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UNIVERSIDADE DE LISBOA
2011
FACULDADE DE PSICOLOGIA
UNIVERSIDADE DE LISBOA
2011
AGRADECIMENTOS
com o Mestrado na FPUL. Foi o percurso mais importante que fiz – pela novidade, pela
experiência, pelos desafios e pelas aprendizagens. Vejo a Psicologia como uma das
grandes áreas integradoras do ser humano e do conhecimento, que permite uma prática
Este comentário inicial é sobretudo de gratidão a todos aqueles que deram o seu
À orientadora desta dissertação, Prof.ª Dr.ª Rosa Novo, pela oportunidade que
me deu em trabalhar esta temática, pelo seu rigor científico e preciosas indicações. Às
Fernando Fradique, Prof. Dr.ª Luísa Barros, Prof. Dr. Luís Joyce-Moniz e Mestre Luísa
Aos meus Pais – por me terem permitido chegar aqui. Ao meu irmão Marco –
pela sua presença assídua a todos os níveis, por todos os conhecimentos que me
transmitiu e pelo apoio fulcral ao longo das diferentes fases deste trabalho e ao meu
A todos os meus amigos – pelas leituras atentas e por me terem feito acreditar
nesta conquista. Uma nota especial à Carina Fernandes e à Ana Rita Caldeira – por
interpretação errada de sintomas físicos podem constituir-se como uma situação crónica
comunidade científica.
os grupos, quer ao nível da intensidade das preocupações com a saúde e com a doença,
grupo não psiquiátrico revelou uma expressão moderada de preocupações inscritas num
novos estudos com outras amostras e instrumentos. Assim, talvez seja possível
significant; however this association has been barely explored and objectivised by the
scientific community.
The present study was focused on the identification of specific personality and
We applied the Survey of Health Concerns and the Minnesota Multiphasic Personality
Inventory-2 to a set of adult patients (N = 10) with concerns about body functioning,
health and illness, differentiated in two groups regarding the presence or absence of
psychiatric complaints.
The obtained results reveal significant differences between the groups, both on
the intensity of health and illness concerns and on clinical and personality
characteristics. The psychiatric group was more introverted, neurotic and presented
medical care. The non psychiatric group revealed a moderate expression of concerns
The discussion points towards the need for more exploratory studies, with
different samples and instruments. This might render possible an identification of other
significant relations between health and illness concerns and clinical and personality
disorders.
INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….....1
CONCLUSÕES ………………………………………………………………………..…46
ANEXOS
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Valores médios dos grupos no Total e nos dois factores da EPS …………. 31
Figura 2. Valores médios nas Escalas de Personalidade (PSY-5) por grupos ………. 33
Figura 3. Valores médios nas Escalas Clínicas Base por grupos ……………………. 35
INTRODUÇÃO
Hipocondria, é significativa mas tem sido pouco explorada (Katz & Zenger, 1999).
1
Neste estudo, as preocupações maioritariamente referidas encontram-se ligadas à doença. Contudo, não descurando
a continuidade existente entre saúde e doença, será utilizada a referência preocupações com a saúde/doença.
2
O presente trabalho surgiu da necessidade de ampliar a exploração das
identificar e caracterizar tais relações (Butcher & Butler, 2005; Graham, 2000; Green,
2000).
compreensão das preocupações com a saúde/doença pelo que procurou: por um lado,
personalidade.
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
(Molière)
Psicologia (APA) nos finais da década de 70 do século XX, recorre à investigação nas
completo bem-estar físico, mental e social” (OMS, 2001). Esta definição reconhece a
manutenção da maioria das doenças físicas e mentais, o que denota uma visão
(Ogden, 2001).
definição de “ser saudável” vai ao encontro de uma visão holística de bem-estar, e está
(Scharfetter, 2005).
que esta construção varia de indivíduo para indivíduo, baseando-se num processo
Estima-se que 25 a 75% dos utentes atendidos nos cuidados de saúde primários
Chrisman, 2001). A expressão de sintomas físicos por parte destes utentes é concebida
por Gameiro (2004) como sofrimento interno acompanhado por alterações somáticas,
afectivas e cognitivas.
século XIX e a uma área convencional designada de Psicossomática (Haynal, Pasini &
(Matos, 2003). O mesmo autor refere que também foram estudadas as estruturas de
sensações corporais e a não se preocupar com as mesmas. Por outro lado, quando há
doença.
por esta interpretação errónea dos sinais e sensações orgânicas (Salkovskis & Bass,
Salkovskis e Bass (1997) referem que este processo interpretativo conduz a uma
carácter funcional porque conduz à mobilização de recursos para o confronto com uma
possível ameaça à integridade física (Joyce-Moniz & Barros, 2005). Contudo, quando
SAÚDE/DOENÇA
constituem como sinais e sintomas podem estar associadas a diversos quadros clínicos
e, como tal, são alvo de estudo no âmbito da psicopatologia. Esta disciplina científica
sintomas físicos que sugerem um estado físico geral (daí, o termo somatoforme) e não
completamente explicadas por um estado físico geral, pelos efeitos directos de uma
agrupamento destas perturbações numa única secção baseia-se mais na sua utilidade
física não é produzida ou simulada intencionalmente e não está sob controlo voluntário,
exacerbação e manutenção das queixas físicas, contudo estes diferem dos Factores
Psicológicos que Afectam um Estado Físico Geral, uma vez que nestes casos existe um
ideia de que se tem, uma doença grave, baseada na interpretação errada dos sintomas
também ser apreciadas, uma vez que as preocupações com a saúde/doença tendem a
aumentar nas populações idosas mas estão mais relacionadas com a realidade ou com
presentes, contudo não atingem geralmente o critério de receio prolongado de ter uma
doença grave.
grave.
11
excessivas em relação a uma doença grave, contudo é comum que a depressão ocorra
Episódio Depressivo Major (APA, 2002). Hollifield et al. (1999) referem existir muitas
relaciona-se com o tipo de atribuição relativa aos sintomas físicos corporais. No caso da
sofrimento psicológico que conduz a múltiplas queixas somáticas (Filho & Brud, 2010).
afectando funções motoras ou sensoriais que sugerem uma doença neurológica e têm
outros stressores (APA, 2002), sendo que o doente não reconhece qualquer etiologia
Corporal Dismórfica refere-se que as preocupações excessivas têm a ver com defeitos
área clínica e da saúde e, como tal, tem sido descrito sob múltiplas perspectivas e em
características da personalidade (Lima & Simões, 2000; John & Srivastava, 1999). As
clínico (Oliveira, 2002); definindo-se como uma tendência para a instabilidade a nível
somáticas e tendências hipocondríacas (McCrae & Stone, 1997, cit. por Joyce-Moniz &
Lilienfeld, 2001, cit. por Williams, 2004). John e Srivastava (1999) referem que o
reacções somáticas e conversivas (Caixeta, Chaves & Reis, 1999), o conceito de histeria
com o corpo e a doença (Filho & Burd, 2010). Actualmente, as relações entre
14
2004).
amabilidade.
Muller & Longley, 2001). Hollifield et al. (1999) referem que à Hipocondria se
estudos adequados.
Personality Inventory-2).
15
patologia (Friedman, Lewak, Nichols & Webb, 2001). Este instrumento seguiu
Green, 2000).
doença. Um estudo realizado por Wall, Arnold, Eekhof, Assendelft e Hemert (2008)
MMPI-2 como método quantitativo de pesquisa, demonstrou uma maior utilização dos
repetidas ao médico.
apresenta níveis de correlação na ordem dos .82 com a escala de Depressão (D) e dos
.80 com a escala de Histeria (Hy), o que significa que as relações estabelecidas entre as
2000; Green, 2000; Butcher et al., 2001), descrevendo condições específicas ligadas ao
controlo dos impulsos; existência de poucas estratégias de coping para lidar com o
2000), que se exprime por uma maior elevação nas escalas Hs e Hy relativamente à
17
três escalas clínicas base (Friedman, et al., 2001). Se a expressão neurótica for
acompanhada pela elevação nas escalas de Psicastenia (Pt) e Esquizofrenia (Sc), então
e cognitivas, com eventual actividades delirante (Graham, 2000). Neste tipo de perfil é
mais provável que a escala de Hipomania (Ma) esteja baixa indicando dificuldades de
análises de perfis e dão pistas úteis para a investigação. Relacionadas com o tema de
investigação, refere-se a escala de Preocupações com a Saúde (HEA) que se revela uma
Friedman et al. (2001) referem existir uma associação significativa entre a escala
entre a escala NEGE e a escala de Psicastenia (Pt). Butcher e Butler (2005) indicam
preocupações diversas.
medos ou crenças de ter uma doença grave. De modo a averiguar outras características
efeito, como é o caso da Escala de Preocupações com a Saúde desenvolvida por Katz e
Zenger (1999).
19
2. METODOLOGIA
com uma amostra composta por dois grupos de participantes que tinham preocupações
ligadas ao corpo e à saúde. Os grupos foram designados por grupo psiquiátrico e grupo
hipocondria.
Evitamento).
2.2. AMOSTRA
ajustamento com prejuízo para a saúde e condição clínica que reporta para a existência
investigação.
21
apenas um era do sexo masculino. Todos eles residiam na região de Lisboa e Vale do
constituído apenas por duas pessoas, nos restantes casos o agregado familiar englobava
um maior número de elementos, entre três e cinco pessoas. Quanto ao estado civil, sete
participantes eram casados ou viviam em união de facto, dois eram divorciados e apenas
um era solteiro.
activo, dois desempregados, uma participante estava reformada e outra era doméstica.
Dos seis indivíduos em situação activa, quatro encontravam-se de baixa médica, sendo
que três deles estavam em baixa de carácter prolongado devido à sua situação clínica
2.3. INSTRUMENTOS
O Survey of Health Concerns foi construído por Katz e Zenger (1999) com base
estudo foi utilizada a versão portuguesa da escala que foi traduzida e adaptada por
numa escala de Likert de 1 (Nunca sou assim) a 5 (Muitas vezes sou assim). A
em cada questão, sendo cinco itens (os itens 4, 9, 13, 15 e 19) formulados de forma
negativa e a sua pontuação invertida. Deste modo, o resultado total da escala pode variar
entre 20 e 100, sendo que a valores mais altos corresponde a um maior número de
O estudo da prova original foi efectuado por Katz e Zenger (1999) com jovens
Cronbach de .84. Não foram identificadas nesta amostra diferenças entre os sexos
por 37% da variância. O primeiro factor explica 28% dessa variância e agrupou a
maioria dos itens, num total de 13, que agregam traços de dependência face aos clínicos,
23
mal-estar e idas frequentes ao médico. O segundo factor agrupou apenas 3 itens que são
entre a escala clínica de Hipocondria (Hs) do MMPI-2 e a escala EPS na ordem de .63.
Esta moderada associação entre as duas provas é significativa, tanto mais que a escala
difundindo e utilizado pelos psicólogos (Butcher & Beutler, 2005; Nichols, 2001;
experimental do MMPI-2 (Silva, Novo, Prazeres & Pires, 2006) que se encontra em
O inventário é constituído por 567 itens de resposta Verdadeira (V) ou Falsa (F)
é constituído por um conjunto de dez escalas clínicas base, às quais se agregam escalas
constituído pelas escalas PSY-5 que permitem o acesso a informações fidedignas sobre
prova.
2.4. PROCEDIMENTO
clínica.
11 anos e menos de 16, num participante há seis anos e noutro a perturbação era mais
Depressão e outros três tinham Perturbações de Ansiedade, sendo que dois destes casos
ansiosa e/ou depressiva, sem cronicidade e sem perturbação mental diagnosticada. Estes
psicologia clínica.
participação. Após o consentimento informado dos utentes foi acordada uma data para a
aplicação das provas psicológicas. A recolha de dados e a aplicação das provas foi
aplicação do MMPI-2.
quatro casos a aplicação teve de ser adaptada à situação clínica dos participantes,
administração individual dos inventários, sendo o aplicador a realizar a leitura dos itens
e o registo das respostas orais dos participantes. Esta modalidade envolveu um tempo
26
espaçadas por um intervalo de tempo inferior a uma semana. Segundo Edwards, Holmes
deu lugar a três medidas finais: o Total de preocupações com a saúde/doença; o Factor
comparabilidade entre eles, procedeu-se ao cálculo dos valores médios, por participante,
em cada uma das medidas parcelares e identificadas as diferenças por factor. A partir
manual do instrumento (Butcher et al., 2001). Para efeitos de análise e interpretação dos
protocolos, foram analisados os resultados por indivíduo e por grupo. Neste último caso,
foram calculados os valores médios dos participantes de cada grupo para cada uma das
Suplementares).
3. RESULTADOS
obtidos neste estudo para a EPS nos dois grupos de participantes: psiquiátrico e não
psiquiátrico. Para o efeito, a análise numa fase inicial foi orientada numa perspectiva
saúde/doença.
original. Para a medida Total da escala, com resultados teóricos entre 20 e 100, partiu-se
um desvio padrão, isto é, valores entre 32.43 e 53.67 para os limites inferior e superior à
média, respectivamente.
valor médio por factor, garantindo assim a comparabilidade dos valores dos dois
apurou-se que cinco dos seis participantes do grupo psiquiátrico registaram valores
superiores no factor Dependência, tendo a diferença mínima sido de .31, o que permite
considerar que os participantes deste grupo, além das queixas somáticas gerais, de
características marcadas de dependência face aos clínicos, aos cuidados médicos e aos
valores entre 33 e 44, o que indica que as preocupações destes participantes são
termos de valores absolutos, a expressão dos dois factores foi pouco significativa o que
FACTOR FACTOR
TOTAL NA ESCALA
DEPENDÊNCIA EVITAMENTO
PARTICIPANTES
Resultado Valor Resultado Valor Resultado Valor
Bruto Médio Bruto Médio Bruto Médio
1 78 3.90 55 4.23 11 3.67
2 68 3.40 44 3.38 8 2.67
GRUPO 1
Quadro 1. Resultados de cada participante no Total e nos dois factores da escala EPS
não psiquiátrico o valor de 2.21 revela que as preocupações com a saúde/doença são
concerne à procura de apoio médico e requisição de avaliações clínicas, que, por sua
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
Total Dependência Evitamento
Grupo 1 3,5 3,71 3,15
Grupo 2 2,21 2,14 1,5
Figura 1. Valores médios no Total e nos dois factores da EPS por grupos
perfil PSY-5 uma elevação significativa nas escalas INTR (T69) e NEGE (T66), a par de
32
valores próximos do limite inferior da média em AGGR (T43) e DISC (T40) e uma
positiva que se associa claramente à situação clínica actual. A elevação da escala NEGE
emocional.
Os valores obtidos nas escalas AGGR (T43) e DISC (T40) pelo grupo
agressividade evidenciada pela escala AGGR indica uma centração nas preocupações
outros.
2
Valores abaixo de T40 são raros na população geral
33
O grupo não psiquiátrico, identificado como grupo 2 (ver Figura 2), não
personalidade. Os valores das escalas AGGR, PSYC e INTR situaram-se dentro da média
da média e a escala DISC obteve valores próximos do limite inferior, o que pressupõe
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
AGGR PSYC DISC NEGE INTR
Grupo 1 43 55 40 66 69
Grupo 2 55 51 45 60 51
nos grupos psiquiátrico e não psiquiátrico nas Escalas Clínicas Base do MMPI-2 e nas
nível das Escalas de Validade. A representação dos perfis clínicos base por grupos é
Hipocondria (Hs) – T93, Depressão (D) – T87 e Histeria (Hy) – T93. Esta expressão é
Psicastenia (Pt) e Esquizofrenia (Sc). Os resultados nas escalas Desvio Psicopático (Pd)
e Hipomania (Ma), dentro da média normativa, remetem para grande centração e níveis
comportamento.
Hs, D e Hy, apresentam uma configuração em forma de “V”. Tais elevações indicaram a
sofrimento psicológico que os pacientes estão a experienciar e que está ligado a medos
funcionamento mental.
(D) – T60, formando uma estrutura triangular no lado esquerdo do perfil. Estas
sofrimento psicológico.
120
115
110
105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
Grupo 1 93 87 93 59 54 65 77 81 51 61
Grupo 2 50 60 49 54 54 50 51 50 51 53
clínica. Como seria expectável, o grupo psiquiátrico revelou uma maior complexidade
em termos psicopatológicos com elevações nas várias escalas assinaladas (Hs, D, Hy,
Pa, Pt e Sc). Por outro lado, a configuração apresentada pela tríade neurótica reflecte
grupo não psiquiátrico verifica-se que nenhuma das escalas clínicas base teve
significado clínico.
Foi considerada uma análise centrada nas seguintes escalas clínicas de conteúdo:
Tratamento (TRT). A Figura 4 indica os valores médios nas Escalas Clínicas por grupos.
As elevações nas escalas ANX (T77), FRS (T68) e OBS (T71) nos participantes
escala DEP (T67). Estes resultados são concordantes com os dados clínicos destes
pacientes.
acima do limite superior em TRT (T67), a que se afigura uma tendência para a rejeição
de apoio por parte dos outros e de atitudes de mudança, em prol de uma maior centração
Verificou-se que o grupo não psiquiátrico não apresentou elevações nas escalas
psiquiátrico.
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
ANX FRS OBS DEP HEA WRK TRT
Grupo 1 77 68 71 67 90 66 67
Grupo 2 60 54 53 56 54 50 54
por grupos. Em anexo (Anexo G) são apresentados os valores individuais das Escalas
O-H e valores abaixo da média nas escalas Es, Do e GM. Os pacientes deste grupo
emoções, utilizando estratégias de controlo dos seus impulsos hostis, tal como indicado
nas escalas R (T71) e O-H (T66). Estes resultados reflectem novamente preocupações
destas características, o que seria expectável tendo em conta que estão ausentes
3
Não são determinados valores inferiores a T30 no MMPI-2.
39
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
R Es Do Mt PK O-H GM
Grupo 1 71 30 36 71 72 66 34
Grupo 2 54 46 46 57 54 57 45
representação gráfica dos valores médios dos grupos podem ser consultados em anexo
população clínica. Esta elevação era expectável tendo em conta o estado crónico destes
com valores baixos nas escalas AGGR e DISC) uma elevada emocionalidade negativa e
vínculos e relações com os outros. As elevações do lado esquerdo do perfil das escalas
existência de uma doença grave (resultados muito elevados em HEA) que se afiguram a
elevação secundária nas escalas do lado direito do perfil clínico base, à existência de
particularmente a elevação das três primeiras escalas clínicas base (Hs, D e Hy) e da
escala HEA, articulam-se com a presença de preocupações com o medo de ter uma
41
escala NEGE, indicando que estes participantes se mostram dependentes dos outros, o
expresso por resultados superiores na escala INTR, valores inferiores na escala AGGR e
DISC e elevação na escala TRT estão articulados com o factor Evitamento, indicando
doenças.
psicológica, contudo parecem lidar com a situação e/ou estão preocupados com as suas
potencial valor adaptativo, estando relacionadas com expressões pouco acentuadas nos
4. DISCUSSÃO
entre si.
referida escala foi construída com base nos critérios do DSM-IV, foi permitida a
clínico base que é designado por “V” de conversão (Graham, 2000; Green, 2000) e, por
estar associado a uma elevação nas escalas do lado direito do perfil, indicador da
saúde/doença.
45
ligadas ao corpo e à saúde, como é o caso da HEA. De acordo com Nichols (2001) a
com uma amostra reduzida, o que à partida limita as análises estatísticas de tipo
inferencial. Assim, não foi possível realizar uma análise aprofundada da medida final da
EPS e dos respectivos dois factores, mas sim uma descrição objectiva das tendências de
fez com que, provavelmente, os resultados dos participantes tenham sido mais
não contemplou este aspecto, contudo foi permitida uma identificação precisa de
pacientes com os critérios pretendidos pelo estudo. Uma amostra mais variada no
CONCLUSÃO:
inscrevem.
tal, são expressos sintomas somáticos e elevados níveis de ansiedade, medos e tensão.
psicopatológicas significativas.
poucos estudos que procuram explorar as relações existentes entre as preocupações com
ainda por esclarecer na comunidade científica, não existindo até à data uma nosologia
específica relacionada com os processos hipocondríacos, que, por sua vez, será
ser a prova mais específica para o estudo das preocupações de teor hipocondríaco, tem
As perspectivas futuras devem remeter para uma compreensão mais alargada das
de ansiedade excessivos e que, por sua vez, se constituem como entrave para o atingir
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Psicologia da Saúde.
H. Resultados de cada participante e valores médios nas Escalas de Validade por grupo.
Anexo A.
Psicologia da Saúde.
DESIGNAÇÃO DESCRIÇÃO
Preocupações com a
Avalia preocupações com o funcionamento do organismo.
Saúde (HEA)
Indicadores
Sinaliza indivíduos com atitudes negativas face a profissionais de saúde e ao apoio
Negativos de
psicoterapêutico
Tratamento (TRT)
Anexo B.
DESIGNAÇÃO DESCRIÇÃO
impulsivo.
Negatividade
Sinaliza a tendência do indivíduo se sentir especialmente vulnerável às situações,
Emocional/
experimentando-as com preocupação, nervosismo e medo. Os valores elevados em
Neuroticismo
NEGE indicam passividade, hipersensibilidade à crítica e medo do abandono.
(NEGE)
Assistente
3 F 54 Lisboa Casada 2 3º Ciclo Reformada
GRUPO 1
Formação
Empregada
4 F 48 Lisboa Casada 4 2º Ciclo Baixa Médica
Limpeza
Auxiliar
6 F 53 Setúbal Casada 3 3º Ciclo Baixa Médica
Geriatria
Professora
8 F 30 Setúbal Casada 3 Licenciatura Activo
GRUPO 2
Matemática
Gerente
9 F 40 Setúbal Divorciada 4 Licenciatura Baixa Médica
Comercial
4
Siglas: A. RES. (Área de Residência), E. C. (Estado Civil), A. F. (Agregado Familiar),
ESC. (Escolaridade), PROF. (Profissão) e S. PROF. (Situação Profissional)
C2. Dados clínicos dos participantes
3 53 53 49 55 53
4 46 69 39 81 78
5 38 35 35 61 56
6 46 56 37 57 89
7 41 50 46 75 70
GRUPO 2
8 53 35 39 45 44
9 61 60 49 66 48
10 66 60 46 52 42
PARTICIPANTES Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
1 88 88 96 71 52 74 90 87 45 65
2 101 96 94 58 47 63 84 87 51 62
GRUPO 1
3 105 77 101 51 57 52 68 73 49 46
4 94 88 108 71 60 85 90 99 56 61
5 81 74 79 48 50 57 59 60 51 56
6 86 101 80 53 57 59 68 79 56 72
7 46 59 36 63 60 56 59 48 41 74
GRUPO 2
8 51 66 58 49 50 39 61 50 53 43
9 61 66 61 45 47 52 42 44 49 47
10 43 47 41 53 60 52 42 59 62 47
3 71 68 50 55 98 52 45 56
4 84 65 75 77 94 79 56 50
5 70 51 77 56 85 46 53 43
6 74 68 56 80 79 56 53 58
7 61 62 56 67 51 56 53 54
GRUPO 2
8 55 35 48 48 53 39 47 40
9 66 53 44 60 61 58 76 56
10 56 65 63 48 49 58 50 75
Nota. Valores expressos em notas T; Valores significativos sublinhados (T ≤ 40 e T ≥ 65)
3 49 43 47 44 50 51 49
4 39 48 62 58 78 69 61
5 37 44 57 45 52 61 71
6 39 50 47 39 39 48 43
7 59 73 70 70 60 71 74
GRUPO 2
8 56 60 84 68 70 57 69
9 56 53 49 41 47 48 49
10 56 69 44 44 52 48 57
Nota. Valores expressos em notas T; Valores significativos sublinhados (T ≤ 40 e T ≥ 65)
Anexo G.
PARTICIPANTES A R Es Do Re Mt PK MDS
1 72 78 30 32 53 77 72 68
2 62 78 30 35 62 72 71 63
GRUPO 1
3 50 60 30 46 68 68 61 42
4 72 73 30 35 53 74 89 76
5 61 63 30 38 57 60 65 60
6 62 73 30 30 56 74 72 59
7 62 62 45 30 53 67 66 72
GRUPO 2
8 48 52 55 46 65 50 45 42
9 49 60 39 53 56 62 54 46
10 47 41 43 53 53 47 49 55
Nota. Valores expressos em notas T; Valores significativos sublinhados (T ≤ 40 e T ≥ 65)
3 45 77 50 56 39 36 61
4 45 59 48 56 39 38 53
5 42 62 46 60 52 34 52
6 66 63 42 56 33 35 40
7 58 55 48 44 47 32 33
GRUPO 2
8 39 48 34 39 58 61 53
9 59 63 48 44 47 38 51
10 64 63 59 39 42 50 46
Nota. Valores expressos em notas T; Valores significativos sublinhados (T ≤ 40 e T ≥ 65)
Anexo H.
Resultados de cada participante e valores médios nas Escalas de Validade por grupos.
3 58 58 72 54 65 66 59 51
4 74 73 109 112 81 66 52 45
5 50 64 61 67 77 65 45 52
6 66 65 82 93 113 90 43 49
7 62 58 72 66 73 57 35 41
GRUPO 2
8 54 58 48 42 57 57 52 58
9 46 65 48 58 65 76 41 47
10 54 58 68 62 89 71 46 40
Nota. Valores expressos em notas T; Valores significativos sublinhados
110
105
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
VRIN TRIN F Fb Fp L K S
Grupo 1 68 61 83 82 83 70 51 49
Grupo 2 54 60 59 57 71 65 44 47