:l t:l d~ ~3·
rantia para o trabalho? (Uma ,. z: falta de amp~1r !). ema dis._.;c c..'te a~m~mt , é
a falta de apoio, é pela falta de nf n . d ' a~ istrn i:1. ~c..'\t Js n i X.', p3ra qu ~
o trabalhador rural n<1o sinta de.scj d·' :1hand nJr seu trabJlh qu tidi3n '\ :1qw-
le que ele conhece, e ir arri:c3r 3 ,·ida n s subúrbi s d:1s -i iades. para tl.\-:l-1 n
campo é preciso dar-lhe s meios para \iYcr c m mais c nft no. c m n :.1 is i~l;d .l-
de, para poder atender a sua fami1ia.
~ I
E conclufa Vargas:
Povo de Uruguaiana.
A três de outubro de 1930 este poY er_gueu-se de armas n:1 m:'i p:wa rei·
vindicar pelas armas o que lhe ha\ia m arrebatado pela fraude. Ag r:1 \-:lO se re31i-
zar novas eleiçl>es a 3 de outu bro de 1950. O \' sso candid3to é o mesm , m::.s ,!.S
circunstâncias sao diferentes. A Remluçã de 1930 assegurou a Br.lSil direü..;
que até entao nao possufa. Foi assegurad a s eleitores o ,-oro s~reto que o Lit:'\:r-
ta das perseguiç6es e ameaças de ' ioléncia. Foi a..-.segurado ,. ro feminin , que t
um instrumento divino do equi!Ibrio, pela \'ocaçao cristú da mulher trns.iJei.rJ. A
operaçao do reconhecimento do \"Dto foi retirada dos poliri s profi.s..~·i n3is e ro:u-
cada nas maos da magistratura togada. Portanto, dentro d:1 lei o eleitor tem tN..lS
as garantias para votar e para o reconhecimento de seu ,. to.
Nós vamos realizar esta eleiçao dentro dJ paz e dJ ordem. A n ~'3 úni:J ar-
ma é a cédula eleitoral. Portanto, povo de Uruguai:1na a tr~s de utu ro. !evJn!:l-
le e marcha para as urnas, levando na m:1o a tua armn que é a edula e!eil ;::! ~.
com essa cédula, à boca da urna, vai cobrar àqueles que te fi.zer~m1 i J!:'.'1S r• -;.:-~.;:_s
e te mentiram.
Nao se mente ao povo. Nao st.: promete pJra n:~o cumprir. E tu irás. x :n tu.l
cédula, à boca das urnas, cobrar as promcs.s.::I.s da uel:1s que as fal arJn .=3
. Note-se que, ao contrário do que muit::Is \'CZC" ~ c sup - t\ G~túliu d 'I '.~ -
dJa~ em plen~ região de grandes propried ades agríc las, :1 cxrens:i d3 Ic,:;t:-·
laçao trabalhista ao campo na c.Jmpanha pre~idcnciJI de 1950.
82
' .
. .... .
~~liQ ..
ia tia ~ - Ouatlro 12
.~lll ELI ~ IÇOES PARI\ I'RESfDFNTE D ,
~qlle
()
NO RIO C'I{I\ND ~ A REPUBLICA
J E DO SUL EM 3/10/1950
~dq candidatos Parti tios
llcer Votos % votos
Gctt:ílio Vargas PTB+PSDA+PSP
•s dt~ Cllristiann Machatlo 346.798 48
PSD ( + PC13) 207.613
Eduardo Gomes 29
UDN+PL+PRP 147.571
•e as João Mangahcira 21
PSB
lais. Brancos .636 o
11.893 1,5
>e ro Nulos
4.823 0,5
s ri, Total
719.334 100
Fonrc: Tribun:~l Regional Eleitoral do Rio Grande do SuL
Quadro 13
ELEIÇÕES PARA VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ne NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/ 10/ 1950
rpo Candidatos Partidos Votos % Votos
Café Filho PSP+PTB+PSDA 220.965 31
ra- Altino Marques PSD 208.491 29
de Odilon Braga UDN 158.479 22
di- Vitorino Freire 1.938 o
:to Brancos .299 o
o- Nulos 124.714 17
4.448 1
a- Total 719.334 100
a- Fonte: Tribunal Regional Ele itoral do Rio Grand e do Sul.
e
e Quadro 14
.S ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR DO ESTADO
J DO RIO GRANDE DO SUL EM 3/ 10/ 1950
Candidatos Partidos Votos % Votos
85
Quadro 15
ELEIÇÕES PARA SENADOR DA REPÚBLICA
NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
V o!Os % Voro;--
Partidos
Candidatos 48-
PTB-PSDA-PSP 343.741
- Alberto Pasqualini 244.769
PRP-PSD-UDN 34
plfnio Salgado 88.614 12
Décio Martins Costa PL
37.005 5
Brancos 5.205 1
Nulos
719334 100
Total
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
Quadro 16
ELEIÇÕES PARA SUPLENTE DE SENADOR
NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos %Votos
Aníbal di Primo Beck PTB-PSDA-PSP 343.416 48
Félix Rodrigues PRP-PSD-UDN 244.450 34
G. de Britto Velho PL 88.641 12
Brancos 37.647 5
Nulos 5. 180 1
Total 719.334 100
Ponte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
I I
Quadro 17
ELEIÇÕES PARA CÂMARA FEDERAL
'I NO RIO GRANDE DO SUL EM 3!10/1950
Legendas Votos % Votos Cadeiras %Cadeiras
PTB 296.421 41
PSD 10 45
225.129 31
PL 8 36
54.195 8
PRP 2 9
.. UDN
PSP
48.728
46.505
7
6
1
1
5
5
11.329 2
PR 7.135 o
Brancos 1 o
. I 21.809
Nulos 3
8.083
Total 1
719.334
100 22
Ponte: Tribunal R . 100
egJonai Eleitoral do Ri G
o rande do Sul.
Quadro 18
0 ELEIÇÓES PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
~ NO RIO GRANDE DO SUL EM 3/10/1950
Legendas Votos %Votos Cadeiras %Cadeiras
PTB 250.108 35 21 38
PSD 209.404 29 17 31
PL 70.343 10 6 11
-.............. PRP 53.861 7 4 7
....._ UDN 53.423 7 4 7
PSP 26.165 4 2 4
PSB 12.867 2 1 2
PR 12.329 2 o
Brancos 20.321 3
Nulos 10.513 1
Total 719.334 100 55 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
87
..
' .
~ •• · - ... # •• ~ •. ' . ••
' \ • 11.1\ l.lkt,·' ., l\1 • •'t I ,\
l ,l ,\ \. ,' I l'l '.•ild\1~~~ ' ' \\ •·dl
I. (
,li ' I
I\ . I I \
mara Federal, onde na :um.;m quu:tcnc · 'I 'tt 1cll · . ··.. p.l! .t a ,. \\,-;, tuhl 'l;t
onde elegeria apenas doi· eputadl s ' l1c$:lstr • d · .':1( ' Filh r·11 1í 'llstr,m1'
se não a aversão do e!eit rad ~rJbalhista g:nkltl1 :\ _:ll i:l~l ,-.1 ro111 ,\dh •tn:q, pch;
menos a pouca eficácia desta ahan~·~1c m tcrllllJ~· rq~ tl n :u~ .
Por outro lado, o eleitorJdo d 1s tri~-' ~ra nd '-" 1:u ti hl~ tt.ll' h rwi~ . I' m,
PSD e UD N dava demonstração d ' Qrandc di:\CiJ .lin:1 em :\olu ~:n tir h u, 1pr.' 11
do confuso quadro de alianças em nh· 'I nacional~ l\'\tadual j:\ :tu:1l isndt1 :tl'i tnu.
Na votação para a Câmara Federal , os ~ (·;, do PL, ';;. d 1 1'1\P r(,,·;. d,
UDN, correspondiam exatamente aos 21~-(, de votos dados a 1-'du:udn Uu ntrs.
Mas uma parcela significativa do c.ki tnrado lihcral -conscn· Hlm, 11. 11 ' \'11!~ 11 ·
Jiu", por sua vez, a aliança com o PRP c a indict~·úo dr Plfnio Sal~!n do p:tll 11
Senado Admitindo-se que a totalidade dos 7r;;, que vot tntnt n:t lq:<'ndu do
PRP em nfvel federal votassem também no seu lfdcr rwhi mo, este ohrlwtll
apenas outros 27% dos votos, dez pontos abaixo port:urr o dos 37'::, de vu r o.~
dados nas legendas liberal-conservadoras (PSD c UDN) 'flll', (codl'lllllrnlt',
endossavam sua candidatura. Tudo indica que es tes vo twi d lvidir'an ~-.~c . ('111 par ·
celas quase idênticas, entre votos dados a Ma rtins osta, <Jo I'L - c.o; tc ohwv,:
4% de votos a mais do que a legenda do PL - c vo tos hranws. Condui·.VI Ijll<',
. d . I . . lfi iiiCk ~ h/O ('().~
abnn o-se-lhes a oportunidade de opções alt crna uvas, os (OI~ 1. · ..
eleitorais- o trabalhista e o liberal-conservador - dcmonstravaut s uauvn ~flo
11
... K •.15
I"" ·
além das re c c ras. _nos dois· C'HllJlOS
'
co ntra os "espunos"
, . do PSP· e
pRP, ocorre, ao nível ~as clc•çocs estaduais, uma outra fuga da disciplina ar-
'd·<r1..1 digna de mençao. Comparando-se a votarrto I d . p.
11 " , <. . . ' •r nas egcn as partJdánas
pa r•.1 j\.-;semblcJa Lcg1slattva
. com . a votarfto
r
Jlara
•
go· ver na dor, nota-se que os
ot dos votos. atnbuídos ao candidato Edgar Schne·d
.11 ' (1 . n . t cr corrcspon dem, grosso
01 Od •
o aos 10 % dados à legenda do .
PL' na AsscrnbléJ'a, Lcg•s· 1a1tva.
. Mas o can-
didato Cylon Rosa, do PS~ dcvena receber os 29% dos votos do PSD mais os
7% atribuídos à UDN mats os 7% do PRP, ou seja, cerca de 43% dos votos o
que 0 teria. colocado
· ,. nos
6 calcanhares
. de Ernesto Dornelles . Est e, por sua. vez,
'
Perdcna a eletçao d
sed's ·contasse
1
.
com os 35% do PTB e os 4a.1. d PSP, num to.
:ro o
tal de 39%. Da a a IS~lp ma do eleitorado do PL e a aversão dos udenistas ao
primo de Vargas ~ ex-mterven~or, é licito supor que os 7% de votos que Dor-
nelles recebeu actma dos .partidos que o apoiavam, tenham se originado, em
boa parte, nos. 7%_ do clet~ora.do .do P~P. De fato, os ex-integralistas das re-
giões de colomza~o alema e ttahana tmham uma dfvida para com Dornelles
que, ao suceder o Implacável general Cordeiro de Farias na interventoria do
Estado em 1943, havia corrigido os "excessos" cometidos .na primeira fase dos
programas de "brasilianização". O eleitor integralista certamente tinha res-
trições ao trabalhismo ideológico de um Pasqualini (embora, ironicamente, fo-
ra ele o secretário de Interior e Justiça de Dornelles justamente na fase mode-
rada da "brasilianização"), mas era mais aberto ao trabalhismo pragmático de
um Dornelles. Por outro lado, não considerava "natural" uma aliança com os
liberal-conservadores do PSD,UDN e PL, em boaparte vinculados aos interes-
ses da oligarquia rural e dos grandes comerciantes e industriais com os quais o
colonato rural não deixava de ter marcados conflitos de interesse.21a
Esta argumentação é importante para a interpretação do realinhamento
de alianças que ocorreria já no ano seguinte, 1951, com a formação das chama-
das "Frente Democrática" e "Frente Popular".
Uma última questão a ser analisada, à base dos resultados eleitorais dos
Quadros 10 a 16, diz respeito à maior dispersão da votação por legenda ao nf-
vcl estadual do que ao federal. Com efeito, só o PRP obteve o mesmo resultado
nas eleições para a Câmara Federal e Assembléia Legislativa: 7%. Os peque-
nos partidos, ao nível regional, obtiveram uma maior presença na Assembléia
Legislativa do que na representação federal: o PL obteve 10% ao nfvel estadual
contra 8% ao nível federal. A UDN 7% dos votos estaduais contra 6% dos fe-
derais, no PSP esta redução é de 4% a 2%, no PR é de 2% a 1% e no PSB .de
2% a 0%. Com os dois grandes partidos, PTB e PSD ocorre exatamente o m-
verso: o PTB obteve 41% dos votos ao nível federal contra 35% ao nfvel est~
duai. Menos acentuada é esta tendência no PSD: 31 % contra 29%. Uma posSl·
vei interpretação deste fenômeno é a de que a tcndênci~ de.polarização PTB x
PSD era mais acentuada nas eleiço- es majoritárias (presidente, senador, gover-
nador) e no pleito federal, pois neles o eleitorado tdentt . ·r·Jcava as grandes
89
L ~
.r
Quadro 19
VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS PRESIDENCWS
EM PORTO ALEGRE EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos % Votos
Getúlio Vargas PTB-PSDA-PSP 70.575 68
Eduardo Gomes UDN-PL-PRP 15.825 15
Christiano Machado PSD 13.506 13
Joáo Mangabeira PSB .476 1
Brancos 2.470 2 ,/1
I
Nulos .816 1
Total 103.668 100
Fonte: Diário de Notícias.
Quadro 20
VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS A VICE-PRESIDENTE
EM PORTO ALEGRE EM 3/10/1950
Candidatos Partidos Votos Votos
Café Filho PTB-PSDA-PSP 59.615 58
Odilon Braga UDN-PL-PRP 18.451 18
AI tino Arantes PSD 10.319 10
I I
Vitorino Freire 1.520 1 '
Alfpio Neto .212 o
Brancos 12.745 12
Nulos .806 1
Total 103.668 100
Pollte·· D"'ano
, . de Notícias.
91
~~..--,
--- ~ -- -
Candidatos Parti:! os
Albe rto Pa..<.qU2lini PTB-PSDA-PSP il25S
O. Mártíns Casta PL
Plínio S2!gado PRP-PSD-UD-""" (l
Brancos
?lulas
T otal 1 J
Quadro 23
VOTAÇÃO PARA CÂMARA FEDERAL
EM PORTO ALEGRE NAS ELEIÇÕES DE : ' lO !950
Legendas Vo os
PTI3 56.067
-,
:-~
PSD 16.790 16
PL 8.811 s
UDN 7.040
PSP 3.768 4
PR 3.34 1
_...
PRP 2.126
Brancos 4
3.801
Nulos
1.924
Totâl
103.668 100-----
Fonre: Diário dt: N otícias.
92
_ l ) IIIHiro ·I
VOTAf,~AO I'Alt l\ t\SS!I t\tl\t 1•.1
~--·----
N
EM P<> ttTo A1.~-:u 1 u ~· \ s . · :· " I. Hc11s lATI v"
- . - '- . "-Lhl(.'t) l :s I )f i, :vto/t•):,o
Legendas Voto~ ·
~ ------~----- (" v
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UDN 1): "/:i(,
PSP H,(,().I
PSB 7 .~· 11
PR :\...·11
PRP •.••1••(,
Brancos ~ J· I7
NlliOS ... ( 1r7H
') '
- ------------
Total
·~--.....- --- ~- ~-- -
10()
Fonte: Diârio dr Nr>licir~~·.
Esse.s ?a tio~ indicam ~~ at~1plit mie da vi h~ riu t rahnlhlstn n11 ctpitul: Vareas
c Pasquahnt obtiveram matonas superiores a .../.1 nu rapit al, com (,wy,, c (,C)'Y,,
dos votos. Dornelles recehia úV;:. dos votos (contra ·IR% para os prim ·iros c
46~ para o segundo no Estado como \ttn tlHio). Pasqualini ch ·gou a rccch 'r
mats de 3/4 tios votos nominais! tvtrsmo Cafl<-. Filho safnH\l~ melhor do que no
Elitado como um todo, com 5w;;, <los votos (rontra .11 ') ~, no 13stallo).
Por outro lado, na capital invertia-se a corrcla\!\o d • forças entre os can-
didatos liheral-conservadores: Eduardo Gomes derrotava Christiano Madwdo,
para presidente, c Odilon Braga derrotava Altino Arantes. omo o PRP era I I
I
fraco na capital, conclui-se que os partidos liheral-consetvadorcs de origem an- I
tigctulista eram relativament e mais fort es na capital, quando comparados com 'l
I
I
o PSD, ao contrário tio que ocorria no Estado como um tnllo. h
Na votação para a Cfimara Fede ral, o PTB ohtev • a maioria ahsoluta na
capital com 54% tios votos (contra 4 1 no Estado como um todo). O PSD obti-
nha apenas 16% na capital, contra 31 r;1, no Estado, superando em apenas um
ponto percentual a soma do PL com a UDN ( 15 %). qunndo no n(vcl do Esta-
do, etc superava esta soma por larga margem (.11 % x .t4tJ-í,): Pode-se condu ir
que os partidos liberal-conse rvadores de. origem anttgetuhsta (P L e UDN)
era~ mais urbanos do que 0 PSD, cuja principal hase de sustcnt.açfio s~tuava -se
no tnterior uo Estado. Já 0 PRP era extremamente fraco na rapttal gaucha: oh-
teve apenas 2% uns votos para a c ttmara Federal e ig~tal ~H)Siçãn para a As-
scmbl6ia Legislativa, contra 7(7~ para amhas as casas tcg~slattvas ao n{vel do Es-
tado como um todo. Também ele e ra um partido com unplantação sohretudo
em áreas do interior tio Estado.'
A fraqueza do PRP na c•tpital, tamhém refletiu-se no mau .dcsemp~nho
de PHnio Salgado nas eleições senatoriais em Porto Alegre: ah d~ ohtmha
apenas 10% tios votos contra 34 lJ·~ 110 Estado como um todo. Na capttal, a for-
93
. . inte ralista representou menos de 1/3 do seu dcsc clUSÍVe}t~;i
ça relauva do candidato gdo FI·ca claro portanto, que foram sobrctud rn.
d0 como um to · ' o os oaría amar:
penho no ta Es d s da capital _ tanto da UDN quanto do PSD ·
. II·berai-conserva ore . d d' . - gaúchO, ma
eIeuor~. . "es úria" com 0 partido e extrema- Ircna, pois se nacional de
que reJeitaram a ~hança I' tap ti·vesse acompanhado a votação para a Câma a p'f}3. O PS
- d Jfdcr mtegra IS . . ra
votaçao 0 . ê legendas que 0 apoiavam oficialmente (PSD-UDN tas, incluin
Federal obuda pelas tr s . . . d -
. b .d 25 7n10 dos votos da capital, mais que o obro do seu rcsui do João N
PRP) ele tena o ti o •
ministério
tado efetivo. 1 · ·
seria conte
Um último fato a constatar é o desempenho re auv:mente mais positivo
do PSP ademarista na capital: ali ele obteve 4:0 p~ra a Camara Federal e che. Dura
nt d taça-o para a Assembléia Legislativa contra apenas 2% e 4%o, governaria
gava a 8 -;o a vo " .
respectivamente, no Estado como u.m todo., O popuhsm~ ademarista" ~ene- Este quad:
! I
trava portanto no bastião do trabalhismo gaucho. Anos mais tarde, nas eleições alterações
I t presidenciais de 1955 e 1960, Adhemar de Barros d~rrotaria. os candidatos pre- Já n<
sidenciais oficialmente apoiados pelo PTB -Juscelino Kubitschek e Henrique apesar de
l jJ
i ' Lott, respectivamente- na capital gaúcha, embora fica~se atrás deles no Estado nos essen(
como um todo. O eleitorado de Porto AJegre não era mfenso, portanto, à pre- mente, po
gação "populista" de estilo ademarista. ra a impo
dera! Joãc
Um
O PRIMEIRO GOVERNO TRABALHISTA ESTADUAL, AS ELEIÇÕES para ocur
• j DE 1951 E A FORMAÇÃO DA "FRENTE DEMOCRÁTICA" te da Juv
I . engenheiJ
A vitória do PTB nas eleições de outubro de 1950 e a posse de Getúlio Brb
Vargas, na presidência da República e de Ernesto Dornelles no governo doEs- passando
tado, inauguraria uma nova fase na vida do trabalhismo gaúcho. Estava encer- quem ela
rado um ciclo de cinco longos anos de abstinência do poder e o trabalhismo teve um~
passava a ser, simultaneamente, governo federal e governo estadual. Mas havia planejam
uma diferenciação importante no comportamento do partido e de suas lideran- lidade nã
ças nas duas esferas do poder: em nível federal, Vargas passou a governar ba- de Brizol
seado em uma ampla coligação que incluía, além do PTB, o PSD nacional, o sobre o ·
PSP e até setores da UDN. O primeiro ministério no novo governo Vargas ti- Brasil-U
nha tendências bastante conservadoras e refletia a estratégia getulista de re- Pardo, o
co.mpor sua base de apoio ao nível das.elites dirigentes nacionais amenizando construç
a Imagem de " esquerd'Ista " que vános · episódios do exílio no Itu' - principal- da estaç
mente o se u ra d'Ica ld'Iscurso de apoio a Pasqualini em 1946 e mesmo os discur- dráulico~
sos da campanha de 1950 h · . .. gado Fil
. - aviam cnado em amplos círculos da elite dmgente
naciOnal. Rios e C
A maioria dos trabalh · t , s e fluviail
fosse convocad 0 d IS as gauchos esperava que o ministério de Varga. hidráulic
os quadros do ó · · eo
próprio senador Pas r . .pr pno partido. Supunha-se mesmo qu · do quart
consolidação do pa {~a Ini as~umisse .o ministério do Trabalho, tão vital para a tiça, a a:
PTB gaúcho Pasqura . ~ ao .nivel nacional. Aos olhos de muitos militantes do.
1
' 1Im sena u · h·stó· da ~ll!PÍ
rica missão de consolidar e m novo Lmd?lfo Collor, encarregado da 1 . _ Jú.l~o d~
aprofundar a legislação trabalhista, estendendo Jn
94
.- · :~ -·.
. n-~uitoS de seus benefícios ao homem do campo 21e v d .
JUSive '" . . . . . argas os ecepcJO-
c . amargamente.áele
narta
nomeana, para o mimstério do Trabalho
. d0 .
· t
, um ou ro
aúcho, mais pr~gm uco que Pasqualini: Danton Coelho, então presidente
!acionai do partido. ':pasta .do T~abalho seria o único ministério entregue ao
pTB. o PSD rece?~na ~ mamr num~ro de ministérios, num total de três pas-
tas, incluindo o mmisténo das ~~laçoes Exteriores, com o qual era contempla-
do João Neves da Fo~to.ura, dingente do_ PSDA gaúcho. O PSP receberia um
ministério e até um diSSidente da UDN- o partido arquiinimigo de Vargas-
seria contemplado com uma . . pasta.
Durante toda a ~r~met~a fase de seu governo, até o final de 1952, Vargas
governaria com um mmis~éno bas.tante conservador, de hegemonia pessedista.
Este quadro só se alterana a partu de fins de 1952, em parte como reflexo de
alterações no contexto internacional, como veremos a seguir.
Já no Rio Grande do Sul, ao contrário, o governador Ernesto DorneiJes,
apesar de oriundo das hastes do PSDA, manteria a tradição gaúcha de gover-
nos essencialmente partidários. O seu secretariado seria composto, exclusiva-
mente, por políticos trabalhistas do PTB e da dissidência getulista do PSD. Pa-
ra a importante secretaria de Interior e Justiça seria nomeado o deputado fe-
deral João Goulart, presidente regional do partido.
Um ano mais tarde, Dornelles convocaria dois jovens líderes em ascensão
para ocupar secretarias importantes no seu governo: Mariano Beck, ex-dirigen-
te da Juventude do PSDA, assumiria a secretaria de Educação e Cultura e o
engenheiro Leonel Brizola ocuparia a secretaria de Obras Públicas.
Brizola de fato se revelaria um administrador dinâmico c empreendedor,
passando a ter uma presença hegemónica no secretariado de Dornelles. Foi ele
quem elaborou o famoso Plano de Obras do governo trabalhista. Este plano
teve um sentido pioneiro, pois inaugurava, no Estado, a idéia de integração do
planejamento de curto, médio e longo prazos, com projetos e estudos de viabi-
lidade não só técnicos como também sócio-económicos. 220 O Plano de Obras
de Brizola incluiu, entre ' outros, o projeto c o início das obras da famosa ponte
sobre o Rio Guaíba, o asfaltamento e abertura para o tráfego internacional
Brasil-Uruguai da ponte sobre o Rio Quaraí, a construção da ponte sobre o rio
Pardo, o reaparelhamento rodoviário do DAER, a execução de 96 projetos de
construção e ampliação de estradas de penetração c interligação, a construçãc
da estação ferroviária de Diretor Pestana, a implantação dos trens diesel-hi-
dráulicos, os famosos "Expressos Minuano", a construção do Aeroporto "Sal-
g~do Filho", de Porto Alegre, 0 reaparelhamento do Departamento de Portos,
R10s e Canais, além do projeto de implantação de doze novos portos lacustres
e_fluviais. O secretário de Obras também foi responsável pela construção de 39
hidráulicas para 0 abastecimento de água de cidades do interior, a construção
d.o quartel do Corpo de Bombeiros, 0 início das obras do novo Palácio da Jus-
tiça, a ampliação dos prédios das secretarias de Obras Públicas, da Fazenda c
~: .Imprensa Oficial além do projeto c_ o.bras ~o conhe~ido Colégio Est~~dual
. ~ ho de Castilhos. A experiência adminiStrativa de Bnzola na sccrctana de
95
r/ ·. :
,,
dos na sua próprt:t adminl. 1 • ~· . ' ' ,',Jeix·•r·h a sua marca de dl rwrn l:m•q e litÍr·
1
'1) H ·i· <l·t <c 1:t 1< ' '
vcrnador (I <J51J- ú. · 1 z 1 ' .• . • .. lleJ•clliAnl ·a no selo do pdmdro /~I JVcrrtc 1
1
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r:uv~a, conquistando lllllll pr esc 11 ~· 1
I ,.,,
. • ,cs t 0 ~1 frcuiC da ~ccre1 :1 rla de Ohr'l'
~
trahalhísta cst:Htua : ·
. t •. lll 'SIIIO (1C SI1' 1 1' . • • , '
Entretanto, ·111 cs · . .1 ctn fulrnlnant ·carreira poHt ka . De; f:tl o
. . . 1·•1 c, 11 r1me1ro 6·s · ·' ·
11
Brlzol.l• .tm..rg.tr . rcv I" de novemhro de 195 1, pouco rrwf:: ck urn,
haveria ctciçl>cs numic1p:t 1s e.m ,, . . 11 11 1 c Dornelles. Por to Alegre, <JII(: até
..tn<, ·I
., H'ls· '., ctci<;ilo de. Vargas,
.. j • . In'ío
.tsqu.ttinha autounmla :HJmlnlstratlva , recupera.
ent ão, como as dcnt:t 1s c.:.tp• · s, ' 1 11 ,
ra o direito de eleger diretam ente 0 prefeito. . . , . . •, . . . .
I ~ ·
LconcI ")nzo 1a,
Ih ista tanto na cap it •11
·c>rttt> <leJHII'tdo cs tadu.tl m.ds vot.tdo d.t lcl,cnd,t lr,th,t·
, c.:<ttt'trtt<> no Interior
•
• ·
do Es tado, elegeu-se Udcr da bancada
. . . . .1. • • • .. .. • • • , •
)l'l., A J,Jé·i·t 1 CJ'Isl·ttlv·t e 1wssou a .11 tlc.;ul.tr r.q>kl.t c cfH:.tzmente su,J
<oI r . > na :sscn 1 • ~ ,· • ·
. . •I' ·lt ·• <l't ,.. , ,it·tl No curso de JIJ) I ele oq~a111zana, pessoal·
·· , ,
cant I ttatura :, pr c c 111 . · "' 1 · ·
1 · .
mente,1 imímeros diretórios zon:ds c nltdcos de hairro t rahallustas por tod a a
capita 1. Sua ca nd ldallor':t conl av:t 1am h6m co rn o apolo c a sim palia do novo
presidente regional do partido, Joflo Cioulart.. ~ .
Em fins de agosto, a Cornlss. o Exccuttva l·.stadual do parudo convocou
uma convcnç:'lo municipal par:t escolha dos candidatos do partido em Porto
Alegre. bsta convenc;:to reuniu -se no dia I o de setembro de I CJ51, sob a prc-
sid~ncia do pr6prlo Brlzola.
Urn dos primeiros atos da cxccut iva em rela<;.to ao condave foi o rcco·
nheclmento dos dirct(,rios de zona organizados pelo Hdcr da hancada c.omo
órg:1os Jegftlmos c Integrados na convcn~.to municipal. Com Isso, fi cava prati·
camente assegurada a indlc:tt;!'io de Brizola como candidato a prefeito. A con·
vcn\::1o de 1° de setemhro escolheu dezesset e dos trinta c quatro candltlatos a
vereador pelo PTB ela capital, ficando as demais va gas a serem preenchidas pc·
l:t cxecut iva estadual. Dos vint e c oito candidatos indicados que efetivamente
concorrem 1\s eleiçl>cs, treze eram profissionais liberais, sendo cinco atlvoga·
dos c t rCs médicos, dois era 111 fu ncion:í rios púhl i<.:os c nove t rahal hadorcs (in·
duimlo assalariados do setor terci:írio). 1favia tamh6m um ruralista c tr~s co·
mcrdant es. Note-se a prcsell(;a relativament e maior de 1rahalhadorcs nas cha·
pas pa~a vereador do que nas chapas para deputado es tadual ou federal. .
l ~ntn: os t.:amlldntos a vereador, des tacavam-se 0 professor de DirctiO
Tcmpcr:tni Pereira, um dos dirigent es do D it·ct(>rlo Alberto Pasqualini - nú·
d eo dos·~ int electuais do partido _ 0 jonnllst·t • . • .lc>stt
. "' ~ •li , . ..•n es,
· 1m.u • . f t ttttro redator
do pcnodlro I rahalhista Clarim • ( 1'cr·tl•l•l • • • O I"'.. v1o J>... oc11:1 c o un 1vc·rs " Se·
.·t't:1ri<>
I I havia sido com 1l:lllhciro de J>>I·i·í'.O1,,• " ·'. ·'. 1,,. lllO~·· .. (1() P·· rtido.
rem> Chalse, 1
.. que
NO 1Jnll ( il. l:OIIVCIII', . o • () nome, uc
.1 ~
brizoln .
lol aclamado como c:ttll\{datO
do ·pari ido 11 prcldlo
. · de Porto AI.e,~,J .c,. caso n mtlonornla mtuuctpal . . fosse. . . rc.;ti·
·
1 o que c 1cl 1vamcnt c tH:o n, .cu
tu r<a, . •.11gunws semanas mais tard e .~· .....,
'· .
No dia 4 de outubro, após o restabelecimento da autonomia administra-
tiva das capit~is, 0 PTB re~lizava nova convenção municipal, desta vez para es-
colher o candidato _a p_refe~to. '?
nome mais cotado era o de Brizola. Colocada
em votação, a ~ua mdicaçao_ foi a~rovada por 235 dos 251 convencionais pre-
sentes. José Dwgo - que nao pleiteava explicitamente a indicação - recebeu
doze votos e Manoel Vargas, quatro.
Agradecendo sua indicação, diria Brizola:
97
~- ·
í ..
. .. :
. ···
~: \ l \
~i~:~::~·:L;·:-~/-.~:,~:, ;.· .
re~ ,:ü.rJnte Raul Pill:1. de PL cujL s arr?ubos l!c p~u·ismo polftko havia frito
c::~"' rr.lr 3 iJ éi.1 u~ nstituir esta frente F\ nas clctçoes dl' IY50. Mas a avalan.
cte ti.:.""..Jlhista e ~etulist:l n:1qudt' pldto. arabaram por rot~\'C tllTI' o \'clho lflkr
.,.....';,..~ ,- 1 [, 3 ch·'l....J-r a um Jl: rdo rum seus alJ\·crs:\rins Lia \'l'spera. os ex-gctulis.
..-- --' 1W:- \..! \...~
98
avia fcit o • - ,.c municipa is de 195 1 na falta de
a avaJan_ ele!ÇO...., . " . ' . quem se d'1spusesse -a enfrentar o nsco
·
~ lho líder de uma ele1çao quase Impossível di a nte do pode roso PTB da capital gaúcha o
x-getuJ Ls- pSD novamen te a pel~u a~ e ngenh e iro colorado, que acabou sendo lançado
candidato da recém-cn ada Fre nte D e mocrática" .
d. - d PTB · · lme nte, Leonel Brizola embora confiantes
110 a prc- A 1reçao 0 e, pnnc1pa
,m-sc no na vitória, não s.ubest ima ra m o impacto da formação da Frente Democrática
a c h a m a- (FD) que poden a re prese nta r um poderoso dique contra a maré trabalhista,
Jo c a si- principa lmen te n.os peq ue nos e médios municípios do interior do Estado. Era
ti E lc ito - preciso busca ~ aliados para. evita r o isolamento do partido. O PSP, parceiro na
tga tos.Z?4 eleição de 19)0, e ra ~m a hado natural. Ainda não se rompera a entente Var-
té cn t<io gas-Adhe mar. Mas Bnzola, p rofundo conhecedor da região de colonização ita-
1
fil h o de
üana, onde r~b ia um ~ p a rcela importante de seus votos para deputado (em-
FD aca-
trora a sua matar vo taçao se desse na capital), queria ampliar ainda mais o seu
o Mcnc-
campo de alianças: para tanto procu rou uma saídã pouco ortodoxa para o tra-
c bana-
): "devia balhis mo: a alia nça co m o P RP .
~.a con-
A formação des ta aliança apa re nte mente paradoxal com um partido dou-
fessaria, trinariame nte tende nte à di reita, tem si do apontada por muitos estudiosos e
obser.-adores da época como mais um indício da falta de autenticidade e con-
sistência ideo lógica não só do PTB, mas de todo o sistema partidário gaúcho
Jo quer ia do período 1945-64.
fUCele tí- No entanto, a partir de te estudo, consid ero poss ível enunciar uma outra
npus trés
interpretaçáo bastante disti n ta. A aliança PTB-PRP se dá a partir de um mo-
n que cu
\imento de convergência tática de s uas respectivas bases de sustentação social,
o operariado urban o e o colonato rural, con tra o bloco libe ral-oligárquico re-
J de ati- presentado pela Frente Democrá tica. Havia, inclus ive, um embasamento dou-
d n~ dé- trincírio que justifica•; a - pelo menos na época - um a aproximação, aos olhos
famoso de amplos setores do PTB - incluíndo líderes sindicais, o deputado Goulart e o
lar clu - próprio Bríwla, então candidato â p refeit ura de Porto Alegre. Tratava-se, por
Jancada um lado, da s emelhança pelo m e nos apare nte, na pregação nacionalista e anti-
ir, indi - imperialista de ambos os partidos. Por o utro, um eventual pacto com o PRP era '!
tos co m \isto pelos setores mais din8.micos do PTB como uma inteligente manobra tá-
tica para aproximar o partid o das áreas rura is, às quais até então tinha escasso
l~
acesso. Alguns militantes chegavam a sa udar o pacto como primeiro passo em
o quería
direção a tão-almejada " aliança operá rio-campo nesa". 227 Certame nte, as bases
)S vere-a-
>oc.iai.s do PRP entravam em co ntrad ição com a o ligarquia rural e vários seto-
ar aque-
e todo o r~ comerciais e industriais mais inclinados a a po ia r o PSD, a Ul)N e o PL Na
iJa outro região colonial italiana este co nflito ma nifes tava-se, em pa rte, como uma con-
:J e todo tra.dição entre os colonos p roduto res de uva c os fabricantes e com erci a ntes de
1 que cu vinho da burguesia.ü2
nídade e . É claro que pa ra as eleições municípa.is de. 195 \ a a lia.nça PTB-P.RP. teria
e:fe1to sobretudo em alguns m u nicíp ios do mte n o r. Na ca p!la l, como Já Vlmos,
Jobim , o PRP represent~va apenas 4% d o e le itorado. Mas G o ula rt e Brizola certa-
229
, c pela rntnte já pensavam e m termos da s ucessão esta dua l de 1954.
1is. Na..s Ou tro f~to r m ai5 im ediato que facililava a entenre PTB-PRP fo i o com-
99
·.~ .
~.~t.~~.: ·1:: :,: : ..,.:-.z.] ."'.~s bl.~ p~rrepistas que, um ano antes, haviam ttm.lídr,
~ ::·:z:- -::-, Dc;-::e~: ~ c.:.:J;cz o co PTB e não em Cylon Rosa, candidato do
~ --~ .:.:::~:.;-::e. ~:: :·.:1 c.v:-j.H::.I2CO .a análise dos resuJlâ dos elcítoraís de 1Y50.
~ . . ~~-:: .:ia e:-:1 .:;~e. o PSD. a UD~ e o PL sacramcnta·;am a formação
~ "'·:--: ""'7..:e D ...·::J...J.::ri :w...,~ .:.::1 4 c::: O!ltubro de 1951. Goulart- pre.5tídtntc c\ ta-
.:'~ .3 '; ? T3 e ~-=~:ir. co :J ::.:r.or e Justiça. de Dornelle-s e Bríwla- já CJJn-
~3j_ ,:.:_;).:i.....é.:- .:o ?TI 2. pref:::1mra de ?o rto A.Jegrc- procuravam o> prcsí-
.5"'- :~ .2_ :--:<.._?e.: ?S? re~ cn2-is, Oscar~ 1ach3do e Guilherme Almeida, rc~
-x--~ -L::J~: :~ :,;- -,~.:;:.: 3. -.::ri2~0 de uma uFrente Popular"' PTB-PRP-PSP
: ... - >;. - ...
..._t..e.._-~
- -- -~-:-.- ~ --'.; :----5o d.:..~ fc rczs
.... -.i_ --.~. -I -...- '* liberal-conservadoras.~'J
...;~. '-"...r__. =- ~ .,
~.c...-_.::-.::...~.-2~.::-1~ ~ - .:- 7::-:J l ::: v::Li OC.T~lieã ""' PSD-lJD~: -PL Crí.~ lalíza
--·---z. .: :· =-
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·- .:.;:
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_._
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r_.~_ ~-•- _ ..__ ._..,j.J.C - - .J. JJ
l 1 '"'d ro p~rtl"d~
"j .,.c;.. u. ~
rl· o JnuedcJ·mJ·n·c.&....
_-.; _ ~_::
=- ,. _,. =-' ..... ~ · :.. =- ",._' __
_ . . _..__- "' J -1 .'.:..
-- '-- -= ·~ - .( I} . ar·
.:- :--:...:..· --- }as ~u·d.s res.pc.cti"·as
y....~ i;.. ~ o - r''C
--J.- _::, .. "Fren-
~ .. ~, - ::: ::::5.::~ .:.::..::.: : -'-:.: j~ ;,.:, =~ t :çt:..t:~ f ~Ha a prtfei ura de Po rto Alegre
~ - :..:: , l.fA :.. -.-=---
-~- - - - . . . ---.. . . .
_;;:. : - =--=-:. • - :-- ·:... ~~ ~ , ;~ .,:...r · rl "' J:guJ-1Ju
· - -~----- - ..._ -.. ... . . ._Jo - ~ . . - - _ ,._l..:: ~ -- ~ - !:..1
1"-' (; r·r·rt"'u, de Bri.Z"']
J LA...
·~
r..,;A,.Ja,
;:ã' :..:: -: é·~:. "' ~ :. 2 :;=. : ; ·.: 2. ·;.2,;-::;~ f'=i .c rt:~ C.:J :J n , uír.am para o insucesso do
• : t-:1''":.-_ :::-~:. ~;.. ~;-2._ ::::J ~..:...=:::.:;o 1:.: _p .r. b!i·~i.a re~ G tn d~ dentro do partido
--~~ ---~
.a.:. a;_._ _l _
-~- ~.-;>T ; _ . _
--~ - ·~ ·· - ~...;
--"- --=fT.=.........::.
. .:- ~ _u r' -:;.:> - - A - ,1 0 por G o u 1arte B nw
. •. t:ílf::r.!.Jfê!.- "- l'a.
-.-f=]~ ,j ~~- --=- .:-; _
- ·:.-'· ~ - •...., . ;. ..:;. r·· ~~ -- ;4.,._
- --1:.- -• -----=-·- --- -::·· -- ~.:- -- ~::o'. -~ n t:~ ~.: o .
'~ :JTBJ út:
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. -.
::L--z::. - .a::..:...~j- =:::ItJ .::.::,.- 1;:.;-.::_::::J 3 .f.a.Gla.Zü O prúpriu .!'.knt2.hctti w nfc~aria,
<-:-n~ - ~_..:; :L".:.::_ .;::.:: ; :;: '":'~=::-;; :.:i1:ra UJw a r.eu,tr.aJídcce btne-;olcntc c até
..C..?.JJ.:: :e:;:.~:; ~:; ? ..-:.:::..8., .::: 2 }.f'_:;";"':. ; .: ~raD!?...S tr~balhistas lccaís,sobrctudo
3.:.5 -::.=-.:.·.=- ~~~~::s ::: _ ;.,::.·=:~::::s é ::.2o . . o 2.o.zn Pas.qualíní e seus seguido-
~ - ~ -..:.~:::.:----::: :::. . =:ri_,-5 ::.:: 2- D ;:;..::·io o_,:n (J ?~?, (.."''Jj a r:::.const ituí~o, inclu.síYc
.:......_e~~:. -~ :. ;=-r-~·:;.-=:.. --, - ~~~ -- " ~:.. ;.'J • ~11· ., ~= 7~ ::.> r-~ l y- , ~
: - -....-. -- -=- -- _ __..._~~~ ;"'- - ~ -J.,L..:)~ ......
J.u .. -~
.-:-..J.~ :.:.:.:,::.. ~ ::::-::2a ~:. r" C) t: ? S'!.:C.O cnvd.ox.o de Brjwla nesta sua pri-
"77"•-:.:......z::. .:::.,:-_;;~- --.c. .;.:.;;.."":•:..::! ..:::.:~-!:=.C.8 :~::--~ p~rr..:éló .C.o elei torado. como ele pró-
- : =-~?:c
:::... - ~ ,!::.:;~~~
.-- -~- :.4 ::.::.:;~-:.... ~-.~-=·:= já. .::0 :: ·~rízcme polit~co gaúcho, o quadro de
?~~:.1: 1...:::_;--·~:J::~~ ~ ?""..J:.~r !:.:: I:: 05 C.r.J5 blocos polítícos - o popula r- traba ~
ss-.1::!:- -:J~}-:::-_:..:.::T".;.::.c. r- :;:.::: !2I~i... erl.z..:.ria o período 19-+5--fH no seu
- --- ,- .~·,..._·:. .:.:~; ~:~: ~:~::.:. ~ -;;~:.-~ .. ~ !s .::ria 11 m SÍ[püfic.zdo dual no pad rão
:e 1:2~d~c2 :i::: ;o:::: .:::.::~::: r_..s ::__ ~ t!:..>:;rj~: cemo os pkítos municipais se
.:-~~:~L-:L-:. ?::?:;:, :::2~ ~= ::::1 .:: ~r; :2.?0.:. ~ eJdç.Ges par.a gu-.-ernador. eJt:, Ien-
:.:2:= .1 .::;:;.:::..::....; :;~ ~ -.::~.2 :0 :. ~.--) gr;-. .tr ::!.~ IJr nus munkípíos do ínterior e
lcn·•·
'"''do
:Jato do d.....··sn ff<~ . Ja na capital do Fstallo· E_. 111 'Jt.lt
'
.. .
I ~•s p·t 1·•vr·t ·
t9so. novo gove rnador ((! tHiia a "arrastar" '>s .· •· ~ ' . ~.s- c~1quanto o prcslfgio do
' ' c 1cttores·~. JndCCISOS do mtcnor . · para_ o
rrnaçào ca i11J>O do hloco partid:hio recém-v,·t()l.1.<>.so o c 1 cttor i11 d · · d ·
te cs. ta. ria a dar um voto de "pnll esto" ..\ d··s·tl"· ' .• cc1so a capital tende-
. · ' 1· ... ' 1•111 u<> o novo govcr ad o 1 ·
· ..:
Ja con. municipaiS no R10 G rande (19·17 SI ss S<J ) . n or. s p cllos
63
~ presj. csra funç!io dual : ao mesmo tempo em que . . r . , r t.an t?• a exercer
· · • • · c - tcndtam po
l a, res. partid~rio hcgcm()nico no interior do Estad con~o tda:am a vttóna. do bloco
.· . d , . _ .. ~ o, prcnunctavam, na capital a sua
:P-Psp próx1ma crrot.•: no pleito estadual scguinte.2Ja '
Neste scntH.Io, a candidatura de Brizol·t r · • 1 ~ ·
. . . . . . · • , •Ot, <1 em dos fatores acima des-
' o seu cntos,
, t.unhém. vrtnn.1 . do rfg1do
. . . Jl'ldr·
• ·i o de •·tlter n.mcta r. • · d ·
c poder que se Implan-
Popu- tava
. , em .um . R1o. . Gr.111dc
. . .. <IIVJ<IIdo
. entre
. . dois, hl<>cos· nvais · . · dc peso c .orças
,. polí-
·ização ucas.- bast.mtc equiiihr .tdos. O. l'lellor . mdcc ·s·>
1 ' - ra· o d eCISIVO neste llpo de SI--
·.· ·
.J930). tUaÇ<JO - de Porto Alegre, JHIItclpalmentc oriundo de setores de classe média
~ "chi-
passava
. a votar em Mcncghctti • como fornl'l· de C<>ntestaç-ao ao governo tra ba-'
lhlsta de Dornelles.2J7
:berra-
Mas a vitória de Mcncguctti foi t~lo apertada (apenas 1.062 votos de dife-
1do os
rcnç~) . que não só o PTB mantinha sua posi~·ão de maior partido na Câmara
ta liza-
Mumc1pal, como também elegia o seu candidato a vice-prefeito, Manoel Var-
•mina-
gas, dcrrot.ando Fonseca de Araújo, tia Frente Democrática, conforme se ob-
:::as de serva nos Quadros 25, 26 c 27.
_Em relaç<.1o üs elci</ >cs municipais de 1947, o PTB inclusive ampliava sua
'Fren- votaçao passando de 24% para 33% dos votos, enquanto o PSD baixava de
~I eg re
23% para 17% c o PL c a UDN mantinham o mesmo resultado: 14% e 12%
üola, respectivamente, em ambos os pleitos.
.so do Encerrava-se assim wm a derrota parcial do PTB- traduzida na perda da
Jrtido prefeitura de Porto Alegre, o ano de 1951.
izola. A partir de 1952, começam a se desenhar, ao nível da política nacional, os
criti- contornos de uma radicalização nas posições do presidente Vargas, que o afas-
saría, taria gradativamente de um governo de compromisso com as elites dominantes
c a té -baseado sobretudo na alíança com o PSD nacional- e o reaproximaria da ba-
:tudo se trabalhista- inclusive do PTB gaúcho, que serviria de alavanca fundamental
uido- para a sua eleição à presidência, em outubro de 1950.
usive Os primeiros sintomas desta "virada" já aparecem no seu discurs~ de
Ano Novo, em 31 de dezembro de 1951, mais tarde publicado sob o título E es-
l pn- pantoso, brasileiros! Ali Vargas lança as primeiras denúncias, após seu retorno
pró- à chefia da nação, contra a manipulação indevida do Decreto-Lei 9.025, pro-
mulgado pelo próprio Dutra, em 27/2/1946, e que visava regulamentar a ~emes
·o de sa de lucros para 0 exterior. A agregação, ao cálculo do mo?tante d~ cap~tal es-
raba- trangeiro aplicado no Brasil, dos reinvestimentos em cruzeu~~ aqUI rcah~do.s,
> 5 eu levava uma distorção no montante d~ remessa de lucro p~;,mltJdo pela.- altás }á
.dráo generosa _ legislação de Dutra. Ass 1m, segundo Vargas. Nesse_ cammho, .na.o
1iS se tardaria o dia em que uma percentagem de 1.% para rem.uneraçao dos capitais
· rell' ~strangciros aplicados no Brasil, representana um peso msuportável ao nosso
íO~ e alanço de pagamentos".238
I :. 101
'r , •
' - ,• r
'
· , .. • ' • ... - '
'
I ' '• .WBLIOT!CA L\ SALL(
_;·~·_, ~:~-~--\:~·~:;_.-: ~-'·..i_;: --,~;_: :, ;_- · ,!010-000 CANOAS • a~
.•
Quadro 25
ELEIÇÚES PAR 1\ PREFEITO DE PORTO ALEGRE EM 1/11/195 1
CamJiu:lll\'i Partidos Votos % Votos
lluu 1\tcnq;hclti PSD-UDN -PL 41.939 48
Lcnnct Briw la PTB-PRP- PSP 40.877 47
NuiL\.'i c Brancos(•) 3.855 5
86.671 100
Quadro 26
ELEIÇÕES PARA VICE-PREFEITO DE PORTO ALEGRE EM l/11/1951
Candidato," Pnrtidos Votos % Votos
Manoel Vargas PTIJ-PRP-PSP 40.899 47
Fonseca de Araújo PSD-UDN-PL 39.730 46
Nulos c Brancos (•) 6.042 7
Total 86.671 100
r:,,ntc: Di,ín'IJ .!~ Nc'liáas(w:r N•JIJ. 2JS).
(•) l~d~ fnnlc i•'mJ. IístirJ. n.ío foi p<."'ssíve l difcrt·nciJ.r votos brancos e nul os nas e le ições majoritárias
Quadro 27
VOTAÇAO PARA A CAMARA MUNICIPAL
DE PORTO ALEGRE EM: 1/ 11/ 1951
Partidos Votos % Votos Cadeiras % Cadeiras
PTB 28.924 33 9 43
PSD 14.636 17 4 19
PL 11.824 14 3 14
UD N 10.2 18 12 3 14
PSP 6.090 7 1 5
PR 4.980 6 1 5
PSB 3.978 5
PRP 3.348 4
Brancos 1.425
Nulos 1.248
ToWI 86.67 1 100 21 100
Fon I c: Diário ,J~ Notit:ias
102
1:.
fI~ . ;'
p ..( .
f' '
---
5
reeleger-se presidente do diretório nacional do PTB, encontra forte oposição
~ por parte do grupo de Dinarte ~omell~, fiel ao presidente. A solução encon-
trada por Vargas para este conflito na dueção do PTB é significativa: ele man-
da buscar o presidente do PTB gaúcho, João Goulart- que dirigira a campa-
nha presidencial no Rio Grande do Sul - para assumir a presidência do PTB
951 nacional. 240 Jango afasta-se do Rio Grande- onde era, até então, secretário do
--
;---
Olos
~7
~6
7
Interior e Justiça do governo Dornelles e passa a residir na capital federal,
com a incumbência de reorganizar e fortalecer o PTB nacional.
Getúlio, que já vinha sofrendo pressões da direita civil e militar, que le-
varam à renúncia seu próprio ministro da Guerra, o general nacionalista Estil-
Iac Leal, em março de 1952- e que observara, com preocupação, a derrota dos
lO oficiais nacionalistas e de esquerda nas eleições do Clube Militar, em maio -
procurou responder reaglutinando sua base de apoio trabalhista. Para tanto,
~5
era essencial estruturar o PTB nacional em moldes, senão tão sólidos e fortes,
pelo menos semelhantes aos do PTB no Rio Grande do Sul.
No dia 20 de setembro, o próprio Vargas regressava ao Rio Grande, nu-
ma de suas raras visitas ao seu es tado natal durante o segundo mandato presi-
dencial. Nas comemorações do aniversário da Revolução Farroupilha, Va rgas
as se dirigia a seus conterrâneos, tendo ao seu lado o governador trabalhista Er-
nesto Dornelles: "Não é sem emoção que revej o a capital de meu Estado e que
piso o solo desta terra gaúcha, cuja recordação nu nca me abandona e a cujas
tradições e costumes sempre fui fi ei", exclamaria Vargas. A seguir, faria uma
longa defesa de seu governo, principalmen te no aspecto econômico, naquilo
que ele próprio chamaria de "prestação de contas ao Rio Gra nde".~<! ,
Mais tarde, naquele mesmo dia, Getú lio faria um discurso aos lideres
sindicais gaúchos. Dirigindo-se aos trabalhadores do Rio Grande do Sul" e aos
"trabalhadores do Brasil", diria ele:
Conforta-me verificar que o proletariado brasileiro já adquiriu a con.stiéncia
-- nftida dos seus deveres e responsabilidade na existência da na~o. No último p.eito.,
destes uma demonstraçao irretorquível da vossa independência e do \'OS._~ d.:...o;cer-
nimento, no tocante à soluçao dos problemas políticos.
Por isso mesmo, há duas condições para o vosso progresso e para a seguran-
ça do vosso futuro: a primeira é a liberdade sindical, vinculada a eleiçóe.s livres e
que honestas no interior das vossas organiza~ profissionais; a segunda é a prepa-
raçao do proletariado para a participaçao no governo, através do processo legal e
~JhO
ed e ~
constitucional do voto livre e secreto.
:;ltal, Depois de fazer a defesa da legislação trabalhista e da neces.sidade
de sua ampliação, Vargas volta a falar nos rumos da política nacional:
103
. · . ·par efetivamente no governo a traves do voto livre -~~·uétaores ·
do Brasil para partlct · · . . . · ! .. as d
. ' e constitui pelo voto da matona. e vós sots.mcontesta ema.
cracias o governo s . d d . ve1men
. .' d brasi·leiro Só com a conquista o po er terers a oportuni·d te a
mmona o povo · b d ade p
empreen de r a grande r eforma alicerçada em ases e segurança econôm· Ica ejuara.
. I Essa reforma terá de vir, não pela revolução, mas pela evolurao n'~ StJ.
ça SOCJa • 6 · 'd I d · ~ ' aO pe1
Iuta de cIaSSes, mas pela cristalização do pr pno 1 ea a rgualdade das cl~~:~... ~na
a
comunhão nacional. . . . .
Esta deve ser a vossa grande ambrção. As rervmdtcaçOes de classe sao t
. . d d ran.
sitórios, quando não se amalgamam na hrer~~qma o po er e quando nao encon.
tram órgãos permanent~s de def~sa na admrms~ração e no parlament?: criar esses
órgãos, consolidar a posição política do proletanado, tra~ê-los das oficmas e das fá.
bricas para as altas esferas do governo, através do. voto _hvre e da seleção de valores
_ que são os processos democráticos por excelêncra - ers o que deve constituir tOdo
o objetivo dos vossos esforços e das vossas lutas.
No final de sua alocução, Vargas advertia os líderes sindicais gaú.
chos:
Nao devo ocultar os entraves e dificuldades de toda ordem que ainda surgem
a cada passo, opondo-se à realizaçao dos mais legítimos desejos dos trabalhadores;
tanto maiores, porém, essas dificuldades e tropeços, mais necessito do apoio e da
compreensão das massas trabalhadoras, a cuja felicidade e bem-estar tenho dedi-
cado toda a minha vida pública.
Preciso dessa solidariedade e dessa compreensão, preciso de vossa coope-
ração ativa e vigilante, para que o patrimônio dos trabalhadores do Brasil, que é a
legislaçao social a qual tive o orgulho de ligar meu nome, nao pereça na conjuração
dos interesses egoístas, em meio da apatia das massas.
Trabalhadores do Rio Grande do Sul!
Devemos manter vivo e claro o ideal que há vinte anos nos une, que juntos
conduzimos à vitória através de empecilhos de toda a sorte, que erigimos em es-
tandarte de luta e em legítimo título de glória para nossa Pátria. Devemos congre·
gar-nos em torno das conquistas de nossa legislação trabalhista, estendê-las a todos
~ setores da atividade nacional, vivificá-las constantemente pela fé nos seus pro~
srtos e pela confiança no triunfo dos princípios de justiça social em nome dos quaiS
combatemos e sobre os quais havemos de construir o Brasil de amanhã.242
Menos de d,ms · meses mats · tarde se agravariam, para Vargas, as "d'ficul·
1 •
dades e t~opeços a que aludiria aos líderes operários do Rio Grande: nos~
tados Umdos, os democratas herdeiros de Roosevelt eram derrotados por~
senhower
•
e pelo Part·d1 o Repubhcano.
· Os republicanos eram fortes adversános .
da tntervença-o estatal . . . do /aiS·
. na economta, defensores das velhas concepçoes der
sez-fiaue
.
e do liberalism ô . . .
0 econ mtco que traztam de sua expenêncta · de po ·.
antenor à grande cri d 19 da antt
. . se e 29. Ao nível externo adicionariam à cruza as
cornumsta Já presente T ' todas
. ' " . e~ ruman, uma campanha fulminante contra iro
tendênctas de nactonahsmo econô . , tes no ~'Terce
Mundo"· a ós um mtco porventura presen . 1113 por
urna as iid~ran an~ de ~caramuças, em 1954, começam a catr, ~tonial.
. (
' ças nactonahstas mais consistentes do antigo mundo
104
ele ano, é a vez de Arbenz, na Guatemala, Mossadegh, no Irã e Vargas no
Naq~l Em 1955, completa-se o ciclo com a queda de Perón na Argentina.243
srast . '
Getúlio Vargas pressente que é preciso preparar-se para a batalha mais
e perigosa que já travara desde a Revolução de 1930. Busca aprofundar a
dura . - 'á
dicalização de postçoes que J encenara em 1952, recompondo sua base de
ra .
aio trabalhtsta e popu 1ar.
ap o discurso de fim de ano, pronunciado em 31/12/1952, na capital federal,
efletiria o endurecimento das posições de Vargas em relação ao capital exter-
~o. o discurso de 1° de maio de 1953, no Dia do Trabalho, no Estádio do Vas-
co da Gama, traduziria sua radicalização na poHtica interna.244 O presidente
afastava-se das elites dominantes e procurava amparar-se nas suas bases de sus-
tentação trabalhista. A política de compromisso, sustentada na sua aliança com
0 PSD ao nível parlamentar e ministerial, começava a desagregar-se.
É significativo que Vargas buscasse apoio em lideranças poUticas gaú-
chas, nesta sua derradeira batalha. Convocou, para postos ministeriais, um ve-
lho companheiro de Revolução de 1930 e um fiel articulador da campanha pre-
sidencial de 1950, ambos do Rio Grande. O primeiro, Osvaldo Aranha, fora
seu ministro de Relações Exteriores durante parte do Estado Novo. Embora
rompido com Vargas desde 1943, fundador da UDN em 1945, e apesar de ter
apoiado o brigadeiro Eduardo Gomes, tanto em 1945, quanto em 1950, Aranha I
I
I
I
não resistiu ao- inesperado e dramático apelo do ex-companheiro de armas e I
"chimango" das lutas de 1923 e 1930, antecipando-se a um gesto que outro ex- \
chimango, o chefe da UDN gaúcha, Flores da Cunha, só amadureceria post
mortem, na trágica manhã de 24 de agosto diante da fúria desesperada das mas-
sas populares de Porto Alegre. 245 Em de 1953, Osvaldo Aranha era nomeado \
ministro da Fazenda. De certa forma, a nomeação de Aranha representava uma
tentativa de dar continuidade a uma política de compromisso em novos termos.
De fato, Aranha sempre fora considerado um político simpático a um bom re-
lacionamento com os Estados Unidos.246
A segunda opção de Vargas refletia a política da radicalização e rearticu-
lação de sua base de apoio popular e trabalhista. Jango, nomeado ministro do
!rabalho em junho de 1953, deveria consolidar uma estrutura sindical fiel aos
tdeais trabalhistas e articular, em nível nacional, um PTB de certo modo inspi-
rado na exemplaridade de sua secção gaúcha. Não foi por acaso que o incumbi-
do destas tarefas foi o até então presidente do PTB do Rio Grande do Sul.
. Mas a posse e as articulações de Jango no ministério do Trabalho -onde
~ulttvava inclusive um bom relacionamento com os militantes comunistas, em-
~ra a linha oficial do PC ainda fosse ·de hostilidade ao governo Vargas (o que
ahás
c(rc muct a~~a
· após o gesto suprem~ d.~ 24 de agosto ) - I~r~tara~
· · · d ·
~m a mats os
p ulos mthtares direitistas e da duetta conservadora ctvll, pnnctpalmente os
Oderosos órgãos da imprensa udenista. 247
fo A ampla campanha direitista contra o governo Vargas passou a centrar
sa~~a figura do ~inistro do Trabalho. Sobre ele começar~m .a pa.ira~ ac~
de que estana planejando instaurar no pais uma "Repubhca Smdtcahs-
105
-, ·. _; _ -: ·
• ~ • • • • ,~ .. 1
..... , -..
; I ·,' •, ':.' ' • • ·. • ' ' .. . .
. ·.:~';;-./.':;.....
. ta Cheoou a se falar na existência de
C'd->1 r~·ro lll~ ' • e urn
u."'\ i~....':'.ir.:tdl 1\i) m .. " . '" 1. ulado por Jango, conforme estaria comp
\' • \S p~.r()n, ar IC • . "d d 24.8 Q T(}.
j"\.' ~,,, ~~'!~h ar-:.. - d" r i du\idosa credtblh a e. confronto Ja
\~·· ·' tu t lm0-s
- " :t L nn Drln ' · ue
~ • . au"e no mlclO e :> , quan d o o minist n-
· · d 19,...4
. . 1. . 'linr c-he":nta a 0 =- ro
~ tl~it.\" vt.:'\ ).. n\1 • . =-_ .- de ronccder um aumento de 100% no ~al"
•• ..., ,.·:\ --.u3 mtt·nç..w . .. ~ a.
,~, 'r·'"'~"1"' 3nun l . , , .· d·ta 1o de ma lO. Em resposta, Vlna o famo~,..
\l rl ir U'' I' f\ :\Imo
n . . ~. .\~ tn1~~i.',·
.l l ' . .. . · d ·0 dias de fevereiro de 1954, por um gru .:v
(\"~n ~1~ Lmça o n
" \ l . . . ' ·'-'
~ _.:mH .. ~h ' - é. do E'érc1t0 . .
denunciando Jango e sua p PQ
t,. , ; • t.{ .. um ten~ntt"S ~ roron ts . , , . ro.
... .. • . -. 1 , cri'e culmma com a renunCia de Jango do mi.
'''~ l ~ "' ::n~m.:·nh' ~ ... 1H ta . '"' . - d .
t . .. ' , . .. _ • ""' h'lver ~romendado a manutençao a sua proposta de
-~~ta " ' rü~ ~ .. u . ntt: ~ . . . . d . .
.. , .
~ ~~ r.u , ·~1l..H t ' mmun . L~,...
, ......núncia de Januo,:, agra\ana
.. am a maiS as Já tensas
~· . ., -~ ' ntn-' y H •, lS c set . res das elites.
'- '- .. • \ . ' - ' ..... 4 • '- • ,.. ..
, :'".;11.\J, ~- lm;?~t~. tron~f rmaria Jango - que contm~ava em. seu posto de
.; L,. t "" .. ~ , , .,. d rTB _ no segundo Hder trabalhiSta mats popular do
'('~" ~ .. I;
.
· ·" · ·
0 1 ~ •'
r~l- '~ .,~ t\ lh pn' pri presidente. ~ exalt~d~ b~es do p~ gaúcho re-
~' ri.rr, • .)n.::~. em triunfo na convençao que tnd1cana os candidatos à su .
-
...,.,_._, , -.1\o..\. .,·. ·"'- ~ "' lO ' • :~~ Vítima da campanha direitista. ele conquistaria um
"'""~ \. .l o~t..l L..ot ..
... "' ...
~t'...l:-\ }unt :1_, ~a.,rs trabalhistas e populares que o legitimaria como "herdei-
n: • ~ .. \"..rr~~1-'" e r tenci31 c-"mdidato na sucessão presidencial de 1955, caso 0
F~ r.:~ .. \~'s:S;.' C\."'nC\ mr sozinho.
rn'~pri \"arg-JS. no seu radical pronunciamento de 1° de maio de 1954,
:: ~ .. ~ c-.r..:! ~. s...'-lrh aumento de 1007c proposto por seu ex-ministro, como fa-
rü ~::i s~ tct c- ab~rto el gio a Jango, consolidando a posição deste como se-
f_:::.:.: ..' lfj~r " tnb.Jlhismo ao nhel nacional. 42-50
E.::1 j u nh~.. d~ L 54. em meio a estas crescentes tensões no cenário poHtico
::: ~ .. ~ .. :::.1- . ' lídC'res trabalhistas gaúchos confrontam-se com a questão da su-
~·' ._ d ~ Ernoto Dornelles no governo do Estado .
Qta~J~-unento de uma he 9
~5-M, munas trabalhis.tas sonhavam com o
, . d .. gemoma permane d , .
P ~ tlll o o pad.rao da Rep ·bl. nte o PTB ao mvel regiOnal
u Ica Velh d , re-
perfodo de hegemonia do PRR de Jú '7 urante _a qual prevalecera o longo
ho de Casuthos e Borges de Medeiros,
1~
v
aurante todo . o período
. 1893-1930 apesa d
. ~, r a permanente oposição maragata,
uaduzida, mcl~•:e, nas cont~taçoes armadas de 1893-95 c 1923.2ot
A probabthdade - ~en~o a certeza - de uma nova vitória trabalhista fo-
Illentaria, no entanto, a nvahda~e entre os potenciais candidatos à succssfio de
oornel~es. Pelo ~enos quat~o h~eranças ti.nham condições reais de pleitear a
indicaçao do partido. E~ pnmel~O lugar, Situavam-se os dois poHticos vetera-
nos da co~ente p:agr~zátzco-getulrsta: Loureiro da Silva- um dos arquitetos da
estruturaçao parttdána no período 1946-47 c ligado de forma pessoal c direta
ao presidente Vargas e José Diogo Brochado da Rocha - deputado federal
mais votado no Estado e Hder da bancada federal gaúcha, outro veterano diri-
gente d~ fas~ de estruturação d? partido. E segundo lugar, uma liderança jo-
vem e dmâm1ca em plena ascensao: o deputado federal João Goulart, presiden-
te regional do part1do no segundo per(odo 1950-52, secretário de Interior c
Justiça de Dornelles até meados de 1952, quando Vargas, como já vimos, 0
chamara à capital federal para assumir a presidência do PTB nacional c, um
ano mais tarde, o próprio ministério do Trabalho. Seu confronto com setores
reacionários da direita civil e militar o populiz.ara ainda mais no Rio Grande
do Sul. Sua fidelidade e ligação ao presidente Vargas eram incontcstcs. Por úl-
timo, ressurgia a possibilidade de uma candidatura Pasqualini. Sua consagra-
dera vitória na eleição majoritária para o Senado, em 1950, somada ao seu
dinâmico desempenho no Senado Federal- como relator do projeto da Petro-
brás e inúmeras outras atividades parlamentares, al6m da sua imagem de idcó-
logo e teórico abnegado do trabalhismo, faziam ressurgir, com grande impeto,
a m1stica pasqualinista no Rio Grande. Sua apertada derrota em 1947 era con- I
siderada - por amplos setores de opinião dentro c fora do partido - como um l'
lamentável equivoco, senão como uma aberração a ser retificada pelos gaúchos
em novo teste eleitoral.252 1
Enquanto no campo trabalhista grassava a disputa em torno a estas qua-
tro lideranças, no campo da oposição consolidava-se a Frente Democrática
constituída pela aliança do PSD com a UDN c o PL c já testada -com sucesso
-nas eleições municipais de 1951. O prefeito de Porto Alegre, lido Mencghct-
ti, que derrotara _ contra todos os prognósticos -o jovem engenheiro traba-
lhista Leonel Brizola , consolidara uma boa imagem junto aos setores liberal-
conservadores e passava a ser considerado o candidato natural no campo anti-
trabalhista, apesar de sua carreira recente c sua autoproclamada fama de "a-
poUtico". Sendo Meneghetti filiado ao PSD, reservaram-se as duas vagas ao
Senado (em 1954 seriam renovados 2/3 desta casa legislativa) para o PL c a
UDN, respectivamente. o grande artículador da m.anuten<;c'\o da Frente PSD-
UDN-PL voltava a ser 0 cacique pessedista Peraccht Barc~llos.
Entrementes, em principias de junho de 1954, a dtsputa pda indicaç.'\o
no PTB parecia cristalizar-se em torno a Loureiro - apoiado pela corrente
"pragmática" e Pasqualini, apoiado pelos "ideológ.icos':· ~~g~n~~ ~' i~p~cnsa
da época, os elementos mais ligados a Vargas parecmm mchnar-sc, ·' pn.ndpio,
a favor do veterano Loureiro, embora muitos já sonhassem com u candtdatura
107
253
d ·trtjdo João Goulart. M:1s logo no inf ..
· ciona I o P• ' .. · Cto
do jovem prestdente na d 5 fundadorc:. da 1,JS B·c elemento de <Jcstaq
daquele mês, João Caruso, u.m,. ?1_.1 seguia J11:ra o Rio' l!c Janeiro para scguuc
. /ó · pasqua rms ' , ' n.
da corrente w:o gzco- · ~~lutar contra 0 a u ete, perto do Cat cte", scnslhiJi.
do suas própnas palavras, . 1do p·•rtido a favor da tese de uma nova c·tn
d' r 0 nacaona ' ' . . .
zando Vargas e a ueça e Pas. ualini.2M Nessa viagem, Jo:to Caruso - que su.
didatura governamen~a~:cia doqpartido gaücho quar.u..lo este assumiu a direção
cedera Jango na prestd por dois intelectuaas de <.l cstaque da corrente
. I f ·a acompan1lar
nac10na -se az• A' d'l de Lemos e Lcocá<.lio Antunes. Enquanto isso
ideológica: ?s professores Ja o~imcntavam: José Diogo <.l cclarava-sc canditlat~
os pragmátz~os, ta~bé md s~ ~ho255 e 110 dia seguinte, Loureiro da Silva era ho.
ao governo Já no d1a e JU 2
. r da
'
Carteira de Crédito
.
Agr
f . 1· <.1 B·
co .·' . o anco do
menageado, como ue o D 1 - Brasil '
numa solenidade que visava prestigiar, na verdade, as suas prctcnsocs à su.
cessão de Dornelles.256 .
Mas a mts· são de João Caruso, Ajadil de Lemos
.d c Lcocá<.lto Antunes
. no
Rio de Janeiro que, a prindpio, parecia contr?vcrtt a, 1avrava um tento tmpor.
tante a favor dos ~~ideológicos'' já no dia 5 de JUnho: Jang?, embora desmentin-
do à imprensa que existisse um veto à sua ~róp~ia can_d•datura po.r parte dos
pasqualinistas, acabou convencido pelos em1ssános g~~uchos a aparar a ca~di
datura Pasqualini.2~7 É bastante provável que esta dectsão de J~ngo tenha.stdo
incentivada pelo próprio Getúlio, desejoso em manter o presadcntr nacaonal
do PTB e ex-ministro do Trabalho na capital federal, para lhe dar cobertura
frente à crescente campanha oposicionista da UDN c de c(rculos militares, que
já então faziam prever a possibilidade de uma escalada de descstabilização do
governo federal. 258 É significativo que, logo após as conversações com Caruso e
os seguidores de Pasqualini, Jango, fazendo-se acompanhar pelo secretário de
Obras do Rio Grande, Leonel Brizola, jantaram com Getúlio Vargas no Palá·
cio "comunicando-lhe a solução" favorável a Pasqualini. "Até porque o Sr.
Getúlio Vargas, nesta altura" - segundo especularia, no dia seguinte, o Diário
de Notfcias- "ante o fantasma da candidatura Meneghctti não pode escolher
muito: serve mesmo o Sr. Pasqualini, a cuja indicação por duas vezes se
op0s"· Na ~ealidade, é provável que, além do receio que suscitava a candida-
259
tura do prefeito Meneghetti- já então com fama de ser bom de urna e apoiado
pela podero~a F~ente Democrática, isto é, além de considerações poUticas me-
rament~ regaonaas, Varg~s inclinava-se pelo apoio a Pasqualini também em de-
corrêncta de fatores denvados de situação poHtica nacional. Confrontando-se
com os constantes ataques das forças liberal-conservadoras Vargas optara, na
segunda fase. de seu segundo governo _justamente 0 perí~do 1953-54- por
uma reaproxtmar~o com as b b · . . , ho
')'" ases tra ~lhtstas prmctpalmente o PTB gauc '
relegado a um segundo pia r • . • ' • l'ni
. no na .asc tnlctal de seu governo Ap01ar Pasqua 1
no Rto Grande do Sul e mant . · . ,. na-
cional do PTB c do m . er 1a~go. no Rto de Janeiro como aruculauor. e
ovtmento smdrcal tornava-se uma oprllo necessjna
coerente em face da nova s·1 r 1li ' -r- se·
t: l tores mais conservado d I ua~o de polarização e enfrentamento com os
IH res as classes dominantes.200
'I ' -'" . 108
.-.
1 . t ~·
r
l '
!
I
·_
,.\inda assim, no dia 8 de junho, j6 em li, , , , • .
. re ional do PTB gaúcho, Var as de ·r.. c,"·' f.lsc de aruculnçito da con-
venÇ30 êsg grandes"- Pasqualini Jan ~ JL'<.l.\u t~nnsparcccr 'luc '\tualqucr
doS tr ' go ou osé Dtogo . • · ·
um ernador Na verdade G"túl' r . · . - scrvtna como randi-
dato,~ g:;erada" d.e Loureiro d~ SUva.~~1 ~tnu~~a~;~, d.e antemão, uma cundidu-
tura rn d d PTB f'.·. ° tlt.t scgmnte, José Vccchio embo-
· como can
1
ra ainda afasta o o d'd o Jcta , também anunciava sua diSJlOsk~lo
r 1 ato traball · t· r
d·:
'IJ'(>t'•tr
pasq~a lfll . us .a, olereccndo-lhc a legenda do PTBJ.~l~
1' " • • •
.
No dta 1~ de JUnho, a três dias apenas da convençno estadual trabalhista a im-
prensa aiOda especulava sobre o ~b~t~culo representado por velhos dc..o:;~ntcn
dimentos entre Vargas e Pasquahn_I, mclusive discursos contendo crfticas ao
governo federal que o senador gaucho pronunciara na fase .. moderada" de
Getúlio, em 1951-52.263
No dia 14 de junho, às vésperas da convenção estadual, 0 governador Er-
nesto Dornelles atacava duramente a Frente Democrática em discurso pronun-
ciado em Passo Fundo. _"As elites sentem receio do movimento social que se
processa no pafs e, entao, reagem atacando o presidente Vargas" vaticinava
Dornelles, elogiando a ~eg~ir "a tran.sforma<;<1o social que se opera no Brasil,
sob o governo trabalhista . Conclumdo, profetizava o governador gaúcho:
"Contrariá-la ou procurar detê-la, seria precipitar acontecimentos de impre-
visfveis conseqüências ... "264
No dia 15 de junho, Brizola precipita o desenlace da disputa sucessória
no PTB gaúcho. Sob sua presidência, o diretório metropolitano de Porto Ale-
gre indica à apreciação do diretório estadual os nomes de Alberto Pasqualini
para o governo do Estado e Jango, para o Senado da República. 265 No dia se-
guinte, a convenção do PSDA remanescente, presidida por Victor Isslcr e pres-
tigiada pela presença do governador Dornelles, manifestava-se também a favor
da candidatura de Pasqualini. No dia 16 de junho, Goulart chegava da caphal
da República para presidir os trabalhos da convenção do PTB gaúcho. Os tra-
balhistas gaúchos acolhem o ex-ministro do Trabalho "apeado do governo pc-
las forças da reação" de forma apoteótica na abertura solene da convenção. Jú-
lio de Mesquita, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre,
destituído no governo Dutra e ex-integrante do PC legal, exclamava perante a
compacta multidão reunida no Cine Palerma:
Sr. Joao Goulart, esteja certo de uma coisa: do ~azonas ao Chui, o ope.ra-
riado está convosco. Nós sabemos quem sao nossos am1gos e quem sao nossos mi-
268
migos e no rol destes últimos está a maioria dos Congressistas.
. A seguir, Tarso Vieira de Faria, diretor do SAMDl!, lançava Jango à pre-
Sidência da República sob os aplausos delirantes da multtdão.
Jango Goulart é 0 homem que há de galgar a posiçao ~~ma deste pafs pa-
ra seguir os postulados deste grande vulto nacional que é Getulio Vargas.
0 radialista Dilermando Reis exclamaria:
"Eis o único homem capaz de suceder Getúlio Vargas na presidência da Naçao (...)
109
o radicalismo deste discurso ini . 1 ,.
desta campanha de 1954, caracterizada Cia a e Ja~go. entretanto, daria 0 tom I
I
1
precederam o suicídio de Vargas. Ao mpe a emociOnalidade e polarização que
do ex-ministro do Trabalho consolida esmo ~empo, a crescente popularidade
-t I . va sua Imagem d h d .
Vargas ao wve naciOnal - e potencial d. e er erro político de
caso o PTB decidisse concorrer com can~n tdato à presidência da República,
. 18 d . nh . . . I ato própno 2B9
No dta e JU o IIDCiavam-se os trab . -
dita. Na hora de encaminhar a votação alhos da convençao propriamente
dor, o deputado Leonel Brizola _ consid pa~ escolha do ~ndidato a governa-
"facçáo janguista", tida, pela imprensa d:~ lfder e ar~u~Iador regional da
0 0
trava presente: José Dtogo. líder da bancada federal gaócha, amarguraa( c:tn.
didato ao Senado, o veterano. candidatura decJ·d· · · ta_r a convenc·~_, ~·
. 1ra botco
oru:'d
. . ~ de sua própna , . . r. . r ..rJ,?"'• (1r!Ot
inviabthzaçao . . designaram uma comtBsa.o que busca: fl.e 0 por'
Preocupados, os convencton~JS prG. dia 2
'· . m sua residência. .
cer petebtsta e atender aos apelos de seus corrchgionáríw p que c
t to recusou-se a . ·~· 1ra
Este, entre an , . . da evocava um argumento formal para justificar ~~ getuli
a imprensa, José Dtogo am reeo·r
ausência: Est tutos do Partido" -diria ele ao Co"eio do Povo: de 19
"De acordo com os a . . tanÇC
só podem ter assento na convençao .os convencJonaJs, os deputados e5tad!J4it
suap
trabalhistas e os prefeitos eleitos pelo part1do. Eu nao estou em nenhuma dt.~taHí· um t
tuaçOes. Só poderia comparecer na convençao como especta.dor c os gue me co.
nhecem sabem que nao tenho temperamento para estas pos1Ç(>es contemplatíYas.
com
se os Estatutos do partido estiverem errados desta parte, devem ser reformad.cls. real 1
cinq(
Mas a seguir ele reconheceria que a razão principal de sua ausência era Lour
mesmo 0 preterimento de sua candidatura ao governo, debitada às articulaÇóes PTB]
de Brizola, Jango e Getúlio: ereta
Ontem, antes da instalaçao da convençao, fiz chegar ao conhecimento do Sr.
João Goulart, que comigo instara para aceitar minha candidatura a uma cadeira no apoi<
Senado, minha decisao definitiva no sentido de recusar a honra com que me quer com
distinguir o partido. Fico na posiçao que reiteradamente anunciei, de nao aceitar guiri
minha indicaçao para qualquer cargo eletivo, afastado que fosse meu nome para a que~
competição do governo do Estado.275 quiru
D~ fato, José. Diogo já se decidira pela ruptura com o PTB e a busca de em :
um cammho própno, que permitisse sua candidatura ao Palácio Piratini.276 PTB.
" . ~o d.ia seguinte, 19 de junho, José Diogo desabafava para a imprensa: Tant
Ftq~,et exilado quat~o anos no Rio e tenho o direito de voltar para a minha apoié
terra · ~~ mesmo dta, a convenção trabalhista formalizava a candidatura de dual
;asquahm ao governo do Estado e Jango ao Senado. A segunda vaga para 0
deB
'
I p:~:do ficava em a~e~to - seja para entendimentos com outros partidos, seja te tr;
pela ~~:e~:mpostçao com o veterano Loureiro da Silva - outro preterido PSP,
I
!
No dia 22 ~u ~eshmo co~ o próprio José Diogo.2n
e JUn o, os Jornais pubr
dor Pasqualini do Rio de J . tcavam mensagem enviada pe o
1 sena·
eleit4
ra-ca
aneuo, agradecendo sua indicação: que~
. Aos trabalhistas do Rio G esta ao g4
Jornada, dirijo uma mensa rande e a todos aqueles que se aliam a nóS 0. as
forças do conservadoris gem de fé, de confiança e de certeza na vitória, poiS tirari
luçao sociat.27e mo nao poderao jamais deter a marcha inexorável da e'/0' lonia
nado
No entanto, do dia se uinte . .~ prias
também recusava convite pg ' 23 de JUnho.,-o-pragmático Loureiro da~ com ,
terição como candidato a ara concorrer ao Senado amargura ~pela sua o
pwre-
. ~ governador M . ' r..ou·
retro nao romperia com o PTB . ats paciente do que José Diogo, 111 ,
1958.27a e aguardaria a sua próxima oportunidade, e.
112
.. ..
que sofria ainda por cima a oposição - justificada ou não - do clero das paró-
quias rurais.282 A primeira conseqüência direta do lançamento de Pasqualini '! I
em 1954 foi a inviabilidade da reconstituição da chamada Frente Popular
PTB-PRP-PSP para se opor à Frente Democrática PSD-UDN-PL naquele ano. I
I I
Tanto os ex-integralistas do PRP quanto os ademaristas do PSP negaram-se a I
apoiar Pasqualini, procurando constituir um caminho próprio no pleito esta- I
dual que se aproximava.
O PSP - que já procurava abrir espaços para a candidatura de Adhemar I
II
de Barros em 1955, ofereceu sua legenda e sua máquina financeira ao dissiden-
te trabalhista José Diogo, que acabou concorrendo ao governo do estado pelo
PS~, correndo os graves riscos que uma troca de partido impõe perante um
eleitorado polarizado e partidário como o gaúcho. Acusado de "traidor" e ''vi-
ra-casaca", José Diogo não conseguiu sequer viabilizar uma Pequena Entente
que seria uma coalizão PSP-PRP.263 No final, o PRP deddiu concorrer sozinho
:~ &?verno do estado, evitando um vai-e-vem de alianças que provavelmente
ITana-lhe uma parcela de apoio eleitoral. Wolfram Metzler, Hder da região co-
lonial alemã, concorreria ao governo do estado e Contreiras Rodrigues ao Se-
na~o. O PRP preferia entrincheirar-se no ghetto bem guarnecido de suas pró-
Pnas bases a aventurar-se numa aliança "espúria", para seus seguidores, seja
com 0 doutrinário Pasqualini ou com o transfuga José Diogo.
el Es~e ultimo ainda tentaria justificar sua opção pelo PSP, atacando a, para
e, tão-Inesperada aliança Pasqualini-Jango-Brizola, num tom que fazia lem-
113
brar os ataques à suposta articulação de uma "República Sindicat·
d' . I tsta''
da a Jango. Em princípios de agosto, Ina e e, na Cámara Federal: atrib111_
(... )seria Ucito a mim renunciar à luta para que o meu partido
missao histórica a serviço dos trabalhadores? Seria lfcito assistir ind'r exerces.~s
. d' herente à ua
ferência da açao do PTB para os sm 1catos e para os organismos 5. d' . trans.
peita de uma ameaça ao reg1me · democrá t1co.
· ?264 m •ca1s, na su8•
Após 0 24 de agosto, o colapso da candidatura José Diogo é tão .
. . " . . 'zá I , CVIdent
que os próprios ademanstas passanam a cnsuam - o . e,
Em 29 de agosto, "um grupo de ademaristas" chega a publicar um"
dido" no Correio do Povo, nos seguintes termos: Ape.
(...) v. Excia., com surpresa de nossa parte, declara que nao é pesse .
mas sim dissidente trabalhista,(...) nao tinha compromisso com o PSP• (...) VPIShta,
en a
pois, ilustre general Brochado Rocha ao encontro do povo, renunciando à sua ·
can.
didatura, que neste momento J'á nao tem base moraI e marche conosco na luta peta
boa causa.285
Frente a um Pasqualini concorrendo apenas. pela legenda do PTB, preju.
dicado pela defecção de José Diogo e com o apoio apenas formal de "getulistas
históricos" como Loureiro- ao qual se atribuía um misto de "cordialidade hos.
til" e "hostilidade cordial" em relação ao dirigente teórico do trabalhismo,2saa
direção do PSD e da Frente Democrática, sob o comando do implacável coro.
nel Peracchi, passou logo à ofensiva.
I No dia 26 de junho, o Diário de Notlcias já constatava:
114
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j
i.:
t.
·..I - '-
. ~- ... . .
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possurn 1,rcsH••i<l c 1.n 11. •
Partldo' rnus em1contrnparlida
I(·• . · · (.. n n"ncaa nos meios cntóli-
co.,s sendo · um1álos
· . 1ucres da Liga Flcltorral c- IA.Jf • ~''O 13 uscava-sc repetir a
- · • •1 " ca.
bcm-succdada ' llcu (c 194 ?, de estabelecer um confronto entre PaS<JU'alini c os
setor cs mais conservadores do clero · A UDN .
. , por sua vez, mdkava o 'ex-depu-·
tado estadual Daniel Kriegcr - um fiel •sc••tai<l•>r .• c
<lc FI• ores ua
> b • un 1aa, para con-
correr a outra vaga no Senado. I or trás da chapa Mcncghctti-Cfhnara-Kricgcr
O l•'der da .bancada estadual do PSD , Pcr·ac'cl
• u· Barce 11os transformava-se no'
grande ~ruculador da Frente Democrática, disposto a levar às últimas con-
scqüêncaas o enfrent~me~to d.o PSD gaúcho com o trabalhismo c o próprio
Vargas, mesmo que tsso trnphcasse em aberta rebelião frente às direções do
PSD nacional.
No campo trabalhista, com as recusas sucessivas de José Diogo c Lourei-
ro em concorrer à scgun~a vaga no Senado, optou-se finalmente em lançar Ruy
Ramos, qu~ fora o terce1ro deputado federal mais votado na legenda em 1950,
além de bnlhante orador e disdpulo do pensamento pasqualinista. Além da
pequena estrutura remanescente do PSDA, liderada por Victor Isslcr e que
reafirmaria seu apoio a Pasqualini em prindpios de julho,2ae este atrairia de
volta ao partido os dissidentes trabalhistas do PTBI de José Vecchio, que ha-
viam se afastado do PTB na convenção de 1950 c tinham recusado apoio a Bri-
zola e à Frente Popular de 1951, em parte devido à sua aversão ao acordo
PTB-PRP.290 Os entendimentos entre o PTB oficial e os dissidentes sindicalis-
tas em torno do apoio a Pasqualini permitiram mesmo uma reaproximação
entre Brizola e Vecchio, que desde 1950 não mantinham sequer relações pes-
soais.291 Mas o apoio destes dois pequenos agrupamentos dissidentes - o re-
manescente PSDA e o PTBI- não chegavam a dissimular o isolamento da le-
genda trabalhista nas eleições de 1954: de fato, o PTB concorria sozinho contra
a coalizão liberal-conservadora da Frente Democrática.
Pasqualini retornava ao Rio Grande no dia 22 de julho - um mês após a
convenção trabalhista- para dar infcio à sua segunda campanha a governador.
Acompanhado por Jango, foi recebido por imensa multidão no Aeroporto Sal-
gado Filho, improvisando-se naquele mesmo dia um comício na frente do
Grande Hotel, onde se hospedavam os líderes trabalhistas. 292
Na verdade, Pasqualini enfrentava esta segunda campanha em precário
estado de saúde e profundamente preocupado com a ~volução d.os aconteci-
mentos na esfera federal, que presenciara de perto, no R10 de Janeuo, longe do
~ntusiasmo contagiante de seus correligi~nários gaú.chos.
293
No sábado, 24 de
JUlho, em concentração no tradicional bauro operáno. ~avegantes - forte bas-
tião do trabalhismo operário _ os candidatos P~sq.ual.mt, Jango e R~y Ramos
davam início à campanha eleitoral. Entre os pnnc1p?1s or~dores, W1lson Var-
gas falaria em nome da bancada estadual, Temperam Pereua, pela bancada de
vereadores, Ruy Ramos pela bancada federal~ Victo~ Issler pelo PSDA e ~rizo
la pela comissão executiva estadual. A segmr falana Jango, como presidente
nacional do partido:
115
Novamente dinntc <la valorosa gente do meu estado_
1
asscmhl~ia paru li Clamar n cw1didato trabalhista ao governo~esta _vez reunid
poderiam ser outras as minhas palavras scn:'lo uma profiss~'~
0
Rio Grand 05 elll
.caOdcf< c ...
sempre nortearam os meus passos c, por que n:lo dizer? . c nos ide~· %o
· ·-a mmh "'s
hoje inteiramente voltada par:1 as rcivindicaçocs do lrab·llh d n Própria . qüe
implantaçtlo definitiva c verdadeira justiça soci:~l/~94 ' a or nncional cV!pda,ja
araa
Mais adiante, Jango condamava os gaúchos a repetir a "
dençflo social" que em 1950 levara Dornelles ao governo do E ct ruzada da re
- . s acJo c G .
Vargas "marco perene da Revoluçao Socml em nossa pátria" ao " Ctúlj0
mando da naçáo". Desta vez, segundo Jango, "o Partido Trabalh ' suprelllo
· · · · d I · d d' · IstaBras·l
~o mtcw nov:dl af~r:~n.ca da pe adccdm~m~ta . os tr?Itos das classes assalariadas' ei.
unplantação c mtttva a ver a c1ra JUStiça socral". ea
Quanto a Pasqualini, diria o ex-ministro do Trabalho:
Se n:io bastasse a sua nunca desmentida devoção aos problcm ..
. ~ro~~po
derfamos afiançar também que é um candidato que subirá as escadas do p . ·
. a1áCIO do
Governo tendo compromissos apenas com o povo do Rio Grande e co
. . mas suas
dignas classes trabalhadoras.
Dirigia-se também aos "trabalhadores do campo",
( ... )a favor de quem, como ministro do Trabalho, tive a satisfaçaodeclabo.
rar um projeto visando assegurar-lhes todas as garantias que já tem o trabalhador
urbano, projeto este que infelizmente dorme o mesmo sono que o da participaçao
dos trabalhadores nos lucros das empresas, do congelamento de preços e tantosou-
tros, faço também o meu apelo para que forme conosco nesta cruzada por um go-
verno que se identifique, cada vez mais, com os problemas dos que sofrem e que
necessitam ser amparados.
Finalizando, Goulart dirigia dramático apelo ao eleitorado para respal-
dar a política nacional do presidente Vargas:
'• Junto com o senador Alberto Pasqualini precisamos eleger também .uma
grande reprcsentaçao federal, para dar ao nosso eminente Chefe uma ~ase sóh.da~
evitar assim o que hoic ocorre com relaç:ío a todos os projetos que v1sam 0 mte
' ' J d · econó-
resse popular, solapado por aqueles que apoiados na riqueza e. no P0 .e~IO . óes
mico dirigem realmente a vida nacional, asfiXiando as mais legfumas retvmdtcaç
das classes trabalhadoras. . ue me
(... ) Como soldado de nosso Partido, nunca escolhi lugar. Aceito os q
indicam. todOS os
Eleito, ou nao, nossa luta prosseguirá, não somente aqui, mas e~~Jmcntc, a
quadrantes de nossa Pátria. Não trairei jamais a vossa confiança, espcclc 01 como
1C conforta
confiança de milhares de trabalhadores que em toda a part~ n . 'd me tem sem·
calor da sua solidariedade c que nas horas mais diffccis de mmh<~ VI a
prc apom · d o. . aqueleS qu c a
(...) Aqueles que sempre nos combateram, os rcaciO ' ~ candidatos que
· nános c '
eles se juntaram que continuem nos combatendo c que votem nos
~ I se possam prestar como instrumentos de sua voracidade.
I ·. 116
. .!
Ncio desejamos os \'Otos .dos profiss· · ·
ci.róe5 do suor dos que trabalham . tonats dos lucros e:<trnordinários, dos ta-
sas torças nos permmrem.
• • ·
1
poiS 8 nos...~ luta há de prn&.c;.cguir enqunnto nos
. .
Com Alberto Pasqualini e os candidatos do PTB . .. .
, Com 0 Rio Grande para a A • parn a \'ltónn no Rto Gmn-
de. re.uençao política e econó · d B .,
to dos trabalhadores e da lide d .. m.tca o rast , ntmv~ do
\'O rança e Getulio Var..gas!~
Encerrando
d ,, firmo conúcio, falaria o senador Pasqualin1,· sa1·tentan do a neces ..
sidade e rea ar 0 pro~ma de 1947". Várias circunstâncias podem ter
mudado, de 1~ para cá, ~as lSSO não implicava em "abandonar o programa fun-
~enta!: p~lS este de\ e ser observado e seguido com absoluta constância e fi.
delidade · ~esta ~'llpanha, segundo Pasqualini, "o Rio Grande decidirá se
d~eja seguu ~ canunho da paz~ d~ jus~iça social (...)ou se quer retrogradar às
fórmulas arcaicas de uma poliuca mteuamente vazia de verdadeiro conteúdo
humano'"'.
. O .a:rne do enfrentamento político situava-se naquele momento, segundo
Pasqualini, nas grandes questões econômicas e sociais:
Porque, em verdade, nao se trata mais de libertar o povo da apressao e da ti-
rania política. Felizmente, essa fase de nossa vida pública já pertence aos domínios
do passado. É um capftulo que se encerrou com a conquista definitiva das fran-
quias democráticas e com a consolidaçao do regime representativo através do voto
universal e secreto. Essa realidade ninguém pode negar!
"Os adversários do trabalhismo", dizia Pasqualini, "procuravam situar a
batalha eleitoral como mais um episódio da 'eterna disputa entre a liberdade e
a tirania!' " Mas para ele, se neste momento, pelo pais afora, "na tribuna e na
imprensa se podem fazer as mais contundentes críticas aos homens que detem
a responsabilidade de governo, criticas muitas vezes injustas e que safam pelos
extremos da injúria e da difamação -é, sem dúvida, porque, se tirania existe,
ela será certamente de outra natureza poHtica".
(... )Trata-se, em verdade, de uma outra tirania, nao menos cruel nem menos
perniciosa que a tirania política, mas que( ...) [os adversários] insistem em
nao enxergar, em nao compreender, em nao sentir, em nao se afastar( ...). .
É a tirania da miséria da necessidade e do sofrimento que padecem tmensas
parcelas da nossa populaça~ e que transforma em tragédia a vid~ de t~os aqueles
que lutam pelo pao de cada dia, de todos os que vivem de salános, CUJO nível está
sempre abarxo das necessidades(...)
Mas quando 0governo trabalhista luta para elevar os salários, explica o
senador pelo Rio Grande:
Desencadeia-se verdadeira tormenta que abala as próprias instituições, como
se ao governo não assistisse 0 direito e até, na verdade, o .dever de proteger os fr.a-
cos e os humildes contra 0 pior dos inimigos da paz, da liberdade,. da democracm,
da justiça e da tranqüilidade social que é o abuso do poder ecom">mtco. .
Est · é · d todos os inimigos, porque fazendo uso da liberdade,
e stm o matar e . . . d -se ao pró-
pretende conceder ao forte 0 dire1to de opnmtr o fraco e, superpon o
117
. ·· , ._ .-
prio {X)(.k r do Estado, nega a sua faculdade de intervir para corrigir as injustiças so.
ciais, impcdind a cxploraç<10 uo homem pelo homem.
ln,·ocam-~c cnt~o todas as teorias do liberalismo econômico, manipula d
as c cscamotc~1.ndo-as habi\mc~te de modo a confundi-l~s e identificá-las com~~~
bcrnlismo pohuco, para dar a tmprcss~o de que toda a mtervençâo do Estado
campo cccmómico e social tS atentado contra a democracia e a liberdade. no
Segundo Pasqualini:
O equívoco da campanha contra a intervenção e a iniciativa do Estado
A • • no
campo ~con~nnco está em supor seJam elas sempre contra a iniciativa privada. Pelo
~ontráno: a 1~t:f"\ enção do Estado, alé~ _da sua função corretiva, reclamada pelos
mtere..<:.ses soctms, tem também por ObJettvo, nos países subdesenvolvidos, realizar
os empreendimentos que condicionam a própria iniciativa privada ou libertá-la da
. d
petas '
e grupos monopohsticos que pressionam e oprimem os pequenos e médioss
produtores e, através deles, os trabalhadores e consumidores, enfim toda a vida
econômica.
Nada tem a ver a iniciativa particular legítima com a ação destes grupos po-
derosos que pretendem dominar pontos estratégicos da vida econômica. O alarde
que se tem desenvolvido ultimamente contra a iniciativa estatal é apenas um slogan
solerte dos poderosos interesses monopolísticos e dos exploradores do povo.
A iniciativa e o controle do Estado, além de constituírem uma necessidade
de ordem geral para maior equilíbrio( ...) do sistema econômico e social, vêm sendo
reconhecidos até pelos melhores defensores do sistema capitalista como uma ne-
cessidade indispensável nos países, como o nosso, de fraca estrutura econômica.
Concluía Pasqualini sua defesa do capital estatal, constatando que:
É imprescindível, portanto, a intervenção do Estado na esfera econômica,
quer para suprir as deficiências da iniciativa privada, quer para corrigir suas anoma-
lias, pois o Estado deve sempre colocar os interesses coletivos acima dos interesses
particularistas de pessoas ou grupos.
Outra questão básica na defesa do intervencionismo estatal era a questão
da justiça social:
Ao governo se impõe, portanto, o dever da justiça social, que é uma de suas
finalidades fundamentais, e esta se realiza sobretudo no encaminhamento de todos
os programas ativos do Estado no sentido de estruturar uma ordem econômica de
296
acordo com os legítimos interesses e reivindicações das massas trabalhadoras.
118
. -. ~ ,_
, Y:
te de 24 a 25 de agosto.:JOo I
121
Após o suicídio de Vargas e s~b o impacto da ?trta-Testamento 0 Pc
Passou a reaproximar-se do PTB naciOnalmente. No Rto. Grande do Sul . . - terra
natal não só de Vargas, mas também de Prestes- esta aliança era facthtada
· d ' h
la força e penetração do trabalhismo no operana o gauc o. Dificilment
pe.
. l'd ea
I
,I atuação sindical e operária do PC podena escap~r a esta _rea I ade. Lutar con.
tra o PTB gaúcho, ao nfvel de movimento operáno, depm_s d_o 24 de agosto, te•
.!
ria sido praticamente inviável. Em setembro, o PC anunctana seu apoio a Pas.
qualini e João Goulart.
Os dirigentes da Frente Democrática exploraram habilmente este fato
dando a entender que não fora o PC que aderira ao PTB, mas, pelo contrário,~
PTB que se "comunizani" e aderira integralmente às teses do Partido Comu.
nista. No dia 29 de setembro, a apenas quatro dias das eleiçóes, os jornais gaú.
chos estampavam um imenso "A pedido" da Frente Democrática ao eleitorado
livre do Rio Grande". Diria o manifesto:
(...) De uma parte, os comunistas, uma semana antes do pleito retiraram a
candidatura do desembargador Sampaio e passaram a apoiar, escancaradélmente,
os dois principais candidatos do PTB - Pasqualini e Joao Goulart. É preciso acen-
tuar que a posiçao tomada pelos comunistas foi perfeitamente lógica, pois desde a
morte do Sr. Vargas os trabalhistas passaram a adotar a mesma linha de polftica e
até os mesmos slogans e chavões inalteravelmente usados pelos agentes de Prestes,
em sua luta a favor do imperialismo soviético. 307
Dois dias mais tarde, uma nova matéria paga ostentava o seguinte título:
Consolidado à pedra e cal o conluio de comunistas e trabalhistas para a im-
plantaçao do socialismo no Rio Grandc.3°8
122
('l'f i~"o, s" ddtn, fnrd um gnvcrnll trnbalhistu, csscntlnlrncnte progrcssistn,
~·~,, · ., ., !\ 10
, . t\Ull~· :t SlXI.
,,, ,,~
IS • •
pe~vam ainda pelo fato _aliás, bem explorado pela FD c pela Liga Eleitoral
C~tólica - de serem protestantes e não-católicos, aliada 3 intransigência dou-
tnMna do agnóstico Pasqualini c ao apoio agressivo do PC aos seus ex-rivais
~ab~lhistas produziu um bnck-lash polftico no eleitorado indeciso, que ac.abou
tidenncto às teses de "ordem e tranqüilidade'' defendidas pela Frente Democr~~-
ca com o bencphkito de amplos setores do clero católico.314
123
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, . ... , , •. l\\\t \ •\'" 1\\,\1 \\\111 1'\11 1 11 l hl\1\ 1\1\' 1111 ll' tln•11 (I) VI ·,
• ' I "' .. ' • ' •~ • I I l' lltt•
~ \ \ ,' \\ ,• ,, , ~\ ,\ h\ ~ . ~ I ~ 11\<I'. ~~~ ~ ltl\ h , ,, ,~)/\\ '\ ), lh\l\l\1h1 \ 11 \lllllh>ll hlq ~ ~~·
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, , \,;\ \ 1 \I\ \ I h\\\,\\ 1 1\1\\\1\\ 1 :'1.1' :\l\\1\\11 \I \111 11'\lll'\ i\1\thl\1\\1111\ 11\ IJI\ 'lll\'ilj
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i~·\\' \ .~ \,\l· , \\\ ~ \\ .\ ~\ ;\\l:\ . \ \:\ : ' ' ' 1:\ :\ ' ' : '' • , .. ,,·rhlm, V ~\l'l\1111 e (:tnt/1·
-,~ , ' \\:\ ~-· \h'\ •'\h .'' ~ ,\\:\ ~ ~ , \':\~,pl:\\11\\ 1:\\:u I:\ pela ''ltlnu1 vez ao~ ~cu~
:\ l'·'t"\ \~o' L'~ h .' \\'' t'\~\~\\.'n s \\:\ t1:h\i d ,H\.1\ S :hl \ t' \l\H)h\n l\ llnuhlll' lllt~, 110
j .;\ .:-~ , , ;,.' .:' 'Ü;\\ ~~ \h' t\:\ :t' ~t ti:\ :h' \\\1\\\11' ,'\11 \\h' ln 1\<' Pa~'\'t:lllnll'l\\ ptnça pú·
1-\f ~'A. ~Ú\h\: ~\'\\\ ~ t'-"'\' '\\h t:\\\\l'''\\\ :\h ~' ,·m.\'1 I:\\'t\, 1\:\ pn\lkl\, 1\ tmjcl1,tl:1
\ ' ..\ 1~~ h ~r.nh\..' \, \\t\Ú\:hh'\ ,h, \\:\l,:\\h ~'"'\ ht:t~l\(• \1,, :1 ' 11
..;\ .'~~\ ·\,, ' ' \\t \'1\t:\f \\\\\:\ \':\\\1\':Hil\:\ ladh':\\l t:td:t dn pnnto ~k vista hkoh'·
~i.\ :\'.\\ .\t.h{\\\' '~h\:\\' ~ \\\:\\~ l' \ ;\,,ll':hh S d:\S hHÇ!\S l.' OIIS'lV:HilH'a~, 1\UC
~ ...... ,..·n~.nn ~''' \\hh -·f' ih~.\'' \'"''l':\\\\h'l\t<' . ~'''''l' ,,s ddhlll'S dn intl.'.r\llr c ua
'!.;·~" .. l\\.\\i:\ \\\\\;\\\:\, l ~'~'l\\:\\\\Ü t .,.__ ~ \1:\ ~·~\\\\t\\h:\\\!1 1\\\\ilO ptcjmlkalla 11dll
$ ..'\\ l'J:...:'\.'.:\ \,, ,.~ :h\, ,l,' ~;\\'"' '. ~ , n\ ~~fdh,, *'
mc·~ m,, 1 •mpo, nas l'.klçucs de
~~4-. ..·.ü\n\\;'\' :\-~ ..• 1. l~' h:\\ ,\' ;\\t '\t\:\nd:\ d(' l""kr entre os (\nis t\r:u\dCS
~ .., :\'.S 1'.:\t \,t\t i,\,\: '{\\" \\\:h'h.' l \··:\rl:\ :\ \ n\11 h\\ \1:\lh'ha em todo o pctfodo
\ '~- ~ t\\~•l\1.\\h\\, t\'\ \ \t\\\\:\, '\\\ p:n t '. '"' ,ks;~a~1 ' ,h, gm'l'J'lHl Dornd\C$,
~\\ .:c:\ :•' '-' t\:\~ t\\···~"''' l';\\ kip:hh' 1.\h· tam 't\tc. M~\S r ·rtnmcntc unta p:u:n~la
-~.l~a::i,'~U\Y:\ L~ 'L\~'''''"''~\;\ ~:Hh'h~\ ''.'''h\if:\ :\\\t•rlr !\s h ,'scs ''~' Frcnl~· 1 ~~~,~~
· r..~ h.:\, Lnh,, :h' l' :\~m:\tt\ ' '":'\"- \\tt'\ " pr ·t'dhl t\ h.'ncghcttt a 4.1\'0ttun\ll.l
h.' r ...:-t.:\~....1 ... ~- ;, " '' km 'n.,nq\\H\,\!\d ,.. ·m ~' \n l':\\ chn. ..
l mrnt:h\, :\ ~ :\ ~\Ü\~\:i\ :\ ~"' \\;\ ,' ,\. \Hltuhr~~ d~· \'J~·l, (\l\\:\1~\\\lU·Sú :\~v~
,~tH\\.b\ ':··.H\'C\ kih' \•\l \ ·' A\bn h \\\S~\''''1\"\ l' n hl~,,~·t·~~l' \la~ ram\~~~''.~':~~·
~':l:~u n~n~ k J~'\h L' \\t\rt '· 'R\lY Rm\h).S. l ~ 1·su\t~H\ns fina i~ ll:\S d~,,~ ' '
\ '· ..'-4 ~~t .1 t~,t· ..· :h' ' '" ~ ('n:hh\ s •'s '\ · \
' • "' "
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.. ~''"''"''" qn;.· {\;\~ . . d, ,,·s \ \\:\ ~'. \\ 'tn;\d ''\ ~\Cm'~'.h '\ti supl.:\\\ta,·:t. {:á
qtt.\lHu \'' ~' ~,p ..'n,l$ l'''\\" \\\;\\:\ '-'' tl int~\ mH \1,tl\"i , ,,\\tcnlill n \.':\\\4.\HI:th' ''·'
·1'!, dos votos, contra,43.( ntri,hultJos l:o candidat~ trabalhista. A candidatura
1
;,
46 Jo~é Dl(lgo naufrng:w.,, obtendo apenas sete mtl votos- apenas 1/6 da vo-
de AO·qut:, 0 JHl~prio José ' Diogo fizera para a Câmara Federal pela legenda do
taÇ ~ ctdçl''!cs de 1Y50.
p'fB. na.
Já 1, tlHk~l do PRP de con~orrcr com candidato próprio revelava-se bcm-
··•'da: \Volfrnn Mct1Jcr obtmha 9% dos votos - um ponto acima dos 8%
~Ul'tul . , l 'd d .
· ue o pRP obttvcra n.t ou ra oportum a c em que concorrera sozmho numa
q
ddç;1o majoritária, daquela vez para o Senado, em 1947. Em relação às
. "cs de 1950, o PRP melhorava sua perfonnance de 7% para 8% da vo-
c\C.IÇ(1
. 1, 0 , tanto para a Câmara Federal, quanto para a Assembl6ia Legislativa (ver
Quadro 28
ELEIÇOES PARA GOVERNADOR DO RlO GRANDE DO SUL
EM 3/10/1954
Candidatos Partidos Votos %Votos
lido Mencghctti PSD-UDN-PL 386.821 46
Alberto Pasqualini PTB 356.183 43
Wotfran Metzler PRP 71.1 10 9
José Diogo Brochado da Rocha PSP 7.396 1
J. Pereira Sampaio PSB 73 o
Brancos 11.010 1
Nulos 5.162 o
Total 837.755 100
Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul.
Quadro29
ELEIÇÚES PARA SENADOR DO RlO GRANDE DO SUL
EM 3/10/1954•
Candidatos Partidos % Votos % Votos
Armando Câmara PL-UDN-PSD 402.438 4S
Daniel Kricgcr UDN-PL-PSD 383.010 46
Joao Goulart PTB 346.198 41
Ruy Ramos PTD 299.188 36
Nestor Rodrigues PRP 60.814 7
Tarso Corr~a PSP 6.892 1
Brancos 82.348 2x 10
Nulru; 6.137 2x 1
S37.7Ss· · 2.1100
Quadro 30
\ C \MARA fT2D · RAL
ELEIÇOES _p,\Rt~ O~ SUL EM ~/10/1954
------------~N~OR~IO:~Gj=R~t\~ND-:.#~;;====~;;~== ~
~;;~==----~~~--~~
- .s
2
4!1~----~~~~-------
C:: \
~
O(OS 0 1dcims
7
.. ~
% Cntlci,.,.
.!9
11 3 1J
s s
5 1
4
o
o
o
QuJdro 31 .
PARA AASSEMBLEIA LEGI L~\TI\.-\
ELElrJ2~o GRANDE DO SUL EM -~/10/1954
Partidos Votos c:r, Vor s :-:, ~ddr.t'
PTB 312957 37 _,.. ·H
PSD 206.918 ...5
PL 15 27
107~09 1.3
PRP Li
UDN
61....18 s 4 i
52739 6 _,
PSP 30.04S
PSB + .;
I
PDC
23.664 _,
~
1 ,
•I 1L170
I
PR 1 o
'il Brancos
2045 o o
19.55+
Nulos 10.02.3 1
Total 837.755 100 s_-
Fonre: Tribuui Regional Eleircf31 do Rio Gnnde d,) Sul.
126
{)C qualquer maneira, o PRP sa'ia intacto das eleições de 1954 _e com li-
de de manobra par.a barganhar seu apoio a um dos blocos poUtico-par-
t't(ll~ n•ts próximas clctçóes estaduais.
11'dánOS • .. . Ó . d p .
J:i a candtda~ura pr. pna 0 SB era tnturada pela polarização entre os
.. .,toros: os nuserávets setenta e três votos dados a Pereira Sampaio con-
d(1l~ . • ês .
.,.,,~'"' inclusiVe com os vmte e tr mtl votos que o PSB obtinha para a As-
tr.IS • • ·1 Câ
~cnthl~i~,, e os qumze mt par~ a . mara Federal. Com toda a probabilidade, o
~tdtor socialist~ ~otara ~act~mente em Pasqualini na eleição majoritária,
:tp(s 3 r das rcstnçoes da dtreçau do PSB em relação às lideranças trabalhistas
(,·a Quadro 28).
Na eleição para o Senado, a vitória dos candidatos da Frente Democráti-
C3 foi mais expressiva do que a vitória do próprio Meneghetti: Armando Câma-
rJ recebia 48% dos votos e Daniel Krieger 46%, contra os 41% dados a Gou-
tart, c os, apenas, 36% dados a Ruy Ramos. O sucesso da candidatura essen-
cialmente católica de Armando Câmara indica de forma eloqüente o sucesso
com o qual a FD ex'Plorou a questão religiosa, prejudtcanao, principalmente
no interior do Estado, as candidaturas do agnóstico Pasqualini, do "esquerdis-
ta" João Goulart e, sobretudo, do protestante Ruy Ramos, cuja votação ficava
bem atrás da dos demais candidatos majoritários do PTB.
Na eleição para o Senado, o candidato do PRP, Nestor Rodrigues, totali-
zava 7% dos votos, enquanto Tasso Corrêa, do PSP, acompanhava o infortúnio
I.
,,
de José Diogo, mal atingindo 1% dos votos (ver Quadro 29). I
127
··:·· ·.' · r· . ..
17 %, ·n1 rclaç.~o a J950 (ver Quadros 18 c 3
plh\\~l sua vnt 1ç!\o de ~5 , c• p·n: : três c~Hidras. PL suhia de lO% para ~), 13
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f'SP manunha-se nos 4ry,: o h
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, , PRP , thJ:l ÚC 7c, cl pM._\ o l u, 0
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·. o, rS&
m~m r~rttúos, l su . t , . t.'m i~ cadei ra, enquanto o PDC r ..
nf de Y'', l 'lf't ':í· mts m:mtlll 1' 1 :-; u 3 . . . l<.:!tvd
• · -. ' 1 ·R· . f :, c•1 lnr·t menos d • 1':ó , ftcando este do1s partido~;, f(w
l'Jll 1~ .. l O 1 Gl a ue .. ' • ' d
d 1 ·\: ~ cmhl 'ia L ·dslntiva. . _ .
. • A I otaril:l ·."'o PTB x FD mantinha o PTB na posJç<w de ~aJor partido
inJhidu~ll : ck p ·rdia uma cadeira na C1m:Ha F~dcral, mas ~o~quJstava dois no-
' . . !'St:nH s na A.."scmh lcia ~cgislativa. O m~'?(r be~~ficJá no, da ,,P?lari<'.aÇ(io
cnt J rt.. vist pelo clcit r l'aucho co ~o o mats puro dos ad .. ersaraos do lra-
halhL m : c!, gnnhJva m::tis uma cad "tra tanto n~ Câmara, ~uanto na Assem-
hIda do Est:u.Jo. Nus clciç s legislativa estaduaa , o. PL o~tmh a um a votaÇ<io
quh kntc a tn:lis da metade da vowçjo de seu parcctro mator, o PSD, quando
em 1 50 fizera apenas um terço da \'Otaç.1o do P D.
Em termos de votnçno individ u::JI. as c1 içõcs para a Câmara Federal rc-
prc.scnt, rarn um gr~tnd • triunfo para Lc. nel Brizo l ~: este entrava na Cámara
Ft"dl'ral c m o rccord de c" nto c trl:.s mtl voto , mats do dobro da votação de
Jos ~ Di go em 1950. Fanando Ferra ri ficava em segund o, um pouco abaL'(o
d quarenta mil votos. Nc,<;ta lcgi !atura. fariam s ua estréia na amara Fede-
ral, pcl PTB, o d putados Ctsa r Prictto - o tercei ro mais votado, o "auto·
n rnisra" \ ict r lsslc r c o sindiGliL ta Sfl\io anso n ex-presidente do partido,
na ua fa " formadora, e que se elegera deputado estadua l em 1950. No campo
da Frente Democrática, Ta r. o Dutra foi o dcpu!Jdo federal mais votado do
PSD, enquanto o PL reelegia o veterano Raul Pilln e Coelho de Souza, agre-
ga ndo ainda à sua bancada Edga r Luiz chncidcr, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu lfdcr máximo, Flores da Cunha que, sob o
impacto do suicídio de Vargas c, ma i tarde, da tentativa de gol pe de novembro
de 1955, fi el a seus princípios lega lista passaria para o PTB nc ta mesma le-
gislatura.
Ao nfvcl da As cmbléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vil on Vargas,
Osmar Grafulha c S_icgfricd Heuser, ent re outros e est rea riam, nesta Jeoislatu-
ra., ~~ariano Bcck, ex-Hdcr da juvent ude do PSDA _ c 0 professor Tcmperaní
Perc~r-1, ex-vereador da capital.
No PSD, o deputado tad ual mais votad o era 0 líder da b:m , d ~t. P~r~t.
chi Barcellos, u~ do articul:ld rc da Frcnt Dt;mocn'í ti a, que p. __ :l\'~t a pr ·
parar- c, dc.sd.e Já, p:~ra a uccs :1o de Mcneghctti c o inevir, v ·I enfrenwmenP
co.m. o. hcrdc1ros poHtico de Varg:1s e Pa. qualiní: d ·putnll Hi1 L e r:<-
mm~ tro do Trabalho, Jo;1o Goulan.
. ~Jtrn de >m_ilntcr a . ua comJiç:io llc mait r p~Htid '1, :t ntv ·I (i:IS }l:-tnl·.t.L'-'
lcgl la uva ' o 11 B manrev '. tamh ~ m ·rn 19. .J o . 'll nfli lü pr ·d )fllÍI\ 1 dc:tt'''
ralem Port o Alegre, conformes. obs .... ~ • .
-. ' . I . . . vU nos ll ~H iro s .\~ :1 .\t .
I .
Na c..t p11a ga ucln· ' ·p •.1· q. . · .
· "1•11tn 1 <lt.:rrotari:t ~kn ·d1et11 p r t' ).t n t ~ . f. ,
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51% a 42%, ficando Mct:zlcr .
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·· bc111 ,l tUIXI' l
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-· . · , 37 % em rclaç~o a 1950 (ver Quadros 18
...!1 de 35% para . ' ' . L b' e 31)
pliava sua vota's'.o . c trts cadeiras. O p su ta de 10% para 13 I
submdo. . te c. um .Jlara
vtn c 29% para 25% c a UDN d,c 7ru
' vtntc 7o para 6%. Dos
%I
enquanto o PSD batxa'a .d d 7tr. Jlara S% o PSP mantinha-se nos 4% 0 pde.
·
mais parttdos, o
PRP subta c 10 ' •
· . tl'rtha sua única cadctra, enquanto o PDc c·
' • ' SB
~ mas man ' . . tcava
caía de 3 ;o para 2 10 ' ,cr.
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an menos de 1%, ftcando estes dots partidos~
em 1%, e 0 PR cafa de .. , (? P• • ora
A '""embléia Legislativa. TB · - d
da~ . . PTB . FD mantinha o p na postçao c maior partid
A polanza~1o x . F d ,1 · o
. . . d' nla cadeira na C..1mara c era , mas conqutstava dois no.
mdtvtdual·• ele perA..ta u bléia • Legislativa. O matO · r bene fitct'á no · da polarizal'!i
vos assentos na n..ssem . " , d d . l"o
. elei'tor gaúcho como o mats puro os a versános do tra
era o PL, vtsto pe1o • . ,...~ ·
.
balhtsmo: e1e gan hava mais uma cadetra tanto na. \.Amara, quanto
. na Assem ·
. Es d Nas eleições legislativas estaduats, o PL obtmha uma votação
bléta do ta o. . .
equivalente a mais da metade da votação_de seu parceuo mawr, o ·PSD, quando
em 1950 fizera apenas um terço da votaçao do ~~D.
Em termos de votação individual, as ele1çoes para a Câmara Federal re-
presentaram um grande triunfo para Le.onel Brizol~: este entrava na Cámara
Federal com 0 record de cento e três mtl votos, mats do dobro da votação de
José Diogo em 1950. Fernando ~errari ficav~ em segund~, um pouco abaLxo
dos quarenta mil votos. Nesta Iegtslatura, fanam sua estréta na Câmara Fede-
ral, pelo PTB, os deputados César Prietto - o terceiro mais votado, o "auto-
nomista" Victor Issler e o sindicalista Sílvio Sanson, ex-presidente do partido,
na sua fase formadora, e que se elegera deputado estadual em 1950. No campo
da Frente Democrática, Tarso Dutra foi o deputado federal mais votado do
PSD, enquanto o PL reelegia o veterano Raul Pilla e Coelho de Souza, agre-
gando ainda à sua bancada Edgar Luiz Schneider, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu lfder máximo, Aores da Cunha que, sob o
impacto do suicfdio de Vargas e, mais tarde, da tentativa de golpe de novembro
de 1955, fiel a seus princfpios legalistas, passaria para o PTB nesta mesma le-
gislatura.
Ao nfvel da Assembléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vilson Vargas,
Osmar Grafulha e ~iegfried Heuser, entre outros e estreariam, nesta legislatu·
ra, ~ariano Beck, ex-Ifder da juventude do PSDA- e o professor Temperani
Peretra, ex-vereador da capital.
No PSD, o deputado estadual mais votado era o lfder da bancada, Perac·
chi Barcellos, u~ dos articuladores da Frente Democrática, que passava a pre·
parar-se, desd.e Já, para a sucessão de Meneghetti e o inevitável enfrentamento
~m. os herdetros polfticos de Vargas e Pasqualini: o deputado Brizola e 0 ex·
mmiStro do Trabalho, João Goulart.
. A:Jém de manter a sua condição de maior partido, ao nfvel das banca_das
Jegtslauvas, o PTB manteve, também em 1954 o seu nftido predomínio eletto·
ral em Porto Alegre co r- '
. , n,orme se observa nos Quadros 33 a 36. .
,•r
. ,•
• Na capital gaúcha p . . artrcl11·
Sl m. • asquabm derrotaria Meneghetti por boa m :::d
/o a 42 % ficando M 1 1 eu e·
' e z er, do PRP com apenas 3%, bem abaixo dos
128
, " , t.'tn rd tÇM' a 1950 (\-c.r Quacf ros 18 ~
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m:ti~ p!trttdo:-, o
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· . lw -.ua t\mrn c~uctm. cnqu.mto o PDc fi..-.. B
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cJb de J ' " pnnt - •' · . . . menos clt: 11, ,., hcanc o c~tt:s ots parttdos ~o .
em 1t;í·, r o PR " · .
" 'IÍ'' de _r;. l .tr.t r.\
A' . > t""l ia L~l·islntt\";.1.
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l' ~ . c- PTB x FD mantinha o n.t P stç. c ~natOr partido
A pot.nrz.1ç.1~ . , ,, ·in na ~'lmara F~tkral, mas conqutsta\a dois no.
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'""' assento" na r\sscm ' 1t:t. ~ . " ., d d -< •
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PL. ,;sto pelo c ct o e" ·
em~ · h . ·s uma rmi ~ira tanto nn Câmara, quanto na Assem.
balhtsmo: ele gnn 3\U mnt. . . "~ , .· PL ·
. do Estado. Nas c"lcirt"ics )CPtslativas t:~t.tdu.Hs, o obtmha uma votarão
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. . d nt"tadc da votarão de seu parcctro mamr, o PSD, quando
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em 1950 fizera apenas um terço ~a.'·ota~to do ~~D.
Em termos de votaç~'io indtvtdual. as elctç~e.s para a Câmara Federal re-
presentaram um grand • e triunfo para Leonel . Bnzota: . este entrava na Câmara
Federal com 0 rccord de cento e três mtl votos, mats do dobro da votação de
José Diogo em 1950. Fernando Ferrari fiem~ em segund~, um pouco abai.'<o
dos quarenta mil votos. Nesta legislatura, fanam sua estréta na Câmara Fede-
ral, pelo PTB, os deputados César Prietto - o terceiro mais votado, o "auto-
nomista" Victor Issler e o sindicalista Sflvio Sanson, ex-presidente do partido,
na sua fase formadora, e que se elegera deputado estadual em 1950. No campo
da Frente Democrática, Tarso Dutra foi o deputado federal mais votado do
PSD, enquanto o PL re.elegia o veterano Raul Pilla e Coelho de Souza, agre-
gando ainda à sua bancada Edgar Luiz Schneider, seu ex-candidato a governa-
dor em 1950. A UDN reelegia seu Hder máximo, Flores da Cunha que, sob o
impacto do suicídio de Vargas e, mais tarde, da tentativa de golpe de novembro
de 1955, fiel a seus princfpios legalistas, passaria para o PTB nesta mesma le-
gislatura.
Ao nfvel da Assembléia Legislativa, o PTB reelegeria \Vilson Vargas,
Osmar Grafulha e S_iegfried Heuser, entre outros e estreariam, nesta legislatu·
ra, ~ariano Beck, ex-lfder da juventude do PSDA _e 0 professor Temperani
Peretra, ex-vereador da capital.
. No PSD, o deputado estadual mais votado era o lfder da bancada, Perac·
cht Barcellos, um dos articuladores da Frente Democrática que passava a pre-
parar-se' des d.e J'á • para. a sucessao - de Meneghetti e o inevitável ' enfrentamento
~m. os herdeiros polfttcos de Vargas e Pasqualini: o deputado Brizola e 0 ex-
mimstro do Trabalho, João Goulart.
Iegts · 1Além .
de manter a su a con d'Içao - de mamr . partido ao nfvcl das banca das
attvas o PTB m t ' . ·t -
ral em Porto ' an eve, também em 1954 o seu nftido predomfmo elet 0
Alegre ç '
. : con,orme se observa nos Quadros 33 a 36.
Na capital gaucha p . . . . e01:
51% a 42%, ficando ' asqua1tn1 derrotana Meneghctti por boa marg c-
Metzler, do PRP com apenas 3%, bem abaixo do seu d
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Quadro 36
DAS ELEIÇÕES PARA SENADOR
RESULTADO TO ALEGRE EM 3/10/1954
EMPOR
% Vot~
J
sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de José Diogo. Pa.
ra Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotariam Armando
0
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
i~ .
I' reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, estare-
lação seria mais equilibrada: 12% para 11%. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-conservadora: 7% na c.api·
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD.
Com as eleições de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
de história do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
eleitoral de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
históricas do movimento.
Pasqualini, acometido de gravE enfermidade e amargurado com os trági·
cos desdobramentos da crise polftico-institucional de agosto de 1954 e com a
sua seg~nda ~errata à governança do Rio Grande, praticamente retira-se da vi-
da polfuca ativa, embora só viesse a falecer em 1962.
d b Ao .mesmo tempo ' a mensagem eloqüente da Carta-Testamento servma ··
e. andei~~ para_ u~a nova fase da história do trabalhismo: as chamadas "ban-
d.euas
çõ antnmpenahstas"
d passanam· a desempenhar um papel central nas mo b.I·
IJza es o período 1954-64.
05
A direção
chamados máxima
"herde" d d0 parti"d 0 é assumida por duas novas lideranças,
uos e Varg , B · 955 o
rimeiro disputar ·a as ' nzola e Jango. No ano seguinte, 1 '
P 1 com sucesso a ç • do a
vice-presidência da República. pre,euura de Porto Alegre e, o segun •
Bnzola consolida-se a . _ IhiS·
mo ao nível regional ' parttr de entao, como líder máximo do traba
'enquanto J 31· r pe· ·
0
soem nível nacional. ango afirma-se como o dirigente de !11
Candidatos P113 58.968
Joao Goulart PTB 56.152
',··
Ruy Ramos PL-UDN-PSD 45.471
Armando Câmara UDN-PL-PSD 44.131
Daniel Krieger PRP 2.955
Nestor Rodrigues PSP 2.314
Tarso Corrêa 9.627
Brancos 1.911
Nulos
116.534 2x 100
Total
Fonte: Corrtio de Povo
sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de J~sé Diogo. Pa-
ra 0 Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotanam Armando
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, esta re-.
Iação seria mais equilibrada: 12% para 11%. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-conservadora: 7% na capi-
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD .
. Co~ as eleições_ de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
de ~Istóna do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
e~eito~al de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
hiStóncas do movimento.
Pasqualini, acometido de grave enfermidade e amargurado com os trági-
cos desdobramentos da crise político-institucional de agosto de 1954 e com a
sua segunda derrota à governança d0 R. d .
da política ativa b . Io Grande, praticamente retira-se a VI-
, em ora só VIesse a falecer em 1962
Ao mesmo tempo a · ..
de bandeira para um ' mensagem eloqüente da Carta-Testamento servma
deuas . antiimperialista a nova
, fase. da histó na· do trabalhismo:
· as chama das "ban-.
lizações d? período 1 9~~~-sanam a desempenhar um papel central nas mobJ·
A direção máxima d .
chamados ''herdeiros d Vo partido é assumida por duas novas lideranças, os
· · . e argas" B · 55 o
P.nmeuo. disputaria com suces ' nzo~a e Jango. No ano seguinte, 19 '
vtce-pr~Idência da República so a prefeuura de Porto Alegre e, o segundo, a
Bnzola consolida ·
, .mo ao nível regional -se, a partir de então como lfd áx"mo do rrabalhiS·
soem r I ' enq uamo J ' er m I pe·
.•...,., ., .,y·· . .·. :, '· n ve nacional. ango afirma-se como o dirigente de maior
Quadro 36 •• - ~ . -~ 'i. -· -
S FI mçóES PARA SENADOR . -·
RESULTADO ~fAO : 1 ÉGRE EM 3/10/1954
J
EMPOR ~~ -~
Partidos Votos
58.968 51
Candidatos pTD
56.152 48
J0 ao Gou tart PTD 45.471
PL-UDN-PSD 38
Ruy Ramos 44.131 38
Armando Câmara UDN-PL-PSD
2.955 3
r, Daniel Kricgcr PR11
2.314 2
Nestor Rodrigues PSP
9.627 2x 8
Tarso Correa
1.911 2x 2
Brancos
Nulos 116.534 2x 100
Total
Fonte: C~io do Po1t0
sempenho no Estado como um todo e pouco acima dos 2% de J~sé Diogo. Pa-
ra Senado, Jango com 51% e Ruy Ramos, com 48%, derrotanam Armando
0
Câmara e Daniel Krieger, ambos com 38%.
Para a Câmara Federal, o PTB faria 44% dos votos na capital, contra
41% no conjunto do Estado. Para o PSD, esta relação seria de 19% para 28%,
I\. reiterando sua base de sustentação no interior do Estado. Para o PL, estare-
I· lação seria mais equilibrada: 12% para 11 %. A UDN seria, em termos relati-
vos, o mais urbano dos partidos da coligação liberal-consetvadora: 7% na capi-
1'1 ;
tal contra 5% no conjunto do Estado. PL e UDN somados teriam praticamente
1: I
I~ 1 a mesma votação do que seu "parceiro maior", o PSD.
1I
Com as eleições de outubro de 1954 encerra-se, na prática, toda uma fase
i I
de história do trabalhismo gaúcho. Com a morte de Vargas e a segunda derrota
,I
f
eleitoral de Pasqualini, desaparecem do cenário as duas grandes lideranças
históricas do movimento.
Pasqualini, acometid? de grave enfermidade e amargurado com os trági·
cos desdobramentos da cnse poHtico-institucional de agosto de 1954 e com a
sua seg~nda ~erro ta à governança do Rio Grande, praticamente retira-se da vi·
da polfttca ativa, embora só viesse a falecer em 1962.
de ba Ao
d ·mesmo tempo ' a mensagem eloqüente da Carta-Testamento servtna ..
. a tst na do trabalhismo: as chamadas a~-
n eua para uma nova fase d h' ó . "b
deiras antiimperialistas" a
lizações do perlodo
195
A direção máxima do·
~;sanam a desempenhar um papel central nas mob•·
.
chamados "herdet'ros d V parttdo é assumida por duas novas lideranças, os
. . e argas" B · · 955 o
pnmeuo disputaria co ' nzola e Jango. No ano segumte, 1 '
. . m sucesso a pref 't
vtce-prestdência da Repúbl'
ndo a
et ura de Porto Alegre e, o sego '
. 1ca.
8 nzola consolida-se a . ·s·
mo ao nível regional e ' parttr de então, como Hder máximo do trabalhl
s , nquanto Jang0 fi ·ar pe·
0 em nível nacional. a uma-se como o dirigente de mat
130
24 E:r~-i.su C(>~ J. V~lt.io, jí ciud.a.
z:! A ca~ y-olítia de Puqtulini, suu idéias e seu papel na (ormaç.io do " trabalhismo" serão analis.adu tm
!ll.aicr a~ 1le ' o capítulo 2
~ ~c~ à i!llpre!!:U.. Ccrrno de P(}\,'0, Porto Alegre, 1'1/l/1944; Pedido de demi.Wo, C~io do f o,'O, Porto AJr.
~- 13.7;19-W.
Z7 Uas i:! llldo l:-~a do 11.1 coopera ção. In: PASQ UALINI, AJ~rto. Ba.res e sug<-.rtões paro uma politic-a social,
R,.;.;, de Junro. Lr•rui.a SJo José, 1958.
48 ~"do Pcw:', Porto AJeçe 2213/1 945.
132
"'-!, - . .. ; ., •
'' ~ ... •., ~
: 1.1 .'•.~::-. • , ;
·. _·· ~ ..... '
70 GV.45.11.25, CPDOC-FG V.
71 GV. 45.tl.2M, Telegramas de Segadas Viana e Baeta Neves a Vargas.
12 Entrevistas com Lidovino Fanton, J . Caruso Scuderi, já citada.
73 Entrevista com J . Vecch.io, já citada.
74 GV.45.ll.l 0/3, Manifesto de Vargas a favor do PTB.
75 Sobre a ~lítica gaúcha pré-193_7, ver CORTES, Carlos. Gaucho.s politics in BraziL Uni. of N.Mexico Press,
1974, ~p1tulos 1 a 5. P~ra o penodo 1937-6~ ~ ~elato_ d: Cort~s, em~ora detalhado e bastante rigoroso na re-
produçao factual, possui a meu ver um forte VJes Jdeologtco anttvargu1sta, sustentando uma leitura "liberal" da
evolução política rio-grandense naquele período.
78 CPDOC-FGV, Ver em especial carta de Protásio a Getúlio em 21!11/1945, sobre entendimentos PTB-PSD
(GC.45.11.21) e carta de Vergara a Getúlio sobre aliança PTB-PSD de 24/11!1945 (GV.45.11.24/2).
77 Sobre o sentido mais global da estratégia getulista, ver capítulo 2
78 EntreVistas com Fanton, Caruso Scuderi e Caruso da Rocha, já citadas.
79 No capítulo 2 aprofundo esta questão, propondo uma releitura da tática e estratégia getulista no período
1945-50, relativizando substancialmente uma leitura meramente "pragmática" de Vargas.
BO Correio do Povo, Porto Alegre, 3/2/1946, p. 18.
81 Correio do Povo, Porto Alegre, 16!3/1946, p. 8.
82 Comio do Povo, Porto Alegre, 3/4/1946, p. 8.
83 Correio do Povo, Porto Alegre, 26/9/1946, p. 1O.
84 Correio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1946, p. 4.
85 Entrevista com João Caruso Scuderi, já citada.Correio do Povo, Porto Alegre, 27{10/1946.
88 Correio do Povo, Porto Alegre, 29/10/1946, p. 12 ·
87 Entrevista com o líder ferroviário Júlio Enes em 14/1/1978, entrevistas já citadas com José Diogo, Fanton e
Caruso Scuderi.
88 Correio do Povo, Porto Alegre, 30/1 0!1946, p. 1O.
89
Correio tÚJ Povo, Porto Alegre, 31/10!1946, p. 10.
90 Entrevistas com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citada.Co"eio do Povo, Porto Alegre.
91
Correio do Povo, Porto Alegre, 9/11/1946.
92
Entrevista com Fanton, já citada.
93
94
Correio do Povo, Porto Alegre, 12/11/1946.
t té"ia de Vargas perante o
PTB PSD -
eo
r
serao ana l-
Correio tÚJ Povo, Porto Alegre. O relacionamento e a es ra r.-
sadas em maior profundidade no capítulo 2 . J , . na Assembléia Legislativa, em
95 Ver CORTÉS, c., op. cit, p. 124-25 e 0 discur:o profendo por ose 0 JOgo,
31/3/1947, constatando o apoio ativo do PC a Jobim. d P . · 10/1/1978 entrevistas J. á
96 d d campanhas e asqua 1mt, em , •
Entrevista com o Prof. Bruza Netto, coordena or as
citadas, com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton. .
97
Ofício da LEC a Pasqualini, 3/12/1946, Arquivo João Caruso Scuden ..
98 Ca · J ão Caruso Scuden.
rta de Pasqualini a Moreira 6/12/1946. Arqu1vo 0 .
99 Ca A · João Caruso Scuden.
rtadeVecchioaPasqualini,16J11/1946. rqutvo b 0426 21 11/1/1947
100
Artigo de J ustino Martins. Porto Alegre. In: Revista do Glo 0 ' n ' p. ' ·
101 ld
em, p. 23.
102
103 Correi~ do Povo, Porto Alegre, 23/11/1946, P· 1O. . dos mais significativos da carreira política de
~~.o do Povo, Porto Alegre, 30/11/1946. Est~ disc~o, um
. Getúlto, será analisado em maior detalhe no capitulo
: ·- ' --- 133
'
·~ - ·. .
104Jdem, ibidem.
•,) . 1015 Entrevistas oom Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, j~ citada.
'08 Correio do Povo, Porto Alegre, 3/1 '1Jl946.
107 Entrevista do general Canrobert para O Globo citado no Correio do Povo, Porto Alegre, 4/11/1946, p. 10.
108 Correio do Povo, Porto Alegre, 5/11/1946, p. 12
109 Com:io do Povo, Porto Alegre, 6/12'1946, p. 12
110 Idem, ibidem.
-134
.,.,
. . ões Sul-Riograndenses, Imprensa Oficial do Estado do R'
1~ verconsiJIUIÇpartido e o aparelho de Estado serão analisadas no capítull030 rande do Sul. A questão das re-
~~0 o .
la~ p.0 vo Porto Alegre, 6(3/1947.
~ 1 r~1odo ' •
1 1,41''- . d Povo Porto Alegre, 28/4/1948. Entrev1sta com Lidovino Fanto . • . d
152 C(J(1't1.o do Povo' Porto Alegre, 20/4/1947. n, Ja c1ta a ,.
·
153 ()JrrtiO 0 '
. do Povo, Porto Alegre, 22/5/1948, p.1 O.
15-4 {)Jrrt/0. tas com Fanton e Ca ruso Scu d en, • 'á .
J Citadas.
155 EntreviS . ., . d
. ta com José Vecch10, Ja ctta a.
156 EntreYIS . .• . d
.•• com Júlio Mesqutta, Ja ctta a.
157 Entrevi S.,.
'stas com Lidovino Fanton, João Caruso, Júlio Mesquita
158 Entrevi . ·
159 EntreVistas com Adelmo Genro, ~x-prestdente do PTB de Santa Maria em l0/12n8; Guilherme do Valle
I
x-secretário geral do PTB de Ca'?as do Sul (20!ln8); Alberto Martins, ex-dirigente do PTB de Rio Grand; 1:
e 2Jt2fl8); e J. C. Gastai, ex-prefe1to de Pelotas (20/12{78).
(I • M . .. . d
160 EntreVista com César esqu1ta, Ja Cita a.
161 Entrevistas com J. Vecchio, J . Caruso Scuderi e Otávio Caruso da Rocha, toe. cit
162 Corrtio do Povo, P?rto Alegre, 1n/1950, p. 16; 2{7/1950, p. 28; e Carta de Vecchio a Salgado Filho, 3n!l950;
transcrita no Corre1o do Povo, Porto Alegre, 4n/1950, p. 4.
r'
183 Ver Moniz BANDEIRA. O Governo de João GouÚJrt, Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira, 1977 e Helio SIL- I'
o
VA, Ciclo de Varzas, v. 16, Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira, 1978.
I
184 Helio SILVA, op. cil, Entrevistas com José Diogo, Vecchio e Caruso Scuderi,loc. cil
185 Sobre 0 "pacto conservador", ver BENEVIDES, 1981 , op. cit., "A UDN no Governo Dutra, a Oposição Cor- I
I
dial, p. 61-9. I I
°
187 1Perena, 10/6/1978.
188 Corr~io do Povo, Porto Alegre, 25!7/1950, p. 18. _ SO I'
189 ~rta de Pasqualini a João Agostin~ transcrita pelo Correio do Povo, Porto Aleue, 'l.5nfl 9 · '
19Q~~odoPovo, Porto Alegre, 10/8/1950, p. 10.
191 Eorre,~doPovo, Porto Alegre,10/8/1950, p. 12
~-0 .
192 ntrev..stas com José Diogo Mariano Beck e Caruso Scuderi, já citadas.
193 Di • .' do Povo, Porto Alegre, 23/8/1950, p. 14.
ano.ck Notleias,
194 Cort • · p orto Alegre, 2/9/1950, p. 2 e 7.
195D·· ~odoPovo, Porto Alegre 1019/1950
'Oilo ck N,01 • . ' .
•c•as, Porto Alegre, 1019/1950, p. 10.
135
1
~ Díbi/í th NMfcía·t; Ht:tll,
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1
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Z/l Di/vi,, d'- 1/tAfdm, hn111 /d~;f!f:, 'lJIJfJ'J',(I.
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1015 DiQrk.. Nooêia.(. idC'm.
197 Düirio .k N."'l.cia..<, idt'm.
1918 Esta quC'SUo SC'rí nalis.ada. C'm maior dc-Uihe no c.apítulo 2
ti'IQ c~nfert-nt'ia de- C..l.'O IS, rn~fC'rida no dia &9/1950 e public.3da 110 Diário de NoticiAr em 14,9/1950, p. 7.
2CO A ronfc-rt-nci.a dt> Ca.ti.u \'o lurí a sc-r .tnalis.ada 110 capítulo 2
201
Diãno fÚ Nc•tícios, Porto Alrgre, 2IB!l9SO.
:<'02 DiJi.rico d~ N,VJ"cia..t, Portl.. AIC'p-e. Zlt9!1950.
:1.'03 Entre\isu rcal iz.1da f't"l" autor rom Guilherme do Valle, Cuiu do Sul, loc. dt Entrevistas com Fantoa e
Ctruso Scuderi, jí ciudas. ilustr3m esu minla interpreUç!o.
204
Dibio tk Noticias, Porto Alegre. 2119/1 950.
205
Diário tÚ Nc.'ida.s, Porto Ale~ 23:9/1950.
roJ Diário de NNicias, Porto Alt>gre, 23,9!1 950.
207
Diério tÚ Notícia.,, Porto AIC'gre, 25,9/1 950.
208
Diário de Nooaa...<, Porto Alegre, 25,9/1950.
209
Diário tk Noticias, Porto Alegre, 26!9/1950.
210
Dián't:> tk Notía'a..,, Porto Alegre, 27,9!1 950.
211
Diário tk NoticiAr, Porto AJC'gre, 2..'it9/1950.
212
Diário tú Not{cias, Porto Alegre, 18!9!1 950.
213
Dibio d~ Notzaa.s, Porto Alegre. 2B!9!1950.
214 Diário tú Noticias, Porto Alt>gre, 29,9/1 950.
215
Diário tú NoticiAr, Porto Alt>gre, OVI0/1 950.
216 As entrevistas, já ciudas, com Lidovino Fanton, J. Caruso Scuderi, José Diogo, entre outras, comprovam esta
in terprt>Uç.io.
217 Os dados das vouções nominais para depuudo foram obtidos junto ao TRE-RS.'
216 Os dados da \otaç!o em Porto Alegre foram colhidos do jornal Diário de NotíCias dos dia.s posteriores 1
eJeiç!o. Os dados da imprensa, sobretudo no que se refere aos toUis de votos brancos e nulos, ao contririo
dos dados do TRE, estão sujeitos a erros. Em alguns casos, :1justei o número de: votos <!m ~ranoo pa;a compa.
tibilizar a votaç.io toul nas várias esfens (eleiç~es presidenciais, senatoriais, legislativas, etc..), considerando
votos em bnnco, as eventuais omissões da imprensa. Assim sendo, os percentuais calculados para Porto Ale-
gre- ao contrário dos calculados para o Estado como um todo- não devem ser' considerados absolutamente
eu tos, mas apt>nas indicativos das proporções de votos obtidos pt>los diversos undidatos e partidos políticos..
19
2 Entrevistas do autor com João Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citadas.
220 Entrevista do autor com Hamilton Chaves, ex-editor do jornal Clt:lrim, ex-assessor de Brizola, em janeiro de
1978. Entrevista do autor com Leonel Brizola, em Lisboa, em fevereiro de 1978.
221
Entrevisw com Leonel Brizola, já citada, e Otávio Caruso da Rocha, também já ciuda.
222
Correio do Povo, Porto Alegre, 1,9/1951, p. 4; Correio do Povo, Porto Alegre, W/1951, p. 32 A nominata dos
candidatos a vereador com as respectivas profissões foi publicada pelo Correio do Povo do dia 7/9!1951.
3
22 Correio do Povo, Porto Alegre, 5,9/1951, p. 4.
4
22 Correio do Povo, Porto Alegre, 5/9!1951, última página.
225
COOJORNAL, n° 20, Porto Alegre, setembro de 1977, p. 22 O imba tível Meneghetti- Depoimentos de um
político sem idéias que nunca perdeu uma eleição.
226 Idem, ibidem.
227
Entrevistas do autor com .Brizola , já citada, Darwin Corsetti, irmão do ex-prefeito de Caxias do Sul pelo
PTB, em dezembro de 1978 e Régis Ferre!ti, ex-integrante da ala moça do PTB caxiense em janeiro de 1979.
228
Entrevisw com Darwin Corsetti e R Ferretti, já citadas. Entrevistas com Júlio Costamilan, ex-candidato do
PTB a prefeito em Cuias e Guilherme do Valle, ex-integrante da ala moça de Caxias, ambas realizadas em
Caxias do Sul, em janeiro de 1978.
229
Entrevista com Brizola, já citada, e com João Caruso e Lidovino Fanton, já citadas.
230
Correio do Povo, Porto Alegre, 5!10!1952 Entrevista com J. 'Caruso Scuderi, já citada.
1
23 Correio do Povo, Porto Alegre, 7!10/1951, p. 32
232 Entrevista com J. Vecchio, já citada.
233
Entrevista com Meneghetti no COOJORNAL, já citada.
234
Entrevistas com J . Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, ex-integrantes da USB, já citadas acima.
235
Entrevista com Brizola em Lisboa, já citada. Intervenção de Brizola perante o diret6rio nacional do PDT, no
Rio de Janeiro, em 7/5!1983.
136
~~
v-- l'l 1.
:f
I •
236 Um indício deste fenômeno é dad~ pela compar~ção dos resultados eleitorais de Porto Alegre, onde o PTB
ven C
e em 1947, 1955 e 1963 (ou SeJa, sempre apos a sua derrota no pleito estadual) c perde em 1951 c 1959
após suas v!tónas,· em P1eJtos
· cst.l d Uals
· ) c~m os de Pelotas, por exemplo, onde o JYil3 perde em 1947, 1955 e
~ 63 (oU seja. apos ~ua_s derrotas estadua1s) e v~nce em 1951 e 1959 (:~pós suas vitórias ao nível ~st~rl.ual~.
9
!I
Naturalmente, es~ h•po_te~.e vale para um bom numer~ de municípios do interior. mas h.i também sJgmf•rah·
vos d
es'o•ios deste padrao • em casos como Santa Mana c Rio Grande onde 0 PTB era t.'Ío forte que só per-
. . . d 1959 .
deria as eleições mumc 1p3} 5. e. · • acompanhado id~ntico fenômeno registrado na capit.1l. Na ''chamada
.-·
lil
colonial", em mumclpiOs Importantes como Caxias do Sul e Novo Hamburgo, a presenç~1 de um forte
I
zo na ' . .. . lt ..
pRP sujeito a v_anas rcvlravo as_ no s~u ~squcma de alianças- entre os dois blocos. também provoc.a des-
·05 neste padrao. Mas a claboraçao ma1s ngorosa desta hipótese para o interior do Rio Grande do Sul. es-
\1 d' . I
capa ao escopo desta 1sscrtaç..ao. I
231 Esta hipótese é fortalecida pcl~s entrcv!s~s .do autor com João Caruso e L Fanton, já citadas, c pelas séries
históricas dos resultados de ple1tos mumc1pa1s no período 1945-64, quando se recriam situações análogas.
I
239 A grande mensagem, panOeto publicado pelo governo Brizola, Porto Alegre, 1961, p. 11.
239 Ver SKIDMORE, Thomas. Brasil, de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, S. ed ., 1976, em es-
pecial, p. 125-6 e 152-3.
240 Ver verbete sobre Jango do Dicionário de lideranças políticas brasilt.>iras; atualmente em organização no CP-
DOC-FGV.
241 VARGAS, Getúlio. Prestação dt.> contas ao Rio Gra11de- pallflt.>to publicado pt.>lo govt.'1710 Ernesto Domdles.
242 VARGAS, Getúlio. Discurso pronunciado aos líderes sindicais de Porto Alegre em 20!9 /1952- panOeto pu-
blicado pelo Governo Ernesto Dornelles.
243 Esta interpretação do reOexo da nova administração republicana dos EUA sobre o governo Vargas está pre-
sente também em SKIDMORE, T., op. cit, p. 152-3.
244 Estes discursos serão analisados no capítulo 2.
245 Vide subcapítulo 8, p. 166.
248VerSlLVA, Hélio, op. cit CORTES, C., op. cit
247 Ver SKIDMORE, J., op. cit CORTES, C., op. cit., FaU of a Titan , p. 145-fl.
248 Ver SlLVA, Hélio, op. cit
249 Ver sub-capítulo 8, p. 148-9.
250 VerCORTES, C.. op. cit, p. 145.
251 Entrevistas com Caruso Scuderi c Lidovino fanton, já citadas. Vide, também, BODEA. M ., op. cit
252 Entrevistas com Caruso Scuderi c Fanto n, já citadas.
253 Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2. Entrevistas com Joi o Caruso, Fanton, Temperani Pereira
e José Diogo, já citadas.
254 Diário dt! Notícias, Porto Alegre, 3/6/19 54, p. 2 Entrevista com Caruso, j:í citada.
255 Diário de Notícias, Porto Alegre, 4/6/1954.
256
Diário dt.> Notícias, Porto Alegre, 5/6/195-t. Entrevistas com Caruso e Panton, já citadas.
257
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954.
258 Etr '
n ev1sta com C aruso c F anton, )3.
.•.c1ta d as.
259
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954, p. 2
260
Para um maior detalhamento desta minha interpretação, vide capítulo 2
261
Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 9/6/1954.
262
O efêmero PTB independente, fundado por Vecchio em 1950. Ver Diário de Notícias, Porto Alegre,
10/6/1954.
~Diário
64D.,.
de Notícias, Porto Alegre, 121611954.
265
'.a:'.o de Notícias, Porto Alegre, 15/6!1954.
266
D'.a:'_0 dt! Notícias, Porto Alegre, 16/6!1954.
267 D,ano de Notícias, Porto Alegre, 17/6!1954, p. 2
268 D~~o de Notícias, idem.
269 D,anode Notícias, Porto Alegre, 17/6/1954, p. 4.
270 Entrevista com Caruso Scuderi, já citada.
VerD'• ·
27t C .'ano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2
272 D~ de Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2
10
213 '.~~0 de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 4. Correio do Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, P· 2
Du1no de N011•.
274 C-orre_ c1as, Porto Alegre, 19/6/1954, p . 2 , _ ., _
10
dc Povo, Porto Alegre, 19/6/1954, p. 2 Entrevista com Jose Dtogo, )3 c1t.ada.
137
1';'
t~ i•
.I[
23svm indício deste fenômeno é dado pela com
I :
_
vrnce em 1947, 1955 e 1963 (ou seja, semprcpar~~ao dos resultados eleitorais de Porto Alegre onde o PTB
(·lpós su:ts vitóri:ts
· _.
1963 (ou sep. aptlS suas
l' m plt'itos estaduais) com apdos ·~~ su,, derrota no pleito estadual) e perde e~ 1951 e 1959
. .
d os c dotas p
errotas cstadua 1's) e
Naturalmcntl', esta hlpotl'se vale para um bom n .
' . vence em 1951 195
,
· ' or excmp1o, onde o fYfB perde em 1947 1955 e
. '
.c . . 9 (apos suas vitórias ao nível estadual).
I)
. d t .. d - ..
vos J(osv10s t's c pa rao . em casos como Santa M . . . umero de mun•nplo d . . . . .
s o In tenor, mas ha tambem s1gnificati-
dt'ria as dciç("'t's municipais de 1959, acompanhad 0a~da~e ~ 10 Grande, onde o PTB era Li o forte que só per-
zona colon1a . 1.., em mun1c1p10s· • • Importantes
· com • Ca' .enllro fenômeno reg1stra · 1. Na "chamada
· do na cap1ta
PRP sujeito a várias "reviravoltas" no seu esque~ dXla~.do Sul e Novo Hamburgo, a presença de um forte
\ios neste padrão. ~bs. a elaboração mais rigorosaade:t: ~~n~as- entre o~ doi~ blocos, ~mbém provoca des-
,3pa ao escopo dest.1 d 1ssertação. potese para o mtenor do R1o Grande do Sul, es-
237 Esta hipótese é fortalecida pelas entrevistas do autor com João Ca ., . . .
históricas dos resultados de pleitos municipais no período -L ruso c L Fanto~, Ja ~ltada_s, e pe.las senes
. 1945 -u4, quando se recnam s1tuaçoes analogas.
238 A gr{llldt mmsagnn, panfleto publicado pelo governo Brizola Porto AI
. , egre, 1961 , p. 11 .
239 Ver SKIDMOR E, Thomas. Bra.HI, ele G('ttílio a Castelo. Rio de Janeiro Ed p T d
· 1, p. J25-L
peCia -v e 152-3. • . az e erra, 5. e ., 1976, em es-
240 Ver verbete sobre Jango do Dicionário de lideranras políticas brn•1'fe ' . t 1 · - CP
DOC-FGV. ' ~ •ras, a ua mente em orgamzaçao no -
241 VARGAS, Getúlio. Prestação de contas ao Rio Grande- panfleto publicado pelo governo Ernesto Dornelles.
242 VARGAS, Getúlio. Discurso pronunciado aos líderes sindicais de Porto Alegre em 20/9/1952- panfleto pu-
blicado pelo Governo Ernesto Dornelles.
243 Esu interpretação do reflexo da nova administração republicana dos EUA sobre 0 governo Vargas está pre-
sente também em SKIDMORE, T., op. cit., p. 152-3.
244 Estes discursos serão analisados no capítulo 2.
245 Vide subcapítulo 8, p. 166.
246 Ver SI LVA, Hélio, op. cit. CORTES, C., op. cit
247 Ver SKIDMORE, J., op. cit CORTES, C., op. cit., Fali of a Titan, p. 145-{i.
248 Ver SI LVA, Hélio, op. cit.
249 Ver sub-capítulo 8, p. 148-9.
250 VerCORTES, C.. op. cit., p. 145.
251 Entrevistas com Caruso Scuderi e Lidovino Fanton, já citadas. Vide, também, BODEA, M., op. cit
252 Entrevistas com Caruso Scuderi e Fa nton, já citadas.
253 Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2 Entrevistas com João Caruso, Fanton, Temperani Pereira
e José Diogo, já citadas.
254 Diário de Notícias, Porto Alegre, 3/6/1954, p. 2 Entrevista com Caruso, já citada.
255
Diário de Notícias, Porto Alegre, 4/6/1954.
256 Diário de Notícias, Porto Alegre, 5/6/1954. Entrevistas com Caruso e Fanton, já citadas.
257
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954.
258
Entrevista com Caruso e Fanton, já citadas.
259
Diário de Notícias, Porto Alegre, 6/6/1954, P· 2
260
Para um maior detalhamento desta minha interpretação, vide capítulo 2
261
Ver Diário de Notícias, Porto Alegre, 9/6/1954. p AI
262 h· 1950. Ver Diário de Notícias, orto egre,
O efêmero PTB independente, fundado por Vecc to em
10/6/1954.
263
Diário de Notícias, Porto Alegre, 12/611954.
264
Diário de Notícias, Porto Alegre, 15/6/1954.
265
Diário de Notícias, Porto Alegre, 16/6/1954.
266
Diário de Notícias, Porto Alegre, 17/611954, P· 2 ' i ! I
267D .. .
zano de Notícias, idem.
268
Diário de Notícias• Porto Alegre• 17/6/1954, P· 4· I I ~
~9
. 'lI
Entrevista com Caruso Scuderi, já citada.
270 I I
'
I I'
zano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1 • , P·
273
v· · · 2 J é Diogo ·á citada.
~ .j :
274 'ano de Notícias, Porto Alegre, 19/6/1954, P· . I
Correzo· do Poo,..'O, Porto Alegre, 19/6/1954 • P· 2· Entrevtsla com os '1
137
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'/11/1./W,~, Í'· !,; H•'" 'J.A/1./Wi~, ,, 4
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:111 f/ (',,,.,j;lfflt /'trV/11 J'l,f 111 f , j4 TJ • 1'Ji f'l./ 111•,~
Yd I Ji/.,J,,,,.. ,/,t/ll,,., ,.,,,,,f,IFtJ ~ I '!~/i(/1 Ji .1, ( J ;J•I {J;, ,·J' '11 , jl JA, I
1
30t Diário de NotlcitU, Porto Alegre, 25/8/1954; CORTÉS; op. cil, p. 147.·
302 Ccrreio do Povo, Porto Alegre, 4/9/1954, p. 1O.
303 Entrevista do autor com o Jfder metalúrgico Júlio Mesquita, já citada. Entrevistas do autor com o líderferro·
vi~rio Enes Araújo, toe. cil, e o portuário Vivaldino Prestes, em dezembro de 1978.
304
Entrevistas com Fanton, Caruso Scuderi, Caruso da Rocha, entre outras, já citadas.
305 Diário de NotícitU, Porto Alegre, 6n/1954 e 7n!1954. Entrevista com o dirigente sindical Mesquita, já ciudt
300
Diário de NotlcitU, Porto Alegre, 17/6/1954. Entrevista com Mesquita, já citada.
307
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1954, p. 10.
308
Correio do Povo, Porto Alegre, I /10/1954, p. 12
309
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 29/9/1954 p. 4.
310 '
CO'f'nio do Povo, Porto Alegre, 19/9/1954.
311
l I
Entrevistas com Temperani Pereira Caruso Scuderi Fanton Caruso da Rocha Mariano Beck. entre outras.
312 ' ' ' '
I 3t3
Correio do Povo, Porto Alegre 7/9/1954 p 15
' ' . .
Ver CORTÉS, op. cil, p. 148-9.
3
t~ ld
t em •. •'b'd
1 em. E·ntrev1stas
· com Caruso Scuderi e L Fanton, já citadas.
3 5
Corrt:t~doPovo: Porto Alegre, 24f)f1954. ~
316 95
1
Pesqulu nas edições do Correio do Povo e Diário de Noticias, do período de 10t9/195.t a 11°!1 .
·.· :
;~: : -. - .
... ~
:.-~ - ..- : ... Caphulo%
O trabalhisrno garícho
Qu_alquer ~nálisc. ma!s profund a do trahaJhJtlmo ~:1 (1 1~1 • ~:rsJ: /tn :u,n
1 111
e evoluçao polfttco:cl: uoral.~~>.P~~foc~o 1 9~.>-:>~ prm;rm:J W t' wr~llltilr 1111 n ,
111 1 11
Em cada um destes ní · . .- é
aparentemente, nítida e c veis, a ~lvisao de tarefas entre ambos os Ifde~es ~
das lideranças No Iara, salientando o aspecto de complementanda_d
· entanto cada t f . . . . ec1sa
·, ser cumprida em context 'd't ar~ a engendra pnondades distmtas e pr do
por sua vez, a compone~:e ~ ere~~mdos de evolução da luta política, geran as~
qualini. onfltuva no relacionamento entre Vargas e p
Nesta parte, analiso 0 rei . · pri·
aciOnamento Vargas-Pasqualini nos doiS ..
o.~~
· .....·.,_ . ·. .'níveis:· projeto poHtico-nacional
· c projeto ~ .• p ·
· . de construr~c
.
b
':<. :·..: 1'
. ... ra ... athista; liderança naciOnal c liderança· reg·
tona 1 No caph 10 3J uo artldo
_ . • r--
:;··.. · · caracterização do PTB gaúcho como partido c cor~c , · " ;. ,que d1~cutc
.
:elacionamcnto e~tre Vargas como estrategista po~:~o~tpnnan~, .a~allso o
·nador e teónco c asquahm como
doutn ·
' I
. : :,
.· ·_ MaJ's precisamente ao nfvel polftico, os setores modcrnizantes pass ...···:.i":·.
. arn a ..
considerar a democracia liberal for.ma I coómodmedro mJ~trum~nto de manipu.
Jação dos privilégios dos setores ~aiS retr ~r~ os a o Jg~rqUJa . O próprio jo.
go eleitoral é visto como tcndencwlmente vJcrado pelo . peso
_ do voto de cab rcs.
d
to e pelo predomínio da oligarquia rural. A mo ermzaçao econômica c 0 ccJm.
bate às oligarquias locais passaria- segundo? pensamc~to tencntista, compar.
tilhado neste ponto pelo pensamento repubhcano._vargUJsta- ncccssaríamcnt ,
por uma centralização de poder e conseqüente. diminuição da influência da;
oJigãrquias regionais. . . .. ,
Ao nfvel polftico, a democracia liberal é v1sta como obstaculo a este pro.
_cesso. o Estado Novo é de certa forma o coroamento desta tend ~ncia. Evídcn.
temente, a crise das democracias liberais burguesas em nfvel internacional ace-
,Jera o desenvolvimento autoritário e os aspectos corporativistas do fascismo
chegam a ter alguma influência no regime imposto em 1937. Mas o projeto
central do regime, a meu ver, vincula-se a um processo de modernização e cen-
tralização visando um modelo de desenvolvimento nacional autônomo. o co-
lapso da democracia liberal-conservadora é visto como corolário necessário e
até favorável ao reordenamento do modelo econômico e social que exige, por
sua vez, a implantação da legislação trabalhista. Deste modo, a componente
nacionalista do Estado Novo passa a imbricar-se com a aspiração modernizan-
te e centralizadora, assim como com o processo de incorporação das classes
subalternas.
O próprio Vargas,-assim justificava, a posteriori, o regime imposto em 10
de novembro de 1937, perante seus crflicos de 1945:
Creio ter exposto a largos traços as raz6es da implantaçao do regime de 10
de novembro. Mas a açao posterior do Governo, durante estes sete anos de traba-
lho intenso e ininterrupto, ainda as torna mais claras e convincentes no jufzo de
quantos queiram examiná-las com isençao de ânimo c senso patriótico. Todas as
medidas adotadas, a partir de novembro de 37, revelam a preocupaçao séria e
constante de fortalecer a unidade nacional. Vfnhamos dos excessos do federalism~,
com autonomias estaduais, levadas quase ao extremo de soberania e tratamos, po~
isso, de revigorar e estender a autoridade do poder central, tornando-a efetiva em
todos os recantos do território pátrio. Na execuçao do amplo programa que nos
traçamos de reconstruçao nacional, nao vachamos um só instante. 8
I
:\1 ,,,, 11 111ir 0 ~t \ lTll \ em 19.10, nem :10 mcn era o~ervada legalmente a
um rc
t<' •' illllt'l1d., ··''' dtl Tr. tl:nhl tk \ a~ ll hcs, que prcconiwva J JOrn ada de otto horas.
instai
(\ 1-'m th , di~ f · ,,, i' w' SJ\tr:>. t'l tb lei civil c c rncrcial sobre m~so prévio c contrato
de 19
d,· 1' ··'\·i• dt• sc'"'IÇü'. 5-l' lllt' ll l(' :1 t·i que criou a s caLxas de a poscn r :-~dorias e
1 ·n,, ·s 1'-'r.' '\' f1:rn)\'i.trit ~ • pNiu:\ri s c :t de n idcn rcs, de 19 19, podem ser con-
~ t. la;,d; t~ l ·~t, f,lç.iu tt.l t~.l lh br a. N nJ:1 mnis c.-.:istin de séri o, mesmo porque, na men-
t.th,l.ld<' ti, ' l''' ''i,· , li· l'n t.1n, nwit n.s dO$ q uais hoje ~e :1prc.scntam como cam-
1''•"·::- d :1 lkllll ·r.tcla p:1rn dispu tar as simpatias popu lares, as reivindicaçces do
l'r,,l ·t.m:nl( n.i l' 1.1:~,,._, m de "·:1sos d • polf in " , que se resolviam nas prisóes e de-
1 ' fl,l . '11 ~\llll .Írl .lS .
\ ·u,,r, \"' a 1~ ·nluç.l d · Jn. umn dns primeiras inicintivas do governo foi a
.-rt.t,-.1,, ,, ~l ini:-tl' rio til Tr:tb:tlhn.
~ • n,·,•:-.,,·m ' de h~í -11 s :1t1 trit,un:ll da c nscicnci3 pública. muitos dos que
h~'F :md.H l .1 r:.\1Mi r-s~.· ·omn p.1L1llinl s dcm ráti'm ha"eriam de ser condenados
I 't nr c ..k ( r r --~ 1l . J ' tncúrin govcrn:tmcntal. de inC.3p::lCidad ' de extors:lo e
~.m.in:t.l '''ntr.l ' ' lfgittm ' ' intnc::...;;cs d pov brasileiro - que bem os iden tifica
·ntr 'rlunt~I .L c: r ·:tci m.1ril ' qu~ dur:mte de ~n i s sustentaram no B rasil a
f'1!.i1.:.t d,1 F. 1:1 '1-f''!I''·'· :tf"O:ls ch:1ma o :1 intc"i r quando se fazia necessário
.\1.'1(\~r { '.\', t1. :l .tf.l r rei:\ tx ·a :1$ r ci,i ndic!l L ·' s d f'XWO, d s lrub.11h!ldorcs - os
\ dU.i ',"Jn\\ rr
-...hll l' f l.'.' d.t rquc .I l.! N:t .i(\ , E ·ssc r o\· s conh~ce de sobra, c
s... • u · .:l,·s nun,.t t .,. • n.tJ.t c n · nhum ~· n ' f!.ci f'"1<..k cspaa r. 11
(
titufan
VOlvim
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signifi<
É n "'!' m ' ' mo di.s ·uc d:l em::tnJ da P:il rb que Getúlio assegura, de da ante
fMmJ ~llt'f:óri :.1. r r rno 3 dcm ia. vam so
desta a
O ~.~m3 i:tSti! ' · n:ll d p..1 ·· I3lllbém njo deve causar-nos apreen.sóes.
PJrJ VJrgJ~. o .:.~u perí do de governo .. incorporara à \ida política boa
CC
p.3 rtt' J pu L "JO Jtl\-a., dos liJ lhadore.s e produ tores da riq ueza nacional, :B
146 . . ·~~
.'· .:.
polfttcos.
. O livre JOgo
. das forças sociais, no estágio de evolur~o'r' a q ue atmgimos
· - éa
anarquia pura e stmples. ~ta verd~~e, cabalmente confirmada pelas im~·ç~ da
guerra às grandes potêncms mundiais, torna-se de maior evidência em relacão aos
povos como o nosso, em plena fase de crescimento e expansao. 14 •
I . .. • . ' '
. :., :<...: .·_;·
.~ ·~~
.- ·J
das indústrias-chave, se cedem os materiais estratégicos e se confiam a marn; alheia,
os fatores capitais da defesa nacional.
A Comissao de Planejamento, com a firme colaboraçao que estabelecerá en-
tre os elementos militares, preocupados com os problemas de segurança, c os maL'!
amplos setores da atividade privada, vai realizar tarefas que serao verdadeiras pro-
vas de sclcçao patriótica. O novo úrgao do Estado saberá, por certo, contrapor-se
aos propósitos solertcs de especuladores c monopolistas c às influencias pessoais ou
de grupos, permanecendo fiel aos superiores interesses da Naçao. 17
E~boça-se de forma nítida, no Vargas da fase final do Estado Novo, a
chamada ((questão nacional,, base para o erguimcnto futuro das "bandeiras an.
tiimperialistas" que se tornariam o eixo central das preocupações do conjunto
da esquerda brasileira -c do próprio trabalhismo- apenas dez anos mais tarde,
a partir dos eventos que culminariam no 24 de agosto e na Carta-Testamento.
Getúlio Vargas foi certamente o primeiro- e possivelmente o único líder
polftico brasileiro- a antever, ainda antes da derrota militar definitiva do Eixo,
o inevitável enfrentamento do nacionalismo progressista brasileiro com um
novo adversário: o imperialismo norte-americano.
Em outro discurso significativo, pronunciado por Vargas em 7/11/1944,
ele constataria:
'I
A pol(tica, portanto, que o Brasil precisa seguir é a da sua expansão das tro-
cas, sempre que nao sejam dirigidas pelos monopólios internacionais, que nos colo-
cariam, bem como às naçOes que nos tolerassem, na situaçao de meros servidores
dos interesses financeiros privados. Como as plantas novas, certas atividades
econômicas nacionais carecem de ser protegidas contra os excessos de sol, os ven-
davais e as pragas. 18
E alertaria seus ouvintes, de forma profética:
Já em 1936, o Tratado de Comércio proposto pelos Estados Unidos, e por
nós aceito sem restriçCíes, objetivava principalmente salvaguardar a liberdade de
com6rcio entre os pafses democráticos, ameaçada pelos expedientes perigosos pos-
tos em prática pelos que hoje combatemos de armas na mao. Nao podemos admitir
a hipótese, por isso mesmo, de que terminada a guerra e depois de tantos sacrifícios
venham a persistir nas relaçCíes entre os povos os mesmos processos condenáveis de
dominaçao cconOmica.
Concluindo, mais adiante, seu pensamento, Vargas vaticinaria:
A excelente máxima de "viver c deixar viver" terá de presidir aos ajustes e
convenios futuros. E, nem vale a pena pensar em que dcsorganizaçao caótica, de
revoluções c perturbaçCícs, mergulhará o mundo de novo se nao for ouvida a voz
da razao e nao nos convencermos de que nao é possfvel a hegemonia de nenhum
povo ou raça, isoladamente, sobre os dcmais. 19
Os anos de 1944 e 1945 veem portanto amadurecer em Vargas, a con-
vicção- justificada ou não, mas essencial para a compreensão de sua estratégia
política futura -de que tanto a legislação trabalhista se encontrava ameaçada,
148
.· ·_ . . ·
)ano ínterno, ~elo retorno ao eeu~rfo fi:H.:Jr111 al r};1 r~ htr~:1 ::. JJf,•:r ~~f- r;Jíy;fittpli
~ ~crrotadas ~r~. 1~~0;, c.p~ ar~tfJ pr ~J ~d c~. J~T '.JJt.tu r](; r1 _,>,t lr'lf 1l'tÍ111•.r1ft, 11 ;,-rj , ifl!~ f
0 0 1
tônornO poderia SCT :,olaJMÚO por fwr1 ,J!1 l,l,(Cr wa r~ 1 HJHIJ~1 ,1:í t.i 11 ~, ;r;;;r~:::,J :11ft /UI
~~gcrnonía nortc-amencana que Jil r.e rJ t r.•·ntJwla w1 liTJaJ rl:s, ~;~~ww•h qll'íli H
Mundial. .1 , s
Quanuo 'L
mu·'an<·~.r· r' t
.,, .•
,., 1 1 -
"'-J lJUil ur:a ut crrwr; on:tl tütJJJr1 ·;wt 11 t~ tJtd'~" '
u :('..., ,,..,
do dia a qucs tá~ da dcm~Jcr~cia liberal, lar l!í'r' pr e~:::tutr~ 'f";; .r:r;ttí: ftJII~li!!IJ ;,
r';ordenar o rcglfne P~IHtJ CO· lil,~ thudcHJf11. CtJTIHJ 1 ali~~Io ;~t.;rrl ter tjiP.í ;~fJat,,J,, ..
nar, pari passu, o proJc~o nadonal -tk.,ewtol'tlrn';tllhla qu•;, tJ J~r; f:Jr1tJ J ltntJ J11l·
ciara a ímplantar'/ Aqu1 r:c ~li ua, a m eu ·1er, uroa tf;tt; eh an.:~ do t JIIcw.ftTJia JIO
da questão dos partido~; polftlcoG ;ureJdw; err1 1~45,
É interessante ob:,ervar tJUC, ju!ltarncnte rler,te per1odo, VíH1fiJ~~ p:JI;~ :t H
colher ínformaçõcs rnlnudoí,ar; junto a Pcr(HJ, ~.Hia 1/é.r; úe. uw errJJr;~(j fltJ, (; , J,
César Vieira. Segundo e:; te, Pcr(m erltlcava a ; p er:ur~ crlte, wt époe:1 1 Oi; H·mlJJtJil
polfticos", o:; ilcarcorníuo •'\ que C".t.lltíam no Hran1J e outro;l p:t (I;e~ 'f lH) JH:HI·
11
O dilema com o qual :,e defrontavam t:ml.o Van~:w yuauto Pcr6u Jm.JlcavH
urna única sarua: era pred:,o forjar oH i n aru rnento;; que permlll;mcm mau ter ar-;
linhas rne:Hras do nae..:ional -dc:~cnvolvimentirano c a Jq~la l;t~;ão tHH;ial dlatlle tio
quadro polrtíco-iniHitudonal de urn<~ lncvllávcl re· tonntlttJCionallza<;flo. O n;.
ceio de que a CJbertura poJftio> ~ in:,titudoual poar:a rcpr ef!cntar um returno:\ si-
tuação pré-1930, c, port a nto,<~<> tlornfnJo polftko-cleltoral dar: OliJ!,flrqulaNllhc·
ral-con!,crvadora:> é 0 ponto central díJ:l J>reocu pa1f>cr; d e V:tq~a~: c r{eu:-~ Hc,.ul-
!.lorc:i. Se o E·aauo Novo, ccntrallzado c autorll(lrlo, permitira enquadrar os In ~
tcrt~sc:) oligárquico:: Jocai:l crn um Niatcma que earanlla a h 'J~C IIHlllia do setor
rnodcrnízantc :lcrn Jiquillá-Jon, man antcr: rwhonlln:wclo-ori :um lntcre:;~a.::l C:i·
tratép)(;()H do poder central, cowo ra~~ rla porwívcl lutar pela ·ow;crvaçf\o desta
~l.t:gcrnonht dentro do novo quadro lwltltucloual llhcral-dcmocr~th.:o'l A l'anka
·' <~fda po:. fvcl neria a aladío de partldoH polftl ·o1-1 que pud ·tticlll enfrentar as
fr>rÇ<t"' líherttl-comtcrvatlor~IH que rcruontavarn ri tla~l m:íqulna~-1 clcitoralll apoia-
da~ nãr; oJl1~ar4uhH' rc 1 ~ionaiH. C:wo contrário, tH-1 for<;a:l derrotadas em I ~no vol~
.~ \ ..
. ,,...· ·'· \ ...
MIII I.JO'I'V.CA LA SAJ,LJI.
n<~lf)"ot)(J c •NOAB - llt
\.
...
.·
...
artido essencialmente vinculado à estrutura de poder estatal e, em partic
P · 26 L'de 1
às máquinas das interventonas· esta d uars. I rar. o PSD de tOrma
,. efetivau arsÓ
será possfvel a partir do controle pelo menos parctal do aparelho de Estad~. É
este controle que 1·ustamente escapa a Vargas em 1945. Na verdade, 0 PSD .
partir de 1945 expressará ca~a vez mais·
um segmen t o d~s pr6 pnas Já a
· forças libe.
ral-conservadoras. o própno Carone coloca de maneira bastante radical
0
caráter do golpe de 29 de outubro:
o golpe e a queda de Getúlio Vargas repres~ntam luta as entre duas facções das
classes dirigentes, cada uma delas tentando almnças e conchavos para permanecer
ou conquistar o poder. Só que as alas vencedoras, a de Eduardo Gomes e as da
UDN, que neste momento se aconchavam com Dutra e os do PSD, representam
uns e outros, civis e militares, os grupos mais reacionários e anticomunistas, os gru~
pos mais entreguistas e desnacionalizadores, que vão tomar conta do poder e des.
truir, um a um, grande parte das conquistas econômicas e sociais estruturadas nos
15 anos anteriores. 27
Assim como Vargas, Pasqu2.lini t:lmb.:m defende . :. ... m~ . 2 ir. IY r:.;,l.._ ~ ...
Estado na economia :
Entende o trabalhismo que Pocer P · ~-.:: .:- C:!'> -~.:~=:-::r. c: . ~~~ ~ ··::--~ ~.::~ -:::- ... .; . .
co nao para desorganu:ar a eccr: ":J: -.., u.; .:.!' ~ ...:._. .: • · -- .:.-...: , ~~ .: • .,.,._ - · - - ~ _,._
I
" . ." ....,-- . ., ,_ .... . ' . r ---
~ - ,...~ .
, ,.. . .,_ , .,.,_ -· ..
• _ __: · ~
forças do aca_~ pelara ::i n :lliz:: ~ . p;-e\·""r2í:cL e .; \~ :-.::..::: : ~... ..,_-.s:.__ :.._.; "- ::- .: ... ~-..:::~~::::
cas que tantos malefí i - e ~ frime.n~ cs C..:.t..'2m .:~ r-.--·v ~ ~-: -:.: ' c-:.:: : ~ "' :r:;-=-.--~..::.s
à falência e muitos trsbalh d ~cs .~ ~ -....:i!rr: p:-~f E~:.: ~ ..'..: :, .: !::: ~ . -:~ . -.::-~ ~ .:-:
bir o abuso do p...rxl er cr n ~m ic-ü, .s ~ -..1=-n~..l .::..:_.7.;;- ~: ~' 1.. • tn...s : ~.: . --- ,~_;..-:~ ::
•
mon o pólIOSetodas L [ < "-: ... • .-.. - • ,,
1 ' \ _;. ,_., • , _ .. _ . ....
~ ' -" \~
.... ' ' 4 ~
asm an er:L·qt.~ --~- ' ..:. ~ · · · " ~ .. ... ..:. ·'"~" ~ ·~ --- • t ' .. ,
proporcionando a alc,uns lucr ' r~: u: .: ~ .s.. 8 4.:.: -= ~ \-~ :.:.:::. :::
:::: ;;-='~ . ' -.:1 !\ ',
guiar as relaç~ de· tr:lb lh , p3rJ .....;;..~f •r2.r 1~.:..." -~ f .l:-.1 ...~:.::-s .:.
que não exclui o e.xato cu m~ri m~ r.t ... ::- us .:;;"' ~-~ i'..l:-.?. ,... ' --:1 .1 -·.::: : :-:.. : ~
enfim tnter\n.r
. ' p.3 ra que !-e re~ ,- e, em t L_-4., ~ ·u,
...... · · ~ ..
~;
• ... ... ,
r·. . . ' . . , .
;. , ~ -: ... ..
.. . · • . · - ' · ·) ... ~ - · - . - · • •l ...
. . , . . _, . .
de\'_·e ser apenas um'"' fr. '" \"' .... :"', ffi'1,••• ' • ~ -i , · ' r · :.1' - T\..,_ ·· -~ .... ~ : .• · ' •....·' ~·.. . -· ....
..:1 • ' U-4....1 ~1 ,_.."1 ...
4
""' " lj, -... __ _. _, : ""' ""'--- - - " " . ...__ .. e, ~ '-- ~ ~ ~
153
. . · Como J'á vimos na própria campanha para governador, em 1946, Pasq ·
, . , d . " ua.
lini ataca 0 "capitalismo individualista ' q~ue ten ena para o. mon~p~Iio, para
'' a hegemonia econômica, para a exploraçao do povo, para ~ tmpenahsmo". o
trabalhismo, na versão de Pasqualini, vol~a-se co~tra. este tipo de capitalismo
"egoísta e agressivo", que gera ((a opressao, a mtséna, as guerras, a desgraça
das nações.34
Mas 0 trabalhismo brasileiro, embora combata o "capitalismo individua.
lista" e o "liberalismo econômico" não propõe, naquela etapa, a "instituição de
uma sociedade socialista" no Brasil. Já em 1946, Pasqualini constatava que "o
'. Brasil precisará ainda longos anos de capitalismo. Não capitalismo individua.
o
r
i
lista, mas de capitalismo solidarista. 35
Na justificação que acompanha as Diretrizes Fundamentais do Trabalhis.
mo Brasileiro, redigidas em 1948, Pasqualini explicaria ainda melhor esta po-
sição:
Pondo de lado quaisquer considerações sobre a orientação filosófica de certas for-
mas de socialismo, mas encarando apenas o tipo de estrutura econômica que ele
apresenta com o objetivo de obter a eliminaçao crescente da usura social ou da ex-
ploraçao do homem pelo homem, deveremos observar que, no Brasil, nao existi-
riam condições materiais, objetivas, nem condiçOes psicológicas e políticas para a
instituiçao do socialismo, isto é, nao lograria aqui alcançar os objetivos visados.
(...)é preciso observar que a socializaçao a posteriori pressupõe sempre algo que se
possa socializar. É necessário um certo desenvolvimento industrial, que nao existe
no Brasil, e que esse desenvolvimento tivesse atingido aqueles limites em que já
nao seria conveniente que se mantivesse sob o regime da iniciativa privada.36
Em conseqüência disto:
O trabalhismo nao é, pois, necessariamente, um movimento socialista. Como vi-
' mos, o socialismo nao é um fim, mas um meio, isto é, uma forma de organização
L
I econômica tendo em vista a eliminaçao da usura social.
I
I I Abstraindo das diferentes concepçOes socialistas (... ) - e considerando socialismo
I
simplesmente a socializaçao dos meios de produçao, de circulaçao e de troca, me·
diante uma planificaçao da economia, observamos que 0 sistema seria inexeqofvel
num pafs como o BrasiJ. 37
No entanto, Pasqualini, a partir da constatação da existência de dois ca-
minhos distintos para se atingir uma transformação socialista, reconhece
também a existência, no mundo contemporâneo, de dois tipos de socialismo:
Como, J>?ré~, no estad~ atual, se poderia alcançar este objetivo? Parece claro qou~
os propnetános dos me1os de produçao isto é os capitalistas nao estarao mUI!
j'áO
dispostos ~ entregá-los ao Estado. Haveria, entao, dois caminhos: um, pela rebe 1
o ' '
dos própnos trabalhador~s, que acabariam, pela violência, isto é, pela revol~~;
0
por tomar conta das fábncas e das empresas em geral· o outro seria um camo o
ot o ' d tdét3
pacffiJCO, oco~s t1 uc10nal ~ democrático. A massa trabalhadora e os adep~os a esa-
se or~amzanamo em partido e depois de alcançarem o governo, começanam a d
propnar as fábncas e os meios de produçao, indenizando os proprietários.
154
,-emas aqui, &enhore..41
· ..< •
1 a41 dua41 forma d
~ e Wclislir.mo· d
~ctrtD, revoIuctonano, que pretende •tlca . · 1 e um l"do 0 ll<><.:h ll~m 1
A- • ·d . • nçar o~ ~UI! fi . (, n v o-
viofçucta e que se 1 ent1fica com n com . , · · · m11 pc1a luta dt ciH~l.'{Cs t .1
. · Unl!lmo Dn outr 1 ·• · pc H
e ~e~ocr át ICO que mtenta alcançar C~'lc~ fin~. elos . o, :'~0,, o so~lall~mo pacffico
[].3!S. p . procC~-ti\Of, lcgmq C tonsfítuciO·
l l
L f I f ,1 L"•
· clpuamcnf(~ em vlrw• m1 ncccssldudcs c os Interesses das classes trabalhado
(... )""l dlrlu el<! nus !Jin:tr/u.v ftuultmumltJÚ' do tra/Ja/hismo brasileiro. Este ras
Hdo lcrf:t, fWJ~undo Pmíqualinf, us f{eeufntcs cnractcrfstfcas: Par.
(~ nr.ccr.mírlo, por fim, ntlo cr.qucccr que, nflo obstante as concessOcs feitas ao .
wllnmo, um 1•urrldo Truhalhl.c:lu n(lo pode ler C<Jruclcrf.-;ti.cas tipicamente burgu:•·
<Jcvt;mJo cMulx:lcccr, com prcciNrlo, u Ruu doutrina rclatJVamcnte à forma de 0 s,
nlmçflo ccon()mlcu c fixur Wl objcl ivo~ pc Im: qums • se bate. Só ass1m, rga.
· cada trabalhis.
lu lcrtí conr.ciCncla du ra:tl1o pclu qunl mllltn no Partido c só assim irá o Partido ga.
ntwndo comd.o;rCncla c cocN:Io."'J
Neste sentido:
O J,urlldo Trab(lfhista, (...), deve ser um centro de formaçao de lutadores por um
klcal, de c.Jcfcnsorcs do.<~ Interesses das mass<lS trabalhadoras c nao um viveiro de
oportunldudcs c de poWicos profissionais. A linha do Partido deve ser dilatada por
obJetivos c j:amuis por Interesses de caráter subalterno. Nada há que possa justificar
umu stltcwçtlo nas diretrizc,'l dessa conc.Jura. Todo c qualquer desvio será uma
tr.Hiçao praticad:a contra us classes trabalhadoras c contra todos aqueles que acredi-
ttlm no trubalhlsmo. 4o
156
:..·';.-.·.:· em nJcna cmnpanha de
1946, no comr . d .
. ·: r· . 11 •• . ti Cto e C.1.x1as doS 1 . 1·
· de dezembro, n um rn~ as eler~·ocs ele d' . ." . u. rea Izado em
· J4 ' ma, como Já fo1 cilada:
N().~.c1o prohlcma n.no ~ upcnas vencer unrt ·
6 . • c1cJçao e controla
protl!CilHI Cflllf llll1H mcntalid:tdc sociuJ ( ) . . . • r O governo, nos._~
dcnto.ç.-41 ... par..t renhzar o programa que defen-
?~~f~%}i,;~'> '
, ' · .. ,jr; r:Jt:J<J rntr1tr.; p~n;hdmtrltJ: wJ rJfvel -irt; :
. ·" Í'-' Tfl "i' t;(t;ft mr1 - ' 1 rrJ'[J 't • . · - '
agrfcul~f(;~, ;J{;.:fr)!1T,<•.Ii ' ,.., ; H(; Hf_:;, b~J'i;; "~(){;Í-:1) uCJ r • li·
,<t!;~f_(~ ~nti1o, fJ •
· A
nm
trapartfdárw, _n;! ampffa((1J> .d.~ TJ: r J~m~VJ c t.crnpcnu1fJ na. Jut:t ,;;r.mtr~ (J Pso.
1Yf"D ú -~ r·(, , ~ ·•!f'I.J('() [j(J ,_.(_..IJ ,,U ·j •, -~-/1..
r:r_J/.i!, , f(-f. ·(ocJ !'-~
~' , u gí1 .c,lO; ..1 -· . ,_, -IJ ''()tfrrw para perr cr u~ '"'"' _ ,r,,m pí1r;,.
H
1l.{.l " " '
a.cab~ri-a &~.;rHJo um p::~.rtfdu ~.í;l ~ ~HJO cxtrc:~;r, na prática, f u nr(Jt;~; qtJe ;w fiJ'It l n:;_.
ganha r." E z,anhí:indo e ?ít:c:na . , , . Jaliz~(J vn~-J> CI), Jdcali:~.nda. !; ;,.rtfçf;l~-<l<!
cfonal !-f;riarn dc~cmpcnhttd~"' pda Cl
por Varg,a.
1. n''fl.'''J í• ,.,.liJY;c. de .~eu~ dcJi:· Jr_ranr1r·'í lfdr•r.-.~
.- • • . ' ~· IA(j(;.')GfP;j f (;.{;1f v
V v .- . ' . ~ . • ·• '-''>
Apenar. ap J, olid . do p;:ntfdrJ é í1'/:urrwJa P'Jr Jangn e Bnmla, c t:i
bi.~t.órícon, quando aà cr~~f.:c com fmpcto: para mantcr-1><; f1t.l í:10 pmg_rarna
tencMnc,1.a afloraria -~·mrp>~;rtr~~o de governo no PTB gaúcho (1959-63) fol n<:--
trabalh sta, no t cgunuo " 1 . • . , b..: ' - --. · . •
"-- • T(>rnp'"' .. ui' rcnlc" cnm o PP.P, como tam an cr.:p.c!Jr do r:e1o
" , /.
0055<Hl0 Tl<tO <>V -
do prúprio partido 0;; !)Ctorc:;. vinculado;; ~(J cf}](~~at~J .rural. c_a cl~:/~C ~n~~a
1
.., .. · - · . •
Neste sentido, nfio se pode dizer que Pasqualini defendesse uma posição
"atrasada" em relação ao conjunto das forças populares e de esquerda. Vargas
é que, de fato, tinha uma posição mais avançada e coerente na defesa de um
modelo de desenvolvimento nacional. Mais do que um projeto de partido ou
um projeto de reformas sociais- ambos presentes no pensamento pasqualinis-
'? - Vargas era portador de um projeto de nação. no qual os projetos partidá-
nos e as reformas sociais eram componentes de uma .estratégia global mais
ampla.
De qualquer maneira, havia uma componente de complementariedade
crescente entre os dois Ifderes. Vargas demonstraria. durante todo o período
1945-54, uma coerência básica com 0 seu projeto de desenvolvimento nacional
aut?nomo. O próprio PTB constituía não apenas um~ peça fundame~tal n~te
proJeto, mas 0 seu instrumento privilegiado e essencial nas fases I?ais críticas
d.e evolução do processo político. o PSD, na verdade, cada vez mats desven~a
;~a a sua verdadeira natureza de partid? libera~-co~servador, porta-v?z dos m-
I .
eress~ de um importante setor das elites na~wnats. Em s~a .~sência, ~ PSD
era n~ats fiel às elites do que ao projeto vargmsta. Esta ambigutdade básica do
relaciOnamento Vargas-PSD precipita-se para desenlace de cnfrentame~to a-
berro, no cenário político gaúcho, já a partir de 1946. Mesmo ao nfvel naciOnal,
~ PSD se afasta de Vargas durante todo 0 governo Dutra e o PTB é ~ue setor-
I
l
.l
:i
ará o instrumento privilegiado da volta ao poder, em 1950. A aliança Var- I
. gas-PsD-PTB só se recompõe, ao nível nacional, n? segundo gover~o Varg~ l
.> .-·· ~~ambigüidade do PSD volta a se maníf~tar na cnse de 1954: as elites brasi-
,. ">.·... Iras- e com elas 0 PSD _já estavam mats tentadas por um modelo de desen-
. . ': - .
159
.. •.~ ''\ ::,?:,::~~~
volvimento integrado e subordinado aos interesses ~egemônicos externos, para. ~ (-->
cuja plena execução Vargas passava a tornar~se um mcômodo obstácu!o...se
É nas fases em que Vargas mais se apma no PTB que 0 s_eu relaciOnamen.
to com Pasqualini será melhor. Na campanha de 1946-4~ amd~ haveria urna
grande desconfiança mútua. É verdade que Vargas acabana ~~mando a candi-
datura independente dos trabalhistas gaúchos,_ mas ele as~u~una a ru~tura com
o PSD apenas em termos regionais. Só falana em um umco comícto no Rio
Grande, dedicando-se bem mais à campanha eleitoral em outros Estados, nos
quais prevalecia a aliança PSD-PTB. Pasqualíni, por ~ua vez, _evitava alimentar
a mística getulista: suas referências, na campanha eleitoral, sao sempre ao tra.
balhismo como movimento político e jamais à liderança de Vargas ou getulis-
mo, que dariam o tom da campanha eleitoral em outros estados.
É na campanha de 1950 que Pasqualini, como candidato a senador, assu-
me a plena defesa da figura de Getúlio na sua qualidade de líder trabalhista.
No comício realizado em Alegrete, Pasqualini colocaria de forma mais clara a
sua interpretação sobre a liderança de Vargas:
O movimento trabalhista é, sem dúvida, no Brasil, a obra de um rio-grandense e de
um filho da fronteira: Getúlio Vargas. Poderá até parecer estranho e paradoxal que
o trabalhismo seja impulsionado justamente por um homem que tem as suas ori-
gens e as suas rafzes no meio pastoril que, como sabeis, é geralmente conseiVador.
Só esse fato seria bastante para nos dar a medida do grau de evoluçao e de ante-
visao de nosso eminente candidato à presidência da República.
A seguir, acrescentava Pasq ualini:
Creio que, assim, poderemos perceber melhor o que Getúlio Vargas representa
para a massa trabalhadora . O povo não poderia compreender o trabalhismo nos
seus delineamentos teóricos, na sua concepçiío abstrata, nos seus princípios cientffi.
cos. Sabe, porém, compreendê-lo através da aç:lo polftica c administrativa de um
homem que o tem realizado. Essa pessoa representa para o povo uma diretriz, uma
tendência que sabe corresponder às suas necessidades, aos seus anseios, às suas as-
piraçoes. Nao segue o povo uma orientaçao por causa cJa pessoa, mas segue a pes-
soa por causa de sua orientaçao.
A idéia é mai~ assimilável at ravés de sua personificaçao, que se nao deve confundir
com person~lts~o. O lfder torna-se o sfmbolo de um pensamento coletivo e o povo
o ~e~ue_ por mtu1ç~o, que é o raciocfnio do instinto. A pessoa exprime, assim, a pró·
pna 1dé1a em mOVImento, em realizaçao.
Quando o po~o diz que quer Getú lio Va rgas, pretende significar que deseja ver
rcaltzada a 1dé1a que ele encarna e simboliza e que a maior parte do povo não sabe·
ria definir ideologicamente.
Vê-se, pois, que 0 queremismo é o trabalhismo representado e explicado através de
uma fig~ra human~; o trabalhismo é 0 queremismo na sua expressao racional. O
q~eremLsmo é sentimento e int uiçao. O trabalhismo é idéia e concepçao. O quere~
mismo é a fé. O trabalhismo é a razao. Mas, a razao e a fé nao se excluem, antes s
completam.
CreJ·o que, em smtcse,
·
poderfamos dizer que o queremismo é a atitude das mass
as
lr•·thalhadnras .diante de um homem que c
. ncarna uma idé' 1'dé'
:)s ~u:ts ncccssttlaclcs c ;)s suas aspirações. ta, ta que corresponde
, l ·t~ t:ssa idéia c essa oricntaç:ío que ('c .
'' · ' ,, cxpnmem p 1 1
oth:riam ter apenas a duração de uma ex· tê . c a pa avra trabalhismo, nao
11~ · , .. . . . ' ts neta humana.
\-IS Imr que Getulio Vcug.ts cnouun1'"' c('tr t . q d
" ·' u ura polfttca ·
ri:t ~ o n~fculo permanente dessa idé·1•1 c d . uc evena ser a depositá-
.' c essa oncntarão d t' d
rcaliz~\-la através do tempo. Essa estrutura polft. , é 'l •. cs ma a a atuá-la e a
ro. L tca 0 Parttdo Trabalhista Brasilei-
A função do Partido Trabalhista Brasileiro po t é ·
d~ ctdcsa das classes trabalh d . ' r anta, ser 0 mstrumento político
. ,, a oras, 0 porta-voz de suas necessidades e de suas as-
ptr~tÇCil:~.
(...). Assim como as massas trabalhadoras· compreenderam que Getulto
, · é o seu
guw, sentem também que o PTB é o seu partido.57
. . . _._ t •
' : : Após a vitória, em 1951, Vargas procura r.ecompor a a!i~nça com 0 PSD, .. ' .._
_~
163
scnt1o apl:mdido c ovacionado não apenas pela oposição, mas pela pr(>.
pri3 hanc~Hla trabalhista. . .
Nn din 23 de novembro, Pasqualuu insistiria nas suas crfticas, de forma
3inda mais contundente:
Sr. Prcsiclcntc, quando se anunciou ao pafs que se iria realizar uma reforma de ba-
se, todos compreendemos, JH~s que a desejamos, que entre outros objetivos, deve-
riu ela operar umn mudança nos m6tO<.Ios do regime capitalist<.t, com o fim de ra-
cionnh:~-ln, ch:! corrigir-lhe os excessos c malcf(cios, de atenuar-lhe a imcnsibilidade
c a. injustiçns, abrindo novas perspectivas ao desenvolvimento econômico do pa(s e
;) próprin iniciativa privada, instituindo um sistema mais cqUitativo de tlistribuiç:.ío
da renda nacional, dando novo impulso <ls atividades criadoras c novas esperanças
aos trabnlhadorcs c a todos que sofrem as agruras tla hora presente.
Scrin de lnmcntnr que tivesse sido apenas um aceno promissor que acendeu tantas
ilusOcs no corflç:lo do povo c que v(ssemos de um momento para outro, irem se
apagando uma por uma essas esperanças ante a mesma orientação conservadora, o
mesmo esp(rito individualista, os mesmos proccssns tradicionalistas, que pareciam
ter sido superados em nosso tcmpu.oa
. s pnmeiros
. . smtomas -•ua "Vlraua
· .• , do governo Vargas ocorrem 1·usta·
mente em acontecimentos ligados ao R. G *o de Jan·
go para 't presidência . · lO rande do Sul: a convocaça co·
' • nacmnal do PTB c 0 . d Vargas às
memoraçücs da Rcvolu "\o F . . comparecimento e uan·
do realiza o radical p ç. ~~rrouptlha, no dia 20 de setembro de 1952, ~tado
.·, .. .acima. · ronunctamento aos Hderes sindicais gaúchos já CI ·
.. ' ~ : ' I
:..~,;: ..~-· ..i.-"'.;'"""""'"""
- ·-
rwlt'idl"' do final de 1952, e a pró . d. "' . · : ··· : ·.· ~ _
Pasqualíni e os trabalhistas p~~chtnamtca do novo entrosamento· ._. -~?
,_.,Vargas~ nos anos 1953-54 poder/. ~ ~s na fase final do segundo go-
_. -AA~ a dinâmica especffíca gerada pela iid.s~r _madis bem interpretada, analisan-
...,.._ · IVL<;ao c tarefas ent l'd
eiOttal e lidcranca
.
regional na evolucão do PTB
. ga6cho.
re a t erança na-
, ,.
A complementariedadc conn·r
•• ,
·
• 1 tva eXIStente no relacionamento Vargas-
I lI
..
I
lI•
rança naciOnal (Vargas).
_E~b?ra P~qualini- ~ue se consolida corno a mais importante liderança I
do trabalhiSmo ao nível regiOnal no período 1945-54- jamais tenha aspirado a 11
de:afiar Vargas corno Hdcr nacional inconteste do PTB, nem tenha procurado I
I
atuar, de for~ a autónoma, ~o cenário político nacional, a divisão geográfica en- ' I
tre as duas hd~ran~ contmha um potencial de conflito intrínseco ao próprio
pro ce~ o polítiCO naciOnal do perfodo analisado.
A fonte básica deste potencial conflitivo situa-se, a meu ver, no desenvol-
vimento desigual do PTB gaúcho - e, de certa forma, do conjunto do sistema
partidário regional - em relação ao PTB e ao sistema partidário no nível na-
tirmal. Com efeito, Pasq ualini exercia a sua liderança sobre a secção regional
do partido mais forte, melhor estruturada e de maior penetração do país. Não
ó p o~ ufa a secção gaúcha do PTB uma influ(!ncia marcante sobre o conjunto
do partido ao nf ;cl nacional, como o peso relativo do partido no quadro políti-
co reg_ícmal era decis ivamente superior ao seu peso relativo no cenário nacio-
nal r;7
De ·de 1947 o PTB do Rio Grande do Sul vinha demonstrando sua capa-
c.idade de concorrer sozinho em eleições majoritárias e afirmar-se gradativa-
mente como 0 maior partido regional, desafiando e suplantando inclusive a
rn~quína do outro partido de origem gctulis~a, o PSD. Do ponto ~e vista da li-
derança regional, tornava-se possível, cons1s~e~te c ~té .ne~ssáno concorrer
·~Oi'.lnho _e, portanto, contra o PSD- nas elcJçoes maJ~ntánas como g?ve~nar
..ozinho _c, portanto, sem 0 PSD, cada vez q~e .o par~tdo se sag,rava vtton~so
no:; pltitos estaduais. Esta tende!ncia pcrdurana mclustve no penado postenor
a 1954, quando 0 mesmo padrão de di~isão de t~refas entre liderança regional e
nacional ~c reproduz nas figur~s de Bnzola _e Joao Goulart~ . , :
. Do ponto de vista da liderança naciOnal, ao contrano, .. ... .. !Tipensável
dL~putar a<; cltiçõcs majoritárias somente através do ~TB_e parecena totalmen-
te Inviável governar apenas com o PTB, em cas~ de _vttón~, dada~ ~raqueza _re-
lativa- c, no caso de diversos estados, a quase mextsténcJa do parttdo no mvel
: ~cional. Isso passaria a constituir um sério dilema para~ liderança nacional-
• ' ·' · · •, M O
... ..·
,·,..-·.
..
•
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. . Em
19)_,_,:,4. . todas- estas • s't ' uaço· .- ,s,, a qm.:stfio do rdacmnn · nH.:ntn rom o 1)" l
-Já d1scut1da- dcscmpenl ~ hl. 1mpnrtantc
· papl'l, mas o JHOhl~nHt t - m lis ampllll.
pro fundo, envolvendo u . . .~ ..
lonoo d h'· . ma pmblcmatu:a que ahnrra um }l ·rindo h ·m num
. _ Naa f 1st
,
6 na rcpublican·t J • I
.
.
' gauc 1a, contorm · scrü dnddndn mais mlinntc. r
para o governoase que d va1 Es do , ingr"s"o c _. t
1 p asquahni · no PTG nt ~; o seu lanÇIIl\t'll tn
li
re um contl't b~ . t.tdo na conve nção ele 11 e 12 ck nm·cmhm d · 19·16. tKOr· v
' o .tst.mtc cxplf ·· t , . . - . . . 11
maioria dos tr·llnlh' . . · . ct n ~.;ntrc Gctnho, lk um la tio c Pnsqn:~hnt l • [
, .. ~~tas ga ucho·· I0 . ' ·t hl
fortalecer e cons l'd· ... ~ t outro. Os ultim )S prorun\\'nl\\ snllfl m
. ~ O ' :1r o PTB rstad l .. . ~ . . 1' "'11 • l'lll
detnmento das tentut' . . . · · U!l ~.:m npos1Ç:10 i\ nuhptllta dn ~ , l .
vel regional. o pri~"'~\a~ g~tuhstas de cnnsolitlar uma alinn~~~ PTB-PSD :n' nt·
· de~ 19-b- quando<.::lro
cta cptsódio t1~.;Me · · cnnllu· rcntP1-S() ,,,, ckli'"'t' . . · ·ide.O·
l''c~ ·
1 '
p
asquar · , ' · · '' ,\ 1·~' 1
recusam.se. a se~~uir a d' . tnl c uma hoa par~da do PTB í'HÚd\0, nn pr. t (
• e:. • 1ret nz l"t r . ·· ·-ncn· .
Clal do PSD. O scgunct . · gt: u lsta elo voto t.:m Dutr<l c·uHlidntn prt'~' t · ·. ; -...
o epiSódio .. . , · '• • · tl\th.Hl , • ·
·166 • Ct:ntra-se na questí\o tlu sm·c:~.;i\O r~. -.
quando. Pasquali~i e a maioria do PTU ,. . .
trabalhtsta
· própna , ao u0 E
. govern<J .• 'S t ítd! L·lút.:ho
J I· optam ' · ' ,1[lr,-~;J f 1;.,, fts p;
fHH rJtrl'l
defendtda por Getulto. É significatl'v . ,, nv ,atJliJz.:trltlo ;, i11law ;f U11r ( ,,, r
. o que C" te últ ' ( ' ' .. J
força deste movtmento - clar·tmcnt " c ma· , l ·'/_ , 1 ttno, dCJi')l·, .'lf• , .. rt·J , rWt 'i..J~ f ~,
v ... ,
_ 1 . • , r;.,r;, V(l,rttí'''
dos 1
. mats radtcats. dtscursos de ,su·•1 carrc1ra
.. '. t. Jl ftJnur
. • •,.•• , , , 1
Jtsta- relattvamente
· ausente em f>·asyualínl · cv,mt,wtlo
. HfJ· ~· orw~.
1 t~t> afllllrr;tt' ,.,, ,,., .
Hder regtonal. 66 Deste modo , Var gctS . rcaf1rma . cs . MltJUcandr> pt lí1 r;"'JirJr·rr1í1" 0
. . JJ ,._ 1 ~
/_ . · utt con< r;.w c.k Jfdcr rn~:drw 1 drJ
·
trabalhtsmo e torna claro que 0 PTB
da sua estratégia poHtica global sera 0 InStrumento partlútírífJ prbíl~.:-''lwfr 1
, mesmo '10 cust ú . )/
to de vista, ainda prematura -c p (; . () c urna rup.tu ra- ÚtJ ;,t·f) vm·
·. . . !•. c~ 1-.Utl ruptura U Jrn o V)fJ
, um o SD De fítt< • •
gaucho torna-se tão áspera c prof d·
0
qualquer tentativa de reconstituir ~~ ~ ~~~ !~vta.h)JIJ~.(~ a m&lío c l'mW' r)r!lí'l'
mesmo tempo, conforme ·á vim . . P . PTJ~-T SD no ni'tc.:l rc~íon~L ;.,r,
esta ruptura ao próprio Ri~ Gr o~ ,a~termrmcntc, Vargall procura "omfin,r"
tivação da aliança ao nf 1 , ~n .c oÉ Sul, preservando a pm-;íhílíúaú'; da dt;,..
. - ve nacmnal. certamente com este intuíto qu'· o c.:t.-
prestdente d nao volta .a fa lar. em comfcios· n<> R.l O 0 ranue ~ ,, . - onde Já. gravl:tra ..., ·a
marca ~ seu potencial radicalismo trabalhista - preferi ndo apoiar uma f" 6rí'·
de candtdatos do PSD em o~tros Estados. É evidente que, com j');;O, Gc.~úlí~
passa a enveredar por um arnscado cam inho de dualismo polftico, impu-ao, de
certa .forma à sua revelia, pela defasagem entre os contextos polftico; regional
e naciOnal.
O longo período de ex[)io interno do "solitário de Itu", entre 1946 c
1950, comprova, no entanto, o acerto da tática gctulísta de 194n, dentro da.)
premissas de seu objetivo estrat6gico de retorno ao Catcte. Vargas pas<;a a veri-
ficar, na prática, a dificuldade, senão inviabilidade, de liderar um partido com o
caráter e as origens do PSD sem dispor de alguma parcela de controle do apa-
r~Iho de Estado -cujas estruturas haviam desempenhado um papel tão essen-
Cial na gestão deste partido, na fase final do Estado Novo.c'J. Para um retorno
ao poder de fora para dentro, o PTB passaria a ser o instrumento privilegjado-
e a sua seção gaúcha, fortalecida pela campa nha pasqualinista de 1947 - uma
alavanca essencial. Não é por acaso que em 1950, Vargas nem sequer cogita em
propor uma aliança PTB-PSD no nível regional. Pelo contrário, ele encaminha
a candidatura Salgado Filho -e após a morte deste- do autonomista Dornel-
les e favorece lançamento de Pasqualini para o Senado. No nível nacional,
vá.rios gaúchos_ cumpre salientar os autonomistas Jo~o Neves da Fontoura c
0
\
194
.· . . do f•lW 'rtl\l 4\lt' m · su ' llt'\1 ( ... )". " Ric ( ,ramte h l·
· a_n o~ , ttnt>
rantc os q uase cmco t-
,:nti ), t i .' m ma t' m lllnlt \ p;1rn ""'
·
l' )ntt~ u O
G d ' A 3 dc ou tu oro c1c · -- · 1 . . ma
ran c. - " ·1o nacional" cxrl:unnrb l'l , nn St.'ll l...' l tnl ' t t dt' bn .11\lt' n t
campanha d~ rcdt.:npç. t L' l '''t't' n dia > :,·qqso. t'lll"IT~HHh). ) \'~m n f"l'
' ' d ~cae m Of( r \. ,:.. ' . • • . " ~C
à pres.t t:.~ t .. d , ítu l0 1: "Pano p:n'a uu ·1:1r tmm ·~nnpanh:l lu·· 11
11
Profética Já ctta a no·crr'3r
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Dl'ix )-te nfi:ultt' n:1tu:t t,ra,·um. n.1 tua k~llu 11 ,
. ·
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Rio Grande, cvo cnc ' · _· •. . . . s, . . h.. , , • l, nac
I L te 110 C)r:-1ç·1o r n c~l m t ). , t ~u umll' t r ru luu . m ~m r•'' ec
no teu va or. .cvo- . .' ',. . ., . .,.. · . " . , , . _ · ,, .
tos repousarao -
n0 t"u ., to ( ...) num wm. qm .llltt l t p .l . tk r·t rt.l fl rm::t ' ·•1 d ·r•
t: - 1 19.:
radeira mensagem da Carta-Trstamrnt ) . 1\ . •• • \ 'OI
Mas a vitória e 0 retorno de Vn rga~ a a tt' t • "llt ·m t.'m st s.; •rm -s e drJ
uma nova situação de c:mtlito c dist anci:1men~ ' .l'n: ~d n _~i ~l Pa~qu ~llini t.' ;.1 ~l 3 11
se trabalhista gaúcha. Conf rmc Yimos. ) mnnst 'rr m l .l d) 'lll L SL t:k Jari
predominância~ pessedista, rcromJ 'lc; n _nh·t.' l ~~IL'i . nal. ~ - a_lia.n -~l PTB-P'D,
mas afasta novamente Getúlio de PTB gauchl. N~1' Sl' m :ltt.'fl:.l h --:1 .1 m as l''pe-
ranças dos trabalhistas gaúchos de '"·r Pasqua lini n ) :\ tinis t~ri Tmb:1lh \
nem de terem voz e yez num gm·crno kdcrnl li' tip 1 :t rti d ~lri . m c.stil u. .
governo trabalhista estad ual de Erncst) Dorndks.: : Durante t d:1 a 1 rim 'IrJ.
fase do segundo governo Vargas, nos an 1s 19.:' l-l 9S2. l rdad n:1ment cmr mo
o presidente da República e o PTB gaú h 1 0 t"ri l' list:mt t.'. nf rme ~m ns- lide
tram os pronunciamentos de Pasqualini n) S cnJ . · r ~ld s a ·ima. ép
A partir de meados de 1952, n cntan t . ~ 3ti..l ucs CTl'S ·.:- m ~s d:J.S fi r~~ part
conservadoras de direita, no nível fedcr~ll. en l :1ni ubr em ·fn.-ul s militar ' c 1~
nos órgãos de imprensa inspirados p ~t a L'D~. f' T \") .Jm ::1 r~ap xin ::--.1 a F
Getúlio-Pasqúalini e Getúlio-PTB gaú h . n s dcrrJdt ·r s an s de ,; :.1 ' \:in<
Presidente.
É significativo que, diante do a.ss~di . o su
na esfera nacional, Getúlio vá busc~u ap i jun tL ;J su:.1 trJdi i n::tl as:e e s ,,_ Pinb
tentação gaúcha. Como já vimos no item 07 da Pane . J ;i G ul:!rt. at~ r. 3. tra~
"
~ ) presidente do PTB gaúcho e secretári d Interior e J 'iÍÇ3 .: wm:1J r ffi""' I
li
Do~nelles é convocado, em maio de 1952. paw assumir a ~e.si ·~nd3 ··) F....., Es .3
,j
naciOnal, logo após os episódios que ha\:iam ulmi a na renún 1J u 1i .;s- PRR
'ili d e
tro da Guerra, o general nacionalista Es tilla Le31.
gaúcho, veterano da Revolução de 1930 e rom id c m Yar as e~ de E.s _.L" laçôé
p Novo, seria convocado para o delicado i\1inist~ri ' 3 Fa~e d~. U\ist
A fase mais radical do Governo Var :::as. n perf . L S.?---5 . r. lf,--_,~2. cresc
\
por uma ~eafirmação das posturas naci naiis ~ e :1 us "3 e u !
na cio
de.senvol~mento nacional autà nom tem c m m d, ' "'U' "' -~ -à.i 't' :c'..!-"'- res d
mmantes us ·
. . J tamente a passagem do trabal.his.ta lT"Jú h
-... -
.-
, r;_
u..H r ::l . . ~--
PRR
msténo do Trabalho ~ . · .::! • _• ~ . ' ·. fones
b . e a sua queda, em tev reiro d 9q i\~1 u -.: t::. ~ u.~ 1 : dmp
tro rás, Pasqualmi e 0 PTB , · · . · ,.,.rt ·~-
dente 12 Na _ _ gauch \' ltam a m biliz3 r-~ ~ n:.1 dd~ ' .. r · :, Med!el
. sucessao gaucha de 19 -4 é . . . . , ·.- ~.s •••
item "a segunda ca ) , o propn \ arga.s. c m P : ·~- rJ ~:t
Jango e B · 1 mpanha
. de Pa·qu · · e s re.,·e.:;cs e ._ :~
- a11n1 , , '• 1n~..•... i; • •
- '". _t.t
nzo a a apotarem . i .,~ f'L~
tulantes maispra""' , . a candtdarura Pasqualini ·m ' trime.nr.. :l ..... .· {~;
o·· .atzcos e mod d · h i;.un ~~
..16S era os - que. n emam "'· s.empre 3\ ·
.. ._
'•--,·,
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seUS fiéis seguidores: José Diogo Brochado da Rocha e Loureiro da Silva. O ! ·•I
1=
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conflito com_ as forças conservadoras, no nível federal, provoca, portanto, a 1
I
l
~I
I
res das oligarquias de República Velha. Dentro desta articulação nacional, o I i
~RR borgista passava a ser apenas uma das peças de apoio. Já nesta época, há lI
dones indícios de que a defasagem entre o contexto político nacional e o qua-
Mo P?lftico gaúcho passava a gerar crescentes áreas de atrito entre Borges de l
p ~e~ros (liderança regional) e Pinheiro Machado (liderança nacional), que l
l
~ enam ter desembocado em conflito aberto entre os dois líderes. Este pro-
'· so seria interrompido pelo assassinato de Pinheiro Machado, em 1916. 75
. -::· . . . Um padrão semelhante de divisão de áreas repete-se; alguns anos mais
.. . -
.
_ · . c 0 próprio Gct íllio Vargas. Como deputado
tarde, entre Borges de Medeiros a ,1 'ISS\lt·n t'r grradativamcnte, o paJ>cl <lc artl zciU
. To passav, ' • , • . ·
federal pelo PRR, Getu 1 . · ·ional do PRR. Este papel consolida-se duran. . ' gi01
d d squema de apoto nac
cuia or o e . _ e
R
, quando Getúlio dá cobertura, no. io de Janci.
..
1923 etn
te o levante libertador dde Medeiros,... impedindo que se rnatcnalizc a Inter. alia
ro, a2 governo Bor~~ado exigida pela oposição "maragata".7e Mais tarde, Por
vençao feder~! ~o . '. tro da Fazenda, como representante do PRR no vitó
Getúlio será mdtcado mm•s pre~
overno Washington Luis.
g v
Em 1928, argas su
cede a Borges de Medeiros no governo do E.11tado
, . . , ·
sob
~ 'd d nçar se para governador pelo Pacto de Pedras AJtas
Este impedi o e re1a - .
' · residência do partido na esperança de segmr controlando epi~
(192á3), .conttnut~dnárat.:local E~ 1930 quando se viabializa o lançamento de um Ap<
a m quma par t · . • , .. . . , . .
· bl' · aúcho à presidência da Repubhca, Borges chcg.i a ser cog1tado. me,
repu 1cano g . . f • , o ·. 1 · /. I
t' nto muita resistência a seu nome na árc,t cdera 1. esco htdo sera
I
,
1 •
mil i
Há, no en a , 1 , • ó ·
Getúlio Vargas. Uma vez na presid6ncia ,da Rcpu~hca, ap s o movtmento re- '1:
~
JanJ
volucionário 0 distanciamento de Vargas em rclaçao a Borges torna-se paten- ' ~........~ em
. · te. No episódio de 1932 a ruptura será _total: ~ar.gas volta-se definitivamente I
<,
só (
~contra a sua base de apoio estadual - a Frente Untca PRR-PL que se envolve- (
ao J
ra no levante constitucionalista. Após breves combates, Borges de Medeiros é PTI
~~-
preso e torna-s~. "um exilado e"m seu próprio país". passará um longo pcr{odo ·, ball
de residência praticamente forçada no Recife e só voltará ao Rio Grande para ·ií, to e
. \ integrar-se na oposição antivarguista de 1945: a UDN.77 1 ' out:
).
Um quadro bastante parecido repete-se no relacionamento entre Flores (·:-, ta ri:
. da Cun}l~ e Vargas. Fl5res, o grande líder operacional da Revolução de 1930, é I: Ne'v
.nomeado interventor no Rio Grande do Sul. A divisão de tarefas é clara: Var- 'I ~
os r
. gas ·na presidência da República, Flores na chefia da máquina de apoio esta-
' -dual do Rio Grande do Sul. É incontestável que Flores mantém-se mais fiel den:
·- aos, princípios liberal:-de_mocráticos da Revolução de 1930 do que Vargas: vaci- lfde
. la~ quase apóia o' levante de 1932, simpatizando com seu aspecto constitucio- ~
rian
. ~~lista, porém mantém-se avesso ao caráter "oligárquico" do movimento pau- anH
lista. ~m-1934 apó~a decid~damente a Constituinte e, em 1937 opõem-se às arti- me r
cul~ço.es ·que Ievanam à dttadura do Estado Novo. Na verdade, transforma-se
. no ulttmo, grande obstáculo à implàntação da ditadura. Por isso mesmo, é dcr- eo
rub~do do poder·est~dual e obrigado a refugiar-se no Uruguai em 1937.7a . qua1
~a fase _r~stenor a.1954, com a advento dos herdeiros pÕ.út{é()s-de Var- , .... gani
g,.ads e asqual.mt, vol~aria a se impor o padrão de divisão de tarefas entre-uma l:'t • vam
1 erança reg10nal - Brizola .d· ' 1 do '. pré-
PTR aúcho. Esta . . _ - e u~a 11 erança nacional - Jango, ao nfve
por u~a candidatu~~~s~~ade áreas Já se delinearia em 1950, quando Jango opt~
quis
necer na Assembléia le ~ de.putado federal, enquanto Brizola prefere perm~
Vargas que promove J gtslattva do Rio Grande.re A partir de 1952 é o próprto
tivat
de a
para
eleiça-o para a pres1·d."' a~go a~s quadros da liderança nacional,·apoiando sua ,.
"'neta nactonal d 0 PTB · ean·
do-o ministro do Trabalh 0 . em maio daquele ano e nom
.Ihista- em 1953. -
0
cargo federal mais cobiçado para um Hde~ traba·
..~ · ·
·
J , . I
..·- 170 , ' .
··.,.
'· __ ,.·,
..
t·
171
.....
a In ucnCJ<tr c moi-
I
.f
·'
'··· . .
NOTAS DO CAPÍTULO 2
1
A imprensa diária de Pono alegre prin · bre-
1
tudo 11.1 époc.t das campanhas el~ ·1 :•pa menteoCorr~iodoPovoeoDián"odeNotíciassalienuvarn, sodo)
an1Iises e interpretações sobre aspe~t':als dne· ~asqualini ( I9~7 e 195-J para governador,l950 para o Se~a
trcWw com I"d con lhvos e uma nva . l'd d b Vánasen·
n:
1 erançu trabalhistas qu I a e no relacionamento en tre am os.
e acompanharam a trajetória dos dois líderes também saiienum deme
174
~nflito no geral \irtual, mas em alguns casos ab rt
1\lS de ~v • · - • e os- entre V
estão f<.,r-am as entrevtstas, Ja cttadas acima J _ argas e Pasqualini Parti , .
11estt qu • com oao Caruso Scuderi L"d . · cu1armente utets
dJ. Rod1a. • 1 ovmo Fanton e Otávio Caru-
sQ . ·tas. J"á cibdas, com João Caruso Scuderi e Lid .
Z Ent«Vl> • D "' . l u - . ovtno Fanton Cob
C.
d<' ... ..~io d.o Povo e 1ano < e' voflc1as. · ertura do noticiário político po rpa rte
"'p·....:n ·i!lllnlent<" Caruso Scuderi e Lidovino Fanton que atuar , .
• " ':t>rb veemcncta • · 3 t es e d e st"tua-
· Io a' " esquerda" de V , tnhmo co ntato com pasqualini defendem
amem
•X;~~I Carlos Araújo (PDT-RS)- foram os primeiros a su~:~s. 1a Carus? da Rocha- e também o deputado es-
:,u olític-o-partidário do PTB.
tm
~ ro:t interpretaçJo alternativa relativisando- ou até po . r ent~evtstas e conversas com o autor- a busca
sstve mente tnvertendo a posição de ambos no espec-
r-:
4 CA..\iARGO,
'. c .
As pasta. ansma e pasonalidade poütica: Var as da "li _ .
1\~. CP DOC. Fundação Getúlio Vargas, 1979 g • CONCI açao ao maqwavelismo, Rio de Janei-
".11l
15
1
Idem, op. cit, p. 38.
õ Idem, op. cit, p. 38-9.
'j. ::..·.
'
• I
17
Id em, op. Cl.l , p. 40. · - Comercia
. I ·,, ., . i ..
_ (O. rso pronunciado na Assoc1açao j ' '
16 VARGAS, G etú lio, op. cit Política de expa nsao das trocas tscu ; I ../
r j: ::.
19
de São Paulo e m 7!12/1944), p.56.
!den, op. cit, p. 56-7. . GV-CPDOC, p.l. '. ·I,: .
j.ij
20 Carta de César Vi eira a Vargas em 1/1/1945. ArquiVO F
21
Idel:l, loc. cit
22 VARGAS, G e túlio. A nova p olltrcc:
. . . José Olympio Editora, 1938, "Proclamação ao
_. d o Br em·1 Rw de 1anetr0 ,
tJ'J, :.
I I. f. I
'J I f •
. .. . J •
povo brasi!'!iro em 10!1 1/1 937. v. 5, P· 20· citação p.l74-5. I J f , . f
~ CARO~E, E. O Estado Novo São Pau lo, DIFEL, 1976' 1·1·1 ''•j
i.
24 ' •
· d o P,ovo, 12/11/1946 ·
CorrttiO
'
.d
6 65
f'ticos no Brem·1, Sa"oPaulo• Alfa0mega, 197 ,p. ·
~5 C'A\1PELLO DE SOUZA • M . C., Estado e parti os po I PELLO DE SOUZA. op. cit
I • : ,
., .. I... ,.
' ,.
26
Sobre a fo rmação do PSD ver o exce 1en te estudo de CAM :t.,f
27 " Ver citação completa nas p.
CARONE, E. op. cit, p. 349. . b "I eira manifesto e programa ·
25 . 11 " União socla 1 rasl ' . .
Co~1o do Povo, 16/9/1945, p. • M 9 já citado, pnnci-
U-S deste trabalho. lho sobre a greve de 1917, BODEA, · 197 '
29 s b . .. . er meu traba . d no
~o re a tnfluênci a do po sttlvtsmo v . d d mt"ssa'o" pub 11ca o
PJlmentenocapítulo3. . doPovo 12(7/19 e 44 " Ped1do e e •
~'ll v .. , ,. ,. rni CorreiO '
er Nou a Imprensa de A Pasqua 1 • .
Corr~io do Povo de B n/1 944 . p, 16!9!1945, já cttado. , . d 4J9i19SO, p. 7.
31 v c e lO do ov0 •reproduzido no o·'
_ er Prognma da U SB, publicado no orr · wno . de N otl CICIS e 1
"~Discurso
J3
950
pronunciado em Caxias do Sul em 91911 '
ldc111, ibidem, p.7. 175
·,
·.,
· '' ' ·-.. ~ ~· · ~ "'•' ~-_·• l- .l:, f"' ;, ,~('( \ • . ~ .h '~'''\.'- ~n .\\i~,· ,~,,, \\ll ~cn~ ,lé Var~as no pcrlodo :1ntcrior a 1930, vide
••" •" ·~ .· ~ ' . · -, : ~ ,,~, --r,, · ~• ,.J,, t".? ? 1.~i.•~•' ~,1,;,.;r, ,\ j.\ ,· it:~.l ,\ em p:~nicular os c.1pftulos 3 c 4.
• , , • , ,, , ; .. .-. 1, ' " ' . ' 1 • •' ·~' , .,, ' " '' ·~ ····,·n-.h-.·."i~ ,·n\ ,I,•i ~ ,·,lnl'l\11\h\s atmad,ls entre os rcpublic.anos positivis-
"'' , ': :.....~ . ,., '\· • ""· • ~,·\• ,. ,,, ~'i"''i ' '~'''"'' fi,'i• ~,1 lih<: ~o\li <n111 rl~ ssic,, ("maragatos") do outro: primeiro
, \l,''' "' "''• ' :. '-.•... '"'1' ' ~, · '"; ' ' ,~ in)_i,h ' " 1'\t\'.\ h\ \i,, •'-' \'.\<tilt"'' : J cp•JÍs o levante Libertador de 1923, di·
~,.,,:..,,, ,~ .._~ 'l..' .\"'' .,,,. \ .;, ·\•i '' ' "'l''•t•l"'·' ·'' \ '." ' ' ' ;.\ <<'IÍ .\ l'<''' ''":l f.C III importante no episódio de 1923.
,, .. ,, ... ....,. .._ ~ i ,, , .. i, l• ,...,.; , ~.·r.t..' ,\ \• ,•:,r,,, hh•t·,l ''' "''''"·' '"' '~' hcp.cmônicas no !Uo de Janeiro em relação
'"' -,·~ ~~.L.', ,,.•\ .;, . , · · ... , l \ P,j •.~,, 1'' '. úh ,, ,1,· 1 ·.,~ti\1\•'~ c 1\, r)lC< el e 1\lcdciros em l'orto Alegre, pode ser
•.. . .,... ,• .'-' ... :'"'·!'' '"' " ,, ' •'f•''·" I' '' ,·it' 'l.-;h·nt • " ''' ,.,,nwnt.~ti,,s ,\<' Lind0lfo Collor como correspondente
•,' .... ~·· . ,.... . -,•. ~. f',.,... ' "\ . ~·..l.-·~.~·,-. • li•' n i,, .k hncin'. " '' final da década de 1910 c in feio dos anos
', ~ ·:-:~ '~- , "'~1 · , i'\: ;r.<·' ,,,, < ~.... ,. , ,.·:; \; ,f,, .~r.•··:~ H i,, ,k h nciro. José O lympio, 1947, "Abrindo a cam·
'' ~·'-·~' ,~~"",;.'\ ":' t ' ,-.. - , \\"\~\.':" ~t ,·r., . ._.~ l '~ ~ .· l'· ~ 7.
' \ ., ~ ~ ~- \i ·~ ~''· , .' ,... ~ -r-. ~.: , ,,, "' f; r;\ ,;., ; , , ...:1111 ( l)is( \1\'l>O de l /5/19ü no Estádio Vasco da Gama),
. ~"' .
, . . \ , .... . : ' >t .. ~ , .6 ..
TrabalhisnHJ e populismo:
unla interprctaçáo alternativa
178
. ,.
\':
nível
. .da, sociedade civil,
. o partido , realiza um trabalho d e .. conquiSta· de co ns-
C1~nc1 as • nu_m movimento d~ 'reforma moral e intelectual" que permiürá
cnar uma umdadc entre a tcona prática, entre a elaboracão teórica do seus in-
tciectuais e quadros dirigentes e o "senso co mum" da m"~" , ... dos ·•s1m
• . • • _
· p1es"J
."""'-X1
,J
119
ando definido de forma abrangente, transcende ·.· . '.~ ·- ·
tido poUtico justam_ente qu d S 1 como secção partidária e també l\da~ .
(: 10 PTB do Rto Grande o u . mo \lett .. ,-
pr >pr . d ( 45-54) uma vez que delta raizes na fase ante'"' ().. ·:.
do espcdfico ana 1tsa o 19 ' í · o llor a · ·
1930 Pr o}· etando-se, como força pol uca, pelo mt=nos até la.c.
1945 c mesmo a , b b· ""~,
em termos temporaLs, . ao mesmo tempo em que usca a nr espaço po\'t' l \CO
131
..
. m espaço que o projetasse como força hegernõ .
ca, procurasse conqutstar u n1ca
no nível naciona_I. lideranças de Vargas e Pasqualini, embora expressem .. /~
Neste se~udo, _as í oca os dois momentos fundamentais de uma ú .de
uma forma nít~da e m:d~ ~a ad nível da sociedade civil e da sociedade pou~ ca
1 c
estrutura políttco-paru arplenitude, 0 aspecto conflitivo engendrado pelo ~ca, brasilei
.f
traduzem também, na su
.
· - h' . es.
t ntre estes dois momentos na Sltl1açao lStónca e region 1
compasso :~dtenpeeloetrabalhismo no Rio Grande do Sul.
n1
a te
concreta'çVlVl a construça- do trabalhismo · d d ·
po e ser enten Ida como a cons.
De 1ato, se a 0
. · é (c
.t . - de um "partido político" no sentido gramsctano, porque através dele fc
tl UIÇ30 - d d " é . qt
se expressa uma determinada "concepça? ~ mun o. que Inseparável dos
lu
,elementos constitutivos da corrente doutnnána que ~nenta a sua organização.
,. Analisando-se 0 trabalhismo gaúcho .e o própno. pe~samento de Pasqua. A
., tini e Vargas do ponto de vista das suas ongens doutnnán.~, é possível discer. castilhi:
· nir um fator adicional, tendente a agravar o aspecto confhllvo provocado pela dament
defasagem elttre os dois momentos superestruturais (sociedade civil e poHtica) teriam.
no processo histórico aqui analisado. primeir
Efetivamente, do ponto de vista doutrinário, tanto Vargas quanto Pas. Collor,
qualini são herdeiros de uma peculiar adaptação do positivismo comtiano à T<
realidade político-social brasileira. 11 Embora escape ao âmbito deste estudo ta, emb
aprofundar os aspectos filosóficos da doutrina positivista. será interessante oriundo
apresentar o ponto de vista de três autores de escolas e formações díspares, de form
sobre os efeitos da penetração positivista solo latino-americano. O primeiro D<
mento I
destes autores é Kedrov da Academia de Ciências da URSS, que constata:
ra n ças~
Para los países de America Latina de Ia segunda mitad dei sigla XIX fue ca· socicdac
racterístico un poderoso movimiento de liberación nacional que encontró su arma tir da cc
~loso_fica e ideologica en e! positivismo de Augusto Comte, em su doctrina sobre la direitos'
CI~nCia, sobre la supremacia de Ia fase superior·(positiva) del desarollo del conoci· As
~ent? humano con respecto a sus fases inferiores (teologia y metafísica). La do· blicano'
mmaCión ~e la concepción de! mundo religiosa-clerical, compartida con la escolasti· vimcnto
~· no pod1a ser destronada alli sin poseer un arma filosofico-ideologica correspon· publican
. I diente. Las fuerzas progresistas criollas vieram tal arma en el positivismo de Com· ra estas (
te, po~ cuanto éste oponia la ciencia (el conocimiento positivo) a la teologia Yla es·
colastJca (a la metafísica) (...).12 ·
por
0 segundo é de Leopoldo Zea, referindo--se ao caso argentino, princl· sob
lm à chamada &col d0 p in·
tipa ê ente
· a araná, de Ingenieros e Justo que tan1a pub
u nCia teve sobre o republicanismo gaúcho: '
blic<
espt>..ci!i~e~e~:ressan~e ~atar co~o un buen grupo de tos positivistas argent.in~ um
hasta el SOCialis que Sig~Ieron la Influencia de ta Escuela de Paraná, se onen . códi.
mo. Del mJSmo .. . d ara esta do,q
blecer la J·ustic1·a soe· posttMsmo van a deducir tos postula os P f1<te
1
rn~~k . -~~
les parece una sotución ext gentma. Desde luego no siguen ai comunts ~rio.
Algun<)S, como JOSé .remada que puede ser evitada. Un mal no nec rxiSíllo
1
combinando!o con et ;!~~~~ros YJuan B. Justo, hacen ta revisión del rna preSII· .
·~ ~""-\ ltiVISmo de Spencer. Ottos encuentram en cornte . •...
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à manifcstaç:Io desse formidável labor construtivo que está reservado ao prolet·
riado c à mulher na obra futura de regeneração humana, por mais fecunda sociab~~
!idade entre os homens e os povos.
É por este caminho que, amanhã depois da grande crise social que talv
...: (' é' . ez re.
P rescntcm os sacriffcios da atual catastrotc europ Ia, o proletanado dever...:
.. . . d d 17 ét ser
chamado à incorporação defimtJva na soc1c a c.
Alguns dias mais tarde, A Federaçâo voltaria à carga, constatando que:
próprio pacto constitucional do Rio Grande do Sul republicano afere.
( ... ) 0
ce (... ) uma aliança necessária, feliz e íntima, como nenhum código político em vi-
gor, entre 0 espírito doutrinário da obra de Júlio de Castilhos e as aspirações do
proletariado moderno.
Esta aliança entre "o espírito dos filósofos e dos proletários" representa-
ria "a união de um grande pensamento e de uma grande força."
Isto permite aos ideólogos de A Federação:
( ... )profetizar que, para o porvir, a grande escola doutrinária, que é a política
republicana dominante no RS, virá associar cada vez mais seus esforços aos movi-
mentos e aos esforços enormes do proletariado universal, preparar energicamente
quando as nossas idéias forem bem compreendidas e comuns a todo o mundo, se-
gundo os métodos aqui adotados, a união dos trabalhadores que valerá, pela gran-
de paz social ( ... ). 18
Nesta mesma edição de A Federação, Lindolfo Collor, um dos principais
' ' ideólogos positivistas do PRR e correspondente do órgão republicano no Rio
de Janeiro, constata a existência, no centro do país, de:
Uma grande prevenção de ânimo contra a política do Rio Grande. Ele ar-
gumenta que "pode-se discordar do sistema político em que se inscrevem (...) os
destinos do Rio Grande do Sul", jamais, porém, confundir aquele Estado com "um
acampamento apressado, sem rumo e sem ideal, de oligarquias vulgares dinamiza·
das pela mania do mando", pois o sistema gaúcho, segundo Collor, "haure a sua
força na fonte de uma doutrina filosófica .
( ...)num regime como o do Rio Grande o que conta como valor fundame~
tal são as idéias e não os homens. Os homens do governo no Rio Grande nada maiS
são do que os realizadores de um programa.
No cerne do aspecto político estaria o fato de que ('o RGS já é, tant?
quanto possível, uma exceção dentro desta síndrome de males "(isto é, as admi·
nistrações federais). A posição excepcional do Estado teria como causa direta 3
sua organização política, baseada nas "diretrizes de Júlio de Castilhos". Isto te·
ria dado ao Rio Grande ((uma personalidade política absolutamente incon·
f un d'Ive1" - d. ai' o seu Isolamento
· ao nível federal e a explicação do sucesso pelo
menos relativo da propaganda antiborgista.1s .
A presença desta concepção- na qual se privilegia a participação do P~~
I etana. d . pollti·
o como ator político é algo absolutamente inédito no panorama
co nactona · 1 d e um penodo ' no qual a ((questão social" era tratada coll1°c
((questao - de P0 I'ICia· " · E' Importante
· · tarnent
ressaltar que esta concepção é JUS ·do
d I·run d I"d a por uma e 1·tte Intelectual
· de dirigentes políticos da cúpula do partt
184
Republicano Rio-Grandense na qual se gestariam as futuras lideranças do tra-
balhismo.
Não é pois por acaso que o discurso trabalhista, posteriormente, dará
provas de extra~rdinária flexibilidade, que lhe permitirá não romper uma uni-
dade entre o dtscurso propriamente político das elites e a "consciência dos
simples" à qual se refere Gramsci.2o
É evidente que este discurso não pode ser definido desde o seu início co-
mo uma concepção específica apenas às classes subalternas, dado que faz parte
desta vertente doutrinária a idéia da conciliação de interesses divergentes den-
tro da sociedade e um papel especifico atribuído ao Estado na mediação destes
conflitos. É justamente ao Estado que caberá implementar esta "incorporação
do proletariado" à sociedade nacional.
O próprio Collor, no seu já citado artigo emA Federação, referindo-se ao
papel do Estado na chamada "questão sodar, argumenta que"... já se formou
ali [isto é, no RGS], no espírito público, uma concepção superior das atri-
buições e funções do Estado".2 1
Neste sentido, é preciso instaurar nos poderes públicos uma nova menta-
lidade, a de que o Estado tem o "dever", fundado sobre a natureza mesmo da
sociedade" de instaurar a "justiça social", atendendo às justas reivindicações
do proletariado".22 Mas ao Estado caberá também o papel de árbitro, no senti-
do de estabelecer o "equilíbrio social", pondo fim às causas de discórdia e ga-
rantindo os direitos de ambas as partes- patrões e empregados. Já na fase an-
terior a 1930, os republicanos castilhistas defendiam a idéia de que:
O Estado tem que proteger não só os direitos do operariado e dos patrões ,
do trabalho e do capital, mas também o bem comum da sociedade.23
185
. . 1 P'fl~ r 11110 lliHI hIn 1k nw~sn~ haseado nos assalariados
A arttcutaçrio to . . 1· . . • · • ·
. rcspnn<1er a, Jlfimclra t tt'dll, 1 tl u .OIJ'.·"' '··'~·o c mohilrt.açao dos
urbanos \'tsa . j . . . . . . ·
' l•ttln ,ol(tk:1 de tllan~ as 11(l pro eto v. trgu tst.t, pnncj.
subaIternos. r or nu tr( ' • 1 11
·I . . .
palmente o acnn o I rTn PSD lle ll\ 'O IIlll ll l' X{'J dt o do poLI r .ao n{vcl de di.
- • • · · f .
lle Estado, visa ntt•mkr 1\ Sl')',tlltlla lar· a, ou scp, a articu.
reçã o do ,aparelho
, (. . , .. . , f'. • • •
laçAo do compromisso sodal ctttrl'. as dass~~ · . (,li~Hl "·'. ~>~o!ll 1·'..v·' ~·~~l pos~Itvts-
ta, o Estado é o espaço prlvilc~1.hHIO pam :1 c~ :tlil. l\; <\~~t.'i·'·'. tn.nc~h.t\·.H~.·.~~~rgas,
no governo, tende a poten ·lallzar ao nutx uno n adct.t -<.: h,tvc <~·' utth'"'~HJ do
aparelho de Estado como lnstrunlt~ nto tlu polftic:l llc co mpromtsso c cq utlfhrio
social.
A ambivaWncia hásic:l do projeto trahalhista ao nível doutrinário, se tra.
duziria, igualmente, em uma amhivaten ·ia no nível da sua atua~ão polít~~: en-
quanto ele tende a ser mnhili'l.ador das massas ao nfv~ l da soctedade ctvt~, ele
procura ser o articulador de mn:t polltira de rompronusso no nfvcllle socteda-
de polftica e do Estado.
É justamente nesta amhivaWncia que se situa um importante aspecto
conflitivo do relacionamento entre Pasqualini c a base trabalhista gaúcha de
um lado, c Vargas, de outro. Enquanto Pasqualini c o t raha lhisrno gaúcho ten-
diam a atuar principalmente na esfera da sm:inladt civi l, privilegiando, portan-
to, o aspecto da mohilizaç:io de massas, Vargas tra fon;ado a atuar sobretudo
no nfvel do aparelho de Estado c <la soricdalle pollt ict, salien tando o aspecto
da polftica de alianças c do compromisso ·nHe as classes subalternas c um se-
tor modcrnizantc das elites.
Assim, embora lloutrinariamentc houvcssc uma rclativa homogeneidade
entre ambas as lideranças, o descompasso entre as suas esferas de atuação en-
gendrava um conflito que a amhivaWncia b:ísica do seu projeto poHtko apenas
tenderia a agravar.
Na realidade, a amhivaWncia doutrin:íria teria a sua correspondência
numa ~mbi~ate~cia da base de apoio social do projeto varguista global. Na sua
evoluçao htst.órtc.:'\ concreta através do longo ciclo 1930- 54, 0 projeto passaria
a ter um ap~to crescente c cada vez mais autOnomo das classes populares, fren·
te a um apmo decrescente menos seguro uc um setor da classe dominante.
. Se ist~ ocorre, é porque ao n{vcl da poHtica de massas, o discurso traba·
lh1sta '. a .arttcutac~o
. . r
do PTB "' C>nl<> p.trttuo · · ~ poHttco-elcttora
· . ·.• l1c mohthzaçao · · 1eu"
pró.~_na ~déta d~ •.~ansformaçno do Estado em instrumen to de implementaçjO
da jUStlça SOCtal d'ld'l 'I SU"' ,... 11. • • ••
• t: • • ' • • ' ( • u rcsson.mcta popular, adquirem cada vez nhW>
uma dmamtca •
própna· '~'lncond· n' . · · · · 1 n
' •1 •1 soctcl1al1c CtVll c no limite potcncw mr ·
te explostva. 24 • •
" . É evidente
. , que uma construça·o de massas de tal gênero não pode acontecer
r
TRABALHISMO E POPULISMO
189
No que diz respeito à avaliação do trabalhismo, enquanto corrente dou-
trinária, parece possível afirmar que, veiculada através de um verdadeiro "par-
tido político", ela acaba por transformar-se numa "visão de mundo" que orien-
ta o comportamento dos atores políticos que ele organiza corno força social e
política e que, como tais, através dele se exprimem. Neste sentido, dele se po-
deria dizer o que afirma Gramsci quando nota que:
É evidente que uma construção de massas de tal gênero não pode acontecer
"arbitrariamente", em torno a uma ideologia qualquer, pela \·ontade construtiva de
uma personalidade ou de um grupo que se proponha a fazê-lo por fanatismo das
próprias concepçC>es políticas ou religiosas. A adesâo de massa a uma ideologia e a
sua nao-adesao é um modo em que se \erifica a crítica real da racionalidade e his-
toricidade de um modo de pensar. As construçóes arbitrárias sao eliminadas mais
ou menos rapidamente da competiçao histórica ainda que às vezes, por uma com-
binaçao de circunstâncias favoráveis elas consigam gozar de alguma popularidade,
enquanto as construç6es que correspondem às exigências de um período histórico
complexo e orgânico acabam sempre por impor-se e prevalecer, embora atraves-
sem muitas fases intermediárias nas quais o seu medo de afirmar-se aparece so-
mente em combinaçóes mais ou menos bizarras ou heteróclitas.3 1
TRABALHISMO E POPULISMO
P r ou ro lad , a s 'i~ .=..: urt-...::.:::3. '"''J ur~21: -indu stri:::l. n:1 di..' Ç\) .:.!.1: ~
3 3
das insti uiçú~ pDi ·i:as - ~- exemp:LC, s:S:eQ.::. Ce p.lrt!;: ' ro ÍÜl . - ..:. d eqJ~b
à mo iliza;co e in::'ürpcr2~ u Q..'-::..5 m?-'-.'-!S, ::..:' u..:~ ci J ··dern ...-.:w ..;3 re., ~::
tativa ...
trans-~o da dem crc..ria represem::: i\::. -., p.=.r i.:1p.:i-j ·rnir_...::.l .u. ·'11 C:0..'-.3. ::\'':·
forme o ca:-.o, ara a dern U2 _:_ re ;: =-~~n l\"3 ""p:mii:'i ~~ '31.~
Na visão destes auto res latin . m~rk:1n s, .:· n rm' 'üns ut~l boni.
Sallculn·se, porlanh>!
o Cltrl\1 ·r dt;tníiHÓJ~lco c ~~r .-.rn:ítlUJ (1:1 tt.f::r;.r, !:cu '1!../.:'~A~' • '/.:.~""./',. ?':.r.,.-
clonnl,~ p<m:onatlr;Hio c cnc~mH(1'
,..,,0 d:a J1k , 1fr•!Jc ~ tr.,1_.1•.
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pela~ llhcmlm1·n ·lvl.11 c (~~ 1rstt,Cf.'. f:l.~"A"J,-.t;1 ~,, n:ld r.r•.:,t.;ro1 r#;t/,{,0 ,; ..,_
Ilm seu estudo m;:tls c:i pcdficr> ..o!Jrc o púpuli:;rr.;r) r.r} B:~::::"1 !~.::: .. : ·,<:4 ~
snlicntnr o peso de U<.lcr c;.HJ~imátlco c a ~ u<1 rél.ãf~ü <iíret/. cr.:::. ;:;:: r::/.::/.~~
Mas o.~ m<:rvlmcntc>" de m~·"~" c«:"•• ~• IJ',. •.,..~-r,:;"
1 ~1 ' '-~t"4*""~·
~~~ ~· :'-•\/"..-&
#4-. ... .,._,, .
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vo, ul~m <lo~ programh1 fnrmain. Ou r.cj~ . r:; r:-rr,zr;;r:..;;:-. Y. !,-(:.-;.:·/.t.: "~.l..c'l, ":-~;---..&,
I<Jcntlflcm.lo3 com uma pc~:~o<t, i.-:v-, é, um lfrkr.•~'·
Trata-se aqui, naturalmente: da leítu r~ rr.zi: ,e:n:e=:: &:. :-~~~:::- "'~ - ~...:..-:
Hder-massa nos "modeJos popuhstas". Gmta Deü::-ez "'~:.:...,_:-~.:: . ::::=:.;--: ~ .:-:::..:=._
que este modelo simplificado é criticado e S11J:e72..'!D ~e~~ ::;:i,:2:.~ =.::.::: :::_:::.._,.
tes de autores como Weffort e Laclau. Tamtém p~r2. e:=-. 2. ~~·::=:c:..:.~
"manipulação" a partir de Iiderança<J caruú~t:~- preé~~ :.~; ~ -- ::- ::...=.;-: _,."
não podendo ser reduzida a uma apar ência o :r5:.:J.~ G _::..:. =-~-~ -_-! ~
termo "populismo" é utilizado para caracteri7...ar ~ =a:!..-:~ ~~ =c. . :.____.;---::·-: .:,_-
ciais e polfticos ocorridos em épocas e pates c~ !:.. :.:~~ ~ ~ ~ 0•'=-:--~ :.::_ ~ :
perigo da generalização do conceito. até porqu1::
O mito do povo-comunidade, o et:cotri..::eL.:.:: cr...:: c::r:r:..-:.. :c-e'·' .l c-,!;",- -:-
cação da von tade do povo com a j u.sti;:a t: a r:-_cra~ ~ :-~>::~.:: :~ :C . : W!!" __._ "L
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vmicdud. J · fnrmw. polft k w•, tan lll n;J mf·.til;t Lt·.tr.la c.c m'J em '-.c:t:~·, 'U.;:,:.:·. ·:~ ~
como d ·moer:lt ica'l."''
I\ tas quando se d •t 1'1ll na an:Jihc. do:., partido~; polflíur r ;l.' 1ks:r1 •• (!·)
pa(ollo l'J·1 5-fl·~ , a pr6pria iuil:..a !luhlinh a a c:omhinaç:Jo dedu(!·, c.:;..:raL ~ti·· 1 •
cas "11a~~r~Hlt ·~··do pcrfodo: a "pcrsonifictç;jo do poócr '' uJlCJcada, ló'/J n l.:.·~·j.
com a "nc.:c ·ssldadc de participação das ma· sa~". Omcord<Jndo tom · uu.. :~
como Paul S in ~jcr o O. Janni, a autora co nstaw :
Os partidos po lfticos n ~cium da lc gJ~I;Jç:ío eleitor al de 1!.145 e JCJ.:;ú e:(:.::-J ~=-.·
tillaucs an()rnalas, que s<J 1ivcr:m1 vrat1rlidadc.: porque a ler concc.d~ a c:~- ~~~er;:: ..
nnllns privilégios que lht:.s p<Y~il1rlrt:svam monopollt,ar ccrtw. ••• pcct<YJ d<i1,';:!ã ç _·::J-
c.:a, s~:nuo o principal dc~~;c.s pri vJI~gJC1"> o f;tl o de ~J poderem dt'putar e!c;; f-: c:-...:.-
didalos ucvillamcnlc rcgtsl r ados por partrd os (P;wJ Smgcr, 1965). E~..r.es ·• ·':,.:,
com rar;1s cxccçOt:.li, n:io ~~prcscntaw1m umdadc JdcológJca e pro~/amát1~ . e o F j..
prio car::ítcr nacional guc n ccc.o:..~ n :tmcntc dc·.,;Jm ter afct<lva 'lua un:Jace. Em ';:)
mesmo part ido, port ant o, po ucr(amm cncnntrar latrfundi~rros no t'ordcs!e, c:...:...'-
triais em Sno Paulo, cxportadm cr, no H1o de J.Jnctro c opcrjn o.s em Peno ..-\!:;:e
( . lanni, I•)(,5).
N e.ua Jirrwçtlo, ntio .\tio rH nr •wrt;açritl. mm 1iln o_s lfderes políticos cr. u ;c.·
r c!ccm com o cmnlisrul orcs da l!.xprt'\ .lrin f i(Jlt'lrca dm ~711[>01 wnai.s. "'
Ass im sendo, no que diz. respeito :..~o prohlcma específico da rc laç5o lí-
der-partido-massa, a int erprctaç~io de Guita n;Jo t.lifcre, no essencial. do " mo-
delo co rrente de int erpreta~-.;.1o" que a Jutora procura criti ca r de forma perpi-
ClZ, ao nfvel de caracterização ideológica c do conteúdo dos di·cur·o de un
leq ue de lfderes polfticos do "perfodo populistJ".
Na própria ::m áli. c de \Vcffo rt , que ccrtamcnlC supe ra os ''mode lo- sim-
plificados" de interpretação do fenômeno populi. ta como mera "mJnipul ç:o
demagógica" (conforme descrito ma i adiante), gencrali:tÂ- c a análh.: dos p.H-
tidos políticos do perfodo I945-ó4, que se caracterizariam pela "mJnik:t in-
capacidade de penetração popular". Mais que is o. \Vc.ffort chcg::t a afirnur:
A qucs tào do atrcl amento aos poderes púhli ·os c da Ltlu tk .tu l~Hh'r:úJ
I •
que caracteriza o movimento sindi ·:ti do período 1 ~n5 ,.1 .tpli ·:• ·.:' ·. 5- ·pn~J,,
\Vc ffürt, tam bém aos p:.trtidos polft icos:
' ~
E'>l<l f;llta d. :HII OIHlrnta d:t~ ()fg:tni1:tçCk ... smJtc:tt~ l" ·' ( .. n . t.' ltnt .t' f ·;! ..' ·:·
.
Úl: f'CilÚ Cil l'I:S p oi(II C:S d:ts t)rg:&nii:IÇCk,.; po pul:trr.-. f'lll r:êt.tl (snl'ht,l\C' .l ' f .llt ..l.H··t "'
em face.: do poder ~.:on">tt lll iLltl n11 E'l rtdn ,, 11 ti .•:-. n: 1~ 1 ;~,, lt. J 1'-:P lt t.hi.L' i ·!,\'pu!''·
no polia.4lj • •
192
, · st 'ltuit•f:!o Mio elementos presentes em grande
.•. n u. nenhum·' 111.na mfstica
massa sem mcui:IÇ• o c .., .
· "S '
fascista como em certas teorias tidas
10
variedade de formas polftlc.ts, 11111
como de moera't 1cas. ' .. 43
A questão
. do atrelame
. n to aos poderes publtcos
, . c da falta de autononu·a
que caractenza o movimento sindical do per(odo 1945--64 aplica-se, segundo
Weffort, t~mbém a~s partidos poHticos: -
Esta falta de autonom··13 d . da
dependência polft. d as orgamzaç6es sindicais é apenas um aspec 10.
em face do pod tca as
. organizaç"' t"dánas)
ues populares em geral (inclusive as par 1
no poder.46 er consltluído no Es tado ou das regras de jogo ditadas petas grupos
192
.. ·.,\
.j.
194
<.
. .•'
I• •
•· - M /" '~ '" '
., .: Mesmo em 1945 a sua liderança junto ao PTB gaúcho não se revelou tão
inconteste quanto se pensa: desafiado por boa parcela do PTB na sua opção
pelo voto em Dutra, em 1945, no ano seguinte, já na solidão do Itu, não conse-
gue impor sua vontade na convenção partidária: em vez de apoiar Jobim do
PSD (tese defendida por Getúlio), como já vimos, os trabalhistas lançam Pas-
qualini para o governo do Estado.
A própria figura e liderança de Pasqualini é impensável fora do quadro
partidário: inicia sua carreira como dissidente liberal no Partido Republicano
Liberal da década de trinta. Sua trajetória dentro do trabalhismo é essencial-
mente partidária -seu prestígio advém de seu renome como teórico e doutri-
nador junto aos quadros partidários. Só se torna conhecido no seio das massas
populares a partir do seu lançamento como candidato a governador na con-
venção do partido. Não exercia liderança direta sobre as massas ou mesmo a
classe trabalhadora: sem o PTB, certamente teria sido um ilustre desconhecido
no nível popular. Também não se pode argumentar que ele tenha se beneficia-
do de uma transferência de prestígio ou de carisma por parte de Vargas. Este o
via com desconfiança e, na irônica expressão de Ruy Ramos, com "um misto de
cordialidade hostil e hostilidade cordial" até às vésperas da campanha presi-
dencial de 1950.53
A própria dinâmica do relacionamento Vargas-Pasqualini, conforme
procurei demonstrar no capítulo 2 e na primeira parte deste capítulo, reflete, a
um só tempo, várias face tas de uma in tensa vida partidária, na qual se geram
aspectos conflitivos e complementa res entre uma estratégia global de conquis-
ta-do poder nacional e um projeto mais res tritivo de construção de partido, en-
tre uma liderança nacional e uma liderança regional, enfim entre o estrategista
político com a sua lógica de pode r atuando no nível da sociedade política e o
doutrinador, com a sua lógica de consenso, atuando no nível de sociedade civil.
Neste sentido, certamente não se aplica, ao PTB gaúcho, a tipologia que
Weffort propõe para o "reformismo nacionalista" no nível nacional. Isto fica
patente se cotejarmos a experiência do trabalhismo do Rio Grande com a se-
guinte constatação de Weffort: ·
A manifesta incapacidade nacionalista de levar à prática o conjunto de sua
política se explica de dois modos até certo ponto contraditórios: falta de uma lide-
rança pessoal forte, capaz de estabelecer hegemonia sobre as demais e falta de or-
ganização partidária.
O nacionalismo nunca possuiu uma única liderança qu e expressaria de forma
dita "não ideológica" a idéia da comunidade do povo, nem o partido (ou partidos)
que a expressariam de maneira dita "ideológica". Como movimento ideológico, o
nacionalismo nunca passou do estágio de atmosfera que se expandia à custa da
ambigüidade e da indeftnição sociaL
Esta incapacidade de organizaça.o ou de liderança era evidente em particular
no setor radical do movimento.5 4
Fica-se tentado a considerar que no caso do tra balhismo gaúcho, aplica-
se exatamente o oposto, pelo menos no período ora analisado.
.. .. 195
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. ':·. ~:-:: _:·~ :>: . ·;
~il..~tlb~~:L::·-;: , __ _
Scna. o R. 10
.. Gr":.. nd c d 'r) Sul u cxcccJn
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nfirma
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a regra (J(J .
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dos p~Hituos
.. , l l llfti · naciornis"
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. . um c"tuúo
. m_cn t c, .. . r ~.:g 1 fm;d
. <lc, líp!;
que me propus rclli z.ar será m suftctc ntc. para rc p~ n . ~r ~rt.,Lt (jtJ ~'' lJo ~~o c.:n.
0
tantll, a fone pr ·scnça, no ccn~rio ~Jc tonlll:
1
li:
ll~cr~~ \·'~ Pf~lfl~t:t•, oríur (.J1 ·,
j ustamente Jn contexto p;utilláno g;JUc~lO (V~rg. -" c, mJ.1 ~ taruc, Jdngo c Bríz1,.
13), nao nos ohriga d 3 r~formul a r a ,t,tpo logt~ at6 tH.J~ I pr~p~~.ta _úo lkll.:r ~
rism ~\tico c populista da lmh a~em do r~fo.~~tsmo nacJonai J\ta , também dt;A
crito por \Vcffort como ''popullsmo tcó n co .
H vimos no c..apftul o 2, que os própri os herdeiros de Varga~ c P(.t~qui:thr
no trabalhismo, ou seja, JJn go e Brizo!J, rcproóuJ.cm, de ce rta forma, o padr~-l
11
de divisão de tarefas caracterfsti co das lid erança~ g<1úchas. Ambo 0"> líder .
tamb ém se gestaram dent ro da ~ trutura partidária c, se m levar em conta a
exi stên ci a de um PTB fo rt e c hcrn cstruturJdo. no nh·ct regional, scri im-
pensável tentar int erpre tar a trajet ó ria de uJ. lid~r::mç.<.\) no nível po pular.
Ambos fonal cccm -sc a partir de urn:1 c.1rrcira -~scncialmcn tc polftíco-
partidt1ria: deputados es taduais na lcgi<;LHtHJ de te 47. eles seguem rumo di5A
tintos a partir de 1950: Briz.o la pcrm Jnccc na t\.,-;cmhléia c lJdual, prcp ran-
do-se para disputar a prefeitura de Port o :\lcg r~ ( fn t o llcp •ll udo mai vota o
na capital em 1950). Jango prcicrc lan ç.n- c pM.t J .lm :1ra F edera l c acomp1·
nhar, na capital federa l, o retorn o de \'.~rg.1<. ao Cltl'l c. t\pó- um breve inter-
regno co rno secretário de Interior c Juqiç..1 nu gl>vc rno trab:.t lhista llc Erne·to
Dornelles (1951-52), ele disput a c \\:n cc . ~.:m convcnç~io,
a prcsídC:ncia n cionJI
do_ r.ani~o, apoiado po r Vargac ( 19.-2). U~l
hrt.:VC c pokrnica pas. agem pdo
Mm1sté~1? do Trabalh o em 1953 t.: 19:4 projeta c co nso lida úcfinitivamcnt a
sua pos1çao d~ l!der traba lhista de pe.~o ndcional. NJ conven\:íu do p:.1rtilJo quo;:
lança Pasquahm, pela segunda vez. ao governo dn E." tado, t.:m 1Y5 4, o nom · d:.:
3
Jango chega ser lança do para a prcsidl:ncia da Rt.:púhl ica corno succs ·or tra ·
bálhista de Vargas.~s ·
195 Brizola
D 'ao invés disto 'd'tsputa e perde a prefeitura de Porto Alegre em
Obras Públicas oÉ governo de 0 orne 11es, é nomeado secretário de Viaçao
1. urante _
e
Novamente indicadneste d~rgo que consolida a sua projeção de Jfder regional.
0 can tdato à prefeit d p - do
partido, elege-se prefeito em ura e orto Alegre pela convença~
presidência da Repúbl' 1955' na mesma data em que Jango ganha a vlcc-
tca, na chapa de J - · · - de
tarefas entre o Hder n · uscc1mo. Como já vimos a dtv1sao 0
. . aciOnai e o líde . , . ~ .
ep1sód1os de agosto-sete b r rcg10nal se manteria harmôntca atli ~
· m ro de 1961 A . "
fui mmantes
.
carreiras polft' · pesar de cói1tarem nas suas Jovens"
nem Bnzola teriam gozad tcasd com co m 0 beneplácito de Vargas,
' nem Jango,
rança popular se não tivessem P·· ~·'-~a·
0 1
do antes pe1o cnvo· das ct· c grande. lide
1951 Bnzo. la v1u-se
. Isputas mtrap·
obrigado . nas convenção do PTB· em
. artt"d á nas [.;. .
rdos na capital. Só o dircit: ~egahzar os "dire tórios zonais" por ele organ•·
rente a Hderes partidários com c Jvoto destes diretórios imporia o seu nontC
convenção de 1951 · Jango tamhéo osé Diogo e Mancco Vargas na dtSP . ut'l' da1
196 m é obrigado a c tsputar a presidência naciona
I" .
' ....
.·~ : .
do PTB contra o grupo moderado de Danton Coelho. 156 Apesar de vitorioso ali,
não consegue impor as suas pretensões de concorrer ao governo do Rjo Gran-
de em 1954, diante do prestígio de Pasqualini, que é indicado candidato mesmo
não tendo comparecido à convenção, para não "constranger os delegados,~7 O
próprio Brizola, com todo o prestígio que lhe conferira o exercício da prefeitu-
ra de Porto Alegre, foi obrigado a disputar, palmo a palmo, com o "histórico"
Loureiro da Silva, a indicação para a governança estadual, em fins de 1957.
Na avaliação de todas estas carreiras polfticas- desde as de Vargas e Pas-
qualini até as de Jango e Brizola - torna-se patente que nenhum destes lideres
teria desenvolvido seu prestígio junto às massas- ao menos no âmbito regional
-sem passar pelo crivo do partido, com suas disputas internas e a luta constan-
te pelo voto dos delegados às convenções partidárias. Evidentemente, depois de
verem sacramentadas suas lideranças e candidaturas no n(vel partidário, todos
estes lfderes criaram uma projeção própria de liderança de massa para fora e
até acima do partido. Mas será esta situação tão diferente daquela de alguns H-
deres clássicos de partidos, funcionando em "democracias representativas de
participação total", na plena realização do paradigma europeu? Será tão dife-
rente da projeção carismática de um Willy Brandt, um Felipe Gon.záles, um
Miterrand ou um Bettino Cráxi, para citar apenas exemplos oriundos de parti-
dos socialistas europeus? Não haverá, aqui como lá, conjunturas em que o ca-
risma do dirigente polftico-partidário extrapola e até ofusca, ao nível popular,
a estrutura partidária na qual se gestou a sua liderança?
Ao nível da política regional gaúcha, fica claro que não se aplica a tipolo-
gia da relação líder populista-massa popular proposta por Weffort, quando ele
constata.
Desse modo, a manipulaçáo é uma relaçáo ambfgua, tanto do ponto de vista
social como do ponto de vista polftico. Do ponto de vista polftico é, por um lado,
uma relaçáo de identidade entre indivíduos, entre o lfder que "doa" e os indivfduos
que compõem a grande massa de assalariados; e, por outro, é uma relaçáo entre o
Estado como instituiçáo e determinadas classes sociais(... )
E mais adiante:
Daf que o polftico populista tenha tido sempre pouco interesse em oferecer
às classes populares que lidera a oportunidade de organizar-se, a menos que esta
organizaçáo implicasse em controle estrito de comportamento popular, como se
deu durante o perfodo ditatorial com o movimento sindical estruturado num estilo
semicorporativo. A introdução da organizaçáo, mesmo para fins somente reivindi-
cativos, haveria introduzido, como de fato se observou nos últimos anos do governo
Goulart, a possibilidade de uma ruptura na relaçao de identidade entre !Jder e mas-
sa.58
197
..
..~ ·'
b) A re/nçc1o lfder, partido e Estado
Uma outra faceta distintiva do trabalhismo gaúcho e suas lideranças em
rehtçáo aos umodclos populistas" elaborados por diversos autores, situa-se na
dinâmica da rclaç!io Hder-partido-Estado. Na visão de Weffort, o populismo, já
nu sun f1tsc anterior ao "reformismo nacionalista", nasce de dentro para fora
do Estudo, a partir de lideranças identificadas com o próprio poder estatal:
O poputismo, nestas formas espontâneas, é sempre uma forma popular de
C.\tiltaç!\o de uma pessoa na qual esta aparece como a imagem desejada para o Es-
tndo.61
Ora, no caso específico do PTB do Rio Grande do Sul seria preciso re-
formular ou pelo menos relativisar esta interpretação de Weffort. Sem dúvida,
0 projeto nacional do PTB apóia-se, na sua origem, no prestfgio de Vargas co-
mo chefe de Estado e na legislação trabalhista do período 1931-45. No entan-
to, das três vertentes formadoras do PTB regional -sindicalistas, pragmático-
getulistas e doutrinário-pasqua/inistas - a última, aglutinada em torno à USB
(União Social Brasileira), já é uma força de oposição ao governo federal desde
0 infcio. Recusa-se a seguir a diretriz do ''voto em Dutra" e fará oposição sis-
temática durante todo o período Dutra. Na verdade, o conjunto do PTB gaú-
199
: f. ·'
-~ .'
l:ho passa a ser oposição, simultaneamente, aos governos federal e estadual~· ;;::":.
partir do 29 de outubro. A campanha eleitoral pasqualinista de 1946-47. ~ a ·
derrota nas eleições para governador ressaltam ainda mais o ~ráter .oposiCIO-
nista do PTB nos primeiros _c decisivos- cinco anos de sua extstêncta. Vargas
exilado no ostracismo do Itu, Pasqualini derrotado na disputa governamental,
o governo estadual do PSD gaúcho rompido com Vargas e, este, profundame~-
te hostil ao governo Dutra (no qual aliás tenta-se, pela primeira vez, a consti- 65
tuição do "bloco conservador" PSD-UDN, como constata o próprio Weffort
t65 ~ tal é o cenário político no qual se movimenta o trabalhismo gaúcho no
período 1945-50. Na verdade, cinco anos não só de desvinculação do aparelho
estatal, mas de dupla e sistemática oposição tanto ao governo estadu~l de ~ai-
ter Jobim, quanto ao governo federal de Dutra. As campanhas elettorats de
1947 (Pasqualini para governador) e de 1950 (Vargas para presidente, Pasqua-
lini para o Senado e Dornelles para governador) foram, como se pode observar
no capítulo 1, campanhas francamente oposicionistas e dirigidas, fundamen-
talmente, contra o PSD regional, ou seja, o braço conservador do "getulismo,
que acabaria se aliando, em termos locais, à própria UDN.
Neste período, a estrutura partidária do PTB gaúcho, nos anos decisivos
de sua formação e durante todo o processo de conquista da hegemonia políti-
co-eleitoral (que só se daria no pleito de 1950) criou-se fora do Estado, num
desvio significativo do padrão proposto por Weffort e outros autores para os
"partidos populistas" do período 1945-64.
Poder-se-ia argüir que a vinculação com o poder estatal se daria a partir
da base sindical, diretamente ligada ao Ministério do Trabalho. No entanto,
uma análise empírica mais rigorosa do PTB regional demonstra que o sindica-
lismo organizado representava apenas um setor minoritário no seio do traba-
lhismo, que era sobretudo um movimento político-partidário. Não havia víncu-
los formais entre o partido e o movimento sindical. Os vínculos informais eram
difusos e atingiam muito mais a própria massa sindicalizada (fiel ao voto no
PTB) do que as cúpulas sindicais. Ademais, as perseguições aos sindicalistas
mais militantes durante o governo Dutra - principalmente em 1946 e 1947-
atingiram não apenas os comunistas, mas muitos militantes trabalhistas. O
PTB condenou, explicitamente, estas perseguições na campanha eleitoral de
1947 e inúmeros sindicalistas perseguidos encontraram abrigo político na le-
genda trabalhista.ss
Se houve relacionamento entre o Ministério do Trabalho do governo Du-
tra e o PTB gaúcho no período 1946-50 foi de enfrentamento e criticas e não
de atrelamento ou mesmo apoio. Pasqualini combate constantemente as tenta-
tivas .de envolvi me~ to do partido com a estrutura oficial, chegando a negar um
convtte para assumu a secretaria de Trabalho do governo Jobim em 1948. Nes-
:6
t~ sentido, nã? o PTB gaúcho, do período 1945-50, caracteriza-se como par-
tido de opostçao, co~o o v~to da massa assalariada canaliza-se para o PTB
apesar e contra a mampulaçao da estrutura do Ministério do Trabalho dirigida
pelo governo Dutra e pelo PSD regiona1.a1 .
A questão essencial, na caracterização do PTB gaúcho é de que ele se for-
ja como partido de oposição- e, portanto, fora do aparelhos de Estado, no seu
período formativo, ou seja, os cinco primeiros _ e decisivos - anos de sua
existência legal: 1945-50. Também neste aspecto ele se afasta, portanto, de
forma significativa do padrão de "partido populista" criado a partir de estrutu-
ras estatais, proposto por estudiosos do populismo, como Ianni e Weffort.
Esta faceta do PTB gaúcho também o distingue, no quadro regional, do
outro partido de origem gctulista, o PSD, forjado a partir da última intervento-
ria do Estado Novo (Cylon Rosa) e que monopolizaria o poder tanto ao nível
estadual, quanto federal (nos seus reflexos regionais, o governo Dutra era es-
sencialmente pessedista) durante o período 1945-50.
É somente a partir das eleições de 1950 que o PTB passa a ocupar, de
forma hegemônica, o governo estadual e a participar, embora minoritariamen-
te, do governo federal. De certa forma, no que diz respeito à relação líder-par-
tido-Estado-massa, seria possível argüir, que na sua fase formativa, as lideran-
ças de Vargas, Pasqualini, Jango c Brizola forjam-se a partir das estruturas par-
tidárias (PRR pré-1930 e PTR pós-1945). Numa segunda fase, os processos
eleitorais (1930, 45, 47, 50 e 54) projetam estas lideranças ao nível de massa,
dando-lhes um respaldo popular personalizado, acima e além da sua origem
partidária, embora nunca inteiramente desvinculada dela (note-se a "punição"
popular implícita no fiasco político-eleitoral de grandes lideranas "infiéis" -
aos olhos da massa- aos "ideais de 1930", por terem optado pela UDN- "par-
tido dos ricos": Borges de Medeiros, Flores da Cunha, Osvaldo Aranha, no
período imediatamente posterior a 1945).
Apenas numa terce ira fas e, e, aí sim, a partir do momento em que o lfd r ~
partidário assume posições de destaque no aparelho de Estado é que comec ·
surgir o fator carisma. Os exemplos mais nítidos disto são Vargas, Brizola e
Jango. Apenas a partir do exercício da presidência da República, da prefeitura
de Porto Alegre c do Ministério do Trabalho, respectivamente, é que se desen-
volve, de forma significativa, o aspecto carismático de suas lideranças. Pasqua-
lini _que não assume nenhuma função executiva, ao nível de aparelho de Es-
tado, a partir de 1945, embora respeitado como líder e pensador dentro e fora
do partido, nunca chega a assumir a áurea carismática dos demais grandes Hde-
res populares do trabalhismo. 68 O caso gaúcho sugere efetivamente uma inte-
ressante relação entre carisma e poder estatal, posterior e acima da consoli-
dação de uma relação líder-partido, partido-massa ou da relação direta Hder-
massa. o carisma parece, portanto, depender mais da intermediação do Estado
que do partido junto à massa. Este aspect?- cuj~ aprof~nd.amento tambét_n es-
capa ao escopo deste estudo- talvez explique a 1mportanc1a que os estudiosos
do populismo têm dado à "personificação. do poder" e ao "fascínio pelo Esta-
do" nas suas interpretações sobre o relaciOnamento líder-massas no chamado
"período populista".
o estudo do caso do Rio Grande do Sul, no entanto, demonstra, a meu
ver, que este fenômeno- passível, certamente, de um estudo mais aprofundado
201
> • •
- nfio devo obliterar ou ofuscar a importancia da estrutura partidária como
elemento essencial <.la luta política do período 1945-64, nem o fato dos Hdcrcs
trabalhistas serem, na verdade, a expressão máxima- c nunca, a meu ver, a ne-
gação ou diluiÇi'\o - do partido polftico no processo de incorporação das massw;
populares naquela conjuntura histórica - pelo menos no que diz respeito ao
contexto regional gaúcho.
Esta problemática nos remete a uma última questão a ser analisada neste
capítulo: a questão da natureza de classe do trabalhismo.
c) Algumas considernções sobre a "natureza de clussc" do tralndhi.~mo
Nilo pretendo aqui entrar nas poWmicas acerca da exist~ncia ou não c da
nnturcz..1 de verdadeiros partidos "de classe" no contexto nacional do pcrfodo
1945-64 ou da presença ou não, em solo brasileiro, "do partido da classe operá-
ria", rigorosamente cotejado pelo crivo de um modelo paradigmático de apli-
caç.l:ío universal. Apenas pretendo situar o PTB gaúcho no contexto mais geral
de um confronto entre uma classe dominante (amplamente definida), respal-
dada por forças liberal-conservadoras favoráveis à manutenção do status quo c
de classes populares mobilizadas em torno a bandeiras de mudanças c progres-
so social, expressando-se, pelo menos em parte, atrav~s do apoio à legenda tra-
balhista e seus aliados nas urnas, nos movimentos reivindicatórios c nos gran-
des confrontos político-institucionais que caracterizam todo o período
1945-64.
Para tal, será interessante recorrer mais uma vez às análises já propostas
por diversos estudiosos do populismo latino-americano. Autores como Gino
Germani e Torquato di Tella analisam os ((movimentos nacional-populares",
formados a partir de elementos constitut.ivos hetcrog~ncos c muitas vezes con-
traditórios no contexto da transição, na Am~rica, de sociedades ((tradicionais,,
(de base agrário-exportadora) para sociedades ((modernas,, (de base urbano-
industrial).
o populismo surge, portanto, na fase de crise das oligarquias tradicionais
e da emergência, no cenário político, de novas classes sociais, inclusive as clas-
ses populares e a nova classe média. 69 No caso brasileiro, a crise da oligarquia
manifesta-se de forma inequívoca a partir de 1930. É a partir da Revolução de
1930 e da ascensão de Vargas ao poder que se criam, no Brasil, as precondiçõcs
enunciadas pelos diversos autores latino-americanos como favoráveis ao sur-
gimento do fenômeno populista. Para Weffort, em particular, o processo de
1930 leva a uma "ampliação institucional das bases sociais do Estado,,, geradas
pela "decadência dos grupos oligárquicos como fator de poder". Ao mesmo
tempo, coloca-se a "inca~ac.idadc .manif~stada pelas classes médias c pelos se-
tores industriais em substrtmr a ohgarqma nas funções do Estado,.7°
É neste contexto histórico que se gcstam as prccondiçõcs para a "expe-
riência populista" no Brasil, em particular, para o enorme peso du liderança de
Vargas 0 período 1930-54, na interpretação de Weffort. Neste sentido, o pró-
prio Weffort discorda das análises "simplificadas" que v~em o populismo como
um mero fenômeno de "manipulaçao de massas''.
202
. Para ele, "em realidade, o populismo é algo mais complicado que a mera
~anapulaçr\o c sua complexidade poHtica não faz mais que ressaltar a comple-
XIdade ~as condiçücs hist6ricas em que se forma. O populismo foi um modo
dctcrnunado c concreto de manipulação das classes populares, mas foi tamb6m
um modo de expressao de suas insatisfaçües. Foi, ao mesmo tempo, uma forma
de estrutura .do poder para os grupos dominantes c a principal forma de cx-
prcssfio poHtlca de emerg~ncia popular no processo de desenvolvimento indus-
trial c urhano".71
Haveria, portanto, desde a sua formação, uma ambivaWncia básica na na-
tureza do populismo brasileiro pois ele, simultaneamente.
(...) foi um dos mecanismos através dos quais os grupos dominantes exer-
ciam seu domfnio mas foi também uma das maneiras através das quais esse domf-
nio se encontrava potencialmente amcaçado.72
A esta natureza amhivalente em termos dos interesses sociais nele repre-
sentados, corresponderia também um alto grau de heterogeneidade ideológica.
Em contraposição a "ideologias racionais" como o liberalismo c o socialismo,
o populismo se caracterizaria por sua "especial capacidade de conciliar aspec-
tos essencialmente contraditórios na perspectiva das leis que regem a socieda-
de capitalista c o Estado moderno".7 3
Apesar desta amhivaWncia, Weffort tenta condensar as principais carac-
terísticas de "governos c movimentos sociais constitutivos" de cunho populista,
naquilo que ele denomina de "sistema populista", isto é, uma
estrutura institucional de tipo autoritária c semicorporativa, orientação polf-
tica de tendCncia nacionalista, antilibcral c antíoligárquica; orientação econOmica
de tendência nacionalista c industrialista; composição social policlassista mas com
apoio das classes popularcs. 74
Na própria análise de Weffort, a partir da ascensão de Vargas ao poder,
em 1930, inicia-se um processo de incorporação das massas populares ao pro-
/
I - cesso político, dirigido de "cima para baixo" pela nova elite governante.75 Des-
te processo fazem parte a legislação trabalhista e a implantação da estrutura
sindical semicorporativa. É possível argumentar, entretanto, que a fundamen-
tação doutrinária destas medidas é certamente muito mais calcada na influên-
cia do positivismo c na cxpcrWncia do rcpublicanismo castilhista gaúcho no
pensamento de Vargas c da elite revolucionária de 1930 (em particular Flores
da Cunha, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor)16 do que numa "conciliação de
aspectos contraditórios" "de significação extremamente duvidosa e perturba-
dora" com que o pensamento liberal procura situar o "populismo varguista",
como se fora·uma espécie de "aberração" ou "cqu{voco histórico".77
Na minha interpretação, a Revolução de 1930 acarretou a substituição,
no seio da classe dominante, do núcleo oligárquico tradicional por uma nova
elite, de origem positivista, portadora de um projeto reformador c modcrni-
zante, que acabaria se personificando na figura de Vargas.76 O aspecto refor-
203
1 ....,
.
, · ,1•
205
.. _,
c~riência do republicanismo ~1stilhisra do PRR, representando este justa-
mente uma fraç~1o de classe que requeria uma transformaç1io do bloco de po-
der. Prc.s"'ntc.s também, no repuhlicanismo gaúcho, forres traços de jacohinis-
m , '-"'onfom1c j~\ explicitei no ensaio a respeito da greve de 1917 (escrito antes
de tomar conhecimento do texto de L1clau, publicado em 1979).84 A presença
de intcrpda~"ÕC.S popular-dcmocr~Hicas no republicanismo jacobino é outro
ponto ~llientado no trabalho de Laclau.
Nc.sta mesma linha de raciocínio, a Revolução de 1930, também, repre-
$Cnta o ~w:mço de uma fraç.3o de classe que requeria "substancial transfor-
maç-J\. do hl "O de poder". Gestam-se assim as precondiçôes do que poderia
Sl~r l"'nsidemdo, num primeiro momento, como um "populismo de classe do-
minante.", ao nfvd nacional. Getúlio Vargas passaria a representar a figura-sfn-
tt"'S' dc.stc proce._~o.Note-se que tanto o Getúlio de 1930, quanto o tenentismo,
de cena form3, se adequJm à seguinte definição de Utclau:
O pupulismo consistirá, precisamente, em reunir o conjunto das intcrpc-
I:lÇ'~.S que C..\l'fC..'..~vam n oposiçllo ao hloco de ptxlcr oligárquico: - democracia,
industriJiismo, antiimpcrinlismo; em condcns.1-las em um sujeito histórico, c em
de.._~m 1\ 'r seu antagonismo potencial, confrontando-o com o próprio ponto que
nnstitui~l o princfpio de articulaç~o do discurso oligárquico: o libcralismo.85
206
ranças carismáticas, pois além da "necessidade da participação das massas po-
pulares urbanas", a "personalização do poder" c a "imagem (meio real e meio
m~stica) da soberania do Estado sobre o conjunto da sociedade" seriam com-
ponentes fundamentais do populismo. 87 A partir do estudo mais espedfico do
PTB, pode-se argumentar, de certa forma, o inverso: a evolução do trabalhis-
mo, embora marcada pela presença de lideranças carismáticas (Vargas e os
s~us "herd~iros") sugere o desenvolvimento de uma componente antiautoritá-
na no moVImento de massas - que terá desdobramentos bastante radicais nos
confrontos com núcleos do poder estatal em episódios como 1954 (morte de
Vargas), 1955 (garantia da posse de Juscelino), 1961 (campanha da legalidade),
etc. O autoritarismo, como prática política concreta, marcará, a meu ver, muito
mais a evolução polftica das forças adversárias do trabalhismo. É o bloco das
forças liberal-conservadoras que, para fazer frente ao ascenso e radicalização
dos movimentos de massas, acabaria apelando para as soluções autoritárias,
embora fazendo-o em nome do liberalismo poUtico e econômico.
Isso nos remete diretamente à questão da penetração do trabalhismo no
seio do movimento operáno, que é uma questão importante no contexto desta
discussão.
Laclau tenta demonstrar que o surgimento de um "populismo das classes
dominadas" representa, de certo modo, um avanço- e não um atraso, como
argumentaram até aqui muitos estudiosos- no nível de consciência da classe
operária, na medida em que o populismo procura articular o discurso de classe
com as interpelações popular-democráticas mais amplas do conjunto das clas-
ses subalternas. Assim, para Laclau:
Para os setores dominados, a luta ideológica consiste em expandir o antago-
nismo implfcito nas interpelaçOes democráticas e em articulá-lo ao próprio discurso
de classe. A luta da classe operária por sua hegemonia consiste em alcançar o má-
ximo possfvel de fusao entre a ideologia popular-democrática e a ideologia socialis-
ta. Neste sentido, um "populismo socialista" nao é a forma mais atrasada de ideo-
logia operária, mas sua forma mais avançada: o momento em que a classe operária
consegue condensar em sua ideologia o conjunto da ideologia democrática em uma
formaçao social determinada.88
A fase "populista" representaria, portanto, uma superação do "reducio-
nismo classista" e do isolamento da classe operária, características do perlodo
anterior a 1930, em que predominavam as concepções anarquistas e anarco-
sindicalistas. No novo perfodo que se abre, "reducionismo classista e ideologia
operária deixam de estar em correlação necessária e surge a possibilidade de
um populismo operário.89
É justamente este "populismo operário" que, a meu ver, terá o seu peso
específico no trabalhismo gaúcho a partir de 1945. A co"ente sindicalista- que
define como uma das correntes formadoras do PTB no Rio Grande do Sul- é
representativa deste fenômeno. Fiel a Vargas na defesa das conquistas traba-
lhistas dos anos anteriores a 1945, as lideranças sindicais que a compõem, no
207
entanto, tomam a iniciativa da rebelião contra o PSD e recusam-se a integrar
este partido como "ala trabalhista", tal qual Vargas o imaginara no in{cio de
1945. A partir de setembro de 1945, esta corrente sindicalista confluiria com
grupos de intelectuais e profissionais liberais liderada por Alberto Pasqualini.
Vargas, que no início tenta manter-se eqüidistante entre o PTB e o PSD, de-
pois da sua derrubada do poder vê-se forçado a privilegiar o fortalecimento do
primeiro, principalmente no Rio Grande do Sul. Consolidado a partir da trans-
fusão de polfticos varguistas oriundos do PSD, o PTB gaúcho cresceria nos
anos 1946-47, justamente sob o impacto da ruptura entre Vargas e o PSD local
e da radicalização polftica do discurso getulista na fase do seu exílio são-bor-
jense. É neste período que o PTB conquista o apoio majoritário do voto operá-
rio em Porto Alegre e nos principais centros urbanos do interior (Rio Grande,
Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul).
Conforme a exposição, apesar de sua ambivalência ideológica e do fato
de não se inspirar em corpo teórico acabado e coeso, o trabalhismo não deixa
de evoluir na direção de uma síntese das interpelações popular-democráticas,
gestadas na luta antioligárquica, com os movimentos sociais das camadas po-
pulares deflagrados no período posterior a 1945. Ele conquistará, rapidamente,
o apoio majoritário das classes subalternas e, em particular no RS, da classe
operária e do próprio movimento sindical. ·
No 'entanto, o PTB gaúcho não chegaria a trânsformar-se em um "partido
orgânico" da classe operária. Sua composiç-ão continuaria a ser essencialmente
policlassista e seus vínculos com o movimento sindical, de caráter informal,
destacando-se a complementariedade entre a militância sindical e o voto traba-
lhista, mas não uma vinculação orgânica entre partido e sindicatos. No essen-
cial, o PTB tendia a ser muito mais um partido de mobilização político-eleito-
ral que de representação popular, na medida em que não chegou a consolidar
canais permanentes de participação popular. Mas seria falso atribuir-lhe exclu-
sivamente a componente de controle de massas, sem dúvida presente desde a
sua fundação: a sua atuação no cenário político suscitaria também uma com-
ponente de incorporação das massas populares no cenário político. Esta com-
ponente chegaria, em várias ocasiões, a provocar mobilizações populares de
caráter explosivo: os episódios de 1954, 1961 e o próprio período final do go-
verno Goulart são exemplos disto. Neste sentido, o PTB gaúcho, como partido
de massas e não obstante a sua relativa inorganicidade e hibridez ideológica
chegaria a gestar, em· seu bojo, um trabalhismo popular e operário que se
aproxima do modelo de "popt,Ilismo das classes dominadas" sugerido por La-
clau. - z . ·
Nos derradeiros anos-do regime constitucional·.de 1946, nà fase 1961-64,
já fora do período especificamente analisado, importante setor do trabalhismo
de massas, liderado justamente pelo governador gaúcho Leonel Brizola, radica-
liza suas posições num processo que avançava na direção daquilo que Laclau
denomina de "inflexão jacobina'', gestando as precondições para um "populis-
mo socialista" ao nfvel do movimento de massas e das camadas populares. O
208
.'
desfecho poHtico-institucional de 1964- que fecha o ciclo poHtico que váriot;
autores cheg~m a denominar de "República populista"- é a resposta dadu pc-
los setores liberal-conservadores - que evoluem cada vez mais para posiçúc~
autoritárias de direita -a esta radicalização crescente do trabalhismo de mas-
sas. A ruptura de 1964, desmantela os setores mais radicais do movimento po-
pular c joga no exllio e na clandestinidade as principais lideranças trabalhistas.
A queda do regime ·constitucional, provoca, portanto, uma quebra pro-
funda no processo de evolução. do trabalhismo de massas. Neste sentido, seria
possível argumentar que o tempo histórico do processo político brasileiro -
demarcado pela violenta ruptura de 1964- foi insuficiente para o pleno desen-
volvimento do trabalhismo - principalmente de seu setor mais radical - como
"partido orgânico" das classes subalternas, na cristalização de uma "inflexão
jacobina" que consolidasse, no cenário nacional, um "populismo operário c
socialista" na forma referida pelo estudo de Laclau.
Em certo sentido, os reveses de 1954- que culminariam com a morte de
Vargas e o eclipse poHtico de Pasqualini- marcam o final da tentativa de im-
plementar o projeto político trabalhista a partir de uma base dual de apoio so-
cial: um setor modernizante da elite, aliado às camadas populares. A crise de
1964- que culmina com a queda de Jango e o exílio de Brizola- marca uma
ruptura histórica no processo de ascenso de um movimento de massas que pro-
curava implementar o projeto trabalhista a partir da conquista de hegemonia
dos setores populares, na plena consolidação de um "populismo das classes
dominadas".
NOTAS DO CAPÍTULO 3
1 GRAMSCI, Antonio. O moderno príncipe In: Maquiave~ á PoliJica e o Estado Moderno, Rio de Janeiio, Civi-
lização Brasileira.
2 Sobre a dicotomia sociedade civiUsociedade política como expressão de dois momentos superestruturais em
Gramsci, engendrando o aspecto do "consenso" e da "coerção" no processo de construção da hegemonia polf-
tica; ver também BOBBIO, Norberto. O concáto lk sociedade civil, Rio de Janeiro, Graal. 1982, p. 38--9.
3 Sobre o partido político e "visão de mundo" e~ Gramsci, ver princi~alme~te,~p~~ ~.un~ introduzioni e un
awiC~mmlo al1o studio ddúl fi!Mofia e lk/la stona lkll.a cultura: alcunt punl1 prelimliUJTI di rifarmmto, Qu.aderno
11 (XVIII), p. 1375-95, Quadn-ni lkl Carcere, Torino, Ed. Einaud~ 1975, vo1.2
"'GRAMSCI. A O moderno príncipe, op. cit
5 Ver upftulo 1, p. 35.
6 Discurso de Pa.squalini em Porto Alegre em 29/11/1946, ver capítulo 1, p. 42
7 Discurso de Pasqualini em Caxias, em 14/12!1946, ver capítulo 1, p. 46.
8 Idem, ver capítulo 1, p. 47.
9 Trechos e:rtrafdos da carta de Pasqualini a João Agostini em julho de 1950. Ver capítulo 1, p. 84.
10 Expresslo atribuída a Ruy Ramos. ·
BODEA.A gr~ lk 1917 e as origms do traba-
11 Sobre a origem positivista do trat-alhismo gaúcho; ver t.amb_ét.1
/Ja1smo gaúcho, op. cit '
12 KEDROV, V. W. Cú:u:sificadón lk las cimciar, Academia de Letru da URSS, tradução espanhola.. Tomo L p.
3--4, 1974.
13 ZEA. Leopoldo El pcuamimto lalinoamaicano, Buenos Aires., 3ed. Àriel. 1976, p. 328.
1"' MORAES FILHO, Evariste delntrodução a Comte, Rio de Janeiro., Átic.. 1978, p. :!8.
209
18 Tncbos extraídos do editorial do jornal A Fedcação, porta-voz do PRR de 2/&!1917.
17 A Fetlemfão, 3/811917, p. 1. Citado em BODEA, op. cit, p. 44, grifos mell5..
18
A Fetkração, 14/8!1917, p. 1. Citado em BODEA, op. cit, p. 53-4.
19
A Fedcação, 14/8!1917, p. 1. Citado em BODEA, op. cil, p. 54-5.
20 Referindo-se à experiência do projeto das clumadas univel3idades populares, Gramsci afirr:::a: "Aprese.ntan-
se a mesma questão mencionada: um movimento culrural só o é na m~ida em que se ded1c.1 a desenvolver
uma culrura especializada para grupos restritos de intelectuais ou, ao contrário. somente na m~id~ em que,
110 trabalho de elaboração de um pensamento superior ao senso comum e cientificamente coerente nao es.que-
u nunca de permanecer em contato com os 'simples' e assim nesse contato encontra 3 fonte dos probien:as 3
esruda~ e resolver? Somente por esse contato uma filosofia se torna 'b.istóric.a', se depura dos e~ement~ tnt:-
lecruahstas de narureza 'individual' e se transforma em 'vida'. A falência daquele projeto podena ter s1do C\1·
tada se houvesse 'or~anicidade de pensamento e solidez cultural' (que) poderiam ter sido ronse.r,uidl5 SC~men
te se entre os intelectuais e os 'simples' houvesse a mesma unjdade que de'\·e e;tistir entre troria e pr.ític.s~ isto é,
se os intelectuais tivessem sido organicamente os intelecruais daquelas massas, em outras pall\Tas, 5e hou..-es-
sem colaborado e tornado coerentes os princípios e os problemas que aquelas m.tssas rolocavarn rom .t sua .ui-
vida~e pritica, constituindo assim um bloco cultural e social". Foi esse "bloco' que, parece-me, o discuno tn-
balhist.a. apesar de suas ambigüidades, ou talvez mesmo por c.ausa delas, permitiu manter. GRA.\tSCI. A Q-.u:-
ckmi dd Carcen, v. 2, p. 11&2, Torino, Einaudi, 1975.
21
A Federação, 14/8!1917.
22 Ver BODEA, op. cit, p. 4o-1.
23
A Fedcação, Editorial, p. 1, 2/8!1917.
24
Sobre a resson!ncia popular de elementos do discu13o positi.,ista ao nível das m.tssas populares no ronte.llo
brasileiro, vide o artigo de Maria Lúcia Montes, O discuno populista ou caminhos cruzados.. In: Pcpuli.sm e
ÚlmWiicação, José Marques de Melo, Coordenador, São Paulo, Cortez Editora., 1981.
25
GRAMSCI, Quaderni dei Carcere, v.2 p. 1392 e 1383, Torino. Ed. Einaudi, 1975.
26
Ver I.ACLAU, Ernesto. Para uma teoria do populismo,In: Polilica e ideologia 11a reorül m=rirta, Rio de hnei-
ro, Pu e Tem, 1979.
27 Discul30 pronunciado por Pasqualini no Alegrete, 6/9!1950, ver capítulo 2 p. 216.
28 GRAMSCI. Quadnni dei Carcen, op. cil, p. 1390-1.
29 Idem, ibidem, p. 1385.
30 GRAMSCI. O moderno príncipe, op. cil, p. 9.
31
GRAMSCI. Quadcni delúvca-r, op. cit, p. 1392-3.
32 Ver G ERMANI. Gino. Polilica y sociedt:ul 01 una ~poca de trai'Isición, Buenos Ai~ Paidos Ed .. 196S.
33 Ver DI TELLA. Torquato. Cla.sse.s sociale.s y e.st:ructurar polilicar, Buene>S Aires.. Paidos Ed... 1974.
34 GERM.ANI. G., op. cit, DI TELLA. Torquato, op. cit
3S IANNI, Octávio. A fom~ação do Estado popuüsta na América Latina, Rio de hneiro, Ci\ili.uç.ão B~silein.
1975, p. 26.
36 IANNI, 0 ., 1975 (1) op. cit, p. 28.
37 Idem, op. cil, p. 31.
36 Idem, p. 33.
39 Idem. p. 108-9.
40 lANNI, O. O caúJpso do popuü.smo no Braril, Rio de Janeiro, Civiliz.aç..ic Brasileirl, p.66.
41 DEBREf, Guita-G., /d~ologia e popuü.smo, Slo Paulo, Queiroz Editor.1, 1979, p. I.
~ DEBREf, Guita-G., op. cit, p. 4.
43 Idem, op. cil, p. 6.
44 Idem, p. 25, pifos meus.
4-5 WEFFORT, Francisco, O popuü.smo 11a po!Jíica brarilúra, Rio de Janeiro, Pu e Terra,19SO.
48 WEFFORT, F., 1980, op. cit, p. 20.
7
• Ver WEFFORT, F~ Política de massas; In: O popuü.smo na polilica brcuikira, op. cil, p. 19.
48 WEFFORT, F., 19&0, op. cit, p.24.
49 Idem,p.36.
50 Idem,p. 40.
~~Idem, p. 42
~ WEFFORT, F. P011i~, sindicaJos e demoaacia: algumas que.stoo para a história do paiodo }9./5-M, mi-
meognbdo. 1975, op. cal, p. 3-4.
53
Entrevista c..om L Fanton, ex-secretário particular de Pasqualini, já citada no c.1pítulo 1.
210
M WEPFORT, lf>RO, ('Jl· rlt., I'· 1\0,
M Ver <"Apltuh\ I, p. In.
r.u Vrr rnpltul,l I, p. I ;\7,
['}7
Vtr l'llpltuln I , p. l.li2.
M WF.JIIo'ORI', tlll\0, p. 7'1.
50
N11 m11nlu\ do 111~ 2·l de lll'.o~tu, l'unw J•i vimo~. ns mMsM dl·strocm 11 sede ti:! UIJN (identificado como o "par-
thl<' 1lo~ riw~". tl11 dll ~~(l ll,,mlflllntc), mM po upam u rclr11to de Flore11 da Cunha que é levado de "volta ao seu
pMthl<l", ASl'llt· "'' lyl'll. "p:utitlu tln~ pohrt·s". (1 simbolismo dlls mas~ as terá repercussões práticas um ano
m11is ll\nlc: como prcshkntl• ,1:\ ( ~.1 mnra dns Deputados, Flort•s rompe com a UDN no dia li de novembro de
19.~51·, rdnr.H·ssantlo '"' lyl'l\, aj1ull\ 11 nsst•j•,uur 11 posse de Juscelino c Jan1;ol No movimento da legalidade (já
fMII d11 ptrÍíldo tlt·stll pesquisa), umn ldturn, mesmo superficial, dn imprensa da época demonstra o peso da
e~truturn pnrthUrill trnh11lhi~ta ~~:~ nwhilil.liÇ:'ío populnr.
fiO
Ver rapftulo 2 p. 21(•- 7.
01
WEPFORT, 19RO, op. dt., p. 36.
6
~ ltlt·m, p. 'lO, r,rif<'S llo 1111tor.
03
Idem, p. 5:\, l'.rifos meu s.
04
ltlt'm, p. 53.
6
~ Ver WEf-FO RT, 1975, op. cit.
60
Ver capitulo 1, prindp~lmcntt~ suhc.1pftulos 3 c 5.
67
Entn:vistns com lídacs sindicnis wmo J. Vecchio, Mesquita c outros. Entrevistas com Lidovino Fanton c João
Caruso S., já citndns no cnpftulo 1.
68
Entn:vistl\s com Panton, Ca ruso Scudcri c O tavio C.uuso da Rocha, já cit.1das.
69
Como "cbsst.'s populllfes" Wdfort dcsi~na a " todos os setores sociais-urbanos ou rurais, assalariados, semi-
assal:\riiHios ou n !io - ass:~lnrizulos, cujos níveis de ('Onsumo l'Stáo próxi mos aos Jnínimos socialmente necessá-
rios pua n suhsist~ncin". Ver WJ.:.FPORT, 1980, op. cit., p. 81, nota I.
70 WEFFORT, 19RO, op. cit., p. 63.
71
WEFFOR'l', idem, p. 62-3.
72
ltlt•rn, p. 63.
73
ld<·m, p. 63.
74
ldt.'nt, p. 84-5.
75 Idem, p. 63-71.
76 Sobre a innu~ncia positivista em Vargas, ver BODEA, op. cit
77 Sobre 11 visão liberal do populismo, cito as próprias palavras de WEFFORT, 1980, p.83.
78 Não se trata de afinn:u que Vargas fos.~c um idcólogo positivista, mas sim uma liderança política inOuenciada,
na sua origem, por um agrupamento político oriundo de uma curiosa adaptação do positivismo comtiano ao
texto latino-americano, conforme expus no item anterior deste capítulo.
79 Ver c~lpftulo 2, subcapítulo 3.
80 Ver LACLAU, Ernesto. Para uma teoria do populismo; In: Política e ideologia na teoria marxista, op. cit
81 LACLAU, op. cit., p. 179.
82 Idem, p. 179-80.
8 31dcm, Jl· 181, grifos meus.
84 Ver BODEA. já citado acima.
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''( · ···> ·. ·. · · e o surpreendente r evés eleitoral de 1954 :. i
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/ ... .· constituem o lastro histórico deste texto de ~liguei Bodea.
•:·; :··. Além disso, regis tra e analisa as coordenadas políticas·
.'~F · e o projeto ideológico das d u as figuras exponenciais · ·
J do trabalhism o: Getúlio \ 'argas e Alberto PasqualinL :.·
:. N este momen to, o livro de Bodea perde sua dimensão regional ·-
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e torna:Se a mais si~~~cativa interpretação rt-9-"1 '-: •
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·f;. do antigo PTB em seus postulados doutrinários.
.·; Original e rico em d ocumentaçã o e interpretaçã o,
( Trabalhism o e p o pulism o no Rio G rande do Sul
1 é um texto fundamental so bre a \ida política rio-grand ense.
•.
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N.Cham. 981.65:329PTB B666t
A utor Bodea, Miguel
"Pítulo Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul