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COMISSÃO EPISCOPAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Curso
de

iniciação

Guia do Formador

SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

JULHO 1999
Colecção FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS

1. FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS, Plano de Acção, 1997


2. CURSO DE INICIAÇÃO
– Livro do Formando
– Guia do Formador
3. CURSO GERAL I, Esquemas e desenvolvimento
(em preparação)
4. CURSO GERAL II, Esquemas e desenvolvimento
(em preparação)
5. CURSO DE FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS-COORDENADORES,
Esquemas e desenvolvimento
(em preparação)
6. CURSO DE FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS-FORMADORES,
Esquemas e desenvolvimento
(em preparação)

Todos os Direitos Reservados para o SNEC

Equipa de trabalho
P. Inácio Belo
P. Jorge Marques
Dra. Maria Luisa Boléo
Capa
Miguel Cardoso
Coordenação e redacção final
P. António Pereira Felisberto
Responsável do Departamento da Catequese
da Infância e Adolecência

Revisão e coordenação geral da edição


P. Querubim José Pereira da Silva
Director do Secretariado Nacional da Educação Cristã

fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã


Quinta do Cabeço, Porta D – 1885-076 MOSCAVIDE
Telef.: 21 885 12 85  Fax: 21 885 13 55  E-mail: snec@snec.pt  www.educris.com
O segredo de uma boa catequese reside nos seus catequistas.

Esta é uma certeza que tem norteado a Comissão Episcopal e


o Secretariado Nacional da Educação Cristã, certeza bem re-
cordada pelos participantes dos últimos Encontros Nacionais
dos Secretariados Diocesanos da Catequese da Infância e Ado-
lescência.

O novo Directório Geral da Catequese veio confirmar como


prioritária esta necessidade de formar bem os nossos catequistas:
“A pastoral catequética diocesana deve dar absoluta prioridade
à formação dos catequistas leigos” (D.G.C., 234).

Ao publicar em 1997 o Plano de “Formação dos Catequis-


tas”, o Secretariado Nacional comprometeu-se a colaborar
nesta urgente tarefa de preparar os nossos catequistas para a
missão a que generosamente se entregam. E a primeira ajuda,
fundamental e decisiva, é levá-los a compreender bem o que
é ser catequista; por outras palavras, ajudá-los a perceber que
transmitir a fé num “acto catequético” é coisa muito diferente
de uma aula de religião. Trata-se de um “encontro” de pessoas
crentes, feito em Igreja e sob a acção do Espírito Santo, em que
o semeador lança para o terreno dos corações a semente da
Palavra.

3
Tudo isto é explicado em resposta a perguntas muito concre-
tas que o índice deste caderno coloca em destaque. O método de
resposta, indutivo e participativo, é já ele também um exercício
de rodagem nos processos activos que são hoje os das nossas
escolas e hão-de ser também os dos nossos encontros de cate-
quese.

Mas que a dinâmica das reuniões previstas neste curso não


distraia do principal: dar aos novos catequistas a consciência
esclarecida da sua missão, a convicção bem enraizada de que
a catequese não se deve ver com perspectivas de escolaridade
mas com olhos de fé.

Instantemente o pedimos ao Catequista Formador, para que


melhor o percebam os catequistas formandos.

Que a um e outros ilumine o Espírito de Deus.

Coimbra, 17 de Junho de 1999

D. Albino Mamede Cleto


Presidente da Comissão Episcopal
da Educação Cristã

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Siglas
AG – Concílio Vaticano II, Ad Gentes, Decreto sobre a Activi-
dade Missionária da Igreja
CIC – Catecismo da Igreja Católica
CT – João Paulo II, Exortação Apostólica Catechesi Tradendae
sobre a Catequese no nosso tempo
DGC – Directório Geral da Catequese, 1997
DV – Concílio Vaticano II, Dei Verbum, Constituição dogmática
sobre a Revelação Divina
EN – Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, Exortação Apostólica sobre
a Evangelização no Mundo actual
PFC – Formação de catequistas – Plano de Acção
Fidei Depositum, Constituição Apostólica para a publica-
FD –
ção do Catecismo da Igreja Católica, redigido depois do
Concílio Ecuménico Vaticano II.

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Bibliografia

Apresentamos um pequeno elenco de textos sobre a catequese que possam


estar acessíveis aos catequistas e até a outros agentes de pastoral nas nossas
­comunidades cristãs.
Assim, queremos contribuir, indicando instrumentos, para a formação perma-
nente.
Sugere-se mesmo a constituição de uma biblioteca paroquial onde os
catequistas possam consultar e utilizar estes e outros textos para a sua
formação.
A esta listagem podem acrescentar-se as obras apresentadas na bibliografia
dos Guias dos 10 volumes de catequese da Infância e Adolescência.

BÍBLIA
CONCÍLIO ECUMÉNICO DO VATICANO II (1965)
PAULO VI, Evangelii Nuntiandi, Exortação Apostólica sobre a evangeli-
zação no mundo actual (1975)
JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Catechesi Tradendae sobre a
catequese no nosso tempo (1979)
JOÃO PAULO II, Redemptoris Missio, Carta encíclica sobre a Missão de
Cristo Redentor (1990)
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (1992)
DIRECTÓRIO GERAL DA CATEQUESE (1997)
GATTI, Gaetano, Ser Catequista Hoje, Ed. Paulistas, Lisboa 1984.
HOTYAT, F., Psicologia da Criança e do Adolescente, Ed. Livraria
­Almedina, Coimbra 1978.
OTERO, Luís e BRULLES, Joan, Partilhar a Fé - Identidade e Espiritua-
lidade do Catequista, Ed Salesianas, Porto, 1995.
REY MERMET, A Fé explicada aos Jovens e Adultos, Ed. Paulinas,
S. Paulo 1979.
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Audiovisuais
e Educação da Fé, Lisboa 1981.
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Formação
Cristã de Adultos, Lisboa 1988.
SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Catequese
em Renovação, Lisboa 1989.

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1. MODALIDADE DO CURSO

Este curso poderá ser realizado segundo várias modalida-


des, conforme as conveniências locais:

– Num fim-de-semana intensivo, de sexta-feira à noite até


domingo à tarde, prevendo a participação na Eucaristia, pre-
ferencialmente como Encerramento do Curso. Neste caso,
será necessário organizar um horário que possa incluir os
cinco Módulos, com as adaptações necessárias.

– Em três dias, de manhã e de tarde, desenvolvendo dois


temas por dia.

– Em serões diferentes para cada um dos Módulos, adapta-


do pela Equipa Formadora.

– Em serões de duas horas, tendo como ponto de referência


o esquema que se segue:

Serão I
Introdução (40 min)
Módulo 1 – O que é a Catequese
1. A realidade da nossa Catequese (50 min)
2. Como catequiza Jesus
(Até ao final do trabalho de grupos, 35 min)

Serão II
2. Como catequiza Jesus (Com início no Plenário, 35 min)
3. O que diz a Igreja acerca da Catequese (60 min)

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Guia do Formador

Módulo 2 – Quem é o Catequista


1. A imagem do catequista (Até ao final do trabalho de
grupo, 25 min)

Serão III
1. A imagem do catequista (Com início no Plenário, 35 min)
2. A imagem do catequista à luz da Bíblia (60 min)
3. A imagem do catequista à luz dos documentos da Igreja
(Até ao final do trabalho de grupo, 30 min)

Serão IV
3. A imagem do catequista à luz dos documentos da Igreja
(Com início no Plenário, 40 min)
Módulo 3 – O que anuncia a Catequese
1. Dificuldades no anúncio da Boa Nova (50 min)
2. O que anunciar hoje na Catequese
(Até ao trabalho de grupo 20 min)

Serão V
2. O que anunciar hoje na Catequese
(Com início no Plenário 60 min)
3. Que anúncio faz hoje a Igreja (60 min)

Serão VI
Módulo 4 – A quem anuncia o Catequista
1. A identidade dos destinatários da catequese (80 min)
2. A palavra de Deus deve ser anunciada a toda a Humani-
dade (40 min)

Serão VII
3. Todos precisam de ser catequizados (60 min)
Módulo 5 – Como anuncia o Catequista
1. O itinerário catequético (40 min)

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Observações Preliminares

Serão VIII
2. Apresentação de uma catequese (80 min)

Serão IX
3. Fidelidade a Deus e fidelidade ao Homem (60 min)
Celebração Final (40 min)
Nota: Apresentamos esta reformulação apenas como uma aju-
da, mas sublinhamos que, embora alguns Módulos eTemas
sejam divididos ao meio, desta forma poderá manter-se
a unidade de todo o Curso. O facto de, nalguns casos, se
terminar a sessão do Curso com o trabalho de grupo e se
abrir a nova sessão com o plenário tem, pelo menos, duas
vantagens: por um lado, permite uma revisão dos conteú­
dos apresentados no dia anterior, facilitando, assim, a liga-
ção entre as duas sessões; por outro, como metodologia
pedagógica, permite a persistência de tensão, isto é, os
participantes vão para casa com uma tarefa por concluir e
com a necessidade de continuar o curso com a sua própria
exposição (em Plenário).

2. FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS FORMADORES


Este curso supõe uma preparação prévia dos Catequis-
tas Formadores. Esta formação deve ser realizada pela
equipa diocesana, convocando os possíveis Catequistas For-
madores e fazendo com eles este Curso que os capacite para
a orientação de outros catequistas.
Cada Curso pode ser orientado por um ou mais Catequistas
Formadores.

3. METODOLOGIA

Este esquema foi pensado segundo uma metodologia


activa e participada, de acordo com o Plano de Formação de
Catequistas (Formação de Catequistas: Plano de acção,

9
Guia do Formador

SNEC, 1997, p. 77). Assim, a dinâmica de cada sessão consta


de: sensibilização e apresentação do tema, trabalho de grupo,
plenário, síntese feita pelo Catequista Formador, momento de
oração, canto e convívio.

A síntese deve ser previamente elaborada pelo Catequista


Formador, com a ajuda da Bibliografia indicada e do Vocabulá-
rio do Catequista. O Catequista Formador apresentará por
escrito os pontos considerados essenciais de modo a que os
participantes possam ficar com o registo dessa síntese.

Os temas seguem a ordem apresentada no Plano de Acção


para a Formação de Catequistas, embora cada Equipa de For-
mação possa alterar essa ordem, se o considerar oportuno.

4. De acordo com a metodologia de trabalho apresentada,
este curso de formação tem dois livros:
– Um livro do participante com:
• o esquema geral do curso;
• as questões para a reflexão em grupos;
• a indicação dos textos bíblicos;
• a transcrição dos textos do Magistério da Igreja;
• espaços disponíveis para tomar notas da reflexão no gru-
po, do plenário e da síntese final de cada plenário;
• cânticos e textos para a oração;
• vocabulário do catequista: notas explicativas ou um pe-
queno dicionário com uma explicação das palavras mais
utilizadas.
• questões para reflexão.

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Observações Preliminares

– Um outro livro do Catequista Formador com:


• todos os elementos que constam do livro do participante;
• indicações metodológicas, com sugestões e propostas
sobre o modo como orientar cada sessão;
• elementos para ajudar o Catequista Formador na sínte-
se final de cada plenário, de modo que possa completar
e apresentar todos os elementos mais importantes de
cada tema.

5. Assim, vamos utilizar vários tipos de letra. Todos os
textos escritos neste tipo de letra, bem como as SÍNTESES,
figuram apenas no Livro do Catequista formador.

Pareceu-nos interessante que, fornecendo-se o “esqueleto


do curso”, cada participante possa ir construindo o texto de
todo o curso, através de um trabalho pessoal e uma partici-
pação activa.

6. Vai-se indicando, entre parêntesis, o tempo de cada um
dos momentos da sessão, para orientação do Catequista
Formador. Esta indicação é orientativa e deve ser ajustada à
realidade do grupo em presença, de acordo com a organização
do espaço e tempo de cada Curso.

7. O Catequista Formador, com a colaboração de uma equi-
pa local, deverá coordenar a preparação da sala de encontro,
criando o melhor ambiente possível, com as cadeiras neces-
sárias, flores, música ambiente, cartazes, um quadro ou folhas
de papel, marcadores..., de modo que se torne um ambiente
agradável e acolhedor.
Neste ambiente, deve-se valorizar a presença da Bíblia,
colocando-a em lugar de destaque.

11
Guia do Formador

8. Cada participante deve levar para as sessões a sua Bíblia.


Convém estimular também a aquisição do DGC, da CT e da EN.

9. Propomos dois tipos de cânticos:

– Cânticos de mensagem, que congreguem e animem o grupo


de participantes e sejam como que “separadores” entre os
diversos momentos de cada sessão de formação.
– Cânticos que suscitem e proporcionem por si mesmo mo-
mentos de oração.

10. Os cânticos apresentados são sugestões que se


adaptam ao tema em reflexão. Serão usados todos ou par-
te, conforme as circunstâncias. Podem ainda ser escolhidos
outros, mais da sensibilidade do grupo em presença. Neste
caso, o Catequista Formador terá em conta a importância dos
cânticos, pois que eles ajudam a interiorização e reflexão feita
ou a fazer e facilitam a aquisição de conhecimentos, fazendo
parte integrante da proposta do curso.

12
(40 min)

MATERIAL A UTILIZAR
• Um quadro grande com os temas do curso: fotocópia am-
pliada ou cartaz do esquema geral de todo o curso. Esta
informação deve estar presente em todas as sessões do
curso, de modo que se vejam claramente os passos já dados
e os que se seguem.

• Livro do participante, em número suficiente para todos os


participantes previamente inscritos.

• Folhas com as letras dos cânticos para todos os partici-


pantes, se o Catequista Formador escolher outros cânticos
mais adaptados à realidade local.

• Material para a constituição dos grupos: nomes das Tri-


bos de Israel (ICr 2, 1-2), nomes das Igrejas da Ásia Menor
(Ap 1, 11), nomes dos Catecismos ou Fases, ou Módulos
deste Curso de Iniciação.

• Crachás, em cartolina ou outro material, para serem distri-


buídos a cada participante, à sua chegada, e onde cada um
possa escrever o nome e a paróquia a que pertence.

13
Guia do Formador

Objectivo Geral
despertar para a necessidade de formação
que capacita para o desempenho
da missão do catequista.

1. Cântico: Deus precisa das tuas mãos. 8

2. Apresentação do Catequista Formador do curso e/ou Equipa


Formadora, dos Participantes e das suas Paróquias.

Modalidade A:
– Esta apresentação pode ser feita através de várias téc-
nicas, conforme o número de participantes, por paróquias
ou comunidades (no caso de o curso ser inter-paroquial),
através de binas: cada um apresenta o seu par, dizendo o
nome, há quanto tempo faz catequese ou porque quer
ser catequista.
– O Catequista Formador poderá ir tomando nota das mo-
tivações que forem surgindo.

Modalidade B:
Nesta segunda modalidade, o Catequista Formador po-
derá aproveitar para fazer o acolhimento e apresentação
dos participantes e, ao mesmo tempo, a formação dos
grupos (nº 6). Se considerar oportuno pode ainda falar de
um tema preparatório de uma catequese: o Acolhimento.
a) Procedimentos:
– À chegada, junto com a distribuição dos crachás, ou
depois, quando estiverem todos nos seus lugares,
o Catequista Formador distribuirá a cada partici-
pante uma parte (sílaba) da frase de um dos vários
módulos (cada módulo terá uma cor diferente).

14
Introdução

– Pedirá, na altura própria, que cada um procure, jun-


tando-se a alguns dos outros participantes, comple-
tar a frase respeitante ao módulo que lhe pertence.
– Formar-se-ão então os grupos por módulos.
– Poderão, então, apresentar-se, dizendo o que esta-
va previsto na modalidade anterior
b) Reflexão sobre o Acolhimento
A partir da forma como foram acolhidos os participan-
tes, fazendo uma reflexão dialogada sobre o que aconte-
ceu, o Catequista Formador fará uma breve apresentação
sobre a importância do Acolhimento em Catequese.
Poderá ter como ponto de referência o texto - Anexo
I, B-1.

3. Apresentação do Plano do Curso de Iniciação.


Esta apresentação pode ser feita com a intervenção dos
grupos que têm os respectivos “nomes” dos módulos e através
do quadro que se segue (ver MATERIAL A UTILIZAR):

AO CURSO DE INICIAÇÃO
MODÚLO I – O Que é a Catequese

Tema 1  A realidade da nossa catequese


Tema 2  Como “catequiza” Jesus
Tema 3  O que diz a Igreja acerca da catequese
MODÚLO II – Quem é o Catequista

Tema 1  A imagem do catequista


Tema 2  A imagem do catequista à luz da Bíblia
Tema 3  A imagem do catequista à luz dos
documentos da Igreja

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Guia do Formador

MODÚLO III – O que anuncia a Catequese

Tema 1  Dificuldades no anúncio da Boa Nova


Tema 2  O que anunciar hoje
Tema 3  Que anúncio faz hoje a Igreja
MODÚLO IV – A quem anuncia o Catequista

Tema 1  A identidade dos destinatários da Catequese


Tema 2  A palavra de Deus deve ser anunciada a toda
a humanidade
Tema 3  Todos precisam ser catequizados

MODÚLO V – Como anuncia o Catequista

Tema 1  O itinerário catequético


Tema 2  Apresentação de uma catequese
Tema 3
 Fidelidade a Deus e fidelidade ao Homem

Este Curso de Iniciação, que vamos começar, assume as propos-


tas do Plano de Acção para a Formação de Catequistas da Comissão
Episcopal da Educação Cristã.
Está no seguimento da preocupação e responsabilidade que a
Igreja sente no que concerne à sua missão profética, concretizada
neste campo específico da catequese.
Acreditamos que a renovação da catequese começa com a cri-
teriosa escolha e sólida formação de catequistas para os tempos de
hoje, “que não pode ser descuidada em proveito da actualização
dos textos e de uma melhor organização da catequese” (DGC 234).
Assim, na busca contínua da dupla fidelidade a Deus, que ani-
ma e conduz a Igreja, e ao homem da história presente, onde se

16
Introdução

actualiza a salvação de Deus que nela irrompeu em Jesus Cristo,


apresentamos este contributo para que a Igreja possa, com maior
eficácia, mais convictamente, mais empenhadamente, mais alegre-
mente, promover, através de uma catequese mais viva e activa, o
amadurecimento da fé inicial dos crentes (ou mesmo o seu des-
pertar para a fé), o seu encontro pessoal com Jesus Cristo e a sua
iniciação na vida da Igreja.
Na perspectiva do Plano de Formação de Catequistas, a mes-
ma formação deve ser “permanente e progressiva, orientada
para a maturidade humana e cristã e para a preparação espe-
cífica, deve também processar-se em diversas etapas e cursos”
(Cf. PFC 19).
Ainda segundo o Plano, estamos a iniciar a primeira etapa – a
formação inicial – sob a forma deste curso, que pretende “pro-
porcionar uma preparação e uma formação indispensável para o
exercício da função de catequista na Igreja” (PFC 21). Destina-se,
pois, a todos os candidatos a catequistas, de tal modo que ninguém
devia começar a actividade catequética “sem ter realizado previa-
mente esta formação” (PFC 21).
Tem como objectivos essenciais:
– “Descobrir e fazer apreciar a vocação de catequista, inseri-
do na missão da Igreja”;
– “Proporcionar a preparação inicial necessária para exercer
a missão de catequista”.
Está organizado em cinco Módulos:
O primeiro Módulo refere-se à realidade da catequese, partindo
das motivações dos que a procuram e dos que a fazem, descobrindo
a forma de Jesus catequizar e apresentando o que diz a Igreja de hoje
sobre a catequese. É o módulo de base, pois só a partir de uma noção

17
Guia do Formador

sólida e segura do que seja a catequese se pode realizá-la eficazmen-


te, articulando-a, sem a confundir, com as outras tarefas da Igreja.
O segundo Módulo pretende fazer-nos descobrir a imagem que
o catequista tem de si próprio e que os outros têm; apresenta-nos o
referencial bíblico do catequista e a identidade do mesmo à luz dos
Documentos do Magistério. Pretende-se, assim, que ele se descubra
Chamado por Deus a anunciar o evangelho, em Igreja, e como seu por-
ta-voz, ao serviço dos homens, como mestre, educador e testemunha.
O terceiro Módulo, dá-nos os conteúdos da catequese, ou o
que anuncia o catequista. Fá-lo a partir das dificuldades dos que
anunciam, da importância da Escritura na catequese, e do anúncio
que a Igreja faz hoje, nomeadamente a partir da articulação entre
o Catecismo da Igreja Católica e a catequese.
O quarto Módulo apresenta-nos os destinatários: as caracte-
rísticas dos que estão nos grupos de catequese, a importância da
Palavra de Deus para os destinatários, e a consciência de que toda
a vida é um processo de aprendizagem, com etapas diversificadas,
a que correspondem diferentes propostas catequéticas.
Finalmente, o quinto e último Módulo apresenta-nos os meios
e processos através dos quais o catequista anuncia. Os elementos
constitutivos da catequese assumem a realidade vivida por cada
um dos catequizandos, que é partilhada no grupo de catequese e
iluminada pela Palavra de Deus. Acontece, assim, o encontro de
cada um consigo próprio e com Jesus Cristo, que leva cada pessoa
a identificar-se com Ele, a celebrá-Lo e vivê-Lo comunitariamente
e a anunciá-Lo aos outros.
O objectivo deste itinerário é tornar o catequista consciente da
sublimidade da sua vocação, ajudá-lo a crescer como pessoa humana,
cristã, inserida e corresponsável na comunidade cristã; ajudá-lo a
crescer no conhecimento orgânico e sistemático da Fé, para que a

18
Introdução

possa transmitir aos seus catequizandos; alertá-lo para a necessidade


de conhecer os seus catequizandos, situando-os na sua identidade
psico-social; dotá-lo das competências pedagógicas necessárias.
Pretende-se que, através da conjugação destes cinco módulos, o
catequista fique não apenas com o saber necessário, mas também
com o saber fazer; sobretudo, pretende-se chegar ao amadureci-
mento do próprio ser do catequista, “como pessoa, como crente e
como apóstolo” (Cf. DGC 238).
Estará, assim, preparado para iniciar a sua caminhada como
catequista, com a ajuda e o acompanhamento de catequistas mais
experientes, e continuar o processo de formação proposto pelo
Plano de Acção já referido (PFC 21-23).

4. Apresentação dos horários e locais das próximas sessões


do curso, conforme a modalidade em que se vai realizar.

5. Apresentação da dinâmica de cada sessão do curso:

– Sensibilização e apresentação do tema


– Trabalho de grupos
– Plenário
– Síntese.
A síntese que se apresenta é apenas uma ajuda para o
Catequista Formador. Este, com base nos trabalhos de
grupo e com a sugestão indicada, oferecerá a sua própria
síntese aos participantes.

6. Constituição dos grupos de reflexão e trabalho.


– Podem utilizar-se várias técnicas para a constituição

19
Guia do Formador

dos grupos, por paróquias ou interparoquiais, conforme o


Catequista Formador julgar mais conveniente, tendo em
conta o número e a proveniência dos participantes (ver
MATERIAL A UTILIZAR).
– Os grupos podem manter-se ao longo de todo o curso.
– Cada grupo deverá escolher um moderador e um secretá-
rio, o qual, além de registar a reflexão do grupo, será seu
porta-voz. É função do moderador ajudar o grupo a não
se desviar do tema e estimular a participação de todos.
O Catequista Formador deverá circular pelos diversos
grupos, prestando os esclarecimentos necessários.

7. Intervalo e/ou Cântico:


Tu que nas margens do lago. 34

20
MÓDULO I

(180 min)

MATERIAL A UTILIZAR

• Bíblias ou Novos Testamentos. Embora se tenha pedido aos


participantes que tragam a Bíblia, é bom ter alguns exem-
plares disponíveis, para os mais esquecidos.
• Documentos da Igreja sobre a Catequese:
– Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”
– João Paulo II, “Catechesi Tradendae”
– Catecismo da Igreja Católica
– Directório Geral da Catequese, 1997
• Quadro ou painel, para escrever as sínteses dos trabalhos
de grupos.
• Cartolinas ou folhas de papel e respectivos marcadores,
para todos os grupos.

21
Guia do Formador

Neste Módulo pretendemos

 Tomar consciência da nossa prática concreta


de catequese: suas virtualidades e limitações.

 Confrontar essa experiência com a forma de


agir de Jesus Cristo.

 Situar a catequese dentro da missão geral da


Igreja e perspectivar, a partir dos documentos
da Igreja, os principais elementos que a iden-
tificam.

Cântico: O Profeta 22

INTRODUÇÃO

De acordo com os objectivos que pretendemos atingir, procure-


mos perceber o percurso que este Módulo I – O que é a ­Catequese
– nos propõe.
É indispensável que o catequista se situe na missão concreta
que assumiu e tome consciência da especificidade da catequese
dentro da missão evangelizadora da Igreja. De facto, “a concepção
que se tem de catequese condiciona profundamente a selecção e
a organização dos seus conteúdos (cognitivos, experienciais e
comportamentais), determina os seus destinatários e define a pe-
dagogia que se exige para alcançar os seus objectivos” (DGC 35).

22
Módulo I – O que é a Catequese

Deste modo, começamos por tomar consciência, no primeiro tema,


da nossa prática concreta de catequese – suas virtualidades e limita-
ções – para, depois, a confrontarmos com a forma de agir de Jesus
Cristo, que ensina, “catequiza” “com toda a sua vida” (Cf. CT 9).
Aliás, em definitivo, aquilo que “a catequese favorece é o seguimen-
to de Cristo” (DGC 98). Por isso mesmo, é fundamental ter como
referencial a forma como Ele promovia esse seguimento, fazendo
discípulos, provocando o encontro pessoal com Ele.
Finalmente, no terceiro tema, vamos familiarizar-nos com os
principais documentos da Igreja (pós-conciliar) sobre a cateque-
se, que nos permitirão aprofundar a evolução sofrida por esta e
consolidar a noção da mesma catequese e o lugar preferencial que
ocupa no seio da Igreja.

23
Guia do Formador

1
A realidade da nossa catequese
(50 m)

Objectivo: Perceber e valorizar as motivações dos


que beneficiam da catequese e dos que a ministram.

1.1. Trabalho de grupos ou Zum Zum (10 min)

Responder às perguntas

a) O que é que as pessoas pensam da
catequese?
– Que procuram na catequese?
– Que apoio lhe dão?
b) Quem vai à catequese?
c) Quem se sente responsável pela cate-
quese na paróquia a que pertence?
d) Que é para nós a catequese?

1.2. Cântico: Semeia, daremos fruto 28

1.3. Plenário (25 min)


 Comunicação da reflexão dos grupos.
O Catequista Formador, ou alguém anteriormente no-
meado, pode escrever num quadro ou painel as principais
reflexões de cada grupo.

24
Módulo I – O que é a Catequese

Poderá ter em conta os seguintes aspectos para as res-


postas às perguntas:

a)  O que é que as pessoas pensam da catequese?


* Que procuram na catequese?
– aprender o catecismo
– a educação humana
– um bom grupo de amigos
– ocupação dos tempos livres
– uma actividade religiosa
– preparação dos sacramentos
– crescer na fé
– querer ser melhor
*  Que apoio lhe dão?
– Preocupam-se com ela
– Interessam-se por ela
– Apoiam-na economicamente
– Estimam os catequistas

b)  Quem vai à catequese?


* Crianças, adolescentes, jovens, adultos, todos?...
c)  Quem se sente responsável pela catequese na
paróquia a que pertence?
* Pároco, catequistas, pais, outras pessoas?

d)  Que é para nós a catequese?


– conhecer bem Jesus Cristo
– aderir cada vez mais a Jesus Cristo
– inserir-se na comunidade cristã
–  um processo de crescimento constante ao longo
da vida
– aprender a viver em Igreja.

25
Guia do Formador


Síntese feita pelo Catequista Formador

Esta síntese deve conter os elementos mais significativos que


foram apresentados pelos grupos, sobre a realidade da cate-
quese que temos, e que ajudam a orientar para o tema dois
deste primeiro módulo.
A descoberta das motivações dos que vêm à catequese e dos
que a fazem, bem como a troca de experiências, deve ajudar a
que cada um dos presentes se abra à renovação da sua forma
de fazer catequese e dê conta da necessidade de formação
para este ministério.
Muitos dos que chegam às nossas catequeses, procuram ape-
nas uma “preparação” imediata, e o mais rápida possível, para
a primeira comunhão, profissão de fé ou crisma. Será bom
aproveitar e valorizar esse desejo e integrá-lo na urgência de
despertar para uma formação cristã mais orgânica e integral,
alertando para a necessidade do crescimento contínuo que nos
permita dar as razões da nossa fé e da nossa esperança.
As motivações que as pessoas apontam para andar na catequese
nem sempre correspondem ao que a Igreja tem para oferecer.
Cada catequista deve saber valorizar as motivações iniciais dos
pais, das crianças e adolescentes, para fazer a proposta que a
Igreja tem a nível da catequese.

1.4. Cântico: Cristo Jesus, Tu me chamaste 4

26
Módulo I – O que é a Catequese

2
COMO catequiza jesus
(70 m)

Objectivo: Saber como Jesus “catequiza”.

2.1. Trabalho de grupos (35 min)


O Catequista Formador introduz este trabalho de reflexão
bíblica. Se necessário, pode aproveitar para ensinar a procurar
os textos bíblicos.
Cada grupo analisa apenas um texto. Se forem mais de três
grupos, cada texto pode ser confiado a mais do que um grupo.

 Ler os textos:  Jo 4,4-30 – Samaritana


Jo 9,1-40 – Cego de nascença
Lc 24,13-35 – Discípulos de Emaús

Responder às perguntas

a) Neste texto, como é que Jesus “faz


catequese”?

b) O que pretende Jesus com o diálogo
estabelecido?

  Cada grupo elabora, a partir do texto bíblico que reflectiu,


uma oração para exprimir a fé em Jesus Cristo. Esta oração
será utilizada no tempo de oração que se segue ao plenário.
27
Guia do Formador


Comunicação da reflexão dos grupos.

Os trabalhos de grupo são comunicados da seguinte
forma: cada grupo apresenta em painel o percurso que
Jesus faz com os seus interlocutores para acreditarem
n´Ele, O aceitarem e conhecerem.

2.2. Cântico: Senhor quanta alegria 30

ou: Senhor eu tenho fome 29

2.3. Plenário (35 min)

Síntese feita pelo Catequista Formador

É fundamental que todos tenham a compreensão do processo


que Jesus usa para “catequizar”.
Jesus encontra-se com pessoas em situações de desânimo,
vidas sem sentido, limitadas, desilusões.
Sabe que essas pessoas precisam de Si, acolhe-as e entra nas
suas vidas. Toma a iniciativa.
Aproveita a sua experiência de vida: a sede, a cegueira, a
desilusão..., cria condições para que os outros falem da sua
vida, do seu passado, também das suas esperanças e anseios
mais profundos. Fá-los descobrir, já na sua própria vida, uma
presença discreta mas viva – a de Deus.
Gera nas pessoas várias interrogações, levando-as à pergunta
essencial sobre o sentido da vida e a própria salvação que
vem de Deus.

28
Módulo I – O que é a Catequese

Jesus, a partir das necessidades e motivações daqueles com


quem se encontra, faz uma proposta nova, dá mais do que lhe
pedem: não dá apenas água para a sede, mas água viva; não
cura apenas a cegueira física, mas atinge a cegueira espiritual;
não é apenas companhia para um desabafo numa situação
difícil, mas dá de novo o sentido pleno que orienta toda a vida.
O Encontro com Cristo, que se revela, muda radicalmente a
vida das pessoas. Estas reencontram-se, encontram a solução
que esperavam mas pensavam não existir, reorientam a sua
vida, mudam de caminho, regressam à comunidade, pois
estavam marginalizadas ou a marginalizar-se. Cada um se
alegra, festeja, celebra, partilha e anuncia aos outros a sua
grande descoberta.
Jesus respeita a experiência de cada pessoa, não se revela
imediatamente, segue um itinerário, tem um objectivo con-
creto para cada um dos seus actos.

2.4. Cântico: Quem me seguir 26



2.5. Oração (preparada nos grupos), intercalando-se o refrão
de um cântico.
Pode usar-se também a seguinte Oração:
Senhor Jesus,
Vieste ao meu encontro,
Entraste na minha vida
e eu encontrei-Te.
Apesar do meu pecado,
da minha limitação
e da minha auto-suficiência,

29
Guia do Formador

orienta-me para o Pai.


Conduz a minha vida,
no Teu Reino, no meu compromisso,
no Teu serviço, na vida dos irmãos.
Desperta em mim a confiança numa vida nova,
abre o meu coração à Tua Palavra,
fortalece em mim a fé
e envolve-me da Tua benevolência.
Para que a Tua graça me fortaleça,
os Teus sacramentos me renovem
e eu aceite ser discípulo na Tua Igreja.
(Pina Franco)

30
Módulo I – O que é a Catequese

3
O QUE Diz a igreja acerca da catequese
(60 m)

Objectivo: Apresentar os principais documentos da


Igreja sobre a catequese e descobrir aí a especificidade
da catequese dentro da missão evangelizadora da Igreja

O Catequista Formador faz uma breve apresentação destes


textos, explicando porque se chamam assim e as siglas por que
são conhecidos na nossa linguagem de Igreja.
O Catequista Formador, à medida que for falando deles, deve
mostrá-los e convidar a adquiri-los, ou ainda motivar para que
estejam à disposição numa biblioteca ao serviço dos catequis-
tas e dos outros agentes de pastoral da paróquia.

3.1. Apresentação dos documentos (10m)

APRESENTAÇÃO DO D.G.C.:

É um documento aprovado por João Paulo II e publicado em 1997.


Está dividido em cinco partes:

1. Trata da Catequese na Missão evangelizadora da Igreja

2. É explicado o conteúdo da Mensagem Evangélica e apresenta


o Catecismo da Igreja Católica como texto de referência.

3. Apresenta a Catequese como exercício de uma “Pedagogia


Original da Fé” e destaca alguns elementos de Metodologia

4. Especifica quem são os destinatários da Catequese nas


diferentes idades, nas diversas situações e contextos.

31
Guia do Formador

5. Encara o problema da Catequese na Igreja particular. Insiste


na formação dos catequistas, na determinação dos lugares
onde se realiza a Catequese, os organismos responsáveis, a
coordenação da Catequese e as tarefas próprias do Serviço
Catequético.

APRESENTAÇÃO DA E.N.:

– É uma exortação de Paulo VI, que foi publicada em 1975.


– É dedicada à “Evangelização do mundo moderno”.
– Resume a temática do Sínodo dos bispos de 1974 e en-
trega-a à Igreja inteira.

32
Módulo I – O que é a Catequese

– Este documento é conhecido na Igreja, como todos os docu-


mentos, pelas primeiras palavras do texto original “Evangelii
Nuntiandi”, cuja abreviatura é E.N. Em português: “Evangelho
para os Homens de Hoje”,

APRESENTAÇÃO DA C.T.:

– É uma exortação de João Paulo II, publicada em 1979.


– É conhecida na Igreja pelas primeiras palavras do original,
neste caso “Catechesi Tradendae”, que se abrevia C.T. Em
português: “Catequese para os Homens de Hoje”.

Engloba a visão de João Paulo II sobre E.N. actualizada com


as conclusões tiradas da IV Assembleia Geral do Sínodo dos
bispos de 1977.

3.2. Trabalho de grupos (20 min)


O Catequista Formador escolhe alguns dos textos (do Ma-
gistério da Igreja) que se seguem e distribui-os pelos grupos:


Ler os textos:
CIC 6, CT 18-19 e DGC 63-64 – A catequese na missão
pastoral e evangelizadora da Igreja.
DGC 78-79; CT 24 – Catequizar, um acto vivo de toda
a comunidade.
EN 21-22; DGC 61 – Catequese: testemunho e primeiro
anúncio.
EN 44; CT 1, 5 e 20; – A catequese - noção e objectivos.
CT 5,7 e 9 – Cristocentrismo da Catequese.

33
Guia do Formador

DGC 65-66 – Catequese ao serviço da iniciação cristã.


DGC 67-68 e CT 21 – As características fundamentais
da catequese de iniciação cristã.
DGC 59 e 91 – Catequese de inspiração catecumenal.
Para uma leitura mais rápida e mais fácil, estes textos, à
excepção dos retirados do DGC, estão transcritos em anexo.


Apresentar, a partir dos textos lidos, os elementos funda­
mentais que identificam e caracterizam a catequese.


Cada grupo poderá elaborar um painel ou cartaz com os
elementos principais retirados dos textos que reflectiu (ver
MATERIAL A UTILIZAR).

3.3. Cântico: O Bom Pastor 21

3.4. Plenário (30 min)


Cada grupo apresenta o seu painel

Síntese feita pelo Catequista Formador

Proposta, a partir de alguns textos lidos:

A Catequese insere-se dentro da missão pastoral e evangeli-


zadora da Igreja e é um momento prioritário desta. Articula-se,
sem se confundir, com outros elementos da missão pastoral
da Igreja e do ministério da Palavra “Que contêm um aspecto
da catequese, a preparam ou dela derivam:

34
Módulo I – O que é a Catequese

• o primeiro-anúncio do Evangelho ou pregação missionária,


para suscitar a fé;
• a busca das razões de acreditar;
• a experiência da vida cristã;
• a celebração dos sacramentos;
• a integração na comunidade eclesial;
• o testemunho apostólico e missionário.”(CIC 6)
É uma acção básica e fundamental na construção da perso-
nalidade do crente, como discípulo de Cristo, iniciando-o na
plenitude da vida cristã e no estilo de vida evangélico, dentro
da comunidade cristã.
Como catequese de iniciação apresenta algumas características
essenciais que a definem e identificam:
• é uma formação orgânica, sistemática, completa e centrada
no essencial;
• é uma iniciação cristã integral, aprendizagem de toda a
vida cristã, que propicia um autêntico seguimento de Jesus
Cristo;
• é uma educação nos valores evangélicos.
A catequese amadurece a fé inicial, colocando os fundamentos
do edifício espiritual cristão, alimentando as raízes da sua vida
e da sua fé, capacitando-o para receber o posterior alimento
sólido na vida ordinária da comunidade cristã.
A Catequese deve ter os objectivos e o dinamismo do Catecu-
menado e inspirar-se nele.
A catequese é obra da comunidade cristã e conduz necessa-
riamente à comunidade cristã; nela deverá iniciar e integrar
plenamente cada discípulo de Cristo.

35
Guia do Formador

3.5. Cântico e Oração final ou Intervalo (conforme a modali­


dade em que se realiza o curso – ver OBSERVAÇÕES PRELIMI-
NARES, 1): Eu irei proclamar ao mundo 12
Pode usar-se também a seguinte Oração:
Graças, Senhor, por me teres recebido
pelo baptismo, na tua Igreja.
Sem nada merecer, por mim,
sempre fui objecto
da sua solicitude e da sua ternura.
A Ela devo, Senhor,
o privilégio de conhecer-Te
e de Te amar,
de participar na Eucaristia e nos Sacramentos.
Ela me recorda a tua vontade santa,
chama-me a uma vida nova, mais bela e mais generosa.
Ilumina-me o caminho,
alarga-me os horizontes
e fortifica-me a vontade.
Por isso me uno com todos, Senhor,
para Lhe chamar
«Igreja Santa e mãe nossa»;
e peço a graça
de conhecer cada vez melhor
os seus ensinamentos
e ser-lhe fiel totalmente e sempre. (Lelotte)

36
Módulo I – O que é a Catequese

Neste Módulo descobrimos


A nossa realidade concreta, a nossa maneira
de fazer catequese, nem sempre corresponde à
“catequese” de Jesus Cristo, referência última da
catequese da Igreja de hoje;


Jesus catequiza com toda a sua vida: com palavras
e gestos;


Ele acolhe a pessoa e parte da sua experiência
de vida concreta, iluminando essa mesma expe-
riência;


A catequese é cristocêntrica, pois leva ao encontro
pessoal com Cristo e promove a comunhão íntima
com Ele;


A catequese insere-se na missão pastoral e evan-
gelizadora da Igreja (continuadora da obra de
Jesus Cristo) e é um momento essencial no processo
de evangelização;


Embora distinta do primeiro anúncio, tem que
ser também Kerigmática e fazer por vezes esse
primeiro anúncio, que ainda não aconteceu;


A catequese, mais que um ensino, é um processo
que promove a Iniciação Cristã integral;


É uma iniciação na vida da comunidade, que vive,
celebra, testemunha e anuncia a fé;

37
Guia do Formador


A catequese é uma formação orgânica, sistemá-
tica, centrada no essencial, coerente e de apro-
fundamento do mistério cristão;


A catequese é um processo de inspiração catecu-
menal;


É acção de toda a Igreja, que é comunhão; parte
da comunidade e leva à comunidade.

 QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1. Faça um resumo das características da


catequese, de acordo com a catequese de
Jesus e os documentos da Igreja referidos
nesta sessão.

2. Que podemos fazer, para que a nossa ca-


tequese se aproxime da que é apresentada
neste curso?

Estas Questões para Reflexão, neste e nos outros módu-


los, podem ser respondidas por escrito, depois de cada sessão
ou depois de cada bloco de sessões, e entregues ao Catequista
Formador posteriormente, para que este possa ter uma ideia
do modo como cada participante vai aproveitando, compreen-
dendo e interiorizando a reflexão que se vai fazendo.

38
Módulo I – O que é a Catequese

VOCABULÁRIO DO CATEQUISTA
Depois de cada tema, apresentamos no livro do participante,
algumas palavras mais utilizadas na nossa linguagem eclesial e
catequética com uma breve explicação do seu sentido.
O seu objectivo é ajudar os participantes a compreender melhor
a linguagem da Igreja.

CATECUMENADO (Da palavra grega Keteko-instrução) – Era


o período de formação, doutrinal e moral, em ordem a preparar o
Baptismo, na Igreja dos primeiros séculos. A Igreja aperfeiçoou bas-
tante o período de catecumenado, como processo de iniciação global
à vida cristã (incluía o conhecimento da doutrina, o comportamento
moral cristão e a participação nas celebrações litúrgicas), com etapas
determinadas e dentro da comunidade cristã. Ainda hoje existe como
serviço catequético para os adultos que se preparam para o Baptismo.
Tendo em conta a situação actual, de novo se propõe o cate-
cumenado como modelo de catequese (mensagem do Sínodo de
1977, nº 8; EN 44). Neste sentido, podemos afirmar que a cate-
quese hoje deve seguir processos ou métodos catecumenais. Para
isso deve iniciar convenientemente: no conhecimento do mistério
da Salvação, no exercício dos costumes evangélicos, nos ritos
sagrados, e introduzir na vida cristã, de liturgia e de caridade do
povo de Deus (AG 14).
CATEQUESE – Às vezes dá-se à catequese um sentido de-
masiado amplo, que se torna confuso. O documento do Papa João
Paulo II Catechesi Tradendae, procura precisar o sentido do termo,
apresentando a catequese como ensino cristão, orgânico e sistemá-
tico, centrado no essencial, e completo, que leva a uma iniciação
cristã integral (CT 21). É portanto um período determinado, na vida
do cristão, com princípio e fim, e distingue-se, por isso, de outras
39
Guia do Formador

formas do ministério da Palavra, e de outras acções eclesiais que


a precedem e que a seguem (distingue-se do primeiro anúncio, da
liturgia, da actividade pastoral, etc.).
CATEQUESE KERIGMÁTICA ou PASTORAL KERI­
GMÁTICA – A catequese que se centra no Kerigma, tanto no
conteúdo, pela preocupação de apresentar o fundamento da fé cristã,
como na forma, procurando fazer essa apresentação de modo convi-
dativo e convincente, em diálogo com as expectativas dos ouvintes.
Tendo em conta a descristianização actual, é oportuno fazer cate-
quese ou pastoral kerigmática - também chamada missionária - em
vez de nos limitarmos à pastoral sacramental, com gente que ainda
não tem bem seguro o fundamento da fé em Cristo Ressuscitado.
A orientação kerigmática tem outros aspectos, como a preocu-
pação de se dirigir aos afastados da Igreja, a quem se anuncia Jesus
Cristo, em relação concreta com a vida das pessoas.
CONCÍLIO ECUMÉNICO – Reunião, convocada e presidida
pelo Papa, com todos os Bispos, representantes de toda a Igreja,
para reelaborar questões doutrinais e propor novas perspectivas
sobre a vida da Igreja universal.
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO – São os documentos ela-
borados nas “aulas sinodais”, discutidos e aprovados, que servem
de doutrina para toda a Igreja Católica.
EDUCAÇÃO DA FÉ – É um processo mais amplo que a cate-
quese, pois designa as múltiplas acções pelas quais a Igreja educa
a fé dos cristãos: não só a catequese e a homilia, mas também as
outras formas do ministério da Palavra, por exemplo o ensino
religioso nas escolas, e ainda as outras funções eclesiais, como
as celebrações litúrgicas, a acção caritativa e o testemunho dos
cristãos. A catequese é uma das formas de educação da fé.

40
Módulo I – O que é a Catequese

EVANGELIZAÇÃO – Acção de levar o Evangelho, a Boa


Nova da Salvação de Jesus Cristo, a que deve corresponder da
parte dos ouvintes a conversão. Às vezes, entendemos no sentido
do Kerigma ou primeira evangelização, a que deveria depois seguir-
-se a catequese. Mas o Sínodo de 1974 e a exortação apostólica
Evangelii Nuntiandi, dão-lhe um sentido mais amplo, designando
por evangelização o processo complexo e variado em que se realiza
a missão da Igreja (cf. EN 17 e 24). Neste sentido, podemos dizer
que todas as acções da Igreja devem ter uma missão evangelizadora.
Na prática, a catequese deve ter a preocupação não só de ama-
durecer a fé inicial mas também de a despertar, ou seja, a catequese
tem de ser evangelizadora, pois muitos dos que a frequentam não
receberam ainda a primeira evangelização (Cf. CT 19 e DGC 62).
EXORTAÇÕES APOSTÓLICAS – São documentos papais
que actualizam a doutrina da Igreja e se dirigem a todos os crentes
e homens de boa vontade. Apresentam as sínteses dos trabalhos
realizados em Assembleias do Sínodo Universal, ou podem ser
mesmo o resultado final dessas Assembleias.
IGREJA CATÓLICA – É a comunidade de todos os fiéis cris-
tãos, discípulos de Cristo, baptizados, que fizeram a sua iniciação
cristã e vivem em comunhão de Fé e de Amor uns com os outros,
comunhão que se torna visível através de vários ministérios, de
entre os quais se destaca o do Colégio Episcopal, em união com
o sucessor de Pedro, o bispo de Roma (Papa). A Igreja é católica
(universal) por vocação e missão, pois se estende a todos os homens
de todos os tempos, que Deus quer salvar - a Igreja é instrumento
e Sacramento dessa Salvação universal operada por Jesus Cristo.
MINISTÉRIO (ou SERVIÇO) DA PALAVRA – Diversas
formas e meios pelos quais a Igreja proclama a Palavra de Deus,

41
Guia do Formador

como por exemplo: primeiro anúncio, catequese, homilia, pregação


ocasional, etc.
KERIGMA (ou PRIMEIRO ANÚNCIO) – Palavra grega, que
significa proclamação oficial de uma mensagem. Na linguagem
da Igreja, significa o primeiro anúncio do Evangelho, em ordem
a despertar a fé e reunir em Igreja. É dirigido aos que ainda não
acreditam e deve revestir uma forma jubilosa e convidativa. Deve
ainda transmitir o essencial da fé cristã: Jesus Cristo venceu a
morte, ressuscitando, e comunica, àqueles que n´Ele crêem, a vida
nova, a salvação.
Às vezes chama-se também evangelização ao primeiro anúncio.
Mas como a evangelização pode ter um significado mais amplo,
(ver EVANGELIZAÇÃO), será mais claro dizer primeira evange-
lização, para designar este primeiro anúncio.
PASTORAL – Derivada da palavra pastor, designa o conjunto
de actividades pelas quais a Igreja realiza a sua missão. Continuan-
do a acção de Jesus Cristo, que foi profeta, sacerdote e rei, também
a Igreja realiza a sua acção através de três funções pastorais:

– Função profética: abrange as diversas formas do ministério da


Palavra (evangelização, catequese e homilia).
– Função litúrgica: refere-se à celebração dos sacramentos, so-
bretudo da Eucaristia, à oração e aos sacramentais.
– Função real: diz respeito à promoção e orientação das comu-
nidades, à organização da caridade e à animação cristã das
realidades terrestres.
SÍNODOS – Reuniões propostas pelo bispo para a sua diocese,
pela conferência episcopal para um país, pelo papa para uma região
ou continente, ou ainda para a Igreja toda, para dialogar sobre temas

42
Módulo I – O que é a Catequese

importantes para os que vivem no território a que se refere. Os


sínodos podem ser diocesanos, nacionais, regionais e universais.
Nestes, porém, os Bispos não estão todos presentes, mas fazem-se
representar por Bispos eleitos pelas Conferências Episcopais, cujo
número é proporcional ao dos Bispos existentes no país.

43
MÓDULO II

(180 min)

MATERIAL A UTILIZAR

• Quadro ou folha de cartolina, dividido em três


colunas.
• Bíblias.

45
Guia do Formador

Neste Módulo pretendemos

 Descobrir a imagem de catequista que existe nas


nossas comunidades.


Aprofundar a vocação e ministério dos cate-
quistas, a partir da Bíblia: de Jesus Cristo, dos
Apóstolos e dos Profetas.


Com base nos documentos mais recentes da
I­ greja:
– situar a missão do catequista e enquadrá-la
na missão de toda a comunidade cristã;
– sentir a necessidade da formação dos cate-
quistas: os seus critérios, vertentes e objecti-
vos;
– levar à descoberta da alegria de ser catequista,
num mundo em mudança.

Cântico: Cidadão do infinito 3

46
Módulo II – Quem é o catequista

INTRODUÇÃO
Tomámos consciência, no Módulo anterior, da grandeza da mis-
são catequética na Igreja e das suas exigências. Neste segundo Mó-
dulo, vamos debruçar-nos sobre o agente ou agentes da Catequese.
Já sabemos que a Catequese é uma acção eclesial e não uma acção
individual de um catequista. Sabemos, ainda mais, que esse acto
catequético acontece, centrado na criança (adolescente, jovem ou
adulto), onde o catequizando intervém, em interacção com o grupo
de Catequese, mas sob a orientação e motivação do catequista. Nesta
dinâmica relacional, aprofunda-se uma outra intervenção, que se
serve instrumentalmente de todas as outras: a acção de Deus.
Uma vez que o catequista é o facilitador da acção de Deus,
o comunicador ou o que tudo predispõe para que se estabeleça,
restabeleça ou se consolide a comunicação (comunhão) entre
Deus e a pessoa, vamos neste módulo descobrir quem deve ser o
catequista. De facto, “só as qualidades humanas e cristãs dos ca-
tequistas garantem o bom uso dos textos e dos outros instrumentos
de trabalho” (DGC 156).
No primeiro tema, iremos situar-nos na realidade social e ecle-
sial em que vivemos, para descobrirmos como é que o catequista
é entendido, apreciado e apoiado, e também qual é a consciência
que os próprios catequistas têm de si mesmos.
A partir daí, num segundo momento (tema), vamos comparar e
questionar a missão e identidade do catequista, a partir de algumas
personagens bíblicas, para, num terceiro momento (tema), tirarmos
as nossas conclusões, com a reflexão que a Igreja fez e nos apre-
senta nos seus documentos, sobre a imagem, identidade e missão
do catequista dentro da Igreja. Assim, prepararemos os catequistas
de que a Igreja precisa para o terceiro milénio.
47
Guia do Formador

1
A Imagem do Catequista
(60 min)

Objectivo: Tomar consciência da imagem de cate-


quista que predomina no universo relacional dos
participantes.

1.1. Trabalho de grupos (25 min)



Responder às perguntas

a)  O que dizem as pessoas nas nossas pa-


róquias acerca dos catequistas?
b)  Porque aceitei ser catequista? Quem me
convidou?
c)  Quem são os catequistas?
-  Jovens, adultos, casados, solteiros?
-  Que formação específica têm?
-  Que dificuldades sentem?

1.2. Cântico: Deixa Deus entrar 6

1.3. Plenário (35 min)


Comunicação da reflexão dos grupos.
O Catequista Formador pedirá a alguém que escreva,
na primeira coluna do quadro ou da folha de papel grande

48
Módulo II – Quem é o catequista

(ver MATERIAL A UTILIZAR), as principais conclusões


deste trabalho de grupos. Podem ser algumas como
estas:

a) O que dizem as pessoas nas nossas paróquias


acerca dos catequistas?
– É quem acompanha e ensina as crianças e os ado-
lescentes...
– Gente que não tem mais que fazer...
– Gente que gosta de ajudar as crianças na sua
educação cristã...

b) Porque aceitei ser catequista? Quem me convi-


dou?
– Porque gosto de crianças...
– Porque faltam catequistas...
– Porque me convidaram para ajudar...
– Porque gosto de colaborar na paróquia...
– Porque é preciso fazer alguma coisa pelos outros...
- Fui convidado pelo pároco...
- Fui convidado por outro catequista...
- Ofereci-me para fazer Catequese...

c) Quem são os catequistas?


- Jovens, adultos, casados, solteiros...
- Cursos, encontros....
* Falta de preparação
* Falta de apoio, dos pais, da comunidade,
dos outros catequistas, económico...
* Local inadequado
* Dificuldade nos catecismos e outros materiais

49
Guia do Formador

Síntese feita pelo Catequista Formador

Nesta síntese, o Catequista Formador irá integrando a realidade


expressa nos trabalhos de grupos, questionando o grupo, para
que se interrogue sobre a imagem vulgarizada do catequista,
para que possa ser iluminada e reestruturada nos temas se-
guintes.
Na síntese, devem valorizar-se os aspectos positivos encontra-
dos na reflexão sobre a realidade e abrir caminhos para superar
as dificuldades que são comuns:
– Meio ambiente pouco favorável aos valores da fé
– Falta de apoio dos pais e comunidades cristãs
– Desinteresse e falta de perseverança dos catequizandos
– Tradicionalismo da família e dos cristãos em geral
– Falta de disponibilidade e preparação dos catequistas
– Pobreza de meios, locais e instrumentos para a Catequese
No entanto, deve sublinhar-se que esta situação não pode levar
ao desânimo ou à tentação de abandonar, mas tem que nos
empenhar, ainda mais, na tarefa que nos foi confiada, lembran-
do alguns sinais de esperança:
– O aumento significativo do número de catequistas
– O esforço feito na preparação dos catequistas
– A crescente consciência de corresponsabilidade na Igreja
– O maior cuidado com que são escolhidos os catequistas
– A disponibilidade dos jovens para o serviço da Catequese
(Cf. PFC 4 e 6).

1.4. Cântico: Eu quero ser um vaso novo ou: Vai pelas aldeias.
14 37

50
Módulo II – Quem é o catequista

2
A Imagem do Catequista à luz da Bíblia
(60 min)

Objectivo: Conhecer a imagem de catequista que a


Bíblia nos apresenta.

2.1. Trabalho de grupos (30 min)



Ler os textos: Is 6, 1-8; Vocação de Isaías
Jer. 1, 4-10; Vocação de Jeremias
Mat. 4, 18-22; Vocação dos Primeiros
Discípulos
Jer. 20, 7-11; Dificuldades de Jeremias
1 Cor 15, 1-11; Testemunho de Paulo

Cada grupo trabalha só com um texto, podendo ser mais do


que um grupo a reflectir sobre o mesmo texto.

Responder às perguntas

a) Segundo o texto, que é preciso para


ser catequista?

b) Qual a missão do catequista?

2.2. Cântico: Seduziste-me Senhor ou: Profeta


27 24

51
Guia do Formador

2.3. Plenário (30 min)

 Comunicação da reflexão dos grupos


Escrever, na segunda coluna, ao lado das reflexões do
primeiro plenário, as principais conclusões deste trabalho
de grupos.

Síntese feita pelo Catequista Formador

Pela Sagrada Escritura apercebemo-nos com alegria de que


fomos (como catequistas) amados e escolhidos por Deus,
alvo da sua predilecção por nós e por todos aqueles a quem
somos enviados.
Deixemo-nos “seduzir”, como Jeremias (20, 7) e vamos seguir
Jesus “imediatamente”, “deixando as redes” (Mat. 4, 20).
Se o seguirmos - “vinde após Mim e farei de vós...” (Mat. 4, 19)
- Ele próprio nos vai preparar, mesmo que seja preciso queimar
muita coisa em nós (Cf, Is. 6, 6). Para isso, precisamos de ser
dos que andam com Ele, dos que convivem na sua intimidade:
Oração e vida Sacramental - como Seus discípulos.
Então, iremos cumprir a missão: “seremos pescadores de ho-
mens” (Mat. 4, 20), “iremos aonde nos enviar” (Cf. Jer. 1, 7)
e, sem medo, diremos o que Ele nos mandar, anunciaremos a
Sua Palavra e não a nossa.
Como Jeremias ou como Paulo, não desistiremos por ser difícil

52
Módulo II – Quem é o catequista

a tarefa ou por sermos mal interpretados ou rejeitados. Temos


a certeza de que Ele está connosco (Cf. Jer. 1, 8).
Ser catequista é continuar a missão de Jesus, ser a Palavra do
Pai, é ser Chamado por Deus, ser enviado. É trabalhar com a
certeza de que a Palavra é de Deus e é viva e eficaz, mesmo
quando não vemos os frutos com os nossos olhos.
Ser catequista é ter a perseverança dos profetas, a sua firmeza
e ousadia; é continuar, mesmo quando lá longe já se vê a Cruz.
Porque vemos mais além!

2.4. Cântico: Deixa a glória de Deus brilhar ou: Estou Alegre


5 11

53
Guia do Formador

3
A Imagem do Catequista
à luz dos Documentos da Igreja
(60 min)

Objectivo: Descobrir a imagem de catequista que


os documentos da Igreja nos transmitem

3.1. Trabalho de grupos (30 min)

 Ler os textos (Distribuir os textos pelos grupos)


PFC, 17, pp. 55-59; A fisionomia do catequista
DGC, 156; O papel do catequista
DGC, 230-231; Os catequistas leigos
DGC, 235-236; A finalidade e a natureza da formação
dos catequistas
DGC, 237; Critérios inspiradores para a formação
dos catequistas
DGC, 238; As dimensões da formação: o ser, o saber,
o saber fazer
DGC, 239; A maturidade humana, cristã e apostólica
dos catequistas


Reflectir sobre estes textos dos documentos da Igreja acerca
da Catequese e responder à pergunta:

Que imagem do catequista nos dá cada um


destes textos?

54
Módulo II – Quem é o catequista

 Cada grupo prepara um símbolo, inspirado nos textos re-


flectidos, para a oração final.

3.2. Cântico: Deus precisa de ti 9

3.3. Plenário (30 min)

 Comunicação da reflexão dos grupos (Escrever na terceira


coluna, ao lado das reflexões dos plenários anteriores,
as principais conclusões).

Síntese feita pelo Catequista Formador

À luz destes documentos da Igreja sobressaem alguns traços


característicos do catequista:
– é chamado por Deus;
– é um cristão adulto, completamente inserido na comunidade
cristã, identificado, comprometido e em sintonia com ela;
– é enviado por Deus através da Igreja e como Porta-voz desta;
– a sua missão é o serviço aos homens para, numa atitude
de acolhimento, escuta, diálogo, serviço, solidariedade e
cooperação, fazer crescer as pessoas, levando-as ao desen-
volvimento integral e à comunhão íntima com Cristo, na
comunidade cristã;
– é mestre que ensina (sabe); educador que sabe ensinar,
acompanhar e conduzir;
– é testemunha que vive e pelo seu exemplo dá credibilidade
à mensagem que proclama;

55
Guia do Formador

– não descuida a sua formação em todas as áreas do ser, do


saber e do saber fazer, fazendo-se catequista para este
tempo;
– cultiva a espiritualidade própria do catequista, catequizando-
-se primeiro a si próprio em cada acto catequético que rea-
liza;
– sente que o seu trabalho está ao serviço do Espírito Santo,
que actua livremente e em pessoas livres;
– realiza o seu ministério em equipa e em comunhão com
todos os outros agentes da Catequese.

O quadro conclusivo das reflexões dos três plenários pode


ser transcrito e fotocopiado para ser distribuído posterior-
mente aos participantes, numa próxima sessão de formação.

3.4. Oração e cântico final: Esta luz pequenina 10

Enquanto se canta, pode acender-se uma vela que vai pas-


sando de mão em mão por todos os participantes


Fazer uma oração criativa e participada (Esta oração po-
derá ter, assim, uma dimensão pedagógica, isto é, que
desperte a criatividade e imaginação dos catequistas
e os ensine a preparar um momento de oração):

– com a apresentação do símbolo preparado por cada grupo;


– com a recitação de uma Oração do Catequista:

56
Módulo II – Quem é o catequista

Ex.: ORAÇÃO DO CATEQUISTA

Senhor,
Tu me Chamaste a ser catequista
na Tua Igreja,
na Tua Comunidade, que também é minha.

Tu me confiaste a Missão
de anunciar a Tua Palavra,
de denunciar o pecado,
de testemunhar, pela minha própria vida,
os valores do Evangelho.

Não recuo diante do Teu chamamento.


É pesada, Senhor, a minha responsabilidade.
Mas, se me escolheste, confio na Tua Graça.

Caminharemos juntos, Senhor,


Tu, apoiando-me, iluminando-me;
eu, colocando-me à Tua disposição,
à disposição da Igreja,
preparando-me e actualizando-me para ser mais,
para servir melhor o Teu povo.

Faz-me Teu instrumento,


para que venha o Teu Reino,
Reino de Amor e de Paz,
de Fraternidade e Justiça,
Reino onde Deus será tudo em todos.

Amen.

57
Guia do Formador

NESTE MÓDULO DESCOBRIMOS


Que o catequista é:

– Chamado por Deus a anunciar o evangelho


na catequese
– Alguém que responde afirmativamente a esse
chamamento
– Chamado através da Igreja
– Porta-voz da Igreja, porque unido, inserido e
comprometido com ela
– Um adulto crente em Jesus Cristo e partici-
pante da Sua missão
– Alguém inserido na sociedade humana
– Enviado ao serviço dos homens, como mestre,
educador e testemunha da Fé no mundo ac-
tual

Que o catequista exerce a sua missão em diálogo
e comunhão com os outros agentes da pastoral
da Igreja.

 QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1.  Analise as razões profundas que devem


levar o catequista a sentir alegria na sua
missão.

2.  Refira as principais qualidades que o cate-


quista deve procurar alcançar.

58
Módulo II – Quem é o catequista

VOCABULÁRIO DO CATEQUISTA

Apóstolo – Significa enviado. Jesus escolheu doze de entre


os seus discípulos e enviou-os (Mc 3, 13‑14) a anunciar o Reino de
Deus (Mt 10, 5-7). O número 12 surge em diversas passagens bíbli-
cas e tem uma ligação nítida com as doze tribos de Israel (Gn 49).
O Novo Testamento apresenta os Apóstolos como mensageiros,
como anunciadores da Palavra; e eles consideram-se, de facto,
escolhidos e enviados por Cristo (Mt 28, 19). O termo torna-se
extensivo a outros mensageiros da Palavra, nomeadamente a Paulo,
que teve perfeita consciência de ser chamado e enviado pelo próprio
Senhor (Rom 1, 1; Gal 1, 15‑16, etc).
Discípulo – Aquele que aprende. Em Israel, muitos ho-
mens estudiosos e comentadores da Bíblia eram tratados por
mestre (rabi). Aqueles que os seguiam, ouviam as explicações e
aprendiam com eles, eram os seus discípulos. Jesus tinha mui-
tos discípulos. Os Evangelhos falam-nos de 72, certamente um
número simbólico (6 x 12), que evoca, em certa medida, os 70
anciãos escolhidos por Moisés (Nm 11, 16-30). Esses discípulos
eram homens e mulheres (Lc 8, 12-13). Os cristãos são também
discípulos de Cristo (Act 11, 26b).
Profeta – No trabalho de grupo do tema 2, descobrimos
como ser catequista à imagem do profeta Isaías e Jeremias. Haverá
alguma semelhança entre os catequistas e os profetas? Quem eram
os profetas?
Eram homens chamados por Deus, mensageiros da sua Palavra.
O Senhor encarregava-os de transmitirem os Seus recados ao povo
de Israel. Profeta é, pois, um «porta-voz» de Deus.
Isaías e Jeremias são dois dos quatro profetas também chamados
maiores. Os outros são: Ezequiel e Daniel. Os menores são: Oseias,

59
Guia do Formador

Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias,


Ageu, Zacarias e Malaquias.
Testemunha – Testemunha é, evidentemente, quem pode
dar testemunho: falar daquilo que sabe, que conhece, que expe-
rimentou ou presenciou. A grande testemunha é Jesus: “...Vim
ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Os
Apóstolos são testemunhas da Ressurreição de Jesus pela força do
Espírito (Act 1, 8), eles que comeram e beberam com Jesus ressus-
citado (Act 10, 41). À imagem dos Apóstolos, os cristãos devem
também ser testemunhas da Ressurreição de Jesus (1 Cor 15, 1-4).
Vocação – Significa chamamento. A Bíblia apresenta-nos
muitos chamamentos. Cada um deles está ligado a uma missão
especial. Cada pessoa chamada não o é só para a sua salvação,
mas também para a salvação dos outros. Abraão é chamado a ser
pai de um grande povo (Gn 12, 1-2), Moisés para tirar do Egipto
o povo que aí vivia oprimido (Ex 3, 4-10), Isaías e Jeremias para
anunciar a Palavra (Is 6, 1-9; Jer 1, 4-7). João Baptista é chamado
para preparar os caminhos para a vinda do Messias (Lc 3, 1-6) e
os Apóstolos para anunciarem o Reino de Deus (Lc 9, 1-2). Tam-
bém nós somos escolhidos e chamados (Rom 8, 30; 1 Cor 1, 9).
A vocação pode realizar-se de muitas formas, mas o nosso cami-
nho pessoal – seja ele qual for – é um caminho que nos leva a dar
testemunho da verdade e que se concretiza no amor ao próximo
(1 Ped 1, 22-23). Em última análise, a nossa vocação é um chama-
mento à santidade (Lv 19, 2).

60
MÓDULO III

(180 min)

MATERIAL A UTILIZAR

• Quadro ou folha de papel (cartolina)


• Bíblia
• Painel com os livros da Bíblia e dos grandes passos da
História da Salvação, em cartaz ou acetato
• Catecismo da Igreja Católica
• Esquema geral do CIC em cartaz ou acetato

61
Guia do Formador

Neste Módulo pretendemos

 Tomar consciência da realidade complexa do


ser humano a quem levamos, hoje, uma Boa
Nova


Descobrir a Palavra de Deus, transmitida pela
Tradição e pela Escritura, autenticamente in-
terpretada pelo Magistério, como Fonte da Ca-
tequese


Proporcionar uma introdução à Bíblia, devido
ao lugar que ela ocupa na Catequese


Discernir alguns
critérios para a apresentação
da Mensagem Evangélica


Apresentar o CIC como a síntese da fé da Igreja
para o mundo de hoje

Cântico: Deixa Deus entrar. 6

INTRODUÇÃO

Já descobrimos a tarefa específica da Catequese, identificámo-
-nos com ela, sentimos as suas exigências e a nossa responsabili-
dade como chamados por Deus e dispostos à renovação contínua
do nosso sim à tarefa catequética, que nos é confiada, na Igreja. É o
momento de iniciarmos, neste terceiro módulo, o aprofundamento
da mensagem que temos de transmitir.

62
Módulo III – O que anuncia a catequese

Porque o catequista, além de ser testemunha, “deve ser mestre


que ensina a fé”, é-lhe indispensável “um conhecimento orgânico
da mensagem cristã, articulada a partir do mistério central da fé,
que é Jesus Cristo” (DGC 240).
Este módulo propõe-se estabelecer a base dessa formação orgâ-
nica, apresentando as principais fontes da mensagem a transmitir.
Depois de um breve mas atento olhar sobre as dificuldades
inerentes ao mundo dos homens de hoje, a quem nos dirigimos,
descobrindo, ao mesmo tempo, as suas aspirações, ânsias e dese-
jos mais profundos, bem como os seus valores, preocupações e
sensibilidades (Tema 1), vamos, no tema seguinte, descobrir como
Deus manifestou, de tantas maneiras e modos, o Seu amor, a Sua
confiança, a Sua entrega pela Salvação do homem (Projecto Seu).
A Sagrada Escritura tem um lugar inconfundível na Catequese:
mostra-nos o que dizer aos homens de hoje, mas ainda mais o
que fazer e como fazer, que caminho percorrer, a partir da longa
experiência relacional entre Deus e o Homem, expressa na Bíblia.
Finalmente, o tema 3 leva-nos aos dias de hoje novamente. Vai
ser-nos apresentado o CIC, como a síntese da fé proposta pelo
Magistério da Igreja para os tempos de hoje, a partir das indicações
do Concílio Vaticano II. Também ele será um “texto de referência,
seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica” (FD 4) que
é missão do catequista fazer.
Tendo em linha de conta todos estes elementos, o catequista
ficará capacitado para apresentar a fé íntegra e completa, sabendo
identificar o essencial sem o confundir com os elementos secun-
dários (Cf. EN 25), apresentando, deste modo, uma Boa Nova que
seja, de facto, libertadora e fonte de vida e de esperança para os
homens e mulheres deste tempo.

63
Guia do Formador

1
Dificuldades no anúncio da Boa Nova
(50 min)

Objectivo: Tomar consciência das dificuldades


dos que anunciam a Boa Nova.

1.1. Trabalho de grupos (20 min)

Responder às perguntas

a) Quais são hoje as maiores dificulda-


des para o anúncio da Boa Nova ?

b) Que acontecimentos da vida actual


podem ser considerados positivos
para o anúncio da Boa Nova?

1.2. Cântico: Não adores nunca ninguém mais que a Deus 20


ou: O Profeta 22

1.3. Plenário (30 min)

 Comunicação da reflexão dos grupos.


O Catequista Formador terá em conta alguns aspec-
tos, como por exemplo:

64
Módulo III – O que anuncia a catequese

a)  Quais são hoje as maiores dificuldades para o anúncio


da Boa Nova ?
– a actual sociedade consumista
– a grande procura de bens materiais
– o tipo de educação que se ministra
– uma doutrina abstracta
– a técnica e a ciência
– a ausência de valores
– o alheamento em relação a tudo que implica
algum esforço
– a falta de ideais
– o tradicionalismo da Igreja
– o indiferentismo religioso
– uma desmotivação generalizada

b)  Que acontecimentos da vida actual podem ser con-


siderados positivos para o anúncio da Boa Nova?
– maior atenção aos mais desfavorecidos
– preocupação pelos direitos humanos
– a sensibilidade ecológica
– maior atenção aos valores da vida humana
O Catequista Formador, para orientar esta síntese, pode
servir-se de DGC 17-23.

Síntese feita pelo Catequista Formador

Se olharmos para o mundo de hoje, a partir da Fé no Senhor


da história, vemos muitas sombras: a injustiça, o consumismo
materialista, contrastando com a fome e a miséria, a falta de

65
Guia do Formador

liberdade, as opções pela violência, o ateísmo e secularismo,


a indiferença religiosa e relativismo moral, todas as situações
de degradação da dignidade da vida humana.
Vemos também, por outro lado, a crescente consciência mun-
dial destas injustiças, a luta pela defesa dos direitos humanos,
a sensibilidade em relação aos problemas ecológicos, um certo
retorno ao sagrado, embora não sem ambiguidades.
Esta situação não desorienta nem desanima a Igreja, antes a
torna mais consciente da importância da mensagem de que
é portadora para o mundo de hoje e a faz empenhar-se na
transformação do mundo e do homem, que Deus quis e que
Deus quer. Isto numa atenção maior, num diálogo mais fecundo
e numa cooperação mais forte com todos os homens de boa
vontade.
A Catequese deve preparar as pessoas para esta cooperação,
sendo já espaço de relação fecunda entre pessoas com origem
em culturas e subculturas diversas, mas que sabem descobrir
no Evangelho a fonte de comunhão, de dinamismo capaz de
motivar e iluminar o ser humano, impulsionando-o e fazendo-o
descobrir o sentido da sua existência actual.

1.4. Cântico: Nada temo porque... ou: Vem servir o homem


19 38

66
Módulo III – O que anuncia a catequese

2
O que anunciar hoje ?
(70 min)

Objectivo: Compreender a importância da Sagra-


da Escritura na Catequese e fazer a apresentação da
Bíblia.

2.1. Trabalho de grupos (20 min)


Cada grupo lê um dos seguintes conjuntos de textos:
1º grupo: Gen 12, 1-3 e Lc 2, 10-12;
2º grupo: Gen 17, 1b-8 e Mt 7, 24-29;
3º grupo. Ex 3, 7-10 e Jo 6, 68;
4º grupo: Is 7, 10-14 e Jo 7, 32-47;
5º grupo: Is 9, 1-6 e Mt 5, 13-20;
6º grupo: Is 61, 1-2 e Lc 4, 16-21;
7º grupo: Jer 31, 31-33 e Mt 5, 1-12.

Responder às perguntas

a) Qual a mensagem que o autor bíblico


pretende transmitir?
b) Qual a Boa Nova destes textos para
a nossa vida de hoje?


Cada grupo elabora uma oração, a partir dos textos bíblicos
que reflectiu, para pedir o dom do anúncio, que desperta a
fé em Jesus Cristo.

67
Guia do Formador

2.2. Cântico: Tua Palavra de Amor. 35

2.3. Plenário (30 min)


Comunicação da reflexão dos grupos

Síntese feita pelo Catequista Formador

A Bíblia apresenta-nos a maravilhosa aventura da vida da hu-


manidade querida e amada por Deus. É o próprio Deus que
chama o homem à existência e, ao longo da sua caminhada
histórica, lhe vai lembrando o Seu projecto, a sua vocação.
Deus não se limita a chamar o homem (Cf. Gen 12, 1-3), mas
vai Ele próprio ao seu encontro (Cf. Lc 2, 10-12).
Não faz apenas uma Aliança com ele (Cf. Gen 17, 1-8), mas é
Ele mesmo, pela Sua Palavra (Cf. Jer 31, 31-33; Mt 7, 24-29;
Jo 6, 68), e pela Sua vida, que a sustenta e para sempre a renova
em Jesus Cristo.
O Verbo de Deus, Jesus Cristo, como chave de toda a Bíblia,
plenitude da Revelação (Cf. Mt 5, 1-12) e pleno cumprimento
da Lei (Mt 5, 13-20) e dos Profetas (Lc 4, 16-21), vem restaurar
a relação única entre o Homem e Deus. Ele, o mediador único
entre o Homem e Deus, é também o seu Salvador e Libertador.
Vem revelar-nos o eterno desígnio do Pai sobre nós: temos,
de facto, a dignidade de filhos, igualmente herdeiros de pleno
direito (como irmãos).

68
Módulo III – O que anuncia a catequese

2.4. Apresentação da Bíblia (20 min)


O Catequista Formador poderá apresentar um painel com
o conjunto dos livros da Bíblia e dos grandes passos da His-
tória da Salvação, em cartaz ou acetato (ver MATERIAL A
UTILIZAR).

Poderá fazer a apresentação segundo o texto que se segue.

69
Guia do Formador

2.4.1. Introdução
A Bíblia é o livro por excelência de muitos milhões de crentes (ju-
deus e cristãos). Ao longo dos séculos, muitas gerações têm alimentado
a sua fé e descoberto os caminhos de Deus para a sua vida através dela.
Ainda hoje a Bíblia continua a ser o livro mais divulgado em
todo o mundo. Está traduzido em todas as línguas e é permanente-
mente objecto de estudo de teólogos, arqueólogos e historiadores.
Apesar deste interesse, para muitos cristãos, sobretudo entre
católicos, ela é ainda desconhecida.
Vamos apresentar a Bíblia com a finalidade de ajudar os cate-
quistas a descobri-la e a deixarem-se penetrar pela sua mensagem,
de modo a poderem transmiti-la fielmente.

2.4.2. Significado e divisões da Bíblia


A palavra “Bíblia” vem do grego “ta biblia”, que significa “os
livros”. A Bíblia, dividida em duas grandes secções – Antigo Testa-
mento e Novo Testamento – mais do que um livro, é uma biblioteca,
constituída na sua totalidade por 73 livros (46 do Antigo Testamento
e 27 do Novo Testamento).
“Testamento” – significa “Aliança”. Assim, temos a primeira
parte da Bíblia marcada pela antiga Aliança, que Deus começou a
fazer com Abraão, quando lhe prometeu uma descendência e uma
terra (Gn 12); ratificou com Moisés, quando definiu o Seu povo e
lhe deu a Lei da Aliança (Ex 20); e continuou com os profetas, que
progressivamente a vão aprofundando e actualizando (Ez 36, 26).
A segunda parte, ou seja, o Novo Testamento, revela-nos a nova
e eterna Aliança, que Deus estabeleceu com os homens através de
Jesus Cristo.

70
Módulo III – O que anuncia a catequese

Para maior compreensão do que ficou dito, convém ler e co-


mentar os seguintes textos:
– Gn 15; Aliança com Abraão;
– Ex 24, 1-8; Ratificação da Aliança com Moisés;
– Jer 31, 31-34; Nova compreensão da Aliança
com os profetas;
– Mt 26, 26-29; Nova Aliança selada com o Sangue de
Cristo.

2.4.3. Antigo Testamento


A divisão hebraica do Antigo Testamento compreendia três par-
tes: a LEI (“Torah” em hebraico), os PROFETAS e os ESCRITOS
(hagiógrafos).
A LEI, para os judeus, era a parte mais importante dos livros
sagrados, pois consideravam-na ditada por Deus a Moisés. É
composta pelos cinco livros que formam o conjunto conhecido
por PENTATEUCO:
• Génesis (Gn) – que engloba a origem do mundo, do homem e
do povo;
• Êxodo (Ex) – que narra o caminho de libertação dos israelitas da
opressão egípcia, a formação do povo eleito e o pacto de Aliança
com Deus no Sinai;
• Levítico (Lv) – manual litúrgico dos sacerdotes;
• Números (Nm) – assim chamado porque contém os números
do recenseamento no Sinai;
• Deuteronómio (Dt) – que contém uma segunda apresentação
da Aliança e do Decálogo.

71
Guia do Formador

A divisão cristã compreende três partes:


• Livros históricos: compreendem os cinco livros do Pentateuco
atrás mencionados, e ainda dezasseis livros que narram a história
do povo e seus chefes, como por exemplo: Josué, Juízes, Samuel,
Reis (ver o nome de todos estes livros no índice da Bíblia).
• Livros sapienciais ou de Sabedoria: são sete livros, onde en-
contramos a expressão da sabedoria e dos sentimentos do povo:
salmos, provérbios, poesias, cantos, orações, etc. (ver o nome
de todos estes livros no índice da Bíblia).
• Livros proféticos: são dezoito livros. Contêm a vida e a men-
sagem dos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós, etc. (ver
no índice da Bíblia o nome de todos os livros proféticos).

Para localizar as passagens bíblicas, deve ter-se em conta a divi-


são dos livros da Bíblia em capítulos e versículos. Assim, cita-se
primeiro o livro (ou a sua abreviatura), com o capítulo, seguido do
versículo separado por uma vírgula (ex: Ez 36, 28). Se desejamos
citar um grupo de versículos, escrevem-se o primeiro e o último
versículos separados por um traço (ex: Ez 36, 26-30). O salto de
um versículo a outro indica-se com um ponto (ex: Ez 36, 26.28).

Apresentar, em seguida, algumas passagens bíblicas e aju-


dar a situá-las. Para isso, mandar abrir a Bíblia a meio, onde
encontram, decerto, os livros sapienciais; constatar que, para
a esquerda, estão os históricos e, para a direita, os proféticos.
Algumas passagens mais significativas para procurar, ler e
meditar: Dt 26, 5-9; Salmo 43(42) ou 28(27) ou 24(23);
Is 52, 7-10.

72
Módulo III – O que anuncia a catequese

2.4.4. Novo Testamento


Compreende os Evangelhos, os Actos dos Apóstolos, as Cartas
de S. Paulo, as Epístolas Católicas e o Apocalipse.
Evangelhos: A palavra “Evangelho” significava primeiramente
a Boa Nova de salvação trazida à humanidade por Jesus Cristo
(Mc 1, 14). Só a partir do século II passou a designar os livros que
descrevem “todas as acções e ensinamentos de Jesus” (Act 1, 1).
Embora tenham sido escritos vários evangelhos, no entanto, a
Igreja aceitou apenas quatro como inspirados, que designou por
canónicos, enquanto que aos outros chamou apócrifos, que sig-
nifica suspeitos. Assim temos: o Evangelho segundo S. Mateus,
S. Marcos, S. Lucas e S. João.
S. Mateus – Era judeu, cobrador de impostos e foi um dos dis-
cípulos de Jesus (Mt 9, 9). Escreveu o Evangelho por volta do ano
70 e procura demonstrar que, em Jesus de Nazaré, se cumpriram
as profecias do Antigo Testamento.
S. Marcos – Talvez tenha conhecido pessoalmente Jesus (Mc 14,
51-52), mas não pertencia ao círculo dos discípulos mais íntimos.
Acompanhou Paulo na primeira viagem missionária a Chipre
(Act 13, 5) e, mais tarde, foi discípulo de S. Pedro (1 Pd 5, 13);
daí que o seu Evangelho reflicta a pregação deste Apóstolo. É o
texto do Evangelho mais curto e mais vivo, com poucos discursos
e muita acção. Os gestos de Jesus são pregação viva do Evangelho.
S. Lucas – Dotado de grande cultura (alguns dizem que era mé-
dico) e grego de nascimento, escreve para os gentios. É chamado o
evangelista da misericórdia de Cristo, pois narra várias parábolas
que manifestam a ternura de Deus pelos publicanos e pecadores
(Lc 15). Dá muita atenção à infância de Jesus e daí ser conhecido
também como o evangelista da infância.

73
Guia do Formador

S. João – É o Evangelho mais teológico, em que se aprofunda o


significado de Jesus Cristo, Filho de Deus, como Luz e Vida para
os crentes. Como o próprio autor afirma: “este livro foi escrito para
que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais a vida em Seu nome” (Jo 20, 31).
Situar os Evangelhos no Novo Testamento e sugerir aos
catequistas que façam uma leitura da introdução geral aos
Evangelhos e da introdução a cada um deles.

Actos dos Apóstolos: É um livro escrito por S. Lucas, autor


do terceiro Evangelho, que narra as actividades dos Apóstolos,
especialmente de S. Pedro e de S. Paulo, desde a Ressurreição de
Jesus até à chegada do Evangelho à capital do Império – Roma.
Descreve também um pouco a vida das primeiras comunidades
cristãs, para as apresentar como modelo para os cristãos de todas
as épocas. Este livro também é designado por “Evangelho do Es-
pírito”, pois realça a acção do Espírito na Igreja.
Folhear o livro dos Actos dos Apóstolos e verificar que a
Igreja nasceu em Jerusalém com a descida do Espírito Santo
(Act 2), mas progressivamente vai-se expandindo, primeira-
mente ente os judeus (Act 3, 26), e depois também entre os
gentios (Act 10, 46).

Cartas de S. Paulo: As cartas de S. Paulo têm como finalidade


orientar as comunidades formadas pelo Apóstolo. Algumas são
anteriores à redacção do Evangelho (a 1ª aos Tessalonicenses é
o primeiro escrito do Novo Testamento, por volta do ano 51).
Encontram-se na Bíblia pela ordem de importância e dimensão.
Analisar pelo índice: Cartas às Comunidades – as nove pri-
meiras; Cartas Pastorais – as duas a Timóteo e uma a Tito;

74
Módulo III – O que anuncia a catequese

Postal a Filémon; Carta aos Hebreus, cujo autor se desconhe-


ce.

Epístolas Católicas: Assim chamadas porque não têm destina-


tário específico, mas dirigem-se a todas as Igrejas cristãs.
Situar as sete Epístolas Católicas na Bíblia.

Apocalipse (Revelação): O autor deste livro, S. João, deseja


alimentar a fé dos primeiros cristãos e encorajá-los a enfrentar
com firmeza as primeiras perseguições. Contém uma mensagem
de esperança e consolação e utiliza linguagem simbólica.
Mostrar que este é o último livro da Bíblia.

2.5. Oração

Oração preparada anteriormente nos grupos.


Pode usar-se também a seguinte Oração:

TU FALAS, SENHOR

Fazer silêncio para Te ouvir, fazer silêncio para escutar a Tua Palavra,
que não é uma coisa, mas uma Pessoa,
o Verbo feito carne...
o Teu Amado Filho...
Mas as minhas trevas não recebem a Luz,
o meu coração não é nobre e virtuoso,
a Tua Palavra bate, mas eu nem sempre abro o coração,
não disponho a alma para Te receber...
Por isso, ando triste, vazio...
sedento e insatisfeito...

75
Guia do Formador

Ajuda-me, Senhor,
a receber o Teu Filho, a Tua Palavra,
para que eu fique n’Ele e Ele em mim...
para que o meu coração produza fruto em abundância,
para que as minhas trevas dêem lugar à Tua Luz.

Cântico: Toda a Bíblia é comunicação ou: Palavra do Senhor


32 23

76
Módulo III – O que anuncia a catequese

3
Que anúnco faz hoje a Igreja ?
(60 min)

Objectivo: Apresentar o Catecismo da Igreja


Católica como a síntese da fé da Igreja.

A fé professada A fé celebrada
I PARTE II PARTE
A Profissão de fé A celebração do mistério cristão
1ª Secção 1ª Secção
Eu creio – Nós cremos A economia sacramental
• O homem é “capaz” de Deus O Mistério Pascal no tempo da Igreja
• Deus ao encontro do Homem • A Liturgia, obra da Santíssima Trindade
• A resposta do Homem a Deus – • O Mistério pascal nos Sacramentos da Igreja
Eu creio – Nós cremos – Os sacramentos de Cristo
– Os sacramentos da Igreja
2ª Secção – Os sacramentos da fé
A Profissão da Fé Cristã – Os sacramentos da salvação
• Creio em Deus Pai – Os sacramentos da vida eterna
– Deus A celebração sacramental do Mistério Pascal
– O Pai • Celebrar a Liturgia da Igreja
– O Todo Poderoso – Quem, como, quando, onde
– O Criador • Diversidade Litúrgica e unidade do mistério
– O Céu e a Terra
– O Homem 2ª Secção
– A queda Os sete sacramentos da Igreja
• Creio em Jesus Cristo, Filho único de Deus Os sacramentos da iniciação cristã
– Filho de Deus/concebido pelo Espírito/ • O sacramento do Baptismo
/ nascido da Virgem Maria/Fez-se homem • O sacramento da Confirmação
– Os mistérios da vida de Cristo • O sacramento da Eucarístia
– Padeceu, foi crucificado, morto e sepultado
– Desceu aos infernos e ressuscitou dos mortos Os sacramentos de cura
– Subiu aos céus e está à direita do Pai • O sacramento da Penitência e da Reconciliação
– Virá julgar os vivos e os mortos • A unção dos Enfermos
• Creio no Espírito Santo Os sacramentos do serviço da comunidade cristã
• Creio na Santa Igreja Católica • O sacramento da Ordem
– A Comunhão dos Santos • O sacramento do Matrimónio
– Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja As outras celebrações litúrgicas
• Creio na remissão dos pecados • Os sacramentais
• Creio na ressurreição da carne • As exéquias cristãs
• Creio na vida eterna
– O Juízo
– O Céu
– O Purgatório
– O Inferno
– A esperança dos novos céus e da nova terra

77
Guia do Formador

A fé vivida A fé rezada
III PARTE IV PARTE
A vida em Cristo A oração cristã
1ª Secção 1ª Secção
A vocação do homem: A oração na vida cristã
a vida no Espírito A revelação da oração
A dignidade da pessoa humana • O apelo universal à oração
• O Homem Imagem de Deus – No Antigo Testamento
• A nossa vocação à bem aventurança – Na plenitude do tempo
• A liberdade do homem – No tempo da Igreja
• A moralidade dos actos humanos
A tradição da oração
• A moralidade das paixões
• As fontes da oração
• A consciência moral
• O caminho da oração
• As virtudes
• Os guias para a oração
• O pecado
A vida de oração
A comunidade humana
• As expressões da oração
• A pessoa e a sociedade
• O combate da oração
• A participação na vida social
• A oração da hora de Jesus
• A justiça social
A salvação de Deus: a lei e a graça 2ª Secção
• A lei moral A oração do Senhor
• Graça e justificação “Pai Nosso”
• A Igreja, mãe e educadora O resumo de todo o Evangelho
Pai Nosso que estais nos céus
2ª Secção
Os dez mandamentos As sete petições
Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu A doxologia final
coração,
com toda a tua alma e com todas as tuas forças
Mandamentos 1 a 3
Amarás o teu próximo como a ti mesmo
Mandamentos 4 a 10

3.1. Breve apresentação do CIC (10 min)


A partir de esquema previamente preparado (ver MATERIAL
A UTILIZAR), o Catequista Formador apresenta o CIC e a sua
estrutura fundamental, tendo em conta o trabalho de grupos
que se vai seguir. (Cf. DGC 121-122)

78
Módulo III – O que anuncia a catequese

3.2. Trabalho de grupos (20 min)

O Catequista Formador distribui os textos, um ou dois nú-


meros para cada grupo, conforme o número de grupos.


Ler os textos:
EN 25; Conteúdo essencial e elementos secundários
EN 26-27; Testemunho do amor do Pai e a salvação
em Jesus Cristo, no centro da mensagem
CT 6-7; Transmitir a doutrina de Cristo /Cristo ensina
DGC 97; Critérios para a apresentação da mensagem
DGC, 120; O Catecismo da Igreja Católica e o Direc-
tório Geral da Catequese
DGC, 121; A finalidade e a natureza do Catecismo da
Igreja Católica
DGC, 125; O «Depósito da fé» e o Catecismo da Igreja
Católica
DGC, 127 e 128; A Sagrada Escritura, o Catecismo
da Igreja Católica e a Catequese

Responder às perguntas

a) Relaciona o texto que leste com o CIC


e o DGC. Como se articulam estes
com a Catequese?

b) Quais os conteúdos transmitidos pela


Catequese?

79
Guia do Formador

3.3. Cântico: Quem me seguir ou: Todos Unidos


26 33

3.4. Plenário (30 min)


Comunicação da reflexão dos grupos

Síntese feita pelo Catequista Formador

A Catequese deve transmitir a Boa Nova da Salvação, que, “aco-


lhida com o coração,... é aprofundada depois sem cessar pela
Catequese, mediante reflexão e estudo sistemático; mediante
uma tomada de consciência cada vez mais responsável das suas
repercussões na vida pessoal; e mediante uma inserção no todo
orgânico e harmonioso, que é a existência cristã na sociedade
e no mundo” (CT 26).
Apresenta, a seu modo, a Palavra de Deus transmitida na Tra-
dição e na Escritura (Cf. CT 27) e autenticamente interpretada
pelo Magistério, que desperta a Fé e alimenta o coração dos
crentes. Mas deve fazer esta apresentação no respeito pela
integridade da Mensagem (Cf. CT 30), organizada equilibrada-
mente, no respeito pela hierarquia de verdades (Cf. CT 31) e
segundo uma linguagem acessível à pessoa humana, de cada
tempo e de cada cultura.
Os conteúdos, podemos encontrá-los ordenados e sintetizados
no CIC, como um serviço do Magistério do Papa à Palavra de
Deus, que não descuida as suas vertentes essenciais: A Fé que
se professa (Credo), que se celebra (Sacramentos), que se vive
(as suas implicações morais e sociais, os Mandamentos) e se
reza (A oração, intimidade com Deus, o Pai Nosso).

80
Módulo III – O que anuncia a catequese

3.5. Cântico: Vai depressa mensageiro 36

Neste Módulo descobrimos


Algumas características do ser humano actual
e do espaço sóciocultural em que se movimen-
ta.


Que o homem de hoje é sensível aos valores do
Evangelho: é urgente dar-lhe, não apenas aquilo
que ele pede, mas aquilo de que precisa: a Boa
Nova para hoje.


Que a Palavra de Deus, transmitida pela Tra-
dição e pela Escritura e autenticamente inter-
pretada pelo Magistério, é a fonte de todos os
conteúdos catequéticos.


A Bíblia, como lugar de encontro entre Deus e o
homem, tem lugar central na Catequese.


A Pessoa de Jesus Cristo como Plenitude de toda
a Bíblia.


Aceitámos como critérios para a apresentação
da Mensagem Evangélica:
– Centrada em Jesus Cristo, que nos introduz na
dimensão Trinitária;
– Centrada no Dom da Salvação, com carácter
eclesial, histórico e salvador do homem concre-
to, marcado historicamente;

81
Guia do Formador

– Inculturada e íntegra;
– Orgânica e hierarquizada, de tal modo que se
torne significativa para a vida da pessoa hu-
mana;
– Seja anúncio da fé da Igreja, (conduzida pelo
Espírito Santo), dos Apóstolos, dos Mártires,
dos Santos, dos Pastores;
– Tenha em conta as formulações da Fé: os Sím-
bolos, Fórmulas litúrgicas e Orações Eucarís-
ticas.


O CIC como a síntese da Fé da Igreja para o mun-
do de hoje e referência segura para o Anúncio
da Boa Nova.

 QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1.  Leia os números 95 e 96 do DGC e diga quais


são as fontes da Catequese.

2.  Que relação existe entre a Sagrada Es-


critura, a Tradição e o Catecismo da Igre-
ja Católica? Que lugar ocupa cada um na
Catequese?

82
Módulo III – O que anuncia a catequese

VOCABULÁRIO DO CATEQUISTA

BÍBLIA E TRADIÇÃO – A Bíblia, antes de ser escrita, foi


tradição oral. Tradição significa entrega ou transmissão. Jesus
entregou a Sua Mensagem à Igreja, de maneira viva e não como
letra morta: através de gestos, acções e de viva voz. E mandou à
Igreja que, por sua vez, a transmitisse a todas as gerações.
Parte desta tradição foi redigida por escrito e está contida no
Novo Testamento. Mas nem todas as tradições foram escritas:
algumas foram transmitidas oralmente (Cf. Jo 20,30). Daí que o
Magistério da Igreja nos apresente, também como conteúdo da
fé cristã, algumas verdades, que não são directamente da Bíblia,
mas fazem parte da tradição cristã (por exemplo, muitas verdades
acerca de Nossa Senhora).
Assim, a Palavra de Deus está contida na Tradição e na Escritura
(CT 27). “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem
um só depósito Sagrado da Palavra de Deus, confiado à Igreja”
(DV 10). O nº 9 da mesma constituição (Dei Verbum) explica mais
claramente a relação entre Sagrada Escritura e Tradição. “A Sagra-
da Tradição e a Sagrada Escritura, relacionam-se e comunicam-se
intimamente entre si; porque, surgindo ambas da mesma fonte, de
certo modo se fundem para o mesmo fim. Com efeito a Sagrada
Escritura é a palavra de Deus, enquanto consignada por escrito sob
a inspiração do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por seu lado,
transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra
de Deus, confiada aos Apóstolos por Cristo Senhor e pelo Espíri-
to Santo, para que, com a luz do Espírito da verdade, a guardem,
exponham e difundam fielmente na sua pregação; donde se segue
que a Igreja não tira somente da Sagrada Escritura a sua certeza
de todas as coisas reveladas. Por isso, se devem receber e venerar
ambas com igual afecto de piedade e reverência”.

83
Guia do Formador

A Bíblia nasce da Tradição da Igreja e só pode ser interpretada


autenticamente inserida na mesma Tradição. Nasceu na vida da fé e
da pregação das primeiras comunidades cristãs, e só no ambiente da
fé da Igreja encontra o meio vital para ser correctamente entendida.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA – É o documento base


para a orientação catequética e doutrinal de todas as Igrejas locais ou
dioceses da Igreja Católica de todo o mundo. O próprio Catecismo
define a sua finalidade: “apresentar uma exposição orgânica e sintética
do conteúdo essencial e fundamental da doutrina católica, tanto sobre
a fé como sobre a moral, à luz do Concílio Vaticano II e do conjunto
da Tradição da Igreja” (CIC 11). O Catecismo é, assim, segundo a
Constituição Apostólica Fidei Depositum, “um instrumento válido
e legítimo ao serviço da comunhão eclesial”, “uma norma segura
para o ensino da fé” e “um ponto de referência para os catecismos
ou compêndios que venham a ser preparados nas diversas regiões”.

DOUTRINA (do latim docere - ensinar) – Conjunto de verdades


que constituem o ensino cristão, tanto da Bíblia (doutrina bíblica)
como da Igreja (doutrina do Magistério).
A Catequese deve transmitir a vida e a doutrina de Jesus. A
mensagem de Jesus não é um conjunto de verdades abstractas. Na
verdade, Jesus ensinou também com a sua vida e os seus gestos
(Cf CT 6, 7, 8, e 9).
Por outro lado, a Catequese deve transmitir também a doutrina
da Igreja, ou doutrina do Magistério, constituída pelas verdades
com que a Igreja, ao longo da história concretizou, explicitou e
actualizou a mensagem original da Bíblia.
Mas a Catequese, para proporcionar uma iniciação cristã integral,
não pode iniciar só na doutrina, mas também na vida e no culto da
Igreja. Ou seja, a Catequese deve apresentar-se na “tripla dimensão
84
Módulo III – O que anuncia a catequese

da palavra, memória e testemunho – de doutrina, de celebração de


compromisso de vida” (CT 47). “A Catequese não consiste unica-
mente em ensinar a doutrina, mas também em iniciar a toda a vida
cristã” (CT 33).

EVANGELHO E BOA NOVA – Evangelho é uma palavra grega


que, em português significa Boa Nova. Frequentemente imaginamos
o evangelho como um livro que conta a vida de Jesus e esquecemos o
significado profundo desta palavra. Evangelho é muito mais do que um
livro; é a própria pessoa de Jesus e tudo o que Ele significa para nós.
Assim, compreendemos como o Evangelho possa ser uma Boa
Nova: é a proclamação de que Jesus nos salva hoje, e isto é um
motivo de esperança e alegria. Podemos, pois, dizer que Jesus, vivo
e presente na nossa vida, é o Evangelho. Falar de Jesus, proclamar
a Sua Palavra, contar o que Ele representa para nós, é anunciar o
Evangelho e dar a conhecer uma Boa Nova.
A Boa Nova de Jesus e o resumo da sua pregação era a vinda
do Reino de Deus.
Os Apóstolos deram continuidade ao anúncio de Jesus. A vinda
de Deus, com Jesus Cristo, era sinal de que o Reino de Deus tinha
chegado. A Boa Nova que os Apóstolos pregaram centrava-se na
Morte e Ressurreição de Jesus. (cf. Act 28,31).

EVANGELHO E LIVRO DOS EVANGELHOS – O Evan-


gelho ou Boa Nova foi primeiramente anunciado de viva voz e
transmitido oralmente. Só passados anos, é que os quatro autores
(Marcos, Mateus, Lucas e João) resolveram, inspirados por Deus,
escrever esta pregação sobre Jesus, para servir de base de apoio ao
anúncio oral. Pensa-se que o primeiro que escreveu foi Marcos, por
volta do ano 70, seguido de Mateus e Lucas, alguns anos depois.
Estas três primeiras narrações do Evangelho de Jesus seguem de
perto o mesmo esquema e utilizam vocabulário parecido, e por isso

85
Guia do Formador

são chamados Evangelhos sinópticos, por se poderem ler em colunas


paralelas. O último a escrever foi S. João, por volta do ano 100 e
segue um esquema diferente dos outros evangelistas.
Estas narrações do Evangelho não são livros de história, como
hoje entendemos, nem pretendem apresentar com exactidão a bio-
grafia de Jesus. São antes esquemas de pregação, orientados para o
anúncio da salvação, tendo em conta as tradições e maneiras de ser
de cada comunidade para as quais foram escritas pelos evangelistas.

MAGISTÉRIO DA IGREJA – Quer dizer “a tarefa do ensino”,


que a Igreja exerce (Mt 28,18-20) e que lhe permite definir a inter-
pretação da Escritura em todas as épocas da história, traduzindo-a,
aplicando-a e explicando-a em linguagem de cada tempo. Assim
se formou a doutrina do Magistério, que faz parte também do con-
teúdo da Fé e que é composta pelos ensinamentos dos concílios,
dos papas e dos bispos.

NOVO TESTAMENTO E ANTIGO TESTAMENTO – O


Novo Testamento, constitui a continuação e a realização plena
do Antigo Testamento. Chamam-se Testamentos ou Alianças,
porque revelam o pacto de amizade que Deus quis estabelecer
com a humanidade, começando com o povo judeu, antes de Jesus
(o Antigo), e depois do nascimento de Jesus (o Novo). O Antigo
Testamento é muito mais extenso em conteúdo e foi escrito desde
o século X até ao século I antes de Cristo. Inclui 47 livros, bastante
diferentes entre si; uns são de história, outros de poesia, outros de
leis, outros de orações, etc. Antes de serem escritos, também estes
livros formaram tradições narradas de viva voz.

SÍMBOLO DA FÉ – O conteúdo da fé cristã torna-se bastante


extenso: é constituído pela Bíblia e pela doutrina da Igreja. Esta
extensão exigiu, desde o início, a elaboração de uma forma breve

86
Módulo III – O que anuncia a catequese

e concentrada, que pudesse ser aprendida de memória e recitada


em comum. Assim nasceram os resumos da fé que encontramos no
Novo Testamento (por ex. Fil 2,6-11; 1ª Cor 15,3-5). Nos primeiros
séculos, surgiram ainda os símbolos da fé; resumos da fé cristã para
os que se preparavam para o baptismo. Conhecemos hoje dois:
o Credo da Missa, também chamado de Niceia-Constantinopla,
por ter tido origem nestes concílios, e o Credo que recitamos no
Baptismo, chamado “Símbolo dos Apóstolos”, por resumir a fé dos
Apóstolos. Dá-se-lhes o nome de “símbolo da fé”, por exprimirem
a união de todos os crentes na mesma fé.

TEOLOGIA (do grego Teos-Deus, e logos-ciência: ciência


­sobre Deus) – É a organização do conhecimento dos elementos da fé
cristã. Tem em vista a compreensão ou inteligência da fé, de modo a
confrontá-la com a cultura e a relacioná-la com a vida das pessoas.
A Catequese não pode ir tão longe como a Teologia. Embora
se enriqueça com a investigação da Teologia, “a Catequese deve
transmitir certezas simples e sólidas, que ajudem a procurar melhor
o caminho do Senhor” (CT 60)

87
MÓDULO IV

(180 min)

MATERIAL A UTILIZAR

• Fotografias de crianças, jovens e adultos, ilustrando as


diferentes fases do desenvolvimento psicológico do Ser
Humano.
• Alguns exemplares de catecismos, guias do catequista
e material de apoio (cassetes, desenhos…)
• Painel ampliado, em cartaz ou acetato, do Itinerário Catequé-
tico para a Infância e Adolescência.

89
Guia do Formador

Neste Módulo pretendemos




Conhecer as principais características psicoló-
gicas de cada idade.

Compreender que o anúncio da Palavra de Deus
deve ter em conta a idade, a situação sociocul-
tural e histórica de cada pessoa.

Enquadrar a proposta de itinerário catequético
para a Infância e Adolescência no nosso país.

Assumir a Catequese de Adultos como paradig-
mática de todas as outras.

Tomar consciência da Universalidade da Salva-
ção de Deus.

Cântico: Eu perguntei por meu Deus. 13

INTRODUÇÃO
Este módulo, que vamos começar, não pretende apenas uma respos-
ta directa à questão: A quem anuncia o catequista? Quem catequizar?
Se assim fosse, a resposta seria curta: anunciar a todos. Precisamos
de uma Catequese para todas as idades, para todas as circunstâncias.
Vai mais longe o nosso intento, no sentido de identificar e
caracterizar cada uma das fases etárias, perscrutando as suas ne-
cessidades e potencialidades.
É o que vamos fazer, depois de, nos módulos precedentes, ter-
mos esclarecido algumas ideias de base sobre a tarefa catequética
da Igreja, que esta nos confia como seus porta-vozes.

90
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

Conhecemos os objectivos a atingir, quem somos e o que vamos


transmitir. Falta-nos apenas conhecer aqueles a quem, em nome de
Deus e da Igreja, somos enviados. Se queremos ser fiéis a quem
nos envia, é imperioso também que sejamos fiéis àqueles a quem
somos enviados, e isso só é possível após um estudo cuidadoso e
uma atenção constante aos mesmos destinatários da Catequese, à
sua situação, à sua evolução, ao seu crescimento.
Acompanhar na fé aqueles que estão a estruturar a sua personali-
dade, saber dar-lhes, no momento certo, algo de sólido e apropriado
da mensagem cristã, reconhecer que “o destinatário deve poder
manifestar-se como um sujeito activo, consciente e responsável, e
não como um receptor silencioso e passivo” (DGC 167): eis a meta.
Neste módulo, vamos fazer uma primeira abordagem às caracte-
rísticas psicológicas que predominam em cada fase etária (embora
sem nunca perder de vista a condição única e irrepetível de cada
pessoa, com o seu carácter próprio, o seu ritmo e história próprios,
o seu espaço relacional também diferente). A partir deste estudo,
entenderemos melhor a proposta de um itinerário diversificado, por
idades, como “uma exigência essencial para a comunidade cristã”
(DGC 171); e por etapas, contínuo e progressivo: “Tratar-se-á tam-
bém de integrar sabiamente as etapas do caminho da fé, prestando
particular atenção, a fim de que a Catequese dirigida à Infância en-
contre um desenvolvimento harmonioso nas fases posteriores” (DGC
171), no respeito pelas possibilidades catequéticas de cada idade.
Sabendo que a criança não é um adulto em miniatura, convém
ainda descobrir quais são as consequências de considerar a Cate-
quese de Adultos como referência para todas as outras, enquanto
“principal forma de Catequese, porque se dirige a pessoas que
têm as maiores responsabilidades e capacidade para viverem a
mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida” (CT 43).

91
Guia do Formador

1
A identidade
dos destinatários da catequese
(80 min)

Objectivo: Reflectir sobre as principais caracterís-


ticas dos diversos períodos etários.

1.1. Trabalho de grupos (30 min)


Entregar, a cada grupo, um conjunto de fotografias (2-4)
de crianças, jovens ou adultos.
A partir das fotografias e da própria experiência, descobrir as prin-
cipais características psicológicas dos destinatários de uma ou mais
fases do Programa de Catequese.

1.2. Cântico: Amar como Jesus amou 2

1.3. Plenário (50 min)



Comunicação da reflexão dos grupos


O Catequista Formador apresenta, no final da comunicação
dos grupos, em acetato ou cartaz o quadro que se segue, sintetizando
e organizando mais as características psicológicas de referências
fundamentais para cada fase.

92
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

Síntese feita pelo Catequista Formador

O Catequista Formador poderá socorrer-se (partindo deste


quadro de sínteses feitas a partir das Introduções dos Guias do
Catequista. Procurará, de qualquer forma, realçar as caracterís-
ticas essenciais de cada período etário, sem esquecer alguns
traços gerais sobre a juventude e a idade adulta:
I FASE – Crescimento intenso; aparecimento do raciocínio ob-
jectivo (idade da razão); despertar da consciência moral; aber-
tura ao transcendente; grande necessidade de afecto; início do
processo de integração social.
II FASE – Desejo de aprender; distinção entre o real e o ima-
ginário; desenvolvimento do raciocínio com um pensamento
ainda lógico-concreto; relação muito afectiva com Deus; maior
integração no grupo; progressiva interiorização da moralidade.
III FASE – Necessidade de uma actividade permanente; entusias-
mo em adquirir novos conhecimentos; gosto pelos factos e his-
tórias reais; capacidade crescente de observação e descoberta.
IV FASE – Mudanças físicas, psicológicas, afectivas... provocando
situações de ruptura/crise; rejeição da religião da infância; valo-
rização crescente da vida em grupo; procura de valores; tensão
entre o desejo de confiar em Deus e as dúvidas que surgem.
V FASE – Mudanças profundas a nível físico e psíquico; estrutu-
ração da personalidade; necessidade de assumir pessoalmente
a sua fé; a influência do grupo sobrepõe-se à da família.
JUVENTUDE – Preocupação com o futuro; definição de opões/
/vocação; idealismo e generosidade; espírito crítico; procura
da verdade; dificuldade em compreender as imperfeições dos
adultos e das instituições.

93
Guia do Formador

IDADE ADULTA - Estabilidade emocional e afectiva, maturidade


humana. Compromisso vocacional: familiar, profissional, social.
Chegado à idade adulta, o indivíduo sente a necessidade de se
situar a si mesmo em relação ao seu próprio passado e perante
o futuro.
A sua escala de valores, pessoal ou do meio em que cresceu,
inspira a sua atitude perante o complicado conjunto de grupos
de referência nos quais se encontra inserido: a família, a comu-
nidade, o meio profissional, a sociedade política, a pátria. Na
sua profissão e comunidade política, o adulto deve encontrar o
equilíbrio entre os seus interesses, a necessidade de colaborar
com os demais, o seu desejo de fazer carreira e talvez até a sua
ambição e vontade de poder.
O conhecimento de si mesmo é um dos privilégios da idade
adulta, permitindo atingir a maturidade do desenvolvimento e
uma forma equilibrada de estar na vida.
Tanto na vida em casal, como nos diversos relacionamentos
familiares e sócio-profissionais, cada um deve encontrar a si
mesmo e realizar-se enquanto personalidade única, ao mesmo
tempo que aceita cedências de diversos tipos, para conviver
com os outros, aprendendo a aceitar cada um tal como é e não
como gostaria que fosse.
O adulto maduro, e o idoso, encontram com frequência um
equilíbrio notável, considerando as dificuldades das etapas ante-
riores. Deverão ter ultrapassado os litígios que poderiam opô-los
a outros e ser capazes de resolver os conflitos consigo mesmos
e com aqueles com quem convivem, ou com quem se cruzam.

1.4. Cântico: Sou ainda jovem... mas sei. 31

94
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

2
A Palavra de Deus
deve ser anunciada a toda a humanidade
(40 min)

Objectivo: Assumir que a Palavra de Deus se desti-


na a todos os seres humanos

2.1. Trabalho de Binas (10 min)


Cada bina recebe dois textos bíblicos, um do AT e outro do
NT.
Sugerimos os seguintes:
1º grupo: Is 2, 2-5 e Mt 28, 18-20;
2º grupo: Is 2, 2-5 e Jo 4, 7-10 ;
3º grupo: Is 49, 5-7 e Act 10, 44-48;
4º grupo: Is 49, 5-7 e Lc 10, 25-37;
5º grupo: Is 55, 3-5 e Act 1, 6-8.
6º grupo: Mc 10, 13-17 e Mt 17, 14-22; 19, 16-22


Leitura e reflexão pessoal dos textos atribuídos a cada bina,
para partilhar as suas impressões, com base na pergunta:

A quem se destina a Palavra de Deus?

2.2. Cântico: Profetas de um mundo novo 25

2.3. Plenário (30 min)

95
Guia do Formador


Comunicação da reflexão das binas.

Síntese feita pelo Catequista Formador

Tópicos para a síntese:

– A Palavra de Deus tem como destinatários todos os seres


humanos, de todos os tempos, todas as nações e grupos,
assim como de todas as idades.
– A Catequese responde a este mandato expresso de Deus,
que se encontra permanentemente na Bíblia.
– Deve dar-se relevo ao facto de ser a Catequese de adultos “a
principal forma de Catequese” (cf. CT 43 e DGC 172-176)
e aquela que é paradigmática de todas as outras formas
catequéticas.

2.4. Cântico: Virão adorar-Vos, ou: A Messe é Grande


39 1

96
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

3
Todos precisam de ser catequizados
(60 min)

Objectivo: Assumir que a cada idade e realidade


dos destinatários corresponde uma proposta adaptada
de Catequese.

3.1. Trabalho de grupos (30 min)


Distribuir pelos grupos vários C atecismos e Guias do Ca-
tequista (um ano ou fase por grupo). Cada grupo deve receber,
de preferência, Guias relativos à Fase cujas características
psicológicas analisou.

Depois de uma leitura individual, os elementos do grupo vão


procurar, no Guia do Catequista que lhes foi atribuído (Introdu-
ção: objectivos da fase, do ano e de cada bloco), a forma como os
conteúdos da Catequese aí preconizada respondem às exigências
do período etário e das características específicas dos destinatários.

No caso de ter havido grupos a reflectir sobre as carac-


terísticas psicológicas da juventude e da idade adulta, esses
grupos poderão analisar os seguintes textos ou outros em
uso na região ou diocese:

MANUEL PELINO e ANTÓNIO MARTO,


• Esta é a nossa fé – Catequese para o Povo de Deus 1
• Caminho para a vida – Catequese para o Povo de Deus 2
Ed. Secretariado Nacional da Educação Cristã, Lisboa, 1990.

97
Guia do Formador

REY-MERMET, A fé explicada aos jovens e adultos (2 volu-


mes), Ed. Paulinas, S. Paulo, 1984.
GOMES BARBOSA, ADÉRITO, Jovens com Jesus Cristo –
Às portas do Terceiro Milénio, Ed. Paulinas, Lisboa, 1996.

a) Os que vão trabalhar com a Catequese de Jovens


podem referenciar-se no DGC 181-185.
b) Os que vão trabalhar com a Catequese de adultos podem
conferir a sua reflexão pelo DGC 172-176.

3.2. Cântico: Ide e ensinai 16

3.3. Plenário (30 min)

 Comunicação da reflexão dos grupos

Síntese feita pelo Catequista Formador

A Catequese destina-se a todas as idades e a todas as


situações humanas, desenvolvendo o crescimento da fé,
a vida espiritual e a identidade do cristão.
Deve, por isso, assumir a condição da pessoa concreta,
com as sua possibilidades e limitações inerentes à idade
(cronológica e psicológica) e situação social e vital para,
gradual e progressivamente, no respeito pelo seu cresci-
mento pessoal, indicar aqueles aspectos da Boa Nova de
que mais carece e segundo a forma que ela é capaz de
entender e interiorizar.

98
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

Só deste modo a Catequese atinge a sua finalidade e po-


derá levar ao amadurecimento humano e cristão de cada
pessoa, elevando-a à plena estatura de Cristo.

3.4.  Apresentação do Itinerário Catequético para a infância


e adolescência.
O Catequista Formador apresenta, o quadro síntese do
Itinerário. Pode copiar e ampliar este quadro de um dos Guias
do Catequista.

99
Guia do Formador


Apresentação dos Catecismos e Guias do Catequista
correspondentes a cada ano do Itinerário Catequético.
O Catequista Formador apresenta os Catecismos, Guias do
Catequista e material de apoio para os dez anos do Itinerário
Catequético da Infância e Adolescência.

3.5. Oração / Cântico: Ide por todo o mundo 17

Pode usar-se também a seguinte Oração:


Digna-Te conceder-me, ó Deus bom e santo,
uma inteligência que Te compreenda,
uma sensibilidade que Te sinta,
uma alma que Te saboreie;
uma diligência que Te busque,
uma sabedoria que Te encontre,
um espírito que Te conheça,
um coração que Te ame;
um pensamento para Ti orientado,
uma actividade que Te glorifique;
ouvidos que Te saibam contemplar,
uma língua que a Ti confesse,
uma palavra que Te compraza,
uma paciência que Te siga,
uma esperança que Te aguarde.
(S. Bento)

100
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

Neste Módulo descobrimos

 As principais características psicológicas de cada


idade, na perspectiva da psicologia do desenvol-
vimento.
 As possibilidades catequéticas de cada idade, que
nos permitirão fazer uma selecção e organização
de conteúdos, bem como a escolha da melhor lin-
guagem, metodologia e pedagogia a usar.
 A valorização da forma de comunicar a Palavra
de Deus, tendo em conta a idade psicológica (que
nem sempre coincide com a cronológica) e a situa­
ção sociocultural, familiar e histórica de cada
pessoa (que é única e irrepetível).
 A coerência do itinerário catequético proposto
para a Infância e Adolescência, no nosso país, e
respectivos materiais de apoio.
 Que este itinerário para a Infância e Adolescên-
cia só poderá ser eficaz por via da referência à
catequese de adultos e tendo a sua continuidade
numa Catequese de Jovens e de adultos devida-
mente organizada, planificada e levada à prática.
 Que a vontade de Deus é que todos os homens se
salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Por todos, entendemos os de todas as idades, de
todas as culturas e países e de todos os tempos.

101
Guia do Formador

 QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1.  Aponte algumas razões que indiquem a


necessidade de catequese para todas as
idades.
2.  Exponha as vantagens da existência de um
Programa de Catequese para as crianças e
adolescentes dos 6 aos 16 anos.
3.  Apresente algumas características das
crianças:
da I Fase...
da II Fase...
da III Fase...
da IV Fase...
da V Fase...
4.  Exponha as vantagens de um Programa de
Catequese para jovens e adultos.
5.  Apresente algumas características da
psicologia dos jovens...
6.  Apresente algumas características da
psicologia dos adultos...

102
Módulo IV – A quem anuncia o catequista

VOCABULÁRIO DO CATEQUISTA
PEDAGOGIA – Ciência da educação ou do acto de educar.
Vem do grego: conduzir a criança. Considerando que educar é fazer
caminho com a criança (pessoa), facilitando, com propostas de
meios ou experiências e situações que promovam a aprendizagem,
o seu desenvolvimento integral. A pedagogia é a educação segundo
determinada concepção de vida e de acordo com os processos e
técnicas mais adequadas e eficientes para atingir o fim desejado.
PSICOLOGIA – Estudo do comportamento do ser humano, do
seu desenvolvimento (na interacção da sua totalidade, biológica,
psíquica, socioafectiva, relacional e moral), da sua maneira de ser,
temperamento, carácter, personalidade, inteligência, capacidade
de aprendizagem.
PSICO-PEDAGOGIA – Pedagogia que se fundamenta nos
conhecimentos psicológicos.

103
MÓDULO V

(180 min)

MATERIAL A UTILIZAR

• Flores naturais ou outros elementos (frutas, pedras, água,


barro...)
• Fotografias ou diapositivos de flores ou outros elementos
• Desenho ampliado do esquema de uma catequese. Os três
sectores com as palavras «Experiência humana», «Palavra de
Deus» e «Expressão de Fé» devem ser recortados em blocos
separados a fim de serem apresentados de modo progressivo,
construindo-se, assim, o painel.
• Todo o material necessário para a apresentação de uma
catequese escolhida pelo Catequista Formador.

105
Guia do Formador

Neste Módulo pretendemos



 Descobrir como a Pedagogia da Fé brota da Pe-
dagogia de Deus e de Jesus Cristo.

 Assumir e situar a importância do método em


catequese.

 Entender a preferência por um método indutivo


e existencial, a partir da experiência.

 Conhecer a origem e o desenvolvimento do itine-


rário catequético proposto.

 Experimentar, na prática, a execução deste iti-


nerário catequético.

 Sentir as implicações da dupla fidelidade, a Deus


e ao Homem, na pedagogia catequética.

Cântico: Deus precisa das tuas mãos. 8

INTRODUÇÃO

Chegámos ao último módulo deste Curso de Iniciação que pre-


tende ser a formação inicial para todos os catequistas. Vai levar-nos
ao “saber fazer” necessário ao catequista, depois da caminhada feita
que passou pelo “Ser” e pelo “Saber” da catequese, do catequista
e dos catequizandos (cf. DGC 244-245)

106
Módulo V – Como anuncia o catequista

É agora o momento de descobrir como pôr em prática, num


grupo de catequese, o que se aprendeu, numa fidelidade aos objec-
tivos da catequese, assumindo a responsabilidade do catequista que
quer comunicar a Boa Nova e transmitir a fé ou facilitar o encontro
pessoal de cada catequizando com Jesus Cristo, como educador
e testemunha da fé, promovendo a iniciação na fé. Como fazer,
que itinerário seguir, que método utilizar? Como colocar todos os
meios e instrumentos ao serviço da catequese que nos propomos?
Se a tarefa parece um pouco árdua, já há muito caminho feito.
Temos sobretudo, para além da ajuda das Ciências da Educação, a
Pedagogia Divina como ponto de referência e mais concretamente
a do próprio Senhor Jesus Cristo - O maior paradigma do comuni-
cador entre Deus e o Homem: Deus que se torna homem para lhe
poder falar na sua própria língua e linguagem, ao seu nível, para
estar (viver) com ele.

107
Guia do Formador

1
o itinerário catequético
(40 min)

Objectivo: Assimilar os elementos constitutivos de


uma catequese

1.1. Vivência em grupo (15 min)

Observação de flores naturais que devem passar de mão em


mão pelos participantes.
• Durante esta dinâmica pode ouvir-se uma música de fundo
apropriada.

• As flores podem ser substituídas por outro elemento à


escolha do Catequista Formador (frutas, pedras, água,
barro) com o qual se obtenha o mesmo efeito (pode ainda
convidar o grupo a fechar os olhos e a manifestar cada um o
que sente ao imaginar apalpar esses materiais escolhidos); e
pode ser indicado outro texto bíblico, de acordo com o ­elemento
escolhido.

• Pode ser ilustrado com fotografias ou diapositivos de flores


ou outros elementos, em grande plano, no seu ambiente
natural, nas mãos de pessoas...

 “Tempestade mental” (cada participante vai exprimindo o


que lhe vai ocorrendo):
– Quando vemos flores (frutas, pedras, água, barro...)
como estas, o que pensamos... o que sentimos? Que
nos fazem recordar?

108
Módulo V – Como anuncia o catequista


Recolha das respostas (tendo em conta alguns aspectos):
• Beleza (cor, textura, perfume...)
• Evocação de um local, acontecimento, pessoa...
• Manifestação de vida, do poder criador de Deus...

Segundo a experiência feita, escolher-se-á uma das leitu-


ras:
– Leitura de Mt 6, 28b-33 – Para o uso de flores
– Prov. 11, 30; 24, 19 e Gal. 5, 22 – Para o uso de frutos
– 1ª Ped. 2, 4-6 – Para o uso de pedras
– Ez. 36, 25 e Jo. 4, 14 – Para o uso de água
– Jer. 18, 1-6 – Para o uso de barro
Silêncio para interiorização

– Leitura do texto:
A flor e os discípulos de Buda
Buda um dia mostrou aos seus discípulos uma flor e pediu-
-lhes que dissessem uma coisa qualquer a seu respeito.
Olharam, em silêncio, para a flor por certo tempo e, logo,
um deles sobre ela fez uma erudita prelecção.
Um outro fez sobre ela uma poesia e um terceiro compôs
uma parábola, tentando cada qual superar o seu colega em
arte e profundidade.
Mahakashyap, porém, olhou a flor, sorriu silencioso... E
nada disse.
Apenas ele tinha visto a flor!
De o “Canto do Pássaro” (A. de Mello)

109
Guia do Formador

1.2. Cântico: Jerusalém louva ou: Vou cantar um hino à vida


18 40

1.3. Apresentação do esquema de uma catequese (25 min)

O Catequista Formador explica o esquema a partir do que


foi feito com as flores (ou outro elemento natural):
Experiência, provocada pela passagem das flores de mão
em mão; reflexão sobre essa experiência, que se alarga pela
chuva de ideias a muitas outras situações, se generaliza; que
se aprofunda e então faz descobrir a mão e o poder criador
de Deus e o amor com que cuida de nós, a sua presença; o “mais
profundo da vida conduz ao Mistério de Deus”; a Experiência
Humana torna-se um verdadeiro lugar teológico, pois “assumida

110
Módulo V – Como anuncia o catequista

pela fé se torna, de certo modo, âmbito de manifestação e de rea-


lização da salvação” (DGC 152).
Palavra de Deus que é proclamada e se escuta; que se
interioriza em silêncio, se reflecte e saboreia; que leva a uma
mudança de perspectiva interior (conversão), predispondo-me
para o seguimento efectivo (e afectivo) dessa mesma Palavra,
exteriorizando-se na Expressão de Fé.
Expressão de fé motivada por essa Palavra: A Celebração
é a resposta da Fé à Palavra que me interpela e que eu sinto
necessidade de exprimir, festejar e agradecer, louvando a Deus;
porque eu fiquei natural e sobrenaturalmente marcado, há
coisas que eu não posso nem quero esquecer e delas faço me-
mória; a Fé é também memória (“memorial”); daí que a Síntese
Doutrinal seja algo que surge naturalmente, que se impõe por
si e é necessária ao crescimento na Fé (cf. DGC 154). Mas as
consequências do encontro com a Palavra de Deus continuam
na vida pessoal e concreta de cada um, num Compromisso que
pode ser individual ou de grupo.
Pode ter-se em conta, também, o DGC 151-155.
O Catequista Formador explica ainda este itinerário e a sua
relação com a pedagogia divina, nomeadamente na acção de
Jesus Cristo. Será bom comparar este itinerário com o seguido
por Jesus com a Samaritana e com os Discípulos de Emaús
(ver Módulo I, tema 2) e encontrar aí as várias fases do pro-
cesso catequético.

1.4. Cântico: Semeia, daremos fruto 28

111
Guia do Formador

2
Apresentação de uma catequese
(80 min)

Objectivo: Interiorizar, de modo experimental, o


itinerário utilizado em catequese

2.1. Realização de uma catequese (50 min)

O Catequista Formador apresenta uma catequese à sua


escolha.

Nota:  É mais fácil fazer uma catequese para crianças do que


para adolescentes, uma vez que a estrutura desta úl-
tima compreende dois encontros.
Por outro lado, para poder ser assumida a caminhada
de fé pelos participantes do curso, as catequeses da
II à V fase são preferíveis às da I fase, devido à extrema
simplicidade destas, que se destinam a crianças muito
pequenas. No entanto, o Catequista Formador deverá
escolher a que lhe parecer mais conveniente. É bom ter
em conta os catequistas que participam neste curso.
Se houver disponibilidade de tempo, o Catequista Forma-
dor poderá fazer duas catequeses (uma para crianças e
outra para adolescentes), permitindo, assim, o confron-
to entre as duas.

Algumas sugestões:

1º Catecismo: Cateq. 19 – O grupo dos amigos de Jesus


2º Catecismo: Cateq. 4 – Escutar Jesus
Cateq. 14 – Jesus chama o pecador

112
Módulo V – Como anuncia o catequista

3º Catecismo: Cateq. 12 – Crescemos no Espírito Santo


4º Catecismo: Cateq. 14 – A Palavra que nos faz felizes
5º Catecismo: Cateq. 12 – Esta é a Minha Aliança
Cateq. 21 – Eu sou a ressurreição e a Vida
6º Catecismo: Cateq. 11 – Os sinais do reino
7º Catecismo: Cateq. 6 – A vida como projecto
8º Catecismo: Cateq. 6 – Jesus de Nazaré
9º Catecismo: Cateq. 14 – Alegres na esperança
10º Catecismo: Cateq. 3 – O anúncio do Reino

2.2. Trabalho de grupos (10 min)


Reflexão sobre a catequese feita, confrontando-a com os ele-
mentos do esquema da catequese anteriormente apresentado.

Responder às perguntas

a)  Qual a «Experiência Humana» que


foi utilizada nesta catequese e como
foi evocada ou provocada, alargada
e aprofundada?
b)  Qual a «Palavra de Deus» que foi
anunciada? Depois da interiorização,
como se manifestou a conversão?
c)  Qual a «Expressão de Fé» e de que
modos foi realizada?
O Catequista Formador distribuirá uma pergunta a cada
grupo.

113
Guia do Formador

2.3. Plenário (20 min)

 Comunicação da reflexão dos grupos


O Catequista Formador, ao conduzir a uma síntese do es-
sencial, não deixará de aproveitar o momento para, a partir da
sua experiência concreta (de como preparou aquele encontro de
catequese), falar da necessidade de uma preparação cuidada
de cada encontro: saber, antes de cada encontro, qual será o
seguinte para o poder programar atempadamente; a leitura
e reflexão sobre o tema; a oração: “antes de falar de Deus às
crianças (adolescentes, jovens ou adultos), falar delas a Deus”;
seleccionar as metodologias e materiais mais adaptados ao
grupo em questão; preparar o local de catequese.
Também deve fazer uma referência à forma como decorreu
o Acolhimento.

Síntese feita pelo Catequista Formador

Na apresentação da síntese, o Catequista Formador estará


atento a:
– valorização da apresentação inicial da Experiência hu-
mana (Pode ter em conta os textos em anexo: “Mistério,
Experiência e Palavra” e “As recordações podem mudar-
-nos”)
– noção de cada um dos elementos ou etapas do itinerário
– possibilidade de ter existido mais do que um texto bíblico
na Palavra de Deus

114
Módulo V – Como anuncia o catequista

– chamada de atenção para a estrutura das catequeses da


4ª e 5ª fases (2 encontros para cada catequese)
– necessidade de compreender que a Expressão de Fé se
manifesta imediatamente (oração, cântico, actividade...)
mas tem também outra dimensão que se concretiza em
atitudes de vida.

•  O catequista deve reconhecer este método que parte da


experiência como um método indutivo. A este se dá um lugar
preferencial, embora não exclusivo, na catequese, porque
“responde a uma profunda expectativa do espírito humano
-  chegar ao conhecimento das coisas inteligíveis através das
coisas visíveis” (DGC 150).

• Este método tem em conta a experiência pessoal de cada


catequizando e, ao mesmo tempo, exige a participação activa
do mesmo como interveniente no seu próprio processo de
formação.

• Esta pedagogia catequética será tanto mais eficaz quanto


se inserir dentro de uma comunidade cristã que motiva e
acompanha o caminhar de cada grupo (cf. DGC 158).

• Este itinerário encontra no grupo cristão um lugar de expe­


riência de comunidade cristã e de crescimento e participação
progressiva na vida eclesial (cf. DGC 159).

• Esta metodologia parte da vida e conduz a uma vida reno-


vada.

115
Guia do Formador

3
Fidelidade a Deus e Fidelidade ao homem
(60 min)

Objectivo: Consciencializar que a catequese passa


necessariamente pela fidelidade a Deus e pela fideli-
dade ao homem.

3.1. Trabalho de grupos (30 min)


Alguns grupos trabalham o texto A, outros o B e outros o C.
O Catequista Formador distribui os textos pelos grupos.

Nota:  Os textos A e C são excertos de D. Manuel Pelino Domingues,


Conteúdo e Pedagogia da Fé, em Catequese em Renovação,
edição do SNEC, Lisboa, 1990.

Texto A - A Pedagogia Divina, (Anexo I, B-2)


Texto B - A pedagogia Divina e a Catequese, (DGC 143)

Responder à pergunta

Que semelhança tem a catequese


actual com a pedagogia divina?

Texto C - Fidelidade a Deus e fidelidade ao Homem, (Anexo


I, B-3)

116
Módulo V – Como anuncia o catequista

Responder à pergunta

Como se manifesta na catequese a


fidelidade a Deus e a fidelidade ao
Homem?

3.2. Plenário (30 min)


Comunicação da reflexão dos grupos

Síntese feita pelo Catequista Formador

A pedagogia da catequese procura seguir a Pedagogia da Deus


e da Igreja (DGC 139-144):
– Deus manifesta-se de modo progressivo e por etapas
– Usa uma linguagem humana adaptada à índole do povo a
quem se dirige
– Encontra na Incarnação de Jesus Cristo o paradigma funda-
mental da sua pedagogia.

O Catequista Formador terá em conta os seguintes pontos:


– A necessidade de uma progressão e coesão entre os ele-
mentos de uma catequese
– A possibilidade de documentar, com exemplos de outras
catequeses de diferentes catecismos, o recurso ao diálogo,
ao canto, às imagens, a dísticos, gestos, desenho, elaboração
de cartazes, dramatizações, composições, diaporama, vídeo,
etc... (DGC 157) - necessidade de uma catequese activa.

117
Guia do Formador

Toda a catequese tem de ser fiel a Deus e à pessoa (DGC 145-


-146) - Só será fiel ao Homem se for fiel a Deus e vice-versa.

3.3. Oração / Cântico: Guiado pela mão ou: Deus está aqui.
15 7
Pode usar-se também a seguinte Oração:

Lancei-me ao mar porque acreditei


que o horizonte atraía mais
do que o canto da sereia
que o sol era mais esplendoroso
do que os corais do fundo
que a voz do Espírito estava mais em mim
do que as ondas que me ladeavam.
Lancei-me ao mar
e comigo estão milhões de crentes como eu
homens e mulheres que navegam com Jesus
adormecido na proa
(mas a Quem tudo obedece!)
Lancei-me ao mar porque Alguém já lá estava
e me emprestou os remos da fé
e me sacudiu as velas com o sopro do Espírito
e me traçou a rota com a seiva do Amor
Lancei-me ao mar dizendo o Sim
que se tornou para mim a bússola
da minha vida peregrina e oferecida.
Estou no mar de vela ao vento
devolvendo ao mar a vida
em trabalho e oração.
118
Módulo V – Como anuncia o catequista

E o Espírito do Senhor que paira sobre as águas


me visita e oferece
presença de luz
e força de bem.

Neste Módulo descobrimos




A Pedagogia da Fé, embora aproveite os dados
das ciências humanas, é original e parte da Pe-
dagogia de Deus na Revelação e especialmente
da Incarnação de Jesus Cristo.

“Um bom método catequético é garantia de fide-
lidade ao conteúdo” (DGC 149).

O itinerário catequético que parte da experiência
humana de cada pessoa e a valoriza como um
lugar onde Deus actua e prepara o homem para
receber a plenitude da Revelação.

Como se põe em prática, concretamente este iti-
nerário - uma catequese.

A dupla fidelidade, a Deus e ao Homem, exige,
por um lado o conhecimento e o respeito pela
integridade do conteúdo a transmitir, mas ainda
o conhecimento da pessoa a quem nos dirigimos,
situada no seu espaço relacional, cultural: requer
atenção à metodologia - activa -, à linguagem -
adaptada -, à relação catequista catequizando -
acolhimento, amor.

119
Guia do Formador


A importância do grupo de catequese que, para
além da sua importância didáctica para o cres-
cimento integral, é “uma forma de participação
na vida eclesial, encontrando na comunidade eu-
carística a sua meta e a sua plena manifestação”
(DGC 159).

Nota: No final deste curso de formação poderá organizar-se


uma celebração e convívio. Nessa Celebração pode incluir-
-se o compromisso solene dos catequistas (cf. Guia do
Catequista do 1º Ano, pág. 23-24), ou a sua apresen-
tação à Comunidade Cristã. Será também oportuno
fazer a entrega do respectivo Certificado de frequência
do curso.

 QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1.  Para a missão do catequista, quais as con-


sequências práticas da “fidelidade a Deus e
ao homem”?

2.  O que se entende por “métodos activos”?


Por que são importantes na catequese?

3. Em que consiste o método indutivo?


Como se põe em prática na catequese?

4. Descreve o itinerário catequético.

5. Fala da importância do grupo em catequese.

120
Módulo V – Como anuncia o catequista

VOCABULÁRIO DO CATEQUISTA

EXPERIÊNCIA HUMANA (em catequese) – É a experiência


comum a todos os participantes que se evoca através de diálogo
e/ou fotografias, diapositivos, apontamentos em vídeo, activida-
de realizada no momento, objecto, etc… Ao trazer à memória a
experiência de um acontecimento ou sentimento, ele ganha em
profundidade na consciência de todos.
Quando reflectimos sobre as experiências que temos, quando as
recordamos, quando as guardamos no coração, tomamos consciên­
cia do seu significado profundo. É no coração desta experiência
humana que Deus se revela a cada um de nós. Por isso é nela que
vai enraizar-se a Palavra de Deus que anunciamos na catequese.
EXPRESSÃO DE FÉ – Em catequese, o termo Expressão de
Fé compreende duas dimensões:
1º A possibilidade de exprimir a fé na própria catequese, como
resposta imediata à Palavra de Deus anunciada, podendo essa ex-
pressão assumir a forma de uma oração, de uma composição, de
um cântico, de qualquer actividade individual ou colectiva.
2º A forma de viver, no dia-a-dia, a fé que é despertada na cate-
quese, exprimindo essa mesma fé pela maneira de estar no mundo
e de se relacionar com ele e com as outras pessoas.
MÉTODO – Maneira de ensinar uma coisa com certos princí-
pios e em determinada ordem.
MÉTODO ACTIVO – Método de ensino que dá ao aluno
uma grande iniciativa e a possibilidade de agir pessoalmente na
aquisição e explicação dos conhecimentos.
O valor das actividades desenvolvidas não depende dos resul-
tados “perfeitos” que possam produzir, mas do próprio facto da
actividade. A criança ou adolescente age levado pelas suas neces-

121
Guia do Formador

sidades psicológicas e sociais e, ao agir, ao exprimir-se, educa-se,


desenvolve-se.
MÉTODO DEDUTIVO – Método que leva a novos conhe-
cimentos através do raciocínio, da comparação de elementos que
pode permitir tirar conclusões, “explica e descreve os factos a
partir das próprias causas” (DGC 150) .
MÉTODO INDUTIVO – Método que parte do que já é conhe-
cido para o que se desconhece, procedendo por etapas, de modo
que os elementos já conhecidos sejam caminho para chegar a novos
conhecimentos (cf. DGC 150).

122
A modo de conclusão, convém, com base num breve aponta-
mento sobre o Curso, abrir para a necessidade de continuar esta
formação com o Curso Geral I e II e perseverar na actualização e
formação permanente do catequista.
De facto, ele não pode ser apenas o agente da catequese, mas
tem que ser, ele próprio, destinatário da mesma, cuidando todas
as vertentes:
– A formação bíblico-teológica e litúrgica
– Psico-pedagógica
– Espiritual
Ficámos, ao longo do Curso, com a noção da exigência desta
tarefa catequética que nos alegra, ao mesmo tempo, porque Deus
no-la confiou a nós. Temos consciência de que “não se pode ser
mestre e pedagogo da fé de outros se não se é discípulo convicto e fiel de
Cristo na Sua Igreja” (DGC 142).
Valeu a pena este Curso se ele nos abriu o apetite para tanta
coisa que precisamos de descobrir e aprender. Cumpriu a sua
missão se, para além de nos conferir a “Iniciação” no ministério
catequético, nos despertou para a necessidade da nossa formação
de catequistas e nos abriu horizontes; se nos fez ver mais longe,
para além do nosso grupo de catequese e mesmo se nos permite
olhar, agora, o nosso grupo de catequese e o valor da nossa acção
com outro alcance, porque muito nos transcende: é uma tarefa en-
volvente na qual nos reconhecemos sem narcisismos, valorizando
e facilitando a acção de Deus no mais íntimo de cada pessoa.

123
ANEXO I

A. Magistério

1. Evangelli Nuntiandi

2. Cathechesi Tradendae

3. CIC,nº 6

B. Outros textos

1. o Acolhimento em catequese

2. A Pedagogia Divina

3. Fidelidade a Deus
e fidelidade ao homem

4. Mistério, experiência e palavra

5. As Recordações podem mudar-nos

127
A.
MAGISTÉRIO

 1. Evangellii Nuntiandi
Importância primordial do testemunho da vida

21. E esta Boa Nova há-de ser proclamada, antes de mais, pelo teste-
munho. Suponhamos um cristão ou punhado de cristãos que, no seio da
comunidade humana em que vivem, manifestaram a sua capacidade de
compreensão e de acolhimento, a sua comunhão de vida e de destino com
os demais, a sua solidariedade nos esforços de todos para tudo aquilo que
é nobre e bom. Assim, eles irradiam, dum modo absolutamente simples
e espontâneo, a sua fé em valores que estão para além dos valores cor-
rentes, e a sua esperança em qualquer coisa que não vê e que não seria
capaz sequer de imaginar. Por força deste testemunho sem palavras, estes
cristãos fazem aflorar no coração daqueles que os vêem viver, perguntas
imprescindíveis: porque é que eles são assim? Porque é que eles vivem
daquela maneira? O que é – ou quem é – que os inspira? Porque é que
eles estão connosco?
Pois bem um semelhante testemunho constitui já proclamação silen-
ciosa, mas muito valorosa e eficaz da Boa Nova. Nisto há já um gesto
inicial de evangelização. Daí as perguntas que talvez sejam as primeiras
que se põem muitos não-cristãos, quer se trate de pessoas às quais Cristo
nunca tinha sido pronunciado, ou de baptizados não praticantes, ou de
pessoas que vivem em cristandades mas segundo princípios que não são
nada cristãos, quer se trate, enfim, de pessoas em atitude de procurar,
não sem sofrimento, alguma coisa ou Alguém que elas adivinham, sem
conseguir dar-lhe o verdadeiro nome. E outras perguntas surgirão, depois,
mais profundas e mais de molde a ditar um compromisso, provocadas
pelo testemunho aludido que comporta presença, participação e solida-
riedade e que é um elemento essencial, geralmente o primeiro de todos,
na evangelização.

129
Todos os cristãos são chamados a dar este testemunho e podem ser,
sob este aspecto, verdadeiros evangelizadores. E aqui pensamos de modo
especial na responsabilidade que se origina para os migrantes nos países
que os recebem.

Necessidade de um anúncio explícito

22. Entretanto isto permanecerá sempre insuficiente, pois ainda o mais


belo testemunho virá a demonstrar-se com o andar do tempo impotente, se
ele não vier a ser esclarecido, justificado – aquilo que São Pedro chamava
dar «a razão da própria esperança – explicitado por um anúncio claro e
inelutável do Senhor Jesus. Por conseguinte, a Boa Nova proclamada
pelo testemunho da vida deverá, mais tarde ou mais cedo, ser proclamada
pela palavra da vida. Não haverá nunca evangelização verdadeira se o
nome, a doutrina, a vida, as promessas, o Reino, o mistério de Jesus de
Nazaré Filho de Deus, não forem anunciados.
A história da Igreja, a partir da pregação de Pedro na manhã do
Pentecostes amalgama-se e confunde-se com a história de tal anúncio.
Em cada nova fase da história humana, a Igreja, constantemente esti-
mulada pelo desejo de evangelizar, não tem senão uma preocupação
instigadora: quem enviar a anunciar o mistério de Jesus? Com que
linguagem anunciar um tal mistério? Como fazer para que ele ressoe
e chegue a todos aqueles que o hão-de ouvir? Este anúncio – kerigma,
pregação ou catequese – ocupa um tal lugar na evangelização que, com
frequência, se tornou sinónimo dela. No entanto, ele não é senão um
aspecto da evangelização.
25. Na mensagem que a Igreja anuncia, há certamente muitos ele-
mentos secundários. A sua apresentação depende, em larga escala, das
circunstâncias mutáveis. Também eles mudam. Entretanto permanece
sempre o conteúdo essencial, a substância viva, que não se poderia
modificar nem deixar em silêncio sem desnaturar gravemente a própria
evangelização.

130
Testemunho dado do amor do Pai

26. Não é supérfluo, talvez, recordar o seguinte: evangelizar é, em


primeiro lugar, dar testemunho, de maneira simples e directa, de Deus
revelado por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Dar testemunho de que no
seu Filho ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado ele deu o ser
a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna. Esta atestação
de Deus proporcionará, para muito talvez, o Deus desconhecido, que
eles adoram sem lhe dar um nome, ou que eles procuram por força de
um apelo secreto do coração quando fazem a experiência da vacuidade
de todos os ídolos. Mas ela é plenamente evangelizadora, ao manifestar
que para o homem, o Criador já não é uma potência anónima e longín-
qua: ele é Pai. «...Sinal de amor nos deu o Pai em nos chamarmos, como
de facto somos, filhos de Deus», e portanto, nós somos irmãos uns dos
outros em Deus.

No centro da mensagem: a salvação em Jesus Cristo

27. A evangelização há-de conter também sempre – ao mesmo tempo


como base, centro e ápice do seu dinamismo – uma proclamação clara
que em Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado,
a salvação é oferecida a todos os homens, como dom da graça e da mi-
sericórdia do mesmo Deus.
E não já uma salvação imanente ao mundo, limitada às necessidades
materiais ou mesmo espirituais, e que se exaurisse no âmbito da exis-
tência temporal e se identificasse, em última análise, com as aspirações,
com as esperanças, com as diligências e com os combates temporais;
mas sim uma salvação que ultrapassa todos esses limites, para vir a ter
a sua plena realização numa comunhão com o único Absoluto, que é o
Deus; salvação transcendente e escatológica, que já tem certamente o
seu começo nesta vida, mas que terá realização completa na eternidade.

A catequese

44. Uma via que não há-de ser descurada na evangelização é a do


ensino catequético. A inteligência, nomeadamente a inteligência das

131
crianças e a dos adolescentes, tem necessidade de aprender, mediante um
sistemático ensino religioso, os dados fundamentais, o conteúdo vivo da
verdade que Deus nos quis transmitir, e que a Igreja procurou exprimir
de maneira cada vez mais rica, no decurso da sua história. Depois, que
um semelhante ensino deva ser ministrado para educar hábitos de vida
religiosa e não para permanecer apenas intelectual, ninguém o negará.
É fora de dúvida que o esforço de evangelização poderá tirar um gran-
de proveito deste meio do ensino catequético, feita na Igreja, ou nas
escolas onde isso é possível, e sempre nos lares cristãos; isso, porém
se os catequistas dispuserem de textos apropriados e actualizados com
prudência e com competência, sob a autoridade do Bispo. Os métodos,
obviamente, hão-de ser adaptados à idade e à cultura e à capacidade das
pessoas, procurando sempre fazer com que eles retenham na memória, na
inteligência e no coração, aquelas verdades essenciais que deverão depois
impregnar toda a vida. Importa sobretudo preparar bons catequistas –
catequistas paroquiais, mestres e pais – que se demonstrem cuidadosos
em se aperfeiçoar constantemente nesta arte superior, indispensável e
exigente do ensino religioso. Além disso, sem minimamente negligenciar,
seja em que aspecto for, a formação religiosa das crianças, verifica-se que
as condições do mundo actual tornam cada vez mais urgente o ensino
catequético, sob a forma de um catecumenato, para numerosos jovens
e adultos que, tocados pela graça descobrem pouco a pouco o rosto de
Cristo e experimentam a necessidade de a Ele se entregar.

 2. catechesi tradendae
Ordem final de Cristo

1. A catequese foi sempre considerada pela Igreja como uma das


suas tarefas primordiais, porque Cristo ressuscitado, antes de voltar
para o Pai, deu aos Apóstolos uma última ordem: fazerem discípulos de
todas as nações e ensinarem-lhe a observar tudo aquilo que lhes tinha
mandado. Deste modo lhes confiava Cristo a missão e o poder de anun-
ciarem aos homens aquilo que eles próprios tinham ouvido do Verbo da
Vida, visto com os seus olhos, contemplado e tocado com as suas mãos.

132
Ao mesmo tempo, confiava-lhes ainda a missão e o poder de explicarem
com autoridade aquilo que Ele lhes tinha ensinado, as suas palavras e os
seus actos, os seus sinais e os seus mandamentos. E dava-lhes o Espírito
Santo, para realizarem tal missão.
Bem depressa se começou a chamar catequese ao conjunto dos es-
forços envidados na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens
a acreditarem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que, mediante a fé,
tenham a vida em Seu nome, para os educar e instruir quanto a esta vida
e assim edificar o Corpo de Cristo. A Igreja nunca deixou de consagrar
a tudo isto as suas energias.

Pôr em comunhão com a Pessoa de Cristo

5. A IV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos insistiu muitas vezes


no cristocêntrismo de toda a catequese autêntica. Podemos lidar aqui
com dois significados da palavra. Não se opõem nem se excluem; antes
se exigem e se completam um ao outro.
Deseja-se acentuar, antes de mais nada, que no centro da catequese
encontramos essencialmente uma Pessoa: a Pessoa de Jesus de Nazaré,
«Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade», que sofreu e morreu
por nós, e que agora, ressuscitado, vive connosco para sempre. É este
mesmo Jesus que é o «Caminho, a Verdade e a Vida»; e a vida cristã
consiste em seguir a Cristo, «sequela Christi».
O objectivo essencial e primordial da catequese, pois, para empre-
gar uma expressão que São Paulo gosta de usar e frequente na teologia
contemporânea, é «Mistério de Cristo». Catequizar é, de certa maneira,
levar alguém a perscrutar este Mistério em todas as suas dimensões:
«expor à luz, diante de todos, qual seja a disposição divina, o Mistério…
Compreender, com todos os santos, qual seja a Largura, o Comprimento,
a Altura e a Profundidade… conhecer a caridade de Cristo, que ultrapassa
qualquer conhecimento… (e entrar em) toda a Plenitude de Deus». Quer
dizer: procurar desvendar na Pessoa de Cristo todo o desígnio eterno de
Deus que nela se realiza. É procurar compreender o significado dos gestos
e das palavras de Cristo e dos sinais por Ele realizados, pois eles ocultam
e revelam ao mesmo tempo o seu Mistério. Neste sentido, a finalidade
última da catequese é a de fazer que alguém se ponha, não apenas em

133
contacto mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo: somente
Ele pode levar ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar na vida
da Santíssima Trindade.

Transmitir a doutrina de Cristo

6. O cristocentrismo na catequese significa também que, mediante


ela, se deseja transmitir, não já cada um a sua própria doutrina ou então a
de um mestre qualquer, mas os ensinamentos de Jesus Cristo, a Verdade
que Ele comunica, ou, mais exactamente, a Verdade que Ele é. Tem que
se dizer, portanto, que na catequese, é Cristo, Verbo Encarnado e Filho
de Deus, que é ensinado – e tudo o resto sempre em relação com Ele;
e somente Cristo ensina; qualquer outro que ensine, fá-lo na medida
em que é seu porta-voz, permitindo a Cristo ensinar pela sua boca. A
preocupação constante de todo o catequista, seja qual for o nível das
suas responsabilidades na Igreja, deve ser a de fazer passar, através do
seu ensino e do seu modo de comportar-se, a doutrina e a vida de Jesus
Cristo. Assim, há-de procurar que a atenção e a adesão da inteligência e
do coração daqueles que catequiza não se detenha em si mesmo, nas suas
opiniões e atitudes pessoais; e sobretudo não há-de procurar inculcar as
suas opiniões e opções pessoais, como se elas exprimissem a doutrina e
as lições de vida de Jesus Cristo. Todos os catequistas deveriam poder
aplicar a si próprios a misteriosa palavra de Jesus: «A minha doutrina
não é minha, mas d’Aquele que me enviou». É isso que faz São Paulo, ao
tratar de um assunto de tão grande importância: «Eu aprendi do Senhor
isto, que por meu turno vos transmiti». Que frequente e assíduo contacto
com a Palavra de Deus transmitida pelo Magistério da Igreja, que fami-
liaridade profunda com Cristo e com o Pai, que espírito de oração e que
desprendimento de si mesmo deve ter um catequista, para poder dizer:
«A minha doutrina não é minha».

Cristo ensina

7. Além disso, esta doutrina não é um corpo de verdades abstractas:


é a comunicação do Mistério vivo de Deus. A qualidade d’Aquele que
ensina no Evangelho e a natureza dos seus ensinamentos ultrapassa de

134
todas as maneiras as dos «mestres» em Israel, em virtude daquela ligação
única que existe entre aquilo que Ele faz e aquilo que Ele é. Contudo,
permanece o facto de os Evangelhos nos relatarem claramente momen-
tos em que Jesus «ensina». Jesus foi fazendo e ensinando»; nestes dois
verbos que introduzem o livro dos Actos dos Apóstolos, São Lucas une
e distingue ao mesmo tempo os dois pólos da missão de Cristo.
Jesus ensinou. É esse o testemunho que Ele dá a si mesmo: «Eu estava
todos os dias no Templo a ensinar». É essa também a observação que
fazem cheios de admiração os Evangelistas, surpreendidos por O verem
ensinar sempre e em qualquer lugar, e fazê-lo duma maneira e com uma
autoridade desconhecidas até então. «De novo acorreu a Ele muita gente
e, como de costume, pôs-se outra vez a ensiná-la»; «E maravilharam-se
por causa da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autori-
dade». O mesmo atestam os seus adversários, para daí tirarem motivo
de acusação e de condenação: «Ele subleva o povo, ensinando por toda
a Judeia, a começar da Galileia até aqui».

Cristo ensina com toda a sua vida

9. Ao fazer este evocação, não esqueço que a Majestade de Cristo


quando ensinava, a coerência e a força persuasiva únicas do seu ensino,
não se conseguem explicar senão porque as suas palavras, parábolas e
raciocínios nunca são separáveis da sua vida e do seu próprio ser.
Neste sentido, toda a vida de Cristo foi um ensinar contínuo: os seus
silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo
homem, a sua predilecção pelos pequeninos e pelos pobres, a aceitação
do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e a sua ressurreição,
são o actuar-se da sua palavra e o realizar-se da sua revelação. De modo
que, para os cristãos, o Crucifixo é uma das imagens mais sublimes e
mais populares do Jesus que ensina.
Oxalá todas estas considerações, que se situam na esteira das grandes
tradições da Igreja, consolidem em nós o fervor para com Cristo, o Mestre
que revela Deus aos homens e revela o homem a si mesmo; o Mestre
que salva, santifica e guia, que está vivo e que fala, desperta, comove,
corrige, julga, perdoa e caminha todos os dias connosco pelos caminhos
da história; o Mestre que vem e que há-de vir na glória.

135
É somente em profunda comunhão com Ele que os catequistas
encontrarão luz e força para uma desejável renovação autêntica da
catequese.

A Catequese: uma fase da evangelização

18. A catequese nunca pode ser dissociada do conjunto das actividades


pastorais e missionárias da Igreja. Tem, no entanto, uma especificidade
acerca da qual a IV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos muitas ve-
zes se interrogou quer durante os trabalhos preparatórios, quer durante
o desenrolar das sessões. A questão interessa até à opinião pública, quer
dentro da Igreja quer fora dela.
Não é aqui o lugar para dar uma definição rigorosa e formal da ca-
tequese, suficientemente aclarada no «Directório Geral da Catequese».
Compete aos especialistas enriquecer cada vez mais o seu conceito e as
suas articulações.
No entanto, perante incertezas no campo prático, recordemos sim-
plesmente alguns pontos essenciais, já solidamente estabelecidos aliás
nos documentos da Igreja, para uma compreensão exacta do que é a
catequese. Sem eles correr-se-ia o risco de não captar todo o seu signi-
ficado e alcance.
Globalmente, pode-se partir da noção de que a catequese é uma edu-
cação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende
especialmente um ensino a doutrina cristã, dado em geral de maneira
orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida
cristã. Por esta razão, a catequese, sem se confundir formalmente com
eles, anda ligada com certo número de elementos da missão pastoral da
Igreja, que têm um aspecto catequético, que preparam a catequese ou
que a desenvolvem, como sejam: o primeiro anúncio do Evangelho ou
pregação missionária pelo «kerigma» para suscitar a fé; a apologética
ou a busca das razões de crer; a experiência da vida cristã; a celebração
dos Sacramentos; a integração na comunidade eclesial; e o testemunho
apostólico e missionário.
Antes de mais nada convém recordar que entre a catequese e a
evangelização não existe separação nem oposição, como também não

136
há identificação pura e simples, mas existem sim relações íntimas de
integração e de complementaridade recíproca.
A Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de 8 de Dezembro
de 1975, sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo, frisava
bem que a evangelização – cuja finalidade é levar a Boa Nova a toda a
humanidade, a fim de que esta a viva – é uma realidade rica, complexa
e dinâmica, constituída por elementos ou, se se preferir, de momentos,
essenciais e diferentes entre si, que é preciso saber abranger com uma
visão de conjunto, na unidade de um único movimento. A catequese é
um desses momentos de todo o processo da evangelização. E como ele
há-de ser tido em conta!

Catequese e primeiro anúncio do Evangelho

19. A especificidade da catequese, distinta do primeiro anúncio


do Evangelho que suscita conversão, visa o duplo objectivo de fazer
amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo,
mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da Pessoa
e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na prática, porém, a catequese, mantendo embora esta ordem normal,
deve ter em conta que muitas vezes não se verificou a primeira evangeli-
zação. Certo número de crianças baptizadas na primeira infância chegam
à catequese paroquial sem terem recebido qualquer outra iniciação na
fé, e sem terem ainda uma adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo; têm
somente a capacidade para acreditar que lhes foi conferida pelo Baptis-
mo e pela presença do Espírito Santo. Os preconceitos do meio familiar
pouco cristão o espírito da educação seguida, bem cedo geram nessas
crianças certo número de difidências. E a estas há que juntar ainda outras
crianças não baptizadas, para as quais os respectivos pais só tardiamente
aceitam a educação religiosa: por motivos de ordem prática, a fase da sua
formação catecumenal dar-se-á, frequentemente e em grande parte, no
decurso da catequese ordinária. Depois, sucede também que numerosos
pré-adolescentes e adolescentes, que foram baptizados e receberam uma
catequese sistemática e os Sacramentos, permanecem ainda por um lon-
go tempo hesitantes em comprometer toda a sua vida com Jesus Cristo,
quando acontece mesmo que procuram esquivar-se a uma formação

137
religiosa em nome da liberdade. Por fim, os próprios adultos não estão
livres das tentações da dúvida ou do abandono da fé, especialmente sob
influência do meio ambiente incrédulo. Tudo isto equivale a dizer que a
«catequese» muitas vezes há-de ter a preocupação, não só de alimentar
e esclarecer a fé, mas também de a avivar incessantemente com a ajuda
da graça, de lhe abrir os corações, de converter e preparar aqueles que
ainda estão no limiar da fé para uma adesão global a Jesus Cristo. Tal
cuidado ditará, pelo menos em parte, o tom, a linguagem e o método da
catequese.

Finalidade específica da catequese

20. A finalidade específica da catequese, no entanto, não deixa de


continuar a ser a de desenvolver, com a ajuda de Deus, uma fé ainda
inicial. A de promover em plenitude e de alimentar quotidianamente a
vida cristã dos fiéis de todas as idades. Trata-se, com efeito, de fazer
crescer, no plano do conhecimento e da vida, o gérmen de fé semeado
pelo Espírito Santo, com o primeiro anúncio do Evangelho, e transmitido
eficazmente pelo Baptismo.
A catequese, portanto, há-de tender a desenvolver a inteligência do
mistério de Cristo à luz da Palavra, a fim de que o homem todo seja por
ele impregnado. Deste modo, transformado pela acção da graça em nova
criatura, o cristão põe-se a seguir a Cristo e, na Igreja, aprende cada vez
melhor a pensar como Ele, a julgar como Ele, a agir com conformidade
com os seus mandamentos e a esperar como Ele nos exorta a esperar.
Mais precisamente, a finalidade da catequese, no conjunto da evan-
gelização, é a de construir a fase de ensino e de ajuda à maturação do
cristão que, depois de ter aceitado pela fé a Pessoa de Jesus Cristo
como único Senhor e após ter-Lhe dado uma adesão global, por uma
sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer o mesmo
Jesus Cristo, ao qual se entregou: conhecer o seu «mistério», o Reino
de Deus que Ele anunciou, as exigências e promessas contidas na sua
mensagem evangélica e os caminhos que Ele traçou para todos aqueles
que O querem seguir.
Se é verdade, portanto, que ser cristão significa dizer «sim» a Jesus
Cristo convém recordar que tal «sim» se situa a dois níveis: consiste,

138
antes de mais, em abandonar-se à Palavra de Deus e apoiar-se nela; mas
comporta também, num segundo momento, o esforçar-se por conhecer
cada vez melhor o sentido profundo dessa Palavra.

Necessidade de uma catequese sistemática

21. No discurso de encerramento da IV Assembleia Geral do Síno-


do, o Papa Paulo VI congratulava-se «por verificar que a necessidade
absoluta de uma catequese bem estruturada e coerente (tinha) sido posta
em realce por todos, porque o aprofundamento do mistério cristão é que
distingue fundamentalmente a catequese de todas as demais formas de
anúncio da Palavra de Deus».
Em vista de dificuldades práticas, há algumas características desse
ensino que convém pôr em evidência. Assim, deve ser:
– um ensino sistemático; não algo improvisado, mas que siga um
programa que lhe permita alcançar um fim determinado;
– um ensino que se concentre no essencial, sem ter a pretensão
de tratar todas as questões disputadas, e sem se transformar em
investigação teológica, ou em exegese científica;
– um ensino suficientemente completo, todavia, para que não se
contente com ser apenas primeiro anúncio do mistério cristão,
como aquele que podemos ter no «kerigma»;
– uma iniciação cristã integral, aberta a todas as outras componentes
da vida cristã.
Sem esquecer o interesse de que se revestem múltiplas ocasiões de
catequese que se deparam na vida pessoal, familiar e social ou eclesial,
que é preciso saber aproveitar e sobre as quais voltarei a falar no capítulo
IV, insisto na necessidade de um ensino cristão orgânico e sistemático,
porque em diversas partes nota-se a tendência para minimizar a sua
importância.

Catequese e comunidade eclesial

24. A catequese, por fim, tem uma ligação íntima com a acção res-
ponsável da Igreja e dos cristãos no mundo.

139
Aqueles que aderem a Jesus Cristo pela fé e se esforçam por conso-
lidar essa fé na catequese, têm necessidade de viver em comunhão com
outros que deram o mesmo passo.
A catequese corre o risco de se esterilizar, se uma comunidade de fé e
vida cristã não acolher o catecúmeno a certo passo da sua catequização.
É por isto que a comunidade eclesial, a todos os níveis, é duplamente
responsável em relação à catequese: antes de mais, tem a responsabili-
dade de prover à formação dos próprios membros; depois, também a de
os acolher num meio ambiente em que possam viver o mais plenamente
possível aquilo que aprenderam.
A catequese está igualmente aberta ao dinamismo missionário. Se for
bem conduzida, os próprios cristãos terão a peito dar testemunho da sua
fé, transmiti-la aos filhos, dá-la a conhecer a outros e servir de todas as
maneiras a comunidade humana.

 3. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nº 6


Sem se confundir com eles, a catequese integra um certo número de
elementos da missão pastoral da Igreja, que contêm um aspecto da cate-
quese, a preparam ou dela derivam: o primeiro-anúncio do Evangelho ou
pregação missionária, para suscitar a fé; a busca das razões de acreditar;
a experiência de vida cristã; a celebração dos sacramentos; a integração
na comunidade eclesial; o testemunho apostólico e missionário.

140
B.
OUTROS TEXTOS

 1. o acolhimento em catequese
O Acolhimento que nos é feito por uma pessoa ou grupo, influi imenso
no tipo de relação a estabelecer com essa pessoa ou grupo.
Somos extremamente sensíveis ao acolhimento que nos fazem.
Normalmente, as grandes amizades entre as pessoas, a partilha, o
Encontro têm a sua raiz num bom acolhimento.
Para conseguir um bom acolhimento que o seja de verdade, é preciso:
“saber ver”, “saber ouvir”, “saber falar”, “dialogar”, “reflectir”, saber
“estar com”, “compreender”...
A ALEGRIA é uma componente indispensável a um bom acolhimento.
ACOLHER é estar para o outro ou para os outros, é estar “para e
com”, é colocar-se numa atitude de pobreza, disponibilidade, serviço,
amor. Compromete a totalidade da acção do catequista.
“Nenhuma metodologia pode dispensar a pessoa do catequista, em
cada uma das fases do processo catequético, por mais experimentada
que essa metodologia possa ser. (...)
O catequista é, intrinsecamente, um mediador que facilita a comu-
nicação entre as pessoas e o mistério de Deus, dos sujeitos entre si e
com a comunidade. (...)
Enfim, a relação do catequista com o destinatário da catequese é de
fundamental importância. Tal relação constrói-se através de uma paixão
educativa, de engenhosa criatividade, de adaptação e, ao mesmo tempo,
de máximo respeito pela liberdade e pelo amadurecimento da pessoa”
(DGC 156).
Deste modo supõe-se antes de tudo que o catequista terá de ser “mestre
em acolhimento”, pois o papel do catequista é muito mais importante
que o dos textos e outros instrumentos de trabalho. É preciso sublinhar
a “pedagogia do coração” para que se dê e construa a relação de pessoa
a pessoa e destas com o Senhor.

141
Um bom acolhimento não é apenas exigência de uma boa Pedagogia
ou a Pedagogia da Fé; é antes, uma necessidade vital, pois cada vez
mais a criança tem necessidade de amar e ser amada, ouvida, escuta-
da... de experimentar em nós e no grupo esse AMOR DE DEUS QUE
A ENVOLVE.

a) O Acolhimento em Catequese

Em primeiro lugar teremos presente que o nosso testemunho de ca-


tequistas é muito importante. A forma como “nos acolhemos” uns aos
outros; o clima de alegria, de amizade, de aceitação do outro, etc., vai
marcar fortemente o grupo. Nós, catequistas, temos de ser COMUNI-
DADE DE FÉ E DE AMOR.
Um bom acolhimento leva-nos a melhor nos conhecermos e a criar
uma amizade autêntica, que é o segredo da perseverança. A criança ‘in-
tui’ profundamente e sente quando o Educador “lhe pertence” ou não...
Sabemos pela experiência que as nossas crianças cada vez mais têm
fome de atenção e de carinho (mais do que de pão). Quando a criança
se sente amada e querida pelo Educador, ela abre-se como uma flor ao
Sol, confia, deixa-se conduzir, encaminhar.
Há que criar-lhes um ambiente afectivo e acolhedor, alegre e festivo,
para que cada encontro de Catequese seja para elas uma festa, uma fonte
de alegria, uma surpresa permanente, um espaço onde elas se encontram
consigo mesmas, com os outros e com o Senhor.
“A CRIANÇA SÓ COMPREENDE O QUE TIVER EXPERIMEN-
TADO”... Quantas das nossas crianças nunca “experimentaram” o que
é ser amado, acolhido, escutado, etc. Talvez até tenham “coisas a mais”,
porque os pais, pela vida que levam, se fazem “substituir” por essas
coisas. É mais fácil dar do que dar-se.
A Catequese tem, pois, de ser espaço onde essa experiência aconteça
(embora conscientes que a experiência na família é básica).
Fundamentalmente o Acolhimento é o primeiro tempo de uma ca-
tequese, em que pretendemos criar condições indispensáveis para um
encontro forte com o Senhor.

142
b) Como fazer?

Há que distinguir dois aspectos ou dois tempos no acolhimento. O


primeiro é o que chamamos de ACOLHIMENTO HUMANO: à me-
dida que as crianças vão chegando, acolher cada uma com um sorriso,
mostrando que estamos felizes por estarmos com elas, dando muita
atenção a cada uma, tratando-as sempre pelo seu nome, tendo em conta
tudo aquilo que nelas é vida - interesses, preocupações, anseios ou até
receios...
Para além das crianças, fará um bom acolhimento aos pais que por-
ventura acompanhem os filhos.
Enquanto esperamos pelos ‘últimos’, vamos ensaiando um cântico,
vamos fazendo um jogo, etc. Tudo isso terá de ser pensado pelo Educador
aquando da preparação do Acto Catequético, pois em catequese não há
compartimentos... Tudo tem de convergir para o mesmo. O que não quer
dizer que já aí vamos cantar cânticos religiosos... digamos, um cântico
que “acalme”, alegre, prepare.
No segundo tempo temos o que chamamos de Acolhimento AM-
BIENCIAL:
– sala limpa e acolhedora
– flores e música suave
– só o essencial (nada de ‘coisinhas’ e enfeites) que possam distrair
as crianças
– Bíblia aberta em lugar de destaque
– Crucifixo ou um bonito quadro de Jesus Ressuscitado
– flanelógrafo para afixar as gravuras ou dísticos
– pequena imagem da Nossa Senhora
– bancos pequenos de forma a que as crianças estejam com os pe-
zinhos pousados no chão
– tabuinhas em contraplacado para os trabalhos, etc.…
– Disposição da sala adequada e com o material próprio.
N. B. - Se não tem um espaço próprio e não pode ter as coisas como
apontamos, dentro do que tem, procure ‘modificar’ as coisas adaptando,
tirando partido do que tem, inventando. Não espere que seja o pároco a
fazer tudo; mas não faça nada sem que ele o saiba.

143
Este segundo tempo de acolhimento, já dentro da sala, vai fazer mais
forte a amizade entre todos e vai criar ambiente para o ANÚNCIO DA
PALAVRA e consequente resposta de Fé.
O acolhimento humano será feito pelo catequista do pequeno grupo,
como já dissemos, dialogando sobre a semana que passou, motivos
de alegria e festa (ou mesmo de luto e dor), o que ouviram e viram na
televisão, etc.…
Cuidado! Não é uma ‘primeira catequese’, é apenas ACOLHIMENTO
e, por isso, “nada de sobrecarregar as crianças”.
Um bom acolhimento não é só exigência de uma boa pedagogia, mas
é, sim, uma necessidade grande. Dele vai depender toda uma caminhada
de Fé que vamos fazer.
Há que criar, num clima de muita liberdade um ambiente de silêncio;
silêncio mais interior do que exterior. Este silêncio não é um tempo morto,
mas de intensa actividade interior.
Deus só tem uma Palavra - é o Seu Filho Jesus - e di-la no eterno
silêncio e é no silêncio que a pessoa O escuta e acolhe.

Para ajudar a reflectir e a aprofundar:


1. O que entende por ‘acolhimento’?
Porquê e para quê o acolhimento em catequese?

2. Descreva o local de catequese da sua Paróquia e confronte-o com


o que aqui dissemos. Diga em que pode “modificar um pouco”
esse local de forma a tornar-se mais acolhedor.

3. Tendo em conta o que dissemos, e se tem de fazer catequese “na


Igreja”, como pode pôr em prática alguma coisa do que aqui
apontamos como importante?

4. Porquê a necessidade, por parte das crianças, de se sentirem bem


acolhidas?

144
 2. a pedagogia divina
A pedagogia original da fé encontra o seu modelo na própria pedagogia
divina utilizada na Revelação (cf. C.T. 58)

Deus mostra condescendência

Na verdade, ao comunicar-se aos homens, Deus mostra condescen-


dência pela compreensão limitada e pelo caminhar lento da humanidade.
Manifesta-se de modo progressivo, em etapas, preparando no Antigo
Testamento a vinda do Seu Filho que se realiza na «plenitude dos tempos»
(D.V. 13; D.C.G. 33). Deus revela-se e pede correspondência segundo
as capacidades do povo. Compreendemos assim que a perfeição da lei,
trazida por Jesus Cristo, supera a moral do Antigo Testamento (por exem-
plo quanto ao amor aos inimigos ou à unidade matrimonial). A fé cristã,
como resposta à Revelação, apresenta-se, portanto, como um caminho
que progride para a perfeição, à maneira do caminho de Abraão ou do
povo israelita para a Terra Prometida.
Deste modo a catequese, cuidando de comunicar integralmente o
conteúdo da Revelação divina, deve por outro lado adaptar-se à índole
dos catequizandos (cf. D.C.G. 33). Não pode utilizar uma medida única
para todos. Como São Paulo, que apresentava alimento forte ou leve con-
forme a capacidade dos destinatários (cf. 1 Cor. 3, 1-2), assim a catequese
deve respeitar o ritmo próprio de cada catequizando e as características
próprias de cada idade esforçando-se para que alcancem o conheci-
mento da Revelação e atinjam o desenvolvimento da imagem de Cristo
(cf. D.C.G. 24; Ef. 4, 13) a partir das possibilidades reais.

Utiliza experiências marcantes da vida

Uma outra característica da pedagogia divina, a respeitar pela cate-


quese, é a ligação profunda entre a Palavra de Deus e os acontecimentos
da história (cf. D.V. 2). Deus revela-se, na verdade, a partir de factos
concretos, utiliza as experiências marcantes da vida do povo para dar
a conhecer os seus desígnios. Assim a catequese deve servir-se não só

145
destes acontecimentos da história da salvação mas também dos factos
actuais em que pode discernir-se o desígnio de Deus (cf. D.C.G. 11).

Assume a condição humana

A pedagogia divina encontra na Incarnação de Jesus Cristo o paradig-


ma fundamental: «O Verbo fez-se carne e habitou entre nós» (Jo. 1, 14).
Como a Palavra plena do Pai, que é Jesus Cristo, assumiu a nossa
condição humana para nos salvar, assim a comunicação da Palavra de
Deus na catequese deve incarnar na vida real dos homens, iluminá-la
e transformá-la. É deste modo que Jesus prega o Evangelho utilizando
imagens da vida real dos ouvintes e revelando a grandeza do homem no
desígnio de Deus. Não só revela Deus ao homem mas revela o homem
ao próprio homem (cf. R.H. 11).
A revelação de Deus aparece, portanto, profundamente relacionada
com a índole histórica do homem. Deus revela-se para o homem e à
medida do homem. Como escreveu um autor judeu contemporâneo:
«A Bíblia não é uma teologia para o homem, é uma antropologia para
Deus» (Abraão Heschel).
Esta pedagogia divina apresenta, portanto, consequências práticas
para a pedagogia catequética tanto a nível do método como do conteúdo.”
Excerto de D. Manuel Pelino Domingues,
Conteúdo e Pedagogia da Fé, em Catequese em Renovação
edição do SNEC, Lisboa, 1990 (pp.73-75).

3. a fidelidade a deus
 e fidelidade ao homem 
A força da Palavra de Deus

A catequese ao transmitir a Palavra de Deus deve, antes de mais, ser


fiel a Deus.
A palavra de Deus tem força própria, é semente que produz fruto
(cf. Is. 55, 10-11). Por isso o mensageiro, no nosso caso o catequista, é
servidor da Palavra, empresta as suas qualidades para que a Palavra de

146
Deus se propague cada vez mais (cf. Act. 6, 4-7). Não domina a Palavra,
não dispõe dela para sua utilidade ou projecção pessoal. É a Palavra de
Deus que dispõe dele, que o domina. Esta fidelidade foi vivida intensa-
mente pelos profetas, por Jesus Cristo e pelos apóstolos.
A eficácia da catequese depende prioritariamente da eficácia da Pa-
lavra de Deus e não da sabedoria ou arte do catequista. Desta persuasão
dá testemunho São Paulo: «A minha palavra e a minha pregação não
consistiram em discursos persuasivos da sabedoria humana mas na ma-
nifestação do Espírito e do poder divino, para a nossa fé não se apoiar na
sabedoria dos homens mas no poder de Deus (1 Cor. 2, 4-5). A «Catechesi
Tradendae» insiste na mesma recomendação: «na pedagogia da fé não
se trata simplesmente de transmitir um saber humano, por mais elevado
que se considere: trata-se de comunicar na sua integridade a Revelação
de Deus» (cf. C.T. 58 e 59).
A fidelidade de Deus não nos permite, portanto, calar os aspectos
menos agradáveis ou menos simpáticos à sensibilidade das pessoas de
hoje. É uma tentação antiga, que já São Paulo denuncia, mas que ainda
hoje se repete: «Prega a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente,
repreende, censura e exorta com bondade e doutrina. Porque virá o
tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina. Desejosos de
ouvir novidades escolherão para si uma multidão de mestres, ao sabor
das suas paixões e hão-de afastar os ouvidos da verdade, aplicando-o às
fábulas” (2Tim. 3, 2-4).

Dupla fidelidade em relação profunda

A fidelidade a Deus caminha a par com a fidelidade ao homem. ­Jesus


Cristo concilia na perfeição esta dupla fidelidade: Ele é um homem
– para – os homens porque é também um homem – para – Deus. Ele
comunica a mensagem que o Pai lhe confiou: «Aquele que me enviou é
verdadeiro e Eu, o que lhe ouvi, ao mundo o comunico». Mas transmite-
-a para nós adaptada à nossa situação: «propter nos homines et propter
nostram salutem».
Assim, pois, como respeitamos a integridade e a força da Palavra
de Deus, do mesmo modo devemos respeitar a situação concreta dos
des-tinatários conhecendo-os, amando-os, acolhendo-os, captando a

147
sua benevolência e tendo em conta as suas expectativas, de modo que a
Palavra de Deus seja viva e significativa para a sua vida real.”
Excerto de D. Manuel Pelino Domingues,
Conteúdo e Pedagogia da Fé, em Catequese em Renovação
edição do SNEC, Lisboa, 1990 (pp.82-83).

 4. mistério, experiência e palavra


O coração da evangelização está na capacidade de ligar a Palavra
e a experiência

Na sua preparação, o catequista situa-se face a uma Palavra e procura


na sua experiência pessoal algo relacionado com ela. Isto consegue-se
através de um processo de evocação, procurando tomar consciência de
um acontecimento vivido no passado, que a Palavra em questão traz à
memória. Na catequese o processo desencadeado é inverso: o catequista
apresenta uma experiência e, no processo de evocação, ajuda os catequi-
zandos a recordar e a expressar a sua experiência.
A manifestação, ou o levantar do véu desta união dinâmica da Palavra
e da experiência pode inundar a nossa consciência ou tomar conta de nós
de uma forma extremamente intensa.
Quando isso se consegue, é porque penetrámos na realidade simbólica.

Os laços entre a Experiência e a Palavra

A palavra sem a experiência é remota, distante e abstracta; flutua


desligada de nós, sem laços que a prendam. Não tem o cheiro da terra,
o calor do fogo, a frescura do vento, a serenidade palpável da água.
Precisa de encarnar.
Para anunciar a Palavra o catequista precisa de conhecer bem as pa-
lavras, a realidade, a experiência quotidiana dos catequizandos.
Uma palavra não é o depósito abstracto de um exercício racional
estéril, mas a comunicação de uma pessoa para outra. “No princípio era
o Verbo”, ou seja, a comunicação, a expressão.…
Há palavras cujas tonalidades captam as subtilezas da experiência.

148
Mas neste nosso tempo há habitualmente uma separação: a linguagem
corrente, altamente influenciada pela publicidade, separa a palavra da
experiência, enquanto a experiência é também banalizada pela pala-
vra. A palavra é desventrada e esvaziada de sentido pela experiência.
Procurar combinar as palavras com as experiências ou as experiências
com as palavras pode tornar-se um exercício inútil. Podemos ficar sem
palavras, ou viver na incoerência, utilizando palavras que nos separam
da vida.

Que Palavra ? Que Experiência?

Que palavra tem o catequista para juntar à experiência? É a Palavra


de Deus transmitida através da palavra do catequista, através da sua
pessoa.
É a Palavra que cria, a Palavra que chama, a Palavra que salva, a
­Palavra que une, que congrega, que santifica. É a Palavra cristã, trans­
-temporal e trans-espacial, enraizada na Sagrada Escritura e aberta à
expressão de louvor, na união com os crentes de todos os tempos.
Às vezes um catequista passa muito tempo a “lavar” uma palavra,
“esfregando-a”, “raspando” as camadas de associações, de incrustações
contemporâneas que a banalizam ou desvirtuam a sua intencionalidade,
procurando integrá-la num contexto completamente novo. É como se o
catequista colocasse uma moldura na experiência evocada, esbatendo o
seu enquadramento habitual, o que a rodeia, de modo a que a palavra
surja refrescada, plantada de novo, como uma planta em novo solo. Com
a raiz revitalizada a palavra pode ser saboreada, mesmo que volte para
o seu antigo lugar ao sol.
A experiência sem a palavra pode ser caótica, submergir-nos na
incoerência, ser sepultada bem fundo, exigir uma libertação, uma inter-
pretação, uma expressão.
A experiência sozinha pode deambular, ou vaguear à procura de
sentido.
Uma experiência pode morrer pela falta de uma palavra. Os actos
nos quais o coração não se empenha totalmente, que são superficiais, de
fachada, podem fazer que uma experiência não ganhe raízes. A partici-
pação numa actividade automática, superficial, banal ou insípida desliga

149
a experiência da palavra, esvazia esta do mistério. Pior ainda é oferecer
explicações detalhadas da experiência quando a única atitude adequada
é talvez o silêncio. É possível sepultar uma experiência debaixo de uma
catadupa de palavras.
Há experiências que transcendem as palavras, que são indizíveis:
são manifestações do Mistério. Talvez se possa ser iniciado nelas, mas
a melhor iniciação é mergulhar nelas.
Que experiências utiliza o catequista? Toda a espécie de situações
vividas pelo Cristo total: esses inumeráveis acontecimentos das vidas
dos seres humanos, que são vividos por eles, que afectam as suas almas
e os seus corpos, que suscitam neles a esperança, que os apoiam através
das adversidades, que os enchem de alegria.
Experiência e Palavra conduzem ao Mistério.
Unir a Palavra à experiência é muito mais do que um simples método:
é entrar numa dinâmica. Uma determinada forma de ser e estar é mais
do que uma moda ou um estilo; estes podem ser extrínsecos.
O método só por si pode tornar a experiência oca, falsa, sem sentido.
Uma verdadeira dinâmica, capaz de unir palavra e experiência, é algo
que assenta na interioridade, que resulta de uma convicção profunda.
A chave está na fé, no encontro que leva à conversão: “Ele amou-me e
entregou-se por mim” (Gal. 2, 20).
Unir a Palavra e a experiência é iniciar no mistério. A descoberta pelas
crianças dos laços entre a Palavra e a experiência pode trazer, tanto a
uma como à outra, uma incomparável novidade. E a frescura de que se
revestem para as crianças pode levar-nos a nós, catequistas, a parar no
tempo e a vê-las como que pela primeira vez. Assim, elas convertem-
-nos também a nós e fazem-nos encarar a realidade de uma outra forma.
É como se fizéssemos estalar uma membrana que nos envolvia e nos
encontrássemos com a realidade de um modo totalmente diferente.
Estabelecem-se novos laços entre nós e a realidade. A Palavra tem para
nós um som novo, a realidade toma outra cor. Tornamo-nos pessoas
diferentes, porque a realidade se apodera de nós.
Este encontro inefável entre a Palavra e a experiência acontece no
silêncio. E, quando se encontram, o mistério torna-se presente, Cristo
está connosco.

150
A capacidade de dar testemunho, de deixar transparecer através de
si a Boa Nova, é uma das consequências da união entre a Palavra e a
experiência. As pessoas transparentes são as que evangelizam realmente.
A transparência é uma característica que assume tantas formas quantas
as pessoas que existem. É a qualidade diáfana daquele que acredita e que
empresta força àquilo que ele faz.
Essas pessoas tomam cada vez mais consciência da presença de Deus
na sua vida, até poderem dizer, como Santa Teresinha: “Em ti, Jesus,
tenho todas as coisas!”
Pe. James H. McCarthy
Director do Departamento de Catequese
Especial da Diocese de Chicago
(Adaptação de Maria Luisa Paiva Boléo)

 5. as recordações podem mudar-nos


A Marta lembrou que foi esse o lugar onde o nosso grupo se deslocou
em passeio no ano passado. O Joel, com muitos gestos para suprir as
palavras, partilhou connosco a recordação de que tinha viajado no meu
carro, com as janelas todas abertas e a música a tocar muito alto. As
nossas recordações foram evocadas ruidosamente e com muito riso. O
João lembrou como a Mariana – que é cega e não fala – tinha claramen-
te correspondido quando cantámos cânticos que usamos na catequese.
Eu recordei a minha apreensão por levarmos 3 cadeiras de rodas numa
barcaça e a minha admiração maravilhada ao dar‑me conta de como foi
simples de realizar. O Tomás lembrou o sossego do campo e o movimento
das águas enquanto navegámos sobre elas. A Francisca falou no Gil e
no David que já não fazem parte do nosso grupo e quis saber se alguém
tem notícias deles.
Este “trazer à memória” a experiência do passeio a Kirkintilloch deu
ao acontecimento uma nova profundidade na consciência de todos nós.
Revivemos a experiência e, ao fazê-lo, tomámos consciência de como
ela foi cheia de alegria, de paz, de unidade, simples e ao mesmo tempo
profunda. Algo acontecera às relações entre as pessoas do grupo, algo

151
que nos afectou a todos. Tínhamos sido felizes em conjunto. Tínhamos
partilhado o convívio, a comida, a alegria e o riso. Tinha sido bom es-
tarmos juntos.
Agora, ao recordá‑lo tínhamos consciência dela a um nível diferente.
A experiência recordada ganhara profundidade.
Enquanto falávamos, os “nossos corações estavam a arder” e os nossos
rostos resplandeciam de alegria. Isso recordou‑me as palavras de alguém
sem fé que terá dito acerca dos cristãos: “teriam de cantar melhor para
que eu pudesse aprender a ter fé no Redentor deles. Os discípulos de um
tal Redentor deviam parecer mais redimidos”.
O nosso pequeno grupo parecia de facto redimido ao contar de novo
a história evocada.
Fiquei perfeitamente fascinada por este irromper de recordações tão
real para os nossos amigos como para nós, catequistas; e isso levou‑me a
reflectir sobre a utilização que fazemos da memória na nossa catequese.
As recordações de Kirkintilloch foram evocadas pela palavra falada.
Na nossa catequese, no grupo etário das crianças com quem trabalhamos,
usamos a maior parte das vezes um objecto para fazer essa evocação. Um
simples objecto, como uma caixa de música, pode evocar um círculo de
rostos sorridentes e memórias de canções alegres: as canções que canta-
mos nos nossos convívios; os cânticos utilizados nas celebrações; aquilo
que cantamos enquanto limpamos o pó; as canções “pop” etc.… Gostar
de música é uma experiência universal, mas torna‑se personalizada na
história de cada um.
O cartão que enviamos no início de cada novo ano evoca a memória
dos sentimentos de cada um ao tirar o envelope da caixa do correio, ao
abri‑lo, procurando o nome, o dia, o mês... É comum a todos querer
pertencer a alguém, ser feliz, fazer parte de alguma coisa.
Estes exemplos descrevem aquilo que nós em catequese, chamamos
a evocação da Experiência Humana. A experiência de vida de cada um
de nós é o maior “dom” que temos, mas se não reflectirmos sobre ela e
não a recordarmos (se não o trouxermos ao coração) o seu significado
profundo perder-se-á.
Na catequese também evocamos recordações de experiências litúrgi-
cas partilhadas. Isto pressupõe, evidentemente, que o grupo tenha vivido

152
em conjunto experiências litúrgicas. Esta reflexão sobre a experiência
vai muito na linha de corresponder à recomendação da Igreja no Direito
Canónico...
“As pessoas são instruídas com maior fruto, através de uma forma-
ção catequética, depois de terem recebido os sacramentos”. (Cânone
777).
Os catequizandos recordarão facilmente a experiência de transpor-
tar solenemente o Livro da Palavra de Deus; de levar o pão ao altar;
de receber a comunhão; de dar ou receber o abraço da paz, de cantar:
Santo, Santo... etc. O acontecimento saboreado atinge uma nova pro-
fundidade.
(...) Em cada catequese recordamos também as palavras de Jesus ou
de um dos seus amigos. A Palavra de Deus confrontada com as nossas
memórias pessoais (Experiência Humana), projecta a sua luz gloriosa
nas nossas “histórias”. A nossa vida quotidiana, as nossas histórias
pessoais tornam‑se o “jardim’’ onde nos encontramos com o Senhor
ressuscitado.
Este recordar ou reflectir sobre a nossa experiência de vida tem um
exemplo clássico na história dos dois discípulos a caminho de Emaús.
Foi pouco depois da crucificação e os dois amigos estavam bastan-
te deprimidos (Lc. 24,13). Jesus sabia melhor do que ninguém o que
acontecera nos dias anteriores, mas leva‑os a contar a história: “Que
conversas são essas que ides tendo pelo caminho?” Eles não contam só
os factos, mas também a forma como os acontecimentos os afectaram
a eles: “Nós esperávamos que ele fosse o que havia de libertar Israel”...
Tendo apelado para as memórias deles, Jesus leva‑os a dar um passo
mais.
“Começando por Moisés e por todos os profetas, explicava‑lhes o que
dele se encontrava dito em todas as Escrituras” (Lc 24,27).
Jesus ajuda os discípulos a ver que a sua história e parte de uma
história maior e que a sua visão não é tão ampla como a que a Escritura
revela.
Os corações “ardiam‑lhe no peito”, embora ainda não soubessem que
era Jesus que estava com eles. Só quando partilham o mesmo pão à mesa
é que se lhes “abriram os olhos”.

153
O episódio de Emaús tem paralelos muito fortes com a nossa cate-
quese.
Recordamos as nossas histórias e visões pessoais e a Palavra de
Deus lembra‑nos que há uma história e uma visão mais amplas. O Jesus
de Emaús não ‘disse” aos discípulos o que deviam ‘ver”, mas esperou
pacientemente que fossem eles a ver. A catequese também é assim. Par-
tilhamos as nossas histórias. Ouvimos a Palavra de Deus. Recebemos a
sua mensagem e há um tempo e um espaço para deixarmos o significado
dessa Palavra entrar em nós. Ficamos em silêncio; não temos palavras;
com a admiração não sabemos o que dizer. No silêncio de uma música
interior deixamos que “uma harmonia maior se instale”.
Juntos experimentamos o silêncio como o repousar invisível nas mãos
de Deus; como a única voz do nosso Deus: “Precisamos desse silêncio
para deixar o significado que foi evocado encontrar um lugar de repouso
dentro de nós.
Precisamos desse silêncio para que “algo tome conta de nós”.
As recordações evocadas e vistas a uma nova luz têm o poder de nos
transformar. Chamam‑nos a ser testemunhas daquilo que sabemos. A
história dos discípulos de Emaús acabou assim: Quando os seus olhos
se abriram, partiram imediatamente para Jerusalém – uma caminhada
de 24 km para dar testemunho da ressurreição e partilhar com outros a
Boa Nova.
O passeio a Kirkintilloch foi de facto um acontecimento sagrado, mas
só o facto de o relembrar e que trouxe uma maior tomada de consciência,
a possibilidade de o ver de uma nova forma.
O nosso grupo de catequese partilha esta experiência convosco de
modo que seja vosso “o que vimos com os nossos olhos, o que contem-
plamos e as nossas mãos apalparam” (1Jo 1,1) para que a nossa alegria
possa ser vossa e a vossa alegria seja completa.

Adaptado de Ir. Agnes Nelson,


Directora da Catequese Especial – Glasgow
in Boletim do Departamento de Catequese Especial
Diocese de Chicago – Set. 1993, vol. 52, nº 1

154
ANEXO II

(Por ordem alfabética)

1 A MESSE É GRANDE
21 O BOM PASTOR
2 AMAR COMO JESUS AMOU
22 O PROFETA
3 CIDADÃO DO INFINITO
23 PALAVRA DO SENHOR
4 CRISTO JESUS, TU ME CHAMASTE PROFETA
24

5 DEIXA A GLÓRIA DE DEUS BRILHAR


25 PROFETAS DE UM MUNDO NOVO
6 DEIXA DEUS ENTRAR 26
QUEM ME SEGUIR
7 DEUS ESTÁ AQUI 27
SEDUZISTE-ME SENHOR
8 DEUS PRECISA DAS TUAS MÃOS
28 SEMEIA, DAREMOS FRUTO
9 DEUS PRECISA DE TI
29 SENHOR EU TENHO FOME

10 ESTA LUZ PEQUENINA
30 SENHOR QUANTA ALEGRIA

11 ESTOU ALEGRE
31 SOU AINDA JOVEM... MAS SEI

12 EU IREI PROCLAMAR AO MUNDO
32 TODA A BÍBLIA É COMUNICAÇÃO

13 EU PERGUNTEI POR MEU DEUS
33 TODOS UNIDOS

14 EU QUERO SER UM VASO NOVO
34 TU QUE NAS MARGENS DO LAGO

15 GUIADO PELA MÃO
35 TUA PALAVRA DE AMOR

16 IDE E ENSINAI
36 VAI DEPRESSA MENSAGEIRO

17 IDE POR TODO O MUNDO
37 VAI PELAS ALDEIAS

18 JERUSALÉM, LOUVA
38 VEM SERVIR O HOMEM

19 NADA TEMO, PORQUE...
39 VIRÃO ADORAR-VOS

20 NÃO ADORES NUNCA NINGUÉM MAIS
40 VOU CANTAR UM HINO À VIDA
QUE A DEUS

155
1 A MESSE É GRANDE
Texto: frei Miguel Negreiros
Música: frei Acílio Mendes

156
Eu vou contigo, meu Senhor,
Teu reino anunciar
De Vida, Paz e Amor.
Que os homens todos vem libertar.
Eu vou p’lo mundo com ardor
Chamar os meus irmãos
P’ra messe do Senhor:
Daremos todos as nossas mãos.
1. A messe é grande, infinda e sem fronteiras,
Mais profunda que o mar.
Faltam as mãos que lancem as sementes,
Braços para remar.
2. A messe é grande e há sede de água viva,
Passam rios no fundo!
Abram-se as fontes de quem sabe amar,
Dando frescura ao mundo.
3. A messe é grande e a gente para a monda,
Inda não apar’ceu.…
A messe é grande e o trigo já loureja:
Vem ceifeiro de Deus.
4. A messe é grande e o pão é abundante:
Venham mãos repartir!
Muitos têm fome e sede de justiça:
Quem lhes quer acudir?
5. A messe é grande e falta muita gente!
É preciso rogar
Ao Deus da messe que mande operários
Para o mundo salvar.

157
2 AMAR COMO JESUS AMOU
P. Zezinho

158
1. Um dia uma criança me parou,
Olhou-me nos meus olhos a sorrir;
Caneta e papel na sua mão,
Tarefa escolar para cumprir.
E perguntou, no meio de um sorriso
O que é preciso para ser feliz.
Amar como Jesus,
Sonhar como Jesus sonhou,
Pensar como Jesus pensou,
Viver como Jesus viveu.
Sentir o que Jesus sentia,
Sorrir como Jesus sorria;
E, ao chegar ao fim do dia,
Eu sei que dormiria muito mais feliz. (Bis)
2. Ouvindo o que eu falei, ela me falou
E disse que era lindo o que eu falei;
Pediu que repetisse por favor,
Que não dissesse tudo de uma vez.
E perguntou de novo, num sorriso,
O que é preciso para ser feliz.
3. Depois que terminei de repetir,
Seus olhos não saíam do papel.
Toquei no seu rostinho a sorrir,
Pedi que ao transmitir fosse fiel.
E ela deu-me um beijo demorado
E ao meu lado foi dizendo assim.

(In Canta Amigo Canta – 414)

159
3 CIDADÃO DO INFINITO
P. Zezinho

160
1. Por escutar uma voz que disse
Que faltava gente p’ra semear,
Deixei meu lar e parti sorrindo
Assobiando p’ra não chorar.
Fui-me alistar entre os operários
Que deixam tudo para Te ir levar,
– E fui lutar por um mundo novo,
Não tenho lar, mas ganhei um povo. (bis)

Sou cidadão do infinito,


Do infinito, do infinito,
E levo a paz, no meu caminho,
No meu caminho, no meu caminho!

2. Eu procurei semear a paz


E onde fui andando falei de Deus
Abençoei quem fez pouco caso
E espalhou cizânia onde eu semeei.
Não recebi condecoração
Por haver buscado um país irmão.
– Vou semeando por entre o povo
E vou sonhando com este mundo novo. (bis)

(In Canta Amigo Canta – 357)

161
4 CRISTO JESUS, TU ME CHAMASTE
H. Faria

2. Disse Jesus aos Apóstolos; 3. A voz de Cristo nos chama,


Lançai as redes ao mar, Ouçamos o Seu clamor;
Sereis pescadores de homens. Toma a tua cruz e segue-Me,
Dos homens que eu vim salvar. Quem Te fala é o Teu Senhor.
4. Pelos caminhos do mundo 5. Muitos poderão salvar-se,
Procuro os que andam perdidos. Se a tua fé for ardente.
Se Eu bater à tua porta, O cristão é luz de Deus
Não me feches os ouvidos. A iluminar toda a gente.
(In Cantemos Todos – 731)

162
5 DEIXA A GLÓRIA DE DEUS BRILHAR

1. Foi lá, no cimo do monte Sinai


Que o nosso Deus com Moisés falava
E quando descia do monte
Ele não sabia que o seu rosto brilhava,
Brilhava, brilhava.
Ele não sabia que o seu rosto brilhava
Foi lá no cimo do monte Sinai
Que o nosso Deus com Moisés falava.

163
6 DEIXA DEUS ENTRAR
Ir. Maria Amélia Costa

2. Tanta coisa me impede de O escutar


Me desvia da META que me propus
Vou ter a coragem de O deixar entrar
Vou seguir o clarão da Sua LUZ!
3. Vou conseguir que o Seu OLHAR de AMOR
Se fixe em mim e eu me deixe OLHAR.
Eu vou-me abrir num acto livre ao Senhor
Eu vou ser de Deus, vou deixá-lo entrar.

164
7 DEUS ESTÁ AQUI

2. Tu O podes notar ao teu lado neste mesmo instante.


Não sejas também daqueles que não O querem ver.
Tu lhe podes contar esse problema que tens.
Jesus está aqui. Se queres podes segui-lO.
(In Cantemos Todos – 732)

165
8 DEUS PRECISA DAS TUAS MÃOS

2. Há quem nada vê e há olhos chorando


Deus precisa também dos teus olhos para guiar,
Há muitos olhares de ódio matando,
É preciso que os teus olhos saibam sorrir e brilhar.
3. Há tantas palavras que não são verdade;
É preciso que teus lábios queimem falando de Deus.
Há lábios amargos levando veneno e maldade;
Para bendizer e sorrir, Deus precisa dos teus.
(Catecismo 7º Ano – n.º 17)

166
9 DEUS PRECISA DE TI

Deus precisa de mim...


Deus precisa de nós...
Eu preciso de Deus...
Tu precisas de Deus...
Nós precisamos de Deus...
Eu preciso de ti...
Tu precisas de mim...

167
10 ESTA LUZ PEQUENINA
J. Rocha Monteiro

1. Esta luz pequenina, vou deixá-la brilhar (3 x)


Vou deixá-la, vou deixá-la brilhar.
2. Esta luz de Cristo...
3. Onde quer que eu vá...
4. No homem que encontro...
5. No coração que sofre...
6. Nos caminhos da vida...

(In Canta Amigo Canta – 424)

168
11 ESTOU ALEGRE

Vou contar-te
Queres contar-me?
A razão de estar alegre assim, pa, pa, pa, ra, pa, pa
Cristo um dia me salvou
E também me transformou
E por isso alegre estou.

169
12 EU IREI PROCLAMAR AO MUNDO
Odette Vercruysse

2. Será salvo quem acreditar


E se baptizar em Jesus Cristo;
Quem viver como Ele viveu
E aos irmãos se entregar.
3. Em meu nome expulsareis demónios,
Vós que em Mim com fé acreditastes;
Imporeis as mãos sobre os enfermos
E a saúde obtereis.
(In Canta Amigo Canta – 341)

170
13 EU PERGUNTEI POR MEU DEUS
P. Zezinho

3. Como criança perdida, a perguntar por seu pai


Eu gritei tanto por Deus, e o mundo não respondeu (bis)
4. Deram-me tantos brinquedos, p’ra me ajudar a esquecer
E eu só queria saber, e o mundo sem responder (bis)
5. Fui perguntando nas ruas, o que fizeram de Deus
E eles gritaram perguntas, com medo de responder (bis)
6. Hoje um sorriso em minh’alma, molha o meu rosto de paz
Eu sou pergunta e resposta, meu Deus não mente jamais. (bis)
(Catecismo 8º Ano – n.º 9)

171
14 EU QUERO SER UM VASO NOVO

Eu quero ser, Senhor amado,


Como o barro do oleiro,
Rompe-me a vida, faz-me de novo.
Eu quero ser, um vaso novo.

172
15 GUIADO PELA MÃO

2. Se Jesus me diz:
“Amigo, deixa tudo e vem comigo!”
Como posso ser feliz sem ir com Ele?
Se Jesus me diz:
“Amigo, deixa tudo e vem comigo!”
Seguirei o Seu caminho, irei com Ele.
(In Canta Amigo Canta – 358)

173
16 IDE E ENSINAI
J. Rocha Monteiro

2. Tu me ensinaste a ser pequenino,


A ser amigo, irmão de todos.
Ouço em silêncio o teu chamamento.
O sol vai alto. Hoje é dia de ceifa.
3. Minha alegria não vem do que é fácil,
Mas de uma vida de amor.
Vou-Te anunciar a quem não Te aceita
E vou-Te amar naquele que Te rejeita.
(In Canta Amigo Canta – 349)

174
17 IDE POR TODO O MUNDO

Salmo 116 (117)


1. Louvai o Senhor todas as Nações;
Aclamai-O todos os povos.
2. O seu Amor por nós é firme,
Eterna a sua fidelidade.
(In Cantemos Todos – 768)

175
18 JERUSALÉM, LOUVA O TEU SENHOR
Salmo 147 (F Santos)

2. Trouxe a paz às tuas fronteiras


E saciou-te com o melhor trigo;
Enviou à terra a sua palavra,
Correu veloz a sua mensagem.
3. Revelou a sua palavra a Jacob,
A sua lei e seus preceitos a Israel.
Nenhum outro povo assim foi tratado
A nenhum outro manifestou os seus desígnios.
(In Cantemos Todos – 415)

176
19 NADA TEMO, PORQUE...
M. Luís

2. Se me colhe a tempestade
E o mar vai engolir a minha barca,
Nada temo, porque a PAZ está comigo.
3. Se me perco no deserto
E de sede me consumo e desfaleço,
Nada temo, porque a FONTE está comigo.
4. Se os amigos me deixarem
Em caminhos de miséria e orfandade,
Nada temo, porque o PAI está comigo.
5. Se mais nada me restar
E no mundo só achar desilusões
Nada temo, porque o CÉU está comigo.
(In Cantemos Todos – 196)

177
20 NÃO ADORES NUNCA NINGUÉM MAIS QUE A DEUS

2. Não escutes nunca ninguém mais que a Deus!


Não escutes nunca ninguém mais que a Deus!
Não escutes nunca ninguém mais...
Não escutes nunca ninguém mais...
Não escutes nunca ninguém mais que a Deus!
3. Não contemples nunca ninguém mais que a Deus!
Não contemples nunca ninguém mais que a Deus!
Não contemples nunca ninguém mais...
Não contemples nunca ninguém mais...
Não contemples nunca ninguém mais que a Deus!
4. Porque só Ele é o Senhor!
Porque só Ele é o Senhor!
Não adores nunca ninguém mais...
Não escutes nunca ninguém mais...
Não contemples nunca ninguém mais que a Deus!
(In Cantemos Todos – 770)

178
21 O BOM PASTOR
Cartageno

2.  Por Teus caminhos me guia


Para louvor do Teu Nome
3.  Não temerei os perigos
Pois sei que Tu estás comigo
4.  O teu festim me conforta,
Faz-me cantar de alegria
5.  Tua bondade me ajuda
No viver de cada dia
6.  Minha morada para sempre
Seja a Tua casa Senhor

179
22 O PROFETA
Texto: José Alberto
Música: A. Silva Ferreira

2. Ainda há liberdade 3. Ainda há força de viver


No seio do egoísmo. Nos escolhos da agonia.
Ainda há painéis d’alegria Ainda há algo para dar
No palco das tuas tristezas. No mundo da nossa miséria.
Ainda há sinais de perdão Ainda podemos pintar
Por entre os rastos do ódio. O mundo com muitas cores.
Ainda há um beijo amigo Ainda há doçura nos sonhos
Nas trevas da solidão. Que encantam cada viver.
(In Catecismo 9º Ano – n.º 13)

180
23 PALAVRA DO SENHOR
Frei Acílio

2. Palavra do Senhor:
Pão da minha fome!
Palavra da Salvação:
Fonte de água viva!
3. Palavra do Senhor:
Sol da minha noite!
Palavra da Salvação:
Paz na minha angústia!
4. Palavra do Senhor:
Força do meu Credo!
Palavra da Salvação:
Sempre Boa Nova!
(In Cassete: “A Messe é Grande” – n.º 6)

181
24 PROFETA

2. Não temas arriscar porque contigo Eu estarei


Não temas anunciar-Me porque em tua boca Eu estarei
Nada tragas contigo porque a Teu lado Eu estarei,
É hora de lutar porque Meu povo sofrendo está.
3. Deixa teus irmãos, deixa teu pai e tua mãe,
Abandona a tua casa porque a terra gritando está
Te encarrego Meu povo para arrancar e derrubar
Para edificar destruirás e plantarás.

182
25 PROFETAS DO MUNDO NOVO
Letra e Música: frei Acílio Mendes
Harmonização: António José Lourenço

2. Ver o Senhor no oprimido 4. Traz nova esp’rança o Profeta,


E em cada pobre um irmão, Convidando a dar as mãos:
É traduzir o Evangelho Deus é Pai da humanidade
Fazer da vida oração. (bis) De todos somos irmãos! (bis)
3. Contra a mentira e a guerra 5. Pelos caminhos dos homens
Dos poderosos do mundo, Vai o Profeta de Deus:
O mensageiro dos pobres Com sua vida anuncia
Grita mais forte, mais fundo. (bis) Nova Terra e novos céus! (bis)

183
26 QUEM ME SEGUIR
Letra e música: frei Acílio Mendes
Harmonização: P. José Barbosa, frei Acílio Mendes

2. Quem me seguir não terá mais fome,


Eu sou o Pão, o Pão que o Pai vos dá.
Aleluia, Palavra do Senhor!
3. Quem me seguir, tem vida em abundância:
Eu sou o Pastor, a todos quero amar.
Aleluia, Palavra do Senhor!
4. Quem me seguir, possui a vida eterna:
Eu sou Jesus, do mundo o salvador.
Aleluia, Palavra do Senhor!
(In Cantemos Todos – 753)

184
27 seduziste-me senhor

2. Nada sou em minha justiça, que é só aparência*


Diante do conhecimento deste bem supremo,
Que é Cristo meu Senhor.
3. Para conhecê-Lo fui longe e me perdi;*
E agora, que O encontrei,
Não quero mais deixá-Lo.
4. Quero conhecê-Lo ainda mais, e à força da sua ressurreição.*
Sei que conhecê-Lo é sofrer e morrer com Ele;
Mas a vida é mais forte!
(In Cantemos Todos – 762)

185
28 SEMEIA, DAREMOS FRUTO
Ir. M. Amélia Costa

2. Não vivas sempre preso ao tempo que passou,


Que lindo «o hoje, aqui e agora» para viver!
Se é Deus quem rega o que o homem semeou
Verás então como as flores vão nascer.
3. Enterra o medo, inimigo do Amor.
Afasta as nuvens porque a luz deve brilhar.
Com muito Amor vai regando a semente,
A mim, a ti só compete semear!
(In Canta Amigo Canta – 412)

186
29 SENHOR EU TENHO FOME
Ir. M. Amélia Costa

2.  Venho faminto e sedento...


Venho cansado de andar.
Cheguei mas não por acaso,
Sei que me vais saciar.
3.  Diz-me onde moras, Senhor.
Vinde meus filhos e vede.
Na água fresca do Meu poço
Podeis matar a vossa sede.

187
30 SENHOR, QUANTA ALEGRIA
C. Silva

2 4
Como são agradáveis as palavras Tu conheces, Senhor, as nossas vidas,
Que disseste à mulher samaritana! Conheces nossas dores e pecados;
Saber que Tu bebeste a nossa água, De ti nasce a fonte de águas vivas,
(Que) sentiste como nós a sede humana! O rio em que do mal somos lavados.
3 5
Mais forte do que a sede que sentimos Procurai o Senhor que vos procura,
Em nosso frágil corpo, cada dia, Vós que tendes sede de esperança!
É a sede que temos da Palavra Em Cristo encontrareis a eterna fonte
Que nasce do Senhor e nos sacia. Que vos dará a bem-aventurança.

(In Novo Cantemos Todos – 744)

188
31 SOU AINDA JOVEM… MAS SEI
Ir. M. Amélia Costa

2. Tenho vontade de dizer e de cantar.


“Dá-me um pouco de atenção” só p‘ra dizer:
QUE A PAZ É FLOR, a desabrochar.
Mas só no coração pode NASCER.
3. Tenho vontade de dizer e de cantar.
“Dá-me um pouco de atenção” só p‘ra dizer:
QUE A ESPERANÇA É FOGO, é chama e LUZ.
Que é urgente neste mundo ACENDER.
4. Tenho vontade de dizer e de cantar.
“Dá-me um pouco de atenção” só p‘ra dizer:
QUE O AMOR é chave, é solução,
Neste mundo onde o AMOR está a morrer.
(In Catecismo 7º Ano – n.º 1)

189
32 TODA A BÍBLIA É COMUNICAÇÃO

2. Os profetas sempre mostram


A vontade do Senhor,
Precisamos de profetas
Para o mundo ser melhor.
3. Vinde a nós Ó Santo Espírito
Vinde-nos iluminar.
A palavra que nos salva
Nós queremos conservar.

190
33 Todos Unidos
C. Gabarain

2
Rugem tormentas e, às vezes, nossa barca
Parece que perdeu o timão. 3
Olhas com medo, perdeste a confiança, Todos nascidos num único baptismo,
Igreja peregrina de Deus. Unidos na mesma comunhão,
Uma esperança nos enche de alegria, Todos vivendo em uma só família,
Presença que o Senhor prometeu. Igreja peregrina de Deus.
Vamos cantando, connosco Ele caminha, Todos irmanados num único destino,
Igreja peregrina de Deus. Ligados pela mesma salvação,
Somos um corpo e Cristo é a cabeça,
Igreja peregrina de Deus.
(In Canta Amigo Canta – 123)

191
34 TU QUE NAS MARGENS DO LAGO
C. Gabarain

2. Tu sabes bem o que eu tenho:


No meu barco: não há ouro nem prata;
Somente as redes e o meu trabalho.
3. Tu necessitas de mim;
P’ra render os qu’estão cansados;
E do amor, sinal d’esperança.
4. Tu, pescador de outros lagos,
Ânsia eterna dos homens que esperam,
Meu bom amigo, muito obrigado!
(In Canta Amigo Canta – 342)

192
35 TUA PALAVRA DE AMOR
P. Zezinho

1. Eu vim para escutar.


Tua Palavra, Tua Palavra
Tua Palavra, de Amor. (2 x)
2. Eu gosto de escutar.
3. Eu quero entender melhor.
4. O mundo ainda vai viver.

(In Canta Amigo Canta – 148)

193
36 VAI DEPRESSA MENSAGEIRO
Letra: António Fernandes
Música: Mário Silva

3. Vai depressa, mensageiro


Estarei sempre contigo.
Vai transformar
Cada homem num Amigo.
4. Vai depressa, mensageiro
Vai depressa, que onde fores
Deixarás a Paz e o Bem,
Paz e Graça, Luz e Flores.
(In Catecismo 10º ano – n.º 17)

194
37 VAI PELAS ALDEIAS

2. És tu, és tu, és tu que fazes comunidade (5 x)


Lá, lá, lá
3. É Cristo, é Cristo... que faz comunidade (5 x)
Lá, lá, lá
4. Sou eu, és tu, somos nós, é o amor é Cristo...
Que faz comunidade
Lá, lá, lá

195
38 VEM SERVIR O HOMEM
Mário Silva

2. Quando um dia vir’s, um homem em pedaços pelo chão


Não o olhes com desprezo, mas dá-lhe o teu coração.
Bebe o todo que ele é, dá-lhe o todo que há em ti,
Chegarás ao fim do dia dizendo: “Hoje vivi”.
3. Não deixes que a tua vida siga o caminho do ter.
O ter só é necessário quanto alimento do ser.
Não te esqueças que o amanhã depende muito de ti.
Que um dia possas gritar: “Também eu o construí”.
(In Catecismo 9º Ano – n.º 2)

196
39 VIRÃO ADORAR-VOS
Salmo 71 (M. Luís)

2. Florescerá a justiça nos Seus dias


E uma grande paz até ao fim dos tempos.
Dominará de mar a mar,
Do grande Rio até aos confins da terra.
3. Os Reis de Társis e das ilhas/ pagar-lhe-ão tributo
Os Reis de Sabá e da Arábia virão com seus dons.
Prostrar-se-ão, diante d’Ele todos os reis,
Todos os povos o hão-de servir.
4. Atenderá o clamor dos pobres
Livrará, os aflitos sem protector
Terá compaixão dos fracos e dos humildes,
Aos pobres salvará a vida.
(In Cantemos Todos – 303)

197
40 VOU CANTAR UM HINO À VIDA
Letra e música: Mário Silva

3. Respeita a erva rasteira 5. Louvada seja a irmã Vida


E a árvore da floresta Feita de sol e luz
Ambas, à sua maneira Por Deus me foi concedida
Fazem da vida uma festa. E a ele me reconduz.
4. Não macules a pureza
Nem dos rios nem do mar.
É sangue da natureza
Que se deve respeitar.
(In Catecismo 9º ano – n.º 9)

198
INDICE
Apresentação . ........................................................................ 3
Observações Preliminares . .................................................... 7
Introdução . ............................................................................ 13
I. O que é a Catequese
Introdução ....................................................................... 22
1. A realidade da nossa catequese .................................... 24
2. Como catequiza Jesus . ................................................ 27
3. O que diz a Igreja acerca da catequese ......................... 31
Vocabulário do Catequista ............................................... 39
II. Quem é o Catequista
Introdução ....................................................................... 47
1. A imagem do Catequista .............................................. 48
2. A imagem do Catequista à luz da Bíblia ....................... 51
3. A imagem do Catequista à luz dos documentos
da Igreja .............................................................. 54
Vocabulário do Catequista ............................................... 59
III. O que anuncia a Catequese
Introdução ....................................................................... 62
1. Dificuldades no anúncio da Boa Nova .......................... 64
2. O que anunciar hoje? . ................................................. 67
3. Que anúncio faz hoje a Igreja ....................................... 77
Vocabulário do Catequista ............................................... 83
IV. A quem anuncia o Catequista
Introdução ....................................................................... 90
1. A identidade dos destinatários da Catequese ................ 92
2. A Palavra de Deus deve ser anunciada a toda
a humanidade . .................................................... 95
3. Todos precisam de ser catequizados ............................. 97
Vocabulário do Catequista ............................................... 103
V. Como anúncia o Catequista
Introdução ....................................................................... 106
1. O itinerário catequético ................................................ 108
2. Apresentação de uma catequese . ................................. 112
3. Fidelidade a Deus e fidelidade ao Homem . ................... 116
Vocabulário do Catequista ............................................... 121
Conclusão . ............................................................................. 123
Anexos . ................................................................................. 125

199
Gráfica Almondina – Zona Industrial – 2351 Torres Novas Codex

Depósito Legal N.º 164 932/01

200

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