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ISSN 2446-7014

BOLETIM
GEOCORRENTE

ANO 4 • Nº 72 • 11 DE MAIO DE 2018

O Boletim Geocorrente é uma publicação quinzenal do Núcleo de NORMAS DE PUBLICAÇÃO


Avaliação da Conjuntura (NAC), vinculado à Superintendência de Para publicar nesse Boletim, faz-se necessário que o autor seja
Pesquisa e Pós-Graduação (SPP) da Escola de Guerra Naval (EGN). pesquisador do Grupo de Geopolítica Corrente, do NAC e submeta seu
O NAC acompanha a Conjuntura Internacional sob o olhar teórico da artigo contendo até 350 palavras ao processo avaliativo por pares.
Geopolítica, a fim de fornecer mais uma alternativa para a demanda
Os textos contidos neste Boletim são de responsabilidade única
global de informação, tornando-a acessível e integrando a sociedade
dos autores, não retratando a opinião oficial da EGN ou da
aos temas de segurança e defesa. Além disso, proporciona a difusão
Marinha do Brasil.
do conhecimento sobre crises e conflitos internacionais procurando
corresponder às demandas do Estado-Maior da Armada.
CORRESPONDÊNCIA
O Boletim tem como finalidade a publicação de artigos compactos
Escola de Guerra Naval – Superintendência de Pesquisa e Pós-
tratando de assuntos atuais de dez macrorregiões do globo, a saber:
Graduação.
América do Sul; América do Norte e Central; África Subsaariana;
Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha – Urca - CEP 22290-255 - Rio de
Oriente Médio e Norte da África; Europa; Rússia e ex-URSS; Sul da
Janeiro/RJ - Brasil
Ásia; Leste Asiático; Sudeste Asiático e Oceania; Ártico e Antártica.
TEL.: (21) 2546-9394 | E-mail: geocorrentenac@gmail.com
Ademais, algumas edições contam com a seção “Temas Especiais”.
O grupo de pesquisa ligado ao Boletim conta com integrantes de
Os textos do BOLETIM GEOCORRENTE poderão ser encontrados
diversas áreas do conhecimento, cuja pluralidade de formações e
na home page da EGN:
experiências proporciona uma análise ampla da conjuntura e dos
<https://www.egn.mar.mil.br/boletimgeocorrente.php>
problemas correntes internacionais. Assim, procura-se identificar
os elementos agravantes, motivadores e contribuintes para a
escalada de conflitos e crises em andamento, bem como seus
desdobramentos.

ESCOLA DE GUERRA NAVAL


SUPERINTENDÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE AVALIAÇÃO DA CONJUNTURA
ÍNDICE
CONSELHO EDITORIAL
EDITOR RESPONSÁVEL
Leonardo Faria de Mattos (Egn)

EDITOR CIENTÍFICO
Francisco Eduardo Alves de Almeida (Egn)
AMÉRICA DO SUL
EDITORES ADJUNTOS Vaca Muerta: aposta estratégica da Argentina................................................... 3
Jéssica Germano de Lima Silva (Egn)
AMÉRICA DO NORTE & CENTRAL
Luciane Noronha Moreira de Oliveira (Egn)
O tratado New START e a administração Trump............................................... 3
Noele de Freitas Peigo (Facamp)
________________________________________________________ ÁFRICA SUBSAARIANA
PEQUISADORES DO NÚCLEO DE AVALIAÇÃO DA CONJUNTURA A Área de Livre Comércio do Continente Africano............................................. 4
Ana Luiza Colares Carneiro (Ufrj)
Adriana Escosteguy Medronho (Ehess) EUROPA
Relações instáveis entre Turquia e Grécia......................................................... 4
André Figueiredo Nunes (Eceme) Comandante da OTAN receia influência russa nos Bálcãs................................ 5
Ariane Dinalli Francisco (Universität Osnabrück)
Beatriz Mendes Garcia Ferreira (Ufrj) ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA
Beatriz Victória Albuquerque da Silva Ramos (Egn) Quem é o dono do Rio Nilo?.............................................................................. 6
Carolina Côrtes Góis (Puc-Rio)
RÚSSIA & EX-URSS
Carlos Henrique Ferreira da Silva Júnior (Ufrj)
As preocupações por trás da nova base naval russa no mar Cáspio................ 7
Daniel Santos Kosinski (Universidade de Praga) Crise na Armênia: mudança geopolítica no Cáucaso?....................................... 8
Dominique Marques de Souza (Ufrj)
Ely Pereira da Silva Júnior (Uerj) LESTE ASIÁTICO
Felipe Augusto Rodolfo Medeiros (Egn) Cerco diplomático contra Taiwan tende a se fechar ainda mais ....................... 8
Japão: a pressão doméstica e a conjuntura internacional................................. 9
Franco Napoleão Aguiar de Alencastro Guimarães (Puc-Rio)
Coreia do Norte: do programa nuclear à modernização da economia............... 9
Gabriela Mendes Cardim (Ufrj)
Gabriele Marina Molina Hernandez (Uff) SUL DA ÁSIA
Giulianna Bessa Reis Anveres (Puc-Rio) Encontro Modi-Xi Jinping: a vez da Ásia Central nas disputas de poder.......... 10
Jéssica Pires Barbosa Barreto (Uerj)
João Victor Marques Cardoso (Unirio) ANTÁRTICA & ÁRTICO
Novo recorde no Sexto Continente................................................................... 10
José Gabriel de Melo Pires (Ufrj)
Karine Fernandes Santos (Ufrj)
TEMAS ESPECIAIS
Lais de Mello Rüdiger (Ufrj) Um balanço da pirataria e roubo armado em 2017........................................... 11
Louise Marie Hurel Silva Dias (London School of Economics)
Luciane Noronha Moreira de Oliveira (Egn)
Artigos Selecionados & Notícias de Defesa........... 12
Marcelle Torres Alves Okuno (Ibmec)
Matheus Bruno Ferreira Alves Pereira (Ufrj) Calendário Geocorrente......................................... 12
Matheus Souza Galves Mendes (Egn) Referências............................................................ 13
Pedro Allemand Mancebo Silva (Ufrj)
Pedro Emiliano Kilson Ferreira (Universidade de Santiago)
Pedro Mendes Martins (Uerj)
Philipe Alexandre Junqueira (Uerj)
Rebeca Vitória Alves Leite (Ufrj)
Rita de Cássia Oliveira Feodrippe (Egn)
Rodrigo Abreu de Barcellos Ribeiro (Ufrj)
Stefany Lucchesi Simões (Unesp)
Taynara Rodrigues Custódio (Ufrj)
Thaïs Abygaëlle Dedeo (Ufrj)
Thayná Fernandes Alves Ribeiro (Ufrj)
Victor Eduardo Kalil Gaspar Filho (Puc-Rio)
Vinícius de Almeida Costa (Egn)
Vinicius Guimarães Reis Gonçalves (Ufrj)
Vivian de Mattos Marciano (Ufrj)
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AMÉRICA DO SUL

Vaca Muerta: aposta estratégica da Argentina


Beatriz Mendes

A temática energética tem gerado amplo debate em


relação aos impactos econômicos, ambientais
e securitários, além do questionamento acerca das
À medida que a Argentina avança na exploração,
abrindo espaço para a atuação de empresas estrangeiras,
alguns fatores se tornam fonte de problemas em relação
consequências da adoção de determinadas políticas a à segurança na região, como o aumento do risco de
nível nacional e internacional. desastres ambientais, sobretudo quanto à poluição de
Inserida em tal contexto, a Argentina, aproveitando- aquíferos. Existe, ainda, a questão dos protestos do povo
se da crescente relevância do uso de hidrocarbonetos Mapuche na região, relacionados à histórica reivindicação
não convencionais no mercado internacional, investe territorial de uma porção da Patagônia (Boletim 62).
no potencial de uma região considerada de alto valor Contribuindo para o incremento dos desafios, o recente
estratégico – Vaca Muerta. Localizada na Província de quadro de revés econômico
Neuquén, porção norte da Patagônia argentina, a região do país, evidenciado por
possui grandes reservas de shale oil e shale gas (petróleo brusca depreciação cambial,
não convencional e gás de xisto). Segundo a petroleira alta dos juros e empréstimo
estatal argentina, Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), do FMI, remeteu a antigos
a exploração de pequena parte do território dessa região problemas estruturais. Para
poderia suprir o déficit energético do país. Contando assegurar os investimentos
com o potencial de Vaca Muerta, a Argentina se torna o estrangeiros e estabilizar
segundo país no mundo com a maior reserva de gás de esse quadro, prevê-se a
xisto, atrás apenas da China, e o quarto em reserva de intensificação de medidas
petróleo não convencional. De acordo com outra projeção, recessivas, o que, em longo
a Argentina, juntamente com os Estados Unidos, possuem prazo, pode prejudicar
aproximadamente 30% do volume de gás de xisto do o setor energético e,
mundo. Com o aumento de 78% da produção desde consequentemente, o
2015, tal território representa, para o governo argentino, planejamento estratégico
a possibilidade de garantir sua segurança energética e para Vaca Muerta.
Fonte: El Pais
impulsionar o desenvolvimento econômico do país.

AMÉRICA DO NORTE & CENTRAL

O tratado New START e a administração Trump


Jéssica Barreto

E m 08 de maio, Donald Trump anunciou a saída dos


Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, que
consiste em limitações às atividades estratégicas do país,
START, estabelecido entre EUA e Rússia, é visto como um
sucesso no âmbito da limitação das armas estratégicas.
Visando a redução dos arsenais nucleares nos dois países,
negociado pela administração Obama em 2015. O acordo o tratado, que entrou em vigor em fevereiro de 2018, firma
foi duramente criticado por Trump durante sua campanha um limite na quantidade de armas estratégicas. Os Estados
eleitoral. Afirmando que a situação só beneficiava o Unidos conseguiram atingir seu objetivo meses antes do
Irã, o presidente quer impor fortes sanções, mas ainda prazo final, apresentando 4.000 ogivas e mais de 800 mísseis
não descartou completamente a possibilidade de um balísticos no início de 2018. Cerca de 55% dessas ogivas
novo acordo entre os dois. À espera de como a questão foram preservadas para que o país não seja surpreendido por
se desenrolará, o foco volta-se para a questão nuclear e questões técnicas ou geopolíticas, sendo a maior parte delas
o arsenal norte-americano. Nesse sentido, o tratado New programada para ser desativada antes de 2030. Além disso,

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os norte-americanos possuem 2.550 ogivas sob a custódia do de dissuasão no mar. Além disso, os esforços do país têm
Departamento de Energia, que aguardam desmantelamento, se voltado para a futura substituição dos submarinos para a
em inventário total de 6.550 ogivas. classe “Columbia” (Boletim 32), que está programada para
Um dos pontos previstos pelo tratado é a redução do acontecer no fim de 2020.
número de tubos de mísseis em cada submarino nuclear O tratado, coincidentemente, entrou em vigor junto
lançador de míssil balístico (SSBN, na sigla em inglês), de com a revisão da postura nuclear da administração Trump
24 para 20. Tendo uma frota de 14 SSBN da classe “Ohio”, (Boletim 67), que apresenta como maior mudança a intenção
os EUA concluíram o programa de redução em 2017, de aumentar o papel estratégico das armas nucleares no
quando também começaram a carregar o atualizado "Trident âmbito militar. O governo pretende desenvolver novas armas
II D5LE", que possui o novo sistema MK6 de orientação. O e modificar outras; assim, deve-se observar com atenção
relatório US Nuclear forces 2018 mostra que, desde 1960, como se dará essa nova dinâmica com o governo russo.
os submarinos já realizaram em torno de 4.070 patrulhas

ÁFRICA SUBSAARIANA

A Área de Livre Comércio do Continente Africano


Franco Alencastro

E m março de 2018, foi assinado, em Kigali, capital de


Ruanda, o acordo de criação da Área de Livre Comércio
do Continente Africano (AfCFTA, na sigla em inglês). Estavam
exportações fosse comercializada no continente, a necessidade de
importações se reduziria, diminuindo a dependência dos Estados
africanos para com potências como China, Alemanha e Índia (1º,
presentes representantes de 44 Estados do continente africano, 2º e 3º parceiros comerciais do continente, respectivamente).
todos membros da União Africana, organização na qual foram O acordo tem dois grandes desafios pela frente. O primeiro
negociados os termos do acordo. O objetivo é ambicioso: eliminar diz respeito à sua própria implementação, uma vez que ainda é
as barreiras tarifárias para 90% dos produtos comercializados necessário que seja ratificado em cada país. Ainda estão para ser
dentro do continente, criando, assim, uma das maiores áreas de determinados, também em âmbito nacional, os 10% de produtos
livre comércio em extensão geográfica, com uma população de que poderão ser objeto de proteção (divididos entre uma proteção
quase 900 milhões de pessoas e um produto interno bruto (PIB) temporária e outra por tempo indeterminado para produtos de
de US$ 4,8 trilhões. valor estratégico). O segundo desafio refere-se à recusa tanto da
Esse acordo responde a um desafio estrutural para o Nigéria quanto da África do Sul - as duas maiores economias do
desenvolvimento da África: o baixo nível de comércio intra- continente - de participarem da assinatura do acordo. Para ambos
africano. De um comércio internacional total de US$ 280 os países, especula-se que pressões domésticas tenham sido
bilhões, a parcela intra-africana corresponde a apenas cerca determinantes: a oposição trabalhista ao presidente nigeriano,
de US$ 40 bilhões. A redução das tarifas pode estimular as Muhammadu Buhari, qualificou a proposta de "extremamente
complementaridades produtivas e fortalecer indústrias nacionais. perigosa". Quanto à África do Sul, a crise econômica e política
O mercado de bens intermediários, que inclui o aço, por exemplo, podem estar levando o presidente, Cyril Ramaphosa, a adotar
registrou, em 2017, exportações da ordem de US$ 42 bilhões, uma postura de cautela.
enquanto as importações totalizaram US$ 33 bilhões. Se parte das

EUROPA

Relações instáveis entre Turquia e Grécia


Dominique Marques e Matheus Mendes

E m fevereiro deste ano, houve uma colisão entre uma


lancha-patrulha turca com um navio da Guarda Costeira
grega, próximo às ilhas Imia, recriando a tensão de uma
os países e que historicamente ocorre no Mar Egeu, onde
as unidades estão localizadas. As relações entre Turquia e
Grécia são difíceis desde o processo de independência grega
disputa existente desde a década de 1970 entre ambos do Império Otomano, em 1821, e, a partir de então, ambos os

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países estiveram diversas vezes em conflito, sendo o último Considerando a tentativa de revisão do tratado de 1923
em 1996, exatamente acerca das ilhas Imia. e, somando-se o fato de ambos os países serem aliados na
Outros conflitos relacionados a essas ilhotas, próximas OTAN, suas relações estão em evidência, contribuindo
aos dois países, continuam ocorrendo, como em uma disputa para uma maior instabilidade regional. A essa se somam:
em abril, no caso da Ilha de Fournoi, envolvendo a primeira- o conflito sírio, no qual a Turquia também está fortemente
ministra turca Binali Yildirim. A constante instabilidade envolvida; o caso do Chipre; e as recentes descobertas de gás
nessas regiões do Mar Egeu coloca ambos os países à beira no Mediterrâneo.
de conflitos militares, sobretudo no que diz respeito
a questões como soberania marítima e aérea, zona
econômica exclusiva e plataforma continental.
A Turquia do presidente Recep Erdogan vem
tomando posturas e decisões que expõem uma
vontade de retomar o seu protagonismo na região,
dentre elas a participação no conflito sírio. Com
relação às ilhotas do Mar Egeu, estas são reivindicadas
pela Turquia, que não reconhece o domínio grego
sobre elas. Por outro lado, a Grécia não as reconhece
como turcas, baseando-se no Tratado de Lausanne,
assinado em 1923, pelo qual se definiram, entre
outras coisas, as fronteiras da República da Turquia.
Outro exemplo é o caso do Chipre: ao sul,
reconhecido internacionalmente como República,
bem como Estado-membro da União Europeia, tendo
maioria da população de origem grega; e, ao norte,
reconhecido somente pelos turcos e autointitulado
República Turca do Chipre do Norte (Boletim 48). Fonte: Grecia Vacaciones

Comandante da OTAN receia influência russa nos Bálcãs


Daniel Kosinski

N o último mês de março, em audiência no Comitê das


Forças Armadas do Senado, o General do Exército
norte-americano Curtis Scaparrotti, Comandante das Forças
de segurança.
Em consequência, analistas norte-americanos previram
que, na próxima reunião de cúpula em julho, em Bruxelas,
Armadas Aliadas da OTAN, indicou a região dos Bálcãs a OTAN “fortaleça a sua postura contra ameaças da Rússia
como a “maior ameaça”, no curto prazo, para uma possível aos seus vizinhos”, em especial nos Bálcãs, considerado
agressão russa na Europa. Segundo ele, ainda que a região “o alvo mais vulnerável” de Putin. Na visão deles, a tática
do mar Báltico também seja crucial para a defesa europeia, russa para a região visa a impedir a integração das antigas
seus países já fazem parte da organização transatlântica e, repúblicas iugoslavas da Macedônia, Bósnia-Herzegovina,
em geral, apresentam “posição mais estável”. Kosovo e Sérvia às instituições ocidentais, considerando
Não obstante, o general afirmou que “a Rússia está que Eslovênia, Croácia, Albânia e Montenegro já aderiram
trabalhando” nos Bálcãs e que, desde que assumiu o seu à OTAN.
posto, há pouco mais de um ano e meio, pôde perceber o Propôs-se, então, a integração daqueles países como
crescimento da influência de Moscou. Ele demonstrou “principal ferramenta” para derrotar a “estratégia de
preocupação especial com os sérvios, considerados “mais desestabilização” russa, utilizando-a como veículo de
suscetíveis” à influência russa devido aos laços políticos, promoção de reformas e “absorção de valores democráticos”,
culturais e religiosos historicamente estreitos entre os dois além de “porta de entrada” à União Europeia. Para isso,
povos. Assim, para evitar que a região gere “problemas” destacaram a importância de abordagem “compreensiva” em
para a Aliança no futuro, Scaparrotti recomendou o reforço três frentes: resolver as disputas entre a Macedônia e a Grécia,
do seu engajamento e a promoção de reformas nas estruturas que impedem a adesão da primeira; pressionar o presidente

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da República Federal da Sérvia a aceitar o ingresso da sucedidas, no longo prazo poderiam evitar a “repetição da
Bósnia; e estabelecer relações “cooperativas” com a Sérvia, crise ucraniana” na Europa.
“principal parceira” russa na região. Tais medidas, se bem-

ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA

Quem é o dono do Rio Nilo?


Karine Fernandes

N os últimos tempos, tem-se falado muito sobre a Grand


Ethiopian Renaissance Dam (GERD), um projeto
de represa hidrelétrica de 6,450 MW, cuja construção foi
pretendem, inclusive, vender a energia excedente para
os países vizinhos. Com a construção dessa represa, a
Etiópia controlará fisicamente a Garganta do Nilo Azul - a
lançada em abril de 2011 e que deverá se tornar o maior principal fonte do Nilo.
projeto de energia na África. Prevê-se que seu valor fique A pergunta “quem é o dono do Rio Nilo?” sempre foi
em torno de US$ 4,2 bilhões. A represa, porém, pode problemática na região. No contexto de uma história difícil,
servir como elemento catalisador para um conflito maior a possibilidade de um conflito não pode ser descartada,
envolvendo diversos países, como o Egito e a Etiópia, por mas boas soluções para todos podem ser alcançadas por
se localizar no Rio Nilo. meio da diplomacia e da cooperação entre os interessados.
O Rio Nilo desempenha um importante papel em
qualquer compreensão das relações interestatais na costa
oeste da África, mesmo que tenha sido, por muito tempo,
objeto de influência política do Egito. O Nilo tem extrema
importância para os egípcios, desde a pesca até a agricultura
e locomoção: ainda que a maior parte do Egito seja um
deserto, é através deste que o rio flui, transbordando com
grande regularidade a cada ano e criando uma faixa de
terra estreita extremamente fértil. É por essa razão que o
Egito teme que a hidrelétrica reduza seu abastecimento de
água, potencialmente paralisando o seu setor agrícola, que
já enfrenta escassez.
Do outro lado do rio, tem-se a Etiópia, um país pobre
que, por acreditar na barragem como salvação para que
a escassez de água não sufoque seu crescimento, pediu
à China em torno de US$ 1 bilhão emprestados para
começar a construção. O grande motivo dessa decisão
deve-se à construção do Canal Toshka, um dos projetos
de irrigação mais caros e ambiciosos do mundo, pelo qual
10% das águas do lago Nasser seriam levadas para irrigar
o arenoso deserto ocidental do Egito, desviando grande
porcentagem de água da Etiópia. Os etíopes argumentam
que a nova represa será uma fonte de energia hidrelétrica
que possibilitará que toda a região saia da pobreza; Fonte: Rare Gold Nuggets

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RÚSSIA & EX-URSS

As preocupações por trás da nova base naval russa no mar Cáspio


Rodrigo Abreu

N os últimos meses, a Rússia iniciou o processo de


realocação do Comando da Esquadra do mar Cáspio,
conforme anunciado no fim de 2017, que sairá da cidade de
países da Ásia Central, principalmente do Cazaquistão
e do Turcomenistão, em busca dos vastos recursos
energéticos desses países. Em segundo lugar, o recente
Astracã, próximo da foz do rio Volga, para uma localidade acordo entre o Cazaquistão e os Estados Unidos, que
dentro do Daguestão — uma das repúblicas da Federação permite que Washington use dois portos cazaques para
Russa. A base estará finalizada em 2020 e, segundo o apoiar o abastecimento de suas tropas no Afeganistão, faz
ministro da defesa, Serguei Choigu, será uma das bases mais com que mais uma potência militar e econômica tenha
modernas do país, superando as bases do Mar Negro, do interesse na geopolítica do mar Cáspio.
Cáucaso e do Mar do Norte, mares onde a Rússia enfrenta Ademais, não se deve ignorar a forte oposição russa
constante pressão do Ocidente, ao contrário do Cáspio. ao projeto visando à construção do gasoduto Trans-
O mar Cáspio possui importância estratégica para Cáspio (TCP), ligando Turcomenistão e Azerbaijão em
a Rússia, principalmente por sua grande variedade e direção à Europa Central. A conclusão desse projeto
quantidade de recursos energéticos, sobretudo, reservas diminuiria a dependência dos países europeus em
de gás natural e de petróleo. Os cinco Estados litorâneos relação ao gás russo e a oposição da Rússia e do Irã tem
(Azerbaijão, Cazaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão) se mostrado eficiente para congelar o projeto.
possuem uma produção expressiva de recursos
energéticos e a região é marcada por disputas que
datam desde a dissolução da União Soviética. A
esquadra russa no mar Cáspio foi estabelecida
em 1722 e havia sido sediada em Astracã desde
então, para garantir a influência e o controle
russo na região. Atualmente, a esquadra atua
sob justificativa de garantir o comércio seguro,
proteger os interesses da Rússia nos campos de
petróleo e executar ações antiterroristas.
O investimento em uma base maior e mais
moderna no mar Cáspio aparece como um
reflexo ao crescimento do interesse de outras
potências na região, historicamente de influência
predominantemente russa. Primeiramente,
destaca-se a presença da China que, a partir da
Iniciativa da Rota da Seda, lançada em 2013,
vem se aproximando economicamente dos
Fonte: Mashregh News

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Crise na Armênia: mudança geopolítica no Cáucaso?


Pedro Martins

N o dia 8 de maio, chegou ao fim uma série de


eventos de grande repercussão e instabilidade
política na jovem república da Armênia. Nesse dia, o
e econômicos de longa data com a Federação Russa.
Esse relacionamento é motivado por questões de
proximidade cultural entre ambos. Por outro lado, o
Parlamento armênio decidiu pela nomeação de Nikon país mediterrâneo tem um relacionamento difícil com
Pashinyan ao cargo de Primeiro-Ministro, colocando a Turquia, por conta do genocídio que ocasionou a
fim aos recentes protestos que tiveram início no final perda de aproximadamente 600.000 a 1.500.000 de
do mês de abril e nos primeiros dias do mês de maio. armênios durante a I Guerra Mundial. Além disso,
Essa nomeação é o último episódio de uma crise mantém um conflito militar em aberto na região de
política que se iniciou em meados de abril deste ano, Nagorno-Karabakh contra o seu vizinho, o Azerbaijão.
quando o Partido Republicano, do atual Presidente Apesar dessa situação geopolítica, analistas
Serzh Sarskisian, anunciou a candidatura deste ao ocidentais sustentam ser improvável que os
cargo de Primeiro-Ministro, cargo que desde a reforma acontecimentos na Armênia escalem para níveis
constitucional de 2015 concentra a maior parte do equivalentes ao caso ucraniano, onde ocorreu a
poder executivo do país. Setores da população e da intervenção de um ator externo – neste caso, a Rússia.
oposição viram nessa candidatura uma forma do atual Por fim, pode-se perceber que a situação política
mandatário permanecer no poder, o que provocou interna da Armênia, conquanto seja similar às crises
diversos protestos dentro do país, destacando-se a políticas ocorridas na antiga União Soviética, é de
figura da oposição Nikon Paishinyan que clamava caráter limitado. Ainda não é possível verificar o
pela renúncia do atual Presidente e a antecipação das envolvimento de potências regionais e internacionais
novas eleições parlamentares. na instabilidade interna armênia, mas o fato pode
A Armênia é uma República parlamentarista de reverberar nos países da região, detentores de regimes
maioria cristã ortodoxa, que possui laços militares democráticos frágeis.

LESTE ASIÁTICO

Cerco diplomático contra Taiwan tende a se fechar ainda mais


Giulianna Anveres

A s ambições independentistas da presidente de


Taiwan, Tsai Ing-Wen, encontram em Pequim
seu maior empecilho. Não obstante as declarações do
o exemplo sejam Haiti e Honduras. A explicação
dada pelo governo da República Dominicana aponta
que a mudança foi baseada em “perspectivas de
presidente Xi Jinping de que quem se opusesse aos necessidades, potenciais e do futuro”. A China teria
planos da China seria punido, agora Taipei se vê com oferecido ao país caribenho uma “grande quantidade
menos parceiros do que antes. de capital e recursos técnicos e humanos para
No início deste mês, a República Dominicana auxiliar o desenvolvimento infraestrutural”, segundo
cortou os laços diplomáticos de longa data com a ilha o professor Wang Kung-yi, da Universidade de
e reforçou seu alinhamento a Pequim, reduzindo o Taipei. Essa afirmação deixa claro que a influência
número de países que mantém relações com Taiwan chinesa vem, principalmente, de sua força no cenário
para 19. Além da pressão econômica do continente econômico mundial.
sobre Taipei, a pressão diplomática também vem Além de reforçar a política de “China Única”,
aumentando desde 2016, quando a presidente Tsai Pequim vê este cerco diplomático como uma forma
tomou posse. A política da “China Única” faz com que de alertar aos Estados Unidos que não tentem utilizar
o continente considere a ilha uma parte inalienável de a questão da ilha contra a China. Embora as ações de
seu território. Pequim não contribuam para a estabilidade da região,
Após o corte de relações com o Estado caribenho, as mesmas demostram a postura inabalável do governo
há a expectativa de que os próximos a seguirem chinês quando se trata de alcançar seus interesses e se

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estabelecer como potência no sistema internacional. 10 países latino-americanos que ainda reconhecem
Enquanto Washington já alertou que não irá Taipei resolverão cortar esses laços e os estabelecer
“morder a isca” e reagir ao que a China tem feito em com Pequim.
relação a Taiwan, resta observar quantos mais dos

Japão: a pressão doméstica e a conjuntura internacional


Vinícius Reis

M ilhares de pessoas protestaram contra o primeiro-


ministro Shinzo Abe, no dia 3 de maio, durante a
celebração da promulgação da Constituição japonesa de
relações entre os líderes coreanos também tem impacto sobre
a política japonesa. A postura de mero expectador de Abe
na questão da Península Coreana tem remetido à imagem
1947. O escândalo político em torno de Abe e sua esposa de um país incapaz de se posicionar de maneira relevante
Akie envolve suspeitas de uso da posição privilegiada no na esfera internacional fora do “guarda-chuva” norte-
governo em troca de favores relacionados com compra de americano. Enquanto o Japão tenta pressionar os Estados
terras, adulteração de documentos públicos e programa Unidos a defenderem seus interesses, China, Coreia do Sul
ideológico do grupo conservador Nippon Kaigi. e Coreia do Norte dão indícios de que conseguem resolver
A crescente onda de insatisfação e pressão para a essa questão geopolítica através de canais de diálogo que
admissão de culpa de Abe tem acirrado o debate no ambiente ignoram a presença japonesa.
doméstico, minando a sua base política no que concerne Analistas japoneses acreditam que o desgaste interno
aos assuntos delicados, como a polêmica reformulação do aliado à incompetência do primeiro-ministro em exercer
artigo 9° da Constituição. Pesquisas de opinião recentes uma liderança regional, particularmente no que concerne
têm mostrado que 60% da população são contra qualquer à Coreia do Norte, possa levar o partido a buscar um novo
mudança constitucional, incluindo o emprego mais agressivo nome de consenso para o governo. Fica claro que Abe
das Forças Armadas, em grande parte, devido à crescente precisa se reinventar, seja para a opinião pública ou para o
desconfiança da figura do primeiro-ministro. jogo geopolítico do Leste Asiático, caso queira ter sobrevida
Concomitantemente, o recente estreitamento nas no cargo.

Coreia do Norte: do programa nuclear à modernização da economia


Marcelle Torres

D urante o histórico momento da 3ª Cúpula Intercoreana,


os presidentes Moon Jae-in e Kim Jong-un assinaram
a Declaração de Panmunjon, na qual ambos os líderes
relações diplomáticas com os EUA, a redução de sanções
e embargos ao seu regime, e a segunda etapa da política
byungjin: o desenvolvimento econômico do país.
concordam em iniciar uma nova era de paz e reconciliação Uma das maiores questões é se Trump e Kim interpretarão
nacional, promover reuniões com EUA e China para o conceito de desnuclearização da mesma forma. Seul
oficialmente encerrar a Guerra da Coreia, e buscar apoio e Washington objetivam a desnuclearização completa,
e cooperação para a desnuclearização da Península verificável e irreversível (CVID, da sigla em inglês) do
Coreana. Além de reacender o debate sobre os desafios e as Norte. Pyongyang, por sua vez, declarou a suspensão dos
oportunidades da reunificação entre o Norte e o Sul, a cúpula testes de mísseis e o fechamento da base de Punggyeri, mas
foi vista como preparação para o aguardado encontro entre ainda se discute a operacionalidade dos ativos da Coreia
Kim Jong-un e Donald Trump. do Norte, caso o país mude de ideia. O desafio permanece
No dia 22 de maio, Moon Jae-in e Donald Trump na elaboração do processo, no tempo e na fiscalização da
discutirão acerca da reunião entre EUA e Coreia do Norte desnuclearização.
- a primeira entre um presidente dos EUA e um líder norte- Além disso, enquanto os progressistas sul-coreanos
coreano. Enquanto a abordagem de Moon Jae-in se mantém se sentem otimistas, os conservadores observam seu
cautelosa e busca reforçar a aliança com os EUA, Trump presidente sendo atraído pelas ofertas do Norte. Se Kim
visa a demonstrar sua atuação e relevância para lidar com a Jong-un pode ou não se tornar o Deng Xiaoping norte-
Coreia do Norte. Já Kim Jong-un almeja a normalização das coreano depende de como a comunidade internacional,

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principalmente Washington e Seul, garantirão a segurança ser quebradas, mas buscar resolver a crise norte-coreana
de Pyongyang e se conseguirão oferecer oportunidades para poderá ajudar a definir o futuro da península e o seu impacto
seu desenvolvimento econômico. As apostas dificilmente na Ásia e nas relações internacionais.
poderiam ser mais altas. As negociações podem facilmente

SUL DA ÁSIA

Encontro Modi-Xi Jinping: a vez da Ásia Central nas disputas de poder


Luciane Noronha

E ntre os dias 27 e 28 de abril, o primeiro-ministro indiano,


Narendra Modi, reuniu-se com o presidente chinês, Xi
Jinping. Conforme divulgado por Nova Délhi, o encontro
do lado chinês na fronteira nordeste com a Índia. Além
disso, conforme comentado no Boletim 66, a Índia planeja
aumentar o número de batalhões da Polícia da Fronteira Indo-
entre ambos foi de caráter informal e “sem agenda”. Envolto Tibetana, além de ter incluído em seu orçamento anual uma
pelo otimismo que sucedeu a cúpula da Península Coreana seção especial sobre infraestrutura para fins civis e militares,
e seus desdobramentos inesperados, vários veículos de com ênfase na mesma região. Diante de tais questões, o
notícias apontavam para a possibilidade de um recomeço primeiro-ministro indiano acenou positivamente para uma
para as conflituosas relações sino-indianas. possível cooperação com a China em projetos econômicos
Todavia, a disposição de Modi em dialogar com no Afeganistão. Enquanto ambos pretendem expandir sua
o líder chinês apresenta duas motivações principais influência no país, a Índia preocupa-se, particularmente, em
mais pragmáticas e menos idealistas do que o suposto. não entrar em conflito com Pequim em mais uma região de
Primeiramente, a reunião informal visa a reduzir as tensões interesse, que se caracteriza como seu principal acesso à
bilaterais, tendo em vista a reunião da Organização de Ásia Central.
Cooperação de Xangai, que ocorrerá em junho. Nesse Embora o discurso diplomático oferecesse um sopro
sentido, não é interessante para a Índia que o principal fórum de otimismo para as relações sino-indianas, observa-se
de sua agenda para a Ásia Central seja contaminado por que o encontro entre Modi e Xi Jinping não tinha como
questões externas à Organização. objetivo primário oferecer soluções de fato para os conflitos
Em segundo lugar, diante da escalada de tensões históricos, mas diminuir a possibilidade de novas questões,
nas fronteiras em disputa com a China e dos crescentes dessa vez envolvendo a Ásia Central. Em lugar de um
investimentos de ambos em infraestrutura militar na região, recomeço, percebe-se o pragmatismo indiano em garantir
abrir uma nova frente de litígio não parece uma opção para que seu acesso aos recursos energéticos da Ásia Central não
Nova Délhi. Em imagens de satélite captadas no dia 25 de seja afetado por um país com o qual mantém um histórico
abril, foram verificadas as construções de novas rodovias conflituoso.

ÁRTICO & ANTÁRTICA

Novo recorde no Sexto Continente


Gabriele Hernández

P ela primeira vez desde que o turismo antártico se tornou


real, o continente alcançou a marca de 51.707 visitantes
entre novembro de 2017 e março de 2018. O ranking,
Os turistas estadunidenses lideram o ranking, sendo
33% dos visitantes, mas os chineses vêm constantemente
aumentando sua presença na região, somando 16% do
elaborado pela International Association of Antarctica número total, um aumento de quatro pontos percentuais
Tour Operators (IAATO) desde 1991, será apresentado desde a última estação. A interação chinesa com o Polo
oficialmente na próxima Reunião Consultiva do Tratado Sul vem se intensificando ao longo dos últimos anos,
Antártico, em Buenos Aires, entre os dias 13 e 18 de maio, acompanhando os investimentos e as políticas voltadas
a fim de discutir formas mais efetivas de administrar a para o aumento do protagonismo do país, como é o caso
interação turística no continente. do início da construção de sua quinta estação científica.

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Em terceiro lugar, a Austrália, que levou 11% dos tem participação inexpressiva na quantidade de
turistas à região, já era um nome esperado, graças turistas interessados em conhecer o Sexto Continente.
aos esforços internos para estreitar os laços entre os No mesmo cenário, inúmeros cientistas brasileiros
australianos e a Antártica. De acordo com a Divisão têm se queixado da falta de recursos disponíveis
Antártica Australiana, não há um limite para a quantidade para a pesquisa antártica, quesito indispensável para
de pessoas que se aventuram por aqueles mares gelados, a manutenção do país como membro consultivo
sendo a maioria visitantes que sequer saem de suas do tratado. Incentivar o turismo antártico para os
embarcações para pisar em terra firme. brasileiros pode contribuir para uma melhor percepção
O Brasil, apesar de ser geograficamente mais sobre a importância daquele continente.
próximo da Antártica do que China e Estados Unidos,

TEMAS ESPECIAIS

Um balanço da pirataria e roubo armado em 2017


Beatriz Albuquerque

A organização International Maritime Bureau


divulgou um relatório sobre pirataria e roubo
armado contra navios relativo a 2017. O relatório traz
Sudeste Asiático, com 76 das ocorrências, ou 42,2% do total
mundial. Indonésia e Filipinas somaram 36,1% do total. A
África contou com 57 casos em 2017, ou 31,6% do total.
também números sobre incidentes em anos anteriores, A Nigéria vivenciou 33 eventos do tipo, ou 18,3% do total.
até 2013, o que auxilia a identificar se os esforços contra Nenhum outro país africano contou com mais de 5 atos no
pirataria e roubo armado estão surtindo efeito. ano.
A análise do relatório permite perceber alguns fatos. Na O ano de 2017 teve 180 tentativas ou ocorrências de
Indonésia, entre 2015 e 2017, os ataques diminuíram 44,4%, ataques de pirataria e roubo armado. Esse foi o menor número
porém, os níveis permanecem altos: foram 43 casos no ano desde 1995. Vale ressaltar que muitos casos deixam de ser
passado. Relata-se que os piratas atacam navios fundeados e comunicados às autoridades, fazendo com que o real número
carregam armas e facas. Na Nigéria, onde os piratas são bem de ataques possa ser maior. No entanto, essa diminuição foi
armados e violentos, ocorreram 31 ataques em 2013. Em efeito direto dos esforços dos países afetados e da comunidade
2015, foram 14, contudo, em 2017, os casos aumentaram internacional com vistas ao combate à pirataria e ao roubo
para 33. Desde 2013, o número de ataques piratas aumentou armado, que afetam a segurança marítima. Em áreas que já
mais de sete vezes nas Filipinas, alcançando o número de foram focos de ataques, como o Estreito de Malaca e o Chifre
22 casos em 2017. Os piratas costumam fazer a tripulação da África, a presença militar multinacional foi fundamental
de refém e pedir resgate. Em 2016, a Venezuela registrou 5 para coibir a ação dos piratas. Contudo, a ameaça ainda existe
ataques. Esse número aumentou para 12 casos em 2017, nos em águas territoriais da Nigéria, de modo que permanece a
portos de Jose e La Cruz. Em 4 incidentes, a tripulação foi necessidade de vigilância.
feita de refém.
Os tipos de navios mais alvejados em 2017 foram
os graneleiros, os navios-tanques e de contêineres.
As bandeiras mais afetadas foram as registradas
em Cingapura (31), devido à proximidade com
a Indonésia; Ilhas Marshall (29); Panamá (27);
e Libéria (26). Os três últimos países servem de
registro para bandeiras de conveniência (Boletim
70) e correspondem às maiores frotas comerciais
do mundo, o que aumenta a probabilidade de que os
navios sofram ataques.
Os números apresentados pelo relatório
demonstram que o maior foco de atividades piratas
e de roubo armado no mundo em 2017 esteve no Fonte:International Maritime Bureau

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ARTIGOS SELECIONADOS E NOTÍCIAS DE DEFESA

• PROJECT SYNDICATE • CIMSEC


The Case for Secret Diplomacy Little men in black: the frogman threat
in maritime hybrid warfare
• PROJECT SYNDICATE
Macron Needs More Than Charm • CSIS
Afghanistan: Conflict Metrics 2000-
• GEOPOLITICAL FUTURES 2018
Why Korea Can’t Replicate Germany’s
Reunification • CARNEGIE EUROPE
Ukraine’s New Military Engagement in
• MILITARY the Donbas
Navy to Reactivate Second Fleet as
'Dynamic Response' in Atlantic • EL PAIS
El gas, la energía de transición
• FOREIGN POLICY
The First Saudi-Iranian War Will Be an • AL JAZEERA
Even Fight World leaders react to US withdrawal
from Iranian nuclear deal

CALENDÁRIO GEOCORRENTE

8-9
44ª Cúpula do G7

12
Encontro entre Donald Trump e Kim
Jong-un

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Eleições gerais Turquia

MAIO JUNHO JULHO

15 01
70° da criação do Estado de Eleições no México (presi-
Israel e abertura da embaixada denciais e legislativas)
dos EUA em Jerusalém
09
20 Eleições no Sudão do Sul
Eleições presidenciais venezu- (presidenciais e parlamenta-
elanas res)

27 11-12
Eleições presidenciais colom- Cúpula da Otan
bianas
24-25
Cúpula da Aliança do Pacífico

25-27
Cúpula dos BRICS

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REFERÊNCIAS

• Vaca Muerta: aposta estratégica da Argentina • Cerco diplomático contra Taiwan tende a se fechar
SMINK, Veronica. Cómo el yacimiento Vaca Muerta de Argentina puede ainda mais
perjudicar a Bolivia y rediseñar las rutas del gas de Sudamérica. BBC HSU, Stacy. “Haiti, Honduras could be next, Lin Yu-fang says.” Taipei
Mundo, 01 mar. 2018. Acesso em: 05 mai. 2018. Times. Acesso em: 4 mai. 2018.
TENEMBAUM, Ernesto. Todos los miedos han vuelto a la Argentina. El WONG, Catherine. “Why China hopes Taiwan’s loss of support from
País, 04 mai. 2018. Acesso em: 05 mai. 2018. Dominican Republic will give the US pause.” Acesso em: 4 mai. 2018.

• O tratado New START e a administração Trump • Japão: a pressão doméstica e a conjuntura


KRISTENSEN, Hans M.; NORRIS, Robert S. Unites states Nuclear internacional
forces, 2018. Bulletin of The Atomic Scientists, 2018. TASKER, Peter. Japan’s bull market wouldn’t be the same without Abe.
G1. Trump anuncia retirada dos EUA de acordo nuclear com o Irã. Japan Times. Acesso em: 06 maio 2018.
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Nippon . Acesso em: 06 maio 2018.
• A Área de Livre Comércio do Continente Africano
WASSERMAN, H. South Africa will be one of the biggest beneficiaries • Coreia do Norte: do programa nuclear à
from the new African Free trade Area, says Moody’s. Business Insider. modernização da economia
South Africa, 21 mar. 2018. Acesso em: 03 mai. 2018. DALTON, Tobi e LEVITE, Ariel. When Trump Meets Kim Jong Un: A
SAYGILY, M. et al. African Continental Free Trade Area: Challenges and Realistic Option for Negotiating With North Korea. Acesso em: 05 maio
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Disponível em: Acesso em: 22 abr. 2018.
• Relações instáveis entre Turquia e Grécia
BABOULIAS, Yiannis. Greece and Turkey Are Inching Toward War. • Encontro Modi-Xi Jinping: a vez da Ásia Central nas
Acesso em: 18 abr. 2018. disputas de poder
SPUTINIK, Redação. Grécia protesta contra a Turquia sobre incidente CHELLANEY, Brahma. India-China summit highlights Modi's hope vs Xi's
perto de ilhas disputadas no Mar Egeu. Acesso em: 13 fev. 2018 strategy. Nikkei Asian Review, 01 de maio de 2018. Acesso em: 04 mai.
2018.
• Comandante da OTAN receia influência russa nos THE TIMES OF INDIA. PM Modi, Xi Jinping agree to undertake joint
Bálcãs economic project in Afghanistan, 28 de abril de 2018. Acesso em 02 mai.
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DefenseNews. Needed: a Balkan initiative for the NATO summit. Acesso • Novo recorde no Sexto Continente
em: 3 mai. 2018. International Association of Antarctica Tour Operators. IAATO reports
latest Antarctic tourism figures ahead of responsible tourism conference.
• Quem é o dono do Rio Nilo? Acesso em: 6 mai. 2018.
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XUEQUAN M. News Analysis: Nile dispute may not derail Ethiopia-Egypt
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INTERNATIONAL MARITIME BUREAU. Piracy and Armed Robbery
• As preocupações por trás da nova base naval russa against Ships – Annual Report 2017. London: ICC International Maritime
no mar Cáspio Bureau, 2018.
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