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8.Por que os alunos © nao go tamde ‘ler? a tint ee cate seme FERRAREZI JUNIOR, Celso. Ensinar o brasileiro: 50 perguntas de professores ingua materna. Sdo Paulo: Parabola Editorial, 2007, p. 51-57. Acho que esta pergunta poderia ser formulada de uma ma- neira diferente: como fazer para que eles niio deixem de gostar de ler? Se vocé observar, a quase totalidade das eriangas que vivern nas sociedades letradas, em certa fase de sua vida, tem pura fasci nagao pela leitura e pela escrita. Elas brincam de saber ler e es- crever, pedem para que os pais as ensinem a ler ¢ escrever e, quan do so informadas que isso é coisa que se aprende na escola, so- nham como dia em que poderiio ir 4s aulas justamente para apren- der a ler ¢ escrever. Isso é fécil de entender em uma sociedade inteiramente permeada pela leitura e pela escrita. Para compre~ ender a sociedade a seu redor, as criangas percebem que precisam daleitura, E um cartaz na rua, uma revista que apareceu em casa, um filme legendado a que os pais assistem, os rétulos dos produ. tos, os bilhetinhos de namorado que vém dentro das balinhas, por todo lado existem coisas escritas pedindo para ser lidas. E elas nao sabem ler. E isso as angustia. E nem sempre os adultos tém paciéncia para ler para elas. E isso as angustia mais. A leitura acaba se tornando uma “bandeira de autolibertagdo” das criangas Pequenas nessas sociedades. Elas mesmas se auto-impdem a lei- tura como uma forma de ser mais felizes em suas vidas na socie- dade em que nasceram. Blas se autorimpéem a leitura, também, Porque véem nessa tecnologia uma forma de ser independentes Seguras como os adultos. Mas, quando chegam a escola, rapidamen- te esquecem de tudo isso e passam a desgostar da leitura, O que perguntar o que fazer, pois seus alunos detestayam ler os classi cos da literatura brasileira, aqueles que ele tanto amava, Expli quei essa conversa ai de cima a ele ¢ ele relutou, pois estava habir tuado a passar livros para os alunos lerem e apresentarem resu mos para nota. Sugeri que, ao invés de pedir resumos, ele pedisse atividades e que enfucasse e desse nota ds atividades, ndo a leitu ra. Por exemple, ao invés de propor que os alunos lessem O alienista (ele mesmo definiu esse livro), sugeri que propusesse avs alunos que fizessem um pequeno filme de O alienista, j4 que se tratava de uma esvola de classe média alta, em que havia dis ponibilidade de tempo e recursos por parte dos alunos. Esse filme nao seria feito por fazer, mas para ser apresentado na feira de artes que a escola promoyia anualmente. Esse seria o grande tra bulho da clisse. Ble fev isso. Os alunos, de inicio, ficaram assusti dos © perguntaram como poderiam fazer o filme. O professor ex plicou que, primeiramente, eles precisavam conhecer a historia, 0 que significava ler o livro e ler ou assistir a algum material que ja tivesse sido produzido sobre o livros depois, precisavam selecioe nar os trechos do livro que iriam para o roteiro, ¢ era imperative que fossem os trechos que duyam sustentagio ao enredo, formar’ do pequenas cenasi eles ainda teriain que escrever as falas © roteiro, para que os atores pudessem encenar. Depois de algun tempo, ele me escreveu para contar de sua surpresa em relugiu ao que estava acontecendo' ndo somente todos os alunos havian lide o livro, como sabiam discutir sobre ele ¢ opinar sobre a estrw (ura do filme. Os alunos passsraun a exigir algum tempo das aula de literatura para discutir os trechos dificeis do livro, aqueles que telimavain em nao entrar no roteiro de jeito nenhum, mas que eles sentiam que eram importantes. Nesses momentos de discussii ele, o professor, podia “deitar ¢ rolar”, chamando a atengao dos alunos para as maravilhas de Machado de Assis, coisa que nunca Uinha conseguido antes. As filmagens contemplaram até discuss ses sobre o comportamento psicolégico dos personagens, porque uum sentia que a figura era “assim”, outra que era “assado”, ole que era Machado de Assis... O filme finalmente saiu, HE saiwa ten po de ser mostrado na feira da escola, Disse-me 0 professor que ficou interessante e que ele teve como avaliar cada aluno por sui participagdio e desempenho. B muitos alunos aprendersin a gos tar de ler Machado de Assis, Alguns perguntaram qual seria o lil me do ano que vem, mas nem todos gostaram da idéia... Alguns pediram a ele indicagao de outros livros legais de Machado para Jer, Em outras palavras: aprenderam a respirar direito, para po der nadar direito. Aprenderam a usar a leitura sem medo, para cheyar a algum lugar, ao invés de pensar que se nao lessen como © professor queria, acabariam sendo reprovados por issu. Agora vamos pensar? quanta coisa criativa a escola poderia pedir que os ulunos realizassem “respirando" com a leitura?’ PERGUNTAS SOBRELETURAEESCRIA 57

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