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2017
ISSN 2316-8102
Elogio ao Breu:
A Potência do Segredo na Arte da Performance
Luisa Marinho
Figura 01: Vito Acconci, Security Zone. Píer 18, Nova York, Fevereiro de 1971.
Fotografia de Shunk-Kender. © Roy Lichtenstein Foundation
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1
Vito Acconci, Security Zone, 1971. Whitney Museum of American Art. Ver em
<https://youtu.be/Mu3rSdo-2oA>. Acesso em: 12 de julho de 2016.
2
Cf. Philip Auslander, “A Performatividade da Documentação de Performance”. eRevista
Performatus, Inhumas, ano 2, n. 7, nov. 2013. Ver em:
<http://performatus.net/traducoes/perf-doc-perf/>. Acesso em: 08 de julho de 2016.
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3
Cf. Henri-Cartier Bresson, O Imaginário Segundo a Natureza, p. 15-37.
4
Angela Materno, "Releituras de 'O Autor como Produtor': Walter Benjamin, O Teatro e A
Técnica". Em Flora Süssekind; Tânia Dias (orgs.), A Historiografia Literária e As Técnicas
de Escrita: Do Manuscrito ao Hipertexto, p. 313-328.
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5
Rosalind Krauss, “Notes on the Index: Seventies Art in America”. October, The MIT Press,
volume 3, primavera de 1977, p. 68-81. Ver em: <http://www.jstor.org/stable/778437>. Acesso
em: 10 de julho de 2016.
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É possível perceber, através da observação do enquadramento e ângulo da imagem, que o
fotógrafo está posicionado a uma significativa distância de Vito Acconci e seu antagonista.
7
Hans Ulrich Gumbrecht, Atmosfera, Ambiência, Stimmung : Sobre Um Potencial
Oculto da Literatura, p. 14.
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que desperta inquietudes aos que, cegos aos fatos, têm acesso apenas ao
quadro imagem-texto.
À pessoa que se depara com a obra através do seu registro, permanecem
incômodas perguntas. O que haveria feito o homem para ganhar o descrédito de
Acconci? O desconfiar é somente de Acconci em relação ao homem, ou será que
o homem também tem suas dúvidas sobre a idoneidade de Acconci? Teria o
artista se sentido verdadeiramente ameaçado em algum momento durante a
ação? O que realmente aconteceu com os corpos envolvidos naquele embate e
de que maneira saíram transformados da experiência? Na proposição de
Security Zone, os dois homens têm, no momento posterior à ação, mais do que
uma memória em comum: eles obtêm um pacto. Ficam com a lembrança e
todas as outras pessoas do mundo estão de fora, tentando espiar por trás da
muralha de estranhamento construída a partir da aura do segredo.
Quase quinze anos após o encontro no píer, a cidade de Nova York foi
palco de outro cruzamento de subjetividades que marcou a arte da performance.
Um homem, uma mulher. Um imigrante ilegal taiwanês, uma norte-americana
branca. Ele, com seu anseio por conhecer, com o corpo, os aspectos filosóficos
da experiência da vida. Ela, com a potência de moldura que têm as palavras,
transmutando o cotidiano em arte. Ele, a determinação do monge ateu. Ela,
cercada pelas imagens disciplinares da juventude imersa no espiritualismo
católico. Dois, que eram desconhecidos antes. Dois, que então passaram a
dividir os cômodos e as calçadas.8
O programa performativo9 de Rope Piece (Figura 02) de Tehching Hsieh e
Linda Montano determina que ambos deverão permanecer amarrados, um ao
outro, pela cintura durante um ano. A performance se iniciou em 4 de julho de
1983 e teve seu fim em 4 de julho de 1984. Cada um em sua mesa de trabalho,
cada um em sua cama. Um pouco mais de dois metros de corda os separavam.
Nunca portas.
8
Cf. Tehching Hsieh; Linda Montano, “One Year Art/Life Performance: Interview with Alex and
Allyson Grey”. Em Kristine Stiles; Peter Selz (orgs.), Theories and Documents of
Contemporary Art: A Sourcebook of Artists' Writings, p. 907-911.
9
Cf. Eleonora Fabião, “Programa Performativo: O Corpo-Em-Experiência”. Revista do Lume,
n. 4, Dezembro de 2013.
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Figura 02: Tehching Hsieh e Linda Montano, Art/Life One Year Performance 1983-1984
Statement. © 1984 Tehching Hsieh, Linda Montano | Cortesia dos artistas e Sean Kelly Gallery,
Nova York
10
Cf. Adrian Heathfield, “I Just Go In Life: Tehching Hsieh and Adrian Heathfield”. Em Adrian
Heathfield; Amelia Jones (orgs.), Perform, Repeat, Record: Live Art in History, p. 457-
467.
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11
Cf. Pierre Nora, “Entre a Memória e a História: A Problemática dos Lugares”. Projeto
História, São Paulo, n. 10, dezembro de 1993, p. 7-28.
12
Henry Rousso, “O Arquivo ou O Indício de uma Falta”. Estudos Históricos, v. 9, n. 17, 1996.
13
Cf. Adrian Heathfield, op. cit.
14
Cf. Philip Auslander, op. cit.
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15
Carla Rodrigues, Rastros do Feminino: Sobre Ética e Política em Jacques Derrida,
p. 170-173.
16
Ibidem.
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17
Jacques Derrida, Papel-máquina.
18
Carla Rodrigues, op. cit.
19
Ibidem, “Paixões da Literatura: Ética e Alteridade em Derrida”. Sapere Aude, v. 4, n. 7, p. 47-
59. Ver em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/5473>. Acesso
em: 18 de julho de 2016.
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20
Cf. Eleonora Fabião, op. cit.
21
Cf. Patrícia Leonardelli, “Teatralidade e Performatividade: Espaços em Devir, Espaços do
Devir”. Revista Cena, n. 10, 2011. Ver em:
<http://seer.ufrgs.br/index.php/cena/article/view/20891/15303>. Acesso em: 12 de julho de
2016.
22
Cf. PHELAN, Peggy. “A Ontologia da Performance: Representação sem Produção”. Em
Revista de Comunicação e Linguagens.
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BIBLIOGRAFIA
ACCONCI, Vito. Security Zone, 1971. Whitney Museum of American Art.
Ver em <https://youtu.be/Mu3rSdo-2oA>. Acesso em: 12 de julho de 2016.
AUSLANDER, Philip. “A Performatividade da Documentação de
Performance”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 2, n. 7, nov. 2013. Ver
em: <http://performatus.net/traducoes/perf-doc-perf/>. Acesso em: 08 de
julho de 2016.
BRESSON, Henri-Cartier. O Imaginário Segundo a Natureza.
Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SL, 2004.
DERRIDA, Jacques. Papel-Máquina. Trad. de Evando Nascimento. São
Paulo: Estação Liberdade, 2004.
FABIÃO, Eleonora. “Programa Performativo: O Corpo-Em-Experiência”.
Revista do Lume, n. 4, Dezembro de 2013.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Atmosfera, Ambiência, Stimmung :
Sobre Um Potencial Oculto da Literatura. Trad. de Ana Isabel Soares. Rio
de Janeiro: Contraponto/Editora PUC Rio, 2014.
HEATHFIELD, Adrian. “I Just Go In Life: Tehching Hsieh and Adrian
Heathfield”. In: HEATHFIELD, Adrian; JONES, Amelia (orgs.). Perform,
Repeat, Record: Live Art in History. Bristol: Intellect Ltd., 2012.
HSIEH, Tehching; MONTANO, Linda. “One Year Art/Life Performance:
Interview with Alex and Allyson Grey”. In: STILES, Kristine; SELZ, Peter (orgs.).
Theories and Documents of Contemporary Art: A Sourcebook of
Artists' Writings. Berkeley: University of California Press, 2012.
KRAUSS, Rosalind. “Notes on the Index: Seventies Art in America”.
October, The MIT Press, volume 3, primavera de 1977, p. 68-81. Ver em:
<http://www.jstor.org/stable/778437>. Acesso em: 10 de julho de 2016.
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