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FEVEREIRO DE 2017
ANO 9 • NÚMERO 43
SETOR AUTOMOTIVO
CORRE ATRÁS DA
REVOLUÇÃO DIGITAL
EMPRESAS SE PREPARAM PARA
OFERECER MAIS TECNOLOGIA,
INVESTIR NA EXPERIÊNCIA DO
CONSUMIDOR E ADAPTAR
O MODELO DE NEGÓCIO
LÂ
PARA
E CR
A CBA É FINALISTA
DO PRÊMIO REI 2017
LÂMINA DE
PARA-CHOQUE
E CRASH BOX
24 CAPA
A REVOLUÇÃO
DIGITAL
NO SETOR
AUTOMOTIVO
AS EMPRESAS DEVEM OFERECER MAIS
TECNOLOGIA, INVESTIR NA EXPERIÊNCIA
DO CONSUMIDOR E AJUSTAR O
MODELO DE NEGÓCIO
8 NO PORTAL 34 DISTRIBUIÇÃO
QUANTO MAIS PRUDENTE, MELHOR
12 CARREIRA Concessionário precisa ser conservador
GM MUDA NA AMÉRICA DO SUL
Três presidentes representam a região
POLLUX /
DIVULGAÇÃO
14 NEGÓCIOS
NOVO PANAMERA CHEGA AO BRASIL
Veículo passou por grande renovação
30 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
AS FÁBRICAS INTELIGENTES
O futuro da indústria de carros
LLUX:
ROBÔS DA PO
ut en çã o co m
man
em tempo real
monitoramento
4 • AutomotiveBUSINESS
40 INVESTIMENTOS 53 INDÚSTRIA
MONTADORAS RENOVAM APOSTAS COOPER STANDARD AJUSTA APORTES
Projetos em andamento são expressivos Empresa define novas fábricas
56 LANÇAMENTO
COMEÇA A PRODUÇÃO DO WR-V
SUV global foi concebido no Brasil
O
DIVULGAÇÃO / VOLV
58 LANÇAMENTO
NOVO ECOSPORT
SUV repaginado aparece em Detroit
43 CENÁRIOS 2017
INOVAR-AUTO 2
Foco em competitividade
48 ARTIGO
A CONSTRUÇÃO DO FUTURO
O ponto de vista da Anfavea
50 TECNOLOGIA
SIEMENS PLM DRIBLA A CRISE
Empresa cresce com indústria 4.0
/ FORD
DIVULGAÇÃO
52 CRÉDITO
FINAME INCENTIVA O MERCADO
Pesados recebem bem as mudanças
AutomotiveBUSINESS • 5
www.automotivebusiness.com.br
Editor Responsável
Paulo Ricardo Braga
(Jornalista, MTPS 8858)
O papel do carro na sociedade está em transformação com o avanço da
conectividade e da automação. Não é diferente nas fábricas de veículos Editora-Assistente
Giovanna Riato
e a chamada Indústria 4.0 começa a ganhar espaço no Brasil. Os dados Redação
assumem papel central – são eles que ditam a lógica da produção ou o Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis
melhor trajeto para desviar do trânsito. Colaboradora desta edição
Essa revolução é tema central desta edição da revista Automotive Edileuza Soares
Business. Colocamos em pauta as questões mais relevantes, indicando Editor de Notícias do Portal
a velocidade dessas transformações e seu impacto no Brasil que, pelas Pedro Kutney
características de sua indústria, pode acompanhar com alguma defasagem Design gráfico
Ricardo Alves de Souza
as grandes inovações que estão a caminho. Fomos descobrir o esforço dos Josy Angélica
fornecedores para se adaptar à nova realidade e explicar, afinal, qual é o RS Oficina de Arte
papel que eles devem assumir nessa nova realidade. Também mostramos Fotografia
que, ainda que mais lentamente do que em mercados maduros, a indústria Estúdio Luis Prado
4.0 começa a dar passos consistentes no Brasil. Publicidade
Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves
Apresentamos nesta primeira edição do ano os resultados de uma
pesquisa de cenários promovida pela consultoria Roland Berger em Atendimento ao leitor
Patrícia Pedroso
conjunto com Automotive Business. O resultado não foge muito das
expectativas de uma retomada gradual da atividade e da confrontação WebTV
Marcos Ambroselli
entre as montadoras e seus fornecedores, mas há aspectos interessantes a
Comunicação e eventos
considerar, especialmente no que diz respeito à conclusão do Inovar-Auto e Carolina Piovacari
à formatação da nova política industrial.
Impressão
Em plena revolução digital, em que as pessoas estão permanentemente Margraf
conectadas, aquecemos os motores para o Fórum da Indústria
Distribuição
Automobilística, que será realizado em 17 de abril e prova que os Correios
encontros ao vivo, para relacionamento e uma boa conversa regada
a preciosos insights de negócios, ainda estão na ordem do dia. Nada
menos de 850 profissionais relacionados ao setor automotivo devem estar Administração, redação e publicidade
presentes no Golden Hall do WTC, em São Paulo, para um dia de palestras, Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,
04082-001, São Paulo, SP,
debates, feira de tecnologia e uma inédita rodada de negócios, que tel. 11 5095-8888
aproximará os participantes do evento com uma centena de representantes redacao@automotivebusiness.com.br
das áreas de compras e engenharia de montadoras e sistemistas.
O programa completo do Fórum está disponível em Filiada ao
www.automotivebusiness.com.br.
Boa leitura.
6 • AutomotiveBUSINESS
WEB TV youtube.com.br/automotivebusiness
ESPECIAL BALANÇO AB NEWS NA SEMANA
8 • AutomotiveBUSINESS
GM PROMOVE MUDANÇA
FABIO GONZALEZ
ESTRATÉGICA NA
AMÉRICA DO SUL
COM TRÊS NOVAS UNIDADES DE NEGÓCIOS,
TRÊS PRESIDENTES REPRESENTAM A REGIÃO
SUELI REIS
EXECUTIVOS
A SAE Brasil nomeia o engenheiro MAURO CORREIA (foto 1), atual presidente do Grupo Caoa, como seu
novo presidente para o biênio 2017-2018 no lugar do também engenheiro Frank Sowade.
MARCOS ZAVANELLA (foto 2) é o novo presidente da Schaeffler no Brasil. Ele sucede a Jürgen Ziegler,
que retorna à Alemanha para liderar um projeto da empresa em escala global.
ALCIDES CAVALCANTI (foto 3) retorna à Volvo Caminhões, após 19 anos, como responsável pelas
operações comerciais. Ele faz parte da equipe do diretor Bernardo Fedalto.
A Caoa anuncia MARCELLO BRAGA (foto 4) como seu novo diretor de marketing. O executivo retorna à
companhia após participar, em 2005, do lançamento do utilitário esportivo Tucson no Brasil.
ALESSANDRO ALVES (foto 5) é o novo presidente da Delphi na América do Sul, no lugar de Paulo
Santos, nomeado vice-presidente e diretor-geral da divisão de distribuição de eletroeletrônicos na Europa,
Oriente Médio e África.
Foton reestrutura operação no Brasil: o presidente do conselho LUIZ CARLOS MENDONÇA DE
BARROS (foto 6) acumula a função de CEO no lugar de Bernardo Hamaceck, que deixa a empresa
após três anos. Ricardo Mendonça de Barros assume a direção de vendas, marketing, pós-venda e
desenvolvimento de rede.
Grupo Freudenberg anuncia mudanças: ALEXANDRE BICALHO (foto 7) é seu novo representante regional
na América do Sul, acumulando a função atual de CFO da Freudenberg-NOK. Rodrigo Madeira é o novo
CEO da Freudenberg Filtration no Brasil.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
12 • AutomotiveBUSINESS
PONTO DE VISTA
O ano começou ruim e a recuperação deve acontecer
em dois momentos: primeiro com as vendas para
empresas e só depois, no segundo semestre, as pessoas
físicas devem sentir os efeitos da redução dos juros
para voltar a comprar carros
FABRICE CAMBOLIVE, presidente da Renault do Brasil,
durante o lançamento do Captur
D
epois de ter mais de que controla a Fiat e a Chrysler, fez grande corte de
DIVULGAÇÃO / PORSCHE
2016, alta de 38% sobre o ano anterior. (Mário Curcio) ano anterior.
AG
IM
DE
CO
N
BA
14 • AutomotiveBUSINESS
LIDERANÇA
CARLOS GHOSN DEIXA PRESIDÊNCIA DA NISSAN
A partir de abril a Nissan terá novo CEO: Hiroto Saikawa assume o lugar que foi de Carlos
DIVULGAÇÃO / NISSAN
Ghosn (foto) por 18 anos. O brasileiro deixa a liderança executiva da companhia, mas per-
manece na presidência do conselho administrativo da aliança Renault-Nissan, que inclui agora
também a Mitsubishi, montadora de quem o conglomerado detém participação de 34%. É justa-
mente por causa das novas responsabilidades na companhia recém-adquirida que Ghosn decidiu
deixar o cargo de CEO da Nissan.
AutomotiveBUSINESS • 15
CADEIA PRODUTIVA
DIVULGAÇÃO / HYUNDAI
SERVIÇOS ADUANEIROS:
Embraport - Empresa Brasileira de Terminais
Portuários;
COMPRAS GERAIS:
Tirreno - Indústria e Comércio de Produtos
Químicos;
INOVAÇÃO EM CUSTOS:
Mobis Brasil - Fabricante de componentes
automotivos;
NACIONALIZAÇÃO:
Valeo - Fabricante de sistemas de visibilidade;
QUALIDADE:
Maxion Wheels - Fabricante de rodas de aço.
CAMINHÕES E ÔNIBUS
16 • AutomotiveBUSINESS
LEVES
DIVULGAÇÃO / CHEVROLET
sensíveis nas posições do ranking de vendas de
veículos no Brasil. A General Motors consolidou sua
liderança, desbancando a Fiat, que lá ficou por mais
de uma década, inclusive em 2015, e deixando a
Volkswagen um pouco mais para trás. Hyundai e Toyota
avançaram, desacomodando a Ford de sua histórica
quarta colocação e fazendo a marca descer ao amargo
sexto posto.
Das dez marcas mais vendidas, só duas, Toyota e
Jeep, registraram crescimento de vendas em 2016 sobre
2015. Três (Volkswagen, Fiat e Ford) tiveram quedas
bastante acima da média do mercado (-20%), uma
(Honda) apurou retração igual à média e outras quatro
(General Motors, Hyundai, Renault e Nissan) caíram
menos, abaixo da média.
Confira como foi a movimentação do mercado em 2016:
AUTOPEÇAS
DESEQUILÍBRIO NA BALANÇA COMERCIAL E OCIOSIDADE ALTA
C om os negócios enfraquecidos no mercado brasileiro, o setor de autopeças encerrou 2016 com uma série de
resultados negativos. A balança comercial teve déficit de US$ 5,3 bilhões, segundo o Sindipeças. Enquanto
as exportações de componentes brasileiros geraram faturamento de US$ 6,57 bilhões, as importações chegaram a
US$ 11,82 bilhões. O nível de ociosidade das fábricas chegou perto de 50%. Com a baixa demanda, o número de
empregos encolheu 13,3% na indústria de autopeças.
18 • AutomotiveBUSINESS
PESADOS
MERCEDES-BENZ
TOMA LIDERANÇA
DA MAN
N o setor de caminhões, entre tantas reviravoltas
no mercado, 2016 foi o ano em que a Mercedes-
Benz destronou a MAN da posição de montadora
que mais vende caminhões no Brasil. A companhia
entregou 15,1 mil veículos da categoria, com queda
de 21,7%. O tombo, no entanto, foi bem menor do
DIVULGAÇÃO / MERCEDES-BENZ
que o total do mercado, que encolheu 29,4% ao
longo do ano, para apenas 50,5 mil unidades, volume
anêmico perto do recorde alcançado em 2011,
quando o mercado interno do segmento superou a
marca de 170 mil emplacamentos.
Veja o ranking completo:
CAMINHÃO
FOTON COMEÇA A VENDER MODELO NACIONAL
N o início de março a Foton começou a vender os seus primeiros caminhões feitos no Brasil, na planta da
Agrale em Caxias do Sul (RS). A promessa da Foton é montar os veículos ali até a conclusão de sua unidade
própria em Guaíba (RS). Segundo a companhia, as unidades nacionais são feitas em parceria com mais de 40
fornecedores. Com os produtos nacionais, a Foton pretende atender a um esperado aumento na demanda por
caminhões em 2017.
20 • AutomotiveBUSINESS
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
FORD INVESTE US$ 1 BILHÃO EM STARTUP ARGO AI
A Ford vai aplicar US$ 1 bilhão pelos próximos cinco anos na Argo AI, startup do ramo de inteligência artifi-
cial. O plano é tornar-se sócia majoritária da empresa de tecnologia e desenvolver um sistema de direção
virtual para carros autônomos, como parte da estratégia da montadora que prevê o lançamento de seu pri-
meiro modelo autoguiado em 2021. O uso de inteligência artificial nos carros é uma tendência clara no setor.
Diversas montadoras estão trabalhando no desenvolvimento de assistentes pessoais digitais, que serão a base
da experiência das pessoas em veículos autônomos.
AutomotiveBUSINESS • 21
22 • AutomotiveBUSINESS
SETOR AUTOMOTIVO
BUSCA SEU LUGAR NA
REVOLUÇÃO
DIGITAL
EMPRESAS SE
PREPARAM PARA
OFERECER MAIS
TECNOLOGIA, INVESTIR
NA EXPERIÊNCIA DO
CONSUMIDOR E ADAPTAR O
MODELO DE NEGÓCIO
GIOVANNA RIATO
DIVULGAÇÃO / BOSCH
tar a revolução quando você
está justamente no meio dela. MAIS PARA SOFTWARE.
O setor automotivo começa a dar si-
nais claros de que, contrariando esse QUEREMOS NOS
ponto de vista, percebeu e decidiu
acompanhar a revolução digital em TORNAR LÍDERES
curso. A impiedosa transformação
atropela os produtos, formatos e mo- EM SOLUÇÕES
delos de negócio estabelecidos para
impor uma nova realidade baseada DE INTERNET
na internet. Computação na nuvem,
dados, conectividade, internet das DAS COISAS
coisas e automação passam a ser
palavras e expressões cada vez mais
CARLOS ABDALLA, gerente de
utilizadas no vocabulário da indústria marketing e de relações institucionais
automotiva. Sinal dos tempos. da Bosch no Brasil
O estudo Gaes 2017, feito global-
mente pela KPMG com mil executi- lembra que o processo de romper WhatsApp, conquistou espaço entre
vos de alto escalão da indústria auto- com padrões estabelecidos nunca é os consumidores.
motiva, comprova isso. Para 83% dos indolor. “Mudar uma indústria que Outra conclusão que salta aos olhos
entrevistados, o modelo de negócio teve sucesso por mais de 100 anos na pesquisa é a mudança na relação
do setor pode passar por disrupção é difícil, mas o setor não pode ficar de posse entre consumidores e carros.
em breve – trata-se daquela inovação parado e repetir o que aconteceu no Dos entrevistados, 59% admitiram que
exponencial, que transforma um se- segmento de telecomunicações”, metade das pessoas que têm um carro
tor de uma hora para a outra. diz, lembrando de empresas que fi- atualmente não terá mais interesse em
Ricardo Bacellar, diretor da divi- caram inertes enquanto uma série de possuir um veículo em 2025. A ideia é
são automotiva da KPMG no Brasil, aplicativos de comunicação, como o pagar pelo uso, não pela propriedade.
DIVULGAÇÃO / BOSCH
CONECTIVIDADE, dados
e internet das coisas viram
expressões comuns no
mundo automotivo
DIVULGAÇÃO / BOSCH
que há enorme mercado a ser ex-
plorado nessa área. Para 76% dos
entrevistados, os automóveis co-
nectados garantirão às montadoras
dez vezes mais receitas do que os
modelos analógicos. Ao oferecer
veículos tecnológicos, que customi-
zam a experiência do cliente, os en-
trevistados da KPMG acreditam que
será possível, por exemplo, obter
faturamento a partir dos dados dos
consumidores, justamente como fa-
zem hoje companhias de tecnologia
É UM DESAFIO
como Google e Facebook.
transformar uma indústria
que tem sucesso há mais E O BRASIL?
de 100 anos
O papel da indústria automotiva lo-
cal dentro da revolução digital ainda
26 • AutomotiveBUSINESS
O CAMINHO QUE
DIVULGAÇÃO / ZF
TRILHAMOS ESTÁ
CADA VEZ MAIS
ESTREITO ENTRE
A INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA E A DE
TECNOLOGIAS EM
SOFTWARES
SILVIO FURTADO, diretor de vendas
da ZF na América do Sul
não está claro. Por um lado, o mer- função a outra com simplicidade, é para que o vendedor o conduza em
cado nacional é bastante vanguardis- mais difícil garantir otimização, des- uma experiência. A geração Y prefere
ta quando se trata de aderir a novas taca. “É impossível garantir 100% de ela mesma pilotar as próprias experi-
tecnologias. Um dos indícios disso é aproveitamento da produção dessa ências”, exemplifica.
a presença robusta dos brasileiros nas maneira. No fim, quem paga pela
redes sociais. No estudo da KPMG, ineficiência é o consumidor.” INOVAÇÃO
os executivos entrevistados no País se Para Lobistsky, os desafios para Se o papel das montadoras e do
mostraram mais dispostos a apostar inovar estão em vários níveis da ca- automóvel na sociedade está em
em inovação do que os profissionais deia automotiva. “Há espaço para discussão, qualquer mudança co-
de outras regiões. Na pesquisa, 97% melhorar as compras de componen- loca em xeque também a cadeia
dos brasileiros concordaram parcial tes, o processo produtivo e a expe- produtiva. Os grandes sistemistas,
ou totalmente que, até 2025, os pro- riência do consumidor, entre muitas fornecedores de primeiro nível, são
dutos e serviços agregados ao veículo outras coisas”, afirma. Esse último tradicionalmente responsáveis por
serão critérios importantes na decisão aspecto é, inclusive, um dos grandes importantes inovações no setor auto-
de compra pelo consumidor. “É um apelos da revolução digital. A partir motivo. A questão é como eles vão
índice bastante superior ao global, dos dados dos clientes e da tecno- inovar quando o modelo de negócio
que foi de 76%”, observa Bacellar. logia, as empresas têm o desafio de das montadoras se transformar para
Gabriel Lobistsky, diretor de ven- oferecer a chamada customização atender aos consumidores com no-
das para a América Latina da Infor em massa, que nada mais é do que vos serviços?
Enterprise Software Solutions, que garantir uma experiência personali- A Bosch, tradicionalmente uma in-
oferece consultoria e soluções digi- zada, mas em grande escala – mais dústria focada em entregar hardwa-
tais para melhorar processos, avalia uma vez, a referência vem do setor re, passa por transformação global
que, para inovar, o Brasil precisa ven- de tecnologia, de empresas como o para se adequar à nova realidade.
cer muito mais do que só a barreira Facebook, que customiza a timeline “Estamos em processo de transição,
tecnológica. “Há uma série de buro- dos usuários. olhando mais para software. Quere-
cracias e legislações que prendem as “Faltam montadoras que topem dar mos nos tornar líderes na oferta de
empresas, causam ineficiências na ao cliente o controle de sua vivencia soluções de internet das coisas, o
produção”, aponta, citando o exem- com a marca”, aponta. “Ainda resisti- que permitirá que o automóvel se
plo da complexa legislação trabalhis- mos muito às vendas no meio digital. conecte a outros veículos, com a in-
ta. Sem a possibilidade de flexibilizar O cliente jovem não quer ir até a con- fraestrutura e todo o entorno”, conta
atividades e realocar pessoas de uma cessionária e sentar em uma cadeira Carlos Abdalla, gerente de marketing
28 • AutomotiveBUSINESS
DIVULGAÇÃO / BOSCH
panhia no Brasil. tência à direção. “O caminho que
Ele diz que, no novo contexto, trilhamos está cada vez mais estreito
muitos aspectos se misturam. Um entre a indústria automotiva e a de
deles é a linha tênue que separa tecnologias em softwares”, admite
parceiros, clientes e concorrentes. Silvio Furtado, diretor de vendas da
“Muitas empresas de tecnologia companhia na América do Sul. Se-
são nossas clientes e, ao começa- gundo ele, a empresa aposta que,
rem a atuar no setor automotivo, para sobreviver ao novo cenário, é
tornam-se concorrentes em alguns preciso focar na produção de siste-
segmentos.” A confusão aparente- mas e autopeças, mas com profun-
mente pode acontecer até mesmo do conhecimento de tecnologias de
na cadeia automotiva tradicional. digitalização e conectividade.
A sistemista aposta no potencial “O processo de inovação pode as-
do compartilhamento de veículos sustar pelo ritmo tão acelerado”, diz,
e começou a oferecer um sistema destacando um dos grandes desa-
próprio em Berlim, na Alemanha, de fios da companhia para os próximos
scooters compartilhados, entrando anos. Furtado lembra que há pela
no mesmo nicho no qual muitas frente um processo de conquistar a
montadoras têm investido. BOSCH aposta em scooters confiança dos consumidores e pro-
compartilhados em Berlim
Na ZF o esforço é para oferecer var que as novas tecnologias são se-
soluções baseadas na eletrificação, guras, conquistar a confiança. n
AutomotiveBUSINESS • 29
FÁBRICA INTELIGENTE
É O FUTURO DA
INDÚSTRIA DE CARROS
BASEADA NO CONCEITO DE INDÚSTRIA 4.0, NOVA GERAÇÃO
DE PLANTAS PROMETE GANHOS DE COMPETITIVIDADE
EDILEUZA SOARES
A
transformação das atuais doras locais de carros têm de traçar ção de fábricas inteligentes com pou-
plantas em fábricas inteli- estratégias para modernização das ca intervenção humana, comanda-
gentes é a pista que monta- plantas dentro dos novos conceitos das por máquinas conectadas com
doras brasileiras terão de pegar para de fábrica inteligente, que pregam a sensores que se falam pela internet
entregar ao consumidor carros per- automação de praticamente 100% das coisas (IoT). Pelo projeto, todos
sonalizados com qualidade, menor das instalações. os componentes da manufatura tro-
custo e aumento de competitividade. A fábrica do futuro promete mais cam informações em tempo real, uti-
O caminho é o mesmo que o setor agilidade, flexibilidade, redução de lizando aplicações em cloud compu-
está tentando percorrer na Europa, custos, otimização de recursos, fim ting de forma a integrar toda a cadeia
Estados Unidos e Ásia guiado pelo de desperdícios e personalização de de produção.
conceito de indústria 4.0. produtos ao consumidor. O conceito O termo indústria 4.0 nasceu no
Analistas de mercado e represen- faz parte da quarta revolução indus- campo automotivo e dará grande
tantes da indústria de tecnologia da trial ou indústria 4.0, após a invenção sustentação à produção do carro
informação (TI) afirmam que o Bra- da máquina a vapor;do uso da eletri- 100% autônomo, previsto para che-
sil não pode esperar muito para dar cidade; da automação da produção gar às ruas em meados de 2020.
partida e entrar na era digital. Mesmo em massa, com entrada de robôs A ideia surgiu por volta de 2008 na
em tempos de desaceleração da eco- nas linhas de montagem. Alemanha para responder à crise
nomia e retração das vendas, monta- A indústria 4.0 propõe a constru- econômica dos Estados Unidos da-
quela época e fortalecer as marcas
europeias na competição com as
DEVIDO À SITUAÇÃO montadoras da China.
FINANCEIRA, OS
REALIDADE DO BRASIL
INVESTIMENTOS “Existe espaço e apetite para fábri-
cas inteligentes no setor automotivo,
EM FÁBRICAS principalmente quando se fala na
possibilidade de produtos customi-
INTELIGENTES FORAM zados de acordo com a necessidade
do cliente”, explica Camilo Rubim,
RICARDO BENICHIO
30 • AutomotiveBUSINESS
DIVULGAÇÃO / POLLUX
ondas. Geralmente, as montado- O ANO DE 2017 É O
ras começam com a integração do
desenvolvimento de produto com o
LIMITE PARA O SETOR
chão de fábrica e com a aplicação no
setor de logística.
PASSAR DA TEORIA
Embora as empresas saibam da À PRÁTICA. JÁ DÁ
necessidade de revitalizar os parques
industriais para ser mais competiti- PARA APROVEITAR AS
vas, Rubim diz que a conjuntura do
País inibe os projetos de indústria LIÇÕES APRENDIDAS
4.0. “Devido à situação financeira, os
investimentos em fábricas inteligen- PELOS EUA E
tes foram postergados no Brasil.”
“O ano de 2017 é o limite para ALEMANHA COM
o setor passar da teoria à práti-
ca. Já dá para aproveitar as lições INÍCIO DE PILOTOS
aprendidas pelos Estados Unidos JOSÉ RIZZO HAHN FILHO,
e Alemanha e iniciar pilotos”, afir- CEO da Pollux
ma José Rizzo Hahn Filho, CEO da
Pollux Automation, fornecedora na- sores em máquinas da linha de pro- alertas da mesma forma que o seu
cional de tecnologias para automa- dução que se comunicam com a in- carro, que acende uma luz no painel,
ção industrial. ternet das coisas para prever paradas informando a necessidade da troca
“Vamos ver em 2017 alguns pilo- de linhas de produção de carros não de óleo e que se nenhuma providên-
tos com resultados no Brasil. Os que programadas. cia for tomada o motor vai fundir”,
não começarem vão perder espaço O monitoramento em tempo real compara o diretor da Pollux.
para a concorrência. Deixar os proje- dessas máquinas informa quando há
tos para 2018 talvez seja tarde”, acre- necessidade de reparos ou substitui- FALTA ROBOTIZAÇÃO
dita o executivo. Sua recomendação ção de peças. Assim, as providências Na avaliação de Rodrigo Stanger, con-
é dar o primeiro passo com projetos podem ser tomadas antes de o equi- sultor da IBM Brasil para a indústria au-
pequenos e de curta duração. Uma pamento quebrar. “A manutenção tomotiva, é um grande desafio para as
sugestão é a implementação de sen- preditiva das linhas de produção dá montadoras atender as demandas do
A REALIDADE
DO BRASIL EM
ROBOTIZAÇÃO
AINDA ESTÁ
DISTANTE NA
COMPARAÇÃO
ANDRÉ HENRIQUES/DGABC
COM OUTROS
MERCADOS
ICARU SAKUYOSHI, diretor da Motoman
AutomotiveBUSINESS • 31
DIVULGAÇÃO / SIEMENS
titividade. “Sair da produção em série AGORA É O
para a customizada em larga escala de
forma ágil só é possível com uma fá- CONSUMIDOR
brica inteligente”, acredita o executivo.
Mas nem todas as montadoras QUE DIZ AO
possuem em suas plantas máquinas
compatíveis com as novas tecnolo- BUSINESS O
gias. Um dos investimentos que as
companhias terão de fazer para dotar QUE QUER
suas fábricas de inteligência é em ro-
JOSÉ BORGES FRIAS,
bótica avançada para automação nas diretor da Siemens Digital
linhas de montagem. “A realidade do Factory no Brasil
Brasil em robotização ainda está dis-
32 • AutomotiveBUSINESS
AutomotiveBUSINESS • 33
QUANTO MAIS
PRUDENTE,
MELHOR
FECHAMENTO DE QUASE 1,3 MIL PONTOS ENSINA:
CONCESSIONÁRIO PRECISA SER CONSERVADOR
MÁRIO CURCIO
O
drama vivido pelos concessionários pode não se deve só à crise: “Havia muitas lojas da mesma
visto por todo o País. A imagem de revendas bandeira em algumas capitais. As fábricas pressionavam
fechadas virou até lugar-comum em grandes pela abertura de concessionárias (...) A rede que se tem
cidades. “São 1.291 pontos a menos no Brasil só entre hoje no País é suficiente para um mercado de 3 milhões
janeiro de 2015 e junho de 2016, com a perda de 126,3 de unidades”, estima o consultor.
mil empregos”, lamenta Alarico Assumpção Júnior, presi- Diante de tantas revendas, novas marcas e uma re-
dente da Fenabrave, entidade que reúne as associações cessão sem precedente, Trivellato adverte: “No setor
de concessionários. de distribuição você tem de s er conservador, mas no
Com previsão de alta de apenas 3% nas vendas em bom sentido, ou seja, adotar ações compatíveis com
2017, o executivo adverte: “Os distribuidores terão de se sua capacidade financeira. Isso porque a volatilidade do
reinventar e adequar sua estrutura aos volumes atuais.” O mercado e o risco são altos.” Trivellato divide os distri-
consultor Francisco Trivellato, sócio-diretor da Trivellato buidores dos anos mais recentes em dois perfis: “Havia
Informações & Estratégias, explica que o problema atual os mais conservadores e os que apostaram e investiram
FOTOS: LUIS PRADO
AutomotiveBUSINESS • 35
RODADA DE NEGÓCIOS
TRAZ OPORTUNIDADES
EVENTO DE AUTOMOTIVE BUSINESS EM
ABRIL PROMOVE NETWORKING
A
comunicação digital está mais do que
consolidada no mundo dos negócios:
e-mails, mensagens instantâneas e redes
sociais ajudam fornecedores e clientes a perma-
necer em contato. Talvez por isso o encontro ao
vivo ganhou até mais importância nos últimos
anos: são raras as oportunidades de conversar
pessoalmente. Os eventos presenciais não per-
deram a força nem mesmo com a evolução
do contato on-line. Prova disso é o Fórum da
Indústria Automobilística, evento promovido
anualmente por Automotive Business que traz
conteúdo em palestras e debates e promove o
networking em rodada de negócios.
Em 2016, em plena crise, o encontro atraiu EVENTO permite contato pessoal
720 profissionais do setor automotivo – a entre fornecedores e clientes
maior parte dessas pessoas de cargos de ge-
36 • AutomotiveBUSINESS
REPRESENTANTES de montadoras
e autopeças podem apresentar
produtos e trocar cartões
FORECAST
Três empresas especializadas em estudos de mercado e previ-
sões para a indústria automobilística estarão empenhadas em
apresentar os resultados de seus levantamentos relativos ao
comportamento do setor automotivo em 2017. Fernando Tru-
jillo, consultor sênior da IHS Automotive, analisará a evolução
do mercado em geral, cabendo a Vitor Klizas, presidente da
Jato Dynamics, interpretar as mudanças no perfil de consu-
mo, e a Carlos Reis, presidente da Carcon Automotive, sina-
lizar os avanços no mercado de veículos comerciais pesados.
A abertura do evento, que será realizado no Golden Hall
do Hotel Sheraton WTC, em São Paulo, terá a presença de
Antonio Megale, presidente da Anfavea, para falar sobre os
esforços na retomada da indústria automobilística. Dan Ios-
chpe, presidente do Sindipeças, explicará como a entidade
contribui para o fortalecimento da cadeia de suprimentos,
após um longo período de crise. Letícia Costa, sócia-diretora
da Prada Assessoria, avaliará as oportunidades que devem
surgir na recuperação dos negócios e Octavio de Barros, di-
retor executivo do Instituto República, tratará das perspectivas
para a economia.
Três painéis de debates serão organizados durante o Fórum,
sintetizando o pensamento das montadoras nas áreas de com-
pras e engenharia, de estratégia e vendas e comercialização de
caminhões e chassis de ônibus. O programa está disponível
em www.automotivebusiness.com.br. n
38 • AutomotiveBUSINESS
MONTADORAS
RENOVAM APOSTAS
APESAR DA CRISE, HÁ INVESTIMENTOS
EXPRESSIVOS EM ANDAMENTO
SUELI REIS
E
nfrentando um mercado de tamanho e ritmo bastan- sem nenhum alarde, comunicou diretamente ao governo
te reduzidos, a indústria de veículos se volta à reade- brasileiro a injeção de US$ 155 milhões em sua fábrica
quação e novas estratégias a fim de avançar com os paulista de Piracicaba, onde são produzidos o compacto
negócios no Brasil. Pautadas por uma lenta mas certa HB20 e o novo SUV Creta.
retomada, as montadoras não se arriscam a garantir À época, o presidente da companhia no Brasil, William
com certeza que o tão esperado cenário de recuperação Lee, detalhou que US$ 130 milhões seriam destinados
se concretize ainda neste 2017. Nesse cenário, reúnem a aumentar a capacidade produtiva, que passou de 180
forças e como que em coro uníssono reafirmam a impor- mil para 190 mil unidades por ano, para a chegada do
tância do País para os ganhos globais de suas matrizes. novo SUV Creta, e que os demais US$ 25 milhões se-
Prova disso são os novos investimentos em filiais riam destinados à construção de um novo centro
locais, alguns inesperados, outros apenas adequa- de pesquisa e desenvolvimento dentro do mesmo
dos e dentro do previsto. Só nos três últimos me- complexo industrial.
ses de 2016, algumas empresas surpreenderam Embora não tenha sido um novo anúncio, a
ao anunciar novos aportes no País: considerando Volkswagen aproveitou o Salão do Automóvel de
apenas novos investimentos focados no segmento VEJA AQUI São Paulo, realizado em novembro, para atuali-
RELATÓRIO
de automóveis, os valores somam o equivalente a EXCLUSIVO COM zar as informações de seus planos. O presidente
O TODOS OS
R$ 7,12 bilhões. INVESTIMENTOS da operação, David Powels, disse na ocasião que
DAS MONTADORAS
Entre eles, o da Hyundai, que no fim de setembro, NO BRASIL a montadora injetará R$ 7 bilhões pelos próximos
40 • AutomotiveBUSINESS
42 • AutomotiveBUSINESS
FAÇA O
DOWNLOAD DOS
RESULTADOS DA
PESQUISA
INOVAR-AUTO 2
DEVE FOCAR MENOS EM
INVESTIMENTOS E MAIS
EM COMPETITIVIDADE
QUARTA EDIÇÃO DA
H
á três aspectos claros para os negócios no setor auto-
motivo em 2017. O primeiro é a estagnação do mercado
PESQUISA DA brasileiro, que vai levar tempo para se recuperar. Outro
é a decepção da indústria com os efeitos do Inovar-Auto, que
ROLAND BERGER termina este ano. O terceiro ponto relevante é a necessidade
de que a segunda fase do programa tenha foco no fortaleci-
EM PARCERIA COM mento da cadeia produtiva e da competitividade, não na atra-
ção de investimentos.
AUTOMOTIVE BUSINESS Essas são algumas das conclusões da pesquisa Cenários para
a Indústria Automobilística 2017, realizada pela Roland Berger
MOSTRA EXPECTATIVAS DOS em parceria com Automotive Business pelo quarto ano con-
EXECUTIVOS BRASILEIROS secutivo. Para entender a evolução do ambiente automotivo no
País, o levantamento ouviu 468 executivos de alto escalão. Dos
GIOVANNA RIATO respondentes, 50% desempenham função de diretor ou presi-
AutomotiveBUSINESS • 43
44 • AutomotiveBUSINESS
QUAIS AS PRINCIPAIS ÁREAS EM QUE O “INOVAR AUTO 2” DEVE FOCAR? [RESPOSTAS: 315]
FORTALECIMENTO DA CADEIA DE AUTOPEÇAS (SUPRIMENTOS) 57%
AUMENTO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA 52%
EMISSÕES E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 40%
FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL 40%
INVESTIMENTOS EM P&D E ENGENHARIA 36%
HIBRIDIZAÇÃO E/OU ELETRIFICAÇÃO DE VEÍCULOS 20%
SEGURANÇA VEICULAR 18%
CONECTIVIDADE E DIGITALIZAÇÃO 14%
ADAS - AUTOMOÇÃO VEICULAR 2%
OUTRA 1%
AutomotiveBUSINESS • 45
46 • AutomotiveBUSINESS
A CONSTRUÇÃO
DO FUTURO
V
ivemos em um País com ciclos com maestria a taxa de juros, derruba a
DIVULGAÇÃO / ANFAVEA
48 • AutomotiveBUSINESS
AutomotiveBUSINESS • 49
SIEMENS E
nquanto muitos negócios enco- vêm do setor automotivo. A maior
lhem no setor automotivo, a parte da demanda pelos produtos da
Siemens PLM espera crescer Siemens PLM está nas montadoras
PLM
com o impulso de uma das poucas e nas empresas de autopeças dos
áreas que parecem estar em expan- primeiros níveis de fornecimento. O
são, a indústria 4.0 ou internet indus- mercado de veículos encolheu im-
Naquela época, diz, vender local- deve vir dos setores de máquinas e
mente tecnologias que têm custo equipamentos. Entre as fabricantes
alto era um desafio bem maior do de automóveis, ele diz que é
que atualmente. “Nós basicamente sempre mais simples implementar
organizamos todos os dados e o co- a indústria 4.0 em fábricas novas.
nhecimento da empresa, com aplica- Depois das recentes inaugurações
ções desde o desenvolvimento até o de plantas fabris, no entanto, ele
produto ir para o mercado”, conta. espera avançar em unidades já
Segundo ele, as soluções podem ser consolidadas. “Há oportunidades
implementadas em diferentes níveis em várias etapas, não apenas
PAULO COSTA, CEO da e proporções e se pagam com o au- na manufatura. As empresas
empresa na região, espera mento de produtividade que os clien- podem implementar soluções de
alta de 15% para 2017
tes ganham ao longo do tempo. engenharia e desenvolvimento, por
Das receitas da companhia, 35% exemplo.” (Giovanna Riato) n
50 • AutomotiveBUSINESS
FINAME
INCENTIVA O MERCADO
SETOR DE PESADOS RECEBE BEM AS MUDANÇAS
E ESPERA OUTROS ESTÍMULOS
SUELI REIS
A
s novas regras para finan- FALTA CRESCIMENTO
DIVULGAÇÃO VW / MALAGRINE
52 • AutomotiveBUSINESS
COOPER STANDARD
AJUSTA APORTES
APÓS CANCELAR NOVA FÁBRICA,
EMPRESA ESTUDA FAZER OUTRAS DUAS
PEDRO KUTNEY
A
pós enfrentar crise severa, fortes que garantiram nossa sobre- desenvolvimento próprio, com bom
acumulando três anos de vivência, como 100% do forneci- potencial de voltar a crescer, espe-
prejuízos no Brasil e perda mento de vedações para Toyota e cialmente com novos projetos a par-
de novos contratos por problemas Honda, além de 100% para o Che- tir de 2018”, diz.
de qualidade, a Cooper Standard vrolet Onix (o carro mais vendido no Para os novos projetos já estão em
tem meta de voltar a apurar números Brasil)”, conta o diretor. estudo investimentos em duas novas
positivos este ano e já estuda investi- “Passamos esse período reestru- plantas, para produzir componentes
mentos em duas novas plantas, nas turando a empresa e agora estamos de borracha e termoplástico, dutos
regiões Nordeste e Sul. Instalada ajustados para retomar a rentabi- de combustível e fluidos de freio e,
desde 1995 no País, aqui a empresa lidade este ano”, afirma Kneissler. possivelmente, a localização de man-
produz em Varginha (MG) e Atibaia Apesar do cancelamento do investi- gueiras de motor. Kneissler ainda
(SP) vedações de borracha (guarni- mento na nova fábrica de coxins em não tem números fechados do apor-
ções de portas) e dutos de combus- Atibaia, ele destaca que foi mantido o te necessário. “Tudo vai depender
tível e fluido de freio. No ano passa- aporte de R$ 10 milhões para a aqui- das negociações e a concretização
do, anunciou que iria investir R$ 20 sição de novos fornos importados da dos pedidos das montadoras”, diz.
milhões em Atibaia para fazer coxins, Alemanha, que estão sendo instala- Umas das plantas seria localizada
mas desistiu depois que a Ford enga- dos na linha de extrusão de borracha no Nordeste para atender a FCA em
vetou o projeto B500 – espécie de em Varginha. “Temos flexibilidade e Goiana (PE) e a Ford em Camaçari
Fiesta despojado desenvolvido na (BA) – onde a Cooper Standard já
Índia para mercados emergentes –, atua dentro da linha, na montagem
DIVULGAÇÃO / COOPER STANDARD
AutomotiveBUSINESS • 53
P
ara desenvolver carros no Brasil, a Renault segue existem consumidores menos exigentes. O Captur brasi-
em sua estratégia de realizar simbioses de projetos. leiro já é vendido desde dezembro na Argentina e deverá
Desta vez a montadora usou a plataforma do utilitá- ser exportado da fábrica de São José dos Pinhais, PR,
rio esportivo Duster para desenvolver outro SUV, o Captur, para oito outros mercados da América Latina – Colômbia
que na Europa é construído sobre a base da última gera- e México começaram a receber o SUV.
ção do Clio, menor, porém mais moderna e evoluída. Para o lançamento no Brasil a marca aposta em usar o de-
A engenharia brasileira da Renault comandou o desen- sign elegante do Captur para “colar” uma imagem sofisticada
volvimento do Captur “emergente”. O mesmo modelo já ao modelo, com ações de marketing específicas para atrair
é produzido há seis meses na Rússia e também será na Ín- o público que compra carros mais caros do que os até hoje
dia, para ser vendido nesses países e seus arredores onde oferecidos em sua rede de concessionárias no País.
RODOLFO BUHRER
RENAULT investiu
4,5 milhões de euros para
54 • AutomotiveBUSINESS fazer pinturas em dois tons
DIVULGAÇÃO / RENAULT
Kwid e o Koleos, de maior porte, que
virá importado da Coreia ainda neste CAPTUR brasileiro ficou
semestre. “Investimos no segmento maior e mais confortável
que mais cresce no País, que passou
de 6% do mercado em 2014 para
15% no ano passado. Temos certeza pré-tensionador pirotécnico, freios A grande vantagem de ter sido
que é a aposta certa”, justificou Fa- com ABS/EBD e controle eletrônico adaptado sobre a ampla platafor-
brice Cambolive, presidente da Re- de estabilidade e tração (o ESP fa- ma do Duster é que o Captur bra-
nault do Brasil. bricado no Brasil pela Bosch), assis- sileiro ficou maior e mais confortá-
tência de partida em rampa, direção vel. A Renault garante que ele é o
APOSTA NO DESIGN eletro-hidráulica, assistente de fre- mais espaçoso dos SUVs compac-
Apesar de ser uma adaptação sobre nagem de emergência, ancoragem tos já lançados no mercado brasi-
uma plataforma antiga, o Captur Isofix para cadeirinhas de crianças, leiro, assim como é o que tem a
traz em seus traços a mais moderna ar-condicionado, acionamento elé- carroceria com maior distância do
identidade visual mundial da Renault, trico de vidros, travas e retrovisores solo e posição de dirigir elevada. O
composta pela dianteira de formas com rebatimento, rodas de liga leve porta-malas de 430 litros é o maior
arredondadas, dotada de luzes diur- de 17 polegadas. da categoria. n
nas (DRL) em formato de “C” embai-
xo do para-choque e lanternas trasei-
ras de LED. Para fazer a nova pintura
bicolorida, com teto e corpo de duas NOVAS VERSÕES E PREÇOS
cores diferentes, foram investidos 4,5
milhões de euros na fábrica brasilei-
ra, para instalar um novo processo
O Captur é hoje o Renault mais caro do mercado brasileiro e dá início a
uma nova configuração de versões, que aos poucos será estendida
para os demais modelos da marca. Serão só duas opções, começando
robotizado. com a versão Zen, equipada com câmbio manual e o novo motor 1.6
Para desenvolver o Captur brasi- SCe – o mesmo que desde o fim do ano passado é usado por Sandero
leiro, a engenharia da Renault traba- e Logan, mas recalibrado com um pouco mais de potência, de 118 para
lhou 720 mil horas e rodou 1 milhão 120 cavalos abastecido com etanol. Essa versão parte de R$ 78,9 mil
de quilômetros com 150 veículos de e assim deve ser forte concorrente em preço do Nissan Kicks, que tem
testes em seis países. “O carro tem tamanho e motorização assemelhados.
poucas partes do Captur europeu e Opcionalmente, o Captur Zen pode receber a central Media Nav, com
a plataforma do Duster também foi sistema de som, conexão com celular, navegador e câmera de ré por R$
bastante modificada. Foi um desen- 1.990. Pintura em duas cores custa mais R$ 1,4 mil. Dentro de três meses
volvimento novo feito no Brasil, que a Renault promete oferecer a opção de transmissão automática CVT em
liderou o projeto do carro a ser fa- conjunto com a motorização 1.6.
bricado também na Rússia e Índia”, A versão topo de linha agora é chamada de Intense, equipada com
afirma Antonio Fleischmann, diretor um ultrapassado e pouco eficiente powertrain importado da França,
de projeto Américas. motor flex 2.0 de 148 cavalos (etanol) e câmbio automático de apenas
A plataforma do Captur nacional quatro velocidades. O preço parte de R$ 88.490 e pode chegar ao teto de
é antiga, mas a Renault aparelhou R$ 91.390 se forem agregados bancos revestidos com couro (R$ 1,5 mil)
com muitos equipamentos de série e pintura bicolorida (R$ 1,4 mil).
que aumentam eficiência, conforto Pelo monitoramento do público-alvo imaginado para o Captur, a
e segurança. O pacote é bem com- Renault calcula que essa versão será responsável pela maioria das vendas
pleto desde a versão mais barata, do modelo, dominando de 75% a 80% do mix, mas isso até a chegada da
incluindo quatro airbags (frontais e opção 1.6 CVT, que deverá roubar muitos clientes.
laterais), cintos de segurança com
AutomotiveBUSINESS • 55
HONDA WR-V
JÁ É PRODUZIDO NO PAÍS
NOVO SUV GLOBAL CONCEBIDO NO BRASIL
TRAZ VÁRIOS COMPONENTES DO FIT, COMO
MOTORIZAÇÃO, PORTAS, VIDROS E PAINEL
MÁRIO CURCIO | DE SUMARÉ (SP)
M
ostrado pela primeira vez em novembro de bem mais do que uma simples versão aventureira.
2016, durante o Salão do Automóvel, o novo “Em nossas pesquisas, os clientes pediram caracte-
utilitário esportivo compacto WR-V já é produ- rísticas conflitantes, como dimensões reduzidas e bom
zido em Sumaré. Com lançamento programado para 25 espaço interno; carroceria mais alta e boa dirigibilidade;
de março, o modelo global foi concebido no centro local agilidade e economia de combustível”, afirma o líder de
de pesquisa e desenvolvimento da montadora, que conta projeto, Luís Marcelo Kuramoto. Em janeiro a fábrica de
com uma equipe de cerca de 300 engenheiros. Sumaré já havia produzido um lote inicial pré-série de cer-
O WR-V utiliza vários componentes do Fit, como fo- ca de 100 carros, mas a montagem para valer começou
lhas de porta, vidros e painel de instrumentos, mas tem em fevereiro.
alguns elementos próprios como suspensões e itens Equipado com motor 1.5 flex com até 116 cavalos, ele
aparentes como grade, faróis, para-choques, tampa de recebe neste primeiro momento somente transmissão au-
porta-malas e capô, por exemplo. Assim, o projeto é tomática CVT e começa em cerca de R$ 70 mil. “A versão
56 • AutomotiveBUSINESS
O PAINEL DE
INSTRUMENTOS VEM
DO FIT, ASSIM COMO
PORTAS, VIDROS, MOTOR
E A TRANSMISSÃO
AUTOMÁTICA DO TIPO
CVT. CORES DIFERENTES
DE TECIDO COMBINAM
COM A CARROCERIA
AutomotiveBUSINESS • 57
DIVULGAÇÃO / FORD
EY
TN
KU
RO
PE D
O NOVO ECOSPORT
NO ESTANDE DA FORD
EM DETROIT: lá, sem
estepe pendurado na traseira
FORD ANTECIPA
sa da legislação, que obriga o uso do
pneu sobressalente – em outros mer-
cados o carro pode ser vendido só
NOVO ECOSPORT
com kit de reparo. No interior o pai-
nel foi redesenhado, com novo qua-
dro de instrumentos e a nova gera-
ção do sistema de infoentretenimen-
SUV REPAGINADO APARECE NO to Sync 3 da Ford, agora com uma
avantajada tela sensível ao toque no
SALÃO DE DETROIT SEM ESTEPE TRASEIRO, centro do painel.
Por baixo do capô, só seguirá igual
QUE SERÁ MANTIDO NO BRASIL o motor 2.0 Duratec importado do
México, que desenvolve 178 cv com
PEDRO KUTNEY, DE DETROIT (EUA) etanol. Para o mercado sul-americano
a maior novidade será o motor Dra-
O
novo EcoSport de cara pouco mais à frente na opção AWD, gon 1.5 de três cilindros, em substi-
nova e sem estepe na com tração integral. tuição ao 1.6 atual. O novo propul-
traseira (que será manti- O EcoSport exibido em Detroit sor tem injeção direta de combustível,
do no Brasil) foi exibido como um apresenta mudanças no design exter- bloco e cabeçote de alumínio e gera
dos destaques da Ford no Salão de no, principalmente na dianteira, com cerca de 130 cv. A fábrica de motores
Detroit, em janeiro. O modelo que conjunto óptico redesenhado e grade da Ford em Taubaté (SP) já está sen-
inaugurou o segmento de utilitários sextavada maior do que a atual, em do preparada para produzir o Dragon
esportivos compactos foi a maior formato único ligando capô ao para- 1.5, que deverá equipar outros mode-
novidade do evento para os merca- -choque com o logotipo oval da Ford. los da marca no País com a promes-
dos latino-americanos, especialmen- Na traseira as alterações são bem sa de ser o mais potente e econômi-
te o Brasil, onde nasceu o projeto mais sutis, mas o que chama a aten- co motor 1.5 aspirado no Brasil. Além
original e será o primeiro país de ção é a ausência do estepe do lado dessas duas opções de motorização,
lançamento, no segundo semestre de fora, que no Brasil será mantido nos mercados europeus e norte-ame-
deste ano, primeiro nas versões 4x2 para não comprometer o espaço já ricanos o novo EcoSport terá a versão
com motores 1.5 (novo) e 2.0, e um pequeno do porta-malas e por cau- Ecoboost 1.2 turboalimentada. n
58 • AutomotiveBUSINESS
A Magneti Marelli projeta hoje aquilo que vai fazer a diferença amanhã.