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** A PERPETUIDADE DA LEI DE DEUS **

Um Sermão pregado na manhã do Dia do Senhor, 21 de maio de 1882, por Charles H. Spurgeon no Tabernáculo
Metropolitano, Newington.

“Em verdade vos digo que até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, até que
tudo se cumpra”. (Mateus 5:18).

Tem sido dito que aquele que entende os dois concertos é um teólogo, e isto é, sem dúvida, verdadeiro. Também
se poderia dizer que o homem que conhece as posições relativas da lei e do Evangelho tem as chaves da
situação em termos de doutrina. O relacionamento da lei para comigo, e como me condena: o relacionamento do
Evangelho para comigo, e como se eu for um crente me justifica—estes são dois pontos que cada cristão
deveria claramente entender. Não deveria “ver homens como árvores andando” neste assunto, do contrário
poderia defrontar grande tristeza, e cair nos erros em que traria dor ao coração e injuriaria sua vida. Atrapalhar-
se acerca da lei e do Evangelho é ensinar o que não é nem lei nem Evangelho, mas o oposto dos dois. Que o
Espírito de Deus seja nosso professor, e a Palavra de Deus seja nosso livro-guia, e assim não vamos errar.

Muitos grandes erros têm sido cometidos acerca da lei. Não muito tempo atrás havia entre nós aqueles que
afirmavam que a lei está ab-rogada ou abolida, e abertamente ensinavam que os crentes não eram mais
obrigados a tornar a lei moral a regra de sua vida. O que seria pecado em outros eles contavam como não sendo
pecado neles próprios. Que Deus nos livre deste tipo de antinomismo. Não estamos debaixo da lei como método
de salvação, mas nos alegramos em ver a lei na mão de Cristo, e desejar obedecer ao Senhor em todas as coisas.
Outros têm defrontado os que ensinam que Jesus diminuiu e suavizou a lei, e têm assim dito que a perfeita lei de
Deus era tão dura para seres imperfeitos que Deus nos deu uma regra mais suave e fácil. Isto beira
perigosamente as margens de um terrível erro, embora nos pareça que têm pouca consciência disso. E temos
conhecido autores que vão mais além disso, e têm hostilizado a lei. Ó, as duras palavras que às vezes tenho lido
contra a santa lei de Deus! Quão infelizes aqueles aos quais o apóstolo usou as palavras, “A lei é santa, e o
mandamento santo, e justo, e bom”. Quão diferente do espírito reverente que o fez dizer—“Eu tenho prazer na
lei de Deus em meu homem interior”.

Vocês sabem o quanto Davi amou a lei de Deus, e cantou seus louvores através dos Salmos. O coração de cada
real cristão é reverente ao máximo a respeito da lei do Senhor. É perfeita, para não dizer, é perfeição em si
mesma. A santificação que fica aquém da perfeita conformidade com a lei não pode ser verdadeiramente
chamada de santificação, porque cada falha quanto à exata conformidade com a lei perfeita é pecado. Que o
Espírito de Deus nos ajude enquanto, em imitação ao nosso Senhor Jesus, procuramos magnificar a lei.

Colho do nosso texto duas coisas sobre as quais devo falar nesta hora. A primeira é que a lei de Deus é perpétua:
“Até que o céu e a terra passem, nenhum jota ou til passará da lei”. O significado é que mesmo no menor ponto
deve ser vigente até que a lei seja cumprida. Segundo, percebemos que a lei deve ser cumprida: Nem “um jota
ou um til jamais passará da lei, até que tudo seja cumprido”. Aquele que veio trazer a dispensação do Evangelho
declara aqui que não veio destruir a lei, mas cumpri-la.

I. Primeiro: A LEI DE DEUS DEVE SER PERPÉTUA. Não há revogação, nem alteração da mesma. Ela não
deve ser atenuada ou ajustada à nossa condição pecaminosa; mas cada um dos justos preceitos do Senhor
permanece para sempre. Apresento três razões que estabelecerão este ensino:

Em primeiro lugar, nosso Senhor Jesus declara que não veio para aboli-la. Suas palavras são bastante claras:

“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim para destruir, mas cumprir”. E Paulo com relação ao
evangelho nos diz: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei”
(Romanos 3:31). O evangelho é o meio de estabelecer, firmar e vindicar a lei de Deus.

Jesus não veio para mudar a lei, mas sim para explicá-la, e justamente por essa circunstância mostra que ela
permanece; visto não haver necessidade de explicar o que é abolido.

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Num ponto específico em que ocorre um pouco de cerimonialismo, ou seja, a observância do sábado, nosso
Senhor ampliou e mostrou que a ideia judaica não era a verdadeira. Os fariseus proibiam mesmo o cumprir atos
de necessidade e misericórdia, como debulhar o grão para saciar o faminto, e curar o doente. Nosso Senhor
Jesus mostrou que não era contrário ao pensamento de Deus realizar tais coisas. Ao se preocuparem com a letra
levando uma observância externa ao extremo, eles tinham perdido de vista o espírito da lei do sábado, o que
sugere obras de piedade tais que consagram o dia. Ele mostrou que o descanso sabático não era meramente a
inércia, e disse, “Meu Pai trabalha até agora, e Eu também”.

Ele apontou aos sacerdotes que trabalhavam duro com as ofertas de sacrifício, realizando um serviço divino, e
estavam dentro da lei. Para ir de encontro a este erro Ele teve o cuidado de realizar alguns de Seus grandes
milagres no dia de sábado; e mesmo que isto tenha produzido um grande ódio contra Ele, como se fosse um
quebrantador da lei, ainda assim fez isto de propósito para que vissem que o sábado foi feito para o homem e
não o homem para o sábado, e que deve ser um dia de fazer o que honra a Deus e abençoa os homens.

Ó, que o homem soubesse como guardar o sábado espiritual ao cessar todo o trabalho servil, e todo trabalho
feito para si mesmo. O descanso de fé é o verdadeiro sábado, e o serviço de Deus é a mais aceitável santificação
do dia. Ó, que o dia fosse gasto inteiramente em servir a Deus e fazer o bem! A síntese do ensino de nosso
Senhor foi que as obras de necessidade, obras de misericórdia, e obras de piedade são lícitas no sábado. Ele
explicou a lei neste ponto e em outros, ainda assim esta explicação não alterou o mandamento, mas somente
removeu o pó da tradição que havia sobre a lei. Com essa exemplificação, Ele a confirmou; Ele não poderia
haver intencionado aboli-la ou não teria a necessidade de explicá-la.

Além de explicá-la o Mestre foi mais adiante: Ele apontou ao seu caráter espiritual. Isto os judeus não haviam
observado. Julgavam, por exemplo, que o mandamento “Não matarás” simplesmente proibia o assassinato e o
homicídio involuntário: mas o Salvador mostrou que a ira sem causa viola a lei, e que as palavras duras e o
amaldiçoar, e todas as outras exibições de inimizade e malícia, são proibidas pelo mandamento. Eles sabiam que
não deveriam cometer adultério, mas não entrava em sua mente que o desejo lascivo seria uma ofensa contra o
preceito, até que o Salvador disse, “Aquele que olhar para a mulher e cobiçá-la já cometeu adultério com ela em
seu coração”. Ele mostrou que o pensamento do mal é pecado, que a imaginação impura polui o coração, que o
desejo arbitrário é culpado aos olhos do Altíssimo.

Certamente isto não era abolir a lei: era um maravilhosa exibição de sua grande soberania e de sua busca de
caráter. Os fariseus imaginavam que se guardassem suas mãos, e seus pés, e sua língua, tudo estava feito, mas
Jesus mostrou que o pensamento, a imaginação, o desejo, memória, tudo, deve ser trazido em sujeição à vontade
de Deus, senão a lei não estará cumprida. Quão esquadrinhadora e singela é esta doutrina! Se a lei do Senhor
alcança o íntimo, quem dentre nós pode, por natureza, permanecer diante de seu julgamento? Quem pode
entender os seus erros?

Purifica-me das faltas secretas. Os dez mandamentos são cheios de significado—mostrando o que muitos
parecem ignorar. Por exemplo, muitos permitirão falta de atenção dentro e ao redor de sua casa para com as
regras de saúde e cuidados sanitários, mas não atentam a que estão atropelando o mandamento, “Não matarás”,
pois ainda esta regra proíbe que façamos qualquer coisa que cause malefício à saúde de nosso próximo, e assim
privá-lo da vida. Para muitos um artigo mal-manufaturado, para outros uma loja mal-ventilada, para outros
mais, um negócio com carga horária excessiva, é a visível violação deste mandamento. Deveria eu dizer menos
de bebidas, que levam tão rapidamente às doenças e morte, e enchem nossos cemitérios com incontáveis
sepulcros? Assim, também, em referência ao outro preceito: algumas pessoas repetirão músicas e relatos que
sugerem a impureza. Desejaria que isso não fosse tão comum quanto é. Não sabem que uma palavra impura,
com significado dúbio, uma sugestão maliciosa de luxúria, tudo está coberto pelo mandamento, “Não cometerás
adultério”? É tão de acordo com o ensino de nosso Senhor Jesus.

Ó, não fale comigo acerca de nosso Senhor ter trazido uma lei menos severa em vista de o homem não poder
guardar o Decálogo, porque Ele não fez nada disso. “Na sua mão Ele tem a pá, e limpará a sua eira”. (Mat.
3:12) “Mas quem suportará o dia da Sua vinda? ... Porque Ele é como o fogo refinador, e como o sabão dos
lavandeiros”. (Mal. 3:2) Não vamos ousar sonhar que Deus nos tinha dado uma lei perfeita que nós, pobres
criaturas, não podíamos guardar, e que assim Ele corrigiu a Sua legislação, e enviou o Seu Filho para nos
colocar diante de uma disciplina relaxada. Nada disso. O Senhor Jesus Cristo tem, pelo contrário, mostrado
quão intimamente a lei nos cerca e nos acompanha junto à cama e à mesa, e assim nos convence do pecado
interior, mesmo que pareçamos limpos pelo exterior. Ai de mim, esta lei é elevada; eu não a posso atingir. Ela
em todos os lugares me cerca; ela me acompanha até a minha cama; ela segue os meus passos e marca os meus

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caminhos onde quer que eu esteja. Em nenhum momento cessa de governar e exigir obediência. Ó Deus, estou
condenado em todos os lugares, porque em todos os lugares a Tua lei me revela meus sérios desvios do caminho
da justiça e me mostra quão carente eu sou da Tua glória. Tem piedade de Teu servo, porque vou voando para o
Evangelho que tem feito por mim o que a lei nunca poderia fazer.

“Ver a lei por Cristo cumprida,


E suportar Sua voz perdoadora,
Muda um escravo numa criança,
E o dever em escolha”.

Nosso Senhor Jesus Cristo, além de explicar a lei e apontar ao seu caráter espiritual, também revelou a sua
essência, pois quando alguém O questionou “Qual o maior mandamento da lei?” Ele disse, “Amarás o Senhor
teu Deus com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Este é o primeiro e
grande mandamento. E o segundo é semelhante a este; Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Em outras palavras, Ele nos tem dito, “Toda a lei se cumpre
nisto: Amar”. Aí está o âmago e cerne da questão.

Se alguém me diz: ‘Eis que em substituição aos Dez Mandamentos recebemos dois, que são muito mais fáceis’,
responder-lhe-ei que essa versão da lei não é de maneira alguma mais fácil. Uma observação tal implica falta de
meditação e experiência. Esses dois preceitos abrangem os dez, em seu mais amplo sentido, não podendo ser
considerada a exclusão de um jota ou til dos mesmos. Quaisquer dificuldades existentes nos mandamentos são
igualmente encontradas nos dois, que lhes são a súmula e substância. Se amais a Deus de todo o vosso coração,
tornar-se-á preciso observar a primeira parte; e se amais ao próximo como a vós mesmos, precisais observar a
segunda.

Se alguém supõe que a lei do amor é uma adaptação da lei moral para com a condição do homem caído erra
grandemente. Posso somente dizer que a suposta adaptação não é mais adaptada a nós do que a lei original. Se
pudesse ser concebido haver alguma diferença em dificuldade, talvez seja mais fácil cumprir os dez do que os
dois; pois se não vamos mais fundo do que a letra, os dois são os mais exigentes, já que têm a ver com o
coração, a alma, e o entendimento. Os dez mandamentos significam tudo o que os dois expressam; mas se nos
esquecemos disto, e somente olhamos para as palavras deles, eu digo, é mais difícil para o homem amar a Deus
com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento, e com toda a sua força, e seu
próximo como a si mesmo do que seria simplesmente se abster de matar, roubar, e testemunhar falsamente.

Cristo, portanto, não aboliu ou sequer alterou a lei para vir ao encontro das nossas deficiências; Ele a deixou em
toda a sua sublime perfeição, como sempre deve ser deixada, e ressaltou quão profundos são os seus
fundamentos, quão elevadas as suas alturas, quão imensuráveis o seu comprimento e largura. Como as leis dos
Medos e Persas, os mandamentos de Deus não podem ser alterados; nós somos salvos por outro método.

Para mostrar que Ele nunca pretendeu revogar a lei, nosso Senhor Jesus encarnou todos os seus mandamentos
na própria vida. Em Sua própria pessoa havia uma natureza que estava em perfeita conformidade com a lei de
Deus; e como era a Sua natureza, assim era a Sua vida. Ele podia dizer, “Quem dentre vós me convence de
pecado?” (Jo. 8:46) e novamente “do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e
permaneço no seu amor” (Jo. 15:10). Posso não dizer que Ele era escrupulosamente cuidadoso em guardar a lei:
eu não farei isso, porque não havia tendência nEle de fazê-lo de outra maneira: Ele era tão perfeito e puro, tão
infinitamente bom, e tão completo em sua concordância e comunhão com o Pai que em todas as coisas
obedeceu a vontade de Seu Pai. O Pai disse a respeito dEle, “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi” (Mat. 17:5). Aponte, se puder, alguma maneira em que Cristo tenha violado a lei ou
deixado de cumpri-la. Nunca houve um pensamento impuro ou desejo de rebelião em Sua alma; Ele não tinha
nada a se arrepender ou se retratar: se não fosse assim, teria pecado. Ele foi extremamente tentado no deserto, e
o inimigo teve o desrespeito de mesmo sugerir-Lhe idolatria, mas Ele instantaneamente derrotou o adversário.
O príncipe deste mundo veio até Ele, mas não achou nada nEle.

“Meu querido Redentor e meu Senhor,


Leio o meu dever em Tua Palavra;
Mas em Tua vida a lei aparece
Registrada em personagens vivos”.

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Agora, se esta lei tivesse sido tão elevada e tão dura, Cristo não teria exibido isto em Sua vida, mas como nosso
exemplo Ele colocaria aquela lei mais branda que veio introduzir, como é sugerido por alguns teólogos. Além
do mais, como nosso Líder e Exemplo exibiu-nos em Sua vida uma obediência perfeita às sagradas ordenanças
em sua grandeza plena, e capto a ideia de que Ele deseja ser o modelo de nossa conversação. Nosso Senhor não
eliminou sequer um ponto ou pico dessa elevadíssima montanha da perfeição. Ele primeiramente declarou, “Eis
aqui venho; no rolo do livro está escrito a meu respeito: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a
tua lei está dentro do meu coração”. (Salmo 40:7-8), e Ele tem bem justificado o escrito do volume do livro.
“Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei” (Gál. 4:4); e em nosso favor embaixo da lei
Ele a obedeceu integralmente, assim que agora “Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê”
(Rom. 10:4).

Uma vez mais, é evidente que o Mestre não veio alterar a lei, porque depois de havê-la unido à Sua própria
vida, Ele voluntariamente se entregou para sofrer a sua penalidade, se bem que nunca a houvesse quebrado,
sofrendo a penalidade por nós, como está escrito: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se maldição
por nós” (Gál. 3:13). “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho;
mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós”. (Isa. 53:6).

Se a lei exigisse de nós mais do que deveria haver feito, teria o Senhor Jesus pago a penalidade resultante de
suas exigências demasiado severas? Estou certo de que não o faria. Mas por exigir a lei somente o que devia
exigir, isto é, obediência perfeita, e exigia do transgressor apenas aquilo que devia exigir, ou seja, a morte como
penalidade pelo pecado–a morte sob a ira divina–o Salvador foi pregado no madeiro, levando sobre Si os nossos
pecados, e expiando-os uma vez por todas. Ele foi esmagado sob do peso da culpa, e clamou, “A minha alma
está triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mat. 26:38), e finalmente quando tinha suportado “Tudo o
que o Deus encarnado poderia assumir, Com força suficiente, mas nenhuma a sobrar” Ele inclinou a cabeça e
disse, “Está consumado” (Jo. 19:30).

Nosso Senhor Jesus Cristo deu maior vindicação à lei, morrendo por haver ela sido quebrada, do que podem dar
todos os perdidos por suas misérias, pois o seu sofrimento nunca é completo, sua dívida nunca é paga; mas Ele
suportou tudo o que cabia ao Seu povo, e a lei não é defraudada em nada. Por sua morte Ele vindicou a honra do
governo moral de Deus, e fez isso só por Ele ser misericordioso.

Quando o próprio legislador se submete à lei, quando o próprio soberano suporta a penalidade máxima da lei,
então a justiça de Deus é colocada sobre um patamar tão altamente glorioso que todos os mundos admirarão em
assombro. Se, portanto, está claramente provado que Jesus era obediente à lei, até ao ponto da morte, Ele
certamente não veio aboli-la ou revogá-la, e se Ele não a removeu, quem pode fazê-lo? Se Ele declara que veio
para estabelecê-la, quem deveria derrubá-la?

Por outro lado, a lei de Deus deve ser perpétua em sua própria natureza, pois não lhe ocorre no momento em
que pensa nisso que o certo deve sempre ser correto, a verdade deve sempre ser verdadeira, e a pureza deve ser
sempre a pura? Antes que os dez mandamentos fossem entregues no Sinai havia ainda a mesma lei de certo e
errado colocada sobre os homens pela necessidade de eles serem criaturas de Deus. O certo sempre foi o certo
antes que um único mandamento tivesse sido expresso em palavras. Quando Adão estava no jardim, sempre era
certo de que deveria amar o seu Criador, e seria sempre errado que tivesse objetivos contrários aos do seu Deus;
e não importa o que aconteça neste mundo, ou que mudanças ocorram no universo, nunca vai ser correto mentir,
ou cometer adultério, ou assassinato, ou roubo, ou adorar a um deus-ídolo. Não vou dizer que os princípios de
certo e errado são tão absolutamente auto-existentes como Deus, mas não posso conceber a idéia de um Deus
existindo à parte de Si mesmo, sempre santo e sempre verdadeiro; de modo que a própria ideia de certo e errado
parece-me necessariamente permanente, e não pode ser mudada.

Você não pode trazer o certo a um nível inferior; deve estar no lugar onde sempre está: o certo é certo
eternamente, e não pode ser errado. Você não pode erguer o errado e torná-lo de alguma forma certo; deve ser
errado, enquanto o mundo permanecer. Céu e terra passarão, mas não a menor letra ou o menor til da lei moral
poderá jamais mudar. No espírito a lei é eterna.

Suponhamos por um momento que fosse possível interferir e suavizar a lei, em que ponto isso se daria?
Confesso que não sei e nem posso imaginar. Se é perfeitamente santa, como pode ser alterada, exceto por ser
tornada imperfeita? Você desejaria isto? Poderia adorar ao Deus de uma lei imperfeita? Pode ser jamais
verdadeiro que Deus, visando a favorecer-nos, colocou-nos sob uma lei imperfeita? Isso seria uma bênção ou

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uma maldição? É dito por alguns que o homem não pode observar uma lei perfeita, e Deus não exige que tal
devesse. Alguns teólogos modernos têm ensinado isso, espero que, por descuido.

Será que Deus emitiu uma lei imperfeita? É a primeira coisa imperfeita de que já ouvi sendo obra de Sua
criação. Será que chegamos afinal à conclusão de que, afinal de contas, o evangelho é uma proclamação de que
Deus se satisfará com a obediência a uma lei mutilada? Deus me livre. Eu diria que é melhor que morramos a
que Sua lei perfeita pereça.

Terrível como é, ela está no fundamento da paz do universo, e deve ser honrada em todos os casos. Se ela se
acaba, tudo se acaba. Quando o poder do Espírito Santo me convenceu do pecado, senti como uma reverência
solene a respeito da lei de Deus, de que me lembro bem; quando me senti esmagado por ela como um pecador
condenado, ainda a admirava e a glorificava. Eu não poderia ter desejado que a lei perfeita fosse alterada para
mim. Em vez disso senti que, se a minha alma fosse enviada para as profundezas do inferno, Deus seria
exaltado por Sua justiça e Sua lei grandemente honrada por sua perfeição. Eu não a teria alterado nem mesmo
para salvar a minha alma. Irmãos, a lei do Senhor deve permanecer, pois é perfeita e, portanto, não tem em si
nenhum elemento de deterioração ou alteração.

A lei de Deus não é mais do que Deus pode pedir de forma mais justa de nós. Se Deus estivesse prestes a dar-
nos uma lei mais tolerante, seria uma confissão de sua parte de que pedira muito no início. Pode-se supor isso?
Haveria, afinal de contas, alguma justificativa para a declaração do Servo mau e preguiçoso, quando disse:
“tinha medo de ti, porque és um homem severo” (Luc. 19:21)? Não pode ser. Porque em Deus alterar Sua lei
seria uma admissão de que cometeu um erro no início, que colocou o pobre homem imperfeito (geralmente
ouvimos isto) sob um regime demasiado rigoroso, e, portanto, agora Ele está preparado para diminuir suas
reivindicações, tornando-as mais razoáveis. Tem sido dito que a incapacidade moral do homem em observar a
lei perfeita o isenta do dever de assim fazê-lo. Isto é muito especioso, mas totalmente falso. A incapacidade do
homem não é do tipo que remove a responsabilidade: é moral, não físico. Nunca caia no erro de julgar que a
incapacidade moral será uma desculpa para o pecado. Ora, quando um homem se torna um tal mentiroso que
não pode falar a verdade, estará, então, isento do dever da veracidade? Se o seu servo lhe deve um dia de
trabalho, ele fica livre da dívida porque se tornou tão bêbado que não pode servi-lo? É um homem livre de uma
dívida pelo fato de que desperdiçou o dinheiro e, portanto, não pode pagar? É um homem imoral livre para
saciar suas paixões, porque não pode compreender a beleza da castidade? Isso é doutrina perigosa. A lei é uma
só, e o homem está a ela ligado apesar de seu pecado tê-lo tornado incapaz de assim fazer.

A lei, além disso, nada mais exige do que o que é bom para nós. Não há um único mandamento da lei de Deus
que não pretenda ser uma espécie de sinal de perigo, como colocamos sobre o gelo quando é fino demais. Cada
mandamento faz como se fosse nos dizer, “Perigo”. Nunca é para o bem do homem fazer o que Deus lhe proíbe;
nunca é para a felicidade real e definitiva do homem deixar nada por fazer do que Deus lhe ordena. As mais
sábias orientações para a saúde espiritual, e para evitar o mal, são as indicações dadas a nós sobre o certo e o
errado na lei de Deus. Portanto, não é possível que haja qualquer alteração da mesma que não seria para o nosso
bem.

Gostaria de dizer a qualquer irmão que pensa que Deus nos colocou sob uma regra alterada: “Que parte
específica da lei é que Deus tornou mais relaxada?” Qual preceito se sente livre para transgredir? Você está livre
do mandamento que proíbe roubar? Meu caro senhor, você pode ser um teólogo do maior prestígio, mas
trancaria minhas colheres quando viesse à minha casa. É o mandamento sobre o adultério que acha que foi
removido? Então não poderia recomendar que fosse admitido em qualquer sociedade decente. Foi a lei acerca
de matar suavizada? Então eu preferiria ter o seu quarto à sua companhia. De qual lei Deus lhe tem isentado? A
lei de adorar somente a Ele? Você propõe ter um outro Deus? Você pretende fazer imagens de escultura? O fato
é que quando chegamos aos detalhes, não podemos nos dar ao luxo de perder um único elo dessa cadeia
maravilhosa de ouro, que é perfeita em cada parte, bem como perfeita no seu todo. A lei é absolutamente
completa, e você não pode adicionar a ela, nem tirar dela. “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar
em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos. Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse:
Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei”. (Tia. 2:10-11).
Se, então, nenhuma parte pode ser retirada, deve permanecer, e permanecer para sempre.

Uma terceira razão que darei por que a lei deve ser perpétua é que supor que fosse alterada é por demais
perigoso. Tirar da lei a sua perpetuidade é antes de tudo tirar dela o seu poder para convencer do pecado. Seria o
caso de que não se espera que eu, sendo uma criatura imperfeita, observe uma lei perfeita? Então segue-se que
não peco quando transgrido a lei; e se tudo o que é exigido de mim é que aja de acordo com o melhor de meu
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conhecimento e habilidade, então tenho, de fato, uma regra muito conveniente, e a maioria dos homens vai ter o
cuidado de ajustá-la de modo a conceder-lhe tanta latitude quanto possível.

Ao remover a lei você está acabando com o pecado, pois pecado é a transgressão da lei, e onde não há lei não há
transgressão. Quando você elimina o pecado, pode muito bem eliminar o Salvador e a salvação, pois não são de
forma alguma necessários. Quando tiver reduzido o pecado a um mínimo, que necessidade há da grande e
gloriosa salvação que Jesus Cristo veio trazer ao mundo? Irmãos, não devemos acatar nada disso: é
evidentemente uma forma de engano.

Ao reduzir a lei você enfraquece o seu poder nas mãos de Deus como um convencedor do pecado. “Pela lei vem
o conhecimento do pecado” (Rom. 3:20). É o espelho, que nos mostra nossas manchas, e isso é uma coisa muito
útil, embora nada mais, a não ser o evangelho, pode lavá-los.

“Minhas esperanças do céu eram firmes e brilhantes, Mas desde que o preceito veio
Com um poder de convencimento e de luz, entendo quão vil eu sou.
“Minha culpa parecia pequena antes, até que terrivelmente vi
quão perfeita, santa, justa e pura, era a Sua lei eterna.
“Então minh’alma sentiu a carga pesada,
Meus pecados reviveram novamente, eu tinha provocado um Deus terrível,
E todas as minhas esperanças foram mortas”.

É só uma lei pura e perfeita que o Espírito Santo pode usar a fim de nos mostrar nossa depravação e
pecaminosidade. Diminua a lei e você enfraquece a luz pela qual o homem percebe a sua culpa. Esta é uma
perda muito grave para o pecador, e não um ganho, pois diminui a probabilidade de sua convicção e conversão.

Você também tira da lei o seu poder de nos calar com a fé de Cristo. Para que é a lei de Deus? Para nos manter
em ordem a fim de sermos salvos por ela? De forma alguma. Ela é enviada a fim de nos mostrar que não
podemos ser salvos pelas obras, e nos calar para sermos salvo pela graça; mas se pretende de que a lei seja
alterada de modo que o homem possa observá-la, deixou-lhe com sua antiga esperança, e certamente a ela se há
de agarrar. Você precisa de uma lei perfeita que encerre o homem até à desesperança sem Jesus, que o coloque
numa gaiola de ferro e o tranque, e não lhe oferece nenhuma fuga, mas a fé em Jesus; então ele começa a
chorar: “Senhor, salva-me por graça, pois percebo que não posso ser salvo por minhas próprias obras”. É assim
que Paulo descreve aos Gálatas: “Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé
em Jesus Cristo fosse dada aos que creem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei,
encerrados para aquela fé que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a
Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados” (Gál. 2:22-24).

Afirmo que privaram o evangelho de seu auxiliar mais competente quando deixam de lado a lei. Dela se tirou o
aio que traz os homens a Cristo. Não, ela deve permanecer, e permanecer em todos os seus terrores, para
conduzir os homens para longe da justiça própria e constrangê-los a correr para Cristo. Nunca aceitarão a graça
até tremerem diante de uma lei justa e santa; portanto, a lei serve a um propósito necessário e bem-aventurado, e
não deve ser removida do seu lugar.

Alterar a lei é deixar-nos sem qualquer lei. Uma escala de obras é uma invenção imoral, fatal aos princípios da
lei. Se cada homem deve ser aceito por fazer o seu melhor, todos nós estamos fazendo o nosso melhor. Há
alguém que não o faça? Se levarmos a sério suas palavras, todos os nossos irmãos estão fazendo tão bem quanto
possível, considerando suas naturezas imperfeitas. Mesmo as prostitutas na rua têm alguma justiça, não está tão
distantes quanto os demais. Nunca ouviu falar do bandido que cometeu muitos assassinatos, mas que sentia que
estava fazendo o seu melhor, porque nunca matou ninguém numa sexta-feira?

A justiça própria constrói para si mesmo um ninho, mesmo no pior caráter. Essa é a conversa do homem:
“Realmente, se você me conhecesse, diria que eu tenho sido uma boa pessoa por agir assim como tenho agido.
Considere que pobre criatura caída eu sou; que fortes paixões nasceram em mim; que tentações me cercam, e
você não vai me culpar muito. Afinal, eu ouso dizer que Deus está tão satisfeito comigo como com muitos que
estão condição melhor, porque tive tão poucas vantagens”. Sim, você mudou o padrão, e cada um vai agora
fazer o que é reto aos seus próprios olhos e afirmar estar fazendo o seu melhor.

Se você mudar o peso-medida certamente nunca vai conseguir o peso ou medida correta novamente. Não haverá
nenhum padrão para seguir, e cada homem fará o seu melhor com os seus próprios quilos e alqueires. Se o
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padrão for adulterado, você removeu os fundamentos sobre os quais se realiza o comércio; e o mesmo se dá em
matérias espirituais,--abolir a melhor regra que pode existir, qual seja, a própria lei de Deus, é não deixar
nenhuma regra digna do nome. Que bela abertura isso deixa para a vanglória! Não é de admirar que os homens
falem de santificação perfeita se a lei foi reduzida.

Não há nada notável em absoluto no nosso erguer-se segundo a regra se esta nos for convenientemente
reduzida. Creio que serei perfeitamente santificado quando obedeço a lei de Deus, sem omissão ou transgressão,
mas não até então. Se alguém diz que está perfeitamente santificada por ter-se medido por uma lei modificada
por ele próprio, fico contente em saber que ele quer dizer, pois não tenho mais nada a tratar com ele: não vejo
nada de maravilhoso em sua realização. O pecado é a minha falta de conformidade com a lei de Deus, e até
estarmos perfeitamente conformados com esta lei em toda a sua extensão e amplitude espiritual é inútil falarmos
sobre perfeita santificação: nenhum homem estará perfeitamente limpo até que aceite a pureza absoluta como o
padrão pelo qual ele deve ser julgado.

Enquanto haja em nós qualquer desvio da lei perfeita não somos perfeitos. Que verdade que inspira humildade é
esta! A lei não passará, mas deve ser cumprida. Esta verdade deve ser mantida, pois se ela acabar, nossos
cordões estarão soltos, não podemos fortalecer bem o mastro; o navio vai se despedaçar todo; tornar-se-á um
total desastre. O próprio evangelho seria destruído se você pudesse destruir a lei. Mexer com a lei é brincar com
o evangelho. “Até que o céu e a terra passem, um jota ou um til jamais passará da lei, até que tudo seja
cumprido” (Mat. 5:18).

II. Segundo: Venho mostrar, que A LEI DEVE SER CUMPRIDA. Espero que haja alguns neste lugar que
estejam dizendo, “Nós não podemos cumpri-la”. E é exatamente a isso onde quero levá-los. A salvação pelas
obras da lei deve ser vista como impossível por todos os homens que desejam ser salvos. Devemos aprender que
a salvação é pela graça mediante a fé em Jesus Cristo nosso Senhor, e não por nossas próprias ações ou
sentimentos; mas essa é uma doutrina que ninguém vai acolher até que tenha aprendido a verdade anterior, de
que a salvação pelas obras da lei jamais pode alcançar a qualquer homem nascido de mulher. No entanto, a lei
deve ser cumprida. Muitos dirão com Nicodemos: “Como pode ser isso?” (Jo. 3:9). Respondo, a lei se cumpre
em Cristo, e pela fé recebemos o seu fruto.

Primeiro, como já disse, a lei é cumprida no sacrifício imaculado de Jesus Cristo. Se um homem quebrou uma
lei, o que a lei faz com ele? Ela diz: “Eu devo ser honrada. Você quebrou o meu mandamento que foi
sancionado com a pena de morte. Na medida em que você não me honra por obediência, mas me desonrou pela
transgressão, você deve morrer”.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o grande representante do concerto de seu povo, o seu segundo Adão,
permaneceu firme no lugar de todos os que estão nEle, e apresentou-Se como vítima para a justiça divina. Uma
vez que o seu povo era culpado de morte, Ele, como o cabeça de sua aliança, passou por sob a morte em seu
lugar e permaneceu. Foi uma coisa gloriosa que tal morte representantativa se fizesse possível, e foi somente
por causa da constituição original da raça como procedente de um pai comum, e colocado sob uma única
cabeça. Na medida em que nossa queda foi de um Adão, foi-nos possível ser ressuscitados por outro Adão.
“Como em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos serão vivificados” (I Cor. 15:22).
Tornou-se possível para Deus, sobre o princípio da representação, permitir a substituição. Nossa primeira queda
não foi por nossa culpa pessoal, mas por falha de nosso representante; e agora vem nosso segundo e mais
grandioso representante, o Filho de Deus, e nos liberta, não por havermos honrado a lei, mas porque Ele assim o
fez. Ele veio sob a lei por Seu nascimento, e sendo achado como um homem carregado com a culpa de todo o
Seu povo, foi visitado com a sua penalidade. A lei levanta o seu sangrento machado, e isso fere a nossa gloriosa
Cabeça para que possamos sair livres. Ele é o Filho de Deus que cumpre a lei ao morrer, o justo pelos injustos.
“A alma que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:1-4)–-há morte requerida, e em Cristo a morte é apresentada. Vida
por vida é entregue: uma vida infinitamente preciosa ao invés das pobres vidas dos homens. Jesus morreu, e
assim a lei foi cumprida pela submissão a sua pena, e sendo cumprida, seu poder de condenar e punir o crente já
passou.

Em segundo lugar, a lei foi cumprida novamente para nós por Cristo em Sua vida. Eu já passei por isso, mas
quero firmá-los nisso. Jesus Cristo como nossa cabeça e representante veio ao mundo com a dupla finalidade de
suportar a pena e, ao mesmo tempo, observar a lei. Um de seus projetos principais em vir à Terra era “trazer a
justiça perfeita”. “Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos
pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos” (Rom. 5:19). A lei exige uma
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vida perfeita, e aquele que crê em Jesus Cristo apresenta à lei uma vida perfeita, que ele estabeleceu para si
mesmo pela fé. Não é sua própria vida, mas Cristo é feito justiça de Deus por nós, para nós mesmos, que somos
um com Ele. “Cristo é o fim da lei para justiça de todo aquele que crê” (Rom. 10:4). O que Jesus fez é contado
como se tivéssemos feito, e porque era justo Deus nos vê nEle e conta-nos justos sobre o princípio da
substituição e representação. Oh, quão abençoado é trajar este manto e usá-lo e, assim, levantar-nos diante do
Altíssimo numa melhor justiça do que a Sua lei exigia, porque exigia a justiça perfeita de uma criatura, mas nós
vestimos a justiça absoluta do próprio Criador, e o que pode a lei pedir mais? Está escrito: “Nos seus dias Judá
será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O Senhor Justiça Nossa”(Jer. 23:6).
“Foi do agrado do Senhor, por amor da sua justiça, engrandecer a lei e torná-la gloriosa” (Isa. 42:21).

Sim, mas isso não é tudo. A lei tem que ser cumprida em nós, pessoalmente, num sentido espiritual e
evangélico. “Bem”, você diz, “mas como pode ser isso?” Eu respondo nas palavras de nosso apóstolo: “O que
era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne” (Rom. 8:3), Cristo fez e está fazendo pelo Espírito
Santo, “para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo
o Espírito” (Rom. 8:4).

A regeneração é uma obra pela qual a lei é cumprida; pois quando um homem nasce de novo é colocada nele
uma nova natureza, que ama a lei de Deus e está perfeitamente conformado à mesma. A nova natureza que Deus
implanta em cada crente no momento em que nasce de novo é incapaz de pecar: ele não pode pecar, porque é
nascido de Deus. Essa nova natureza é a descendência do Pai eterno, e o Espírito de Deus habita nela e, com
ele, e o fortalece. É leve, é pura, e de acordo com a Escritura “semente viva e incorruptível que vive e
permanece para sempre”. Se é incorruptível, é sem pecado, pois o pecado é corrupção, e corrompe tudo que
toca. O apóstolo Paulo, ao descrever seus conflitos interiores, mostrou que ele próprio, seu verdadeiro e melhor
eu, cumpriu a lei, pois ele diz: “Então, com a mente eu mesmo sirvo à lei de Deus” (Rom. 7:25). Ele consentia
com a lei que era boa, que mostrava que estava do lado da lei e, apesar do pecado que habitava em seus
membros o levar à transgressão, ainda assim sua nova natureza não permitia isto, mas odiava e detestava isso, e
clamava contra isto como um escravo. A alma recém-nascida tem prazer na lei do Senhor, e não há nela uma
vida insaciável que aspira à perfeição absoluta, e nunca vai descansar até que pague a Deus obediência perfeita
e venha a ser como o próprio Deus.

Isso que é iniciado na regeneração continua e cresce até que finalmente chega à perfeição absoluta. Isso será
visto no mundo vindouro; e oh, que cumprimento da lei haverá lá! A Lei não vai admitir nenhum homem no céu
até que esteja perfeitamente conformado com isto, mas cada crente deve estar nessa perfeita condição. Nossa
natureza deve ser refinada de toda escória e ser como ouro puro. Será nosso prazer no céu ser santos. Não
haverá nada a nosso respeito, naquele tempo, que se manifeste contra um único mandamento. Vamos lá
conhecer em nossos próprios corações a glória e excelência da vontade divina, e nossa vontade deverá ser
executada no mesmo canal. Não devemos imaginar que os preceitos são rigorosos; pois eles serão a nossa
própria vontade tão verdadeiramente quanto são a vontade de Deus. Nada que Deus tenha ordenado, por maior
abnegação que exija agora, não vai exigir qualquer abnegação de nós depois. Santidade será o nosso elemento, o
nosso deleite, a nossa natureza será inteiramente conforme a natureza e a mente de Deus como a santidade e
bondade, e, em seguida, a lei será cumprida em nós, e vamos estar diante de Deus, tendo lavado nossas vestes e
as tendo branqueado no sangue do Cordeiro, e ao mesmo tempo, sermos nós mesmos, sem mácula, nem ruga,
nem coisa semelhante. Então a lei do Senhor terá a eterna honra de nosso ser imortal. Oh, como nos
alegraremos com isso! Nós nos alegramos nela segundo o homem interior agora, mas então vamos nos alegrar
nela em virtude de nossos corpos ressuscitados serem instrumentos de justiça para Deus para todo o sempre.

Nenhum desejo desses corpos ressuscitados, nenhuma carência e necessidade neles irá, então, levar a alma ao
desvio, mas todo o nosso corpo, alma e espírito estarão perfeitamente em conformidade com a mente divina.
Vamos esperar e aguardar por isso. Nunca o alcançaremos, exceto crendo em Jesus. Perfeita santidade nunca
será alcançada pelas obras da lei, pois as obras não podem mudar a natureza, mas pela fé em Jesus, a bem-
aventurada obra do Espírito Santo, devemos tê-lo, e então eu acredito que estará entre nosso cantos de glória o
de que o céu e a terra passarão, mas a palavra de Deus e a lei de Deus permanecem firmes para todo o sempre.
Aleluia! Aleluia! Amém.

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