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Automotive

FEVEREIRO DE 2017
ANO 9 • NÚMERO 43

SETOR AUTOMOTIVO
CORRE ATRÁS DA
REVOLUÇÃO DIGITAL
EMPRESAS SE PREPARAM PARA
OFERECER MAIS TECNOLOGIA,
INVESTIR NA EXPERIÊNCIA DO
CONSUMIDOR E ADAPTAR
O MODELO DE NEGÓCIO

• INOVAR-AUTO FALHOU. • MONTADORAS VÃO INVESTIR


COMPETITIVIDADE É NOVO FOCO R$ 40 BILHÕES NO BRASIL

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O FUTURO É FEITO
DE ALUMÍNIO
LÂMINA DE
PARA-CHOQUE
TRASEIRO


PARA
E CR

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Cada vez mais, o alumínio ganha espaço na
indústria automobilística. Agora, é a vez dos
sistemas de absorção de impacto.

Provedora de soluções, a CBA inova e traz para o


Brasil o alumínio de alta resistência, mais leve
que o aço e com flexibilidade geométrica para
atender às diversas necessidades de montadoras
e sistemistas.

A CBA É FINALISTA
DO PRÊMIO REI 2017

CATEGORIA INSUMOS: Alumínio de alta


resistência em sistema de absorção de impacto.

Inovação feita por brasileiros para uma segurança


maior dos carros no Brasil.

A CBA é uma das maiores produtoras de alumínio


da América Latina, atuando com foco em prover
soluções e serviços para os seus principais
clientes do mercado automotivo.

Saiba mais em www.aluminiocba.com.br

LÂMINA DE
PARA-CHOQUE
E CRASH BOX

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ÍNDICE
LUIS PRADO

24 CAPA

A REVOLUÇÃO
DIGITAL
NO SETOR
AUTOMOTIVO
AS EMPRESAS DEVEM OFERECER MAIS
TECNOLOGIA, INVESTIR NA EXPERIÊNCIA
DO CONSUMIDOR E AJUSTAR O
MODELO DE NEGÓCIO

8 NO PORTAL 34 DISTRIBUIÇÃO
QUANTO MAIS PRUDENTE, MELHOR
12 CARREIRA Concessionário precisa ser conservador
GM MUDA NA AMÉRICA DO SUL
Três presidentes representam a região
POLLUX /
DIVULGAÇÃO

14 NEGÓCIOS
NOVO PANAMERA CHEGA AO BRASIL
Veículo passou por grande renovação

30 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
AS FÁBRICAS INTELIGENTES
O futuro da indústria de carros
LLUX:
ROBÔS DA PO
ut en çã o co m
man
em tempo real
monitoramento

4 • AutomotiveBUSINESS

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LUIS PRADO
FÓRUM estimula novos
contatos e troca de
experiência
36 FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
RODADA DE NEGÓCIOS
Evento promove o networking

40 INVESTIMENTOS 53 INDÚSTRIA
MONTADORAS RENOVAM APOSTAS COOPER STANDARD AJUSTA APORTES
Projetos em andamento são expressivos Empresa define novas fábricas

VOLVO EM CURITIBA 54 LANÇAMENTO


(PR
a maior parte do investim ) receberá NASCE O CAPTUR BRASILEIRO
ento
A base é o Duster

56 LANÇAMENTO
COMEÇA A PRODUÇÃO DO WR-V
SUV global foi concebido no Brasil
O
DIVULGAÇÃO / VOLV

58 LANÇAMENTO
NOVO ECOSPORT
SUV repaginado aparece em Detroit

43 CENÁRIOS 2017
INOVAR-AUTO 2
Foco em competitividade

48 ARTIGO
A CONSTRUÇÃO DO FUTURO
O ponto de vista da Anfavea

50 TECNOLOGIA
SIEMENS PLM DRIBLA A CRISE
Empresa cresce com indústria 4.0
/ FORD
DIVULGAÇÃO

52 CRÉDITO
FINAME INCENTIVA O MERCADO
Pesados recebem bem as mudanças

AutomotiveBUSINESS • 5

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EDITORIAL REVISTA

www.automotivebusiness.com.br

Editada por Automotive Business, empresa


associada à All Right! Comunicação Ltda.
Tiragem de 10.000 exemplares, com
Paulo Ricardo Braga distribuição direta a executivos de fabricantes
Editor de veículos, autopeças, distribuidores,
paulobraga@automotivebusiness.com.br entidades setoriais, governo, consultorias,
empresas de engenharia, transporte e logística
e setor acadêmico.

REVOLUÇÃO À VISTA Diretores


Maria Theresa de Borthole Braga
Paula Braga Prado

S ão tempos nebulosos para o setor automotivo que, enquanto enfrenta


a crise no mercado brasileiro, precisa encontrar disposição para olhar
adiante e se preparar para a revolução digital em curso no setor.
Paulo Ricardo Braga

Editor Responsável
Paulo Ricardo Braga
(Jornalista, MTPS 8858)
O papel do carro na sociedade está em transformação com o avanço da
conectividade e da automação. Não é diferente nas fábricas de veículos Editora-Assistente
Giovanna Riato
e a chamada Indústria 4.0 começa a ganhar espaço no Brasil. Os dados Redação
assumem papel central – são eles que ditam a lógica da produção ou o Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis
melhor trajeto para desviar do trânsito. Colaboradora desta edição
Essa revolução é tema central desta edição da revista Automotive Edileuza Soares
Business. Colocamos em pauta as questões mais relevantes, indicando Editor de Notícias do Portal
a velocidade dessas transformações e seu impacto no Brasil que, pelas Pedro Kutney
características de sua indústria, pode acompanhar com alguma defasagem Design gráfico
Ricardo Alves de Souza
as grandes inovações que estão a caminho. Fomos descobrir o esforço dos Josy Angélica
fornecedores para se adaptar à nova realidade e explicar, afinal, qual é o RS Oficina de Arte
papel que eles devem assumir nessa nova realidade. Também mostramos Fotografia
que, ainda que mais lentamente do que em mercados maduros, a indústria Estúdio Luis Prado
4.0 começa a dar passos consistentes no Brasil. Publicidade
Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves
Apresentamos nesta primeira edição do ano os resultados de uma
pesquisa de cenários promovida pela consultoria Roland Berger em Atendimento ao leitor
Patrícia Pedroso
conjunto com Automotive Business. O resultado não foge muito das
expectativas de uma retomada gradual da atividade e da confrontação WebTV
Marcos Ambroselli
entre as montadoras e seus fornecedores, mas há aspectos interessantes a
Comunicação e eventos
considerar, especialmente no que diz respeito à conclusão do Inovar-Auto e Carolina Piovacari
à formatação da nova política industrial.
Impressão
Em plena revolução digital, em que as pessoas estão permanentemente Margraf
conectadas, aquecemos os motores para o Fórum da Indústria
Distribuição
Automobilística, que será realizado em 17 de abril e prova que os Correios
encontros ao vivo, para relacionamento e uma boa conversa regada
a preciosos insights de negócios, ainda estão na ordem do dia. Nada
menos de 850 profissionais relacionados ao setor automotivo devem estar Administração, redação e publicidade
presentes no Golden Hall do WTC, em São Paulo, para um dia de palestras, Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,
04082-001, São Paulo, SP,
debates, feira de tecnologia e uma inédita rodada de negócios, que tel. 11 5095-8888
aproximará os participantes do evento com uma centena de representantes redacao@automotivebusiness.com.br
das áreas de compras e engenharia de montadoras e sistemistas.
O programa completo do Fórum está disponível em Filiada ao
www.automotivebusiness.com.br.
Boa leitura.

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PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS

AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR

MERCEDES VOLKSWAGEN FALHA HUMANA


COLHE AVANÇA COM ACELERA
RESULTADO DE RECALL DO CHEGADA DE
SAFRA RECORDE DIESELGATE AUTÔNOMOS
A safra histórica A Volkswagen Ford e Google
de grãos prevista anuncia que já concluíram que
para este ano começa a tirar o atualizou 3,4 milhões dos cerca de é melhor acelerar a chegada dos
mercado nacional de caminhões do 11 milhões de veículos das marcas veículos totalmente autônomos do
buraco. Pelo menos na Mercedes- do grupo envolvidas no escândalo que lançar modelos semiautomati-
-Benz, que aposta em seus modelos do dieselgate em todo o mundo. zados, que dependem da interven-
extrapesados para crescer. A fabri- Os modelos são equipados com o ção humana. Durante o desenvol-
cante plantou antes uma estratégia motor EA189 nas versões 2.0, 1.6 vimento dos sistemas autônomos,
comercial mais agressiva e 1.2. Desse total, 1,4 milhão foi a montadora enfrentou problema
nesse segmento. feito na Alemanha. inesperado: os engenheiros respon-
sáveis por gerenciar o automóvel
cochilavam assim que adquiriam
confiança no sistema.

WEB TV youtube.com.br/automotivebusiness
ESPECIAL BALANÇO AB NEWS NA SEMANA

O SALÃO DO OS NÚMEROS DA ACOMPANHE toda


AUTOMÓVEL DE ANFAVEA no início sexta-feira o vídeo
DETROIT do ano e com os principais
apresentou as expectativas acontecimentos.
algumas novidades para 2017.
para o Brasil.

EXCLUSIVO REDES SOCIAIS


LINKEDIN – Notícias, análises e a pro-
PONTO DE VISTA | AB INTELIGÊNCIA MOBILE WEBSITE
SEGURANÇA gramação da ABTV agora são postadas
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Job: 20345-06 -- Empresa: Lew Lara -- Arquivo: AFS-20345-006-AnNISSAN-Frontier-410x275-CarAndDriver_pag001.pdf
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CARREIRA

GM PROMOVE MUDANÇA
FABIO GONZALEZ

ESTRATÉGICA NA
AMÉRICA DO SUL
COM TRÊS NOVAS UNIDADES DE NEGÓCIOS,
TRÊS PRESIDENTES REPRESENTAM A REGIÃO
SUELI REIS

A General Motors promove mudanças na sua estrutura


regional para a América do Sul ao dividi-la em três
unidades de negócio: GM Mercosul, consolidada por
GM Mercosul. Já o então presidente da Argentina,
Paris Pavlov, ficará à frente da GM Andina, enquanto
Fernando Agudelo, atual presidente da GM no Chile
Brasil e Argentina, GM Andina, com Colômbia, Equador responderá pela GM Central.
e Venezuela, e, por fim, GM Central, reunida por Bolívia, As três unidades continuarão a fazer parte da
Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. estrutura da GM América do Sul, que segue com
A companhia designou CARLOS ZARLENGA, Barry Engle como presidente e a quem os executivos
atual presidente da GM do Brasil, para comandar a da região se reportarão.n

EXECUTIVOS
A SAE Brasil nomeia o engenheiro MAURO CORREIA (foto 1), atual presidente do Grupo Caoa, como seu
novo presidente para o biênio 2017-2018 no lugar do também engenheiro Frank Sowade.
MARCOS ZAVANELLA (foto 2) é o novo presidente da Schaeffler no Brasil. Ele sucede a Jürgen Ziegler,
que retorna à Alemanha para liderar um projeto da empresa em escala global.
ALCIDES CAVALCANTI (foto 3) retorna à Volvo Caminhões, após 19 anos, como responsável pelas
operações comerciais. Ele faz parte da equipe do diretor Bernardo Fedalto.
A Caoa anuncia MARCELLO BRAGA (foto 4) como seu novo diretor de marketing. O executivo retorna à
companhia após participar, em 2005, do lançamento do utilitário esportivo Tucson no Brasil.
ALESSANDRO ALVES (foto 5) é o novo presidente da Delphi na América do Sul, no lugar de Paulo
Santos, nomeado vice-presidente e diretor-geral da divisão de distribuição de eletroeletrônicos na Europa,
Oriente Médio e África.
Foton reestrutura operação no Brasil: o presidente do conselho LUIZ CARLOS MENDONÇA DE
BARROS (foto 6) acumula a função de CEO no lugar de Bernardo Hamaceck, que deixa a empresa
após três anos. Ricardo Mendonça de Barros assume a direção de vendas, marketing, pós-venda e
desenvolvimento de rede.
Grupo Freudenberg anuncia mudanças: ALEXANDRE BICALHO (foto 7) é seu novo representante regional
na América do Sul, acumulando a função atual de CFO da Freudenberg-NOK. Rodrigo Madeira é o novo
CEO da Freudenberg Filtration no Brasil.
FOTOS: DIVULGAÇÃO

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NEGÓCIOS

PONTO DE VISTA
O ano começou ruim e a recuperação deve acontecer
em dois momentos: primeiro com as vendas para
empresas e só depois, no segundo semestre, as pessoas
físicas devem sentir os efeitos da redução dos juros
para voltar a comprar carros
FABRICE CAMBOLIVE, presidente da Renault do Brasil,
durante o lançamento do Captur

ESPORTIVO CORTE DE PESSOAL

NOVO PORSCHE FCA DEMITE EM ÁREA


PANAMERA ADMINISTRATIVA
CHEGA AO PAÍS A crise no mercado automotivo não provocou cor-
tes apenas no chão de fábrica. O Grupo FCA,

D
epois de ter mais de que controla a Fiat e a Chrysler, fez grande corte de
DIVULGAÇÃO / PORSCHE

150 mil unidades pessoal em todos os departamentos da área adminis-


vendidas em todo o mundo trativa, incluindo marketing, comercial e engenharia.
desde o lançamento, o A empresa não divulgou o número de demitidos, mas
Porsche Panamera passou fontes apontam que seriam quase mil desligamentos
por sua primeira grande para reduzir a folha de pagamentos em 30%.
renovação. O modelo chega
ao Brasil em três versões,
4S (R$ 758 mil), Turbo AJUDA DE US$ 6,5 BI
(R$ 981 mil) e na nova 4S
Executive, que sai por R$ 807 mil e tem como principal MATRIZES RESGATAM
atrativo a distância entre eixos 15 centímetros maior,
aumentando o conforto de quem viaja no banco de MONTADORAS
trás. A carroceria padrão já é grande: são 5,05 metros
de comprimento. Na 4S Executive ela passa a 5,20 m. NO BRASIL
Os sedãs têm novos motores: 4S e 4S Executive
recebem um 2.9 V6 de 440 cavalos. Já a configuração
Turbo tem agora um 4.0 de 550 cv. A Porsche esconde
F oi-se o tempo em que as montadoras instaladas no
Brasil remetiam lucro para as matrizes no exterior. Em
2016, com a crise, aconteceu justamente o contrário:
o jogo, mas sabe que os novos Panamera darão as empresas precisaram mandar dinheiro de fora para
empurrãozinho extra nas vendas da marca: “Não posso socorrer as operações locais. Dados do Banco Central
dar um número, mas certamente venderemos mais mostram que as fabricantes de veículos receberam valor
que as 20 unidades entregues no Brasil ano passado”, recorde de US$ 6,57 bilhões em
afirma o diretor-presidente da Porsche do Brasil, investimentos diretos das
Matthias Brück. De acordo com o executivo, o volume matrizes, com aumento
maior este ano será da opção Turbo. Somando todos de 45% sobre o
os Porsche entregues no Brasil foram 997 unidades em montante registrado no
E NS

2016, alta de 38% sobre o ano anterior. (Mário Curcio) ano anterior.
AG
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BA

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NO AZUL

GRUPO PSA TEM MAIS UM ANO DE LUCRO


E m 2016 o balanço do Grupo PSA na América
Latina continuou a ser escrito com as letras azuis. A
empresa dona das marcas Peugeot, Citroën e DS não
ponto porcentual, de 11,7% para 12,8%, com embalo
trazido pelo lançamento do Peugeot 2008 feito no Brasil
– e o Chile, com ampliação em ritmo parecido, de 5,4%
divulga os números financeiros regionais recortados, para 6,9% e liderança entre as marcas europeias de
mas informa que a região passou de “três dígitos de veículos. O Brasil continuou a registrar prejuízo, com
prejuízo para três dígitos de lucro” em milhões de euros modesto avanço de market share de 2,4% para 2,5%.
nos últimos dois anos. “Nossa rentabilidade duplicou “Claro que não estou satisfeito com isso, queremos e
neste mercado no ano passado e (exceto pelo Brasil) podemos mais. A PSA não está bem no País, mas está
os volumes vendidos também cresceram. Isso quer melhor do que estava. Houve progressos, o Brasil foi
dizer que vendemos mais e melhor, além de continuar o país que mais evoluiu em qualidade de serviços e
reduzindo custos, que baixaram 60% entre 2012 e 2016, isso gerou melhor reconhecimento de nossas marcas”,
sendo 21% só no ano passado. Isso explica o resultado ponderou Gomes.
positivo”, resume Carlos Gomes, presidente do grupo no “O mercado brasileiro continuou a cair e por isso
Brasil e América Latina. não ajudou em termos de volumes, mas nós caímos
Segundo o executivo, estão sendo aplicadas na região menos, e se não conseguimos vender mais, vendemos
sob sua supervisão as mesmas diretrizes do plano melhor, mantendo a disciplina comercial, sem guerras
estratégico “Push to Pass”, lançado no ano passado, de descontos ou publicidade de bananas”, destacou o
após a companhia se recuperar de seguidos anos de executivo, que diz esperar por estabilidade de vendas
prejuízo que quase a levaram à falência. A principal em 2017. “A queda continuou forte em janeiro,
meta é crescer com rentabilidade sustentável, sem demonstrando que a recuperação ainda pode demorar.
preocupação com participação de mercado, mas por Deverá ser um ano em que o segundo semestre
meio da valorização das marcas e venda de produtos e compensará o primeiro”, avalia. “Nesta fase, não estou
serviços que trazem lucro. No caso da América Latina, o otimista, mas não estou mais pessimista.”
resultado palpável divulgado dessa política é a expansão Uma das fontes do esperado aumento da rentabilidade
de volumes para 183,9 mil veículos vendidos em 2016 no Brasil poderá vir da superação das metas de
nos países da região, 17,1% a mais na comparação com eficiência energética previstas no Inovar-Auto, que pode
2015, o que garantiu ligeiro aumento de 3,3% para 3,6% render de um a dois pontos porcentuais de desconto
no market share regional. no IPI. “Foi para isso que lançamos aqui o motor 1.2
PureTech (que equipa Peugeot 208 e Citroën C3)”,
BRASIL AINDA NO PREJUÍZO lembra Gomes. Segundo ele, a PSA está otimista com
Os países que mais contribuíram para o resultado os resultados aferidos, mas terá de aguardar a medição
positivo latino-americano da PSA, pela ordem, foram a oficial pelo Inmetro para confirmar ou não o incentivo
Argentina – onde a participação avançou mais de um fiscal. (Pedro Kutney)

LIDERANÇA
CARLOS GHOSN DEIXA PRESIDÊNCIA DA NISSAN
A partir de abril a Nissan terá novo CEO: Hiroto Saikawa assume o lugar que foi de Carlos
DIVULGAÇÃO / NISSAN

Ghosn (foto) por 18 anos. O brasileiro deixa a liderança executiva da companhia, mas per-
manece na presidência do conselho administrativo da aliança Renault-Nissan, que inclui agora
também a Mitsubishi, montadora de quem o conglomerado detém participação de 34%. É justa-
mente por causa das novas responsabilidades na companhia recém-adquirida que Ghosn decidiu
deixar o cargo de CEO da Nissan.

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NEGÓCIOS

CADEIA PRODUTIVA

HYUNDAI RECONHECE FORNECEDORES

DIVULGAÇÃO / HYUNDAI
SERVIÇOS ADUANEIROS:
Embraport - Empresa Brasileira de Terminais
Portuários;
COMPRAS GERAIS:
Tirreno - Indústria e Comércio de Produtos
Químicos;
INOVAÇÃO EM CUSTOS:
Mobis Brasil - Fabricante de componentes
automotivos;
NACIONALIZAÇÃO:
Valeo - Fabricante de sistemas de visibilidade;
QUALIDADE:
Maxion Wheels - Fabricante de rodas de aço.

A Hyundai Brasil entregou prêmio aos seus melhores


fornecedores com base no desempenho de 2016.
Em cerimônia em Piracicaba (SP) em fevereiro, a
custos, ganhos de eficiência e inovação tecnológica.
“Em 2016 celebramos a conquista da quarta colocação
entre as maiores montadoras do País, modificando pela
companhia reconheceu as empresas que mais se primeira vez em 40 anos a composição das chamadas
destacaram ao longo do ano passado. A companhia produz ‘Big 4’. Tal resultado não teria sido possível sem a
em fábrica na cidade os modelos HB20 hatch e sedã e dedicação de nossos fornecedores e parceiros”, afirmou
também o utilitário esportivo Creta. O prêmio está na quinta o presidente da Hyundai Brasil, William Lee. O evento
edição e ocorreu durante o seminário anual promovido ocorreu no complexo histórico do Engenho Central de
no Brasil pela montadora sul-coreana. Cada fornecedor é Piracicaba e teve a presença de mais de 200 fornecedores
avaliado em diferentes quesitos, considerando os esforços e empresas parceiras, além dos principais executivos da
em implementar medidas inteligentes para redução de Hyundai. Veja no quadro acima.

CAMINHÕES E ÔNIBUS

VOLVO VAI INVESTIR R$ 1 BILHÃO EM 3 ANOS


A Volvo se declara pronta para a retomada do setor de veículos comerciais. Prova dis-
HUMBERTO MICHALTCHUK / PRATA GELATINA

so é que a companhia anunciou investimento de R$ 1 bilhão de 2017 a 2019 – 90%


do total no Brasil e o restante para outros países da América Latina. O pacote tem como
foco o desenvolvimento de novos produtos, a atualização da fábrica de caminhões e
ônibus de Curitiba (PR) e o incremento da área de serviços.
“A ideia é complementar a oferta [de produtos] e manter a dianteira”, reforça
Wilson Lirmann (foto), o primeiro presidente brasileiro do Grupo Volvo para o continen-
te. Ele explica que o novo ciclo sustentará a meta da companhia em manter-se líder no
mercado em que atua – caminhões acima das 16 toneladas de PBT ou os denominados
semipesados e pesados – em que a participação da marca chegou a 28,8% em 2016, seu terceiro ano consecutivo
à frente deste segmento. O último ciclo de investimento do grupo na América Latina foi equivalente a US$ 500
milhões entre 2013 e 2015, o que incluiu a última grande renovação da linha de caminhões, com a nova geração
dos modelos da Linha F, lançada em 2014. (Sueli Reis)

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NEGÓCIOS

LEVES

GM SE CONSOLIDA E HYUNDAI SOBE


A s vendas mirradas de 2016 trouxeram mudanças

DIVULGAÇÃO / CHEVROLET
sensíveis nas posições do ranking de vendas de
veículos no Brasil. A General Motors consolidou sua
liderança, desbancando a Fiat, que lá ficou por mais
de uma década, inclusive em 2015, e deixando a
Volkswagen um pouco mais para trás. Hyundai e Toyota
avançaram, desacomodando a Ford de sua histórica
quarta colocação e fazendo a marca descer ao amargo
sexto posto.
Das dez marcas mais vendidas, só duas, Toyota e
Jeep, registraram crescimento de vendas em 2016 sobre
2015. Três (Volkswagen, Fiat e Ford) tiveram quedas
bastante acima da média do mercado (-20%), uma
(Honda) apurou retração igual à média e outras quatro
(General Motors, Hyundai, Renault e Nissan) caíram
menos, abaixo da média.
Confira como foi a movimentação do mercado em 2016:

AS DEZ MARCAS MAIS VENDIDAS EM 2016


EMPLACAMENTOS DESEMPENHO PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO 2015/16
MARCA
JAN-DEZ 2016 2015/16 (%) (%) (em pontos porcentuais)
1a GM 345.874 -10,85 17,41 1,75
a
2 FIAT 304.980 -30,55 15,35 -2,38
a
3 VOLKSWAGEN 228.456 -36,45 11,50 -3,01
a
4 HYUNDAI 197.850 -3,33 9,96 1,70
a
5 TOYOTA 180.416 2,61 9,08 1,98
a
6 FORD 180.242 -28,93 9,07 -1,17
a
7 RENAULT 150.541 -17,37 7,55 0,22
a
8 HONDA 122.541 -20,10 6,17 -0,02
a
9 NISSAN 60.908 -0,53 3,07 0,59
a
10 JEEP 59.046 41,29 2,97 1,29

AUTOPEÇAS
DESEQUILÍBRIO NA BALANÇA COMERCIAL E OCIOSIDADE ALTA
C om os negócios enfraquecidos no mercado brasileiro, o setor de autopeças encerrou 2016 com uma série de
resultados negativos. A balança comercial teve déficit de US$ 5,3 bilhões, segundo o Sindipeças. Enquanto
as exportações de componentes brasileiros geraram faturamento de US$ 6,57 bilhões, as importações chegaram a
US$ 11,82 bilhões. O nível de ociosidade das fábricas chegou perto de 50%. Com a baixa demanda, o número de
empregos encolheu 13,3% na indústria de autopeças.

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NEGÓCIOS

PESADOS

MERCEDES-BENZ
TOMA LIDERANÇA
DA MAN
N o setor de caminhões, entre tantas reviravoltas
no mercado, 2016 foi o ano em que a Mercedes-
Benz destronou a MAN da posição de montadora
que mais vende caminhões no Brasil. A companhia
entregou 15,1 mil veículos da categoria, com queda
de 21,7%. O tombo, no entanto, foi bem menor do

DIVULGAÇÃO / MERCEDES-BENZ
que o total do mercado, que encolheu 29,4% ao
longo do ano, para apenas 50,5 mil unidades, volume
anêmico perto do recorde alcançado em 2011,
quando o mercado interno do segmento superou a
marca de 170 mil emplacamentos.
Veja o ranking completo:

AS DEZ MARCAS MAIS VENDIDAS DE CAMINHÕES EM 2016


EMPLACAMENTOS DESEMPENHO PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO 2015/16
MARCA
JAN-DEZ 2016 2015/16 (%) (%) (em pontos porcentuais)
1a MERCEDES 15.113 -21,74 30,05 3,14
a
2 MAN VWCO 13.697 -29,95 27,23 -0,01
a
3 FORD 7.750 -40,01 15,41 -2,59
a
4 VOLVO 5.612 -32,77 11,16 -0,47
a
5 SCANIA 4.244 -18,74 8,44 1,16
a
6 IVECO 2.626 -42,30 5,22 -1,12
a
7 DAF 673 51,92 1,34 0,72
a
8 AGRALE 184 -29,50 0,37 0,00
a
9 SINOTRUK 180 125,00 0,36 0,25
a
10 INTERNATIONAL 74 10,45 0,15 0,05

CAMINHÃO
FOTON COMEÇA A VENDER MODELO NACIONAL
N o início de março a Foton começou a vender os seus primeiros caminhões feitos no Brasil, na planta da
Agrale em Caxias do Sul (RS). A promessa da Foton é montar os veículos ali até a conclusão de sua unidade
própria em Guaíba (RS). Segundo a companhia, as unidades nacionais são feitas em parceria com mais de 40
fornecedores. Com os produtos nacionais, a Foton pretende atender a um esperado aumento na demanda por
caminhões em 2017.

20 • AutomotiveBUSINESS

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REVOLUÇÃO DIGITAL

INOVAÇÃO COM POTENCIAL PARA


TRANSFORMAR A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
RANKING
TESLA É UMA DAS TRÊS EMPRESAS MAIS INOVADORAS
A inda que as empresas de tecnologia tenham
DIVULGAÇÃO /TESLA

dominado o espaço de inovação nos últimos anos,


a indústria automotiva ainda garante participação
importante no assunto. Principalmente quando une o
mundo dos carros com o da tecnologia, como é o caso da
Tesla, eleita a terceira empresa mais inovadora do mundo
pelos 1,5 mil executivos entrevistados pelo levantamento
do Boston Consulting Group (BCG). A montadora do Vale
do Silício ficou atrás apenas da Apple e do Google na
lista. Além da Tesla, aparecem no ranking Toyota, BMW,
Daimler, General Motors, Renault e Honda.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
FORD INVESTE US$ 1 BILHÃO EM STARTUP ARGO AI
A Ford vai aplicar US$ 1 bilhão pelos próximos cinco anos na Argo AI, startup do ramo de inteligência artifi-
cial. O plano é tornar-se sócia majoritária da empresa de tecnologia e desenvolver um sistema de direção
virtual para carros autônomos, como parte da estratégia da montadora que prevê o lançamento de seu pri-
meiro modelo autoguiado em 2021. O uso de inteligência artificial nos carros é uma tendência clara no setor.
Diversas montadoras estão trabalhando no desenvolvimento de assistentes pessoais digitais, que serão a base
da experiência das pessoas em veículos autônomos.

INOVAÇÃO & TECNOLOGIA

MOBILEYE AVANÇA NO SETOR AUTOMOTIVO


C om a iminência da chegada de carros autônomos
DIVULGAÇÃO

ao mercado, a Mobileye investe em parceria com


montadoras. Só neste ano a empresa israelense focada no
desenvolvimento de tecnologias de assistência à direção
já anunciou parcerias com a Volkswagen e com a BMW. A
empresa suprirá as fabricantes de veículos com o sistema
REM (de Road Experience Management), que oferece mapas
de alta definição e, por crowdsourcing, garante que os
automóveis autoguiados tenham informações em tempo
real de condições de trânsito e aspectos meteorológicos, por
exemplo. As informações são consideradas essenciais para
que modelos autônomos funcionem bem.

AutomotiveBUSINESS • 21

14-22_NEGOCIOS_v2.indd 21 06/03/2017 20:23:24


NEGÓCIOS

ÁREA DE DADOS, ESTUDOS E ESTATÍSTICAS DO


PORTAL AUTOMOTIVE BUSINESS. INFORMAÇÃO COM CREDIBILIDADE
PARA DESENVOLVER PROJETOS E FAZER O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.
www.automotivebusiness.com.br/abinteligencia/

RAIO-X: VEÍCULOS E SEUS


FORNECEDORES
A
BAIXE O RAIO-X
DO FIAT MOBI utomotive Business estabeleceu parceria com a IHS Markit para abrir a caixa preta da parceria
entre montadoras e fornecedores de autopeças no Brasil. Este material está na seção
Raio-X: veículos e seus fornecedores. A cada mês o espaço trará com exclusividade o levantamento dos
principais fornecedores de componentes das montadoras para a produção de determinado modelo. O
relatório, em arquivo PDF, é oferecido para download.
Para a estreia, desvendamos as empresas que entregam autopeças e sistemas para o Fiat Mobi.
A lista contém 30 fornecedores, com nomes como Bosch, Mahle e Brembo, além dos itens que cada
uma dessas companhias entrega para a montagem do carro. As informações sobre o compacto
nacional, fabricado pela FCA na planta de Betim (MG), foram levantadas pela IHS Markit.

RANKING GLOBAL: MARCAS,


MODELOS E MERCADOS
Os dados de vendas globais
BANCO DE IMAGENS

em 2016 indicam que o


Brasil despencou para a nona
colocação no ranking mundial
FAÇA O
DOWNLOAD
de vendas de veículos leves.
DOS DADOS
DE VENDAS
Relatório anual da consultoria
GLOBAIS Jato Dynamics mostra que
o País encerrou o ano duas
posições atrás da colocação de 2015. Em
2016, o mercado local entregou pouco mais de
1,98 milhão de unidades, entre automóveis e
comerciais leves, registrando também a maior
queda entre todos os 52 países pesquisados.
No topo da lista, a China segue como o
maior mercado de veículos do mundo, com
crescimento de dois dígitos, seguida pelo vice-
líder, Estados Unidos, com vendas estáveis,
e Japão na terceira posição, embora tenha
registrado queda das vendas em 2016. A
Alemanha se manteve como o quarto maior
mercado do mundo. Por marcas, a Toyota
lidera no segmento leve, desbancando a
Volkswagen com 7,2 milhões de veículos –
entre automóveis e comerciais leves.

22 • AutomotiveBUSINESS

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CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

SETOR AUTOMOTIVO
BUSCA SEU LUGAR NA
REVOLUÇÃO
DIGITAL

EMPRESAS SE
PREPARAM PARA
OFERECER MAIS
TECNOLOGIA, INVESTIR
NA EXPERIÊNCIA DO
CONSUMIDOR E ADAPTAR O
MODELO DE NEGÓCIO
GIOVANNA RIATO

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H ESTAMOS OLHANDO
á quem diga que é difícil no-

DIVULGAÇÃO / BOSCH
tar a revolução quando você
está justamente no meio dela. MAIS PARA SOFTWARE.
O setor automotivo começa a dar si-
nais claros de que, contrariando esse QUEREMOS NOS
ponto de vista, percebeu e decidiu
acompanhar a revolução digital em TORNAR LÍDERES
curso. A impiedosa transformação
atropela os produtos, formatos e mo- EM SOLUÇÕES
delos de negócio estabelecidos para
impor uma nova realidade baseada DE INTERNET
na internet. Computação na nuvem,
dados, conectividade, internet das DAS COISAS
coisas e automação passam a ser
palavras e expressões cada vez mais
CARLOS ABDALLA, gerente de
utilizadas no vocabulário da indústria marketing e de relações institucionais
automotiva. Sinal dos tempos. da Bosch no Brasil
O estudo Gaes 2017, feito global-
mente pela KPMG com mil executi- lembra que o processo de romper WhatsApp, conquistou espaço entre
vos de alto escalão da indústria auto- com padrões estabelecidos nunca é os consumidores.
motiva, comprova isso. Para 83% dos indolor. “Mudar uma indústria que Outra conclusão que salta aos olhos
entrevistados, o modelo de negócio teve sucesso por mais de 100 anos na pesquisa é a mudança na relação
do setor pode passar por disrupção é difícil, mas o setor não pode ficar de posse entre consumidores e carros.
em breve – trata-se daquela inovação parado e repetir o que aconteceu no Dos entrevistados, 59% admitiram que
exponencial, que transforma um se- segmento de telecomunicações”, metade das pessoas que têm um carro
tor de uma hora para a outra. diz, lembrando de empresas que fi- atualmente não terá mais interesse em
Ricardo Bacellar, diretor da divi- caram inertes enquanto uma série de possuir um veículo em 2025. A ideia é
são automotiva da KPMG no Brasil, aplicativos de comunicação, como o pagar pelo uso, não pela propriedade.

DIVULGAÇÃO / BOSCH
CONECTIVIDADE, dados
e internet das coisas viram
expressões comuns no
mundo automotivo

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CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

A boa notícia, por outro lado, é

DIVULGAÇÃO / BOSCH
que há enorme mercado a ser ex-
plorado nessa área. Para 76% dos
entrevistados, os automóveis co-
nectados garantirão às montadoras
dez vezes mais receitas do que os
modelos analógicos. Ao oferecer
veículos tecnológicos, que customi-
zam a experiência do cliente, os en-
trevistados da KPMG acreditam que
será possível, por exemplo, obter
faturamento a partir dos dados dos
consumidores, justamente como fa-
zem hoje companhias de tecnologia
É UM DESAFIO
como Google e Facebook.
transformar uma indústria
que tem sucesso há mais E O BRASIL?
de 100 anos
O papel da indústria automotiva lo-
cal dentro da revolução digital ainda

O DESAFIO DOS AUTÔNOMOS


A s tecnologias de assistência à direção seguem
rápida evolução, mas Lobistsky, da Infor, lembra
que a chegada dos carros plenamente autônomos
empresas instaladas localmente. “O executivo brasileiro
não vai priorizar isso agora. Em uma multinacional, o
caminho natural é esperar a tecnologia amadurecer
deve esbarrar na cibersegurança. “É algo que precisa lá fora antes de vir para cá. Localmente, acho que o
ser melhor debatido. É necessário estabelecer caminho mais simples será começar a trabalhar para
alguns parâmetros”, diz, lembrando da aterrorizante melhorar a experiência do cliente.”
possibilidade de hackers roubarem dados do condutor Abdalla, da Bosch, concorda que pode ser mais
de um veículo autônomo ou, até mesmo, assumirem a demorado do que em outros países, mas enfatiza que
direção do automóvel a distância. o avanço do carro autônomo é inevitável no Brasil.
No levantamento da KPMG, os executivos da indústria “A tecnologia transcende fronteiras”, diz. Ele reforça,
automotiva não pareceram tão confiantes quanto ao no entanto, que essa evolução não depende só da
avanço dos carros autoguiados. Dos participantes, 49% indústria, mas também do avanço da infraestrutura
apontam que confiariam mais em uma marca premium das vias, das cidades e, claro, do poder econômico do
quando fossem andar em um carro sem motorista e consumidor para investir na tecnologia.
37% iriam preferir uma montadora de alto volume, Furtado, da ZF, concorda que é essencial que
como Toyota e Volkswagen. Apenas 14% dos executivos o ambiente esteja adaptado para esses carros,
acreditam que uma empresa do Vale do Silício seria com sinalização adequada nas vias e estrutura de
capaz de desenvolver o automóvel mais confiável, com conectividade, por exemplo. Para ele, há um longo
zero risco de acidente. caminho a ser percorrido antes de esses modelos
Lobistsky aponta que o atraso para a novidade chegar chegarem ao Brasil. De qualquer forma, o executivo
ao Brasil não pode ser tão grande na comparação com reconhece que já é visível que a barra de exigência
o resto do mundo. “A indústria terá de avançar. Não do consumidor local está subindo com a busca de
existe outra saída”, diz. Ainda assim, ele admite que o “soluções que tragam cada vez mais conforto durante
movimento será mais reativo do que pioneiro, já que a condução, além de economia de combustível,
a tecnologia está longe da lista de prioridades das segurança e eficiência”.

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CAPA | REVOLUÇÃO DIGITAL

O CAMINHO QUE
DIVULGAÇÃO / ZF

TRILHAMOS ESTÁ
CADA VEZ MAIS
ESTREITO ENTRE
A INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA E A DE
TECNOLOGIAS EM
SOFTWARES
SILVIO FURTADO, diretor de vendas
da ZF na América do Sul

não está claro. Por um lado, o mer- função a outra com simplicidade, é para que o vendedor o conduza em
cado nacional é bastante vanguardis- mais difícil garantir otimização, des- uma experiência. A geração Y prefere
ta quando se trata de aderir a novas taca. “É impossível garantir 100% de ela mesma pilotar as próprias experi-
tecnologias. Um dos indícios disso é aproveitamento da produção dessa ências”, exemplifica.
a presença robusta dos brasileiros nas maneira. No fim, quem paga pela
redes sociais. No estudo da KPMG, ineficiência é o consumidor.” INOVAÇÃO
os executivos entrevistados no País se Para Lobistsky, os desafios para Se o papel das montadoras e do
mostraram mais dispostos a apostar inovar estão em vários níveis da ca- automóvel na sociedade está em
em inovação do que os profissionais deia automotiva. “Há espaço para discussão, qualquer mudança co-
de outras regiões. Na pesquisa, 97% melhorar as compras de componen- loca em xeque também a cadeia
dos brasileiros concordaram parcial tes, o processo produtivo e a expe- produtiva. Os grandes sistemistas,
ou totalmente que, até 2025, os pro- riência do consumidor, entre muitas fornecedores de primeiro nível, são
dutos e serviços agregados ao veículo outras coisas”, afirma. Esse último tradicionalmente responsáveis por
serão critérios importantes na decisão aspecto é, inclusive, um dos grandes importantes inovações no setor auto-
de compra pelo consumidor. “É um apelos da revolução digital. A partir motivo. A questão é como eles vão
índice bastante superior ao global, dos dados dos clientes e da tecno- inovar quando o modelo de negócio
que foi de 76%”, observa Bacellar. logia, as empresas têm o desafio de das montadoras se transformar para
Gabriel Lobistsky, diretor de ven- oferecer a chamada customização atender aos consumidores com no-
das para a América Latina da Infor em massa, que nada mais é do que vos serviços?
Enterprise Software Solutions, que garantir uma experiência personali- A Bosch, tradicionalmente uma in-
oferece consultoria e soluções digi- zada, mas em grande escala – mais dústria focada em entregar hardwa-
tais para melhorar processos, avalia uma vez, a referência vem do setor re, passa por transformação global
que, para inovar, o Brasil precisa ven- de tecnologia, de empresas como o para se adequar à nova realidade.
cer muito mais do que só a barreira Facebook, que customiza a timeline “Estamos em processo de transição,
tecnológica. “Há uma série de buro- dos usuários. olhando mais para software. Quere-
cracias e legislações que prendem as “Faltam montadoras que topem dar mos nos tornar líderes na oferta de
empresas, causam ineficiências na ao cliente o controle de sua vivencia soluções de internet das coisas, o
produção”, aponta, citando o exem- com a marca”, aponta. “Ainda resisti- que permitirá que o automóvel se
plo da complexa legislação trabalhis- mos muito às vendas no meio digital. conecte a outros veículos, com a in-
ta. Sem a possibilidade de flexibilizar O cliente jovem não quer ir até a con- fraestrutura e todo o entorno”, conta
atividades e realocar pessoas de uma cessionária e sentar em uma cadeira Carlos Abdalla, gerente de marketing

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e de relações institucionais da com- sistemas de conectividade e assis-

DIVULGAÇÃO / BOSCH
panhia no Brasil. tência à direção. “O caminho que
Ele diz que, no novo contexto, trilhamos está cada vez mais estreito
muitos aspectos se misturam. Um entre a indústria automotiva e a de
deles é a linha tênue que separa tecnologias em softwares”, admite
parceiros, clientes e concorrentes. Silvio Furtado, diretor de vendas da
“Muitas empresas de tecnologia companhia na América do Sul. Se-
são nossas clientes e, ao começa- gundo ele, a empresa aposta que,
rem a atuar no setor automotivo, para sobreviver ao novo cenário, é
tornam-se concorrentes em alguns preciso focar na produção de siste-
segmentos.” A confusão aparente- mas e autopeças, mas com profun-
mente pode acontecer até mesmo do conhecimento de tecnologias de
na cadeia automotiva tradicional. digitalização e conectividade.
A sistemista aposta no potencial “O processo de inovação pode as-
do compartilhamento de veículos sustar pelo ritmo tão acelerado”, diz,
e começou a oferecer um sistema destacando um dos grandes desa-
próprio em Berlim, na Alemanha, de fios da companhia para os próximos
scooters compartilhados, entrando anos. Furtado lembra que há pela
no mesmo nicho no qual muitas frente um processo de conquistar a
montadoras têm investido. BOSCH aposta em scooters confiança dos consumidores e pro-
compartilhados em Berlim
Na ZF o esforço é para oferecer var que as novas tecnologias são se-
soluções baseadas na eletrificação, guras, conquistar a confiança. n

AutomotiveBUSINESS • 29

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

FÁBRICA INTELIGENTE
É O FUTURO DA
INDÚSTRIA DE CARROS
BASEADA NO CONCEITO DE INDÚSTRIA 4.0, NOVA GERAÇÃO
DE PLANTAS PROMETE GANHOS DE COMPETITIVIDADE
EDILEUZA SOARES

A
transformação das atuais doras locais de carros têm de traçar ção de fábricas inteligentes com pou-
plantas em fábricas inteli- estratégias para modernização das ca intervenção humana, comanda-
gentes é a pista que monta- plantas dentro dos novos conceitos das por máquinas conectadas com
doras brasileiras terão de pegar para de fábrica inteligente, que pregam a sensores que se falam pela internet
entregar ao consumidor carros per- automação de praticamente 100% das coisas (IoT). Pelo projeto, todos
sonalizados com qualidade, menor das instalações. os componentes da manufatura tro-
custo e aumento de competitividade. A fábrica do futuro promete mais cam informações em tempo real, uti-
O caminho é o mesmo que o setor agilidade, flexibilidade, redução de lizando aplicações em cloud compu-
está tentando percorrer na Europa, custos, otimização de recursos, fim ting de forma a integrar toda a cadeia
Estados Unidos e Ásia guiado pelo de desperdícios e personalização de de produção.
conceito de indústria 4.0. produtos ao consumidor. O conceito O termo indústria 4.0 nasceu no
Analistas de mercado e represen- faz parte da quarta revolução indus- campo automotivo e dará grande
tantes da indústria de tecnologia da trial ou indústria 4.0, após a invenção sustentação à produção do carro
informação (TI) afirmam que o Bra- da máquina a vapor;do uso da eletri- 100% autônomo, previsto para che-
sil não pode esperar muito para dar cidade; da automação da produção gar às ruas em meados de 2020.
partida e entrar na era digital. Mesmo em massa, com entrada de robôs A ideia surgiu por volta de 2008 na
em tempos de desaceleração da eco- nas linhas de montagem. Alemanha para responder à crise
nomia e retração das vendas, monta- A indústria 4.0 propõe a constru- econômica dos Estados Unidos da-
quela época e fortalecer as marcas
europeias na competição com as
DEVIDO À SITUAÇÃO montadoras da China.
FINANCEIRA, OS
REALIDADE DO BRASIL
INVESTIMENTOS “Existe espaço e apetite para fábri-
cas inteligentes no setor automotivo,
EM FÁBRICAS principalmente quando se fala na
possibilidade de produtos customi-
INTELIGENTES FORAM zados de acordo com a necessidade
do cliente”, explica Camilo Rubim,
RICARDO BENICHIO

POSTERGADOS vice-presidente do setor automotivo


CAMILO RUBIM, vice-presidente do da T-Systems Brasil. Sua visão é de
setor automotivo da T-Systems Brasil que as implementações estão sendo

30 • AutomotiveBUSINESS

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realizadas de forma fatiada ou em

DIVULGAÇÃO / POLLUX
ondas. Geralmente, as montado- O ANO DE 2017 É O
ras começam com a integração do
desenvolvimento de produto com o
LIMITE PARA O SETOR
chão de fábrica e com a aplicação no
setor de logística.
PASSAR DA TEORIA
Embora as empresas saibam da À PRÁTICA. JÁ DÁ
necessidade de revitalizar os parques
industriais para ser mais competiti- PARA APROVEITAR AS
vas, Rubim diz que a conjuntura do
País inibe os projetos de indústria LIÇÕES APRENDIDAS
4.0. “Devido à situação financeira, os
investimentos em fábricas inteligen- PELOS EUA E
tes foram postergados no Brasil.”
“O ano de 2017 é o limite para ALEMANHA COM
o setor passar da teoria à práti-
ca. Já dá para aproveitar as lições INÍCIO DE PILOTOS
aprendidas pelos Estados Unidos JOSÉ RIZZO HAHN FILHO,
e Alemanha e iniciar pilotos”, afir- CEO da Pollux
ma José Rizzo Hahn Filho, CEO da
Pollux Automation, fornecedora na- sores em máquinas da linha de pro- alertas da mesma forma que o seu
cional de tecnologias para automa- dução que se comunicam com a in- carro, que acende uma luz no painel,
ção industrial. ternet das coisas para prever paradas informando a necessidade da troca
“Vamos ver em 2017 alguns pilo- de linhas de produção de carros não de óleo e que se nenhuma providên-
tos com resultados no Brasil. Os que programadas. cia for tomada o motor vai fundir”,
não começarem vão perder espaço O monitoramento em tempo real compara o diretor da Pollux.
para a concorrência. Deixar os proje- dessas máquinas informa quando há
tos para 2018 talvez seja tarde”, acre- necessidade de reparos ou substitui- FALTA ROBOTIZAÇÃO
dita o executivo. Sua recomendação ção de peças. Assim, as providências Na avaliação de Rodrigo Stanger, con-
é dar o primeiro passo com projetos podem ser tomadas antes de o equi- sultor da IBM Brasil para a indústria au-
pequenos e de curta duração. Uma pamento quebrar. “A manutenção tomotiva, é um grande desafio para as
sugestão é a implementação de sen- preditiva das linhas de produção dá montadoras atender as demandas do

A REALIDADE
DO BRASIL EM
ROBOTIZAÇÃO
AINDA ESTÁ
DISTANTE NA
COMPARAÇÃO
ANDRÉ HENRIQUES/DGABC

COM OUTROS
MERCADOS
ICARU SAKUYOSHI, diretor da Motoman

AutomotiveBUSINESS • 31

30-33_TECNOLOGIA Da INFORMACAO-v2_[TI].indd 31 07/03/2017 10:13:22


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

cliente com o produto certo e compe-

DIVULGAÇÃO / SIEMENS
titividade. “Sair da produção em série AGORA É O
para a customizada em larga escala de
forma ágil só é possível com uma fá- CONSUMIDOR
brica inteligente”, acredita o executivo.
Mas nem todas as montadoras QUE DIZ AO
possuem em suas plantas máquinas
compatíveis com as novas tecnolo- BUSINESS O
gias. Um dos investimentos que as
companhias terão de fazer para dotar QUE QUER
suas fábricas de inteligência é em ro-
JOSÉ BORGES FRIAS,
bótica avançada para automação nas diretor da Siemens Digital
linhas de montagem. “A realidade do Factory no Brasil
Brasil em robotização ainda está dis-

GANHOS PARA OS NEGÓCIOS


A indústria 4.0 promete reduzir o ciclo de produção dos veículos. José Borges Frias, diretor da Siemens Digital
Factory no Brasil, conta que o setor já evoluiu, diminuindo de oito anos para três anos o tempo de concepção
de um veículo até o seu lançamento. Ele acha que esse prazo pode encurtar com as fábricas inteligentes. Com
tecnologias como internet das coisas, computação em nuvem, impressão 3D e nova geração de robôs, muitas das
etapas de produção são adiantadas pelos centros digitais. A prototipagem e os testes, por exemplo, podem ser
feitos em ambiente virtual, com simulações iguais às da fábrica física. O trabalho pode ser apoiado pela tecnologia
de gêmeo digital, que espelha a planta real, o que contribui para acelerar o processo produtivo.
As fábricas também são construídas mais rapidamente e planejadas para a montagem dos carros com mais
flexibilidade, saindo do modelo sequencial para a customização em escala. Uma mesma linha poderá atender tanto
o cliente que quer um carro vermelho esportivo quanto o que pediu um modelo clássico prateado. Essa agilidade,
segundo Frias, permite às montadoras produzir carros de qualidade e com menos custos para atender os anseios do
consumidor. Ele observa que em plena era do cliente a customização e a boa experiência são os fatores que vão mover
os negócios daqui para frente. “Agora é o consumidor que diz ao business o que quer”, diz o executivo da Siemens.

SAIR DA PRODUÇÃO tante em relação ao que ocorre nos


Estados Unidos, Japão e Alemanha”,
EM SÉRIE PARA A avalia Icaru Sakuyoshi, diretor da Mo-
toman, fabricante de robôs.
CUSTOMIZADA EM Sakuyoshi ilustra sua análise com
dados da International of Federation
LARGA ESCALA DE of Robotics sobre a densidade de ro-
bôs no mercado mundial. No Japão,
FORMA ÁGIL SÓ para cada fábrica com 10 mil traba-
lhadores há 320 mil máquinas dessas
É POSSÍVEL COM em operação, enquanto na Alemanha
a mesma proporção é de 280 robôs;
UMA FÁBRICA nos EUA, 150 e no Brasil, 9, incluin-
BRUNO FAVERY

INTELIGENTE do os mais variados segmentos da


economia. As montadoras são as que
RODRIGO STANGER, da IBM Brasil mais investem nessa tecnologia.

32 • AutomotiveBUSINESS

30-33_TECNOLOGIA Da INFORMACAO-v2_[TI].indd 32 07/03/2017 10:13:30


COMPETITIVIDADE DEMORA
OS BRASILEIROS

DIVULGAÇÃO / KUKA ROBOTER DO BRASIL


Edouard Mekhalian, CEO da Kuka
Roboter do Brasil, outra fabricante de
robôs, destaca que essa tecnologia é
QUEREM RESPOSTAS
uma das peças-chave na engrenagem RÁPIDAS E
da fábrica do futuro, mas que está
aquém do razoável no mercado local. MÁGICAS. MAS
Pelas suas estimativas, a base instala-
da de robôs no País, somando todos UMA SOLUÇÃO DE
os setores, gira em torno de 25 mil a
27 mil equipamentos, sendo que entre COMPETITIVIDADE
12 mil e 13 mil estão em operação na
indústria automotiva e de autopeças. LEVA DÉCADAS PARA
Na avaliação de Sakuyoshi, da Mo-
toman, o Brasil tem de consolidar pri- SER IMPLEMENTADA
meiro as indústrias 2.0 na cadeia de
fornecimento a partir do tier 2. Pela EDOUARD MEKHALIAN,
CEO da Kuka Roboter do Brasil
sua avaliação, as montadoras e os par-
ceiros tier 1 até que estão mais avan-
çados em automação e posicionados
na manufatura 3.0. Com essa dispari- querem respostas rápidas e má- nologia na modalidade de serviço.
dade, ele diz que a entrada do Brasil gicas. Mas uma solução de com- José Rizzo Hahn Filho, CEO da
na indústria 4.0 carece de um trabalho petitividade leva décadas para ser Pollux, acrescenta que as empre-
forte, envolvendo governo, entidades implementada, como aconteceu na sas podem dar os primeiros passos
de classe, indústrias e academia. Alemanha e Japão.” nos projetos de fábricas inteligentes
Opinião semelhante tem Mekha- A conjuntura econômica inibe com a contratação de robôs, softwa-
lian. Ele diz que as fábricas inteli- investimentos em projetos de fábri- re e outras soluções de TI em cloud
gentes são essenciais para aumento cas inteligentes, mas José Borges computing. Para isso, as áreas de TI
de competitividade das montadoras, Frias, diretor da Siemens Digital e chão de fábrica têm de sentar na
mas que o Brasil tem de trabalhar Factory no Brasil, afirma que estão mesma sala e traçar estratégias jun-
em várias frentes para colocar essa surgindo novos modelos de negó- tas. Hoje essas áreas nem sempre
iniciativa em prática e olhar o que cios para viabilizar as iniciativas de andam de mãos dadas e a indústria
os outros já fizeram. “Os brasileiros indústria 4.0 com a venda de tec- 4.0 passa pela convergência digital.

INDÚSTRIA 4.0 É TEMA DE WORKSHOP


A utomotive Business vai aprofundar a discussão sobre Indústria 4.0 no dia 8 de maio, em workshop sobre
o assunto que acontecerá em São Paulo. O princípio é que, para sobreviver em mercados cada vez mais
competitivos e repletos de inovações, as empresas de manufatura deverão progressivamente conquistar o status
de indústria 4.0. Elevado grau de digitalização, total conectividade nos processos e a introdução da Internet das
Coisas nas áreas de suprimento, produção e distribuição são passos essenciais neste processo.
O workshop levará também os participantes a responder se, depois de vencer a crise econômica que marca
os tempos atuais, as empresas locais estarão prontas para se adaptar ou para enfrentar as novas transformações
globais, com o surgimento das smart factories, carros elétricos e autônomos e uma revolucionária infraestrutura
de transporte.
Entre os convidados dos debates e palestras estão o secretário de inovação do MDIC, Marcos Vinicius de
Souza, Marcelo Cioffi, diretor da PricewaterhouseCoopers, Ricardo Bacellar, diretor da KPMG, e José Rizzo Hahn,
presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial e presidente também da Pollux Automation. n

AutomotiveBUSINESS • 33

30-33_TECNOLOGIA Da INFORMACAO-v2_[TI].indd 33 07/03/2017 10:13:32


DISTRIBUIÇÃO

QUANTO MAIS
PRUDENTE,
MELHOR
FECHAMENTO DE QUASE 1,3 MIL PONTOS ENSINA:
CONCESSIONÁRIO PRECISA SER CONSERVADOR
MÁRIO CURCIO

O
drama vivido pelos concessionários pode não se deve só à crise: “Havia muitas lojas da mesma
visto por todo o País. A imagem de revendas bandeira em algumas capitais. As fábricas pressionavam
fechadas virou até lugar-comum em grandes pela abertura de concessionárias (...) A rede que se tem
cidades. “São 1.291 pontos a menos no Brasil só entre hoje no País é suficiente para um mercado de 3 milhões
janeiro de 2015 e junho de 2016, com a perda de 126,3 de unidades”, estima o consultor.
mil empregos”, lamenta Alarico Assumpção Júnior, presi- Diante de tantas revendas, novas marcas e uma re-
dente da Fenabrave, entidade que reúne as associações cessão sem precedente, Trivellato adverte: “No setor
de concessionários. de distribuição você tem de s er conservador, mas no
Com previsão de alta de apenas 3% nas vendas em bom sentido, ou seja, adotar ações compatíveis com
2017, o executivo adverte: “Os distribuidores terão de se sua capacidade financeira. Isso porque a volatilidade do
reinventar e adequar sua estrutura aos volumes atuais.” O mercado e o risco são altos.” Trivellato divide os distri-
consultor Francisco Trivellato, sócio-diretor da Trivellato buidores dos anos mais recentes em dois perfis: “Havia
Informações & Estratégias, explica que o problema atual os mais conservadores e os que apostaram e investiram
FOTOS: LUIS PRADO

PAÍS TEVE QUASE 1.300


concessionárias fechadas
entre janeiro de 2015 e
junho de 2016

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uma operação de pós-venda em ave-
nidas principais é muito caro”, re-
ASSUMPÇÃO, da Fenabrave: corda. Exemplo disso se vê na Mer-
“Distribuidor terá de se adequar cedes Itatiaia, que inaugurou uma
aos volumes atuais”
loja na Avenida Morumbi (em São
Paulo, SP) e meses depois abriu a ofi-
cina em uma travessa próxima. “Não
sem capacidade. Os conservadores aumento de pontos apenas para ser- vejo essa separação do showroom e
começaram a reduzir o número de viço autorizado e também na abertura da oficina como tendência, mas em
lojas; já o outro grupo ainda relu- concessionárias com showroom em alguns casos acaba sendo a única
ta em fazer isso. O primeiro passo área de maior circulação e a oficina opção”, afirma o diretor da revenda,
é reconhecer o problema. Aqueles instalada nas proximidades: “Manter Charles Dokter.
que fizeram isso tiveram capacidade
para reverter a situação.”
Entre as lições do período atual, o
consultor sugere que a multifranquia
também traz mais segurança porque
USADOS: UMA ESTRATÉGIA ESSENCIAL
algumas marcas tiveram desempe-
nho melhor, com quedas menores
que a do mercado ou até mesmo
C arlos Campos recorda que os concessionários que já operavam
bem com carros usados estão atravessando melhor esse período:
“Isso salvou vários grupos”, revela. “Também é importante adotar ações
alta. Ele recorda ainda que as pre- proativas que integrem venda e pós-venda, como numa revisão de 50
ferências do consumidor também mil quilômetros, por exemplo, abordando o proprietário do usado com a
mudaram, tanto no que se refere aos oferta de test-drive de um novo modelo. É preciso olhar para o ciclo de
carros mais vendidos como nos seg- vida do cliente, mostrar interesse legítimo por ele”, diz.
mentos com maior procura. Campos cita também a importância de ter programas de certificação
Carlos Campos, diretor da consul- de usados, que aumentam a segurança para quem compra.
toria Prime Action, aponta mais ca- Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC, garante: “A rentabilidade dos
minhos: “Buscar soluções de crédito seminovos é bem maior em porcentagem e semelhante em valores.” O
e apoio dos bancos das montadoras empresário, que já teve 100 concessionárias, hoje comanda 42 e também
ajuda nos momentos de crise. Tam- a rede de usados Carbraxx, com 30 lojas.
bém é importante dar suporte ao Em algumas linhas, Habib elabora algo parecido com uma “cartilha de
cliente para renegociação das dívidas sobrevivência” para o distribuidor nos dias atuais: “Uma das estratégias
de financiamento.” O executivo cita durante as crises é colocar várias marcas sob o mesmo telhado e
também a importância de melhorar renegociar contratos, seja de fornecedores, seja de locação. Outro
os bancos de dados das concessio- ponto é o maior investimento em treinamento de pessoal, uma vez que
nárias e o atendimento on-line, ain- a rotatividade de profissionais
MÁRIO CURCIO

da defasado no Brasil diante do que aumenta em períodos de crise.


ocorre em outros mercados. Quanto à tecnologia, dispomos
Algumas empresas começam a mu- de ferramentas que mapeiam
dar o panorama, como a Leadworks, desde a primeira visita do cliente
especializada em capturar o com- à concessionária até as consultas
prador on-line e fazer o meio de feitas por telefone e demais
campo entre a ação digital da mon- contatos. Com esse histórico é
tadora e a visita desse internauta possível abordá-lo de forma mais
à revenda. Com bons resultados assertiva, não tomando seu tempo
práticos, a Leadworks já tem Toyo- desnecessariamente e focando
PROGRAMAS de
ta, Peugeot, Renault e Moto Honda no serviço ou na compra que certificação aumentam
como clientes. ele realmente quer fazer”, a confiança nos usados
Em relação à infraestrutura de aten- conclui. n
dimento, Carlos Campos acredita no

AutomotiveBUSINESS • 35

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FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
FOTOS: LUIS PRADO

EDIÇÃO DE 2016 atraiu 720


profissionais do setor

RODADA DE NEGÓCIOS
TRAZ OPORTUNIDADES
EVENTO DE AUTOMOTIVE BUSINESS EM
ABRIL PROMOVE NETWORKING

A
comunicação digital está mais do que
consolidada no mundo dos negócios:
e-mails, mensagens instantâneas e redes
sociais ajudam fornecedores e clientes a perma-
necer em contato. Talvez por isso o encontro ao
vivo ganhou até mais importância nos últimos
anos: são raras as oportunidades de conversar
pessoalmente. Os eventos presenciais não per-
deram a força nem mesmo com a evolução
do contato on-line. Prova disso é o Fórum da
Indústria Automobilística, evento promovido
anualmente por Automotive Business que traz
conteúdo em palestras e debates e promove o
networking em rodada de negócios.
Em 2016, em plena crise, o encontro atraiu EVENTO permite contato pessoal
720 profissionais do setor automotivo – a entre fornecedores e clientes
maior parte dessas pessoas de cargos de ge-

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FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

REPRESENTANTES de montadoras
e autopeças podem apresentar
produtos e trocar cartões

rência e diretoria de montadoras e fabricantes de autopeças.


Elas tiveram a chance de buscar oportunidades na rodada de
negócios realizada no evento, que reuniu parte da equipe de
compras das principais montadoras de veículos instaladas no
Brasil. No encontro, esses times receberam empresas interes-
sadas em apresentar seus produtos e trocar cartões.
Diante do retorno positivo dos participantes, o plano para
2017 é ampliar e fortalecer a rodada de negócios. Para o VIII
Fórum da Indústria Automobilística deste ano estão convidadas
22 montadoras. A maior novidade é a participação de sistemis-
tas, que estarão lá acessíveis aos fornecedores interessados.
Dez empresas confirmaram presença: Aethra, Bosch, Conti-
nental, Delphi, GKN, Magneti Marelli, MWM, Schaeffler e ZF.
Com a rodada de negócios ampliada, o VIII Fórum da In-
dústria Automobilística fortalece sua posição como principal
evento do setor, com foco em oferecer conteúdo e promover
relacionamento e negócios. O encontro ocorre em 17 de abril
em São Paulo, no Golden Hall do WTC, no complexo anexo
ao hotel Sheraton e Shopping D&D.

FORECAST
Três empresas especializadas em estudos de mercado e previ-
sões para a indústria automobilística estarão empenhadas em
apresentar os resultados de seus levantamentos relativos ao
comportamento do setor automotivo em 2017. Fernando Tru-
jillo, consultor sênior da IHS Automotive, analisará a evolução
do mercado em geral, cabendo a Vitor Klizas, presidente da
Jato Dynamics, interpretar as mudanças no perfil de consu-
mo, e a Carlos Reis, presidente da Carcon Automotive, sina-
lizar os avanços no mercado de veículos comerciais pesados.
A abertura do evento, que será realizado no Golden Hall
do Hotel Sheraton WTC, em São Paulo, terá a presença de
Antonio Megale, presidente da Anfavea, para falar sobre os
esforços na retomada da indústria automobilística. Dan Ios-
chpe, presidente do Sindipeças, explicará como a entidade
contribui para o fortalecimento da cadeia de suprimentos,
após um longo período de crise. Letícia Costa, sócia-diretora
da Prada Assessoria, avaliará as oportunidades que devem
surgir na recuperação dos negócios e Octavio de Barros, di-
retor executivo do Instituto República, tratará das perspectivas
para a economia.
Três painéis de debates serão organizados durante o Fórum,
sintetizando o pensamento das montadoras nas áreas de com-
pras e engenharia, de estratégia e vendas e comercialização de
caminhões e chassis de ônibus. O programa está disponível
em www.automotivebusiness.com.br. n

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INVESTIMENTOS
DIVULGAÇÃO / VOLVO

FÁBRICA DA VOLVO EM CURITIBA (PR)


receberá a maior parte do investimento de
R$ 1 bilhão até 2019

MONTADORAS
RENOVAM APOSTAS
APESAR DA CRISE, HÁ INVESTIMENTOS
EXPRESSIVOS EM ANDAMENTO
SUELI REIS

E
nfrentando um mercado de tamanho e ritmo bastan- sem nenhum alarde, comunicou diretamente ao governo
te reduzidos, a indústria de veículos se volta à reade- brasileiro a injeção de US$ 155 milhões em sua fábrica
quação e novas estratégias a fim de avançar com os paulista de Piracicaba, onde são produzidos o compacto
negócios no Brasil. Pautadas por uma lenta mas certa HB20 e o novo SUV Creta.
retomada, as montadoras não se arriscam a garantir À época, o presidente da companhia no Brasil, William
com certeza que o tão esperado cenário de recuperação Lee, detalhou que US$ 130 milhões seriam destinados
se concretize ainda neste 2017. Nesse cenário, reúnem a aumentar a capacidade produtiva, que passou de 180
forças e como que em coro uníssono reafirmam a impor- mil para 190 mil unidades por ano, para a chegada do
tância do País para os ganhos globais de suas matrizes. novo SUV Creta, e que os demais US$ 25 milhões se-
Prova disso são os novos investimentos em filiais riam destinados à construção de um novo centro
locais, alguns inesperados, outros apenas adequa- de pesquisa e desenvolvimento dentro do mesmo
dos e dentro do previsto. Só nos três últimos me- complexo industrial.
ses de 2016, algumas empresas surpreenderam Embora não tenha sido um novo anúncio, a
ao anunciar novos aportes no País: considerando Volkswagen aproveitou o Salão do Automóvel de
apenas novos investimentos focados no segmento VEJA AQUI São Paulo, realizado em novembro, para atuali-
RELATÓRIO
de automóveis, os valores somam o equivalente a EXCLUSIVO COM zar as informações de seus planos. O presidente
O TODOS OS
R$ 7,12 bilhões. INVESTIMENTOS da operação, David Powels, disse na ocasião que
DAS MONTADORAS
Entre eles, o da Hyundai, que no fim de setembro, NO BRASIL a montadora injetará R$ 7 bilhões pelos próximos

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INVESTIMENTOS

cinco anos principalmente no desen-


volvimento de novos produtos sobre a
A VW TRUCK & BUS em que atua. “A ideia é complementar
a oferta de produtos e manter a dian-
plataforma MQB. Esse aporte se so- INJETARÁ teira”, disse, referindo-se à estratégia
brepõe ao anterior, de R$ 10 bilhões, da montadora de manter-se líder no
previsto entre 2014 e 2018. R$ 1,5 BILHÃO NO segmento de extrapesados. “Estamos
Ainda em novembro de 2016, a prontos para a retomada”, justificou.
Toyota declarou novos R$ 600 mi- PAÍS ATÉ 2021.
lhões para finalmente produzir no ALTOS E BAIXOS
Brasil o motor do Corolla. A fábrica JÁ A VOLVO Enquanto alguns investimentos conti-
de Porto Feliz (SP), também respon- nuam em curso, outros se encerraram
sável pela fabricação dos motores 1.3 APLICARÁ em 2016. Caso dos R$ 15 bilhões da
e 1.5 do Etios, prevê uma nova linha FCA, com início em 2011 e que em-
de montagem a partir do segundo R$ 1 BILHÃO pregou R$ 7 bilhões na atualização
semestre de 2019 com volume esti- da fábrica mineira de Betim e outros
mado em 66 mil unidades do motor NOS PRÓXIMOS R$ 7 bilhões na planta pernambucana
do sedã por ano, o que amplia sua da Jeep, em Goiana, além de outros
capacidade atual de 108 mil para TRÊS ANOS projetos ao longo do período. Agora,
174 mil por ano. a empresa informa que por questão de
“Não será fácil, mas temos potencial governança não vai mais divulgar va-
RECURSOS PARA PESADOS para isso”, comentou à época o CEO lores de investimentos de longo prazo.
Quase no fim de 2016, a Volkswa- da holding, Andreas Renschler, que Também terminou no ano passa-
gen Truck & Bus, holding do Grupo veio ao Brasil especialmente para o do o aporte de R$ 650 milhões da
Volkswagen responsável pela produ- anúncio, em dezembro. A Scania in- Iveco, que ainda não tem os valores
ção de veículos comerciais pesados, vestirá R$ 2,6 bilhões até 2020. passíveis de divulgação deste ano
anunciou um novo ciclo de investi- Já no início de 2017, o presidente em diante. Por sua vez, a Volare, fa-
mento no Brasil de R$ 1,5 bilhão até do Grupo Volvo na América Latina, bricante de ônibus que pertence à
2021, o maior já realizado pela com- Wilson Lirmann, anunciou a aplicação Marcopolo, tinha previsto R$ 100 mi-
panhia no País. Os quatro anteriores de R$ 1 bilhão nos próximos três anos lhões entre 2015 e 2016 para ampliar
foram cada um de R$ 1 bilhão. Além com foco no desenvolvimento de pro- a fábrica de São Mateus (ES) e loca-
da ampliação de portfólio com novos dutos, na atualização da fábrica de ca- lizar componentes, mas suspendeu o
produtos, tecnologias e aumento da minhões e ônibus em Curitiba (PR) e aporte alegando a baixa demanda do
internacionalização da VWCO, uma no incremento do portfólio na área de mercado nacional.
das metas é elevar o porcentual de serviços. O primeiro brasileiro à frente Segue nos planos da Foton erguer
componentes comuns entre os veí- da filial latino-americana é otimista, sua fábrica de caminhões no Brasil.
culos das marcas MAN, Volkswagen apesar do ainda difícil momento para De acordo com o diretor comercial,
e Scania, dos atuais 7% para 9%. o segmento de caminhões pesados Ricardo Mendonça de Barros, a filial
da montadora chinesa está analisan-
do o cenário para definir como será
DIVULGAÇÃO / HYUNDAI

a planta e quando ocorrerá sua con-


PRODUÇÃO NACIONAL DO clusão. Ele garante que já estão fina-
CRETA motivou a Hyundai a lizadas as etapas de fundação, terra-
ampliar capacidade
da fábrica de Piracicaba (SP) planagem e os projetos da construção
predial. “Por conta da baixa no mer-
cado em volume, estamos revendo
nossos números: em um mercado de
50 mil unidades no total, imaginamos
uma participação entre 4% a 6% nos
segmentos em que a Foton participa.
Devemos manter o investimento total
de R$ 160 milhões”, afirma. n

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CENÁRIOS 2017

FAÇA O
DOWNLOAD DOS
RESULTADOS DA
PESQUISA

INOVAR-AUTO 2
DEVE FOCAR MENOS EM
INVESTIMENTOS E MAIS
EM COMPETITIVIDADE
QUARTA EDIÇÃO DA
H
á três aspectos claros para os negócios no setor auto-
motivo em 2017. O primeiro é a estagnação do mercado
PESQUISA DA brasileiro, que vai levar tempo para se recuperar. Outro
é a decepção da indústria com os efeitos do Inovar-Auto, que
ROLAND BERGER termina este ano. O terceiro ponto relevante é a necessidade
de que a segunda fase do programa tenha foco no fortaleci-
EM PARCERIA COM mento da cadeia produtiva e da competitividade, não na atra-
ção de investimentos.
AUTOMOTIVE BUSINESS Essas são algumas das conclusões da pesquisa Cenários para
a Indústria Automobilística 2017, realizada pela Roland Berger
MOSTRA EXPECTATIVAS DOS em parceria com Automotive Business pelo quarto ano con-
EXECUTIVOS BRASILEIROS secutivo. Para entender a evolução do ambiente automotivo no
País, o levantamento ouviu 468 executivos de alto escalão. Dos
GIOVANNA RIATO respondentes, 50% desempenham função de diretor ou presi-

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CENÁRIOS 2017

dente em uma companhia do setor.


Parcela de 50% dos entrevistados de- PARA A MAIOR
clarou ainda ter mais de 20 anos de
experiência no segmento. PARTE DOS
MERCADO AINDA FRACO ENTREVISTADOS,
“Foi consenso a visão de que 2017
será de estagnação nas vendas de O INOVAR-AUTO
veículos leves, com 65% dos exe-
cutivos apontando que os volumes NÃO ATENDEU ÀS
poderão variar entre queda de 5%
e crescimento de 5% na compara- EXPECTATIVAS
ção com o ano passado”, observa
Rodrigo Custódio, diretor da Roland
Berger. O levantamento também re-
velou que a confiança do consumi-
dor, o desenvolvimento econômico RODRIGO CUSTÓDIO,
e a disponibilidade de crédito são os diretor da Roland Berger
principais fatores que influenciarão a
confiança do consumidor.
Para as exportações de modelos cutivos, os fatores que mais influen- 46% esperam expansão apenas de-
leves, a expectativa destacada na ciarão os resultados de vendas são pois disso. A ociosidade deve conti-
pesquisa é de crescimento de 5% a desenvolvimento econômico, oferta nuar alta nas fábricas do segmento,
10% nos volumes. O caminho da re- de crédito, redução da taxa de juros entre 50% a 65%, apontaram os
cuperação será longo. O nível recor- e confiança da indústria. participantes. O nível ainda é me-
de de vendas alcançado em 2012, A inversão definitiva da curva de nor do que o registrado em 2016,
com mercado total superior a 3,8 contração, com retomada do cresci- quando mais de 70% do potencial
milhões de veículos, só deve ocorrer mento, no entanto, vai ficar para os produtivo para caminhões e ônibus
novamente entre 2019 e 2021 para próximos anos. Para 38%, este mo- ficou sem uso.
30% dos entrevistados. Parcela de vimento só vai ocorrer em 2018. Já
64% dos respondentes acha que este INOVAR-AUTO DECEPCIONA
patamar só será atingido em longo “Um dos nossos focos nesta edição
prazo, a partir de 2022. A PESQUISA OUVIU foi o Inovar-Auto. Ficou claro que,
Não há remédio único para curar para a maior parte dos executivos, o
a crise nas vendas, ao menos não 468 EXECUTIVOS programa não atendeu às expecta-
na visão dos participantes do levan- tivas”, observa Custódio. No levan-
tamento. Deles, 65% apontam que
DE ALTO ESCALÃO, tamento, apenas uma minoria de
entre as medidas com potencial para 5% declarou acreditar que todas as
ajudar na retomada está a criação de
DOS QUAIS 50% montadoras habilitadas alcançarão
um programa de renovação da frota. DESEMPENHAM as metas de eficiência energética.
Parcela de 63% destaca a facilitação Dos entrevistados, 56% acreditam
do acesso ao crédito como iniciativa FUNÇÃO DE que menos da metade ou nenhuma
mais eficaz. Já 55% enxergam a re- fabricante de veículos vai cumprir o
dução de impostos e encargos como DIRETOR OU compromisso. A aposta é que, no
o melhor incentivo. máximo, três montadoras serão ca-
Quando o assunto é o segmento PRESIDENTE EM pazes de superar a melhoria mínima
de pesados, 45% esperam expansão de eficiência energética do programa,
leve, de 5% a 10% para 2017. Outros UMA COMPANHIA conquistando assim desconto adicio-
40% apostam em estagnação que nal de 2 pontos porcentuais no IPI.
pode variar de -5% a 5%. Para os exe- DO SETOR Questionados sobre o sistema de

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QUANTAS MONTADORAS CONSEGUIRÃO SUPERAR A META DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E OBTER OS 2 p.p. ADICIONAIS DE REDUÇÃO DE IPI? [RESPOSTAS: 316]
<3 MONTADORAS 40%
3-5 MONTADORAS 34%
>5 MONTADORAS 18%
NENHUMA 7%

QUAL O SUCESSO DA RASTREABILIDADE DA ORIGEM DAS AUTOPEÇAS,


PREVISTA PELO INOVAR AUTO? [RESPOSTAS: 312]
PARCIALMENTE IMPLEMENTADA 60%
IMPLEMENTAÇÃO MALSUCEDIDA 23%
AMPLAMENTE IMPLEMENTADA 15%
PLENAMENTE IMPLEMENTADA 3%

QUAIS AS PRINCIPAIS ÁREAS EM QUE O “INOVAR AUTO 2” DEVE FOCAR? [RESPOSTAS: 315]
FORTALECIMENTO DA CADEIA DE AUTOPEÇAS (SUPRIMENTOS) 57%
AUMENTO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA 52%
EMISSÕES E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 40%
FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL 40%
INVESTIMENTOS EM P&D E ENGENHARIA 36%
HIBRIDIZAÇÃO E/OU ELETRIFICAÇÃO DE VEÍCULOS 20%
SEGURANÇA VEICULAR 18%
CONECTIVIDADE E DIGITALIZAÇÃO 14%
ADAS - AUTOMOÇÃO VEICULAR 2%
OUTRA 1%

AutomotiveBUSINESS • 45

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CENÁRIOS 2017

MAIS DE 90% DAS


QUAL O PRAZO DO “INOVAR AUTO 2”
VOCÊ ACHA QUE SERIA MAIS PROVÁVEL? [RESPOSTAS: 313] RESPOSTAS APONTAM
5 ANOS 46% QUE OS INCENTIVOS
6-7 ANOS 28% ATUAIS PARA A
10 ANOS 18% COMPETITIVIDADE
8-9 ANOS 6%
NA CADEIA DE
MAIS DE 10 ANOS 2%
FORNECEDORES SÃO
INSUFICIENTES
rastreabilidade da origem de fabri- de 90% apontam que os incentivos sos de segurança são sugeridos mais
cação das autopeças, previsto no atuais para a competitividade na para o longo prazo”, aponta Custódio.
Inovar-Auto, 83% destacaram que cadeia de fornecedores são insufi- A maior parte dos entrevistados
o recurso foi malsucedido ou ape- cientes – 41% deste total defendem espera que o novo programa tenha
nas parcialmente implementado. que essas ações nem sequer são duração de cinco a sete anos, supe-
percebidas pela indústria. rior à do Inovar-Auto, que vigora ape-
FOCO NA CADEIA PRODUTIVA Para 57% dos entrevistados, o pro- nas por quatro anos. Sobre a próxi-
Na opinião de Custódio, o tercei- grama que vai dar continuidade ao ma meta de eficiência energética, a
ro aspecto mais relevante revelado Inovar-Auto deve priorizar o fortale- aposta de 65% dos entrevistados é de
na pesquisa é a expectativa para a cimento da base de fornecedores. O que o limite seja de 115 g de CO2/km
continuidade do Inovar-Auto, que aumento da competitividade da in- ou de 125 g de CO2/km.
segundo entidades do setor não dústria nacional e a melhoria do nível Questionada sobre quais medidas
deve se resumir a um único pro- de emissões e de eficiência energética estimulariam o mercado nacional de
grama, mas reunir uma série de aparecem em seguida como os as- carros elétricos e híbridos, a maioria,
medidas. “As empresas defendem pectos que os executivos destacam 74%, apontou que incentivos como
que o foco das iniciativas deixe de como essenciais para a próxima po- subsídios e redução de impostos
ser a atração de investimentos e se lítica industrial. “Questões como au- para o consumidor seriam efetivos.
transforme em ações para o forta- mento do patamar tecnológico dos O desenvolvimento da infraestrutura
lecimento da cadeia produtiva e o carros nacionais, investimento em de recarga foi citado por 59% dos
aumento da competitividade.” Mais pesquisa e desenvolvimento e recur- participantes.

DIVERGÊNCIA ENTRE MONTADORAS E FORNECEDORES


A pesquisa indicou que 57% dos executivos esperam
que o relacionamento dos fornecedores com as
montadoras deva se manter igual em comparação ao
o volume de produção como os assuntos de maior
importância. Assim como em 2014, 2015 e 2016,
a lucratividade é vista como o principal desafio dos
ano de 2016, enquanto outros 22% dos entrevistados fornecedores em 2016, seguida pela capacidade ociosa
esperam que o relacionamento deva melhorar e o custo de matéria-prima.
moderadamente. Consolidação (66%) é vista como principal tendência
Entre as divergências de montadoras com esperada no mercado de fornecedores tier-2, seguida
fornecedores, os executivos consideram preços e por insourcing (46%). n

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ARTIGO | ANFAVEA

A CONSTRUÇÃO

DO FUTURO
V
ivemos em um País com ciclos com maestria a taxa de juros, derruba a
DIVULGAÇÃO / ANFAVEA

que alternam momentos de inflação pela própria recessão, consegue


euforia com outros de depressão aprovar no Congresso um limite de
e tristeza. Depois da alegria de um gastos para os próximos 20 anos. Toca,
inesperado crescimento da primeira com rapidez, a reativação das pequenas,
década e meia deste século, entramos médias e grandes obras do Brasil com
no pior e mais longo ciclo de queda da ações assertivas e eficientes. Planta
história econômica do Brasil. agora para colher depois.
É neste cenário recessivo e de Mas também age na busca de alguns
transição que temos de construir resultados mais efetivos e urgentes.
o futuro. Fica difícil estabelecer o Exemplo: não deixou faltar recursos para
Por ANTONIO MEGALE, diálogo para estruturar cenários para o financiamento de máquinas agrícolas
presidente da Associação os próximos dez a 15 anos quando a e o resultado é a maior safra da história.
Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores
preocupação maior é administrar a Da mesma maneira liberou as contas
(Anfavea) crise do curtíssimo prazo. Em resumo, inativas do FGTS e pretende ampliar a
é planejar sem certeza das políticas faixa de isenção do imposto de renda
econômicas, fiscais, trabalhistas, para sobrar mais dinheiro
previdenciárias e educacionais dos para o consumo.
próximos anos. A percepção da população sobre
Mesmo que tudo seja positivamente essas benesses ainda é lenta, mas
encaminhado nos próximos 12 gradativamente os índices de confiança
meses, passaremos por uma eleição devem aumentar. Tanto dos empresários
presidencial em 2018. E aí, novamente, quanto dos consumidores. Os principais
tudo poderá mudar. Faltam certezas em analistas econômicos indicam que
um País de tantas incertezas. estamos no caminho certo. E observam
Mais ainda: existe uma sensação a queda da Selic, a redução do risco
de agonia, de impotência em criar País, a diminuição dos índices de
estratégias e ações que permitam a endividamento familiar, o aumento
recuperação do mercado. Medidas do na produção de embalagens, a maior
passado são inviáveis no presente. Um movimentação de caminhões nas
quadro econômico com uma multidão estradas, entre outros pontos.
de desempregados sem perspectivas São sinais tênues. Mas são efetivos.
torna difícil a motivação para investir. Em algum momento, talvez no próximo
A racionalidade provoca o adiamento trimestre, tenhamos os primeiros
das compras. Tanto de veículos resultados positivos em nossas
quanto de imóveis, viagens, vendas. Enquanto isso, negociamos
eletrodomésticos, roupas, etc. as possibilidades de incrementar ainda
Não existem receitas mágicas e o mais as exportações.
governo faz, com razoável sucesso, os Contudo, essas ações demoram
necessários ajustes econômicos. Reduz um tempo para fazer efeito. E temos

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índices de ociosidade nas fábricas de 31 de dezembro deste ano. EM SÍNTESE:
veículos pesados e máquinas rodoviárias A partir de primeiro de janeiro de
próximos a 80%. Isso é catastrófico. 2018 temos uma enorme página em AS COISAS
Porém, é nossa realidade. E, como branco para preencher. Nela, por
disse, não existem soluções mágicas, um lado, não teremos 30 pontos
SÓ DEVEM
mas sim conversas com o governo porcentuais adicionais no IPI. Por MELHORAR
federal sobre as expectativas de outro, teremos de desenhar todas as
crescimento da economia. E da volta diretrizes de eficiência energética, de MESMO
das obras de infraestrutura. Em síntese: investimentos em P&D, fortalecimento
as coisas só devem melhorar mesmo da cadeia de fornecedores e – sem
QUANDO O
quando o PIB voltar a ter o sinal + na sonhos impossíveis – conectividade, PIB VOLTAR A
frente do número. digitalização e segurança.
Financiamentos de longo prazo com Precisamos ter produtos competitivos, TER O SINAL +
juros negativos não existirão mais, que além de encarar os concorrentes
algo que já foi dito pelos principais também possam ser exportados para
NA FRENTE DO
responsáveis pela área econômica. Da qualquer país. Sabemos que o nosso NÚMERO
mesma maneira, seguimos na espera do sonho não é apenas voltar ao patamar
Programa de Sustentabilidade Veicular de mercado interno acima 3 milhões
e também de um pacote de Inspeção de unidades. Queremos concorrer e
Técnica Veicular. Não somos contra o participar do jogo global, com vendas
veículo velho. Somos contra aqueles mundiais acima de 90 milhões de
com condições inadequadas de uso. unidades.
Nesta crise toda aumentamos a união Temos uma experiência nacional
de todos os segmentos envolvidos com de sucesso mundial que serve
os nossos produtos: dos produtores como modelo para o nosso setor: o
de peças aos revendedores tanto dos agronegócio. A automação dos campos,
novos quanto dos usados; dos bancos investimentos em pesquisas, melhoria
aos consórcios; dos produtores dos das sementes e aperfeiçoamento
principais insumos. Não é um abraço dos sistemas de plantio e colheita
de afogados. É a preocupação com a permitiram a nossa transformação
construção de uma unidade de ações em celeiro do mundo. Atendemos
para mitigar os problemas imediatos aos maiores mercados, somos
e construir o futuro. Não apenas da extremamente competitivos.
indústria automobilística, mas do Brasil. Nessa transição difícil temos de
Afinal, é nesse contexto – com construir o futuro do Brasil. A indústria
uma crise tão forte que as matrizes automobilística acredita nisso, tanto que
estão acudindo com empréstimos foram anunciados investimentos nos
intercompany – que temos de decidir o últimos meses. E temos a certeza de
futuro. Temos de construí-lo em curto que vamos construir, com planejamento
espaço, pois o Inovar-Auto acabará em e previsibilidade, um país melhor. n

AutomotiveBUSINESS • 49

48-49_ARTIGO_[Anfavea]_v2.indd 49 06/03/2017 22:23:30


TECNOLOGIA
DIVULGAÇÃO / SIEMENS PLM

SIEMENS E
nquanto muitos negócios enco- vêm do setor automotivo. A maior
lhem no setor automotivo, a parte da demanda pelos produtos da
Siemens PLM espera crescer Siemens PLM está nas montadoras

PLM
com o impulso de uma das poucas e nas empresas de autopeças dos
áreas que parecem estar em expan- primeiros níveis de fornecimento. O
são, a indústria 4.0 ou internet indus- mercado de veículos encolheu im-

DRIBLA trial. Automação, implementação de


Internet das Coisas e de armaze-
namento de dados em nuvem nas
portantes 20,2% em 2016, mas Cos-
ta aponta que a empresa não sentiu
o baque. “Nossos negócios no seg-

A CRISE fábricas de veículos seguem em


alta mesmo na crise, aponta Paulo
Costa, diretor de operações da
companhia para a região. “Somos
mento cresceram 7% na América do
Sul”, diz, esclarecendo que o número
seria maior se não fosse uma venda
grande que a Siemens PLM fez em
pioneiros no assunto e percebemos 2015, tornando a base de compara-
EMPRESA CRESCE que o interesse está aumentando ção muito elevada.
muito”, conta o executivo. A ambição é ainda maior para
COM INDÚSTRIA 4.0 Ele conta que a empresa começou este ano: avançar mais 15% no setor
a oferecer soluções de Indústria 4.0 automotivo. O executivo avalia que
no Brasil há cerca de quatro anos. o maior incentivo para a expansão
THIAGO ALVES DOS REIS

Naquela época, diz, vender local- deve vir dos setores de máquinas e
mente tecnologias que têm custo equipamentos. Entre as fabricantes
alto era um desafio bem maior do de automóveis, ele diz que é
que atualmente. “Nós basicamente sempre mais simples implementar
organizamos todos os dados e o co- a indústria 4.0 em fábricas novas.
nhecimento da empresa, com aplica- Depois das recentes inaugurações
ções desde o desenvolvimento até o de plantas fabris, no entanto, ele
produto ir para o mercado”, conta. espera avançar em unidades já
Segundo ele, as soluções podem ser consolidadas. “Há oportunidades
implementadas em diferentes níveis em várias etapas, não apenas
PAULO COSTA, CEO da e proporções e se pagam com o au- na manufatura. As empresas
empresa na região, espera mento de produtividade que os clien- podem implementar soluções de
alta de 15% para 2017
tes ganham ao longo do tempo. engenharia e desenvolvimento, por
Das receitas da companhia, 35% exemplo.” (Giovanna Riato) n

50 • AutomotiveBUSINESS

50_TECNOLOGIA_[Siemens PLM].indd 50 06/03/2017 22:30:38


maxion.indd 1 15/03/2017 11:50:54
CRÉDITO

FINAME
INCENTIVA O MERCADO
SETOR DE PESADOS RECEBE BEM AS MUDANÇAS
E ESPERA OUTROS ESTÍMULOS
SUELI REIS

A
s novas regras para finan- FALTA CRESCIMENTO
DIVULGAÇÃO VW / MALAGRINE

ciamento anunciadas na O presidente da Fenabrave, Alarico


primeira semana do ano pelo Assumpção Júnior, defende as medi-
BNDES – Banco Nacional de Desen- das ao mesmo tempo em que ressalta
volvimento Econômico e Social que por si só elas não resolvem defi-
podem trazer algum alívio para a nitivamente a crise atual do setor: “O
crise do setor automotivo, incenti- fomento do BNDES é vital para o ne-
vando diretamente o desempenho gócio de caminhões no Brasil. Vemos
do mercado de veículos comerciais com bons olhos as alterações nas re-
pesados (caminhões e ônibus) pelos gras de financiamento: o mercado é
próximos três anos. As medidas outro e as condições econômicas são
foram bem recebidas pelos principais outras. Financiar até 80% com a TJLP
participantes desse segmento, mas é saudável, uma mudança que leva
todos também afirmam que só o em conta a situação do País. Mas não
financiamento mais acessível não CAMINHÕES aguardam retomada é isso que vai fazer o mercado cres-
após os incentivos do Finame
será suficiente para a retomada cer. Nosso pedido é para que tenha
do crescimento. Para eles, apenas o PIB, retomada do crescimento eco-
avanço da economia irá de fato favo- nômico. É isso que vai garantir algum
recer as vendas. pliou ainda o prazo dos financiamen- crescimento, mesmo que modesto,
Entre as ações anunciadas, o tos da linha, que passa dos atuais cin- porque o que falta mais hoje não é
BNDES prevê pelos próximos três co para dez anos – isso significa que financiamento, é carga para transpor-
anos o aumento gradual de sua par- o empréstimo poderá ser pago duran- tar”, avalia.
ticipação nos financiamentos basea- te toda a vida útil de um ônibus, por Assumpção considera que pa-
dos na Taxa de Juros de Longo Prazo exemplo, que hoje tem média de dez ra o cenário atual as novas regras da
(TJLP) para a aquisição de veículos anos de uso nas principais cidades do TJLP são positivas: “Em passado re-
comerciais pesados denominados País. A modalidade também passa a cente, quando tínhamos inflação de
limpos – que são os modelos híbridos, contar com três linhas: bens de capi- 7% e Finame/PSI para comprar cami-
elétricos ou movidos a biocombustí- tal (que inclui aquisição de caminhões nhão com taxa de 2,5% ao ano, a si-
veis. Ao mesmo tempo, o BNDES vai e ônibus), produção e modernização. tuação estava desequilibrada. Vende-
diminuir sua colaboração para finan- O Finame Leasing foi extinto. mos muito caminhão para clientes
ciar modelos a diesel, também de for- Outra medida é a ampliação do li- que compraram até além da neces-
ma gradual e até 2019. mite de R$ 90 milhões para R$ 300 sidade, anteciparam as compras. De-
Também aumentou dos atuais 70% milhões do faturamento de micro, pe- pois sentimos o efeito desse desequi-
para 80% o limite do valor dos chama- quenas e médias empresas (MPMEs) líbrio. Alguém pagou essa conta mais
dos veículos limpos que poderá ser para o enquadramento que permite tarde. Foi mais uma ilusão do que um
financiado pelo Finame. O banco am- ter acesso às linhas de crédito. fato concreto e positivo”, pondera. n

52 • AutomotiveBUSINESS

52_CREDITO_[Finame].indd 52 06/03/2017 23:27:24


INDÚSTRIA

COOPER STANDARD
AJUSTA APORTES
APÓS CANCELAR NOVA FÁBRICA,
EMPRESA ESTUDA FAZER OUTRAS DUAS
PEDRO KUTNEY

A
pós enfrentar crise severa, fortes que garantiram nossa sobre- desenvolvimento próprio, com bom
acumulando três anos de vivência, como 100% do forneci- potencial de voltar a crescer, espe-
prejuízos no Brasil e perda mento de vedações para Toyota e cialmente com novos projetos a par-
de novos contratos por problemas Honda, além de 100% para o Che- tir de 2018”, diz.
de qualidade, a Cooper Standard vrolet Onix (o carro mais vendido no Para os novos projetos já estão em
tem meta de voltar a apurar números Brasil)”, conta o diretor. estudo investimentos em duas novas
positivos este ano e já estuda investi- “Passamos esse período reestru- plantas, para produzir componentes
mentos em duas novas plantas, nas turando a empresa e agora estamos de borracha e termoplástico, dutos
regiões Nordeste e Sul. Instalada ajustados para retomar a rentabi- de combustível e fluidos de freio e,
desde 1995 no País, aqui a empresa lidade este ano”, afirma Kneissler. possivelmente, a localização de man-
produz em Varginha (MG) e Atibaia Apesar do cancelamento do investi- gueiras de motor. Kneissler ainda
(SP) vedações de borracha (guarni- mento na nova fábrica de coxins em não tem números fechados do apor-
ções de portas) e dutos de combus- Atibaia, ele destaca que foi mantido o te necessário. “Tudo vai depender
tível e fluido de freio. No ano passa- aporte de R$ 10 milhões para a aqui- das negociações e a concretização
do, anunciou que iria investir R$ 20 sição de novos fornos importados da dos pedidos das montadoras”, diz.
milhões em Atibaia para fazer coxins, Alemanha, que estão sendo instala- Umas das plantas seria localizada
mas desistiu depois que a Ford enga- dos na linha de extrusão de borracha no Nordeste para atender a FCA em
vetou o projeto B500 – espécie de em Varginha. “Temos flexibilidade e Goiana (PE) e a Ford em Camaçari
Fiesta despojado desenvolvido na (BA) – onde a Cooper Standard já
Índia para mercados emergentes –, atua dentro da linha, na montagem
DIVULGAÇÃO / COOPER STANDARD

que responderia por 50% da produ- de dutos do motor. A outra unidade


ção da unidade. ficaria no Sul, com foco em fornecer
“Quando cheguei (em julho de para a GM em Gravataí (RS) e para a
2015) existiam graves problemas de Renault e Volkswagen em São José
qualidade que tinham provocado a dos Pinhais (PR).
interrupção de pedidos (das monta- Com faturamento de US$ 4 bilhões
doras). Só há seis meses voltamos e 30 mil empregados em 20 países,
a entrar em novos projetos”, expli- a Cooper Standard foi fundada em
ca Jürgen Kneissler, diretor-geral 1927 em Dearborn, região metropo-
da Cooper Standard América do litana de Detroit, berço da indústria
Sul, que assumiu o posto há um automotiva dos Estados Unidos. Ho-
ano e meio. Sem novos contratos, je a sede mundial da companhia fi-
a empresa sobreviveu com o que já ca localizada na vizinha Novi, mas
tinha, com fornecimento para qua- JÜRGEN KNEISSLER, diretor-geral a operação brasileira responde à
da Cooper Standard América do Sul
se todas as montadoras instaladas Europa, devido à maior compatibi-
no País. “Temos alguns contratos lidade de produtos. n

AutomotiveBUSINESS • 53

53_INDUSTRIA_[Cooper Standard].indd 53 07/03/2017 10:43:46


LANÇAMENTO

SOBRE A BASE DO DUSTER,


NASCE O
CAPTUR BRASILEIRO
ENGENHARIA DA RENAULT NO BRASIL COMANDOU
O DESENVOLVIMENTO DO SUV, PRODUZIDO TAMBÉM
NA RÚSSIA E ÍNDIA, QUE SERÁ EXPORTADO PARA
MERCADOS MENOS EXIGENTES
PEDRO KUTNEY

P
ara desenvolver carros no Brasil, a Renault segue existem consumidores menos exigentes. O Captur brasi-
em sua estratégia de realizar simbioses de projetos. leiro já é vendido desde dezembro na Argentina e deverá
Desta vez a montadora usou a plataforma do utilitá- ser exportado da fábrica de São José dos Pinhais, PR,
rio esportivo Duster para desenvolver outro SUV, o Captur, para oito outros mercados da América Latina – Colômbia
que na Europa é construído sobre a base da última gera- e México começaram a receber o SUV.
ção do Clio, menor, porém mais moderna e evoluída. Para o lançamento no Brasil a marca aposta em usar o de-
A engenharia brasileira da Renault comandou o desen- sign elegante do Captur para “colar” uma imagem sofisticada
volvimento do Captur “emergente”. O mesmo modelo já ao modelo, com ações de marketing específicas para atrair
é produzido há seis meses na Rússia e também será na Ín- o público que compra carros mais caros do que os até hoje
dia, para ser vendido nesses países e seus arredores onde oferecidos em sua rede de concessionárias no País.
RODOLFO BUHRER

RENAULT investiu
4,5 milhões de euros para
54 • AutomotiveBUSINESS fazer pinturas em dois tons

54-55_LANCAMENTO_[Renault Captur].indd 54 06/03/2017 23:00:49


O Captur inaugura no Brasil uma
ofensiva de lançamentos de SUVs
(ou algo parecido com isso) da Re-
nault, que inclui o compacto popular

DIVULGAÇÃO / RENAULT
Kwid e o Koleos, de maior porte, que
virá importado da Coreia ainda neste CAPTUR brasileiro ficou
semestre. “Investimos no segmento maior e mais confortável
que mais cresce no País, que passou
de 6% do mercado em 2014 para
15% no ano passado. Temos certeza pré-tensionador pirotécnico, freios A grande vantagem de ter sido
que é a aposta certa”, justificou Fa- com ABS/EBD e controle eletrônico adaptado sobre a ampla platafor-
brice Cambolive, presidente da Re- de estabilidade e tração (o ESP fa- ma do Duster é que o Captur bra-
nault do Brasil. bricado no Brasil pela Bosch), assis- sileiro ficou maior e mais confortá-
tência de partida em rampa, direção vel. A Renault garante que ele é o
APOSTA NO DESIGN eletro-hidráulica, assistente de fre- mais espaçoso dos SUVs compac-
Apesar de ser uma adaptação sobre nagem de emergência, ancoragem tos já lançados no mercado brasi-
uma plataforma antiga, o Captur Isofix para cadeirinhas de crianças, leiro, assim como é o que tem a
traz em seus traços a mais moderna ar-condicionado, acionamento elé- carroceria com maior distância do
identidade visual mundial da Renault, trico de vidros, travas e retrovisores solo e posição de dirigir elevada. O
composta pela dianteira de formas com rebatimento, rodas de liga leve porta-malas de 430 litros é o maior
arredondadas, dotada de luzes diur- de 17 polegadas. da categoria. n
nas (DRL) em formato de “C” embai-
xo do para-choque e lanternas trasei-
ras de LED. Para fazer a nova pintura
bicolorida, com teto e corpo de duas NOVAS VERSÕES E PREÇOS
cores diferentes, foram investidos 4,5
milhões de euros na fábrica brasilei-
ra, para instalar um novo processo
O Captur é hoje o Renault mais caro do mercado brasileiro e dá início a
uma nova configuração de versões, que aos poucos será estendida
para os demais modelos da marca. Serão só duas opções, começando
robotizado. com a versão Zen, equipada com câmbio manual e o novo motor 1.6
Para desenvolver o Captur brasi- SCe – o mesmo que desde o fim do ano passado é usado por Sandero
leiro, a engenharia da Renault traba- e Logan, mas recalibrado com um pouco mais de potência, de 118 para
lhou 720 mil horas e rodou 1 milhão 120 cavalos abastecido com etanol. Essa versão parte de R$ 78,9 mil
de quilômetros com 150 veículos de e assim deve ser forte concorrente em preço do Nissan Kicks, que tem
testes em seis países. “O carro tem tamanho e motorização assemelhados.
poucas partes do Captur europeu e Opcionalmente, o Captur Zen pode receber a central Media Nav, com
a plataforma do Duster também foi sistema de som, conexão com celular, navegador e câmera de ré por R$
bastante modificada. Foi um desen- 1.990. Pintura em duas cores custa mais R$ 1,4 mil. Dentro de três meses
volvimento novo feito no Brasil, que a Renault promete oferecer a opção de transmissão automática CVT em
liderou o projeto do carro a ser fa- conjunto com a motorização 1.6.
bricado também na Rússia e Índia”, A versão topo de linha agora é chamada de Intense, equipada com
afirma Antonio Fleischmann, diretor um ultrapassado e pouco eficiente powertrain importado da França,
de projeto Américas. motor flex 2.0 de 148 cavalos (etanol) e câmbio automático de apenas
A plataforma do Captur nacional quatro velocidades. O preço parte de R$ 88.490 e pode chegar ao teto de
é antiga, mas a Renault aparelhou R$ 91.390 se forem agregados bancos revestidos com couro (R$ 1,5 mil)
com muitos equipamentos de série e pintura bicolorida (R$ 1,4 mil).
que aumentam eficiência, conforto Pelo monitoramento do público-alvo imaginado para o Captur, a
e segurança. O pacote é bem com- Renault calcula que essa versão será responsável pela maioria das vendas
pleto desde a versão mais barata, do modelo, dominando de 75% a 80% do mix, mas isso até a chegada da
incluindo quatro airbags (frontais e opção 1.6 CVT, que deverá roubar muitos clientes.
laterais), cintos de segurança com

AutomotiveBUSINESS • 55

54-55_LANCAMENTO_[Renault Captur].indd 55 06/03/2017 23:00:55


LANÇAMENTO
FOTOS: DIVULGAÇÃO / HONDA

NOVO CARRO tem peças do


Fit, mas é bem mais que uma
versão aventureira

HONDA WR-V
JÁ É PRODUZIDO NO PAÍS
NOVO SUV GLOBAL CONCEBIDO NO BRASIL
TRAZ VÁRIOS COMPONENTES DO FIT, COMO
MOTORIZAÇÃO, PORTAS, VIDROS E PAINEL
MÁRIO CURCIO | DE SUMARÉ (SP)

M
ostrado pela primeira vez em novembro de bem mais do que uma simples versão aventureira.
2016, durante o Salão do Automóvel, o novo “Em nossas pesquisas, os clientes pediram caracte-
utilitário esportivo compacto WR-V já é produ- rísticas conflitantes, como dimensões reduzidas e bom
zido em Sumaré. Com lançamento programado para 25 espaço interno; carroceria mais alta e boa dirigibilidade;
de março, o modelo global foi concebido no centro local agilidade e economia de combustível”, afirma o líder de
de pesquisa e desenvolvimento da montadora, que conta projeto, Luís Marcelo Kuramoto. Em janeiro a fábrica de
com uma equipe de cerca de 300 engenheiros. Sumaré já havia produzido um lote inicial pré-série de cer-
O WR-V utiliza vários componentes do Fit, como fo- ca de 100 carros, mas a montagem para valer começou
lhas de porta, vidros e painel de instrumentos, mas tem em fevereiro.
alguns elementos próprios como suspensões e itens Equipado com motor 1.5 flex com até 116 cavalos, ele
aparentes como grade, faróis, para-choques, tampa de recebe neste primeiro momento somente transmissão au-
porta-malas e capô, por exemplo. Assim, o projeto é tomática CVT e começa em cerca de R$ 70 mil. “A versão

56 • AutomotiveBUSINESS

56-57_LANCAMENTO_[Honda WR-V].indd 56 06/03/2017 23:08:27


com câmbio manual de cinco mar- O WR-V tende a roubar mercado
chas também foi desenvolvida, mas do Fit, já que monovolumes e ha-
não entra em produção agora”, afir- tches médios estão em baixa justa-
ma o vice-presidente da Honda para mente por causa da boa aceitação de
a América do Sul, Roberto Akiyama. utilitários esportivos. Ele também vai
Embora não revele quando, a impactar o HR-V. Basta lembrar que
montadora garante que o WR-V tam- em 2009, com a chegada do Honda
bém será exportado do Brasil para City às concessionárias, o volume de
países da América do Sul. Também vendas do Civic baixou a ponto de ele
já e produzido na Índia. perder para o Corolla a liderança en-
O novo SUV utiliza os mesmos ROBERTO AKIYAMA, vice-presidente da tre os sedãs médios.
fornecedores dos outros modelos. Honda para a América do Sul Assim como o Fit, o WR-V tem in-
“São cerca de 120”, diz o vice-pre- terior versátil. Seus bancos dobram
sidente da Honda do Brasil, Carlos Sobre a possibilidade de abertura e rebatem de forma a criar uma
Eigi Miyakuchi. De acordo com o da unidade no segundo semestre, ele superfície plana para transporte de
executivo, não foi preciso fazer modi- diz: “Com uma fábrica não dá para cargas longas ou para que a área
ficações significativas na fábrica para fazer uma previsão de curto prazo. estofada dianteira se encontre com
produzir o novo modelo. Somente para contratar e treinar fun- a traseira, permitindo que motorista
cionários (para a montagem dos car- e passageiro usem o carro para dor-
PLANEJAMENTO ros) são seis meses. Esperamos uma mir numa parada.
O WR-V junta-se em Sumaré aos economia consistente, que permita O porta-malas tem os mesmos
nacionais Fit, City, HR-V e Civic. A um crescimento autossustentado.” 363 litros de volume do Fit. Já o “ir-
aguardada abertura da segunda fá- Atualmente, a unidade de Suma- mão maior” HR-V tem 437 litros. O
brica de carros da Honda no País, ré consegue montar 620 carros por comprimento total do estreante é de
em Itirapina (SP), ainda não está dia em dois turnos. O ritmo anterior 4 metros e a distância entre eixos,
definida. “Ela depende da retomada à entrada do WR-V em produção era de 2,55 m. Já o HR-V mede 4,29 m
de mercado e de uma previsibilidade de 520 unidades. Desse total, entre e tem 2,61 m de entre-eixos.
consistente, que viabilize a contrata- 35% e 40% eram do consagrado HR- O motor 1.5 flex garantiu ao WR-V
ção de trabalhadores para iniciar as V, o utilitário esportivo mais vendido a letra A no programa de etiqueta-
atividades”, afirma Akiyama. em 2015 e 2016. gem veicular. n

O PAINEL DE
INSTRUMENTOS VEM
DO FIT, ASSIM COMO
PORTAS, VIDROS, MOTOR
E A TRANSMISSÃO
AUTOMÁTICA DO TIPO
CVT. CORES DIFERENTES
DE TECIDO COMBINAM
COM A CARROCERIA

AutomotiveBUSINESS • 57

56-57_LANCAMENTO_[Honda WR-V].indd 57 06/03/2017 23:08:56


LANÇAMENTO

DIVULGAÇÃO / FORD

EY
TN
KU
RO
PE D

O NOVO ECOSPORT
NO ESTANDE DA FORD
EM DETROIT: lá, sem
estepe pendurado na traseira

FORD ANTECIPA
sa da legislação, que obriga o uso do
pneu sobressalente – em outros mer-
cados o carro pode ser vendido só

NOVO ECOSPORT
com kit de reparo. No interior o pai-
nel foi redesenhado, com novo qua-
dro de instrumentos e a nova gera-
ção do sistema de infoentretenimen-
SUV REPAGINADO APARECE NO to Sync 3 da Ford, agora com uma
avantajada tela sensível ao toque no
SALÃO DE DETROIT SEM ESTEPE TRASEIRO, centro do painel.
Por baixo do capô, só seguirá igual
QUE SERÁ MANTIDO NO BRASIL o motor 2.0 Duratec importado do
México, que desenvolve 178 cv com
PEDRO KUTNEY, DE DETROIT (EUA) etanol. Para o mercado sul-americano
a maior novidade será o motor Dra-

O
novo EcoSport de cara pouco mais à frente na opção AWD, gon 1.5 de três cilindros, em substi-
nova e sem estepe na com tração integral. tuição ao 1.6 atual. O novo propul-
traseira (que será manti- O EcoSport exibido em Detroit sor tem injeção direta de combustível,
do no Brasil) foi exibido como um apresenta mudanças no design exter- bloco e cabeçote de alumínio e gera
dos destaques da Ford no Salão de no, principalmente na dianteira, com cerca de 130 cv. A fábrica de motores
Detroit, em janeiro. O modelo que conjunto óptico redesenhado e grade da Ford em Taubaté (SP) já está sen-
inaugurou o segmento de utilitários sextavada maior do que a atual, em do preparada para produzir o Dragon
esportivos compactos foi a maior formato único ligando capô ao para- 1.5, que deverá equipar outros mode-
novidade do evento para os merca- -choque com o logotipo oval da Ford. los da marca no País com a promes-
dos latino-americanos, especialmen- Na traseira as alterações são bem sa de ser o mais potente e econômi-
te o Brasil, onde nasceu o projeto mais sutis, mas o que chama a aten- co motor 1.5 aspirado no Brasil. Além
original e será o primeiro país de ção é a ausência do estepe do lado dessas duas opções de motorização,
lançamento, no segundo semestre de fora, que no Brasil será mantido nos mercados europeus e norte-ame-
deste ano, primeiro nas versões 4x2 para não comprometer o espaço já ricanos o novo EcoSport terá a versão
com motores 1.5 (novo) e 2.0, e um pequeno do porta-malas e por cau- Ecoboost 1.2 turboalimentada. n

58 • AutomotiveBUSINESS

58_LANCAMENTO_[Ecosport]_FINAL.indd 58 06/03/2017 23:19:56


NOSSO CAMINHO PARA A
MOBILIDADE CONECTADA.
MOLDANDO O FUTURO AUTOMOTIVO. #SeeThinkAct
COMPONENTES PLÁSTICOS E PEDAIS MAGNETI MARELLI.
A ATITUDE SUSTENTÁVEL QUE O MUNDO PRECISA NÃO PODE
FICAR PARA AMANHÃ.

A Magneti Marelli projeta hoje aquilo que vai fazer a diferença amanhã.

Para isso, a Divisão de Componentes Plásticos e Pedais desenvolve sistemas

complexos em plástico e pedaleiras de última geração para garantir não

apenas a segurança de motoristas e passageiros, mas também o futuro

sustentável do planeta. Com tecnologia e pesquisa de ponta, estamos

desenvolvendo materiais que geram menos emissão de gases e possibilitam

mais economia de combustíveis. Por isso, seja como for a sustentabilidade

no futuro, pode ter certeza de que estaremos lá, com você.

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