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ALBA

Assembleia Legislativa do Estado da Bahia

Técnico Legislativo - Agente de Polícia Legislativa

(Feminino e Masculino)

Edital N° 001 de 26 de Outubro de 2018

OT117-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Assembleia Legislativa do Estado da Bahia - ALBA

Cargo: Técnico Legislativo - Agente de Polícia Legislativa


(Feminino e Masculino)

(Baseado no Edital N° 001 de 26 de Outubro de 2018)

• Língua Portuguesa
• Legislação Institucional
• Noções de Informática
• Raciocínio Lógico-Matemático
Conhecimentos Específicos
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Penal e de Direito Processual Penal
• Noções de Direito Administrativo

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Ana Luiza Cesário
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Leandro Filho

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Leitura, compreensão e interpretação de textos.......................................................................................................................................... 01


Estruturação do texto e dos parágrafos. ........................................................................................................................................................ 21
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores sequenciais...................................................... 21
Significação contextual de palavras e expressões. ..................................................................................................................................... 01
Equivalência e transformação de estruturas. ................................................................................................................................................ 21
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. ............................................................................................................................... 55
Emprego de tempos e modos verbais. ........................................................................................................................................................... 23
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................. 69
Estrutura e formação de palavras. .................................................................................................................................................................... 32
Funções das classes de palavras. ....................................................................................................................................................................... 32
Flexão nominal e verbal. ....................................................................................................................................................................................... 32
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. ...................................................................................................................... 80
Concordância nominal e verbal. ........................................................................................................................................................................ 72
Regência nominal e verbal. .................................................................................................................................................................................. 78
Ocorrência de crase. ............................................................................................................................................................................................... 78
Ortografia oficial. ..................................................................................................................................................................................................... 14
Acentuação gráfica.................................................................................................................................................................................................. 14

Legislação Institucional
Regimento Interno da ALBA (Resolução nº 1.193/1985, de 17.01.1985). .................................................................................................01
Lei nº 6.677/1994, de 26.09.1994 (Estatuto dos Servidores Públicos da Bahia). ....................................................................................24
Lei nº 8.902/2003, de 18.12.2003. ...............................................................................................................................................................................49
Lei nº 8.971/2004, de 05.01.2004. ...............................................................................................................................................................................51
Lei 13.801/2017. ..................................................................................................................................................................................................................58
Lei 13.962/2018. ..................................................................................................................................................................................................................62
Ato da Mesa Diretora n° 007/2010 de 24/03/2010 ............................................................................................................................................67
Ato da Mesa Diretora n° 133/2018.............................................................................................................................................................................77

Noções de Informática

1. Componentes de um computador: hardware e software.................................................................................................................... 01


2. Arquitetura básica de computadores: unidade central, memória: tipos e tamanhos............................................................... 01
3. Periféricos: impressoras, drivers de disco fixo (Winchester), disquete, CD-ROM. ..................................................................... 01
4. Uso do teclado, uso do mouse, janelas e seus botões, diretórios e arquivos (uso do Windows Explorer): tipos de
arquivos, localização, criação, cópia e remoção de arquivos, cópias de arquivos para outros dispositivos e cópias de
segurança, uso da lixeira para remover e recuperar arquivos, uso da ajuda do Windows. ....................................................... 01
5. Uso do Word for Windows: entrando e corrigindo texto, definindo formato de páginas: margens, orientação,
numeração, cabeçalho e rodapé definindo estilo do texto: fonte, tamanho, negrito, itálico e sublinhado, impressão de
documentos: visualizando a página a ser impressa, uso do corretor ortográfico, criação de textos em colunas, criação
de tabelas, criação e inserção de figuras no texto...................................................................................................................................... 28

Raciocínio Lógico-Matemático

Entendimento da estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios................ 42
Problemas de raciocínio: deduzir informações de relações arbitrárias entre objetos, lugares, pessoas e/ou eventos
fictícios dados............................................................................................................................................................................................................ 42
Compreensão e análise da lógica de uma situação. ................................................................................................................................. 01
Raciocínio verbal, raciocínio matemático e raciocínio sequencial........................................................................................................ 01
Orientação espacial e temporal. ........................................................................................................................................................................ 01
Formação de conceitos e discriminação de elementos. .......................................................................................................................... 01
Diagramas lógicos, tabelas e gráficos.............................................................................................................................................................. 13
SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

Direitos e garantias constitucionais: art. 5º da Constituição;.................................................................................................................. 01


Direitos sociais; cidadania e direitos políticos............................................................................................................................................... 01
Normas Constitucionais relativas à Administração Pública e aos servidores públicos................................................................. 33
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública....................... 47
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia;
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso...................................................................................... 50

Noções de Direito Penal e de Direito Processual Penal

Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal............................................................... 01
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade......................................................................................................................................... 02
Erro de tipo; erro de proibição............................................................................................................................................................................ 03
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 05
Concurso de pessoas.............................................................................................................................................................................................. 05
Crimes contra a pessoa.......................................................................................................................................................................................... 07
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................. 08
Crimes contra a Administração Pública........................................................................................................................................................... 18
Abuso de autoridade (Lei 4.898/65).................................................................................................................................................................. 19
Tráfico ilícito de drogas (Lei 11.343/2006)...................................................................................................................................................... 24
Estatuto da Criança e do Adolescente............................................................................................................................................................. 39
Estatuto do Desarmamento.................................................................................................................................................................................. 93
Inquérito Policial, Notitia Criminis....................................................................................................................................................................100
Jurisdição e competência....................................................................................................................................................................................103
Prisão em flagrante e prisão preventiva........................................................................................................................................................105
Da prova: exame de corpo de delito, interrogatório e testemunhas.................................................................................................118
Das citações e intimações...................................................................................................................................................................................124
Do reconhecimento de pessoas e coisas......................................................................................................................................................125
Restituição das coisas apreendidas.................................................................................................................................................................126
Prisão especial.........................................................................................................................................................................................................127
Atuação do advogado na fase inquisitiva.....................................................................................................................................................127

Noções de Direito Administrativo

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios.........01
Organização administrativa da União; administração direta e indireta......................................................................................................04
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos;..............13
Regime Jurídico: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar;
responsabilidade civil, criminal e administrativa...................................................................................................................................................14
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do
poder. ......................................................................................................................................................................................................................................49
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; ...............................................................................................53
Lei 8.112/90 e suas alterações (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União). ..............................................................64
Ética profissional..................................................................................................................................................................................................................64
LÍNGUA PORTUGUESA

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ......................................................................................................... 01


2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ......................................................................................................................................... 05
3 Domínio da ortografia oficial. ......................................................................................................................................................................... 14
3.1 Emprego das letras. ................................................................................................................................................................................... 14
3.2 Emprego da acentuação gráfica. .......................................................................................................................................................... 14
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. .......................................................................................................................................... 21
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de
sequenciação textual. ....................................................................................................................................................................................... 21
4.2 Emprego/correlação de tempos e modos verbais. ............................................................................................................................. 23
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. ................................................................................................................................ 32
5.1 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. ..................................................................................... 55
5.2 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração...................................................................................... 55
5.3 Emprego dos sinais de pontuação. ..................................................................................................................................................... 69
5.4 Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................................... 72
5.5 Emprego do sinal indicativo de crase. ................................................................................................................................................ 78
5.6 Colocação dos pronomes átonos. ........................................................................................................................................................ 80
6 Reescritura de frases e parágrafos do texto. ............................................................................................................................................. 89
6.1 Substituição de palavras ou de trechos de texto. .......................................................................................................................... 89
6.2 Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade. ............................................................................................. 89
7 Correspondência oficial. .................................................................................................................................................................................... 95
7.1 Adequação da linguagem ao tipo de documento. ....................................................................................................................... 95
7.2 Adequação do formato do texto ao gênero..................................................................................................................................... 95
LÍNGUA PORTUGUESA

O que nos diz Franz Kafka a respeito do silêncio das


1 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE sereias? Por que o silêncio seria mais mortal do que o seu
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. canto?
Ler um texto é muito mais do que decodificar um
código, entender seu vocabulário. Isso porque o conjunto
de palavras que compõem um texto são organizados de
Leia o texto abaixo de Franz Kafka, O silêncio das sereias: modo a produzir uma mensagem. Há várias formas de
se ler um texto. Iniciamos primeiramente pela camada
Prova de que até meios insuficientes - infantis mesmo mais superficial, que é justamente o início da “tradução”
podem servir à salvação: do vocabulário apresentado. Compreendidas as palavras,
Para se defender da sereias, Ulisses tapou o ouvidos com ainda nesse primeiro momento, verificamos qual tipo de
cera e se fez amarrar ao mastro. Naturalmente - e desde texto se trata: matéria de jornal, conto, poema. Entretanto,
sempre - todos os viajantes poderiam ter feito coisa semelhante, ainda assim não lemos esse conjunto de palavras em sua
exceto aqueles a quem as sereias já atraíam à distância; mas plenitude, isso porque ler é, antes de mais nada, interpretar.
era sabido no mundo inteiro que isso não podia ajudar em A palavra interpretação significa, literalmente, explicar
nada. O canto das sereias penetrava tudo e a paixão dos algo para si e para o outro. E explicar, outra palavra
seduzidos teria rebentado mais que cadeias e mastro. Ulisses importante numa leitura, consiste em desdobrar algo que
porém não pensou nisso, embora talvez tivesse ouvido coisas estava dobrado. Assim sendo, podemos entender que ler
a esse respeito. Confiou plenamente no punhado de cera e no um texto é interpretá-lo, e para tanto se faz necessário
molho de correntes e, com alegria inocente, foi ao encontro das desdobrar suas camadas, suas palavras, até fazê-las suas,
sereias levando seus pequenos recursos. para assim chegar a uma camada mais profunda do que a
As sereias entretanto têm uma arma ainda mais terrível inicial – a da mera “tradução” das palavras.
que o canto: o seu silêncio. Apesar de não ter acontecido isso, Um texto é sempre escrito por alguém. Um autor,
é imaginável que alguém tenha escapado ao seu canto; mas quando lança as palavras num papel, faz na intenção de
do seu silêncio certamente não. Contra o sentimento de ter passar uma mensagem específica para o leitor. Muitas vezes
vencido com as próprias forças e contra a altivez daí resultante temos dificuldades em captar qual a mensagem ele está
- que tudo arrasta consigo - não há na terra o que resista. tentando nos dizer. Entretanto, algo é sempre importante
E de fato, quando Ulisses chegou, as poderosas cantoras lembrar: textos são feitos de palavras, e todas as ferramentas
não cantaram, seja porque julgavam que só o silêncio poderia para se entender o texto estão no próprio texto, no modo
conseguir alguma coisa desse adversário, seja porque o ar de como o autor organizou as palavras entre si.
felicidade no rosto de Ulisses - que não pensava em outra Tudo isso pode ser resumido numa simples frase: texto
coisa a não ser em cera e correntes - as fez esquecer de todo e é uma composição estruturada em camadas de sentido.
qualquer canto. Da mesma forma que para conhecer uma casa é preciso
Ulisses no entanto - se é que se pode exprimir assim - não adentrá-la e entender sua estrutura, compreender um texto
ouviu o seu silêncio, acreditou que elas cantavam e que só ele é decompô-lo, camada a camada, desde o conhecimento da
estava protegido contra o perigo de escutá-las. Por um instante, autoria até o sentido final. Isso requer uma atitude ativa do
viu os movimentos dos pescoços, a respiração funda, os olhos leitor, e não meramente passiva.
cheios de lágrimas, as bocas semiabertas, mas achou que tudo Você já se perguntou por que em concursos públicos e
isso estava relacionado com as árias que soavam inaudíveis vestibulares é sempre exigida interpretação textual? Pense. Não
em torno dele. Logo, porém, tudo deslizou do seu olhar dirigido basta apenas conhecer as regras gramaticais de uma língua,
para a distância, as sereias literalmente desapareceram diante também é importante entender os sentidos que essa língua
da sua determinação, e quando ele estava no ponto mais pode expressar. Se não conseguimos interpretar um texto, como
próximo delas, já não as levava em conta. conseguiremos interpretar o mundo em que vivemos?
Mas elas - mais belas do que nunca - esticaram o corpo Assim sendo, ler o texto se faz da mesma forma que se
e se contorceram, deixaram o cabelo horripilante voar livre lê o mundo: a partir de suas peculiaridades, ultrapassando
no vento e distenderam as garras sobre os rochedos. Já a camada mais ingênua da vida e do texto, entendo as
não queriam seduzir, desejavam apenas capturar, o mais entrelinhas da mensagem, ou seja, o que está subentendido.
longamente possível, o brilho do grande par de olhos de Ulisses. Quando falamos de leitura, falamos antes de níveis de
Se as sereias tivessem consciência, teriam sido então leitura, pois é a partir desse processo que alcançamos uma
aniquiladas. Mas permaneceram assim e só Ulisses escapou delas. interpretação efetiva. Vejamos:
De resto, chegou até nós mais um apêndice. Diz-se que
Ulisses era tão astucioso, uma raposa tão ladina, que mesmo 1 – Níveis de leitura
a deusa do destino não conseguia devassar seu íntimo. Talvez
ele tivesse realmente percebido - embora isso não possa a) Primeiro Nível – é o mais superficial e consiste em
ser captado pela razão humana - que as sereias haviam iniciar o aprendizado dos significados das palavras. É o
silenciado e se opôs a elas e aos deuses usando como escudo próprio ato de decodificação de uma língua. Nesse nível
o jogo de aparências acima descrito. ainda não é possível realizar a interpretação de um texto,
(KAFKA, Franz. O silêncio das sereias. In. http:// já que não se possui ainda familiaridade com os sentidos
almanaque.folha.uol.com.br/kafka2.htm) de uma palavra.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Segundo Nível – é o contato mais familiar com um 3) A frase representa a ideia centra, qual é essa ideia?
texto, através do conhecimento de qual gênero se trata O autor parece nos dizer que o silêncio é mais mortal
(notícia, conto, poema), do seu autor e dos benefícios que que a própria fala, ou seja, pode ferir mais.
essa leitura poderia trazer. Imagine você uma livraria. Há
vários exemplares para escolher. Então você analisa o título 4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do
do livro, o autor, lê rapidamente a contracapa e também texto?
um trecho do livro. O segundo nível da leitura diz respeito a) Muitos já escaparam do canto das sereias, nunca do
a essa primeira familiarização com um texto. seu silêncio;
b) Quando o herói Ulisses passa pelas sereias, elas não
c) Terceiro Nível – é o momento da leitura cantam, precisam de uma arma maior;
propriamente dita. O primeiro passo é entender em c) Ulisses foi mais astuto que as sereias – frente o
qual gênero se encontram as palavras. Se forem textos silêncio mortal que elas lançavam, ele o ignorou, usando a
de ficção (como conto, romance) devemos nos atentar mesma arma do inimigo para enfrentá-lo.
às falas e ações das personagens. Caso se trate de uma
crônica ou texto de opinião, é importante prestar atenção 5) Quais as palavras mais recorrentes no texto?
no vocabulário utilizado pelo autor, pois nestes gêneros as Silêncio, canto, sereias, Ulisses, herói, astucioso.
palavras são escolhidas minuciosamente a fim de explicitar Assim sendo, o texto que inicialmente parecia
um determinado sentido. Quando se tratar de um poema, enigmático, após as respostas das perguntas sugeridas,
também é importante analisar o vocabulário do poeta, parece mais claro. Ou seja, Franz Kafka se utiliza da ficção
lembrando-se que na poesia a mensagem sempre diz mais para nos dizer que a indiferença é uma arma mais mortal
do que parece dizer. que o próprio enfrentamento.
No momento de interpretar um texto, geralmente
ultrapassamos o terceiro nível da leitura, chegando ao Analisemos agora um poema, um dos mais conhecidos
quarto e quinto, quando precisamos reler o material em da literatura brasileira, No meio do caminho, de Carlos
questão, centrando-se em partes específicas. Frente as Drummond de Andrade:
perguntas de interpretação, cuidado com as opções
muito generalizadoras, estas tentam confundir o leitor, já No Meio do Caminho – Carlos Drummond de
que representam apenas leituras superficiais do assunto. Andrade
Por isso mesmo, sempre muita atenção no momento da No meio do caminho tinha uma pedra
leitura, para que não caia nas famosas “pegadinhas” dos tinha uma pedra no meio do caminho
avaliadores. tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
2) Ideia central Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Um texto sempre apresenta uma ideia central e, muitas Nunca me esquecerei que no meio do caminho
vezes, na primeira leitura não a captamos. Assim, algumas tinha uma pedra
estratégias são válidas para atingir esse propósito. tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
1) Qual o gênero textual? (ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do
2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? caminho. In. http://www.revistabula.com/391-os-dez-
3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia? melhores-poemas-de-carlos-drummond-de-andrade/)
4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do
texto? A mensagem parece simples, mas se trata de um
5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto? poema. Quando precisamos interpretar esse tipo de
gênero, é essencial perceber que as palavras dizem mais do
Caso você consiga responder essas perguntas que o senso comum, por isso se faz importante interpretá-
certamente você terá as ferramentas necessárias para las com cuidado. Vamos às perguntas sugeridas:
interpretar o texto.
Utilizemos como exemplo o texto de Franz Kafka citada 1) Qual o gênero textual?
anteriormente. Leia o texto novamente. Agora responda as Poema
questões:
2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual?
1) Qual o gênero textual? Tinha uma pedra no meio do caminho
Trata-se de um conto, ou seja, um texto de ficção.
3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia?
2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? Pedra no caminho é uma frase de sentido popular que
Utilizando as palavras do autor: As sereias entretanto significa dificuldade. O poeta parece usar uma frase banal
têm uma arma ainda mais terrível que o canto: o seu silêncio num poema para indicar que pedra é muito mais do que
pedra, é uma dificuldade.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do a) é de caráter narrativo;


texto? b) é de caráter reflexivo;
Através da repetição da frase “tinha uma pedra no c) evita-se a linguagem figurada;
meio caminho”. Escrito diversas vezes, soa como uma lição d) é de caráter descritivo;
a ser aprendida. e) não há metalinguagem.

5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto? 3. “Tão barato que não conseguimos nem contratar
Pedra, meio, caminho uma holandesa de olhos azuis para este anúncio.”
Quando realizamos essas perguntas, paramos para No texto, a orientação semântica introduzida pelo
refletir sobre a mensagem do texto em questão. E mais, termo nem estabelece uma relação de:
quando precisamos interpretar um texto, após a leitura a) exclusão;
inicial, é necessário ler detalhadamente cada parte (seja b) negação;
parágrafo, estrofe) e assim construir passo a passo o c) adição;
“desdobramento” do texto. d) intensidade;
e) alternância.
3) Dicas importantes para uma interpretação de
texto Texto para a questão 4.
- Faça uma leitura inicial, a fim de se familiarizar com o
vocabulário e o conteúdo; – Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Não interrompa a leitura caso encontre palavras – Esquece.
desconhecidas, tente inicialmente fazer uma leitura geral; – Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o
- Faça uma nova leitura, tentando captar as entrelinhas certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Mo
do texto, ou seja, a intenção do autor ao escrever esse diga. Ensines-lo-me, vamos.
material; – Depende.
- Lembre-se que no texto não estão as suas ideias, – Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se
e sim as do autor, por isso cuidado para não interpretar o soubesses, mas não sabes-o.
segundo o seu ponto de vista; – Está bem. Está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Nas questões interpretativas, atente para as (L. F. Veríssimo, Jornal do Brasil, 30/12/94)
alternativas generalizadoras, as que apresentam palavras
como sempre, nunca, certamente, todo, tudo, geralmente 4. O texto tem por finalidade:
tentem confundir aquele que realiza uma leitura mais a) satirizar a preocupação com o uso e a colocação das
superficial; formas pronominais átonas;
- Das alternativas propostas, haverá uma completamente b) ilustrar ludicamente várias possibilidades de
sem sentido (para captar o leitor mais desatento) e duas combinação de formas pronominais;
mais convincentes. Para escolher a correta, procure no c) esclarecer pelo exemplo certos fatos da concordância
texto indícios que a fundamente. de pessoa gramatical;
d) exemplificar a diversidade de tratamentos que é
Exercícios comum na fala corrente.
e) valorizar a criatividade na aplicação das regras de
1. De acordo com o ditado popular “invejoso nunca uso das formas pronominais.
medrou, nem quem perto dele morou”,
a) o invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus 5. Bem cuidado como é, o livro apresenta alguns
vizinhos; defeitos. Começando com “O livro apresenta alguns
b) enquanto o invejoso prospera, seus vizinhos defeitos”, o sentido da frase não será alterado se continuar
empobrecem; com:
c) o invejoso não cresce e não permite o crescimento a) desde que bem cuidado;
dos vizinhos; b) contanto que bem cuidado;
d) o temor atinge o invejoso e também seus vizinhos; c) à medida que é bem cuidado;
e) o invejoso não provoca medo em seus vizinhos. d) tanto que é bem cuidado;
e) ainda que bem cuidado.
2. Leia e responda: Texto para as questões 6 e 7.
“O destino não é só dramaturgo, é também o seu
próprio contra-regra, isto é, designa a entrada dos “Eu considerei a glória de um pavão ostentando o
personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei
executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo, uma lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não
trovoada, um carro, um tiro.” existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há
Assinale a alternativa correta sobre esse fragmento são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta,
de D. Casmurro, de Machado de Assis: como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir 9. “– Mas se eu inventei, como é que não existe?”
o máximo de matizes com um mínimo de elementos. Segundo se deduz da fala espantada do amigo do
De água e luz ele faz seu esplendor, seu grande mistério narrador, a língua, para ele, era um código aberto:
é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso
oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e popular;
estremece e delira em mim existem apenas meus olhos b) a ser enriquecido pela criação de gírias;
recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me c) pronto para incorporar estrangeirismos;
faz magnífico.” d) que se amplia graças à tradução de termos científicos;
(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas) e) a ser enriquecido com contribuições pessoais.

6. Nas três “considerações” do texto, o cronista preserva, Texto para as questões 10 e 11.
como elemento comum, a idéia de que a sensação de
esplendor: “A triste verdade é que passei as férias no calçadão do
a) ocorre de maneira súbita, acidental e efêmera; Leblon, nos intervalos do novo livro que venho penosamente
b) é uma reação mecânica dos nossos sentidos perpetrando. Estou ficando cobra em calçadão, embora deva
estimulados; confessar que o meu momento calçadônido mais alegre
c) decorre da predisposição de quem está apaixonado; é quando, já no caminho de volta, vislumbro o letreiro do
d) projeta-se além dos limites físicos do que a motivou; hotel que marca a esquina da rua onde finalmente terminarei
e) resulta da imaginação com que alguém vê a si o programa-saúde do dia. Sou, digamos, um caminhante
mesmo. resignado. Depois dos 50, a gente fica igual a carro usado, é a
suspensão, é a embreagem, é o radiador, é o contraplano do
7. Atente para as seguintes afirmações: rolabrequim, é o contrafarto do mesocárdio epidítico, a falta
I - O esplendor do pavão e o da obra de arte implicam da serotorpina folimolecular, é o que mecânicos e médicos
algum grau de ilusão. disseram. Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando
II - O ser que ama sente refletir em si mesmo um os conselhos. Andar é bom para mim, digo sem muita convicção
atributo do ser amado. a meus entediados botões, é bom para todos.”
III - O aparente despojamento da obra de arte oculta os (João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 6/8/95)
recursos complexos de sua elaboração.
De acordo com o que o texto permite deduzir, apenas: 10. No período que se inicia em “Depois dos 50...”, o uso
a) as afirmações I e III estão corretas; de termos ( já existentes ou inventados) referentes a áreas
b) as afirmações I e II estão corretas; diversas tem como resultado:
c) as afirmações II e III estão corretas; a) um tom de melancolia, pela aproximação entre um
d) a afirmação I está correta; carro usado e um homem doente;
e) a afirmação II está correta. b) um efeito de ironia, pelo uso paralelo de termos da
medicina e da mecânica;
Texto para as questões 8 e 9. c) uma certa confusão no espírito do leitor, devido à
apresentação de termos novos e desconhecidos;
“Em nossa última conversa, dizia-me o grande d) a invenção de uma metalinguagem, pelo uso de
amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um termos médicos em lugar de expressões corriqueiras;
“cardisplicente”. e) a criação de uma metáfora existencial, pela oposição
entre o ser humano e objetos.
– O quê?
– Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio 11. Na frase “Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou
coração. acatando os conselhos...”. Aí será corretamente substituído,
Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário. de acordo com seu sentido no texto, por:
– “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei. a) Nesse lugar
– Mas seu eu inventei, como é que não existe? – b) Nesse instante
espantou-se o meu amigo. c) Contudo
Semanas depois deixou em saudades fundas d) Em conseqüência
companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom e) Ao contrário
coração não deveriam ser cardisplicentes.”
12. A prosopopéia, figura que se observa no verso
8. Conforme sugere o texto, “cardisplicente” é: “Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em:
a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário; a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera.”
b) palavra técnica constante de dicionários b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de ‘Tormentório’,
especializados; os portugueses apelidaram-no de ‘Boa Esperança’.”
c) um neologismo desprovido de indícios de significação; c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços.”
d) uma criação de palavra pelo processo de composição; d) “Oh! eu quero viver, beber perfumes, Na flor silvestre,
e) termo erudito empregado para criar um efeito que embalsama os ares.”
cômico. e) “A felicidade é como a pluma...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

13. Gabarito
Folha: De todos os ditados envolvendo o seu nome,
qual o que mais lhe agrada? 01. C
Satã: O diabo ri por último. 02. B 
Folha: Riu por último. 03. B
Satã: Se é por último, o verbo não pode vir no passado. 04. A
(O Inimigo Cósmico, Folha de S. Paulo, 3/9/95) 05. E
06. C
Rejeitando a correção ao ditado, Satã mostra ter usado 07. D
o presente do indicativo com o mesmo valor que tem em: 08. C
a) Romário recebe a bola e chuta. Gooool! 09. E
b) D. Pedro, indignado, ergue a espada e dá o brado de 10. B
independência. 11. C
c) Todo dia ela fez tudo sempre igual. 12. C
d) O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos 13. E
quadrados dos catetos. 14. E
e) Uma manhã destas, Jacinto, apareço no 202 para 15. B
almoçar contigo.

14. Reflita sobre o diálogo abaixo: 2 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS


X – Seu juízo melhorou? TEXTUAIS.
Y – Bom... é o que diz nosso psiquiatra.
Em Y:
(1) Bom não se classifica como adjetivo. TIPOLOGIA TEXTUAL
(2) é e diz estão conjugados no mesmo tempo.
Texto, tecelagem ou modo de estruturar as palavras,
(3) o é pronome demonstrativo.
é um artefato usado para a comunicação. Antes de seu
(4) psiquiatra é o núcleo do sujeito.
advento havia apenas a oralidade como ferramenta de
transmissão e, aqui, o modo mais eficiente de lembrar o
Somando-se os números à esquerda das declarações
que deveria ser emitido era a narração em versos, já que era
corretas com referência a Y, o resultado é:
mais fácil memorizar através dos ritmos proporcionados.
a) 6
Com o texto, já não era mais indispensável a presença
b) 7
daquele que criava as ideias, pois a textualidade por si só
c) 8 já era uma presença material. E, assim, o verso da oralidade
d) 9 foi sendo substituído pela linha reta da prosa. Quando a
e) 10 escrita foi popularizada, rapidamente foi se diversificando
o modo de usá-la, através dos gêneros textuais e literários,
15. “(...) a gíria desceu o morro e já ganhou rótulo de modos externos de se apresentar uma linguagem. Além
linguagem urbana. A gíria é hoje o segundo idioma do dos gêneros, há uma forma interna de organizar a grafia,
brasileiro. Todas as classes sociais a utilizam.” seja mais livre, impessoal ou argumentativa, e aqui estamos
(Rodrigues, Kanne. Língua Solta. O Povo. Fortaleza, falando dos tipos textuais, modos de organização
30/12/93. Caderno B, p. 6) interna de um texto. Nesse sentido, frente à variedade
infinita de gêneros textuais, há apenas cinco tipos de
Assinale a letra em que não se emprega o fenômeno textos: a narração, a descrição, a dissertação e a injunção.
lingüístico tratado no texto.
a) A linguagem tida como padrão, galera, é a das 1. O texto narrativo
classes sociais de maior prestígio econômico e cultural A narrativa é um texto cujo fim é relatar acontecimentos,
b) Gíria não é linguagem só de marginal, como pensam reais ou fictícios, dentro de um espaço e tempo específicos,
alguns indivíduos desinformados. vividos por personagens e estruturado por meio de uma
c) Apesar de efêmera e descartável, a gíria é um barato voz narrativa.
que enriquece o idioma. É através da figura do narrador que os fatos são
d) “A gíria enriquece tanto a linguagem como o poder organizados e sua presença é fundamental. Seja num relato
de interação entre as comunidades. Sacou?!” ficcional ou verídico, no texto narrativo somos apresentados
e) O economista começou a falar em indexação, aos conflitos e aventuras de seres que representam a
quando rolava um papo super cabeça sobre babados mil. realidade – as personagens – e geralmente tal tipo de
texto é marcado por diálogos, fluxos de pensamentos,
(Exercícios retirados de http://soldosana.blogspot.com. emoções. Diríamos, ainda, que é na narração nossa única
br/2012/03/simulado-portugues-iii-20-questoes-com. possibilidade de adentrarmos nos pensamentos de alguém,
html) pois pelo enredo apresentado pelo narrador temos acesso
total ao que as personagens pensam.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A semente da narração está na epopeia clássica, gênero - Narrador Onisciente: considerado o narrador mais
em que um aedo – narrador clássico – entretinha multidões comum, transmite a história em terceira pessoa e não se
ao transmitir as aventuras dos grandes heróis. Sua passagem à constitui em personagem no enredo. Sabe de todos os
escrita transformou o verso em prosa, entretanto, sua função fatos e sentimentos vividos pelas personagens, geralmente
de prender a atenção do leitor/ouvinte é a mesma. Antes do narra a história utilizando tempo passado.
cinema e posterior ao teatro, o gênero narrativo contém em
suas páginas dramas e embates existenciais diversificados Ex.:
nos diversos gêneros que o utilizam: narrativa história, conto, NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam
novela, romance, diários. duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o
dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente
1. 1. Elementos estruturais andavam pouco, mas como haviam repousado bastante
na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.
a) Narrador Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem
Também chamado de foco narrativo, o narrador é a voz
dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados
que relata a história. Temos acesso aos acontecimentos por
da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha
meio do ponto de vista do narrador, que pode se apresentar
Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o
das seguintes formas:
- Narrador Protagonista: aquele que conta a história em baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a
primeira pessoa, geralmente o relato de sua vida. Aqui assume tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão,
duas funções, a de narrador e a de personagem principal. a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho
e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-
Ex.: se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a
Não compreendo o que vi. E nem mesmo sei se vi, já que chorar, sentou-se no chão.
meus olhos terminaram não se diferenciando da coisa vista. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. In. http://www.
Só por um inesperado tremor de linhas, só por uma anomalia lettere.uniroma1.it/sites/default/files/528/GRACILIANO-
na continuidade ininterrupta de minha civilização, é que por RAMOS-Vidas-secas-livro-completo.pdf)
um átimo experimentei a vivificadora morte. A fina morte
que me fez manusear o proibido tecido da vida. É proibido b) Personagem
dizer o nome da vida. E eu quase o disse. Quase não me pude Do latim persona (máscara teatral), a personagem na
desembaraçar de seu tecido, o que seria a destruição dentro narrativa é o ser que viverá os acontecimentos organizados
de mim de minha época. Talvez o que me tenha acontecido pela voz do narrador. O encanto da personagem está em
seja uma compreensão - e que, para eu ser verdadeira, tenho seu caráter verossimilhante, sua aproximação com a vida, e
que continuar a não estar à altura dela, tenho que continuar a por isso é tão comum nos identificarmos com ela na leitura
não entendê-la. Toda compreensão súbita se parece muito com de um texto. Há as personagens que sofrem ao longo da
uma aguda incompreensão. história, aquelas que nos fazem repensar sobre questões
(LISPECTOR, Clarice. Paixão segundo G.H In. http:// como ética e comportamento, aquelas que cometem os
w w w. c a r l a p o r t u g u e s . co m . b r / s i t e / w p - co n t e n t / crimes os quais condenamos. E, mais, somente na narrativa
uploads/2013/04/apaixaosegundogh.pdf) podemos ter acesso a seus pensamentos, já que na vida
real nunca poderemos, de fato, saber verdadeiramente o
- Narrador Testemunha: o narrador relata os que o outro pensa.
acontecimentos em primeira pessoa, mas não é o Devido a sua complexidade, há os seguintes tipos de
protagonista, é um personagem secundário que testemunha
personagens:
os fatos vividos pelos protagonistas.
- Protagonista: é a personagem mais desenvolvida em
uma narrativa e sua experiência é o foco a ser apresentado.
Ex.:
- Coadjuvante: personagem secundário, ainda que
Encontramo-nos no dia seguinte, conforme o combinado,
e fomos ver o apartamento no número 221-B da Baker Street, auxilie no desenvolvimento do enredo. Geralmente possui
que consistia em dois confortáveis quartos de dormir e uma complexidade limitada pelo espaço ocupado na narrativa.
espaçosa sala de estar, alegremente mobiliada e iluminada - Antagonista: personagem que traz conflito à história,
por duas amplas janelas. Ele preenchia tão bem as nossas opondo-se às ações desenvolvidas pelo protagonista, pois
necessidades e seu preço era tão módico, dividido por dois, possuem objetivos contrário. É o famoso “vilão” da história.
que imediatamente o alugamos e recebemos a chave, Nessa
mesma tarde mandei vir do hotel as minhas coisas, e na manhã c) Tempo
seguinte Sherlock chegou com as suas várias caixas e maletas. O tempo é uma categoria essencial na narrativa, pois
Durante um dia ou dois estivemos ocupados com a arrumação situa as personagens dentro de um espaço temporal
dos nossos objetos pessoais. Feito isso, começamos, pouco a determinado. Numa narrativa o tempo pode surgir:
pouco, a nos adaptar ao nosso novo ambiente. - Histórico ou cronológico: baseado no ritmo do
(DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. calendário, esse é o tempo físico e objetivo, cuja função é
In.http://www.kbook.com.br/livraria/wp-content/files_mf/ organizar temporalmente as ações das personagens.
umestudoemvermelho.pdf)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Descendo dois ou três dos largos degraus de pedra da


Mais um inverno passara e agora chegava a primavera. escada, encontrava-se uma ponte de madeira solidamente
Lúcio acordou tarde demais, percebeu que já devia passar da construída sobre uma fenda larga e profunda que se abria
uma da tarde. na rocha. Continuando a descer, chegava-se à beira do rio,
que se curvava em seio gracioso, sombreado pelas grandes
- Psicológico ou metafísico: não mantém nenhuma gameleiras e angelins que cresciam ao longo das margens.
relação com o tempo objetivo, centra-se na descrição (ALENCAR, José de. O Guarani. In. http://www.
interna das ações, por isso também é considerado tempo educacional.com.br/classicos/obras/O_guarani.pdf)
interior, o dos sentimentos e dos pensamentos.
Como podemos perceber no exemplo acima, a
Ex.: descrição capta as impressões de modo a representar o
Impossível não sentir saudade. As lembranças surgem descrito como numa fotografia. O tempo cronológico não
desavisadas, sem pedir permissão. Mais uma vez sua imagem é importante aqui, pois a descrição sempre trata de um ser
vem com seu sorriso frouxo, aquele sorriso que não valeria em um momento congelado do tempo.
um copo d´água. Por mais que eu saiba de tudo o que viera Características da descrição:
depois: as lágrimas, a humilhação, o abandono, ainda sonho - Paisagem verbal;
encontrá-lo no meio da rua e lhe dizer “olá, como vai”. - Presença de substantivos e adjetivos;
- Utilização de enumeração e comparação;
d) Espaço - Verbos flexionados no presente ou no pretérito;
É o lugar físico onde as personagens são situadas. Em - Advérbios ou locuções adverbiais localizadores;
algumas narrativas o espaço é uma categoria privilegiada - Pronomes demonstrativos.
por meio de extensas descrições, que podem ser naturais
ou artificiais. No período romântico, os romances eram Tipos de descrição:
iniciados com belíssimas descrições da natureza, já no
período moderno as cidades com seu caos estrutural - Descrição subjetiva: descrição realizada a partir do
passaram a ser alvo das lentes dos autores. ponto de vista das personagens, através de suas impressões
subjetivas.
e) Enredo
É o próprio desenrolar dos acontecimentos. Divide-se em: Ex.:
- Apresentação: início da narrativa em que são apresentadas Isabel abriu o armário e, por fim, encarou o vestido
as personagens e algumas circunstâncias da história. branco. As pérolas irregulares surgiam agora como olhos
- Complicação: quando os fatos apresentados são terríveis a mirar o seu fracasso, o véu, outrora símbolo de
atravessados por algum conflito, foco central da história. pureza e castidade, silenciava o grito mudo de uma noiva
- Clímax: momento da narrativa em que o conflito abandonada. Toda essa renda, pensava Isabel, toda a
chega a seu momento mais crítico. humilhação contida em cada bordado.
- Desfecho: final da narrativa, quando o conflito é
solucionado. - Descrição objetiva: descrição realizada de forma mais
concreta, apresenta maior compromisso com a realidade,
2. O texto descritivo deixando de lado impressões subjetivas.
Descrição é um texto que tem como foco a apresentação
das características de uma pessoa, objeto, lugar, em Ex.:
situação estática, sem interferência do tempo. Da mesma Entrou um homem no recinto. Cabelos negros, tez clara,
forma que um pintor desenha com tinta as características nariz afilado, lábios cheios. Um pouco baixo, um pouco
de uma paisagem, o escritor desenha com palavras as gordo, tinha a testa proeminente e as orelhas finas.
mesmas características. O objetivo de uma descrição é
fazer com que o leitor visualize mentalmente o que está Importante lembrar que a descrição pode ocorrer
sendo descrito, como se estivesse frente ao objeto. Veja o tanto em textos ficcionais (romances, contos, novelas)
exemplo extraído de O Guarani, de José de Alencar: como também em textos não-ficcionais ( jornais, textos
No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de científicos, etc…).
descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro
tinha-se fundado havia menos de meio século, e a civilização 3) Texto dissertativo
não tivera tempo de penetrar o interior. O texto dissertativo é o texto que pretende descrever
Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa e analisar, de maneira impessoal e objetiva, um tema
larga e espaçosa, construída sobre uma eminência, e específico obedecendo à seguinte estrutura: introdução,
protegida de todos os lados por uma muralha de rocha desenvolvimento e introdução. Muito utilizado na esfera
cortada a pique. A esplanada, sobre que estava assentado o acadêmica e científica, a dissertação visa um olhar analítico
edifício, formava um semicírculo irregular que teria quando sobre qualquer questão e não envolve enredo nem
muito cinquenta braças quadradas; do lado do norte havia personagens como requer uma narrativa. Pelo contrário, a
uma espécie de escada de lajedo feita metade pela natureza maior característica desse tipo de texto é a impessoalidade,
e metade pela arte. ou seja, o olhar formal daquele que tece as considerações.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por exemplo, uma aluna do curso de Biologia decide questões pertinentes que serão desenvolvidas. Percebe-se
apresentar como trabalho de conclusão de curso uma também a contextualização histórica do problema, o que
dissertação sobre a reprodução das plantas. Certamente demonstra saber formal sobre o assunto.
não apresentará como resultado final uma narrativa ficcional - Desenvolvimento: as questões apresentadas
sobre o assunto. Antes, fará leituras e pesquisa, buscará superficialmente na introdução serão desdobradas no
evidências concretas, realizará experimentos científicos. E o desenvolvimento. Esse é momento de demonstrar saber
texto ideal para a apresentação dos dados é o dissertativo, histórico e filosófico sobre o tema, sem demonstrar
cuja estrutura – introdução, desenvolvimento e conclusão – subjetividade nas considerações. Um mecanismo
dará conta de todos os passos do processo. Assim sendo, importante no desenvolvimento de uma dissertação é o
o produto final, desprovido de subjetividade, poderá ser que se denomina de elementos de coesão, conectivos (tais
creditado como um trabalho objetivo, sem interferências como, entretanto, portanto, contudo, além disso, além do
pessoais do seu autor. mais…) que criam uma relação lógica entre as frases do
Da mesma forma, se é pedido a um aluno escrever texto. Há várias formas de se estruturar o desenvolvimento,
uma dissertação sobre a Revolução Francesa, terá ele de mas o mais efetivo é organizá-lo por meio do raciocínio
obedecer à estrutura exigida pela tipologia textual. Não lógico – causa e consequência, assim, o autor consegue
poderá escrever em primeira pessoa do singular, nem criar uma reflexão objetiva traçando o início do problema
apresentar considerações subjetivas a respeito do assunto. e sua eventual consequência. Por ser um texto de caráter
Além do mais, terá de analisar o tema, apresentá-lo ao leitor acadêmico, é importante demonstrar saber formal através
de forma clara, desenvolver aspectos pertinentes e lógicos da intertextualidade, menção ou citação de autoridades do
do assunto, inserir problematicidade aos fatos e, por fim, assunto.
concluir sua análise de modo a esclarecer a ideia central
defendida a cada linha. Ex.:
Muitas pessoas têm receio sobre esse tipo textual, Muitos sociólogos vão em direção ao mito do Prometeu,
considerado difícil. Entretanto, é importante esclarecer que é aquele que roubou o fogo da inteligência dos deuses a
um dos gêneros de mais fácil aprendizado, uma vez que não fim de ofertá-lo ao homem e manter sua sobrevivência.
exige criatividade, somente obediência à estrutura. E por Aliás, como superar as auguras do clima e da fome sem a
que tal estrutura é tão específica? Justamente para unificar civilização e suas descobertas? O homem existiria ainda
o modo de realizar análises científicas e formais em uma sem sua tecnologia? Justamente a primeira parte da história
esfera acadêmica. ocidental, narrada por José Fernandes, parte desse ponto de
vista. O narrador a cada página vai descrevendo a admiração
Estrutura do Texto Dissertativo: pelas conquistas da humanidade. Seja no projeto de ler
- Introdução: apresentação do tema, que pode ser uma infinita enciclopédia ou na dependência dos artefatos
exposto por meio de uma contextualização histórica. É uma da civilização, o príncipe da Grã-Ventura deposita nesses
das partes mais importantes de uma dissertação, pois é o valores sua teoria máxima: Suma Felicidade: Suma Ciência
momento de gerar interesse no leitor no tocante ao assunto X Suma Potência. Pode-se considerar essa personagem um
tratado. Já que uma dissertação pressupõe problematização perfeito representante de uma linha humanística que busca
de um tema, pode-se na introdução adiantar alguns aspectos a felicidade através da produção de próteses tecnológicas: só
que serão tratados ao longo do desenvolvimento. possui valor o que está fora do homem.

Ex.: - Conclusão: momento das considerações finais,


A cidade e as serras: entre a natureza e a civilização aqui o autor retoma o tema tratado ao longo do texto e
deve apresentar uma síntese das ideias apresentadas.
Desde a origem do conceito de homem e de civilização, o Importante iniciar a conclusão com uma frase que aponta
ser humano tenta superar suas limitações físicas em direção à para esse momento (Portanto, Enfim, Em virtude dos fatos
produção de utensílios que mantivessem sua sobrevivência. A mencionados, Dado o exposto) a fim de preparar o leitor
partir da pedra lascada, da descoberta do fogo e da invenção para o encerramento da análise.
da linguagem, o homem vai marcando sua passagem da
natureza à cultura. Podemos dizer que é um processo que Ex.:
marca a própria história da vida. Entretanto, quando se Diante das questões tratadas anteriormente, pode-se
supera totalmente os vínculos com a natureza, o que resta? afirmar que A cidade e as serras representa justamente um
Parece ser essa questão que Eça de Queiros tenta responder acerto de contas do homem com sua história. Se Prometeu
em seu livro póstumo A cidade e as Serras (1901). Afinal, pode realmente roubou o fogo dos deuses para salvar o humano,
o homem abandonar totalmente seu estado de natureza? mal sabia ele que o homem usaria essa oferta para destruir
Qual o limite do excesso de cultura? a si mesmo. A civilização é essencial à manutenção da vida,
entretanto, sem o diálogo com a natureza a vida se esvai
No exemplo citado acima a relação entre natureza e em reações automáticas e robóticas frente ao tempo. Deve
cultura na literatura é apresentada enquanto um problema ser por isso que o livro se finda com a modernização das
na introdução. Esse procedimento é importante para serras. Se não podemos nos desligar da cultura, que não
destacar a validade do tema tratado, além de sugerir abandonemos nossa essência elementar: a natureza.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O texto dissertativo-argumentativo Devido a sua materialidade na página, o ato de escrever


foi adquirindo várias modalidades, poderia ser mais poético,
Modalidade comum em concursos públicos e mais realista, mais ficcional ou informativo. Para tanto, o
vestibulares, o texto dissertativo-argumentativo tem como conteúdo do que se quer escrever deve se adequar a um
característica a estrutura e a impessoalidade da dissertação gênero textual, uma forma específica de se escrever um
e a defesa do ponto de vista da argumentação. Ou seja, texto, utilizando uma linguagem correspondente.
a exigência de textos assim classificados é defender uma Há os gêneros literários, formas ligadas à arte de
ideia, de maneira impessoal, através de uma estrutura escrever (romance, poesia, conto); tipos textuais, forma com
caracterizada por uma introdução, um desenvolvimento e um texto se apresenta (narrativo, dissertativo, descritivo) e
uma conclusão. os gêneros textuais, com os mais variados tipos.

4) O texto injuntivo/instrucional CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS

Injunção significa ordem, instrução. O texto injuntivo tem 1. CARTA PESSOAL


por finalidade, assim, orientar o leitor na concretização de
uma ação, indicando procedimentos para realizar uma ação, Gênero epistolar utilizado entre indivíduos próximos,
tal como a montagem de um objeto ou a receita de um bolo. caracterizado por uma linguagem mais íntima e familiar,
A linguagem apresentada nesses textos deve ser além de ser originalmente apresentado em manuscrito.
simples e objetiva. E já que a injunção pressupõe instrução,
os verbos costumam estar no modo imperativo (faça, abra, Ex.:
leia…). Veja um exemplo: Florianópolis, 17 de julho de 1990
Querida Júlia,
Receita de panqueca
Depois de algum tempo sem te escrever, hoje, nessa
1) Bata todos os ingredientes líquidos e o sal no tarde chuvosa, comprei papel decorado para te fazer um
agrado. Como você vai, querida? Aqui no sul chove há dias,
liquidificador.
ando sem vontade de acordar cedo e Antônio não se oferece
2) Quando estiver homogêneo, acrescente a farinha aos
para me levar ao trabalho. Estou tão insatisfeita com esse
poucos e bata mais.
relacionamento! Não sei como me livrar dessa.
3) Pegue uma concha da mistura e despeje em uma
Daqui a um mês iniciam minhas férias, pensei em te
frigideira média em fogo médio. Espalhe virando a frigideira
visitar no Rio. O que você acha?
para que fique uma massa fina.
Saudade sincera,
4) Quando um lado estiver dourado, vire e doure o Patrícia
outro. Sirva com qualquer molho e recheio.
(http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/massa- 2. CARTA COMERCIAL
de-panqueca-facil-51008c054d3885489100004e.html)
Gênero epistolar usado no âmbito empresarial, exige
No exemplo acima percebemos os verbos flexionados linguagem formal e impessoal, sem indícios de familiaridade.
no modo imperativo, apresentando uma linguagem direta e
simples. Outro exemplo de texto injuntivo muito comum é a Florianópolis, 17 de julho de 1990
bula de remédios, cuja função é também orientar seu leitor Prezada Sra. Júlia Almeida,
a realizar corretamente o procedimento.
Muitos linguistas diferenciam o texto injuntivo do Após auditoria nas contas da empresa Detalhe &
prescritivo, devido o caráter coercitivo do segundo. Co.confirma-se os dados apresentados e o agendamento
Enquanto os textos injuntivos apenas orientam, tal para a entrevista fiscal no dia primeiro de agosto de 2017,
como vemos em bulas e receitas, os textos prescritivos às 14hs.
asseguram uma obrigação no respeito aos procedimentos Lembramos ser necessário o porte de todos os documentos
apresentados, como em editais de concursos e contratos. originais.
Segue, anexada, a lista de instruções.
GÊNEROS TEXTUAIS
Atenciosamente
A palavra texto significa tecido, meio pelo qual se Patrícia Garcia
imprime uma letra e estabelece a comunicação escrita. O Auxiliar de Correspondência
advento da escrita remonta desde a pré-história, quando os
homens desenhavam caracteres nas paredes das cavernas, 3. MANUAL DE INSTRUÇÕES
no desejo de fazer lembrar algum fato real ou místico.
Entretanto, foi a partir do século XVI, com a invenção da Gênero cuja função consiste em apresentar
imprensa, por Gutemberg, que a grafia se tornou algo mais procedimentos que auxiliam na utilização de um
popular entre os homens, já que com a gráfica era mais fácil equipamento. Dotado de linguagem clara, muitas vezes
reproduzir documentos em larga escala. vem acompanhado de imagens instrutivas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: 6. E-MAIL
Precauções de Segurança
3.1 Informações importantes de segurança Modalidade disponível na internet, o e-mail possibilita
• Mantenha sempre as crianças e os animais longe do o envio e o recebimento de mensagens de forma eletrônica.
fogão, pois durante o uso ele torna-se quente. Cuidados devem A linguagem depende a identidade do receptor e hoje é o
ser tomados para evitar o contato com as partes quentes do substituto das cartas pessoais e comerciais.
fogão. Use luvas térmicas de proteção no manuseio ou na
retirada de alimentos do forno. • Utilize sempre panelas com 7. EDITAL
fundo plano e com os cabos virados para dentro (f g.1).
• Não utilize panelas com fundo curvo (convexo) ou em anel. Comunicado oficial por meio do qual são anunciadas
• Esquente os alimentos com as embalagens abertas, pois regras, determinações e avisos a pessoas interessadas ou
nas totalmente fechadas o calor aumenta a pressão interna, de conhecimento geral.
podendo causar acidentes. Ao sentir cheiro de gás dentro de
casa, tome as seguintes providências: Ex.:
1.) Não mexa em interruptores elétricos; EDITAL Nº 01 / SCONC, DE 28 DE ABRIL DE 2017
2.) Abra as janelas e as portas, permitindo maior ventilação CONCURSO DE ADMISSÃO À ESCOLA PREPARATÓRIA
do ambiente; DE CADETES DO EXÉRCITO
3.) Feche o regulador de pressão de gás no botijão;
4.) Não acenda qualquer tipo de chama; O Comandante da Escola Preparatória de Cadetes do
5.) Entre em contato com o Serviço Autorizado de Fábrica Exército (EsPCEx), devidamente autorizado pelo Comando
para verificar o problema. do Exército – por intermédio do Departamento de Educação
( h t t p : / / w w w. c o l o m b o . c o m . b r / e Cultura do Exército (DECEx) – amparado na Lei nº 9.786,
produtos/228152/228152_1447765103336.pdf) de 8 de fevereiro de 1999 – Lei de Ensino no Exército, faz
saber que estarão abertas, no período de 01 de maio a 20 de
5. RECEITAS CULINÁRIAS
junho de 2017, as inscrições para o Concurso de Admissão à
EsPCEx, observadas as seguintes instruções:
Conjunto de orientações que auxiliam no processo de
preparo de um alimento.
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
Ex.:
Receita de pudim de leite condensado Art. 1º. O presente concurso será regido pelas Instruções
Reguladoras do Concurso de Admissão e da Matrícula na
Ingredientes: EsPCEx (IRCAM/EsPCEx – EB60-IR-15.001 - Port. nº 95/
2 latas de leite condensado DECEx, de 26 de abril de 2017) e pela Port. nº 96/DECEx, de
2 latas (leite condensado) de leite 26 de abril de 2017.
5 ovos
2 xícaras (de chá) de açúcar Art. 2º. O concurso destina-se a selecionar candidatos
2 1/2 xícaras (de chá) de água para o preenchimento de 400 (quatrocentas) vagas para o
1 pedaço de canela em pau sexo masculino e 40 (quarenta) vagas para o sexo feminino,
destinadas à matrícula no curso de Formação e Graduação
MODO DE PREPARO de Oficiais de Carreira da Linha de Ensino Militar Bélico, em
conformidade com o prescrito no Capítulo VIII deste Edital.
1. Coloque os ovos um a um no liquidificador e bata-os (http://www.espcex.eb.mil.br/downloads/Edital_
por 10 minutos. Acrescente o leite condensado e a medida do CA_2017_Publ_Internet.pdf)
leite e deixe bater por mais 10 minutos.
2. Para fazer a calda coloque o açúcar e a canela em 8. CURRICULUM VITAE
pau no caneco de alumínio, leve ao fogo e vá mexendo até
dourar. Assim que esteja dourado, acrescente as duas xícaras Currículo, em português, consiste num histórico
e meia de água e deixe ferver até dissolver o açúcar. Vire a escolar e profissional em que se apresenta uma síntese das
calda na forma de pudim e em seguida vire o conteúdo do qualificações e aptidões de um candidato, além de dados
liquidificador. Cubra a forma com papel alumínio. Coloque-a pessoais.
dentro da forma retangular, que estará preenchida com um
litro de água. Leve ao forno, em banho maria, á 280 graus por 9. TEXTO DE OPINIÃO
uma hora meia. Depois retire o papel alumínio e deixe dourar
por mais meia hora. Desligue o forno e deixe esfriar, colocando Gênero dissertativo-argumentativo no qual o autor
em seguida na geladeira. Depois de gelado, desenforme-o apresenta seu posicionamento crítico frente um tema atual
em um prato grande e sirva-o. ou de interessa da sociedade.
(http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/pudim-de-
leite-condensado-da-magda-568286414d3885754700003f.html)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: 12. RESENHA

Ao comentar as mortes de crianças nos frequentes Tal como o resumo, a resenha consiste numa
massacres nos Estados Unidos, o presidente Obama foi às apresentação breve e sucinta de determinado
lágrimas. O homem mais poderoso do mundo revelava acontecimento ou documento. O que difere do outro
seu lado sensível e compaixão, provocando admiração e gênero é que na resenha o autor apresenta também uma
solidariedade. Afirmou que “não podemos deixar que esses avaliação crítica do material resumido, de modo a guiar o
massacres se tornem normais”. Denunciou a chantagem da leitor sobre o assunto em questão.
indústria de armas sobre o Congresso, que se recusa a votar
o controle de armas, mas advertiu que “o povo não será Ex.:
mantido refém” da indústria. De fato, 85% da população
é a favor de que as autoridades chequem os antecedentes O diabo veste Prada – Por Ana Lucia Santana
de quem quer comprar arma. Obama pretende avançar no
controle, tímido pelos padrões internacionais, através de Este filme revela de forma genial os bastidores do
decretos, proibindo a venda de armas de guerra para civis e universo fashion, particularmente os mecanismos que regem
criando bancos de dados sobre os proprietários . os editoriais de moda. Em O Diabo Veste Prada, inspirado
na obra de Lauren Weisberger, o enredo gira em torno da
( h t t p : / / w w w. g a z e t a d o p o v o . c o m . b r / o p i n i a o / arrogante  Miranda Priestly,  alterego da poderosa Anna
artigos/as-armas-e-o-erro-de-avaliacao- Wintour, editora de moda da Revista Vogue americana.
e4lzkaye9rc5zo5h7940yglww)
Na trama, Miranda, interpretada magistralmente por
10. RESUMO Meryl Streep, trabalha na Revista Runway, submetendo e
humilhando suas funcionárias e todos que, no mundo da
Síntese de um acontecimento ou documento com a moda, a temem e se submetem a ela, uma vez que a editora
finalidade de apresentar ideias gerais sobre seu sentido. parece comandar, de cima de seu trono Prét-à-Porter, os
Geralmente é finalizado com a apresentação de algumas destinos de grifes e estilistas, do próprio mercado fashion.
palavras chaves que norteiam o assunto. Andrea, vivida por Anne Hathaway, é a jornalista
recém-formada em busca de uma oportunidade de trabalho.
Ex.: Trazendo em sua bagagem inúmeras expectativas e um total
desconhecimento da esfera da moda, ela vai para Nova York
RESUMO: Pretende‐se neste artigo abordar aspectos e, sem imaginar o que a aguarda, é contratada para atuar
teóricos que norteiam o Projeto Educação Patrimonial, na Runway.
além de apresentar a forma como o mesmo vem sendo
trabalhado nos últimos seis anos. Em 2010 o mesmo (http://www.infoescola.com/cinema/o-diabo-veste-
recebeu a denominação “Projeto Educação Patrimonial VI: prada/)
Memórias da Rua”, contando com apoio da Diretoria de
Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina‐ 13. NOTÍCIA
PR e financiamento do Programa Municipal de Incentivo a
Cultura – PROMIC. Esta iniciativa vem sendo desenvolvida, Gênero textual de cunho jornalístico em que se
ininterruptamente, desde 2005, demonstrando o interesse transmite informações e fatos diários a um público de larga
público pelo tema, garantindo ações educacionais e culturais escala. Por isso a linguagem deve ser objetiva e impessoal,
em conjunto com a população de Londrina. Na sua sexta destituída de subjetividade.
edição, o projeto visa dar continuidade a valorização e
divulgação do patrimônio histórico‐cultural do município Ex.:
a partir de ações que venham contribuir para a construção
de uma consciência voltada para sua preservação. É uma CIDADE DO PANAMÁ — Dezenas de banhistas em
proposta que parte das reflexões dos projetos anteriores, uma praia na Flórida, nos Estados Unidos, formaram uma
garantindo a continuidade de algumas ações e a uma corrente humana para resgatar nove pessoas, sendo seis
reavaliação e redirecionamento de outras. Este texto está de uma mesma família, no último sábado, em uma área
dividido em três partes: na primeira é apresentado alguns muito afastada da costa. Aproximadamente 80 pessoas
aspectos conceituais relativos a educação patrimonial. Na contribuíram para o salvamento do grupo.
segunda, tem‐se um pequeno histórico do projeto, com sua
dinâmica e seus resultados e, na terceira, é abordada sua fase — Eu honestamente pensei que iria perder minha
atual. PALAVRAS‐CHAVE: Educação Patrimonial, Patrimônio família naquele dia — afirmou Roberta Ursrey ao jornal
Cultural, PROMIC “The Panama City News Herald”. — Eu estava, tipo, “Ah, meu
Deus, é assim que vou morrer”.
(http://web.unifil.br/eventos/psicologia/pdf/resumo- Ela contou que ficou preocupada quando viu os dois
simples.pdf) filhos nadando em uma área muito afastada da praia, já
gritando por socorro. A mãe, então, entrou na água para

11
LÍNGUA PORTUGUESA

salvá-los, junto com o pai deles, um primo, a avó e mais Ex.:


três pessoas que se solidarizaram. No entanto, os nove
começaram a também pedir socorro, pois, uma vez que A Cigarra e a Formiga
alcançaram os garotos, não conseguiram mais sair e ficaram
submersos a 4,5 metros da superfície. Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz.
Nesse momento de desespero, as pessoas que estavam Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha
na praia de Panama City começaram a se mobilizar para afadigada, carregando penosamente um grão de milho que
salvar a família. Com isso, formaram uma corrente humana arrastava para o formigueiro. - Por que não ficas aqui a
que ia desde a areia até a localidade do grupo à deriva, conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto?
localizado a 100 metros da costa. Uma mulher sofreu um – Perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de arrecadar comida
infarto e precisou ser hospitalizada. Duas filhas de Roberta para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-
também estavam na corrente. te a fazeres o mesmo. - Por que me hei-de preocupar com
Quando a americana Jessica Simmons percebeu que o Inverno? Comida não nos falta... – respondeu a Cigarra,
havia um grupo se afogando, ela foi em direção a eles com olhando em redor. A Formiga não respondeu, continuou o
o marido e outras pessoas se uniram a eles para formar a seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a
corrente humana que salvou os nove banhistas. Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as
— Eu automaticamente pensei que eles tivessem visto Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado
um tubarão — contou Jessica. — Eu corri de volta para a no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham
areia e meu marido veio ao meu encontro. Foi então que vi fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal.
que alguém estava se afogando. Moral da história: Não penses só em divertir-te.
(https://oglobo.globo.com/sociedade/corrente- Trabalha e pensa no futuro.
humana-de-80-banhistas-salva-familia-em-praia-na- (http://fabulasinfantis.blogs.sapo.pt/902.html)
florida-21576121)
16. CONTO
14. POEMA
Composição literária curta, em prosa, a qual gira
Composição em versos, caracterizado pelo trabalho em torno de um único conflito e número restrito de
aprimorado com a linguagem, notadamente lírico. personagens.

Ex.: Ex.:

Amor é fogo que arde sem se ver – Luís de Camões O anjo Rafael – Machado de Assis

Amor é um fogo que arde sem se ver;  Cansado da vida, descrente dos homens, desconfiado
É ferida que dói, e não se sente;  das mulheres e aborrecido dos credores, o dr. Antero da Silva
É um contentamento descontente;  determinou um dia despedir-se deste mundo.
É dor que desatina sem doer.  Era pena. O dr. Antero contava trinta anos, tinha saúde, e
É um não querer mais que bem querer;  podia, se quisesse, fazer uma bonita carreira. Verdade é que
É um andar solitário entre a gente;  para isso fora necessário proceder a uma completa reforma
É nunca contentar-se e contente;  dos seus costumes. Entendia, porém, o nosso herói que o
É um cuidar que ganha em se perder;  defeito não estava em si, mas nos outros; cada pedido de
um credor inspirava-lhe uma apóstrofe contra a sociedade;
É querer estar preso por vontade;  julgava conhecer os homens, por ter tratado até então com
É servir a quem vence, o vencedor;  alguns bonecos sem consciência; pretendia conhecer as
É ter com quem nos mata, lealdade.  mulheres, quando apenas havia praticado com meia dúzia
de regateiras do amor.
Mas como causar pode seu favor  O caso é que o nosso herói determinou matar-se, e para
Nos corações humanos amizade,  isso foi à casa da viúva Laport, comprou uma pistola e entrou
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? em casa, que era à rua da Misericórdia.
Davam então quatro horas da tarde.
15. FÁBULA O dr. Antero disse ao criado que pusesse o jantar na mesa.
— A viagem é longa, disse ele consigo, e eu não sei se há
Composição literária curta, cujos personagens são hotéis no caminho.
geralmente animais com características humanas. Enquanto Jantou com efeito, tão tranquilo como se tivesse de
narrativa figurada, a fábula está sempre sustentada por ir dormir a sesta e não o último sono. O próprio criado
uma lição de moral, apresentada ao fim da história. reparou que o amo estava nesse dia mais folgazão que
nunca. Conversaram alegremente durante todo o jantar. No
fim dele, quando o criado lhe trouxe o café, Antero proferiu
paternalmente as seguintes palavras:

12
LÍNGUA PORTUGUESA

— Pedro, tira de minha gaveta uns cinquenta mil-réis chuva... Foi com estes sentimentos que entrei para o curso
que lá estão, são teus. Vai passar a noite fora e não voltes primário. Dediquei-me açodadamente ao estudo. Brilhei, e com
antes da madrugada. o tempo foram-se desdobrando as minhas primitivas noções
— Obrigado, meu senhor, respondeu Pedro. sobre o saber.
— Vai.
Pedro apressou-se a executar a ordem do amo. (BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías
O dr. Antero foi para a sala, estendeu-se no divã, abriu Caminha. SP, Editora Ática, 1998, p.21)
um volume do Dicionário filosófico e começou a ler.
(https://pt.wikisource.org/wiki/O_Anjo_Rafael/I) 19. CRÔNICA

17. NOVELA Gênero textual cuja característica consiste em relatar algum


fato do cotidiano que, embora inicialmente pareça banal, ao
Gênero literário mais curto que o romance e mais extenso longo dos parágrafos vai adquirindo complexidade. Com uma
que o conto, a novela é uma composição literária marcada linguagem mais pessoal, muitas vezes o autor utiliza a primeira
por enredo ativo e aventureiro, com muitos personagens, pessoa do singular, como se estivesse numa conversa informal.
como pouca complexidade dramática, já que intenciona
primeiramente o entretenimento. O texto O Alienista, de Ex.:
Machado de Assis, é um exemplo do gênero novela. Crônica de carnaval – Gregório Duvivier
Acorde cedo. Cedo mesmo. Vai parecer estranho. Logo vai
18. ROMANCE ficar normal. Você não vai ter fome. Mas coma. Pra sobreviver. De
preferência em pé. Não leve dinheiro demais. Não leve documento
Composição literária em prosa, cuja popularização é nenhum. Não leve nada que não seja leve. Não leve nada a sério.
contemporânea à ascensão da burguesia, no século XIX, Nem ninguém. Se for levar o celular, leve embrulhado num
tem com característica a apresentação de personagens saco plástico. Beba água – sem moderação. Se beber uma água
amarga, é Michael Douglas. Beba com moderação. Caso você
complexos, dramas sentimentais e sociais, além de mais de
tenha uma água amarga, ofereça pra mim. Tentarei beber com
um núcleo narrativo.
moderação. E pode confiar nos sacolés: nunca mataram ninguém.
Se esbarrar com um sacolé de cupuaçu, parabéns: você encontrou
Ex.:
Deus em sua forma líquida. Qual o melhor bloco? Impossível
dizer. Mas quanto mais velho o bairro, melhor o bloco. Quanto
Recordações do Escrivão Isaías Caminha - Lima Barreto
mais homens com camisa de time de futebol e chapéus de marcas
de cerveja, pior o bloco – a não ser que você tenha esse fetiche
I A tristeza, a compreensão e a desigualdade de nível
específico. Não siga as caixas de som. Quanto menos caixas de
mental do meu meio familiar, agiram sobre mim de modo som, melhor o som. Procure músicos a pé. Fuja dos blocos que
curioso: deram-me anseios de inteligência. Meu pai, que era tiverem carros, trios ou quaisquer máquinas automotoras. Prefira
fortemente inteligente e ilustrado, em começo, na minha máquinas como o trombone de vara (não se esqueça de tomar
primeira infância, estimulou-me pela obscuridade de suas cuidado com a vara) e o sousafone (aquela tuba que o músico
exortações. Eu não tinha ainda entrado para o colégio, enrola ao redor do corpo igual uma sucuri). Nos melhores blocos,
quando uma vez me disse: Você sabe que nasceu quando não há corda pra proteger os músicos da multidão. Ou melhor: a
Napoleão ganhou a batalha de Marengo? Arregalei os corda é você. Proteja os músicos como se disso dependesse a sua
olhos e perguntei: quem era Napoleão? Um grande homem, vida. É uma chance de estar no epicentro do som e ainda fazer
um grande general... E não disse mais nada. Encostou-se à um puta serviço para o Carnaval de todos. Sem espaço não há
cadeira e continuou a ler o livro. Afastei-me sem entrar música. Sem cerveja, também não. Ofereça cerveja aos músicos.
na significação de suas palavras; contudo, a entonação de Eles merecem. Capriche na fantasia, mas não demais – se tudo
voz, o gesto e o olhar ficaram-me eternamente. Um grande der certo ela vai estragar. Faça planos, mas não demais: se vir
homem!... o amor da vida ou um sousafone, agora que já sabe o que é,
O espetáculo do saber de meu pai, realçado pela siga-o. Beije sem moderação, mas a palavra “não” continuará
ignorância de minha mãe e de outros parentes dela, surgiu significando “não”. Carnaval não é estado de exceção. Não insista.
aos meus olhos de criança, como um deslumbramento. Não segure. Não empurre. Não seja chato. Evite pedir selfies pra
Pareceu-me então que aquela sua faculdade de explicar tudo, comediantes que beberam água amarga. Deixe-se levar. Perca-
aquele seu desembaraço de linguagem, a sua capacidade de se dos seus amigos. Apaixone-se sem moderação, desde que
ler línguas diversas e compreendê-las constituíam, não só não dure muito tempo. Se você vir a pessoa com outra pessoa,
uma razão de ser de felicidade, de abundância e riqueza, é de bom tom traçar uma linha reta na direção oposta e não
mas também um titulo para o superior respeito dos homens perguntar nada até quarta-feira (melhor mesmo é nunca
e para a superior consideração de toda a gente. Sabendo, mais perguntar nada). Importante: saiba voltar pra casa na
ficávamos de alguma maneira sagrados, deificados... Se hora certa. Nada de mágico acontece depois das 8 da noite.
minha mãe me parecia triste e humilde — pensava eu Amanhã tem mais. Acorde cedo.
naquele tempo — era porque não sabia, como meu pai, (http://vip.abril.com.br/comportamento/cronica-de-
dizer os nomes das estrelas do céu e explicar a natureza da carnaval-por-gregorio-duvivier/)

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LÍNGUA PORTUGUESA

3 DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.


3.1 EMPREGO DAS LETRAS.
3.2 EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA.

ORTOGRAFIA

Ortografia (do latim ortho – correto e grafos – grafia) significa a escrita correta das palavras de uma língua. Tal
denominação pressupõe regras específicas para a linguagem escrita que, muitas vezes, confunde o falante devido a uma
série de regras e exemplos.
Quado falamos de linguagem verbal devemos entender que há a língua oral, aquela que aprendemos desde o nascimento
e vamos absorvendo de modo natural; e a língua escrita, que é a passagem para outro mecanismo de comunicação.
Através da alfabetização se aprende a transformar os sons (fonemas) que emitimos em letras e assim as primeiras palavras
começam a ser escritas.
Desde a origem da grafia se testemunham modos distintos de escrever um vocábulo e a ortografia surgiu com a função
de organizar e apresentar uma forma correta, já que a unificação gráfica é fundamental para a manutenção de uma língua.
Imagine se cada região de um país escrevesse de modo diferente, as pessoas não se entenderiam com clareza.
Escrever é transformar o som que falamos em letras e tal processo pode confundir numa língua como o português, que
possui várias letras diferentes para um mesmo som (como é o caso do som [ze] que pode ser representado por “s”, “z” e “x”).

Orientações Ortográficas

1) Uso do H:
A letra “h” é usada:
- No início de palavras: homem, humildade, humano, habilidade, hábil, hesitar, humor, história, hostil, heterogêneo,
hipócrita, hegemonia.
- Em dígrafos “ch”, “lh”, “nh”: flecha, ninho, alho, fachada, chalé, alheio.
- Palavras compostas: super-homem, mini-hotel, sobre-humano, hiper-humano.
- Ao fim de algumas interjeições: Ah! Uh! Oh!

2) Uso do S/Z

Usamos o “s” nos seguintes casos:


- Depois de ditongos: coisa, maisena.
- Sufixos “ês”, “esa”, “isa” indicando profissão, origem ou título: portuguesa, francês, poetisa.
- Sufixos “oso”, “osa” indicando qualidade, quantidade ou circunstância: gostosos, feioso, bondoso, oleoso.
- Na conjugação dos verbos querer e pôr: puseram, quiseram.
- Entre vogais, emitindo o som de [ze]: casa, asa, casamento.

Utiliza-se o “z” em:


- Sufixo “izar”, formador de verbos: contabilizar, concretizar, batizar.
- Em substantivos abstratos criados a partir de adjetivos: sensato – sensatez, belo- beleza, magro – magreza, grande –
grandeza.

Grafia com “s” Grafa com “z”


Catequese Coalizão
Gás Bazar
Análise Verniz
Crise Cicatriz
Curiosidade Azeite
Decisão Buzina
Hesitar Azedo
Desejo Zebra
Colisão Proeza
Usuário Cuscuz

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cortesia Xadrez
Besouro Giz
Querosene Surdez
Obséquio Cicatrizar

3) Uso do X/CH

Usa-se o “x” nos seguintes casos:

- Depois da sílaba -me: mexer, mexicano, mexerico.


- Depois da sílaba -en: enxada, enxame. Exceção: o verbo “encher” e seus derivados se escreve com “ch” - enchente,
encharcar .
- Depois de ditongo: ameixa, caixa, peixe
- Em palavras de origem indígena ou africada: xingar, xará.

Grafia com “x” Grafia com “ch”


Xeque – lance do xadrez Cheque – nota equivalente ao dinheiro
Taxar – pôr taxa Tachar – rotular
Chá - bebida Xá – soberano persa
Inexorável Chuchu
Êxito Chofer
Exausto Chacina
Êxodo Chalé
Xícara Cheio
Xenófobo Chamego
Xereta Chope
Xerocópia Chute

4) Uso do G/J

Usamos o “J” nos seguintes casos:


- Palavras oriundas do indígena ou da língua africana: pajé, jerimum, canjica, jabá, jiló.
- Conjugação do verbo viajar no modo subjuntivo: que eu viaje, eles viajem.

Utiliza-se o “g” em:


- Substantivos terminados em “-gem”: ferrugem, lavagem, serragem, coragem, vagem.
- Palavras terminadas em “-ágio”, “-égio”, “-ígio”, “-ógio”, “-úgio”: refúgio, litígio, relógio, adágio, vestígio.

Grafia com “g” Grafia com “j”


Tigela Jiboia
Agiotagem Canjica
Abranger Jiripoca
Apogeu Jiló
Gênese Jipe
Gerigonça Sujidade
Gim Jeito
Gengibre Jiripoca
Gíria Laje
Angélico Traje

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LÍNGUA PORTUGUESA

5) Emprego do S/SC/SS/SC/XC/XS com som de [sse] 03. (F. São Marcos-SP) Assinale a alternativa cujas
palavras estão todas corretamente grafadas:
Emprega-se o “s”: a) pajé, xadrês, flecha, misto, aconchego
- Em substantivos derivados de verbos terminar em b) abolição, tribo, pretensão, obsecado, cansaço
“-andir”, “-ender”, “-verter” e “-pelir”: c) gorjeta, sargeta, picina, florescer, consiliar
Expandir – Expansão d) xadrez, ficha, mexerico, enxame, enxurrada
Pretender – Pretensão e) pajé, xadrês, flexa, mecherico, enxame
Suspender – Suspensão
Perverter – Perversão 04. (NCE-RJ/UFRJ) O item abaixo que apresenta
palavra erradamente grafada é:
Emprega o “ç”: a) alteza - duqueza - baroneza;
- Em substantivos que derivam dos verbos terminados b) riqueza - dureza - fineza;
em “ter” e “torcer”: c) princesa - baixeza - burguesa;
Ater- Atenção d) freguesa - beleza - dureza;
Torcer – Torção e) certeza - camponesa - japonesa.
Manter – Manutenção
Contorcer – Contorção  05. (UNIMEP-SP) Assinale a alternativa que contém
o período cujas palavras estão grafadas corretamente:
Emprega-se o “SC”: a) Ele quiz analisar a pesquisa que eu realizei.
b) Ele quiz analizar a pesquisa que eu realizei.
- Em palavras de origem erudita: c) Ele quis analisar a pesquisa que eu realizei.
Imprescindível, plebiscito, miscível, miscigenação, d) Ele quis analizar a pesquiza que eu realisei.
transcender, ascensorista, ascensão, fascículo, fascínio. e) Ele quis analisar a pesquiza que eu realizei.

Usa-se o “sç”: 06. (UM-SP) Aponte a alternativa correta:


- Em algum verbos quando conjugados: a) exceção, excesso, espontâneo, espectador
Nascer – nasço b) excessão, excesso, espontâneo, espectador
Crescer – cresço c) exceção, exceço, expontâneo, expectador
d) excessão, excesso, espontâneo, expectador
Utiliza-se o “ss”: e) exceção, exceço, expontâneo, expectador
- Em substantivos originados de verbos terminados em
“-gredir”, “cutir”, “ceder”, “mitir”: 07. (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa em
Agredir – agressão que todas as palavras estão grafadas corretamente.
Discutir – discussão a) disenteria, páteo, siquer, goela
Progredir – progressão b) capoeira, empecilho, jabuticaba, destilar
Ceder – cessão c) boliçoso, bueiro, possue, crânio
Exceder – excesso d) borburinho, candieiro, bulir, privilégio
e) habitue, abutoe, quase, constróe
Usa-se o “xc” e o “xs”:
- Em dígrafos que apresentam o mesmo som que [sse]: (Exercícios retirados de http://www.
Excedente, Excelente, Exceção. gramaticaparaconcursos.com/2013/06/respostas-de-
ortografia-exercicios.html)
Exercícios

01. (ITA-SP) Dadas as palavras: 1) reaver, 2) Gabarito


inabilitado, 3) habilidade, constatamos que está (estão)
devidamente grafada(s) 1–d
a) apenas a palavra nº 1  2–a
b) apenas a palavra nº 2 3–d
c) apenas a palavra nº 3 4–a
d) todas as palavras 5–c
e) nenhuma das palavras 6–a
7–b
02. (CESCEA) Marque a única opção em que todas
as palavras estejam completas com x. USO DO HÍFEN
a) en__oval, __ingar, cai__eiro, en__ugar, __ícara
b) pu__ar, a__atar, en__ovia, in__ado, a__icalhar Hífen é um sinal gráfico cuja função principal é união de
c) pi__e, dei__ar, en__ugar, __adrez, bai__o mais de um radical, ou seja, criação de palavras compostas.
d) __u__u, amei__a, cartu__o, deslei__ada, trou__a Parece simples o seu uso, mas após a reforma ortográfica
e) pe__incha, co__a, broche, en__ada, en__arcado surgiram muitas dúvidas a respeito do emprego deste sinal.

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Vejamos os casos em que o uso de hífen é obrigatório: c) quando a primeira palavra terminar com a letra
“b” e a segunda iniciar com “r”:
a) Como elemento de ligação entre pronomes Sub-reino
oblíquos e verbos: ab-rogar
Vou visitá-la mais tarde.
Vendi-o porque não o usava mais. d) depois de pré-, pós e pró:
Pré-natal
b) A fim de realizar separação de sílabas: Pós-parto
Escola – es-co-la
Aluno – a-lu-no e) circum, pan, após as letras “h”, “m”, “n”:
circum-navegação
c) Em substantivos compostos: há uma espécie
de formação de palavras chamada de “formação por f) Com os prefixos “além”, “aquém”, “recém” e
justaposição”, em que a partir de duas palavras se cria uma “sem”:
terceira com significado distinto, sem que com essa junção recém-casados
provoque perda fonética: além-mar

guardar – significado 1 g) Com o advérbio “mal” antes de vogal, h ou L:


chuva – significado 2 Mal-humorado
Mal-estar
guarda-chuva – significado 3 Mal-limpo
contar – significado 1 ACENTUAÇÃO GRÁFICA
gota – significado 2
As palavras podem conter uma ou mais sílabas.
conta-gotas – significado 3 E ao pronunciá-las, temos a tendência em proferi-las
intensificando uma sílaba frente as outras. Por exemplo,
d) Em formação composta de palavras que indicam
quando alguém fala a palavra “casa”, pronunciará com
espécies vegetais e zoológicas:
mais força uma das sílabas, no caso [ka]. Por que fazemos
erva-mate, couve-flor, formiga-grande
isso? Simplesmente porque a oralidade não é um sistema
de uma única entonação. Tal como a música, precisamos
e) Em palavras compostas cujo primeiro termo é
destacar partes de sons para manter a atenção do ouvinte.
numeral:
Imagine se falássemos todas as palavras utilizando uma
Primeiro-ministro, quarta-feira, segundo-tenente
única modulação?
Esta sílaba que entoamos com maior ênfase a
g) Nomes de lugares compostos por mais de
um radical, se iniciados por “grã”, “grão”, verbos ou chamamos de sílaba tônica, já que é nela que recai a
estejam ligados por artigo. tonicidade, o som que mais se destaca ao pronunciar uma
Passa-Vinte, Grã- Bretanha, Trás-os-Montes palavra. A gramática também nomeia esse acento tônico
como prosódico, pois está ligado à emissão dos sons na
O USO DO HÍFE E O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO fala. Todas as palavras com mais de uma sílaba possuem
uma – e somente uma – sílaba tônica, como podemos
Com a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa verificar nesses exemplos: úmido, ideia, cadeira, jacaré.
houve algumas modificações no tocante ao uso do hífen. Importante destacar que o acento tônico é um
Atentemos às regras que permaneceram: fenômeno fonético, pois referente à fala. Entretanto, quando
passamos a linguagem para outro registro, o da escrita,
Usa-se hífen em muitas vezes há a necessidade de enfatizar tal acento na
própria grafia, já que pode surgir erro de tonicidade. Na
a) quando o segundo termo iniciar com a letra “h”: origem da grafia, muitas palavras que não eram do uso
Super-homem comum dos falantes passaram a receber o acento gráfico
Pré-história a fim de reforçar textualmente o modo de pronunciá-las.
Assim sendo, há palavras que não recebem acento gráfico,
b) quando a primeira palavra terminar com a como porta, cortina, urubu, e outras que sim, como tônico,
MESMA LETRA que inicia a segunda: amável, paralelepípedo.
Anti-inflacionário Se em uma palavra há uma sílaba mais forte, como
contra-ataca chamamos as pronunciadas com menos intensidade? A
sub-bibliotecário gramática denomina sílabas átonas as mais fracas, que
inter-regional podem ser pretônicas ou postônicas dependendo de sua
posição frente a sílaba tônica.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em uma palavra com mais de uma sílaba, portanto, - ã, ãs, ão, ãos – órgão, órfã, órgãos
haverá sempre uma com maior destaque fonético, a sílaba - um, uns, om, ons – álbum, fóruns, prótons
tônica. Entretanto, a ênfase em uma sílaba possui também - us – vírus, bônus
regras impostas pela própria fala. Por maior que seja um - i, is, júri, tênis
vocábulo, há apenas três modos de emitir tonicidade: - ei, eis – jóquei, jóquei
ênfase na última sílaba (oxítona), penúltima (paroxítona) ou
antepenúltima (proparoxítona): As paroxítonas e os erros de prosódia

- OXÍTONAS: palavras que apresentam a última sílaba Algumas palavras são acentuadas ou pronunciadas de
tônica, tais como jacaré, também, amor, rapaz. maneira equivocada, não respeitando sua tonicidade. É o
que chamamos de erros de entonação ou de prosódia, e que
- PAROXÍTONAS: Paroxítona significa literalmente, geralmente transformam paroxítonas em proparoxítonas:
“ao lado da oxítona”, e são as palavras que possuem a
penúltima sílaba tônica, como táxi, caráter, heroico, porta. Correto Errado
Vale destacar que a língua portuguesa é basicamente rubrica rúbrica
paroxítona, devido à maior quantidade de palavras com
recorde récorde
essa característica.
-PROPAROXÍTONAS: fenômeno menos comum, são libido líbido
as palavras que apresentam a antepenúltima sílaba tônica. pudico púdico
Alguns exemplos de proparoxítonas: exército, pêndulo, filantropo filântropo
quilômetro.
PROPAROXÍTONAS
A Língua Portuguesa também apresenta palavras com
uma única sílaba, as quais chamamos de monossílabos. Por se tratar de um fenômeno mais raro de
Estes são pronunciados com menor ou maior ênfase e, por entonação das palavras, temos a tendência de pronunciar
isso, podem ser átonos ou tônicos: erroneamente as palavras com a antepenúltima sílaba
tônica. Por isso mesmo todas as proparoxítonas devem ser
- Monossílabos átonos: sãos os enunciados com acentuadas para evitar esse equívoco.
menor intensidade e, por serem constituídos por uma
única sílaba, são dependentes foneticamente da palavra a Exemplos:
qual se apoiam, tornando-se praticamente uma sílaba da xícara, úmido, colocávamos, término, lógico.
mesma. As preposições, conjunções, artigos e pronomes Obs. Caso a vogal tônica for fechada ou nasal usa-se o
oblíquos átonos integram esse grupo. Vejamos as palavras acento circunflexo:
“amá-lo”. O pronome oblíquo “lo” é átono e é acoplado côncavo, estômago, sonâmbulo.
foneticamente á palavra amar.
ACENTUAÇÃO DOS MONOSSÍLABOS:
- Monossílabos tônicos: proferidos com maior ênfase,
possuem independência fonética: má, mim, eu, tu, mar, céu. Acentuam-se os monossílabos terminados em:
a) a, as: má, já, lá, cá, pás
Vejamos agora as regras de acentuação gráfica: b) e, es: crê, vês, pé
c) o, os: nós, nós, dó, pô-lo
1) OXÍTONAS:
ACENTUAÇÃO DOS DITONGOS E A NOVA
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em ORTOGRAFIA
- a, e, o – seguidos ou não de “s”: sofás, crachás,
jacarés, filé, purê, dominó, cipós, metrô…. Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português,
- ditongo nasal -ém, -éns: mantém, ninguém, não são mais acentuados ditongos abertos em palavras
parabéns, amém… paroxítonas:
- ditongos abertos -ói, -éu, -éi, seguindo ou não de
“s”: herói, troféu, fiéis. Como era Como é agora
heróico heroico
PAROXÍTONAS:
idéia ideia
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em: jibóia jiboia
- r: ímpar, cadáver apóia apoia
- l : réptil, têxtil paranóico paranoico
- n: éden, hífen
- x – xérox, tórax
- ps – bíceps, fórceps

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO DOS HIATOS TREMA

Chamamos de hiato o encontro de duas vogais em O trema, sinal de dois pontos usado sobre a letra “u”,
uma palavra que, no entanto, não fazem parte da mesma era utilizado para marcar a pronúncia da vogal em palavras
sílaba. A maior parte dos hiatos não são acentuados, mas marcadas pelo encontro vocálico, tais como “lingüiça” e
alguns levam acento para evitar erros de pronúncia. “freqüentar”. Entretanto, segundo a Nova Ortografia, não
Acentuam-se as vogais “i” e “u” que formam hiato com se deve mais usar essa marcação. A partir de agora as
a sílaba anterior: palavras são assim grafadas:
cafeína Frequentar, linguiça, linguística, bilíngue, cinquenta,
balaústre aguentar.
saúde
saída Exercícios
saúva
1. (EPCAR) Assinale a série em que todos os
No entanto, há uma exceção. Não são acentuados os vocábulos devem receber acento gráfico: 
hiatos seguidos por dígrafo “nh”, tal como rainha, moinho, a) Troia, item, Venus 
ruim, amendoim, ainda. b) hifen, estrategia, albuns 
Também evitamos acentuação em hiatos que não c) apoio (subst.), reune, faisca 
formam sílaba com letra diferente de “s”, como em juiz, cair, d) nivel, orgão, tupi 
sair, contribuiu. e) pode (pret. perf.), obte-las, tabu 
Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português,
não são mais acentuados os hiatos que vêm após ditongos: 2. (BB) Opção correta: 
baiuca, feiura, bocaiuva. Também os “ôos” e “êes” não a) eclípse 
levam mais acento: enjoo, voo, creem, veem. b) juíz
c) agôsto
EMPREGO do TIL d) saída
e) intúito  
O til [~] é um sinal e não um acento. No Português o til
aparece sobre as vogais “a” e “o” para indicar nasalização, 3. (BB) “Alem do trem, voces tem onibus, taxis e
som que sai pela boca e nariz. Tal sinal não se sobrepõe em aviões”. 
sílabas tônicas somente, podendo também estar em sílabas a) 5 acentos
pretônicas ou átonas: Exemplos: órgão, órfã, balõezinhos… b) 4 acentos  
c) 3 acentos 
O ACENTO DIFERENCIAL d) 2 acentos
e) 1 acento 
Como o próprio nome diz, o acento diferencial tem
como função marcar uma diferença. Há muitas palavras no 4. (BB) Monossílabo tônico: 
português que são homógrafas, ou seja, que possuem a a) o 
mesma grafia e, por isso, é necessário um sinal distintivo b) lhe 
para que não surjam equívocos. Vejamos: c) e 
d) luz
a) Pôde – Pretérito perfeito do indicativo e) com 
Pode – Presente do indicativo
5. (BB) Leva acento: 
b) Pôr – Verbo a) pêso 
Por – preposição b) pôde 
c) êste
É facultativo o uso do acento diferencial para distinguir d) tôda
as palavras forma e fôrma. Imagine a frase: qual a forma da e) cêdo 
fôrma de torta que você comprou?
O Novo Acordo Ortográfico do Português aboliu 6. (BB) Não leva acento: 
alguns acentos diferenciais, tais como em pelo (preposição) a) atrai-la 
e pêlo (substantivo), pára (verbos) e para (preposição): b) supo-la 
O pelo do gato está crescendo muito. c) conduzi-la 
Vá pelo caminho mais curto. d) vende-la 
Ele para para pensar. e) revista-la 

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LÍNGUA PORTUGUESA

7. (UF-PR) Assinale a alternativa em que todos os d) Hiatos: Ao contrário dos ditongos e tritongos,
vocábulos são acentuados por serem oxítonos:  separam-se os hiatos, já que indicam pausa entre as vogais.
a) paletó, avô, pajé, café, jiló  Ex.: sa-ú-de, fi-el.
b) parabéns, vêm, hífen, saí, oásis  e) Sílabas com os dígrafos rr, ss, sç, sc, xç: são
c) você, capilé, Paraná, lápis, régua  separados. Ex.: car-ro, as-sa-do, ex-ce-ção.
d) amém, amável, filó, porém, além 
e) caí, aí, ímã, ipê, abricó  A TONICIDADE DAS SÍLABAS

(Exercícios retirados de http://professorricardoandrade. Quando pronunciamos uma palavra emitimos


blogspot.com.br/2010/08/80-questoes-de-acentuacao- intensidade de entonação, principalmente quando o
grafica.html) vocábulo possui mais de uma sílaba. Certamente há
variação de tonicidade, ou seja, usamos mais força vocal
GABARITO numa sílaba e menos em outra. Por isso mesmo se diz que
cada palavra possui uma sílaba mais forte, a qual chamamos
1–b tônica e outras mais fracas, as átonas.
2–d
3–a EMPREGO DAS INICIAIS MAIÚSCULAS E
4–d MINÚSCULAS
5–b
6–c A linguagem oral e a escrita requerem algumas
7-a habilidades diferentes. Há empregos que só utilizamos
na linguagem oral, como entonação e dramaticidade. A
ESTUDO DA SÍLABA escrita também possui suas particularidades, tal como o
emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas, isso porque
Quando entramos na escola e iniciamos os primeiros muitas vezes é através da letra que indicamos informações
passos no aprendizado da escrita, temos acesso simples, como início de frase, nome de pessoas, etc…
primeiramente às vogais (a, e. i, o, u) e às consoantes (b, Vejamos então algumas regras:
c, d, f….). O segundo passo é unir essas letras entre si a fim
de formar pequenas unidades sonoras, pois é a partir delas Emprego de iniciais maiúsculas
que as palavras serão construídas. Chamamos de sílabas
esses grupos fonológicos (sons) que formam as palavras. a) Nomes próprios, tais como nomes de pessoas, de
Uma vez que as palavras são verdadeiros organismos lugares (topônimos), entidades mitológicas, designações
complexos no tocante a sua formação, há diversas formas políticas e religiosas, altos conceitos nacionalistas:
de construção de uma sílaba. Vejamos sua classificação: Exemplos:
a) Monossílabas: palavras que possuem uma única Maria, Florianópolis, Apolo, Igreja Apostólica Romana,
sílaba. Ex.: mãe, meu, mar, céu. Partido dos Trabalhadores, Nação, Brasil.
b) Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas. Ex.:
casa, feijão, amor, leitão. b) Início de frase, período, versos e citações diretas:
c) Trissílabas: palavras que possuem três sílabas. Ex.: Exemplos:
úmido, salvador, torneira. “Minha terra tem palmeiras, 
d) Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais Onde canta o Sabiá; 
sílabas. Ex.: paralelepípedo, antropomorfismo. As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
Algumas regras de separação silábica Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Se sílaba é um grupo de letras que, juntas, constituirão Nossos bosques têm mais vida, 
uma unidade sonora, há modos dessas letras se unirem. Nossa vida mais amores.” (Gonçalves Dias, “Canção
Haverá sílabas com mais de uma vogal (ditongos e do Exílio”
tritongos), com dígrafos (ch, nh, lh, rr) e encontros Já nos dizia Clarice Lispector: “Amar os outros é a única
consonantais (ps, pn). Assim sendo devemos entender as salvação individual que conheço: ninguém estará perdido
regras de separação silábica conforme as características de se der amor e às vezes receber amor em troca.”
cada unidade. Muitos se perguntam qual é o destino da vida. Mas tal
a) Sílabas com encontros vocálicos: Não se separam pergunta nem Freud respondeu.
ditongos e tritongos. Ex. Moi-ta, a-ve-ri-guou.
b) Sílabas com dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: dígrafos c) Festas Religiosas, período histórico, data ou
constituem um único fonema, por isso não devem ser acontecimento importantes:
separados. Ex.: cha-ve, a-lho, que-rer. Exemplos:
c) Encontros consonantais: quando iniciarem palavras Período Barroco, Festa de São João, Proclamação da
não podem ser separados. Ex.: psi-có-lo-go, pneu-má-ti-co. República, Dia dos Pais

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Nos títulos de livros, jornais, produções artísticas,


literárias e científicas: 4 DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO
Exemplos: TEXTUAL.
Dom Casmurro, Monalisa, Folha de São Paulo, Til. 4.1 EMPREGO DE ELEMENTOS DE
REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E
e) Nome de vias e lugares públicos:
REPETIÇÃO, DE CONECTORES E OUTROS
Exemplos:
Rua Quinze de Novembro, Praça de República, Rua ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.
João Nilo Morfim

f) Pronomes e expressões de tratamento COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL


Exemplos:
Excelentíssimo Senhor, Vossa Senhoria Leia o texto abaixo:
g) Siglas, símbolos e abreviaturas internacionais:
ONU, PSDB, Sra. “A juventude nos dias de hoje anda em perigo. Todos
os dias vemos a juventude entrar em caminhos perigosos,
h) Nomes de corpos celestes a juventude parece não ter preocupação com o futuro. O
Exemplos: futuro da juventude está em perigo. Há uma solução para a
Marte, Plutão, Saturno juventude.
Concluindo o texto, pode-se dizer que a juventude está
i) Nomes de artes, ciências e disciplinas: mais consciente nos dias de hoje.”
Língua Portuguesa, Cubismo, Matemática, Dadaísmo Podemos concluir que se trata de um texto devido à
união de frases. Entretanto, percebemos facilmente que não
j) Nomes de agremiações, repartições, edifícios, passa de uma construção rudimentar, já que os enunciados
parecem apenas “colados” entre si, sem relacionar nenhuma
estabelecimentos públicos e particulares:
relação de sentido. Além do mais, a leitura se torna cansativa,
Teatro Pedro Ivo, Ministério Público, Tribunal de Justiça
pois há excesso de repetição de palavras. E para finalizar, o
segundo parágrafo entra em contradição com o primeiro,
Emprego de iniciais minúsculas dando a entender que o autor não tem certeza do que está
falando.
a) nomes de dias e meses da semana Um texto é mais que uma “colagem” de frases entre
Exemplos: si. Deve interligar os elementos de forma lógica, evitando
terça-feira, domingo, março, dezembro repetição de termos, usando conectivos que una de maneira
inteligente os enunciados. Ou seja, para ser um texto, é
b) palavras compostas, mesmo as formadas com nome necessário coesão. Além disso, é fundamental que as ideias
próprio estejam caminhando numa única direção, sem defender
Exemplos: pontos de vistas contrários. Uma boa redação apresenta
joão-de-barro, pé de moleque coerência em suas posições. Vejamos a construção acima
agora respeitando essas condições:
c) No meio de nome de obras: “A juventude, nos dias de hoje, anda em perigo. Isso
Exemplos: porque todos os dias vemos adolescentes enveredando
O retrato de um artista quando jovem; Memórias por caminhos perigosos, sem a devida preocupação com o
Póstumas de Brás Cubas futuro. Ou seja, nossas crianças, recém-saídas da infância,
parecem periclitantes. Entretanto, por mais que isso nos
d) Palavras que designam nacionalidade ou origem: assuste, ainda há esperança: para todo mal há uma solução.
Exemplos: Após as ideias citadas acima, pode-se concluir que
catarinense, libanês, franco-alemão, paulista ainda que pareça incerto o destino de nossos jovens, através
de projetos educacionais pode-se, com certeza, torná-los
e) substantivos comuns que acompanham nomes seres mais conscientes.”
próprios: oceano Atlântico, planeta Terra Qual a diferença entre os dois textos? Enquanto que no
primeiro as frases parecem jogadas sem a devida preocupação
f) Alguns sinais de pontuação, com os dois pontos com a conexão de elementos e de ideias, no segundo evitou-se
Exemplos: a repetição de palavras através da substituição por sinônimos.
Só desejo uma coisa: que você seja feliz. Além do mais, usou-se conectivos tais como “isso porque”, “ou
seja”, “entretanto”, que criou entre os enunciados uma relação
de sentido, seja de explicação ou discordância. Houve, assim,
preocupação com a coesão textual, mecanismo responsável
pela harmonia no texto, o que se dá por meio do do uso de
palavras e conectivos que transformam um conjunto de frases
em uma composição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Outrossim, percebemos que o segundo parágrafo não peca por contradição de ideias, e isso é essencial. A coerência é a relação
lógica das posições argumentativas apresentadas, sem cometer o erro de defender direções distintas.
Vamos aprender algumas técnicas para construir um bom texto.

- COESÃO TEXTUAL

Vejamos alguns mecanismo responsáveis por tornar um texto coeso:

a) coesão referencial: tem como função usar elementos referenciais, tais como pronomes pessoais e possessivos a fim de se
referir ao mesmo ser.
A juventude está em perigo. Seu futuro está incerto. Ela precisa de cuidados.
Dentre a coesão referencial temos a anafórica, em que um termo remete a uma palavra já citada e a catafórica, quando a
expressão antecede o vocábulo que será apresentado.
Conheço os jovens da atualidade. Eles estão em perigo. (anafórico)
O problema essencial é este: a falta de consciência prejudica o futuro. (catafórico)

b) Coesão lexical: se dá através do uso de sinônimos e palavras dentro do mesmo campo semântico do termo-chave, com o
objetivo de evitar repetições.
A juventude precisa de cuidados. Nossos adolescentes estão enveredando por caminhos perigosos.
A coesão por substituição é fundamental em qualquer texto, que gira em torno de um tema, uma palavra-chave. É muito
comum o escritor, no ato de escrever, não ter a noção precisa da repetição, por isso a revisão deve ser um ato contínuo.

c) Coesão por elipse: muitas vezes podemos ocultar um elemento já subtendido através do enunciado anterior. Esse recurso é
chamado de elipse e é uma ótima ferramenta para se evitar repetição.
Muitos adolescentes estão optando por um estilo de vida nada saudável. Não se preocupam com o devir de seus
destinos.
Percebemos que a palavra “adolescente” está elipsada na segunda frase, mas através do contexto é perfeitamente
compreendida.

d) Coesão por conjunção: a conjunção tem como função unir orações entre si, criando entre elas uma relação de
sentido. Em vez de utilizarmos frases curtas, o correto é criar períodos compostos por mais de uma oração, ligados pela
conjunção.
Estamos preocupados com os jovens, mas para todo o problema há uma solução.
Além dessas ferramentas de coesão, há uma série de conectivos responsáveis por tornar o texto uma cadeia significativa.
Vejamos:

C a u s a /
Afirmação Oposição Adição Explicação Conclusão Comparação
consequência
Em outras Da mesma
É certo que Entretanto Além disso Por isso Portanto
palavras forma
Do mesmo
Certamente contudo Outrossim Por causa de Para ilustrar Dessa forma
modo
Não há dúvidas todavia Não só Visto que Pois Logo Na outra ponta
É inegável No entanto Ainda mais De fato A exemplo de Assim sendo Bem como
Sabe-se que Apesar de Mais também De forma que Melhor dizendo Em suma Assim como

- COERÊNCIA TEXTUAL

Se a coesão textual é responsável pela harmonia das palavras dentro de um texto, a coerência garante a concordância
entre as ideias apresentadas. O maior pecado de um texto é a defesa de ideias díspares, já que demonstra falta de
conhecimento e segurança do autor no tocante a seu ponto de vista. Todo o texto deve apresentar uma única direção
argumentativa.
A revisão de um texto é essencial para que se evite a temida contradição
Vejamos alguns tipos de coerência:

a) coerência gramatical: se dá através do devido uso dos elementos de coesão, interligando de forma lógica os termos
em questão.
(1) Ainda que haja preocupação, (2) é dever do Estado garantir a segurança de todos os jovens.
Há uma relação coerente entre as orações (1) e (2), pois a conjunção em destaque harmoniza perfeitamente ideias
opostas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) coerência semântica: é base da cadeia argumentativa d) Flexão de tempo


do texto. Quando se inicia a escritura a partir de um ponto Pretéritos
de vista, é extremamente proibido defender uma direção Presente
que negue ou desdiga a posição antes afirmada. Futuro
(1) O mundo está em perigo. (2) Por isso mesmo
devemos ter cuidado. e) Flexão de voz
As frases (1) e (2) estão caminhando na mesma direção, Voz ativa
apresentando harmonia das ideias. Voz passiva
Voz reflexiva
c) coerência referencial: certifique que os exemplos
citados estejam confirmando sua argumentação. Muitas 2) A estrutura do verbo
vezes, no desejo de demonstrar conhecimento sobre Radical CANT – VEND – PART
determinado assunto, apresentamos exemplos que nada Vogal Temática: A – E – I
acrescentam ao texto. Desinências – R – MOS – S
(1) A condição humana foi um assunto tratado
com afinco pela filósofa Hannah Arendt. (2) Um grande Chamamos de tema a união do radical com a vogal
exemplo dessa questão na contemporaneidade é nosso temática, que possui a função de apresentar a conjugação
condicionamento ao uso de celulares e aplicativos. (3) Somos do verbo.
animais domésticos inseridos num novo mundo virtual. - Verbos de 1º conjugação: (vogal temática a) – cantar,
O exemplo apresentado na frase (2) confirma o que foi amar, sonhar, falar
dito em (1). Por fim, em (3) temos uma conclusão coerente - Verbos de 2º conjugação: (vogal temática e) – comer,
com a discussão tecida nos enunciados anteriores. vender, escreve
- Verbos de 3º conjugação: (vogal temática i) – partir,
A maneira mais efetiva de manter a coerência de sorrir, exibir
um texto é escrevê-lo a partir da argumentação de
CAUSA e CONSEQUÊNCIA. Observação: verbos como por, compor são considerados
de 2º conjugação devido a sua forma arcaica poer.
A conjugação verbal influencia a flexão dos verbos.
4.2 EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E Vejamos:
MODOS VERBAIS.
1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação
Verbo é a classe gramatical que indica ações, estados, Cant-o Vend-o Part-o
emoções e fenômenos climáticos. Cant-a-s Vend-e-s Part-es
Cant-a Vend-e Part-e
Ex.: Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
a) O médico operou o doente. (ação) Cant-a-is Vend-e-is Part-is
b) Rodrigo está doente. (estado) Cant-a-m Vend-e-m Part-em
c) Maria permanece chorosa. (estado, emoção)
d) Chove muito em Brasília. (fenômeno climático) 3) Modos verbais
Indicam o modo com o qual o falante se posiciona
1) As flexões do verbo frente a ação verbal. Por isso os modos são:
O verbo é uma classe complexa, pois apresenta uma
a) Indicativo: indica certeza, ação certa
série de variações e flexões. Pode variar em número, pessoa,
b) Subjuntivo: hipótese, dúvida
tempo, modo e voz:
c) Imperativo: ordem, pedido.
a) Flexão de número:
4) Tempos verbais
Singular (um sujeito)
Os tempos verbais se referem ao tempo em que a ação
Plural (mais de um sujeito)
foi realizada. Surgem nos modos indicativo e subjuntivo.
b) Flexão de pessoa: O modo indicativo, por indicar ação certa, é o que mais
1º pessoa (emissor: eu, nós) apresenta flexões de tempo:
2º pessoa (receptor: tu, vós) - Presente do Indicativo: o verbo é conjugado no
3º pessoa (assunto: ele, ela, eles, elas) tempo presente em que a ação é feita
- Pretérito Perfeito do Indicativo: ação já foi finalizada
c) Flexão de modo: em tempo passado.
Indicativo - Pretérito mais que perfeito do Indicativo – ação foi
Subjuntivo feita em tempo remoto
Imperativo - Pretérito Imperfeito do Indicativo – ação tida como
hábito no tempo passado

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Futuro do Presente: ação que será realizada no futuro


- Futuro do Pretérito: ação condicionada por outra ação verbal.

Vejamos os diversos tempos verbais nos verbos das três conjugações:

- Presente do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-o Vend-o Part-o
Cant-a-s Vend-e-s Part-es
Cant-a Vend-e Part-e
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-is Vend-e-is Part-is
Cant-a-m Vend-e-m Part-em

- Pretérito Perfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-ei Vend-i Part-i
Cant-a-ste Vend-e-ste Part-i -ste
Cant-ou Vend-e -u Part-i-u
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-stes Vend-e-stes Part-i -stes
Cant-a-ra-m Vend-e - ram Part-i-ram

- Pretérito mais que perfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a- ra Vend-e- ra Part-i- ra
Cant-a-ra -s Vend-e-ra -s Part-i -ra -s
Cant-a -ra Vend-e - ra Part-i -ra
Cant-á- ra -mos Vend-e-ra -mos Part-i-ra -mos
Cant-a- re-is Vend-e-re -is Part-i-re -is
Cant-a- ra -m Vend-e-ra-m Part-i-ra -m

- Pretérito Imperfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -va Vend-ia Part-ia
Cant-a-va-s Vend-ia-s Part-ia-s
Cant-a -va Vend-ia Part-ia
Cant-á-va- mos Vend-ía-mos Part-ía-mos
Cant-á-ve -is Vend-íe-is Part-íe-is
Cant-a-va -m Vend-ia-m Part-ia-m

- Futuro do Presente do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -re-i Vend-e -re-i Part-i -re- i
Cant-a-rá-s Vend-e-rá-s Part-i -rá -s
Cant-a - rá Vend-e-rá Part-i -rá
Cant-á-re- mos Vend-e -re-mos Part-i -re -mos
Cant-a-re-is Vend-e -re -is Part-i – re -is
Cant-a-rão Vend-e- rão Part-i -rão

24
LÍNGUA PORTUGUESA

- Futuro do pretérito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -ria Vend-e -ria Part-i -ria
Cant-a-ria -s Vend-e-ria -s Part-i -ria -s
Cant-a - ria Vend-e-ria Part-i -ria
Cant-a-ría - mos Vend-e -ría -mos Part-i -ría -mos
Cant-a-ríe-is Vend-e -ríe -is Part-i – ríe -is
Cant-a-ria- m Vend-e- ria -m Part-i -ria-m

5) O Modo Subjuntivo
É o que apresenta a ação verbal enquanto hipótese, dúvida. Apresenta três tempos, o presente do subjuntivo, o
imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.

a) Presente do subjuntivo
Indica hipótese e sua construção se dá através da substituição da vogal temática pela vogal de subjuntivo. Em verbos
de primeira conjugação se substitui a vogal temática “a” por “e”, nos verbos de segunda e terceira conjugação se substitui
as vogais “e” e “i” por “a”:

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Que eu cant-e Que eu vend-a Que eu part-a
Que tu cant-e- s Que tu vend-a -s Que tu part-a -s
Que ele cant-e Que ele vend-a Que ele part-a
Que nós cant-e- mos Que nós vend-a -mos Que nós part-a -mos
Que vós cant-e-is Que vós vend-a-is Que vós part-a -is
Que eles cant-e- m Que eles vend-a -m Que eles part-a-m

b) Imperfeito do Subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


se eu cant-a-sse se eu vend-e-sse se eu part-i-sse
se tu cant-a-sse- s se tu vend-e-sse -s se tu part-i-sse -s
se ele cant-a-sse se ele vend-e-sse se ele part-i-sse
se nós cant-á-sse- mos se nós vend-ê-sse -mos se nós part-í-sse -mos
se vós cant-á-sse-is se vós vend-ê-sse-is se vós part-í-sse -is
se eles cant-a-sse- m se eles vend-e-sse -m se eles part-i-sse-m

c) Futuro do Subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


quando eu cant-a-r quando eu vend-e-r quando eu part-i-r
quando tu cant-a-re- s quando tu vend-e-re -s quando tu part-i-re -s
quando ele cant-a-r quando ele vend-e-r quando ele part-i-r
quando nós cant-a-r- mos quando nós vend-e-r -mos quando nós part-i-r -mos
quando vós cant-a-rdes quando vós vend-e-rdes quando vós part-i-rdes
quando eles cant-a-re- m quando eles vend-e-re -m quando eles part-i-re-m

6) Modo Imperativo

O modo imperativo está ligado à ideia de ordem e pedido. Aqui temos o Modo Imperativo Afirmativo e o Imperativo
Negativo. A construção do Imperativo Afirmativo se dá reaproveitando desinências do modo indicativo e subjuntivo. Além
do mais, vale lembrar que este modo não é flexionado na 1º pessoa do singular.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

2º pessoa do singular (tu) – presente do indicativo sem o “s”


3º pessoa do singular (você) – presente do subjuntivo
1º pessoa do plural (nós) – presente do subjuntivo
2º pessoal do plural (vós) – presente do indicativo sem o “s”
3º pessoa do plural (vocês) – presente do subjuntivo

Observação: por ser ordem direta não usamos o ele, eles, e sim o você (s), que possui a mesma flexão.

Imperativo Afirmativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Canta tu Vende tu Parte tu
Cante você Venda você Parta você
Cantemos nós Vendamos nós Partamos nós
Cantai vós Vendei vós Parti vós
Cantem vocês Vendam vocês Partam vocês

Imperativo Negativo

No Imperativo Negativo usamos a mesma flexão do presente do subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Não cantes tu Não vendas tu Não partas tu
Não cante você Não venda você Não parta você
Não cantemos nós Não vendamos nós Não partamos nós
Não canteis vós Não vendais vós Não partais vós
Não cantem vocês Não vendam vocês Não partam vocês

7) Formas Nominais dos Verbos


Nas formas nominais dos verbos não temos flexão de modo e tempo. Podem exercer a função de verbo ou nome:
a) Infinitivo: cantar, amar, vender, partir, sorrir
b) Gerúndio: cantando, vendendo, partindo, amando, comendo
c) Particípio: vendido, comprado, amado, partido

8) Classificação dos Verbos:


a) Regulares: Verbos que apresentam flexões regulares, usando as desinências tradicionais. Ex.: cantar, amar, comer,
vender, partir
b) Irregulares: Verbos que apresentam flexões próprias, não utilizando as desinências regulares. Ex.: trazer, ir, fazer, dar,
poder

Presente do Indicativo

Trazer Fazer Poder


Trago Faço Posso
Trazes Fazes Podes
Traz Faz Pode
Trazemos Fazemos Podemos
Trazeis Fazeis Podeis
Trazem Fazem Podem

26
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Perfeito

Trazer Fazer Poder


Trouxe Fiz Pude
Trouxeste Fizeste Pudeste
Trouxe Fez Pôde
Trouxemos Fizemos Pudemos
Trouxestes Fizestes Pudestes
Trouxeram Fizeram Puderam

Pretérito mais que perfeito

Trazer Fazer Poder


Trouxera Fizera Pudera
Trouxeras Fizeras Puderas
Trouxera Fizera Pudera
Trouxéramos Fizéramos Pudéramos
Trouxéreis Fizéreis Pudéreis
Trouxeram Fizeram Puderam

Pretérito Imperfeito

Trazer Fazer Poder


Trazia Fazia Podia
Trazias Fazias Podias
Trazia Fazia Podia
Trazíamos Fazíamos Podíamos
Trazíeis Fazíeis Podíeis
Traziam Faziam Podiam

Futuro do Presente

Trazer Fazer Poder


Trarei Farei Poderei
Trarás Farás Poderás
Trará Fará Poderá
Traremos Faremos Poderemos
Trareis Fareis Podereis
Trarão Farão Poderão

c) Principais: em uma locução verbal (conjunto de dois verbos) são os verbos que apresentam a informação principal
referente à ação. Ex.: comprar, amar, vender...

d) Auxiliares: em uma locução verbal, são os verbos com pouco força semântica que apresentam informação gramatical
de tempo e pessoa. Ex.: ser, ir, estar…

27
LÍNGUA PORTUGUESA

Ser

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Sou Fui Fora
És Foste Foras
É Foi Fora
Somos Fomos Fôramos
Sois Fostes Fôreis
São Foram Foram

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Era Serei Seria
Eras Serás Serias
Era Será Seria
Éramos Seremos Seríamos
Éreis Sereis Seríeis
Eram Serão Serão

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu seja Se eu fosse Quando eu for
Que tu sejas Se tu fosses Quando tu fores
Que ele seja Se ele fosse Quando ele for
Que nós sejamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Que vós sejais Se vós fôsseis Quando vós fordes
Que eles sejam Se eles fossem Quando eles forem

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Sê tu Não sejas tu
Seja você Não seja você
Sejamos nós Não sejamos nós
Sede vós Não sejais vós
Sejam vocês Não sejam vocês

Estar

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Estou Estive Estivera
Estás Estiveste Estiveras
Está Esteve Estivera
Estamos Estivemos Estivéramos
Estais Estivestes Estivéreis
Estão Estiveram Estiveram

28
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Estava Estarei Estaria
Estavas Estarás Estarias
Estava Estará Estaria
Estávamos Estaremos Estaríamos
Estáveis Estareis Estaríeis
Estavam Estarão Estariam

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu esteja Se eu estivesse Quando eu estiver
Que tu estejas Se tu estivesses Quando tu estiveres
Que ele esteja Se ele estivesse Que ele estiver
Que nós estejamos Se nós estivéssemos Quando nós estivermos
Que vós estejais Se vós estivésseis Quando vós estiverdes
Que eles estejam Se eles estiveram Quando eles estiverem

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Está tu Não estejas tu
Esteja você Não esteja você
Estejamos nós Não estejamos nós
Estai vós Não estejais vós
Estejam vocês Não estejam vocês

e) Anômalos: verbos que, quando conjugados, apresentam radicais distintos do radical primitivo.
Ex.: Eu sou, Eu era, Eu Fui…

Ir

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Vou Fui Fora
Vais Foste Foras
Vai Foi Fora
Vamos Fomos Fôramos
Ides Fostes Fôreis
Vão Foram Foram

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Ia Irei Iria
Ias Irás Irias
Ia Irá Iria
Íamos Iremos Iríamos
Íeis Ireis Iríeis
Iam Irão Iriam

29
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu vá Se eu fosse Quando eu for
Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Que nós vamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós fordes
Que eles vão Se eles fossem Quando eles foram

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Vai tu Não vás tu
Vá você Não vá você
Vamos nós Não vamos nós
Ide vós Não vades vós
Vão vocês Não vão vocês

f) Defectivos: verbos que não apresentam conjugação completa, em algumas pessoas verbais. Ex,: Polir, banir

Polir – Presente do Indicativo Banir – Presente do Indicativo


x x
x x
x x
Polimos banimos
Polis banis
x c

g) Abundantes: verbos que apresentam duas formas equivalentes no particípio, uma regular e um
irregular. Ex.: Aceitar = aceito, aceitado

Verbos abundantes da 1.ª conjugação


Verbo aceitar: aceitado (regular) e aceito (irregular)
Verbo entregar: entregado (regular) e entregue (irregular)
Verbo ganhar: ganhado (regular) e ganho (irregular)
Verbo matar: matado (regular) e morto (irregular)
Verbo pagar: pagado (regular) e pago (irregular)
Verbo pegar: pegado (regular) e pego (irregular)
Verbo salvar: salvado (regular) e salvo (irregular)

Verbos abundantes da 2.ª conjugação


Verbo acender: acendido (regular) e aceso (irregular)
Verbo eleger: elegido (regular) e eleito (irregular)
Verbo envolver: envolvido (regular) e envolto (irregular)
Verbo morrer: morrido (regular) e morto (irregular)
Verbo prender: prendido (regular) e preso (irregular)
Verbo revolver: revolvido (regular) e revolto (irregular)
Verbo suspender: suspendido (regular) e suspenso (irregular)

Verbos abundantes da 3.ª conjugação


Verbo expelir: expelido (regular) e expulso (irregular)
Verbo : exprimir exprimido (regular) e expresso (irregular)
Verbo extinguir: extinguido (regular) e extinto (irregular)
Verbo frigir: frigido (regular) e frito (irregular)
Verbo imprimir: imprimido (regular) e impresso (irregular)
Verbo incluir: incluído (regular) e incluso (irregular)
Verbo submergir: submergido (regular) e submerso (irregular)

30
LÍNGUA PORTUGUESA

h) Verbos Intransitivos: verbos que não necessitam de c)  Se você requizesse e seu advogado intervesse, talvez
complemento. Ex.: viajar, dormir, morrer, nascer. reaveria todos os seus bens.
i) Verbos Transitivo Diretos: Verbos que necessitam de d) Se você requisesse e seu advogado intervesse, talvez
complemento, mas sem a necessidade de preposição. Ex.: reaveria todos os seus bens.
Comprar, vender, falar e) Se você requeresse e seu advogado intervisse, talvez
j) Verbos Transitivos Indiretos: Verbos que se ligam ao reouvesse todos os seus bens.
complemento com o auxílio de preposição. Ex.: precisar (de),
necessitar (de) 02. (MED – SANTOS) A forma que pode estar no futuro
k) Verbos de Ligação: verbos com pouca força semântica do subjuntivo é:
que ligam o sujeito a seu predicativo (qualidade). Ex.: ser, estar, a) Quando virdes a realidade dos fatos…
permanecer, ficar, continuar, andar… b) Se irmos diretamente ao assunto…
l) Verbos unipessoais: verbos que apresentam uma c) Quando vos verdes em idênticas situações…
única pessoa verbal. Ex.: Latir, miar, coaxar. d) Se susterdes a palavra…
m) Verbos impessoais: verbos que não possuem sujeito. e) Se vós imposerdes a vossa idéia…
São eles os que indicam fenômenos climáticos (chover,
nevar), haver (no sentido de existir), fazer (indicando tempo 03.  (UFF) Assinale a frase em que há um erro de
decorrido). Assim sendo permanecem na 3º pessoa do conjugação verbal:
singular. a) Requeiro-lhe um atestado de bons antecedentes.
n) Verbos pronominais: verbos que exigem pronome. b) Ele interviu na questão.
Ex.: queixar-se, arrepender-se. c) Eles foram pegos de surpresa.
d) O vendeiro proveu o seu armazém do necessário.
Locução Verbal e) Os meninos desavieram-se por causa do jogo.
Chamamos de locução o conjunto de palavras que
exercem a função de uma única. No caso de locução verbal,
04. (UFF) Assinale a série em que estão devidamente
é quando dois verbos cumprem a função que poderia ser
classificadas as formas verbais destacadas:
exercida por um só verbo.
“Ao chegar da fazenda, espero que já tenha terminado
Ex.: a festa”.
Eu comprarei esta casa. - Aqui verificamos um único a) futuro do subjuntivo, pretérito perfeito do subjuntivo
verbo, cujo radical nos dá a informação temporal e as b) infinitivo, presente do subjuntivo
desinências informações gramaticais (pessoa, tempo e c) futuro do subjuntivo, presente do subjuntivo
número). d) infinitivo, pretérito imperfeito do subjuntivo
Eu vou comprar esta casa. - Já neste caso temos a e) infinitivo, pretérito perfeito do subjuntivo
presença de dois verbos: um auxiliar: “vou”, o qual contém
a informação de tempo e pessoa, e “comprar” que possui a 05.  (ENG – MACK) Só muito mais tarde vim, a saber,
informação semântica. que a chuva os ___________ na estrada e que não _________
Em uma locução verbal sempre verificamos dois verbos: ninguém que ______________.
um auxiliar + um principal. Veja outros exemplos: a) detera; houve; os ajudasse;
b) detivera; houve; os ajudasse;
a) Ainda estou estudando para a avaliação. c) detera; teve; ajudasse eles;
Estou – verbo auxiliar d) detivera; houve; ajudasse eles;
Estudando – verbo principal e) detivera; teve; os ajudasse.

b) João veio chorando. 06.  (FEB) “Ele ___________ o carro a tempo, mas não
Veio – verbo auxiliar ____________ a irritação e ___________ – se com o outro
Chorando – verbo principal motorista”.
a) freou – conteve – desaveio
c) Pode acontecer mais disso. b) freiou – conteu – desaveu
Pode – Verbo auxiliar c) freou – conteve – desaviu
Acontecer – verbo principal d) freiou – conteve – desaveio
e) N. D. A.
Exercícios
07.  (FEB) Assinale a alternativa que completa
01.  (MED – SANTOS) Assinale a frase inteiramente
adequadamente as lacunas:
correta:
a) Se você requisesse e seu advogado intervisse, talvez “Visto que a democratização do ensino é uma
reavesse todos os seus bens. necessidade, a escola pública ___________ de ser realmente
b) Se você requeresse e seu advogado interviesse, apoiada e defendida, embora muitos _______________ pois
talvez reouvesse todos os seus bens. abaixamento de nível”.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

a) tenha – contestem – haveria Nos exemplos acima percebemos que as palavras


b) tem – contestam – há possuem elementos que se repetem entre si, seja no núcleo
c) tem – contestam – haveria significativo (cas/ livr) ou em informações de gênero (a/o)
d) tem – contestem – haveria e número (s). Isso nos indica que uma palavra é formada a
e) N.D.A. partir de elementos com funções específicas e que surgem
em outros vocábulos com a mesma função. Chamamos
08.  Se ele _________, não ___________ de rogado, de morfemas essas unidades mínimas significativas
___________ que não os receberei. responsáveis pela formação de uma palavra.
a) vir – te faças – diz-lhe
b) vier – te faz – diz-lhe Vejamos a lista de morfemas:
c) vir – te faça – dizer-lhe a) Raiz: é o morfema originário e contém o sentido
d) vier – te faças – dize-lhe básico de uma palavra. Podemos dizer que está na raiz o
princípio histórico de uma palavra, que ao longo do tempo
e) ier – te faças – diga-lhe
foi modificada pelos usos do homem.
Um exemplo disso é a palavra MAGRO. Sua raiz
(Exercícios retirados de http://www.coladaweb.com/
significativa não está explícita no vocábulo, já que este vem
exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/
do Latim MACER (Com pouca gordura).
verbos)
Importante destacar que começa na raiz a viagem
histórica de uma palavra, cujo fim justamente desemboca
Gabarito
em sua estrutura atual. No caso do exemplo acima, se a
raiz de Magro é MACER, ao longo dos anos sua forma foi
1–b
modificando até chegar no modo atual. Agora não está
2–a
mais visível a raiz da palavra, já que esta se transformou no
3–b
radical MAGR, núcleo significativo da palavra.
4–e
b) Radical: Consiste no núcleo significativo de uma palavra,
5–b
responsável justamente por sua significação. Devido a essa
6–a
função, o radical de um vocábulo dá origem a muitos outros,
7–d
criando o que chamamos de grupo semântico. Vejamos:
8–d
Flor
Florista
Floricultura
5 DOMÍNIO DA ESTRUTURA Floreio
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
Percebemos rapidamente a repetição de um termo em
todas as palavras e é justamente assim que identificamos
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS um radical, através do reconhecimento da unidade mínima
formadora de várias palavras:
Um tema fundamental na gramática diz respeito à estrutura Pedra
das palavras. Podemos imaginar que uma palavra é um termo Pedreiro
indivisível, mas estamos enganados. Tal como uma célula, um Pedregulho
vocábulo é o resultado de uma construção e organização de Pedrinha
componentes, ordenados de maneira lógica. Chamamos de
estrutura o modo de organização de uma palavra. Tal como Imagine se para cada ser referido nas expressões acima
uma casa, o vocábulo possui uma sustentação, a qual carrega precisássemos criar uma palavra completamente distinta uma
sua força significativa e outros componentes secundários, com da outra? Jamais lembraríamos de tantos termos. Por isso é
informações acessórias. Vejamos: válido lembrar: a linguagem é um sistema econômico de
comunicação e, assim, reaproveita todos os seus elementos
Cas-a para “economizar” termos e facilitar a memorização
Cas-eiro através de um vocabulário prático.
Cas-amento
c) Vogal temática: Ainda que um radical isolado possa
Livr-o constituir uma palavra (no caso de flor, por exemplo), na maior
Livr-aria parte das vezes ele necessita de um elemento que o complete. Essa
Livr-eiro é a função da vogal temática, morfema que se junta ao radical a
fim de completá-lo e receber outros morfemos, se necessário.
Gat-a Livro
Alun-a Casa
Estante
Gat-o-s Porta
Alun-o-s Revista

32
LÍNGUA PORTUGUESA

No tocante aos verbos, a vogal temática completa o radical FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
e informa a conjugação verbal:
Cant-a-r (verbo de 1º conjugação) Palavras existem para nomear os seres que povoam
Vend-e-r (verbo de 2º conjugação) o mundo. Nesse sentido, sempre testemunhamos a
Part-i-r (verbo de 3º conjugação) formação de novas palavras, já que de tempos em tempos
Chamamos de tema a união do radical com a vogal temática. surgem novos objetos e situações a serem definidas. Há
dois processos de formação das palavras: a derivação e a
Importante! composição. O que difere essas duas formas é a presença
A vogal temática não tem como função apresentar de um único radical (derivação) ou mais (composição).
informação de gênero, isso será tarefa das desinências
nominais, como veremos a seguir. Tipos de derivação: quando falamos em derivação
estamos tratando de formação de palavras através do
d) Desinências: são os morfemas responsáveis pelas flexões auxílio de um afixo. Assim sendo, temos a derivação
em uma palavra. Dividem-se em:
prefixal, sufixal, prefixal e sufixal e a parassintética.
*Desinências nominais: de gênero e número
1) Derivação prefixal: formação de palavra derivada a
partir da inserção de um prefixo.
Masculino/Singular Feminino/Plural
Desinência Ex.:
o a
de Gênero
Desinência
/ S Feliz – Palavra Primitiva
de Número
Infeliz – Palavra Derivada
Ex.:
Menina Leal- Palavra Primitiva
Aluno Desleal - Palavra Derivada
Verdades
* Desinências verbais: responsáveis pelas flexões de Moral – Palavra Primitiva
tempo e modo; número e pessoa. Amoral – Palavra Derivada

- Desinência modo-temporal: indica o modo e o tempo Fazer – Palavra Primitiva


do verbo. Refazer – Palavra Derivada
Ex.:
a) cantaria: desinência de futuro do pretérito do
indicativo
b) cantasse: desinência de pretérito imperfeito do
subjuntivo
c) cantará: desinência de futuro do presente do indicativo

- Desinência número-pessoal: indica o número e a


pessoa do verbo.
Ex.:
a) cantas: desinência de 2º pessoa do singular
b) cantamos: desinência de 1º pessoa do plural
c) cantais: desinência de 2º pessoa do plural.

e) Vogal / Consoante de ligação: morfemas cuja função


é facilitar a pronúncia de uma palavra (chamamos de motivos
eufônicos, “boa pronúncia”).
Vogal de ligação: Na união do tema com algum sufixo
muitas vezes verificamos a presença de uma vogal de ligação.
Ex.; gasômetro, inseticida.
Consoante de ligação: cafeteira.

f) Afixos: são morfemas secundários que se acoplam ao


radical a fim de formar palavras derivadas. Dividem-se em:
a) Prefixos: inseridos antes do radical. Ex.: Infeliz,
Desfazer, recolocar
b) Sufixos: inseridos depois do radical. Ex.: Felizmente,
Beleza, Insensatez.

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de Prefixos

PREFIXOS
PREFIXOSGREGOS SIGNIFICADO EXEMPLOS
LATINOS
a, an des, in privação, negação anarquia, desleal, inativo
anti contra oposição, ação contrária antibiótico, contraditório
duplicidade, de um e outro
anfi ambi anfiteatro, ambivalente
lado, em torno
apo ab afastamento, separação apogeu, abstrair
di bi(s) duplicidade dissílabo, bicentenário
dia, meta trans movimento através diálogo, transfusão
e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro encéfalo, induzir, irromper
movimento para dentro,
endo intra endovenoso, intracelular
posição interior
movimento para fora, mudança
e(c)(x) e(s)(x) explícito, excesso, estendido
de estado
epi, super, hiper supra posição superior, excesso epicentro, supervisor, supracitado
eu bene excelência, perfeição, bondade eufonia, benéfico
hemi semi divisão em duas partes hemisfério, semiárido
hipo sub posição inferior hipotermia, subsolo
para ad proximidade, adjunção paralelo, adjunto
peri circum em torno de periférico, circunferência

2) Derivação Sufixal: formação de palavra derivada através da adição de um sufixo, ao fim do radical.

Ex.:

Feliz – Palavra Primitiva


Felizmente – Palavra Derivada

Real – Palavra Primitiva


Realeza – Palavra Derivada

Leal – Palavra Primitiva


Lealdade – Palavra Derivada

Vejamos algumas listas de sufixos

Sufixos – Aumentativo

Sufixo Exemplo
aça, -aço, uça ricaço, dentuça
-alha, -alhão Fornalha, grandalhão,
-anzil corpanzil
-ão, -eirão, Carrão, vozeirão
-aréu fogaréu
Sufixos – Diminutivos

Sufixo Exemplo
- ebre casebre
- ejo vilarejo
- acho riacho
- inho carrinho
- eta saleta

34
LÍNGUA PORTUGUESA

Sufixos – Profissão Composição por estrangeirismo: inserção de palavras


estrangeiras no vocabulário.
Sufixo Exemplo Ex.: Shopping, abajour, soutien, delivery.
- ista pianista
Exercícios
- tor instrutor
- eiro porteiro 1. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras
- ário bibliotecário se formam pelo mesmo processo: 
- dor vendedor a) ajoelhar / antebraço / assinatura 
b) atraso / embarque / pesca 
3) Derivação Prefixal e sufixal: formação de palavra c) o jota / o sim / o tropeço 
derivada a partir do acréscimo de um prefixo e um sufixo. d) entrega / estupidez / sobreviver 
Entretanto, se retirarmos um desses sufixos o vocábulo e) antepor / exportação / sanguessuga 
ainda terá sentido.      
Ex.:  2. (BB) A palavra “aguardente” formou-se por: 
Infelizmente – feliz / felizmente a) hibridismo    
Deslealdade – Desleal / lealdade b) aglutinação     
c) justaposição 
4) Derivação Parassintética ou parassíntese: formação d) parassíntese 
de palavra derivada através da adição de um prefixo e um d) parassíntese
sufixo simultaneamente. Neste caso, se retirarmos um dos
afixos a palavra perderá sentido completo. 3. (AMAN) Que item contém somente palavras
Ex.: formadas por justaposição? 
Entristecer a) desagradável - complemente 
Desalmado b) vaga-lume - pé-de-cabra 
c) encruzilhada - estremeceu 
Formação por composição d) supersticiosa - valiosas 
e) desatarraxou - estremeceu 
Composição é o modo de formação de palavras a
partir da união de dois ou mais radicais. Aqui a língua 4. (UE-PR) “Sarampo” é: 
trabalha com o sistema de reaproveitamento de material a) forma primitiva 
linguístico já existente para o processo de criação de novas b) formado por derivação parassintética 
expressões. c) formado por derivação regressiva 
Há as seguintes formas de formação por composição: d) formado por derivação imprópria 
justaposição, aglutinação, redução, hibridismo, e) formado por onomatopeia 
onomatopeia e estrangeirismo.
Composição por Justaposição: unem-se dois ou mais 5. (EPCAR) Numere as palavras da primeira coluna
radicais sem perda fonética ou gráfica das palavas primitivas. conforme os processos de formação numerados à direita.
Ex.: girassol, guarda-chuva, passatempo, autoescola, Em seguida, marque a alternativa que corresponde à
segunda-feira, couve-flor. sequência numérica encontrada: 
( ) aguardente    1) justaposição 
Composição por aglutinação: unem-se dois ou mais ( ) casamento     2) aglutinação 
radicais, mas aqui há perda fonética ou gráfica das palavras ( ) portuário       3) parassíntese 
primitivas. ( ) pontapé         4) derivação sufixal 
Ex.: aguardente (água ardente), fidalgo (filho de algo), ( ) os contras      5) derivação imprópria 
planalto (plano alto), embora (em bora hora). ( ) submarino     6) derivação prefixal 
( ) hipótese 
Composição por redução: referência a alguns termos a a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1         
partir da forma reduzida de sua denominação. b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6         
Ex.: auto (automóvel), micro (microcomputador), bici c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6 
(bicicleta). d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6 
e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6 
Composição por hibridismo: composição de palavras       
através da junção de morfemas oriundos de línguas 6. (CESGRANRIO) Indique a palavra que foge ao
diferentes. processo de formação de chapechape: 
Ex.: automóvel = auto (grego) móvel (latim) a) zunzum         
b) reco-reco        
Composição por onomatopeia: criação de expressões c) toque-toque 
que tentam reproduzir sons emitidos por objetos e animais. d) tlim-tlim
Ex.: tic-tac, miau, toc-toc. e) vivido 

35
LÍNGUA PORTUGUESA

7. (UF-MG) Em que alternativa a palavra sublinhada 14. (UF-MG) Em todas as frases, o termo grifado
resulta de derivação imprópria?  exemplifica corretamente o processo de formação de
a) Às sete horas da manhã começou o trabalho principal: palavras indicado, exceto em: 
a votação.  a) derivação parassintética - Onde se viu perversidade
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto semelhante? 
secreto ... Bobagens, bobagens!  b) derivação prefixal - Não senhor, não procedi nem
c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições percorri. 
continuariam sendo uma farsa!  c) derivação regressiva - Preciso falar-lhe amanhã, sem
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se falta. 
entenderam.  d) derivação sufixal - As moças me achavam maçador,
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de raiva.  evidentemente. 
      e) derivação imprópria - Minava um apetite surdo pelo
 8. (AMAN) Assinale a série de palavras em que todas jantar. 
são formadas por parassíntese:        
a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer  15. (UF-MG) Em “O girassol da vida e o passatempo
b) solução, passional, corrupção, visionário  do tempo que passa não brincam nos lagos da lua”, há,
c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente  respectivamente: 
d) biografia, macróbio, bibliografia, asteroide  a) um elemento formado por aglutinação e outro por
e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo  justaposição 
       b) um elemento formado por justaposição e outro por
9. (FFCL SANTO ANDRÉ) As palavras couve-flor, aglutinação 
planalto e aguardente são formadas por:  c) dois elementos formados por justaposição 
a) derivação           d) dois elementos formados por aglutinação 
b) onomatopeia      e) n.d.a
c) hibridismo 
d) composição 16. (UF-SC) Aponte a alternativa cujas palavras
e) prefixação  são respectivamente formadas por justaposição,
       aglutinação e parassíntese: 
10. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das a) varapau - girassol - enfaixar 
palavras não é formada por prefixação:  b) pontapé - anoitecer - ajoelhar 
a) readquirir, predestinado, propor  c) maldizer - petróleo - embora 
b) irregular, amoral, demover  d) vaivém - pontiagudo - enfurece 
c) remeter, conter, antegozar  e) penugem - plenilúdio - despedaça 
d) irrestrito, antípoda, prever        
e) dever, deter, antever 17. (UF SÃO CARLOS) Considerando-se os vocábulos
seguintes, assinalar a alternativa que indica os pares de
11. (LONDRINA-PR) A palavra resgate é formada derivação regressiva, derivação imprópria e derivação
por derivação: sufixal, precisamente nesta ordem: 
a) prefixal          embarque 
b) sufixal          histórico 
c) regressiva  cruzes! 
d) parassintética porquê 
e) imprópria  fala 
       sombrio 
12. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem a) 2-5, 1-4, 3-6     
todas as palavras são de um mesmo radical:  b) 1-4, 2-5, 3-6     
a) noite, anoitecer, noitada      c) 1-5, 3-4, 2-6 
b) luz, luzeiro, alumiar      d) 2-3, 5-6, 1-4 
c) incrível, crente, crer  e) 3-6, 2-5, 1-4 
d) festa, festeiro, festejar        
e) riqueza, ricaço, enriquecer  18. (VUNESP) Em “... gordos irlandeses de rosto
       vermelho...” e “... deixa entrever o princípio de
13. (SANTA CASA) Em qual dos exemplos abaixo uma tatuagem.”, os termos grifados são formados,
está presente um caso de derivação parassintética?  respectivamente, a partir de processos de: 
a) Lá vem ele, vitorioso do combate.  a) derivação prefixal e derivação sufixal 
b) Ora, vá plantar batatas!  b) composição por aglutinação e derivação prefixal 
c) Começou o ataque.  c) derivação sufixal e composição por justaposição 
d) Assustado, continuou a se distanciar do animal.  d) derivação sufixal e derivação prefixal 
e) Não vou mais me entristecer, vou é cantar.  e) derivação parassintética e derivação sufixal 

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LÍNGUA PORTUGUESA

19. (FURG-RS) A alternativa em que todas as palavras Gabarito


são formadas pelo mesmo processo de composição é: 
a) passatempo - destemido - subnutrido  1 - B 
b) pernilongo - pontiagudo - embora  2 - B   
c) leiteiro - histórico - desgraçado  3 - B  
d) cabisbaixo - pernalta - vaivém  4 - C   
e) planalto - aguardente - passatempo  5 - E   
       6 - E   
20. (UNISINOS) O item em que a palavra não está 7 - D   
corretamente classificada quanto ao seu processo de 8 - A   
formação é:  9 - D   
a) ataque - derivação regressiva  10 - E   
b) fornalha - derivação por sufixação  11 - C 
c) acorrentar - derivação parassintética  12 - B
d) antebraço - derivação prefixal  13 - E
e) casebre - derivação imprópria  14 - A
       15 - C
21. (FUVEST) Nas palavras: atenuado, televisão, 16 - D
percurso temos, respectivamente, os seguintes 17 - C
processos de formação das palavras:  18 - D
a) parassíntese, hibridismo, prefixação  19 - B
b) aglutinação, justaposição, sufixação  20 - E
c) sufixação, aglutinação, justaposição  21 - A 
d) justaposição, prefixação, parassíntese  22 - D
e) hibridismo, parassíntese, hibridismo  23 - E
24 - C
      
22. (UF-UBERLÂNDIA) Em qual dos itens abaixo
(Exercícios retirados de http://www.mundovestibular.
está presente um caso de derivação parassintética: 
com.br/articles/6110/1/Exercicios-Processo-de-Formacao-
a) operaçãozinha         
das-Palavras/Paacutegina1.html)
b) conversinha         
c) principalmente  Classes de Palavras
d) assustadora 
e) obrigadinho  ADJETIVO
  23. (OBJETIVO) “O embarque dos passageiros
será feito no aterro”. Os dois termos sublinhados Na origem das palavras, pode-se dizer que o homem
representam, respectivamente, casos de:  primeiramente sentiu a necessidade de nomear os
a) palavra primitiva e palavra primitiva  objetos a sua volta e suas próprias ações. Então surgiram
b) conversão e formação regressiva  os substantivos e os verbos. Entretanto, os seres foram
c) formação regressiva e conversão  apresentando características diversas e, apesar de fazerem
d) derivação prefixal e palavra primitiva  parte de um mesmo grupo, eram diferentes porque
e) formação regressiva e formação regressiva  possuíam qualidades diferentes. Por exemplo, há no grupo
       das flores: as belas e as feias, as cheirosas, as vermelhas e as
24. (UFF-RIO) O vocábulo catedral, do ponto de azuis. Como distingui-las? A partir dessa questão surgiram
vista de sua formação é:  os adjetivos, essa classe de palavras que tem como função
a) primitivo  qualificar os seres.
b) composto por aglutinação  Adjetivos são as palavras que designam qualidades,
c) derivação sufixal  provisórias ou permanentes, qualificando e particularizando
d) parassintético os seres. São satélites de um substantivo expresso ou
      e) derivado regressivo de catedrático subtendido, com o qual concordam em gênero e número.
Exemplos:
24. (PUC) Assinale a classificação errada do processo A casa está perfeita.
de formação indicado:  Os carros foram considerados adequados para a
a) o porquê - conversão ou derivação imprópria  competição.
b) desleal - derivação prefixal  Aquela mulher é lindíssima.
c) impedimento - derivação parassintética  Nos exemplos acima percebemos o adjetivo enquanto
d) anoitecer - derivação parassintética  uma palavra referente ao substantivo, concordando com
e) borboleta - primitivo  suas variações de gênero (masculino e feminino / singular
      e plural).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vejamos uma lista de adjetivos:

belo
feio
frio
quente
azul
verde
inteligente
ignorante
rápido
devagar
gracioso
desajeitado
mau
bom
triste
feliz

- Adjetivos Gentílicos:
Também chamados de adjetivos pátrios, os adjetivos gentílicos designam a origem de um indivíduo de acordo com seu
local de residência ou nascimento. Vejamos os adjetivos gentílicos referentes aos estados brasileiros:

Acre = acreano Manaus = manauense


Alagoas = alagoano Marajó = marajoara
Amapá = amapaense Maranhão = maranhense
Amazonas = amazonense ou baré Mato Grosso = mato-grossense
Aracaju = aracajuano ou aracajuense Mato Grosso do Sul = mato-grossense do sul
Bahia = baiano Natal = natalense ou papa-jerimum
Belém = belenense Niterói = niteroiense
Belo Horizonte = belo-horizontino Nova Iguaçu = iguaçuano
Boa Vista = boa-vistense Pará = paraense
Bragança = bragantino Paraíba = paraibano
Brasil = brasileiro Paraná = paranaense
Brasília = brasiliense Pernambuco = pernambucano
Cabo Frio = cabo-friense Petrópolis = petropolitano
Campinas = campineiro ou campinense Piauí = piauiense
Campos = campista Porto Alegre = porto- alegrense
Campos do Jordão = jordanense Porto Velho = porto-velhense
Cananeia = cananeu Recife = recifense
Ceará = cearense Ribeirão Preto = riberopretano
Cuiabá = cuiabano Rio Branco = branquense
Dois Córregos ( SP ) = duocorreguense Rio de Janeiro ( cidade ) = carioca
Espírito Santo = espírito-santense ou capixaba Rio de Janeiro ( estado ) = fluminense
Fernando de Noronha = noronhense Rio Grande do Norte = rio-grandense do norte
Florianópolis = florianopolitano Rio Grande do Norte = potiguar
Fortaleza = fortalezense Rio Grande do Sul = gaúcho
Foz do Iguaçu = iguaçuense Rondônia = rondoniano ou rondoniense
Goiânia = goianiense Salvador = salvadorense ou soteropolitano
Goiás = goiano Santa Catarina = catarinense ou barriga verde
Guarulhos = guarulhense Santarém = santarense
Ilhéus = ilheense São Luís = são-luisense

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LÍNGUA PORTUGUESA

Jabuticabal = jabuticabense São Paulo ( cidade ) = paulistano


Jacareí = jacariense São Paulo ( estado ) = paulista
Jaú = jauense São Vicente = vicentino
João Pessoa = pessoense Sergipe = sergipano
Juiz de Fora = forense Sertãozinho = sertanesino
Lajes = lajiano Teresina = teresinense
Leme = lemense Três Corações = tricordiano
Macapá = macapaense Vitória = vitoriense
Maceió = maceioense Xavantes = xavantino

(Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/adjetivos-gentilicos-e-patrios)

Classificação dos adjetivos


Antes de qualquer classificação gramatical, adjetivos possuem uma classificação semântica, ou seja, segundo sua
amplitude de qualificação de um ser. Por isso mesmo, eles se distinguem em:
a) adjetivos explicativos: apresentam característica intrínseca ao próprio ser.
Exemplo. Todo homem é mortal.
b) adjetivos restritivos: limitam as características do ser, exprimindo qualidades não essenciais.
Exemplo: Quando cheguei em casa a flor já estava murcha.

CLASSIFICAÇÕES MORFOLÓGICAS DO ADJETIVO

- I. SEGUNDO SUA ESTRUTURA


Quanto ao seu processo de formação, os adjetivos dividem-se em:

ADJETIVO SIMPLES Formado por um único radical Bonito, esperto, carioca, engraçado
Franco-brasileiro, verde-oliva,
ADJETIVO COMPOSTO Formado por mais de um radical
amarelo-canário
ADJETIVO PRIMITIVO O que dá origem a outros adjetivos Bela, bom, feliz
Derivados de substantivos, verbos
ADJETIVO DERIVADO Inteligentíssimo, ciumenta, bondoso
ou de outros adjetivos

II. QUANTO À SUA FLEXÃO

a) Gênero
Por ser palavra satélite do substantivo, o adjetivo varia seguindo as flexões apresentadas pelo nome. Nesse aspecto,
os adjetivos se dividem em:

- Biformes: apresentam flexão de gênero, variando em feminino e masculino

A bela moça.
O belo moço.

A tranquila professora.
O tranquilo professor.

- Uniformes: possuem uma única forma para o masculino e feminino.

A moça feliz.
O aluno feliz.

A competente funcionária.
O competente funcionário.

Caso o adjetivo seja composto, manterá seu caráter uniforme.


O problema político-social invade o Brasil.
A solução político-social é uma utopia.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Número: Os adjetivos apresentam variação de São tão inteligente quanto você. - Grau comparativo
número seguindo as flexões numéricas dos substantivos. de igualdade
Neste grau utilizamos termos como “quanto”, “como”,
O carro novo. “quão”.
Os carros novos. João é mais inteligente que José. - Grau comparativo
O homem feliz. de superioridade.
As mulheres felizes. Aqui são usadas as expressões “mais (adjetivo) que”/
A boa mãe. “mais (adjetivo) do que”.
Os bons pais. José é menos inteligente do que João. - Grau
comparativo de inferioridade.
Entretanto, há palavras usadas como adjetivo que são No grau comparativo de inferioridade são utilizadas
originalmente substantivos. Vejamos o exemplo: as expressões “menos (adjetivo) que” / “menos (adjetivo)
O vinho estava muito agradável. (vinho = substantivo) do que”.
Comprei um paletó vinho. (vinho =adjetivo)
Atenção: há o chamado grau comparativo de
Nesses casos, os adjetivos não sofrem flexão de superioridade irregular, o qual faz uso de formas
número: sintéticas:
- (mais grande) : maior – João é maior do que Pedro
Paletó vinho. - (menos grande): menor – Pedro é menor que João
Paletós vinho. - (mais bom): melhor – A professora de Química é
melhor que a de Filosofia.
Tartaruga ninja - (menos bom): pior – A professora de Filosofia é pior
Tartarugas ninja. do que a Química.
Comício monstro. Grau superlativo
Comícios monstro.
No grau superlativo a qualidade atribuída a um ou
mais seres é realizada em escala bem mais elevada.
Número dos adjetivos compostos:
a) Grau superlativo relativo: é a realizada a
Chamamos de adjetivos compostos aqueles formados
caracterização de um ser em maior ou menor grau que
por mais de um radical, ligados normalmente por hífen.
os demais seres.
A regra geral nos diz que devemos flexionar somente o
segundo vocábulo, deixando o primeiro no masculino e no
singular. - Grau superlativo relativo de superioridade: utiliza-se
A clínica médico-veterinária. a expressão “o mais” (adjetivo).
Os cidadãos franco-brasileiros. Ex.: Catarina é a aluna mais aplicada da turma.
Sérgio é o mais rápido na pista.
No entanto, quando o segundo termo se tratar de
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto - Grau superlativo de inferioridade: utiliza-se a
permanecerá invariável. expressão “o menos” (adjetivo).
A parede verde-mar Ex.: O funcionário é o menos interessado da equipe.
As paredes verde-mar. Vivian é a professora menos irritada da escola.

IMPORTANTE! b) Grau superlativo absoluto: qualifica um ou mais


Os adjetivos azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta sere , entretanto, sem comparação, em grau muito elevado.
e qualquer outro iniciado por “cor-de...” são sempre
invariáveis. - Grau superlativo absoluto analítico: a atribuição de
Já os adjetivos surdo-mudo e pele-vermelha terão grau se dá através dessa soma: palavra intensificadora
ambos elementos flexionados. (muito, bastante…) + adjetivo.
Ex.: A comida está muito saborosa.
c) Grau O clima está extremamente quente.
Além das variações de gênero e número, os adjetivos
podem variar de grau, a fim de indicar a intensidade da - Grau superlativo absoluto sintético: construído por
qualidade referida. Há dois graus possíveis: o comparativo meio de uma única palavra cuja estrutura é a seguinte:
e o superlativo. Adjetivo + Sufixo (-íssimo, -imo, ílimo, -érrimo):
Ex.: João é divertido – João é divertidíssimo.
Grau Comparativo: Maria é elegante. - Maria é elegantérrima
No grau comparativo, uma mesma qualidade é
atribuída a mais de um ser ou quando mais de uma
qualidade é destinada a um único ser.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quanto ao grau superlativo absoluto sintético, há o de carneiro arietino


que chamamos de sintéticos eruditos, formas ligadas à raiz de cavalo equino, cavalar ou hípico
histórica da palavra. Vejamos alguns:
de chumbo plúmbeo
de chuva pluvial ou chuvoso
Adjetivo Superlativo absoluto sintético
de cidade urbano
acre acérrimo
de cinza cinéreo
agradável agradabilíssimo
de criança infantil ou pueril
alto altíssimo, supremo ou sumo
de cobre cúprico
amável amabilíssimo
de coelho cunicular
amargo amaríssimo
de dedo digital
amigo amicíssimo
de diamante diamantino ou adamantino
antigo antiquíssimo
de enxofre sulfúrico
áspero aspérrimo
de esmeralda esmeraldino
atroz atrocíssimo
de fábrica fabril
benéfico beneficentíssimo
de frente dianteiro
benévolo benevolentíssimo
de fogo ígneo
bom boníssimo
de gesso gípseo
célebre celebérrimo
de guerra bélico
crudelíssimo
cruel de hoje hodierno
de ilha insular
difícil dificílimo de intestino celíaco ou entérico
de lago lacustre
doce dulcíssimo ou docíssimo de lebre leporino
fácil facílimo de lobo lupino
feliz felicíssimo de lua lunar ou selênico
humilde humílimo ou humildíssimo de madeira lígneo
de marfim ebóreo ou ebúrneo
Locução adjetiva de pato anserino
Chamamos de locução adjetiva o conjunto de duas ou de pombo columbino
mais palavras que apresentam a função de adjetivo. de prata argênteo ou argírico
de quadril ciático
Observe a lista abaixo:
de vaca vacum
De baço Esplênico
Locução Adjetiva Adjetivo correspondente
de abdômen abdominal Exercícios
de abelha apícola
De abutre vulturino 1. Assinale a alternativa em que o adjetivo que
de águia aquilino qualifica o substantivo seja explicativo:
de alma anímico a) dia chuvoso;
b) água morna;
De aluno Discente
c) moça bonita;
De anjo Angelical d) fogo quente;
De ano Anual e) lua cheia.
De aranha Aracnídeo
De astro Sideral 2. Assinale a alternativa que contém o grupo de
de bispo episcopal adjetivos gentílicos, relativos a “Japão”, “Três Corações” e
de boca bucal, oral “Moscou”:
a) Oriental, Tricardíaco, Moscovita;
de bode hircino
b) Nipônico,Tricordiano, Soviético;
de boi bovino c) Japonês, Trêscoraçoense, Moscovita;
de bronze brônzeo ou êneo d) Nipônico, Tricordiano, Moscovita;
de cabra caprino e) Oriental, Tricardíaco, Soviético.
de cão canino

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. Ainda sobre os adjetivos gentílicos, diz-se que quem 9.O item em que a locução adjetiva não corresponde
nasce em “Lima”, “Buenos Aires” e “Jerusalém” é: ao adjetivo dado é:
a) Limalho-Portenho-Jerusalense; a) hibernal - de inverno;
b) Limenho-Bonaerense-Hierosolimita; b) filatélico - de folhas;
c) Límio-Portenho-Jerusalita; c) discente - de alunos;
d) Limenho-Bonaerense-Jerusalita; d) docente - de professor;
e) Limeiro-Bonaerense-Judeu; e) onírico - de sonho.

4.No trecho “os jovens estão mais ágeis que seus pais”, 10. Assinale a alternativa em que todos os adjetivos
temos: têm uma só forma para os dois gêneros:
a) um superlativo relativo de superioridade; a) andaluz, hindu, comum;
b) um comparativo de superioridade; b) europeu, cortês, feliz;
c) um superlativo absoluto; c) fofo, incolor, cru;
d) um comparativo de igualdade. d) superior, agrícola, namorador;
e) um superlativo analítico de ágil. e) exemplar, fácil, simples.

5. Relacione a 1ª coluna à 2ª: (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.


1 - água de chuva ( ) Fluvial com/2009/07/adjetivos-exercicios-com-gabarito.html)
2 - olho de gato ( ) Angelical
3 - água de rio ( ) Felino Gabarito:
4 - Cara-de-anjo ( ) Pluvial
Assim temos: 1. D
a) 1 – 4 – 2 – 3; 2. D
b) 3 – 2 – 1 – 4; 3. B
c) 3 – 1 – 2 – 4; 4. B
d) 3 – 4 – 2 – 1; 5. D
e) 4 – 3 – 1 – 2.
6. A
7. C
6. Nas orações “Esse livro é melhor que aquele” e “Este
8. A
livro é mais lindo que aquele”, Há os graus comparativos:
9. B
a) de superioridade, respectivamente sintético e analítico;
10. E
b) de superioridade, ambos analíticos;
c) de superioridade, ambos sintéticos;
d) relativos; ADVÉRBIOS
e) superlativos.
Leia as frases abaixo:
7. Selecione a alternativa que completa corretamente as a) João cantou na festa.
lacunas da frase apresentada: b) João cantou muito bem na festa.
“Os acidentados foram encaminhados a diferentes
clínicas ____________________” . Percebemos que ainda que se trate da mesma
a) médicas-cirúrgicas; informação (João cantou em uma festa), no segundo
b) médica-cirúrgicas; exemplo os termos destacados apresentam uma
c) médico-cirúrgicas; circunstância que modifica o modo do verbo. Além de
d) médicos-cirúrgicas; cantar, João cantou muito bem.
e) médica-cirúrgicos. Há outras formas desse processo, vejamos:
Ontem recebi flores de meu amado.
8. Sabe-se que a posição do adjetivo, em relação ao Aqui também há uma modificação de circunstância
substantivo, pode ou não mudar o sentido do enunciado. referente ao verbo “receber”. Através da palavra “ontem”,
Assim, nas frases “Ele é um homem pobre” e “Ele é um pobre temporalizamos a ação, inserindo-a em um determinado
homem”. contexto. Justamente essa é a função da classe gramatical
a) 1ª fala de um sem recursos materiais; a 2ª fala de um chamada advérbios.
homem infeliz;
b) a 1ª fala de um homem infeliz; a 2ª fala de um homem Advérbios são palavras invariáveis que modificam
sem recursos materiais; e inserem circunstância aos verbos, adjetivos e a outros
c) em ambos os casos, o homem é apenas infeliz, sem advérbios.
fazer referência a questões materiais; Quando falamos em circunstância tratamos dos
d) em ambos os casos o homem é apenas desprovido diferentes contextos em que se pode modificar um verbo,
de recursos; um adjetivo ou outro advérbio. Por isso o advérbio possui
e) o homem é infeliz e desprovido de recursos materiais, uma extensa classificação.
em ambas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS: a) Tempo: à noite, à tarde, às vezes, de dia, de manhã, de


vem em quando, em breve.
a) Advérbios de modo: modo de ação do verbo – b) Lugar: à direita, à esquerda, ao lado, de cima, de fora, de
bem, mal, melhor, pior, depressa, devagar, rapidamente e dentro, embaixo, em cima.
todos os adjetivos femininos terminados em -mente. c) Modo: às pressas, à vontade, às claras, em geral, em
O carro corria depressa. silêncio, em vão.
Joana estava mal na festa. d) Afirmação: Com certeza, de fato, na verdade, sem dúvida.
Por que Maria anda tão devagar? e) Negação: De modo algum, de forma alguma, de maneira
O aluno leu lindamente o poema. nenhuma.

b) Advérbios de lugar: localizam a ação do verbo – EXERCÍCIOS


aqui, lá, acolá, longe, fora, dentro, perto, acima, abaixo.
Aqui neva muito. 1. (ITA-2003) A questão a seguir refere-se ao texto
A professora mora longe da escola. abaixo.
Você vive perto de seus familiares? (…) As angústias dos brasileiros em relação ao português
são de duas ordens. Para uma parte da população, a que não
c) Advérbios de intensidade: intensificam ou teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu
minimizam a ação do verbo, do adjetivo ou outro galgar posições, o problema é sobretudo com a gramática. É
advérbio – muito, pouco, menos, mais, bastante, tão, todo, esse o público que consome avidamente os fascículos e livros
completamente. do professor Pasquale, em que as regras básicas do idioma
Maria é a mais bela da sala. são apresentadas de forma clara e bem-humorada. Para o
Trabalhei muito no fim de semana. segmento que teve oportunidade de estudar em bons colégios,
Cantou muito bem na festa. a principal  dificuldade é com clareza. É para satisfazer a essa
demanda que um novo tipo de profissional surgiu: o professor
d) Advérbios de afirmação: confirmam a ação do verbo – de português especializado em adestrar funcionários de
sim, positivamente, certamente, efetivamente. empresas. Antigamente, os cursos dados no escritório eram de
Certamente farei a avaliação. gramática básica e se destinavam principalmente a secretárias.
Sim, amo muito você. De uns tempos para cá, eles passaram a atender primordialmente
gente de nível superior. Em geral, os professores que atuam
e) Advérbios de negação: negam a ação do verbo – nunca, em firmas são acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho
não, jamais, nada esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. “É fascinante,
O funcionário não concluiu o relatório. porque deixamos de viver a teoria para enfrentar a língua do
Nunca o deixarei. mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, livre-docente pela
Universidade de São Paulo (…)
f) Advérbios de dúvida: não confirmam ação do verbo – (JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão. Veja,
talvez, possivelmente. 7/11/2001, n. 1725)
Talvez viaje nas férias. O adjetivo “principal” (em a principal dificuldade é com
Possivelmente ela virá nos visitar. clareza) permite inferir que a clareza é apenas um elemento
dentro de um conjunto de dificuldades, talvez o mais significativo.
g) Advérbios de tempo: temporalizam a ação do verbo Semelhante inferência pode ser realizada pelos advérbios:
– agora, cedo, já, tarde, depois, antes, sempre, ontem, hoje, a) avidamente, principalmente, primordialmente.
amanhã. b) sobretudo, avidamente, principalmente.
Amanhã voltarei ao trabalho. c) avidamente, antigamente, principalmente.
Acordei cedo neste fim de semana, d) sobretudo, principalmente, primordialmente.
e) principalmente, primordialmente, esporadicamente.  
h) Advérbios interrogativos: inserem perguntas cujas
respostas serão advérbios – onde (lugar), como (modo), por que 2. Observe as palavras:
(causa), quando (tempo). I. Hoje.
Onde você mora? II. Aqui.
Quando você vem me visitar? III. Rapidamente.
IV. Bastante.
LOCUÇÃO ADVERBIAL V. Com certeza.

Já que o advérbio é a classe que insere circunstância a Classificam-se, respectivamente, como:


um verbo, haverá situações que outras classes exercerão a a) advérbios de tempo, lugar, modo, intensidade e afirmação.
mesma função, geralmente através da construção preposição + b) advérbios de modo, tempo, intensidade, afirmação e
substantivo. negação.
Chamamos de locução de adverbial o conjunto de palavras c) advérbios de dúvida, tempo, lugar, modo e intensidade.
que exercem a mesma função semântica de um advérbio. d) advérbios de tempo, lugar, modo, afirmação e dúvida.
Vejamos alguns exemplos: e) advérbios de dúvida, afirmação, lugar, modo e intensidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. Entende-se por advérbio: Atenção!


a) Unidade que significa ação ou processo, podendo Dentre essa regra dos lugares e nomes próprios, há
expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. alguns que atraem e outros que repelem o artigo.
b) Expressão modificadora do verbo, denota uma
circunstância de lugar, tempo, modo, intensidade, condição, Nomes de lugares que repelem artigo definido:
entre outras, e desempenha, sintaticamente, a função de Portugal, Roma, Atenas, Curitiba, São Paulo, Paris
adjunto adverbial.
c) Classe de palavras responsável por delimitar ou b) Também utiliza-se o artigo definido frente a nomes
qualificar o substantivo. de cidades, quando qualificadas:
d) Classe que designa os nomes dos objetos, pode ser A mágica Páris ainda encanta a muitos.
dividida em próprios e comuns. A histórica Roma possui ainda seus enigmas.
e) Palavra anteposta aos substantivos com reduzido
valor semântico. c) Após a expressão “ambos”: Ambas as alunas foram
advertidas na escola.
(Exercícios retirados de http://exercicios. Foram entrevistados ambos os políticos.
mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-gramatica/
exercicios-sobre-adverbio.htm) c) Determinando numeral na construção formada por
TODO + Numeral + Substantivo: Todas as quinze alunas
Gabarito: foram ouvidas.

1d d) Após os pronomes TODO/TODA, a fim de indicar


2a totalidade: Toda a cidade será reconstruída.
3b Vale destacar que sem esse artigo o mesmo pronome
ARTIGO denota “qualquer um”. Ex.: Todo homem é mortal.
Também é utilizado o artigo definido nas seguintes
situações:
Chamamos de artigo as palavras que se antepõem
ao substantivo, indicando seu gênero e número, além
e) Frente as estações do ano: A primavera está quase
de determiná-lo ou generalizá-lo. São classificados em
chegando. Ele não gosta do Outono.
definidos e indefinidos:
f) Antecedendo o adjetivo no grau superlativo
a) Artigos definidos: o, a, os, as. Possuem a função
relativo: João comprou os mais belos livros para Maria.
de satélite do substantivo, determinando-o e inserindo-o
num contexto já conhecido pelo leitor ou ouvinte, indicado g) Em frente a palavra “outro”, determinando-o: João
familiaridade. tem duas alunas: Maria e Lúcia. Maria é aplicada e a outra
Exemplos: nem tanto.
A discussão a respeito do cenário político atual ainda
persiste. h) Com expressões de medida: A maçã custa cinco reais
O funcionário da empresa foi contratado para sanar a o quilo.
crise.
Nos exemplos acima, além de informar o gênero Não utilizamos o artigo definido nos seguintes
(feminino/masculino) e número (singular/plural), o artigo contextos:
determina o nome, pressupondo um conhecimento anterior.
a) antes de meses do ano:
b) Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas. Denotam Março chegou com muita chuva.
serem indefinidos, não identificáveis através do discurso.
Além do mais, uma das funções desse tipo de artigo é b) antes de pronomes de tratamento iniciados por
inserir o substantivo como um simples representante de pronomes possessivos
determinado grupo: Vossa Senhoria não entendeu a questão.
Uma mulher foi encontrada dentro de um trem
abandonado. c) antes de expressões que indicam matéria de estudo:
Contratou-se mais um funcionário na empresa. Vou estudar Matemática para a avaliação.
Já nas frases acima, apesar das informações de gênero
e número, o artigo não denota familiaridade do substantivo Importante!
acompanhado, inserindo-o numa relação de indistinção. Em algumas construções o uso do artigo definido é
facultativo, tais como em:
Utilizamos o artigo definido nas seguintes situações:
a) Com nomes próprios ligados a lugares: O Brasil é * Antes dos pronomes possessivos seu, sua: O seu
um país lindo. carro foi consertado.
A Bahia é minha terra natal. A sua sala está linda!

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de nomes próprios de pessoas: Maria saiu / A Maria saiu.


Vale ressaltar que neste caso, o artigo definido denota familiaridade com a pessoa mencionada.

Formas combinadas do artigo definido


É possível um artigo contrair-se a uma preposição, quando ocupa função de complemento ou adjunto:

Artigo
Preposições o a os aas
a ao às aos às
de do das dos das
em no na nos nas
por pelo pela pelos pelas

USO DOS ARTIGOS INDEFINIDOS


Neste caso, é sempre usado para marcar aproximação, sem informação exata, tal como em:
a) aproximação numérica: Devo ter economizado uns cinquenta reais.
b) indicando pares de objetos: Comprei umas botas confortáveis.
c) referir-se ao autor no lugar da obra: Meu sonho é ver um Picasso de perto.
d) em comparações: João é um Lord.

Formas combinadas do artigo indefinido


O artigo indefinido por unir-se às preposições em e de. Vejamos:

num numa nuns numas


dum duma duns dumas

Além do mais, o artigo tem função substantivadora, ou seja, transforma em substantivo qualquer classe gramatical que
anteceder.
Ele quer viver. (verbo)
Eu não sei o que é o viver (substantivo).

Exercícios

1. (ITA) Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:


a) Estes são os candidatos que lhe falei.
b) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
c) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
d) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado.
e) Muito é a procura; pouca é a oferta.

2. (Uberlândia) Em uma destas frases, o artigo definido está empregado erradamente. Em qual? a) A velha Roma
está sendo modernizada.
b) A “Paraíba” é uma bela fragata.
c) Não reconheço agora a Lisboa de meu tempo.
d) O gato escaldado tem medo de água fria.
e) O Havre é um porto de muito movimento.

(Exercícios retirados de https://cursinhodapoliusp.files.wordpress.com/2012/05/lista-de-exercc3adcios-pron-art-e-num.pdf)

Gabarito

1. b
2-d
SUBSTANTIVO

Substantivos são as palavras que dão nomes aos seres, sentimentos, lugares, qualidades, lugares etc…Devido a essa função
de nomeação, afirma-se que os substantivos são núcleo de um sintagma nominal, cujos satélites são os adjetivos, artigos,
numerais e pronomes. Ou seja, o substantivo determina a variação de gênero e número dessas outras classes gramaticais:
Ex. [A minha bela filha] foi promovida. - (como o substantivo está no singular, as outras classes que o circundam também estão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

[As minhas belas filhas] foram promovidas. (aqui as Batalhão: grupo de soldados
classes satélites concordam em gênero e número com o Caravana: grupo de viajantes
substantivo). Cavalgada: grupo de cavaleiros
Chamamos a parte entre colchetes de sintagma nominal, Comunidade: grupo de cidadãos
uma vez que é o nome (o substantivo) o núcleo com a Corja ou Choldra: grupo de malandros
informação semântica predominante. Chusma: grupo de gente
Os substantivos são uma classe variável em gênero, Concílio: grupo de bispos
número e grau. Conclave: grupo de cardeais reunidos para eleger o papa
Congresso: grupo de parlamentares
1) Tipos de Substantivos Corpo docente: grupo de professores
Elenco: grupo de atores, artistas
Por ser uma classe tão ampla, divide-se os substantivos Exército: grupo de soldados
em: comum, próprio, simples, composto, primitivo, derivado, Falange: grupo de soldados ou anjos
concreto, abstrato e coletivo. Família: grupo dos parentes
Farândola: grupo de mendigos
a) Substantivo Comum: designam os seres integrantes Horda: grupo de bandidos invasores
da mesma espécie de modo genérico. Junta: grupo de médicos, credores, examinadores
Ex.: gente, trabalhador, aluno, funcionário, pedra. Júri: grupo de jurados
Legião: grupo de soldados, anjos ou demônios
b) Substantivo Próprio: iniciados por letra maiúscula, Malta: grupo de malfeitores
são os substantivos que particularizam os seres de uma Multidão: grupo grande de pessoas
mesma espécie. Orquestra: grupo de instrumentistas
Ex.: Paulo, Brasil, Jorge Amado, Vidas Secas. Plateia: grupo de espectadores
Plêiade: grupo de artistas correlacionados
c) Substantivo simples: aquele que possui um único População  ou  Povo: grupo de pessoas de uma
determinada região
radical.
Prelatura: grupo de bispos
Ex.: chuva, guarda, moleque, cabeça
Prole: grupo de filhos
Quadrilha: grupo de bandidos ou grupo de dança
d) Substantivo composto: o substantivo que possui
coletiva das festas juninas
mais de um radical, formado por duas ou mais palavras.
Tertúlia: grupo de parentes ou amigos
Ex.: guarda-chuva, quebra-cabeça, guarda-roupa.
Time: grupo de jogadores
Tripulação: grupo de marinheiros ou aviadores
e) Substantivo primitivo: aquele que não deriva de Tropa: grupo de soldados
outras palavras, mas que pode dar origem a outras. Turma: grupo de alunos de uma mesma classe
Ex.: pedra, flor, casa, mesa.
2) Gênero dos substantivos
e) Substantivo derivado: substantivos que derivam de Os substantivos variam de gênero (masculino e feminino)
outras palavras. e podem ser:
Ex.: pedreiro (pedra), floricultura (flor), casamento (casa).
a) biformes: apresentam duas formas, uma para o
f) Substantivo concreto: designa seres com existência masculino e outra para o feminino.
concreta, independente, real. Ex.: menino/menina, garoto/garota, aluno/aluna,
Ex.: casa, martelo, cadeira, cavalo. professor/professora.

g) Substantivo abstrato: substantivo que nomeia b) uniformes: apenas uma forma especifica os dois
sentimentos, ações, emoções, qualidades. Esse tipo de gêneros. Os substantivos uniformes podem ser:
substantivo depende de “alguém” que os sinta ou possua - epicenos: denomina animais e determina um único
para existir, não podem existir de maneira independente. gênero.
Ex.: amor, ódio, saudade, alegria, beleza, amizade, beijo. Ex.: borboleta, barata, cobra-macho, cobra-fêmea.

Obs.: Palavras como “fada”, “Deus’, “anjo” são substantivos - comum de dois gêneros: palavra invariável cujo
concretos, pois não se tratam de sentimentos abstratos. gênero é indicado através da presença do artigo que o
antecede.
h) Substantivo coletivo: aquele que designa um Ex.: o repórter/a repórter, o pianista/a pianista, o
conjunto de seres. jornalista/a jornalista.
Assembleia: grupo de pessoas
Banca: grupo de examinadores - sobrecomuns: apresenta um único gênero, mas se
Banda: grupo de instrumentistas refere ao masculino e ao feminino.
Bando: grupo de desordeiros Ex.: testemunha, verdugo, algoz, criança.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Importante: substantivos de gênero incerto Substantivos oxítonos terminados em -il: substitui-se


o “l” por “s”:
Alguns substantivos mudam de significado frente o Ex.: Fuzil – fuzis
artigo que o antecede. Além disso, são comuns alguns Barril – barris
erros no tocante à indicação de gênero de determinados Funil – funis
nomes. Vejamos: Civil – civis
Canil – canis
Substantivos de gênero masculino
Substantivos paroxítonos terminados por – il: substitui-
O dó, se “il” por “eis”:
O herpes, Ex.: Ágil – ágeis
O eclipse, Difícil – difíceis
O pernoite, Fóssil – fósseis
O champanha, Projétil – projéteis
O proclama
O grama (peso) e) Substantivos terminados em -s:
O cabeça (chefe) - Quando oxítonos formam plural com o acréscimo de
O capital (dinheiro) “es”:
O cólera (raiva) Ex.:Ananás – ananases
Revés – reveses
Revés – reveses
Substantivos do gênero feminino
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis:
A cal, Ex.: Lápis
A libido, Ônibus
A faringe, Pires
A pane, Atlas
A grama (capim)
A cabeça (parte da cabeça) f) Alteração de vogal tônica: alguns substantivos
A capital (centro administrativo) alteram o timbre quando flexionados no plural.
A cólera (doença) Ex.: Esforço – EsfOrços
Jogos – JOgos
3) Número dos substantivos Imposto – ImpOstos
Os substantivos variam de número (singular e plural) e Reforço – RefOrços
apresentam as seguintes regras de flexão: Tijolo – TijOlos

a) regra geral: acrescenta-se “s” ao fim da palavra. g) Substantivos terminados em -ão:


Ex.: casa/casas, aluno/alunos, gato/gatos. - Em sua grande maioria se substitui “ão” por “ões”:
Ex.: Ladrão – ladrões
b) substantivos terminados em -m: substitui-se tal Vilão – vilões
letra por “-ns” Eleição – eleições
Ex.: Álbum – álbuns Verão – verões
Personagem – personagens Lição – lições
Som – sons Missão – missões

- Poucas palavras substituem “ão” por “ães”:


c) substantivos terminados em -r, -z e -n: acrescenta-
Ex.: Alemão – alemães
se “es”:
Capitão – capitães
Ex.:Cartaz – cartazes Charlatão – charlatães
Algoz – algozes Capelão – capelães
Caráter – caracteres Catalão – catalães
Feitor – feitores
Abdômen – Abdômenes - Todas as paroxítonas e algumas oxítonas acrescentam
apenas o “s”:
d) substantivos terminados em – l: Ex.:Acórdão – Acórdãos
Substantivos terminados em -al, -el, -ol, ul – substitui- Cidadão – cidadãos
se o “l”, por “is”: Cortesão – cortesãos
Ex.: Anzol – anzóis Benção – bençãos
Capinzal – capinzais Órfão – órfãos
Móvel - móveis Órgão – órgãos
Tribunal – tribunais Sótão – sótãos

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h) Substantivos compostos separados por hífen : 4. Indique a alternativa em que todos os substantivos são
- palavra variável + palavra variável: ambos vão para o abstratos:
plural. a) tempo – angústia – saudade – ausência – esperança– imagem;
Ex.: guarda-florestal – guardas-florestais b) angústia – sorriso – luz – ausência – esperança –inimizade;
couve-flor – couves-flores c) inimigo – luz – esperança – espaço – tempo;
segunda-feira – segundas-feiras d) angústia – saudade – ausência – esperança – inimizade;
mão-boba – mãos-bobas e) espaço – olhos – luz – lábios – ausência – esperança.

- Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo: apenas a 5. Assinale a alternativa em que todos os substantivos são
segunda palavra vai para o plural. masculinos:
a) enigma – idioma – cal;
Ex.: Guarda-chuva – guarda-chuvas b) pianista – presidente – planta;
Sempre-viva – sempre-vivas c) champanha – dó(pena) – telefonema;
Beija-flor – beija-flores d) estudante – cal – alface;
e) edema – diabete – alface.
- Palavras repetidas ou onomatopaicas: apenas o segundo
elemento vai para o plural. 6. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm um
Ex.: Teco-teco – teco-tecos significado; e no feminino têm outro, diferente. Marque a alternativa
Pingue-pongue – pingue-pongues em que há um substantivo que não corresponde ao seu significado:

- Palavras unidas por preposição: apenas o primeiro a) O capital = dinheiro;


elemento vai para o plural. A capital = cidade principal;
Ex.: Estrela-do-mar – estrelas-do-mar
b) O grama = unidade de medida;
- Substantivo + elemento especificador: chamamos de A grama = vegetação rasteira;
elemento especificador o substantivo que denota a função
específica do primeiro do substantivo do. Aqui apenas o c) O rádio = aparelho transmissor;
primeiro elemento vai para o plural: A rádio = estação geradora;
Ex.: Caneta-tinteiro – canetas-tinteiro
Navio-escola – navios-escola d) O cabeça = o chefe;
Pombo-correio- pombos-correio. A cabeça = parte do corpo;

Exercícios e) A cura = o médico.


O cura = ato de curar.
1.  Numa das seguintes frases, há uma flexão de plural
grafada erradamente: 7. Marque a alternativa em que haja somente substantivos
a) os escrivães serão beneficiados por esta lei. sobrecomuns:
b) o número mais importante é o dos anõezinhos. a) pianista – estudante – criança;
c) faltam os hifens nesta relação de palavras. b) dentista – borboleta – comentarista;
d) Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres. c) crocodilo – sabiá – testemunha;
e) os répteis são animais ovíparos. d) vítima – cadáver – testemunha;
e) criança – desportista – cônjuge.
2. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”: 8. Aponte a seqüência de substantivos que, sendo originalmente
a) vulcão, abaixo-assinado; diminutivos ou aumentativos, perderam essa acepção e se
b) irmão, salário-família; constituem em formas normais, independentes do termo derivante:
c) questão, manga-rosa; a) pratinho – papelinho – livreco – barraca;
d) bênção, papel-moeda; b) tampinha – cigarrilha – estantezinha – elefantão;
e) razão, guarda-chuva. c) cartão – flautim – lingüeta – cavalete;
d) chapelão – bocarra – cidrinho – portão;
3. Assinale a alternativa em que está correta a formação e) palhacinho – narigão – beiçola – boquinha.
do plural:
a) cadáver – cadáveis; 9. Dados os substantivos “caroço”, “imposto”, “coco” e “ovo”,
b) gavião – gaviães; conclui-se que, indo para o plural a vogal tônica soará aberta em:
c) fuzil – fuzíveis; a) apenas na palavra nº 1;
d) mal – maus; b) apenas na palavra nº 2;
e) atlas – os atlas. c) apenas na palavra nº 3;
d) em todas as palavras;
e) N.D.A.

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LÍNGUA PORTUGUESA

10. Marque a alternativa que apresenta os femininos de astro poetastro


“Monge”, “Duque”, “Papa” e “Profeta”: alhaz facalhaz
a) monja – duqueza – papisa – profetisa;
b) freira – duqueza – papiza – profetisa; aço filmaço
c) freira – duquesa – papisa – profetisa; orra cabeçorra
d) monja – duquesa – papiza – profetiza;
e) monja – duquesa – papisa – profetisa. No tocante ao grau analítico aumentativo, é função de
alguns adjetivos dar ideia de aumento:
grande
(Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.
imenso
com/2009/07/substantivo-exercicios-com-gabarito.html)
enorme
gigante
GABARITO:
gigantesco
descomunal
1. D
grandíssimo
2. C colossal
3. E
4. D Já no grau diminutivo sintético, temos os seguintes sufixos:
5. C
6. E
7. D Sufixo Exemplos
8. C ilha cartilha
9. E inho carrinho
10. E eto libreto
eta saleta
GRAU DOS SUBSTANTIVOS – AUMENTATIVO E
ebre casebre
DIMINUTIVO
acho riacho
Substantivos são palavras que nomeiam os seres. E ote filhote
como estes são múltiplos, com características diversas, im espadachim
o substantivo precisa ser uma classe variável, alternando ejo lugarejo
sua forma conforme gênero e número. E uma vez que os eco, eca Jornaleco, soneca
seres também possuem tamanhos distintos, uma variante
possível do substantivo é o grau, podendo ser aumentativo No grau analítico diminutivo dispomos dos seguintes
ou diminutivo. adjetivos:
Há duas formas de realizar o grau aumentativo e o pequeno
diminutivo: através do processo sintético (unindo ao radical reduzido
da palavra um sufixo correspondente ao aumentativo ou minúsculo
diminutivo) e o analítico (a partir da união de um adjetivo pequenino
que denota aumento ou diminuição). Vejamos: miúdo
Grau normal: casa
Grau analítico aumentativo: casa grande EXERCÍCIOS
Grau analítico diminutivo: casa pequena
Grau sintético aumentativo: casarão 1. Assinale a alternativa em que o substantivo em destaque
Grau sintético diminutivo: casinha está flexionado no grau aumentativo ou diminutivo.
a)  O médico disse-me que o problema era o coração.
Quando tratamos do grau sintético aumentativo, b)  Atendi o vendedor no portão.
alguns sufixos são usados para essa função: c) O riacho é límpido.
d) O ferrão do marimbondo é sua defesa.
Sufixo Exemplos e) Muitas cartilhas escolares foram encontradas no lixo.
aça barcaça 2. O plural diminutivo de “mulher” e “cão” é:
alha muralha a)  mulherzinhas  e cãozinhos.
alhão grandalhão b)  mulherezinhas , cãezinhos.
ão carrão c) mulherezinhas e cãosinhos.
zarrão homenzarrão d)  mulheresinhas e cãezinhos.
eirão vozeirão e)  mulhersinhas e cãesinhos.
uça dentuça (Exercícios retirados de http://saladelinguaportuguesablog.
aréu povaréu blogspot.com.br/2014/05/exercicios-sobre-substantivo-com.html)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gabarito

1–C
2-B

INTERJEIÇÃO

A linguagem é um sistema de comunicação. E quando nos comunicamos com o outro, muitas vezes as palavras e seus
significados são insuficientes, no tocante à expressão das emoções. Aí surgem as interjeições, palavras invariáveis que não
constituem parte essencial numa frase, mas têm como função exprimir sentimentos, emoções, reações do falante. Geralmente
estão em frases exclamativas.

Exemplos:
Ah! Uh-uh! Ui! (encontros vocálicos)
Nossa! Jesus! (palavras)
Meu pai amado! Que pena! (locuções interjetivas= conjunto de palavras com função de interjeição)

Classificação das interjeições e locuções interjetivas

a) De alegria: Viva! Opa!


b) De advertência: Atenção! Cuidado!
c) De estímulo: Força! Ânimo!
e) De surpresa: Caramba! Vixe!
f) De dor: Ai! Ui!
g) De alívio: Ufa!
h) De desejo: Tomara! Oxalá!
i) De medo: Credo! Cruzes!
j) De concordância: Claro! Tá!
k) De desaprovação: Francamente! Xi!
l) De cumprimento: Alô!Olá!
m) De socorro: Socorro! Ajuda!
n) De afastamento: Sai! Xô!

NUMERAL

Numeral é a classe gramatical que indica a quantidade de seres, assim como seu ordenamento em uma determinada série.
É considerado um satélite do substantivo dentro de um sintagma nominal já que determina o número dos nomes e sua ordem
em um enunciado. Veja os exemplos:
a) Encontrei dois gatos no acampamento.
b) É para ingerir um terço da medicação.
c) Joana ficou em terceiro lugar no concurso.

Classificação dos numerais

Os numerais são classificados em cardinais, ordinais, multiplicativos, fracionários e coletivos.

a) Numerais cardinais: apresentam a quantidade dos seres em geral.


Ex.: um, dois, três, dez, vinte, cem, mil.

b) Numerais ordinais: indicam a ordem, posição de determinado ser.


Ex.: primeiro, segundo, terceiro, quinto, décimo, vigésimo.

c) Numerais multiplicativos: determinam a quantidade de vezes que um elemento foi multiplicado, fazendo referência a
um aumento proporcional desse elemento.
Ex.: triplo, quádruplo, cêntuplo.

d) Numerais fracionários: indicam a segmentação, divisão de um elemento através de frações.


Ex.: um terço, um quinto, dois terços, dois vinte avos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

e) Numerais coletivos: referem-se, no singular, a um conjunto de seres, apresentando um número exato dos mesmos.
Ex.: uma dúzia, uma dezena, um cento.

Veja o quadro explicativo:

Números Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários Coletivos


1 um primeiro
duo, dueto,
2 dois segundo duplo ou dobro meio ou metade
dupla
3 três terceiro triplo ou tríplice terço trio
4 quatro quarto quádruplo quarto quarteto
5 cinco quinto quíntuplo quinto quinteto
6 seis sexto sêxtuplo sexto sexteto
7 sete sétimo séptuplo sétimo
8 oito oitavo óctuplo oitavo
9 nove nono nónuplo nono novena
10 dez décimo décuplo décimo dezena, década
undécimo ou décimo undécimo ou onze
11 onze undécuplo
primeiro avos
duodécimo ou décimo duodécimo ou
12 doze duodécuplo dúzia
segundo doze avos
13 treze décimo terceiro treze avos
14 catorze décimo quarto catorze avos
15 quinze décimo quinto quinze avos
dezesseis (dezas-
16 décimo sexto dezesseis avos
seis)
dezessete (dezes-
17 décimo sétimo dezassete avos
sete)
18 dezoito décimo oitavo dezoito avos
dezenove (deza-
19 décimo nono dezenove avos
nove)
20 vinte vigésimo vinte avos
21 vinte e um vigésimo primeiro vinte e um avos
30 trinta trigésimo trinta avos
40 quarenta quadragésimo quarenta avos
50 cinquenta quinquagésimo cinquenta avos
60 sessenta sexagésimo sessenta avos
70 setenta septuagésimo setenta avos
80 oitenta octogésimo oitenta avos
90 noventa nonagésimo noventa avos
100 cem centésimo cêntuplo centésimo centena, cento
200 duzentos ducentésimo duzentos avos
300 trezentos tricentésimo trezentos avos
400 quatrocentos quadrigentésimo quatrocentos avos
500 quinhentos quingentésimo quinhentos avos
600 seiscentos seiscentésimo seiscentos avos
700 setecentos septigentésimo setecentos avos
800 oitocentos octigentésimo oitocentos avos
900 novecentos nongentésimo novecentos avos
1 000 mil milésimo milésimo milhar
10 000 dez mil dez milésimos dez mil avos
100 000 cem mil cem milésimos cem mil avos
1 000 000 um milhão milionésimo milionésimo
um bilhão (mil
1 000 000 000 bilhonésimo bilhonésimo
milhões)
1 000 000 000 um trilhão (um trilhonésimo (bilioné- trilionésimo (bilio-
000 bilhão) simo) nésimo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão dos numerais c) Numa vaquejada que houve na fazenda vieram


todos os vaqueiros  daquelas bandas. Meu pai matou meia
Por ser uma classe gramatical do substantivo, o dúzia de vacas e abriu pipas de vinho  branco para quem
numeral pode apresentar variação de gênero e número, a quisesse beber. Nunca se tinha dado festa igual.(Graciliano
fim de estabelecer concordância. Ramos)
a) Variação dos numerais cardinais: os cardinais d) A educação indígena diferenciada e bilíngue no Acre
apresentam pouca variação de gênero, limitando-se aos ainda tem um longo  caminho a percorrer. A maior parte
seguintes casos: um, uma, dois, duas, e centenas a partir dos professores só leciona do 1º ao 5º  ano, mas já há um
de duzentos, duzentas, trezentos, trezentas etc… Quanto grupo ensinando do 6º ao 9º ano.(O Estado de S. Paulo)
à variação de número, verificamos os casos de milhão,  e) Durante o Festival Toonik Tyme, os inuits, habitantes
milhões, bilhão, bilhões, trilhão, trilhões. do ártico canadense,  revivem seus costumes milenares.
b) Variação dos numerais ordinais: apresentam
variação de gênero e número. Ex.: primeiro, primeira, 3) (UFPI)  Aponte a alternativa em que os   numerais
primeiros, primeiras, segundo, segunda, segundos, estão bem empregados.
segundas… a) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.            
c) Variação dos numerais multiplicativos: são b) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
invariáveis quando não se tratar de adjetivos, qualificando c) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo
um substantivo. primeiro.           
Ex.: João tem o duplo do salário de Maria. (numeral d)Antes do artigo dez vem o artigo nono.
invariável) e) O artigo vigésimo  segundo foi revogado.
Maria tem dupla função na empresa. (adjetivo
variável). 4) (Unitau)
“Vivemos numa época de tamanha insegurança
d) Variação dos numerais fracionários: podem externa e interna, e de tamanha carência de objetivos
apresentar variação de gênero e número, variação esta firmes, que a simples confissão de nossas convicções
condicionada pelo cardinal que anteceder o fracionário. pode ser importante, mesmo que essas convicções, como
Ex.: Comprei um quarto do terreno.
todo julgamento de valor, não possam ser provadas por
Comprei dois quartos do lote.
deduções lógicas.
Surge imediatamente a pergunta: podemos considerar
Foi vendido um terço do prédio.
a busca da verdade - ou, para dizer mais modestamente,
Foi vendida uma terça parte da empresa.
nossos esforços para compreender o universo cognoscível
através do pensamento lógico construtivo - como um
e) Variação dos numerais coletivos: variam apenas
em número. Ex.: uma dúzia, duas dúzias, um cento, dois objeto autônomo de nosso trabalho? Ou nossa busca da
centos. verdade deve ser subordinada a algum outro objetivo,
de caráter prático, por exemplo? Essa questão não pode
Exercícios ser resolvida em bases lógicas. A decisão, contudo, terá
considerável influência sobre nosso pensamento e nosso
1) Identifique se o termo destacado é numeral ou julgamento moral, desde que se origine numa convicção
artigo indefinido. profunda e inabalável Permitam-me fazer uma confissão:
a) Você só tem uma vida. Cuide bem dela. para mim, o esforço no sentido de obter maior percepção
b) Ele não fala uma palavra de chinês! e compreensão é um dos objetivos independentes sem os
c) Aqueles invasores podem representar uma ameaça quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude
para os índios. consciente e positiva ante a vida.
d) A decomposição desse material pode demorar um Na própria essência de nosso esforço para
século. compreender o fato de, por um lado, tentar englobar a
grande e complexa variedade das experiências humanas,
2) Alguns substantivos ou adjetivos podem ser e de, por outro lado, procurar a simplicidade e a economia
empregados para indicar quantidades numéricas. nas hipóteses básicas. A crença de que esses dois objetivos
Identifique essas palavras em cada texto e escreva   seu podem existir paralelamente é, devido ao estágio primitivo
significado. de nosso conhecimento científico, uma questão de fé. Sem
a) Após uma década de perseguição, Maomé e essa fé eu não poderia ter uma convicção firme e inabalável
seus seguidores migraram para Medina, a cerca de 300 acerca do valor independente do conhecimento.
quilômetros de Meca. O profeta veio a governar  a cidade Essa atitude de certo modo religiosa de um homem
e, vários anos depois, ele e um pequeno exército de fiéis engajado no trabalho científico tem influência sobre toda
retornaram a Meca. (National Geographic) sua personalidade. Além do conhecimento proveniente da
b) Há pouco mais de um século, os imigrantes experiência acumulada, e além das regras do pensamento
trouxeram agitação para a   cidade de São Paulo. Sua lógico, não existe, em princípio, nenhuma autoridade cujas
grande riqueza é a sua diversidade cultural,  constituída de confissões e declarações possam ser consideradas “Verdade
mais de 70 grupos étnicos e nacionais. (Folha de S. Paulo) “ pelo cientista. Isso leva a uma situação paradoxal: uma

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LÍNGUA PORTUGUESA

pessoa que devota todo seu esforço a objetivos materiais As preposições são dividades em essenciais e acidentais.
se tornará, do ponto de vista social, alguém extremamente As preposições essenciais (aquelas que somente funcionam
individualista, que, a princípio, só tem fé em seu próprio como preposição) são:
julgamento, e em nada mais. É possível afirmar que o A – ante – até- após- com- contra- de- desde – em –
individualismo intelectual e a sede de conhecimento entre – para – perante - - por – sem – sob – sobre - trás
científico apareceram simultaneamente na história e
permaneceram inseparáveis desde então. “ Já as acidentais consistem em palavras advindas de outras
(Einstein, in: “O Pensamento Vivo de Einstein”, p. 13 classes gramaticais que podem atuar como preposições:
e 14, 5a. edição, Martin Claret Editores) Como – conforme – consoante – exceto – mediante –
salvo – segundo – senão
Observe:
EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES
I. “Essa atitude de certo modo religiosa de ‘um’ homem
engajado no trabalho...” Considerando que as preposições unem termos entre si,
II. “Pedro comprou ‘um’ jornal” criando uma relação de sentido, elas podem se unir a outras classes
III. “Maria mora no apartamento ‘um’.” gramaticais, tais como artigo e pronome, a fim de promover esse
IV. “Quantos namorados você tem?” ‘Um’. elo significativo. Neste caso, haverá os processos que chamamos
de contração e combinação.
A palavra “um” nas frases acima é, no plano morfológico,
respectivamente: Combinação
a) artigo indefinido em I e numeral em II, III e IV. Chamamos de combinação a união da preposição a outra
b) artigo indefinido em I e II e numeral em III e IV. classe gramatical, sem perda fonética ou estrutural. Ou seja, a
c) artigo indefinido em I e III e numeral em II e IV. união mantém a estrutura das duas classes unidas.
d) artigo indefinido em I, II, III e IV.
e) artigo indefinido em III e IV e numeral em I e II.
Preposição Classe gramatical Combinação
(Exercícios retirados de http:// a O (artigo) ao
tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com.br/2013/01/ a Os (artigo) aos
numeral-classificacao-e-flexao.html) a Onde (pronome) aonde

Gabarito Contração
Aqui a união da preposição com outra classe gramatical garante
1 - Numeral, Artigo, Artigo, Numeral perda fonética e transformação da estrutura das classes unidas.
2. década(dez anos), século(cem anos), meia dúzia(seis),
bilíngue( duas línguas), milenares(mil anos). Preposição Classe Gramatical Contração
3-D a a à
4-B de o do
de a da
PREPOSIÇÃO por a pela
por o pelo
Preposição é a classe invariável cuja função é ligar dois em aquele naquele
termos entre si, subordinando um ao outro, criando uma em aquela naquela
relação de sentido. de entre dentre
Chamamos de regente o termo que antecede a de um dum
preposição e regido o que a sucede de uma duma
em um num
Ex.:
em uma numa
1) Esta é uma casa de barro.
em o no
Termo regente: casa
Termo regido: barro em a na

Preposição antecedendo o sujeito do verbo


2) Voltou para casa a pé
Não é correto realizar a contração da preposição “de” com
Termo regente: casa
o artigo que determina o sujeito de um verbo:
Termo regido: pé
Está na hora de a menina começar a estudar (e não “da
Podemos perceber nos exemplos acima que, além de unir menina começar a estudar”)
dois termos entre si, as preposições “de” e “a” também criam uma
relação de sentido entre as palavras interligadas. No primeiro, “de
barro” informa o material do qual é feita a casa e, no segundo, o
instrumento da caminhada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Valores semânticos da preposição 03. (Fameca-SP) As relações expressas pelas


preposições estão corretas na sequência:
Lugar Está em Brasília I. Saí com ela.
II. Ficaram sem um tostão.
Origem Veio do Sul
III. Esconderam o lápis de Maria.
Causa Morreu de fome IV. Ela prefere viajar de navio.
Assunto O livro é sobre política V. Estudou para passar.
Meio Veio de avião a) falta; companhia; posse; meio; fim
Posse O livro é do João b) companhia; falta; posse; fim; meio
Matéria A mesa é de madeira c) companhia; posse; falta; meio; fim
Companhia Vim com Pedro d) companhia; falta; meio; posse; fim
e) companhia; falta; posse; meio; fim
Ausência Estou sem ânimo
Modo Fique à vontade 04.  (UFPA) No trecho: “(O Rio) não se industrializou,
Tempo Dias após dia deixou explodir a questão social, fermentada por mais
Instrumento Cortou a linha com a tesoura de dois milhões de favelados, e inchou, à exaustão,
Especialidade Ela é formada em Medicina uma máquina administrativa que não funciona...”, a
Oposição Ele é contra a reforma preposição a (que está contraída com o artigo a) traduz
uma relação de: 
Finalidade O livro é para educar-se a) fim
b) causa
Locução Prepositiva
c) concessão
É a união de duas ou mais palavras com a função de
d) limite
preposição.
e) modo

A despeito de 05  (INATEL) Assinale a alternativa em que a norma


A fim de culta não aceita a contração da preposição de:
Através de a) Aos prantos, despedi-me dela.
Perto de b) Está na hora da criança dormir.
Ao encontro de c) Falava das colegas em público.
d) Retirei os livros das prateleiras para limpá-los.
Antes de
e) O local da chacina estava interditado.
Acerca de
Embaixo de 06. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que a
Em cima de preposição com traduz uma relação de instrumento:
De acordo com a) “Teria sorte nos outros lugares, com gente estranha.”
b) “Com o meu avô cada vez mais perto de mim, o
EXERCÍCIOS Santa Rosa seria um inferno.”
c) “Não fumava, e nenhum livro com força de me
01. Indique a alternativa correta quanto ao valor prender.”
semântico das preposições nas frases abaixo. d) “Trancava-me no quarto fugindo do aperreio,
a) Morreu de pneumonia. (doença) matando-as com jornais.”
b) Falava de política. (modo) e) “Andavam por cima do papel estendido com outras
c) Morava numa casa de madeira. (matéria) já pregadas no breu.”
d) Veio de ônibus. (companhia)
e) Ele chegou de Lisboa. (nacionalidade) (Exercícios retirados de http://www.
gramaticaparaconcursos.com/2014/05/preposicoes-
02. (Ufac) “O que desejava... Ah! Esquecia-se. Agora exercicios.html)
se descordava da viagem que tinha feito pelo sertão, a
cair de fome.”  (Graciliano Ramos). A alternativa em que a Gabarito
preposição  de  expressa a mesma ideia que possui em “...a
cair de fome” é: 1–c
a) De tanto gritar, sua voz ficou rouca. 2–a
b) De grão em grão, a galinha enche o papo. 3–e
c) De noite todos os gatos são pardos. 4–e
d) Chegaram cedo de Cruzeiro do Sul. 5–b
e) Trazia no bolso uma caneta de prata. 6–c

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LÍNGUA PORTUGUESA

Geralmente contamos o número de orações num


enunciado segundo o número de verbos. No entanto, vale
5.1 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE
lembrar que quando houver uma locução verbal teremos a
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. presença de uma única oração:
5.2 RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE Maria saiu. (1 verbo – 1 oração)
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. Ainda que tenha estudado, não fui bem na prova. (2
verbos – 2 orações)
Amanhã vou comprar seu presente. (1 locução verbal
– 1 oração)
ANÁLISE SINTÁTICA
3. PERÍODO
O QUE É SINTAXE? Podemos dizer que o período une a frase e oração,
já que é um enunciado de sentido completo que gira em
Inicialmente, quando estudamos as palavras, fazemos torno de um ou mais verbos.
de maneira isolada, a partir de cada classe gramatical Atente aos exemplos:
separadamente. É o que se chama de morfologia.
Entretanto, as palavras só existem e são úteis se estão em a) Fogo!
conjunto num enunciado e, então, temos a sintaxe, que é Aqui se trata apenas de uma frase, já que não presença
justamente o estudo das palavras segundo sua ordem de de verbo.
apresentação numa frase.
b) Maria foi às compras.
INTRODUÇÃO À ANÁLISE SINTÁTICA: FRASE. Aqui temos uma frase ( já que é completa) e também
ORAÇÃO. PERÍODO. um período, uma vez que notamos a presença de um verbo
(portanto, de uma oração).
1. FRASE
Iniciando o estudo das palavras numa relação de IMPORTANTE!
ordenamento e de sentido o primeiro tópico a ser entendido UM PERÍODO É SEMPRE CONSTITUÍDO POR UMA
é o conceito de frase. OU MAIS ORAÇÕES, POIS A PRESENÇA DO VERBO É
Frase é todo enunciado de sentido completo, FUNDAMENTAL.
possuindo ou não um verbo. A função básica da frase é
expressar uma informação e possui como característica
Caso o período possua apenas uma oração, chamamos
estrutural ser finalizada pelo ponto final, de exclamação ou
de período simples ou oração absoluta. E se possuir mais
de interrogação. Vejamos os exemplos:
de um verbo é definida como período composto.
a) Maria foi à festa. (frase verbal declarativa)
b) Fogo! (frase nominal, sem verbos)
SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES
c) Que menina bonita! (frase exclamativa)
Chamamos de período simples o enunciado formado
d) Quem? Eu? (frase interrogativa)
por uma oração absoluta, ou seja, um único verbo:
e) Saia já daí! (frase imperativa)
a) Compre aquela blusa, por favor!
Ainda que apenas na primeira e na última frase b) Choveu muito ontem.
visualizemos a presença de um verbo, todos os exemplos c) Precisa-se de operários.
citados acima se tratam de frase, pois cumprem a função de d) A menina ganhou a boneca.
enviar uma mensagem de sentido completo.
Em todos os exemplos citados percebemos a presença
2. ORAÇÃO de um único verbo e essa é justamente a condição de um
Oração é um enunciado que gira em torno de um período simples: ser formado por uma única oração que,
verbo. Não é necessário ter sentido completo e finalizar no por ser única, chamamos de absoluta.
ponto final, mas deve ter sentido, que pode ser completado Já que possui um único verbo, o período simples é
por outra oração. menos complexo que o período composto. Assim seu
Veja os exemplos: estudo se dedica às palavras (as quais chamamos de
a) Maria foi à festa. “termos”) que o constituem. A análise do período simples
b) Maria disse que iria à festa. se dedica aos seguintes aspectos:

No primeiro exemplo, temos uma frase e também a) Termos essenciais da oração


uma oração já que notamos a presença de um verbo na - Sujeito
construção do sentido completo. Já na frase b) temos - Predicado
uma frase (Maria disse que foi à festa) já que tem sentido
completo e ela é constituída por duas orações: 1 – Maria b) Termos integrantes da oração
disse; 2 – que iria à festa. Importante atentar que a segunda - Objeto Direto
oração completa o sentido da primeira. - Objeto Indireto

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Complemento Nominal TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO


- Predicativo do Sujeito
- Agente da Passiva Termos essenciais da oração são os que constroem a
estrutura básica do período. Para que qualquer enunciado
c) Termos Acessórios da oração oracional tenha sentido, é fundamental um agente que
- Adjunto Adnominal condicione a flexão verbal e o verbo propriamente dito. Por
- Adjunto Adverbial isso, os termos essenciais são:
- Aposto
Exercícios a) Sujeito: termo da oração sobre o qual se declara
algo e interage com o verbo definindo sua flexão de
1.   Assinale as alternativas que não apresentam número e pessoa;
uma frase:
a) Que golaço!                                              b) Predicado: é tudo o que se diz sobre o sujeito,
b) Vocês assistiram à transmissão do jogo pela tevê? possuindo como número um verbo.
c) Em vez de nadar, preferiram jogar bola., Atente ao exemplo:
d) O futebol povo paixão pelo tem brasileiro. João viajou no último feriado.
e) Correram para a garagem e entraram no carro.   João = sujeito da oração. Além de ser o assunto do
f) O sobre verde era gramado céu. enunciado, é o elemento que exigirá a flexão do verbo (3º
g) Clara passeava com as crianças no jardim.           pessoa do singular)
h) Mão Luisinho trêmula. viajou no último feriado = predicado, informação a
respeito do sujeito (João), iniciado por um verbo.
2. Assinale com um X as frases nominais:
a) Que medo!                  Os termos essenciais da oração possuem classificações
b) Ele chutou a porta.                      específicas. Vejamos uma a uma:
c) Coitadinho do garoto!
d) O povo odeia os governantes corruptos.       - TIPOS DE SUJEITO
e) Transmitirei o recado a sua namorada.
f) Coragem, companheiro!  a) Sujeito simples: composto por um único núcleo,
g) Que voz estranha!  mesmo estando no plural.
h) A lanterna produzia boa claridade.
i) Luisinho, não!  Ex.:
j) As risadas não eram normais.      (1) Maria esqueceu de pagar o presente.
k) Que alívio! (2) Os lindos filhos de Maria começaram a escola
ontem.
3) Assinale com um X as frases verbais (orações):
a) Quanta gente hoje!      Tanto no primeiro exemplo quanto no segundo
b) Apresse-se, garota!            percebemos que o verbo é condicionado por um único
c) O filme foi bom. núcleo: Maria (1); filhos (2).
d) Não aguento essa poluição!   
e) Partiremos daqui a pouco.   f) Sempre juntos, sempre b) Sujeito composto: caracterizado pela presença de
amigos. mais de um núcleo, geralmente unido pela conjunção e:
g) Seu colega telefonou.  
h) Na praia, grande descontração.       Ex.:
i) Deus te guarde! (1) Maria e Antônio são refugiados.
j) Que ideia absurda!      (2) O aluno estrangeiro e a professora brasileira
k) As ovelhas são mansas e pacientes. participaram da mostra cultural.

(Exercícios retirados de https://pt.scribd.com/ c) Sujeito oculto: quando o sujeito não está presente
doc/215584825/EXERCICIOS-FRASE-E-ORACAO-docx) na oração, mas é facilmente compreendido pela flexão
verbal ou contexto.
Gabarito
Ex.:
1 – d, f, h (1) Saí de casa. (eu saí)
2 – a, c, f, g, i, k (2) Saímos de casa (nós saímos)
3 – b, d, e, g, i, k (3) Saíste de casa. (Tu saíste)

João não pretende sair de casa. Está cansado. (Na


segunda oração percebemos, pelo contexto, que o “estar
cansado” se refere a João, mencionado na primeira frase.

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Sujeito indeterminado: quando não é possível 2) No período: “Ser amável e ser egoísta são coisas
identificar o sujeito, marcado por verbos na 3º pessoa do distintas”, o sujeito é:
plural, a) indeterminável
(1) Roubaram a proprietária da loja. b)”ser amável”
(2) Encontraram a menina. c) “coisas distintas”
d) “ser amável e ser egoísta”
Também há a presença de sujeito indeterminado em e) n.d.a
verbos na 3º pessoal do singular mais a partícula se , a qual
chamamos de índice de indeterminação do sujeito. 3) Na oração: “Reprovaram alguns autores esta
história”, qual é o núcleo do sujeito?
Ex.: a) história
Precisa-se de vendedores. b) alguns autores
Vive-se bem em Florianópolis. c) reprovaram
d) autores
e) Sujeito inexistente: falamos em sujeito inexistente e) n.d.a
quando a oração contiver apenas predicado. Há casos em
que o predicado é marcado por verbos impessoais (que 4) “Em 1949 reuniram-se em Perúgia, Itália, a
não têm sujeito e, por isso, não variam em flexão de pessoa convite da quase totalidade dos cineastas italianos,
e número): seus colegas de diversas partes do mundo.” O núcleo do
sujeito de “reuniram-se” é:
- Verbos que indicam fenômenos climáticos: chover, a) cineastas
ventar, escurecer, nevar, amanhecer, anoitecer… b) convite
Ex.: c) colegas
Nevou muito no sul. d) totalidade
Sempre chove nessa época do ano. e) se

- Verbo haver no sentido de existir: 5) Aponte a alternativa em que ocorre sujeito


Ex.: indeterminado:
Houve muitos protestos na última semana. a) Na prova, havia, pelo menos, quatro questões difíceis.
Há pessoas no recinto. b) Revelou-se a necessidade de auxílio aos
desabrigados.
- Verbo haver e fazer indicando tempo: c) Aconteceram, naquela casa, fenômenos inexplicáveis.
Faz vinte anos que não o vejo. d) Come-se bem naquele restaurante.
Não o vejo há anos. e) Resolvemos não apoiar o candidato.

- Verbo fazer indicando fenômeno da natureza: 6) Qual a alternativa em que há sujeito


Ex.: indeterminado?
Faz frio nesse período do ano. a) Comecei a estudar muito tarde para o exame.
b) Em rico estojo de veludo, jazia uma flauta de prata.
- Verbo ser indicando tempo ou distância: c) Soubesse que o proprietário estava doente.
Ex.: d) Houve muitos feridos no desastre.
São seis horas. e) Julgaram-no incapaz de exercer o cargo.
São doze metros de comprimento.
7) Assinale a frase em que há sujeito indeterminado:
Exercícios a) Compram-se jornais velhos.
b) Confia-se em suas palavras
1) Em relação ao trecho: “Pregada em larga tábua de c) Chama-se José o sacerdote.
pita, via-se formosa e grande borboleta, com asas meio d) Choveu muito.
abertas, como que disposta a tomar voo”, podemos e) É noite.
afirmar que o sujeito principal da oração é:
a) simples, tendo por núcleo implícito alguém. 8) Aponte a alternativa em que a palavra se é índice
b) composto, tendo por núcleos formosa e grande. de indeterminação do sujeito:
c) simples, tendo por núcleo asas. a) Resolver-se-ão os exercícios.
d) indeterminado, tendo por índice de indeterminação b) Não se reprovarão estes alunos.
do sujeito a partícula se. c) Trabalha-se com afinco naquela empresa.
e) simples, tendo por núcleo borboleta. d) Vendem-se relógios.
e) Plastificam-se documentos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

9) Nas orações: “Considera-se a pesquisa reveladora” Gabarito


e “Fala-se muito na pesquisa sobre os jovens”, temos,
respectivamente: 1-e
a) sujeito paciente e sujeito agente 2 -d
b) sujeito paciente e sujeito indeterminado 3 -d
c) sujeito agente e sujeito agente 4 -c
d) sujeito indeterminado e sujeito indeterminado 5 -d
e) sujeito indeterminado e sujeito paciente 6 -e
7 -b
10) Aponte a alternativa em que ocorre sujeito 8 -c
inexistente: 9 -b
a) Alguém chegou atrasado à reunião. 10 -d
b) Telefonaram para você. 11 -e
c) Existiam, pelo menos, cinquenta candidatos. 12 -e
d) Deve fazer dez anos que ele desapareceu 13- d
e) Consertou-se o relógio. 14 -a

11) Qual a oração sem sujeito? - TIPOS DE PREDICADO


a) Falaram mal de você.
b) Ninguém se apresentou. A) Predicado Nominal: quando na oração o nome
c) Precisa-se de professores. (substantivo, adjetivo) oferece mais informação semântica
d) A noite estava agradável. do que o verbo. Para identificar esse tipo de predicado
e) Vai haver um campeonato. basta apenas reconhecer na oração um verbo de ligação
entre o sujeito e o complemento.
12) Assinale a oração sem sujeito:
a) Convidaram-me para a festa. Ex.:
b) Diz-me muita coisa errada. Maria é bonita.
c) O dia está quente. João permanece quieto.
d) Alguém se enganou. Pedro continua triste.
e) Vai fazer bom tempo amanhã.
Nos exemplos acima percebemos que o verbo cumpre
13) Em todas as alternativas, o termo sublinhado a função de ligar o sujeito à característica a ele referida.
exerce a função de sujeito, exceto em: Chamamos de predicativo do sujeito a referência que
a)  Quem  sabe de que será capaz a mulher de teu sucede o verbo de ligação.
sobrinho?
b) Raramente se entrevê o céu nesse aglomerado de b) Predicado Verbal: quando o verbo apresenta
edifícios. a informação essencial sobre o sujeito, e aqui os verbos
c) Amanheceu um dia lindo, e por isso todos correram precisam indicar ação:
à piscina.
d) Era somente uma velha, jogada num catre preto de Ex.:
solteiro. Pedro comprou uma casa na zona sul.
e) É preciso que haja muita compreensão para com João sempre corre aos domingos.
os amigos Letícia canta no coral da cidade.

14) Há crianças sem carinho. c) Predicado Verbo-Nominal: quando a oração


Disseram-me a verdade. apresenta um verbo de ação e um predicativo do sujeito.
Construíram-se represas.
Ex.:
Os sujeitos das orações acima são, respectivamente: Pedro comprou a casa apressado.
a) inexistente, indeterminado, simples João falou à Maria desolado.
b) indeterminado, implícito, indeterminado
c) simples, indeterminado, indeterminado Percebemos que nos exemplos acima temos verbos de
d) inexistente, inexistente, simples ação (com forte carga semântica) e predicativos (apressado
e) indeterminado, simples, inexistente e desolado) que também se referem ao sujeito.

(Exercícios retirados de http://www. Vale lembrar que verbos com dupla transitividade:
gramaticaparaconcursos.com/2013/11/sujeito-exercicios. transitivos diretos e indiretos também integram predicado
html?m=1) verbo-nominal.
Enviei uma carta para Pedro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos transitivos são os que se ligam ao 06. Assinale a alternativa em que apareça predicado
complemento sem o auxílio de preposição: verbo-nominal.
Ex.: Comprei uma casa a) A chuva permanecia calma.
Encontrei a chave b) A tempestade assustou os habitantes da vila.
c) Paulo ficou satisfeito.
d) Os meninos saíram do cinema calados.
Verbos transitivos indiretos são os que se ligam ao
e) Os alunos estavam preocupados.
complemento com o auxílio de preposição.
Ex.: Preciso de você 07. Observe a oração abaixo e assinale a alternativa
Fui à Bahia CORRETA:
“A inspiração é fugaz, violenta.”
Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos) Podemos afirmar que o predicado é:
são os que para terem seu sentido completo necessitam a) Verbo-nominal, porque o verbo é de ligação e vem
da presença de um complemento iniciado por artigo e seguido de dois predicativos.
outro por preposição: b) Nominal, porque o verbo é de ligação.
Enviei uma carta para Pedro c) Verbal, porque o verbo é de ligação e são atribuídas
duas características ao sujeito.
Exercícios d) Nominal, porque o verbo tem significação completa
e apresenta adjuntos adnominais e dois predicativos.
01. Assinale a alternativa em que aparece predicado e) Verbo-nominal porque apresenta um predicativo
verbo-nominal: seguido do objeto direto.
a) “Nesse samba te proclamo majestade do universo.”
b) O homem doou os agasalhos aos necessitados. 08. Sobre o exemplo: “A lua brilhou alegre no céu”,
c) Após o toque permaneceram na sala os alunos. afirmamos:
d) “Brasil és no teu berço dourado o índio civilizado.” I. O verbo brilhar é intransitivo.
e) “Lutar com palavras é a luta mais vã.” II. O verbo brilhar é transitivo direto.
III. O verbo brilhar é transitivo indireto.
02. Onde há predicado verbo-nominal? IV. O predicado é nominal.
a) Devolva os documentos ao diretor. V. O predicado é verbal.
b) Renata ficou feliz. VI. O predicado é verbo-nominal.
c) Ela confia em você.
d) A notícia deixou-o preocupado. a) Estão corretas I e VI.
e) Os viajantes partiram ontem. b) Estão corretas I e V.
c) Estão corretas II e V.
03. O professor entrou apressado. Os grifos indicam: d) Está correta apenas IV.
a) predicado nominal. e) Estão corretas III e VI.
b) predicado verbo-nominal.
c) predicado verbal. 09. Ocorre predicado verbo-nominal em:
d) objeto direto. a) A tua resposta não é verdadeira.
e) objeto indireto b) O cão vadio virou a lata de lixo.
c) Viraram moda os jogos eletrônicos.
04. Identifique a alternativa errada em relação à d) Todos permaneçam em seus lugares.
classificação dos predicados das orações a seguir: e) Pensativo e triste vinha o rapaz.
a) Todos nós consideramos a sua atitude infantil
(predicado verbo-nominal) 10. Indique a alternativa em que o predicado é verbo-
b) A multidão caminhava pela estrada poeirenta. nominal:
(predicado verbo-nominal) a) O soldado foi encontrado morto.
c) A criançada continua emocionada. (predicado nominal) b) Aquele homem tornou-se milionário.
d) A criançada continua no jardim. (predicado nominal). c) Hoje é dia 20 de novembro.
e) Demitiram o secretário da instituição. (predicado verbal) d) Alguns jogadores estão contundidos.
e) Os alunos parecem desinteressados.
05. Analise as orações e assinale a alternativa correta:
I. Paulo está adoentado. 11. Assinale uma das alternativas em que aparece um
II. Paulo está no hospital. predicado
verbo-nominal:
a) O predicado é verbal em I e II.  a) Os viajantes chegaram cedo ao destino.
b) O predicado é nominal em I e II. b) Demitiram o secretário da instituição.
c) O predicado é verbo-nominal em I e II. c) Nomearam as novas ruas da cidade.
d) O predicado é verbal em I e nominal em II. d) Compareceram todos atrasados à reunião.
e) O predicado é nominal em I e verbal em II. e) Estava irritado com as brincadeiras.

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LÍNGUA PORTUGUESA

12. Assinale a alternativa correta em relação à TERMOS INTEGRANDES DA ORAÇÃO


classificação dos predicados das orações abaixo:
I- Saíram ele e ela. São os termos que “integram” a oração, completando
II- Sua terra está completamente mudada. o seu sentido. Sem sua presença a frase permanece
III- Achei calma a aluna. incompleta. Vejamos os diversos tipos:
a) I predicado verbal; II - predicado nominal; III -
predicado verbo-nominal. a) Objeto Direto: completa o verbo transitivo direto,
b) I predicado nominal; II predicado verbo-nominal; III sem o auxílio de preposição.
predicado verbal. Olhei o quadro.
c) I predicado verbo-nominal; II predicado verbal; III Vendi a casa de praia.
predicado nominal.
d) I predicado verbo-nominal; II predicado nominal; III b) Objeto Indireto: completa verbo transitivo indireto,
predicado verbal. com o auxílio de preposição.
e) I predicado nominal; II - predicado verbal; III - Preciso de amor.
predicado verbo-nominal. Necessito de tempo.

13. Assinale a alternativa correta em relação à c) Complemento Verbal: completa o sentido de um


classificação dos predicados das orações abaixo: substantivo abstrato ou adjetivo.
I- Olhei a aluna na janela. Tenho medo de avião.
II- Aqui se trabalha. Ela é favorável à reforma política.
III- Ninguém saiu hoje satisfeito. Nos exemplos acima, o substantivo abstrato “medo” e
a) I predicado verbal; II - predicado verbal; III - predicado o adjetivo “favorável” ficariam incompletos e sem sentido
verbo-nominal. sem a presença dos complementos nominal.
b) I - predicado nominal; II predicado verbal; III
predicado verbo-nominal. d) Agente da Passiva: complemento preposicionado
c) I predicado verbo-nominal; II predicado verbal; III que representa o agente de ação de um verbo que está na
predicado nominal. voz passiva.
d) I predicado verbo-nominal; II predicado nominal; III Eu comprei um carro. (Aqui o verbo está na voz ativa. O
predicado verbal. agente da ação do verbo coincide com o sujeito da oração.)
e) I - predicado nominal; II - predicado verbal; III - O carro foi comprado por João. (percebemos que
predicado verbo-nominal. neste caso o agente da ação de comprar não é o sujeito
da oração – que aqui é “o carro”, mas sim João, classificado
14. Aponte a frase de sujeito simples e predicado aqui como agente da passiva.
verbo-nominal.
a) A jovem passeava tranquilamente. Exercícios
b) Mariana fez o concurso esperançosa.
c) Existem grandes possibilidades. 01 - A análise sintática é definida pela relação que se
d) Paulo e Marcelo estudam animados. estabelece entre palavras ou grupos de palavras dentro
e) Os cientistas retomaram da gruta às pressas. de um contexto. Relacione a 2ª coluna de acordo com
a 1ª, observando a correta classificação dos termos
15. Assinale a alternativa em que há uma oração com destacados. A seguir, assinale a alternativa CORRETA:
predicado verbo-nominal: 1. Objeto direto
a) O mar estava calmo naquela manhã. 2. Objeto indireto
b) Nenhum navio partiu ontem. 3. Complemento nominal
c) Achei esse sujeito muito antipático. 4. Agente da passiva
d) O homem ficou furioso com a brincadeira. ( ) “ A fome pode determinar a supressão de uma delas.”
e) Ele terminou o trabalho ontem à tarde. ( ) “ A destruição não atinge  o princípio universal e
(Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot. comum.”
com.br/2012/02/exercicios-de-predicado.html) ( ) “ Uma das tribos será exterminada pela outra.”
( ) ... e necessitam de mais alimento.
Gabarito a) 3, 1, 4, 2
b) 1, 2, 3, 4
1A - 2D - 3B - 4D - 5E - 6D - 7 B - 8A - 9E - 10A - 11D c) 2, 4, 1, 3
- 12A - 13A - 14B - 15C d) 4, 3, 2, 1
e) 3, 4, 1, 3

02. Em: Tinha grande amor  à humanidade / As ruas


foram lavadas pela chuva / Ele é rico em virtudes. Os termos
destacados são, respectivamente:

60
LÍNGUA PORTUGUESA

a) complemento nominal, agente da passiva, 09. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que contém
complemento nominal objeto direto preposicionado:
b) objeto indireto, agente da passiva, objeto indireto a) “Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel
c) complemento nominal, objeto indireto, complemento escrito e rasgou–o”.
nominal b) Não desconfiei do candidato e corrigi o trabalho por
d) objeto indireto, complemento nominal, agente da inteiro.
passiva  c) Poucos jornais se referiram ao episódio.
e) objeto direto, objeto indireto, complemento nominal d) O jovem de hoje também necessita de espiritualidade.
e) Pela estrada ia passando um comboio de caminhões–
03. Assinale o item em que a função não corresponde tanques.
ao termo em destaque:
a) Comer demais é prejudicial à saúde. (complemento 10. Assinale a frase que contém agente da passiva:
nominal) a) Fiquei ouvindo aquilo por longo tempo.
b) Jamais me esquecerei de ti. (objeto indireto) b) Dei cinco reais pelo cachorrinho.
c) Ele foi cercado  de amigos sinceros. (agente da c) As colheitas foram levadas pela chuva.
passiva) d) Sempre saía a esmo pelos caminhos.
d) Não tens interesse  pelos estudos. (complemento e) Agrada–me por todas as formas.
nominal)
e) Ele tinha receio de tudo a sua volta.. (objeto indireto) (Exercícios retirados de http://odemartins.blogspot.com.
br/2014/04/termos-integrantes-da-oracao-exercicio.html)
04. Em todas as alternativas abaixo, há objeto direto
preposicionado, exceto em: GABARITO : 1A - 2A - 3E - 4B - 5B - 6A - 7B - 8B -
a) Acho que ela não consegue amar a ninguém. 9A - 10C
b) Dedicou–se a estudos matemático.
c) Para sair com a turma o diretor escolheu a nós. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
d) Ofenderam a mim e não a ele.
e) O professor elogiou a todos. São termos que são dispensáveis na oração, mas
acrescentam informação ou circunstância referente ao
05. O agente da passiva foi corretamente destacado substantivo ou ao verbo, enriquecendo seu sentido. São
em todas as opções, exceto em: considerados termos acessórios:
a) O presídio tinha sido cercado pelos soldados. a) Adjunto Adnominal
b) Ela é a única responsável pela festa. b) Adjunto Adverbial
c) O time foi derrotado pelo campeão da cidade. c) Aposto
d) O mestre foi homenageado pelos alunos.
e) A casa foi destruída pela inundação. a) Adjunto Adnominal: como a própria denominação
adianta, o adjunto adnominal é o termo que acompanha o
06. Assinale a frase em que o objeto direto é pleonástico: nome (o substantivo) na função de satélite, concordando
a) A borboleta negra, encontrei–a à noite. com ele em gênero e número. Podem ser adjuntos
b) Eu a sacudi de novo. adnominais as classes gramaticais: artigo, pronomes,
c) Fiquei a olhar o cadáver com simpatia. numerais, adjetivos ou locuções adjetivas.
d) Um golpe de toalha rematou a aventura. Ex.:
e) Vi dali o retrato de meu pai.
A linda professora publicou seu livro.
07. “A recordação da cena persegue–me até hoje”. Os
termos em destaque são: Substantivos: professora/ livro
a) objeto indireto – objeto indireto; Adjuntos adnominais: A/linda/seu
b) complemento nominal – objeto direto;
c) complemento nominal – objeto indireto; A casa da Maria foi vendida.
d) objeto indireto – objeto direto; Substantivo: Maria
e) agente da passiva – objeto indireto. Adjuntos Adnominais: A/da Maria

08. Dentre as opções abaixo assinale aquela em que há Qual a diferença entre complemento Nominal e
objeto direto preposicionado: Adjunto Adverbial?
a) Passou aos filhos a herança recebida dos pais;
b) Amou a seu pai, com a mais plena grandeza da alma; O complemento nominal é um termo integrante e sua
c) Amou sua mulher como se fosse a única; presença garante o sentido da frase:
d) Naquele tempo era muito fácil viajar para os infernos; Tenho necessidade (de que?) de amor.
e) Em dias ensolarados, gosto de ver nuvens flutuarem
nos céus de agosto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Já o adjunto adnominal auxilia na produção de sentido, 3. Nos trechos:


mas pode ser descartado pois não causa prejuízo ao “Marciano subiu ao forro da igreja e acabou com elas a pau.”
entendimento do enunciado. “Não posso ver o mostrador assim às escuras.”
Os meus três lindos filhos de criação já se formaram.
(Qual é a informação básica? Filhos se formaram As expressões destacadas dão, respectivamente,
ideia de:
b) Adjunto Adverbial: termos que inserem uma a) modo, especificação
informação de circunstância a verbo. Como nos diz a b) lugar, modo
denominação, são os advérbios ou locuções adverbiais c) instrumento, modo
presentes na oração. d) instrumento, origem
Comi muito hoje.  e) origem, modo
Verbo: comi
Adjunto Adverbial de intensidade: muito 4. Na oração: “José de Alencar, romancista brasileiro,
Adjunto adverbial de tempo: hoje nasceu no Ceará”, o termo destacado exerce a função
Vejamos as circunstâncias possíveis de um adjunto sintática de:
adverbial: a) aposto
- circunstância de tempo: Ontem li o livro. b) vocativo
- circunstância de modo: Cantou bem. c) predicativo do objeto
- Circunstância de lugar: Vivo perto daqui. d) complemento nominal
- Circunstância de intensidade: Chorou bastante. e) n.d.a. 
- Circunstância de modo: Morreu de sede.
- Circunstância de companhia: Viajei com Pedro. 5. Na oração: “Cláudia, uma mulher simplesmente
- Circunstância de instrumento: Cortou com a faca. notável, é a melhor mãe que uma criança poderia ter”,
o termo destacado exerce a função sintática de:
3) Aposto: termo que possui a função de explicar, a) complemento nominal
b) aposto explicativo
esclarecer um termo previamente citado, apresentado na
c) vocativo
oração entre vírgulas.
d) aposto especificativo
e) ajunto adnominal 
Ex:
6. Dê a função sintática do termo destacado
João saiu às pressas.
em: “Não digo nada de minha tia materna,Dona
João, irmão de Maria, saiu às pressas.
Emerenciana”.
a) sujeito
Roma é cidade eterna. b) adjunto adverbial
Roma, que é capital de Itália, é a cidade eterna. c) objeto direto
d) vocativo
Exercícios e) objeto indireto
1. Na oração “Você ficará tuberculoso,  de (Exercícios retirados de http://www.
tuberculose morrerá”, as palavras destacadas são, gramaticaparaconcursos.com/2013/12/termos-acessorios-
respectivamente:  da-oracao-exercicios.html)
a) adjunto adverbial de modo, adjunto adverbial de
causa Gabarito
b) objeto direto, objeto indireto
c) predicativo do sujeito, adjunto adverbial 1 -c
d) ambas predicativos 2 -b
e) n.d.a. 3-c
4 -a
2. Aponte a alternativa em que há adjunto adverbial 5 -b
de causa. 6 -d
a) Compro os livros com o dinheiro.
b) O poço secou com o calor. SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO
c) Estou sem amigos.
d) Vou ao Rio. PERÍODO COMPOSTO
e) Pedro é efetivamente bom. Período composto é o enunciado de sentido completo
que gira em torno de dois ou mais verbos.
Ex.:
1) O funcionário chegou e assinou o documento.
2) Maria disse que não iria à festa.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

Nos exemplos acima verificamos a relação entre as CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
duas orações. Entretanto, percebemos que, no exemplo SINDÉTICAS
1 a segunda oração não completa o sentido do verbo da
primeira, ambos os segmentos são independentes. Já na a) Oração coordenada sindética aditiva: estabelece
frase 2 a segunda oração possui a função de completar o uma relação de adição entre as orações, a partir das
sentido do verbo dizer. conjunções coordenativas aditivas e, nem ...nem, não só...
Por isso mesmo, afirma-se que há períodos em que como também, não só…mas também etc...
as orações estão unidas num enunciado em situação de Ex.
independência (exemplo 1). Denominamos esse período de A economia cresceu e progrediu.
período composto por coordenação. Além disso, há casos A economia não só cresceu mas também progrediu.
em que as duas orações não podem ser separadas, pois uma Nem estudou nem descansou.
completa a outra (exemplo 2), e isso se trata de um período
composto por subordinação. b) Oração coordenada sindética adversativa:
transmite uma ideia de contradição e oposição, através
Ex.: das conjunções coordenativas adversativas mas, porém,
entretanto, contudo, todavia etc…
3) Penso, logo existo. Ex.:
Trata-se de um período composto por coordenação Fui dormir tarde, mas consegui acordar cedo.
já que é possível transformar as duas orações em frases Gosto muito de você, porém preciso deixá-lo.
independentes:
Penso. Logo existo. c) Oração coordenada sindética alternativa:
estabelece uma relação de alternância com a oração anterior.
4) Perguntei se ele me amava. São usadas as conjunções coordenativas alternativas ou...
Vemos aqui um caso de período composto por ou…, já...já, quer...quer, ora...ora.
subordinação, pois se separarmos as orações tornando-as Ex.:
períodos simples, o enunciado perderá o sentido:
Ou durmo, ou estudo.
Perguntei. Se você me amava.
Ora durmo, ora estudo.
Cada um desses períodos apresenta características e
manifestações distintas.
d) Oração coordenada sindética conclusiva: cria uma
relação de conclusão com a oração anterior, oferecendo
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
a ideia de resultado. São utilizadas as conjunções
Denomina-se período composto por coordenação o coordenativas conclusivas pois, logo, portanto, por
enunciado de sentido completo composto por duas ou mais conseguinte, consequentemente.
orações coordenadas, ou seja, independentes. Nesses casos Penso, logo existo.
não há uma oração que se sobreponha à outra e, por isso Estudo, por conseguinte obterei o resultado almejado.
mesmo, não há uma oração principal, ambas são.
Por serem autônomas, as orações coordenadas podem e) Oração coordenada explicativa: estabelece uma
ser unidas apenas por vírgulas e aí são denominadas de ideia de explicação com a oração anterior, esclarecendo-a.
assindéticas, já que não apresentam nenhuma palavra de São usadas as conjunções coordenativas porque, isto é, ou
conexão entre si, como no exemplo: seja, a saber.
Ex.:
Vi, vim, venci. Viajei logo, porque tinha pressa.
Fiquei muito triste, uma vez que ele descumpriu o
Ainda que sejam independentes, as orações coordenadas trato combinado.
podem ser unidas também a partir de um elemento conectivo,
recebendo a denominação de orações coordenadas IMPORTANTE
sindéticas. A classe gramatical que cumpre essa função de Excetuando as orações coordenadas sindéticas
conectá-las é a conjunção. Esta não apenas une as orações, aditivas, todas as demais exigem o uso de vírgula antes da
estabelece entre elas uma relação de sentido. Vejamos: conjunção coordenativa:
a) O ciclista acordou tarde e comeu. Trabalhou muito, mas não concluiu a tarefa.
b) O ciclista acordou tarde, mas comeu. Ou esqueça, ou lute.
c) O ciclista acordou tarde, logo comeu. Está batalhando, pois ambiciona progredir.
d) O ciclista acordou tarde porque comeu. Ela chegara atrasada, porque houve greve na linha do
metrô.
Nos exemplos acima percebe-se que as conjunções em
destaque não apenas liga as duas orações, cria um sentido
específico entre elas. Por isso mesmo, a gramática estabelece
uma classificação específica a partir da relação de sentido
criado pelas conjunções.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Exercícios Quando falamos em orações subordinadas se


entende a presença de uma oração principal e uma
1.A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação oração subordinada que completará a mensagem da
integral de gosto e de estilo” tem valor: primeira.
a) conclusivo As orações subordinadas dividem-se em:
b) adversativo a) Orações Subordinadas Substantivas: completam a
c) concessivo oração principal exercendo a função de substantivo;
d) explicativo b) Orações Subordinadas Adjetivas: completam a
e) alternativo oração principal exercendo a função de adjetivo;
c) Orações Subordinadas Adverbiais: completam a
2. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A oração principal exercendo a função de advérbio.
oração em destaque é:
a) coordenada explicativa I – ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
b) coordenada adversativa
c) coordenada aditiva
Como dito acima, são as que integram a oração
d) coordenada conclusiva
principal exercendo a função de substantivo.
e) coordenada alternativa
Como assim?
3. No verso, “Tenta chorar e os olhos sente enxutos”, o
conectivo oracional indica:
Atente ao exemplo abaixo:
a) junção de ideias, logo é conjunção aditiva
b) disjunção de ideias, logo é conj. Alternativa  a) Falei verdades a João.
c) contraste de ideias, logo é conj. Adversativa  b) Trabalho é fundamental.
d) oposição de ideias, logo é conj. Concessiva c) Trabalho é fundamental.
e) sequência de ideias, logo é conj. Conclusiva. 
Nos períodos simples acima percebemos que as
4. Fez isso ______ não conseguiu o resultado. palavras destacadas exercem a função de substantivo e
___A_________________B_______________ podem ser substituídas por isso.
Qual das alternativas abaixo preenche a lacuna,
indicando que B é um fato anterior a A? a) Falei isso a João.
a) entretanto b) Trabalho é isso.
b) pois c) Isso é trabalho.
c) porém
d) enquanto Realizando uma análise sintática, classificamos os
e) e.  termos destacados como objeto direto (a), predicativo do
sujeito (b) e sujeito (c).
5.”Deus não fala comigo, e eu sei que Ele me escuta.” O Mas o ser humano pode produzir frase mais complexas,
conectivo “e” pode ser substituído, sem contrariar o sentido, por: constituídas por períodos compostos por mais de um verbo,
a) ou. e os mesmos exemplos citados anteriormente podem ser
b) no entanto assim reescritos:
c) porém a) Falei que não me casaria a João.
d) porquanto b) Trabalho é agir com responsabilidade.
e) nem c) É importante trabalhar.

(Exercícios retirados de http://questoesconcursos. O que foi feito? Substituímos os substantivos dos


b l o g s p o t . c o m . b r / 2 0 1 1 / 0 4 / q u e s to e s - d e - o r a c o e s - enunciados por verbos equivalentes e construímos orações
coordenadas-para.html) subordinadas substantivas.

Gabarito 1.b – 2.d – 3.a – 4.b – 5.b Classificação das orações subordinadas substantivas

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO a) Oração Subordinada Substantiva Subjetiva:


quando exerce a função sintática de sujeito do verbo da
Denomina-se período composto por subordinação o oração principal.
período integrado por duas ou mais orações em que se Ex.:
verifica entre elas uma relação de dependência semântica
e sintática. Ou seja, caso se retire uma das orações o 1) Sua participação foi importante. (sujeito)
enunciado perde o sentido. Foi importante sua participação. (sujeito)
Ex.:
Perguntei se ele viria. Foi importante que você tenha participado da
Chorou tanto que não conseguiu abrir os olhos. reunião. (oração subordinada substantiva subjetiva).

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) A leitura é fundamental. (sujeito) Ex.:


É fundamental a leitura. (sujeito) Minha aluna necessita (de) que seus pais a auxiliem.
A coordenação insiste em que os pais auxiliem a
É fundamental que você leia. (oração subordinada aluna.
substantiva subjetiva) Nos exemplos acima percebe-se que tanto o verbo
- Estrutura das orações subordinadas substantivas necessitar quanto o insistir são verbos transitivos indiretos,
subjetivas: exigindo como complemento oração ou palavra antecedido
* Verbos de ligação mais predicativo: por preposição.
É importante – É fundamental – É essencial –
Foi imprescindível – Permanece preocupante – Está d) Oração Subordinada Completiva Nominal: exerce
comprovado a função de completar o sentido de um NOME, geralmente
um substantivo abstrato ou adjetivo.
Ex.:
É fundamental que as crianças estudem Ex.:
* Expressões iniciadas por verbos na voz passiva: Senti receio de que ele viesse alterado.
Tive medo de o avião atrasar por mais tempo.
Sabe-se – Conta-se – Percebe-se – Soube-se – É sabido Ela foi favorável a que João participasse do projeto.
– Comenta-se – Foi comprado – Foi anunciado
e) Oração Subordinada Substantiva Predicativa:
Ex.: cumpre a função de predicativo do sujeito, qualificando o
Conta-se que muitos alunos não realizaram a prova. sujeito enquanto “completa” um verbo de ligação.
* Verbos como: cumprir – convir – importar –
acontecer – ocorrer Ex.:
Minha preocupação é que ele não chegue a tempo.
Ex.: O fundamental é que ela se recuperou bem.
Convém que você estude mais.
f) Oração Subordinada Substantiva Apositiva:
b) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: exerce a função de aposto, esclarecendo algum termo da
exerce a função de objeto direto, completando verbo oração principal.
transitivo direto.
Ex.:
Ex.: Meu desejo era esse: que ele não voltasse mais.
Maria não sabe que João viajou. Sempre apresentou essa desconfiança: que Joana não
O deputado perguntou se todos já haviam chegado. estava cumprindo o contrato.

Chamamos de conjunção integrante a conjunção Exercícios


que a qual inicia a subordinada substantiva objetiva
direta. Isso porque a ela cabe a atribuição de iniciar o 1. (UNAMA) No seguinte grupo de orações
complemento verbal. destacadas:
Peço que você saia. 1. É bom que você venha.
2. Não esqueças que és falível.
Orações Substantivas Objetivas Diretas Reduzidas:
Temos orações subordinadas, respectivamente:
Podem integrar/completar o verbo transitivo direto a) objetiva direta, subjetiva.
da oração principal orações subordinadas marcadas pelo b) subjetiva, objetiva direta.
verbo reduzido de infinitivo: c) objetiva direta, adverbial temporal.
d) subjetiva, predicativa.
Ex.: e) predicativa, objetiva direta.
Mandei-a nadar um pouco.
Ouvi João chorar o dia inteiro. 2. (UFBA) Em todos os períodos a oração
subordinada funciona como sujeito da oração principal,
Por isso mesmo, chamamos de orações desenvolvidas exceto em:
as caracterizadas por verbos flexionados e reduzidas com a) É claro que eles virão.
verbos apresentados no infinitivo. b) Acontece que ela mentiu.
c) Sabe-se que é um golpe.
c) Orações Subordinadas Substantivas Objetivas d) O certo é que tudo morre.
Indiretas: exercem a função de objeto indireto, e) Agora parece que é dia.
completando verbos transitivos indiretos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. (FMU-SP) No seguinte período: «Aí eu tive o c) absoluta; subordinada substantiva objetiva direta;
fervor de que ele carecesse de minha proteção, toda a subordinada substantiva objetiva direta. d) principal;
vida», a expressão destacada é: subordinada substantiva subjetiva; subordinada substantiva
a) oração subordinada substantiva apositiva. objetiva indireta.
b) oração subordinada substantiva objetiva indireta. e) coordenada assindética; subordinada substantiva
c) oração subordinada substantiva completiva nominal. subjetiva; subordinada substantiva objetiva direta.
d) oração subordinada substantiva predicativa.
10. (PUCCAMP-SP) «Se ele confessou não sei.» A
4. (UFPR) Qual o período em que há oração oração destacada é:
subordinada substantiva predicativa? a) subordinada adverbial temporal.
a) Meu desejo é que você passe nos exames vestibulares. b) subordinada substantiva objetiva direta.
b) Sou favorável a que o aprovem. c) subordinada substantiva objetiva indireta.
c) Desejo-te isto: que sejas feliz. d) subordinada substantiva subjetiva.
d) O aluno que estuda consegue superar as dificuldades e) subordinada substantiva predicativa
do vestibular.
e) Lembre-se de que tudo passa neste mundo. (Exercícios retirados de https://ocondedemontecristo.
files.wordpress.com/2011/03/un25.pdf)
5. (UFPR) Reconheça a oração subordinada
substantiva subjetiva: Gabarito
a) Veja se está tudo em ordem.
b) Perguntou quem era.
c) Que ele não compareceu, souberam.
d) É necessário que tenhamos paciência.
e) n.d.a.

6. (UEM-PR) «Parecia que o morro se tinha


distanciado muito.» No período acima, a oração II – ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
subordinada é: São as orações que equivalem a adjetivos, na função
a) substantiva objetiva direta. de qualificar ou esclarecer um termo da oração principal.
b) substantiva subjetiva. Vejamos:
c) adjetiva explicativa. a) Encontrei aquele menino bonito. (adjetivo)
d) substantiva predicativa b) Encontrei aquele menino que é bonito. (oração
e) adverbial consecutiva. subordinada adjetiva)

7. (UFPR) Julieta ficou à janela na esperança de que Nos exemplos acima percebemos como a oração
Romeu voltasse. A oração em destaque é: destaca em (b) equivale ao adjetivo do exemplo anterior.
a) subordinada substantiva subjetiva. Vale destacar que as orações subordinadas adjetivas,
b) subordinada substantiva completiva nominal. por exercerem a função de adjetivo, cumprem também
c) subordinada substantiva predicativa. a atribuição de adjunto adnominal.
d) subordinada adverbial causal.
e) subordinada adjetiva explicativa.
Essas orações são iniciadas por pronomes relativos:
que, o qual, a qual, as quais, os quais
8. (PUCCAMP-SP) Assinale o período em que a
oração destacada é substantiva apositiva: Ex.:
a) Não me disseram onde moravas. Vi o jogador que vive em Madri.
b) A rua onde moras é muito movimentada. Vi o jogador o qual vive em Madri
c) Só me interessa saber uma coisa: onde moras.
d) Morarei onde moras. Classificação das orações subordinadas adjetivas
e) n.d.a. Pensemos no adjetivo. Enquanto classe gramatical
qualificadora, pode especificar uma qualidade referente ao
9. (MACK-SP) No período: «Sabe-se que Jacó propôs substantivo ou simplesmente apresentar ou esclarecer uma
a Labão que lhe desse todos os filhos das cabras...», a característica geral:
alternativa que contém a análise correta das orações,
na sequência em que vêm no período é: Ex.:
a) principal; subordinada substantiva subjetiva; a) Maria é a aluna sueca. (Aqui o adjetivo restringe o
subordinada substantiva objetiva direta. substantivo, reduzindo-o a grupo dos estudantes suecos).
b) coordenada sindética aditiva; subordinada b) Todo homem é mortal. ( Já aqui o adjetivo apenas
substantiva objetiva direta; subordinada substantiva explica uma qualidade geral).
apositiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Da mesma forma, as orações subordinadas adjetivas 3) Identifique a alternativa que se encontra uma oração
podem reduzir o campo semântico ou simplesmente subordinada adjetiva explicativa.
esclarecê-lo e daí vem sua classificação: A) Eram músicas que contagiavam.
B) Os homens, que são seres racionais, merecem nosso
a) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva: orações diálogo.
que cumprem a função de particularizar e restringir um C) A televisão apresenta cenas que agridem.
termo da oração principal. D) Viajaram a lugares por onde nunca sonharam passar.

Ex.: (Exercícios retirados de http://provasdeportugues.


Encontrei o repórter que vive em Tóquio. blogspot.com.br/2014/06/atividades-de-oracoes-
Admiro os alunos que estudam Português. subordinadas_25.html)
Foi entrevistada a atriz que recebeu o Oscar.
Gabarito
Nos exemplos acima todas as orações destacadas são
adjetivas restritivas, já que qualificam o nome reduzindo 1 -D
seu campo semântico. 2 -B
3–B
b) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa: ao
contrário da anterior, não apresenta qualificação restritiva, ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
apenas explica uma ideia na função de esclarecer um termo
já citado. Essa oração costuma aparecer entre vírgulas. Chamamos de orações subordinadas adverbiais
aquelas que se acoplam à oração principal denotando
Ex.: uma circunstância, função típica dos advérbios. Quando
Lilian, que é economista, prevê a continuação da desenvolvidas, são sempre introduzidas por conjunções
inflação. subordinativas adverbiais e classificadas segundo as
O Ramadã, que é o período de jejum dos muçulmanos, circunstâncias que exprimem.
inicia na próxima segunda.
Diferenças entre as conjunções integrantes e pronomes Ex.:
relativos: o caso da palavra “QUE” a) Saiu para trabalhar à noite. (o termo destacado é
uma locução adverbial de tempo, já que oferece uma
Vimos que a palavra “que” pode ser uma conjunção circunstância ao verbo “trabalhar”)
b) Saiu para trabalhar quando anoiteceu. (a locução
integrante nas orações subordinadas substantivas e
adverbial foi substituída por uma oração, que exerce a
pronome relativo nas subordinadas adjetivas. Como
mesma função, apresenta uma circunstância temporal).
entender a diferença?
É fácil: o “que” conjunção integrante completa verbos
As orações subordinadas adverbiais dividem-se
transitivos e o “que” pronome relativo sucede um nome (e
em: causais, consecutivas, concessivas, conformativas,
não um verbo) cumprindo a função de iniciar a qualificação
comparativas, finais, proporcionais, condicionais e
do mesmo. temporais. Vejamos cada uma delas:
Exercícios 1) Oração subordinada adverbial causal: expressa
a ideia de causa, iniciada pelas conjunções subordinativas
1)  Quanto à classificação das orações subordinadas porque, como, uma vez que, visto que, posto que etc…
adjetivas abaixo, a correta opção é: Ex.:
Os pais que cuidam dos seus filhos merecem aplausos.  a) Como estava chovendo, o aluno não foi treinar.
Esta equipe,  cujo técnico não incentiva seus b) A escola não realizou o concurso, visto que não
atletas, sempre perde. havia o material necessário.
A casa, onde mora, parece abandonada.
A) restritiva, restritiva, explicativa 2) Oração subordinada adverbial consecutiva: indica
B) explicativa, explicativa, explicativa a ideia de consequência, precedida pelas conjunções
C) explicativa, restritiva, explicativa subordinativas que, de sorte que, de modo que etc…
D) restritiva, explicativa, explicativa. Ex.:
a) Estudou tanto que gabaritou a prova.
2) Identifique a alternativa que se encontra uma oração b) Estava tão nervosa de modo que não conseguiu
subordinada adjetiva restritiva. chegar até o fim da prova.
A) Sei que ainda não disse tudo.
B) Este é o apartamento que comprei. 3) Oração subordinada adverbial concessiva:
C) Ela chegou, lavou as mãos e saiu. expressa uma circunstância contrária a apresentada na
D) Assim que chegou, dormiu. oração principal, iniciada pelas conjunções subordinativas
embora, ainda que, conquanto que etc…

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: i) Oração subordinada adverbial temporal: indica


a) Embora estivesse chovendo, foi correr na avenida. uma circunstância de tempo à oração principal, iniciada
b) Conquanto Maria estivesse atrasada, conseguiu pelas conjunções subordinativas quando, enquanto, logo
realizar a prova. que, assim que, depois que etc…
Ex.:
4) Oração subordinada adverbial conformativa: a) Quando chegou, iniciou os procedimentos.
indica conformidade com a informação expressa na oração b) Realizou a entrevista assim que o convidado
principal, precedida pelas conjunções subordinativas apareceu.
conforme, consoante, como, segundo etc…
IMPORTANTE! ORAÇÕES SUBORDINADAS
Ex.: ADVERBIAIS EM SUA FORMA REDUZIDA
a) Conforme informou a previsão do tempo, choveu
bastante no sul do Brasil. Orações reduzidas são aquelas que apresentam verbos
b) Segundo dissera o professor, a prova fora adiada reduzidos de infinitivo, sem flexão, ou no gerúndio Algumas
em tempo. subordinadas adverbiais podem apresentar verbos com
essa característica:
5) Oração subordinada adverbial comparativa: tem a) Subordinadas adverbiais finais: Estou batalhando
como função estabelecer uma comparação com a oração para você ter um futuro melhor.
principal, iniciada pelas conjunções subordinativas como, b) Subordinadas adverbiais condicionais: Se você
que, tanto como, tal como, do que etc… chegar em tempo, poderemos estudar.
c) Subordinadas adverbiais temporais: Acordando
Ex.: amanhã, ligue para sua mãe.
a) Ele estuda tanto como sua irmã. (estuda) d) Subordinadas adverbiais consecutivas: Não
b) João treina tal como Pedro estuda. conseguiu ler o discurso sem gaguejar.
Percebemos na frase a) que quando o verbo de
comparação é o mesmo da oração principal, ele pode estar Exercícios
oculto.
1.  (MACK) “Na ‘Partida Monção’, não há uma
6) Oração subordinada adverbial final: Exprime atitude inventada. Há reconstituição de uma cena como
finalidade referente à ação do verbo da oração principal, ela devia ter sido na realidade.” A oração “como ela
precedida pelas conjunções subordinativas para que, a fim devia ter sido na realidade” é:
de que, que, porque etc… a) adverbial conformativa
b) adverbial proporcional
Ex.: c) adjetiva
a) Os jogadores treinaram muito para que pudessem d) adverbial causal
vencer o campeonato. e) adverbial consecutiva
b) Os alunos se prepararam muito para que
conseguissem aprovar o projeto. 2.  (FUVEST) No período: “Era tal a serenidade da
tarde, que se percebia o sino de uma freguesia distante,
7) Oração subordinada adverbial proporcional: dobrando a finados.”, a segunda oração é:
expressa a ideia de proporção junto ao verbo apresentado na a) subordinada adverbial causal
oração principal, iniciada pelas conjunções subordinativas b) subordinada adverbial consecutiva
à medida que, à proporção que, quanto mais...tanto mais, c) subordinada adverbial concessiva
quanto mais..tanto menos etc… d) subordinada adverbial comparativa
e) subordinada adverbial subjetiva
Ex.:
a) Quanto mais se trabalha, mais se engrandece. 3. (PUC) Assinale a alternativa em que a subordinada
b) À medida que envelheço, mais bela fico. não traduza idéia de consequência, comparação,
concessão e causa:
8) Oração subordinada adverbial condicional: a.  Porquanto, não fosse um ancião convencional,
apresenta uma condição para que se efetive a ação expressa enterrou-se de sobrecasaca e polainas.
pelo verbo da oração principal, precedida pelas conjunções b. Desde que era um ancião convencional, enterrou-se
subordinativas se, caso, desde que, contanto que etc… de sobrecasaca e polainas.
c. Ele era um ancião tão convencional que se enterrou
Ex.: de sobrecasaca e polainas.
a) Caso Maria compareça, faremos a reunião. d. Ele era um ancião mais convencional do que o que
b) Assinaremos o contrato se o presidente concorde se enterrou de sobrecasaca e polainas.
com os termos. e. Ele era um ancião convencional, na medida em que
se enterrou de sobrecasaca e polaina.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4.  (FUVEST) Na frase “Entrando na faculdade, c.  Mas não estava neles modificar um namoro  que
procurarei emprego.”, a oração subordinada indica nascera difícil, cercado, travado - subordinada adjetiva
idéia de:  d.  O momento foi tão intenso  que ele teve medo -
a) concessão subordinada adverbial consecutiva
b) lugar e. Solta, que você está me machucando - coordenada
c) oposição sindética explicativa
d) consequência     
e) condição 10.  (FUVEST) No período: “Ainda que fosse bom
jogador, não ganharia a partida”, a oração destacada
5. (EFOA-MG) “Quando vejo certos colegas mostrando encerra idéia de:
com orgulho aquela rodela imbecil no pescoço ...” O período a) causa  
que apresenta uma oração com a mesma classificação da b) condição      
destacada na citação acima é: c ) concessão 
a) “Mal o sol fugia, começavam as toadas das cantigas.” d) proporção
b) “Caso o encontre, dê-lhe o recado.” e) fim
c) “Dado que a polícia venha, prenderemos o assassino.”     
d) “Uma vez que cheguem os reforços, atacaremos a 11.  (PUC) No período: “Apesar  disso a palestra
praça.” de Seu Ribeiro e D. Glória é bastante clara”, a palavra
e) “Contar-lhe-ei o caso, conquanto você guarde grifada veicula uma idéia de: 
segredo.” a) concessão  
b) condição  
6. (UFE-PA) No trecho “Cecília ... viu do lado oposto c) comparação
do rochedo Peri, que a olhava com uma admiração d) modo    
ardente”, a oração grifada expressa uma e) consequência
a) causa
b) lugar 12. (CESGRANRIO) Assinale o período em que
c) oposição ocorre a mesma relação significativa indicada pelos
d) explicação termos destacados em: “A atividade científica é tão
e) condição natural quanto qualquer outra atividade econômica.”
7.  (UF SANTA MARIA-RS) Leia, com atenção, os a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi
períodos abaixo: promovido.              
Caso haja justiça social, haverá paz. b) Quanto mais estuda, menos aprende.
Embora a televisão ofereça imagens concretas, ela não c) Tenho tudo quanto quero.                                                            
fornece uma reprodução fiel da realidade. d) Sabia a lição tão bem como eu.
Como todas aquelas pessoas estavam concentradas, e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram
não se escutou um único ruído. logo.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente,
as circunstâncias indicadas pelas orações sublinhadas: (Exercícios retirados de http://soslportuguesa.
a) tempo, concessão, comparação blogspot.com.br/2011/06/questoes-sobre-oracoes-
b) tempo, causa, concessão subordinadas_24.html)
c) condição, consequência, comparação
d) condição, concessão, causa Gabarito: 1-a, 2-b, 3-e, 4-e, 5-a, 6-d, 7-d, 8-b, 9-b,
e) concessão, causa, conformidade 10-c, 11-a, 12-d

8.  (UNIMEP) I - Mário estudou muito e foi


reprovado! II - Mário estudou muito e foi aprovado. Em 5.3 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.
I e II, a conjunção “e” tem, respectivamente, valor:
a) aditivo e conclusivo                  
d) adversativo e conclusivo
b) adversativo e aditivo                  REGRAS DE PONTUAÇÃO
e) concessivo e causal
c) aditivo e aditivo Na língua falada, quando estamos conversando
      com alguém, é comum utilizarmos pausas para marcar
 9. (UC-MG) A classificação da oração grifada está a entonação do discurso. Respiramos, damos um ritmo
correta em todas as opções, exceto em: coerente na locução pois nenhum falante se comunica em
a. Ela sabia que ele estava fazendo o certo - subordinada compasso acelerado. Entretanto, quando se faz a passagem
substantiva objetiva indireta da oralidade para a escrita há um problema essencial: como
b. Era a primeira vez que ficava assim tão perto de uma marcar ritmos e pausas entre as frases se agora não temos
mulher - subordinada substantiva subjetiva mais como instrumento a voz e o silêncio?

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na língua escrita utilizamos os sinais de pontuação c) Entre o complemento nominal e o nome


entre as orações como recurso para estabelecer pausas e completado, ou entre satélites do substantivo (numeral,
inflexões de voz na leitura. pronome, adjetivo e artigo):
Veja os exemplos abaixo: Tenho medo, de altura. (INCORRETO).
a) Presenteei minha sobrinha, não meu filho, Tenho medo de altura (CORRETO)
b) Presenteei, minha sobrinha não, meu filho. Meus três, lindos, carros foram fotografados pela
revista (INCORRETO)
As frases acima, ainda que possuam as mesmas Meus três lindos carros foram fotografados pela revista.
palavras, mudam de sentido somente pelo uso das vírgulas. (CORRETO)
Por isso, é muito importante sabermos utilizar os sinais de
pontuação para que não cometamos erros de ambiguidade d) Antes de etc…
ou duplo sentido. A expressão etc é uma abreviatura de um termo em
latim et cetera, que significa e outras coisas. Já que está
1. USO DA VÍRGULA aglutinado a conjunção e não se utiliza vírgula.
Vi filmes franceses, persas etc…
A vírgula é um sinal que indica pausa entre orações ou
palavras elencadas. Apresenta a seguintes funções: 2) PONTO E VÍRGULA
A função básica deste sinal é separar termos
a) separar termos de mesma função sintática dentro enumerados:
de uma oração: Ex.:
Assim que cheguei, comi, bebi o vinho, dormi um Alguns pontos básicos da pesquisa é:
pouco. - conceito de sujeito grego;
- humanismo renascentista;
b) Separar um aposto: - o drama barroco;
Maria, irmã de João, viajou ao Canadá. - cidadão pós-revolução francesa.

c) Isolar um vocativo: Outra função é separar orações de sentido oposto ou


num período em que as orações coordenadas já tiverem
Maria, entre agora!
exigido vírgula:
d) Para marcar elipse verbal:
Alguns homens são bons; outros, maus. (SENTIDO
João comprou duas camisas, eu, três.
OPOSTO)
Muitos estudantes aprendem, leem, estudam; às vezes
e) Para indicar expressões explicativas:
também cansam.
Algumas pessoas estão ficando misantropas, ou seja,
isolando-se em si mesmas. 3) DOIS PONTOS:
Utilizamos dois pontos:
f) Para separar topônimos frente a datas e
endereços: a) quando apresentamos uma citação ou fala:
Florianópolis, 25 de maio de 2017. Como diria Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão”.
g) Para separar orações coordenadas sem conjunção b) quando se apresenta expressão enumerativa:
ou simplesmente palavras: Desejo os seguintes itens: macarrão, ovos, queijo e
Ontem comprei roupas, sapatos, brincos e uma bolsa. carne.
Eu viajei, dormi, descansei.
c) para completar aposto resumitivo:
h) isolar orações subordinadas adjetivas explicativas: Comer, rezar, amar: todos esses verbos me apetecem.
João, que esteve aqui ontem, é irmão de Pedro.
4) PONTO DE EXCLAMAÇÃO:
IMPORTANTE! NÃO SE USA VÍRGULA NOS Utilizado em interjeições ou frases de grande
SEGUINTES CASOS: expressividade:
Olá!
a) Entre o sujeito e o verbo de uma oração: Como você está linda!
João, comprou um carro. (INCORRETO) Socorro!
João comprou um carro. (CORRETO) Podemos utilizar mais de um ponto de exclamação
para realçar emoção ou surpresa:
b) Entre o verbo e seus complementos: Amo tanto a vida!!!!
João comprou, um carro. (INCORRETO) Além do mais, utiliza-se após sinal de interrogação
João comprou um carro. (CORRETO) para marcar expressividade ou surpresa em uma pergunta:
Por que você é tão difícil?!

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LÍNGUA PORTUGUESA

5) PONTO FINAL Mas também é usado após a fala para introduzir


Pode-se afirmar que o ponto final é uma pausa comentário do narrador.
mais prolongada, que encerra uma relação lógica entre Ex.:
elementos numa frase. Utilizamos nos seguintes casos: - Você não me ama? - perguntou Maria, insegura.
- Sim, mais que tudo. - respondeu João tranquilamente.
a) encerrar definitivamente um enunciado:
Muitas pessoas amam; outras odeiam, entretanto, isso Também é usado com a mesma função da vírgula ou
faz parte da natureza humana. parênteses:
Machado é o maior escritor realista – já nos diziam
b) separar parágrafos: nossos professores.
A crise financeira brasileira parece não ter data para
acabar. No entanto, muitos brasileiros estão fazendo das EXERCÍCIOS
próprias dificuldades ferramenta para mudar de vida.
O segredo dos dias de hoje é a audácia: feliz daquele 1. Assinale a opção em que a supressão das vírgulas
que arrisca mais. alteraria o sentido do anunciado:
a) os países menos desenvolvidos vêm buscando,
6) PONTO DE INTERROGAÇÃO ultimamente, soluções para seus problemas no acervo
O ponto de interrogação possui uma função específica: cultural dos mais avançados;
marcar mudança de entonação de voz frente a uma b) alguns pesquisadores,que se encontram
pergunta. Usamos em perguntas diretas: comprometidos com as culturas dos países avançados,
Ex.: acabam se tornando menos criativos;
Afinal, como você conseguiu chegar até aqui? c) torna-se, portanto, imperativa uma revisão modelo
Além desse comum uso, também se costuma utilizar presente do processo de desenvolvimento tecnológico;
para marcar surpresa ou indignação: d) a atividade científica, nos países desenvolvidos, é tão
Como assim? natural quanto qualquer outra atividade econômica;
O quê? Você não fez a prova? e) por duas razões diferentes podem surgir, da interação
de uma comunidade com outra, mecanismos de dependência.
7) RETICÊNCIAS
São usadas para marcar retirada de um trecho ou 2. Assinale a opção em que está corretamente indicada
mesmo para dar ideia de continuidade: a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as
Segundo Foucault: “a liberdade é um sintoma moderno, lacunas da frase abaixo:
quiçá um conceito, além de mecanismo ideológico….” “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas
Vimos muitas coisas no museu: esculturas, pinturas, devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica
instalações… que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que
possa ter.
8) ASPAS a) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
Utiliza-se para indicar fala de alguém, expressões b) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
estrangeiras, conceitos e ironia: c) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
Ex.: d) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
E nos perguntou Freud: “O que quer uma mulher?” (fala e) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
de alguém)
A expressão “soledad” é um termo espanhol e indica a 3. Assinale o exemplo em que há emprego incorreto
ideia de solidão. (expressão estrangeira) da vírgula:
Ainda não entendi o conceito de “devir” de Deleuze. a) como está chovendo, transferi o passeio;
(conceito) b) não sabia, por que todos lhe viravam o rosto;
Dizem que ele é um moço “bem-educado”. (ironia) c) ele, caso queira, poderá vir hoje;
d) não sabia, por que não estudou;
9) PARÊNTESES e) o livro, comprei-o por conselho do professor.
Sua função básica é inserir uma explicação de algum
termo enunciado anteriormente: 4. Assinale o trecho sem erro de pontuação:
Ex.:Ainda que todos saibam o conceito de “devir” a) vimos pela presente solicitar de V.Sas., que nos
(transformação, mudança, vir-a-ser), poucos aplicam na informe a situação econômica da firma em questão;
vida prática. b) cientificamo-lo de que na marcha do processo de
restituição de suas contribuições, verificou-se a ausência da
10) TRAVESSÃO declaração de beneficiários;
Comumente vemos o travessão para indicar diálogos c) o Instituto de Previdência do Estado, vem solicitar de
em um texto: V.Sa. o preenchimento da declaração;
Ex.: d) encaminhamos a V.Sa., para o devido preenchimento,
- Você não me ama? o formulário em anexo;
- Sim, amo mais que tudo. e) estamos remetendo em anexo, o formulário.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Assinale as frases em que as vírgulas estão incorretas: Primas – Substantivo, núcleo, feminino e plural
a) ora ríamos, ora chorávamos; Estas – pronome, concorda com o substantivo
b) amigos sinceros, já não os tinha; Três - satélite
c) a parede da casa, era branquinha branquinha; Lindas – adjetivo, satélite, concorda em gênero e
d) Paulo, diga-me o que sabe a respeito do caso; número com o substantivo
e) João, o advogado, comprou, ontem, uma casa.
2) Quando um determinante (satélite) se refere a
(Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso. mais de um substantivo
com/2009/07/pontuacao-exercicios.html)
a) se estiver depois dos substantivos, o satélite
Gabarito: concorda com o substantivo mais próximo (e aqui será
classificado como adjunto adnominal); ou concordará com
1. B todos os substantivos (na função de predicativo):
2. C
3. D Ex.:
4. D Ganhei uma calça e camisa importada. (concordância
5. C com o mais próximo)
Ganhei uma calça e camisa importados (concordância
com todos os substantivos, utilizando o gênero e número
predominante)
5.4 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
Comprei quadros e tela artística. (concordância com o
mais próximo)
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL Comprei quadro e tela artísticos (concordância com
todos os substantivos)
Quando estudamos as palavras, inicialmente analisamos
b) se surgir antes dos substantivos, concorda com o
sua estrutura e características isoladamente. No entanto,
mais próximo apenas. Caso os nomes sejam substantivos
quando as palavras entram em relação entre si, precisam
próprios, concordará com todos eles.
estabelecer uma relação lógica. Além do mais, é essencial
que haja, entre os vocábulos que estejam se referindo ao
Ex.:
mesmo ente, concordância de gênero e número, pois não
Meu pai e tios vieram mais cedo.
é correto afirmar que cinco carros VELHO foram VENDIDO.
Ganhei nova camisa e sapatos.
A sintaxe nos oferece regras de concordância nominal
Ele chegou em péssimo momento e hora.
e verbal para evitar erros como o citado no exemplo acima.
Os exemplares João e Maria.
CONCORDÂNCIA NOMINAL c) caso o determinante ocupar a função de predicativo
do sujeito, teremos as seguintes construções:
Consiste na concordância entre o substantivo e seus A aluna e o irmãos eram aplicados.
respectivos determinantes e qualificadores (que chamamos Eram aplicados a aluna e o irmão.
de satélites): adjetivo, pronome, artigo e numeral. Era aplicada a aluna e o irmão.
Era aplicado o irmão e a aluna.
1) Regra geral:
O substantivo determina o gênero e número de seus 3) quando um substantivo for determinado por
satélites. mais de um satélite:
Ex.:
a) caso esteja no plural o substantivo determinado,
Minha mãe, minhas duas irmãs, estas três lindas seus satélites permanecem no singular, sem o auxílio de
primas, todas elas vêm à festa. artigo,
Ex.:
Mãe – Substantivo, impõe seu gênero e número a seu Estou estudando as línguas francesa e italiana.
satélite
Minha – pronome, satélite, concorda com o substantivo b) se o substantivo está no singular deve-se usar o
artigo, como auxílio à determinação.
Irmãs – Substantivo feminino flexionado no plural Estou estudando a língua francesa e a italiana.
Minhas – pronome, satélite, concorda em gênero e
número
Duas – numeral, satélite, concorda em gênero

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) É preciso, é bom, é necessário, é proibido 10) Muito/ bastante

a) Ficam no masculino e singular caso o substantivo a) Quando determinarem um substantivo (e portanto,


não esteja determinado por artigo. tratarem-se de pronomes) variam em número:
Ex.: Ex.:
É proibido entrada de pedestres. Comprei bastantes camisas.
É necessário água no mundo. Vi muitos filmes.
É bom água com gás.
b) Quando expressarem circunstância ao verbo (função
b) Caso o substantivo vier precedido por determinante típica dos advérbios) permanecem invariáveis.
haverá concordância em gênero e número: Ex.:
É proibida a entrada de pedestres. Comemos muito na festa.
É necessária a água no mundo. Corri bastante.
É boa a água com gás.
11) GRAMA
5) O verbo no particípio sempre concorda com o Caso represente unidade de massa permanece no
substantivo: singular.
Foram comprados os ternos. Ex:
Foram compradas as camisas. Comprou um grama de ouro.

6) Meio 12) Numerais


a) Só não é flexionado quando se tratar de um advérbio, Se antecede o substantivo é ordinal (primeiro, segundo);
já que este é uma classe invariável. quando posposto é cardinal (um, dois)
Ex.:
Ex.: Li somente a primeira página do relatório.
Li somente a página um do relatório.
Comi meia maçã. (numeral)
Cheguei em casa meio dia e meia. (numeral)
13) POSSÍVEL
Meias verdades não me interessam. (adjetivo)
Unido a expressões como “o mais”, “o menos”, “o
Bebi meia garrafa de vinho. (numeral)
melhor”, “o pior” concorda com o artigo.
Estou meio envergonhada. (advérbio)
Ex.:
Vi obras o mais belas possível.
7) Anexo, incluso, apenso, junto Vi obras as mais belas possíveis.
Concordam com o substantivo a que se referem:
Ex.: 14) Obrigado, mesmo, próprio
Seguem anexos os relatórios. Ex:
Vieram anexas as planilhas. Concordam com o substantivo determinado.
Seguem inclusas as despesas. Muito obrigada, disse Maria.
Ela mesma fez a tarefa.
Exceção: caso anexo vier precedido da preposição em Isso são questões próprias do sistema.
ele se mantém no singular.
Exercícios
Ex.:
Segue em anexo os relatórios 1) O adjetivo não está corretamente empregado na
concordância em: 
8) A olhos vistos, pseudo, menos a) Eis teu romance: fantástico enredo e personagens, mas
Sempre se mantêm invariáveis. estilo pobre e imaturo.
Ex.: b) No porto vimos com espanto as esquadras inglesas e
Cresceu a olhos vistos. soviéticas unidas.
Tratam-se de pseudomédicos. c) Precisa-se de moça e rapaz devidamente habilitados.
Ela é menos agradável do que sua irmã. d) Fiel aos deveres paternal e fraternal, ambos silenciavam.
e) A flor e o fruto saboroso não existem.
9) TAL QUAL
Tal concorda com o termo precedente (ou 2) Assinale a frase incorreta considerando que o adjetivo
imediatamente posposto a ele) e qual com o termo em função de predicativo deve concordar no plural: 
subsequente. a) O caipira e sua mulher ficam desconfiados.
Ex.: b) Tenho o réu e seu comparsa como mentiroso.
Tal mãe quais filhas. c) Lúcio e Vera caminhavam amuados, lado a lado.
Ele é belo tal quais os irmãos. d) Tenho por mentirosos o réu e seu cúmplice.
e) Julguei-os capacitados, o aluno e a aluna.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3) Quanto à concordância nominal, preencha as 8) (Ita 1997) - Assinale a opção que completa
lacunas das frases: corretamente as lacunas do texto a seguir:
(I) Era talvez meio-dia e .......................quando fora preso. “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(II) Decepção é ..............................para fortalecer o _______________ ler os jornais, pois foram informadas
sentimento patriótico. de que as críticas foram ______________ indulgentes
(III) Apesar da superpopulação do alojamento, havia ______________ rapaz, o qual, embora tivesse mais aptidão
acomodações.............................para os homens. _______________ ciências exatas, demonstrava uma certa
(IV) Os documentos dos candidatos propensão _______________ arte.”
seguiram............................ às fichas de inscrição. a) meio - para - bastante - para com o - para - para a 
(V) As fisionomias dos homens eram as mais desoladas b) muito - em - bastante - com o - nas - em
................................naquele cortejo. c) bastante - por - meias - ao - a - à
d) meias - para - muito - pelo - em - por
a) meia - bom - bastantes - anexos - possíveis
e) bem - por - meio - para o - pelas – na
b) meio - bom - bastantes - anexo - possíveis
c) meia - boa - bastante - anexo - possível
9) (Mackenzie) -
d) meio - boa - bastante - anexos - possível  I - Não te molestaram, portanto cale a boca.
e) meia - bom - bastantes - anexo – possível II - Foi encontrado há seis anos atrás.
III - Vimos, agora, trazer-lhe nosso apoio.
4) Observando a concordância nominal nas frases: IV - Os homens de bem, nada reclamaram.
(I) É necessário compreensão. V - Permitiu-se a alguns luxos.
(II) A compreensão é necessária.
(III) Compreensão é necessário. Quanto à correção gramatical das frases anteriores,
(IV) Para quem a compreensão é necessário? afirma-se que:
Verificamos que:  a) todas estão corretas, com exceção da III. 
a) apenas a I e a IV estão erradas b) todas estão incorretas, com exceção da III. 
b) apenas a II e a III estão erradas c) todas estão corretas, com exceção da II. 
c) apenas a IV está errada d) todas estão incorretas, com exceção da V. 
d) apenas a II está certa e) todas estão corretas, com exceção da V. 
e) todas estão certas
10) Indique a frase sem concordância nominal:
5) Quanto ............................. interferências ................ a) Já é meio-dia e meia.
b) Bastante alunos estranham este plural.
................ , melhor ......................a) menas, existirem, serão
c) Os alimentos estão meio caros.
b) menas, existirem, será
d) Paguei caro aquelas coisas raras.
c) menas, existir, será
d) menos, existir, serão 11) Ocorre erro de concordância nominal na
e) menos, existirem, será alternativa:
a) No livro de registros faltava a folha duzentos.
6) Qual alternativa preenche as lacunas abaixo b) É necessária segurança para se viver bem.
corretamente? c) A janela estava meio aberta.
Segue _____ uma cópia do soneto composto pela ______ d) Eu e você estamos quites.
-poetisa, no qual a autora tenta imitar o grande Bilac,
usando as ______ imagens. (Exercícios retirados de http://portuguesvestibular.blogspot.
a) anexo, pseudo, mesmas com.br/2012/10/exercicios-de-concordancia-nominal.html)
b) anexa, pseuda, mesmas
c) anexa, pseudo, mesma Gabarito: 1) D   2) B   3) A   4) C  5) E  6) D  7) C   8) A 
d) anexa, pseudo, mesmas 9) B   10) A   11) B  
e) anexo, pseuda, mesmas
CONCORDÂNCIA VERBAL
7) (Uelondrina 1997) - Assinale a letra correspondente
Chamamos de concordância verbal quando o verbo se
à alternativa que preenche corretamente as lacunas da
flexiona para concordar com o sujeito.
frase apresentada.
As delegações .......... que .......... participar dos jogos 1) Regra geral
chegarão amanhã.  O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
a) latinas-americanas - vêem    Ex.:
b) latinas-americanas - vem         Eu comprei um carro. (verbo está na 1º pessoa do
c) latino-americanas - vêm  singular para concordar com o sujeito “eu”).
d) latinos-americanas - vêm                 Eles compraram um carro. (o verbo está na 3º pessoa
e) latinos-americanas – vem do plural para concordar com o sujeito “eles”).

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) Sujeito coletivo: o verbo fica no singular. 10) A maioria, a maior parte, grande parte: O mais
Ex.: comum é usar o verbo no singular, em concordância lógica.
A população veio em massa ao protesto. Mas também pode ser usado no plural.
Ex.:
Caso esteja especificado por um adjunto adnominal A maioria das adolescentes usa muito o celular.
(que está no plural) também pode ir para o plural. A maioria das adolescentes usam muito o celular.
Ex.:
A multidão de ciclistas vieram à festa. 11) Quando os núcleos do sujeito estão compostos
A multidão de ciclistas veio à festa. por pessoas gramaticais diferentes: o verbo permanece
no plural, obedecendo à seguinte ordem de prioridade: (1º,
3) Partitivos: metade, a maior parte, maioria: o 2º e 3º pessoa).
verbo pode permanecer no singular ou plural Ex.:
Ex.: Tu e João comprastes muitos presentes.
Metade das mães veio à homenagem. Eu e tu nos tornamos amigos.
Metade das mães vieram à homenagem.
A maior parte dos eleitores veio à urna. 12) Sujeito composto constituído por sinônimos: o
A maior parte dos eleitores vieram à urna. verbo fica no singular ou no plural.
Ex.:
4) Pronome de Tratamento: o verbo é flexionado Felicidade e alegria faz bem à saúde.
apenas na 3º pessoa. Felicidade e alegria fazem bem à saúde.
Ex.:
Vossa Senhoria assinou o contrato? 13) Sujeito resumido por “tudo”, “nada”, “ninguém”:
Vossas Senhorias assinaram o contrato? o verbo fica no singular
Ex.:
5) Pronome relativo “que”: já que este pronome tem Luxo, riqueza, sucesso: nada disso me envaidece.
como função substituir um substantivo ou outro pronome,
14) Núcleos do sujeito em relação de gradação: o
o verbo concorda com o termo ao qual ele se refere.
verbo pode concordar com o mais próximo ou ir para o
Ex.:
plural.
Fomos nós que compramos a casa.
Ex.:
Foi ele que fez a planilha.
A areia, a casa, o edifício impressionou a todos.
A areia, a casa, o edifício impressionaram a todos.
6) Pronome relativo “quem”: geralmente fica na 3º
15) Um e outro, nem um nem outro: nessas
pessoa do singular, mas pode concordar com termo ao
expressões o verbo pode tanto ir para o plural quanto
qual ele se refere. permanecer no singular.
Ex.: Ex.:
Fomos nós quem comprou a casa. Um e outro veio ao evento.
Fomos nós quem compramos a casa. Nem um nem outro vieram ao evento.
7) Algum de nós, poucos de vós, quantos de, quais 16) Quando o sujeito composto estiver ligado por
de…: o verbo pode concordar com o pronome interrogativo “ou”:
ou com o pessoal. Ex.:
Ex.: Caso o verbo der a ideia de exclusão fica no singular, e
Poucos de vós me visitarão. no plural no sentido de inclusão.
Poucos de vós me visitareis.
Eu ou você vencerá a competição. (exclusão)
8) Quando o sujeito só surge no plural: caso não vier Eu ou você somos essenciais ao projeto (inclusão)
antecedido por artigo, fica no singular.
Ex.: 17) Verbos impessoais: permanecem no singular, já
Estados Unidos é um país poderoso. que são verbos sem sujeito.
Os Estados Unidos são um país poderoso.
Haver, no sentido de existir:
9) Mais de um, menos de, cerca de…: concorda com Ex.:
o numeral. Houve muitos acidentes na pista ontem.
Ex.:
Mais de um cidadão veio ao evento. Fazer, indicando tempo passado
Menos de trinta pessoas vieram ao evento. Ex.:
Cerca de vinte pessoas saíram mais cedo. Faz muitos anos que não o vejo

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LÍNGUA PORTUGUESA

18) Sujeito expresso e infinitivo pessoal 04.  “ De repente da calma fez-se o vento / Que
a) Permanece no infinitivo se o sujeito estiver dos olhos desfez a última chama / E da paixão fez-se o
representado por pronome oblíquo átono: pressentimento / E do momento imóvel fez-se o drama.”  
Ex.: (Vinícius de Morais)
Apreciei-o cantar. Com a palavra VENTO no plural, reescreveríamos,
obrigatoriamente, os versos iniciais da seguinte forma:
b) quando o infinitivo pessoal integrar uma locução A) De repente da calma fizeram-se os ventos / Que dos
verbal: não é flexionado, no caso de ser o verbo principal olhos desfizeram a última chama
da locução B) De repente da calma fez-se os ventos / Que dos
Ex: Acabei de comprar o livro de geografia. olhos desfizeram a última chama
C) De repente da calma fizeram-se os ventos / Que dos
Exercícios olhos desfez a última chama
D) De repente da calma fez-se os ventos / Que dos
01. Analise as frases abaixo: olhos desfez a última chama
I – Ela tomou atitudes o mais sensatas possível. E) De repente da calma fazem-se os ventos / Que dos
II – Era meio-dia e meio quando um e outro estudante olhos desfaz a última chama
esforçado viram caros livros na livraria.
III – É necessário, sob qualquer aspecto, a atenção de 05. Só não está correta a concordância verbal na
todos os alunos. alternativa:
IV – Comprei livros e frutas maduras. A) Os alunos parecia gostarem do assunto da prova.
V – Havia ali sapatos e camisas importados. B) Em tempos antigos havia mais homens machistas
VI – Os militares vigiam alertas, pois chegam a eles do que hoje.
meias notícias de que o primeiro e segundo batalhões C) Pede-se que todos permaneçam em seus lugares.
pretendem mesmo entrar em greve. D) Nestas salas já se assistiram a grandes eventos.
E) Foram eles quem pediu ao professor uma prova mais
Julgue os itens com base nas frases analisadas e
difícil.
assinale a alternativa correta:
A. A frase I está incorreta e há duas possibilidades de
06. Assinale a alternativa incorreta quanto à
corrigi-la.
concordância verbal:
B. Há apenas duas frases incorretas entre todas.
A) Soavam seis horas no relógio da matriz quando eles
C. A frase IV, por apresentar substantivo masculino,
poderia ter o adjetivo também no masculino. chegaram.
D. Há apenas um erro de concordância na frase II. B) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários,
E. Em virtude de o substantivo estar determinado, na ninguém foi demitido.
frase III, deveria ser usado “necessária”. C) José chegou ileso ao seu destino, embora houvesse
muitas ciladas em seu caminho.
02. Levando em consideração as regras de D) O advogado referiu-se aos artigos 37 e 38 que
concordância nominal, assinale a alternativa correta: ampara sua petição.
A. Quando a senhora terminou de abrir as malas, já era E) Nestes tempos, precisa-se de políticos íntegros.
meio-dia e meio, mas tinha ainda menos fome.
B. A própria sogra presenciou a abertura das malas; 07. Observe a concordância verbal nas frases a
sim, ela mesmo! seguir e assinale a alternativa correta:
C. Anexo àquela carta, destinada ao pai da moça que I- Qual de nós contaremos a verdade?
fora atropelada, foram enviadas as joias. II- Boa parte dos funcionários recebeu aumento salarial.
D. Ao final da tarde, a senhora mostrava-se meio III- No relógio da escola bateu dez horas, foi quando os
cansada, tal quais suas pobres filhas. alunos saíram para o recreio.
E. O delegado fizera bastante ameaças, dizendo que as IV- Não devem haver muitas áreas verdes neste bairro.
mentiras custariam caras aos suspeitos.
A) Somente a frase I está correta.
03. Assinale a alternativa correta quanto à B) Somente a frase II está correta.
concordância verbal. C) As frases I e II estão corretas.
A) Queria voltar a estudar, mas faltava-lhe recursos D) As frases II e III estão corretas.
para tanto E) As frases III e IV estão corretas.
B) Foi então que começaram a chegar um pessoal
estranho. 08. De acordo com as regras de concordância verbal
C) Outras razões, certamente, deve haver para ele ter do padrão escrito culto, assinale a alternativa incorreta.
desistido. A) A maioria dos brasileiros já viveu situações violentas
D) Não haviam exceções neste caso, mas houveram em no cotidiano.
outros. B) Sem dúvida, deve haver formas de combater
E) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso. pacificamente a violência.

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LÍNGUA PORTUGUESA

C) No artigo em análise, tratam-se de questões 14. A única frase em que NÃO há erro de
referentes à origem histórica da violência. concordância verbal é:
D) Faz séculos que se verificam situações de opressão A) É da maioria dos estudantes que depende, pelo que
na sociedade brasileira. nos falaram os professores, as alterações do calendário
E) Sempre se ouvirão pessoas bradando contra o escolar.
comodismo. B) Acredito que deve haver, ao que tudo indica,
acomodações para mais de um terço dos convidados. 
09. Apenas uma alternativa preenche corretamente C) Se tiver de ser decidido, no último instante, as
os espaços das sentenças abaixo. Assinale-a: questões ainda não discutidas, não me responsabilizo mais
“Aquelas mulheres olhavam _______ porque queriam pelo projeto. 
aproveitar a liquidação e comprar ________ vestidos D) Houvesse sido mais explícitos com relação às normas
_________”.   gerais, os coordenadores de programa teriam evitado alguns
A. alertas, bastantes, bege. abusos. 
B. alerta, bastante, beges. E) Será que não foi suficiente, neste tempo todo, as
C. alerta, bastantes, bege. provas de fidelidade que lhes demos?                                                         
D. alertas, bastante, beges.
E. alerta, bastantes, beges. 15. Assinale a alternativa ERRADA:
A) Nas festividades havia muitos convidados.
10. A frase em que a concordância nominal está B) Precisa-se de doadores de sangue.
correta é: C) Assistiam-se a bons espetáculos naquele teatro.
A) A vasta plantação e a casa grande pintadas há pouco D) Buscam-se novas saídas para a crise econômica.
tempo eram os sinais da prosperidade familiar. E) Foram eles quem pediu por esta reviravolta.
B) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão
onde se encontravam as vítimas do acidente. 16. Assinale a alternativa em que a nova redação das
C) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que frases abaixo está de acordo com a norma culta.
ele cultivava em sua chácara. “Não existe estudo científico” / “Há diversas explicações”.
D) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a
perna e o braço direitos, mas estava totalmente lúcido.
A) Não devem existir estudos científicos / podem haver
E) Esses livro e caderno não são meus, mas poderá ser
diversas explicações.
necessário para a pesquisa que estou fazendo.
B) Não devem haver estudos científicos / pode existir
diversas explicações.
11. Assinale a alternativa errada:
C) Não há estudos científicos / existe diversas explicações.
A) O escritor e o mestre alemães admiravam o belo
D) Não existem estudos científicos / pode haver diversas
quadro.
B) Estudaram o idioma francês e o espanhol. explicações.
C) Os deputados e o ministro alagoanos votaram E) Não pode existir estudos científicos / deve haver
contra o projeto. diversas explicações.
D) Os argumentos e as opiniões expostos não
agradaram à plateia. 17.  A frase em que a concordância verbal NÃO
E) Considero fácil as questões e testes propostos na respeita a norma culta é:
prova. A) Não bastam, para entendermos o século XXI,
referências às conquistas tecnológicas e científicas. 
12.  Assinale a alternativa correta quanto à B) Foram herdados do passado muitos traços dos
concordância verbal. comportamentos atuais, inclusive o que permitiu, neste
A) Queria voltar a estudar, mas faltavam-lhe recursos.  século, a perseguição aos judeus. 
B) Foi então que começaram a chegar um pessoal C) Quanto mais separados os saberes, mais se
estranho.  fortalecerão, com toda certeza, os que estão no poder. 
C) Devem haver outras razões para ele ter desistido.  D) Colocam-se em questão, neste século, aspectos
D) Não haviam exceções neste caso.  importantes acerca da sobrevivência do planeta. 
E) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso.  E) Decorre do bem-estar (de que ninguém mais quer abrir
mão) vários dos problemas que hoje atingem a humanidade.
13. A alternativa que contém forma verbal
INADEQUADA à norma culta é: A) Já faz dois meses que 18. A opção em que há erro de concordância verbal,
não nos vemos.  segundo as normas da língua culta, é:
B) Tratam-se de assuntos triviais, pensem em coisas A) Descobriram-se muitos inventos novos na última
sérias!  década.
C) Choveu três dias sem parar um minuto.  B) É preciso que se realizem esforços para se atingir um
D) Nessa cidade, faz frio e calor no mesmo dia.  plano de desenvolvimento integrado.
E) Pelo que nos consta, deveriam existir duas páginas C) Foi necessário que se estendesse as providências até
ilegíveis.  alcançar os menos favorecidos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

D) Nada se poderia realizar sem que se tomassem b) antes de verbos: já que o artigo feminino possui
novas medidas. como função determinar um substantivo, não faria sentido
E) Desenvolveu-se o novo projeto de que todos crase em frente a verbos, classe que não exige determinação
estavam necessitados. de artigos.
Ela começou a cantar quando ele chegou (cantar –
19. Indique a alternativa em que há erro: verbo no infinitivo)
A) Os fatos falam por si sós.
B) A casa estava meio desleixada. c) frente a nomes de cidades:
C) Os livros estão custando cada vez mais caros. Vou a Roma nas férias.
D) Seus apartes eram sempre os mais pertinentes Ele quis ir a Paris, mas não pôde.
possíveis.
E) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.
Entretanto, caso especifiquemos a cidade com alguma
(Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot.
qualificação utilizaremos o sinal de crase.
com.br/2016/05/lista-de-exercicios-concordancia-verbal.
Vou à Roma de Fellini.
html)
O seu sonho é ir à Paris de Victor Hugo.
GABARITO: 1E - 2D - 3C - 4A - 5D - 6D - 7B - 8C - 9C -
10D - 11E - 12A - 13B - 14B - 15C - 16D - 17E - 18C - 19C. d) Entre substantivos que se repetem:
Nos confrontamos cara a cara.
Frente a frente nos debatemos.
5.5 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
CRASE. e) Diante de substantivos no plural:
A homenagem foi concedida a pessoas de honra.
O convite foi enviado a funcionários de longa data.

CRASE f) Antes de pronomes pessoais, demonstrativos,


indefinidos , de tratamento e relativos:
Vejamos as frases: Enviei a Vossa Excelência os convites.
Comprei uma casa. Isso não interessa a ninguém.
Preciso de você.
g) Frente a nomes femininos consagrados:
Percebemos que na primeira frase o verbo “comprar” A crítica fazia referência a Maria Madalena.
não exige preposição, ao contrário de “precisar”. Há, assim,
verbos que regem preposição e outros não. Além do mais, h) Antes da palavra “casa” se não estiver especificada:
alguns verbos exigem preposição “a”, no sentido de “para”: Com pressa ele retornou a casa.
Vou a Brasília. (para Brasília)
Vou à casa de Joana (para a casa de Joana). i) Em frente a palavra terra quando esta significar
“terra firme”:
Por que no segundo exemplo temos uma preposição Após o naufrágio, voltou a terra.
marcada pelo acento grave? Como podemos visualizar,
se o “a” preposição chocar com o artigo feminino “a”, a
No sentido de planeta Terra ocorre crase – O foguete
forma correta seria “vou a a casa de Joana”. Para evitar tal
retornou à Terra.
repetição sem sentido, há o fenômeno chamado crase, que
significa fusão, contração de duas vogais idênticas.
Se crase é a fusão da preposição “a” e o artigo “a” só - Quando usar crase:
pode ocorrer frente a palavras femininas
Sempre surgem dúvidas de quando usar o acento de REGRA GERAL: Haverá crase quando o termo
crase nas orações. Por isso mesmo, vamos aprender seus antecedente exigir a preposição “a” e o consequente
principais usos e também quando não usar. o artigo “a”

- Quando não usar crase: Comprei a blusa – (o termo antecedente “comprei” não
exige a preposição “a”. Aqui só temos o artigo feminino “a”)
a) diante de palavras masculinas: isso é certo. Uma Vou a Pernambuco – (o termo consequente não exige
vez que crase é fusão de uma preposição e um artigo o artigo feminino, só há aqui a preposição “a” regida pelo
feminino, não poderá anteceder palavras masculinas que verbo “ir”)
exigem o artigo “o”. Agora:
Ela veio a pé. (pé – palavra masculina) Fui à cidade.
Passeei pela fazenda a cavalo (cavalo – palavra
masculina)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Neste caso o verbo “ir” exigiu a preposição “a” e o 2) Antes das expressões qual e quais:
substantivo “cidade” atraiu o artigo feminino “a”. Aqui Haverá crase caso o correspondente masculino for “ao
temos um exemplo clássico de crase. qual”, “aos quais”:
Esta é a blusa à qual me referi.
Sempre ocorre crase em : Aqueles são os sapatos aos quais me referi.

a) Indicação de horas: 3) Frente a topônimos (nomes de lugares)


Cheguei no evento às cinco horas da tarde. Atente às frases abaixo:
Vou à Bahia.
b) Expressões “à moda de”, “à maneira de”: Vou a São Paulo.
Fiz uma janta à (moda de) Fogaça.
Quis um cenário à (maneira de) Salvador Dali. Por que há crase no primeiro exemplo e não no
segundo?
c) Expressões adverbiais femininas: Ainda que pareça complexo, é muito simples não errar
O avião desceu em terra firme à noite. (tempo) nesses casos: é só substituir o verbo “ir” pelo verbo “voltar”,
Fizeram o trabalho às pressas. (modo). se exigir a preposição “da” é sinal de que ocorrerá crase:

USO FACULTATIVO DE CRASE Vou à Bahia.


Volto da Bahia.
1) Diante de nomes próprios femininos:
Enviei um bilhete a Lúcia. Vou a São Paulo.
Enviei um bilhete à Lúcia. Volto de São Paulo.

2) Antes de pronomes femininos possessivos: Vou à França.


Dedicou o trabalho a sua avó. Volto da França.
(Sua vó gostou da homenagem)
Vou a Salvador.
Dedicou o trabalho à sua avó. Volto de Salvador.
(A sua vó gostou da homenagem)
Exercícios
3) Após a preposição ATÉ:
Viajei até a cidade. 01.  Assinale a alternativa em que o uso da crase é
Fui a pé até à cidade. obrigatório:
a) Um rapazito de paletó entrou na rua e foi perguntar
CASOS ESPECIAIS DE CRASE à Machona pela Nhá Rita. (Aluísio Azevedo)
b) José Cândido não tinha nem a cor nem o título
1) Crase com pronomes demonstrativos “aquele”, convenientes à sua filha. (R. Braga)
“aquela”, “aquilo”: c) Mas o peru se adiantava até à beira da mata. (G.
Rosa)
Vejamos as frases abaixou: d) Todos, às vezes, precisam ficar bêbados, e por isso
Aquele rapaz foi escolhido para o cargo. bebem. (R. Braga)
Fiz referência à carta de João. e) (…) evitei acompanhar Dr. Siqueira em suas visitas
vespertinas à nossa bem amada. (J. Amado)
No primeiro caso aquele rapaz não vem depois de
nenhum verbo ou nome que exija a preposição “a”. No 02.  Qual das alternativas completa corretamente os
segundo exemplo há crase porque quem faz referência “a” espaços vazios?
algo. E agora: I. E entre o sono e o medo, ouviu como se fosse de
verdade o apito de um trem igual ____ que ouvira em
Fiz referência àquele rapaz. Limoeiro. (J. Lins do Rego)
Ainda que seja palavra masculina, o pronome II. Habituara-se ______ boa vida, tendo de um tudo,
demonstrativo aquele inicia-se com a vogal “a” e para regalada. (J. Amado)
evitar repetição de sons como em “Fiz referência a aquele III. Depois do meu telegrama (lembram: o telegrama
rapaz” utiliza-se acento de crase. em que recusei duzentos mil-réis ___ (pirata), a “Gazeta”
entrou a difamar-me. (G. Ramos)
Mais alguns exemplos: IV. Os adultos são gente crescida que vive sempre
Enviamos a carta àqueles alunos. dizendo pra gente fazer isso e não fazer _____.
Falei àquela professora. (Millôr Fernandes)

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) àquele, aquela, aquele, aquilo Podemos deduzir que:


b) àquele, àquela, aquele, aquilo a) Apenas a sentença III não tem crase.
c) àquele, àquela, aquele, àquilo b) As sentenças III e IV não têm crase.
d) àquele, àquela, àquele, aquilo c) Todas as sentenças têm crase.
e) aquele, àquela, aquele, aquilo d) Nenhuma sentença tem crase.
e) Apenas a sentença IV não tem crase.
03.  (CESCEM) Sentou-se ___ máquina e pôs-se ___
reescrever uma ___ uma as páginas do relatório. 09.  (ABC – MED.) A alternativa em que o acento
a) a / a / à indicativo de crase não procede é:
b) a / à / à a) Tais informações são iguais às que recebi ontem.
c) à / a / a b) Perdi uma caneta semelhante à sua.
d) à / à / à c) A construção da casa obedece às especificações da
e) à / à / a Prefeitura.
d) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de
04. (FASP) Assinale a alternativa com erro de crase: uma só vez.
a) Você já esteve em Roma? Eu irei à Roma logo. e) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão.  
b) Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.
c) Fui à Lisboa de meus avós, pois gosto da Lisboa de 10.  (FUVEST) Indique a forma que não será utilizada
para completar a frase seguinte:
meus avós.
“Maria pediu ____ psicóloga que ____ ajudasse ____
d) Já não agrada ir a Brasília. A gasolina…
resolver o problema que ___ muito ____ afligia.”
e) nenhuma das alternativas está errada.
a) preposição (a)
b) pronome pessoal feminino (a)
05. (ESAN) Das frases abaixo, apenas uma está correta, c) contração da preposição a e do artigo feminino a (à)
quanto à crase. Assinale-a: d) verbo haver indicando tempo (há)
a) Devemos aliar a teoria à prática. e) artigo feminino (a)
b) Daqui à duas semanas ele estará de volta.
c) Puseram-se à discutir em voz alta. (Exercícios retirados de http://www.coladaweb.com/
d) Dia à dia, a empresa foi crescendo. exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/crase)
e) Ele parecia entregue à tristes cogitações.
Gabarito
06.  (ABC – MED.) Nas alternativas que seguem, há
três frases, que podem estar corretas ou não. Leia-as 1–D
atentamente e marque a resposta certa: 2–D
I.   O seu egoísmo só era comparável à sua feiura. 3–C
II.  Não pôde entregar-se às suas ilusões. 4–A
III. Quem se vir em apuros, deve recorrer à justiça. 5–A
a) Apenas a frase I está correta. 6–E
b) Apenas a frase II está correta. 7–E
c) Apenas as frases I e II estão corretas. 8–A
d) Apenas as frases II e III estão corretas. 9–D
e) As três frases estão corretas. 10 - E

07.  (FUND. LUSÍADA) Assinale a alternativa que


completa corretamente o período: ____ noite estava clara 5.6 COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.
e os namorados foram _____ praia ver a chegada dos
pescadores que voltavam ____ terra.
a) Á / à / à
PRONOMES
b) A / à / à
c) A / a / à
Pronomes são as palavras que acompanham o nome
d) À / a / à
(substantivo) ou o substituem. Devido a essa dupla função
e) A / à / a são classificados em:
08. (ITA) Analisando as sentenças: * Pronomes substantivos: são os que substituem o
I.   A vista disso, devemos tomar sérias medidas. nome, exercendo a função de sujeito ou complemento
II.  Não fale tal coisa as outras. verbal
III. Dia a dia a empresa foi crescendo. Ex.: Joana adora fazer compras. Ela está sempre nas
IV. Não ligo aquilo que me disse. principais lojas da cidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Pronomes adjetivos: são os que acompanham o nome, exercendo a função-satélite de adjunto adnominal.
Ex.: Minha casa está à venda.

Os pronomes são uma classe variável, em gênero e número e se dividem em:


a) Pronomes Pessoais;
b) Pronomes Indefinidos;
c) Pronomes Demonstrativos;
d) Pronomes Interrogativos;
e) Pronomes Relativos;
f) Pronomes Possessivos;
g) Pronomes de Tratamento.

PRONOMES PESSOAIS

Pronomes pessoais são os que substituem as pessoas do discurso (emissor, receptor, assunto) e se dividem em:

a) Pronomes pessoais do caso reto: substituem o nome e exercem a função de sujeito do verbo (ou seja, determina
a flexão verbal).
Ex.: Nós compramos muitos presentes.

b) Pronomes pessoais do caso oblíquo: substituem o substantivo e complementam o verbo (não determinando,
assim, a flexão verbal).
Ex.: Você encontrou Maria nas últimas semanas? Faz tempo que não a vejo.
Atente à tabela abaixo para entender melhor sobre os pronomes pessoais.

Pessoas verbais Pronomes pessoais do caso reto Pronomes pessoais do caso oblíquo
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, Ela O, a, lhe, se, si, consigo
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, Elas Os,as, lhes, se, si consigo

Uso dos pronomes pessoais

Os pronomes pessoais do caso reto não podem exercer a função de complemento verbal:
Ex.: Esse presente é para eu? (INCORRETO)

Essa é uma atribuição típica do pronome oblíquo:


Ex.: Esse presente é para mim?

Além do mais, vale lembrar que somente os pronomes oblíquos podem ser precedidos por preposição:
Ex.: Esta festa é para ti.

Entretanto, o pronome reto pode surgir precedido por preposição quando cumprir sua função de sujeito do
verbo. Compare as duas frases:
a) Ele pediu um favor para mim.
b) Ele pediu para eu comprar o presente.

Na frase (a) o pronome é oblíquo pois completa um verbo, já na (b) está antecedendo um verbo, na função de sujeito.

Pronomes oblíquos e a transitividade verbal

Afirmou-se aqui que os pronomes oblíquos cumprem a função de completar o verbo. Entretanto, há verbos que
são transitivos indiretos, ou, seja, que exigem preposição antes do complemento. Assim sendo, vale destacar que alguns
pronomes oblíquos substituirão complementos de verbos transitivos diretos (sem preposição) e outros, transitivos indiretos
(com preposição):

81
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes que substituem objetos diretos (completam verbo sem preposição): o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na,
nos, nas.
Ex.: Comprei o carro. Comprei-o.
Encontraram a menina desaparecida. Encontraram-na.

Pronomes que substituem objetos indiretos (completam verbo com preposição): lhe, te.
Ex.: Enviei ao professor os documentos. Enviei-lhe os documentos.

PRONOMES POSSESSIVOS

São os que indicam a ideia de posse, informando a pessoa verbal do possuidor.

Pessoa verbal Pronome possessivo


Eu meu, minha (singular); meus, minhas (plural)
Tu teu, tua (singular); teus, tuas (plural)

Ele, Ela
seu, sua (singular); seus, suas (plural)
Nós nosso, nossa (singular); nosso, nossas (plural)
Vós vosso, vossa (singular); vossos, vossas (plural)
Eles, Elas seu, sua (singular); seus, suas (plural)
PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Como indica a denominação, os pronomes demonstrativos têm por função indicar ou localizar algum termo do discurso.
Podem ser variáreis (esse, essa, este, aquela) ou invariáveis (isso, aquilo). Vejamos o quadro.

Conforme localização da pessoa verbal Pronome demonstrativo correspondente


Este (s) – Este carro é novo.

Próximo do emissor (eu, nós) Esta (s)– Esta caneta está ruim.

Isto – Isto é um cachimbo.


Esse (s) – Esse carro é seu?

Próximo do receptor com quem se fala (tu, você) Essa (s)– Bonita essa sua blusa.

Isso – O que é isso que você tem em mãos?


Aquele (s)– Aquele cartaz chama a atenção de todos.

Longe do emissor e do receptor Aquela (s) – Você conhece aquela moça?

Aquilo – O que é aquilo?


PRONOMES DE TRATAMENTO

São pronomes usados em situações formais, indicando conduta respeitosa.

Pronome de Tratamento Abreviatura Emprego


Você V./VV  Usado em situações informais.
Utilizado com pessoas mais velhas, ou
Senhor (es) e Senhora (s) Sr, Sr.ª (singular) e Srs., Srª.s. (plural)
como forma de respeito
Pessoas com alta autoridade, como
Vossa Excelência V. Ex.ª/V. Ex.ªs por exemplo: Presidente da República,
Senadores, Deputados.
Vossa Magnificência V. Mag.ª/V. Mag.ªs Reitores das Universidades.
Vossa Senhoria V. S.ª/V. S.ªs Em correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade VM/VVMM Reis e Rainhas
Vossa Alteza V.A.(singular) e V.V.A. A. (plural) Príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade V.S. Utilizado para o Papa
Vossa Eminência V. Ex.ª/V. Em.ªs Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima V. Rev.m.ª/V. Rev.m.ªs Sacerdotes e religiosos em geral.

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LÍNGUA PORTUGUESA

PRONOMES INDEFINIDOS

Como o próprio nome indica, os pronomes indefinidos sãos aqueles que substituem ou acompanham um substantivo a
partir de uma ideia de indefinição, imprecisão. São empregados na 3º pessoa do discurso. Podem ser variáveis ou invariáveis.

Pronomes Indefinidos Variáveis Pronomes Indefinidos Invariáveis


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns,
nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco, pouca,
poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros,
outras, certo, certa, certos, certas, vário, vária, vários, várias, quem, alguém, ninguém, tudo, nada,
tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, outrem, algo, cada.
qualquer, quaisquer, qual, quais, um, uma, uns, umas.

Pronomes Relativos

Os pronomes relativos são os que substituem um substantivo já mencionado anteriormente em um enunciado.

Ex.: João é o homem que foi contratado pela empresa. (o pronome “que” faz referência a João)
Suzana foi a comissária a qual tranquilizou minha mãe. (“a qual” substituiu Suzana).

Pronomes relativos variáveis Pronomes relativos invariáveis


o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas,
quem, que, onde
quanto, quanta, quantos, quantas.

Exemplos com pronomes relativos:


a) Essa é a professora de quem falamos tanto.
b) Ele cumpriu tudo quanto prometera.
c) Essa é a casa onde moro,
d) Aqueles foram os alunos os quais viajaram para Madri.

Pronome relativo CUJO

O pronome cujo é variável de gênero (cujo, cuja) e de número (cujos, cujas) e substitui um termo dando uma ideia de
posse.
Ex.: Ela é mãe da aluna. A mãe foi conversar com a diretora.
Ela é a aluna cuja mãe foi conversar com a diretora.

Importante!
Não é correto inserir artigo após o pronome relativo “cujo”.

Ex.: Aquelas são as alunas cujos os trabalhos foram premiados. INCORRETO


Aquelas são as alunas cujos trabalhos foram premiados. CORRETO.

PRONOMES INTERROGATIVOS

São empregados em frases interrogativas cujas respostas se referem a substantivos.

Ex.: O que você comprou? Comprei meias. (o pronome interrogativo “o que” terá como resposta um substantivo
- “meias”)

Pronomes Interrogativos Variáveis Pronomes Interrogativos Invariáveis


qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas. quem, que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exercícios a) A ferrovia integrar-se-á nos demais sistemas viários.


b) A ferrovia deveria-se integrar nos demais sistemas
1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta o emprego viários.
correto do pronome, de acordo com a norma culta: c) A ferrovia não tem se integrado nos demais sistemas
a) O diretor mandou eu entrar na sala. viários.
b) Preciso falar consigo o mais rápido possível. d) A ferrovia estaria integrando-se nos demais sistemas
c) Cumprimentei-lhe assim que cheguei. viários.
d) Ele só sabe elogiar a si mesmo. e) A ferrovia não consegue integrar-se nos demais
e) Após a prova, os candidatos conversaram entre eles. sistemas viários.

2. (IBGE) Assinale a opção em que houve erro no emprego 8. (FFCL-SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa correta:
do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua: a) A solução agradou-lhe. 
a) Ele entregou um texto para mim corrigir. b) Eles diriam-se injuriados. 
b) Para mim, a leitura está fácil. c) Ninguém conhece-me bem.
c) Isto é para eu fazer agora. d) Darei-te o que quiseres.
d) Não saia sem mim. e) Quem contou-te isso?
e) Entre mim e ele há uma grande diferença.
9. (CESGRANRIO) Indique a estrutura verbal que
3. (U-UBERLÂNDIA) Assinale o tratamento dado ao reitor contraria a norma culta:
de uma Universidade: a) Ter-me-ão elogiado. 
a) Vossa Senhoria  b) Tinha-se lembrado. 
b) Vossa Santidade  c) Teria-me lembrado.
c) Vossa Excelência d) Temo-nos esquecido.
d) Vossa Magnificência e) Tenho-me alegrado.
e) Vossa Paternidade
10. (MACK) A colocação do pronome oblíquo está
4. (BB) Colocação incorreta: incorreta em:
a) Preciso que venhas ver-me.  a) Para não aborrecê-lo, tive de sair.
b) Procure não desapontá-lo.  b) Quando sentiu-se em dificuldade, pediu ajuda.
c) O certo é fazê-los sair. c) Não me submeterei aos seus caprichos.
d) Sempre negaram-me tudo. d) Ele me olhou algum tempo comovido.
e) As espécies se atraem. e) Não a vi quando entrou.

5. (EPCAR) Imagine o pronome entre parênteses no lugar 11. (MACK) Assinale a alternativa que apresenta erro de
devido e aponte onde não deve haver próclise: colocação pronominal:
a) Não entristeças. (te) a) Você não devia calar-se.
b) Deus favoreça. (o) b) Não lhe darei qualquer informação.
c) Espero que faças justiça. (se) c) O filho não o atendeu.
d) Meus amigos, apresentem em posição de sentido. (se) d) Se apresentar-lhe os pêsames, faço-o discretamente.
e) Ninguém faça de rogado. (se) e) Ninguém quer aconselhá-lo.

6. (TTN) Assinale a frase em que a colocação do pronome 12. (EPCAR) O que é pronome interrogativo na frase:
pessoal oblíquo não obedece às normas do português padrão: a) Os que chegaram atrasados farão a prova?
a) Essas vitórias pouco importam; alcançaram-nas os que b) Se não precisas de nós, que vieste fazer aqui?
tinham mais dinheiro. c) Quem pode afiançar que seja ele o criminoso?
b) Entregaram-me a encomenda ontem, resta agora a d) Teria sido o livro que me prometeste?
vocês oferecerem-na ao chefe. e) Conseguirias tudo que desejas?
c) Ele me evitava constantemente!... Ter-lhe-iam falado a
meu respeito? 13. (TFT-MA) “O individualismo não a alcança.” A
d) Estamos nos sentido desolados: temos prevenido-o colocação do pronome átono está em desacordo com a
várias vezes e ele não nos escuta. norma culta da língua, na seguinte alteração da passagem
e) O Presidente cumprimentou o Vice dizendo: - Fostes acima:
incumbido de difícil missão, mas cumpriste-la com denodo a) O individualismo não a consegue alcançar.
e eficiência. b) O individualismo não está alcançando-a.
c) O individualismo não a teria alcançado.
7. (FTU) A frase em que a colocação do pronome átono d) O individualismo não tem alcançado-a.
está em desacordo com as normas vigentes no português e) O individualismo não pode alcançá-la.
padrão do Brasil é:

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LÍNGUA PORTUGUESA

14. (SANTA CASA) Há um erro de colocação pronominal em: 21. (MACK) A única frase em que há erro no emprego do
a) “Sempre a quis como namorada.” pronome oblíquo é:
b) “Os soldados não lhe obedeceram as ordens.” a) Eu o conheço muito bem.
c) “Todos me disseram o mesmo.” b) Devemos preveni-lo do perigo.
d) “Recusei a idéia que apresentaram-me.” c) Faltava-lhe experiência.
e) “Quando a cumprimentaram, ela desmaiou.” d) A mãe amava-a muito.
e) Farei tudo para livrar-lhe desta situação.
15. (BB) Pronome empregado incorretamente:
a) Nada existe entre eu e você. 22. (BRÁS CUBAS) “Alguém, antes que Pedro o fizesse,
b) Deixaram-me fazer o serviço. teve vontade de falar o que foi dito.” Os pronomes assinalados
c) Fez tudo para eu viajar. dispõem-se nesta ordem:
d) Hoje, Maria irá sem mim. a) de tratamento, pessoal, oblíquo, demonstrativo
e) Meus conselhos fizeram-no refletir. b) indefinido, relativo, pessoal, relativo
c) demonstrativo, relativo, pessoal, indefinido
16. (UC-MG) Encontramos pronome indefinido em: d) indefinido, relativo, demonstrativo, relativo
a) “Muitas horas depois, ela ainda permanecia esperando o e) indefinido, demonstrativo, demonstrativo, relativo
resultado.”
b) “Foram amargos aqueles minutos, desde que resolveu 23. (PUC) Na frase: “Chegou Pedro, Maria e o seu filho dela”,
abandoná-las.” o pronome possessivo está reforçado para:
c) “A nós, provavelmente, enganariam, pois nossa a) ênfase 
participação foi ativa.” b) elegância e estilo 
d) “Havia necessidade de que tais idéias ficassem sepultadas.” c) figura de harmonia
e) “Sabíamos o que você deveria dizer-lhe ao chegar da d) clareza
festa.” e) n.d.a

17. (SANTA CASA) Do lugar onde ......., ....... um belo panorama, 24. (FUVEST) Assinale a alternativa onde o pronome pessoal
em que o céu ...... com a terra. está empregado corretamente:
a) se encontravam - divisava-se - se ligava a) Este é um problema para mim resolver.
b) se encontravam - divisava-se - ligava-se b) Entre eu e tu não há mais nada.
c) se encontravam - se divisava - ligava-se c) A questão deve ser resolvida por eu e você.
d) encontravam-se - divisava-se - se ligava d) Para mim, viajar de avião é um suplício.
e) encontravam-se - se divisava - se ligava e) Quanto voltei a si, não sabia onde me encontrava.

18. (UF-RJ) Numa das frases, está usado indevidamente um 25. (FMU) Suponha que você deseje dirigir-se a
pronome de tratamento. Assinale-a: personalidades eminentes, cujos títulos são: papa, juiz, cardeal,
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa reitor e coronel. Assinale a alternativa que contém a abreviatura
Magnificência. certa da “expressão de tratamento” correspondente ao título
b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não compareceu à enumerado:
reunião. a) Papa ............... V. Sa 
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua b) Juiz ................. V. Ema 
a sua oração. c) Cardeal ........... V.M.
d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade. d) Reitor ............... V. Maga
e) Procurei o chefe da repartição, mas Sua Senhoria se e) Coronel ............ V. A.
recusou a ouvir as minhas explicações.
26. (FGV) Assinale o item em que há erro quanto ao
19. (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra certo é emprego dos pronomes se, si ou consigo:
pronome indefinido: a) Feriu-se quando brincava com o revólver e o virou para si.
a) Certo perdeste o juízo. b) Ele só cuidava de si.
b) Certo rapaz te procurou. c) Quando V. Sa vier, traga consigo a informação pedida.
c) Escolheste o rapaz certo. d) Ele se arroga o direito de vetar tais artigos.
d) Marque o conceito certo. e) Espere um momento, pois tenho de falar consigo.
e) Não deixe o certo pelo errado.
27. (PUC) Assinale a alternativa que preencha corretamente
20. (CARLOS CHAGAS) “Se é para ....... dizer o que penso, as lacunas da frase ao lado: “............................ da terra natal,
creio que a escolha se dará entre ....... .” ....................... para as antigas sensações adormecidas.”
a) mim, eu e tu  a) Nos lembrando - despertamos-nos
b) mim, mim e ti  b) Nos lembrando - despertamo-nos
c) eu, mim e ti c) Lembrando-nos - despertamos-nos
d) eu, mim e tu d) Nos lembrando - nos despertamos
e) eu, eu e ti e) Lembrando-nos - despertamo-nos

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LÍNGUA PORTUGUESA

28. (FATEC) Indique em que alternativa os pronomes estão 35. (CARLOS CHAGAS) Quando .......... as provas, ..........
bem empregados: imediatamente.
a) Deixou ele sair. a) lhes entregarem, corrijam-as
b) Mandou-lhe ficar de guarda. b) lhes entregarem, corrijam
c) Permitiu-lhe, a ele, fazer a ronda. c) lhes entregarem, corrijam-nas
d) Procuram-o por toda a parte. d) entregarem-lhes, corrijam-as
e) n.d.a e) entregarem-lhes, as corrijam

29. (FATEC) Assinale o mau emprego do pronome: 36. (CARLOS CHAGAS) Quem .......... estragado que .......... de ........ .
a) Aquela não era casa para mim, comprá-la com que dinheiro? a) o trouxe - encarregue-se - consertá-lo
b) Entre eu e ela nada ficou acertado. b) o trouxe - se encarregue - consertá-lo
c) Estava falando com nós dois. c) trouxe-o - se encarregue - o consertar
d) Aquela viagem, quem não a faria? d) trouxe-o - se encarregue - consertá-lo
e) Viram-no mas não o chamaram. e) trouxe-o - encarregue-se - o consertar

30. (SANTA CASA) Os técnicos .......... bem para os jogos, mas, 37. (BRÁS CUBAS) Apontar a sentença que deverá ser
.......... contra nova derrota, pediam que treinasse ainda mais. corrigida:
a) o haviam preparado - se tentando precaver a) Poderá resolver-se o caso imediatamente.
b) haviam preparado-o - se tentando precaver b) Sabes o que se deverá dizer ao professor?
c) haviam preparado-o - tentando precaver-se c) Poder-se-á resolver o caso imediatamente.
d) haviam-no preparado - se tentando precaver d) Sabe o que deverá dizer-se ao professor?
e) haviam-no preparado - tentando precaver-se e) Poderá-se resolver o caso imediatamente.
31. (SANTA CASA) Nas frases abaixo: 38. (FMU) Assinale a única alternativa em que haja erro no
1. Os miúdos corriam barulhentos, me pedindo dinheiro. emprego dos pronomes:
2. Dizia ele cousas engraçadas, coçando-se todo. a) Vossa Excelência e seus convidados.
3. Ficarei no lugar onde encontro-me. Tem sombra. b) Mandou-me embora mais cedo.
4. Quando me vi sozinho, tremi de medo.
c) Vou estar consigo amanhã.
A ênclise e a próclise foram corretamente empregadas:
d) Vós e vossa família estais convidados para a festa.
a) nas orações I e II 
e) Deixei-o encarregado da turma.
b) nas orações III e IV 
c) nas orações I e III
39. (UF-SC) Observe os períodos abaixo:
d) nas orações II e IV
1. Nunca soubemos quem roubava-nos nas medidas.
e) em todas as orações
2. Pouco se sabe a respeito de novas fontes energéticas.
32. (SANTA CASA) Devemos .......... da tempestade. 3. Nada chegava a impressioná-lo na juventude.
a) resguardar-mo-nos  4. Dar-lhe-emos novas oportunidades.
b) resguardar-nos  5. Eles apressaram-se a convidar-nos para a festa.
c) resguardarmos-nos a) Estão corretas I, II, III 
d) resguardarmo-nos b) Estão corretas II, III, V 
e) resguardar-mos c) Estão corretas III, IV, V
d) Estão corretas II, III, IV
33. (FAAP) Assinale a alternativa em que a colocação e) Estão corretas I, III, IV
pronominal não corresponde ao que preceitua a gramática:
a) Há muitas estrelas que nos atraem a atenção. 40. (SÃO JUDAS) Assinale a alternativa errada quanto à
b) Jamais dar-te-ia tanta explicação, se não fosses pessoa de colocação pronominal:
tanto merecimento. a) Apesar de se contrariarem não me fariam mudar de idéia.
c) A este compete, em se tratando do corpo da Pátria, b) Que Deus te acompanhe por toda a parte.
revigorá-lo com o sangue do trabalho. c) Isso não me admira: eu também contrariei-me com o
d) Não o realizaria, entretanto, se a árvore não se mantivesse caso.
verde sob a neve. d) Conforme foi decidido espero que todos se compenetrem
e) n.d.a de seu dever.
e) n.d.a
34. (CARLOS CHAGAS) Os projetos que .......... estão em
ordem; ........... ainda hoje, conforme .......... . 41. (FECAP) Assinale a frase gramaticalmente correta:
a) enviaram-me, devolvê-los-ei, lhes prometi a) Quando recebe-o em minha casa, fico feliz.
b) enviaram-me, os devolverei, lhes prometi b) Tudo fez-se como você mandou.
c) enviaram-me, os devolverei, prometi-lhes c) Por este processo, teriam-se obtido melhores resultados.
d) me enviaram, os devolverei, prometi-lhes d) Em se tratando disto, podemos contar com ele.
e) me enviaram, devolvê-los-ei, lhes prometi e) Me levantei assim que você saiu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

42. (UNB) Assinale a melhor resposta - O resultado das COLOCAÇÃO PRONOMINAL


combinações: “põe + o”, “reténs + as”, “deduz + a”, é:
a) pões-lo, reténs-la, dedu-la  Quando iniciamos o estudo dos pronomes, atentamos
b) põe-no, retém-nas, dedu-la  que há os pronomes pessoais do caso reto e os pessoais
c) pões-lo, retém-las, deduz-la do caso oblíquo. O que diferencia um do outro é a posição
d) põe-no, retém-las, dedu-la frente ao verbo: enquanto os retos (eu, tu, ele, nós, vós,
e) põe-lo, retém-las, dedu-la eles) ocupam a posição de sujeito, os oblíquos exercem
a função de complemento e podem estar dispostos antes
43. (UM-SP) Ninguém atinge a perfeição alicerçado (PRÓCLISE), no meio (MESÓCLISE) e depois do verbo
na busca de valores materiais, nem mesmo os que (ÊNCLISE).
consideram tal atitude um privilégio dado pela existência. A colocação pronominal se refere ao estudo da
Os pronomes destacados no período acima classificam-se, disposição dos pronomes em relação ao verbo.
respectivamente, como: Primeiramente vejamos os pronomes envolvidos
a) indefinido - demonstrativo - relativo - demonstrativo nessas regras de colocação:
b) indefinido - pessoal oblíquo - relativo - indefinido
c) de tratamento - demonstrativo - indefinido -
demonstrativo Pronome
Pronome
d) de tratamento - pessoal oblíquo - indefinido - oblíquo
Pronome pessoa pessoal do
demonstrativo átono
caso reto
e) demonstrativo - demonstrativo - relativo - correspondente
demonstrativo 1° pessoa do singular eu me
2° pessoa do singular tu te
44. (UEPG-PR) “Toda pessoa deve responder pelos 3° pessoa do singular ele o, a, lhe
compromissos assumidos.” A palavra destacada é:
1° pessoa do plural nós nos
a) pronome adjetivo indefinido
b) pronome substantivo indefinido 2° pessoa do plural vós vos
c) pronome adjetivo demonstrativo 3° pessoa do plural eles as, as, lhes
d) pronome substantivo demonstrativo
e) nenhuma das alternativas acima é correta 1) PRÓCLISE: quando o pronome oblíquo antecede o
verbo em posição sintática.
(Exercícios retirados de http://www.mundovestibular.com. Eu a vi ontem.
br/articles/9073/1/Exercicios-de-Pronomes/Paacutegina1.html) Ninguém me concedeu vantagens.
Usa-se o pronome em posição proclítica nas seguintes
Gabarito situações:

1 - D     23 - D    a) Com advérbios e expressões negativas:


2 - A     24 - D    Nada o assustou.
3 - D     25 - D    Ninguém o viu ontem.
4 - D     26 - E    Nunca o abandonarei.
5 - D     27 - E    Aqui se encontra paz.
6 - D     28 - C    Talvez a ame para sempre.
7 - B     29 - B   
8 - A     30 - E    b) Com conjunções subordinativas: (que, se,
9 - C     31 - D    quando, embora, logo, que)
10 - B   32 - B    É importante que a trate bem.
11 - D   33 - B    Não sei se o amo.
12 - B   34 - E    Não retornei a ligação, embora a amasse demais.
13 - D   35 - C   
14 - D   36 - B    c) Com pronomes relativos, indefinidos e
demonstrativos:
15 - A   37 - E   
Isso lhe trouxe muita sorte.
16 - A   38 - C   
A professora que me encontrou se chamava Maria.
17 - A   39 - D   
Tudo o encantava.
18 - D   40 - C   
19 - B   41 - D    d) Em frases exclamativas:
20 - C   42 - D    Deus o guarde!
21 - E   43 - A    Macacos me mordam!
22 - E   44 - A   

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LÍNGUA PORTUGUESA

e) Com palavras proparoxítonas: 2. (MACKENZIE) Assinale a alternativa que apresenta


Nós o compreendíamos. erro de colocação pronominal:
a) Você não devia calar-se.
f) com verbos no gerúndio antecedidos pela b) Não lhe darei qualquer informação.
preposição EM: c) O filho não o entendeu.
Em se tratando de educação, ele é uma referência. d) Se apresentar-lhe os pêsames, faça-o discretamente.
e) Ninguém quer aconselhá-lo.
g) com palavras interrogativas:
Quando o encontrarei novamente? 3. (MED. SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa
Quem a magoou desse jeito? em que todos os pronomes pessoais estão colocados
corretamente, segundo o uso clássico da língua
2) MESÓCLISE: quando o pronome oblíquo é colocado portuguesa:
entre o radical do verbo e as desinências. Só é usado em a) Eu o vi, não lhe falei, darei-te o livro.
duas situações: b) Eu o vi, falei-lhe, nada lhe direi.
a) Na forma verbal futuro do presente: c) Nada dir-lhe-ei, não o estimo, Deus ajude-nos.
Falar-te-ei verdades. d) Deus nos ajude! Não quero te ofender, mas vai-te
Comprar-lhe-á um carro. embora.
Procurar-me-ão sem descanso. e) Me dá o livro, que eu te devolvo assim que o ler.

b) Na forma verbal futuro do pretérito: 4.Em que alternativa NÃO há erro na colocação do
Falar-te-ia verdades. pronome?
Comprar-lhe-ia um carro. a) Preciso vê-lo, me disse o rapaz.
Procurar-me-iam sem descanso. b) Este é um trabalho que absorve-se muito.
c) Far-se-á tudo para que se salvem.
3) ÊNCLISE: Quando o pronome se encontra depois do d) Não arrepender-se-ia de haver dito a verdade.
verbo. É na ênclise a localização natural do complemento, e) Em pondo-se o sol os pássaros debandam.
seguindo a sequência sujeito verbo complemento. 5. O pronome pessoal oblíquo átono está bem
Empregamos a ênclise nas seguintes situações: colocado em um só dos períodos. Qual? 
a) Isto me não diz respeito! Respondeu-me ele,
a) Períodos iniciados por verbos: (Não é correto afetadamente .
iniciar frase com pronome oblíquo) b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos
Convidaram-me para a festa. apresentem-se na hora conveniente
Avistou-o de longe. c) Os conselhos que dão-nos os pais, levamo-los em
Encontraram-na triste. conta mais tarde.
d) Amanhã contar-lhe-ei por que peripécias consegui
b) Imperativo afirmativo: não envolver-me. 
Distribua-os agora.
Cale-se já. (Exercícios retirados de http://helenaconectada.
blogspot.com.br/2011/09/colocacao-pronominal-
c) Orações reduzidas de infinitivo: exercicios.html)
Quero amar-te para sempre.
Desejo beijá-lo assim que chegar. Gabarito
1c
d) Verbos no gerúndio NÃO antecedidos pela 2d
preposição “em” ou por expressões negativas: 3b
Ele vive enganando-se. 4c
5a
EXERCÍCIOS

1. (OMEC) Assinale a frase em que há pronome


enclítico:
a) Far-me-ás um favor?
b) Nada te direi a respeito.
c) Convido-te para a festa.
d) Não me fales mais nisso.
e) Dir-se-ia uma incoerência.

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LÍNGUA PORTUGUESA

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


6 REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS sando desemprego.
DO TEXTO. Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, ape-
6.1 SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE nas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns
TRECHOS DE TEXTO. termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para
obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
6.2 RETEXTUALIZAÇÃO DE DIFERENTES
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE. o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
1. Reescrita de Textos/Equivalência de Estruturas frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase nizadas aos nossos leitores.
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um O básico para a organização sintática das frases é a or-
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar tal ordem da seguinte maneira:
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+ CIR-
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e CUNSTÂNCIAS
a experiência de vida antecedem o ato de escrever. Obtido A globalização + está causando+ desemprego + no Bra-
um razoável conhecimento sobre o que iremos escrever, sil nos dias de hoje.
feito o esquema de exposição da matéria, é necessário sa- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas
ber ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, contêm todos estes elementos, portanto cabem algumas
não basta conhecer bem um determinado assunto, temos observações:
que o transmitir de maneira clara aos leitores. A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- normalmente são representadas por adjuntos adverbiais de
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quando que-
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin- remos recordar algo ou narrar uma história, existe a tendên-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- cia a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e outros
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu- elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ-
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas Observações:
mensagens. Observe: Tais construções não estão erradas, mas rompem com a
1. A desemprego globalização no Brasil e no na está La- ordem direta;
tina América causando. É preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas
2. A globalização está causando desemprego no Brasil e frases que não têm sujeito, somente predicado. Por exem-
na América Latina. plo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São
quatro horas agora;
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma Outras frases são construídas com verbos intransitivos,
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de que não têm complemento:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ adjun-
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de to adverbial)
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de A globalização nasceu no século XX. (idem)
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul-
tural do mundo atual. Há, ainda, frases nominais que não possuem verbos:
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem
A Ordem dos Termos na Frase direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos exis-
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que tentes nelas.
ela é organizada de maneira clara para produzir sentido. Levando em consideração a ordem direta, podemos es-
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical- tabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:
mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von- Se os termos estão colocados na ordem direta não have-
tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém, rá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo disto:
acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di- A globalização está causando desemprego no Brasil e na
zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões América Latina.
e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von- Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode- mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira: básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:

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LÍNGUA PORTUGUESA

A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
causam desemprego… se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
(três núcleos do sujeito) Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
A globalização causa desemprego no Brasil, na América tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
Latina e na África. vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
(três adjuntos adverbiais) que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
A globalização está causando desemprego, insatisfação e Quando o século XX estava terminando, a globalização
sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. (três começou a causar desemprego.
complementos verbais) Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar pobres.
com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu com- Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
plemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou seja, go no Brasil.
não devemos separar com vírgula os termos da oração. Veja
exemplos de tal incorreção: Observação:
O Brasil, será feliz. Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
A globalização causa, o desemprego. um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun-
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem para
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a mudança
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é de tempos verbais.
a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases SITE
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
vírgulas. Vejamos: dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/
A globalização, fenômeno econômico deste fim de século
XX, causa desemprego no Brasil.
1. SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
Semântica é o estudo da significação das palavras e
sujeito e o verbo.
das suas mudanças de significação através do tempo ou
Outros exemplos:
em determinada época. A maior importância está em dis-
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Latina.
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
As orações adjetivas explicativas desempenham fre- 1.1 Sinônimos
quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati- São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
vo, por isto são também isoladas por vírgula. - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
complemento. e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando,
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra,
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, em deteminado enunciado (aguadar e esperar).
no Brasil…
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per- Observação:
tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração A contribuição greco-latina é responsável pela exis-
é apenas um comentário à parte entre o complemento ver- tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
bal e os adjuntos). antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
Observação: transformação e metamorfose; oposição e antítese.
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A
globalização não causou desemprego no Brasil e na América 1.2 Antônimos
Latina. São palavras que se opõem através de seu significado:
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, mal - bem.
tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º 3 da
colocação da vírgula. Observação:
A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e
sando desemprego… antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo
No fim do século XX, a globalização causou desemprego e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista;
no Brasil… simétrico e assimétrico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1.3 Homônimos e Parônimos Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-


 Homônimos = palavras que possuem a mesma ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
Podem ser: tuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.

A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e diferen- SITE


tes na pronúncia: http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher (subst.); tonimos,-homonimos-e-paronimos
jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e denuncia (ver-
bo); providência (subst.) e providencia (verbo). 1. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Exemplos de variação no significado das palavras:
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e dife- Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
rentes na escrita: teral)
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar) Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (arreio); figurado)
censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio) e pas- Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
so (andar). As variações nos significados das palavras ocasionam
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou (conotação) das palavras.
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo A) Denotação
(adv.); livre (adj.) e livre (verbo). Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
apresenta seu significado original, independentemente
 Parônimos = palavras com sentidos diferentes, do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado
porém de formas relativamente próximas. São palavras mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci-
parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de do e muitas vezes associado ao primeiro significado que
vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor- palavra.
rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ A denotação tem como finalidade informar o receptor
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca-
(medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor-
atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi-
(atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”,
som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe-
-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
daço de madeira. Outros exemplos:
mento, trânsito), mandato (procuração) e mandado (ordem),
O elefante é um mamífero.
emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
As estrelas deixam o céu mais bonito!
1.4 Hiperonímia e Hiponímia
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem B) Conotação
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô- Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperônimo, apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in-
mais abrangente. terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipônimo, rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão
criando, assim, uma relação de dependência semântica. Por além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
exemplo: Veículos está numa relação de hiperonímia com cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza-
carros, já que veículos é uma palavra de significado genéri- da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no
co, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é um hipe- exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela
rônimo de carros. pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em pau no concurso).
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a tos no receptor da mensagem, através da expressividade e
repetição desnecessária de termos. afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- blicitários, entre outros. Exemplos:
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você é o meu sol!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Minha vida é um mar de tristezas.
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Você tem um coração de pedra!
Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia e ambiguidade
#FicaDica Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
Procure associar Denotação com Dicionário: ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
trata-se de definição literal, quando o termo ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
é utilizado com o sentido que consta no específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
dicionário. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
temente são felizes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Neste caso podem existir duas interpretações dife-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. rentes:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
Paulo: Saraiva, 2010. De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre-
SITE
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan-
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/
te saber qual o contexto em que a frase é proferida.
1. POLISSEMIA Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co-
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de micidade. Repare na figura abaixo:
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
de seu próprio campo semântico.
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebe-
mos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possi-
bilidades de várias interpretações levando-se em consideração
as situações de aplicabilidade. Há uma infinidade de exemplos
em que podemos verificar a ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico. (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em mas duas seriam:
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido Corte e coloração capilar
de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, ou
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou Faço corte e pintura capilar
“jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
formato quadriculado que têm.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Polissemia e homonímia
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co-
mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados, Paulo: Saraiva, 2010.
estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
duas ou mais palavras com origens e significados distintos têm Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode SITE
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.htm
polissemia porque os diferentes significados para a pala-
vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra Exercícios
polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado 1. (SUSAM/AM - Assistente Administrativo –
indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in- FGV/2014) “o país teve de recorrer a um programa de ra-
terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da cionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma de
escrita. reescrever esse segmento, que altera o seu sentido original.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A. O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de Dentro da análise do Discurso há também o discurso
racionamento. estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
B. O país teve como recurso recorrer a um programa indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao
de racionamento. seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo se
C. O Brasil foi levado a recorrer a um programa de ra- define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se im-
cionamento. portante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, podemos
D. O país obrigou‐se a recorrer a um programa de ra- analisar as artes produzidas em diferentes épocas da his-
cionamento. tória em todo o mundo e perceber as diferentes formas de
E. O Brasil optou por um programa de racionamento. interpelação e contextualidade presentes nas mesmas. O
discurso estético tem a mesma capacidade ideológica que
“o país teve de recorrer a um programa de racionamen- o discurso verbal, com a vantagem de atingir o indivíduo
to”. Assinale a opção que apresenta a forma de reescrever esteticamente, o que pode render muito mais rapidamente
esse segmento, QUE ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL. o sucesso do discurso aplicado.
Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa A partir da análise de todos os aspectos do discurso
de racionamento = mesmo sentido. chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do dis-
Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro- curso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto, pela es-
grama de racionamento = mesmo sentido. tética, pela ordem do discurso, pela sua forma de constru-
Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de ção. O sentido do discurso encontra-se sempre em aberto
racionamento = mesmo sentido. para a possibilidade de interpretação do seu receptor. O
Em “d”: O país obrigou‐se a recorrer a um programa de efeito do discurso é, claramente, transmitir uma mensagem
racionamento = mesmo sentido. e alcançar um objetivo premeditado através da interpreta-
Em “e”: O Brasil optou por um programa de racionamen- ção e interpelação do indivíduo alvo.
to = mudança de sentido (segundo o enunciado, o país não
teve outra opção a não ser recorrer. Na alternativa, provavel- 1.1 Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre
mente havia outras opções, e o país escolheu a de “recorrer”).
GABARITO OFICIAL: E Vozes do Discurso
Ao lermos um texto, observamos que há um narrador
1. Análise e Tipo de Discurso
- que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no
introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estrutura
Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a voz
de um texto e, a partir disto, compreender as construções
principal ou privilegiada - o narrador - usa o que chama-
ideológicas presentes no mesmo.
mos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do texto?
O discurso em si é uma construção linguística atrelada
É a forma como as falas são inseridas na narrativa. Ele pode
ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. Ou seja,
ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
as ideologias presentes em um discurso são diretamente
determinadas pelo contexto político-social em que vive o A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo
seu autor. Mais que uma análise textual, a análise do Dis- dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são
curso é uma análise contextual da estrutura discursiva em as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
questão.  Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem
Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso como fala, usando aspas ou travessões para demarcar que está
uma construção de características sociais. A sociedade que reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não gosto disso” –
promove o contexto do discurso analisado é a base de toda disse a menina em tom zangado.
a estrutura do texto, atrelando, deste modo, todo e qual- B) Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias
quer elemento que possa fazer parte do sentido do discur- palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos en-
so. O texto só pode assim ser chamado se o seu receptor tão uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens
for capaz de compreender o seu sentido, e isto cabe ao passam pela elaboração da fala do narrador.
autor do texto e à atenção que o mesmo der ao contex-  Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa
to da construção de seu discurso. É a relação básica para sua própria voz, o que foi dito pela personagem passa pela
a existência da comunicação verbal: emissão – recepção – elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica
compreensão. que marque o discurso indireto: A menina disse em tom
As práticas discursivas geram também outros âmbi- zangado, que não gostava daquilo.
tos de análise do discurso, como o Universo de Concor- C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há
rências, que consiste na competição entre vários emisso- uma maior liberdade, o narrador insere a fala do persona-
res para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os gem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso
emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do seu direto. É necessário que se tenha atenção para não confun-
receptor, para que deste modo possam interpelá-lo segun- dir a fala do narrador com a fala do personagem, pois esta
do sua própria ideologia, fazendo com que sua mensagem surge de repente em meio à fala do narrador: A menina pe-
seja recebida e assimilada pelo receptor sem que o mesmo rambulava pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso!
perceba que está sendo alvo de uma tentativa de conven- E parecia que ninguém a ouvia.
cimento, por assim dizer.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Níveis de Linguagem Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a nor-


A língua é um código de que se serve o homem para ma culta, deixando mais livres os interlocutores.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por
funcionais: base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a
A) a língua funcional de modalidade culta, língua norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram:
culta ou língua-padrão, que compreende a língua literá- Eu não a vi hoje.
ria, tem por base a norma culta, forma linguística utilizada Ninguém o deixou falar.
pelo segmento mais culto e influente de uma sociedade. Deixe-me ver isso!
Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de Eu te amo, sim, mas não abuses!
comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão, Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, co-
laborando na educação; Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta grada- etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à
1.1 Norma culta causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poé-
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. tica, caracterizado por construções de rara beleza.
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas escolas Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de
e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e cria- sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o come-
tiva, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâmi- te, passando, assim, a constituir fato linguístico registro de
ca. Temos, assim, à guisa de exemplificação: linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que
Estou preocupado. (norma culta) não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Tô preocupado. (língua popular) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dis-
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- persar e Não vamos dispersar-nos)
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para sair daqui bem depressa)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- seu posto)
mas da língua culta. As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
1.2 O conceito de erro em língua também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu tais
casos de ortografia. O que normalmente se comete são verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua con-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num jugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as for-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- mas então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.
a norma culta. Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases da
praia, vestido de fraque e cartola. língua popular para a língua culta”.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada conforme
das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami- as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.
gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo: 1.3 Língua escrita e língua falada - Nível de lingua-
Eu não vi ela hoje. gem
Ninguém deixou ele falar. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco-
Deixe eu ver isso! nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada.
Eu te amo, sim, mas não abuse! A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no de-
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. correr do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares,

94
LÍNGUA PORTUGUESA

piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade mais ex- qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
pressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, estando, deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
por isso mesmo, mais sujeita a transformações e a evoluções. de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importância. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios funda-
Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a língua fa- mentais de toda administração pública, claro está que de-
lada com base na língua escrita, considerada superior. De- vem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica-
correm daí as correções, as retificações, as emendas, a que ções oficiais.
os professores sempre estão atentos. Não se concebe que um ato normativo de qualquer
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
trando as características e as vantagens de uma e outra, sem impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido
deixar transparecer nenhum caráter de superioridade ou in- dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são re-
ferioridade, que em verdade inexiste. quisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de lín- implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.
guas. A nenhuma nação convém o surgimento de dialetos, Além de atender à disposição constitucional, a forma
consequência natural do enorme distanciamento entre uma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
modalidade e outra. para sua elaboração que remontam ao período de nossa
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade –
que a língua falada, porque é a modalidade que mantém estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
a unidade linguística de um povo, além de ser a que faz o 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de
pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma refle- anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi
xão, nenhuma análise mais detida será possível sem a língua mantida no período republicano. Esses mesmos princípios
escrita, cujas transformações, por isso mesmo, processam-se (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de
lentamente e em número consideravelmente menor, quan- linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
do cotejada com a modalidade falada. devem sempre permitir uma única interpretação e ser estri-
Importante é fazer o educando perceber que o nível da tamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com a nível de linguagem.
situação em que se desenvolve o discurso. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
O ambiente sociocultural determina o nível da linguagem oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um
a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas
a entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
com uma criança como se estivesse em uma missa, assim expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto
como uma criança não fala como um adulto. Um engenheiro dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea
não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível de fala, (o público).
para colegas e para pedreiros, assim como nenhum profes- Outros procedimentos rotineiros na redação de comu-
sor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala nicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo,
de aula. como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se,
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações ofi-
diano, a que já fizemos referência. ciais, regulados pela Portaria n.º 1 do Ministro de Estado da
Justiça, de 8 de julho de 1937.
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se bus-
cou fazer das características específicas da forma oficial de
7 CORRESPONDÊNCIA OFICIAL.
redigir não deve ensejar o entendimento de que se propo-
7.1 ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO nha a criação – ou se aceite a existência – de uma forma es-
DE DOCUMENTO. pecífica de linguagem administrativa, o que coloquialmente
7.2 ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma
AO GÊNERO. distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza
pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e
de formas arcaicas de construção de frases.
1. O que é Redação Oficial A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos – comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira
Poder Executivo. diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da corres-
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoali- pondência particular, etc.
dade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, Apresentadas essas características fundamentais da re-
formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atri- dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada
butos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: uma delas.
“A administração pública direta, indireta ou fundacional, de

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LÍNGUA PORTUGUESA

1.1. A Impessoalidade Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre


A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica,
pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e
alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) al- pode eventualmente contar com outros elementos que au-
guém que receba essa comunicação. No caso da redação xiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc.,
oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por
aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi- essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente
ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto re- as transformações, tem maior vocação para a permanência,
lativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário e vale-se apenas de si mesma para comunicar.
dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, A língua escrita, como a falada, compreende diferentes
ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo,
da União. em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que minado padrão de linguagem que incorpore expressões ex-
deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações tremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico,
oficiais decorre: não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico
a) da ausência de impressões individuais de quem co- correspondente. Nos dois casos, há um padrão de lingua-
munica: embora se trate, por exemplo, de um expediente as- gem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade
sinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome com que a empregamos.
do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
assim, uma desejável padronização, que permite que comu- impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de
nicações elaboradas em diferentes setores da Administração clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da
guardem entre si certa uniformidade; língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, a) se observam as regras da gramática formal, e b) se em-
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, prega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do
sempre concebido como público, ou a outro órgão público. idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que
homogênea e impessoal; ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintá-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se ticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincra-
o universo temático das comunicações oficiais se restringe sias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a
a questões que dizem respeito ao interesse público, é natu- pretendida compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se
ral que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. Desta de que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de
forma, não há lugar na redação oficial para impressões pes- expressão, desde que não seja confundida com pobreza de
soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto impli-
um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo ca emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcio-
de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da nismos sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua
interferência da individualidade que a elabora. literária.
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de Pode-se concluir, então, que não existe propriamen-
que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con- te um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes- padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
soalidade. haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou
será obedecida certa tradição no emprego das formas sintá-
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais ticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consa-
A necessidade de empregar determinado nível de lin- gre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois
do próprio caráter público desses atos e comunicações; de terá sempre sua compreensão limitada.
outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscri-
para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento minado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua ela- cabulário próprio à determinada área, são de difícil entendi-
boração for empregada a linguagem adequada. O mesmo mento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações
é a de informar com clareza e objetividade. As comunica- encaminhadas a outros órgãos da administração e em expe-
ções que partem dos órgãos públicos federais devem ser dientes dirigidos aos cidadãos.
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para
atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem 1.3. Formalidade e Padronização
restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio-
os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto
compreensão dificultada. de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra-

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LÍNGUA PORTUGUESA

tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
para uma autoridade de certo; mais do que isso, a formali- Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele
dade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos
dado ao assunto do qual cuida a comunicação. parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O do-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- mínio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrên-
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a admi- cia de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
nistração federal é una, é natural que as comunicações que que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem
expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os
padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os
para todas as características da redação oficial e que se cui- conceitos específicos que não possam ser dispensados.
de, ainda, da apresentação dos textos. A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pres-
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o sa com que são elaboradas certas comunicações quase sem-
texto definitivo e a correta diagramação do texto são indis- pre compromete sua clareza. Não se deve proceder à reda-
pensáveis para a padronização. ção de um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não
há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima.
1.4. Concisão e Clareza Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- redigir.
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
transmitir um máximo de informações com um mínimo de 2. As Comunicações Oficiais
palavras. Para que se redija com essa qualidade, é funda-
mental que se tenha, além de conhecimento do assunto Introdução
sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o A redação das comunicações oficiais deve, antes de
texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspec-
percebem eventuais redundâncias ou repetições desneces- tos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há características
sárias de ideias. específicas de cada tipo de expediente, que serão tratadas
O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análise,
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modali-
empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. dades de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de
Não se deve de forma alguma entendê-la como economia tratamento, a forma dos fechos e a identificação do signa-
de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens tário.
substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-
-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, 2.1. Pronomes de Tratamento
passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamen- O uso de pronomes e locuções pronominais de trata-
tais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o mento tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem com Said Ali, após serem incorporados ao português os pro-
também ideias secundárias que não acrescentam informa- nomes latinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa
ção alguma ao texto, nem têm maior relação com as funda- ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empre-
mentais, podendo, por isso, ser dispensadas. gar, como expediente linguístico de distinção e de respeito,
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi- a segunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de
cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de tra-
imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não tamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra
é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de catego-
demais características da redação oficial. Para ela concorrem: ria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre- vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa
tações que poderia decorrer de um tratamento personalista senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa ex-
dado ao texto; celência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reve-
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de rência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
circulação restrita, como a gíria e o jargão; mento indireto já estava em voga também para os ocu-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para
imprescindível uniformidade dos textos; vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós,
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que pro-
linguísticos que nada lhe acrescentam. vém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto
É pela correta observação dessas características que se como forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, milita-
redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei- res e eclesiásticas.
tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,

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LÍNGUA PORTUGUESA

2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa in- Senhor, seguido do cargo respectivo:
direta) apresentam certas peculiaridades quanto à concor- Senhor Senador,
dância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram a Senhor Juiz,
segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou Senhor Ministro,
a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para Senhor Governador,
a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substanti-
vo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa No envelope, o endereçamento das comunicações di-
Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a
assunto”. seguinte forma:
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a A Sua Excelência o Senhor
pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: Fulano de Tal
“Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vos- Ministro de Estado da Justiça
so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, 70064-900 – Brasília. DF
o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa A Sua Excelência o Senhor
a que se refere, e não com o substantivo que compõe a lo- Senador Fulano de Tal
cução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é Senado Federal
“Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar 70165-900 – Brasília. DF
satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”,
“Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento Rua ABC, n.º 123
obedece a secular tradição. São de uso consagrado: 01010-000 – São Paulo. SP
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra-
a) do Poder Executivo; tamento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lis-
Presidente da República; ta anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe
Vice-Presidente da República; qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
Ministros de Estado; evocação.
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis-
trito Federal; Vossa Senhoria é empregado para as demais autorida-
Oficiais-Generais das Forças Armadas; des e para particulares. O vocativo adequado é:
Embaixadores; Senhor Fulano de Tal,
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupan- (...)
tes de cargos de natureza especial; No envelope, deve constar do endereçamento:
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Ao Senhor
Prefeitos Municipais. Fulano de Tal
Rua ABC, n.º 123
b) do Poder Legislativo: 12345-000 – Curitiba. PR
Deputados Federais e Senadores;
Ministros do Tribunal de Contas da União; Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado
Deputados Estaduais e Distritais; o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particu-
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. lares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento,
c) do Poder Judiciário: e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
Ministros dos Tribunais Superiores; Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações
Membros de Tribunais; dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído
Juízes; curso universitário de doutorado. É costume designar por
Auditores da Justiça Militar. doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito
e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor con-
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas fere a desejada formalidade às comunicações.
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
cargo respectivo: empregada, por força da tradição, em comunicações dirigi-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, das a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Magnífico Reitor, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo
Federal. com a hierarquia eclesiástica, são:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...) alinhamento à direita: Exemplo:
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssi- Brasília, 15 de março de 1991.
ma, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vo- c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos:
cativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...) Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comuni- d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é
cações dirigidas a Arcebispos e Bispos; dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendís- também o endereço.
sima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha-
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos mento de documentos, o expediente deve conter a seguinte
e demais religiosos. estrutura:
– introdução, que se confunde com o parágrafo de
2.2. Fechos para Comunicações abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
lidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue
Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram a forma direta;
regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério da Justiça, de 1937, – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de so- devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de maior clareza à exposição;
comunicação oficial: – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente rea-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da presentada a posição recomendada sobre o assunto.
República: Respeitosamente, Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
quia inferior: Atenciosamente, títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encaminha-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas mento de documentos, a estrutura é a seguinte:
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- – introdução: deve iniciar com referência ao expediente
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documen-
Ministério das Relações Exteriores. to não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do
motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a se-
2.3. Identificação do Signatário guir os dados completos do documento encaminhado (tipo,
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a ra-
República, todas as demais comunicações oficiais devem tra- zão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte
zer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo fórmula: “Em resposta ao Aviso n.º 12, de 1.º de fevereiro de
do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício n.º 34, de 3 de abril
a seguinte: de 1990, do Departamento Geral de Administração, que tra-
(espaço para assinatura) ta da requisição do servidor Fulano de Tal.” Ou “Encaminho,
NOME para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no 12, de 1.º de fevereiro de 1991, do Presidente da Confede-
(espaço para assinatura) ração Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de mo-
NOME dernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
Ministro de Estado da Justiça – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar
fazer algum comentário a respeito do documento que enca-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- minha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento;
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento
página ao menos a última frase anterior ao fecho. em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
3. O Padrão Ofício g) assinatura do autor da comunicação; e
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Sig-
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memo- natário).
rando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma dia-
gramação única, que siga o que chamamos de padrão ofício. 3.2. Forma de diagramação
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à se-
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício guinte forma de apresentação:
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguin- a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
tes partes: corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do de rodapé;
órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso b) para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
123/2002-SG Of. 123/2002-MME man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) é obrigatório constar a partir da segunda página o Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as
número da página; seguintes informações do remetente:
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser – nome do órgão ou setor;
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar- – endereço postal;
gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas pá- – telefone e endereço de correio eletrônico.
ginas pares (“margem espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de 3.4. Memorando
distância da margem esquerda;
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, 3.4.1. Definição e Finalidade
no mínimo, 3,0 cm de largura; O memorando é a modalidade de comunicação entre
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
cm; estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis dife-
O constante neste item aplica-se também à exposição rentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação
de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. eminentemente interna. Pode ter caráter meramente admi-
Mensagem). nistrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos,
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as li- ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado se-
nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de tor do serviço público. Sua característica principal é a agili-
texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em dade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve
branco; pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub- burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número
linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor- de comunicações, os despachos ao memorando devem ser
das ou qualquer outra forma de formatação que afete a ele- dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço,
gância e a sobriedade do documento; em folha de continuação. Esse procedimento permite formar
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas transparência à tomada de decisões, e permitindo que se his-
para gráficos e ilustrações; torie o andamento da matéria tratada no memorando.
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 3.4.2. Forma e Estrutura
x 21,0 cm; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar- padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve
quivo Rich Text nos documentos de texto; ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos:
m) dentro do possível, todos os documentos elaborados Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
devem ter o arquivo de texto preservado para consulta pos- Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
terior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de- 4. Exposição de Motivos
vem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
+ número do documento + palavras-chaves do conteúdo. 4.1. Definição e Finalidade
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presi-
dente da República ou ao Vice-Presidente para:
3.3. Aviso e Ofício a) informá-lo de determinado assunto;
b) propor alguma medida; ou
3.3.1. Definição e Finalidade c) submeter a sua consideração projeto de ato norma-
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial tivo.
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente
para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí- da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o
cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór- de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros en-
gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, volvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
também com particulares.
4.2. Forma e Estrutura
3.3.2. Forma e Estrutura Formalmente, a exposição de motivos tem a apresenta-
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo ção do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício).
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade,
destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vír- apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela
gula. Exemplos: que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para
Excelentíssimo Senhor Presidente da República a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato
Senhora Ministra normativo. No primeiro caso, o da exposição de motivos que
Senhor Chefe de Gabinete simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Pre-

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sidente da República, sua estrutura segue o modelo antes Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
referido para o padrão ofício. Já a exposição de motivos que dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
submeta à consideração do Presidente da República a suges- anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminha-
tão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente mento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e
projeto de ato normativo – embora sigam também a estru- os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário
tura do padrão ofício –, além de outros comentários julgados do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição
pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em
a) na introdução: o problema que está a reclamar a ado- sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento
ção da medida ou do ato normativo proposto; comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5.º), que
ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o pro- comanda as sessões conjuntas.
blema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvol-
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser toma- vido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso
da, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das matérias
o problema. objeto das proposições por elas encaminhadas.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à expo- Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos
sição de motivos, devidamente preenchido, de acordo Com órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles o
o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º 4.176, de 28 de da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas,
março de 2002. as análises necessárias constam da exposição de motivos do
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – exposi-
que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (cla- ção que acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminha-
reza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e mento ao Congresso.
uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada. b) encaminhamento de medida provisória.
A exposição de motivos é a principal modalidade de co- Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Consti-
municação dirigida ao Presidente da República pelos Minis- tuição, o Presidente da República encaminha mensagem ao
tros. Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primei-
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada có- ro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida
provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação
pia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda,
da Presidência da República.
ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indica-
5. Mensagem
ção de pessoas para ocuparem determinados cargos (magis-
trados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes
5.1. Definição e Finalidade
e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República,
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Cons-
dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas tituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para in- Congresso Nacional competência privativa para aprovar a in-
formar sobre fato da Administração Pública; expor o plano dicação.
de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado,
submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem acompanha a mensagem.
de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse sidente da República se ausentar do País por mais de 15 dias.
dos poderes públicos e da Nação. Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49,
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi- III, e 83), e a autorização é da competência privativa do Con-
nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias cabe- gresso Nacional.
rá a redação final. O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con- quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma co-
gresso Nacional têm as seguintes finalidades: municação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple- gens idênticas.
mentar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou comple- e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
mentar são enviados em regime normal (Constituição, art. concessão de emissoras de rádio e TV.
61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º a 4.º). Cabe A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Con-
lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime gresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Consti-
normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com so- tuição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou reno-
licitação de urgência. vação da concessão após deliberação do Congresso Nacional
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem- (Constituição, art. 223, § 3.º). Descabe pedir na mensagem a
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1.º
do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Pri- do art. 223 já define o prazo da tramitação.
meiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). mensagem o correspondente processo administrativo.

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f) encaminhamento das contas referentes ao exercício – relato das medidas praticadas na vigência do estado
anterior. de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias – proposta de modificação de projetos de leis financeiras
após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Con- (Constituição, art. 166, § 5.º);
gresso Nacional as contas referentes ao exercício anterior – pedido de autorização para utilizar recursos que fica-
(Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Co- rem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
missão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1.º), sob emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual
pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de con- (Constituição, art. 166, § 8.º);
tas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado – pedido de autorização para alienar ou conceder terras
no art. 215 do seu Regimento Interno. públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188,
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. § 1.º); etc.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre
a situação do País e solicitação de providências que julgar 5.2. Forma e Estrutura
necessárias (Constituição, art. 84, XI). As mensagens contêm:
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
Presidência da República. Esta mensagem difere das demais horizontalmente, no início da margem esquerda:
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congres- Mensagem n.º
sistas em forma de livro.
h) comunicação de sanção (com restituição de autógra- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
fos). cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso esquerda;
Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o
número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da Repú- d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto,
blica terá aposto o despacho de sanção. e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem
i) comunicação de veto. direita.
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presi-
art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, dente da República, não traz identificação de seu signatário.
se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões
do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial 6. Telegrama
da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das demais
mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu en- 6.1. Definição e Finalidade
vio ao Poder Legislativo. Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
j) outras mensagens. os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de
Também são remetidas ao Legislativo com regular fre- telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de
quência mensagens com: telegrafia, telex, etc.
– encaminhamento de atos internacionais que acarre- Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-
49, I); -se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência
às operações e prestações interestaduais e de exportação justifique sua utilização e, também em razão de seu custo ele-
(Constituição, art. 155, § 2.º, IV); vado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela conci-
– proposta de fixação de limites globais para o montan- são (v. 1.4. Concisão e Clareza).
te da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); 6.2. Forma e Estrutura
– pedido de autorização para operações financeiras ex- Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a es-
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros. trutura dos formulários disponíveis nas agências dos Correios
Entre as mensagens menos comuns estão as de: e em seu sítio na Internet.
– convocação extraordinária do Congresso Nacional
(Constituição, art. 57, § 6.º); 7. Fax
– pedido de autorização para exonerar o Procurador-
-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º); 7.1. Definição e Finalidade
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX); forma de comunicação que está sendo menos usada devido
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmis-
paz (Constituição, art. 84, XX); são de mensagens urgentes e para o envio antecipado de do-
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de cumentos, de cujo conhecimento há premência, quando não
sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º); há condições de envio do documento por meio eletrônico.
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio Quando necessário o original, ele segue posteriormente
(Constituição, art. 137); pela via e na forma de praxe.

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Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có- A função essencial da frase é desempenhada pelo predi-
pia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em cado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendido
certos modelos, deteriora-se rapidamente. como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre que
a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome de pe-
7.2. Forma e Estrutura ríodo, que terá tantas orações quantos forem os verbos não
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a auxiliares que o constituem.
estrutura que lhes são inerentes. Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com os de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor- Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
me exemplo a seguir: tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função de
[Órgão Expedidor] complementos (objetos direto e indireto, predicativo e com-
[setor do órgão expedidor] plemento adverbial). Função acessória desempenham os
[endereço do órgão expedidor] adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da oração,
Destinatário:____________________________________ mas que podem ser ou intercalados aos elementos que de-
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ sempenham as outras funções, ou deslocados para o início
Remetente: ____________________________________ da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________ (sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).

8. Correio Eletrônico Podem ser identificados seis padrões básicos para as


orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portugue-
8.1 Definição e finalidade sa (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e ce- ocorrer em ordem diversa):
leridade, transformou-se na principal forma de comunicação
para transmissão de documentos. 1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
O Presidente - regressou - (ontem).
8.2. Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico 2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad-
é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida junto adverbial)
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lin- O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
guagem incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A manhã de terça-feira).
Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
O campo assunto do formulário de correio eletrônico 3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização do- (adjunto adverbial).
cumental tanto do destinatário quanto do remetente. O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se-
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili- tores).
zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí- 4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto
nimas sobre seu conteúdo. - obj. indireto - (adj. Adv.)
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con- Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar ao Deputado - (no Congresso).
da mensagem pedido de confirmação de recebimento. 5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad-
8.3 Valor documental verbial - (adjunto adverbial)
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa- A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos
gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para Aires - (na próxima semana).
que possa ser aceito como documento original, é necessário O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)
existir certificação digital que ateste a identidade do reme-
tente, na forma estabelecida em lei. 6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
verbial)
Elementos de Ortografia e Gramática O problema - será - resolvido - prontamente.

Problemas de Construção de Frases Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou


A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas, seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado.
principalmente, pela construção adequada da frase, “a me- Na construção de períodos, as várias funções podem ocor-
nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de rer em ordem inversa à mencionada, misturando-se e con-
Celso Pedro Luft. fundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos

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os padrões existentes na língua portuguesa. O que importa Erros de Paralelismo


é fixar a ordem normal dos elementos nesses seis padrões Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, com- crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
postos por duas ou mais orações, em geral podem ser redu- gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim,
zidos aos padrões básicos (de que derivam). incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a elementos
Os problemas mais frequentemente encontrados na paralelos. Vejamos alguns exemplos:
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos parale- economizar energia e que elaborassem planos de redução de
lismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do despesas.
desconhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-
-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recor- Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
rentes na construção de frases, registrados em documentos pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
oficiais. ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
Sujeito planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter comple- possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
mento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
portanto, construções como: volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
como reduzidas de infinitivo:
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor-
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
tadas, (...).
economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor-
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
tadas, (...).
coordenação de orações subordinadas.
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta:
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs-
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...). tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo).
Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...). Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu-
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, zidas por substantivos:
(...). Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu-
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, rança, inteligência e ambição.
(...). Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa-
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) a
Frases Fragmentadas ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, de
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
oração subordinada ou uma simples locução como se fosse Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. de correção é transformá-la em duas frases simples, com o
Exemplo: cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):
Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi-
Nacional. Depois de ser longamente debatido. ma capital, encontrou-se com o Papa.
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
Nacional, depois de ser longamente debatido. Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que
recebeu a aprovação do Congresso Nacional. não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consulta- sólida formação acadêmica.
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo:
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sóli-
metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta- da formação acadêmica.
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado,
programa. mas isso não o surpreendeu.
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
rior, aqui podemos suprimir a conjunção: acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o pro- da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção fe-
grama. deral em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente da
República.
Erros de Comparação
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara- C) pronome relativo:
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín- Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu cos-
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre tumava trabalhar.
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten- faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambiguidade
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gênero. A
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as quais,
um médico. que marcam gênero e número.
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
A omissão de termos provocou uma comparação inde- mava trabalhar.
vida: “o salário de um professor” com “um médico”. Se o entendimento é outro, então:
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu-
salário de um médico. mava trabalhar.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o
de um médico. Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria. dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
Novamente, a não repetição dos termos comparados Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
confunde. Alternativas para correção: funcionário.
Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
Portaria. deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria. Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este in-
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas disciplinado.
do que os Ministérios do Governo. Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou chamou o médico.
“demais”) acarretou imprecisão:
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi cha-
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
mado por uma senhora.
do que os outros Ministérios do Governo.
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
SITE
do que os demais Ministérios do Governo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manualre-
dpr2aed.pdf
Ambiguidade
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
Exercícios
mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
possam gerar equívocos de compreensão. 1. (TJ-PA - Médico Psiquiatra – Superior - VUNESP
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de - 2014) Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui Manual de Redação da Presidência da República, no qual
mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer expressões foram substituídas por lacunas.
com: Senhor Deputado
Em complemento às informações transmitidas pelo te-
A) pronomes pessoais: legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo ______de que
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida
ele seria exonerado. ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se- procedimento administrativo de demarcação de terras indí-
cretariado. genas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de
Ou então, caso o entendimento seja outro: 1991 (cópia anexa).
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exone- (http://www.planalto.gov.br. Adaptado)
ração deste.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A alternativa que completa, correta e respectivamente, Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas
as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da lín- a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró-
gua portuguesa e atendendo às orientações oficiais a res- prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
peito do uso de formas de tratamento em correspondências Ministério das Relações Exteriores.
públicas, é: GABARITO OFICIAL: CERTO
A. Vossa Senhoria … tua.
B. Vossa Magnificência … sua. 4. (ANP – Conhecimento Básico para todos os Cargos –
C. Vossa Eminência … vossa. CESPE/2013) Na redação de uma ata, devem-se relatar exaustiva-
D. Vossa Excelência … sua. mente, com o máximo de detalhamento possível, incluindo-se os
E. Sua Senhoria … vossa. aspectos subjetivos, as discussões, as propostas, as resoluções e as
deliberações ocorridas em reuniões e eventos que exigem registro.
Podemos começar pelo pronome demonstrativo. Mesmo ( ) CERTO ( ) ERRADO
utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (muitas vezes con-
fundido com “vós” e seu respectivo “vosso”), os pronomes que Ata é um documento administrativo que tem a finalidade de
os acompanham deverão ficar sempre na terceira pessoa (do registrar de modo sucinto a sequência de eventos de uma reunião
plural ou do singular, de acordo com o número do pronome de ou assembleia de pessoas com um fim específico. É característi-
tratamento). Então, em quaisquer dos pronomes de tratamen- ca da Ata apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de
to apresentados nas alternativas, o pronome demonstrativo modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
será “sua”. Descartamos, então, os itens a, c e e. Agora recor- (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_reda-
ramos ao pronome adequado a ser utilizado para deputados. cao_oficial_ata/)
Segundo o Manual de Redação Oficial, temos: GABARITO OFICIAL: ERRADO
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e 5. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – CES-
Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (...). PE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas direcionadas
GABARITO OFICIAL: D a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso dos fechos Respei-
tosamente ou Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do
2. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços destinatário e do remetente.
de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014)
( ) CERTO ( ) ERRADO
Considerando aspectos estruturais e linguísticos das corres-
pondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual estabelece
com o Manual de Redação da Presidência da República.
o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as moda-
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
lidades de comunicação oficial:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dignida-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
de é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
pública: Respeitosamente,
públicos.
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia
( ) CERTO ( ) ERRADO
inferior: Atenciosamente,
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a forma Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a
de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a dignida- autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios,
de é condição primordial para que tais cargos públicos sejam devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério
ocupados. das Relações Exteriores.
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_ GABARITO OFICIAL: CERTO
publicacoes_ver.php?id=2
GABARITO OFICIAL: ERRADO 6. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços de
Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Considerando aspec-
3. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – Mé- tos estruturais e linguísticos das correspondências oficiais, julgue
dio - CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas os itens que se seguem, de acordo com o Manual de Redação da
direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso Presidência da República.
dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acordo O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
com as hierarquias do destinatário e do remetente. as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade é
( ) CERTO ( ) ERRADO tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos públicos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual estabe-
lece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a forma de
as modalidades de comunicação oficial: tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a dignidade é con-
A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da dição primordial para que tais cargos públicos sejam ocupados.
República: Respeitosamente, Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- publicacoes_ver.php?id=2
quia inferior: Atenciosamente, GABARITO OFICIAL: ERRADO

106
LÍNGUA PORTUGUESA

Assistir:
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL VTD: ajudar, prestar auxílio
Ex.: O médico assistiu os doentes.

VTI: ver
SINTAXE DE REGÊNCIA Ex.: As crianças assistiram ao jogo no domingo.

Regência é uma relação de subordinação entre palavras. Querer:


Algumas, para fazerem sentido, necessitam do auxílio de VTD: desejar
preposições para encadearem perfeitamente a ordem Ex.: Querem muito o jogo novo.
dos termos em uma oração. Ou seja, quando falamos de
subordinação entre palavras, subentendemos um termo VTI: ter afeição, carinho
regente (verbo ou nome) que exigirá ou não a presença de Ex.: Ela quer muito a seu pai.
um conectivo (termo regido) para se ligar a seu complemento.
Esquecer/lembrar:
1. REGÊNCIA VERBAL VTD: quando não pronominais
É a relação de dependência que se estabelece entre Ex.: Meu filho esqueceu a chave de casa.
o verbo e seus complementos. Quando o assunto é
complemento verbal, vale lembrar o conceito de verbo VTI: quando pronominais
transitivo, justamente aquele “transita”, que necessita de Ex.: Meu filho se esqueceu da chave de casa.
complemento para efeito de sentido. Dentre essa categoria,
há duas formas de o verbo transitivo se ligar a seu integrante: Pagar/Perdoar:

a) Forma direta: quando o verbo não necessita de VTD: quando o complemento se tratar de coisa.
preposição, e por isso o denominamos de verbo transitivo Ex.:Perdoou a dívida.
direto: Pagou a conta da loja.
Ex.:
O relator denunciou o empresário. VTI: quando o complemento se tratar de pessoa.
Compramos presentes para todos. Ex.: A mãe perdoou ao filho.
Pagamos ao gerente.
b) Forma indireta: há verbos mais fracos
gramaticalmente e, por isso, necessitam um “elemento Obedecer:
extra” para completar seu sentido. Esse elemento de ligação VTI: sempre exige a preposição a
chamamos de preposição, termo responsável pela união Ex.: O aluno obedeceu ao professor.
do verbo a seu complemento de forma indireta. Por isso O aluno obedeceu às regras.
chamamos tal categoria de verbo transitivo indireto:
Responder:
Ex.: VTI: quando houver apenas um complemento.
Preciso de mais tempo. Ex.: Respondi às questões da prova.
Aspiro ao cargo de coordenador.
OBS.: Quando possuir mais de um objeto teremos a
O estudo de regência visa, sobretudo, esclarecer quais seguinte forma:
verbos e em quais sentidos exigem a presença ou não Respondi as questões ao professor.
de preposição. Além do mais, há verbos que mudam de
significado frente a presença da preposição. Implicar:
VTD: acarretar
Aspirar: Ex.:A situação implica reflexões.
VTD: sorver, respirar:
Ex.: A garota aspirou o ar do campo. VTI: sentir antipatia
Ex.: João implica com o cunhado.
VTI: almejar, desejar
Ex.: Aspiro à vaga de assessora. Namorar:
VTD: sempre transitivo direto
Visar: Ex.: Minha filha está namorando João
VTD: olhar ou dar visto
Ex.: A funcionária visou com atenção os requerentes. Preferir:

VTI: almejar, desejar Verbo com dupla transitividade: alguém prefere uma
Ex.: Todos visam ao sucesso da empresa. coisa (objeto direto) a outra (objeto indireto):
Ex.: Preferem maçã à uva.

107
LÍNGUA PORTUGUESA

Informar, comunicar, avisar: 4. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos


devem ser seguidos pela mesma preposição: 
Verbos com dupla transitividade a) ávido / bom / inconsequente 
b) indigno / odioso / perito 
a) Informa-se algo a alguém c) leal / limpo / oneroso 
Ex.: Ele informou a fuga aos policiais. d) orgulhoso / rico / sedento 
e) oposto / pálido / sábio
b) Informa-se alguém de algo
Ex.: Ele informou os policiais da fuga 5. (UF-FLUMINENSE) Assinale a frase em que está usado
indevidamente um dos pronomes seguintes: o, lhe. 
Enviar: a) Não lhe agrada semelhante providência? 
b) A resposta do professor não o satisfez. 
Verbo com dupla transitividade: envia-se algo a alguém
c) Ajudá-lo-ei a preparar as aulas. 
Ex.: O estagiário enviou o documento aos interessados
d) O poeta assistiu-a nas horas amargas, com extrema
dedicação. 
Morar, residir, situar-se:
e) Vou visitar-lhe na próxima semana. 
VTI: sempre regem a preposição “em”
6. (BB) Regência imprópria: 
Ex.: Minha professora mora em Brasília. a) Não o via desde o ano passado. 
b) Fomos à cidade pela manhã. 
Ir, voltar, chegar: c) Informou ao cliente que o aviso chegara. 
d) Respondeu à carta no mesmo dia. 
Solicitam a preposição “a”, “de” e “para”: e) Avisamos-lhe de que o cheque foi pago. 
Ex.: Vou a Roma
Vou para Roma. 7. (BB) Alternativa correta: 
Vou de Roma a Veneza. a) Precisei de que fosses comigo. 
b) Avisei-lhe da mudança de horário. 
Exercícios c) Imcumbiu-me para realizar o negócio. 
d) Recusei-me em fazer os exames. 
1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta a regência verbal e) Convenceu-se nos erros cometidos. 
incorreta, de acordo com a norma culta da língua: 
a) Os sertanejos aspiram a uma vida mais confortável.  8. (EPCAR) O que devidamente empregado só não seria
b) Obedeceu rigorosamente ao horário de trabalho do regido de preposição na opção: 
corte de cana.  a) O cargo ....... aspiro depende de concurso. 
c) O rapaz presenciou o trabalho dos canavieiros.  b) Eis a razão ....... não compareci. 
d) O fazendeiro agrediu-lhe sem necessidade.  c) Rui é o orador ....... mais admiro. 
e) Ao assinar o contrato, o usineiro visou, apenas, ao lucro d) O jovem ....... te referiste foi reprovado. 
pretendido.  e) Ali está o abrigo ....... necessitamos. 
2. (IBGE) Assinale a opção que contém os pronomes
9. (UNIFIC) Os encargos ....... nos obrigaram são aqueles
relativos, regidos ou não de preposição, que completam
....... o diretor se referia. 
corretamente as frase abaixo: Os navios negreiros, ....... donos
a) de que - que 
eram traficantes, foram revistados. Ninguém conhecia o
b) a cujos - cujos 
traficante ....... o fazendeiro negociava. 
a) nos quais / que  c) por que – que 
b) cujos / com quem  d) cujos - cujo 
c) que / cujo  e) a que - a que
d) de cujos / com quem e) cujos / de quem 
10. (FTM-ARACAJU) As mulheres da noite ....... o poeta
3. (IBGE) Assinale a opção em que as duas frases se faz alusão ajudam a colorir Aracaju, ....... coração bate de
completam corretamente com o pronome lhe:  noite, no silêncio. 
a) Não ..... amo mais. / O filho não ..... obedecia.  A alternativa que completa corretamente as lacunas da
b) Espero-..... há anos. / Eu já ..... conheço bem.  frase acima é: 
c) Nós ..... queremos muito bem. / Nunca ..... perdoarei, a) as quais / de cujo 
João.  b) a que / no qual 
d) Ainda não ..... encontrei trabalhando, rapaz. / Desejou-..... c) de que / o qual 
felicidades.  d) às quais / cujo 
e) Sempre ..... vejo no mesmo lugar. / Chamou-..... de e) que / em cujo 
tolo. 

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(Exercícios retirados de http://professorricardoandrade.blogspot.com.br/2010/08/100-questoes-de-regencia.html)

Gabarito

1 - D 2 -D 3 – C 4 – D 5 - E 6 - E 7 - A 8 - E 9 - E 10 – D

REGÊNCIA NOMINAL

É a relação de subordinação entre um nome (termo regente) e seus complementos. Há termos nominais que apresentam
uma relação indireta com seus complementos, através da preposição.
Ex.: Tenho horror a avião.
Ela está muito orgulhosa do filho.

O estudo da regência nominal abrange as diversas formas de um nome ligar-se a seus complementos. Vejamos a tabela
explicativa.

Regência dos substantivos

Medo de Obediência a Horror a


Doutor em Impaciência com Bacharel em
Respeito a, com, para com, por Capacidade para Atentado a, contra
Dúvida acerca de, em, sobre Admiração a, por Ojeriza a, por
Aversão a, para, por Cuidado com Proeminência sobre

Regência dos adjetivos

Vazio de Suspeito de Sito em


Insensível a Liberal com Natural de
Descontente com Diferente de Desejoso de
Contrário a Indeciso em Sensível a
Relacionado com Relativo a Hábil em
Habituado a Idêntico a Impróprio para
Semelhante a Satisfeito com, de, em, por Contíguo a
Contemporâneo a, de Compatível com Capaz de, para
Hábil em Próximo a Relacionado com
Benéfico a Grato a, por Ávido de
Relacionado com Propício a Prestes a
Prejudicial a Preferível a Fanático por
Favorável a Generoso com Fácil de
Análogo a Ansioso de, por, para Passível de
Essencial a, para Alheio a, de Escasso de
Paralelo a Agradável a Equivalente a

Regência dos Advérbios

Perto de Longe de

Exercícios

1) (Cescea) As palavras ansioso, contemporâneo e misericordioso regem, respectivamente, as preposições:


a) a – em – de – para.
b) de – a – de.
c) por – de – com.
d) de – com – para com.
e) com – a – a.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) (TJ – SP) Indique onde há erro de regência nominal: 9) (CTFMG) A regência nominal está conforme a norma
a) Ele é muito apegado em bens materiais. culta em:
b) Estamos fartos de tantas promessas. a) O filho tornou-se um profissional apto para exercer ao
c) Ela era suspeita de ter assaltado a loja. cargo de diretor.
d) Ele era intransigente nesse ponto do regulamento. b) A estrangeira mostrava muita devoção a pesquisa do
e) A confiança dos soldados no chefe era inabalável. HIV, naquele hospital.
c) A população simpatizava-se com as propostas
3)  Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser apresentadas pelo Governo.
seguidos pela mesma preposição:  d) O homem deve obediência aos princípios harmônicos
a) ávido, bom, inconsequente  que a natureza lhe oferece.
b) indigno, odioso, perito 
c) leal, limpo, oneroso  10) (TJ – SP) Indique onde há erro de regência nominal:
d) orgulhoso, rico, sedento  a) Ele é muito apegado em bens materiais.
e) oposto, pálido, sábio b) Estamos fartos de tantas promessas.
c) Ela era suspeita de ter assaltado a loja.
4) As palavras ansioso, contemporâneo e misericordioso d) Ele era intransigente nesse ponto do regulamento.
regem, respectivamente, as preposições: e) A confiança dos soldados no chefe era inabalável.
a) a – em – de – para.
b) de – a – de. (Exercícios retirados de http://
c) por – de – com. tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com.br/2013/01/
d) de – com – para com. regencia-nominal-regras.html)
e) com – a – a.
Gabarito

5)  Indique onde há erro de regência nominal: 1) C   2) A    3) D   4) C   5) A    6) A  


a) Ele é muito apegado em bens materiais. 7) à, à, de, a, com    8) C   19) D   10) A
b) Estamos fartos de tantas promessas.
c) Ela era suspeita de ter assaltado a loja.
d) Ele era intransigente nesse ponto do regulamento.
e) A confiança dos soldados no chefe era inabalável.

6) Diante das orações que seguem, analise-as e indique


aquela que não se adéqua ao uso da preposição “a”:
a) Estou ávido * boas notícias.
b) Esta canção é agradável * alma.
c) O respeito é essencial * boa convivência.
d) Mostraram-se indiferentes * tudo.
e) O filme é proibido * menores de dezoito anos.

7) Tendo em vista   a relação de dependência


manifestada entre um nome (termo regente) e seu respectivo
complemento (termo regido), reescreva as orações a seguir,
atribuindo-lhes a devida preposição.
a) O fumo é prejudicial * saúde.
b) Financiamentos imobiliários tornaram-se acessíveis *
população.
c) Seu projeto é passível * reformulações.
d) Esteja atento * tudo que acontece por aqui.
e) Suas ideias são compatíveis * as minhas.

8) Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a


regência nominal correta. Assinale-a:
a) Ele não é digno a ser seu amigo.
b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença.
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
d) Ele se diz especialista para com computadores
eletrônicos.
e) O sol é indispensável da saúde.

110
LÍNGUA PORTUGUESA

• O garoto nunca foi bom em matemática. O garoto


2. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS fez a prova quase sem tempo para passar o gabarito.
PARÁGRAFOS. • O garoto nunca foi bom em matemática. Ele fez a
prova quase sem tempo para passar o gabarito.
• A minha namorada mora muito longe daqui. A
minha namorada viajou para me ver.
II - ESTRUTURA TEXTUAL • A minha namorada mora muito longe daqui. Ela
viajou para me ver.
Estruturar corretamente um texto vai extrair mais re- • O picolé de limão é muito ruim. O picolé de limão
sultados da sua audiência, além de deixar os leitores muito
deixa um gosto amargo na sua boca.
mais satisfeitos e engajados com suas publicações.
• O picolé de limão é muito ruim. Ele deixa um gos-
O que é um bom texto para você?
to amargo na sua boca.
Um texto tem como função comunicar um assunto, e
essa comunicação só é bem-sucedida se o leitor consegue Há, porém outros tipos de coesão que podem ser ex-
entender perfeitamente a mensagem. Um bom texto é plorados nos seus textos. Como a coesão por substituição,
aquele em que a comunicação acontece sem ruídos, e o se- também conhecida como anáfora. Podemos ver a coesão
gredo para alcançar esse sucesso está na estrutura textual. por substituição nas frases a seguir:
A estrutura textual é formada por vários fatores, sendo • Os alunos foram chamados a comparecer na dire-
os principais a coesão e a coerência. São elas as responsá- toria porque eram peraltas. Caso sejam peraltas novamen-
veis pela compreensão plena de um texto. te, os alunos serão suspensos do colégio.
Conheça abaixo quais os elementos formadores da es- • Os alunos foram chamados a comparecer na dire-
trutura textual e por que você precisa entendê-los! toria porque eram peraltas. Caso isso aconteça novamente
eles serão suspensos do colégio.
Coesão • Patrícia e Beatriz gostavam de brincar com suas
Coesão é o nome que a gramática dá à conexão entre bonecas, mas não podiam brincar com suas bonecas no
as ideias no texto. O ideal é existir um encadeamento de colégio. Caso brincassem com suas bonecas no colégio,
informações, que o leitor possa seguir como um fluxo, sem Patrícia e Beatriz teriam problemas.
pensar demais para estabelecer as relações entre as partes. • Patrícia e Beatriz gostavam de brincar com suas
Veja um exemplo: bonecas, mas não podiam fazer isso no colégio. Caso fi-
• Mariana viajou para o Rio de Janeiro nas férias.
zessem, elas teriam problemas.
Mariana fez novos amigos no Rio de Janeiro.
Temos também a coesão por elipse, a coesão por con-
As frases não têm nenhum erro de estrutura sintática
básica, de sujeito, verbo e complemento. O sujeito, Mariana, junção e a coesão lexical. Elas funcionam, respectivamente,
fez a ação de viajar e o destino foi o Rio de Janeiro. O omitindo uma ou mais palavras, relacionando termos com
mesmo sujeito fez novos amigos enquanto esteve por lá. o emprego de conjunções e adotando sinônimos, prono-
O erro aqui é a repetição desnecessária, que torna a lei- mes ou pronomes no lugar da repetição.
tura incômoda. Perceba como é possível tornar esse exem- Coerência
plo mais agradável: A coerência, por sua vez, é o conjunto de mecanis-
• Mariana viajou para o Rio de Janeiro nas férias e mos usados para que o texto faça sentido. Um texto é coe-
fez novos amigos por lá. rente quando não apenas a sintaxe  está impecável, mas
a semântica e a lógica também.
Bem melhor, não é? E a única mudança foi dar cadên- Assim como a coesão, a coerência é fundamental para
cia e ritmo à oração, eliminando a quebra que a repetição dar encadeamento às ideias inseridas no texto. Veja no
causava. exemplo abaixo:
Outros exemplos de coesão • Henrique chegava atrasado para todas as aulas,
Há tipos de coesão diferente e dominá-los vai ajudá- mas sempre conseguia entrar na escola por estar em cima
-lo a desempenhar a sua tarefa como  redator freelan- da hora.
cer  de uma maneira mais eficiente. Por isso, fique atento A expressão “estar em cima da hora” quer dizer que
às definições e exemplos que escolhemos para demonstrar
algo está bem próximo do horário marcado ou esperado
como os tipos de coesão funcionam na prática.
para acontecer, não necessariamente atrasado.
Chamamos de coesão por referência o tipo de estrutu-
Por isso, no exemplo acima o leitor fica sem saber se
ra que evita a repetição. Você já viu exemplos dela acima,
mas podemos torná-la ainda mais clara colocando-a em Henrique se atrasava frequentemente, ou apenas chegava
outros contextos. A coesão por referência sempre foge da sem nenhuma antecedência.
necessidade de reafirmar nosso sujeito, funcionando assim: Além das orações, não podemos negligenciar a cone-
• A menina gostava muito de brincar com sua bola xão entre os parágrafos e a ligação do título com o con-
de vôlei. A menina levou-a para a praia. teúdo. Um texto de título “5 dicas para livrar a sua casa dos
• A menina gostava muito de brincar com sua bola mosquitos” deve ensinar 5 formas de espantar mosquitos,
de vôlei. Ela a levou para a praia. e não uma receita de bolo de milho, por exemplo.

111
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos de coerência Músicas e a linguagem literária também exploram er-


Os princípios que norteiam a coerência textual são: ros gramaticais por intencionalidade. Ainda assim, na re-
• a não contradição; dação para a web são raros os casos em que a intenciona-
• a não tautologia; e lidade aparecerá reproduzindo esse tipo de técnica. É que
• a relevância. embora tratem-se de textos com intenções de Marketing,
Não se contradizer é simples. Basta não construir racio- aqueles produzidos para a internet devem sempre respeitar
cínios que, necessariamente, dizem o oposto do que acaba a norma culta.
de ser dito. Como:
• Pedro gostava muito de jabuticaba. Era sua fruta Aceitabilidade
preterida. Por outro lado, a aceitabilidade é papel do leitor. Antes
• Vanessa nunca ouvia funk. Ela ia todos os dias para de começar a leitura, todo leitor cria uma expectativa sobre
o colégio escutando Mc Anitta. o que há no texto. Ou seja, ele busca entender o que está
Em ambos os casos supracitados a contradição está escrito, no mínimo, antes de tirar qualquer lição ou apren-
clara na segunda frase, que diz o exato oposto da primeira. dizado do conteúdo.
Em textos de humor o efeito da contradição pode ser ex- É comum, por exemplo, que alguns textos sejam
plorado para provocar o riso. Mas em uma redação formal interpretados diferentemente do que foi pensado pelo
não há vez para esse tipo de construção. autor. Em grande parte das vezes isso se deve a problemas
A não tautologia é um pouco mais complexa. Trata-se na estrutura textual, na coesão e na coerência das ideias.
de não empregar palavras diferentes para expressar uma Entender essa relação entre a intenção e a aceitação é
ideia idêntica. Dizemos que há tautologia, portanto, nos ví- muito importante para um produtor de conteúdo web. O
cios de linguagem abaixo: pilar central de uma estratégia de marketing de conteúdo é
• Vamos subir lá pra cima. a aceitação da persona, a identificação dela com os textos;
• Eu saí pra fora de casa. se a intenção do texto não atinge o leitor, a própria existên-
O princípio da relevância, por outro lado, diz que não cia do material se torna inútil.
é possível construir relacionamentos fragmentados em um
texto mantendo sua coerência. Por causa dele não pode- Fatores de aceitabilidade textual
mos criar parágrafos como: Ainda que a aceitabilidade resida no interlocutor é pa-
• Eu gostava muito de comprar pêras na feira. Nun- pel do redator proporcioná-la. Isso é feito utilizando recur-
ca fui de jogar. Meu melhor amigo era um gato chamado sos como a informatibilidade. Quando há informações o
Bolinha. As pêras eram deliciosas. Quando meu melhor suficiente no texto e elas suprem a expectativa do leitor, em
amigo miava eu sabia que ele queria jogar bola. geral, esse texto tem alta aceitabilidade.
O problema aqui é que nenhuma dessas frases adi- Investir em informatibilidade é particularmente útil na
ciona sentido nas outras. Elas são todas construções que, carreira de um redator web. Quanto mais conhecimento ele
individualmente, estão ok. Mas em um mesmo parágrafo conseguir transmitir para o seu leitor ao longo de um arti-
corroem a coesão textual. go, maiores são as chances de que a aceitabilidade de um
texto seja alta.
Intencionalidade
Todo texto tem uma intenção, um propósito. Conven- Situacionalidade
cer, educar, informar, contar uma história, suscitar uma dis- A situacionalidade é o fator que cuida da pertinência
cussão. Chamamos de intencionalidade tudo aquilo que o do texto. Toda produção textual precisa estar situada em
autor deseja expressar para o leitor por meio do texto. um contexto, em um ambiente, sob pena de prejudicar o
Para isso, são utilizados os mecanismos de coesão e entendimento da mensagem.
coerência, para que a comunicação seja bem-sucedida en- Você pode situar seu texto de duas formas. A primeira
tre as partes envolvidas. Assim, o sentido desejado pode é da situação para o texto, que significa adequar um dado
ser construído ao longo do texto. cenário à sua produção, como um contexto histórico ou
Intencionalidade na linguagem publicitária o exato momento em que o leitor vai interagir com o seu
É muito fácil encontrar exemplos de intencionalidade texto.
na linguagem publicitária. Isso pela sua própria natureza Veja um exemplo:
e construção. Publicitários escrevem textos que utilizam “Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ Não tem
recursos estilísticos, nem sempre formalmente corretos, discussão”
para determinar a intenção de um discurso. Para uma pessoa não familiarizada com a censura pra-
A intencionalidade está presente, por exemplo, em slo- ticada durante os anos de ditadura no Brasil, os versos da
gans como “Vem pra Caixa você também”. Neste, o mais música “Apesar de Você”, de Chico Buarque, podem falar
correto seria utilizar o imperativo, urgindo que o interlocu- sobre uma desavença qualquer entre duas pessoas, como
tor inscreva-se na Caixa Econômica Federal e torne-se um uma briga de casal.
cliente desse banco. Todavia, para criar harmonia e conse- Entretanto, para quem viveu ou estudou sobre o tema
guir construir um discurso que rima (e portanto fica preso a compreensão é totalmente diferente. Logo, o autor utiliza
em nossa mente) essas regras são dribladas intencional- isso em favor próprio, criando sentidos diferentes para o
mente. mesmo verso, de acordo com o público.

112
LÍNGUA PORTUGUESA

A segunda forma de situar um texto é fazendo o con- Informatividade


trário, adequando do texto para a situação. Um exemplo é Leitores apreciam textos pouco previsíveis, que trazem
narrar um acontecimento sob o seu ponto de vista. Quem muitas informações, dados, descobertas e aprendizado.
ler o seu relato vai entender que o fato ocorreu daquele jei- Chamamos esse fator de informatividade, e tanto a falta
to, mas se outra pessoa que também presenciou decidisse quanto o excesso de informatividade prejudicam a aceita-
contar a própria versão, com certeza alguns pontos seriam ção de um texto.
diferentes. Se, por um lado, textos pouco ou nada informativos
afastam os leitores, por outro uma produção embasada
Intertextualidade em toneladas de dados pode confundir o leitor e preju-
A intertextualidade é um fator muito rico para se usar dicar a compreensão do texto. O ideal é empregar dados
em um texto. Ela acontece quando o autor insere expres- apenas onde são necessários, para justificar opiniões, ilus-
sões, palavras ou personagens de outros textos na sua pro- trar panoramas ou atestar a pertinência de um argumento.
dução, fazendo ou não referências explícitas. Estrutura textual na redação web
Ao fazer referências, o autor deixa nas mãos do leitor a A  redação para web  leva em consideração todos os
interpretação e compreensão daquela parte do texto, de-
fatores que citamos acima. Entretanto, com o surgimento
pendendo do conhecimento prévio do receptor. A estrutu-
dos blogs e a adaptação para plataformas móveis (smar-
ra textual se beneficia muito do uso da intertextualidade,
tphones e tablets), algumas práticas se tornaram tão ne-
principalmente se as referências usadas são clássicas, que
cessárias quanto a coesão e a coerência, para garantir a
agregam valor e qualidade ao texto.
Os hipertextos são uma forma moderna de intertex- qualidade dos textos postados.
tualidade, em que indicamos para o leitor outro conteúdo O conceito da escaneabilidade é relativamente novo, e
que pode enriquecer a experiência de leitura, tirando como diz respeito a uma escrita mais consciente de sua estrutura
base o interesse em um primeiro texto. visual, para tornar a leitura mais agradável para o leitor.
São medidas de escaneabilidade:
Outros casos de intertextualidade • Frases curtas e parágrafos de 3 ou 4 linhas;
Duas formas comuns de se explorar a intertextualidade • Uso de tópicos para realçar informações impor-
em uma composição são a paródia e a paráfrase. A paródia tantes;
porque evoca uma outra obra na mente do leitor, recriando • Separação do texto em intertítulos;
um texto com objetivo crítico. Essa forma de intertextuali- • Imagens para “quebrar” grandes blocos de texto;
dade é muito comum na literatura e pode ser encontrada • Realce de termos em negrito e itálico e uso de
nos exemplos abaixo: hiperlinks.
MEUS OITO ANOS
(Casimiro de Abreu) (Extraído de https://comunidade.rockcontent.com/
Oh! que saudades que tenho estrutura-textual/)
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida Exercícios
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores, 1. Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras, Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista The Atlan-
Debaixo dos laranjais! tic, o polêmico artigo “Estará o Google nos tornando es-
[…] túpidos?” O texto ganhou a capa da revista e, desde sua
MEUS OITO ANOS publicação, encontra-se entre os mais lidos de seu website.
(Oswald de Andrade)
O autor nos brinda agora com  The Shallows: What the
Oh que saudades que eu tenho
internet is doing  with our brains, um livro instrutivo e
Da aurora de minha vida
provocativo, que dosa linguagem fluida com a melhor tra-
Das horas
dição dos livros de disseminação científica.
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra! Novas tecnologias costumam provocar incerteza e
Da rua de Santo Antônio medo. As reações mais estridentes nem sempre têm fun-
Debaixo da bananeira damentos científicos. Curiosamente, no caso da internet, os
Sem nenhum laranjais verdadeiros fundamentos científicos deveriam, sim, provo-
[…] car reações muito estridentes. Carr mergulha em dezenas
de estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro
A paráfrase, por sua vez, é recriar um texto tendo outro humano. Conclui que a internet está provocando danos em
como suporte. Fazer uma paráfrase significa dar uma nova partes do cérebro que constituem a base do que entende-
versão discursiva para um conteúdo, mantendo o seu sen- mos como inteligência, além de nos tornar menos sensíveis
tido original intacto. a sentimentos como compaixão e piedade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O frenesi hipertextual da internet, com seus múltiplos são geométrica nos últimos anos. A facilidade de crédito e
e incessantes estímulos, adestra nossa habilidade de tomar a isenção de impostos são alguns dos elementos que têm
pequenas decisões. Saltamos textos e imagens, traçando um colaborado para a realização do sonho de ter um carro. E os
caminho errático pelas páginas eletrônicas. No entanto, esse brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus carros
ganho se dá à custa da perda da capacidade de alimentar até para percorrer curtas distâncias, mesmo perdendo tempo
nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios em congestionamentos e apesar dos alertas das autoridades
mais sofisticados. Carr menciona a dificuldade que muitos sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo aumento
de nós, depois de anos de exposição à internet, agora expe- da frota.
rimentam diante de textos mais longos e elaborados: as sen- Além disso, carro continua a ser sinônimo de status para
sações de impaciência e de sonolência, com base em estudos milhões de brasileiros de todas as regiões. A sua necessidade
científicos sobre o impacto da internet no cérebro humano. vem, muitas vezes, em segundo lugar. Há 35,3 milhões de
Segundo o autor, quando navegamos na rede, “entramos em veículos em todo o país, um crescimento de 66% nos últimos
um ambiente que promove uma leitura apressada, rasa e nove anos. Não por acaso, oito Estados já registram mais
distraída, e um aprendizado superficial.” mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios.           
A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa  (O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 11
para a transformação do nosso cérebro e, quanto mais a uti- de setembro de 2010, com adaptações)
lizamos, estimulados pela carga gigantesca de informações,
imersos no mundo virtual, mais nossas mentes são afetadas. (MP/RS – 2010 – FCC) - Não por acaso, oito Estados já
E não se trata apenas de pequenas alterações, mas de mu- registram mais mortes por acidentes no trânsito do que por
danças substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da homicídios. A afirmativa final do texto surge como
atenção vem à custa da capacidade de concentração e de (A) constatação baseada no fato de que os brasileiros
reflexão. desejam possuir um carro, mas perdem  muito tempo  em
congestionamentos.
(Thomaz Wood Jr.  Carta capital, 27 de outubro de (B) observação irônica quanto aos problemas decor-
2010, p. 72, com adaptações) rentes do aumento na utilização de carros, com danos pro-
vocados ao meio ambiente.
(MP/RS – 2010 – FCC)  - Em relação à estrutura textual, (C) comprovação de que a compra de um carro é  si-
está correta a afirmativa: nônimo de status e, por isso, constitui o maior sonho  de
(A) Os quatro parágrafos do texto são independentes, consumo do brasileiro.
tendo em vista que cada um deles trata, isoladamente, de (D) hipótese de que a vida nas cidades menores
uma situação diferente sobre a internet. tem perdido qualidade, pois  os brasileiros desses municí-
(B) O 1º parágrafo, especialmente, está isolado dos de- pios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas
mais, por conter uma informação, dispensável no contexto, distâncias.
a respeito das publicações de um especialista. (E) conclusão coerente com todo o desenvolvimento,
(C) Identifica-se uma incoerência no desenvolvimen- a partir de um título que poderia ser: Carro, problema que
to do texto, comprometendo a afirmativa de que as novas se agrava.
tecnologias provocam incerteza e medo, embora os sites
sejam os mais lidos. 3. Leia o texto a seguir para responder à próxima
(D) No 3º parágrafo há comprometimento da clareza questão.
quanto aos reais prejuízos causados ao funcionamento do
cérebro pelo uso intensivo da internet. CIDADE MARAVILHOSA?
(E) A sequência de parágrafos é feita com coerência,
por haver progressão articulada do assunto que vem sendo Os camelôs são pais de famílias bem pobres, e, então,
desenvolvido. merecem nossa simpatia e nosso carinho; logo eles se mul-
tiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na Praça
2. Leia o texto a seguir para responder à próxima General Osório, existe há muito tempo a feira hippie. Artistas
questão. e artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas coisas.
Uma feira um tanto organizada demais: sempre os mesmos
Também nas cidades de porte médio, localizadas nas artistas mostrando coisas quase sempre sem interesse. Sem-
vizinhanças das regiões metropolitanas do Sudeste e do Sul pre achei que deveria haver um canto em que qualquer ar-
do país, as pessoas tendem cada vez mais a optar pelo carro tista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou mesmo
para seus deslocamentos diários, como mostram dados do qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças. Enfim, o fato é
Departamento Nacional de Trânsito. Em consequência, con- que a feira funcionava, muita gente comprava coisas – tudo
gestionamentos, acidentes, poluição e altos custos de manu- bem. Pois de repente, de um lado e outro, na Rua Visconde
tenção da malha viária passaram a fazer parte da lista dos de Pirajá, apareceram barracas atravancando as calçadas,
principais problemas desses municípios. vendendo de tudo - roupas, louças, frutas, miudezas, brin-
Cidades menores, com custo de vida menos elevado que quedos, objetos usados, ampolas de óleo de bronzear, passa-
o das capitais, baixo índice de desemprego e poder aquisi- rinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes. E as praias fo-
tivo mais alto, tiveram suas frotas aumentadas em progres- ram invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, uma

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orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo que 4. (DETRAN/RN – 2010 – FGV)  - A respeito do trecho
muita gente anda com eles para se defender de assaltantes. da Carta de Caminha e de suas características textuais, é
O resultado é uma sujeira múltipla, que exige cuidado do correto afirmar que:
pedestre para não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas A) No texto, predominam características argumentati-
secam, viram poeira, unem-se a cascas de frutas podres e vas e descritivas.
dejetos de toda ordem, e restos de peixes da feira das terças, B) O principal objetivo do texto é ilustrar experiências
e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira dos três vividas através de uma narrativa fictícia.
reinos da natureza e de todas as servidões humanas. C) O relato das experiências vividas é feito com aspec-
Ah, se venta um pouco o noroeste, logo ela vai-se elevar, tos descritivos.
essa poeira, girando no ar, entrar em nosso pulmão numa D) A intenção principal do autor é fazer oposição aos
lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia para a praia, fatos mencionados.
para o mar. Agora há gente demais, a praia está excessiva- E) O texto procura despertar a atenção do leitor para
mente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar é do povo, a mensagem através do uso predominante de uma lingua-
como a praça é do condor – mas podia haver menos cães e gem figurada.
bolas e pranchas e barcos e camelôs e ratos de praia e assal-
tantes que trabalham até dentro d’água, com um canivete 5. (DETRAN/RN – 2010 – FGV) - Em todos os trechos
na barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de isopor e a seguir podemos comprovar a participação do narrador
anunciam sorvetes e quando o inocente cidadão pede picolé nos fatos mencionados, EXCETO:
de manga, eis que ele abre a caixa e de lá puxa a arma. Cada A) “Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande,...”
dia inventam um golpe novo: a juventude é muito criativa, e B) “... Porque a estender a vista não podíamos ver senão
os assaltantes são quase sempre muito jovens. terra e arvoredos,...”
C) “... Parecendo-nos terra muito longa.”
Rubem Braga D) “Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro...”
E) “Mas, a terra em si é muito boa de ares,...”
(UFRJ – 2010 – NCE/UFRJ)  Em vários momentos do
texto, Rubem Braga utiliza longas enumerações cujos ter- 6. Leia o texto a seguir para responder à próxima
mos aparecem ligados pela conjunção E. Esse recurso tem questão.
a seguinte finalidade textual:
Painel do leitor (Carta do leitor)
(A) trazer a ideia de riqueza da cidade, em sua ampla
Resgate no Chile
variedade;
(B) mostrar desagrado do autor diante da confusão rei-
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de
nante;
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo
(C) indicar o motivo de a cidade ser ainda considerada de uma mina de cobre e ouro no Chile.
“maravilhosa”; Um a um os mineiros soterrados foram içados com
(D) demonstrar simpatia pelo comércio popular; sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum-
(E) procurar dar maior dinamismo e vivacidade ao texto. primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos,
Leia o texto a seguir para responder às próximas 2 Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen-
questões. to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons-
A Carta de Pero Vaz de Caminha trando coragem e desprendimento, desceram na mina para
ajudar no salvamento.
De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem
formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande, (Douglas Jorge; São  Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e ar- nel do leitor – 17/10/2010)
voredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora,
não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma (DETRAN/RN – 2010 – FGV) - Considerando o tipo
coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em textual apresentado, algumas expressões demonstram o
si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de posicionamento pessoal do leitor diante do fato por ele
Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos
os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. trechos a seguir, EXCETO:
De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar- A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
-se-á nela tudo por bem das águas que tem. B)  “... após 69 dias de permanência no fundo de uma
mina de cobre e ouro no Chile.”
(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações) D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desce-
ram na mina...”

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7. Leia o texto a seguir para responder à próxima (FAETEC/RJ – 2010 – CEPERJ) - O modo predominan-
questão. te de organização textual é:
A) descritivo
Os dicionários de meu pai B) narrativo
C) argumentativo
Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escri- D) dissertativo
tório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca E) injuntivo
havia visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira
dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco 8. Leia o texto a seguir para responder à próxima
grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros questão.
livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão
numa estante giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos Olhar o vizinho é o primeiro passo
o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era
como se ele,cansado, me passasse um bastão que de alguma Não é preciso ser filósofo na atualidade, para perceber
forma eu deveria levar adiante. E por um tempo aquele livro que o “bom” e o “bem” não prevalecem tanto quanto dese-
me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, jamos. Sob a égide de uma moral individualista, o consumo
sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos e a concentração de renda despontam como metas pessoais
dicionários, para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances- e fazem muitos de nós nos esquecermos do outro, do irmão,
-enciclopédias, é um traço infantil de caráter de um homem do próximo. Passamos muito tempo olhando para nossos
adulto. próprios umbigos ou mergulhados em nossas crises existen-
Palavra puxa palavra, e escarafunchar o dicionário ana- ciais e não reparamos nos pedidos de ajuda de quem está
lógico foi virando para mim um passatempo. O resultado ao nosso lado. É difícil tirar os óculos escuros da indiferença
é que o livro, herdado já em estado precário, começou a se e estender a mão, não para dar uma esmola à criança que
esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante das relí- faz malabarismo no sinal, para ganhar um trocado simpá-
quias ao descobrir, num sebo atrás da sala Cecília Meireles, o tico, mas para tentar mudar uma situação adversa, fazer a
mesmo dicionário em encadernação de percalina. Por den- diferença. O que as pessoas que ajudam outras nos mostram
tro estava em boas condições, apesar de algumas manchas é que basta querer, para mudar o mundo. Não é preciso ser
amareladas, e de trazer na folha de rosto a palavra anauê, milionário, para fazer uma doação. Se não há dinheiro, o
escrita a caneta-tinteiro. trabalho também é bem-vindo. Doar um pouco de conheci-
Com esse livro escrevi novas canções e romances, de- mento ou expertise, para fazer o bem a outros que não têm
cifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo acesso a esses serviços, é mais que caridade: é senso de res-
dar sinais de fadiga, saí de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro ponsabilidade. Basta ter disposição e sentimento e fazer um
para me garantir um dicionário analógico de reserva. En- trabalho de formiguinha, pois,como diz o ditado, é a união
contrei dois, mas não me dei por satisfeito, fiquei viciado que faz a força! Graças a esses filósofos da prática, ainda
no negócio. Dei de vasculhar livrarias país afora, só em São podemos colocar fé na humanidade. Eles nos mostram que
Paulo adquiri meia dúzia de exemplares, e ainda arrematei o fazer o bem é bom e seguem esse caminho por puro amor,
último à venda a Amazom.com antes que algum aventureiro vocação e humanismo.
o fizesse. Eu já imaginava deter o monopólio (açambarca-
mento, exclusividade, hegemonia, senhorio, império) de di- (Diário do Nordeste. 28 abr. 2008)
cionários analógicos da língua portuguesa, não fosse pelo
senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta também (AGENTE MUNICIPAL DE TRÂNSITO – 2009 – IEPRO/
tem um quiçá carcomido pelas traças (brocas, carunchos, UECE) 8 – Com relação ao gênero, o texto
gusanos, cupins, térmitas, cáries, lagartas-rosadas, gafanho-
tos, bichos-carpinteiros). A) é uma dissertação
A horas mortas eu corria os olhos pela minha prateleira B) mistura descrição com narração, com predomínio da
repleta de livros gêmeos, escolhia um a esmo e o abria a descrição.
bel-prazer. Então anotava num Moleskine as palavras mais C) mistura descrição com narração, com predomínio da
preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com que embas- narração.
bacaria as moças e esmagaria meus rivais. D) mistura descrição, narração e dissertação, com pre-
Hoje sou surpreendido pelo anúncio desta nova edição domínio da narração e da dissertação.
do dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos E) mistura descrição, narração e dissertação, com pre-
Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade, revi- domínio da descrição e da dissertação.
rassem meus baús, espalhassem ao vento meu tesouro. Tra-
ta-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra,
atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.
(Francisco Buarque de Hollanda, Revista Piauí, junho de
2010)

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Gabarito Em ões ou ães: charlatões/charlatães, guardiões/guar-


diães, cirugiões/cirurgiães.
1-E Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães, ermi-
2 - E  tões/ermitãos/ermitães
3-B
4-C - Plural dos diminutivos com a letra z. Coloca-se a
5-E palavra no plural, corta-se o s e acrescenta-se zinhos (ou zi-
6-B nhas): coraçãozinho – corações – coraçõe – coraçõezinhos.
7-B
8-A - Plural com metafonia (ô - ó). Algumas palavras,
quando vão ao plural, abrem o timbre da vogal “o”, outras
(Extraído de http://redacaocomhelenademelo.blogspot. não. Com metafonia singular (ô) plural (ó): coro-coros; cor-
com.br/2014/12/questoes-de-concursos-anteriores.html) vo-corvos; destroço-destroços. Sem metafonia singular (ô)
plural (ô): adorno-adornos; bolso-bolsos; transtorno-trans-
tornos.
9. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL.
- Casos especiais: aval, avales e avaiscal − cales e cais-
cós − coses e cós – fel, feles e féis – mal e males – cônsul
FLEXÃO NOMINAL e cônsules.

Flexão de número: Os nomes (substantivo, adjetivo - Os dois elementos variam. Quando os compostos
etc.), de modo geral, admitem a flexão de número: singular e são formados por substantivo mais palavra variável (adjeti-
plural: animal – animais. vo, substantivo, numeral, pronome): amor-perfeito − amo-
res-perfeitos; couve-flor − couves-flores; segunda-feira −
- Na maioria das vezes, acrescenta-se S: ponte – pon- segundas-feiras.
tes; bonito – bonitos.
- Só o primeiro elemento varia. Quando há preposição
- Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES: no composto, mesmo que oculta: pé-de-moleque − pés-
éter – éteres; avestruz – avestruzes. O pronome qualquer faz -de-moleque; cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a va-
o plural no meio: quaisquer por). Quando o segundo substantivo determina o primeiro
(fim ou semelhança): banana-maçã − bananas-maçã (se-
- Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se melhante a maçã); navio-escola − navios-escola (a finali-
ES: ananás – ananases. As paroxítonas e as proparoxítonas dade é a escola).
são invariáveis: o pires − os pires, o ônibus − os ônibus Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos.
É uma situação polêmica: mangas-espada (preferível) ou
- Palavras terminadas em IL: mangas-espadas. Quando dizemos (e isso vai ocorrer ou-
átono: trocam IL por EIS: fóssil – fósseis. tras vezes) que é uma situação polêmica, discutível, con-
tônico: trocam L por S: funil – funis. vém ter em mente que a questão do concurso deve ser
resolvida por eliminação, ou seja, analisando bem as ou-
- Palavras terminadas em EL: tras opções.
átono: plural em EIS: nível – níveis.
tônico: plural em ÉIS: carretel – carretéis. - Apenas o último elemento varia. Quando os ele-
mentos são adjetivos: hispano-americano − hispano-ame-
- Palavras terminadas em X são invariáveis: o clímax ricanos. A exceção é surdo-mudo, em que os dois adjeti-
− os clímax. vos se flexionam: surdos-mudos. Nos compostos em que
aparecem os adjetivos grão, grã e bel: grão-duque − grão-
- Há palavras cuja sílaba tônica avança: júnior − juniores; -duques; grã-cruz − grã-cruzes; bel-prazer − bel-prazeres.
caráter – caracteres. A palavra Quando o composto é formado por verbo ou qualquer
Caracteres é plural tanto de caractere quanto de caráter. elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo etc.)
mais substantivo ou adjetivo: arranha-céu − arranha-céus;
- Palavras terminadas em ão fazem o plural em ãos, sempre-viva − sempre-vivas; super-homem − super-ho-
ães e ões. mens. Quando os elementos são repetidos ou onomato-
Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões. paicos (representam sons): reco-reco − reco-recos; pin-
Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. Os gue-pongue − pingue-pongues; bem-te-vi − bem-te-vis.
paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o plural Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver algu-
em ãos. ma alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais. Se
Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
forem verbos repetidos, admite-se também pôr os dois no
Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos,
plural: pisca-pisca − pisca-piscas ou piscas-piscas
anões/anãos.

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- Nenhum elemento varia. Quando há verbo mais Flexão de Grau:


palavra invariável: O cola-tudo – os cola-tudo. Quando há
dois verbos de sentido oposto: o perde-ganha – os per- Grau do substantivo
de-ganha. Nas frases substantivas (frases que se transfor- - Normal ou Positivo: sem nenhuma alteração.
mam em substantivos): O maria-vai-com-as-outras − os - Aumentativo: Sintético: chapelão. Analítico: cha-
maria-vai-com-as-outras. péu grande, chapéu enorme etc.
- Diminutivo: Sintético: chapeuzinho. Analítico: cha-
- São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, péu pequeno, chapéu reduzido etc. Um grau é sintético
sem-teto e sem-terra: Os sem-terra apreciavam os arco-íris. quando formado por sufixo; analítico, por meio de outras
Admitem mais de um plural: pai-nosso − pais-nossos ou palavras.
pai-nossos; padre-nosso − padres-nossos ou padre-nossos;
terra-nova − terras-novas ou terra-novas; salvo-conduto − Grau do adjetivo
salvos-condutos ou salvo-condutos; xeque-mate − xeques- - Normal ou Positivo: João é forte.
-mates ou xeques-mate; fruta-pão − frutas-pães ou frutas- - Comparativo: de superioridade: João é mais forte
-pão; guarda-marinha − guardas-marinhas ou guardas-ma- que André. (ou do que); de inferioridade: João é menos
rinha. Casos especiais: palavras que não se encaixam nas re- forte que André. (ou do que); de igualdade: João é tão
gras: o bem-me-quer − os bem-me-queres; o joão-ninguém forte quanto André. (ou como)
− os joões-ninguém; o lugar-tenente − os lugar-tenentes; o - Superlativo: Absoluto: sintético: João é fortíssimo;
mapa-múndi − os mapas-múndi. analítico: João é muito forte (bastante forte, forte demais
etc.); Relativo: de superioridade: João é o mais forte da
Flexão de Gênero: Os substantivos e as palavras que turma; de inferioridade: João é o menos forte da turma.
o acompanham na frase admitem a flexão de gênero: mas- O grau superlativo absoluto corresponde a um aumen-
culino e feminino: Meu amigo diretor recebeu o primeiro to do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo, érri-
mo ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito, bastan-
salário. Minha amiga diretora recebeu a primeira prestação.
te, demasiadamente, enorme etc. As palavras maior, menor,
A flexão de feminino pode ocorrer de duas maneiras.
melhor, e pior constituem sempre graus de superioridade: O
carro é menor que o ônibus; menor (mais pequeno): com-
- Com a troca de o ou e por a: lobo – loba; mestre –
parativo de superioridade. Ele é o pior do grupo; pior (mais
mestra.
mau): superlativo relativo de superioridade.
Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem apre-
- Por meio de diferentes sufixos nominais de gêne- sentar dúvidas. acre – acérrimo, amargo – amaríssimo; amigo
ro, muitas vezes com alterações do radical: ateu – atéia; – amicíssimo; antigo – antiqüíssimo; cruel – crudelíssimo; doce
bispo – episcopisa; conde – condessa; duque – duquesa; – dulcíssimo; fácil – facílimo; feroz – ferocíssimo; fiel – fidelíssi-
frade – freira; ilhéu – ilhoa; judeu – judia; marajá – marani; mo; geral – generalíssimo; humilde – humílimo; magro – ma-
monje – monja; pigmeu – pigmeia; píton – pitonisa; sandeu cérrimo; negro – nigérrimo; pobre – paupérrimo; sagrado – sa-
– sandia; sultão – sultana. cratíssimo; sério – seriíssimo; soberbo – superbíssimo.
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, FLEXÃO VERBAL
ou seja, possuem uma única forma para masculino e femi-
nino. Podem ser: As flexões verbais são expressas por meio dos tempos,
Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo modo e pessoa da seguinte forma: O tempo indica o mo-
designar os dois sexos: a pessoa, o cônjuge, a testemunha. mento em que ocorre o processo verbal; O modo indica a
Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, po- atitude do falante (dúvida, certeza, impossibilidade, pedido,
dendo então ser masculinos ou femininos: o estudante − a imposição, etc.); A pessoa marca na forma do verbo a pes-
estudante, o cientista − a cientista, o patriota − a patriota. soa gramatical do sujeito.
Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os Tempos: Há tempos do presente, do passado (pretérito)
animais: O jacaré, a cobra, o polvo e do futuro.

O feminino de elefante é elefanta , e não elefoa. Aliá Modo


é correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta.
Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado epi- Modo Indicativo: Indica uma certeza relativa do falante
ceno. É algo discutível. com referência ao que o verbo exprime; pode ocorrer no
Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas tempo presente, passado ou futuro:
costumam trocar: champanha aguardente, dó, alface, eclip-
se, calformicida, cataplasma, grama (peso), grafite, milhar Presente: Processo simultâneo ao ato da fala, fato cor-
libido, plasma, soprano, musse, suéter, preá, telefonema. riqueiro, habitual: Compro livros nesta livraria. Usa-se tam-
Existem substantivos que admitem os dois gêneros: bém o presente com o valor de passado, passado histórico
diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc. (nos contos, narrativas)

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Tempos do Pretérito (passado): Exprimem processos 03. Indique a frase correta:


anteriores ao ato da fala. São eles: a) Mariazinha e Rita são duas leva-e-trazes.
- Pretérito Imperfeito: Exprime um processo habitual, b) Os filhos de Clotilde são dois espalhas-brasas.
ou com duração no tempo: Naquela época eu cantava c) O ladrão forçou a porta com dois pés-de-cabra.
como um pássaro. d) Godofredo almoçou duas couves-flor.
- Pretérito Perfeito: Exprime uma ação acabada: Paulo e) Alfredo e Radagásio são dois gentilhomens.
quebrou meu violão de estimação.
- Pretérito Mais-que-Perfeito: Exprime um processo 04. Flexão incorreta:
anterior a um processo acabado: Embora tivera deixado a a) os cidadãos
escola, ele nunca deixou de estudar. b) os açúcares
c) os cônsules
Tempos do Futuro: Indicam processos que irão acon- d) os tóraxes
tecer: e) os fósseis
- Futuro do Presente: Exprime um processo que ainda
não aconteceu: Farei essa viagem no fim do ano. 05. Mesma pronúncia de “bolos”:
- Futuro do Pretérito: Exprime um processo posterior a) tijolos
a um processo que já passou: Eu faria essa viagem se não b) caroços
tivesse comprado o carro. c) olhos
Modo Subjuntivo: Expressa incerteza, possibilidade ou d) fornos
dúvida em relação ao processo verbal e não está ligado e) rostos
com a noção de tempo. Há três tempos: presente, imperfei-
06. Não varia no plural:
to e futuro. Quero que voltes para mim; Não pise na gra-
a) tique-taque
ma; É possível que ele seja honesto; Espero que ele fique
b) guarda-comida
contente; Duvido que ele seja o culpado; Procuro alguém c) beija-flor
que seja meu companheiro para sempre; Ainda que ele d) para-lama
queira, não lhe será concedida a vaga; Se eu fosse bailari- e) cola-tudo
na, estaria na Rússia; Quando eu tiver dinheiro, irei para as
praias do nordeste. 07. Está mal flexionado o adjetivo na alternativa:
a) Tecidos verde-olivas
Modo Imperativo: Exprime atitude de ordem, pedido b) Festas cívico-religiosas
ou solicitação: Vai e não voltes mais. c) Guardas noturnos luso-brasileiros
d) Ternos azul-marinho
Pessoa: A norma da língua portuguesa estabelece três e) Vários porta-estandartes
pessoas: Singular: eu , tu , ele, ela. Plural: nós, vós, eles, elas.
No português brasileiro é comum o uso do pronome de 08. Na sentença “Há frases que contêm mais beleza do
tratamento você (s) em lugar do tu e vós. que verdade”, temos grau:
a) comparativo de superioridade
Exercícios b) superlativo absoluto sintético
c) comparativo de igualdade
d) superlativo relativo
01. Assinale o par de vocábulos que formam o plural
e) superlativo por meio de acréscimo de sufixo
como órfão e mata-burro, respectivamente:
a) cristão / guarda-roupa 09. Assinale a alternativa em que a flexão do substanti-
b) questão / abaixo-assinado vo composto está errada:
c) alemão / beija-flor a) os pés-de-chumbo
d) tabelião / sexta-feira b) os corre-corre
e) cidadão / salário-família c) as públicas-formas
d) os cavalos-vapor
02. Relativamente à concordância dos adjetivos com- e) os vaivéns
postos indicativos de cor, uma, dentre as seguintes, está
errada. Qual? 10. Aponte a alternativa em que haja erro quanto à fle-
a) saia amarelo-ouro xão do nome composto:
b) papel amarelo-ouro a) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-fora
c) caixa vermelho-sangue b) tico-ticos, salários-família, obras-primas
d) caixa vermelha-sangue c) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivas
e) caixas vermelho-sangue d) pseudo-esferas, chefes-de-seção, pães-de-ló
e) pisca-piscas, cartões-postais, mulas-sem-cabeças

Respostas: 1-A / 2-D / 3-C / 4-D / 5-E / 6-E / 7-A / 8-A


/ 9-B / 10-E /

119
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos fonemas


LETRA E FONEMA
1) Vogais: consideradas o núcleo de uma sílaba, as
vogais são fonemas gerados quando o ar passa livremente
pela boca. Não há sílaba sem a presença de uma vogal.
FONÉTICA E FONOLOGIA - Vogais abertas: produzidas quando o ar sai somente
pela boca.
A Gramática visa analisar uma língua em sua plenitude Ex.: cAsA, sOfÁ.
e, por isso mesmo, dedica uma parte especial do estudo ao
fenômeno mais vivo de um sistema de comunicação verbal: - Vogais nasais: geradas quando ar sai pela boca e
sua oralidade. Antes de serem um conjunto de letras, as pelas fossas nasais.
palavras são uma reunião de sons, cuja performance é Ex.:
característica de cada ser falante, singular, individual, [ã]: ânimo, ânsia
variável. [e~]: enfermeiro, ensino
Quando falamos em sons, a expressão “letra” não é [i~]: mim, íntimo
mais correta, já que tal palavra se refere à língua escrita. [õ]: lombo, onça
Na oralidade, as palavras são conjuntos de fonemas, [u~]: algum, um
menor unidade sonora de uma língua. Há duas áreas da
gramática que investigam as particularidades dos sons das - vogais átonas: aquelas pronunciadas com pouca
palavras quando pronunciadas: a Fonética e a Fonologia. intensidade, as que não integram uma sílaba tônica.
Ex. casa, escola, sofá, anjo.
Fonologia
- vogais tônicas: as que são emitidas com maior
É a área da Gramática que investiga o conceito de intensidade, presentes nas sílabas tônicas.
fonema, seu comportamento e característica capaz Ex. casa, escola, sofá, anjo.
de, numa determinada combinação, criar significados Podemos também classificar as vogais quanto ao
diferentes. timbre e aí elas podem ser:

Fonética - abertas: égua, ótimo, mel, égide, molde, colo, hora.

Área da Gramática que estuda as possibilidades de - fechadas: escola, eficiente, horário, orifício, último.
variação de um fonema, que por se tratar da emissão de
um som, pode diferenciar a cada desempenho,
2) Semivogais: são os fonemas que servem de apoio
Diferença entre letra e fonema a uma vogal num encontro vocálico, são emitidas com
menos potência.
Somos habituados à expressão “letra”, mas pouco
familiarizados ao conceito de fonema. Enquanto a primeira Ex.: herói [vogal ó, semivogal i]
consiste num registro gráfico, próprio da língua escrita, saudade [vogal a, semivogal u]
fonema se define enquanto a menor unidade sonora a ser pais [vogal a, semivogal i]
pronunciada por um emissor, uma realidade acústica. heroico [vogal o, semivogal i]
Uma letra pode representar fonemas distintos. Por
exemplo a letra “x”, esta pode aparecer com o som de [z] Notemos que o “i” e “u” desempenham o papel de
em exímio, som de [ch] em xícara e som de [ks] como em semivogal num encontro vocálico. Vale lembrar que
táxi. Além disso, vale destacar que um único fonema pode sílabas constituídas por [m] com nasalizador também
ser caracterizado por letras diferentes. É o caso do fonema constituem encontros vocálicos com semivogais. Ex.:
[ch], representado em chuveiro, com as letras “ch” e luxo, cem [vogal e, semivogal [m]]
com “x”.
A Língua Portuguesa se destaca por essa particularidade, 3) Consoante: fonemas gerados quando o ar encontra
já que é a língua que mais apresenta letras diferentes para um “obstáculo” ao sair dos pulmões, surgindo como
um mesmo fonema. Isso acaba justificando os constantes verdadeiros ruídos. Sãos consoantes:
erros grafia das palavras.
b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, w, z

120
LÍNGUA PORTUGUESA

Encontros fonéticos Dígrafos vocálicos

1) Encontros vocálicos: chamamos de encontros Fonemas Letras Exemplos


vocálicos a união de vogais e de semivogais em uma
ã am lâmpada
palavra. Há três tipos: ditongos, tritongos e hiatos.
an manto
a) Ditongos: encontro de uma vogal e uma semivogal e~ em tempo
em uma mesma sílaba. Podem ser: en emenda
i~ im límpido
- crescente: quando a semivogal antecede a vogal. Ex.: in lindo
cárie [i-semivogal, e- vogal] Õ om combo
- decrescente: quando a vogal surgir antes da
semivogal. Ex.: herói. [o -vogal, i -semivogal] on tonto
- oral: quando o ar sai somente pela boca. Ex. Dói, rói, u~ um chumbo
meu, un mundo
- nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Ex.: mãe, irmão.
Exercícios
b) Tritongo: série constituída por uma semivogal,
vogal e outra semivogal, na mesma sílaba, Ex.: Uruguai, 1. Assinale a alternativa errada a respeito da palavra
Paraguai. “churrasqueira”. 
a) apresenta 13 letras e 10 fonemas
c) Hiato: encontro, em uma palavra, de duas vogais b) apresenta 3 dígrafos: ch, rr, qu
que integram sílabas diferentes. Há uma pausa entre os c) divisão silábica: chur-ras-quei-ra
dois fonemas. Ex.: saúde, saída, poesia. d) é paroxítona e polissílaba
e) apresenta o tritongo: uei
2) Encontros consonantais: chamamos de encontros
consonantais o agrupamento de duas consoantes, sem 2. Qual das alternativas abaixo possui palavras com
a presença de vogal intermediária, em uma palavra. Tal mais letras do que fonemas?
fenômeno pode surgir numa mesma sílaba (como no caso a) Caderno
de prego, claro, criança), ou sílabas diferentes (porta, b) Chapéu
mesmo, ritmo). c) Flores
d) Livro
3) Dígrafos: quando duas letras representam um só e) Disco
fonema. Há dígrafos vocálicos e consonantais.
3. Assinale a melhor resposta. Em papagaio, temos:
Dígrafos consonantais: a) um ditongo
b) um tritongo
c) um trissílabo
Letras Fonemas Exemplos
d) um oxítono
lh lhe alho e) um proparoxítono
nh nhe manhã
ch xe chuveiro 4. Assinale a série em que apenas um dos vocábulos
rr re carroça não possui dígrafo:
ss se massa a) folha - ficha - lenha - fecho
b) lento - bomba - trinco - algum
qu que queijo
c) águia - queijo - quatro - quero
gu gue guia, guerreiro d) descer - cresço - exceto - exsudar
sc se ascensão e) serra - vosso - arrepio - assinar
sç se desço
xc se exceção

121
LÍNGUA PORTUGUESA

5. Assinale a alternativa que inclui palavras da frase 11. Nas palavras alma, pinto e porque, temos,
abaixo que contêm, respectivamente, um ditongo oral respectivamente:
crescente e um hiato. As mágoas de minha mãe, que a) 4 fonemas - 5 fonemas - 6 fonemas.
sofria em silêncio, jamais foram compreendidas por b) 5 fonemas - 5 fonemas - 5 fonemas.
mim e meus irmãos. c) 4 fonemas - 4 fonemas - 5 fonemas.
a) foram - minha d) 5 fonemas - 4 fonemas - 6 fonemas.
b) sofria - jamais e) 4 fonemas - 5 fonemas - 5 fonemas.
c) meus - irmãos
d) mãe - silêncio
12. A alternativa que apresenta uma incorreção é:
e) mágoas – compreendidas
a) o fonema está diretamente ligado ao som da fala.
6. Assinale a sequência em que todas as palavras b) as letras são representações gráficas dos fonemas.
estão partidas corretamente. c) a palavra “tosse” possui quatro fonemas.
a) trans-a-tlân-ti-co / fi-el / sub-ro-gar d) uma única letra pode representar fonemas diferentes.
b) bis-a-vô / du-e-lo / fo-ga-réu e) a letra “h” sempre representa um fonema.
c) sub-lin-gual / bis-ne-to / de-ses-pe-rar
d) des-li-gar / sub-ju-gar / sub-scre-ver 13. Todas as palavras abaixo possuem um encontro
e) cis-an-di-no / es-pé-cie / a-teu vocálico e um encontro consonantal, exceto:
a) destruir.
7. Segundo as normas do vocabulário oficial, a b) magnésio.
separação silábica está corretamente efetuada em c) adstringente.
ambos os vocábulos das opções: d) pneu.
a) to-cas-sem, res-pon-dia e) autóctone.
b) mer-ce-ná-ri-o, co-in-ci-di-am
c) po-e-me-to, pré-dio 14. A série em que todas as palavras apresentam
d) ru-i-vo, pe-rí-o-do dígrafo é:
e) do-is, pau-sas a) assinar / bocadinho / arredores.
b) residência / pingue-pongue / dicionário.
8. Assinale a alternativa que não apresenta todas as
c) digno / decifrar / dissesse.
palavras separadas corretamente.
d) dizer / holandês / groenlandeses.
a) de-se-nho, po-vo-ou, fan-ta-si-a, mi-lhões
b) di-á-rio, a-dul-tos, can-tos, pla-ne-ta e) futebolísticos / diligentes / comparecimento.
c) per-so-na-gens, po-lí-cia, ma-gia, i-ni-ci-ou
d) con-se-guir, di-nhei-ro, en-con-trei, ar-gu-men-tou 15. Verificamos a presença de um hiato em:
e) pais, li-ga-ção, a-pre-sen-ta-do, au-tên-ti-co a) entendia.
b) trabalho.
9. Dadas as palavras: Sub-ter-râ-neo / su-bes-ti-mar c) conjeturou.
/ trans-tor-no, constatamos que a separação silábica d) mais.
está correta: e) saguão.
a) apenas n 1;
b) apenas n 2; 16. A alternativa que apresenta certa dificuldade de
c) apenas n 1 e 2; distinção entre ditongo crescente e hiato é:
d) em todas as palavras a) pai-saúde-mau-juízo.
e) n. d. a. b) Saara-preencher-cruel-doer.
c) faísca-degrau-chapéu-vôo.
10. Dadas as palavras: tung-stê-nio / bis-a-vô / du- d) piada-miolo-poente-miudeza.
e-lo, constatamos que a separação silábica está correta:
e) frear-foi-saída-rei.
a) apenas n 1
b) apenas n 2
17. A alternativa que apresenta uma incorreção é:
c) apenas n 3
d) em todas as palavras a) “chapéu” possui um dígrafo e um ditongo
e) n. d. a. decrescente.
b) “guerreiro” possui dois dígrafos e um ditongo
decrescente.
c) “mangueira” possui dois dígrafos e um ditongo
decrescente.
d) “enxagüei” possui dois dígrafos e um tritongo.
e) “exato” não possui dígrafos e nem encontro vocálico.

122
LÍNGUA PORTUGUESA

18. A alternativa em que as letras sublinhadas 24. Indique a palavra que tem 5 fonemas:
nas palavras constituem, respectivamente, dígrafo e a) ficha.
encontro consonantal é: b) molhado.
a) exceção / étnico c) guerra.
b) banho / desça d) fixo.
c) seguir / nascimento e) hulha.
d) aquático / psicologia 25. Assinale o vocábulo com ditongo nasal
e) occipital / represa decrescente:
a) quando.
19. Observe os encontros vocálicos e os dígrafos e b) zangou.
assinale a única afirmativa incorreta: c) misteriosos.
a) na palavra cãibra ocorre um ditongo nasal d) vitória.
decrescente. e) moravam.
b) na palavra frequente ocorre um ditongo oral
crescente. 26. A palavra “charuto” apresenta:
c) na palavra radiouvinte ocorre um tritongo oral. a) um dígrafo e seis fonemas.
d) na palavra pneumonia ocorrem um ditongo b) um dígrafo e sete fonemas.
decrescente e um hiato. c) sete letras e sete fonemas.
e) na palavra zoologia ocorrem dois hiatos. d) sete letras e dois dígrafos.
e) sete letras e cinco fonemas.
20. Observe os encontros vocálicos e os dígrafos e
assinale a única afirmativa incorreta: 27. Marque o item que apresenta erro na divisão
a) a palavra discente tem dígrafo consonantal e um silábica:
dígrafo vocálico. a) téc-ni-co
b) a palavra entranhas tem um dígrafo vocálico e um b) de-ce-pção
dígrafo consonantal. c) ad-jun-to
c) a palavra também tem dois dígrafos vocálicos. d) con-fec-ção
d) a palavra tranquilo tem um dígrafo vocálico e não e) obs-tá-cu-lo
apresenta dígrafo consonantal.
e) a palavra borracha tem dois dígrafos consonantais. (Exercícios retirados de http://www.mundovestibular.
com.br/ar ticles/5965/1/Exercicios-de-Fonetica/
21. O vocábulo cujo número de letras é igual ao Paacutegina1.html)
número de fonemas está em:
a) sucedida.
b) habitando.
c) grandes.
d) espinhos.
e) ressoou.

22. A palavra que apresenta ditongo crescente é:


a) acordou.
b) teriam.
c) noites.
d) jamais.
e) quando.

23. Só não existe hiato em:


a) atoleiros.
b) miaram.
c) ruído.
d) defendiam.
e) haviam.

123
LÍNGUA PORTUGUESA

Gabarito
ANOTAÇÕES
1 E 
2 B 
3 A  ___________________________________________________
4 C 
5 E  ___________________________________________________
6 C 
___________________________________________________
7 C 
8 C  ___________________________________________________
9D
10 C  ___________________________________________________
11 C
12 E ___________________________________________________
13 C ___________________________________________________
14 A
15 A ___________________________________________________
16 D
17 D ___________________________________________________
18 A
19 B ___________________________________________________
20 C ___________________________________________________
21 A
22 E ___________________________________________________
23 A
24 D ___________________________________________________
25 E
___________________________________________________
26 A
27 B ___________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
Língua Portuguesa

1
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
ternativa correta quanto à concordância, de acordo diárias dessa fonte.
com a norma-padrão da língua portuguesa. (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
social está no centro dos debates atuais. diárias, (X) dessa fonte.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
lação aos efeitos da desigualdade social. RESPOSTA: “C”.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente. 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
criticado por alguns teóricos. concordância verbal na frase:
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
zas não são de exclusividade dos economistas. nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
visibilidade social.
Realizei a correção nos itens: b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
cial está = estão como “compro ouro”.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
gem a exposição pública a que se submetem os guardadores
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos de carros.
mais pobres é um fenômeno crescente. d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti- propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
cado = criticada monstração de mau gosto.
(E) Os debates relacionado = relacionados
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
RESPOSTA: “C”.
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
Fiz as correções entre parênteses:
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em: mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte. nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias exposição pública a que se submetem os guardadores de
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a
ou faltante: mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte.

3
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria
oblíquo. Nunca!) (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(C) lúcidos = proparoxítona Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
– oxítona: cons-ti-tui) dência da República (1991).
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-de-
tail.php?id=393)
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “E”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
A concordância verbal está plenamente observada na 7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
frase: ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e ciedade como tais.
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas passará a ser, corretamente,
públicas. (A) perceba.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (B) foi percebido.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (C) tenham percebido.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini- (D) devam perceber.
ciativa privada. (E) estava percebendo.
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
to, contra os que votam a favor do ensino religioso na ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
escola pública, consistem nos altos custos econômicos ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
que acarretarão tal medida. remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
(D) O número de templos em atividade na cidade princípios...
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
proporção maior do que ocorrem com o número de es- RESPOSTA: “A”
colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
como a regulação natural do mercado sinalizam para A concordância verbal e nominal está inteiramente cor-
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino reta na frase:
religioso nas escolas públicas. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
valores que determinam as escolhas dos governantes,
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola cípios que regem a prática política.
pública, consistem = consiste. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
(D) O número de templos em atividade na cidade de deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor- liberdades individuais quanto as coletivas.
ção maior do que ocorrem = ocorre (D) As instituições fundamentais de um regime de-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve- criminadas de um único poder central.
niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
escolas públicas. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
opiniões existentes na sociedade.
RESPOSTA: “E”. Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) lores que determinam as escolhas dos governantes, para
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- conferir legitimidade a suas decisões.
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(A) embaixadores. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. valores e princípios que regem a prática política.
(C) prefeitos municipais. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
(E) vereadores. tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.

4
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- 11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- A pontuação está inteiramente adequada na frase:
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as
crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
RESPOSTA: “A”. ver com as de ontem.
b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
A frase que admite transposição para a voz passiva é: com as de ontem.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
grado. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma com as de ontem.
grande diversidade de fenômenos. d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so- as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni- com as de ontem.
ficação. e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
da vida (...). com as de ontem.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência. Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra- nas demais.
do.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma RESPOSTA: “E”.
grande diversidade de fenômenos.
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
explicada pelo conceito... ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
vida (...). cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido a forma:
e da falsa consciência. A) puder.
B) poderia.
RESPOSTA: “B”. C) pôde.
D) poderá.
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- E) pudesse.
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
ambiental Geraldo Motta. Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli- ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração
nhados devem sofrer as seguintes alterações: é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
(A) entrar − vira soa do singular (ele) = poderia.
(B) entrava − tinha visto
(C) entrasse − veria RESPOSTA: “B”.
(D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
Entre as frases que seguem, a única correta é:
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- a) Ele se esqueceu de que?
ria = entrasse / veria. b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
tribui-lo entre os presentes.
RESPOSTA: “C”. c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
ração.

5
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(A) Ele se esqueceu de que? = quê? 15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO -


(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex- velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca!
cessivos nas críticas. Alterando apenas o tempo dos verbos destacados
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste,
cações dos funcionários. tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por-
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. tuguesa:
(A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan-
RESPOSTA: “E”. do eles falaram nós calamos a boca!
(B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan-
14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- do eles falassem nós calaríamos a boca!
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as (C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E
frases do texto: quando eles falassem nós calaríamos a boca!
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne- (D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
gativa... do eles falarem nós calaremos a boca!
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- (E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
sificação do continente americano (2,0)... eles falam nós calamos a boca!
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem No presente: nós sabemos / eles falam.
dos exemplos, em:
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o RESPOSTA: “E”.
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente
da maioria? 16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- verbais está correta em:
drilha. (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. planeta não resistiu.
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
mas também existem umas que não merecem nossa lapso.
atenção. (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
se distorções patológicas, não haverá vícios.
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
aos itens: nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém baratas.
tem (singular) (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres-
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- cia.
ram (plural)
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem Fiz as correções necessárias:
umas (plural) (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas ta não resistiu = resistirá
as formas estão no plural) (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
RESPOSTA: “A”. (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
torções patológicas, não haverá = haveria
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
teriam ficado)
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
crescerá

RESPOSTA: “B”.

6
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- 19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen- RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as
che adequadamente e de acordo com a norma culta a palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos
lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu motivos que justificam, respectivamente, as acentua-
lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas. ções de: década, relógios, suíços.
(A) entrasse (A) flexíveis, cartório, tênis.
(B) entraria (B) inferência, provável, saída.
(C) entrava (C) óbvio, após, países.
(D) entrar (D) islâmico, cenário, propôs.
(E) entrou (E) república, empresária, graúda.

O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi-
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- nada em ditongo / suíços = regra do hiato
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida
de “s”)
RESPOSTA: “A”. (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo /
provável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do
18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- hiato
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA) (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após
Assinale a alternativa de concordância que pode ser = oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
considerada correta como variante da frase do texto – (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona
A maioria considera aceitável que um convidado che- terminada em ditongo / propôs = oxítona terminada em
gue mais de duas horas ... “o” + “s”
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável (E) república = proparoxítona / empresária = paroxíto-
que um convidado chegue mais de duas horas... na terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
(B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que
um convidado chegue mais de duas horas... RESPOSTA: “E”.
(C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis
que um convidado chegue mais de duas horas... 20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
(D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da
que um convidado chegue mais de duas horas... língua portuguesa, o acento indicativo de crase está
(E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável corretamente empregado em:
que um convidado cheguem mais de duas horas... (A) A população, de um modo geral, está à espera
de que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os aci-
Fiz as indicações: dentes.
(A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera, (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à
tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de repensarem a sua postura.
duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos
(B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis à punições muito mais severas.
(aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas... (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok) a vida dos demais motoristas e de pedestres.
aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumpri-
duas horas... mento da nova lei para que ela possa funcionar.
(D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais (A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
de duas horas... para substituir por “esperando”) de que
(E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
(ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais pensarem (antes de verbo)
de duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
punições (generalizando, palavra no plural)
RESPOSTA: “A”. (D) À ninguém (pronome indefinido)
(E) Cabe à todos (pronome indefinido)

RESPOSTA: “A”.

7
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem
de números 21 e 22. em que o autor simula dialogar com o leitor.
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de (A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua
deux” (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente existência plebeia.
paulista acena, assovia, agita os braços num agônico (B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
polichinelo; encostado à parede, marmóreo e impas- (C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
sível, o garçom carioca o ignora com redobrada aten- deux”.
ção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Par- (D) Sim, meu caro paulista...
ceirô?!”; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha (E) Ah, paulishhhhta otááário...
pro lustre.
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós,
o paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, leitores.
mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas inte-
rações sociais terminam, 99% das vezes, diante da per- RESPOSTA: “D”.
gunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele entender
que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do 22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
e criado na crua batalha entre burgueses e proletários, NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa-
compreender o discreto charme da aristocracia? gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará-
de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a
esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso (A) príncipes e princesas constitui uma referência
e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] em sentido não literal.
Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século (B) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô- tido não literal.
nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas referência em sentido não literal.
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de referência em sentido literal.
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, (E) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
seu orgulho permanece intacto. tido literal.
Até que chega esse paulista, esse homem bidimen-
sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o esses eram da corte, literalmente.
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de
conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do RESPOSTA: “B”.
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá 23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cin- PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
zas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva-
Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra contendo as expressões com sentidos equivalentes, res-
ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo. pectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom (A) De corda; de plástico.
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao res- (B) De fogo; de madeira.
taurante para homenageá-lo. (C) De madeira; de pedra.
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha (D) De fogo; de pedra.
de S.Paulo, 06.02.2013) (E) De plástico; de cinza.

(*) Um tipo de coreografia, de dança. Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
ta?

RESPOSTA: “D”.

8
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Regimento Interno da ALBA (Resolução nº 1.193/1985, de 17.01.1985). .................................................................................................01


Lei nº 6.677/1994, de 26.09.1994 (Estatuto dos Servidores Públicos da Bahia). ....................................................................................24
Lei nº 8.902/2003, de 18.12.2003. ...............................................................................................................................................................................49
Lei nº 8.971/2004, de 05.01.2004. ...............................................................................................................................................................................51
Lei 13.801/2017. ..................................................................................................................................................................................................................58
Lei 13.962/2018. ..................................................................................................................................................................................................................62
Ato da Mesa Diretora n° 007/2010 de 24/03/2010 ............................................................................................................................................67
Ato da Mesa Diretora n° 133/2018..............................................................................................................................................................................77
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 3º - Após as providências previstas no parágrafo an-


REGIMENTO INTERNO DA ALBA terior, o Presidente, de pé, prestará o seguinte compromis-
(RESOLUÇÃO Nº 1.193/1985, DE 17.01.1985). so: “Prometo cumprir fielmente a Constituição Federal e a
Constituição do Estado da Bahia, promover o bem geral do
Estado e observar as suas leis” e, em seguida, feita a cha-
mada por um dos Secretários, cada Deputado, também de
REGIMENTO INTERNO pé, declarará: “Assim o prometo”.
TÍTULO I § 4º - Concluída a solenidade de posse dos Parlamen-
DA ASSEMBLEIA tares, o Presidente convocará outra sessão, destinada à
CAPÍTULO I eleição da Mesa Diretora.
Disposições Preliminares § 5º - A segunda sessão preparatória realizar-se-á com
a presença de mais da metade dos Deputados e, sempre
Art. 1º - A Assembleia Legislativa tem sede na capital que possível, sob a mesma Presidência e com os mesmos
do Estado da Bahia e reunir-se-á em Sessão Legislativa Secretários da Sessão anterior.
§ 6º - Nas sessões preparatórias não será permitido o
anual ordinária de 1º (primeiro) de fevereiro a 30 (trinta) de
uso da palavra para assuntos estranhos às suas finalidades.
junho e de 1º (primeiro) de agosto a 30 (trinta) de dezembro.
§ 7º - O compromisso a que se refere o § 3º deste ar-
Parágrafo único - As reuniões da Assembleia em Ses-
tigo será prestado em sessão pública, ou perante o Presi-
são Ordinária e Extraordinária ocorrerão no edifício em que dente em períodos de recesso, pelos Deputados empossa-
tem sua sede, podendo, entretanto, por motivo de conve- dos posteriormente ou por suplentes por ocasião de sua
niência pública e deliberação da maioria absoluta de seus primeira convocação.
membros, reunir-se temporariamente em qualquer cidade
do Estado. CAPÍTULO III
Da Eleição da Mesa
CAPÍTULO II
Das Sessões Preparatórias Art. 4º - A eleição da Mesa ou o preenchimento pos-
terior de qualquer vaga far-se-á por escrutínio secreto,
Art. 2º - Em preparação para a posse, o Deputado di- utilizando-se cédulas impressas ou datilografadas, atendi-
plomado deverá apresentar à Mesa, pessoalmente ou do sempre que possível, na sua composição, o critério de
por intermédio do seu partido, até o dia 25 (vinte e cin- proporcionalidade da Representação Partidária.
co) de janeiro do primeiro ano da legislatura, o respectivo § 1º - Havendo mais de um concorrente para o mesmo
diploma expedido pela Justiça Eleitoral, juntamente com a cargo a votação ocorrerá de forma individual, obedecida a
comunicação do nome parlamentar e da legenda partidária ordem hierárquica dos cargos, com a chamada nominal de
a que pertence. cada Deputado para depositar o voto na urna específica,
Parágrafo único - O Presidente da Assembleia Legisla- com o uso de cédula uninominal contendo a indicação do
tiva fará publicar, até o dia 31 (trinta e um) de janeiro, no cargo a preencher, previamente rubricada pela Mesa di-
Diário Oficial Eletrônico do Legislativo, a relação dos De- rigente dos trabalhos e colocada em sobrecarta também
putados diplomados, em ordem alfabética, com indicação rubricada pela Mesa.
do nome parlamentar e da legenda partidária respectiva, § 2º - A votação para os cargos onde houver candida-
incluindo ainda os suplentes diplomados, segundo a or- tura única será realizada em seguida àquela prevista no §
dem de votação. 1º, em um só ato de votação, no qual o Deputado colocará
em uma única sobrecarta tantas cédulas quantos forem os
nomes escolhidos, depositando-a em urna própria.
Art. 3º - A Assembleia Legislativa, no primeiro ano da
§ 3º - A votação para suplente da Mesa, não havendo
legislatura, reunir-se-á, em sessões preparatórias a partir
disputa, far-se-á na forma prevista no § 2º. Caso contrá-
de 1º de fevereiro, às 14:30h, para a posse de seus mem-
rio, a votação ocorrerá após concluída a votação para os
bros e eleição da Mesa, para um mandato de 2 (dois) anos, membros titulares, da mesma forma prevista no § 1º, no
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição ime- que couber.
diatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. § 4º - Concluído o processo de votação, o Presidente
§ 1º - Assumirá a direção dos trabalhos o último Presi- determinará a abertura das urnas, obedecida a ordem de
dente da Assembleia, se reeleito Deputado, ou, à sua falta, votação, procedendo-se a conferência do número de so-
sucessivamente dentre os Deputados presentes, o que haja brecartas com o número de votantes e em seguida a con-
mais recentemente exercido, por mandato, a Presidência tagem dos votos. Concluída a contagem dos votos e decla-
ou a Secretaria, na gradação ordinal destes cargos, sendo rado o resultado, serão de imediato destruídas as cédulas.
que, à falta de qualquer destes, assumirá o Deputado com § 5º - Serão anulados os votos contidos na mesma so-
maior número de legislaturas e entre estes o mais idoso. brecarta que resultem na indicação de mais de um nome
§ 2º - Aberta a Sessão, o Presidente convidará dois De- para um só cargo.
putados integrantes das Representações Partidárias mais § 6º - Serão considerados eleitos os Deputados que
numerosas, a fim de funcionarem como Secretários, e fará alcançarem maioria de votos em relação a cada cargo dis-
ler, por um destes, a relação dos Deputados diplomados putado e havendo empate será repetida a votação. Persis-
publicada no Diário Oficial Eletrônico do Legislativo. tindo o empate será eleito o mais idoso.

1
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 5º - À vista dos resultados, o Presidente da sessão III - cujo procedimento for declarado incompatível com
proclamará os eleitos, dar-lhes-á posse e passará a direção o decoro parlamentar;
dos trabalhos ao Presidente empossado, que, com o Pri- IV - que deixar de comparecer à terça parte das re-
meiro e Segundo Secretários, ocupará a Mesa. uniões ordinárias realizadas em cada período de sessão
legislativa, salvo por licença ou desempenho de missão au-
Art. 6º - Será permitido a um Deputado de cada Re- torizada pela Assembleia Legislativa;
presentação Partidária o uso da palavra com referência ao V - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
evento, após o que o Presidente anunciará a sessão solene VI - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
de abertura dos trabalhos legislativos, dando em seguida previstos na Constituição Federal;
por encerrada a sessão. VII - que sofrer condenação criminal por sentença tran-
sitada em julgado.
Art. 7º - No terceiro ano da legislatura, à mesma data § 1º - Para os exclusivos efeitos do inciso IV deste arti-
e hora previstas no art. 2º deste Regimento, realizar-se-á a go, será considerado presente o Deputado que compare-
eleição da Mesa, obedecidas as regras deste Capítulo. cer ao Plenário ou se encontrar no edifício sede da Assem-
bleia, no horário das sessões.
TÍTULO II § 2º - O serviço próprio da Assembleia encaminhará
DOS DEPUTADOS ao final da sessão a relação dos Deputados presentes ao
edifício, na forma do parágrafo anterior.
CAPÍTULO I § 3º - Não será computada a falta, para fim de perda de
Do Nome Parlamentar mandato, decorrente da privação temporária de liberdade
em virtude de processo penal.
Art. 8º - Ao assumir o exercício do mandato, o Deputa-
do ou suplente convocado escolherá o nome parlamentar Art. 10 - Nas hipóteses dos incisos I, II, III e VII do art. 9º,
com o qual será identificado nos registros e publicações a perda do mandato será decidida pela Assembleia Le-
da Assembleia.
gislativa, por voto secreto e maioria absoluta, mediante
§ 1º - O nome parlamentar será composto de até 03
provocação da Mesa ou de Partido Político nela represen-
(três) elementos, não se podendo incluir além de nome ou
tado, assegurada ampla defesa.
prenome.
§ 2º - Ocorrendo coincidência entre os nomes esco-
Art. 11 - Quando a infringência versar a hipótese dos
lhidos, terá prioridade o Deputado mais antigo ou, tendo
incisos IV, V e VI do já referido art. 9º, a perda será decla-
ambos a mesma antiguidade, o mais idoso.
§ 3º - Em todos os registros da Assembleia será con- rada pela Mesa da Assembleia, de ofício ou mediante
signado o nome completo do Deputado, destacando-se em provocação de qualquer de seus membros ou de Partido
maiúscula os elementos constitutivos do nome parlamentar. Político, com Representação na Assembleia Legislativa ou
§ 4º - O Deputado poderá a qualquer tempo mudar com registro definitivo, assegurada ampla defesa.
o seu nome parlamentar, dirigindo comunicação à Presi-
dência. Art. 12 - Nos processos relativos a perda de mandato,
excetuadas as hipóteses dos incisos V e VI do art. 9º, serão
CAPÍTULO II observadas, sob pena de nulidade, as seguintes normas:
Da Perda e da Suspensão do Exercício do Mandato I - recebida a representação, o Presidente da Assem-
bleia a encaminhará à Comissão de Constituição e Justiça,
Art. 9º - Perderá o mandato o Deputado: que dentro de 10 (dez) dias emitirá parecer, concluindo
I - que, desde a expedição do diploma: pela admissão ou arquivamento da mesma;
a) firmar ou mantiver contratos com pessoa jurídica II - o parecer será encaminhado à Mesa ou ao Plenário
de direito público, entidades da administração indireta ou conforme a competência constitucional para julgamento
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o da matéria;
contrato obedecer a cláusulas uniformes; III - aceita a representação pelo órgão competente,
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu- o Presidente da Assembleia designará Comissão Especial
nerado, inclusive o de que seja demissível ad nutum, nas com 05 (cinco) membros para promover o processo;
entidades constantes da alínea anterior. IV - a Comissão fornecerá cópia da representação ao
II - que, desde a posse: Deputado, para que este apresente defesa escrita, no pra-
a) for proprietário, controlador ou diretor de empresa zo de 10 (dez) dias, prorrogáveis por mais 10 (dez), a seu
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurí- requerimento;
dica de direito público, ou nela exerça função remunerada; V - no prazo da defesa poderá o interessado requerer
b) ocupar cargo ou função de que seja demissível ad as provas que julgar necessárias, indeferindo o Relator as
nutum, nas entidades a que se refere o inciso I, alínea a; impertinentes, cabendo recurso à Comissão em 03 (três)
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer dias;
das entidades a que se refere o inciso I, alínea a; VI - finda a instrução, o Relator abrirá vista do processo
d) for titular de mais de um cargo ou mandato públi- ao Deputado, para que, no prazo de 10 (dez) dias, se mani-
co eletivo; feste em razões finais;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VII - o Relator apresentará parecer, no prazo de 15 Art. 18 - O pedido de licença para tratar de interesses
(quinze) dias, à Comissão Processante, que dentro de mais particulares será submetido à Assembleia, que indicará o
15 (quinze) dias fará a sua apreciação, encaminhando as prazo de sua duração, não excedendo 120 (cento e vin-
conclusões ao órgão próprio. te) dias por sessão legislativa.
Parágrafo único - À vista do pedido formulado, o Pre-
Art. 13 - Suspende-se o exercício do mandato por in- sidente da Assembleia o encaminhará ao Plenário, conside-
capacidade civil absoluta, julgada por sentença de inter- rando-se aprovado se não houver manifestação dentro de
dição irrecorrível. 05 (cinco) sessões ordinárias subsequentes ao recebimento.
Parágrafo único - A declaração da suspensão do man-
dato parlamentar, nos casos deste artigo, far-se-á por reso- Art. 19 - Excluído o pagamento das sessões extraordi-
lução da Assembleia publicada no Diário Oficial Eletrônico nárias, é integral a remuneração do Deputado, quando
do Legislativo. em licença, ressalvada a sua opção, na forma do art. 16
deste Regimento.
Parágrafo único - Ao parlamentar afastado para cuidar
CAPÍTULO III
de interesse particular nenhuma remuneração é devida.
Das Licenças
Art. 20 - O Deputado afastado do exercício do man-
Art. 14 - O Deputado poderá obter licença nos seguin- dato não poderá ser incumbido de representação da
tes casos: Assembleia.
I - para desempenhar missão diplomática ou de re-
presentação do Estado em caráter transitório; Art. 21 - Em qualquer das hipóteses previstas neste Ca-
II - para participar de congressos, conferências, reu- pítulo só haverá convocação de suplente quando a licença
niões culturais ou eventos semelhantes; for concedida por período superior a 120 (cento e vinte) dias.
III - para exercer funções constitucionalmente per- Parágrafo único - O Deputado, poderá, a qualquer
mitidas; tempo, desistir da licença.
IV - para tratamento de saúde;
V - para cuidar de interesses particulares. CAPÍTULO IV
Parágrafo único - Independe de licença o afastamento Da Vacância
do exercício do mandato para o desempenho de funções
de Ministro de Estado e Secretário de Estado. Art. 22 - Ocorrerá vaga na Assembleia Legislativa:
I - por falecimento;
Art. 15 - A licença para os fins previstos nos incisos I e II - pela renúncia;
II do artigo anterior dependerá de requerimento do inte- III - pela perda do mandato, na forma prevista na
ressado, que será submetido à Mesa, cabendo recurso ao Constituição;
Plenário, não podendo ser concedida por período superior IV - pelo afastamento temporário, mas por tempo
a 60 (sessenta) dias. indeterminado, previsto no inciso III do artigo 14 desta Re-
solução.
Art. 16 - Ao deixar o exercício do mandato para ocupar
função constitucionalmente prevista, o Deputado poderá Art. 23 - A convocação de suplente, em casos de va-
optar pela remuneração parlamentar ou por aquela atribuí- cância que a autorize, realizar-se-á, de ofício, por Ato do
Presidente.
da ao cargo que irá exercer.
Art. 24 - A renúncia constituir-se-á em ato acabado e
Art. 17 - Ao Deputado que por motivo de doença com-
definitivo desde que comunicada, por escrito, à Mesa da
provada se encontrar impossibilitado de atender aos deve- Assembleia e publicada no Diário Oficial Eletrônico do Le-
res do exercício do mandato, será concedida a licença para gislativo.
tratamento de saúde.
§ 1º - O requerimento dirigido ao Presidente da As- CAPÍTULO V
sembleia será feito pelo interessado ou, na sua impossi- Da Licença para Instauração de Processo Criminal
bilidade, pelo Líder do Partido, devendo vir acompanhado Contra Deputado
de laudo médico, firmado por 03 (três) peritos do serviço
da Assembleia, onde se estimará o tempo de duração do Art. 25 - A solicitação do Presidente do Tribunal de Jus-
impedimento. tiça do Estado para instaurar processo criminal contra De-
§ 2º - O Presidente, no prazo de 05 (cinco) dias, exami- putado será instruída com cópia integral dos autos da ação
nará o pedido, fixando o tempo da licença, que retroagirá à penal originária ou do inquérito policial.
data da enfermidade indicada no laudo.
§ 3º - Esgotado o prazo sem deliberação considerar- Art. 26 - No caso de prisão em flagrante de crime
-se-á concedida a licença pelo tempo estipulado no laudo. inafiançável, os autos serão remetidos à Assembleia Legis-
§ 4º - Durante a licença não serão substituídos os ser- lativa dentro de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de res-
vidores lotados no gabinete do titular. ponsabilidade da autoridade que a presidir, cuja apuração
será promovida de ofício pela Mesa.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 27 - Recebida a solicitação ou os autos de flagran- § 2º - Resultando da operação acima excedente fra-
te, o Presidente despachará expediente à Comissão de cionário, serão preenchidas as vagas remanescentes pelos
Constituição e Justiça, observadas as seguintes normas: Partidos cuja fração obtida mais se aproximar da unidade.
I - no caso de flagrante, a Comissão resolverá prelimi- § 3º - Havendo coincidência no coeficiente fracionário,
narmente sobre a prisão, devendo: o preenchimento da vaga far-se-á por sorteio.
a) ordenar a apresentação do réu preso, que permane-
cerá sob sua custódia até o pronunciamento da Assembleia CAPÍTULO II
Legislativa sobre o relaxamento ou não da prisão; Dos Líderes
b) oferecer parecer prévio, facultada a palavra ao De-
putado envolvido ou ao seu representante, no prazo de 72 Art. 31 - Os Deputados são agrupados por suas Le-
(setenta e duas) horas, sobre a manutenção ou não da pri- gendas Partidárias, cabendo-lhes escolher um Líder, que
são, propondo o projeto de resolução respectivo que será ocasionalmente pode ser substituído por Vice-Líder.
submetido até a sessão seguinte à deliberação do Plenário § 1º - Cada Líder poderá indicar Vice-Líderes, na pro-
pelo voto secreto da maioria absoluta de seus membros; porção de um por 6 (seis) Deputados ou fração que consti-
II - vencida ou incorrente a fase prevista no inciso I, a tua a Representação Partidária.
Comissão de Constituição e Justiça proferirá parecer, fa- § 2º - Os Partidos indicarão os seus Líderes à Mesa, em
cultada a palavra ao Deputado envolvido ou ao seu repre- documento subscrito pela maioria absoluta dos integran-
sentante, no prazo de 5 (cinco) sessões, concluindo pelo tes da Bancada.
deferimento ou indeferimento do pedido de licença ou
pela autorização, ou não, da formação da culpa, no caso de Art. 32 - Dentre outras atribuições regimentais compe-
flagrante, propondo o competente projeto de resolução; te ao Líder de Partido indicar à Mesa os membros de sua
III - o parecer da Comissão de Constituição e Justiça, Bancada para compor as Comissões da Assembleia ou, de
uma vez lido no expediente e publicado no Diário Oficial qualquer forma, para representar a Casa.
Eletrônico do Legislativo, será incluído na Ordem do Dia;
IV - incluído na Ordem do Dia, o parecer da Comissão
Art. 33 - São prerrogativas do Líder:
de Constituição e Justiça deverá ser votado no prazo máxi-
I - usar da palavra em qualquer fase da sessão, por 10
mo de 5 (cinco) sessões;
(dez) minutos para fazer comunicação inadiável, sempre
V - se da aprovação do parecer, pelo voto secreto da
que não haja orador na tribuna;
maioria absoluta dos Deputados, resultar admitida a acu-
II - manifestar-se, no Grande Expediente, no horário
sação contra o Deputado, considerar-se-á dada a licença
das Lideranças, pelo tempo que lhe for reservado, poden-
para instauração do processo ou autorizada a formação da
culpa; do indicar oradores;
VI - a decisão será comunicada pelo Presidente da As- III - encaminhar, pelo período de 05 (cinco) minutos, a
sembleia Legislativa ao Presidente do Tribunal de Justiça votação sobre requerimento de urgência;
dentro de 3 (três) sessões. IV - indicar à Mesa a ordem de sua substituição pelos
Vice-Líderes.
Art. 28 - Adotar-se-á a votação secreta para a delibe- Parágrafo único - As Representações Partidárias que
ração da solicitação da licença, devendo ser observados na não atinjam 1/10 (um décimo) do total dos Deputados têm
solicitação desta os procedimentos previstos neste Regi- asseguradas, através dos seus representantes, as prerroga-
mento. tivas conferidas aos Líderes com as seguintes ressalvas:
I - cada representante usará da palavra, em comunica-
Art. 29 - Estando em recesso a Assembleia Legislati- ção inadiável, por 05 (cinco) minutos;
va, as atribuições conferidas à Comissão de Constituição e II - no horário destinado às Lideranças, 30 (trinta) mi-
Justiça e ao Plenário serão exercidas cumulativamente pela nutos serão divididos entre as Representações Partidárias,
Mesa Diretora, ad referendum do Plenário. cabendo, em cada sessão, 10 (dez) minutos a cada uma das
Representações, obedecida a precedência pelo número de
TÍTULO III seus Deputados.
Da Representação Partidária
Art. 33-A - Os Líderes da Maioria, da Minoria, das
CAPÍTULO I Bancadas e dos Blocos Parlamentares constituem o Co-
Da Proporcionalidade dos Partidos no Âmbito das légio de Líderes.
Comissões § 1º - O Colégio de Líderes será presidido pelo Presi-
dente da Assembleia, com direito a voto, sendo substituí-
Art. 30 - Na constituição de Comissões, assegurar-se-á do, em sua ausência, por um dos Vice-Presidentes, obser-
a Representação proporcional dos Partidos ou dos Blo- vada a gradação dos cargos.
cos Parlamentares com assento na Casa. § 2º - O Colégio reunir-se-á ordinariamente uma vez
§ 1º - Calcula-se a proporcionalidade de Representação por quinzena, presente a maioria dos seus membros, e
de cada Agremiação Partidária, multiplicando-se o número extraordinariamente por iniciativa do Presidente ou por
de seus Deputados pelo número de membros de Comissão proposta da maioria dos seus componentes, sendo as suas
e dividindo-se este produto pelo total dos Deputados. decisões tomadas por maioria simples de votos.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

CAPÍTULO III TÍTULO IV


Dos Blocos Parlamentares DOS ÓRGÃOS DIRETIVOS DA ASSEMBLEIA

Art. 34 - As Bancadas e/ou Representações Partidárias, CAPÍTULO I


por decisão da maioria de seus membros, poderão consti- Da Mesa
tuir Bloco Parlamentar, sob liderança comum, vedada a
participação de cada uma delas em mais de um Bloco, des- Art. 39 - A Mesa da Assembleia compõe-se de Pre-
de que seja integrado, pelo menos, por 1/10 (um décimo) sidente, 04 (quatro) Vice- Presidentes e 04 (quatro) Se-
de Deputados. cretários.
§ 1º - A Mesa da Assembleia Legislativa, comunicará § 1º - Os Vice-Presidentes substituirão o Presidente,
imediatamente ao Plenário a constituição do Bloco, deter- segundo a gradação hierárquica, e os Secretários substi-
minando a publicação e o registro do ato. tuir-se-ão entre si, pela mesma forma, podendo substituir
§ 2º - Ao Bloco serão asseguradas as prerrogativas de o Presidente à falta de Vice-Presidentes.
Bancada. § 2º - A direção das Sessões Plenárias compete ao
§ 3º - No prazo de até 5 (cinco) dias, o Bloco indicará Presidente, cabendo a este, quando necessário, convocar
à Mesa da Assembleia Legislativa a escolha do Líder e dos um dos Secretários para a leitura do Expediente, proceder
Vice-Líderes. chamada nominal ou praticar outros atos necessários ao
§ 4º - As Lideranças agrupadas em Bloco Parlamentar andamento dos trabalhos, podendo, em casos de ausência
perderão suas prerrogativas regimentais enquanto se en- destes, funcionar como Secretário ad hoc qualquer um dos
contrarem nessa condição. Parlamentares presentes à Sessão.
§ 5º - O Bloco será extinto se o desligamento de Ban- § 3º - (Revogado)
cada ou Representação resultar em composição percentual § 4º - Não se achando presente o Presidente nem seus
inferior à exigida no caput deste artigo. substitutos, assumirá a Presidência da Sessão o Deputado
§ 6º - Os membros de uma Bancada ou de Represen- mais idoso entre os presentes.
tação não poderão integrar mais de um Bloco Parlamentar.
Art. 40 - Além de outras atribuições previstas na Cons-
Art. 34-A - No cálculo para constituição das Bancadas
tituição do Estado e neste Regimento, compete à Mesa:
ou Blocos Parlamentares, resultando número fracionário,
I - organizar e remeter ao Poder Executivo, no prazo
será desprezada a fração, se igual ou inferior a meio, e, se
legal, a proposta de orçamento da Assembleia, a fim de ser
superior, aproximar-se-á para a unidade seguinte.
incorporada ao projeto de lei orçamentária do Estado;
II - discriminar as dotações orçamentárias globais do
Art. 35 - Será sempre revista a Representação Par-
tidária nas Comissões da Assembleia Legislativa quando Poder Legislativo;
houver modificação ou dissolução de Bloco Parlamentar. III - opinar sobre elaboração do Regimento Interno e
suas modificações;
Art. 36 - Na mesma sessão legislativa ordinária e/ou IV - opinar privativamente sobre moções, indicações e
extraordinária, não será permitida a participação da Banca- requerimentos sujeitos à discussão em Plenário;
da ou de Representação, na formação de mais de um Bloco V - apresentar, privativamente, projetos de lei que
Parlamentar. criem ou extingam cargos nos serviços da Assembleia e fi-
xem os respectivos vencimentos;
DA MAIORIA E DA MINORIA PARLAMENTAR VI - apresentar projetos de resolução sobre os serviços
administrativos da Assembleia e elaborar o seu regulamento;
Art. 37 - A Maioria Parlamentar será constituída por VII - aprovar o quadro de contratados, autorizar o seu
Bancada, Bloco ou Representação Partidária, desde que preenchimento e prover os cargos dos diversos serviços;
composta pela maioria dos membros da Assembleia Le- VIII - decidir sobre os pedidos de licença de Deputa-
gislativa. dos, fundados nos incisos I e II do art. 14 do Regimento;
§ 1º - A Minoria Parlamentar será composta por IX - solicitar que sejam postos à disposição da Assem-
Bancada, Representação Partidária ou Bloco, agrupada bleia funcionários da administração direta ou indireta;
ou não, que expresse posição diversa da Maioria. X - exonerar, demitir, readmitir, reintegrar, promover,
§ 2º - As funções regimentais da Maioria serão assu- aposentar e licenciar o pessoal dos serviços administrativos;
midas pela Bancada ou Bloco Parlamentar que tiver maior XI - decidir, em última instância, recursos contra atos
número de representantes, desde que não tenha sido atin- da direção da Secretaria Administrativa;
gida na forma prevista no caput deste artigo; as da Minoria XII - dar parecer sobre o pedido de inserção de tra-
serão exercidas pela Representação Política ou Bloco Parla- balhos e documentos nos Anais, exceto quando lidos da
mentar numericamente inferior à Maioria, de forma agru- tribuna;
pada ou isoladamente. XIII - interpretar, conclusivamente, em grau de recurso,
o regulamento dos serviços administrativos;
Art. 38 - As Lideranças de Bancada, Bloco Parlamentar, XIV - julgar as licitações realizadas pela Assembleia;
Representação Partidária, Maioria ou Minoria Parlamentar XV - autorizar a reportagem fotográfica, a filmagem e a
serão constituídas na forma prevista neste Regimento. transmissão em rádio ou televisão das sessões da Assembleia.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - As decisões da Mesa Diretora serão tomadas XIX - anunciar o resultado da votação e mandar proce-
por maioria dos votos, presentes mais da metade de seus der à sua verificação, quando requerida;
membros, cabendo recurso ao Plenário, através de reque- XX - organizar a Ordem do Dia, observado o disposto
rimento firmado pela maioria absoluta dos Parlamentares no art. 111 deste Regimento; XXI - assinar os Autógrafos
da Assembleia. dos projetos enviados à apreciação do Governador;
§ 2º - Serão eleitos 05 (cinco) suplentes, pelo processo XXII - promulgar as proposições da competência ex-
previsto neste Regimento, que funcionarão junto à Mesa, clusiva da Assembleia, bem assim as leis não sancionadas
cabendo aos eleitos a substituição, em regime de reveza- no prazo constitucional, ou que tiverem o veto recusado;
mento dos titulares, nas suas ausências ou impedimentos, XXIII - mandar proceder ao cálculo da representação
dentro da mesma Agremiação Partidária. proporcional dos Partidos e Blocos nas Comissões, anun-
ciando o seu resultado, de cuja proclamação caberá recur-
CAPÍTULO II so ao Plenário;
Da Presidência XXIV - promover a publicação dos debates da Assem-
bleia na ordem cronológica da sua ocorrência, não permi-
Art. 41 - Ao Presidente da Assembleia compete, além tindo a publicação de expressões antiparlamentares;
de outras atribuições previstas na Constituição do Estado e XXV - impedir a publicação de pronunciamentos que
neste Regimento: incidam em proibição prevista na Constituição Estadual,
I - zelar pelas prerrogativas e o bom nome da Assem- certificando o interessado, que poderá recorrer ao Plenário;
bleia, bem como pelos direitos e imunidades dos Deputados; XXVI - anunciar a leitura do Expediente, dar-lhe o com-
II - dirigir a polícia interna do edifício da Assembleia; petente destino e distribuir as matérias às Comissões;
III - assinar as carteiras de identidade dos Deputados; XXVII - anunciar a Ordem do Dia e enumerar em cada
IV - assinar a correspondência destinada aos Chefes sessão a matéria em pauta, declarando o respectivo prazo
dos Poderes da União e dos Estados; e a ementa das proposições;
V - ordenar e superintender as despesas da administra- XXVIII - designar oradores para as sessões especiais;
ção da Assembleia; XXIX - convocar o suplente de Deputados;
VI - assinar os atos de sua competência, inclusive os XXX - reiterar pedidos de informações ao Poder Exe-
relativos ao funcionalismo da Assembleia; cutivo;
VII - designar e dispensar o pessoal de seu gabinete XXXI - justificar a ausência de Deputados, inclusive
e gabinetes dos Vice- Presidentes, dos Secretários, dos Lí- componentes da Mesa, quando se encontrarem fora da
deres, dos Vice-Líderes e dos Presidentes das Comissões, Assembleia em Comissão de Representação ou Especial.
mediante proposta dos respectivos titulares;
VIII - representar a Assembleia em suas relações exter- Art. 42 - O Presidente poderá, a qualquer momento,
nas, ou designar Comissões para este fim; fazer comunicações ao Plenário e interromper, quando
IX - convocar, dirigir, suspender e encerrar as sessões necessário, os oradores, mas não poderá tomar parte em
da Assembleia, bem como propor a sua prorrogação; nenhuma discussão, salvo quando fora da cadeira presi-
X - fazer ler as atas pelo 2º Secretário, submetê-las à dencial.
discussão, votação e assiná- las depois de aprovadas; § 1º - Nenhum Deputado poderá interromper o Presi-
XI - conceder a palavra aos Deputados, na ordem de dente ou com ele dialogar.
inscrição ou a pedido oral; § 2º - O Presidente não poderá votar, exceto nos es-
XII - interromper o orador que falar contra o vencido crutínios secretos e nos casos de empate em votação os-
ou faltar com o decoro parlamentar; tensiva.
XIII - reiterar ao orador a advertência nas hipóteses do
inciso anterior e, havendo insistência, retirar-lhe a palavra; Art. 43 - Aos Vice-Presidentes competem a substitui-
XIV - retirar de pauta ou da Ordem do Dia qualquer ção do Presidente, obedecida a gradação regimental, bem
matéria para cumprimento de despacho, correção do avul- assim o desempenho de funções por delegação deste.
so ou a fim de sanar qualquer outra falha;
XV - por em discussão e votação a matéria a isto desti- CAPÍTULO III
nada, podendo estabelecer o ponto da questão a ser votada; Da Secretaria
XVI - declarar prejudicadas as proposições;
XVII - convidar, quando necessário, o Relator ou o Pre- Art. 44 - São atribuições do Primeiro Secretário, além
sidente da Comissão para explicar o parecer desta; de outras previstas neste Regimento:
XVIII - declarar rejeitado o projeto de lei, resolução ou I - ler em Plenário, na íntegra ou em resumo, a cor-
decreto legislativo que tiver recebido, quanto ao mérito, respondência e documentos recebidos pela Assembleia,
parecer contrário de todas as Comissões que o apreciaram, as conclusões dos pareceres, as proposições apresentadas,
salvo recurso ao Plenário, através de requerimento firmado quando seus autores não as tiverem lido, e em quaisquer
pela maioria absoluta dos Deputados e encaminhado ao outros papéis que devam constar do expediente;
Presidente da Assembleia no prazo máximo de 5 (cinco) II - encaminhar a matéria do Expediente, depois de
dias úteis a partir da decisão da última Comissão, para que despachada pelo Presidente;
este designe Relator, que emitirá parecer único para todas III - receber e responder a correspondência oficial da
as Comissões, submetendo-o à deliberação do Plenário; Assembleia, salvo as de competência do Presidente;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV - receber as representações, petições, memoriais, e Parágrafo único - Ao início de cada sessão legislativa,
convites dirigidos à Assembleia; a Mesa providenciará a organização das Comissões Perma-
V - assinar, depois do Presidente, as atas das sessões; nentes, no prazo de 10 (dez) dias.
VI - autenticar a lista de presença dos Deputados, or-
ganizada pela Secretaria da Mesa; Art. 50 - As Comissões Permanentes são compostas
VII - anotar as discussões e resultados das votações das de 8 (oito) membros, cabendo aos Partidos a indicação
proposições, autenticando as anotações com a sua assina- dos suplentes, até a metade da respectiva Representação.
tura, depois da respectiva data;
VIII - fazer a chamada dos Deputados, nos casos regi- Art. 50-A - As Comissões Permanentes poderão, me-
mentais; diante proposição de qualquer Deputado, aprovada pela
IX - proceder à contagem de votos nas verificações de maioria dos seus membros, submeter à Mesa Diretora
votação; proposta de criação de Subcomissão Especial, sem po-
X - dar conhecimento à Assembleia, na última sessão der decisório, para o desempenho de atividades específicas
do ano, da resenha dos trabalhos realizados;
ou o estudo de matéria relevante de sua área de compe-
XI - superintender os trabalhos da Secretaria Adminis-
tência, definidas no respectivo ato de criação.
trativa e fiscalizar-lhe as despesas.
§ 1º - A Subcomissão será constituída por prazo cer-
Art. 45 - São atribuições do Segundo Secretário, além to, não superior a 12 (doze) meses, e será composta de 4
de outras previstas neste Regimento: (quatro) membros, respeitado o princípio da representação
I - ler as atas das sessões e assiná-las depois do Primei- proporcional.
ro Secretário; § 2º - Na primeira reunião após sua criação, os mem-
II - lavrar e ler as atas das sessões secretas; bros da Subcomissão elegerão um coordenador para diri-
III - auxiliar o Presidente na apuração das eleições, or- gir os seus trabalhos.
ganizando a lista dos votados, com a respectiva votação. § 3º - Somente poderá integrar a Subcomissão Especial
o membro da respectiva Comissão Permanente.
Art. 46 - Salvo permissão do Presidente, os Secretários § 4º - Nenhuma Comissão Permanente poderá contar
conservar-se-ão de pé ao proceder a leitura de qualquer com mais de uma Subcomissão Especial em funcionamen-
papel ou documento, não podendo, enquanto participa- to.
rem dos trabalhos da sessão, como integrantes da Mesa, § 5º - O relatório final da Subcomissão deverá ser sub-
usar da palavra para outro fim, inclusive tomar parte em metido à apreciação da Comissão Permanente, exigindo-
qualquer discussão. -se, para sua aprovação, a maioria dos votos da Comissão.
Parágrafo único - Nas chamadas dos Deputados os Se- § 6º - No funcionamento das Subcomissões aplicar-se-
cretários poderão permanecer sentados. -á, no que couber, as disposições deste Regimento relati-
vas ao funcionamento das Comissões Permanentes.
TÍTULO V
DAS COMISSÕES Art. 51 - Funcionarão na Assembleia Legislativa as
seguintes Comissões Permanentes:
CAPÍTULO I I - Constituição e Justiça;
Disposições Preliminares II - Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle;
III - Agricultura e Política Rural;
Art. 47 - As Comissões da Assembleia são: IV - Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço
I - permanentes;
Público;
II - temporárias, as que se devam extinguir ao término
V - Saúde e Saneamento;
da legislatura ou quando preenchidas as finalidades para
que foram constituídas. VI - Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Tu-
rismo;
Art. 48 - Não se criarão Comissões Especiais com objeti- VII - Direitos Humanos e Segurança Pública;
vos que possam ser alcançados por Comissão Permanente. VIII - Direitos da Mulher;
Parágrafo único - O Deputado poderá propor a criação IX - Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos;
de Comissão Especial, inobstante a regra deste artigo, des- X - Defesa do Consumidor e Relações de Trabalho.
de que tenha requerido, com aprovação do Plenário, exame § 1º - À Comissão de Constituição e Justiça cabe opi-
por Comissão Permanente de determinada matéria, sem nar, salvo a competência privativa da Mesa (art. 40, IV), em
que esta se haja pronunciado no prazo de 30 (trinta) dias. todas as proposições, sobre o aspecto de constitucionali-
dade, legalidade e técnica legislativa, bem como elaborar
CAPÍTULO II a redação final, na forma do Regimento Interno, devendo
Das Comissões Permanentes apreciar ainda o mérito relativo às seguintes matérias:
I - organização judiciária e do Ministério Público;
Art. 49 - As Comissões Permanentes têm por finalida- II - registros públicos;
de o estudo, a discussão e o acompanhamento de as- III - desapropriações de bens do domínio estadual;
suntos de interesse público e social, bem assim a emissão IV - licença ao Governador e Vice-Governador para que
de pareceres, no âmbito de sua competência. se ausentem do País.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 2º - À Comissão de Finanças, Orçamento, Fiscalização I - direitos da criança e do adolescente;


e Controle compete a fiscalização das atividades da Admi- II - direitos do idoso;
nistração Pública centralizada e descentralizada, cabendo- III - integração social das pessoas com deficiência;
-lhe ainda opinar sobre: IV - discriminações étnicas e sociais;
I - assuntos tributários e orçamentários, abertura de V - comunidades indígenas;
crédito, empréstimo público e tomada de contas do Go- VI - política de segurança e manutenção da ordem pú-
vernador; blica;
II - subsídios e ajuda de custo dos Deputados, do Go- VII - sistema penitenciário e direitos dos detentos.
vernador, Vice- Governador e Secretários de Estado; § 8º - À Comissão dos Direitos da Mulher cabe debater,
III - todas as matérias que possam gerar obrigações opinar e propor em questões pertinentes aos direitos da
financeiras ou patrimoniais para o Estado, bem assim au- mulher e seu papel na sociedade, profissionalização e mer-
mentar ou diminuir a receita ou a despesa pública. cado de trabalho, discriminação social e todas as formas de
§ 3º - A Comissão de Agricultura e Política Rural opi- violência de que é vítima.
nará sobre: § 9º - À Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos
I - agricultura, caça e pesca; Hídricos cabe manifestar- se acerca de toda a matéria que
II - recursos renováveis, flora, fauna e solo; direta ou indiretamente se relacione com a preservação do
III - estímulos financeiros e creditícios; meio ecológico e ambiental, e ainda sobre:
IV - padronização, seleção e inspeção de produtos vege- I - políticas públicas e iniciativas do setor privado orien-
tais e animais ou de consumo nas atividades agropecuárias; tadas para a eliminação da insustentabilidade econômica,
V - insumos agrícolas, estocagem, imunização; social, institucional e ambiental nas áreas afetadas pelas
VI - política agropecuária; secas no Estado da Bahia;
VII - matérias relativas à distribuição da terra. II - programas emergenciais e permanentes para o en-
§ 4º - A Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tec-
frentamento e a convivência com a seca, notadamente as
nologia e Serviço Público deverá manifestar-se sobre:
ações voltadas para conter o êxodo rural e que busquem
I - assuntos relativos à educação e instrução pública ou
a fixação do homem no campo e o atendimento social às
particular;
populações atingidas pela seca;
II - política de desenvolvimento cultural e proteção do
III - legislação específica que atenda, de forma diferen-
patrimônio cultural baiano;
III - divisão e organização administrativa, servidores ciada, o semiárido baiano;
públicos e demais matérias ligadas à Administração direta IV - políticas, programas e projetos públicos e da inicia-
ou indireta; tiva privada orientados para o desenvolvimento dos recur-
IV - concessão de serviços públicos; sos hídricos e da irrigação, incluindo gestão, planejamento
V - desenvolvimento científico e tecnológico; e controle dos recursos hídricos, regime jurídico de águas
VI - atividades esportivas e política de desenvolvimen- públicas e usos múltiplos das águas, bem como o gerencia-
to dos esportes. mento de bacias hidrográficas no Estado da Bahia.
§ 5º - A Comissão de Saúde e Saneamento manifestar- § 10 - A Comissão de Defesa do Consumidor e Rela-
-se-á sobre os temas ligados à higiene e saúde comunitá- ções de Trabalho manifestar-se-á sobre:
rias, bem como sobre a política de saneamento básico. I - assuntos de interesse do consumidor e alternativas
§ 6º - A Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento de sua defesa;
Econômico e Turismo tem a atribuição de opinar sobre po- II - composição, qualidade, apresentação e preços de
líticas públicas relacionadas a: bens e serviços, inclusive produzidos pela Administração
I - projetos, planos e programas de desenvolvimento centralizada e descentralizada e suas concessionárias;
social e econômico do Estado e de suas regiões; III - planos e programas governamentais que tenham
II - desenvolvimento e modernização da infraestrutura, como meta a geração de emprego e renda, o combate ao
obras públicas, transportes e comunicações; desemprego e ao subemprego e a melhoria das condições
III - indústria, inclusive artesanato e turismo, comércio, de trabalho dos servidores públicos e trabalhadores da ini-
serviços e agroindústria; ciativa privada.
IV - política de turismo, subvenções, incentivos, isen-
ções fiscais às empresas e atividades turísticas públicas ou Art. 52 - Por proposta de qualquer Deputado, aprovada
privadas; por 2/3 (dois terços) dos seus membros, as Comissões po-
V - planos de desenvolvimento, expansão e incremen- derão convocar ou convidar qualquer preposto da Admi-
to do turismo; nistração centralizada ou descentralizada do Estado, para
VI - programas e projetos governamentais de urbani- debater assunto de sua competência, bem assim promover
zação e melhoria da qualidade de vida das populações dos o deslocamento de seus membros às diversas regiões do
centros urbanos; Estado para estudo de sua problemática.
VII - política habitacional;
VIII - política mineralógica e energética. CAPÍTULO III
§ 7º - À Comissão de Direitos Humanos e Segurança Das Comissões Temporárias
Pública compete discutir, analisar e acompanhar em todo o
Estado as questões ligadas aos direitos da cidadania, com Art. 53 - As Comissões Temporárias, cujo número de
ênfase especial nos aspectos seguintes: membros será definido no ato de sua criação, compreendem:

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I - as Especiais; Parágrafo único - Se forem diversos os fatos objeto do


II - as de Inquérito; inquérito, a Comissão dirá em separado, sobre cada um,
III - as de Representação. podendo fazê-lo antes mesmo de findas as investigações
dos demais.
SEÇÃO I
Das Comissões Especiais Art. 60 - As Comissões Parlamentares de Inquérito
funcionarão na sede da Assembleia Legislativa, poden-
Art. 54 - As Comissões serão constituídas para fim do todavia se deslocar pelo Estado, por deliberação da
relevante, com tempo de duração preestabelecido, por maioria de seus membros.
proposta da Mesa ou a requerimento de 1/3 (um terço)
dos membros da Assembleia. Art. 61 - Aplicam-se subsidiariamente os preceitos
Parágrafo único - É vedada a criação de Comissão Es- do Código de Processo Penal, no que forem cabíveis, às
pecial quando já existirem 3 (três) em funcionamento na normas de atuação da Comissão Parlamentar de Inquérito.
Assembleia, ressalvado o disposto no art. 55 desta Reso-
lução e excetuada a que tenha por objetivo a reforma do Art. 62 - Salvo deliberação por parte da maioria absolu-
Regimento Interno. ta da Assembleia, não se permitirá a criação de Comissão
de Inquérito enquanto estiverem funcionando 5 (cinco)
Art. 55 - Deverão ser criadas, necessariamente, Comis- ou mais Comissões desta natureza.
sões Especiais para:
I - (Revogado); SEÇÃO III
II - organização de projetos de reforma constitucional; Das Comissões deRepresentação
III - (Revogado);
IV - processo relativo a perda de mandato de Depu- Art. 63 - As Comissões de Representação, que atua-
tado. rão em nome da Assembleia em seus atos externos, serão
constituídas por iniciativa da Mesa ou a requerimento
SEÇÃO II de qualquer Deputado, neste caso, com a aprovação do
Das Comissões de Inquérito Plenário.
Parágrafo único - Será considerado presente à sessão
Art. 56 - As Comissões de Inquérito serão criadas so- o Deputado componente de Comissão de Representação,
bre o fato determinado e por prazo certo, mediante nos dias necessários ao desempenho de suas atividades.
requerimento de 1/3 (um terço) dos membros da As-
sembleia. CAPÍTULO IV
DaOrganização das Comissões
Art. 57 - Constituída a Comissão de Inquérito cabe-lhe
requisitar por intermédio da Mesa, os funcionários dos SEÇÃO I
serviços administrativos da Assembleia, necessários aos Da Composição
seus trabalhos, bem como, nos termos da legislação em
vigor, solicitar os de qualquer órgão do Poder Executivo Art. 64 - Os integrantes das Comissões serão indicados
ou Judiciário que possam cooperar no desempenho de pela Liderança dos seus Partidos, atendida a proporcio-
suas funções. nalidade prevista neste Regimento.
§ 1º - Dentro de 3 (três) sessões ordinárias, contadas da
Art. 58 - No exercício de suas atribuições, poderá a instalação da sessão legislativa ou da criação da Comissão,
Comissão determinar diligências, ouvir indiciados, in- os Líderes dos Partidos Políticos indicarão os seus repre-
quirir testemunhas, requisitar de repartições públicas sentantes e respectivos suplentes.
e órgãos da administração descentralizada informações e § 2º - Esgotado o prazo previsto no parágrafo anterior,
documentos, ouvir Deputados, Secretários de Estado e Au- a Assembleia, em votação secreta, indicará os representan-
toridades estaduais ou municipais. tes e suplentes do Partido omisso.
§ 1º - Indiciados e testemunhas serão intimados de
acordo com as prescrições da legislação penal. Em caso Art. 65 - O mandato dos titulares e suplentes das
justificado a intimação será solicitada ao Juiz criminal da Comissões finda-se com o início da sessão legislativa
Comarca em que resida ou que esteja o indiciado ou a tes- anual, estendendo-se no caso das Comissões Temporá-
temunha, na forma do Código de Processo Penal. rias até o término destas.
§ 2º - O Presidente da Comissão Parlamentar de In- Parágrafo único - É permitida a renovação do mandato
quérito poderá incumbir qualquer de seus membros para do membro de Comissão, bem assim de seus suplentes.
realização de sindicância ou diligência necessárias aos seus
trabalhos. Art. 66 - Perderá a condição de integrante de Co-
missão:
Art. 59 - A Comissão Parlamentar de Inquérito redigirá I - o titular ou suplente que mediante comunicação es-
relatório, concluindo por projeto de resolução, se a As- crita manifestar a sua renúncia, que se tornará perfeita e
sembleia for competente para deliberar sobre o assunto, acabada com a publicação no Diário Oficial Eletrônico do
ou indicará as providências cabíveis em caso contrário. Legislativo;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

II - o Deputado que faltar a mais de 10 (dez) sessões CAPÍTULO V


consecutivas, ou 25 (vinte e cinco) intercaladas durante a Dos Trabalhosdas Comissões
sessão legislativa, salvo doença comprovada.
Parágrafo único - Para os efeitos do disposto neste ar- SEÇÃO I
tigo, será considerado presente à Comissão o Deputado Das Reuniões
que, no instante das suas sessões, se encontrar em missão
Art. 69 - As Comissões fixarão os dias reservados para
da Assembleia ou de suas Comissões.
as reuniões ordinárias, contanto que não coincidam com
os horários estabelecidos para funcionamento das sessões
SEÇÃO II plenárias.
Da Direção
Art. 70 - As sessões das Comissões serão públicas ou
Art. 67 - Compete a cada Comissão eleger, por escru- secretas, conforme o decidam os seus membros, atentos à
tínio secreto, um Presidente e um Vice-Presidente, até natureza da matéria em debate.
6 (seis) dias após sua constituição.
Parágrafo único - A eleição prevista neste artigo será Art. 71 - Poderão participar das Comissões quaisquer
presidida pelo Deputado mais idoso, que permanecerá no Deputados delas não integrantes, com direito a tomar par-
cargo de Presidente da Comissão, enquanto não se tiver te em suas discussões, mas sem voto.
realizado a escolha.
Art. 72 - As Comissões reunir-se-ão presente a maio-
Art. 68 - São atribuições dos Presidentes das Comis- ria absoluta dos seus membros, decidindo, entretanto, por
maioria simples.
sões Permanentes, Especiais e de Inquérito, além de ou-
tras admitidas neste Regimento: Art. 73 - Das sessões será lavrada ata ou o resumo das
I - dirigir os trabalhos e exercer o poder de polícia no principais ocorrências, incluindo-se necessariamente a rela-
local das reuniões da Comissão; ção das proposições recebidas e dos pareceres apresentados.
II - designar os Relatores das matérias, observando o
princípio da proporcionalidade dos Partidos, salvo nas Co- Art. 74 - Por motivo de urgência ou conveniência dos
missões Especiais e de Inquérito, em que haverá eleição; trabalhos, 2 (duas) ou mais Comissões reunir-se-ão em ses-
III - resolver as questões de ordem; são conjunta por convocação do Presidente da Assembleia
IV - dar conhecimento à Comissão ou Comissões reu- ou da maioria dos seus membros.
nidas, das matérias recebidas; Parágrafo único - Na apuração do quorum para a ses-
V - despachar o expediente e anotar nos processos os são conjunta será considerado o número mínimo para cada
resultados das deliberações, apondo-lhes data e assinatu- Comissão isolada.
ra;
SEÇÃO II
VI - funcionar como interlocutor entre a Comissão e a
Dos Pareceres
Mesa, as outras Comissões e os Líderes;
VII - dar execução às deliberações da Comissão, inclu- Art. 75 - Independente de publicação, as proposições,
sive quanto à convocação e ouvida de autoridades previs- inclusive emendas, serão logo após a sua apresentação e
tas na Constituição Estadual; numeração encaminhadas às Comissões, por cópia.
VIII - solicitar ao Presidente da Assembleia, em virtude
de deliberação da Comissão, os serviços de funcionários Art. 76 -Terminado o período da pauta, as Comissões
técnicos para o estudo de determinadas matérias; competentes, após o recebimento das emendas, ou cienti-
IX - convidar, por deliberação da Comissão, técnicos, ficadas da sua inexistência, pronunciar-se-ão sobre as pro-
especialistas e representantes de entidades para estudo, posições.
exposição ou debate de temas do interesse da Comissão; § 1º - Quando houver emendas o parecer necessaria-
X - desempatar as votações ostensivas; mente também sobre elas se manifestará.
XI - conceder a palavra aos membros da Comissão ou, § 2º - Decidindo-se o Relator do projeto em uma Co-
missão por apresentar emenda, esta terá que ter a sua
nos termos do Regimento, aos Deputados que a solicitarem;
constitucionalidade, legalidade e técnica legislativa apre-
XII - advertir o orador que se desviar dos debates ou
ciadas pela Comissão de Constituição e Justiça, sendo des-
faltar com o decoro parlamentar; considerada em casode rejeição nesta Comissão.
XIII - interromper o orador que estiver falando sobre
o vencido; Art. 77 - Cada proposição receberá parecer indepen-
XIV - conceder vista das proposições aos membros da dente, salvo se forem matérias idênticas e semelhantes que
Comissão; tenham sido anexadas.
XV - promover, quando julgar conveniente, a publica-
ção das atas da Comissão, bem assim de documentos por Art. 78 - No seu parecer as Comissões poderão ofe-
ela apreciados no Diário Oficial Eletrônico do Legislativo. recer emendas às proposições, ou propor subemendas às
emendas apresentadas.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - Em única ou última discussão de proposição de § 2º - É de 3 (três) dias o prazo para a Redação Final,
qualquer natureza a Comissão poderá oferecer Substitu- salvo nos projetos de Código, cujo prazo de duração será
tivo, se as emendas alterarem o projeto de tal forma que de 20 (vinte) dias.
exijam uma nova reformulação da matéria. § 3º - Os prazos previstos neste artigo iniciam-se com
§ 2º - Se a Comissão concluir pela conveniência de de- o recebimento pela Comissão da matéria que a ela estiver
terminada matéria ser consubstanciada em proposição in- sujeita.
dependente, formalizará o respectivo projeto. § 4º - Esgotados os prazos previstos neste artigo o Pre-
sidente da Assembleia, a requerimento de qualquer Depu-
Art. 79 - Os pareceres serão ordinariamente escritos, tado ou Comissão, deverá incluir a proposição na Ordem
admitindo-se contudo a oralidade nos seguintes casos: do Dia, designando Relator para proferir parecer oral, se
I - nas matérias em regime de urgência; este não tiver sido emitido.
II - quando versarem sobre emendas à redação final; § 5º - Nos projetos com prazo de deliberação fixado
III - quando, esgotado o prazo da Comissão, for o pro- pelo Governador do Estado, a Presidência da Assembleia
jeto incluído na Ordem do Dia. fará incluí-lo na Ordem do Dia com antecedência de 10 (dez)
dias do prazo, se a Comissão não tiver oferecido parecer.
Art. 80 - Serão considerados favoráveis ao parecer os
votos que se manifestarem de acordo com a conclusão, Art. 85 - Se a Comissão de Constituição e Justiça con-
ainda que com restrições, reputando-se contrários aqueles cluir pela inconstitucionalidade de qualquer proposição,
que dela divirjam. seu parecer será imediatamente incluído na Ordem do Dia,
como preliminar, sobrestando-se a manifestação das de-
Art. 81 - Qualquer membro da Comissão, ressalvada a mais Comissões.
hipótese de tramitação em regime de urgência, poderá pe- Parágrafo único - Acolhida a preliminar, será o projeto
dir vista por 48 (quarenta e oito) horas de parecer ou pro- arquivado. Rejeitada, voltará à apreciação das demais Co-
posição que não tenham sido publicados ou distribuídos missões.
em avulso com antecedência de 24 (vinte e quatro) horas.
Parágrafo único - A vista, havendo mais de um interes- TÍTULO VI
sado, será sempre realizada em comum.
DAS SESSÕES
Art. 82 - Ressalvados os projetos de código e de re-
CAPÍTULO I
forma constitucional, em que a Comissão fixará o tempo
Disposições Gerais
de discussão, vigem nos demais casos os seguintes prazos:
I - 10 (dez) minutos para o Deputado estranho à Co-
missão; Art. 86 - As sessões são:
II - 20 (vinte) minutos para o membro da Comissão e I - preparatórias, as que precedem à instalação de
para o autor da proposição; III - 40 (quarenta) minutos para cada legislatura ou à inauguração dos trabalhos ordinários
o Relator. em cada sessão legislativa;
§ 1º - os integrantes da Comissão terão sempre pre- II - ordinárias, as realizadas no horário regimental para
ferência na discussão sobre os demais Deputados interes- o exercício das atividades específicas do Poder Legislativo e
sados. para o trato das proposições que lhe são submetidas;
§ 2º - a inscrição dos oradores, cuja ordem de priorida- III - extraordinárias, com o mesmo objetivo das or-
de se observará na convocação, valerá exclusivamente para dinárias, realizadas, contudo, fora do horário ou dos dias
cada sessão e poderá ser feita até o seu início. regimentalmente reservados a estas;
§ 3º - a qualquer momento, mediante deliberação de IV - especiais, compreendendo aquelas destinadas às
2/3 (dois terços) dos membros da Comissão, poderá a dis- comemorações ou homenagens, à posse do Governador
cussão ser encerrada. e Vice-Governador, à recepção de autoridades previstas
na Constituição do Estado, convocadas a prestar esclareci-
Art. 83 - Se o parecer sofrer alteração com a qual con- mentos, e ainda ao debate de assuntos de relevante inte-
corde o Relator, conceder-se-lhe-á prazo para a redação resse com a presença e participação de pessoas alheias ao
do vencido. quadro parlamentar estadual;
Parágrafo único - Se o parecer do Relator for rejeitado V - solenes, para instalação e encerramento de cada
pela Comissão, o Presidente designará um dos seus integran- período legislativo, ordinário ou extraordinário, e por de-
tes, fixando-lhe prazo para redação do parecer aprovado. signação do Presidente ou por deliberação da Assembleia,
quando as circunstâncias o exigirem.
Art. 84 - Ressalvadas as exceções regimentais, as Co- Parágrafo único - As sessões ordinárias e extraordinárias
missões terão prazo de 15 (quinze) dias para dar parecer às funcionarão com a presença mínima de 1/3 (um terço) dos
proposições ou emendas. Deputados. As especiais e solenes com qualquer número.
§ 1º - Em segunda discussão o prazo previsto neste
artigo fica reduzido a 8 (oito) dias. Só os projetos que tive- Art. 87 - As sessões ordinárias terão duração de 3 (três)
rem recebido emendas na segunda pauta serão apreciados horas e 30 (trinta) minutos, não podendo tal período ser
pelas Comissões, salvo se estas o requererem para sanar excedido nas extraordinárias, salvo prorrogação, admitidas
qualquer falha. em ambas.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 88 - A Assembleia Legislativa reunir-se-á ordina- Art. 96 - A sessão da Assembleia será encerrada antes
riamente às segundas, terças, quartas e quintas-feiras às de findo o tempo que a ela se destina:
14h30min. I - em caso de tumulto grave;
II - em homenagem a Deputado Estadual que falecer
Art. 89 - Qualquer Deputado poderá, antes do término no exercício do mandato;
da sessão, requerer a sua prorrogação, devendo tal reque- III - quando presente menos de 1/3 (um terço) dos
rimento ser submetido à votação imediata sem discussão seus membros;
nem encaminhamento de votação. IV - por falta de quorum para votação de proposi-
Parágrafo único - O pedido de prorrogação, que será ções, se não houver outra matéria a ser discutida.
escrito, especificará o seu objeto, a ser observado no caso
de aprovação. CAPÍTULO III
Da Ordemdos Trabalhos
Art. 90 - As sessões ordinárias e extraordinárias com-
preende as seguintes partes: Art. 97 - Salvo a presença dos convidados para as ses-
I - Pequeno Expediente; sões especiais e solenes, somente serão admitidos em
II - Grande Expediente; Plenário os funcionários da Assembleia, no desempenho
III - Ordem do Dia. da função.
Parágrafo único - Nas sessões extraordinárias, o Pe- § 1º - O Presidente reservará local apropriado para os re-
queno Expediente é reservado exclusivamente à leitura, presentantes da imprensa credenciados junto à Assembleia.
discussão e votação da ata e à divulgação do resumo das § 2º - Nas sessões públicas, qualquer pessoa terá aces-
correspondências e documentos dirigidos à Assembleia. so às galerias, desde que convenientemente trajadas, não
perturbe a ordem, nem se manifeste sobre os trabalhos.
Art. 91 - A inscrição dos oradores para pronunciamen- § 3º - O Presidente fará retirar do edifício quem infrin-
to em qualquer das fases da sessão far-se-á em livro espe- gir o disposto no parágrafo anterior e em caso de indisci-
cial e prevalecerá enquanto o inscrito não for chamado a plina coletiva, ordenará a desocupação das galerias.
usar da palavra ou dela desistir.
§ 1º - Qualquer orador que esteja inscrito para o Gran- Art. 98 - Ao Deputado não se admite falar sem que
de Expediente, não desejando fazer uso da palavra, poderá lhe tenha sido permitido, sob pena de advertência ou
ceder no todo ou em parte a vez a outro Deputado, inscrito cassação da palavra, em caso de insistência.
ou não, oralmente ou mediante anotação pelo cedente no Parágrafo único - Se o Presidente retirar a palavra de
livro próprio. um orador será desligado o sistema de gravação e de som,
§ 2º - Quando o orador inscrito não responder à cha- deixando a taquigrafia de registrar o pronunciamento.
mada, perderá a vez.
Art. 99 - O Presidente advertirá o orador quando falta-
Art. 92 - A sessão extraordinária poderá ser convo- rem 3 (três) minutos para o término de seu pronunciamento.
cada:
I - pelo Presidente da Assembleia; Art. 100 - Os Deputados, salvo para apartear, falarão
II - mediante requerimento de 1/3 (um terço) dos de pé, e somente por motivo justificado poderão obter
membros da Assembleia; permissão para que se pronunciem sentados.
III - por deliberação do Plenário, a requerimento escrito
de qualquer Deputado. Art. 101 - O Deputado poderá falar:
I - no Pequeno Expediente;
Art. 93 - Sempre que for convocada sessão extraordi- II - no Grande Expediente;
nária, o Presidente comunicá-la-á aos Deputados em ses- III - na Ordem do Dia, para discutir matéria em apre-
são, ou mediante publicação no Diário Oficial Eletrônico do ciação;
Legislativo. IV - para levantar questão de ordem;
V - para apartear;
Art. 94 - As sessões extraordinárias, após o Pequeno VI - para encaminhar votação;
Expediente, serão destinadas exclusivamente à discussão VII - para declaração de voto;
e votação da matéria da Ordem do Dia, salvo se os Líderes VIII - por indicação do Líder.
ou Representantes partidários resolverem, no horário que
lhes é reservado no Grande Expediente, usar da palavra ou CAPÍTULO IV
indicar o orador. DasSessões Públicas

CAPÍTULO II SEÇÃO I
Da Suspensão e do Levantamento das Sessões Do Pequeno Expediente

Art. 95 - A sessão poderá ser suspensa: Art. 102 - Verificada a presença de 1/3 (um terço),
I - por conveniência da ordem; pelo menos, dos Deputados, o Presidente dará início aos
II - para comemorações ou para recepção a personali- trabalhos, com as seguintes palavras: “Invocando a prote-
dade ilustre. ção de Deus, declaro aberta a sessão”.

12
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 103 - Decorridos 15 (quinze) minutos da hora re- SEÇÃO III


gimental, não havendo quorum, o Presidente declarará a Da Ordemdo Dia
impossibilidade de instalação da sessão.
Art. 110 - A matéria da Ordem do Dia deve ser distribuída
Art. 104 - Abertos os trabalhos, o Segundo Secretário aos Deputados com antecedência de 48 (quarenta e oito)
lerá a ata da sessão anterior, que será submetida à discus- horas, em avulsos, nos quais constarão, também, as proposi-
são do Plenário. ções em pauta com a indicação das respectivas ementas.
§ 1º - À discussão da ata, aplicam-se as regras relativas Parágrafo único - Excluem-se da exigência do prazo pre-
às questões de ordem previstas neste Regimento. visto neste artigo as moções, requerimentos e indicações.
§ 2º - Após a votação da ata, o Primeiro Secretário dará
conhecimento em resumo, das correspondências e docu- Art. 111 - Presente a maioria absoluta dos Deputados
mentos dirigidos à Assembleia. dar-se-á início à votação, na seguinte ordem:
I - requerimentos de urgência;
Art. 105 - O Pequeno Expediente terá duração de 45 II - requerimentos de Deputados que exijam delibe-
(quarenta e cinco) minutos. ração imediata;
III - matéria da Ordem do Dia:
Art. 106 - Esgotada a primeira parte com a leitura da a) em tramitação urgente;
ata e do Expediente dos documentos, o tempo restan- b) em tramitação prioritária;
te será destinado ao pronunciamento dos Deputados, c) em tramitação ordinária e especial.
pelo prazo de 5 (cinco) minutos, que se inscrevam em IV - indicações, moções e requerimentos não referi-
livro próprio, segundo a ordem de inscrição diária na Se- dos nas disposições precedentes.
cretaria Geral da Mesa 10 (dez) minutos antes da abertura § 1º - Em cada classe das estabelecidas neste artigo
da sessão. dar-se-á primazia à votação em Redação Final, em segundo
Parágrafo único - A ordem de inscrição só terá validade turno e em primeiro turno quando houver, nesta sequência.
para o mesmo dia, anulando-se as inscrições daqueles que,
§ 2º - Não havendo matéria a ser votada, ou faltando
em função do tempo, não façam seus pronunciamentos.
quorum, o Presidente anunciará o debate das matérias em
discussão na mesma ordem deste artigo.
Art. 107 - Se o Deputado não tiver tempo de concluir
§ 3º - Recompondo-se o quorum para deliberar será
a leitura de seu pronunciamento, poderá encaminhá-lo à
reiniciada a votação, interrompendo-se o orador que esti-
Mesa para a publicação.
ver discutindo, salvo se versar matéria em regime de urgên-
SEÇÃO II cia e não para ser votada proposições da mesma categoria.
Do Grande Expediente
Art. 112 - Terminadas as votações o Presidente anun-
Art. 108 - Esgotado o objeto do Pequeno Expediente ciará a matéria em discussão, concedendo a palavra a quem
ou o tempo que lhe é reservado, passar-se-á ao Grande dela queira fazer uso e dando-se por encerrada quando
Expediente, destinado aos oradores inscritos e às Lide- não houver orador.
ranças Partidárias que poderão usar da palavra ou fazer
indicação de Deputado das suas Bancadas. Art. 113 - É lícito ao Deputado, ao ser anunciada a Or-
§ 1º - O Deputado inscrito usará da palavra por 25 (vin- dem do Dia, requerer preferência para votação ou discus-
te e cinco) minutos. são de determinada proposição.
§ 2º - O horário das Lideranças, que se segue ao pro-
nunciamento previsto no parágrafo anterior, compreende- SEÇÃO IV
-se em 1 (uma) hora 30 (trinta) minutos, período que será Da Pauta
distribuído da seguinte forma:
I - 60 (sessenta) minutos destinados ao grupo dos Par- Art. 114 - Salvo as exceções consignadas neste Regi-
tidos que individualmente abriguem em seus quadros pelo mento, os projetos serão incluídos em pauta durante 10
menos 1/10 (um décimo) dos seus Deputados; (dez) dias úteis, para conhecimento dos Deputados e rece-
II - 30 (trinta) minutos reservados ao conjunto dos Par- bimento de emendas.
tidos que não preencham o requisito numérico do inciso Parágrafo único - Não serão admitidas emendas fora
anterior, obedecida a divisão estabelecida no inciso II do do período da pauta, salvo se resultarem de parecer de Co-
parágrafo único do artigo 33. missão.
§ 3º - Dentro de cada categoria definida nos incisos I e
II do parágrafo antecedente haverá divisão, com igualdade Art. 115 - Finda a pauta serão as emendas encaminha-
de tempo para cada Partido. das às Comissões.
§ 4º - O Expediente tem duração improrrogável de 2
(duas) horas. Art. 116 - Não havendo emendas o Presidente da As-
sembleia comunicará o fato à Comissão, contando-se daí o
Art. 109 - Findo o grande Expediente, ou não havendo prazo para parecer.
orador será iniciada a Ordem do Dia.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

TÍTULO VII Art. 122 - Finda a legislatura, serão arquivadas as


DAS PROPOSIÇÕES proposições em curso, salvo as:
I - oferecidas pelos Poderes Executivo e Judiciário, pelo
CAPÍTULO I Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunais de Con-
Disposições Gerais tas, pelos cidadãos e Câmaras de Vereadores, na forma da
Constituição do Estado, e por Parlamentar, se reeleito;
Art. 117 - Proposição é toda matéria submetida à II - com parecer favorável de todas as Comissões; III - já
deliberação da Assembleia, no âmbito da sua função aprovadas em primeira discussão.
legislativa e fiscalizadora. Parágrafo único - As proposições referidas nos incisos
II e III deste artigo prosseguirão em tramitação na situação
Art. 118 - Consideram-se proposições: em que se encontravam quando finda a legislatura ante-
I - propostas de emenda constitucional; rior, enquanto as demais terão reaberta a pauta para apre-
II - projetos de lei; sentação de emendas imediatamente após a instalação das
III - projetos de decreto legislativo;
comissões, observado o seguinte:
IV - projetos de resolução;
I - uma vez apresentada emenda, a proposição será
V - emendas;
encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça, inician-
VI - requerimentos;
VII - moções; do-se novamente a sua tramitação;
VIII - indicações. II - não havendo emenda, a proposição prosseguirá
§ 1º - As proposições serão recebidas mediante afixa- sua tramitação no estágio em que se encontrava quando
ção de carimbo eletrônico de protocolo, contendo data e finda a legislatura anterior.
horário, obedecendo à ordem cronológica de recebimento,
para efeito de numeração. CAPÍTULO II
§ 2º - Os projetos e emendas, logo que recebidos, se- Dos Projetos
rão publicados. As demais proposições, salvo deliberação
em contrário da Mesa, serão publicadas após o parecer, Art. 123 - A Assembleia exerce a sua função legislativa
conjuntamente com este. através de projetos de:
I - emendas à constituição;
Art. 119 - Considera-se autor da proposição o seu pri- II - leis complementares;
meiro signatário, exceto a coautoria expressamente men- III - leis ordinárias;
cionada. IV - decretos legislativos;
§ 1º - São de simples apoiamento as assinaturas que V - resoluções.
se seguirem às dos autores, salvo quando se tratar de pro-
posição para a qual a Constituição ou o Regimento exijam Art. 124 - Emenda é a alteração no texto constitucional
determinado número delas. de determinadas disposições.
§ 2º - Ainda quando a iniciativa de uma proposição
requeira número mínimo, será preservada a identidade do Art. 125 - Projetos de lei destinam-se a regular ma-
autor. térias de competência da Assembleia, exercitada com a
§ 3º - As assinaturas, mesmo de simples apoiamento, colaboração do Governador, através de sanção.
não poderão ser retiradas após a publicação.
Art. 126 - Projetos de decreto legislativo são propo-
Art. 120 - Até o anúncio da votação, poderá ser reque-
sições destinadas a regular matérias da exclusiva alçada
rida a retirada de proposição:
do Poder Legislativo, cujos limites transcendem os das
I - pelo Governador do Estado para os projetos de sua
autoria; Resoluções.
II - pelos Deputados signatários de proposta de emen- Parágrafo único - Dentre outras matérias, serão objeto
da constitucional; de decreto legislativo as deliberações da Assembleia que:
III - pela maioria dos membros de Comissão para as I - aprovem ou autorizem convenções e acordos com a
proposições de sua autoria; União, outros Estados ou Municípios;
IV - pelo Deputado autor do projeto. II - julguem as contas do Governador, relativas ao exer-
§ 1º - A iniciativa prevista no inciso I está sujeita à cício anterior, em cada sessão legislativa;
aquiescência do Líder do Governo. III - declarem a procedência de acusação, impedimento
§ 2º - Nos demais casos previstos neste artigo o pedi- e perda de cargo de Governador, Vice-Governador e de-
do dependerá de aprovação do Plenário, desde que haja mais autoridades;
parecer favorável de alguma Comissão à proposição que IV - fixem os subsídios do Governador e Vice-Gover-
se pretende retirar. nador;
V - deliberem sobre intervenção nos municípios.
Art. 121 - Sempre que ultrapassados os prazos destina-
dos a cada etapa de uma proposição, poderá o interessado Art. 127 - Os projetos de resolução tratam de maté-
reclamar ao Presidente da Assembleia, que adotará as pro- ria política ou administrativa em que caiba pronuncia-
vidências adequadas à retomada do andamento normal. mento da Assembleia, tais como:

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I - perda de mandato de Deputado; XV - criação de Comissão de Inquérito subscrita por


II - concessão de licença; 1/3 (um terço) dos Deputados;
III - concessão de títulos honoríficos; XVI - desarquivamento de proposição.
IV - matéria regimental; Parágrafo único - Os requerimentos mencionados nos
V - assunto de sua economia interna que se exija for- incisos XII e seguintes serão escritos.
malidade superior ao ato administrativo.
Art. 133 - Estão sujeitos à deliberação do Plenário os
Art. 128 - Os projetos deverão ser acompanhados de requerimentos de:
exposição de motivos, quando de procedência governa- I - retirada de proposição após emissão de parecer;
mental e de justificativa quando de iniciativa parlamentar. II - preferência;
III - prioridade;
Art. 129 - Na elaboração dos projetos, dentre outros, IV - urgência;
serão observados os seguintes princípios: V - destaque para votação;
VI - encerramento de discussão em regime de urgência;
I - redação clara, precisa e em ordem lógica, dividido
VII - prorrogação de sessão;
o texto em artigos, trazendo logo abaixo do número de
VIII - convocação de Secretários de Estado, do Procu-
ordem a ementa do seu objeto; rador Geral do Estado, da Justiça e de dirigentes da Admi-
II - nenhum dispositivo poderá regular mais de um as- nistração centralizada e descentralizada;
sunto; IX - informação às autoridades estaduais;
III - os artigos serão numerados em ordinal até o nú- X - providências a órgãos da administração pública;
mero 9 (nove) e em cardinal daí por diante, desdobrando- XI - licença de Deputado para tratamento de interesse
-se em parágrafos, incisos ou alíneas. particular;
XII - Indicação para preenchimento de vaga de Conse-
CAPÍTULO III lheiro de Tribunal de Contas.
Dos Requerimentos Parágrafo único - Os requerimentos enumerados nos
incisos VII e seguintes serão escritos, enquanto os demais
Art. 130 - Requerimento é toda solicitação encaminha- poderão ser formulados oralmente, sendo que os constan-
da por Deputado ou Comissão à deliberação do Plenário, tes dos incisos VIII a XII comportam discussão, não admiti-
da Mesa ou do Presidente. das nos demais.
Parágrafo único - Quanto ao aspecto formal, os reque-
rimentos podem ser: SEÇÃO II
I - orais; Normas Especiais para Requerimento e Providên-
II - escritos. cias à Administração Pública

Art. 131 - Quando o Regimento exigir a forma escrita, Art. 134 - O requerimento de informações só é admis-
não a substitui a verbal, sendo, entretanto, legítima a hi- sível em relação à matéria em trâmite na Assembleia ou
pótese contrária. sujeita a sua fiscalização.

SEÇÃO I Art. 135 - Encaminhado o requerimento pela Presidên-


Dos Requerimentos Sujeitos a Despacho do cia, e decorridos 45 (quarenta e cinco) dias sem que te-
nha sido atendido, mediante solicitação do interessado,
Presidente
será reiterado o expediente.
Art. 132 - Será despachado pelo Presidente o reque- Art. 136 - A Assembleia, em circunstâncias especiais,
rimento que solicite: solicitará informações em caráter confidencial, observa-
I - a palavra ou sua desistência; das as disposições da legislação federal.
II - permissão para falar sentado;
III - posse de Deputado; Art. 137 - O pedido de providências a órgãos da admi-
IV - retificação de ata; nistração pública deve mencionar com precisão as medi-
V - leitura de matéria sujeita ao conhecimento do Ple- das requeridas e os fundamentos da pretensão.
nário;
VI - inserção de declaração de voto em ata; Art. 138 - Se as providências pleiteadas se inserirem
VII - observância de disposição regimental; na órbita do dever legal da Administração, a Assembleia
VIII - retirada de requerimento formulado pelo autor; poderá também determinar que se prestem informações
IX - retirada pelo autor de proposição sem parecer de sobre o cumprimento do requerido.
Comissão;
X - verificação de quorum para discussão ou votação; CAPÍTULO IV
XI - informação sobre a ordem dos trabalhos ou sobre Das Indicações
a Ordem do Dia;
XII - convocação de sessões extraordinárias; Art. 139 - Indicação é a proposição em que a Assem-
XIII - anexação de matérias idênticas ou semelhantes; bleia sugere a outro Poder ou a outra entidade pública a
XIV - preenchimento de lugar em Comissão; execução de medidas fora do alcance do Poder Legislativo.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 140 - A indicação, quando propuser medidas de Art. 148 - Haverá discussão única para:
natureza legislativa na área federal ou municipal, poderá I - projeto de iniciativa governamental com prazo fixa-
fazer-se acompanhar de anteprojeto. do de deliberação ou proposição com urgência regimental
aprovada;
CAPÍTULO V II - projeto que crie cargo na Secretaria da Assembleia
Das Moções e dos Tribunais;
III - lei delegada quando submetida à apreciação da
Art. 141 - Moção é a proposição em que o Deputado Assembleia;
sugere a manifestação da Assembleia sobre determina- IV - projeto de decreto legislativo;
do evento. V - projeto de resolução;
§ 1º - As moções de louvor, aplauso, regozijo, congra- VI - projeto vetado;
tulações, protesto ou repúdio, somente serão admitidas VII - deliberação sobre concessão de crédito;
relativamente a ato público ou acontecimento de alta sig-
VIII - deliberação sobre intervenção nos municípios;
nificação nacional ou estadual.
IX - indicações;
§ 2º - O voto de pesar só é admitido nos casos de luto
X - moções;
oficial ou relativamente a pessoas que tenham exercido al-
tos cargos públicos ou tenham adquirido excepcional rele- XI - requerimentos sujeitos à discussão;
vo na comunidade. XII - pareceres sujeitos à discussão independente.
Parágrafo único - Ressalvadas as exceções deste artigo, são
CAPÍTULO VI 2 (duas) as discussões das proposições, afora a redação final.
Das Emendas
Art. 149 - Publicados os pareceres no Diário Oficial Ele-
Art. 142 - Emenda é a proposição apresentada como trônico do Legislativo, fará incluir a Mesa a matéria na
acessória de outra. Ordem do Dia.

Art. 143 - As emendas são substitutivas, supressivas, Art. 150 - Nos projetos sujeitos a 2 (duas) discussões,
aditivas ou modificativas. encerrada a primeira, reabre-se a pauta por 5 (cinco)
§ 1º - Emenda substitutiva é a proposição apresen- dias, retornando a proposição às Comissões se houver re-
tada como sucedânea de outra e que tomará o nome de cebido emendas. Caso contrário, será a matéria incluída na
“substitutivo”, quando a alterar substancialmente em seu Ordem do Dia para última discussão.
conjunto.
§ 2º - Emenda supressiva é a proposição que manda Art. 151 - O orador inscrito para discutir qualquer pro-
eliminar qualquer parte de outra. posição tem preferência sobre os demais.
§ 3º - Emenda aditiva é aquela que sem alterar a pro-
posta original, acresce-lhe novos termos. SEÇÃO II
§ 4º - Modificativa é a emenda que altera, em parte, o Dos Apartes
conteúdo da proposição original.
Art. 152 - Aparte é a interrupção do orador, por tem-
Art. 144 - Denomina-se subemenda a emenda apre- po breve, para indagação ou esclarecimento relativo à
sentada em Comissão à outra Emenda que pode, por sua
sua exposição.
vez, ser substitutiva, aditiva ou modificativa.
§ 1º - O aparte dependerá de permissão do orador.
Art. 145 - Na pauta que precede à segunda discussão § 2º - Se o orador recusar o aparte a um Deputado não
só poderão ser apresentadas emendas subscritas por 1/3 mais poderá concedê-lo a qualquer outro.
(um terço) dos Deputados.
Art. 153 - Não será admitido o aparte:
TÍTULO VIII I - ao Presidente da sessão;
DAS DELIBERAÇÕES II - em encaminhamento de votação e declaração de
voto;
CAPÍTULO I III - no Pequeno Expediente.
Da Discussão
SEÇÃO III
SEÇÃO I Dos Prazos
Disposições Preliminares
Art. 154 - O Deputado, ressalvadas as prerrogativas
Art. 146 - Discussão é a fase dos trabalhos destinada dos Líderes, usará da palavra:
ao debate em Plenário. I - por 20 (vinte) minutos, uma só vez em cada discus-
são;
Art. 147 - A discussão será feita sobre o conjunto da II - 2 (duas) vezes pelo tempo total de 40 (quarenta)
proposição, devendo o Deputado ater-se à matéria em de- minutos, se autor ou Relator da matéria;
bate, sob pena de perda do direito à palavra, após adverti- III - por 5 (cinco) minutos:
do pelo Presidente. a) para levantar questão de ordem;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

b) para encaminhar votação; SEÇÃO II


c) em redação final; Do Quorum Especial
d) em declaração de voto.
Art. 163 - É exigido quorum especial para as delibe-
SEÇÃO IV rações da Assembleia na seguinte forma:
Do Adiamentoda Discussão I - será aprovado pelo voto de 3/5 (três quintos) dos
membros da Assembleia o projeto de emenda constitucional;
Art. 155 - O Deputado poderá propor o adiamento da II - será aprovado pelo voto de 2/3 (dois terços) dos
discussão de qualquer proposição. membros da Assembleia:
a) condenação do Governador em julgamento por cri-
Art. 156 - O pedido de adiamento atenderá os seguin- me de responsabilidade e deliberação que julgue proce-
tes requisitos: dente acusação pela prática de crime comum;
I - formulação antes de iniciada a discussão; b) deliberação sobre suspensão das imunidades dos
II - não se tratar de proposição em regime de urgência, Deputados durante a vigência do estado de sítio, nos casos
ou com prazo de deliberação fixado pelo Governador. de atos praticados fora do recinto que sejam incompatíveis
§ 1º - Não será deferido o adiamento por prazo supe- com a execução da medida;
rior a 3 (três) sessões ordinárias. III - exige-se, para aprovação, o voto da maioria absoluta:
§ 2º - Cada proposição pode ter adiada a sua discussão a) em projeto de lei complementar;
uma única vez. b) em pronunciamento sobre indicações pelo Poder
Executivo para nomeação de Desembargador do Tribunal
SEÇÃO V de Justiça, Juiz do Tribunal de Alçada, 1/3 (um terço) dos
Do Encerramentoda Discussão integrantes de cada Tribunal de Contas e do Procurador
Geral do Estado;
Art. 157 - O encerramento da discussão dar-se-á: c) para indicação de 2/3 (dois terços) dos integrantes
I - por falta de orador; dos Tribunais de Contas;
II - pelo decurso dos prazos regimentais; d) para deliberação sobre a destituição do Procurador
III - quando se tratar de matéria em regime de urgên- Geral de Justiça antes do término de seu mandato;
cia após 3 (três) sessões, se assim o deliberar o Plenário. e) para deliberação sobre matéria vetada;
f) para deliberação acerca de apresentação de novo
CAPÍTULO II projeto sobre matéria constante de projeto de lei já rejeita-
Das Votações do na mesma sessão legislativa;
g) nas decisões sobre perda de mandato de Deputado
SEÇÃO I nas hipóteses dos incisos I, II, III, e VII do art. 9º deste Re-
Disposições Preliminares gimento;
h) na decisão sobre prisão e formação de culpa de De-
Art. 158 - As deliberações, salvo disposição em con- putado, em caso de flagrante de crime inafiançável;
trário, serão tomadas por maioria simples de voto, com i) para autorização de realização de operações de cré-
a presença da maioria absoluta da Assembleia. dito excedentes ao montante das despesas de capital, me-
Parágrafo único - A votação incidirá sempre sobre a diante créditos suplementares ou especiais com finalidade
proposição em debate, devendo a Presidência anunciar, prevista;
previamente, a conclusão do parecer emitido. j) para revisão constitucional, na forma prevista no art.
65 das Disposições Transitórias da Constituição Estadual.
Art. 159 - O ato de votação se inicia com a declaração
do Presidente neste sentido e só se interrompe por falta SEÇÃO III
de número. Do Processo de Votação

Art. 160 - O Deputado presente à sessão pode se Art. 164 - São 3 (três) os processos de votação:
abster de votar. I - simbólico;
II - nominal;
Art. 161 - Verificada a abstenção, a presença do Depu- III - secreto.
tado será, contudo, considerada para efeito de quorum.
Art. 165 - Pelo processo simbólico o Presidente, ao anun-
Art. 162 - É licito ao Deputado encaminhar à Mesa, até o ciar a votação, convidará os Deputados favoráveis à propo-
final da sessão, declaração escrita de voto para publicação. sição a permanecerem sentados e proclamará o resultado.
§ 1º - Se algum Deputado tiver dúvida quanto ao re-
Art. 162-A - A dispensa de exigências regimentais para sultado proclamado pedirá imediatamente a verificação de
que determinada proposição seja submetida de imediato à votação, que será deferida, não podendo haver ingresso de
votação dependerá de acordo firmado entre as Lideranças Deputado em Plenário, nesta fase.
da Maioria e da Minoria Parlamentar e das Bancadas e Blocos § 2º - O Presidente solicitará aos Deputados que ocu-
Parlamentares não integrantes da Maioria ou da Minoria. pem seus lugares e procederá nova contagem de votos.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 166 - Adotar-se-á a votação nominal, chamados CAPÍTULO III


os Deputados pelo Primeiro Secretário, que responderão DaRedação Final
sim ou não segundo sejam favoráveis ou contrários à pro-
posição. Art. 171 - Ultimada a votação será o projeto encami-
§ 1º - Concluída a chamada, proceder-se-á a verifica- nhado à Comissão de Constituição e Justiça para elaborar
ção e anotações dos Deputados ausentes. a redação final.
§ 2º - Enquanto não for iniciada a apuração, qualquer Parágrafo único - Os projetos aprovados em sua for-
Deputado poderá consignar seu voto. ma originária ou de substitutivo não terão redações finais,
sendo, de logo, encaminhados para elaboração dos Autó-
Art. 167 - Adotar-se-á a votação nominal a requeri- grafos.
mento de Deputado, com a aprovação da Assembleia.
Art. 172 - Só será alterada a redação para corrigir er-
Art. 168 - A votação será sempre secreta: ros de linguagem, de técnica legislativa ou de notória
I - nas eleições da Mesa da Assembleia; contradição.
II - no julgamento das contas do Governador;
III - no pronunciamento sobre nomeações sujeitas à TÍTULO IX
deliberação do Legislativo: INCIDENTES ESPECIAIS DE TRAMITAÇÃO
a) na apreciação de indicações pelo Governador para
nomeação de Desembargador do Tribunal de Justiça, Juiz CAPÍTULO I
do Tribunal de Alçada, 1/3 (um terço) dos integrantes de Da Urgência
cada Tribunal de Contas e do Procurador Geral do Estado;
b) para indicação, pela Assembleia Legislativa, de 2/3 Art. 173 - Urgência é a dispensa de exigências regi-
(dois terços) dos integrantes de cada Tribunal de Contas; mentais para que determinada proposição seja, de logo,
c) para apreciação de indicação de integrantes de ór- considerada até o seu termo.
gãos colegiados; Parágrafo único - O regime de urgência não dispensa,
IV - nas deliberações sobre perda de mandato de De- contudo:
I - número legal;
putado, nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e VII do
II - parecer de Comissão ou de Relator especial.
art. 9º deste Regimento;
V - nas deliberações sobre perda de cargo de Governa-
Art. 174 - O requerimento de urgência será formulado:
dor, de Vice-Governador e Secretários de Estado;
I - pela Mesa;
VI - nas resoluções concessivas de títulos honoríficos;
II - por Líder de Partido;
VII - nas deliberações sobre intervenção em Municí-
III - por 1/3 (um terço) dos Deputados.
pios;
VIII - na apreciação de pedido de intervenção federal; Art. 175 - Aprovado o requerimento de urgência será
IX - na apreciação de projetos que declarem Estância incluída a matéria na Ordem do Dia da sessão imediata,
Hidromineral qualquer município ou parte de seu território; se já houver decorrido o período de pauta, tendo-se tam-
X - na deliberação sobre assuntos de interesse pessoal bém emitido parecer.
dos Deputados; Parágrafo único - Será respeitado em qualquer hipó-
XI - quando o Plenário assim o deliberar, a requerimen- tese o intervalo mínimo de 24 (vinte e quatro) horas entre
to de Deputado ou Comissão; a distribuição do avulso da respectiva Ordem do Dia e a
XII - para decisão sobre prisão e formação de culpa de inclusão da matéria na sessão.
Deputado, em caso de flagrante de crime inafiançável;
XIII - na deliberação sobre a destituição do Procurador Art. 176 - Sem que tenha sido aberta a pauta, serão
Geral de Justiça antes de findar-se o seu mandato; distribuídos os avulsos com todos os Deputados, en-
XIV - na apreciação de veto. caminhado-se a proposição imediatamente às Comissões
competentes.
SEÇÃO IV § 1º - Com a remessa da proposição fica automatica-
Do Encaminhamento da Votação mente aberta pauta única e especial, por 24 (vinte e quatro)
horas, quando os Deputados poderão oferecer emendas,
Art. 169 - No encaminhamento da votação, pelo prazo dirigindo-as diretamente às Comissões.
de 10 (dez) minutos, será assegurado ao autor da propo- § 2º - Esgotado o prazo previsto no parágrafo anterior,
sição, bem como a cada Bancada, por seu Líder, ou na sua as Comissões, nas 24 (vinte e quatro) horas subsequentes,
falta pelo Vice-Líder, falar apenas uma vez sobre a orien- manifestar-se-ão em parecer, inclusive sobre as emendas
tação a se seguir na votação, reservando-se aos demais propostas.
Deputados o tempo de 5 (cinco) minutos.
Art. 177 - Expirados os prazos previstos no artigo ante-
Art. 170 - O encaminhamento terá lugar logo após rior, o Presidente incluirá a matéria na Ordem do Dia, ob-
anunciada a votação e será feito em relação ao todo do servado o prazo previsto no parágrafo único do art. 175,
projeto em uma única oportunidade. para realização da sessão.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 178 - Se não houver parecer, o Presidente da As- § 1º - As proposições têm preferência para discussão e
sembleia designará Relator para que o emita oralmente em votação na forma da ordem estabelecida no art. 111 deste
plenário, manifestando-se, de imediato, a Comissão. Regimento.
§ 1º - O Relator designado poderá requerer prazo de § 2º - O substitutivo de Comissão terá preferência na
até 24 (vinte e quatro) horas para exame da matéria, que votação ao oferecido por Deputado.
lhe será deferido.
§ 2º - Se a Comissão, após o parecer do Relator, não Art. 187 - As emendas são apreciadas na seguinte or-
puder deliberar, por falta de quorum, ou qualquer outro dem:
motivo, ainda assim a proposição será, de logo, submetida I - supressivas;
ao Plenário. II - substitutivas;
III - modificativas;
Art. 179 - As proposições urgentes não comportam IV - aditivas.
adiamento de discussão nem de votação.
Art. 188 - Por deliberação do Plenário e a requerimento
Art. 180 - Não se admitirá a urgência:
de Deputado, poder-se-á alterar a ordem preferencial de
I - para proposição que conceda favorecimento a pes-
soa física ou jurídica de direito privado; cada categoria de proposição.
II - para tramitação de matéria relativa à perda de mandato;
III - para apreciação de veto, de proposta de emenda CAPÍTULO IV
constitucional, de projeto de lei orçamentária, de projeto Do Destaque
de código e nas matérias incluídas nas atividades de julga-
mento e fiscalização da Assembleia. Art. 189 - Destaque é o ato de separar parte do texto
Parágrafo único - Não serão apreciados em regime de de uma proposição em votação para apreciação isolada
urgência mais que 1/3 (um terço) dos projetos de lei de pelo Plenário.
autoria governamental, encaminhados à Assembleia, na
mesma sessão legislativa. Art. 190 - A requerimento de Deputado, o Plenário po-
derá conceder destaque de dispositivo que esteja englo-
CAPÍTULO II bado com outro.
Da Prioridade § 1º - O pedido do destaque poderá ser feito para que
a votação da proposição se realize por títulos, capítulos,
Art. 181 - Prioridade é a primazia que se concede seções, grupos de artigos ou de palavras.
a uma determinada proposição, a fim de assegurar-lhe § 2º - Somente se admite o pedido de destaque no
rápida tramitação. curso da discussão.

Art. 182 - As proposições em regime de prioridade pre- Art. 191 - O pedido de destaque de emenda deve ser
ferem àquelas em tramitação ordinária e especial, colocan- feito antes de anunciada a votação, não podendo ser rejei-
do-se na Ordem do Dia após as urgentes. tado, quando subscrito por 1/3 (um terço) dos Deputados,
salvo por intempestividade.
Art. 183 - O reconhecimento de prioridade depende
do requerimento de qualquer Deputado e aprovação do CAPÍTULO V
Plenário.
Da Prejudicialidade
Art. 184 - Salvo no que tange às discussões, cujos pra-
zos são inalterados, ficam reduzidos à metade os períodos Art. 192 - Consideram-se prejudicadas na mesma ses-
de pauta, de emissão de parecer e todos os demais ligados são legislativa:
à tramitação. I - as proposições anexas, quando aprovada ou rejei-
tada a principal;
Art. 185 - Esgotado o prazo para parecer, o Presidente II - as proposições e emendas com substitutivo apro-
incluirá a proposição na Ordem do Dia, cabendo ao Presi- vado;
dente de Comissão, de imediato, a designação de Relatores III - as proposições de conteúdo idêntico ou oposto
especiais para que opinem oralmente em plenário. a de outras aprovadas ou rejeitadas.
Parágrafo único - Não havendo indicação pelos Presi-
dentes das Comissões, caberá ao Presidente da Assembleia TÍTULO X
a designação de Relator Geral. DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL

CAPÍTULO III CAPÍTULO I


Da Preferência Do Veto

Art. 186 - Preferência consiste na antecipação da Art. 193 - Recebido o projeto vetado, conferirá a Se-
discussão ou votação de uma proposição sobre outra cretaria da Mesa a observância do prazo constitucional
ou outras, na Ordem do Dia. para a sanção.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - Se houver sido tal prazo ultrapassado, não co- Art. 199 - Esgotados os prazos, será a proposta incluída
nhecerá o Presidente do veto, cumprindo-lhe promulgar na Ordem do Dia.
a lei.
§ 2º - Exercitado o veto, no prazo próprio, determinará Art. 200 - A proposta será discutida e votada em 2
a Presidência sua imediata publicação juntamente com as (dois) turnos, considerando- se aprovada se obtiver, em
razões expostas, despachando a proposição à Comissão de ambos, 3/5 (três quintos) dos votos dos Deputados.
Constituição e Justiça.
§ 3º - É de 8 (oito) dias, improrrogável, o prazo para Art. 201 - Quando as alterações apresentadas forem
que a Comissão de Constituição e Justiça emita parecer.
de tal amplitude que se possa considerar a proposta como
§ 4º - Decorrido o prazo, será a proposição encaminha-
reforma constitucional, a Assembleia designará Comissão
da à Mesa.
§ 5º - Lido o parecer, se houver, ou noticiado no ex- Especial para sua apreciação.
pediente da sessão o recebimento da matéria, será provi-
denciada a sua publicação e inclusão na Ordem do Dia de Art. 202 - Na hipótese do artigo anterior, o Presidente
sessão extraordinária, para isso especialmente convocada. encaminhará a proposta à Comissão criada, que dentro
§ 6º - O projeto vetado e o parecer da Comissão de de 30 (trinta) dias a examinará, oferecendo as emendas
Constituição e Justiça serão submetidos a uma única dis- que julgar conveniente.
cussão, podendo falar, por 20 (vinte) minutos cada, o autor
da matéria vetada, o Relator do veto e os Líderes Partidá- Art. 203 - Findo o prazo de exame da Comissão Espe-
rios, após o que seguir-se-á a votação. cial abrir-se-á pauta para emenda, observando-se a partir
§ 7º - A votação incidirá sobre o projeto ou parte veta- daí a tramitação ordinária.
da, usando-se a expressão sim para aprovação e a expres-
são não para rejeição. CAPÍTULO III
§ 8º - Quando o veto for parcial será votada como pro- Do Orçamento
posição autônoma cada uma das disposições por ele atin-
gidas, salvo quando guardem estreita correlação entre si. Art. 204 - Os projetos relativos ao orçamento serão
encaminhados à Assembleia obedecendo aos seguintes
Art. 194 - O projeto vetado será considerado apro-
prazos:
vado quando obtiver o voto da maioria absoluta dos
membros da Assembleia Legislativa. I - o de diretrizes orçamentárias, até 15 de maio,
para o exercício subsequente;
Art. 195 - Se o veto não for apreciado no prazo de 20 II - o do orçamento anual, até 30 de setembro, para
(vinte) dias, a contar do seu recebimento, será incluído o exercício subsequente.
na Ordem do Dia da sessão imediata, sobrestadas as de- § 1º - O Presidente, ao receber o projeto, dele dará
mais proposições até votação final. conhecimento ao Plenário, determinando a sua publicação.
§ 2º - O projeto permanecerá em pauta durante 15
CAPÍTULO II (quinze) dias, podendo as emendas serem oferecidas no
DasEmendas Constitucionais âmbito da Comissão de Finanças.
§ 3º - Esgotado o período de pauta, dentro de 15
Art. 196 - A proposta de emenda à Constituição pode- (quinze) dias manifestar-se-ão as Comissões competentes,
rá ser apresentada: incluindo-se, a seguir, a matéria na Ordem do Dia.
I - pela terça parte dos membros da Assembleia;
II - pelo Governador do Estado; Art. 205 - Respeitadas as disposições ordinárias rela-
III - por mais da metade das Câmaras Municipais, tivas à discussão, é permitido aos Líderes dos Partidos o
manifestando-se cada uma delas pela maioria de seus encaminhamento de votação por 15 (quinze) minutos.
membros;
IV - pelos cidadãos, subscrita por, no mínimo, um por
cento do eleitorado do Estado. CAPÍTULO IV
Dos Projetos deCódigos
Art. 197 - A proposta, lida no Expediente, aguardará
em pauta o recebimento de emendas, após o que será Art. 206 - Recebido o projeto de código, a Mesa envia-
encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça. rá exemplares às entidades interessadas e aos órgãos
§ 1º - Para apresentação de emendas à proposta origi- técnicos que possam oferecer sugestões, fixando prazo
nal exigir-se-á, também, a iniciativa de 1/3 (um terço) dos de 60 (sessenta) dias.
Deputados. § 1º - Esgotado o prazo a Assembleia designará uma
§ 2º - Não se admitirão emendas que não guardem Comissão para opinar em 30 (trinta) dias sobre o projeto e
vinculação direta e imediata com o texto original. as sugestões enviadas.
§ 2º - Poderá a Comissão convidar juristas e especialis-
Art. 198 - Se a Comissão de Constituição e Justiça não tas para participarem de suas reuniões.
emitir parecer no prazo regimental, o Presidente da Assem- § 3º - Findo o prazo, a Comissão apresentará parecer
bleia designará Relator Especial, com o prazo de 5 (cinco) que, com o projeto, será publicado, abrindo-se pauta por
dias, para esse fim. 15 (quinze) dias.

20
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 4º - Encerrada a pauta retornará o projeto à Comis- TÍTULO XI


são, que dentro de 15 (quinze) dias, se manifestará sobre DAS ATIVIDADES DE JULGAMENTO E FISCALIZA-
as Emendas, após o que será a matéria incluída na Ordem ÇÃO DA ASSEMBLEIA
do Dia.
§ 5º - Salvo a deliberação em contrário do Plenário, CAPÍTULO I
o projeto permanecerá em discussão por 10 (dez) sessões Da Tomadade Contas
ordinárias, no mínimo.
Art. 210 - Encaminhado à Assembleia o processo de
prestação de contas do Governador, o Presidente, inde-
Art. 207 - Ressalvadas as presentes disposições, aplica-
pendentemente de leitura, mandará publicá-lo com os
-se, no mais, o procedimento ordinário.
anexos, inclusive o parecer do Tribunal de Contas.
CAPÍTULO V Art. 211 - A partir da publicação, o processo permane-
Dos Projetos Relativos a Criação de Municípios cerá por 10 (dez) dias, na Secretaria da Mesa, à disposição
dos Deputados, que poderão solicitar, neste prazo, infor-
Art. 208 - O processo de criação de município inicia- mações ao Executivo e ao Tribunal de Contas.
-se mediante requerimento de Deputado, instruído com
representação, subscrita por, no mínimo, dez por cento Art. 212 - Os pedidos de informação serão encaminha-
dos eleitores residentes e domiciliados nas áreas inte- dos pela Presidência, aguardando-se o seu atendimento
ressadas, com as respectivas firmas reconhecidas. por 15 (quinze) dias.
§ 1º - O requerimento previsto no caput, acompanha-
do da representação, mencionará os limites do município Art. 213 - Findo o prazo previsto no artigo anterior, o
que se pretende criar, a sua sede e o nome proposto que processo será remetido à Comissão de Finanças, que, em
deverá coincidir com o desta. 15 (quinze) dias, emitirá parecer, concluindo por projeto de
§ 2º - O requerimento com a representação, depois de decreto legislativo.
lidos no Expediente, serão publicados e encaminhados à
Comissão Especial criada para esse fim. Art. 214 - O projeto de decreto legislativo será ime-
§ 3º - A Comissão Especial solicitará aos órgãos pró- diatamente publicado e, a partir da publicação entrará em
pauta para recebimento de emendas.
prios informações sobre o preenchimento dos requisitos
exigidos em lei para criação de municípios.
Art. 215 - Emitido o parecer, no prazo de 10 (dez) dias,
§ 4º - Com as informações será designado Relator, que, sobre as emendas, o projeto será incluído na Ordem do Dia.
no prazo de 10 (dez) dias, apresentará parecer sobre o
atendimento ou não das condições legais. Art. 216 - Se a Assembleia não aprovar, no todo ou
§ 5º- Se a Comissão entender que a proposta atende às em parte, as contas do Governador, após formalizada a
exigências legais elaborará projeto de decreto legislativo, deliberação, dará ciência à Comissão de Finanças para as
propondo a realização de plebiscito. Caso contrário, deter- providências cabíveis.
minará o arquivamento da proposição.
§ 6º - Poderá o Deputado interessado recorrer ao Ple- Art. 217 - Se as contas do Governador não forem pres-
nário da decisão de arquivamento. tadas dentro do prazo, a Assembleia constituirá Comissão
§ 7º - O projeto de decreto legislativo receberá parecer Especial para tomá-las.
da Comissão de Constituição e Justiça, no prazo de 10 (dez)
dias, indo em seguida a Plenário. CAPÍTULO II
§ 8º - Se a Assembleia determinar a realização de ple- Das Representações do Tribunal de Contas
biscito, o seu Presidente solicitará tal providência ao Tribu-
nal Regional Eleitoral. Art. 218 - Sempre que a Assembleia receber represen-
§ 9º - Realizado o plebiscito, se favorável o resultado, tação do Tribunal de Contas relativas a irregularidade de
despesa na Administração centralizada ou descentralizada,
a Comissão Especial apresentará projeto de lei, no sentido
o Presidente encaminhará o expediente à Comissão com-
da criação do município.
petente.
§ 10 - Apresentado o projeto de lei, tomará este o cur-
§ 1º - A Comissão, no prazo de 20 (vinte) dias, efetuará
so ordinário. as diligências que julgar cabíveis, solicitando, se necessário,
através da Mesa, informações dos órgãos públicos.
Art. 209 - Não serão admitidas emendas nos projetos § 2º - Após as providências mencionadas no parágrafo
de lei de criação de Municípios: anterior, será apresentado parecer ao Plenário, propondo
I - que modifiquem o resultado do plebiscito; as medidas adequadas.
II - que alterem a continuidade territorial.
Art. 219 - Quando se tratar de execução de contrato, o
prazo previsto neste capítulo fica reduzido à metade.

21
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

CAPÍTULO III § 2º - Recebidas as indicações, que deverão estar ins-


Da Convocação e do Comparecimento de Secretá- truídas com os currículos dos indicados, o Presidente da
rios de Estado Assembleia providenciará a publicação dos requerimentos
no Diário Oficial Eletrônico do Legislativo, encaminhando
Art. 220 - Os Secretários de Estado serão convocados a os processos, em seguida, à Comissão de Constituição e
comparecer à Assembleia através de requerimento escrito Justiça.
de qualquer Deputado, aprovado pelo Plenário, ou Comis- § 3º - A Comissão emitirá, no prazo de 10 (dez) dias a
são, aprovado pela maioria absoluta de seus membros. partir do recebimento dos processos, parecer aprovado em
§ 1º - O requerimento indicará as razões e o objeto da votação secreta, a ser submetido ao Plenário.
convocação. § 4º - Havendo mais de uma indicação, serão todas
§ 2º - Determinada a convocação, o Primeiro Secretário apreciadas em separado no âmbito da Comissão, poden-
combinará com a autoridade o dia e hora para o seu com- do ser designada relatoria única ou um Relator para cada
parecimento, que não ocorrerá antes de 10 (dez) dias, nem
processo.
depois de 30 (trinta) dias, salvo motivo de força maior.
§ 5º - Havendo rejeição de algum indicado pela Co-
missão de Constituição e Justiça, caberá recurso da decisão
Art. 221 - O Secretário disporá de 30 (trinta) minutos
para a sua exposição, prorrogáveis por igual prazo. ao Plenário, a ser formulado pelos responsáveis pela indi-
cação, no prazo de 3 (três) dias a partir da publicação da
Art. 222 - Encerrada a exposição do Secretário, poder- decisão.
-lhe-ão ser formuladas indagações em intervenções de até § 6º - O recurso a que se refere o parágrafo anterior
5 (cinco) minutos por Deputado inscrito. será apreciado na sessão imediata à sua publicação, sendo
§ 1º - É facultado ao Deputado inscrever-se, sucessi- provido se obtiver maioria de votos favoráveis, em votação
vamente, para falar, após esgotada a relação dos inscritos, secreta.
quantas vezes desejar. § 7º - Provido o recurso, o processo seguirá os trâmites
§ 2º - O Secretário disporá para resposta, do mesmo normais, enquanto a sua rejeição implicará no arquivamen-
tempo concedido ao Deputado para inquirição. to do processo.
§ 8º - Não caberá recurso se a rejeição ocorrer pelo não
Art. 223 - Quando o Secretário desejar comparecer à cumprimento dos requisitos de nacionalidade, de idade ou
Assembleia ou às suas Comissões para prestar esclareci- de tempo de exercício em função ou atividade profissional
mentos, será designada data para este fim, pelo Presidente que exija os conhecimentos técnicos necessários.
ou órgão respectivo.
Art. 224-B - Recebidas as indicações aprovadas pela
CAPÍTULO IV Comissão, o Presidente da Assembleia providenciará a pu-
Das Indicações Sujeitas à Aprovação da Assembleia blicação, juntamente com as resultantes de recursos provi-
dos pelo Plenário, e incluirá os requerimentos na Ordem do
Art. 224 - No pronunciamento sobre as nomeações e Dia para votação.
indicações do Poder Executivo, sujeitas à aprovação da As-
sembleia, serão adotadas as seguintes normas: Art. 224-C - A votação será secreta, constando todos os
I - recebida a Mensagem do Governador, que deverá nomes dos indicados em uma única cédula.
estar instruída com o currículo do indicado, será lida no § 1º - Será declarado vencedor o indicado que obtiver
Expediente;
maioria absoluta de votos.
II - dentro de 10 (dez) dias a Comissão competente
§ 2º - Se nenhum dos nomes indicados obtiver maioria
emitirá parecer aprovado em votação secreta, a ser subme-
tido ao Plenário. absoluta, será realizada, de imediato, nova votação, con-
Parágrafo único - A Comissão poderá convidar o indi- correndo apenas os dois nomes mais votados, sendo que,
cado a comparecer em reunião para debates e esclareci- na ocorrência de empate entre candidatos para concorrer
mentos. em segundo turno, permanecerá na disputa o mais idoso.
§ 3º - Caso, mais uma vez, nenhum dos concorrentes
CAPÍTULO V venha a obter a maioria absoluta, serão realizadas novas
Das Indicações dos Conselheiros dos Tribunais de votações, até que um destes a obtenha.
Contas pela Assembleia § 4º - Decorridas três votações sem que um dos dois
candidatos obtenha a maioria absoluta, serão declaradas
ART. 224-A - Ocorrida a vaga de Conselheiro de Tri- rejeitadas todas as indicações, abrindo, o Presidente da As-
bunal de Contas e constatada a competência da Assem- sembleia, prazo para novas indicações.
bleia Legislativa para a indicação, esta poderá ser realizada, § 5º - Na hipótese do parágrafo anterior, não poderá
através de requerimento, por 20% (vinte por cento) dos ser indicado para a nova eleição nenhum dos que tenham
Deputados, pela Mesa Diretora ou pelo Presidente da As- participado da eleição precedente.
sembleia.
§ 1º - Cada Deputado poderá subscrever apenas um Art. 224-D - Aprovada a escolha pela Assembleia, o
requerimento, ressalvado o que tenha assinado na condi- Presidente encaminhará por ofício, ao Governador, o nome
ção de membro da Mesa. do indicado para nomeação.

22
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

TÍTULO XII mediante lei de sua iniciativa, as respectivas remunerações,


DISPOSIÇÕES ESPECIAIS observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretri-
zes orçamentárias.
CAPÍTULO I
DasQuestõesde Ordem Art. 231-A - Fica instituído o Diário Oficial Eletrônico do
Legislativo, como meio oficial e veículo para publicação e
Art. 225 - Considera-se questão de ordem toda dú- divulgação dos atos administrativos, das proposições, dos
vida levantada quanto ao Regimento Interno, sua inter- debates, dos pareceres e demais relatórios produzidos no
pretação direta ou relacionada com disposição consti- âmbito das Comissões e do Plenário, das comunicações e
tucional ou legal. demais atos oficiais da Assembleia Legislativa do Estado
da Bahia.
Art. 226 - As questões de ordem incidirão, necessaria- Parágrafo único - A Mesa Diretora regulamentará,
mente, sobre fatos ocorridos no curso da sessão, devendo através de Ato próprio, o Diário Oficial Eletrônico do Le-
ser formuladas com menção expressa do dispositivo, sob gislativo, relacionando ainda, no referido ato, as matérias
pena de não conhecimento. cuja publicação será realizada também na imprensa oficial
impressa.
Art. 227 - Formulada a questão de ordem só se admi-
tirá a manifestação de um outro Deputado, por 5 (cinco) Art. 232 - A Procuradoria Geral é o órgão de consulto-
minutos, que pretenda falar em sentido contrário ao ponto ria e assessoramento jurídico e representação judicial da
de vista suscitante. Assembleia Legislativa, a quem cabe, além de outras atri-
Parágrafo único - Não será admitida nova questão de buições legais, manifestar-se por solicitação da Mesa sobre
ordem, enquanto não solucionada a antecedente. proposições legislativas de elaboração complexa ou trami-
tação especial.
Art. 227-A - A questão de ordem destinada a verifica-
ção de quorum para continuidade de Sessão somente po-
Art. 233 - As interpretações de caráter normativo ado-
derá ser realizada respeitando-se o intervalo mínimo de 30
tadas pela Assembleia serão lançadas em livro próprio.
(trinta) minutos da última solicitação, contados do reinício
da Sessão, salvo se por Acordo de Lideranças.
Art. 234 - Fica assegurado aos Partidos com Represen-
Parágrafo único - Uma vez levantada questão de or-
tação Parlamentar existente até a vigência da presente dis-
dem para verificação de quorum, são fixados os seguintes
posição, independentemente do número de integrantes,
prazos para comparecimento dos Deputados ao Plenário:
pelo menos, um lugar em uma das Comissões.
I – até 15 (quinze) minutos quando a verificação for
§ 1º - As distribuições das Representações beneficiadas
solicitada para continuidade da sessão;
II – até 25 (vinte e cinco minutos) quando a verificação por este artigo far-se-ão de modo a evitar-se, sempre que
de quorum for destinada a votação de proposição; possível, mais de um desses Partidos em cada Comissão.
III – até 15 (quinze) minutos quando houver pedido de § 2º - As Lideranças e Representações definirão as Co-
verificação de quorum para votação no âmbito das comis- missões destinadas aos Partidos contemplados com as dis-
sões, em sessão do Plenário. posições do presente artigo.

Art. 228 - As questões de ordem serão resolvidas pelo Art. 234-A - É vedado ao Deputado o acúmulo de car-
Presidente, com recurso voluntário para o Plenário. gos de Mesa Diretora, Presidência de Comissão ou Coor-
denação de Subcomissão, Liderança e Vice-Liderança de
CAPÍTULO II Bancada ou Bloco Parlamentar.
Da Reforma do Regimento
Art. 235 - Os casos omissos neste Regimento serão re-
Art. 229 - A iniciativa de reforma do Regimento é solvidos pelo Plenário.
deferida à Mesa ou a 1/3 (um terço) dos membros da
Assembleia. Art. 236 - Esta Resolução entrará em vigor na data de
sua publicação, revogadas as disposições em contrário e
Art. 230 - O projeto de resolução quando não for de especialmente as Resoluções n.os 1.128 de 04 de dezem-
autoria da Mesa também será submetido para seu parecer. bro de 1973, 1.139de03 de outubro de 1975, 1.149 de 27
de junho de 1977, 1.158 de 10 de agosto de 1979, 1.159
TÍTULO XIII de 13 de setembro de 1979, 1.160 de 13 de setembro de
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS 1979, 1.170 de 21 de dezembro de 1981 e 1.174 de 16 de
dezembro de 1981.
Art. 231 - Compete privativamente à Assembleia Le-
gislativa criar, transformar ou extinguir cargos, empregos MESA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DA
e funções dos seus serviços, na sua administração direta, BAHIA, 17 DE JANEIRO DE 1985.
autárquica ou fundacional, bem como fixar e modificar,

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I - referência - é a posição estabelecida para o ocupan-


LEI Nº 6.677/1994, DE 26.09.1994 (ESTATUTO te do cargo dentro da respectiva classe, de acordo com o
DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA BAHIA). critério de antiguidade;
II - classe - é a posição hierarquizada de cargos da
mesma denominação dentro da categoria funcional;
III - categoria funcional - é o agrupamento de cargos
LEI Nº 6.677 DE 26 DE SETEMBRO DE 1994 classificados segundo o grau de conhecimentos ou de ha-
bilidades exigidos;
Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Civis IV - grupo ocupacional - é o conjunto de cargos iden-
do Estado da Bahia, das Autarquias e das Fundações Públi- tificados pela similaridade de área de conhecimento ou de
cas Estaduais. atuação, assim como pela natureza dos respectivos trabalhos;
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber Conforme art. 2º, inciso IV da Lei nº 8.889, de 01 de
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se- dezembro de 2003, conceitua-se: “Grupo Ocupacional –
guinte Lei: agrupamento de cargos identificados pela especificidade,
peculiaridade e similaridade da natureza da atividade”.
TÍTULO I
Das Disposições Preliminares V - carreira - é a linha estabelecida para evolução
em cargo de igual nomenclatura e na mesma categoria
Art. 1º - Esta Lei institui o Estatuto dos Servidores Pú- funcional, de acordo com o merecimento e antiguidade
blicos Civis do Estado, de qualquer dos Poderes, suas au- do servidor;
tarquias e fundações públicas. Conforme art. 2º, inciso V da Lei nº 8.889, de 01 de
dezembro de 2003, conceitua-se:: “Carreira – linha esta-
O regime jurídico dos servidores públicos da admi- belecida para evolução em cargo de igual nomenclatura
nistração direta, autárquica e fundacional deixou de ser e nível de escolaridade, de acordo com a aquisição de
obrigatoriamente único de acordo com o art. 39 da Cons- competência”.
tituição Federal, com a redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 04 de junho de 1998 e art. 3º da Emenda VI - estrutura de cargos - é o conjunto de cargos orde-
Constitucional nº 07 de 18 de janeiro de 1999 à Constitui- nados segundo os diversos grupos ocupacionais e catego-
ção Estadual. rias funcionais correspondentes;
VII - lotação - é o número de cargos de categoria fun-
Art. 2º - Servidor público é a pessoa legalmente inves- cional atribuído a cada unidade da administração pública
tida em cargo público. direta, das autarquias e das fundações.

Art. 3º - Cargo público é o conjunto de atribuições e Art. 6º - Quadro é o conjunto de cargos de provimento
responsabilidades cometidas a um servidor, com as ca- permanente e de provimento temporário, integrantes dos
racterísticas essenciais de criação por lei, denominação órgãos dos Poderes do Estado, das autarquias e das funda-
própria, número certo e pagamento pelos cofres públicos, ções públicas.
para provimento em caráter permanente ou temporário.
Art. 7º - É proibida a prestação de serviço gratuito, sal-
Ver também: Art. 2º inciso II da Lei nº 8.889, de 01 de vo nos casos previstos em lei.
dezembro de 2003: “Cargo Público – conjunto de atribui-
ções e responsabilidades com denominação própria, cria- TÍTULO II
do por Lei, para provimento em caráter permanente ou Do Provimento e da Vacância
temporário, com remuneração ou subsídio pagos pelos
cofres públicos”. CAPÍTULO I
Do Provimento
Art. 4º - Os cargos de provimento permanente da ad-
ministração pública estadual, das autarquias e das funda- SEÇÃO I
ções públicas serão organizados em grupos ocupacionais, Disposições Gerais
integrados por categorias funcionais identificadas em ra-
zão do nível de escolaridade e habilidade exigidos para o Art. 8º - São requisitos básicos para ingresso no serviço
exercício das atribuições previstas em lei. público:
I - a nacionalidade brasileira ou equiparada;
A Lei nº 8.889, de 01 de dezembro de 2003 - Dispõe so- Conforme art. 37, I da Constituição Federal, com reda-
bre a estrutura dos cargos e vencimentos no âmbito do Po- ção de acordo com a Emenda Constitucional nº 19, de 04
der Executivo do Estado da Bahia e dá outras providências. de junho de 1998: “Os cargos, empregos e funções públicas
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
Art. 5º - Para os efeitos desta Lei: estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na for-
ma da lei”.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

II - o gozo dos direitos políticos; Conforme art. 14 da Constituição Estadual, com redação
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; de acordo com o art. 3º da Emenda Constitucional nº 07, de
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do 18 de janeiro de 1999: “A investidura em cargo ou emprego
cargo; público depende de aprovação prévia em concurso público
V - a idade mínima de dezoito anos; de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
VI - a boa saúde física e mental. e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
§ 1º - As atribuições do cargo podem justificar a exi- em lei, ressalvada a nomeação para cargo em comissão, de-
gência de outros requisitos estabelecidos em lei. clarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
§ 2º - Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
rado o direito de se inscrever em concurso público para Parágrafo único - No caso de empate, terão preferên-
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis cia, sucessivamente:
com a deficiência que apresentam, sendo-lhes reservadas a) o candidato que tiver mais tempo de serviço presta-
até 5% (cinco por cento) das vagas oferecidas no concurso, do ao Estado da Bahia;
desde que a fração obtida deste cálculo seja superior a 0,5 b) outros que o edital estabelecer, compatíveis com a
(cinco décimos). finalidade do concurso.
Art. 9º - O provimento dos cargos públicos e a movi-
Art. 14 - O concurso público terá validade de até 2 (dois)
mentação dos servidores far-se-ão por ato da autoridade
competente de cada Poder, do dirigente superior de autar- anos, podendo ser prorrogado, dentro deste prazo, uma
quia ou de fundação pública. única vez, por igual período, a critério da administração.
Parágrafo único - O prazo de validade do concurso, as
Art. 10 - São formas de provimento de cargo público: condições de sua realização, os critérios de classificação e
I - nomeação; convocação e o procedimento recursal cabível serão fixa-
II - reversão; dos em edital, que será publicado no Diário Oficial.
III - aproveitamento;
IV - reintegração; Art. 15 - A realização do concurso será centralizada no
V - recondução. órgão incumbido da administração central de pessoal de
Parágrafo único - A lei que fixar as diretrizes do sistema cada Poder, salvo as exceções legais.
de carreira na administração pública estadual estabelecerá
critérios para a evolução do servidor. SEÇÃO IV
Da Posse
SEÇÃO II
Da Nomeação Art. 16 - Posse é a investidura em cargo público.
Parágrafo único - A aceitação expressa das atribuições,
Art. 11 - A nomeação far-se-á: deveres e responsabilidades inerentes ao cargo público,
I - em caráter permanente, quando se tratar de provi- com o compromisso de bem servir, será formalizada com
mento em cargo de classe inicial da carreira ou em cargo a assinatura de termo pela autoridade competente e pelo
isolado; empossado.
II - em caráter temporário, para cargos de livre nomea- Conforme § 2º do art. 14 da Constituição Estadual, com
ção e exoneração; a redação de acordo com o art. 1º da Emenda Constitu-
III - em caráter vitalício, nos casos previstos na Cons- cional nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “A investidura em
tituição. cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
Parágrafo único - A designação para funções de di-
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de
reção, chefia e assessoramento superior e intermediário,
acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou em-
recairá, preferencialmente, em servidor ocupante de cargo
de provimento permanente, observados os requisitos esta- prego, na forma prevista em lei, ressalvada a nomeação
belecidos em lei e em regulamento. para cargo em comissão, declarado em lei de livre nomea-
ção e exoneração”.
Art. 12 - A nomeação para cargo de classe inicial de
carreira depende de prévia habilitação em concurso públi- Art. 17 - A autoridade que der posse terá de verificar,
co de provas ou de provas e títulos, obedecida a ordem de sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitos os re-
classificação e o prazo de sua validade. quisitos estabelecidos em lei ou regulamento, para a in-
Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso vestidura.
e o desenvolvimento do servidor na carreira serão estabe-
lecidos em normas legais e seus regulamentos. Art. 18 - São competentes para dar posse:
I - o Governador do Estado e os Presidentes do Tribu-
SEÇÃO III nal de Justiça e da Assembleia Legislativa aos dirigentes de
Do Concurso Público órgãos que lhe são diretamente subordinados;
II - os Secretários de Estado aos dirigentes superiores
Art. 13 - O concurso público será de provas ou de provas das autarquias e fundações vinculadas às respectivas pas-
e títulos, realizando-se mediante autorização do Chefe do res- tas e aos servidores dos órgãos que lhes são diretamente
pectivo Poder, de acordo com o disposto em lei e regulamento. subordinados;

25
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

III - os Procuradores Gerais do Estado e da Justiça aos Art. 24 - O ocupante do cargo de provimento perma-
servidores que lhes são diretamente subordinados; nente fica sujeito a 30 (trinta) horas semanais de trabalho,
IV - os Presidentes dos Tribunais de Contas aos respec- salvo quando a lei estabelecer duração diversa.
tivos servidores, na forma determinada em suas respectivas
leis orgânicas; Art. 25 - Além do cumprimento do estabelecido no ar-
V - os dirigentes superiores das autarquias e fundações tigo anterior, o ocupante de cargo de provimento tempo-
aos servidores que lhes são diretamente subordinados; rário poderá ser convocado sempre que houver interesse
VI - os dirigentes dos serviços de administração ou ór- da administração.
gão equivalente aos demais servidores.
Art. 26 - O servidor somente poderá participar de mis-
Art. 19 - A posse deverá verificar-se até 30 (trinta) dias, são ou estudos no exterior, mediante expressa autorização
contados da data da publicação do ato de nomeação no do Chefe do Poder a que esteja vinculado.
órgão oficial, podendo ser prorrogada por mais 30 (trinta) § 1º - A ausência não excederá a 2 (dois) anos, prorrogá-
dias, a requerimento do interessado, no prazo original.
veis por mais 2 (dois) e, finda a missão ou estudo, somente
§ 1º - Quando se tratar de servidor em gozo de licença,
decorrido igual período poderá ser permitida nova ausência.
ou afastado legalmente, o prazo será contado a partir do
término do impedimento. § 2º - Ao servidor beneficiado pelo disposto neste ar-
§ 2º - Se a posse não se der dentro do prazo, o ato de tigo não será concedida exoneração ou licença para tratar
nomeação será considerado sem efeito. de interesse particular antes de decorrido período igual ao
§ 3º - A posse poderá ocorrer por procuração específica. do afastamento, ressalvada a hipótese do ressarcimento
§ 4º - O empossado, ao se investir no cargo de pro- das despesas correspondentes.
vimento permanente ou temporário, apresentará, obriga- § 3º - O servidor ocupante de cargo de provimento
toriamente, declaração de bens e valores que constituem temporário somente poderá ausentar-se em missão oficial
seu patrimônio e declaração de exercício de outro cargo, e pelo prazo estritamente necessário ao cumprimento dele.
emprego ou função pública. § 4º - O servidor ocupante de cargo de provimento
temporário será substituído, em suas ausências ou nos seus
Art. 20 - A posse em cargo público dependerá de pré- impedimentos, por outro, indicado na lei ou no regimento,
via inspeção médica oficial. ou, omissos estes, designado por ato da autoridade com-
Parágrafo único - Só poderá ser empossado aquele petente, cumprindo ao substituto, quando titular de cargo
que for julgado apto, física e mentalmente para o exercício em comissão, exercer automaticamente as atribuições do
do cargo. cargo do substituído sem prejuízo do exercício das atribui-
ções inerentes ao seu cargo, salvo se os encargos da subs-
SEÇÃO V tituição reclamarem a dispensa do exercício destes.
Do Exercício § 5º - A designação para substituir titular de cargo de
provimento temporário deverá observar os mesmos re-
Art. 21 - Exercício é o efetivo desempenho das atribui- quisitos estabelecidos para o seu provimento e somente
ções do cargo. poderá recair sobre servidor ou empregado público em
§ 1º - É de 30 (trinta) dias o prazo para o servidor en- exercício no respectivo órgão ou entidade e que, preferen-
trar em exercício, contados da data da posse, ou, quando cialmente, desempenhe suas funções na unidade adminis-
inexigível esta, da data de publicação oficial do ato de pro- trativa da lotação do substituído.
vimento.
§ 2º - Na hipótese de encontrar-se o servidor afastado
SEÇÃO VI
legalmente, o prazo a que se refere o § 1º será contado a
partir do término do afastamento. Do Estágio Probatório
§ 3º - O servidor que não entrar em exercício, dentro
do prazo legal, será exonerado de ofício. Art. 27 - Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
§ 4º - À autoridade competente do órgão ou entidade o cargo de provimento permanente ficará sujeito a estágio
para onde for designado o servidor incumbe dar-lhe exercício. probatório por um período de 03 (três) anos, durante o qual
sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
Art. 22 - O início, a suspensão, a interrupção e o rei- desempenho do cargo, observados os seguintes fatores:
nicio do exercício serão registrados no assentamento do O art. 41 da Constituição Federal, com redação de
servidor. acordo com a Emenda Constitucional nº 19, de 04 de junho
Parágrafo único - ao entrar em exercício, o servidor de 1998 altera o período de estágio probatório que passa
apresentará ao órgão competente os elementos necessá- a ser de 3 (três) anos.
rios ao assentamento individual. O Decreto nº 7.899, de 05 de fevereiro de 2001 regula-
menta o art. 27 da Lei nº 6.677, 26.09.94, que dispõe sobre
Art. 23 - O servidor relotado, removido ou afastado, o estágio probatório nos órgãos da administração direta,
que deva ter exercício em outra localidade, terá 30 (trinta) nas autarquias e fundações do Poder Executivo Estadual.
dias para entrar em exercício. A Instrução Normativa SAEB nº 002, de 17 de maio de
Parágrafo único - Na hipótese de encontrar-se o ser- 2001 dispõe sobre o estágio probatório nos órgãos da ad-
vidor afastado legalmente, aplica-se o disposto no § 2º do ministração direta, nas autarquias e fundações do Poder
artigo 21. Executivo Estadual.

26
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

I - assiduidade; Art. 33 - Compete à unidade de pessoal de cada órgão


II - disciplina; ou entidade processar as promoções, na forma estabeleci-
III - capacidade de iniciativa; da em regulamento.
IV - produtividade;
V - responsabilidade. SEÇÃO IX
Parágrafo único - Obrigatoriamente 4 (quatro) meses Da Reversão
antes de findo o período do estágio probatório, será sub-
metida à homologação da autoridade competente a avalia- Art. 34 - Reversão é o retorno do aposentado por inva-
ção do desempenho do servidor, que será completada ao lidez, quando os motivos determinantes da aposentadoria
término do estágio. forem declarados insubsistentes por junta médica oficial.
Parágrafo único - Será cassada a aposentadoria do ser-
SEÇÃO VII vidor que não entrar em exercício dentro de 30 (trinta) dias
Da Estabilidade contados da publicação do ato de reversão.

Art. 28 - O servidor habilitado em concurso público e Art. 35 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no car-
empossado em cargo de provimento permanente adquirirá go resultante da transformação, permanecendo o servidor
estabilidade ao completar 3 (três) anos de efetivo exercício. em disponibilidade remunerada enquanto não houver vaga.
Conforme art. 41 da Constituição Federal, com redação
de acordo com o art. 6º da Emenda Constitucional nº 19, Art. 36 - Não poderá reverter o aposentado que contar
de 04 de junho de 1998: “São estáveis após 3 (três) anos 70 (setenta) anos de idade.
de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público”. SEÇÃO X
 Do Aproveitamento e da Disponibilidade
Art. 29 - O servidor estável só perderá o cargo em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado ou de pro-
Conforme o inciso XXV do art. 41 da Constituição Es-
cesso administrativo disciplinar, desde que lhe seja assegu-
tadual, com redação de acordo com o art. 1º da Emenda
rada ampla defesa.
Constitucional nº 07, de 18 de janeiro de 1999, garante-se
ao servidor: “disponibilidade, com remuneração propor-
SEÇÃO VIII
cional ao tempo de serviço, em caso de extinção ou de-
Da Promoção
claração de desnecessidade do cargo, até seu adequado
Conforme art. 34, inciso I da Constituição Estadual, “o aproveitamento”.
Estado manterá escola de governo para a formação e o
aperfeiçoamento de seus servidores, constituindo-se a par- Art. 37 - Extinto o cargo ou declarada sua desneces-
ticipação nos cursos um dos requisitos para a promoção na sidade, o servidor estável ficará em disponibilidade remu-
carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou nerada.
contratos entre os entes federados”. O Decreto nº 7.703, de 29 de novembro de 1999 dispõe
sobre a extinção e declaração de desnecessidade de cargos
Art. 30 - Promoção é a elevação do servidor ocupante públicos, sobre a disponibilidade remunerada e aproveita-
de cargo de provimento permanente, dentro da categoria mento dos servidores públicos e dá outras providências.
funcional a que pertence, pelos critérios de merecimento e
antiguidade. Art. 38 - O retorno do servidor em disponibilidade à
Conforme art. 2º, inciso IX da Lei nº 8.889, de 01 de de- atividade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
zembro de 2003 conceitua-se: “Promoção - passagem do em cargo de atribuições e remuneração compatíveis com o
servidor para a classe imediatamente superior a ocupada”. anteriormente ocupado.
Parágrafo único - O órgão central de pessoal de cada
Parágrafo único - O merecimento será apurado de Poder ou entidade determinará o imediato aproveitamento
acordo com os fatores mencionados no artigo 27, incisos I do servidor em disponibilidade, em vaga que vier a ocorrer.
a V, e comprovação de aperfeiçoamento profissional, sem
prejuízo do disposto no artigo 32. Art. 39 - Será tornado sem efeito o aproveitamento
e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
Art. 31 - Não haverá promoção de servidor que esteja exercício no prazo legal, salvo por doença comprovada por
em estágio probatório ou que não esteja em efetivo exer- junta médica oficial.
cício em órgão ou entidade da administração estadual, sal-
vo por antiguidade, ou quando afastado para exercício de Art. 40 - É assegurado ao servidor estável o direito à
mandato eletivo. disponibilidade para o exercício de mandato eletivo em
diretoria de entidade sindical representativa do servidor
Art. 32 - Os demais requisitos e critérios para promo- público estadual, sem prejuízo da remuneração do cargo
ção serão os das leis que instituírem os planos de carreira permanente de que é titular.
na administração pública estadual e seus regulamentos.

27
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Conforme o inciso XXXII do art. 41, da Constituição Esta- Art. 45 - Ocorrendo vaga, considerar-se-ão abertas, na
dual com redação de acordo com o art. 1º da Emenda Cons- mesma data, as decorrentes de seu preenchimento.
titucional nº 07, de 18 de janeiro de 1999, garante-se: “dis-
ponibilidade do servidor para o exercício de mandato eletivo Art. 46 - A exoneração do servidor ocupante de cargo
em diretoria de entidade sindical representativa da catego- de provimento permanente dar-se-á a seu pedido ou de
ria, em qualquer dos Poderes do Estado, na forma da lei”. ofício.
Parágrafo único - A exoneração de ofício será aplicada:
§ 1º - A disponibilidade limitar-se-á a 6 (seis) servidores. I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
§ 2º - Além dos 6 (seis) servidores, para cada 20 (vinte) batório;
mil servidores da base sindical será acrescido de mais 1 (um). II - quando o servidor não entrar em exercício no prazo
§ 3º - A disponibilidade terá duração igual à do manda- estabelecido.
to, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, por no
máximo 2 (dois) mandatos. Art. 47 - A exoneração do servidor ocupante de cargo
§ 4º - O servidor não poderá ser relotado ou removido de provimento temporário dar-se-á a seu pedido ou a juízo
de ofício durante o exercício do mandato e até 06 (seis) da autoridade competente.
meses após o término deste.
§ 5º - Cessada a disponibilidade, o servidor retornará Art. 48 - A demissão será aplicada como penalidade.
imediatamente ao exercício do cargo.
CAPÍTULO III
SEÇÃO XI Da Relotação e da Remoção
Da Reintegração
Art. 49 - Relotação é a movimentação do servidor, com
Art. 41 - Reintegração é o retorno do servidor demitido o respectivo cargo, com ou sem mudança de sede, para
ao cargo anteriormente ocupado ou ao resultante de sua outro órgão ou entidade do mesmo Poder e natureza ju-
transformação, quando invalidada sua demissão por senten- rídica, cujos planos de cargos e vencimentos sejam idênti-
ça judicial transitada em julgado ou na forma do artigo 250. cos, de acordo com o interesse da administração.
Parágrafo único - Na hipótese de o cargo ter sido ex- § 1º - A relotação dar-se-á, exclusivamente, para ajus-
tinto, o servidor ficará em disponibilidade. tamento de quadros de pessoal às necessidades dos servi-
ços, inclusive nos casos de organização, extinção ou cria-
SEÇÃO XII ção de órgãos ou entidades.
Da Recondução § 2º - Nos casos de extinção de órgãos ou entidades,
os servidores estáveis que não puderam ser relotados, na
Art. 42 - Recondução é o retorno do servidor estável, forma deste artigo ou por outro óbice legal, serão coloca-
sem direito à indenização, ao cargo anteriormente ocupa- dos em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma
do, dentro da mesma carreira, em decorrência de reinte- dos artigos 38 e 39.
gração do anterior ocupante.
Parágrafo único - Encontrando-se provido o cargo, o Art. 50 - Remoção é o deslocamento do servidor, a pedi-
servidor será aproveitado em outro cargo ou posto em dis- do ou de ofício, com preenchimento de claro de lotação, no
ponibilidade remunerada. âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
§ 1º - Dar-se-á remoção a pedido, para outra locali-
SEÇÃO XIII dade, por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa-
Da Readaptação nheiro ou dependente, condicionado à comprovação por
junta médica oficial, hipótese em que, excepcionalmente,
Art. 43 - Readaptação é o cometimento ao servidor de será dispensada a exigência de claro de lotação.
novas atribuições, compatíveis com a limitação que tenha § 2º - No caso previsto no parágrafo anterior, o servidor
sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada preencherá o primeiro claro de lotação que vier a ocorrer.
por junta médica oficial, garantida a remuneração do cargo § 3º - Fica assegurada ao servidor, a fim de acompa-
de que é titular. nhar o cônjuge ou companheiro, preferência na remoção
Parágrafo único - É garantida à gestante atribuições para o mesmo local em que o outro for mandado servir.
compatíveis com seu estado físico, nos casos em que hou-
ver recomendação clínica, sem prejuízo de seus vencimen- TÍTULO III
tos e demais vantagens do cargo. Dos Direitos, Vantagens e Benefícios

CAPÍTULO II CAPÍTULO I
Da Vacância Do Vencimento e da Remuneração

Art. 44 - A vacância do cargo decorrerá de: Art. 51 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
I - exoneração; exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
II - demissão; Prevê o art. 34 da Constituição Estadual com redação
III - aposentadoria; de acordo com o art. 1º da Emenda Constitucional nº 07,
IV - falecimento. de 18 de janeiro de 1999:

28
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

“II - a instituição do conselho de política de adminis- Art. 54 – Nenhum servidor poderá perceber, mensal-
tração e remuneração de pessoal, integrado por servidores mente, a título de remuneração, importância superior à
designados pelos respectivos Poderes. soma dos valores fixados como remuneração, em espécie,
§ 1º - O membro de Poder, o detentor de mandato a qualquer título, para Secretário de Estado.
eletivo, os Secretários de Estado e dos Municípios serão Parágrafo único - Excluem-se do teto de remuneração
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em par- as indenizações e vantagens previstas nos artigos 63 e 77,
cela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, incisos II a IV, o acréscimo previsto no artigo 94, o abono
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou ou- pecuniário previsto no artigo 95 e o salário família.
tra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o Conforme os arts. 8º e 9º da Emenda Constitucional
que dispõe o art. 39, § 4º, da Constituição Federal. à Constiuição Federal nº 41, de 19 de dezembro de 2003:
§ 2º - Lei do Estado e dos Municípios poderá estabe- “Art. 8º - Até que seja fixado o valor do subsídio de que
lecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos trata o art. 37, XI, da Constituição Federal, será considera-
servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o que do, para os fins do limite fixado naquele inciso, o valor da
dispõe o art. 39, § 5º, da Constituição Federal. maior remuneração atribuída por lei na data de publicação
§ 3º - Os Poderes do Estado e dos Municípios publica- desta Emenda a Ministro do Supremo Tribunal Federal, a tí-
rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração tulo de vencimento, de representação mensal e da parcela
dos cargos e empregos públicos, da Administração Direta recebida em razão de tempo de serviço, aplicando-se como
e Indireta. limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados
§4º - a remuneração dos servidores públicos e o sub- e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
sídio de que trata o §1º deste artigo somente poderão ser âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciati- taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub-
va privativa em cada caso. sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
§5º - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento da
cargos, funções e empregos públicos da administração di- maior remuneração mensal de Ministro do Supremo Tribu-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
nal Federal a que se refere este artigo, no âmbito do Poder
dos Poderes do Estado e dos Municípios, dos detentores
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministé-
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
rio Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, perce-
Art. 9º - Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Dis-
bidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes-
posições Constitucionais Transitórias aos vencimentos, re-
soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder
munerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções
o subsídio mensal, em espécie, dos Desembargadores».
Conforme o inciso XXIV do art. 41 da Constituição Es- e empregos públicos da administração direta, autárquica
tadual com redação de acordo com o art. 1º da Emenda e fundacional, dos membros de qualquer do Poderes da
Constitucional nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “Art. 41 - União, dos Estados, do Distrito Feral e dos Municípios, dos
São direitos dos servidores públicos civis, além dos previs- detentores de mandato eletivo e dos demais agentes po-
tos na Constituição Federal: XXIV - fixação dos padrões de líticos e os proventos, pensões ou outra espécie remune-
vencimento e dos demais componentes do sistema remu- ratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
neratório, observado o que dispõe a Constituição Federal”. vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.”

Art. 52 - Remuneração é o vencimento do cargo, acres- Art. 55 - Nenhum servidor receberá a título de venci-
cido das vantagens pecuniárias, permanentes ou temporá- mento, importância inferior ao salário mínimo.
rias, estabelecidas em lei.
Conforme art. 119 da Lei nº 8.889, de 01 de dezembro Art. 56 - O servidor perderá:
de 2003: “Fica instituído o Prêmio por Resultados, a títu- I - a remuneração dos dias em que faltar ao serviço;
lo de remuneração variável, no Poder Executivo Estadual, II - a parcela da remuneração diária, proporcional aos
como retribuição pelo alcance de resultados esperados e atrasos, ausências e saídas antecipadas, iguais ou superio-
de metas estabelecidas pelo planejamento estratégico ins- res a 60 (sessenta) minutos.
titucional”.
Art. 57 - Salvo por imposição legal ou por mandado
Art. 53 – O vencimento do cargo observará o princípio judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
da isonomia, quando couber, e acrescido das vantagens de proventos.
caráter individual, será irredutível, ressalvadas as relativas à Parágrafo único - Mediante autorização escrita do ser-
natureza ou ao local de trabalho. vidor, haverá desconto ou consignação em folha de paga-
Conforme o inciso II do art. 41 da Constituição Estadual mento em favor de entidade sindical e associação de servi-
com redação de acordo com o art. 1º da Emenda Constitu- dores a que seja filiado, ou de terceiros, na forma definida
cional nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “Art. 41 - São direitos em regulamento.
dos servidores públicos civis, além dos previstos na Consti-
tuição Federal: II - irredutibilidade do subsídio e dos venci- Art. 58 - As reposições e indenizações ao erário serão
mentos dos ocupantes de cargo e emprego público, ressal- descontadas em parcelas mensais, atualizadas, não exce-
vado o que dispõe o art. 37, XV, da Constituição Federal”. dentes à terça parte da remuneração ou dos proventos.

29
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Parágrafo único - Independentemente do parcelamen- § 1º - Correm por conta da administração as despesas


to previsto neste artigo, a percepção de quantias indevidas de transporte do servidor e de sua família.
poderá implicar processo disciplinar para apuração de res- § 2º - É assegurado aos dependentes do servidor que
ponsabilidade. falecer na nova sede, ajuda de custo e transporte para a
localidade de origem, dentro do prazo de 180 (cento e oi-
Art. 59 - O servidor em débito com o erário, que for de- tenta ) dias, contados do óbito.
mitido ou exonerado, terá o prazo de 30 (trinta) dias para
quitá-lo. Art. 65 - A ajuda de custo não poderá exceder a impor-
Parágrafo único - A não quitação do débito no prazo tância correspondente a 15 (quinze) vezes o valor do menor
previsto implicará a sua inscrição em dívida ativa. vencimento pago pela Administração Pública do Estado.
Parágrafo único - Excetuam-se da regra do caput deste
Art. 60 - O vencimento, a remuneração e os proventos artigo a hipótese de missão ou estudo no exterior, compe-
não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto tindo a sua fixação ao Chefe do respectivo Poder.
no caso de verba alimentar resultante de decisão judicial.
Art. 66 - Não será concedida ajuda de custo:
CAPÍTULO II I - ao servidor que se afastar da sede ou a ela retornar,
Das Vantagens em virtude de mandato eletivo;
II - ao servidor que for afastado para servir em outro
Art. 61 - Além do vencimento, poderão ser concedidas órgão ou entidade dos Poderes da União, de outros Esta-
ao servidor as seguintes vantagens: dos, do Distrito Federal e dos Municípios;
I - indenizações; III - ao servidor que for removido a pedido;
II - auxílios pecuniários; IV - a um dos cônjuges, sendo ambos servidores esta-
III - gratificações; duais, quando o outro tiver direito à ajuda de custo pela
IV - (Revogado). mesma mudança de sede.
§ 1º - As indenizações e os auxílios não se incorporam
ao vencimento ou proventos para qualquer efeito.
Art. 67 - O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda
§ 2º - As gratificações e a vantagem pessoal por esta-
de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na
bilidade econômica incorporam-se ao vencimento ou aos
nova sede no prazo previsto no § 1º do artigo 21.
proventos, nos casos e condições indicados em lei.
Parágrafo único - Não haverá obrigação de restituir a
ajuda de custo nos casos de exoneração de oficio ou de
Art. 62 - As vantagens pecuniárias não serão compu-
retorno por motivo de doença comprovada.
tadas nem acumuladas para efeito de concessão de quais-
quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mes-
mo título ou idêntico fundamento. Subseção II
Conforme o inciso XIV do art. 37 da Constituição Fe- Das Diárias
deral, com redação de acordo com o art. 3º da Emenda
Constitucional nº 19, de 04 de junho de 1999: “Os acrésci- O Decreto nº 11.835, de 10 de novembro de 2009 -
mos pecuniários percebidos por servidor público não serão Altera o Decreto nº 5.910, de 24 de outubro de 1996, que
computados nem acumulados para fins de concessão de regulamenta os artigos 68 a 71 da Lei nº 6.677, de 26 de
acréscimos ulteriores”. setembro de 1994, que dispõe sobre a concessão de diá-
rias aos servidores públicos civis da administração direta,
SEÇÃO I das autarquias e fundações do Poder Executivo Estadual,
Das Indenizações no País e no exterior, e dá outras providências.
O Decreto nº 5.910, de 24 de outubro de 1996 regula-
Art. 63 - Constituem indenizações ao servidor: menta os arts. 68 a 71 desta Lei.
I - ajuda de custo; O Decreto nº 8.094, de 07 de janeiro de 2002 altera o
II - diárias; art. 2º, do Decreto nº 5.910, de 24 de outubro de 1996, que
III - transporte. regulamentou a concessão de diárias aos servidores públi-
Parágrafo único - Os valores das indenizações e as con- cos civis da administração direta, das autarquias e funda-
dições para sua concessão serão estabelecidos em regula- ções do Poder Executivo Estadual.
mento.
Art. 68 - Ao servidor que se deslocar da sede em cará-
Subseção I ter eventual ou transitório, no interesse do serviço, serão
Da Ajuda de Custo concedidas, além de transporte, diárias para atender às
despesas de alimentação e hospedagem.
Art. 64 - A ajuda de custo destina-se a compensar as Parágrafo único - Serão concedidas diárias, em ressar-
despesas de instalação do servidor que, no interesse do cimento das despesas de alimentação e hospedagem, ao
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança servidor ou colaborador eventual que acompanhar servi-
de domicílio, ou que se deslocar a serviço ou por motivo de dor com deficiência em deslocamento a serviço, na forma
estudo, no país ou para o exterior. do regulamento.

30
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 69 - Não será concedida diária quando o desloca- Subseção III


mento do servidor implicar desligamento de sua sede. Do Auxílio-alimentação

Art. 70 - O total de diárias atribuídas ao servidor não Art. 76 - O auxílio-alimentação será devido ao servidor
poderá exceder a 180 (cento e oitenta) dias por ano, salvo ativo, na forma e condições estabelecidas em regulamento.
em casos especiais expressamente autorizados pelo Chefe
do Poder ou dirigente superior de entidades. SEÇÃO III
Das Gratificações
Art. 71 - O servidor que receber diárias e não se afastar
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las Art. 77 - Além do vencimento e das vantagens previstas
integralmente e de uma só vez, no prazo de 5 (cinco) dias. nesta lei, serão deferidas ao servidor as seguintes gratifi-
Parágrafo único - Na hipótese do servidor retornar à cações:
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta- I - pelo exercício de cargo de provimento temporário;
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo II - natalina;
previsto neste artigo. III - adicional por tempo de serviço;
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
Subseção III perigosas ou penosas;
Da Indenização de transporte V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno;
Art. 72 - Conceder-se-á indenização de transporte ao VII - outras gratificações ou adicionais previstos em lei.
servidor que realizar despesas com a utilização de meio
próprio de locomoção para execução de serviços externos, Subseção I
na sede ou fora dela, no interesse da administração, na for- Da Gratificação pelo Exercício de Cargo de Provi-
ma e condições estabelecidas em regulamento. mento Temporário

Art. 78 - O servidor investido em cargo de provimento


SEÇÃO II
permanente terá direito a perceber, pelo exercício do cargo
Dos Auxílios Pecuniários
de provimento temporário, gratificação equivalente a 30%
(trinta por cento) do valor correspondente ao símbolo res-
Art. 73 - Serão concedidos aos servidores os seguintes
pectivo ou optar pelo valor integral do símbolo, que neste
auxílios pecuniários:
caso, será pago como vencimento básico enquanto durar a
I - auxílio-moradia;
investidura ou ainda pela diferença entre este e a retribui-
II - auxílio-transporte; ção do seu cargo efetivo.
III - auxílio-alimentação. Parágrafo único - O servidor substituto perceberá, a par-
tir do 10º (décimo) dia consecutivo, a remuneração do cargo
Subseção I do substituído, paga na proporção dos dias de efetiva subs-
Do Auxílio-moradia tituição, sendo-lhe facultado exercer qualquer das opções
previstas neste artigo, assegurada a contagem do tempo de
Art. 74 - O servidor, quando deslocado de ofício de sua serviço respectivo para efeito de estabilidade econômica.
sede, em caráter temporário, no interesse da administra- Conforme o art. 3º da Lei nº 7.936, de 09 de outubro
ção, fará jus a auxílio para moradia, na forma e condições de 2001: “Aplicam-se aos servidores policiais militares as
estabelecidas em regulamento. disposições dos arts. 78 e 92 e seus respectivos parágrafos,
§ 1º - O auxílio-moradia é devido a partir da data do da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, com as altera-
exercício na nova sede, em valor nunca inferior a 20% (vinte ções decorrentes do art. 8º e seu parágrafo único, da Lei nº
por cento) da remuneração do cargo permanente, até o 6.932, de 19 de janeiro de 1996”.
prazo máximo de 2 (dois) anos. Conforme o § 1º do art. 14 da Constituição Estadual,
§ 2º - O auxílio-moradia não será concedido, ou será com redação de acordo com o art. 1º da Emenda Consti-
suspenso, quando o servidor ocupar prédio público. tucional nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “§ 1º - As funções
de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocu-
Subseção II pantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
Do Auxílio-transporte preenchidos por servidores de carreira nos casos, condi-
ções e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
Art. 75 - O auxílio-transporte será devido ao servidor apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.
ativo, nos deslocamentos da residência para o trabalho e
vice-versa, na forma e condições estabelecidas em regu- Subseção II
lamento. Da Gratificação Natalina
Parágrafo único - A participação do servidor não po-
derá exceder a 6% (seis por cento) do vencimento básico. Art. 79 - A gratificação natalina corresponde a 1/12
O Decreto nº 6.192, de 04 de fevereiro de 1997 regula- (um doze avos) da remuneração a que o servidor ativo fizer
menta o art. 75 desta Lei. jus, no mês do exercício, no respectivo ano.

31
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será públicos civis, além dos previstos na Constituição Federal:
considerada como mês integral. XXVI - adicional por tempo de serviço prestado, a qual-
§ 2º - Ao servidor inativo será paga igual gratificação quer tempo, na Administração Pública Estadual direta, suas
em valor equivalente aos respectivos proventos. autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
§ 3º - A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do economia mista”.
mês de dezembro de cada ano.
§ 2º - Para cálculo do adicional, não serão computadas
Art. 80 - Fica assegurado o adiantamento da gratifi- quaisquer parcelas pecuniárias, ainda que incorporadas ao
cação natalina, que será pago no mês do aniversário do vencimento para outros efeitos legais, exceto se já houver
servidor, independente da sua prévia manifestação, não outra definição de vencimento prevista em lei.
podendo a importância correspondente exceder à metade § 3º - (Revogado).
da remuneração por este percebida no mês.
Parágrafo único - O pagamento do adiantamento de Art. 85 - o adicional será devido a partir do mês em que
que trata este artigo, poderá se dar no ensejo das férias ou o servidor completar o anuênio.
no mês em que o funcionalismo em geral o perceba, desde
que haja opção expressa do beneficiário, com antecedên- Subseção IV
cia mínima de 30 (trinta) dias do mês do seu aniversário. Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
Atividades Penosas
Art. 81 - A gratificação natalina estende-se aos ocu-
pantes de cargo de provimento temporário. Art. 86 - Os servidores que trabalham com habituali-
dade em locais insalubres ou em contato permanente com
Art. 82 - O servidor ocupante de cargo permanente ou substâncias tóxicas ou com risco de vida, fazem jus a um
temporário, quando exonerado ou demitido, perceberá sua adicional sobre o vencimento do cargo permanente.
gratificação natalina proporcionalmente aos meses de efe- § 1º - Os direitos aos adicionais de que trata este artigo
tivo exercício, calculada sobre a remuneração do mês da cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que
exoneração ou demissão. deram causa a concessão.
Parágrafo único - Na hipótese de ter havido adianta- § 2º - O servidor que fizer jus aos adicionais de insalu-
mento em valor superior ao devido no mês da exonera- bridade e periculosidade deverá optar por um deles.
ção ou demissão, o excesso será devolvido, no prazo de O Decreto nº 16.529 de 06 de janeiro de 2016 disci-
30 (trinta) dias, findo o qual, sem devolução, será o débito plina a concessão dos adicionais de insalubridade e peri-
inscrito em dívida ativa. culosidade para os servidores públicos dos órgãos da Ad-
ministração direta, das autarquias e fundações do Poder
Art. 83 - A gratificação natalina não será considerada Executivo Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88 da Lei nº
para cálculo de qualquer parcela remuneratória. 6.677, de 26 de setembro de 1994.
O Decreto nº 9.967, de 06 de abril de 2006 disciplina a
Subseção III concessão dos adicionais de insalubridade e periculosida-
Do Adicional por Tempo de Serviço de para os servidores públicos dos órgãos da administra-
ção direta, das autarquias e fundações do Poder Executivo
Conforme o inciso XXXVI do art. 41 da Constituição Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88, da Lei nº 6.677, de
Estadual, com redação de acordo com a Emenda Consti- 26 de setembro de 1994.
tucional nº 07 de 18 de janeiro de 1999: “Art. 41 - São di-
reitos dos servidores públicos civis, além dos previstos na Art. 87 - Haverá permanente controle da atividade do
Constituição Federal: XXVI - adicional por tempo de serviço servidor em operações ou locais considerados insalubres,
prestado, a qualquer tempo, na Administração Pública Es- perigosos ou penosos.
tadual direta, suas autarquias, fundações, empresas públi- Parágrafo único - A servidora gestante ou lactante será
cas e sociedades de economia mista”. afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativi-
Art. 84 - O servidor com mais de 5 (cinco) anos de efe- dades em local salubre e em serviço não perigoso.
tivo exercício no serviço público terá direito por anuênio, O Decreto nº 16.529 de 06 de janeiro de 2016 disci-
contínuo ou não, à percepção de adicional calculado à ra- plina a concessão dos adicionais de insalubridade e peri-
zão de 1% (um por cento) sobre o valor do vencimento culosidade para os servidores públicos dos órgãos da Ad-
básico do cargo de que seja ocupante. ministração direta, das autarquias e fundações do Poder
§ 1º - Para efeito do adicional, considera-se de efetivo Executivo Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88 da Lei nº
exercício o tempo de serviço prestado, sob qualquer regi- 6.677, de 26 de setembro de 1994.
me de trabalho, na Administração Pública direta e indireta O Decreto nº 9.967, de 06 de abril de 2006 disciplina a
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. concessão dos adicionais de insalubridade e periculosida-
O inciso XXXVI do art. 41 da Constituição Estadual, com de para os servidores públicos dos órgãos da administra-
redação de acordo com a Emenda Constitucional nº 07 de ção direta, das autarquias e fundações do Poder Executivo
18 de janeiro de 1999, revoga parcialmente esse disposi- Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88, da Lei nº 6.677, de
tivo quando dispõe: “Art. 41 - São direitos dos servidores 26 de setembro de 1994.

32
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 88 - Na concessão dos adicionais de insalubridade, SEÇÃO IV


periculosidade ou atividades penosas serão observadas as Da Estabilidade Econômica
situações previstas em legislação específica.
O Decreto nº 16.529 de 06 de janeiro de 2016 disci- Art. 92 - (Revogado).
plina a concessão dos adicionais de insalubridade e peri-
culosidade para os servidores públicos dos órgãos da Ad- CAPÍTULO III
ministração direta, das autarquias e fundações do Poder Das Férias
Executivo Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88 da Lei nº
6.677, de 26 de setembro de 1994. Conforme o art. 7º da Lei nº 6.932, de 19 de janeiro
O Decreto nº 9.967, de 06 de abril de 2006 disciplina a de 1993: “O servidor público estadual, civil ou militar, des-
concessão dos adicionais de insalubridade e periculosida- ligado do serviço público, qualquer que seja a causa, ou
de para os servidores públicos dos órgãos da administra- afastado por motivo de aposentadoria, transferência para
ção direta, das autarquias e fundações do Poder Executivo
a reserva remunerada ou reforma, antes de completado o
Estadual, de que tratam os arts. 86 a 88, da Lei nº 6.677, de
período de 12 (doze) meses de que trata o § 1º, do art. 93,
26 de setembro de 1994.
da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, terá direito
Art. 89 - O adicional de atividades penosas será devido à indenização pelas férias proporcionais, correspondentes
ao servidor pelo exercício em localidade cujas condições de a 1/12 (um doze avos) da última remuneração percebida,
vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados por mês de trabalho, considerando-se como mês integral
em regulamento. a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias. § 1º - Deverão
também ser indenizadas as férias que, pelos motivos refe-
Subseção V ridos neste artigo ou por necessidade imperiosa de serviço,
Do Adicional por Serviço Extraordinário não tenham sido gozadas, observando-se para determi-
nação de seu valor a proporcionalidade entre a duração
Conforme o art. 4º da Lei nº 6.974, de 24 de julho de prevista para as férias e o número de faltas registradas no
1996: “São estendidos aos servidores policiais militares os correspondente período aquisitivo, conforme incisos I a IV,
adicionais por serviço extraordinário e noturno, incidentes do § 1º, do art. 93, da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de
sobre o soldo atribuído ao posto ou graduação, nos mes- 1994. § 2º - Para os fins deste artigo, não será considerado
mos termos e condições previstos nos artigos 90 e 91, da desligamento a exoneração de servidor que seja exclusi-
Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, cabendo ao Poder vamente ocupante de cargo de provimento temporário,
Executivo estabelecer os critérios para a sua concessão”. seguida da imediata investidura em outro cargo de igual
natureza, no mesmo órgão ou entidade da administração
Art. 90 - O serviço extraordinário será remunerado com pública estadual, desde que não ocorra interrupção de
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora exercício funcional.”
normal de trabalho, salvo em situações especiais definidas O Decreto nº 3.634, de 01 de novembro de 1994 regu-
em regulamento. lamenta o Capítulo III do Título III, arts. 93 a 97 desta Lei.
Parágrafo único - Somente será permitida a realização
de serviço extraordinário para atender situações excepcio- Art. 93 - O servidor gozará, obrigatoriamente, férias
nais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) anuais, que podem ser acumuladas, no caso de necessida-
horas diárias, podendo ser elevado este limite nas ativida- de do serviço, até o máximo de 2 (dois) períodos, ressalva-
des que não comportem interrupção, consoante se dispu-
das as hipóteses em que haja legislação específica.
ser em regulamento.
§ 1º - O servidor terá direito a férias após cada período
Subseção VI de 12 (doze) meses de efetivo exercício, na seguinte pro-
De Adicional Noturno porção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver tido
Conforme o art. 4º da Lei nº 6.974, de 24 de julho de mais de 5 (cinco) faltas;
1996: “São estendidos aos servidores policiais militares os II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver
adicionais por serviço extraordinário e noturno, incidentes tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
sobre o soldo atribuído ao posto ou graduação, nos mes- III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de
mos termos e condições previstos nos artigos 90 e 91, da 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, cabendo ao Poder IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24
Executivo estabelecer os critérios para a sua concessão”. (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
§ 2º - As férias serão gozadas de acordo com a escala
Art. 91 - O serviço noturno, prestado em horário com- organizada pela unidade administrativa competente.
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cin- § 3º - As férias poderão ser parceladas em até 03 (três)
co) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de etapas, desde que sejam assim requeridas pelo servidor,
50% (cinquenta por cento). e sempre no interesse da administração pública, hipótese
Parágrafo único - Tratando-se de serviço extraordiná- em que o pagamento dos acréscimos pecuniários será efe-
rio, o acréscimo a que se refere este artigo incidirá sobre a tuado quando do afastamento do servidor para o gozo do
remuneração prevista no artigo anterior. primeiro período.

33
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 4º- As férias serão fruídas dentro dos 12 (doze) me- § 1º - O servidor não poderá permanecer em licença
ses subsequentes àquele em que foi completado o período por período superior a 24 (vinte e quatro) meses, salvo nos
aquisitivo de referência. casos dos incisos II, III e IV.
§ 5º - Observado o período máximo previsto no caput, § 2º - Ao ocupante de cargo de provimento temporá-
as férias poderão ser concedidas após o prazo assinalado rio, não titular de cargo de provimento permanente, so-
no § 4º deste artigo por necessidade do serviço. mente serão concedidas as licenças previstas nos incisos IV,
§ 6º - A não observância do prazo máximo de fruição V e VI do artigo 120.
previsto no caput deste artigo somente será admitida por
motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca- Art. 99 - A licença concedida dentro de 60 (sessenta)
ção para júri, serviço militar ou eleitoral e, ainda, em razão dias do término de outra da mesma espécie será conside-
de imperiosa necessidade do serviço. rada como prorrogação.
§ 7º - Na hipótese prevista no § 6º deste artigo, o titu- Parágrafo único - Na hipótese de licença para trata-
lar do órgão solicitará, motivadamente, ao Chefe do Poder, mento de saúde, findo o prazo de afastamento por ates-
autorização para a suspensão das férias do servidor. tado médico cujo período seja inferior a 10 (dez) dias, se,
dentro de um período de 60 (sessenta) dias, o servidor vol-
§ 8º - À chefia imediata incumbe verificar a regulari-
tar a se afastar e a soma dos atestados ultrapassar 10 (dez)
dade da programação de férias do servidor, sob pena de
dias, ainda que não relacionados à mesma Classificação In-
apuração de responsabilidade. ternacional de Doenças - CID, terá direito ao benefício pre-
§ 9º - Os agentes públicos que injustificadamente im- videnciário a partir do décimo primeiro dia de afastamento,
peçam a concessão regular das férias, bem como deixem mesmo que descontínuo, devendo ser submetido a perícia
de observar as regras dispostas nos §§ 1º a 8º deste artigo, pela Junta Médica Oficial do Estado.
estarão sujeitos a apuração de responsabilidade funcional,
inclusive quanto a eventual ressarcimento ao erário. SEÇÃO II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
Art. 94 - Independentemente de solicitação, será pago Família
ao servidor, por ocasião das férias, um acréscimo de 1/3
(um terço) da remuneração correspondente ao período de Art. 100 - Poderá ser concedida licença ao servidor, por
gozo. motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais,
do padrasto ou madrasta, dos filhos, dos enteados, de me-
Art. 95 - (Revogado). nor sob guarda ou tutela, dos avós e dos irmãos menores
ou incapazes, mediante prévia comprovação por médico
Art. 96 - O pagamento do acréscimo previsto no art. 94 ou junta médica oficial.
desta Lei será efetuado no mês anterior ao início das férias. § 1º - A licença somente será deferida se a assistência
direta do servidor for indispensável e não puder ser presta-
Art. 97 - As férias somente poderão ser interrompidas da simultaneamente com o exercício do cargo, o que deve-
por motivo de calamidade pública, comoção interna, con- rá ser apurado através de acompanhamento social.
vocação para júri, serviço militar ou eleitoral e, ainda, por § 2º - É vedado o exercício de atividade remunerada
motivo de superior interesse público, mediante ato funda- durante o período da licença.
mentado. Conforme o art. 41, inciso XX da Constituição Estadual,
Parágrafo único - O servidor, cujo período de férias com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional
tenha sido interrompido na forma deste artigo, terá asse- nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “Art. 41 - São direitos dos
servidores públicos civis, além dos previstos na Constitui-
gurado o direito a fruir os dias restantes, logo que seja dis-
ção Federal: XX - garantia de licença para acompanhar fa-
pensado da correspondente obrigação.
miliar doente, na forma da lei”.
CAPÍTULO IV Art. 101 - A licença de que trata o artigo anterior será
Das Licenças concedida:
I - com remuneração integral, até 3 (três) meses;
SEÇÃO I II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando ex-
Disposições Gerais ceder a 3 (três) e não ultrapassar 06 (seis) meses;
III - com 1/3 (um terço) da remuneração, quando exce-
Art. 98 - Conceder-se-á licença ao servidor, além das der a 6 (seis) e não ultrapassar 12 (doze) meses.
previstas nos incisos IV, V e VI do artigo 120:
I - por motivo de doença em pessoa da família; SEÇÃO III
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou compa- Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
nheiro;
III - para prestar o serviço militar obrigatório; Art. 102 - Poderá ser concedida licença ao servidor
IV - para concorrer a mandato eletivo e exercê-lo; para acompanhar cônjuge ou companheiro, servidor públi-
V - (Revogado); co estadual, que for deslocado para outro ponto do Estado
VI - para tratar de interesse particular; ou do país, para o exterior ou para o exercício de mandato
VII - para o servidor-atleta participar de competição oficial. eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - A licença prevista no caput deste artigo será sem § 1º - O servidor deverá aguardar em serviço a conces-
remuneração. são da licença.
§ 2º - Ocorrendo o deslocamento no território esta- § 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer
dual, o servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em tempo, a pedido do servidor ou por motivo de interesse
repartição da administração estadual direta, autárquica ou público, mediante ato fundamentado.
fundacional, desde que para exercício de atividade compa- § 3º - Não será concedida nova licença antes de de-
tível com seu cargo. corridos 2 (dois) anos do término da anterior, salvo para
completar o período de que trata este artigo.
SEÇÃO IV § 4º - Não será concedida licença a servidor nomeado,
Da Licença para prestar o Serviço Militar Obriga- removido ou relotado, antes de completar 2 (dois) anos do
tório correspondente exercício.
Art. 103 - Ao servidor convocado para o serviço militar
SEÇÃO VIII
obrigatório será concedida licença, sem remuneração, na
Da Licença para o Servidor-atleta participar de
forma e nas condições previstas na legislação especifica.
competição oficial
Parágrafo único - Concluído o serviço militar obriga-
tório, o servidor terá até 30 (trinta) dias para reassumir o
exercício do cargo. Art. 112 - Será concedida licença ao servidor-atleta se-
lecionado para representar o Estado ou o País, durante o
SEÇÃO V período da competição oficial, sem prejuízo de remune-
Da Licença para Concorrer a Mandato Eletivo e ração.
Exercê-lo
CAPÍTULO V
Art. 104 - O servidor se licenciará para concorrer a Das Concessões
mandato eletivo na forma da legislação eleitoral.
Art. 113 - Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au-
Art. 105 - Eleito, o servidor ficará afastado do exercício sentar-se do serviço:
do cargo a partir da posse. I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - por 2 (dois) dias, para alistamento eleitoral;
Art. 106 - Ao servidor investido em mandato eletivo III - por 8 (oito) dias consecutivos, por motivo de:
aplicam-se as seguintes disposições: a) casamento;
I - tratando-se de mandato de Prefeito, será afastado b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais, padras-
do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; to ou madrasta, filhos, enteados, menor sob guarda ou tu-
II - tratando-se de mandato de vereador: tela e irmãos, desde que comprovados com atestado de
a) havendo compatibilidade de horários, perceberá a óbito.
remuneração de seu cargo, sem prejuízo da remuneração IV - até 15 (quinze) dias, por período de trânsito, com-
do cargo eletivo; preendido como o tempo gasto pelo servidor que mudar
b) não havendo compatibilidade de horários, será afas- de sede, contados da data do desligamento.
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu-
neração. Art. 114 - Poderá ser concedido horário especial ao ser-
§ 1º - No caso de afastamento do cargo, o servidor vidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade
contribuirá para a seguridade social como se em exercício
do horário escolar com o da repartição, sem prejuízo do
estivesse.
exercício do cargo.
§ 2º - O servidor investido em mandato eletivo não po-
Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo,
derá ser relotado ou removido de ofício para localidade
será exigida a compensação de horários na repartição, res-
diversa daquela onde exerce o mandato.
peitada a duração semanal do trabalho.
SEÇÃO VI
Da Licença Prêmio por Assiduidade Art. 115 - Ao servidor-estudante que mudar de sede
em virtude de interesse da administração, é assegurado, na
Arts. 107 a 110 - (Revogados). localidade da nova residência ou na mais próxima, matrí-
cula em instituição oficial estadual de ensino, em qualquer
SEÇÃO VII – época, independentemente de vaga, na forma e condições
Da Licença para Tratar de Interesse Particular estabelecidas em legislação específica.
Parágrafo único - O disposto neste artigo estende-se
Art. 111 - A critério da administração, poderá ser con- ao cônjuge ou companheiro, aos filhos e enteados do ser-
cedida ao servidor licença para tratar de interesse particu- vidor que vivam na sua companhia, assim como aos me-
lar, pelo prazo de 3 (três) anos consecutivos, sem remune- nores sob sua guarda ou tutela, com autorização judicial.
ração, prorrogável uma única vez, por igual período.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

CAPÍTULO VI I - o tempo de serviço público prestado à União, aos


Do Tempo de Serviço Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoa da fa-
Art. 116 - É contado para todos os efeitos o tempo de mília do servidor, até 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias;
serviço público estadual. III - a licença para concorrer a mandato eletivo;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
Art. 117 - A apuração do tempo de serviço será feita dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, ante-
em dias, que serão convertidos em anos, considerando-se rior ao ingresso no serviço público estadual;
estes como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. V - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VI - até 10 (dez) anos do tempo de serviço em ativida-
Art. 118 - Além das ausências ao serviço previstas no de privada, vinculada à Previdência Social, desde que um
artigo 113, são considerados como de efetivo exercício os decênio, pelo menos, no serviço público estadual, ressalva-
afastamentos em virtude de: da a legislação federal regulamentadora da matéria.
I - férias; Declarado inconstitucional pelo STF no julgamento da
II - exercício de cargo de provimento temporário ou ADIn nº 1798, em 27.08.2014.
equivalente, em órgão ou entidade do próprio Estado, da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; § 1º - (Revogado).
III - participação em programa de treinamento regular- A Emenda Constitucional nº 07 de 18 de janeiro de
mente instituído; 1999, baseada no art. 40, § 1º da Constituição Federal (re-
IV - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, dação de acordo com o art. 1º da Emenda Constitucional
municipal ou distrital; nº 20, de 15 de dezembro de 1998), dispõe que, “A Lei não
V - prestação do serviço militar obrigatório; poderá estabelecer a qualquer forma de contagem de tem-
VI - participação em júri e em outros serviços obriga- po de contribuição fictício”, revogando portanto o § 1º do
tórios por lei; art. 119 desta Lei.
VII - missão ou estudos em outros pontos do território
nacional ou no exterior, quando o afastamento houver sido
§ 2º - O tempo de serviço a que se refere o inciso I
autorizado pela autoridade competente;
deste artigo não poderá ser contado com quaisquer acrés-
VIII - abono de falta, a critério do chefe imediato do
cimos ou em dobro, salvo se houver dispositivo correspon-
servidor, no máximo de 3 (três) dias por mês, desde que
dente na legislação estadual.
não seja ultrapassado o limite de 12 (doze) por ano;
§ 3º - O tempo em que o servidor esteve aposentado
IX - prisão do servidor, quando absolvido por decisão
ou em disponibilidade, na hipótese de reversão prevista no
judicial passada em julgado;
X - afastamento preventivo do servidor, quando do artigo 34 e na hipótese de verificação de erro da Admi-
processo não resultar punição, ou esta se limitar à penali- nistração, que torne insubsistente o ato de aposentadoria,
dade de advertência; bem como no caso de aproveitamento previsto no artigo
XI - licença: 38, será contado para o efeito de nova aposentadoria e
a) à gestante, à adotante e licença-paternidade; para o de disponibilidade, respectivamente.
b) para tratamento da própria saúde; § 4º - O tempo de serviço, a que se refere o inciso II do
c) por motivo de acidente em serviço ou por doença artigo 118 e os incisos I e IV deste artigo, será computado
profissional; à vista de comunicação de freqüência ou de certidão expe-
d) prêmio por assiduidade; dida pela autoridade competente.
e) para o servidor-atleta. § 5º - É vedada a contagem cumulativa ou recíproca de
XII - disponibilidade para o exercício de mandato eleti- tempo de serviço prestado concomitantemente em mais
vo em diretoria de entidade sindical, nos termos do artigo de um cargo, função ou emprego em órgão ou entidade
40, exceto para efeito de promoção por merecimento. dos Poderes da União, dos Estados, dos Municípios, do
Distrito Federal, das fundações públicas, das sociedades de
Art. 119 - Contar-se-á para efeito de aposentadoria e economia mista e das empresas públicas.
disponibilidade:
Conforme o § 1º do art. 42, da Constituição Estadual, CAPÍTULO VII
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 07 de Dos Benefícios
18 de janeiro de 1999: “O tempo de contribuição federal,
estadual ou municipal será contado para efeito de aposen- Art. 120 - São benefícios do servidor, além dos previs-
tadoria e o tempo de serviço correspondente, para efeito tos na legislação de previdência e assistência estadual:
de disponibilidade”. I - aposentadoria;
Conforme o art. 9º da Emenda Constitucional nº 07, de II - auxílio-natalidade;
janeiro de 1999, “observado o disposto no art. 40, § 10, da III - salário-família;
Constituição Federal, o tempo de serviço considerado pela IV - licença para tratamento de saúde;
legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido V - licença à gestante, à adotante e paternidade;
até que a lei discipline a matéria, será contado como tempo VI - licença por acidente em serviço.
de contribuição”.

36
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

SEÇÃO I Art. 123 - A aposentadoria por invalidez permanente


Da Aposentadoria será precedida de licença para tratamento de saúde ou por
acidente em serviço, por período não excedente a 24 (vinte
Art. 121 - O servidor público será aposentado: e quatro) meses.
Conforme o art. 40 da Constituição Federal, com re- Parágrafo único - A concessão da aposentadoria de-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 41, de 19 de penderá da verificação da condição de incapacidade, me-
dezembro de 2003: “Art. 40 - Aos servidores titulares de diante exame médico-pericial a cargo de junta médica
cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal oficial do Estado e produzirá efeitos a partir da data da
e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é publicação do ato concessório.
assegurado regime de previdência de caráter contributivo
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente pú- Art. 124 - Em caso de doença grave que necessite de
blico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, afastamento compulsório, a aposentadoria por invalidez
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro permanente independerá de licença para tratamento de
e atuarial e o disposto neste artigo. § 1º - Os servidores saúde, desde que o requerimento seja embasado em laudo
abrangidos pelo regime de previdência de que trata este conclusivo da medicina especializada, ratificado pela junta
artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a médica oficial do Estado.
partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17”. Parágrafo único - Consideram-se doenças graves que
requerem afastamento compulsório, tuberculose ativa,
I - por invalidez permanente com proventos integrais, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira
quando motivada por acidente em serviço, moléstia profis- posterior ao ingresso no serviço público, paralisia irreversí-
sional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especifi- vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
cadas em lei, e, com proventos proporcionais, nos demais espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado
casos; avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndro-
Conforme o § 1º do inciso I do art. 40 da Constituição me da deficiência imunológica adquirida (AIDS), esclerose
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional
múltipla, contaminação por radiação e outras que a lei in-
nº 41, de 19 de dezembro de 2003: “I - por invalidez per-
dicar, com base na medicina especializada.
manente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,
Art. 125 - A aposentadoria por invalidez permanente
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incu-
terá proventos integrais, quando decorrer de acidente em
rável, na forma da lei”.
serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com ou incurável, avaliadas por junta médica oficial do Estado,
proventos proporcionais ao tempo de serviço; e, proporcionais, nos demais casos.
Conforme o § 1º do inciso II do art. 40 da Constituição Conforme o § 1º e inciso I do art. 40 da Constituição
Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº Federal, com a redação dada pelo art. 1º da Emenda Cons-
41, de 19 de dezembro de 2003: “II - compulsoriamente, titucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003: “§ 1º - Os
aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais servidores abrangidos pelo regime de previdência de que
ao tempo de contribuição”. trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e
III - voluntariamente. 17. I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
Conforme o § 1º do inciso III do art. 40 da Constituição porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
nº 41, de 19 de dezembro de 2003: “III - voluntariamente, grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei”.
desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo Subseção II
em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes Da Aposentadoria Compulsória
condições: a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade Art. 126 - O servidor será aposentado compulsoria-
e trinta de contribuição, se mulher; b) sessenta e cinco anos mente ao completar 70 (setenta) anos de idade, com pro-
de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, ventos proporcionais ao tempo de serviço.
com proventos proporcionais ao tempo de contribuição”. Parágrafo único - O servidor se afastará, imediata e
obrigatoriamente, no dia subsequente ao que completar
Subseção I 70 (setenta) anos de idade.
Da Aposentadoria por Invalidez Permanente Conforme o art. 42 e inciso II da Constituição Estadual,
com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional
Art. 122 - Será aposentado por invalidez permanente o nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “Art. 42 - Aos servidores
servidor que, estando em gozo de licença para tratamento titulares de cargos efetivos do Estado e dos Municípios, in-
de saúde ou por acidente em serviço, for considerado defi- cluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
nitivamente incapacitado para o serviço público, por moti- de previdência de caráter contributivo, observados critérios
vo de deficiência física, mental ou fisiológica. que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, bem como

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

o que dispõe a Constituição Federal, e serão aposentados: § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com pro- tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
ventos proporcionais ao tempo de contribuição”. educação infantil e no ensino fundamental e médio”.
Conforme o § 1º e inciso I do art. 40 da Constituição Parágrafo único - (Revogado).
Federal, com a redação dada pelo art. 1º da Emenda Cons-
titucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998: “§ 1º - Os Subseção IV
servidores abrangidos pelo regime de previdência de que Da Aposentadoria em Cargo de Provimento Tem-
trata este artigo serão aposentados, calculados os seus porário
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e
17: I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- Art. 128 - (Revogado).
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença Subseção V
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei”. Das Disposições Gerais sobre Aposentadoria
Prevê o art. 9º da Lei nº 6.932, de 19 de janeiro de 1996:
“O servidor ocupante de emprego de provimento perma- Art. 130 - A aposentadoria voluntária com proventos
nente, que, em 26 de setembro de 1994, contava com, no integrais ou proporcionais, produzirá efeitos a partir da
mínimo, 70 (setenta) anos de idade e não detinha a situa- data de publicação do ato concessório, ressalvada a hipó-
ção de aposentado por qualquer instituição previdenciária tese do parágrafo único, caso em que seus efeitos retroa-
federal, estadual ou municipal, será declarado integrado, gem à data do afastamento.
naquela data, no regime jurídico único, instituído pela Lei Conforme os §§ 2º, 3º e 4º do art. 40, da Constituição
nº 6.677, da mesma data, com direito à aposentadoria pre- Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº
vista para a hipótese na Constituição Federal”. 41, de 19 de dezembro de 2003: “§ 2º - Os proventos de
aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão,
Subseção III não poderão exceder a remuneração do respectivo servi-
Da Aposentadoria Voluntária dor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou
que serviu de referência para a concessão da pensão. § 3º -
Art. 127 - O servidor poderá ser aposentado volunta- Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião
riamente: de sua concessão, serão consideradas as remunerações uti-
I - aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e lizadas como base para as contribuições do servidor aos
aos 30 (trinta), se mulher, com proventos integrais; regimes de previdência de que tratam este artigo e o art.
II - aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções 201, na forma da lei. § 4º - É vedada a adoção de requisitos
de magistério, se professor e aos 25 (vinte e cinco), se pro- e critérios diferenciados para a concessão de aposentado-
fessora, com proventos integrais; ria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo,
III - aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 ressalvados os casos de atividades exercidas exclusivamen-
(vinte e cinco), se mulher, com proventos proporcionais a te sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
este tempo; integridade física, definidos em lei complementar”.
IV - aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e aos 60 (sessenta), se mulher, com proventos proporcio- Art. 131 - É vedada a percepção cumulativa de aposen-
nais ao tempo de serviço. tadorias concedidas pelo poder público ou por qualquer
Conforme o art. 6º da Lei nº 9.003, de 30 de janeiro de instituição oficial de previdência.
2004: “É assegurada a concessão de aposentadoria, a qual- § 1º - Verificada a inobservância do disposto neste arti-
quer tempo, aos servidores públicos, bem como pensão go, o pagamento da aposentadoria será suspenso, ficando
aos seus dependentes que, até a publicação da Emenda o interessado obrigado a devolver as importâncias indevida-
Constitucional Federal nº 41, de 19 de dezembro de 2003, mente recebidas, atualizadas, a partir da percepção cumula-
tenham cumprido todos os requisitos para obtenção des- tiva, sem prejuízos de outras sanções previstas em lei.
ses benefícios, com base na legislação então vigente”. § 2º - O disposto neste artigo não se aplica à percepção
Conforme o inciso III e § 5º da Constituição Federal, de aposentadorias decorrentes da acumulação de cargos
com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional públicos, nos termos da Constituição Federal, ou originá-
nº 20, de 15 de dezembro de 1998: “III - voluntariamente, rias de contribuição à instituição oficial, como autônomo,
desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo ou de relação empregatícia com entidade não oficial, que
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo não tenham sido computadas.
em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes Conforme o § 10 do art. 37 da Constituição Federal, com
condições: a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 16 de
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade dezembro de 1998: “É vedada a participação simultânea de
e trinta de contribuição, se mulher; b) sessenta e cinco anos proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos
de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
§ 5º - Os requisitos da idade e de tempo de contribuição desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em co-
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no missão declarados em lei de livre nomeação e exoneração”.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Conforme o § 6º do art. 40 da Constituição Federal, § 1º - Na hipótese de parto múltiplo, o valor será pago
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 16 por nascituro.
de dezembro de 1998: “Ressalvadas as aposentadorias de- § 2º - O benefício referido neste artigo é inacumulável
correntes dos cargos acumuláveis na forma desta Consti- quando os pais forem servidores públicos do Estado.
tuição, é vedada a percepção de mais de uma aposentado-
ria à conta do regime de previdência previsto neste artigo”. SEÇÃO III
Do salário-família
Art. 132 - Os proventos da aposentadoria em cargo de
provimento permanente serão fixados com base no res- Art. 137 - O salário-família será pago aos servidores
pectivo vencimento, não podendo exceder o limite estabe- ativos e inativos que tiverem os seguintes dependentes:
lecido no artigo 54. I - filho menor de 18 (dezoito) anos;
§ 1º - Incluem-se, na fixação dos proventos integrais II - filho inválido ou excepcional de qualquer idade,
ou proporcionais, as gratificações e vantagens percebidas desde que devidamente comprovada sua incapacidade me-
por 5 (cinco) anos consecutivos ou 10 (dez) interpolados, diante inspeção médica pelo órgão competente do Estado;
calculados pela média percentual dos últimos 12 (doze) III - filho estudante, desde que não exerça atividade
meses imediatamente anteriores ao mês civil em que for remunerada, até a idade de 24 (vinte e quatro) anos;
protocolado o pedido de aposentadoria ou àquele em que IV - cônjuge inválido, que seja comprovadamente in-
for adquirido o direito à aposentação, salvo disposição pre- capaz, mediante inspeção médica feita pelo órgão compe-
vista em legislação específica. tente do Estado, e que não perceba remuneração.
§ 2º - Na aposentadoria por invalidez permanente, as Parágrafo único - Estende-se o benefício deste artigo
gratificações e vantagens incorporam-se aos proventos, in- aos enteados ou tutelados e aos menores que, mediante au-
dependentemente do tempo de percepção. torização judicial, estejam submetidos à guarda do servidor.
§ 3º - Os proventos da aposentadoria serão calculados
com observância do disposto no artigo 53 e revistos nas Art. 138 - O salário-família corresponderá a 7% (sete
mesmas proporções e data em que se modificar a remu- por cento) do menor nível da escala de vencimentos do
neração dos servidores ativos, sendo também estendidos servidor público estadual.
aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens concedi- Parágrafo único - Quando se tratar de dependente in-
dos posteriormente aos servidores em atividade; inclusive válido ou excepcional, o salário-família será pago em dobro.
quando decorrentes de transformação ou reclassificação
do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Art. 139 - Quando pai e mãe forem servidores esta-
§ 4º - Para efeito do disposto no § 1º deste artigo, so-
duais e viverem em comum, o salário-família será pago a
mam-se indistintamente os períodos de percepção:
um deles e, quando separados, será pago àquele que tiver
I - do adicional de função e das gratificações pelo re-
a guarda do dependente.
gime de tempo integral e dedicação exclusiva e por condi-
ções especiais de trabalho;
II - dos adicionais de periculosidade e insalubridade e Art. 140 - Não será percebido o salário-família nos ca-
da gratificação por condições especiais de trabalho, esta sos em que o servidor deixar de receber o respectivo ven-
última quando concedida com o objetivo de compensar o cimento ou os proventos.
exercício funcional nas condições referidas. Parágrafo único - O disposto neste artigo não se apli-
ca aos casos de suspensão, nem de licença por motivo de
Art. 133 - Os proventos da aposentadoria não poderão doença em pessoa da família.
ser inferiores a 1/3 (um terço) da remuneração da ativida-
de, respeitado o menor vencimento do Estado. Art. 141 - O salário-família relativo a cada dependente
será devido a partir do mês em que se comprovar o ato ou
Art. 134 - (Revogados). fato que lhe der origem e deixará de ser pago no mês se-
guinte ao ato ou fato que tiver determinado sua supressão.
Art. 135 - As vantagens da aposentadoria por mais de
30 (trinta) anos de serviço, se mulher, ou 35 (trinta e cinco), Art. 142 - O salário-família não poderá sofrer qualquer
se homem, prestados exclusivamente no serviço público desconto nem ser objeto de transação, consignação em fo-
estadual, abrangerão as do cargo de provimento tempo- lha de pagamento, arresto ou penhora, não está sujeito a
rário, se o servidor, na data do ato concessório da aposen- qualquer tributo, nem servirá de base para qualquer con-
tadoria, neste estiver investido e contar com mais de 15 tribuição.
(quinze) anos de exercício.
Art. 143 - Será suspenso o pagamento do salário-famí-
SEÇÃO II lia ao servidor que, comprovadamente, descurar da subsis-
Do auxílio-natalidade tência e da educação dos dependentes.
§ 1º - O pagamento voltará a ser feito ao servidor se
Art. 136 - O auxílio-natalidade é devido ao servidor por desaparecerem os motivos determinantes da suspensão.
motivo de nascimento de filho, inclusive no caso de nati- § 2º - Mediante autorização judicial, a pessoa que es-
morto, no valor equivalente ao do menor nível da escala de tiver mantendo filho de servidor poderá receber o salário
vencimentos do servidor público estadual. família devido, enquanto durar tal situação.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 144 - Em caso de acumulação de cargos, o salário Parágrafo único - No caso de recusa injustificada, su-
família será pago em razão de um deles. jeitar-se-á à pena prevista em lei, considerando-se de au-
sência ao serviço os dias que excederem a essa penalidade,
SEÇÃO IV para fins de processo por abandono de cargo.
Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 152 - O servidor poderá desistir da licença desde
Art. 145 - Será concedida ao servidor licença para tra- que, mediante inspeção médica a seu pedido, seja julgado
tamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em pe- apto para o exercício.
rícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Parágrafo único - Findo o prazo estipulado no lau- Art. 153 - A licença para tratamento de saúde será con-
do médico, o servidor deverá reassumir imediatamente o cedida sem prejuízo da remuneração, sendo vedado ao
exercício, salvo prorrogação pleiteada antes da conclusão servidor o exercício de qualquer atividade remunerada, sob
da licença. pena de cassação da licença, sem prejuízo da apuração da
sua responsabilidade funcional.
Art. 146 - Para licença até 10 (dez) dias, a inspeção po-
derá ser feita por médico do Sistema Unificado de Saúde, SECÃO V
do setor de assistência médica estadual e de outros esta- Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-pa-
belecimentos da preferência do servidor, a partir do dé- ternidade
cimo primeiro dia, através de perícia a ser realizada pela
Junta Médica Oficial do Estado. Art. 154 - À servidora gestante será concedida, me-
§ 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica será diante atestado médico, licença por 180 (cento e oitenta)
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento dias consecutivos.
hospitalar onde ele se encontrar internado. § 1º - A licença poderá ter início no primeiro dia do
§ 2º - Inexistindo médico oficial no local onde se en- nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
contrar o servidor, será aceito atestado fornecido por mé- médica.
§ 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá
dico particular.
início na data do parto.
§ 3º - No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
Art. 147 - O servidor não poderá permanecer de licença
do evento, a servidora será submetida a exame medico e,
para tratamento de saúde por mais de 24 (vinte e quatro)
se julgada apta, reassumirá o exercício.
meses consecutivos ou interpolados se, entre as licenças,
§ 4º - No caso de aborto não criminoso, atestado por
medear um espaço não superior a 60 (sessenta) dias, salvo
médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de
se a interrupção decorrer apenas das licenças à gestante, à repouso.
adotante e da licença-paternidade.
Art. 155 - Pelo nascimento ou adoção de filho, o ser-
Art. 148 - Decorrido o prazo estabelecido no artigo an- vidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
terior, o servidor será submetido a nova inspeção médica consecutivos.
e, se for considerado física ou mentalmente inapto para
o exercício das funções do seu cargo, será readaptado ou Art. 156 - Para amamentar o próprio filho, até a idade
aposentado conforme o caso. de 6 (seis) meses, a servidora lactante terá direito, durante
a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá
Art. 149 - Contar-se-á como de prorrogação o período ser parcelada em 2 (dois) períodos de meia hora.
compreendido entre o dia do término da licença e o do
conhecimento, pelo interessado, do resultado de nova ins- Art. 157 - À servidora que adotar ou obtiver guarda
peção a que for submetido, se julgado apto para reassumir judicial de criança de até 01 (um) ano de idade, serão con-
o exercício de suas funções ou ser readaptado. cedidos 180 (cento e oitenta) dias de licença, para ajusta-
mento do menor, a contar da data em que este chegar ao
Art. 150 - O servidor será licenciado compulsoriamen- novo lar.
te, quando se verificar que é portador de uma das molés- Parágrafo único - No caso de adoção ou guarda judi-
tias enumeradas no artigo 124 e que seu estado se tornou cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de
incompatível com o exercício das funções do cargo. que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
Parágrafo único - Verificada a cura clínica, o servidor
voltará à atividade, ainda quando, a juízo de médico oficial, Art. 158 - As licenças de que tratam esta Seção serão
deva continuar o tratamento, desde que as funções sejam concedidas sem prejuízo da remuneração.
compatíveis com as suas condições orgânicas.
SEÇÃO VI
Art. 151 - Para efeito da concessão de licença de ofício, Da Licença por Acidente em Serviço
o servidor é obrigado a submeter-se à inspeção médica
determinada pela autoridade competente para licenciar. Art. 159 - Será licenciado, com remuneração integral, o
servidor acidentado em serviço.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 160 - Configura acidente em serviço o dano físico Art. 167 - O prazo para a interposição do pedido de
ou mental sofrido pelo servidor e que se relacione, mediata reconsideração ou do recurso é de 30 (trinta dias), a contar
ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
recorrida.
Art. 161 - Equipara-se a acidente em serviço, para efei-
tos desta lei: Art. 168 - O recurso poderá ser recebido com efeito
I - o fato ligado ao serviço que, embora não tenha sido suspensivo, a juízo da autoridade competente, em despa-
a causa única, haja contribuído diretamente para a morte cho fundamentado.
do servidor, para redução ou perda da sua capacidade para Parágrafo único - Em caso de provimento do pedido de
o serviço ou produzido lesão que exija atenção médica na reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroa-
sua recuperação; girão à data do ato impugnado.
II - o dano sofrido pelo servidor no local e no horário
do serviço, em consequência de: Art. 169 - O direito de requerer prescreve em 5 (cinco)
a) ato de agressão ou sabotagem praticado por tercei- anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
ro ou por outro servidor; sentadoria ou de disponibilidade ou que afetem interesse
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por patrimonial e créditos resultantes da relação funcional.
motivo de disputa relacionado com o serviço e que não Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado
constitua falta disciplinar do servidor beneficiário; da data da publicação do ato impugnado ou da ciência,
c) ato de imprudência, negligência ou imperícia de ter- pelo servidor, quando não for publicado.
ceiro ou de outro servidor;
d) desabamento, inundação, incêndio e casos fortuitos Art. 170 - O pedido de reconsideração e o recurso,
ou decorrentes de força maior. quando cabíveis, suspendem a prescrição, recomeçando
III - a doença proveniente de contaminação acidental a correr, pelo restante, no dia em que cessar a causa da
do servidor no exercício de sua atividade; suspensão.
IV - o dano sofrido em viagem a serviço da administra-
ção, independentemente do meio de locomoção utilizado, Art. 171 - A prescrição é de ordem pública, não poden-
inclusive veículo de propriedade do servidor, desde que
do ser relevada pela administração.
autorizado pela sua chefia imediata.
Parágrafo único - Não é considerada a gravação ou
Art. 172 - Para o exercício do direito de petição, é as-
complicação de acidente em serviço a lesão que, resultante
segurada vista do processo ou documento na repartição
de acidente de outra origem, se associe ou se superponha
do servidor, ressalvado o disposto na Lei nº 8.906, de 4 de
às consequências do anterior.
julho de 1994.
Art. 162 - O servidor acidentado em serviço que neces-
site de tratamento especializado, recomendado por junta Art. 173 - São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
médica oficial, poderá ser atendido por instituição privada, belecidos neste capítulo, salvo quando o servidor provar
á conta de recursos do Tesouro, desde que inexistam meios evento imprevisto, alheio à sua vontade, que o impediu de
adequados ao atendimento por instituição pública. exercer o direito de petição.

CAPÍTULO VIII Art. 174 - A administração deverá rever seus atos a


Do Direito de Petição qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 163 - É assegurado ao servidor o direito de reque- TÍTULO IV


rer ou representar, pedir, reconsideração e recorrer. Do Regime Disciplinar

Art. 164 - O requerimento será dirigido à autoridade CAPÍTULO I


competente. Dos Deveres

Art. 165 - Cabe pedido de reconsideração à autoridade Art. 175 - São deveres do servidor:
que houver expedido o ato ou proferido a primeira deci- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
são, não podendo ser renovado. II - ser leal às instituições a que servir;
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de recon- III - observar as normas legais e regulamentares;
sideração deverão ser decididos no prazo de 30 (trinta) dias. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
nifestamente ilegais;
Art. 166 - Caberá recurso se o pedido de reconsidera- V - atender com presteza:
ção for indeferido ou não decidido. a) ao público em geral, prestando as informações re-
Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou pro- b) aos requerimentos de certidão para defesa de di-
ferido a decisão e, sucessivamente, em escala ascendente, reito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
às demais autoridades, considerado o chefe do Poder ou o c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública e
dirigente máximo da entidade, a instância final. do Estado.

41
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as XVII - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; ção em serviços ou atividades particulares;
VII - zelar pela economia de material e pela conserva- XVIII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
ção do patrimônio público; às do cargo que ocupa, exceto em situações de emergência
VIII - guardar sigilo sobre assuntos de natureza confi- e transitórias;
dencial a que esteja obrigado em razão do cargo; XIX - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- patíveis com as atribuições do cargo ou função e com o
ministrativa; horário de trabalho.
X - ser assíduo e pontual ao serviço, inclusive compa-
recendo à repartição em horário extraordinário, quando CAPÍTULO III
convocado; Da Acumulação
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 177 - É vedada a acumulação, remunerada ou não,
Parágrafo único - A representação de que trata o inciso
de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade
XII será encaminhada pela via hierárquica e obrigatoria-
de horários:
mente apreciada pela autoridade superior àquela contra a
qual é formulada, assegurando-se ao representado o direi- a) de dois cargos de professor;
to de defesa. b) de um cargo de professor com outro técnico ou
científico;
CAPÍTULO II c) de dois cargos de médico.
Das Proibições § 1º - A proibição de acumular estende-se a cargos,
funções e empregos em autarquias, fundações públicas,
Art. 176 - Ao servidor é proibido: empresas públicas, sociedades de economia mista da
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
prévia autorização do chefe imediato; § 2º - A compatibilidade de horários consiste na conci-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- liação entre horários de trabalhos correspondentes a mais
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; de um vínculo funcional e definidos ao servidor em razão
III - recusar fé a documento público; das necessidades de serviço, considerados os intervalos in-
IV - opor resistência injustificada à tramitação de pro- dispensáveis à locomoção, às refeições e ao repouso.
cesso ou exceção do serviço;
V - promover manifestação de apoio ou desapreço, no Art. 178 - Entende-se para efeito do artigo anterior:
recinto da repartição; I - Cargo de professor - aquele que tem como atribui-
VI - referir-se de modo depreciativo ou desrespeito- ção principal e permanente atividades estritamente docen-
so às autoridades públicas ou aos atos do poder público, tes, compreendendo a preparação e ministração de aulas, a
mediante manifestação escrita ou oral, podendo, porém, orientação, supervisão e administração escolares em qual-
criticar ato do poder público, do ponto de vista doutrinário quer grau de ensino;
ou da organização do serviço, em trabalho assinado; II - Cargo Técnico ou Científico:
VII - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos a) de provimento efetivo: aquele para cujo exercício
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja exigida habilitação de nível superior ou profissionali-
seja de sua responsabilidade ou da de seu subordinado; zante de nível médio;
VIII - constranger outro servidor no sentido de filiação
b) de provimento em comissão: aquele com atribui-
a associação profissional ou sindical, ou a partido político;
ções de direção, coordenação ou assessoramento.
IX - manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, compa-
nheiro ou parente até segundo grau civil; § 1º - A denominação atribuída ao cargo é insuficiente
X - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou para caracterizá-lo como técnico ou científico.
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; § 2º - A simples qualificação pessoal do servidor, des-
XI - transacionar com o Estado, quando participar de de que não diretamente relacionada à natureza do cargo,
gerência ou administração de empresa privada, de socie- função ou emprego efetivamente exercido, não será consi-
dade civil, ou exercer comércio; derada para fins de acumulação.
XII - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de percepção Art. 179 - O servidor em regime de acumulação, quan-
de remuneração, benefícios previdenciários ou assisten- do investido em cargo de provimento temporário, ficará
ciais de parentes até segundo grau e de cônjuge ou com- afastado de um dos cargos efetivos, se houver compatibi-
panheiro; lidade de horários.
XIII - receber propina, comissão, presente ou vantagem Parágrafo único - Havendo incompatibilidade de ho-
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; rários, o afastamento ocorrerá em ambos os cargos efeti-
XIV - aceitar representação, comissão, emprego ou vos, podendo o servidor optar apenas pela percepção da
pensão de Estado estrangeiro, sem licença da autoridade remuneração de um dos cargos permanentes, mais uma
competente; gratificação nos termos do artigo 78.
XV - praticar usura sobre qualquer de suas formas;
XVI - proceder de forma desidiosa; Art. 180 - (Revogado).

42
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

CAPÍTULO IV Parágrafo único - Será punido com suspensão de até


Das Responsabilidades 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, se recu-
sar a ser submetido a inspeção médica determinada pela
Art. 181 - O servidor responde civil, penal e administra- autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. uma vez cumprida a determinação.

Art. 182 - A responsabilidade civil decorre de ato omis- Art. 191 - As penalidades de advertência e de suspen-
sivo ou comissivo; doloso ou culposo, que resulte em pre- são terão seus registros cancelados, após o decurso de 2
juízo do Erário ou de terceiros. (dois) e 4 (quatro) anos de efetivo exercício, respectiva-
§ 1º - A indenização de prejuízo causado ao erário so- mente, se o servidor não houver, nesse período, praticado
mente será liquidada na forma prevista no artigo 58, quan- nova infração disciplinar.
do inexistirem outros bens que assegurem a execução do Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não
débito pela via judicial. produzirá efeitos retroativos.
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, res-
Art. 192 - A demissão será aplicada nos seguintes casos:
ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
I - crime contra a administração pública;
regressiva. II - abandono de cargo;
§ 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos III - inassiduidade habitual;
sucessores e contra eles será executada até o limite do va- IV - improbidade administrativa;
lor da herança recebida. V - incontinência pública e conduta escandalosa;
VI - insubordinação grave no serviço;
Art. 183 - A responsabilidade penal abrange crimes e VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
contravenções imputados ao servidor, nessa qualidade. salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiro público;
Art. 184 - A responsabilidade administrativa resulta de IX - revelação de segredo apropriado em razão do cargo;
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do X - lesão ao Erário e dilapidação do patrimônio público;
cargo ou função. XI - acumulação ilegal de cargos, funções ou empregos
públicos;
Art. 185 - As responsabilidades civil, penal e adminis- XII - transgressão das proibições previstas nos incisos
trativa poderão cumular-se, sendo independentes entre si. X a XVII do artigo 176.

Art. 186 - A responsabilidade civil ou administrativa do Art. 193 - Apurada em processo disciplinar a acumu-
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que lação proibida e provada a boa-fé, o servidor optará por
negue a existência do fato ou a sua autoria. um dos cargos, e havendo má-fé, perderá também o cargo
que exercia há mais tempo, com restituição do que tiver
CAPÍTULO V percebido indevidamente.
Das Penalidades Parágrafo único - Sendo um dos cargos, emprego ou
função exercido em outro órgão ou entidade, a demissão
Art. 187 - São penalidades disciplinares: ser-lhe-á comunicada.
I - advertência;
Art. 194 - Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
II - suspensão;
lidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
III - demissão;
punível com a demissão.
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
Art. 195 - A demissão de cargo de provimento tempo-
Art. 188 - Na aplicação das penalidades, serão consi- rário exercido por não ocupante de cargo de provimento
deradas a natureza e a gravidade da infração cometida, permanente poderá ser aplicada nos casos de infração su-
os antecedentes funcionais, os danos que dela provierem jeita, também, a suspensão.
para o serviço público e as circunstâncias agravantes ou Parágrafo único - Ocorrida a exoneração de que trata o
atenuantes. artigo 47, o ato será convertido em demissão de cargo de
provimento temporário nas hipóteses previstas no artigo
Art. 189 - A advertência será aplicada, por escrito, nos 192 e no caput deste.
casos de violação de proibição e de inobservância de dever
funcional previstos em lei, regulamento ou norma interna, Art. 196 - A demissão de cargo nos casos dos incisos IV,
que não justifiquem imposição de penalidade mais grave. VIII e X do art. 192 implica indisponibilidade dos bens e res-
sarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 190 - A suspensão será aplicada em caso de rein-
cidência em faltas punidas com advertência e de violação Art. 197 - A demissão do cargo por infringência das
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita proibições prevista nos incisos X e XII do artigo 176, in-
a demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. compatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público estadual, pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Parágrafo único - Não poderá retornar ao serviço pú- Art. 205 - A sindicância, de rito sumário, será instaurada
blico estadual o servidor que for demitido do cargo por para apurar a existência de fatos irregulares e determinar
infringência dos incisos I, IV, VIII, X e XII do artigo 192, hi- os responsáveis.
póteses em que o ato de demissão conterá a nota “a bem § 1º - A comissão sindicante será composta de 3 (três)
do serviço público”. membros, que poderão ser dispensados de suas atribui-
ções normais, até a apresentação do relatório final.
Art. 198 - Configura abandono de cargo a ausência in- § 2º - Não poderá participar da comissão sindican-
tencional do servidor ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias te servidor que não seja estável, como também cônjuge,
consecutivos. companheiro, parente consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau, do sindicado e do denun-
Art. 199 - Entende-se por inassiduidade habitual a fal- ciante, se houver.
ta ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, § 3º - A comissão sindicante terá o prazo de 30 (trinta)
interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses. dias úteis para concluir o encargo, podendo ser prorroga-
do por até igual período.
Art. 200 - O ato de imposição da penalidade mencio-
nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção dis- Art. 206 - Da sindicância poderá resultar o seguinte:
ciplinar. I - arquivamento do processo, quando não for apurada
irregularidade;
Art. 201 - Deverão constar dos assentamentos indivi- II - instauração de processo disciplinar.
duais do servidor as penas que lhe forem impostas. § 1º - Concluindo a comissão sindicante pela existência
de fato sujeito à pena de advertência e suspensão de até
Art. 202 - As penalidades serão aplicadas, salvo o dis- 30 (trinta) dias, determinará a citação do sindicado para
posto em legislação especial: apresentar defesa, arrolar até 3 (três) testemunhas e reque-
I - pelo Governador do Estado, pelos Presidentes dos rer produção de outras provas, no prazo de 5 (cinco) dias.
Órgãos do Poder Legislativo e dos Tribunais Estaduais, pelo § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, a comissão
Procurador Geral da Justiça e pelo dirigente superior de sindicante concluirá os trabalhos no prazo de 15 (quinze)
autarquia ou fundação, quando se tratar de demissão e dias, que poderá ser prorrogado por mais 10 (dez).
cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor § 3º - Da punição cabe pedido de reconsideração ou
vinculado ao respectivo Poder, órgão ou entidade; recurso, na forma desta lei.
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso I, Art. 207 - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na de trinta dias, demissão e cassação de aposentadoria ou
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos disponibilidade, será obrigatória a instauração de processo
casos de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; disciplinar.
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo de provimento CAPÍTULO II
temporário. Do Afastamento Preventivo

Art. 203 - A ação disciplinar prescreverá: Art. 208 - A autoridade instauradora do processo dis-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às inflações puníveis com ciplinar, de ofício ou mediante solicitação do presidente da
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade; comissão processante, poderá ordenar o afastamento do
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; servidor acusado, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. prejuízo de remuneração, a fim de que o mesmo não venha
§ 1º - O prazo de prescrição começa a correr na data a influir na apuração dos fatos.
em que o fato se tornou conhecido. Parágrafo único - O afastamento poderá ser prorroga-
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal do por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também ainda que não concluído o processo.
como crime.
§ 3º - A abertura de sindicância ou a instauração do CAPÍTULO III
processo disciplinar interrompe a prescrição até a decisão Do Processo Disciplinar
final proferida por autoridade competente.
Art. 209 - O processo disciplinar destina-se a apurar
TÍTULO V responsabilidade de servidor por infração praticada no
Do Processo Administrativo Disciplinar. exercício de suas funções ou relacionada com as atribui-
ções do seu cargo.
CAPÍTULO I
Disposições Gerais Art. 210 - O processo disciplinar será conduzido por
uma comissão composta de 3 (três) servidores estáveis, de
Art. 204 - A autoridade que tiver ciência de irregularida- hierarquia igual, equivalente ou superior à do acusado, de-
de no serviço público é obrigada a promover a sua imediata signados pela autoridade competente, que indicará, dentre
apuração, mediante sindicância ou processo disciplinar. eles, o seu presidente.

44
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - A comissão terá um secretário designado pelo § 1º - A juntada de qualquer documento aos autos será
seu presidente. feita por ordem cronológica de apresentação, devendo o
§ 2º - Não poderá participar de comissão processante presidente rubricar todas as folhas.
cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim, em § 2º - Constará dos autos do processo a folha de ante-
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, do acusado e do cedentes funcionais do acusado.
denunciante. § 3º - As reuniões da comissão serão registradas em
atas circunstanciadas.
Art. 211 - A comissão processante exercerá suas ati- § 4º - Todos os atos, documentos e termos do proces-
vidades com independência e imparcialidade, assegurado so serão extraídos em duas vias ou produzidos em cópias
o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo autenticadas, formando autos suplementares.
interesse público.
Art. 219 - A citação do acusado será feita pessoalmente
Art. 212 - O servidor poderá fazer parte, simultanea- ou por edital.
mente, de mais de uma comissão, podendo esta ser incum- § 1º - A citação pessoal será feita, preferencialmente,
bida de mais de um processo disciplinar. pelo secretário da comissão, apresentando ao destinatário
o instrumento correspondente em duas vias, o qual conte-
Art. 213 - Os membros da comissão e o servidor de- rá a descrição resumida da imputação, o local de reuniões
signado para secretariá-la não poderão atuar no processo, da comissão, com a assinatura do presidente, e o prazo
como testemunha. para a defesa.
§ 2º - O compadecimento voluntário do acusado pe-
Art. 214 - A comissão somente poderá deliberar com a rante a comissão supre a citação.
presença de todos os seus membros. § 3º - Quando o acusado se encontrar em lugar incerto
Parágrafo único - Na ausência, sem motivo justificado, ou não sabido ou quando houver fundada suspeita de ocul-
por mais de duas sessões, de qualquer dos membros da tação para frustrar a diligência, a citação será feita por edital.
comissão ou de seu secretário, será procedida, de imediato, § 4º - O edital será publicado, por uma vez, no Diário
a substituição do faltoso, sem prejuízo da apuração de sua
Oficial e em jornal de grande circulação da localidade do
responsabilidade por descumprimento do dever funcional.
último domicílio conhecido, onde houver.
§ 5º - Recusando-se o acusado a receber a citação, de-
Art. 215 - O processo disciplinar se desenvolve nas se-
verá o fato ser certificado à vista de 2 (duas) testemunhas.
guintes fases:
I - instauração, com publicação da portaria;
SEÇÃO II
II - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e re-
latório; Da Instrução
III - julgamento.
Parágrafo único - A portaria designará a comissão pro- Art. 220 - A instrução será contraditória, assegurando-
cessante, descreverá sumariamente os fatos imputados ao -se ao acusado ampla defesa, com os meios e recursos a
servidor e indicará o dispositivo legal violado. ela inerentes.

Art. 216 - O processo administrativo disciplinar deverá Art. 221 - Os autos da sindicância integrarão o proces-
ser iniciado no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data de so disciplinar como peça informativa.
sua instauração e concluído em prazo não excedente a 60
(sessenta) dias, admitida a prorrogação por igual prazo, em Art. 222 - A comissão promoverá o interrogatório do
face de circunstâncias excepcionais. acusado, a tomada de depoimentos, acareações e a pro-
Parágrafo único - Os membros da comissão deverão dução de outras provas, inclusive a pericial, se necessária.
dedicar o tempo necessário aos seus trabalhos, podendo § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um será
ficar dispensados do serviço de sua repartição, durante a ouvido separadamente, podendo ser promovida acarea-
realização do processo. ção, sempre que divergirem em suas declarações.
§ 2º - A designação dos peritos recairá em servidores
SEÇÃO I com capacidade técnica especializada, e, na falta deles, em
Dos Atos e Termos Processuais pessoas estranhas ao serviço público estadual, assegurada
ao acusado a faculdade de formular quesitos.
Art. 217 - O presidente da comissão, após nomear o se- § 3º - O presidente da comissão poderá indeferir pedi-
cretário, determinará a autuação da portaria e das demais dos considerados impertinentes, meramente protelatórios
peças existentes e instalará os trabalhos, designando dia, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
hora e local para as reuniões e ordenará a citação do acusa-
do para apresentar defesa inicial e indicar provas, inclusive Art. 223 - A defesa do acusado será promovida por advo-
rol de testemunhas até o máximo de 5 (cinco). gado por ele constituído ou por defensor público ou dativo.
§ 1º - Caso o defensor do acusado, regularmente intima-
Art. 218 - Os termos serão lavrados pelo secretário da do, não compareça sem motivo justificado, o presidente da
comissão e terão forma processual e resumida. comissão designará defensor, ainda que somente para o ato.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 2º - A designação de defensor público e a nomeação para formar a sua convicção e será conclusivo quanto à
de defensor dativo far-se-á decorrido o prazo para a defe- inocência ou responsabilidade do servidor, indicando o
sa, se for o caso. dispositivo legal transgredido, bem como as circunstâncias
§ 3º - Nenhum ato da instrução poderá ser praticado mencionadas no artigo 188.
sem a prévia intimação do acusado e de seu defensor. § 1º - A comissão apreciará separadamente, as irregu-
laridades que forem imputadas a cada acusado.
Art. 224 - Em qualquer fase do processo poderá ser § 2º - A comissão deverá sugerir providências para evi-
juntado documento aos autos, antes do relatório. tar reprodução de fatos semelhantes aos que originaram o
processo e quaisquer outras que lhe pareçam de interesse
Art. 225 - As testemunhas serão intimadas através de público.
ato expedido pelo presidente da comissão, devendo a se-
gunda via, com o ciente deles, ser anexada aos autos. Art. 233 - O processo disciplinar, com o relatório da
§ 1º - Se a testemunha for servidor, a intimação po- comissão e após o pronunciamento da Procuradoria Geral
derá ser feita mediante requisição ao chefe da repartição do Estado ou do órgão jurídico competente, será remetido
onde serve, com indicação do dia e hora marcados para a à autoridade que determinou a instrução, para julgamento.
audiência.
§ 2º - Se as testemunhas arroladas pela defesa não Art. 234 - É causa de nulidade do processo disciplinar:
forem encontradas e o acusado, intimado para tanto, não I - incompetência da autoridade que o instaurou;
fizer a substituição dentro do prazo de 3 (três) dias úteis, II - suspeição e impedimento dos membros da comissão;
prosseguir-se-á nos demais termos do processo. III - a falta dos seguintes termos ou atos:
a) citação, intimação ou notificação, na forma desta lei;
Art. 226 - O depoimento será prestado oralmente e re- b) prazos para a defesa;
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por c) recusa injustificada de promover a realização de
escrito. perícias ou quaisquer outras diligências imprescindíveis a
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. apuração da verdade;
IV - inobservância de formalidade essencial a termos
§ 2º - Antes de depor, a testemunha será qualificada,
ou atos processuais.
não sendo compromissada em caso de amizade íntima ou
Parágrafo único - Nenhuma nulidade será declarada
inimizade capital ou parentesco com o acusado ou denun-
se não resultar prejuízo para a defesa, por irregularidade
ciante, em linha reta ou colateral até o terceiro grau.
que não comprometa a apuração da verdade e em favor de
quem lhe tenha dado causa.
Art. 227 - Quando houver dúvida sobre a sanidade men-
tal do acusado, a comissão proporá à autoridade competen- SEÇÃO III
te que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, Do Julgamento
da qual participe, pelo menos, um médico psiquiatra.
Parágrafo único - O incidente de insanidade mental será Art. 235 - No prazo de 60 (sessenta) dias, contados do
processado em autos apartados e apensos ao processo prin- recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá
cipal, ficando este sobrestado até a apresentação do laudo, a sua decisão.
sem prejuízo da realização de diligências imprescindíveis. § 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
da autoridade instauradora do processo, este será enca-
Art. 228 - O acusado que mudar de residência fica obri- minhado à autoridade competente, que decidirá em igual
gado a comunicar à comissão o local onde será encontrado. prazo.
§ 2º - Havendo mais de um acusado e diversidade de
Art. 229 - Compete à comissão tomar conhecimento de sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
novas imputações que surgirem, durante o curso do pro- para a imposição de pena mais grave.
cesso, contra o acusado, caso em que este poderá produzir
novas provas objetivando sua defesa. Art. 236 - A autoridade julgadora poderá, motivada-
mente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la, ou isen-
Art. 230 - Ultimada a instrução, intimar-se-á o acusado, tar o servidor de responsabilidade.
através de seu defensor, para apresentar defesa final no pra-
zo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo. Art. 237 - Verificada a existência de vício insanável, a
Parágrafo único - Havendo dois ou mais acusados, o autoridade julgadora declarará a nulidade total ou parcial
prazo será comum de 20 (vinte) dias, correndo na repartição. do processo, devendo outro ser instaurado.
Parágrafo único - A autoridade julgadora que der cau-
Art. 231 - Considerar-se-á revel o acusado que, regu- sa à prescrição de que trata o artigo 203, § 2º, será respon-
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. sabilizada na forma do Capítulo V, do Título IV, desta lei.

Art. 232 - Apresentada a defesa final, a comissão ela- Art. 238 - Extinta a punibilidade, a autoridade julgadora
borará relatório minucioso, no qual resumirá as peças prin- determinará o registro dos fatos nos assentamentos indivi-
cipais dos autos e mencionará as provas em que se basear duais do servidor.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 239 - Quando a infração estiver capitulada como Parágrafo único - O prazo para julgamento será de até
crime, os autos suplementares do processo disciplinar se- 60 (sessenta) dias, contados do recebimento do processo,
rão remetidos ao Ministério Público. no curso do qual a autoridade julgadora poderá determi-
nar diligências.
Art. 240 - O servidor que responde a processo disci-
plinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado Art. 250 - Julgada procedente a revisão, inocentado o
voluntariamente, após a sua conclusão e o cumprimento servidor, será declarada sem efeito a penalidade aplicada,
da penalidade, acaso aplicada. restabelecendo-se todos os seus direitos, exceto em rela-
Parágrafo único - Ocorrida a exoneração de que trata o ção à demissão de cargo de provimento temporário que
artigo 46, o ato será convertido em demissão, se for ocaso. será convertida em exoneração.
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá
Art. 241 - Apresentado o relatório, a comissão pro- resultar agravamento da penalidade.
cessante ficará automaticamente dissolvida, podendo ser
convocada para prestação de esclarecimento ou realização
Art. 251 - Aplica-se subsidiariamente ao processo dis-
de diligência, se assim achar conveniente a autoridade jul-
ciplinar o Código de Processo Penal.
gadora.

SEÇÃO IV TÍTULO VI
Da Revisão do Processo Da Contratação Temporária de Excepcional Interes-
se Público
Art. 242 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi- O Decreto nº 11.571, de 03 de janeiro de 2009 estabe-
rem fatos novos ou circunstâncias não apreciadas, suscetí- lece procedimentos para contratação temporária de excep-
veis a justificar a inocência do punido ou a inadequação da cional interesse público.
penalidade aplicada. O Decreto nº 8.112, de 21 de janeiro de 2002 regula-
§ 1º - Em caso de falecimento, ausência ou desapa- menta a contratação temporária de excepcional interesse
recimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá público, de que tratam os arts. 252 a 255.
requerer a revisão do processo. O Decreto nº 7.950, de 10 de maio de 2001 dispõe
§ 2º - No caso da incapacidade mental do servidor, a sobre o procedimento para contratação temporária sob
revisão será requerida pelo seu curador. regime especial de direito administrativo e dá outras pro-
vidências.
Art. 243 - No processo revisional, o ônus da prova cabe O Decreto nº 1.401, de 31 de julho de 1992 regulamen-
ao requerente. ta a contratação de pessoal, em regime especial, por tempo
determinado, previsto no Capítulo IV da Lei nº 6.403, de 20
Art. 244 - A alegação de injustiça da penalidade não de maio de 1992.
constitui fundamento para a revisão. O art. 34 da Lei nº 6.403, de 20 de maio de 1992 prevê:
“Fica instituído o regime especial de contratação de pes-
Art. 245 - O pedido de revisão será dirigido ao Secre- soal por tempo determinado, para atender as necessidades
tário de Estado ou a autoridade equivalente que, se auto- temporárias de excepcional interesse público, no âmbito
rizá-la, o encaminhará ao dirigente do órgão de onde se da Administração Direta e Indireta do Estado”.
originou o processo disciplinar.
Parágrafo único - Recebida a petição, o dirigente do
Art. 252 - Para atender a necessidades temporárias de
órgão providenciará a constituição de comissão revisora,
excepcional interesse público, poderá haver contratação de
na forma prevista no artigo 210.
pessoal, por tempo determinado e sob regime de direito
Art. 246 - Os autos da revisão serão apensados aos do administrativo.
processo originário.
Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pe- Art. 253 - Consideram-se como de necessidade tempo-
dirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das rária de excepcional interesse público as contratações que
testemunhas que arrolar. visem a:
I - combater surtos epidêmicos;
Art. 247 - A comissão revisora terá até 60 (sessenta) II - realizar recenseamentos e pesquisas, inadiáveis e
dias para a conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por mais imprescindíveis;
60 (sessenta), quando as circunstâncias assim o exigirem. III - atender a situações de calamidade pública;
IV - substituir professor ou admitir professor visitante,
Art. 248 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi- inclusive estrangeiro;
sora, no que couber, as normas relativas ao processo dis- V - atender a serviços cuja natureza ou transitoriedade
ciplinar. justifiquem a pré-determinação do prazo;
VI - atender às necessidades do regular funcionamen-
Art. 249 - O julgamento caberá à autoridade que apli- to das unidades escolares estaduais, enquanto não houver
cou a penalidade. candidatos aprovados em concurso, em número suficiente

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

para atender à demanda mínima e nos casos de substi- § 1º - Os prazos são contados a partir do primeiro dia
tuição decorrentes de licença prêmio, licença maternidade útil após a intimação.
ou licença médica dos ocupantes de cargos de magistério § 2º - A intimação feita em dia sem expediente consi-
público estadual de ensino fundamental e médio. derar-se-á realizada no primeiro dia útil seguinte.
VII - Atender as funções públicas de interesse social,
através de exercício supervisionado, na condição de trei- Art. 260 - Por motivo de crença religiosa ou de con-
nandos de nível técnico ou superior; vicção política ou filosófica, nenhum servidor poderá ser
VIII - atender a outras situações de urgência definidas privado de seus direitos, sofrer discriminação em sua vida
em lei. funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
§ 1º - As contratações de que trata este artigo terão
dotação orçamentária específica e não poderão ultrapassar Art. 261 - São assegurados ao servidor público os di-
o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, admitida uma única reitos de associação profissional ou sindical e o de greve.
prorrogação, por igual período, podendo ser subdividido Parágrafo único - O direito de greve será exercido nos
em etapas compatíveis com a necessidade do serviço a ser termos e limites definidos em lei.
executado, exceto na hipótese prevista no inciso VII deste Conforme o inciso XV do art. 41 da Constituição Esta-
artigo, cujo exercício será ininterrupto, com prazo não su- dual com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitu-
perior a doze meses, prorrogável por igual período. cional nº 07, de 18 de janeiro de 1999: “direito de greve,
§ 2º - O recrutamento será feito mediante o processo cujo exercício se dará nos termos e limites definidos em lei
seletivo simplificado, segundo critérios definidos em regu- específica”.
lamentos, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I, III,
VI e VIII. Art. 262 - Para os fins desta Lei, considera-se sede o
§ 3º - Poderá ser efetuada a recontratação de pessoa município onde a repartição estiver instalada e o servidor
admitida na forma deste artigo, desde que o somatório das tiver exercício em caráter constante.
etapas de contratação não ultrapasse o prazo de 48 (qua-
renta e oito) meses. TÍTULO VIII
Das Disposições Finais e Transitórias
Art. 254 - É nulo de pleno direito o desvio de função
da pessoa contratada, na forma deste título, sem prejuí- Art. 263 - Ficam submetidos ao regime jurídico desta
zo das sanções civil, administrativas e penal da autoridade Lei, os atuais servidores dos Poderes do Estado, das suas
responsável. autarquias e fundações, regidos pela Lei nº 2.323, de 11
de abril de 1966, bem como os regidos pelo Decreto-lei
Art. 255 - Nas contratações por tempo determinado, nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do
serão observados os padrões de vencimento dos planos de Trabalho), exceto os servidores contratados por prazo de-
carreira do órgão ou da entidade contratante. terminado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
após o vencimento dos respectivos prazos.
TÍTULO VII § 1º - Os servidores contratados anteriormente à pro-
Das Disposições Gerais mulgação da Constituição Federal, que não tenham sido
admitidos na forma regulada em seu artigo 37, são con-
Art. 256 - O Dia do Servidor Público estadual será co- siderados estáveis no serviço público, excetuados os ocu-
memorado em 28 de outubro. pantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em
comissão, declarados, em lei, de livre exoneração.
Art. 257 - Poderão ser instituídos, no âmbito dos Pode- § 2º - Os empregos ocupados pelos servidores vincula-
res do Estado, além dos previstos nos respectivos planos dos por esta Lei ao regime estatutário ficam transformados
de carreira, os seguintes incentivos funcionais: em cargos, na data de sua publicação, e seus ocupantes
I - prêmios pela apresentação de inventos, trabalhos serão automaticamente inscritos como segurados obriga-
ou idéias que impliquem efetivo aumento da produtivida- tórios do IAPSEB - Instituto de Assistência e Previdência do
de, aprimoramento da formação profissional, bem como Servidor do Estado da Bahia.
redução dos custos operacionais; § 3º - Os contratos individuais de trabalho regidos pela
II - concessão de medalhas, diplomas honoríficos, con- Consolidação das Leis do Trabalho, extinguem-se automa-
decorações e elogios. ticamente pela transformação dos empregos ou funções,
assegurando-se aos respectivos ocupantes a continuidade
Art. 258 - Para fins de revisão dos valores de vencimen- da contagem do tempo de serviço para efeitos desta Lei.
tos e proventos dos servidores públicos estaduais, ativos § 4º - Os empregos dos servidores estrangeiros com
e inativos, é fixada em 1º de janeiro de cada ano a corres- estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
pondente data-base. a nacionalidade brasileira, passarão a integrar quadro em
extinção, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de
Art. 259 - Os prazos previstos nesta Lei serão contados carreira a que se encontrem vinculados os seus empregos.
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluin- § 5º - As vantagens pessoais concedidas até a vigência
do-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o pri- desta Lei aos servidores contratados, serão sempre majora-
meiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não das no mesmo percentual de aumento atribuído ao cargo
haja expediente. de provimento permanente.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 264 - A movimentação dos saldos das contas dos II - Procuradoria Geral;
servidores pelo regime do Fundo de Garantia por Tempo III - Assessoria de Comunicação Social;
de Serviço, bem assim a das contas dos servidores não-op- IV - Assessoria de Planejamento;
tantes, obedecerá ao disposto na legislação federal. V - Auditoria;
Art. 265 - Os adicionais por tempo de serviço já conce- VI - Superintendência de Administração e Finanças;
didos aos servidores abrangidos por esta Lei ficam trans- VII - Superintendência de Recursos Humanos;
formados em anuênio. VIII - Superintendência de Assuntos Parlamentares.
Art. 266 - O servidor da administração estadual dire-
ta, autárquica ou fundacional, regido pelo Decreto-lei nº Art. 3º - Compete ao Gabinete da Presidência:
5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do I - Assistir ao Presidente no exercício de suas funções,
Trabalho), aposentado antes da vigência desta Lei, conti-
proporcionando-lhe o apoio necessário ao desenvolvimen-
nuará submetido ao regime geral da previdência social a
que se vinculava, para todos os efeitos legais. to de suas atividades internas e externas:
Art. 267 - As Universidades Públicas Estaduais, no exer- a) Organizar e manter atualizado o cadastro de infor-
cício da autonomia que lhes é assegurada pelo artigo 207 mações relativas a fatos e eventos do interesse da Presi-
da Constituição Federal e o artigo 262 § 1º da Constituição dência, bem como de autoridades e pessoas outras que se
Estadual, realizarão seus concursos públicos com a obser- relacionem com a Chefia do Poder;
vância dos respectivos Estatutos e Regimentos Gerais apro- b) Organizar a agenda presidencial segundo as priori-
vados nos termos da Legislação Federal especial aplicável, dades definidas por seu Titular;
do Estatuto do Magistério Superior Estadual e das Leis Es- c) Coordenar o atendimento de autoridades e demais
taduais relativas aos respectivos quadros. pessoas que, por algum modo, venham a se relacionar com
Art. 268 - Aplicar-se-ão aos casos de vantagem pes- a Presidência.
soal por estabilidade econômica, concedidos até a vigência II - Proporcionar o apoio administrativo necessário ao
desta Lei, as regras estabelecidas no artigo 92, vedado o seu bom desempenho, efetuando o suprimento dos meios
pagamento de quaisquer parcelas retroativas. materiais reclamados para o desenvolvimento das atividades;
Art. 269 - A mudança do regime jurídico ocorrerá na III - Coordenar a representação presidencial, observan-
data da publicação desta Lei, produzindo seus efeitos fi- do as normas de segurança, protocolo e cerimonial;
nanceiros a partir do primeiro dia do mês subsequente. IV - Elaborar relatórios, correspondências, inclusive ofí-
Art. 270 - Esta Lei entra em vigor na data da sua publica-
cios da Presidência e quaisquer outros documentos solici-
ção, revogadas as disposições em contrário, especialmente
tados pelo Titular.
a Lei nº 529, de 20 de dezembro de 1952, a Lei nº 2.323, de
11 de abril de 1966, salvo artigo 182 e seus parágrafos, e o
artigo 41 da Lei nº 6.354, de 30 de dezembro de 1991. Art. 4º - O Gabinete da Presidência engloba a Chefia
do Gabinete, a Assistência Civil, a Assistência Militar e o
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 26 Cerimonial.
de setembro de 1994. § 1º - Compete à Assistência Civil:
I - Assistir diretamente ao Presidente no desempenho
de suas atribuições no relacionamento com a sociedade;
II - Assistir ao Presidente em assuntos relacionados
com os demais Poderes;
LEI Nº 8.902/2003, DE 18.12.2003. III - Acompanhar o Presidente em solenidades civis,
quando solicitado.
§ 2º - Compete à Assistência Militar:
I - Assistir ao Presidente em assuntos de segurança,
Dispõe sobre a estrutura organizacional da Assembleia bem como servir de ligação com organismos militares;
Legislativa do Estado da Bahia e dá outras providências. II - Planejar, organizar, dirigir e executar, no âmbito de
sua competência, os serviços de segurança interna e exter-
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber
na da sede do Poder Legislativo e da residência do Presi-
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se-
guinte Lei: dente da Casa;
III - Planejar, organizar, dirigir e executar os serviços de
TÍTULO I segurança pessoal do Presidente do Poder;
DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS TÉCNICOS IV - Acompanhar o Presidente em cerimônias militares;
V - Assistir ao cerimonial na execução de recepções e
Art. 1º - A organização técnico-administrativa da As- das honras militares às autoridades em visita à sede do Po-
sembleia Legislativa fica estruturada na forma desta Lei e der Legislativo;
de seu Anexo Único. VI - Exercer outras atividades correlatas.
Art. 2º - São órgãos técnico-administrativos da Assem- § 3º - Compete ao Cerimonial:
bleia Legislativa: I - Prestar assistência ao Presidente na recepção a au-
I - Gabinetes, assim compreendidos: o da Presidência, toridades e convidados do Poder Legislativo;
dos membros da Mesa Diretora, das Lideranças e das Re- II - Acompanhar o Presidente em solenidades civis e
presentações Partidárias e dos Parlamentares; eclesiásticas;

49
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

III - Organizar as sessões solenes em estrita articulação II - Coordenar a elaboração da Proposta Orçamentária,
com a Diretoria Parlamentar; acompanhar a sua execução, sugerindo o remanejamento
IV - Organizar e manter o museu de imagem e som, e suplementações, quando necessárias, fixando, segundo
destinado à pesquisa e à preservação da memória docu- as diretrizes estabelecidas pela Presidência, as respectivas
mental da Assembleia Legislativa, utilizando os meios au- prioridades;
diovisuais; III - Elaborar a programação financeira e acompanhar
V - Organizar o acervo fotográfico documental; o seu desenvolvimento, mantendo sempre a Presidência
VI - Promover exposição de objetos, fotos e documen- informada através da expedição de boletins periódicos do
tos que marcaram ou contribuíram para a formação histó- resumo da execução orçamentária;
rica do Poder Legislativo. IV - Analisar, desenvolver e recomendar a implantação
de sistemas organizacionais capazes de aperfeiçoar o pro-
Art. 5º - Compete à Procuradoria Geral, órgão de con- cesso administrativo, colhendo subsídios junto às entida-
sultoria e assessoramento jurídico e representação judicial, des setoriais;
vinculada a Presidência: V - Desenvolver estudos, análises de programas e pro-
I - Representar a Assembleia Legislativa em juízo ou jetos de investimento.
fora dele;
II - Prestar assessoramento jurídico à Mesa Diretora, Art. 8º - Compete à Auditoria, vinculada à Presidência:
Comissões e Órgãos Administrativos; I - Promover meios para tornar eficaz o controle da
III - Elaborar minutas de contratos, convênios e outros fiscalização financeira e orçamentária do Estado exercida
instrumentos jurídicos de que a Assembleia seja parte; pela Assembleia;
IV - Emitir pareceres quanto a interpretação de ques- II - Realizar tarefas de orientação, acompanhamento e
tões constitucionais legais ou regimentais, relativas ao fun- fiscalização interna, obedecendo a planos e programas de
cionamento do Poder e em assuntos de interesse da Ad- trabalho preestabelecidos, ou atendendo solicitações es-
ministração; peciais;
V - Representar ao Presidente sobre providências re- III - Subsidiar o trabalho das Comissões, notadamente
clamadas e pela aplicação das Leis vigentes; as de Inquéritos e a de Fiscalização e Controle;
IV - Adotar modelos e formulários a serem preenchi-
VI - Elaborar informações em mandados de segurança
dos pelos órgãos internos com a finalidade de facilitar o
e representações por inconstitucionalidade, submetendo-
controle da eficiência dos serviços desenvolvidos na Casa,
-as à apreciação da Presidência;
encaminhando suas conclusões e análises à Assessoria de
VII - Desempenhar outras atividades de caráter jurídico
Planejamento;
que lhe forem expressamente cometidas pela Presidência.
V - Acompanhar a ação do Tribunal de Contas do Es-
§ 1º - Nas hipóteses dos incisos IV e VI deste artigo, a
tado no que tange à fiscalização financeira da Assembleia,
Procuradoria Geral se pronunciará por iniciativa da Presi- fornecendo-lhe os dados e elaborando as informações ne-
dência ou de Parlamentar através desta. cessárias.
§ 2º - A Lei Orgânica da Procuradoria Geral, de inicia-
tiva da Mesa Diretora, será promulgada dentro de 90 (no- Art. 9º - À Superintendência de Administração e Finan-
venta) dias da vigência desta Lei, mantida a atual estrutura ças, vinculada à Presidência, compete planejar, coordenar
até o cumprimento do disposto neste parágrafo. e supervisionar as atividades das Diretorias Administrativa,
de Economia e Finanças, de Tecnologia da Informação, da
Art. 6º - Compete à Assessoria de Comunicação Social, Comissão Permanente de Licitação e participar do planeja-
vinculada à Presidência: mento da Administração Geral.
I - Coordenar a divulgação do Poder Legislativo tendo
em vista a sua promoção e valorização; Art. 10 - À Diretoria Administrativa, vinculada à Supe-
II - Efetuar a divulgação do noticiário jornalístico no rintendência de Administração e Finanças, compete plane-
Diário do Legislativo; jar, coordenar, executar e controlar as atividades relativas
III - Realizar as atividades de editoração dos documen- a Serviços Administrativos, Suprimentos, Engenharia e Ma-
tos oficiais; nutenção.
IV - Organizar entrevistas individuais e coletivas;
V - Promover o acompanhamento dos programas polí- Art. 11 - À Diretoria de Economia e Finanças, vinculada
ticos, televisionados e radiofônicos, registrando através das a Superintendência de Administração e Finanças, compete
gravações, aqueles que forem de interesse do Legislativo. planejar, coordenar, executar e controlar as atividades re-
lativas à Execução e Controle Orçamentário, Finanças, Con-
Art. 7º - Compete à Assessoria de Planejamento, vincu- tabilidade e Tributos.
lada à Presidência:
I - Desempenhar as funções de planejamento, progra- Art. 12 - À Diretoria de Tecnologia da Informação, vin-
mação, acompanhamento e modernização no âmbito da culada à Superintendência de Administração e Finanças,
Assembleia Legislativa, desenvolvendo projetos globais e compete planejar, coordenar, executar e controlar as ativi-
setoriais e acompanhando a sua implementação; dades relativas à política e desenvolvimento de recursos de
tecnologia da informação.

50
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 13 - São atribuições da Comissão Permanente de Li- III - Efetuar o controle de tramitação de proposições no
citação, vinculada diretamente à Diretoria de Administração: âmbito das Comissões;
I - Elaboração de minutas, editais, contratos e convênios; IV - Manter sistema de informação permanente, relati-
II - Julgamento de eventuais recursos administrativos. vamente às atividade das Comissões aos interessados.

Art. 14 - À Superintendência de Recursos Humanos, TÍTULO II


vinculada à Presidência, compete planejar, coordenar, exe- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
cutar e controlar as atividades relativas à Administração de
Recursos Humanos, Desenvolvimento de Recursos Huma- Art. 20 - As estruturas das Superintendências e Direto-
nos, Gestão de Saúde e Benefícios e Comunicação Interna. rias serão regulamentadas através de ato da Mesa Diretora
§ 1º - Por solicitação da Superintendência de Adminis- da Assembleia Legislativa no prazo de 90 (noventa) dias a
tração e Finanças caberá à Superintendência de Recursos partir da data de publicação desta Lei.
Humanos franquear-lhe o acesso aos elementos financei- Parágrafo único - Enquanto não for editada a regula-
ros, inclusive a folha de pagamento dos servidores sob sua mentação a que se refere este artigo, ficam mantidas as
gestão. Divisões, Seções e Serviços atualmente existentes na Estru-
§ 2º - O acesso previsto no parágrafo anterior não im- tura Organizacional da Assembleia Legislativa.
porta em interferência em qualquer ato da Superintendên-
cia de Recursos Humanos a quem cabe com exclusividade Art. 21 - O Anexo Único retrata o Organograma da As-
a gestão de sua área. sembleia Legislativa nos níveis e linhas definidos nesta Lei.

Art. 15 - À Superintendência de Assuntos Parlamenta- Art. 22 - (Revogado)


res, vinculada à Presidência, compete coordenar e supervi-
sionar as atividades das Diretorias Legislativa e Parlamen- Art. 23 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua pu-
tar, da Secretaria Geral da Mesa e da Secretaria Geral das blicação.
Comissões.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 18
Art. 16 - À Diretoria Legislativa, vinculada à Superin- de dezembro de 2003.
tendência de Assuntos Parlamentares, compete, planejar,
coordenar, executar e controlar as atividades relativas ao
apoio do processo legislativo.

Art. 17 - À Diretoria Parlamentar, vinculada à Superin- LEI Nº 8.971/2004, DE 05.01.2004.


tendência de Assuntos Parlamentares, compete planejar,
coordenar, executar e controlar as atividades relativas a
prestação de serviço aos parlamentares, fornecendo-lhes
meios e informações necessários aos trabalhos nos gabi-
netes, comissões técnicas e plenário. Dispõe sobre o Plano de Carreira, Cargos, Vencimentos
Básicos e o Quadro de Pessoal dos Servidores da Assembleia
Art. 18 - São atribuições da Secretaria Geral da Mesa, Legislativa do Estado da Bahia e dá outras providências.
vinculada diretamente à Superintendência de Assuntos
Parlamentares: TÍTULO I
I - Assistir à Mesa Diretora e ao Presidente; DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
II - Elaborar as folhas de presença, de votação nominal
e de verificação de votação; Art. 1º - Esta Lei e seus Anexos instituem o Plano de
III - Elaborar levantamentos estatísticos das atividades Carreira, Cargos e Vencimentos Básicos da Assembleia Le-
do Plenário; gislativa do Estado da Bahia, estabelecendo as políticas e
IV - Registrar a ocorrência das sessões e matérias apro- diretrizes para a administração de pessoal.
vadas em Plenário;
V - Controlar o registro de oradores; Art. 2º - Para os efeitos desta Lei:
VI - Organizar a distribuição do tempo dos oradores I - Servidor público - é a pessoa legalmente investida
entre as lideranças e representações partidárias; em cargo público;
VII - Elaborar as atas das sessões plenárias; II - Cargo público - é o conjunto de atribuições e res-
VIII - Exercer outras atividades correlatas. ponsabilidades designadas a um servidor com as caracte-
rísticas essenciais de criação por lei, denominação e venci-
Art. 19 - São atribuições da Secretaria Geral das Comis- mento básico próprios e pagamento pelos cofres públicos,
sões vinculada diretamente à Superintendência de Assun- para provimento em caráter permanente ou temporário;
tos Parlamentares: III - Quadro de pessoal - é o conjunto de cargos de
I - Coordenar as atividades de apoio às comissões; provimento permanente e de provimento temporário que
II - Secretariar as reuniões, elaborando as respectivas atas; integram este Poder;

51
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV - Grupo Ocupacional - é o conjunto de cargos iden- formação profissionalizante de 2º grau completo. É com-
tificados pela similaridade de área de conhecimento ou de posto pelos cargos de Auxiliar Administrativo e Técnico de
atuação, assim como pela natureza dos respectivos trabalhos; Nível Médio cujas atribuições estão definidas no Anexo II;
V - Categoria Funcional - é o agrupamento de cargos II - Grupo de Atividades de Nível Superior - ANS, com-
classificados segundo o grau de conhecimentos ou habili- preendendo os cargos a que sejam inerentes as ativida-
dades exigidos; des técnicas que exijam formação universitária completa. É
VI - Carreira - é a evolução em cargo na mesma cate-
composto pelos cargos de Técnico de Nível Superior, Pro-
goria funcional, de acordo com o merecimento e antigui-
curador Jurídico e Auditor, cujas atribuições estão definidas
dade do servidor;
VII - Estrutura de Cargos - é o conjunto de cargos or- no Anexo II.
denados segundo os diversos grupos ocupacionais e cate- III - Quadro Especial, compreendendo os cargos que
gorias funcionais correspondentes; não mais se adequam à estrutura administrativa da Assem-
VIII - Classe - é a posição hierarquizada de cargos da bleia Legislativa, cujos servidores aí alocados permanece-
mesma denominação dentro da categoria funcional; rão até a vacância do cargo. É composto pelos cargos de:
IX - Nível - é a posição estabelecida para o ocupante Atendente, Auxiliar de Artes Gráficas, Auxiliar de Operador
do cargo dentro da respectiva classe de acordo com os cri- de Ar Condicionado, Carpinteiro, Eletricista, Encanador,
térios de ingresso, enquadramento e promoção; Garçom, Impressor, Mecânico, Pedreiro/Pintor, Polidor de
X - Vencimento Básico - é a retribuição pecuniária pelo Móveis, Taquígrafo Auxiliar e Técnico de Refrigeração cujas
exercício de cargo público com valor fixado em lei; atribuições estão definidas no Anexo II.
XI - Remuneração - é o vencimento básico do cargo Parágrafo único - Os grupos ocupacionais e o Quadro
acrescido das vantagens pecuniárias, permanentes ou tem- Especial de que tratam os incisos deste artigo estão subdi-
porárias estabelecidas em lei;
vididos em classes e níveis cujas estruturas de cargos e ven-
XII - Proventos - é a remuneração do servidor aposen-
tado conforme fixada no ato aposentador. cimentos básicos encontram-se relacionadas no Anexo III.

TÍTULO II TÍTULO IV
DO QUADRO DE PESSOAL DAS FUNÇÕES COMISSIONADAS E GRATIFICADAS

Art. 3º - O quadro de pessoal, representado no Ane- Art. 6º - A designação para as funções deste título far-
xo I, compreende os cargos de provimento permanente e -se-á por ato do Presidente.
as funções de provimento temporário, que consistem em § 1º - As funções gratificadas serão exercidas pelos in-
Função Comissionada - FC e Função Gratificada - FG, regi- tegrantes do quadro permanente do serviço público.
dos por esta Lei e outras que lhe sejam pertinentes. § 2º - O tempo de serviço exigido para o exercício de
Parágrafo único - O quadro de pessoal de provimento função gratificada na Assembléia Legislativa será de, no
permanente está dividido em: mínimo, 36 (trinta e seis) meses no serviço público.
I - Efetivo Ordinário, constituído dos servidores enqua-
dráveis neste Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos Bá-
sicos; Art. 7º - Fica instituída a Função Gratificada de Respon-
II - Efetivo Extraordinário, constituído dos servidores sabilidade - FGR, exclusiva para os ocupantes de funções
não enquadráveis neste Plano de Carreira, Cargos e Ven- de chefias de Departamento e Coordenação, nos níveis 02
cimentos Básicos. e 01, respectivamente.
§ 1º - Para o provimento das Chefias de Departamento
Art. 4º - Os cargos de provimento permanente e de e de Coordenação será exigida escolaridade mínima de 2º
provimento temporário (FCs e FGs) definem o exercício de (segundo) grau completo.
atividades técnicas, administrativas e auxiliares, as funções § 2º - A designação dos ocupantes das chefias de Coor-
de confiança, os cargos de direção, chefia, assessoramento denação e Departamento far-se-á entre servidores efetivos
e assistência. integrantes da Assembléia Legislativa que possuam as ha-
Parágrafo único - Os cargos de provimento permanen- bilidades e competências definidas pela administração.
te exercerão suas atribuições na Administração da Assem- § 3º - As disposições dos §§ 1º e 2º não atingirão os
bleia Legislativa, inclusive Mesa Diretora e Comissões Téc-
atuais ocupantes das chefias a que se refere, enquanto
nicas, representações e lideranças partidárias, vedada a sua
permanecerem no cargo atual ou no equivalente da nova
lotação nos gabinetes parlamentares.
estrutura organizacional da Assembleia Legislativa.
TÍTULO III § 4º - Os ocupantes das chefias de Departamentos e
DOS CARGOS DE PROVIMENTO PERMANENTE Coordenações perceberão além do vencimento básico es-
tabelecido para o seu cargo de provimento permanente, o
Art. 5º - Os cargos de provimento permanente estão valor da gratificação instituída no caput deste artigo.
classificados na forma seguinte:
I - Grupo de Atividades de Nível Médio - ANM, com- Art. 8º - As funções comissionadas e gratificadas serão
preendendo os cargos a que sejam inerentes às ativida- remuneradas com base nos valores estabelecidos no Ane-
des técnico- administrativas que exijam escolaridade ou xo III desta Lei.

52
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - O servidor investido em cargo de provimento Art. 13 - Ao entrar em Exercício, o servidor nomeado


permanente terá direito, pelo exercício do cargo de pro- para o cargo de provimento permanente ficará sujeito a
vimento temporário para o qual for designado, a optar, estágio probatório por um período de 36 (trinta e seis) me-
mediante termo de opção exarado quando da sua posse, ses, durante o qual sua aptidão e capacidade serão objeto
pela percepção de gratificação equivalente a 30% (trinta de avaliação para o desempenho do cargo, observados os
por cento) do valor correspondente ao símbolo respectivo seguintes fatores:
ou do valor integral do símbolo, que neste caso será pago I - Assiduidade;
como vencimento básico enquanto durar a investidura ou II - Disciplina;
ainda pela diferença entre este e a retribuição do seu cargo III - Capacidade de iniciativa;
efetivo. IV - Produtividade;
§ 2º - O servidor do quadro permanente da Assem- V - Responsabilidade.
bleia Legislativa que exercer função gratificada perceberá, Parágrafo único - Obrigatoriamente 4 (quatro) meses
além do vencimento básico, o valor integral do respectivo antes de findo o período do estágio probatório, será sub-
símbolo. metida à homologação da autoridade competente a avalia-
§ 3º - As funções comissionadas e gratificadas serão ção do desempenho do servidor, que será completada ao
reajustadas toda vez que houver reajuste salarial de qual- término do estágio.
quer natureza para os cargos de provimento permanente e
no mesmo índice aplicado para estes. Art. 14 - A jornada de trabalho na Assembleia Legisla-
tiva será de 40 (quarenta) horas semanais, ressalvados os
Art. 9º - Exigir-se-á escolaridade de 2º (segundo) grau casos estabelecidos em legislação específica ou por deter-
completo para o exercício de função comissionada dos minação da Mesa Diretora.
símbolos sexto e sétimo (FC06 e FC07) e escolaridade de Parágrafo único - Caracterizado o exercício de carga
nível superior completo para o oitavo símbolo (FC08), além horária inferior a prevista no caput deste artigo, a sua retri-
das hipóteses previstas em Lei. buição mensal será proporcional às horas trabalhadas.
Parágrafo único - As disposições deste artigo não atin-
girão os atuais ocupantes, enquanto permanecerem na TÍTULO VI
função atual ou na equivalente na nova Estrutura Organi- DA PROMOÇÃO
zacional da Assembleia Legislativa.
Art. 15 - Promoção é a passagem do servidor do nível/
Art. 10 - Os titulares das funções de confiança serão classe em que se encontra para outro superior no mesmo
substituídos, nos seus impedimentos legais, da seguinte cargo, cumprido o interstício mínimo, no mesmo nível, de
forma: 24 (vinte e quatro) meses de efetivo exercício, contados a
I - Os Diretores e Superintendentes, por livre indicação partir do enquadramento de que trata esta Lei ou da ultima
do Presidente; promoção.
II - Os Gerentes de Departamento, por um dos seus Parágrafo único - Não haverá promoção de servidor
Coordenadores ou por um dos servidores da respectiva que esteja em estágio probatório ou que não esteja em
unidade; efetivo exercício em órgão ou entidade da administração
III - Os Coordenadores, por um dos servidores da res- Estadual.
pectiva unidade.
Parágrafo único - Em caráter excepcional poderá o Art. 16 - A promoção dar-se-á, alternadamente, por
Presidente autorizar a substituição dos titulares dos cargos mérito, aferido através de avaliação de desempenho fun-
referidos nos incisos II e III deste artigo por servidores do cional, e por antiguidade, observado o interstício de 2
mesmo nível hierárquico. (dois) e 3 (três) anos, respectivamente.

Art. 11 - O substituto do ocupante de função de con- Art. 17 - Os critérios da Avaliação de Desempenho


fiança ou função gratificada por responsabilidade fará jus Funcional deverão ser estabelecidos pela Mesa Diretora no
ao valor da gratificação da função, em decorrência do prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias após a aprova-
afastamento legal do seu titular, por período superior a 10 ção desta Lei.
(dez) dias e enquanto perdurar a substituição, ressalvada
a hipótese prevista no parágrafo único do artigo anterior. TÍTULO VII
DO ENQUADRAMENTO
TÍTULO V
DO INGRESSO Art. 18 - O enquadramento dos servidores no Plano de
Carreira, Cargos e Vencimentos Básicos levará em conta o
Art. 12 - O ingresso nos cargos de provimento per- cargo atual, o nível de escolaridade e a remuneração per-
manente no quadro de pessoal da Assembleia Legislativa cebida, respeitados os seguintes critérios:
far-se-á mediante concurso público de provas ou de pro- I - O enquadramento será feito no cargo, observadas
vas e títulos, sempre no primeiro nível da classe inicial dos as habilitações legais e a tabela de correlação de cargos no
respectivos cargos. Anexo IV;

53
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

II - A primeira etapa do enquadramento salarial será Art. 21 - Além do vencimento básico, poderão ser con-
feita entre os limites mínimo e máximo da faixa, no nível cedidas, na forma da Lei, aos servidores deste Poder as
salarial igual ou imediatamente superior à remuneração vantagens de:
percebida pelo servidor, na data do enquadramento, con- I - Gratificação pelo exercício de cargo de provimento
siderado para esse fim especifico, o vencimento básico, a temporário - FG e FC;
gratificação de condições especiais de trabalho - CET, a II - Gratificação pelo exercício de função de responsa-
gratificação de regime de tempo integral - RTI e a gratifica- bilidade - FGR;
ção por desempenho funcional - GDF, que ficarão extintas III - Gratificação natalina;
com o enquadramento; IV - Gratificação de adicional por tempo de serviço;
III - Se após o enquadramento o percentual final de V - Gratificação pelo exercício de atividades insalubres,
acréscimo for inferior a 3% (três por cento), o servidor será perigosas ou penosas;
enquadrado 04 (quatro) níveis acima na escala salarial; VI - Gratificação de incentivo funcional;
sendo entre 3% (três por cento) e menos de 6% (seis por VII - Gratificação por tempo de serviço - GTS;
cento), 03 (três) níveis acima; entre 6% (seis por cento) e VIII - Auxílio educação;
menos de 9% (nove por cento), 02 (dois) níveis acima; e de IX - Auxílio férias;
9% (nove por cento) a 12% (doze por cento), 01 (um) nível X - Estabilidade econômica.
acima;
IV - Se a remuneração do servidor, como definido no Art. 22 - Além das vantagens previstas nesta Lei, ficam
inciso anterior, já for superior ao máximo da faixa salarial mantidos para os servidores da Assembleia Legislativa to-
do seu cargo, ele será alocado em quadro extraordinário das as vantagens pecuniárias e benefícios previstos no Es-
até que se enquadre na faixa de seu grupo ocupacional; tatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia e
V - A segunda etapa do enquadramento salarial terá alterações, bem como os resultantes de acordos e resolu-
vigência no exercício seguinte respeitada a dotação orça- ções específicas deste Poder.
mentária, levando-se em consideração fatores como expe- Parágrafo único - As Gratificações de Condições Espe-
riência profissional e/ou formação escolar, dentre outros, ciais de Trabalho - CET, por Desempenho Funcional - GDF
conforme o grupo ocupacional, para fins de reposiciona- e a de Regime de Tempo Integral - RTI não se aplicam a
mento dos servidores nas tabelas de vencimentos; este artigo, devido as mesmas terem sido incorporadas ao
VI - O Quadro Especial se extinguirá gradativamente vencimento básico dos servidores efetivos ativos e inativos
com a vacância, assegurando-se aos seus titulares a inclu- da Assembleia Legislativa, conforme estabelece o artigo 18,
são na estrutura de cargos e vencimentos básicos do grupo inciso II desta Lei.
de atividades de nível médio ANM, assim como o direito a
progressão e aos reajustes gerais concedidos aos demais Art. 23 - O servidor com mais de 05 (cinco) anos de
servidores. comprovado exercício de efetivo trabalho no serviço pú-
blico estadual terá direito por anuênio, contínuo ou não,
Art. 19 - Será instituída Comissão de Servidores para à percepção de adicional calculado à razão de 1% (um por
elaborar proposta de enquadramento descrita no Art. 18 cento) por ano sobre o valor do vencimento básico do car-
inciso V a ser submetida à apreciação da Mesa Diretora. go que ocupa, obedecendo aos critérios estabelecidos no
§ 1º - A Comissão contará com 05 (cinco) membros, Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia.
sendo 03 (três) indicados pelo Presidente da Assembleia § 1º - Para o cálculo da gratificação de que trata este
Legislativa, a quem cabe indicar o seu presidente, 01 (um) artigo não serão computadas quaisquer vantagens pecu-
indicado pelo Sindicato dos Servidores e outro indicado niárias, ainda que incorporadas aos vencimentos, para to-
pela Associação de Servidores. dos os efeitos legais.
§ 2º - No prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigên- § 2º - O adicional será devido a partir do mês em que o
cia desta Lei, a Comissão concluirá a sua proposta, abrin- servidor completar o anuênio.
do-se prazo de 15 (quinze) dias contados da publicação do
resultado para que os interessados ofereçam impugnação. Art. 24 - O Adicional por Desempenho de Atividades
§ 3º - Nos 05 (cinco) dias seguintes ao último dia do Especiais será concedido a servidores ocupantes de cargos
prazo previsto para impugnação, a Comissão encaminhará de provimento temporário com o fim de:
a proposta de enquadramento à Mesa Diretora da Assem- I - Compensar o trabalho extraordinário não eventual
bleia Legislativa, acompanhada das impugnações ofereci- prestado antes ou depois do horário normal;
das, acolhidas ou não. II - Remunerar o exercício de atribuições que exijam
habilitação específica ou criteriosos estudos e/ou trabalhos
TÍTULO VIII técnicos.
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO § 1º - O adicional mencionado neste artigo poderá ser
concedido cumulativamente quando ocorrer apenas uma
Art. 20 - O vencimento básico dos servidores abrangi- ou ambas as hipóteses previstas nos incisos anteriores.
dos pelo Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos Básicos, § 2º - O adicional será concedido no limite máximo de
instituído por esta Lei, será fixado de acordo com os valo- 125% (cento e vinte cinco por cento) incidente sobre o ven-
res constantes do Anexo III que é parte desta Lei. cimento básico do cargo ou função ocupada pelo servidor.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 25 - O Adicional estabelecido no artigo 24 desta observados os mesmos requisitos e procedimentos previs-
Lei é incompatível com o Adicional por Serviços Extraor- tos no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado da
dinários. Bahia e legislação complementar.

Art. 26 - O servidor perderá o direito ao adicional pre- Art. 33 - O servidor ocupante de cargo de provimento
visto no artigo 24, quando afastado do exercício do cargo, permanente poderá obter licença sem remuneração, para
salvo nas hipóteses do artigo 113 e do artigo 118, incisos I,
tratar de interesse particular, pelo prazo de 03 (três) anos,
III, VI, VIII e XI, alíneas “a”, “b” e “c”, do Estatuto dos Servi-
dores Públicos Civis do Estado da Bahia. observada a conveniência da Assembleia Legislativa, po-
§ 1º - Se o afastamento do servidor decorrer da par- dendo ser prorrogado por igual período, observados os
ticipação em programa de treinamento instituído pela mesmos requisitos e procedimentos previstos no Estatuto
Assembleia Legislativa a continuidade do pagamento do dos Servidores Públicos Civis do Estado da Bahia e legisla-
adicional somente será assegurada se ficar comprovada a ção complementar.
ocorrência de todas as circunstâncias a seguir:
I - For obrigatória, por determinação do órgão ou enti- Parágrafo único - As demais licenças concedidas obe-
dade, a participação do servidor, com vistas à melhoria da decerão ao disposto no Estatuto dos Servidores Públicos
qualidade do serviço ou à implantação de novas técnicas Civis do Estado da Bahia e legislação complementar.
para sua execução;
II - Tratar-se de programa desenvolvido em regime in-
tensivo ou implicar o mesmo em deslocamento do servidor Art. 34 - Fica assegurada ao servidor a faculdade de
do município onde tenha exercício durante o período de converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver
sua realização; direito em abono pecuniário.
III - Estar o programa previsto para período igual ou
inferior a 06 (seis) meses. Art. 35 - Será concedido a todos os servidores auxílio
à título de prêmio férias, na base de um mês de remune-
Art. 27 - O Adicional por Desempenho de Atividades ração, a ser pago no mês imediatamente anterior ao gozo
Especiais incidirá sobre o vencimento básico do cargo ocu- das férias.
pado pelo beneficiário e não servirá de base para cálculo
de quaisquer outras vantagens, salvo as relativas à remune- § 1º - Perderá o direito à percepção da vantagem de
ração de férias e abono pecuniário resultante da conversão
que trata este artigo o servidor que durante o período
de parte das férias e gratificação natalina.
§ 1º - A base do cálculo do adicional será o valor do aquisitivo de férias:
vencimento do cargo ou função temporária.
§ 2º - Nas ocorrências de faltas ou penalidades que I- Tiver sofrido pena disciplinar superior à de adver-
impliquem em desconto na remuneração do servidor, esse tência;
desconto alcançará igualmente a parcela correspondente
ao Adicional. II- Tiver, no ano, mais de 12 (doze) faltas ao serviço,
sem causa justificada;
Art. 28 - O Adicional por Desempenho de Atividades
Especiais deixará de ser pago tão logo desapareçam as cir- III- Estiver afastado do efetivo exercício do seu cargo,
cunstâncias que motivaram a sua concessão.
excetuadas as seguintes hipóteses:
Art. 29 - Caberá ao Superintendente da unidade em
que o servidor temporário estiver lotado, formular pedi- a) Licença para tratamento da própria saúde;
do ao Presidente da Assembleia Legislativa, através da Su- b) Licença prêmio;
perintendência de Recursos Humanos, para concessão do c) Licença decorrente de acidente em serviço ou doen-
Adicional por Desempenho de Atividades Especiais. ça profissional;
d) Licença gestante e adotante;
Art. 30 - A competência para a concessão do Adicio- e) Férias;
nal por Desempenho de Atividades Especiais é privativa do f) Casamento, até 8 (oito) dias;
Presidente da Assembleia Legislativa. g) Luto por falecimento de cônjuge, companheiro, filhos,
Parágrafo único - O Ato concessor do adicional men-
pais, menor sob guarda ou tutela e irmãos, até 8 (oito) dias;
cionado, devidamente fundamentado, indicará a data de
início do seu pagamento. h) Júri, regularização de situação eleitoral e outras obri-
gações impostas por lei;
Art. 31 - O ato de suspensão ou modificação do adi- i) Exercício de outro cargo de provimento em comissão
cional indicará a data de sua vigência. ou de função gratificada no serviço público estadual.

Art. 32 - Ao servidor ocupante de cargo de provimento § 2º - Em nenhuma hipótese poderá o servidor, duran-
permanente será concedida a cada 5 (cinco) anos de exer- te um ano, perceber mais de uma vez o benefício mencio-
cício efetivo e ininterrupto, licença prêmio de 3 (três) me- nado neste artigo.
ses, assegurada a percepção da respectiva remuneração,

55
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 36 - Será concedida a gratificação natalina para os TÍTULO IX


servidores ativos e inativos da Assembleia Legislativa e o DAS REVISÕES DO PLANO
seu pagamento deverá ser efetuado até o dia 20 (vinte) do
mês de dezembro de cada ano. Art. 39 - Este Plano será revisto de 03 (três) em 03 (três)
anos na seguinte forma:
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo correspon-
derá, para os servidores ativos, a 1/12 (um doze avos) da I - Revisão das descrições de cargos que consiste na
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de exercício análise das atribuições dos cargos face as modificações
e no respectivo ano, considerando-se como mês integral a significativas ocorridas nos mesmos;
fração igual ou superior a 15 (quinze) dias.
II - ... VETADO ...
§ 2º - Ao servidor inativo será paga igual gratificação
em valor equivalente aos seus proventos. Art. 40 - A criação e/ou extinção de cargos somente
poderá ocorrer na época prevista para a revisão do Plano
Art. 37 - Será concedida a Gratificação de Incentivo de Cargos e Vencimentos Básicos.
Funcional, calculada sobre o vencimento básico, ao ser-
vidor efetivo ocupante de cargo do Grupo de Atividades Parágrafo único - Todos os novos cargos criados serão
de Nível Superior (ANS) ou Grupo de Atividades de Nível avaliados e classificados nos Grupos Ocupacionais corres-
Médio (ANM) que for portador de diploma ou certificado pondentes conforme a metodologia adotada neste Plano.
de conclusão de curso superior correlato com as suas atri-
buições, de acordo com os seguintes critérios:
TÍTULO X
I- Grupo de Atividades de Nível Superior (ANS): DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 41 - ... VETADO ...


a) Curso de Especialização com carga horária mínima
de 360 (trezentos e sessenta) horas - 5% (cinco por cento);
Art. 42 - Assegura-se, a partir de primeiro de junho
b) Curso de Mestrado - 10% (dez por cento);
de 2004, aos integrantes dos cargos temporários de Pro-
c) Curso de Doutorado - 20% (vinte por cento).
curador Geral e de Procurador Adjunto e aos efetivos de
Procurador Jurídico a vantagem correspondente a 80%
II- ... VETADO ...
(oitenta por cento) sobre o vencimento que resultar do
enquadramento dos seus ocupantes, a título de verba de
Parágrafo único - O incentivo funcional será concedi-
representação.
do cumulativamente, não podendo exceder a 25% (vinte e
cinco por cento), não conflitando com qualquer outro adi-
Art. 43 - Aos servidores ativos e efetivos que tenham
cional, gratificação ou vantagem. adquirido direito a estabilidade econômica prevista no ar-
tigo 39 da Constituição Estadual será assegurado enqua-
Art. 38 - Fica instituído o Auxílio Educação para os dramento levando-se em conta o valor do vencimento pre-
servidores ativos de cargo de provimento permanente da visto nesta Lei para o cargo em comissão correspondente,
Assembleia Legislativa do Estado da Bahia cujos filhos ou acrescido dos percentuais de CET e GDF, percebidos em 31
dependentes, judicialmente reconhecidos, encontrem-se de dezembro de 2003, não lhes sendo mais devidas quais-
matriculados em estabelecimento particular de ensino, quer outras vantagens em decorrência do reconhecimento
com idade entre 04 (quatro) e 18 (dezoito) anos, limitado a da estabilidade.
02 (dois) dependentes por servidor.
Parágrafo único - Se os valores resultantes no mencio-
§ 1º - O Auxílio Educação de que trata este artigo cor- nado enquadramento excederem o limite máximo previsto
responderá a 5,75% (cinco vírgula setenta e cinco por cen- para o quadro de vencimentos básicos, os servidores en-
to) do nível inicial da Tabela de Vencimentos Básicos de quadrados serão alocados em quadro extraordinário pre-
Nível Médio e não será incorporado aos vencimentos dos visto no artigo 18 desta Lei.
servidores para quaisquer efeitos.
Art. 44 - Ficam estendidos aos servidores inativos da
§ 2º - O auxílio instituído no caput deste artigo deverá Assembleia Legislativa, no que couberem, os efeitos decor-
ser regulamentado no prazo de 30 (trinta) dias contados a rentes desta Lei.
partir da publicação desta Lei.
Art. 45 - O quantitativo das funções comissionadas e
funções gratificadas é o previsto no Anexo I da presente Lei.

56
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 46 - É assegurado, ao servidor ocupante de fun- § 2º - O índice percentual estipulado neste artigo recai-
ção comissionada não integrante do quadro de carreira da rá sobre todas as tabelas de vencimentos do Anexo III, au-
Assembleia Legislativa ou do serviço público, em caso de mentando no mesmo percentual o valor de todos os níveis
exoneração, o direito à percepção de um vencimento bá- salariais, exceção feita aos cargos exclusivos dos gabinetes
sico por ano de trabalho, e a 1/12 (um doze avos) por mês parlamentares, comissões técnicas, representações e lide-
subsequente, a título de Gratificação por Tempo de Serviço ranças partidárias.
(GTS), instituída pela Lei nº 4.800/88, prevalecendo, para
efeito de cálculo, o valor atualizado da função que exercia Art. 52 - As funções comissionadas ou gratificadas,
no 6º (sexto) mês anterior à exoneração. para cujo provimento seja exigida formação profissional
específica, estão relacionadas no Anexo I desta Lei.
§ 1º - A gratificação prevista neste artigo será restituída
atualizada com correção monetária pelo servidor que vier Art. 53 - Nenhuma remuneração de servidor, seja a que
título for, poderá exceder ao valor do subsidio do Depu-
a ser novamente investido em cargo ou função comissio-
tado Estadual, operando-se automaticamente a redução a
nada, neste Poder, dentro de 24 (vinte quatro) meses da
esse limite de qualquer excesso.
exoneração.
Art. 54 - Os valores previstos nesta Lei já incorporam a
§ 2º - A restituição de que cuida o parágrafo anterior diferença de cálculo relativa ao reajuste dos vencimentos
será efetuada até o momento da posse, como condição básicos dos servidores pela Unidade Real de Valor (URV),
indispensável à lavratura do respectivo termo. por ocasião da conversão em real, cessando com isso qual-
quer obrigação pecuniária da Assembleia Legislativa, a esse
§ 3º - O benefício previsto neste artigo terá o paga- título, a partir da vigência desta Lei.
mento suspenso, a requerimento do interessado, com o
propósito de ser cumulado em caso de reinvestidura. Art. 55 - Fica assegurada aos servidores do quadro de
carreira da Assembleia Legislativa, que tenham exercido ou
Art. 47 - As gratificações a título de horas extras incor- exerçam funções gratificadas ou comissionadas, a conta-
poradas e a vantagem intitulada 16,66% ficam transforma- gem do tempo do exercício, para efeito do artigo 39 da
das em Vantagem Pessoal, fixadas nos valores praticados Constituição Estadual.
antes da publicação desta Lei, assegurados os reajustes
coletivos. Art. 56 - As despesas decorrentes desta Lei correrão à
conta das dotações orçamentárias consignadas à Assem-
§ 1º - É assegurada aos ocupantes do cargo de moto- bleia Legislativa.
rista a vantagem pessoal no valor fixo de R$360,00 (trezen-
tos e sessenta reais) mensais. Art. 57 - Esta Lei entrará em vigor em 01 de janeiro de
2004, revogadas as disposições em contrário e, especial-
§ 2º - A vantagem pessoal de que trata este artigo e o mente, a Lei nº 4800, de 22 de agosto de 1988; a Resolução
seu parágrafo 1º será incorporada aos proventos do servi- nº1218, de 17 de dezembro de 1992; o Ato nº 6987, de
dor quando da sua aposentadoria. 04 de agosto de 1993; a Resolução1233, de 15 de março
de 1995; a Resolução nº 1237, de 17 de agosto de 1995; a
Art. 48 - ... VETADO ... Resolução nº 1247, de 15 de maio de 1996; a Resolução nº
1269, de 25 de março de 1998 e a Resolução 1292, de 19 de
outubro de 2001, nos seus artigos 3º e 4º.
Art. 49 - Os efeitos financeiros da segunda etapa do
enquadramento salarial previsto no art. 18, inciso V, serão
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 05
devidos a partir do exercício seguinte desde que haja dis-
de janeiro de 2004.
ponibilidade orçamentária.
,
Art. 50 - Consideram-se cargos em extinção os relacio-
nados no artigo 5º, inciso III desta Lei.

Art. 51 - A revisão dos vencimentos básicos dos servi-


dores da Assembleia Legislativa ocorrerá anualmente no
mês de janeiro, desde que haja dotação orçamentária.

§ 1º - A Assembleia Legislativa, a seu critério, e consi-


derando a sua disponibilidade financeira e o índice infla-
cionário, poderá antecipar correções salariais por conta de
Acordos que venham a ser celebrados posteriormente.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

formação profissionalizante de nível médio completo. É


LEI 13.801/2017 composto pelo cargo de Técnico Legislativo, cujas atribui-
ções estão definidas no Anexo II;
II - Grupo de Atividades de Nível Superior - ANS, com-
preendendo os cargos a que estão relacionadas as ativida-
Dispõe sobre o Plano de Carreira, Cargos, Vencimentos des técnicas que exijam formação universitária completa. É
Básicos e o Quadro de Pessoal dos Servidores da Assembleia composto pelo cargo de Analista Legislativo, cujas atribui-
Legislativa do Estado da Bahia e dá outras providências. ções estão definidas no Anexo II;
III - Grupo de Carreiras de Estado, compreendendo os
O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ES- cargos cujas atividades estão previstas constitucionalmen-
TADO DA BAHIA, no uso de atribuição prevista no art. 80, § te como essenciais às prerrogativas do Poder Legislativo. É
7º da Constituição do Estado da Bahia, combinando com o composto pelos cargos de Procurador e Auditor Legislati-
art. 41, XXII, da Resolução nº 1193/85 (Regimento Interno), vo, com atribuições definidas no Anexo II;
faço saber que o Plenário da Assembleia aprovou e eu pro- IV - Quadro Especial, compreendendo os cargos em
mulgo a seguinte Lei: extinção que não mais se adequam à estrutura administra-
tiva da Assembleia Legislativa, cujos servidores aí alocados
Capítulo I permanecerão até a vacância do cargo, estando suas atri-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES buições definidas no Anexo II.
Art. 5º Os servidores de cargos de provimento perma-
Art. 1º Esta Lei e seus anexos instituem o Plano de Car- nente exercerão suas atribuições exclusivamente na admi-
reira, Cargos e Vencimentos Básicos dos Servidores da As- nistração da Assembleia Legislativa, vedada a sua lotação
sembleia Legislativa do Estado da Bahia, estabelecendo as nos Gabinetes Parlamentares.
políticas e diretrizes para a administração de pessoal. Parágrafo único. Os servidores de cargos de provimen-
to permanente, em estágio probatório, exercerão suas atri-
Capítulo II buições exclusivamente na administração da Assembleia
DO QUADRO DE PESSOAL E SISTEMA DE Legislativa.
REMUNERAÇÃO
SEÇÃO II
Art. 2º O Quadro de Pessoal da Assembleia Legislativa DOS CARGOS DE PROVIMENTO TEMPORÁRIO
do Estado da Bahia compreende:
I - Cargos de provimento permanente, com ingresso Art. 6º A designação para o exercício de cargo de pro-
nas carreiras previstas nos Anexos I e II, mediante aprova- vimento temporário far-se-á por ato do Presidente, confor-
ção em concurso público de provas e títulos; me quantitativo estabelecido no Anexo I.
II - Cargos de provimento temporário, regidos por esta § 1º As Funções Gratificadas (FG) serão exercidas por
Lei e outras que lhes sejam pertinentes, abaixo elencados: integrantes do quadro permanente do serviço público.
a) Função Comissionada (FC); § 2º O tempo de serviço exigido para o exercício de
b) Função Gratificada (FG); Função Gratificada na Assembleia Legislativa será de, no
c) Função Gratificada de Gerência (FGG); e mínimo, 36 (trinta e seis) meses na administração pública,
d) Função Gratificada de Coordenação (FGC). ressalvada a hipótese de substituição temporária, em que
serão exigidos 12 (doze) meses de exercício em cargo de
SEÇÃO I provimento permanente na Assembleia Legislativa.
DOS CARGOS DE PROVIMENTO PERMANENTE Art. 7º Ficam instituídas, exclusivamente para servido-
res do quadro permanente da Assembleia Legislativa, que
Art. 3º Os cargos de provimento permanente do Qua-
já tenham cumprido o estágio probatório, a Função Gra-
dro de Pessoal da Assembleia ficam classificados em gru-
tificada de Coordenação (FGC) e a Função Gratificada de
pos ocupacionais, estruturados em categorias funcionais e
Gerência (FGG), ressalvada a hipótese de substituição tem-
identificados segundo a natureza e a complexidade do tra-
porária, obedecidas as regras previstas no art. 10 desta Lei.
balho desenvolvido, o grau de escolaridade, a abrangência
Parágrafo único. Para o provimento dos cargos de Ge-
de conhecimentos e de aperfeiçoamento exigidos e demais
rência de Departamento e de Coordenação será exigida
requisitos estabelecidos nas especificações das respectivas
categorias. escolaridade mínima de nível superior completo.
Parágrafo único. As categorias funcionais são escalona- Art. 8º As funções comissionadas (FC), gratificadas (FG),
das em classes e níveis, que definem sua escala de venci- gratificada de gerência (FGG) e gratificada de coordenação
mentos, conforme indicado no Anexo III. (FGC) serão remuneradas com base nos valores estabeleci-
Art. 4º Os cargos de provimento permanente estão dos no Anexo IV.
classificados da forma seguinte: § 1º O servidor investido em cargo de provimento per-
I - Grupo de Atividades de Nível Médio - ANM, com- manente terá direito, pelo exercício de Função Comissio-
preendendo os cargos a que estão relacionadas as ativi- nada para a qual for designado, a optar, mediante termo
dades técnico-administrativas que exijam escolaridade ou de opção exarado quando da sua posse, pela percepção de
gratificação equivalente a 30% (trinta por cento) do valor

58
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

correspondente ao símbolo respectivo ou pelo valor inte- Parágrafo único. Obrigatoriamente 04 (quatro) meses
gral do símbolo, que neste caso será pago como venci- antes do fim do período de estágio probatório, a avaliação
mento básico enquanto durar a investidura ou ainda pela de desempenho do servidor será submetida à homologa-
diferença entre este e a retribuição do seu cargo efetivo. ção da autoridade competente.
§ 2º O servidor do quadro permanente da Assembleia Art. 14 A jornada de trabalho na Assembleia Legislativa
Legislativa que exercer Função Gratificada perceberá, além será de 40 (quarenta) horas semanais, ressalvados os casos
do vencimento básico, o valor integral do respectivo sím- estabelecidos em legislação específica.
bolo correspondente. Parágrafo único. Será contado, para efeito de integrali-
Art. 9º Exigir-se-á escolaridade de nível médio com- zação da jornada de trabalho definida no caput deste artigo,
pleto para o exercício de função comissionada do sexto o tempo destinado pelo servidor para trabalhos externos e
símbolo (FC06) e escolaridade de nível superior completo cursos de qualificação autorizados pela Administração.
para as funções do sétimo símbolo (FC07) e oitavo símbolo
(FC08), além das hipóteses previstas em Lei. Capítulo IV
Art. 10  Os titulares das funções de confiança serão DA PROGRESSÃO FUNCIONAL
substituídos, em férias, licenças e nos seus impedimentos
legais, da seguinte forma: Art. 15 A progressão funcional é a forma de avanço
I - Diretores e Superintendentes, cargos de livre no- do servidor do nível e/ou classe em que se encontra para
meação do Presidente, preferencialmente por servidores outro superior no mesmo cargo, cumprido o interstício
de provimento permanente da Assembleia Legislativa do mínimo, no mesmo nível, de 24 (vinte e quatro) meses de
Estado da Bahia, que possuam os requisitos de escolarida- efetivo exercício, contados a partir do enquadramento de
de do cargo; que trata esta Lei ou da última promoção.
II - os Gerentes de Departamento, por um dos seus Coor- § 1º A progressão funcional dar-se-á, alternadamente,
denadores ou por servidor da respectiva unidade, por eles por promoção por antiguidade ou promoção por mereci-
indicados para designação pela Presidência da Assembleia; mento.
III - os Coordenadores, por um dos servidores da res- § 2º Não haverá promoção de servidor que esteja em
pectiva unidade, por eles indicados para designação pela cumprimento do estágio probatório, ou que não esteja em
Presidência da Assembleia.
efetivo exercício em órgão ou entidade da administração
Parágrafo único. O Presidente, ao seu critério, poderá
estadual.
autorizar a substituição dos titulares dos cargos referidos
nos incisos II e III deste artigo por servidores do mesmo
SEÇÃO I
nível hierárquico.
DA PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE
Art. 11 O substituto do titular de função comissionada
(FC), função gratificada de gerência (FGG) ou função gratifi-
cada de coordenação (FGC) fará jus ao valor da gratificação Art. 16 A promoção por antiguidade dar-se-á sempre
da função, em decorrência do afastamento legal do seu pelo avanço de, no mínimo, 01 (um) nível na mesma classe
titular, proporcionalmente ao período de tempo em que ou 01 (um) nível de uma classe para a outra, de 02 (dois)
ocupá-la, e enquanto perdurar a substituição, ressalvada a em 02 (dois) anos, a partir da vigência desta Lei ou da últi-
hipótese prevista no parágrafo único do artigo 10, obser- ma progressão.
vado o disposto na Lei nº 6.677/1994. Parágrafo único. A promoção por antiguidade será
executada por ato administrativo do Superintendente de
Capítulo III Recursos Humanos da Assembleia, observando-se o mês
DO INGRESSO NOS CARGOS DE PROVIMENTO de admissão do servidor, com base na tabela de tempora-
PERMANENTE lidade constante do Anexo VI, podendo ser antecipada a
critério da administração da Casa.
Art. 12 O ingresso nos cargos de provimento perma-
nente do quadro de pessoal da Assembleia Legislativa far- SEÇÃO II
-se-á mediante concurso público de provas ou de provas DA PROMOÇÃO POR MERECIMENTO
e títulos, sempre no primeiro nível da classe inicial dos res-
pectivos cargos. Art. 17 A promoção por merecimento, aferida atra-
Art. 13 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado vés de avaliação de desempenho funcional, dar-se-á pelo
para o cargo de provimento permanente ficará sujeito ao avanço, dentro da mesma classe, ou de uma classe para
cumprimento de estágio probatório por um período de 36 outra, de 02 (dois) em 02 (dois) anos, a partir da última
(trinta e seis) meses, durante o qual sua aptidão e capaci- progressão, mediante ato do Presidente da Assembleia Le-
dade serão objetos de avaliação para o desempenho do gislativa do Estado da Bahia.
cargo, observados os seguintes critérios: Parágrafo único. A avaliação de desempenho funcional,
I - assiduidade; para fins da promoção por merecimento, será realizada de
II - disciplina; acordo com os requisitos mencionados no art. 13, incisos I
III - capacidade de iniciativa; a V, além da comprovação de aperfeiçoamento profissio-
IV - produtividade; nal, sem prejuízo de outros requisitos e critérios definidos
V - responsabilidade. na legislação.

59
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Capítulo V § 2º O servidor que fizer jus cumulativamente aos adi-


DO ENQUADRAMENTO DOS SERVIDORES cionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar
por um deles.
Art. 18 O enquadramento dos servidores da Assembleia § 3º O adicional de insalubridade ou periculosidade in-
Legislativa no Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos Bá- cidirá sobre o vencimento básico atribuído ao cargo ocu-
sicos, realizado em razão da aprovação desta Lei, levará em pado pelo servidor e não servirá de base para cálculo de
conta o cargo para o qual foi efetivado e o tempo de ser- quaisquer outras vantagens, salvo aquelas relativas a férias
viço em cargo de provimento permanente na Assembleia e gratificação natalina.
Legislativa do Estado da Bahia, observadas as habilitações § 4º Os adicionais de insalubridade e de periculosidade
legais e a tabela de correlação, prevista no Anexo V. são incompatíveis com quaisquer vantagens que visem a
§ 1º O enquadramento salarial dos servidores ativos compensar riscos à saúde, à integridade física ou psíquica
será feito entre os limites mínimo e máximo da tabela, no do servidor, podendo o mesmo optar pelo maior adicional.
nível salarial equivalente ao seu tempo de serviço, na data
§ 5º Haverá permanente controle da atividade do ser-
da vigência desta Lei, tomando-se por base a data de ad-
vidor em operações ou locais considerados insalubres ou
missão do servidor na Assembleia Legislativa, conforme Ta-
perigosos, sendo que o direito à percepção dos adicionais
bela de Temporalidade constante do Anexo VI.
§ 2º Caso o vencimento básico do servidor, após o en- previstos neste artigo cessará com a eliminação ou neu-
quadramento como definido no § 1º deste artigo, ultrapas- tralização das condições ou riscos que deram causa à con-
se o valor máximo da tabela, ele será alocado no Quadro cessão.
Especial, previsto no inciso IV do art. 4º desta Lei, até que § 6º No processo administrativo de concessão dos adi-
se enquadre na faixa de seu grupo ocupacional. cionais de insalubridade ou periculosidade serão observa-
§ 3º Caso o vencimento básico do servidor, após o en- das as situações previstas em legislação específica e em
quadramento como definido no § 1º deste artigo, seja infe- normas regulamentares.
rior ao recebido por ele no mês anterior à implantação do Art. 21 Caberá à Diretoria de Promoção à Saúde - DPS,
Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos Básicos criado por com base na legislação vigente, emitir Laudo Médico Pe-
esta Lei, o servidor será enquadrado no nível de sua res- ricial de Concessão dos adicionais de insalubridade e de
pectiva carreira cujo valor de vencimento básico seja igual periculosidade, atestando o exercício em condições insalu-
ou imediatamente superior. bres ou periculosas de trabalho e estabelecendo o percen-
§ 4º O Quadro Especial, previsto no inciso IV do art. tual a ser concedido ao servidor, com base no art. 20 e seus
4º desta Lei, extinguir-se-á gradativamente com a vacância incisos constantes desta Lei.
dos cargos, assegurando-se aos seus titulares a inclusão § 1º O processo de apuração da insalubridade ou da
na estrutura de cargos e vencimentos básicos do grupo de periculosidade deve ser instruído com informações deta-
atividades a que atualmente pertencem, assim como os lhadas das atividades desenvolvidas pelo servidor, em ra-
reajustes gerais concedidos. zão do cargo ou função para o qual foi nomeado, bem as-
§ 5º Os servidores inativos serão enquadrados na classe sim com informações do respectivo ambiente de trabalho,
e no nível de suas respectivas carreiras, de acordo com a devendo ser firmadas pelo gestor da unidade de lotação
Tabela de Temporalidade constante do Anexo VI, conside- do servidor.
rando-se, para tanto, o tempo de serviço prestado junto à § 2º A apuração das condições de insalubridade e de
Assembleia Legislativa, utilizado para fins de aposentadoria, periculosidade nas unidades poderá ocorrer mediante a
constante do ato aposentador ou título de aposentação. emissão de Laudo Técnico de Identificação dos Riscos Am-
bientais, desde que homologado pela Diretoria de Promo-
Capítulo VI
ção à Saúde - DPS, compreendendo a identificação dos
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
riscos, avaliação e proposição de medidas de controle dos
Art. 19 O vencimento básico dos servidores da Assem- mesmos, originados das suas diversas unidades.
bleia Legislativa do Estado da Bahia será fixado de acordo § 3º A percepção dos adicionais de insalubridade ou de
com os valores constantes dos Anexos III e IV desta Lei. periculosidade retroagirá à data da abertura do processo
Art. 20 O servidor fará jus à percepção ao adicional de administrativo.
insalubridade ou de periculosidade, quando comprovado Art. 22 O Adicional por Desempenho de Atividades
o labor em condições insalubres ou perigosas, de forma Especiais (ADAE) será concedido a servidores do quadro
habitual e contínua, nos seguintes percentuais: permanente e temporário da Assembleia Legislativa, aten-
I - 10% (dez por cento), quando o exercício ocorrer em dendo aos seguintes critérios:
local insalubre; I - compensação por trabalho extraordinário, não even-
II - 20% (vinte por cento), para o exercício de atividade tual, prestado antes ou depois do horário normal;
insalubre; II - remuneração pelo exercício de atribuições que exi-
III - 30% (trinta por cento), para o exercício de atividade jam habilitação específica ou criteriosos estudos e/ou tra-
perigosa. balhos técnicos.
§ 1º No caso de incidência de mais de um fator de insa- Parágrafo único. O adicional previsto neste artigo po-
lubridade, será apenas considerado o de grau mais elevado derá ser concedido quando ocorrer uma ou ambas as con-
para efeito de atribuição da gratificação do adicional cor- dições previstas nos incisos I e II, no limite de 125% (cento
respondente, sendo vedada a percepção cumulativa. e vinte e cinco por cento) sobre o vencimento básico.

60
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 23 O servidor perderá o direito ao adicional pre- Art. 31 O Quadro de Cargos de provimento temporário
visto no art. 22, quando afastado do exercício do cargo, da Assembleia Legislativa sofrerá as seguintes modificações:
salvo nas hipóteses do art. 113 e dos incisos I, III, VI, VIII e I - ficam criados 05 (cinco) cargos de Assistente Técni-
XI do artigo 118 do Estatuto dos Servidores Públicos Civis co, símbolo FC-03;
do Estado da Bahia. II - fica transformado 01 (hum) cargo de Assessor da
Art. 24 O Adicional por Desempenho de Atividades Es- Presidência, símbolo FC-06, em Assessor de Comunicação
peciais (ADAE) incidirá sobre o vencimento básico do cargo da Presidência, símbolo FC-07;
ocupado pelo beneficiário e não servirá de base para cálcu- III - o cargo de Chefe da Assessoria de Relações Institu-
lo de quaisquer outras vantagens, salvo as relativas a férias cionais, símbolo FC-07, passa a denominar-se Assessor de
e gratificação natalina. Relações Institucionais, símbolo FC-07;
§ 1º Nas ocorrências de faltas ou penalidades que IV - terão os símbolos alterados os seguintes cargos:
impliquem em desconto na remuneração do servidor, o a) Chefe de Gabinete da Presidência, de FC-07, para
mesmo alcançará igualmente a parcela correspondente ao FC-08;
Adicional. b) Assistente da Mesa Diretora, de FC-06, para FC-07.
§ 2º O Adicional por Desempenho de Atividades Espe- V - as Funções Gratificadas de Responsabilidade, sím-
ciais (ADAE) deixará de ser pago tão logo desapareçam as bolos FGR01 e FGR02, passam a denominar-se Função
circunstâncias que motivaram a sua concessão. Gratificada de Coordenação - FGC e Função Gratificada de
§ 3º Caberá ao Superintendente da unidade em que o Gerência - FGG.
servidor estiver lotado, formular pedido ao Presidente da Art. 32 A Diretoria de Serviço Médico Odontológico e
Assembleia Legislativa para concessão do Adicional por Assistência Social - DSMOAS passa a denominar-se Direto-
Desempenho de Atividades Especiais (ADAE). ria de Promoção à Saúde - DPS.
§ 4º A competência para a concessão do Adicional por
Desempenho de Atividades Especiais (ADAE) é privativa do Capítulo VIII
Presidente da Assembleia Legislativa. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
§ 5º O Adicional por Desempenho de Atividades Espe-
ciais (ADAE) é incompatível com qualquer gratificação por Art. 33  Além das vantagens previstas nesta Lei, ficam
serviços extraordinários. mantidos para os servidores da Assembleia Legislativa to-
das as vantagens pecuniárias e benefícios previstos nas Leis
Capítulo VII 6.677/1994, 8.971/2004 e 13.471/2015, e legislação corre-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS lata, bem como os resultantes de acordos e resoluções es-
pecíficas deste Poder.
Art. 25 Esta Lei estabelece o Plano de Carreira, Cargos
e Vencimentos Básicos dos servidores da Assembleia Le- Art. 34 A Assembleia Legislativa da Bahia, em até 30
gislativa, observando-se a atualização das atribuições dos (trinta) dias após a vigência desta Lei, adotará as provi-
cargos nela previstos por legislação posterior, a qualquer dências cabíveis para o cumprimento dos Termos Finais de
tempo. Mediação, provenientes dos procedimentos nº 0005.2017-
Art. 26 As disposições do parágrafo único do art. 7º 01-PME e 0007.2017-01-PME e da Sentença Arbitral, ori-
e do art. 9º desta Lei não atingirão os atuais ocupantes, ginária do procedimento nº 0005.2017-01-PA, prolatados
enquanto permanecerem na função atual da estrutura or- pelo juízo de mediação e arbitragem do Instituto de Novas
ganizacional da Assembleia Legislativa. Culturas de Resolução Pacífica de Conflitos - IMCA.
Art. 27 Ficam estendidos aos servidores inativos da As- § 1º Os Termos Finais de Mediação e Sentença Arbi-
sembleia Legislativa, no que couberem, os efeitos decor- tral referidos no caput deste artigo visam a suspender e,
rentes desta Lei. posteriormente, extinguir as ações judiciais ajuizadas pelas
Art. 28 O quantitativo das funções comissionadas e fun- entidades de classe e servidores contra a Assembleia Legis-
ções gratificadas é o previsto no Anexo I da presente Lei. lativa da Bahia, enumeradas nos referidos atos, para fins de
Art. 29 Em caso de exoneração de servidor ocupante implementação desta Lei.
de cargo comissionado, não integrante do quadro perma- § 2º Para efeito de realização das transações judiciais
nente da Assembleia Legislativa ou do serviço público, ser- em todas as ações listadas nos Termos Finais de Mediação
-lhe-ão concedidos os benefícios previstos na Lei Estadual e Sentença Arbitral referidos no caput deste artigo, a fim de
nº 12.210, de 20 de abril de 2011. garantir a renúncia de todos os direitos dos servidores aos
Art. 30 A Gratificação Especial de Serviço - GES, criada créditos e vantagens obtidos ou postulados nos referidos
pela Resolução nº 1.461, de 10 de dezembro de 2009, fica processos, acumulados ao longo da tramitação das respec-
transformada em Vantagem Pessoal, nominalmente identi- tivas ações judiciais, a Assembleia Legislativa do Estado da
ficada, fixada no valor praticado antes da publicação des- Bahia pagará indenizações específicas a cada um dos servi-
ta Lei, para os ocupantes do cargo de Analista Legislativo/ dores ativos, inativos e aos pensionistas dos seus ex-servi-
Taquígrafo, que já a venham percebendo por mais de 05 dores, enquadrados em uma das seguintes situações:
(cinco) anos contínuos e ininterruptos, assegurando-se os I - para os servidores do quadro permanente, ativos e
reajustes coletivos e sua incorporação aos proventos da inativos, com data de admissão anterior a 31 de dezembro de
aposentadoria do servidor beneficiário. 1991, sobre o novo vencimento básico, nos seguintes termos:

61
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

a) 25% (vinte e cinco por cento) a partir da implantação Art. 37 As despesas decorrentes desta Lei correrão à
desta Lei; conta das dotações orçamentárias consignadas à Lei Or-
b) 40% (quarenta por cento) a partir de 01 de fevereiro çamentária em vigor e às dos exercícios financeiros sub-
de 2018. sequentes.
II - para os servidores do quadro permanente, ativos e Art. 38 Fica assegurada aos servidores do quadro per-
inativos, com data de admissão posterior a 31 de dezem- manente da Assembleia Legislativa que tenham ingressado
bro de 1991 e anterior a 31 de dezembro de 2003, sobre o até 31 de dezembro de 2015, e que tenham exercido ou
novo vencimento básico, nos seguintes termos: exerçam funções gratificadas ou comissionadas, a conta-
a) 15% (quinze por cento) a partir da implantação desta Lei;
gem do tempo do exercício para efeito de estabilidade
b) 20% (vinte por cento) a partir de 01 de fevereiro de
econômica, observado o disposto na Emenda Constitucio-
2018.
III - para os pensionistas, sobre o valor atual da pensão, nal nº 22, de 28 de dezembro de 2015.
nos seguintes termos: Art. 39 Os eventuais litígios decorrentes da aplicação
a) 30% (trinta por cento) a partir da implantação desta Lei; desta Lei serão resolvidos, preferencialmente, por arbitra-
b) 50% (cinquenta) a partir de 01 de fevereiro de 2018. gem, nos termos da Lei Federal nº 9.307/96.
§ 3º As indenizações decorrentes das transações judi- Parágrafo único. A Assembleia Legislativa poderá edi-
ciais mencionadas no § 2º deste artigo serão pagas pela tar resolução, firmando as condições para a realização do
Assembleia Legislativa, através de folha de pagamento de procedimento arbitral em litígios decorrentes da aplicação
pessoal, pelo prazo de 15 (quinze) anos, nas hipóteses dos desta Lei, respeitada a legislação federal sobre a matéria.
incisos I e II, e pelo prazo de 20 (vinte) anos, na hipótese do Art. 40  A implantação do Plano de Carreira, Cargos
inciso III, todos a partir da data de vigência desta Lei. e Vencimentos Básicos objeto desta Lei fica condicionada
§ 4º No caso de falecimento do servidor ou pensionista à homologação das desistências das ações judiciais e das
que faça jus à indenização prevista no § 2º deste artigo, renúncias sobre os direitos em que se fundam, perante os
será assegurada aos herdeiros legalmente constituídos a respectivos juízos onde tramitam, pelos servidores e ex-ser-
sucessão hereditária no valor remanescente da indenização vidores da Assembleia Legislativa, de seus herdeiros ou seus
até a conclusão do pagamento das parcelas no limite de 15 representantes legais, em todos os processos judiciais nas
(quinze) anos, nas hipóteses dos incisos I e II, e pelo prazo quais figure no polo passivo a Assembleia Legislativa do Es-
de 20 (vinte) anos, na hipótese do inciso III.
tado da Bahia, individualmente ou em conjunto com o Esta-
§ 5º O servidor ativo, inativo ou pensionista que não
subscrever os termos individuais de adesão referentes aos do, também com renúncia dos respectivos patronos a quais-
Termos Finais de Mediação e à Sentença Arbitral referidos quer créditos decorrentes dos encargos sucumbenciais.
no caput deste artigo, no prazo de 30 (trinta) dias conta- Art. 41 Esta Lei entra em vigor na data da sua publica-
dos da vigência desta Lei, não fará jus ao recebimento dos ção, com efeitos financeiros a partir de 01 de novembro
respectivos valores referentes às indenizações previstas no de 2017, ficando revogados os arts. 1º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º,
§ 2º deste artigo. 9º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 24, 25, 26, 27,
Art. 35 A tabela de vencimentos básicos, prevista nos 28, 29, 30, 31, 32, 39, 40, 44, 45, 49, 50, 52, 53, 54, 55, 56, o
Anexos III e IV desta Lei, será implementada proporcional- parágrafo único do art. 22 e os Anexos I, II, III e IV da Lei nº
mente à disponibilidade financeiro-orçamentária da As- 8.971, de 05 de janeiro de 2004.
sembleia Legislativa, nos seguintes percentuais e prazos: GABINETE DA PRESIDÊNCIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATI-
I - 70% (setenta por cento) dos valores relativos aos VA DO ESTADO DA BAHIA, EM 14 DE NOVEMBRO DE 2017.
vencimentos básicos a partir de 01 de novembro de 2017;
II - 76,5% (setenta e seis vírgula cinco por cento) dos
valores relativos aos vencimentos básicos a partir de 01 de
janeiro de 2019;
III - 83% (oitenta e três por cento) dos valores relativos LEI 13.962/2018
aos vencimentos básicos a partir de 01 de janeiro de 2020;
IV - 89,5% (oitenta e nove vírgula cinco por cento) dos
valores relativos aos vencimentos básicos a partir de 01 de
janeiro de 2021;
V - 96% (noventa e seis por cento) dos valores relativos LEI Nº 13.962 DE 18 DE MAIO DE 2018
aos vencimentos básicos a partir de 01 de janeiro de 2022; Dispõe sobre a criação da Polícia Legislativa da Assem-
VI - 100% (cem por cento) dos valores relativos aos bleia Legislativa do Estado da Bahia, define competências,
vencimentos básicos a partir de 1º de janeiro de 2023. estabelece sua estrutura organizacional e administrativa,
Parágrafo único. Os percentuais das Funções Comissio- seus cargos, carreira e vencimentos, definindo princípios e
nadas (FC), Funções Gratificadas (FG), Funções Gratificadas normas de direito público que lhe são peculiares e dá ou-
de Coordenação (FGC) e de Gerência (FGG) serão calcula- tras providências.
dos proporcionalmente aos percentuais estabelecidos nos O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ES-
incisos deste artigo. TADO DA BAHIA, no uso de atribuição prevista no art. 80, §
Art. 36  Constitui faculdade da Assembleia Legislativa 7º da Constituição do Estado da Bahia, combinando com o
antecipar os percentuais dispostos em cada fase de im- art. 41, XXII, da Resolução n.º 1193/85 (Regimento Interno),
plantação do plano, elencadas no art. 35 e seus incisos, a faço saber que o Plenário da Assembleia aprovou e eu pro-
depender da disponibilidade orçamentário-financeira. mulgo a seguinte Lei:

62
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

CAPÍTULO I Art. 6º – São órgãos integrantes da estrutura organiza-


DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES cional e administrativa da Polícia Legislativa:
I – Departamento de Polícia Legislativa; 
Art. 1º – Fica criada a Polícia Legislativa da Assembleia II – Coordenação de Segurança e Operações Especiais;
Legislativa do Estado da Bahia, organizada com base nos III – Coordenação de Controle, Apoio Logístico e Re-
princípios de hierarquia e disciplina, treinada e devidamen- cepção;
te aparelhada para o bom desempenho de suas atividades. IV – Coordenação de Polícia Judiciária;
Art. 2º – A Polícia Legislativa é órgão integrante da es- V – Coordenação de Inteligência.
trutura organizacional da Assembleia Legislativa do Estado § 1º – Em conformidade com o disposto na Lei nº
da Bahia, sendo responsável pela preservação da ordem e 13.801/2017, o Gerente do Departamento de Polícia Legislati-
a proteção do patrimônio do Poder Legislativo, devendo va e os Coordenadores responsáveis pelas Coordenações que
zelar pela segurança institucional do Parlamento Baiano, integram esse Departamento serão designados para ocupar
competindo–lhe a apuração de infrações penais ocorridas os cargos de provimento em comissão, de livre nomeação e
nas suas dependências e ainda executar atividades típicas exoneração pela Presidência da Assembleia Legislativa.
de polícia, no âmbito da Assembleia Legislativa. § 2º – A investidura nos cargos da estrutura funcional
Art. 3º – São consideradas, para efeito desta Lei, ativi- da Polícia Legislativa está sujeita a aprovação em concurso
dades típicas de Polícia Legislativa: público de provas ou de provas e títulos, atendendo à exi-
I – o policiamento preventivo nas dependências da gência de curso de formação, em conformidade com sua
Assembleia Legislativa da Bahia, inclusive em seus prédios natureza e complexidade, e dar–se–á sempre no primeiro
anexos e espaços externos, bem como na preparação e nível da classe inicial da tabela de Técnico Legislativo cons-
realização de reuniões, sessões e eventos realizados fora tante do Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos Básicos
das dependências da Assembleia Legislativa; dos servidores deste Poder Legislativo.
II – a proteção do Presidente da Assembleia Legislativa § 3º – Os níveis, classes de referências, símbolos e
e dos demais membros da Mesa Diretora, em qualquer lo- quantitativos dos cargos de provimentos efetivos e em co-
calidade do Estado e do território nacional, desde que, nes- missão estão disciplinados nos Anexos I e II desta Lei.
§ 4º –  O efetivo do Corpo da Polícia Legislativa será
ta última hipótese, a serviço do Poder Legislativo Estadual;
formado pelo quadro de Agentes de Polícia Legislativa.
III – a segurança dos Deputados, dirigentes e servido-
res do Poder Legislativo que estiverem a serviço, em qual-
SEÇÃO I
quer localidade, quando determinado pelo Presidente;
DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA LEGISLATIVA
IV – a proteção de Senadores, Deputados Federais, De-
putados de outras unidades da federação e outras autorida-
Art. 7º – O Departamento de Polícia Legislativa é o ór-
des que estejam cumprindo missão oficial e/ou sob a res- gão da estrutura organizacional da Polícia Legislativa da
ponsabilidade da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia; Assembleia Legislativa da Bahia responsável pela preserva-
V – o controle dos acessos e saídas das instalações da ção da ordem e proteção do patrimônio, bens e serviços,
Assembleia Legislativa, podendo proceder, quando julgar competindo–lhe:
necessário, a revista de pessoas, seus pertences e veículos; I – a prevenção e apuração de infrações ocorridas nos
VI – as revistas, buscas e apreensões nas dependências seus edifícios e suas dependências externas;
da Assembleia Legislativa; II –a manutenção da vigilância permanente por meio
VII – as atividades de registro e de administração ine- de policiamento ostensivo e sistemas eletrônicos;
rentes à Polícia Legislativa; III – a segurança do Presidente da Assembleia Legisla-
VIII – investigação, sindicância e elaboração de inqué- tiva e dos demais membros da Mesa Diretora, em qualquer
ritos compatíveis com as atividades típicas de polícia legis- localidade dos territórios estadual, nacional e no exterior,
lativa; caso necessário;
IX –  o apoio à Mesa Diretora e à Corregedoria Parla- IV – a segurança dos Deputados Estaduais, superin-
mentar da Assembleia Legislativa, no que couber. tendentes, diretores, servidores e quaisquer pessoas que
Art. 4º – A Polícia Legislativa é diretamente subordina- eventualmente estejam a serviço da Assembleia Legislativa
da ao Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia, quando assim for determinado pela Presidência;
da Bahia. V – efetuar a segurança dos Senadores, Deputados Fe-
derais, Deputados de outros Estados e autoridades, quan-
CAPÍTULO II do estiverem em missão oficial sob a responsabilidade da
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ADMINISTRATIVA Assembleia Legislativa do Estado da Bahia;
VI – planejar, coordenar e executar planos de segu-
Art. 5º – A estrutura organizacional e administrativa rança dos Deputados Estaduais e demais autoridades que
da Polícia Legislativa da Assembleia Legislativa da Bah- estiverem nas dependências da Assembleia Legislativa do
ia compreende os órgãos de gerência, coordenação e os Estado da Bahia;
cargos de provimento efetivo, com as respectivas funções VII – exercer as funções de polícia judiciária e apuração
gratificadas de Gerência e Coordenação, regidos pela Lei de infrações penais, com exclusão das que mantiverem rela-
nº13.801, de 14 de novembro de 2017 e pela Lei nº 6.677, ção de subsidiariedade, conexão ou continência com outra
de 26 de setembro de 1994. cometida fora das dependências da Assembleia Legislativa;

63
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VIII – o planejamento estratégico de segurança, quan- § 1º – O processo de treinamento dos servidores inte-
do houver multidões nos recintos da Assembleia Legisla- grantes da Polícia Legislativa deverá centrar seus ensina-
tiva, bem como realizar operações de enfrentamento de mentos para o desenvolvimento das seguintes habilidades:
massa e detecção de artefatos explosivos; I – habilidades motoras, como manipulação do am-
IX –  instituir plano de segurança com a finalidade de biente físico, baseadas em padrões apropriados de respos-
coibir as ocorrências de grande vulto, com ameaça de vida, tas da musculatura corporal dos servidores;
urgência e necessidade de atuação especializada organiza- II – habilidades cognitivas para aquisição de padrões
cional não rotineira; de atitudes e crenças;
X – manutenção da ordem nas dependências da As- III – habilidades interpessoais aplicadas com a finalida-
sembleia Legislativa, acionando a Coordenação de Opera- de de autoconsciência e de funcionamento eficaz, dentro
ções Especiais, a fim de que sejam adotadas as providên- de processos sociais e interações humanas.
cias necessárias.
SEÇÃO III
SEÇÃO II DA COORDENAÇÃO DE CONTROLE, APOIO LOGÍSTICO
DA COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA E OPERAÇÕES E RECEPÇÃO
ESPECIAIS
Art. 10 – A Coordenação de Controle, Apoio Logístico
Art. 8º –  A Coordenação de Segurança e Operações e Recepção é o órgão da estrutura organizacional e fun-
Especiais é o órgão da estrutura organizacional e funcio- cional da Polícia Legislativa responsável por coordenar e
nal da Polícia Legislativa responsável por proporcionar e controlar:
desenvolver: I – estoque de equipamentos necessários às atividades
I – atividades de policiamento e vigilância nas áreas in- cotidianas da Polícia Legislativa;
ternas e externas da Assembleia Legislativa da Bahia; II – controle de acesso e cadastramento dos veículos
II – a segurança do Presidente da Assembleia Legisla- que utilizam os estacionamentos da Assembleia Legislativa;
tiva, dos membros da Mesa Diretora e demais Deputados,
III – exercício de atividades de prevenção e combate a
em qualquer localidade do território nacional e do exterior;
incêndios, no âmbito da sua competência, em cumprimen-
III – a realização de vigilância na residência do Presi-
to às instruções técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do
dente da Assembleia Legislativa, quando solicitado;
Estado da Bahia e legislação vigente;
IV – a segurança de autoridades nacionais e estrangei-
IV – emissão de identificação funcional dos servidores
ras que estiverem em visita à Assembleia Legislativa;
e controle de acessos dos visitantes às dependências da
V – a segurança de testemunhas, quando necessária,
para prestarem depoimentos em Comissão Parlamentar de Assembleia Legislativa;
Inquérito no Poder Legislativo; V – guarda e manutenção de equipamentos, armas e
VI – serviços de Apoio Técnico e de Emergências Policiais; munições, mantendo–os em perfeitas condições de funcio-
VII – policiamento noturno e diurno das dependências namento e uso;
internas e externas, edifício principal, anexos e estaciona- VI –  controle, identificação e revista das pessoas que
mentos da Assembleia Legislativa; ingressam nas dependências da Assembleia Legislativa;
VIII – policiamento do Plenário, Plenarinho, salas de VII – realização de buscas a pessoas ou veículos, neces-
Comissões, auditórios e galerias da Assembleia Legislativa; sárias às atividades de prevenção e investigação;
IX  –  policiamento, mediante vigilância eletrônica, do VIII –  controle e fiscalização da emissão e do uso do
Plenário, salas de Comissões, auditórios e galerias da As- cartão de visitantes;
sembleia Legislativa; IX – retirada, das dependências da Assembleia Legisla-
X – treinar os servidores da área da segurança legisla- tiva, daqueles que estejam a perturbar a ordem dos traba-
tiva para a execução imediata das diversas tarefas que lhes lhos nos diversos setores do Poder Legislativo;
são incumbidas dentro da Assembleia Legislativa, de forma X – inspeção de entrada e saída de volumes e objetos,
eficiente e eficaz. quando couber.
Art. 9º – O processo de capacitação e treinamento dos
servidores integrantes da Polícia Legislativa deve buscar al- SEÇÃO IV
cançar os seguintes objetivos: DA COORDENAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA
I- transmissão de conhecimentos inerentes ao exercí-
cio da atividade policial, que sejam compatíveis com a área Art. 11 –Compete à Coordenação de Polícia Judiciária o
de trabalho; exercício das seguintes atividades:
II – desenvolvimento de habilidades relacionadas ao I – realizar inquéritos policiais instaurados pelo Depar-
desempenho do cargo, preparando o profissional para o tamento de Polícia Legislativa, para apuração de infração
exercício de atribuições futuras, compatíveis com as tarefas cometida nas dependências da Assembleia Legislativa ou
e operações a serem executadas pela Polícia Legislativa; nas áreas sob sua responsabilidade;
III – desenvolvimento do profissional para adoção de II – investigar ocorrências nas áreas sob administração
comportamento proativo, solidário, com base nos princí- da Assembleia Legislativa;
pios da moralidade, legalidade e proporcionalidade,nor- III – proceder a investigação, em inquéritos policiais
teadores da conduta dos policiais legislativos. instaurados, no âmbito da Assembleia Legislativa;

64
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV – realizar ações de inteligência destinadas ao exercí- XI – processar dados e conhecimentos fornecidos por
cio da atividade de polícia judiciária e de apurações penais, instituições acreditadas;
na esfera de sua competência, observados os direitos e as XII – empreender ações e programas de fortalecimento
garantias individuais previstos na Constituição Federal; da cultura de proteção e salvaguarda de conhecimentos
V – instruir inquéritos policiais instaurados pelo Depar- sensíveis cujo acesso não autorizado possa resultar em
tamento de Polícia Legislativa da Assembleia Legislativa, prejuízos aos objetivos estratégicos da Assembleia Legis-
quando da prática de delito nas suas dependências e nas lativa da Bahia;
áreas de sua circunscrição; XIII – elaborar, em articulação com as demais unidades,
VI – realizar perícias e sindicâncias, no âmbito de suas avaliações de risco em áreas e instalações críticas e estraté-
competências; gicas do Centro Administrativo da Bahia.
VII – realizar vigilância e captura.
Art. 12 – Os inquéritos instaurados para a apuração de SEÇÃO VI
delitos cometidos nos edifícios da Assembleia Legislativa DO QUADRO DE SERVIDORES DA POLÍCIA LEGISLATIVA
serão presididos pelo Gerente do Departamento de Polícia
Legislativa, ou em caso de ser o investigado parlamentar Art. 14 – O quadro de servidores de provimento efetivo
em exercício do mandato, será o inquérito encaminhado que compõem a Polícia Legislativa contará com (60) ses-
à Corregedoria Parlamentar.  senta vagas, criadas por esta Lei. Esses servidores ocuparão
§ 1º –  Serão observados, no inquérito, o Código de os cargos de Agente de Polícia Legislativa, como determina
Processo Penal e os regulamentos policiais do Estado, no o Anexo II desta Lei.
que forem aplicáveis. § 1º – Os ocupantes dos cargos mencionados no caput
§ 2º – O inquérito será enviado, após a sua conclusão, estarão identificados como Técnico Legislativo, em confor-
à autoridade judiciária competente. midade com o Anexo III da Lei nº 13.801/2017, que dispõe
§ 3º – Em caso de flagrante de crime inafiançável, reali- também sobre a estrutura dos seus vencimentos básicos.
zar–se–á a prisão do autor, que será entregue à autoridade § 2º – Ficam extintos os Cargos de Técnico Legislativo,
policial competente. na Categoria Funcional de Segurança – Classes I, II e III,
ficando os atuais ocupantes dos referidos cargos enqua-
SEÇÃO V
drados mediante investidura derivada, na forma desta Lei,
DA COORDENAÇÃO DE INTELIGÊNCIA
nos termos dos Anexos I e II.
Art. 15 – Ficam criados para compor o quadro de servi-
Art. 13 – A Coordenação de Inteligência é o órgão da
dores da Polícia Legislativa, conforme Anexo II, as seguin-
estrutura organizacional e funcional da Polícia Legislativa
tes funções gratificadas:
responsável por desenvolver as seguintes atividades:
I – planejar e executar ações, inclusive sigilosas, rela- I – um (1) cargo de Função Gratificada de Gerência de
tivas à obtenção e análise de dados para a produção de Departamento de Polícia Legislativa, símbolo FGG;
conhecimentos destinados a assessorar o Presidente da II – quatro (4) cargos de Função Gratificada de Coorde-
Assembleia Legislativa da Bahia na tomada de decisão re- nação, símbolo FGC.
lativa a assuntos de interesse do Poder Legislativo;
II – planejar e executar a proteção de conhecimentos SEÇÃO VII
sensíveis relativos à segurança de pessoas e do patrimônio; DAS ATRIBUIÇÕES DO AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA
III – avaliar as ameaças internas e externas à ordem dos
trabalhos da ALBA; Art. 16 – São atribuições do Agente de Polícia Legis-
IV – promover o desenvolvimento de recursos huma- lativa:
nos e da doutrina de Inteligência; I – execução de trabalhos relacionados aos serviços de
V – realizar estudos e pesquisas para o exercício e o polícia e manutenção da ordem nas dependências da As-
aprimoramento da Atividade de Inteligência dentro da es- sembleia Legislativa do Estado da Bahia;
trutura organizacional da Assembleia Legislativa; II – policiamento, vigilância e segurança interna e ex-
VI – planejar, coordenar, executar e controlar as ações terna dos prédios da Assembleia Legislativa;
de segurança de pessoas, das áreas e das instalações, do III – identificação e revista das pessoas que ingressam
uso de sistemas de informação e documentação; na Assembleia Legislativa, de acordo com as instruções su-
VII  – identificar ameaças ou ocorrências de compro- periores, bem como recolhimento e guarda temporária de
metimento ou violação da segurança, e adotar as medidas armas portadas pelos visitantes;
necessárias; IV – realização de busca em pessoas e/ou em veículos,
VIII – articular o intercâmbio de informações relativas à necessária às atividades de prevenção e investigação;
segurança com as demais unidades da administração pú-  
blica, no âmbito das suas competências; V – retirada, das dependências da Assembleia Legislati-
IX – produzir conhecimentos de Inteligência sobre va, de quem perturbar a ordem dos trabalhos;
ameaças e oportunidades, no âmbito estadual, para fins de VI – inspeção da entrada e saída de volumes e objetos;
assessoramento ao processo decisório do Presidente; VII – investigação de ocorrências, acerca de inquéritos
X – planejar, coordenar, supervisionar e controlar a policiais instaurados nas áreas sob a administração da As-
execução das atividades de Inteligência; sembleia Legislativa, conforme a legislação vigente;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VIII – controle e fiscalização da emissão e uso do cartão CAPÍTULO III


de identificação de visitantes; DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
IX – exercício de atividades de prevenção e combate a
incêndios, no âmbito da sua competência, de acordo com Art. 19 – O Anexo Único da Lei nº. 8.902, de 18 de de-
as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do zembro de 2003, passa a vigorar com a inclusão, no Orga-
Estado da Bahia e legislação vigente; nograma da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, do
X – coordenação e execução de tarefas relacionadas a Departamento de Polícia Legislativa, vinculado à Presidência.
inquéritos e sindicâncias instauradas na forma regulamentar; Art. 20 – Fica alterado o caput do artigo 4º da Lei nº.
XI – participação no policiamento e vigilância das de- 8.902, de 18 de dezembro de 2003, passando a vigorar com
pendências sob a responsabilidade do Departamento de a seguinte redação:
Polícia Legislativa da Assembleia Legislativa; “Art. 4º – O Gabinete da Presidência engloba a Chefia
XII – realização de ações investigativas destinadas ao do Gabinete, a Assistência Civil, a Assistência Militar, o Ce-
exercício da função de polícia judiciária e de apurações pe- rimonial e o Departamento de Polícia Legislativa.”
Art. 21 – Ficam acrescentados ao art. 4º da Lei nº. 8.902,
nais, na esfera de sua competência, observados os direitos
de 18 de dezembro de 2003, os parágrafos 4º e 5º, com a
e garantias individuais previstos na Constituição Federal;
seguinte redação:
XIII – realização de coleta, busca, estatística e análise de “Art. 4º – ..........................................................
dados de interesse policial, destinados a orientar a execu- § 4º – Compete ao Departamento de Polícia Legislativa:
ção de suas atribuições; I – elaborar e implementar políticas de segurança para
XIV – realização de diligências e serviço cartorial em a Assembleia Legislativa da Bahia;
apoio às atividades das Comissões Permanentes e Temporá- II – apoiar e atuar junto ao Gabinete da Presidência, Assis-
rias, inclusive às das Comissões Parlamentares de Inquérito; tência Militar e Cerimonial da Assembleia, no que lhe couber;
XV – segurança de autoridades e delegações, nacionais III – zelar pela garantia da segurança nas dependências
e estrangeiras, nas dependências da Assembleia Legislativa; da Casa Legislativa, bem como em atividades legislativas
XVI – investigações de ocorrências nas áreas sob a ad- que ocorrerem fora das dependências da Assembleia;
ministração da Assembleia Legislativa; IV – proteger a integridade física dos servidores, visi-
XVII – planejamento, supervisão, controle e execução tantes, parlamentares e do patrimônio da Assembleia;
dos trabalhos relacionados às atividades de polícia, segu- V – atuar junto à Brigada de Incêndio, auxiliando–a nas
rança e manutenção da ordem na Assembleia Legislativa; políticas de prevenção e combate a incêndio nas depen-
XVIII – investigações em inquéritos policiais. dências da Assembleia;
VI – adotar políticas de efetuação de rondas nas de-
SEÇÃO VIII pendências da Assembleia, a fim de atender pessoas e
DAS PRERROGATIVAS DO DEPARTAMENTO DE POLÍ- orientá-las quanto ao acesso às instalações, coibindo a
CIA LEGISLATIVA presença de pessoas não autorizadas.
§ 5º – Compete à Chefia de Gabinete:
Art. 17 –  Constituem prerrogativas do Departamento I – assistir o Presidente em suas representações política
de Polícia Legislativa: e social;
I – ingresso e trânsito, com franco acesso, em qualquer II – revisar e encaminhar os atos administrativos e nor-
recinto público ou privado, desde que em serviço, reserva- mativos da Presidência;
do o direito constitucional da inviolabilidade de domicílio; III – encaminhar, revisar e controlar a documentação e
a correspondência, no âmbito do Gabinete da Presidência;
II – o uso privativo do emblema e de uniformes opera-
IV – organizar a agenda diária do Presidente;
cionais ou de quaisquer outros símbolos da Polícia Legis-
V – coordenar as atividades administrativas do Gabine-
lativa;
te da Presidência;
III – atuar sem revelar sua condição de policial, no in- VI – zelar pela manutenção dos bens patrimoniais do
teresse do serviço. Gabinete;
Art. 18 – Os servidores lotados e em efetivo exercício VII – coordenar as ações do Cerimonial e dos eventos
no quadro funcional do Departamento de Polícia Legislati- da Presidência, apoiando os demais órgãos vinculados ao
va submeter–se–ão a um programa periódico de capacita- Gabinete do Presidente.”
ção e treinamento desenvolvido pela Escola do Legislativo Art. 22 – Altera o § 2º e seus incisos do art. 4º da Lei nº.
da Assembleia Legislativa. 8.902, de 18 de dezembro de 2003, que passam a vigorar
§ 1º – Os servidores de que trata o caput do artigo, com as seguintes redações:
enquanto lotados e em efetivo exercício no Departamen- “Art. 4º – ..........................................................
to de Polícia Legislativa, portarão carteira de identificação § 2º – ............................................................
funcional especifica, com fé pública, válida em todo o ter- I – assistir ao Presidente em assuntos de segurança ex-
ritório nacional. terna, bem como servir de ligação com instituições militares;
§ 2º – Compete ao Departamento de Polícia Legislativa II – planejar, organizar, dirigir e executar, no âmbito de
proceder ao hasteamento e arriamento das Bandeiras nos sua competência, os serviços de segurança externa da sede
termos de Lei Federal. do Poder Legislativo e da residência do Presidente da Casa,
em consonância com as atividades do Departamento de
Polícia Legislativa;

66
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

III – planejar, organizar, dirigir e executar os serviços Art. 2º – A Coordenação de Verbas e Cotas Parlamen-
de segurança pessoal do Presidente do Poder em conjunto tares passa a constituir-se em Departamento de Verbas e
com o Departamento de Polícia Legislativa” Cotas Parlamentares, vinculado à Diretoria de Economia e
Art. 23 – Fica instituída a Gratificação Especial de Ativi- Finanças, a Coordenação do Memorial do Legislativo inte-
dade de Polícia, exclusiva para os integrantes da carreira do gra o Departamento de Pesquisa, a Coordenação Técnica e
quadro da Polícia Legislativa, no percentual de 35% (trinta a Coordenação de Nutrição vinculam-se ao Departamento
e cinco por cento) até 100% (cem por cento) do valor dos de Benefícios e Assistência Médico-Odontológica.
vencimentos, ficando extinta a GEAS (Gratificação de Ativi-
dade de Segurança). Art. 3º - As atribuições dos órgãos técnico-administra-
§ 1º – Perderá o direito à Gratificação Especial prevista tivos que compõem a estrutura da Assembleia Legislativa
no caput do artigo 24 o servidor que estiver afastado das são as constantes do Anexo Único deste Ato.
atividades fins da Polícia Legislativa ou que tenha sua lota-
ção alterada. Art. 4º - Este Ato terá vigência a partir da data de sua
Art. 24 – Além das vantagens previstas nesta Lei, ficam publicação.
mantidos para os servidores do quadro da Polícia Legisla-
tiva todas as vantagens pecuniárias e benefícios previstos MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ES-
na Lei 6677/1994 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis TADO DA BAHIA, 24 de março de 2010.
do Estado da Bahia), bem como o que dispõe a legislação
que trata do Plano de Carreira dos servidores da Assem- ANEXO ÚNICO
bleia Legislativa e os resultantes de acordos e resoluções
específicas. ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS TÉCNICO-ADMINIS-
Art. 25 – Fica revogado o quadro que trata do cargo de TRATIVOS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Técnico Legislativo, da categoria funcional de Segurança,
classes I, II, III e IV, constante no Anexo III da Lei nº 13.801/ Art. 1º - São órgãos técnico-administrativos da Assem-
2017. bleia:
Art. 26 – Os servidores do quadro efetivo da Assem- I - Gabinetes, assim compreendidos: o da Presidência,
bleia Legislativa do Estado da Bahia que exercem os cargos dos membros da Mesa Diretora, das Lideranças e das Re-
extintos no artigo anterior serão enquadrados, mediante presentações Partidárias e dos Parlamentares;
investidura derivada, nos cargos de Agentes de Polícia Le- II - Procuradoria Geral;
gislativa, devendo haver similitude com o cargo e compe- III - Assessoria de Comunicação Social;
tência funcional originários. IV - Assessoria de Planejamento;
Art. 27 – As despesas decorrentes desta Lei correrão à V - Auditoria;
conta do orçamento do Poder Legislativo. VI - Superintendência de Administração e Finanças;
Art. 28 – Esta Lei entrará em vigor na data da sua publi- VII - Superintendência de Recursos Humanos;
cação, revogadas as disposições em contrário. VIII - Superintendência de Assuntos Parlamentares.
GABINETE DA PRESIDÊNCIA DA ASSEMBLEIA LEGISLA-
TIVA DO ESTADO DA BAHIA, 18 DE MAIO DE 2018. Art. 2º - Compete ao Gabinete da Presidência:
I - assistir ao Presidente no exercício de suas funções,
proporcionando-lhe o apoio necessário ao desenvolvimen-
to de suas atividades internas e externas;
ATO DA MESA DIRETORA N° 007/2010 DE II - organizar e manter atualizado o cadastro de infor-
24/03/2010 mações relativas a fatos e eventos do interesse da Presi-
dência, bem como de autoridades e pessoas outras que se
relacionem com a Chefia do Poder;
III - organizar a agenda presidencial segundo as priori-
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO dades definidas por seu Titular;
ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, em cum- IV - coordenar o atendimento de autoridades e demais
primento ao disposto no art. 20 da Lei nº 8.902, de 18 de pessoas que, por algum modo, venham a se relacionar com
dezembro de 2003, considerando a necessidade de ade- a Presidência;
quação da estrutura organizacional da Assembleia Legis- V - proporcionar o apoio administrativo necessário ao
lativa aos ditames das Leis nos 8.971, de 06 de janeiro de seu bom desempenho, efetuando o suprimento dos meios
2004, 9.425, de 27 de janeiro de 2005, e 11.048, de 21 de materiais reclamados para o desenvolvimento das atividades;
maio de 2008, VI - coordenar a representação presidencial, observan-
do as normas de segurança, protocolo e cerimonial;
RESOLVE VII - elaborar relatórios, correspondências, inclusive
ofícios da Presidência e quaisquer outros documentos so-
Art. 1º - Ficam denominados Departamentos as Divi- licitados pelo Titular.
sões, Serviços e Supervisão atualmente existentes na As-
sembleia Legislativa. Art. 3º - O Gabinete da Presidência engloba a Chefia
Parágrafo único – As atuais Seções passam a denomi- do Gabinete, a Assistência Civil, a Assistência Militar e o
nar-se Coordenações. Cerimonial.

67
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

§ 1º - Compete à Assistência Civil: III - elaborar a programação financeira e acompanhar


I - assistir diretamente ao Presidente no desempenho o seu desenvolvimento, mantendo sempre a Presidência
de suas atribuições no relacionamento com a sociedade; informada através da expedição de boletins periódicos do
II - assistir ao Presidente em assuntos relacionados resumo da execução orçamentária;
com os demais Poderes; IV - analisar, desenvolver e recomendar a implantação
III - acompanhar o Presidente em solenidades civis, de sistemas organizacionais capazes de aperfeiçoar o pro-
quando solicitado. cesso administrativo, colhendo subsídios junto às entida-
§ 2º - Compete à Assistência Militar: des setoriais;
I - assistir ao Presidente em assuntos de segurança, V - desenvolver estudos, análises de programas e pro-
bem como servir de ligação com organismos militares; jetos de investimento.
II - planejar, organizar, dirigir e executar, no âmbito de
sua competência, os serviços de segurança interna e exter- Art. 7º - Compete à Auditoria, vinculada à Presidência:
na da sede do Poder Legislativo e da residência do Presi- I - promover meios para tornar eficaz o controle da
dente da Casa; fiscalização financeira e orçamentária do Estado exercida
III - planejar, organizar, dirigir e executar os serviços de pela Assembleia;
segurança pessoal do Presidente do Poder; II - realizar tarefas de orientação, acompanhamento e
IV - acompanhar o Presidente em cerimônias militares; fiscalização interna, obedecendo a planos e programas de
V - assistir ao cerimonial na execução de recepções e trabalho preestabelecidos, ou atendendo solicitações es-
das honras militares às autoridades em visita à sede do Po- peciais;
der Legislativo; III - subsidiar o trabalho das Comissões, notadamente
VI - exercer outras atividades correlatas. as de Inquérito e a de Finanças, Orçamento, Fiscalização e
§ 3º - Compete ao Cerimonial: Controle;
I - prestar assistência ao Presidente na recepção a au- IV - adotar modelos e formulários a serem preenchi-
toridades e convidados do Poder Legislativo; dos pelos órgãos internos com a finalidade de facilitar o
II - acompanhar o Presidente em solenidades civis e controle da eficiência dos serviços desenvolvidos na Casa,
encaminhando suas conclusões e análises à Assessoria de
eclesiásticas;
Planejamento;
III - organizar as sessões solenes em estrita articulação
V - acompanhar a ação do Tribunal de Contas do Es-
com a Diretoria Parlamentar;
tado no que tange à fiscalização financeira da Assembleia,
IV - exercer outras atividades correlatas.
fornecendo-lhe os dados e prestando as informações ne-
cessárias;
Art. 4º - A Procuradoria Geral, órgão de consultoria e
VI – analisar previamente os processos de pagamento
assessoramento jurídico e representação judicial, vinculada da Assembleia.
à Presidência, tem suas atribuições e responsabilidades de-
finidas em lei específica. Art. 8º - À Superintendência de Administração e Finan-
ças, vinculada à Presidência, compete planejar, coordenar
Art. 5º - Compete à Assessoria de Comunicação Social, e supervisionar as atividades das Diretorias Administrativa,
vinculada à Presidência: de Economia e Finanças, de Tecnologia da Informação, da
I - coordenar a divulgação do Poder Legislativo tendo Comissão Permanente de Licitação e participar do planeja-
em vista a sua promoção e valorização; mento da Administração Geral.
II - efetuar a divulgação do noticiário jornalístico no
Diário do Legislativo; Art. 9º - À Diretoria Administrativa, vinculada à Supe-
III - realizar as atividades de editoração dos documen- rintendência de Administração e Finanças, compete plane-
tos oficiais; jar, coordenar, executar e controlar as atividades relativas
IV - organizar entrevistas individuais e coletivas; a serviços administrativos, suprimentos, engenharia e pro-
V - promover o acompanhamento dos programas polí- jetos e contratos e convênios, com a sua estrutura assim
ticos, televisionados e radiofônicos, registrando através das definida:
gravações aqueles que forem de interesse do Legislativo. I – Departamento de Engenharia e Projetos;
II – Departamento de Material e Patrimônio, com-
Art. 6º - Compete à Assessoria de Planejamento, vincu- preendendo:
lada à Presidência: a) Coordenação de Aquisição;
I - desempenhar as funções de planejamento, progra- b) Coordenação de Patrimônio;
mação, acompanhamento e modernização no âmbito da c) Coordenação de Almoxarifado;
Assembleia Legislativa, desenvolvendo projetos globais e III – Departamento de Serviços Auxiliares, abrangendo:
setoriais e acompanhando a sua implementação; a) Coordenação de Segurança;
II - coordenar a elaboração da Proposta Orçamentá- b) Coordenação de Transportes;
ria, acompanhar a sua execução, sugerindo o remaneja- c) Coordenação de Manutenção;
mento e suplementações, quando necessárias, fixando, IV – Departamento Apoio Administrativo, envolvendo:
segundo as diretrizes estabelecidas pela Presidência, as a) Coordenação de Protocolo;
respectivas prioridades; b) Coordenação de Serviços Gráficos;

68
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

c) Coordenação de Sonorização; VI - zelar pelos bens materiais sob sua responsabili-


V – Departamento de Contratos e Convênios. dade;
VII - planejar e preparar balancetes mensal e anual de
Art. 10 - Compete ao Departamento de Engenharia e movimentação de estoque;
Projetos: VIII - gerir as requisições de material conforme históri-
I – elaborar estudos e projetos de Engenharia e Arqui- co de consumo do solicitante, disponibilidade em estoque
tetura e propostas de orçamento de obras; e cota estabelecida nos casos em que couber;
II – analisar projetos de origem externa e propostas de IX - emitir pareceres e relatórios, mediante solicitação
orçamento de obras; ou anuência dos superiores hierárquicos;
III – acompanhar e fiscalizar as obras a serem executa- X - planejar, solicitar e acompanhar as aquisições refe-
das na Assembleia; rentes a bens materiais destinados a distribuição;
IV – exercer outras atividades correlatas. XI - calcular o estoque mínimo, ponto de ressuprimen-
to e estoque médio, zelando pela manutenção do estoque;
Art. 11 - Compete ao Departamento de Material e Pa- XII - atender e respeitar as cláusulas de contratos con-
trimônio: cernentes à sua área de atuação, encaminhando para o
I - coordenar as atividades correspondentes à gestão setor competente as devidas notas fiscais e manifestar-se
de material e patrimônio; acerca do contrato quando se fizer necessário.
II - acompanhar os processos licitatórios relativos a
material e patrimônio; Art. 12 – Compete ao Departamento de Serviços Au-
III - receber os processos originais e encaminhá-los xiliares:
para emissão de nota de empenho; I - coordenar os serviços de manutenção e conservação
IV - arquivar os documentos específicos da sua área; dos edifícios e instalações;
V - acompanhar e controlar o processo de entrega de II - supervisionar as atribuições da Coordenação de
bens materiais e patrimoniais; Transportes;
VI - sugerir as políticas de gestão relativas à aquisição, III - supervisionar os serviços da central telefônica;
material e patrimônio; IV - supervisionar o contrato de limpeza e conservação;
VII - exercer outras atividades correlatas. V - coordenar as atividades de segurança e recepção;
§ 1º - A Coordenação de Aquisição tem as seguintes VI - exercer outras atividades correlatas.
atribuições: § 1º - À Coordenação de Segurança compete:
I - manter cadastro atualizado de fornecedores; I - elaborar e implementar políticas de segurança,
II - efetuar junto ao mercado, cotações de preços para conscientizando a comunidade da Assembleia sobre sua
as solicitações feitas; implementação e efetivação;
III - encaminhar cópia do empenho aos fornecedores, II - apoiar e atuar junto ao Gabinete da Presidência,
setor solicitante e demais setores, conforme o caso; Assistência Militar e Cerimonial da Assembleia, no que lhe
IV - emitir pareceres e relatórios, mediante solicitação couber;
ou anuência dos superiores hierárquicos. III - zelar pelo bom funcionamento das comissões, das
§ 2º - À Coordenação de Patrimônio compete: reuniões da Mesa Diretora, das sessões plenárias, dos visi-
I - registrar e controlar os bens patrimoniais; tantes e autoridades, bem como outros eventos que ocor-
II - manter cadastro de bens móveis atualizados; rerem nas dependências da Assembleia;
III - manter, sob sua guarda, certidões, escrituras e de- IV - proteger a integridade física dos funcionários, visi-
mais documentos relativos aos bens patrimoniais; tantes, deputados e do patrimônio da Assembleia;
IV - realizar inventários de bens patrimoniais anual- V - atuar junto à Brigada de Incêndio, auxiliando-a nas
mente, bem como elaborar rotinas de acompanhamento políticas de prevenção e combate a incêndio nas depen-
e conferência; dências da Assembleia;
V - recolher materiais permanentes inservíveis ou em VI - adotar políticas de efetuação de rondas nas depen-
desuso para proceder à possível alienação e/ou envio à Se- dências da Assembleia, a fim de atender pessoas e orientá-
cretaria da Administração do Estado da Bahia (SAEB); -las quanto ao acesso às instalações, coibindo a presença
VI - planejar, solicitar e acompanhar as aquisições refe- de pessoas não autorizadas.
rentes a bens patrimoniais. § 2º - A Coordenação de Transportes tem por atribuições:
§ 3º - À Coordenação de Almoxarifado compete: I - proceder o controle de multas, identificando o con-
I - receber os materiais de consumo adquiridos e desti- dutor infrator;
nados à distribuição, bem como atestar o seu recebimento II - realizar o controle do transporte coletivo dos servi-
e armazená-los; dores da Assembleia, bem como a elaboração de roteiros;
II - manter o controle físico dos materiais estocados; III - manter sob a sua guarda os veículos da Assembleia;
III - manter catálogo atualizado de material; IV - providenciar o emplacamento, licenciamento e co-
IV - arrolar os materiais de consumo inservíveis e/ou berturas securitárias dos veículos oficiais;
obsoletos; V - atender as requisições dos veículos oficiais;
V - registrar movimentação de estoque e armazenar VI - controlar o abastecimento de veículos da Assembléia;
os documentos comprobatórios durante o período exigido VII - executar a manutenção preventiva e reparo dos
em lei; veículos oficiais;

69
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VIII - fiscalizar a utilização de veículos de serviços; II - executar o serviço de sonorização ambiental;


IX - elaborar e controlar a escala de plantão de moto- III - montar sistemas de sonorização em ambientes
ristas; desprovidos de equipamentos pré-instalados;
X - controlar os prazos de validade da documentação e IV - gravar e arquivar o áudio das reuniões ordinárias
dos exames dos motoristas. e extraordinárias do plenário e comissões, além de outros
§ 3º - À Coordenação de Manutenção compete: eventos autorizados;
I - executar os serviços de manutenção e conservação V - transmitir o áudio das sessões plenárias, comissões
dos edifícios, instalações, equipamentos e material perma- e demais eventos;
nente da Assembleia; VI - fazer locução e transmitir, no sistema de sonoriza-
II - fiscalizar e controlar os serviços de manutenção das ção, comunicados autorizados pela Administração da Casa,
subestações e nos grupos geradores; além de música ambiente;
III - fiscalizar e controlar os serviços de manutenção VII - fornecer cópias de arquivos de áudio para os De-
das centrais de ar condicionado e demais equipamentos e putados, para a Secretaria Geral das Comissões, para o De-
sistemas de refrigeração; partamento de Atos Oficiais e para outros órgãos, median-
IV - fiscalizar e controlar os elevadores da Casa, além te autorização.
da manutenção de todos os equipamentos e das cabines;
V - fiscalizar e controlar o aluguel dos aparelhos de Art. 14 - Ao Departamento de Contratos e Convênios
ar-condicionado; compete:
VI - fiscalizar e controlar o consumo de água e energia I - acompanhar os contratos e convênios da Assem-
elétrica. bleia;
II - elaborar contratos, convênios e termos aditivos;
Art. 13 - O Departamento de Apoio Administrativo tem III - providenciar a publicação no Diário Oficial - Ca-
as seguintes atribuições: derno do Legislativo - dos contratos, convênios e termos
I - coordenar e controlar a execução dos serviços grá- aditivos (extratos);
ficos; IV - encaminhar os processos para pagamentos das
II - supervisionar e controlar as atividades de sonori- faturas;
zação do plenário, das salas das comissões e demais am- V - emitir relatórios solicitados, inclusive os quadrimes-
bientes; trais e anuais, para o Tribunal de Contas do Estado, bem
III - coordenar as atividades de recebimento e abertura como outros relatórios gerenciais;
de processos, assim como a tramitação dos mesmos; VI - solicitar prorrogações de contratos e convênios;
IV - controlar e acompanhar a distribuição das assina- VII - encaminhar processo para procedimento licitató-
turas de jornais e revistas; rio contrato e/ou convênio que não possa ser prorrogado;
V - acompanhar e controlar o recebimento e envio de VIII - controlar e solicitar prestações de contas de con-
correspondências; vênios;
VI - exercer outras atividades correlatas. IX - providenciar a abertura de processo de tomadas de
§ 1º - À Coordenação de Protocolo compete: contas, quando a entidade não a apresente no devido prazo;
I - receber, registrar, controlar e distribuir a documen- X - exercer outras atividades correlatas.
tação oficial produzida ou recebida pela Assembleia;
II - prestar informações sobre tramitação de processos; Art. 15 - À Diretoria de Economia e Finanças, vinculada
III - promover a distribuição, acompanhamento e con- à Superintendência de Administração e Finanças, compete
trole da cota de selos; planejar, coordenar, executar e controlar as atividades rela-
IV - executar e controlar os serviços de envio e recebi- tivas à Execução e Controle Orçamentário, Finanças, Conta-
mento de correspondências. bilidade e Tributos e Verbas e Cotas Parlamentares, tendo
§ 2º - A Coordenação de Serviços Gráficos tem as se- a seguinte estrutura:
guintes atribuições: I – Departamento de Contabilidade, compreendendo:
I – elaborar folders, cartazes, cartões de visita, tablói- a) Coordenação de Análise Contábil;
des, capas de livros, convites e formulários diversos; b) Coordenação de Registro Contábil;
II – efetuar serviços de impressão e encadernação de II – Departamento de Orçamento e Finanças, que
toda papelaria, impressos em geral, gravação de chapas abrange:
offset, acabamentos gráficos, tais como blocagem, gram- a) Coordenação Orçamentária;
peamentos, cortes de papel vincos e alceamentos de papel; b) Coordenação Financeira;
III – realizar serviços de impressão e encadernação de III – Departamento de Verbas e Cotas Parlamentares.
materiais gráficos por máquinas fotocopiadoras, tanto di-
gitais como analógicas. Art. 16 – São atribuições do Departamento de Conta-
§ 3º - Compete à Coordenação de Sonorização: bilidade:
I - operar o sistema de sonorização do plenário, das I - registrar os atos e fatos administrativos, financeiros
comissões técnicas, do auditório do Memorial e de outros e patrimoniais apresentando a prestação de contas dos or-
ambientes onde ocorram reuniões ou eventos autorizados denadores de despesas;
pela administração da Casa;

70
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

II - preparar os balancetes, balanços e demais quadros VIII - coordenar e acompanhar o controle das garan-
demonstrativos, que integram as contas da gestão, confor- tias oferecidas pelos serviços contratados pela Assembleia
me os padrões e prazos determinados, a fim de encami- Legislativa;
nhar ao Tribunal de Contas do Estado; IX - exercer outras atividades correlatas.
III - proceder o registro contábil dos bens patrimoniais; §1º - São atribuições da Coordenação Orçamentária:
IV - responder pela exatidão dos documentos e infor- I - analisar e executar as despesas orçamentárias e ob-
mes relativos à execução orçamentária, financeira e dos servar as suas respectivas classificações orçamentárias;
bens patrimoniais; II - confeccionar notas dos empenhos dos processos,
V - conferir os lançamentos dos sistemas orçamentá- providenciar as respectivas assinaturas e emitir cópias aos
rios, financeiros e patrimoniais, observando os princípios setores solicitantes para a execução dos serviços ou aqui-
contábeis e normas legais vigentes, assim como examinar e sição de materiais;
propor soluções às dúvidas que venham a ocorrer; III - receber as notas de pagamentos e observar os des-
VI - exercer outras atividades correlatas. contos de encargos bem como as suas retenções devidas,
§ 1º - Compete à Coordenação de Análise Contábil: previstas em lei;
I - receber os processos de pagamento a fim de proce- IV - manter atualizados os impostos e observar os seus
der à devida liquidação; respectivos vencimentos;
II - manter o registro dos responsáveis por adianta- V - promover o fechamento das despesas orçamentá-
mentos, procedendo a tomada de contas, quando for ob- rias no final do exercício, prescrevendo como restos a pa-
servado o prazo legal para comprovação, ou, quando esta gar, se necessário, e programar as despesas do próximo
for impugnada, pelo ordenador da despesa; exercício.
III - representar à autoridade competente sempre que § 2º - À Coordenação Financeira compete:
encontrar erros, omissões e inobservância de preceitos le- I - providenciar abertura de conta bancária bem como
gais na documentação que lhes for emitida; solicitar os talonários de cheque;
IV - impugnar, mediante representação à autoridade II - conferir previamente os documentos necessários
competente os atos relativos às despesas sem a existência para formalização dos pagamentos, através da emissão de
de crédito ou quando imputáveis a dotação imprópria; cheque ou ordem bancária;
III - providenciar junto aos estabelecimentos bancários,
V - encaminhar os processos devidamente liquidados à
extratos para conciliação e encaminhar os processos pa-
auditoria para efeito de pagamento.
gos ao setor competente para regularização no sistema de
§ 2º - São atribuições da Coordenação de Registro
contabilidade do Estado;
Contábil:
IV - emitir os boletins diários de movimentação finan-
I - receber todos os processos de pagamento da As-
ceira;
sembleia Legislativa, examinando documentos representa-
V - emitir guias de recolhimento;
tivos das operações realizadas e proceder a sua classifica- VI - elaborar mapa de consignações e fazer lançamentos.
ção de acordo com o plano de contas;
II - regularizar os lançamentos financeiros efetuados nas Art. 18 – O Departamento de Verbas e Cotas Parlamen-
contas bancárias e fechar a conciliação no final de cada mês; tares tem por competências:
III - manter sistemas de arquivo da documentação contábil; I - providenciar a confecção, emissão da ordem de cré-
IV - identificar no extrato as aplicações e resgates fi- dito e das requisições de passagens aéreas e terrestre para
nanceiros e encaminhar o resultado ao Departamento de os Deputados ou pessoas que ele indicar a seu serviço;
Contabilidade. II - emitir relatórios dos sistemas de verba indenizatória
e de cotas parlamentares;
Art. 17 - Compete ao Departamento de Orçamento e III - analisar e atestar os processos de pagamentos de
Finanças: faturas das passagens aéreas e terrestres apresentados pe-
I - controlar e registrar os créditos orçamentários; las empresas que fazem parceria com a Assembleia Legis-
II - fornecer os elementos necessários à elaboração da lativa;
proposta anual da instituição; IV - analisar e atestar os processos de solicitação de
III - providenciar a emissão de cheques ou ordens ban- reembolso dos parlamentares quando adquirirem passa-
cárias para os pagamentos devidos; gens aéreas ou terrestres diretamente com os agentes de
IV - acompanhar e controlar toda movimentação de viagens;
pagamentos efetuados; V - gerenciar os sistemas de controle de verbas e cotas
V - coordenar a emissão da nota de empenho, observan- parlamentares;
do a classificação de despesas e seus aspectos legais, bem VI - analisar e atestar os processos de solicitação de
como providenciar a assinatura do ordenador da despesa; reembolso aos parlamentares da verba indenizatória;
VI - sugerir a abertura de créditos adicionais e propor VII - verificar a situação da empresa emissora da nota
as alterações necessárias ao orçamento analítico, em con- fiscal junto à Receita Federal (CNPJ);
cordância com a Assessoria de Planejamento; VIII - glosar, nos processos, valores das despesas não
VII - executar o controle financeiro por meio de regis- previstos pela legislação vigente para o uso da verba, bem
tros correspondentes aos movimentos das contas bancá- como valores não pertinentes;
rias, fazer as conciliações e emitir demonstrativos diários; IX - exercer outras atividades correlatas.

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 19 - À Diretoria de Tecnologia da Informação, vin- § 2º - À Coordenação de Informação compete:


culada à Superintendência de Administração e Finanças, I – efetuar a instalação e configuração de softwares em
compete planejar, coordenar, executar e controlar as ati- geral;
vidades relativas à política e desenvolvimento de recursos II – dar suporte aos usuários nos ambientes windows,
de tecnologia da informação, com a seguinte estruturação: editores de textos (Word/ writer), planilhas eletrônicas (ex-
I – Departamento de Suporte e Operação; cel, calc), apresentações (powerpoint / impress);
II – Departamento de Tecnologia da Informação, com- III – dar suporte aos sistemas administrativos e legisla-
preendendo: tivos relacionados às atividades da Casa;
a) Coordenação de Desenvolvimento de Sistemas; IV – prestar orientação e suporte na utilização de ferra-
b) Coordenação de Informação. mentas de segurança, como anti-vírus, anti-spywares, pro-
teção de e-mail, tráfego de web, etc;
Art. 20 - Compete ao Departamento de Suporte e Ope- V – elaborar e ministrar programas de treinamento em
ração: microinformática para os usuários e dependentes destes;
I - executar a operação e manutenção do painel ele- VI – realizar a editoração gráfica para o portal legisla-
trônico; tivo e intranet.
II - realizar instalações de softwares básicos e configu-
rações de estações de trabalho e servidores de aplicações; Art. 22 – A Comissão Permanente de Licitação tem por
III - realizar a manutenção de hardwares de estações e atribuições:
trabalho, servidores e impressoras; I - elaborar minutas, editais, contratos e convênios,
IV - instalar e cuidar da manutenção dos Bancos de bem como respostas aos questionamentos das empresas
Dados; licitantes, inclusive impugnação de edital;
V - prestar suporte e acompanhamento a vídeos confe- II - proceder o julgamento de eventuais recursos ad-
rências e eventos com utilização de multimídia; ministrativos;
VI - executar as políticas de backup’s, preservação de III - executar as atividades relativas ao processo licita-
dados, segurança e rede lógica; tório, nas suas diversas modalidades, aí inclusas todas as
VII - realizar instalação, manutenção e monitoração fases desde minutas até as fases finais com a adjudicação,
dos equipamentos ativos e da infraestrutura da rede lógica; homologação, publicação e encaminhamento ao setor res-
VIII - monitorar a performance e segurança do tráfego ponsável.
da rede lógica;
IX - pesquisar soluções para utilização de novas tecno- Art. 23 - À Superintendência de Recursos Humanos,
logias para comunicação de dados, voz e imagem, explo- vinculada à Presidência, compete planejar, coordenar, exe-
rando recursos de nossa rede lógica; cutar e controlar as atividades relativas à Administração de
X - exercer outras atividades correlatas. Recursos Humanos, Desenvolvimento de Recursos Huma-
nos, Gestão de Saúde e Benefícios bem assim as atividades
Art. 21 - Compete ao Departamento de Tecnologia da da Escola do Legislativo, tendo a seguinte estrutura:
Informação: I – Escola do Legislativo;
I - coordenar o desenvolvimento de sistemas computa- II - Departamento de Benefícios e Assistência Médico-
cionais administrativos e legislativos; -Odontológica, ao qual se vinculam a Coordenação Técnica
II - pesquisar novas tecnologias e ferramentas de tec- e a Coordenação de Nutrição;
nologia da informação; III - Departamento de Serviço Social;
III - realizar serviços de manutenção e suporte de sis- IV - Departamento de Administração de Pessoal, que
temas legados; agrega:
IV - homologar programas de tecnologia da informa- a) Coordenação de Movimentação de Pessoal;
ção; b) Coordenação de Pagamento de Pessoal.
V - proceder avaliações técnico-orçamentárias e de
viabilidade nas soluções de tecnologia da informação; Art. 24 - À Escola do Legislativo, vinculada à Superin-
VI - propor soluções em editoração eletrônica para ati- tendência de Recursos Humanos, compete desenvolver as
vidades legislativas; atividades voltadas para o desenvolvimento de recursos
VII - exercer outras atividades correlatas. humanos da Assembléia, tendo seus objetivos específicos
§ 1º - A Coordenação de Desenvolvimento de Sistemas estabelecidos em lei própria, com a seguinte estrutura:
tem por atribuições: I - Conselho Deliberativo;
I - analisar soluções em sistemas computacionais; II - Diretoria;
II - desenvolver sistemas administrativos e legislativos; III - Departamento Pedagógico e de Desenvolvimento;
III - desenvolver o portal legislativo e da intranet; IV - Departamento de Projetos Especiais.
IV - realizar a manutenção de sistemas legados e ter- § 1º - O Conselho Deliberativo é composto pelo Presi-
ceirizados; dente da Assembleia Legislativa, que o presidirá, pelo Su-
V – dar suporte aos sistemas computacionais implan- perintendente de Recursos Humanos, pelo Diretor da Esco-
tados; la e pelos Gerentes dos Departamentos a ela vinculados, e
VI - elaborar e ministrar programas de treinamento terá as seguintes atribuições:
para os usuários dos sistemas administrativos e legislati- I - aprovar e implementar medidas que levem ao apri-
vos implantados. moramento da Escola;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

II - analisar o programa de atividades e o Orçamento I - coordenar o corpo administrativo e gerenciar bene-


anual da Escola, encaminhado-os à Mesa Diretora da As- fícios e a prestação dos serviços médicos e odontológicos
sembleia, para aprovação a deputados, servidores e seus dependentes;
III - analisar o relatório anual de atividades da Escola, II - promover, através do corpo funcional, programas
recomendando ou nãosua aprovação à Mesa Diretora: de prevenção e eventos de saúde, tais como hipertensão,
IV - analisar o Regimento Interno da Escola, recomen- diabetes, dislipidemia, tabagismo, dentre outros;
dando ou não à Mesa Diretora a sua aprovação; III - zelar pelo patrimônio e supervisionar a assistência
§ 2º - Compete à Diretoria da Escola do Legislativo: técnica prestada aos equipamentos instalados;
I - representar a Escola junto à Mesa Diretora da As- IV - providenciar a compra de equipamentos, medica-
sembleia Legislativa e à entidades externas; mentos e materiais de consumo utilizados;
II - dirigir as atividades da Escola , viabilizando seu ple- V - exercer outras atividades correlatas.
no funcionamento; § 1º - À Coordenação Técnica compete:
III - administrar os gastos da Escola, de acordo com a I - coordenar o corpo clínico e colaborar com o Depar-
previsão orçamentária anual; tamento no gerenciamento da prestação de serviços médi-
IV - supervisionar o funcionamento das Unidades su- cos e odontológicos;
bordinadas à Diretoria; II - supervisionar os serviços de esterilização e higie-
V - viabilizar convênios e parcerias com entidades pú- nização;
blicas e privadas, elaborando projetos para captação de III - executar serviços de enfermagem;
recursos, quando necessário; IV - designar atribuições e instituir normas e rotinas de
VI - definir as metas e objetivos anuais da Escola, im- enfermagem;
plementando os indicadores de desempenho; V - gerenciar o descarte dos resíduos, conforme dis-
VII - manter atualizados os registros e cadastros de alu- posto na legislação sanitária vigente, observando a Resolu-
nos, instrutores, conferencistas e consultores; ção RDL nº 306, de 07 de dezembro de 2004;
VIII - expedir certificados, atestados e lavrar atas de re- VI - realizar procedimentos de biossegurança, obser-
uniões; vando o disposto na Portaria GM / MS nº 2.616, de 12 de
IX - manter em funcionamento o serviço administrativo maio de 1998, e seus anexos;
da Escola, provendo as necessidades de material, transpor- VII - elaborar relatórios mensais de produtividade dos
te e outras; atendimentos, assim como outros gerenciais;
X - exercer outras atividades correlatas. VIII - planejar e executar programas de controle médi-
§ 3º - Compete ao Departamento Pedagógico e de De- co da saúde do trabalhador;
senvolvimento: IX - realizar exames admissionais e periódicos;
I - planejar, em conjunto com a direção, atividades de X - manter atualizado oprontuário médico e odontoló-
treinamento a serem disponibilizadas pela Escola do Le- gico de cada paciente; XI - controlar o estoque de medica-
gislativo; mentos e materiais médicos e odontológicos;
II - coordenar, acompanhar e avaliar, em conjunto com XII - atender as exigências legais do CREMEB, da AN-
a direção, o desenvolvimento de atividades de treinamento VISA e de instituições similares, bem como representar a
e o desempenho dos instrutores, professores, conferencis- Assembleia junto a essas instituições.
tas e consultores; XIII - exercer outras atividades correlatas.
III - submeter à aprovação da direção os nomes de ins- § 2º - A Coordenação de Nutrição tem como atribuições:
trutores, professores, conferencistas e consultores; I - fiscalizar a execução do contrato de prestação de
IV - coordenar as atividades de estágio de estudantes serviço de fornecimento de refeições;
dos níveis médio e superior; II - fornecer subsídios técnicos nutricionais para elabo-
V - exercer outras atividades correlatas. ração e celebração de contratos na área de prestação de
§ 4º - Compete ao Departamento de Projetos Especiais: serviços de fornecimento das refeições para os servidores
I - planejar, em conjunto com a direção, projetos e pro- e parlamentares;
gramas especiais de estudo, de pesquisa e de integração, a III - planejar, elaborar e avaliar os cardápios, adequan-
serem disponibilizados pela Escola; do-os às necessidades e ao perfil epidemiológico da clien-
II - coordenar, acompanhar e avaliar, em conjunto com tela, respeitando os hábitos alimentares da coletividade e
a direção, o desenvolvimento de projetos e programas es- as exigências contratuais;
peciais e o desempenho dos profissionais contratados; IV - planejar, coordenar e supervisionar as atividades
III - submeter à aprovação da direção os nomes dos de seleção de fornecedores e procedência dos alimentos,
profissionais a serem contratados; bem como sua compra, recebimento e armazenamento;
IV - promover eventos e programas de integração/va- V - coordenar e executar os cálculos de valor nutritivo,
lorização entre os servidores da Assembleia e desta com a rendimento e custo das refeições/preparações culinárias, a
Sociedade; fim de subsidiar o recebimento das propostas nos proces-
V - exercer outras atividades correlatas. sos de licitação para fornecimento de refeições;
VI - coordenar e supervisionar métodos de controle
Art. 25 – Ao Departamento de Benefícios e Assistência das qualidades organolépticas das refeições e/ou prepara-
Médico-Odontológica compete: ções, por meio de testes de análise sensorial de alimentos;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

VII - atender às exigências legais do Conselho Regional VI - proceder o registro das ocorrências funcionais dos
de Nutrição e da Vigilância Sanitária; servidores;
VIII - exercer outras atividades correlatas. VII - controlar as cotas de salário família e auxílio edu-
cação;
Art. 26 – O Departamento de Serviço Social tem como VIII - proceder ao cálculo de margens de consignação;
atribuições: IX - realizar cálculos trabalhistas;
I - elaborar, coordenar, executar e avaliar programas e X - realizar pesquisas em prontuários, fichas financeiras
projetos de serviço social; e outros registros da vida funcional do servidor;
II - participar dos processos de definição, planejamento XI - apurar e controlar a frequência de pessoal;
e administração dos benefícios institucionais. XII - manter organizado, atualizado e controlado o sis-
III - participar da elaboração, execução e avaliação dos tema de arquivamento de prontuários.
programas de saúde e educação continuada desenvolvidos § 2º - A Coordenação de Pagamento de Pessoal tem
por equipes multidisciplinares da Casa; como atribuições:
IV - realizar atendimento utilizando os instrumentos I - providenciar o registro dos direitos trabalhistas e
técnicos – metodológicos necessários aos diagnósticos das previdenciários, tais como PASEP, FUNPREV, INSS, FGTS,
demandas apresentadas, mobilizando recursos para devi- dentre outros;
do encaminhamento e orientação aos usuários; II - elaborar as folhas de pagamento, vencimentos, pro-
V - participar de processos que visem diagnosticar si- ventos, gratificações e demais vantagens de servidores, de-
tuações e/ou variáveis sócio-funcionais que intervenham putados, inativos e pensionistas deste Poder;
no desenvolvimento dos servidores na organização; III - elaborar relatórios gerenciais diversos;
VI – exercer outras atividades correlatas. IV - controlar os limites de consignação em folha de
pagamento;
Art. 27 - O Departamento de Administração de Pessoal V - proceder as anotações das alterações funcionais
tem como competências: em folha de pagamento de pessoal;
I - planejar, coordenar e controlar a execução das ativi- VI - cadastrar e controlar a movimentação de servidor
dades inerentes à administração de pessoal; nos planos de saúde oferecidos pela Casa;
II - instruir processos relativos a direitos dos servidores, VII - elaborar e prestar informações relativas às obriga-
ções trabalhistas, previdenciárias e tributárias, nos prazos
dentre os quais: aposentadoria, férias, certidões, estabilida-
legais previstos (RAIS, DIRF, GFIP/SEFIP, PASEP, etc.).
de econômica, abono de permanência, anuênio, consigna-
ções, licenças e outros;
Art. 28 - À Superintendência de Assuntos Parlamenta-
III - elaborar certidões de tempo de serviço e docu-
res, vinculada à Presidência, compete coordenar e supervi-
mentação para o Regime Geral de Previdência Social e Re-
sionar as atividades das Diretorias Legislativa e Parlamen-
gime Próprio de Previdência Social; tar, da Secretaria Geral da Mesa e da Secretaria Geral das
IV - controlar as férias dos servidores; Comissões.
V - acompanhar o processo de elaboração da folha pa-
gamento de pessoal de servidores, deputados, inativos e Art. 29 - À Diretoria Legislativa, vinculada à Superin-
pensionistas; tendência de Assuntos Parlamentares, compete planejar,
VI - executar as formalidades relativas ao ingresso de coordenar, executar e controlar as atividades relativas ao
pessoal e demais fatos subsequentes na trajetória funcio- apoio do processo legislativo, tendo a seguinte estrutura:
nal do servidor, procedendo os registros legais cabíveis; I – Departamento de Atos Oficiais;
VII - administrar e gerenciar o Plano de Cargos e Ven- II – Departamento de Taquigrafia, compreendendo:
cimentos dos servidores do Poder Legislativo; a) Coordenação de Apanhamento e Revisão;
VIII - elaborar o Relatório Trimestral do Tribunal de b) Coordenação de Apoio Taquigráfico;
Contas do Estado, bem como outros relatórios gerenciais III – Departamento de Controle do Processo Legislati-
solicitados; vo, agregando:
IX - prestar orientação a servidores e deputados, assim a) Coordenação de Registro;
como aos diversos setores da Casa, com relação aos proce- b) Coordenação de Expediente.
dimentos de pessoal;
X - exercer outras atividades correlatas. Art. 30 - O Departamento de Atos Oficiais tem como
§ 1º - Compete à Coordenação de Movimentação de atribuições:
Pessoal: I - receber as proposições encaminhadas pela Secre-
I - instruir processos relativos à Caixa de Previdência taria Geral da Mesa e, após adotados os procedimentos
Parlamentar e deputados (UNALE, carteiras, certidões, etc.), necessários, encaminhá-las à publicação;
bem como outros , quando solicitado; II - providenciar a publicação das sessões plenárias e
II - prestar atendimento ao público em geral; das proposições apresentadas;
III - proceder ao cálculo e controle da Gratificação por III - organizar, para publicação oficial, toda a matéria
Tempo de Serviço - GTS; do Expediente e da Ordem do Dia;
IV - elaborar e controlar diárias de servidores; IV - receber, anotar e encaminhar as proposições para
V - elaborar ofícios, comunicações internas e declara- os setores competentes, bem como divulgá-las pelo siste-
ções diversas; ma eletrônico – PROCLEGIS;

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LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

V - realizar o apanhamento, de forma resumida, dos VI - elaborar sinopse anual dos trabalhos legislativos;
discursos dos Parlamentares em Plenário, com vistas à ela- VII - exercer outras atividades correlatas.
boração da ata da sessão; § 1º - A Coordenação de Registro tem como atribuições:
VI - organizar e digitar as atas das sessões e encami- I - autuar todas as proposições, encaminhando-as às
nhá-las à apreciação do plenário; unidades competentes;
VII - manter, sob guarda temporária, os documentos II - manter atualizada a tramitação das proposições re-
relativos às sessões plenárias, gistrando no próprio processo, no computador e em fichas
VIII - organizar e manter o registro de frequência dos as suas publicações, o seu andamento e prazos regimentais;
parlamentares em plenário; III - anexar os documentos pertencentes aos processos
IX - receber, ordenar e digitar as proposições aprova- legislativos (emendas, pareceres, requerimentos, etc.);
das pela Mesa Diretora, encaminhando-as para publicação; IV - fornecer relatórios e informações sobre processos
X - encaminhar autógrafos, resoluções e atos da Mesa legislativos ao público interno e externo.
para publicação; § 2º - Compete à Coordenação de Expediente:
XI - exercer outras atividades correlatas. I - elaborar os autógrafos dos projetos de lei para en-
caminhamento à Governadoria;
Art. 31 - Ao Departamento de Taquigrafia compete: II - preparar o texto final dos projetos aprovados de
I - coordenar os trabalhos das Coordenações de Apa- decreto legislativo, resolução e emenda constitucional para
nhamento e Revisão e Apoio Taquigráfico; promulgação pelo Presidente da Assembleia ou Mesa Di-
II - zelar pela qualidade da produção taquigráfica, em retora;
articulação direta com os demais setores ligados ao Ple- III - revisar os textos das moções, indicações e requeri-
nário; mentos para encaminhamento aos interessados;
III - atuar junto às instâncias superiores para o contínuo IV - assessorar a preparação e elaboração de corres-
aperfeiçoamento funcional e a modernização tecnológica pondência oficial e outros processos legislativos;
do Departamento; V - encaminhar aos Deputados as respostas aos Re-
IV - exercer outras atividades correlatas. querimentos, moções e indicações;
§ 1º - A Coordenação de Apanhamento e Revisão tem VI - encaminhar, para o devido arquivamento os pro-
por competências; cessos concluídos;
I - proceder ao apanhamento taquigráfico e à tradução VII - organizar e atualizar banco de dados referente a
dos discursos em Plenário, dando-lhes forma textual; entidades de utilidade pública.
II - revisar e editar os textos legislativos produzidos
pela taquigrafia; Art. 33 - À Diretoria Parlamentar, vinculada à Superinten-
III - manter a fidelidade ao pensamento e estilo dos dência de Assuntos Parlamentares, compete planejar, coor-
oradores. denar, executar e controlar as atividades relativas a presta-
IV - realizar a revisão final dos textos para publicação, ção de serviço aos parlamentares, fornecendo-lhes meios e
de maneira a assegurar a fidelidade de pensamento do informações necessários aos trabalhos nos gabinetes, co-
orador, sem prejuízo do seu estilo. missões técnicas e plenário, tendo a seguinte estrutura:
§ 2º - A Coordenação de Apoio Taquigráfico tem as I - Departamento de Documentação e Informação,
seguintes atribuições: compreendendo;
I - realizar a montagem e proceder o encaminhamento a) Coordenação de Biblioteca;
dos discursos proferidos nas sessões plenárias para publi- b) Coordenação de Anais;
cação; c) Coordenação de Arquivo Geral e Microfilmagem;
II - arquivar os discursos das legislaturas e dar-lhes o II - Departamento de Pesquisa, que agrega a Coorde-
encaminhamento legal; nação do Memorial do Legislativo;
III - catalogar, por assunto, os discursos dos parlamen- III - Departamento de Apoio Técnico.
tares;
IV - gravar em áudio as sessões e elaborar o seu roteiro; Art. 34 - São atribuições do Departamento de Docu-
V - disponibilizar interna e externamente os pronun- mentação e Informação:
ciamentos. I - gerenciar as atividades de documentação da Assem-
bleia, através das suas coordenações específicas, visando
Art. 32 - Ao Departamento de Controle do Processo a consolidação e a preservação da memória documental;
Legislativo compete: II - gerenciar o processo de consolidação do acervo
I - elaborar a matéria em pauta e a ordem do dia; bibliográfico, de forma a proporcionar subsídios às ativida-
II - distribuir avulsos aos deputados; des parlamentares e administrativas;
III - controlar a circulação dos processos legislativos, III - gerenciar o processo de reprodução documental, atra-
observando os setores competentes e prazos regimentais; vés da execução de serviços de microfilmagem e processa-
IV - manter sob sua guarda, provisoriamente, os pro- mento eletrônico de imagem, na forma da legislação vigente;
cessos legislativos até posterior arquivamento. IV - gerenciar as atividades de avaliação e destinação dos
V - organizar o arquivo de documentos da Divisão (leis, documentos (em papel ou em mídia eletrônica) para efeito
resoluções, decretos originais); de preservação permanente, temporária ou eliminação;

75
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

V - gerenciar o processo de organização e armaze- III - realizar as atividades de avaliação e destinação dos
namento da legislação e de outros atos normativos, bem documentos (em papel ou em mídia eletrônica) para efeito
como da matéria correspondente às sessões legislativas, de de preservação permanente, temporária ou eliminação;
forma a disponibilizá-la para consulta; IV - garantir a segurança e a durabilidade das informa-
VI - exercer outras atividades correlatas. ções armazenadas em papel ou em meio micrográfico, de
§ 1º - À Coordenação de Biblioteca compete: acordo com a legislação em vigor, visando a preservação
I - planejar, selecionar, controlar, adquirir, conferir, re- da memória do Legislativo;
gistrar e catalogar o material para o acervo documental; V - manter fora da Assembleia Legislativa um arquivo
II - apresentar as propostas do regulamento interno da de segurança para guarda dos originais dos microfilmes;
Biblioteca; VI - analisar e sugerir o uso de tecnologias para melhor
III - analisar e indexar a legislação estadual e munici- racionalização dos serviços oferecidos pela Coordenação.
pal contidos nos Diários Oficiais, disponibilizar o acesso à
legislação federal e colecionar e preservar o Diáriodo Le- Art. 35 - Compete ao Departamento de Pesquisa:
gislativo; I - resgatar a memória do Legislativo baiano, pesqui-
IV - constituir banco de dados de informações para a sando, organizando e disponibilizando as informações
memória da Assembleia Legislativa; através do Memorial, bem como de meios digitais ou im-
V - efetuar registros e manutenção das bases de dados pressos;
de livros, periódicos e legislação; II - constituir, disseminar e atualizar no sistema Parla-
VI - analisar e sugerir o uso de tecnologias para me- mentar (PORTAL), as biografias dos Parlamentares;
lhor racionalização dos serviços oferecidos pela Biblioteca, III - organizar e disseminar dados biográficos sobre
garantindo o acesso à recuperação e disseminação da in- personalidades que receberam títulos de cidadão baiano
formação; ou outras comendas concedidas pela Assembleia Legisla-
VII - orientar os usuários quanto à utilização dos ser- tiva;
viços oferecidos pela Biblioteca, principalmente orientação IV - realizar estudos e pesquisas histórico-legislativas,
bibliográfica e de referência legislativa; de modo a subsidiar e valorizar o Parlamento baiano.
VIII - praticar a política de desenvolvimento e desbas- V - estabelecer linhas de pesquisa em áreas de interes-
tamento do acervo, bem como fazer cumprir e controlar o se das atividades parlamentares, de forma a proporcionar
serviço de circulação; o armazenamento de informações e gerar bancos de dados
IX - promover a difusão do acervo, visando otimizar o nas áreas política, social, econômica e cultural;
seu uso; VI - desenvolver sistemas de informações que visem
X - realizar estatísticas dos serviços pertinentes à Bi- fornecer subsídios ao processo legislativo, às manifesta-
blioteca; ções político-parlamentares e à Administração;
XI - manter o intercâmbio com centros de documen- VII - elaborar e executar projetos de pesquisa de inte-
tação e com outras bibliotecas, principalmente de Assem- resse da Assembleia Legislativa;
bleias Legislativas e do Congresso Nacional. VIII - exercer outras atividades correlatas.
§ 2º - À Coordenação de Anais compete: Parágrafo único - Compete à Coordenação do Memo-
I - ler, indexar e digitar as matérias correspondentes as rial do Legislativo:
sessões legislativas, publicadas no Diário Oficial - Caderno I - expor, conservar, documentar e armazenar acervo
do Legislativo, de forma a criar índices (temático, onomás- relevante para a história do Poder Legislativo do Estado da
tico e cronológico) e disponibilizar para consultas e pes- Bahia;
quisas; II - empreender pesquisas históricas sobre o Legislativo
II - armazenar em banco de dados o trabalho de inde- baiano, no objetivo de ampliar o seu acervo;
xação das sessões legislativas, para preservação e recupe- III - incentivar e realizar exposições temporárias;
ração da memória do legislativo; IV - produzir, quando necessário e pertinente, textos
III - realizar pesquisa relativa à matéria legislativa, sobre o Memorial Legislativo e sobre a história do Poder
quando solicitado; Legislativo baiano.
IV - analisar e sugerir o uso de tecnologias para melhor V - organizar o acervo fotográfico documental.
racionalização dos serviços oferecidos pela Coordenação.
§ 3º - A Coordenação de Arquivo Geral e Microfilma- Art. 36 - Compete ao Departamento de Apoio Técnico:
gem tem como atribuições: I - elaborar minutas de projetos, emendas, pareceres,
I - planejar, organizar e executar atividades relativas à indicações, moções, e requerimentos, quando solicitado
guarda e conservação de documentos produzidos ou rece- pela Superintendência ou Diretoria Parlamentar, ou ainda
bidos pela Assembleia Legislativa; diretamente pelos deputados;
II - planejar, organizar e executar as atividades ine- II - realizar trabalhos de análise e de elaboração de tex-
rentes ao processamento eletrônico de imagens e de mi- tos e documentos capazes de subsidiar a atividade parla-
crofilmagem de documentos produzidos e recebidos pela mentar;
Assembleia Legislativa, disponibilizando para a pesquisa, III - manter intercâmbio com entidades públicas ou pri-
recuperação e preservação da informação e da memória vadas no sentido de propiciar a análise, o debate e a infor-
do Legislativo; mação sobre temas de relevo para a Assembleia Legislativa;

76
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

IV - promover seminários, painéis e debates sobre ma- Parágrafo Único – Na inexistência de Agentes de
térias de interesse parlamentar; Polícias Legislativa suficiente no órgão, o chefe de gabinete
V - exercer outras atividades correlatas. decidirá sobre a prioridade de lotação.
Art. 2º - Os órgãos integrantes da estrutura
Art. 37 - São atribuições da Secretaria Geral da Mesa, organizacional e administrativa da Polícia Legislativa,
vinculada diretamente à Superintendência de Assuntos constantes no art. 6º da lei nº 13.962, de 18 e de maio de
Parlamentares: 2018, poderão ter em seu quadro efetivo de agentes até
I - assistir à Mesa Diretora e ao Presidente; no máximo 20% (vinte por cento) de servidores do sexo
II - elaborar as folhas de presença, de votação nominal feminino, devendo esta regra contar do Edital do Concurso.
e de verificação de votação; Art. 3º - A natureza das atividades na função exige
III - elaborar levantamentos estatísticos das atividades aptidão plena para o seu exercício.
do Plenário; Art. 4º - Fica definido que no próximo concurso
IV - registrar a ocorrência das sessões e matérias apro- público de provas e títulos a ser realizado pela Assembleia
vadas em Plenário;
Legislativa para admissão de servidores, a vaga reservada
V - controlar o registro de oradores;
para o cargo de analista Legislativo – Categoria Funcional
VI - organizar a distribuição do tempo dos oradores
Medicina, exigirá a habilitação em Medicina do trabalho.
entre as lideranças e representações partidárias;
VII - exercer outras atividades correlatas. Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 38 - São atribuições da Secretaria Geral das Comis-
sões vinculada diretamente à Superintendência de Assun- ANEXO ÚNICO
tos Parlamentares: Distribuição de Efetivo da Polícia Legislativa da
I - coordenar as atividades de apoio às comissões; Bahia
II - secretariar as reuniões, elaborando as respectivas
atas;
III - efetuar o controle de tramitação de proposições no LOTAÇÃO DA POLÍCIA LEGISLATIVA DA BAHIA
âmbito das Comissões;
IV - manter sistema de informação permanente, relati-
vamente às atividade das Comissões aos interessados; 1. D E PA RTA -
V - exercer outras atividades correlatas. MENTO DE POLÍCIA Cargo
LEGISLATIVA Nº
Comissionado
CARGOS/FUNÇÕES
ATO DA MESA DIRETORA N° 133/2018 Gerente de Departa-
1 1 FFGC
mento
Subgerente 1 0 0
RESOLUÇÃO DA MESA DIRETORA Nº 133/2018 Agente Operacional 4 0 0
Dispões sobre a lotação do efetivo da Polícia Legislativa Agente Administrativo 4 0 0
e dá outras providências. Subtotal 1 10 1 0

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA


DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições 2. COORDENA-
Cargo
previstas conforme art. 71, I, XIX da Constituição Estadual ÇÃO DE SEGURANÇA Qte.
Comissionado
e regimentais previstas no art. 40, VI, da Resolução nº E TREINAMENTO
1193/85, considerando o estabelecido nos artigos 3º, 5º e Coordenador 1 1 FFGC
5º da lei nº 13.962, de 18 de maio de 2018;
Coordenador Adjunto 1 0 0
Considerando ainda a necessidade de estabelecer-
se uma regulamentação para a distribuição dos cargos Agente Operacional 5 0 0
de provimento permanente do quadro da Polícia Agente Administrativo 5 0 0
Legislativa, inclusive no que tange à reserva de vagas para
Subtotal 2 12 1 0
preenchimentos por representantes do gênero feminino;
E considerando, por fim, apropriada a política de destinação 3. COORDENA-
de vagas por gênero adotada pela Polícia Militar do Estado da ÇÃO DE CONTROLE E Cargo
Qte.
Bahia, conforme definido nos seus editais de concurso, APOIO LOGÍSTICO E Comissionado
DE RECEPÇÃO
RESOLVE: Coordenador 1 1 FFGC
Art. 1º - O quadro organizacional de lotação dos
agentes de Polícia Legislativa será o constante no Anexo Coordenador Adjunto 1 0 0
Único desta Resolução.

77
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL

Agente Operacional 5 0 0 Está(ão) correto(s):


a) I e II, somente.
Agente Administrativo 5 0 0 b) I e III, somente.
Subtotal 3 12 1 0 c) II, somente.
4. COORDENA- d) III, somente.
Cargo e) I, II e III.
ÇÃO DE OPERAÇÕES Qte.
Comissionado
ESPECIAIS
R: E. Prevê o art. 27 do Regimento: “As comissões tem-
Coordenador 1 1 FFGC
porárias são: I - de representação; II - especial; III - de in-
Coordenador Adjunto 1 0 0 quérito”.
Agente Operacional 4 0 0
3. (FGV/2014 - AL-BA - Auditor) SegundooRegimentoIn-
Agente Administrativo 4 0 0
ternodaAssembleiaLegislativadoEstadodaBahia,asComis-
Subtotal 4 10 1 0 sõesdaAssembleiapodemserpermanentes ou temporárias.
5. COORDENA- A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
Cargo
ÇÃO DE POLÍCIA JU- Qte. a) As Comissões Permanentessão compostas de 16(de-
Comissionado
DICIÁRIA zesseis)membros,cabendoaosPartidosaindicaçãodossu-
Coordenador 1 1 FFGC plentes,até a metade da respectiva representação.
b) SãoComissõesPermanentes,dentreoutras,aComis-
Coordenador Adjunto 1 0 0 sãodeConstituiçãoeJustiça,adeSaúdeeSaneamentoeadeDi-
Agente Operacional 4 0 0 reitos Humanos e Segurança Pública.
Agente Administrativo 4 0 0 c) A Comissão de Finanças, Orçamento, Fiscalização e
Controle étemporária.
Subtotal 5 10 1 0
d) A Comissão de Direitos da Mulher é temporária.
TOTAL 54 5 0 e) A Comissão de Agricultura e Política Rural é temporária.

EXERCÍCIOS R: B. Preconiza o Regimento: “Art. 51 - Funcionarão na


Assembleia Legislativa as seguintes Comissões Permanentes:
1. (FGV - AL-BA - Técnico de Nível Superior - Economia) I - Constituição e Justiça; II - Finanças, Orçamento, Fiscaliza-
Segundo o Regimento Interno da Assembleia Legislativa ção e Controle; III - Agricultura e Política Rural; IV - Educação,
do Estado da Bahia, assinale a afirmativa correta.
Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público; V - Saúde e
a) Ao assumir o exercício do mandato, o deputado es-
colherá o nome parlamentar com o qual será identificado Saneamento; VI - Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico
nos registros e publicações da Assembleia. e Turismo; VII - Direitos Humanos e Segurança Pública; VIII
b) Ao deixar o exercício do mandato para ocupar fun- - Direitos da Mulher; IX - Meio Ambiente, Seca e Recursos
ção constitucionalmente prevista, o deputado não poderá Hídricos; X - Defesa do Consumidor e Relações de Trabalho.
optar pela remuneração parlamentar.
c) O Deputado poderá ser incumbido de representa- 4. (FGV/2014 - AL-BA - Técnico de Nível Médio - Ad-
ção da Assembleia mesmo quando afastado do exercício ministrativa) De acordo com a Lei nº 6.677/1994, assinale a
do mandato. opção que indica o momento em que o servidor poderá se
d) A renúncia ao mandato não acarreta vacância na As- aposentar voluntariamente.
sembleia Legislativa. a) Aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
e) O parlamentar afastado para cuidar de interesse par- (vinte e cinco), se mulher, com proventos proporcionais a
ticular tem direito à remuneração integral. este tempo.
b) Aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções
R: A. Prevê o art. 8º, Regimento: “Ao assumir o exercício de magistério, se professor, e aos 25 (vinte e cinco), se pro-
do mandato, o Deputado ou suplente convocado escolherá fessora, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
o nome parlamentar com o qual será identificado nos re- c) Aos 70 (setenta) anos de idade, se homem, e aos 65
gistros e publicações da Assembleia”. (sessenta e cinco), se mulher, com proventos proporcionais
ao tempo de serviço.
2. (FGV - AL-BA - Técnico de Nível Superior - Econo- d) Aos 70 (setenta) anos de idade, se homem, e aos 65
mia) São Comissões Temporárias previstas no Regimento (sessenta e cinco), se mulher, com proventos integrais.
Interno da ALBA: e) Aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
(vinte e cinco), se mulher, com proventos integrais.
I. as Especiais;
II. as de Inquérito; R: A. Prevê o Estatuto dos Servidores Estadual: “Art. 127
III. as de Representação. - O servidor poderá ser aposentado voluntariamente: I - aos
Assinale: 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
(trinta), se mulher, com proventos integrais; [...]”.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados ao uso
de informática no ambiente de escritório...................................................................................................................................................... 01
2 Aplicativos e uso de ferramentas na internet e(ou) intranet. ............................................................................................................. 23
3 Softwares aplicativos do pacote Microsoft Office (Word, Excel, Power Point e Outlook) e suas funcionalidades. ....... 28
4 Sistema operacional Windows (Windows 7 ou superior). ................................................................................................................... 59
5 Navegadores web (Google Chrome e Internet Explorer). .................................................................................................................... 65
6 Rotinas de backup e prevenção de vírus. ................................................................................................................................................... 67
7 Rotinas de segurança da informação e recuperação de arquivos. ................................................................................................... 67
8 Computação nas nuvens: acesso a distância e transferência de informação. ............................................................................. 67
9 Aplicações e aplicativos em dispositivos móveis..................................................................................................................................... 76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MAINFRAMES
1 CONCEITOS BÁSICOS E MODOS
DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS,
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS AO USO
DE INFORMÁTICA NO AMBIENTE DE
ESCRITÓRIO.

HISTÓRICO

Os primeiros computadores construídos pelo homem


foram idealizados como máquinas para processar números
(o que conhecemos hoje como calculadoras), porém, tudo
era feito fisicamente.
Existia ainda um problema, porque as máquinas pro-
cessavam os números, faziam operações aritméticas, mas
depois não sabiam o que fazer com o resultado, ou seja,
eram simplesmente máquinas de calcular, não recebiam
Os computadores podem ser classificados pelo porte.
instruções diferentes e nem possuíam uma memória. Até
Basicamente, existem os de grande porte ― mainframes
então, os computadores eram utilizados para pouquíssi-
― e os de pequeno porte ― microcomputadores ― sen-
mas funções, como calcular impostos e outras operações.
do estes últimos divididos em duas categorias: desktops ou
Os computadores de uso mais abrangente apareceram
torres e portáteis (notebooks, laptops, handhelds e smar-
logo depois da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desen-
tphones).
volveram ― secretamente, durante o período ― o primei-
Conceitualmente, todos eles realizam funções internas
ro grande computador que calculava trajetórias balísticas.
idênticas, mas em escalas diferentes.
A partir daí, o computador começou a evoluir num ritmo
Os mainframes se destacam por ter alto poder de pro-
cada vez mais acelerado, até chegar aos dias de hoje.
cessamento, muita capacidade de memória e por controlar
atividades com grande volume de dados. Seu custo é bas-
Código Binário, Bit e Byte
tante elevado. São encontrados, geralmente, em bancos,
grandes empresas e centros de pesquisa.
O sistema binário (ou código binário) é uma repre-
sentação numérica na qual qualquer unidade pode ser
CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
demonstrada usando-se apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é
a única linguagem que os computadores entendem. Cada
A classificação de um computador pode ser feita de
um dos dígitos utilizados no sistema binário é chamado de
diversas maneiras. Podem ser avaliados:
Binary Digit (Bit), em português, dígito binário e representa
• Capacidade de processamento;
a menor unidade de informação do computador.
• Velocidade de processamento;
Os computadores geralmente operam com grupos de
• Capacidade de armazenamento das informações;
bits. Um grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode
• Sofisticação do software disponível e compatibi-
ser usado na representação de caracteres, como uma letra
lidade;
(A-Z), um número (0-9) ou outro símbolo qualquer (#, %,
• Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Pro-
*,?, @), entre outros.
cessing Uni), Unidade Central de Processamento.
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tama-
nhos etc., também podemos medir o tamanho das infor-
TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
mações e a velocidade de processamento dos computa-
dores. A medida padrão utilizada é o byte e seus múltiplos,
Os microcomputadores atendem a uma infinidade de
conforme demonstramos na tabela abaixo:
aplicações. São divididos em duas plataformas: PC (compu-
tadores pessoais) e Macintosh (Apple).
Os dois padrões têm diversos modelos, configurações
e opcionais. Além disso, podemos dividir os microcompu-
tadores em desktops, que são os computadores de mesa,
com uma torre, teclado, mouse e monitor e portáteis, que
podem ser levados a qualquer lugar.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DESKTOPS Sistema de Processamento de Dados

São os computadores mais comuns. Geralmente dis- Quando falamos em “Processamento de Dados” trata-
põem de teclado, mouse, monitor e gabinete separados mos de uma grande variedade de atividades que ocorre
fisicamente e não são movidos de lugar frequentemente, tanto nas organizações industriais e comerciais, quanto na
uma vez que têm todos os componentes ligados por cabos. vida diária de cada um de nós.
São compostos por: Para tentarmos definir o que seja processamento de
• Monitor (vídeo) dados temos de ver o que existe em comum em todas es-
• Teclado tas atividades. Ao analisarmos, podemos perceber que em
• Mouse todas elas são dadas certas informações iniciais, as quais
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memó- chamamos de dados.
rias, drives, disco rígido (HD), modem, portas USB etc. E que estes dados foram sujeitos a certas transforma-
ções, com as quais foram obtidas as informações.
PORTÁTEIS O processamento de dados sempre envolve três fases
essenciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da
Os computadores portáteis possuem todas as partes Informação.
integradas num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e Para que um sistema de processamento de dados fun-
gabinete em uma única peça. Os computadores portáteis cione ao contento, faz-se necessário que três elementos
começaram a aparecer no início dos anos 80, nos Estados funcionem em perfeita harmonia, são eles:
Unidos e hoje podem ser encontrados nos mais diferen-
tes formatos e tamanhos, destinados a diferentes tipos de Hardware
operações.
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema
LAPTOPS de processamento de dados: equipamentos e suprimentos
tais como: CPU, disquetes, formulários, impressoras.
Também chamados de notebooks, são computadores
portáteis, leves e produzidos para serem transportados fa- Software
cilmente. Os laptops possuem tela, geralmente de Liquid
Crystal Display (LCD), teclado, mouse (touchpad), disco É toda a parte lógica do sistema de processamento de
rígido, drive de CD/DVD e portas de conexão. Seu nome dados. Desde os dados que armazenamos no hardware, até
vem da junção das palavras em inglês lap (colo) e top (em os programas que os processam.
cima), significando “computador que cabe no colo de qual-
quer pessoa”. Peopleware

NETBOOKS Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles


que usam a informática como um meio para a sua ativi-
São computadores portáteis muito parecidos com o dade fim), programadores e analistas de sistemas (aqueles
notebook, porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais que usam a informática como uma atividade fim).
baratos e não possuem drives de CD/ DVD. Embora não pareça, a parte mais complexa de um sis-
tema de processamento de dados é, sem dúvida o People-
PDA ware, pois por mais moderna que sejam os equipamentos,
por mais fartos que sejam os suprimentos, e por mais inte-
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e ligente que se apresente o software, de nada adiantará se
também são conhecidos como palmtops. São computado- as pessoas (peopleware) não estiverem devidamente trei-
res pequenos e, geralmente, não possuem teclado. Para a nadas a fazer e usar a informática.
entrada de dados, sua tela é sensível ao toque. É um assis- O alto e acelerado crescimento tecnológico vem apri-
tente pessoal com boa quantidade de memória e diversos morando o hardware, seguido de perto pelo software.
programas para uso específico. Equipamentos que cabem na palma da mão, softwares que
transformam fantasia em realidade virtual não são mais
SMARTPHONES novidades. Entretanto ainda temos em nossas empresas
pessoas que sequer tocaram algum dia em um teclado de
São telefones celulares de última geração. Possuem computador.
alta capacidade de processamento, grande potencial de Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relaciona-
armazenamento, acesso à Internet, reproduzem músicas, mento entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente
vídeos e têm outras funcionalidades. processamento da informação, sucateando e subutilizando
equipamentos e softwares. Isto pode ser vislumbrado, so-
bretudo nas instituições públicas.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

POR DENTRO DO GABINETE Devido à complexidade das motherboards, da sofisti-


cação dos sistemas operacionais e do crescente aumento
do clock, o chipset é o conjunto de CIs (circuitos integra-
dos) mais importante do microcomputador. Fazendo uma
analogia com uma orquestra, enquanto o processador é o
maestro, o chipset seria o resto!

• BIOS

O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico


de entrada e saída, é a primeira camada de software do
micro, um pequeno programa que tem a função de “iniciar”
o microcomputador. Durante o processo de inicialização, o
BIOS é o responsável pelo reconhecimento dos componen-
Identificaremos as partes internas do computador, lo- tes de hardware instalados, dar o boot, e prover informa-
calizadas no gabinete ou torre: ções básicas para o funcionamento do sistema.
• Motherboard (placa-mãe) O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a
• Processador utilização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix,
• Memórias Hurd, BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS
• Fonte de Energia que estão descritos os elementos necessários para operacio-
• Cabos nalizar o Hardware, possibilitando aos diversos S.O. acesso
• Drivers aos recursos independe de suas características específicas.
• Portas de Entrada/Saída

MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)

É uma das partes mais importantes do computador. A


motherboard é uma placa de circuitos integrados que ser-
ve de suporte para todas as partes do computador. O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de al- EPROM (Erased Programmable Read Only Memory). É um
guma maneira, seja por cabos ou por meio de barramentos. tipo de memória “não volátil”, isto é, desligando o com-
A placa mãe é desenvolvida para atender às caracte- putador não há a perda das informações (programas) nela
rísticas especificas de famílias de processadores, incluin- contida. O BIOS é contem 2 programas: POST (Power On
do até a possibilidade de uso de processadores ainda não Self Test) e SETUP para teste do sistema e configuração dos
lançados, mas que apresentem as mesmas características parâmetros de inicialização, respectivamente, e de funções
previstas na placa. básicas para manipulação do hardware utilizadas pelo Sis-
A placa mãe é determinante quanto aos componentes tema Operacional.
que podem ser utilizados no micro e sobre as possibilida- Quando inicializamos o sistema, um programa chama-
des de upgrade, influenciando diretamente na performan- do POST conta a memória disponível, identifica dispositi-
ce do micro. vos plug-and-play e realiza uma checagem geral dos com-
ponentes instalados, verificando se existe algo de errado
Diversos componentes integram a placa-mãe, como: com algum componente. Após o término desses testes, é
• Chipset emitido um relatório com várias informações sobre o har-
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao micro- dware instalado no micro. Este relatório é uma maneira fá-
computador que gerenciam praticamente todo o funciona- cil e rápida de verificar a configuração de um computador.
mento da placa-mãe (controle de memória cache, DRAM, Para paralisar a imagem tempo suficiente para conseguir
controle do buffer de dados, interface com a CPU, etc.). ler as informações, basta pressionar a tecla “pause/break”
O chipset é composto internamente de vários outros do teclado.
pequenos chips, um para cada função que ele executa. Há Caso seja constatado algum problema durante o POST,
um chip controlador das interfaces IDE, outro controlador serão emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro en-
das memórias, etc. Existem diversos modelos de chipsets, contrado. Por isso, é fundamental a existência de um alto-
cada um com recursos bem diferentes. -falante conectado à placa mãe.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de PROCESSADOR


memória com tecnologia flash. Memórias que podem ser
atualizadas por software e também não perdem seus da-
dos quando o computador é desligado, sem necessidade
de alimentação permanente.
As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix.
50% dos micros utilizam BIOS AMI.

• Memória CMOS

CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor)


é uma memória formada por circuitos integrados de bai-
xíssimo consumo de energia, onde ficam armazenadas as
informações do sistema (setup), acessados no momento
do BOOT. Estes dados são atribuídos na montagem do mi-
crocomputador refletindo sua configuração (tipo de win-
chester, números e tipo de drives, data e hora, configura- O microprocessador, também conhecido como pro-
ções gerais, velocidade de memória, etc.) permanecendo cessador, consiste num circuito integrado construído para
armazenados na CMOS enquanto houver alimentação da realizar cálculos e operações. Ele é a parte principal do
bateria interna. Algumas alterações no hardware (troca e/ computador, mas está longe de ser uma máquina com-
ou inclusão de novos componentes) podem implicar na al- pleta por si só: para interagir com o usuário é necessário
teração de alguns desses parâmetros. memória, dispositivos de entrada e saída, conversores de
Muitos desses itens estão diretamente relacionados sinais, entre outros.
com o processador e seu chipset e portanto é recomen- É o processador quem determina a velocidade de pro-
dável usar os valores default sugerido pelo fabricante da cessamento dos dados na máquina. Os primeiros modelos
BIOS. Mudanças nesses parâmetros pode ocasionar o tra- comerciais começaram a surgir no início dos anos 80.
vamento da máquina, intermitência na operação, mau fun-
cionamento dos drives e até perda de dados do HD.
• Clock Speed ou Clock Rate
É a velocidade pela qual um microprocessador executa
• Slots para módulos de memória
instruções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória
uma CPU pode executar por segundo.
eram encaixados (ou até soldados) diretamente na placa
Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa
mãe, um a um. O agrupamento dos chips de memória em
do processador. Porém, alguns computadores têm uma
módulos (pentes), inicialmente de 30 vias, e depois com 72
“chave” que permite 2 ou mais diferentes velocidades de
e 168 vias, permitiu maior versatilidade na composição dos
bancos de memória de acordo com as necessidades das clock. Isto é útil porque programas desenvolvidos para
aplicações e dos recursos financeiros disponíveis. trabalhar em uma máquina com alta velocidade de clock
Durante o período de transição para uma nova tecnolo- podem não trabalhar corretamente em uma máquina com
gia é comum encontrar placas mãe com slots para mais de velocidade de clock mais lenta, e vice versa. Além disso,
um modelo. Atualmente as placas estão sendo produzidas alguns componentes de expansão podem não ser capazes
apenas com módulos de 168 vias, mas algumas compor- de trabalhar a alta velocidade de clock.
tam memórias de mais de um tipo (não simultaneamente): Assim como a velocidade de clock, a arquitetura in-
SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. terna de um microprocessador tem influência na sua per-
formance. Dessa forma, 2 CPUs com a mesma velocidade
• Clock de clock não necessariamente trabalham igualmente. En-
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que quanto um processador Intel 80286 requer 20 ciclos para
gera um pulso elétrico. A função do clock é sincronizar to- multiplicar 2 números, um Intel 80486 (ou superior) pode
dos os circuitos da placa mãe e também os circuitos inter- fazer o mesmo cálculo em um simples ciclo. Por essa razão,
nos do processador para que o sistema trabalhe harmoni- estes novos processadores poderiam ser 20 vezes mais rá-
camente. pido que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são me- a mesma. Além disso, alguns microprocessadores são su-
didos pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz perescalar, o que significa que eles podem executar mais
(Hz). 1 MHz é igual a 1 milhão de ciclos por segundo. Nor- de uma instrução por ciclo.
malmente os processadores são referenciados pelo clock Como as CPUs, os barramentos de expansão também
ou frequência de operação: Pentium IV 2.8 MHz. têm a sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocida-
des de clock da CPU e dos barramentos fossem a mesma
para que um componente não deixe o outro mais lento. Na
prática, a velocidade de clock dos barramentos é mais lenta
que a velocidade da CPU.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Overclock Esses são os processadores fabricados pela INTEL, em-


Overclock é o aumento da frequência do processador presa que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos tam-
para que ele trabalhe mais rapidamente. bém alguns concorrentes famosos dessa marca, tais como
A frequência de operação dos computadores domésti- NEC, Cyrix e AMD; sendo que atualmente apenas essa últi-
cos é determinada por dois fatores: ma marca mantém-se fazendo frente aos lançamentos da
• A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida INTEL no mercado. Por exemplo, um modelo muito popular
também como velocidade de barramento, que nos compu- de 386 foi o de 40 MHz, que nunca foi feito pela INTEL, cujo
tadores Pentium pode ser de 50, 60 e 66 MHz. 386 mais veloz era de 33 MHz, esse processador foi obra
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 da AMD. Desde o lançamento da linha Pentium, a AMD foi
que permite ao processador trabalhar internamente a uma obrigada a criar também novas denominações para seus
velocidade maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
os outros periféricos do computador (memória RAM, cache K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron)
L2, placa de vídeo, etc.) continuam trabalhando na veloci- e os mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.
dade de barramento.
MEMÓRIAS
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha
com velocidade de barramento de 66 MHz e multiplicador
de 2,5x. Fazendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o proces-
sador trabalha a 166 MHz, mas se comunica com os demais
componentes do micro a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exem-
plo acima), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simples-
mente aumentando o multiplicador de clock de 2,5x para 3x.
Caso a placa-mãe permita, pode-se usar um barramento de
75 ou até mesmo 83 MHz (algumas placas mais modernas
suportam essa velocidade de barramento). Neste caso, man-
tendo o multiplicador de clock de 2,5x, o Pentium 166 pode-
ria trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208 MHz (2,5 x 83).
As frequências de barramento e do multiplicador podem ser
alteradas simplesmente através de jumpers de configuração
Vamos chamar de memória o que muitos autores de-
da placa-mãe, o que torna indispensável o manual da mes-
nominam memória primária, que é a memória interna do
ma. O aumento da velocidade de barramento da placa-mãe
computador, sem a qual ele não funciona.
pode criar problemas caso algum periférico (como memória
A memória é formada, geralmente, por chips e é uti-
RAM, cache L2, etc.) não suporte essa velocidade.
lizada para guardar a informação para o processador num
Quando se faz um overclock, o processador passa a
determinado momento, por exemplo, quando um progra-
trabalhar a uma velocidade maior do que ele foi projetado, ma está sendo executado.
fazendo com que haja um maior aquecimento do mesmo. As memórias ROM (Read Only Memory - Memória So-
Com isto, reduz-se a vida útil do processador de cerca de mente de Leitura) e RAM (Random Access Memory - Me-
20 para 10 anos (o que não chega a ser um problema já que mória de Acesso Randômico) ficam localizadas junto à pla-
os processadores rapidamente se tornam obsoletos). Esse ca-mãe. A ROM são chips soldados à placa-mãe, enquanto
aquecimento excessivo pode causar também frequentes a RAM são “pentes” de memória.
“crashes” (travamento) do sistema operacional durante o
seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina. FONTE DE ENERGIA
Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um
cooler (ventilador que fica sobre o processador para redu-
zir seu aquecimento) de qualidade e, em alguns casos, uma
pasta térmica especial que é passada diretamente sobre a
superfície do processador.
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou
quad, essa denominação refere-se na verdade ao núcleo
do processador, onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Ló-
gica). Nos modelos DUAL ou DUO, esse núcleo é duplica-
do, o que proporciona uma execução de duas instruções É um aparelho que transforma a corrente de eletricida-
efetivamente ao mesmo tempo, embora isto não aconteça de alternada (que vem da rua), em corrente contínua, para
o tempo todo. Basta uma instrução precisar de um dado ser usada nos computadores. Sua função é alimentar todas
gerado por sua “concorrente” que a execução paralela tor- as partes do computador com energia elétrica apropriada
na-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo tér- para seu funcionamento.
mino da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por
quadruplicado. meio de cabos coloridos com conectores nas pontas.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CABOS São as portas do computador nas quais se conectam


todos os periféricos. São utilizadas para entrada e saída de
dados. Os computadores de hoje apresentam normalmente
as portas USB, VGA, FireWire, HDMI, Ethernet e Modem.
Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao compu-
tador por meio dessas Portas: modem, monitor, pen drive, HD
externo, scanner, impressora, microfone, Caixas de som, mou-
se, teclado etc.

Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante


usadas, como as portas paralelas (impressoras e scanners)
e as portas PS/2(mouses e teclados).
Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro do
MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
gabinete: podem ser de energia ou de dados e conectam
DE ARMAZENAMENTO
dispositivos, como discos rígidos, drives de CDs e DVDs,
LEDs (luzes), botão liga/desliga, entre outros, à placa-mãe.
Memórias
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE,
SATA, SATA2, energia e som. Memória ROM
DRIVERS

No microcomputador também se encontram as memó-


rias definidas como dispositivos eletrônicos responsáveis pelo
armazenamento de informações e instruções utilizadas pelo
computador.
São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou re- Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em que
movíveis - de armazenamento de dados, nos quais a in- os dados não se perdem quando o computador é desligado.
formação é gravada por meio digital, ótico, magnético ou Este tipo de memória é ideal para guardar dados da BIOS (Ba-
mecânico. sic Input/Output System - Sistema Básico de Entrada/Saída)
Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD, da placa-mãe e outros dispositivos.
os drives de CD/DVD e o pen drive. Os computadores mais
antigos ainda apresentam drives de disquetes, que são Os tipos de ROM usados atualmente são:
bem pouco usados devido à baixa capacidade de armaze-
• Electrically-Erasable Programmable Read-Only Me-
namento. Todos os drives são ligados ao computador por
mory (Eeprom)
meio de cabos.
É um tipo de PROM que pode ser apagada simplesmente
com uma carga elétrica, podendo ser, posteriormente, grava-
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA da com novos dados. Depois da NVRAM é o tipo de memória
ROM mais utilizado atualmente.

• Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)


Também conhecida como flash RAM ou memória flash,
a NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os da-
dos quando desligada. Este tipo de memória é o mais usa-
do atualmente para armazenar os dados da BIOS, não só da
placa-mãe, mas de vários outros dispositivos, como modems,
gravadores de CD-ROM etc.
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado
em memória flash que permite realizarmos upgrades de BIOS.
Na verdade essa não é exatamente uma memória ROM, já
que pode ser reescrita, mas a substitui com vantagens.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Programmable Read-Only Memory (Prom) Quando executamos algum programa, por exemplo,
É um tipo de memória ROM, fabricada em branco, sen- parte das instruções fica guardada nesta memória para
do programada posteriormente. Uma vez gravados os da- que, caso posteriormente seja necessário abrir o programa
dos, eles não podem ser alterados. Este tipo de memória é novamente, sua execução seja mais rápida.
usado em vários dispositivos, assim como em placas-mãe Atualmente, a memória cache já é estendida a outros
antigas. dispositivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos
dados. Os processadores e os HDs, por exemplo, já utilizam
Memoria RAM este tipo de armazenamento.

DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO

Disco Rígido (HD)

Random Access Memory (RAM) - Memória de acesso


aleatório onde são armazenados dados em tempo de pro-
cessamento, isto é, enquanto o computador está ligado e,
também, todas as informações que estiverem sendo exe-
cutadas, pois essa memória é mantida por pulsos elétricos.
Todo conteúdo dela é apagado ao desligar-se a máquina,
por isso é chamada também de volátil.
O módulo de memória é um componente adicionado à
placa-mãe. É composto de uma série de pequenos circui-
tos integrados, chamados chip de RAM. A memória pode
ser aumentada, de acordo com o tipo de equipamento ou O disco rígido é popularmente conhecido como HD
das necessidades do usuário. O local onde os chips de me- (Hard Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também,
mória são instalados chama-se SLOT de memória. de memória, mas ao contrário da memória RAM, quando o
A memória ganhou melhor desempenho com versões computador é desligado, não perde as informações.
mais poderosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM dinâ- O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para
mica), EDO (Extended Data Out - Saída Estendida Dados), armazenamento de informações indispensável ao funcio-
entre outras, que proporcionam um aumento no desempe- namento do computador. É nele que ficam guardados to-
nho de 10% a 30% em comparação à RAM tradicional. Hoje, dos os dados e arquivos, incluindo o sistema operacional.
as memórias mais utilizadas são do tipo DDR2 e DDR3. Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo,
que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.
Memória Cache
HD Externo

Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta


A memória cache é um tipo de memória de acesso capacidade de armazenamento, chegando facilmente à
rápido utilizada, exclusivamente, para armazenamento de casa dos Terabytes. Eles, normalmente, funcionam a partir
dados que provavelmente serão usados novamente. de qualquer entrada USB do computador.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As grandes vantagens destes dispositivos são: O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do
• Alta capacidade de armazenamento; leitor ótico que, na verdade, para o olho humano, apresenta
• Facilidade de instalação; uma cor violeta azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi re-
• Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer tirado do nome por fins jurídicos, já que muitos países não
lugar sem necessidade de abrir o computador. permitem que se registre comercialmente uma palavra co-
mum. O Blu-Ray foi introduzido no mercado no ano de 2006.
CD, CD-R e CD-RW
Pen Drive
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década
de 80 e é hoje um dos meios mais populares de armazenar
dados digitalmente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
• Uma camada de policarbonato (espécie de plástico),
onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de
refletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos É um dispositivo de armazenamento de dados em me-
mória flash e conecta-se ao computador por uma porta USB.
Na camada de gravação existe uma grande espiral que Ele combina diversas tecnologias antigas com baixo custo,
tem um relevo de partes planas e partes baixas que represen- baixo consumo de energia e tamanho reduzido, graças aos
tam os bits. Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a infor- avanços nos microprocessadores. Funciona, basicamente,
mação. Temos hoje, no mercado, três tipos principais de CDs: como um HD externo e quando conectado ao computador
pode ser visualizado como um drive. O pen drive também é
1. CD comercial conhecido como thumbdrive (por ter o tamanho aproximado
(que já vem gravado com música ou dados) de um dedo polegar - thumb), flashdrive (por usar uma me-
mória flash) ou, ainda, disco removível.
2. CD-R Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez) CDs, ou seja, armazenar dados para serem transportados,
porém, com uma capacidade maior, chegando a 256 GB.
3. CD-RW
(que pode ter seus dados apagados e regravados) Cartão de Memória
Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de
700 MB ou 80 minutos de música.

DVD, DVD-R e DVD-RW

O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje o


formato mais comum para armazenamento de vídeo digital. Foi
inventado no final dos anos 90, mas só se popularizou depois do
ano 2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas,
com a diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informa-
ções é menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que
proporciona maior capacidade de armazenamento.
Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R
de gravação única e RW que possibilita a regravação de da- de dispositivo de armazenamento de dados com memória
dos. A capacidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou flash, muito encontrado em máquinas fotográficas digitais e
4,7 GB de dados, existindo ainda um tipo de DVD chamado aparelhos celulares smartphones.
Dual Layer, que contém duas camadas de gravação, cuja ca- Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e
pacidade de armazenamento chega a 8,5 GB. nos telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ring-
tones, endereços, números de telefone etc.
Blu-Ray O cartão de memória funciona, basicamente, como o
pen drive, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia no dispositivo e é bem mais compacto.
entre 25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas ca- Os formatos mais conhecidos são:
madas de gravação. • Memory Stick Duo
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD • SD (Secure Digital Card)
e DVD comuns, com a diferença de que o feixe de laser • Mini SD
usado para leitura é ainda menor que o do DVD, o que • Micro SD
possibilita armazenagem maior de dados no disco.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OS PERIFÉRICOS Teclado
Os periféricos são partes extremamente importantes
dos computadores. São eles que, muitas vezes, definem
sua aplicação.

Entrada
São dispositivos que possuem a função de inserir da-
dos ao computador, por exemplo: teclado, scanner, cane-
ta óptica, leitor de código de barras, mesa digitalizadora,
mouse, microfone, joystick, CD-ROM, DVD-ROM, câmera
fotográfica digital, câmera de vídeo, webcam etc.

Mouse

É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada


de dados no computador.
Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi
pouco alterado. Possui teclas representando letras, núme-
ros e símbolos, bem como teclas com funções específicas
(F1... F12, ESC etc.).

Câmera Digital
É utilizado para selecionar operações dentro de uma
tela apresentada. Seu movimento controla a posição do
cursor na tela e apenas clicando (pressionando) um dos
botões sobre o que você precisa, rapidamente a operação
estará definida.
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias
Macintosh e Windows, tornando-se indispensável para a
utilização do microcomputador.

Touchpad

Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes


fotográficos. As imagens são capturadas e gravadas numa
memória interna ou, ainda, mais comumente, em cartões
de memória.
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos
é o JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao compu-
tador por meio de um cabo ou, nos computadores mais
modernos, colocando-se o cartão de memória diretamente
no leitor.

Câmeras de Vídeo

Existem alguns modelos diferentes de mouse para no-


tebooks, como o touchpad, que é um item de fábrica na
maioria deles.
É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a
mesma funcionalidade do mouse. Para movimentar o cur-
sor na tela, passa-se o dedo levemente sobre a área do
touchpad.

As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são


também aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras
de vídeo digitais ligam-se ao microcomputador por meio
de cabos de conexão e permitem levar a ele as imagens em

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

movimento e alterá-las utilizando um programa de edição Há aparelhos que produzem imagens com maior ou
de imagens. Existe, ainda, a possibilidade de transmitir as menor definição. Isso é determinado pelo número de pon-
imagens por meio de placas de captura de vídeo, que podem tos por polegada (ppp) que os sensores fotoelétricos po-
funcionar interna ou externamente no computador. dem ler. As capacidades variam de 300 a 4800 ppp. Alguns
modelos contam, ainda, com softwares de reconhecimento
de escrita, denominados OCR.
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para
os scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de
supermercados, para ler os códigos de barras dos produtos
vendidos.

Webcam

É uma câmera de vídeo que capta imagens e as trans-


fere instantaneamente para o computador. A maioria delas
Scanner
não tem alta resolução, já que as imagens têm a finalidade
de serem transmitidas a outro computador via Internet, ou
seja, não podem gerar um arquivo muito grande, para que
possam ser transmitidas mais rapidamente.
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate-
-papo) com suporte para webcam. Os participantes podem
conversar e visualizar a imagem um do outro enquanto
conversam. Nos laptops e notebooks mais modernos, a câ-
mera já vem integrada ao computador.

Saída

São dispositivos utilizados para saída de dados do


computador, por exemplo: monitor, impressora, projetor,
É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à me- caixa de som etc.
mória do computador uma imagem desenhada, pintada ou
fotografada. Ele é formado por minúsculos sensores fotoelé- Monitor
tricos, geralmente distribuídos de forma linear. Cada linha da
imagem é percorrida por um feixe de luz. Ao mesmo tempo, É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão)
os sensores varrem (percorrem) esse espaço e armazenam a que tem a função de exibir a saída de dados.
quantidade de luz refletida por cada um dos pontos da linha. A qualidade do que é mostrado na tela depende da
A princípio, essas informações são convertidas em car- resolução do monitor, designada pelos pontos (pixels - Pic-
gas elétricas que, depois, ainda no scanner, são transforma- ture Elements), que podem ser representados na sua su-
das em valores numéricos. O computador decodifica esses perfície.
números, armazena-os e pode transformá-los novamente Todas as imagens que você vê na tela são compostas
em imagem. Após a imagem ser convertida para a tela, pode de centenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels).
ser gravada e impressa como qualquer outro arquivo. Quanto mais pixels, maior a resolução e mais detalhada
Existem scanners que funcionam apenas em preto e será a imagem na tela. Uma resolução de 640 x 480 signi-
branco e outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, fica 640 pixels por linha e 480 linhas na tela, resultando em
os sensores passam apenas uma vez por cada ponto da ima- 307.200 pixels.
gem. Os aparelhos de fax possuem um scanner desse tipo A placa gráfica permite que as informações saiam do
para captar o documento. Para capturar as cores é preciso computador e sejam apresentadas no monitor. A placa de-
varrer a imagem três vezes: uma registra o verde, outra o termina quantas cores você verá e qual a qualidade dos
vermelho e outra o azul. gráficos e imagens apresentadas.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou Impressora Jato de Tinta


seja, apresentavam apenas uma cor e suas tonalidades,
mostrando os textos em branco ou verde sobre um fun-
do preto. Depois, surgiram os policromáticos, trabalhando
com várias cores e suas tonalidades.
A tecnologia utilizada nos monitores também tem
acompanhado o mercado de informática. Procurou-se re-
duzir o consumo de energia e a emissão de radiação eletro-
magnética. Outras inovações, como controles digitais, tela
plana e recursos multimídia contribuíram nas mudanças.
Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays
Tube (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo prin-
cípio da TV), em que um canhão dispara por trás o feixe de Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet
luz e a imagem é mostrada no vídeo. Uma grande evolu- (como também são chamadas), são as mais populares do
ção foi o surgimento de uma tela especial, a Liquid Crystal mercado. Silenciosas, elas oferecem qualidade de impres-
Display (LCD) - Tela de Cristal Líquido. são e eficiência.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por mi- A impressora jato de tinta forma imagens lançando a
núsculos cristais líquidos na formação dos feixes de luz até tinta diretamente sobre o papel, produzindo os caracteres
a montagem dos pixels. Com este recurso, pode-se aumen- como se fossem contínuos. Imprime sobre papéis espe-
tar a área útil da tela. ciais e transparências e são bastante versáteis. Possuem
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade fontes (tipos de letras) internas e aceitam fontes via soft-
da imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser: ware. Também preparam documentos em preto e branco
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo cam- e possuem cartuchos de tinta independentes, um preto e
po de visão outro colorido.
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos mo-
vimentos de vídeo Impressora Laser

Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ga-


nhando força no mercado, o LED. A principal diferença en-
tre LED x LCD está diretamente ligado à tela. Em vez de
células de cristal líquido, os LED possuem diodos emissores
de luz (Light Emitting Diode) que fornecem o conjunto de
luzes básicas (verde, vermelho e azul). Eles não aquecem
para emitir luz e não precisam de uma luz branca por trás,
o que permite iluminar apenas os pontos necessários na
tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia.
A definição de cores também é superior, principalmen-
te do preto, que possui fidelidade não encontrada em ne-
nhuma das demais tecnologias disponíveis no mercado.
Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED As impressoras a laser apresentam elevada qualidade
também pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma de impressão, aliada a uma velocidade muito superior. Uti-
polegada de espessura. Isso resultado num monitor de de- lizam folhas avulsas e são bastante silenciosas.
sign mais agradável e bem mais leve. Possuem fontes internas e também aceitam fontes via
Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam software (dependendo da quantidade de memória). Algu-
o tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não mas possuem um recurso que ajusta automaticamente as
deram continuidade à produção dos equipamentos com configurações de cor, eliminando a falta de precisão na im-
tubo de imagem. pressão colorida, podendo atingir uma resolução de 1.200
Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geral- dpi (dots per inch - pontos por polegada).
mente, 13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando
com imagens, cores, movimentos e animações multimídia, Impressora a Cera
sentiu-se a necessidade de produzir telas maiores.
Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes Categoria de impressora criada para ter cor no impres-
formatos e tamanhos. As televisões mais modernas apre- so com qualidade de laser, porém o custo elevado de ma-
sentam uma entrada VGA ou HDMI, para que computado- nutenção aliado ao surgimento da laser colorida fizeram
res sejam conectados a elas. essa tecnologia ser esquecida. A ideia aqui é usar uma su-
blimação de cera (aquela do lápis de cera) para fazer im-
pressão.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Plotters Na verdade existe barramento em todas as placas de


produtos eletrônicos, porém em outros aparelhos os téc-
nicos referem-se aos barramentos simplesmente como o
“impresso da placa”.
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem
a comunicação entre todos os dispositivos do computador:
UCP, memória, dispositivos de entrada e saída e outros. Os
sinais típicos encontrados no barramento são: dados, clock,
endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade
de serem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localiza-
ção para onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como
síncronos, pois os dispositivos são obrigados a seguir uma
sincronia de tempo para se comunicarem.
Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter, que O controle existe para informar aos dispositivos en-
é uma impressora destinada a imprimir desenhos em grandes volvidos na transmissão do barramento se a operação em
dimensões, com elevada qualidade e rigor, como plantas ar- curso é de escrita, leitura, reset ou outra qualquer. Alguns
quitetônicas, mapas cartográficos, projetos de engenharia e sinais de controle são bastante comuns:
grafismo, ou seja, a impressora plotter é destinada às artes • Memory Write - Causa a escrita de dados do barra-
gráficas, editoração eletrônica e áreas de CAD/CAM. mento de dados no endereço especificado no barramento
Vários modelos de impressora plotter têm resolução de de endereços.
300 dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por pole- • Memory Read - Causa dados de um dado endereço
gada, permitindo imprimir, aproximadamente, 20 páginas por
especificado pelo barramento de endereço a ser posto no
minuto (no padrão de papel utilizado em impressoras a laser).
barramento de dados.
Existe a plotter que imprime materiais coloridos com lar-
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados se-
gura de até três metros (são usadas em empresas que impri-
rem enviados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
mem grandes volumes e utilizam vários formatos de papel).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo
de I/O, os quais serão colocados no barramento de dados.
Projetor
• Bus request - Indica que um módulo pede controle
do barramento do sistema.
É um equipamento muito utilizado em apresentações
multimídia. • Reset - Inicializa todos os módulos
Antigamente, as informações de uma apresentação
eram impressas em transparências e ampliadas num retro- Todo barramento é implementado seguindo um con-
projetor, mas, com o avanço tecnológico, os projetores têm junto de regras de comunicação entre dispositivos conhe-
auxiliado muito nesta área. cido como BUS STANDARD, ou simplesmente PROTOCOLO
Quando conectados ao computador, esses equipamen- DE BARRAMENTO, que vem a ser um padrão que qualquer
tos reproduzem o que está na tela do computador em di- dispositivo que queira ser compatível com este barramen-
mensões ampliadas, para que várias pessoas vejam ao mes- to deva compreender e respeitar. Mas um ponto sempre é
mo tempo. certeza: todo dispositivo deve ser único no acesso ao bar-
ramento, porque os dados trafegam por toda a extensão
Entrada/Saída da placa-mãe ou de qualquer outra placa e uma mistura de
São dispositivos que possuem tanto a função de inserir dados seria o caos para o funcionamento do computador.
dados, quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen drive, Os barramentos têm como principais vantagens o fato
modem, CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, impresso- de ser o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os
ra multifuncional, etc. periféricos, o que barateia o projeto do computador. Outro
ponto positivo é a versatilidade, tendo em vista que toda
IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser placa sempre tem alguns slots livres para a conexão de no-
classificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua prin- vas placas que expandem as possibilidades do sistema.
cipal característica é a de realizar os papeis de impressora A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de
(Saída) e scanner (Entrada) no mesmo dispositivo. engarrafamentos pelo uso da mesma via por muitos perifé-
ricos, o que vem a prejudicar a vazão de dados (troughput).
BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS Dispositivos conectados ao barramento
• Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são acesso ao barramento para leitura ou escrita de dados
conjuntos de fios que normalmente estão presentes em to- • Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente
das as placas do computador. obedecem à requisição do mestre.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo: Componente PCI ou PCI master


- CPU ordena que o controlador de disco leia ou escre- Funciona como uma ponte entre processador e barra-
va um bloco de dados. mento PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI
A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo. estão conectados.

Barramentos Comerciais - Add-in cards interface


Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São
Serão listados aqui alguns barramentos que foram e gerenciados pelo PCI master e são totalmente programáveis.
alguns que ainda são bastante usados comercialmente.
AGP – Advanced Graphics Port
ISA – Industry Standard Architeture

Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo


PC-AT. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-
-compatíveis. Era um barramento único para todos os com-
ponentes do computador, operando com largura de 16 bits Esse barramento permite que uma placa controladora
e com clock de 8 MHz. gráfica AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI.
O Chip controlador AGP substitui o controlador de E/S do
PCI – Peripheral Components Interconnect barramento PCI. O novo conjunto AGP continua com fun-
ções herdadas do PCI. O conjunto faz a transferência de
dados entre memória, o processador e o controlador ISA,
tudo, simultaneamente.
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela por-
ta gráfica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM,
eliminando a necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na
própria placa para armazenar grandes arquivos de bits
como mapas e textura.
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-
-mãe que usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse
chipset foi o primeiro a ter suporte ao AGP. A principal van-
tagem desse barramento é o uso de uma maior quantidade
de memória para armazenamento de texturas para objetos
tridimensionais, além da alta velocidade no acesso a essas
texturas para aplicação na tela.
O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que pro-
PCI é um barramento síncrono de alta performance, porciona uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além
indicado como mecanismo entre controladores altamen- disso, sua taxa de transferência chegava a 266 MB por se-
te integrados, plug-in placas, sistemas de processadores/ gundo quando operando no esquema de velocidade X1, e
memória. a 532 MB quando no esquema de velocidade 2X. Existem
Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plu- também as versões 4X, 8X e 16X. Geralmente, só se en-
g-and-play. contra um único slot nas placas-mãe, visto que o AGP só
Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o pro- interessa às placas de vídeo.
cessador PENTIUM da Intel. Assim o novo processador
realmente foi revolucionário, pois chegou com uma série
de inovações e um novo barramento. O PCI foi definido
com o objetivo primário de estabelecer um padrão da in-
dústria e uma arquitetura de barramento que ofereça baixo
custo e permita diferenciações na implementação.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PCI Express PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD


e Microsoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
Entre os quesitos levantados nessas especificações, es-
tão os que se seguem: suporte ao barramento PCI, possibili-
dade de uso de mais de uma lane, suporte a outros tipos de
conexão de plataformas, melhor gerenciamento de energia,
melhor proteção contra erros, entre outros.
Esse barramento é fortemente voltado para uso em
subsistemas de vídeo.

Interfaces – Barramentos Externos

Os barramentos circulam dentro do computador, co-


brem toda a extensão da placa-mãe e servem para conectar
as placas menores especializadas em determinadas tarefas
Na busca de uma solução para algumas limitações dos bar- do computador. Mas os dispositivos periféricos precisam
ramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia trabalha no bar- comunicarem-se com a UCP, para isso, historicamente fo-
ramento PCI Express, cujo nome inicial era 3GIO. Trata-se de um ram desenvolvidas algumas soluções de conexão tais como:
padrão que proporciona altas taxas de transferência de dados serial, paralela, USB e Firewire. Passando ainda por algumas
entre o computador em si e um dispositivo, por exemplo, entre soluções proprietárias, ou seja, que somente funcionavam
a placa-mãe e uma placa de vídeo 3D. com determinado periférico e de determinado fabricante.
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que permite
o uso de uma ou mais conexões seriais, também chamados de Interface Serial
lanes para transferência de dados. Se um determinado disposi- Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta in-
tivo usa um caminho, então diz-se que esse utiliza o barramento terface no passado já conectou até impressoras. Sua carac-
PCI Express 1X; se utiliza 4 lanes , sua denominação é PCI Express terística fundamental é que os bits trafegam em fila, um por
4X e assim por diante. Cada lane pode ser bidirecional, ou seja, vez, isso torna a comunicação mais lenta, porém o cabo do
recebe e envia dados. Cada conexão usada no PCI Express tra- dispositivo pode ser mais longo, alguns chegam até a 10
balha com 8 bits por vez, sendo 4 em cada direção. A freqüência metros de comprimento. Isso é útil para usar uma barulhen-
usada é de 2,5 GHz, mas esse valor pode variar. Assim sendo, ta impressora matricial em uma sala separada daquela onde
o PCI Express 1X consegue trabalhar com taxas de 250 MB por o trabalho acontece.
segundo, um valor bem maior que os 132 MB do padrão PCI. As velocidades de comunicação dessa interface variam
Esse barramento trabalha com até 16X, o equivalente a 4000 MB de 25 bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na parte
por segundo. A tabela abaixo mostra os valores das taxas do PCI externa do gabinete, essas interfaces são representadas por
Express comparadas às taxas do padrão AGP: conectores DB-9 ou DB-25 machos.

AGP PCI Express


AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB
segundo por segundo
AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB
segundo por segundo
AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB
segundo por segundo
PCI Express 16X: 4000 MB
 
por segundo

É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado e,


devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express 2X de Interface Paralela
PCI Express 1X.
Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode representar tam- Criada para ser uma opção ágil em relação à serial, essa
bém taxas de transferência de dados de 500 MB por segundo. interface transmite um byte de cada vez. Devido aos 8 bits
A Intel é uma das grandes precursoras de inovações tecno- em paralelo existe um RISCo de interferência na corrente
lógicas. elétrica dos condutores que formam o cabo. Por esse moti-
No início de 2001, em um evento próprio, a empresa mos- vo os cabos de comunicação desta interface são mais cur-
trou a necessidade de criação de uma tecnologia capaz de tos, normalmente funcionam muito bem até a distância de
substituir o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Genera- 1,5 metro, embora exista no mercado cabos paralelos de
tion I/O – 3ª geração de Entrada e Saída). Em agosto desse até 3 metros de comprimento. A velocidade de transmissão
mesmo ano, um grupo de empresas chamado de desta porta chega até a 1,2 MB por segundo.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nos gabinetes dos computadores essa porta é encon-


trada na forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas impres-
soras, normalmente, os conectores paralelos são conheci-
dos como interface centronics.

Símbolo para dispositivos USB 3.0

Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimen-


tação elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres, en-
quanto que o novo padrão pode suportar 900 miliampéres.
Isso significa que as portas USB 3.0 podem alimentar dis-
positivos que consomem mais energia (como determina-
dos HDs externos, por exemplo, cenário quase impossível
com o USB 2.0).
É claro que o USB 3.0 também possui as caracterís-
USB – Universal Serial Bus ticas que fizeram as versões anteriores tão bem aceitas,
como  Plug and Play  (plugar e usar), possibilidade de co-
A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde en- nexão de mais de um dispositivo na mesma porta, hot-s-
tão, foi passando por várias revisões. As mais populares são wappable (capacidade de conectar e desconectar disposi-
as versões 1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utili- tivos sem a necessidade de desligá-los) e compatibilidade
zada. A primeira é capaz de alcançar, no máximo, taxas de com dispositivos nos padrões anteriores.
transmissão de 12 Mb/s (megabits por segundo), enquanto
que a segunda pode oferecer até 480 Mb/s. Conectores USB 3.0
Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido,
afinal, 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0
por segundo. No entanto, acredite, a evolução da tecno- diz respeito ao conector. Os conectores de ambos são bas-
logia acaba fazendo com que velocidades muito maiores tante parecidos, mas não são iguais.
sejam necessárias.
Não é difícil entender o porquê: o número de conexões Conector USB 3.0 A
à internet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz
com que as pessoas queiram consumir, por exemplo, ví- Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia
deos, músicas, fotos e jogos em alta definição. Some a isso USB 3.0 são compostos por nove fios, enquanto que os
ao fato de ser cada vez mais comum o surgimento de dis- cabos USB 2.0 utilizam apenas 4. Isso acontece para que
positivos como smartphones e câmeras digitais que aten- o padrão novo possa suportar maiores taxas de transmis-
dem a essas necessidades. A consequência não poderia ser são de dados. Assim, os conectores do USB 3.0 possuem
outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número contatos para estes fios adicionais na parte do fundo. Caso
cada vez maior de pessoas. um dispositivo USB 2.0 seja utilizado, este usará apenas os
Com suas especificações finais anunciadas em novem- contatos da parte frontal do conector. As imagens a seguir
bro de 2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da mostram um conector USB 3.0 do tipo A:
demanda que está por vir. É isso ou é perder espaço para
tecnologias como o  FireWire ou  Thunderbolt, por exem-
plo. Para isso, o USB 3.0 tem como principal característica
a capacidade de oferecer taxas de transferência de dados
de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não é só isso...

O que é USB 3.0?

Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu por-


que o padrão precisou evoluir para atender novas neces-
sidades. Mas, no que consiste exatamente esta evolução?
O que o USB 3.0 tem de diferente do USB 2.0? A principal
característica você já sabe: a velocidade de até 4,8 Gb/s (5
Gb/s, arredondando), que corresponde a cerca de 600 me-
gabytes por segundo, dez vezes mais que a velocidade do
USB 2.0. Nada mal, não? Estrutura interna de um conector USB 3.0 A

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conector USB 3.0 A

Você deve ter percebido que é possível conectar dis-


positivos USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último é Conector micro-USB 3.0 B - imagem por USB.org
compatível com as versões anteriores. Fabricantes também
podem fazer dispositivos USB 3.0 compatíveis com o pa- Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão adotan-
drão 2.0, mas neste caso a velocidade será a deste último. do a cor azul na parte interna dos conectores USB 3.0 e,
E é claro: se você quer interconectar dois dispositivos por algumas vezes, nos cabos destes. Note, no entanto, que é
USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o cabo precisa essa não é uma regra obrigatória, portanto, é sempre con-
ser deste padrão. veniente prestar atenção nas especificações do produto
antes de adquiri-lo.
Conector USB 3.0 B
Sobre o funcionamento do USB 3.0
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 tam-
bém conta com conectores diferenciados para se adequar Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com 9
a determinados dispositivos. Um deles é o conector do tipo fios, enquanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus (VCC),
B, utilizado em aparelhos de porte maior, como impresso-
D+, D- e GND. O primeiro é o responsável pela alimentação
ras ou scanners, por exemplo.
elétrica, o segundo e o terceiro são utilizados na transmis-
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB
são de dados, enquanto que o quarto atua como “fio terra”.
3.0 possui uma área de contatos adicional na parte supe-
No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de
rior. Isso significa que nela podem ser conectados tantos
dados em alta velocidade fez com que, no início, fosse
dispositivos  USB 2.0 (que aproveitam só a parte inferior)
considerado o uso de fibra óptica para este fim, mas tal
quanto USB 3.0. No entanto, dispositivos 3.0 não poderão
característica tornaria a tecnologia cara e de fabricação
ser conectados em portas B 2.0:
mais complexa. A solução encontrada para dar viabilidade
ao padrão foi a adoção de mais fios. Além daqueles uti-
lizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_SSRX-
e StdA_SSRX+ para recebimento de dados, StdA_SSTX- e
StdA_SSTX+ para envio, e GND_DRAIN como “fio terra”
para o sinal.
O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma va-
riação (USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais
para alimentação elétrica e outro associado a este que ser-
ve como “fio terra”, permitindo o fornecimento de até 1000
miliampéres a um dispositivo.
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite defi-
nido, no entanto, testes efetuados por algumas entidades
Micro-USB 3.0 especialistas (como a empresa Cable Wholesale) recomen-
dam, no máximo, até 3 metros para total aproveitamento
O conector micro-USB, utilizado em smartphones, por da tecnologia, mas esta medida pode variar de acordo com
exemplo, também sofreu modificações: no padrão USB 3.0 as técnicas empregadas na fabricação.
- com nome de micro-USB B -, passou a contar com uma No que se refere à transmissão de dados em si, o USB
área de contatos adicional na lateral, o que de certa forma 3.0 faz esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre
diminui a sua praticidade, mas foi a solução encontrada dispositivos conectados, é possível o envio e o recebimen-
para dar conta dos contatos adicionais: to simultâneo de dados. No USB 2.0, é possível apenas um
tipo de atividade por vez.
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no con-
trole do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a má-
quina na qual os dispositivos são conectados, se comunica
com os aparelhos de maneira assíncrona, aguardando estes

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

indicarem a necessidade de transmissão de dados. No USB Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados
2.0, há uma espécie de “pesquisa contínua”, onde o host
necessita enviar sinais constantemente para saber qual de- Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra no-
les necessita trafegar informações. vidade para a versão 3.1 da tecnologia: um conector cha-
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto mado (até agora, pelos menos) de tipo C que permitirá que
o host quanto os dispositivos conectados podem entrar você conecte um cabo à entrada a partir de qualquer lado.
em um estado de economia em momentos de ociosidade. Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou
Além disso, no USB 2.0, os dados transmitidos acabam pendrive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou
indo do host para todos os dispositivos conectados. No e somente então percebe que o conectou incorretamente?
USB 3.0, essa comunicação ocorre somente com o dispo- Com o novo conector, este problema será coisa do passado:
sitivo de destino. qualquer lado fará o dispositivo funcionar.
Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhante
Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 aos conectores Lightning existentes nos produtos da Apple.
Tal como estes, o conector tipo C deverá ter também dimen-
Em determinados equipamentos, especialmente lap- sões reduzidas, o que facilitará a sua adoção em smartpho-
tops, é comum encontrar, por exemplo, duas portas USB nes, tablets e outros dispositivos móveis.
2.0 e uma USB 3.0. Quando não houver nenhuma des- Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C não
crição identificando-as, como saber qual é qual? Pela cor será compatível com as portas dos padrões anteriores, ex-
existente no conector. ceto pelo uso de adaptadores. É importante relembrar, no
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa entanto, que será possível utilizar os conectores já existentes
parte dos fabricantes segue a recomendação de identi- com o USB 3.1.
ficar os conectores USB 3.0 com a sua parte plástica em A USB.org promete liberar mais informações sobre esta
azul, tal como informado anteriormente. Nas portas USB novidade em meados de 2014.
2.0, por sua vez, os conectores são pretos ou, menos fre-
quentemente, brancos. Firewire

USB 3.1: até 10 Gb/s O barramento firewire, também conhecido como IEEE
1394 ou como i.Link, é um barramento de grande volume
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especifica- de transferência de dados entre computadores, periféricos e
alguns produtos eletrônicos de consumo. Foi desenvolvido
ções finais do USB 3.1 (também chamado deSuperSpeed
inicialmente pela Apple como um barramento serial de alta
USB 10 Gbps), uma variação do USB 3.0 que se propõe a
velocidade, mas eles estavam muito à frente da realidade,
oferecer taxas de transferência de dados de até 10 Gb/s
ainda mais com, na época, a alternativa do barramento USB
(ou seja, o dobro).
que já possuía boa velocidade, era barato e rapidamente in-
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem al-
tegrado no mercado. Com isso, a Apple, mesmo incluindo
cançar taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é
esse tipo de conexão/portas no Mac por algum tempo, a
exagero, afinal, há aplicações que podem usufruir desta
realidade “de fato”, era a não existência de utilidade para elas
velocidade. É o caso de monitores de vídeo que são co-
devido à falta de periféricos para seu uso. Porém o desenvol-
nectados ao computador via porta USB, por exemplo. vimento continuou, sendo focado principalmente pela área
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz de vídeo, que poderia tirar grandes proveitos da maior velo-
uso de nenhum artefato físico mais elaborado. O “segre- cidade que ele oferecia.
do”, essencialmente, está no uso de um método de codi-
ficação de dados mais eficiente e que, ao mesmo tempo, Suas principais vantagens:
não torna a tecnologia significantemente mais cara. • São similares ao padrão USB;
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conec- • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do
tores e cabos das especificações anteriores, assim como micro (hot-plugable);
com dispositivos baseados nestas versões. • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação por porta);
elétrica: o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
transferência de energia, indicando que dispositivos mais • Transmite diferentes tipos de sinais digitais: vídeo, áu-
exigentes poderão ser alimentados por portas do tipo. dio, MIDI, comandos de controle de dispositivo, etc;
Monitores de vídeo e HDs externos são exemplos: não • Totalmente Digital (sem a necessidade de conversores
seria ótimo ter um único cabo saindo destes dispositivos? analógico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
A indústria trabalha com a possiblidade de os primei- • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexí-
ros equipamentos baseados em USB 3.1 começarem a vel, barato e simples;
chegar ao mercado no final de 2014. Até lá, mais detalhes • Como é um barramento serial, permite conexão bem
serão revelados. facilitada, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessida-
de de conexão ao micro (somente uma ponta é conectada
no micro).

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de


haver distorções no sinal, porém, restringindo a velocida-
de do barramento podem-se alcançar maiores distâncias
de cabo (até 14 metros). Lembrando que esses valores são
para distâncias “ENTRE PERIFÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO
DE TRANSCEIVERS (com transceivers a previsão é chegar a
até 70 metros usando fibra ótica).
O barramento firewire permite a utilização de dispo-
sitivos de diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200
Mb/s) no mesmo barramento.
O suporte a esse barramento está nativamente em
Macs, e em PCs através de placas de expansão específicas
ou integradas com placas de captura de vídeo ou de som. Conector e placa de vídeo com conexão VGA
Os principais usos que estão sendo direcionados a essa
interface, devido às características listadas, são na área de
multimídia, especialmente na conexão de dispositivos de Conector DVI (Digital Video Interface)
vídeo (placas de captura, câmeras, TVs digitais, setup bo-
xes, home theather, etc). Os conectores DVI  são bem mais recentes e proporcio-
nam qualidade de imagem superior, portanto, são considera-
dos substitutos do padrão VGA. Isso ocorre porque, conforme
indica seu nome, as informações das imagens podem ser tra-
tadas de maneira totalmente digital, o que não ocorre com o
padrão VGA.

INTERFACE DE VIDEO

Conector VGA (Video Graphics Array)

Os conectores VGA são bastante conhecidos, pois estão


presentes na maioria absoluta dos “grandalhões” monitores
CRT (Cathode Ray Tube) e também em alguns modelos que
usam a  tecnologia LCD, além de não ser raro encontrá-los
em placas de vídeos (como não poderia deixar de ser). O co-
nector desse padrão, cujo nome é  D-Sub, é composto por Conector DVI-D
três “fileiras” de cinco pinos. Esses pinos são conectados a um
cabo cujos fios transmitem, de maneira independente, infor- Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com co-
mações sobre as cores vermelha (red), verde (green) e azul nectores VGA, precisa converter o sinal que recebe para digital.
(blue) - isto é, o conhecido esquema RGB - e sobre as fre- Esse processo faz com que a qualidade da imagem diminua.
quências verticais e horizontais. Em relação a estes últimos Como o DVI trabalha diretamente com sinais digitais, não é
aspectos: frequência horizontal consiste no número de linhas necessário fazer a conversão, portanto, a qualidade da ima-
da tela que o monitor consegue “preencher” por segundo. gem é mantida. Por essa razão, a saída DVI é ótima para ser
Assim, se um monitor consegue varrer 60 mil linhas, dize- usada em monitores LCD, DVDs, TVs de plasma, entre outros.
mos que sua frequência horizontal é de 60 KHz. Frequência É necessário frisar que existe mais de um tipo de conec-
vertical, por sua vez, consiste no tempo em que o monitor tor DVI:
leva para ir do canto superior esquerdo da tela para o can- DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém ofere-
to inferior direito. Assim, se a frequência horizontal indica a ce qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
quantidade de vezes que o canhão consegue varrer linhas DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal digital.
por segundo, a frequência vertical indica a quantidade de ve- É também mais comum que seu similar, justamente por ser
zes que a tela toda é percorrida por segundo. Se é percorrida, usado em placas de vídeo;
por exemplo, 56 vezes por segundo, dizemos que a frequên- DVI-I: esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI-A
cia vertical do monitor é de 56 Hz. como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui Há ainda conectores DVI que trabalham com as especifica-
pinos faltantes. Não se trata de um defeito: embora os co- ções Single Link e Dual Link. O primeiro suporta resoluções de
nectores VGA utilizem um encaixe com 15 pinos, nem to- até 1920x1080 e, o segundo, resoluções de até 2048x1536,
dos são usados. em ambos os casos usando uma frequência de 60 Hz.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI
é composto, basicamente, por quatro pares de fios trança- com S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar os
dos, sendo um par para cada cor primária (vermelho, verde três tipos na mesma placa. Assim, se você quiser assistir na
e azul) e um para o sincronismo. Os conectores, por sua TV um vídeo armazenado em seu computador, basta usar
vez, variam conforme o tipo do DVI, mas são parecidos en- a conexão S-Video, desde que a televisão seja compatível
tre si, como mostra a imagem a seguir: com esse conector, é claro.

Atualmente, praticamente todas as  placas de vídeo  e


monitores são compatíveis com DVI. A tendência é a de
que o padrão VGA caia, cada vez mais, em desuso.

Conector S-Video (Separated Video) Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA
Component Video (Vídeo Componente)
O padrão  Component Video  é, na maioria das vezes,
usado em computadores para trabalhos profissionais - por
exemplo, para atividades de edição de vídeo. Seu uso mais
comum é em aparelhos de DVD e em televisores de alta
definição (HDTV - High-Definition Television), sendo um
dos preferidos para sistemas de home theater. Isso ocorre
justamente pelo fato de o Vídeo Componente oferecer ex-
celente qualidade de imagem.

Padrão S-Video
Component Video
Para entender o S-Video, é melhor compreender, pri-
meiramente, outro padrão: o Compost Video, mais conhe- A conexão do Component Video é feita através de um
cido como Vídeo Composto. Esse tipo utiliza conectores do cabo com três fios, sendo que, geralmente, um é indicado
tipo RCA e é comumente encontrado em TVs, aparelhos de pela cor verde, outro é indicado pela cor azul e o terceiro
DVD, filmadoras, entre outros. é indicado pela cor vermelha, em um esquema conhecido
Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto fa- como  Y-Pb-Pr  (ou  Y-Cb-Cr). O primeiro (de cor verde), é
zem uso de três cabos, sendo dois para áudio (canal es- responsável pela transmissão do vídeo em preto e branco,
querdo e canal direito) e o terceiro para o vídeo, sendo este isto é, pela “estrutura” da imagem. Os demais conectores
o que realmente faz parte do padrão. Esse cabo é constituí- trabalham com os dados das cores e com o sincronismo.
do de dois fios, um para a transmissão da imagem e outro Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada vez
que atua como “terra”. mais comum em placas de vídeo. No entanto, alguns mo-
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com delos são  também  compatíveis com Vídeo Componente.
três fios: um transmite imagem em preto e branco; outro Nestes casos, o encaixe que fica na placa pode ser do tipo
transmite imagens em cores; o terceiro atua como terra. É que aceita sete pinos (pode haver mais). Mas, para ter cer-
essa distinção que faz com que o S-Video receba essa de- teza dessa compatibilidade, é necessário consultar o ma-
nominação, assim como é essa uma das características que nual do dispositivo.
faz esse padrão ser melhor que o Vídeo Composto. Para fazer a conexão de um dispositivo ao computador
O conector do padrão S-Video usado atualmente é co- usando o Component Video, é necessário utilizar um cabo
nhecido como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante ao especial (geralmente disponível em lojas especializadas):
usado em mouses do tipo PS/2). Também é possível en- uma de suas extremidades contém os conectores Y-Pb-Pr,
contrar conexões S-Video de sete pinos, o que indica que o enquanto a outra possui um encaixe único, que deve ser
dispositivo também pode contar com Vídeo Componente inserido na placa de vídeo.
(visto adiante).

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MONITOR DE VÍDEO LCD


O monitor é um dispositivo de saída do computador,
cuja função é transmitir informação ao utilizador através
da imagem.
Os monitores são classificados de acordo com a
tecnologia de amostragem de vídeo utilizada na for-
mação da imagem. Atualmente, essas tecnologias são
três: CRT , LCD e plasma. À superfície do monitor sobre a
qual se projecta a imagem chamamos tela, ecrã ou écran.

Tecnologias

CRT

Um monitor de cristal líquido.

LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de


cristal líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a
tela é composta por cristais que são polarizados para gerar
as cores.

Tem como vantagens:
• O baixo consumo de energia;
Monitor CRT da marca LG. • As dimensões e peso reduzidas;
• A não-emissão de radiações nocivas;
CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de • A capacidade de formar uma imagem praticamen-
raios catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela te perfeita, estável, sem cintilação, que cansa menos a vi-
é repetidamente atingida por um feixe de  elétrons, que são - desde que esteja operando na resolução nativa;
atuam no material fosforescente que a reveste, assim for- As maiores desvantagens são:
mando as imagens. • o maior custo de fabricação (o que, porém, tende-
rá a impactar cada vez menos no custo final do produto, à
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: medida que o mesmo se for popularizando);
• longa vida útil; • o fato de que, ao trabalhar em uma resolução dife-
• baixo custo de fabricação; rente daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD uti-
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e liza vários artifícios de composição de imagem que acabam
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar degradando a qualidade final da mesma; e
em diversas resoluções, sem que ocorram grandes distor- • o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o
ções na imagem). que confere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado,
não apresentando desta forma um preto real similar aos
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: oferecidos nos monitores CRTs;
• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polega- • o contraste não é muito bom como nos monitores
das pode ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de CRT ou de Plasma, assim a imagem fica com menos de-
20 kg); finição, este aspecto vem sendo atenuado com os novos
• o consumo elevado de energia; paineis com iluminação por  leds  e a fidelidade de cores
• seu efeito de cintilação (flicker); e nos monitores que usam paineis do tipo TN (monitores co-
• a possibilidade de emitir radiação que está fora muns) são bem ruins, os monitores com paineis IPS, mais
do espectro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de cores,
longos períodos de exposição. Este último problema é mais chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
frequentemente constatado em monitores e televisores an- • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cris-
tigos e desregulados, já que atualmente a composição do tal líquido da tela do monitor for danificado e ficar exposto
vidro que reveste a tela dos monitores detém a emissão ao ar, pode emitir alguns compostos tóxicos, tais como o
dessas radiações. óxido de zinco e o sulfeto de zinco; este será um problema
• Distorção geométrica. quando alguns dos monitores fabricados hoje em dia che-
garem ao fim de sua vida útil (estimada em 20 anos).
• ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, dife-
rente de um monitor CRT, apresenta limitação com relação
ao ângulo em que a imagem pode ser vista sem distorção.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Isto era mais sensível tempos atrás quando os monitores As portas são, por definição, locais onde se entra e sai.
LCDs eram de tecnologia passiva, mas atualmente apresen- Em termos de tecnologia informática não é excepção. As
tam valores melhores em torno de 160º. portas são tomadas existentes na face posterior da caixa
Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda do computador, às quais se ligam dispositivos de entrada
de monitores e televisores LCD vem crescendo bastante. e de saída, e que são directamente ligados à motherboard
.
Principais características técnicas Estas portas ou canais de comunicação podem ser:
Para a especificação de um monitor de vídeo, as carac- * Porta Dim
terísticas técnicas mais relevantes são: * Porta PS/2
• Luminância; * Porta série
• Tamanho da tela; * Porta Paralela
• Tamanho do ponto; * Porta USB
• Temperatura da cor; * Porta FireWire
• Relação de contraste;
• Interface (DVI ou VGA, usualmente);
Porta DIM
• Frequência de sincronismo horizontal;
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram
• Frequência de sincronismo vertical;
• Tempo de resposta; e ligados os teclados dos computadores da geração da Intel
• Frequência de atualização da imagem 80486, por exemplo. Como se tratava apenas de ligação
para teclados, existia só uma porta destas nas mother-
LED boards. Nos equipamentos mais recentes, os teclados são
Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o ligados às portas PS/2.
mesmo mecanismo básico de um LCD, mas com iluminação
LED. Ao invés de uma única luz branca que incide sobre
toda a superfície da tela, encontra-se um painel com mi-
lhares de pequenas luzes coloridas que acendem de forma
independente. Em outras palavras, aplica-se uma tecnolo-
gia similar ao plasma a uma tela de LCD.

KIT MULTIMÍDIA
Multimídia nada mais é do que a combinação de textos,
sons e vídeos utilizados para apresentar informações de Porta PS/2
maneira que, antes somente imaginávamos, praticamente Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados.
dando vida às suas apresentação comerciais e pessoais. A Também são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os te-
multimídia mudou completamente a maneira como as pes- clados e ratos dos computadores actuais são, na maior
soas utilizam seus computadores. parte dos casos, ligados através destes conectores. Nas
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que motherboards actuais existem duas portas deste tipo.
compõem a parte física (hardwares) do computador rela-
cionados a áudio e som do sistema operacional. Porta Série
Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma A saída série de um computador geralmente está lo-
placa de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par calizada na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins
de caixas acústicas.
como, por exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um
rato série, uma plotter, uma impressora e outros periféri-
cos. As portas cujas fichas têm 9 ou 25 pinos são também
designadas de COM1 e COM2. As motherboards possuem
uma ou duas portas deste tipo.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Porta Paralela FAX/MODEM


A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas
portas paralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo
e, como tal, tem um desempenho superior em relação às
portas série. No caso desta norma, são enviados 8 bits de
cada vez, o que faz com que a sua capacidade de trans-
misssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada para ligar
impressoras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.

Porta USB (Universal Serial Bus)


Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, In-
tel, Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir co- Placa utilizada para conecção internet pela linha disca-
nectar periféricos por fora da caixa do computador, sem da (DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocidade de
a necessidade de instalar placas e reconfigurar o sistema. transmissão dos dados 56.000 bits por segundo( 1 byte = 8
Computadores equipados com USB vão permitir que os bits).Usa interface PCI.
periféricos sejam automaticamente configurados assim
que estejam conectados fisicamente, sem a necessidade de O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFT-
reboot ou programas de setup. O número de acessórios WARES
ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso
um periférico de expansão. Um sistema operacional (SO) é um programa (softwa-
A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o com- re) que controla milhares de operações, faz a interface en-
putador ligado. O barramento USB promete acabar com os tre o usuário e o computador e executa aplicações.
problemas de IRQs e DMAs. Basicamente, o sistema operacional é executado quan-
O padrão suportará acessórios como controles de do ligamos o computador. Atualmente, os computadores já
monitor, acessórios de áudio, telefones, modems, teclados, são vendidos com o SO pré-instalado.
mouses, drives de CD ROM, joysticks, drives de fitas e dis- Os computadores destinados aos usuários individuais,
quetes, acessórios de imagem como scanners e impresso- chamados de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema
ras. A taxa de dados de 12 megabits/s da USB vai acomo- operacional projetado para pequenos trabalhos. Um SO
dar uma série de periféricos avançados, incluindo produtos é projetado para controlar as operações dos programas,
baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e interfaces como navegadores, processadores de texto e programas
de baixo custo para ISDN (Integrated Services Digital Net- de e-mail.
work) e PBXs digital. Com o desenvolvimento dos processadores, os com-
putadores tornaram-se capazes de executar mais e mais
instruções por segundo. Estes avanços possibilitaram aos
sistemas operacionais executar várias tarefas ao mesmo
tempo. Quando um computador necessita permitir usuá-
rios simultâneos e trabalhos múltiplos, os profissionais da
tecnologia de informação (TI) procuram utilizar computa-
dores mais rápidos e que tenham sistemas operacionais
robustos, um pouco diferente daqueles que os usuários
comuns usam.

Os Arquivos
Porta FireWire O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo
A porta FireWire assenta no barramento com o mesmo sistema operacional para organizar e controlar os arquivos.
nome, que representa um padrão de comunicações recente Um arquivo é uma coleção de dados gravados com um
e que tem várias características em comum como o USB, nome lógico chamado “nomedoarquivo” (filename). Toda
mas traz a vantagem de ser muito mais rápido, permitindo informação que o computador armazena está na forma de
transferências a 400 Mbps e, pela norma IEEE 1394b, irá arquivos.
permitir a transferência de dados a velocidades a partir de Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de pro-
800 Mbps. gramas, dados, texto, imagens e assim por diante. A ma-
As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos neira que um sistema operacional organiza as informações
amovíveis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, tele- em arquivos é chamada sistema de arquivos.
visões, impressoras, scanners, dispositivos de som, etc. . A maioria dos sistemas operacionais usa um sistema de
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire arquivo hierárquico em que os arquivos são organizados
podem ser conectados e desconectados com o computa- em diretórios sob a estrutura de uma árvore. O início do
dor ligado. sistema de diretório é chamado diretório raiz.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções do Sistema Operacional Tipos de Sistemas Operacionais

Não importa o tamanho ou a complexidade do com- Atualmente, quase todos os sistemas operacionais
putador: todos os sistemas operacionais executam as mes- são multiusuário, multitarefa e suportam multithreading.
mas funções básicas. Os mais utilizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um sis- o Linux.
tema operacional cria uma estrutura de arquivos no disco O Windows é hoje o sistema operacional mais popu-
rígido (hard disk), de forma que os dados dos usuários pos- lar que existe e é projetado para funcionar em PCs e para
sam ser armazenados e recuperados. Quando um arquivo é ser usado em CPUs compatíveis com processadores Intel e
armazenado, o sistema operacional o salva, atribuindo a ele AMD. Quase todos os sistemas operacionais voltados
um nome e local, para usá-lo no futuro. ao consumidor doméstico utilizam interfaces gráficas para
- Gerenciador de aplicações: quando um usuário re- realizar a ponte máquina-homem.
quisita um programa (aplicação), o sistema operacional lo- As primeiras versões dos sistemas operacionais fo-
caliza-o e o carrega na memória RAM. ram construídas para serem utilizadas por somente uma
Quando muitos programas são carregados, é trabalho pessoa em um único computador. Com o decorrer do
do sistema operacional alocar recursos do computador e tempo, os fabricantes atenderam às necessidades dos usuá-
gerenciar a memória. rios e permitiram que seus softwares operassem múltiplas
funções com (e para) múltiplos usuários.
Programas Utilitários do Sistema Operacional
Sistemas Proprietários e Sistemas Livres
Suporte para programas internos (vulto-in): os progra-
mas utilitários são os programas que o sistema operacional O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas
usa para se manter e se reparar. Estes programas ajudam operacionais proprietários. Isto significa que é necessário
a identificar problemas, encontram arquivos perdidos, re- comprá-los ou pagar uma taxa por seu uso às compa-
param arquivos danificados e criam cópias de segurança nhias que registraram o produto em seu nome e cobram
(backup). pelo seu uso.
Controle do hardware: o sistema operacional está O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente
situado entre os programas e o BIOS (Basic Input/Output e tem grande aceitação por parte dos profissionais da
System - Sistema Básico de Entrada/Saída). área, uma vez que, por possuir o código aberto, qual-
O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os pro- quer pessoa que entenda de programação pode contri-
gramas que necessitam de recursos do hardware devem, buir com o processo de melhoria dele.
primeiramente, passar pelo sistema operacional que, por Sistemas operacionais estão em constante evolução
sua vez, pode alcançar o hardware por meio do BIOS ou e hoje não são mais restritos aos computadores. Eles são
dos drivers de dispositivos. usados em PDAs, celulares, laptops etc.
Todos os programas são escritos para um sistema ope-
racional específico, o que os torna únicos para cada um.
Explicando: um programa feito para funcionar no Windows 2 APLICATIVOS E USO DE FERRAMENTAS NA
não funcionará no Linux e vice-versa. INTERNET E(OU) INTRANET.

Termos Básicos
Redes de Computadores
Para compreender do que um sistema operacional é
capaz, é importante conhecer alguns termos básicos. Os Redes de Computadores refere-se à interligação por
termos abaixo são usados frequentemente ao comparar ou meio de um sistema de comunicação baseado em transmis-
descrever sistemas operacionais: sões e protocolos de vários computadores com o objetivo
• Multiusuário: dois ou mais usuários executando de trocar informações, entre outros recursos. Essa ligação é
programas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositi- chamada de estações de trabalho (nós, pontos ou dispo-
vos, como a impressora. sitivos de rede).
• Multitarefa: capacidade do sistema operacional Atualmente, existe uma interligação entre computado-
em executar mais de um programa ao mesmo tempo. res espalhados pelo mundo que permite a comunicação
• Multiprocessamento: permite que um computa- entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam pela in-
dor tenha duas ou mais unidades centrais de processa- ternet ou assiste televisão. Diariamente, é necessário utilizar
mento (CPU) que compartilhem programas. recursos como impressoras para imprimir documentos, reu-
• Multithreading: capacidade de um programa niões através de videoconferência, trocar e-mails, acessar às
ser quebrado em pequenas partes podendo ser car- redes sociais ou se entreter por meio de jogos, etc.
regadas conforme necessidade do sistema operacional. Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails,
Multithreading permite que os programas individuais basta ter um tablet ou smartphone com acesso à internet
sejam multitarefa. nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, o cres-
cimento das redes de computadores também tem seu lado

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

negativo. A cada dia surgem problemas que prejudicam as Topologia de Estrela – modelo em que existe um
relações entre os indivíduos, como pirataria, espionagem, ponto central (concentrador) para a conexão, geral-
phishing - roubos de identidade, assuntos polêmicos como mente um hub ou switch;
racismo, sexo, pornografia, sendo destacados com mais Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
exaltação, entre outros problemas. automação industrial e na década de 1980 pelas redes
Há muito tempo, o ser homem sentiu a necessidade Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
de compartilhar conhecimento e estabelecer relações com são entreligados formando um anel e os dados são pro-
pessoas a distância. Na década de 1960, durante a Guerra pagados de computador a computador até a máquina de
Fria, as redes de computadores surgiram com objetivos mi- origem;
litares: interconectar os centros de comando dos EUA para Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
com objetivo de proteger e enviar de dados. meiras conexões feitas pelas redes Ethernet.Refere- se a
computadores conectados em formato linear, cujo cabea-
Alguns tipos de Redes de Computadores mento é feito em sequencialmente;
Antigamente, os computadores eram conectados em Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
distâncias curtas, sendo conhecidas como redes locais. estão interligadas por um mesmo canal através de pacotes
Mas, com a evolução das redes de computadores, foi ne- endereçados (unicast, broadcast e multicast).
cessário aumentar a distância da troca de informações en-
tre as pessoas. As redes podem ser classificadas de acor- Cabos
do com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, DSL, Token ring, Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura física
etc.), a  extensão geográfica (LAN, PAN, MAN, WLAN, utilizada para conectar computadores em rede, estando rela-
etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, ponto-a- cionados a largura de banda, a taxa de transmissão, padrões
-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por cabo de internacionais, etc. Há vantagens e desvantagens para a co-
fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). nexão feita por meio de cabeamento. Os mais utilizados são:
Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por
Veja alguns tipos de redes: sua velocidade, pode ser feito sob medida, comprados
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se em lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Blue-
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexí-
tooth;
veis, são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
ISA, suporte não encontrado em computadores mais
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
novos;
um prédio ou um campus de universidade;
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec- eletromagnéticas.
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de Após montar o cabeamento de rede é necessário reali-
10km. Ex.: TV à cabo; zar um teste através dos testadores de cabos, adquirido em
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – WAN) lojas especializadas. Apesar de testar o funcionamento, ele
– rede que faz a cobertura de uma grande área geográ- não detecta se existem ligações incorretas. É preciso que
fica, geralmente, um país, cerca de 100 km; um técnico veja se os fios dos cabos estão na posição certa.
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconectadas Sistema de Cabeamento Estruturado
a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem maio- Para que essa conexão não prejudique o ambiente de
res, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet; trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamento
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos estruturado.
eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento. Através dele, um técnico irá poupar trabalho e tempo,
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção da
para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que possibili-
grandes distâncias. tam que vários conectores possam ser inseridos em um
único local, sem a necessidade de serem conectados dire-
Topologia de Redes tamente no hub.
Astopologias das redes de computadores são as estru- Além disso, o sistema de cabeamento estruturado pos-
turas físicas dos cabos, computadores e componentes. sui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os cabos
Existem as topologias físicas, que são mapas que mos- das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um concentra-
tram a localização de cada componente da rede que dor de tomadas, favorecendo a manutenção das redes.
serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo Eles são adaptados e construídos para serem inseridos em
modo que os dados trafegam na rede: um rack.
Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es- Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto do
tão interconectadas por pares através de um roteamen- cabeamento de rede, em que a conexão da rede é pensada
to de dados; de forma a realizar a sua expansão.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebidos e nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de serem trans- fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
missores de informações para outros pontos, eles também de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
diminuem o desempenho da rede, podendo haver colisões informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
entre os dados à medida que são anexas outras máquinas. caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados po-
Esse equipamento, normalmente, encontra-se dentro do hub. deriam seguir por outro caminho garantindo a entrega da
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar to- informação, é importante mencionar que a maior distância
dos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras esta- entre um ponto e outro, era de 450 quilômetros.
ções (máquinas). Nesse momento nenhuma outra máquina No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
consegue enviar um determinado sinal até que os dados se- barreiras de distância, passando a interligar e favorecer a
jam distribuídos completamente. Eles são utilizados em re- troca de informações de computadores de universidades
des domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32 portas, variando dos EUA e de outros países, criando assim uma rede (NET)
de acordo com o fabricante. Existem os Hubs Passivos, Ativos, internacional (INTER), consequentemente seu nome passa
Inteligentes e Empilháveis. a ser, INTERNET.
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona A evolução não parava, além de atingir fronteiras con-
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além tinentais, os computadores pessoais evoluíam em forte
de relacionar diferentes arquiteturas. escala alcançando forte potencial comercial, a Internet dei-
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, mas xou de conectar apenas computadores de universidades,
que funciona como uma ponte: ele envia os dados apenas passou a conectar empresas e, enfim, usuários domésticos.
para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas portas de Na década de 90, o Ministério das Comunicações e o
entrada e melhor performance, podendo ser utilizado para Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil trouxeram a In-
redes maiores. ternet para os centros acadêmicos e comerciais. Essa tecno-
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes e logia rapidamente foi tomando conta de todos os setores
arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona como sociais até atingir a amplitude de sua difusão nos tempos
um tipo de ponte na camada de rede do modelo OSI (Open atuais.
Systens Interconnection - protocolo de interconexão de sis- Um marco que é importante frisar é o surgimento do
temas abertos para conectar máquinas de diferentes fabri- WWW que foi a possibilidade da criação da interface gráfi-
cantes), identificando e determinando um IP para cada com- ca deixando a internet ainda mais interessante e vantajosa,
putador que se conecta com a rede. pois até então, só era possível a existência de textos.
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de dados Para garantir a comunicação entre o remetente e o des-
na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os rotea- tinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido como o
dores estáticos, capaz de encontrar o menor caminho para pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que são proto-
tráfego de dados, mesmo se a rede estiver congestionada; colos de comunicação. O TCP – TRANSMISSION CONTROL
e os roteadores dinâmicos que encontram caminhos mais PROTOCOL (Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP
rápidos e menos congestionados para o tráfego. – INTERNET PROTOCOL (Protocolo de Internet) são conjun-
Modem: Dispositivo responsável por transformar a onda tos de regras que tornam possível tanto a conexão entre
analógica que será transmitida por meio da linha telefônica, os computadores, quanto ao entendimento da informação
transformando-a em sinal digital original. trocada entre eles.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes de A internet funciona o tempo todo enviando e receben-
computadores, como por exemplo, envio de arquivos ou do informações por isso o periférico que permite a cone-
e-mail. Os computadores que acessam determinado servidor xão com a internet chama MODEM, porque que ele MO-
são conhecidos como clientes. dula e DEModula sinais, e essas informações só podem ser
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede de-
pende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas são Protocolos Web
as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
Conceito de Internet tros que são largamente usados na Internet:

O objetivo inicial da Internet era atender necessidades -HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
militares, facilitando a comunicação. A agência norte-ameri- transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
cana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PROJECTS AGEN- trocar informações na Internet. Quando digitamos um site,
CY e o Departamento de Defesa americano, na década de 60, automaticamente é colocado à frente dele o http://
criaram um projeto que pudesse conectar os computadores Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
de departamentos de pesquisas e bases militares, para que, Onde:
caso um desses pontos sofresse algum tipo de ataque, as in- http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermídia
formações e comunicação não seriam totalmente perdidas, para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter texto,
pois estariam salvas em outros pontos estratégicos. som, imagem, filmes e links.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

-URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão criar um site, o profissional utiliza um desses programas
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, é FTP ou similares e executa a transferência dos arquivos
como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de aces- criados, o manuseio é semelhante à utilização de gerencia-
sar um determinado site dores de arquivo, como o Windows Explorer, por exemplo.
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: -POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
Correios permite, como o seu nome o indica, recuperar o
http:// Faz a solicitação de um seu correio num servidor distante (o servidor POP). É ne-
arquivo de cessário para as pessoas não ligadas permanentemente à
hipermídiaparaaInternet. Internet, para poderem consultar os mails recebidos of-
fline.  Existem duas versões principais deste protocolo, o
www Estipulaqueesse POP2 e o POP3, aos quais são atribuídas respectivamente
recursoestánarede mun as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de coman-
dialdecomputadores(ve dos textuais radicalmente diferentes,  na troca de e-mails
remosmais sobre www ele é o protocolo de entrada.
emumpróximotópico). IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
novaconcursos Éo endereçodedomínio. tocolo alternativo ao protocolo POP3, que oferece muitas
Um endereçode mais possibilidades, como, gerir vários acessos simultâneos
domíniorepresentarásua e várias caixas de correio, além de poder criar mais critérios
empresaou seu de triagem.
espaçonaInternet. -SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protoco-
.com Indicaqueo servidorondeesse lo padrão para envio de e-mails através da Internet. Faz a
siteestá validação de destinatários de mensagens. Ele que verifica
hospedado é de se o endereço de e-mail do destinatário está corretamente
finalidadescomerciais. digitado, se é um endereço existente, se a caixa de mensa-
gens do destinatário está cheia ou se recebeu sua mensa-
.br Indicaqueo servidorestáno gem, na troca de e-mails ele é o protocolo de saída.
Brasil. -UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Permi-
Encontramos, ainda, variações na URL de um site, que te que a apli- cação escreva um datagrama encapsulado
demonstram a finalidade a organização que o criou, como: num pacote IP e trans- portado ao destino. É muito comum
.gov - Organização governamental lermos que se trata de um protocolo não confiável, isso
.edu - Organização educacional porque ele não é implementado com regras que garantam
.org - Organização tratamento de erros ou entrega.
.ind - Organização Industrial
.net - Organização telecomunicações Provedor
.mil - Organização militar
.pro - Organização de profissões O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
.eng – Organização de engenheiros oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
E também, do país de origem: ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
.it – Itália mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
.pt – Portugal No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
.ar – Argentina à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
.cl – Chile computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
.gr – Grécia que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra-
que se trata de um site hospedado em um servidor dos sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave-
Estados Unidos. nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que
-HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme- estão interligadas nesta avenida.
lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam trans- Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
mitidos através de uma conexão criptografada e que se de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
verifique a autenticidade do servidor e do cliente através os dados.
de certificados digitais. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
-FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transfe- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, que
rência de arquivo, é o protocolo utilizado para poder subir fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso e um
os arquivos para um servidor de internet, seus programas endereço eletrônico na Internet.
mais conhecidos são, o Cute FTP, FileZilla e LeechFTP, ao

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Home Page queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,


sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
Pela definição técnica temos que uma Home Page é colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu- nante explosão na informação disponível na Internet, que
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí- Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações que tem interessado um número cada vez maior de em-
dentro das Home Pages. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato: sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
http://www.endereço.com/página.html advento e disseminação promete operar uma revolução
Por exemplo, a página principal do meu projeto de tão profunda para a vida organizacional quanto o apareci-
mestrado: mento das primeiras redes locais de computadores, no final
http://www.ovidio.eng.br/mestrado da década de 80.

PLUG-INS O que é Intranet?

Os plug-ins são programas que expandem a capacida- O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
de do Browser em recursos específicos - permitindo, por 1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft- projetadas para a comunicação por computador entre em-
ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im- presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu- rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
g-ins são encontradas na página: de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft- tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
ware/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/ etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre as
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo te- razões para este sucesso, estão o custo de implantação re-
mos uma relação de alguns deles: lativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, programas de navegação na Web, os browsers.
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). Objetivo de construir uma Intranet
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.). Organizações constroem uma intranet porque ela é
- Negócios e Utilitários uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
- Apresentações para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital
INTRANET: A Intranet ou Internet Corporativa é a im- com conhecimentos das operações e produtos da empresa.
plantação de uma Internet restrita apenas a utilização in-
terna de uma empresa. As intranets ou Webs corporativas, Aplicações da Intranet
são redes de comunicação internas baseadas na tecnologia
usada na Internet. Como um jornal editado internamente, Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu-
e que pode ser acessado apenas pelos funcionários da em- nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o
presa. trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor- vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os
mações particulares dentro da estrutura de comunicações diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas
da empresa. áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo:
O grande sucesso da Internet, é particularmente da - Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
evolução da informática nos últimos anos. - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de
interliga- dos através de vínculos, ou links) e a enorme fa- membros das equipes, situações de projetos;
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos - Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste-
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza- mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais
ram o acesso à informação através de redes de computa- de qualidade;
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas,
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de políticas da companhia, organograma, oportunidades de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi- trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, benefí-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe- cios.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para acessar as informações disponíveis na Web corpo- +palavra_chave


rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- putação, terei como retorna uma gama mista de resulta-
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa dos. Caso eu queira filtrar somente os casos em que ciên-
complexa e exige a presença de profissionais especializa- cias aparece, e também no estado de SP, realizo uma busca
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, do tipo computação + ciência SP.
sua diversidade de funções e a quantidade de informações
nela armazenadas. “frase_chave”
A intranet é baseada em quatro conceitos: Retorna uma busca em que existam as ocorrências dos
- Conectividade - A base de conexão dos computa- termos que estão entre aspas, na ordem e grafia exatas
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma busca do
qualquer tipo de informação digital entre si; tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta da palavra
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado- FAZER, verá resultados em que a frase idêntica foi empre-
res e sistemas operacionais podem ser conectados de for- gada.
ma transparente;
- Navegação - É possível passar de um documento a palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
facilitam o acesso não linear aos documentos; chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de aces- exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas re-
so ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à levantes sobre pelo menos um dos dois temas- nesse caso,
execução de programas aplicativos, que podem estar no como as duas palavras chaves são populares, os dois resul-
servidor, ou nos microcomputadores que acessam a rede tados são apresentados em posição de destaque.
(também chamados de clientes, daí surgiu à expressão que
caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servidor). filetype:tipo
- A vantagem da intranet é que esses programas são Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
ativa- dos através da WWW, permitindo grande flexibilida- extensão especificada. Por exemplo, em uma busca  fi-
letype:pdf jquery  serão exibidos os conteúdos da palavra
de. Determinadas linguagens, como Java, assumiram gran-
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos de
de importância no desenvolvimento de softwares aplicati-
extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, DOC
vos que obedeçam aos três conceitos anteriores.
palavra_chave_01 * palavra_chave_02
Mecanismos de Buscas
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * um
indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados em
Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
que os termos inicial e final aparecem, independente do
exatamente o que você queria pode trazer algumas horas
que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo facebook
de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os algorit- * msn e veja o resultado na prática.
mos de busca sejam sempre revisados e busquem de certa
forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, lançar
mão de alguns artifícios para que sua busca seja otimizada
poupará seu tempo e fará com que você tenha acesso a 3 SOFTWARES APLICATIVOS DO PACOTE
resultados mais relevantes. MICROSOFT OFFICE (WORD, EXCEL,
Os mecanismos de buscas contam com operadores POWER POINT E OUTLOOK) E SUAS
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no en-
FUNCIONALIDADES.
tanto, pode não interessar e você, caso não seja um prati-
cante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis e estão
listados abaixo. Realize uma busca simples e depois apli-
que os filtros para poder ver o quanto os resultados podem O Microsoft Word é um processador de texto que cria
sem mais especializados em relação ao que você procura. textos de diversos tipos e estilos, como por exemplo, ofí-
cios, relatórios, cartas, enfim, todo conteúdo de texto que
-palavra_chave atende às necessidades de um usuário doméstico ou de
Retorna um busca excluindo aquelas em que a pa- uma empresa.
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca O Microsoft Word é o processador de texto integrante
por computação, provavelmente encontrarei na relação dos programas Microsoft Office: um conjunto de softwares
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computação“. aplicativos destinados a uso de escritório e usuários do-
Contudo, se eu fizer uma busca por computação -ciência , mésticos, desenvolvidos pela empresa Microsoft.
os resultados que tem a palavra chave ciência serão omi- Os softwares da Microsoft Office são proprietários e
tidos. compatíveis com o sistema operacional Windows.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

10.2. Word 2007


O Word 2007 certamente é um marco nas atualizações, pois ele trouxe a grande novidade das abas, e consequente-
mente o fim dos menus, e ao clicar em cada aba, abre uma barra de ferramenta pertinente a aquela aba, a figura 29 mostra
a guia início e suas respectivas ferramentas, diferente de antes que tínhamos uma barra de ferramentas fixa. Devido ao cos-
tume das outras versões no início a versão 2007 foi muito criticada, outra mudança significativa foi a mudança da extensão
do arquivo que passou de DOC para DOCX.

Figura 29: Guia Início do Microsoft Word 2007

Na guia início é onde se encontra a maioria das funções da antiga interface do Microsoft Word. Ou seja, aqui você pode
mudar a fonte, o tamanho dela, modificar o texto selecionado (com negrito, itálico, sublinhado, riscado, sobreposto etc.),
deixar com outra cor, criar tópicos, alterar o espaçamento, mudar o alinhamento e dar estilo. Tudo isso agora é dividido em
grandes painéis.
Definitivamente, a versão do Microsoft Word 2007 trouxe muito mais organização e padrões em relação as ver-
sões anteriores. Todas as ficaram categorizadas e mais fáceis de encontrar, bastando se acostumar com a interface. 
A melhor parte é que não fica tudo bagunçado, e que as ferramentas mudam conforme as escolhas das abas.

10.3. Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 30: Tela do Microsoft Word 2010

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 27.

Figura 31: Extensões de Arquivos ligados ao Word

As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de cada guia que-
bram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um comando ou exibem um menu de
comandos.
Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo da
imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

Figura 32: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo do
grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquerda,
direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar o
botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua .
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha desejada,
pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua .
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado” .
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o res-
tante do parágrafo selecionado .
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionarmos
a tecla Tab.

Figura 33: Réguas

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo edição:

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e sele-
cionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.
A cada clique será localizada a próxima palavra digitada no texto. Temos também como realçar a palavra que desejamos
localizar para facilitar a visualizar da palavra localizada.
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste botão, temos, entre outras, as opções:
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada em
minúscula, será localizada apenas a palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas e palavra
maiúscula.
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentarmos localizar
a palavra casa e no texto tiver a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se essa opção não estiver
marcada. Marcando essa opção, apenas a palavra casa, completa, será localizada.
- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada, usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar o carac-
tere curinga asterisco (*) para procurar uma sequência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tristonho” e “término”).

Veja a lista de caracteres que são considerados curinga, retirada do site do Microsoft Office:

Para localizar digite exemplo


Qualquer caractere único ? s?o localiza salvo e sonho.
Qualquer sequência de caracteres * t*o localiza tristonho e término.
O início de uma palavra < <(org) localiza organizar e organização,
mas não localiza desorganizado.
O final de uma palavra > (do)> localiza medo e cedo, mas não
localiza domínio.
Um dos caracteres especificados [] v[ie]r localiza vir e ver
Qualquer caractere único neste intervalo [-] [r-t]ã localiza rã e sã.
Os intervalos devem estar em ordem
crescente.
Qualquer caractere único, exceto os caracteres no [!x-z] F[!a-m]rro localiza forro, mas não
intervalo entre colchetes localiza ferro.
Exatamente n ocorrências do caractere ou expressão {n} ca{2}tinga localiza caatinga, mas não
anterior catinga.
Pelo menos n ocorrências do caractere ou expressão {n,} ca{1,}tinga localiza catinga e caatinga.
anterior
De n a m ocorrências do 10{1,3} localiza 10,
caractere ou expressão anterior {n,m} 100 e 1000.
Uma ou mais ocorrências do caractere ou expressão
anterior @ ca@tinga localiza
catinga e caatinga.

O grupo tabela é muito utilizado em editores de texto, como por exemplo a definição de estilos da tabela.

Figura 34: Estilos de Tabela

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata- Grupo Ilustrações:


ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes e
demais itens presentes na mesma. Além de escolher um es-
tilo predefinido, podemos alterar a formatação do sombrea-
mento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda, a
sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes de
uma tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda, clican-
do no “Escolher entre várias opções de borda”, para exibir a
seguinte tela:
Figura 36: Grupo Ilustrações

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto


uma imagem que esteja salva no computador ou em outra
mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para comu-
nicar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar dados.

Grupo Links:
Inserir hyperlink: cria um link para uma página da Web,
Figura 35: Bordas e sombreamento uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indicador
para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse indicador
Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defini-
pode se tornar um link dentro do próprio documento.
ção”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:
Referência cruzada: referência tabelas.
- Nenhuma: retira a borda;
Grupo cabeçalho e rodapé:
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa;
Insere cabeçalhos, rodapés e números de páginas.
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabela
iguais, conforme a seleção que fizermos nos demais campos
Grupo texto:
de opção;
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções da
janela (como estilo, por exemplo) ao redor da tabela e as
bordas internas permanecem iguais.
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas da
tabela, uma cor e uma largura.
- Visualização: através desse recurso, podemos definir
bordas diferentes para uma mesma tabela. Por exemplo, po-
demos escolher um estilo e, em visualização, clicar na borda
superior; escolher outro estilo e clicar na borda inferior; e as-
sim colocar em cada borda um tipo diferente de estilo, com
cores e espessuras diferentes, se assim desejarmos. Figura 37: Grupo Texto
A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz recursos
semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A diferença é 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-formata-
que se trata de criar bordas na página de um documento e das. As caixas de texto são espaços próprios para inserção
não em uma tabela. de textos que podem ser direcionados exatamente onde
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com precisamos. Por exemplo, na figura “Grupo Texto”, os nú-
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que en- meros ao redor da figura, do 1 até o 7, foram adicionados
volve vários tipos de desenhos. através de caixas de texto.
Alguns desses desenhos podem ser formatados 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reu-
com cores de linhas diferentes, outros, porém não permitem tilizáveis, incluindo campos, propriedades de documentos
outras formatações a não ser o ajuste da largura. como autor ou quaisquer fragmentos de texto pré-forma-
Podemos aplicar as formatações de bordas da página do.
no documento todo ou apenas nas sessões que desejarmos, 3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
tendo assim um mesmo documento com bordas em uma como base para a assinatura de um documento.
página, sem bordas em outras ou até mesmo bordas de 4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no docu-
página diferentes em um mesmo documento. mento.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.


6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no iní-
cio de cada parágrafo. É uma opção de formatação decora-
tiva, muito usada principalmente, em livros e revistas. Para
inserir a letra capitular, basta clicar no parágrafo desejado e
depois na opção “Letra Capitular”. Veja o exemplo:
Neste parágrafo foi inserida a letra capitular

Guia revisão:
Grupo revisão de texto:

Figura 38: Grupo revisão de texto

1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando pes- Figura 39: Verificar ortografia e gramática
quisas em materiais de referência como jornais, enciclopé-
dias e serviços de tradução. A verificação ortográfica e gramatical do Word, já bus-
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre ca trechos do texto ou palavras que não se enquadrem
algumas palavras é possível realizar sua tradução para ou- no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais e or-
tro idioma. tográficas. Na parte de cima da janela “Verificar ortografia
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou palavra con-
a correção de ortografia e gramática. siderada inadequada. Em baixo, aparecerão as sugestões.
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os Caso esteja correto e a sugestão do Word não se aplique,
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a regra apre-
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte- sentada esteja incorreta ou não se aplique ao trecho do
rar a palavra selecionada por outra de significado igual ou texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar regra”; caso
semelhante. a sugestão do Word seja adequada, clicamos em “Alterar” e
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para podemos continuar a verificação de ortografia e gramática
outro idioma. clicando no botão “Próxima sentença”.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho, indi-
e gramatical do documento. Assim que clicamos na opção cando que o Word a considera incorreta, podemos apenas
“Ortografia e gramática”, a seguinte tela será aberta: clicar com o botão direito do mouse sobre ela e verificar se
uma das sugestões propostas se enquadra.
Por exemplo, a palavra informática. Se clicarmos com
o botão direito do mouse sobre ela, um menu suspenso
nos será mostrado, nos dando a opção de escolher a pala-
vra informática. Clicando sobre ela, a palavra do texto será
substituída e o texto ficará correto.

Grupo comentário:

Novo comentário: adiciona um pequeno texto que ser-


ve como comentário do texto selecionado, onde é possível
realizar exclusão e navegação entre os comentários.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo controle: - Impressão Rápida – envia o documento diretamente


para a impressora configurada como padrão e não abre
opções de configuração.
- Visualização da Impressão – promove a exibição do
documento na forma como ficará impresso, para que pos-
samos realizar alterações, caso necessário.

Figura 40: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões, exclu-
sões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no próprio do-
cumento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de exi-
bir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de mar-
cação a ser exibido ou ocultado no documento.
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
separada.

Grupo alterações:

Figura 42: Imprimir

As opções que temos antes de imprimir um arquivo


estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher a im-
pressora, caso haja mais de uma instalada no computa-
Figura 41: Grupo alterações dor ou na rede, configurar as propriedades da impressora,
podendo estipular se a impressão será em alta qualidade,
econômica, tom de cinza, preto e branca, entre outras op-
1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a pró-
ções.
xima alteração proposta.
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja,
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que seja
se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá-
aceita ou rejeitada. gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que um intervalo de páginas. Podemos determinar o número
possa ser rejeitada ou aceita. de cópias e a forma como as páginas sairão na impressão.
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave- Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos se sai-
gação para aceitação ou rejeição. rão primeiro todas as páginas de número 1, depois as de
número 2, assim por diante, ou se desejamos que a segun-
Para imprimir nosso documento, basta clicar no botão da cópia só saia depois que todas as páginas da primeira
do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Imprimir”. forem impressas.
Este procedimento nos dará as seguintes opções:
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso-
ra, o número de cópias e outras opções de configuração
antes de imprimir.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Word 2013
Vejamos abaixo alguns novos itens implementados na plataforma Word 2013:
Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para a leitura de documentos perceberá rapidamente a diferença, pois
seu novo Modo de Leitura conta com um método que abre o arquivo automaticamente no formato de tela cheia, ocultando
as barras de ferramentas, edição e formatação. Além de utilizar a setas do teclado (ou o toque do dedo nas telas sensíveis
ao toque) para a troca e rolagem da página durante a leitura, basta o usuário dar um duplo clique sobre uma imagem, ta-
bela ou gráfico e o mesmo será ampliado, facilitando sua visualização. Como se não bastasse, clicando com o botão direito
do mouse sobre uma palavra desconhecida, é possível ver sua definição através do dicionário integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um documento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe Acro-
bat. Em seu novo formato, o Word é capaz de converter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de editado, salvá-lo
novamente no formato original. Esta façanha, contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o uso de arquivos PDF está
sendo cada vez mais corriqueiro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata normalmente a colaboração de outras pessoas na criação de um documento,
ou seja, os comentários realizados neste, como se cada um fosse um novo tópico. Com o Word 2013 é possível responder dire-
tamente o comentário de outra pessoa clicando no ícone de uma folha, presente no campo de leitura do mesmo. Esta interação
de usuários, realizada através dos comentários, aparece em forma de pequenos balões à margem documento.
Compartilhamento Online:  compartilhar seus documentos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por e-mail
tornou-se um grande diferencial da nova plataforma Office 2013. O responsável por esta apresentação online é o Office
Presentation Service, porém, para isso, você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para acessá-lo. Ao terminar o
arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e o mesmo será enviado para a nu-
vem e, com isso, você irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também por e-mail, permitindo aos demais usuários
baixá-lo em formato PDF.
Ocultar títulos em um documento: apontado como uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem e edi-
ção de determinadas partes de um arquivo muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa mais fácil e
menos desconfortável. O Word 2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do documento, bastando os mesmos estarem
formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida uma espécie de
triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando repetir a ação para o
mesmo reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado para
a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre um am-
plo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda esta relação
online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para seus aplicativos,
retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft. 
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e download
de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu conteúdo
sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada. 
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instalado
pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou baixar
fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem acessados e
contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, minutos
Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso pagando uma
taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém, aqui estamos
falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.
Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 43: Versões Office 365

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

10.4. LibreOffice Writer


O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como base
o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou seja, é
multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

 O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o mesmo
“prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open Docu-
ment Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades do
aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo Writer.
 

Figura 44: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lingua-
gem LibreOffice Basic). 
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As prin-
cipais teclas de atalho do Writer são:
 

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

 Figura 45: Atalhos Word x Writer

11. Utilização dos editores de planilhas (Microsoft Excel e LibreOffice Calc)


O Excel é uma poderosa planilha eletrônica para gerir e avaliar dados, realizar cálculos simples ou complexos e rastrear
informações. Ao abri-lo, é possível escolher entre iniciar a partir de documento em branco ou permitir que um modelo faça
a maior parte do trabalho por você.
Na tela inicial do Excel, são listados os últimos documentos editados (à esquerda), opção para criar novo documento
em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novos documentos (ao centro).
Ao selecionar a opção de Pasta de Trabalho em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura 106, e descritos nos tópicos a seguir.

11.2. Excel 2007


Poder utilizar um formato XML padrão para o Office Excel 2007 foi uma das principais mudanças do Excel 2007, além
das mudanças visuais em relações as abas e os grupos de trabalho já citados na versão 2003 do Word
Esse novo formato é o novo formato de arquivo padrão do Office Excel 2007. O Office Excel 2007 usa as seguintes
extensões de nome de arquivo: *.xlsx, *.xlsm *.xlsb, *.xltx, *.xltm e *.xlam. A extensão de nome de arquivo padrão do Office
Excel 2007 é *.xlsx.
Essa alteração permite consideráveis melhoras em: interoperabilidade de dados, montagem de documentos, consulta
de documentos, acesso a dados em documentos, robustez, tamanho do arquivo, transparência e recursos de segurança.
O Excel 2007 permite que os usuários abram pastas de trabalho criadas em versões anteriores do Excel e trabalhem
com elas. Para converter essas pastas de trabalho para o novo formato XML, basta clicar no Botão do Microsoft Office e
clique em Converter Você pode também converter a pasta de trabalho clicando no Botão do Microsoft Office e em Salvar

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como – Pasta de Trabalho do Excel. Observe que o recurso Converter remove a versão anterior do arquivo, enquanto o
recurso Salvar Como deixa a versão anterior do arquivo e cria um arquivo separado para a nova versão.
As melhoras de interface que podem ser destacadas são:
• Economia de tempo, selecionando células, tabelas, gráficos e tabelas dinâmicas em galerias de estilos predefinidos.
• Visualização e alterações de formatação no documento antes de confirmar uma alteração ao usar as galerias de
formatação.
• Uso da formatação condicional para anotar visualmente os dados para fins analíticos e de apresentação.
• Alteração da aparência de tabelas e gráficos em toda a pasta de trabalho para coincidir com o esquema de estilo
ou a cor preferencial usando novos Estilos Rápidos e Temas de Documento.
• Criação de um tema próprio para aplicar de forma consistente as fontes e cores que refletem a marca da empresa
que atua.
• Novos recursos de gráfico que incluem formas tridimensionais, transparência, sombras projetadas e outros efeitos.

Em relação a usabilidade as fórmulas passaram a ser redimensionáveis, sendo possível escrever mais fórmulas com mais
níveis de aninhamento do que nas versões anteriores.
Passou a existir o preenchimento automático de fórmula, auxiliando muito com as sintaxes, as referências estruturadas:
além de referências de célula, como A1 e L1C1, o Office Excel 2007 fornece referências estruturadas que fazem referência a
intervalos nomeados e tabelas em uma fórmula.
Acesso fácil aos intervalos nomeados: usando o gerenciador de nomes do Office Excel 2007, podendo organizar, atuali-
zar e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central, as tabelas dinâmicas são muito mais fáceis de usar do que
nas versões anteriores.
Além do modo de exibição normal e do modo de visualização de quebra de página, o Office Excel 2007 oferece uma
exibição de layout de página para uma melhor experiência de impressão.
A classificação e a filtragem aprimoradas que permitem filtrar dados por cores ou datas, exibir mais de 1.000 itens na
lista suspensa Filtro Automático, selecionar vários itens a filtrar e filtrar dados em tabelas dinâmicas.
O Excel 2007 tem um tamanho maior que permite mais de 16.000 colunas e 1 milhão de linhas por planilha, o número
de referências de célula aumentou de 8.000 para o que a memória suportar, isso ocorre porque o gerenciamento de memó-
ria foi aumentado de 1 GB de memória no Microsoft Excel 2003 para 2 GB no Excel 2007, permitindo cálculos em planilhas
grandes e com muitas fórmulas, oferecendo inclusive o suporte a vários processadores e chipsets multithread.

11.3. Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

 Figura 47: Tela Principal do Excel 2013

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os coman-
dos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e, para
melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

 Figura 48: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões de
sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

 Figura 49: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar à
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
mos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. Na janela apre-
sentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os
comandos do Excel.

 Figura 50: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de Fer-
ramentas de Acesso Rápido.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas.
Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

 Figura 51: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela podemos
ativar ou desativar vários componentes de visualização.

 Figura 52: Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para
cima ou para baixo para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontalmente,
e assim poder visualizar toda a sua planilha.
Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, onde você fará a inserção de dados e
fórmulas para colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas com
letras (A, B, C, etc.).

 Figura 53: Planilha de Cálculo

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeça- Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um ca-
lho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra, beçalho, que contém o número que a identifica. Clicando
toda a coluna é selecionada. no cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.

 Figura 55: Cabeçalho de linha

Célula: As células, são as combinações entre linha e


colunas. Por exemplo, na coluna A, linha 1, temos a célula
A1. Na Caixa de Nome, aparecerá a célula onde se encontra
o cursor.
 Figura 54: Seleção de Coluna Sendo assim, as células são representadas como mos-
tra a tabela:
Ao dar um clique com o botão direito do mouse sobre
o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-up,
onde as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida per-
mite escolher a formatação de fonte e formato de dados,
bem como mesclagem das células (será abordado mais
detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de trans-
ferência, para que possa ser colada em outro local deter-
minado e, após colada, essa coluna é excluída do local de
origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transferên-  Figura 56: Representação das Células
cia, para que possa ser colada em outro local determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual
itens que estão na área de transferência e que tenham sido o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou,
recortadas ou copiadas. ao contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digitar
-Colar especial: permite definir formatos específicos o endereço da célula em que deseja posicionar o cursor.
na colagem de dados, sobretudo copiados de outros apli- Após dar um “Enter”, o cursor será automaticamente posi-
cativos. cionado na célula desejada.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente an-
tes da coluna selecionada. Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, ao
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três planilhas já
dados nela contidos e sua formatação. eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta versão, somente
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a uma planilha é criada, e você poderá criar outras, se ne-
coluna, mantendo a formatação das células. cessitar. Para criar nova planilha dentro da pasta de tra-
-Formatar células: permite escolher entre diversas op- balho, clique no sinal + ( ). Para alternar entre as
ções para fazer a formatar as células (será visto detalhada- planilhas, basta clicar sobre a guia, na planilha que deseja
mente adiante). trabalhar.
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da co- Você verá, no decorrer desta lição, como podemos cru-
luna selecionada. zar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas de tra-
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes balho diferentes, utilizando as guias de planilhas.
uma coluna é utilizada para fazer determinados cálculos, Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das plani-
necessários para a totalização geral, mas desnecessários lhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá um
na visualização. Neste caso, utiliza-se esse recurso. menu pop up.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar tudo,


todas as células da planilha ativa serão selecionadas.

 Figura 58: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digita-


das as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o
uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias
de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente que,
para qualquer fórmula que será inserida em uma célula, te-
 Figura 57: Menu Planilhas mos que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal, oferece
uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos ou núme-
As funções deste menu são as seguintes: ros comuns de uma fórmula.
-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes da
planilha selecionada. Somar: Se tivermos uma sequência de dados numé-
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que ricos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes
ela contém. formas de fazê-lo:
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para
outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha com
todos os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou
deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua dados
importantes de planilhas ou pastas de trabalho, você pode
proteger determinados elementos da planilha (planilha: o
principal documento usado no Excel para armazenar e tra-
balhar com dados, também chamado planilha eletrônica.  Figura 59: Soma simples
Uma planilha consiste em células organizadas em colunas
e linhas; ela é sempre armazenada em uma pasta de tra- Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.
balho.)ou da pasta de trabalho, com ou sem senha (senha: Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células,
uma forma de restringir o acesso a uma pasta de traba- digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência até
lho, planilha ou parte de uma planilha. As senhas do Excel o último valor.
podem ter até 255 letras, números, espaços e símbolos. É Após a sequência de células a serem somadas, clicar no
necessário digitar as letras maiúsculas e minúsculas corre- ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
tamente ao definir e digitar senhas.). É possível remover a A última forma que veremos é a função soma digitada.
proteção da planilha, quando necessário. Vale ressaltar que, para toda função, um início é fundamental:
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação
em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias = nome da função (
de planilhas (trata-se de tópico de programação avançada,
que não é o objetivo desta lição, portanto, não será abor-
dado).
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em to-
das as planilhas para que possam ser configuradas e im- 1 - Sinal de igual.
pressas juntamente. 2 – Nome da função.
3 – Abrir parênteses.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
lembrete sobre a função que iremos usar, onde é possível planilha.
clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo a se-
guir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar o a célula que contém o pri-
meiro valor, em seguida o dois pontos (:) e por último a
célula que contém o último valor.

Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va-


lores, por isso não precisamos de uma função específica.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) e Figura 60: Exemplo função hoje
depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a seguir
a fórmula = B2-B3. Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce-
demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no pri- Inteiro: Com essa função podemos obter o valor intei-
meiro número, digitamos o sinal de multiplicação que, para ro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2). Lem-
o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último valor. bramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo com
No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3. a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da se-
guinte função: Arredondar para cima: Com essa função, é possível
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo valor arredondar um número com casas decimais para o número
da célula C2. mais distante de zero.
Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_
Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de for- dígitos)
ma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos no Onde:
primeiro número, digitamos o sinal de divisão que, para o Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último valor. No Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se
próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2. deseja arredondar núm.

Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de


células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular a
maior idade digitada no intervalo de células de A2 até A5.
A função digitada será = máximo(A2:A5).
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – re-
fere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual
é o maior valor. No caso a resposta seria 10. Figura 61: Início da função arredondar para cima

Mínimo: Mostra o menor valor existente em um inter- Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial
valo de células selecionadas. da função, o Excel nos mostra que temos que selecionar o
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi- num, ou seja, a célula que desejamos arredondar e, depois
tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será = do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de dígitos para
mínimo (A2:A5). a qual queremos arredondar.
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – refe- Na próxima figura, para efeito de entendimento, dei-
re-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é xaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos
o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00. na coluna C:
A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o
Média: A função da média soma os valores de uma mesmo conceito.
sequência selecionada e divide pela quantidade de valores
dessa sequência. Resto: Com essa função podemos obter o resto de
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4) = mod (núm;divisor)
Foi digitado “= média (”, depois, foram selecionados os Onde:
valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter for Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o
pressionada, o resultado será automaticamente colocado resto.
na célula A6. divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o nú-
Todas as funções, quando um de seus itens for mero.
alterado, recalculam o valor final.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 62: Exemplo de digitação da função MOD

Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.

Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o número sem
o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.

Figura 63: Exemplo função abs

Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias). Sua
sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.
No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial o
dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)

Figura 64: Exemplo função dias360

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

Figura 65: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe desra função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da
pergunta for falsa, define o resultado
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um
salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$724,00.

Assim, temos a condição:


SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O RE-
SULTADO NA CÉLULA E3
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724
Valor_se_verdadeiro: “Acima”
Valor_se_falso: “Abaixo”

Assim, com o cursor na célula E3, digitamos:


=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e colu-
nas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim:
E4 =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E5 =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E6 =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E7 =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E8 =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E9 =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E10 =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”)

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma =CONT.SE(intervalo;“critérios”)


condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determinada = : significa a chamada para uma fórmula/função
condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a seguinte: CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
=Significa a chamada para uma fórmula/função dos dados
SomaSe: função SOMASE “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise “intervalo”
dos dados
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- Usando a planilha acima como exemplo, queremos sa-
liados a fim de chegar à condição verdadeira ber quantas pessoas ganham R$ 1200,00 ou mais, e mos-
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifica- trar o resultado na célula D14, e quantas ganham abaixo de
da a condição para soma dos valores R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula D15. Para isso
precisamos criar a seguinte condição:
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar R$ 1200,00 ou MAIS:
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
o resultado na célula D16. E também queremos somar os OU IGUAL A 1200, ENTÃO
salários das funcionárias mulheres e mostrar o resultado na CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte condição: MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14

HOMENS: Traduzindo a condição em variáveis teremos:


SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULI-
NO, ENTÃO Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- onde devemos digitar a fórmula
TERVALO D3 ATÉ D10 Intervalo para análise: C3:C10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Critério: >=1200

Traduzindo a condição em variáveis teremos: Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:

Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)


onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10 MENOS DE R$ 1200,00:
Critério: “MASCULINO” SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MENOR
Intervalo para soma: D3:D10 QUE 1200, ENTÃO
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
MULHERES:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMININO, Traduzindo a condição em variáveis teremos:
ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
TERVALO D3 ATÉ D10 onde devemos digitar a fórmula
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17 Intervalo para análise: C3:C10
Critério: <1200
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
onde devemos digitar a fórmula =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “FEMININO” Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
Intervalo para soma: D3:D10 nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
Assim, com o cursor na célula D17, digitamos: que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200 (igual
a 1200) não entraria na contagem.
=SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
Formatação de Células: Ao observar a planilha abai-
Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con- xo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, va-
tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de re- mos deixar ela de uma maneira mais agradável.
gistros, SE determinada condição for verdadeira. A sintaxe
desta função é a seguinte:

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 66: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 67: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar , entre outras opções
de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.

Figura 68: Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos mudar
o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as formatações.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 69: Formatando a planilha (Passo 2)

Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser realiza-
do vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está escrito
geral e escolher.

Figura 70: Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Figura 71: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito
útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente)
ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação cres-
cente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá
classificar os dados dessa coluna, mas vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão
alterados. Nas versões mais novas, ele fará a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação dos
dados junto com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente a coluna selecionada.

Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da nos-
sa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e visualizar
somente os dados do mês de Janeiro ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo ferramentas de dados:

- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores invá-
lidos para uma planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapidamente e
é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.

Figura 72: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido:

Figura 73: Gráfico de Colunas – 3D

Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na página,
clicando nas linhas e arrastando até o local desejado.
Importante mencionar que o conceito do Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fazem parte do Office 365,
que podem ser comprados conforme figura 39.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

11.4. LibreOffice Calc 12. Utilização do Microsoft PowerPoint.


O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOf- 12.2. PowerPoint 2007
fice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open Do-
cument Spreadsheet).  A versão 2007 passa a ter o formato PPTX, diferente
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que das anteriores que eram PPT, essa nova versão lida muito
se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é inicia- melhor com vídeos e imagens. Um documento em branco
da pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência de do PowerPoint 2003 (formato PPT) apenas com uma ima-
valores, referências a células, operadores e funções. gem de 1 MB chega a ocupar 5 MB, já no formato PPTX,
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel: este mesmo arquivo ocupa cerca de 1,1 MB.
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se O PowerPoint 2007 trouxe uma importante opção que
o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retor- se encarrega de compactar imagens automaticamente a
nará a C3 e C4 (interseção entre os dois intervalos). No Excel, fim de reduzir o tamanho total do documento. Para tal,
isso é feito usando um espaço em branco (B2:C4 C3:C6). abra a aba Formatar do programa e clique na opção Com-
pactar Imagens.
Neste momento o usuário escolhe se deseja compactar
uma única imagem da apresentação ou se pretende aplicar
o efeito a todas as figuras. Clique em Opções para acessar
escolher o nível de qualidade e compactação das imagens
de seu arquivo, além disso foi possível começar a tratar
imagens.
O PowerPoint 2007 passou a oferecer mais gráficos
tridimensionais, permitindo apresentações com melhor vi-
sual, diferentemente do seu antecessor 2003, PowerPoint
2007 utiliza o Microsoft Office Fluent interface de usuário
(UI). Esta UI categoriza grupos e guias relacionados, tor-
Figura 74: Exemplo de Operação no Calc nando mais fácil para os usuários a encontrar os comandos
e recursos do PowerPoint . Além disso, a Fluent UI inclui
 Para fazer referência a uma célula que esteja em outra uma função de visualização ao vivo , para rever alterações
planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_ de formatação antes de finalizá-los , bem como galerias de
planilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência efeitos pré- definidos, layouts , temas e “Estilos Rápidos”. 
a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel, isso é feito Os temas do PowerPoint 2007 possuem características
usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1). de “Estilos Rápidos”, estilos esses que não existem no Po-
werPoint 2003, com o PowerPoint 2003, a formatação de
Menus do Calc um documento exige a escolha de estilo e opções de cores
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao docu- para gráficos, textos, fundos e até mesmo tabelas.
mento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF. A versão 2007 do PowerPoint 2007 possuem opções de
Editar - contém comandos para editar o conteúdo do- compartilhamentos mais flexíveis do que as de seu anteces-
cumento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi- sor de 2003. Um exemplo claro disso é que na versão 2007
tuir, Cortar, Copiar e Colar. os usuários podem acessar o Microsoft Office SharePoint
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de Server 2007 para integrar as apresentações com o Outlook
um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador. 2007, bem como o compartilhamento de apresentações
Inserir - contém comandos para inserção de novos ele- utilizando o que chamamos de “Bibliotecas de Slides”.
mentos no documento como células, linhas, colunas, plani- Em relação as tabelas e gráficos, ao contrário do Po-
lhas, gráficos. werPoint 2003, a versão 2007 armazena as informações dos
Formatar - contém comandos para formatar células se- gráficos no Excel 2007, ao invés de armazenar esses dados
lecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento. em folhas de dados do gráfico.
Ferramentas  - contém ferramentas como Ortografia,
Atingir meta, Rastrear erro, etc. 12.3. PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais
Dados - contém comandos para editar os dados de uma
planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc. Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas
Janela - contém comandos para manipular e exibir jane- apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
las no documento. apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOf- para criação de novas apresentações (ao centro).
fice. Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco
você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos
nos tópicos a seguir.

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 76: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao iniciar
o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.
Faixa de Opções:Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de
atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 77: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela
e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de
acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida
uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 78: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o menu
Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além da opção
Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre o
ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na sua
apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os
botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 79: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela podemos
ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando os
antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresentação.
Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado o Modo
de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe como
começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa iniciar a criação
de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por temas (é necessário
estar conectado à internet).

Figura 80: Modelos e temas online

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão vários
modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 81: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo em
seu computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA APRE-
SENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender às
suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor como
funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação, assim:
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 82: Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides:Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções, no
menu ‘EXIBIÇÃO’.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

Figura 83: Modo de Exibição ‘Normal’.

Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela, ou utilize as
teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a cons-
trução do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides pra você.

Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estruturação
de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos de ani-
mação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.

Figura 84: Classificação de Slides

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode ocul-
tar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alterando o Design: Layouts de Conteúdo:

O design de um slide é a apresentação visual do mes- Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir fi-
mo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O gura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe de
PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para aplicar mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
ao design de sua apresentação. A utilização destes recursos é muito simples, bastando
Para inserir um Tema de design pronto nos slides aces- clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja utilizar.
se a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta lateral Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
para visualizar todos os temas existentes. e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver a
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecio- utilização dos recursos de Conteúdo.
nado. O tema será aplicado em todos os slides. Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
Variantes->Cores e Variantes->Fontes: ainda na guia teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, alterando opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
cores e fontes, criando novos temas de cores. Clique na Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mostra-
seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. Passe o mou- do na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro do
se sobre cada tema para visualizar o efeito na apresenta- slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que se
ção. Após encontrar a variação desejada, dê um clique com pode utilizar.
o mouse para aplicá-la à apresentação. As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:

• Escolher Elemento Gráfico SmartArt


• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para


enriquecer seus conhecimentos e, em consequência, criar
apresentações muito mais interessantes. O funcionamento
de cada item é semelhante aos já abordados.

Figura 85: Variantes de Temas de Design Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando
Variantes->Efeitos: os efeitos de tema especificam utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de con-
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, formas teúdo. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais
e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para acessar a utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos rapidamen-
te a aparência dos objetos. Animação dos Slides: A animação dos slides é um
dos últimos passos da criação de uma apresentação. Essa é
Layout de Texto: uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros recursos
oferecidos pelo programa, não é aconselhável exagerar na
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um utilização dos mesmos, pois além de tornar a apresentação
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo da cansativa, tira a atenção das pessoas que estão assistindo,
palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítulo ao invés de dar foco ao conteúdo da apresentação, passam
pois trata-se do slide inicial. a dar fico para as animações.
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui para
adicionar um título’, e escreva o título de sua apresentação. Transições: A transição dos slides nada mais é que a
A apresentação que criaremos será sobre ‘Grupo Nova”. mudança entre um slide e outro. Você pode escolher en-
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi- tre diversas transições prontas, através da faixa de opções
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da em- ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa apre-
presa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado ao sentação e clique nesta opção.
tema da apresentação. Escolha uma das transições prontas e veja o que acon-
Formate o texto da forma como desejar, selecionando tece. Explore os diversos tipos de transições, apenas clican-
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando sobre do sobre elas e assistindo os efeitos que elas produzem.
a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações. Isso pode ser bastante divertido, mas dependendo do in-
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. tuito da apresentação, o exagero pode tornar sua apresen-
Será criado um novo slide com layout diferente do anterior. tação pouco profissional.
Isso acontece porque o programa entende que o próximo Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o
slide não é mais de título, e sim de conteúdo, e assim su- avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao
cessivamente pra a criação da sua apresentação. Clicar com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você
também pode aplicar som durante a transição.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Animações: As animações podem ser definidas para cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apresentação
você pode optar em ir abrindo o texto conforme trabalha os assuntos.
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 86: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te agra-
dar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Figura 87: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção de
animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o anterior.
Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer juntos
após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos aparecerão
ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

12.4. Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presentations).

- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:


• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.
 
- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir  - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides, Layout
de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em objetos
e na transição de slides.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OUTLOOK Na página Configuração Automática de Conta, insira


o seu nome, endereço de email e senha e escolha Avançar.
O Microsoft Outlook é um software de automação de Observação : Se você receber uma mensagem de erro
escritório e cliente de correio electrónico que faz parte do após escolher Avançar, verifique novamente seu endereço
pack Microsoft Office. Mas não é apenas um gerenciador de email e senha. Se ambos estiverem corretos, escolha
de e-mails, o Outlook possui funcionalidades de grupos Configuração manual ou tipos de servidor adicionais..
de discussão com base em padrões avançados de internet, Escolha Concluir.
além de possuir calendário integral e gerenciamento de ta-
refas e de contatos. Além disso, possui capacidades de co- A configuração automática não funcionou
laboração em tempo de execução e em tempo de criação Se a instalação não tiver sido concluída, o Outlook
robustos e integrados. pode solicitar que você tente novamente usando uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se isso
Configurando uma conta1 não funcionar, escolha Configuração manual ou tipos de
Em muitos casos, o Outlook pode configurar a sua servidor adicionais.
conta para você apenas com um endereço de email e uma Observações: Se estiver usando o Outlook 2016, você
senha. Ao iniciar o Outlook pela primeira vez, o Assistente não poderá usar o tipo de configuração manual para as
Automático de Conta é iniciado. contas do Exchange. Contate o seu administrador se hou-
ver falha na configuração automática de conta. Ele infor-
Para configurar uma conta automaticamente mará a você o nome do Exchange Server para seu email e
Abra o Outlook e, quando o Assistente Automático de o ajudará a configurar o Outlook.
Conta for aberto, escolha Avançar. Se você atualizar para o Outlook 2016 a partir de uma
Observação : Se o Assistente não abrir ou se você qui- versão anterior e receber mensagens de erro informando
ser adicionar uma outra conta de email, na barra de ferra- que não é possível fazer logon ou iniciar o Outlook, é por-
mentas, escolha a guia Arquivo. que o serviço Descoberta Automática do Exchange não foi
configurado ou não está funcionando corretamente.

Para configurar uma conta manualmente


Escolha Configuração manual ou tipos de servidor adi-
cionais > Avançar.

Na página Contas de Email, escolha Avançar > Adicio-


nar Conta.

Selecione o tipo de conta desejado e escolha Avançar.


Preencha as seguintes informações:
Seu Nome, Endereço de Email, Tipo de Conta, Servidor
de Entrada de Emails, Servidor de Saída de Emails, Nome
de Usuário e Senha.
Escolha Testar Configurações da Conta para verificar as
informações inseridas.
Observação : Se o teste falhar, escolha Mais Configura-
ções. O administrador poderá solicitar que você faça outras
alterações, incluindo inserir portas específicas para o ser-
vidor de entrada (POP3 ou IMAP) ou o servidor de saída
(SMTP).
1 Fonte: Ajuda do MSOutlook Escolha Avançar > Concluir.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir uma conta de email Criar uma mensagem de email


Para excluir uma conta de email Clique em Novo Email, ou pressione Ctrl + N.
No painel direito da guia Arquivo, selecione Configura-
ções de Conta > Configurações de Conta.

Se várias contas de email configuradas no Microsoft


Outlook, o botão de aparece e a conta que enviará a men-
sagem é mostrada. Para alterar a conta, clique em de.
Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem.
Insira os endereços de email dos destinatários ou os
nomes na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários
com um ponto e vírgula.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis-
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e
clique nos nomes desejados.
Não vejo a caixa Cco. Como posso ativá-lo?
Para exibir a caixa Cco para esta e todas as mensagens
futuras, clique em Opções e, no grupo Mostrar Campos,
clique em Cco.
Clique em Anexar arquivo para adicionar um anexo.
Na lista de contas de email, selecione a conta que de- Ou clique em Anexar Item para anexar itens do Outlook,
seja excluir e escolha Remover. como mensagens de email, tarefas, contatos ou itens de
calendário.

Dica : Se você não gostar a fonte ou o estilo do seu email,


você pode alterar sua aparência. Também é uma boa ideia
Verificar a ortografia em sua mensagem antes de enviar.
Após terminar de redigir sua mensagem, clique em Enviar.
Observação : Se você não consegue encontrar o botão
Enviar, talvez você precise configurar uma conta de email.

Pesquisar email
Da Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de
email, localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas
Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser- mensagens.
vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que Para encontrar uma palavra que você sabe que está
pode ser instalado somente em plataformas da família em uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em
Windows Server. particular, digite a palavra ou o nome da pessoa na cai-
xa Pesquisar. Mensagens que contenham a palavra ou o
nome que você especificou serão exibidas com o texto de
pesquisa destacado nos resultados.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Restrinja os resultados de pesquisa A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits e


No grupo  Escopo  na faixa de opções, escolha onde 64 bits está na forma em que o processador do computa-
você deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de dor trabalha as informações. O Sistema Operacional de 32
Correio Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do bits tem que ser instalado em um computador que tenha
Outlook. o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits tem que
No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você ser instalado em um computador de 64 bits.
está procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, se-
pelo assunto. gundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais me-
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa mória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso ajuda
ao selecionar: a reduzir o tempo despendi- do na permuta de processos
Com Anexos – para localizar somente emails com ane- para dentro e para fora da memória, pelo armazenamen-
xos to de um número maior desses processos na memória de
Categorizado – para localizar emails que tenham sido acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo no disco rígido.
atribuídos a uma categoria específica Por outro lado, isso pode aumentar o desempenho geral
Esta Semana – para pesquisar quando o email foi re- do programa”.
cebido. Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje,
Ontem, Mês Passado, etc.) Windows 7
Enviado para  – para localizar emails enviados a você,
não enviados diretamente a você ou enviados por outro Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
destinatário 1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito
Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você em computador e clique em Propriedades.
apenas 2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
Importante – para localizar somente emails rotulados “Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
como importantes você precisará de um processador capaz de executar uma
versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um sistema
operacional de 64 bits ficam mais claros quando você tem
uma grande quantidade de RAM (memória de acesso alea-
4 SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS
tório) no computador, normalmente 4 GB ou mais. Nesses
(WINDOWS 7 OU SUPERIOR).
casos, como um sistema operacional de 64 bits pode pro-
cessar grandes quantidades de memória com mais eficácia
do que um de 32 bits, o sistema de 64 bits poderá respon-
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS
der melhor ao executar vários programas ao mesmo tempo
e alternar entre eles com frequência”.
Windows assim como tudo que envolve a informática
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
passa por uma atualização constante, os concursos públi-
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
cos em seus editais acabam variando em suas versões, por
caso, é possível instalar:
isso vamos abordar de uma maneira geral tanto as versões
- Sobre o Windows XP;
do Windows quanto do Linux. - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista (Win
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um Vista), também 32 bits;
software, um programa de computador desenvolvido por - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
programadores através de códigos de programação. Os - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
são considerados como a parte lógica do computador, uma - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada apenas a insta- lação;
quando o computador está em funcionamento. O Sistema - Win 7 em um computador sem SO;
Operacional (SO) é um programa especial, pois é o primei- Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
ro a ser instalado na máquina. tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
Quando montamos um computador e o ligamos pela chave do produto, que é um código que será solicitado
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algumas durante a instalação.
rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para utilizarmos Vamos adotar a opção de instalação com formatação
todos os recursos do computador, com toda a qualidade de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Corpo-
das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a Internet e ration:
usufruirmos de toda a potencialidade do hardware, temos - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
que instalar o SO. seja inicia- lizado normalmente, insira do disco de instala-
Após sua instalação é possível configurar as placas para ção do Windows 7 ou a unidade flash USB e desligue o seu
que alcancem seu melhor desempenho e instalar os de- computador.
mais programas, como os softwares aplicativos e utilitários. - Reinicie o computador.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
rencia os demais programas. isso, e siga as instruções exibidas.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Na página de Instalação Windows, insira seu idioma Clicando com o botão direito do mouse em um espaço
ou outras preferências e clique em avançar. vazio da área de trabalho ou outro apropriado, podemos
- Se a página de Instalação Windows não aparecer e o encontrar a opção pasta.
programa não solicitar que você pressione alguma tecla, Clicando nesta opção com o botão esquerdo do mou-
talvez seja necessário alterar algumas configurações do sis- se, temos então uma forma prática de criar uma pasta.
tema. Para obter mais informações sobre como fazer isso,
consulte Inicie o seu computador usando um disco de ins-
talação do Windows 7 ou um pen drive USB.
- Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
os termos de licença, clique em aceito os termos de licença
e em avançar.
- Na página que tipo de instalação você deseja? clique
em Personalizada.
Figura 9: Criamos aqui uma pasta chamada “Trabalho”.
- Na página onde deseja instalar Windows? clique em
op- ções da unidade (avançada).
- Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
- Quando a formatação terminar, clique em avançar.
- Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
dows 7, inclusive a nomenclatura do computador e a confi-
guração de uma conta do usuário inicial.

Conceitos de pastas, arquivos e atalhos, manipula-


ção de arquivos e pastas, uso dos menus

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar


arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos– são registros digitais criados e salvos atra-
vés de programas aplicativos. Por exemplo, quando abri-
mos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a salvamos Figura 10: Tela da pasta criada
no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones– são imagens representativas associadas a pro- Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la e
gramas, arquivos, pastas ou atalhos. agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Atalhos–são ícones que indicam um caminho mais Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo. procedimento botão direito, Novo, Pasta.

Criação de pastas (diretórios) Área de trabalho:

Figura 11: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos quan-


do o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome de área
de trabalho, pois a ideia original é que ela sirva como uma
prancheta, onde abriremos nossos livros e documentos
Figura 8: Criação de pastas para dar início ou continuidade ao trabalho.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:

Figura 12: Barra de tarefas

1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato com todos os outros programas instalados, programas que
fazem parte do sistema operacional e ambientes de configuração e trabalho. Com um clique nesse botão, abrimos uma
lista, chamada Menu Iniciar, que contém opções que nos permitem ver os programas mais acessados, todos os outros
programas instalados e os recursos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de acesso para todas as opções
disponíveis no computador.
Através do botão Iniciar, também podemos:
-desligar o computador, procedimento que encerra o Sistema Operacional corretamente, e desliga efetivamente a
máquina;
-colocar o computador em modo de espera, que reduz o consumo de energia enquanto a máquina estiver ociosa,
ou seja, sem uso. Muito usado nos casos em que vamos nos ausentar por um breve período de tempo da frente do
computador;
-reiniciar o computador, que desliga e liga automaticamente o sistema. Usado após a instalação de alguns pro-
gramas que precisam da reinicialização do sistema para efetivarem sua insta- lação, durante congelamento de telas ou
travamentos da máquina.
-realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com nome e senha de outro usuário, tendo assim um ambiente com
características diferentes para cada usuário do mesmo computador.

Figura 13: Menu Iniciar – Windows 7

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na figura a cima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem acessados
com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são
configurados para entrar em ação quando o computador é
iniciado. Muitos deles ficam em execução o tempo todo no
sistema, como é o caso de ícones de programas antivírus
que monitoram constante- mente o sistema para verificar
se não há invasões ou vírus tentando ser executados. Figura 15: Restauração de arquivos
5) Propriedades de data e hora: Além de mostra o enviados para a lixeira
relógio constantemente na sua tela, clicando duas vezes,
com o botão esquerdo do mouse nesse ícone, acessamos A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
as Propriedades de data e hora. ser feita com um clique com o botão direito do mouse so-
bre o item desejado e depois, outro clique com o esquerdo
em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente o arquivo
para seu local de origem.
Outra forma de restaurar é usar a opção “Restaurar
este item”, após selecionar o objeto.
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho mui-
to grande, são excluídos sem irem antes para a Lixeira.
Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma mensa-
gem, ou perguntando se realmente deseja enviar aquele
item para a Lixeira, ou avisando que o que foi selecionado
será permanentemente excluído. Outra forma de excluir
documentos ou pastas sem que eles fiquem armazenados
na Lixeira é usar as teclas de atalho Shift+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e com
Figura 14: Propriedades de data e hora ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado (canto
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora, direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
deter- minarmos qual é o fuso horário da nossa região e Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
especificar se o relógio do computador está sincronizado que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
automaticamente com um servidor de horário na Internet. está marcada.
Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe, que vi-
mos na figura 26. Quando ele começa a mostrar um horário
diferente do que realmente deveria mostrar, na maioria das
vezes, indica que a bateria da placa mãe deve precisar ser
trocada. Esse horário também é sincronizado com o mes-
mo horário do SETUP.

Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo


usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, pode-
mos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e de-
pois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma vez
sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão dele-
te, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão para li-
xeira o que foi excluído, sendo possível a restauração, caso
haja necessidade. Para restaurar, por exemplo, um arquivo
enviado para a lixeira, podemos, após abri-la, restaurar o
que desejarmos.

Figura 16: Bloqueio da Barra de Tarefas

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Através do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.

Figura 19: Barra de Ferramentas

Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alterar


configurações do Windows, como aparência, idioma, confi-
gurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele é pos-
sível personalizar o computador às necessidades do usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Botão
Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encontramos as
seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do siste-
ma e da segurança”, permite a realização de backups e res-
tauração das configurações do sistema e de arquivos. Possui
ferramentas que permitem a atualização do Sistema Opera-
Figura 17: Propriedades da barra de tarefas e do menu cional, que exibem a quantidade de memória RAM instalada
iniciar no computador e a velocidade do processador. Oferece ain-
da, possibilidades de configuração de Firewall para tornar o
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: computador mais protegido.
- Rede e Internet: mostra o status da rede e possibilita
-Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela seja configurações de rede e Internet. É possível também definir
posicionada em outros cantos da tela que não seja o infe- preferências para compartilhamento de arquivos e compu-
rior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão es- tadores.
querdo do mouse pressionado. - Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover har-
-Ocultar automaticamente a barra de tarefas – oculta dwares como impressoras, por exemplo. Também permite
(esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior apro- alterar sons do sistema, reproduzir CDs automaticamente,
veitamento da área da tela pelos programas abertos, e a configurar modo de economia de energia e atualizar drives
exibe quando o mouse é posicionado no canto inferior do de dispositivos instalados.
monitor. - Programas: através desta opção, podemos realizar a
desinstalação de programas ou recursos do Windows.
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui altera-
mos senhas, criamos contas de usuários, determinamos con-
figurações de acesso.
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, menu
iniciar e barra de tarefas.
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para al-
terar data, hora, fuso horário, idioma, formatação de núme-
ros e moedas.
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o computa-
dor às necessidades visuais, auditivas e motoras do usuário.

Computador

Figura 18: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Iniciar Através do “Computador” podemos consultar e acessar
unidades de disco e outros dispositivos conectados ao nos-
Pela figura acima podemos notar que é possível a apa- so computador.
rência e comportamento de links e menus do menu Iniciar. Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em Com-
putador. A janela a seguir será aberta:

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Charms Bar
O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa e
esse recurso possibilita “esconder” algumas configurações
e aplicações. É uma barra localizada na lateral que pode ser
acessada colocando o mouse no canto direito e inferior da
tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. Essa fun-
ção substitui a barra de ferramentas presente no sistema e
configurada de acordo com a página em que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial e
em seguida escolha a cor da tela. O usuário também pode
selecionar desenhos durante a personalização do papel de
parede.

Redimensionar as tiles
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão direi-
Figura 20: Computador to na divisão entre eles e optando pela opção menor. Você
pode deixar maior os aplicativos que você quiser destacar
Observe que é possível visualizarmos as unidades de no computador.
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada. Ve-
mos também informações como o nome do computador, a Grupos de Aplicativos
quantidade de memória e o processador instalado na má- Pode-se criar divisões e grupos para unir programas pa-
quina. recidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos podem
ser renomeados.
Windows 8
Visualizar as pastas
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o
A interface do programas no computador podem ser
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celulares,
vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado a
etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente no layout,
lado. Para passar de um painel para outro é necessário usar
que acabou surpreendendo milhares de usuários acostuma-
a barra de rolagem que fica no rodapé.
dos com o antigo visual desse sistema.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas as Compartilhar e Receber
aplicações do computador que ficavam no Menu Iniciar e Comando utilizado para compartilhar conteúdo, enviar
também é possível visualizar previsão do tempo, cotação da uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção Com-
bolsa, etc. O usuário tem que organizar as pequenas minia- partilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há também
turas que aparecem em sua tela inicial para ter acesso aos a opção Dispositivo que é usada para receber e enviar con-
programas que mais utiliza. teúdos de aparelhos conectados ao computador.
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de
uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um pai- Alternar Tarefas
nel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma das Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os pro-
pastas e não encontre algum comando, clique com o botão gramas abertos no desktop e os aplicativos novos do SO.
direito do mouse para que esse painel apareça. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma lista na
A organização de tela do Windows 8 funciona como o lateral esquerda que mostra os aplicativos modernos.
antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com ima-
gens animadas. Cada mosaico representa um aplicativo que Telas Lado a Lado
está instalado no computador. Os atalhos dessa área de tra- Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
balho, que representam aplicativos de versões anteriores, to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao
ficam com o nome na parte de cima e um pequeno ícone mesmo tempo. É indicado para quem precisa acompanhar o
na parte inferior. Novos mosaicos possuem tamanhos dife- Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do computador.
rentes, cores diferentes e são atualizados automaticamente.
A tela pode ser customizada conforme a conveniên- Visualizar Imagens
cia do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, O sistema operacional agora faz com que cada vez que
mas podem ser encontrados clicando com o botão direito você clica em uma figura, um programa específico abre e
do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que um isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar isso é preciso
desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com o ir em Programas – Programas Default – Selecionar Windows
botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na Tela Photo Viewer e marcar a caixa Set this Program as Default.
Inicial.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imagem e Senha Windows 10 Education – Baseada na versão Enterpri-


O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao se, é destinada a atender as necessidades do meio educa-
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, aces- cional. Também tem seu método de distribuição baseado
se a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo em se- através da versão acadêmica de licenciamento de volume.
guida clique em More PC settings. Acesse a opção Usuários Windows 10 Mobile  – Embora o Windows 10 tente
e depois clique na opção “Criar uma senha com imagem”. vender seu nome fantasia como um sistema operacional
Em seguida, o computador pedirá para você colocar sua único, os smartphones com o Windows 10 possuem uma
senha e redirecionará para uma tela com um pequeno tex- versão específica do sistema operacional compatível com
to e dando a opção para escolher uma foto. Escolha uma tais dispositivos.
imagem no seu computador e verifique se a imagem está Windows 10 Mobile Enterprise – Projetado para smart-
correta clicando em “Use this Picture”. Você terá que dese- phones e tablets do setor corporativo. Também estará dis-
nhar três formas em touch ou com o mouse: uma linha reta, ponível através do Licenciamento por Volume, oferecendo
um círculo e um ponto. Depois, finalize o processo e sua as mesmas vantagens do Windows 10 Mobile com funcio-
senha estará pronta. Na próxima vez, repita os movimentos nalidades direcionadas para o mercado corporativo.
para acessar seu computador. Windows 10 IoT Core – IoT vem da expressão “Internet
das Coisas” (Internet ofThings). A Microsoft anunciou que
Internet Explorer no Windows 8 haverá edições do Windows 10 baseadas no Enterprise e
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da página Mobile Enterprise destinados a dispositivos como caixas
inicial, você terá acesso ao software sem a barra de ferra- eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
mentas e menus. atendimento para o varejo e robôs industriais. Essa versão
IoT Core será destinada para dispositivos pequenos e de
7.2. Windows 10 baixo custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que soft indica como requisitos básicos dos computadores:
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no mun- • Processador de 1 Ghz ou superior;
do dos Sistemas Operacionais, uma das suas missões é fi- • 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
car com um visual mais de smart e touch. 64bits);
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
ou maior.

5 NAVEGADORES WEB (GOOGLE CHROME E


INTERNET EXPLORER).

Navegadores de internet: Internet Explorer, Mozilla


Firefox, Google Chrome.

Navegadores: Navegadores de internet ou browsers


Figura 21:Tela do Windows 10 são programas de computador especializados em visuali-
zar e dar acesso às informações disponibilizadas na web,
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes versões até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet Explorer
(com destaque para as duas primeiras): e o Netscape, hoje temos uma série de navegadores no
Windows 10 – É a versão de “entrada” do Windows 10, mercado, iremos fazer uma breve descrição de cada um
que possui a maioria dos recursos do sistema. É voltada deles, e depois faremos toda a exemplificação utilizando o
para Desktops e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Sur- Internet Explorer por ser o mais utilizado em todo o mun-
face 3. do, porém o conceito e usabilidade dos outros navegado-
Windows 10 Pro – Além dos recursos da versão de en- res seguem os mesmos princípios lógicos.
trada, fornece proteção de dados avançada e criptografa-
da  com o BitLocker, permite a hospedagem de uma  Co- Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
nexão de Área de Trabalho Remota  em um computador, sequentemente um dos melhores navegadores existentes.
trabalhar com máquinas virtuais, e permite o ingresso em Outra vantagem devido ser o navegador da Google é o
um domínio para realizar conexões a uma rede corporativa. mais utilizado no meio, tem uma interface simples muito
Windows 10 Enterprise – Baseada na versão 10 Pro, é fácil de utilizar.
disponibilizada por meio do Licenciamento por Volume,
voltado a empresas.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o na-


vegador padrão do Windows. Como o próprio nome diz,
é um programa preparado para explorar a Internet dando
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo do
“e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo clique
em seu símbolo.

Figura 82: Símbolo do Google Chrome

Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente na-


vegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não ter
uma interface tão amigável, porém é um dos navegadores
mais rápidas e com maior segurança contra hackers.
Figura 86: Símbolo do Internet Explorer

16. Transferência de arquivos pela internet

FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferência


de Arquivos) é uma das mais antigas formas de interação
na Internet. Com ele, você pode enviar e receber arquivos
para, ou de computadores que se caracterizam como ser-
vidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito de arquivo
Figura 83: Símbolo do Mozilla Firefox texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não texto (Binários
– código 8 bits). Há uma diferença interessante entre en-
viar uma mensagem de correio eletrônico e realizar trans-
ferência de um arquivo. A mensagem é sempre transferida
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande como uma informação textual, enquanto a transferência de
desempenho, porém especialistas em segurança o consi- um arquivo pode ser caracterizada como textual (ASCII) ou
dera o navegador com menos segurança. não-textual (binário).
Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é ca-
paz de se comunicar com outro computador na Rede que
o esteja acessando através de um cliente FTP.
  FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, é a
conexão anônima, na qual não é preciso possuir um user-
name ou password (senha) no servidor de FTP, bastando
apenas identificar-se como anonymous (anônimo). Neste
caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de diretório
Figura 84: Símbolo do Opera que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do sistema. Isto
é muito importante, porque garante um nível de segurança
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo adequado, evitando que estranhos tenham acesso a todas
navegador considerado pelos especialistas e possui uma as informações da empresa. Quando se estabelece uma co-
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da nexão de “FTP anônimo”, o que acontece em geral é que a
Apple existem versões para Windows. conexão é posicionada no diretório raiz da árvore de dire-
tórios. Dentre os mais comuns estão: pub, etc, outgoing e
incoming. O segundo tipo de conexão envolve uma auten-
ticação, e portanto, é indispensável que o usuário possua
um username e uma password que sejam reconhecidas
pelo sistema, quer dizer, ter uma conta nesse servidor. Nes-
te caso, ao estabelecer uma conexão, o posicionamento
é no diretório criado para a conta do usuário – diretório
Figura 85: Símbolo do Safari home, e dali ele poderá percorrer toda a árvore do sistema,
mas só escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
operacional UNIX, que foi o grande percursor e responsá-
vel pelo sucesso e desenvolvimento da Internet. 

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Algumas dicas ta informação pode ser influenciada por fatores comporta-


1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o nú- mentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo ambiente ou
mero de conexões simultâneas para evitar uma sobrecarga infraestrutura que a cerca ou por pessoas mal-intencionadas
na máquina. Uma outra limitação possível é a faixa de ho- que têm o objetivo de furtar, destruir ou modificar tal infor-
rário de acesso, que muitas vezes é considerada nobre em mação.
horário comercial, e portanto, o FTP anônimo é temporaria- A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availability) —
mente desativado. Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade — repre-
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites senta as principais características que, atualmente, orientam
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site sendo a análise, o planejamento e a implementação da segurança
acessado. para um certo grupo de informações que se almeja proteger.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arquivo Outros fatores importantes são a irrevogabilidade e a auten-
verifique se você está usando o modo correto, isto é, no ticidade. Com a evolução do comércio eletrônico e da socie-
caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e no caso de arqui- dade da informação, a privacidade é também uma grande
vos binários (.exe, .com, .zip, .wav, etc.), o modo é binário. preocupação.
Esta prevenção pode evitar perda de tempo. Portanto as características básicas, de acordo com os pa-
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um ser- drões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as seguintes:
vidor de FTP em seu computador. Isto pode permitir que - Confidencialidade – especificidade que limita o aces-
um amigo seu consiga acessar o seu computador como um so a informação somente às entidades autênticas, ou seja,
servidor remoto de FTP, bastando que ele tenha acesso ao àquelas autorizadas pelo proprietário da informação.
número IP, que lhe é atribuído dinamicamente. - Integridade – especificidade que assegura que a in-
formação manipulada mantenha todas as características
autênticas estabelecidas pelo proprietário da informação,
6 ROTINAS DE BACKUP E PREVENÇÃO DE incluindo controle de mudanças e garantia do seu ciclo de
VÍRUS. vida (nascimento, manutenção e destruição).
7 ROTINAS DE SEGURANÇA DA - Disponibilidade – especificidade que assegura que a
INFORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE informação esteja sempre disponível para o uso legítimo, ou
ARQUIVOS. seja, por aqueles usuários que têm autorização pelo proprie-
tário da informação.
8 COMPUTAÇÃO NAS NUVENS: ACESSO
- Autenticidade – especificidade que assegura que a in-
A DISTÂNCIA E TRANSFERÊNCIA DE formação é proveniente da fonte anunciada e que não foi
INFORMAÇÃO. alvo de mutações ao longo de um processo.
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade que
assegura a incapacidade de negar a autoria em relação a
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
uma transação feita anteriormente.
A Segurança da Informação refere-se às proteções exis-
tentes em relação às informações de uma determinada em- Mecanismos de segurança
presa, instituição governamental ou pessoa. Ou seja, aplica-
-se tanto às informações corporativas quanto as pessoais. O suporte para as orientações de segurança pode ser
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo encontrado em:
ou dado que tenha valor para alguma corporação ou pes- Controles físicos: são barreiras que limitam o contato ou
soa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou exposta acesso direto a informação ou a infraestrutura (que assegura
ao público para consulta ou aquisição. a existência da informação) que a suporta.
Antes de proteger, devemos saber: Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou limi-
- O que proteger; tam o acesso à informação, que está em ambiente contro-
- De quem proteger; lado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, ficaria
- Pontos frágeis; exibida a alteração não autorizada por elemento mal-inten-
- Normas a serem seguidas. cionado.
Existem mecanismos de segurança que sustentam os
A Segurança da Informação se refere à proteção exis- controles lógicos:
tente sobre as informações de uma determinada empresa - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem a
ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informações corpora- modificação da informação de forma a torná-la ininteligível
tivas quanto aos pessoais. Entende-se por informação todo a terceiros. Utiliza-se para isso, algoritmos determinados e
conteúdo ou dado que tenha valor para alguma organiza- uma chave secreta para, a partir de um conjunto de dados
ção ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou não criptografados, produzir uma sequência de dados crip-
exibida ao público para consulta ou aquisição. tografados. A operação contrária é a decifração.
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não - Assinatura digital: Um conjunto de dados criptografa-
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há e, dos, agregados a um documento do qual são função, garan-
com isto, estabelecer as bases para análise de melhorias ou tindo a integridade e autenticidade do documento associa-
pioras de situações reais de segurança. A segurança de cer- do, mas não ao resguardo das informações.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Mecanismos de garantia da integridade da informa- 256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas
ção: Usando funções de “Hashing” ou de checagem, é ga- de combinações e decodificar a mensagem, que mesmo
rantida a integridade através de comparação do resultado sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, quanto
do teste local com o divulgado pelo autor. maior o número de bits, maior segurança terá a criptografia.
- Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave, Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves
sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes. simétricas e as chaves assimétricas
- Mecanismos de certificação: Atesta a validade de um Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é usa-
documento. da para a codificação e decodificação. Entre os algoritmos
- Integridade: Medida em que um serviço/informação que usam essa chave, estão:
é autêntico, ou seja, está protegido contra a entrada por - DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves
intrusos. de 56 bits, que corresponde à aproximadamente 72 quatri-
- Honeypot: É uma ferramenta que tem a função de lhões de combinações. Mesmo sendo um número extrema-
proposital de simular falhas de segurança de um sistema e mente elevado, em 1997, quebraram esse algoritmo através
obter informações sobre o invasor enganando-o, e fazen- do método de ‘tentativa e erro’, em um desafio na internet.
do-o pensar que esteja de fato explorando uma fraqueza - RC (Ron’sCode ou RivestCipher): É um algoritmo muito
daquele sistema. É uma espécie de armadilha para invaso- utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024 bits. Além dis-
res. O HoneyPot não oferece forma alguma de proteção. so, ele tem várias versões que diferenciam uma das outras
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garantem pelo tamanho das chaves.
um grau de segurança e usam alguns dos mecanismos ci- - EAS (AdvancedEncryption Standard): Atualmente é um
tados. dos melhores e mais populares algoritmos de criptogra-
fia. É possível definir o tamanho da chave como sendo de
Mecanismos de encriptação 128bits, 192bits ou 256bits.
- IDEA (International Data EncryptionAlgorithm): É um
A criptografia vem, originalmente, da fusão entre algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com o DES.
duas palavras gregas: Seu ponto forte é a fácil execução de software.
• CRIPTO = ocultar, esconder.   As chaves simétricas não são absolutamente seguras
• GRAFIA= escrever quando referem-se às informações extremamente valiosas,
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em có- principalmente pelo emissor e o receptor precisarem ter o
digos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam uma conhecimento da mesma chave. Dessa forma, a transmissão
mensagem ininteligível, e permite apenas que o destinatá- pode não ser segura e o conteúdo pode chegar a terceiros.
rio que saiba a chave de encriptação possa decriptar e ler
a mensagem com clareza. Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a pú-
Permitema transformação reversível dainformação de blica. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave pública
forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para para codificar e a chave privada para decodificar, conside-
isso, algoritmos determinados e uma chave secreta para,a rando-se que a chave privada é secreta. Entre os algoritmos
partir de um conjunto de dados não encriptados,produzir utilizados, estão:
uma continuação de dados encriptados. A operação inver- - RSA (Rivest, ShmirandAdleman): É um dos algoritmos
sa é a desencriptação. de chave assimétrica mais usados, em que dois números
primos (aqueles que só podem ser divididos por 1 e por
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave eles mesmos) são multiplicados para a obter um terceiro va-
privada. lor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa descobrir
  os dois primeiros números a partir do terceiro, sendo um
A chave pública é usada para codificar as informações, cálculo difícil. Assim, se números grandes forem utilizados,
e a chave privada é usada para decodificar.   será praticamente impossível descobrir o código. A chave
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para privada do RSA são os números que são multiplicados e a
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não chave pública é o valor que será obtido.
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o - ElGamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é um
emissor e receptor original possui. problema matemático que o torna mais seguro. É muito
 Hoje, a criptografia pode ser considerada um método usado em assinaturas digitais.
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes e Segurança na internet; vírus de computadores; Spywa-
tentativas de invasão. re; Malware; Phishing; Worms e pragas virtuais e Aplicati-
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ são vos para segurança (antivírus, firewall e antispyware)
usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, quan-
to mais bits forem utilizados, mais segura será essa crip- Firewall é uma solução de segurança fundamentada
tografia. em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
Um exemplo disso é se um algoritmo usa um chave um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para rede para determinar quais operações de transmissão ou
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de fogo”,

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a tradução literal do nome, já deixa claro que o firewall se Para compreender, é importante saber que cada pa-
enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua mis- cote possui um cabeçalho com diversas informações a seu
são, consiste basicamente em bloquear tráfego de dados respeito, como endereço IP de origem, endereço IP do
indesejados e liberar acessos desejados. destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Firewall
Para melhor compreensão, imagine um firewall como então analisa estas informações de acordo com as regras
sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é necessá- estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja para sair
rio obedecer a determinadas regras, como se identificar, ser ou para entrar na máquina/rede), podendo também execu-
esperado por um morador e não portar qualquer objeto tar alguma tarefa relacionada, como registrar o acesso (ou
que possa trazer riscos à segurança; para sair, não se pode tentativa de) em um arquivo de log.
levar nada que pertença aos condôminos sem a devida au- O firewall de aplicação, também conhecido como
torização. proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma
Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de solução de segurança que atua como intermediário entre
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada por- um computador ou uma rede interna e outra rede, externa
ta para se instalar em um computador sem o usuário saber, normalmente, a internet. Geralmente instalados em servi-
um programa que envia dados sigilosos para a internet, dores potentes por precisarem lidar com um grande núme-
uma tentativa de acesso à rede a partir de computadores ro de solicitações, firewalls deste tipo são opções interes-
externos não autorizados, entre outros. santes de segurança porque não permitem a comunicação
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie direta entre origem e destino.
de barreira que verifica quais dados podem passar ou não. A imagem a seguir ajuda na compreensão do conceito.
Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabelecimento Perceba que em vez de a rede interna se comunicar dire-
de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo usuário. tamente com a internet, há um equipamento entre ambos
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser con- que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e entre o
figurado para bloquear todo e qualquer tráfego no com- proxy e a internet. Observe:
putador ou na rede. O problema é que esta condição isola
este computador ou esta rede, então pode-se criar uma
regra para que, por exemplo, todo aplicativo aguarde au-
torização do usuário ou administrador para ter seu acesso
liberado. Esta autorização poderá inclusive ser permanente:
uma vez dada, os acessos seguintes serão automaticamen-
te permitidos.
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser confi-
gurado para permitir automaticamente o tráfego de deter-
minados tipos de dados, como requisições HTTP (veja mais
sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras, como
conexões a serviços de e-mail.
Perceba, como estes exemplos, que as políticas de um Figura 87: Proxy
firewall são baseadas, inicialmente, em dois princípios: todo
tráfego é bloqueado, exceto o que está explicitamente au- Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
torizado; todo tráfego é permitido, exceto o que está expli- pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, estabele-
citamente bloqueado. cer regras que impeçam o acesso de determinados ende-
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- reços externos, assim como que proíbam a comunicação
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- entre computadores internos e determinados serviços re-
rança internos mais específicos ou oferecendo um reforço motos.
extraem procedimentos de autenticação de usuários, por Este controle amplo também possibilita o uso do proxy
exemplo. para tarefas complementares: o equipamento pode regis-
O trabalho de um firewall pode ser realizado de vá- trar o tráfego de dados em um arquivo de log; conteú-
rias formas. O que define uma metodologia ou outra são do muito utilizado pode ser guardado em uma espécie
fatores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- de cache (uma página Web muito acessada fica guardada
pecíficas do que será protegido, características do sistema temporariamente no proxy, fazendo com que não seja ne-
operacional que o mantém, estrutura da rede e assim por cessário requisitá-la no endereço original a todo instante,
diante. É por isso que podemos encontrar mais de um tipo por exemplo); determinados recursos podem ser liberados
de firewall. A seguir, os mais conhecidos. apenas mediante autenticação do usuário; entre outros.
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- tentes na internet, fazendo com que, dependendo das cir-
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), cunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija muito
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, trabalho de configuração para bloquear ou autorizar deter-
embora ofereça um nível de segurança significativo. minados acessos.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Proxy transparente: No que diz respeito a limitações, SISTEMA ANTIVÍRUS.


é conveniente mencionar uma solução chamada de proxy
transparente. O proxy “tradicional”, não raramente, exige Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus,
que determinadas configurações sejam feitas nas ferra- spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca
mentas que utilizam a rede (por exemplo, um navegador precisou formatar seu computador?
de internet) para que a comunicação aconteça sem erros. Os vírus representam um dos maiores problemas para
O problema é, dependendo da aplicação, este trabalho de usuários de computador. Para poder resolver esses proble-
ajuste pode ser inviável ou custoso. mas, as principais desenvolvedoras de softwares criaram o
O proxy transparente surge como uma alternativa para principal utilitário para o computador, os antivírus, que são
estes casos porque as máquinas que fazem parte da rede programas com o propósito de detectar e eliminar vírus e
não precisam saber de sua existência, dispensando qualquer outros programas prejudiciais antes ou depois de ingressar
configuração específica. Todo acesso é feito normalmen- no sistema.
te do cliente para a rede externa e vice-versa, mas o proxy Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de progra-
transparente consegue interceptá-lo e responder adequada- mas de software que são implementados sem o consenti-
mente, como se a comunicação, de fato, fosse direta. mento (e inclusive conhecimento) do usuário ou proprie-
É válido ressaltar que o proxy transparente também tem tário de um computador e que cumprem diversas funções
lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «normal» é nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e perda de da-
capaz de barrar uma atividade maliciosa, como um malware dos, alteração de funcionamento, interrupção do sistema e
enviando dados de uma máquina para a internet; o proxy propagação para outros computadores.
transparente, por sua vez, pode não bloquear este tráfego. Os antivírus são aplicações de software projetadas
Não é difícil entender: para conseguir se comunicar exter- como medida de proteção e segurança para resguardar
namente, o malware teria que ser configurado para usar o os dados e o funcionamento de sistemas informáticos ca-
proxy «normal» e isso geralmente não acontece; no proxy seiros e empresariais de outras aplicações conhecidas co-
transparente não há esta limitação, portanto, o acesso acon- munmente como vírus ou malware que tem a função de
teceria normalmente. alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
computadores.
Limitações dos firewalls Um programa de proteção de vírus tem um funciona-
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que estas variam mento comum que com frequência compara o código de
conforme o tipo de solução e a arquitetura utilizada. De fato, cada arquivo que revisa com uma base de dados de códi-
firewalls são recursos de segurança bastante importantes, gos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode deter-
minar se trata de um elemento prejudicial para o sistema.
mas não são perfeitos em todos os sentidos, seguem abaixo
Também pode reconhecer um comportamento ou padrão
algumas dessas limitações:
de conduta típica de um vírus. Os antivírus podem regis-
trar tanto os arquivos encontrados dentro do sistema como
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, mas
aqueles que procuram ingressar ou interagir com o mesmo.
comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de um
Como novos vírus são criados de maneira quase cons-
computador). Esta situação pode gerar mais gastos para
tante, sempre é preciso manter atualizado o programa an-
uma ampliação de infraestrutura capaz de superar o pro- tivírus de maneira de que possa reconhecer as novas ver-
blema; sões maliciosas. Assim, o antivírus pode permanecer em
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- execução durante todo tempo que o sistema informático
dicamente para não prejudicar o funcionamento de novos permaneça ligado, ou registrar um arquivo ou série de ar-
serviços; quivos cada vez que o usuário exija. Normalmente, o an-
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devida- tivírus também pode verificar e-mails e sites de entrada e
mente tratados por proxies já implementados; saída visitados.
Um antivírus pode ser complementado por outros apli-
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati- cativos de segurança, como firewalls ou anti-spywares que
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede interna; cumprem funções auxiliares para evitar a entrada de vírus.
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma ati- Então, antivírus são os programas criados para manter
vidade maliciosa que acontece por descuido do usuário - seu computador seguro, protegendo-o de programas ma-
quando este acessa um site falso de um banco ao clicar em liciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar dados
um link de uma mensagem de e-mail, por exemplo; de seu computador.
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou atacan- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
tes experientes podem tentar descobrir ou explorar brechas colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers estão
de segurança em soluções do tipo; usando este mercado para enganar pessoas com falsos
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa seu
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário acessar a computador vulnerável aos ataques.
internet em seu computador a partir de uma conexão 3G E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
( justamente para burlar as restrições da rede, talvez), o fire- ao baixar programas de segurança em sites desconhecidos,
wall não conseguirá interferir. e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta de in-
formação.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns
às vezes recontaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um espaço considerável
(que é sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre os espaços do programa original,
para não dar a menor pista de sua existência.
Cada vírus possui um critério para começar o ataque propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados,
o micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens
chatas, outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes.
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o sempre
atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência deles para proteger seu
sistema operacional.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de atualização automática. Abaixo há uma lista com os antivírus
mais conhecidos:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br - Possui versão de teste.
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui versão de teste.
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e outra gratuita para uso não comercial (com menos funcionali-
dades).
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware.com.br - Possui versão de teste.
É importante frisar que a maioria destes desenvolvedores possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover vírus
específicos. Geralmente, tais softwares são criados para combater vírus perigosos ou com alto grau de propagação.

Figura 88: Principais antivírus do mercado atual

Tipos de Vírus

Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permitem a inva-
são de um computador alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso artefato militar fabri-
cado pelos gregos espartanos. Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de grego”, que seria um aplicati-
vo qualquer. Quando o leigo o executa, o pro- grama atua de forma diferente do que era esperado.
Ao contrário do que é erroneamente informado na mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não se
reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso. Deve-se
levar em consideração, também, que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A expressão “Tro-
jan” deve ser usada, exclusivamente, como definição para programas que capturam dados sem o conhecimento do usuário.
O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um ar- quivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar
informações como passwords, logins e quaisquer dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a máquina
contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, poderá ter todas as informações contidas no HD visualizadas e captu-
radas por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de um computador
alheio sabe as possibilidades oferecidas.

Worms (vermes) podem ser interpretados como um tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal diferença
entre eles está na forma de propagação: os worms podem se propagar rapidamente para outros computadores, seja pela
Internet, seja por meio de uma rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e o usuário só nota o
problema quando o computador apresenta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes é a gama de possibi-

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lidades de propagação. O worm pode capturar endereços mente um arquivo? E se o arquivo atual corrompeu? Bem,
de e-mail em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É nessa hora que
(sistema de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro entram as estratégias de backup.
meio que permita a contaminação de computadores (nor- Se você perguntar a alguém que não é familiarizado
malmente milhares) em pouco tempo. com backups, a maioria pensará que um backup é somente
uma cópia idêntica de todos os dados do computador. Em
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não se- outras palavras, se um backup foi criado na noite de terça-
rem necessariamente vírus, estes três nomes também re- -feira, e nada mudou no computador durante o dia todo
presentam perigo. Spywares são programas que ficam«es- na quarta-feira, o backup criado na noite de quarta seria
pionando» as atividades dos internautas ou capturam in- idêntico àquele criado na terça. Apesar de ser possível con-
formações sobre eles. Para contaminar um computador, os figurar backups desta maneira, é mais provável que você
spywares podem vir embutidos em softwares desconheci- não o faça. Para entender mais sobre este assunto, devemos
dos ou serem baixa- dos automaticamente quando o inter- primeiro entender os tipos diferentes de backup que po-
nauta visita sites de conteúdo duvidoso. dem ser criados. Estes são:
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem • Backups completos;
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, • Backups incrementais;
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O • Backups diferenciais;
objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. • Backups delta;
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo- O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagan- dispositivos de backup correspondentes), independente de
das em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferra- versões anteriores ou de alterações nos arquivos desde o úl-
mentas no navegador e podem impedir acesso a determi- timo backup. Este tipo de backup é o tradicional e a primei-
nados sites (como sites de software antivírus, por exemplo). ra ideia que vêm à mente das pessoas quando pensam em
Os spywares e os keyloggers podem ser identificados backup: guardar TODAS as informações. Outra característica
do backup completo é que ele é o ponto de início dos outros
por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pra-
métodos citados abaixo. Todos usam este backup para assi-
gas são tão peri- gosas que alguns antivírus podem ser
nalar as alterações que deverão ser salvas em cada um dos
preparados para identificá-las, como se fossem vírus. No
métodos.
caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma ferra-
Este tipo consiste no backup de todos os arquivos para a
menta desenvolvida especialmente para combater aquela
mídia de backup. Conforme mencionado anteriormente, se os
praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sis-
dados sendo copiados nunca mudam, cada backup completo
tema operacional de uma forma que nem antivírus nem será igual aos outros. Esta similaridade ocorre devido ao fato
anti-spywares conseguem “pegar”. que um backup completo não verifica se o arquivo foi altera-
Hoaxes, São boatos espalhados por mensagens de do desde o último backup; copia tudo indiscriminadamente
correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de para a mídia de backup, tendo modificações ou não. Esta é a
computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um razão pela qual os backups completos não são feitos o tempo
novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na todo Todos os arquivos seriam gravados na mídia de backup.
rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a Isto significa que uma grande parte da mídia de backup é usa-
mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar da mesmo que nada tenha sido alterado. Fazer backup de 100
em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax gigabytes de dados todas as noites quando talvez 10 gigaby-
normalmente costuma dizer que a informação partiu de tes de dados foram alterados não é uma boa prática; por este
uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e que tal motivo os backups incrementais foram criados.
vírus poderá danificar a máquina do usuário. Desconsidere Já os backups incrementais primeiro verificam se o ho-
a mensagem. rário de alteração de um arquivo é mais recente que o ho-
rário de seu último backup, por exemplo, já atuei em uma
Backup de arquivos Instituição, onde todos os backups eram programados para
a quarta-feira.
O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão aci- A  vantagem  principal em usar backups incrementais é
dentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os dados que rodam mais rápido que os backups completos. A prin-
originais do disco rígido forem apagados ou substituídos cipal desvantagem dos backups incrementais é que para res-
acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido a um de- taurar um determinado arquivo, pode ser necessário procurar
feito do disco rígido, você poderá restaurar facilmente os em um ou mais backups incrementais até encontrar o arquivo.
dados usando a cópia arquivada. Para restaurar um sistema de arquivo completo, é necessá-
rio restaurar o último backup completo e todos os backups
4.1. Tipos de Backup incrementais subsequentes. Numa tentativa de diminuir a
Fazer um backup é simples. Basta copiar os arquivos necessidade de procurar em todos os backups incremen-
que você usa para outro lugar e pronto, está feito o backup. tais, foi implementada uma tática ligeiramente diferente.
Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir acidental- Esta é conhecida como backup diferencial.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os backups diferenciais, também só copia arquivos al- 4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira
terados desde o último backup, mas existe uma diferen- que sua informação fique criptografada o suficiente para
ça, ele mapeia as alterações em relação ao último backup que ninguém mais possa acessá-la. Se sua informação é
completo, importante mencionar que essa técnica ocasiona importante para seus entes queridos, implemente alguma
o aumento progressivo do tamanho do arquivo. forma para que eles possam saber a senha se você não
Os backups delta sempre armazena a diferença entre estiver presente.
as versões correntes e anteriores dos arquivos, começando
a partir de um backup completo e, a partir daí, a cada novo Cloud Storage (Armazenamento na Nuvem)
backup são copiados somente os arquivos que foram alte-
rados enquanto são criados hardlinks para os arquivos que Modelo de armazenamento de dados, baseado no mo-
não foram alterados desde o último backup. Esta é a técni- delo de computação em nuvem, no qual os dados (arqui-
ca utilizada pela Time Machine da Apple e por ferramentas vos, textos, imagens, vídeos, etc.) de uma pessoa ou de uma
como o rsync. empresa são armazenados em ambientes de terceiros (ge-
ralmente empresas que possuem armazéns de dados ade-
4.2. Mídias quados para armazenar e gerenciar grandes volumes de
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de da- dados). O  usuário que utiliza este serviço  não depende
dos removível amplamente utilizado. Tem os benefícios de de possuir uma infraestrutura de hardware e software, de-
custo baixo e uma capacidade razoavelmente boa de arma- legando a um terceiro esta responsabilidade mediante o
zenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvantagens. pagamento do serviço. O acesso aos dados armazenados
Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados na fita é na nuvem (tanto para guardar como para obter os dados
sequencial por natureza. Estes fatores significam que é ne- posteriormente) é realizado através de aplicativos que uti-
cessário manter o registro do uso das fitas (aposentá-las lizam uma rede de computadores (comumente a Internet)
ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e também que a para acessar os armazéns de dados do provedor de serviço.
procura por um arquivo específico nas fitas pode ser uma A diferença básica entre o armazenamento em nuvem
tarefa longa. para usuários comuns e usuários corporativos envolve não
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados apenas o espaço oferecido (em geral, usuários comuns
como um meio de backup. No entanto, os preços de arma- utilizarão menor capacidade de armazenamento do que
zenamento caíram a um ponto que, em alguns casos, usar
usuários corporativos), mas também envolve os tipos de
drives de disco para armazenamento de backup faz sentido.
ferramentas integradas, políticas de segurança e outros re-
A razão principal para usar drives de disco como um meio
cursos.
de backup é a velocidade. Não há um meio de armazena-
mento em massa mais rápido. A velocidade pode ser um
Vantagens do armazenamento em nuvem
fator crítico quando a janela de backup do seu centro de
As principais vantagens do armazenamento em nu-
dados é curta e a quantidade de dados a serem copiados
é grande. vem são:
A empresa ou pessoa não necessita possuir hardwa-
O armazenamento deve ser sempre levado em conside- re ou software complexo para armazenar os dados den-
ração, onde o administrador desses backups deve se preo- tro da empresa: a criação e manutenção de recursos com-
cupar em encontrar um equilíbrio que atenda adequada- putacionais de uma empresa podem ser elevados e passar,
mente às necessidades de todos, e também assegurar que boa parte do tempo, abaixo de sua capacidade de utiliza-
os backups estejam disponíveis para a pior das situações. ção. Ao contratar o armazenamento em nuvem, a empresa
Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas pode contratar um produto aderente às suas necessidades
deve-se garantir os testes para que com o passar do tempo de utilização e, dependendo da evolução da massa de da-
não fiquem ilegíveis. dos da empresa, contratar um serviço com menor ou maior
capacidade conforme sua demanda. O usuário comum, por
4.3. Recomendações para proteger seus backups exemplo, pode não possuir capacidade de armazenamento
adequada em seu computador e utilizar armazenamento
Fazer backups é uma excelente prática de segurança de dados na nuvem de acordo com a sua conveniência,
básica. Agora lhe damos conselhos simples para que você baixando os dados quando necessário.
esteja a salvo no dia em que precisar deles: Acessibilidade: o acesso aos dados pode ser realiza-
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório, do em qualquer ambiente interno ou externo, em diversos
e, se for possível, em algum recipiente à prova de incêndios, tipos de equipamento, desde que atendidos os requisitos
como os cofres onde você guarda seus documentos e valo- de segurança. Em geral, no ambiente de empresa comum,
res importantes. os dados podem ser acessados unicamente dentro da em-
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as man- presa. Para usuários comuns, normalmente os dados eram
tenha em lugares separados. armazenados em um único computador, sendo necessá-
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, é rio utilizar pendrives e CDs para copiar dados. Atualmente,
melhor comprimir os arquivos que já sejam muito antigos com os serviços em nuvem, o usuário pode utilizar dados
(quase todos os programas de backup contam com essa no seu computador e posteriormente usar/modificar os
opção), assim você não desperdiça espaço útil. mesmos dados em um tablet ou smartphone. 

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Segurança e recuperação de dados: os dados arma- E se pudéssemos controlar um computador à distância


zenados na nuvem, por estar em um ambiente em geral como se estivéssemos sentado à frente dele, mas sem a
mais seguro, são mais difíceis de serem acessados ou apa- necessidade de sair do lugar ?.
gados por terceiros. Também possuem mais garantias con- É exatamente isso que o acesso remoto nos permite
tra apagamento acidental. Desta forma, em caso de perda fazer. Mas para que isso funcione são necessários algumas
de dados de um computador de uma empresa ou de uma configurações e que o computador esteja acessível, ou seja,
pessoa, é mais fácil recuperar os dados armazenados na o computador deve estar conectado à uma rede sendo
nuvem. essa rede a INTERNET ou uma REDE LOCAL.
O acesso remoto permite a resolução de vários proble-
Compartilhamento:  em geral, os serviços de arma- mas do cotidiano na área de suporte em TI, desde que o
zenamento na nuvem possuem políticas de segurança problema não esteja relacionado com a conectividade do
e acesso que permitem que o dono de um conjunto de computador, uma vez que para controlar um computador
dados possa compartilhar quais dados podem ser vistos e remotamente deve-se garantir que ele esteja acessível.
quais dados podem ser alterados.  Este compartilhamento Por que utilizar Acesso Remoto
pode ser realizado de diferentes formas para diferentes ti- • Algumas situações onde o AR pode ajudar:
pos de usuários.  – Atualização de softwares e sistemas;
– Configurações de programas e sistemas;
Desvantagens do armazenamento em nuvem – Correções de erros esporádicos ( aleatórios)
Disponibilidade da rede de computadores: nos ca- • Situações onde o AR não pode ajudar:
sos em que a rede em questão não estiver em operação – Problemas que impedem o acesso a INTERNET ou a
ou não puder ser acessada, os dados  podem não ser facil- rede local, ou seja, sem conectividade
mente acessíveis. É fato que a simplicidade de controle da área de tra-
balho remota pode facilitar muito a sua vida. Você pode
Privacidade dos dados: comumente, empresas que salvar arquivos que seriam muito grandes para enviar por
fornecem serviços de armazenamento na nuvem possuem email ou até mesmo acessar coisas importantes que nin-
políticas rígidas de manipulação e acesso aos dados. Po- guém pode enviar para você no computador de casa, além
de ajudar a solucionar um problema de outro computador.
rém, nunca há garantia que eles não acessem e leiam os
Vale lembrar, porém, que a conexão entre os dois com-
seus dados. Desta forma, em geral, recomenda-se que da-
putadores depende da velocidade com a qual eles estão
dos sensíveis não sejam armazenados na nuvem.
conectados à rede. Você pode acessar rapidamente a área
 
de trabalho do outro computador, mas quase todos os pro-
Alguns serviços de armazenamento em nuvem
gramas de acesso remoto possuem uma interface pesada,
Usuários comuns
o que torna tarefas simples um pouco mais lentas que o
Amazon S3 
usual.
Google Drive
OneDrive
Usuários corporativos
Amazon Web Services Acesso Remoto
Google Cloud Storage Existe uma série de aplicativos voltados para o acesso
Windows Azure remoto de computadores, alguns para redes privadas e ou-
tros para redes públicas, ou seja, a Internet. Ao acessar a In-
Fonte: http://www.revistabw.com.br/revistabw/infor- ternet, como você já deve imaginar, você pode correr riscos
matica-cloud-storage/ de ter sua conexão interceptada por terceiros. Então reco-
mendamos o uso de softwares diferentes caso você queira
ACESSO À DISTÂNCIA acessar computadores na Internet ou dentro da rede.
Características importantes
Acesso à distância ou acesso remoto consiste em per- • Alguns fatores importantes devem ser observados
mitir que se controle um computador à distância desde que para a escolha de uma solução em acesso remoto, são al-
o mesmo esteja conectado à INTERNET. Com isso pode-se guns deles:
visualizar a área de trabalho desse computador e controlá- – Facilidade de uso
-lo como se estivesse sentado nele. – Facilidade de configuração
Com o surgimento da INTERNET e do crescimento das – Requisitos de Segurança
redes de computadores, o conceito de longe e perto é re-
duzido a quase um detalhe e não mais a uma dificuldade. Facilidade de uso
Conseguimos comunicar com qualquer parte do mundo. • Considere facilidade de uso, as características a res-
Mas e quando um problema acontece? Ainda temos peito dos seguintes requisitos:
que nos deslocar até o local para resolver, ou seja, a distân- – interface do programa: intuitiva, suporte a vários
cia volta a ser uma dificuldade. idiomas, etc;

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Interoperabilidade: compatibilidade com várias plata- diferentes. Logo, um servidor remoto pode ser qualquer
formas (Windows, Linux, Mac, iPhoneOS, etc) tipo de computador, basta que nele exista um programa
– capacidade de adaptação do sistema aos vários tipos que o caracterize como servidor de alguma coisa, por
de ambientes de rede: rede locais ou NAT ( pc’s atrás de exemplo, FTP.
um firewall) O que é um servidor de FTP? É um computador que
roda um programa que chamamos de servidor de FTP e,
Facilidade de Configuração portanto, é capaz de se comunicar com outro computador
• Considere facilidade de configuração, os aspectos re- na Rede que o esteja acessando através de um cliente FTP.
lativos a:
– Instalação do software cliente: necessidade ou não Mas afinal de contas: o que é um servidor? E um
de instalação de softwares para acessar ou visualizar um cliente?
computador remoto Como tudo na Internet gira em torna do que chama-
– Configuração do software servidor: grau de comple- mos de arquitetura cliente-servidor, quando você instala
xidade de configuração do computador a ser acessado um programa que seja alguma aplicação para Internet,
– Necessidade de adaptação: funcionamento ‘plug- você obrigatoriamente estará instalando uma aplicação
-n-play’ ou necessita de regras avanças em firewalls para cliente ou uma aplicação servidor.
acesso ou de redirecionamento de portas. Chamamos de cliente porque a aplicação se comunica
através de solicitações de serviço. Por outro lado, podemos
Requisitos de Segurança entender uma aplicação servidora como quem atenderá a
• Considere os requisitos de segurança, aspectos como: estas solicitações e prestará o serviço adequado. Por exem-
– Criptografia dos dados: garante segurança sobre as plo: quando você instala o browser Mozilla Firefox em seu
informações trafegadas entre os computadores computador, você está instalando o lado cliente da arquite-
– Autenticação: garante uma forma de segurança quan- tura. Completando esta arquitetura, existe, em algum outro
to ao acesso ao computador remoto, exigindo por exemplo ponto da Rede, um computador que tem instalada e exe-
cutando a parte servidora.
um código de acesso, usuário e senha local do computador
Deste modo, ao se conectar à Internet, você pode es-
– Regras de prevenção de ataques: Mecanismos para
perar que a parte servidora esteja sempre disponível e se
restringir o acesso ao computador remoto.
encontre em um endereço bem conhecido. Caso contrário,
Fonte: minicurso SENAC acesso a distância, por Marce-
a parte cliente não saberá encontrar o servidor.
lino g Macedo
Mirrors, por que eles existem? A cada dia a Internet ga-
nha uma dimensão tão grande, que muitas vezes é interes-
Transferência de Arquivos
sante replicar as informações em diversos computadores
FTP - Protocolo de Transferência de Arquivos FTP (abre-
ao redor do mundo de modo que a performance do acesso
viação para File Transfer Protocol - Protocolo de Transfe- a estas informações seja melhorada pela proximidade de
rência de Arquivos) é uma das mais antigas formas de in- um mirror (espelho), que é um computador que espelha o
teração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber conteúdo de um outro.
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam Um bom exemplo é o site http://www.tucows.com a
como servidores remotos. quantidade de acessos a esse site é tão grande que eles
espalharam “espelhos” por todo mundo. Mas o que se ga-
Voltaremos aqui ao conceito de arquivo texto (ASCII nha com isto? Velocidade ao realizar uma transferência de
- código 7 bits) e arquivos não texto (Binários - código 8 arquivos, pois você tem a oportunidade de sempre optar
bits). Há uma diferença interessante entre enviar uma men- por um site mais próximo de você.
sagem de correio eletrônico e realizar transferência de um
arquivo. A mensagem é sempre transferida como uma in- Intranet, um mirror em potencial
formação textual, enquanto a transferência de um arquivo Uma palavra muito comum hoje em dia é Intranet.
pode ser caracterizada como textual (ASCII) ou não-textual Você inclusive já teve a oportunidade de conhecer um
(binário). pouco mais sobre isso em nossa edição número 2. Resu-
O que é um servidor remoto? Servidores remotos são midamente, podemos entendê-la como a migração da tec-
computadores que dedicam parcial ou integralmente a sua nologia Internet para dentro de uma empresa. Neste caso,
memória aos programas que chamamos de servidores. podemos imaginar que os funcionários desta empresa se-
Pelo fato destes computadores não serem o seu compu- rão, certamente, usuários freqüentes de FTP.
tador local - aquele que está em seu trabalho, seu quarto Nesta nova filosofia de trabalho, o conceito de mirror
ou em um laboratório de sua universidade, é que os cha- pode ser muito bem aplicado. Imagine que cada computa-
mamos de remoto, indicando que estão em algum outro dor da empresa precise dos clientes instalados, por exem-
ponto remoto da Rede. plo, browsers, e-mail, etc. Seria interessante que ao invés
Quem até hoje em sua vida só viu micros PCs Windows de cada funcionário acessar a Internet para buscá-los, fosse
ou Macs, não deve esqueçer que a Rede Mãe é uma gran- criado um local no servidor da rede local, no qual todos os
de coleção de computadores de todos os tipos. Cada qual softwares mais utilizados fossem espelhados. Com certeza
com suas particularidades e, portanto, com características a economia de tempo seria significativa.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

FTP anônimo versus FTP com autenticação


Existem dois tipos de conexão FTP. A primeira, e mais 9 APLICAÇÕES E APLICATIVOS EM
utilizada, é a conexão anônima, na qual não é preciso pos- DISPOSITIVOS MÓVEIS.
suir um user name ou password (senha) no servidor de FTP,
bastando apenas identificar-se como anonymous (anôni-
mo).
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore Entenda como os diversos componentes são capa-
de diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do zes de deixar o seu celular inteligente
sistema. Isto é muito importante, porque garante um nível Quem viveu o início da década de 90 deve se lembrar
de segurança adequado, evitando que estranhos tenham de como eram os celulares naquela época. Com tela de
acesso a todas as informações da empresa. Quando se es- poucas cores e funções limitadas, os aparelhos aos poucos
tabelece uma conexão de “FTP anônimo”, o que acontece se tornaram cada vez mais presentes na vida dos brasilei-
em geral é que a conexão é posicionada no diretório raiz ros, a ponto de hoje existir mais linhas de celulares ativas
da árvore de diretórios. Dentre os mais comuns estão: pub, do que habitantes no país.
etc, outgoing e incoming. Para que isso fosse possível a tecnologia precisou
O segundo tipo de conexão envolve uma autenticação, evoluir consideravelmente. Ainda assim, com tanto celu-
e portanto, é indispensável que o usuário possua um user lar inteligente no mercado, são poucas pessoas que sabem
name e uma password que sejam reconhecidas pelo siste- exatamente quais componentes do smartphone são funda-
ma, quer dizer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao mentais para que o celular inteligente seja exatamente do
estabelecer uma conexão, o posicionamento é no diretório jeito que a gente conhece. Nesse artigo, você vai conhecer
criado para a conta do usuário - diretório home, e dali ele um pouco mais sobre alguns dos componentes que dão
poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só escrever vida aos aparelhos inteligentes.
e ler arquivos nos quais ele possua permissão.

Alguns sites interessantes para FTP anônimo


ftp://ftp.sausage.com: arquivos sobre o editor HTML
HotDog
ftp://ftp.microsoft.com: arquivos sobre software, docu-
mentação e outros
ftp://ftp.shareware.com: arquivos variados sobre soft-
ware shareware
ftp://ftp.qualcomm.com: arquivos sobre Eudora, e ou-
tros software produzidos pela Qualcomm
ftp://ftp.uwp.edu: arquivos sobre games
ftp://ftp.cica.indiana.edu: arquivos diversos sobre siste-
mas operacionais e software em geral A tecnologia dos celulares evoluiu consideravelmente.

- Processador: o cérebro de tudo


Sozinho ele não seria capaz de fazer um celular funcio-
nar, mas um dos componentes de smartphone mais impor-
tantes de um aparelho é o seu processador. Assim como
em um computador, esse dispositivo é capaz de fazer cál-
culos matemáticos e acessar itens de memória em questão
de segundos de forma a executar o sistema operacional
instalado bem como gerenciar os demais componentes do
produto.
Há várias formas de mensurar o potencial de um pro-
cessador. A quantidade de núcleos pode ser um indicativo.
Em teoria, quanto mais núcleos, melhor deve ser a sua ca-
pacidade de processamento. Na prática, não podemos levar
essa notação ao pé da letra, já que outros fatores também
podem ter influência nisso. A velocidade do processador, o
chamado clock, pode fazer com que um modelo dual-core
seja mais rápido do que um quad-core, por exemplo.
A arquitetura de um processador também é outro pon-
to que tem influência significativa no resultado final. Quan-
to menos nanômetros o processador tiver, menor será a o
consumo de energia e melhor será o seu desempenho se
comparado a um modelo similar com igual quantidade de
núcleos.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A resolução da tela, por exemplo, quanto mais alta for,


mais energia gastará. O mesmo se aplica ao brilho da tela
(quanto mais intenso, maior é o gasto) a ao volume do áu-
dio (quanto mais alto, maior o gasto). Por fim, a arquitetura
do processador e a quantidade de tarefas que estão sendo
executadas de forma simultânea também serão determi-
nantes para influenciar nos índices de consumo.

Um dos componentes de smartphone mais importan-


tes de um aparelho é o seu processador.

- Memória RAM
Essa é outro dos componentes de smartphone que me-
recem a sua atenção. A memória RAM funciona como uma
auxiliar no processamento das tarefas, sendo responsável As baterias também são inteligentes, com duração di-
por ler e armazenar dados que não precisam ser salvos, ferenciada dos celulares antigos.
mas devem estar disponíveis durante a execução de uma
tarefa. Cada aplicativo em execução consome um pouco - Sistema operacional: a interface das peças de smar-
dessa memória para que possa executar as suas funciona- tphone
lidades. Não menos importante, para que o seu celular inteli-
Dessa forma, quanto mais memória RAM um celular gente seja de fato inteligente ele precisa contar com um
tiver, menores serão as chances de ele engasgar enquanto sistema operacional que seja capaz de extrair o que há de
melhor em componente. Assim, sistemas como Android,
um aplicativo estiver rodando. Atualmente, celulares com
iOS ou Windows Phone ficam encarregados de otimizar
menos de 1 GB de RAM são considerados quase que ob-
as funções de forma que todas as peças de smartphone
soletos. Aparelhos que tenham entre 2 GB e 3 GB são os
trabalhem em conjunto e em sintonia.
ideais. Alguns modelos mais recentes chegam a ter 6 GB de
Quando você clica sobre um ícone de câmera na tela
RAM – é mais memória do que muito PC por aí.
do celular, é o sistema que se encarrega de enviar uma or-
dem ao processador para executar a tarefa. Esse processo
- Memória flash: a capacidade de armazenamento
conta com o suporte da memória RAM para armazenar os
Se o processador executa as tarefas e a memória auxilia
dados em tempo real enquanto a sua foto não é capturada.
para que os processos aconteçam, a memória flash é o lo- Depois que o processo é concluído, ela é salva na memória
cal onde ficam salvos o sistema operacional, os aplicativos flash, para que fique disponível permanentemente por ali.
e também as fotos e vídeos que você armazena em seu ce- A função dos sistemas operacionais é traduzir essas
lular. Novamente, aqui vale a regra de quanto mais, melhor. tarefas em uma linguagem eficiente e visualmente simples
Aparelhos com 8 GB de armazenamento são considerados para o maior número de pessoas. Quanto mais os sistemas
quase ultrapassados hoje em dia. evoluem, mais fáceis eles ficam de serem utilizados e, con-
O ideal é escolher modelos cuja capacidade de arma- sequentemente, menos energia eles requerem para exe-
zenamento seja igual ou maior do que 16 GB. Esse espaço cutar as mesmas tarefas. Essa é prova definitiva que não
pode chegar até aos 256 GB de armazenamento, como é o é apenas um item que faz a diferença no final das contas,
caso do smartphone ASUS Zenfone 3 Deluxe. Além disso, mas sim o conjunto e o bom desempenho de todos eles.
muitos aparelhos têm suporte a cartões micro SD, que de-
sempenham a mesma função, ampliando a capacidade e MOBILIDADE!
armazenamento do celular. - Novas formas de trabalhar
- Liberdade e mais possibilidades
- Bateria: energia para todas as tarefas - Ambientes informais
A energia que faz com que todos os outros compo- - Economia de espaço
nentes funcionem perfeitamente é provida pelas baterias - Flexibilidade de horário DEFINIÇÕES:
de lítio-íon. A capacidade delas é medida em mAh e, em
teoria, quanto maior o número de mAh, maior será o tem-
po de duração do aparelho ligado. Contudo, muitos outros
fatores têm influência nesse resultado final.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um dispositivo móvel, designado popularmente em - Em 15 de fevereiro de 2010 a versão Symbian ^3,


inglês por handheld é um computador de bolso habitual- totalmente open source, foi liberada.
mente equipado com um pequeno ecrã (output) e um te- -Dezenas de versões do Symbian prejudicam a inte-
clado em miniatura (input). grações entre sistemas operacionais e aplicativos.
Em alguns aparelhos, o output e o input combinam-se -Linguagem de Programação utilizada: Symbian C/
num ecrã táctil (touchscreen). C++ - variação do padrão C++ feita para Symbiam.
Aplicativos para Symbian
DEFINIÇÕES: - Advanced Device Locks Pro(bloqueador);
Os dispositivos móveis mais comuns são: - Quickoffice;
- Smarthphone; - Shazam(descobre o nome da música);
- PDA(Personal digital assistant); - JzipMan;
- Celular; - UC Player(roda diversos formatos de vídeos); -
- Console portátil; Screensnap(print de tela); - Etc, etc, etc.
- Aparelhos GPS ( Sistema de Posicionamento Global)
- Computadores móveis: Notebooks e Tablets. Windows Phone
- Foco mais corporativo – gerenciamento de
Possibilidades de utilização de Dispositivos Móveis: e-mails, edição de arquivos, pacote completo de cone-
- vendas realizadas por meio de mobile devices que xões.
permitem o acesso as informações em tempo real; - Acompanha todo o pacote de ferramentas do Mi-
- em empresas como bares, restaurantes, entre outros, crosoft Office.
esta tecnologia pode ser utilizada como forma de pedido, -Acompanha Windows Media Player, Outlook e Inter-
o cliente chega ao estabelecimento e utiliza o dispositivo net Explorer.
para efetuar o seu pedido, este imediatamente chega à co- - Não está vinculado a um único hardware, diver-
zinha ou balcão onde é providenciado. sos fabricantes poderão licensiar seus aparelhos, desde
que atendam aos pré-requisitos de hardware.
Vantagens: -Proporciona uma boa integração entre os smartpho-
- Acesso à rede e a e-mails; nes e os desktops. -Linguagem de Programação utilizada:
- Acesso à nuvem; C# e Visual Studio, a Linguagem de Interface é a XAML,
- Aplicativos personalizados para empresas. baseada em XML.

PRINCIPAIS SISTEMAS OPERACIONAIS Blackberry


- iOS – iPhones - Apple -Sistema Operacional concebido pela empresa cana-
-Versão modificada do sistema operacional Mac OSX. dense RIM – Research In Motion.
Seu foco é oferecer suporte para as tecnologias de reco- - Utiliza um serviço próprio de e-mail – BB-
nhecimento de toques M(BlackBerryMessenger).
múltiplos de inclinação e de multimídia, para reprodu- -Sistema Proprietário.
ção de vídeos, imagens e músicas. - Foco em Comunicação Empresarial, funções vol-
- Dependência da loja oficial: você só pode baixar apli- tadas a troca de mensagens de texto, navegação na inter-
cativos disponíveis na Apple Store. net e troca de e-mails.
(liberação do aparelho para aplicativos não oficiais = - Apenas programas certificados podem ser roda-
perda da garantia) dos.
-Uso proprietário e exclusivo da Apple. - Funcionamento de vários recursos simultanea-
-Linguagem de Programação utilizada: ObjectiveC, ba- mente(multi-tasking).
seado em linguagem C. -Linguagem de programação utilizada: Java
Aplicativos para IOS:
- Office para iPad/iPhone; Aplicativos para Blackberrys:
- FireChat; - PhotoStudio;
- Organizze(gerenciamento financeiro); - BlackBerryMessenger;
- Pocket(armazena conteúdo para leitura posterior); - Ram Optmizer;
- Fotor; - Photo Camera 360 Effects; - Documents To Go;
- Tynker(ensina crianças a programar); - Etc, etc, etc. - Etc, etc, etc.

Symbian Android
-Fruto da parceria entre Ericsson, Nokia, Motorola e -Sistema operacional móvel desenvolvido pela Open
PSION Handset Alliance, liderada pelo Google. Baseado no
-Amplamente utilizado pela Nokia, que em 2010 anun- núcleo Linux, o sistema de código aberto está presente
ciou a compra de todas as ações. em grande parte dos smartphones, como HTC, Samsung
-Tem como objetivos primários manter a integridade e o próprio Google Nexus One.
dos dados, evitar desperdício de tempo do usuário e traba-
lhar com recursos escassos.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

-Open Handset Alliance: um grupo de 84 empresas de -GPS;


tecnologia e móveis que se uniram para acelerar a inova- -Diversas aplicações já instaladas;
ção em consumidores móveis e oferecer um mais barato e -Ambiente de desenvolvimento inovador e flexível;
melhor experiência mais rica, móvel. -Plataforma completamente livre e open-source;
- Primeira plataforma móvel completa, aberta e livre. -Linguagem Java;
- Atualmente é o Sistema Operacional para -Integração entre aplicações.
- Dispositivos Móveis mais utilizado no mundo. Estrutura do Projeto Android
-Linguagem de Programação utilizada: Java. • SRC – onde ficam todas as Classes Java;
• RES(resources) – onde ficam os recursos utilizados
Plataformas e Ferramentas de Desenvolvimento na aplicação
-Para Windows Phone: - drawable: onde se deve colocar as imagens. Con-
• Visual Studio.Net. tém as pastas hdpi (High dpi), mdpi (Medium dpi), ldpi (Low
dpi) para diferentes resoluções
-Para Symbian: - layout: onde ficam os arquivos XML da aplicação.
• Symbian Web Development Tools ( para Symbian ^3); - values: arquivos XML contendo valores, como ar-
• Active Perl; rays, cores, dimensões, strings, etc.
• SDK da Symbian; • Gen – Classes geradas automaticamente pelo pro-
• S60 Platform SDK for Symbian OS; jeto - Classe R: contém as contantes para os recursos do pro-
• Etc. jeto. Não deve ser alterada manualmente.
Estrutura do Projeto Android
- Para Blackberry: • AndroidManifest.xml- Este arquivo é muito impor-
• Blackberry Java Development Environment. tante para o projeto porque ele conterá as informações so-
bre as atividades, views, serviços e etc, bem como a lista de
-Para iOS: permissões que deverão ser necessárias para rodar a aplica-
• X-Code (disponível apenas para Mac) -Para An- ção;
droid: • Libs- Bibliotecas adicionais;
• ADT(Android Development Tools) Eclipse; • Assets – recursos externos (ex: fontes).
Conceitos básicos
• Netbeans + Android SDK.
• Activity – similar à classe Jframe do Swing. Repre-
senta uma tela da aplicação.
Considerações ao desenvolver aplicativos para Dispo-
• View – elementos visuais da interface gráfica.
sitivos Móveis
• Intent – mensagem da aplicação para o sistema
• Navegabilidade;
operacional, solicitando que algo seja realizado.Integra dife-
• Resolução da Tela;
rentes aplicações, nativas ou não.
• Tamanho da Tela; • Content provider – provedor de conteúdo. Exem-
• Celular ou Tablet? ; plos de provedor de conteúdo nativo: content://com.an-
• Multitasking. droid.contacts/contacts content://media/internal/images/
media
Um pouco mais sobre Android Conceitos básicos
• Fragments – fragmento de tela. Muito útil em apli-
Open Handset Alliance cações para Tablets. Disponível a partir da versão 3.0 Ho-
A Open Handset Alliance(OHA) é um grupo formado neyComb.
por gigantes do mercado de telefonia de celulares lidera- • SQLite - é um banco de dados auto-contido, com-
dos pelo Google, com o objetivo de definir uma plataforma pacto, com suporte nativo no Android e sem necessidade
única e aberta para celulares, para a satisfação dos consu- de configuração ou instalação. Isto torna-o a escolha natural
midores com o produto final. Outro objetivo dessa aliança para um ambiente em que devemos prezar por desempe-
é criar uma plataforma moderna e flexível para o desenvol- nho, disponibilidade de memória e praticidade de uso.
vimento de aplicações corporativas. Resultado: Métodos
Android! - OnCreate – chamado uma única vez.Cria uma view
Android e chama o método setContetView(view) para exibi-la na tela.
-Sistema operacional baseado em Linux; - OnStart – é chamado quando a activity está ficando
-Interface visual rica; visível ao usuário e já tem uma view. Pode ser chamado de-
-GPS; pois dos métodos onCreate() ou onRestart().
-Diversas aplicações já instaladas; - OnRestart – é chamado quando uma activity foi pa-
-Ambiente de desenvolvimento inovador e flexível; rada temporariamente e está sendo iniciada outra vez, cha-
-Linguagem Java; ma o método onStart() de forma automática.
-Integração entre aplicações. - OnResume – é chamado quando a activity está no
Android topo da pilha, pronta para interagir com o usuário. É o es-
-Sistema operacional baseado em Linux; tado da activity executando. É chamado sempre depois do
-Interface visual rica; OnStart.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Métodos A sigla “app” é uma abreviatura do termo “aplicação de


- OnPause – é chamado para salvar o estado da apli- software”. Foi em 2010 que se tornou tão popular que foi
cação quando precisa ser temporariamente interrompida. assinalada como “Palavra do Ano” pela American Dialect
- OnStop – é chamado quando a activity está sendo Society  [4] Em 2009, David Pogue[5] um escritor e colunis-
encerrada, e não está mais visível ao usuário. Pode ser rei- ta de artigos de tecnologia afirmou que os smartphones
niciada se necessário, através do método onRestart. Caso mais recentes poderiam ser designados por «app phones”
fique muito tempo parada e o sistema operacional precise para distingui-los dos menos sofisticados. Originalmente
limpar os recursos para liberar memória, o método onDes- as Aplicações móveis foram criadas e classificadas como
troy pode ser automaticamente chamado. ferramentas de suporte à produtividade e à recuperação
- OnDestroy – encerra a execução de uma activity. de informação generalizada, incluindo correio eletrônico,
Pode ser chamado automaticamente pelo sistema opera- calendário, contatos, mercado de ações, informações me-
cional para liberar recursos ou pela aplicação, através do teorológicas entre outras do gênero. No entanto, a cres-
método finish(). cente procura, a disponibilidade facilitada e a evolução das
apps, conduziu à rápida expansão para outras categorias,
Fonte: como jogos, GPS, serviços de informação meteorológica,
https://blog.bemmaisseguro.com/celular-inteligente/ serviços de acompanhamento de pedidos vários, compra
https://pep.ifsp.edu.br/moodledata/filedir/fe/ce/fece- de bilhetes, confirmações de presenças, conexões nas re-
ddf4abea09da1e16d813b2c0aa14e0025072 des sociais, aplicações nas mais diversas áreas, como saú-
de, desporto, banca e negócios, mercados de ações, etc.,
Aplicação Móvel tudo isto para a generalidade dos dispositivos móveis. A
disseminação no número e variedade de aplicações serviu
Aplicação móvel ou aplicativo móvel , conhecida de fonte de estímulo à investigação e consequente criação
normalmente por seu nome abreviado app, é um softwa- de inúmeras Apps para atender as necessidades mais di-
re desenvolvido para ser instalado em um dispositivo ele- versas da maioria dos utilitários.
trônico móvel, como um PDA, telefone celular, smartpho- As apps tem o propósito de facilitar o dia-a-dia ao seu
ne ou um leitor de MP3. Esta aplicação pode ser instalada utilizador, fornecendo-lhe as mais diversas funcionalida-
no dispositivo, ou se o aparelho permitir descarregada des com infinitas possibilidades.
pelo usuário através de uma loja on-line, tais como Goo- As  apps  podem ser utilizadas em qualquer dispositi-
gle Play,  App Store ou Windows Phone Store. Uma parte vo móvel podendo, ou não, ter a funcionalidade da geo-
das aplicações disponíveis são gratuitas, enquanto outras -localização de forma a tornar a App mais relevante para
são pagas. Estas aplicações são pré-instaladas ou vêm dire- ser utilizada no local e no momento em que é utilizada, o
tamente da fábrica, descarregadas pelos clientes de várias exemplo dos mapas é o exemplo clássico, mas também
plataformas de distribuição de software móvel ou aplica- pode servir para obter vales de descontos de lojas nas
ções da web entregues por HTTP que usam processamento proximidades ou para sugerir pontos de interesse para o
do lado do servidor ou do cliente (por exemplo, JavaScript) utilizador.
para fornecer uma experiência “aplicação” dentro de um Uma das áreas em que os apps têm um enorme po-
navegador da Web. tencial é a saúde. Segundo a Siddiqui (2013),[6] os dispositi-
O número de descarregamentos de aplicações móveis vos móveis podem ajudar na manutenção da saúde e pre-
está em forte crescimento. Esta tendência está associa- venção da doença. As Apps desenvolvidas para este efeito
da com a venda de smartphones, que também houve um podem ter funcionalidades que ajudem melhorar a aces-
grande crescimento de 74% num ano.[1][2] sibilidade a tratamentos bem como a rapidez e a exatidão
Apps se encontram disponíveis em plataformas de dis- dos exames de diagnóstico (Siddiqui,2013)[7]. As Apps po-
tribuição. Popularizaram-se em 2008 e são normalmente dem ter funcionalidades que aproximam os pacientes dos
asseguradas pelo sistema operacional móvel. Algumas prestadores de cuidados ou podem ajudar em coisas tão
aplicações são exclusivamente gratuitas ou têm versões simples como a adesão à terapêutica, fazendo com que o
gratuitas, enquanto outras são comercializadas a valo- paciente não se esqueça da toma dos medicamentos. 
res relativamente e de forma geral acessíveis. Quanto à Dados estatísticos
aplicação paga, geralmente uma percentagem de 20% a Descarregamentos de apps para dispositivos móveis.
30% é atribuída ao distribuidor e o restante para o criador De acordo com a Portio Research[8] (Março de 2013) esti-
da app[3].A mesma aplicação pode custar um valor diferen- mou-se que, até finais de 2012, 1.2 mil milhões de pessoas
te dependendo do dispositivo para o qual é descarregada, em todo o mundo estaria a usar aplicações para dispositi-
isto é, a mesma aplicação pode ter um custo diferente para vos móveis. Projeta-se que esta tendência cresça a 29,8%
iOS, para Android ou outro sistema operativo. por ano, atingindo as 4.4 mil milhões de utilizadores até fi-
Geralmente, são descarregadas (vulgo download) da nais de 2017. Contudo grande parte deste crescimento ad-
plataforma para um dispositivo de destino, como um iPho- vém da Ásia, que até 2017 representaram quase 50% dos
ne, BlackBerry, smartphones com sistema operativo An- usuários. O mercado das aplicações ainda têm muito para
droid, Windows Phone, para tablets e computadores portá- crescer, segundo a ITU (International Telecommunication
teis (laptop computer) ou de secretária (desktop computer). Union)[9]  em Fevereiro de 2013, existiam 6.8 mil milhões

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de subscritores de dispositivos móveis, o que significa que Para desenvolver aplicações para dispositivos moveis
17% destes usam apps. Analistas estimam que os down- é preciso dominar uma das linguagens de programação.
loads de apps em 2013 atinjam entre 56 a 82 biliões. Em Atualmente, a linguagem Java é pioneira em aplicativos
2017, podem mesmo chegar aos 200 mil milhões de do- voltados para o sistema operacional Android. A linguagem
wnloads. A ABI Research[10] , em Março de 2013, previa que Swift foi criada especialmente para desenvolver aplicativos
56 mil milhões de apps seriam descarregadas para smart- para iOS, plataforma da Apple. Além de Java e Swift, é pos-
phones durante o mesmo ano. Distribuídas pelos sistemas sivel desenvolver aplicações com Python, C, C#, etc.
operadores da seguinte forma: 58% pela Google Android, Podemos definir 3 tipos de aplicativos, são eles:
33% pela Apple iOS, 4% pela Microsoft Windows Phone e Aplicativos nativos:  As aplicações desenvolvidas ex-
3% pertencem à Blackberry. Estimou também que 14 mil clusivamente para uma plataforma específica, como o iOS
milhões de apps seriam instaladas em tablets, neste caso ou o Android, são chamadas de aplicativos nativos. Isto é,
a distribuição pelos operadores de sistema seria: 75% apps uma aplicação criada para a plataforma Android não fun-
de iOS, 21% de Android, 2% de Windows. A Android inclui cionará no iOS. Aplicações para Android são programadas
as apps da Amazon Kindle Fire, que representariam 4% dos em Java, e aplicações para iOS, utiliza-se a linguagem Ob-
downloads. jective-C ou Swift. Nos aplicativos nativos é possivel utilizar
A Portio Research[11] (Março de 2013), estima que glo- os recursos existentes no smartphone, como câmera, GPS,
balmente far-se-ão 82 mil milhões de downloads de apps etc. O WhatsApp, o Facebook e o Uber são exemplos de
durante o ano de 2013 e que até 2017 ultrapassará os 200 aplicativos nativos.
mil milhões de downloads por ano. Web Apps: Não é um aplicativo real. Os web Apps são
Segundo uma pesquisa de mercado a cargo da Gart- executados pelo navegador e, uma vez que o programa
ner[12] , 102 mil milhões de apps serão instaladas durante reconhece que o usuário esteja acessando o site através
o ano de 2013, 91% gratuitas, que ainda assim gerarão 26 de um Smartphone, se adapta a ele. Não estão disponiveis
biliões de Dólares Americanos. Conforme um relatório ana- para instalação nas Apps Stores. São desenvolvidos utili-
lítico estima-se que as receitas provenientes da distribuição zando HTML5, CSS e Javascript.
de Apps ultrapassem os 10 mil milhões de dólares ameri- Aplicativos híbridos: É uma junção de um aplicativo
canos por ano dentro da União Europeia, bem como, em nativo e um Web App, gerando assim uma aplicação mul-
28 países da EU, mais de 529.000 de empregos criar-se-ão tiplataforma. Estão disponiveis nas Apps Stores. Netflix e
como resultado do aumento exponencial do mercado das Steam são exemplos de aplicativos híbridos. São desenvol-
apps. vidos na linguagem HTML5, CSS e Javascript.

Desenvolvimento Etapas
O desenvolvimento de aplicações para dispositivos São inúmeras as etapas a considerar que devem an-
móveis, envolve processos mais ou menos complicados, a teceder a criação de uma app para dispositivos móveis,
complexidade dos processos é reflexo da experiência do deve ter-se em conta o propósito da app a desenvolver,
criador e proporcional à estrutura e configurações do soft- se vai servir como fonte de rendimento principal, para que
ware a ser produzido, ao número de dispositivos distintos plataformas de distribuição as disponibilizar, em que tipo
em que estas vão operar, às especificações do hardware de dispositivos móveis vai ser possível opera-las, criar uma
e às plataformas que as vão disponibilizar. As aplicações app gratuita ou paga ou as duas, como melhor rentabilizar
podem vir pré-instaladas com os dispositivos móveis, po- uma app e qual o nível de risco associado.
dem ser transferidas pelos utilitários ou seus representan-
tes, descarregando-as de plataformas de distribuição de Distribuição
software, no caso de empresas e redes de comunicação ou A Amazon Appstore opera como um distribuidor alter-
ainda, transferindo-as diretamente da Web para o disposi- nativo do sistema operativo Android. Começou a funcionar
tivo móvel. É preciso, igualmente, submeter as atualizações em Março de 2011 e já conta com mais de 1 milhão de
e avaliar a necessidade de possíveis modificações mais ou aplicações disponíveis. Para além disso, compromete-se a
menos extremas dentro de cada plataforma. lançar novas aplicações diariamente, está agora classificada
A Economia das apps encontra-se ainda numa fase pú- como a loja de aplicações móveis mais fiável para a plata-
bere, contudo, de acordo com um relatório realizado em forma Android.
2013 pela Vision mobile[13] , estimou-se que nos 28 países A App Store loja de aplicações para a plataforma iOS,
membros da UE, a economia das apps contribua para 794 foi a primeira distribuidora, definiu o padrão para os servi-
mil postos de trabalho indiretamente associados, 529 mil ços vários de distribuição das aplicações e que ainda hoje
postos de trabalho diretamente associados, dos quais 60% serve de modelo para as restantes distribuidoras. Inaugu-
são de criadores de aplicações móveis. Estimou-se igual- rou a 10 de Julho de 2008, e em Janeiro de 2011, apresen-
mente que 22% da produção global de produtos e serviços tou resultados surpreendentes, mais de 10 mil milhões de
relacionados com as aplicações móveis sejam provenientes downloads. Em 2012 durante a Worldwidede Developers
da EU e que o retorno dessa economia exceda os 10 mil Conference da Apple, o CEO, Tim Cook, anunciou que a
milhões por ano. Appstore contava já com, 400 milhões de contas, mais de

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

650 mil aplicações disponíveis para download, bem como Monetização e tipos de Monetização
15 mil milhões de downloads de Apps da App Store até Monetização é como o seu aplicativo ganhará lucros,
essa data[14] . Contudo, se analisarmos uma das perspec- ou seja, mesmo o aplicativo sendo gratuito é possível gerar
tivas alternativas do mercado, os resultados são objecti- lucro, os mais comuns, são: [21]
vamente díspares, os valores observados pelo serviço de
monitorização da BBC[15] em Julho de 2013 de sugerem que Pagos
mais de dois terços das aplicações na App Store são “zom- Aplicativos pagos custam um valor nas lojas de aplica-
bies”, quase nunca instalados pelos consumidores. tivos de seus dispositivos, desta forma uma parte do valor
A  BlackBerry World  é uma loja de aplicações para os das vendas são repassados para os desenvolvedores.
dispositivos BlackBerry 10 e BlackBerry OS. Abriu em Abril
de 2009 designava-se na altura por BlackBerry App World, Pagos com compras
em Fevereiro de 2011 alegava-se como a loja com maior Modelo parecido com o citado acima, porém existem
retorno financeiro por aplicação, bastante superior à AppS- alguns conteúdos a serem desbloqueados através da com-
tore, US $ 9.166.67 em comparação com US $ 6.450.00 res- pra dentro do aplicativo.
pectivamente e US $ 1.200 no mercado Android. Em Julho
de 2011, os relatórios exibiam 3 milhões de downloads por Gratuito, mas com anúncios
dia. Em Maio de 2013 a BlackBerry já disponibilizava mais Esse é o modelo mais usado. Funciona da seguinte ma-
de 120.000 de Apps. O BlackBerry10 também permite ope- neira: o aplicativo é publicado na loja, a audiência é atraída
rar aplicações Android. e um público base é formado. A partir daí os desenvolve-
A Google Play (anteriormente conhecida por Android dores adicionam anúncios, sendo eles em vídeos ou ban-
Market) é uma loja de software online internacional desen- ners. Muitos jogos dão prêmios e vantagens para você ao
volvida pela Google para dispositivosAndroid . Foi inaugu- assistir ou clicar em anúncios.
rada em Outubro de 2008. Em Julho de 2013 já contava
com mais de 1 milhão de aplicações disponíveis exclusiva- Freemium
mente para Android, a estimativa apresentada pela Google Parecido com o modelo acima, normalmente são apps
Play[16] rondava os 50 mil milhões de downloads. Como já gratuitos porém com vendas dentro do app. Ou seja, den-
foi referido, as apps Android podem ser operadas em dis- tro do aplicativo muitas vezes possui uma loja onde você
positivos BlackBerry10. poderá comprar. Muitos jogam utilizam deste sistema ven-
A Windows Phone Store, inicialmente denominada por dendo ouro, diamantes etc. Um exemplo conhecido é o
Windows Phone Marketplace, foi lançada a 7 de Outubro jogo Clash Royale.
de 2010 pela Microsoft simultaneamente com a Windows
Phone 7. A Windows Phone Store, a 25 de Fevereiro de Gratuito, com assinatura
2012[17]  , contava já com mais de 120 mil aplicações. De Neste modelo, o aplicativo é gratuito para baixar po-
acordo com a Windows Phone 7 Marketplace[18] , a 14 de rém é limitado, é necessária uma assinatura seja ela mensal,
Maio de 2014 existiam 205.372 aplicações. semanal ou anual para que possa utilizar todos os recursos
A Windows Store foi introduzida pela Microsoft para as
do aplicativo. Alguns para qualquer tipo de utilização é ne-
plataformas Windows 8 e Windows RT. Possibilita a trans-
cessária uma assinatura, muito comum em aplicativos de
ferência de diversos programas construídos para compu-
jornais e revistas.
tadores de mesa (desktop) com compatibilidade certifica-
da para o Windows 8, contudo é usado maioritariamente
Venda de serviços
para distribuir aplicações para operarem em tablets e ou-
Muitos dos aplicativos são gratuitos, entretanto, é co-
tros dispositivos tácteis, mas ainda podem ser usados com
brado uma taxa em cima dos serviços oferecidos pelo seu
teclados, rato (mouse), e em desktop e em computadores
portáteis (laptops). uso. Empresas mais conhecidas que usam desse modelo
Samsung Apps Store[19] a loja de aplicações para tele- são Uber, Ifood e 99taxis.
móveis e smartphones Samsung, foi fundada em Setembro
de 2009. A partir de Outubro 2011 Samsung Apps alcan- Modelos de compra dentro dos aplicativos
çava os 10 milhões de downloads. Atualmente, a distribui- Os modelos de compras são:
dora está disponível em 125 países e oferece aplicações Consumível - Precisará comprar os itens de interesse
para Windows Mobile, Android e plataformas Bada. Em sempre que precisar utilizá-los. Esse modelo é usado para
Dezembro de 2013 a Samsung e a Fingerprint uniram-se moedas de jogos, pontos de experiência e vida extra. Caso
na criação de aplicações para dispositivos Samsung, exclu- remova e reinstale o aplicativo, ou até mesmo instale em
sivamente para crianças. um outro dispositivo, talvez perca as compras já feitas.
Exemplo acontece com a App Store (Apple).
Motor de pesquisa para apps[editar | editar código- Não consumível - Na compra dos itens você poderá
-fonte] transferi-los para outros dispositivos associados, ou seja,
Auto- intitula-se o “Google” para aplicações móveis, caso perca a compra poderá fazer o download novamente
é tecnologia inovadora da Quixey[20]  , permite, através de de forma gratuita. Tais exemplos são as atualizações para
uma imensa base de dados, encontrar a App que melhor versão profissional, remoção de anúncios, dicas ilimitas e
preenche as necessidades o utilizador. até mesmo o desbloqueio completo.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assinaturas limitadas - Conteúdos que são usados por d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não
determinado período, de acordo com cada aplicativo. Po- funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em telefones
derá ser renovado ou não ao final da vigência. com Android.
Assinaturas com renovação automática - Esse tipo de e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas
serviço ou conteúdo são adquiridos por determinado tem- do pacote de webmail Office 356 da Microsoft.
po e renovado automaticamente ao seu término. Amostra
de tal assinatura é a Netflix. 5) (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um com-
putador com o sistema operacional Windows instalado, um
Fonte: http://www.walltechinformatica.com/mobile.html funcionário deseja enviar 50 arquivos, que juntos totalizam
2 MB de tamanho, anexos em um  e-mail. Para facilitar o
envio, resolveu compactar esse conjunto de arquivos em
um único arquivo utilizando um software compactador. Só
EXERCÍCIOS
não poderá ser utilizado nessa tarefa o software: 
1) (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE a) 7-Zip.
ADMINISTRATIVO) Um computador é um equipamento b) WinZip.
capaz de processar com rapidez e segurança grande quan- c) CuteFTP.
tidade de informações. d) jZip.
Assim, além dos componentes de hardware, os com- e) WinRAR.
putadores necessitam de um conjunto de softwares deno-
minado: 6) (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direito)
a. arquivo de dados. Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em portu-
b. blocos de disco. guês, é correto afirmar que,
c. navegador de internet. a) para mostrar tipos diferentes de informações sobre
d. processador de dados. cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão Classifi-
e. sistemaoperacional. car na barra de ferramentas da janela e escolher o modo de
exibição desejado.
2) (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO – b) quando você exclui um arquivo do disco rígido, ele é
ADMINISTRATIVA) As características básicas da segurança apagado permanentemente e não pode ser posteriormen-
te recuperado caso tenha sido excluído por engano.
da informação — confidencialidade, integridade e dispo-
c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta clicar
nibilidade — não são atributos exclusivos dos sistemas
com o botão direito do mouse sobre ele e selecionar a op-
computacionais. ção Enviar para a lixeira.
a. Certo d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas que
b. Errado estão no mesmo disco rígido, ele será compartilhado entre
todos os usuários que possuem acesso a essas pastas.
3) (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JU- e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do disco
RÍDICA) São ações para manter o computador protegido, rígido para uma mídia removível, como um pen drive, ele
EXCETO: será copiado.
a. Evitar o uso de versões de sistemas operacionais
ultrapassadas, como Windows 95 ou 98. 7) (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema
b. Excluir spams recebidos e não comprar nada operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado a
anunciado através desses spams. manipulação de arquivos é:
c. Não utilizar firewall. a) kill
d. Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo b) cat
sempre utilizar um perfil mais restrito. c) rm
e. Não clicar em links não solicitados, pois links es- d) cp
tranhos muitas vezes são vírus. e) ftp

8) (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas


4) (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Segu-
- Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um de-
rança do Trabalho) A ferramenta Outlook : senvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade de
a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar to- backup em uma aplicação móvel para, de tempos em tem-
dos os e-mails, calendários e contatos de um usuário. pos, armazenar dados automaticamente. A classe da API de
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
com o Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7. a) BkpAgent;
c) permite que todas as pessoas possam ver o calen- b) BkpHelper;
dário de um usuário, mas somente aquelas com e-mail c) BackupManager;
Outlook.com podem agendar reuniões e responder a con- d) BackupOutputData;
vites. e) BackupDataStream.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

9) (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará 15) (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
- Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma de GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Linux e
prevenir perda de informações. Qual é o Backup que só Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema operacio-
efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados pelo nal Windows 8, há a possibilidade de integrar-se à denomi-
usuário ou sistema? nada nuvem de computadores que fazem parte da Internet.
a) Backup incremental a)Certo
b) Backup diferencial b)Errado
c) Backup completo
d) Backup Normal 16) (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI-
e) Backup diário CA) Alguns programas do computador de Ana estão muito
lentos e ela receia que haja um problema com o hardware
10) (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departamen- ou com a memória principal. Muitos de seus programas fa-
to) Como é chamado o backup em que o sistema não é lham subitamente e o carregamento de arquivos grandes de
interrompido para sua realização? imagens e vídeos está muito demorado. Além disso, aparece,
a) Backup Incremental. com frequência, mensagens indicando conflitos em drivers
b) Cold backup. de dispositivos. Como ela utiliza o Windows 7, resolveu exe-
c) Hot backup. cutar algumas funções de diagnóstico, que poderão auxiliar
a detectar as causas para os problemas e sugerir as soluções
d) Backup diferencial.
adequadas.
e) Backup normal
Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
11) (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo)
a)Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de
Um funcionário precisa conectar um projetor multimídia a desempenho.
um computador. Qual é o padrão de conexão que ele deve b)Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
usar? conflitos do Windows.
a) RJ11 c)Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de de-
b) RGB sempenho de hardware.
c) HDMI d)Mapeamento de Memória do Windows e Mapeamen-
d) PS2 to de hardware do Windows.
e) RJ45 e)Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnóstico
de hardware do Windows.
12) (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Admi-
nistração) Correspondem, respectivamente, aos elementos 17) (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECU-
placa de som, editor de texto, modem, editor de planilha e ÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um escritório de
navegador de internet: advocacia e utiliza um computador com o Windows 7 Pro-
a) software, software, hardware, software e hardware. fessional em português. Certo dia notou que o computador
b) hardware, software, software, software e hardware. em que trabalha parou de se comunicar com a internet e com
c) hardware, software, hardware, hardware e software. outros computadores ligados na rede local. Após consultar
d) software, hardware, hardware, software e software. um técnico, por telefone, foi informada que sua placa de rede
e) hardware, software, hardware, software e software. poderia estar com problemas e foi orientada a checar o fun-
cionamento do adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou
13) (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) no Painel de Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no
Um computador à venda em um sítio de comércio eletrô- grupo Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção:
nico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa confi- a) Central de redes e compartilhamento.
guração indica que: b) Verificar status do computador.
c) Redes e conectividade.
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz.
d) Gerenciador de dispositivos.
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB.
e) Exibir o status e as tarefas de rede.
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB.
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 18) (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTICA)
portas USB. No console do sistema operacional Linux, alguns comandos
permitem executar operações com arquivos e diretórios do
14) (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da disco.
Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada de Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um
um computador: diretório vazio são, respectivamente,
a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner. a) pwd, mv e rm.
b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner. b) md, ls e rm.
c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner. c) mkdir, cd e rmdir.
d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor. d) cdir, lsdir e erase.
e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner. e) md, cd e rd.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

19) (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema operacional
(ambientes Linux e Windows) e de redes de computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema operacional aberto, o Li-
nux, comparativamente aos demais sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de armazenamento de dados em
nuvem.
a) certo
b) errado

20) (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acerca de organização e gerenciamento de informações, arquivos,
pastas e programas, de segurança da informação e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens subsequen-
tes.1Um arquivo é organizado logicamente em uma sequência de registros, que são mapeados em blocos de discos. Em-
bora esses blocos tenham um tamanho fixo determinado pelas propriedades físicas do disco e pelo sistema operacional,
o tamanho do registro pode variar.
a) certo
b) errado

21) (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu trabalho o edi-
tor de texto Microsoft Word 2010 (em português) para produzir os documentos da empresa. Certo dia Paulo digitou um
documento contendo 7 páginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir apenas
essas páginas, Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configurações, selecionou a opção Imprimir
Intervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas, digitou
a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.

22) (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamento finan-
ceiro de uma grande empresa de vendas no varejo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768 clientes inadim-
plentes uma carta com um texto padrão, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e a data em que deveria
comparecer à empresa para negociar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo de clientes, João pesquisou
recursos no Microsoft Office 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas os dados dos clientes e as datas em
que deveriam comparecer à empresa e automatizar o processo de impressão, sem ter que mudar os dados manualmente.
Após imprimir todas as correspondências, João desejava ainda imprimir, também de forma automática, um conjunto de
etiquetas para colar nos envelopes em que as correspondências seriam colocadas. Os recursos do Microsoft Office 2010
que permitem atender às necessidades de João são os recursos
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft PowerPoint 2010.
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir do Microsoft Word 2010.
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Excel 2010.

23) (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR Office, é
possível modificar e criar estilos para utilização no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para um determinado
estilo, é INCORRETO afirmar que é possível alterar um valor para
a) recuo da primeira linha.
b) recuo antes do texto.
c) recuo antes do parágrafo.
d) espaçamento acima do parágrafo.
e) espaçamento abaixo do parágrafo.

24) (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ordenar, por
data, os registros inseridos na planilha, é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no menu Dados e, na lista
disponibilizada, clicar ordenar data.
a) certo
b) errado

25) (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se o
Microsoft Excel 2010 (em português).

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve ser
digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é
a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).

26)(MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte para
escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha eletrônica e
assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuário a inserção
de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na planilha. O Calc
utiliza como padrão o formato:
a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.

27) (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre Segurança
no Trabalho, Iracema comunicou aos funcionários presentes que disponibilizaria os slides referentes à palestra na intranet
da empresa para que todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer o upload do arquivo de slides
criado no Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do sistema dizendo que o formato do arquivo
era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato PDF e tentar realizar o procedimento novamente. Para
realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema
a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a opção Todos os programas, selecionou a opção Microsoft Office
2010 e abriu o software Microsoft Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na guia Arquivo e na opção Con-
verter. Na caixa de diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e clicou no botão Converter.
b)abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e selecio-
nou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Converter.
c)abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão direito
do mouse sobre o nome do arquivo e selecionou a opção Salvar como PDF.
d)abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na opção Salvar
Como. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e selecionou
a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Salvar.
e)baixou da internet um software especializado em fazer a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois verificou
que o PowerPoint 2010 não possui opção para fazer tal conversão.

GABARITO

1-E / 2-A / 3-C / 4-B / 5-C / 6-E / 7-A / 8-C / 9-A / 10-C / 11-C / 12-E / 13-A / 14-B / 15-A / 16-A / 17-D / 18-C
/ 19-B / 20-A / 21-A / 22-A / 23-C / 24-B / 25-D / 26-B / 27-D

86
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. 2 Tautologia....................................... 01
Lógica de argumentação....................................................................................................................................................................................... 09
Diagramas lógicos e lógica de primeira ordem............................................................................................................................................ 13
Equivalências.............................................................................................................................................................................................................. 19
Leis de demorgan..................................................................................................................................................................................................... 23
Sequëncia lógica....................................................................................................................................................................................................... 26
Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................................ 30
Operações com conjunto...................................................................................................................................................................................... 37
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................ 42
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 63
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Vamos ver alguns princípios da lógica:
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia
Universidade Católica- PUC Engenheira de Alimentos pela
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduanda em
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Matemática pelo Claretiano.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
“ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
1 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO
LÓGICO: PROPOSIÇÕES; VALORES LÓ- Valor Lógico das Proposições
GICOS DAS PROPOSIÇÕES; Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
LINHAS DA TABELA VERDADE; CONECTIVOS; a proposição é falsa (F).
PROPOSIÇÕES SIMPLES; PROPOSIÇÕES
COMPOSTAS. 2 TAUTOLOGIA. Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou
Proposição V(p)= F
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo. Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Nossa professora, bela definição! lógico falso.
Não entendi nada!
Classificação
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
também no sentido lógico. posição como parte integrante de si mesma. São geral-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- E depois da letra colocamos “:”
deira ou falsa.
Exemplo:
Exemplos: p: Marcelo é engenheiro
(A) A Terra é azul. q: Ricardo é estudante
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
uma proposição. Proposição composta: combinação de duas ou mais
(B) >2 proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
las P, Q, R, S,...
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Todas elas exprimem um fato. Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.

Agora, vamos pensar em uma outra frase: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
O dobro de 1 é 2? parte da proposição composta:
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição? P(p,q)
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
composta quando tiver mais de um verbo e proposição
Bruno, vá estudar. simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição. Conectivos
Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
Passei! que liga as proposições.
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque nectivos vem a parte prática.
é uma sentença exclamativa.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação
balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
“mas”, “porém” mática – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar Está correto apenas o que se afirma em:

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/menos-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ativida-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
de-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional

Se chove, então faz frio.

Se choveu, e fez frio


Estamos dentro da possibilidade.(V)

Choveu e não fez frio


Não está dentro do que disse. (F)

Não choveu e fez frio..


Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, certo?(V)

Não choveu, e não fez frio


Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V)
p q p →q
V V V
V F F
F V V
F F V

-Bicondicional

Ficarei em casa, se e somente se, chover.

Estou em casa e está chovendo.


A ideia era exatamente essa. (V)

Estou em casa, mas não está chovendo.


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se chovesse. (F)

Eu sai e está chovendo.


Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F)
Não estou em casa e não está chovendo.
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)

p q p ↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Tentei deixar de uma forma mais simples, para entender a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será difícil
para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Tautologia

Definição: Chama-se tautologia, toda proposição composta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se a coluna da proposição composta for verdadeira é tautologia.
Vamos ver alguns exemplos.

A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da não contradição. Está lembrado?

Princípio da não Contradição: uma proposição não pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.

P ~p p∧~p ~(p∧~p)
V F F V
F V F V

A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do Terceiro excluído.

Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses casos
e nunca um terceiro caso.

P ~p p∨~p
V F V
F V V

Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente conseguiremos resolver as questões com base na tabela ver-
dade, por isso insisto que a tabela verdade dos operadores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a tabuada da
matemática.

Veremos outros exemplos

Exemplo 1

Vamos pensar nas proposições


P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Se João é estudante, então João é estudante ou Mateus é professor.
Em simbologia: p→p∨q

P Q p∨q p→p∨q
V V V V
V F V V
F V V V
F F F V

A coluna inteira da proposição composta deu verdadeiro, então é uma tautologia.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo 2
Com as mesmas proposições anteriores:
João é estudante ou não é verdade que João é estudante e Mateus é professor.
p∨~(p∧q)

P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)


V V V F V
V F F V V
F V F V V
F F F V V

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verdadeiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V F

Deu pelo menos uma falsa e agora?


Não é tautologia.

Referências

ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.

Questões

01. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as seguintes proposições:


I) p ∧ ~p
II) p → ~p
III) p ∨ ~p
IV) p →~q

Assinale a alternativa correta.


(A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
(C) Somente III é tautologia.
(D) Somente III e a IV são tautologias.
(E) Somente a IV é tautologia.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

02 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Administração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apresenta


uma tautologia.
(A) p∨(q∨~p)
(B) (q→p) →(p→q)
(C) p→(p→q∧~q)
(D) p∨~q→(p→~q)
(E) p∨q→p∧q

Respostas

01. Resposta: C.

P ou a própria negação é tautologia.

02. Resposta: A.

Antes de entrar em desespero que tenha que fazer todas as tabela verdade, vamos analisar:
Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma proposição com conectivo de disjunção e a negação: p∨~p
Logo na alternativa A, percebemos que temos algo parecido.
Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

Argumentos

Um argumento é um conjunto finito de premissas (proposições ), sendo uma delas a consequência das demais. Tal pre-
missa (proposição), que é o resultado dedutivo ou consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um argumento
é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q

OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumentos válidos Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
Um argumento é válido quando a conclusão é verda- condicional só será verdadeira se a segunda proposição
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras também for.
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades Então, temos:
de suas premissas. Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente
e Carlos é inocente.
Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo Questões


ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a
01. (PREF. DE SALVADOR – Técnico de Nível Supe-
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas
rior – FGV/2017) Carlos fez quatro afirmações verdadeiras
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão
sobre algumas de suas atividades diárias:
uma contradição (F).
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
Métodos para testar a validade dos argumentos
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é cul- ▪ Almoço, ou vou à academia.
pado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente então ▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Pedro é ▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo:
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. É correto concluir que Carlos:
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
culpados. (A) almoçou e foi à academia.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são (B) foi ao restaurante e não foi à academia.
culpados. (C) não foi à academia e não almoçou.
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são (D) almoçou e não foi ao restaurante.
culpados. (E) não foi à academia e não almoçou.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul-
pado. 02. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário-
FGV/2017) Sabe-se que:
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Se X é vermelho, então Y não é verde.
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. • Se Y é verde, então Z é azul.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Logo, deduz-se que:
Ora, Pedro é inocente
(V) (A) X é vermelho;
(B) X não é vermelho;
Sabendo que Pedro é inocente,
(C) Y é verde;
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(D) Y não é verde;
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
(E) Z não é azul.
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.

João é culpado se e somente se Pedro é inocente 03. (PC/AC – Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
(V) (V) Sabe-se que se Zeca comprou um apontador de lápis azul,
Ora, Pedro é inocente então João gosta de suco de laranja. Se João gosta de suco
de laranja, então Emílio vai ao cinema. Considerando que
(V)
Emílio não foi ao cinema, pode-se afirmar que:
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
(A) Zeca não comprou um apontador de lápis azul.
premissa
(B) Emílio não comprou um apontador de lápis azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
(C) Zeca não gosta de suco de laranja.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
(D) João não comprou um apontador de lápis azul.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
(E) Zeca não foi ao cinema.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFSBA – Administrador – UFMT/2017) São da- É correto concluir que, nesse dia, Carlos:
dos os seguintes argumentos:
ARGUMENTO 1 (A) correu e andou;
(B) não correu e não andou;
P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so- (C) andou e não teve companhia;
teropolitana. (D) teve companhia e andou;
P2: Iracema é soteropolitana. (E) não correu e não teve companhia.
C:
07. (PREF. DE SÃO PAULO – Assistente de Gestão de
Políticas Públicas – CESPE/2016) As proposições seguin-
ARGUMENTO 2
tes constituem as premissas de um argumento.
P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
dutora de cacau. • Bianca não é professora.
P2: Aurélia não é ilheense. • Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é
C: professora.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então
ARGUMENTO 3 Paulo é técnico de contabilidade.
P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista. • Carlos é especialista em recursos humanos, ou Ana
P2: Lucíola não é bailarina. não trabalha na área de informática, ou Bianca é professora.
C:
Assinale a opção correspondente à conclusão que tor-
ARGUMENTO 4 na esse argumento um argumento válido.
P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
P2: Cecília não gosta de vatapá. (A) Carlos não é especialista em recursos humanos e
C: Paulo não é técnico de contabilidade.
(B) Ana não trabalha na área de informática e Paulo é
Pode-se inferir que técnico de contabilidade.
(C) Carlos é especialista em recursos humanos e Ana
(A) Lucíola é turista.
trabalha na área de informática.
(B) Cecília é baiana.
(D) Bianca não é professora e Paulo é técnico de con-
(C) Aurélia é produtora de cacau. tabilidade.
(D) Iracema gosta de acarajé. (E) Paulo não é técnico de contabilidade e Ana não tra-
balha na área de informática.
05. (COPERGAS/PE – Auxiliar Administrativo –
FCC/2016) Considere verdadeiras as afirmações a seguir: 08. (PREF. DE SÃO GONÇALO – Analista de Contabi-
lidade – BIORIO/2016) Se Ana gosta de Beto, então Beto
I. Laura é economista ou João é contador. ama Carla. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz.
II. Se Dinorá é programadora, então João não é con- Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora. Mas
tador. Luiz não briga com Débora. Assim:
III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.
IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista. (A) Ana gosta de Beto e Beto ama Carla.
(B) Débora não ama Luiz e Ana não gosta de Beto.
A partir dessas informações é possível concluir, corre- (C) Débora ama Luiz e Ana gosta de Beto.
tamente, que : (D) Ana não gosta de Beto e Beto não ama Carla.
(E) Débora não ama Luiz e Ana gosta de Beto.
(A) Beatriz é digitadora.
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
(B) João é contador.
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Considerem-se verda-
(C) Dinorá é programadora.
deiras as seguintes proposições:
(D) Beatriz não é digitadora.
(E) João não é contador. P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-
terraba.
06. (MPE/RJ – Analista do Ministério Público – P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos-
FGV/2016) Sobre as atividades fora de casa no domingo, ta de jiló.
Carlos segue fielmente as seguintes regras: P3: Carlos gosta de jiló e Daniel não gosta de cenoura.
- Ando ou corro.
Assim, uma conclusão necessariamente verdadeira é a
- Tenho companhia ou não ando.
- Calço tênis ou não corro. seguinte:
Domingo passado Carlos saiu de casa de sandálias.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) André não gosta de chuchu se, e somente se, Daniel 03. Resposta: A.
gosta de cenoura. Considerando que Emílio não foi ao cinema:
(B) Se André não gosta de chuchu, então Daniel gosta
de cenoura. Se João gosta de suco de laranja, então Emílio vai ao
(C) Ou André gosta de chuchu ou Daniel não gosta de cinema.
cenoura. F F
(D) André gosta de chuchu ou Daniel gosta de cenou- Zeca comprou um apontador de lápis azul, então João
ra. gosta de suco de laranja.
F F
10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. 04. Resposta: A.
Vamos analisar por alternativa, pois fica mais fácil que
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. analisar cada argumento.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. OBS: Como a alternativa certa é a A, analisarei todas as
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. alternativas, para mostrar o porquê de ser essa a correta.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio. (A) Lucíola é turista.
Eu acho mais fácil fazer sempre com as premissas ver-
Tendo como referência as proposições apresentadas, dadeiras.
julgue o item subsecutivo. ARGUMENTO 3
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estu- P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista.
dando. F V
certo errado P2: Lucíola não é bailarina.(V)

Respostas (B) Cecília é baiana


P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
V F
01. Resposta: B.
P2: Cecília não gosta de vatapá.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
▪ Almoço, ou vou à academia.
Mas se Cecília não gosta de vatapá a P2 seria incorreta,
V f
por isso não é essa alternativa.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
V F
(C) Aurélia é produtora de cacau
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
F V dutora de cacau.
F F
02. Resposta: D. P2: Aurélia não é ilheense.
Vamos tentar fazendo que X é vermelho para ver se Aurélia seria ilheense.
todos vão ter valor lógico correto.
(D) Iracema gosta de acarajé.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so-
V V teropolitana.
• Se Y é verde, então Z é azul. F V
F F/V P2: Iracema é soteropolitana.(F)
• Se X não é vermelho, então Z não é azul. Também entrou em contradição.
F F/V
05. Resposta: B.
Se x não é vermelho: Começamos sempre pela conjunção.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista.
F V V V
• Se Y é verde, então Z é azul.
F F I. Laura é economista ou João é contador.
F V
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
V V II. Se Dinorá é programadora, então João não é con-
tador.
F F

III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.


V/F V

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: D. (A) na bicondicional, as duas deveriam ser verdadeiras,


- Calço tênis ou não corro. ou as duas falsas
F V (B) como a primeira proposição é verdadeira, a segun-
da também deveria ser.
- Ando ou corro. (D) Como a primeira é falsa, a segunda deveria ser ver-
V F dadeira.
- Tenho companhia ou não ando.
V F 10.Resposta: Errado
Resumindo: ele calçou sandálias, andou e teve com-
panhia. • Durante a noite, faz frio.
V
07. Resposta: C.
• Bianca não é professora.(V) • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é F F
professora.
F F • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então V V
Paulo é técnico de contabilidade.
F F • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Carlos é especialista em recursos humanos, F F
V
ou Ana não trabalha na área de informática, ou Bianca • Quando Fernando está estudando, não chove.
é professora. V/F V
F F Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando.
08. Resposta: D. Não tem como ser julgado.
Sabendo que Luiz não briga com Débora
Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora.
F F DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE
. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz PRIMEIRA ORDEM
F F
Se Ana gosta de Beto, então Beto ama Carla.
F V
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
09 Resposta: C. posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
Vamos começar pela P3, pois é uma conjunção, assim requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
é mais fácil definirmos o valor lógico de cada proposição.
Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições Definição das proposições
devem ser verdadeiras.
Portanto: Todo A é B.
Carlos gosta de jiló.
Daniel não gosta de cenoura. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos- elemento de A também é elemento de B.
ta de jiló.
Carlos não gosta de jiló. (F) Podemos representar de duas maneiras:
e par a condicional ser verdadeira a primeira também deve
ser falsa.
Bruno gosta de beterraba. (F)

P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-


terraba.
A segunda é falsa, e para a disjunção ser verdadeira, a
primeira é verdadeira.
André não gosta de chuchu. (V).
Vamos enumerar as verdadeiras:
1- Carlos gosta de jiló.
2-Daniel não gosta de cenoura.
3-Bruno não gosta de beterraba Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
4-André não gosta de chuchu ficam os valores lógicos das outras?

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda. a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.
b) Todos os elementos de A estão em B.
Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-


trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

Algum A é B é necessariamente falsa.


Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
ficam os valores lógicos das outras? tos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- como ficam os valores lógicos das outras?
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Frase: Algum copo não é de vidro.
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum A não é B. figuras a e b)
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
pertence ao conjunto B. todos não são de vidro.

Aqui teremos 3 modos de representar: Todo A é B , é necessariamente falsa


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- não era.
tos em comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associa-


dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.
b) Todos os elementos de B estão em A.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira.

O quantificador existencial

O quantificador existencial é indicado pelo símbolo


“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
um”.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –


(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
deira. (A) os técnicos que sabem atender ao público externo
não sabem digitar.
Ok?? Sem maiores problemas, certo? (B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
terno não sabem digitar.
Representação de uma proposição quantificada (C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
atender ao público externo.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) (D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Quantificador: ∀ terno sabem digitar.
Condição de existência da variável: x ∈ N . (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Predicado: x + 3 > 15. blico externo.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –


Quantificador: ∃ FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Condição de existência da variável: não há. gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. reto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). um programador.
Negação: (∃x)(~A(x)) (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
são programadores.
Exemplo (C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
(∀x)(2x-1=3) alguns são programadores.
Negação: (∃x)(2x-1≠3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor-
(∃x)(2x-1=3)
mação
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma-
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática
Questões e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
01. (UFES - Assistente em Administração – possível concluir corretamente que:
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também pra- (B) todos os administradores sabem matemática.
ticam natação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também prati- (D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
cam futebol, ro.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
natação.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON-
É CORRETO afirmar que no grupo CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre-
missas seguintes:
(A) todas as pessoas que praticam natação também
praticam tênis. I – Nenhum professor é veterinário;
(B) todas as pessoas que praticam futebol também pra- II – Alguns agrônomos são veterinários.
ticam tênis.
(C) algumas pessoas que praticam natação não prati- A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-
cam futebol. sariamente:
(D) algumas pessoas que praticam natação não prati- (A) Nenhum professor é agrônomo.
cam tênis. (B) Alguns agrônomos não são professores.
(E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam (C) Alguns professores são agrônomos.
futebol. (D) Alguns agrônomos são professores.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- (C) Mirian é escrevente


CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (D) Mirian não é escrevente.
verdadeiras: (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador • Existem advogados que são poetas.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador • Todos os poetas escrevem bem.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador
Com base nas afirmações, é correto concluir que
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- ta.
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa (B) todos os advogados escrevem bem.
comunidade, é verdade que: (C) quem não é advogado não é poeta.
(D) quem escreve bem é poeta.
- todo professor de matemática possui grau de mestre; (E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
tam de empadão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama- Respostas
rão não possuem grau de mestre.
01. Resposta: E.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
gosta de matemática.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
não é professor de matemática.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é 02. Resposta: D.
verdade que: Podemos excluir as alternativas que falam que não sa-
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar.
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina B.

09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”.

Dessa afirmação, conclui­se corretamente que


(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
prima de Mirian.
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
vente.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empa-


dão são professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
agrônomos.
Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-
zem disciplina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra-


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: A. Regra de Absorção


Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área p→p∧q⇔p→q
hachurada, portanto ele não é poeta.
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Condicional

Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são


as mais pedidas nos concursos
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
verdades idênticas

p ~p q p∧q p→q ~p∨q


V F V V V V
V F F F F F
Referências
F V V F V V
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
F V F F V V
vas e Concursos, 2010.
Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro.
EQUIVALÊNCIAS
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
bívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
CAS. V V F F V V
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte V F F V V V
notação: F V V F F F
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) F F V V V V

Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, Equivalência fundamentais (Propriedades Funda-
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra da Dupla negação
~~p⇔p 1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p q p∧q q∧p
p ~p ~~p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
São iguais, então ~~p⇔p F F F F

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) p ∨ q ⇔ q p b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
p q p∨q q∨p
V V F F q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p
p q r
V F V V ∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
F V V V V V V V V V V V
F F F F V V F V V V V V
V F V V V V V V
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p V F F F V V V V
p q p↔q q↔p F V V V V V V V
V V V V F V F V V V F V
V F F F F F V V V F V V
F V F F F F F F F F F F
F F V V
3 – Idempotência
Equivalências notáveis: a) p ⇔ (p ∧ p)
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) colunas com p:
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p p p∧ p
V V V
q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
p q r F F F
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)
V V V V V V V V b) p ⇔ (p ∨ p)
V V F V V V F V
V F V V V F V V p p p∨ p
V F F F F F F F V V V
F V V V F F F F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
F F F F F F F F outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten-
do-se e negando-se as proposições simples que as com-
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) põem.

p q r
q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) temos outros modos de definir a equivalência da condicio-
V V V V V V V V nal que são de igual importância
V V F F V V V V
V F V F V V V V 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F F V V V V p q ~p ~q p → q ~q → ~p
F V V V V V V V V V F F V V
F V F F F V F F V F F V F F
F F V F F F V F F V V F V V
F F F F F F F F F F V V V V
2 - Associação (equivalência pela associativa) 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
p q r p∧q V F F V V V
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
V V V V V V V V F V V V F V
V V F F F V F F F F V F V F
V F V F F F V F
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
V F F F F F F F
F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - Pela bicondicional Questões


a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p) 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
V V V V V V NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é:
V F F F V F
F V F V F F (A) Se passei no concurso, então estou feliz.
F F V V V V (B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) (D) Estou feliz e passei no concurso.
p (E) Passei no concurso e não estou feliz.
~q → ~p → (~q → ~p) ∧
p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q 02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a
V V V F F V V V frase:
V F F V F F V F Se Marco treina, então ele vence a competição.
F V F F V V F F A frase equivalente a ela é:
F F V V V V V V
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) (B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
p p (C) Marco treina ou não vence a competição.
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p (D) Marco treina se e somente se vence a competição.
p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q) (E) Marco não treina ou vence a competição.
q q
V V V V F F F V
V F F F F V F F 03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES-
F V F F V F F F PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
F F V F V V V V
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
6 - Pela exportação-importação
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
( ) Certo
p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r) ( ) Errado
V V V V V V V
V V F V F F F 04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017)
V F V F V V V Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce-
V F F F V V V la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora
F V V F V V V da Chapecoense”.
F V F F V F V Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
F F V F V V V
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
F F F F V V V
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- pecoense.
posições condicionadas que contêm p e q: (C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
– Proposições recíprocas: p → q: q → p do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q (D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi-
gueirense.
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: (E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
q do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
q ~q ~p 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
p
V V F F V V V V como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
V F F V F V V F vermelhas, então o jardim é bonito”.
F V V F V F F V É correto concluir que:
F F V V V V V V
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua não é bonito;
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
EQUIVALENTES.
melhas;

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não Respostas


são vermelhas;
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor 01. Resposta: B.
não é vermelha. p→q⇔~q→~p
p: Estou feliz
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) q: passei no concurso
Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é: A equivalência ficaria:
Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(A) Se não há fumaça, não há fogo.
(B) Se há fumaça, não há fogo. 02. Resposta: E.
(C) Se não há fogo, não há fumaça. Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(D) Se há fogo, há fumaça. “~p∨q”
P: Marcos treina
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO Q: ele vence a competição
PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen- Marcos não treina ou ele vence a competição
tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica, 03. Resposta: Certo.
então Victor é professor” é: Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica acha o conectivo.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(C) Se Victor é professor, Maria é médica 04. Resposta: C.
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(E) Se Maria é médica ou Victor não é professor “~p∨q”
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – dora do Figueirense
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo- ~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
do Figueirense
então vou de ônibus” é a seguinte:
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
(B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
05. Resposta: E.
(C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Equivalência: p→q⇔~q→~p
(D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
Para negar Todos:
um táxi Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi- ~p: Pelo menos uma flor não é vermelha
nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro- Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é não é vermelha.
passível de punição” é a seguinte:
06. Resposta: C.
(A) todo ato passível de punição é desonesto. Nega as duas e troca de lado.
(B) todo ato não passível de punição é desonesto. Se não há fogo, então não há fumaça.
(C) se um ato não é passível de punição, então não é
desonesto. 07. Resposta: A.
(D) se um ato não é desonesto, então não é passível Nega as duas e troca de lado.
de punição. Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.

10. Resposta: C.
Lembra da tabela da teoria??
p q p→q ~p ~p∨q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Então
p: Gosto de capivara
q: Gosto de javali

Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos essa opção.
Portanto, deve ser ~p∨q
Não gosto de capivara ou gosto de javali.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

LEIS DE DEMORGAN

Negação de uma proposição composta


Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q) ∨
P Q p ↔ q p → q q → p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente
à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

Questões
01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição
“Engenheiros gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirma-
ção que corresponde à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes
é: de pagamento.
(A) Toda criança é afetuosa. A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
(B) Nenhum homem é afetuoso. sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
(C) Todos os homens carecem de afeto. A negação da proposição Q pode ser expressa por:
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afir- previdenciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
mação que corresponda à negação lógica da afirmação: mento.
todos os programas foram limpos e nenhum vírus perma- (B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
neceu, é: denciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então (C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
algum vírus não permaneceu. denciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo me-
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
nos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus per- previdenciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
maneceram. gamento.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus
não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum progra- 09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
ma foi limpos. mação:
Ontem trovejou e não choveu.
05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 ta afirmação é
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- (A) se ontem não trovejou, então não choveu.
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente (B) ontem trovejou e choveu.
modificada.” (C) ontem não trovejou ou não choveu.
Considerando a situação apresentada e a proposição (D) ontem não trovejou ou choveu.
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. (E) se ontem choveu, então trovejou.
A negação da proposição pode ser corretamente ex-
pressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a deci-
são não será totalmente modificada”. 10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
Certo Errado mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macar-
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- rão e gosto de parmesão.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
ta afirmação é
próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por (A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macar-
“Quem não pode mais, não chora menos” rão ou não gosto de parmesão.
Certo Errado (B) Se não sou descendente de italiano, então não gos-
to de macarrão e não gosto de parmesão.
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) (C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então
Dizer que não é verdade que “Todas as farmácias estão não sou descendente de italiano.
abertas” é logicamente equivalente a dizer que: (D) Não sou descendente de italiano e, gosto de ma-
carrão e não gosto de parmesão.
(A) “Toda farmácia está aberta”. (E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parme-
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. são, então não sou descendente de italiano.
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”.
(D) “Alguma farmácia não está aberta”.
(E) “Alguma farmácia está aberta”. Respostas
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 01. Resposta: A.
1, 2, 7 e 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P Nega as duas e muda o conectivo para ou
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
não gostam de exatas.
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou. SEQUËNCIA LÓGICA
Vendedores não falam muito
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
afirmativa
Pelo menos um estudioso fala muito. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 es- ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
tudioso não fala muito. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
03. Resposta: D. que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
Para negar todos, colocamos pelo menos um... vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
E negamos a frase. lisar que tipo será. Vamos lá?
Pelo menos um homem não é afetuoso.
Sequência de Números
04. Resposta:B.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns)
e a negação: cação.
Pelo menos um programa não foi limpo. Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
Pelo menos um vírus permaneceu. serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se
Ou achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon-
Alguns vírus permaneceram. to.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
05. Resposta: Errado.
CUIDADO! -Progressão Aritmética
O basta traz sentido de condicional. 2 5 8 11
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será
totalmente modificada. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ) No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será seguinte, temos que somar 3.
totalmente modificada.
-Progressão Geométrica
06. Resposta: Errado. 9 18 36 72
Negação de uma condicional: mantém a primeira e
nega a segunda. E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
07. Resposta: D. não é soma.
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
Alguma farmácia não está aberta. 18x2=36
36x2=72
08. Resposta: A.
Opa, deu certo?
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Progressão geométrica de razão 2.
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
-Incremento em Progressão
09. Resposta: D. 1 2 4 7
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
Negação de não choveu: choveu Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
Ontem não trovejou ou choveu. mero.
1=1=2
10. Resposta: A. 2+2=4
Negação de condicional: mantém a primeira e nega a 4+3=7
segunda.
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” -Série de Fibonacci
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto 1 1 2 3 5 8 13
de macarrão e gosto de parmesão. Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.
-Números Primos
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão 2 3 5 7 11 13 17
ou não gosto de parmesão. Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrados Perfeitos Resolução


1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
(A) 9.
(B) 11. Começadas com as letras dos meses?não...
(C) 26. Difícil...
(D) 27. São animais, então:

Resolução Galo e pato são aves


Quando há uma sequência que não parece progressão Cobra e jacaré são répteis
aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
dois anteriores, soma 1, e assim por diante. procurar outro mamífero que no caso é o boi
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter- Resposta: A.
ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 Exemplo 2
Vamos ver se ficará certo com o restante (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
6+3=9 tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
9/3=3
3+2=5 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
5/3
Opa...parece que deu certo A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-
Então: tivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
Resposta: D.
É uma sequência com 6
Sequência de Letras Cada letra equivale a sequência
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil I=1
de falar, pois podem ser de vários tipos. B=2
Às vezes temos que substituir por números, outras ana- G=3
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? E=4
G=5
Exemplo 1 B=0
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
Considerando a sequência de vocábulos: 2016/6=336 resta 0
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
A alternativa lógica que substitui X é: lente a última letra

(A) boi E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira


(B) siri letra.
(C) sapo
(D) besouro
(E) gaivota

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Figuras 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
a próxima figura da sequência. guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:
(A) 69 e Z.
(B) 90 e Y.
(C) T e 88.
(A) (D) 77 e Z.
(E) Y e 100.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Na


(B) figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da
construção de uma sequência elaborada a partir de um
triângulo equilátero.

(C)

(D)

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados


(E) do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân-
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo
Resposta: B. conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado mantêm esse padrão de construção.
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
todos.
(A) 729.
Questões (B) 1.024.
01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de (C) 2.187.
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma (D) 4.096.
determinada sequência foram sucessivamente obtidos se- (E) 6.561.
guindo um determinado padrão:
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...

O décimo segundo termo da sequência anterior é um O próximo termo é o:


número (A) 65.
(B) 66.
(A) menor que 8.000. (C) 67.
(B) maior que 10.000. (D) 68.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000. (E) 69.
(D) compreendido entre 9.000 e 10.000.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (A) 5.


FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (B) 4.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (C) 6.
mos e pelas letras (D) 7.
(A) EI. (E) 8.
(B) UA.
(C) OA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(D) IO. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(E) AE. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
06. (EBSERH – Assistente Administrativo –
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &, (A) 91
(B) 88.
# , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(C) 87
117ª posição será:
(D) 84
(A) @
(B) %
(C) & Respostas
(D) #
(E) $ 01. Resposta: C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por 213+1=8193
círculos:
02. Resposta: D.
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5,
8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa-
rá na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
Continuando a sequência de maneira a manter o mes- A26=2+25⋅3
mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: A26=2+75=77
(A) 334.
(B) 314. A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se-
(C) 342. quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
(D) 324.
(E) 316. 03 Resposta:C
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ... 04. Resposta: D.
Observe que de 43 para 46 são 3
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: 50-46=4
55-50=5
(A) O 61-55=6
(B) D Portanto, o próximo será somando 7
(C) E 61+7=68
(D) B
(E) A 05. Resposta: D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU- tanto:
NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5); 12/5=2 e resta 2
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú- Assim, será igual ao segundo termo, IO.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me- 06. Resposta: A.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número 117/4=29 e resta 1
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a: Portanto, é igual a figura 1 @

29
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. Resposta: D.
Figura 1:1 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
Figura 2:4 PROBABILIDADE
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324
Análise Combinatória
08. Resposta: A.
É uma sequência com 6 letras: A Análise Combinatória é a área da Matemática que
500/6=83 e resta 2 trata dos problemas de contagem.
C=1
O=2 Princípio Fundamental da Contagem
D=3
E=4 Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
B=5 cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
A=0 Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
Como restaram 2, então será igual a O. de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
09. Resposta: A. Exemplo
Vamos somar os números:
3+5=8
3+3+3=9
5+5=10
3+3+5=11
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
a18=a1+17r
a18=8+17
a18=25
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
veis, devemos ter (5,5,5,5,5) ças). 3(blusas)=6 maneiras

10. Resposta: A. Fatorial


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
99+4=103 produto de uma multiplicação cujos fatores são números
103-7=96 naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
96+4=100
100-7=93
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Arranjo Simples
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
uma PA de razão r=-3 Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão p, toda sequência de p elementos distintos de E.
também r=-3

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-


cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
de 2 algarismos distintos podemos formar? Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2. Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados
Indica-se p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual- dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução Triângulo de Pascal
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros


diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con-
forme a figura abaixo:

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da Considerando-se essa mesma forma de distribuição,
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns bi- de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
nômios: nizados na estante?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
Observe que os coeficientes dos termos formam o viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
triângulo de Pascal. que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

Questões 05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
01. (UFES - Assistente em Administração – net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
UFES/2017) Uma determinada família é composta por pai, mérica. André tem algumas informações sobre os números
por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automóvel de e letras que a compõem conforme a figura.
oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois ban-
cos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e os
demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um
dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de dis-
por os membros da família nos lugares do automóvel é
igual a:
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
(A) 1440 também não se repetem os números ímpares, assinale a
(B) 1480 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(C) 1520 que existem para a composição da senha.
(D) 1560 (A) 3125.
(E) 1600 (B) 1200.
(C) 1600.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (D) 1500.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números (E) 625.
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados?
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 210 04. Resposta: E.


(B) 630 P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
(C) 15.120
(D) 9.129.120 05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9
IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

34
RACIOCÍNIO LÓGICO

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
(A) 1/2;
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


OPERAÇÕES COM CONJUNTO Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Representação
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
2, 3, 4, 5} boca aberta para o maior conjunto.
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: Subconjunto
B={3,4,5,6,7} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- por meio de diagrama: A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo: pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
representada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Exemplo:
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
0∈A A∩B={d,e}
2∉A
Diferença
Relações de Inclusão Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Relacionam um conjunto com outro conjunto. a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), definido por:
⊃(contém), (não contém) A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A este conjunto pertencem os elementos de A que não mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
pertencem a B. be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
A\B = {x : x∈A e x∉B}. carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-
mado pelos elementos do conjunto universo que não per-
tencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula,
o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é
interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
melhor fazer de uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho- não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula,
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado
sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)


Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo
de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
Sabemos que 18 são altos 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio-
logia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa cor-


reta.

(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são


físicos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são for-
mados apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas forma-
ções, Física e Química, é inferior a 0,05.
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 Resolução
Carecas são 16
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de
candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩-
Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUA- uma votação para escolher a cor da camiseta de formatura.
DRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de mú- Dentre eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor
sica, esporte e leitura; 48 gostam de música e esporte; 60 cinza e 8 não votaram em nenhuma delas, uma vez que não
gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitu- farão as camisetas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
ra; 12 gostam somente de música; 18 gostam somente de
(B) 10
esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao
(C) 14
acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não (D) 18
gostar de nenhuma dessas atividades?
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
(A) 1/75 sor – FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas
(B) 39/75 questões independentes foram colocadas em votação para
(C) 11/75 aprovação. Dos 200 condôminos presentes, 125 votaram a
(D) 40/75 favor da primeira questão, 110 votaram a favor da segunda
(E) 76/75 questão e 45 votaram contra as duas questões.

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe- Não houve votos em branco ou anulados.
se que 17% dos moradores de um condomínio tem gatos,
22% tem cachorros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). O número de condôminos que votaram a favor das
duas questões foi:
Qual é o percentual de condôminos que não tem nem ga-
(A) 80;
tos e nem cachorros? (B) 75;
(C) 70;
(A) 53 (D) 65;
(B) 69 (E) 60.
(C) 72
(D) 47 07. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) obesidade infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um
Em uma pesquisa sobre a preferência entre dois candida- grupo de 1000 crianças para entender o comportamento
tos, 48 pessoas votariam no candidato A, 63 votariam no das mesmas em relação à prática de atividades físicas e aos
candidato B, 24 pessoas votariam nos dois; e, 30 pessoas hábitos alimentares.
não votariam nesses dois candidatos. Se todas as pessoas Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200
crianças praticavam alguma atividade física de forma regu-
responderam uma única vez, então o total de pessoas en-
lar, como natação, futebol, entre outras, e apenas 400 crian-
trevistadas foi: ças tinham uma alimentação adequada. Além disso, apenas
100 delas praticavam atividade física e tinham uma alimen-
(A) 141. tação adequada ao mesmo tempo.
(B) 117. Considerando essas informações, a probabilidade de
(C) 87. encontrar nesse grupo uma criança que não tenha alimen-
(D) 105. tação adequada nem pratique atividade física de forma re-
(E) 112. gular é de:
(A) 30%.
04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITU- (B) 40%.
TO AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a (C) 50%.
preferência de algumas pessoas entre dois canais de TV, (D) 60%.
canal A e Canal B, os entrevistadores colheram as seguintes (E) 70%.
informações: 17 pessoas preferem o canal A, 13 pessoas
08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSUL-
assistem o canal B e 10 pessoas gostam dos canais A e
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado
B. Assinale a alternativa que apresenta o total de pessoas entre 500 de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os se-
entrevistadas. guintes resultados:

(A) 20 • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que


(B) 23 cursam o Ensino Médio;
(C) 27 • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que
(D) 30 cursam o Ensino Fundamental II;
(E) 40 • 190 clientes compraram materiais para seus filhos
que cursam o Ensino Fundamental I;

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que Respostas


cursam o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que 01. Resposta: C.
cursam o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Médio, Fundamental I e II.
Quantos clientes da papelaria compraram materiais,
mas os filhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o
Ensino Fundamental I e II?

(A) 50.
(B) 55.
(C) 60.
(D) 65.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suple-


mentar – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas resi-
dências de uma rua e em todas foram encontrados pelo
menos um criadouro com larvas do mosquito Aedes ae- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
gypti. Os criadouros encontrados foram listados na tabela X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
a seguir: P=22/150=11/75

P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta. 02. Resposta: B.


R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas

Número de criadouros
P 103
R 124
K 98
PeR 47
PeK 43
ReK 60
P, R e K 25
9+8+14+x=100
De acordo com a tabela, o número de residências vi- X=100-31
sitadas foi: X=69%
(A) 200.
(B) 150. 03. Resposta: B.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) Na


zona rural de um município, 50% dos agricultores cultivam
soja; 30%, arroz; 40%, milho; e 10% não cultivam nenhum
desses grãos. Os agricultores que produzem milho não cul-
tivam arroz e 15% deles cultivam milho e soja.
Considerando essa situação, julgue o item que se se-
gue.
Em exatamente 30% das propriedades, cultiva-se ape-
nas milho.
( )Certo ( )Errado 24+24+39+30=117

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. Resposta: A. 10. Resposta: errado


N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

05. Resposta: C.
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

06. Resposta: A.
N(A ∪B)==200-45=155
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80

07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam ativi-
dade física e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500 O número de pacientes que apresentaram pelo menos
P=500/1000=0,5=50% dois desses sintomas é:
Pois pode ter 2 sintomas ou três.
08. Resposta:A. 6+14+26+32=78
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam en-
sino médio e nem ensino fundamental RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)- PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
-n(A∩C)-n(B∩C) GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

09. Resposta: A. Números Naturais


Os números naturais são o modelo mate-
mático necessário para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais.

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20.

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
38+20+42+18+25+22+35=200 residências a) O antecessor do número m é m-1.
Ou fazer direto pela tabela: b) O antecessor de 2 é 1.
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) c) O antecessor de 56 é 55.
103+124+98+25-60-43-47=200 d) O antecessor de 10 é 9.

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o núme-


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- ro decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro


operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
Exemplo 1 gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
10 + 12 – 6 + 7 ser número racional.
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repe-
16 + 7 tem, se não repetir não é dízima periódica, e sim números
23 irracionais, que trataremos mais a frente.

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25 Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar
Números Inteiros com o denominador seguido de zeros.
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
números naturais, o conjunto dos opostos dos números um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Z-{...,-3,-2,-1,0,1,2,3...}
Subconjuntos do conjunto  :
1)Z*={...-3,-2,-1, 1, 1, 2, 3...}
2) Z+={0,1,2,3,...}
3) Z-={...,-3,-2,-1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
quaisquer, com b≠0 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
São exemplos de números racionais: tão como podemos transformar em fração?
-12/51 Exemplo 1
-3 Transforme a dízima 0, 333... em fração.
-(-3) Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi-
-2,333... ma dada de x, ou seja
X=0,333...
As dízimas periódicas podem ser representadas por Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
fração, portanto são consideradas números racionais. mos por 10.
Como representar esses números? 10x=3,333...
E então subtraímos:
Representação Decimal das Frações 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em X=3/9
decimais X=1/3

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de Representação na reta


período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
Números Irracionais iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Identificação de números irracionais
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra- Intervalo:[a,b]
cionais. Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra- Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-
cional é sempre um número irracional. nores que b.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:]a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores
que a ou iguais a a e menores do que b.
Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional. Intervalo:{a,b[


Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú- Intervalo fechado à direita – números reais maiores
mero natural, se não inteira, é irracional. que a e menores ou iguais a b.

Números Reais

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Fonte: www.estudokids.com.br

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
reais menores que b par, resulta em um número negativo.
.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
maiores ou iguais a a. base. 

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a. 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o
valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Potenciação Propriedades
Multiplicação de fatores iguais 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de
2³=2.2.2=8 mesma base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Casos Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio Exemplos:


número. 96 : 92 = 96-2 = 94

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-


plica-se os expoentes.
Exemplos:
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, (52)3 = 52.3 = 56
resulta em um número positivo.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-


dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes-
mo expoente.

(4.3)²=4².3²

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente,


podemos elevar separados. De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * , então:

a na
n =
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
números primos. Veja: 

Operações

Multiplicação

Exemplo

Divisão
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-


se” um e multiplica.

Exemplo

1 1 1
Observe: 3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:

n
a.b = n a .n b Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

O radical de índice inteiro e positivo de um produto


indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2  2 2 22 2
=  = 1 =
Observe: 3 3 3
32

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Caso tenha: (A) José


(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária -
Racionalização de Denominadores MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Normalmente não se apresentam números irracionais (A) 0,2222...
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli- (B) 0,6666...
minação dos radicais do denominador chama-se racionali- (C) 0,1616...
zação do denominador. (D) 0,8888...
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é:
(A) 131.
(B) 121.
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres-


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife- sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem
rença de quadrados no denominador: um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Questões
3ª expressão: 123 x 9 + 4
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível
Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há ...
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio. 7ª expressão: █ x 9 + ▲

Sabe-se que: Seguindo esse padrão e colocando os números ade-


quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
• dentre os candidatos, 82 são homens; expressão será
• o número de candidatos homens de nível superior é (A) 1 111 111.
igual ao de mulheres de nível médio; (B) 11 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
(C) 1 111.
lheres.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111.
O número de candidatos homens de nível médio é:
(A) 42.
(B) 45. 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um
(C) 48. treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
(D) 50. comercial informou que, nos cinquenta anos de existência
(E) 52. do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, enquanto as demais situações haviam sido geradas por di-
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga- ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final. geradas por displicência,
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez quadamente;
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás; e
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com esses dados, ao longo da existência 02. Resposta: D.


desse prédio comercial, a fração do total de situações de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor- vencedor.
responde à
(A) 3/20. 03. Resposta: B.
(B) 1/4. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(C) 13/60. X=0,4444....
(D) 1/5. 10x=4,444...
(E) 1/60. 9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico


I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a al-
ternativa que apresenta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4.
(D) 8. 04. Resposta: A.
(E) 16. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 11x11=121+10=131
GO/2017) Qual o resultado de ?
05. Resposta: E.
(A) 3 A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(B) 3/2
(C) 5 06. Resposta: D.
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


Gerado por descuidos ao cozinhar:
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-
(C) 3;
(D) 4; 1/13)
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de 07.Resposta: C.
homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
dessa equipe saíram para um atendimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração


de mulheres é

(A) 3/4;
(B) 8/9;
(C) 5/7; 08. Resposta: D.
(D) 8/13;
(E) 9/17.
Respostas

01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres 09. Resposta: C.
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 2-2(1-2N)=12
são de nível médio. 2-2+4N=12
Portanto, há 37 homens de nível superior. 4N=12
82-37=45 homens de nível médio. N=3

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: E. Ângulo Raso:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Dos homens que saíram:

Saíram no total

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome
de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér- Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto.

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso.
Quanto aos lados
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono


Chama-se polígono a união de segmentos que são
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao mados vértices do polígono.
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero que tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-
midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
- Observações: gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são con- mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
gruentes (iguais) medidas dos ângulos internos do polígono é igual a soma
- No losango e no quadrado as diagonais são per- das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Externos Casos de Semelhança


1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de
vértices correspondentes, então esses triângulos são con-
gruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais,
então a razão de dois segmentos quaisquer de uma trans-
versal é igual à razão dos segmentos correspondentes da
outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos
Temos: são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Fórmulas Trigonométricas
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
Relação Fundamental hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-


tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas. Questões
Retas Coplanares 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previden-
ciários- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD,
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum com 40 m de largura por 60 m de comprimento, foi dividi-
do em três lotes, conforme mostra a figura.

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é


864 m², o perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (D) 5 e 6.
coincidentes. (E) 6 e 10.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta estica-
da passando em torno de três discos de mesmo diâmetro
e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é

(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o (D) 100√2 .
comprimento da cinta acima representada é (E) 100√5.

(A) 8/3 π + 8 . 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


(B) 8/3 π + 24. - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(C) 8π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(D) 8π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.

(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em cen-
tímetros, mostra um painel informativo ABCD, de formato
retangular, no qual se destaca a região retangular R, onde
x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é

(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  No


cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen-
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon-
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF
e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é,
correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual em metros, igual a
a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros, (A) 54.
dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são, (B) 48.
respectivamente, (C) 36.
(D) 40.
(A) 80 e 64. (E) 42.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80. Respostas
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 01. Resposta: D.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma-
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3
metros, ao longo dos quatro lados do terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é: 96h=1728
(A) 240; H=18
(B) 256;
(C) 324; Como I é um triângulo:
(D) 330; 60-36=24
(E) 372. X²=24²+18²
X²=576+324
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU- X²=900
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão X=30
indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas Como h=18 e AD é 40, EG=22
com formato de triângulos retângulos, situadas em uma Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
praça e destinadas a atividades de recreação infantil para
faixas etárias distintas. 02. Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
Lado=3√2 289=x²+64
Outro lado =5√2 X²=225
X=15
03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente
a mesma medida da parte reta da cinta. 07. Resposta: A.
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo,
como são três partes, é a mesma medida de um círculo. 5y=320
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Y=64
Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


ponto Médio
09. Resposta: C.
X²=5²+5² Número de estacas: x
X²=25+25 X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
X²=50 do duas vezes o canto
X=5√2 6x=30
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, X=5
temos 2 círculos inteiros.
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
A área de um círculo é
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

A sombreada=100-25π 10. Resposta: B.

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5 9x=108
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC X=12
A=5√5⋅10=50√5 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
Y²=16²+12² um ponto V que não pertence ao plano.
Y²=256+144=400 A figura geométrica formada pela reunião de todos os
Y=20 segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
Perímetro: 16+12+20=48 e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr²

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

Área Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
Área lateral: polígono R e no plano β.

Área da base:

Área total:

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
Área e Volume faces paralelas.

Área lateral: Classificação


Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares
Onde n= quantidade de lados às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
contido em α e uma reta r concorrente aos dois.

Classificação pelo polígono da base

-Triangular

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³

Demais:

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
(B) 1/2h.
(C) 2/3h.
(D) 2h.
E assim por diante... (E) 3h.

Paralelepípedos 02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de
nam-se paralelepípedos. óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al-
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
Prisma Regular tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu- volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
lares, o prisma é dito regular. mentado em
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) (A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
Área (C) 4 m³ .
Área cubo: (D) 5 m³ .
Área paralelepípedo: (E) 6 m³ .
A área de um prisma:
Onde: St=área total 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
Sb=área da base NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late- de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for-
rais. ma de paralelepípedo reto retângulo.

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500. Para completar o volume total desse recipiente, serão
(E) 9000. despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá-
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- rios para completar o volume total do prisma será:
GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de (A) 8 copos
paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões: (B) 9 copos
(C) 10 copos
(D) 12 copos
(E) 15 copos

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU-


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.

Estando o referido aquário completamente cheio, a sua


capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-
NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com dado por
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti- (A) a³/6
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC. (B) a³/3
(C) a³/3√3
(D) a³/6√6

09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)


De um reservatório com formato de paralelepípedo reto re-
tângulo, totalmente cheio, foram retirados 3 m³ de água.
Após a retirada, o nível da água restante no reservatório fi-
cou com altura igual a 1 m, conforme mostra a figura.

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do


bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8. 180h=2250
(B) 1,75. H=12,5
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6. 07. Resposta: C.

10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- V=10⋅10⋅25=2500 cm³


CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, 2500⋅0,2=500cm³ preenchidos.
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um Para terminar de completar o volume:
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone 2500-500=2000 cm³
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: 2000/200=10 copos
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm 08. Resposta: A.
(D) 90 cm A base é um triângulo de base a e altura a

Respostas

01. Resposta:
Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
02. Resposta: D Como foi retirado 3m³
V= πr²h 5+3=2,5⋅2⋅h
V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml 8=5h
H=1,6m
03. Resposta:E.
V=2⋅3⋅x=6x
Aumentando 1 na largura 10. Resposta: D.
V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6 Cone
Portanto, o volume aumentou em 6.

04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000
Cilindro
05. Resposta: C. V=Ab⋅h
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior:
06. Resposta:C. 117πr²=1,3 πr²h
VA=125cm³ H=117/1,3=90
VB=1000cm³

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala


PORCENTAGEM de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
(A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, (B) 15.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que (C) 10.
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, (D) 6.
em máquinas de calcular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
que ajuda muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter- X=27
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi- O menor número de meninas possíveis para ter gripe
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim meninas estão.
por diante. Veja a tabela abaixo:
Fator de
Acréscimo ou Lucro
Multiplicação
10% 1,10 Resposta: C.
15% 1,15
20% 1,20 Questões
47% 1,47
67% 1,67 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
  - MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
    Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te- custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
mos:  com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
Desconto pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli- ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
cação será: (A) R$1120,00
Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for- (B) R$1056,00
ma decimal) (C) R$960,00
Veja a tabela abaixo: (D) R$864,00
Fator de
Desconto 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe
Multiplicação
10% 0,90 de segurança de um Tribunal conseguia resolver mensal-
25% 0,75 mente cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimô-
34% 0,66 nio nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos
60% 0,40 e os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
90% 0,10 reestruturação dos procedimentos de segurança, a mesma
equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
Chamamos de lucro em uma transação comercial de ao dano ao patrimônio em
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o (A) 35%.
preço de custo. (B) 28%.
Lucro=preço de venda -preço de custo (C) 63%.
(D) 41%.
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem (E) 80%.
de duas formas:
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
A tia especificou em testamento que as joias não deveriam

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar (A) R$ 4,20.
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada (B) R$ 5,46.
a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um (C) R$ 10,70.
recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam (D) R$ 12,60.
que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso, (E) R$ 18,00.
tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
diram fazer a partilha do seguinte modo: 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria
deveria escrever em um papel três porcentagens, indican- um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
valor total da herança. (A) R$ 120,00 reais
(B) R$ 112,50 reais
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas (C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais
avaliações.
(E) R$ 90 reais
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
herança toda ou mais. de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das 10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin-
joias foi a seguinte: te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para
2018 é, em milhões de reais, igual a
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari- (D) 190.
ce recebessem, respectivamente, (E) 198.
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
(C) o colar, o bracelete e os brincos. DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
(D) o bracelete, o colar e os brincos. Preço:
(E) o colar, os brincos e o bracelete. Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação De R$ 720,00
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas Por apenas R$ 504,00
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e Nessa oferta, o desconto é de:
passou a ser 3/ 4 da largura original. (A) 70%.
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo (B) 50%.
(C) 30%.
original, a área do novo retângulo:
(D) 10%.
(A) foi aumentada em 50%.
(B) foi reduzida em 50%.
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
(C) aumentou em 25%.
dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
(D) diminuiu 25%. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
(E) foi reduzida a 15%. no preço dessa caixa de bombom foi de:
(A) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (B) 25%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma (C) 20%.
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- (D) 15%
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
ções, qual será o lucro obtido por unidade? 12 tanques menores, idênticos e cheios.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
maior do que a sua capacidade original, o grande tanque 380----95
seria cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de x----100
(A) 4 tanques menores x=400 milhões
(B) 6 tanques menores
(C) 7 tanques menores Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
(D) 8 tanques menores 780/4trimestres=195 milhões
(E) 10 tanques menores

Respostas 08. Resposta: C.

01. Resposta:B.
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
duto. Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de
1600⋅0,6=960 30%.
Como vai pagar 10% a mais:
960⋅1,1=1056 OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
errar conforme a pergunta feita.

02. Resposta: E.
63/35=1,80 09. Resposta: B.
Portanto teve um aumento de 80%. 8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
03. Resposta: D. 8,6x=2,15
Clarice obviamente recebeu o brinco. X=0,25=25%
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
04. Resposta: B. Quantidade de tanque: x
A=b⋅h A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
ques
1,5x=12
X=8
Portanto foi reduzida em 50%

05. Resposta: D.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
valor:
60⋅0,7=42
Ele revendeu por:
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60

06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
previsão de
180-----90%
x---------100
x=200

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabi-


SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO lidade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64;
72; 80; 88; 96}.
01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-
trativo - FCC/2014) Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) =
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- 100 números naturais, então, tem-se:
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus,
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39;
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a 42; 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90;
probabilidade de ter ido de carro é igual a
93; 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96},
A) 20%.
então AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}
B) 40%.
C) 60%.
Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
D) 50%.
E) 30%.

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são


20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então temos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das 3 e 8, compreendidos entre 1 e 100.
vezes (3 idas).
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
vezes (3 idas).
33 12 4 41
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das + − = = 41%!
vezes (4 idas). 100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- 26 letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um Com base nessas informações, julgue os itens que se
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade seguem.
de o número ser divisível por 3 ou por 8?
A) 41%
03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
B) 44%
PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
C) 42%
ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
D) 45%
E) 43% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = ( ) CERTA ( ) ERRADA
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 le-
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. tras, sendo permitida a repetição de caracteres, então po-
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = dem ser gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
100 números naturais, então, tem-se: Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
assim:
26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos

RESPOSTA: “ERRADA”.

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
RESPOSTA: “CERTA”.
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes. E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
( ) CERTA ( ) ERRADA
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320 Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-
las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-
320 ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
10 binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia. idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
totaliza: elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
76554
RESPOSTA: “D”. !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
32121
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram RESPOSTA: “D”.
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema- (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta- piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
gem de sua área original: que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
A) 35,2% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
B) 36,4% Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
C) 37,4% leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
D) 38,6% rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
E) 40,0% dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- so, considere que somente um trabalho seja executado
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
matado: que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, quentes.
sobraram 90% de floresta não desmatada.
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- 13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta Hercules poderia preparar e superior a 12x10!
não desmatada. ( ) CERTA ( ) ERRADA

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dem, e inferior a 6! x 8!.
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira “capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30. lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
( ) CERTA ( ) ERRADA si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
10 posições a serem permutadas.
O número máximo de possíveis listas contendo o tra- 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
rior a 240 x 990 x 56 x 30. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas ções a serem permutadas.
demais casas: Ou seja:
x._._._._._._._._._._._=x.11! 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
de Nemeia”. 1 = 720), logo o valor
Reagrupando os valores, temos: 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
24 x 990 x 56 x 30. TO.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este
item ERRADO. RESPOSTA: “CERTA”.

RESPOSTA: “ERRADA”. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/


UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ 11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
( ) CERTA ( ) ERRADA pe.

O número máximo de possíveis listas contendo os tra- 17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- empregados de nível médio e fundamental, então ela
rior a 72 x 42 x 20 x 6. poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri- ( ) CERTA ( ) ERRADA
meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais Se essa equipe for formada somente com empregados
posições, assim, temos que: de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma-
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10 da de mais de 60 maneiras distintas.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível mé- Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
dio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes: 19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
Fundamental e os demais de nível médio. equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
ras distintas.
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ( ) CERTA ( ) ERRADA
!
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda- Formando-se a equipe com dois empregados de nível
mental e os demais de nível médio. médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná- sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio. os funcionários de nível Fundamental.
!!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas
De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- ximo, 40 equipes distintas.
des anteriores, encontramos:
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas RESPOSTA: “ERRADA”.
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada
20. (USP – VESTIBULAR - FUVEST/2012) Considere
por mais de 60 maneiras distintas.
todas as trinta e duas sequências, com cinco elementos
cada uma, que podem ser formadas com os algarismos
RESPOSTA: “CERTA”.
0 e 1. Quantas dessas sequências possuem pelo menos
três zeros em posições consecutivas?
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
a) 3
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados
b) 5
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de
c) 8
mais de 40 maneiras distintas. d) 12
( ) CERTA ( ) ERRADA e) 16
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível Utilizando os algarismos 0 e 1 e, considerando as se-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 quências com 5 elementos, temos:
maneiras distintas. I) 5 sequências com exatamente 3 zeros em posições
consecutivas (00010, 00011, 01000 e 11000)
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de II) 2 sequências com exatamente 4 zeros em posições
nível fundamental e os demais de nível Superior. consecutivas (00001 e 10000)
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas III) 1 sequência com 5 zeros (00000)
Portanto, o número de sequências com pelo menos
três zeros em posições consecutivas é 5 + 2 + 1 = 8
2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários RESPOSTA: “C”.
nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas 21. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 bran-
cas, 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma
3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de vez 4 bolas .Quantos são os casos possíveis em que apa-
nível fundamental e os demais de nível médio ou superior. recem exatamente uma bola de cada cor?
Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 maneiras
!!! .!!! .!!! !1
= 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18 possíveis de retirar uma bola branca; analogamente, 3 pretas,
equipes distintas 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fundamental da
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- Contagem, o número de casos possíveis em que aparecem
des, teremos: exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 . 2 . 1 = 24
3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas RESPOSTA: “C”.

70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e garantias constitucionais: art. 5º da Constituição;.................................................................................................................. 01


Direitos sociais; cidadania e direitos políticos............................................................................................................................................... 01
Normas Constitucionais relativas à Administração Pública e aos servidores públicos................................................................. 33
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública....................... 47
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia;
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso...................................................................................... 50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não


DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS: são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO; DIREITOS igualmente consagrados como humanos.
SOCIAIS; CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS.
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili-
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva-
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de-
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias.
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- comunicação, independentemente de censura ou licença”
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior – o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca-
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos artigo 5º, LXV1.
direitos que expressamente constam no título II do texto Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
constitucional. lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- cionais.
terísticas principais: Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
reitos.
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
quadra a noção de dimensões de direitos.
Direitos e deveres individuais e coletivos
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deve-
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
res individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na
capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
perspectiva de prevalência dos direitos humanos.
do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio-
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
autonomia privada. mandado de segurança coletivo).
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- 1) Brasileiros e estrangeiros
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
humana. conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
lidades. dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem nia do país.
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
lisados de maneira isolada, separada. gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
falta de uso (prescrição). pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po- ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas titulares de direitos políticos.
ou como argumento para afastamento ou diminuição da 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Relação direitos-deveres Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro


O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- inciso:
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen- Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a pre- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
missa reconhecida nos direitos fundamentais de que não
há direito que seja absoluto, correspondendo-se para cada Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
direito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamen- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
tais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
relativos. obrigações.
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendi- mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
da como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como pectiva mais ampla.
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
particular está vinculado aos direitos fundamentais como enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda- tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
mental conferido à pessoa corresponde o dever de respei- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
to ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas. demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
falando na igualdade perante a lei.
3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
constitucionais-penais. vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
- Direito à igualdade reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
Abrangência de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. discriminação reversa.

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
defende que elas representam o ideal de justiça compen- sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis- os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca- -se o artigo 1º:
-se uma concretização do princípio da igualdade material);
bem como promovem a diversidade. Art. 1º Constitui crime de tortura:
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a I - constranger alguém com emprego de violência ou
verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati- grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
as garantias aos portadores de deficiência, entre outras são da vítima ou de terceira pessoa;
medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas nosa;
diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudên- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
afirmativas são válidas. dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
- Direito à vida pessoal ou medida de caráter preventivo.
Abrangência Pena - reclusão, de dois a oito anos.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- em lei ou não resultante de medida legal.
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. pena de detenção de um a quatro anos.
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
nos4. resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como I - se o crime é cometido por agente público;
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, anos; 
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como III - se o crime é cometido mediante sequestro.
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig- § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
nidade. ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado dobro do prazo da pena aplicada.
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais graça ou anistia.
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. me fechado.

Vedação à tortura - Direito à liberdade


De forma expressa no texto constitucional destaca-se O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
previsão no inciso III do artigo 5º: que o seguem.

Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem Liberdade e legalidade
a tratamento desumano ou degradante. Prevê o artigo 5º, II, CF:

3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. In: BA- Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
LERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Comentá-
rios aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a
2008, p. 15. fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- controle do poder. A censura somente é cabível quando
niente. necessária ao interesse público numa ordem democrática,
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres- O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
maneira que a lei não proíba. tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
Liberdade de pensamento e de expressão expressão.
O artigo 5º, IV, CF prevê:
Liberdade de crença/religiosa
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
ter uma opinião, depois o de expressá-la.
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber-
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con-
dade de organização religiosa.
vicção filosófica ou política:
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
ternativa, fixada em lei. descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
Trata-se de instrumento para a consecução do direito exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
mento. em público, bem como a de recebimento de contribuições
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- de igrejas e suas relações com o Estado.
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
por manifestações que contrariem a lei. segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- tares de internação coletiva.
dentemente de censura ou licença.
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres- prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- dentemente do pagamento de taxas:
tiva, fixada em lei. a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha teresse pessoal.
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
contrarie tais preceitos. manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
Liberdade de informação cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
O direito de acesso à informação também se liga a uma regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
artigo 5º, XIV, CF: sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
sário ao exercício profissional. a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber- Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
dade de procurar e receber informações e ideias por quaisquer exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
meios, independente de fronteiras, sem interferência. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
certidões ser dissociado do direito de petição.
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
CF:
a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli- o interesse social o exigirem.
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
público. quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
Especificadamente quanto à liberdade de informação sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
previsões.
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Liberdade de locomoção
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos tigo 5º, XV, CF:
órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
do Estado. bens.

A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
mação. é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

liberdade de sair do país não significa que existe um direito ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
exercício de sua soberania, controlar tal entrada. tal substância ilícita fosse utilizada).
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- Liberdade de associação
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
A despeito da normativa específica de natureza penal, re- XVII, CF:
força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
locomoção pela prisão civil por dívida. Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.

Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- A liberdade de associação difere-se da de reunião por
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
ciação implica na formação de um grupo organizado que
infiel.
se mantém por um período de tempo considerável, dotado
de estrutura e organização próprias.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento à estatal.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O texto constitucional se estende na regulamentação
da liberdade de associação.
Liberdade de trabalho O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
5º, XIII, CF: Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
são de advogado aquele que não se formou em Direito associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados em suas atividades econômicas.
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
cadastro no Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.

O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,


Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo de reverter a decisão e permitir que a associação continue
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- seja, no curso de um processo judicial.
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A liberdade de associação envolve não somente o di- Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con- rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
forme artigo 5º, XX, CF: prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as- O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
sociar-se ou a permanecer associado. nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
- Direitos à privacidade e à personalidade morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
Abrangência para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
Prevê o artigo 5º, X, CF: sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
determinação judicial.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação. Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
O legislador opta por trazer correlacionados no mes- ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
lidade. investigação criminal ou instrução processual penal.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo
Personalidade jurídica e gratuidade de registro
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
como pessoa perante a lei.
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser com ele arcar.
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
midade, pela vida privada, e pela publicidade).
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- cimento; b) a certidão de óbito.
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi-
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- O reconhecimento do marco inicial e do marco final
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas ção de documentos para que ela seja reconhecida como
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
menos favorecidos.
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
dência Direito à indenização e direito de resposta
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
comunicações. dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. terial, moral ou à imagem.

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“A manifestação do pensamento é livre e garantida em Especificamente no que tange à segurança jurídica,


nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diver- tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos
no exercício indevido da manifestação do pensamento são Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
consequente responsabilidade civil e penal de seus autores, de-
correntes inclusive de publicações injuriosas na imprensa, que Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
deve exercer vigilância e controle da matéria que divulga”9. de da lei.
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio Direito Brasileiro:
em que foram publicadas garantida exatamente a mes-
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
de resposta não é possível reverter plenamente os da- geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento, e a coisa julgada.
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
mico e não econômico. cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma- ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
nanceiramente e indenizado. judicial de que já não caiba recurso.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa- - Direito à propriedade
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro,
teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
estado de família)”10.
Função social da propriedade material
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
digo Civil:

Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi- A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa principal fator limitador deste direito:
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. ção social.

- Direito à segurança A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- considerada como um direito individual nem como institui-
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
rança jurídica. do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- mica são preordenados à vista da realização de seu fim:
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada,
garantir o direito à vida. que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin-
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto culada à consecução daquele princípio”.
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
Paulo: Malheiros, 2011. princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Buenos
Aires: Astrea, 1982.
humano.
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo... 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
Op. Cit., p. 437. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição Federal delimita o que se entende por Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
função social: teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
que não esteja cumprindo sua função social, mediante
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- serão indenizadas em dinheiro.
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- No que tange à desapropriação por necessidade ou
volvimento e de expansão urbana. utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:

Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
função social quando atende às exigências fundamentais de para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
I - aproveitamento racional e adequado; nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
veis e preservação do meio ambiente; Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
III - observância das disposições que regulam as rela-
ções de trabalho; Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
tários e dos trabalhadores. riza a União a propor a ação de desapropriação.

Desapropriação Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer


No caso de desrespeito à função social da proprieda- procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que processo judicial de desapropriação.
pode-se depreender do texto constitucional duas possibi-
lidades de desapropriação: por desrespeito à função social A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
e por necessidade ou utilidade pública. deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
propriação por desatendimento à função social: o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
artigo 5º:
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do sos de utilidade pública:
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- a) a segurança nacional;
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, b) a defesa do Estado;
sucessivamente, de: c) o socorro público em caso de calamidade;
I - parcelamento ou edificação compulsórios; d) a salubridade pública;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- e) a criação e melhoramento de centros de população,
bana progressivo no tempo; seu abastecimento regular de meios de subsistência;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo minerais, das águas e da energia hidráulica;
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em pulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a propriedade
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas
da indenização e os juros legais14. restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendi-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal mento à função social.
para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função
a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação
da cidade). por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na segunda
urbano por desatendimento à função social é necessário tomar duas não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na prática
providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação com- não são tão valorizados quanto o dinheiro.

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici- se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
nais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; montante de recursos para atender ao programa de reforma
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua agrária no exercício.
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
trução ou ampliação de distritos industriais; Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; taduais e municipais as operações de transferência de imó-
k) a preservação e conservação dos monumentos históri- veis desapropriados para fins de reforma agrária.
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes Como a finalidade da reforma agrária é transformar
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
tados pela natureza; gidos pela reforma agrária:
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
tístico; fins de reforma agrária:
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
memorativos e cemitérios; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- II - a propriedade produtiva.
so para aeronaves; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
reza científica, artística ou literária; dos requisitos relativos a sua função social.
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
187:
Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido,
de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
necessitando o Judiciário intervir em prol da correta ava- bem como dos setores de comercialização, de armazena-
liação. mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela I - os instrumentos creditícios e fiscais;
qual há a destinação de um bem expropriado (desapro- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial- garantia de comercialização;
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
quando resultante de desvio do propósito original; e será IV - a assistência técnica e extensão rural;
lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade V - o seguro agrícola;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
o artigo 5º, XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
la e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
meios de financiar o seu desenvolvimento. concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
quena propriedade será assegurado que permaneça com prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso
ela e a torne mais produtiva. de alienações ou concessões de terras públicas para fins de
A preservação da pequena propriedade em detrimento reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depende- guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
rão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, CF). quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
Usucapião taca-se o artigo 191, CF:
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
dado, a ponto de se tornar proprietário. trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade rir-lhe-á a propriedade.
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
casos específicos, denominados usucapião especial urbana dos por usucapião.
e usucapião especial rural.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana a) Imóvel rural
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
rural.
assunto muito controverso.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen-
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
dentemente do estado civil.
área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
suidor mais de uma vez.
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu-
capião. na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- Uso temporário
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só Direito sucessório
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como O direito sucessório aparece como uma faceta do di-
também não se poderia prejudicar o proprietário. reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;

O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
lei, a defesa do consumidor. intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se neas e enciclopédias; entre outras.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da
inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do
reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
consumidor.
gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
O Direito do Consumidor pode ser considerado um
modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
tar sua honra ou imagem.
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
Transitórias: ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
digo de defesa do consumidor. dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
que estas modalidades de utilização podem se dar a título
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi oneroso ou gratuito.
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis,
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res-
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria-
ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti-
Propriedade intelectual tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que
Além da propriedade material, o constituinte protege o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
permissão do autor”16.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas - Direitos de acesso à justiça
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; A formação de um conceito sistemático de acesso à
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
a) a proteção às participações individuais em obras 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
clusive nas atividades desportivas; Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
reito moderno conforme implementadas as bases da onda favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao cia de recursos.
pleno atendimento em todas as ondas).
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado. Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18, ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
veio a onda de superação do problema na representação cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de tação.
processo como algo restrito a apenas duas partes indivi-  
dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
ções, como o Ministério Público.
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
significa que se deve acelerar o processo em detrimento
onda consistente no surgimento de uma concepção mais
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va-
no caso concreto.
riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa- - Direitos constitucionais-penais
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos ceção
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
que vão muito além da esfera de representação judicial”. Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga- em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário fato ocorrer.
que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:

Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. exceção.

O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin- Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente


cípio de Direito Processual Público subjetivo, também criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição nhecido como legítimo pela Constituição do país.
garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes
na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for Tribunal do júri
levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de artigo 5º, XXXVIII, CF:
haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução com a organização que lhe der a lei, assegurados:
Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor,
1998, p. 31-32.
a) a plenitude de defesa;
18 Ibid., p. 49-52 b) o sigilo das votações;
19 Ibid., p. 67-73 c) a soberania dos veredictos;

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos Menções específicas a crimes


contra a vida. O artigo 5º, XLI, CF estabelece:

O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
não magistrados, no caso de determinados crimes que por Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
nal. qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada mento específico a certas práticas criminosas.
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
ciais e administrativos.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. nos termos da lei.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo,
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri- resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
jurisdição. curso do tempo).
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui- çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem.
Anterioridade e irretroatividade da lei
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- concedida antes da sentença final ou depois da condena-
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
crime sem lei anterior que o defina. em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
-se o artigo 5º, XL, CF: crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
beneficiar o réu. que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da (previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha disso, são crimes que não aceitam fiança.
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir- Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi- ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
dade da lei penal mais benéfica. tráfico ilícito de entorpecentes:

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado, Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento a idade e o sexo do apenado.
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei. A distinção do estabelecimento conforme a natureza
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
Personalidade da pena do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
5º, XLV, CF: o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- Também se denota o respeito à individualização da
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
do valor do patrimônio transferido.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
O princípio da personalidade encerra o comando de o dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu te o período de amamentação.
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de da a condição peculiar da presa que possui filho no período
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se de amamentação, mas também se preserva a dignidade da
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio criança, não a afastando do seio materno de maneira precá-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. ria e impedindo a formação de vínculo pela amamentação.

Individualização da pena Vedação de determinadas penas


A individualização da pena tem por finalidade concre- O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia-
ridades do agente. Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
A primeira menção à individualização da pena se en- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
contra no artigo 5º, XLVI, CF: termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da c) de trabalhos forçados;
pena e adotará, entre outras, as seguintes: d) de banimento;
a) privação ou restrição da liberdade; e) cruéis.
b) perda de bens;
c) multa; Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
d) prestação social alternativa; dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
e) suspensão ou interdição de direitos. sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”20 .
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
nado, consideradas as características do agente e do delito. gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena- do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
prisional, por um determinado tempo. nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição militares em tempo de guerra.
do patrimônio do indivíduo delituoso. Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
A prestação social alternativa corresponde às penas quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas lhos forçados, de banimento e cruéis.
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có- No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
digo Penal. que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
Por seu turno, a individualização da pena deve também mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed. São
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF: Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi- pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
a capacidade física e intelectual do condenado; como o que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
trabalho não existe independente da educação, cabe in- porcionalidade.
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter- Vedação de provas ilícitas
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
pamentos de proteção, deverão ser respeitados. Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos.
Respeito à integridade do preso
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
à integridade física e moral. de direito material, constitucional ou legal, no momento
da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da seria paradoxal.
pessoa humana.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade Presunção de inocência
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura
e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
CF), o que vale na execução da pena. até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
previstas em lei.
garantias constitucionais.
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
Ação penal privada subsidiária da pública
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
moral. Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa legal.
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
de seus bens sem o devido processo legal. são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
Pelo princípio do devido processo legal a legislação interessado a proponha.
deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre Prisão e liberdade
de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
pena de nulidade processual. tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
Surgem como corolário do devido processo legal o por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos,
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli-
o artigo 5º, LV, CF: cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber-
dade daquele que assim agiu.
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
ela inerentes. grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
O devido processo legal possui a faceta formal, pela gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica- lei.
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação 4) Direitos fundamentais implícitos
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
deral:
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
indicada. dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
entrar em contato com sua família e com um advogado, estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
conforme artigo 5º, LXIII, CF: do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
nas exemplificativo, não taxativo.
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 5) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
assegurada a assistência da família e de advogado. mento interno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação seja parte”.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
policial. to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- do Presidente da República), submissão do tratado assina-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tais. do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21.
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
relaxada pela autoridade judiciária. seja, tratado internacional de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
são do artigo 5º, LXVI, CF: zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
com ou sem fiança. internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. outras normas”22.
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
Indenização por erro judiciário sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá- brasileiro porque somente existe previsão constitucional
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do 22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Públi-
tempo fixado na sentença. co e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não restrita a uma situação específica”23.
significa que tais direitos eram menos importantes devido Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so-
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
implícitos. em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti- nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
vos membros: prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em nas forças inimigas, etc.”.
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- Direitos sociais
tes às emendas constitucionais. 
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- normas programáticas e que necessitam de uma postura
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- interventiva estatal em prol da implementação.
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante Os direitos assegurados nesta categoria encontram
ao da emenda constitucional. menção genérica no artigo 6º, CF:
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
titucional os tratados internacionais de direitos humanos saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor-
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se à maternidade e à infância, a assistência aos desampa-
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista rados, na forma desta Constituição. 
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
revogaria a Constituição no ponto controverso). dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
6) Tribunal Penal Internacional princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in-
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra-
tado adesão. balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda
  a ordem social, se concentra em trazer normativas mais
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais.
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência ciais
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- Independentemente da categoria de direitos que este-
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
internacional (artigo 1º, ETPI). sentido meramente formal, mas necessariamente material.
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- 23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Direi-
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional to Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
compete o processo e julgamento de violações contra indi- 24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
como também se mostram essenciais. de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta Fundamental do Estado”26.
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com possível, embora viável, não pode servir de muleta para
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
moradia, assim como nem todos se encontram na posição viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que atender esta demanda.
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
direitos fundamentais. que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente der Judiciário em prol de sua efetivação.
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus 3) Princípio da proibição do retrocesso
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
mais plena possível. uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape- retrocesso, de modo que um direito social garantido não
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos, pode deixar de o ser.
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
condições para sustentarem suas necessidades pertencen- do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
tes a esta categoria de direitos. CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
2) Reserva do possível e mínimo existencial
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
notadamente porque estão previstos em normas progra-
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
máticas e porque a implementação deles gera um ônus
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
em prol da efetivação destes. nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma cluindo o ensino médio gratuito).
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
Público como determinador de que particulares respeitem amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
Estatuto Máximo25. de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
a cláusula da reserva do possível como argumento para a entendimento dominante.
não implementação de determinado direito social – seja
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- 4) Direito individual do trabalho
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
de assédio moral).
existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face
da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. 26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de à complexidade do trabalho.
lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos. Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
Significa que a demissão, se não for motivada por justa construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é
gador. estabelecido em conformidade com a data base da cate-
goria, por isso ele é definido em conformidade com um
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
semprego involuntário. trabalhador.

Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente disposto em convenção ou acordo coletivo.
desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de-
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de missão em massa durante uma crise, situações que devem
assistência financeira temporária. ser negociadas em convenção ou acordo coletivo.

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser- Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
viço. ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.

Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro- O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de baseada em comissões por venda e metas);
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen- remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da casa própria ou da aposentadoria e em situações de da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo-
causa ou em caso de algumas doenças graves. sentado no final de cada ano.

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades superior à do diurno.
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
porte e previdência social, com reajustes periódicos que durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção para qualquer fim. cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
T noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
rata-se de uma visível norma programática da Cons- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo horas do dia seguinte.
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, constituindo crime sua retenção dolosa.
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese)”27. Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-de- ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
veria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º, salvo negociação coletiva.
XXXIX, CF).
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
participação na gestão da empresa, conforme definido em objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
lei. tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo a própria família.
empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne- Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. ferencialmente aos domingos.

Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
Salário-família é o benefício pago na proporção do lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer de trabalho aos domingos, desde que previamente auto-
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é
quer idade, independente de carência e desde que o salá- assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re-
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo munerado coincidente com um domingo a cada período,
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/ dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de O salário das férias deve ser superior em pelo menos
qualquer idade será de R$ 24,66. um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su- to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
facultada a compensação de horários e a redução da jorna- de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
normal. emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.

A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- xados em lei.
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
Embora as mulheres sejam maioria na população de mínimo.
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população O adicional de periculosidade é um valor devido ao
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. empregado exposto a atividades perigosas. São conside-
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- acentuado em virtude de exposição permanente do tra-
do que os homens recebem mais porque os empregadores balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a
entendem que eles necessitam de um salário maior para roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido do adicional de periculosidade será o salário do empregado
de forma especial. acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratifi-
cações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem- O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten-
po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
da lei. tes adicionais.

Nas relações de emprego, quando uma das partes de- Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra-
outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que
por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So-
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ-
do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
trabalhado ou indenizado. to social no próprio artigo 6º, CF.

Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu- dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
rança. de em creches e pré-escolas.

Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias
do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es-
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri- paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses,
dade e na ausência de agentes que possam comprometer enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
lei. convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
específica previsão sobre o adicional de penosidade. na empresa.
São consideradas atividades ou operações insalubres
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, acordos coletivos de trabalho.
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- balho, que encontra regulamentação constitucional nos
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- trabalhadores entram em negociação com as empresas na
28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21. direitos sociais;

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
na forma da lei. (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má- de sexo, idade, cor ou estado civil.
quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
para que possa operá-la). Há uma tendência de se remunerar melhor homens
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- patente a diferença remuneratória para com pessoas de
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra- rial judicialmente.
tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor- ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre- dor portador de deficiência.
vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba- mitações, possui condições de ingressar no mercado de
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou sua deficiência.
temporária, da capacidade para o trabalho.
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri- Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba-
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
buição com natureza de tributo que as empresas pagam
respectivos.
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade,
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
se enquadrar numa ou outra categoria.
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res- condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi- Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
compreendido como prestação garantida pelo Estado ao o trabalho em condições desfavoráveis.
trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
a indenização devida pelo empregador em caso de culpa Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do balhador avulso.
Trabalho;
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o trabalhador com vínculo empregatício permanente.
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra- A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
balho. PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
do artigo 7º:
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
há um período de tempo que o empregado tem para re- goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os da comunidade.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
a sua integração à previdência social.  penas da lei.

5) Direito coletivo do trabalho A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha- ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
substituição processual, participação e representação clas- esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
sista29. O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
escopo no artigo 8º, CF: Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú-
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi- blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá-
cal, observado o seguinte: rios sejam objeto de discussão e deliberação.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão Por fim, aborda-se o direito de representação classista
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a no artigo 11, CF:
intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em-
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria pregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten-
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
dimento direto com os empregadores.
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
Nacionalidade
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que
questões judiciais ou administrativas;
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
um nacional pode adquirir direitos políticos.
se tratando de categoria profissional, será descontada em Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
folha, para custeio do sistema confederativo da representa- um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
prevista em lei; assim de direitos e obrigações.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
filiado a sindicato; não é a mesma coisa que população. População é o con-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es-
negociações coletivas de trabalho; trangeiros residentes no país e os apátridas.
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
tado nas organizações sindicais; 1) Nacionalidade como direito humano fundamental
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- Os direitos humanos internacionais são completamen-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes-
grave nos termos da lei. soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité-
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
brasileiro não admite a figura do apátrida.
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
tigo 9º, CF: cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e um processo conhecido como naturalização.
sobre os interesses que devam por meio dele defender. Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Convenção Americana sobre Direitos Humanos blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te- depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar sileira.
o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
versas. notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa em território do país independentemente da nacionalidade
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo, de do local de nascimento mas sim da descendência de um
de um governante, de um poder despótico, de decisões nacional do país (critério comum em países que tiveram
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra- êxodo de imigrantes).
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce
sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi-
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui- lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros
to séria”30. que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter-
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in- nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo,
ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te-
direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do nha nascido no território brasileiro.
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato
perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti- também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais
ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato,
das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi- estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve- brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
como um todo –, e não proteger pessoas que justamente manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali-
cometeram tais violações. dade brasileira ou não.

2) Naturalidade e naturalização b) Brasileiros naturalizados


O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego- Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é II - naturalizados:
diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Estado. portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira e idoneidade moral;
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con- anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é requeiram a nacionalidade brasileira.
nacional brasileiro.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
a) Brasileiros natos O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
Art. 12, CF. São brasileiros: questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
I - natos: artigo 112:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con-
a serviço de seu país; cessão da naturalização:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço II - ser registrado como permanente no Brasil;
da República Federativa do Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- ao pedido de naturalização;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e XVI. In:
condições do naturalizando;
BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. manutenção própria e da família;

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - bom procedimento; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce


VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
superior a 1 (um) ano; e num critério de revezamento nenhum membro pode ser
VIII - boa saúde. naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte
impacto em termos de representação do país ou de segu-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. rança nacional.
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná- praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
ria no artigo 12, II, “a”. dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se- 3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos. permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan- sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
Judiciário para fazê-lo valer31. É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado
c) Tratamento diferenciado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe-
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste 22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001).
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci-
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi-
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin- tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca- o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos
sos previstos nesta Constituição. políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta- mente direitos políticos nos dois países.
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
cer as hipóteses de distinção. 4) Perda da nacionalidade
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
enumeradas no parágrafo seguinte. nalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
os cargos: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; lei estrangeira;
III - de Presidente do Senado Federal; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
V - da carreira diplomática; dição para permanência em seu território ou para o exercício
VI - de oficial das Forças Armadas; de direitos civis.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, per-
31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em tele- cebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a”
conferência. aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira e ou-

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tra se ao seu nascimento tiver adquirido simultaneamente b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” é re- deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
conhecida a mesma situação se a aquisição da nacionalidade além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
do outro país for uma exigência para continuar lá permane- vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países,
cendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não o p. ex., não pode ocorrer a extradição).
fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de
e, provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira. um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição.
5) Deportação, expulsão e entrega d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
A deportação representa a devolução compulsória de Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas
um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir- pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza-
regular no território nacional, estando prevista na Lei nº da, salvo se houver a comutação da pena, transformação
6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou- para uma pena aceita no Brasil.
ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
mera irregularidade de visto. 7) Idioma e símbolos
A expulsão é a retirada “à força” do território brasi- Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica- República Federativa do Brasil.
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
6.815/1980: bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es- derão ter símbolos próprios.
trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança
nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou mora- Idioma é a língua falada pela população, que confere
lidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o caráter diferenciado em relação à população do resto do
torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
uma nação.
trangeiro que:
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter-
manência no Brasil;
nacionalmente.
b) havendo entrado no território nacional com infração
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou aborda o tema.
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
para estrangeiro. Direitos políticos

A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi-
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar
tuição no artigo 5º, §4º). que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro,
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio
6) Extradição universal.
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- 1) Sufrágio universal
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera-
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei-
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen-
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá-
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio,
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: deverá ser direto e secreto.
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capa-
que foram objeto do pedido de extradição. cidade passiva tenha necessariamente a ativa.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Democracia direta e indireta Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su- os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual gatório, os conscritos.
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito; Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan-
II - referendo; do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
III - iniciativa popular. disponíveis para os dias da eleição.

A democracia brasileira adota a modalidade semidire- 4) Elegibilidade


ta, porque possibilita a participação popular direta no po- O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de
der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe- elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen-
rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua
pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan- capacidade passiva do sufrágio universal.
temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos. Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na
Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento forma da lei:
para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal. I - a nacionalidade brasileira;
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
rendo é o momento da consulta à população: no plebis- III - o alistamento eleitoral;
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão V - a filiação partidária;
política e depois se consulta a população. Embora os dois VI - a idade mínima de:
partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am- da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
Estado e do Distrito Federal;
que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
constitucional, legislativa ou administrativa”32.
d) dezoito anos para Vereador.
Na iniciativa popular confere-se à população o poder
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
analfabetos.
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à
artigo 61, §2°, CF: nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo,
para ser eleito é preciso ser cidadão.
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio- pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me- de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim,
para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve
voto ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral
dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi- em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans-
dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. eleições.
A filiação partidária implica no lançamento da candidatu-
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: ra por um partido político, não se aceitando a filiação avulsa.
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi-
II - facultativos para: to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de
a) os analfabetos; cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
b) os maiores de setenta anos; posse.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
5) Inelegibilidade
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais Atender às condições de elegibilidade é necessário
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. bilidade.

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se-
atingidos determinados cargos. gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à
analfabetos. reeleição.

O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili- Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten-
dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser didas as seguintes condições:
elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci- tar-se da atividade;
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor, pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Go- os militares que não podem se alistar ou os que podem,
vernadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF,
quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me-
mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub- nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe-
sequente. rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili- 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação,
subsequente.
a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
para exercício de mandato considerada vida pregressa do can-
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
didato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de fun-
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início ção, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011- O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu-
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei
que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con- outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
correndo por isso a uma vaga no Senado Federal. cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, artigo 1º, que segue.
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti- Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
vos mandatos até seis meses antes do pleito. I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus man- Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
datos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos lizarem durante o período remanescente do mandato para o
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
te da República, de Governador de Estado ou Território, do da legislatura;
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
de mandato eletivo e candidato à reeleição. em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de

29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

apuração de abuso do poder econômico ou político, para a go ou função de direção, administração ou representação,
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili-
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; dade;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) j) os que forem condenados, em decisão transitada em
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
Lei Complementar nº 135, de 2010) eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
1. contra a economia popular, a fé pública, a administra- ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
plementar nº 135, de 2010) k) o Presidente da República, o Governador de Estado e
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na-
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên- cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa,
cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi-
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni-
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver cípio, para as eleições que se realizarem durante o período
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer- remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
tortura, terrorismo e hediondos;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
135, de 2010)
Complementar nº 135, de 2010)
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou decisão sancionatória do órgão profissional competente, em de-
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) corrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito)
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder
com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) n) os que forem condenados, em decisão transitada em
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada Complementar nº 135, de 2010)
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
h) os detentores de cargo na administração pública di- ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se q) os magistrados e os membros do Ministério Público
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
Lei Complementar nº 135, de 2010) cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- 2010)

30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - para Presidente e Vice-Presidente da República: h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun-
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe-
de seus cargos e funções: rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope-
1. os Ministros de Estado: rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa
militar, da Presidência da República; ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
da Presidência da República; rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da hajam exercido cargo ou função de direção, administração
República; ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e mantenha contrato de execução de obras, de prestação de
da Aeronáutica; serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
8. os Magistrados; obedeça a cláusulas uniformes;
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar- j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
fundações públicas e as mantidas pelo poder público; I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
Territórios; da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
11. os Interventores Federais; dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
12. os Secretários de Estado; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
13. os Prefeitos Municipais; pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos integrais;
Estados e do Distrito Federal;
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
Distrito Federal;
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
tratar de repartição pública, associação ou empresas que
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea- operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser-
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia vados os mesmos prazos;
do Senado Federal; b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
c) (Vetado); de seus cargos ou funções:
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no do Estado ou do Distrito Federal;
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, Zona Aérea;
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades; 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham sistência aos Municípios;
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- 4. os secretários da administração municipal ou mem-
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da bros de órgãos congêneres;
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
influir na economia nacional; os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na a desincompatibilização;
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
de empresas; cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- V - para o Senado Federal:
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
ministração ou representação em entidades representativas sidente da República especificados na alínea a do inciso II
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
repassados pela Previdência Social; no território do Estado, observados os mesmos prazos;

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes- tada em julgado;
mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; II - incapacidade civil absoluta;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla- III - condenação criminal transitada em julgado, en-
tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden- quanto durarem seus efeitos;
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
prazos; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
VII - para a Câmara Municipal: § 4º.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização,
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de- o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por-
sincompatibilização; tanto, deixe de ser titular de direitos políticos.
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja,
Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil,
para a desincompatibilização . entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer-
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da sal.
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con-
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
até 6 (seis) meses antes do pleito. O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre- litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando moral ou religiosa.
os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
(seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
substituído o titular. dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu- suspensão dos direitos políticos.
lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o Os direitos políticos somente são perdidos em dois
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, casos, quais sejam cancelamento de naturalização por
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6 volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade
(seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man- brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se
dato eletivo e candidato à reeleição. naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera-
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos
deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a
aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com- Administração Pública por parte do servidor, mas apenas
plementar nº 135, de 2010) suspensão.
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao dis- CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
posto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple- só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
mentar nº 135, de 2010). vedado pelo texto constitucional.

6) Impugnação de mandato 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
pugnação de mandato. Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im- ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me-
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na Partidos políticos
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
7) Perda e suspensão de direitos políticos político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O caput do artigo 17 da Constituição prevê:


NORMAS CONSTITUCIONAIS RELATIVAS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AOS
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o SERVIDORES PÚBLICOS.
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
mentais da pessoa humana [...].

Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-


1) Princípios da Administração Pública
lecendo a Constituição um limite de números de partidos
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
políticos que possam ser constituídos, permitindo também
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
que sejam extintos, fundidos e incorporados.
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
atividade política no âmbito interno do país; proibição de
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
e Lei n° 8.429/92.
no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no
Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor
a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar-
acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreensão
zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque possui
17, §4º, CF).
um caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais
O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
da administração pública. Estabelece a Constituição Federal:
tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
também, ao seguinte: [...]
de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
São princípios da administração pública, nesta ordem:
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
Legalidade
normas de disciplina e fidelidade partidária. 
Impessoalidade
Moralidade
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Publicidade
ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
Eficiência
CF).
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
Administração Pública. É de fundamental importância um
olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
televisão, na forma da lei.
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho33
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
e Spitzcovsky34:
organização paramilitar.
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
proíbe. Contudo, como a administração pública representa
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
de televisão.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97,
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
de 2017)
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita.
33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Método, 2011.

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
ses que representa, a administração pública está proibida ticipação do usuário na administração pública direta e
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar indireta, regulando especialmente:
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou interna, da qualidade dos serviços;
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da a informações sobre atos de governo, observado o disposto
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, no art. 5º, X e XXXIII;
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- III -  a disciplina da representação contra o exercício ne-
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi-
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, nistração pública.
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
coletivo. e) Princípio da eficiência: A administração pública
c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
uma espécie de moralidade administrativa, intimamente pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi-
relacionada ao poder público. A administração pública não cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
atua como um particular, de modo que enquanto o des- seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público
cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti- por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento procura por produtividade e economicidade. Alcança os
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio serviços públicos e os serviços administrativos internos, se
da moralidade deve se fazer presente não só para com os referindo diretamente à conduta dos agentes.
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos ser apontados como princípios de natureza ética relaciona-
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO dos à função pública a probidade e a motivação:
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio-
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação,
anteriores. é o dever de todo o administrador público, o dever de ho-
d) Princípio da publicidade: A administração pública nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi-
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban- nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini35 alerta que
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e alguns autores tratam veem como distintos os princípios
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão da moralidade e da probidade administrativa, mas não há 
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que características que permitam tratar os mesmos como pro-
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne- que a probidade administrativa é um aspecto particular da
gar indevidamente a fornecer informações ao administrado moralidade administrativa.
caracteriza ato de improbidade administrativa. b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
princípio da publicidade seja deturpado em propaganda ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
político-eleitoral: princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
caráter educativo, informativo ou de orientação social, meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que Administração.
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido- Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá-
res públicos. vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta-
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão os atos administrativos devem ser motivados para que o
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
instrumentos para proteção são o direito de petição e as quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi- ser observados os motivos dos atos administrativos.
dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda, 35 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
prevê o artigo 37, CF em seu §3º:  Saraiva, 2004.

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti-
único comportamento possível) e dos atos discricionários go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unísso- Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú-
na na determinação da obrigatoriedade de motivação com blico depende de aprovação prévia em concurso público
relação aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na-
quanto à referida necessidade quanto aos atos discricionários. tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
Meirelles36 entende que o ato discricionário, editado prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar- comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en- Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro-
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini37, de sua validade.
com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca- moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná- sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
rios quanto os vinculados. regulamentos.

No concurso de provas o candidato é avaliado ape-


2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
vidores
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
atividade profissional também é considerado. Cargo em
cípios da administração pública estudados no tópico ante-
comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso
rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
público, sendo exceção à regra geral.
Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
incisos, regras mínimas sobre o serviço público: Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi-
co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas período.
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
forma da lei. visto no edital de convocação, aquele aprovado em concur-
so público de provas ou de provas e títulos será convocado
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº com prioridade sobre novos concursados para assumir car-
8.112/1990, que prevê: go ou emprego, na carreira.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
investidura em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira; Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá
II - o gozo dos direitos políticos; validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; única vez, por igual período.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de
V - a idade mínima de dezoito anos; sua realização serão fixados em edital, que será publicado
VI - aptidão física e mental. no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande cir-
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên- culação.
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...] § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí- candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com validade não expirado.
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
com as normas e os procedimentos desta Lei. O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de vali-
36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.
dade. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo
37 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual
Saraiva, 2004. vaga e não ser realizado novo concurso.

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autori-
dade responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no
serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os car-
gos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo38:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores Qualquer pessoa, observado o percentual
ocupantes de cargo efetivo. mínimo reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode Sem concurso público, ressalvado o percentual
exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função mínimo reservado ao servidor de carreira.
em si não prescindível de concurso público.
Somente são conferidas atribuições e É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
responsabilidade Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, Destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se De livre nomeação e exoneração
refere à função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela pre-
servação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos,
deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiên-
cia e definirá os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o
servidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
38 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para


relação que comporta dependência jurídica do servidor cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
perante o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
das prerrogativas de Poder Público, ou institucional, esta- ao local de trabalho.
tutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor di- § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
zendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é ao salário mínimo.
o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se
na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situan- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
do-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução in-
termediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em administração direta, autárquica e fundacional, dos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
empreendimentos não-governamentais”39. proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
de índices. âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu- Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e res aos pagos pelo Poder Executivo.
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ção e exoneração. Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:

Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
tigos 40 e 41: ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra-
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele- previstas nos incisos II a VII do art. 61.
cidas em lei.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei-
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
93. caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- previstas em lei.
tagens de caráter permanente, é irredutível.
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
39 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse pú-
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
blico. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/ Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e tão:
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
duais e Distritais e dos Vereadores. da de cargos públicos.
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
paração salarial: presas públicas, sociedades de economia mista da União,
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- nicípios.
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
remuneração de pessoal do serviço público. dicionada à comprovação da compatibilidade de horá-
rios.
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de política de administração e remuneração de pessoal, de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
integrado por servidores designados pelos respectivos proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se vidade.
mostrem similares.
Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
dos por servidor público não serão computados nem acu- previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
à remuneração devida pela participação em conselhos de
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi-
indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen-
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
vantagem até então percebida.
Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor; se em que houver compatibilidade de horário e local com o
b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos dos órgãos ou entidades envolvidos.
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
tamente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho40, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- dessa infração – art. 133” 41.
titucional proibitiva”. 41 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/ar-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores considerar inválida sua autorização”43.
administrativos, na forma da lei. Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
ritários para a realização de suas atividades e atuarão direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con- que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
vênio. para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I -  o prazo de duração do contrato;
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos III -  a remuneração do pessoal.
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- empresas públicas e às sociedades de economia mista
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
A importância da Administração Tributária foi reconhecida mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti-
go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua Continua o artigo 37, CF:
precedência e de seus servidores sobre os demais setores
da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe- Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
tência”42. na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode- assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
empresa pública, de sociedade de economia mista e de mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
definir as áreas de sua atuação. técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
mento das obrigações.
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-
de qualquer delas em empresa privada. mas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con-
Órgãos da administração indireta somente podem ser junto de procedimentos administrativos (administrativos
criados por lei específica e a criação de subsidiárias des- porque parte da administração pública) para as compras
tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
controla diretamente determinada empresa pública ou so- ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên- ção é um processo formal onde há a competição entre os
tese para observar que quase todos os autores que abor- interessados.
dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em- crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
presas públicas e sociedades de economia mista podem ter ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res-
subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a pectivas ações de ressarcimento.
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
42 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_sao_ 43 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado.
paulo.htm São Paulo: GEN, 2014.

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
creverá: do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
destituição de cargo em comissão; ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”44.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
que o fato se tornou conhecido. do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
como crime. juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
nal proferida por autoridade competente. cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direi- e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
to de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
as infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
(pena de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena em esferas distintas do Direito.
de advertência), contados da data em que o fato se tornou Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
conhecido pela administração pública. Se a infração discipli- co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
nar for crime, valerão os prazos prescricionais do direito penal, porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
mais longos, logo, menos favoráveis ao servidor. Interrupção blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
da prescrição significa parar a contagem do prazo para que, órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
retornando, comece do zero. Da abertura da sindicância ou Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
processo administrativo disciplinar até a decisão final proferida ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
por autoridade competente não corre a prescrição. Proferida da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
a decisão, o prazo começa a contar do zero. Passado o prazo, que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
não caberá mais propor ação disciplinar. ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50%
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- tenha concorrido para criação ou custeio, também have-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria-
ções privilegiadas. ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes-
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos.
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da contribuição por parte do poder público, o ressarcimento
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi- terá que ser buscado por outra via que não a ação de im-
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, probidade administrativa.
de 4 de setembro de 2001. A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: improbidade administrativa em três categorias:
a) Ato de improbidade administrativa que importe
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu- enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento +
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi-
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste- da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego,
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- Lei nº 8.429/1992.
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
3) Atos de improbidade administrativa ditames morais, notadamente no desempenho de função
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra- de interesse estatal.
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni- 44 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- 157, de 2016)
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
cos). evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- fixando-se a alíquota mínima em 2%.
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
intenção). Não cabe prática por omissão.45 para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
b) Ato de improbidade administrativa que importe cal), prejudicando os municípios vizinhos.
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao alíquota mínima.
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- d) Ato de improbidade administrativa que atente
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como contra os princípios da administração pública (artigo
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e 11, Lei nº 8.429/1992)
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
o seu conteúdo46. titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: os princípios da administração pública qualquer ação ou
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal- lidade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O gru-
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que po mais ameno de atos de improbidade administrativa se
se refere a destruição47. caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
Este artigo admite expressamente a variante culpo- gerais da administração pública50.
O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
consolidou a tese de que é indispensável a existência de
embora caiba a prática por ação ou omissão.
dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
diante do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade,
Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando
não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne- o ato de improbidade administrativa não tiver gerado ob-
gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”48. tenção de vantagem
Para Carvalho Filho49, não há inconstitucionalidade na mo- Com efeito, os atos de improbidade administrativa
dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena não são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição
conforme o agente aja com dolo ou culpa. na esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- simultaneamente um ato de improbidade administrativa
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per- ambos, nas duas esferas.
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas-
45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida-
Método, 2011. de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação
46 Ibid. do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- público; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se-
48 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administra- guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente,
tiva: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível
descreve os procedimentos administrativo e judicial.
em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 50 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Método, 2011.

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
não só reparar eventual dano causado mas também colo- variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de indenizatório, mas punitivo.
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re- imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, nos sócio majoritário da instituição vitimada.
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- - Proibição de contratar: o agente punido não pode
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento participar de processos licitatórios.
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- vidores
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da taurando-se o equilíbrio social.53
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
limites da herança, embora existam reflexos na ação que
sem prejuízo da ação penal cabível”.
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
uma absolvição por falta de provas não o faz).
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
lei é o instrumento adequado para tanto51. dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
Carvalho Filho52 tece considerações a respeito de algu- fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às
mas das sanções: regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve danos que seus agentes causem durante a prestação do
derivar de origem ilícita”. serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda aos direitos humanos reconhecidos.
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo- Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
netária e juros de mora. não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
- Perda de função pública: “se o agente é titular de elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa- pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
res trabalhistas e temporários), a perda da função pública se encontram no art. 186 do Código Civil:
se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
empregado. No caso de exercer apenas uma função públi- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
se sujeitam a procedimento especial para perda da função
pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
Administrativa. civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
52 Ibid. Paulo: Saraiva, 2005.

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo considerada a existência de uma relação obrigacional que
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo põe.
agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
terial, econômico e não econômico). te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
o dano específico, individualizado, que atinge determina- condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul- esperado.54
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
na circunstância específica possuía o dever de impedir o de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
assalto, como no caso de uma viatura presente no local - são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
humano reconhecido). dever de indenizar.
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
nários, empregados ou temporários) e os particulares em responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). nº 8.112/90:
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti- e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
cular. entre si.
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili- res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
por um agente público no exercício de suas funções e que ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- aciona-se o agente público que praticou o ato.
tado. São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os praticados pelo agente público no exercício de sua função
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula-
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú-
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais constrangimento e medo que viola diretamente sua digni-
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
regresso se agiram com dolo ou culpa. cuja pena é agravada quando praticada por funcionário
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- -se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- funcionário que violar a ética do serviço público, como ad-
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- vertência, suspensão e demissão.
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- agente público que cometa ato ilícito.
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau- Tomadas as exigências de características dos danos
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela- acima colacionadas, notadamente a anormalidade, con-
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá sidera-se que para o Estado ser responsabilizado por um
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re- 54 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto Método, 2011.

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da socie- Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
dade e a plena cobertura de todas as fatalidades que pos- Municípios instituirão conselho de política de administra-
sam acontecer em território nacional. ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em planos de carreira para os servidores da administração pú-
prejuízo dentro de sua previsibilidade. blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mais componentes do sistema remuneratório observará:
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos dade dos cargos componentes de cada carreira;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais II -  os requisitos para a investidura;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- III -  as peculiaridades dos cargos.
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do entre os entes federados.
dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
blicos
do a natureza do cargo o exigir.
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
a questão remuneratória:
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
sua remuneração; ção dos cargos e empregos públicos.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa- § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo tários provenientes da economia com despesas correntes
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
norma do inciso anterior; desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
ção por merecimento; § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
de afastamento, os valores serão determinados como se no
exercício estivesse. Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti-
vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
6) Regime de remuneração e previdência dos servi- cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
dores públicos regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên- mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser-
cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui- vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri-
ção Federal: térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
disposto neste artigo.

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma atividade na data do óbito.
dos §§ 3º e 17: § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- me critérios estabelecidos em lei.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, nibilidade.
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
complementar; contagem de tempo de contribuição fictício.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta-
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
doria, observadas as seguintes condições:
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
de contribuição, se mulher; tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
cionais ao tempo de contribuição. ção, e de cargo eletivo.
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a para o regime geral de previdência social.
concessão da pensão. § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
munerações utilizadas como base para as contribuições do público, aplica-se o regime geral de previdência social.
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
tigo e o art. 201, na forma da lei. cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran- go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
vidores: do regime geral de previdência social de que trata o art.
I -  portadores de deficiência; 201.
II -  que exerçam atividades de risco; § 15. O regime de previdência complementar de que
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es- trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
chadas de previdência complementar, de natureza pública,
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
que oferecerão aos respectivos participantes planos de be-
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio. nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do que tiver ingressado no serviço público até a data da publi-
regime de previdência previsto neste artigo. cação do ato de instituição do correspondente regime de
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de previdência complementar.
pensão por morte, que será igual: § 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa- para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios mente atualizados, na forma da lei.
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
limite, caso aposentado à data do óbito; ou ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor para os benefícios do regime geral de previdência social de
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de para os servidores titulares de cargos efetivos.

45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha V - responsabilidade.


completado as exigências para aposentadoria voluntária § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em gio probatório, será submetida à homologação da autori-
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar realizada por comissão constituída para essa finalidade,
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
§ 1º, II. respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
próprio de previdência social para os servidores titula- caput deste artigo.
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
disposto no art. 142, § 3º, X. teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci- único do art. 29.
dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
cia social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca- gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
pacitante. cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
7) Estágio probatório e perda do cargo equivalentes.
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a § 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo mento para participar de curso de formação decorrente de
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- aprovação em concurso para outro cargo na Administração
mento efetivo em virtude de concurso público. Pública Federal.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
gado; 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
II -  mediante processo administrativo em que lhe de formação, e será retomado a partir do término do im-
seja assegurada ampla defesa; pedimento.
III -  mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada O estágio probatório pode ser definido como um lapso
ampla defesa. de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem- mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
po de serviço. estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com ramento no órgão ou entidade de lotação.
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
quado aproveitamento em outro cargo. plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
missão instituída para essa finalidade. que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
to no artigo 41 da Constituição Federal.
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser- Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su- rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos
jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, nota-
meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob- damente: em virtude de sentença judicial transitada em
jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados julgado; mediante processo administrativo em que lhe
os seguinte fatores: seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
I - assiduidade; mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
II - disciplina; de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
III - capacidade de iniciativa; lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
IV - produtividade;

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

8) Militares dos estados, do Distrito Federal e dos pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
territórios instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
Prevê o artigo 42, CF: de grandes proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de minará o tempo de sua duração, especificará as áreas a
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
trito Federal e dos Territórios. I - restrições aos direitos de:
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em b) sigilo de correspondência;
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor so- II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
bre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo
dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
lei específica do respectivo ente estatal. por igual período, se persistirem as razões que justificaram
a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES executor da medida, será por este comunicada imediatamente
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA; ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA. preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá
No título V, aborda-se a defesa do Estado e das insti-
ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder
tuições democráticas, com outros institutos relevantes para
Judiciário;
evitar impacto na organização do Estado, razão pela qual
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
se promove aqui um estudo conjunto.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
Estado de Defesa e Estado de Sítio
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congres-
so Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins-
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro
Estado de defesa e estado de sítio são duas situações
de dez dias contados de seu recebimento, devendo conti-
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal,
nuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado
próprio Estado e suas instituições democráticas.
de defesa.
O estado de defesa é decretado para preservar ou
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de
Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a pre-
grandes proporções na natureza.
servação ou restabelecimento em locais restritos e deter-
O estado de sítio é decretado quando estado de defesa
minados a ordem pública e a paz social que estejam amea-
não resolveu o problema, quando o problema atinge todo
çados por grave instabilidade institucional ou calamidade
o país, ou em casos de guerra.
de grande proporção.
A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência
141, CF, que seguem.
de determinação do local e do prazo de vigência (que não
pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem
Seção I
como pela delimitação de medidas.
DO ESTADO DE DEFESA
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucional
Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o
(casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e o di-
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
reito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa por
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso temporário
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
de bens e serviços públicos).

47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de De- No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do
fesa, embora seja feita pelo Presidente da República, não é Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional,
um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião do Con- bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipó-
selho da República e do Conselho de Defesa Nacional e teses são de grave comoção nacional, ineficácia do estado
depois submeter o decreto para aprovação pelo Congresso de defesa e estado de guerra. Também há requisitos de
Nacional por maioria absoluta. especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e medi-
das coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. Entre
Seção II as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
DO ESTADO DE SÍTIO enumeradas no artigo 139, CF.

Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos Seção III


o Conselho da República e o Conselho de Defesa Na- DISPOSIÇÕES GERAIS
cional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de: Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrên- líderes partidários, designará Comissão composta de cinco
cia de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução
durante o estado de defesa; das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de
II - declaração de estado de guerra ou resposta a sítio.
agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de
autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorroga- sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da res-
ção, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o ponsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta”. ou agentes.
“Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
duração, as normas necessárias a sua execução e as ga-
o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência se-
rantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois
rão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem
de publicado, o Presidente da República designará o execu-
ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
tor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode-
indicação das restrições aplicadas.
rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado,
de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
O Congresso Nacional, mediante Comissão específica,
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Pra-
agressão armada estrangeira.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de ticados atos atentatórios serão punidos mesmo após ces-
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Sena- sado o estado de defesa ou de sítio.
do Federal, de imediato, convocará extraordinariamente
o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a Forças armadas
fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funciona- O capítulo II do título V aborda as forças armadas, que
mento até o término das medidas coercitivas. exercem a defesa do Estado.

Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado CAPÍTULO II


com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas DAS FORÇAS ARMADAS
contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade deter- Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
minada; rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou nacionais permanentes e regulares, organizadas com
condenados por crimes comuns; base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su-
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon- prema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informa- da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
ções e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
forma da lei; § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
IV - suspensão da liberdade de reunião; a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego
V - busca e apreensão em domicílio; das Forças Armadas.
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
VII - requisição de bens. disciplinares militares.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III § 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser
suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. fixadas em lei, as seguintes disposições: 

48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e
a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República hierarquizadas, além de terem vedações como o direito de
e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reser- greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação
va ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra-
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró-
uniformes das Forças Armadas;  prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a
a reserva, nos termos da lei;  prestação de outros serviços para o Estado, assim como os
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar eclesiásticos.
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo-
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta, Intervenção nos Estados e Municípios.
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea
‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, A intervenção consiste no afastamento temporário das
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por an- prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo de- vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a
pois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transfe- verificação de:
rido para a reserva, nos termos da lei;  a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre- dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para
ve;  a intervenção.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato
filiado a partidos políticos; da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36,
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci- CF).
são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de A intervenção pode ser federal, quando a União inter-
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a estadual, quando os Estados-membros interferem em seus
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por senten- Municípios (artigo 35, CF).
ça transitada em julgado, será submetido ao julgamento
previsto no inciso anterior;  Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos no Distrito Federal, exceto para:
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, I - manter a integridade nacional;
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;    Federação em outra;
IX -  (Revogado) III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma- pública;
das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
de transferência do militar para a inatividade, os direitos, nas unidades da Federação;
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa- V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades que:
de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
compromissos internacionais e de guerra.  de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fi-
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter- xadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
mos da lei. VI - prover a execução de lei federal, ordem ou deci-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri- são judicial;
buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo- constitucionais:
-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção a) forma republicana, sistema representativo e regi-
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de ca- me democrático;
ráter essencialmente militar.  b) direitos da pessoa humana;
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do c) autonomia municipal;
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, d) prestação de contas da administração pública, dire-
a outros encargos que a lei lhes atribuir.  ta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér- impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe-
cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re- rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a ações e serviços públicos de saúde”. 

49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí- Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o
pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó- funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
rio Federal, exceto quando: blica, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
dois anos consecutivos, a dívida fundada; Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde;  Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po-
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa- liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
ção para assegurar a observância de princípios indicados fixada na forma do § 4º do art. 39. 
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
de ordem ou de decisão judicial”. Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: soas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu- de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficien-
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder te; e 
Judiciário; II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju- e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior na forma da lei.
Eleitoral;
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio- ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA
nais), e no caso de recusa à execução de lei federal. ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE SOCIAL;
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am- EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO; CIÊNCIA
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou- E TECNOLOGIA; COMUNICAÇÃO SOCIAL;
ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA, CRIANÇA,
do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
ADOLESCENTE E IDOSO.
Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional .
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/ TÍTULO VIII
lei federal e violação de certos princípios constitucionais), Da Ordem Social
ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em mu- CAPÍTULO I
nicípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Nacio- DISPOSIÇÃO GERAL
nal ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
bastar ao restabelecimento da normalidade. trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida- Ordem social é a expressão que se refere à organiza-
des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe- ção da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça
dimento legal. social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam
artigo 42, CF, “os membros das Polícias Militares e Cor- aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos
pos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental).
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos CAPÍTULO II
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, DA SEGURIDADE SOCIAL
além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. Seção I
14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a DISPOSIÇÕES GERAIS
lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142,
§ 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
respectivos governadores. § 2º Aos pensionistas dos militares tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”:
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o saúde, previdência e assistência social.
que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saú- da publicação da lei que as houver instituído ou modifica-
de, à previdência e à assistência social. do, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b».
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos § 7º São isentas de contribuição para a seguridade
da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes social as entidades beneficentes de assistência social que
objetivos: atendam às exigências estabelecidas em lei.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatá-
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços rio rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
às populações urbanas e rurais; cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de eco-
III - seletividade e distributividade na prestação dos be- nomia familiar, sem empregados permanentes, contribui-
nefícios e serviços; rão para a seguridade social mediante a aplicação de uma
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; alíquota sobre o resultado da comercialização da produção
V - equidade na forma de participação no custeio; e farão jus aos benefícios nos termos da lei. 
VI - diversidade da base de financiamento; § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do
VII - caráter democrático e descentralizado da adminis- caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cál-
tração, mediante gestão quadripartite, com participação dos culo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Go- utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa
verno nos órgãos colegiados.  ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re-
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a cursos para o sistema único de saúde e ações de assistên-
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, me- cia social da União para os Estados, o Distrito Federal e os
diante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes respectiva contrapartida de recursos. 
contribuições sociais: § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equi- contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste
parada na forma da lei, incidentes sobre:  artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho complementar. 
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;  para os quais as contribuições incidentes na forma dos in-
b) a receita ou o faturamento;  cisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 
c) o lucro;  § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdên- de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição
cia social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social receita ou o faturamento. 
de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. Seção II
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de DA SAÚDE
quem a lei a ele equiparar. 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
União. universal e igualitário às ações e serviços para sua promo-
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social ção, proteção e recuperação.
será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsá-
veis pela saúde, previdência social e assistência social, ten- Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
do em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
de seus recursos. sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
ou incentivos fiscais ou creditícios. uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a sistema único, organizado de acordo com as seguintes di-
garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, retrizes:
obedecido o disposto no art. 154, I. I - descentralização, com direção única em cada esfera
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social de governo;
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a corres- II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
pondente fonte de custeio total. vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - participação da comunidade. § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para


§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter- auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lu-
mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade crativos.
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em-
nicípios, além de outras fontes.  presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- País, salvo nos casos previstos em lei.
cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de per- que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
centuais calculados sobre:  humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
I – no caso da União, a receita corrente líquida do res- bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue
pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comerciali-
(quinze por cento);   zação.
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, outras atribuições, nos termos da lei:
e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs-
respectivos Municípios;  tâncias de interesse para a saúde e participar da produção
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro- de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemo-
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 derivados e outros insumos;
e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
alínea b e § 3º. lógica, bem como as de saúde do trabalhador;
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos III - ordenar a formação de recursos humanos na área
a cada cinco anos, estabelecerá: de saúde;
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;   IV - participar da formulação da política e da execução
II – os critérios de rateio dos recursos da União vincu- das ações de saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvi-
lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e
mento científico e tecnológico e a inovação;
aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
Municípios, objetivando a progressiva redução das dispari-
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
dades regionais; 
para consumo humano;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
VII - participar do controle e fiscalização da produção,
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
municipal;  psicoativos, tóxicos e radioativos;
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de compreendido o do trabalho.
combate às endemias por meio de processo seletivo pú-
blico, de acordo com a natureza e complexidade de suas Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. que mais necessitam de investimento estatal na atualidade
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior parte
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos dos casos no Poder Judiciário contra o Estado envolvem a
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente invocação deste direito, diante da recusa do Poder públi-
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, co em custear tratamentos médicos e cirúrgicos. Em que
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário tem
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso sa- recursos suficientes para fornecer um tratamento adequa-
larial. do a todos os nacionais.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de aspecto repressivo, propiciando a cura de doenças, mas
saúde ou de agente de combate às endemias poderá per- também o preventivo. Sendo assim, o Estado deve desen-
der o cargo em caso de descumprimento dos requisitos volver políticas sociais e econômicas para reduzir o risco de
específicos, fixados em lei, para o seu exercício.  doenças e agravos, bem como para propiciar o acesso uni-
versal e igualitário aos serviços voltado ao seu tratamento.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva- (art. 196, CF).
da. A terceirização e a colaboração de agentes privados
§ 1º As instituições privadas poderão participar de for- nas políticas de saúde pública é autorizada pela Constitui-
ma complementar do sistema único de saúde, segundo ção, sem prejuízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF).
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou Sendo assim, ou o próprio Estado implementará as políti-
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as cas ou fiscalizará, regulamentará e controlará a implemen-
sem fins lucrativos. tação destas por terceiros.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen-
rede hierarquizada e regionalizada de ações e serviços ciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiá-
públicos de saúde, devendo seguiras seguintes diretrizes: rios do regime geral de previdência social, ressalvados os
“descentralização, com direção única em cada esfera de casos de atividades exercidas sob condições especiais que
governo”, de forma que haverá direção do SUS nos âm- prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se
bitos municipal, estadual e federal, não se concentrando tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
o sistema numa única esfera; “atendimento integral, com definidos em lei complementar. 
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con-
serviços assistenciais”, do que se depreende que a preven- tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
ção é a melhor saída para um sistema eficaz, não havendo valor mensal inferior ao salário mínimo. 
prejuízo para as atividades repressivas; e “participação da § 3º Todos os salários de contribuição considerados
comunidade”. Com efeito, busca-se pela descentralização a para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados,
abrangência ampla dos serviços de saúde, que devem em na forma da lei. 
si também ser amplos – preventivos e repressivos, sendo § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
que todos agentes públicos e a própria comunidade de- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, con-
vem se envolver no processo. forme critérios definidos em lei.
O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên-
da seguridade social, que também abrange a previdência e cia social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa
a assistência social, sendo financiado com este orçamento, participante de regime próprio de previdência. 
nos moldes do artigo 198, §1º, CF.  § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio-
A questão orçamentária de incumbência mínima de nistas terá por base o valor dos proventos do mês de de-
cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º zembro de cada ano. 
do artigo 198, CF.  § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
Correlato à participação da comunidade no SUS, tem- previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguin-
-se o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.  tes condições: 
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
campo da assistência à saúde, questão regulamentada no anos de contribuição, se mulher; 
artigo 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das ques- II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
tões mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a comple- anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite
mentaridade do sistema por parte de instituições privadas, para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
mediante contrato ou convênio, desde que sem fins lucra- que exerçam suas atividades em regime de economia fami-
tivos por parte destas instituições. Em verdade, é muito co- liar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pes-
mum que hospitais de ensino de instituições particulares cador artesanal. 
com cursos na área de biológicas busquem este convênio, § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágra-
encontrando frequentemente entraves que não possuem fo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor
natureza jurídica, mas política. que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constitui- das funções de magistério na educação infantil e no ensino
ção, que vem a ser complementada no âmbito infracons- fundamental e médio. 
titucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a con-
prevê o artigo 200 as atribuições do SUS. tagem recíproca do tempo de contribuição na administra-
ção pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese
Seção III em que os diversos regimes de previdência social se com-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL pensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
em lei.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio geral de previdência social e pelo setor privado. 
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:  § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e título, serão incorporados ao salário para efeito de contri-
idade avançada;  buição previdenciária e consequente repercussão em be-
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;  nefícios, nos casos e na forma da lei. 
III - proteção ao trabalhador em situação de desempre- § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
go involuntário;  previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependen- e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva-
tes dos segurados de baixa renda;  mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garan-
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o dis- tindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-
posto no § 2º.  -mínimo. 

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de prestarão contribuição a ele, não havendo a opção de dele
que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências in- se desvincular. No mais, são previstas como campos de
feriores às vigentes para os demais segurados do regime atendimento pela previdência: “I - cobertura dos eventos
geral de previdência social.  de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção
à maternidade, especialmente à gestante;  III - proteção
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
complementar e organizado de forma autônoma em relação IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes
ao regime geral de previdência social, será facultativo, ba- dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do
seado na constituição de reservas que garantam o benefício segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro
contratado, e regulado por lei complementar.  e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo asse- se aceitando valor inferior ao salário mínimo).
gurará ao participante de planos de benefícios de entida- Os critérios para a concessão de aposentadoria são
des de previdência privada o pleno acesso às informações unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF.
relativas à gestão de seus respectivos planos.  O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário
e as condições contratuais previstas nos estatutos, regu- mínimo (artigo 201, §2º, CF).
lamentos e planos de benefícios das entidades de previ- Os salários de contribuição serão atualizados (artigo
dência privada não integram o contrato de trabalho dos 201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajusta-
participantes, assim como, à exceção dos benefícios conce- dos (artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação do
didos, não integram a remuneração dos participantes, nos valor real da contribuição e do benefício.
termos da lei.  Integrante de regime próprio de previdência não pode
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre- se vincular como segurado facultativo, prestando contri-
vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal e buições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o
Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, que geraria uma indevida cumulação de benefícios.
sociedades de economia mista e outras entidades públicas, Aposentados e pensionistas também fazem jus ao dé-
salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em cimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, a
hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder ser calculado com base no valor dos proventos do mês de
a do segurado.  dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF). 
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a apo-
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive sentadoria pelo regime geral de previdência social. Profes-
suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista sor de ensino infantil, fundamental e médio, que tenha ex-
e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto clusivamente desempenhado estas funções, tem o tempo
patrocinadoras de entidades fechadas de previdência pri- de contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para homem
vada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência e 25 anos para mulher).
privada.  Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo ante- períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes
rior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas per- se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no
missionárias ou concessionárias de prestação de serviços outro (artigo 201, §9º, CF).
públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de A questão de verba destinada à cobertura do risco de
previdência privada.  acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201,
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° des- CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro
te artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá outras pro-
membros das diretorias das entidades fechadas de previ- vidências.
dência privada e disciplinará a inserção dos participantes Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário,
nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interes- prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito
ses sejam objeto de discussão e deliberação.  de contribuição previdenciária e consequente repercussão
em benefícios, nos casos e na forma da lei.
A previdência social e a assistência social se diferen- Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a
ciam principalmente porque a previdência social volta-se disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF.
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus con- Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de
tribuintes, ao passo que a assistência social tem por foco a previdência privada, que pode se organizar de forma autô-
oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para a noma e possui caráter complementar e facultativo.
seguridade social. Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio
de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Comple-
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previ- mentar e dá outras providências.
dência social em regime geral, de caráter contributivo e fi-
liação obrigatória, sendo que devem ser adotados critérios
de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se
que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao regime e

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seção IV benefício individual, não vitalício e intransferível, que asse-


DA ASSISTÊNCIA SOCIAL gura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao
idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sen-
social, e tem por objetivos: sorial, os quais, em interação com diversas barreiras, po-
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à dem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
adolescência e à velhice; em igualdade de condições com as demais pessoas. Em
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido por sua fa-
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras mília. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior a
de deficiência e a promoção de sua integração à vida comu- 1/4 (um quarto) do salário mínimo vigente.
nitária; A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do De-
V - a garantia de um salário mínimo de benefício men- senvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por inter-
sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que com- médio da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS),
provem não possuir meios de prover à própria manutenção que é responsável pela implementação, coordenação, re-
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. gulação, financiamento, monitoramento e avaliação do
Benefício. A operacionalização é realizada pelo Instituto
Art. 204. As ações governamentais na área da assistên- Nacional do Seguro Social (INSS).
cia social serão realizadas com recursos do orçamento da se- Os recursos para o custeio do BPC provêm da Segu-
guridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, ridade Social, sendo administrado pelo MDS e repassado
e organizadas com base nas seguintes diretrizes: ao INSS, por meio do Fundo Nacional de Assistência Social
I - descentralização político-administrativa, cabendo a (FNAS). Atualmente são 3,6 milhões (dados de março de
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor- 2012) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 mi-
denação e a execução dos respectivos programas às esferas lhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”55.
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e
de assistência social;
II - participação da população, por meio de organiza- CAPÍTULO III
ções representativas, na formulação das políticas e no con- DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
trole das ações em todos os níveis. Seção I
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito DA EDUCAÇÃO
Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
social até cinco décimos por cento de sua receita tributária Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado
líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento e da família, será promovida e incentivada com a colabo-
de:  ração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
I - despesas com pessoal e encargos sociais;  pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qua-
II - serviço da dívida;  lificação para o trabalho.
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
tamente aos investimentos ou ações apoiados.  Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguin-
tes princípios:
A disciplina da assistência social se dá nos artigos 203 e I - igualdade de condições para o acesso e permanência
204 da Constituição. Resta evidente o caráter não contribu- na escola;
tivo do sistema, que se guia pelo princípio da fraternidade, II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
fazendo com que os que possuem melhores condições de pensamento, a arte e o saber;
contribuir o façam e que os que não possuem recebam a III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
partir da contribuição destes um tratamento digno mínimo e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
de suas necessidades. IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo 204, oficiais;
CF, que aborda o Benefício de Prestação Continuada – BPC, V - valorização dos profissionais da educação escolar,
“instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamen- garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
tado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
8.742/1993; pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011, das redes públicas; 
que alteram dispositivos da LOAS e pelos Decretos nº VI - gestão democrática do ensino público, na forma da
6.214/2007 e nº 6.564/2008. lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, VIII - piso salarial profissional nacional para os profissio-
que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema nais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
Único de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é 55 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/
necessário ter contribuído com a Previdência Social. É um bpc

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de tra- § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
balhadores considerados profissionais da educação básica e língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de também a utilização de suas línguas maternas e processos
seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do próprios de aprendizagem.
Distrito Federal e dos Municípios. 
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá- nicípios organizarão em regime de colaboração seus siste-
tico-científica, administrativa e de gestão financeira e pa- mas de ensino.
trimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
entre ensino, pesquisa e extensão. o dos Territórios, financiará as instituições de ensino pú-
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, blicas federais e exercerá, em matéria educacional, função
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qua-
pesquisa científica e tecnológica.  lidade do ensino mediante assistência técnica e financeira
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efeti- § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
vado mediante a garantia de: fundamental e na educação infantil. 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria-
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua mente no ensino fundamental e médio. 
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a
na idade própria;  União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios defini-
II - progressiva universalização do ensino médio gratui- rão formas de colaboração, de modo a assegurar a univer-
to;  salização do ensino obrigatório. 
III - atendimento educacional especializado aos porta- § 5º A educação básica pública atenderá prioritaria-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular de mente ao ensino regular. 
ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian- Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
ças até 5 (cinco) anos de idade;  de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui- vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con- manutenção e desenvolvimento do ensino.
dições do educando; § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
educação básica, por meio de programas suplementares de pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
material didático escolar, transporte, alimentação e assistên- considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
cia à saúde.  receita do governo que a transferir.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
público subjetivo. «caput» deste artigo, serão considerados os sistemas de
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabi- na forma do art. 213.
lidade da autoridade competente. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan- prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano na-
cional de educação. 
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas § 4º Os programas suplementares de alimentação e
as seguintes condições: assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financia-
I - cumprimento das normas gerais da educação nacio- dos com recursos provenientes de contribuições sociais e
nal; outros recursos orçamentários.
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú- § 5º A educação básica pública terá como fonte adicio-
blico. nal de financiamento a contribuição social do salário-edu-
cação, recolhida pelas empresas na forma da lei. 
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensi- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
no fundamental, de maneira a assegurar formação básica contribuição social do salário-educação serão distribuídas
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
e regionais. educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. 
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons- Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às esco-
tituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
de ensino fundamental. confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece
excedentes financeiros em educação; os princípios que devem guiar o ensino:
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra - “igualdade de condições para o acesso e permanência
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder na escola”, que significa a compreensão de que a educação
Público, no caso de encerramento de suas atividades. é um direito de todos e não apenas dos mais favorecidos,
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser cabendo ao Estado investir para que os menos favorecidos
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental ingressem e permaneçam na escola;
e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insu- - “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
ficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cur- o pensamento, a arte e o saber”, de forma que o ensino
sos regulares da rede pública na localidade da residência tem um caráter ativo e passivo, indo além da compreensão
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir de conteúdos dogmático se abrangendo também os pro-
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. cessos criativos;
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo - “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por e coexistência de instituições públicas e privadas de ensi-
instituições de educação profissional e tecnológica poderão no”, de modo que não se entende haver um único método
receber apoio financeiro do Poder Público.  de ensino, uma única maneira de aprender, permitindo a
exploração das atividades educacionais também por ins-
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu- tituições privadas. A respeito das instituições privadas, o
cação, de duração decenal, com o objetivo de articular o artigo 209, CF prevê que “o ensino é livre à iniciativa pri-
sistema nacional de educação em regime de colaboração vada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento
e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de imple- das normas gerais da educação nacional; II - autorização e
mentação para assegurar a manutenção e desenvolvimento avaliação de qualidade pelo Poder Público”;
do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por - “gratuidade do ensino público em estabelecimentos
meio de ações integradas dos poderes públicos das diferen- oficiais”, sendo esta a principal vertente de implementação
tes esferas federativas que conduzam a:
do direito à educação pelo Estado;
I - erradicação do analfabetismo;
- “valorização dos profissionais da educação escolar,
II - universalização do atendimento escolar;
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres-
III - melhoria da qualidade do ensino;
so exclusivamente por concurso público de provas e títu-
IV - formação para o trabalho;
los, aos das redes públicas”, bem como “piso salarial pro-
V - promoção humanística, científica e tecnológica do
fissional nacional para os profissionais da educação escolar
País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos pública, nos termos de lei federal”, pois sem a valorização
públicos em educação como proporção do produto interno dos profissionais responsáveis pelo ensino será inatingível
bruto.  o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei disporá sobre as
categorias de trabalhadores considerados profissionais da
O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direi- educação básica e sobre a fixação de prazo para a elabora-
to à educação como um de seus direitos sociais. A educa- ção ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
ção proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa, não União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”
apenas capacitando-a para o trabalho, mas também para (artigo 206, parágrafo único, CF);
a vida social como um todo. Contudo, a educação tem um - “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”,
custo para o Estado, já que nem todos podem arcar com o remetendo ao direito de participação popular na tomada de
custeio de ensino privado. decisões políticas referentes às atividades de ensino; e
No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se a - “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem
questão da obrigação do Estado com relação ao direito à qualidade de ensino é impossível atingir uma melhoria na
educação, assim como menciona-se quais outros agentes qualificação pessoal e profissional dos nacionais. 
responsáveis pela efetivação deste direito. O ensino universitário encontra respaldo no artigo 207
Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, di- da Constituição, tendo autonomia didático-científica, ad-
reito de todos e dever do Estado e da família, será promo- ministrativa e de gestão financeira e patrimonial, e sendo
vida e incentivada com a colaboração da sociedade, visan- baseado na tríade ensino-pesquisa-extensão, disciplina
do ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para que se estende a instituições de pesquisa científica e tec-
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. nológica. Com vistas ao aperfeiçoamento desta tríade, au-
toriza-se a contratação de profissionais estrangeiros.
Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição
Resta claro que a educação não é um dever exclusivo possuem uma menor densidade normativa, colacionando
do Estado, mas da sociedade como um todo e, principal- princípios diretores e ideias basilares, o artigo 208 volta-se
mente, da família. Depreende-se que educação vai além à regulamentação do modo pelo qual o Estado efetivará o
do mero aprendizado de conteúdos e envolve a educação direito à educação.
para a cidadania e o comportamento ético em sociedade Interessante notar, em primeira análise, que o Estado
– a educação da qual o constituinte fala não é apenas a se exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação
formal, mas também a informal. superior, no art. 208, V, quando assegura, apenas, o “aces-

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

so” aos níveis mais elevados de ensino, pesquisa e cria- I - as formas de expressão;
ção artística. Fica denotada ausência de comprometimento II - os modos de criar, fazer e viver;
orçamentário e infraestrutural estatal com um número su- III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
ficiente de universidades/faculdades públicas aptas a re- IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
cepcionar o maciço contingente de alunos que saem da espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
camada básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai-
de aplicação da reserva do possível dentro da Constituição. sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
Ainda, é preciso observar que se utiliza a expressão “se- científico.
gundo a capacidade de cada um”, de forma que o critério § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunida-
para admissão em universidades/faculdades públicas é, so- de, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
mente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento
em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
nacional do ensino médio. preservação.
O ensino básico possui conteúdos mínimos, fixados § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a
nos moldes do artigo 210, CF. A menção do ensino religio- gestão da documentação governamental e as providências
so como facultativo remete à laicidade do Estado, ao passo para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
que a menção ao ensino de línguas de povos indígenas § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
remete ao pluralismo político, fundamento da República conhecimento de bens e valores culturais.
Federativa. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
O artigo 211, CF trabalha com a organização e colabo- punidos, na forma da lei.
ração dos sistemas de ensino entre os entes federativos. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios
Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição traba- detentores de reminiscências históricas dos antigos qui-
lham com aspectos orçamentários: lombos.
Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 tra- § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
balha com o plano nacional de educação, de duração de- cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco dé-
cenal (na atualidade, estamos no início da implementação cimos por cento de sua receita tributária líquida, para o
do PNE cuja duração se estende até o ano de 202456), que financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
tem metas ali descritas.  aplicação desses recursos no pagamento de: 
I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
Seção II II - serviço da dívida; 
DA CULTURA III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
tamente aos investimentos ou ações apoiados. 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani- em regime de colaboração, de forma descentralizada e par-
festações culturais. ticipativa, institui um processo de gestão e promoção con-
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas junta de políticas públicas de cultura, democráticas e perma-
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gru- nentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade,
pos participantes do processo civilizatório nacional. tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano,
  2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemo- social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
rativas de alta significação para os diferentes segmentos § 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na
étnicos nacionais. política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabele-
 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de cidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguin-
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural tes princípios: 
do País e à integração das ações do poder público que I - diversidade das expressões culturais; 
conduzem à:  II - universalização do acesso aos bens e serviços cultu-
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;  rais; 
II produção, promoção e difusão de bens culturais;  III - fomento à produção, difusão e circulação de conhe-
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cul- cimento e bens culturais; 
tura em suas múltiplas dimensões;  IV - cooperação entre os entes federados, os agentes pú-
IV democratização do acesso aos bens de cultura;  blicos e privados atuantes na área cultural; 
V valorização da diversidade étnica e regional.  V - integração e interação na execução das políticas,
programas, projetos e ações desenvolvidas; 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os VI - complementaridade nos papéis dos agentes cultu-
bens de natureza material e imaterial, tomados individual- rais;  
mente ou em conjunto, portadores de referência à identida- VII - transversalidade das políticas culturais; 
de, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
sociedade brasileira, nos quais se incluem: da sociedade civil; 
56 http://pne.mec.gov.br/ IX - transparência e compartilhamento das informações; 

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

X - democratização dos processos decisórios com parti- CAPÍTULO IV


cipação e controle social;  DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
dos recursos e das ações;  Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvol-
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos vimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tec-
orçamentos públicos para a cultura.  nológica e a inovação.  
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cul- § 1º A pesquisa científica básica e tecnológica recebe-
tura, nas respectivas esferas da Federação:  rá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem
I - órgãos gestores da cultura;  público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.  
II - conselhos de política cultural;  § 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderan-
III - conferências de cultura;  temente para a solução dos problemas brasileiros e para o
IV - comissões intergestores;  desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
V - planos de cultura;  § 3º O Estado apoiará a formação de recursos huma-
VI - sistemas de financiamento à cultura;  nos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação,
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;  inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tec-
VIII - programas de formação na área da cultura; e  nológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e
IX - sistemas setoriais de cultura.  condições especiais de trabalho.  
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sis- § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invis-
tema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação tam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País,
com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e
governo.  que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or- ao empregado, desvinculada do salário, participação nos
ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis pró- ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu
prias.  trabalho.
O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincu-
da cultura, depreendendo-se que o acesso à educação en-
lar parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas
volve também o acesso à cultura, numa concepção ampla
de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
deste direito social.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no
caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos
Seção III
quanto privados, nas diversas esferas de governo. 
DO DESPORTO
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desporti- exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e
vas formais e não-formais, como direito de cada um, obser- inovação, com vistas à execução das atividades previstas
vados: no caput.  
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e
associações, quanto a sua organização e funcionamento; Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na-
II - a destinação de recursos públicos para a promoção cional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvi-
prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, mento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população
para a do desporto de alto rendimento; e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissio- Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o for-
nal e o não- profissional; talecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desporti- entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de
vas de criação nacional. parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promoto-
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à res da inovação, a atuação dos inventores independentes e a
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.  
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de ses- Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação com
senta dias, contados da instauração do processo, para pro- órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, inclu-
ferir decisão final. sive para o compartilhamento de recursos humanos especia-
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma lizados e capacidade instalada, para a execução de projetos
de promoção social. de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de
inovação, mediante contrapartida financeira ou não finan-
A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa ceira assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei.   
precisa desfrutar de momentos de diversão e relaxamento
ao lado de amigos e familiares, razão pela qual o Estado Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e
deve propiciar atividades voltadas a este fim. Neste sen- Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colabora-
tido, as atividades de lazer podem ter naturezas variadas, ção entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas
destacando-se as culturais (direito à cultura, já abordado) a promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a
e desportivas. inovação.  

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.   § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios le- do capital total e do capital votante das empresas jornalís-
gislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.    ticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá
pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou
O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnologia naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obriga-
no âmbito da ordem social. Em verdade, o desenvolvimen- toriamente a gestão das atividades e estabelecerão o con-
to científico e tecnológico é decorrência do investimento teúdo da programação. 
em educação, afinal, a pesquisa é uma das principais ver- § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de se-
tentes da educação e permite a implementação prática do leção e direção da programação veiculada são privativas de
conhecimento obtido em prol da sociedade. brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em
qualquer meio de comunicação social. 
CAPÍTULO V § 3º Os meios de comunicação social eletrônica, inde-
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL pendentemente da tecnologia utilizada para a prestação
do serviço, deverão observar os princípios enunciados no
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou a prioridade de profissionais brasileiros na execução de pro-
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o dispos- duções nacionais. 
to nesta Constituição. § 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangei-
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa consti- ro nas empresas de que trata o § 1º. 
tuir embaraço à plena liberdade de informação jornalística § 5º As alterações de controle societário das empresas de
em qualquer veículo de comunicação social, observado o que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. 
disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza po- Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e reno-
lítica, ideológica e artística. var concessão, permissão e autorização para o serviço de
§ 3º Compete à lei federal: radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o prin-
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo cípio da complementaridade dos sistemas privado, público
ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas e estatal.
etárias a que não se recomendem, locais e horários em que § 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do
sua apresentação se mostre inadequada; art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa § 2º A não renovação da concessão ou permissão de-
e à família a possibilidade de se defenderem de programas penderá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
ou programações de rádio e televisão que contrariem o dis- Congresso Nacional, em votação nominal.
posto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, § 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na
ambiente. forma dos parágrafos anteriores.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoó- § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes
licas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo an- § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
terior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
os malefícios decorrentes de seu uso. televisão.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta
ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o
independe de licença de autoridade. Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de
rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: É por intermédio dos veículos de comunicação social
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, cultu- que se exercem a liberdade de expressão (faceta ativa) e
rais e informativas; a liberdade de informação (faceta passiva). O Título VIII
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à da Constituição Federal, ao regulamentar a ordem social,
produção independente que objetive sua divulgação; atento à necessidade do exercício destas dimensões da li-
III - regionalização da produção cultural, artística e jor- berdade, traz a disciplina da comunicação social.
nalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; Neste sentido, o caput do artigo 220 da Constituição
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da prevê: “a manifestação do pensamento, a criação, a expres-
família. são e a informação, sob qualquer forma, processo ou veí-
culo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de ra- nesta Constituição”.
diodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de bra- Logo, quando a Constituição regulamenta a comunica-
sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de ção social tem por fulcro preservar o mais intenso possível
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que exercício da liberdade de comunicação. Em destaque, os §§
tenham sede no País.  1º e 2º do artigo 220, CF.

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Entretanto, não se entende haver censura quando a VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
União, mediante lei federal, tece regulamentações sobre lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
classificação etária de programações e sobre restrições a provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
propagandas de determinados tipos de produtos, confor- a crueldade. 
me o artigo 220, §§3º e 4º, CF. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
Com vistas a resguardar a real liberdade de informa- gado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
ção, impedindo que as informações que cheguem a públi- com solução técnica exigida pelo órgão público compe-
co sejam manipuladas ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF tente, na forma da lei.
prevê que os meios de comunicação social não podem ser § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
objeto de monopólio ou oligopólio. meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen-
do artigo 220, CF preconiza a dispensabilidade de licença temente da obrigação de reparar os danos causados.
de autoridade.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
Aceitar a liberdade de comunicação não implica em
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Cos-
permitir que todo tipo de informação seja veiculada na im-
teira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
prensa, devendo ser conferido o atendimento dos precei-
tos descritos no artigo 221, CF. forma da lei, dentro de condições que assegurem a pre-
Como o exercício da exploração da mídia jornalística, servação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
radiodifusora e televisiva implica num forte impacto e in- recursos naturais.
fluência sociais, coloca-se como propriedade privativa de § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
brasileiro nato ou naturalizado, de acordo com a regulação das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias
do artigo 222, CF. à proteção dos ecossistemas naturais.
Com vistas a assegurar o respeito à normativa do arti- § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão
go 222, CF, o artigo 223, CF aborda a concessão, a permis- ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
são e a autorização. poderão ser instaladas.
Também buscando a efetividade da regulamentação,
prevê o artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso Direitos transindividuais são aqueles que não pos-
Nacional do Conselho de Comunicação Social. suem um titular determinado e pertencem à coletividade,
sendo também denominados direitos difusos e coletivos.
CAPÍTULO VI Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos
DO MEIO AMBIENTE dos coletivos, no sentido de que os primeiros são muito
mais heterogêneos e vagos, não cabendo determinar o
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- grupo ou categoria de pessoas atingidas, enquanto que
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial segundos são mais específicos, recaindo sobre um grupo
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e de pessoas que pode ser identificado, embora não plena-
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as mente determinado.
presentes e futuras gerações. Aos direitos difusos e coletivos são conferidos meca-
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum- nismos de tutela específicos para sua proteção, bem como
be ao Poder Público: atribuída competência para tanto a órgãos determinados
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essen- que exercerão um papel representativo. No Brasil, des-
ciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossiste-
tacam-se instituições como o Ministério Público e a De-
mas; 
fensoria Pública. Sem prejuízo, como visto, há remédios
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimô-
constitucionais que se voltam à proteção de interesses
nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
desta categoria, como o mandado de segurança coletivo
pesquisa e manipulação de material genético;  
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços e a própria ação popular, sem falar na ação civil pública e
territoriais e seus componentes a serem especialmente pro- na ação de improbidade administrativa, também mencio-
tegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente nadas no texto constitucional.
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa Mancuso57 utiliza o termo interesses difusos e coleti-
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; vos para tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou que interesses podem ser:
atividade potencialmente causadora de significativa degra- a) Individuais: são os interesses privados, de cunho
dação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambien- egoístico;
tal, a que se dará publicidade;   b) Metaindividuais: são interesses que excedem a
V - controlar a produção, a comercialização e o empre- órbita de atuação individual e se projetam numa ordem
go de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco coletiva, podendo ser coletivos ou difusos;
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;   
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis 57 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e
de ensino e a conscientização pública para a preservação do legitimação para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.
meio ambiente; 82-87.

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
como profissão, categoria ou família, isto é, caracterizan- jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
do-se pelo exercício coletivo de interesses coletivos. No- § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-
ta-se que pertencem a grupos ou categorias de pessoas cio. 
determináveis, possuindo uma só base jurídica; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
d) Difusos: abrange um número indeterminado de humana e da paternidade responsável, o planejamento fa-
pessoas reunidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais miliar é livre decisão do casal, competindo ao Estado pro-
ampla que dos interesses difusos (fato, não Direito) e o nú- piciar recursos educacionais e científicos para o exercício
mero de pessoas é indeterminado (não determinável como desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
nos coletivos). Em verdade, excedem o interesse público de instituições oficiais ou privadas.
ou geral. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pes-
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, po- soa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
de-se afirmar que há uma coletivização da maioria dos di- para coibir a violência no âmbito de suas relações.
reitos individuais anteriormente reconhecidos e afirmados, Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado as-
na medida do possível conforme a situação em concreto, segurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
bem como a percepção de direitos que são puramente di- prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
fusos ou coletivos. ção, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
categoria de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
o portador de deficiência e o consumidor, saindo da di- discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
mensão individual e olhando de uma maneira mais ampla § 1º O Estado promoverá programas de assistência
para o grupo, tem-se o enquadramento de tradicionais di- integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
reitos individuais como direitos difusos e coletivos. admitida a participação de entidades não governamentais,
Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
categorias de direitos difusos e coletivos que surgem de preceitos: 
maneira autônoma, sem partir de um direito individual es- I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
pecífico previamente garantido. Neste viés, destaca-se a nados à saúde na assistência materno-infantil;
questão do direito ao meio ambiente equilibrado. II - criação de programas de prevenção e atendimento
O constituinte demonstra especial interesse na prote- especializado para as pessoas portadoras de deficiência físi-
ção desta categoria autônoma de direitos que é o direito ca, sensorial ou mental, bem como de integração social do
ambiental, regulamentando a questão no capítulo VI do tí- adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
tulo VIII, que aborda a ordem social. Não obstante, prevê a treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação
“defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discrimi-
e serviços e de seus processos de elaboração e prestação” nação. 
como princípio da ordem econômica (artigo 170, VI, CF). § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
O direito ao meio ambiente saudável é um clássico di- gradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação
reito difuso, pertencente a toda a sociedade e não somente de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
às presentes, mas também às futuras gerações. Com razão, adequado às pessoas portadoras de deficiência.
o dever de cuidado é compartilhado entre Estado (em to- § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin-
das suas esferas, numa cooperação inter-regional, como se tes aspectos:
extrai de prescrições do §1º do artigo 225, CF) e sociedade. I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
CAPÍTULO VII II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jo-
e do Idoso vem à escola; 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial pro- buição de ato infracional, igualdade na relação processual e
teção do Estado. defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. a legislação tutelar específica;
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos V - obediência aos princípios de brevidade, excepciona-
da lei. lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvol-
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a vimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa
união estável entre o homem e a mulher como entidade fa- da liberdade;
miliar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao
comunidade formada por qualquer dos pais e seus des- acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles-
cendentes. cente órfão ou abandonado;

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - programas de prevenção e atendimento especia- casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. O
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de fato do casamento ser gratuito facilita o acesso a ele. Por
entorpecentes e drogas afins. seu turno, a previsão do casamento civil, aceitando que o
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a religioso tenha o mesmo efeito, consolida a afirmação do
exploração sexual da criança e do adolescente. Estado laico. Aliás, Lei nº 1.110/1950 regula o reconheci-
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na for- mento dos efeitos civis ao casamento religioso.
ma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efeti- Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o cons-
vação por parte de estrangeiros. tituinte aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, igualdade entre homem e mulher no casamento e depois
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, a possibilidade de dissolução do vínculo conjugal. Quanto
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à dissolução do vínculo conjugal, ressalta-se que não mais
à filiação. se exige um lapso temporal entre a separação de fato ou
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- judicial para a concessão do divórcio, sendo que o divórcio
lescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. pode ser postulado desde logo (é o que decorre da Emen-
§ 8º A lei estabelecerá:  da Constitucional nº 66/2010).
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direi- No entanto, o constituinte está ciente de que o casa-
tos dos jovens;  mento não é a única forma de se constituir família, pre-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, vendo no § 3º o reconhecimento da união estável como
visando à articulação das várias esferas do poder público entidade familiar e no § 4º o reconhecimento da família
para a execução de políticas públicas.  monoparental.
O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de do artigo 226, CF.
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Por fim, o constituinte denota preocupação com a vio-
lência doméstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os de consolidação deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica e familiar
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. praticada contra a mulher.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever 3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e principais diretrizes do direito da criança e do adolescente
garantindo-lhes o direito à vida. que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu- criança e adolescente deve receber tratamento especial do
tados preferencialmente em seus lares. Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida o futuro do país e as bases de construção da sociedade.
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Explica Liberati58: “Por absoluta prioridade, devemos
Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente entender que a criança e o adolescente deverão estar em
a proteção à maternidade e à infância, o constituinte deixa primeiro lugar na escala de preocupação dos governantes;
clara sua intenção de proteger todos os núcleos vulnerá- devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas to-
veis da família: a proteção da mãe envolve a proteção da das as necessidades das crianças e adolescentes [...]. Por
família, a proteção da infância abrange também a do ado- absoluta prioridade, entende-se que, na área administra-
lescente e do jovem e, porque não dizer, dos idosos, já que tiva, enquanto não existirem creches, escolas, postos de
estes também estão numa idade em que cuidado especial saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes
deve ser despendido. Em verdade, há associações que tra- dignas moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas,
balham com a proteção integrada de todos estes núcleos construir praças, sambódromos monumentos artísticos
vulneráveis. etc., porque a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças
são importantes que as obras de concreto que ficam par a
1) Proteção à maternidade e à infância demonstrar o poder do governante”.
Envolve medidas de seguridade e assistência social e A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o
outras voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên-
maneira saudável e na presença do seio materno. cias, seguindo em seus dispositivos a ideologia do princí-
pio da absoluta prioridade.
2) Proteção da família No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistên-
O constituinte reconhece a família como base da so- cia à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I se de-
ciedade e a coloca como objeto de especial proteção do preende a intrínseca relação entre a proteção da criança e
Estado já no caput do artigo 226, CF. do adolescente com a proteção da maternidade e da infân-
A fundação tradicional da família se dá pelo casamen- cia, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso II se depreen-
to, de modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem: 58 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do Adolescen-
“§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O te: Comentários. São Paulo: IBPS.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de a proteção de outro grupo vulnerável, que é a pessoa 4) Proteção do idoso


portadora de deficiência, valendo lembrar que o Decreto nº A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que “[...]
6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência na velhice, carência ou enfermidade”. Consolida o dever de
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em solidariedade familiar, compensando os pais que criaram
30 de março de 2007, foi promulgado após aprovação no seus filhos quando tinham condições e que hoje se encon-
Congresso Nacional nos moldes da Emenda Constitucional tram na posição de necessitados. Contudo, este dever de
nº 45/2004, tendo força de norma constitucional e não de amparo não é exclusivo da família, conforme se extrai do
lei ordinária. A preocupação com o direito da pessoa porta- artigo 230, CF.
dora de deficiência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a trans-
lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e forma numa parte dispensável da sociedade, que merece
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos isolamento. Pelo contrário, suas experiências devem ser va-
de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado lorizadas e incorporadas nas práticas sociais, tornando-as
às pessoas portadoras de deficiência”. mais adequadas. Assim, Estado, família e sociedade pos-
A proteção especial que decorre do princípio da prio- suem o dever compartilhado de conferir assistência aos
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se, idosos.
ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do artigo 227:
“A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora-
ção sexual da criança e do adolescente”. EXERCÍCIOS
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente
de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da 1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
Constituição prevê que “a adoção será assistida pelo Poder Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condi- (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados
ções de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Neste soberanos.
sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, dispõe (B) É o conjunto de normas que regula os direitos e
sobre a adoção. deveres de um povo.
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que
Constituição anterior e do até então vigente Código Civil contém normas referentes à estruturação, à formação dos
de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cida-
ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os dãos.
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de- (D) É a norma maior de um Estado, que regula os di-
signações discriminatórias relativas à filiação”. reitos e deveres de um povo nas suas relações.

Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi- 2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas
mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á de classificação das Constituições, uma delas é quanto à
em consideração o disposto no art. 204” tem em vista a origem.
adoção de práticas de assistência social, com recursos da Em relação às características de uma Constituição
seguridade social, em prol da criança e do adolescente. quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA.
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei (A) Dogmáticas ou históricas.
estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a re- (B) Materiais ou formais.
gular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juven- (C) Analíticas ou sintéticas.
tude, de duração decenal, visando à articulação das várias (D) Promulgadas ou outorgadas.
esferas do poder público para a execução de políticas pú-
blicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui 3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia
o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos da Constituição da República, assinale a alternativa COR-
jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de RETA.
juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. (A) A supremacia está no fato de o controle da cons-
Mais informações sobre a Política mencionada no inciso II titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri-
e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude bunal Federal.
que direcionam a implementação dela podem ser obtidas (B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis-
na rede59. são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis instituído.
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legis- (C) A supremacia está no fato de a interpretação da
lação especial”. Percebe-se que a normativa não está no constituição não depender da observância dos princípios
rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível uma que a norteiam.
emenda constitucional que alterasse a menoridade penal. (D) A supremacia está no fato de que os princípios e
Inclusive, há projetos de lei neste sentido. fundamentos da constituição se resumam na declaração de
soberania.
59 http://www.juventude.gov.br/politica

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre 7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons- pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição va do Brasil, reconhece-se que:
e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla. (A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
(A) Sentido político jetivos.
(B) Sentido sociológico. (B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
(C) Sentido jurídico. contrapõe ao valor social do trabalho.
(D) Sentido culturalista. (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
(E) Sentido simbólico. toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
do decorrente de estupro.
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se discriminação, é um de seus objetivos.
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto: tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
(A) são objetivos fundamentais da república federati-
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- 8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
zir as desigualdades sociais e regionais. FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
não são fundamentos da república federativa do brasil. é INCORRETO afirmar que:
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer (A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
alguma coisa senão em virtude de lei. mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve- humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
dado o anonimato. e o pluralismo político.
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
dos objetivos fundamentais da república federativa do Brasil.
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons-
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
formas de discriminação.
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
os mais importantes valores que informam a elaboração da
Constituição da República Federativa do Brasil. mente por meio de representantes eleitos.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e (D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
assinale a alternativa correta. blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
I - Nas relações internacionais, a República brasileira os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode- direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
Estados, concessão de asilo político. e a defesa da paz são princípios regedores das relações
II - Os princípios não são dotados de normatividade, internacionais da República Federativa do Brasil.
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
jurídicas efetivas. 9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans- 5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
sistema de comandos. tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie- consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro- reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
priedade privada. 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos seguir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda- I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor-
de do caput do art. 5º da Constituição Federal. ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen-
(A) Apenas I, II, III estão corretas. tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos
(B) Apenas II e IV estão corretas. direitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
(E) Todas as afirmações estão corretas. exemplificativo.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - Os direitos e garantias expressos na Constituição V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a


Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais pela falta de complementação de uma lei.
em que o Brasil seja parte. (A) Todas as afirmações estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (B) Apenas I, II e III estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola- (D) Apenas II, III e V estão corretas.
ção. (E) Apenas IV e V estão corretas.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
suas liturgias. na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
(A) Apenas I, II e III estão corretas. víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe parida-
(C) Apenas III e V estão corretas. de de condições com o Estado para defender-se.
(D) Apenas IV e V estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a
(E) Todas as questões estão corretas. seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os pela autoridade competente.
remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores social o exigirem.
essenciais e indisponíveis do ser humano. III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
Assim, é correto afirmar, exceto: meios ilícitos.
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro-
fiança.
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém
depositário infiel.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
(A) Apenas I, II e IV estão corretas.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
(B) Apenas I, III e V estão corretas.
de poder.
(C) Apenas III e IV estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
(D) Apenas IV e V estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual (E) Todas as questões estão corretas.
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. 13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
ciplinares militares. (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, for conhecido.
quando for concreta a lesão. (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda taurado.
em relação aos outros remédios constitucionais analise as
questões a seguir e assinale a alternativa correta. 14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor- MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci-
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que
registros ou banco de dados de entidades governamentais (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
ou de caráter público. (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
II - Será concedido habeas data para a retificação de imprescritível.
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, (C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
judicial ou administrativo. tância.
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de (D) os templos religiosos, entendidos como casas de
entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha- Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
tração direta e indireta do Estado.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- 19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu
artigo 5º da Constituição Federal: pedido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser in-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- terposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou
prio. lei, que foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Administração
do pela lei de execução penal. Pública federal notificou Pedro para devolver os valores re-
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao cebidos, comunicando que não mais ocorreriam os paga-
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista. mentos futuros, em decorrência da norma em foco.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- correta
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO sobre direitos indisponíveis de Pedro
(A) em caso de desastre. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa
(B) em caso de flagrante delito. julgada formada em favor de Pedro.
(C) para prestar socorro. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. de Pedro diante de nova legislação.
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- tes.
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece
que é: 20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
mentado o anonimato;
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma-
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
terial, moral ou à imagem;
O pleito de João
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
(A) não encontra previsão expressa como direito fun-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
profissional;
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
sura ou licença; ameaça a direito
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as-
formações de seu interesse particular, sendo vedada a segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe-
alegação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
sociedade e do Estado. ilegalidade ou abuso de poder
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez
18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - que a obtenção de certidões em repartições públicas será
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
manos: pessoal.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com segurança da sociedade e do Estado.
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
de três quintos dos respectivos membros; dade de sua tramitação.
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
com observância do processo legislativo ordinário;
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
ordem jurídica interna.

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria 24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. seguintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de balhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi- emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o to, mas é determinado pela CLT.
direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
suas disposições, a Emenda pela Constituição federal, Pietro
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, tido antes da sua naturalização.
mediante incentivos específicos. (C) poderá ser extraditado.
(B) instituiu vedação ao legislador para conferir tra- (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. gas afim.
(C) não determinou a extensão ao trabalhador do- (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da denatória transitou em julgado após a naturalização.
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
lher, mediante incentivos específicos. 26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
(D) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, privativo de brasileiro nato o cargo de
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (B) Senador.
xidade do trabalho. (C) Juiz de Direito.
(E) não determinou a extensão ao trabalhador do- (D) Delegado de Polícia.
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- (E) Deputado Federal.
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
são e à complexidade do trabalho. No caso de condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di-
23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) reitos políticos:
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- (A) mantidos.
tais, à organização político-administrativa, à administração (B) cassados.
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (C) perdidos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (D) suspensos.
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
Certo ( )
Errado ( )

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
concerne às condições de elegibilidade para o cargo de públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. do, pois, sociedades de economia mista.
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
de prefeito. comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá assessoramento.
candidatar-se ao cargo de prefeito.
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, 33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades ministração pública pode ser definida objetivamente como
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna- te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
tiva correta a respeito dos partidos políticos. quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos finan- Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
ceiros por parte de empresas transnacionais. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propagan- Com base no que determina a Constituição Federal a
da no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
representação no Congresso Nacional. (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter nacional. pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre- vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
para aprovação.
(B) A Administração pública direta e indireta obede-
(E) Em razão de sua importante função institucional,
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito
dade, publicidade e eficiência.
público.
(C) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
ganização político-administrativa da República Federativa munerada de cargos públicos.
do Brasil. (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado. que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
Certo ( ) ações de ressarcimento.
Errado ( )
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - relação à competência privativa da União para legislar, é
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- INCORRETO afirmar que compete privativamente à União
ganização político-administrativa da República Federativa legislar sobre
do Brasil. (A) registros públicos.
A despeito de serem entes federativos, os territórios (B) comércio exterior e interestadual.
federais carecem de autonomia. (C) organização do sistema nacional de emprego e
Certo ( ) condições para o exercício de profissões.
Errado ( ) (D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al- reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
ternativa INCORRETA: meio ambiente e controle da poluição.
(A) A administração pública direta e indireta de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li-
vre associação sindical.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis-
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
na forma da lei.

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti-
blica, analise as afirmativas. co e paisagístico.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e (E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos bre educação, cultura, ensino e desporto.
pelo Poder Executivo.
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- 38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
gos, funções e empregos públicos da administração direta, FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos públicos civis da Administração direta
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos (A) deve ser considerado inconstitucional, até que
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- seja editada a lei definidora dos termos e limites em que
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou prestação dos serviços públicos.
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- vidores públicos em estágio probatório.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
pessoal do serviço público. tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
(A) I, II e III. regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
(B) I, apenas. geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú-
(C) I e II, apenas. blicos enquanto não for promulgada lei específica para o
(D) I e III, apenas. exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole-
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu- que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
nelas existentes. competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(D) É vedado às universidades e às instituições de pes- (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos que, apesar da matéria se inserir na competência residual
e cientistas estrangeiros. dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
estadual para atender as suas peculiaridades locais.
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer- (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
ca da organização do Estado, em consonância com a Cons- a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
tituição Federal, assinale a alternativa correta. poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
(A) É competência comum da União, dos estados, do (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
acesso à cultura, à educação e à ciência. poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
(B) É competência exclusiva da União proteger os do- culiaridades.
cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artísti- (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
co e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá- a matéria insere-se na competência residual dos Estados
veis e os sítios arqueológicos. para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a dadas pela Constituição.
evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.

70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) (D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo
Compete privativamente à União legislar sobre ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco
(A) produção e consumo. anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
(B) assistência jurídica e defensoria pública. neração.
(C) trânsito e transporte. (E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas,
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- havendo interesse público, poderá ser removido, por deci-
mico e urbanístico. são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Con-
(E) educação, cultura, ensino e desporto. selho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.

41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) 45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
Os atos de improbidade administrativa importarão, nos 23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
termos da Constituição Federal, dentre outros, (A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança. e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro
(B) a indisponibilidade dos bens. ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito Fe-
(C) a impossibilidade de deixar o país. deral ou Município.
(D) a suspensão dos direitos civis. (B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social. recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man-
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em
42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. a decisão.
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- (C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação grau de recurso especial, os conflitos de competência entre
ao município de origem. quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I,
De acordo com as normas constitucionais federais, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados,
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
novo Município, são indispensáveis: (D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar
(A) lei estadual e referendo. e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre
(B) lei municipal e plebiscito. autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
(C) lei municipal e referendo. autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de
(D) lei estadual e plebiscito. outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
Assinale a afirmativa INCORRETA: perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta-
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para 46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
formar um ente único. 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição RETO afirmar:
dos Estados federados à União. (A) A aferição do merecimento, para fins de promo-
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- ção, ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios ob-
lecimento do poder central decorrente da predominância jetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdi-
de atribuições conferidas à União. ção e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
três esferas de competências: União, Estados e Municípios. (B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen-
te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi- podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho
derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder ou decisão.
Judiciário, assinale a alternativa correta. (C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to- de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme
madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
sessão secreta. tindo-se a votação até fixar-se a indicação.
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão dele- (D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
gação para a prática de atos de administração e atos de mero autorização do Tribunal.
expediente, limitados às decisões de caráter interlocutório. (E) A distribuição de processos será imediata em to-
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados dos os graus de jurisdição.
será composto de advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
vidade profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos
de representação das respectivas classes.

71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaqui-
23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale na impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça
a alternativa INCORRETA: do local em que reside por ter direito líquido e certo que
(A) é vedada a edição de medida provisória sobre ma- foi violado por abuso de autoridade da autoridade coatora
téria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo con- envolvida na situação. Considere que, nessa hipótese, a au-
gresso nacional e pendente de sanção ou veto presidencial. toridade coatora era o Governador do Estado, que possuía
(B) as decisões administrativas dos tribunais serão foro por prerrogativa de função e que, por essa razão, a
motivadas e em sessão pública. competência para julgamento do writ era mesmo do Tri-
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar bunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração
serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do ocorreu tempestivamente, e que todos os requisitos de ad-
tribunal. missibilidade foram observados. Entretanto, mesmo com a
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será observância de todos os requisitos formais, meritoriamen-
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva te, foi denegatória a decisão do mandado de segurança
população. impetrado por Joaquina.”
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são Tendo em vista todos os aspectos apresentados no
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto caso anterior, assinale a opção que indica, acertadamente,
que comportem exceções, ditadas em lei. o recurso a ser interposto por Joaquina.
(A) Recurso especial para o STJ.
48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (B) Recurso ordinário para o STJ.
rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais (C) Embargos infringentes para o STJ.
da justiça, analise. (D) Agravo de instrumento para o STJ.
I. Constituem garantias do Ministério Público: vitali- (E) Recurso extraordinário para o STF.
ciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado, 50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De
e inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi- acordo com o texto constitucional, lei complementar, de
co, mediante decisão do órgão colegiado competente do iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus Estatuto da Magistratura, observados, entre outros, os se-
membros, assegurada ampla defesa. Constituem vedações guintes princípios:
do Ministério Público: participar de sociedade comercial, (A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e
na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer- aposentadoria do magistrado, por interesse público, fun-
cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
pública, sem exceções. pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, asse-
II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di- gurada ampla defesa.
retamente ou por meio de órgão vinculado, representa a (B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe-
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos ter- derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
mos da lei complementar que dispuser sobre sua organiza- Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
ção e funcionamento, as atividades de consultoria e asses- blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
soramento jurídico do Poder Executivo e a representação de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
da União na execução da dívida ativa de natureza tributária. de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respecti-
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de vas classes.
concurso público de provas e títulos, com a participação (C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
representação judicial e a consultoria jurídica das respecti- sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
vas unidades federadas. determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s): ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
(A) I, II e III. direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi-
(B) II, apenas. que o interesse da Administração Pública.
(C) I e II, apenas. (D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco
(D) I e III, apenas. julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o
(E) II e III, apenas. mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros,
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicio-
nais delegadas da competência do tribunal pleno, proven-
do-se metade das vagas por antiguidade, e a outra metade
por merecimento.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
M. T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
crime político. Contra a referida sentença condenatória é blico é incorreto afirmar:
cabível: (A) Defender judicialmente os direitos e interesses
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça. das populações indígenas, inclusive através de Promotor
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. de Justiça ad hoc.
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública,
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de na forma da lei.
Justiça. (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
O processo e julgamento da execução de carta rogatória, (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homo- trativos de sua competência, requisitando informações e
logação, é de competência: documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
(A) dos Tribunais Regionais Federais. respectiva.
(B) dos juízes federais. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
(C) do Supremo Tribunal Federal. forma da lei complementar.
(D) do Superior Tribunal de Justiça.
56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi- ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
cionou o art. 103-B na Constituição da República, crian- seguintes itens.
do o Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por A CF garante autonomia funcional e administrativa à
membros do Judiciário, do Ministério Público, advogados defensoria pública estadual e ao Ministério Público.
e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação Certo ( )
administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumpri- Errado ( )
mento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras
atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e ou- 57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
tras que a própria Constituição lhe atribui. Com base no tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à
disposto na Constituição da República, constitui uma atri- justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF.
buição do Conselho Nacional de Justiça: (A) De acordo com a CF, a representação judicial dos
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu-
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, sivamente aos procuradores organizados em carreira, de-
assegurada a ampla defesa. pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con-
(B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente curso público de provas e títulos.
a tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido. (B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito
(C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua Federal e da União possuem autonomia funcional e admi-
competência, que só terão eficácia depois de sancionados nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro-
pelo presidente da república. postas orçamentárias na forma estabelecida na CF.
(D) rever unicamente, mediante provocação, os pro- (C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais jul- União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu-
gados há menos de um ano. tária.
(E) declarar, observando a reserva de plenário, a in- (D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções
constitucionalidade das leis que envolvam conflitos de institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro-
massa. mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na
forma da lei.
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Con- (E) À imunidade profissional do advogado não se po-
selho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta. dem aplicar restrições de qualquer natureza.
(A) Possui como função a fiscalização do Poder Judi-
ciário e, eminentemente, função jurisdicional.
(B) Tem competência para julgar magistrados por cri-
me de autoridade
(C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros do Poder Judiciário.
(D) Não possui competência para rever processos
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
menos de um ano.
(E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão conces-
siva de mandado de segurança.

73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - 60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No to-
CESPE/2014) Acerca da interpretação das normas consti- cante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucio-
tucionais, assinale a opção correta. nais, as
(A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de (A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais
muitas de suas normas, a CF admite o fenômeno da cons- são programáticas, dependendo sempre de regulamenta-
trução jurídica, sem que isso configure necessariamente ção infraconstitucional.
usurpação de poder constituinte. (B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabili-
(B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas dade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos
por meio dos processos formais de mudança constitucio- restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de
nal, não se admitindo a via interpretativa como mecanismo sua promulgação.
de solução dessas deficiências. (C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata
(C) A existência de métodos específicos de interpre- e diferida, mas sem vinculação com as normas infracons-
tação constitucional exclui a incidência dos métodos tra- titucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica
dicionais. interpretativa e integrativa.
(D) A normatividade constitucional não é compatível (D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata
com as chamadas normas implícitas. e integral são aquelas normas que, no momento em que a
(E) Interpretação extensiva e analogia são procedi- constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos
mentos estranhos ao direito constitucional. os seus efeitos, independentemente de norma integrativa
infraconstitucional.
59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à (E) declaratórias de princípios programáticos veicu-
aplicabilidade e à interpretação das normas constitucio- lam programas a serem implementados pelos cidadãos,
nais, assinale a opção correta. sem interferência estatal, visando à realização de fins so-
(A) Conforme o método de interpretação denomina- ciais e culturais.
do científico-espiritual, a análise da norma constitucional
deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair 61. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) A pro-
seu sentido sem que se leve em consideração a realidade pósito da ação direta de inconstitucionalidade, é correto
social. afirmar que
(B) As denominadas normas constitucionais de eficá- (A) precisam demonstrar pertinência temática para a
cia plena não necessitam de providência ulterior para sua propositura da ação os seguintes legitimados: governador
aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que de Estado; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a Brasil; partido político com representação no Congresso
brasileiros e estrangeiros. Nacional; e confederação sindical ou entidade de classe de
(C) O dispositivo constitucional que assegura a gra- âmbito nacional.
tuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de (B) a concessão de liminar em sede de medida caute-
sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia ple- lar na ação não admite a restauração de vigência da legis-
na e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei inte- lação anterior, acaso existente, o que somente ocorrerá no
grativa infraconstitucional para produzir efeitos. julgamento definitivo de procedência do pedido da ação.
(D) A norma constitucional de eficácia contida é aque- (C) nas ações propostas por Estado da Federação, a
la que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode petição inicial deve ser firmada, exclusivamente, pelo Pro-
ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucio- curador-Geral do Estado em nome do Governador.
nal, como ocorre com o artigo da CF que confere aos es- (D) são passíveis de ser objeto da ação: as leis e os
tados a competência para a instituição de regiões metro- atos normativos federais e estaduais, medidas provisórias,
politanas. decreto do Chefe do Executivo que promulga tratados e
(E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico convenções e emendas constitucionais.
clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei
e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de her- 62. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
menêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa, Pode propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais ação declaratória de constitucionalidade, entre outros, o:
como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico. (A) Governador de Estado ou do Distrito Federal.
(B) Presidente do Senado Federal.
(C) Presidente da Câmara dos Deputados.
(D) Presidente de Assembleia Legislativa.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

63. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Federal 65. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
- FCC/2014) Suponha que o Advogado-Geral da União FCC/2014) O Presidente da República, a pretexto de exercer
proponha ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) pe- seu poder regulamentar, editou decreto, sem que existisse
rante o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a lei tratando da matéria por ele disciplinada, pelo qual criou
constitucionalidade de três artigos de lei estadual do Rio obrigações que somente poderiam, à luz da Constituição
de Janeiro em face da Constituição da República. Conforme Federal, ter sido instituídas por lei formal. Por esse motivo,
a disciplina constitucional a respeito do controle de consti- a constitucionalidade do referido decreto foi arguida em
tucionalidade concentrado, um caso concreto, como questão prejudicial para o julga-
(A) o Advogado-Geral da União não possui legitimi- mento do pedido principal da petição inicial, ensejando,
dade para propor ADIN. em segundo grau de jurisdição, o pronunciamento do ple-
(B) o STF deve remeter os autos do processo para jul- nário de determinado Tribunal declarando a inconstitucio-
gamento pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. nalidade da norma, pelo voto da maioria absoluta de seus
(C) não se pode propor ADIN para questionar apenas membros. À luz da Constituição Federal e da jurisprudência
parte de lei. do Supremo Tribunal Federal, o decreto presidencial
(D) o STF deve converter a ADIN em recurso extraordi- (A) não poderia ter sido declarado inconstitucional
nário para que seja viável analisar o pedido da ação. pelo Tribunal, mas tão somente ilegal, uma vez que o de-
(E) lei estadual não pode ser objeto de ADIN. creto foi editado com fundamento no poder regulamentar
do Presidente da República, motivo pelo qual a sua inapli-
64. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - cabilidade a um caso concreto não dependeria de prévia
FCC/2014) Considerando a disciplina jurídica do controle manifestação do plenário do Tribunal.
de constitucionalidade e a jurisprudência do Supremo Tri- (B) não poderia ter sido declarado inconstitucional
bunal Federal na matéria, pelo plenário do Tribunal, mas tão somente ilegal, uma
(A) súmula vinculante pode ser objeto de ação dire- vez que o decreto foi editado com fundamento no poder
ta de inconstitucionalidade que, se julgada procedente, regulamentar do Presidente da República, mas, ainda as-
produzirá eficácia contra todos e efeito vinculante relati- sim, a declaração de sua inaplicabilidade ao caso concreto
vamente aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração dependeria de manifestação do plenário do Tribunal, visto
pública direta, indireta, nas esferas federal, estadual e mu- tratar-se de norma geral e abstrata.
nicipal. (C) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo
(B) ato administrativo que contrarie súmula vinculan- plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram
te não pode ser objeto de reclamação proposta perante criadas sem qualquer amparo legal, mas, por tratar- se
o Supremo Tribunal Federal, uma vez que a reclamação é de ofensa indireta à Constituição Federal, é dispensável o
cabível apenas contra decisão judicial, que poderá ser cas- quórum da maioria absoluta do Plenário.
sada pelo STF, com a determinação de que outra seja pro- (D) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo
ferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem
(C) o cabimento do recurso extraordinário está sujei- qualquer amparo legal e com ofensa direta à Constituição
to à demonstração da existência de repercussão geral das Federal, sendo, no entanto, desnecessária a manifestação
questões discutidas no caso, podendo o STF recusá-lo pela plenária do Tribunal, uma vez que a declaração de invali-
manifestação de dois terços dos seus membros. dade dessa espécie normativa não está sujeita à reserva de
(D) a aprovação de súmula vinculante, a qual poderá plenário.
ser provocada pelos legitimados à propositura da ação di- (E) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo
reta de inconstitucionalidade, produzirá efeitos vinculantes plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram
apenas em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário criadas sem qualquer amparo legal e com ofensa direta
e à Administração pública direta, mas não em relação à Ad- à Constituição Federal, sendo dispensada a manifestação
ministração pública indireta e ao Poder Legislativo. plenária do Tribunal se o plenário do Supremo Tribunal Fe-
(E) é vedado ao Superior Tribunal de Justiça o exer- deral já tiver declarado a inconstitucionalidade do mesmo
cício do controle difuso de constitucionalidade, conside- decreto.
rando que a competência para processar e julgar o recurso
extraordinário é do Supremo Tribunal Federal. 66. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
Pode(m) propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade perante o Supre-
mo Tribunal Federal:
(A) partido político sem representação no Congresso
Nacional.
(B) os Conselhos Federais de órgãos de classe profis-
sional.
(C) confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito regional.
(D) a Mesa da Câmara dos Deputados.
(E) o Procurador-Geral de Justiça.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

67. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) A argui- (E) Não, porque cabe somente ao Supremo Tribunal
ção de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), Federal se pronunciar sobre a constitucionalidade e a im-
regulada pela Lei nº 9.882/99, tem por objeto evitar ou re- peratividade das leis.
parar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público. 70. (Câmara Municipal de São Paulo/SP - Procura-
Com base no legalmente disposto sobre a ADPF, assi- dor Legislativo - FCC/2014) Lei municipal que viole nor-
nale a opção correta. ma da Constituição Federal de observância obrigatória pe-
(A) Face à extraordinariedade da ADPF, a decisão de los Estados, cujo conteúdo foi reproduzido na Constituição
indeferimento liminar da petição inicial é irrecorrível. Estadual, poderá ser objeto de ação direta de inconstitu-
(B) De acordo com a Lei nº 9.882/99, vige o principio cionalidade ajuizada perante o
da subsidiariedade quanto ao cabimento da ADPF. (A) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Consti-
(C) A decisão proferida em ADPF produzirá somente tuição Estadual, podendo o Tribunal declarar a inconstitu-
efeitos erga omnes e ex tunc. cionalidade da norma por maioria simples dos seus mem-
(D) O prefeito de qualquer município pode propor bros ou dos membros de seu órgão especial.
ADPF contra lei local perante o STF. (B) Tribunal de Justiça do Estado, em face das Cons-
tituições Federal e Estadual, sendo vedado o exercício do
68. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VU- controle difuso de constitucionalidade da lei municipal, em
NESP/2014) Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou face da Constituição Federal, pelo Supremo Tribunal Fede-
ato normativo, o Supremo Tribunal Federal poderá modu- ral.
lar os efeitos daquela declaração. (C) Supremo Tribunal Federal, em face da Constitui-
(A) restringindo-os a determinados entes federativos ção Federal, sem prejuízo do controle difuso de constitu-
que não serão prejudicados pelo impacto da decisão como cionalidade da norma municipal em face das Constituições
outros que sejam afetados diretamente, em matéria relati- Federal e Estadual.
va à repartição das receitas tributárias. (D) Supremo Tribunal Federal, em face da Constitui-
(B) ao decidir que ela só terá eficácia a partir de seu ção Federal, bem como ação direta de inconstitucionali-
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a
dade ajuizada perante o Tribunal de Justiça do Estado, em
ser fixado, tendo em vista razões de segurança jurídica ou
face da Constituição Estadual.
de excepcional interesse social, mediante voto de 2/3 (dois
(E) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Cons-
terços) de seus membros.
tituição Estadual, sendo cabível recurso extraordinário ao
(C) por decisão unânime, estando presentes os 11
Supremo Tribunal Federal contra o acórdão proferido pelo
(onze) ministros que compõem aquele tribunal, podendo
Tribunal local se preenchidos os requisitos constitucionais
fixar período de até 180 (cento e oitenta) dias de suspen-
são da eficácia da declaração de inconstitucionalidade. e legais.
(D) se julgar procedente ação direta de inconstitucio-
nalidade, mediante voto da maioria absoluta dos membros 71. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
do tribunal, decidindo que a aplicação imediata da decisão 23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alter-
poderá causar riscos à segurança da sociedade ou do es- nativa CORRETA:
tado. (A) A Constituição Federal poderá ser emendada me-
(E) pois a interpretação conforme a constituição e a diante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presi-
de texto têm eficácia contra todos e efeito vinculante em dente da República ou de Mais da metade das Assembleias
relação aos órgãos do poder judiciário e do poder legisla- Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se
tivo. cada uma delas pela maioria absoluta de seus membros.
(B) A matéria constante de proposta de emenda
69. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VU- constitucional rejeitada ou havida por prejudicada somen-
NESP/2014) Os particulares estão obrigados a cumprir lei te poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão
inconstitucional, cuja inconstitucionalidade ainda não foi legislativa por deliberação de, no mínimo, dois terços dos
proclamada pelo Poder Judiciário? membros de uma das Casas Legislativas.
(A) Não, pois não se pode presumir como válida uma (C) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú-
lei cuja inconstitucionalidade é notória, sendo desnecessá- blica leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças
ria a declaração formal Armadas.
(B) Sim, pois a qualquer cidadão é dado o direito de (D) A discussão e votação dos projetos de lei de ini-
resistência, em qualquer situação que julgar haver ilegali- ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal
dade ou inconstitucionalidade. Federal e dos Tribunais superiores terão início no Senado
(C) Não, porque o cidadão não possui legitimidade Federal.
para alegar vícios de forma ou de conteúdo nos casos con- (E) As leis complementares serão aprovadas por
cretos que lhe afetem. maioria simples.
(D) Sim, pois até que haja decisão judicial sobre a in-
constitucionalidade, a lei é válida, pois é presumida sua
constitucionalidade, obrigando os particulares a segui-la

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

72. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No to- 75. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
cante às normas constitucionais referentes ao processo le- FGV/2014) Os membros da Comissão Parlamentar de In-
gislativo, assinale a alternativa correta. quérito do Sistema Carcerário constataram a presença de
(A) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- mulheres detidas em cadeia pública masculina em uma
blica, entre outras, as leis que disponham sobre organiza- unidade federativa brasileira. As detentas reclamavam da
ção do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, infraestrutura precária e confirmaram denúncias de que
bem como normas gerais para a organização do Ministério uma menina de 16 anos ficou detida na mesma unidade
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias
Federal e dos Territórios. político-administrativas, havendo a intervenção federal
(B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre para assegurar a garantia dos direitos da pessoa humana,
outras, sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito ci- ela deverá ser decretada pelo Presidente da República:
vil, direito penal, direito processual penal, direito proces- (A) espontaneamente, sem necessidade de controle
sual civil e organização do Poder Judiciário e do Ministério político do Congresso Nacional.
Público, a carreira e a garantia de seus membros. (B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça.
(C) Se a medida provisória não for apreciada em até (C) após prévia autorização do Congresso Nacional.
cento e vinte dias contados de sua publicação, entrará em (D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das de representação do Procurador-Geral da República.
Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que (E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão
se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati- de seu Órgão Especial, com chancela final do Legislativo
vas da Casa em que estiver tramitando. do Estado.
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
visto pela outra, em um só turno de discussão e votação, 76. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro
aprovar, ou, se o projeto for emendado ou rejeitado, volta- no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer-
rá à Casa iniciadora. reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro-
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade”
73. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - (cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39.
FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe- ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im-
deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con- perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do
tas da União Congresso Nacional nos processos de
(A) julgar as contas as contas dos administradores e (A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora-
demais responsáveis por recursos públicos. ção das leis ordinárias e complementares.
(B) julgar as contas do presidente da república. (B) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug- ração das leis ordinárias e complementares.
nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado (C) revisão constitucional e de elaboração das leis or-
federal. dinárias e complementares.
(D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida- (D) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ração das emendas constitucionais.
administração direta. (E) elaboração das emendas constitucionais e de
(E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra- aprovação de tratados e convenções internacionais sobre
nacionais de cujo capital social a união participe, de forma direitos humanos com estatura equivalente às emendas
direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo. constitucionais.

74. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - 77. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun-
FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício, do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi-
Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indi- vo”, compete ao Presidente da República, exceto:
cado pelo Tribunal Superior do Trabalho para compor este (A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre-
Tribunal Superior e ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, apo- ditar seus representantes diplomáticos.
sentado neste ano de 2014”. Antes de ser nomeado pelo (B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência,
Presidente da República o nome do Magistrado Tício deve- se necessário, dos órgãos instituídos em lei.
rá ser aprovado pela maioria (C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
(A) absoluta do Senado Federal. declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre-
(B) absoluta do Congresso Nacional. mo Tribunal Federal
(C) simples do Senado Federal. (D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e
(D) simples do Congresso Nacional. funcionamento da administração federal, quando não im-
(E) absoluta do Supremo Tribunal Federal. plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór-
gãos públicos.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

78. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) 81. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) O Presi-
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder dente da República possui uma série de competências pri-
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República vativas, que lhe são atribuídas diretamente pela Constitui-
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se ção. Admite-se que algumas delas possam ser delegadas
do país, sob pena de perda do cargo, por até: ao Ministro de Estado da pasta relacionada ao tema. Den-
(A) 15 dias. tre as competências delegáveis, inclui-se.
(B) 30 dias. (A) editar medidas provisórias com força de lei, nos
(C) 45 dias. termos do artigo 62 da Constituição.
(D) 60 dias. (B) nomear, observado o disposto no artigo 73, os Mi-
nistros do Tribunal de Contas da União.
79. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con- (C) prover e extinguir os cargos públicos federais, na
siderando o que estabelecem as normas constitucionais forma da lei.
sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA. (D) iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável previstos na Constituição.
para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad-
ministração Pública, seja direta ou indireta. 82. (PC/SC - Delegado de Polícia - ACAFE/2014) O
(B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre- Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da Re-
sidente da República, verificada nos últimos dois anos do pública e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado
mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em
Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz
dias depois da última vaga. social ameaçadas por grave e iminente instabilidade insti-
(C) Do Conselho da República participam, também, tucional ou atingidas por calamidades de grandes propor-
seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos ções na natureza.
de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos Sobre o tema e de acordo com a Constituição da Re-
com mandato de quatro anos, admitida uma única recon- pública Federativa do Brasil - CRFB/88 é correto afirmar,
dução. exceto:
(D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo (A) Na vigência do estado de defesa a prisão por cri-
de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República, me contra o Estado, determinada pelo executor da medida,
são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es- será por este comunicada imediatamente ao juiz compe-
tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato. tente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da requerer exame de corpo de delito à autoridade policial.
República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di- (B) Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a o presidente da república, dentro de vinte e quatro horas,
necessária autorização prévia do Senado Federal. submeterá o ato com a respectiva justificação ao congresso
nacional, que decidirá por maioria absoluta.
80. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine (C) Na vigência do estado de defesa a comunicação
a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente, será acompanhada de declaração, pela autoridade, do es-
vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após tado físico e mental do detido no momento de sua autua-
a conclusão do terceiro ano de mandato. ção.
A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa (D) Na vigência do estado de defesa a prisão ou de-
correta. tenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a trinta
(A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e dias, estando vedada, ainda, a incomunicabilidade do pre-
completa o mandato. so.
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o (E) O tempo de duração do estado de defesa não será
cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
depois de abertas as vagas. por igual período, se persistirem as razões que justificaram
(C) O Presidente do Congresso Nacional assume o a sua decretação.
cargo e completa o mandato.
(D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume 83. (PC/SC - Delegado de Polícia - ACAFE/2014)
o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da
após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
forma da lei. Congresso Nacional autorização para decretar o estado de
sítio. Nesse sentido é correto afirmar, exceto:
(A) Na vigência do estado de sítio só poderão ser to-
madas contra as pessoas as seguintes medidas: obrigação
de permanência em localidade determinada; detenção em
edifício não destinado a acusados ou condenados por cri-
mes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da cor-
respondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e te- D) o plano plurianual é de vigência quadrienal, enquan-
levisão, na forma da lei; suspensão da liberdade de reunião; to a lei de diretrizes orçamentárias tem vigência trienal.
busca e apreensão em domicílio; intervenção nas empresas E) a lei orçamentária anual compreenderá exclusiva-
de serviços públicos e requisição de bens. mente o orçamento fiscal e o orçamento da seguridade
(B) O Presidente da República pode solicitar ao Con- social.
gresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
nos casos de comoção grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida RESPOSTAS
tomada durante o estado de defesa.
(C) Solicitada autorização para decretar o estado de 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Se- um documento escrito que fica no ápice do ordenamen-
nado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
a fim de apreciar o ato, sendo que o Congresso Nacional sociológico, político, cultural e econômico. Independente
permanecerá em funcionamento até o término das medi- do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es-
das coercitivas. tado e a limitação de seu poder.
(D) O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
as normas necessárias a sua execução e as garantias cons- 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição
titucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
Presidente da República designará o executor das medidas agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
específicas e as áreas abrangidas. sendo também conhecida como democrática ou popular.
(E) O Presidente da República, ao solicitar autorização
para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congres- atos normativos que compõem o denominado bloco de
so Nacional decidir por maioria absoluta. constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
84. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
FGV/2014) No que concerne à previsão constitucional nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
acerca da seguridade social, é INCORRETO afirmar que: assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
(A) a seguridade social engloba os direitos relativos à trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
saúde, à previdência e à assistência social. Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
(B) constitui um, entre vários, dos objetivos da segu- tam a controle de constitucionalidade.
ridade social a universalidade da cobertura e do atendi-
mento. 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
(C) o caráter democrático e descentralizado da admi- de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
nistração, um dos objetivos constantes na organização da decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
seguridade social, é realizado através da gestão tripartite do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
nos órgãos colegiados, com participação dos trabalhado- fatores como o regime de governo e a forma de Estado
res, dos empregadores e do governo. vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
(D) a participação no custeio da seguridade social tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
deve ser realizada de forma equânime entre os participan- forme o modelo político à época de sua elaboração.
tes.
(E) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguri- 5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
dade social a uniformidade e a equivalência dos benefícios racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
e serviços às populações urbanas e rurais. que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
85. (DPE/GO – Defensor Público - UFG/2014) O or- tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
çamento público constitui importante instrumento assecu- (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
ratório de direitos fundamentais. Por isso, a Constituição CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
de 1988 prevê título específico para as Finanças Públicas. de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
Nesse contexto, assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
A) o orçamento público é editado por meio de lei ordi- e pluralismo político não são fundamentos da República
nária com caráter coercitivo. Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no
B) a legalidade é princípio orçamentário indicador de artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de
que a lei orçamentária excluirá dispositivo estranho à pre- um Estado Democrático de Direito.
visão de receita e à fixação de despesa.
C) a vinculação da receita de impostos para o fundo de 6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin-
combate à pobreza é exceção ao princípio orçamentário da cípios que regem as relações internacionais brasileiras,
não afetação de receita de impostos. enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre- relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
apenas o item “II” está incorreto. chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da relação a punições disciplinares militares”.
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce-
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim de registros ou bancos de dados de entidades governa-
com os objetivos. mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
pular direta no poder por intermédio de processos como da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- contra uma entidade governamental da administração di-
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º,
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- que a demora do legislador em regulamentar uma norma
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
diferença entre direitos e garantias é que os primeiros ral.
servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as
segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex: 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
fundamento que também demonstra que o item “III” está será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorre-
o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI, to porque a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil
CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e do devedor de alimentos, sendo que o texto constitucional
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos autoriza tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 5º, LXVII, CF).
de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas
estão corretas.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL 21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus-
- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu-
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo-
notadamente), ela será aplicada. cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- 22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque 72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará-
porque é aceita a pena de morte para os crimes milita- grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi-
res praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito observada a simplificação do cumprimento das obrigações
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
noturno superior à do diurno”). I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C”
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons-
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo emenda.
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
qualquer hora, mas somente durante o dia. tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos
profissional”. sujeitam os responsáveis às penas da lei”.

18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: 24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos direitos humanos internacionais e das convenções e
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
determinados requisitos para a incorporação. coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, constitucional, tal como a licença-paternidade, restando
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo as-
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito sim, “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere a mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a
segurança jurídica. 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
receber dos órgãos públicos informações de seu interes- pecentes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a conde-
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão nação tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu-
rança da sociedade e do Estado”.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; e não possuem soberania.
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
a Presidência da República. com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem distrito Federal e os Municípios.
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja tiva “A” como de necessária observância na Administração
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - conde- Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
nação criminal transitada em julgado, enquanto durarem Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
seus efeitos”. VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, V, CF.
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mí- Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
nima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
a candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
(artigo 14, §8º, I, CF). correta.

29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
nal como preceito que deva necessariamente se observado: princípios da Administração Pública previstos no caput do
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação regulamentadas”.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- 34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fau-
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos na, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, naturais, proteção do meio ambiente e controle da polui-
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos ção”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
políticos de organização paramilitar”. e I competências privativas da União que constam, nesta
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e independente da lei complementar, tem o direito público,
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, reito abrange o servidor público em estágio probatório,
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
cargos, funções e empregos públicos da administração di- constitucionalmente garantido.
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, necessária a existência de lei delimitando o interesse local
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Município apresenta-se apenas como outra possibili-
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do dade de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio definindo o que seria de interesse do Município, mas em
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito mia para decidir o que seria de seu interesse.
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislati-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- va da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito previsão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre pro-
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do dução e consumo, a competência é legislativa concorrente
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- entre União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF),
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é assim como a de legislar sobre assistência jurídica e Defen-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies soria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanísti-
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. co (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por- 42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
207, §1º, CF). de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à na forma da lei”.
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
competência concorrente entre todos os entes federados 43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre to- rizado por uma rígida separação de competências entre o
dos os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
“E” competência concorrente entre União, estados e DF (ar- submissão e sim de autonomia.
tigo 24, IX, CF).
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão
público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti- decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega-
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o voto da maioria absoluta de seus membros”, logo, o quó-
artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] rum é de maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, motivadas e tomadas em sessão pública, afastando-se a
na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú- alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. A alter-
blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade. nativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D”
com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo
45. Resposta: “D”. As competências de processamen- 95, II e III, CF.
to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em
relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto 48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro
ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências correto, somente se percebendo o erro ao final, quando
previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, afirma que não há exceções para o exercício de outra fun-
pelos seguintes motivos: ção pública porque a própria Constituição prevê uma exce-
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê ção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magistério.
que o Supremo Tribunal Federal processa e julga origina- II está incorreta porque a Advocacia Geral da União não re-
riamente “o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí-
Território”, excluindo os Municípios. vida ativa de natureza tributária, a representação da União
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado
prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação
em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas
segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de- e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF).
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não
extraordinário. 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105,
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II
prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul- - julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se-
gará originariamente “os conflitos de competência entre gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que
o julgamento é originário, não em sede de recurso especial. 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor:
entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, “Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, con- Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
forme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
ordinário, e sim originariamente. de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar- de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe- lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec-
rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as seus integrantes para nomeação”.
deste e da União”.
51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem suas recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre,
regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF, sendo conforme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tri-
que todas as alternativas, exceto a “C” estão em compati- bunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
bilidade com este dispositivo. Neste sentido, o artigo 93, II, cabendo-lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o
“d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade, o tribunal crime político”.
somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fun-
damentado de dois terços de seus membros, conforme 52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF,
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe- “aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os
tindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sendo assim, crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei-
não consideram-se apenas os membros presentes, mas to- ro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de
dos os membros do Tribunal. sentença estrangeira, após a homologação, as causas re-
ferentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as naturalização”. Nota para a pergunta capciosa do examina-
decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e dor, afinal, a competência para conceder o exequatur é do
em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF).

84
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na- 55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
“§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação adminis- mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judi- assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
ciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
competência, ou recomendar providências; II - zelar pela público e social, do meio ambiente e de outros interes-
observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons-
provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica- titucionalidade ou representação para fins de intervenção
dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado- tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses
tem as providências necessárias ao exato cumprimento da das populações indígenas; VI - expedir notificações nos
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da procedimentos administrativos de sua competência, re-
União; III - receber e conhecer das reclamações contra quisitando informações e documentos para instruí-los,
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de o controle externo da atividade policial, na forma da lei
serviços notariais e de registro que atuem por delegação complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi-
do poder público ou oficializados, sem prejuízo da com- sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
petência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani-
avocar processos disciplinares em curso e determinar a festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub- forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida-
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul-
toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am-
o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos
pla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no caso
e dos interessas das populações indígenas, não o faz por
de crime contra a administração pública ou de abuso de
promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do
autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, os
artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais
Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira,
julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmen-
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
te relatório estatístico sobre processos e sentenças prola- autorização do chefe da instituição”.
tadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo 56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
as providências que julgar necessárias, sobre a situação do nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127,
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual §2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen-
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tri- soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
bunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por
ocasião da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autono-
no inciso III do referido dispositivo, um juiz federal, como mia funcional e administrativa pertencem às Defensorias
funcionário do Poder Judiciário, pode ter sua aposentado- Públicas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º
ria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça com Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas auto-
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, nomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
tendo preservado seu direito à ampla defesa. proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao dis-
54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II: posto no art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º
“Compete ao Conselho o controle da atuação adminis- às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal”
trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento (grifo nosso). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de carreiras iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto provas e títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre
da Magistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e nomeação do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF);
apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade “C” está incorreta porque tal incumbência é da Procurado-
dos atos administrativos praticados por membros ou ria-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, incorreta porque a competência de promover ação civil pú-
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a
competência do Tribunal de Contas da União” (grifo nosso). ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque
logicamente a imunidade profissional do advogado sofre
restrições.

85
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o 62. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposi-
discurso do Positivismo não mais se adéqua às exigências ção da ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF:
jurídicas; no entanto, o pós-positivismo não promoveu um “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
simples retorno ao jusnaturalismo, mas uma inclusão no ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente
ordenamento jurídico das ideias de justiça e legitimidade, da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa
bem como dos princípios como o da dignidade humana, da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Le-
da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de justiça. gislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V -
No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti- o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o
tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da
direito constitucional. Neste novo Direito constitucional se Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com
percebe uma onda de ativismo na qual o intérprete assume representação no Congresso Nacional; IX - confederação
o papel de efetivador da norma, não mais se contentando sindical ou entidade de classe de âmbito nacional” (grifo
com a interpretação literal. Quando se vai além no proces- nosso).
so de interpretação, num fenômeno de construção jurídica,
se está legitimado pela própria ordem constitucional, salvo 63. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposi-
se houver evidente abuso da prerrogativa. ção da ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF:
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente
além da literalidade da norma, envolvendo a compreen- da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa
são da Constituição como uma ordem de valores e como da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Le-
elemento do processo de integração. O artigo 37, I, CF gislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o
não traz norma de aplicabilidade plena. Conforme doutri- Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procu-
na constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se de norma rador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Or-
de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente seus dem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com
efeitos. A regulamentação sobre a competência de institui- representação no Congresso Nacional; IX - confederação
ção de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena, sindical ou entidade de classe de âmbito nacional”. O ar-
não contida. tigo 2º da Lei nº 9.868/1999 repete o teor do artigo 103,
Com efeito, somente resta a alternativa “E”, consideran- CF. O Advogado-Geral da União representa o Presidente
do que o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte da República neste tipo de ação, mas não tem autonomia
da premissa de que a Constituição é uma lei, devendo ser para a propositura.
interpretada como tal, dispondo o intérprete dos seguintes
elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídi- 64. Resposta: “C”. A repercussão geral é um dos me-
ca, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny, canismos criado pelo Legislativo para restringir o número
de 1840: gramatical (ou literal); histórico; sistemático (ou de recursos no STF. Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a
lógico); teleológico (ou racional); e genético. Emenda Constitucional nº 45/2004, passou a ser requisi-
to de admissibilidade do RE, exigindo que a matéria te-
60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e nha relevante valor social, político, econômico ou jurídico,
garantias fundamentais são de eficácia imediata, motivo transcendendo o interesse individual das partes. Dos 11
pelo qual “A” está incorreta. As de eficácia contida tam- ministros, ao menos 8 (2/3) devem dizer que não há reper-
bém, mas podem ter a eficácia restringida por lei, estando cussão geral. Logo, a falta de repercussão geral deve ser
“B” incorreta. As normas de eficácia limitada possuem rele- bem evidente.
vância jurídica interpretativa e integrativa, motivo pelo qual
“C” está errada. E as normas programáticas trazem metas 65. Resposta: “E”. A regra é que os decretos do Po-
a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então “E” está der Executivo são vinculados a uma legislação que devam
incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação regulamentar. No caso dos decretos autônomos, somente
das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta. são cabíveis quando autorizados, não podendo criar obri-
gações que somente podem ser criadas por lei federal.
61. Resposta: “D”. O objeto da ação direta de incons- Sendo o decreto autônomo, cabe o controle de constitu-
titucionalidade é uma lei ou ato normativo federal ou es- cionalidade pela via direta.
tadual que contrarie a Constituição Federal (art. 102, I, “a”,
CF). Não é somente a lei que aceita o controle de consti- 66. Resposta: “D”. O artigo 103, CF traz rol taxativo de
tucionalidade, embora lei seja o tipo mais clássico de ato legitimados que “podem propor a ação direta de incons-
normativo. É possível o controle de qualquer ato normativo titucionalidade e a ação declaratória de constitucionalida-
federal ou estadual, por exemplo, uma medida provisória de: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado
ou um Decreto autônomo. Qualquer ato normativo carac- Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a
teriza-se por possuir abstração e generalidade, bastando Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa
isto para ser considerado como tal. Contudo, para ser pas- do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Dis-
sível de controle de constitucionalidade, segundo o Supre- trito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o
mo Tribunal Federal, precisa também ser autônomo. Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII

86
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- partido político com representação no Congresso Nacio- extraordinário, as causas decididas em única ou última ins-
nal; IX - confederação sindical ou entidade de classe de tância, quando a decisão recorrida: [...] c) julgar válida lei ou
âmbito nacional”. Das alternativas, somente a “D” traz uma ato de governo local contestado em face desta Constitui-
hipótese do dispositivo. ção”. Coloca-se a hipótese da alínea “c” porque a Constitui-
ção estadual deve guardar uma relação de compatibilidade
67. Resposta: “B”. “A subsidiariedade, na modalidade com a Federal, de modo que lei municipal que a viole a
incidental de ADPF, coloca a perspectiva objetiva em um Estadual acabará por violar a Federal.
plano secundário, residual – que não deixa de ter sua im-
portância, como implícita e intrinsecamente o têm todas as 71. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece pro-
demais formas de controle concentrado de constituciona- jetos de leis que somente podem ser propostos pelo Pre-
lidade existentes no sistema. Aqui, incidentalmente a uma sidente da República, que são de sua iniciativa privativa,
lide pré-existente, o enfrentamento da questão objetiva como os que “fixem ou modifiquem os efetivos das Forças
pelo STF decorre não da ausência de outras formas legais Armadas” (inciso I). A alternativa “A” repete o artigo 60,
de fiscalização abstrata, mas do exame do espectro social caput, mas afirma que a maioria dos membros das Assem-
da controvérsia jurídica ínsita no caso concreto, bem como bleias Legislativas deve ser absoluta, quando na verdade
da relevância geral da questão debatida, circunstâncias que basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida por
passam a integrar indissociavelmente, o próprio juízo de prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode
admissibilidade desta novel ação constitucional, quando, ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”,
por via incidental, for ela submetida ao conhecimento do nem mesmo a deliberação de 2/3 dos membros altera isto,
Supremo Tribunal Federal”60. razão pela qual “B” está incorreta. “D” está incorreta porque
a porta de entrada destes projetos de lei é a Câmara dos
68. Resposta: “B”. A modulação de efeitos se encontra Deputados. “E” resta incorreta porque “as leis complemen-
disciplinada pela Lei nº 9.868/1999 em seu artigo 27, do tares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF),
qual se extrai que “B” está correta: “Ao declarar a incons- não maioria simples.
titucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse 72. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonân-
social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de cia com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa
dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de sobre: [...] d) organização do Ministério Público e da De-
seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a fensoria Pública da União, bem como normas gerais para a
ser fixado”. “A” está incorreta porque a modulação não se organização do Ministério Público e da Defensoria Pública
refere a determinadas pessoas, tem caráter temporal e não dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. A alter-
subjetivo; “C” está incorreta porque é dispensável decisão nativa “B” está errada porque amplia o rol de vedações do
unânime, “D” está incorreta porque o quórum de maioria artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o prazo de
absoluta é insuficiente; “E” está incorreta porque o efeito 45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está errada
vinculante atinge todos os Poderes. porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquiva-
mento (artigo 65, caput, CF).
69. Resposta: “D”. A inconstitucionalidade não se pre-
sume, de modo que até que seja expressamente declarada 73. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con-
como inconstitucional, uma lei é constitucional. Vale refor- tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição
çar que o reconhecimento da inconstitucionalidade para Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista
ter efeitos contra todos (“erga omnes”), deve ser feito em logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do
via de controle de constitucionalidade concentrado ou, se Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
na via do controle difuso, mediante expedição de resolu- bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar
ção do Senado Federal ou edição de súmula vinculante. as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú-
Sendo assim, mesmo que a inconstitucionalidade seja, em blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
tese, manifesta, deverá ser pronunciada em determinados em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar
moldes para que a lei possa deixar de ser cumprida. as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos da administra-
70. Resposta: “E”. Cabe ação direta de inconstitucio- ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
nalidade de lei municipal perante o Tribunal de Justiça local instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con-
em caso de confronto com a Constituição Estadual, cuja tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
supremacia é resguardada pelo Tribunal local. Quanto ao irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
recurso cabível da decisão que julgue o ato inconstitucio- - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
nal, trata-se do recurso extraordinário: “Art. 102. Compete admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti-
Constituição, cabendo-lhe: [...] III - julgar, mediante recurso das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car-
60 http://jus.com.br/artigos/8080/a-dupla-significacao-da-subsidia- go de provimento em comissão, bem como a das conces-
riedade-da-adpf sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as

87
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo- leis complementares, quase sempre a deliberação principal
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci- posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
nacionais de cujo capital social a União participe, de forma 77. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva
direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI “C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva-
- fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução,
pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”.
a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por 78. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo- do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período
nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”.
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas 79. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo
em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa 81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre-
proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois
para que o órgão ou entidade adote as providências neces- de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl-
sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida- timos dois anos do período presidencial, a eleição para am-
de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug- bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
sobre irregularidades ou abusos apurados”. 80. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice-
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF,
74. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF: é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu-
“Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - apro- tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe-
var previamente, por voto secreto, após arguição pública, a deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice-
escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta -Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de
Constituição”; sendo que a respeito prevê o artigo 111-A, aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo
CF: “o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a
e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria (artigo 81, §1º, CF).
absoluta do Senado Federal” (grifo nosso).
81. Resposta: “C”. Tratam-se das competências priva-
75. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação tivas administrativas, que são delegáveis, enumeradas no
da intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Su- artigo 84, CF (“Compete privativamente ao Presidente da
premo Tribunal Federal, de representação do Procurador- República”), sendo que a hipótese da alternativa “C” está
-Geral da República, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso prevista no inciso XXV do dispositivo.
de recusa à execução de lei federal”. Por seu turno, prevê o
referido artigo 34, VII, CF: “VII - assegurar a observância dos 82. Resposta: “D”. A assertiva “A” está de acordo com
seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, o artigo 136, §3º, I, CF; a assertiva “B” está conforme o arti-
sistema representativo e regime democrático; b) direitos go 136, §4º, CF; a afirmativa “C” está em consonância com
da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação o artigo 136, §3º, II, CF; a alternativa “E” repete o teor do
de contas da administração pública, direta e indireta”. No artigo 136, §2º, CF. Somente resta a alternativa “D”, sendo
caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao que o artigo 136, §3º, CF prevê que “III - a prisão ou de-
princípio da dignidade da pessoa humana. tenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez
dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é
76. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis vedada a incomunicabilidade do preso”. O erro está quanto
e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con- ao prazo da prisão.’
gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma 83. Resposta: “A”. É o que se extrai do artigo 139, CF:
autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto “Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
(art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT), mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as

88
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de perma- vinculação de receita de impostos prevista no art. 167, IV,
nência em localidade determinada; II - detenção em edi- da CF impede a fixação de uma prévia destinação desses
fício não destinado a acusados ou condenados por crimes recursos, de modo que “C” está correta. O plano plurianual
comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da cor- é de vigência quadrienal, mas a lei de diretrizes orçamentá-
respondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de rias é de vigência anual, não trienal, restando incorreta “D”.
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e te- A lei orçamentária anual também abrange “o orçamento de
levisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de re- investimento das empresas em que a União, direta ou indi-
união; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção retamente, detenha a maioria do capital social com direito
nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. a voto” (artigo 165, §5º, II, CF), restando “E” incorreta.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a
difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela res-
pectiva Mesa”.  Logo, tais medidas descritas na alternativa
“A” nem sempre poderão ser tomadas no estado de sítio,
mas somente quando houver “comoção grave de reper-
cussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa”
(artigo 137, I, CF).

84. Resposta: “C”. Observando o artigo 194, parágra-


fo único, VII, CF é possível perceber que a alternativa “C”
está incorreta: “Compete ao Poder Público, nos termos da
lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
objetivos: [...] caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com par-
ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo-
sentados e do Governo nos órgãos colegiados”. Logo, os
aposentados estão incluídos e a gestão é quadripartite.

85. Resposta: “C”. O orçamento público é regulamen-


tado por lei complementar (artigo 165, §9º, CF), estando
“A” incorreta. Legalidade significa que um tributo só po-
derá ser instituído ou aumentado por lei (artigo 150, I, CF),
estando “B” incorreta. O fundo de combate à pobreza está
previsto na Constituição nos seguintes termos: “Art. 81. É
instituído Fundo constituído pelos recursos recebidos pela
União em decorrência da desestatização de sociedades
de economia mista ou empresas públicas por ela contro-
ladas, direta ou indiretamente, quando a operação envol-
ver a alienação do respectivo controle acionário a pessoa
ou entidade não integrante da Administração Pública, ou
de participação societária remanescente após a alienação,
cujos rendimentos, gerados a partir de 18 de junho de
2002, reverterão ao Fundo de Combate e Erradicação de
Pobreza. § 1º Caso o montante anual previsto nos rendi-
mentos transferidos ao Fundo de Combate e Erradicação
da Pobreza, na forma deste artigo, não alcance o valor de
quatro bilhões de reais. far-se-á complementação na forma
do art. 80, inciso IV, do Ato das disposições Constitucionais
Transitórias. § 2º Sem prejuízo do disposto no § 1º, o Poder
Executivo poderá destinar ao Fundo a que se refere este
artigo outras receitas decorrentes da alienação de bens da
União. § 3º A constituição do Fundo a que se refere o caput,
a transferência de recursos ao Fundo de Combate e Erradi-
cação da Pobreza e as demais disposições referentes ao §
1º deste artigo serão disciplinadas em lei, não se aplicando
o disposto no art. 165, § 9º, inciso II, da Constituição” –
Percebe-se que vincula a receita de impostos a uma desti-
nação específica, o que não é usual, já que a proibição de

89
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal............................................................... 01
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade......................................................................................................................................... 02
Erro de tipo; erro de proibição............................................................................................................................................................................ 03
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 05
Concurso de pessoas.............................................................................................................................................................................................. 05
Crimes contra a pessoa.......................................................................................................................................................................................... 07
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................. 08
Crimes contra a Administração Pública........................................................................................................................................................... 18
Abuso de autoridade (Lei 4.898/65).................................................................................................................................................................. 19
Tráfico ilícito de drogas (Lei 11.343/2006)...................................................................................................................................................... 24
Estatuto da Criança e do Adolescente............................................................................................................................................................. 39
Estatuto do Desarmamento.................................................................................................................................................................................. 93
Inquérito Policial, Notitia Criminis....................................................................................................................................................................100
Jurisdição e competência....................................................................................................................................................................................103
Prisão em flagrante e prisão preventiva........................................................................................................................................................105
Da prova: exame de corpo de delito, interrogatório e testemunhas.................................................................................................118
Das citações e intimações...................................................................................................................................................................................124
Do reconhecimento de pessoas e coisas......................................................................................................................................................125
Restituição das coisas apreendidas.................................................................................................................................................................126
Prisão especial.........................................................................................................................................................................................................127
Atuação do advogado na fase inquisitiva.....................................................................................................................................................127
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal


INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES; conduta caracterizava uma mera contravenção, porém,
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser
INFRAÇÃO PENAL. considerada crime/delito.

Sujeito Ativo
Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano maior
INFRAÇÃO PENAL
de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal.
A exceção acontece nos crimes contra o meio ambiente
Elementos da Infração Penal
onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito
ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição
A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica
Federal.
qualquer conduta descrita na lei e, através dessa conduta,
ofende um bem jurídico de uma terceira pessoa.
Art. 225 [...].
Ou seja, as infrações penais constituem determinados
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao
comportamentos humanos proibidos por lei, sob a ameaça
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
de uma pena.
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen-
temente da obrigação de reparar os danos causados.
Espécies de Infração Penal
Sujeito Passivo
A legislação brasileira, apresenta um sistema biparti-
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito pas-
do sobre as espécies de infração penal, uma vez que exis-
sivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como a socie-
tem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contravenção).
dade são prejudicados quando as leis são desobedecidas.
Situação diferente ocorre com alguns países tais como a
O sujeito passivo material é o titular do bem jurídico ofen-
França e a Espanha que adotaram o sistema tripartido (cri-
dido e pode ser tanto pessoa física como pessoa jurídica.
me ≠ delito ≠ contravenção).
As duas espécies de infração penal são: o crime, con-
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito
siderado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se,
passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
porém que, apesar de existirem duas espécies, os conceitos
podemos citar o furto de um computador de uma repar-
são bem parecidos, diferenciando-se apenas na gravidade
tição pública.
da conduta e no tipo (natureza) da sanção ou pena.
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser,
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes
ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma
e delitos se distinguem por serem infrações mais graves,
infração penal.
enquanto que a contravenção refere-se às infrações menos
O princípio da lesividade diz que, para haver uma in-
graves.
fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de
alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem
extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
-Lei 3.914/41).
próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
(Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei
uma terceira pessoa.
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isolada-
Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
mente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena
fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do CP)
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço militar
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou am-
(Art. 184 do CPM).
bas. Alternativa ou cumulativamente.
Em razão dos crimes serem condutas mais graves, en-
Diferenças práticas entre crimes e contravenções
tão eles são repelidos através da imposição de penas mais
a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-
graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
quanto que na contravenção, por força do Art. 4º do De-
As contravenções, todavia, por serem condutas menos
creto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão
b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
simples e/ou multa).
do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplica-
A escolha se determinada infração penal será crime/
da, enquanto que nas contravenções a extraterritorialidade
delito ou contravenção é puramente política, da mesma
não é aplicada.
forma que o critério de escolha dos bens que devem ser
c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é
máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto
considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada
que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo
infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a
máximo de cumprimento de pena é de 5 anos.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto- Resultado


-Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções. A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou contra- possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
venção no Brasil e após a prática de crime no estrangeiro. se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em
Não há reincidência após a prática de contravenção no es- resultado jurídico ou normativo.
trangeiro. O resultado naturalístico ou material consiste na modi-
“Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra- ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-
tica uma contravenção depois de passar em julgado a sen- -se de um evento que só se faz necessário em crimes mate-
tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, riais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta
por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contra- e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para
venção.” efeito de consumação.
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
Semelhança no estudo dos crimes e contravenções. ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe-
Vimos que em termos práticos existem algumas dife- nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli-
renças entre crime e contravenção, porém, não podemos citamente, algum resultado, pois não há delito sem que
falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem
contravenção como o crime, substancialmente, são fatos penalmente protegido.
típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis. A doutrina moderna dá preferência ao exame do re-
Ou seja, possuem a mesma estrutura. sultado jurídico . Este constitui elemento implícito de todo
fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção
de tipicidade material.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos-
TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE,
prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em
PUNIBILIDADE determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua
análise seria malferir o princípio da legalidade.

Ilicitude
Tipicidade
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum-
A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o
primento de um dever jurídico imposto por normas de di-
fato delituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na
reito público, sujeitando o agente a uma pena.
lei penal. É preciso que todos os elementos presentes no
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
tipo se reproduzam na situação de fato
entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
Assim, o Fato Típico é denominado como o comporta-
mento humano que se molda perfeitamente aos elementos até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
constantes do modelo previsto na lei penal. tipo penal, é antijurídico.
A primeira característica do crime é ser um fato típico, Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que re-
descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
vida que corresponde exatamente a um modelo de fato criminosa (fato típico).
contido numa norma penal incriminadora, a um tipo. Art. 23 - Exclusão da ilicitude
Para que o operador do Direito possa chegar à con- Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
clusão de que determinado acontecimento da vida é um I - em estado de necessidade;
fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, de- II - em legítima defesa;
compô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de cício regular de direito.
adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta. Excesso punível
Essa relação é a tipicidade. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
Para que determinado fato da vida seja considerado deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos. quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
Os elementos de um fato típico são a conduta humana, primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resulta- que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
do), a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
causal) e, por fim, a tipicidade. Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente
na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor
Conduta e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de
Considera-se conduta a ação ou omissão humana que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipó-
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A condu- teses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de
ta compreende duas formas: o agir e o omitir-se. necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
dever legal ou o exercício regular de direito.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O estado de necessidade e a legítima defesa são con- A extinção da punibilidade é a perda do direito do Es-
ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo tado de punir o agente autor de fato típico e ilícito, ou seja,
destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do é a perda do direito de impor sanção penal. As causas de
dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu- extinção da punibilidade estão espalhadas no ordenamen-
dentes da ilicitude ou da antijuridicidade. to jurídico brasileiro.
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda Dispõe o Código Penal:
que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela. I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou in-
Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor, dulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera
esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena- o fato como criminoso;
mento jurídico. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Um exemplo possível de estrito cumprimento do de- V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
ver legal pode restar configurado no crime de homicídio, aceito, nos crimes de ação privada;
em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta- (...) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei
vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
do marginal. Neste sentido - RT 580/447. Culpabilidade
O exercício regular de um direito, como excludente da Culpabilidade é um elemento integrante do conceito
ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações ju- definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos
rídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do exer- subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpa-
cício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não bilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é
poderá ser considerada antijurídica, já que está de acordo penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (intenção),
com o direito. ou pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia,
nos casos em que a lei prever como puníveis tais modalidades
Um exemplo de exercício regular de um direito, como
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega-
Causas de exclusão da culpabilidade
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório,
O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa
lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
para si (RT - 461/341).
sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
típico e antijurídico.
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de- esse entendimento.
ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo - doença mental, desenvolvimento mental incompleto
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res- ou retardado (art. 26);
tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a - desenvolvimento mental incompleto por presunção
regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. legal, do menor de 18 anos (art. 27);
- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
Punibilidade ou força maior (art. 28, § 1º).
A punibilidade é uma das condições para o exercício b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a ilicitude:
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal - erro de proibição (art. 21).
(pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito. c) inexigibilidade de conduta diversa:
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As- - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
sim, é punível a conduta que pode receber pena. - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).

A Extinção de punibilidade é a impossibilidade de punir


o autor de um crime.
ERRO DE TIPO; ERRO DE PROIBIÇÃO
Punibilidade é a possibilidade subjetiva do Estado pu-
nir o autor de um Crime. Não se deve confundir Punibilida-
de, que é uma situação ou característica que produz efeito
posterior ao crime consumado e reconhecido, característi- Erro
ca que impede que o autor seja punido; com a Culpabilida- O erro pode ser tanto falsa representação da realidade,
de, que é um pressuposto de Autoria (direito penal), pres- como falso ou equivocado conhecimento de um determi-
suposto sem a qual, mesmo já estando efetivado o crime, nado objeto. Vale dizer que este difere da ignorância, uma
não se reconhece a sua autoria pois o agente não possui vez que é a falta de representação da realidade ou total
culpa, não pode ser responsabilizado por seus atos. desconhecimento do objeto – sendo um estado negativo,

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

enquanto o erro é um estado positivo. Entretanto, apesar Existem três espécies de erro de proibição:
de didática e teoricamente diferentes, a legislação penal a) Erro de proibição direto (art. 21): ocorre quando o
brasileira trata de forma idêntica tanto erro como ignorân- erro do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma
cia, com as mesmas consequências. norma penal, não acreditando o agente que face o con-
teúdo, significado ou amplitude da norma, realiza uma
Erro de Tipo conduta proibida. O sujeito não sabe que a conduta que
O erro é considerado o falso entendimento da reali- praticou era típica. O erro recai sobre a própria tipicida-
dade, a concepção errônea do que acontece, seja quanto de da ação ou omissão praticada. No momento em que
à pessoa ou quanto ao objeto, podendo recair sobre cir- agiu, ele desconhecia o caráter típico, isto é, a proibição
cunstâncias ou elementares. No erro de tipo, a pessoa acha em si. É muito improvável que surja, na prática jurídica, o
que não está cometendo um crime não por julgar seu ato reconhecimento desta espécie de erro de proibição (dire-
permitido, mas por compreender mal o que se passa. Logo, to), em algum crime previsto no Código Penal, visto que ao
ele sempre afastará o dolo, já que não estão presentes os Código foram reservados os crimes mais cotidianos, cujo
elementos constitutivos do dolo “vontade” e “consciência”. desvalor são ensinados no dia a dia da sociedade. Exemplo
Logo, se ausente o dolo, o fato é atípico, não sendo passí- de erro de proibição seria o do estrangeiro que tenta sair
vel de punição, salvo se prevista a conduta como crime cul- do Brasil portando vinte mil dólares em uma pochete, sem
poso. O agente poderá ou não responder pela modalidade regular declaração. Trata-se de crime contra o SFN (evasão
culposa, de acordo com os seguintes casos. de divisas) no Brasil. Porém, no país dele pode não ser, seja
porque o valor era baixo, seja porque não há proibição de
Erro de proibição deixar o país levando dinheiro. Assim, nenhum erro houve
Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21 na situação fática, ele sabia exatamente o que estava fazen-
do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que do, mas não conhecia a proibição jurídica interna.
acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na b) Erro de proibição indireto ou erro de permissão ou
verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe excesso exculpante (art. 21): aqui há uma suposição equi-
o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade. vocada da existência de uma causa de justificação, ou seja,
Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a de exclusão da ilicitude, que o ordenamento não prevê ou
consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um que até prevê, mas em limites mais restritos do que o que
juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade, era imaginado pelo agente. Não se confunde com descri-
que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos minante putativa, pois nesta o agente realiza o ato em face
e costumes, da escolaridade, da tradição, família etc. de um fato. Naquele, ele vai além dos poderes da exclu-
dente por má avaliação da norma, errando quanto à ilicitu-
Erro de proibição não se confunde com erro de tipo. de, e não quanto à tipicidade.
O erro de tipo ocorre quanto a alguma circunstância É exemplo de erro de proibição o agente que está
fática. Os erros de proibição estão ligados ao direito, ao co- sendo roubado e, no exercício da legítima defesa, reage e
nhecimento ou não da realidade do que pratica o agente, espanca o roubador até a beira da morte, por acreditar que
determinado por algum engano justificável que recai sobre está agindo legitimamente, amparado pelo direito. Outro
o juízo pessoal de licitude ou ilicitude do fato. O agente exemplo seria de um professor de uma tradicional cidade
atua conscientemente, sem errar sobre as circunstâncias interiorana que, supondo estar no exercício regular de di-
fáticas que o cercam, apesar de as avaliar mal, de supor ter, reito, usa moderadamente palmatória para disciplinar seus
perante o caso, um direito que na verdade inexiste. alunos.
Cezar Roberto Bitencourt leciona que o erro de proi- c) Erro mandamental (art. 21): é o erro que recai sobre
bição “é o que incide sobre a ilicitude de um comporta- mandamentos contidos nos crimes omissivos, sejam eles
mento. O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. próprios ou impróprios. Ocorre, v.g., quando uma pessoa
O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a vê outra se afogando, mas não faz nada por acreditar que
ilicitude, isto é, a contrariedade do fato em relação à lei.” não estava obrigada a tal (erro sobre a condição de garan-
O agente não pensa errado avaliando o direito apli- te); ou quando o médico deixa de atender paciente em seu
cável à espécie, mas erra na avaliação do desvalor de sua intervalo por achar que não tem o dever jurídico para tal.
conduta, desvalor esse advindo das instâncias formais de O erro de proibição excluirá a pena se for inevitável ou
controle social. Ele entende bem o fato que pratica, mas o escusável. Esse é aquele em que o agente não tinha como
pratica com a tranquila consciência de que atua desprovido conhecer a ilicitude do fato, em face do caso concreto. No
de ilicitude material. entanto, se for evitável ou inescusável, aquele em que o
Erro de proibição é hipótese que exclui a culpabilidade agente desconheça o fato ilícito, embora tinha condições
do agente, por interferir diretamente no elemento da cul- de saber que contrariava o ordenamento jurídico, poderá
pabilidade “potencial consciência da ilicitude”. Porém, essa diminuí-la de um sexto a um terço (art. 21) (Isso porque a
exclusão somente ocorrerá se o erro for invencível ou escu- culpabilidade do agente será menor).
sável. Se vencível (ou culposo), ou seja, se o agente tivesse
agido com um pouco mais de cuidado, será uma causa de
diminuição de pena.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se


IMPUTABILIDADE PENAL o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo
prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, também, CONCURSO DE PESSOAS
definir a imputabilidade como a capacidade do agente en-
tender o caráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

È portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo en- Concurso de Pessoas


tre a ação e seu agente, imputando a alguém a realização O concurso de pessoas é o cometimento da infração
de um determinado ato. penal por mais de um pessoa. Tal cooperação da prática da
Quando existe algum agravo à saúde mental, os indi- conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, par-
víduos podem ser considerados inimputáveis – se não ti- ticipação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre
verem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso
autocontrole, são isentos de pena. de pessoas, vejamos:
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discer-
nimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre
prejudicados por doença ou transtorno mental. para a prática da infração penal, mas cada um praticando
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resulta-
Dispõe o Código Penal: do. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os
agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adota-
(...) da pelo Código Penal.
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL b) teoria pluralista: quando houver mais de um agen-
te, praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda
Inimputáveis que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar- ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante,
dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem,
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento
nar-se de acordo com esse entendimento. ocorre na corrupção ativa e passiva.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde men- mais de um agente, com diversidades de conduta, provo-
tal ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado cando-se um resultado, deve-se separar os coautores e par-
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato tícipes, sendo que cada “grupo” responderá por um delito.
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Autoria e participação
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora am-
Menores de dezoito anos bos dentro da teoria objetiva:
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal- a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabeleci- é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo pe-
das na legislação especial. nal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas
no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (en-
Emoção e paixão tendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP,
I - a emoção ou a paixão; enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo
a fugir, responderá apenas pela colaboração.
Embriaguez b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“au-
substância de efeitos análogos.
tor executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem reali-
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
zar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
executa são coautores.
acordo com esse entendimento.

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - hipóteses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado
teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento
seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario do dever legal ou o exercício regular de direito.
também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reser-
va) responderá apenas pela participação, pois não praticou O estado de necessidade e a legítima defesa são con-
a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo
porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do
e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último, dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu-
quando, por exemplo, for o mentor do crime. dentes da ilicitude ou da antijuridicidade.

Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, “quem, A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, des- que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
sa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de
verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a par- acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela.
ticipação for de menor importância, a pena pode ser dimi- Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor,
nuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena-
do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes mento jurídico.
quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na Um exemplo possível de estrito cumprimento do de-
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. ver legal pode restar configurado no crime de homicídio,
29, § 2º, do CP). em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta-
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
não houver antijuridicidade, não há o que se falar em puni- do marginal. Neste sentido - RT 580/447.
ção ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.
O exercício regular de um direito, como excludente da
ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações jurídi-
Ilicitude
cas, posto que, se a conduta do autor decorre do exercício
regular de um direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum-
considerada antijurídica, já que está de acordo com o direito.
primento de um dever jurídico imposto por normas de di-
reito público, sujeitando o agente a uma pena.
Um exemplo de exercício regular de um direito, como
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega-
entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório,
até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa
tipo penal, é antijurídico. para si (RT - 461/341).
Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que re- A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
criminosa (fato típico). autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
Art. 23 - Exclusão da ilicitude para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de-
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo
I - em estado de necessidade; excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res-
II - em legítima defesa; tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
cício regular de direito.
Excesso punível Culpabilidade
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses Culpabilidade é um elemento integrante do conceito
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos
subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpabi-
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal lidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é pe-
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa nalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (intenção), ou
primeira compreensão, isso também basta para se afirmar pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia, nos
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de casos em que a lei prever como puníveis tais modalidades
uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
Causas de exclusão da culpabilidade
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consisten- O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
te na relação de contrariedade entre a conduta típica do lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
autor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, des- sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
de de que, no caso concreto, estejam presentes uma das típico e antijurídico.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca- No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-


ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
esse entendimento. profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura
ou retardado (art. 26); diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
- desenvolvimento mental incompleto por presunção prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é
legal, do menor de 18 anos (art. 27); aumentada de um terço se o crime é praticado contra pes-
- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito soa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.
ou força maior (art. 28, § 1º). Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências
b) inexistência da possibilidade de conhecimento da da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
ilicitude: que torne desnecessária a sanção penal.
- erro de proibição (art. 21). Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al-
c) inexigibilidade de conduta diversa: guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça.
- coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte); Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar,
- obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte). ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio
resultar lesão corporal de natureza grave.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por
CRIMES CONTRA A PESSOA qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime
não se pune a tentativa.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado
Crimes. puerperal, isto é, logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom-
Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti-
HOMICÍDIO mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato,
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento
um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato come- da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
tido ou omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano. Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio Aborto provocado com o consentimento da gestante
não possui características de qualificação, privilégio ou ate- – Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for
da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa. menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental,
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude,
– É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do grave ameaça ou violência.
privilégio, sempre que o agente comete o crime impelido por Forma qualificada - As penas são aumentadas de um
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em-
de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima, pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal
podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço. de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun- causas, lhe sobrevém a morte.
do – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguin- por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges-
tes condições: mediante paga ou promessa de recompen- tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
sa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com em- cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
prego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro de seu representante legal.
meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo
comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimula- Lesões corporais
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a oculta- Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
ção, a impunidade ou a vantagem de outro crime. saúde de outra pessoa.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência, Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa-
negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re- rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu-
sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
o resultado poderia ter sido evitado. debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou
aceleração de parto.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - FURTO


parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza- O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155
ção do membro, sentido ou função; deformidade perma- do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair,
nente; ou aborto. para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão,
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”.
Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re- O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes
sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
preterintencional). si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im- ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físi-
pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou co ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento da
ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus- coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo.
ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso res-
sexto a um terço. saltar uma divergência na doutrina: entende-se que é pro-
tegida diretamente a posse e indiretamente a propriedade
Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re- ou, em sentido contrário, que a incriminação no caso de
sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta- furto, visa essencial ou principalmente a tutela da proprie-
do era previsível. dade e não da posse. É inegável que o dispositivo protege
não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi-
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra reta além da própria detenção1.
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva- afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer
lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita- que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre
ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a
o mero detentor ou possuidor da coisa.
três anos.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do cri-
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO me, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
ou da propriedade.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
ou proprietário.
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, O crime de furto pode ser praticado também através
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio. de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o caso contrário é de apossamento direto.
poderio econômico, a universalidade de direitos que te- Impera uma única controvérsia, tendo em vista o de-
nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se em senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada
geral, o patrimônio como universalidade de direitos. Vale di- com o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou
zer como uma unidade abstrata, distinta, diferente dos ele- crime de estelionato.
mentos que a compõem isoladamente considerados. O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito em direito penal representa qualquer substância corpórea,
privado, há uma noção econômica de patrimônio e, segun- seja ela material ou materializável, ainda que não tangí-
do a qual, ele consiste num complexo de bens, através dos vel, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os
quais o homem satisfaz suas necessidades. corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2.
O homem não pode ser objeto material de furto, con-
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Bra-
e por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos sileiro, ou subtração de incapazes artigo 249.
já tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com au-
tonomia e de um modo peculiar. Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, va-
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Códi- lor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo
go Penal Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já a
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi-
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisó-
noção econômica, um noção de valor material econômico rio, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto,
do bem. não ficará caracterizado o crime.

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Furto é crime material, não existindo sem que haja para que o proprietário exerça o poder de disposição sobre
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi”
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa ra- dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
zão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346 Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do
(Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro) furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa do que há furto comum se a coisa é abandonada em local
sua que está em poder legitimo de outro3. distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de
vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que exi-
O crime de furto é cometido através do dolo que é a gem que a devolução da coisa, além de ser feita no mesmo
vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele- lugar da subtração seja feita em condições de restituição
mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo da coisa em sua integridade e aparência interna e externa,
específico”, que no crime de furto está representado pela assim como era no momento da subtração.
idéia de finalidade do agente, contida da expressão “para
si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, objetivo Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e
de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança, por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub-
capricho, liberalidade. traída6.

O consentimento da vítima na subtração elide o crime, FURTO NOTURNO


já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
penal. “apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno”7.
O delito de furto também pode ser praticado entre: É furto agravado ou qualificado o praticado durante
cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a
entre irmãos. razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
submetido o bem jurídico diante da precariedade de vigi-
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação lância por parte de seu titular.
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
penal, mas isenta de pena, como elemento de preservação que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e
da vida familiar. a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
que se configure a agravante do repouso noturno.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
Para se definir o momento da consumação, existem
é variável, dependendo do local e dos costumes.
duas posições:
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
1) atinge a consumação no momento em que o objeto
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito
sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ain-
lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma
da que não obtenha a posse tranqüila4;
não haveria, mesmo durante a época o momento do não
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser
breve tempo. 5 tão precária quanto este momento de repouso.
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o
comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo tempo em que a cidade ou local repousa, o que não impor-
de dano, material e instantâneo. ta necessariamente seja a casa habitada ou estejam seus
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi- moradores dormido. Podem até estar ausente, ou desabi-
póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é tado o lugar do furto”.
condicionada à representação. A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agra-
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado vante especial do furto a circunstância de ser o crime prati-
cado durante o período do sossego noturno8, seja ou não
FURTO DE USO habitada a casa, estejam ou não seus moradores dormindo,
cabe a majoração se o delito ocorreu naquele período.
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Có- Furto em garagem de residência, também há duas po-
digo Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de sições, uma em que incide a qualificadora, da qual o Pro-
uso e não o furto comum, é necessário que a coisa seja fessor Damásio é partidário, e outra na qual não incide a
restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou deten- qualificadora.
tor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar,

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a


vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na sub-
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo tração do objeto material. O furto mediante fraude distin-
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a gue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada para
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar so- que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao
mente a pena de multa”. contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é a
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento.
causa especial: É ainda qualificadora a penetração no local do furto
- O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo
o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão necessário o emprego de meio artificial, é no caso de esca-
de outro crime condenação anterior transitada em julgado. lada, que não se relaciona necessariamente com a ação de
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa galgar ou subir. Também deve ser comprovada por meio
subtraída. de perícia, assim como o rompimento de obstáculo.
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
dois requisitos já citados, que o agente não revele persona- Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
existência de probabilidade, de voltar a delinquir. chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída,
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de- que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen-
te a multa. Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade en- batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias.
tre energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da víti-
econômico à coisa móvel, também a caracterizando ma, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelo-
como crime10. pe, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delega-
cia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele
A jurisprudência considera essa modalidade de furto dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O agente será
como crime permanente, pois o agente pratica uma só responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a
ação, que se prolonga no tempo. ausência do objeto material do delito faz do evento um
crime impossível.
FURTO QUALIFICADO O último é a qualificadora da destreza, que se dá quan-
do a subtração se dá dissimuladamente com especial habi-
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º lidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego de
do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é co- violência, em situação em que a vítima, embora consciente
minada pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclu- e alerta, não percebe que está tendo os bens furtados. O
são de 2 à 8 anos seguida de multa”. arrebatamento violento ou inopinado não a configura.

São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
se o crime é cometido com destruição ou rompimento Constitui chave falsa qualquer instrumento ou enge-
de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da nho de que se sirva o agente para abrir fechadura e que te-
destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade nha ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo,
ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da
imóvel a apreensão e subtração da coisa. chave ou desse instrumento é indispensável para a carac-
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer terização da qualificadora
momento da execução do crime e não apenas para apreen-
são da coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada A Quarta e última hipótese é quando ocorre median-
pericialmente, nem mesmo a confissão do acusado supre a te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
falta da perícia11 . nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculo-
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso sidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja in- No caso de furto cometido por quadrilha, res-
gressado na esfera do conhecimento dos participantes. ponde por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com Brasileiro seguido de furto simples, ficando excluída a
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des- qualificadora13,
treza. Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica a outra como agravante comum.
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se
serve de algum artifício para fazer a subtração12.

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

FURTO DE COISA COMUM sa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a
(dois) anos, ou multa”. impunidade do crime.
A razão da incriminação é de que o agente subtraia A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im-
coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo
caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as re- impróprio.
lações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados. A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio-
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-pro- lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração,
prietário, co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- não se consumando esta, tem se entendido que o agente
sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em con-
transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29 curso com o crime de lesões corporais.
do Código Penal Brasileiro. Consuma-se no momento em que o agente retira o
Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprie- objeto material da esfera de disponibilidade da vítima,
tário, co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o mesmo que não haja a posse tranqüila.
terceiro possuidor legítimo da coisa. Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos
si ou para outrem”. alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou duas correntes:
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto. Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto
ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins-
ROUBO tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
A ação penal é pública, porém depende de represen-
tação da parte ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi- Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasilei-
leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, ra primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclu-
de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) são de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”.
anos, e multa”. É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingi- não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
do também a integridade física ou psíquica da vítima. positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Ha-
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade verá no caso roubo simples seguido de lesões corporais de
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a natureza grave em concurso formal.
vida do sujeito passivo. A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
O Roubo também é um delito comum, podendo ser um terceiro.
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse-
o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª
passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de parte (TACrim SP, julgados 72:214).
propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó- ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta
de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibi- qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
lidade de resistência do sujeito passivo.14
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra- O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
para outrem, é que se dá a subtração. morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem violência para roubar e que dela resulte a morte para que
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na se tenha caracterizado o delito.
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coi-

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

É indiferente porém, que a violência tenha sido exerci- Consumação


da para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for-
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída18 . mal ou material. Para os que o consideram formal, a con-
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa sumação ocorre independentemente do resultado. Basta
diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Ha- ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo
verá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos. irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva sub- indevida.
tração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte O comportamento da vítima nesse caso é fundamen-
da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da
singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida, conduta do sujeito passivo para a consumação do crime,
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para
multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90. ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu
Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de me- patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP.
tade quando a vítima se encontra nas condições do artigo Da outra parte, se entendido como crime material, a
224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”. consumação se dará com obtenção de indevida vantagem
econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime
EXTORSÃO de extorsão é material consumando-se com a efetiva ob-
O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo- tenção indevida vantagem econômica.
mento e no local em que ocorre o constrangimento para
que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº Tentativa
96 do Superior Tribunal de Justiça. Admite-se quer considerando o crime formal ou mate-
rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou violência ou grave ameaça, não realiza a condita por cir-
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para cunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia.
se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
até metade.
(inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to-
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
o disposto no § 3º do artigo anterior. das as suas modalidades, havendo privação da liberdade da
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo, resul-
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a tante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a extorsão
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão exige finalidade de obter vantagem econômica indevida).
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no Se o sequestro for para obtenção de qualquer van-
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das
11.923, de 2009) próprias razões em concurso material com o sequestro ou
cárcere privado.
É um crime comum, formal ou material, de forma livre, Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô-
doloso, de dano, complexo e admite tentativa. mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo,
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão patrimônio.
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea ex- Não influi na caracterização do crime o fato de a ví-
plicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de condição ou preço do resgate.
coisa móvel ou imóvel).
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for Sujeito passivo
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica,
vantagem for devida. que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para
que seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito
Tipo subjetivo passivo de acordo com a pessoa que terá o patrimônio le-
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituí- sado.
do pela vontade livre e consciente de constranger alguém Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife-
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o se- rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá
gundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas.
expressão “com intuito de”.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Consumação e tentativa DELAÇÃO PREMIADA


Ocorre a consumação quando o agente pratica a O benefício somente se aplica quando o crime for co-
conduta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for-
sequestro privando a vítima da liberdade por tempo ju- necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso-
ridicamente relevante, ainda que não aufira a vantagem lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena
qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o resgate. se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo
Logo, o crime é formal. 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, dele-
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta
de consumação antecipada, opera-se com a simples priva- facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que,
ção da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juri- se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo haven-
dicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha do delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
sido conduzido ao local de destino, o crime está consuma-
do” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. Não se confunde com a confissão espontânea, pois
6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). nesta o agente garante confessa sua participação no crime,
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução sem incriminar outrem.
do crime requer um iter criminis desdobrado em vários
atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela EXTORSÃO INDIRETA
em que os agentes são flagrados logo após colocarem a Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade abusando da situação de alguém, documento que pode
por tempo juridicamente relevante. dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con-
tra terceiro:
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometi- Classificação doutrinária
do por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma-
a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver
terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada,
em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e inte-
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente
gridade física.
(receber) e admite tentativa.
A conduta recai sobre o documento que pode dar cau-
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
sa a um procedimento criminal contra o devedor, como a
entende-se como a reunião permanente de mais de três
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para confissão de um crime, a falsificação de um título de crédi-
cometer o sequestro to, uma duplicata fria etc.
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar)
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a
CORPORAL GRAVE. procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio
pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de ime- documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
diato a diferença deste delito com o de roubo qualificado público ou particular, se preste a instauração de inquérito
pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do
resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que ví- procedimento criminal, basta que o documento em poder
tima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
roubo em concurso material com homicídio e não latrocí-
nio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me- Consumação
diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre
grave ou morte”, pouco importando para qualificar o delito com a simples exigência do documento pelo extorcionário.
que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento
maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.
agente.
Tentativa
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA Na modalidade exigir, entendemos não ser possível
Entendemos que os institutos possuem objetividades sua configuração, embora uma parcela da doutrina a ad-
jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante mita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes
sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas
e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, con- não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber,
substanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter crimi-
nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso nis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade
material de infrações. do agente.

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego


de arma;
TÍTULO II II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
CAPÍTULO I res e o agente conhece tal circunstância.
DO FURTO IV - se a subtração for de veículo automotor que venha
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
Furto V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
gindo sua liberdade.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é prejuízo da multa.
praticado durante o repouso noturno. Extorsão
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou-
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
somente a pena de multa. faça ou deixar de fazer alguma coisa:
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
qualquer outra que tenha valor econômico. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
Furto qualificado até metade.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violên-
se o crime é cometido: cia o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072,
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
tração da coisa;
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
calada ou destreza;
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
III - com emprego de chave falsa;
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
11.923, de 2009)
subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Extorsão mediante sequestro
Lei nº 9.426, de 1996) Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
Furto de coisa comum preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
coisa comum: de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 1º - Somente se procede mediante representação. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungí- § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
vel, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
CAPÍTULO II § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
DO ROUBO E DA EXTORSÃO Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor-
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou rente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossi- do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois ter-
bilidade de resistência: ços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de Extorsão indireta
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou gra- Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
ve ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a abusando da situação de alguém, documento que pode
detenção da coisa para si ou para terceiro. dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con-
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: tra terceiro:

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico

CAPÍTULO III Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba-


DA USURPAÇÃO da pela autoridade competente em virtude de valor artísti-
co, arqueológico ou histórico:
Alteração de limites Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Alteração de local especialmente protegido
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe-
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Ação penal
Usurpação de águas Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa-
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou- rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
trem, águas alheias;
CAPÍTULO V
Esbulho possessório DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou Apropriação indébita
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
pena a esta cominada. tem a posse ou a detenção:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
de violência, somente se procede mediante queixa.
Aumento de pena
Supressão ou alteração de marca em animais § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
agente recebeu a coisa:
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado I - em depósito necessário;
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

CAPÍTULO IV Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei


DO DANO nº 9.983, de 2000)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
Dano contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Dano qualificado (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Se o crime é cometido: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - com emprego de substância inflamável ou explosi- I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
va, se o fato não constitui crime mais grave portância destinada à previdência social que tenha sido
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade ros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983,
de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de de 2000)
3.11.1967) II – recolher contribuições devidas à previdência social
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável que tenham integrado despesas contábeis ou custos relati-
para a vítima: vos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
além da pena correspondente à violência. pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
Introdução ou abandono de animais em propriedade empresa pela previdência social.
alheia § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que buições, importâncias ou valores e presta as informações
o fato resulte prejuízo: devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. regulamento, antes do início da ação fiscal.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Fraude na entrega de coisa


aplicar somente a de multa se o agente for primário e de IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
bons antecedentes, desde que: coisa que deve entregar a alguém;
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an- Fraude para recebimento de indenização ou valor de
tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição seguro
social previdenciária, inclusive acessórios; ou V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ- consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver
dência social, administrativamente, como sendo o mínimo indenização ou valor de seguro;
para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Fraude no pagamento por meio de cheque
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
força da natureza em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: é cometido em detrimento de entidade de direito público
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. ou de instituto de economia popular, assistência social ou
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: beneficência.
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, Estelionato contra idoso
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie- § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi-
tário do prédio; do contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

Apropriação de coisa achada Duplicata simulada


II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe- qualidade, ou ao serviço prestado.
tente, dentro no prazo de quinze dias. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle
-se o disposto no art. 155, § 2º. que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Regis-
tro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
Estelionato necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alie-
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem nação ou debilidade mental de outrem, induzindo qual-
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém quer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
fraudulento: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
nhentos mil réis a dez contos de réis. Induzimento à especulação
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental
no art. 155, § 2º. de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou de-
vendo saber que a operação é ruinosa:
Disposição de coisa alheia como própria Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
em garantia coisa alheia como própria; Fraude no comércio
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia o adquirente ou consumidor:
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga- falsificada ou deteriorada;
mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas II - entregando uma mercadoria por outra:
circunstâncias; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qua-
Defraudação de penhor lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
tem a posse do objeto empenhado; metal de ou outra qualidade:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Fraude à execução


§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
Outras fraudes destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. CAPÍTULO VII
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- DA RECEPTAÇÃO
presentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, dei-
xar de aplicar a pena. Receptação

Fraudes e abusos na fundação ou administração de Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
sociedade por ações ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à adquira, receba ou oculte:
assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da socieda- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
de, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Receptação qualificada.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul-
fato não constitui crime contra a economia popular. tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
crime contra a economia popular: próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação fal- § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
sa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua nature-
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros tí- za ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
tulos da sociedade; condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assem- ambas as penas.
bléia geral; § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primá-
a lei o permite; rio, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré- deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o
dito social, aceita em penhor ou em caução ações da pró- disposto no § 2º do art. 155.
pria sociedade; § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em da União, Estado, Município, empresa concessionária de
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena
lucros ou dividendos fictícios; prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação CAPÍTULO VIII
de conta ou parecer; DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangei- Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos men- crimes previstos neste título, em prejuízo:
cionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vanta- legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
gem para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera-
ções de assembleia geral. Art. 182 - Somente se procede mediante representa-
ção, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
“warrant” II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou war- III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
rant, em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
anteriores: Art. 327. Considera-se funcionário público, para os
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
II - ao estranho que participa do crime. § 1º Equipara-se a funcionário público quem exer-
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra-
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quandoos
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
PÚBLICA pantes de cargos em comissão ou de função de direção
ou assessoramento de órgão da administração direta, so-
ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos Contudo, ao considerar o que seja funcionário público
crimes funcionais, praticados por determinado grupo de para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito
pessoas no exercício de sua função, associado ou não com unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Admi-
pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o nistrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
correto funcionamento dos órgãos do Estado. Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun-
A Administração Pública deste modo, em geral dire- cionário público não apenas o servidor legalmente investi-
ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços do em cargo público, mas também o que servidor publico
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária efetivo ou temporário.
e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo
passivo eventual administrado prejudicado. Tipos penais Contra Administração Pública
O agente, representante de um poder estatal, tem por
função principal cumprir regularmente seus deveres, con- O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato
fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te- desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato median-
nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for- te erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrup-
ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo ção passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com
quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da praticados por agentes públicos.
soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri-
gatoriamente, pela lei penal. Peculato

Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica
2003, condicionou a progressão de regime prisional nos do peculato é a probidade da administração pública. É um
crimes contra a Administração Pública à prévia reparação crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcioná-
do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito rio público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos
praticado, com os acréscimos legais. o particular. Admite-se a participação.

A lei em comento não impede a progressão aos crimes Peculato Apropriação


funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di-
conquiste o referido benefício. nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que
o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu car-
Crimes Funcionais go. Consumação: Se dá no momento da apropriação, em
que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada.
Espécies Admite-se a tentativa.
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
próprios e impróprios. Peculato Desvio
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de fun-
cionário público ao autor, o fato passa a ser tratado como O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui
um tipo penal descrito. o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e
publico, desaparece também o crime funcional, desclassifican- admite-se a tentativa.
do a conduta para outro delito, de natureza diversa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Peculato Furto Prevaricação

Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad-
não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná-
da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou
pública que tem a chave de todas as salas da escola, apro- deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com
veita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que não o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do
estava sob sua posse, tem-se o peculato furto. agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.

Peculato Culposo Os crimes contra a Administração Pública é demasia-


damente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di- cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em
retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas,
subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que para apenas satisfazer o egoísmo e egocentrismo desses
o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa. agentes corruptos.
Peculato mediante Erro de Outrem Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi-
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade admi- ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passi- extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e
vo: Estado e o particular lesado. A modalidade de peculato valorizar os servidores.
mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde
a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma
multa a um determinado contribuinte e esse contribuinte
paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro. ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 4.898/65)
Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse di-
nheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o
favorecimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua
consumação se dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Regula o Direito de Representação e o processo de
Admite-se a tentativa. Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos
Concussão de abuso de autoridade.

Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo Art. 1º O direito de representação e o processo de res-
servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurí- ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as auto-
dico é a probidade da administração pública. Sujeito ativo: ridades que, no exercício de suas funções, cometerem
Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo abusos, são regulados pela presente lei.
é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de Objeto da lei: direito de representação e processo de
crime formal pois consuma-se com a exigência, se houver responsabilidade contra autoridades que cometam abusos
entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima não ao exercer suas funções.
responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir
dessa maneira. Art. 2º O direito de representação será exercido por
meio de petição:
Excesso de Exação a) dirigida à autoridade superior que tiver competência
legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe respectiva sanção;
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
públicos, porém o funcionário se apropria do valor. competência para iniciar processo-crime contra a autorida-
de culpada.
Corrupção Passiva Parágrafo único. A representação será feita em duas
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi- de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a quali-
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o ficação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo
Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, de três, se as houver.
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada. Direito de representação consiste na prerrogativa de
apresentar denúncias administrativas contra pessoa deter-
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au- minada, no caso, contra autoridade que tenha cometido
menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de pra- abuso.
ticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de O instrumento para seu exercício é a petição, em duas
privilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pes- vias, com os seguintes elementos formais:
soa. Só se consuma pela prática do ato do servidor público.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

- Exposição do fato que caracterizou o abuso e suas g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
circunstâncias; exercício do voto;
- Qualificação do acusado; Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
- Rol de até 3 testemunhas. gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
A petição será dirigida à autoridade superior daquela para todos, e, nos termos da lei, mediante: [...]
que cometeu o abuso denunciado (pode ser um delegado
ou outra autoridade policial, no caso de abuso cometido h) ao direito de reunião;
por policial; ou o juiz, no caso de abuso cometido por ser- Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
ventuário; ou ainda a corregedoria de justiça, no caso de te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
abuso cometido por juiz; etc...) ou ao órgão do Ministé- temente de autorização, desde que não frustrem outra re-
rio Público competente para a investigação. Nota-se que, união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
diferente das infrações comuns, não se representa pura e apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
simplesmente direto em delegacia – o motivo é que a auto-
ridade que cometeu o abuso, muitas vezes, poderá ser um i) à incolumidade física do indivíduo;
policial ou o próprio delegado. Art. 5o, caput, CF – Garante o direito à vida – Abrange
A garantia do direito à representação não significa que incolumidade física.
a ação penal seja condicionada à representação. Todos Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública a tratamento desumano ou degradante.
incondicionada. O objetivo do direito de representação é
meramente informativo do ocorrido. j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
cício profissional.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
atentado: balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos profissionais que a lei estabelecer.
fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve-
nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus po- Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
deres. Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos
fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve-
a) à liberdade de locomoção; nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus po-
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território deres, em teor especificamente voltado às práticas de abu-
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos so de autoridade de detenção ilegal e excesso nos poderes
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus de captura e detenção.
bens.
a) ordenar ou executar medida privativa da liberda-
b) à inviolabilidade do domicílio; de individual, sem as formalidades legais ou com abuso
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, de poder;
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo- Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
c) ao sigilo da correspondência; lei.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspon-
dência e das comunicações telegráficas, de dados e das b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
fins de investigação criminal ou instrução processual penal. à integridade física e moral.

d) à liberdade de consciência e de crença; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-


e) ao livre exercício do culto religioso; petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên- Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
aos locais de culto e a suas liturgias. indicada.

f) à liberdade de associação; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão


Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- Assim, o particular jamais pode agir sozinho cometendo
ponha a prestar fiança, permitida em lei; abuso de autoridade, precisa estar em concurso com fun-
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou cionário público.
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, A autoridade será qualquer pessoa que exerça cargo,
com ou sem fiança. emprego ou função pública, civil ou militar, de forma per-
manente ou transitória, de forma gratuita ou remunerada.
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade poli-
cial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou- Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
tra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em sanção administrativa civil e penal.
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade po- com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
licial recibo de importância recebida a título de carce- a) advertência;
ragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra des- b) repreensão;
pesa; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
Custas, emolumentos e outras despesas – Somente cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos
podem ser cobradas nos casos previstos em lei e, carac- e vantagens;
terizando-se um destes casos, o carcereiro ou o agente de d) destituição de função;
autoridade policial têm o dever de receber as importâncias e) demissão;
devidas. f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pes- do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
soa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou quinhentos a dez mil cruzeiros.
desvio de poder ou sem competência legal; § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
de seus bens sem o devido processo legal. a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
pena ou de medida de segurança, deixando de expedir qualquer outra função pública por prazo até três anos.
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente or- § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
dem de liberdade. ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
Caracterizando-se excesso de prazo de prisão tempo- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
rária, pena ou medida de seguraná, a pessoa deve ser li- toridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
bertada. poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- não poder o acusado exercer funções de natureza poli-
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de cial ou militar no município da culpa, por prazo de um a
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- cinco anos.
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em Sanção administrativa
lei. - Advertência – verbal.
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou - Repreensão – escrita.
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, - Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
com ou sem fiança. cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
vantagens – o agente não exercerá o cargo por um período
O uso de algemas em contrariedade à súmula vincu- determinado, sem receber remuneração.
lante no 11 do STF caracteriza abuso de autoridade: “Só é - Destituição de função – o agente será destituído de
lícito o uso de algemas em casos de resistência e de funda- função de confiança ou cargo em comissão.
do receio de fuga ou de perigo à integridade física própria - Demissão – o servidor será desvinculado dos quadros
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a da Administração.
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilida- - Demissão, a bem do serviço público – o servidor será
de disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e desvinculado dos quadros da Administração.
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, Sanção civil
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. Indenização – danos morais + danos materiais. Como o
valor está desatualizado, em cruzeiros, o juiz arbitrará caso
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta a caso.
lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de Sanção penal
natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e - Multa – o juiz utilizará os critérios do Código Penal
sem remuneração. para fixar o valor;
O sujeito ativo de todos os crimes descritos nesta lei é - Detenção, de 10 dias a 6 meses;
pessoa que exerça posição de autoridade, embora seja ad- - Perda do cargo e inabilitação ao exercício de função
missível coautoria e participação de terceiros particulares. por até 3 anos.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Podem ser aplicadas as três penas ou apenas uma de- a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca-
las isoladamente. tegoricamente, reconhecida a inexistência material do
Se a autoridade que cometeu o abuso for policial, será fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concor-
possível aplicar a pena de proibição do exercício de fun- reu para a infração penal”.
ções policiais no município em que o ato foi praticado, por Entendem Fuller, Junqueira e Machado1: “a absolvição
1 a 5 anos. dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao
Art. 7º Recebida a representação em que for solicitada CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi-
a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil
militar competente determinará a instauração de inquéri- de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência
to para apurar o fato. do direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cog-
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas nição e convicção próprios da seara civil (na esfera penal,
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, a decisão de condenação somente pode ser lastreada em
civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo. juízo de certeza, tendo em vista o princípio constitucional
§ 2º Não existindo no município no Estado ou na le- do estado de inocência)”.
gislação militar normas reguladoras do inquérito adminis- A responsabilidade civil e a penal são passíveis de apu-
trativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos ração perante a justiça. No caso, em regra, a competên-
arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 cia será da justiça estadual, salvo se forem afetados bens,
(Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União). serviços ou interesses da União ou de suas autarquias e
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobres- fundações públicas (art. 109, CF).
tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal Em se tratando de funcionário público federal – civil ou
ou civil. militar que pratique o abuso contra civil – a competência é
Exercido o direito de representação, instaura-se in- da justiça federal para a apuração penal. (súmula 172, STJ).
quérito no âmbito administrativo para apurar o fato. Não
havendo regra específica sobre o inquérito administrativo, Art. 10. (Vetado).
aplica-se a legislação federal, no caso, o Estatuto dos Ser-
vidores Públicos Civis Federais – Lei no 8.112/1990 e a Lei Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
do Processo Administrativo – Lei no 9.784/1999. O proces- digo de Processo Civil.
so administrativo corre independente dos processos cível Sendo a ação civil, aplicam-se as normas processuais
e penal, justamente devido à independência das esferas. civis, que são regidas pelo CPC.

Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha fun- Art. 12. A ação penal será iniciada, independente-
cional da autoridade civil ou militar. mente de inquérito policial ou justificação por denúncia
A sanção aplicada será anotada na ficha funcional. do Ministério Público, instruída com a representação da
vítima do abuso.
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à
autoridade administrativa ou independentemente dela, po- Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a repre-
derá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa- sentação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e
bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado
Destaca-se aqui a independência entre as esferas pe- constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua
nal, civil e administrativa, sendo cabível a punição da au- citação, e, bem assim, a designação de audiência de ins-
toridade que cometeu o abuso nas três esferas, cumulati- trução e julgamento.
vamente. Se as responsabilidades se cumularem, também § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada
as sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais res- em duas vias.
ponsabilidades são independentes, ou seja, não dependem
uma da outra. Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autorida-
Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão de houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais a) promover a comprovação da existência de tais vestí-
sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de gios, por meio de duas testemunhas qualificadas;
autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
exclusão da responsabilidade civil e administrativa. audiência de instrução e julgamento, a designação de um
A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada perito para fazer as verificações necessárias.
prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto, § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen-
julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe- julgamento.
sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 1 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Di-
regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art. niz; MACHADO, Angela C. Cangiano. Processo Penal. 9. ed. São Paulo:
66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, Revista dos Tribunais, 2010. (Coleção Elementos do Direito)

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a represen- Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e
tação poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu ad-
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de vogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para fun-
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- cionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o peri-
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro to, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e
arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a cri-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a tério do Juiz.
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi- Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva mente a sentença.
e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto- Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
mar a ação como parte principal. livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resu-
mo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa,
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo os requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo
ou rejeitando a denúncia. Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
instrução e julgamento, que deverá ser realizada, impror-
rogavelmente, dentro de cinco dias. Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
gamento final e para comparecer à audiência de ins- fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-los, sempre moti-
trução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, vadamente, até o dobro.
será acompanhado da segunda via da representação e da
denúncia. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa pode- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
rão ser apresentadas em juízo, independentemente de inti- Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
mação. caberão os recursos e apelações previstas no Código de Pro-
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre- cesso Penal.
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen- Procedimento penal
sáveis tais providências. - Denúncia do MP, em 48hs do recebimento de repre-
sentação que efetivamente relate abuso de autoridade, em
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro duas vias, instruída com representação da vítima;
dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au- Obs.: O MP pode pedir arquivamento, cabendo ao Juiz
diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o homologar ou então remeter ao Procurador-Geral de Jus-
perito, o representante do Ministério Público ou o advogado tiça para que ofereça denúncia ou designe quem o faça ou
que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do então para que insista no arquivamento.
réu. Obs.: Desrespeitado o prazo de 48hs, cabe ação priva-
Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali- da subsidiária da pública. O MP poderá neste caso aditar a
zar-se se ausente o Juiz. queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e inter-
vir nos autos.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada - Apuração de vestígios, por testemunhas ou perito, se
o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão existentes, conforme indicação na representação;
retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de - Recebida a denúncia, o juiz em 48hs decidirá, rece-
audiência. bendo ou rejeitando. Se receber, já designará a audiência
de instrução e julgamento para os próximos 5 dias;
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú- - Citação do réu para comparecer à audiência;
blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á - Na audiência, as testemunhas podem ser apresenta-
em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede das independente de intimação e, salvo se indispensável,
do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar. não caberá oitiva por carta precatória;

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

- Audiência: declarada aberta e apregoada; podendo determinar quais são estas drogas abrangidas pela Lei no
as partes se retirarem se o juiz atrasar por mais de 30 mi- 11.343/2006. Basicamente, significa que uma norma diver-
nutos; será pública; em dia útil e horário das 10hs às 18hs; sa que estabelecerá as substâncias abrangidas pela lei de
o primeiro ato é a qualificação e o interrogatório do réu; drogas – se a substância não estiver listada, então não é
possível a nomeação de defensor dativo; segue-se com abrangida pela lei e o fato é atípico, mesmo que a substân-
oitiva de testemunhas e peritos e memoriais – ouve-se a cia cause dependência (ex.: álcool).
acusação, ouve-se a defesa, 15 minutos cada, prorrogáveis
por mais 10 – e encerra-se com a sentença imediatamente Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional,
proferida pelo juiz; o escrivão lavrará termo, subscrito pelos as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a
presentes; exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser
- Possível flexibilização de prazos; extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese
- Aplica-se a Lei no 9.099/1995; de autorização legal ou regulamentar, bem como o que
- Aplicação subsidiária do CPP. estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência uso estritamente ritualístico-religioso.
e 77º da República. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS (LEI respeitadas as ressalvas supramencionadas.
11.343/2006) A ressalva da norma quanto às autorizações legais e re-
gulamentares é relevante porque muitos dos vegetais que
podem ser empregados para a produção de drogas igual-
mente podem servir de matéria-prima para a elaboração
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. de remédios ou serem usados em experimentos científicos.
Caberá ao Ministério da Saúde autorizar e fiscalizar o em-
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre prego destas substâncias de forma lícita.
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso O artigo 32, 4 da Convenção de Viena prevê: “O Esta-
indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- do em cujo território cresçam plantas silvestres que con-
dentes de drogas; estabelece normas para repressão à pro- tenham substâncias psicotrópicas dentre as incluídas na
dução não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define Lista I, e que são tradicionalmente utilizadas por pequenos
crimes e dá outras providências. grupos, nitidamente caracterizados, em rituais mágicos ou
religiosos, poderão, no momento da assinatura, ratificação
TÍTULO I ou adesão, formular reservas, em relação a tais plantas,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES com respeito às disposições do art. 7º, exceto quanto às
disposições relativas ao comércio internacional”. Um exem-
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas plo que pode ser dado de ritual religioso é o da seita Santo
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para Daime, cujo uso do chá de ayahuasca é incorporado aos
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de ritos corriqueiros em suas celebrações (o CONAD, órgão do
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para SISNAD, autorizou o uso da substância, que tem proprie-
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de dades alucinógenas, pela Resolução nº 04, de 04.11.2004).
drogas e define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se TÍTULO II
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
causar dependência, assim especificados em lei ou re-
SOBRE DROGAS
lacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
A lei tem três escopos: cria o SISNAD, fixa medidas de
organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
prevenção e de reinserção social e estabelece normas de
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a rein-
repressão.
serção social de usuários e dependentes de drogas;
Se a Lei é de Drogas, a pergunta que se faz é: o que são
II - a repressão da produção não autorizada e do
drogas? No linguajar técnico, drogas são substâncias en-
torpecentes ou que causam dependência física ou psíquica. tráfico ilícito de drogas.
Substância = Matéria-prima (ex.: folha de coca). O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
Produto = substância manipulada pelo homem (ex.: – SISNAD veio para substituir o Sistema Nacional Antidro-
cocaína). gas. O aspecto punitivo associado ao preventivo fica evi-
O parágrafo único traz uma norma penal em branco, dente na previsão de competências do SISNAD.
prevendo que a lei ou listas atualizadas do Executivo fede- Basicamente, compete ao SISNAD a prescrição de me-
ral (portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998) irão didas para a prevenção do uso indevido de drogas, tra-
tamento e reinserção social dos usuários e dependentes,

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

além do estabelecimento de normas e mecanismos para III - promover a integração entre as políticas de pre-
o combate ao narcotráfico. Também é de sua atribuição a venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
proposta de criação de normas penais incriminadoras ao usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua pro-
Poder Legislativo. dução não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públi-
cas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União,
CAPÍTULO I Distrito Federal, Estados e Municípios;
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISTEMA IV - assegurar as condições para a coordenação, a in-
NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS tegração e a articulação das atividades de que trata o art.
3o desta Lei.
Art. 4o São princípios do Sisnad:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa CAPÍTULO II
humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO DO SISTE-
liberdade; MA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DRO-
II - o respeito à diversidade e às especificidades po- GAS
pulacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de ci- Art. 6o (VETADO)
dadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores
de proteção para o uso indevido de drogas e outros compor- Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação
tamentos correlacionados; central e a execução descentralizada das atividades
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital,
participação social, para o estabelecimento dos funda- estadual e municipal e se constitui matéria definida no regu-
mentos e estratégias do Sisnad; lamento desta Lei.
V - a promoção da responsabilidade compartilhada O SISNAD é o órgão responsável pela orientação cen-
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da tral e execução descentralizada de suas políticas no âmbito
Federal, Estadual e Municipal.
participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fa-
Art. 8o (VETADO)
tores correlacionados com o uso indevido de drogas, com
a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; (não é
CAPÍTULO III
apenas um fator que leva alguém a usar ou traficar drogas,
(VETADO)
mas uma série de fatores conjugados)
VII - a integração das estratégias nacionais e inter-
Art. 9o a 14. (VETADO)
nacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinser-
ção social de usuários e dependentes de drogas e de repres- O fundamento para tantos vetos consiste no fato de
são à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; que o Poder Executivo entendeu que o Poder Legislativo
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Pú- havia excedido suas atribuições ao regulamentar o SISNAD.
blico e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à Afinal, quando o legislador normatiza a criação de um ór-
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; gão no âmbito do Poder Executivo, deve se limitar a regras
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que re- gerais, como princípios e atribuições, preservando o poder
conheça a interdependência e a natureza complementar de auto-organização do Executivo. Neste sentido, suprindo
das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e os dispositivos vetados, o Poder Executivo Federal instituiu
reinserção social de usuários e dependentes de drogas, re- o Decreto nº 5.912/2006, que regulamentou o SISNAD e os
pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito órgãos que o compõem.
de drogas;
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de CAPÍTULO IV
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFOR-
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua MAÇÕES SOBRE DROGAS
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
garantir a estabilidade e o bem-estar social; Art. 15. (VETADO)
XI - a observância às orientações e normas emanadas
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad. Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da aten-
ção à saúde e da assistência social que atendam usuários
Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visan- competente do respectivo sistema municipal de saúde
do a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a
de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e identidade das pessoas, conforme orientações emanadas da
outros comportamentos correlacionados; União.
II - promover a construção e a socialização do conhe-
cimento sobre drogas no país;

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão XI - a implantação de projetos pedagógicos de pre-
ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informa- venção do uso indevido de drogas, nas instituições de en-
ções do Poder Executivo. sino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares
Será adotado um mecanismo de integração de dados, Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
mas cada município manterá suas próprias estatísticas a XII - a observância das orientações e normas emana-
partir das informações das instituições de saúde e assis- das do Conad;
tência social. XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
social de políticas setoriais específicas.
TÍTULO III Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVI- indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
DO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas
DEPENDENTES DE DROGAS pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adoles-
CAPÍTULO I cente - Conanda.
DA PREVENÇÃO
O combate às drogas não se faz apenas com a punição,
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso pois há necessidade da prevenção, sendo que a prevenção
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcio- depende de políticas públicas que a almejem, o que fica
nadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e claro no artigo 18. O artigo seguinte descreve as diretrizes
risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores e os princípios de prevenção, que vão desde o tratamento
de proteção. adequado dos dependentes até a inserção de temas afe-
tos à área de interesse nos currículos escolares, conferindo
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de atenção às repercussões sociais e econômicas no âmbito
drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: do tema das drogas.
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
fator de interferência na qualidade de vida do indiví- CAPÍTULO II
duo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta- SOCIAL DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
ção científica como forma de orientar as ações dos serviços
públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário
e estigmatização das pessoas e dos serviços que as aten- e dependente de drogas e respectivos familiares, para
dam; efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualida-
III - o fortalecimento da autonomia e da responsa- de de vida e à redução dos riscos e dos danos associados
bilidade individual em relação ao uso indevido de drogas; ao uso de drogas.
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
colaboração mútua com as instituições do setor privado Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do
e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares,
dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua inte-
estabelecimento de parcerias; gração ou reintegração em redes sociais.
V - a adoção de estratégias preventivas diferencia-
das e adequadas às especificidades socioculturais das Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção
diversas populações, bem como das diferentes drogas uti- social do usuário e do dependente de drogas e respectivos
lizadas; familiares devem observar os seguintes princípios e dire-
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retarda- trizes:
mento do uso” e da redução de riscos como resultados I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando independentemente de quaisquer condições, observados os
da definição dos objetivos a serem alcançados; direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e di-
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais retrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de
vulneráveis da população, levando em consideração as Assistência Social;
suas necessidades específicas; II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção
VIII - a articulação entre os serviços e organizações e reinserção social do usuário e do dependente de dro-
que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de gas e respectivos familiares que considerem as suas peculia-
drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de dro- ridades socioculturais;
gas e respectivos familiares; III - definição de projeto terapêutico individualizado,
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e
artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclu- de danos sociais e à saúde;
são social e de melhoria da qualidade de vida; IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
X - o estabelecimento de políticas de formação con- respectivos familiares, sempre que possível, de forma multi-
tinuada na área da prevenção do uso indevido de drogas disciplinar e por equipes multiprofissionais;
para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

V - observância das orientações e normas emanadas Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
do Conad; saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de con- sideradas (secundário).
trole social de políticas setoriais específicas. Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
por qualquer pessoa.
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Sujeito passivo: coletividade.
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão Objeto material: droga.
programas de atenção ao usuário e ao dependente de Tipo objetivo: adquirir significa obter ou conseguir o
drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e objeto material de forma onerosa ou gratuita; guardar tem
os princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a o sentido de conservar ou manter o objeto material consigo
previsão orçamentária adequada. para uso próprio futuro, mas longe das vistas; ter em depó-
sito é praticamente sinônimo de guardar; transportar tem
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- o sentido de levar a droga de um local para outro que não
nicípios poderão conceder benefícios às instituições pri- seja por meio pessoal, que caracteriza a conduta de trazer
vadas que desenvolverem programas de reinserção no consigo; trazer consigo significa portar, ter ou manter o ob-
mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas jeto material consigo ou ao alcance para seu pronto uso.
encaminhados por órgão oficial. A conduta de fazer uso da droga, pura e simplesmente, é
fato atípico. O tipo objetivo é misto ou de conteúdo varia-
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins do, o que significa que na prática de mais de uma conduta
lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da simultânea o crime é único. Admite-se a tentativa em todos
assistência social, que atendam usuários ou dependentes de os verbos, teoricamente, mas devido à diversidade de con-
drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados dutas previstas no tipo raramente ocorrerá.
à sua disponibilidade orçamentária e financeira. Elemento subjetivo: dolo, que deve atender ao intuito
específico de consumo pessoal.
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em Elemento normativo: sem autorização ou em desacor-
razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo do com determinação legal ou regulamentar.
pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de Ação penal: pública incondicionada.
segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua
saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
A lei pretende inserir nas atividades de atenção não III - medida educativa de comparecimento a progra-
apenas os usuários, mas também os familiares, integran- ma ou curso educativo.
do-os em redes sociais que ofertem assistência integral à O artigo 27 já afirma que as penas podem ser aplicadas
saúde física e psicológica, mediante atendimento multidis- de forma isolada ou cumulativa e não o serão necessaria-
ciplinar. Evidentemente que estas políticas públicas exigem mente nesta ordem dos incisos (o juiz analisará a culpabi-
recursos orçamentários, que devem contar com dotação lidade caso a caso).
própria. Além disso, serão prestadas tanto pelo setor públi- Advertência: o sujeito comparece em cartório e assina
co quanto por instituições privadas em parceria. um termo em que constam os efeitos deletérios que o uso
da droga pode causar.
CAPÍTULO III Pena restritiva de direitos: deverá ser cumprida em
DOS CRIMES E DAS PENAS programas comunitários, entidades educacionais ou assis-
tenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferen-
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como cialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação
substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Pú- de usuários e dependentes de drogas. A intenção é que o
blico e o defensor. usuário perceba os efeitos danosos que as drogas podem
Os crimes descritos neste capítulo, que não são os pra- causar.
ticados por traficantes, mas sim por usuários, não possuem Medida educativa de comparecimento a programa ou
uma pena taxativa aplicável. O artigo 28 descreve três tipos curso educativo: aqui também a intenção é que o usuário
de penas, nenhuma delas privativa de liberdade, as quais perceba os efeitos danosos das drogas, sob o viés educa-
poderão ser aplicadas cumulativamente. tivo.
Em que pese a não mais aplicação de pena privativa de
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, liberdade, o entendimento majoritário é de que legislador
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, optou por manter a criminalização das condutas. Há quem
drogas sem autorização ou em desacordo com determi- diga que como o artigo 1o da Lei de Introdução ao Código
nação legal ou regulamentar será submetido às seguintes Penal prevê que crime é a infração penal a que a lei comi-
penas: ne pena de reclusão ou detenção, não sendo o caso deste
O crime é de perigo abstrato e coletivo, não se exigin- artigo 28, então não se estaria diante de crime. O enten-
do a produção de dano. dimento não predomina (STF e STJ já se manifestaram no

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sentido de que não houve descriminalização, embora no blicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, prefe-
STF o tema ainda esteja sendo debatido), sendo mais cor- rencialmente, da prevenção do consumo ou da recupe-
reto falar em despenalização e não em descriminalização. ração de usuários e dependentes de drogas.
Atenção: O debate sobre a descriminalização de pe- § 6o Para garantia do cumprimento das medidas edu-
quenas quantidades de entorpecentes é feito no STF no cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
Recurso Extraordinário 635.659, que tem repercussão geral injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
reconhecida. Até o momento foram proferidos três votos metê-lo, sucessivamente a:
nesse caso – suspenso por pedido de vista do ministro I - admoestação verbal;
Teori Zavascki (morto em janeiro de 2017) –, todos pela II - multa.
inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei Se o não comparecimento deve ser injustificado, é pre-
11.343/2006), que criminaliza o porte de drogas para con- ciso conferir oportunidade para que o apenado justifique
sumo pessoal. Luís Roberto Barroso e Edson Fachin enten- sua ausência.
deram que a descriminalização apenas atingiria a maconha
e Gilmar Mendes que atingiria todas drogas. § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamen-
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas des- to especializado.
tinadas à preparação de pequena quantidade de subs- O infrator tem direito a tratamento médico gratuito
tância ou produto capaz de causar dependência física ou para livrá-lo do vício ou do uso de drogas.
psíquica.
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- refere o inciso II do § 6o do art. 28 (multa), o juiz, atenden-
sideradas (secundário). do à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-
Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado -multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta)
por qualquer pessoa. nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um,
Sujeito passivo: coletividade.
segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um
Objeto material: plantas.
trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário
Tipo objetivo: semear é o ato de lançar sementes a
mínimo.
terra para que possam germinar, cultivar significa manter
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
plantação, colher tem o sentido de apanhar as plantas.
da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à
Sendo tipo misto alternativo ou de conteúdo variado, a
conta do Fundo Nacional Antidrogas.
prática simultânea das três condutas no mesmo contexto
A multa apenas será aplicada se o apenado se recu-
caracteriza crime único. É cabível a tentativa.
Elemento subjetivo: dolo, que deve atender ao intuito sar a prestar os serviços à comunidade ou a comparecer
específico de consumo pessoal. a curso ou programa educativo. No caso, será de 40 a 100
Ação penal: pública incondicionada. dias-multa, sendo que cada dia-multa terá o valor mínimo
de 1/30 do salário mínimo e o valor máximo de 3x o salário
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consu- mínimo.
mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e
se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, a execução das penas, observado, no tocante à interrup-
bem como à conduta e aos antecedentes do agente. ção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código
Não se trata de circunstâncias taxativas, mas exemplifi- Penal.
cativas. Outras poderão ser somadas para que o juiz possa
decidir sobre qual o crime praticado. TÍTULO IV
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) CAPÍTULO I
meses. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos in-
cisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo Art. 31. É indispensável a licença prévia da autorida-
máximo de 10 (dez) meses. de competente para produzir, extrair, fabricar, transformar,
Se a conduta é crime, evidente que pode gerar rein- preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
cidência, caso em que dobra o prazo máximo de duração reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, com-
da pena. Tal reincidência deve ser específica, nas mesmas prar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou
condutas descritas neste artigo 28. matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as
demais exigências legais.
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cum- Embora a regra seja a proibição, excepciona-se me-
prida em programas comunitários, entidades educacionais diante licença prévia da autoridade competente, obser-
ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, pú- vadas as exigências legais. Trata-se de exceção necessária

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

porque muitas drogas são empregadas pela indústria far- Objeto material: droga.
macêutica para a produção de remédios, dentre eles anes- Tipo objetivo: importar significa fazer entrar em terri-
tésicos e potentes analgésicos. tório nacional; exportar significa fazer sair do território na-
cional; remeter significa mandar ou enviar de um local para
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente outro; preparar é misturar substâncias para fazer surgir a
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. espécie de droga; produzir é elaborar uma nova espécie
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame peri- de droga; fabricar significa preparar ou produzir em lar-
cial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições ga escala; adquirir implica em obter ou conseguir o obje-
encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as to material de forma onerosa ou gratuita; vender é alienar
medidas necessárias para a preservação da prova. onerosamente; expor a venda é exibir com o intuito de que
§ 1o e § 2o (Revogados). possa ser comprado; oferecer é sugerir a aquisição, mesmo
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir por gestos ou palavras; ter em depósito é a retenção ou
a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias manutenção do objeto material para sua disponibilidade,
à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no ou seja, para a venda ou fornecimento; transportar significa
2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a levar de um lugar ao outro; ter ou manter o objeto material
autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacio- consigo ou ao seu alcance para sua pronta disponibilidade;
nal do Meio Ambiente - Sisnama. guardar é reter consigo em nome de terceiro; prescrever
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas se- é receitar; ministrar é introduzir no organismo de outrem;
rão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Cons- entregar a consumo é a regra genérica que vale para toda
tituição Federal, de acordo com a legislação em vigor. conduta de disponibilizar; fornecer significa entregar, de
A destruição das plantações ilícitas deve ser imediata, forma onerosa ou gratuita. O tipo descreve múltiplas con-
apenas armazenando-se o suficiente para perícia, essen- dutas e a prática de mais de uma delas no mesmo contexto
cial para a demonstração de culpabilidade nos autos. Se a implica em crime único. Por isso mesmo, é difícil ocorrer a
destruição for se dar por queimada, providências de pre- tentativa, embora teoricamente seja viável.
servação ambiental devem ser tomadas, mas dispensa-se Atenção - Muitas das condutas aqui previstas também
autorização do órgão competente do Sisnama. As terras constam do artigo 28, o que diferencia é o dolo específico
serão desapropriadas (art. 243, CF). daquele tipo, pois no tipo de tráfico de drogas a intenção
não é o consumo pessoal.
CAPÍTULO II Elemento subjetivo: dolo.
DOS CRIMES Elemento normativo: sem autorização ou em desacor-
do com determinação legal ou regulamentar.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, pro- Ação penal: pública incondicionada.
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
desacordo com determinação legal ou regulamentar: transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamen-
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga- te, sem autorização ou em desacordo com determinação le-
mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias- gal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto
-multa. químico destinado à preparação de drogas;
Tipicamente, trata-se do delito de tráfico de drogas. Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
Os tipos dos artigos art. 33, § 1º, 34 e 36 são equiparados saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
a este, sendo subespécies de tráfico de drogas. Tanto este sideradas (secundário).
quanto os apontados como equiparados são considerados Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
crimes equiparados a hediondos (art. 2o, Lei no 8.072/1990). por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: coletividade.
Crime de perigo abstrato e coletivo. Tipo objetivo: Os tipos objetivos descritos se asseme-
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a lham ao do caput, sendo relevante observar que o tráfico
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- ocorre mesmo quando o objeto material não é a droga. Da
sideradas (secundário). mesma forma, em tese, cabe tentativa.
Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado Objeto material: não é a droga, mas uma matéria-pri-
por qualquer pessoa, exceto na conduta de prescrever, que ma (substância original e básica), insumo (substância ou
somente pode ser praticada por médico ou dentista (crime insumo necessário, mas não indispensável) ou produto
próprio). químico (produto resultante de composição química), que
Sujeito passivo: coletividade. Eventualmente, poderá sejam destinados ou possam vir a ser empregados em pro-
ser sujeito passivo secundário a criança, o adolescente ou a dução de drogas.
pessoa que tem suprimida a capacidade de entendimento Elemento subjetivo: dolo, com o fim específico de que
ou de autodeterminação (art. 40, VI), que recebam a droga a matéria-prima, o insumo ou o produto sejam destinados
para usá-la. à produção de droga.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Elemento normativo: sem autorização ou em desacor- Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
do com determinação legal ou regulamentar. por qualquer pessoa.
Ação penal: pública incondicionada. Sujeito passivo: coletividade. Eventualmente, poderá
ser sujeito passivo secundário a criança, o adolescente ou a
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização pessoa que tem suprimida a capacidade de entendimento
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, ou de autodeterminação (art. 40, VI), que recebam a droga
de plantas que se constituam em matéria-prima para a para usá-la.
preparação de drogas; Objeto material: droga.
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a Tipo objetivo: induzir é incutir ou criar na mente a von-
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- tade do uso indevido de droga; instigar é alimentar uma
sideradas (secundário). ideia pré-existente de tal uso; auxiliar é prestar colaboração
Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado material (ex.: levar a pessoa na boca de fumo). Em tese cabe
por qualquer pessoa. tentativa, quando nas condutas de induzir ou instigar não
Sujeito passivo: coletividade. se produz no outro a vontade de usar a droga. Não há ten-
Tipo objetivo: Semear é o ato de lançar sementes na tativa na modalidade de auxílio.
terra para que possam germinar. Cultivar significa manter Segundo o STF, a tipificação deve excluir qualquer sig-
plantação. Fazer a colheita tem o sentido de apanhar as nificado que enseje a proibição de manifestações e deba-
plantas. Em tese, cabe tentativa. Sendo praticada mais de tes públicos acerca da descriminalização ou legalização do
uma conduta no mesmo contexto, o crime é único. uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser
Objeto material: plantas (ex.: folha de coca, cannabis). humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado,
Elemento subjetivo: dolo. das suas faculdades psicofísicas – “Marcha da Maconha”
Ação penal: pública incondicionada. (ADI 4274, Rel. Min. Ayres Britto, v. u., j. 23.11.2011).
Elemento subjetivo: dolo.
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de Elemento normativo: o uso deve ser indevido, se a lei
que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vi- apoiar o uso então o fato é atípico.
gilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda Ação penal: pública incondicionada.
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo
de drogas. de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a consumirem:
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e paga-
sideradas (secundário). mento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
Sujeito ativo: O crime é próprio, pois exige a condi- -multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
ção especial de possuir propriedade, posse, administração, Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
guarda ou vigilância do local ou do bem. saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
Sujeito passivo: coletividade. sideradas (secundário).
Tipo objetivo: Na utilização do local (coisa imóvel) ou Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
bem (coisa móvel), o próprio sujeito ativo utiliza o local por qualquer pessoa, mas exige-se que a pessoa seja do
ou bem para o tráfico de drogas (como a utilização efetiva mesmo círculo de relacionamento (ex.: amigo, parente, na-
pode ou não ocorrer, admite tentativa). No consentimento morado, colega de trabalho).
para a utilização do local ou bem, não é o sujeito ativo Sujeito passivo: coletividade. Eventualmente, poderá
que emprega o local ou bem para o tráfico de drogas, mas ser sujeito passivo secundário a criança, o adolescente ou a
terceiro por ele autorizado, o qual poderá responder por pessoa que tem suprimida a capacidade de entendimento
tráfico de drogas (noutro tipo do art. 33) (como o consenti- ou de autodeterminação (art. 40, VI), que recebam a droga
mento é ato unissubsistente, não se admite tentativa). para usá-la.
Elemento subjetivo: dolo, específico pois exige-se a es- Objeto material: droga.
pecial finalidade de emprego do local ou bem para o trá- Tipo objetivo: oferecer significa sugerir a aquisição,
fico de drogas. que deve ser gratuita, entendendo-se que a conduta de
Elemento normativo: sem autorização ou em desacor- fornecer gratuitamente a pessoa de seu círculo está aqui
do com determinação legal ou regulamentar. amparada. Cabe tentativa, mas não é preciso que se aceite
Ação penal: pública incondicionada. a droga ofertada ou fornecida.
Elemento subjetivo: dolo, sendo que o propósito deve
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso in- ser de uso eventual e compartilhado com pessoa de seu
devido de droga: relacionamento.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de Ação penal: pública incondicionada.
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste arti-
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- go, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
sideradas (secundário). terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,

30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
não se dedique às atividades criminosas nem integre saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
organização criminosa. sideradas (secundário).
Fixa-se aqui uma causa de diminuição de pena. Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
A Resolução nº 5/2012 suspendeu o dispositivo no que por qualquer pessoa, mas exige no mínimo duas pessoas
tange à vedação à aplicação de penas restritivas de direitos (crime plurissubjetivo).
porque a expressão foi declarada inconstitucional por de- Sujeito passivo: coletividade.
cisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Tipo objetivo: O verbo “associarem-se” significa a re-
Habeas Corpus nº 97.256/RS. união com vínculo estável e permanente (tempo indetermi-
nado), no caso, de duas ou mais pessoas. A associação não
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, precisa ser reiterada, ou seja, habitual. Há necessidade de
vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar vínculo psicológico para a prática dos delitos por tempo in-
determinado. O tipo é autônomo e aplica-se de forma cumu-
ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, apare-
lada com o tráfico se ele também ocorrer ou isoladamente.
lho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri-
Elemento subjetivo: dolo, com a finalidade especial de
cação, preparação, produção ou transformação de dro-
praticar os crimes descritos nos artigos 33, caput, § 1º, ou
gas, sem autorização ou em desacordo com determinação
34, por tempo indeterminado.
legal ou regulamentar: Ação penal: pública incondicionada.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a artigo incorre quem se associa para a prática reiterada
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- do crime definido no art. 36 desta Lei.
sideradas (secundário). Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
por qualquer pessoa. sideradas (secundário).
Sujeito passivo: coletividade. Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
Tipo objetivo: Os tipos objetivos descritos se asseme- por qualquer pessoa, mas exige no mínimo duas pessoas
lham bastante aos do caput do art. 33, mudando o objeto (crime plurissubjetivo).
material. Da mesma forma, em tese, cabe tentativa (sal- Sujeito passivo: coletividade.
vo na oferta quando verbal e no fornecimento habitual), Tipo objetivo: Consiste em associarem-se para a prática
mas sendo tipo misto de conteúdo variado ela dificilmente reiterada do crime de financiamento ou custeio para o trá-
ocorrerá. fico de drogas (art. 36). Enquanto o caput define a conduta
Objeto material: maquinários, aparelhos, instrumentos de associação para o tráfico de drogas, o tipo em questão
ou quaisquer objetos destinados à fabricação, prepara- criou a associação destinada a financiar ou custear a prática
ção, produção ou transformação de drogas. Maquinário é de um dos crimes descritos nos artigos 33, caput, §1º, ou 34
o conjunto de peças ou uma máquina. Aparelho é o con- (tráfico de drogas). Há necessidade de vínculo psicológico
junto de mecanismos ou engenho. Instrumento é o objeto para a prática do delito do art. 36 por tempo indetermina-
empregado para a execução de um trabalho. Traz-se uma do. Aqui, a associação tem que ser habitual, não eventual.
fórmula genérica de que se incluem quaisquer outros ob- Devido à habitualidade, não há possibilidade de tentativa.
jetos semelhantes aos anteriores. Os objetos devem ser Elemento subjetivo: dolo, com a finalidade especial de
praticar o crime descrito no art. 36 por tempo indeterminado.
destinados à fabricação, produção, preparação ou trans-
Ação penal: pública incondicionada.
formação de drogas. Preparação é a reunião de elementos
para a elaboração de uma droga já conhecida. Produção
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer
significa elaborar uma nova espécie de droga. Fabricação
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
significa a preparação ou produção de droga em larga es- Lei:
cala. Transformação tem o sentido de mudar a natureza da Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga-
droga para outra. mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-
Elemento subjetivo: dolo, que deve abranger o conhe- -multa.
cimento de o objeto material ser destinado à fabricação, Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a
preparação, produção ou transformação de drogas. saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con-
Elemento normativo: sem autorização ou em desacor- sideradas (secundário).
do com determinação legal ou regulamentar. Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
Ação penal: pública incondicionada. por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: coletividade.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o Tipo objetivo: Financiar ou custear são termos sinôni-
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos mos, que significam prover as despesas com dinheiro ou
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: bens. O objeto da conduta é qualquer dos crimes descritos
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento nos artigos 33, caput, § 1º, ou 34, i. e., delitos considerados
de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. como tráfico de drogas.

31
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Elemento subjetivo: dolo. Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o


Ação penal: pública incondicionada. consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumi-
dade de outrem:
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
ganização ou associação destinados à prática de qualquer da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa
Lei: de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento (quatrocentos) dias-multa.
de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplica-
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a das cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro)
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos)
sideradas (secundário). dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado transporte coletivo de passageiros.
por qualquer pessoa. Objeto jurídico: incolumidade pública (segurança pú-
Sujeito passivo: coletividade. blica).
Tipo objetivo: Financiar ou custear Tipo objetivo: a con- Sujeito ativo: O crime é comum e pode ser praticado
duta é de colaborar, como informante, com grupo, organi- por qualquer pessoa.
zação ou associação destinada à prática de qualquer dos Sujeito passivo: coletividade.
crimes previstos nos artigos 33, caput, § 1º, e 34. Colaborar Tipo objetivo: Conduzir tem o sentido de dirigir ou
tem o sentido de ajudar ou prestar auxílio. Ex.: soltar rojão, pilotar (exige movimento). O objeto da conduta é a em-
sinal de luz, mandar mensagem de celular avisando da che- barcação ou a aeronave. Embarcação é qualquer meio de
gada de policiais. A tentativa só é possível se a colabora- transporte utilizado para navegação. Aeronave é qualquer
ção for por escrito, não cabendo em comunicação oral ou aparelho que possa voar. No caso de automóvel, o delito
gestos. Há exceção à teoria monista, pois aquele que seria está tipificado no Código de Trânsito em seu art. 306. O
partícipe nos crimes dos arts. 33, caput e §1o, e 34, respon- tipo objetivo exige que a condução se dê por influência de
de por tipo autônomo. droga, se for de álcool há contravenção penal do art. 34,
Elemento subjetivo: dolo. LCP. Não aceita tentativa.
Ação penal: pública incondicionada. Elemento subjetivo: dolo, direto ou eventual.
Ação penal: pública incondicionada.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são
doses excessivas ou em desacordo com determinação aumentadas de um sexto a dois terços, se:
legal ou regulamentar: I - a natureza, a procedência da substância ou do pro-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pa- duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
gamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. transnacionalidade do delito;
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função
Conselho Federal da categoria profissional a que pertença pública ou no desempenho de missão de educação, po-
o agente. der familiar, guarda ou vigilância;
Objeto jurídico: saúde pública (principal), e a vida, a III - a infração tiver sido cometida nas dependências
saúde e a tranquilidade das pessoas individualmente con- ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensi-
sideradas (secundário). no ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, so-
Objeto material: drogas. ciais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes,
Sujeito ativo: O crime é próprio e somente pode ser de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se reali-
praticado por quem pode prescrever, notadamente, médi- zem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de
co ou dentista. serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
Sujeito passivo: coletividade e, secundariamente, o pa- reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
ciente. em transportes públicos;
Tipo objetivo: Prescrever é receitar, ministrar é introdu- IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
zir no organismo. Sem necessidade – o paciente não pre- ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer proces-
cisava da droga. Doses acima do necessário – o paciente so de intimidação difusa ou coletiva;
necessita, mas em menor quantidade. Em desacordo com V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federa-
determinação legal ou regulamentar – medicamento não ção ou entre estes e o Distrito Federal;
autorizado pela ANVISA. VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
Elemento subjetivo: apenas culpa, por negligência, im- adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi-
prudência ou imperícia. Por ser crime culposo, não admite nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
tentativa. determinação;
Ação penal: pública incondicionada. VII - o agente financiar ou custear a prática do cri-
me.

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

São causas de aumento de pena, aplicáveis aos crimes Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
descritos do art. 33 ao 37, no montante de 1/6 a 2/3 (se 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42
presente mais de uma, aplica-se um único aumento, de no desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo
máximo 2/3), podendo ocorrer fixação de pena abaixo do a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados,
mínimo e acima do máximo: valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5
1 – Transnacionalidade: condutas que objetivem im- (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
portação e exportação. Parágrafo único. As multas, que em caso de concur-
2 – Condição do agente: função pública ou desempe- so de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
nho de missão em educação, poder familiar, guarda ou vi- podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da
gilância. situação econômica do acusado, considerá-las o juiz inefica-
3 – Local: imediações (proximidade) ou no próprio local zes, ainda que aplicadas no máximo.
– estabelecimentos prisionais, de ensino, hospitalares ou Cada dispositivo fixa uma margem mínima e máxima
policiais/militares; espaços de lazer ou recreação; onde se para a fixação de dias-multa, sendo que cada qual terá no
prestem serviços de tratamento de dependentes de drogas mínimo o valor de 1/30 do salário mínimo e no máximo o
ou de reinserção social. valor de 5 salários mínimos. O juiz pode fixar o valor do
4 – Violência, grave ameaça, arma de fogo ou intimida- dia-multa em até 50 salários mínimos se a situação econô-
ção: comum quando o tráfico é exercido por organizações mica do apenado indicar que o valor máximo de 5 salários
criminosas. é insignificante.
5 – Tráfico interestadual: dispensável a efetiva trans-
posição de fronteiras (STF, HC nº 99452/MS, j. 21.09.2010). Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e
6 – Condição do sujeito passivo: criança e adolescen- 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sur-
te (no confronto com o art. 243, ECA, prevalece a Lei de sis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
Drogas, servindo o ECA para bebidas alcóolicas e outras conversão de suas penas em restritivas de direitos.
substâncias que causem dependência não consideradas Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumpri-
drogas), pessoa com capacidade diminuída ou suprimida.
mento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao re-
7 – Financiamento ou custeio: Se houver prática de um
incidente específico.
dos delitos previstos nos artigos 33, 34, 35 e 37 e o agente
No HC nº 104.339/SP o STF julgou inconstitucional a
o prover com dinheiro ou bens, haverá o aumento da pena.
expressão liberdade provisória neste artigo. A negação da
Praticado o crime previsto no artigo 36, não se aplica a cau-
liberdade provisória e a conversão da prisão em flagrante
sa de aumento, pois caracterizaria bis in idem.
em preventiva deve se calcar em motivos concretos expres-
samente previstos em lei. O juiz só pode negar a liberdade
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volun- provisória quando couber prisão preventiva (art. 312, CPP),
tariamente com a investigação policial e o processo crimi- devendo analisar o caso concreto e não sendo a gravidade
nal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do do delito argumento suficiente.
crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, A jurisprudência se firma no sentido de que não cabe
no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a realmente suspensão condicional da pena. Não cabe tam-
dois terços. bém indulto, graça ou anistia.
Delação premiada: A norma estabelece dois requisitos No HC nº 97.256/RS, o STF julgou inconstitucional a
para a redução da pena, notadamente, colaboração volun- previsão de impossibilidade de conversão da pena privati-
tária e eficiência, esta consubstanciada na identificação dos va de liberdade em pena restritiva de direitos.
demais coautores ou partícipes do crime e na recupera-
ção total ou parcial do produto do delito. Para que seja Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
possível essa barganha ao menos um dos integrantes deve dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortui-
ser identificado. Além disso, as provas a ele apresentadas to ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da
devem ser substanciais de modo que haja chance real ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
mesmo a certeza da condenação a severas sanções. Sem inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
isso, não haverá estímulo para o acordo. Produzindo fruto de determinar-se de acordo com esse entendimento.
o acordo, reduz-se a pena de 1/3 a 2/3. Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Pe- deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu
nal, a natureza e a quantidade da substância ou do pro- encaminhamento para tratamento médico adequado.
duto, a personalidade e a conduta social do agente.
Art. 59, CP. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos ante- Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a
cedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art.
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
crime. entendimento.

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O agente é inimputável quando praticar um dos cri- - Porte de drogas (art. 28, caput e §1º);
mes descritos do artigo 33 ao 39 e for inteiramente incapaz - Compartilhamento (art. 33, §3º);
de compreender as consequências dos seus atos, seja em - Prescrição culposa (art. 38).
razão de dependência química (a dependência clama por • Nos crimes do artigo 28, aos quais não se comina
uma constância do vício, não para o uso eventual), seja em pena privativa de liberdade, não é cabível prisão em fla-
razão da pessoa estar sob efeito de droga por caso fortuito grante.
ou força maior (é o caso da vítima do crime do artigo 38). O
agente é imputável, mas terá a pena reduzida, em caso de Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
semi-imputabilidade (o caráter ilícito do fato é compreen- 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
dido e existe o poder de determinação, mas de forma limi- circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos
tada) nas mesmas circunstâncias. protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na
Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em Envolvem-se os mecanismos de proteção de colabora-
avaliação que ateste a necessidade de encaminhamen- dores e testemunhas.
to do agente para tratamento, realizada por profissional
de saúde com competência específica na forma da lei, de- Seção I
terminará que a tal se proceda, observado o disposto no Da Investigação
art. 26 desta Lei.
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade
CAPÍTULO III de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação
DO PROCEDIMENTO PENAL ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado,
do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público,
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por cri- em 24 (vinte e quatro) horas.
mes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capí- § 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla-
tulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do grante e estabelecimento da materialidade do delito, é sufi-
Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. ciente o laudo de constatação da natureza e quantidade
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes pessoa idônea.
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e jul- § 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere
gado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, o § 1o deste artigo não ficará impedido de participar da
de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados elaboração do laudo definitivo.
Especiais Criminais. § 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularida-
Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor de formal do laudo de constatação e determinará a des-
do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competen- truição das drogas apreendidas, guardando-se amostra
te ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele compa- necessária à realização do laudo definitivo.
recer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando- § 4o A destruição das drogas será executada pelo de-
-se as requisições dos exames e perícias necessários. legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências dias na presença do Ministério Público e da autoridade sa-
previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato nitária.
pela autoridade policial, no local em que se encontrar, veda- § 5o O local será vistoriado antes e depois de efetiva-
da a detenção do agente. da a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-
deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo de -se neste a destruição total delas.
delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária
entender conveniente, e em seguida liberado. Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, a ocorrência de prisão em flagrante será feita por inci-
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o neração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à
de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que cou-
na proposta. ber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50.
• Os crimes com pena máxima inferior a 2 anos são
infrações de menor potencial ofensivo e sujeitam-se ao Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo
procedimento sumaríssimo da Lei no 9.099/95 (arts. 77 a de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90
83), no que for cabível devido às peculiaridades das penas (noventa) dias, quando solto.
aplicáveis. Caberá a suspensão condicional do processo Parágrafo único. Os prazos a que se refere este arti-
nos crimes em que a pena mínima comentada for igual ou go podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
inferior a 1 ano. Público, mediante pedido justificado da autoridade de
São infrações de menor potencial ofensivo: polícia judiciária.

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta • No caso de prisão em flagrante, a destruição se
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os au- dará no prazo de 15 dias da determinação do juiz para a
tos do inquérito ao juízo: destruição.
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, • Não havendo flagrante, a destruição se dará em
justificando as razões que a levaram à classificação do de- até 30 dias da data de apreensão.
lito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
do produto apreendido, o local e as condições em que se Prazo para conclusão do inquérito
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, • Réu preso – 30 dias.
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou • Réu solto – 90 dias.
II - requererá sua devolução para a realização de di- • Juiz pode duplicar a pedido justificado da autori-
ligências necessárias. dade judiciária, ouvido o MP.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem pre-
juízo de diligências complementares: Conclusão do inquérito
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, • O inquérito será remetido ao juízo, com o relato
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente sumário dos fatos (circunstâncias do crime e da prisão, jus-
até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamen- tificativas para a classificação do delito, quantidade e na-
to; tureza da substância/produto, local e condições da ação,
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, di- conduta/qualificação/antecedentes do agente) ou um pe-
reitos e valores de que seja titular o agente, ou que figu- dido de devolução dos autos apara realização de audiência.
rem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado • Mesmo após a remessa do inquérito é possível
ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de continuar efetuando diligências necessárias ou úteis para
instrução e julgamento. elucidar fatos e para indicar bens, direitos e valores de titu-
laridade ou propriedade do agente, encaminhando-as ao
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relati- juízo competente até 3 dias antes da audiência de instru-
va aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos ção e julgamento.
previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido
o Ministério Público, os seguintes procedimentos inves- Investigação
tigatórios: • Agente infiltrado e ação controlada: Além das me-
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de didas de investigação tradicionais, é possível a infiltração
investigação, constituída pelos órgãos especializados perti- de agentes e a não-atuação imediata sobre portadores de
nentes; drogas com o fim de persegui-los para a identificação de
II - a não-atuação policial sobre os portadores de um número maior de agentes/colaboradores.
drogas, seus precursores químicos ou outros produtos
utilizados em sua produção, que se encontrem no terri- Seção II
tório brasileiro, com a finalidade de identificar e respon- Da Instrução Criminal
sabilizar maior número de integrantes de operações de
tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial,
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informa-
autorização será concedida desde que sejam conhecidos ção, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo
o itinerário provável e a identificação dos agentes do de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
delito ou de colaboradores. I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligências que entender necessárias;
Flagrante III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
• Prisão em flagrante – Delegado deve comunicar e requerer as demais provas que entender pertinentes.
imediatamente ao juiz, remetendo auto e conferindo vista
ao MP, em 24hs. Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a no-
• Para que o auto da prisão não demore para ser en- tificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
viado, aceita-se que no laudo de constatação se fixe ape- escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
nas a natureza e quantidade da droga, assinado por perito § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
oficial ou, na falta deste, de pessoa idônea. exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
• O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a re- todas as razões de defesa, oferecer documentos e justi-
gularidade formal do laudo de constatação e determinará ficações, especificar as provas que pretende produzir e, até
a destruição. o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
§ 2o As exceções serão processadas em apartado, nos
Destruição termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
• Guarda-se amostra da droga para o futuro laudo outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
definitivo, destruindo-se o restante. § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
• A destruição deve ser executada na presença do nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, con-
MP e da autoridade sanitária. cedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) Defesa prévia


dias. • A defesa prévia é uma especificidade da lei de dro-
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi- gas, permitindo ao acusado se defender antes mesmo do
mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do pre- recebimento da denúncia – por isso será notificado e não
so, realização de diligências, exames e perícias. citado.
• Consiste na apresentação de defesa escrita no
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e prazo de 10 dias pelo acusado, com todas razões de de-
hora para a audiência de instrução e julgamento, orde- fesa, preliminares e exceções, apresentando documentos
nará a citação pessoal do acusado, a intimação do Minis- e justificações.
tério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os • Se necessário, nomeia-se defensor dativo para
laudos periciais. apresentá-la no caso de omissão do acusado.
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração • Apresentada, o juiz decidirá em 5 dias, mas se não
do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o possuir elementos para decidir, poderá pedir no prazo de
juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento 10 dias a apresentação do preso, a realização de diligên-
cautelar do denunciado de suas atividades, se for fun- cias, exames e perícias.
cionário público, comunicando ao órgão respectivo.
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo Providências após o recebimento da denúncia
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao • Se o juiz receber a denúncia, deve motivar sua de-
recebimento da denúncia, salvo se determinada a realiza- cisão.
ção de avaliação para atestar dependência de drogas, • Apesar da lei de drogas não fazer referência à pos-
quando se realizará em 90 (noventa) dias. sibilidade de absolvição sumária, esta pode ser aplicada a
quaisquer processos penais. Logo após o recebimento da
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após denúncia, o juiz deve analisar se é possível a absolvição su-
o interrogatório do acusado e a inquirição das testemu- mária. Não faria sentido determinar-se a citação do acusa-
nhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao represen-
do para comparecer à audiência de instrução e julgamento
tante do Ministério Público e ao defensor do acusado,
se o juiz já está convencido acerca da presença de uma
para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos
das hipóteses que autorizam a absolvição sumária. Caso
para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do
o acusado não seja absolvido sumariamente, o procedi-
juiz.
mento seguirá seu curso normal (designação de audiência
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o
e citação).
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser
• O acusado será citado. A citação deve ser pessoal.
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o
entender pertinente e relevante. Se o acusado não for encontrado, deve ser citado por edi-
tal. No caso do réu revel citado por edital nomeia-se defen-
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença sor dativo e, como não houve ato de comunicação dando
de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que ciência pessoal ao acusado, impõe-se a aplicação do art.
os autos para isso lhe sejam conclusos. 366 do CPP (suspensão do processo e da prescrição).
§ 1o Ao proferir sentença, o juiz, não tendo havido con- • O Ministério Público será intimado, tal como assis-
trovérsia, no curso do processo, sobre a natureza ou quanti- tente, se houver.
dade da substância ou do produto, ou sobre a regularidade • O juiz também requisitará laudos periciais, se o
do respectivo laudo, determinará que se proceda na forma caso.
do art. 32, § 1o, desta Lei, preservando-se, para eventual con- • Nas infrações de tráfico e equiparadas, o juiz pode
traprova, a fração que fixar. afastar das funções o acusado funcionário público.
§ 2o Igual procedimento poderá adotar o juiz, em decisão • O juiz designará audiência de instrução e julga-
motivada e, ouvido o Ministério Público, quando a quanti- mento, no prazo de 30 dias do recebimento da denúncia,
dade ou valor da substância ou do produto o indicar, prece- ou em 90 dias se for preciso avaliação de dependência de
dendo a medida a elaboração e juntada aos autos do laudo drogas.
toxicológico. Obs.: Há controvérsia se na lei de drogas há respos-
ta à acusação. Parte da doutrina entende inaplicável a res-
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, posta à acusação na lei de drogas. Para Renato Brasileiro,
e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem reco- o ideal é entender que não pode haver 2 manifestações da
lher-se à prisão, salvo se for primário e de bons antece- defesa, logo, o acusado deveria apresentar a defesa preli-
dentes, assim reconhecido na sentença condenatória. minar e a resposta à acusação no mesmo momento. Num
primeiro momento, o sujeito pediria a rejeição da peça
Providências iniciais acusatória, num segundo momento, buscaria sua absolvi-
• Recebidos os autos, dar-se-á vistas ao Ministério ção sumária.
Público, no prazo de 10 dias, que poderá: requerer arquiva-
mento, requisitar diligências ou oferecer denúncia. Ordem da oitiva na audiência
• Na denúncia, poderá arrolar até 10 testemunhas e • 1o: Interrogatório do acusado;
requerer outras provas. • 2o: Oitiva das testemunhas.

36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Debates orais pedição de certificado provisório de registro e licenciamento,


• A sustentação oral será de 20 minutos, para cada em favor da instituição à qual tenha deferido o uso, ficando
parte, prorrogáveis, a critério do juiz, por mais 10 minutos. esta livre do pagamento de multas, encargos e tributos an-
teriores, até o trânsito em julgado da decisão que decretar o
Sentença seu perdimento em favor da União.
• Encerrados os debates, o juiz proferirá sentença
de imediato, ou o fará em 10 dias, ordenando que os autos Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e
para isso lhe sejam conclusos. quaisquer outros meios de transporte, os maquinários,
utensílios, instrumentos e objetos de qualquer nature-
Apelação e prisão za, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta
• A lei diz que o réu não poderá apelar sem recolher- Lei, após a sua regular apreensão, ficarão sob custódia
-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, da autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas,
assim reconhecido na sentença condenatória. Contudo, a que serão recolhidas na forma de legislação específica.
súmula 347 do STJ diz que “o conhecimento de recurso § 1o Comprovado o interesse público na utilização de
de apelação do réu independe de sua prisão”. No mesmo qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade
sentido tem decidido o STF. de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua respon-
sabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
CAPÍTULO IV autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO § 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste arti-
DE BENS DO ACUSADO go, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como
ordem de pagamento, a autoridade de polícia judiciária que
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer ao juízo
Público ou mediante representação da autoridade de polí- competente a intimação do Ministério Público.
cia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios § 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário apreen-
ação penal, a apreensão e outras medidas assecurató- dido em moeda nacional, se for o caso, a compensação dos
rias relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores cheques emitidos após a instrução do inquérito, com cópias
consistentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei,
autênticas dos respectivos títulos, e o depósito das corres-
ou que constituam proveito auferido com sua prática, pro-
pondentes quantias em conta judicial, juntando-se aos autos
cedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no
o recibo.
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
§ 4o Após a instauração da competente ação penal, o
§ 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas neste
Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá
artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5
ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à
(cinco) dias, apresente ou requeira a produção de pro-
alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a
vas acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto
da decisão. União, por intermédio da Senad, indicar para serem coloca-
§ 2o Provada a origem lícita do produto, bem ou va- dos sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciária, de
lor, o juiz decidirá pela sua liberação. órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas ações de
§ 3o Nenhum pedido de restituição será conhecido sem prevenção ao uso indevido de drogas e operações de repres-
o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de- são à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
terminar a prática de atos necessários à conservação de exclusivamente no interesse dessas atividades.
bens, direitos ou valores. § 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins
§ 4o A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di- previstos no § 4o deste artigo, o requerimento de alienação de-
reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o verá conter a relação de todos os demais bens apreendidos, com
Ministério Público, quando a sua execução imediata possa a descrição e a especificação de cada um deles, e informações
comprometer as investigações. sobre quem os tem sob custódia e o local onde se encontram.
§ 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição
Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da será autuada em apartado, cujos autos terão tramitação au-
prova dos fatos e comprovado o interesse público ou so- tônoma em relação aos da ação penal principal.
cial, ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante § 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos se-
autorização do juízo competente, ouvido o Ministério rão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de
Público e cientificada a Senad, os bens apreendidos instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a
poderão ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades sua prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso do
que atuam na prevenção do uso indevido, na atenção e tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cientifi-
reinserção social de usuários e dependentes de drogas e na cará a Senad e intimará a União, o Ministério Público e o inte-
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de ressado, este, se for o caso, por edital com prazo de 5 (cinco) dias.
drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. § 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências
Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em
trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a ex- leilão.

37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em con- do solicitado, cooperação a outros países e organismos
ta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal res- internacionais e, quando necessário, deles solicitará a
pectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente com colaboração, nas áreas de:
os valores de que trata o § 3o deste artigo. I - intercâmbio de informações sobre legislações,
§ 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos inter- experiências, projetos e programas voltados para ativida-
postos contra as decisões proferidas no curso do procedi- des de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinser-
mento previsto neste artigo. ção social de usuários e dependentes de drogas;
§ 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste II - intercâmbio de inteligência policial sobre pro-
artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações dução e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial
ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de pre-
ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de cursores químicos;
certificado provisório de registro e licenciamento, em favor III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha sobre produtores e traficantes de drogas e seus precur-
deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas, sores químicos.
encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da
decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá
sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendi- Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art.
do, sequestrado ou declarado indisponível. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista
§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes mencionada no preceito, denominam-se drogas substân-
tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cau- cias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras
telar, após decretado o seu perdimento em favor da União, sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12
serão revertidos diretamente ao Funad. de maio de 1998.
§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos
e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já te- Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei no
7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e
nha sido decretado em favor da União.
do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito às
§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a
diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do
fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o
fornecimento de dados necessários à atualização do sistema
deste artigo.
previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias judiciárias.
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valo-
nicípios poderão criar estímulos fiscais e outros, destina-
res declarados perdidos em favor da União, indicando, quan-
dos às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na pre-
to aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou o venção do uso indevido de drogas, atenção e reinserção
órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua destinação social de usuários e dependentes e na repressão da produ-
nos termos da legislação vigente. ção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá fir- Art. 69. No caso de falência ou liquidação extraju-
mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e dicial de empresas ou estabelecimentos hospitalares,
com organismos orientados para a prevenção do uso de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos
indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de serviços de saúde que produzirem, venderem, adquirirem,
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à consumirem, prescreverem ou fornecerem drogas ou de
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com qualquer outro em que existam essas substâncias ou pro-
vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela dutos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
arrecadados, para a implantação e execução de programas I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou
relacionados à questão das drogas. liquidação, sejam lacradas suas instalações;
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
TÍTULO V te adoção das medidas necessárias ao recebimento e
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
Art. 65. De conformidade com os princípios da não-in- acompanhar o feito.
tervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do § 1o Da licitação para alienação de substâncias ou pro-
respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos dutos não proscritos referidos no inciso II do caput deste
regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito das artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente
Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos jurí- habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que
dicos internacionais relacionados à questão das drogas, de comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser
que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quan- arrematado.

38
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste ar- I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
tigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta nados à saúde na assistência materno-infantil;
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença dos II - criação de programas de prevenção e atendimen-
Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. to especializado para as pessoas portadoras de deficiência
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas es- física, sensorial ou mental, bem como de integração social
pecialidades farmacêuticas em condições de emprego tera- do adolescente e do jovem portador de deficiência, me-
pêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério diante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde. facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eli-
minação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos de discriminação. 
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transna- § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
cional, são da competência da Justiça Federal. gradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
que não sejam sede de vara federal serão processados e jul- adequado às pessoas portadoras de deficiência.
gados na vara federal da circunscrição respectiva. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin-
tes aspectos:
Art. 71. (VETADO) I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o II - garantia de direitos previdenciários e trabalhis-
inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação tas;
do delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Pú- III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
blico, determinará a destruição das amostras guardadas jovem à escola; 
para contraprova, certificando isso nos autos. IV - garantia de pleno e formal conhecimento da
atribuição de ato infracional, igualdade na relação pro-
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os cessual e defesa técnica por profissional habilitado, se-
Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção gundo dispuser a legislação tutelar específica;
e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de dro- V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
gas, e com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de-
indevido delas e de possibilitar a atenção e reinserção social senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
de usuários e dependentes de drogas. privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei,
dias após a sua publicação. ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou ado-
lescente órfão ou abandonado;
Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de VII - programas de prevenção e atendimento especia-
1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002. lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de
entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual da criança e do adolescente.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efe-
tivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casa-
Noções introdutórias e disciplina constitucional mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qua-
lificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Es- relativas à filiação.
tado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com § 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado-
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimenta- lescente levar-se-á em consideração o disposto no art.
ção, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 2042.
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar 2 Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social se-
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma rão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
de negligência, discriminação, exploração, violência, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base
crueldade e opressão.  nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa,
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor-
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, ad- denação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e
municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
mitida a participação de entidades não governamentais,
II - participação da população, por meio de organizações represen-
mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes tativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos
preceitos:  os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco

39
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 8º A lei estabelecerá:  Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi-


I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á
reitos dos jovens;  em consideração o disposto no art. 204” tem em vista a
II - o plano nacional de juventude, de duração dece- adoção de práticas de assistência social, com recursos da
nal, visando à articulação das várias esferas do poder públi- seguridade social, em prol da criança e do adolescente.
co para a execução de políticas públicas.  Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei
estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a re-
No caput do artigo 227, CF se encontra uma das prin- gular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juven-
cipais diretrizes do direito da criança e do adolescente que tude, de duração decenal, visando à articulação das várias
é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada esferas do poder público para a execução de políticas pú-
criança e adolescente deve receber tratamento especial do blicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui o
Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens,
o futuro do país e as bases de construção da sociedade. os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. Mais informa-
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên- ções sobre a Política mencionada no inciso II e sobre a Secre-
cias, seguindo em seus dispositivos a ideologia do princí- taria e o Conselho Nacional de Juventude que direcionam a
pio da absoluta prioridade. implementação dela podem ser obtidas na rede3.
No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistên- Aprofundando o tema, a cabeça do art. 227, da Lei Fun-
cia à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I se de- damental, preconiza ser dever da família, da sociedade e do
preende a intrínseca relação entre a proteção da criança e Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
do adolescente com a proteção da maternidade e da infân- absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
cia, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso II se depreen- à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig-
de a proteção de outro grupo vulnerável, que é a pessoa nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
portadora de deficiência, valendo lembrar que o Decreto nº comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de e opressão.
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em A leitura do art. 227, caput, da Constituição Federal
30 de março de 2007, foi promulgado após aprovação no permite concluir que se adotou, neste país, a chamada
Congresso Nacional nos moldes da Emenda Constitucional “Doutrina da Proteção Integral da Criança”, ao lhe assegu-
nº 45/2004, tendo força de norma constitucional e não de rar a absoluta prioridade em políticas públicas, medidas
lei ordinária. A preocupação com o direito da pessoa porta- sociais, decisões judiciais, respeito aos direitos humanos,
dora de deficiência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a e observância da dignidade da pessoa humana. Neste sen-
lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e tido, o parágrafo único, do art. 5º, do “Estatuto da Crian-
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos ça e do Adolescente”, prevê que a garantia de priorida-
de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado de compreende a primazia de receber proteção e socorro
às pessoas portadoras de deficiência”. em quaisquer circunstâncias (alínea “a”), a precedência de
A proteção especial que decorre do princípio da prio- atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se, (alínea “b”), a preferência na formulação e na execução das
ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do artigo 227: políticas sociais públicas (alínea “c”), e a destinação privi-
“A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- legiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
ção sexual da criança e do adolescente”. proteção à infância e à juventude (alínea “d”).
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente Ademais, a proteção à criança, ao adolescente e ao jo-
de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da vem representa incumbência atribuída não só ao Estado,
Constituição prevê que “a adoção será assistida pelo Poder mas também à família e à sociedade. Sendo assim, há se
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condi- prestar bastante atenção nas provas de concurso, tendo
ções de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Neste em vista que só se costuma colocar o Estado como obser-
sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, dispõe vador da “Doutrina da Proteção Integral”, sendo que isso
sobre a adoção. também compete à família e à sociedade.
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da Nesta frequência, o direito à proteção especial abran-
Constituição anterior e do até então vigente Código Civil gerá os seguintes aspectos (art. 227, §3º, CF):
de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos - A idade mínima de dezesseis anos para admissão ao
ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os trabalho, salvo a partir dos quatorze anos, na condição de
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de- aprendiz (inciso I de acordo com o art. 7º, XXXIII, CF, pós-al-
signações discriminatórias relativas à filiação”. teração promovida pela Emenda Constitucional nº 20/98);
- A garantia de direitos previdenciários e trabalhistas
(inciso II);
décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação
desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encar-
- A garantia de acesso ao trabalhador adolescente e
gos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa corrente jovem à escola (inciso III);
não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. 3 http://www.juventude.gov.br/politica

40
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

- A garantia de pleno e formal conhecimento da atri- e estes não tinham nenhuma possibilidade de participar
buição do ato infracional, igualdade na relação processual destas decisões. Na Idade Média se manteve o sistema do
e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dis- “pátrio poder”. As crianças eram submetidas ao absoluto
puser a legislação tutelar específica (inciso IV); poder do pai e seus destinos seguiam a mesma sorte.
- A obediência aos princípios de brevidade, excepcio- A partir da Idade Moderna, com o Renascimento e o
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de- Iluminismo, as crianças e os adolescentes saíram ligeira-
senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida mente da margem social. A moral da época passa a impor
privativa de liberdade (inciso V); aos pais o dever de educar seus filhos. Entretanto, a educa-
- O estímulo do Poder Público, através de assistência ção costumava ser oferecida apenas aos homens. Aqueles
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao que possuíam melhores condições enviavam seus filhos
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles- para estudarem nas universidades que começavam a des-
cente órfão ou abandonado (inciso VI); pontar na Europa, aqueles que possuíam condições piores
- Programas de prevenção e atendimento especializa- ao menos passavam a ensinar seus ofícios a estes jovens.
do à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de Já as meninas permaneciam marginalizadas das atividades
entorpecentes e drogas afins (inciso VII). educacionais e profissionalizantes, apenas lhes era ensina-
Prosseguindo, o parágrafo sexto, do art. 227, da Cons- do como desempenhar atividades domésticas.
tituição, garante o “Princípio da Igualdade entre os Filhos”, Desde o final da Revolução Francesa e, com destaque,
ao dispor que os filhos, havidos ou não da relação do ca- a partir da Revolução Industrial, que alterou substancial-
samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali- mente os modos e métodos de produção, a criança e o
ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias adolescente passam a ocupar papel central na sociedade,
relativas à filiação. desempenhando atividades trabalhistas de caráter equiva-
Assim, com a Constituição Federal, os filhos não têm lente a dos adultos. Foram vítimas de inúmeros acidentes
mais “valor” para efeito de direitos alimentícios e suces- de trabalho, morriam em meio à insalubridade das fábricas,
sórios. Não se pode falar em um filho receber metade da então movidas predominantemente a carvão. Foi apenas
parte que originalmente lhe cabia por ser “bastardo”, en- com a emergência da Organização Internacional do Tra-
quanto aquele fruto da sociedade conjugal receber a quan- balho – OIT, em 1919, que aos poucos se consolidou uma
tia integral. Aliás, nem mesmo a expressão “filho bastardo” consciência a respeito da necessidade de se limitar a parti-
pode mais ser utilizada, por representar uma forma de dis- cipação das crianças e adolescentes no espaço de trabalho.
criminação designatória. Este foi o estopim para o reconhecimento da condição es-
Também, o art. 229 traz uma “via de mão dupla” entre pecial da criança e do adolescente.
pais e filhos, isto é, os pais têm o dever de assistir, criar e Internacionalmente, a proteção efetiva da criança e
educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever do adolescente começa a tomar corpo com o reconheci-
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou en- mento internacional dos direitos humanos e a fundação
fermidade. Tal dispositivo, inclusive, permite que os filhos da UNICEF. A UNICEF, inicialmente conhecida como Fundo
peçam alimentos aos pais, e que os pais peçam alimentos Internacional de Emergência das Nações Unidas para as
aos filhos. Crianças, foi criada em dezembro de 1946 para ajudar as
Por fim, há se mencionar o acrescentado parágrafo oi- crianças da Europa vítimas da II Guerra Mundial. No início
tavo (pela Emenda Constitucional nº 65/2010), ao art. 227, da década de 50 o seu mandato foi alargado para respon-
da Constituição Federal, segundo o qual a lei estabelecerá der às necessidades das crianças e das mães nos países em
o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos desenvolvimento. Em 1953, torna-se uma agência perma-
jovens (inciso I), e o plano nacional de juventude, de du- nente das Nações Unidas, e passa a ocupar-se especial-
ração decenal, visando à articulação das várias esferas do mente das crianças dos países mais pobres da África, Ásia,
poder público para a execução de políticas públicas (inciso América Latina e Médio Oriente. Passa então a designar-se
II). Nada obstante a exigência constitucional desde 2010, Fundo das Nações Unidas para a Infância, mas mantém a
somente bem recentemente o Estatuto da Juventude foi sigla que a tornara conhecida em todo o mundo – UNICEF.
aprovado (Lei nº 12.852/2013), como visto acima, carecen- Desde então, sobrevieram no âmbito das Nações Unidas
do, ainda, o Plano Nacional de Juventude de maior regula- documentos bastante relevantes sobre a condição jurídica
mentação infraconstitucional. peculiar da criança, já estudados neste material.
No Brasil, no final do século XIX e início do século XX,
Evolução histórica foi instituído no Rio de Janeiro o Instituto de Proteção e
Assistência à Infância, primeiro estabelecimento público
Na Grécia antiga, a criança era colocada numa posição nacional de atendimento a crianças e adolescentes. Em se-
de inferioridade, tida como um ser irracional, sem capaci- guida, veio a Lei nº 4.242/1921, que autorizou o governo
dade de tomar qualquer tipo de decisão. Trata-se de marco a organizar o Serviço de Assistência e Proteção à Infância
da cultura grega, que enxergava apenas poucos homens de Abandonada e Dellinquente. Em 1927 foi aprovado o pri-
posses como cidadãos. Estes homens concentravam para meiro Código de Menores. Em 1941, durante o governo
si o pátrio poder, isto é, o poder do pai. Devido ao pátrio Vargas, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor, cujo
poder, o pai de família concentrava em suas mãos plena fim era dar tratamento penal teoricamente diferenciado
possibilidade de gerir a vida das crianças e adolescentes aos menores (na prática, eram tratados como criminosos

41
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

comuns). Em 1964 surge a Política Nacional do Bem-estar de. Hoje em dia, os princípios servem para condensar va-
do Menor (Lei nº 4.513/1964), que criou a FUNABEM. Surge lores, dar unidade ao sistema e condicionar a atividade do
novo Código de Menores em 1979 (Lei nº 6.697), cujo ob- intérprete. Os princípios são normas jurídicas, não meros
jeto era a proteção e vigilância de crianças e adolescentes conteúdos axiológicos, aceitando aplicação autônoma6.
em situação irregular. Na década de 80 começa um mo- Em resumo, a teoria dos princípios chega à presente
vimento de reelaboração da concepção de infância e ju- fase do Pós-positivismo com os seguintes resultados já
ventude. O destaque repercute na Constituição Federal de consolidados: a passagem dos princípios da especulação
1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, metafísica e abstrata para o campo concreto e positivo do
que revogou o Código de Menores e substituiu a doutrina Direito, com baixíssimo teor de densidade normativa; a
da situação irregular pela doutrina da proteção integral4. transição crucial da ordem jusprivatista (sua antiga inser-
ção nos Códigos) para a órbita juspublicística (seu ingresso
Relações jurídicas no direito da criança e do ado- nas Constituições); a suspensão da distinção clássica entre
lescente princípios e normas; o deslocamento dos princípios da es-
fera da jusfilosofia para o domínio da Ciência Jurídica; a
“As relações jurídicas são formas qualificadas de re- proclamação de sua normatividade; a perda de seu cará-
lações interpessoais, indicando, assim, a ligação entre ter de normas programáticas; o reconhecimento definitivo
pessoas, em razão de algum objeto, devidamente regu- de sua positividade e concretude por obra sobretudo das
lada pelo direito. Desta forma, o Direito da Criança e do Constituições; a distinção entre regras e princípios, como
Adolescente, sob o aspecto objetivo e formal, representa espécies diversificadas do gênero norma, e, finalmente, por
a disciplina das relações jurídicas entre Crianças e Adoles- expressão máxima de todo esse desdobramento doutriná-
centes, de um lado, e de outro, a família, a comunidade, a rio, o mais significativo de seus efeitos: a total hegemonia
sociedade e o próprio Estado. [...] Percebemos que a inten- e preeminência dos princípios7.
ção dos doutrinadores e do próprio legislador foi, sempre, No campo do direito da criança e do adolescente, al-
criar uma doutrina da proteção integral não somente para guns princípios assumem destaque, entre eles:
a Criança, como, ainda, para o Adolescente, ambos ainda a) Princípio da prioridade absoluta: previsto nos ar-
em desenvolvimento, posto que, somente com o término tigos 227, CF e 4º, ECA preconiza que é dever de todos –
da adolescência é que o menor completará o processo de Estado, sociedade, comunidade e família – assegurar com
aquisição de mecanismos mentais relacionados ao pensa- absoluta prioridade direitos fundamentais às crianças e
mento, percepção, reconhecimento, classificação etc. [...] adolescentes. Por isso, estabelece-se com primazia a ado-
Com isso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, sabia- ção de políticas públicas, a destinação de recursos e a pres-
mente, se preocupou em envolver não somente a família, tação de serviços essenciais àqueles que se encontram na
mas, ainda, a comunidade, a sociedade e o próprio Estado, faixa etária inferior a 18 anos.
para que todos, em conjunto, exerçam seus direitos e deve- b) Princípio da proteção integral: previsto no artigo
res sem oprimir aqueles que, em condição inferior, viviam 1º, ECA estabelece que a proteção da criança e do adoles-
a mercê da sociedade. Mas, qual a razão dessa inclusão tão cente não pode se restringir às situações de irregularidade,
abrangente? Pois bem, a intenção do Estatuto da Criança o que teria um caráter estigmatizante, mas deve abranger
e do Adolescente foi conferir ao menor, de forma integral, todas as situações de vida pelas quais passa a criança e o
todas as condições para que o mesmo possa desenvolver- adolescente, mesmo as regulares. Neste sentido, ao se as-
-se plenamente, evitando-se, com isso, que haja alguma de- segurar direitos na regularidade, evita-se que a criança e o
ficiência em sua formação. Desta forma, a melhor solução adolescente caiam em irregularidade.
apresentada pelo legislador foi incluir todos os segmentos da c) Princípio da dignidade da pessoa humana: A dig-
sociedade, para que ninguém ficasse isento de qualquer res- nidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação
ponsabilidade, uma vez que a doutrina da proteção integral de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional,
apresentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente exige que possa se considerar compatível com os valores éticos,
a participação de todos, sem qualquer exceção”5. Com efeito,
notadamente da moral, da justiça e da democracia. Pensar
o objeto formal do direito da criança e do adolescente é a
em dignidade da pessoa humana significa, acima de tudo,
proteção jurídica especial da criança e do adolescente. Já o
colocar a pessoa humana como centro e norte para qual-
objeto material é a própria criança ou adolescente.
quer processo de interpretação jurídico, seja na elaboração
da norma, seja na sua aplicação.
Princípios
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana
Não se pode olvidar que os princípios sempre desem-
penharam um importante papel social, mas foi somente na como o principal valor do ordenamento ético e, por con-
atual dogmática jurídica que eles adquiriram normativida- sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or-
4 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo Brandão; FUL- dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a
LER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adolescente. própria exclusão de sua personalidade.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção Elementos do Direito)
5 MENDES, Moacyr Pereira. As relações jurídicas decorrentes do Esta- 6 Ibid., p.327.
tuto da Criança e do Adolescente. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 7 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São
70, nov. 2009. Paulo: Malheiros, 2011, p. 294.

42
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Aponta Barroso8: “o princípio da dignidade da pessoa e) Princípio da excepcionalidade: previsto no artigo


humana identifica um espaço de integridade moral a ser 227, §3º, V, CF assegura que quando da imposição de me-
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no dida privativa de liberdade esta não será imposta a não
mundo. É um respeito à criação, independente da crença ser que se trate de um caso excepcional, em que nenhuma
que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela- outra medida sócio-educativa possa ser utilizada.
ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como f) Princípio da brevidade: previsto no artigo 227, §3º,
com as condições materiais de subsistência”. V, CF assegura que quando da aplicação de medida privati-
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do va de liberdade esta não se estenderá no tempo, devendo
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito ser a mais breve possível, perdurando apenas pelo prazo
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na necessário para a ressocialização do adolescente. No caso,
percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos o ECA limita a aplicação de medidas desta natureza ao pra-
direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de zo máximo de 3 anos.
condições existenciais mínimas, a participação saudável e g) Princípio da condição peculiar da pessoa em de-
ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe destila- senvolvimento: a criança e o adolescente estão em pro-
ção dos valores soberanos da democracia e das liberdades cesso de formação e de transformação física e psíquica,
individuais. O processo de valorização do indivíduo articula a logo, possuem uma condição peculiar que deve ser respei-
promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar que o tada quando da aplicação da lei.
espectro de abrangência das liberdades individuais encontra
limitação em outros direitos fundamentais, tais como a hon- Autonomia da criança e do adolescente
ra, a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar
que essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da Coloca-se o trecho do trabalho de Cláudio Leone12 em
pessoa humana, subsistem como conquista da humanidade, que reflete sobre a construção da autonomia do infante:
razão pela qual auferiram proteção especial consistente em “Conceitualmente, a análise do respeito à autonomia
indenização por dano moral decorrente de sua violação”9. de uma criança ou de um adolescente só tem sentido se for
Para Reale10, a evolução histórica demonstra o domínio
conduzida a partir do conhecimento da evolução de suas
de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
competências nas diferentes idades. É de conhecimento
ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
de todos que a criança nasce totalmente dependente de
fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
cuidados alheios e que passa por um processo de desen-
é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
volvimento progressivo que a leva a alcançar a completa
Reale11: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
independência na maturidade, o que, nas sociedades mo-
pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O homem,
dernas, se situa por volta dos vinte anos de idade.
como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo entre ou-
tros indivíduos, um ente animal entre os demais da mesma Entretanto, para que este processo de análise de sua
espécie. O homem, considerado na sua objetividade espiritual, autonomia transcorra de maneira isenta, fundamentalmen-
enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o te centrado nas peculiaridades do desenvolvimento do ser
que chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade humano, o primeiro ponto a ser considerado é a necessida-
originária de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente de de abdicar de alguns conceitos preestabelecidos, como
como razão determinante do processo histórico”. é o caso da atitude paternalista. [...]
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade O segundo ponto a considerar neste percurso, em geral de-
da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli- corrente do primeiro, é a própria legislação que, mesmo tendo
ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada o melhor dos intuitos, praticamente nivela todos os menores a
membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma- uma mesma condição: a de incapacidade, criando a necessida-
nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais de de se ter figuras aptas a decidir e responder por eles, como
e confere a eles posição hierárquica superior às normas se estas figuras fossem sempre e inevitavelmente imbuídas das
organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que melhores intenções em relação à criança e ao adolescente.
está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus No entender de Kopelman, para que toda esta legisla-
membros, e não o inverso. ção fosse realmente válida seria necessário definir melhor,
d) Princípio da participação popular: previsto no ar- de maneira bem precisa, o que se entende por um padrão
tigo 227, §§ 3º e 7º e no artigo 204, II, CF, assegura a par- mínimo de benefício ou o que é ‘o melhor’ para os interes-
ticipação popular, através de organizações representativas, ses da criança ou do adolescente, de modo que a definição
na elaboração de políticas públicas direcionadas à infância não fique em aberto para a interpretação de quem detém
e à juventude. o poder de decidir em nome deles. Além disso, estas defi-
8 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constitui- nições deveriam estar em constante revisão, para que não
ção. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. acabem sendo ultrapassadas, frente à evolução histórico-
9 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n. -social dos fatos que geraram a necessidade de sua criação.
259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fon- Superados estes dois pontos, que apesar de potencial-
tan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.
mente limitantes do processo de discussão da autonomia
tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
10 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
da criança e do adolescente não podem ser simplesmente
2002, p. 228. 12 LEONE, Cláudio. A criança, o adolescente e a autonomia. Revista
11 Ibid., p. 220. Bioética, v. 6, n. 1.

43
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ignorados, como se não existissem, chega-se ao terceiro e Em face de situações específicas, individualizadas,
mais importante: a interpretação do conceito de autono- como ocorre no dia-a-dia da prática pediátrica, esta é a
mia à luz do momento de desenvolvimento em que uma única forma que o profissional tem de realmente respeitar
determinada criança ou adolescente se encontra. a autonomia da criança ou do adolescente.
Nesse sentido, diversas características do desenvolvi- A interpretação adequada da legislação e o dimen-
mento devem ser levadas em consideração: sionamento correto da decisão dos pais ou responsáveis
1. Trata-se de um processo que evolui continuamente à dependerão fundamentalmente deste tipo de análise da
medida que habilidades se aperfeiçoam, novas capacidades são autonomia da criança ou adolescente. Deste modo, mes-
adquiridas, novas vivências são acumuladas e integradas e, por- mo que resulte em situações de conflito entre as posições,
tanto, passível de rápidas e extremas mudanças no tempo; servirá de embasamento para um trabalho, muitas vezes
2. A aquisição das competências é progressiva, não se exaustivo, de apresentação, de reflexão e de discussão de
dá saltos, como se se tratasse de compartimentos estan- argumentos e fatos, capaz de conduzir a uma decisão ama-
ques, e segue sempre uma ordem preestabelecida, sendo, durecida e o mais isenta possível, que, respeitando a po-
portanto, razoavelmente previsível; sição da criança ou do adolescente, poderá efetivamente
3. Os tempos e o ritmo em que o desenvolvimento se redundar em seu benefício.
processa são muito individualizados, fazendo com que dois No leque das diferentes situações da prática pediá-
indivíduos de uma mesma idade possam estar em momen- trica, que se estende desde o recém-nascido no limite de
tos diferentes de desenvolvimento; viabilidade ao qual se quer prestar cuidados intensivos de
4. No caso específico da inteligência, o desenvolvimen- validade questionável naquelas circunstâncias, passando
to é extremamente influenciável por fatores extrínsecos ao pelas pesquisas científicas que envolvem crianças e ado-
indivíduo: as experiências, os estímulos, o ambiente, a edu- lescentes, até a criança cujo pátrio poder pertence a pais
cação, a cultura, etc., o que também acaba por reforçar sua adolescentes, portanto autônomos nas decisões que lhes
evolução extremamente individualizada. dizem respeito, todas estas situações, onde nem sempre o
Segundo Piaget, a capacidade de operar o pensamen- real interesse que está em jogo é o da criança, mas sim o
to concreto estendendo-o à compreensão do outro e às
dos responsáveis por ela, clarificam que não há uma única
possíveis consequências de boa parte dos seus atos se
resposta ou solução mágica, perfeita, para a questão da
aperfeiçoa na idade escolar, entre os 6 e os 11 anos de vida.
autonomia da criança e do adolescente.
Este amadurecimento se completa na adolescência, com a
Na realidade, o que deve existir é a construção conjun-
capacidade crescente de abstração que a criança desenvol-
ta de uma verdade para aquele momento, amadurecida no
ve nesta fase da existência. Como consequência, é possível
crescimento e evolução de todos: juízes e legisladores, pais
admitir que é na segunda fase da adolescência, em geral a
ou responsáveis, médicos e profissionais de saúde e, prin-
partir dos 15 anos, que o indivíduo atingiria as competên-
cias necessárias para o exercício de sua autonomia, com- cipalmente, a criança ou o adolescente, como parte de um
petências estas que necessitariam apenas serem lapidadas processo de interação franco, sincero, isento e realmente
ao longo das vivências e de uma maior experiência de vida. participativo que de fato respeite a autonomia, qualquer
Entretanto, isto não significa que a autonomia da crian- que seja o nível de competência que a criança ou o adoles-
ça e do adolescente só possa (ou deva) ser respeitada a cente estejam apresentando para tal”.
partir desta fase.
Compete ao pediatra e aos demais profissionais de Imputabilidade penal
saúde, utilizando suas competências profissionais, definir
já desde os primeiros anos de vida em que etapa a criança Art. 228, CF. São penalmente inimputáveis os meno-
se encontra ao longo do seu processo evolutivo, tentando res de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação es-
diferenciar se se está diante de uma tomada de decisão pecial.
ditada apenas pelo receio do desconhecido, por um capri-
cho ou vontade decorrente apenas de sua visão egocên- O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis
trica, natural em determinadas idades, ou se a mesma já é os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legis-
o resultado de uma reflexão mais amadurecida. São estes lação especial”. Percebe-se que a normativa não está no
extremos que dão a entender a ampla gama de estágios de rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível uma
desenvolvimento, portanto de autonomia, que entre eles emenda constitucional que alterasse a menoridade penal.
podem se apresentar. [...] Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
Novamente, cabe enfatizar que o risco que se corre ao se
utilizar definições bastante precisas como estas é o de acabar Comentários à lei
classificando um indivíduo de maneira dicotômica, no caso es-
pecífico da autonomia, como sendo capaz ou incapaz, desistin- Parte geral
do assim de uma possível análise de sua real capacidade. Título I
Consequentemente, a ausência de uma ou de mais das Das Disposições Preliminares
características anteriormente citadas não deve ser utilizada
para qualificar a criança ou o adolescente como incapaz. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
Deve, isto sim, servir de embasamento para que se possa criança e ao adolescente.
tentar entender como suas decisões se originaram.

44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O princípio da proteção integral se associa ao princípio O artigo 3º volta-se à concretização dos direitos da
da prioridade absoluta, colacionado no artigo 4º do ECA criança e do adolescente. Concretização significa viabiliza-
e no artigo 227, CF. “Com a positivação desse princípio ção prática, consecução real dos fins que a lei descreve.
tem-se também a positivação da proteção integral, que se Como se percebe pela leitura até o momento, o legislador
opõe à antiga e superada doutrina da situação irregular, brasileiro preocupou-se em elaborar uma legislação cujo
que era prevista no antigo Código de Menores e espe- objetivo é concretizar estes direitos da criança e do adoles-
cificava que sua incidência se restringia aos menores em cente. Entretanto, a lei é apenas uma carta de intenções. É
situação irregular, apresentando um conjunto de normas necessário colocar seu conteúdo em prática, porque sozi-
destinadas ao tratamento e prevenção dessas situações”13. nha ela nada faz.
Basicamente, tinha-se na doutrina da situação irregu- A implementação na prática dos direitos da criança e
lar que era necessário disciplinar um estatuto jurídico da do adolescente depende da adoção de posturas por parte
criança e do adolescente que apenas abordasse situações de todos aqueles colocados como responsáveis para tanto:
em que ele estivesse irregular, seja por uma desproteção, Estado, sociedade, comunidade e família. Especificamente
como no caso de abandono, ou pela violação da lei, como no que se refere ao Estado, mostra-se essencial que ele
nos casos de atos infracionais. desenvolve políticas públicas adequadas em respeito à pe-
Entretanto, o direito evoluiu e passou a contemplar culiar condição do infante.
uma noção de proteção mais ampla da criança e do ado- “O Direito da Criança e do Adolescente deve ter con-
lescente, que não apenas abordasse situações de irregula- dições suficientemente próprias de promoção e concreti-
ridade (embora ainda o fizesse), mas que abrangesse todo zação de direitos. Para isso deve-se desvencilhar do dog-
o arcabouço jurídico protetivo da criança e do adolescente. matismo e do mero positivismo jurídico acrítico. O Direito
da Criança e do Adolescente enquanto ramo autônomo
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a do direito é responsável por ressignificar a atuação estatal,
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente principalmente no campo das políticas públicas e impõe
aquela entre doze e dezoito anos de idade. corresponsabilidades compartilhadas”14.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se Vale ressaltar que às crianças e aos adolescentes são
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e garantidos os mesmos direitos fundamentais que aos
vinte e um anos de idade. adultos, entretanto, o ECA aprofunda alguns direitos fun-
O Estatuto da Criança e do Adolescente opta por cate- damentais em espécie, abordando-os na vertente da con-
gorizar separadamente estas duas categorias de menores. dição especial dos que pertencem a este grupo.
Criança é aquele que tem até 12 anos de idade (na data As crianças e adolescentes gozam de igualdade de di-
de aniversário de 12 anos, passa a ser adolescente), ado- reitos em relação às demais pessoas, podendo usufruir de
lescente é aquele que tem entre 12 e 18 anos (na data de todos eles. O próprio estatuto contempla em seu título II
aniversário de 18 anos, passa a ser maior). Em situações os direitos fundamentais da criança e do adolescente, entre
excepcionais o ECA se aplica ao maior de 18 anos, até os eles incluindo-se: vida, saúde, liberdade, respeito, dignida-
21 anos de idade, por exemplo, no caso do menor infrator de, convivência familiar e comunitária, educação, cultura,
sujeito a internação em fundação CASA que tenha 17 anos esporte, lazer, profissionalização e proteção no trabalho.
e 11 meses na data do ato infracional poderá ficar detido Não se trata de rol taxativo de direitos fundamentais ga-
até o limite de seus 20 anos e 11 meses (eis que 3 anos é o rantidos à criança e ao adolescente, eis que ele possui to-
tempo máximo de internação). dos os direitos humanos e fundamentais que as demais
pessoas. O título II do ECA tem por objetivo aprofundar
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os di- especificidades acerca de algumas das categorias de direi-
reitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem tos fundamentais assegurados à criança e ao adolescente.
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegu- Deste artigo 3º do ECA é possível, ainda, extrair o des-
rando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as opor- taque ao princípio da igualdade, no sentido de que há ple-
tunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desen- na igualdade na garantia de direitos entre todas as crian-
volvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em ças e adolescentes, não sendo permitido qualquer tipo de
condições de liberdade e de dignidade. discriminação.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli-
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimi- A leitura dos artigos 4º e 5º, em conjunto com outros
nação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, dispositivos do ECA, por sua vez, permite detectar a pre-
etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal sença de um tríplice sistema de garantias.
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente adota
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição uma estrutura que contempla três sistemas de garantia –
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em primário, secundário e terciário.
que vivem. a) Sistema primário – artigos 4º e 87, ECA – aborda
políticas públicas de atendimento de crianças e adolescen-
13 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo Brandão; FUL-
tes.
LER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adolescente.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção Elementos do Direito) 14 http://t.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2236

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie- V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
dade em geral e do poder público assegurar, com abso- dos direitos da criança e do adolescente.
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, abreviar o período de afastamento do convívio familiar
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
liberdade e à convivência familiar e comunitária. familiar de crianças e adolescentes;
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen- VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for-
de: ma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
a) primazia de receber proteção e socorro em quais- familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças
quer circunstâncias; maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de
b) precedência de atendimento nos serviços públicos saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. 
ou de relevância pública; O artigo 87 descreve linhas de ação na política de
c) preferência na formulação e na execução das po- atendimento, que compõem a delimitação do princípio da
líticas sociais públicas; prioridade absoluta na vertente da priorização na adoção
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas de políticas públicas e na delimitação de recursos financei-
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. ros para execução de tais políticas.
O artigo 4º do ECA colaciona em seu caput teor idênti-
co ao do caput do artigo 227, CF, onde se encontra uma das b) Sistema secundário – artigos 98 e 101, ECA – abor-
principais diretrizes do direito da criança e do adolescente da as medidas de proteção destinadas à criança e ao ado-
que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada lescente em situação de risco pessoal ou social.
criança e adolescente deve receber tratamento especial do Obs.: as medidas de proteção são estudadas adiante
Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são neste material.
o futuro do país e as bases de construção da sociedade. c) Sistema terciário – artigo 112, ECA – aborda as
Explica Liberati15: “Por absoluta prioridade, devemos medidas socioeducativas, destinadas à responsabilização
entender que a criança e o adolescente deverão estar em penal do adolescente infrator, isto é, àquele entre 12 e 18
primeiro lugar na escala de preocupação dos governantes; anos que comete atos infracionais.
devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas to- Obs.: as medidas socioeducativas são estudadas adian-
das as necessidades das crianças e adolescentes [...]. Por te neste material.
absoluta prioridade, entende-se que, na área administra- O sistema tríplice deve operar de forma harmônica,
tiva, enquanto não existirem creches, escolas, postos de com o acionamento gradual de cada um deles. Nas situa-
saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes ções em que a criança ou adolescente escape ao sistema
dignas moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas, primário de prevenção, ou seja, nos casos de ineficácia das
construir praças, sambódromos monumentos artísticos políticas públicas específicas, deve ser acionado o sistema
etc., porque a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças secundário, operado predominantemente pelo Conselho
são importantes que as obras de concreto que ficam par a Tutelas. Por sua vez, em casos extremos, é necessário partir
demonstrar o poder do governante”. para a adoção de medidas socioeducativas, operadas pre-
O parágrafo único do artigo 4º especifica a abrangência dominantemente pelo Ministério Público e pelo Judiciário.
da absoluta prioridade, esclarecendo que é necessário con-
ferir atendimento prioritário às crianças e aos adolescentes Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
diante de situações de perigo e risco (como no salvamento qualquer forma de negligência, discriminação, explora-
em incêndios e enchentes, etc.), bem como nos serviços ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma da
públicos em geral (chegada aos hospitais, por exemplo). lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
Além disso, devem ser priorizadas políticas públicas que fundamentais.
favoreçam a criança e o adolescente e também devem ser O artigo 5º ressalta o verdadeiro objetivo geral do ECA:
reservados recursos próprios prioritariamente a eles. proteger a criança de qualquer forma de negligência, dis-
criminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimen- Neste sentido, coloca-se a possibilidade de responsabiliza-
to: ção de todos que atentarem contra esse propósito. A res-
I - políticas sociais básicas; ponsabilização poderá se dar em qualquer uma das três es-
II - serviços, programas, projetos e benefícios de as- feras, isolada ou cumulativamente: penal, respondendo por
sistência social de garantia de proteção social e de preven- crimes e contravenções penais todo aquele que praticá-lo
ção e redução de violações de direitos, seus agravamentos contra criança e adolescente, bem como respondendo por
ou reincidências; atos infracionais as crianças e adolescentes que atentarem
III - serviços especiais de prevenção e atendimento um contra o outro; civil, estabelecendo-se o dever de inde-
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- nizar por danos causados a crianças e a adolescentes, que
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; se estende a toda e qualquer pessoa física ou jurídica que
IV - serviço de identificação e localização de pais, o faça, inclusive o próprio Estado; e administrativa, impon-
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; do-se penas disciplinares a funcionários sujeitos a regime
15 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do Adolescen- jurídico administrativo em trabalhos privados ou em car-
te: Comentários. São Paulo: IBPS. gos, empregos e funções públicos.

46
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta Título II


os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem Dos Direitos Fundamentais
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a Capítulo I
condição peculiar da criança e do adolescente como pes- Do Direito à Vida e à Saúde
soas em desenvolvimento.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção
É pacífico que o processo de interpretação hoje faz à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
parte do Direito, principalmente se considerada a constan- públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimen-
te evolução da sociedade, demandando diariamente por to sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
novos modos de aplicação das normas. Como a sociedade
é dinâmica e o Direito existe para servi-la, cabe a ele ade- Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
quar-se às novas exigências sociais, aplicando-se da ma- programas e às políticas de saúde da mulher e de pla-
neira mais justa à vasta gama de casos concretos. Sobre a nejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequa-
interpretação, explica Gonçalves16: “Quando o fato é típico da, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpé-
e se enquadra perfeitamente no conceito abstrato da nor- rio e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral
ma, dá-se o fenômeno da subsunção. Há casos, no entanto, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
em que tal enquadramento não ocorre, não encontrando o § 1º O atendimento pré-natal será realizado por profis-
juiz nenhuma norma aplicável à hipótese sub judice. Deve, sionais da atenção primária.
então, proceder à integração normativa, mediante o em- § 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante
prego da analogia, dos costumes e dos princípios gerais do garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação,
direito. [...] Para verificar se a norma é aplicável ao caso em ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido
julgamento (subsunção) ou se deve proceder à integração o direito de opção da mulher.
normativa, o juiz procura descobrir o sentido da norma, in- § 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado
terpretando-a. Interpretar é descobrir o sentido e o alcance assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
da norma jurídica”. alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
A hermenêutica possui 3 categorias de métodos. primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de
Quanto às fontes ou origem, a interpretação pode ser apoio à amamentação.
autêntica ou legislativa, jurisprudencial ou judicial e dou- § 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
trinária. Quanto aos meios, pode ser gramatical ou literal, psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
examinando o texto normativo linguísticamente; lógica ou inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequên-
racional, apurando o sentido e a finalidade da norma; sis- cias do estado puerperal.
temática, analisando a lei de maneira comparativa com ou- § 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá
tras leis pertencentes à mesma província do Direito (livro, ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
título, capítulo, seção, parágrafo); histórica, baseando-se interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a
na verificação dos antecedentes do processo legislativo; gestantes e mães que se encontrem em situação de privação
sociológica, adaptando o sentido ou finalidade da nor- de liberdade.
ma às novas exigências sociais (artigo 5°, LINDB). Quanto § 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
aos resultados pode ser declarativa, quando o texto legal acompanhante de sua preferência durante o período do pré-
corresponde ao pensamento do legislador; extensiva ou -natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
ampliativa, quando o alcance da lei é mais amplo que o in- § 7º A gestante deverá receber orientação sobre alei-
dicado pelo seu texto; e restritiva, na qual se limita o cam- tamento materno, alimentação complementar saudável e
po de aplicação da lei. Nenhum destes métodos se opera crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
isoladamente17. formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de esti-
O artigo 6º do ECA, tal como o artigo 5º da LINDB, ex- mular o desenvolvimento integral da criança.
pressa o método de interpretação sociológico, chamando § 8º A gestante tem direito a acompanhamento sau-
atenção à interpretação da lei levando em conta os seus dável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
fins sociais, as exigências do bem comum, os direitos e de- estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras interven-
veres individuais e coletivos, e vai além: exige que se leve ções cirúrgicas por motivos médicos.
em conta a condição peculiar da criança e do adolescente. § 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
Logo, ao se interpretar o ECA não se pode nunca perder de gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
vista que o seu objeto material, a criança e o adolescente, é pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
extremamente peculiar, dotado de especificidades as quais consultas pós-parto.
sempre se deve atentar. § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am-
biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do
16 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9. ed. São
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
Paulo: Saraiva, 2011, v. 1 articulação com o sistema de ensino competente, visando
17 Ibid. ao desenvolvimento integral da criança.

47
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega- para a permanência em tempo integral de um dos pais
dores propiciarão condições adequadas ao aleitamento ou responsável, nos casos de internação de criança ou ado-
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a me- lescente.
dida privativa de liberdade.
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigato-
de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento riamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
materno e à alimentação complementar saudável, de forma localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
contínua. § 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neo- em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância
de coleta de leite humano. e da Juventude.
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de entrada, os serviços de assistência social em seu compo-
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são nente especializado, o Centro de Referência Especializado
obrigados a: de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na
II - identificar o recém-nascido mediante o registro faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirma-
de sua impressão plantar e digital e da impressão digital ção de violência de qualquer natureza, formulando projeto
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se
autoridade administrativa competente; necessário, acompanhamento domiciliar.
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nasci- Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-
do, bem como prestar orientação aos pais;
mas de assistência médica e odontológica para a pre-
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
venção das enfermidades que ordinariamente afetam a po-
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvol-
pulação infantil, e campanhas de educação sanitária para
vimento do neonato;
pais, educadores e alunos.
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
nato a permanência junto à mãe.
recomendados pelas autoridades sanitárias.
VI - acompanhar a prática do processo de amamenta-
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
ção, prestando orientações quanto à técnica adequada, en-
quanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans-
o corpo técnico já existente. versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-
dado direcionadas à mulher e à criança.
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de § 3º A atenção odontológica à criança terá função
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescen- educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
te, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida,
promoção, proteção e recuperação da saúde. com orientações sobre saúde bucal.
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão § 4º A criança com necessidade de cuidados odontoló-
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas gicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
reabilitação. seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou ou-
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, tro instrumento construído com a finalidade de facilitar a
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próte- detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da
ses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamen- criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico.
to, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes,
de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas neces- Capítulo II
sidades específicas. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
frequente de crianças na primeira infância receberão for- Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
mação específica e permanente para a detecção de sinais dade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
acompanhamento que se fizer necessário. civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Entre os direitos fundamentais garantidos à criança e
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, ao adolescente que são especificados e aprofundados no
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de ECA estão os direitos à liberdade, ao respeito e à dignida-
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições de.

48
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de
aspectos: outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
comunitários, ressalvadas as restrições legais; I - encaminhamento a programa oficial ou comunitá-
II - opinião e expressão; rio de proteção à família;
III - crença e culto religioso; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; psiquiátrico;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem III - encaminhamento a cursos ou programas de
discriminação; orientação;
VI - participar da vida política, na forma da lei; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. especializado;
O artigo 16 aborda diversas facetas do direito de liber- V - advertência.
dade: locomoção, opinião e expressão, religiosa e política. Parágrafo único.  As medidas previstas neste artigo se-
Cria, ainda, duas facetes específicas deste direito: liberdade rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
para brincar e divertir-se e liberdade para buscar refúgio, providências legais. 
auxílio e orientação, processos estes essenciais para o de-
senvolvimento do infante. Os artigos 18-A e 18-B foram incluídos no ECA pela Lei
nº 13.010, de 26 de junho de 2014, que estabelece o direito
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida- da criança e do adolescente de serem educados e cuidados
de da integridade física, psíquica e moral da criança e sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou de-
do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da gradante. Também ficou conhecida como “Lei do Menino
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos Bernardo”18 e “Lei da Palmada”.
espaços e objetos pessoais. Em que pesem as aparentes boas intenções da lei no
sentido de evitar situações extremas como a do menino
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da Bernardo, assassinado após incontáveis ameaças e agres-
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer sões físicas por parte de seus responsáveis, seu conteúdo é
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexató- bastante criticado. Afinal, é claro que a lei coloca todo e qual-
rio ou constrangedor. quer tipo de agressão física no mesmo patamar. Considerado
Os direitos ao respeito e à dignidade abrangem a pro- o teor da lei, mesmo uma palmada numa criança é proibida.
teção da criança e do adolescente em todas facetas de sua Os críticos da “Lei da Palmada” apontam que ela adota
integridade: física, psíquica e moral. uma posição extrema e impõe uma indevida intervenção
do Estado nos ambientes familiares, retirando o poder dis-
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ciplinar garantido aos pais na educação de seus filhos.
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou Os defensores da “Lei da Palmada” utilizam estudos de
de tratamento cruel ou degradante, como formas de cor- psicólogos e educadores para argumentar que não é ne-
reção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, cessário utilizar qualquer tipo de agressão física, mesmo a
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos res- mais leve, para educar uma criança.
ponsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas so-
cioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar Capítulo III
deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: Seção I
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni- Disposições Gerais
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em:  Quando se aborda o direito à convivência familiar e
a) sofrimento físico; ou comunitária no ECA confere-se destaque à distinção entre
b) lesão; família natural e substituta e aos procedimentos que carac-
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou for- terizam a inserção e a retirada da criança e do adolescente
ma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adoles- destes ambientes.
cente que:
a) humilhe; ou Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser
b) ameace gravemente; ou criado e educado no seio de sua família e, excepcional-
c) ridicularize. mente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desen-
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os volvimento integral.
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas so-
18 O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini,
cioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS). Os acusa-
de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou pro- dos são o pai e a madrasta do menino, com ajuda de uma amiga e do
tegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou irmão dela. Segundo as investigações, Bernardo procurou ajuda para
degradante como formas de correção, disciplina, educação denunciar as ameaças que sofria.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em § 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor
programa de acolhimento familiar ou institucional terá e de não existir outro representante da família exten-
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) me- sa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária com-
ses, devendo a autoridade judiciária competente, com base petente deverá decretar a extinção do poder familiar e
em relatório elaborado por equipe interprofissional ou determinar a colocação da criança sob a guarda provi-
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela pos- sória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de enti-
sibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em dade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
família substituta, em quaisquer das modalidades previs- institucional.
tas no art. 28 desta Lei. § 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em pro- ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai
grama de acolhimento institucional não se prolongará por indicado, deve ser manifestada na audiência a que se re-
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessida- fere o § 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a
de que atenda ao seu superior interesse, devidamente funda- entrega.
mentada pela autoridade judiciária. § 6o (VETADO).
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou § 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
adolescente à sua família terá preferência em relação a (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do
qualquer outra providência, caso em que será esta incluí- dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
da em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - ma-
nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do nifestada em audiência ou perante a equipe interprofissional
art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.  - da entrega da criança após o nascimento, a criança será
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do mantida com os genitores, e será determinado pela Justiça
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar
por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade § 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nas-
responsável, independentemente de autorização judicial. cimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
§ 5o Será garantida a convivência integral da crian- § 10. (VETADO).
ça com a mãe adolescente que estiver em acolhimento O artigo 19-A trata do procedimento aplicável nos
institucional. casos em que a família biológica pretenda entregar re-
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe espe- cém-nascido para adoção, assegurando-se o acompanha-
cializada multidisciplinar. mento por equipe multidisciplinar e também a tomada de
Como se depreende do artigo 19, a família natural é providências de busca de pessoa da família extensa apta a
a regra e a família substituta é a exceção. A criança e o assumir o encargo.
adolescente podem ser inseridos em programa de acolhi-
mento familiar ou institucional, pelo limite temporal de 18 Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
meses, cujo caráter é o de permitir a sua retirada de poten- acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
cial ou efetiva situação de risco. Durante este programa, programa de apadrinhamento.
reavaliado a cada 3 meses, se verificará se é possível a rein- § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e pro-
serção no ambiente da família natural (o que é preferencial) porcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
ou se é o caso de colocação definitiva em família substituta. instituição para fins de convivência familiar e comu-
nitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e finan-
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após ceiro.
o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e § 2o (VETADO).
da Juventude. § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe in- adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apa-
apresentará relatório à autoridade judiciária, conside- drinhado será definido no âmbito de cada programa de
rando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional apadrinhamento, com prioridade para crianças ou ado-
e puerperal. lescentes com remota possibilidade de reinserção familiar
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária ou colocação em família adotiva.
poderá determinar o encaminhamento da gestante ou § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento
mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão
de saúde e assistência social para atendimento especiali- ser executados por órgãos públicos ou por organizações
zado. da sociedade civil.
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida nos § 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamen-
termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará to, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de aco-
o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por lhimento deverão imediatamente notificar a autoridade
igual período. judiciária competente.

50
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os programas de apadrinhamento visam permitir a o que vinha a representar um poder absoluto por parte
convivência comunitária da criança e do adolescente que do genitor, inclusive sobre a vida e a morte dos próprios
estão no sistema de adoção, especialmente com relação filhos19.
àqueles que dificilmente sairão dele. O Código Civil de 1916 atribuiu o poder familiar ao pai,
que era considerado o chefe da sociedade conjugal, e a
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do ca- mãe possuía um papel secundário, conforme apontava o
samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e artigo 380 do Código Civil de 1916 que dizia que “durante
qualificações, proibidas quaisquer designações discri- o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-
minatórias relativas à filiação. -o o marido com a colaboração da mulher [...]”.
O artigo 20 destaca a igualdade entre todos os filhos, De acordo com Santos Neto20: “[...] o exercício da auto-
sejam eles havidos dentro ou fora do casamento, sejam ridade parental pela mãe era admitido apenas em caráter
eles inseridos em família natural ou substituta. excepcional. Ao homem era dada, em condições normais,
a titularidade exclusiva do direito em pauta. Sua vontade
A disciplina sobre a perda e suspensão do poder de prevalecia e contra ela não havia remédio previsto, salvo, é
família no ECA se encontra em dois blocos, o primeiro do claro, no caso de comportamento abusivo e contrário aos
artigo 21 ao 24, que aborda questões materiais, e o se- interesses dos menores”.
gundo do artigo 155 a 163, que foca em questões proce- O Código Civil de 2002, por seu turno, seguindo a toa-
dimentais: da da Constituição Federal de 1988, trouxe significativas
modificações ao instituto em análise, surgindo então o
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualda- chamado poder familiar, onde ambos os pais exercem de
de de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que forma igualitária o poder sobre os filhos menores, equili-
dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o brando dessa forma a relação familiar.
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade O artigo 1.630 do atual Código Civil, sem definir o po-
judiciária competente para a solução da divergência.  der familiar, dispõe que “os filhos estão sujeitos ao poder
familiar enquanto menores”, ou seja, enquanto não com-
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guar- pletarem dezoito anos ou não alcançarem a maioridade
civil por meio de uma das formas previstas no artigo 5º,
da e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
parágrafo único e seus incisos, do mesmo diploma legal.
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
No mesmo sentido, o citado artigo 21, ECA.
determinações judiciais.
O poder familiar, conhecido também como autoridade
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
parental, é um conjunto de direitos e deveres que são atri-
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades com-
buídos aos pais para que esses administrem de forma legal
partilhados no cuidado e na educação da criança, devendo
a pessoa dos filhos e também de seus bens.
ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
“O poder familiar pode ser definido como um conjunto
crenças e culturas, assegurados os direitos da criança esta-
de direitos e obrigações, quanto às pessoas e bens do filho
belecidos nesta Lei. menor não emancipado, exercido, em igualdade de condi-
ções, por ambos os pais, para que possam desempenhar os
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o
não constitui motivo suficiente para a perda ou a sus- interesse e a proteção do filho”21.
pensão do poder familiar. 
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize Artigo 1.634, CC. Compete aos pais, quanto à pessoa dos
a decretação da medida, a criança ou o adolescente será filhos menores:
mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigato- I – dirigir-lhes a criação e educação;
riamente ser incluída em serviços e programas oficiais de II – tê-los em sua companhia e guarda;
proteção, apoio e promoção. III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
§2º A condenação criminal do pai ou da mãe não im- casarem;
plicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese IV – nomear-lhes tutor por testamento ou documento
de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclu- autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobre-
são, contra o próprio filho ou filha. vivo não puder exercer o poder familiar;
V – representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar se- vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que fo-
rão decretadas judicialmente, em procedimento contra- rem partes, suprindo-lhes o consentimento;
ditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como VI – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e
obrigações a que alude o art. 22.  19 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada: um Avanço
para a Família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
20 SANTOS NETO, José Antônio de Paula. Do Pátrio Poder. São Paulo:
O instituto do poder familiar surgiu no direito romano Revista dos Tribunais, 1994.
e era conhecido naquela época como pátrio poder, pois 21 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de
o pai exercia mais poderes sobre os filhos do que a mãe, Família. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 5.

51
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

VII – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os Assim sendo, os pais podem ser suspensos de exercer
serviços próprios de sua idade e condição. os direitos e deveres decorrentes do poder familiar quan-
do ficar evidenciado perante a autoridade competente o
Em relação às suas características, o poder familiar é abuso. Como visto, existe, também, a probabilidade de se
indisponível e decorre da paternidade natural ou legal, decretar a suspensão do poder familiar, caso um dos pais
por isso, não há a possibilidade de seu titular o transfe- seja condenado por crime cuja pena exceda a dois anos de
rir a terceiros por iniciativa própria, tampouco existindo a prisão.
viabilidade de ocorrer a sua prescrição pelo desuso. O po- Há, ainda, as hipóteses de perda ou destituição do po-
der familiar é indelegável, sendo, em regra, irrenunciável e der familiar, que é a sanção mais grave imposta aos pais
sempre intransferível. Logo, não sendo possível ao titular que faltarem com os deveres em relação aos filhos:
do poder familiar abrir mão de seu dever, a renúncia é in-
viável, existindo apenas uma exceção, qual seja, a decor- Artigo 1.638, CC. Perderá por ato judicial o poder fami-
rente da adoção. liar o pai ou a mãe que:
Existe apenas uma exceção, que é o caso do pedido de I – castigar imoderadamente o filho;
colocação do menor em família substituta, disponibilizan- II – deixar o filho em abandono;
do o filho para a adoção, caso em que os direitos e deveres III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
decorrentes do poder familiar serão exercidos por novos IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no arti-
titulares, ou seja, pelos pais adotivos. go antecedente.
A esse respeito, os direitos e deveres dos pais dispos-
tos nos artigos 1.630 a 1.638 do Código Civil regulam, den- Nessa linha de pensamento, os artigos 24 e 22 do Es-
tre os deveres e poderes decorrentes do poder familiar, tatuto da Criança e do Adolescente, citados anteriormente,
também os de ordem pessoal, ou seja, o cuidado existen- além de preverem a suspensão e destituição do poder fa-
cial do menor, a educação, a correição, e os de ordem ma- miliar, trazem também os motivos que poderão acarretá-
terial, que envolvem a administração dos bens dos filhos. -las.
Os principais atributos do poder familiar são a guarda, a São bastante frequentes nos casos de pais que perdem
criação e a educação, que se refletem nos deveres dos pais o poder familiar os atos de violência e espancamento; as-
para com os filhos; tanto que, não cumprindo algum des- sim como o de abandono, no qual os menores, ao se ve-
ses atributos, o detentor do poder poderá sofrer sanções rem abandonados, começam a relacionar-se com pessoas
cíveis e até criminais. delinquentes e usuárias de drogas, que não vão colaborar
O poder familiar, conforme disposição do próprio or- em nada com seu desenvolvimento e crescimento. Nessas
denamento civil, não é um instituto irrevogável e pode ser situações, os detentores do poder familiar podem sofrer a
extinto, suspenso ou destituído a qualquer tempo. Basica- perda do poder familiar.
mente, as formas de extinção se aplicam quando o exercí- Cabe aqui consignar que, no caso da perda do poder
cio do poder familiar não é mais necessário; ao passo que familiar, se no decorrer do tempo o menor não vier a ser
as regras de perda e suspensão constituem casos de priva- adotado por outra família e as causas que levaram a perda
ção do exercício do poder familiar pelo descumprimento do poder desaparecerem, os genitores poderão requerer
de seus deveres. judicialmente a reintegração do poder familiar, desde que
Sendo assim, o Estado poderá interferir na relação fa- comprovem realmente que o motivo que os levou a perder
miliar, com o objetivo de resguardar os interesses do me- esse poder já não existe mais.
nor, sendo que a lei disciplina os casos em que o titular do Por seu turno, pelo que se verifica na análise da legis-
poder familiar ficará privado de exercê-lo, seja de forma lação, quando o legislador estabeleceu as hipóteses de ex-
temporária ou até mesmo definitiva. tinção do poder familiar, em regra, o fez por perceber que a
pessoa que a ele se encontrava sujeita adquiriu maturidade
Artigo 1.637, CC. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua auto- o suficiente para guiar a sua vida, não havendo razão para
ridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando que permaneça tal vínculo. Há casos, entretanto, que a vio-
os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, lação aos direitos inerentes ao poder familiar tornou irre-
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça re- versível o seu restabelecimento, como ocorre na adoção.
clamada pela segurança do menor e seus haveres, até sus-
pendendo o poder familiar, quando convenha. Artigo 1.635, CC. Extingue-se o poder familiar: I – pela
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do morte dos pais ou do filho; II – pela emancipação, nos termos
poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença ir- do artigo 5º, parágrafo único; III – pela maioridade; IV – pela
recorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos adoção; V – por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
de prisão.
A extinção do poder familiar é mais complexa, pois
Nestes casos, a suspensão não será definitiva, é apenas nesta situação os pais, extintos do poder, não poderão
uma sanção imposta pelo Poder Judiciário visando preser- requerer a reintegração do poder familiar se houve inter-
var os interesses dos filhos, assim, diante da comprovação ferência deles para sua extinção. Na maioria dos casos, é
de que os problemas que levaram à suspensão desapare- possível identificar facilmente a existência da extinção do
ceram, o poder familiar poderá retornar aos genitores. poder familiar, por se tratarem de hipóteses objetivas.

52
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Seção II Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á


Da Família Natural mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente
da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
Dos artigos 25 a 27 o ECA aborda a família natural, nos desta Lei.
seguintes termos: § 1o  Sempre que possível, a criança ou o adolescen-
te será previamente ouvido por equipe interprofissional,
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de com-
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descenden- preensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião
tes. devidamente considerada. 
Parágrafo único.  Entende-se por família extensa ou § 2o  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
ampliada aquela que se estende para além da unidade será necessário seu consentimento, colhido em audiência. 
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por paren- § 3o  Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
tes próximos com os quais a criança ou adolescente convive grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afeti-
e mantém vínculos de afinidade e afetividade.  vidade, a fim de evitar ou minorar as consequências decor-
A família natural é composta por pais e filhos que for- rentes da medida. 
mam vínculo entre si desde o nascimento, por questão bio- § 4o  Os grupos de irmãos serão colocados sob ado-
lógica. ção, tutela ou guarda da mesma família substituta, res-
O conceito de família pode ser visto de uma manei- salvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra
ra mais ampla, o que se denomina família extensa ou am- situação que justifique plenamente a excepcionalidade de
pliada. Por exemplo, avós e tios que sejam muito próximos solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o
e participem diretamente do convívio familiar, formando rompimento definitivo dos vínculos fraternais. 
para com a criança e o adolescente vínculos de afinidade § 5o  A colocação da criança ou adolescente em família
e afetividade. substituta será precedida de sua preparação gradativa e
acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis
no próprio termo de nascimento, por testamento, me- pela execução da política municipal de garantia do direito à
diante escritura ou outro documento público, qualquer convivência familiar. 
que seja a origem da filiação. § 6o  Em se tratando de criança ou adolescente indígena
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo,
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se é ainda obrigatório: 
deixar descendentes. I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
Como o artigo 20 estabelece a igualdade entre os filhos social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
havidos dentro ou fora do casamento, sentido em que se suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
compreende que tanto os filhos inseridos no matrimônio direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Cons-
quanto os que não o estão fazem parte da família natural, o tituição Federal; 
artigo 26 tece detalhes sobre a possibilidade de reconheci- II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
mento do vínculo de filiação, que pode se dar antes mesmo no seio de sua comunidade ou junto a membros da mes-
do nascimento do filho ou extrapolar a sua vida, devendo ma etnia; 
ser feito em documento público. III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
federal responsável pela política indigenista, no caso de
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di- crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, pe-
reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, po- rante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
dendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem acompanhar o caso. 
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
O direito à filiação é personalíssimo, indisponível e im- Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
prescritível. Mesmo que um filho passe a vida toda ou boa a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilida-
parte de sua vida sem buscar o seu reconhecimento, ele de com a natureza da medida ou não ofereça ambiente
não se perde. Logo, a ação de investigação de paternidade familiar adequado.
é imprescritível, pois também o é o vínculo que ela reco-
nhece em caso de procedência. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
Seção III a entidades governamentais ou não-governamentais,
Da Família Substituta sem autorização judicial.
Subseção I
Disposições Gerais Art. 31. A colocação em família substituta estrangei-
ra constitui medida excepcional, somente admissível na
Dos artigos 28 a 32 aborda-se a família substituta, nos modalidade de adoção.
seguintes termos:

53
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável § 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá
encargo, mediante termo nos autos. receber a criança ou adolescente mediante guarda, obser-
vado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. 
Existem três formas de colocação em família substituta: § 3º A União apoiará a implementação de serviços
guarda, tutela e adoção. Neste sentido, a criança é retirada de acolhimento em família acolhedora como política
da esfera do poder familiar de ambos os pais (o que pode pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o
acontecer na tutela e na adoção), ou então permanece acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em
vinculado ao poder familiar de ambos genitores enquanto residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa-
apenas um ou um terceiro exerce a guarda (o que ocorre nhadas que não estejam no cadastro de adoção.
apenas na guarda). Trata-se de situação excepcional, eis § 4º Poderão ser utilizados recursos federais, esta-
que em regra a criança deve permanecer na família natural, duais, distritais e municipais para a manutenção dos ser-
vinculada ao poder familiar atribuído a ambos os pais. viços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o
Neste tipo de circunstância, deve-se buscar sempre repasse de recursos para a própria família acolhedora.
ouvir a criança ou o adolescente. Caso já possua 12 anos
completos, a oitiva é obrigatória. Trata-se de respeito à au- Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem-
tonomia da criança e do adolescente. po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério
Os irmãos devem permanecer unidos em qualquer cir- Público.
cunstância, sendo a separação de irmãos medida excep-
cional. Por exemplo, se um casal estiver disposto a adotar Na definição de Santos Neto22 a guarda trata-se de um
4 filhos e existirem 4 irmãos, será dada prioridade a ele, “direito consistente na posse de menor oponível a terceiros
passando na frente dos demais candidatos à adoção. e que acarreta deveres de vigilância em relação a este”.
No entender de Ishida23, a guarda é vinculada ao poder
Subseção II familiar, “todavia, pode ocorrer a separação dos dois ins-
Da Guarda titutos, por exemplo, com a separação judicial do marido
e da mulher, onde o poder familiar continua pertencendo
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência aos dois, no entanto um só poderá ficar com a guarda da
material, moral e educacional à criança ou adolescente, prole”. ou seja, tanto o pai como a mãe são detentores do
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, poder familiar mesmo após a separação, mas nos tipos de
inclusive aos pais.  guarda comum, apenas um terá a guarda do filho.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de Logo, a dissolução do vínculo conjugal não exclui o
fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos poder familiar, mas pode excluir a guarda de um dos pais,
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por reservando-o apenas o direito de visitas, dependendo da
estrangeiros. modalidade de guarda adotada. Com a dissolução da união
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos conjugal, hoje se estabeleceu que a prole poderá ficar com
casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu- o genitor que tiver melhor condições de assistir o filho.
liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, “Mesmo que a mãe seja considerada culpada pela se-
podendo ser deferido o direito de representação para a práti- paração, pode o juiz deferir-lhe a guarda dos filhos me-
ca de atos determinados. nores, se estiver comprovado que o pai, por exemplo, é
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con- alcoólatra e não tem condições de cuidar bem deles. Não
dição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, se indaga, portanto, quem deu causa à separação e quem
inclusive previdenciários. é o cônjuge inocente, mas qual deles revela melhores con-
§ 4o  Salvo expressa e fundamentada determinação em dições para exercer a guarda dos filhos menores, cujos
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando interesses foram colocados em primeiro plano. A solução
a medida for aplicada em preparação para adoção, o de- será, portanto, a mesma se ambos os pais forem culpados
ferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros pela separação e se a hipótese for de ruptura da vida em
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, as- comum ou de separação por motivo de doença mental. A
sim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regra amolda-se ao princípio do melhor interesse da crian-
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do ça, identificado como direito fundamental na Constituição
Ministério Público.  Federal (art. 5º, §2º), em razão da ratificação pela Conven-
ção Internacional sobre os Direitos da Criança – ONU/89”24.
Art. 34.  O poder público estimulará, por meio de as- O juiz antes de decidir o mérito de uma ação de guar-
sistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhi- da, separação ou divórcio, tem que determinar a guarda
mento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente provisória do menor a um dos pais, o qual não se trata de
afastado do convívio familiar. 
§ 1o  A inclusão da criança ou adolescente em pro- 22 SANTOS NETO, José Antônio de Paula. Do Pátrio Poder. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1994.
gramas de acolhimento familiar terá preferência a seu
23 ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Dou-
acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o trina e Jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
caráter temporário e excepcional da medida, nos termos 24 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de
desta Lei.  Família. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.

54
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

um modelo de guarda, mas de definir uma situação mo- prevê o artigo 1.583, §3º, do Código Civil: “a guarda unila-
mentânea em que a prole se encontra. Somente com o jul- teral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervi-
gamento do mérito será estabelecida a guarda definitiva, sionar os interesses dos filhos”.
que deverá adotar um dos modelos de guarda permitida c) Guarda Alternada ou Guarda Partilhada
no ordenamento jurídico brasileiro. Nesse modelo de guarda, cada um dos genitores terá
A guarda definitiva expressa o modelo de guarda ado- a possibilidade de ter sobre sua guarda o menor ou ado-
tado pelos pais. Porém, mesmo tratando-se de guarda de- lescente de forma alternada e exclusiva, ou seja, o casal
finitiva, tal modelo poderá ser alterado a qualquer tempo, determinará o período em que o menor ficará com o pai
pois o que regula o instituto da guarda é o melhor interes- ou com a mãe, existindo dessa forma sempre uma alter-
se do menor e, não sendo isso possível, a guarda é passível nância na guarda jurídica do menor. O período em que a
de modificação. guarda ficará com o pai ou com a mãe na guarda alternada,
a) Guarda Comum ou Guarda Originária poderá ser de um dia, uma semana, uma parte da semana,
A guarda comum ou guarda originária não é uma guar- um mês, um ano, ou até mais, dependendo do acordo dos
da judicial, existindo quando os genitores possuem vínculo genitores, sendo que, ao término desse período, os papéis
matrimonial ou vivem em união estável e moram juntos se invertem. Os direitos e deveres deste modelo de guarda
com seus filhos, situação na qual exercem plenamente e ficarão sempre com o cônjuge que estiver com a guarda
simultaneamente todos os poderes inerentes do poder fa- do menor, cabendo ao outro os direitos inerentes do não
miliar e, consequentemente, a guarda. Não existe a figura guardião, ou seja, o de visita e o de fiscalização25.
do guardião e nem arbitramento judicial sobre a questão. d) Guarda Dividida
Ambos pais exercem juntos a guarda em plenitude. Na guarda dividida, são os próprios pais que contes-
b) Guarda Unilateral ou Guarda Única tam e procuram novos meios de garantir uma maior parti-
Observando-se sempre o princípio do melhor interesse cipação na vida da prole, pois neste modelo o menor vive
do menor, a guarda excepcionalmente poderá ser atribuí- em um lar fixo e determinado e recebe periodicamente a
da de forma unilateral a uma terceira pessoa quando os visita do pai ou da mãe que não tem a guarda.
genitores não estiverem em condições de exercê-la, pois, Na guarda dividida o filho tem um lar fixo e recebe
conforme determina o artigo 1.583, §1º, do Código Civil, nele a visita de ambos os genitores em tempos diferentes,
“compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só sendo que a guarda é exercida por aquele que estiver com
dos genitores ou a alguém que o substitua”. Neste viés, a criança, o que é diferente da guarda unilateral, pois nela
dispõe o artigo 1.584, §5º, do mesmo diploma legal: “Se o a guarda é de um dos genitores e o infante vai, em dias
determinados, receber a visita do outro não guardião.
juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda
e) Guarda por Aninhamento ou Nidação
do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele
A guarda por aninhamento, conhecida também como
compatibilidade com a natureza da medida, considerados,
guarda por nidação, ocorre quando a prole possui um lar
de preferência, o grau de parentesco e as relações de afini-
fixo e os pais se revezam, mudando-se para a casa do(s)
dade e afetividade”. Vale ressaltar que a guarda unilateral
filho(s) em períodos alternados de tempo, para conviver e
também é possível quando nenhum dos pais tem condi-
atender as suas necessidades. Basicamente, os pais se reve-
ções de exercê-la, por exemplo, atribuindo a guarda aos
zam na residência do filho.
avós ou aos tios.
f) Guarda Compartilhada
Usualmente, nesse contexto, podemos constatar a Considerando a evolução da família, especialmente a
existência da guarda unilateral, que é atribuída somen- da mulher na sociedade, bem como o grande número de
te a um dos genitores, e da guarda compartilhada, que é separações ocorridas nos últimos anos, o ordenamento ju-
atribuída a ambos, sendo que a previsão das duas moda- rídico busca com o instituto da guarda compartilhada evitar
lidades de guarda encontra-se no artigo 1.583, da Lei n. prejuízos ainda maiores aos filhos de casal separado, que,
11.698/2008, que constitui que “a guarda será unilateral ou além de não terem o convívio diário com um dos genitores,
compartilhada”. têm que vivenciar os problemas conjugais de seus pais e
A Lei alterou a redação do artigo 1.583 e passou a es- ainda se tornarem, em muitos casos, vítimas da Síndrome
tabelecer nos incisos do §2º do dispositivo algumas das da Alienação Parental.
situações que deverão ser consideradas pelo magistrado Segundo Akel26, “a guarda compartilhada surgiu da ne-
ao atribuir a guarda a um dos genitores: afeto nas relações cessidade de se encontrar uma maneira que fosse capaz de
com o genitor e com o grupo familiar; saúde e segurança; fazer com que os pais, que não mais convivem, e seus filhos
e educação. mantivessem os vínculos afetivos latentes, mesmo após o
Na guarda unilateral atribuída a apenas um dos pais, rompimento”.
apesar de um dos genitores não ser o guardião, continuam
ambos a exercerem a guarda jurídica. A diferença é que,
em virtude da guarda, o genitor guardião tem o poder de 25 COSTA, Luiz Jorge Valente Pontes. Guarda Conjunta: em busca
decisão, enquanto o genitor não guardião tem o poder de do maior interesse do menor. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/
revista/texto/13965/guarda-conjunta-em-busca-do-maior-interesse-
fiscalização, podendo contestar a decisão do genitor guar-
-do-menor/2>. Acesso em: 16 out. 2010.
dião e até mesmo recorrer à justiça, caso entenda que a 26 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada: um Avanço
decisão tomada não seja a melhor para a prole, conforme para a Família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

55
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Com esse propósito, a recente Lei nº 11.698/2008 insti- Subseção IV


tuiu expressamente no ordenamento jurídico o instituto da Da Adoção
guarda compartilhada. Embora tenha sido sancionada em
13 de junho de 2008 e publicada no Diário Oficial da União A disciplina do ECA a respeito da adoção também se
em 16 de junho do mesmo ano, por força da vacatio legis divide em dois blocos, um voltado a aspectos materiais,
instituída no artigo 2º, a lei somente entrou em vigor no do artigo 39 ao 52-D, e outro voltado a aspectos procedi-
país 60 (sessenta) dias após a sua publicação, ou seja, em mentais, notadamente no que se refere à habilitação para a
16 de agosto de 2008 (vide anexo). adoção, do artigo 197-A a 197-D.
A nova lei trás em seu bojo o conceito de guarda com-
partilhada nos seguintes termos: “compreende-se por [...] Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o segundo o disposto nesta Lei.
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos
dos filhos comuns”. de manutenção da criança ou adolescente na família natural
Assim, de acordo com o novo diploma legal, pode- ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. 
-se verificar que na guarda compartilhada os pais terão os § 2o É vedada a adoção por procuração. 
mesmos direitos e deveres com relação ao filho, ou seja, as § 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
tarefas serão divididas de forma igualitária, não sobrecar- adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
regando somente um dos genitores. devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
Subseção III Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
Da Tutela zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guar-
da ou tutela dos adotantes.
Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. 
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
prévia decretação da perda ou suspensão do poder fa-
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
miliar e implica necessariamente o dever de guarda.
os impedimentos matrimoniais.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou qual-
do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adota-
quer documento autêntico, conforme previsto no parágra-
do e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
fo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
parentes.
2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias
após a abertura da sucessão, ingressar com pedido des- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
tinado ao controle judicial do ato, observando o procedi- seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.  dentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
Parágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão ob- vocação hereditária.
servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na dispo- Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
sição de última vontade, se restar comprovado que a medida anos, independentemente do estado civil. 
é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
melhores condições de assumi-la.  adotando.
§ 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os ado-
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no tantes sejam casados civilmente ou mantenham união está-
art. 24. vel, comprovada a estabilidade da família. 
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
A tutela é forma de colocação de criança e adolescente mais velho do que o adotando.
em família substituta. Pressupõe, ao contrário da guarda, § 4o  Os divorciados, os judicialmente separados e os
a prévia destituição ou suspensão do poder familiar dos ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto
pais (família natural). Visa essencialmente a suprir carência que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
de representação legal, assumindo o tutor tal munus na que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons-
ausência dos genitores. Na hipótese de os pais serem fale- tância do período de convivência e que seja comprovada a
cidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder fa- existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele
miliar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade
colocação em família substituta, este poderá ser formulado da concessão.  
diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró- § 5o  Nos casos do § 4o  deste artigo, desde que de-
prios requerentes, dispensada a assistência por advogado monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada
(art. 166, ECA). Em outras circunstâncias, deve passar pelo a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da
crivo do Judiciário. Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. 

56
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 6o  A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso o registro original do adotado.
do procedimento, antes de prolatada a sentença. § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais residência.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legíti- § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
mos. derá constar nas certidões do registro.  
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador ado- modificação do prenome.  
tar o pupilo ou o curatelado. § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.  
ou do representante legal do adotando. § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força
tenham sido destituídos do poder familiar. retroativa à data do óbito. 
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a
de idade, será também necessário o seu consentimento. ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se
seu armazenamento em microfilme ou por outros meios,
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convi- garantida a sua conservação para consulta a qualquer tem-
vência com a criança ou adolescente, pelo prazo máxi- po. 
mo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
adolescente e as peculiaridades do caso. adoção em que o adotando for criança ou adolescente
§ 1o  O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
com deficiência ou com doença crônica.
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotan-
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de ado-
te durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
ção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única
conveniência da constituição do vínculo. 
vez por igual período, mediante decisão fundamentada da
§ 2o  A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
autoridade judiciária.
dispensa da realização do estágio de convivência.  
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem
artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
decisão fundamentada da autoridade judiciária.
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será após completar 18 (dezoito) anos. 
de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e Parágrafo único.  O acesso ao processo de adoção pode-
cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, rá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurí-
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, dica e psicológica. 
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
deferimento da adoção à autoridade judiciária. familiar dos pais naturais. 
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- marca ou foro regional, um registro de crianças e ado-
ponsáveis pela execução da política de garantia do direito lescentes em condições de serem adotados e outro de
à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso pessoas interessadas na adoção.  
acerca da conveniência do deferimento da medida. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no terri- consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Minis-
tório nacional, preferencialmente na comarca de residência tério Público.
da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
do juízo da comarca de residência da criança. hipóteses previstas no art. 29.
§ 3o  A inscrição de postulantes à adoção será precedida
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença de um período de preparação psicossocial e jurídica, orienta-
judicial, que será inscrita no registro civil mediante manda- do pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
do do qual não se fornecerá certidão. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes execução da política municipal de garantia do direito à con-
como pais, bem como o nome de seus ascendentes. vivência familiar. 

57
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 4o  Sempre que possível e recomendável, a prepa- § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pes-
ração referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com soas interessadas em adotar criança ou adolescente com
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou insti- deficiência, com doença crônica ou com necessidades es-
tucional em condições de serem adotados, a ser realizado pecíficas de saúde, além de grupo de irmãos.
sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica
da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos téc- Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
nicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela qual o pretendente possui residência habitual em país-parte
execução da política municipal de garantia do direito à da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
convivência familiar.  Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Ado-
§ 5o  Serão criados e implementados cadastros estaduais ção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21
e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.  da Convenção.
§ 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
residentes fora do País, que somente serão consultados na brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quan-
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadas- do restar comprovado:
tros mencionados no § 5o deste artigo.  I - que a colocação em família adotiva é a solução ade-
§ 7o  As autoridades estaduais e federais em matéria de quada ao caso concreto;
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colo-
a troca de informações e a cooperação mútua, para melho- cação da criança ou adolescente em família adotiva brasilei-
ria do sistema.  ra, com a comprovação, certificada nos autos, da inexistên-
§ 8o  A autoridade judiciária providenciará, no prazo cia de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e compatível com a criança ou adolescente, após consulta aos
adolescentes em condições de serem adotados que não cadastros mencionados nesta Lei;
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à
foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de de-
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
senvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. 
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional,
§ 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. 
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com pos-
§ 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão preferên-
terior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. 
cia aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência
criança ou adolescente brasileiro. 
de pretendentes habilitados residentes no País com perfil
§ 3o  A adoção internacional pressupõe a intervenção
compatível e interesse manifesto pela adoção de criança
ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será reali- das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
zado o encaminhamento da criança ou adolescente à ado- adoção internacional. 
ção internacional.
§ 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interes- Art. 52.  A adoção internacional observará o procedi-
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguin-
que possível e recomendável, será colocado sob guarda de tes adaptações: 
família cadastrada em programa de acolhimento familiar.  I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar
§ 12.  A alimentação do cadastro e a convocação cri- criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido
teriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em
Ministério Público.  matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim
§ 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa- II - se a Autoridade Central do país de acolhida consi-
mente nos termos desta Lei quando:  derar que os solicitantes estão habilitados e aptos para ado-
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;  tar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a
II - for formulada por parente com o qual a criança ou identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitan-
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;  tes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde assumir uma adoção internacional; 
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos Autoridade Central Federal Brasileira; 
arts. 237 ou 238 desta Lei.  IV - o relatório será instruído com toda a documenta-
§ 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o ção necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
que preenche os requisitos necessários à adoção, confor- legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
me previsto nesta Lei.  vigência; 

58
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

V - os documentos em língua estrangeira serão devida- III - estar submetidos à supervisão das autoridades com-
mente autenticados pela autoridade consular, observados os petentes do país onde estiverem sediados e no país de aco-
tratados e convenções internacionais, e acompanhados da lhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e
respectiva tradução, por tradutor público juramentado;  situação financeira; 
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigên- IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasilei-
cias e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial ra, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de bem como relatório de acompanhamento das adoções inter-
acolhida;  nacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminha-
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade da ao Departamento de Polícia Federal; 
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangei- V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autori-
ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos dade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe envio do relatório será mantido até a juntada de cópia au-
esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expe- tenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país
dido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá de acolhida para o adotado; 
validade por, no máximo, 1 (um) ano;  VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasi-
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o leira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam con-
a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela cedidos. 
Autoridade Central Estadual.  § 5o  A não apresentação dos relatórios referidos no §
§ 1o  Se a legislação do país de acolhida assim o autori- 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarre-
zar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção inter- tar a suspensão de seu credenciamento. 
nacional sejam intermediados por organismos credenciados.  § 6o  O credenciamento de organismo nacional ou es-
§ 2o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros en- internacional terá validade de 2 (dois) anos. 
carregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção § 7o  A renovação do credenciamento poderá ser con-
internacional, com posterior comunicação às Autoridades cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de im- Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores
prensa e em sítio próprio da internet.  ao término do respectivo prazo de validade. 
§ 3o  Somente será admissível o credenciamento de or- § 8o  Antes de transitada em julgado a decisão que con-
ganismos que:  cedeu a adoção internacional, não será permitida a
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven- § 9o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju-
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Auto- diciária determinará a expedição de alvará com autoriza-
ridade Central do país onde estiverem sediados e no país de ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte,
acolhida do adotando para atuar em adoção internacional constando, obrigatoriamente, as características da criança
no Brasil;  ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
II - satisfizerem as condições de integridade moral, com- sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a
petência profissional, experiência e responsabilidade exigi- aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins-
das pelos países respectivos e pela Autoridade Central Fede- truindo o documento com cópia autenticada da decisão e
ral Brasileira;  certidão de trânsito em julgado. 
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua for- § 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
mação e experiência para atuar na área de adoção interna- qualquer momento, solicitar informações sobre a situação
cional;  das crianças e adolescentes adotados. 
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento § 11.  A cobrança de valores por parte dos organismos
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autori- credenciados, que sejam considerados abusivos pela Auto-
dade Central Federal Brasileira.  ridade Central Federal Brasileira e que não estejam devida-
§ 4o  Os organismos credenciados deverão ainda:  mente comprovados, é causa de seu descredenciamento. 
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condi- § 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
ções e dentro dos limites fixados pelas autoridades compe- ser representados por mais de uma entidade credenciada
tentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida para atuar na cooperação em adoção internacional. 
e pela Autoridade Central Federal Brasileira;  § 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou domi-
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifica- ciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
das e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada podendo ser renovada. 
formação ou experiência para atuar na área de adoção in- § 14.  É vedado o contato direto de representantes de
ternacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Fe- organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com di-
deral e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, rigentes de programas de acolhimento institucional ou fa-
mediante publicação de portaria do órgão federal compe- miliar, assim como com crianças e adolescentes em condi-
tente;  ções de serem adotados, sem a devida autorização judicial. 

59
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá A adoção no Código Civil de 1916 era tratada em seu
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamen- capítulo V. A adoção seguia um critério de ter um filho
tos sempre que julgar necessário, mediante ato administra- para que a família tivesse sucessão e para configurar a fa-
tivo fundamentado.  mília da época que só tinha uma configuração costumeira
se houvesse pai, mãe e filhos. A idade de 30 (trinta) anos
Art. 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade e para que as pessoas pudessem não se arrepender do feito.
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de Quando se falava do casamento criava-se o critério de que
organismos estrangeiros encarregados de intermediar pe- tenha se passado 05 (cinco) anos de matrimônio para que
didos de adoção internacional a organismos nacionais o casal possa adotar, pois o ideal era que os filhos fossem
ou a pessoas físicas.  consanguíneos. A adoção poderia se dissolver por vontade
Parágrafo único.  Eventuais repasses somente poderão das partes. Caso houvessem filhos naturais reconhecidos
ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adoles- ou legitimados os filhos adotivos não participavam da su-
cente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conse- cessão além de não se desfazer o vínculo com os parentes
lho de Direitos da Criança e do Adolescente.  naturais, somente no que dizia respeito ao pátrio poder.
Houve um grande salto no que concerne a adoção que
Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no ex- foi a letra trazida pela Constituição Federal de 1988 em seu
terior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo pro- artigo 227 e com o ECA, que versa sobre todas as garantias
cesso de adoção tenha sido processado em conformidade constitucionais e no que tange a adoção vem dos artigos
com a legislação vigente no país de residência e atendido o 39 ao 52-D falando sobre a regularização da adoção e traz
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, como princípio basilar o melhor interesse da criança, além
será automaticamente recepcionada com o reingresso de ter como fundamento o afeto de pai para filho sem que
no Brasil.  haja qualquer diferenciação para com os filhos biológicos.
§ 1o  Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea Ainda no que concerne a adoção, foi criada para dar
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença efetividade ao ECA a Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009,
ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.   que tem o intuito de alterar o direito à convivência familiar
§ 2o  O pretendente brasileiro residente no exterior em mostrando com clareza como deve ocorrer a adoção.
país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez rein- Para ser candidato a adoção deve ter cumprido uma
gressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sen- série de requisitos para se tornar hábil, estes requisitos são
tença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.  elencados na lei. O primeiro deles é a qualificação comple-
ta: da pessoa que deseja adotar ou das pessoas que dese-
Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o jam no caso de casais juntamente com os dados familiares,
Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade dados que vão completar não só a ficha do casal ou pessoa
competente do país de origem da criança ou do adolescen- que deseja adotar, mais da família onde o menor vai residir
te será conhecida pela Autoridade Central Estadual que e ter sua formação os documentos pessoais como cópias
tiver processado o pedido de habilitação dos pais ado- de certidão de nascimento (quando solteiros), de certidão
tivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Fe- de casamento (quando casados), cópias de declaração de
deral e determinará as providências necessárias à expedição período de união estável, Cópias de Certidão de identidade
do Certificado de Naturalização Provisório.   (RG), Comprovante da renda da pessoa ou casal, compro-
§ 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério vante que demostre que as condições vão suprir a neces-
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela sidade de se incluir mais um membro naquele lar, compro-
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta- vante de moradia em que prove a pessoa ter sua residência
mente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse que acolherá o novo integrante.
superior da criança ou do adolescente.  O interessado em adotar deve juntar atestados de saú-
§ 2o  Na hipótese de não reconhecimento da adoção, de física onde a pessoa vai demonstrar ser capaz de cuidar
prevista no § 1o  deste artigo, o Ministério Público deverá e garantir uma boa vida para o adotando e atestado de
imediatamente requerer o que for de direito para resguar- saúde mental, comprovando que a pessoa é capaz legal-
dar os interesses da criança ou do adolescente, comunican- mente.
do-se as providências à Autoridade Central Estadual, que Nos aspectos judiciais inerentes ao caso devem ser
fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira juntados Certidão de antecedentes criminais, que demos-
e à Autoridade Central do país de origem.  tra conduta legal do indivíduo perante a sociedade, Cer-
tidão negativa de distribuição civil, além da manifestação
Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil do M.P (Ministério Público) apresentando quesitos a serem
for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no respondidos pela equipe interdisciplinar, designação de
país de origem porque a sua legislação a delega ao país de audiência para oitiva de testemunhas e requerentes, soli-
acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a citar juntada de documentos complementares que sejam
criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha necessários. Deve ser obrigatório o estudo psicossocial
aderido à Convenção referida, o processo de adoção segui- onde se testa a capacidade dos indivíduos para se torna-
rá as regras da adoção nacional.  rem pai ou mãe, o de incluir mais um membro junto aos
filhos já existente. Os programas de capacitação também

60
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

devem ser aderido a este sistema, levando esclarecimentos - Acolhimento familiar: medida de proteção criada para
aos pretendentes a adoção além, de manter contato com a o amparo da criança até que seja resolvida a situação;
criança em regime de acolhimento familiar. - Guia de acolhimento: será elaborado pelo poder Ju-
Sendo os adotantes inscritos são chamados por ordem diciário um guia para encaminhar à criança a entidade de
cronológica de acordo com a habilitação, e que só poderá acolhimento (guia deve conter a causa da retirada e per-
ser dispensada se for pelo melhor interesse do adotando. manência do menor fora da sua família natural além de
Os seguintes princípios e diretrizes devem guiar a de- todos os dados)
cisão pela adoção: - Plano individual de atendimento: cada criança vai ter
- Condição da criança e do adolescente como ser de um plano a ser desenvolvido visando sua adaptação a nova
direitos: As crianças são detentoras de direitos previstos na família;
lei 8.069/90 e na Constituição Federal de 1988; - Destituição do poder familiar: Promovida pelo M.P
- Proteção integral e prioritária: Toda e qualquer norma (Ministério público) sendo para isto necessário prévio aviso
a entidade de acolhimento familiar, ou, responsáveis pela
contida dentro da lei 8.069/90 deve ser voltada a proteção
execução da política municipal de garantia do direito a
integral dos interesses do menor;
convivência familiar.
- Responsabilidade primária e solidaria do poder pú-
- Cadastro de crianças a adolescentes à regime institu-
blico: tanto nos casos ressalvados pelo E.C.A (Estatuto da
cional e familiar: é um cadastro para crianças e adolescen-
Criança e do Adolescente) quanto nos casos que a CF/88 tes que necessitem de acolhimento familiar ou institucional
(Constituição Federal de 1988) e demais objetos legais es- devido a algum registro de maus tratos.
pecíficos, é, dever dos três poderes atuarem no que for ne- A Lei no 13.509 de 22 de novembro de 2017 surgiu com
cessário para a proteção do menor; o propósito de maximizar a efetividade das disposições do
- Interesse superior da criança e do adolescente: me- ECA, inclusive no âmbito da adoção, possuindo a peculia-
diante a necessidade da intervenção estatal é necessário ridade de ser mais rigorosa no que tange ao cumprimento
que se dê privilégio ao interesse do que for melhor para a de prazos para maior celeridade do processo.
criança e/ou adolescente. O primeiro interesse a ser obser-
vado é o que trouxer melhor benefício a estes; Capítulo IV
- Privacidade: A promoção dos direitos deve ser sem- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
pre feita respeitando a privação e o direito da imagem, a Lazer
sua vida privada e a intimidade;
- Intervenção precoce: Ao primeiro sinal de perigo e Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educa-
risco ao menor, o Estado deve intervir para reverter a situa- ção, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, pre-
ção presente; paro para o exercício da cidadania e qualificação para o tra-
- Intervenção mínima; balho, assegurando-se-lhes:
- Proporcionalidade e atualidade: Ser a atitude tomada I - igualdade de condições para o acesso e perma-
de acordo com a proporção de perigo existente no mo- nência na escola;
mento, evitando e revertendo o risco de morte; II - direito de ser respeitado por seus educadores;
- Responsabilidade parental: a intervenção deve ser a III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
princípio para que os pais tomem responsabilidade sobre recorrer às instâncias escolares superiores;
seus filhos; IV - direito de organização e participação em entida-
- Prevalência da família: Primeiro se dará a preferên- des estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
cia a família natural para que a criança continue com seus
residência.
pais depois a preferência vai ser da família contínua (família
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis
natural a primeira e extensa a segunda), em último caso a
ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da
criança/adolescente vai ser direcionada a família substituta.
definição das propostas educacionais.
- Obrigatoriedade da informação: respeitando o es-
tágio de desenvolvimento e compreensão da criança ou Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado-
adolescente, além de seus pais e responsáveis devem ser lescente:
informados o motivo em que se dá a intervenção e como I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclu-
esta se processou; sive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
- Oitiva obrigatória e participação: a criança ou adoles- II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gra-
cente separados ou na companhia de seus pais, responsá- tuidade ao ensino médio;
veis ou pessoas por ela indicados; bem como seus pais e III - atendimento educacional especializado aos por-
responsáveis, tem o direito de serem ouvidas e sua opinião tadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
deve ser considerada pelas autoridades do judiciário. de ensino;
- Afastamento da criança e do adolescente do conví- IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de
vio familiar: É um processo contencioso que importara aos zero a cinco anos de idade;
pais o direito do contraditório e da ampla defesa, este pro- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
cedimento é de competência do judiciário (procedimento pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
judicial) artigo 28 §§ 1° e 2° do E.C.A; cada um;

61
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às A partir dos 16 anos, o menor pode trabalhar, mas não
condições do adolescente trabalhador; no período noturno ou em condições de periculosidade e
VII - atendimento no ensino fundamental, através de insalubridade.
programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é di- gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
reito público subjetivo. nesta Lei.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
poder público ou sua oferta irregular importa responsabi- Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação téc-
lidade da autoridade competente. nico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases
§ 3º Compete ao poder público recensear os educan- da legislação de educação em vigor.
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
seguintes princípios:
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de ma- I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
tricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. sino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino adolescente;
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: III - horário especial para o exercício das atividades.
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Aquele que trabalha na condição de menor aprendiz
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão es- é obrigado a frequentar a escola, devendo ser facilitadas
colar, esgotados os recursos escolares; as condições para que o faça, notadamente pelo estabe-
III - elevados níveis de repetência. lecimento de horário especial de trabalho. Além disso, a
atividade laboral deve ser compatível com as atividades de
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiên-
ensino, até mesmo por se tratar de ensino técnico-profis-
cias e novas propostas relativas a calendário, seriação,
sionalizante.
currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas
Ex.: um jovem pode trabalhar no período matutino, fre-
à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
quentar o SENAI na parte da tarde e ir ao colégio no ensino
fundamental obrigatório.
médio noturno.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os va-
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
lores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a assegurada bolsa de aprendizagem.
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. Toda criança e adolescente que necessitar receberá fo-
mento para que não se desvincule das atividades de ensi-
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da no. Trata-se de incentivo àquele que sem auxílio acabaria
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos entrando em situação irregular e trabalhando.
e espaços para programações culturais, esportivas e de
lazer voltadas para a infância e a juventude. Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previden-
Capítulo V ciários.
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Uma vez que o adolescente está autorizado a trabalhar,
Trabalho mesmo que na condição de menor aprendiz, possui direi-
tos trabalhistas e previdenciários.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.  Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse-
Preconiza o artigo 7º, XXXIII, CF a “proibição de tra- gurado trabalho protegido.
balho noturno, perigoso ou insalubre a menores de O adolescente que possui deficiência não pode ser ex-
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis posto a uma situação de risco em decorrência da atividade
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze laboral.
anos”.
Portanto, em decorrência da própria norma constitu- Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regi-
cional, nenhuma criança ou adolescente pode trabalhar an- me familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
tes dos 14 anos de idade. Evidentemente que há algumas em entidade governamental ou não-governamental, é ve-
exceções a esta regra, devidamente fiscalizadas pelo Con- dado trabalho:
selho Tutelar, como é o caso dos artistas mirins. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
Entre 14 anos e 16 anos de idade somente será possí- dia e as cinco horas do dia seguinte;
vel o trabalho na condição de menor aprendiz, cuja natu- II - perigoso, insalubre ou penoso;
reza é de ensino técnico-profissional, viabilizando a futura III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
inserção do adolescente no mercado de trabalho. ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

62
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

IV - realizado em horários e locais que não permitam a I - a promoção de campanhas educativas permanentes
frequência à escola. para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
O menor aprendiz está proibido de trabalhar no perío- serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
do noturno, em trabalho que o coloque exposto a pericu- de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
losidade (ex.: em andaimes, em áreas com risco de incêndio proteção aos direitos humanos;
ou choques), insalubridade (ex.: em freezers de frigoríficos, II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
expostos a radiação) ou penosidade (ex.: excesso de força Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
física exigida). Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Ado-
lescente e com as entidades não governamentais que atuam
Art. 68. O programa social que tenha por base o tra- na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
balho educativo, sob responsabilidade de entidade governa- adolescente;
mental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
assegurar ao adolescente que dele participe condições de sionais de saúde, educação e assistência social e dos demais
capacitação para o exercício de atividade regular remu- agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos di-
nerada. reitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade das competências necessárias à prevenção, à identificação
laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas
desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem as formas de violência contra a criança e o adolescente;
sobre o aspecto produtivo. IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra- fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e
balho efetuado ou a participação na venda dos produtos de o adolescente;
seu trabalho não desfigura o caráter educativo. V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem
Os programas sociais voltados à capacitação dos ado- a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a
lescentes devem sempre ter por objetivo educá-lo para atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e respon-
que ele adquira condições de inserir-se no mercado de sáveis com o objetivo de promover a informação, a reflexão,
trabalho. Deve ser ensinado, logo, dele não se deve cobrar o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de casti-
tanta produtividade, mas sim deve ser avaliado pelo seu go físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo
aprendizado. O fato do trabalho ser remunerado não des- educativo;
virtua este propósito. VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização conjunta focados nas famílias em situação de violência, com
e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspec- participação de profissionais de saúde, de assistência social
tos, entre outros: e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- dos direitos da criança e do adolescente.
volvimento; Parágrafo único.  As famílias com crianças e adoles-
II - capacitação profissional adequada ao mercado de centes com deficiência terão prioridade de atendimento nas
trabalho. ações e políticas públicas de prevenção e proteção.
Com efeito, profissionalização e proteção no trabalho
são direitos fundamentais garantidos ao adolescente, exigin- Art. 70-B.  As entidades, públicas e privadas, que atuem
do-se neste campo que sua condição peculiar inerente ao nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
processo de aprendizado seja respeitada e que o trabalho contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a re-
sirva para permitir a sua inserção no mercado de trabalho. conhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou
casos de maus-tratos praticados contra crianças e adoles-
Título III centes.
Da Prevenção Parágrafo único.  São igualmente responsáveis pela co-
Capítulo I municação de que trata este artigo, as pessoas encarrega-
Disposições Gerais das, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão
ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustifi-
ameaça ou violação dos direitos da criança e do ado- cado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. 
lescente.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabo- produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de
ração de políticas públicas e na execução de ações des- pessoa em desenvolvimento.
tinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante e difundir formas não violentas Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
de educação de crianças e de adolescentes, tendo como da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
principais ações: por ela adotados.

63
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im- Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explo-
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, rem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
nos termos desta Lei. casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per-
Capítulo II mitida a entrada e a permanência de crianças e adoles-
Da Prevenção Especial centes no local, afixando aviso para orientação do público.
Seção I
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões Seção II
e Espetáculos Dos Produtos e Serviços

Art. 74. O poder público, através do órgão competente, Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
regulará as diversões e espetáculos públicos, informan- cente de:
do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se I - armas, munições e explosivos;
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se II - bebidas alcoólicas;
mostre inadequada. III - produtos cujos componentes possam causar depen-
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es- dência física ou psíquica ainda que por utilização indevi-
petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil da;
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
no certificado de classificação. qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di- VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
versões e espetáculos públicos classificados como ade-
quados à sua faixa etária. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so- lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre- congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou pais ou responsável.
responsável.
Seção III
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi- Da Autorização para Viajar
birão, no horário recomendado para o público infanto ju-
venil, programas com finalidades educativas, artísticas, Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora
culturais e informativas. da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado responsável, sem expressa autorização judicial.
ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua § 1º A autorização não será exigida quando:
transmissão, apresentação ou exibição. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcioná- mesma região metropolitana;
rios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas b) a criança estiver acompanhada:
de programação em vídeo cuidarão para que não haja 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
venda ou locação em desacordo com a classificação grau, comprovado documentalmente o parentesco;
atribuída pelo órgão competente. 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão pai, mãe ou responsável.
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
faixa etária a que se destinam. ou responsável, conceder autorização válida por dois
anos.
Art. 78. As revistas e publicações contendo material
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes de- Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au-
verão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a torização é dispensável, se a criança ou adolescente:
advertência de seu conteúdo. I - estiver acompanhado de ambos os pais ou res-
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas ponsável;
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas se- II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
jam protegidas com embalagem opaca. expressamente pelo outro através de documento com
firma reconhecida.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao pú-
blico infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fo- Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-
tografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas al- nhuma criança ou adolescente nascido em território na-
coólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
os valores éticos e sociais da pessoa e da família. residente ou domiciliado no exterior.

64
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parte Especial de crianças e de adolescentes inseridos em programas de


acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
Título I reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
Da Política de Atendimento comprovadamente inviável, sua colocação em família substitu-
Capítulo I ta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
Disposições Gerais VII - mobilização da opinião pública para a indispen-
sável participação dos diversos segmentos da sociedade;
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança VIII - especialização e formação continuada dos pro-
e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu- fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
lado de ações governamentais e não-governamentais, primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. da criança e sobre desenvolvimento infantil;
IX - formação profissional com abrangência dos di-
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimen- versos direitos da criança e do adolescente que favoreça
to: a intersetorialidade no atendimento da criança e do adoles-
I - políticas sociais básicas; cente e seu desenvolvimento integral;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de as- X - realização e divulgação de pesquisas sobre de-
sistência social de garantia de proteção social e de preven- senvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
ção e redução de violações de direitos, seus agravamentos
ou reincidências; Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
III - serviços especiais de prevenção e atendimento conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- adolescente é considerada de interesse público relevante
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; e não será remunerada.
IV - serviço de identificação e localização de pais,
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; Capítulo II
Das Entidades de Atendimento
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
Seção I
dos direitos da criança e do adolescente;
Disposições Gerais
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
abreviar o período de afastamento do convívio familiar
Art. 90. As entidades de atendimento são respon-
e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
sáveis pela manutenção das próprias unidades, assim
familiar de crianças e adolescentes;
como pelo planejamento e execução de programas de prote-
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob
ção e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes,
forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do em regime de: 
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, I - orientação e apoio sociofamiliar;
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades II - apoio socioeducativo em meio aberto;
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de ir- III - colocação familiar;
mãos. IV - acolhimento institucional;
V - prestação de serviços à comunidade;
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: VI - liberdade assistida;
I - municipalização do atendimento; VII - semiliberdade; e
II - criação de conselhos municipais, estaduais e VIII - internação.
nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos § 1o  As entidades governamentais e não governamen-
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, tais deverão proceder à inscrição de seus programas, especi-
assegurada a participação popular paritária por meio de or- ficando os regimes de atendimento, na forma definida neste
ganizações representativas, segundo leis federal, estaduais e artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
municipais; Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas
III - criação e manutenção de programas específicos, alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e
observada a descentralização político-administrativa; à autoridade judiciária.
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e mu- § 2o  Os recursos destinados à implementação e manu-
nicipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da tenção dos programas relacionados neste artigo serão pre-
criança e do adolescente; vistos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos en-
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, carregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência So-
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e As- cial, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade
sistência Social, preferencialmente em um mesmo local, absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput
para efeito de agilização do atendimento inicial a adoles- do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo
cente a quem se atribua autoria de ato infracional; único do art. 4o desta Lei.
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, § 3o  Os programas em execução serão reavaliados pelo
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e en- Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescen-
carregados da execução das políticas sociais básicas e de te, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios
assistência social, para efeito de agilização do atendimento para renovação da autorização de funcionamento:

65
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança
como às resoluções relativas à modalidade de atendimento ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavalia-
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e ção prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. 
do Adolescente, em todos os níveis;  § 3o  Os entes federados, por intermédio dos Poderes
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per-
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e manente qualificação dos profissionais que atuam direta ou
pela Justiça da Infância e da Juventude;  indiretamente em programas de acolhimento institucional e
III - em se tratando de programas de acolhimento insti- destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
tucional ou familiar, serão considerados os índices de sucesso incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e
na reintegração familiar ou de adaptação à família substitu- Conselho Tutelar. 
ta, conforme o caso. § 4o  Salvo determinação em contrário da autoridade ju-
diciária competente, as entidades que desenvolvem progra-
Art. 91. As entidades não-governamentais somente mas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário
com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistên-
poderão funcionar depois de registradas no Conselho
cia social, estimularão o contato da criança ou adolescente
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos
qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autori-
incisos I e VIII do caput deste artigo. 
dade judiciária da respectiva localidade.
§ 5o  As entidades que desenvolvem programas de aco-
§ 1o  Será negado o registro à entidade que:  lhimento familiar ou institucional somente poderão receber
a) não ofereça instalações físicas em condições adequa- recursos públicos se comprovado o atendimento dos princí-
das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; pios, exigências e finalidades desta Lei. 
b) não apresente plano de trabalho compatível com os § 6o  O descumprimento das disposições desta Lei pelo
princípios desta Lei; dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhi-
c) esteja irregularmente constituída; mento familiar ou institucional é causa de sua destituição,
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade adminis-
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e trativa, civil e criminal. 
deliberações relativas à modalidade de atendimento pres- § 7o  Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
tado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial aten-
Adolescente, em todos os níveis. ção à atuação de educadores de referência estáveis e quali-
§ 2o  O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, tativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendi-
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do mento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua prioritárias. 
renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo.
Art. 93.  As entidades que mantenham programa de
Art. 92.  As entidades que desenvolvam programas de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os se- e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
guintes princípios: determinação da autoridade competente, fazendo comuni-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção cação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da
da reintegração familiar; Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. 
II - integração em família substituta, quando esgo- Parágrafo único.  Recebida a comunicação, a autoridade
tados os recursos de manutenção na família natural ou ex- judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas neces-
tensa;
sárias para promover a imediata reintegração familiar da
III - atendimento personalizado e em pequenos gru-
criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for
pos;
isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
IV - desenvolvimento de atividades em regime de
programa de acolhimento familiar, institucional ou a família
coeducação; substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. 
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
VII - participação na vida da comunidade local; I - observar os direitos e garantias de que são titula-
VIII - preparação gradativa para o desligamento; res os adolescentes;
IX - participação de pessoas da comunidade no pro- II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
cesso educativo. objeto de restrição na decisão de internação;
§ 1o  O dirigente de entidade que desenvolve programa III - oferecer atendimento personalizado, em peque-
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para nas unidades e grupos reduzidos;
todos os efeitos de direito.  IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
§ 2o  Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro- respeito e dignidade ao adolescente;
gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, preservação dos vínculos familiares;

66
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

VI - comunicar à autoridade judiciária, periodica- Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de aten-
mente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o dimento que descumprirem obrigação constante do art. 94,
reatamento dos vínculos familiares; sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de
VII - oferecer instalações físicas em condições ade- seus dirigentes ou prepostos:
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segu- I - às entidades governamentais:
rança e os objetos necessários à higiene pessoal; a) advertência;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e b) afastamento provisório de seus dirigentes;
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto- d) fechamento de unidade ou interdição de progra-
lógicos e farmacêuticos; ma.
X - propiciar escolarização e profissionalização; II - às entidades não-governamentais:
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de a) advertência;
lazer; b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja- públicas;
rem, de acordo com suas crenças; c) interdição de unidades ou suspensão de progra-
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; ma;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com inter- d) cassação do registro.
valo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à § 1o  Em caso de reiteradas infrações cometidas por en-
autoridade competente; tidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
XV - informar, periodicamente, o adolescente interna- assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao
do sobre sua situação processual; Ministério Público ou representado perante autoridade ju-
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os diciária competente para as providências cabíveis, inclusive
casos de adolescentes portadores de moléstias infectocon- suspensão das atividades ou dissolução da entidade. 
tagiosas; § 2o  As pessoas jurídicas de direito público e as orga-
XVII - fornecer comprovante de depósito dos perten-
nizações não governamentais responderão pelos danos que
ces dos adolescentes;
seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, ca-
XVIII - manter programas destinados ao apoio e
racterizado o descumprimento dos princípios norteadores
acompanhamento de egressos;
das atividades de proteção específica. 
XIX - providenciar os documentos necessários ao
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
Título II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data
Das Medidas de Proteção
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acom- Capítulo I
panhamento da sua formação, relação de seus pertences e Disposições Gerais
demais dados que possibilitem sua identificação e a in-
dividualização do atendimento. Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
§ 1o  Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons- cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
tantes deste artigo às entidades que mantêm programas de nesta Lei forem ameaçados ou violados:
acolhimento institucional e familiar.  I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon-
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recur- sável;
sos da comunidade. III - em razão de sua conduta.

Art. 94-A.  As entidades, públicas ou privadas, que abri- Capítulo II


guem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em Das Medidas Específicas de Proteção
caráter temporário, devem ter, em seus quadros, profissio-
nais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo.
Seção II
Da Fiscalização das Entidades Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em con-
ta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
Art. 95. As entidades governamentais e não-governa- que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e co-
mentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judi- munitários.
ciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tute- Parágrafo único.  São também princípios que regem a
lares. aplicação das medidas: 
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direi-
contas serão apresentados ao estado ou ao município, tos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constitui-
conforme a origem das dotações orçamentárias. ção Federal;  

67
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II - proteção integral e prioritária: a interpretação e apli- III - matrícula e frequência obrigatórias em estabele-
cação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser cimento oficial de ensino fundamental;
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co-
crianças e adolescentes são titulares;   munitários de proteção, apoio e promoção da família, da
III - responsabilidade primária e solidária do poder públi- criança e do adolescente;
co: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade VI - inclusão em programa oficial ou comunitário
primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi-
da municipalização do atendimento e da possibilidade da exe- cômanos;
cução de programas por entidades não governamentais;   VII - acolhimento institucional;  
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a in- VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
tervenção deve atender prioritariamente aos interesses e di- IX - colocação em família substituta. 
reitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da conside- § 1o  O acolhimento institucional e o acolhimento fa-
ração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;   como forma de transição para reintegração familiar ou, não
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da sendo esta possível, para colocação em família substituta,
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela não implicando privação de liberdade. 
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;  § 2o  Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-
seja conhecida;   mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exerci- competência exclusiva da autoridade judiciária e importará
da exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à prote- tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten-
ção da criança e do adolescente;  cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção o exercício do contraditório e da ampla defesa.
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em § 3o  Crianças e adolescentes somente poderão ser en-
que a criança ou o adolescente se encontram no momento caminhados às instituições que executam programas de
em que a decisão é tomada;  acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade ju-
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres diciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: 
para com a criança e o adolescente;  I - sua identificação e a qualificação completa de seus
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na pais ou de seu responsável, se conhecidos; 
proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva- II - o endereço de residência dos pais ou do responsável,
lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua com pontos de referência; 
família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
promovam a sua integração em família adotiva; em tê-los sob sua guarda; 
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o ado- IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capa- convívio familiar. 
cidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser § 4o  Imediatamente após o acolhimento da criança ou
informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
a intervenção e da forma como esta se processa;  acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado- individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de respon- ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
sável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos que também deverá contemplar sua colocação em família
atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. 
proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela § 5o  O plano individual será elaborado sob a responsa-
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos bilidade da equipe técnica do respectivo programa de aten-
§§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.  dimento e levará em consideração a opinião da criança ou
do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no § 6o  Constarão do plano individual, dentre outros: 
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre I - os resultados da avaliação interdisciplinar; 
outras, as seguintes medidas: II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
I - encaminhamento aos pais ou responsável, me- sável; e 
diante termo de responsabilidade; III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com
II - orientação, apoio e acompanhamento temporá- a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou res-
rios; ponsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja

68
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

esta vedada por expressa e fundamentada determinação ju- § 3o  Caso ainda não definida a paternidade, será  defla-
dicial, as providências a serem tomadas para sua colocação grado procedimento específico destinado à sua averiguação,
em família substituta, sob direta supervisão da autoridade conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
judiciária.  1992. 
§ 7o  O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no § 4o  Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dis-
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, pensável o ajuizamento de ação de investigação de pater-
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que nidade pelo Ministério Público se, após o não compareci-
identificada a necessidade, a família de origem será incluída mento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternida-
em programas oficiais de orientação, de apoio e de promo- de a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. 
ção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
criança ou com o adolescente acolhido.  qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento
§ 8o  Verificada a possibilidade de reintegração familiar, são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou absoluta prioridade.
institucional fará imediata comunicação à autoridade judi- § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re-
ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 querida do reconhecimento de paternidade no assento de
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. nascimento e a certidão correspondente.
§ 9o  Em sendo constatada a impossibilidade de reinte-
gração da criança ou do adolescente à família de origem, As normas de prevenção do ECA são destinadas a
após seu encaminhamento a programas oficiais ou comu- crianças e adolescentes em situação de risco. Existirá situa-
nitários de orientação, apoio e promoção social, será envia- ção de risco quando a criança ou o adolescente estiverem
do relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual privados de assistência. Essa assistência pode ser material
conste a descrição pormenorizada das providências toma- (quando não se tem onde dormir, o que comer, vestir etc.),
das e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos moral (quando a criança ou o adolescente permanece em
da entidade ou responsáveis pela execução da política mu- local inadequado, como locais de prática de jogo, prostitui-
nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
ção etc.) ou jurídica (quando não tem quem o represente).
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou
O menor que pratica ato infracional está em situação
guarda. 
de risco por estar privado de assistência moral. A situação
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
de risco pode decorrer de ação ou omissão do Poder Pú-
prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
blico; ação ou omissão dos pais ou dos responsáveis; por
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária
conduta própria.
a realização de estudos complementares ou de outras pro-
O art. 101 do ECA traz um rol das medidas protetivas
vidências indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca diante da situação de risco. Essas medidas poderão ser
ou foro regional, um cadastro contendo informações atua- aplicadas tanto para a criança quanto para o adolescente.
lizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de aco- São elas:
lhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, - encaminhamento da criança e do adolescente aos
com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica pais ou responsáveis, mediante termo ou responsabilidade;
de cada um, bem como as providências tomadas para sua - orientação, apoio e acompanhamentos temporários
reintegração familiar ou colocação em família substituta, por pessoa nomeada pelo Juiz;
em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta - matrícula e frequência obrigatória em estabelecimen-
Lei.  to oficial de ensino fundamental (o Juiz determina aos pais
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o a obrigação);
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxí-
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles- lio à família, à criança e ao adolescente;
cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar - requisição de tratamento médico, psicológico ou psi-
sobre a implementação de políticas públicas que permitam quiátrico em regime hospitalar (internação) ou ambulato-
reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do rial (consultas periódicas);
convívio familiar e abreviar o período de permanência em - abrigo em entidade (não se fala em orfanato). A dou-
programa de acolhimento. trina chama de “Tutela de Estado” quando a criança está
em abrigo sob a proteção do Estado;
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capí- - colocação em família substituta (é utilizada somente
tulo serão acompanhadas da regularização do registro ci- em situações muito graves).
vil.  O Juiz pode aplicar essas medidas isolada ou cumulati-
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o as- vamente. Pode, também, substituir uma medida pela outra
sento de nascimento da criança ou adolescente será feito a qualquer tempo (art. 99 do ECA). Antes de aplicar qual-
à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da quer uma dessas medidas, o Juiz deverá ouvir os pais ou
autoridade judiciária. responsáveis, realizar estudo social do caso e ouvir o MP.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulariza- Essa oitiva do MP é obrigatória, sob pena de nulidade (art.
ção de que trata este artigo são isentos de multas, custas e 204 do ECA). Esse rol do art. 101 é taxativo.
emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

69
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Título III Capítulo III


Da Prática de Ato Infracional Das Garantias Processuais
Capítulo I
Disposições Gerais Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liber-
dade sem o devido processo legal.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des-
crita como crime ou contravenção penal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
as seguintes garantias:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. infracional, mediante citação ou meio equivalente;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con- II - igualdade na relação processual, podendo con-
siderada a idade do adolescente à data do fato. frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
provas necessárias à sua defesa;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança III - defesa técnica por advogado;
corresponderão as medidas previstas no art. 101. IV - assistência judiciária gratuita e integral aos ne-
cessitados, na forma da lei;
Capítulo II V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
Dos Direitos Individuais competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua responsável em qualquer fase do procedimento.
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária Capítulo IV
competente. Das Medidas Socioeducativas
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi- Seção I
Disposições Gerais
cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
informado acerca de seus direitos.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autori-
dade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
medidas:
onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados
I - advertência;
à autoridade judiciária competente e à família do apreendi-
II - obrigação de reparar o dano;
do ou à pessoa por ele indicada.
III - prestação de serviços à comunidade;
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena IV - liberdade assistida;
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imedia- V - inserção em regime de semi-liberdade;
ta. VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de- § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em con-
terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. ta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e gravidade da infração.
basear-se em indícios suficientes de autoria e materia- § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
lidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi-
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não ciência mental receberão tratamento individual e espe-
será submetido a identificação compulsória pelos ór- cializado, em local adequado às suas condições.
gãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito
de confrontação, havendo dúvida fundada. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100.
O adolescente não é preso, é apreendido.
A internação é a medida mais gravosa para o adoles- Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos
cente. O ECA permite a internação provisória durante o II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficien-
processo. É fixado o prazo máximo de 45 dias. Os funda- tes da autoria e da materialidade da infração, ressalva-
mentos para que o Juiz decrete essa internação provisória da a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
são: indícios suficientes de autoria e materialidade e neces- Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
sidade da medida. sempre que houver prova da materialidade e indícios sufi-
Esse prazo de internação provisória será descontado cientes da autoria.
na internação definitiva. Em nenhuma hipótese a criança
poderá ser internada. Criança, que é todo aquele menor As medidas socioeducativas dependem de um proce-
de 12 anos, não se sujeita a medida sócio-educativa, mas dimento judicial, só podendo ser aplicadas pelo Juiz. O ECA
apenas a medida de proteção. apresenta dois critérios genéricos para a aplicação de me-
dida socioeducativa:

70
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

- capacidade do adolescente para cumprir a medida; Seção IV


- circunstâncias e gravidade da infração. Da Prestação de Serviços à Comunidade
A internação é uma exceção, existindo hipóteses legais
para sua aplicação. Art. 117. A prestação de serviços comunitários consis-
A medida de segurança não poderá ser aplicada ao te na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
adolescente, tendo em vista ser medida para maior de ida- por período não excedente a seis meses, junto a entida-
de que apresenta periculosidade. No caso de adolescente des assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimen-
doente mental, será aplicada medida de proteção, poden- tos congêneres, bem como em programas comunitários ou
do ser requisitado tratamento médico. governamentais.
O Juiz poderá cumular medidas socioeducativas, desde Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
que sejam compatíveis (ex.: prestação de serviço à comu- aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jor-
nidade cumulada com reparação de danos). Com exceção nada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domin-
da internação, o Juiz poderá substituir as medidas socioe- gos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
ducativas de acordo com o caso concreto, visto não haver frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
taxatividade.
Se o Promotor discordar com a medida socioeducati- Disposta no art. 117 do ECA, o adolescente será obri-
va aplicada, deverá entrar com recurso de apelação. Essa gado a prestar serviços em benefício da coletividade. São
apelação do ECA possui juízo de retratação, ou seja, o Juiz tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades as-
pode voltar atrás na decisão. O Tribunal competente para sistenciais, hospitais, escolas ou estabelecimentos congê-
julgar essa apelação é o TJ. neres.
Como a medida é mais gravosa, a lei fixa um prazo
Seção II máximo de 6 meses para essa prestação e um máximo de
Da Advertência 8 horas semanais. Essas 8 horas poderão ser estabeleci-
das discricionariamente, desde que não prejudiquem a fre-
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação quência ao trabalho e à escola. Deverá ser levada em conta
verbal, que será reduzida a termo e assinada. a aptidão do adolescente para a aplicação da medida.

Disposta no art. 115 do ECA, é uma medida sócio-e- Seção V


ducativa que consiste em uma admoestação verbal que é Da Liberdade Assistida
aplicada pelo Juiz ao adolescente e que é reduzida a termo.
É destinada a atos de menor gravidade. Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
Para a aplicação da advertência, o Juiz deve levar em que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
consideração a prova da materialidade e indícios suficien- acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
tes de autoria. É a única medida que o Juiz poderá aplicar § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
fundamentando-se somente em indícios de autoria. acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
entidade ou programa de atendimento.
Seção III § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
Da Obrigação de Reparar o Dano mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com refle- orientador, o Ministério Público e o defensor.
xos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o
caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressar- Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
cimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo pervisão da autoridade competente, a realização dos seguin-
da vítima. tes encargos, entre outros:
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a I - promover socialmente o adolescente e sua família, for-
medida poderá ser substituída por outra adequada. necendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em pro-
grama oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA). Há um II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
pressuposto: o ato infracional deve ter causado um dano à colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
vítima. Essa reparação é para a vítima que sofreu o dano. É III - diligenciar no sentido da profissionalização do ado-
uma medida voltada para o adolescente, então deve ser es- lescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
tabelecida de acordo com a possibilidade de cumprimento IV - apresentar relatório do caso.
pelo adolescente (ex.: devolução da coisa furtada, peque-
nos serviços a título de reparação etc.). É a última medida em que o adolescente permanece
A jurisprudência admite que essa reparação de dano com sua família. O Juiz irá determinar um acompanhamen-
pode ser aplicada à criança (ex.: devolução da coisa furta- to permanente ao adolescente, designando, para isso, um
da). orientador, que poderá ser substituído a qualquer tempo. A
lei fixa um prazo mínimo de 6 meses para a duração dessa
medida. O orientador terá as seguintes obrigações legais:

71
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

- promover socialmente o adolescente, bem como a § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será prece-
sua família, inserindo-os em programas sociais. Promover dida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
socialmente é fazer com que o adolescente realize ativida- § 7o  A determinação judicial mencionada no § 1o pode-
des valorizadas socialmente (teatro, música etc.); rá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
- supervisionar a frequência e o aproveitamento esco-
lar do adolescente; Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
- profissionalizar o adolescente (nos termos da EC n. 20); quando:
- apresentar relatório do caso ao Juiz. I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa;
Seção VI II - por reiteração no cometimento de outras infrações
Do Regime de Semiliberdade graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determi- medida anteriormente imposta.
nado desde o início, ou como forma de transição para o § 1o  O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
meio aberto, possibilitada a realização de atividades exter- artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
nas, independentemente de autorização judicial. decretada judicialmente após o devido processo legal.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissio- § 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
nalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os havendo outra medida adequada.
recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entida-
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à in- de exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
ternação. destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri-
térios de idade, compleição física e gravidade da infração.
Disposta no art. 120 do ECA, é uma medida que impor- Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu-
ta em privação de liberdade ao adolescente que pratica um sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
ato infracional mais grave. O adolescente é retirado de sua
família e colocado em um estabelecimento apropriado de Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberda-
semiliberdade, podendo realizar atividades externas (estu- de, entre outros, os seguintes:
dar, trabalhar etc.) somente com autorização do diretor do I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
estabelecimento, não havendo necessidade de autorização Ministério Público;
judicial. Pode ser usada tanto como medida principal quan- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
to como medida progressiva ou regressiva. III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
A semiliberdade não tem prazo fixado em lei, nem IV - ser informado de sua situação processual, sempre
mínimo nem máximo. A doutrina e a jurisprudência deter- que solicitada;
minam a aplicação da medida por analogia dos prazos da V - ser tratado com respeito e dignidade;
internação, tendo como prazo máximo 3 anos. Há a obri- VI - permanecer internado na mesma localidade ou na-
gatoriedade de escolarização e profissionalização na semi- quela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsá-
liberdade. vel;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
Seção VII VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Da Internação IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
pessoal;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da X - habitar alojamento em condições adequadas de hi-
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcio- giene e salubridade;
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em XI - receber escolarização e profissionalização;
desenvolvimento. XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa de- XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
terminação judicial em contrário. e desde que assim o deseje;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de- XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-
fundamentada, no máximo a cada seis meses. queles porventura depositados em poder da entidade;
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter- XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu-
nação excederá a três anos. mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante- § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regi- § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem-
me de semiliberdade ou de liberdade assistida. porariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialida-
de idade. de aos interesses do adolescente.

72
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade- da remissão pela autoridade judiciária importará na suspen-
quadas de contenção e segurança. são ou extinção do processo.

Disposta no art. 121 e seguintes do ECA, é a medida re- Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
servada para os atos infracionais de natureza grave. O ECA reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
estabelece princípios específicos para a internação, pois é nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in-
medida de privação de liberdade sempre excepcional. cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
A internação deve durar o menor tempo possível (prin- previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-li-
cípio da brevidade), é uma medida de exceção que só de- berdade e a internação.
verá ser utilizada em último caso (princípio da excepcio-
nalidade) e deve seguir o princípio do respeito à condição Art. 128. A medida aplicada por força da remissão pode-
peculiar do adolescente como pessoa em desenvolvimen- rá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante
to. Em nenhuma hipótese pode ser aplicada à criança. pedido expresso do adolescente ou de seu representante le-
O ECA estabelece hipóteses de internação para: gal, ou do Ministério Público.
- prática de ato infracional mediante grave ameaça ou
violência à pessoa; Tem por conceito o perdão, a indulgência ao menor.
- reiteração de infrações graves; Podem conceder remissão tanto o MP quanto o Juiz. São
- descumprimento reiterado e injustificado da medi- hipóteses de natureza jurídica diferentes. A remissão ju-
da anteriormente imposta (é uma hipótese de regressão). dicial é forma de extinção ou de suspensão do processo
Neste caso, a internação não pode ultrapassar o prazo de (portanto, pressupõe o processo em curso). Já a remissão
3 meses. ministerial é forma de exclusão do processo (logo, deve
Nas duas primeiras hipóteses, o prazo máximo para in- ser concedida antes do processo - administrativamente).
ternação é de 3 anos. Por força desse prazo, o ECA poderá Quando a remissão é concedida pelo MP, segue-se o se-
atingir o maior de 18 anos. Em rigor, todas as medidas só-
guinte procedimento:
cio-educativas poderão atingir o maior de 18 anos.
- o menor é ouvido pelo Promotor que concederá a
A medida só poderá ser aplicada com o devido pro-
remissão;
cesso legal e em nenhuma hipótese poderá ser aplicada à
- o Promotor encaminha a remissão para homologação
criança. Quando o adolescente completar 21 anos, a libe-
pelo Juiz;
ração será obrigatória. Caso o adolescente tenha passado
- se o Juiz não aceitar a remissão, deverá remeter para
por internação provisória, esses dias serão computados na
o Procurador de Justiça, que poderá insistir na remissão
internação (detração). A diferença entre semi-liberdade e
ou designar outro representante do MP para apresentar
internação é que, nesta, o adolescente depende de auto-
rização expressa do juiz para praticar atividades externas, representação contra o menor. Essa remissão concedida
ou seja, o adolescente internado somente se ausentará do pelo MP é causa de exclusão do processo, visto que, ao
estabelecimento em que se achar se autorizado pelo juiz. conceder a remissão, inexiste o processo.
O art. 123 dispõe que o local para a internação deve Quando a remissão é concedida pelo Juiz, segue-se o
ser distinto do abrigo, devendo-se obedecer a separação seguinte procedimento:
por idade, composição física (tamanho), sexo e gravidade - o Promotor oferece a representação;
do ato infracional. Há, também, a obrigatoriedade de reali- - na audiência de apresentação, o menor será ouvido
zação de atividades pedagógicas. pelo Juiz, que poderá decidir pela remissão;
O art. 124 dispõe sobre direitos específicos dos ado- - o representante do MP deverá, obrigatoriamente, ser
lescentes: ouvido sobre a possibilidade da remissão antes de ela ser
- entrevista pessoal com o representante do MP; aplicada. A remissão concedida pelo Juiz causa extinção do
- entrevista reservada com seu defensor, dentre outros. processo. Havendo discordância por parte do MP, este de-
As visitas podem ser suspensas pelo juiz, sob o funda- verá ingressar com uma apelação para reformar a decisão
mento de segurança e proteção do menor, entretanto, em do Juiz.
nenhuma hipótese o menor poderá ficar incomunicável. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência admitem a
cumulação da remissão com uma medida sócio-educativa
Capítulo V que seja compatível (ex.: reparação do dano, advertência
Da Remissão etc.). Neste caso, a remissão é causa de suspensão do pro-
cesso.
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial O ECA traz quatro requisitos genéricos para a aplicação
para apuração de ato infracional, o representante do da remissão, devendo ficar a critério do membro do MP ou
Ministério Público poderá conceder a remissão, como do Juiz a sua concessão. São eles:
forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias - circunstâncias e conseqüências do fato;
e consequências do fato, ao contexto social, bem como à per- - contexto social em que o fato foi praticado;
sonalidade do adolescente e sua maior ou menor participa- - personalidade do agente;
ção no ato infracional. - maior ou menor participação no ato infracional.

73
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A remissão, quer concedida pelo MP quer pelo Juiz, Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
não implica confissão de culpa. Existe uma divergência na Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
doutrina em considerar a remissão como um acordo ou I - reconhecida idoneidade moral;
não. A posição majoritária entende que a remissão não é II - idade superior a vinte e um anos;
um acordo, tendo em vista a lei falar em concessão e, ain- III - residir no município.
da, pelo fato de não haver nenhum prejuízo para o adoles-
cente, não possuindo a remissão nenhum efeito, podendo Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o
ser concedida quantas vezes forem necessárias. local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tu-
telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos mem-
Título IV bros, aos quais é assegurado o direito a:
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável I - cobertura previdenciária; 
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsá- (um terço) do valor da remuneração mensal;
vel: III - licença-maternidade;
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou IV - licença-paternidade; 
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; V - gratificação natalina. 
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de au- Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária munici-
xílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; pal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e
quiátrico; formação continuada dos conselheiros tutelares.
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
tação; Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompa- constituirá serviço público relevante e estabelecerá presun-
nhar sua frequência e aproveitamento escolar; ção de idoneidade moral. 
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
Capítulo II
a tratamento especializado;
Das Atribuições do Conselho
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
IX - destituição da tutela;
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplican-
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos do as medidas previstas no art. 129, I a VII;
arts. 23 e 24. III - promover a execução de suas decisões, podendo
para tanto:
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a auto- cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
ridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
o afastamento do agressor da moradia comum. descumprimento injustificado de suas deliberações.
Parágrafo único.  Da medida cautelar constará, ainda, a IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança que constitua infração administrativa ou penal contra os di-
ou o adolescente dependentes do agressor. reitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
Capítulo I competência;
Disposições Gerais VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- adolescente autor de ato infracional;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de VII - expedir notificações;
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adoles- VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
cente, definidos nesta Lei. criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Admi- proposta orçamentária para planos e programas de atendi-
nistrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) mento dos direitos da criança e do adolescente;
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, Constituição Federal;
permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo XI - representar ao Ministério Público para efeito das
de escolha.  ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgota-
das as possibilidades de manutenção da criança ou do ado-
lescente junto à família natural;

74
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru- Título VI


pos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o Do Acesso à Justiça
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e Capítulo I
adolescentes. Disposições Gerais
Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do con- Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou
vívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
entendimento e as providências tomadas para a orientação, § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos
o apoio e a promoção social da família.  que dela necessitarem, através de defensor público ou ad-
vogado nomeado.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po- § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de Infância e da Juventude são isentas de custas e emolu-
quem tenha legítimo interesse. mentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Capítulo III Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre-


Da Competência sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com- forma da legislação civil ou processual.
petência constante do art. 147. Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
especial à criança ou adolescente, sempre que os interes-
Capítulo IV ses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Da Escolha dos Conselheiros quando carecer de representação ou assistência legal ainda
que eventual.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e rea- Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, po-
lizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos liciais e administrativos que digam respeito a crianças e
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
Ministério Público.  Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
§ 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território na- fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco,
cional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. 
de outubro do ano subsequente ao da eleição presiden-
cial.  Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
§ 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.  autoridade judiciária competente, se demonstrado o interes-
§ 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho se e justificada a finalidade.
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer O homem necessita do convívio social, não é um ser
natureza, inclusive brindes de pequeno valor.  capaz de viver de maneira autônoma e totalmente des-
vinculada dos demais. Neste sentido, a imposição de re-
Capítulo V gramentos e normas permitiu que a sociedade atingisse o
Dos Impedimentos atual grau de evolução.
Obviamente, no ambiente social surgem conflitos de
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse- interesses. Afinal, nem sempre os bens e valores existem
lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro em quantidade suficiente para atender a todas as pessoas.
e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, Inicialmente, estes conflitos eram solucionados pelos pró-
tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. prios envolvidos, na denominada fase da autotutela.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse- Contudo, a solução possibilidade pela autotutela era
lheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judi- bastante insatisfatória e fazia com que prevalecesse a lei do
ciária e ao representante do Ministério Público com atuação mais forte. Então, surgiu o Estado apresentando um melhor
na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na co- sistema para a solução dos conflitos.
marca, foro regional ou distrital. O Estado assumiu para si o poder-dever de dizer o Di-
reito, de solucionar os conflitos, conhecido como jurisdi-
ção. Assim, o Estado irá elaborar as leis (direito material)
e prever como elas serão aplicadas (direito processual). A
autotutela para a ser punida como regra geral e o Estado
exerce a heterotutela por meio da atividade jurisdicional.

75
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Jurisdição é o poder-dever do Estado de dizer o Direi- Capítulo II


to. Sendo assim, trata-se de atividade estatal exercida por Da Justiça da Infância e da Juventude
intermédio de um agente constituído com competência Seção I
para exercê-la, o juiz. Disposições Gerais
Nos primórdios da humanidade não existia o Direito e
nem existiam as leis, de modo que a justiça era feita pelas Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
próprias mãos, na denominada autotutela. Com a evolução varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
das instituições, o Estado avocou para si o poder-dever de cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
solucionar os litígios, o que é feito pela jurisdição. dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
O poder-dever de dizer o direito é uno, apenas existin- dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
do uma separação de funções: o Legislativo regulamenta
normas gerais e abstratas (função legislativa) e o Judiciário Seção II
as aplica no caso concreto (função jurisdicional). Do Juiz
Entretanto, vale destacar que na sociedade contempo-
rânea, devido às inúmeras mazelas que se apresentaram Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
envolvendo o abarrotamento de processos pelo Judiciário, Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na
passou-se a incentivar a adoção de métodos de autocom- forma da lei de organização judiciária local.
posição, como conciliação, mediação e arbitragem.
Tradicionalmente, são enumerados pela doutrina os Art. 147. A competência será determinada:
seguintes princípios inerentes à jurisdição: investidura, I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
porque somente exerce jurisdição quem ocupa o cargo de II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente,
juiz; aderência ao território, posto que juízes somente têm à falta dos pais ou responsável.
autoridade no território nacional e nos limites de sua com- § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
petência; indelegabilidade, não podendo o Poder Judiciário autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as re-
delegar sua competência; inafastabilidade, pois a lei não gras de conexão, continência e prevenção.
pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
lesão ou ameaça a direito. autoridade competente da residência dos pais ou respon-
Embora a jurisdição seja una, em termos doutrinários sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a
é possível classificá-la: a) quanto ao objeto – penal, traba- criança ou adolescente.
lhista e civil (a civil é subsidiária, envolvendo todo direito § 3º Em caso de infração cometida através de trans-
material que não seja penal ou trabalhista, não somente missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
questões inerentes ao direito civil); b) quanto ao organismo de uma comarca, será competente, para aplicação da pe-
que a exerce – comum (estadual ou federal) ou especial nalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual
(trabalhista, militar, eleitoral); c) quanto à hierarquia – su- da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as
perior e inferior. transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
Neste sentido, com vistas a instrumentalizar a jurisdi-
ção, impedindo que ela seja exercida de maneira caótica, Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é compe-
ela é distribuída entre juízos e foros (órgãos competentes tente para:
em localidades determinadas). A esta distribuição das par- I - conhecer de representações promovidas pelo Minis-
celas de jurisdição dá-se o nome de competência. tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a
As tutelas jurisdicionais diferenciadas, por sua vez, adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
são aquelas que apresentam procedimentos diversos do II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
comum. Possuem procedimentos ditos especiais, os quais extinção do processo;
buscam garantir um processo mais rápido e compatível III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
com as necessidades específicas do direito em discussão. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses indi-
No âmbito do direito da criança e do adolescente, tem-se viduais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescen-
o estabelecimento de uma tutela jurisdicional diferenciada, te, observado o disposto no art. 209;
eis que existem inúmeras regras específicas aplicáveis aos V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
processos que envolvem de algum modo criança ou ado- entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
lescente. VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de in-
A noção de jurisdição inclusiva também se aplica à tu- frações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
tela jurisdicional da criança e do adolescente. Basicamente, VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tu-
refere-se à propiciação de uma jurisdição que esteja atenta telar, aplicando as medidas cabíveis.
às peculiaridades das minorias e dos grupos vulneráveis. Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado-
No caso, as crianças e adolescentes são considerados um lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
grupo vulnerável devido à condição especial que ocupam. Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
perda ou modificação da tutela ou guarda; 

76
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casa- outras espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei
mento; ou por determinação judicial, a autoridade judiciária pode-
d) conhecer de pedidos baseados em discordância pater- rá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156 da
na ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;  Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, Civil).
quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação Capítulo III
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos ju- Dos Procedimentos
diciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou Seção I
adolescente; Disposições Gerais
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri- Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
mento dos registros de nascimento e óbito. cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
legislação processual pertinente.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, § 1o É assegurada, sob pena de responsabilidade, prio-
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: ridade absoluta na tramitação dos processos e proce-
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, dimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos
desacompanhado dos pais ou responsável, em: atos e diligências judiciais a eles referentes. 
a) estádio, ginásio e campo desportivo; § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis
b) bailes ou promoções dançantes; aos seus procedimentos são contados em dias corridos,
c) boate ou congêneres; excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
d) casa que explore comercialmente diversões eletrôni- vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Mi-
cas; nistério Público.
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
b) certames de beleza.
a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e or-
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
denar de ofício as providências necessárias, ouvido o
judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
Ministério Público.
a) os princípios desta Lei;
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
b) as peculiaridades locais;
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de
c) a existência de instalações adequadas;
sua família de origem e em outros procedimentos necessa-
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou riamente contenciosos. 
freqüência de crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar-
tigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as A tutela sócio-individual abrange aspectos do direito
determinações de caráter geral. da criança e do adolescente voltado à criança e ao adoles-
cente individualmente concebidos, isto é, pensados como
Seção III sujeitos de direitos individuais que possam ser por eles
Dos Serviços Auxiliares exercidos.
A tutela sócio-educativa abrange aspectos do direito
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua da criança e do adolescente voltados às atividades de en-
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de sino e aprendizagem, tanto no que se refere à educação
equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da formal quanto em relação à educação informal.
Infância e da Juventude. A tutela coletiva volta-se à proteção de direitos difu-
sos e coletivos da criança e do adolescente. Aos direitos
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre ou- difusos e coletivos são conferidos mecanismos de tutela
tras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação lo- específicos para sua proteção, bem como atribuída com-
cal, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou ver- petência para tanto a órgãos determinados que exercerão
balmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos um papel representativo. No Brasil, destacam-se institui-
de aconselhamento, orientação, encaminhamento, preven- ções como o Ministério Público e a Defensoria Pública.
ção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade Sem prejuízo, como visto, há remédios constitucionais que
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista se voltam à proteção de interesses desta categoria, como
técnico. o mandado de segurança coletivo e a própria ação popu-
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servi- lar, sem falar na ação civil pública, também mencionada no
dores públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis texto constitucional.
pela realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer

77
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Considerados os diferentes tipos de tutelas inseridas § 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça hou-
no direito da criança e do adolescente, justifica-se a tutela ver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem
jurisdicional diferenciada, adaptada à condição em desen- o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, infor-
volvimento da criança e do adolescente, que deve ser ágil, mar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer
efetiva, atenta às peculiaridades do caso concreto. vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação,
Os procedimentos especiais do ECA se referem a: per- na hora que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da
da e suspensão de poder familiar, destituição de tutela, co- Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
locação em família substituta, apuração de ato infracional Civil).
atribuído a adolescente, apuração de irregularidades em § 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em lo-
atendimento, apuração de infração administrativa às nor- cal incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo
mas de proteção da criança e do adolescente e habilitação de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de
em adoção. ofícios para a localização.

Seção II Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de cons-


Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar tituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomea-
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta,
do poder familiar terá início por provocação do Ministério contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de
Público ou de quem tenha legítimo interesse. nomeação.
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
Art. 156. A petição inicial indicará: liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re-
quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
tratando de pedido formulado por representante do Minis-
sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
tério Público;
a requerimento das partes ou do Ministério Público.
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
logo, o rol de testemunhas e documentos.
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equi-
pe interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judi-
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
(cinco) dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julga- em igual prazo.
mento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimen-
confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabili- to das partes ou do Ministério Público, determinará a oi-
dade.  tiva de testemunhas que comprovem a presença de uma
§ 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária das causas de suspensão ou destituição do poder familiar
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de
independentemente de requerimento do interessado, a reali- janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei.
zação de estudo social ou perícia por equipe interprofissional § 2o (Revogado).
ou multidisciplinar para comprovar a presença de uma das § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda,
causas de suspensão ou destituição do poder familiar, ressal- será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
vado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-
Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017. volvimento e grau de compreensão sobre as implicações da
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indíge- medida.
nas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe inter- § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, forem identificados e estiverem em local conhecido, ressal-
de representantes do órgão federal responsável pela política vados os casos de não comparecimento perante a Justiça
indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. quando devidamente citados.
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberda-
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez de, a autoridade judicial requisitará sua apresentação para
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem a oitiva.
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas
e documentos. Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi-
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
meios para sua realização. cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando,
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser cita- desde logo, audiência de instrução e julgamento.
do pessoalmente. § 1º (Revogado).

78
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Pú- família substituta, este poderá ser formulado diretamente
blico, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmen- em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
te o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, dispensada a assistência de advogado. 
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e § 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:
o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. devidamente assistidas por advogado ou por defensor públi-
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a co, para verificar sua concordância com a adoção, no prazo
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por ter-
§ 4o Quando o procedimento de destituição de poder fa- mo as declarações; e
miliar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá neces- II - declarará a extinção do poder familiar.
sidade de nomeação de curador especial em favor da criança § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será
ou adolescente. precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventu-
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do proce-
de, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade
dimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz,
da medida.
no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder
familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adoles- § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade
cente com vistas à colocação em família substituta. dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou informações.
a suspensão do poder familiar será averbada à margem do § 4o O consentimento prestado por escrito não terá va-
registro de nascimento da criança ou do adolescente. lidade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
1o deste artigo.
Seção III § 5o O consentimento é retratável até a data da reali-
Da Destituição da Tutela zação da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os
pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez)
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pro- dias, contado da data de prolação da sentença de extinção
cedimento para a remoção de tutor previsto na lei proces- do poder familiar.
sual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
após o nascimento da criança.
A destituição da tutela pode, assim, ser decretada ju- § 7o A família natural e a família substituta receberão
dicialmente, em procedimento contraditório, nos casos a devida orientação por intermédio de equipe técnica inter-
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de des- profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
cumprimento injustificado dos deveres e obrigações. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à con-
Seção IV vivência familiar.
Da Colocação em Família Substituta
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque-
Dos artigos 165 a 170 estão descritos procedimentos rimento das partes ou do Ministério Público, determinará a
adotados na colocação em família substituta: realização de estudo social ou, se possível, perícia por equi-
pe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de
colocação em família substituta:
convivência.
I - qualificação completa do requerente e de seu even-
Parágrafo único.  Deferida a concessão da guarda pro-
tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, lescente será entregue ao interessado, mediante termo de
especificando se tem ou não parente vivo; responsabilidade.  
III - qualificação completa da criança ou adolescente e
de seus pais, se conhecidos; Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe-
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adoles-
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; cente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. igual prazo.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-
-ão também os requisitos específicos. Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressupos-
Art. 166.  Se os pais forem falecidos, tiverem sido to lógico da medida principal de colocação em família subs-
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houve- tituta, será observado o procedimento contraditório previsto
rem aderido expressamente ao pedido de colocação em nas Seções II e III deste Capítulo.  

79
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au-
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, toridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
observado o disposto no art. 35. atendimento, que fará a apresentação ao representante do
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á § 2º Nas localidades onde não houver entidade de
o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade po-
47. licial. À falta de repartição policial especializada, o adoles-
Parágrafo único.  A colocação de criança ou adolescen- cente aguardará a apresentação em dependência separada
te sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhi- da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipó-
mento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à tese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
entidade por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco)
dias.   Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade po-
licial encaminhará imediatamente ao representante do Mi-
Seção V nistério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Ado- ocorrência.
lescente
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver in-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem dícios de participação de adolescente na prática de ato infra-
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciá- cional, a autoridade policial encaminhará ao representante
ria. do Ministério Público relatório das investigações e demais
documentos.
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade po- Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de
licial competente. ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado
Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali- em compartimento fechado de veículo policial, em condições
zada para atendimento de adolescente e em se tratando de atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
ato infracional praticado em co-autoria com maior, prevale- integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
cerá a atribuição da repartição especializada, que, após as
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante
adulto à repartição policial própria. do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devi-
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional come- damente autuados pelo cartório judicial e com informação
tido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a auto- sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
ridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, pará- informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais
grafo único, e 107, deverá: ou responsável, vítima e testemunhas.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
o adolescente; sentante do Ministério Público notificará os pais ou respon-
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; sável para apresentação do adolescente, podendo requisitar
III - requisitar os exames ou perícias necessários à com- o concurso das polícias civil e militar.
provação da materialidade e autoria da infração.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de anterior, o representante do Ministério Público poderá:
ocorrência circunstanciada. I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsá- III - representar à autoridade judiciária para aplicação
vel, o adolescente será prontamente liberado pela autorida- de medida sócio-educativa.
de policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de
sua apresentação ao representante do Ministério Público, no Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con-
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil ime- cedida a remissão pelo representante do Ministério Público,
diato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos
sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
internação para garantia de sua segurança pessoal ou ma- homologação.
nutenção da ordem pública. § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au-
toridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade poli- primento da medida.
cial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representan- § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
te do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante des-
apreensão ou boletim de ocorrência. pacho fundamentado, e este oferecerá representação, de-

80
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

signará outro membro do Ministério Público para apresen- não possui advogado constituído, nomeará defensor, desig-
tá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só nando, desde logo, audiência em continuação, podendo de-
então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. terminar a realização de diligências e estudo do caso.
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Mi- no prazo de três dias contado da audiência de apresenta-
nistério Público não promover o arquivamento ou conceder ção, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as teste-
propondo a instauração de procedimento para aplicação da munhas arroladas na representação e na defesa prévia,
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe
§ 1º A representação será oferecida por petição, que interprofissional, será dada a palavra ao representante do Mi-
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato nistério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po- vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a crité-
dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada rio da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.
pela autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré-consti- Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
tuída da autoria e materialidade. comparecer, injustificadamente à audiência de apresenta-
ção, a autoridade judiciária designará nova data, determi-
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con- nando sua condução coercitiva.
clusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus-
pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi- do procedimento, antes da sentença.
ciária designará audiência de apresentação do adolescente,
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
medida, desde que reconheça na sentença:
da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
I - estar provada a inexistência do fato;
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
II - não haver prova da existência do fato;
cientificados do teor da representação, e notificados a
III - não constituir o fato ato infracional;
comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
para o ato infracional.
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade adolescente internado, será imediatamente colocado em li-
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, deter- berdade.
minando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresen-
tação. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada internação ou regime de semi-liberdade será feita:
a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais I - ao adolescente e ao seu defensor;
ou responsável. II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au- § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-
toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabeleci- -á unicamente na pessoa do defensor.
mento prisional. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac- deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sen-
terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser tença.
imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles- Seção V-A
cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investi-
que em seção isolada dos adultos e com instalações apro- gação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança
priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco e de Adolescente
dias, sob pena de responsabilidade.
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na inter-
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- net com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240,
ponsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mes- 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-
mos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguin-
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, tes regras:
proferindo decisão. I – será precedida de autorização judicial devidamente
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de me- circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
dida de internação ou colocação em regime de semi-liber- da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
dade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente Público;

81
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú- Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
blico ou representação de delegado de polícia e conterá a no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos apensados ao processo criminal juntamente com o inquéri-
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, to policial, assegurando-se a preservação da identidade do
quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que per- agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos
mitam a identificação dessas pessoas; adolescentes envolvidos.
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não Seção VI
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. Atendimento
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público pode-
rão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração Art. 191. O procedimento de apuração de irregularida-
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º des em entidade governamental e não-governamental terá
deste artigo. início mediante portaria da autoridade judiciária ou repre-
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste sentação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde
artigo, consideram-se: conste, necessariamente, resumo dos fatos.
I – dados de conexão: informações referentes a hora, Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto-
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de In- ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar limi-
ternet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; narmente o afastamento provisório do dirigente da entidade,
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e mediante decisão fundamentada.
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenti-
cado para a conexão a quem endereço de IP, identificação Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no mo- prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
mento da conexão. documentos e indicar as provas a produzir.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo neces-
será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
sário, a autoridade judiciária designará audiência de instru-
ção e julgamento, intimando as partes.
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações
autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Públi-
finitivo de dirigente de entidade governamental, a auto-
co e ao delegado de polícia responsável pela operação, com ridade judiciária oficiará à autoridade administrativa ime-
o objetivo de garantir o sigilo das investigações. diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
substituição.
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autorida-
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de de judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregu-
autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, laridades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo
241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154- será extinto, sem julgamento de mérito.
A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigen-
de dezembro de 1940 (Código Penal). te da entidade ou programa de atendimento.
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar
de observar a estrita finalidade da investigação responderá Seção VII
pelos excessos praticados. Da Apuração de Infração Administrativa às Nor-
mas de Proteção à Criança e ao Adolescente
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público po-
derão incluir nos bancos de dados próprios, mediante pro- Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
cedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as administrativa por infração às normas de proteção à criança
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia e ao adolescente terá início por representação do Ministério
criada. Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elabo-
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata rado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assi-
esta Seção será numerado e tombado em livro específico. nado por duas testemunhas, se possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos ele- poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
trônicos praticados durante a operação deverão ser registra- natureza e as circunstâncias da infração.
dos, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao § 2º Sempre que possível, à verificação da infração se-
Ministério Público, juntamente com relatório circunstancia- guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso con-
do. trário, dos motivos do retardamento.

82
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre- terá subsídios que permitam aferir a capacidade e o prepa-
sentação de defesa, contado da data da intimação, que será ro dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou
feita: maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavra- desta Lei. 
do na presença do requerido; § 1o É obrigatória a participação dos postulantes em
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habi- programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventu-
litado, que entregará cópia do auto ou da representação ao de, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; pela execução da política municipal de garantia do direito
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for à convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção devi-
encontrado o requerido ou seu representante legal; damente habilitados perante a Justiça da Infância e da Ju-
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou ventude, que inclua preparação psicológica, orientação e es-
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante tímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
legal. com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades
específicas de saúde, e de grupos de irmãos.
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo le- § 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obri-
gal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministé- gatória da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá
rio Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhi-
mento familiar ou institucional, a ser realizado sob orien-
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária tação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo ne- da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção,
cessário, designará audiência de instrução e julgamento. com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de aco-
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão lhimento familiar e institucional e pela execução da política
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do re- municipal de garantia do direito à convivência familiar.
querido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorro- § 3o É recomendável que as crianças e os adolescentes
gável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora se-
em seguida proferirá sentença. jam preparados por equipe interprofissional antes da inclu-
são em família adotiva.
Seção VIII
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção Art. 197-D.  Certificada nos autos a conclusão da par-
ticipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
Art. 197-A.  Os postulantes à adoção, domiciliados no autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:  ras, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministé-
I - qualificação completa;  rio Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
II - dados familiares;  designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul-
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou gamento. 
casamento, ou declaração relativa ao período de união es- Parágrafo único.  Caso não sejam requeridas diligências,
tável;  ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determi-
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- nará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista
dastro de Pessoas Físicas;  dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo
V - comprovante de renda e domicílio;  em igual prazo. 
VI - atestados de sanidade física e mental; 
VII - certidão de antecedentes criminais;  Art. 197-E.  Deferida a habilitação, o postulante será ins-
VIII - certidão negativa de distribuição cível.  crito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
Art. 197-B.  A autoridade judiciária, no prazo de 48 cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério crianças ou adolescentes adotáveis. 
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:  § 1o A ordem cronológica das habilitações somente po-
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe derá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando com-
que se refere o art. 197-C desta Lei;  provado ser essa a melhor solução no interesse do adotando.
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos § 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mí-
postulantes em juízo e testemunhas;  nimo trienalmente mediante avaliação por equipe interpro-
III - requerer a juntada de documentos complementares fissional.
e a realização de outras diligências que entender necessá- § 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova ado-
rias.  ção, será dispensável a renovação da habilitação, bastando
a avaliação por equipe interprofissional.
Art. 197-C.  Intervirá no feito, obrigatoriamente, equi- § 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do per-
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que con- fil escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida.

83
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 5o A desistência do pretendente em relação à guarda Art. 199-D.  O relator deverá colocar o processo em
para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adoles- mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta)
cente depois do trânsito em julgado da sentença de adoção dias, contado da sua conclusão. 
importará na sua exclusão dos cadastros de adoção. Parágrafo único.  O Ministério Público será intimado da
data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces-
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habili- sário, apresentar oralmente seu parecer. 
tação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável
por igual período, mediante decisão fundamentada da auto- Art. 199-E.  O Ministério Público poderá requerer a ins-
ridade judiciária. tauração de procedimento para apuração de responsabili-
dades se constatar o descumprimento das providências e do
Capítulo IV prazo previstos nos artigos anteriores.  
Dos Recursos
Capítulo V
Art. 198.  Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância Do Ministério Público
e da Juventude, inclusive os relativos à execução das me-
didas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Ci- Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
vil), com as seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012) Art. 201. Compete ao Ministério Público:
I - os recursos serão interpostos independentemente de I - conceder a remissão como forma de exclusão do pro-
preparo; cesso;
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de decla- II - promover e acompanhar os procedimentos relativos
ração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será às infrações atribuídas a adolescentes;
sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
de 2012) procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
III - os recursos terão preferência de julgamento e dis- nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
pensarão revisor; como oficiar em todos os demais procedimentos da compe-
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior tência da Justiça da Infância e da Juventude; 
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interes-
de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho funda- sados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a
mentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer ad-
cinco dias; ministradores de bens de crianças e adolescentes nas hipó-
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri- teses do art. 98;
vão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos re-
pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos lativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no
dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da in- VI - instaurar procedimentos administrativos e, para ins-
timação. truí-los:
a) expedir notificações para colher depoimentos ou es-
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. clarecimentos e, em caso de não comparecimento injusti-
149 caberá recurso de apelação. ficado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia
civil ou militar;
Art. 199-A.  A sentença que deferir a adoção produz efei- b) requisitar informações, exames, perícias e documen-
to desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da admi-
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de nistração direta ou indireta, bem como promover inspeções e
adoção internacional ou se houver perigo de dano irrepará- diligências investigatórias;
vel ou de difícil reparação ao adotando.  c) requisitar informações e documentos a particulares e
instituições privadas;
Art. 199-B.  A sentença que destituir ambos ou qualquer VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.  para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção
à infância e à juventude;
Art. 199-C.  Os recursos nos procedimentos de adoção e VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
de destituição de poder familiar, em face da relevância das legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo
questões, serão processados com prioridade absoluta, de- as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
vendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e ha-
aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e beas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na de-
serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e fesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à
com parecer urgente do Ministério Público.   criança e ao adolescente;

84
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

X - representar ao juízo visando à aplicação de penali- Capítulo VI


dade por infrações cometidas contra as normas de proteção Do Advogado
à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da res-
ponsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessá- trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
rias à remoção de irregularidades porventura verificadas; para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração respeitado o segredo de justiça.
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assis- Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in-
tência social, públicos ou privados, para o desempenho de tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
suas atribuições.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será    
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e processado sem defensor.
esta Lei. § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não ex- meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do constituir outro de sua preferência.
Ministério Público. § 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercí- mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear
cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito
encontre criança ou adolescente. do ato.
§ 4º O representante do Ministério Público será res- § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando
ponsável pelo uso indevido das informações e documentos se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci- autoridade judiciária.
so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
Público: Capítulo VII
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins- Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
taurando o competente procedimento, sob sua presidência; Difusos e Coletivos
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
ou acertados; de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser- criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
viços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao oferta irregular:
adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita ade- I - do ensino obrigatório;
quação. II - de atendimento educacional especializado aos por-
tadores de deficiência;
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na de- de zero a cinco anos de idade;
fesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
em que terá vista dos autos depois das partes, podendo jun- do educando;
tar documentos e requerer diligências, usando os recursos V - de programas suplementares de oferta de material
cabíveis. didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educan-
do do ensino fundamental;
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer VI - de serviço de assistência social visando à proteção
caso, será feita pessoalmente. à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
como ao amparo às crianças e adolescentes que dele neces-
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público sitem;
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles-
centes privados de liberdade.
Art. 205. As manifestações processuais do representante IX - de ações, serviços e programas de orientação,
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno
exercício do direito à convivência familiar por crianças e
adolescentes. 
X - de programas de atendimento para a execução das
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote-
ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) 

85
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente-
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegi- mente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
dos pela Constituição e pela Lei.  com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimen-
§ 2o  A investigação do desaparecimento de crianças to do preceito.
ou adolescentes será realizada imediatamente após noti- § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
ficação aos órgãos competentes, que deverão comunicar julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e compa- desde o dia em que se houver configurado o descumpri-
nhias de transporte interestaduais e internacionais, forne- mento.
cendo-lhes todos os dados necessários à identificação do
desaparecido. Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge-
rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propos- do respectivo município.
tas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para proces- trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
sar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
a competência originária dos tribunais superiores. autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de cré-
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorren- dito, em conta com correção monetária.
temente:
I - o Ministério Público; Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos re-
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal cursos, para evitar dano irreparável à parte.
e os territórios;
III - as associações legalmente constituídas há pelo me-
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa
defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dis-
de peças à autoridade competente, para apuração da res-
pensada a autorização da assembleia, se houver prévia au-
ponsabilidade civil e administrativa do agente a que se atri-
torização estatutária.
bua a ação ou omissão.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-
nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado
interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti- promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, fa-
mado poderá assumir a titularidade ativa. cultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua con- ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi-
duta às exigências legais, o qual terá eficácia de título exe- dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de
cutivo extrajudicial. 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
pretensão é manifestamente infundada.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações per- sociação autora e os diretores responsáveis pela propositura
tinentes. da ação serão solidariamente condenados ao décuplo das
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.
normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú- Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não ha-
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui- verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários pe-
ções do poder público, que lesem direito líquido e certo riciais e quaisquer outras despesas.
previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se rege-
rá pelas normas da lei do mandado de segurança. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestan-
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento do-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
específica da obrigação ou determinará providências que as-
segurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus- Público para as providências cabíveis.
tificação prévia, citando o réu.

86
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à par-
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e turiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no declaração de nascimento, onde constem as intercorrências
prazo de quinze dias. do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua Parágrafo único. Se o crime é culposo:
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pes- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
soa, organismo público ou particular, certidões, informações,
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não pode- Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
rá ser inferior a dez dias úteis. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identifi-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do
as diligências, se convencer da inexistência de fundamento parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no
para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamen- art. 10 desta Lei:
to dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, Pena - detenção de seis meses a dois anos.
fazendo-o fundamentadamente. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informa- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
ção arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer
em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber-
do Ministério Público. dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida-
de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Mi- de judiciária competente:
nistério público, poderão as associações legitimadas apre- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
sentar razões escritas ou documentos, que serão juntados Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro-
aos autos do inquérito ou anexados às peças de informa- cede à apreensão sem observância das formalidades legais.
ção.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-
Público, conforme dispuser o seu regimento. municação à autoridade judiciária competente e à família
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Pena - detenção de seis meses a dois anos.
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au-
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi-
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. mento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Capítulo I causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
Dos Crimes lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
Seção I apreensão:
Disposições Gerais Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
prejuízo do disposto na legislação penal. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao     pro- judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pú-
blica incondicionada. Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judi-
Seção II cial, com o fim de colocação em lar substituto:
Dos Crimes em Espécie Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pu-
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de man- pilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

87
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece  Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
ou efetiva a paga ou recompensa.  § 1o  A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois ter-
ços) se de pequena quantidade o material a que se refere
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des- o caput deste artigo. 
tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior  § 2o  Não há crime se a posse ou o armazenamento
com inobservância das formalidades legais ou com o fito de tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes
obter lucro: a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave  I – agente público no exercício de suas funções; 
ameaça ou fraude:    II – membro de entidade, legalmente constituída, que
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento,
correspondente à violência. o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
referidos neste parágrafo; 
Art. 240.  Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar  III – representante legal e funcionários responsáveis de
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:   de computadores, até o recebimento do material relativo à
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.  notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou
§ 1o  Incorre nas mesmas penas quem agencia, fa- ao Poder Judiciário. 
cilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a  § 3o  As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas manter sob sigilo o material ilícito referido. 
no caputdeste artigo, ou ainda quem com esses contracena.  
§ 2o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente Art. 241-C.  Simular a participação de criança ou adoles-
comete o crime:   cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo
de exercê-la;   ou qualquer outra forma de representação visual: 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabita-  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
ção ou de hospitalidade; ou   Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas quem ven-
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan- de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga
güíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tu- por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
tor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, produzido na forma do caput deste artigo. 
a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com
seu consentimento.    Art. 241-D.  Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
Art. 241.  Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou com ela praticar ato libidinoso: 
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou porno-  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
gráfica envolvendo criança ou adolescente:   Parágrafo único.  Nas mesmas penas incorre quem: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.   I – facilita ou induz o acesso à criança de material con-
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de
Art. 241-A.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, com ela praticar ato libidinoso; 
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive  II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra- com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ-
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex- fica ou sexualmente explícita. 
plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:  
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.   Art. 241-E.  Para efeito dos crimes previstos nesta Lei,
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:  a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com-
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das preende qualquer situação que envolva criança ou adoles-
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;  cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas,
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles-
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata cente para fins primordialmente sexuais. 
o caput deste artigo.
 § 2o  As condutas tipificadas nos incisos I e II do § Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
1o  deste artigo são puníveis quando o responsável legal entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa munição ou explosivo:
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 
o caput deste artigo. 
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
 Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou armazenar, por qual- ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolven- produtos cujos componentes possam causar dependência fí-
do criança ou adolescente:  sica ou psíquica:

88
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
se o fato não constitui crime mais grave. ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
ou documento de procedimento policial, administrativo ou
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos ato infracional:
de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer cando-se o dobro em caso de reincidência.
dano físico em caso de utilização indevida: § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. cialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga res-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais peito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
exploração sexual:  § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreen-
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente são da publicação ou a suspensão da programação da emis-
da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em sora até por dois dias, bem como da publicação do periódico
que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro até por dois números. (Expressão declarada inconstitucional
de boa-fé. pela ADIN 869-2).
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regula-
no caputdeste artigo.  rizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas- prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pe-
los pais ou responsável:
sação da licença de localização e de funcionamento do
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
estabelecimento. 
cando-se o dobro em caso de reincidência, independente-
mente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.
Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de me-
nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deve-
ou induzindo-o a praticá-la: 
res inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária
§ 1o  Incorre nas penas previstas no caput deste arti-
ou Conselho Tutelar: 
go quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo cando-se o dobro em caso de reincidência.
da internet. 
§ 2o  As penas previstas no caput deste artigo são au- Art. 250.  Hospedar criança ou adolescente desacompa-
mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita
induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel
25 de julho de 1990.  ou congênere: 
Pena – multa. 
Capítulo II § 1º  Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
Das Infrações Administrativas multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. 
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por § 2º  Se comprovada a reincidência em período inferior
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen- a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fe-
tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade com- chado e terá sua licença cassada. 
petente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
adolescente: quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- 85 desta Lei:
cando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti-
dade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- entrada do local de exibição, informação destacada sobre a
cando-se o dobro em caso de reincidência. natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especifi-
cada no certificado de classificação:

89
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- Art. 258-B.  Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
cando-se o dobro em caso de reincidência. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer re- de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada
presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade em entregar seu filho para adoção:  
a que não se recomendem: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- (três mil reais). 
plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, Parágrafo único.  Incorre na mesma pena o funcionário
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi- de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
cidade. direito à convivência familiar que deixa de efetuar a comu-
nicação referida no caput deste artigo. 
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espe-
táculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no in-
classificação: ciso II do art. 81:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du- Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária po- 10.000,00 (dez mil reais);
derá determinar a suspensão da programação da emissora Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
por até dois dias. comercial até o recolhimento da multa aplicada.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne- Disposições Finais e Transitórias
re classificado pelo órgão competente como inadequado às
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabele-
quinze dias.
ce o Título V do Livro II.
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios pro-
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
moverem a adaptação de seus órgãos e programas às dire-
de programação em vídeo, em desacordo com a classificação
trizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
Art. 260.  Os contribuintes poderão efetuar doações aos
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprova-
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e das, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de
79 desta Lei: renda, obedecidos os seguintes limites: 
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
plicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lu-
apreensão da revista ou publicação. cro real; e
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu-
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de
de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre dezembro de 1997.
sua participação no espetáculo: § 1º - (Revogado)
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em § 1o-A.  Na definição das prioridades a serem atendidas
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promo-
Art. 258-A.  Deixar a autoridade competente de provi- ção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
denciar a instalação e operacionalização dos cadastros pre- à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacio-
vistos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:  nal pela Primeira Infância.  
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 § 2o  Os conselhos nacional, estaduais e municipais
(três mil reais).  dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas a autori- utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
dade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamen-
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas te percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma
ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
em regime de acolhimento institucional ou familiar.   atenção integral à primeira infância em áreas de maior ca-
rência socioeconômica e em situações de calamidade.  

90
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministé- II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,


rio da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmen-
a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos te. 
deste artigo. Parágrafo único.  A doação deverá ser efetuada dentro
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comar- do período a que se refere a apuração do imposto.
ca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Muni-
cipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incen- Art. 260-C.  As doações de que trata o art. 260 desta Lei
tivos fiscais referidos neste artigo. podem ser efetuadas em espécie ou em bens. 
§ 5o  Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no Parágrafo único.  As doações efetuadas em espécie de-
9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata vem ser depositadas em conta específica, em instituição fi-
o inciso I do caput:  nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a trata o art. 260.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
II - não poderá ser computada como despesa operacio- Art. 260-D.  Os órgãos responsáveis pela administração
nal na apuração do lucro real. das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir
Art. 260-A.  A partir do exercício de 2010, ano-calen- recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente
dário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de e pelo presidente do Conselho correspondente, especifican-
que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua do:
Declaração de Ajuste Anual.  I - número de ordem; 
§ 1o  A doação de que trata o caput poderá ser deduzida II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apu- e endereço do emitente; 
rado na declaração: III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
I - (VETADO); do doador;
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
II - (VETADO); 
V - ano-calendário a que se refere a doação.
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
§ 1o  O comprovante de que trata o caput deste artigo
§ 2o  A dedução de que trata o caput:
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os valo-
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do impos-
res doados mês a mês. 
to sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso
§ 2o  No caso de doação em bens, o comprovante deve
II do caput do art. 260;
conter a identificação dos bens, mediante descrição em cam-
II - não se aplica à pessoa física que: 
po próprio ou em relação anexa ao comprovante, informan-
a) utilizar o desconto simplificado;
do também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e en-
b) apresentar declaração em formulário; ou  dereço dos avaliadores.
c) entregar a declaração fora do prazo;
III - só se aplica às doações em espécie; e  Art. 260-E.  Na hipótese da doação em bens, o doador
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções deverá:
em vigor. I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu-
§ 3o  O pagamento da doação deve ser efetuado até a mentação hábil;
data de vencimento da primeira quota ou quota única do II - baixar os bens doados na declaração de bens e direi-
imposto, observadas instruções específicas da Secretaria da tos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no
Receita Federal do Brasil. caso de pessoa jurídica; e
§ 4o  O não pagamento da doação no prazo estabeleci- III - considerar como valor dos bens doados:
do no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedu- a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
ção, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da di- declaração do imposto de renda, desde que não exceda o
ferença de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste valor de mercado;
Anual com os acréscimos legais previstos na legislação.  b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
§ 5o  A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado Parágrafo único.  O preço obtido em caso de leilão não
na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respec- será considerado na determinação do valor dos bens doados,
tivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.
dos Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distri-
tal, estaduais e nacional concomitantemente com a opção Art. 260-F.  Os documentos a que se referem os arts.
de que trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um
II do art. 260. prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedu-
ção perante a Receita Federal do Brasil.
Art. 260-B.  A doação de que trata o inciso I do art. 260
poderá ser deduzida: Art. 260-G.  Os órgãos responsáveis pela administração
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurí- das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
dicas que apuram o imposto trimestralmente; e cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:

91
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I - manter conta bancária específica destinada exclusi- Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
vamente a gerir os recursos do Fundo;  criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações
II - manter controle das doações recebidas; e  a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fede- serão efetuados perante a autoridade judiciária da comarca
ral do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando a que pertencer a entidade.
os seguintes dados por doador: Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos
a) nome, CNPJ ou CPF; estados e municípios, e os estados aos municípios, os recur-
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie sos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei,
ou em bens. tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança
e do adolescente nos seus respectivos níveis.
Art. 260-H.  Em caso de descumprimento das obrigações
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.
autoridade judiciária.
Art. 260-I.  Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divul-
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alte-
garão amplamente à comunidade: rações:
I - o calendário de suas reuniões; 1) Art. 121 (...)
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
atendimento à criança e ao adolescente; terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica
III - os requisitos para a apresentação de projetos a se- de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conse-
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
municipais; Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço,
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca- se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
lendário e o valor dos recursos previstos para implementa- 2) Art. 129 (...)
ção das ações, por projeto; § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- quer das hipóteses do art. 121, § 4º.
ção, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e art. 121.
a Adolescência; e 3) Art. 136 (...)
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati-
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- cado contra pessoa menor de catorze anos.
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais. 4) Art. 213 (...)
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Art. 260-J.  O Ministério Público determinará, em cada Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incenti- 5) Art. 214 (...)
vos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Parágrafo único.  O descumprimento do disposto nos Pena - reclusão de três a nove anos.”
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá
de 1973, fica acrescido do seguinte item:
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual-
“Art. 102 (...)
quer cidadão.
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder.”
Art. 260-K.  A Secretaria de Direitos Humanos da Pre- Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
sidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria União, da administração direta ou indireta, inclusive funda-
da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, ções instituídas e mantidas pelo poder público federal pro-
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos moverão edição popular do texto integral deste Estatuto, que
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, será posto à disposição das escolas e das entidades de aten-
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos nú- dimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
meros de inscrição no CNPJ e das contas bancárias especí-
ficas mantidas em instituições financeiras públicas, destina- Art. 265-A.  O poder público fará periodicamente am-
das exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. pla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos
meios de comunicação social.
Art. 260-L.  A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex- Parágrafo único.  A divulgação a que se refere o caput
pedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos será veiculada em linguagem clara, compreensível e ade-
arts. 260 a 260-K. quada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças
com idade inferior a 6 (seis) anos.

92
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua vez foi aprovado rapidamente. No dia 23 de Dezembro o
publicação. Estatuto do Desarmamento foi sancionado pelo presidente
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão Luis Inácio Lula da Silva”27.
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e es- Alguns pontos essenciais do Estatuto merecem desta-
clarecimentos acerca do disposto nesta Lei. que em separado:
1) Armas
Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697, O estatuto do desarmamento se aplica apenas às ar-
de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais mas de fogo, munições e acessórios. Não se aplica às ar-
disposições em contrário. mas brancas.
As armas podem ser próprias quando fabricadas para
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e serem armas desde a sua origem, ou impróprias quando
102º da República. não tem como finalidade ser arma mas ser usada como tal.
2) Registro
Posse ou guarda - artigo 5º.
A finalidade é autorizar o proprietário a manter a arma
ESTATUTO DO DESARMAMENTO. de fogo exclusivamente no interior de sua casa, domicílio
ou local de trabalho.
A falta de registro leva à criminalização - artigo 12.
Posse irregular de arma: delito previsto no artigo 12.
“As regras para se comprar uma arma e os mecanismos A posse irregular é a posse sem registro. Trata-se de crime
de controle destas no Brasil sempre foram falhos ou pra- comum (qualquer pessoa pode praticar), de perigo abstra-
ticamente inexistentes. Isto gerou, por muitos anos, uma to (presume-se o perigo), de conteúdo múltiplo ou variado
grande entrada de armas em circulação no país. O fácil (mais de um verbo no tipo - possuir ou guardar), unissub-
acesso às armas de fogo sempre transformou os conflitos jetivo (pode ser praticado por uma só pessoa), doloso, para
existentes na sociedade brasileira em tragédias. o qual não se admite tentativa.
Em 1997, apareceram os primeiros movimentos pró- 3) SINARM
-desarmamento no Brasil e o controle de armas de fogo As armas de fogo possuem algumas características
começou a entrar na pauta de preocupações nacional. como: marca, calibre, quantidade de cartuchos (balas), e
Neste mesmo ano, houve a primeira mudança na legisla- outras mais complexas, como tipo da coronha, raias, etc.
ção, ainda bastante insipiente frente à realidade brasileira. Existem ainda as armas comuns como garruchas e revol-
Afinal, mais de 80% dos crimes eram cometidos por armas veres, que se diferenciam das armas automáticas, como
de fogo. pistolas, metralhadoras e outras impróprias para o uso co-
Os movimentos não pararam. Organizações passaram mum, que são utilizadas pelas policias em operações espe-
a realizar eventos e atos públicos chamando a atenção da ciais. Cabe ao SINARM catalogar e registrar todas as armas
população brasileira. Somando-se a isso, os dados e pes- em circulação no Brasil.
quisas que apareciam mostravam relação direta entre o Assim, o Sistema Nacional de Armas (SINARM), instituí-
fácil acesso às armas de fogo e o aumento do número de do no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal,
homicídios, comprovando que quanto mais armas em cir- com circunscrição em todo o território nacional, é respon-
culação, mais morte. sável pelo controle de armas de fogo em poder da popu-
Em junho de 2003, foi organizada uma Marcha Silen- lação, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
ciosa, com sapatos de vítimas de armas de fogo em frente Desarmamento).
ao congresso nacional. Este fato chamou bastante atenção 4) Porte
da mídia e da opinião pública. Os legisladores tomaram Autoriza a pessoa a ter a arma consigo fora de casa ou
para si o tema e criaram uma comissão mista, com deputa- do trabalho. Para ter porte, precisa ter posse.
dos federais e senadores para formular uma nova lei. Esta O porte de uso para pessoas comuns em regra não é
comissão analisou todos os projetos que falavam sobre o permitido - artigo 10.
tema nas duas casas e reescreveram uma lei conjunta: o O porte para funcionários de segurança e coleciona-
Estatuto do Desarmamento. dores que participam de eventos esportivos é eventual, ou
Depois de redigido, faltava a aprovação, tanto no Se- seja, somente é aceito em algumas situações - artigos 6º e 9º.
nado quanto na Câmara dos Deputados. O Estatuto foi fa- Magistratura e Ministério Público possuem porte fun-
cilmente aprovado no Senado, mas logo em seguida ficou, cional, assegurado nas respectivas leis orgânicas.
mais de 3 meses parado esperando a aprovação na Câmara No porte ilegal não interessa se a arma é permitida ou
dos Deputados. Lá enfrentou o poderosíssimo lobby das de uso restrito, se há registro ou não. Significa ter a arma
armas, ou seja, deputados federais que na sua maioria tive- consigo fora dos limites do trabalho e da residência, sem
ram as campanhas financiadas pelas indústrias de armas e autorização para isso, o que já constitui ato ilícito. Logo,
munições, a chamada Bancada da Bala. uma pessoa pode ter a posse legal ou regular (arma regis-
No entanto, a pressão popular foi mais forte e o Es- trada) e praticar o crime de porte ilegal, previsto no artigo
tatuto foi aprovado em outubro de 2004 na Câmara dos 14. Caso a posse seja ilegal, o delito é o do artigo 16.
Deputados. Voltou para o Senado novamente onde outra 27 http://www.deolhonoestatuto.org.br/

93
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O porte ilegal de arma do artigo 14 é um crime co- Dispõe sobre registro, posse e comercialização de
mum (qualquer pessoa pode cometer), de merda conduta armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
(não depende de resultado), de perigo abstrato (não pre- Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
cisa sacar a arma), conteúdo múltiplo (13 núcleos de tipo),
unissubjetivo (basta ser praticado por 1 pessoa). Seu objeto CAPÍTULO I
material é a arma ou acessório de uso permitido devida- DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
mente numerado.
O tipo do artigo 16 se aplica tanto ao porte quanto Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, ins-
à posse de arma de uso restrito (mesma classificação do tituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
artigo 14). O parágrafo único traz 6 ações diferentes que Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.
constituem crimes autônomos.
5) Prazo de regularização da arma ou entrega - ar- Art. 2º Ao Sinarm compete:
tigos 30 a 32
I – identificar as características e a propriedade de ar-
O prazo limite foi prorrogado e já se encerrou em 31
mas de fogo, mediante cadastro;
de dezembro de 2009 - artigo 20 (Lei nº 11706/08). Tra-
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
ta-se de abolitio criminis temporária: o fato deixa de ser
considerado crime por algum tempo. e vendidas no País;
Os artigos 30 a 32 se aplicam só à posse, não ao porte. III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
O artigo 30 fala que só se aplica à arma de uso permitido. O e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
artigo 31 fala em arma regularmente adquirida, presumin- IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
do-se logicamente que só se aplica às armas de uso permi- vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar
tido, porque não é possível adquirir regularmente arma de os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento
uso proibido. Já o artigo 32 não é expresso quanto à aplica- de empresas de segurança privada e de transporte de va-
ção restrita às armas de uso permitido. Isto criou uma diver- lores;
gência nos tribunais, que majoritariamente (inclusive STJ) têm V – identificar as modificações que alterem as caracte-
decidido que não se aplica às armas de uso proibido. rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
6) Exame pericial VI – integrar no cadastro os acervos policiais já exis-
Posição amplamente majoritária diz que o exame peri- tentes;
cial é indispensável. A minoritária parte do pressuposto de VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusi-
que o que a polícia diz que é arma, é arma. O laudo é nulo ve as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
se o exame pericial for feito pelos policiais que fizeram a VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
prisão em flagrante. como conceder licença para exercer a atividade;
7) Arma com defeito IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca-
Se o defeito existia e não era possível disparar a arma, a distas, varejistas, exportadores e importadores autorizados
doutrina majoritária diz que não há crime, porque não exis- de armas de fogo, acessórios e munições;
te arma de fogo; a doutrina minoritária diz que há crime, X – cadastrar a identificação do cano da arma, as ca-
porque o objetivo da lei é proteger a segurança pública. racterísticas das impressões de raiamento e de microestria-
8) Arma sem munição mento de projétil disparado, conforme marcação e testes
Existem 3 posições: exige munição, porque não há cri- obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
me sem potencialidade lesiva; no se exige munição, desde XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
que ela esteja ao alcance (ex: arma no porta-malas e mu-
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações
nição no bolso); não interessa se a arma está com munição
de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem
ou não por causa da objetividade jurídica, que é proteger
como manter o cadastro atualizado para consulta.
a segurança e a incolumidade (majoritária, recomendável
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan-
para o concurso da PRF).
9) Concurso de crimes çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem
- Posse de mais de 1 arma: jurisprudência diz que é um como as demais que constem dos seus registros próprios.
só crime.
- Posse de 1 arma e de munição de calibre diferente: 2 CAPÍTULO II
crimes em concurso formal. DO REGISTRO
- Posse só de munição: 1 só crime independente da
quantidade. Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no
10) Disparo órgão competente.
Previsto no artigo 15. Trata-se de crime comum, de Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão
mera conduta, unissubjetivo, de perigo abstrato. Seu ob- registradas no Comando do Exército, na forma do regula-
jeto jurídico é a proteção da incolumidade pública. Seu mento desta Lei.
objeto material é a arma de fogo ou munição. O crime é
subsidiário, pois é preciso que não se tenha como finali- Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido
dade a prática de outro crime (ex: tentativa de homicídio). o interessado deverá, além de declarar a efetiva neces-
Consuma-se com o disparo. sidade, atender aos seguintes requisitos:

94
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I – comprovação de idoneidade, com a apresentação que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32
de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não es- federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresen-
tar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, tação de documento de identificação pessoal e compro-
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; vante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento
II – apresentação de documento comprobatório de ocu- de taxas e do cumprimento das demais exigências constan-
pação lícita e de residência certa; tes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão § 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no De-
forma disposta no regulamento desta Lei. partamento de Polícia Federal, certificado de registro provi-
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de sório, expedido na rede mundial de computadores - internet,
arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indi- seguir:
cada, sendo intransferível esta autorização. I - emissão de certificado de registro provisório pela
§ 2º A aquisição de munição somente poderá ser fei- internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
ta no calibre correspondente à arma registrada e na quan- II - revalidação pela unidade do Departamento de
tidade estabelecida no regulamento desta Lei. Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva
território nacional é obrigada a comunicar a venda à au- do certificado de registro de propriedade.
toridade competente, como também a manter banco de
dados com todas as características da arma e cópia dos do- CAPÍTULO III
cumentos previstos neste artigo. DO PORTE
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, aces-
sórios e munições responde legalmente por essas merca- Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo
dorias, ficando registradas como de sua propriedade en- o território nacional, salvo para os casos previstos em
quanto não forem vendidas. legislação própria e para:
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios I – os integrantes das Forças Armadas;
e munições entre pessoas físicas somente será efetivada II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III,
mediante autorização do Sinarm. IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
será concedida, ou recusada com a devida fundamentação, III – os integrantes das guardas municipais das ca-
no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do re- pitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
querimento do interessado. (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde regulamento desta Lei;
do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste IV - os integrantes das guardas municipais dos Municí-
artigo. pios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000
§ 8º Estará dispensado das exigências constantes do (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
características daquela a ser adquirida. da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
com validade em todo o território nacional, autoriza o seu VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no in- guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
terior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, as guardas portuárias;
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titu- VIII – as empresas de segurança privada e de trans-
lar ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. porte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será ex- IX – para os integrantes das entidades de desporto
pedido pela Polícia Federal e será precedido de autori- legalmente constituídas, cujas atividades esportivas de-
zação do Sinarm. mandem o uso de armas de fogo, na forma do regula-
§ 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III mento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação
do art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em ambiental.
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car-
Certificado de Registro de Arma de Fogo. gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
§ 3º O proprietário de arma de fogo com certificados XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
de registro de propriedade expedido por órgão estadual 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da
ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de

95
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados
de funções de segurança, na forma de regulamento a ser das empresas de segurança privada e de transporte de
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Con- valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade,
selho Nacional do Ministério Público - CNMP. responsabilidade e guarda das respectivas empresas,
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do somente podendo ser utilizadas quando em serviço, deven-
caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de do essas observar as condições de uso e de armazenagem
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corpo- estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de
ração ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fe-
regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional deral em nome da empresa.
para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. § 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa
§ 1o-A (Revogado) de segurança privada e de transporte de valores responde-
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e rá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro- Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e ci-
priedade particular ou fornecida pela respectiva corpora- vis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar
ção ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que es- à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
tejam: extravio de armas de fogo, acessórios e munições que este-
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu- depois de ocorrido o fato.
lamento; e § 2º A empresa de segurança e de transporte de va-
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de lores deverá apresentar documentação comprobatória do
controle interno. preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta
§ 1º-C. (VETADO). Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos § 3º A listagem dos empregados das empresas refe-
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X ridas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente
do caput deste artigo está condicionada à comprovação do
junto ao Sinarm.
requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4º desta
Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servido-
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das
res das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão
guardas municipais está condicionada à formação funcional
de propriedade, responsabilidade e guarda das respec-
de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de ati-
tivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando
vidade policial, à existência de mecanismos de fiscalização
e de controle interno, nas condições estabelecidas no regu- em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
lamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo
Justiça. o certificado de registro e a autorização de porte expedidos
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias pela Polícia Federal em nome da instituição.
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os § 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que
militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem trata este artigo independe do pagamento de taxa.
o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados do cumpri- § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
mento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na Público designará os servidores de seus quadros pessoais no
forma do regulamento desta Lei. exercício de funções de segurança que poderão portar arma
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do empre- cento) do número de servidores que exerçam funções de se-
go de arma de fogo para prover sua subsistência alimen- gurança.
tar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de de que trata este artigo fica condicionado à apresentação de
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou documentação comprobatória do preenchimento dos requi-
2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a sitos constantes do art. 4º desta Lei, bem como à formação
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva funcional em estabelecimentos de ensino de atividade poli-
necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados cial e à existência de mecanismos de fiscalização e de con-
os seguintes documentos: trole interno, nas condições estabelecidas no regulamento
I - documento de identificação pessoal; desta Lei.
II - comprovante de residência em área rural; e § 4º A listagem dos servidores das instituições de que
III - atestado de bons antecedentes. trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à Sinarm.
sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações § 5º As instituições de que trata este artigo são obriga-
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por das a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia
disparo de arma de fogo de uso permitido. Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de ex-
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Muni- travio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam
cípios que integram regiões metropolitanas será autorizado sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas de-
porte de arma de fogo, quando em serviço. pois de ocorrido o fato.

96
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades despor- § 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
tivas legalmente constituídas devem obedecer às condições cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com- dos honorários profissionais para realização de avaliação
petente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. Federal de Psicologia.
§ 2º Na comprovação da capacidade técnica, o valor co-
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autoriza- brado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exce-
ção do porte de arma para os responsáveis pela segu- der R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição.
rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados § 3º A cobrança de valores superiores aos previstos nos
no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re- §§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento do
gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de profissional pela Polícia Federal.
trânsito de arma de fogo para colecionadores, atira-
dores e caçadores e de representantes estrangeiros em CAPÍTULO IV
competição internacional oficial de tiro realizada no terri- DOS CRIMES E DAS PENAS
tório nacional.
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
de uso permitido, em todo o território nacional, é de com- acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
petência da Polícia Federal e somente será concedida determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re-
após autorização do Sinarm. sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, estabelecimento ou empresa:
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o re- Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
querente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício Omissão de cautela
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte- Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
gridade física; impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
III – apresentar documentação de propriedade de arma de sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o prietário ou diretor responsável de empresa de segurança e
portador dela seja detido ou abordado em estado de em- transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência
briaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou aluci- policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
nógenas. ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vin-
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores te quatro) horas depois de ocorrido o fato.
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
relativos: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
I – ao registro de arma de fogo; Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
II – à renovação de registro de arma de fogo; depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-
III – à expedição de segunda via de registro de arma de prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
fogo; arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; autorização e em desacordo com determinação legal ou re-
V – à renovação de porte de arma de fogo; gulamentar:
VI – à expedição de segunda via de porte federal de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
arma de fogo. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian-
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e çável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
responsabilidades. Disparo de arma de fogo
§ 2º São isentas do pagamento das taxas previstas neste Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
artigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei. em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime:
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
e as condições do credenciamento de profissionais pela Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian-
Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica çável. (Vide Adin 3.112-1)
e da capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.

97
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito CAPÍTULO V


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, DISPOSIÇÕES GERAIS
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen-
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê-
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido nios com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento
ou restrito, sem autorização e em desacordo com determina- do disposto nesta Lei.
ção legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: como a definição das armas de fogo e demais produtos con-
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer trolados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do
II – modificar as características de arma de fogo, de for- Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido Exército.
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo § 1º Todas as munições comercializadas no País deve-
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; rão estar acondicionadas em embalagens com sistema de
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo- código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a
sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com identificação do fabricante e do adquirente, entre outras
determinação legal ou regulamentar; informações definidas pelo regulamento desta Lei.
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer § 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro si- expedidas autorizações de compra de munição com identi-
nal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; ficação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- forma do regulamento desta Lei.
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano
criança ou adolescente; e da data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrín-
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização le-
seco de segurança e de identificação, gravado no corpo da
gal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
arma, definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para
os órgãos previstos no art. 6º.
Comércio ilegal de arma de fogo
§ 4º As instituições de ensino policial e as guardas mu-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6º desta
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adul-
Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e máquinas de
terar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento de
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-
mercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, suas atividades, mediante autorização concedida nos termos
sem autorização ou em desacordo com determinação legal definidos em regulamento.
ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fis-
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de pres- calizar a produção, exportação, importação, desembara-
tação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan- ço alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais
destino, inclusive o exercido em residência. produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo-
do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
acessório ou munição, sem autorização da autoridade com- não mais interessarem à persecução penal serão enca-
petente: minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér-
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. cito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou mu- § 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando do
nição forem de uso proibido ou restrito. Exército que receberem parecer favorável à doação, obe-
decidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e órgão de segurança pública, atendidos os critérios de prio-
18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por ridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º o Comando do Exército, serão arroladas em relatório re-
e 8º desta Lei. servado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições,
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são in- § 2º O Comando do Exército encaminhará a relação das
suscetíveis de liberdade provisória. (Adin 3.112-1 – declarou armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará
inconstitucional a vedação de liberdade provisória) o seu perdimento em favor da instituição beneficiada.

98
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3º O transporte das armas de fogo doadas será de Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo,
ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma
§ 4º (VETADO) do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual
§ 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o posse irregular da referida arma.
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate
de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmen- Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
te, da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe-
suas características e o local onde se encontram. cificar o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a co- marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qual-
mercialização e a importação de brinquedos, réplicas quer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de
e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam arma ou munição sem a devida autorização ou com inobser-
confundir. vância das normas de segurança;
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou tos que realize publicidade para venda, estimulando o uso
à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações es-
Comando do Exército. pecializadas.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, Art. 34. Os promotores de eventos em locais fecha-
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso dos, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
restrito. adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas,
aquisições dos Comandos Militares. ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da
Constituição Federal.
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco)
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela presta-
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes
ção dos serviços de transporte internacional e interestadual
das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do
de passageiros adotarão as providências necessárias para
caput do art. 6º desta Lei.
evitar o embarque de passageiros armados.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publica- CAPÍTULO VI
ção desta Lei. DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, Art. 35. É proibida a comercialização de arma de
perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10 fogo e munição em todo o território nacional, salvo para
desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, as entidades previstas no art. 6º desta Lei.
sem ônus para o requerente. § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo em outubro de 2005.
de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apre- disposto neste artigo entrará em vigor na data de publica-
sentação de documento de identificação pessoal e compro- ção de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
vante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada 1997.
na qual constem as características da arma e a sua condição
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes ção.
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independên-
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo po- cia e 115º da República.
derá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
de registro provisório, expedido na forma do § 4º do art. 5º
desta Lei.

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo


adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indeni-
zação, nos termos do regulamento desta Lei.

99
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tigação onde ocorreu o crime. A atribuição do delegado


INQUÉRITO POLICIAL, NOTITIA CRIMINIS. será definida pela sua circunscrição policial, com exceção
das delegacias especializadas, como a delegacia da mulher
e de tóxicos, dentre outras.

Inquérito Policial Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal,


ou seja, o Ministério Público ( no caso de ação Penal de
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo Iniciativa Pública) ou o querelante (no caso de Ação Penal
persecutório, informativo, prévio e preparatório da Ação de Iniciativa Privada). Excepcionalmente o juiz poderá ser
Penal. É um conjunto de atos concatenados, com unidade destinatário do Inquérito, quando este estiver diante de
e fim de perseguir a materialidade e indícios de autoria de cláusula de reserva de jurisdição.
um crime. O inquérito Policial averígua determinado crime
e precede a ação penal, sendo considerado, portanto como O inquérito policial não é indispensável para a proposi-
pré-processual. tura da ação penal. Este será dispensável quando já se tiver
Composto de provas de autoria e materialidade de cri- a materialidade e indícios de autoria do crime. Entretanto,
me, que, comumente são produzidas por Investigadores de se não se tiver tais elementos, o IP será indispensável, con-
Polícia e Peritos Criminais, o inquérito policial é organizado forme disposição do artigo 39, § 5º do Código de Processo
e numerado pelo Escrivão de Polícia, e presidido pelo De- Penal.
legado de Polícia.
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito A sentença condenatória será nula, quando fundamen-
Policial, uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a tada exclusivamente nas provas produzidas no inquérito
presença do investigado ou acusado. policial. Conforme o artigo 155 do CPP, o Inquérito serve
Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da apenas como reforço de prova.
ampla defesa, em função de sua natureza inquisitória e em
razão d a polícia exercer mera função administrativa e não O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inqui-
jurisdicional. sitivo. A competência de instauração poderá ser de ofício
(Quando se tratar de ação penal pública incondicionada),
Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. de- por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
fine: Público, a pedido da vítima ou de seu representante legal
ou mediante requisição do Ministro da Justiça.
“Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar
informações sobre algo, colher informações acerca de um O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou
fato, perquirir”. (2008, p. 241). seja, com a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO)
não é uma forma técnica de iniciar o Inquérito, mas este se
Em outras palavras, o inquérito policial é um proce- destina às mãos do delegado e é utilizado para realizar a
dimento administrativo preliminar, de caráter inquisitivo, Representação, se o crime for de Ação de Iniciativa Penal
presidido pela autoridade policial, que visa reunir elemen- Pública condicionada à Representação, ou para o requeri-
tos informativos com objetivo de contribuir para a forma- mento, se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
ção da “opinio delicti” do titular da ação penal.
No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja,
A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) a delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição
tem por função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia Federal vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça
Judiciária (Civil e Federal) se incumbe se investigar a ocor- se manifestou a favor de sua validade, desde que utilizada
rência de infrações penais. Desta forma, a Polícia Judiciária, com cautela.
na forma de seus delegados é responsável por presidir o
Inquérito Policial. As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria
Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Pro- (Ato de ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inqué-
cesso Penal Brasileiro, em seu parágrafo único, outras au- rito), o Auto de prisão em flagrante (Ato pelo qual o dele-
toridades também poderão presidir o inquérito, como nos gado formaliza a prisão em flagrante), o Requerimento do
casos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), ofendido ou de seu representante legal (Quando a vítima
Inquéritos Policiais Militares (IPM’s) e investigadores par- ou outra pessoa do povo requer, no caso de Ação Penal
ticulares. Este último exemplo é aceito pela jurisprudência, de Iniciativa Privada), a Requisição do Ministério Público
desde que respeite as garantias constitucionais e não utili- ou do Juiz.
ze provas ilícitas.
No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função de três dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não
da competência ratione loci, ou seja, em razão do lugar poderá determiná-la de ofício. Entretanto, o advogado po-
onde se consumou o crime. Desta forma, ocorrerá a inves- derá comunicar-se com o preso, conforme dispõe o artigo
21 do Código de Processo Penal, em seu parágrafo único.

100
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Concluídas as investigações, a autoridade policial en- requisição de diligências mitigaria a discricionariedade do


caminha o ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o delegado? Não, pois a requisição no processo penal é tra-
juiz o envia ao promotor, que por sua vez oferece a denún- tada como ordem, ou seja, uma imposição legal. O dele-
cia ou pede arquivamento. gado responderia pelo crime de prevaricação (art. 319 do
Código Penal), segundo a doutrina majoritária.
O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o ar-
tigo 10 caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de Procedimento sigiloso:
dez dias se o réu estiver preso, e de trinta dias se estiver O inquérito policial tem o sigilo natural como caracte-
solto. Entretanto, se o réu estiver solto, o prazo poderá ser rística em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das inves-
prorrogado se o delegado encaminhar seu pedido ao juiz, tigações; 2) Resguardar imagem do investigado. O sigilo é
e este para o Ministério Público. intrínseco ao IP, diferente da ação penal, uma vez que não
é necessária a declaração de sigilo no inquérito. Apesar de
Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o in- sigiloso, deve-se considerar a relativização do mesmo, uma
diciado estiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos vez que alguns profissionais possuem acesso ao mesmo,
crimes de tráfico ilícito de entorpecentes o prazo é de trinta como é o exemplo do juiz, do promotor de justiça e do
dias se o réu estiver preso e noventa dias se estiver solto, advogado do ofendido, vide Estatuto da OAB, lei 8.906/94,
esse prazo é prorrogável por igual período, conforme dis- art. 7º, XIX. O advogado tem o direito de consultar os autos
posição da Lei 11.343 de 2006. dos IP, ainda que sem procuração para tal.

O arquivamento do inquérito consiste da paralisação Nesse sentido, a súmula vinculante nº 14, do STF: “É
das investigações pela ausência de justa causa (materia- direito do defensor, no interesse do representado, ter aces-
lidade e indícios de autoria), por atipicidade ou pela ex- so amplo aos elementos de prova, que já documentados em
tinção da punibilidade. Este deverá ser realizado pelo Mi- procedimento investigatório realizado por órgão com com-
nistério Público. O juiz não poderá determinar de ofício, o petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.” Em observação mais detalhada, conclui-se
arquivamento do inquérito, sem a manifestação do Minis-
que o que está em andamento não é de direito do advogado,
tério Público
mas somente o que já fora devidamente documentado. Diante
disso, faz-se necessária a seguinte reflexão: Qual o real motivo
O desarquivamento consiste na retomada das investi-
da súmula? O Conselho federal da OAB, - indignado pelo não
gações paralisadas, pelo surgimento de uma nova prova.
cumprimento do que disposto no Estatuto da OAB - decidiu
provocar o STF para edição da súmula vinculante visando ga-
Procedimento inquisitivo:
rantir ao advogado acesso aos autos. Como precedentes da
Todas as funções estão concentradas na mão de única súmula: HC 87827 e 88190 – STF; HC 120.132 – STJ.
pessoa, o delegado de polícia.
Recordando sobre sistemas processuais, suas modali- Importante ressaltar que quanto ao sigilo, a súmula nº
dades são: inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo pos- 14 não garante ao advogado o direito de participar nas
sui funções concentradas nas mãos de uma pessoa. O juiz diligências. O sigilo é dividido em interno e externo. Sigilo
exerce todas as funções dentro do processo. No acusatório interno: possui duas vertentes, sendo uma positiva e ou-
puro, as funções são muito bem definidas. O juiz não busca tra negativa. A positiva versa sobre a possibilidade do juiz/
provas. O Brasil adota o sistema acusatório não-ortodoxo. MP acessarem o IP. A negativa, sobre a não possibilidade
No sistema misto: existe uma fase investigatória, presidida de acesso aos autos pelo advogado e investigado (em al-
por autoridade policial e uma fase judicial, presidida pelo gumas diligências). E na eventualidade do delegado negar
juiz inquisidor. vista ao advogado? Habeas corpus preventivo (profilático);
mandado de segurança (analisado pelo juiz criminal).
Discricionariedade:
Existe uma margem de atuação do delegado que atua- Procedimento escrito:
rá de acordo com sua conveniência e oportunidade. A ma- Os elementos informativos produzidos oralmente de-
terialização dessa discricionariedade se dá, por exemplo, vem ser reduzidos a termo. O termo “eventualmente dati-
no indeferimento de requerimentos. O art. 6º do Código lografado” deve ser considerado, através de uma interpre-
de Processo Penal, apesar de trazer diligências, não retira tação analógica, como “digitado”. A partir de 2009, a lei
a discricionariedade do delegado. Diante da situação apre- 11.900/09 passou a autorizar a documentação e captação
sentada, poderia o delegado indeferir quaisquer diligên- de elementos informativos produzidos através de som e
cias? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao de- imagem (através de dispositivos de armazenamento).
legado de polícia indeferir a realização do exame de corpo
de delito, uma vez que o ordenamento jurídico veda tal Indisponível:
prática. Caso o delegado opte por indeferir o exame, duas A autoridade policial não pode arquivar o inquérito po-
serão as possíveis saídas: a primeira, requisitar ao Ministé- licial. O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto
rio Público. A segunda, segundo Tourinho Filho, recorrer o MP pede o arquivamento. O sistema presidencialista é o
ao Chefe de Polícia (analogia ao art. 5º, §2º, CPP). Outra que vigora para o trâmite do IP, ou seja, deve passar pelo
importante observação: O fato de o MP e juiz realizarem magistrado.

101
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de mentos é relativo, uma vez que os mesmos servem para
instaurar o inquérito nas seguintes hipóteses: fundamentar o recebimento de uma inicial, mas não são
1) se o fato for atípico (atipicidade material); suficientes para fundamentar eventual condenação.
2) não ocorrência do fato;
3) se estiverem presentes causas de extinção de puni- PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
bilidade, como no caso da prescrição.
Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da 1ª fase: Instauração;
insignificância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de 2º fase: Desenvolvimento/evolução;
prisão em flagrante ou de instaurar inquérito policial. No 3ª fase: Conclusão
que tange à excludente de ilicitude, a doutrina majoritária
entende que o delegado deve instaurar o inquérito e ratifi- 1ª fase: Instaurado por peças procedimentais:
car o auto de prisão em flagrante, uma vez que a função da
autoridade policial é subsunção do fato à norma. 1ª peça: Portaria;
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito);
Dispensável: 3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça;
Dita o art. 12 do CPP: 4ª peça: Requerimento da vítima

Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL


ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
A peça de encerramento chama-se relatório, definido
O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de como uma prestação de contas daquilo que foi realizado
que, possuindo o titular da ação penal, elementos para durante todo o inquérito policial ao titular da ação penal.
propositura, lastro probatório idôneo de fontes diversas, Em outras palavras, é a síntese das principais diligências
por exemplo, o inquérito poderá ser dispensado. realizadas no curso do inquérito. O mesmo só passa pelo
juiz devido ao fato de o Código de Processo Penal adotar o
Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal: sistema presidencialista, já citado anteriormente. Entretan-
to, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela auto-
“Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, es- ridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema acusa-
tando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data tório, que é adotado pelo CPP (pois ainda não há relação
em que o órgão do Ministério Público receber os autos do jurídica processual penal).
inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver sol-
to ou afiançado. No último caso, se houver devolução do Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Cen-
inquérito à autoridade policial (Art. 16), contar-se-á o prazo tral de inquéritos policiais, utilizada para que a autoridade
da data em que o órgão do Ministério Público receber no- policial remetesse os autos à central gerida pelo Ministério
vamente os autos. Público. Os respectivos tribunais reagiram diante da situa-
§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o inqué- ção.
rito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia con-
tar-se-á da data em que tiver recebido as peças de infor- INDICIAMENTO
mações ou a representação.”
O indiciamento é a individualização do investigado/
OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL suspeito. Há a transição do plano da possibilidade para o
campo da probabilidade, ou seja, da potencialização do
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas fun- suspeito. Na presente hipótese, deve o delegado comuni-
cionais e aqueles crimes de matéria de alta relevância; car os órgãos de identificação e estatística. Sobre o mo-
mento do indiciamento, o CPP não prevê de forma exata,
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para in- podendo ser realizado em todas as fases do inquérito poli-
vestigação de infrações militares próprias; cial (instauração, curso e conclusão).
Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação representa uma espécie de arquivamento subjetivo em re-
presidida pelo juiz presidente do tribunal; lação ao indiciado. Em contrapartida, há posicionamento
diverso, com assentamento na idéia de que o desindicia-
d) MP: PGR/PGJ; mento é possível pelo fato de o IP ser um procedimento
administrativo. Assim sendo, a autoridade policial goza
e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro de autotutela, ou seja, da capacidade de rever os próprios
privilegiado: ministro ou desembargador do respectivo tri- atos.
bunal.
Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo
Os elementos informativos colhidos durante a fase do pode ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autorida-
inquérito policial não poderão ser utilizados para funda- de policial e coato/coercitivo, que decorre do deferimento
mentar sentença penal condenatória. O valor de tais ele- de ordem de habeas corpus.

102
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO PO- A importância do inquérito policial se materializa do


LICIAL ponto de vista de uma garantia contra apressados juízos,
formados quando ainda não há exata visão do conjunto de
No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso; todas as circunstâncias de determinado fato. Daí a deno-
30 dias se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os minação de instituto pré-processual, que de certa forma,
30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça protege o acusado de ser jogado aos braços de uma Justiça
federal, 15 dias se o acusado estiver preso; 30 dias se o apressada e talvez, equivocada. O erro faz parte da essên-
acusado estiver solto. Os 15 dias são prorrogáveis por uma cia humana e nem mesmo a autoridade policial, por mais
vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. competente que seja, está isenta de equívocos e falsos
juízos. Delegados e advogados devem trabalhar em prol
No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é di- de um bom comum, qual seja, a efetivação da justiça. Im-
verso: 30 dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver prescindível a participação do advogado, dentro dos limi-
solto. Nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados. tes estabelecidos pela lei, na participação da defesa de seu
Com relação aos crimes contra a economia popular (lei cliente. Diante disso, é de imensa importância que o inqué-
1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para conclusão do IP é de rito policial seja desenvolvido sob a égide constitucional,
10 dias, independente se o acusado estiver preso ou solto. respeitando os direitos, garantias fundamentais do acusa-
do e, principalmente, o princípio da dignidade da pessoa
MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO humana, norteador do ordenamento jurídico brasileiro.
1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa
causa. Em regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário:
cabe Recurso em sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA.
recebimento da denúncia, cabe habeas corpus. Da rejeição
da denúncia no procedimento sumaríssimo, cabe apelação.
(JESPCRIM, prazo de 10 dias);
Jurisdição e Competência
2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve
especificá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado,
Com relação ao lugar do ajuizamento da ação, aplica-
cabe a correição parcial;
-se por analogia o disposto no art. 100, § único do Código
de Processo Civil: “Nas ações de reparação de dano sofrido
3) MP pode defender o argumento de que não tem
em razão de delito ou acidente de veículos, será compe-
atribuição para atuar naquele caso e que o juiz não tem
competência. Nesse caso, o juiz pode concordar ou não tente o foro do domicílio do autor ou do local de fato”, po-
com o MP. No caso de não concordar, o juiz fará remessa dendo o autor ter o privilégio de escolher entre esses dois
do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, foros civis. De acordo com Fernando Capez, e caminhando
e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Mi- no mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça, além des-
nistério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de sas duas opções, que são privilégios renunciáveis do autor
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a da ação, existe a possibilidade de aplicação da regra geral,
atender, como menciona o art. 28 do CPP; que é a do domicílio do réu.

4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, Frise-se que apesar de se consagrar a separação da ju-
encerra-se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, risdição, prevalece a justiça penal sobre a civil, nas hipóte-
que depende de duas vontades. ses de indenização por um crime, garantindo que não haja
contradições.
A natureza jurídica do arquivamento é de ato adminis- Destarte, o sistema adotado no Direito brasileiro é o
trativo judicial, procedimento que deriva de jurisdição vo- da independência da jurisdição, mas com certa atenuação.
luntária. É ato judicial, mas não jurisdicional. Com relação
ao art. 28 do CPP e a obrigação do outro membro do Mi- Competência
nistério Público ser ou não obrigado a oferecer a denúncia,
existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente, Competência é a divisão do poder/dever de exercer a
representada por Cláudio Fontelis, defende o argumento de jurisdição entre os diversos órgãos judiciários, sendo ela
que o promotor não é obrigado a oferecer denúncia porque que confere legitimidade às decisões e permite aferir a ile-
o termo deve ser interpretado como designação, com base gitimidade de outras.
na independência funcional. A segunda corrente, majoritá- O estabelecimento das competências jurisdicionais,
ria, defende o ponto de que o termo deve ser interpretado além de racionalizar o trabalho do Poder Judiciário, confere
como delegação, atuando o promotor como “longa manus” efetividade ao princípio dos juiz natural.
do Procurador Geral de Justiça. Diante da questão trazida,
estaria a independência funcional comprometida? Não, pois Critérios
o novo promotor pode pedir a absolvição/condenação, uma Leva em conta as características da questão criminal
vez que o mesmo possui tal liberdade. sub judice, devendo ser estudada em três aspectos:

103
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) Critério ratione materiae: objetiva indicar qual a Para que haja conexão, deve haver a pluralidade de
Justiça competente e os critérios de especialização, levan- condutas delituosas, e não só de resultados. Assim, se hou-
do em conta a natureza da infração; ver concurso formal de crimes (um tiro, duas mortes, sem
b) Critério ratione personae: art. 69, VII, CPP. Leva em ou com desígnios autônomos, por exemplo), não há se fa-
consideração a importância das funções desempenhadas lar em conexão.
por determinadas pessoas, enfocando o foro por prerro-
gativa de função; Existem várias hipóteses de conexão (art. 76, I, CPP):
c) Critério ratione loci: visa a identificar o juízo terri- a) Conexão intersubjetiva: quando as infrações pratica-
torialmente competente, considerando como parâmetros das estão interligadas pela autoria de duas ou mais pessoas
o local da consumação do delito, além do domicílio ou re- b) Conexão objetiva, material, teleológica ou finalística
sidência do réu. (art. 76, II, CPP): ocorre quando uma infração é praticada
para ocultar ou facilitar uma outra, ou para conseguir van-
Competência Material tagem ou impunidade relativamente a outra infração.
Objetiva indicar qual a Justiça competente e os crité- c) Conexão instrumental ou probatória (art. 76, III, CPP):
rios de especialização, levando em conta a natureza da in- tem cabimento quando a prova de uma infração ou de suas
fração, aquilo que está sendo discutido na ação penal. elementares influir na prova de outra infração.

Competência Funcional Continência


Leva em conta o elemento de distribuição dos atos É o vínculo que une vários infratores a uma única in-
processuais praticados no curso do processo, devendo ser fração, ou a reunião de várias infrações num só processo
analisada sob três aspectos: por decorrerem de conduta única, ou seja, do resultado de
a) Fase do processo: a depender do juiz que atua, concurso formal próprio ou impróprio de crimes. Tem-se:
é um ou outro competente para determinar atos, como a) Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I, CPP):
ocorre com o juiz que julga e o juiz na fase de execução quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática
de uma mesma infração, o que se dá com a coautoria ou
criminal;
participação.
b) Objeto do juízo: há uma distribuição de tarefas na
b) Continência por cumulação objetiva (art. 77, II, CPP):
decisão das várias questões trazidas durante o processo,
implica na reunião, em um só processo, de vários resulta-
como ocorre entre o juiz togado e os juízes leigos no Júri;
dos lesivos advindos de uma só conduta (concurso formal).
c) Grau de jurisdição: é a chamada competência fun-
cional vertical, de acordo com a atribuição de julgar os re-
Limite Temporal para Reconhecimento da Conexão/
cursos interpostos.
Continência
Se um dos processos já houver sido julgado, não mais
Conexão e Continência devem os feitos ser reunidos. Isso porque, além de ter en-
cerrado o juízo de primeira instância de um deles, não cabe
Não são bem um critério de fixação de competência; reunião de feito sob instrução com feito já julgado, perante
antes, de modificação das mesmas, atraindo para um de- o Tribunal, sob pena de suprimir instância.
terminado juízo os crimes ou infratores que poderiam ser
julgados separadamente, por órgãos diversos. Separação de Processos
Mesmo havendo conexão ou continência, é possível
Assim, a separação de processos é uma faculdade do que os processos tramitem separadamente, seja por força
juiz quando: de lei, seja por obediência aos preceitos constitucionais. A
a) As infrações tiverem sido praticadas em circunstân- separação poderá ser obrigatória ou facultativa.
cias de tempo ou de lugar diferentes; ou
b) Houver excessivo número de acusados; Prevista em rol não taxativo no art. 79 do CPP. Hipó-
Vide que se as infrações tiverem ocorrido nas mesmas teses:
circunstâncias de tempo ou de lugar, como, por exemplo, a) Concurso entre jurisdição comum e militar:
em decorrência de concurso formal de crimes, o juiz não b) Concurso entre jurisdição comum e o juízo de me-
está autorizado a promover a separação. nores: por força do art. 104 do ECA e do art. 228 da CR/88.
c) Superveniência de doença mental: em havendo cor-
Conexão réus, advindo insanidade em um deles, restará a separação
Trata-se da ligação existente entre duas ou mais infra- de processos, pois o procedimento irá evoluir em razão do
ções, levando a que sejam apreciadas perante o mesmo imputável.
órgão jurisdicional. A conexão é uma questão de fato, que d) Fuga de corréu: havendo fuga, o processo ficará sus-
pode ter como efeito a reunião dos processos conexos no penso em relação ao corréu fugitivo. Nesse caso, o proces-
juízo prevento ou no juízo sem igual competência territo- so segue separadamente para os demais.
rial que primeiro recebeu a denúncia, ou, ainda, no local do e) Recusas no júri: não mais é possível no júri a sepa-
crime mais grave. ração de processos face a recusa mútua dos jurados pelos
Logo: conexão (e continência) é fato, alteração da com- advogados. O máximo que poderá ocorrer é o adiamento
petência em decorrência dela é efeito. da formação do Conselho de Sentença (art. 469, § 1º, CPP).

104
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

f) Crime contra a vida praticado em concurso de agen- As questões incidentes serão apreciadas em autos
tes, com um deles tendo prerrogativa de foro prevista na apartados, normalmente apensos ao principal, com o in-
CR/88: nesse caso, impõe-se a separação de processos: a tuito de não criar tumulto à lide e para fins de maior pra-
pessoa que não possui prerrogativa de função será julgada ticidade.
no Tribunal do Júri, enquanto a que possui, será julgada
perante o foro por prerrogativa de função.
Separação Facultativa
Prevista no art. 80, CPP. Ocorre nas seguintes hipóte- PRISÃO EM FLAGRANTE E PRISÃO
ses, mediante decisão do juiz: PREVENTIVA.
a) Infrações praticadas em circunstâncias de tempo e
lugar diferentes;
b) Número excessivo de acusados.
A Prisão pode ser significa o cerceamento da liberdade
Questões e Processos Incidentes de locomoção. É o restrição do direito de ir, vir ou ficar.
È uma medida restritiva de liberdade, de natureza cau-
Questão incidente é conceituada como o fato que pode telar e caráter eminentemente administrativo, que não exi-
acontecer no curso do processo e que deve ser decidido pelo ge ordem escrita do juiz, porque o fato ocorre de inopino
juiz antes de adentrar no mérito da causa principal. Ela é preju- (art. 5º, LXI, CR/88). A invasão do lar é permitida pela Cons-
dicial, já que o exame da lide dependerá de seu prévio desfecho. tituição Federal em caso de flagrante.
Os incidentes se dividem em: Pode se originar da decisão condenatória transitada em jul-
a) Questões prejudiciais: são as questões de fato ou de gado, chamada de prisão-pena, a qual possui caráter satisfatório;
direito que devem ser resolvidas previamente porque se pode ocorrer durante a persecução penal, antes do marco final
ligam ao mérito da questão principal, ou seja, entre eles há do processo, ao se demonstrar a existência de risco face a per-
uma dependência lógica. A questão prejudicada, apesar de manência em liberdade do agente. É conhecida como prisão sem
principal, está subordinada à prejudicial. São características pena, prisão cautelar, prisão provisória ou prisão processual.
da questão prejudicial: Prisões:
-Anterioridade lógica: a questão prejudicial é sempre a) Prisão decorrente de flagrante delito;
anterior à prejudicada. b) Prisão temporária;
-Necessariedade: o mérito não poderá ser resolvido c) Prisão preventiva;
sem a solução da questão prejudicial. d) Prisão decorrente de sentença (ou acórdão) con-
-Autonomia: em tese, a questão prejudicial sempre denatória transitada em julgado.
pode estar em processo autônomo.
b) Processos incidentes: são questões que dizem res- Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310)
peito ao processo, podendo ser resolvidas pelo próprio
juízo criminal. Porém, são processos que correm em para- É uma medida restritiva de liberdade, de natureza cau-
lelo ao principal, se constituindo em outra relação jurídica. telar e caráter eminentemente administrativo, que não exi-
Exemplo clássico de processo incidente é o HC impetrado ge ordem escrita do juiz, porque o fato ocorre de inopino
para trancar ação penal. (art. 5º, LXI, CR/88). É uma forma de autopreservação e au-
todefesa da sociedade, facultando-se a qualquer do povo
Existe uma subdivisão: a sua realização, sendo que os posteriores atos de docu-
a) Questão prejudicial: ela é autônoma, existindo de mentação ocorrerão normalmente na delegacia de polícia.
forma independente da questão principal, com a possibi- Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser
lidade de ser objeto de processo distinto, seja no próprio presa em flagrante delito a qualquer tempo, de acordo
juízo criminal (como se dá com o julgamento do furto de com o art. 5º, XI, da CR/88.
forma autônoma em relação à receptação), seja no juízo cí-
vel (como questões ligadas ao estado da pessoa ou outras Espécies de Flagrante
que interferem na tipicidade da infração penal).
b) Questão preliminar: é o fato, processual ou de mé- Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Verda-
rito, que impede que o juiz aprecie o fato ou questão prin- deiro (art. 302, I e II, CPP)
cipal, não sendo autônoma, devendo sempre ser julgada Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa,
no mesmo procedimento e antes da decisão de mérito. cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-
Questão preliminar é aquela ligada a um pressuposto pro- -la. A prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de
cessual ou a uma condição de ação. É o fato, processual ou qualquer intervalo de tempo.
de mérito, que impede o juiz de apreciar o fato principal ou
a questão principal, ou seja, a materialidade e a autoria da Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante (art.
infração penal, que compõem o mérito da causa propria- 302, III)
mente dito, não sendo questão autônoma, mas dependen- Flagrante em que o agente é perseguido logo após a
te da existência da questão principal e devendo sempre infração, em situação que faça presumir ser o autor do fato.
ser decidida no mesmo processo ou procedimento onde é Não existe prazo certo para a expressão logo após, sendo
julgada a questão principal. equivocada a doutrina que aponta o prazo de 24 horas.

105
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Não havendo solução de continuidade, isto é, se a per- esperará a pessoa chegar e efetuará a prisão. Note-se que
seguição não for interrompida, mesmo que dure dias ou o indivíduo já estava com o crime em andamento.
até mesmo semanas, em havendo êxito na captura do per-
seguido, estar-se-á diante de flagrante delito. Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido, Postergado
ou Ação Controlada
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado (art. 302, IV) Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mes-
Flagrante em que o agente é preso após cometer a in- mo presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégi-
fração, quando encontrado com instrumentos ou produtos co seria a melhor opção.
do crime, armas, objetos ou papéis que permitam presumir Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Comba-
ser ele o autor da infração. te às Organizações Criminosas). Não é necessária autoriza-
Nessa espécie de flagrante não se exige persegui- ção judicial nem prévia oitiva do MP, cabendo à autoridade
ção. Exige-se, entretanto, que a autoridade ponha-se a policial administrar a conveniência ou não da postergação.
procurar o agente logo após ter notícia do acontecimento Ela não pode ser utilizada para abarcar atividades de qua-
do crime. drilhas ou bandos, apenas de organizações criminosas.

Flagrante Compulsório ou Obrigatório Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, é


Alcança a atuação das forças de segurança engloban- necessária autorização judicial e prévia oitiva do MP, além
do as polícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviá- do conhecimento do provável itinerário da droga e dos
rias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto eventuais agentes do delito ou colaboradores.
em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
Flagrante Forjado
Flagrante Facultativo É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa
É a permissão constitucional de que qualquer do povo inocente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator
efetue a prisão em flagrante. Ela abrange também as auto- aqui o agente executor da prisão.
ridades policiais fora de serviço.
Flagrante por Apresentação
Flagrante Esperado Não é flagrante propriamente dito, pois quem se en-
Não está disciplinado na legislação, sendo uma idea- trega à polícia não se enquadra em nenhuma das hipóteses
lização doutrinária. Ocorre quando a polícia, sabendo que legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será lavrado
um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando a pri- APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva
são quando os atos executórios são deflagrados. Apesar decretada pela autoridade policial.
de não indicado, o particular também poderá efetuar o fla-
grante esperado. Flagrante Vedado
São hipóteses em que a autoridade não pode, de for-
Flagrante Preparado ou Provocado ma alguma, decretar o flagrante delito, sob pena de ilega-
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a lidade manifesta.
cometer o delito, sendo preso no ato. É artifício onde ver- Assim, não se decreta a prisão em flagrante, ou seja, se
dadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em decretada, deverá ser relaxada:
flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando 1. Com o advento da lei dos juizados especiais crimi-
a infração. nais, aquele que for capturado em flagrante pela prática de
crimes de menor potencial ofensivo, e assumir o compro-
Súmula 145, STF: “Não há crime quando a preparação misso de comparecer ao Juizado, a ele não será imposta a
do flagrante pela polícia torna impossível a sua consuma- prisão em flagrante (será elaborado o Termo Circunstan-
ção”. ciado). Assim, praticamente, todas as hipóteses em que o
réu se livra solto estão abrangidas pelo conceito de crime
A súmula para o STF, com a preparação do flagrante e de menor potencial ofensivo (por isso que caiu em desu-
consequente realização da prisão, existiria crime só na apa- so). A jurisprudência majoritariamente (STJ e STF) entende
rência, já que o resultado da prática supostamente delituo- que os crimes de menor potencial ofensivo são os crimes
sa já era conhecido pela polícia de antemão e ela já estaria com pena máxima de até 02 anos. Assim, a hipótese de
com toda a estrutura montada para prender o agente logo incidência do artigo 323 será aplicada na hipótese excep-
após a conduta. Assim, haveria verdadeiro crime impossí- cional de o indivíduo não assumir o compromisso (aliás,
vel, por absoluta ineficácia do meio ou absoluta improprie- o descumprimento do compromisso de comparecimento
dade do objeto criminoso. não traz qualquer consequência para o indivíduo, mesmo
Entretanto, se, preparando o flagrante, o agente con- se ele não comparecer).
segue consumar o delito e fugir, o crime restará plenamen- 2. A Lei nº 9.503/97 (CTB) (artigo 301) prevê que ao
te caracterizado. condutor por delito de trânsito NÃO se imporá a prisão em
Não é flagrante preparado o caso de se prender al- flagrante se ele prestar pronto e integral socorro à vítima.
guém, que adentra no território nacional portando drogas, 3. No caso do art. 28 da Lei de Drogas.
após o recebimento de notícias sobre esse fato. A polícia

106
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Flagrante nas Várias Espécies de Crime ser remetidos à respectiva Casa para que, mediante provo-
a) Crimes permantentes: enquanto não cessada a cação de partido e pelo voto da maioria de seus membros,
permanência poderá haver flagrante a qualquer tempo. resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88).
b) Crime habitual: de acordo com Tourinho, não é d) Magistrados: só poderão ser presos em flagran-
possível o flagrante no crime habitual, já que este ocorre te por crime inafiançável, devendo os autos serem enca-
somente quando a conduta típica se integra com a prática minhados ao Presidente do respectivo Tribunal (art. 33, II,
de diversas açoes. Se houver o flagrante antes da consu- LOMAN).
mação, os atos realizados serão indiferentes penais, não e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem
passíveis de configurar qualquer crime. encaminhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III,
c) Crime de ação penal privada e ação pública con- LONMP).
dicionada: nada impede a realizaçao do flagrante nestes f) Advogados: somente poderá ser preso em fla-
crimes. Porém, para a lavratura do APFD, deverá haver grante, por motivo de exercício da profissão, em caso de
manifestação de vontade da pessoa legitimada a pro- crime inafiançável, sendo necessária a presença de repre-
por a ação ou a representar. Caso a vítima não possa sentante da OAB para se lavrar o auto, sob pena de nulida-
ir imediatamente à delegacia, por ter sido conduzida ao de (art. 7º, § 3º, EOAB).
hospital ou por qualquer outro motivo relevante, poderá g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis,
fazê-lo no prazo de entrega da nota de culpa. Caso preso o somente poderão ser privados da liberdade, mediante de-
agente em flagrante e a vítima não autorize, não poderá ser terminação escrita e fundamentada do juiz ou mediante
lavrado o auto, devendo o agente ser liberado. flagrante de prática de ato infracional (art. 106, ECA).
d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se pres-
fracionada, já que as várias ações são independentes en- tarem pronto e integral socorro à vítima de acidente de
tre si, somente havendo a continuidade para fins de dimi- trânsito no qual se envolveu, não poderá ser preso em
nuição da pena quando da dosimetria penal. O flagrante é flagrante nem poderá ser-lhe exigida fiança (art. 301,
possível para cada crime isoladamente. CTB).
e) Infração de menor potencial ofensivo: não haverá
lavratura de APFD, e sim de TCO (Termo Circunstanciado
Autoridade Competente
de Ocorrência), desde que o infrator seja imediatamente
Via de regra, é competente para presidir a lavratura
enaminhado ao JECrim ou assuma o compromisso de lá
do auto a autoridade policial da circunscrição onde foi
comparecer na data designada pela autoridade policial.
efetuada a prisão (art. 290, CPP).
Entretanto, se ele se negar a tanto, lavra-se o APFD, re-
colhendo-se o infrator ao cárcere, salvo se for admitida
Procedimentos e Formalidades Legais
e paga a fiança. Lembrar que, no crime do art. 28 da Lei nº
De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em flagran-
11.343/06, é absolutamente impossível a prisão.
Nos crimes particados com violência doméstica contra te conta com quatro momentos distintos:
a mulher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, mediante a) Captura do agente;
uma infraçao de menor potencial ofensivo, ao invés de b) Condução coercitiva até a presença da autoridade
TCO será lavrado APFD (art. 41, lei nº 11.340/06). policial ou judicial;
c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
Sujeitos do Flagrante d) Recolhimento ao cárcere.
Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal
Sujeito Ativo do ato, com a documentação da prisão efetuada em razão
É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pes- da captura. Deve-se, pois, seguir os seguintes passos:
soa, policial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com a) Comunicação à família do preso ou pessoa por ele
o condutor, que é a pessoa que apresenta o preso à polí- indicada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º, LXIII,
cia (evidentemente, poderão ser a mesma pessoa). CR/88).
b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “melian-
Sujeito Passivo te” na delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declarações
É aquele detido na situação de flagrância. Em regra, reduzidas a termo, colhida sua assinatura e entregue cópia
pode ser qualquer pessoa, respeitadas as exceções de do termo e recibo de entrega do preso (esse recibo tem
determinados indivíduos, quais sejam: função acautelatória para o próprio condutor).
a) Presidente da República: nunca poderá ser pre- c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão
so em flagrante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º, reduzidas a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo, duas
CR/88). testemunhas para o flagrante ser regular, ainda que uma
b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos ou ambas sejam meramente instrumentárias, aquelas sim-
em flagrante, a depender de tratados e convenções inter- plesmente presentes na delegacia e que são convidadas a
nacionais. assinar como testemunha o ato de ver a entrega do agente.
c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei,
Legislativas: só podem ser presos em flagrante delito por mas é prática corrente no procedimento, até mesmo para
prática de crime inafiançável, devendo os autos, no caso, fortalecer o valor probatório.

107
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, podendo, entretanto, calar-se. Admite-se a presença do advogado, o
qual, entretanto não é imprescindível. Lembrar que o procedimento pré-processual não é contraditório. Se o interrogatório
não for realizado por força maior, o ato não restará viciado.
f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver convencida de que o flagrante é legítimo, determinará ao escrivão
que lavre e encerre o auto de flagrante. Porém, também poderá liberar o detido caso verifique ilegalidade.
Assim, o policial também pode efetuar o relaxamento de prisão. Decorre do princípio administrativo da autotutela, pelo
qual a administração deve anular seus próprios atos quando ilegais.

Nota de Culpa
A nota de culpa se presta a informar ao preso os responsáveis por sua prisão e os motivos de fato da mesma, contendo
o nome do condutor e das tetemunhas, sendo assinada pela autoridade (art. 306, § 2º, CPP).
Será entregue em 24 horas da realização da prisão, mediante recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemunhas
suprirão o ato.
A entrega da nota de culpa é de vital importância para a validade da prisão. Com a nota de culpa, a garantia da
informação é assegurada, tendo o preso a cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarcerado, com a indicação de
seus responsáveis.

Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagrante


Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de
todas as oitivas colhidas e demais documentos e, caso o autuado não indique advogado, será remetida cópia integral à
defensoria pública (art. 306, § 1º).
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou sem
medida cautelar, ou decretará a prisão preventiva, se presentes alguma das situações do art. 312 e se não se revelarem
adequadas ou suficientes as medidas cautelares previstas no art. 319.
Tudo isso terá que ser feito de forma fundamentada.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código,
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições cons-
tantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os
atos processuais, sob pena de revogação.
O art. 310 impede que ocorra as situações do sujeito ficar preso indefinidamente em flagrante. Ou ele é solto, ou é
decretada sua prisão preventiva ou alguma medida cautelar. A não adoção de alguma dessas determinações constituirá
flagrante ilegalidade por desrespeito à lei processual.

Prisão em Flagrante: Réu Preso e Excesso de Prazo


É muito comum de ocorrer a manutenção do flagrante sem decretação da prisão preventiva, o que não deveria se
dar. Logo que recebe os autos, o juiz teria que, necessariamente, se manifestar sobre o cabimento ou não.
Logo, a prisao em flagrante deve ocorrer pelo tempo suficiente para análise dos autos pelo juiz, e não como justifica-
tiva para o condenado ficar encarcerado até seu julgamento, o que é ilegal.
Às vezes a ilegalidade ocorre até mesmo em função da demora da remessa dos autos do flagrante da repartição poli-
cial para o juízo.

Passemos a analisar a seguinte tabela:

Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio, Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A
Propriamente Dito, Real ou prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo
Verdadeiro de tempo.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração, em
Flagrante Impróprio, situação que faça presumir ser o autor do fato. Ele não é visto praticando
Irreal ou Quase-Flagrante a infração, mas é perseguido. Não existe prazo certo para a expressão
logo após, sendo equivocada a doutrina que aponta o prazo de 24 horas.

108
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando


Flagrante Presumido, encontrado com instrumentos ou produtos do crime, armas,
Ficto ou Assimilado objetos ou papéis que permitam presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as polícias
Flagrante Compulsório
civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo de bombeiros.
ou Obrigatório
Elas têm o dever de, enquanto em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a prisão
Flagrante Facultativo
em flagrante, incluindo as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de
Flagrante Esperado
tocaia, realizando a prisão quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o
Flagrante Preparado ou delito, sendo preso no ato. É artifício onde verdadeira armadilha
Provocado é maquinada no intuito de prender em flagrante aquele que cede à
tentação e acaba praticando a infração.
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo
Flagrante Prorrogado,
presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégico seria a melhor
Retardado, Diferido,
opção. Organizações criminosas: não precisa de autorização judicial e
Postergado
oitiva do MP. Drogas: precisa.
É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa inocente.
Flagrante Forjado Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator aqui o agente executor
da prisão.
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à polícia
Flagrante por não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do
Apresentação flagrante. Assim, não será lavrado APFD, apesar de poder o agente ter
sua prisão preventiva decretada pela autoridade policial.
São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma alguma,
Flagrante Vedado
decretar o flagrante delito, sob pena de ilegalidade manifesta.
Procedimento: deverá ser o agente conduzido à delegacia, identificados e ouvidos os condutores,
as testemunhas, a vítima e, por fim, o agente. Se não relaxada a prisão ou se não arbitrada fiança, deve
ser entregue ao condutor a nota de culpa. Assim, no prazo máximo de 24 horas, devem os autos serem
remetidos ao juiz, que deverá relaxar a prisão, conceder liberdade provisória com ou sem medida
cautelar, ou decretar a prisão preventiva presentes os pressupostos.

Prisão Preventiva

A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natureza processual, consistente na medida restritiva de liber-
dade, em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, a ser decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da
ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial.
A prisão preventiva somente poderá ser decretada quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes
de autoria.
Note-se que a prisão preventiva, nos termos do artigo 313, do Código Processual Penal, somente poderá ser decretada
nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; se tiver sido condenado
por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado. Contrário a isso, o disposto no inciso I do caput do art. 64 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência; quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida.

Fundamentação:
Arts. 311 a 316 do CPP

109
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A prisão preventiva não é uma pena aplicada anteci- Pelo entendimento do artigo 313 do CPP, a preventiva
padamente ao trânsito em julgado, é uma medida cautelar. somente possui envergadura em crimes dolosos, cuja pena,
Por esse motivo, não viola a garantia constitucional depre- via de regra, ultrapasse quatro anos. Logo, crimes culposos
sunção de inocência se a decisão for devidamente motiva- e contravenções parecem ser rechaçados pelo instituto.
da e a prisão estritamente necessária. É de se observar que caso o réu seja reincidente e com
É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar que respeito ao que reza o artigo 64, I do Código Penal, pode-
o réu cometa novos crimes ou ainda que em liberdade pre- -se aplicar a prisão preventiva ainda que o novo crime não
judique a colheita de provas ou fuja. De acordo com o pro- tenha pena maior que quatro anos.
cessualista Paulo Rangel, « se o indiciado ou acusado em Com ressalva de parte da doutrina, pode ser decreta-
liberdade continuar a praticar ilícitos penais, haverá pertur- da a medida cautelar de segregação da liberdade em tela
bação da ordem pública, e a medida extrema é necessária também quando da dúvida sobre a identidade civil do
se estiverem presentes os demais requisitos legais» (RAN- agente e ele não forneça elementos de comprovação de
GEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. atual. ampl. esclarecimentos. A doutrina que vê como medida extrema
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 613). excepcional revela cabimento na hipótese do acusado se
Pode ser decretada inclusive na fase investigatória da recusar a se submeter a identificação criminal.
persecução criminal, ou seja, durante o inquérito policial.
No artigo 311 do CPP reside determinação no sentido
É prisão provisória na medida em que ainda não pesa de se permanecer viva a possibilidade de decretação da
condenação contra o possível criminoso; medida cautelar, preventiva em qualquer fase da investigação policial ou do
pois tenta resguardar a harmonia social da ordem públi- processo penal. Assim, é medida que tem alicerce em qual-
ca ou da ordem econômica; excepcional, decorrente do quer fase da persecução criminal.
poder geral de cautela dado ao magistrado; subsidiária, Necessário notar que apesar de reclamar maior cuida-
muito mais após a promulgação da lei 12.403/2011, sendo do, a decretação da preventiva ainda no inquérito policial
somente permitida quando a lei não assegurar outra medi- é fato costumeiro na prática penal cotidiana, onde quase
da cautelar substitutiva. sempre há a segregação cautelar da liberdade sem a devi-
da preocupação.
Enfoque constitucional Observação importante é que não mais se faz presente
É cediço pelo artigo 5º, LVII, da CF/88 que ninguém no ordenamento jurídico após a lei 12.403/2011 qualquer
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sen- opção de prisão preventiva obrigatória. Frise-se que ape-
tença penal condenatória. nas autoridade judiciária competente, em consonância com
Aos adeptos da corrente garantista extremada, a inter- artigo 5º, LXI, da CF/88 pode decretar a prisão preventiva.
pretação gramatical desta regra supra, poderia mergulhar
em conclusões no sentido de que qualquer prisão cautelar Pressupostos
seria inconstitucional. A prisão preventiva não é uma punição aplicada ante-
Para quase a maioria esmagadora da doutrina, contu- cipadamente, inclusive porque a legislação brasileira proí-
do, não se trata de um instituto que atenta a Carta Política be a ocorrência de qualquer sanção antes da condenação
de 1988, mas sim, uma medida indispensável para a ma- judicial.
nutenção da ordem social e para administração da justiça. Essa modalidade de prisão é determinada pela Justiça
Segundo CLAUS ROXIN, “ entre as medidas que asse- para impedir que o acusado (réu) atrapalhe a investigação,
guram o procedimento penal, a prisão preventiva é a inge- a ordem pública ou econômica e aplicação da lei.
rência mais grave na liberdade individual; por outra parte, O réu pode ser mantido preso preventivamente até o
ela é indispensável em alguns casos para a administração seu julgamento ou pelo período necessário para não atra-
da justiça penal eficiente.” [02] palhar as investigações.
Caso exista a necessidade, a prisão preventiva pode ser
Bases legais decretada inclusive na fase inicial do inquérito policial, e
Tendo por base o artigo 312 do CPP, para que se de- não dá ao acusado o direito de defesa prévia.
crete a preventiva é necessária à demonstração de prova A prisão preventiva é a prisão de natureza cautelar mais
da existência do crime, trazendo à tela a materialidade e ampla existente, sendo uma eficiente ferramenta de encar-
indícios suficientes da autoria ou de participação no fato ceramento durante toda a persecução penal, já que pode
típico. ser decretada tanto durante o IP quanto na fase processual.
Interessante notar que o delito deve ter ocorrido in- A prisão preventiva, por ser medida de natureza caute-
contestavelmente, e sua comprovação pode ser feita pelos lar, só se sustenta se presentes o lastro probatório mínimo
diversos meios de prova admitidos em direito, entretanto, a indicar a ocorrência da infração e os eventuais envolvi-
no que toca a autoria, apenas se tem a necessidade de indí- dos, além de algum motivo legal que fundamente a neces-
cios de vinculação do individuo à prática do crime. sidade de encarceramento.
Ainda nesse pensamento, há de se ressaltar os pressu- Admite-se a decretação da preventiva até mesmo sem
postos da preventiva e esses formam exatamente ofumus a instauração do IP, desde que o atendimento aos requi-
commissi delicti, que oferece o básico de segurança para a sitos legais seja demonstrado por outros elementos indi-
decretação da medida. ciários.

110
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ela é medida de exceção e deve ser aplicada restritiva- b) Quando não for prevista pena privativa da li-
mente, a fim de compatibilizá-la com o princípio constitu- berdade para o delito (art. 283,§ 1º, CPP).
cional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CR/88).
Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e fun- LEI Nº 12.403, DE 4 DE MAIO DE 2011.
damentação, primeiro, na proteção do ofendido, e, depois,
na garantia da qualidade probatória, a prisão preventiva Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
revela a sua cautelaridade na tutela da persecução penal, outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos
objetivando impedir que eventuais condutas praticadas à prisão processual, fiança, liberdade provisória, demais
pelo alegado autor e/ou por terceiros possam colocar em medidas cautelares, e dá outras providências.
risco a efetividade do processo.
Referida modalidade de prisão, por trazer como conse- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
quência a privação da liberdade antes do trânsito em jul- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
gado, somente se justifica enquanto e na medida em que
puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o Art. 1o Os arts. 282, 283, 289, 299, 300, 306, 310, 311,
seu iter procedimental, e, mais, quando se mostrar a única 312, 313, 314, 315, 317, 318, 319, 320, 321, 322, 323, 324,
maneira de satisfazer tal necessidade. 325, 334, 335, 336, 337, 341, 343, 344, 345, 346, 350 e 439
A prisão preventiva, somente deve ser aplicando, do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
como regra, quando as outras medidas cautelares não de Processo Penal, passam a vigorar com a seguinte reda-
forem suficientes. ção:
Em razão da sua gravidade, e como decorrência do sis-
tema de garantias individuais constitucionais, somente se “TÍTULO IX
decretará a prisão preventiva “por ordem escrita e funda- DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LI-
mentada da autoridade judiciária competente”, conforme BERDADE PROVISÓRIA”
se observa com todas as letras no art. 5º, LXI, da Carta de
1988. “Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título
deverão ser aplicadas observando-se a:
É possível a decretação da preventiva, não só na pre- I - necessidade para aplicação da lei penal, para a in-
sença das circunstâncias fáticas do art. 312, cpp, mas sem- vestigação ou a instrução criminal e, nos casos expressa-
pre que for necessário para garantir a execução de outra mente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
medida cautelar, diversa da prisão (art. 282, § 4º, cpp). II - adequação da medida à gravidade do crime, cir-
cunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
A prisão preventiva, apresenta duas características bem acusado.
definidas, a saber: § 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isola-
a) autônoma, podendo ser decretada independente- da ou cumulativamente.
mente de qualquer outra providência cautelar anterior; § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz,
b) subsidiária, a ser decretada em razão do descum- de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso
primento de medida cautelar anteriormente imposta. da investigação criminal, por representação da autoridade
policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
Existem ainda quatro situações claras em que poderá § 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de
ser imposta a prisão preventiva: ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida
a) A qualquer momento da fase de investigação ou cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acom-
do processo, de modo autônomo e independente (art. 311, panhada de cópia do requerimento e das peças necessá-
CPP); rias, permanecendo os autos em juízo.
b) Como conversão da prisão em flagrante, quando § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obri-
insuficientes ou inadequadas outras medidas cautelares gações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimen-
(art. 310, II, CPP); to do Ministério Público, de seu assistente ou do querelan-
c) Em substituição à medida cautelar eventualmente te, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação,
descumprida (art. 282, § 4º, CPP); ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312,
d) Quando houver fundadas dúvidas sobre a identi- parágrafo único).
dade do acusado, devendo ele ser imediatamente liberado § 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substi-
assim que confirmada for. tuí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista,
bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
De outro modo, não será cabível a preventiva: a justifiquem.
a) Para os crimes culposos, contravenção penal ou se § 6o A prisão preventiva será determinada quando não
no caso concreto está presente qualquer causa excludente for cabível a sua substituição por outra medida cautelar
de ilicitude, isso decorre do postulado da proporcionali- (art. 319).” (NR)
dade, na perspectiva da proibição do excesso, a impedir “Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em fla-
que uma medida cautelar seja mais grave e onerosa que o grante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
resultado final do processo condenatório; autoridade judiciária competente, em decorrência de sen-

111
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tença condenatória transitada em julgado ou, no curso da Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
investigação ou do processo, em virtude de prisão tempo- liberdade provisória, mediante termo de comparecimento
rária ou prisão preventiva. a todos os atos processuais, sob pena de revogação.” (NR)
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou
se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada
alternativamente cominada pena privativa de liberdade. pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a reque-
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a rimento do Ministério Público, do querelante ou do assis-
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviola- tente, ou por representação da autoridade policial.” (NR)
bilidade do domicílio.” (NR) “Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada
“Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacio- como garantia da ordem pública, da ordem econômica,
nal, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor aplicação da lei penal, quando houver prova da existência
do mandado. do crime e indício suficiente de autoria.
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a pri- Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá
são por qualquer meio de comunicação, do qual deverá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer
constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se das obrigações impostas por força de outras medidas cau-
arbitrada. telares (art. 282, § 4o).” (NR)
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará “Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será
as precauções necessárias para averiguar a autenticidade admitida a decretação da prisão preventiva:
da comunicação. I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
efetivação da medida.” (NR) sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no
“Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, dezembro de 1940 - Código Penal;
tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, III - se o crime envolver violência doméstica e familiar
as precauções necessárias para averiguar a autenticidade contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou
desta.” (NR) pessoa com deficiência, para garantir a execução das me-
“Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão didas protetivas de urgência;
separadas das que já estiverem definitivamente condena- IV - (revogado).
das, nos termos da lei de execução penal. Parágrafo único. Também será admitida a prisão pre-
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, ventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da
após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imedia-
disposição das autoridades competentes.” (NR) tamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
“Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se hipótese recomendar a manutenção da medida.” (NR)
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- “Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será de-
petente, ao Ministério Público e à família do preso ou à cretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos
pessoa por ele indicada. ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização incisos I, II e III do caputdo art. 23 do Decreto-Lei no 2.848,
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.” (NR)
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome “Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. a prisão preventiva será sempre motivada.” (NR)
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, median-
te recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o “CAPÍTULO IV
motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemu- DA PRISÃO DOMICILIAR”
nhas.” (NR)
“Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o “Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento
juiz deverá fundamentadamente: do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo
I - relaxar a prisão ilegal; ou dela ausentar-se com autorização judicial.” (NR)
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, “Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
quando presentes os requisitos constantes do art. 312 des- pela domiciliar quando o agente for:
te Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as I - maior de 80 (oitenta) anos;
medidas cautelares diversas da prisão; ou II - extremamente debilitado por motivo de doença
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. grave;
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do De- IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou
creto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código sendo esta de alto risco.

112
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá pro- “Art. 323. Não será concedida fiança:
va idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.” (NR) I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
“CAPÍTULO V tes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES” hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis
“Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado De-
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas mocrático;
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar ativi- IV - (revogado);
dades; V - (revogado).” (NR)
II - proibição de acesso ou frequência a determinados “Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo
locais para evitar o risco de novas infrações; justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts.
III - proibição de manter contato com pessoa determi- 327 e 328 deste Código;
nada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva II - em caso de prisão civil ou militar;
o indiciado ou acusado dela permanecer distante; III - (revogado);
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a IV - quando presentes os motivos que autorizam a de-
permanência seja conveniente ou necessária para a inves- cretação da prisão preventiva (art. 312).” (NR)
tigação ou instrução; “Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos que a conceder nos seguintes limites:
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha resi- a) (revogada);
dência e trabalho fixos; b) (revogada);
VI - suspensão do exercício de função pública ou de c) (revogada).
atividade de natureza econômica ou financeira quando
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
houver justo receio de sua utilização para a prática de in-
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau
frações penais;
máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando
quando o máximo da pena privativa de liberdade comina-
os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável
da for superior a 4 (quatro) anos.
(art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegu-
preso, a fiança poderá ser:
rar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstru-
ção do seu andamento ou em caso de resistência injustifi- I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
cada à ordem judicial; II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
IX - monitoração eletrônica. III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
§ 1o (Revogado). § 2o (Revogado):
§ 2o (Revogado). I - (revogado);
§ 3o (Revogado). II - (revogado);
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposi- III - (revogado).” (NR)
ções do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada “Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não
com outras medidas cautelares.” (NR) transitar em julgado a sentença condenatória.” (NR)
“Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será co- “Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade po-
municada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscali- licial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele,
zar as saídas do território nacional, intimando-se o indicia- poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
do ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.”
(vinte e quatro) horas.” (NR) (NR)
“Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a de- “Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fian-
cretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liber- ça servirão ao pagamento das custas, da indenização do
dade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cau- dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for con-
telares previstas no art. 319 deste Código e observados os denado.
critérios constantes do art. 282 deste Código. Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda
I - (revogado) no caso da prescrição depois da sentença condenatória
II - (revogado).” (NR) (art. 110 do Código Penal).” (NR)
“Art. 322. A autoridade policial somente poderá con- “Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou pas-
ceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de sar em julgado sentença que houver absolvido o acusado
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir,
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será reque- atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto
rida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR) no parágrafo único do art. 336 deste Código.” (NR)

113
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

“Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acu- § 4o O preso será informado de seus direitos, nos ter-
sado: mos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e,
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
de comparecer, sem motivo justo; será comunicado à Defensoria Pública.
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao an- § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a
damento do processo; legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativa- do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste
mente com a fiança; Código.
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; § 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o
V - praticar nova infração penal dolosa.” (NR) registro do mandado de prisão a que se refere o caput
“Art. 343. O quebramento injustificado da fiança im- deste artigo.”
portará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz
decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, Art. 3o Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após
se for o caso, a decretação da prisão preventiva.” (NR) a data de sua publicação oficial.
“Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor
da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para Art. 4o São revogados o art. 298, o inciso IV do art.
o início do cumprimento da pena definitivamente impos- 313, os §§ 1o a 3o do art. 319, os incisos I e II do art. 321, os
ta.” (NR) incisos IV e V do art. 323, o inciso III do art. 324, o § 2o e
“Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, de- seus incisos I, II e III do art. 325 e os arts. 393 e595, todos
duzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma de Processo Penal.
da lei.” (NR)
“Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as Brasília, 4 de maio de 2011; 190o da Independência e
deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor res- 123o da República.
tante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da
DILMA ROUSSEFF
lei.” (NR)
“Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, veri-
Princípio da necessidade
ficando a situação econômica do preso, poderá conceder-
Princípio da menor ingerência possível. Princípio se-
-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações cons-
gundo o qual, nas suas relações, a administração pública
tantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas
deve adotar os meios menos onerosos para os particula-
cautelares, se for o caso.
res.
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem mo-
tivo justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas,
aplicar-se-á o disposto no § 4o do art. 282 deste Código.” Prisão Especial
(NR)
“Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado cons- É o direito conferido a determinadas pessoas em razão
tituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção da função desempenhada, enquanto estiverem na condi-
de idoneidade moral.” (NR) ção de presos provisórios.
O status de preso especial confere ao detento o direito
Art. 2o O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 de ser recolhido em local distinto da prisão comum, e não
- Código de Processo Penal, passa a vigorar acrescido do havendo estabelecimento específico para o preso especial,
seguinte art. 289-A: o mesmo ficará em cela separada dentro do estabeleci-
“Art. 289-A. O juiz competente providenciará o ime- mento penal comum.
diato registro do mandado de prisão em banco de dados
mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa fina- Destarte dispõe o Código Processual Penal as pessoas
lidade. que possuem esse privilégio:
§ 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
determinada no mandado de prisão registrado no Conse- Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão es-
lho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência ter- pecial, à disposição da autoridade competente, quando
ritorial do juiz que o expediu. sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
§ 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão I - os ministros de Estado;
decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional II - os governadores ou interventores de Estados ou
de Justiça, adotando as precauções necessárias para averi- Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respecti-
guar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz vos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e
que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de
registro do mandado na forma do caput deste artigo. 11.6.1957)
§ 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
do local de cumprimento da medida o qual providenciará de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos
a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Estados;
Justiça e informará ao juízo que a decretou. IV - os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;

114
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Es- b) O STF julgou a ADI 162 sobre o assunto e rejeitou a
tados, do Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada tese, entendendo pela constitucionalidade da lei a prisão
pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) temporária.
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades supe- Decretação
riores da República; Ela está adstrita à cláusula de reserva jurisdicional, so-
VIII - os ministros de confissão religiosa; mente podendo ser decretada pela autoridade judiciária,
IX - os ministros do Tribunal de Contas; mediante representação da autoridade policial ou a reque-
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a rimento do MP.
função de jurado, salvo quando excluídos da lista por moti- A prisão temporária nunca poderá ser decretada de
vo de incapacidade para o exercício daquela função; ofício pelo juiz, assim como não poderá a vítima requerer a
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Es- sua decretação. Evidencia isso a própria natureza da medi-
tados e Territórios, ativos e inativos. (Redação dada pela Lei da, já que, se ela visa a uma efetividade do procedimento
nº 5.126, de 20.9.1966) investigatório, somente quem investiga (MP ou polícia ju-
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em ou- diciária) poderia saber sobre sua necessidade ou não.
tras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local
distinto da prisão comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de Cabimento
11.7.2001) É essencial a presença do fumus comissi delicti (mate-
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para rialidade) e do periculum libertatis para sua decretação. Ou
o preso especial, este será recolhido em cela distinta do seja, o fumus boni iuris seria a materialidade, enquanto o
mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 10.258, de periculum in mora seria o perigo representado pela liber-
11.7.2001) dade do investigado para as investigações. Além disso, o
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento co- art. 1º da Lei nº 7.960/89 exige:
letivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambien- i. Imprescindibilidade para as investigações do inquéri-
te, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
to policial: deve haver elementos suficientes que demons-
condicionamento térmico adequados à existência humana.
trem que a liberdade do indiciado poderá frustrar as inves-
(Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
tigações.
§ 4o O preso especial não será transportado juntamen-
ii. Indiciado não ter residência fixa ou não fornecer ele-
te com o preso comum. (Incluído pela Lei nº 10.258, de
mentos para sua identificação: aqui, é necessário que haja
11.7.2001)
um risco efetivo do indivíduo fugir. Não basta a ausência
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial
de residência fixa. Relativamente à identificação, a autori-
serão os mesmos do preso comum.
dade deve proceder a identificação criminal caso não seja
Não havendo estabelecimento adequado para se efe- possível a identificação civil, permanecendo o indiciado em
tivar a prisão especial, O PRESO PODERÁ SER COLOCADO liberdade.
EM PRISÃO PROVISÓRIA DOMICILIAR, por deliberação do iii. Quanto houver fundada suspeita de autoria ou par-
magistrado, ouvido o MP (Lei nº 5.256/67). ticipação nos seguintes crimes (taxativos): homicídio dolo-
so, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão
Prisão Temporária mediante sequestro, estupro, atentado violento ao puder,
epidemia com resultado morte, envenenamento de água
A prisão temporária é a única prisão de natureza cau- potável, quadrilha ou bando, genocídio, tráfico de drogas,
telar com prazo de duração preestabelecido, cabível, ex- crime contra o sistema financeiro, crimes hediondos ou
clusivamente, na fase pré-processual, durante o inquérito equiparados.
policial, cujo objetivo é o encarceramento em razão das A corrente majoritária admite a prisão temporária des-
infrações seletamente indicadas na legislação, para possi- de que esteja obrigatoriamente presente uma das hipó-
bilitar uma investigação policial eficiente e sem obstáculos teses da letra “c” conjugada com as das letras “a” ou “b”,
que poderiam ser opostos pelo investigado. alternativamente.
É espécie de prisão cautelar com prazo determinado Decretação da prisão temporária requer: inciso III+ in-
decretada no curso das investigações quando a prisão for cisos I ou II
indispensável para a colheita de elementos probatórios re- Não é apenas o indiciado, sujeito formalmente apon-
lativos às infrações do artigo 1, III, da Lei nº 7.960/89 e de tado pela autoridade policial como autor da infração penal,
crimes hediondos e equiparados. que estará sujeito à prisão temporária, mas também outras
Originou-se da medida provisória nº 101, de 1989. pessoas que influam na investigação criminal.
Hoje MP não pode versar sobre Direito Processual Penal,
conforme EC 32/01, o que fez com que muitos discutissem Prazos
a constitucionalidade da prisão temporária. a) Regra geral: 05 dias, prorrogável por mais 05 em
a) Paulo Rangel entende que seria inconstitucional. caso de extrema e comprovada necessidade. Se o pedido
Para ele teria um vício de inconstitucionalidade formal, mas de prorrogação vier da polícia, o MP necessariamente de-
esta posição não é majoritária. verá ser ouvido.

115
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

b) Crimes hediondos e equiparados: prazo de 30 dias, III - quando houver fundadas razões, de acordo com
prorrogável por mais 30, em caso de comprovada e extre- qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
ma necessidade. participação do indiciado nos seguintes crimes:
São prazos limites, não sendo o juiz obrigado a decre- a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
tar sempre por 30 dias. Se ele entender que 10 dias são b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus
suficientes, basta. §§ 1° e 2°);
a) Se pessoa se apresenta às 23 horas já vale como um c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
dia. d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
b) Decorrido o prazo da prisão temporária, o preso de- e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus
verá ser colocado em liberdade, salvo se tiver sido decreta- §§ 1°, 2° e 3°);
da sua prisão preventiva. f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art.
A prorrogação, se pedida pela autoridade policial, de- 223, caput, e parágrafo único);
verá ser precedida obrigatoriamente da oitiva do MP. En- g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
tretanto, ela sempre deverá ser fundamentada, devendo o combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
legitimado demonstrar ao juiz o que fez no primeiro perío- h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art.
do e o que pretende fazer no segundo. 223 caput, e parágrafo único);
O prazo da prisão temporária será acrescentado ao i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
prazo que a autoridade policial possui para concluir o IP. j) envenenamento de água potável ou substância ali-
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
Procedimento caput, combinado com art. 285);
a) Representação policial ou requerimento do MP; l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
b) Despacho fundamentado do juiz, em 24 horas, de- m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
cidindo sobre a temporária, ouvindo o MP se tiver havido outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
representação; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de
c) Expedição de mandado de prisão em duas vias, sen- outubro de 1976);
do uma entregue ao preso como nota de culpa; o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
d) Durante o prazo da temporária, pode o juiz, de ofício 16 de junho de 1986).
ou a requerimento do MP ou do defensor, determinar que
o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e escla- Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
recimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de face da representação da autoridade policial ou de reque-
corpo de delito; rimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco)
e) Decorrido o prazo legal, o preso deve ser posto ime- dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
diatamente em liberdade, salvo se decretada a prisão pre- comprovada necessidade.
ventiva; § 1° Na hipótese de representação da autoridade po-
f) Como a liberdade é imediata, é desnecessário ao de- licial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
legado receber o alvará de soltura para liberar o investi- § 2° O despacho que decretar a prisão temporária de-
gado, salvo se para soltar antes do prazo fixado pelo juiz, verá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24
hipótese em que deve haver o alvará de soltura expedido (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da
pelo juiz. representação ou do requerimento.
Por fim, lembrar que o preso temporariamente deve § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do
permanecer obrigatoriamente separado dos demais deten- Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso
tos. lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimen-
tos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo
LEI FEDERAL Nº 7.960/1989 (PRISÃO TEMPORÁ- de delito.
RIA). § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á man-
dado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue
Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989. ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
Dispõe sobre prisão temporária. expedição de mandado judicial.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Federal.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o
Art. 1° Caberá prisão temporária: preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo
I - quando imprescindível para as investigações do in- se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
quérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer,
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua obrigatoriamente, separados dos demais detentos.
identidade;

116
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de caso, as medidas cautelares previstas no art. 319...) deve
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação: ser entendido nesse sentido (de restituição da liberdade do
aprisionado) e não como fundamento para a decretação
“Art. 4° ............................................................... de medidas cautelares sem anterior prisão em flagrante.
A base legal para estas últimas providências reside no art.
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena 282, § 2º, CPP;
ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem- e) A prisão preventiva tanto poderá ser decretada inde-
po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de li- pendentemente da anterior imposição de alguma medida
berdade;” cautelar (art. 282, § 6º, art. 311, art. 312 e art. 313, CPP),
quanto em substituição àquelas (cautelares) previamente
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias ha- impostas e eventualmente descumpridas (art. 282, § 4º, art.
verá um plantão permanente de vinte e quatro horas do 312, parágrafo único, CPP);
Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação f) Poderá, do mesmo modo, ser decretada como con-
dos pedidos de prisão temporária. versão da prisão em flagrante, quando presentes os seus
requisitos (art. 310, II, CPP), e forem insuficientes as demais
Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- cautelares;
ção. g) A prisão preventiva poderá também ser substituída
por medida cautelar menos gravosa, quando esta se reve-
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. lar mais adequada e suficiente para a efetividade do pro-
cesso (art. 282, § 5º, CPP);
Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Indepen- h) Quando decretada autonomamente, ou seja, como
dência e 101° da República. medida independente do flagrante, ou, ainda, como con-
JOSÉ SARNEY versão deste, a prisão preventiva submete-se às exigências
do art. 312 e do art. 313, ambos do CPP; quando, porém,
Medidas Cautelares e Liberdade e Provisória for decretada subsidiariamente, isto é, como substitutiva
de outra cautelar descumprida, não se exigirá a presença
A Lei nº 12.403/11 modificou completamente o capí- das situações do art. 313, CPP;
tulo sobre liberdade provisória. Ela substituiu quase por i) Nenhuma medida cautelar (prisão ou outra qualquer)
completo o capítulo V, extinguindo uma série de institutos poderá ser imposta quando não for cominada à infração,
então previstos. objeto de investigação ou de processo, pena privativa da
As medidas cautelares são aquelas que visam a res- liberdade, cumulativa ou isoladamente (art. 283, § 3º, CPP);
guardar a persecução penal. Entre elas há uma série de do mesmo modo, não se admitirá a imposição de cautela-
possibilidades, inclusive a decretação da liberdade pro- res e, menos ainda, da prisão preventiva, aos crimes para os
visória com fiança, que passou a ser uma modalidade de quais seja cabível a transação penal, bem como nos casos
medida cautelar na nova redação do CPP. em que seja proposta e aceita a suspensão condicional do
processo, conforme previsto na Lei 9.099/95, que cuida dos
Sobre as modificações, podemos sintetizá-las: Juizados Especiais Criminais e das infrações de menor po-
a) Embora a Lei nº 12.403/11 mantenha a distinção tencial ofensivo;
conceitual entre prisões, medidas cautelares e liberdade j) Em se tratando de crimes culposos, a imposição de
provisória, é bem de ver que todas elas exercem o mesmo medida cautelar, em princípio, não será admitida, em face
papel e a mesma função processual de acautelamento dos do postulado da proporcionalidade; contudo, quando – e
interesses da jurisdição criminal; somente quando – se puder antever a possibilidade con-
b) As medidas cautelares, quando diversas da prisão, creta de imposição de pena privativa da liberdade ao fi-
podem ser impostas independentemente de prévia prisão nal do processo, diante das condições pessoais do agente,
em flagrante (art. 282, § 2º, CPP), ao contrário da legisla- serão cabíveis, excepcionalmente para os crimes culposos,
ção anterior, que somente previa a concessão de liberdade as cautelares do art. 319 e art. 320, segundo a respectiva
provisória para aquele que fosse aprisionado em flagrante necessidade e fundamentação.
delito. Por isso, podem ser impostas tanto na fase de in-
vestigação quanto na do processo, com exceção da prisão Liberdade Provisória
domiciliar;
c) As referidas medidas cautelares, diversas da prisão, A liberdade provisória é instituto que se presta a com-
poderão também substituir a prisão em flagrante (art. 310, bater a prisão em flagrante legal. Ela poderia ser, na antiga
II, e art. 321, CPP), quando não for cabível e adequada a redação, obrigatória, permitida ou vedada. Este o motivo
prisão preventiva (art. 310, II, CPP); pelo qual pode ela ser condicionada. Somente não poderá
d) A liberdade provisória, agora, passa a significar ape- o juiz impor condições no caso de relaxamento de prisão,
nas a diversidade de modalidades de restituição da liber- já que este é o remédio para combater a prisão ilegal.
dade, após a prisão em flagrante. O art. 321, CPP (ausen- A liberdade provisória é uma “moeda de troca”, conce-
tes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, o juiz dida mediante determinados requisitos, com ônus ao acu-
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o sado para que se livre da prisão cautelar.

117
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Agora, entretanto, a liberdade provisória passou a con-


correr com as outras medidas cautelares. Ademais, a Lei DA PROVA: EXAME DE CORPO DE DELITO,
nº 11.403/11 corrigiu uma falha do sistema, que permitia INTERROGATÓRIO E TESTEMUNHAS.
que a pessoa fosse presa em flagrante e continuasse nesse
estado indefinidamente.
Isso não mais ocorre. Efetivada a prisão em flagrante
delito, os autos devem ser imediatamente encaminhados Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a es-
para o juiz, o qual ou relaxará a prisão da pessoa se hou- tabelecer a veracidade de um fato ou da prática de um ato
ver ilegalidade, ou decretará a prisão preventiva ou alguma tendo como finalidade a formação da convicção da enti-
medida cautelar, ou então concederá a liberdade provisó- dade decidente - juiz ou tribunal - acerca da existência ou
ria, com ou sem fiança. inexistência de determinada situação factual. Em regra, é
produzida na fase judicial com a participação dialética das
Fiança partes (contraditório real e ampla defesa que são elabora-
dos perante o juiz).
A fiança é uma garantia do cumprimento das obriga-
ções do réu durante todo o processo penal, sendo também Destarte a prova é o elemento fundamental para a de-
um direito inerente ao mesmo previsto constitucionalmen- cisão de uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante,
te. isto é, aquele que possa influenciar no julgamento do feito.
Assim, não é qualquer fato que carece ser provado, mas
A Liberdade provisória será concedida sem a fiança no sim, aquele que, no processo penal, possa influenciar na ti-
caso em que a infração praticada for um crime de menor pificação do fato delituoso ou na exclusão de culpabilidade
potencial ofensivo, consoante disposição do artigo 69, Pa- ou de antijuridicidade.
rágrafo Único da Lei 9099 de 1995; se a pena aplicada à
infração praticada não for de prisão ou se for, que esta não Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato
seja superior a seis meses, de acordo com o artigo 321 do e não opinião, muito embora, em alguns casos (especial-
Código de Processo Penal; se o agente praticou o crime mente quando se trata de dosar a pena) a opinião da tes-
acobertado por uma das excludentes da ilicitude previstas temunha pode ter relevo para a fixação da pena quando
no artigo 23 do Código Penal Brasileiro, mesmo sendo o ela afirma, por exemplo, que o réu é honesto, trabalhador
crime inafiançável, como prevê o artigo 310 do Código de e bom pai de família.
Processo Penal; e por finalmente se o juiz verificar a ausên-
cia dos requisitos da Prisão Preventiva, em qualquer crime. Objeto de prova

A Liberdade concedida com o pagamento de fiança, Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O
como dito anteriormente, é a liberdade concedida ao réu objeto da prova consiste nos fatos cuja evidenciação se
mediante o pagamento de uma caução em dinheiro como torne imprescindível, no processo, para o juiz convencer-se
uma garantia de que este irá cumprir com suas obrigações de sua veracidade. Em outras palavras, objeto da prova é o
processuais. fato ilícito alegado na peça acusatória.

A Constituição Federal, dispõe em seu texto os crimes Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cru-
inafiançáveis existentes no nosso ordenamento jurídico, ciais, a saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso.
são eles: os crimes de Racismo, Ação de Grupos Terroris- Além disso, é preciso dar conhecimento ao juiz de todas
tas Armados e os Crimes Hediondos. Contudo, o Código as circunstâncias objetivas (aspectos externos do crime) e
Processual Penal, diz serem inafiançáveis os crimes punidos subjetivas (motivos do crime e aspectos pessoais do agen-
com reclusão e com pena mínima superior a dois anos. te) que possam determinar a certeza de sua convicção so-
Frise-se que não será concedida fiança se o réu for re- bre a responsabilidade criminal. As circunstâncias que cer-
incidente em crime doloso; se em qualquer caso, for ocio- cam o caso concreto devem ser provadas, ainda, em razão
so; nos crimes punidos com reclusão, que provoquem cla- de serem relevantes no momento de fixação da pena.
mor público ou que tenham sido cometidos com violência
ou grave ameaça contra a pessoa. Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos
fatos relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao jul-
gamento da ação penal. Observe-se portanto que, que existe
um critério para a produção de provas numa ação penal.

Desnecessidade da prova

De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que


o juiz poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevan-
tes, impertinentes ou protelatórias”.

118
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que
deve ser provado, de acordo com o que julgar relevante permitem ao juiz influir livremente nas provas. O legisla-
para a formação do seu convencimento. dor permitiu ao juiz ordenar a produção de provas antes
do oferecimento da denúncia e, ao fazer isso, o magistra-
Entretanto, existe a desnecessidade de se provar al- do substitui a autoridade policial ou o promotor (MP) – e
guns fatos, quais sejam: os evidentes, os notórios e as pre- isso fere o princípio da imparcialidade do juiz. Esse é um
sunções legais. dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o ato unilateral
(sem provocação) do juiz pode ser considerado parcial, na
Evidentes são os fatos que prescindem de prova para prática?)
serem tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos,
evidentes por si mesmos, intuitivos, axiomáticos. No inciso II identificamos os poderes instrutórios,
onde o juiz pode interferir na prova para resolver ponto
Notórios são fatos que também prescindem de prova. relevantes, independente de requerimento das partes. Esse
São os acontecimentos ou situações de conhecimento ge- dispositivo está relacionado à instrução do processo e é
ral, como as datas histórias, os fatos políticos ou sociais de plenamente aceito. O inciso II está intimamente ligado com
conhecimento público – ou seja, fatos que pertencem ao o descobrimento da verdade, uma vez que o juiz pode so-
patrimônio cultural do cidadão médio. licitar a produção de provas para formação do seu conven-
cimento.
Já as presunções legais são os fatos presumidos verda-
deiros pela própria lei, que podem ser duas ordens: abso- Princípio do juiz natural
luta e relativa. A presunção absoluta (“juris et de jure”) não
admite fato em contrário. Exemplo disso é o art. 27, CP que No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processa-
diz que menor de 18 anos é inimputável. Já a presunção do nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
relativa (“juris tantum”) admite prova em contrário, como Em seu inciso XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tri-
no caso do art. 217-A, CP que diz que a vulnerabilidade do bunal de exceção”.
menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade justifica-se
diante da possibilidade de se prejudicar o réu. Esse princípios constitucionais relacionam-se com a
produção de provas, conforme veremos a seguir.
Ônus da prova
O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a ins-
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus trução deverá proferir a sentença”, evidenciando a aplica-
da prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe ção princípio da identidade física do juiz.
ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exercício da
atividade probatória principal. Incumbe-lhe demonstrar a No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz
existência dos fatos constitutivos afirmados na pretensão, não possa julgar a lide (por motivos como aposentadoria,
devendo provar a existência do ilícito penal e sua autoria. afastamento ou convocação), os autos passarão para o seu
sucessos. Ocorre que o CPP silencia quanto a essa questão.
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de Assim, valendo-nos do seu art. 3o, é possível que aplique-
provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos -se as disposições do art. 132, CPC.
impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados com
a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová-los. Nes- A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos
se caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: alegação de em que uma pessoa é processada nos casos de competên-
legítima defesa. cia originária do STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exce-
ção ao princípio da identidade física do juiz a medida que
Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a juízes e desembargadores serão convocados para auxiliar
prova ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte na coleta de provas. Portanto, a lei autoriza essa exceção
que a produziu. O juiz examina todo o contexto da prova ao princípio da identidade física do juiz.
podendo inclusive valorá-la de modo prejudicial a quem a
apresentou. Ou seja, a utilização das provas por qualquer Momentos probatórios
das partes é de ser plenamente aceita, independentemente
de quem a tenha produzido, porque interessa ao juiz des- Para podermos adentrar a discussão acerca dos mo-
cobrir a verdade. mentos probatórios, é necessário que façamos as seguintes
considerações iniciais: as provas só podem ser produzidas
Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é fa- no processo, que é quando haverá o contraditório. São su-
cultado ao juiz, de ofício, ordenar a produção de provas jeitos processuais principais no processo penal a acusação
e determinar a realização de diligências. Vê-se aqui que o (MP ou querelante), defesa (réu e defensor) e o juiz.
juiz tem poderes para influir na produção de provas unila-
teralmente. Compreendido isso, são 4 os momentos para produ-
ção de provas:

119
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Propositura da prova, que se dá na fase postulatória. A realização do exame de DNA (ácido desoxirribonu-
Para a acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia cléico) também é um meio eficaz de identificação do cri-
ou queixa-crime), enquanto que para o acusado, será na minoso. O DNA constitui parte dos cromossomos, sendo
sua resposta, na sua defesa. encontrado no núcleo das células dos seres vivos. São
Admissibilidade das provas, que é o deferimento ju- transmitidos de geração em geração, sendo 50% do pai e
dicial dos requerimentos formulados pelas partes, ou seja, 50% da mãe.
quando o juiz estabelece quais provas serão apresentadas Na realização do exame de DNA temos a prova invasi-
ou não (no processo civil é o despacho saneador). va e a prova não invasiva. A primeira é aquela que necessita
Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência de intervenção no organismo humano. A segunda é aque-
de instrução e julgamento, na qual todos os sujeitos parti- la onde não há necessidade de se penetrar no organismo
cipam. Nesse momento, serão tomadas as declarações do humano.
ofendido, haverá o interrogatório do acusado, inquirição Para a produção da prova invasiva é absolutamente
das testemunhas arroladas, esclarecimentos dos peritos necessária a obtenção do consentimento. Na produção da
etc. prova não invasiva não depende do contato físico. É o juiz
Valoração da prova, que significa dizer que o julgador, que decide a validade da prova não invasiva. (ex.: fio de
ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre to- cabelo, saliva no copo)
das as provas produzidas.
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre Exame de corpo de delito
substancial, i.e., será reavaliada.
Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será in-
OS MEIOS DE PROVA dispensável a realização do exame de corpo de delito (art.
158, CPP)
Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio de Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que carac-
prova é diferente de objeto de prova. Meio de prova pode terizam a existência do crime. Não se confunde corpo de
ser todo fato, documento ou alegação que sirva, direta
delito com o exame das lesões da vitima. O primeiro é gê-
ou indiretamente, ao descobrimento da verdade. Ou seja,
nero do qual o segundo é espécie.
meio de prova é todo instrumento que se destina a levar
O exame de corpo de delito envolve inclusive o proces-
ao processo um elemento, uma informação a ser utilizada
samento da cena do crime e pode ser tanto direto (art. 161)
pelo juiz para formar a sua convicção acerca das alegações.
quanto indireto (art. 167, CPP).
A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser com-
Prova pericial
provada por meio de exame pericial. Nesse sentido, po-
No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada demos ter 3 situações: exame de lesões corporais, exame
nos arts. 158 usque 184. necroscópico e exumação. Analisaremos cada uma dessas
A perícia é a diligência realizada ou executada por peri- situações a seguir.
to, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de forma
científica e técnica. Perito é aquele que tem conhecimento Exame de lesões corporais
técnico sobre determinada área e sua função é a da verifi-
cação da verdade ou da realidade de certos fatos. Esse é um meio de prova relacionado a um tipo penal
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada (lesão corporal, art. 129, CP), que visa estabelecer a natu-
por perito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado reza da gravidade da lesão provocada na vitima. O proce-
da federação possui seu próprio instituto de criminalística. dimento (art. 394, CPP) depende da gravidade da lesão, e,
O perito é um auxiliar da justiça, não está subordinado a portanto, da pena. Contudo, temos duas exceções a aplica-
autoridade policia, estando sua autonomia garantida. ção desse exame.
Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somen- A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de natu-
te quando for útil para o descobrimento da verdade. reza leve, quando o juízo competente será o JECRIM. Nessa
No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito hipótese, o procedimento será sumaríssimo, que é célere e
por apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não informal. Assim, não será exigido o exame de lesões cor-
ser subjetiva. (Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica) porais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa prova pode ser
A defesa pode formular quesitos ao perito. No proces- substituída pelo boletim medico ou prova equivalente.
so penal, isso não é comum porque geralmente a perícia é A segunda exceção trata dos crimes domésticos, so-
realizada logo depois do acontecimento do crime. Portanto, bretudo os praticados contra a mulher, que estão discipli-
essa perícia pode ser questionada em juízo porque à época nados na Lei 11.340/06. No art. 12, §3o, temos que as pro-
de sua realização não havia defensor constituído. Isso é o que vas podem ser laudos ou prontuários médicos. Isso porque,
se chama de contraditório diferido (postergado, transferido). na prática, o Ministério Público pode atuar ex officio em
De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civil- casos graves.
mente identificado não será submetido a identificação cri-
minal”. A Lei 12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apresen-
ta esclarecimentos e requisitos quando a identificação do
criminoso.

120
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Exame necroscópico Ata notarial

O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é Constatação de um fato ou de um ato que é atestada
estabelecer a causa mortis (art. 162). Esse exame será rea- pelo tabelião, com fé publica. Feito isso, e apresentado ao
lizado sempre que a morte estiver relacionada a um fato delegado, teremos uma prova pré-constituída e com fé-pú-
criminoso. Do texto do Parágrafo Único do dispositivo ex- blica. Isso é bom para as provas nos meio eletrônico que
trai-se que esse exame é desnecessário nos casos de morte podem ser apagadas instantaneamente. Estamos diante de
violenta e não haja infração penal a ser apurada (como é uma presunção de verdade relativa, podendo, portanto, ser
o caso, por exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou impugnada. Pode servir como prova tanto na esfera penal
quando as lesões externas permitirem precisar a causa quanto na esfera civil.
mortis.
Prova emprestada
Exumação
Prova emprestada é aquela que é transladada em for-
Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como ma de documento para um processo penal no qual se dis-
objeto da prova o cadáver já sepultado. A exumação só cutirá a sua validade e o seu valor probante.
pode ser feita mediante autorização judicial e em dois ca-
sos: a) caso deva ter sido realizado o exame necroscópi- Geralmente a prova emprestada no processo penal se
co e não foi, gerando, depois do sepultamento, dúvidas a relaciona com depoimento de vítima ou uma declaração
respeito da causa da morte; e b) casos que coloquem em que foi dada em um caso e a testemunha após um tempo
duvida o laudo necroscópico. morreu, desapareceu, etc.


Prova documental Do ponto de vista da acusação é interessante que a


prova seja emprestada de tempo que foi dada, e que seja
Documento é todo objeto material que condense em encarada como uma prova testemunhal, de inteiro teor, e
si a manifestação de um pensamento ou fato a ser repro- não apenas como um documento. Do ponto de vista da
duzido em juízo. Considera-se objeto material todo ma- defesa, o que se alega é que o princípio da ampla defesa
terial visual, auditivo, audiovisual, bem como o registrado não foi respeitado pois se caso o réu morreu, não teve tem-
em meios mecânicos óticos ou magnéticos de armazena- po de contestar, ou caso de testemunha desaparecida, que
mento. não houve possibilidade de perguntas da defesa para tal.

A prova documental está disciplinada no CPP nos arts. São requisitos para a utilização da prova emprestada:
231 usque 238. a) que no processo anterior tenha sido respeitado o prin-
cípio do contraditório;
b) que a prova no processo anterior
Documento eletrônico tenha sido produzida pelo juiz natural; e c) que o réu tenha
comparecido no outro processo.
Consiste em uma sequência de bytes, e em determina-
do programa de computador se torna a representação de Prova oral
um fato. Os crimes que são praticados por meio da internet
ou por outros meios cibernéticos têm consequências no A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se princi-
que dizem respeitos à provas. palmente às declarações do ofendido.

Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal Os sujeitos processuais podem ser principais ou secun-
é recrutar os crackers para trabalharem a favor da polícia. dários. Os principais são o Ministério Público, o querelante,
o réu e o juiz. Os secundários são a testemunha, o perito e
Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os o escrivão. O ofendido é tradicionalmente esquecido.
crackers: os primeiros ultrapassam barreiras de segurança
para se gabar, enquanto que os segundos invadem siste- Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a víti-
mas para causarem prejuízo, visando lucro. ma de modo distinto. Essa lei trata do procedimento suma-
ríssimo, que tem como característica principal o surgimen-
Sigilo telemático to da transação penal entre o autor do fato e o ofendido
para que seja tentado ao menos a auto composição das
É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho, partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201, CPP. A partir
o que gera certa dificuldade para obter informações e mui- dai, o ofendido é o sujeito passivo da infração penal.
tas vezes será necessária autorização judicial para o acesso
de dados. Quando se tratar de crime em que a polícia tem A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se
o dever e a obrigação de apurar, tem-se as delegacias que a vítima for intimada a comparecer em juízo e não o fizer,
estão incumbidas de investigar crimes cibernéticos poderá ser conduzida à presença da autoridade. A vítima
não presta o compromisso de dizer a verdade. Parte-se do

121
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

princípio que a vítima está dizendo a verdade porque tem A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas.
interesse na sentença condenatória e numa eventual repa- Esse crime admite procedimento especial, podendo arrolar
ração do dano. até 5 testemunhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o.

Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para
com a verdade. Caso contrário, poderá responder pelo cri- que sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As teste-
me de denunciação caluniosa. munhas excedentes são inquiridas como testemunhas do
juízo.
Prova testemunhal
A desobrigação de testemunhar
Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um
fato. Portanto, a testemunha presta o compromisso de di- Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até
zer a verdade (art. 203, CPP). mesmo um menor. Porém, uma vez que a testemunha é
intimada a depor, esta não pode deixar de depor, sob pena
Uma das mais inseguras do processo, a prova teste- de ser conduzida coercitivamente, ou até mesmo de res-
munhal está prevista no CPP nos arts. 202 usque 255. Do ponder criminalmente por desobediência.
ponto de vista quantitativo, é uma prova interessante. Do
ponto de vista qualitativo, não. Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas,
pela lei, a prestar o testemunho, segundo disposição dos
Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar arts. 206 e 208, CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir as
com exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério subje- declarações desta pessoa, tal testemunha não estará obri-
tivo das convicções pessoais da vítima, pode influenciar no gada em prestar compromisso com a verdade. Neste caso,
depoimento da testemunha. Ainda, há também o temor da será ouvida na condição de informante.
De acordo com o
testemunha sofrer repressões em virtude de suas declara- art. 207, serão proibidas de depor aquelas que em razão de
ções. função, ofício ou profissão devam guardar segredo, salvo
O número de testemunhas se desobrigadas pela parte interessada, quiserem prestar
testemunho.
O nosso sistema processual penal é regido por proce-
dimento. Dependendo do crime, ele deve obedecer deter- Interrogatório
minado procedimento, podendo arrolar ou não testemu-
nhas, tendo que obedecer ao número permitido. Quando tratamos de interrogatório como meio de pro-
va, é importante observar que três correntes se formaram.
O número de testemunhas depende do procedimento,
conforme passaremos a demonstrar. A primeira corrente, no princípio, entendia como o in-
terrogatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua
No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível vez, dizia que o interrogatório era um meio de defesa. Já a
arrolar até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No proce- terceira e mais aceita corrente afirma que o interrogatório
dimento comum sumário, podem ser arroladas até 5 teste- é predominantemente um meio de defesa, mas não deixa
munhas (art. 532, CPP). Já no procedimento comum suma- de ser um meio de prova, pois o juiz pode levar em conta o
ríssimo, não há referência expressa. O art. 81 da Lei 9.099 que o réu está falando para formular a sua convicção.
diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do
Para entendermos a questão das testemunhas no Tri- juiz, não podendo delegar para qualquer outra pessoa.
bunal do Júri, é preciso entender seu procedimento bifási- Além disso, deve ser realizado na presença de um defensor,
co. Na primeira fase se encerra por meio de uma decisão, inclusive no JECRIM, sob pena de nulidade, e cada réu tem
que pode ser: decisão de absolvição sumaria, decisão de que ser ouvido separadamente.
desclassificação, decisão de impronúncia (efeito semelhan-
te ao arquivamento) ou decisão de pronúncia. Caso haja No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que o
pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa segunda réu será o último a ser interrogado, para que possa ter co-
fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento nhecimento de toda as provas produzidas contra ele. Já no
em plenário. Tribunal do Júri o réu será interrogado duas vezes, a saber:
pela polícia e na plenária.
Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira
fase os atos seguem a sequência do procedimento comum A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo,
ordinário, ou seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas é previsto o direito de o sujeito interrogado manter-se ca-
(art. 406, §2o e 3o, CPP). Na segunda fase podem ser arro- lado, vez que ninguém pode ser obrigado a produzir pro-
ladas até 5 testemunhas (art. 422, CPP). vas contra si mesmo.

122
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Confissão Os indícios podem ser utilizados para efeitos de forma-


ção do convencimento do juiz, mas não pode haver conde-
Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado, da nação apenas com base neles. Essa regra aplica-se apenas
imputação que lhe é feita. Alguns doutrinadores entendem ao julgador togado, vez que os jurados do Tribunal do Júri
que a confissão é um meio atípico de prova, uma vez que podem convencer-se através de indícios, considerando-os
seria declaração de vontade do réu em sua defesa. suficientes para condenação.

Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha Para a utilização de indícios no convencimento do juiz,
das provas (“Regina probatorium”), válida ainda que obtida impõe-se que eles sejam graves, precisos e concordantes
por meio de tortura. com o fato que se quer provar.

De acordo com as disposições do Código de Processo Busca e apreensão


Penal a confissão deve ser corroborada por outras provas.
No processo penal não predomina a ideia do fato incontro- Com previsão legal nos arts. 240 busque 250, CPP, a
verso, como no processo civil. busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra-
ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con-
A confissão não supre o exame pericial a medida que é siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é
necessário confirmar a materialidade do delito. O valor da instrumento de obtenção da prova.
confissão é o mesmo que das outras provas.
Considerando a previsão constitucional de inviolabili-
Delação premiada dade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a decre-
tação da busca e apreensão é medida só pode ser auto-
Esse é um instituto que está ligado ao réu. A delação rizada pelo juiz competente e em decisão fundamentada.
premiada ocorre quando o acusado admite a prática do
crime e delata a participação de outrem ou de outras pes-
Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o
soas, fazendo-o em troca da redução da pena ou até mes-
juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele
mo da obtenção do perdão judicial.

caso específico que lhe é apresentado existem elementos
de que o que está sendo alegado possui verossimilhança
A delação premiada somente pode ser apresentada
e que há necessidade da urgência (fumus boni juris e peri-
por um co réu, posto que irá delatar para se beneficiar.
culum in mora).
Caso não tenha benefício será apenas uma testemunha.
Não há garantia de que co réu seja beneficiado, pois não
existe nenhum diploma disciplinando tal instituto.
 Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada
pelo delegado ao juiz por meio de uma representação. Em
Essa delação não tem o mesmo valor que o depoimen- sua manifestação, o promotor de justiça pode reforçar a
to de testemunha. Isso se explica à medida que as teste- necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão pode
munhas prestam o compromisso de dizer a verdade, e o co ser requerida antes do inquérito, durante a investigação ou
réu está numa posição de mero informante, devendo suas no curso da ação penal. Pode ainda ser requerida pela de-
alegações serem confirmadas. fesa, se lhe for interessante.

De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação A busca e apreensão também pode ser determinada
penal, o membro do Ministério Público não pode sim- de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é
plesmente alocar o delator como testemunha. Em verda- conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode compro-
de, deve admitir o delator como co réu e, posteriormente, meter sua imparcialidade.
considerar sua redução de pena ou perdão judicial por ter
colaborado com suas importantes declarações. Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto
no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver rela-
Instrumentos do crime cionado com a elucidação de um crime pode ser objeto de
busca e apreensão.
Todos os objetos usados para a consumação do cri-
me deverão ser analisados e periciados, com o fim de lhes Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo
verificar a natureza e a eficiência.
 Além da necessidade de expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade
se examinar o instrumento utilizado na atividade criminosa, policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante
deve-se também elaborar o auto de avaliação (art. 172, CPP) o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do
mandado judicial deverá aguardar até a manhã.
Indícios
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos rela-
Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são con- tivos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão
siderados como provas diretas, mas sim fazem parte do será convalidada mesmo sem mandado de busca e apreen-
contexto de prova indireta (ou prova circunstancial). são específico para isso.

123
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medi- - O oficial deverá fazer a leitura do mandado e entregar
da preventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem a contrafé.
a exigência de mandado para tanto.
b) Por hora certa (art. 362)

A Lei 11.719/08 introduziu a citação por hora certa no


DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES. processo penal. Adotando-se o mesmo procedimento do
processo civil (arts. 252 a 254 do CPC/2015).

“Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de jus-


Citação do Réu tiça houver procurado o citando em seu domicílio ou resi-
dência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocul-
É o ato pelo qual o réu toma ciência da acusação, com
tação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
o efeito de conferir eficácia à relação processual e tornar
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim
válidos os atos posteriores. A citação do acusado, de acor-
de efetuar a citação, na hora que designar.
do com o Novo Código Processual Civil, é o ato pelo qual
são convocados o réu, o executado ou o interessado para Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos lo-
integrar a relação processual (art. 238 NCPC). teamentos com controle de acesso, será válida a intimação
A citação é uma garantia individual (decorrência do art. a que se refere o caput feita a funcionário da portaria res-
5, LV, CR/88), tratando-se de ato essencial do processo, ponsável pelo recebimento de correspondência.
cuja falta lhe determina a nulidade absoluta (art. 564, III,
“e”), sendo o processo inteiramente nulo a partir do ato e Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de jus-
mesmo que haja sentença com trânsito em julgado poderá tiça, independentemente de novo despacho, comparecerá
ser desfeita a res judicata seja por meio de habeas corpus ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a
(art. 648, VI), seja pela revisão criminal. diligência.
A falta de citação no processo penal causa nulidade § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de jus-
absoluta do processo (art. 564, III e IV, do CPP), pois contra- tiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
ria os princípios constitucionais do contraditório e da am- por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado
pla defesa. Exceção: o art. 570 do Código de Processo Penal em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
dispõe que se o réu comparece em juízo antes de consu- § 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo
mado o ato, ainda que para arguir a ausência de citação, que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido inti-
sana a sua falta ou a nulidade. Nesse caso, o juiz ordenará mado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da
a suspensão ou o adiamento do ato. família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
“Não ocorrendo a rejeição liminar, o juiz recebe a de- § 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça dei-
núncia ou queixa e determina a citação do acusado para, xará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho,
em 10 dias, responder por escrito à acusação (art. 396, CPP). conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a ad-
Com a citação do acusado, o processo completa a sua vertência de que será nomeado curador especial se houver
formação (art. 363, CPP).” revelia.
O Código de Processo Penal tratou da citação em capí-
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou
tulo próprio, compreendendo os arts. 351 ao 369.
chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessa-
do, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada
A citação pode ser de duas espécies:
do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondên-
- citação real (pessoal);
- citação ficta (por edital). cia eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.”

Citação No Processo Penal, completada a citação com hora


certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
a) Por mandado (regra) – oficial de justiça (art. 351) defensor dativo. (art. 362, parágrafo único, CPP).

- Classificada como citação real. Caso o réu compareça antes da audiência de instrução,
nada impede que o juiz renove o prazo de defesa escrita
- A citação pessoal far-se-á quando o réu estiver na – garantindo o constitucional princípio da ampla defesa e
jurisdição do juiz que a determinar. adotando o mesmo procedimento previsto para a citação
editalícia (art. 363, § 4º, CPP).
- A citação deve ser feita pelo menos 24 horas antes do
momento em que o acusado deverá ser interrogado, não Citado por hora certa, o prazo para o oferecimento da
se tem admitido à citação no mesmo dia em que o acusado resposta inicia-se na data do ato citatório (Súmula 710 –
deva ser interrogado. STF).

124
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

“NCPC - Art. 254. Feita a citação com hora certa, o es- ao juiz deprecado (aquele da jurisdição onde reside o réu)
crivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou o cumprimento do ato processual citatório (Pacelli, 2011,
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da p. 596).
juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou corres-
pondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.”

c) Por edital (art. 361) DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E


“Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por COISAS.
edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.”
- Classificada como citação ficta, ou seja, presumida.
- Após o término do prazo de 15 dias (prazo do edital),
inicia-se o prazo de 10 dias para a apresentação da respos- CAPÍTULO VII
ta à acusação. DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Em se tratando de citação por edital, se o acusado não Art.  226.   Quando houver necessidade de fazer-se o
comparecer nem constituir advogado, o processo ficará reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
suspenso, suspendendo-se, também, o prazo prescricio- forma:
nal, podendo o juiz determinar a produção antecipada das I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
prisão preventiva nos termos do disposto no art. 312. Il  -  a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela ti-
d) Citação do réu preso (art. 360) verem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de
O réu preso deverá ser citado pessoalmente, e, depois, fazer o reconhecimento a apontá-la;
requisitado junto à autoridade policial, para o acompanha- III - se houver razão para recear que a pessoa chamada
mento da audiência de instrução e interrogatório (art. 399, para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra
§ 1º, CPP). influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve
Não é mais possível a citação por edital, independente ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta
de onde estiver o preso. não veja aquela;
Será por mandado quando o réu estiver na sede da IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme-
jurisdição da ação penal em curso. E será por precatória norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada
quando em outra jurisdição. para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais.
e) Citação do militar (art. 358) Parágrafo único.  O disposto no no III deste artigo não
A citação do militar deve ser feita mediante requisição terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário
de sua apresentação para interrogatório ao superior hierár- de julgamento.
quico, ainda que o militar esteja fora da comarca. Art. 227.  No reconhecimento de objeto, proceder-se-á
com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que
f) Citação do funcionário público (art. 359) for aplicável.
No caso do funcionário público a citação será feita Art. 228.  Se várias forem as pessoas chamadas a efe-
pessoalmente, devendo ser notificado, também, o chefe da tuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma
repartição. fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunica-
ção entre elas.
g) Citação do incapaz
A citação do réu incapaz é feita pessoalmente, até mes- CAPÍTULO VIII
mo porque pode-se não ter notícia ainda da incapacidade. DA ACAREAÇÃO
Se, porém, a incapacidade já for conhecida (art. 149, CPP),
a citação deverá ser feita na pessoa do curador designa- Art. 229.  A acareação será admitida entre acusados,
do pelo juízo criminal ou que estiver no exercício legal da entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
curatela. acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
Sendo a incapacidade comprovada após a instauração pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas decla-
da ação penal, deverão ser anulados quaisquer efeitos re- rações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
sultantes do não-atendimento oportuno ao ato de citação. Parágrafo único.   Os acareados serão reperguntados,
para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-
CARTA PRECATÓRIA -se a termo o ato de acareação.
(art. 353) Art. 230.  Se ausente alguma testemunha, cujas decla-
rações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta
Quando o réu residir fora do território em que o juiz se darão a conhecer os pontos da divergência, consignan-
exerce a jurisdição, a citação será feita por meio de carta do-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a
precatória, via da qual o juiz deprecante (o da causa) pede discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lu-

125
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

gar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as


declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS.
em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a
fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemu-
nha ausente, pela mesma forma estabelecida para a teste-
munha presente. Esta diligência só se realizará quando não
importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda Restituição de Coisas Apreendidas
conveniente. (arts. 118 a 124, CPP)

CAPÍTULO IX As coisas geralmente são apreendidas durante o IP,


DOS DOCUMENTOS podendo ser feito no curso do processo, devendo a auto-
ridade policial que apreender os instrumentos do crime e
Art. 231.  Salvo os casos expressos em lei, as partes outros objetos que tenham relação com o fato criminoso
poderão apresentar documentos em qualquer fase do pro- mantê-las sob guarda de estabelecimento oficial. Enquanto
cesso. interessarem ao processo, elas não poderão ser devolvidas.
Art. 232.  Consideram-se documentos quaisquer escri- Se o interesse subsistir até o fim, a devolução somente po-
tos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. derá ser procedida após o trânsito em julgado da decisão
Parágrafo único.  À fotografia do documento, devida- final.
mente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Art. 233.  As cartas particulares, interceptadas ou ob- Autoridade Restituinte
tidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Podem autorizar a restituição o juiz e o delegado. Este,
Parágrafo único.   As cartas poderão ser exibidas em somente nos casos de direitos induvidosos e quando a coi-
juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu di- sa não for apreendida em poder de terceiros de boa fé, ou
reito, ainda que não haja consentimento do signatário. seja, pessoas não indiciadas no IP (art. 120, § § 1º e 2º, CPP).
Art. 234.  Se o juiz tiver notícia da existência de docu-
mento relativo a ponto relevante da acusação ou da defe- Confisco
sa, providenciará, independentemente de requerimento de Serão confiscados os instrumentos e produtos do cri-
qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possí- me (art. 91, II, CP). Após confiscados, os objetos poderão
vel. ser destruídos, vendidos em leilão ou recolhidos ao museu.
Art. 235.  A letra e firma dos documentos particulares
serão submetidas a exame pericial, quando contestada a Procedimento
sua autenticidade. O pedido poderá ser feito mediante termo nos autos
Art. 236.  Os documentos em língua estrangeira, sem do IP ou do processo penal, sem necessidade, nesses ca-
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, tra- sos, de instauração de um incidente. Uma simples petição
duzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idô- basta.
nea nomeada pela autoridade. Sendo duvidoso o direito alegado pelo reclamante, au-
Art.  237.   As públicas-formas só terão valor quando tua-se o pedido de restituição em apartado, assinando-se
conferidas com o original, em presença da autoridade. ao requerente o prazo de 05 dias para provar seu direito.
Art. 238.  Os documentos originais, juntos a processo Nesse caso, somente o juiz poderá decidir o incidente.
findo, quando não exista motivo relevante que justifique Havendo dúvida sobre o verdadeiro dono – o que de-
a sua conservação nos autos, poderão, mediante requeri- pende de dilação probatória não compativel com o juízo
mento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte criminal – o magistrado remeterá o incidente para o juízo
que os produziu, ficando traslado nos autos. cível.
Da decisão do pedido de restituição cabe apelação.
CAPÍTULO X
DOS INDÍCIOS Condição Especial de Restituição de Bens: Compareci-
mento Pessoal do Réu
Art.  239.   Considera-se indício a circunstância conhe- Algumas leis preveem como condição especial para a
cida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, liberação dos bens apreendidos o comparecimento pessoal
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras do réu em juízo. Isso é forma de impedir que o foragido da
circunstâncias. justiça se valha de interposta pessoa para fins de, também,
conseguir gozar do proveito de seus atos.
Temos exemplo disso na Lei de Lavagem de Dinheiro e
na Lei de Drogas, conforme respectivos artigos:

Art. 4º (...)
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem
o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta
pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz

126
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

determinar a prática de atos necessários à conservação de III - proibição de manter contato com pessoa deter-
bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1o. minada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) deva o indiciado ou acusado dela permanecer distan-
te;          (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 60. (...)( IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
§ 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem permanência seja conveniente ou necessária para a inves-
o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de- tigação ou instrução;           (Incluído pela Lei nº 12.403, de
terminar a prática de atos necessários à conservação de 2011).
bens, direitos ou valores. V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha re-
sidência e trabalho fixos;          (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
PRISÃO ESPECIAL. VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de in-
frações penais;           (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de
CAPÍTULO IV crimes praticados com violência ou grave ameaça, quan-
DA PRISÃO DOMICILIAR do os peritos concluírem ser inimputável ou semi-impu-
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). tável  (art. 26 do Código Penal)  e houver risco de reitera-
ção;              (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 317.  A prisão domiciliar consiste no recolhimento VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegu-
do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo rar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstru-
dela ausentar-se com autorização judicial.                  (Re- ção do seu andamento ou em caso de resistência injustifi-
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
cada à ordem judicial;             (Incluído pela Lei nº 12.403,
Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
de 2011).
pela domiciliar quando o agente for:         (Redação dada
IX - monitoração eletrônica.            (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.403, de 2011).
12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos;          (Incluído pela Lei
§ 1o  (Revogado).      (Revogado pela Lei nº 12.403, de
nº 12.403, de 2011).
2011).
II - extremamente debilitado por motivo de doença
§ 2o  (Revogado).      (Revogado pela Lei nº 12.403, de
grave;           (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pes- 2011).
soa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiên- § 3o  (Revogado).      (Revogado pela Lei nº 12.403, de
cia;             (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 2011).
IV - gestante;           (Redação dada pela Lei nº 13.257, § 4o  A fiança será aplicada de acordo com as dispo-
de 2016) sições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade com outras medidas cautelares.           (Incluído pela Lei nº
incompletos;           (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 12.403, de 2011).
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cui- Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será co-
dados do filho de até 12 (doze) anos de idade incomple- municada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscali-
tos.           (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) zar as saídas do território nacional, intimando-se o indicia-
Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova do ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24
idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.           (In- (vinte e quatro) horas.                (Redação dada pela Lei nº
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 12.403, de 2011).

CAPÍTULO V
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES ATUAÇÃO DO ADVOGADO NA FASE
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
INQUISITIVA.
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da pri-
são:              (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar ativi- LEI Nº 13.245, DE 12 DE JANEIRO DE 2016.
dades;            (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a determinados Altera o art. 7o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil)
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses
locais para evitar o risco de novas infrações;          (Redação A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

127
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 1o  O art. 7o da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 EXERCÍCIOS


(Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), passa a vi-
gorar com as seguintes alterações: 1. (FCC/2014 - Prefeitura de Recife/PE - Procurador)
“Art. 7o  ......................................................................... Nos termos do art. 226 da Constituição Federal, “a família,
............................................................................................. base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Entre
XIV -  examinar, em qualquer instituição responsável os aspectos abrangidos pelo direito à proteção especial,
por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos segundo o texto constitucional, encontram-se os seguin-
de flagrante e de investigações de qualquer natureza, fin- tes:
dos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, a) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade
físico ou digital; e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-
............................................................................................. mento, quando da aplicação de qualquer medida privativa
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a da liberdade.
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do b) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequente- acesso universal à educação infantil, em creche e pré-esco-
mente, de todos os elementos investigatórios e probató- la, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.
rios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamen- c) erradicação do analfabetismo; e estímulo do Poder
te, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
a) apresentar razões e quesitos; subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma
b) (VETADO). de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona-
............................................................................................ do.
§ 10.  Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado d) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
apresentar procuração para o exercício dos direitos de que sexual da criança e do adolescente; e garantia às presidiá-
trata o inciso XIV. rias de condições para que possam permanecer com seus
§ 11.   No caso previsto no inciso XIV, a autoridade filhos durante o período de amamentação.
competente poderá delimitar o acesso do advogado aos e) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
elementos de prova relacionados a diligências em anda- sexual da criança e do adolescente; e estímulo do Poder
mento e ainda não documentados nos autos, quando hou- Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
ver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma
da finalidade das diligências. de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona-
§ 12.  A inobservância aos direitos estabelecidos no do.
inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o for-
necimento de autos em que houve a retirada de peças já R: A. O artigo 227, §3º, CF fixa os aspectos que abran-
incluídas no caderno investigativo implicará responsabili- gem a proteção especial da criança e do adolescente: “I -
zação criminal e funcional por abuso de autoridade do res- idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho,
ponsável que impedir o acesso do advogado com o intuito observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de di-
de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito reitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso
subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao do trabalhador adolescente e jovem à escola; IV - garantia
juiz competente.” (NR). de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato in-
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- fracional, igualdade na relação processual e defesa técnica
cação. por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação
Brasília, 12 de janeiro de 2016; 195o da Independência tutelar específica; V - obediência aos princípios de brevi-
e 128o da República. dade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qual-
quer medida privativa da liberdade; VI - estímulo do Poder
Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma
de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona-
do; VII - programas de prevenção e atendimento especiali-
zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de
entorpecentes e drogas afins”.

128
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

2. (Alternative Concursos/2017 - Prefeitura de Sul 4. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislati-


Brasil/SC - Agente Educativo) De acordo com o Estatu- vo) Sobre a prática de ato infracional à luz do Estatuto da
to da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60, é Criança e do Adolescente, é INCORRETO afirmar que a
proibido qualquer trabalho a menores: a) medida socioeducativa de internação pode ser de-
a) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de terminada por descumprimento reiterado e injustificável
aprendiz. da medida anteriormente imposta.
b) De quatorze anos de idade, salvo na condição de b) internação, antes da sentença, poderá ser determi-
aprendiz. nada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
c) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de c) medida socioeducativa de internação não pode-
aprendiz. rá exceder em nenhuma hipótese três anos, liberando-se
d) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição compulsoriamente o menor infrator aos vinte e um anos
de aprendiz. de idade.
e) De dezessete anos de idade, inclusive na condição d) medida socioeducativa de liberdade assistida será
de aprendiz. fixada pelo prazo mínimo de trinta dias, podendo a qual-
quer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por
R: B. Em que pese o teor do art. 64 do ECA, que pode- outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e
ria dar a entender que um menor de 14 anos pode traba- o defensor.
lhar, prevalece o que diz o texto da Constituição Federal: e) remissão não implica necessariamente o reconhe-
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, cimento ou comprovação da responsabilidade, nem pre-
além de outros que visem à melhoria de sua condição so- valece para efeito de antecedentes, podendo incluir even-
cial: [...] XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou tualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a internação.
a partir de quatorze anos”. Logo, o menor pode trabalhar
em qualquer serviço, desde que não seja noturno, perigoso R: D. A lei exige como prazo mínimo de medida so-
e insalubre, dos 16 aos 18 anos; e entre 14 e 16 anos ape- cioeducativa o período de 6 meses, conforme art. 118, § 2º,
nas pode trabalhar como aprendiz. ECA, não 30 dias conforme a alternativa “d”, razão pela qual
está incorreta. A alternativa “a” está prevista no art. 122, §
3. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislati- 1º, ECA; a alternativa “b” está prevista no art. 108 do ECA;
vo) Sobre a adoção, nos termos preconizados pelo Estatu- a alternativa “c” está prevista no art. 121, §§ 3º e 5º, ECA; a
to da Criança e do Adolescente, alternativa “e” está prevista no art. 127 ECA.
a) o adotante deve ser, no mínimo, 18 anos mais velho
que o adotando. 5. (COMPERVE/2016 - Câmara de Natal/RN - Guar-
b) é permitida a adoção por procuração. da Legislativo) As crianças e os adolescentes, qualificados
c) se um dos cônjuges adota o filho do outro, mantêm- pelo direito hoje vigente como pessoas em desenvolvimen-
-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge do to, receberam do direito positivo brasileiro, tutela especial
adotante e os respectivos parentes. através da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, mais conhe-
d) é vedada a adoção conjunta pelos divorciados, se- cida como Estatuto da Criança e do Adolescente. Seguindo
parados judicialmente e pelos ex-companheiros. as diretrizes traçadas pela Constituição de 1988, o Estatuto
e) o estágio de convivência que precede a adoção não da Criança e do Adolescente trouxe a previsão normativa
poderá, em nenhuma hipótese, ser dispensado pela auto- da absoluta prioridade e de variados direitos fundamentais.
ridade judiciária. Em tal seara, foi determinado que as crianças e os adoles-
centes têm direito,
R: C. Neste sentido, disciplina o art. 41, § 1º, ECA: “Se a) à liberdade, de forma a compreender a liberdade de
um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o côn- rios, ressalvadas as restrições legais; a liberdade de opinião
juge ou concubino do adotante e os respectivos parentes”. e de expressão; a liberdade de brincar e de praticar espor-
A alternativa “a” está errada porque o adotante deve ser, tes, a liberdade de participar da vida familiar e comunitária;
pelo menos, 16 anos mais velho que o adotado e possuir a liberdade de buscar refúgio, auxílio e orientação, exce-
pelo menos 18 anos (art. 42, § 3º, ECA); a alternativa “b” tuadas dessa tutela a liberdade de crença e culto religioso
está incorreta porque é vedada a adoção por procuração, e de participar da vida política.
pois a adoção é ato personalíssimo (art. 39, § 2º, ECA); a b) ao respeito, consistente na inviolabilidade da sua
alternativa “d” está incorreta porque é possível a adoção integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preser-
conjunta desde que preencha os requisitos de serem casa- vação da imagem, da identidade, da autonomia, de seus
dos civilmente ou mantenham união estável, comprovada valores, ideias e crenças, excluída a tutela dos seus espaços
a estabilidade da família (art. 42, § 1º, ECA); e a alternativa e objetos pessoais.
“e” está incorreta porque pode ser dispensado o estágio de c) de serem educados e cuidados sem o uso de castigo
convivência quando o adotando já estiver sob a tutela ou físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas
guarda do adotante (art. 46, § 1º, ECA). de correção, disciplina, educação ou a qualquer outro pre-

129
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

texto, por parte dos pais, de integrantes da família amplia- 7. (FUNRIO/2016 - IF-PA - Assistente de Alunos) A
da, dos responsáveis, dos agentes públicos executores de intenção principal do Estatuto da Criança e do Adolescente
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarre- (Lei nº 8.069/90) é
gada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. a) prover uma boa escola para que crianças e adoles-
d) de serem criados e educados no seio de sua família centes possam trabalhar o mais cedo possível.
biológica, não se admitindo a sua inserção em família subs- b) questionar políticas sociais que venham a proteger
tituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em quem não merece.
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. c) distribuir renda entre os mais empobrecidos da po-
pulação.
R: C. Nestes termos, preconiza o artigo 18-A do ECA: d) proteger integralmente crianças e adolescentes, ga-
“A criança e o adolescente têm o direito de ser educados rantindo políticas públicas neste sentido.
e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento e) proteger crianças e adolescentes da prisão.
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina,
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos in- R: D. Conforme o artigo 1º do ECA, “esta Lei dispõe
tegrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”. O
agentes públicos executores de medidas socioeducativas princípio da proteção integral se associa ao princípio da
ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tra- prioridade absoluta, colacionado no artigo 4º do ECA e no
tá-los, educá-los ou protegê-los”. A alternativa “a” está er- artigo 227, CF. De uma doutrina da situação irregular, o
rada porque o artigo 16 do ECA fixa que o direito à liber- direito evoluiu e passou a contemplar uma noção de prote-
dade envolve os seguintes aspectos: “I - ir, vir e estar nos ção mais ampla da criança e do adolescente, que não ape-
logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas nas abordasse situações de irregularidade (embora ainda
as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e o fizesse), mas que abrangesse todo o arcabouço jurídico
culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; protetivo da criança e do adolescente, que é a doutrina da
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimi- proteção integral.
nação; VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação”. A alternativa “b” 8. (Prefeitura de Cruzeiro - SP - Auxiliar de Desen-
está errada porque o artigo 17 do ECA prevê que “o direito volvimento Infantil - Instituto Excelência/2016) O Esta-
ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, tuto da Criança e do Adolescente em seu art. 4º, parágrafo
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo único fixa a garantia de prioridade. Assinale a alternativa
a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, CORRETA que compreende uma dessas prioridades:
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pes- a) Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
soais”. A alternativa “d” está errada porque o artigo 18 do qualquer forma de negligência, descriminação e explora-
ECA assegura que “é direito da criança e do adolescente ser ção.
criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmen- b) É assegurado atendimento integral á saúde da crian-
te, em família substituta, assegurada a convivência familiar ça e do adolescente por intermédio do sistema único de
e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvi- saúde.
mento integral”. c) Precedência de atendimento, nos serviços públicos
ou de relevância pública.
6. (FUNRIO/2016 - IF-PA - Assistente de Alunos) d) Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nato a permanência junto á mãe.
8.069/90), é considerado criança
a) a pessoa até seis anos incompletos de idade. R: C. Conforme o artigo 4º, parágrafo único, ECA, “a
b) a pessoa até oito anos incompletos de idade. garantia de prioridade compreende: [...] b) precedência de
c) a pessoa até 12 anos incompletos de idade. atendimento nos serviços públicos ou de relevância públi-
d) a pessoa até 18 anos incompletos de idade. ca”.
e) a pessoa até 14 anos incompletos, desde que não
tenha cometido nenhum crime. 9. (FUNDAÇÃO CASA - Agente Administrativo - VU-
NESP/2010) Relativamente às Disposições Preliminares do
R: C. O Estatuto da Criança e do Adolescente opta por Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa
categorizar separadamente estas duas categorias de me- correta.
nores. Criança é aquele que tem até 12 anos de idade (na a) Considera-se criança a pessoa com até doze anos
data de aniversário de 12 anos, passa a ser adolescente), completos, e adolescente aquela entre treze e dezoito anos
adolescente é aquele que tem entre 12 e 18 anos (na data de idade incompletos.
de aniversário de 18 anos, passa a ser maior), conforme o b) Nos casos em que a lei determinar, deverá ser cons-
artigo 2º do ECA. tantemente aplicado o Estatuto da Criança e do Adolescen-
te às pessoas entre dezenove e vinte anos de idade.
c) A garantia de prioridade para o adolescente com-
preende a primazia na formulação das políticas sociais pú-
blicas para o lazer.

130
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

d) Na aplicação dessa Lei, deverão ser levados em con- 12. (TRT - 1ª REGIÃO - Juiz do Trabalho Substituto -
ta os fins políticos a que ela se destina. FCC/2016) A formação técnico-profissional do adolescen-
e) Destinação privilegiada de recursos públicos nas te NÃO deverá obedecer a
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. a) horário especial, estabelecido em lei.
b) horário especial, de acordo com a atividade.
R: E. Conforme o artigo 4º, parágrafo único, ECA, “a c) peculiaridades do seu desenvolvimento pessoal.
garantia de prioridade compreende: [...] d) destinação pri- d) adequação ao mercado de trabalho.
vilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com e) prevalência das atividades educativas sobre as pro-
a proteção à infância e à juventude”. dutivas.

10. (Prefeitura de Cruzeiro - SP - Auxiliar de Desen- R: A. Dispõe o ECA: “Art. 63. A formação técnico-pro-
volvimento Infantil - Instituto Excelência/2016) Assinale fissional obedecerá aos seguintes princípios: [...] III - horário
a alternativa CORRETA conforme o artigo 15 do ECA: especial para o exercício das atividades”. Especificamente,
a) na dignidade da criança e do adolescente, pondo-os o horário deve ser fixado sem prejudicar a frequência à es-
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, ater- cola (artigo 67, IV, ECA) e é proibido o trabalho noturno.
rorizante, vexatório ou constrangedor. Entretanto, a lei não fixa com precisão o horário de traba-
b) no direito de ser educados e cuidados sem o uso de lho permitido ao adolescente.
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro 13. (IDECAN/2016 - UFPB - Auxiliar em Assuntos
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, Educacionais) Considerando a prática de ato infracional
pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de por adolescentes e os direitos individuais assegurados,
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarre- nessa situação, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
gada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (ECA), assinale a alternativa correta.
c) no direito à liberdade, ao respeito e à dignidade a) Considera-se ato infracional a conduta descrita como
como pessoas humanas em processo de desenvolvimento crime e não a estabelecida como contravenção penal.
e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garan- b) O adolescente não pode ser privado de sua liberda-
tidos na Constituição e nas leis. de senão em flagrante de ato infracional ou por ordem es-
d) na inviolabilidade da integridade física, psíquica e crita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
moral da criança e do adolescente, abrangendo a preserva- c) O adolescente que comete ato infracional perde o
ção da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, direito à identificação dos responsáveis pela sua apreen-
ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. são, devendo, contudo, ser informado acerca de seus di-
reitos.
R: D. Dispõe o ECA em seu artigo 15: “A criança e o d) O adolescente civilmente identificado será subme-
adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à digni- tido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
dade como pessoas humanas em processo de desenvolvi- proteção e judiciais, independente se para efeito de con-
mento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais frontação em caso de dúvida fundada.
garantidos na Constituição e nas leis”.
R: B. Conforme preconiza o art. 106, “nenhum adoles-
11. (TRT - 1ª REGIÃO - Juiz do Trabalho Substituto cente será privado de sua liberdade senão em flagrante de
- FCC/2016) Sobre o trabalho da criança e do adolescente, ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
é correto afirmar: autoridade judiciária competente”.
a) É proibido o trabalho de adolescentes em atividades
lúdicas.
b) É proibido para os menores de 16, salvo na condição
de aprendizes.
c) É proibido o trabalho noturno de menores de 16
anos, salvo na condição de aprendizes.
d) É proibido o trabalho de adolescentes em hospitais,
salvo na condição de aprendizes de enfermagem.
e) É proibido o trabalho de crianças em peças teatrais e
atividades cinematográficas.

R: B. Nos termos do artigo 60, ECA, “é proibido qual-


quer trabalho a menores de quatorze anos de idade, sal-
vo na condição de aprendiz”. Aceita-se o trabalho como
aprendiz entre 14 e 16 anos. A partir dos 16 anos, o adoles-
cente pode trabalhar, não necessariamente como aprendiz,
embora a lei fixe outras restrições.

131
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ANOTAÇÕES

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132
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ANOTAÇÕES

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133
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ANOTAÇÕES

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134
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios.........01
Organização administrativa da União; administração direta e indireta......................................................................................................04
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos;..............13
Regime Jurídico: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar;
responsabilidade civil, criminal e administrativa...................................................................................................................................................14
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do po-
der. ...........................................................................................................................................................................................................................................49
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; ...............................................................................................53
Lei 8.112/90 e suas alterações (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União). ..............................................................64
Ética profissional..................................................................................................................................................................................................................64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Esta-


ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO do não é uma pessoa natural determinada, mas uma estru-
PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, tura organizada e administrada por pessoas que ocupam
cargos, empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se
PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, FINS
dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em
E PRINCÍPIOS. si, mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios
homens.
É de direito público porque administra interesses que
“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios
é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corpora- na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um
ção territorial dotada de um poder de mando originário; regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito
sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada administrativo.
sobre um território, com potestade superior de ação, de Em face da organização do Estado, e pelo fato deste
mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa assumir funções primordiais à coletividade, no interesse
jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Có- desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema ju-
digo Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. rídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de
14, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível
no campo do Direito Público como no do Direito Priva- o interesse público visado. A execução de funções exclusi-
do, mantendo sempre sua única personalidade de Direito vamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direi-
Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado to Administrativo, ramo do Direito Público. A função admi-
acha-se definitivamente superada. O Estado é constituído nistrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração
de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Terri- (Estado) representando os interesses de terceiros, ou seja,
tório e Governo soberano. Povo é o componente humano os interesses da coletividade.
do Estado; Território, a sua base física; Governo sobera- Devido à natureza desses interesses, são conferidos à
no, o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o Administração direitos e obrigações que não se estendem
poder absoluto de autodeterminação e auto-organização aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa
emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado inde- posição de superioridade em relação a estes.
pendente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir- legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cum- ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
prir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual
vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal. A
denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar
na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo
nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função
judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas típica de julgar. Em situações específicas, será possível que
funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A orga- no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário
nização do Estado é matéria constitucional no que concer- exerçam administração.
ne à divisão política do território nacional, a estruturação Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
dos governantes, aos direitos e garantias dos governados.
I - a União;
Após as disposições constitucionais que moldam a orga-
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
nização política do Estado soberano, surgem, através da
III - os Municípios;
legislação complementar e ordinária, e organização ad-
IV - as autarquias;
ministrativa das entidades estatais, de suas autarquias e
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
entidades paraestatais instituídas para a execução descon-
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes-
centrada e descentralizada de serviços públicos e outras
soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru-
atividades de interesse coletivo, objeto do Direito Admi- tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto
nistrativo e das modernas técnicas de administração” . ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Com efeito, o Estado é uma organização dotada de
personalidade jurídica que é composta por povo, territó- Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
rio e soberania. Logo, possui homens situados em deter- público interno. Mas há características peculiares distintivas
minada localização e sobre eles e em nome deles exerce que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
poder. É dotado de personalidade jurídica, isto é, possui a de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
Nestes moldes, o Estado tem natureza de pessoa jurídica verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para si
de direito público. o exercício das atividades de administração pública.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A expressão pessoa administrativa também pode ser nido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota
colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pes- tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte
soas administrativas aquelas pessoas jurídicas que inte- dos representantes do Estado. O princípio da moralidade
gram a administração pública sem dispor de autonomia deve se fazer presente não só para com os administrados,
política (capacidade de auto-organização). Em contraponto, mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente
pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito pú- ligado à noção de bom administrador, que não somente
blico interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios. deve ser conhecedor da lei, mas também dos princípios éti-
cos regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL
Princípios constitucionais expressos SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL,
São princípios da administração pública, nesta ordem: daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.
Legalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Administração Pública. É de fundamental importância um servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas caracteriza ato de improbidade administrativa.
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho1 e o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
Spitzcovsky2: político-eleitoral:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
Contudo, como a administração pública representa os inte- obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamen- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
te determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
editando a matéria para que seja preservado o princípio da res públicos.
legalidade). A origem deste princípio está na criação do Es-
tado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
respeitar as leis que dita.
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
instrumentos para proteção são o direito de petição e as
ses que representa, a administração pública está proibida de
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar al-
dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
guém de forma diferente dos demais, privilegiando ou pre-
prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
judicando. Segundo este princípio, a administração pública
deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda-
ticipação do usuário na administração pública direta e
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que
tange à contratação de serviços. O princípio da impessoali- indireta, regulando especialmente:
dade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
alvo a ser alcançado pela administração pública é somente públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se interna, da qualidade dos serviços;
buscar somente a preservação do interesse coletivo. II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio a informações sobre atos de governo, observado o disposto
no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma es- no art. 5º, X e XXXIII;
pécie de moralidade administrativa, intimamente relaciona- III -  a disciplina da representação contra o exercício ne-
da ao poder público. A administração pública não atua como gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi-
um particular, de modo que enquanto o descumprimento nistração pública.
dos preceitos morais por parte deste particular não é pu-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes-
2010. soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao
2 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos
ed. São Paulo: Método, 2011. (pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên-

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário,
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo adotado pelo administrador. Gasparini5, com respaldo no
diretamente à conduta dos agentes. art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de
tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a
Outros princípios administrativos motivação para todos os atos nele elencados, compreen-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- dendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem vinculados.
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
dos à função pública a probidade e a motivação: O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
a) Princípio da probidade:   um princípio constitu- por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
cional incluído dentro dos princípios específicos da licita- Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
ção, é o dever de todo o administrador público, o dever delegada, deve a Administração, até por uma questão de
de honestidade e fidelidade com o Estado, com a popu- coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
lação, no desempenho de suas funções. Possui contornos Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Es-
mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini3 tado é obrigado a não interromper a prestação dos ser-
alerta que alguns autores tratam veem como distintos os viços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22 do
princípios da moralidade e da probidade administrativa, Código de Defesa do Consumidor:
mas não há características que permitam tratar os mesmos
como procedimentos distintos, sendo no máximo possível Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
afirmar que a probidade administrativa é um aspecto parti- concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra for-
cular da moralidade administrativa. ma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, con-
ao administrador de motivar todos os atos que edita, ge- tínuos.
rais ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes-
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
causados, na forma prevista neste código.
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
d) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis-
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da
tração Pública: a Administração possui a faculdade de re-
Administração.
ver os seus atos, de forma a possibilitar a adequação destes
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá-
à realidade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos de controle dos atos da Administração adotado no Brasil é
os atos administrativos devem ser motivados para que o o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorável,
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no âmbito
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem da Administração, no tocante à sua legalidade. É, portanto,
ser observados os motivos dos atos administrativos. denominado controle finalístico, ou de legalidade.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um lação dos atos ilegais como a revogação de atos válidos
único comportamento possível) e dos atos discricionários e eficazes, quando considerados inconvenientes ou ino-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta portunos aos fins buscados pela Administração. Essa for-
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um ma de controle endógeno da Administração denomina-se
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação anulação de atos reputados ilegais. O embasamento de tais
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473 do Supremo
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- Tribunal Federal.
cricionários.
Meirelles4 entende que o ato discricionário, editado sob Súmula 346. A administração pública pode declarar a
os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de nulidade dos seus próprios atos.
liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportuni-
dade, não sendo necessária a motivação. No entanto, se Súmula 473. A administração pode anular seus próprios
houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
esta, em razão da necessidade de observância da Teoria deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
3 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui-
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo 5 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os atos administrativos podem ser extintos por revo- Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
gação ou anulação. A Administração tem o poder de rever vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, mas interesse público. São as prerrogativas conferidas à Admi-
também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar nistração Pública, porque esta atua por conta de tal interes-
atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação se. Com efeito, o exame do princípio é predominantemente
se aplica nas situações de conveniência e oportunidade, feito no caso concreto, analisando a situação de conflito
quanto que a anulação serve para as situações de vício de entre o particular e o interesse público e mensurando qual
legalidade. deve prevalecer.

e) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalida-


de: Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA
de caráter instrumental na solução de conflitos que se UNIÃO; ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
estabeleçam entre direitos, notadamente quando não há INDIRETA.
legislação infraconstitucional específica abordando a te-
mática objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder
público toma determinada decisão administrativa deve se Centralização, descentralização, concentração e
utilizar destes vetores para determinar se o ato é correto desconcentração
ou não, se está atingindo indevidamente uma esfera de
direitos ou se é regular. Tanto a razoabilidade quanto a Em linhas gerais, descentralização significa transferir
proporcionalidade servem para evitar interpretações es- a execução de um serviço público para terceiros que não
drúxulas manifestamente contrárias às finalidades do texto se confundem com a Administração direta; centralização
declaratório. significa situar na Administração direta atividades que, em
Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela;
mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos. desconcentração significa transferir a execução de um ser-
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito viço público de um órgão para o outro dentro da própria
Administração; concentração significa manter a execução
anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade se ori-
central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra
gina do direito germânico (muito mais metódico, objetivo
autoridade da Administração direta.
e organizado), muito embora uma tenha buscado inspi-
Passemos a esmiuçar estes conceitos:
ração na outra certas vezes. Por conta de sua origem, a
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do
proporcionalidade tem parâmetros mais claros nos quais
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são
pode ser trabalhada, enquanto a razoabilidade permite
de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na
um processo interpretativo mais livre. Evidencia-se o maior
CF:
sentido jurídico e o evidente caráter delimitado da pro-
porcionalidade pela adoção em doutrina de sua divisão Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Repúbli-
clássica em 3 sentidos: ca poderá delegar as atribuições mencionadas nos inci-
- adequação, pertinência ou idoneidade: significa que sos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
o meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pre- ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
tendido; União, que observarão os limites traçados nas respectivas
- necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida delegações.
restritiva de um direito humano ou fundamental somente
é legítima se indispensável na situação em concreto e se Neste sentido:
não for possível outra solução menos gravosa;
- proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: 
de máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado a) organização e funcionamento da administração
com relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direi- federal, quando não implicar aumento de despesa nem
to humano ou fundamental, notadamente verificando se criação ou extinção de órgãos públicos; 
há uma proporção adequada entre os meios utilizados e b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
os fins desejados. vagos; 
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas,
f) Supremacia do interesse público sobre o priva- com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
do: Na maioria das vezes, a Administração, para buscar Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos pú-
de maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se blicos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é
colocar em um patamar de superioridade em relação aos delegável, não a extinção)
particulares, numa relação de verticalidade, e para isto se
utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao princípio Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op-
da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é ções de delegar parte de suas atribuições privativas para
irrenunciável, por não haver faculdade de atuação ou não os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República
do Poder Público, mas sim “dever” de atuação. ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

com relação de hierarquia cada uma destas essencialida- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
des dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, o Conselho de Defesa Nacional;
desconcentrar significa delegar com hierarquia, pois XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador- quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
-Geral da República e o Advogado-Geral da União respon- mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
dem diretamente ao Presidente da República e, por isso, lização nacional;
não possuem plena discricionariedade na prática dos atos XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
administrativos que lhe foram delegados. Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
privativas da Administração pública direta no âmbito mais que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder ou nele permaneçam temporariamente;
Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
porque se optou por não delegar. nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
postas de orçamento previstos nesta Constituição;
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
da República: dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; as contas referentes ao exercício anterior;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di- XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
reção superior da administração federal; na forma da lei;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
previstos nesta Constituição; nos termos do art. 62;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Constituição.
execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
a) organização e funcionamento da administração
é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
federal, quando não implicar aumento de despesa nem
a atos administrativos que somente possam ser praticados
criação ou extinção de órgãos públicos; 
pela Administração direta porque se referem a interesses
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é
vagos; 
uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos; delegação de um ente para outro (não há subordinação
VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna- nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma
cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios –
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; se trata de vínculo e não de subordinação).
X - decretar e executar a intervenção federal; Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para presta-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati- rem serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio
va, expondo a situação do País e solicitando as providências próprio e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda,
que julgar necessárias; exercem em nome próprio direitos e obrigações, respon-
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- dendo pessoalmente por seus atos e danos.
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- a descentralização administrativa: outorga e delegação.
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá- e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado
-los para os cargos que lhes são privativos;  serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter-
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad-
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes-
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços,
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban- outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los,
co central e outros servidores, quando determinado em lei; as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas pú-
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- blicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
tros do Tribunal de Contas da União; A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
Constituição, e o Advogado-Geral da União; para que o ente delegado o preste ao público em seu pró-
XVII - nomear membros do Conselho da República, prio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Esta-
nos termos do art. 89, VII; do. A delegação é geralmente efetivada por prazo determi-

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es-
ou nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere trutura do Estado, gozando de independência para agir e
aos concessionários e aos permissionários apenas a execu- não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as
ção temporária de determinado serviço. políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên-
Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis- cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete,
tração direta o desempenho de funções administrativas pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli-
de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente
atribuídos a entes de fora da Administração por outorga da República é o único que toma as decisões).
ou delegação. b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
poder, com autonomia funcional, porém subordinados po-
Administração Pública Direta liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis-
Administração Pública direta é aquela formada pelos térios de Estado.
entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia
Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fe- ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór-
deral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin-
de soberania, todos os demais são dotados de autonomia. culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamen-
Dispõe o Decreto nº 200/1967: to da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Art. 4° A Administração Federal compreende: deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
integrados na estrutura administrativa da Presidência da do MTE.
República e dos Ministérios. ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
A administração direta é formada por um conjunto de sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
núcleos de competências administrativas, os quais já fo- para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos
ram tidos como representantes do poder central (teoria não pertencem nem mesmo aos três poderes.
da representação) e como mandatários do poder central Conforme Carvalho Filho6, “a noção de Estado, como
(teoria do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
de Otto Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas
seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
núcleos administrativos criados e extintos exclusivamente
se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, porque
por lei, mas que podem ser organizados por decretos au-
além da pessoa jurídica central existem outras internas que
tônomos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos
compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica,
de personalidade jurídica própria.
o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes,
Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros.
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações em
Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, compõe o Esta-
nome próprio e nem direitos em nome próprio (não po-
do um grande número de repartições internas, necessárias
dem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins à sua organização, tão grande é a extensão que alcança e
de mandado de segurança – tanto como impetrante como tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que
quanto impetrado). Já que não possuem personalidade, constituem os órgãos públicos”.
atuam apenas no cumprimento da lei, não atuando por “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
vontade própria. Logo, órgãos e agentes públicos são im- Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
pessoais quando agem no estrito cumprimento de seus mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
deveres, não respondendo diretamente por seus atos e dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
danos. que não tem vontade própria, pode outorgar o mandato”7.
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res- A origem desta teoria está no direito privado, não tendo
ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que como prosperar porque o Estado não pode outorgar man-
estejam exercendo atribuições da Administração direta é dato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giër- Num momento seguinte, adotou-se a teoria da repre-
ke, que institui o princípio da impessoalidade. sentação: “Posteriormente houve a substituição dessa con-
Quanto se faz desconcentração da autoridade central cepção pela teoria da representação, pela qual a vontade
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Es-
diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em tado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas
simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede 6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
de estruturas administrativas) e em unitários ou colegia- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
dos (unitário se o poder de decisão se concentra em uma ris, 2010.
pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjun- 7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi-
to e prevalece a vontade da maioria): nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que apontam para representantes dos incapazes. Ocorre em nossa doutrina, integram a Administração indireta do
que essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurí- Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Au-
dica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica do- tarquias, as Fundações, as Sociedades de Economia Mista e
tada de capacidade plena), não foi suficiente para alicerçar as Empresas Públicas.
um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante Dispõe o Decreto nº 200/1967:
terceiros prejudicados nas circunstâncias em que o agente
ultrapassasse os poderes da representação”8. Criticou-se a Art. 4° A Administração Federal compreende:
teoria porque o Estado estaria sendo visto como um su- II - A Administração Indireta, que compreende as se-
jeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
plenas de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem jurídica própria:
como porque se o representante estatal exorbitasse seus a) Autarquias;
poderes, o Estado não poderia ser responsabilizado. b) Empresas Públicas;
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër- c) Sociedades de Economia Mista.
ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos adminis- d) fundações públicas.
trativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas que
podem ser organizados por decretos autônomos do Exe- Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
cutivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade prestam serviços públicos por delegação, embora não inte-
jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro responde grem os quadros da Administração, quais sejam, os permis-
pelos atos que seus agentes praticam, mesmo se estes atos sionários, os concessionários e os autorizados.
extrapolam das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe Essas quatro pessoas integrantes da Administração
assegurado o intocável e assustador direito de regresso. indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
Apresenta-se a classificação dos órgãos: cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas,
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, dis- como no caso das empresas públicas e sociedades de eco-
tritais e municipais. nomia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são de especialidade e eficiência da prestação do serviço públi-
aqueles que detêm condição de comando e de direção, co ou, quando exploradoras de atividades econômicas, vi-
e os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de sando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
execução. da segurança nacional.
c) Quanto à composição: singulares, quando integra- Com efeito, de acordo com as regras constantes do
dos em um só agente, e os coletivos, quando compostos artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
por vários agentes. derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atri- duas situações, conforme se colhe do caput do referido ar-
buições em todo o território nacional, estadual, distrital e tigo, a seguir reproduzido:
municipal, e os locais, que atuam em parte do território. Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
e) Quanto à posição estatal: são os que representam tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Ju- Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
diciário. de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, con-
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compos- forme definidos em lei.
tos. Os órgãos compostos são constituídos por vários ou- Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons-
tros órgãos. titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao
Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta de-
Administração indireta ferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades
A Administração Pública indireta pode ser definida econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do
atuam paralelamente à Administração direta na prestação artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre concor-
de serviços públicos ou na exploração de atividades eco- rência, submetendo-se ainda a todas as obrigações cons-
nômicas. tantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no
“Enquanto a Administração Direta é composta de ór- tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tri-
gãos internos do Estado, a Administração Indireta se com- butárias.
põe de pessoas jurídicas, também denominadas de entida-
des”9. Em que pese haver entendimento diverso registrado Autarquias
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
8 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo
– esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos, I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
conteúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
Paulo: Atlas editora, 2013. executar atividades típicas da Administração Pública, que
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- nistrativa e financeira descentralizada.
ris, 2010.

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
de natureza administrativa, criadas para a execução de ser- rios e requisição de pequeno valor, tal como a Administra-
viços tipicamente públicos, antes prestados pelas entida- ção direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa
des estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos de seus devedores.
entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e co- Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a
mum monopólio do Estado. todas unidades da federação.
“O termo autarquia significa autogoverno ou governo A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semân- suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para
tica para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa com contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa
relativa capacidade de gestão dos interesses a seu cargo, em situações de condenação acima de certos valores.
embora sob controle do Estado, de onde se originou. Na Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e ex-
verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo está tintas por lei, que podem ser complementadas por atos do
ultrapassado e não mais reflete uma noção exata do institu- Executivo, notadamente Decretos.
to. [...] Pode-se conceituar autarquia como a pessoa jurídi- As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e
ca de direito público, integrante da Administração Indireta, municipais, contudo não podem ser interestaduais ou inter-
criada por lei para desempenhar funções que, despidas de municipais (não é permitida a associação de unidades fede-
caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado”10. rativas para a criação de autarquias).
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo Devem executar atividades típicas do direito público e,
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, notadamente, serviços públicos de natureza social e ativida-
ser prestadoras de serviços públicos, contando com capi- des administrativas, com a exclusão dos serviços e ativida-
tal oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu des de cunho econômico e mercantil.
artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
público, embora exista controvérsia na doutrina. cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
Carvalho Filho11 classifica quanto ao regime jurídico: “a) regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
autarquias comuns (ou de regime comum); b) autarquias que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
especiais (ou de regime especial). Segundo a própria termi- oneração e de usucapião.
nologia, é fácil distingui-las: as primeiras estariam sujeitas a Os agentes públicos das autarquias são concursados e
uma disciplina jurídica sem qualquer especificidade, ao pas- estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não à
so que as últimas seriam regidas por disciplina específica,
CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e são
cuja característica seria a de atribuir prerrogativas especiais
nomeados e destituídos livremente pelo chefe do Executivo.
e diferenciadas a certas autarquias”. São exemplos de au-
tarquias especiais aquelas criadas para serviços especiais,
Agências reguladoras
como autarquias de ensino (ex.: USP) e autarquias de fisca-
São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju-
lização (ex.: CRM e CREA).
rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca-
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Admi- das autarquias.
nistrativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento na- O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
cional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacional a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se
da Propriedade Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado,
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ban- o dirigente passa a gozar de mandato com prazo determi-
co Central do Brasil (Bacen). nado e só pode ser destituído por processo com decisão
Ainda sobra as autarquias: motivada.
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução
transferência pela entidade estatal a que se vinculam, por- de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria-
tanto, capital exclusivamente público. mente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejan- função de controle da prestação dos serviços públicos e do
do seus gastos e compromissos a cada exercício. A proposta exercício de atividades econômicas, evitando a prática de
orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do Exe- abusos por parte de entidades do setor privado.
cutivo, que a inclui no orçamento fiscal da lei orçamentária São titulares da matéria técnica que regulam, de modo
anual. A própria autarquia presta contas diretamente ao que somente elas podem disciplinar as regras e padrões
Tribunal de Contas. técnicos desta determinada seara.
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de o cumprimento de contratos de concessões e o atingimento
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendimento
ris, 2010. a consumidores e usuários (inclusive recebendo e proces-
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de sando denúncias e reclamações, aplicando penas adminis-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- trativas e multas, bem como rescindindo contratos), definir
ris, 2010. política tarifária e reajustá-la.

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- Empresas públicas


mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANA-
TEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº II - Empresa Pública - a entidade dotada de persona-
9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela lidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio
Lei nº 9.478/1997. e capital exclusivo da União, criado por lei para a explora-
ção de atividade econômica que o Governo seja levado a
Agências executivas exercer por força de contingência ou de conveniência ad-
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- ministrativa podendo revestir-se de qualquer das formas
quia, fundação pública ou órgão da administração direta
admitidas em direito.
que celebra contrato de gestão com o próprio ente polí-
tico com o qual está vinculado. As agências executivas se
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
distinguem das agências reguladoras por não terem como
objetivo principal o de exercer controle sobre particulares Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou
que prestam serviços públicos, que é o objetivo fundamen- para a exploração de atividades econômicas, que contam
tal das agências reguladoras. Assim, a expressão “agências com capital exclusivamente público, e são constituídas
executivas” corresponde a um título ou qualificação atribuí- por qualquer modalidade empresarial, após autorização
da à autarquia ou a fundações públicas cujo objetivo seja legislativa do ente federativo criador.
exercer atividade estatal. Sendo a empresa pública uma prestadora de servi-
ços públicos, estará submetida a regime jurídico público,
Fundações públicas ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
atividade econômica, estará submetida a regime jurídi-
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de persona- co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada necessidade de observância, ao menos em suas relações
em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvi- com os administrados, das regras atinentes ao regime da
mento de atividades que não exijam execução por órgãos ou Administração, a exemplo dos princípios expressos no
entidades de direito público, com autonomia administrativa, “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de dire-
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
ção, e funcionamento custeado por recursos da União e de
sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
outras fontes.
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telé-
para atingir uma finalidade específica, denominadas, em grafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, desta- Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen-
cam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de assis- ciam das sociedades de economia mista por: não possuí-
tência. rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado-
para aquelas que não integram a Administração indireta tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome
(não-governamentais). No caso das fundações que inte- coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú-
gram a Administração indireta (governamentais), quando blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um
forem dotadas de personalidade de direito público, serão sócio – unipessoalidade originária ou inicial).
regidas integralmente por regras de direito público. Quan-
do forem dotadas de personalidade de direito privado, se- Sociedades de economia mista
rão regidas por regras de direito público e direito privado. Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
Quando as fundações são criadas pelo Estado são co-
nhecidas como fundações públicas, ou autarquias funda-
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade do-
cionais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação,
tada de personalidade jurídica de direito privado, criada
no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e orga-
por lei para a exploração de atividade econômica, sob a
nizar a fundação. As fundações públicas são regulamenta-
das por lei complementar. Sendo fundações públicas que forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
adotam regime jurídico de direito público, se equiparam às voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
autarquias e se sujeitam às mesmas regras que elas. Administração Indireta.
Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fun-
dação pública que adote regime jurídico de direito privado, As sociedades de economia mista são pessoas jurídi-
ou então um regime misto, caso em que seus servidores cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi-
poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclu- ços públicos ou para a exploração de atividade econômi-
sivamente oriundo de verbas estatais. A lei autorizadora ca, contando com capital misto e constituídas somente
deve ser expressa neste sentido. sob a forma empresarial de S/A.

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Es- mediante concurso público de provas ou provas e títulos),
tado que participa dela, existem acionistas a ela vincula- prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de
dos. Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador remuneração (exceto no caso de sociedade de economia
do direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritá- mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, ape-
rio (se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se nas com seus lucros).
de empresa comum, não sociedade de economia mista).
Alguns exemplos de sociedade mista: LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005.
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
e Banespa. Dispõe sobre normas gerais de contratação de consór-
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, cios públicos e dá outras providências.
Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habita- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
cional Urbano). gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e
se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União,
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem
adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social consórcios públicos para a realização de objetivos de interes-
é formado por recursos públicos e privados, os sócios são se comum e dá outras providências.
privados e públicos (Estado). § 1º O consórcio público constituirá associação pública
ou pessoa jurídica de direito privado.
Empresas públicas e sociedades de economia mista: § 2º A União somente participará de consórcios pú-
semelhanças blicos em que também façam parte todos os Estados em
Embora a Constituição Federal reserve a atividade eco- cujos territórios estejam situados os Municípios consorcia-
nômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os pa- dos.
péis de integração (integrar o Brasil na economia global), § 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão
regulação (definindo regras e limites na exploração da ati- obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o
vidade econômica por particulares) e intervenção (fixação Sistema Único de Saúde – SUS.
de regras e normas para combater o abuso do poder eco-
nômico) (conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão de-
excepcionalmente que o Estado explore diretamente terminados pelos entes da Federação que se consorciarem,
atividades econômicas se houver um relevante interesse observados os limites constitucionais.
em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de § 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio
soberania.
público poderá:
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na-
meio de sociedades de economia mista e empresas pú-
tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais
blicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de
ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;
direito privado, o que evita que o próprio Estado possa
II – nos termos do contrato de consórcio de direito pú-
abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar
blico, promover desapropriações e instituir servidões nos ter-
às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tri-
mos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou
butários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais,
não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam. interesse social, realizada pelo Poder Público; e
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente III – ser contratado pela administração direta ou indireta
se aplica quando o Estado está explorando atividade eco- dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.
nômica propriamente dita, não quando está ofertando ser- § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documen-
viços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado tos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de ta-
pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessi- rifas e outros preços públicos pela prestação de serviços
dade de regras que impeçam o abuso do poder econômi- ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles
co. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e administrados ou, mediante autorização específica, pelo
possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens. ente da Federação consorciado.
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de § 3º Os consórcios públicos poderão outorgar conces-
economia mista são criadas por lei e a existência delas deve são, permissão ou autorização de obras ou serviços públi-
ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, cos mediante autorização prevista no contrato de consór-
ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus cio público, que deverá indicar de forma específica o objeto
bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora da concessão, permissão ou autorização e as condições a
de serviço público e não exploradora de atividade econô- que deverá atender, observada a legislação de normas ge-
mica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à recupe- rais em vigor.
ração judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).
Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí- Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato
nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida- cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo
de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da de intenções.
CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de inten- § 2º O protocolo de intenções deve definir o número
ções as que estabeleçam: de votos que cada ente da Federação consorciado possui
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada
sede do consórcio; ente consorciado.
II – a identificação dos entes da Federação consorciados; § 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que
III – a indicação da área de atuação do consórcio; preveja determinadas contribuições financeiras ou econô-
IV – a previsão de que o consórcio público é associação pú- micas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a
blica ou pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos; doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou
V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas
autorizar o consórcio público a representar os entes da Fede- por força de gestão associada de serviços públicos.
ração consorciados perante outras esferas de governo; § 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com
VI – as normas de convocação e funcionamento da as- eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma
sembléia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e mo- e condições da legislação de cada um.
dificação dos estatutos do consórcio público; § 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na
VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância imprensa oficial.
máxima do consórcio público e o número de votos para as
suas deliberações; Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado
VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do re- com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.
presentante legal do consórcio público que, obrigatoriamen- § 1º O contrato de consórcio público, caso assim preve-
te, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação ja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela
consorciado; dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de
IX – o número, as formas de provimento e a remuneração intenções.
dos empregados públicos, bem como os casos de contratação § 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que,
por tempo determinado para atender a necessidade tempo- aceita pelos demais entes subscritores, implicará consor-
rária de excepcional interesse público;
ciamento parcial ou condicional.
X – as condições para que o consórcio público celebre
§ 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subs-
contrato de gestão ou termo de parceria;
crição do protocolo de intenções dependerá de homologa-
XI – a autorização para a gestão associada de serviços
ção da assembleia geral do consórcio público.
públicos, explicitando:
§ 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste
a) as competências cujo exercício se transferiu ao con-
artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o pro-
sórcio público;
tocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação
b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a
área em que serão prestados; no consórcio público.
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, per-
missão ou autorização da prestação dos serviços; Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade ju-
d) as condições a que deve obedecer o contrato de pro- rídica:
grama, no caso de a gestão associada envolver também a I – de direito público, no caso de constituir associação
prestação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes pública, mediante a vigência das leis de ratificação do pro-
da Federação consorciados; tocolo de intenções;
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas II – de direito privado, mediante o atendimento dos re-
e de outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou quisitos da legislação civil.
revisão; e § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de
XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando direito público integra a administração indireta de todos os
adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno cumpri- entes da Federação consorciados.
mento das cláusulas do contrato de consórcio público. § 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica
§ 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo, con- de direito privado, o consórcio público observará as nor-
sidera-se como área de atuação do consórcio público, inde- mas de direito público no que concerne à realização de
pendentemente de figurar a União como consorciada, a que licitação, celebração de contratos, prestação de contas e
corresponde à soma dos territórios: admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação
I – dos Municípios, quando o consórcio público for consti- das Leis do Trabalho - CLT.
tuído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios
com territórios nele contidos; Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o
II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos do con-
quando o consórcio público for, respectivamente, constituído sórcio público.
por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e
o Distrito Federal; Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recur-
III – (VETADO) sos ao consórcio público mediante contrato de rateio.
IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o con- § 1º O contrato de rateio será formalizado em cada
sórcio for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e exercício financeiro e seu prazo de vigência não será su-
V – (VETADO) perior ao das dotações que o suportam, com exceção dos

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de con-
consistentes em programas e ações contemplados em pla- sórcio público dependerá de instrumento aprovado pela as-
no plurianual ou a gestão associada de serviços públicos sembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes
custeados por tarifas ou outros preços públicos. consorciados.
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por § 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorren-
meio de contrato de rateio para o atendimento de des- tes da gestão associada de serviços públicos custeados por
pesas genéricas, inclusive transferências ou operações de tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos
crédito. aos titulares dos respectivos serviços.
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, § 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis
bem como o consórcio público, são partes legítimas para por cada obrigação, os entes consorciados responderão
exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantin-
de rateio. do o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou
§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos dos que deram causa à obrigação.
dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio
de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por con-
necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos trato de programa, como condição de sua validade, as obri-
entes consorciados, todas as despesas realizadas com os gações que um ente da Federação constituir para com outro
recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito
forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada de gestão associada em que haja a prestação de serviços
ente da Federação na conformidade dos elementos econô- públicos ou a transferência total ou parcial de encargos,
micos e das atividades ou projetos atendidos. serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após serviços transferidos.
prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar, § 1º O contrato de programa deverá:
em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as do- I – atender à legislação de concessões e permissões de
tações suficientes para suportar as despesas assumidas por
serviços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo
meio de contrato de rateio.
de tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos
serviços a serem prestados; e
Art. 9º A execução das receitas e despesas do consór-
II – prever procedimentos que garantam a transparência
cio público deverá obedecer às normas de direito financeiro
da gestão econômica e financeira de cada serviço em rela-
aplicáveis às entidades públicas.
ção a cada um de seus titulares.
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fis-
§ 2º No caso de a gestão associada originar a transfe-
calização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal
rência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do
Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o con-
quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das des- trato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter
pesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo cláusulas que estabeleçam:
do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsi-
contratos de rateio. diária da entidade que os transferiu;
II – as penalidades no caso de inadimplência em relação
Art. 10. (VETADO) aos encargos transferidos;
Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da III – o momento de transferência dos serviços e os deve-
gestão de consórcio não responderão pessoalmente pelas res relativos a sua continuidade;
obrigações contraídas pelo consórcio público, mas responde- IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passi-
rão pelos atos praticados em desconformidade com a lei ou vos do pessoal transferido;
com as disposições dos respectivos estatutos. V – a identificação dos bens que terão apenas a sua ges-
tão e administração transferidas e o preço dos que sejam
Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio efetivamente alienados ao contratado;
público dependerá de ato formal de seu representante na VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e
assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei. avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da pres-
consorciado que se retira somente serão revertidos ou re- tação dos serviços.
trocedidos no caso de expressa previsão no contrato de § 3º É nula a cláusula de contrato de programa que
consórcio público ou no instrumento de transferência ou atribuir ao contratado o exercício dos poderes de plane-
de alienação. jamento, regulação e fiscalização dos serviços por ele pró-
§ 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não prio prestados.
prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os con- § 4º O contrato de programa continuará vigente mes-
tratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio pa- mo quando extinto o consórcio público ou o convênio de
gamento das indenizações eventualmente devidas. cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
públicos.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio públi- art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)
co, ou de convênio de cooperação, o contrato de programa dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
poderá ser celebrado por entidades de direito público ou imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição
privado que integrem a administração indireta de qualquer para a eficácia dos atos” (NR).
dos entes da Federação consorciados ou conveniados.
§ 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o “Art. 112. [...]
deste artigo será automaticamente extinto no caso de o § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação
contratado não mais integrar a administração indireta do da qual, nos termos do edital, decorram contratos adminis-
ente da Federação que autorizou a gestão associada de trativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da
serviços públicos por meio de consórcio público ou de Federação consorciados.
convênio de cooperação. § 2º É facultado à entidade interessada o acompanha-
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as mento da licitação e da execução do contrato.» (NR)
obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer
ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a con- Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
sórcio público. passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos:
“Art. 10. [...]
Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os con- XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
sórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentrali- por objeto a prestação de serviços públicos por meio da ges-
zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade- tão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
quadas. XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob-
Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e servar as formalidades previstas na lei.” (NR)
funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados
pela legislação que rege as associações civis. Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios
de cooperação, contratos de programa para gestão associa-
Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 da de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que te-
de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a nham sido celebrados anteriormente a sua vigência.
seguinte redação:
Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o
“Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabili-
dade pública que serão observadas pelos consórcios públicos
públicas; [...]” (NR)
para que sua gestão financeira e orçamentária se realize na
conformidade dos pressupostos da responsabilidade fiscal.
Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
“Art. 23. [...]
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do-
117º da República.
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quan-
do formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo,
quando formado por maior número.»

“Art. 24. [...] AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E


XXVI – na celebração de contrato de programa com ente CLASSIFICAÇÃO; PODERES, DEVERES E
da Federação ou com entidade de sua administração indire- PRERROGATIVAS; CARGO, EMPREGO E
ta, para a prestação de serviços públicos de forma associada FUNÇÃO PÚBLICOS;
nos termos do autorizado em contrato de consórcio público
ou em convênio de cooperação.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I Agente público é expressão que engloba todas as
e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque-
compras, obras e serviços contratados por consórcios públi- les que servem ao Poder Público. “A expressão agente pú-
cos, sociedade de economia mista, empresa pública e por blico tem sentido amplo, significa o conjunto de pessoas
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como que, a qualquer título, exercem uma função pública como
Agências Executivas.” (NR) prepostos do Estado. Essa função, é mister que se diga,
pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória,
“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 política ou jurídica. O que é certo é que, quando atuam no
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexi- mundo jurídico, tais agentes estão de alguma forma vin-
gibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, culados ao Poder Público. Como se sabe, o Estado só se
e o retardamento previsto no final do parágrafo único do faz presente através das pessoas físicas que em seu nome

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

manifestam determinada vontade, e é por isso que essa (previsto em estatuto próprio, não na CLT). O empregado
manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio público é o tipo de servidor público que é titular de um
Estado. São todas essas pessoas físicas que constituem os emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). Tanto o
agentes públicos”12. funcionário público quanto o empregado público somente
Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de se vinculam à Administração mediante concurso público,
Improbidade Administrativa): sendo nomeados em caráter efetivo. Contratados em cará-
ter temporário são servidores contratados por um período
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo certo e determinado, por força de uma situação de excep-
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re- cional interesse público, não sendo nomeados em caráter
muneração, por eleição, nomeação, designação, contrata- efetivo, ocupando uma função pública.
ção ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, c) particulares em colaboração com o Estado – são
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencio- agentes que, embora sejam particulares, executam funções
nadas no artigo anterior. públicas especiais que podem ser qualificadas como públi-
cas. Ex.: mesário, jurado, recrutados para serviço militar.
Quanto às entidades às quais o agente pode estar vin-
culado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92:

Os atos de improbidade praticados por qualquer agente REGIME JURÍDICO: PROVIMENTO,


público, servidor ou não, contra a administração direta, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS;
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, REGIME DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE
de Território, de empresa incorporada ao patrimônio CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA.
público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen-
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão puni-
dos na forma desta lei. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CI-
VIS DA UNIÃO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES)
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
desta lei os atos de improbidade praticados contra o patri- Das Disposições Preliminares
mônio de entidade que receba subvenção, benefício ou in-
centivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como da- Título I
quelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido Capítulo Único
ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimô- Das Disposições Preliminares
nio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido-
cofres públicos. res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas federais.
Os agentes públicos subdividem-se em:
Art. 2o   Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es- legalmente investida em cargo público.
truturais à organização política do País [...], Presidente da
República, Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e
auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Minis- responsabilidades previstas na estrutura organizacional
tros e Secretários das diversas pastas, bem como os Sena- que devem ser cometidas a um servidor.
dores, Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores”13. Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a todos
O agente político é aquele detentor de cargo eletivo, elei- os brasileiros, são criados por lei, com denominação pró-
to por mandatos transitórios. pria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provi-
b) servidores públicos, que se dividem em funcioná- mento em caráter efetivo ou em comissão.
rio público, empregado público e contratados em caráter
temporário. Os servidores públicos formam a grande mas- Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos,
sa dos agentes do Estado, desenvolvendo variadas funções. salvo os casos previstos em lei.
O funcionário público é o tipo de servidor público que
Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o
é titular de um cargo, se sujeitando a regime estatutário
conjunto de regras referentes a todos os aspectos da re-
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de lação entre o servidor público e a Administração. Envolve
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto di-
reitos e deveres, entre outras.
2010.
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração
13 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Di-
direta quanto para a indireta.
reito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, V - a idade mínima de dezoito anos;
caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em VI - aptidão física e mental.
comissão, quando por uma relação de confiança o superior § 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupan- cia de outros requisitos estabelecidos em lei.
do aquela posição de chefia. P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de mem-
Todo serviço público será remunerado pelos cofres bros do Ministério Público ou da Magistratura.
públicos.
§ 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição rado o direito de se inscrever em concurso público para pro-
e Substituição vimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com
a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
Título II reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição no concurso.
e Substituição Cotas para deficientes.

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo § 3o  As universidades e instituições de pesquisa cientí-


fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
por uma pessoa, transformando-a em servidora públi-
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
ca; enquanto vacância é o que se dá quando um cargo
com as normas e os procedimentos desta Lei.
fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; re-
Exceção ao inciso I do art. 5°.
distribuição é o deslocamento de um cargo para outro
órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á me-
está ocupando cargo de chefia ou direção por outra. diante ato da autoridade competente de cada Poder.
Capítulo I Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com
Do Provimento a posse.
Por investidura entende-se a instalação formal em um
Segundo Hely Lopes Meirelles, provimento “é o cargo público, o que se dará quando a pessoa for empos-
ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo pú- sada.
blico, com a designação de seu titular”, podendo ser
originário ou inicial se o agente não possui vinculação Art. 8o  São formas de provimento de cargo público:
anterior com a Administração Pública; ou derivado, I - nomeação;
que pressupõe a existência de um vínculo com a Admi- II - promoção;
nistração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão na III e IV - (Revogados)
carreira, ou vertical, com ascensão na carreira. V - readaptação;
VI - reversão;
Seção I VII - aproveitamento;
Disposições Gerais VIII - reintegração;
IX - recondução.
Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em car- Detalhes adiante.
go público:
I - a nacionalidade brasileira; Seção II
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com Da Nomeação
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de
Art. 9o  A nomeação far-se-á:
cidadão.
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola-
do de provimento efetivo ou de carreira;
II - o gozo dos direitos políticos;
II - em comissão, inclusive na condição de interino,
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cida-
para cargos de confiança vagos. 
dão que envolvem sua participação direta ou indireta nas
Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em co-
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos
missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter
artigos 14 e 15 da Constituição Federal. exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
III - a quitação com as obrigações militares e eleito- em que deverá optar pela remuneração de um deles du-
rais; rante o período da interinidade.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício O cargo em comissão é temporário e não depende de
do cargo; concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira in-
conforme a complexidade das funções do cargo. terina (temporária), mas somente poderá receber remune-
ração por um deles, o que optar.

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo § 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de car-
isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita- go por nomeação.
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, §  5o   No ato da posse, o servidor apresentará decla-
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua vali- ração de bens e valores que constituem seu patrimônio e
dade. declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, em-
Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso prego ou função pública.
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro- § 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É
regulamentos. possível tomar posse mediante procuração específica. Não
há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens e
Seção III valores visa permitir a verificação da situação financeira do
Do Concurso Público servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu despropor-
cionalmente durante o exercício do cargo.
Art. 11.  O concurso será de provas ou de provas e títu-
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispu- Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia
serem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, inspeção médica oficial.
condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que
valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, for julgado apto física e mentalmente para o exercício do
e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente cargo.
previstas.
Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
Art. 12.  O concurso público terá validade de até 2 ções do cargo público ou da função de confiança.
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por § 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossa-
igual período. do em cargo público entrar em exercício, contados da data
da posse. 
§ 1o  O prazo de validade do concurso e as condições
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
de sua realização serão fixados em edital, que será publica-
nado sem efeito o ato de sua designação para função de
do no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos
circulação.
neste artigo, observado o disposto no art. 18. 
§  2o   Não se abrirá novo concurso enquanto houver
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de va-
para onde for nomeado ou designado o servidor compete
lidade não expirado.
dar-lhe exercício. 
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coin-
pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos con- cidirá com a data de publicação do ato de designação,
cursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua ativi- salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
dade profissional também é considerado. qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no pri-
O edital delimita questões como valor da taxa de ins- meiro dia útil após o término do impedimento, que não po-
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de va- derá exceder a trinta dias da publicação. 
lidade. Nota-se que para as funções em confiança não há pra-
zo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe
Seção IV nestas funções. Então, o prazo para exercício será o do dia
Da Posse e do Exercício da publicação do ato de designação.

Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respecti- Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o rei-
vo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deve- nício do exercício serão registrados no assentamento indi-
res, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo vidual do servidor.
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício pre- apresentará ao órgão competente os elementos necessários
vistos em lei. ao seu assentamento individual.
§ 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
da publicação do ato de provimento. Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exer-
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de cício, que é contado no novo posicionamento na carreira a
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos partir da data de publicação do ato que promover o ser-
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos vidor.
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não
art. 102, o prazo será contado do término do impedimento. tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da
§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração es- publicação do ato.
pecífica.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro § 4o  Ao servidor em estágio probatório somente pode-
município em razão de ter sido removido, redistribuído, rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, mento para participar de curso de formação decorrente de
contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo aprovação em concurso para outro cargo na Administração
desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo Pública Federal.
o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. § 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as
§ 1o  Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
será contado a partir do término do impedimento. formação, e será retomado a partir do término do impedi-
§ 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos esta- mento. 
belecidos no caput.
Se o servidor estava em exercício em outro município Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
e é convocado por publicação para retomar a posição su- plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
perior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
desistir, se quiser. norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho
to no artigo 41 da Constituição Federal:
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
de quarenta horas e observados os limites mínimo e má- Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer-
ximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente.  cício os servidores nomeados para cargo de provimento
§ 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de efetivo em virtude de concurso público.
confiança submete-se a regime de integral dedicação ao § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser con- I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
vocado sempre que houver interesse da Administração. II - mediante processo administrativo em que lhe seja
§ 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de assegurada ampla defesa;
trabalho estabelecida em leis especiais. III - mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado ampla defesa.
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, duran- vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
te o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava- da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos-
fatores:  to em disponibilidade com remuneração proporcional ao
I - assiduidade; tempo de serviço.
II - disciplina; § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
III - capacidade de iniciativa; o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
IV - produtividade; ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
V - responsabilidade. aproveitamento em outro cargo.
§ 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do es- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
tágio probatório, será submetida à homologação da autori- é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, missão instituída para essa finalidade.
realizada por comissão constituída para essa finalidade, de
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res-
Seção V
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
Da Estabilidade
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput
deste artigo.
§  2o  O servidor não aprovado no estágio probatório Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an- empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta-
teriormente ocupado, observado o disposto no parágra- bilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
fo único do art. 29. efetivo exercício. 
§ 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Constitui-
quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun- ção Federal (artigo 41 retrocitado).
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou
entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em
órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Espe- virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
cial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou assegurada ampla defesa.
equivalentes. 

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção VI § 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá os


Da Transferência proventos calculados com base nas regras atuais se perma-
necer pelo menos cinco anos no cargo. 
Art. 23. (Execução suspensa) § 6o  O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
artigo. 
Seção VII
Da Readaptação Art. 26. (Revogado)

Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver


cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis completado 70 (setenta) anos de idade.
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade Merece destaque a impossibilidade de cumulação da
física ou mental verificada em inspeção médica. aposentadoria com a remuneração caso o servidor retorne
§ 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o rea- às funções.
daptando será aposentado.
§ 2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribui- Seção IX
ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escola- Da Reintegração
ridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de ine-
xistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor
como excedente, até a ocorrência de vaga. estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re-
Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi- sultante de sua transformação, quando invalidada a sua
cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado demissão por decisão administrativa ou judicial, com
para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex: fun- ressarcimento de todas as vantagens.
cionário trabalhava como atendente numa repartição, se § 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
movimentando o tempo todo e sofre um acidente, ficando ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts.
paraplégico. Sua capacidade mental não ficou prejudicada, 30 e 31.
embora seja inconveniente ele ter que fazer tantos mo- §  2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
vimentos no exercício das funções. Por isso, pode ser re- ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à
conduzido para outro cargo técnico na repartição que seja indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto
mais burocrático e exija menos movimentação física, como em disponibilidade.
o de assistente de um superior. Se um servidor for injustamente demitido e a sua de-
missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo to-
Seção VIII talmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salários
Da Reversão do período em que foi afastado). Caso o cargo esteja ex-
tinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo exista
Art. 25.  Reversão é o retorno à atividade de servidor e alguém o estiver ocupando, este será retirado do cargo,
aposentado:  devolvendo-o ao seu legítimo titular.
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou  Seção X
II - no interesse da administração, desde que:  Da Recondução
a) tenha solicitado a reversão; 
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;  Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável
c) estável quando na atividade; ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante- I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
riores à solicitação;  cargo;
e) haja cargo vago. II - reintegração do anterior ocupante.
§ 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de
resultante de sua transformação. origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o
§ 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício disposto no art. 30.
será considerado para concessão da aposentadoria. Como visto, quando um servidor é promovido ele se
§ 3o  No caso do inciso I, encontrando-se provido o car- sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém esti-
até a ocorrência de vaga.  ver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido injus-
§ 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse tamente demitido, quando este voltar deverá desocupar o
da administração perceberá, em substituição aos proven- cargo. Se a posição antes ocupada não estiver livre, deverá
tos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar ser reaproveitado em outro cargo semelhante.
a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal
que percebia anteriormente à aposentadoria. 

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção XI Capítulo III


Da Disponibilidade e do Aproveitamento Da Remoção e da Redistribuição

Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibi- Seção I


lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em Da Remoção
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
anteriormente ocupado. Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com
Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil ou sem mudança de sede.
determinará o imediato aproveitamento de servidor em dis- Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, en-
ponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou enti- tende-se por modalidades de remoção:
dades da Administração Pública Federal. I - de ofício, no interesse da Administração;
Parágrafo único.  Na hipótese prevista no § 3o  do art. II - a pedido, a critério da Administração;
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser man- III - a pedido, para outra localidade, independentemen-
tido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de te do interesse da Administração:
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade. servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e foi deslocado no interesse da Administração;
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companhei-
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por ro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
junta médica oficial. assentamento funcional, condicionada à comprovação por
Servidor posto em disponibilidade não é servidor apo- junta médica oficial;
sentado. É apenas um servidor aguardando que surja um c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipóte-
posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, deverá se em que o número de interessados for superior ao número
entrar em exercício, sob pena de ter revogada a disponibili- de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo ór-
dade, deixando de ser servidor público. gão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Capítulo II
Seção II
Da Vacância
Da Redistribuição
Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de:
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo
I - exoneração;
de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
II - demissão;
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
III - promoção;
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão cen-
IV e V - (Revogados)
tral do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
VI - readaptação;
VII - aposentadoria; I - interesse da administração;
VIII - posse em outro cargo inacumulável; II - equivalência de vencimentos;
IX - falecimento. III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedi- complexidade das atividades;
do do servidor, ou de ofício. V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi-
Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á: litação profissional;
I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro- VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
batório; finalidades institucionais do órgão ou entidade.
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta-
em exercício no prazo estabelecido. mento de lotação e da força de trabalho às necessidades
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de ofí- dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extin-
cio se não for habilitado no estágio probatório e se não ção ou criação de órgão ou entidade.
entrar em exercício no prazo legal. § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os
Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispen- órgãos e entidades da Administração Pública Federal en-
sa de função de confiança dar-se-á:  volvidos.
I - a juízo da autoridade competente; § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
II - a pedido do próprio servidor. ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces-
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não
confiança para com a autoridade competente, esta poderá for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
exonerar o servidor. aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado Capítulo I


em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili- Do Vencimento e da Remuneração
dade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório,
em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveita- Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
mento. exercício de cargo público, com valor fixado em lei.

Capítulo IV Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efe-


Da Substituição tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es-
tabelecidas em lei.
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de § 1o  A remuneração do servidor investido em função
direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Es- ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
pecial terão substitutos indicados no regimento interno 62.
ou, no caso de omissão, previamente designados pelo Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
dirigente máximo do órgão ou entidade. exige concurso público. Ver art. 62 adiante.
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do §  2o  O servidor investido em cargo em comissão de
cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regu- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art.
lamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em 93.
que deverá optar pela remuneração de um deles durante O funcionário é servidor público, mas foi concursado
o respectivo período. para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo no-
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício meado para outro cargo, que é de comissão.
do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de
Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedi- § 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
mentos legais do titular, superiores a trinta dias consecu- tagens de caráter permanente, é irredutível.
tivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser dimi-
que excederem o referido período. nuídos.

§  4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para


Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos ti-
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
tulares de unidades administrativas organizadas em nível
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
de assessoria.
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
ao local de trabalho.
Dos Direitos e Vantagens
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento.
Título III
§ 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior
Dos Direitos e Vantagens ao salário mínimo. 
Direito ao salário mínimo.
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen-
público, para em seguida trazer seus deveres e proibi- te, a título de remuneração, importância superior à soma
ções. dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
Resume Carvalho Filho: “os direitos sociais consti- qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
tucionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e
qual determina que dezesseis dos direitos sociais ou- Ministros do Supremo Tribunal Federal.
torgados aos empregados sejam estendidos aos servi- Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as
dores públicos. Dentre esses direitos estão o do salário vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo
VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o que um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37,
salário-família (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
XVII); o de licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros cargos, funções e empregos públicos da administração di-
mencionados no dispositivo constitucional. [...] Além reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
disso, há vários direitos de natureza social relaciona- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos nos diversos estatutos funcionais das pessoas fe- dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
derativas. É nas leis estatutárias que se encontram tais demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
direitos, como o direito às licenças, à pensão, aos auxí- tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
lios pecuniários, como o auxílio-funeral e o auxílio-re- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
clusão, à assistência, à saúde etc.” natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for de-
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo-
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos nibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- o débito. 
gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé- previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. 
simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi- Débito com o erário = dívida com o Estado.
nistros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos”. não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão
Art. 44.  O servidor perderá: judicial.
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
motivo justificado;  Capítulo II
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos Das Vantagens
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser-
de compensação de horário, até o mês subsequente ao da vidor as seguintes vantagens:
ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.  I - indenizações;
Parágrafo  único.   As faltas justificadas decorrentes de II - gratificações;
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a III - adicionais.
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como § 1o  As indenizações não se incorporam ao vencimen-
efetivo exercício.  to ou provento para qualquer efeito.
Somente não geram perda de remuneração as faltas § 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
justificadas e devidamente compensadas. vencimento ou provento, nos casos e condições indicados
em lei.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computa-
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quais-
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros,
título ou idêntico fundamento.
a critério da administração e com reposição de custos, na
De acordo com Hely Lopes Meirelles, “o que carac-
forma definida em regulamento.
teriza o adicional e o distingue da gratificação é ser
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata
aquele que recompensa ao tempo de serviço do servi-
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da dor, ou uma retribuição pelo desempenho de funções
remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reserva- especiais que fogem da rotina burocrática, e esta, uma
dos exclusivamente para: I - a amortização de despesas compensação por serviços comuns executados em con-
contraídas por meio de cartão de crédito; ou dições anormais para o servidor, ou uma ajuda pessoal
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do em face de certas situações que agravam o orçamento
cartão de crédito. do servidor”.
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
autorização do servidor. Seção I
Das Indenizações
Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atuali-
zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni- Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor:
cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para I - ajuda de custo;
pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser II - diárias;
parceladas, a pedido do interessado.  III - transporte.
§ 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao IV - auxílio-moradia.
correspondente a dez por cento da remuneração, provento A leitura da legislação seca permite conceituar e dife-
ou pensão.  renciar cada modalidade de indenização.
§ 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido
no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos
será feita imediatamente, em uma única parcela. incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
§ 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência concessão, serão estabelecidos em regulamento.
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou
a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão
eles atualizados até a data da reposição. 

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Subseção I § 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se


Da Ajuda de Custo deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome-
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios
Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de con-
despesas de instalação do servidor que, no interesse do trole integrado mantidas com países limítrofes, cuja juris-
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança dição e competência dos órgãos, entidades e servidores
de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa- brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoi-
gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o te fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição sempre as fixadas para os afastamentos dentro do territó-
de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.  rio nacional. 
§ 1o  Correm por conta da administração as despesas
de transporte do servidor e de sua família, compreendendo Art. 59.  O servidor que receber diárias e não se afastar
passagem, bagagem e bens pessoais. da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las in-
§ 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são tegralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
de origem, dentro do prazo de 1 (um)  ano, contado do
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo
óbito.
previsto no caput.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único Subseção III
do art. 36. Da Indenização de Transporte
Art. 54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remu- Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao
neração do servidor, conforme se dispuser em regulamen- servidor que realizar despesas com a utilização de meio
to, não podendo exceder a importância correspondente a 3 próprio de locomoção para a execução de serviços exter-
(três) meses. nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se
dispuser em regulamento.
Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de man- Subseção IV
dato eletivo. Do Auxílio-Moradia

Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimen-
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comis- to das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
são, com mudança de domicílio. vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe-
Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um
art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, mês após a comprovação da despesa pelo servidor. 
quando cabível.
Art. 60-B.  Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de atendidos os seguintes requisitos: 
custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
sede no prazo de 30 (trinta) dias. servidor; 
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
imóvel funcional; 
Subseção II
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
Das Diárias
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná-
rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde
Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
em caráter eventual ou transitório para outro ponto do averbação de construção, nos doze meses que antecederem
território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens a sua nomeação;
e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas ex- IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
traordinária com pousada, alimentação e locomoção urba- receba auxílio-moradia; 
na, conforme dispuser em regulamento.  V - o servidor tenha se mudado do local de residência
§ 1o  A diária será concedida por dia de afastamento, para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
sendo devida pela metade quando o deslocamento não Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4,
exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equi-
por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por valentes; 
diárias. VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
§ 2o  Nos casos em que o deslocamento da sede cons- ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
jus a diárias. do servidor; 

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha I - retribuição pelo exercício de função de direção,
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for chefia e assessoramento; 
exercer o cargo em comissão ou função de confiança, des- II - gratificação natalina;
considerando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse IV - adicional pelo exercício de atividades insalu-
período; e  bres, perigosas ou penosas;
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera- V - adicional pela prestação de serviço extraordi-
ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo.  nário;
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho VI - adicional noturno;
de 2006.  VII - adicional de férias;
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será conside- VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra-
rado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo balho.
em comissão relacionado no inciso V.  IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. 
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
Art. 60-C.  (Revogado). própria legislação, conforme se denota abaixo.
Art. 60-D.  O valor mensal do auxílio-moradia é limitado Subseção I
a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. 
ção, Chefia e Assessoramento
§ 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Es-
Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
tado. 
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
§ 2o  Independentemente do valor do cargo em comis-
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
são ou função comissionada, fica garantido a todos os que
retribuição pelo seu exercício.
preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remune-
1.800,00 (mil e oitocentos reais). 
ração dos cargos em comissão de que trata o inciso II do
art. 9o. 
Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, colocação
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de
imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.  Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No-
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribui-
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, bene- ção pelo exercício de função de direção, chefia ou assesso-
fício que é concedido a alguns servidores. Ele serve para ramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia, seja Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911,
locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio é de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de
pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa abril de 1998. 
que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é Parágrafo único.  A VPNI de que trata o caput deste ar-
em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia. tigo somente estará sujeita às revisões gerais de remunera-
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas res- ção dos servidores públicos federais. 
trições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
(algum imóvel do poder público com tal finalidade de Subseção II
moradia, dispensando gastos particulares), não se ter Da Gratificação Natalina
tentado vender ou vendido um imóvel na cidade (evitan-
do que tente utilizar o auxílio-moradia como um modo Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou pes- doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
soa com quem more não receber auxílio da mesma natu- de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
reza (cumulando indevidamente), além do exercício de Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin-
cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos de ze) dias será considerada como mês integral.
relevante direção).
O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o ar- mês de dezembro de cada ano.
tigo 60-C está revogado desde 2013.
Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratifica-
Seção II ção natalina, proporcionalmente aos meses de exercício,
Das Gratificações e Adicionais calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.

Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas Art.  66.   A gratificação natalina não será considerada
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri- para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
buições, gratificações e adicionais: 

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Subseção III Subseção VI


Do Adicional por Tempo de Serviço Do Adicional Noturno

Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01. Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário com-
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
Subseção IV horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25%
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como
ou Atividades Penosas cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
Parágrafo único.  Em se tratando de serviço extraordi-
Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habituali- nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
dade em locais insalubres ou em contato permanente com remuneração prevista no art. 73.
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem
jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. Subseção VII
§ 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalu- Do Adicional de Férias
bridade e de periculosidade deverá optar por um deles.
§ 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou peri-
Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao
culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente
riscos que deram causa a sua concessão.
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de Parágrafo único.  No caso de o servidor exercer função
servidores em operações ou locais considerados penosos, de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em
insalubres ou perigosos. comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálcu-
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será lo do adicional de que trata este artigo.
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ati- Subseção VIII
vidades em local salubre e em serviço não penoso e não Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
perigoso.
Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Con-
Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades pe- curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: 
nosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observa- I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
das as situações estabelecidas em legislação específica. senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
no âmbito da administração pública federal; 
Art. 71.  O adicional de atividade penosa será devido II - participar de banca examinadora ou de comissão
aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em lo- para exames orais, para análise curricular, para correção de
calidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, provas discursivas, para elaboração de questões de provas
condições e limites fixados em regulamento. ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; 
III - participar da logística de preparação e de realização
Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que ope- de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
ram com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
sob controle permanente, de modo que as doses de radia- quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
ção ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na atribuições permanentes; 
legislação própria. IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis)
essas atividades.
meses.
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratifica-
ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
Subseção V
observados os seguintes parâmetros: 
Do Adicional por Serviço Extraordinário
I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob-
Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; 
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
normal de trabalho. a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre-
Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
para atender a situações excepcionais e temporárias, respei- entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen-
tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. to e vinte) horas de trabalho anuais; 
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci-
mento básico da administração pública federal: 

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se Art. 80.  As férias somente poderão ser interrompidas por
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca-
deste artigo;  ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput entidade.
deste artigo.  Parágrafo único.  O restante do período interrompido
§ 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. 
somente será paga se as atividades referidas nos incisos O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
do  caput  deste artigo forem exercidas sem prejuízo das direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo social.
ser objeto de compensação de carga horária quando de-
sempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do Capítulo IV
§ 4odo art. 98 desta Lei.  Das Licenças
Seção I
§ 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Disposições Gerais
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença:
cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
I - por motivo de doença em pessoa da família;
de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.  II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
panheiro;
Capítulo III III - para o serviço militar;
Das Férias IV - para atividade política;
V - para capacitação; 
Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que VI - para tratar de interesses particulares;
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no VII - para desempenho de mandato classista.
caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha-
que haja legislação específica.  dos a seguir na legislação.
§ 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão § 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo
exigidos 12 (doze) meses de exercício. bem como cada uma de suas prorrogações serão precedi-
§ 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao das de exame por perícia médica oficial, observado o dis-
serviço. posto no art. 204 desta Lei.
§ 3o  As férias poderão ser parceladas em até três eta- § 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada du-
pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no interes- rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
se da administração pública. 
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2 Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
períodos se o seu serviço for altamente necessário. do término de outra da mesma espécie será considerada
como prorrogação.
Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío- Seção II
do, observando-se o disposto no § 1o deste artigo. Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
§1° e §2°. Revogados. Família
§  3o   O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por
comissão, perceberá indenização relativa ao período das
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de
filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependen-
um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração supe-
te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
rior a quatorze dias. 
funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. 
§ 4o  A indenização será calculada com base na remu- § 1o  A licença somente será deferida se a assistência
neração do mês em que for publicado o ato exoneratório.  direta do servidor for indispensável e não puder ser presta-
§ 5o  Em caso de parcelamento, o servidor receberá o da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
valor adicional previsto no  inciso XVII do art. 7o da Cons- compensação de horário, na forma do disposto no inciso
tituição Federal quando da utilização do primeiro período. II do art. 44. 
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as pror-
Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemen- rogações, poderá ser concedida a cada período de doze
te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) meses nas seguintes condições: 
dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profis- I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man-
sional, proibida em qualquer hipótese a acumulação. tida a remuneração do servidor; e 
Manutenção da saúde do servidor. II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração.  

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será Seção VI


contado a partir da data do deferimento da primeira licen- Da Licença para Capacitação
ça concedida. 
§ 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças Art. 87.  Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os por até três meses, para participar de curso de capacitação
limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.  profissional. 
Parágrafo único.  Os períodos de licença de que trata
Seção III o caput não são acumuláveis.
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Art. 90. (Vetado)
Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado Seção VII
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser conce-
e Legislativo.
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não
§  1o  A licença será por prazo indeterminado e sem
esteja em estágio probatório, licenças para o trato de as-
remuneração. suntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos,
§  2o   No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou sem remuneração. 
companheiro também seja servidor público, civil ou mi- Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a
litar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do ser-
Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício viço. 
provisório em órgão ou entidade da Administração Fe-
deral direta, autárquica ou fundacional, desde que para o Seção VIII
exercício de atividade compatível com o seu cargo.  Da Licença para o Desempenho de
Mandato Classista
Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
remuneração para o desempenho de mandato em confede-
Art. 85.  Ao servidor convocado para o serviço militar ração, federação, associação de classe de âmbito nacional,
será concedida licença, na forma e condições previstas na sindicato representativo da categoria ou entidade fiscali-
legislação específica. zadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência
Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor ou administração em sociedade cooperativa constituída por
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
exercício do cargo. observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
Seção V os seguintes limites:
Da Licença para Atividade Política I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
2 (dois) servidores;
Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remune- II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
ração, durante o período que mediar entre a sua escolha (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso-
em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
ciados, 8 (oito) servidores.
a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
Eleitoral.
eleitos para cargos de direção ou de representação nas re-
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
feridas entidades, desde que cadastradas no órgão com-
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di- petente.
reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, § 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden-
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro do ser renovada, no caso de reeleição.
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o déci-
mo dia seguinte ao do pleito. 
§ 2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as-
segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
período de três meses. 

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo V Seção II
Dos Afastamentos Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

Seção I Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo apli-


Do Afastamento para Servir a Outro Órgão cam-se as seguintes disposições:
ou Entidade I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
ficará afastado do cargo;
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercí- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
cio em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
social autônomo instituído pela União que exerça atividades
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
de cooperação com a administração pública federal, nas se-
cargo eletivo;
guintes hipóteses: b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
I - para exercício de cargo em comissão, função de con- tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercí- ração.
cio de cargo de direção ou de gerência; § 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
II - em casos previstos em leis específicas. tribuirá para a seguridade social como se em exercício es-
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo tivesse.
a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito § 2o  O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício
o ônus da remuneração será do órgão ou da entidade ces- para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
sionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pú- Seção III
blica, sociedade de economia mista ou serviço social au- Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
tônomo, nos termos de suas respectivas normas, optar
pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da
cargo em comissão, de direção ou de gerência, a entidade República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre-
sidente do Supremo Tribunal Federal.
cessionária ou o serviço social autônomo efetuará o reem-
§ 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
bolso das despesas realizadas pelo órgão ou pela entidade
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
de origem. permitida nova ausência.
§ 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no § 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti-
Diário Oficial da União.  go não será concedida exoneração ou licença para tratar
§ 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da de interesse particular antes de decorrido período igual ao
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exer- do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
cício em outro órgão da Administração Federal direta que despesa havida com seu afastamento.
não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determina- § 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servido-
do e a prazo certo.  res da carreira diplomática.
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado §  4o   As hipóteses, condições e formas para a autori-
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e zação de que trata este artigo, inclusive no que se refere
2º deste artigo.  à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regu-
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou lamento. 
de sociedade de economia mista, que receba recursos de
Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua fo- Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em orga-
lha de pagamento de pessoal, independem das disposições nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
o exercício do empregado cedido condicionado a autoriza-
Seção IV
ção específica do Ministério do Planejamento, Orçamento
Do Afastamento para Participação em Programa
e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em co- de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
missão ou função gratificada. 
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Adminis-
tão, com a finalidade de promover a composição da força tração, e desde que a participação não possa ocorrer simul-
de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú- taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen-
blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo,
de empregado ou servidor, independentemente da obser- com a respectiva remuneração, para participar em pro-
vância do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.  grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de
ensino superior no País. 

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade de- Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor
finirá, em conformidade com a legislação vigente, os pro- estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
gramas de capacitação e os critérios para participação em o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
programas de pós-graduação no País, com ou sem afas- do cargo.
tamento do servidor, que serão avaliados por um comitê § 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
constituído para este fim.  a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser- § 2o  Também será concedido horário especial ao ser-
vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou vidor portador de deficiência, quando comprovada a ne-
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 cessidade por junta médica oficial, independentemente de
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de es- compensação de horário. 
tágio probatório, que não tenham se afastado por licença § 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas
para tratar de assuntos particulares para gozo de licença ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) deficiência.
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. § 4o  Será igualmente concedido horário especial, vin-
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de culado à compensação de horário a ser efetivada no prazo
pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. 
há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio
probatório, e que não tenham se afastado por licença para Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste interesse da administração é assegurada, na localidade da
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de nova residência ou na mais próxima, matrícula em institui-
afastamento.  ção de ensino congênere, em qualquer época, independen-
§  4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos temente de vaga.
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permane- Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao
cer no exercício de suas funções após o seu retorno por um cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
período igual ao do afastamento concedido.  que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob
§  5o  Caso o servidor venha a solicitar exoneração do sua guarda, com autorização judicial.
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir Capítulo VII
o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, Do Tempo de Serviço
de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfei-
çoamento.  Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de ser-
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprova- Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita
da de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigen- em dias, que serão convertidos em anos, considerado o
te máximo do órgão ou entidade.  ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art.
Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.  97, são considerados como de efetivo exercício os afasta-
mentos em virtude de:
Capítulo VI I - férias;
Das Concessões II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Muni-
Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au- cípios e Distrito Federal;
sentar-se do serviço: III - exercício de cargo ou função de governo ou adminis-
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; tração, em qualquer parte do território nacional, por nomea-
II - pelo período comprovadamente necessário para ção do Presidente da República;
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em IV - participação em programa de treinamento regular-
qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto
Provisória nº 632, de 2013) sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
a) casamento; municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras- merecimento;
ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
e irmãos. VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
afastamento, conforme dispuser o regulamento; 

28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII - licença: Art. 106.  Cabe pedido de reconsideração à autoridade


a) à gestante, à adotante e à paternidade; que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte não podendo ser renovado. 
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço pú- Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconsi-
blico prestado à União, em cargo de provimento efetivo;  deração de que tratam os artigos anteriores deverão ser des-
c) para o desempenho de mandato classista ou participa- pachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
ção de gerência ou administração em sociedade cooperativa de 30 (trinta) dias.
constituída por servidores para prestar serviços a seus mem-
bros, exceto para efeito de promoção por merecimento;  Art. 107.  Caberá recurso: 
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis-
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
sional;
terpostos.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;  § 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamen-
f) por convocação para o serviço militar; te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a de-
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; cisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
X - participação em competição desportiva nacional ou autoridades.
convocação para integrar representação desportiva nacional, §  2o  O recurso será encaminhado por intermédio da
no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; autoridade a que estiver imediatamente subordinado o re-
XI - afastamento para servir em organismo internacional querente.
de que o Brasil participe ou com o qual coopere. 
Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de recon-
Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposentado- sideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da pu-
ria e disponibilidade: blicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. 
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Mu-
nicípios e Distrito Federal; Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da fa- pensivo, a juízo da autoridade competente.
mília do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de
dias em período de 12 (doze) meses.  reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagi-
rão à data do ato impugnado.
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de manda-
Art. 110.  O direito de requerer prescreve:
to eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
ingresso no serviço público federal; cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem in-
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à teresse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
Previdência Social; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; quando outro prazo for fixado em lei.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saú- Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da
de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso data da publicação do ato impugnado ou da data da
VIII do art. 102.  ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado.
§ 1o  O tempo em que o servidor esteve aposentado será
contado apenas para nova aposentadoria. Art. 111.  O pedido de reconsideração e o recurso,
§ 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço presta- quando cabíveis, interrompem a prescrição.
do às Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de ser- Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não poden-
viço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou do ser relevada pela administração.
função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado,
Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública, so- Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é assegu-
rada vista do processo ou documento, na repartição, ao
ciedade de economia mista e empresa pública.
servidor ou a procurador por ele constituído.
Capítulo VIII Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a
Do Direito de Petição qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de requerer Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
legítimo. Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen-
Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega-
daquela a que estiver imediatamente subordinado o reque- lidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem o
rente. direito de petição específico dos servidores públicos.

29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Do Regime Disciplinar quadas às funções que desempenhe e buscando conservar


o patrimônio do Estado. No tratamento do público, deve
Título IV ser prestativo e não negar o acesso a informações que não
Do Regime Disciplinar sejam sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abu-
so de poder, deve denunciar. Tomam-se como base os en-
O regime disciplinar do servidor público civil federal sinamentos de Lima a respeito destes deveres:
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
deveres e proibições são normas protetivas da boa Admi- “O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatu-
nistração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é tário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições
uma punição. Deve-se notar, porém, que os deveres cons- funcionais e também ao cuidado com a economia do ma-
tam da lei como ações, como conduta positiva; as proibi- terial, os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o
ções, ao contrário, são descritas como condutas vedadas prisma da disciplina e da conservação dos bens e materiais
ao servidor, de modo que ele deve abster-se de praticá- da repartição, o servidor deve sempre agir com dedicação
-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não de modo no desempenho das funções do cargo que ocupa, e que
exaustivo, porque o servidor deve obediência a todas as lhe foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor
normas legais ou infralegais, e o próprio inciso III do refe- não é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o
rido dispositivo é, de certa maneira, uma norma disciplinar remunera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servi-
em branco. dor deve exercer suas funções com o máximo de zelo que
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade de
de normas de conduta e de proibições impostas pela lei desempenho, para não configurar desídia ou insuficiência
aos servidores por ela abrangidos, tendo em vista a pre- de desempenho, deverá ser compensada com um maior
venção, a apuração e a possível punição de atos e omissões esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor altamen-
que possam por em risco o funcionamento adequado da te preparado e capaz, vem a praticar atos que configurem
administração pública, do posto de vista ético, do ponto desídia ou mesmo falta mais grave, poderá vir a ser punido.
de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. Porque o que se julgará não é a pessoa do servidor, mas a
Decorrem, estes dispositivos, do denominado Poder Disci- conduta a ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas
plinar que é aquele conferido à Administração com o obje- às atribuições específicas de sua atividade. O servidor deve
tivo de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe ter zelo não somente com os bens e interesses imateriais
atribui instrumentos para punir seus servidores (e também (a imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e in-
jurídico determinado - particulares contratados pela Ad- teresses patrimoniais do Estado”.
ministração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº 8.112/90
prevê basicamente um conjunto de obrigações impostas II - ser leal às instituições a que servir;
aos servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positi- “O servidor que cumprir todos os deveres e normas
vas (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à
denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é
ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com- que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever
provadas importam na responsabilização administrativa, a de lealdade está inserido no Estatuto como norma progra-
desafiar, então, a aplicação de uma das sanções administra- mática, orientadora da conduta dos servidores”.
tivas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
que a responsabilidade administrativa resulta da prática de III - observar as normas legais e regulamentares;
ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os deve- “A função desta norma é de não deixar sem resposta
res a ele impostos) ou comissivo (quando viola proibição) qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
praticado no desempenho do cargo ou função”. sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
Capítulo I lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
Dos Deveres
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
Art. 116.  São deveres do servidor: nifestamente ilegais;
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
são em muito compatíveis com os previstos no Código de gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro
cutivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
das condutas esperadas do servidor público quando do funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
desempenho de suas funções. Em resumo, o servidor pú- estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
blico deve desempenhar suas funções com cuidado, rapi- que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierarquia
dez e pontualidade, sendo leal à instituição que compõe, existe para que do alto escalão até a prática dos adminis-
respeitando as ordens de seus superiores que sejam ade- trados as coisas funcionem. Disso decorre que quando é

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

emitida uma ordem para o servidor subordinado, este deve VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
dar cumprimento ao comando. Porém quando a ordem é “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda, passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos
o servidor não é obrigado a dar seguimento ao que lhe é oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
ordenado. Quando a ordem é manifestamente ilegal? Há hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém, o
uma margem de interpretação, principalmente se o servi- servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimento
dor subordinado não tiver nenhuma formação de ordem ou divulgação das informações exigem um procedimento.
jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o que é fla- Maior cuidado há que se ter, quando a informação possa
grantemente inconstitucional”. expor a intimidade da pessoa humana. As informações pes-
soais dos administrados em geral devem ser tratadas forma
V - atender com presteza: transparente e com respeito à intimidade, à vida privada, à
a) ao público em geral, prestando as informações reque- honra e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; garantias individuais, segundo o artigo 31, da Lei nº 21.527,
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não devemos tratar
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; a questão em termos de cláusula jurídica de caráter abso-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. luto, podendo ter autorizada a divulgação ou o acesso por
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor terceiros quando haja previsão legal. Outra exceção é quan-
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a do há o consentimento expresso da pessoa a que elas se
referirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do in-
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a
teresse público e geral preponderante o exigir, também de-
informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba
vem ser fornecidas as informações. Portanto, o servidor há
o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor que ter reserva no seu comportamento e fala, esquivando-
público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há -se de revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho.
mais lugar para o burocrata que se afasta do administra- Se o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve
do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen- então reduzir a escrito e representar para que se apure o
to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e se efeti-
ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten- var a apuração dos fatos através do processo administrativo
dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que disciplinar. Os assuntos objeto do serviço merecem reserva.
deve necessariamente passar por critérios de valorização Devem ficar circunscritos aos servidores designados para o
dos servidores bons e de treinamento e qualificação per- respectivo trabalho interno, não devendo sair da seção ou
manente dos quadros de pessoal”. setor de trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe ime-
diato. Se o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em mais ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, comunicação social, que saberá proceder de forma oficial,
quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci- obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”.
mento de outra autoridade competente para apuração; 
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que ministrativa;
toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve “O ato administrativo não se satisfaz somente com o
levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hie- ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser
rárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões compatível com a moralidade administrativa. O agente deve
detêm um conhecimento maior de como corrigir o erro ou se comportar em seus atos de maneira proba, escorreita,
comunicar aos órgãos de controle para a devida apuração. séria, não atuando com intenções escusas e desvirtuadas.
De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular, Seu poder-dever não pode ser utilizado, por exemplo, para
ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do dever de satisfação de interesses menores, como realizar a prática de
determinado ato para beneficiar uma amante ou um paren-
sigilo, há assuntos que exigem certas reservas, visando ao
te. Se o agente viola o dever de agir com comportamento
bem do serviço público, da segurança nacional e mesmo
incompatível com a moralidade administrativa, poderá estar
da sociedade”.
sujeito a sanção disciplinar. Seu ato ímprobo ou imoral con-
figura o chamado desvio de poder, que é totalmente abomi-
VII - zelar pela economia do material e a conservação nável no Direito Administrativo e poderá ser anulado interna
do patrimônio público; corporis ou judicialmente através da ação popular, ação de
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo- ressarcimento ao erário e ação civil pública se o ato violar
mia e pela conservação dos bens públicos presta um des- direito coletivo ou transindividual”.
serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante
poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o X - ser assíduo e pontual ao serviço;
presente dever, quando por descumprimento dele a gra- “Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assíduo
vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”. significa ser presente dentro do horário do expediente. O
oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é aquele

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servidor que não atrasa seus compromissos. É o que com- Capítulo II


parece no horário para as reuniões de trabalho e demais Das Proibições
atividades relacionadas com o exercício do cargo que ocu-
pa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever viola- Art. 117.  Ao servidor é proibido: 
do, seja por impontualidade, seja por inassiduidade (que Em contraposição aos deveres do servidor público,
ainda não aquela inassiduidade habitual de 60 dias ense- existem diversas proibições, que também estão em boa
jadora de demissão), merece reprimenda de advertência, parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos
com fins educativos e de correção do servidor”. deveres ou a prática de alguma das violações abaixo des-
critas caracterizam infração administrativa disciplinar.
XI - tratar com urbanidade as pessoas; “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo,
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização sua objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas visto
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto,
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e ao princípio da reserva legal. O descumprimento dessas
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços proibições podem inclusive, ensejar o enquadramento
públicos”. penal do servidor, pois muitas das condutas ali descritas,
configuram prática de delito penal”.
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
de poder. I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso prévia autorização do chefe imediato;
XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela Violação do dever de assiduidade.
autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
assegurando-se ao representando ampla defesa. II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe-
Caso o funcionário público denuncie outro servidor, tente, qualquer documento ou objeto da repartição;
esta representação será encaminhada a alguém que seja Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito
III - recusar fé a documentos públicos;
à ampla defesa.
É dever do servidor público conferir fé aos documen-
“O servidor tem obrigação legal de dar conhecimen-
tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança
to às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
que seu cargo possui. Violação do dever de transparência.
ciência em razão do cargo, principalmente no processo
em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
IV - opor resistência injustificada ao andamento de
suas vistas. Não é concebível que o servidor se defronte
documento e processo ou execução de serviço;
com uma irregularidade administrativa e fique inerte. Deve
Não cabe impedir que o trâmite da administração seja
provocar quem de direito para que a irregularidade seja
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de
sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu círculo celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade.
de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá representar
aos órgãos superiores. Assim é que o dever de informar V - promover manifestação de apreço ou desapreço
acerca de irregularidades anda de braço dado com o dever no recinto da repartição;
de representar. Não surtindo efeito a notícia da irregulari- Violação do dever de discrição.
dade, não corrigida esta, sobrevém o dever de representar.
O dever de representação não deixa de ser uma prerro- VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
gativa legal, investindo o servidor de um múnus público dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que
importante, constituindo o servidor em um curador legal seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
do ente público. O mais humilde servidor passa a ser um Quem é designado para o desempenho de uma fun-
agente promotor de legalidade. É claro o inciso XII do art. ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar
116 quando diz que é dever do servidor “representar con- outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor-
tra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo que dinado.
também a omissão pode ensejar a representação. A omis-
são do agente que ilegalmente não pratica ato a que se VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
acha vinculado pode até configurar o ilícito penal de pre- filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a par-
varicação. O dever de representação deve ser privilegiado, tido político;
mas deve ser usado com o devido equilíbrio, não podendo O direito de associação é livre, não podendo um fun-
servir a finalidades egoísticas, político-partidárias, induzido cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
por inimizades de cunho pessoal, o que de pronto trespas- ou politicamente.
sará o representante de autor a réu por prática de abuso de
poder ou denunciação caluniosa”.

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- XII - receber propina, comissão, presente ou vanta-
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
segundo grau civil; A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade ad-
neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o ministrativa de maior gravidade, bem como crime de cor-
favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri- rupção passiva.
mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação estrangeiro;
do nepotismo no âmbito da administração pública federal. Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrá-
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, rios ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no- XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi- Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
de função gratificada na Administração Pública direta e in- nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste XV - proceder de forma desidiosa;
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe- Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris-
prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações em serviços ou atividades particulares;
entre o texto da súmula e o da lei. O aparato da administração pública pertence ao Esta-
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou ticulares.
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
O cargo público serve apenas aos interesses da admi- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos interes- ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
ses pessoais do servidor. transitórias;
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
X - participar de gerência ou administração de socie- cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
dade privada, personificada ou não personificada, exercer o salvo em caso de extrema necessidade.
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co-
manditário; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
Não cabe ao servidor público administrar sociedade patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar- de trabalho;
cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a violação ao princípio da imparcialidade.
participação do servidor como sócio gerente ou adminis-
trador de empresa privada, exceto na qualidade de mero XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
cotista, acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa quando solicitado.
pode até não estar personificada, por exemplo, não estar A atualização de dados cadastrais é necessária para
devidamente constituída e registrada nos órgãos compe- manter a administração ciente da situação de seu servidor.
tentes (Junta Comercial, fisco estadual, municipal, distrital
e federal, e órgãos de controle: ambiental, trabalhista etc.). Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
Comprovada detidamente a gerência ou administração da caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
sociedade particular em concomitância com a pretensa I - participação nos conselhos de administração e fiscal
carga horária da repartição pública, deve ser aplicada a pe- de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
nalidade de demissão. ou indiretamente, participação no capital social ou em so-
ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto membros; e 
a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
grau, e de cônjuge ou companheiro; sobre conflito de interesses. 
Não cabe atuar como procurador perante repartições Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
como representante de parente até segundo grau (irmãos, não será comprometido.
ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros).

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo III Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica


Da Acumulação à remuneração devida pela participação em conselhos de
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal: indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. 
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- O exercício de função em determinados conselhos de
cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de ex-
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.  ceção ao caput.
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
científico; acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um
Segundo Carvalho Filho, “o fundamento da proibição é
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- entidades envolvidos.
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos car-
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- gos efetivos a não ser que exista compatibilidade de ho-
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em rários e local com um deles, caso em que se afastará de
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de somente um cargo efetivo.
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- “Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da
titucional proibitiva”. acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em- constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
presas públicas, sociedades de economia mista da União, constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
nicípios. do número de processos administrativos instaurados com
A proibição vale tanto para a administração direta esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90 é rela-
quanto para a indireta. tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários. situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
Se o Estado pretende que o desempenho de atividade lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
exija a comprovação de compatibilidade de horários; dessa infração – art. 133” .
§  3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
Capítulo IV
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
Das Responsabilidades
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
vidade. Art. 121.  O servidor responde civil, penal e adminis-
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agen- trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
te se aposente do serviço público e continue o exercendo, Segundo Carvalho Filho, “a responsabilidade se origina
recebendo aposentadoria e salário. de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada
situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza
Art. 119.  O servidor não poderá exercer mais de um do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res-
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada
único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em responsabilidade é, em princípio, independente da outra”.
órgão de deliberação coletiva.  É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci-
Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação vil, penal e administrativa, mas também é possível que este
em concurso público, sendo designado para o exercício gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade.
por possuir um vínculo de confiança com o superior. So- Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o
mente é possível exercer 1, salvo interinamente. Da mesma mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas,
forma, não cabe remuneração por participar de órgão de cumulada ou isoladamente.
deliberação coletiva.

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omis- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
prejuízo ao erário ou a terceiros. te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
§  1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
46, na falta de outros bens que assegurem a execução do esperado.
débito pela via judicial. A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
§  2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, res- cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação contraditório e ampla defesa.
regressiva. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos su- culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
da herança recebida. ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante
do direito obrigacional, uma vez que a principal consequên- Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes
cia da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de A responsabilidade penal do servidor decorre de uma
indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, quem conduta que a lei penal tipifique como infração penal, ou
pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano deve seja, como crime ou contravenção penal.
suportar as consequências jurídicas decorrentes, restauran- O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
do-se o equilíbrio social. mente, uma vez que somente caberá responsabilização civil
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento dano).
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os Os crimes contra a Administração Pública se encon-
limites da herança, embora existam reflexos na ação que tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- outros crimes espalhados pela legislação específica.
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa re-
uma absolvição por falta de provas não o faz). sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
penho do cargo ou função.
se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
Quando o servidor pratica um ilícito administrativo,
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
a ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os
mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
fatos que o configuram são os previstos na legislação es-
instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
tatutária. Por exemplo, as sanções aplicadas pela Comissão
tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou
de Ética por violação ao Decreto n° 1.171/94 são adminis-
deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo
trativas.
é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é
a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito
entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas po-
o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou derão cumular-se, sendo independentes entre si.
coletivo, moral ou material, econômico e não econômico). Se as responsabilidades se cumularem, também as
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais responsa-
bilidades são independentes, ou seja, não dependem uma
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito da outra.
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei- Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos será afastada no caso de absolvição criminal que negue
casos de dolo ou culpa. a existência do fato ou sua autoria.
Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau- sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera
a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es- exclusão da responsabilidade civil e administrativa.
tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto,
é justamente o direito de acionar o causador direto do dano conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa
para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
a existência de uma relação obrigacional que se forma entre ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe-
a vítima e a instituição que o agente compõe. sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art. Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade


66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca- ção disciplinar. 
tegoricamente, reconhecida a inexistência material do De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concor- uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato pra-
reu para a infração penal”. ticado.
Entendem Fuller, Junqueira e Machado: “a absolvição
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao casos de violação de proibição constante do art. 117, inci-
CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi- sos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional
ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência justifique imposição de penalidade mais grave.
do direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cog- Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117.
nição e convicção próprios da seara civil (na esfera penal, A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra vio-
a decisão de condenação somente pode ser lastreada em lação de dever funcional que não exija sanção mais grave.
juízo de certeza, tendo em vista o princípio constitucional
do estado de inocência)”. Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reinci-
dência das faltas punidas com advertência e de violação
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi- (noventa) dias.
mento desta, a outra autoridade competente para apuração A suspensão é uma sanção administrativa intermediá-
de informação concernente à prática de crimes ou improbi- ria, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repe-
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência tirem ou em caso de infração grave que ainda assim não
gere pena de demissão.
do exercício de cargo, emprego ou função pública.
§  1o   Será punido com suspensão de até 15 (quin-
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
cos denunciem os servidores hierarquicamente superiores.
submetido a inspeção médica determinada pela autorida-
Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser
de competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez
responsabilizados civil, penal ou administrativamente por cumprida a determinação.
tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
ela não procedia. suspensão.
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
Capítulo V nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
Das Penalidades base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permane-
Art. 127.  São penalidades disciplinares: cer em serviço.
I - advertência; Se for inconveniente para a administração pública abrir
II - suspensão; mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu venci-
III - demissão; mento/remuneração diário pelo número de dias de sus-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; pensão. O servidor não poderá se recusar a permanecer
V - destituição de cargo em comissão; em serviço.
VI - destituição de função comissionada.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspen-
funcionário se portou de forma inadequada e de que isso são terão seus registros cancelados, após o decurso de 3
não deve se repetir. A suspensão é uma sanção intermediá- (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente,
ria, fazendo com que o funcionário deixe de desempenhar se o servidor não houver, nesse período, praticado nova in-
o cargo por certo período. Na demissão, o funcionário não fração disciplinar.
mais exercerá o cargo, sendo assim sanção mais grave. Ou- Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não
tras sanções são cassação da aposentadoria ou disponibi- surtirá efeitos retroativos.
lidade, destituição do cargo em comissão, destituição da O bom comportamento posterior do servidor faz com
função comissionada. que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão
(após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não sig-
nifica que o servidor poderá requerer, por exemplo, o pa-
Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão conside-
gamento referente aos dias que ficou suspenso.
radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos:
cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
I - crime contra a administração pública;
funcionais. Artigos 312 a 326 do Código Penal.

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - abandono de cargo; do, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo
III - inassiduidade habitual; de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- vista do processo na repartição, observado o disposto nos
cesso. arts. 163 e 164.
§ 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
IV - improbidade administrativa; tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
Atos descritos na Lei n° 8.429/92. do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au-
repartição; toridade instauradora, para julgamento.
Ausência de discrição no exercício das funções. § 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
VI - insubordinação grave em serviço; aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art.
Violação grave do dever de obediência hierárquica. 167.
§  5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con-
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; verterá automaticamente em pedido de exoneração do outro
Ofensa física a servidor ou administrado que não para cargo.
se defender. § 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa-
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu-
do cargo; mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô- vinculação serão comunicados. 
nio nacional; § 7o  O prazo para a conclusão do processo adminis-
XI - corrupção; trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que
públicas;
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até
Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
então nem precisariam ser mencionados.
§  8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposi-
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
O artigo descreve o procedimento em caso de violação
do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início,
Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação
o servidor será notificado para se manifestar optando por
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade
a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermé- um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção, será
dio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o ser-
improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na vidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita a
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa o
sua apuração e regularização imediata, cujo processo admi- servidor poderá optar por um caso, caso em que o proce-
nistrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: dimento se converterá em pedido de exoneração do cargo
I - instauração, com a publicação do ato que consti- não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor.
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a dispo-
transgressão objeto da apuração; nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- falta punível com a demissão.
fesa e relatório;  Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
III - julgamento. com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará
§ 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar- que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria
-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materiali- demitido se no exercício das funções.
dade pela descrição dos cargos, empregos ou funções
públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exer-
ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e
§ 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação de demissão.
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indicia- convertida em destituição de cargo em comissão.

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Logo, a destituição do cargo em comissão por quem II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis- relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili-
sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão, dade do servidor, em que resumirá as peças principais dos
mas também os sujeitos à pena de suspensão. autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hi-
pótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em co- ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o pro-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, im- cesso à autoridade instauradora para julgamento.
plica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Por indicação de materialidade, entenda-se demons-
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- faltados.
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento Adota-se o procedimento do art. 133.
do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal
própria. Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Procurador-Geral da República, quando se tratar de demis-
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom-
são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servi-
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
dor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso an-
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignida- terior  quando se tratar de suspensão superior a 30 (trin-
de da função pública ou que tenha  atuado como procura- ta) dias;
dor ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo em III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
hipóteses específicas, não poderá ser investido em cargo ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos
público federal pelo prazo de 5 anos. de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço públi- quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
co federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribu-
X e XI. nais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procura-
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos, dor-Geral da República - demissão ou cassação de apo-
não caberá jamais retorno ao serviço público federal, dian- sentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao órgão
te da gravidade dos atos praticados. (sanções mais graves).
Autoridade administrativa de hierarquia imediatamen-
Art.  138.   Configura abandono de cargo a ausência te inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
dias consecutivos. maior período).
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por me-
Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a fal- nor período).
ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer
interpoladamente, durante o período de doze meses. cargo de comissão, independente da pena.
Conceito de inassiduidade habitual, que também gera
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá:
demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
de forma injustificada.
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inas- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
siduidade habitual, também será adotado o procedimento III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial- § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
mente que:  que o fato se tornou conhecido.
I - a indicação da materialidade dar-se-á:  §  2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
precisa do período de ausência intencional do servidor ao como crime.
serviço superior a trinta dias;  § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período nal proferida por autoridade competente.
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
o período de doze meses; meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Prescrição é um instituto que visa regular a perda do Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
direito de acionar judicialmente. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo-
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de sus- sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo
pensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver- em comissão, será obrigatória a instauração de processo
tência) - Contados da data em que o fato se tornou conhe- disciplinar.
cido pela administração pública. A sindicância é uma modalidade mais branda de apura-
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos ção da infração administrativa porque ou gerará a aplicação
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá o pro-
favoráveis ao servidor. cesso administrativo disciplinar que aplique a sanção mais
Interrupção da prescrição significa parar a contagem grave, entendendo-se por sanções mais graves qualquer
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- uma pior do que suspensão por menos de 30 dias (suspen-
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar são por mais de 30 dias, além de todas as outras que geram
até a decisão final proferida por autoridade competente perda do cargo ou da aposentadoria).
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor Capítulo II
ação disciplinar. Do Afastamento Preventivo

Processo administrativo disciplinar Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o ser-
vidor não venha a influir na apuração da irregularidade,
Título V a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá de-
Do Processo Administrativo Disciplinar terminar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Capítulo I Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
Disposições Gerais por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda
que não concluído o processo.
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularida- O afastamento preventivo é uma medida cautelar que
de no serviço público é obrigada a promover a sua apuração impede que o servidor tente influenciar na decisão da apu-
ração de sua infração, podendo ocorrer por no máximo 60
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de remuneração
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
(afinal, ainda não foi condenado).
§§ 1º e 2º (Revogados)
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
Capítulo III
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por au-
Do Processo Disciplinar
toridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti-
específica para tal finalidade, delegada em caráter perma- nado a apurar responsabilidade de servidor por infração
nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha rela-
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais ção com as atribuições do cargo em que se encontre investido.
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as compe- Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
tências para o julgamento que se seguir à apuração. missão composta de três servidores estáveis designados
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob- do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do in-
confirmada a autenticidade. diciado.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar § 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um
arquivada, por falta de objeto. de seus membros.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu-
I - arquivamento do processo; sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen- até o terceiro grau.
são de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar. Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com inde-
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân- pendência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.
por igual período, a critério da autoridade superior. Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis-
sões terão caráter reservado.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se- Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
guintes fases: mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
I - instauração, com a publicação do ato que constituir devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser ane-
a comissão; xado aos autos.
II - inquérito administrativo, que compreende instru- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
ção, defesa e relatório; a expedição do mandado será imediatamente comunicada
III - julgamento. ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
hora marcados para inquirição.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo discipli-
nar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o escrito.
exigirem. § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis- que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
pensados do ponto, até a entrega do relatório final. poentes.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em
atas que deverão detalhar as deliberações adotadas. Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co-
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo admi- missão promoverá o interrogatório do acusado, observa-
nistrativo que serão aprofundados adiante e na própria lei dos os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo administra- § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
tivo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por uma será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em
comissão de 3 membros funcionários estáveis que decidi- suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro-
rão com independência e imparcialidade, divide-se em 3 movida a acareação entre eles.
fases e possui prazo limite de duração (60, eventualmente § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in-
+60). terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
Seção I
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do
Do Inquérito
presidente da comissão.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin-
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla de-
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com-
fesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
petente que ele seja submetido a exame por junta médica
direito.
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro- Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução. processado em auto apartado e apenso ao processo princi-
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi- pal, após a expedição do laudo pericial.
cância concluir que a infração está capitulada como ilícito
penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será for-
autos ao Ministério Público, independentemente da ime- mulada a indiciação do servidor, com a especificação dos
diata instauração do processo disciplinar. fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri-
a tomada de depoimentos, acareações, investigações e ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor- processo na repartição.
rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a § 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co-
permitir a completa elucidação dos fatos. mum e de 20 (vinte) dias.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo do-
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompa- bro, para diligências reputadas indispensáveis.
nhar o processo pessoalmente ou por intermédio de pro- § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
curador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da
contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova data declarada, em termo próprio, pelo membro da comis-
pericial. são que fez a citação, com a assinatura de (2) duas teste-
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi- munhas.
dos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri-
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan- gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
do a comprovação do fato independer de conhecimento encontrado.
especial de perito.

40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi- são, salvo quando contrário às provas dos autos.
cial da União e em jornal de grande circulação na localidade Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa. trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação ou isentar o servidor de responsabilidade.
do edital.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- autoridade que determinou a instauração do processo ou
outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de ou-
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
tra comissão para instauração de novo processo.
processo e devolverá o prazo para a defesa. § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nu-
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins- lidade do processo.
tauradora do processo designará um servidor como defen- § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
sor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo supe- de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma
rior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual do Capítulo IV do Título IV.
ou superior ao do indiciado.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará autoridade julgadora determinará o registro do fato nos as-
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos sentamentos individuais do servidor.
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar
a sua convicção. Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime,
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à ino- o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
cência ou à responsabilidade do servidor. instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans- Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar
gredido, bem como as circunstâncias agravantes ou ate- só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volun-
tariamente, após a conclusão do processo e o cumpri-
nuantes.
mento da penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co- parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
missão, será remetido à autoridade que determinou a demissão, se for o caso.
sua instauração, para julgamento.
O inquérito é uma das fases do processo administrati- Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
vo disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção, I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora
destacando-se as que tratam da produção de provas. da sede de sua repartição, na condição de testemunha, de-
nunciado ou indiciado;
Seção II II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
Do Julgamento obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a rea-
lização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad-
recebimento do processo, a autoridade julgadora profe- ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão,
rirá a sua decisão. mas pela autoridade competente para aplicar a sanção.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo
da autoridade instauradora do processo, este será encami- indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as sanções
nhado à autoridade competente, que decidirá em igual forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárqui-
co. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão não pode
prazo.
aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
couber demissão será a autoridade que pode aplicar esta
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado.
para a imposição da pena mais grave.
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas- Seção III
sação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento Da Revisão do Processo
caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do ser- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a
vidor, a autoridade instauradora do processo determinará qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi-
o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justifi-
prova dos autos. car a inocência do punido ou a inadequação da penali-
dade aplicada.

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- Seguridade social


mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo. Título VI
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a re- Da Seguridade Social do Servidor
visão será requerida pelo respectivo curador.
Capítulo I
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe Disposições Gerais
ao requerente.
Art. 183.  A União manterá Plano de Seguridade Social
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalida- para o servidor e sua família.
de não constitui fundamento para a revisão, que requer § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que
elementos novos, ainda não apreciados no processo origi- não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou em-
nário. prego efetivo na administração pública direta, autár-
quica e fundacional não terá direito aos benefícios do
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva- à saúde. 
lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo
dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para ser-
disciplinar. vir em organismo oficial internacional do qual o Brasil
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com- seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que
petente providenciará a constituição de comissão, na forma contribua para regime de previdência social no exterior,
do art. 149. terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de
Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori- o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste
período, os benefícios do mencionado regime de pre-
ginário.
vidência. 
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afas-
dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
tado sem remuneração a manutenção da vinculação
munhas que arrolar.
ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
contribuição, no mesmo percentual devido pelos ser-
para a conclusão dos trabalhos.
vidores em atividade, incidente sobre a remuneração
total do cargo a que faz jus no exercício de suas atri-
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, buições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as
no que couber, as normas e procedimentos próprios da vantagens pessoais.
comissão do processo disciplinar. § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efe-
tuado até o segundo dia útil após a data do pagamento
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que das remunerações dos servidores públicos, aplicando-se
aplicou a penalidade, nos termos do art. 141. os procedimentos de cobrança e execução dos tributos
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de federais quando não recolhidas na data de vencimento.
20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar Art. 184.  O Plano de Seguridade Social visa a dar cober-
diligências. tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada às seguintes finalidades:
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se to- I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen-
dos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, faleci-
do cargo em comissão, que será convertida em exoneração. mento e reclusão;
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
resultar agravamento de penalidade. III - assistência à saúde.
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser- Parágrafo único.  Os benefícios serão concedidos nos ter-
vidor condenado requerer que sua condenação seja revista mos e condições definidos em regulamento, observadas as
se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem disposições desta Lei.
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po-
derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de Art. 185.  Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
mesma hierarquia e será apensada ao processo adminis- servidor compreendem:
trativo originário. O julgamento será feito pela mesma au- I - quanto ao servidor:
toridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a) aposentadoria;
a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situação do b) auxílio-natalidade;
servidor. c) salário-família;

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) licença para tratamento de saúde; § 3o  Na hipótese do inciso I o servidor será sub-
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; metido à junta médica oficial, que atestará a invalidez
f) licença por acidente em serviço; quando caracterizada a incapacidade para o desempe-
g) assistência à saúde; nho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se
h) garantia de condições individuais e ambientais de aplicar o disposto no art. 24. 
trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente: Art. 187.  A aposentadoria compulsória será automática,
a) pensão vitalícia e temporária; e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato
b) auxílio-funeral; àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma-
c) auxílio-reclusão; nência no serviço ativo.
d) assistência à saúde.
§ 1o  As aposentadorias e pensões serão concedidas Art. 188.  A aposentadoria voluntária ou por invalidez
e mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en- vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
contram vinculados os servidores, observado o dispos- § 1o  A aposentadoria por invalidez será precedida
to nos arts. 189 e 224. de licença para tratamento de saúde, por período não
§ 2o  O recebimento indevido de benefícios havidos excedente a 24 (vinte e quatro) meses.
por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário § 2o  Expirado o período de licença e não estando
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. em condições de reassumir o cargo ou de ser readapta-
do, o servidor será aposentado.
Capítulo II § 3o  O lapso de tempo compreendido entre o tér-
Dos Benefícios mino da licença e a publicação do ato da aposentadoria
será considerado como de prorrogação da licença.
Seção I § 4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo,
Da Aposentadoria serão consideradas apenas as licenças motivadas pela
enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
Art. 186.  O servidor será aposentado:   relacionadas.
I - por invalidez permanente, sendo os proventos inte- § 5o  A critério da Administração, o servidor em
grais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia licença para tratamento de saúde ou aposentado por
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, espe- invalidez poderá ser convocado a qualquer momento,
cificada em lei, e proporcionais nos demais casos; para avaliação das condições que ensejaram o afasta-
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com mento ou a aposentadoria. 
proventos proporcionais ao tempo de serviço;
III - voluntariamente: Art. 189.  O provento da aposentadoria será calculado
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto
aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; na mesma data e proporção, sempre que se modificar a
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções remuneração dos servidores em atividade.
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, Parágrafo único.  São estendidos aos inativos quaisquer
com proventos integrais; benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos ser-
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 vidores em atividade, inclusive quando decorrentes de trans-
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse formação ou reclassificação do cargo ou função em que se
tempo; deu a aposentadoria.
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao Art. 190.  O servidor aposentado com provento propor-
tempo de serviço. cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das
§ 1o  Consideram-se doenças graves, contagiosas moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por
ou incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, esse motivo, for considerado inválido por junta médica
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, oficial passará a perceber provento integral, calculado
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no com base no fundamento legal de concessão da apo-
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença sentadoria.
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es-
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados Art. 191.  Quando proporcional ao tempo de serviço, o
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração
de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei in- da atividade.
dicar, com base na medicina especializada.
§ 2o  Nos casos de exercício de atividades conside- Art. 192. (Vetado).
radas insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses
previstas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inci- Art. 193. (Revogado).
so III, «a» e «c», observará o disposto em lei específica.

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 194.  Ao servidor aposentado será paga a gratifica- Seção IV


ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor Da Licença para Tratamento de Saúde
equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamen-
to recebido. Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para trata-
mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia
Art. 195.  Ao ex-combatente que tenha efetivamente médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
1967, será concedida aposentadoria com provento integral, concedida com base em perícia oficial. 
aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. § 1o  Sempre que necessário, a inspeção médica será
realizada na residência do servidor ou no estabelecimen-
Seção II to hospitalar onde se encontrar internado.
Do Auxílio-Natalidade § 2o  Inexistindo médico no órgão ou entidade no lo-
cal onde se encontra ou tenha exercício em caráter per-
Art. 196.  O auxílio-natalidade é devido à servidora por manente o servidor, e não se configurando as hipóteses
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito atestado
menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de passado por médico particular.
natimorto. § 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
§ 1o  Na hipótese de parto múltiplo, o valor será produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. de recursos humanos do órgão ou entidade. 
§ 2o  O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro § 4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
servidor público, quando a parturiente não for servidora. vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
primeiro dia de afastamento será concedida mediante
Seção III avaliação por junta médica oficial. 
Do Salário-Família § 5o  A perícia oficial para concessão da licença de
que trata o caput deste artigo, bem como nos demais
Art. 197.  O salário-família é devido ao servidor ativo ou casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada
ao inativo, por dependente econômico. por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger
Parágrafo único.  Consideram-se dependentes econômi- o campo de atuação da odontologia. 
cos para efeito de percepção do salário-família:
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os en- Art. 204.  A licença para tratamento de saúde inferior a 15
teados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de
24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade; perícia oficial, na forma definida em regulamento. 
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au-
torização judicial, viver na companhia e às expensas do ser- Art. 205.  O atestado e o laudo da junta médica não se
vidor, ou do inativo; referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
III - a mãe e o pai sem economia própria. tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença
profissional ou qualquer das doenças especificadas no art.
Art.  198.   Não se configura a dependência econômica 186, § 1o.
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimen-
to do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão Art. 206.  O servidor que apresentar indícios de lesões or-
ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao gânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
salário-mínimo.
Art. 206-A.  O servidor será submetido a exames médicos
Art. 199.  Quando o pai e mãe forem servidores públicos periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. 
e viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
distribuição dos dependentes. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo
Parágrafo único.  Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor;
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes legais II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
dos incapazes. parceria com os órgãos e entidades da administração direta,
suas autarquias e fundações;
Art. 200.  O salário-família não está sujeito a qualquer III - celebrar convênios com operadoras de plano de as-
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, in- sistência à saúde, organizadas na modalidade de autogestão,
clusive para a Previdência Social. que possuam autorização de funcionamento do órgão regu-
lador, na forma do art. 230; ou
Art. 201.  O afastamento do cargo efetivo, sem remune- IV - prestar os exames médicos periódicos mediante con-
ração, não acarreta a suspensão do pagamento do salário- trato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666,
-família. de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção V Seção VII


Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Pa- Da Pensão
ternidade
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hi-
Art. 207.  Será concedida licença à servidora gestante por póteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito,
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remune- observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art.
ração. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, de
§ 1o  A licença poderá ter início no primeiro dia do 18 de junho de 2004.
nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
médica.
Art. 216. (Revogado)
§ 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá
início a partir do parto.
§ 3o  No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias Art. 217. São beneficiários das pensões:
do evento, a servidora será submetida a exame médico, e I - o cônjuge;
se julgada apta, reassumirá o exercício. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
§ 4o  No caso de aborto atestado por médico oficial, a de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida
servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remu- judicialmente;
nerado. III - o companheiro ou companheira que comprove
união estável como entidade familiar;
Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. seguintes requisitos:
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade de b) seja inválido;
seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada c)
de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
em dois períodos de meia hora. do regulamento;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econô-
Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial mica do servidor; e
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (no-
VI - o irmão de qualquer condição que comprove depen-
venta) dias de licença remunerada. 
dência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos
Parágrafo único.  No caso de adoção ou guarda judicial de
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata previstos no inciso IV.
este artigo será de 30 (trinta) dias. § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de
que tratam os incisos I a IV do caput exclui os benefi-
Seção VI ciários referidos nos incisos V e VI.
Da Licença por Acidente em Serviço § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de
que trata o inciso V do caput exclui o beneficiário refe-
Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o ser- rido no inciso VI.
vidor acidentado em serviço. § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se
a filho mediante declaração do servidor e desde que
Art. 212.  Configura acidente em serviço o dano físico ou comprovada dependência econômica, na forma estabe-
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou ime- lecida em regulamento.
diatamente, com as atribuições do cargo exercido.
Parágrafo único.  Equipara-se ao acidente em serviço o Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
dano: pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo beneficiários habilitados.
servidor no exercício do cargo;
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vi-
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
ce-versa.
tempo, prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há
Art. 213.  O servidor acidentado em serviço que necessite mais de 5 (cinco) anos.
de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
privada, à conta de recursos públicos. posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de be-
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta neficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir
médica oficial constitui medida de exceção e somente será ad- da data em que for oferecida.
missível quando inexistirem meios e recursos adequados em
instituição pública. Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado
Art. 214.  A prova do acidente será feita no prazo de 10 pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a
(dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. morte do servidor;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- § 1º A critério da administração, o beneficiário de


provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casa- pensão cuja preservação seja motivada por invalidez,
mento ou na união estável, ou a formalização desses com o por incapacidade ou por deficiência poderá ser convo-
fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas cado a qualquer momento para avaliação das referidas
em processo judicial no qual será assegurado o direito ao condições.
contraditório e à ampla defesa. § 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra con-
tida no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b”
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte do inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor
presumida do servidor, nos seguintes casos: decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doen-
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária ça profissional ou do trabalho, independentemente do
competente; recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou
II - desaparecimento em desabamento, inundação, in- da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de
cêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; união estável.
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos
cargo ou em missão de segurança. e desde que nesse período se verifique o incremento
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada mínimo de um ano inteiro na média nacional única,
em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
(cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reapare- sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão
cimento do servidor, hipótese em que o benefício será auto- ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os
maticamente cancelado. fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em
ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: e Gestão, limitado o acréscimo na comparação com as
I - o seu falecimento; idades anteriores ao referido incremento.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer § 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
após a concessão da pensão ao cônjuge; Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
III - a cessação da invalidez, em se tratando de benefi- vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
ciário inválido, o afastamento da deficiência, em se tratan- das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
do de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
interdição, em se tratando de beneficiário com deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamen- Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiá-
te incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da rio, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.
aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso VII;
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
filho ou irmão; das na mesma data e na mesma proporção dos reajustes
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no
VI - a renúncia expressa; e parágrafo único do art. 189.
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os inci-
sos I a III do caput do art. 217: Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a per-
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem cepção cumulativa de pensão deixada por mais de um côn-
que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições men- juge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas)
sais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido ini- pensões.
ciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor;
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de Seção VIII
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do ser- Do Auxílio-Funeral
vidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais
e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi-
união estável: dor falecido na atividade ou aposentado, em valor equiva-
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de lente a um mês da remuneração ou provento.
idade; § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o au-
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) xílio será pago somente em razão do cargo de maior
anos de idade; remuneração.
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e § 2º (VETADO).
nove) anos de idade; § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
anos de idade; pessoa da família que houver custeado o funeral.
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (qua-
renta e três) anos de idade; Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
de idade.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em servi- § 3o  Para os fins do disposto no caput deste artigo,
ço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despe- ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacio-
sas de transporte do corpo correrão à conta de recursos da nais autorizadas a: 
União, autarquia ou fundação pública. I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores
Seção IX ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como
Do Auxílio-Reclusão para seus respectivos grupos familiares definidos, com en-
tidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados
-reclusão, nos seguintes valores: até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de
I - dois terços da remuneração, quando afastado por funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os con-
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada vênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador,
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
não determine a perda de cargo. normas essas também aplicáveis aos convênios existentes
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o até 12 de fevereiro de 2006; 
servidor terá direito à integralização da remuneração, II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
desde que absolvido. no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a e seguros privados de assistência à saúde que possuam
partir do dia imediato àquele em que o servidor for autorização de funcionamento do órgão regulador; 
posto em liberdade, ainda que condicional. III -  (VETADO)  
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio- § 4o  (VETADO) 
-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão § 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à
despendido pelo servidor ou pensionista civil com pla-
prisão.
no ou seguro privado de assistência à saúde. 
Capítulo III
Capítulo IV
Da Assistência à Saúde
Do Custeio
Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou ina-
Art. 231. (Revogado).
tivo, e de sua família compreende assistência médica, hos-
pitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como
diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas Disposições gerais
para a promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Úni-
co de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao Título VIII
qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarci- Capítulo Único
mento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou Das Disposições Gerais
inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos ou
seguros privados de assistência à saúde, na forma estabele- Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado a
cida em regulamento.  vinte e oito de outubro.
§ 1o  Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja
exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na au- Art. 237.  Poderão ser instituídos, no âmbito dos Pode-
sência de médico ou junta médica oficial, para a sua res Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos
realização o órgão ou entidade celebrará, preferencial- funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos
mente, convênio com unidades de atendimento do sis- de carreira:
tema público de saúde, entidades sem fins lucrativos I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou tra-
declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Na- balhos que favoreçam o aumento de produtividade e a redu-
cional do Seguro Social - INSS.  ção dos custos operacionais;
§ 2o   Na impossibilidade, devidamente justificada, II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao méri-
da aplicação do disposto no parágrafo anterior, o ór- to, condecoração e elogio.
gão ou entidade promoverá a contratação da prestação
de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta Art. 238.  Os prazos previstos nesta Lei serão contados
médica especificamente para esses fins, indicando os em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a -se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro
comprovação de suas habilitações e de que não este- dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja
jam respondendo a processo disciplinar junto à entida- expediente.
de fiscalizadora da profissão. 

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção §  6o  Os empregos dos servidores estrangeiros com
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo
dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos ter- encontrem vinculados os empregos.
mos da Constituição Federal, o direito à livre associação sin- § 7o  Os servidores públicos de que trata o caput deste
dical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Ad-
substituto processual; ministração e conforme critérios estabelecidos em regula-
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano mento, ser exonerados mediante indenização de um mês de
após o final do mandato, exceto se a pedido; remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sin- federal.   (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dical a que for filiado, o valor das mensalidades e contribui- §  8o   Para fins de incidência do imposto de renda na
ções definidas em assembleia geral da categoria. fonte e na declaração de rendimentos, serão considerados
d) e e) (Revogados). como indenizações isentas os pagamentos efetuados a tí-
tulo de indenização prevista no parágrafo anterior.  (Incluí-
Art. 241.  Consideram-se da família do servidor, além do do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expen- § 9o  Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
sas e constem do seu assentamento individual. disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companhei- quando considerados desnecessários.  (Incluído pela Lei nº
ra ou companheiro, que comprove união estável como enti- 9.527, de 10.12.97)
dade familiar. Art. 244.  Os adicionais por tempo de serviço, já conce-
didos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transfor-
Art. 242.  Para os fins desta Lei, considera-se sede o mu- mados em anuênio.
nicípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor Art. 245.  A licença especial disciplinada pelo art. 116
tiver exercício, em caráter permanente. da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma
Das Disposições Transitórias e Finais prevista nos arts. 87 a 90.
Art. 246. (VETADO).
Título IX Art. 247.  Para efeito do disposto no Título VI desta Lei,
Capítulo Único haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspon-
Das Disposições Transitórias e Finais dente ao período de contribuição por parte dos servidores
celetistas abrangidos pelo art. 243.   (Redação dada pela Lei
Art. 243.  Ficam submetidos ao regime jurídico instituído nº 8.162, de 8.1.91) 
por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servido-  Art. 248.  As pensões estatutárias, concedidas até a vi-
res dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, gência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou enti-
inclusive as em regime especial, e das fundações públicas, dade de origem do servidor.
regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Esta- Art. 249.  Até a edição da lei prevista no § 1o  do art.
tuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Con- 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na
solidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei forma e nos percentuais atualmente estabelecidos para o
nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados por servidor civil da União conforme regulamento próprio.
prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorro- Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a sa-
gados após o vencimento do prazo de prorrogação. tisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para
§ 1o  Os empregos ocupados pelos servidores incluídos a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do an-
no regime instituído por esta Lei ficam transformados em tigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei
cargos, na data de sua publicação. n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
§  2o   As funções de confiança exercidas por pessoas vantagem prevista naquele dispositivo.       (Mantido pelo
não integrantes de tabela permanente do órgão ou enti- Congresso Nacional)
dade onde têm exercício ficam transformadas em cargos Art. 251.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em comissão, e mantidas enquanto não for implantado o Art. 252.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei. ção, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês
§  3o   As Funções de Assessoramento Superior - FAS, subsequente.
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de Art. 253.  Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-
pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei. tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem
§ 4o  (VETADO). como as demais disposições em contrário.
§  5o  O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser-
ventuários da Justiça, remunerados com recursos da União, Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independên-
no que couber. cia e 102o da República.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sua atuação se dá dentro de objetos de interesse público.


PODERES ADMINISTRATIVOS: Logo, a abstenção não pode ser aceita, o que transforma o
PODER HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR; poder de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar
PODER REGULAMENTAR; PODER DE um poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser
POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER. responsabilizado.
Os poderes da Administração se dividem em: vincula-
do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamen-
tar e de polícia.
O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes Poder vinculado
que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições, No poder vinculado não há qualquer liberdade quan-
são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis à to à atividade que deva ser praticada, cabendo ao admi-
consecução dos fins públicos, que são os poderes admi- nistrador se sujeitar por completo ao mandamento da lei.
nistrativos. Em contrapartida, surgirão deveres específicos, Nos atos vinculados, o agente apenas reproduz os ele-
que são deveres administrativos. mentos da lei. Afinal, o administrador se encontra diante
Os poderes conferidos à administração surgem como de situações que comportam solução única anteriormente
instrumentos para a preservação dos interesses da coletivi- prevista por lei. Portanto, não há espaço para que o ad-
dade. Caso a administração se utilize destes poderes para ministrador faça um juízo discricionário, de conveniência
fins diversos de preservação dos interesses da sociedade, e oportunidade. Ele é obrigado a praticar o ato daquela
estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em forma, porque a lei assim prevê. Ex.: pedido de aposenta-
ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar doria compulsória por servidor que já completou 70 anos;
controle dos atos administrativos que impliquem em ex- pedido de licença para prestar serviço militar obrigatório.
cesso ou abuso de poder.
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
Poder discricionário
colocados como prerrogativas de direito público conferi-
Existem situações em que o próprio agente tem a pos-
das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Esta-
sibilidade de valorar a sua conduta. Logo, no poder dis-
do alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a
cricionário o administrador não está diante de situações
estes poderes, surgem deveres ao administrador.
que comportam solução única. Possui, assim, um espaço
“O poder administrativo representa uma prerrogativa
para exercer um juízo de valores de conveniência e opor-
especial de direito público
tunidade.
outorgada aos agentes do Estado. Cada um desses terá
a seu cargo a execução de certas
funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas Conveniência = condições em que irá agir
aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício Oportunidade = momento em que irá agir
é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro Discricionariedade = oportunidade + conveniência
dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram
normalmente os seus poderes. A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o
Uso do poder, portanto, é a utilização normal, pe- ato é praticado quanto, num momento futuro, na circuns-
los agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes tância de sua revogação.
confere”14. Uma das principais limitações ao poder discricionário
Neste sentido, “os poderes administrativos são ou- é a adequação, correspondente à adequação da conduta
torgados aos agentes do Poder Público para lhes permitir escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se-
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo as- gundo limite é o da verificação dos motivos16. Neste senti-
sim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são do, discricionariedade não pode se confundir com arbitra-
eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente riedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário.
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre-
para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício mo de admitir que o juiz se substitua ao administrador.
e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei re-
última instância, a coletividade, esta a real destinatária de servou aos agentes da Administração, perquirindo os cri-
tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder administra- térios de conveniência e oportunidade que lhe inspiraram
tivo é que se denomina de poder-dever de agir”15. Per- a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém ao exame
cebe-se que, diferentemente dos particulares aos quais, da legalidade dos atos, não poderá questionar critérios
quando conferido um poder, podem optar por exercê-lo que a própria lei defere ao administrador. [...] Moderna-
ou não, a Administração não tem faculdade de agir, afinal, mente, os doutrinadores têm considerado os princípios da
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi- razoabilidade e da proporcionalidade como valores que
to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. podem ensejar o controle da discricionariedade, enfren-
15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi- 16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tando situações que, embora com aparência de legalida- STF já reconheceu decretos autônomos como válidos em
de, retratam verdadeiro abuso de poder. [...] A exacerbação situações excepcionais. Carvalho Filho18, a respeito, afirma
ilegítima desse tipo de controle reflete ofensa ao princípio que somente são decretos e regulamentos que tipicamen-
republicano da separação dos poderes”17. te caracterizam o poder regulamentar aqueles que são de
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não exis- natureza derivada – o autor admite que existem decretos
te o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, e regulamentos autônomos, mas diz que não são atos do
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de- poder regulamentar.
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada A classificação dos decretos e regulamentos em au-
pelo administrador. Basicamente, não é porque o admi- tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
nistrador tem liberdade para decidir de outra forma que controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, o
o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, incidirá parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está vin-
em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâmetros culado, ocorrendo mero controle de legalidade como re-
da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não obstante a gra – não caberá controle de constitucionalidade por ações
discricionariedade seja uma prerrogativa da administração, diretas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade,
o seu maior objetivo é o atendimento aos interesses da mas caberá por arguição de descumprimento de preceito
coletividade. fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite
o controle sobre atos regulamentares derivados de lei, tal
Poder regulamentar como será cabível mandado de injunção. Em se tratan-
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder confe- do de decreto autônomo, o parâmetro de controle sempre
rido à administração de elaborar decretos e regulamen- será a Constituição Federal, possuindo o decreto a mesma
tos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas situações, posição hierárquica das demais leis infraconstitucionais,
exerce força normativa, expedindo normas que se reves- ocorrendo genuíno controle de constitucionalidade no
tem, como qualquer outra, de abstração e generalidade. caso concreto, por qualquer das vias.
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre Outra observação que merece ser feita se refere ao
possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na
fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos França e corresponde à transferência de certas matérias de
e regulamentos com capacidade de dar execução às leis
caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere para
editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prerrogativa
outras fontes normativas, com autorização do próprio le-
complementar à lei, não podendo em hipótese alguma
gislador. Na verdade, o legislador efetuará uma espécie de
o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, poderá o
delegação, que não será completa e integral, pois ainda ca-
Executivo criar obrigações subsidiárias, que se impõem
berá ao Legislativo elaborar o regramento básico, ocorren-
ao administrado ao lado das obrigações primárias fixadas
do a transferência estritamente do aspecto técnico (deno-
na própria lei.
mina-se delegação com parâmetros). Há quem diga que
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
nestes casos não há poder regulamentar, mas sim poder
Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da compe-
tência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os regulador. É exemplo do que ocorre com as agências regu-
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do po- ladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras.
der regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos Abuso de poder
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso
natureza originária ou primária) ou de execução (atos de deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte
natureza derivada ou secundária), embora a essência do dos administradores das prerrogativas a eles conferidas no
poder regulamentar seja composta pelos decretos e regu- âmbito dos poderes da administração, por violação expres-
lamentos de execução. O regulamento autônomo pode ser sa ou tácita da lei.
editado independentemente da existência de lei anterior, “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
regulamentos de execução dependem da existência de lei competência, afasta-se do interesse público que deve nor-
anterior para que possam ser editados e devem obedecer tear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso,
aos seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no
sujeitam a controle de legalidade. segundo, com ‘desvio de poder’”19. Basicamente, havendo
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa- abuso de poder é possível que se caracterize excesso de
mente ao Presidente da República expedir decretos e re- poder ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não nem teria competência para agir naquela questão e o
pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em que faz. No abuso de poder, o agente possui competência
pese o teor do dispositivo que poderia dar a entender que 18 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
a existência de decretos autônomos é impedida, o próprio to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi- 19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

para agir naquela questão, mas não o faz em respeito trole de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser ele o
ao interesse público, ou seja, desvirtua-se do fim que de- órgão de representação popular. No Legislativo se situa,
veria atingir o seu ato, por isso o desvio de poder também organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua espe-
é denominado desvio de finalidade. A conduta abusiva é cialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação de
passível de controle, inclusive judicial. contas dos administradores”22.
- Dever de eficiência: a atividade administrativa deve
EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA ser célere e técnica, mesclando qualidade e quantidade.
ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO DE Para tanto, é necessário atribuir competências aos cargos
FINALIDADE conforme a qualificação exigida para ocupá-los; bem como
desempenhar atividades com perfeição, coordenação, ce-
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de leridade e técnica. Não significa que perfeccionismo em
poder se configura como ilegalidade. Não se pode conce- excesso seja valorizado, pois ele afeta o elemento quan-
ber que a conduta de um agente, fora dos limites de sua titativo do serviço, que também é essencial para que ele
competência ou despida da finalidade da lei, possa com- seja eficiente.
patibilizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ile- - Dever de agir: o administrador possui um poder-de-
galidade decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se ver de agir. Não se trata de mero poder, porque priorizam
reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão ad- atender ao interesse da coletividade e, em razão disso, o
ministrativa ou judicial”20. poder de agir é também um dever, que é irrenunciável
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro e obrigatório. Ao administrador é vedada a inércia. Logo,
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis- poderá ser responsabilizado por omissão ou silêncio,
trador, mas também estabelece deveres. abrindo possibilidade de obter o ato não realizado: pela via
extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de petição;
Uso do poder e deveres da administração ou por via judicial, por intermédio de mandado de segu-
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização rança, quando ferir direito líquido e certo do interessado
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei comprovado de plano, ou por ação de obrigação de fazer.
lhes confere”21. Significa que se um agente toma suas ati- ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é ilegal.
tudes dentro dos limites dos poderes administrativos, está As denominadas omissões genéricas, que envolvem prer-
agindo conforme a lei. Um dos principais guias para de- rogativas de ação do administrador de caráter geral e sem
terminar se a ação está ou não em conformidade é o dos prazo determinado para atendimento, inseridas em seu po-
deveres administrativos. der discricionário, não autorizam a alegação de ilegalidade
Assim, além de poderes, os agentes administrativos, por violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a de-
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que nominada reserva do possível – por óbvio sempre existirão
exercem. Dentre os principais, podem ser citados os se- algumas omissões tendo em vista a escassez de recursos
guintes, conforme aponta doutrina a respeito do assunto: financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício,
- Dever de probidade: trata-se de um dos deveres mais não construir um estabelecimento de ensino. São ilegais,
relevantes, correspondendo à obrigação do agente público com efeito, as omissões específicas, que são omissões do
de agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade poder público mesmo diante de imposição expressa legal
administrativa e o interesse público. A violação desse dever e prazo fixado em lei para atendimento. Nestas situações,
caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo caberá até mesmo responsabilização civil, penal ou admi-
37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas pe- nistrativa do agente omisso.
nas, como suspensão de direitos políticos, perda da função
pública, proibição de contratar com o poder público, multa, Hierarquia: poder hierárquico e
além de restituição ao erário por enriquecimento ilícito e/ suas manifestações.
ou reparação de danos causados ao erário.
- Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
administrador não lhe pertence, é seu dever prestar contas órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo
do que realizou à coletividade, isto é, informar em detalhes a organização da função administrativa. E não poderia ser
qual o destino dado às verbas e aos bens sob sua gestão. de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Admi-
Este dever abrange não só aqueles que são agentes pú- nistração Pública que não se poderia conceber sua normal
blicos, mas a todos que tenham sob sua responsabilidade realização sem a organização, em escalas, dos agentes e
dinheiros, bens ou interesses públicos, independentemente dos órgãos públicos. Em razão desse escalonamento firma-
de serem ou não administradores públicos. -se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomi-
“A prestação de contas de administradores pode ser na relação hierárquica”23. Nesta relação hierárquica, surge
realizada internamente através dos órgãos escalonados em para a autoridade superior o poder de comando e para o
graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o con- seu subalterno o dever de obediência.
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi- 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi- 23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. to administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio legis-
administração de fixar campos de competência quanto às lador estabelece no Código Tributário Nacional: “Conside-
figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto- ra-se poder de polícia a atividade da administração pública
-organização. É exercido tanto na distribuição de compe- que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liber-
tências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre dade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em ra-
os servidores que o compõem. Se o ato for praticado por zão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN).
órgão incompetente, é inválido. Da mesma forma, se o for A atividade de polícia é tipicamente administrativa, razão
praticado por servidor que não tinha tal atribuição.
pela qual é estudada no ramo do direito administrativo.
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
o poder de revisão, consistente no poder das autoridades Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
superiores de revisar os atos praticados por seus subordi- poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a
nados. administração não precisa de manifestação do Poder Ju-
diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.
Poder disciplinar.
Polícia-função e polícia-corporação
Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a “Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas
hierarquia que permite aos agentes de nível superior fisca- em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena
lizar as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar é
realçar que não há como confundir polícia-função com
o poder conferido à administração para aplicar sanções aos
seus servidores que pratiquem infrações disciplinares. polícia-corporação: aquela é a função estatal propria-
Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem mente dita e deve ser interpretada sob o aspecto material,
natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou indicando atividade administrativa; esta, contudo, cor-
penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, destacam- responde à ideia de órgão administrativo, integrado nos
-se a de advertência, suspensão, demissão e cassação de sistemas de segurança pública e incumbido de prevenir
aposentadoria. os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública, razão
Evidentemente que tais punições não podem ser apli- por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou formal).
cadas sem alguns requisitos, como a abertura de sindicân- A polícia-corporação executa frequentemente funções de
cia ou processo disciplinar em que se garanta o contradi-
polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a ati-
tório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que somente
são passíveis de demissão por sentença judicial, que são os vidade oriunda do poder de polícia, é exercida por outros
vitalícios, como os de magistrado e promotor de justiça). órgãos administrativos além da corporação policial”25.

Poder de polícia. Liberdades públicas e poder de Competência


polícia. A competência para exercer o poder de polícia é, a
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de
É o poder conferido à administração para limitar, disci- competência no âmbito do poder regulamentar. Se a com-
plinar, restringir e condicionar direitos e atividades par- petência for concorrente, também o poder de polícia será
ticulares para a preservação dos interesses da coletividade.
exercido de forma concorrente.
É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a taxa (artigo
145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa que se carac-
teriza como preço público e não podendo ser cobrada sem Delegação e transferência
o exercício efetivo do poder de polícia. O poder de polícia pode ser exercido de forma origi-
“A expressão poder de polícia comporta dois sentidos, nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên-
um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de po- cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que
lícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória
em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito, (poder de polícia seria de caráter executório, não inova-
o poder de polícia se configura como atividade adminis- dor) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial com
trativa, que consubstancia, como vimos, verdadeira prerro-
entes públicos.
gativa conferida aos agentes da Administração, consistente
no poder de restringir e condicionar a liberdade e a pro- Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização,
priedade”24. no âmbito de simples constatação, não é considerada de-
No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati- legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando a
vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exemplo,
obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impuser uma empresa contratada para operar radares não recebeu
(artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade da delegação do poder de polícia, mas uma guarda municipal
polícia administrativa, envolvendo apenas as prerrogati- instituída na forma de empresa pública com poder de apli-
vas dos agentes da Administração. car multas recebeu tal delegação.
24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2015. 2015.

52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Polícia judiciária e polícia administrativa Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
Uma das mais importantes classificações doutrinárias são:
corresponde à distinção entre polícia administrativa e po- “- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado-
lícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos tada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturba-
se enquadram no âmbito da função administrativa, vale di- ções ao interesse público;
zer, representam atividades de gestão de interesses públi- - Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
cos. A Polícia Administrativa é atividade da Administra- a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;
ção que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se com- - Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
pleta no âmbito da função administrativa. O mesmo não o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração
ocorre com a Polícia Judiciária que, embora seja atividade não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as
administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”29.
penal, o que a faz regulada pelo Código de Processo Penal Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
(arts. 4º ss) e executada por órgãos de segurança (polícia de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
civil ou militar), ao passo que a Polícia Administrativa o é trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
por órgãos administrativos de caráter mais fiscalizador. administrativo para imposição de multa de trânsito, são ne-
Outra diferença reside na circunstância de que a Polícia cessárias as notificações da atuação e da aplicação da pena
Administrativa incide basicamente sobre atividades dos decorrentes da infração”.
indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária preordena-se ao
indivíduo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o come- Principais setores de atuação da polícia administrativa
timento de ilícito penal”26. Além disso, essencialmente, a Considerando que todos os direitos individuais são li-
Polícia Administrativa tem caráter preventivo (busca evi- mitados pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir
tar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária tem que o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais am-
caráter repressivo (busca a punição daquele que causou plo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária,
o dano social). polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de
profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc.
Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor-
Liberdades públicas e poder de polícia
mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como de-
Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
cretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções, en-
lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
tre outros) e por atos concretos (voltados a um indivíduo
individual seja relativo perante o interesse público, existem
específico e isolado, que podem ser determinações, como
núcleos mínimos de direitos que devem ser preservados,
a multa, ou atos de consentimento, como a concessão ou
mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a
revogação de licença ou autorização por alvará).
faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cida-
dão, as prerrogativas individuais e as liberdades públi-
cas que são consagrados no texto constitucional.
Para compreender a questão, interessante suscitar qual CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vincula- DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE
do. A doutrina de Meirelles27 e Carvalho Filho28 recomenda ADMINISTRATIVO;
que quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixa-
dos há discricionariedade (por exemplo, quando o poder
público vai decidir se pode ou não ocorrer pesca num de- Controle da Administração Pública é o exercício de vi-
terminado rio), mas quando já existem os limites o ato se gilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional,
torna vinculado (no mesmo exemplo, não se pode decidir exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com
por multar um pescador e não multar o outro por pesca- relação a outro.
rem no rio em que a pesca é proibida, devendo ambos se- “O controle do Estado pode ser exercido através de
rem multados). Tal raciocínio é relevante para verificar, num duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
caso concreto, se houve ou não abuso do poder de polícia. renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
Vamos supor que a lei fixe os limites para o ato, mas que que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os Po-
na prática tais limites tenham sido ignorados: não haverá deres estruturais da República – o Executivo, o Legislativo e
discricionariedade, então. o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se encontra
na Constituição, pontifica o sistema de freios e contrapesos,
26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de nele se estabelecendo normas que inibem o crescimen-
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, to de qualquer um deles em detrimento de outro e que
2015. permitem a compensação de eventuais pontos de debili-
27 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo bra- dade de um para não deixá-lo sucumbir à força de outro.
sileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. São realmente freios e contrapesos dos Poderes políticos.
28 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 29 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/di-
2015. reito-administrativo/conceito-de-direito-administrativo

53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

[...] O que ressalta de todos esses casos é a demonstração Conforme o âmbito da administração
do caráter que tem o controle político: seu objetivo é a a) Por subordinação: exercido por meio dos patama-
preservação e o equilíbrio das instituições democráticas do res de hierarquia dentro da mesma Administração. Trata-se
país. O controle administrativo tem linhas diversas. Nele de controle tipicamente interno.
não se procede a nenhuma medida para estabilizar poderes b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
políticos, mas, ao contrário, se pretende alvejar os órgãos in- atribuídos poderes de fiscalização e revisão em relação a
cumbidos de exercer uma das funções do Estado – a função pessoa diversa. Trata-se de controle tipicamente externo.
administrativa. Enquanto o controle político se relaciona com
as instituições políticas, o controle administrativo é direcio- Conforme a iniciativa
nado às instituições administrativas. [...] Podemos denominar a) De ofício: executado pela própria Administração
de controle da Administração Pública o conjunto de meca- quando está regularmente exercendo as suas funções. Afi-
nismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se nal, a Administração tem a prerrogativa da autotutela, que
exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade a permite invalidar ou revogar suas condutas de ofício (sú-
administrativa em qualquer das esferas de Poder”30. mulas 346 e 473, STF).
O princípio da legalidade e o princípio das políticas admi-
b) Provocado: ocorre mediante provocação de tercei-
nistrativas, juntos, fundamentam o Controle da Administração
ro, postulando a revisão do ato administrativo dito ilegal
Pública. Neste sentido, “mais precisamente, a ideia central,
ou inconveniente.
quando se fala em controle da Administração Pública, reside
no fato de que o titular do patrimônio público (material e ima-
terial) é o povo, e não a Administração, razão pela qual ela se Conforme a origem ou a extensão do controle
sujeita, em toda a sua atuação, sem qualquer exceção, ao prin- a) Controle interno: é aquele realizado pelas autori-
cípio da indisponibilidade do interesse público”31. dades no âmbito do próprio órgão ou entidade em que
atuam no âmbito da administração. Exemplo: chefe que
Elementos e natureza jurídica do controle na repartição controla os seus subordinados; corregedoria
Segundo Carvalho Filho32, dois são os elementos bási- que faz inspeção em um fórum.
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e a Basicamente, sempre se está diante de controle interno
revisão são os elementos básicos do controle. A fiscalização quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo, isto
consiste no poder de verificação que se faz sobre a ativida- é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscalizando
de dos órgãos e dos agentes administrativos, bem como em Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo.
relação à finalidade pública que deve servir de objetivo para Quando, no exercício do controle interno, uma auto-
a Administração. A revisão é o poder de corrigir as condu- ridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da enti-
tas administrativas, seja porque tenham vulnerado normas dade responsável pelo controle externo, notadamente um
legais, seja porque haja necessidade de alterar alguma linha Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária entre
das políticas administrativas para que melhor seja atendido o a autoridade que praticou a ocultação e a autoridade que
interesse coletivo”. praticou o ilícito.
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de princí- b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder
pio fundamental da administração pública, conforme teor do que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizando um sis-
próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura também que o tema de freios e contrapesos. É o caso do controle de atos
controle deve ser exercido em todos níveis e em todos órgãos. do Executivo por decisões do Poder Judiciário, ou mesmo
da sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislati-
Classificação das formas de controle vo, além do julgamento de contas do Presidente da Repú-
blica pelo Congresso Nacional, e de auditorias do Tribunal
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os
de Contas da União quanto ao Executivo federal.
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade ad-
c) Controle externo popular: realizado pelo contri-
ministrativa (vale lembrar, há atividade administrativa em to-
buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31, §3º, CF;
dos os Poderes) e abrangendo todos os seus agentes. Por
artigo 74, §2º, CF).
esse motivo, diversas são as formas pelas quais o controle se
exercita, sendo, destarte, inúmeras as denominações adota-
das” 33. Conforme o momento a ser exercido
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do
30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
início da prática ou antes da conclusão do ato administra-
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
tivo.
31 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di- b) Controle concomitante: exercido durante a reali-
reito Administrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: zação do ato, verificando a sua validade enquanto ele é
Método, 2008. praticado.
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou confirmando.
33 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di- Envolve atos como os de aprovação, homologação, anula-
reito Administrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: ção, revogação ou convalidação.
Método, 2008. Conforme a amplitude ou a natureza do controle

54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi pratica- são trazidas por algumas leis, como a Lei nº 9.784/1999
do em conformidade com a lei. O controle pode ser interno sobre o processo administrativo federal, estão as audiên-
ou externo. O resultado final é a confirmação ou a rejeição cias e consultas públicas. Neste âmbito do controle social, é
do ato, anulando-o. possível fixar uma divisão entre controle natural, feito pela
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e população em si, e controle institucional, feito por órgãos
a conveniência administrativas do ato controlado. Trata-se em atuação por legitimidade extraordinária, como o Minis-
do controle sobre a atuação discricionária da Administra- tério Público e a Defensoria Pública.
ção Pública, mantendo-o ou revogando-o. Diz-se que o
Judiciário não pode fazer este controle, o que é verdade, Recurso de administração
em termos: o Judiciário não pode controlar a atividade dis- Recursos administrativos são meios hábeis que podem
cricionária que é legítima, mas se ela exceder parâmetros ser utilizados para provocar o reexame do ato administra-
de razoabilidade e proporcionalidade pode fazê-lo. Nesta tivo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Conforme
questão se insere a polêmica sobre o controle judicial de conceitua Carvalho Filho34, “são os meios formais de con-
políticas públicas. trole administrativo, através dos quais o interessado postu-
la, junto a órgãos da Administração, a revisão de determi-
Controle exercido pela Administração Pública nado ato administrativo”. É necessário, para recorrer, que
É o controle exercido pela Administração quanto aos o interessado tenha tido a sua pretensão contrariada pela
seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder Execu- administração, logo, é da essência do recurso a manifesta-
tivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário quanto ção de inconformismo, retratando ilegalidade ou abuso
aos seus próprios atos, tanto no que tange à legalidade do poder público.
quanto em relação à conveniência. É sempre um controle Os principais recursos de administração são os seguin-
interno, que deriva do poder-dever de autotutela. tes: representação, em que se faz denúncia de irregulari-
Entre os meios de controle, destacam-se: dades feita perante o poder público; reclamação, em que
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é ine-
há oposição expressa a atos da administração que afetam
rente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercício dos ór-
direitos ou interesses legítimos do interessado; pedido de
gãos superiores em relação aos inferiores;
reconsideração, em que se solicita reexame à mesma au-
- Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas en-
toridade que praticou o ato; recurso hierárquico próprio,
tidades de administração indireta vinculadas a um Ministé-
que se dirige à autoridade ou instância superior do mesmo
rio, não havendo subordinação;
órgão administrativo em que foi praticado o ato; recurso
- Recursos Administrativos: serve para provocar o ree-
hierárquico impróprio, que se dirige à autoridade ou ór-
xame do ato administrativo pela própria Administração Pú-
gão estranho à repartição que expediu o ato recorrido, mas
blica.
com competência julgadora expressa; e revisão, em que se
- Direito de petição: é um direito fundamental con-
ferido a toda pessoa de defender seus direitos e noticiar busca a alteração de punição aplicada pela Administração
ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, CF). Pode ser exer- no exercício do poder disciplinar diante do surgimento de
cido por diversas vias, como representação (denúncia de fatos novos, abrindo-se novo processo.
irregularidade perante a Administração, Tribunal de Con- Outra classificação relevante é a que separa os recursos
tas ou outro órgão de controle), reclamação administrativa mencionados em duas categorias: recursos incidentais,
(oposição expressa a ato administrativo que ofenda direito que são interpostos quando o processo administrativo está
ou interesse legítimo, podendo ser interposta perante o em curso e o inconformismo é contra um ato nele praticado
Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo contra- (enquadram-se aqui o pedido de reconsideração, o recur-
riar súmula vinculante), pedido de reconsideração (solici- so hierárquico próprio e o recurso hierárquico impróprio);
tação de mudança da decisão pela própria autoridade que recursos deflagradores ou autônomos, que são aqueles
praticou um ato), recurso hierárquico próprio (solicitação que formalizam a própria abertura de processo (enqua-
de mudança da decisão por autoridade hierarquicamente dram-se aqui a reclamação, a representação e a revisão).
superior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
impróprio (solicitação de mudança da decisão por autori- Vale apontar sobre os efeitos dos recursos administra-
dade diversa, com competência especificada em lei, porém tivos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois os
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato), atos administrativos têm em seu favor a presunção de le-
revisão (solicitação de alteração em punição aplicada pela gitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela autori-
Administração no exercício do poder disciplinar diante do dade competente, terá efeito suspensivo. Vale destacar que
surgimento de fatos novos). caso o recurso tenha efeito suspensivo, também o prazo
- Controle social: é aquele exercido pela própria socie- prescricional ficará suspenso, enquanto que se o efeito for
dade, em demanda emanada de grupos sociais, no exer- apenas devolutivo irá continuar correndo.
cício da atividade democrática que tem amparo constitu-
cional notadamente na garantia pelo artigo 37, §3º, CF de
edição de lei que regule formas de participação do usuário 34 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
na administração direta e indireta. Entre as formas que já Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Súmula 429, STF. A existência de recurso administrativo Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que
com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu-
segurança contra omissão da autoridade. lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou fato
do qual a mesma se originar.
Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa e Entretanto, a reclamação se torna um instrumento mais
judicial, considerando que são independentes entre si. Aliás, usual com a fixação em lei da possibilidade de sua apresen-
apenas existem duas hipóteses em que o esgotamento dos tação ao Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo
recursos administrativos é imposto: trata-se de demanda contrariar súmula vinculante. As hipóteses de reclamação
perante a justiça desportiva, conforme o artigo 217, §1º, são ampliadas pelo Código de Processo Civil de 2015:
CF; se ocorre contrariedade de súmula vinculante na via ad-
ministrativa e o administrado pretende invoca-la mediante Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do
reclamação, conforme artigo 7º, §1º, Lei nº 11.417/2006. Em Ministério Público para:
todos os demais casos, tal exigência é proibida. I - preservar a competência do tribunal;
Outra questão que merece ser abordada no campo dos II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
recursos administrativos é a da reformatio in pejus, ou III – garantir a observância de enunciado de súmula vin-
seja, da reforma da decisão tomada pela administração de culante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em con-
modo a agravar a situação do administrado. Devido a pre- trole concentrado de constitucionalidade;
visão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio in pejus IV – garantir a observância de acórdão proferido em jul-
em recurso administrativo modificando a decisão recorri- gamento de incidente de resolução de demandas repetitivas
da é permitida, mas o recorrente deverá ter oportunidade ou de incidente de assunção de competência;
de manifestar-se antes dele ocorrer; já em se tratando de § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
reformatio in pejus em processo de revisão, há vedação. tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional
Quanto à possibilidade de gravame na primeira hipótese, cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
a doutrina afirma que apenas é permitida a reformatio in pretenda garantir.
pejus caso o ato inferior tenha sido praticado em descon-
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova docu-
formidade com a lei, considerados critérios objetivos, sendo
mental e dirigida ao presidente do tribunal.
assim proibida a reformatio in pejus caso seja feita apenas
§ 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e
nova avaliação subjetiva.
distribuída ao relator do processo principal, sempre que pos-
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad-
sível.
ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica pela
§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a apli-
qual determinada decisão firmada pela Administração não
cação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos
mais pode ser modificada na via administrativa”35, embora
que a ela correspondam.
o possa na via judicial; diferenciando-se da coisa julgada
jurisdicional, cujo caráter definitivo impede a rediscussão da § 5º É inadmissível a reclamação:
matéria em qualquer via. I – proposta após o trânsito em julgado da decisão re-
clamada;
Reclamação II – proposta para garantir a observância de acórdão de
Segundo Di Pietro36, “a reclamação administrativa é o recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor pú- ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraor-
blico, deduz uma pretensão perante a Administração Públi- dinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as ins-
ca, visando obter o reconhecimento de um direito ou a cor- tâncias ordinárias.
reção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de lesão”. § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso in-
A primeira referência à reclamação no ordenamento terposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 ano não prejudica a reclamação.
para que ocorra a prescrição:
Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a demo- I - requisitará informações da autoridade a quem for
ra do titular do direito ou do crédito ou do seu representante imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no
em prestar os esclarecimentos que lhe forem reclamados ou prazo de 10 (dez) dias;
o fato de não promover o andamento do feito judicial ou do II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
processo administrativo durante os prazos respectivamente do ato impugnado para evitar dano irreparável;
estabelecidos para extinção do seu direito à ação ou re- III - determinará a citação do beneficiário da decisão im-
clamação. pugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar
a sua contestação.
35 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o pe-
36 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi- dido do reclamante.
nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado, o Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recurso
Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias, hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio deno-
após o decurso do prazo para informações e para o ofereci- ta-se que o processo administrativo ainda está em curso,
mento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado. pois uma autoridade tomou uma decisão administrativa da
qual se pretende recorrer (logo, trata-se de recurso inci-
Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tribunal dental). A diferença entre as três modalidades está na au-
cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará toridade que apreciará o pedido de alteração da decisão
medida adequada à solução da controvérsia. administrativa.
No pedido de reconsideração, será a própria autori-
Art. 993.  O presidente do tribunal determinará o ime- dade que praticou um ato, reconsiderando nestes moldes a
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão pos- decisão que foi tomada.
teriormente. No recurso hierárquico próprio, será a autoridade
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, tra-
Logo, a reclamação é uma forma bastante diferenciada tando-se de clássico exercício do poder hierárquico ineren-
de controle da administração porque é exercida tipicamen- te à estrutura escalonada da administração. Esta é a forma
te por órgão externo sem superioridade hierárquica, nota- típica de se recorrer da decisão administrativa.
damente, tribunal que componha o Poder Judiciário. Por No recurso hierárquico impróprio, será autoridade
isso, autores como Carvalho Filho37 afirmam que se trata diversa, com competência especificada em lei, porém
mais de controle jurisdicional do que de controle adminis- não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato.
trativo. Na verdade, a reclamação administrativa perante o STF
pode ser enquadrada nesta categoria.
Pedido de reconsideração e recurso hierárquico
próprio e impróprio Prescrição administrativa
Todos são espécies do gênero direito de petição, que Significa perda de prazo para apresentar uma preten-
confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe- são perante a Administração. No caso, o administrado não
rante a administração a alteração de um ato administrativo perde o direito, o que ocorre na decadência, mas sim a pre-
ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo. tensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos de perda de
prazo para recorrer de decisão tomada ou revisá-la (pres-
crição correndo contra o administrado e a favor da admi-
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
nistração, convalidando seus atos), caso em que se segue a
temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
regra da prescrição quinquenal (5 anos) prevista no artigo
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
1º do Decreto nº 20.910; ou na hipótese de perda do prazo
ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em reparti-
para o exercício do poder punitivo (prescrição correndo a
ções públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
favor do administrado e contra a administração, que não
situações de interesse pessoal.
mais poderá aplicar a punição), que é a típica prescrição ad-
ministrativa, e de perda de prazo para que seja adotada de-
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- terminada providência administrativa (prescrição correndo
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma a favor do administrado e contra a administração, que não
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo mais poderá anular seus próprios atos dos quais decorram
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a efeitos benéficos aos administrados, salvo prova de má-fé).
vida social e, desta maneira, quando “dificulta a aprecia- - Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999);
ção de um pedido que um cidadão quer apresentar” (mui- - Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5 anos
tas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora (infração grave), 2 anos (infração média) ou 180 dias (infra-
para responder aos pedidos formulados” (administrativa e, ção leve), a contar do conhecimento de sua prática (Lei nº
principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou 8.112/1990);
condições para a formulação de petição”, traz a chamada - Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei nº
insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar 9.784/1999).
as desigualdades e as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por Representação e reclamação administrativas
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar As representações e as reclamações administrativas são
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- ambas formas de se exercer o direito de petição (art. 5º,
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos recursos
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi- hierárquicos e do pedido de representação, espécies de re-
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que cursos administrativos, mas que se diferenciam daqueles
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter por serem autônomos e não incidentais.
certidões ser dissociado do direito de petição. Assim, trata-se de exercício deste direito de forma origi-
nária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrativo ilegal
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo adminis-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, trado. Será a primeira vez que a estão será levada à admi-
2010. nistração para a devida apreciação.

57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Na representação é feita uma denúncia de irregula- compatibilidade normativa. Se o ato for contrário à lei ou
ridade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Admi- à Constituição, o Judiciário declarará a sua invalidação de
nistração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle, modo a não permitir que continue produzindo efeitos ilíci-
como o Ministério Público. tos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como correntemente
Na reclamação administrativa se dá uma oposição ex- têm decidido os Tribunais, é apreciar o que se denomina
pressa a ato administrativo que ofenda direito ou interesse normalmente de mérito administrativo, vale dizer, a ele é
legítimo. interditado o poder de reavaliar os critérios de conve-
niência e oportunidade dos atos, que são privativos do
Responsabilidades do parecerista e do administrador administrador público”, sob pena de se violar a cláusula
público pelas manifestações exaradas fundamental da separação dos Poderes39.
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por Quanto ao momento em que o controle judicial deve-
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles que rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma posterior,
exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, estariam quando os atos administrativos já estão produzindo efeitos
em regra excluídos os atos de juízo, conhecimento e opinião; no mundo jurídico. Em situações excepcionais o controle
por outro lado, se os atos administrativos abrangem toda de- pode ser prévio, por exemplo, quando a lei autoriza a con-
claração do Estado, teoricamente poderiam ser englobados cessão de liminar diante de fumus boni iuris e periculum in
os atos de juízo, conhecimento e opinião. Os pareceres nada mora.
mais são do que atos que exteriorizam juízos, conhecimentos
ou opiniões. Existem atos que se sujeitam a controle especial, são eles:
É possível classificar os pareceres em: parecer facultativo,
quando faculta algo a alguém (geralmente autoridade supe- a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
rior a inferior), não sendo obrigatória nem a sua solicitação trativos, mas verdadeiros atos de governo, emanados da
e nem que se siga a opinião emanada; parecer técnico, que cúpula política do país, no exercício de competências or-
se diferencia do facultativo apenas no aspecto de emanar de ganizacionais-administrativas constitucionais. A peculia-
um agente especializado, com habilidade técnica específica, ridade é que o Judiciário não pode controlar os critérios
sem relação de hierarquia; parecer obrigatório, cuja lei obri-
governamentais que direcionam a edição de atos políticos.
ga a sua solicitação, mas não há obrigação em se seguir a
Contudo, o controle de legalidade e o controle de consti-
opinião emanada; parecer normativo, cujo caráter se torna
tucionalidade são possíveis.
genérico e abstrato como uma lei; parecer vinculante, que
b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
nada mais é do que um parecer de solicitação obrigatória e
nam do Poder Legislativo com caráter genérico, abstrato e
cuja opinião necessariamente deve ser seguida.
geral são passíveis de controle. Entretanto, se trata de con-
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o pare-
trole de constitucionalidade, que se sujeita a regras especí-
cer, deverá ser considerada a natureza do parecer para de-
ficas. O sistema brasileiro adota duas vias de realização de
terminar se há ou não responsabilidade solidária. No caso
em que o parecer não vincula o administrador, podendo este tal controle, a via da exceção, com caráter difuso, exercida
praticar o ato seguindo ou não o posicionamento defendido incidentalmente sem ação específica; e a via da ação, com
e sugerido por quem emitiu o parecer, este não pode ser caráter concentrado, exercida por meio de ações específi-
considerado responsável solidariamente com o agente que cas – ação direta de inconstitucionalidade, ação direta de
possui a competência e atribuição para o ato administrativo constitucionalidade, arguição de descumprimento de pre-
decisório. Contudo, no caso de parecer vinculante, há res- ceito fundamental.
ponsabilidade solidária38. c) Atos interna corporis: são os atos praticados dentro
da competência interna e exclusiva dos diversos órgãos do
Controle judicial Legislativo e do Judiciário; por exemplo, as competências
O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre os de elaboração de regimentos internos. Como os atos são
atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, pelo internos e exclusivos, não é possível fazer o controle sobre
Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciário, quando as razões que levaram à elaboração. Contudo, o controle
realiza atividades administrativas. Por ele, é possível se de- de vícios de ilegalidade e de inconstitucionalidade é ple-
cretar a anulação de um ato. Não cabe a revogação, porque namente válido.
significaria análise de mérito, que o Judiciário não pode fazer. Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei
“O controle judicial sobre atos da Administração é ex- não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
clusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judiciá- ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofensa
rio tem o poder de confrontar qualquer ato administrativo a direitos dos administrados é passível de controle judicial.
com a lei ou com a Constituição e verificar se há ou não Ciente disso, o legislador cria inúmeros mecanismos espe-
cíficos para que tal controle seja realizado, como mandado
38 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de
Charliane. O parecer jurídico e a atividade administrativa:
Aspectos destacados acerca da natureza jurídica, espécies e 39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
responsabilidade do parecerista. Âmbito Jurídico, Rio Gran- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
de, XV, n. 101, jun. 2012. 2010.

58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

injunção, habeas data, habeas corpus e as próprias ações da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
do controle de constitucionalidade. Entretanto, não se tra- bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
ta de rol taxativo de formas pelas quais é possível exercer cas privadas prestadores de serviços de interesse público
tais pretensões contra a Administração, porque em tese é que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. Está
possível utilizar qualquer tipo de ação judicial que venha a regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997.
socorrer adequadamente à inibição de violação ou ameaça e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX,
a direito pela Administração. Sobre os meios específicos, CF): Trata-se de remédio constitucional com natureza sub-
aponta-se: sidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autori-
dade ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa,
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade
de exercício direto da democracia, permitindo ao cidadão ou abuso de poder. São protegidos todos os direitos líqui-
que busque a proteção da coisa pública, ou seja, que vise dos e certos à exceção da proteção de direitos humanos
assegurar a preservação dos interesses transindividuais. à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de
Trata-se de ação constitucional, que visa anular ato lesivo informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado par- de registros ou bancos de dados de entidades governa-
ticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao mentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumen-
patrimônio histórico e cultural. O legitimado ativo deve ser tos específicos. A natureza é de ação constitucional de na-
cidadão, ou seja, aquele nacional que esteja no pleno gozo tureza civil, independente da natureza do ato impugnado
dos direitos políticos. O legitimado passivo é o ente da Ad- (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
ministração Pública, direta ou indireta, ou então a pessoa Pode ser preventivo, quando se estiver na iminência de vio-
jurídica que de algum modo lide com a coisa pública. A lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já
regulação está na Lei nº 4.717/65. consumado o abuso/ilegalidade. Fundamenta-se na exis-
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca pro- tência de direito líquido e certo, que é aquele que pode
teger o patrimônio público e social, o meio ambiente e ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída,
outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade ativa é sem a necessidade de dilação probatória, isto devido à na-
do Ministério Público, da Defensoria Pública, das pessoas tureza célere e sumária do procedimento. A legitimidade
jurídicas da administração direta e indireta e de associação ativa é a mais ampla possível, abrangendo não só a pessoa
constituída há pelo menos 1 ano em área de pertinência te- física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residente ou
mática. A legitimidade passiva é de qualquer pessoa, física não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonaliza-
ou jurídica, que tenha cometido dano ou tenha colocado dos e universalidades/pessoas formais reconhecidas por
sob ameaça o patrimônio público e social, o meio ambiente lei. Legitimado passivo é a autoridade coatora deve ser au-
e outros direitos difusos e coletivos. A regulação está na Lei toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
nº 7.437/85. de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º,
c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser- Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade
ve para proteger a liberdade de locomoção. Apenas serve à coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. Trata-se de da qual emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se re-
ação constitucional de cunho predominantemente penal, gulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009.
pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restrição f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
arbitrária da liberdade. Pode ser preventivo, para os casos CF): Visa a preservação ou reparação de direito líquido e
de ameaça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se certo relacionado a interesses transindividuais (individuais
um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando ameaça já homogêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimi-
tiver se materializado. Legitimado ativo é qualquer pessoa dade ativa, pertencente a partidos políticos e determinadas
que pode manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem associações. Trata-se de ação constitucional de natureza ci-
como o Ministério Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o vil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. A
que ingressa com a ação e paciente é aquele que está sen- legitimidade ativa é de partido político com representação
do vítima da restrição à liberdade de locomoção. As duas no Congresso Nacional, bem como de organização sindical,
figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. Legiti- entidade de classe ou associação legalmente constituída e
mado passivo é pessoa física, agente público ou privado. em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa
Está regulamentado nos artigos 647 a 667 do Código de de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
Processo Penal. interesses ou de seus membros. Encontra-se regulamenta-
d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro- do pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o
teção do acesso a informações pessoais constantes de re- mandado de segurança individual.
gistros ou bancos de dados de entidades governamentais g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois
ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação requisitos constitucionais para que seja proposto o manda-
(correção). Trata-se de ação constitucional que tutela o do de injunção são a existência de norma constitucional de
acesso a informações pessoais. Legitimado ativo é pessoa eficácia limitada que preescreva direitos, liberdades consti-
física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de tucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
direito público ou privado, tratando-se de ação personalís- rania e à cidadania; além da falta de norma regulamenta-
sima – os dados devem ser a respeito da pessoa que a pro- dores, impossibilitando o exercício dos direitos, liberdades
põe. Legitimados passivos são entidades governamentais e prerrogativas em questão. Assim, visa curar o hábito que

59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se incutiu no legislador brasileiro de não regulamentar as Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
normas de eficácia limitada para que elas não sejam apli- Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
cáveis. Trata-se de ação constitucional que objetiva a regu- da União, ao qual compete:
lamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
Legitimado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estrangei- sidente da República, mediante parecer prévio que deverá
ra, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
fundamental não materializável por omissão legislativa do II - julgar as contas dos administradores e demais res-
Poder público, bem como o Ministério Público na defesa de ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis-
seus interesses institucionais. Não se aceita a legitimidade tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
ativa de pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta- instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
do pela Lei nº 13.300/2016. daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu-
laridade de que resulte prejuízo ao erário público;
Controle legislativo III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na admi-
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administração nistração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
Pública sob os critérios político e financeiro. Deve se ater e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações
às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser exercido para cargo de provimento em comissão, bem como a das
quanto ao Executivo e ao Judiciário. concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalva-
Entre os meios de controle, destacam-se: das as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
- Controle Político: tem por base a possibilidade de legal do ato concessório;
fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De-
organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete exclu- putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de in-
sivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar, quérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, fi-
diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”. unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Execu-
tivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
Do poder genérico de controle podem ser depreendidos
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
outros poderes, como o poder convocatório, que permite
pranacionais de cujo capital social a União participe, de
à Câmara ou Senado convocar Ministro de Estado ou au-
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
toridade relacionada ao Presidente (artigo 50, CF); o poder
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
de sustação, que permite ao Congresso Nacional “sustar
passados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede-
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislati-
ral ou a Município;
va” (artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões Parlamen- VII - prestar as informações solicitadas pelo Congres-
tares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF). so Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer
- Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan- das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, fi-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
das entidades da administração direta e indireta, quanto resultados de auditorias e inspeções realizadas;
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Con- de despesa ou irregularidade de contas, as sanções pre-
gresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema vistas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
de controle interno de cada Poder. multa proporcional ao dano causado ao erário;
Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil, IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no que as providências necessárias ao exato cumprimento da
se refere a legalidade, legitimidade, economicidade, sub- lei, se verificada ilegalidade;
venções e renúncia de receitas. X - sustar, se não atendido, a execução do ato im-
pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu-
Tribunal de Contas da União tados e ao Senado Federal;
O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no dades ou abusos apurados.
controle financeiro externo da Administração Pública. No § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, tado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicita-
aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as normas rá, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição, no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso Nacional § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
no controle externo (tanto é assim que o Tribunal não susta de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
diretamente os atos ilegais, mas solicita ao Congresso Na- § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
cional que o faça): trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Responsabilidade civil do Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos


A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- danos que seus agentes causem durante a prestação do
ciocínio de que a principal consequência da prática de um serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de repa- aos direitos humanos reconhecidos.
rar o dano, mediante o pagamento de indenização que se Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
incorre em omissão que gere dano deve suportar as conse- elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
quências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da respon- e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
sabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de in- grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais
denizar os membros da sociedade pelos danos que seus diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa,
agentes causem durante a prestação do serviço, inclusive fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado
se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos hu- por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação
manos reconhecidos. dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a
“Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
mundo ocidental era a de que o Estado não tinha qualquer Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. se encontram no art. 186 do Código Civil:
A solução era muito rigorosa para com os particulares em
geral, mas obedecia às reais condições políticas da época. Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
O denominado Estado Liberal tinha limitada atuação, rara- luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
mente intervindo nas relações entre particulares, de modo dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
que a doutrina de sua irresponsabilidade constituía mero ilícito.
corolário da figuração política de afastamento e da equi-
vocada isenção que o Poder Público assumia àquela época. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
A ideia anterior, da intangibilidade do Estado, decorria da civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
irresponsabilidade do monarca, traduzida nos postulados
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
‘the king can do no wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”40.
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
Responsabilidade civil do Estado no direito brasi-
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
leiro
agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
terial, econômico e não econômico).
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
Conforme o caso, a culpa será ou não considerada ne-
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera cessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a culpa
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- é fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria é
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual não
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano havendo culpa, não há responsabilidade.
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em determi-
taurando-se o equilíbrio social.41 nadas situações, a reparação de um dano cometido sem
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- culpa. Sempre que isso acontece, entende-se que a respon-
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os sabilidade é legal ou objetiva, não dependendo de culpa,
limites da herança, embora existam reflexos na ação que bastando o dano e o nexo de causalidade (a culpa pode ou
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- não existir, mas nem é avaliada).
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pressu-
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que posto do dano indenizável; enquanto que na responsabili-
uma absolvição por falta de provas não o faz). dade objetiva o elemento culpa é excluído (restam apenas
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio- ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo substituído
cínio de que a principal consequência da prática de um ato pelo risco.
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode res-
dano, mediante o pagamento de indenização que se re- ponsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, sendo
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às imprescindível a demonstração do nexo causal.
regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo entender que a culpa é insuficiente para regular todas as
por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado situações de responsabilidade civil. A responsabilidade ob-
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direi- jetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas fica
to Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. circunscrita aos seus próprios limites, notadamente, quan-
41 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. do a atividade – por sua natureza – representar risco para
9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. os direitos de outrem.

61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Logo, uma das teorias que justificam a responsabilida- provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
de objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa que quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro-
exerce alguma atividade cria um risco de dano para tercei- vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên-
ros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a noção de dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
culpa para a noção de risco).
O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva: Responsabilidade do Estado por atos legislativos e
por atos judiciais
Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun- “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais, a
tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar exemplo da construção de obras públicas) administrativos
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete que causem danos a terceiros a regra é a responsabilidade
ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa lato sensu (sentido civil do Estado, mas por atos legislativos (leis) e judiciais
amplo), que envolve tanto o dolo quando a culpa stricto (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em princípio, o
sensu (sentido estrito, de negligência, imprudência ou im- Estado não responde por prejuízos decorrentes de senten-
perícia). ça ou de lei, salvo se expressamente imposta tal obrigação
por lei ou oriunda de culpa manifesta no desempenho das
Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legisla- funções de julgar e legislar.
ções específicas estabelecem casos em que não se aplicará A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do Po-
a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva: der Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente poderão
causar dano reparável (certo, especial, anormal, referente
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), a uma situação protegida pelo Direito e de valor econo-
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. micamente apreciável). Com efeito, a lei age de forma ge-
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, ral, abstrata e impessoal e suas determinações constituem
independentemente de culpa, nos casos especificados em ônus generalizados impostos a toda coletividade. Nesse
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo particular, o que já se viu foi a declaração de responsabili-
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os di- dade patrimonial do Estado por ato baseado em lei decla-
reitos de outrem. rada, posteriormente, como inconstitucional. Assim, a edi-
ção de lei inconstitucional pode obrigar o Estado a reparar
os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa hipótese, o que
No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons-
se tem é a não-obrigação de indenizar.
tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da
A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen-
responsabilidade objetiva:
to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou a
terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de condena-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
ções pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em revisão
blico e as de direito privado prestadoras de serviços pú-
criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos casos em
blicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133 do Código
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
de Processo Civil, responde, pessoalmente, por dolo, frau-
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. de, recusa, omissão ou retardamento injustificado de atos
ou providências de seu ofício, não se tem responsabilidade
Logo, para que se caracterize a responsabilidade do patrimonial do Estado. A responsabilidade é do Juiz, não se
Estado basta a comprovação dos elementos ação, nexo transmitindo ao Estado”42.
causal e dano, como regra geral. Contudo, tomadas as
exigências de características dos danos acima colaciona- Reparação do dano
das, notadamente a anormalidade, considera-se que para o
Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve ex- Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o fato
ceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do de que a prática de um ato ilícito gera um dever de repara-
Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a plena ção. Há muito, o dever de reparação se dava pela causação
cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer de dano igual ao ofensor; nos ditames do direito moderno,
em território nacional. o dever de reparação se consolida pela obrigação de inde-
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- nizar (tanto pelo dano material quanto pelo dano moral).
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências –
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde-
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que
prejuízo dentro de sua previsibilidade. tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo dano
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade extrapatrimonial, como não há preço que repare a ofensa à
omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mu-
nicipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa de 42 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/
assalto a um usuário do metrô resultando em morte, danos Responsabilidade-Civil-do-Estado

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dignidade, o que se busca é uma compensação ou satisfa- Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Estado
ção (compensa-se pois o valor é uma resposta do Judiciário é diretamente acionado e responde pelos atos de seus ser-
no sentido de que a ofensa não ficará impune; satisfação é vidores que violem direitos, cabendo eventualmente ação
a postura do Estado de responder pela ofensa à dignidade). de regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsa-
A palavra adequada para designar ambos é REPARAÇÃO bilidade penal e da responsabilidade administrativa acio-
(vide caput do artigo 948, que fala em outras reparações, na-se o agente público que praticou o ato. Destaca-se a
trazendo lucro cessante e dano emergente nos incisos). independência entre as esferas civil, penal e administrativa
O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun- no que tange à responsabilização do agente público que
damental a reparação do dano moral. Hoje, não há dúvida cometa ato ilícito.
de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano moral
– é o dano moral puro, presente na expressão “ainda que Requisitos para a demonstração da responsabilida-
exclusivamente moral” do artigo 186, CC. de do Estado
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
Direito de regresso cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é
o dano específico, individualizado, que atinge determina-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul-
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- na circunstância específica possuía o dever de impedir o
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
humano reconhecido).
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau- tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela- concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao nários, empregados ou temporários) e os particulares em
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re- colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
considerada a existência de uma relação obrigacional que das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- cular.
põe.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado
esperado.43 por um agente público no exercício de suas funções e que
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es-
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado tado.
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis- Causas excludentes e atenuantes da responsabilida-
são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad- de do Estado
ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
o dever de indenizar. Não obstante, agentes públicos que excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas
pratiquem atos violadores de direitos humanos se sujeitam abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou
à responsabilidade penal e à responsabilidade adminis- força maior (fato da natureza) fora dos alcances da previsi-
trativa, todas autônomas uma com relação à outra e à já bilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo Todas estas excludentes geram a exclusão do elemen-
125 da Lei nº 8.112/90: to nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/omis-
são e o dano, não do elemento culpa, que envolve o aspec-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais to volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a responsa-
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes bilidade civil do Estado é objetiva, de modo que a ausência
entre si. de culpa ainda caracteriza a responsabilidade. Logo, caso
se esteja diante de uma hipótese de responsabilidade civil
43 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. do Estado subjetiva por omissão, também a ausência de
São Paulo: Método, 2011. culpa excluirá o dever de indenizar.

63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Fortuito
Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se de ÉTICA PROFISSIONAL.
fato externo à conduta do agente de natureza inevitável
(externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo 393,
parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atributo de
caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, mas é Ética e Postura Profissional
externo e inevitável, logo, o caso é fortuito). Em um mundo empresarial onde a competição é cada
Fortuito interno é diferente de fortuito externo. Fortui- vez mais acirrada, termos como ética e moral são cada vez
to interno se relaciona com a atividade ordinária do cau- menos valorizados. Mas os bons profissionais de qualquer
sador do dano – há responsabilidade, por exemplo, falha ramo de atividade devem manter uma postura ética para
dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito externo que possam ter sucesso em suas carreiras. O comporta-
não é introduzido pelo agente, por exemplo, assalto, infar- mento ético do bom profissional traz a garantia do respeito
to, chuva forte. No fortuito interno o risco é de dentro pra e da estabilidade no emprego. A atuação de acordo com
fora, no fortuito externo é de fora pra dentro. Apenas no os valores morais da sociedade e da organização valoriza
primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-se necessário o profissional e o transforma em um elemento importante
o vínculo com a atividade. dentro da estrutura da empresa.
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, Porém, o que são a ética e a moral? Como podemos apli-
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ cá-las no dia a dia do trabalho? Como pensar em ser ético em
diz que fazem parte do risco da instituição financeira os uma sociedade onde a ética é cada vez menos valorizada? A
golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu- resposta a estas perguntas nos mostrará como é importante
lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ). o comportamento ético no ambiente empresarial. Muitas ve-
zes, confundimos ética com moral e, por isso, vamos definir
b) Fato exclusivo da vítima cada um desses termos, para que possamos compreender a
Quem provocou o dano foi a própria vítima. diferença e a relação existente entre eles.
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múltipla Ética vem do grego ethos, que significa morada, lugar
ou autoria plural – 2 condutas concorrentes para produzir certo. São princípios universalizantes, perenes. Ética é a
um único dano. Somente reduz o montante de danos. parte da filosofia que se preocupa com a reflexão a respei-
to das noções e princípios que fundamentam a vida moral.
c) Fato de terceiro Moral vem do latim mos, moris, que significa o modo de
São casos em que a causa necessária para o dano não proceder regulado pelo uso ou costume. Moral é o conjun-
foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima. O to de normas livres e conscientemente adotadas que visam
agente, na contestação, fará nomeação à autoria – gerando organizar as relações das pessoas na sociedade, tendo em
exclusão, não o futuro regresso da denunciação da lide. vista o certo e o errado.
Terceiro não identificado – o agente não se responsa- A Ética é a teoria e a Moral é a prática. A ética tem a ver
biliza, pois não teve um comportamento – act of God (do com os princípios mais abrangentes e universais, enquanto
inglês, ato de Deus) – fortuito externo. a moral se refere à conduta humana. A primeira aparece
como um horizonte que inspira, atrai e define o ser huma-
no, e a segunda seria o caminho que nos possibilita agir
LEI 8.112/90 E SUAS ALTERAÇÕES com ética. Assim, um termo nasce do outro.
(REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES Podemos então afirmar que os princípios éticos são
PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO). aqueles princípios básicos que definem o comportamento
de todos os seres humanos. Mais abrangentes que as leis,
os regulamentos e mesmo os costumes, os princípios da
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi ética valem para toda a sociedade e devem ser respeitados
abordado em tópicos anteriores. por todos. Existem atos como o homicídio, o preconceito e
a discriminação que são vistos de forma negativa por toda
a sociedade e esta noção do que é certo e do que é errado
nos é transmitida por meio das gerações e se transforma
no padrão ético de uma sociedade.
A moral representa a interpretação e consolidação
dos princípios éticos para a sua aplicação na sociedade. As
leis de um país ou o regulamento de uma empresa repre-
sentam o código moral que deve ser seguido por todos e
representam de forma prática os preceitos éticos que são
aceitos por todos os membros daquele grupo. Portanto,
todos sabem o que é ou não é ético. Todos sabem distin-
guir o certo do errado em nossa sociedade. Todos devem
conhecer as regras e normas de conduta que regem os có-
digos morais de nosso grupo social.

64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Todos também têm a opção de agir ou não de forma [...] o mais difícil são as atitudes, os aspectos com-
ética. Cada ser humano, independente da sua origem, da portamentais. O comportamento é que faz a diferença no
sua história e de seus antecedentes pode escolher o seu atendimento. (...) Pode saber fazer, mas se não quiser, não
caminho. Os atos de cada um são uma escolha pessoal e a faz. (...) Depois do comportamento é que vem o saber fazer,
forma como cada um age depende de si próprio. para manter o padrão do hotel. (AUTOR, ano, p.).
E por que vale a pena ser ético? Muitos bons profissionais não são valorizados, pois
Para que possamos agir de modo que as consequên- transmitem uma imagem ruim de si, ou seja, não têm uma
cias de nossas ações possibilitem a aceitação e aprovação postura adequada. A busca por um profissional capaz de
de nosso comportamento pelo grupo social que nos cerca realizar um bom atendimento representa hoje uma grande
e ao mesmo tempo para garantir a nossa qualidade de preocupação dos estabelecimentos de alimentos e bebi-
vida. Quando agimos de forma ética (de acordo com os das, sejam estes de qualquer perfil ou porte.
princípios básicos de convivência e civilidade difundidos Os desafios do mercado são muitos, mas a postura
em nossa sociedade) e respeitamos a moral (as regras es- como encaramos estes desafios faz toda a diferença. Se
critas e não escritas que determinam o comportamento de nos posicionarmos de forma ética, dinâmica, colaborativa
todos os membros de uma sociedade) somos respeitados e hospitaleira estaremos de fato contribuindo para o nos-
por nossos atos e passamos a ser mais valorizados no jul- so crescimento profissional e para o sucesso da empresa
gamento de todos que nos cercam. como um todo. O bom profissional deve combinar um co-
Um comportamento sempre ético não dá margens a nhecimento técnico adequado com um comportamento
dúvidas com relação ao nosso caráter e à nossa integrida- desejável. Nenhum desses dois ingredientes sozinho pode
de e nos confere o status de bom cidadão e bom profissio- construir um bom profissional. Somente a boa postura de
nal. O nosso comportamento ético tem o poder de mudar um profissional sem conhecimento técnico não conduz ao
o meio em que vivemos. Por mais corrompido e difícil que sucesso, ao mesmo tempo em que os conhecimentos téc-
seja o ambiente externo (seja ele profissional ou não) cada nicos de um profissional não bastam se este não souber se
comportar da maneira correta.
um de nós possui a capacidade da alterá-lo por meio de
Algumas ferramentas comportamentais podem ser de
nossa postura individual.
grande auxílio na formação de um profissional com pos-
Se o meu comportamento é sempre ético, eu passo
tura mais adequada. A comunicação interpessoal é um
a ter a capacidade de exigir que o comportamento das
aspecto básico muito importante e pode auxiliar muito o
outras pessoas para comigo seja da mesma forma ético. O
profissional a melhorar seus aspectos comportamentais.
relacionamento com todos se altera a partir da minha mu-
Deve ser entendida como uma das principais ferramentas
dança individual. O meu comportamento ético fará com
de trabalho no restaurante. Independente do cargo e da
que as pessoas passem a me tratar de forma mais respei-
função exercida por cada um, todos têm que se comunicar
tosa e justa. Dessa maneira, a minha opinião passa a ter
durante todo o tempo, seja com os clientes, com os cole-
mais valor, minhas ações passam a ter mais peso e por fim gas, ou com os outros setores.
minha influência positiva na sociedade passa a ser sentida Se cada funcionário souber a melhor forma de se co-
e me traz retornos positivos. municar o trabalho fica muito mais fácil e os problemas são
Por mais que meu comportamento ético não consiga evitados, tornando o ambiente mais agradável e produti-
alterar a situação global do meio social onde estou inse- vo. A boa comunicação deve partir de cada um de nós. É
rido, com certeza ele fará com que ocorra uma mudança muito comum encontrarmos excelentes profissionais que
positiva da atitude das pessoas para comigo e isso me traz não conseguem mostrar todo o seu potencial no trabalho
efeitos muito positivos ao nível pessoal. Vale à pena tentar! devido a dificuldades de comunicação. A forma de se ex-
O maior beneficiado com a minha postura ética sou eu pressar é muito importante e pode ser a diferença entre um
mesmo e, portanto, trabalhar e viver com ética é o melhor profissional medíocre de um funcionário eficiente e com
caminho para trabalhar e viver com paz e tranquilidade e condições de progredir na carreira.
ser respeitado como profissional e cidadão. Algumas regras básicas devem ser entendidas e apli-
O comportamento ético é traduzido no ambiente de cadas para que cada um consiga se comunicar da melhor
trabalho por uma postura profissional adequada. Enten- maneira possível. Isso não significa que existe um modo
de-se por postura o modo como nos apresentamos jun- único de nos comunicarmos. Na verdade cada um tem seu
to aos nossos colegas profissionais e clientes. É a forma próprio estilo de comunicação e isso deve ser respeitado.
como podemos externalizar o nosso profissionalismo in- Porém todos os tipos de pessoa (os tímidos, os extroverti-
terior por intermédio de atitudes, gestos e dizeres. Logo, dos, os falantes, os calados, etc.) podem aprimorar a forma
é importante que nosso comportamento seja adequado como se comunicam com os outros e utilizar a boa comu-
para que possamos transmitir uma boa imagem pessoal nicação como ferramenta de trabalho.
em nosso ambiente de trabalho. O termo comunicação vem do latim communicatione
O depoimento de um funcionário do restaurante de e significa tornar comum, transmitir. A comunicação não
um hotel de alto padrão, em Belo Horizonte nos mostra inclui apenas mensagens que as pessoas trocam de for-
como o setor de alimentos e bebidas valoriza a boa pos- ma voluntária entre si. As mensagens podem ser trocadas
tura profissional: consciente ou inconscientemente. A comunicação é uma

65
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

transmissão e recepção de ideias, de informações e de sen- EXERCÍCIOS


timentos e tem como principais componentes o emissor, o
receptor, a mensagem e o código (veículo em que a infor- 01. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
mação é transmitida). FCC/2013) Na atuação da Administração Pública Federal,
Neste processo o emissor (pessoa que tem uma infor- a segurança jurídica é princípio que;
mação para repassar), utilizará algum tipo de código (ou a) justifica a mantença de atos administrativos inválidos,
linguagem) para que o receptor (pessoa ou grupo de pes- desde que ampliativos de direitos, independentemente da
soas a que se destina a informação) a compreenda. Após boa-fé dos beneficiários.
a sua codificação, a informação transforma-se em mensa- b) não impede a anulação a qualquer tempo dos
gem que será transmitida do emissor para o receptor (ou atos administrativos inválidos, visto que não há prazos
receptores) por meio de um meio específico. prescricionais ou decadenciais para o exercício de
O processo de comunicação é bem-sucedido quando autotutela em caso de ilegalidade.
o receptor capta a informação transmitida com o mínimo c) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos
de distorção (ou diferenças) em relação à informação ori- de até duzentos e cinquenta metros quadrados, em favor
ginal. É um processo que parece simples, mas que pode
daquele que, não sendo proprietário de outro imóvel
ser prejudicado por vários fatores, que são chamados de
urbano ou rural, exerça a posse sobre tal imóvel por cinco
ruídos de comunicação. Os ruídos podem partir do emis-
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-o para
sor, do receptor ou do meio ambiente onde se desenvolve
sua moradia ou de sua família.
o processo de comunicação. Quanto menor a quantidade
de ruído presente na comunicação maior às chances de se d) impede que haja aplicação retroativa de nova
obter um bom resultado. interpretação jurídica, em desfavor dos administrados.
Para que o ruído seja reduzido e o processo de comu- e) impede que a Administração anule ou revogue atos
nicação ocorra sem problemas deve haver a colaboração que geraram situações favoráveis para o particular, pois tal
do emissor e do receptor. As principais formas de cada um desfazimento afetaria direitos adquiridos.
destes elementos colaborar no bom processo de comuni-
cação são. 02. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) Segundo
No ato da comunicação cada pessoa sempre atua exposição doutrinária, o princípio da impessoalidade não
como emissor e receptor simultaneamente, daí a necessi- raramente é chamado de princípio da:
dade da atenção constante para que o processo se efetive a) igualdade legal
com eficácia. Outro elemento da comunicação que é mui- b) razoabilidade dos meios
to importante para seu sucesso é o feedback, que pode c) finalidade administrativa
ser definido como retorno dado pelo receptor ao emissor, d) subjetividade coletiva
após ter recebido uma mensagem.
Um bom feedback dá fluidez à comunicação a partir 03. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
do momento em que auxilia emissor e receptor a certifi- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013)
carem-se de que as informações estão sendo transmitidas Os princípios que regem a Administração pública
e entendidas de forma adequada. No processo de comu- podem ser expressos ou implícitos. A propósito deles é
nicação do restaurante é muito importante recebermos e possível afirmar que:
valorizarmos o feedback de nossos clientes. Se levarmos a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade
em consideração tudo àquilo que o cliente nos transmite são princípios expressos, assim como a eficiência,
saberemos de forma mais exata o que ele deseja, necessita, hierarquicamente superior aos demais.
pensa, sente e teremos melhores condições de satisfazê-lo. b) supremacia do interesse público não consta como
Escutar sempre nossos clientes e procurar sempre dar princípio expresso, mas informa a atuação da Administração
um feedback positivo é uma ótima maneira de aprimorar o
pública assim como os demais princípios, tais como
processo de comunicação e melhorar a qualidade do servi-
eficiência, legalidade e moralidade.
ço prestado. Além da comunicação outras pequenas atitu-
c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia
des podem fazer a diferença no momento do atendimento
do interesse público e indisponibilidade do interesse
ao cliente.
FONTE: http://www.portaleducacao.com.br/iniciacao- público são expressos e, como tal, hierarquicamente
-profissional/artigos/17750/etica-e-postura-profissio- superiores aos implícitos.
nal#!4#ixzz4DqBCNcjy d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade
e indisponibilidade do interesse público são princípios
expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos
implícitos.
e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do
interesse público e supremacia do interesse público são
princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios
expressos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

04. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013) O d) está adstrito à lei, mas dela poderá afastar-se desde
princípio administrativo que impõe o controle de resultados que autorizado a assim agir por norma regulamentar.
da Administração Pública, a redução do desperdício e a e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la desde que
execução do serviço público com rendimento funcional é o faça autorizado por acordo de vontades, porque na
denominado princípio da: Administração pública vige o princípio da autonomia da
a) legalidade. vontade.
b) impessoalidade.
c) eficiência. 09. (TJ-SP – JUIZ - VUNESP/2013) O princípio da
d) publicidade. autotutela administrativa, consagrado no Enunciado nº
e) moralidade. 473 das Súmulas do STF (“473 – a Administração pode
anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os
05. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) A tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
Constituição Federal e o ordenamento jurídico em geral revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
consagram explicitamente alguns princípios orientadores respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
de toda a atividade da Administração Pública. Assinale a os casos, a apreciação judicial”), fundamento invocado pela
alternativa em que os dois princípios citados decorrem Administração para desfazer ato administrativo que afete
implicitamente do ordenamento jurídico: interesse do administrado, desfavorecendo sua posição
a) Proporcionalidade e razoabilidade. jurídica,
b) Finalidade e motivação. a) confunde-se com a chamada tutela administrativa.
c) Ampla defesa e contraditório. b) prescinde da instauração de prévio procedimento
d) Segurança jurídica e interesse público. administrativo, pois tem como objetivo a restauração da
e) Autotutela e continuidade dos serviços públicos. ordem jurídica, em respeito ao princípio da legalidade que
rege a Administração Pública.
06. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “O interesse c) exige prévia instauração de processo administrativo,
público, sendo qualificado como próprio da coletividade, para assegurar o devido processo legal.
d) pode ser invocado apenas em relação aos atos
não se encontra à livre disposição de quem quer que seja,
administrativos ilegais.
por inapropriáveis. Ao próprio órgão administrativo que o
representa incumbe apenas guardá-lo e realizá-lo”. O texto
10. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
refere-se ao:
FCC/2013) No tocante ao regime jurídico aplicável às
a) Princípio da Legalidade.
sociedades de economia mista, que explorem atividade
b) Princípio da Eficiência.
econômica em sentido estrito, é correto afirmar que;
c) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.
a) dependem de autorização legislativa para alienação
d) Princípio da Impessoalidade.
de bens de seu patrimônio
b) gozam de privilégios processuais como o prazo em
07. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II - quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
IBFC/2013) O princípio da especialidade decorre dos c) não estão sujeitas à fiscalização pela Comissão de
princípios da: Valores Mobiliários.
a) Legalidade e da impessoalidade. d) necessitam de autorização legislativa específica para
b) Publicidade e da eficiência. criação de cada subsidiária.
c) Moralidade e da publicidade. e) são obrigadas a ter em sua estrutura um Conselho
d) Isonomia e da impessoalidade. de Administração, assegurada participação aos acionistas
e) Legalidade e da indisponibilidade do interesse minoritários.
público.
11. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) A pessoa
08. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO jurídica de direito privado, criada por autorização legal,
- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) O artigo 37 da sob qualquer forma jurídica, para que o Governo exerça
Constituição Federal dispõe que a Administração pública atividades gerais de caráter econômico, corresponde à:
deve obediência a uma série de princípios básicos, dentre a) sociedade de economia mista
eles o da legalidade. É correto afirmar que a legalidade, b) agência reguladora
como princípio de administração, significa que o c) autarquia
administrador público, em sua atividade funcional, d) empresa pública
a) pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a
Constituição Federal garante que “ninguém será obrigado 12. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) Constitui
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude pessoa jurídica de Direito Público Interno:
de lei”. a) o Estado Federal
b) está vinculado à lei, não aos princípios administrativos. b) a União
c) deve atuar conforme a lei e o direito, observando, c) a Presidência da República
inclusive, os princípios administrativos. d) o Governo Federal

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

13. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - 17. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Acerca das
PRIMEIRA FASE - FGV/2013) O Estado ABCD, com vistas à entidades paraestatais, com base no Direito Administrativo
interiorização e ao incremento das atividades econômicas, brasileiro, analise as afirmativas a seguir.
constituiu empresa pública para implantar distritos I. A expressão abrange todos os entes da Administração
industriais, elaborar planos de ocupação e auxiliar empresas Indireta, além das pessoas jurídicas de direito privado
interessadas na aquisição dessas áreas. Considerando que autorizadas a realizar atividades de interesse coletivo ou
esse objeto significa a exploração de atividade econômica público.
pelo Estado, assinale a afirmativa correta. II. Os serviços sociais autônomos, por arrecadarem
a) Não é possível a exploração de atividade econômica contribuições parafiscais, estão sujeitos à jurisdição da
por pessoa jurídica integrante da Administração direta ou Justiça Federal.
indireta. III. O Termo de Parceria é o instrumento passível de ser
b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas
indireta não podem explorar atividade econômica. como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
c) Dentre as figuras da Administração Pública destinado à formação de vínculo de cooperação entre as
indireta, apenas a autarquia pode desempenhar atividade partes.
econômica, na qualidade de agência reguladora. Assinale:
d) A constituição de empresa pública para exercer a) se somente a afirmativa II estiver correta.
atividade econômica é permitida quando necessária ao b) se somente a afirmativa III estiver correta.
atendimento de relevante interesse coletivo. c) se as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se as afirmativas I e III estiverem corretas.
14. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA e) se as afirmativas II e III estiverem corretas.
JUDICIÁRIA - FCC/2013) Determinado ente integrante da
Administração indireta federal teve sua criação autorizada 18. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
por lei, presta serviço público regularmente, embora não JUDICIÁRIA - FCC/2013) Os Órgãos Públicos, quanto
tenha participado de licitação para outorga de concessão, à esfera de ação, classificam-se em centrais e em locais.
sujeita-se ao regime jurídico de direito privado, embora Constituem exemplos de órgãos públicos locais:
com derrogações do regime jurídico de direito público. A a) Secretarias de Estado.
descrição proposta é compatível com uma b) Ministérios.
a) autarquia. c) Delegacias de Polícia.
b) fundação. d) Secretarias de Município.
c) empresa pública reguladora. e) Casas Legislativas.
d) sociedade de economia mista.
e) agência executiva. 19. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - ANALISTA JUDICIÁRIO
- ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2013) A Administração pública
15. (SEAP-DF - PROFESSOR – SOCIOLOGIA - organiza-se também de forma descentralizada, do que é
IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as exemplo a
áreas de atuação de uma fundação serão definidas a) instituição, por lei, de autarquias, pessoas jurídicas de
através _____________. Assinale a alternativa que completa direito público às quais pode ser transferida a titularidade
corretamente a lacuna. de serviços públicos para execução em substituição ao
a) Do seu estatuto social. ente federado que as criou.
b) De decreto do Poder Executivo b) instituição, por decreto regulamentar autônomo,
c) De lei complementar de autarquias e fundações públicas, que se submetem
d) Do seu regimento interno integralmente ao regime jurídico de direito público.
c) autorização, por lei, para a criação de empresas
16. (SEAP-DF - PROFESSOR - MATEMÁTICA- públicas e sociedades de economia mista, que se submetem
IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as ao regime jurídico de direito público, com exceção da
áreas de atuação de uma fundação serão definidas norma constitucional que exige a realização de concurso
através _____________. Assinale a alternativa que completa público.
corretamente a lacuna. d) criação, por lei, de empresas públicas e sociedades
a) Do seu estatuto social. de economia mista, esta última que, embora admita a
b) De decreto do Poder Executivo. participação privada, exige que o controle do capital
c) De lei complementar. votante seja de titularidade de ente público.
d) Do seu regimento interno. e) criação, por lei, de fundações de direito privado,
as quais, não obstante a natureza jurídica, submetem-se
integralmente ao regime jurídico de direito público.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPOSTAS moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança


jurídica, interesse público e eficiência”. Observe que as
01. Resposta: “D”. Para Dirley da Cunha Júnior, “o letras “A”, “B”, “C” e “D” estão expressas nesta lei e os que
valor segurança jurídica é consagrado por vários outros não estão expressos são autotutela e continuidade dos
princípios: direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa serviços públicos.
julgada, irretroatividade da lei entre outros. Este princípio
enaltece a ideia de proteger o passado (relações jurídicas 06. Resposta: “C”. Alexandre Mazza ensina que
já consolidadas) e tornar o futuro previsível, de modo a “O supraprincípio da indisponibilidade do interesse
não infringir   surpresas desagradáveis ao administrado. público enuncia que os agentes públicos não são donos
Visa à proteção da confiança e a garantia de certeza e do interesse por eles defendido. Assim, no exercício
estabilidade das relações e situações jurídicas”. da função administrativa os agentes públicos estão
obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade, mas
02. Resposta: “C”. Para Hely Lopes Meirelles, o do modo determinado pela legislação. Como decorrência
princípio da impessoal idade “nada mais é do que
dessa indisponibilidade, não se admite tampouco que os
o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao
agentes renunciem aos poderes legalmente conferidos ou
administrador público que só pratique o ato para seu
que transacionem em juízo”.
fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que
a norma de Direito indica expressa ou virtualmente
como objetivo do ato, de forma impessoal”. 07. Resposta: “E”. Maria Sylva Zanela di Pietro leciona:
“Dos princípios da legalidade e da indisponibilidade
03. Resposta: “B”. Os princípios da Supremacia do do interesse público, decorrem, dentre outros, o da
Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse especialidade, concernente à ideia de descentralização
Público, apesar de implícitos no ordenamento jurídico, administrativa. Quando o Estado cria pessoas jurídicas
são tidos como pilares do regime jurídico-administrativo. públicas administrativas - as autarquias - como forma
Isto se deve ao fato de que todos os demais princípios de descentralizar a prestação de serviços públicos,
da administração pública são desdobramentos desses com vistas à especialização de função, a lei que cria a
dois princípios em questão, cuja relevância é tanta que entidade estabelece com precisão as finalidades que
são conhecidos como supraprincípios da administração lhe incumbe atender, de tal modo que não cabe aos
pública. seus administradores afastar-se dos objetivos definidos
Letra “A”: incorreta. Não há hierarquia entre os na lei; isto precisamente pelo fato de não terem a livre
princípios, eles se resolvem por ponderação. disponibilidade dos interesses públicos”.
Letra “C”: incorreta. O princípio da supremacia do
interesse público e indisponibilidade do interesse público 08. Resposta: “C”. O administrador está adstrito tanto
não são expressos. ao princípio da legalidade quanto ao da moralidade, não
Letra “D”: incorreta. O princípio da indisponibilidade bastando respeitar a lei estrita, sua atitude deve ser guiada
do interesse público não é um princípio expresso. Não há pelos demais princípios administrativos.
hierarquia entre os princípios expressos em relação aos Letra “A”: incorreta. Trata-se da legalidade para o
implícitos. particular.
Letra “E”: incorreta. Os princípios da impessoalidade e Letra “B”: incorreta. A Administração Pública está, sim,
eficiência são princípios expressos. vinculada aos princípios administrativos também.
OBS: Cuidado porque algumas bancas consideram Letra “D” e “E”: incorretas. A Administração não
princípios expressos apenas o que estão previstos na pode afastar-se da lei, o que existe é uma certa margem
Constituição Federal e outras consideram que os princípios
de discricionariedade que o legislador, às vezes, deixa à
administrativos que estiverem escritos em lei são
Administração para decidir sobre alguns atos, o que não se
explícitos. Proporcionalidade, razoabilidade, finalidade,
confunde com arbitrariedade, que é agir com conveniência
motivação, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica
e oportunidade fora dos limites da lei.
e interesse público constam expressamente no artigo 2º
da Lei nº 9784/99.
09. Resposta: “C”. O art. 5º, LV da Constituição Federal
04. Resposta: “C”. Segundo Alexandre Mazza: garante o contraditório e ampla defesa aos litigantes em
“Economicidade, redução de desperdícios, qualidade, processo judicial ou administrativo (“aos litigantes, em
rapidez, produtividade e rendimento funcional são valores processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
encarecidos pelo princípio da eficiência”. geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes”). Cuidado com a
05. Resposta: “E”. Tudo indica que a questão palavra “prescinde” muito comum em questões de prova
foi retirada da Lei nº 9784/99. Repare o que diz a Lei que significa “dispensável”.
nº 9784/99, no seu art. 2º: “A Administração Pública
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

10. Resposta: “E”. O amparo da reposta preenchidos determinados requisitos estabelecidos por
está no art. 239 da Lei nº 6404/76: “As companhias de lei específica para cada modalidade. Não integram a
economia mista terão obrigatoriamente Conselho de Administração Pública.
Administração, assegurado à minoria o direito de eleger Item II: incorreto. Os serviços sociais autônomos,
um dos conselheiros, se maior número não lhes couber embora compreendidos na expressão entidade
pelo processo de voto múltiplo”. paraestatal, são pessoas jurídicas de direito privado,
categorizadas como entes de colaboração que não
11. Resposta: “D”. O conceito legislativo tem previsão integram a Administração Pública, mesmo empregando
no art. 5º, II, do Decreto-Lei nº 200/67: “empresas recursos públicos provenientes de contribuições
públicas são entidades dotadas de personalidade parafiscais. Aplica-se, por analogia, a Súmula 516 do
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio STF: “o Serviço Social da Indústria - SESI - está sujeito à
e capital exclusivo da União, criadas por lei para jurisdição da Justiça Estadual”.
exploração de atividade econômica que o Governo Item III: correto. Termo de Parceria é uma metodologia
seja levado a exercer por força de contingência, ou nova de relacionamento entre o poder público e a
de conveniência administrativa, podendo revestir-se de sociedade civil, criada pela lei das OSCIPs.
quaisquer das formas admitidas em direito”.
18. Resposta: “C”. Órgãos locais são os que atuam
12. Resposta: “B”. O art. 41 do Código Civil estabelece sobre uma parte do território, como as Delegacias
que: “São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a Regionais da Receita, Delegacias de Polícia e outros.
União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III Observe todos os órgãos apontados nas assertivas. Sem
- os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações dúvidas, a Delegacia de Polícia é o menos abrangente, pois
públicas; V - as demais entidades de caráter público nos municípios maiores são várias e com circunscrições
criadas por lei”. diversas na própria localidade.

13. Resposta: “D”. O fundamento da resposta está no 19. Resposta: “A”. As autarquias são clássico exemplo
art. 173, § 1º da Constituição Federal: “A lei estabelecerá de descentralização administrativa, notadamente porque
o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade possuem uma relevante autonomia no exercício de suas
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atribuições.
atividade econômica de produção ou comercialização de Alternativa “B”: incorreta. As autarquias são criadas
bens ou de prestação de serviços”. por lei específica e poderão adotar o regime jurídico
público, enquanto que as fundações terão sua criação
14. Resposta: “D”. O conceito legal de sociedade autorizada por lei e poderão adotar o regime jurídico
de economia mista está previsto no art. 5º, III, público ou privado.
do Decreto-Lei nº 200/67: “a entidade dotada de
Alternativa “C”: incorreta, pois empresas públicas e
personalidade jurídica de di rei to privado, criada por
sociedades de economia mista submetem-se ao regime
lei para a exploração de atividade econômica, sob a
jurídico de direito privado.
forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
Alternativa “D”: incorreta. As empresas públicas e
voto pertençam em sua maioria à União ou à entidade da
sociedades de economia mista não são criadas por lei. A
Administração Indireta”.
sua instituição que é autorizada por lei.
Alternativa “E”: incorreta. As fundações não são criadas
15. Resposta: “C”. O fundamento da resposta está
no art. 37, XIX, da Constituição Federal: “somente por por lei. A sua instituição que é autorizada por lei. Além
lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a disso, quando são de direito privado adotam o regime
instituição de empresa pública, de sociedade de economia jurídico de direito privado e não de direito público. 
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação”.

16. Resposta: “C”. De acordo com art. 37, XIX, da


Constituição Federal: “somente por lei específica poderá
ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação”.

17. Resposta: “B”.


Item I: incorreto. Entidades paraestatais são pessoas
jurídicas de direito privado que, sem fins lucrativos, realizam
projetos de interesse do Estado, prestando serviços não
exclusivos e viabilizando o seu desenvolvimento. Por
isso, recebe uma ajuda por parte dele, desde que

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