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new hope
Para as minhas grandes irmãs, Kim e Deb.
Eu cresci desejando as estrelas.
Agora, sete anos mais tarde, estou retornando para casa, de luto pela
morte de minha mãe, minhas irmãs e eu voltando para a vida que mamãe jogou
fora. Eu nunca quis ficar. Eu não quero lidar com o meu pai, que é tão investido
no mundo espiritual que se esquece do físico. Eu não quero enfrentar William
Bailey, cujos olhos me fazem lembrar a menina que eu era, as coisas que eu fiz e
o futuro que eu perdi.
Isso tudo seria mais fácil se Will me odiasse. Eu tenho que tomar cuidado
com meus segredos para que não me machuquem mais do que já me machucou.
Mas ele quer estar na minha vida. Ele quer o que eu não posso confessar, que
me vendi. Ele me quer.
CALLY INCLINA o rosto para o céu da noite sem estrelas, como a espera
de seu beijo. — Eu não posso ver as estrelas — Ela aperta os olhos, tentando
fazer isso através das nuvens de tempestade grossa que paira sobre nós.
Eu viro o seu rosto para o meu e trilho beijos suaves abaixo da orelha e ao
longo do seu maxilar, até que ela relaxa em meus braços. — Nós não precisamos
delas hoje à noite — Eu prometo, mas eu sei que é verdade apenas para mim.
Cally sempre precisou da reafirmação de desejos e destinos - um subproduto de
uma combinação de vida em uma casa de merda e um estranho pai perdedor.
Hoje ela precisa de tudo isso, mais do que nunca.
— Ela está sendo tão egoísta, levando-nos longe de nossa vida aqui.
Levando-me para longe de você.
Nós tivemos essa conversa uma centena de vezes desde que sua mãe
anunciou sua mudança no mês passado. Eu sei onde ela está indo com isso, e
não vou deixá-la ir lá. Hoje não. — Não desista de nós — Minha voz é dura e
tenho que me concentrar em não segurá-la com muita força, mas eu já a sinto se
esvaindo. — Ela pode fazer você mudar, mas não pode levá-la para longe de
mim. Você é minha. Em New Hope, em Nevada, em Timbuktu, você será minha
para sempre.
— Baile de formatura.
Eu corro minha mão até o lado dela e deslizo na parte inferior do seu seio
com o polegar. — Baile de formatura. Assim como nós planejamos. Então,
quando a escola começar, você pode me visitar no dormitório.
Sob mim, ela abre suas pernas até que meus joelhos deslizam entre elas.
Ela geme em meu pescoço. — Não há nada melhor do que você — Eu passo a
minha língua contra sua orelha.
Durante um ano, nós estivemos juntos e não fizemos sexo porque Cally
não estava pronta. Ela temia que transar muito jovem iria deixá-la como sua
mãe. Mesmo que o medo não fosse inteiramente racional, eu entendi. — Tem
certeza?
— Nós temos que dizer adeus — Ela sussurra. — Vou embora em poucas
horas.
Ela aperta os olhos fechados e mais lágrimas rolam para o seu cabelo, e
eu não posso fazer nada, além de colocar beijos no rastro que elas deixaram para
trás. Eu odeio como me sinto impotente.
— Olhe para mim — Eu não falo novamente até que seus grandes olhos
castanhos estão presos nos meus. — Isto não é um adeus.
— Olá, Cally.
— William...
— Não precisa ser o mesmo. Eu te amo e estou dizendo a você Olá — Meu
peito arde com este aperto, mas controlo minhas emoções, sabendo que tenho
que me segurar por nós dois. — Olá, Cally.
Ela envolve seus braços em volta de mim e me puxa para ela novamente.
Uma lágrima que não é dela espirra na sua bochecha. Eu enterro meu rosto em
seu pescoço para esconder o meu próprio medo, e ela sussurra: — Olá.
— EM CEM metros, vire à esquerda para a Dreyer Avenue — Meu GPS
instrui.
1 Posição da marcha em câmbio automático, como o ponto morto em carros de câmbios manuais.
que eu jurei que não iria derramar hoje. Eu passei o último mês sem chorar. Eu
não vou chorar agora.
É ruim o suficiente que eu tenha sido reduzida a isso. Ruim o suficiente
que tenho que confiar no meu pai distante. Ruim o suficiente que eu tenho que
acompanhar sua bunda hippie, já que ele é malditamente paranoico para
carregar um telefone celular. Mas aqui estou eu.
— Você não deveria odiá-lo tanto — Minha mãe disse-me há seis meses.
— Ele não teve uma vida fácil.
Mas isso foi antes da mamãe ter "ataque cardíaco" (código para overdose
de drogas que podem ou não enganar minhas irmãs). Isso foi antes do funeral e
do luto e das contas. Isso foi antes da minha vida se desintegrar ao meu redor,
como se fosse construído de nada além de poeira.
Estou exausta, uma irmã me odeia e a outra não está falando, e minha
bunda está doendo de ficar presa no carro.
Ar fresco. Isso é tudo que preciso. Então vou seguir a estrada em direção
a rodovia e pedir ajuda a um atendente do posto de gasolina.
— Posso ajudar?
— Olhe para você. Você cresceu — Ele sorri, e meus joelhos ficam um
pouco fracos. Como eu poderia ter esquecido o efeito do sorriso que este homem
faz para os meus joelhos?
Aquele sorriso de dobrar os joelhos fica cada vez maior. Estou frita.
Isto não era o que eu esperava. Não que eu esperava qualquer coisa de
William. Eu esperava passar meus dias na cidade sem vê-lo, mas é claro que
não. Aqui está ele. Mostrando para todo o mundo como ele está realmente feliz
em me ver quando deveria me odiar.
— Você mora aqui? Quero dizer perto... — Merda. Como é que vou
construir uma frase coerente, enquanto fico olhando para o seu peito nu? Sem
contar com as lembranças que estão inundando minha mente com a visão dele.
Eu posso nunca ter feito sexo com ele, mas tenho lembranças suficientes para
fazer tudo rivalizar, até mesmo as fantasias mais criativas.
Deslocar o olhar para aqueles olhos azuis profundos não é melhor. Uma
garota não esquece aqueles olhos lhe observando como se fosse seu dono,
deslizando a mão entre suas pernas pela primeira vez.
Eu estudo o chão e aceno com a mão para indicar o local onde Dreyer
Avenue definitivamente não é. — Eu estou procurando o meu pai.
— Você está no bairro errado — Sua voz é baixa e aguda, deliciosa, que faz
o meu interior tremer.
Quando eu dou uma espiada nele através dos meus cílios, eu o pego
estudando-me com o seu olhar avaliador.
Eu posso imaginar o que ele vê. Nós estivemos na estrada por dois dias,
parando apenas para abastecer e ir ao banheiro. Paramos no Kansas ontem à
noite para que eu pudesse conseguir algumas horas de sono, e então estava de
volta no carro às quatro da manhã para mais um dia cheio.
Então, você sabe a roupa exata que eu não teria escolhido para estar
vestindo para um encontro com o meu primeiro amor.
Ele não olha para o papel, mas franze a testa para mim. — Sério? Você
está perdida? — Ele faz uma pausa. — Em New Hope? — Seu tom sugere como
se eu tivesse me perdido em um saco de papel. Ok, tudo bem, New Hope é muito
pequena, mas eu não tenho vivido aqui em sete anos e mudou muito. As boas
áreas estão todas degradadas agora, as fábricas estão fechadas e as vastas
extensões de terra aberta pelo rio estão desenvolvidas em bairros de luxo com
enormes casas para jovens profissionais urbanos, tão ostensivas que posso
praticamente cheirar suas hipotecas de grandes dimensões.
2road trip – viagem de automóvel por vezes não planejada ou improvisada; Longas viagens de carro
com família, amigos, etc.
— Meu GPS continua tentando me dirigir para o rio.
Eu limpo minha garganta e olho para o asfalto. Quão difícil é colocar uma
camisa? — Se você puder me apontar na direção certa, vou sair daqui. Tenho
certeza que sou a última pessoa que você queria ver hoje.
Seu grunhido me faz olhar para ele de novo. Aqueles olhos azuis, aqueles
cachos loiros. Essa boca. — Cally...
Eu espero - para ele me dizer o quão horrível sou pelo que fiz para ele,
para me perguntar por que eu fiz o que fiz. Eu não sei o que eu diria. É difícil
imaginar que, uma vez deixando New Hope - deixando William - parecia ser a
pior coisa que poderia acontecer comigo. Eu estava tão errada.
Mas ele não pergunta e não se afasta de mim. Seu olhar mergulha nos
meus lábios por um breve momento, e a forma como o meu corpo responde a
sua proximidade, mesmo depois de todos esses anos, mesmo depois de... Tudo...
Apenas confirma o que eu suspeitava.
Eu mal posso respirar. Meu cérebro não tem tempo para algo tão trivial
como oxigênio, quando está tão ocupado catalogando suas feições,
memorizando o tom exato dos olhos marrons, guerreando com a raiva e pesar,
que saltaram para a vida como se nunca tivessem me deixado, para começar.
Eu nunca pensei que eu iria vê-la novamente. Eu não acho que queria.
Eu dou um passo para trás antes que possa ceder ao impulso, e suas
bochechas chamam para a vida, seu rubor é tão bonito como o resto dela. Essa é
a palavra para ela: amável. Com seu sorriso doce e rabo de cavalo, ela exala
amabilidade.
Exceto sua bunda. Sua bunda eu nem sequer consigo definir de tão
bonita, e essas calças apertadas não fazem nada para esconder suas curvas
suaves e arredondadas. E seus seios. Definitivamente não há nada engraçado na
maneira como sua camiseta se estende por toda a sua plenitude. Ou as pernas
que estendem por milhas. Sem mencionar a estreita faixa de pele exposta entre
a barra da sua camisa até cós de sua calça. Basta olhar para o único centímetro
de pele abaixo do umbigo em que eu praticamente provei o vinho de morango.
Luar. Sua pele quente sob a minha língua. O som do seu gemido com a
minha boca mergulhando mais baixo.
Foda-se. Eu não posso nem mentir para mim mesmo. Nada sobre ela diz
amável. Tudo nela diz sexo. E minha.
Ela está receosa, seu lábio inferior grosso está entre os dentes, porque
obviamente, ela está tentando me torturar. Como posso querê-la tanto quando
eu pensei que a odiava?
Ela murmura algo que eu não consigo entender. Parece como "Que pena",
mas eu não posso ter certeza, porque ela está pegando sua bolsa e evitando
meus olhos.
Ela está aqui para ver seu pai, eu me lembro. Isso não deve ser surpresa,
mas tanto quanto eu sei, este é o único momento em que ela voltou desde que se
mudou.
— Não. Não muito tempo. Talvez uns dias. Eu... Minha mãe morreu, e eu
preciso levar minhas irmãs para verem o meu pai.
— Eu também.
Nós dois sabemos que não há muito mais o que dizer, então, em vez disso
caminhamos. Ela segue-me, e cortamos pelo meu quintal para o caminho
pavimentado em direção ao rio. Eu resisto à tentação de apontar a minha casa,
para mostrar-lhe o quão bem eu fiz para mim mesmo. Seria mais uma mentira,
de qualquer maneira.
— Então, você ainda vive aqui em New Hope? — Ela pergunta em voz
baixa.
Eu estreito meus olhos para ela. Será que ela já sabe a minha história
ferrada com a família Thompson ou a pergunta é sincera? — Alguns dos caras da
equipe - Max, Sam, Grant. E todas as garotas Thompson, exceto Krystal. Ela
acabou de se mudar para a Flórida com o namorado no mês passado.
A menção de suas velhas amigas traz um sorriso aos lábios e ilumina seu
rosto, fazendo-a parecer como seu antigo eu. — Lizzy e Hanna estão na cidade?
Ela não responde, mas há algo na maneira como seu rosto muda que me
diz que ela não vai procurá-las. Quem me dera que eu não precisasse muito para
entender o porquê. Cally não queria ir embora quando sua mãe as levou para
longe. Ela não queria deixar seus amigos ou sua família. Não queria deixar a
vida que teve aqui. Ela estava determinada a manter contato com todos nós e
ainda falou sobre voltar aqui para a faculdade. Mas ela não tinha feito isso, e
depois de alguns meses foi quando tudo mudou, e de repente ela não teria nada
a ver com qualquer um de nós. Até comigo.
— É realmente... pequena.
Seu pai é um homem rude. Simples ao extremo. Sua cabana fica nas
árvores além da zona de inundação. É pequena, sem frescuras e caindo aos
pedaços.
— A estrada vai para os dois lados — Diz ela, e eu não sei se ela está
lembrando-se de sua responsabilidade para o relacionamento ou a dele.
Uma vez foi tão simples com Cally também. Eu estava atraído por ela
porque esse otimismo irrestrito irradiava dela. Depois de passar meus anos de
adolescência na casa da minha cínica avó, Cally era uma lufada de ar fresco.
Seus ombros caem com sua expiração. Ela está nervosa. — Obrigada.
Cally olha para cima. — Sim. Você sabe quando estará em casa?
Eu observo Cally enquanto ela digere isso. Emoções piscam em todo o seu
rosto - decepção, tristeza, frustração e raiva, fixando-se ao redor do seu queixo e
olhos.
— Eu pensei que você fosse boa demais para vir visitar seu velho pai —
Diz a Sra. Svenderson. — O que a trouxe aqui agora?
— Ele sabia — Mais uma vez, a raiva pisca em seus olhos, e parece
confortável ali, como se Cally estivesse sempre irritada. A garota que eu
conhecia não era assim, mas muita coisa pode mudar em sete anos.
Cally e suas irmãs certamente não estão vivendo bem se isso é onde estão
hospedadas. — Você sabe que as pessoas realmente não dormem lá, certo?
Ela ri. Eu gosto do som disso. Não é o riso feminino que ela costumava
ter, mas também não é cuidadosamente elaborado como a risada de um adulto.
É macia. Doce. Honesta. — Nós vamos ficar bem. É apenas por algumas noites.
Até meu pai voltar para casa e eu possa resolver isso com ele.
— Você mora por aqui? — Ela pergunta. — Ou você está na cidade com
sua avó?
É estranho, vendo isso através dos seus olhos. Tenho orgulho da casa que
construí - um gigante de tijolos de dois andares, com um pátio de laje lindo
atrás - mas quando a vejo olhar, estou quase constrangido com o excesso. Cally e
sua família nunca tiveram muito. Na verdade, elas raramente tinham o
suficiente. E agora estão hospedadas no Cheap Sleep, e seu pai está vivendo
nessa velha cabana em ruínas. Não mudou muito.
— Cally.
Ela se vira para mim com aqueles grandes olhos castanhos e lábios
rosados perfeitos.
Há uma centena de razões pelas quais eu não deveria ter nada a ver com
ela, mas tenho dois, talvez três dias antes de ela desaparecer da minha vida
novamente. Talvez para o bem desta vez. Eu não posso lidar com a ideia de ser
este o fim, e eu serei amaldiçoado se a deixarei ficar hospedada naquele motel
de merda. — Por que você e suas irmãs não ficam comigo?
Ela bufa. — Você certamente não tem espaço para nós e para a sua esposa
e seus filhos.
Ela balança a cabeça. — Isto é gentil de sua parte, mas nós vamos ficar
bem. Você já fez mais do que a maioria teria feito — Ela caminha até seu carro,
desliza em seu assento e se afasta sem outro olhar, deixando-me sozinho com as
minhas lembranças de vinho de morango.
VINHO DE MORANGO.
Foi onde eu disse a ele que o amava pela primeira vez. Onde ele espirrou
vinho no meu estômago e se inclinou para lamber. Foi onde ele desabotoou pela
primeira vez a minha calça e beijou uma trilha pelo meu corpo até que
pressionou a boca - tão lenta, quente e molhada que eu queria morrer - direto
no algodão úmido da minha calcinha. E a noite antes de eu subir no U-Haul3
com minha mãe e duas irmãs pequenas, foi lá no cais que ele me beijou
suavemente, como se eu fosse essa coisa frágil que ele temia que pudesse
Quando volto para o motel, a minha irmã de quinze anos de idade, Drew,
está esparramada em uma das duas camas de casal, mexendo em seu iPod e com
fones de ouvido nas orelhas. Ela está usando um top e short de algodão branco
que diz "Você deseja" em toda a parte de trás e mostra mais a sua bunda do que
esconde. Seu cabelo longo e escuro cai sobre a metade do rosto como uma
cortina, escondendo as características que parecem tanto com mamãe.
— Este motel é nojento. Tenho certeza que eles estão alugando quartos
por hora aqui, Cally.
Ela está lidando com a perda de mamãe. É algo que eu tenho que me
lembrar, uma e outra vez. Em vez de gastar milhares de dólares numa visita a
um psiquiatra, que nos diria que esta é a sua maneira de lidar com a dor, eu só
preciso aceitá-la. Eu preciso ser paciente até que a minha irmã-mal-
intencionada-mas-muito-mais-suportável volte.
Nós vamos dar um jeito nisso. É um mantra de todos nós que usei nos
últimos e longos sete anos.
— Vai ficar tudo bem — Deus, eu não pareço nem um pouco convincente.
Ainda não tenho certeza sobre a sabedoria de meu plano. Mas o que eu devo
fazer? Movê-las para o meu pequeno apartamento de merda em Las Vegas com
meus três colegas de quarto? Deixar Johnny ensinar Gabby como enrolar um
baseado enquanto Drew comenta o preço aceitável de uma trouxinha de
maconha? Ou pior, implorar para Brandon me aceitar de volta para que ele
possa cuidar de todas nós? Porra nenhuma.
— Mamãe trabalhou sua bunda para nos tirar desta pequena cidade de
merda — Diz Drew.
— Você realmente acha que ela gostaria que você nos trouxesse aqui de
volta?
Meu coração aperta tão forte e firme, meu peito e pulmões doem. Eu
preciso dessas longas respirações irregulares, de um bom choro e de sono. Cada
momento tem sido cheio desde que a mamãe morreu, e eu não tenho cedido à
tentação desde o funeral. Chorar é um luxo que estou guardando para um
momento privado.
— Que tal pedir uma pizza para o jantar? — Eu forço entusiasmo que não
sinto em minha voz.
Ela está certa. Em uma tentativa de aliviar o baixo astral hoje, fiz uma
parada para o almoço no Chuck E. Cheese. Isso falhou miseravelmente.
Ignoro sua objeção - pizza é barato e algo que as duas vão comer e olho
para Gabby. — Pizza e então talvez nós vamos pedir um filme em Pay-Per-View,
o que você diria?
A médica disse que não há nada fisicamente errado com Gabby. Ela pode
falar, só está escolhendo não falar - então ela recomendou um terapeuta. Mais
uma vez.
O que estou fazendo? Cally não quer nada comigo, e está deixando a
cidade em poucos dias. Eu deveria estar chamando Meredith, a neta da melhor
amiga da minha avó desde a infância. Meredith tem tudo para ela - carreira,
família, personalidade. Porra, ela é até mesmo linda, e - enviou-me algumas
mensagens de textos - um pouco sujas na melhor das formas.
— Oh, graças a Deus! — Diz uma voz atrás de Cally. — Se eu tiver que
comer outro sanduíche de manteiga de amendoim, vou vomitar.
Drew bufa. — Você pode dizer “merda”. Nós não somos mais bebês.
— Ele não é meu namorado — Cally diz, agarrando uma rosquinha doce
quadrada da caixa. — Não coma demais. Você vai passar mal.
A menina olha para mim com os olhos castanhos matadores de sua irmã
mais velha e sorri, e sei que não me arrependo do impulso desta manhã, mesmo
se quisesse.
— Está tudo bem. Estou feliz que eu poderia salvá-la do horror de outro
lanche de sanduíches de manteiga de amendoim.
Ela sorri para mim, um pedaço açucarado logo abaixo do lábio. — Por que
você está aqui, realmente?
Sua língua se lança para lamber o lábio e desliza o polegar. — Nós não
podemos fazer isso.
— Você está indo embora, eu entendo isso. Eu só estou pedindo por uma
noite. Você, eu... — Eu sorrio porque ela já está virando o rosto na palma da
minha mão, já tão inundada pelas memórias como eu estou. — ... E um pouco de
vinho de morango.
EU NÃO deveria sair com William Bailey. Nada de bom pode vir disso.
Eu não sei quantas vezes eu já repeti estas palavras para mim desde que
ele apareceu no nosso quarto de motel esta manhã. Ontem, o vi e passou de zero
para luxurioso em cinco segundos, mas eu culpei a sua condição - suado, sem
camisa, geralmente de dar água na boca em todos os sentidos.
Eu não tinha essa desculpa esta manhã, quando ele apareceu tão
malditamente respeitável de calça cáqui e uma camisa pólo azul, da cor de seus
olhos. Com o maxilar barbeado e os cachos bagunçados ainda úmidos do seu
banho, e cheirava a loção pós-barba e sabão. Minha calcinha não tinha a menor
chance.
Então, eu ainda estou atraída por ele. E ele ainda está atraído por mim.
Mas isso não muda o que eu fiz. E não me encontrar com ele é uma boa ideia.
Seus braços magros me apertam bem forte e ela grita. — Eu nunca pensei
que iria vê-la novamente! Você desapareceu da porra da face da Terra, menina!
Lizzy dá passos para trás e balança a cabeça. — Não diga isso. Você foi
viver sua própria vida. Você precisava cortar os laços aqui, a fim de seguir em
frente.
— Hanna não está aqui — Explica Lizzy, sabendo que estou procurando
por sua irmã gêmea. — Mas eu não posso esperar para ver a cara dela quando
vir-la. Devemos surpreendê-la totalmente.
Eu dobro seu dedo mindinho para baixo, e ela ri. — Cristo — Murmuro.
— Eu disse à minha mãe que New Hope não era chato.
— E veja só! Maggie está namorando com ele. Praticamente vivendo com
ele, na verdade, embora ela ainda mantenha o seu antigo apartamento no
campus.
— Juro por Deus! E se ela não merecesse cada gota de sua doce bunda
sexy, nós a odiaríamos por isso.
Sorte de Drew que sou apenas uma irmã de merda o suficiente para
pensar em bater nela e não o suficiente para realmente fazê-lo. Eu sei que ela
não pode compreender a nossa situação. Sinceramente, eu não gostaria que
compreendesse.
— Sinto-me como uma cadela total — Lizzy coloca o lábio inferior entre
os dentes enquanto observa as minhas irmãs empurrarem a porta dupla para o
estacionamento. — Eu estou falando de estrelas do rock e festas e você aqui que
perdeu a sua mãe.
Eu tento respirar fundo, mas toda essa pressão doendo no meu peito a
mantém superficial. — É uma sensação boa — Eu confesso. — Falar sobre algo
divertido, para variar.
Tentador. Seria bom fingir ser uma jovem normal de vinte e poucos. Eu
nunca tive essa experiência.
Isso tudo vai ter que ir para o cartão de crédito, mas deve ser a última
grande despesa antes do retorno de papai. Deus, o que eu não daria para entrar
nessa casa antes disso. Sem dúvida, ela precisa de uma boa limpeza, e suas
pilhas de notas sobre a natureza do Universo ou o que diabos é que ele esteja
sempre debruçado, provavelmente cobre toda a superfície plana na casa.
Eu já fiz longas listas dos objetos que vou verificar em sua casa antes de ir
embora. Eu trouxe tanto quanto eu podia - lençóis limpos para as camas das
meninas, alguns utensílios de cozinha básica, todas as suas roupas e objetos
pessoais. Elas não estavam exatamente tendo uma vida de luxo com a mamãe,
pois o dinheiro era escasso.
Eu realmente não tenho respeito por homens que fazem essa merda de
verificar de cima a baixo. Então por que é que quando Will faz isso, eu quero
fazer um strip para ele e convidá-lo para uma repetição?
Estou tentando levar isso com calma, fingir que o olhar em seus olhos
não tem efeito sobre mim, mas acho que nós dois sabemos a verdade. — Você
não está acostumado com as meninas dizendo não, certo? — Pergunto com uma
sobrancelha levantada.
Ele resmunga: — Você ficaria surpresa — Então ele pega alguma coisa do
bolso e entrega para mim. — Eu vi a vovó no centro da cidade, e ela me disse
onde está seu pai. Esse é o número do The Center. Eu estava indo no motel para
dar a você quando vi o seu carro.
Eu pego um pedaço de papel de sua mão e olho para o número que vai me
fazer entrar em contato com meu louco pai distraído, insira vinte e outros
defeitos aqui para o meu pai. — Oh. Obrigada — O fato é que estou
decepcionada que Will não está aqui apenas para me convencer a sair com ele?
Ri.dí.cu.lo. — O que é The Center?
Ele balança a cabeça. — Não, não é minha avó. Vovó — A avó das
meninas Thompson.
Isso faz um pouco mais de sentido. Lembro-me vagamente do meu pai
encontrando a mulher para ler alguma coisa, de vez em quando. — Bem, eu
aprecio isso.
Eu fecho meus olhos. Isso era apenas uma questão de tempo. — Vamos
tentar este — Eu retiro o meu outro cartão de crédito e seguro a respiração
enquanto ela desliza através do leitor.
A mulher morde o lábio. Quando ela se vira para mim, ela não diz nada.
Ela não precisa. Seu rosto diz tudo: Recusado.
Oh, Deus. Ele é muito bom e sexy, e eu tenho um caso grave de quero,
mas não posso ter.
O som do meu celular quebra o silêncio tenso de nosso quarto de motel.
Um rápido olhar para a tela mostra um número desconhecido.
— Alô?
— Diga a ele que ganhou o prêmio de pior pai do ano — Diz Drew.
Eu estreito meus olhos para ela e saio do quarto do motel, para que ela
não possa adicionar sua piadinha a nossa conversa.
— Isso seria ótimo. Mas papai, você está realmente pronto para isso?
Educar duas meninas? Tê-las sob seu teto? Ser responsável por elas? — Eu
espero. Ouço. Espero um pouco mais. Eu o ouço respirar e quero saber o que ele
está pensando.
— Sim. Desculpe-me por eu não estar lá, Cally. Eu não vou deixar você
novamente. Eu prometo que tudo vai ficar bem.
Por dentro e por fora, a casa grita por manutenção e meu pai tem uma
explicação para cada desordem. Do tapete felpudo verde que precisa de
substituição (Eu tinha profissionalmente limpado antes de me mudar). Para as
calhas que estão cheias e despencando da casa (Pelo jeito do telhado, nós
realmente não precisamos de calhas), para a cozinha pouco funcional (Se for
isso aquela chapa que esquenta).
Depois que mamãe deixou papai e partiu para uma "vida melhor" (oh,
doce ironia), meu pai largou o emprego na Universidade de Sinclair, vendeu
minha casa de infância e fomos todos Comer, Rezar e Amar5 a vida. As meninas
eram mais novas, então eu não acho que elas se preocupam que papai não vive
na casa antiga, mas elas se preocupam se for viver em um casebre de um louco.
— O que você quer dizer? — Sua pergunta é seguida por uma longa tosse.
A terceira nos dez minutos que eu estive aqui.
— Nós temos que tirar essas estantes do seu quarto. As meninas não
precisam de seus quartos cheios de O Evangelho de Sri Ramakrishna e o Tao te
Ching e o que mais você acumulou nessas prateleiras antigas.
— Ok, ok — Diz ele, quando a tosse passa e ele está recuperando o fôlego.
— Eu posso levá-los para o sótão.
— Você não gosta? Parece que você está pronto para expulsar a porra de
um pulmão, mas você não gosta?
— Eu estou trabalhando com um curandeiro muito talentoso. Eu só
preciso de algum tempo para meditar sobre o nosso mantra de cura e...
— Não! Uh-uh. Você não vai deixar a sua saúde nas mãos de uma merda
de um mantra — Ele se encolhe no meu segundo uso merda, mas eu não me
importo. Eu preciso que ele me ouça. — Jesus, Pai, você é responsável por duas
meninas agora. Você não entende isso? Eles precisam de você.
A menina ainda vivendo em algum lugar dentro de mim recua ante essas
palavras. Eu já fui tão especial para o meu pai, porque eu também acreditava
nas coisas mágicas que ele fazia. Eu também acreditava que tudo acontecia por
uma razão, os desejos se tornando realidade e o bem sempre vencendo o mal.
Uma parte minha quer ser a sua princesa especial ainda. E mesmo que eu
não acredite em nenhuma dessas merdas mais, uma parte minha quer, só para o
meu pai ficar orgulhoso.
— Tudo bem.
Quando meu telefone toca, eu tenho tanta certeza que Drew está
chamando para perguntar quando eu volto que nem sequer olho para a tela
antes de atender. — Está com saudade? — Pergunto com um sorriso.
— Culpado.
Seu baixo silvo desliza através da linha telefônica e então ouço uma
batida forte, como se ele tivesse jogado algo contra uma parede. — Jesus, Cally.
Você sabe que eu não quero mais ninguém — Sua voz suaviza e a raiva
desaparece tão rápido quanto veio. — Você é a minha garota.
Eu não respondo. Não há nenhuma resposta que eu poderia dar que não
fosse irritá-lo.
— Eu pensei que você viria para mim quando sua mãe morreu. Eu sei que
você precisa de dinheiro. Suas irmãs precisam de dinheiro. Deixe-me ajudar.
Você não é meu homem, eu quero gritar. Mas isso não importa. Brandon
está de volta a Vegas há uns meses, e logo vai se lembrar de que eu não sou mais
o seu "tipo" e que vai encontrar alguém que seja. Nesse meio tempo, eu só
preciso deixá-lo sentir-se como se estivesse no controle.
— Você tem tudo o que você precisa? — Ele pergunta baixinho. — Não
importa se você está comigo ou não, não quero que você tenha necessidades.
— Eu faria ainda mais. Para você... — Mais uma vez, o baixo sussurro. —
Porra, eu sinto falta sua, garota.
— E quanto a Quinn? Você não sente falta dela? — Deus abençoe essa
garota. Saber sobre as suas visitas com ele me deu a desculpa perfeita para
cortar os laços, enquanto ele ia embora. Ou cortá-los, tanto quanto me atrevi.
— Cally!
Nossas avós estão fazendo os seus melhores para nos unir e estou
começando a pensar que eu fiz um erro épico dormindo com ela. No entanto,
pensei que estávamos na mesma página. Nós dois queríamos algo casual.
Companheirismo. Divertir-nos.
Ou assim pensava eu. Mas esses textos estão se tornando mais frequentes
e, quando eu estava na casa dela na semana passada, ela escorregou e perguntou
em quanto tempo eu queria ter filhos.
Estou prestes a colocar meu telefone de volta no chão quando ele vibra
novamente com outra mensagem dela.
— Ei, eu ouvi que Cally Fisher está na cidade — Max diz atrás do balcão.
Como eu poderia esquecer? — Isso não importa mais. Isso foi há muito
tempo atrás.
Sam ri. — Quem imaginaria que ela ainda poderia ter um poder sobre
você, o que, seis anos mais tarde?
Max até se junta a nós. — Será que ela vai ficar por aqui?
— A mãe dela morreu. Ela está aqui para entregar suas irmãs para seu
pai, então voltará para Vegas.
Max olha em meus olhos. — Foda-se. E eu pensei que você tinha uma
queda por Maggie.
— Provavelmente.
Antes de perceber o que está fazendo, Sam pega meu telefone do chão e lê
minha mensagem, os olhos se alargando.
— É Cally — Ele lê. — A sua proposta ainda está de pé para hoje à noite?
— Cally?
— Sim. Eu espero que você não se importe. Lizzy me deu o seu número.
Eu não queria ligar se fosse a uma má hora.
Max sorri, mas ele e Sam vão para o outro lado do ginásio, por isso tenho
um pouco de privacidade. Nós damos créditos a idiotas por muito menos.
— Tudo bem — Pausa. — William? — Eu amo o jeito que meu nome rola
da sua língua. Ela faz parecer quase exótico.
— Sim?
— Podemos ir jantar em algum lugar fora de New Hope? Eu
simplesmente lembro-me de como as pessoas falam e eu não quero isso.
Há mais do que isso, mas não vou empurrar. Agora não. — Eu sei
exatamente o lugar. Vejo você em uma hora.
— Você parece uma puta — Diz Drew atrás de mim enquanto olho meu
reflexo confuso no antigo espelho. — Você realmente tem um encontro, ou você
está planejando ficar numa esquina e fazer boquetes por cinco dólares?
Eu giro em cima dela. — Cuidado com a boca, menina! Você acha que
mamãe quereria que você falasse assim?
Alguém aperta minha mão e eu olho para baixo para ver Gabby me dando
um meio sorriso. Eu não sei se eu vi o sorriso dela desde que mamãe morreu. Eu
sinto falta de seu sorriso. Eu sinto falta do som de sua voz.
Ela fica na ponta dos pés e atrás da minha cabeça e puxa o laço de cabelo
da base do meu pescoço para que o meu cabelo longo e escuro caia solto, então
ela coloca a mão no meu rosto e balança a aprovação. Ela não pode estar
falando, mas a maioria dos dias ela se comunica comigo cem vezes melhor do
que Drew.
Ela ri e o joga de volta para mim. — Sim, mas qual de nós vai morar aqui?
Eu vou para fora da porta antes que possa mudar de ideia e sou
cumprimentada por uma noite com estrelas brilhando. As estrelas em New
Hope são mais brilhantes e mais abundantes do que em qualquer outro lugar
que eu já estive. Quando eu era uma garotinha, olhava para fora da janela do
meu quarto toda noite e escolhia a minha favorita, e só então que fazia um
desejo. Meu pai me ensinou a acreditar na magia de desejos e destino, e eu era
uma filha tão adorada que suas palavras eram a minha escritura e o céu
estrelado se tornou meu templo.
Quando nos mudamos para Vegas, Drew tinha oito anos, e ela disse a
minha mãe que sentia pena das pessoas que viviam ali, porque não tinham
estrelas suficientes para todos. Mamãe riu e disse: você não precisa de estrelas
quando seus desejos já se tornaram realidade.
Ela pensou que Rick era o seu sonho se tornando realidade. Foi por isso
que ela nos levou para lá, longe do meu pai, longe de New Hope. Ela conheceu
um cara on-line, ficou com ele algumas vezes dizendo para papai que tinha que
viajar para "treinamentos" para o trabalho. Em seguida, ela mostrou ao marido
os papéis do divórcio e levou suas filhas para viver com um completo estranho
que ela achava que era tudo para ela.
Nós estávamos lá menos de um mês antes de perceber que Rick não era o
homem que ela pensava. Ele era um bêbado controlador que gostava de colocar
as mãos sobre a minha mãe e às vezes nas meninas e em mim. Saímos da sua
casa de milhões de dólares, algumas vezes fomos despejadas e desabrigadas,
mas era a decisão certa. Por todos os erros que minha mãe cometeu, por todas
as decisões que eu queria que ela tivesse tomado diferente, estou orgulhosa dela
por deixar aquele homem.
Um BMW preto estaciona e William sai vestindo uma calça Oxford escura
e uma camisa cinza de botão. A visão dele aciona um interruptor em meu corpo
e estou zumbindo instantaneamente com consciência.
— Ei, linda — Diz ele em voz baixa e desliza seus olhos sobre mim, todas
as minhas preocupações sobre este vestido acabam.
O PEQUENO restaurante de tapas6ao norte de Indianápolis é o cenário
perfeito para um encontro secreto com este homem, que faz eu me esquecer de
mim mesma. Há luz de velas e música suave e estamos sentados no canto em
um estande que nos coloca em uma pequena mesa redonda compartilhando o
mesmo assento curvado.
— Então, o que você está fazendo hoje em dia? — A sua voz soa mais
profunda e rouca, e por um minuto estou tão amarrada na atração sensual do
som das suas palavras, que eu realmente não registro o que significam.
Eu pisco quando percebo que ele está olhando para mim com expectativa.
— Oh, eu... Eu sou um massagista? — Eu odeio que a resposta me deixe
desconfortável. Na maioria dos contextos, tenho orgulho do que faço, mas
William conhecia a minha mãe. Eu resisto ao desejo de ficar na defensiva e
explicar que ela pode ter me ensinado a amar sua profissão, mas eu não
consegui grandes conselhos que ela fez pelas razões que fez. Não que eu tenha
Ele sorri. — Eu consegui uma bolsa depois que terminei o meu mestrado.
Eu gosto de ensinar, mas prefiro realmente ser um fotógrafo, a ensinar outras
pessoas como ser um.
Chegando do outro lado da mesa, William pega meus dedos debaixo dos
seus. — Por que você me ligou, Cally? O que a fez mudar de ideia?
Por que estou aqui? Porque eu o quero? Porque estou tentando esquecer
Brandon? Porque estou solitária como o inferno e precisava de um adulto para
conversar?
— Acho que isso é um mistério tão grande como o porquê você esta aqui
comigo. Depois... Devemos apenas reconhecer o elefante na mesa e falar sobre
como eu lhe dei um bolo no seu próprio baile de formatura? — Eu deixei escapar
um suspiro, aliviada por finalmente dizer as palavras em seu rosto. — Eu sinto
muito. Eu sempre me senti culpada. Eu espero que você saiba disso.
Ele deixa cair seu olhar para a minha boca. — Venha aqui.
Mordendo meu lábio, eu deslizo pela cabine, por isso estou ao seu lado.
As luzes são baixas, que mal posso ver a sua expressão, mas eu não preciso disso
para sentir o calor entre nós. É coisa da minha cabeça? Ele pode sentir isso
também? Seja o que for - hormônios, memórias, o conhecimento de que isso é
temporário e estou indo em breve - a atração entre nós é magnética, e deixo
minha coxa nua pressionar contra o tecido macio da calça.
— Também acho.
Sob a mesa, sua mão se instala contra o interior do meu joelho, fazendo
pequenos círculos que fazem meu coração acelerar mais e transformam meus
músculos em geleia. — Eu também — Admito.
Seus dedos traçam uma linha invisível de dois centímetros até o interior
da minha perna e eu aperto as coxas instintivamente, prendendo a mão entre
elas.
Sua mão desliza mais alto até as pontas dos dedos alcançarem a borda da
minha calcinha. Eu quase espremo minhas pernas juntas novamente, não
porque eu quero que ele pare, mas porque quero muito a sua mão ali, me
tocando, me explorando, seus dedos deslizando em mim.
Oh, Deus. Por algum milagre, eu já estou pronta para o seu toque. Eu não
tinha ficado excitada tão rapidamente desde... Desde William.
Puta merda.
Sob a mesa, eu seguro seu antebraço como se estivesse com medo que
pudesse escapar. — É um fio dental com um lacinho de cada lado do quadril.
Sua mão sai, deixando a pulsação de dor entre as minhas pernas para
explorar o meu quadril, deixando-me pronta para gritar, pedir ou ambos.
— Eu também. E antes.
Ele pressiona sua boca contra a minha quando retorna sua mão entre
minhas pernas. Não é um beijo suave. É duro - punindo e exigindo - e eu preciso
disso. Eu poderia me perder aqui, neste beijo que é parte de desejos iguais, raiva
e arrependimento. Eu poderia esquecer quem sou, o que fiz e entrelaçar língua
contra língua, absorver o prazer da sua mão trabalhando entre minhas pernas
enquanto gemo em sua boca.
Ele quebra o beijo e inclina a testa contra a minha. — Você me faz sentir
tão bem — Sua mão se move lentamente, sem problemas.
Como ele pode me afetar muito mais do que qualquer outro homem com
quem já estive? Ele sempre foi o padrão pelo qual todos os outros homens foram
medidos e todos ficaram aquém.
Eu não deveria estar aqui com ele. Eu perdi o meu direito a isto há sete
anos. Tomo um gole longo do meu vinho - buscando coragem e permissão para
aproveitar esta noite suspensa fora de hora e coração partido. Uma noite. Uma
indulgência.
— Quer mais? — As palavras são tão baixas que mais parecem uma
vibração em meu ouvido que um som.
— Então me diga para parar — As pontas ásperas dos seus dedos brincam
com as fitas finas em meus quadris. Com a mão livre, ele coloca uma uva
cortada em meus lábios, e eu as pego, deixando brevemente meus lábios
tocarem as pontas dos dedos. Seus olhos brilham - quentes e famintos. — Esta
noite é sua. O que você quiser.
Então ele puxa e ele libera o laço da minha calcinha. Sua mão vai para o
outro quadril, e ele sorri para mim quando libera o outro lado também.
— O que é?
— É mesmo?
Eu nem sequer percebo que sua mão deixou meu rosto até que eu sinto o
envoltório possessivo de seus dedos ao redor da minha coxa. Então, quando ele
desliza as pontas mais ao norte, tenho que quebrar o nosso beijo para recuperar
o fôlego.
— Jesus — Ele sibila enquanto seus dedos alcançam o meu calor úmido.
Eu quase grito quando ele pega meu clitóris inchado entre dois dedos.
— Você quer saber o que eu faria com você se viesse para casa comigo
hoje à noite?
— Eu pegaria você nua, inferno, porque você tem muita roupa agora.
Então, eu começaria com seus seios incríveis. Lembra-se de como eu poderia
fazê-la gozar apenas por beijar seus seios, sugando esses belos mamilos? — Ele
toca meus mamilos tensos com a mão livre, e até mesmo através do meu vestido
e sutiã fino, o contato é o suficiente para me fazer suspirar. — Responda-me,
Cally.
— William.
— Eu vou chegar lá, baby. Eu juro. Mas ainda não — Ele desliza sua mão
mais para cima do meu vestido e circunda o umbigo. — Você quer saber mais?
Ele recua com os olhos quentes nos meus, seu queixo duro. — Para um
homem?
Nenhum homem com quem estive, pode me tocar do jeito Will faz. É
como se ele tivesse algum tipo de capacidade de saber intuitivamente como
estou me sentindo.
Dói ficar sentada aqui ouvindo isso, querer, sabendo que não posso me
deixar tê-lo. Sabendo-se que esta noite, neste momento, é tudo o que eu vejo.
— Mas, por enquanto — Diz ele. — Porque agora vou me contentar com
meus dedos, o que eu quero provar com meus lábios — Ele desliza dois dedos
dentro de mim, enrolando-os com seu polegar esfregando meu clitóris. — É isso
que eu quero que você pense da próxima vez em que se tocar.
— Porque da próxima vez que meu pau estiver na minha mão, juro que é
nisso que vou pensar, porra. Você. Nua. O gosto da sua boceta quando gozar
contra a minha língua.
Querido Deus.
Eu tenho que morder o pescoço para abafar meu gemido quando meu
orgasmo bate duro e rápido.
O CARRO está silencioso na viagem para casa, e quando eu chego para
pegar sua mão, ela me deixa segurá-la. Eu tenho que me lembrar de que ela está
indo embora. Que isto - o silêncio doce de nosso toque, seus dedos macios
entrelaçados nos meus - isso não é normal de novo. Eu não vou conseguir ficar
com ela. Eu não vou conseguir terminar o que comecei no restaurante. Ela está
indo embora.
Quando paramos em frente ao motel, ela não corre do carro, assim que eu
me viro e pressiono meus lábios nos dela. No início, acho que ela vai se afastar,
mas ela lentamente se abre debaixo de mim, e o que pretendia ser um breve
beijo de despedida me deixa duro e sem fôlego e ela agarra minha camisa e
quase sobe no meu colo.
Não há nada que eu possa dizer para convencê-la a ficar. Nem sei se devo
querer que ela fique. Afinal, esta noite não foi real. A realidade não teria me
deixado tocá-la em público assim. A realidade diria para eu ficar longe dela, que
eu a odeio pelo que ela fez comigo. Ou, pelo menos, que não quero nada com ela.
Mas esta noite não era a realidade. Era como visitar a memória. E foi
perfeito.
Mas apesar de tudo isso, sou eu quem quebra o beijo. Sou eu que se
afasta. Olhar para ela não deixa isso mais fácil. Porra, ela é tão bonita, isso parte
meu coração. Bochechas coradas, lábios inchados, cílios grossos esvoaçantes
quando abre os olhos.
Eu pressiono um dedo sobre seus lábios antes que ela possa dizer a nossa
palavra outrora proibida. Porque não consigo ouvir isso. — Não estrague esta
noite com essa palavra.
Eu olhei para o meu colo e entendi toda a palavra de julgamento dos seus
lábios. Mas não importava o que ela dissesse, porque, por um dia, eu pude
mostrar as minhas irmãs pequenas que realmente existem coisas mágicas neste
mundo. Eu tinha que provar a mim mesma que o mundo inteiro não era tão
merda como tinha sentido nos três anos sob o regime de Brandon. Isso fez valer
mais que mil anos de material escolar e de uma centena de pares de sapatos
novos. Talvez eu seja um pouco como o meu pai nesse ponto - disposto a
sacrificar a praticidade por um pouco de magia.
Ela sai do carro e bate a porta atrás dela. O som ecoa pelo carro.
Seu lábio inferior treme e ela está torcendo as mãos no colo. Ela tinha
três anos quando saímos e algumas vezes viu meu pai ao longo dos anos e não
foram suficientes para criar laços de que uma criança merece ter com um pai,
especialmente se vai ser ele quem cuidará de você. Claro, ela não disse uma
palavra sobre isso, mas não precisa. Está tudo escrito em seu rosto.
Drew olha para cima do seu telefone, mas não responde. Gabby aperta
minha mão.
7 Opção da marcha de veículo automático recomendado para dar a partida e desligar o motor do
automóvel. Bloqueia as rodas de tração.
8 Chili – prato a base de carne e pimenta.
— Chili está ótimo — Eu respondo, liderando o caminho na casa.
— Sim. Espero que esteja boa. Eu não estou acostumado a cozinhar para
ninguém além de mim.
— Vegetariana — Eu rosno.
— Obrigada por fazer nosso almoço, pai — Eu digo, tentando salvar este
começo difícil. — Isso foi atencioso — Eu pego uma colherada grande, mantendo
minha face neutra enquanto mastigo e engulo.
— Ela está na escola, pai. Drew vai estar no segundo ano. E Gabby
começará quinta série no outono.
Papai parece surpreso com esta informação. — Você cresceu muito — Diz
ele, quase para si mesmo. Em seguida, ele vira o olhar para a sopa e termina a
refeição em silêncio.
— Isso é pior do que o bordel que nos estávamos — Diz ela em voz baixa.
Ela bufa. — Claro. Tapar o sol com a peneira não ficou bom, então vamos
tentar outra coisa.
— Drew, eu preciso que você tente — Sinto Gabby agarrando minha mão
ao meu lado. — Esta situação só vai ser boa quando você deixar.
— Boa? — Sua voz treme e ela joga o telefone na cama. — O que diabos é
bom sobre tudo isso? Eu perdi minha mãe e tenho que viver com um cara que
nunca se importou o suficiente para visitar mais do que algumas vezes, ou pelo
que sei, ligou no meu aniversário. Eu tive que deixar meus amigos e minha casa.
Odeio esta casa. Eu odeio essa cidade e odeio você.
Eu cambaleio para trás quando ela torce a lâmina cega no meu coração.
— O que você quer que eu faça? — Lágrimas rolam pelo meu rosto porque eu
não sou insensível e odeio o que estou pedindo a elas. — Estou falando sério.
Por favor, diga-me, porque não sei o que fazer.
Ao meu lado, Gabby aperta minha mão. Então ela fala. É a primeira
palavra que ouço algo dos seus lábios desde que eu a encontrei de cócoras no
chão ao lado do corpo da mamãe.
— Fique.
Sete anos atrás
Max e Sam trocam um olhar. Eles estão segurando as suas línguas sobre
Cally, mas eu posso ver que eles estão preocupados com isso.
— O homem — Max diz: — Você está prestes a começar a faculdade. Vai
ser incrível.
Eu ergo o meu queixo. — Certo. Claro — Mas eles não entendem, porra.
Eu não quero namorar outra. Quero Cally.
Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. Meu estômago queima. Ela está
ignorando minhas chamadas, respondendo minhas mensagens com respostas
vagas ocasionais sobre estar “ocupada”. — A última vez que consegui falar com
ela no telefone, ela estava distante, não disse muito, sem se preocupar em rir das
minhas piadas e inventando desculpas para sair da conversa antes mesmo de
começar. — Enviei as passagens de avião para voltar para casa para o baile. Isso
vai ajudar. Eu não deveria ter ficado tanto tempo sem vê-la. O Baile vai
consertar as coisas.
Sam enfia as mãos nos bolsos. — Tem certeza de que ela ainda virá?
— Ela não está me traindo — Murmuro. Eles não disseram isso, mas é o
que estão pensando. Eles estão pensando que vou ficar melhor sem ela. Mas eles
não conhecem Cally como eu. Eles não entendem como ela me compreende
como ninguém, como preenche os lugares vazios e doloridos que eu tive desde
que mamãe e papai morreram. — Ela não iria me trair.
— Claro que não — Sam bate em minhas costas. — Existe alguma coisa
que podemos fazer?
A bondade deles me irrita. Eles não iriam deixar o assunto com tanta
facilidade se acreditassem que ela estava sendo fiel. — Só... Deixe-me em paz
por um tempo.
Depois que eles se vão, eu pego o meu telefone do chão. O vidro está
quebrado, fazendo uma estrela na tela que me lembra da garota que estou com
muito medo de admitir que eu perdi.
Dias atuais
Logo, Cally vai levar as meninas para seu pai e, em seguida, vai sair da
cidade. Talvez para sempre desta vez. Ou talvez ela esteja de volta muitas vezes,
uma vez que as irmãs estão aqui agora. A esperança é quase pior do que o
desespero.
Eu bato a palma da minha mão com tanta força contra o vidro, que arde.
— Foda-se.
— Eu vou fazer o café — Ela diz, e então ouço o clique dos seus saltos na
escada enquanto ela sobe até a cozinha no loft.
Ela devolve a minha cara feia com um sorriso. — Eu sei. Não é especial?
Eu a vejo beber o seu café, seu cabelo vermelho voando em cachos soltos
e selvagens ao redor do seu rosto. Nos últimos dois meses, desde que ela e Asher
estão juntos, ela tem estado mais feliz do que eu já vi. Eu não teria pensado que
era possível, mas ela é ainda mais bonita quando está feliz.
Eu estou tão feliz por termos passado a estranheza dos primeiros dias
após o embaraço dela ter escolhido Asher em vez de mim. Chegamos lá mais
rápido do que eu esperava. Não a muito tempo, eu queria Maggie mais do que
tudo. Ou eu pensei que queria. É tão óbvio que não devíamos ficar juntos. Eu
não queria uma vida com ela. Eu queria salvá-la do meu passado de merda e
redimir da minha culpa. Há uma grande merda de diferença. Nós nunca
teríamos dado certo. Acho que Maggie entendia isso, mas e eu? Eu estendo para
o sonho. Talvez Cally ensinou-me isso.
Ela levanta a sobrancelha e bufa. — Por quê. Você é Will. Com você é
sempre uma garota. Normalmente, uma quebrada ou uma proibida.
Acho que eu ganhei isso. — Cally Fisher está na cidade.
— A própria.
— E você a viu?
— Então, Cally está na cidade. Você ainda tem sentimentos por ela, mas
você não dormiu com ela - no entanto, claramente você fez mais do que ter um
bom bate-papo. E agora você está tentando convencer a si mesmo para não
mergulhar de cabeça em outro relacionamento super intenso. Especialmente um
que está fadado ao fracasso, porque ela o deixou. Estou certa?
— Eu acho.
— Eu sei.
— Ela te explicou?
— Explicar o quê?
Maggie estreita os olhos e cruza os braços. Ela não vai tolerar que eu seja
obtuso hoje.
— Explicar por que ela terminou comigo por mensagem de celular a noite
que deveria voltar para o baile? Por que ela mandou de volta o celular que eu
comprei a ela, então eu não conseguiria encontrá-la mais? Por que ela estava
transando com outro cara, quando eu a segui em Vegas?
Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e evito seus olhos. Eu não sei o que
estou. — Vê-la pela primeira vez em sete anos, me fez querê-la de volta
fodidamente muito, apesar de toda a lógica. Ela está aqui, linda e possui um
pedaço meu que me esqueci de que ainda tinha — Eu me inclino contra a parede
e afundo até meus quadris. — Ela estava perdida na cidade. De todos os lugares
que ela poderia estar, ela encontrava-se bem na frente da minha casa.
— Eu posso ver como isso pode ser ruim, mas... — Ela diz.
Maggie não entende. — Cally costumava dizer-me que o destino iria nos
reunir de novo e de novo, que ela era minha. Quais são as chances dela aparecer
na minha rua? Em frente à casa que eu construí?
Ela parece cética. — Ela não sabia que você morava lá?
— Não. Eu não acho que ela ainda queria me ver, mas lá estava ela. E
agora... O quê? Devo deixá-la ir?
— Maldição.
— Ouça-me. Você é rápido para dar e rápido para amar. Você quer
compartilhar sua vida com alguém. Eu entendo isso. Você quer o casamento e a
família que não teve. Eu entendo isso. Mas é por isso que você precisa deixá-la
ir. Porque você precisa de alguma distância para descobrir como realmente se
sente sobre ela. Agora, você está voando alto na nostalgia. Você precisa saber se
pode perdoá-la antes de pedir mais.
Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e aceno com a cabeça. Eu sei que ela
está certa.
— Lembro-me que todos disseram depois que ela terminou com você —
Sussurra Maggie. — Lembro-me dos rumores.
Eu fico olhando para ela. Porque esta é Maggie, e de todas as pessoas, ela
sabe o quanto estou disposto a perdoar.
— Eu não — Ela sussurra. — Eu sei que você me perdoou, mas isso foi
porque estava tentando me salvar. Esse não é o caso com Cally. Tudo é diferente
com ela. Eu não estou perguntando se você pode perdoar qualquer um. Estou
perguntando se você pode perdoar Cally?
Ela está certa. Há uma diferença. Eu não tenho certeza de que faz sentido,
mas é verdade.
— Deixe-a ir, Will. Como um favor para si mesmo. Se toda essa baboseira
de destino for real e vocês estiverem destinados a ficarem juntos, ela vai estar de
volta. Certo?
— Estou com meu celular — Digo a ela. — Eu vou procurar trabalho o dia
todo, mas você ligue se precisar de alguma coisa.
— Elas vão ficar bem. Mas e você? Parece que você precisa aliviar o
estresse, e eu sei como — Ela sorri. — Eu vou mandar os detalhes por
mensagem.
“Aliviar o estresse” soa como código para “festa” e eu não tenho tempo
para isso agora, tenho que encontrar um emprego e trabalhar na casa do meu
pai. Eu não quero parecer rude, assim eu volto a sorrir. Eu sempre a decepciono
após fazer um convite. — Tudo bem. Obrigada.
— Sou.
— Oh — Merda. — Eu sinto muito por isso. Ele pode ser meio... Distraído.
Vou tê-lo... Um... Mover os fundos e fazer um novo cheque.
Seu sorriso sugere que ela sabe que não há fundos para mover. — Há uma
papelada nesse envelope para conseguir assistência. Você apenas peça ao seu
pai para preenchê-lo e os livros didáticos de Gabby serão arranjados. Eu
também incluí o pedido de almoço grátis.
Ela ainda não pegou minha mão. Sentindo-me como uma idiota, eu a
coloco de volta no bolso. — É bom conhecê-la — Eu digo. Esta mulher pode estar
sorrindo, mas irradia frieza. Por alguma razão, ela não gosta de mim.
— Sim — Ela ajeita a blusa e reposiciona o sorriso falso. — Mas você vê,
nós não somos esse tipo de estabelecimento, e prefiro ver o meu negócio
murchar e morrer do que ter alguém como você fazendo... — Ela levanta as
mãos e faz aspas no ar — ...Massagens.
Terça-feira traz sol e claridade. Maggie tem razão, é claro. Eu preciso
deixar Cally ir. Não que eu tenha uma escolha. Ela vai deixar a cidade em breve -
inferno, talvez ela já tenha ido embora - e eu vou esquecer que alguma vez houve
uma mulher que me pertenceu, corpo, coração e alma, tanto quanto ela o fez.
— William? — Ela pisca para mim, como se não conseguisse descobrir por
que eu estaria aqui. Eu estou querendo saber o mesmo sobre ela.
— Bom dia — Deus, ela está linda. Ela deixou seu cabelo solto, escuro,
sedoso, e é como uma cortina em mais da metade de seu rosto. Eu cerro os
punhos contra a tentação de tocá-lo, dobrá-lo atrás da orelha para revelar a pele
macia de seu rosto e beijar seus lábios.
— Alugar um local?
— Sim — Ela fica na ponta dos pés e espreita para a galeria por cima do
meu ombro. — Meu Deus, é um lugar tão lindo. Você se importa?
— Quem é a criança?
— Sim. Ela vive em Nova York com sua mãe a maior parte do ano, mas
passou a maior parte de julho aqui. Ela e Maggie eram inseparáveis — Eu
balanço minha cabeça, lembrando o olhar de puro contentamento nos olhos de
Maggie quando ela trouxe Zoe. — Maggie e Zoe podem não compartilhar o
sangue, mas elas foram feitas para ser mãe e filha.
— Ela a ama. Você pode ver isso na tela — Ela se move para a próxima
parede e para no panorâmico do Rio New Hope.
Ela levanta os dedos para o cartaz com meu nome logo abaixo da foto. —
Você fez isso. É incrível.
Cally pula para trás quando vê Maggie. — Eu só estou aqui por causa de
uma sala que Lizzy me falou.
— Claro.
— Creme ou açúcar?
Seus olhos se fecham quando o primeiro gole atinge sua língua e o som
suave desliza do fundo de sua garganta, lembrando-me da nossa noite no
restaurante e me excitando fodidamente muito. — Deus, isso é bom.
— Jesus, pensei que eu era especial para fazer você gemer assim, mas
agora que sei que o café pode fazer o mesmo, talvez precise verificar meu ego.
— Para ser justa — Diz ela. — Você faz uma xícara de café malditamente
boa e eu estou sobrevivendo com porcarias instantâneas. Creme em pó.
Ela deixa cair seu olhar para o café. — Eu estava começando a suspeitar.
Lizzy poderia ter mencionado isso.
— Eu estou feliz que ela não o fez — Nós dois sabemos que Cally não
estaria aqui de outra forma. Talvez isso fosse intencional da parte de Lizzy. —
Então você vai ficar?
Ela cruza os braços e seu rosto fica triste. — Minhas irmãs. Era uma tolice
da minha parte, pensar que eu poderia apenas deixá-las na casa do meu pai e
elas magicamente se sentiriam em casa — Ela balança a cabeça. — E a casa é um
desastre. Não suja, realmente, mas uma bagunça. Tomei um banho lá esta
manhã e a pressão da água é tão ruim que levou dez minutos para tirar o xampu
do meu cabelo. Então, vou ficar colocando a casa em ordem e ajudando o meu
pai a descobrir como ser um pai. Vai ficar tudo bem.
— Então você vai iniciar um negócio de massagem enquanto está aqui?
— Sim, é ela.
Ela afunda os dentes em seu lábio inferior. — Quantas vezes você está
aqui?
— Eu acho que nós dois sabemos que isso seria uma má ideia.
— O que há de errado?
Ela balança a cabeça enquanto olha ao redor da sala. Tal como o meu
escritório, esta sala tem um conjunto de janelas do chão ao teto com vista para o
rio e permitem a entrada de toneladas de luz. — Lizzy estava certa. Isso seria
perfeito.
Lentamente, ela retorna o meu sorriso, mas o dela é mais frágil, mais
experimental. — Eu vou alugar — Ela faz uma pausa de um segundo. — William?
— Sim?
— Obrigada por não assumir o pior. Sobre o tipo de massagem que vou
fazer, quero dizer. Obrigada pela compreensão que não sou minha mãe.
— Você nunca vai ser como ela, Cally. Você é muito boa.
Uma lágrima desliza em sua bochecha. — Mamãe não era ruim. Ela só fez
o que acreditava que tinha que fazer.
Uma vez que estou fora, vou ao redor do prédio e afundo em um banco,
deixando cair a cabeça em minhas mãos. Dou respirações profundas, calmantes.
Alguém se senta ao meu lado, e eu olho para cima para ver Maggie
Thompson, seus cachos vermelhos emoldurando seu cenho franzido. Eu
lembro-me de estar com ciúmes dela quando Will e eu estávamos namorando.
Ela é dois anos mais nova que eu, então, não era como se ele parecesse
interessado nela romanticamente naquela época, mas eu sabia o que ela sentia
por ele. Ela tinha talvez quatorze anos, quando ele e eu estávamos juntos. Mas
ele sempre foi muito protetor com ela. De todas as irmãs. E agora ela está
trabalhando para ele. Interessante.
— Você vai ficar na cidade por algum tempo. Você vai voltar com ele?
— Eu... Tem...
Ela olha para o rio, e estou aliviada de não ter os olhos perscrutadores em
mim. — Você não pode pegar de onde parou Cally. William não é a mesma
pessoa de quando você morava aqui. Ele já passou por muita coisa.
Minha vida, por outro lado, tem sido uma caminhada em pânico no
parque. Certo. — Eu não estou tentando pegar de onde parei. Você não precisa
se preocupar com isso.
— Mas você dormiu com ele? — Seu olhar está de volta em mim agora.
Seus ombros caem e ela balança a cabeça. — Não, ele não o fez, mas posso
dizer que algo aconteceu entre vocês dois para ele estar todo obsessivo por você
de novo.
Talvez, uma vez eu poderia ter sentido da mesma forma que eles. Embora
eu o respeitasse muito e pensar que ele estava me usando para o sexo, eu não
entendia por que iria me querer quando ele poderia ter qualquer menina da
nossa escola. Eu não entendia por que ele foi contra a vontade de sua avó e
namorava comigo, quando havia dezenas de meninas mais bonitas e mais
inteligentes de melhores famílias. Meninas que sua avó teria ficado feliz ao vê-lo
com elas. Meninas que seus amigos não o provocavam por amar.
Mas estou mais velha agora e eu conheço o meu valor. Engraçado que tive
que ir mais baixo para aprender.
— E isso é tudo o que ele representa para você? Um amigo? Você tem
certeza disso?
Ela hesita, então seu rosto endurece. — Não finja que me conhece ou o
que eu sou.
— Olá... — Eu paro. Seu crachá diz Gerente. Sem nome, apenas Gerente.
— Olá, eu sou Cally Fisher — Eu estico a minha mão, e a mulher segura-a com o
entusiasmo de uma pessoa pegando um pedaço de chiclete mastigado. — Eu
queria saber se você tem alguma vaga disponível para trabalhar. Tenho
experiência e eu sou trabalhadora.
Salário mínimo. Isso não será suficiente, mas vai ter que ser por agora.
Porque mesmo um pouco é melhor que nada. — Tudo bem.
— Volte amanhã e preencha sua papelada. Você pode começar este fim de
semana — Então, como se me despedisse, ela vira as costas e vai embora.
Mas ela não está dormindo. Ela está andando impaciente e de mau
humor, o que é muito pior.
— Vamos para casa, mãe. Por que ainda estamos aqui? Podemos voltar
para New Hope.
Ela ri, mas não é o riso da minha mãe. É um som assustador, quase
maníaco. — Você acha que vai ser melhor lá?
Eu aperto meus olhos fechados. Nós nunca deveríamos ter saído. Nós
nunca deveríamos ter vindo para cá. Meu pai me ensinou que tudo o que você
tem a fazer é acreditar que as coisas podem ser melhores, e elas serão - o poder
da manifestação – como ele chamou isso. Mas eu tenho acreditado tanto desde
que nos mudamos para cá, desejando tanto que estou cansada. Ele disse que era
tão simples, mas ele não conseguia nem manter a comida na mesa. Ele nem
mesmo pode salvar seu casamento. O que mais que ele me ensinou que era uma
mentira?
ESTOU indo para a casa de Asher Logan. O pensamento me faz querer
me beliscar e saltar para cima e para baixo ao mesmo tempo. Eu estava
planejando ficar em casa, mas Drew descobriu que eu estava declinando uma
festa na casa de Asher Logan (aparentemente seu novíssimo single “Unbreak
Me” é “maravilhoso”). Ela disse-me que me deserdaria se eu não fosse e depois
lhe contasse tudo sobre ele. Então, dei o braço a torcer e fui para a festa de uma
estrela de rock.
Foda-se tudo. Eu poderia ter uma noite fora. Drew e Gabby tiveram um
bom dia na escola, a tosse do papai está ficando melhor depois de cinco dias de
antibióticos e alguns tratamentos respiratórios, e eu usei o cartão de crédito do
papai para adquirir alguns materiais mínimos para a minha sala de massagem.
Apesar de tudo, estou me sentindo bem de como a minha vida está indo.
Quando viro para a rua de Asher, estou surpresa de ver que não há
muitos carros aqui. Eu não sei o que esperava. Filas de Mercedes e Cadillac
Escalade? Há um Mustang azul na parte frontal da unidade e o Charger que
Lizzy disse que era dela, mas fora isso, só uma caminhonete, dois sedans e uma
Ducati amarela do outro lado da rua.
Eu estaciono ao longo da rua, então não serei bloqueada se eu decidir ir
embora rápido.
— Maldita, menina! — Hanna tem seu olhar sobre mim. — Quando você
foi embora era uma menina bonitinha e voltou uma gata maldita!
Ele olha o meu jeans rasgado e top de malha preta, deixando-me grata
aos meus amigos por terem enviado as caixas de roupas que chegaram hoje do
meu apartamento. Mesmo assim, sua leitura cuidadosa é digna de um vestido
formal colante, não uma roupa para sair com velhos amigos.
Apenas quando eu pensei que William Bailey não poderia ficar mais sexy,
ele joga a perna sobre a Ducati e coloca seu capacete. O motor acelera em um
ronronar e, com um aceno, ele acelera e vai embora.
— Sim, depois disso vamos ter que cancelar a festa — Disse Lizzy. —
Havia tanta tensão entre vocês dois, que me deixou quente e incomodada.
Então Hanna diz: — Vocês dois sempre foram tão fofos juntos. Ele
precisa de alguém como você, Cally.
Hanna faz ondas para minha pergunta. — Lizzy está certa. Isso é para
outra hora. Vamos entrar e cobiçar o namorado de Maggie.
— Ela foi nadar nua em sua piscina depois da recepção de Will e Krystal
— Diz Lizzy.
Eu pisco. — Espere. Will e Krystal? Tipo, sua irmã mais velha? — Então a
ficha cai, e eu balanço minha cabeça. — Recepção? — Será que ele não me disse
que era casado?
Lizzy parece lamentar e Hanna morde o lábio, mas também não responde
antes que a porta se abre.
— Cally? — O sorriso de Maggie cai de seu rosto, mas ela nota isso e cola-
o de volta no lugar rapidamente. — É bom ver você.
Lizzy me cutuca para a porta. — Vamos! A tequila não vai acabar sem
nós!
— Que bom que finalmente se juntou a nós, Willy — Vovó diz quando
deslizo em uma cadeira em sua mesa de pinho na sala de jantar gigante.
Eu estreito meus olhos para minha avó. A mulher não deixar passar a
oportunidade de colocar culpa em mim, a menos que queira alguma coisa.
Então é por isso que me livrei de ganhar uma bronca. Não há nada que
minha avó goste mais do que encontrar mulheres jovens elegíveis para mim, e
tenho certeza de que o retorno de Cally à cidade só vai fazê-la redobrar seus
esforços.
— Ela está na cozinha, fazendo-nos um pote de café fresco. Por que você
não vê se ela precisa de alguma ajuda?
Cerca de uma vez por semana, eu me encontro com vovó e suas amigas
para algumas horas de pôquer. Estou com a impressão de que as avós de outras
pessoas se reúnem para fazer algo respeitável, como jogar Bridge10 e beber chá,
mas as velhas em New Hope preferem o pôquer para seus jogos noturnos e
uísque em seu café. Quando tenho sorte, consigo aproveitar o jogo com as
senhoras cujas habilidades na mesa não devem ser subestimadas. Quando estou
com azar, as velhas aproveitam a oportunidade para unir-me com alguma neta,
sobrinha, prima. Tem ficado pior depois que as coisas não deram certo com
Krystal.
Na cozinha, uma loira alta vestindo jeans está enchendo a garrafa de café
com água. Seus olhos se arregalam quando ela me vê e coloca o pote no balcão e
levanta as mãos. — Eu sinto muito. Eu não tinha ideia que estaria aqui.
Eu aceno para Meredith. — Está tudo bem. Não se preocupe com isso.
Eu cruzo meus braços. — Você ouviu ou ela queria trabalhar para você e
você a recusou?
Ela seca as mãos em uma toalha e suspira. — Eu não sou uma puta, você
sabe? Mas o meu negócio é tudo para mim, e eu tive que tomar uma decisão
difícil.
Eu não tenho certeza se a decisão foi difícil, mas mal posso ficar irritado
com isso. Não quando o resultado coloca Cally tão perto de mim. — Vai dar
certo. Afinal. Ela está alugando o apartamento em cima da galeria e irá montar
seu negócio lá.
Eu tenho que dar crédito à Meredith por dizer isso. A maioria das pessoas
esconde os rumores. Independentemente... — Isso é besteira.
— Eu prometo que não tive nada a ver com hoje à noite — Diz ela em voz
baixa. — Na verdade, estou um pouco envergonhada, mas você sabe como vovó
e suas amigas são desonestas em seus esforços de casamenteiras. Quando eu
descobri que Cally estava de volta, ficou óbvio por que você começou a me
evitar. Eu não quero estar no caminho.
E o idiota do ano vai para mim. Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. — Eu
não tive a intenção. Pensei que estávamos mantendo as coisas casuais — Foda-
se. Eu até pareço como um idiota.
— Me desculpe, Meredith.
— Não por isso. Por favor. Devo-lhe um pedido de desculpas — Ela deixa
cair sua voz para um sussurro. — Eu fui muito covarde para dizer a minha avó
que você não está interessado, e eu só quero que ela saia do meu pé um pouco,
sabe? Eu realmente espero que você não se importe. Eu prometo lhe contar
brevemente.
Suas bochechas inflamam. — Eu acho que nós dois sabemos que não é
verdade.
— Vovó só quer ótimos netos. E você sabe o quê? As coisas não dando
certo entre nós foram boas para mim.
— Foi?
Ela derrama seu próprio copo de café e sorri. — É o século XXI. Eu não
preciso de um marido para ter uma família. Minha mãe aceitará quando eu tiver
a coragem de dizer a ela e vovó também.
— Claro, mas você é jovem — Ela é apenas alguns anos mais velha que eu,
talvez vinte e sete. — Por que a pressa?
Algo como tristeza aparece nos cantos dos olhos. — Às vezes você apenas
sabe que está destinado a algo e vai atrás dele, apesar da lógica.
— Eu espero que você possa resolver isso — Diz Meredith. — Ela é uma
garota de sorte.
— Pode-se dizer que, embora eu não tenha certeza que a nossa relação
evoluiu para algo tão oficial como a Sra. ainda.
— Quer mais?
Eu não respondo, mas a verdade deve estar em meus olhos, porque ela
pega o telefone da minha mão e desliza-o no bolso da calça jeans. — O que você
está fazendo?
(1) Falta de moderação. Minha primeira dose me deu aquele calor difuso
na boca do estômago. A segunda fez me sentir mais leve e despreocupada. Na
terceira, eu estava definitivamente dançando, embora não tivesse ideia se
alguém ligou alguma música. E depois havia mais doses. Eu só não me lembro
de quantas mais.
(2) memória difusa. Quase tudo após a terceira dose de tequila é difusa.
Uma colcha de retalhos de memórias inadequada - um monte de peças que
faltam, sem uma ordem clara.
Eu ergo minha cabeça. — Você sabia que eu estava enviando essas? Jesus,
Liz, você deveria ter vigiado uma garota quando ela está bêbada.
— Não foi muito ruim — Diz Hanna baixinho. — Quero dizer, você não
entrou em detalhes gráficos do seu orgasmo ou qualquer outra coisa.
— Embora, tenha nos contado tudo sobre sua calcinha — Diz Lizzy. —
Agora eu quero um pouco. Tão gostosa.
Lizzy franze a testa para o meu celular. — Eu não posso acreditar que não
mandou de volta. A maioria dos rapazes teria derrubando a porta para aceitar a
oferta. E este último? — Ela assobia baixo e olha para mim com uma
sobrancelha levantada. — Você é criativa, vou lhe dar isso — Ela mostra o
telefone para Hanna, que pega e ergue a cabeça durante a leitura.
— Mais do que provável que ele sabia que ela estava bêbada — Maggie diz
baixinho, olhando-me. — Will é um cara bom. Ele não tira vantagem.
Eu esfrego minhas têmporas. Ontem à noite ficou claro para mim que
Will tem uma história com Maggie e sua irmã mais velha, Krystal. Claro,
ninguém queria falar sobre isso, mas eu arquivei as informações. Esta é New
Hope, depois de tudo. Se eu for atrás não terei que ir muito longe para
encontrar alguém que conheça a história inteira e que fale tudo.
Hanna coloca a mão no meu braço. — Você sempre foi a única a dizer-nos
para manter uma mente e um coração aberto. Você foi quem nos convenceu de
que se nós simplesmente acreditássemos, as coisas boas entrariam em nossas
vidas. O que aconteceu com essa menina?
Ela se vendeu por um salário. — É complicado. Estar com Will só iria
machucá-lo em longo prazo.
Hanna e Lizzy estão olhando para suas mãos e os olhos de Asher ficam
tristes. Há definitivamente mais nessa história do que eu sei.
— Eu preciso ir.
Eu coloco meus dedos sob o cós de sua calça jeans, e ela geme
docemente...
— Quando fomos enganados com o nosso café por essas velhas senhoras?
— Eu pergunto, esfregando meu ombro.
Eu arrasto minha mão sobre o rosto. — Eu pensei que você fosse Cally.
Quanto mais eu acordo, mais me lembro sobre a noite passada. Foi ideia
da vovó que viéssemos aqui para cima, para o meu quarto, rindo sobre como ela
provavelmente estava planejando que nós conceberíamos seu bisneto.
Ela não se empurrou em mim. Ela até fez perguntas sobre Cally. Sobre a
nossa história.
Cally.
— Eu acho que vou descobrir — Eu corro a mão pelo meu cabelo e tento
alisar minhas roupas. — Posso arranjar-lhe alguma coisa? Café? Lanche?
Subo em minha moto e vou em direção à casa, mas eu ainda não atingi o
deck quando posso ouvir a voz alta de Cally, com raiva.
— Você tinha dois mil dólares na conta poupança ontem. Para onde foi?
— Pai deu dois mil para o aconselhamento individual com seu guru —
Drew explica. — Ele quer ser iluminado ou algo estúpido assim. E agora Cally
está brava porque não podemos pagar o uniforme para a prática de animação de
torcida. Não importa que eu não queira ser uma líder de torcida estúpida. Eu só
fiz isso porque meus amigos fizeram. Eu não tenho amigos aqui.
Mais murmúrio de dentro. Então Cally baixa sua voz menos irritada: —
Bem, você deveria ser mais esperto. Mamãe nunca foi boa com dinheiro.
Mais murmúrios.
Cally: — Se a política é o pior que você tem que enfrentar para colocar
comida na mesa, você tem sorte. Supere isso — Então ouvimos o clack de passos
e ela está empurrando para o deck com a porta batendo atrás de si.
Ela nem sequer me vê. Ela está olhando para seus sapatos, seu peito
arfando. Eu não posso dizer se ela está chorando ou com raiva. Abro a boca para
anunciar a minha presença, mas Drew fala para ela.
— Cally.
Cally suga uma respiração cortante, mas antes que ela possa falar, Gabby
diz: — Comporte-se! — É uma palavra, mas é nítida e forte, isso limpa a raiva do
rosto de Cally. O maxilar de Drew cai.
Ela balança a cabeça e enfia as mãos nos bolsos do seu short jeans. —
Podemos andar? — Ela aponta para a pista de cascalho que se encontra com
caminho pavimentado de jogging ao longo do rio.
— Claro.
— Eu acho que você está aqui por causa das mensagens que enviei? Eu só
posso pedir desculpas. Eu bebi muita tequila.
Ela solta um suspiro longo e lento com seus ombros caindo. — Certo.
Eu a abraço de volta, puxando-a para perto. Deus, eu amo o jeito que ela
se encaixa em meus braços. Seu cabelo é sedoso contra meu nariz e eu inalo
profundamente.
Ela sorri e bate no meu estômago com as costas da mão. Suas bochechas
ficam vermelhas com seu rubor. — E eu que pensei que você ia me deixar em
paz.
— Talvez para as três primeiras, mas essa última não é algo que um cara
se esqueça.
Ela deixa cair seu olhar para as pranchas de madeira do cais. — Eu acho
que esta é a parte onde eu digo que nada pode acontecer entre nós.
— Você não me perguntou por que não vim para o baile. Você não
perguntou por que eu terminei as coisas.
Um pássaro abre suas asas e desliza baixo sobre a água. — Achei que você
já teria me dito se você quisesse que eu soubesse — Mas o meu estômago se
dobra brutalmente com a lembrança. Até sete anos depois, a memória ainda dói.
— Você pode prometer que não vai me perguntar? — Sua voz é tão suave
e ela está me estudando.
Nada pode ser feito sobre o passado e eu não preciso saber o que
aconteceu com ela para perdoá-la.
Digo a mim mesma que eu não sei o que vai acontecer. Digo a mim
mesma para não tirar a pior conclusão possível.
— Ei, coisa doce — Ele corre os olhos sobre o meu corpo tão devagar, que
meu estômago se agita.
— Já lhe dei tudo o que pude — Mesmo que eu digo as palavras, sei que
elas são ridículas. Não há tentativas de esforço quando se trata do dinheiro
devido a esse tipo de homens.
— Eu aprecio que você está tentando salvar sua família de viver nas ruas,
querida. Mas o seu trabalho de salário mínimo não vai ajudá-la — Ele ri, como
se isso fosse alguma grande piada. — Quanto mais você tentar conseguir moedas
de um centavo, mais para trás você irá cair.
Ele se inclina para trás em sua cadeira, me estudando. — Isso não resolve
a questão do dinheiro que já me deve.
Eu mordo meu lábio e sinto gosto de sangue. — O que você quer de mim?
Seus olhos deixam meu rosto e caem para os meus seios, e eu não me
importo. Ele está olhando para mim desse jeito desde o início. Eu o odeio e seus
olhos em mim fazem o meu estômago girar, mas eu deixaria olhar para mim
durante todo o dia, se isso fosse necessário para me deixar ir embora. — Você
trabalha para mim agora. Eu tenho um cliente esperando.
Ele bate as mãos. — Agora, isso era o que eu pensava. Melhor notícia que
ouvi durante todo o dia.
Eu não consigo permitir que o meu cérebro processe o que isso poderia
significar.
Eu me forço a fazer o que ele pede. Isso não é real. Isso não pode estar
acontecendo.
Movendo-se por trás de sua mesa, ele desliza em uma cadeira. — Venha
aqui — Ele acena um dedo para mim.
— O seu sutiã.
Meus braços arrepiam deixando o meu cabelo em pé. Fecho meus olhos
quando alcanço minhas costas. Eu penso em minhas irmãs.
Eu forço meus olhos abertos e olho para ele. Quando eu o vejo correr os
olhos ávidos sobre mim, repulsa se eleva como bile na garganta. Mas nem
mesmo a minha repulsa é tão forte como a minha determinação.
Movendo seus quadris para frente em sua cadeira, ele abre o botão da sua
calça e tira o seu pau.
— Hoje não — Diz ele. — Mas em breve. Posso dizer que vou gostar de
você. Então você tem dezesseis?
— Sim.
— Está tudo bem, querida — Ele se levanta e caminha para mim, seu pau
salientes entre nós.
— Isso garota.
Eu ergo meu queixo. — O inferno, por que não pensei nisso antes?
— Você não está jogando certo, cara. Ela está confusa. Você não está nem
vendo o óbvio aqui.
Eu sento na cabine e olho para o meu amigo. Porque ele está certo. Cally
está me evitando e eu estive esperando por ela ao invés de fazer o meu
movimento. — Você sabe, eu poderia fazer uma massagem.
— Esse é meu garoto — Diz Max. — Você pode tomar o meu lugar. Esta
noite. Seis da tarde.
Eu tenho uma pausa de quinze minutos antes do meu próximo cliente
chegar e eu desabo sobre o sofá na sala de espera do apartamento. Nós
deixamos a porta entre a área de recepção da galeria e do apartamento aberta
para os visitantes da galeria verificar meu estúdio e incentivar meus clientes a
saírem pela galeria.
Durante três semanas estou levando meus clientes para o meu pequeno
estúdio e evito-o da melhor forma possível. Mas entre dar massagens e o sofá
horrível que uso na casa do papai, estou exausta demais para me preocupar com
a limitação da exposição um do outro esta noite. O homem pode ser um
desintegrador mágico de calcinhas, mas a maneira que me sinto agora, ele
poderia fazer minha calcinha dançar o merengue contra as minhas partes
femininas e eu ainda não estaria interessada.
— Dia ocupado — Will diz. Ele fecha seu laptop e vem em minha direção.
Ele ensinou hoje e ainda está usando camisa de botão Oxford, desabotoada no
peito, as mangas arregaçadas até os cotovelos.
Rolo minha cabeça para o lado para que eu possa olhar para ele enquanto
falamos. Eu não vou desperdiçar energia para levantá-la. — Eu sou boa no que
faço.
Ele enfia os dedos nos bolsos da calça jeans, seus ombros parecendo
incrivelmente grandes. — Eu me lembro.
Ele sorri e aqueles olhos quentes correm todo o caminho desde as raízes
dos meus cabelos as pontas dos meus tênis. — Assim como eu.
Calcinhas se desintegrando.
Ele empurra a calça jeans de seus quadris e sai dela. — Eu sou o seu
cliente das seis horas.
— Você é meu... — Ele está vestindo cueca boxer azul escura que abraça
suas coxas musculosas e minha calcinha poderia muito bem estar dançando
tanto quanto minha parte feminina está em posição de sentido.
— Cally, se você continuar olhando para mim desse jeito vou encontrar
um novo uso para essa mesa de massagem.
Meus olhos sobem para o seu rosto. Ele está dando aquele sorriso de
menino, e eu estou sobrecarregada com o desejo de chocá-lo. Deslizando
minhas mãos para baixo em seu estômago até que o sorriso desapareça.
— Mmm-hmm.
Ela tenta parar seu sorriso. — Como isso acabou para você?
Eu giro no meu calcanhar e retorno para o apartamento e para minha
sala de massagens, bato na porta duas vezes antes de abri-la. — Você está
pronto?
Ele está entre os lençóis de barriga para baixo. Eu costumo começar com
a face para cima, mas assim vai ser mais fácil. — Eu não sei. Eu pensei que
estaria recebendo uma massagem, mas parece que você está pronta para me
bater.
— Desculpe. Você não tem tanta sorte — Murmuro. O som da sua risada
traz um sorriso relutante em meus lábios.
Eu sei que isso não vai ser o caso de William, no segundo que eu tocar as
minhas mãos em seu peito. Primeiro de tudo, ele é um reclamão. Novamente,
não é algo que normalmente me afeta. Mas com cada toque, estou
hiperconsciente de que estou tocando-o. Esta não é apenas uma massagem. É
parte desse jogo longo e arrastado das preliminares mentais que ele me levou.
— É para onde você vai quando sai daqui nas noites de quinta-feira
naquelas apertadas calças pretas e top?
12pretzels - é um pão tradicional alemão, em forma de nó, seco, estaladiço, habitualmente muito
cozido e salgado.
GEMO AO som de meu alarme e rolo para desligar meu celular. Acordar
é uma parte dolorosa e bem-vinda. A primeira noite no sofá não foi tão ruim.
Mas depois de algumas semanas sobre o “encontrei-no-exército-da-salvação”,
sou recebida todas as manhãs com uma dor nas costas e um pescoço dolorido, e
agora odeio tanto, que a privação do sono é menos torturante do que mentir
sobre a maldita coisa.
Meu sono esteve mais agitado do que o habitual na noite passada. Sonhei
com William, ele gemia no meu ouvido, minhas mãos escorregadias de óleo
atropelando seus músculos rígidos. Eu fiz isso por toda a massagem, sem ceder
a qualquer um dos meus... desejos mais básicos, e saí de lá o mais rápido que
pude. Mas, depois dos sonhos da noite passada, tenho certeza que preciso ir
para a galeria mais cedo e fazer bom uso do chuveiro no banheiro de luxo do
apartamento. Claro que às vezes ele toma banho lá, e se eu correr para ele no
chuveiro...
Eu me levanto e balanço a cabeça, tentando desfazer minhas fantasias
indesejáveis.
Estou quase fora do sofá antes de Gabby abrir a porta do quarto que ela
divide com a irmã. Ela me pisca aquele sorriso doce antes de ir para o banheiro.
Ela tem falado mais. Só um pouco aqui e ali, mas a professora me disse que ela
às vezes responde a perguntas em sala de aula, e a sensação geral de desespero
parece estar saindo dos ombros.
Eu abro a porta e espreito para ver a coberta sobre sua cabeça. — Você
tem 30 minutos para tomar um banho, secar o cabelo e se vestir. Se você não
quiser que eu a mande para a escola de pijama. Saia da cama.
— Eu não vou — Diz ela, com a voz abafada por trás da coberta. — Você
não terminou o ensino médio. Eu não vejo por que tenho que fazer.
— Porque eu não quero que você tenha que fazer tudo da maneira mais
difícil como eu — Eu suspiro. Dizer que Drew “não é uma pessoa da manhã” é
um eufemismo dramático. — Levante-se e vou deixar você usar minha roupa.
Ela joga a coberta para baixo e olha para mim, como se eu tivesse
insultado em vez de prometer algo que ela está pedindo.
— Oh, meu Deus! — Drew grita quando eu abro a porta. — Isso é tão
nojento! Odeio este lugar.
Deixo-a sair e tento segurar meus próprios tremores de nojo. Gabby está
de pé na beirada da banheira, agarrando-se a cortina de chuveiro, de olhos
arregalados e focada no chão.
Ouço passos mais pesados do meu pai atrás de mim, mas eu ainda estou
muito horrorizada para me mover.
Engulo em seco. Eu tenho que lutar com todos os instintos para não subir
em cima de alguma coisa - qualquer coisa - e tirar meus pés do chão. — Pai — Eu
digo, impressionada com a calma que sou capaz de manter minha voz. — Você
tem um rato.
— Então — Diz Meredith. — O que aconteceu com Cally? Você quis
descomplicar as coisas?
Ela está certa. Eu amo minha avó e gostaria de dizer a mim mesmo que
ela está apenas me protegendo, mas às vezes ela é tão crítica. Eu não consigo
entender como é a mesma mulher doce que me fez biscoitos de chocolate frescos
todo domingo à tarde, enquanto eu estava crescendo.
— O que a vovó vai pensar quando descobrir que você e Cally estão
namorando?
Eu aponto para a virada e nós seguimos até a rua para dobrar de volta
para minha casa. Eu não sei o que eu esperava que acontecesse durante a
massagem na noite passada. Eu acho que ela ia pegar de onde paramos, há sete
anos, onde a “massagem” era um código para a pesada sessão de amassos? A
única coisa que mudou depois de uma hora das suas mãos no meu corpo era que
eu a queria ainda mais do que antes e ela parecia mais ansiosa do que nunca
para ficar longe de mim. — Eu vou me preocupar com isso quando ela
finalmente estiver disposta a gastar mais que cinco minutos na mesma sala
comigo.
Ela acena com a cabeça e acena com a mão na frente do rosto. — Sim,
estou bem. Só preciso de um pouco de tempo.
Eu franzo a testa. — Por que você não toma um banho na minha casa?
Seu rosto se ilumina. — Com água quente? Sério? Isso seria fantástico.
— Claro.
Ele pisca para mim e percebo que eu não disse nada. — Hey — Eu digo
suavemente. — Eu preciso de um favor.
Eu o sigo para dentro da casa e tento não olhar para o riacho de água
escorrendo entre as omoplatas. — Você me pegou saindo do chuveiro. Fique à
vontade. Eu vou correr lá em cima e me vestir.
— Tem café na cozinha. Quer que eu pegue uma xícara antes de correr
para cima?
O canto de sua boca puxa para cima em um sorriso torto. Quando seus
olhos digitalizam o meu corpo, algo palpita descontroladamente no meu
estômago. — Estou feliz que você veio, Cally.
Então, ele está correndo pelas escadas e eu estou sozinha em sua casa
cara, sentindo como se eu tivesse dezesseis anos de idade novamente. As
lembranças de esperá-lo na sala de estar de sua avó não são minhas favoritas.
Ela olhava em desaprovação e fazia perguntas passivo-agressivas sobre os meus
pais. Ela conhecia os dois e não aprovava nenhum deles. Essa foi a minha
adolescência.
Eu sigo o cheiro do café e tenho que morder meu lábio contra o instinto
de assobiar quando entro em sua cozinha. A madeira escura contrasta com os
brilhantes aparelhos de aço inoxidável e balcões de pedra fria. A luz solar
derrama vindo de uma janela de sacada na parede distante e espirram contra a
mesa de madeira polida na copa.
Por que estou tão nervosa? Porque vou pedir-lhe um favor ou porque
estou sozinha com William em sua casa?
Eu não sou a garota que era quando Will e eu estávamos juntos. Não há
muito mais para me deixar nervosa. Mas ele deixa. Estar tão perto de algo que
eu quero muito e não posso ter.
É bom querer as coisas. Algo que estou dizendo com frequência a Drew.
— Nenhuma mulher ou filhos ainda. Mas não diga isso perto da minha
avó. Ela está fazendo o seu melhor para resolver a situação.
Isso me faz sorrir. Talvez sua avó nunca fosse minha fã, mas eu sempre a
respeitei pela maneira como educou e amou seu neto. Ela teria feito qualquer
coisa por ele. Todos nós merecemos alguém assim. — Como ela vai?
— Está ótima. Ela vai sobreviver a todos nós.
Eu sorrio. — É bom ouvir isso — Então, porque quero acabar logo com
isso, eu digo: — Eu preciso de um grande favor.
— Claro. O que é?
Ele franze a testa. — Como isso vai funcionar? Vocês são três e o único
quarto é o seu estúdio de massagem.
— Vai ter que dar certo. Vamos fazer funcionar de alguma forma. Sério,
elas surtaram. Eu simplesmente não consigo fazê-las ficar lá até que seja
resolvido. Eu vou te pagar mais aluguel pelo uso de todo o apartamento, mas...
— Deus, eu odeio isso. O IOUs14 que tenho com Will está realmente aumentando
e eu odeio dever as pessoas. — Pode ser um pouco. Eu não posso pagar um
hotel.
— Claro, Cally, mas acho que você está perdendo a solução óbvia aqui.
Ele faz ondas com sua mão, apontando para o espaço que nos rodeia. —
Esta casa. Eu tenho mais do que suficiente em abrigá-las por alguns dias. Mais
se você precisar. Venha para cá com as meninas até o dedetizador sair, mas você
também pode usar o tempo para trocar os tapetes e fazer a pintura que queria.
Estou sem palavras. Eu não mereço nada desse homem, e ainda assim ele
continua dando. — Nós não poderíamos nos impor a você desse jeito.
14IOUs - Um documento informal que reconhece uma dívida. IOU é uma abreviatura, em termos
fonéticos, de “Eu te devo”.
mamãe, papai, minhas irmãs pequenas e eu, que desejando uma vida melhor.
Foram bons dias. Nós simplesmente não tínhamos perspectiva de compreender
isso ainda. — Eu só estou concordando, porque acho que é melhor para as
minhas irmãs. Se fosse apenas eu...
— Eu sei, eu sei. Se fosse só você, você ficaria longe de mim e meu corpo
gostoso.
— Desculpe — Ela franze o nariz e ergue seus ombros. — Espero não estar
interrompendo.
— É bom ver você, Cally — Seu sorriso ilumina todo o rosto, e se eu não
estivesse lá, nunca acreditaria que esta é a mesma mulher que me disse que
preferia ter o negócio dela murcho e morto do que deixar-me trabalhar para ela.
Will enfia as mãos nos bolsos, mas ele parece perfeitamente à vontade
com nós duas de pé em sua cozinha ao mesmo tempo. Perfeitamente à vontade
com o fato de que ela está muito perto dele para a minha paz de espírito. — Há
um secador de cabelo sob a pia do banheiro de hóspedes.
— Ótimo! Obrigada!
Eu espero até ela sair antes de falar. Mesmo assim, tenho certeza de
escolher minhas palavras com cuidado. Eu não quero parecer com ciúmes ou
rancorosa. Eu poderia sentir isso, mas não tenho esse direito. — Talvez as
meninas e eu devêssemos apenas ficar no apartamento.
— Você está brincando comigo, certo? Você realmente acha que sua
namorada vai querer a sua ex e suas irmãzinhas vivendo com você? E Jesus, por
quanto tempo você a está namorando? Será que ela sabe que apenas um mês
atrás você estava me tocando em público? — As palavras derramam de mim
antes que eu possa pará-las. Tanto as escolhendo com cuidado, para isso.
Eu me movo e os meus seios tocam sua camisa. — Claro que não — Liar,
liar, pants on fire15.
— Hmm — Seus olhos caem em meus lábios. — Bem, agora você sabe.
— Eu não estou dizendo que você não pode sair com ela. Quero dizer,
encontre quem você quiser. Não é da minha conta. Eu só quero saber onde estou
me metendo me mudando para cá por alguns dias.
15 É uma frase que as crianças gostam de gritar uma com as outras sempre que acham que o outro
está mentindo.
— Não, você está certa — Ele brinca com o rabo de cavalo na base do meu
pescoço e levanta levemente, me aproximando até que estou pressionada contra
ele e seus olhos estão sobre minha boca. Enquanto. Eu quero. Mais. — Ela
estava realmente tentando fazer ciúmes. Você deve definitivamente vingar-se e
ficar comigo.
Só assim, toda a tensão entre meus ombros relaxam e o riso irrompe dos
meus lábios. — Você é um idiota — Eu coloco minhas mãos em seu peito e o
empurro de costas um passo. — Não tire sarro de mim.
Ele balança a cabeça e corre os olhos sobre mim. — Eu nunca iria brincar
com algo tão sério.
— OH. CARAMBA — Os olhos de Drew ficam grandes quando ela anda
em minha casa. — Isso é o que estou falando. Cally, você nos enganou. Fazendo-
nos viver em um buraco, enquanto o seu garoto aqui pode nos dar o Ritz?
— Estou feliz que você goste — Cally diz a Drew. — Mas não vamos ficar
por muito tempo.
— Que eu goste? Você sabe, eu acho que nasci para ser rica. Há em algum
lugar uma princesa mimada que realmente deseja viver na cabana infestada de
ratos de papai e agora está suportando sua noite de pedicure e limpeza facial. Eu
fui trocada ao nascer.
— Silêncio — Diz Cally. — Sua vida não é assim tão terrível. Will, você
quer nos mostrar onde as meninas vão dormir? Vou trazer suas malas.
Cally e as meninas me seguem para o andar de cima, e eu mostro a Drew
e Gabby o quarto que estarão compartilhando. A casa tem quatro quartos, mas
um está com todo o meu equipamento de câmera e computadores, por isso ele
não está apto para usar.
— Sua irmã vai estar no quarto no final do corredor, se você precisar dela.
— Não quero ser ingrata ou nada disso — Drew fala. — Mas vamos
simplificar as coisas, coloque-a em seu quarto desde o início. Nós todos sabemos
que Cally vai acabar na sua cama de qualquer jeito.
Drew apenas olha de um lado ao outro entre nós por um minuto antes de
balançar a cabeça. — Eu não entendo vocês dois.
Cally evita o meu olhar e estuda o piso de madeira com seus dedos do pé.
— Isso é problema nosso.
Ela deixa cair às mãos para os lados, como se não tivesse percebido que
estava fazendo. — Eu só estou dolorida de fazer tantas massagens hoje. Às vezes,
minhas mãos enrijecem no final do dia — Ela encolhe os ombros. — É normal
quando estou trabalhando muitas horas.
Pego sua mão e começo a trabalhar meus polegares nos músculos do seu
antebraço, começando perto do cotovelo e massageando para a palma da sua
mão. Quando eu aplico pressão sobre a almofada do polegar, seus olhos vibram
fechados. Um gemido quase inaudível desliza de seus lábios.
Eu poderia fazer tudo isso. Eu quero tudo isso. Mas eu a quero mais perto
de mim, e sei que beijá-la vai assustá-la.
— Cally.
Suas pálpebras vibram abertas e ela pisca para mim. Ficamos assim,
olhando para o outro, no calor do sol da tarde, duas pessoas reorientando-se
depois de se perderem em um momento.
— Não é tão ruim assim — Hanna tenta. — Talvez com um pouco de tinta
nova?
Ele precisa de mais alguma coisa, mas não compartilho nada disso com
minhas amigas. Elas estão preocupadas o suficiente comigo sem eu lhes dar
mais.
Lizzy gira em minha volta. — Eu não posso acreditar que você foi morar
com William e não nos contou.
O bar está mais cheio do que eu esperava para uma noite de quarta-feira,
mas faz as meninas mais felizes. Eu opus à possibilidade de mais tequila, então
elas nos pedem um caneco de cerveja e vigiamos uma mesa de bilhar, onde elas
estão de olho em alguns idiotas desavisados.
— Vejo que trouxe seu bando — Disse Lizzy, olhando por cima do ombro
de Will.
Will sorri. — Eu acho que você já conhece meus amigos Sam e Max.
Eu estava tão concentrada em William, que nem percebi que ele não
estava sozinho. Os caras deslizam para fora de uma cabine do outro lado do bar
e se juntam a nossa pequena mesa e nos cumprimentam. Reconheço-os do
ensino médio. Como Will, o tempo também foi bom para eles. Ambos são
ridiculamente bonitos. Aquele de cabelos escuros está com jeans e uma camiseta
azul que chama a atenção para os impressionantes peitorais e um incrível par de
olhos azuis. O outro está de polo escuro e calças cáqui. Mas nenhum deles está
em qualquer lugar perto do nível de gostosura nuclear que é o meu William,
vestido com uma camisa branca Oxford com botões abertos no peito, mangas
enroladas até os cotovelos e calça jeans abraçando seus quadris estreitos.
— É bom ver você de novo, Cally — Diz Sam, fazendo-me arrastar meus
olhos de Will. — Como o seu companheiro de quarto temporário está lhe
tratando? Ele não bebe direto na caixa de leite, não é?
— Ela tem uma queda por Max — Lizzy explica. Hanna enfia o cotovelo
na lateral de Lizzy, mas Lizzy ignora. — Não posso culpá-la. Você poderia saltar
alguns metros na bunda do rapaz.
— Ele não tem ideia que eu existo — Murmura Hanna. — Ele só tem olhos
para Lizzy desde que voltou para a cidade e abriu o ginásio.
Lizzy franze a testa. — Eu nunca teria ido naquele encontro se soubesse
que Hanna gostava dele. Deixei-o na hora que descobri.
— Deus, não! — Lizzy bufa. — Você está brincando? Hanna não diz aos
caras quando está interessada. Ela prefere se esconder e dizer a si mesma que
não tem chance. O quanto isso é estúpido e uma mentira.
Hanna balança a cabeça. — O que ele iria querer comigo, afinal? Ele é um
treinador de atletismo que dirige sua própria academia de ginástica e eu sou
uma garota gorda.
— Você é linda e qualquer cara teria sorte em tê-la — O rosto de Lizzy faz
uma carranca feroz, desafiando Hanna a discordar.
— Talvez não houvesse nada para dizer? — As meninas olham para mim
como se eu estivesse tentando vender terreno na lua. Eu dou de ombros. — O
quê?
— Você realmente não vai dormir com ele? — O tom de Lizzy é mais
apropriado para falar sobre torturar e matar cachorrinhos e filhotes de gatos.
— Com Will ou sem Will — Diz Lizzy, assim que Will se aproxima de
nossa mesa. — Eu vou fazer você transar.
As bochechas de Cally ficam vermelhas e ela atira um olhar letal para a
amiga, em seguida para mim, me desafiando a dizer alguma coisa.
— O que está acontecendo aqui? — Max caminha até a mesa e dirige o seu
olhar sobre Lizzy. Os caras querem ficar com Cally e as gêmeas hoje à noite, e
francamente eu também. Eu só quero estar perto de Cally.
O meu telefone vibra no bolso e eu o puxo para fora para ver uma
mensagem de Meredith.
Lizzy pisca para Sam e pega o telefone. — Qual é o seu número, fofo?
Cally fica dura como pedra ao meu lado, estudando o tampo da mesa
como se explicasse o significado da vida.
— Oh.
Esta não é uma canção lenta, mas eu não me importo. Eu quero sua
cabeça no meu peito, seu corpo perto do meu. Ela parece incrível em nada mais
do que um pequeno top preto e short jeans, que mostra suas longas pernas. No
segundo que entrei no Brady e a viu de pé, comecei a pensar sobre o quanto eu
quero suas pernas em volta de mim, suas unhas cavando em minhas costas
enquanto eu a faço gozar.
— Nós saímos algumas vezes antes de você voltar. Era para ser casual,
mas ela acabou querendo mais.
— Tenho certeza que a maioria das meninas por aqui adoraria uma
oportunidade por mais com você.
Uma música do Nine Inch Nails toca e eu sorrio. — Você se lembra disso?
— Isso — Eu largo minha boca na dela antes que ela possa protestar, e
minhas mãos se deslocam da parede para seu cabelo.
Ela não hesita e sua boca é gananciosa sob a minha quando me beija de
volta e envolve as mãos ao redor dos meus bíceps. Eu paro o beijo, sabendo
muito bem que existem pessoas observando, sabendo muito bem como as
notícias viajam rápido nesta cidade. Eu quero que eles vejam. Estou pronto para
enviar a mensagem de que Cally é a única mulher que estou interessado.
— Quem?
Meredith está aqui. E se eu não sou um idiota, vou liberar Cally e falar
com ela. E, no entanto, talvez Cally estivesse certa sobre Meredith me
reivindicar.
Seus olhos escuros mantêm a excitação, tristeza e tanta coisa que eu não
entendo. — Eu vou voltar para a mesa — Ela sussurra.
Vou para o bar e peço uma cerveja. Em poucos segundos, Meredith vem.
Ela se inclina contra o balcão e franze a testa. — Eu pensei que você estivesse
com os caras.
Ela está sorrindo, como se estivesse tentando fazer uma piada, mas a dor
está em seus olhos. Meredith é doce, bonita e sexy, e se eu tivesse algum sentido
em tudo, estaria perseguindo-a, em vez de uma menina que uma vez quebrou
meu coração.
— Você deveria ter me dito que ela estava aqui com você. Agora eu me
sinto como um idiota por aparecer.
Ela deixa cair seu olhar para as mãos. — Estávamos bem juntos. Eu só...
Eu só quero que você lembre-se disso.
— Isso não é justo com você, Meredith. Você deve encontrar alguém que a
mereça.
— Meredith...
ESTOU INDO para o trabalho quando a SUV escura diminui ao meu lado
e a janela rola para baixo. Um homem põe a cabeça para fora e sorri para mim,
um sorriso doentio, calculista. Eu não o reconheço, mas sei sem perguntar que
Anthony o enviou. Seu nariz é torto, como se tivesse sido quebrado algumas
vezes, e seu cabelo escuro está penteado para trás com muito gel. Ele se parece
muito com um vilão de filme estereotipado, quase me dá vontade de rir. Só não
há nada engraçado sobre a forma como ele está olhando para mim ou o medo
rasgando meu estômago.
Quando meu telefone toca, o nome de William aparece para mim da tela
do telefone, ele comprou e pagou para nos manter juntos. Eu envio a chamada
para o correio de voz e roubo duas pílulas do esconderijo secreto da mamãe.
Dias atuais
Voltei para casa de William procurando por ela. Depois que deixei Gabby
na escola, o responsável da evasão escolar de Drew ligou para me informar que
ela não estava em sua primeira aula. Ela estaria doente hoje?
Eu a peguei matando aula uma vez antes e se ela está fazendo isso de
novo, vou coloca-la de castigo por um mês. Se ela pensa que vai se safar da
escola só porque estou trabalhando o tempo todo, ela está enganada.
A porta de seu quarto está aberta e a cada passo fico mais irritada.
William fez tanto por nós, e é assim que ela agradece? Ignorando a escola e
usando seu maldito chuveiro?
Mova-se, Cally.
Drew não está em qualquer lugar para ser vista. Apenas William.
Atrás da porta do chuveiro úmido, ele está sob o spray, com uma mão
apoiada na parece e outra... Oh, inferno... A outra envolvida em torno de seu
eixo, quando ele move em movimentos longos.
Seu corpo é lindo - ombros largos, afinando-se para estreitar nos quadris,
músculos rígidos esculpidos que eu quero tocar com as minhas mãos, sentir o
gosto com a minha língua e colocar meus dentes.
Do ângulo que ele está de pé, com apenas cinco passos e o vidro cheio de
vapor entre nós, não vejo mais do que deveria e muito menos do que quero. Eu
preciso levantar meus pés - estão colados no piso do banheiro e colocá-los no
sentido inverso. Eu preciso voltar, sair do banheiro e descobrir onde Drew
realmente está. Ou inferno, talvez eu precise de um banho. Um bem gelado.
Mas o que realmente quero é uma visão melhor. Eu quero ver a expressão
em seu rosto enquanto ele se acaricia. Eu quero ver a ondulação dos seus
músculos quando ele estica contra a necessidade de gozar. Eu quero abrir a
porta do chuveiro e - sem dizer uma palavra - cair de joelhos e substituir sua
mão com a minha boca.
Ele geme novamente, mais longo, mais baixo, mais profundo desta vez, e
eu sei que este é o momento que tenho que tomar a minha decisão. Ou sair do
inferno ou reunir coragem suficiente para me juntar a ele.
Por mais que eu odeie sair, eu sou muito covarde para ficar. Eu tropeço
de volta. Meu calcanhar atinge a lata de lixo e eu pulo. Minhas mãos voam para
os lados para recuperar o equilíbrio e meu braço bate a pia quando vou para
baixo.
A próxima coisa que sei, é que Will está saindo do chuveiro, caindo com
as coxas na minha frente. Preocupado. Nu. Gotejando água. — Você está bem?
Ele traça o meu queixo com a ponta do dedo, passando para trás da
minha orelha até a ponta do meu queixo antes de tocar o dedo em meus lábios.
— Junte-se a mim no chuveiro?
Ele geme, baixo e longo e tão parecido com os sons que estava fazendo
quando eu o peguei acariciando-se no chuveiro, que levou tudo ao meu alcance
para não tirar a roupa, segui-lo sob o jato, e agir segundo a minha fantasia.
Então ele mergulha sua cabeça e seus lábios tocam meu ouvido. — Ter você me
observando enquanto eu me acariciava no chuveiro foi uma das experiências
mais quentes da minha vida.
Mais uma vez com o baixo gemido, ele me aperta mais, desta vez, o
comprimento duro de sua ereção pressionando contra minha barriga. — Eu já
estava pensando em você. Pensando sobre o quanto eu queria tomá-la no
chuveiro. Pensando em tocar cada centímetro do seu corpo com as mãos
ensaboadas. Pensando em fazer você gozar como fiz no restaurante, mas desta
vez você pode gritar tão alto quanto quiser. Você não tem ideia do quanto eu
quero isso.
É a minha vez de gemer. Meu corpo está vivo, pulsando energia sexual
como se tivéssemos horas em preliminares. Os nervos selvagens dançando em
meu interior com a excitação indesejável sob agitação. Sua respiração em meu
ouvido provoca arrepios na coluna. Necessidade e desejo rodam em mim, e eu
sei que se ele deslizar a mão em minha calcinha agora estaria lisa, pronta.
Eu levo minha mão para o seu rosto. Eu não posso resistir. Ele não
raspou esta manhã, e seu rosto está áspero contra a palma da mão. Eu deslizo
minha mão em seus cachos molhados.
— Eu não sei do que você está com medo, Cally — Ele tira o cabelo do
meu rosto e coloca atrás da minha orelha. — Mas eu não vou empurrá-la além
de qualquer coisa que não esteja pronta. Apenas me diga o que você quer. Diga-
me o que precisa.
Eu pressiono meus lábios nos dele. Ele tem gosto de pasta de dente e
água fresca, e quando nossas bocas se tocam, ele fica perfeitamente imóvel. Eu
deslizo meus lábios sobre os seus uma, duas, três vezes.
Ele enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e corre o dedo no
meu rosto, e eu decido que não me importo com antes ou depois. Eu decido que
vou fazer algo estúpido e maravilhoso agora.
Cally está no meu banheiro, me tocando. Estou muito consciente de que
estou nu e excitado. Muito consciente de que eu estava fazendo antes que ela
tentasse sua fuga desajeitada.
Seus olhos apertam de volta para o sul novamente antes que ela retorne
para o meu rosto, a língua se lançando para umedecer os lábios.
Ela passa as mãos pelo meu corpo e envolve meu pau em um movimento
tão repentino e tão inesperado, que tenho que me equilibrar sobre a pia. Meu
coração bate descontroladamente no peito e eu quero fechar meus olhos e ter a
sensação incrível da sua mão deslizando sobre o meu pau, mas não vou. Eu não
posso perder um segundo de Cally de joelhos na minha frente com os lábios
entreabertos, enquanto ela olha para mim através daqueles grossos cílios.
— Eu queria fazer isso por tanto tempo — Ela sussurra. Em seguida, toca
os lábios um pouco entreabertos na cabeça do meu pau e desliza a língua ao
longo da parte inferior. Quando ela abre a boca em cima de mim e leva-me
profundamente, não posso resistir a tocá-la mais e minhas mãos encontram o
caminho em seu cabelo.
Seus gemidos suaves enchem minha cabeça enquanto ela desliza sua boca
sobre mim, me chupando fundo antes de puxar para trás e repetir o movimento.
Quando a mão desliza para cima no interior da minha coxa para minhas bolas,
meus dedos apertam em seu cabelo e eu tenho que lutar contra o instinto de me
empurrar em seu interior, pressionar-me mais profundamente no calor da sua
boca.
Ela aperta levemente meu saco e então, quando acho que não é possível
para tomar mais de mim, ela desliza os lábios para baixo em meu eixo, levando-
me quase até a raiz. Então, eu não aguento mais. Meu pau tão profundo em sua
boca, sua língua quente ondulando ao meu redor, seus lábios sexy gemendo
vibram contra mim.
Puxo suavemente seu cabelo. — Baby — Ela não puxa para trás, mas de
alguma forma me dá outra fração de uma polegada mais profunda. — Querida,
eu vou gozar.
— Eu não vejo por que o ensino médio é tão importante — Drew está
dizendo: — Você não terminou e está indo bem.
— É melhor do que o que mamãe fez para seus clientes. É melhor do que
o que as pessoas na escola dizem que você está fazendo.
Cally levanta a cabeça. — Drew, vá para o seu quarto, por favor — Há algo
não dito entre elas. Promessas antigas martelando uma relação tensa.
— Eu sinto muito — Drew diz em sussurros, então ela passa por mim e
sobe as escadas.
— Ela está em uma idade difícil. Ela vai ficar bem. Só precisa de mais
tempo.
Ela balança a cabeça, puxando o lábio inferior entre os dentes. — Ela está
chateada comigo porque queria dormir com a nova amiga neste fim de semana.
Eu disse que ela tinha que trabalhar na casa do papai comigo.
— O dedetizador terminou, então... Sim. Nós não podemos ficar aqui para
sempre.
Ela encolhe os ombros. — De qualquer forma, acho que meu pai sente
falta delas.
— Não tanto quanto eu quero. Tudo é tão caro. Mas podemos pintar e
limpar. Não se preocupe. Nós vamos estar fora do seu pé em poucos dias — Ela
balança a cabeça e empurra-se para fora do sofá. — Eu tenho que voltar para a
escola antes do meu primeiro cliente.
— Olá — Eu sussurro.
— Eu me lembro.
— William — Seu nome sai dos meus lábios como uma súplica.
— Boxer.
Eu lambo meus lábios. Eu diria a ele para retirar, mas gosto da imagem
dele em nada além de boxer. — Desde que comecei a ficar aqui, estive pensando
em como você dorme — Eu confesso.
Minha respiração para. — Como vou resistir quando você fala assim
comigo?
— Não resista.
— Existem muitas razões que não deveríamos fazer isso — Mas já sei que
faremos. Rendi-me no momento em que fechei a porta. — Eu tenho medo de
machucá-lo novamente.
— Sim.
— Como assim?
Desejo corre através de mim quando levanto uma mão para os meus
seios, colocando os dedos, brincando com meus mamilos.
— Você está muito molhada? Deslize sua mão entre as pernas e me diga.
Minha respiração acelera quando eu rastreio minha mão pelo meu corpo
para o local necessitado entre as minhas coxas. Meu corpo está vibrando com
excitação. Ganancioso de desejo. Quando meus dedos encontram a maciez entre
as minhas pernas, eu choramingo porque minha mão é um fraco substituto dele,
o silêncio do quarto vazio é um prêmio de consolação, quando eu desejo o peso
do seu corpo em mim, sua respiração no meu ouvido. — Eu não posso — Eu
sussurro. — Eu quero você.
Não que vou dormir muito esta noite. Não com Cally na minha cabeça.
Não com a imagem dela no andar de cima, abrindo as pernas ao meu comando.
Não enquanto estou me lembrando do quase inaudível ronronar suave que ela
faz quando está perto de gozar. Eu continuo pensando em quão suave seus
lábios parecem antes de beijá-los. Como inchado eles ficam depois.
Depois que abro a porta, eu tenho que piscar algumas vezes para ter
certeza de que meus olhos não estão pregando peças em mim. Cally de pé ali em
nada além de um roupão branco.
— Cally.
Ela olha para mim com aqueles grandes olhos castanhos de corça. Em
seguida, suas mãos estão no meu cabelo e sua boca está na minha. E que diabos,
seus lábios são tão macios, seu gosto tão malditamente doce que estou perdido.
Minha.
— Você é — Ela respira. — É tão bom, que você não pode sequer enxergar
isso.
Eu abro o roupão e esmago minha boca sobre a dela. Espero que seja um
aviso - porque não vou deixá-la ir sem uma luta, não desta vez. Mas ela não
desiste. Ela geme e balança os quadris. Ela reconhece o meu desejo brutal como
o seu, puxando meu cabelo, mordendo meu lábio.
Outra onda de luxúria bate dentro de mim, e de repente preciso ver seus
olhos, para ver o prazer em seu rosto quando eu a toco.
Quando eu puxo para trás, ela está me observando. Seus lábios estão
vermelhos e inchados e as pálpebras pesadas de desejo.
Eu passo a minha mão até seu torso. Quando toco a parte inferior dos
seios, seus olhos se fecham e ela arqueia na minha mão.
— Deus, você é linda — Minhas palavras estão roucas pela excitação,
estridentes pelo desespero que eu senti desde que ela me viu me masturbar no
chuveiro. Foda-se. Eu estou perdido.
Ela balança em minha coxa. Corro minhas mãos por suas pernas e seguro
os joelhos, levantando-a entre mim e a porta, até que meu pau aninha-se entre
suas pernas, apenas o tecido fino da minha boxer entre nós. Ela envolve as
pernas em volta de mim e aperta-me com força.
Eu rosno contra ela e enrolo meus dedos em seus quadris. — Você tem
alguma ideia do quanto tenho pensado neste corpo doce? Você tem alguma ideia
de como louco me deixa ter você dormindo no andar de cima, tão fodidamente
perto, mas fora dos limites?
Eu ergo minha cabeça, meus dedos pegando onde minha boca parou e
rolando um mamilo rosa perfeito entre meus dedos. — O que, baby? Por favor, o
quê?
Ela estremece e pressiona o seio ainda mais na minha mão. — Por favor,
você pode fazer?
Eu preciso ouvi-la dizer isso, ouvir as palavras dos seus lábios, mas eu
não posso resistir a provar novamente e tenho que baixar a cabeça para os seios
de novo e rolar um mamilo contra a minha língua.
Suas mãos passam pelo meu cabelo e puxam, e quando eu fecho a minha
boca sobre ela e chupo, o grito que rasga através dela é quase suficiente para me
fazer gozar em minha boxer.
— William — Ela choraminga, e eu amo o jeito que ela diz o meu nome
inteiro. — Dentro de mim. Por favor.
Deslizando minhas mãos sob a sua bunda para apoiá-la, eu me viro e dou
quatro passos largos para a cama. Eu lentamente a deslizo para baixo do meu
corpo, até que esteja sentada na cama. Agarrando seus quadris, eu a puxo para
frente, até que ela esteja se inclinando para trás em seus cotovelos e os quadris
estão na beirada da cama. Então faço uma trilha de beijos descendo em seu
corpo - por toda a sua clavícula, entre os seios, sua barriga, indo para baixo.
Ela levanta seus quadris, e eu coloco minha mão entre suas pernas,
quente e úmida.
Eu posiciono os pés na cama para que seus joelhos fiquem dobrados e ela
está aberta para mim. Então eu abaixo meus quadris e olho para ela.
Mas eu não vou ser apressado. Eu circulo seu clitóris com a língua, e ela
treme debaixo de mim.
Eu afundo dois dedos dentro dela. Ela pulsa em volta de mim. Tão
fodidamente perto. Tomando seu clitóris entre meus lábios, eu chupo no mesmo
momento em que cubro sua boca com a mão livre. Ela treme sob minha boca,
até que está pulsando ao redor dos meus dedos e seu grito é abafado contra a
minha mão.
— DEUS, VOCÊ é bonita quando goza — Seus olhos estão quentes nos
meus enquanto ele faz o seu caminho de volta até o meu corpo, uma mão ainda
colocada entre as minhas pernas. Meus membros estão moles, meu corpo
relaxou, mas apenas o calor em seus olhos reacende algo em mim.
— Você tem alguma ideia do quão incrível você é agora? — Seus olhos
travam com os meus enquanto ele sussurra as palavras. — Tudo o que você fez
para as meninas e seu pai... Do jeito que você acabou de pegar e deixou sua
antiga vida? Não há muitas pessoas da sua idade que fariam isso. Você trabalha
sem parar e está sempre fazendo por eles. Eu não preciso de minhas lembranças
para ficar de quatro por você, Cally. Tudo o que tenho a fazer é encontrá-la.
Meu coração está cheio e quebrado, tudo de uma vez, e eu não posso me
permitir voltar suas palavras. Eu já disse “eu te amo tanto”, muitas vezes desde
a partida de William, e cada vez era uma mentira. Eu não vou deixar as palavras
serem maculadas por meus lábios. — Faça amor comigo, William.
Algo pisca em seu rosto. A minha escolha de palavras não escapa de sua
atenção. Mas isso é o que é. Isso é o que vai ser entre Will e eu. Algumas pessoas
têm sexo ou relação sexual. Algumas pessoas fodem. Mas com Will, não importa
o quão rápido ou lento, suave ou áspero, depois de todos esses anos de espera,
eu sei que vai ser fazer amor. E isso é o que preciso agora. Mais do que qualquer
coisa.
— Olhe para mim — Ele ordena com os dedos apertando meus quadris.
Ele me puxa para frente e embala a minha bunda em suas mãos. Quando
sua boca agarra um dos meus mamilos e chupa firme, eu desmorono
novamente, e ele aperta seu domínio sobre meus quadris e balança em mim com
três golpes duros antes de gozar comigo.
Ele conecta seu pé atrás do meu joelho e nos rola, então ele está acima de
mim, com as mãos emoldurando meu rosto. — Portanto, não me deixe. Você
tem um trabalho aqui. Um lugar para viver. Por que você está tão ansiosa para
voltar?
Meu coração aperta no peito. Porque eu quero o que ele está oferecendo.
Eu quero ser a garota que acredita em felizes para sempre depois de tudo. Eu
quero confiar que tudo acontece por uma razão.
Mas não sou aquela garota que eu costumava ser e Will merece mais do
que eu fingir que eu sou ainda.
— Pode ser — Ele aperta um beijo para minha clavícula. — Você está
realmente tão desesperada para voltar a algo lá, ou está fugindo de alguma coisa
aqui?
Minha garganta fica grossa. Mal posso falar porque não consigo engolir
minhas próprias mentiras quando ele está olhando para mim com tanto amor.
Ele se instala perto de mim e puxa meu corpo contra o dele para dormir.
— Olá, Cally — Ele sussurra, e segundos depois sinto a mudança de sua
respiração contra o meu pescoço enquanto ele relaxa em seu sono.
Eu fico deitada lá bem acordada, desejando que tudo fosse tão simples
como ele acredita que seja.
A Bela Adormecida está na minha cama.
Mas com Maggie e Krystal, eu estava sempre preso ao que seria. Garantir
o futuro - a família, os filhos - tudo isso era tão indescritível, que eu não
conseguia parar de perseguir.
Nunca foi assim com Cally. Não quando eu tinha dezoito anos. E não
agora. Cally me deixa ciente do momento, de me estabelecer no aqui e no agora.
Ela faz simplesmente a existência tão malditamente perfeita que esqueço todas
as minhas ansiedades sobre o amanhã.
Seus cílios escuros vibram contra seu rosto e ela geme baixinho, rolando
para o lado e curvando em mim. Depois que eu fiz amor com ela pela segunda
vez na noite passada, ela adormeceu nos meus braços. Observei-a por algum
tempo, me lembrando de que ela era real e estava aqui, que não era um sonho.
Eu estava quase dormindo quando ela começou a falar em seu sono. — Eu sinto
muito — Isso era tudo o que pude entender de sua longa corrente de
murmúrios. — Eu sinto muito. Eu sinto muito.
Ela estava sonhando, mas eu senti que as palavras eram para mim e isso
me fez pensar que ela está carregando muita culpa. Mas muita culpa pelo quê?
Por furar comigo naquele fim de semana? Por me mandar uma mensagem de
texto e tão rapidamente tornar-se inacessível? Por cair nos braços de outro cara
antes mesmo de estar fora por um mês? Ou talvez ela esteja por tudo isso e
muito mais. Talvez ela esteja triste por algo que nem sequer saiba. Algo que eu
não gostaria de saber.
Seja o que for, isso não muda o que sinto. Aqui, na minha cama com o sol
da manhã aquecendo nossa pele, estou mais certo do que nunca que só importa
Cally.
— Não sinta. Elas queriam deixá-la dormir — Eu puxo seus quadris até
que ela desliza para baixo na cama ao meu lado novamente. — E eu queria
mantê-la na cama o maior tempo possível.
Ela vira e se enrola em meu peito. — Eu não tenho dormido tão bem há
anos.
— Parece que você deve dormir na minha cama com mais frequência.
— Então você vai usar a minha insônia como uma desculpa para me ter?
— Você tem um cheiro bom — Ela pressiona os lábios contra o meu peito
e lambe o meu esterno. — Um gosto muito bom.
Eu pego suas mãos e rolo-nos, então ela está debaixo de mim, com as
mãos sobre a cabeça, com seus pulsos presos por mim. Seus olhos piscam
quentes quando encontram os meus.
— Eu também não. Mas acho que pode ser feito. Se for realmente
necessário.
Ela afunda seus dentes em seu lábio inferior. — Talvez não seja
necessário.
— O que você quer dizer com isso? — Eu tenho medo de ter esperança.
Faço uma trilha de beijos até o pescoço dela e pego o lóbulo da orelha
entre meus dentes, sugando até que ela grita. Ela é como um sonho em meus
braços. Não há nenhuma maneira que posso ir para a galeria hoje. Eu preciso do
dia inteiro com Cally na minha cama.
Ele toca quatro vezes antes que ela atenda. — Alô? — Ela soa como se eu a
tivesse acordada. Muito fodidamente ruim.
Cally move a mão livre nas minhas costas e ela está sorrindo para mim
enquanto traça a minha coluna com os dedos.
— Não particularmente, mas quando você faz isso, é muito quente — Seus
lábios curvam e ela esfrega o seu calor nu e liso contra o meu pau. Ela não
precisa nem mesmo usar suas mãos para me fazer perder a porra da minha
mente.
Assim que me mexo para deslizar dentro ela, ela me interrompe com as
mãos em meus ombros.
— O que foi? — Eu peço. A ideia de estar dentro dela, sem essa barreira é
tão malditamente atraente, mas vou parar se ela mudar de ideia.
Ela corre os dedos pela minha bochecha e assente. — O que está feito está
feito. Eu sei. Mas isso? Eu nunca tive relações sexuais com um homem sem
camisinha antes. Eu fui diligente. Então, isso é... A primeira vez.
— Isso seria incrível. Você deveria com certeza. Vou mandar uma
tonelada de negócios para você.
— Isso seria maravilhoso.
Vejo-a sair pelas portas de trás e decido ir até a galeria para uma pequena
pausa entre os clientes.
Maggie está conversando com uma jovem mulher de costas e William não
está por perto em parte alguma. Tento silenciar a minha decepção, mas não
posso evitar. Estou ficando acostumada com o seu rosto, seu riso, seus olhos em
mim quando ando pela sala. Mas eu me forço a resistir. Eu o verei esta noite.
Certamente eu posso passar algumas horas antes de colocar meus olhos nele
novamente.
— Cally?
Meu estômago vira e meu coração bate tão rápido e forte que eu preciso
me sentar. — Olá, Brandon.
Ele corre os olhos em mim, o meu rabo de cavalo, minhas roupas, meus
tênis. — Você está trabalhando — Ele está sorrindo, mas a desaprovação está em
seus olhos.
— Eu... — Eu tento forçar a mentira que ele quer ouvir de meus lábios. Eu
também senti sua falta. Isso é o que ele quer ouvir, que eu o amo, que ele
quebrou meu coração quando começou a sair com Quinn, que sinto falta dele
desesperadamente e preciso dele. Mas o amor e o sofrimento não tem nada a ver
com a confusão acontecendo dentro de mim. É o medo.
Eu não estou pronta para isso. Eu não estava preparada para os meus
mundos colidirem, meu mundo em Las Vegas rastejando para infectar meu
mundo em New Hope. Eu não quero isso aqui.
Ele franze a testa quando pega a minha mão. — Por que você está
tremendo?
Depois do que aconteceu esta manhã, eu disse a mim mesmo que eu iria
dar-lhe espaço hoje. Sou malditamente tentado tocá-la quando estamos juntos,
também tentado a pedir-lhe para ficar na minha casa depois que as meninas
forem embora, para ficar em New Hope indefinidamente. Para ficar comigo. Ela
precisa de tempo para chegar a essas decisões por conta própria. Ela não precisa
que eu a pressione.
— Será que isso está bem? — Brandon pergunta com a mão proprietária
de volta para o seu ombro.
— Eu gostaria muito — Ele corre os olhos sobre ela até que meus punhos
estão quase prontos para voarem em seu rosto por sua própria vontade. — Eu
gostaria muito disso.
Só quando ele vai embora é que sinto que posso respirar novamente. Mas
estou atormentado por perguntas sobre a sua visita e seu relacionamento com
Cally. Esta manhã Cally sugeriu que poderia ficar na cidade. Será que a sua
aparição aqui muda isso?
— Você veio — Ele abre a porta de seu quarto de hotel e passa os olhos em
cima de mim quando entro em cena.
Eu não parei de tremer o dia todo. Eu nunca imaginei que ele se desse ao
trabalho de vir atrás de mim. Tenho vinte e três agora, afinal de contas, o que
poderia muito bem ser cinquenta por tudo que Brandon causou. Mesmo antes
de ser apanhado e jogado na prisão, ele estava começando a se cansar de mim,
começando a encontrar as meninas mais jovens para cumprir seus desejos.
Usei seu encarceramento como uma oportunidade para me afastar dele.
Os federais congelaram todos os seus bens, então não era como se eu pudesse
ter mantido a viver bem, se eu quisesse. Então, encontrei o apartamento com
meus colegas de quarto do stoner e leiloei a maioria das joias e roupas de grife
que Brandon tinha me dado ao longo dos anos. Quando eu descobri que outra
garota estava visitando-o na prisão, eu tinha a desculpa perfeita para me afastar.
Não que eu estivesse com ciúmes, mas sendo um pouco pegajosa e fingindo que
estava machucada funcionou. Brandon gosta muito da perseguição para tolerar
uma mulher pegajosa. Eu tive que trabalhar daquele jeito. Isso simplesmente
funcionou para deixar Brandon McHugh.
— Talvez eu somente não seja tão jovem como costumava ser — Eu fiz um
beicinho, como se eu estivesse desesperada por sua segurança.
— Você ainda é bonita, mas está cansada. Você não pode esconder isso de
mim, meu amor.
— Nosso voo sai amanhã — Diz ele. — Isso deve dar-lhe tempo suficiente
para arrumar suas coisas.
Eu não vou com você. Não é falta de coragem, mas presença de espírito
que me impede de falar as palavras. Em vez disso, eu digo: — Você realmente vai
me provocar com isso, quando prometi para as meninas que eu ficaria até
depois do Natal?
— Então quebre sua promessa. Eu vou voar de volta para cá com tantos
presentes que ficarão felizes em lhe enviar de volta para mim e ainda esperarem
por mais — Ele vem para sentar-se ao meu lado e toma o meu rosto nas mãos. —
Eu preciso de você mais do que elas.
Quando ele se afasta, seus olhos são enevoados e ele está respirando
pesadamente. — Eu tinha sentido falta desses lábios. Quatro anos é muito
tempo.
Ele pega meu rosto em sua mão grande. — Esqueça-a. Eu estou aqui por
você agora.
— Claro.
— Será que você reserva um quarto no hotel onde ficamos juntos pela
primeira vez? Você se lembra? Com a vista para as montanhas? Eu quero que a
nossa primeira vez juntos novamente seja especial.
Ele rosna e me empurra para fora de seu colo. — Por que você me deixou
excitado, então?
Seus dedos agarram meu pulso e enrolam apertado. — Nós nunca vamos
terminar. Você não pode se livrar de mim.
Ele me puxa para frente e a pele sob seus dedos queimam. — Como posso
provar isso para você? Ela era uma coisa passageira. Você é a única pessoa que
eu sempre quis como uma peça fixa em minha vida.
— Eu não posso ficar — Ele rosna e há algo como raiva em seus olhos. —
A droga do Oficial de condicional não quer me deixar sair de Nevada. Eu tenho
que voltar antes que ele perceba que sai.
Ele insiste que eu deixe o motorista me levar de volta para New Hope, e
eu tenho que ficar no papai, porque não posso arriscar que Brandon descubra
que estou ficando com William.
Eu tenho dois meses de tempo emprestado. Mas não vou voltar para Las
Vegas quando acabar. Eu não vou voltar para Brandon. Mas não posso estar
aqui quando ele voltar por mim. Se eu não quero ser forçada a voltar para uma
vida com ele, vou ter que me esconder.
É QUASE meia-noite quando Cally entra por minha porta. As meninas
sabiam que ela ia voltar tarde e jantaram com o pai. Drew cuidou de todos os
rituais necessários na hora de dormir de Gabby. Mas eu não recebi o
memorando e fiquei na minha sala escura, vendo a porta da frente e desejando
que ela viesse através dela. Estou loucamente esperando que ela tenha passado a
noite com Lizzy e Hanna, mas eu conheço a verdade.
Ela está de saltos altos e vestido preto curto, que mostra suas longas
pernas. Alheia a minha presença, vai direto para a cozinha.
Seu beijo é tão doce, tão cheio de algo que parece como o amor.
Minhas mãos vão para a bunda dela e eu a puxo firme e rápido contra o
meu corpo com a necessidade de senti-la perto de mim. Quando isso não é bom
o suficiente para essa necessidade furiosa dentro de mim, eu levanto a saia em
torno de sua cintura e coloco-a em cima do balcão. Ela abre as pernas e me puxa
para frente pela minha camisa. Eu quebro o beijo para fazer uma trilha com a
minha boca para o seu pescoço. Um gemido sexy de protesto desliza de seus
lábios enquanto suas mãos deslizam em meu cabelo.
Mais perto, algo primal demanda. Eu quase esqueço tudo além dos
nossos corpos. Tudo, exceto este rugido de precisar para possuir. Para
reivindicar. Para manter. Porque isso é o que está ali, na raiz desse desejo, meu
medo de que ela vá me deixar novamente.
Ela inclina a cabeça para o lado para me dar melhor acesso ao seu
pescoço. Eu beijo e belisco ali quando encontro o zíper e tiro o vestido dos seus
ombros. Eu abro seu sutiã, liberando-o na parte de trás e jogando-o pela
cozinha.
Ela está ofegante no meu ouvido e segurando meu cabelo para me puxar
para mais perto. Gemendo, ela envolve as pernas ao meu redor. As pontas dos
saltos cavam minhas costas.
— Eu preciso saber que você é minha. O babaca na galeria. Ele está aqui
por você. Eu posso dizer isso.
— Além do fato de que ele estava a dois segundos de tirar seu pau pra fora
e mijar em você para marcar território? — Eu pego o seu polegar entre os dentes
e mordo suavemente antes de liberá-lo. Então eu coloco a minha boca na sua
orelha e faço uma tortura semelhante, até que ela está pressionando para perto
de mim novamente. — Você estava com ele hoje à noite, não é?
A tristeza em seus olhos faz com que um torno se aperte em volta do meu
coração. — Eu não sou de qualquer coisa. Eu sou um ser humano, não uma
posse — Ela abaixa seus saltos e pula fora do balcão. Puxando seu vestido para
cima, ela agarra o sutiã do chão e está se dirigindo para as escadas quando eu a
paro.
— Cally?
Ela para, mas mantém as costas para mim. — Me desculpe, eu não posso
lhe dizer o que você quer ouvir.
Sete anos atrás
Seu avião de Las Vegas chegou a vinte minutos, e eu não a vi ainda, mas
me recuso a assumir o pior.
Mas não é pelo sexo que estou ansioso. É tê-la em meus braços
novamente, cheirar o cabelo dela, assegurando-me de que eu não a perdi.
Eu tento de novo. Desta vez, ele vai direto para a caixa postal.
Como é que eu vou deixá-la ir, quando ela ainda tem o meu coração?
Dias atuais
Eu mordo meu lábio para não rir dela. — O que você estava dizendo sobre
a necessidade de cenário decente?
Reviro os olhos. — Sério? Você também? — Mas então percebo que ela
não está olhando para Asher. Ela está olhando para um dos amigos de Will, o
cara moreno alto, com ombros largos e sorriso malicioso. Aquele que Hanna
gosta. Max. — Vamos lá, meninas — Eu digo, dirigindo-me para a turma. — A
primeira regra é nunca deixá-los ver você babar.
Eu sustento minhas mãos nos meus quadris. — Estamos tendo uma festa
aqui que ninguém me contou?
Meus olhos se conectam com William. Eu sei, sem perguntar que ele é
responsável por isso. Ele somente pisca para mim como se a noite passada na
cozinha não tivesse acontecido. Tão. Malditamente. Bom.
— Ok, todos — Will anuncia. — A lixeira vai estar aqui a qualquer minuto.
Vamos começar com o tapete e linóleo na cozinha. Uma vez que tivemos tudo
para fora, vamos abordar as paredes e deixar pronto para o novo piso esta tarde.
— Novo piso — Diz ele com cuidado, com os olhos em mim. — E alguns
aparelhos.
— Aqui fora! — Ele pisca para mim e depois desaparece para dentro da
casa.
Algumas horas mais tarde, o velho tapete de linóleo sumiu, Sam e Asher
estão remendando as manchas no teto e Max e William começaram a trabalhar
nas tábuas podres do deck, tirando as ruins e substituindo-as por novas. O sol
está alto no céu e cortando as árvores, transformando o dia de outono quente.
William tira a camisa e joga de lado, dando-me um inferno de uma visão
enquanto eu tento cobrir as janelas para a pintura.
É demais, e se fosse tudo para mim, eu não aceitaria. Se fosse tudo para
mim, eu ficaria com raiva. Mas Gabby e Drew estão praticamente pulando de
empolgação e, em vez de estar com raiva. Eu estou apenas... Grata. Sou grata
que William possa fazer isso por elas. Eu sou grata que, por uma vez, não está
tudo sobre os meus ombros. Mas, mesmo assim, há algo inquietante sobre o
grande gesto. Algo que não parece certo.
Viro-me lentamente. Ele está uma bagunça suada por rasgar o tapete e
ele parece um pouco inseguro enquanto me estuda, mas eu nunca estive tão
atraída por alguém na minha vida.
Eu pego sua mão e o puxo para a lateral da casa, onde podemos falar sem
olhares curiosos observando. — Obrigada por arranjar isso.
— Você não pode me comprar, William. Eu aprecio tudo o que você fez
por nós, mas não estou à venda.
— Eu não achei que estivesse — Seu maxilar fica tenso e começa a vibrar.
Ele passa a mão por seus cachos e olha para as árvores, procurando paciência,
mas seus olhos queimam com raiva quando eles se voltam para mim. — Foi por
isso que você acha que eu fiz isso? É por isso que você acha que estou lhe dando
um acordo para o seu estúdio, por isso que acha que eu deixei você e suas irmãs
ficarem comigo? Você acha que estou tentando comprá-la? Que tipo de idiota
fodido que você acha que eu sou?
— Não! É claro que eu... — Mas não consigo negá-lo, quando foi
exatamente disso que eu acabei de acusá-lo. Isso é exatamente o que eu tenho
medo.
Uma mão cai para minha cintura e ele puxa o meu corpo perto com seus
dedos, firmando meu quadril. — Eu não quero vesti-la. Se você estiver em uma
saia sexy ou naquelas desgastadas para o trabalho, tudo o que eu quero é que
você se dispa. E eu não quero possuir sua mente, eu quero explorar isso — Sua
boca desliza em meu ouvido enquanto ele fala. Excitação dispara como um pulso
elétrico na espinha. — Mas eu quero que você me deixe foder do jeito que eu
quero. Mas só porque eu sou seu, tanto quanto você é minha, e toda vez que eu a
tocar, me sentir como se só tivesse sido colocado na Terra para fazer você gozar.
Sua boca se abre sobre a minha. Estou agarrada a ele, minhas unhas
apertando seus ombros, as pernas instáveis debaixo de mim. Ele me faz andar
de costas ate me encontrar na lateral da casa, e de repente eu desejo que todo
mundo tenha ido embora, para que eu pudesse aceitar a promessa em seus
olhos.
— Você é minha, Cally — Ele sussurra. — Eu não me importo se isso soa
como homem das cavernas ou possessivo para você, porque quando se trata de
você, eu sou.
Hoje foi uma merda. Porque eu quero Cally tanto que dói. Porque apesar
da nossa pequena conversa fora da casa de seu pai ontem, ela tem me evitado
depois que as meninas estavam na cama na noite passada. Porque mesmo
zangado com ela, estou mais feliz do que já estive em anos.
Mas, principalmente, o meu dia foi uma merda, porque eu sei que Cally e
suas irmãs estão se mudando de volta para casa hoje à noite, e mesmo que eu a
verei na galeria na maioria dos dias, deixar Cally ir vai contra cada instinto que
eu tenho.
A mesa está posta para dois com círios queimando no centro e piscando
sombras nas paredes. Travessas de macarrão, salada e pão de alho à espera e
uma garrafa de vinho está no gelo em um balde de aço inoxidável. Eu vejo que
elas escolheram o vinho de morango.
— Será que Cally fez isto?
Drew sorri e balança a cabeça. — Não... Ela não está em casa ainda — Ela
desliza seu telefone do bolso e olha a hora. — Ela vai estar aqui a qualquer
minuto.
— Por aqui — Diz Drew, levando Cally para a sala de jantar. — Seu jantar
a aguarda.
O maxilar de Cally cai e seus olhos se arregalam enquanto ela olha para a
mesa e, em seguida, para mim. — Você fez isso?
Eu balanço a minha cabeça. — Suas irmãs foram os cérebros por trás esta
noite.
— Elas estão e meu pai está pronto para tê-las de volta. Ele sente falta
delas. Acho que elas sentem a falta dele também. Ele está planejado um grande
passeio para o Museu das Crianças de Indianápolis, e Drew não está nem
mesmo reclamando sobre isso. — Ela sorri. — Eu disse-lhe que papai tem um
emprego?
Seu telefone toca e ela desliza-o do bolso e olha para a tela. Algo pisca em
seu rosto. Preocupação? Ansiedade? — Você se importa se eu atender isso?
— Vá em frente.
Ela entra na sala para atender a chamada, mas eu ainda posso ouvir seu
lado da conversa.
— Alô?... Estou feliz... Eu também sinto sua falta... Eu sei... Não, eu não
posso falar sobre isso agora. Estou em uma reunião... Eu prometo... Você
também.
Ela evita meus olhos quando desliza de volta para seu assento.
— Brandon? — Eu pergunto.
— É... Complicado. — Ela balança a cabeça. — Como você sabe sobre nós,
afinal? O que ele disse quando estava na galeria?
Eu tomo um gole do meu vinho antes de responder. Ela não tem ideia que
eu fui para Las Vegas procurando-a depois que ela me deixou. — Foi por ele que
você me deixou — Eu digo com cuidado.
Sua testa franze. — Eu não o deixei por outro homem. Espere. Por que
você ainda acha isso? O que ele lhe disse?
— Eu fui para Vegas, há sete anos. Naquele verão? Eu fui e a segui e seu
vizinho me disse que estava em algum restaurante chique, então eu peguei um
táxi e certo o bastante... Lá estava você. Você foi com um vestido chique,
bebendo vinho e sentada com um cara mais velho e rico. Era Brandon.
— Era sobre Brandon que você estava falando ontem. Aquele que você diz
como se vestir, o que pensar — Eu abaixo a minha voz. — Como foder.
— Você não tem que estar com alguém assim. Você merece mais.
Seu queixo cai e seus olhos amolecem. — Isso diz muito sobre o que você
acredita, William Bailey.
Alguém buzina na frente, Drew e Gabby saltam para os seus pés e pegam
suas malas. — É o meu pai! — Drew fala, correndo em direção à porta da frente.
— Vocês dois, se comportem.
— Obrigada — Ela pega a taça, mas não bebe. — Não, há muito tempo.
Meu queixo se aperta. — Você não é a única que mudou. Não é a única
que teve que tomar decisões de merda.
— Mas ajuda — Diz ela em voz baixa. — Ter dinheiro significa que você
não tem que tomar o maior número de “decisões de merda”, como eu fiz. E os
meus pais? Eles poderiam ter estado vivos, mas... — Ela atira-se para fora de sua
cadeira. — Droga, eu não quero fazer isso.
Ela se vira para me encarar, deixando seu corpo entre a porta e eu,
minhas mãos bloqueando-a em cada lado. — Eu não quero fazer o jogo que de
quem tinha-a-pior-infância.
— Pergunte.
— Resumidamente — Eu não quero ir para lá. Não com Cally. Mas se esta
é a conversa que ela precisa ter a fim de abrir-se para mim, que assim seja.
— Ela ainda se preocupa com você. Ela está preocupada que vou te
machucar. Mais uma vez.
— Mas ela toma — Sua mão lentamente sobe para tocar meu rosto, e eu
fico totalmente imóvel, resistindo à vontade de virar e dar um beijo na palma da
sua mão. Resistindo ao impulso de beijá-la até que tenhamos esquecido essa
conversa e então pensaremos apenas no corpo um do outro. — E então você se
casou com sua irmã Krystal.
Ela pegou isso rapidamente. Mas o que eu esperava? Essa é New Hope.
Não há segredos aqui. Eu deveria estar surpreso que ela teve que chegar até New
Hope para saber da notícia. — Krystal e eu nunca fomos oficialmente casados —
Não que nós não estávamos de uma maneira fodidamente perto para o conforto.
Estúpido da minha parte. — Parecia a decisão certa no momento, mas não deu
certo e isso foi melhor.
— Mas elas são todas tão protetoras com você. Você não é o cara ruim
para elas.
— Eu estraguei tudo. Elas me perdoaram.
— Jesus? É isso que você quer? Você quer saber que parte eu fodi? Você
vai me mostrar a sua, se eu lhe mostrar a minha? É isso? O que você está tão
desesperada em esconder de mim?
— Todos nós temos partes que não queremos que ninguém veja.
Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e me afasto dela. Porque ela está certa.
E eu não posso olhá-la nos olhos enquanto confesso o maior fracasso da minha
vida. — Depois que eu fui para a faculdade, Maggie... Ela precisava de mim.
— Não é segredo meu para contar, Cally, mas eu posso lhe dizer que eu
estraguei tudo. Ela veio até mim, precisava de ajuda e eu a coloquei de volta em
um ônibus e mandei-a para casa.
— Você não era responsável por ela. Um estudante universitário que era
pouco mais que uma criança.
E eu estava preso a uma garota que me largou por um idiota rico, pelo
menos 15 anos mais velho que eu. Eu deixo cair a minha cabeça. — Isso não
importa. Ela estava apavorada e enviei-a de volta para a briga.
Ela está tentando arrumar uma discussão, mas eu não vou morder a isca.
— Exatamente. Você não entende. Você não é a única que teve que tomar
decisões de merda, e nem quando eu percebi o que tinha feito sem querer, eu
não poderia me perdoar. Eu estava obcecado em protegê-la e quando eu voltei
formado, a obsessão se transformou em outra coisa.
— Você se apaixonou por ela.
Eu dou de ombros. — Eu a amava. Isso não quer dizer que era um amor
saudável.
— Então Krystal?
— É claro que amei. Eu não teria colocado um anel em seu dedo, se não o
fizesse.
— Eu quero mais.
Ela pode ter mais. Ela pode ter qualquer coisa. Tudo. — Então isso é seu.
Eu realmente não esperava que ela revelasse nada, por isso estou
surpreso quando ela fala. — O caso de amor da mamãe com o Vicodin se tornou
uma obsessão. Ela foi até mesmo apedrejada para conseguir um lugar para fazer
uma punheta por 20 dólares.
Eu recuo. — Cally...
— Tínhamos vale-refeição, mas ela os vendia por drogas. Cem dólares que
era supostamente para comprar o jantar para as minhas irmãs e eu virava um
punhado de pílulas preciosas para ela — Seus olhos se enchem e ela olha para
longe de mim. — Depois de um mês que nos mudamos para Las Vegas, eu tinha
um emprego, dois empregos, mas nunca era suficiente. E depois que eu falei
com você, e você estava planejando a faculdade e escolhendo o carro que sua avó
iria comprar-lhe como um presente de formatura. Você vivia em um universo
completamente diferente do meu e eu não conseguia lidar com isso.
Eu pego os seus ombros e a viro para olhar para mim. — Eu queria que
você tivesse me contado. Eu poderia ter ajudado. Eu poderia ter...
— O quê? — Ela ri. Um som frio, vazio que não possui um pingo de
humor. Ela empurra o meu peito, eu tropeço para trás e a solto dos meus braços.
— O que você teria sido capaz de fazer? Enviar dinheiro? E, em seguida, manter
o dinheiro vindo? Um rapaz de dezoito anos de idade, responsável por apoiar
uma família de quatro pessoas? Mamãe teria gasto o seu fundo fiduciário todo
antes mesmo de terminar a faculdade.
Eu não respondo, não me deixo pensar sobre o por que ela está me
deixando ou por quem. Eu a pego no colo e a levo para a minha cama. Eu a
dispo lentamente, explorando o corpo dela com as mãos e boca. Quando eu
deslizo para dentro dela, ela se agarra a mim, grita com prazer em meu pescoço.
Eu a faço gozar de novo e de novo, aceitando tudo o que ela oferece do seu
corpo, uma vez que ela não vai me dar seu coração.
NO ÚLTIMO mês, as folhas caíram, os dias esfriaram, e eu sinto que
estamos correndo em direção ao fim do meu tempo em New Hope. Todo dia que
eu fico é mais um dia que arrisco o retorno de Brandon. Ele me prometeu dois
meses, mas a promessa de um homem egoísta não significa nada e eu seria
inteligente se fosse embora agora.
Mas primeiro eu tenho que terminar com este cliente. Esta é a terceira
vez em muitas semanas que Carl York tem vindo para uma massagem.
Normalmente, isso não me incomoda. O fato de que ele mencionou sua esposa
deixando-o sozinho pelo menos dez vezes me deixa um pouco desconfortável.
Mas eu me livro da sensação.
Antes que eu perceba que ele agarrou a minha mão, está pressionando-a
em sua ereção sobre o lençol. — Bem aqui, baby.
Eu bato meu punho para baixo em seu pênis, em seguida, torço e dobro
para trás a sua mão. — Cadela — Ele grita.
Ele rola para o lado dele e leva os joelhos até o seu estômago, gemendo.
Filho da puta do caralho merece. Eu vou voltar a viver de sanduíches de
manteiga de amendoim e convidar os ratos para serem meus colegas de quarto
antes de eu trabalhar com um cara que me trata assim.
Quando eu saio da sala, estou tremendo. Eu não quero estar aqui quando
Carl sair, por isso, saio do apartamento e vou para a área de recepção da galeria.
Maggie me lança um olhar preocupado do sofá, onde ela está digitando no seu
laptop. — Você está bem?
Eu corro para a pia e vomito, arfo e ofego até que meu estômago está
vazio e minha boca tem gosto de bile.
— E por que isso? — Eu levanto o meu queixo e fico com toda a raiva que
está latente dentro de mim pelo os últimos quinze minutos subindo. — Será que
o spa do campus tem que se certificar que seus clientes sabem que não estão lá
para ter “um final feliz”? Por que eu sou diferente?
— Eu quero saber. Por que é diferente para mim? Porque eu sou pobre,
por isso a minha prática de massagem é realmente apenas uma fachada para a
minha verdadeira especialidade que emprega a minha mão? É isso o que as
pessoas pensam? Ou talvez eles pensem que porque minha mãe parecia fazer o
que ela precisava, eu me pareço da mesma maneira?
Seus olhos ficam tristes. — Só porque o que as pessoas pensam sobre você
não é o certo, não significa que eles não vão pensar dela. Confie em mim. Eu sei.
— O que você sabe? — Eu rio e soa tão vazio, tão miserável. — Você é uma
Thompson. Você tem dinheiro e influência. Todos nesta cidade amam vocês.
Seu rosto muda e a simpatia em seus olhos é substituída por outra coisa.
Algo mais duro. — Ninguém se importava que eu era uma Thompson quando
descobriram que o xerife estava me fodendo. Eu tinha quinze anos e ele estava
traindo a sua esposa. Comigo. O fato de que eu disse não, era apenas um detalhe
técnico para as pessoas por aqui. Ele deixou a cidade e algumas pessoas viram
que o que ele fez foi porque era um homem com poder sobre mim, um homem
muito mais velho, usando esse poder para cumprir seus desejos doentes.
Algumas pessoas tem isso. Eles acham que eu era uma vítima. Eles acham que
mesmo quando você tem uma queda pelo melhor amigo do seu pai e usam
camiseta apertada perto, não ainda significa não — Ela encolhe os ombros. —
Mas os outros? Outros nunca entendem isso. Você não estava aqui para ver uma
boa parte desse lado da cidade contra mim, por causa dos pecados de um
homem adulto, mas aconteceu, e não se atreva a dizer-me que eu não entendo
só porque minha família tem dinheiro.
Minha garganta está grossa com vergonha e embaraço. Não só estou
sendo tão crítica como todo mundo, mas eu deveria ter mais conhecimento. Isso
foi o que William estava falando quando disse que fracassou com Maggie. Esta é
a parte que ele não estava me dizendo. — Jesus, Maggie. Eu não tinha ideia.
Eu pisco para ela, dando um passo para trás até que meu ombro bate na
parede. — Minha mãe fez o que tinha que fazer — Eu só não entendia isso até
que fui empurrada para o mesmo canto. Pelo menos ela decidia o que fazer
quando estava esgotada.
— Eu não vou agendar mais Carl. Isso vai ficar bem. Por favor?
Eu não sei o que ele faria se descobrisse sobre o que aconteceu hoje à
noite, mas tenho certeza que, assim como Maggie, ele iria querer que eu
prestasse queixa. Mas eu não posso dizer a ninguém o que Carl fez, porque eu
estou muito apavorada que ele vá compartilhar o que sabe de mim.
“Você quer agir como se fosse melhor do que a sua mãe, mas eu conheço
a verdade”.
Eu nunca iria dizer a verdade sobre William dos meus primeiros anos em
Las Vegas? Ou estava esperando que meu passado simplesmente desaparecesse
se eu desejasse muito?
Todos os olhos estão sobre nós. — Podemos ir a algum lugar privado para
conversar?
Seu maxilar endurece com o seu desgosto por mim em todo o rosto, como
se a minha presença a repelisse. — Tudo bem. Siga-me.
Meredith fecha a porta atrás de mim. — O que posso fazer por você?
Eu franzo a testa quando ela abaixa-se em uma cadeira. Seu rosto está
pálido. — Você está bem?
— Eu... — Eu devia ter pensado nisso. O que eu vou dizer? Como é que
vou convencê-la a ficar quieta? E se ela concordar em esperar, eu realmente
terei a coragem de dizer a William?
Antes que eu possa descobrir o que dizer, ela faz um gesto para a cadeira
em frente a ela. — Você vai se sentar? Eu queria falar com você de qualquer
maneira, então estou realmente feliz por você estar aqui.
— Uma o quê?
— Vinte mil.
Eu cruzo meus braços. — Vinte mil o quê?
— Dólares.
— Exatamente. É por isso que estou oferecendo a você. Vinte mil dólares.
Um pequeno presente meu para você. Eu sei sobre a casa do seu pai.
Eu sinto como se tivesse caído na conversa errada. Nada do que ela está
dizendo faz sentido. Não importa o que ela diz a William, ela me odeia. Por que
ela quer me dar dinheiro? — Sobre a casa de meu pai?
Ela se inclina para frente e estreita os olhos para mim. — Você é sem
noção de verdade?
— Eu não tinha ideia — E ela não está longe disso. Eu estive muito presa
no meu próprio conto de fadas temporário.
Ela está dizendo a verdade sobre a casa? Será que meu pai sabe? Será que
ele está escondendo isso de mim? Então o resto das suas palavras afunda. —
Você está me oferecendo vinte mil dólares para salvar a minha casa?
— Qual é o problema?
Ela deixa cair seu olhar para a mesa onde bate as unhas perfeitamente
cuidadas. Sua voz não é tão arrogante quando fala novamente. — Eu acho que
você sabe.
Meu mundo gira loucamente quando ela explica que já arranjou uma
conta em meu nome e vai transferir o dinheiro logo e ela está satisfeita que eu
vou terminar com William e sair da cidade.
— Foi por isso que você contratou Carl York? Então, não tenho escolha?
Eu teria que pegar o seu dinheiro?
— Me subornar para ir embora não vai comprar William. Ele não está à
venda — Eu coloco as palavras para fora. Intencionalmente atraindo-a para ver
se ela sabe mais do que está dizendo, para ver se ela vai dizer: — Mas você está.
— Mesmo que ele não me queira de volta - que ele vai querer - valeria a
pena cada centavo, apenas para que eu não tenha que vê-lo com você.
Meu estômago vai para uma queda livre e o meu coração segue logo atrás.
Eu não percebo que ele está me olhando até que o ouço limpar a
garganta. — Eu tenho de enviar a eles o máximo que eu puder — Ansiedade
enruga na testa do meu pai e faz seus traços caírem. De repente, ele parece
muito mais velho do que é.
Ele pega a carta das minhas mãos e bate nervosamente sobre o balcão. —
Eu já estava muito atrasado e eu não fui capaz de conseguir rápido o suficiente.
— Isto é como “desenvolve” as coisas quando você não cuida delas, pai.
Isto é o que acontece. Tudo desmorona e todo o trabalho que você fez, todos os
sacrifícios que fez não valem nada.
— Não! — Eu aponto o dedo no rosto dele e meu corpo treme com a raiva
súbita. — O Universo quer que você cuide da sua merda. Isso não é algo que vai
ficar melhor somente pedindo para as estrelas. O destino não pode precipitar-se
e salvar o dia.
— Tudo acontece por uma razão, Cally. Você tem que acreditar nisso.
— Merda — Eu murmuro.
— Eu não tinha ideia — Diz papai, e o horror em seu rosto é tão ruim que
eu gostaria, mais do que qualquer coisa, que eu pudesse ter tudo de volta.
Gostaria de poder embalar a terrível realidade daqueles primeiros dias em
Vegas e bloqueá-las para longe, onde não pode ferir ninguém.
Ela estava muito chapada. Mas eu não digo isso. — Eu preciso falar com
Drew.
— Você me fez amar essa casa, pedaço de merda — Ela murmura. — Você
me fez amá-la, e agora estou perdendo isso também.
— Brandon ligou — Ela diz. — Ligue para ele e diga-lhe que precisa de
dinheiro para a casa. Ele vai dar a você.
Ela encolhe os ombros, pega o tapete com seu dedão do pé. — Isso
significa que temos de deixar New Hope?
— Não, claro que não — Eu digo rapidamente. — Você vai ficar. Eu tenho
que descobrir o que fazer com a casa, mas você absolutamente vai permanecer.
Eu estava certa sobre tudo, com exceção do último. Eu não tinha ideia de
quanto o amor pode machucar e parece que ele não fez nada, além de me
machucar por sete anos.
Nas últimas quatro horas, eu cubro o piso da galeria para Will enquanto
ele montava a nova exposição para a noite de abertura neste fim de semana.
Seus músculos agrupam e se esticavam sob sua camiseta, e quando ele me pega
olhando, finjo não estar quente e incomodada.
Cada olhar roubado, cada vez que ele passa por mim e para por apenas
um segundo para beijar meus lábios, cada aperto de mão ou tapa na minha
bunda, me enche de esperança e quebra o meu coração de novo.
Ele dá um passo mais perto e pega o meu rosto na sua mão, inclinando
meu queixo enquanto me estuda. Meu coração bate forte no meu peito, e todo o
meu interior é preenchido com o empurra-puxa, dor-conforto que vem quando
você tem que deixar alguém que ama. — Eu acho que você está trabalhando
muito.
— Vocês...
— Eu tenho que cobrir para que Will possa terminar de arrumar para a
exposição.
Ele acena ante a minha objeção. — Não é grande coisa. As gêmeas estão
certas. Não é saudável trabalhar o tempo todo. Você vai ficar estressada — Ele
me puxa contra ele e abaixa a boca no meu ouvido. — Ou você poderia aceitar a
minha oferta para fugir comigo por um fim de semana. Cancelar seus
compromissos? Passar o próximo fim de semana na cama num quarto de hotel?
Lizzy agarra meu braço e me puxa para a porta. — Vamos tirá-la daqui
antes que ela mude de ideia.
— Olá — Eu sussurro.
Sou carregada até o carro estacionado em frente e ela não me libera até
que abre a porta do passageiro e me empurra para dentro.
Eu esfrego meu pulso. — Cara, você não estava brincando quando disse
sequestro.
— Você está bem? — Hanna pergunta da parte de trás. — Lizzy não sabe o
quão forte é, às vezes.
— Ela está bem! — Lizzy bate a minha porta e sobe ao seu lado. — Brady
para margaritas ou The Wire para martinis? — Ela pergunta quando desliza a
chave na ignição.
— Martinis — Diz Hanna.
Lizzy vira o carro na direção do The Wire e estou quase aliviada que elas
vieram até mim. Esta pode ser a única chance que tenho de dizer adeus.
— Quer parar de pensar tanto? — Lizzy pede. — Tudo o que você está
fazendo é ficar sentada aí, mas as rodas em seu cérebro estão tão ocupadas que
está fazendo o meu cérebro se sentir como um preguiçoso.
Hanna toca meu ombro. — Obrigada por ter vindo com a gente. Nós
sentimos sua falta.
Lizzy abre um sorriso triste para mim, antes de voltar seu olhar para a
estrada e eu sei que há algo que ela não está dizendo.
No The Wire, parece que cada quadro é extraído, mas eu sigo as meninas
de volta para uma cabine e estou surpresa de ver Maggie esperando lá.
Maggie troca um olhar significativo com suas irmãs, que tomaram suas
posições na cabine em frente a nós.
Eu sorrio, mas não preciso de um espelho para saber que é instável e não
atinge os olhos. O investigador particular. Para quem ele estava trabalhando,
com certeza, contou a todos a verdade sobre mim. Eu estava esperando que ele
não estivesse perto até eu ir embora. Estremeço pensando nas minhas irmãs.
Não. Eu estava esperando que ele nunca fosse dizer. — E o que é?
Mais uma vez, a troca das meninas aparece. Lizzy limpa a garganta. —
Meredith está grávida.
— Todo mundo está dizendo que era a vontade dela — Hanna continua. —
E... Era a hora certa.
— Ela não está dizendo que é dele — Lizzy coloca a mão na minha.
Eu dou um passo para trás. Merda. Eu não quero enfrentá-la esta noite.
— Ei, Meredith.
Eu tento dar outro passo, mas ela mantém-se firme. — Eu tive uma
conversa interessante com Carl York hoje — Ela realmente sorri, como se o que
Carl tivesse dito a ela sobre mim fosse a melhor notícia possível — Eu me
pergunto o quanto William sabe sobre suas aventuras como garota de
programa que voltou de Las Vegas.
— Está tudo bem — Ela murmura, caindo de joelhos para pegar os cacos
de vidro.
Eu dou desculpas para ir embora mais cedo, mas Maggie me segue para
fora. Ela me leva pelos ombros, a determinação brilhando em seus olhos. — Não
cometa o mesmo erro. É como você lida com isso.
— Eu...
— Eu não preciso mais disso — Qualquer coisa que eu precise saber sobre
o ex de Cally, ela pode me dizer.
— Ouça — Carl diz: — Isso cabe a você, mas você já me pagou. Poderia
muito bem saber o que você paga, certo? Você não tem que decidir agora. Vou
colocá-lo no e-mail, assim terá tudo. Eu lhe dei um pedaço extra também, fiz
uma pequena pesquisa sobre Cally Fisher. Fiquei curioso, por isso é por conta
da casa. Entretanto? Eu não iria tocá-la com uma vara de cinco metros... — Ele
ri. — Se você sabe o que estou dizendo. Eu sei que não vai ter nenhuma
“massagem” dela de novo, isso é certo.
Quando eu puxo até a cabana, meu coração cai como mil cacos de vidro
no meu estômago já doendo.
O jeito que ele está olhando para ela, me faz querer cortar suas bolas com
uma navalha enferrujada.
Corro para fora do meu carro. — Drew, vá para dentro e coloque a mesa
para o jantar.
— Vá! — Eu ordeno.
Ele a olha correr para a casa. Minha irmã tem quinze anos de idade. E de
repente, eu tanto desejo que tivesse uma arma e estou feliz que por não ter. Ele
volta sua atenção de novo para mim e balança a cabeça lentamente para o meu
jeans e camiseta. — Cally baby, eu odeio vê-la vestida assim.
— Você veio antes — Digo em voz baixa. — Nós dissemos dois meses.
— Eu tenho negócios em Indianapolis e Chicago, por isso parece que seu
tempo acabou. Suas irmãs estão estabelecidas e eu estou cansado de esperar.
Não adianta discutir. Eu sabia que isso poderia acontecer. — Tudo bem —
Eu olho por cima do ombro para me certificar que as meninas não estão por
perto para ouvir. — Quando nós vamos?
— Você deveria levar suas irmãs com você. São bonitas. Eu vou cuidar
bem delas.
O luar chama meu nome pela janela do quarto e as estrelas piscam para
mim do céu da meia-noite escura. Stardust beija meus dedos. Meus desejos
flutuam no ar como um dente de leão, esperando que eu o pegue. Eu tento me
concentrar, para que eu possa me esticar e pegar um na palma da minha mão.
Ele me para antes que eu possa agarrar o desejo. Sua mão no meu braço,
sua ereção nas minhas costas.
Arrepios correm em toda a minha pele nua enquanto seus dedos patinam
até a volta da minha espinha.
— William — Murmuro.
— Diga.
Eu fui até o The Wire para procurar Cally após a ligação de Carl York,
mas as garotas me disseram que ela foi para casa. Idiota que eu sou, assumi que
significou a minha casa, mas ela não estava lá.
— Ela não está disponível no momento. Quer que eu diga a ela que você
passou por aqui?
Seu carro está estacionado bem na minha frente, mas eu não vou discutir.
Enfio minhas mãos nos bolsos e o encaro. — O que você está fazendo aqui?
Eu quero tirar aquele sorriso do seu rosto a socos. — Onde ela está?
Ele grunhe, então inclina a cabeça. — Você não está comendo a minha
menina, não é?
— Se você tem que perguntar, ela é realmente sua garota? Por que você
não sai daqui? Se ela quisesse ficar com você, estaria vivendo em Las Vegas.
Eu nem mesmo aceito a decisão antes que meu braço está balançando. E
logo eu não sou nada, além da raiva, punhos e a dor aguda irradiando de onde
seu punho se conecta com o meu queixo. Seus punhos enterram duas vezes
como uma bola de demolição na minha bochecha e nariz antes de eu conseguir
um balanço sólido em seu maxilar. Então eu perco a noção de onde fui atingido
e o número de golpes temos dado. Tudo que me importa, é derrubar esse cara, e
estamos embrulhados em nós, ainda continua difícil, quando alguém me puxa
de cima dele.
— O que você pensa que está fazendo? — Cally pergunta, e eu não sei se
está falando comigo, com ele ou nós dois. Eu não me importo. Eu só quero ficar
longe disto. Longe dela.
Ele dá um tapa em sua bunda e mesmo que eu prometi a mim mesmo que
estava indo embora, estou pronto para começar novamente.
— Will, por favor — Ela sussurra antes que eu possa balançar. — Não faça
isso — É uma palavra calmamente sussurrada e está envolta em tanta tristeza
que eu já sei que a perdi. Ele está aqui para ela e ela está indo com ele. Ele é a
razão que ela me disse que não pode ficar. Não pode ou não quer?
Seu pai está olhando para mim e eu percebo que eu disse as palavras em
voz alta.
Volto para a minha moto e cada passo envia dor que irradia através das
minhas costelas. Cally está de pé na SUV, usando uma toalha para limpar o
sangue do rosto de Brandon. Quando ela me vê observando, ela recua e deixa
cair suas mãos ao lado do corpo. Seus olhos ficam tristes quando ela me olha.
Fúria queima nos olhos de Brandon. — Sua putinha. Você fodeu com
aquele idiota.
— Você transou com ele e agora espera que eu a leve de volta para cuidar
de você? — Suas mãos deslizam dos meus ombros ficam em volta do meu
pescoço, descansando ali, esperando por uma desculpa. Meu pai está dentro da
casa e eu faço uma oração silenciosa de que ele esteja observando e que ele será
capaz de me proteger se Brandon enlouquecer.
— Eu não faria isso — A mentira é perigosa. Tudo o que ele tem a fazer é
perguntar pela cidade e ele saberá a verdade. Eu fui descuidada e muito
determinada em absorver cada gota de uma vida que eu sabia que teria que
deixar para trás.
— Eu salvei você — Ele sussurra com o rosto triste e vai soltando as mãos
do meu pescoço. — Você estava nas ruas e eu a salvei.
Essa é a sua história favorita para contar. Ele me segura durante a noite e
pinta nossas origens feias nas pinceladas de sua percepção distorcida. Como se
ele não pagasse a Anthony dezenas de milhares de dólares para ter o privilégio
de tirar minha virgindade. Como se ele não me forçasse a casar com ele para que
pudesse me controlar ainda mais do que antes. — Eu ajudei a sua família. Como
é que você me paga? Você nem me visitou enquanto eu estava na prisão.
— Eu-eu não achei que você queria me ver — Eu minto. — Você estava
com ela — Mas eu posso dizer que ele vê através de minha desculpa agora. Ele
sempre vê.
— Eu disse a mim mesmo que iria levá-la de volta logo que saí, mas você
tentou me empurrar para fora da sua vida como se eu não a tivesse salvado —
Ele tem lágrimas nos olhos. Verdadeiras, lágrimas brilhantes. — Você. Me.
Magoou — Ele rosna, as mãos voltam para o meu pescoço. — Eu pensei que você
precisaria de mim de novo depois da overdose de drogas de sua mãe. Eu tinha
tanta certeza de que iria tê-la de volta para mim.
Eu não sei quanto tempo estou lá antes de sentir Gabby ao meu lado. —
Eu não gosto dele — Diz ela. — Ele foi para o apartamento na manhã que a
mamãe morreu. Eu nunca gostei dele.
“Eu tinha tanta certeza de que iria tê-la de volta para mim.”
De repente, tudo fica muito claro. Depois de anos, mãe estava ficando
melhor, até mesmo se mantendo em um emprego estável. Então, de repente
uma overdose de drogas? E como Brandon sabe?
A casa de Will está escura, mas eu tenho certeza que ele está aqui. Onde
mais é que ele vai com o rosto machucado daquele jeito?
A porta está trancada, mas ele me deu uma chave no mês passado,
quando eu estava hospedada aqui com as meninas. Quando eu tentei dar-lhe de
volta, ele insistiu para que eu ficasse com ela. Agora estou feliz.
Continuo o meu estudo dos seus ferimentos e solto o meu olhar para os
dedos enfaixados e o hematoma vermelho nas costelas.
É claro que ele pode contra a maioria dos caras, mas Brandon come e
respira luta. Deus sabe que ele aprendeu novas habilidades enquanto estava
preso. Apenas me lembrar de ver Brandon lutando é suficiente para me fazer
perder o fôlego novamente.
Depois que minhas mãos terminam sua turnê eu deslizo para o cabelo, os
meus lábios seguem o caminho dos meus dedos em sentido inverso. Eu beijo seu
olho inchado, o rosto, o queixo. Ele não se move.
E hoje foi tão ruim que me deixo ter este momento como uma
recompensa duradoura. Aqui, no escuro do seu quarto, seu corpo quase nu
sobre o meu vestido inteiramente, tudo entre nós caindo aos pedaços, este beijo
é o mínimo que mereço. Isso parece como um presente secreto que temos
direito. Então, eu me abro para ele, beijando-o de volta e esfregando minha
língua contra a dele, e quando sua mão quente e gananciosa serpenteia por
minha camisa, eu arco em seu toque como se Brandon não estivesse vindo atrás
de mim, como se eu precisasse beijar William e dizer-lhe adeus não fosse a pior
ideia que eu já tive.
Eu tenho que tocá-lo. Eu preciso disso mais do que preciso de ar. Mas
quando eu exploro seu corpo, sua respiração o deixa em um silvo e seus lábios
abandonam os meus.
— Ele está fazendo você ir. Antes que ele aparecesse na cidade, você
estava pensando em ficar. Ele está fazendo você ir embora, não é?
Mas quem vai protegê-lo de Brandon? Eu engulo. Eu não sei o que vai
acontecer amanhã e preciso que William me deixe ir. — Por que eu estaria com
medo do meu próprio marido?
Ela senta-se e posiciona-se ao meu lado. Isso dói pra caralho. Ela repousa
os cotovelos sobre os joelhos, com a cabeça entre as mãos e eu percebo pela
primeira vez, que desastre que ela é. Ela parece que não dormiu por dias, como
se tivesse sido devastada pela tristeza e preocupação e... Muito mais.
Ela solta um suspiro longo e lento. — Meredith está grávida. Você sabia?
Eu tenho que rir disso. A mesma velha piada voltando para mim. — Eu
posso garantir a você que não é meu.
— Eu fui egoísta e sinto muito por isso — Ela se vira para mim e coloca a
mão no meu rosto. Uma lágrima rola pelo seu rosto. — Eu espero que você tenha
uma vida incrível. Você merece uma vida maravilhosa.
— Adeus, Cally.
Sábado à noite, estou esperando por Brandon com uma mala e uma arma
comprada ilegalmente.
Se eu disser a Brandon que não vou com ele, corro o risco de ele me
machucar, ou pior, machucar William, papai ou uma das meninas. Mas eu não
posso voltar a ser sua boneca e viver sob seu domínio. Três anos são três anos a
mais. O pior tipo de prisão é o que se disfarça como casa.
Meu grande plano é esperar até que eu saiba que Brandon tenha drogas
em seu poder e chamar a polícia. Não deve demorar muito tempo desde que eu
sei o qual é o “negócio” que ele tem na cidade. A arma é o plano B. Plano B uma
merda, mas é melhor do que nada.
— Alô?
— Cally?
O mundo inteiro roda ao meu redor. Ela me disse que ficaria com uma
amiga esta noite. — O que você está fazendo aí?
— Eu estou com medo. Por favor, venha me pegar — Ela toma uma
respiração instável. Inferno, ela está chorando. — Por favor.
— Você está com Brandon? — Mesmo que eu espero que ela vá dizer não,
eu já sei que ela está.
— Não fique brava. Ele disse que se eu viesse com ele, ele me daria o
dinheiro para a casa do papai, mas ele está me assustando. Ele me deu umas
roupas. Um vestido e uma calcinha estranha e ele me fez colocá-las — Outro
soluço trêmulo. — Ele disse que ia me matar se eu chamasse a polícia. Tem
algumas pessoas aqui no outro quarto agora. Ele não sabe que estou no telefone.
Ele continua me chamando de Cally e não vai me deixar sair. Eu estou com
medo. Por favor, venha me pegar.
Ela abre a porta com um vestido preto sem alças longo, o cabelo dela em
algum tipo de torção na parte de trás de sua cabeça. No minuto em que ela me
vê, seu queixo cai e seus olhos se arregalam.
— Puta merda!
Ela coloca as mãos nos quadris e estreita aqueles olhos verdes afiados. —
Será que isso tem algo a ver com Cally?
— Ela não é apenas casada, ela está indo embora. Ou já foi embora. Foda-
se, eu não sei — Eu me inclino para trás. Meu corpo dói em lugares que eu não
sabia que tinha e meu coração dói pra caralho. Eu gostaria de poder cortar isso
para fora do meu peito. — Eu sabia que ela tinha segredos, mas nunca imaginei
isso.
— Seu grande idiota. Quão difícil foi que ele bateu na sua cabeça? Uma
mulher que tem medo do seu marido encontra-se de nove vezes entre dez. Mas
quando se olha para a bagunça que esse marido fez no rosto do seu amante, ela
vai mentir sobre isso cem por cento do tempo. Ela está tentando protegê-lo.
— Quem fez isso com você? — Ela exige. Seus saltos clicando contra o
chão enquanto ela corre para mim e delicadamente toca o meu rosto. — Você
não tem que me dizer. Eu já sei que a garota tem algo a ver com isso. Eu queria
que você tivesse ficado longe dela.
— Você deveria ver o outro cara — Eu resmungo.
— Eu não acredito nem por um segundo que isso aconteceu num bar de
strip — Diz Meredith.
Ela encolhe os ombros. — Diga a sua doce garota aqui a verdade, Will.
Diga-lhe que você não pode conseguir o suficiente do bar de strip.
Ela levanta os olhos para mim e eles estão brilhando com lágrimas não
derramadas. — Eu não sou louca. Eu estou apaixonada. Sua avó me disse que
você não pode ter filhos. Ela me contou sobre o acidente de futebol. Eu sabia o
quanto você queria uma família e pensei... Bem, eu pensei se pudesse dar para
você, talvez me escolhesse.
Ela morde o lábio e linhas de preocupação vincam sua testa. Ela é muito
bonita, e eu sei que ela pode me dar todas as coisas que passei os últimos três
anos desejando loucamente, uma vida, uma família, amor. Mas eu não quero
apenas essas coisas. Eu as quero com Cally.
Ela olha para as mãos por um minuto antes de levantar de novo os olhos
até encontrar os meus. — Eu ofereci-lhe vinte mil dólares para sair da cidade e
ficar longe de você.
— Eu pensei que ela iria aceitá-lo. Eu realmente pensei. Mas ela não o
quis — Ela balança a cabeça. — Eu te amo, e sabia que ela precisava do dinheiro.
— Jesus, Meredith! Isso não é amor! Isso é manipulação. Você tem que
estar brincando comigo.
Ela joga a mão sobre o peito. — Eu não quero que o pai dela perca a casa.
Eu pensei que era um bom compromisso. Mas, aparentemente, ela vai deixá-lo
pagar por isso também.
— Por que o seu pai vai perder a casa? Do que você está falando?
— Ela não te contou? Casa de Arlen Fisher foi executada. O banco vai
leiloá-la.
— Merda — Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. É claro que ela não me
disse. Ela não quer o meu dinheiro.
— Posso lhe perguntar uma coisa sem você ficar com raiva de mim?
— Você acabou de me dizer que ofereceu a mulher que eu amo vinte mil
dólares para sair da cidade.
Ela acena com a cabeça. — Tudo bem. Ponto feito. Então, nada a perder,
certo?
— Eu não quero falar com você sobre Cally — Eu empurro minha cadeira
e fico de pé.
— Isto não é sobre ela. Não exatamente — Ela para com as saias ao meu
redor, até que eu estou olhando para ela. — Você diz que quer a família e
estabilidade, mas você já reparou que se amarra nas mulheres que você sabe que
não pode ou não vão lhe dar isso?
Eu dou um passo para trás. — Eu não sei o que você está falando.
— Você não leu o arquivo que Carl York juntou para você? Está tudo lá. A
sujeira do seu marido, sua certidão de casamento, o registro de suas escapadas
do reformatório como uma garota de programa.
— Você nem olhou para ele, não é? Você está me rejeitando por uma ex-
prostituta. Você não entende isso?
— A mãe dela teria de dar o seu consentimento por escrito. Você pensaria
que ela teria visto-o antes de permitir isso — Ela se inclina sobre mim e folheia
mais papéis até que puxa o que ela está procurando. — Dois anos antes de se
casar com Cally, ele foi pego com uma prostituta menor de idade.
Aparentemente, ele tem uma coisa por jovens. Credo, talvez a prostituição seja
como eles se conheceram. Como em Uma Linda Mulher.
Ok, eu fiz duas coisas que queria fazer há sete anos. Eu disse a polícia a
minha história e dei um tiro no bastardo, que pensei que era algo que poderia
ser engolido.
Honestamente, uma vez que eu tinha dito toda a minha história, eu acho
que os detetives foram surpreendidos por eu não ter como alvo a multidão no
centro, quando eu encontrei Drew, em seu quarto de hotel.
— Você vai ficar muito brava comigo — Ela sussurra. Está escuro na sala
de estar, o sol da manhã apenas está começando a aparecer do lado de fora de
nossas janelas. Eu mal posso distinguir as faixas de lágrimas que brilham contra
sua pele perfeitamente lisa.
— O que está feito está feito, Drew. Eu preciso saber algumas coisas.
— Tudo bem.
Ela gira para mim. Seus olhos são grandes e sua boca pintada de
vermelho é estranha, as bochechas manchadas com rímel. Ela parece tão jovem.
Como uma criança pega brincando na maquiagem de sua mãe.
— Eu preciso saber, Drew — Mas, mais, ela precisa contar. Eu não posso
ter um segredo obscuro comendo minha irmã por dentro e não quando eu sei o
tipo de dano que pode fazer.
Seus dentes afundam em seu lábio inferior e ela puxa também a saia
curta. Eu reconheço a roupa como a que Brandon me fez usar na primeira noite
que teve relações sexuais comigo. Deus me ajude, ele estava tentando recriar
aquela noite, com Drew. — Não. Ele não me tocou. Ele me beijou. Apalpou-me
por cima da roupa um pouco. Mas eu chorei e isso o irritou. Ele não teve a
chance de fazer mais nada.
— Eu estava tão assustada, Cally. Eu sei que foi isso que ele planejou —
Suas palavras são abafadas por seus soluços. — Eu pensei que talvez devesse
fazê-lo, você sabe. Ele disse que queria nos ajudar. Para me salvar, para salvar a
nossa casa. Eu só tinha que se... — Ela deixa escapar um soluço. — Eu só tinha
que ser uma boa menina. Mas eu não poderia...
— Não muito — Eu vou ter que ir a um juiz, mas meu advogado não acha
que eu teria que fazer muito, além de algumas horas de serviços comunitários
pela arma ilegal.
Preciso vê-la antes que ela se vá. Senti-la. Prová-la. Eu preciso ter a
certeza que eu nunca a esquecerei.
— Você está bem? — Minha voz é áspera, assim como meu golpeado
coração e corpo.
Puxando para perto, eu abro as pernas com o joelho até que ela está
posicionada contra a minha coxa.
Eu aperto a parte inferior de sua camisa com as duas mãos e puxo sobre
sua cabeça antes de enfiar minhas mãos na cintura da calça.
— Oh meu Deus.
Ela está linda pra caralho de sutiã rendado rosa e calcinha de bolinhas,
seu peito subindo e descendo enquanto ela tenta recuperar o fôlego do meu
assalto.
— Jesus. Você é tão bonita — Eu a toco com a mão, usando os dedos para
provocá-la quando raspo meus dentes sobre uma nádega, em seguida, a outra.
Ela choraminga e eu dirijo dois dedos dentro dela, enrolando-os até que
as pernas estão instáveis e seus músculos estão flexionando. Quando ela está
perto, eu abro minha boca no ponto sensível na base de sua coluna e chupo até
que ela está desmoronando na minha mão.
Eu estou aderindo à parede quando eu me recupero, mas eu mal puxo
uma respiração quando a boca de William está de volta ao meu ouvido. — Fique
de frente para mim, querida.
Ele usa a força em seus braços para me segurar e seu monte de músculos
sob a camisa. Ele está doido, impulsionado por algo que não está partilhando
comigo. Ele aperta seu rosto na curva do meu pescoço, e tudo o que posso fazer
é me segurar e rezar para que ele esteja encontrando o que precisa em mim.
Ele está inchando dentro de mim, tão perto do limite, geme em meu
pescoço e aperta o meu peso na parede para que ele possa deslizar a mão entre
nossos corpos. Ele está se segurando, adiando sua própria libertação.
— Goze para mim de novo, querida. Deixe-me senti-la — Seus dedos são
implacáveis contra mim com suas demandas sussurradas quentes no meu
ouvido. Não demoro muito antes de eu quebrar. Só então ele se solta, seus
quadris empurrando e sua cabeça caindo para trás quando ele finalmente goza
dentro de mim.
Depois, ele me leva para o chuveiro no apartamento e me lava lenta e
cuidadosamente, pressionando beijos suaves onde sua boca estava áspera
minutos antes.
Nós não nos incomodamos de voltar para a sua casa ou nos vestir. Nós
trancamos as portas para o apartamento e nos enrolamos no sofá, agarrando um
ao outro.
Eu fico pensando nas palavras que preciso dizer, mas elas se recusam a
encontrar o caminho na minha língua. Mas eu não quero estragar a perfeição
deste momento, explicando o meu passado feio.
— Por que você fez isso? — Sua pergunta é tão suave que quase não
percebo que ele está falando.
— O quê?
Ele engole tão forte que eu posso ouvi-lo. — É verdade? Você era uma
prostituta?
— Foi por isso que você terminou comigo, não é? Sua mãe não tinha
como mantê-las e você se vendeu por suas irmãs — Sua voz é tão calma, tão
racional, um completo contraste com o caos de dor e de esperança guerreando
no meu peito. Como ele pode saber isso e não me odiar?
— Eu mal posso pensar nisso. Eu odeio pensar que alguém a tocou, mais
ainda, que os homens pagaram por isso — Um tremor se move através dele, e ele
me senta e sai do sofá, para andar. — Droga, Cally, você era uma maldita
virgem. Será que ele não sabia?
Eu fecho meus olhos. Sua agitação me faz sentir tanto melhor como pior.
Melhor, porque não estou sozinha. Pior, porque agora ele está sofrendo comigo.
— Eu era mais valiosa para ele, uma vez que descobriu isso — Eu engulo em
seco, não querendo compartilhar essa parte insuportável com ele, mas sabendo
que preciso dizer-lhe mais. — Eu fiz boquetes para alguns dos seus clientes
especiais, em seguida, deixou-os fora de si, para darem maiores lances pela
minha virgindade — Eu quero poupá-lo da dor que eu vejo em seu rosto, mas
me faço continuar. — Brandon ganhou essa honra.
— Mas o que você me disse era verdade? Você fez exames? Você é
saudável?
— Eu estava dizendo a verdade quando disse que não estive com ninguém
por quatro anos. É verdade. Brandon comprou a minha virgindade, mas o
homem que tinha me dado o empréstimo, esperava que eu continuasse
trabalhando. Ele ameaçou a minha vida, minhas irmãs. Brandon disse que ia
pagar o cara para me deixar em paz se eu casasse com ele. Ele prometeu cuidar
de mim e dar dinheiro para a minha família, então eu disse a mãe que eu era
apaixonada por ele e ela consentiu.
— Será que as meninas sabem disso?
Ele me puxa para seus braços. — Eu queria que você tivesse me dito.
Ele aperta os lábios no meu cabelo. — Eu acho que eu sabia. Eu lhe disse
que eu poderia imaginar o pior, e vi o seu olhar quando eu trouxe o passado,
então eu soube que era muito pior do que qualquer coisa que eu tinha
imaginado antes.
Ele pega os meus ombros e dá passos para trás até que eu estou olhando-
o nos olhos. — A escolha feita por medo não é escolha.
Eu me inclino para trás e franzo a testa para ele. — Para onde você acha
que eu vou?
— Eu vi você o seu carro cheio de coisas esta manhã. Havia malas em seu
porta-malas e você estava cancelando todos os seus compromissos.
— Apenas por cinco dias. Asher Logan me deixou usar sua casa de praia
no Lago Michigan por uma semana com as garotas. Drew precisa de algum
tempo antes de voltar para a escola.
Ele aperta-me com mais força. — E depois disso? Você vai ficar?
Então eu fiz isso por cinco dias e agora ela está de pé na minha frente de
camiseta de manga comprida, com as mãos dobradas nos bolsos de sua calça
jeans. O vento chicoteia seu cabelo escuro ao redor do seu rosto e ela parece tão
linda que eu não resisto e me aproximo para colocar algumas dessas mechas
selvagens atrás de sua orelha.
Seus ombros ficam tensos. — Eu sei que você tem boas intenções, mas às
vezes as pessoas precisam enfrentar as consequências de suas decisões. Para o
meu pai, que estará perdendo esta casa.
— Não sozinhas — Lizzy diz — Mas talvez se nós nos juntarmos com
alguns amigos.
— Eu estou dentro, também — Diz Gabby atrás dela. Cally se vira e Gabby
coloca um cofre da Minnie Mouse rosa brilhante em suas mãos. — Você deu isso
para mim quando nos levou a Disneylândia. Você me disse para poupar para
algo mágico. Penso que este lugar vai fazer muito bem.
— Enquanto você estiver na cidade — Diz Hanna. — Você não tem que
enfrentar qualquer coisa sozinha.
— Você pode dizer-lhes que não será necessário — Arlen fala da tela da
varanda rangendo atrás dele enquanto desce no gramado para se juntar aos
outros. — Visitei o banco esta manhã e isso foi resolvido.
— Isso significa que Asher Logan não vai ser proprietário de parte de uma
casa comigo? — Drew pergunta. — Porque é uma chatice total.
Asher agarra algo em sua caminhonete e anda até Drew. — Aqui está,
garota. Como um prêmio de consolação?
— Huh — Diz Lizzy. — Minha mãe disse que queria que eu fizesse algo
responsável com o meu dinheiro. Eu acho que vou ter de encontrar outra coisa
agora.
Todo mundo vai embora e as meninas voltam para a casa com o pai e,
finalmente, estou sozinho com Cally.
Seus olhos parecem quase predatórios, quando ele leva três passos lentos
e fecha o espaço entre nós. — Você tentou se livrar de mim me empurrando para
outra mulher.
— Sim, mas eu teria pensado que faria melhor. Meredith? Ela é intrigante
e manipuladora e tipo uma puta.
— Quero dizer, com certeza, ela é linda, e você está certa sobre eu
querendo filhos. É verdade, eu quero. E acho que é bom que a vovó gosta dela,
apesar do que temos, acho que me apaixonar por garotas problemáticas mantém
a mente da jovem vovó. Você não gostaria que a minha avó ficasse senil, não é?
Ele está tão perto que eu posso sentir seu calor e tenho que lutar contra o
desejo de envolver-me em seu calor. — Se você quiser escolher a mulher para eu
passar a minha vida, você errou totalmente. Eu pensei que você me conhecesse
melhor do que isso.
— Minhas desculpas. Talvez eu pudesse tentar novamente, se você me der
uma lista com marcadores.
— Hmm... Bem, não estou muito afim de garotas que vão me deixar
possuir sua mente. Eu gostaria de uma garota que pode pensar por si mesma.
— Isso é importante.
Ele enrola as mãos sobre meus quadris e abaixa a boca junto ao meu
ouvido. — E eu não quero ser exigente, mas ela precisa ser incrível. Você sabe o
tipo, ama com todo seu coração e pensa que eu sou um deus do sexo.
Ele morde minha orelha. — Talvez pela forma como ela grita meu nome
quando eu a faço gozar.
Ele puxa para trás e seus olhos caem para a minha boca. Ele está a um
fôlego. Eu poderia ficar na ponta dos pés e saborear aqueles lábios. — Mas você
perguntou o que eu quero.
— Eu não posso ter filhos, Cally. O bebê não é meu — Ele pega meu rosto
em suas mãos. — Então eu acho que você precisa adicionar a essa lista uma
mulher que poderia lidar com a vida com um homem que não pode ter filhos.
Ela precisa estar bem com intervenções de fertilidade ou adoção.
— Eu quero você, Cally — Então, sua boca está na minha e suas mãos
estão no meu cabelo. Este não é o suave beijo carinhoso do meu namorado da
escola. E eu não beijo de volta como uma menina inocente com seu primeiro
amor. Este é o beijo duro, punitivo, exigente de um homem que está finalmente
tomando o que quer e a mulher está se dando a ele.
Quando finalmente quebro o beijo, ele inclina sua testa contra a minha e
ambos lutamos para recuperar o fôlego. — Agora é hora de você voltar para casa
e dar a notícia a seu pai.
— Qual a notícia?
— Que suas garotas não vão todas viver com ele. Que vocês estarão se
mudando comigo. Eu também vou precisar que você se divorcie daquele idiota
que é casada. Chame-me de homem das cavernas, se for preciso, mas eu não
compartilho.
Seis meses mais tarde
Vá para o quarto.
Eu escrevo de volta:
E estragar a surpresa?
Tomo banho rapidamente com sabonete flora, que o deixa louco, então
eu me visto com cuidado. Eu tomo um cuidado especial quando amarro a
calcinha em cada quadril, imaginando-o desatando mais tarde. Para o meu
sutiã, eu escolho preto de renda que faz com que seus olhos azuis fiquem
nebulosos quando ele olha para mim.
Quando ele está sentado ao meu lado, me serve uma taça de champanhe,
e eu tenho que balançar a cabeça em reverência. — Estou esquecendo algum tipo
de ocasião especial?
Ele mergulha a cabeça e aperta seus lábios nos meus. — Todo dia que
você está na minha vida é uma ocasião especial.
— Não faça beicinho. A limusine é nossa toda a noite — Ele pisca para
mim quando me ajuda a descer para a calçada. — Mais tarde, vamos deixá-la
nos levar por ai, enquanto nós damos uns amasso.
Eu franzo a testa para o prédio antes de mim. Está faltando alguma coisa.
— Você me trouxe para New Hope High School?
Ele me oferece seu braço e eu deslizo minha mão para ele e permito que
ele me acompanhe para dentro das pesadas portas de ginásio. As portas se
fecham atrás de mim e eu mal posso acreditar no que estou vendo. A sala está
escura, salvo pelas luzes brancas cintilantes drapeadas no teto e uma luz fraca
iluminando a pista de dança. Minhas melhores amigas já estão dançando, Lizzy,
Hanna e Maggie usando vestidos de baile, braços envoltos em torno de seus
encontros.
Eu sorrio. — O que é?
— Eu sei que você já me deu mais do que deveria pedir, mas sou um
daqueles garotos ricos mimados que pensam que devem ter tudo o que querem.
Para o meu agente, Dan Mandel para obter os meus livros nas mãos dos
leitores de todo o mundo – você está realizando os meus sonhos.
E por último, mas não menos importante, agradeço aos meus fãs. Para
aqueles que leram Unbreak Me e me enviaram uma nota pedindo para que
William conseguisse o seu felizes para sempre depois, sabendo que você queria
ler sua história, tanto quanto eu queria escrever, foi uma emoção. Agradeço a
cada um dos meus leitores. Eu não poderia fazer isso sem você e não gostaria.
Obrigada por comprar meus livros e dizendo a seus amigos sobre eles. Obrigada
por me pedir para escrever mais. Você é o melhor!
~ Lexi