Sei sulla pagina 1di 21

See

discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/317007278

AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS PROBABILÍSTICOS


APLICADOS À ESTABILIDADE DE TALUDES DE
BARRAGENS

Conference Paper · May 2017

CITATIONS READS

0 81

4 authors, including:

Karla Cristina Araújo Pimentel Thiago Coutinho de Souza


Federal University of Minas Gerais Federal University of Minas Gerais
4 PUBLICATIONS 2 CITATIONS 4 PUBLICATIONS 0 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Paulo Alfenas
Federal University of Minas Gerais
1 PUBLICATION 0 CITATIONS

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Gestão de Riscos aplicada à Engenharia Geotécnica View project

All content following this page was uploaded by Thiago Coutinho de Souza on 18 May 2017.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
XXXI - SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS - SNGB
BELO HORIZONTE – MG, 15 A 18 DE MAIO DE 2017
T.3 – A.4

AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS PROBABILÍSTICOS APLICADOS À


ESTABILIDADE DE TALUDES DE BARRAGENS

Karla Cristina Araújo PIMENTEL


D.Sc./Professora – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Thiago COUTINHO DE SOUZA


Estudante de Pós-Graduação – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Izabela COUTO CAMPELLO


Engenheira Civil – Pimenta de Ávila Consultoria.

Paulo Henrique ALFENAS DA SILVA


Estudante de Graduação – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

RESUMO

Este artigo apresenta uma avaliação dos métodos probabilísticos mais utilizados
(FOSM, Monte Carlo e Métodos das Estimativas Pontuais) na determinação da
probabilidade de ruptura de taludes de barragens. Além da abordagem teórica dos
métodos, ao longo da avaliação, são apresentados os procedimentos de cálculo
atualmente utilizados, bem como, discutidas suas vantagens e limitações. O estudo
de caso corresponde a uma barragem hipotética, cujos resultados das análises
probabilísticas obtidos serão comparados e interpretados. No caso analisado,
conclui-se que os três métodos apresentaram resultados comparáveis, podendo ser
utilizados em conjunto com análises determinísticas convencionais.

ABSTRACT

This article presents an evaluation of the most common used probabilistic methods
(FOSM, Monte Carlo and Point Estimate Method) in the calculation of the probability
of failure of dam slopes. Besides the theoretical approach of each method, through
this evaluation, calculation procedures commonly used are shown as well as their
advantages and drawbacks. The case study is a hypothetic dam whose probabilistic
analysis results are compared and interpreted. In the case analysed the three
methods presented comparable results and can be used together with traditional
deterministic analyses.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 1


1. INTRODUÇÃO

A incerteza nos parâmetros geotécnicos utilizados em análises para o


dimensionamento ou avaliação da estabilidade de estruturas geotécnicas vem sendo
considerada nos métodos tradicionais de cálculo por meio da adoção de um fator de
segurança, conforme prescrito por normas, regulamentos, assim como, baseado na
experiência do engenheiro geotécnico. A obtenção de um fator de segurança único,
calculado considerando os valores médios dos dados de entrada das análises (ex.
coesão, ângulo de atrito, peso específico, entre outros), caracteriza a abordagem
determinística. Esse fator de segurança único é, então, assumido como
representativo da estabilidade do talude analisado.

Por outro lado, na abordagem denominada probabilística, é considerada a


variabilidade de parâmetros-chave de entrada, os quais são denominados variáveis
aleatórias, obtendo-se uma distribuição estatística do fator de segurança. Esse tipo
de abordagem permite a determinação da probabilidade de ruptura que,
similarmente ao fator de segurança obtido na análise determinística, será um
indicador da estabilidade do talude.

Na maioria dos projetos e estudos geotécnicos, o primeiro tipo de abordagem citado


vem sendo mais utilizado. Contudo, a aplicação da abordagem probabilística, de
forma complementar à determinística, está ganhando cada vez mais espaço na
análise da confiabilidade de diferentes tipos de estruturas geotécnicas, sejam elas,
barragens, taludes de corte e aterro de rodovias, cavas de mineração, entre outras.

Dentre os métodos probabilísticos mais utilizados, os quais serão objeto deste


artigo, destacam-se o método FOSM (“First Order Second Moment” – Primeira
Ordem Segundo Momento), o método Monte Carlo e o método das estimativas
pontuais [1]. Todos esses métodos requerem, para a sua aplicação, os valores
médios e o desvio padrão de parâmetros-chave que contribuem na variação do fator
de segurança. Ressalta-se que, no método Monte Carlo, utilizam-se também as
funções de distribuição de probabilidade de todos os parâmetros-chave envolvidos
no estudo, sendo este um método mais robusto e que requer um número maior de
iterações, quando comparado aos demais métodos citados.

Diante da preocupação com a ruptura de barragens e os possíveis impactos quanto


à perda de vidas, assim como, os impactos nas esferas social, ambiental e
econômica, a gestão de riscos surge como uma ferramenta importante no auxílio à
tomada de decisões, além de possibilitar um maior conhecimento da estrutura em
análise. Neste contexto, a aplicação dos métodos probabilísticos está inserida na
etapa de análise dos riscos, na qual se calcula o valor do risco pela multiplicação da
probabilidade de ruptura pelo custo das consequências da ruptura.

Este artigo tem como objetivo geral apresentar uma revisão e análise dos métodos
probabilísticos aplicados a taludes de barragens para a determinação da
probabilidade de ruptura. Para ilustrar as potencialidades de cada método, será
realizada uma aplicação prática em uma barragem hipotética.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 2


2. MÉTODOS PROBABILÍSTICOS

De maneira geral, na definição de praticamente todos os parâmetros de entrada nas


análises de estabilidade de taludes, tais como, a resistência dos materiais, a
poropressão, a geometria do próprio talude e os carregamentos, o engenheiro
geotécnico deve lidar com as incertezas. Essas incertezas podem ser decorrentes
da variabilidade natural de solos e rochas, da dispersão dos dados de ensaios de
laboratório ou de campo, da insuficiência de ensaios, da caracterização geotécnica
deficiente do local, entre outros fatores [2].

Neste contexto, os parâmetros que não possuem um valor fixo, podendo assumir
qualquer valor dentro de um conjunto, sem que exista uma forma exata de se prever
qual será esse valor, são referidos como variáveis aleatórias. Parâmetros como
coesão, ângulo de atrito e peso específico do material que constitui o maciço de uma
barragem de terra, por exemplo, são denominadas variáveis aleatórias
independentes e apresentam cada uma delas uma distribuição estatística de
valores. Por outro lado, o fator de segurança varia conforme o valor utilizado para
cada uma dessas variáveis sendo, portanto, uma variável aleatória dependente, que
também possui a sua própria distribuição estatística [3] e [4].

Os métodos probabilísticos apresentados neste item levam em consideração essa


variabilidade e podem ser classificados em três categorias, conforme descrito por
Harr (1985), citado por [3]: métodos “exatos”, onde se encontra o método Monte
Carlo; métodos baseados no truncamento da série de Taylor, onde se encontra o
método FOSM e método das estimativas pontuais ou método de Rosenblueth.

2.1 FUNDAMENTOS DAS ANÁLISES PROBABILÍSTICAS

Vários autores ([5], [6] e [7]) citam a linguagem utilizada para explicar os conceitos
da teoria da probabilidade como um dos aspectos que dificultam a utilização da
abordagem probabilística na engenharia geotécnica. Neste contexto, este item
apresenta dois dos conceitos que serão aplicados nas análises apresentadas no
presente artigo, a saber: índice de confiabilidade e probabilidade de ruptura.

Conforme discutido anteriormente, nos problemas de engenharia, as incertezas


podem ocorrer tanto nas cargas aplicadas (Q) quanto na resistência dos materiais
para suportar essas cargas (R). A análise de confiabilidade trata da relação entre
essas duas grandezas, a qual na engenharia geotécnica ela é representada mais
comumente pelo fator de segurança (FS), conforme equação abaixo [2]:

 =  (1)

No contexto das análises probabilísticas, outros índices são utilizados para verificar
a adequação de um projeto, são eles o índice de confiabilidade (β) e a probabilidade
de ruptura (Pr). O índice de confiabilidade é definido em sua forma geral por [4]:

 =
(2)

Onde:
βe = Índice de confiabilidade em sua conceituação estatística;

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 3


µe = Média da distribuição de probabilidade em sua conceituação estatística;
σe = desvio padrão da distribuição de probabilidade em sua conceituação estatística.

Na engenharia civil, considerando que o valor crítico de FS corresponde a 1,0 e que


a ruptura ocorre quando FS é inferior a 1,0, pode-se reescrever a Equação (2),
conforme expressão abaixo:
 
= (3)

Onde:
µFS = valor médio ou esperado do fator de segurança
σFS = desvio padrão do fator de segurança.

O índice de confiabilidade β representa a distância em número de desvios padrão


entre o valor médio e o valor do fator de segurança crítico (FScrítico = 1,0). Esse valor
apresenta uma relação inversa com a probabilidade de ruptura, de maneira que altos
valores de β indicam baixa probabilidade de ruptura.

A probabilidade de ruptura, por sua vez, corresponde, no contexto da engenharia, à


probabilidade de FS ser inferior a 1,0, ou seja, (P [FS < 1]). Adotando-se uma função
de distribuição, por exemplo, a distribuição normal, tal como ilustrado na Figura 3, a
probabilidade de ruptura corresponde à área abaixo da curva de distribuição entre
–∞ e 1,0. Esse valor pode ser calculado facilmente utilizando, para o caso ilustrado,
a seguinte função:

DIST.NORM.N(x; média; desvio padrão; valor lógico cumulativo) (4)

Onde:
X: corresponde ao valor referente à falha (X = 1).
Valor lógico “cumulativo” deve ser definido como VERDADEIRO para considerar
uma função de distribuição acumulada.

FIGURA 2: Histograma do Fator de Segurança Resultante de uma Análise


Probabilística.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 4


2.2 MÉTODO FOSM

2.2.1 Abordagem Teórica

O método FOSM está em uma categoria de métodos denominados de Primeira


Ordem Segundo Momento ou, em inglês, “First Order Second Moment”. Neste
método são usados os primeiros termos de uma expansão da série de Taylor da
função de desempenho para estimar o seu valor médio e a variância.

Na determinação do valor médio da função de desempenho, correspondente neste


artigo ao fator de segurança (FS), utilizam-se os valores médios de todas as
variáveis aleatórias, tal como mostra a equação abaixo [2] e [4]:

 =  ,  ,  , … ,   (5)

Onde:

 = valores médios das variáveis Xi.

A expressão a seguir determina a variância da função F, considerando n variáveis


aleatórias independentes não correlacionadas [4]:

!" 
 = ∑%  #"
$ ×   (6)

Onde:
F = função de desempenho F que, neste caso, se refere ao fator de segurança (FS)
V [F] = variância de F, igual ao quadrado do seu desvio padrão;
δFi = variação de F que ocorre quando se variam de um valor igual a δXi cada uma
das n variáveis aleatórias Xi;
δXi = variação de cada variável envolvida no estudo, obtida pela multiplicação da
taxa de incremento pelo valor médio da variável;
V[Xi] = variância de cada um dos Xi.

Como se observa na Equação (6), o cálculo de V[F] requer o valor das derivadas
parciais (δFi/δXi), as quais podem ser calculadas de forma exata, derivando-se a
função F. Como esse procedimento pode ter um grau de complexidade elevado,
uma maneira mais simples de resolução consiste em aplicar uma taxa de variação
em cada uma das variáveis aleatórias e determinar de quanto foi a variação em F.
Observa-se que a taxa de variação é aplicada separadamente a cada variável
aleatória, mantendo-se os valores das demais variáveis fixos e iguais aos seus
valores médios.

Em relação ao tamanho mais adequado da taxa de variação, deve-se considerar que


um valor de incremento muito pequeno pode resultar em erros, pois não se
consegue visualizar uma variação adequada nos valores do fator de segurança
utilizando-se poucas casas decimais. Por outro lado, valores muito grandes, podem
fazer com que a superfície crítica obtida em cada iteração seja diferente da
superfície média. Segundo [3], em cada iteração do método FOSM, a superfície
crítica deve ser mantida constante, ou com pouca variação, em torno da superfície
obtida com os valores médios das variáveis aleatórias. De acordo com esses

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 5


mesmos autores, considera-se que uma taxa de variação de 1% a 10% do valor
médio parece ser adequada. Contudo, para que se tenha uma variação mais
perceptível no valor de FS, recomenda-se de maneira prática utilizar taxas de 5%a
10%.

Outro aspecto importante relativo ao cálculo das derivadas parciais (δFi/δXi) é que,
nas análises reportadas na literatura, os incrementos vêm sendo aplicados
principalmente por diferenças centrais (+δXi e -δXi) ou somente como incremento
positivo (+δXi). No primeiro caso, são realizadas 2N + 1 análises e no segundo, N +
1 análises, onde N corresponde ao número de variáveis aleatórias.

Uma formulação para o cálculo das derivadas parciais aplicando-se o incremento


por diferenças centrais foi apresentada por [2]. Neste caso, o cálculo é realizado a
partir da adição e subtração da taxa de variação ao valor médio de uma das
variáveis aleatórias, mantendo-se as demais com seus valores fixos. Em seguida,
calcula-se a diferença no valor de F e divide-se pelo dobro do incremento, tal como
mostra a equação abaixo:

! 
= ' ,  , … ,  + ) , … ,   −  ,  , … ,  − ) , … ,  + (7)
#" #"

A seguir, se apresenta um sumário do procedimento utilizado para aplicação do


método FOSM na determinação do índice de confiabilidade e da probabilidade de
ruptura [2], [4], [6] e [9]:

- Determinação dos valores médios dos parâmetros geotécnicos e cálculo do fator


de segurança médio determinístico;

- Determinação do desvio padrão das variáveis aleatórias Xi envolvidas no estudo

- Definição da variação (δXi) para cada variável aleatória envolvida no estudo. Caso
seja utilizada uma taxa da ordem de 10% do valor médio, deve-se realizar o seguinte
cálculo:

) = 0,10 (8)

- Cálculo da variação de FS (δFSi), que se observa quando é variado de δXi cada


uma das variáveis aleatórias, a partir da seguinte equação, para o caso de se aplicar
apenas o incremento positivo:

) =  + )  −  (9)

- Cálculo da derivada parcial de FS a partir da equação a seguir:

!"
(10)
."

- Cálculo da variância de FS a partir do somatório das variâncias parciais de cada


variável aleatória, de acordo com a seguinte equação:

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 6


!/" 
 = ∑%  $ × 0  (11)
."

- Cálculo do desvio padrão de FS

1 = 2 (12)

- Cálculo da contribuição relativa, em porcentagem, de cada variável aleatória Xi na


variância de FS pela seguinte equação:

> " A
= @ ×B#" 
>?"
3456789:8çã4 = CDE
× 100 (13)

- Adoção de uma função de distribuição estatística para o fator de segurança;

- Cálculo da probabilidade de ruptura utilizando a Equação (4);

- Cálculo do índice de confiabilidade (β) utilizando a Equação (3).

2.2.2 Avaliação do Método FOSM

O método FOSM é considerado um método simples que fornece resultados


satisfatórios na determinação da variância do fator de segurança e na probabilidade
de ruptura.

Outro benefício fornecido pela aplicação do método FOSM corresponde ao fato de


que se pode determinar a influência de cada variável aleatória na variância do fator
de segurança. Desta forma, esse método é também visto como “um método de
análise de sensibilidade ou paramétrico estruturado” [6].

O método apresenta como desvantagem o fato de que não se obtém uma função de
distribuição estatística do fator de segurança, sendo que o calculo da probabilidade
de ruptura deve ser realizado mediante a adoção de uma função de distribuição para
o FS. Outro aspecto importante é que, a superfície crítica determinística deve ser
determinada com bastante rigor, pois todos os cálculos do método FOSM se referem
ao fator de segurança médio determinístico, ou seja, obtido utilizando-se os valores
médios dos parâmetros geotécnicos.

2.3 MÉTODO MONTE CARLO

2.3.1 Abordagem Teórica

O método Monte Carlo é um dos principais métodos probabilísticos aplicado,


principalmente, a problemas complexos. Nas simulações por este método, cada
variável aleatória deve ser representada por uma função de densidade de
probabilidade e análises convencionais são repetidas milhares de vezes para que se
atinja a convergência da solução. Em cada uma dessas análises (iterações), o valor
das variáveis aleatórias é selecionado por um gerador de números aleatórios usando
a função de densidade de probabilidade especificada e os demais parâmetros são
mantidos constantes.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 7


Para cada iteração, um fator de segurança é calculado e, ao final das análises, se
obtém uma função de densidade de probabilidade para o fator de segurança. Além
disso, se determina o número de vezes em que o FS foi inferior a 1,0. A
probabilidade de ruptura (Pr) pode ser determinada por meio da função de
densidade de probabilidade do fator de segurança ou dividindo-se o número de
iterações em que FS foi inferior a 1,0 pelo número total de iterações realizadas, tal
como expresso pela equação abaixo:

HúJGK L MNO J PQ !/R,S


FG = (14)
HúJGK TKUVW L XUGVçõO

Em relação à definição da função de densidade de probabilidade utilizada para cada


variável aleatória, caso se tenham dados suficientes provenientes de ensaios
geotécnicos, recomenda-se realizar testes de hipótese, como o de Kolmogorov-
Smirnov, ou teste K-S, para a definição da função que apresenta o melhor ajuste aos
dados. Caso contrário, deve-se adotar uma função de densidade de probabilidade
específica para cada variável aleatória. As funções de densidade de probabilidade
mais comumente utilizadas em engenharia geotécnica são a distribuição uniforme, a
distribuição triangular, a distribuição normal e a distribuição lognormal. Listas de
funções de densidade de probabilidade que melhor se adequam a alguns
parâmetros geotécnicos podem ser encontradas na literatura, tal como descrito em
[8].

Quando as variáveis aleatórias apresentam correlação entre si, é possível permitir a


geração de sistemas de números aleatórios capazes de obedecer à correlação
especificada. Isso é relativamente fácil de ser simulado se as variáveis aleatórias
são distribuídas normalmente [2].

Na definição dos limites de variação a serem utilizados no método Monte Carlo, a


referência [8] recomenda que, caso haja praticamente 100% de confiança na
estimativa dos limites superior e inferior da variável aleatória, deve ser utilizada uma
variação de mais ou menos três desvios padrão em torno da média, tal como ilustra
a Figura 3. Para um nível de confiança de 95%, deve ser utilizada uma variação de
mais ou menos dois desvios padrão em torno da média. Cabe ressaltar novamente
que os limites utilizados devem levar em consideração o julgamento de engenharia e
o significado físico dessa variação.

FIGURA 3: Distribuição normal: desvio padrão e limites de variação.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 8


2.3.2 Avaliação do Método Monte Carlo

O método Monte Carlo é um método robusto que apresenta o potencial de ser


“exato”, caso se realize o número de iterações necessárias para a estabilização da
função de densidade de probabilidade da variável dependente, neste caso, o fator
de segurança [3]. Além disso, apresenta a vantagem da simplicidade conceitual para
a sua aplicação.

Como desvantagem, pode-se dizer que, em relação aos outros métodos


apresentados neste artigo, requer um dado adicional que corresponde à função de
densidade de probabilidade de cada variável aleatória envolvida no estudo. Além
disso, requer um esforço computacional grande pelo número de iterações
necessárias para a sua convergência. Em relação especificamente ao método
FOSM, apresenta a desvantagem de não fornecer a contribuição relativa das
variáveis aleatórias na variância do fator de segurança.

Cabe ressaltar que a existência de ferramentas computacionais com geradores de


números aleatórios já embutidos facilita os cálculos necessários para convergência
do método. Contudo, pode ainda requerer grande esforço computacional para a sua
aplicação.

Um ponto importante que deve ser observado é que em programas comerciais,


como o programa Slide Rocscience Inc., versão 7.0, utilizado neste trabalho para
realização das análises de estabilidade, existem duas opções para a realização das
análises probabilísticas pelo método Monte Carlo, a saber: Global Minimum e Overall
Slope.

Na opção Global Minimum a superfície de deslizamento que apresenta o fator de


segurança mínimo global, calculada utilizando os parâmetros médios em uma
análise determinística, é mantida fixa nas análises probabilísticas. Neste caso, essa
superfície é assumida representativa da estabilidade de todo o talude. Calcula-se um
fator de segurança para cada iteração, modificando-se os valores das variáveis
aleatórias envolvidas no estudo por meio do gerador de números aleatórios.

Na opção Overall Slope, se determina uma nova superfície crítica e um novo FS


para cada iteração realizada com um conjunto de valores sorteados pelo gerador de
números aleatórios. Uma busca pela superfície crítica é realizada por todo o talude,
em cada iteração, exigindo um esforço computacional muito maior do que na opção
Global Minimum, podendo levar horas ou mesmo dias para a realização das
análises.

Em ambas as opções de análise podem ser obtidos o índice de confiabilidade e a


probabilidade de ruptura. Contudo, segundo [11] o valor da probabilidade de ruptura
obtido com a opção Overall Slope é, em geral, maior do que o valor calculado pela
opção Global Minimum.

Observa-se que a utilização entre uma ou outra opção fica a critério do engenheiro
geotécnico. Contudo, recomenda-se que, caso a superfície crítica seja sensível à
variação dos parâmetros, se utilize a opção Overall Slope. Ressalta-se que são
necessárias mais análises para que se possam comparar os resultados obtidos
pelas duas opções.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 9


2.4 MÉTODO DAS ESTIMATIVAS PONTUAIS OU DE ROSENBLUETH

2.4.1 Abordagem Teórica

O método das estimativas pontuais foi desenvolvido por Rosenblueth (1975) e


apresentado por Harr (1981) para a solução de problemas geotécnicos [12]. O
método usa uma função geradora para obter os primeiros momentos probabilísticos
de uma dada distribuição (média e variância) subdividindo o processo em um
número de análises determinísticas igual a 2n, onde n é igual ao número de variáveis
aleatórias consideradas e 2 é o número de pontos de estimativa por variável, ou
seja, o valor da média ora acrescido do desvio padrão, ora decrescido do desvio
padrão [4], conforme equações abaixo:

Z =  + 1 (15)

 =  − 1 (16)

Onde:
 = valor médio da distribuição da variável Xi.
σi = desvio padrão da distribuição da variável Xi.

O método de Rosenblueth também permite a consideração de correlação entre


variações aleatórias. Assumindo que as variáveis sejam simetricamente distribuídas,
as estimativas pontuais são tomadas a um desvio padrão acima e um abaixo do
valor esperado. Para os casos em que se têm duas variáveis, quatro pontos (ZZ ,
Z ,  Z e  ), o valor esperado para o fator de segurança pode ser definido
conforme as equações abaixo [12].

 = 0ZZ ZZ + 0Z Z + 0 Z  Z + 0  (17)

² = 0ZZ ²ZZ + 0Z ²Z + 0 Z ² Z + 0 ² (18)


Z\
0ZZ = 0 = ]
(19)
 \
0Z = 0 Z = ]
(20)

Onde ρ é o coeficiente de correlação.

Desta forma, a estabilidade é analisada por meio de pontos de estimativa, variando


os parâmetros chave que contribuem de forma significativa para a variação de FS e
mantendo-se os demais constantes. Observa-se que, enquanto o método Monte
Carlo exige a adoção de distribuições de probabilidade para todas as variáveis
aleatórias, o método Rosenblueth necessita apenas dos momentos estatísticos
dessas variáveis e de cálculos matemáticos simples.

A partir de todas as possíveis combinações dos pontos estimados de cada variável


aleatória, e da obtenção de cada valor de FS, é possível calcular os momentos da
distribuição probabilística de FS (média e desvio padrão) e a probabilidade de
ruptura, assumindo uma distribuição de probabilidade. A Figura 4 apresenta as
combinações que podem ser realizadas de acordo com o número de variáveis
aleatórias.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 10


FIGURA 4: Combinação (2n) dos pontos particulares Xi+ e Xi- [4].

2.4.2 Avaliação do Método de Rosenblueth

A aplicação do método de Rosenblueth consiste na utilização de cálculos


matemáticos simples, embora possa exigir a realização de muitas análises de
estabilidade para os casos em que seja considerado um número significativo de
parâmetros.

Assim como no método Monte Carlo, o método de Rosenblueth não fornece a


contribuição relativa das variáveis aleatórias na variância do fator de segurança. E
de forma análoga ao método FOSM, o método apresenta como desvantagem o fato
de que não se obtém uma função de distribuição estatística do fator de segurança,
sendo que o cálculo da probabilidade de ruptura deve ser realizado mediante a
adoção de uma função de densidade de probabilidade para o FS. Ainda comparando
com o método FOSM, o método de Rosenblueth permite uma maior variação da
superfície crítica no talude em cada iteração realizada.

3. ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 DESCRIÇÃO DA BARRAGEM HIPOTÉTICA

A fim de aplicar as metodologias probabilísticas, foi definida uma seção crítica


hipotética de uma barragem construída sobre fundação em solo residual. A
barragem consiste de dique de partida em aterro em solo compactado, seguido por
um alteamento a jusante, com uma altura total de 47,0 metros. Ambas as etapas
foram projetadas em seção homogênea, possuindo drenagem interna constituída por
filtro vertical seguido de tapete drenante e dreno de pé, sendo o tapete drenante
composto por brita envolvida por camada de areia. Além disso, tanto o talude de

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 11


montante como o de jusante apresentam inclinação igual a 2,0H:1,0V entre as
bermas. A Figura 5 indica a conformação da seção crítica da barragem analisada.

FIGURA 5 – Seção Crítica da Barragem.

3.2 MODELO GEOTÉCNICO

Os parâmetros adotados para os materiais constituintes da barragem foram


definidos com base em referências bibliográficas, tendo sido considerados, portanto,
valores aproximados a situações reais de projeto. A Tabela 1 apresenta os valores
médios adotados para os parâmetros de resistência dos materiais constituintes do
maciço, fundação e filtro. São apresentados também os valores de desvio padrão a
serem utilizados nas análises probabilísticas.

Em relação à determinação do desvio padrão, recomenda-se que seja realizada por


meio de dados provenientes de ensaios geotécnicos. Contudo, na falta de dados e
como estimativa preliminar, podem ser utilizados coeficientes de variação reportados
na literatura [2]; [6]; [9] e [10]. Ressalta-se que, assim como na determinação dos
parâmetros médios a serem utilizados nas análises, o julgamento de engenharia
deve ser aplicado na escolha do desvio padrão, considerando o grau de incerteza de
cada parâmetro analisado e o seu significado físico.

γnat Desvio Padrão c’ Desvio Padrão φ’ Desvio Padrão


Material 3
(kN/m³) σ (kN/m ) (kPa) σ (kPa) (º) σ (º)
Aterro 20,00 0,60 10,00 4,00 33,00 3,30
Aterro de
19,50 0,59 7,00 2,80 29,00 2,90
Alteamento
Fundação 16,00 0,48 12,00 4,80 30,00 3,00
Drenagem Interna 20,00 0,60 3,00 1,20 35,00 3,50
TABELA 1: Valores Médios e Desvios Padrão dos Parâmetros Geotécnicos.

3.3 ANÁLISES

Após a definição do modelo geotécnico, foram realizadas análises de estabilidade


pelo método de equilíbrio limite GLE / Morgenstern-Price para a determinação do
fator de segurança médio determinístico e para criar sensibilidade ao problema
analisado. Foi utilizado nas análises o programa Slide 7.0 da empresa Rocscience.

Duas condições de nível de água foram consideradas, a saber: nível de água


correspondente à operação normal da barragem e adequado funcionamento do
sistema de drenagem interna (Cenário 1) e nível de água mais elevado, simulando o
funcionamento inadequado desse sistema (Cenário 2). As Figuras 6(a) e 6(b)

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 12


apresentam as superfícies críticas e os fatores de segurança médios determinísticos
obtidos para os Cenários 1 e 2, respectivamente. Observa-se que, para efeitos de
comparação entre os métodos probabilísticos, os resultados serão considerados
com precisão de três casas decimais.

(a) Cenário 1 - FS= 1,526

(b) Cenário 2 - FS = 1,310


FIGURA 6: Análise Determinística – Superfície Crítica de Ruptura.

3.3.1 Método FOSM

Para a aplicação do método FOSM, foram utilizadas como variáveis aleatórias a


coesão, o ângulo de atrito e o peso específico do aterro de alteamento, para o
Cenário 1. Para as análises do Cenário 2, foram acrescentados os parâmetros
geotécnicos da fundação.

Essas variáveis foram escolhidas, pois se observou que a superfície crítica obtida na
análise determinística interceptou principalmente estes materiais, conforme
apresentado na Figura 6. Com o propósito de verificar a influência nos resultados
obtidos com o método FOSM, foram adotadas taxas de variação no intervalo de 2%
a 15%, aplicadas aos valores médios das variáveis aleatórias.

Outro aspecto estudado no presente artigo e que está relacionado ao cálculo das
derivadas parciais da Equação (11), (δFSi/δXi), corresponde à aplicação da taxa de
variação apenas como um incremento ou aplicando-se incremento e decremento
simultaneamente (diferenças centrais). Ressalta-se que esses dois tipos
correspondem às formas de análise mais comumente utilizadas no meio técnico e
acadêmico.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 13


A Tabela 2 mostra um resumo dos resultados obtidos nas análises para as duas
condições de nível de água analisadas. Observa-se que, para os cálculos pelo
método FOSM, foram utilizados os valores de FS com três casas decimais. Nesta
tabela, é ainda apresentada a contribuição, em termos percentuais, de cada
parâmetro na variância do fator de segurança.

Considerando o Cenário 1, as simulações com incremento resultaram em valores de


probabilidade de ruptura que variaram entre 1x10-3 (taxa de variação de +2%) e
4x10-7 (taxa de variação de +15%). Para o intervalo de 6% a 10%, a probabilidade
de ruptura variou de 9x10-5 a 3x10-6, ou seja, correspondente a uma ordem de
grandeza, o que pode ser considerada uma pequena variação, dada a magnitude
dos valores. Cabe observar que, conforme comentado no Item 3.2.1, essas taxas
estão no intervalo recomendado na literatura para as análises apenas com
incremento, ou seja, de 5% a 10%.

Por outro lado, as diferenças obtidas nos resultados para os valores extremos de 2%
e 15% podem ser devidas a possíveis erros gerados nos cálculos das derivadas
parciais, por esses serem valores ou muito pequenos ou muito grandes. O resultado
para a taxa de 4% parece ser satisfatório, com apenas uma ordem de grandeza
abaixo do valor obtido para a taxa de 6%.

Ainda considerando o Cenário 1, na abordagem do método FOSM pelas diferenças


centrais, a dispersão dos resultados foi superior aos estudos apenas com
incremento, tendo a Pr variado de 2x10-59 (taxa de variação de ±2%) a 4x10-3(taxa de
variação de ±15%). Observa-se também que as menores probabilidades se
registraram para taxas inferiores a 6%.

Para o intervalo de 6% a 10%, a probabilidade de ruptura variou de 5x10-10 a 4x10-5.


Essa diferença corresponde a cinco ordens de grandeza. Contudo, cabe destacar
que se trata de valores muito pequenos e bastante sensíveis a qualquer variação no
desvio padrão do fator de segurança.

De forma geral, pode-se concluir que, para o Cenário 1 aplicando-se apenas


incrementos ou incrementos e decrementos simultaneamente, a variação da posição
da superfície crítica pode ter afetado a precisão do método FOSM, que requer que a
mesma se mantenha constante ou tenha pouca variação. Contudo, ressalta-se que,
descartando-se os valores fora do intervalo de variação recomendado de 5 a 10%, o
ângulo de atrito do aterro de alteamento foi a variável aleatória que mais influenciou
na variância de FS (∼70% a ∼77%), seguido pela coesão (∼23% a ∼ 30%), para as
análises realizadas apenas com incrementos. Nas análises por diferenças centrais, a
parcela de contribuição do ângulo de atrito variou de aproximadamente 88% a 94%,
para o mesmo intervalo.

Considerando o Cenário 2, destaca-se uma maior convergência da Pr, para valores


em torno de 4x10-3, para as análises com incremento. Esse resultado pode ser
atribuído ao fato de que nesse caso não houve variação da superfície crítica, ao
contrário do que ocorreu para o Cenário 1, reforçando a importância do uso do
método somente nos casos onde não se induz a mudança da superfície crítica.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 14


Taxa Contribuição Percentual de Cada Variável
Desvio Probabili
de Aterro Alteamento Fundação
FSmédio Padrão dade de
varia
probabilístico do FS Ruptura γnat γnat
ção c’ (kPa) φ’ (º) c’ (kPa) φ’ (º)
σ[FS] Pr (kN/m³) (kN/m³)
(%)
Análises FOSM Incremento
+15 1,526* 0,106 4E-07 0,22% 39,32% 60,46% 0,00% 0,00% 0,00%
Cenário 1 - Nível de Saturação Baixo

+10 1,526* 0,116 3E-06 0,22% 30,26% 69,52% 0,00% 0,00% 0,00%
+8 1,526* 0,125 1E-05 0,18% 27,18% 72,64% 0,00% 0,00% 0,00%
+6 1,526* 0,140 9E-05 0,15% 22,58% 77,27% 0,00% 0,00% 0,00%
+4 1,526* 0,169 9E-04 0,13% 12,66% 87,22% 0,00% 0,00% 0,00%
+2 1,526 0,171 1E-03 0,12% 12,31% 87,56% 0,00% 0,00% 0,00%
Análises FOSM Diferenças Centrais
±15 1,526* 0,196 4E-03 2,19% 1,62% 82,37% 2,83% 0,00% 10,98
±10 1,526* 0,134 4E-05 2,12% 1,52% 87,91% 0,80% 0,00% 7,64%
±8 1,526* 0,109 8E-07 1,88% 1,41% 91,12% 0,17% 0,00% 5,43%
±6 1,526* 0,086 5E-10 1,79% 1,35% 94,39% 0,00% 0,00% 2,47%
±4 1,526* 0,064 9E-17 1,57% 1,04% 97,30% 0,00% 0,00% 0,10%
±2 1,526 0,032 2E-59 1,52% 1,16% 97,32% 0,00% 0,00% 0,00%
Análises FOSM Incremento
+15 1,310 0,118 4E-03 0,01% 0,21% 5,40% 1,58% 7,40% 85,39%
Cenário 2 - Nível de Saturação Alto

+10 1,310 0,117 4E-03 0,02% 0,12% 5,34% 1,65% 7,50% 85,39%
+8 1,310 0,116 4E-03 0,02% 0,19% 5,61% 1,75% 6,68% 85,75%
+6 1,310 0,118 4E-03 0,02% 0,32% 5,13% 1,85% 8,02% 84,67%
+4 1,310 0,118 4E-03 0,02% 0,00% 5,39% 1,94% 6,41% 86,24%
+2 1,310 0,126 7E-03 0,01% 0,00% 3,95% 2,41% 2,53% 91,10%
Análises FOSM Diferenças Centrais
±15 1,310* 0,200 6E-02 0,00% 0,01% 7,96% 22,51% 0,36% 69,15%
±10 1,310 0,133 1E-02 0,01% 0,01% 6,01% 22,93% 0,36% 70,69%
±8 1,310 0,106 2E-03 0,02% 0,01% 5,97% 22,95% 0,37% 70,68%
±6 1,310 0,104 1E-03 0,06% 0,01% 5,31% 21,23% 0,39% 73,00%
±4 1,310 0,054 5E-09 0,08% 0,01% 4,92% 23,98% 0,31% 70,71%
±2 1,310 0,029 7E-27 0,12% 0,00% 2,96% 28,45% 0,27% 68,21%
TABELA 2: Resultados das Análises Probabilísticas - FOSM.
(*) – O asterisco indica mudança da superfície crítica em relação à superfície obtida na análise com os
parâmetros médios conforme incremento/decremento proposto.

Quanto à abordagem por diferenças centrais, os valores de probabilidade de ruptura


variaram de 1x10-3 a 1x10-2, para taxas de variação entre ±6% e ±10%,
respectivamente, valores bastante próximos dos obtidos para as análises utilizando-
se apenas incrementos.

Neste cenário destaca-se que a contribuição dos parâmetros geotécnicos da


fundação (peso específico e ângulo de atrito) foi mais relevante do que a dos
parâmetros do aterro de alteamento. Assim, observou-se que, retirando-se os
valores extremos de taxa de variação, a parcela de contribuição da coesão da
fundação variou de aproximadamente 7% a 8% e a do ângulo de atrito foi de 85% a
91%. O peso específico da fundação apresentou uma contribuição irrisória. Por outro
lado, para as análises por diferenças centrais, a contribuição do peso específico
variou de ∼23% a ∼28% e do ângulo de atrito de ∼68 a 73%. Neste caso, a coesão
da fundação teve uma contribuição irrisória.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 15


Em relação às análises realizadas, pode-se concluir que, em termos de
probabilidade de ruptura as duas formas de aplicação de taxas de variação
apresentaram resultados similares. No entanto, em termos da contribuição de cada
parâmetro, houve divergências quanto à contribuição secundária do peso específico
e da coesão. Contudo, em ambos os casos, o ângulo de atrito apresenta a maior
contribuição e os resultados em termos de probabilidade de ruptura são, para o caso
analisado, comandados pela variação desse parâmetro.

3.3.2 Método Rosenblueth

A partir das análises pelo método FOSM, foram selecionadas três variáveis
aleatórias para as análises dos cenários 1 e 2. Para o Cenário1, utilizou-se o ângulo
de atrito e coesão do aterro de alteamento e o ângulo de atrito da fundação. Para o
Cenáio 2, foram utilizados como variáveis aleatórias o ângulo de atrito e o peso
específico da fundação e o ângulo de atrito do aterro de alteamento. Desta forma,
oito iterações foram realizadas para aplicação do método de Rosenblueth. O cálculo
do da probabilidade de ruptura foi realizado adotando-se para o FS um função de
densidade de probabilidade normal. A Tabela 3 sumariza os resultados para os dois
cenários analisados.

Desvio Padrão do Probabilidade de


Cenários FSmédio FS Ruptura
σ[FS] Pr
1 – Condição normal de operação 1,479 0,153 9E-04
2 – Funcionamento inadequado do sistema de drenagem interna 1,261 0,115 1E-02
TABELA 3: Resultados das Análises pelo Método de Rosenblueth.

Como esperado, a análise com maior saturação do maciço teve uma probabilidade
de ruptura maior, além de um FS menor. Observa-se também que, para o Cenário 1,
considerando a probabilidade de ruptura obtida para uma taxa de variação de ±10%
aplicada no método FOSM (4x10-5), o resultado obtido pelo método de Rosenblueth
foi aproximadamente uma ordem de grandeza superior (9x10-4). Para o Cenário 2,
os resultados de ambos os métodos coincidiram em 1x10-2.

3.3.3 Método Monte Carlo

As simulações pelo método Monte Carlo utilizaram as mesmas variáveis aleatórias


selecionadas para a aplicação do método de Rosenblueth nos dois cenários
analisados. Durante este estudo, além da avaliação de condições de saturação
diferentes, foi analisada a influência da utilização de dois e três desvios padrão na
determinação das distribuições das variáveis independentes, tal como ilustrado na
Figura 3.

É importante observar que foram utilizadas as opções de análise “Global Minimum” e


“Overall Slope” com o fim de comparar os resultados obtidos. Na opção “Global
mininum”, a convergência dos resultados ocorreu para menos de 50.000 iterações.
Já para as análises do tipo “Overall Slope”, foram utilizadas 100.000 iterações,
resultando em um tempo computacional superior a 10 horas. A Tabela 4 sumariza os
resultados para os dois cenários analisados.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 16


Desvio Padrão de Probabilidade de
# Desvios Cenários Tipo de análise FSmédio probabilístico FS Ruptura
σ[FS] Pr
Global Minimum 1,530 0,151 2E-04
1
Overall Slope 1,483 0,126 7E-05

Global Minimum 1,315 0,106 1E-03
2
Overall Slope 1,297 0,100 2E-03
Global Minimum 1,531 0,169 1E-04
1
Overall Slope 1,474 0,143 1E-03

Global Minimum 1,317 0,120 2E-03
2
Overall Slope 1,291 0,113 3E-03
TABELA 4: Resultados da Análise Probabilística pelo Método Monte Carlo.

Como pode ser observado, as simulações Global Minimum apresentaram uma Pr da


ordem de 10-4 e 10-3 para os cenários 1 e 2, respectivamente. Observou-se ainda,
que as probabilidades de ruptura obtidas não apresentaram variação significativa em
função da adoção de um ou dois desvios padrão.

Já as simulações considerando Overall Slope divergiram em uma ordem de


grandeza para as simulações do Cenário 1. Tal comportamento não foi observado
no Cenário 2, o qual apresentou valores para probabilidade de ruptura da ordem de
10-3. Cabe ressaltar que, em todas as simulações, as análises Overall Slope
resultaram em valores de FS e desvio padrão inferiores se comparados ao Global
Minimum. Contudo, pode-se considerar que, para o estudo de caso analisado, os
resultados foram bastante similares.

Para o Cenário 1, comparando-se a probabilidade de ruptura obtida pelo método


FOSM (4x10-5) para uma taxa de variação de ±10%, observa-se que o resultado da
opção Global Minimum, com limites de variação no intervalo de dois desvios padrão,
ficou uma ordem de grandeza superior (2x10-4). Para o Cenário 2, o resultado pelo
método FOSM, para as mesmas condições descritas anteriormente, foi uma ordem
de grandeza maior (1x10-2). As diferenças observadas em relação ao método de
Rosenblueth foram similares. As Tabelas 5 e 6 apresentam um resumo das
comparações descritas anteriormente para os cenários 1 e 2, respectivamente.

Desvio Padrão de FS Probabilidade de Ruptura


Método FSmédio probabilístico
σ[FS] Pr
FOSM (Taxa de variação de ±10%) 1,526 0,134 4E-05
Rosenblueth 1,479 0,153 9E-04
Monte Carlo (Global Minimum – 2σ) 1,530 0,151 2E-04
Tabela 5 – Comparação entre os Métodos Probabilísticos – Cenário 1

Desvio Padrão de FS Probabilidade de Ruptura


Método FSmédio probabilístico
σ[FS] Pr
FOSM (Taxa de variação de ±10%) 1,310 0,133 1E-02
Rosenblueth 1,261 0,115 1E-02
Monte Carlo (Global Minimum – 2σ) 1,315 0,106 1E-03
Tabela 6 – Comparação entre os Métodos Probabilísticos – Cenário 2

Dos resultados apresentados na Tabela 5, verifica-se que o fator de segurança


médio probabilístico obtido pelos métodos de Rosenblueth e Monte Carlo está
bastante próximo do FS médio determinístico (1,526). Tal resultado está coerente
com o que se espera como resultado desses dois métodos de análise. Observa-se

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 17


também que o desvio padrão do fator de segurança obtido pelo método FOSM foi
inferior aos demais, o que contribuiu para que se obtivesse a menor probabilidade
de ruptura dentre os três métodos analisados.

Considerando o Cenário 2 (Tabela 6), embora tenham apresentado fatores de


segurança médios probabilísticos e desvios padrão de FS diferentes, os métodos
FOSM e de Rosenblueth coincidiram no valor obtido para a probabilidade de ruptura.
No método Monte Carlo, um desvio padrão menor contribuiu para que se obtivesse
também uma probabilidade de ruptura menor, quando comparado aos demais
métodos.

4. CONCLUSÕES

O trabalho desenvolvido apresentou de forma teórica e prática as metodologias


probabilísticas mais difundidas no meio geotécnico, a saber: métodos FOSM, Monte
Carlo e método das estimativas pontuais ou de Rosenblueth. Foram também
realizadas comparações dos resultados entre os três métodos na análise da
probabilidade de ruptura do talude de jusante de uma barragem hipotética.

Buscando avaliar as diferentes metodologias, inicialmente, a seção foi analisada


pela metodologia FOSM, indicando, além da probabilidade de ruptura que o talude
de jusante apresenta frente à instabilização, a influência individual dos parâmetros
na variância do FS. Em seguida, a análise pelo método Monte Carlo foi realizada de
modo a variar os parâmetros do maciço e da fundação destacados como os mais
influentes durante as análises pelo método FOSM, tanto através da análise Global
Minimum como Overall Slope. Os valores médios dos parâmetros de entrada foram
variados no método Monte Carlo em dois e três desvios padrão. Por fim, também
foram realizadas análises pelo método de Rosenblueth, considerando a variação dos
mesmos parâmetros destacados pelo método FOSM.

O método FOSM, apesar de ser uma metodologia simples e com poucas iterações
matemáticas, apresenta valores de probabilidade de ruptura similares aos demais,
além de fornecer uma resposta adicional frente aos outros métodos – a contribuição
da cada variável aleatória no valor de FS. Essa resposta pode ser importante ao
selecionar as variáveis aleatórias para a aplicação dos demais métodos, cujo
número de iterações necessárias e a convergência dependem significativamente do
número de variáveis aleatórias consideradas. Os métodos Monte Carlo e
Rosenblueth, por sua vez, podem permitir uma maior variação da superfície crítica,
sendo considerados mais robustos. Ressalta-se ainda, a importância da
determinação e análise crítica da variabilidade de parâmetros em estudo
determinantes na avaliação da probabilidade de ruptura por meio de ensaios
geotécnicos.

Independente do método probabilístico a ser utilizado, o sucesso da aplicação dessa


abordagem depende fundamentalmente da construção de um modelo geotécnico
representativo das condições de campo, quer seja em termos da representação dos
materiais constituintes, quer seja em termos dos parâmetros geotécnicos utilizados.
Ressalta-se que, assim como na determinação dos parâmetros médios, a definição
dos dados utilizados nas análises probabilísticos, tais como, o desvio padrão, deve
ser realizada avaliando-se o seu significado físico e levando-se em consideração a
variabilidade do parâmetro analisado. Desta forma, torna-se fundamental o

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 18


conhecimento das propriedades geotécnicas dos materiais e das condições de
poropressão, o que deve ser realizado por meio de uma investigação geotécnica
abrangente, além de ensaios de campo e laboratório.

Finalmente, as análises apresentadas neste artigo mostraram que a abordagem


probabilística é de fácil aplicação e requer apenas um esforço adicional à realização
das análises de estabilidade convencionais. Contudo, mais análises são necessárias
para a definição de critérios a serem recomendados para a utilização dos diferentes
métodos, principalmente para o método FOSM. Ressalta-se também que a resposta
dos métodos pode coincidir em um caso e diferir em outro, o que enfatiza a
importância da análise e interpretação dos resultados.

5. AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à Universidade Federal de Minas Gerais e à Pimenta de


Ávila Consultoria pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.

6. PALAVRAS-CHAVE

Estabilidade de Taludes; Métodos Probabilísticos; Engenharia de Barragens.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ROSENBLUETH, E. (1975). “Point Estimates for Probability Moments”.


Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America, USA, 72(10): 3812–3814.

[2] BAECHER, G. B. e CHRISTIAN, J.T. (2003). “Reliability and Statistics in


Geotechnical Engineering”. John Wiley and Sons LTD, England, 605 p.

[3] FARIAS, M. M. e ASSIS, A. (1998) – “Uma Comparação entre Métodos


Probabilísticos Aplicados à Estabilidade de Taludes”, Anais do XI Congresso
Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica – XI
COBRAMSEG. ABMS, Brasília, DF, 2: 1305-1313.

[4] MAIA, J.A.C. (2003). “Métodos Probabilísticos Aplicados à Estabilidade de


Taludes e Cavidades em Rocha”. Dissertação de Mestrado, Publicação
G.DM–099/03, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, DF, 192 p.

[5] WHITMAN, R. V. (1984). “Evaluating Calculated Risk in Geotechnical


Engineering”. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, 110:
143-188.

[6] DUNCAN, J. M. (2000). “Factors of Safety and Reliability in Geotechnical


Engineering”. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, 126:
307-316.
[7] HOEK, E. (2006). “Practical Rock Engineering”.
https://www.rocscience.com/documents/hoek/corner/Practical-Rock-
Engineering-Full-Text.pdf, 341 p.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 19


[8] USACE. (2006). “Reliability Analysis and Risk Assessment for Seepage and
Slope Stability Failure Modes for Embankment Dams”. Engineer Technical
Letter ETL 1110-2-561. Department of Army, US Army Corps of Engineers,
Washington D.C., 128 p.

[9] ASSIS, A.P., ESPÓSITO, T.J., GARDONI, M.G. e MAIA, J.A.C. (2011).
“Métodos Estatísticos e Probabilísticos Aplicados à Geotecnia”. Publicação
G.AP–002/01, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, DF, 177 p.

[10] FERNANDES, M. (2014). “Mecânica dos Solos – Introdução à Engenharia


Geotécnica – Vol. 2”. Oficina de Textos, São Paulo, 576 p.

[11] ROSCSCIENCE (2017). “Tutorial 11 – Overall Slope Reliability”. Slide 7.0 – 2D


Limit Equilibrium Analysis of Slope, 16 p.

[12] PARK, H. J.; UM, J-G.; WOO, I.; KIM, J.W. (2012). “The Evaluation of the
Probability of Rock Wedge Failure Using the Point Estimate Method”.
Environmental Earth Science, 65: 353-361.

XXXI Seminário Nacional de Grandes Barragens - SNGB 20

View publication stats

Potrebbero piacerti anche