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PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

Denise Valéria de Lima e Jorg Zimmermann

O Programa Piloto surgiu da necessidade de uma nova proposta de


desenvolvimento e assumiu a inserção das comunidades tradicionais,
agroextrativistas e produtores familiares da Amazônia e da Mata Atlântica nas
ações de preservação e uso sustentável das florestas tropicais.

O primeiro passo foi fortalecer as Redes que representam a sociedade civil


nesses biomas para que a proposição e concepção desse novo
desenvolvimento fosse uma ação conjunta do governo e sociedade civil.

Por ser um programa piloto, tivemos a possibilidade de inovar, propor novas


formas de gestão, produção e assessoria técnica que hoje resultam em uma
gama de novas tecnologias, novos produtos e práticas produtivas, formatos
inovadores de assessoria técnica e na confirmação e releitura de conhecimentos
tradicionais.

Todos os componentes do Programa Piloto contribuem para o tema da produção


sustentável. Mas, alguns deles apóiam de forma mais direta as comunidades na
implementação de projetos demonstrativos de produção e manejo sustentável.
São eles, o Projeto de Apoio ao Manejo Florestal na Amazônia – PROMANEJO,
Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea - PROVÁRZEA, Projetos
Demonstrativos dos Povos Indígenas -PDPI e Projetos Demonstrativos – PDA.
Concentraremos nossa apresentação nesses componentes.

O grande desafio que se coloca para o Programa Piloto é dar o salto das
iniciativas pontuais para estratégias de desenvolvimento sustentável que atuem
em sinergia com as dinâmicas regionais. Esse salto será possível à medida que
as iniciativas bem sucedidas sejam efetivadas como subsídios para a proposição
e a formulação de políticas públicas, com destaque para as políticas voltadas
para a produção familiar implementadas pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário.

Para que isso se realize, a sistematização das iniciativas bem sucedidas, com a
agregação de parâmetros técnico-científicos, são imprescindíveis para validar as
novas práticas e transformá-las em subsídios consistentes.

Os componentes do Programa Piloto estão conscientes dessa necessidade e


construíram estratégias para vencer esse desafio. Nesse sentido, destaca-se a
importância da parceria com as Universidades, os Centros de Pesquisa e o
Ministério da Ciência e Tecnologia para que, em conjunto com os produtores
familiares, possam produzir os estudos e pesquisas estratégicas que atendam a
esse segmento.

Nesta breve apresentação iremos focalizar as contribuições dos componentes


do Programa Piloto nas áreas de: tecnologias de produção sustentável,
segurança alimentar, assessoria técnica e comércio sustentável. Em seguida,
apresentaremos os desafios que se apresentam nessas três áreas e as suas
perspectivas futuras.

Ressaltamos que nessa apresentação serão consideradas as realidades da


Mata Atlântica e da Amazônia e a contribuição que a interação dessas duas
realidades promovem à medida que dialogam entre si e reconhecem suas
diferenças e similaridades.

Inovação tecnológica para a produção sustentável

O Programa Piloto apoiou, ao longo dos últimos 10 anos, várias alternativas


inovadoras de produção sustentável. Nessa caminhada verificamos muitos
avanços, mas também problemas que vão além da capacidade de superação
das comunidades e das organizações executoras de projetos. Muitos desses
entraves surgem de políticas públicas desfocadas ou desatentas para a
realidade da produção familiar na Amazônia.

O apoio a projetos demonstrativos, estratégia adotada pelo Programa Piloto para


construir a sua contribuição para as Políticas Públicas, com e a partir da
realidade das comunidades, mostrou-se importante pelo fato de propiciar meios
para estimular uma característica natural da maioria dos agricultores e
agricultoras – a experimentação. Mas, teve o contraponto de gerar expectativas
de consolidação de alternativas econômicas que viabilizem a sua reprodução e
permanência na terra. Essa expectativa se transformou em anseio político
organizado que está gerando demandas qualificadas para as Políticas Públicas.

É preciso entender que a produção familiar na Amazônia não tem só problemas,


mas também uma enorme potencialidade humana, social, econômica e
tecnológica. É o que sido demonstrado nos diversos componentes do Programa
Piloto que apóiam alternativas econômicas inovadoras na região.

Através dos seus componentes (PROMANEJO, PROVÁRZEA, PDA e PDPI), o


Programa Piloto tem apoiado o manejo florestal madeireiro e não-madeireiro,
manejo de recursos aquáticos e recursos da várzea e sistemas de produção
sustentável (sistemas agroflorestais, consórcios, beneficiamento de produtos
agroextrativistas, meliponicultura e apicultura, piscicultura, entre outros).

Na área do manejo florestal madeireiro, o Programa Piloto, por meio do


PROMANEJO, realizou um esforço de sensibilização e capacitação de mão-de-
obra e assessoria técnica para o setor madeireiro, apoiando iniciativas de
exploração florestal de baixo impacto. Também apoiou pesquisas na área e
iniciativas promissoras de empresas e comunidades, promovendo intercâmbio
entre as mesmas.
Considerando o difícil cenário da exploração madeireira na Amazônia e a
necessidade de mudanças estruturais, o manejo florestal precisa demonstrar
que a exploração madeireira manejada pode oferecer uma economia mais
estável, em termos de geração de renda, empregos e impostos, do que a
agricultura tradicional e a exploração desordenada.

Um dos resultados nessa área é o número expressivo de pessoas capacitadas


(1500 atores do setor madeireiro), a construção de experiências bem sucedidas
de assessoramento técnico florestal com grande potencial de contribuir com a
Política Nacional de ATER.

Também merecem ser destacados os avanços nos planos de manejo


comunitários e beneficiamento de produtos madeireiros com geração de renda
para as populações.

Na área do manejo florestal não madeireiro, o Programa Piloto conta com a


contribuição do PROMANEJO, PDA, PROVÁRZEA e PDPI. São várias as
alternativas econômicas apoiadas que variam de acordo com as características
ambientais e culturais de cada localidade. Também são fatores determinantes os
mercados local e regional, e em alguns casos nacional e internacional, para
esses produtos.

A diversificação da pauta de produtos ofertados à população é com certeza um


impacto do incentivo ao manejo sustentável. As palhas, frutas nativas,
sementes, ervas, cascas de árvores, e uma diversidade de itens semi-
processados e processados são produtos do manejo florestal não-madeireiro.
Hoje, existe um mercado amplo para os diversos óleos, polpas de frutas, doces,
artesanato, produtos alimentícios e farmacêuticos, dentre outros.

De forma geral, o manejo não-madeireiro está associado a ganhos na renda das


famílias, melhoria da dieta, geração de novos produtos e novas aprendizagens
que vão desde o beneficiamento de produtos às práticas comerciais, atividades
inovadoras para grande parte do público envolvido. As atividades de
monitoramento e avaliação dos componentes do Programa Piloto o demonstram.

Outra atividade produtiva que foi apoiada por quase todos os componentes do
Programa Piloto citados foi a meliponicultura e a apicultura. Essas atividades
têm um papel importante para a segurança alimentar e saúde das populações,
apresenta potencial de geração de renda e tem impactos ambientais
significativos uma vez que é incompatível com a prática das queimadas, pois
resultaria na destruição do pasto apícola.

O Programa Piloto foi responsável, através do PDA, mas também com a


contribuição do PROMANEJO e do PDPI, pela implantação de um grande
número de sistemas agroflorestais, de diversas tipologias, formando uma base
importante de tecnologias para:

Recuperação de áreas alteradas, de Reservas Legais e Áreas de


Preservação Permanente;
Enriquecimento de florestas secundárias;
Formação de quintais agroflorestais com impacto significativo sobre a
segurança alimentar e melhoria da economia familiar;
Produção consorciada de diversos produtos, como o café, cupuaçu,
pupunha, guaraná entre outros.

Por constituírem estratégias de médio e longo prazo, baseadas na diversificação


da produção, os sistemas agroflorestais exigem um suporte maior de assessoria
técnica, organização social, comercialização e, em alguns casos, de
beneficiamento. Essa complexidade torna a viabilização dos sistemas
agroflorestais muito desafiadora, mas que traz uma gama de benefícios sócio-
ambientais inegáveis.
Em termos econômicos, diversas estratégias coadjuvantes são implementadas
para suportar o tempo de maturação dos SAFs. A apicultura e meliponicultura, a
criação de pequenos animais e a construção de SAFs com foco em produtos de
curto prazo ou de relevante importância mercadológica estão entre essas
estratégias coadjuvantes, que apóiam o agricultor até que o sistema alcance sua
sustentabilidade.

Identificar se, como e quando os SAFs são economicamente sustentáveis é um


desafio do Programa Piloto, e especialmente do PDA, que apoiou um grande
número de experiências na Amazônia e Mata Atlântica. No entanto, uma das
grandes lições que o acompanhamento dos SAFs tem gerado é o fato de que
tão importante quanto ter um SAF diversificado e bem manejado, é ter o
transbordamento da idéia da busca de sustentabilidade e sinergia entre os
elementos de um sistema para toda a unidade de produção1.

As ações do PROVÁRZEA na área de produção sustentável incorpora vários


dos elementos acima citados e ainda o manejo de recursos aquáticos, a gestão
de lagos e a formulação de acordos de pesca que visam, entre outras coisas, a
manutenção do estoque pesqueiro. Essas ações buscam contribuir com as
estratégias diversificadas dos moradores das várzeas.

O mesmo raciocínio se aplica para o PDPI e as populações indígenas. Várias


alternativas de produção sustentável estão sendo experimentadas pelos projetos
indígenas. Em alguns casos, os sistemas agroflorestais já estão produzindo
resultados importantes para as comunidades, especialmente no que diz respeito
à segurança alimentar.

A “roça sem fogo” constitui outra alternativa de produção sustentável,


inicialmente apoiada pela Secretaria de Coordenação da Amazônia e atualmente

1
Pádua, C. V. e Russo, R. Avaliação de Aspectos da Sustentabilidade Ambiental de Sistemas
Agroflorestais. In: Brasil Florestal, no. 71, setembro de 2001.
recebendo apoio do PDA para sua sistematização. É uma experiência
importante porque está localizada na área de influência da Rodovia BR 163 e
envolve um grande número de agricultores (o projeto inicial atendeu a 500
produtores) na produção do cacau, sistema que tem grande potencial econômico
e de preservação ambiental.

Não poderíamos terminar essa seção sem falar do PROAMBIENTE, programa


que pretende reunir diversas alternativas de produção sustentável na unidade
produtiva familiar, com o reconhecimento dos serviços ambientais gerados.

O Programa Piloto teve uma participação decisiva na concepção do


PROAMBIENTE, apoiando o fortalecimento das organizações que hoje
implementam os pólos e gerando subsídios a partir das diversas alternativas de
produção sustentável apoiadas.

Há uma grande expectativa de que o PROAMBIENTE se consolide como uma


política que promove a produção familiar sustentável na Amazônia e em outros
biomas.

Segurança alimentar

A promoção da segurança alimentar foi verificada como um impacto a partir de


várias práticas de produção sustentável baseadas na diversificação da produção
e redução da dependência de insumos externos.

Cada vez mais os produtores familiares percebem que a geração de renda


monetária não é o único impacto da produção sustentável. Em alguns locais a
economia promovida pelo autoconsumo (produção que se reverte para a
alimentação e manutenção da própria família) é considerada muito significativa.
O caso exemplar é o das quebradeiras de coco babaçu. O que o babaçu fornece
para as famílias não é apenas o recurso que vem da venda do óleo ou da
amêndoa, mas também o mesocarpo que é medicinal e pode ser
comercializado, a palha que cobre as casas, a casca do coco que serve de
carvão e mais de 40 itens relacionados pelas quebradeiras na afirmação da
importância dessa estratégia de produção.

Para algumas populações indígenas a questão da segurança alimentar é de


grande relevância e a busca de alternativas de produção sustentável ganha
ainda mais importância. Em face da precariedade das condições de
sobrevivência de algumas comunidades, as respostas do Programa Piloto
quanto à viabilidade e boas práticas de produção são fundamentais para ajudar
os projetos que se iniciam.

Agroindústrias

O beneficiamento da produção tem sido visto como a pedra de salvação de uma


boa parte das iniciativas bem sucedidas na produção, mas que precisam ser
equacionadas quanto à comercialização. Nem sempre isso é verdade. Tudo leva
a crer que o apoio a agroindustrialização é um desafio muito maior que as
possibilidades atuais de suporte do Programa Piloto. O isolamento das
comunidades, as dificuldades de comunicação, a falta de capital humano, a
precariedade das estradas e do abastecimento de água potável e energia
elétrica são desafios que exigem o envolvimento de outros parceiros.

Hoje, a maioria dos empreendimentos comunitários padece de males muito mais


desafiadores do que conquistar mercados. A falta de pessoal capacitado para
fazer a gestão do empreendimento, aqui entendido como entender um plano de
investimentos e de negócios, gerir esses planos no prazo determinado para que
os empreendimentos alcancem seus pontos de equilíbrio e ter a flexibilidade
para se adaptar à sazonalidade da produção e às mudanças dos mercados
talvez seja o principal desafio.
Mas, não adianta apenas ter planos de negócios bem elaborados, nem dispor de
fundos para capital de giro, nem tão pouco oferecer capacitações pontuais. É
necessário um processo de capacitação, monitorado e que tenha mecanismos
para conciliar a aprendizagem com a prática do gerenciamento. E tão importante
quanto, é necessário que esses empreendimentos possam dialogar entre si,
formar redes de cooperação e solidariedade para que cresçam juntos e
enfrentem o desafio, que é de todos (do governo também) de consolidar uma
estratégia de desenvolvimento sustentável que contemple a produção familiar
com profissionalismo e competência.

Alguns exemplos promissores como o da fábrica da Fruta Sã, de propriedade da


Associação Indígena Vyty Cati, e da fábrica de palmito da Associação de
Produtores Alternativos de Ouro Preto D’Oeste nos apontem alguns caminhos.

Comércio sustentável

A questão do comércio de produtos sustentáveis e do comércio sustentável


merece um debate muito mais amplo do que o que temos exercitado. Criar
nichos de mercado com o diferencial ecológico representando a limitação do
acesso de grande parte da população é uma estratégia que está em sintonia
com a proposta de desenvolvimento sustentável? Ou, em outras palavras, o
consumo de produtos “limpos” deve ser privilégio de poucos?

Não temos respostas prontas para essas perguntas, mas elas são inevitáveis
quando nos defrontamos com uma realidade de disputas de certificadoras que
se transformou num negócio para poucos e que submete os agricultores a uma
situação de permanente suspeição. É importante destacar que estão sendo
construídas outras alternativas.
A comercialização de produtos sustentáveis continua sendo um grande impasse
para a grande maioria das organizações. Falta de capacidade gerencial, de
articulação de parcerias estratégicas, de captação de fundos para capital de giro
e outras dificuldades entravem essa etapa fundamental para a sustentabilidade
dos projetos apoiados.

A dificuldade de implementação do PNS diante dessa gama de problemas é um


fato que precisa ser analisado e novas propostas precisam ser construídas para
dar conta desse grande desafio. Com a maturação das experiências de manejo
florestal e de sistemas agroflorestais estão sendo gerados produtos que
precisam ser realizados em termos econômicos.

Os investimentos em capacitação e construção de parcerias para a


comercialização de produtos sustentáveis não são de pequena monta e a
execução desses investimentos deve ser feito de forma mais profissional e
coordenada com o conjunto dos empreendimentos comunitários que devem ser
ouvidos. Não dá para pensar em repetir experiências de uma região em outra.
Assim como a produção sustentável de cada produtor é uma equação que é
montada no campo, a comercialização deve ser construída a partir da realidade
local e regional de cada empreendimento.

Apesar das dificuldades, diferentes estratégias bem sucedidas de


comercialização vêm sendo implementadas pelas organizações apoiadas pelo
Programa Piloto. Há exemplos de comercialização para o chamado Mercado
Justo, de parcerias com empresas privadas, de ampliação de parceiros
comerciais, de abertura de espaços de comercialização e ainda de construção
de redes de produtores e redes de consumidores. Por serem mais inovadoras,
vamos abordar rapidamente duas experiências de comercialização em rede,
uma na Amazônia e outra na Mata Atlântica.
Em primeiro lugar, a experiência da Rede Solidária do Araguaia Tocantins que
reúne cooperativas de municípios do sudeste2 do Pará, associações de
produtores do Tocantins e do Maranhão numa estratégia conjunta de
beneficiamento e comercialização de polpa de frutas. A ação em rede possibilita
que as cooperativas possam ofertar um leque mais diversificado de produtos e
alcançar as cotas mínimas de produção exigidas pelos compradores. Mas, a
Rede Solidária do Araguaia Tocantins não se limita apenas à comercialização
atuando também através do intercâmbio de tecnologias, de informações
estratégicas e capacitação de pessoal.

A experiência da Rede ECOVIDA, que reúne cooperativas em vários municípios


de diferentes Estados da Região Sul do país, propõe uma forma alternativa de
certificação participativa que envolve os produtores e os consumidores. A
proposta da Rede é se contrapor ao mercado excludente, que ao colocar um
selo num produto, eleva o seu preço e limita o acesso aos chamados “produtos
limpos”. Dessa forma, desenvolveu uma estratégia que promove a organização
de cooperativas de produtores e cooperativas de consumidores. Dessa forma,
acreditam que se aproximam muito mais do desenvolvimento sustentável, que
exige não só mudanças na forma de produzir, mas também nos hábitos dos
consumidores.

Outra consideração que precisa ser feita é a importância das pequenas feiras
municipais e das estratégias locais de comercialização, que normalmente
constituem impactos com pouca visibilidade do Programa Piloto. A criação e o
fortalecimento de espaços de comercialização, na Mata Atlântica e na Amazônia
e a diversificação da pauta de produtos ofertados à população são, com certeza,
impactos do incentivo ao manejo de produtos florestais não-madeireiros e dos
sistemas agroflorestais.

2
Sete municípios do Pará (Marabá, Nova Ipixuna, São João do Araguaia, São Domingos do Araguaia,
Eldorado dos Carajás, Itupiranga e Parauapebas) 2 municípios do Tocantins (Wanderlândia e Santa Maria
do Tocantins) e um do Maranhão (Carolina).
Os mercados locais são, antes de tudo, um espaço de aprendizagem para os
produtores familiares e um demandante de produtos in natura e semi-
processados. Os produtos que dependem de processamentos mais sofisticados
e com maiores exigências sanitárias, como as polpas, exigem estratégias
complementares, embora as redes de supermercados regionais estejam
absorvendo parte da produção (é o caso da Fruta Sã que tem como principal
comprador o mercado regional).

Nesse último ano, cooperativas apoiadas pelo Programa Piloto têm participado
do Programa de Aquisição de Alimentos da CONAB. Esse programa foi
reformulado na atual gestão do governo federal de forma a incluir os produtos da
agricultura familiar, valorizando a diversidade regional e a agregação de valores
nas estratégias de mercado locais. Apenas para citar alguns exemplos, os
produtores forneceram polpas de frutas regionais, doces, geléias, frutas secas,
castanhas e farinha para a merenda escolar.

Acreditamos que os projetos apoiados pelo Programa Piloto, a partir de um


tempo de maturação, têm gerado impactos nas economias locais que se
refletem em benefícios para os produtores e consumidores, mas precisa ser
visualizado, valorizado e incentivado.

Assessoria Técnica para a produção e o comércio sustentáveis

Um dos grandes entraves para o desenvolvimento da produção sustentável é


com certeza a falta de uma Assessoria Técnica capacitada para enfrentar os
desafios do desenvolvimento sustentável.

Na busca de implementar práticas sustentáveis de produção na Amazônia o


Programa Piloto tem buscado capacitar técnicos e produtores. O incentivo aos
agricultores experimentadores ou agricultores difusores está presente em várias
iniciativas apoiadas, principalmente na Mata Atlântica, mas também na
Amazônia. Outra iniciativa que se iniciou no Acre e ganhou muitas regiões da
Amazônia é a formação de agentes agroflorestais indígenas. Essas são algumas
das estratégias construídas para prover assessoria técnica em locais isolados,
onde a presença a carência de assessores técnicos é uma realidade.

Da mesma forma os Agentes Ambientais Voluntários estimulados pelo


PROVÁRZEA cumprem, na maioria dos casos, o papel de educadores
ambientais e prestam, de alguma forma, um assessoramento às comunidades,
fruto das capacitações a que têm acesso.

Os fatos citados mostram que é fundamental disseminar o conhecimento sobre


metodologias participativas que permitam a disseminação de tecnologias
sustentáveis de forma que o agricultor seja o protagonista do processo de
mudança. Precisamos formar assessores técnicos que entendam seu papel de
assessor e a importância do protagonismo dos produtores. Ao mesmo tempo,
precisamos apoiar os produtores que têm o perfil de difusores a levarem para os
seus pares as suas experiências de produção. Essa estratégia é tão possível
quanto viável, como se observa no Centro Sabiá, em Recife, onde a propriedade
de Jones, um agricultor familiar, recebe em torno de 400 visitantes ao ano para
conhecerem a sua estratégia de implantação de SAFs. No Estado do Amazonas,
temos outro agricultor/apicultor, Egídio, que se tornou uma referência regional
quando se fala em criação de abelhas.

Assim como as metodologias participativas, precisa ser difundido o uso dos


princípios agroecológicos como ferramentas de trabalho para o aproveitamento
integral dos recursos naturais, com sinergias entre os diferentes subsistemas de
produção.

Nesse aspecto, destacamos o importante trabalho que vem sendo realizado pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário com a Política Nacional de ATER para a
qual o Programa Piloto tem um grande potencial de contribuição. O
PROMANEJO, PROVÁRZEA, PDA e PDPI têm acumulado experiências
inovadoras de Assessoria Técnica florestal voltada para a exploração de
madeira de impacto reduzido, manejo comunitário de produtos madeireiros e
não-madeireiros, implantação de sistemas agroflorestais e assessoramento a
população indígena.

Diversas ONGs apoiadas pelo Programa Piloto participaram ativamente do


processo de concepção da Política Nacional de ATER e ajudaram a incorporar
nessa nova política os elementos que direcionam a extensão rural para a
produção sustentável. Também essas numerosas experiências devem ser
sistematizadas para que o Programa Piloto tenha uma contribuição efetiva na
capacitação dos técnicos que apoiarão a produção sustentável na Amazônia.

É importante destacar que o Programa Piloto reconhece a grande contribuição


que os programas desenvolvidos pelo MDA têm trazido para um público que é
comum: os produtores familiares. E que todos têm muito a ganhar com uma
ação mais próxima: o MDA porque pode contar com os projetos inovadores do
Programa Piloto e o Programa Piloto porque realiza um de seus principais
objetivos que é influenciar políticas públicas que buscam a construção do
desenvolvimento sustentável.
Considerações finais

A inserção da questão ambiental no debate global sobre novas estratégias de


desenvolvimento gerou a necessidade de reconstruirmos conceitos, políticas e
comportamentos. A grande importância dos projetos piloto é propiciar o exercício
da proposição e da inovação. Aprender com os erros e acertos é a chave desse
processo, que o Programa Piloto tem exercitado com humildade e vontade de
acertar.

Como produzir de forma sustentável? A essa pergunta já temos várias respostas


a partir das experiências empíricas, mas ainda temos dúvidas. Diante de várias
alternativas, sabemos o que faríamos novamente e o que deveria ser
modificado. Mas ainda não compartilhamos esse conhecimento, não o
registramos de forma adequada. Esse o grande desafio atual do Programa
Piloto.

As diversas políticas públicas que vêm sendo implementadas com foco na


produção familiar e nas populações tradicionais abrem um espaço muito
oportuno para a contribuição do Programa Piloto e ao mesmo tempo para a
construção de parcerias que possam retirar os entraves que ainda preocupam
as organizações e as comunidades apoiadas pelo Programa Piloto.

Temos que encarar de forma profissional e eficiente a questão da


comercialização e das agroindústrias e precisamos construir canais de
interlocução entre a produção familiar e os centros de pesquisa.

Muito se investiu neste país para que as grandes empresas monocultoras de


grãos se tornassem competitivas. Foram muitos anos de subsídios, pesquisas
com dinheiro público e todo tipo de incentivo às cooperativas dos produtores. Se
hoje o Brasil tem papel de destaque no comércio internacional de comodities é
porque o Estado ajudou a abrir esse caminho.
Também é preciso investir na produção familiar, criando oportunidades para que
os jovens e as mulheres se insiram nas estratégias de desenvolvimento rural.
Hoje o campo está habitado por um grande número de homens de meia idade.
As mulheres e os jovens vão para as cidades em busca de educação, saúde e
emprego.

Por isso, a promoção da produção familiar sustentável é uma tarefa que deve
ser realizada em várias frentes. O Programa Piloto tem uma grande contribuição
a dar, que são as alternativas econômicas bem sucedidas que tem apoiado e as
novas formas de assessoramento técnico rural. Mas ainda é preciso dar mais
espaço para o protagonismo das comunidades na construção das novas
políticas e envolver outros Ministérios nessa discussão.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário já está engajado no apoio à agricultura


sustentável e capacitação da Assessoria Técnica. Precisamos nos aproximar
mais para potencializar essas ações e oferecer os projetos demonstrativos do
Programa Piloto como referência, além de tentarmos solucionar juntos a questão
da comercialização e das agroindústrias.

Precisamos abrir um canal de diálogo com o Ministério da Saúde e da


Agricultura para discutir meios de regularização sanitária dos empreendimentos
comunitários e alternativas à certificação de produtos sustentáveis.

O Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidades e Centros de Pesquisa têm


um papel fundamental no apoio à validação de tecnologias desenvolvidas pelas
comunidades e no assessoramento técnico e capacitação que pode se dar
através dos cursos de extensão.

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