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AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA

ESCOLA
A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS

Resumo
Uma proposta de gestão democrática e participação expressa um movimento em que as
atividades são pensadas como intenção clara e definida, devendo resultar de decisões
tomadas coletivamente. No bojo desse processo pretendemos neste trabalho apresentar
questões relacionadas à democratização da gestão escolar, assim como os meios e os
conflitos gerados nesse processo. Com isso, focaremos a participação e o conhecimento
dos pais em relação ao Conselho Escolar. Nessa perspectiva, organizamos o trabalho no
corpo do desenvolvimento em três momentos: primeiramente apresentamos os
embasamentos teóricos relevantes, no segundo momento descrevemos como se deu a
realização da coleta de dados na Escola X pesquisada e por fim procuramos traçar uma
análise a partir das respostas obtidas nesta coleta. Na metodologia, o fenômeno observado
sobre a participação dos pais, no contexto da Gestão Democrática, seguiu a estrutura de
um estudo qualitativo, sob a forma de um estudo de caso, de cunho exploratório, que foi
realizado na Escola X. Os dados foram obtidos por meio de entrevista, composto com
perguntas abertas acerca da investigação, da participação dos pais nos trabalhos da
escola, especificamente no Conselho Escolar. Os resultados evidenciam que a gestão
democrática é atualmente um valor ainda não totalmente compreendido e incorporado à
prática social no interior da escola pública.

Palavras-chave: Gestão Democrática, Conselho Escolar, Participação dos Pais.

1
Introdução

É necessário criar uma sociedade nova fundada na


dignidade do trabalho, na desalienação das classes
subalternas, na democracia, na igualdade social
vinculada à liberdade e a felicidade de todos.
(FERNANDES, FLORESTAN, 1992)

A epígrafe de Florestan Fernandes aponta para um sonho de todos os educadores


comprometidos com a verdadeira cidadania que almejam e lutam para concretizar.
Certamente, alcançar esse sonho implica em mudanças econômicas e sociais, mas,
sobretudo essa epígrafe nos convida a unir esforços rumo à concretização de uma sociedade
mais justa e com mecanismos claros de democracia e participação.
As discussões em torno da democratização do ensino e da educação não é assunto
novo, abrangendo um longo período até os dias atuais. Modificações foram surgindo ao
longo do tempo em âmbitos econômicos, políticos e culturais, e este é o momento em que o
movimento social e popular passa a lutar pela garantia do acesso à escola e à melhoria da
qualidade de ensino.
Foi perpassando por esses períodos de descontentamento e luta que se inicia um
movimento em favor da instalação de um modelo de gestão nas escolas calcado em
princípios democráticos, em favor da participação de todos os segmentos que compõem
essa instância educativa na discussão acerca de seu projeto administrativo e pedagógico.
Segundo Oliveira (1997, p.9)

No Brasil, embora a gestão democrática da educação figure como


norma jurídica desde a Constituição Federal de 1988, sua
regulamentação tem sugerido uma diversidade de interpretação que
variam segundo o lugar e os agentes envolvidos. A década de 90 tem se
apresentado como um momento ímpar nas formulações de propostas no
campo educacional, mais especificamente, da gestão da educação.

A gestão democrática se traduz enquanto um esforço, uma luta pra fazer da


escola um espaço de promoção da participação humana e palco de grandes mudanças e
transformações da sociedade. Sua premissa básica é a democracia, no entanto vivemos em

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uma sociedade que historicamente foi construída em bases autoritárias como nos diz Paro
(1998, p. 19):

Uma sociedade autoritária, com tradição autoritária, com organização


autoritária e, não por acaso, articulada com interesses autoritários de
uma minoria, orienta-se na direção oposta à democracia. Como
sabemos, os determinantes econômicos, sociais, políticos e culturais
mais amplos é que agem em favor dessa tendência, tornando muito
difícil toda ação em sentido contrário.

Na escola esse autoritarismo se traduz na verticalização das ações, de mando e


submissão. Nessa perspectiva um dos esforços da escola no seu molde moderno se dá no
sentido de implantar uma cultura democrática que permita “superar a atual situação que
faz a democracia depender de concessões e criar mecanismos que construam um processo
inerentemente democrático na escola”. (PARO, 1998, p. 19)
A proposta que contempla uma concepção democrática incorpora uma visão mais
orgânica do desenvolvimento. Tem como característica principal a valorização da
identidade sociocultural, apoiando-se nas associações e nas instituições locais. Nesse
sentido: “A escola constitui um espaço estratégico para o desenvolvimento de ações
coletivas que materializam o exercício de sua função social”. (AGUIAR, 2006, p. 22)
Falar em gestão democrática da educação nos remete ao conceito de participação.
Esta pode incorrer em diferentes contornos e traduzir-se em diferentes organizações que
podem dinamizar o envolvimento da comunidade na escolar. Paro (1998, p. 20) nos diz
que é imprescindível que a participação aí se dê. Sem ela, não se fará uma escola
verdadeiramente universal e de boa qualidade no Brasil”.

Ferreira (2006, p. 173) ressalta que:

A tomada de consciência da necessidade de decidir e o posterior


processo de decisão, quando feitos no coletivo, propiciam a riqueza de
ideias, o debate, o confronto de argumentos diferentes, que se
constroem no próprio processo coletivo de consciência do problema em
questão. A construção coletiva se faz na participação, ou seja, quando
se compreende e se incorpora que participar consiste em ajudar a
construir comunicativamente o consenso quanto a um plano de ação
coletivo.

O Conselho Escolar é uma das instâncias da gestão democrática que viabiliza a


participação da comunidade escolar na vida da escola. A escola precisa organizar-se

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democraticamente com vistas a objetivos transformadores, ela é um espaço privilegiado
para a instauração da democracia, no sentido de elaborar uma nova concepção de mundo.
Para Schlesener (2006, p.186):

Ampliar as atividades do conselho escolar, no sentido de transformá-lo


em conselho gestor, significa trazer a comunidade para um trabalho que
é tanto político quanto produtor de conhecimento, abrir a escola para o
debate das necessidades essenciais da comunidade e construir o
processo educativo como prática social.

No dia 24 de agosto de 2009, estivemos na Escola X1, a fim de coletar dados


sobre a participação dos pais na escola, tendo em vista que a participação é uma questão
sine qua non quando o assunto é gestão democrática.
Chegamos às 06h30min da manhã e fomos recebidas pelas funcionárias dos
serviços gerais que gentilmente informaram-nos que o horário de entrada dos alunos seria
as 07h00min horas da manhã. Agradecemos à informação, pedimos permissão para
guardar nossas bolsas na secretaria. Dessa forma, nos dirigimos para a porta da escola e
demos início à pesquisa.
Em um primeiro momento percebemos que uma parte das crianças chegavam
sozinhas, algumas nem entravam e iam direto para o centro comunitário que se encontra
em frente à escola. Segundo a coordenação, 45% dos alunos chegam sem os pais, ou seja,
vão desacompanhados de um adulto para a escola. Esse foi um dado que nos causou
surpresa uma vez que esperávamos encontrar um número significativo de pais.
Ás 06h50min foi possível entrevistar o primeiro pai que respondeu ao
questionário apressado, relatando que tinha horário para chegar ao trabalho e precisava
pegar o coletivo. O mesmo aconteceu com os outros sujeitos que aceitaram responder as
perguntas, alguns optaram por não participar. As 08h30min encerramos a coleta de
dados.
Para conseguirmos visualizar os resultados com mais clareza e objetividade
transformamos as respostas dos entrevistados em gráficos que foram anexados no
trabalho. Após a análise das respostas constatamos a partir do texto disponibilizado pela

1
Não identificaremos a escola.

4
professora Rosimery, que a participação de alguns pais na escola se dá de forma passiva,
que segundo Juan Dias Bordenave “Ao “fazer parte” de um grupo à pessoa pode apenas
estar presente nele, sem necessariamente envolver-se nas tomadas de decisão ao manter
uma atitude de indiferença”. (PETTER, s/p).
Em conversas informais os pais e/ou responsáveis revelaram que não participam
da vida da escola em função da falta de tempo, estes gostariam de estreitar os laços com a
instituição escolar, 83% dos entrevistados evidenciaram esse desejo. 2 Para isso sugerem
que a escola divulgue os momentos em que possam participar e encontre horários
flexíveis.3
O gráfico três4 indicia que 65% dos entrevistados não conhecem o Conselho
Escolar, perguntada sobre como informa e divulga as decisões do Colegiado, a escola
respondeu que disponibiliza as informações no mural, o que parece entrar em divergência
com o que foi revelado no levantamento de dados. Segundo, Bordenave a informação
consiste no menor grau de participação, pois “os participantes podem ser ou não
informados sobre as decisões tomadas pelos dirigente”. (PETTER, sem página.)
Embora a escola afirme manter a comunidade escolar informada sobre as decisões
do Conselho Escolar fixando o que há de relevante no mural, este meio parece não está
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conseguindo atingir os pais e/ou responsáveis. O gráfico um indica que a reunião de
pais se configura como o melhor momento para sensibilizar os pais e/ou responsáveis a
participarem do Colegiado, uma vez que 49% declararam freqüentar essas reuniões.
Ao visitarmos a escola em outros momentos percebemos que nos murais não
havia qualquer menção as decisões do Conselho. Em uma das falas do secretário ficou
evidente que a equipe gestora só implantou a gestão democrática e o Conselho Escolar
porque a lei regulamentou essa exigência como obrigatória para o repasse de verbas.
Dessa forma, a instituição escolar deixou transparecer qual era sua concepção de
participação e democracia.
Sabemos que a participação da comunidade na gestão encontra muitas
dificuldades como nos diz Paro (1998, p.16)

2
O gráfico dessa porcentagem se encontra na página7.
3
O gráfico dessa porcentagem se encontra na página 7.
4
O gráfico dessa porcentagem se encontra na página 7.
5
O gráfico um se encontra na página 7.

5
A participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um
sem-número de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos
requisitos básicos e preliminares para aquele que se disponha a
promovê-la é estar convencido da relevância e da necessidade dessa
participação, de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades.

Mas sabemos também que não é impossível. Precisamos superar essa cultura
autoritária onde a figura do diretor ainda é central nas decisões da escola e o poder é
centralizado, além disso, superar a cultura do “caminho mais fácil e mais rápido”. É
possível construirmos uma sociedade mais justa, em face de que “a democracia, enquanto
valor universal e prática de colaboração recíproca entre grupos e pessoas, é um processo
globalizante que, tendencialmente, deve envolver cada indivíduo, na plenitude de sua
personalidade. Não pode haver democracia plena sem pessoas democráticas para exercê-
la”. (PARO, 1998, p.25)

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Anexos

Gráfico 1 - Gráfico 3 -

Atividades que participavam na escola Conhece ou participa do Conselho Escolar .

3; 17%
1; 6%
9; 49% 5; 22% 3; 13%
1; 6%
1; 6%
3; 16%
15; 65%

Reunião de pais Festas comemorativas


Conselho Escolar Palestras
Conhece e não participa Não conhece Go
Projetos Pouco participa

Gráfico 2 - Gráfico 4 -

Gostaria de participar mais das Sugestões para que haja maior participação dos
pais.
atividades da escola?
14%
29%
3; 17% 7%

7%
7%
Sim 7%
29%

Mais divulgação
15; 83% Não Professores mais gentis
Incentivar a leitura
Mais participação dos pais
Já participa
Não pensou
Horários flexíveis

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Conclusão

Este trabalho nos permitiu perceber que após vinte e dois anos da implantação
através da Lei 5.029 que regulamenta a gestão democrática constamos que este modelo
de gestão escolar caminha a passos lentos. Ainda não temos uma participação da
comunidade na tomada de decisão, em contrapartida a escola parece não ouvir o apelo
daqueles que de alguma forma participam e estão envolvidos com o processo: os pais
e/ou responsáveis.
Estes revelam que apesar de não terem tempo em função dos compromissos do
dia a dia, gostariam de participar ativamente das atividades da escola e para que isso
ocorra efetivamente sugerem que a instituição seja flexível com os horários e divulgue as
possíveis ocasiões onde a participação seja relevante.
Na contramão do que os pais revelaram, a escola relata que divulga as decisões do
Conselho Escolar e que mesmo quando não há quórum nas reuniões, decidem o que
precisa ser decidido.
Foi importante perceber que o diagnóstico é uma ferramenta valiosa quando se
pretende mapear a realidade do entorno da escola e planejar inferências que busquem
atender as necessidades reveladas. Ao ouvirmos os pais demos voz a um dos atores
envolvidos no cotidiano da escola e podemos identificar o que almejam e o que esperam.
Embora exista divergência entre o que diz os pais e o que diz a escola, os dados apontam
para um caminho e alerta a instituição sobre o que precisa ser enfocado: os pais
evidenciam que querem participar!
A escola é um espaço estratégico para o desenvolvimento das ações coletivas,
além disso, é legitimada pela sociedade e pode tentar construir uma cultura democrática
não só entre alunos, professores e equipe gestora, mas também expandir sua atuação entre
a comunidade. O que não pode acontecer é que fiquemos esperando que a sociedade
mude para que a escola mude também, é preciso que haja um esforço coletivo que
garanta e resguarde a escola como uma instância da ação democrática.
Como diz Paro (1998, p.17) nós não pretendemos

trazer receitas ou fórmulas infalíveis que, se aplicadas, promoveriam a


participação completa e inexorável da população na escola. Se essas

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fórmulas existissem, estou certo de que já teriam sido aplicadas por
inúmeros educadores e administradores escolares bem intencionados,
que se vêem permanentemente às voltas com as enormes dificuldades
que se antepõem à participação no âmbito da prática escolar.

Sensibilizar a comunidade a participar das decisões da escola é um caminho que


se faz caminhando e a escola não deve negligenciar seu “poder” e ser um dos agentes
transformadores da prática social.

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Referências Bibliográficas

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Políticas públicas e gestão da educação: polêmicas,


fundamentos e análises. Naura Syria Carapeto Ferreira (Organizadora)…[et al.]. –
Brasília: Líber Livro Editora, 2006.

______________________. Gestão Democrática na formação do profissional da


educação: a imprescinbilidade de uma concepção. Políticas públicas e gestão da
educação: polêmicas, fundamentos e análises. Naura Syria Carapeto Ferreira
(Organizadora)…[et al.]. – Brasília: Líber Livro Editora, 2006.

LÜCK, Heloísa. Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus


gestores. Em Aberto – Gestão e formação de gestores. Brasília. V 17, n. 72, p. 11-33,
Brasília. V. 17, p. 167-477, fev/jun, 2000.

OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org.) Gestão democrática da educação: desafios


contemporâneos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo, Ática, 1997.

__________________. Por dentro da Escola Pública. 2. ed. São Paulo: Xamã, 1996.

SCHLESENER, Helena Anita. Gestão Democrática da educação e formação dos


conselhos escolares. Políticas públicas e gestão da educação: polêmicas, fundamentos e
análises. Naura Syria Carapeto Ferreira (Organizadora)…[et al.]. – Brasília: Líber Livro
Editora, 2006.

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