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Léa Resende Moura, Arthur Francisco Júnior, Stiwens R. Trevisan Orpinelli, Manoel Marcelo da Silva
Francisco, Humberto Eustáquio Coelho
SARCOCYSTIS NEURONA ASSOCIADO À MIELOENCEFALITE PROTOZOÁRIA EQÜINA EM
PIRENÓPOLIS-GO: RELATO DE CASO
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. XII, núm. 2, 2008, pp. 139-149,
Universidade Anhanguera
Brasil
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www.redalyc.org
Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
Ensaios e Ciência: SARCOCYSTIS NEURONA ASSOCIADO À
Ciências Biológicas, MIELOENCEFALITE PROTOZOÁRIA EQÜINA EM
Agrárias e da Saúde PIRENÓPOLIS-GO: RELATO DE CASO
V. XII, Nº. 2, Ano 2008
RESUMO
Léa Resende Moura
Faculdade Anhanguera de Anápolis A mieloencefalite protozoária eqüina (MPE) é uma grave enfer-
lea_vet@hotmail.com
midade neurológica de eqüinos, causada principalmente pelo pro-
tozoário Sarcocystis neurona, caracterizada por alteração na mar-
cha, ataxia assimétrica dos membros posteriores, paralisia facial,
fraqueza e atrofia muscular. É transmitida por gambás do gênero
Arthur Francisco Júnior
Didelphis que se infectam pela ingestão de tecido muscular que
Faculdade Anhanguera de Anápolis contém sarcocistos provenientes de um hospedeiro intermediário
arthur.francisco@latinoamericana.edu.br infectado. Os eqüinos adquirem a doença acidentalmente quando
comem alimentos contaminados com fezes de gambás, que possu-
em esporocistos infectantes. Depois de ingeridos, os esporocistos
Stiwens R. Trevisan Orpinelli migram do trato intestinal para a corrente sanguínea, ultrapassam
Faculdade Anhanguera de Anápolis a barreira hematoencefálica e atacam o sistema nervoso central. O
stiwensvet@ahoo.com.br objetivo foi relatar um caso de mieloencefalite protozoária eqüina
no município de Pirenópolis, Estado de Goiás. O diagnóstico ba-
seou-se nos sinais clínicos, achados anátomo-patológicos e no re-
sultado positivo para anticorpos contra Sarcocystis neurona no soro
Manoel Marcelo da Silva Francisco
sanguíneo pela técnica de Western blot.
Faculdade Anhanguera de Anápolis
marcelo.francisco@facnet.com.br Palavras-Chave: Equinos, Didelphis, incoordenação motora, parasita,
sistema nervoso.
1. INTRODUÇÃO
que 60 % dos eqüinos tiveram melhora nos déficits neurológicos. Outro coccidiostático
utilizado é o toltrazuril na dose diária 5 a 10 mg/kg, por via oral, por 30 dias. Além
destes, nitazoxanida outro agente antiprotozoário, também pode ser utilizado na dose
de 25 mg/kg, a cada 24 horas, por 5 dias, seguidos de 50 mg/kg, a cada 24 horas, du-
rante 23 dias. Agentes antiinflamatórios não esteroidais e DMSO, podem ser úteis, par-
ticularmente, nas fases iniciais do tratamento.
2. RELATO DE CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário São Francisco de Assis da Faculdade Latino Ame-
ricana no município de Anápolis, Goiás, um Eqüino, macho, SRD, 7 anos, proveniente
de Pirenópolis, Goiás, com histórico de dificuldade em se levantar, locomoção e inco-
ordenação a mais ou menos 4 dias. O animal era utilizado para lida com gado de corte,
criado a pasto sem complementação alimentar e vacinado contra raiva. Houve também
histórico de outros dois animais que vieram a óbito em um período de três meses, com
os mesmos sinais clínicos. Ao exame clínico contatou-se incoordenação motora pro-
gressiva, déficit proprioceptivo, fraqueza muscular, ataxia, hiperestesia, sonolência,
ranger de dentes, cegueira evidenciada por miose permanente e pela incapacidade de
desvio a obstáculos, cabeça pendente, apoio contra obstáculos, disfagia e sialorréia. O
animal apresentou temperatura retal de 37,7°C, freqüência respiratória de 25 rpm, fre-
qüência cardíaca de 48 bpm, em estação, com postura e estado mental sem alteração,
micção e defecação normais. Foi realizado exame físico com completa avaliação do sis-
tema nervoso e locomotor.
Amostras de sangue total foram obtidas a cada 2 dias após anti-sepsia por
meio de punção da veia jugular em tubos a vácuo (Labnew, Ind. Comércio Ltda, Cam-
pinas, SP, Brasil.) com anticoagulante para realização do hemograma e sem anticoagu-
lante para obtenção do soro sanguíneo. O soro sanguíneo foi encaminhado congelado
para realização da pesquisa de anticorpos contra antígenos de S. neurona pelo teste de
Western blot (Equine Biodiagnostic, Lexington, KY, USA). As contagens de eritrócitos
foram realizadas na câmara de Neubauer e a contagem diferencial de leucócitos, em es-
fregaços sangüíneos corados pelo Leishman, seguindo recomendações de Jain (1986). A
determinação do volume globular foi efetuada pelo método do microhematócrito
(Quimislabor, Marília, SP, Brasil) e a determinação da hemoglobina, pelo método da
cianometahemoglobina.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mesmo que não seja possível a visualização dos parasitos, deve-se suspeitar
de EPM quando as alterações histopatológicas forem compatíveis com as da doença
(HAHN et al., 1999).
Figura 2. Microscopia (H.E.) 100x. Medula espinhal com áreas de gliose reacional.
Figura 3. Microscopia (H.E.) 40x. Medula espinhal com manguito perivascular linfocitário.
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