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EW: Minha mãe, sim. Meu bisavô já era… já tinha circo. E... eu sei até a minha
geração que era a sexta, daí eu sei até meu bisavô, mas mais pra trás eu não tenho
informação nenhuma, mas eu acho que é muito mais longe, por que é a … da
família da minha mãe, que são de circo, a minha bisavô era família, ah... de
espanha, entende? de europa. Meu avô, não, meu avô era chileno. Era sapateiro.
Tinha uma fábrica de sapatos. Ele fazia os sapatos à mão para gente de muito
dinheiro no Chile, né. E aí, ele conheceu a minha bisavó, foi embora pro circo,
largou tudo. E aí, ele começou… entrou como empregado, porque queria casar-se
com a filha do dono ainda por cima né… entrou como empregado, passou a
capataz, começou a… como ele costurava né, começou a fazer lona tudo isso e
acabou casando com a filha do dono do circo. E aí, ele começou a confeccionar as
próprias lonas. E aí, eles se separaram e surgiu o circo cantiliano, que era do meu
avô,né. E aí depois vieram os filhos os netos e os bisnetos né, até chegar em mim.
É... eu tenho a continuação da minha geração, está meu filho e futuramente meu
neto. Vai ser a oitava geração. E assim, eu sempre fui criada no circo, minha vida é
o circo, graças a deus que teve pessoas que me empulsaram muito como o Zé
Wilson e a Bel Toledo pra... entrar como professora. E aí, fui ficando conhecida e
continuei na vida de circo. Eu sofri um acidente em 89 mesmo, fui é.. aí, eu parei de
fazer trapézio. Já tava com 42 anos. Mas meu pai falou “não, agora que somos
professores, acabou circo itinerante, não vamos mais” e ficamos como
professores…
P: É… Aqui… sobre a forma que aprendeu trapézio, a metodologia, como que você
aprendeu trabalhar com esse aparelho?
EW: Então, o trapézio assim, é... foi passado de geração a geração na minha
família. Trapézio... bambu... acrobacia, malabares. Minha família fazia de tudo, né.
E... assim, quando me dera pra escolher eu falei assim: “não eu gosto de altura,
aéreos”, a minha irmã falou assim: “eu também!” Então, foi aí que surgiu a gente se
aperfeiçoar nos aéreos. São técnicas que já vem da minha família. Passaram pra
minha mãe, minha mãe passou pra mim. Meu pai no decorrer do tempo, que ele
viveu no circo ele foi aprendendo de aéreos. Ele era alemão era uma pessoa muito
perspicaz, logo pegava tudinho, sabe. Tinha um… nós falamos tinha “um bom olho”
pra ver o defeito, é… onde você fazia o defeito que não te deixava fazer evoluir na
figura, entende? Por exemplo, no balanço se você vai pra trás e dobra a perna o
corpo não acompanha, fica mais pesado pra você subir, se você deixa a perna
esticada o corpo acompanha a perna e ele quando volta te impulsa, entende? São
detalhes da técnica que ele tinha muita boa visão e eu também tenho essa boa
visão, de ver onde está o defeito pra você conseguir fazer a figura, entende? E aí,
eles foram passando pra mim e montando... Meu pai tinha muita boa cabeça pra
fazer aparelhos então ele inventava as coisas assim, e a gente ia fazendo…
P: Sobre seu procedimento de aula no curso do tendal, o que que você escolheu
passar…
EW: Então é assim, alguns que entraram no curso, é... já são avançados, né, alguns
já até trabalham, né. Então, eu passei alguma técnicas… não técnicas, umas figuras
novas, por exemplo os giros né… aquela do do trocadilho que são figuras… essas
são coisas antigas, sabe? Que… que... que eu aprendi com a minha avó. Minha avó
também, quando eu estava estudando, ela me ensinava trapézio... passa as
técnicas que tinha de trapézio e contorção também… acrobacia também… Então,
eles foram mais para pegar aquelas figuras que eles não conseguiam fazer, tudo. E
tinha os iniciantes que, assim... quando você não tem chance de entrar num lugar
que você vai pagar porque, lógico, tem que ter um bom professor que ensina uma
boa técnica, Aí, infelizmente o pessoal agora tem muita coisa na internet... Então,
eles vão veem a figura. Aí, ele vão e fazem. Mas eles não conseguem se ver e não
tem o olho pra ver onde está o defeito deles, entende? Então, o que eu fiz, pros
menos avançados, pros iniciantes? Fui corrigindo, colocando a técnica: como eles
tem que balançar, como tem que subir, como tem que sentar,né... como tem que
fazer a figura, onde está o defeito. Foi mais corrigir. Até por que o tempo foi muito
curto, né. Foram na verdade, foram três aulas de trapézio e três aulas de corda
indiana, né. Três semanas. Muito pouco, né... Você... às vezes, quem tem facilidade
e já tem uma estrutura física mais flexível, tem um pouco de força, tudo isso... cê
passa a figura o cara pega na hora. Então, de repente em 6 meses você tem um
número pronto, assim... perfeito. E tem uns que demoram mais, entende... Então,
isso depende também da estrutura do aluno, da pessoa. Mas, eu gostei o pessoal
foi... foi é… Pena nossa mostra choveu muito então, foi pouquinha gente tudo…
Mas, foi legal, eu… o pessoal estava muito disposto e foi muito… é… como que se
fala… prazeroso dar aula pra eles…
P: Acho que essa última pergunta… é… bastante tem a ver com essa que eu acabei
de falar é sobre os saberes os saberes que você traz pra… que você trouxe pra
oficina, ou que você tem pra sua vida é… que são de outras áreas, que não são….
EW: Você diz as vezes aquelas conversas que eu tenho de contar a minha história?
P: Também mas, é… outros saberes artísticos outros, é… alguma coisa que sei lá…
que você aprendeu mas que não foi diretamente ligada ao circo…
EW: É… realmente não te entendi… o que especificamente?
EW: Ah, agora te entendi. Sim. Um coisa que gosto muito de ensinar é não somente
a perfeição da técnica, se não, a postura, a classe. Uma coisa que acontece muito
com as pessoas que estão treinando, elas treinam pra elas mesmas e eles tem que
entender que você vai vender esse número para um público. Então, você tem que
aprender a se comunicar com o público, entende? E isso eu passo sempre, quando
eles estão lá eu falo “olha pra mim”, “sorri”, sabe? O cumprimento, a elegância, a
postura. Às vezes é... a menina tem uma ideia de fazer uma coreografia, sabe?
Tudo isso para incrementar o número que fica mais bonito. Então, a gente passa
alguma coisa de dança de coreografia. Eu já tive umas aulas de dança, né? Pra
coreografar meus números. E...mas, eu insisto muito na postura e na elegância,
sabe? E a comunicação ao público. Por que o público paga pra te ver, quando você
vai fazer algum show. Então, a pessoa sobe lá e faz assim e faz, sabe? aí, a pessoa
ta olhando… não passou nada. Agora, se a menina sobe faz uma figura, olha pro
público... ela tá se comunicando com o público e o público contribui com o
aplausos,né. Por que ela se fez simpática... Além de agradar o número como
técnica, agradou como pessoa como artista. Era isso?
EW: É… assim, na verdade eu posso falar que eu fui abençoada, né. Porque a
gente… fazíamos números bons, ganhávamos bem e viajávamos muito. Eu falo
assim que o circense é o único turista que ganha pra conhecer. Porque conheci
muitas culturas, outros modos de vida, né… é… outras culinárias né… sabe? Minha
vida foi maravilhosa, né… se existisse reencarnação que voltasse de circo. Fora o
hematomas, fora os calos na mão, as feridas, o cansaço, tudo isso, a gente não leva
em conta com toda a felicidade que o circo me deu. E sempre viajei conheci
estranho muito agora que tô parada. Mas, as vezes vou lá no circo assistir um bom
espetáculo eu saio renovada, sabe? Saio com 10 anos menos. E é isso, toda a
minha vida foi circo, minha maior satisfação do mundo foi ser de circo, espero voltar
a ser de circo.. na próxima encarnação.
EW: Sim, agora me dedico a fazer aparelhos de circo, que é uma coisa que aprendi
com o meu pai, né. Porque éramos 4 minha mãe, meu pai, minha irmã e eu. Então,
o que aconteceu. Eu era maior, minha irmã era menor que eu. Então meu pai fez
uma divisão: minha mãe cuidava da casa e minha irmã ajudava ela, meu pai
cuidava do circo e eu ajudava ele. Então, com ele a primeira coisa que eu aprendi
numa montagem de circo: bater estaca. Ele me fazia bater oito estacas numa
montagem de circo, pra pegar força no braço. Eu tinha quatorze anos. E aí, eu fui
aprendendo a empatar corda, empatar cabo de aço, fazer um trapézio, a medida de
um trapézio, a medida de um aparelho sabe a gente é...um número que era tradição
da minha família era o bambu… conhece o bambu?
P: Não.
EW: O bambu é um cano... que tem um caninho em baixo pra por os pés... na altura
cabeça tem outro caninho, e vai a outra pessoa em cima. E tem estafa. Então se
você quer eu posso te mandar uma foto. E aí, a pessoa sobre lá em cima e põe um
pé, fica de cabeça pra baixo e pega outra pessoa com a mão. Quando a pessoa sai
do cano o outro com pé livre empurra o cano pra trás e a pessoa fica suspensa no
ar. Isso é um número que já era tradicional na minha família. Esse passou de
geração a geração, como o trapézio, minha avó já fazia trapézio, sí minha avó. Eu
sei a medida, já montei vários bambus com os casais, sabe? Sé a medida de tudo.
E os figurinos. Eu fazia minha própria roupa. Eu produzia o meu próprio figurino.
Porque a gente viajava às vezes e ficava só três quatro dias numa cidade. Sexta,
sábado e domingo. Viajávamos, ficávamos umas semana na outra e... así, não
tinha, eram cidades pequenas, como você procurar uma pessoa que costure,
porque tem que ser a… feito a medida e tudo isso… a pessoa no interior está
acostumada a fazer saia, camisa, paletó, calça... entende? No roupa de circo.
Então, o que que né faziamos… e sempre fomos diferentes. Isso é uma coisa que
ajudou muito. Éramos sempre diferentes. Diferente números. Diferente estilo, sabe?
Diferente produção. Então é.. valorizava mais nosso número, ganhávamos mais,
entende? Então, desenhávamos os figurinos e nos mesmas confeccionávamos,
minha irmã e eu. Então, agora isso me ajudou muito agora que eu já não faço mais
circo e complementa minha renda com os figurinos e os aparelhos. Bastante, né?
EW: Me deu muita satisfação também por que a Secretaria da Cultura duas vezes
me chamo pra fazer curso de roupa específica pra circo. E fiz um curso, workshop
em Ilhabela, né?
P: Ilhabela.
EW: E depois fiz em Belém… Belém do Pará. Aí, foi muito gostoso. E é engraçado
que assim… é…. conheci pessoas que foram fazer o curso. Alguns eram filhos de
artista que já trabalharam comigo, nos anos 60, 70 sabe? por que nos 72 a 82 eu
fiquei fora do Brasil. Então, nos anos 60 até começo de 70 trabalhei muito aqui no
Brasil, né? Então, conheci muita gente, alguns já não estão mais, né? Mas, cheguei
a conhecer os filhos os netos, né? Foi muito gostoso dessa vez.
P: Dona Elsa Muito obrigado por compartilhar esse conhecimento eu que… é uma
coisa muito importante né quando a gente faz circo mas a gente não tem muito a
noção do que que é do que que foi como que chegou Enfim. fico bastante feliz de
por conversar.
EW: Então, no Face, você entra na minha página entra nos álbuns e é...tem dois
álbuns importantes: “família tradição” e tem outro o “Circo Cantiliana”. O Circo
Cantiliana eu resgatei uma fotos que minha tia tinha, algumas me mandaram de lá
da argentina foram me mandando fotos antigas. Tenho fotos do circo do meu
bisavô... ainda aquelas lonas de lenço,l né? Aquelas que... lençol, né? Não era
lona... Tem a trupe fazendo as pirâmides sabe… E pode pegar quantas quiser.
P: Hahahaha… ou ainda mais pra explicar “aí, isso foi em tal lugar”, “ isso aqui que
é importante”
EW: Magina...