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Introdução
1 INTRODUÇÃO
Para entender melhor essa atividade, é importante saber como ela começou. O
termo “capelania” foi criado na França, em 1700, porque, em tempos de guerra, o rei
costumava mandar, para os acampamentos militares, uma relíquia dentro de um
oratório, que recebia o nome de “Capela”. Essa capela ficava sob a responsabilidade
do sacerdote, conselheiro dos militares. Em tempos de paz, a capela voltava para o
reino, ainda sob a responsabilidade do sacerdote, que continuava como líder espiritual
do rei, e assim ficou conhecido como capelão. Com o tempo, o serviço de capelania
se estendeu aos parlamentos, colégios, cemitérios e prisões 5.
Aitken15 explica:
Entidades não governamentais que militam nessa área também são fontes
relevantes de informação sobre o tema, como se verá a seguir.
Hoje, a Capelania Militar Evangélica tem sido exercida nas Forças Armadas e
também nas instituições das polícias civil e militar e no corpo de bombeiros. Nesses
casos, os capelães devem ser formados em capelania e são submetidos a provas em
concursos públicos, sendo contratados e tendo o seu trabalho remunerado 28.
Vale ressaltar que, nos hospitais evangélicos, sempre houve ênfase no trabalho
de assistência integral. Nesses hospitais, sobretudo nos EUA, foram criados os
consagrados modelos de capelania como os CPEs – Clinical Pastoral Educations.
Também a Bioética nasceu, e em seus primórdios foi desenvolvida, apenas pelas
igrejas evangélicas envolvidas em questões da ética da vida 25,27.
Sua fundadora foi Eleny Vassão de Paula Aitken, atual capelã evangélica do
Instituto de Infectologia Emilio Ribas (IIER) e do Hospital do Servidor Público
Estadual (IAMSPE)5 e presidenta da entidade (ACEH).
9
Introdução
Para estar apto para ser capelão pela ACEH,, os candidatos são capacitados
com treinamentos especiais e, além disso, é preciso aprender a lidar com as emoções
para poder ficar ao lado do paciente e ser capaz de aconselhá-lo e confortá-lo
diariamente. Participar do Seminário de Capelania Hospitalar anualmente oferecido
pela ACEH no Instituto Presbiteriano Mackenzie, é outro pré-requisito. O objetivo do
11
Introdução
Além dos hospitais, a atuação da capelania pode ser mais ampla; pode ser
exercida nas escolas, presídios, cemitérios, sindicatos, empresas, clubes, creches,
condomínios, e instituições públicas (Câmara de Vereadores ou Prefeitura, por
exemplo)28 mas, no presente estudo, manter-se-á o foco nas instituições de saúde.
Também o estigma da doença traz dor, por serem, na maioria, pacientes com o
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) positivo. Apesar de terem, por meio da
ciência, conseguido o prolongamento do tempo de vida, isso não evita a
discriminação e, por vezes, o abandono por familiares e amigos. Alguns enfrentam
dificuldades em conseguir emprego, obter recursos, buscar um sentido para suas vidas
e, ao refletir sobre o que foram e, o que vão deixar, sobrevêm a culpa e o medo, o que
se agrava se não houver alguém para com ele conversar, ouvi-lo, tratá-lo com
misericórdia, atendendo, assim, à necessidade de consolo que os medicamentos não
dão; enfim, “medicar a alma”, que pode trazer a paz verdadeira.
15
Introdução
No Brasil, apenas 7,3% da população não têm religião 16. Além disso, a
influência do pensamento cristão na cultura latina, bem como a escassez de pesquisas
sobre religiosidade, espiritualidade e saúde com enfoque específico em Capelania
Hospitalar, apontam para a necessidade de investigações científicas mais profundas
nesse campo.
16
Contextualização do objeto de estudo
Em 1950, o hospital contava com o mesmo quadro de 1938, com três médicos,
além do diretor, e 20 cargos de enfermeiros-práticos, 12 dos quais estavam vagos por
falta de candidatos legalmente habilitados. A falta de recursos era um desafio sério
para o diretor. Nesse mesmo ano, foi aprovado o projeto para construção do novo
prédio que, em 1953, teve seu início, mas este só foi inaugurado em 1967. Durante a
década de 1960, o novo prédio foi sendo gradativamente ocupado e o atendimento foi
ampliado e melhorado33.
17
Contextualização do objeto de estudo
i
Sebastião André de Felice é graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1970),
tem especialização em Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da USP (1976), especialização em Alergia
Clínica pela Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (1978), mestrado em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde
Pública da USP (1984), doutorado em Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da USP (1987). Plataforma
Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011.
ii
Paulo Augusto Ayrosa Galvão Médico foi médico infectologista, diretor do Hospital Emílio Ribas e participou da criação da
Sociedade Brasileira de Infectologia onde ocupou cargos de presidente e vice-presidente em várias gestões. , hHoje é nome de
anfiteatro na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Disponível em
<http://www.sbinfecto.org.br/anexos/Livro%2025%20anos%20SBI_cap%2001.pdf >. Acesso em 29 de nov. de 2011
iii
Vasco Carvalho Pedroso de Lima é graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
(1971), especialista em Administração Hospitalar pela Universidade de Ribeirão Preto (1984) e especialista em Medicina
Tropical pela Universidade de São Paulo (1983). Atualmente é Professor Instrutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Clínica Médica. Disponível em Plataforma Lattes.
Acesso em 28 de nov. de 2011
18
Contextualização do objeto de estudo
No final da década de 1980, uma equipe de saúde mental foi criada no IIER
com a função de diminuir o sofrimento psíquico causado pela doença. Em março de
1988, o IIER contratou sua primeira psicóloga - Heloisa Helena de Araujo Camposv,
que relatou: “no início desse atendimento, os pacientes com AIDS apresentavam
alterações neuropsiquiátricas, com confusão mental, alterações de comportamento, de
humor, hostilidade, agressividade, apatia e depressão”33.
iv
José Aristodemo Pinotti foi Secretário da Saúde do Estado de São Paulo,e Secretário da Educação do município de São Paulo.
Era graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (1958) e, especialista em Ginecologia pela Università Di Firenze
(1965). Plataforma Lattes. Acesso em 28 de Nov de 2011.
v
Heloisa Helena de Araujo Campos é graduada em Psicologia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (1984) e especialista em
Magistério do Ensino Superior pela Universidade Paulista (1995). Mestre em Psicologia, Especialista em Psicologia Clínica
Hospitalar e Saúde Pública. Membro Colaborador e Pesquisadora da Organização Mundial de Saúde. Docente e Supervisora do
Programa de Aprimoramento em Psicologia Hospitalar. Docente do curso de pós-graduação e Especialização em Psicologia
Hospitalar da USP, PUC e Universidade São Marcos. Atualmente é Psicóloga do Instituto de Infectologia Emilio
Ribas.Plataforma Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011
19
Contextualização do objeto de estudo
vi
George Schulte é graduado em Medicina pela Santa Casa de São Paulo (1968), especialista em Neurocirurgia pela Sociedade
Brasileira de Neurocirurgia e Associação Médica Brasileira (1976), especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de
Infectologia e Associação Médica Brasileira (1994). Atualmente é mMédico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Plataforma Lattes. Acesso em 28 de Nov de 2011.
vii
Guido Levi foi diretor do IIER é Chefe da Seção de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital
do Servidor Público do Estado de São Paulo, além de membromembro do Comitê Assessor para Terapia Anti-Retroviral em
Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV. Disponível em
http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2032/paginas/materia%2016-32.html. Acesso em 28 de Nov. de 2011.
20
Contextualização do objeto de estudo
2.2 Situação da Saúde – AIDS: dos anos 1990 ao início do novo milênio
A AIDS surgiu no cenário mundial como agravo à saúde, no início dos anos
1980 (embora já viesse ceifando vidas em algumas regiões do continente africano,
desde pelo menos quase duas décadas antes), e trouxe algumas questões que vão
desde o desconhecimento médico sobre os meios de combater a doença, até o
despreparo da rede prestadora de serviços de saúde37.
Em meados de 1981, a AIDS foi reconhecida nos Estados Unidos como uma
nova doença humana, identificada em um grupo de pacientes adultos do sexo
masculino, homossexual, residente nas cidades de San Francisco e New York35.
No ano seguinte, 1988, foi instituído, pelo Programa Conjunto das Nações
Unidas para a AIDS, o dia 1º de dezembro, como o Dia Mundial de Luta contra a
AIDS35.
viii
Luiz Antonio Fleury Filho, nascido em São José do Rio Preto e criado em Porto Feliz, tornou-se conhecido na capital como
membro do Ministério Público e professor de Direito. Foi chamado, em março de 1987, para assumir a Secretaria da Segurança
24
Contextualização do objeto de estudo
Nos anos de 1988 e 1989 contou-se com maior aporte de recursos para as
atividades de controle da AIDS, mas, em meados de 1992, já havia carência de
recursos materiais e humanos porque a quantidade de doentes e as necessidades eram
maiores do que no início da epidemia. Conhecia-se mais a AIDS e, por isso, eram
realizados mais exames auxiliares e esforços terapêuticos; dessa forma, o custo ficava
maior37.
A terceira e última fase da história da doença AIDS vai de 1992 até a primeira
década do século XXI. Ocorreu, nesse período, considerável aumento no número de
casos por exposição heterossexual e a diferença de proporção de casos entre o sexo
masculino e feminino passou a se igualar (feminização da epidemia). A partir de
então, a transmissão por transfusão sanguínea passou a ser controlada35.
Pública e daí saiu diretamente para o Governo de São Paulo, eleito pelos votos de 7.480.703 paulistas. Disponível em <
www.fleuryfilho.com.br/este.htm>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
ix
Adib Domingos Jatene nasceu a 4 de junho de 1929 em Xapuri, no Acre. Foi graduado em medicina aos 23 anos pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Toda a sua pós-graduação foi feita no Brasil, no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, sob a orientação do Prof. E. J. Zerbini. Com seu pioneirismo, iniciou a cirurgia torácica e
construiu seu primeiro modelo de coração-pulmão artificial. Em 1958, trabalhou como superintendente do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP e no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde, onde atuava
como cirurgião. Nessa época, organizou um laboratório experimental e de pesquisa, onde desenvolveu e construiu o primeiro
aparelho coração-pulmão artificial do Hospital das Clínicas e que evoluiu para um grande Departamento de Bioengenharia. Tem
também importantes contribuições no campo da cirurgia de revascularização do miocárdio e da cirurgia de cardiopatias
congênitas. Ainda descreveu a técnica de correção de transposição dos grandes vasos da base, conhecida hoje como Operação de
Jatene, a qual tem sido empregada, com sucesso, em vários Serviços de Cirurgia Cardíaca em todo o mundo. Jatene hoje é
membro de 32 Sociedades Científicas de várias regiões do mundo e recebeu 178 títulos e honrarias. Em 1998 foi admitido na
Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz, tendo seu mérito reconhecido. Foi secretário da Saúde de São Paulo e
Ministro da Saúde. Disponível em <www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/B_AdibJatene.htm>. Acesso em 28 de
nov. de 2011.
25
Contextualização do objeto de estudo
2.3 Breve Histórico das Religiões no Brasil e sua interface com a Saúde
Dessa forma e por ser relevante, entende-se que um breve histórico das
religiões mais freqüentemente praticadas no Brasil será importante para
contextualizar o objeto de estudo da presente pesquisa.
x
apócrifos - do grego -apokrupha - coisas ocultas99
xi cânon hebraico - significa “cana” ou “vara de medir”99
29
Contextualização do objeto de estudo
Católica ministram sete sacramentos: o Batismo necessário para a Salvação, pois sem
ele a pessoa está condenada ao inferno; o Crisma, ato de aprofundamento em Cristo,
para todos aqueles que foram batizados; e a Eucaristia, que é a hóstia, crendo que há
uma transubstanciação (alteração da substância), com o objetivo de receberem a
remissão de seus pecados; a Penitência – confissão de pecados e absolvição, que é
dada por Deus e transmitida pelo padre; a Unção dos Enfermos – o padre unge a
pessoa doente na testa e nas mãos para dar força espiritual e consolo durante a
enfermidade, crêem também que este ritual diminui a quantidade de pecados da
pessoa; Santas Ordens - ordenação dos padres e o ato de conferir graça especial e
poder espiritual aos padres, bispos, arcebispos, cardeais e papas; e o Matrimônio –
votos mútuos que fazem os noivos, na presença de um sacerdote e de testemunhas46,
crendo que, quando os sacerdotes realizam seus casamentos, a graça de Deus vem
através dos mesmos47.
Os católicos crêem que Maria nasceu sem pecado e atribuem, assim, à Maria,
um atributo divino - a impecabilidade. Crêem que no terceiro dia depois da morte de
Maria, quando os apóstolos se reuniram ao redor de sua sepultura, eles a encontraram
vazia pois o. O sagrado corpo fora levado para o paraíso celestial. O próprio Jesus
veio para levá-la até a corte dos céus, para ser recebida, com hinos de triunfo, como a
mãe do divino Senhor47.
xii
Distanásia é um neologismo de origem grega, em que o prefixo grego dys tem o significado de “ato defeituoso”, e “thanatos”
significa morte; portanto, a distanásia significa o prolongamento artificial e sofrido do processo de morrer. O termo também
pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil. Trata-se da intervenção médica que não atinge o objetivo de beneficiar
a pessoa na fase final de vida e que prolonga inútil e sofridamente o processo do morrer, procurando postergar a morte 74.
xiii
Eutanásia - é palavra de origem grega e, significa boa morte (e=boa e tanathos=morte). Eutanásia significa terminar
deliberadamente a vida de alguém que sofre demais ou está condenado a uma morte lenta. ÉÉ a morte piedosa ou suicídio
assistido, verdadeira abreviação da vida83.
32
Contextualização do objeto de estudo
2.3.2.1 Judaísmo
Distanásia é um neologismo de origem grega, em que o prefixo grego dys tem o significado de “ato defeituoso”, e “thanatos”
xiv
significa morte; portanto, a distanásia significa o prolongamento artificial e sofrido do processo de morrer. O termo também
pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil. Trata-se da intervenção médica que não atinge o objetivo de beneficiar
a pessoa na fase final de vida e que prolonga inútil e sofridamente o processo do morrer, procurando postergar a morte 74.
33
Contextualização do objeto de estudo
linhagem de Davi. Esse rei ideal irá restabelecer Israel como uma grande potência, e
seu povo passará a viver em eterna felicidade49.
Desde o começo, o judaísmo foi uma religião revelada e não uma religião
natural ou filosófica. O monoteísmo é o conceito central do judaísmo e, para estes,
não há Deus fora de Yahweh. Sendo a pureza do monoteísmo judaico um selo de
autenticidade de fé, o judaísmo se recusa a adorar a Jesus, não somente devido ao seu
repúdio à doutrina da encarnação, mas também devido à sua resistência desafiadora a
toda e qualquer tentativa de atribuir qualidades e honras divinas a meros mortais52.
xv
Dez Mandamentos é o nome dado ao conjunto de leis que, segundo a Bíblia, teriam sido originalmente escritos por Deus em
tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés (as Tábuas da Lei). As tábuas de pedra originais foram quebradas, de modo que,
segundo Êxodo 34:1, Deus teve de escrever outras. Biblia Êxodo 20:2-17 e Deuteronômio 5:6-21.
xvi
Judaísmo Ortodoxo O Judaísmo é uma crença monoteísta que se apóia em três pilares: na Torá, nas Boas Ações e na
Adoração. Por ser uma religião que supervaloriza a moralidade, grande parte de seus preceitos baseia-se na recomendação de
costumes e comportamentos "retos". O Deus apresentado pelo Judaísmo é uma entidade viva, vibrante, transcendente, onipotente
e justa. Entre os homens, por sua vez, existem laços fraternos, e o dever do ser humano consiste em "praticar a justiça, amar a
misericórdia e caminhar humildemente nas sendas divinas". A prática da religião está presente no dia-a-dia do judeu. Ela se
estende até sua alimentação, que deve ser kosher, ou seja, livre de comidas impuras (certas carnes, como a suína, entre outras
substâncias, não são permitidas). Outro hábito arraigado é a observação do Shabat, o dia do descanso, que se estende do pôr-do-
sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado, e que é celebrado com rezas, leituras e liturgias na Sinagoga, o templo judaico. Em
essência, o Judaísmo ensina que a vida é uma dádiva de Deus e, por isso, devemos nos esforçar para fazer dela o melhor
possível, usando todos os talentos que o Criador nos concedeu. As escrituras sagradas, as leis, as profecias e as tradições
judaicas remontam a aproximadamente 3 500 anos de vida espiritual. A Torá, que também é conhecida como Pentateuco,
corresponde aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento bíblico (os outros dois são Salmos e Profecias). O Talmud é uma
coleção de leis que inclui o Mishná, compilação em hebraico das leis orais, e o Gemará, comentários dessas leis, feitos pelos
rabinos, em aramaico. Disponível em <www.casadobruxo.com.br/religa/judaismo.htm>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
34
Contextualização do objeto de estudo
A carne só pode provir de animais que ruminam e têm o casco partido. Sendo
assim, se excluem o porco, o camelo, a lebre, o coelho e outros. Das aves, podem-se
comer as não predatórias. Dos peixes e frutos do mar, são permitidos apenas os que
possuem escamas e barbatanas; logo, estão eliminados polvo, lagostas, mariscos,
caranguejos e camarões46,52.
Toda comida feita com sangue é proibida, já que a vida está no sangue. É
proibido comer qualquer carne que não tenha sido obtida de um animal abatido
segundo as regras. As frutas e verduras são todas permitidas, bem como a maioria das
bebidas alcoólicas e não alcoólicas, salvo algumas exceções. Além dessas regras, os
judeus não comem derivados do leite e derivados da carne na mesma refeição 46,52.
35
Contextualização do objeto de estudo
Quanto à vida ética, os judeus não possuem uma separação nítida entre a parte
ética e a parte religiosa de sua doutrina. Tudo pertence à lei de Deus. Existem 248
ordens positivas e 365 proibições, totalizandoxvii 613 mandamentos46,52.
Muitos judeus dão o dízimo (10% da renda) para a sinagoga. Para eles, dar
esmolas não é fazer caridade, e sim cumprir o dever de combater a pobreza, baseado
na Palavra de Deus46,52.
Outras festas que não estão na Torá, mas que existem há muitos anos, são: o
ano novo (Rosh Há-Shaná) celebrado em setembro ou outubro; o dia do perdão (Yom
Kippur) essa é a comemoração mais importante e mais pessoal para os judeus; e a
Festa das Sortes (Purim). Segundo o livro de Ester, da Bíblia, foi o dia do Purim que
Haman, o primeiro-ministro da Pérsia, havia designado para o assassinato por
envenenamento de todos os judeus do reino da Pérsia. A rainha Ester, que era judia,
convocou todos os judeus a jejuar com ela e, assim, evitou o mau decreto 46,52.
terra sobre o caixão, enquanto se recita: O Senhor dá e o Senhor tira. Bendito seja o
nome do Senhor. Logo no começo do funeral, uma das antigas expressões de luto
judaica realizada, conhecida desde os tempos bíblicos, é a keriá (rasgo), quando os
enlutados rasgam suas roupas na altura do tórax em sinal de grande pesar 51.
Os judeus não aceitam fazer nenhuma intervenção que apresse a morte mas,
quando a morte é certa, o paciente pode recusar meios de prolongá-la. A lei judaica é
contra a mutilação do corpo, portanto autópsias não são permitidas, somente se
solicitadas pela lei do estado. Um órgão pode ser removido ou doado, mas somente se
a pessoa for atestada morta49.
A luta pela vida não deve acontecer a qualquer preço. Existem sofrimentos
que podem ser evitados. Além disso, o reconhecimento da aproximação da morte e
sua aceitação trazem a oportunidade de reconciliação com Deus, com outras pessoas e
consigo mesmo. Os judeus crêmcreem que, quando podem aceitar a morte como uma
etapa da vida, se valem de sua proximidade para cicatrizar antigas feridas e deixar um
legado moral para as próximas gerações52.
37
Contextualização do objeto de estudo
2.3.2.2 Islamismo
Deus é chamado de Alá e a sua essência é poder. O Islã, a mais recente das
grandes religiões mundiais, remonta a Maomé, que nasceu em Meca, na Arábia, no
final do século VI, por volta de 570 d. C. Maomé ou Mohammed ensina que existe
um profeta para cada época, começando com Adão e terminando com Maomé. A
tradição islâmica diz que existiram 120 mil profetas46,52.
Para cada profeta foi dado um livro sagrado. Todos se perderam, exceto três:
O da Lei (Torá) dado por Moisés; o dos Salmos (Zabur), dado a David; e os
Evangelhos (Injil), dado a Jesus. Nessa perspectiva, Jesus era apenas mais um
profeta. Maomé é considerado o Selo dos Profetas, o último e o maior deles 52.
premiados com o paraíso nos céus49. O conceito de paraíso é bem sensual. Há lindas
virgens de olhos negros para cada homem e existem rios, árvores frutíferas e
perfumes52. O inferno é para os não muçulmanos. É um lugar de fogo e tormento
indescritível. A maioria dos mulçumanos aceita a idéia da existência do purgatório. O
pecado imperdoável é associar algo ou alguém a Deus52,54.
Deus decreta o destino de cada ser humano. Entende-se que isto acontece
numa determinada noite do ano. Deus também é o autor do mal52.
Dar esmolas e fazer caridade também é uma das praticas islâmicas. É preciso
doar porcentagens de suas propriedades, que serão distribuídas para as pessoas
necessitadas46,49.
O mulçumano fFaz jejum num dia: do mês lunar de Ramadan, quando não se
bebe, fuma, não se mantém relações sexuais, do entardecer até o amanhecer.
Financeiramente e fisicamente tem a obrigatoriedade de uma peregrinação (hajj) a
Meca, pelo menos uma vez na vida46,49,52.
Antes de um casal fazer sexo, eles rezam Bismillah “no nome de Deus, o
misericordioso e o que tem compaixão”. Quando uma criança nasce, os pais rezam
em suas orelhas o adhan. Colocam mel nos lábios da criança para que ela seja doce e
boa. Deve ser feita circuncisão em todo menino e isso pode ser feito em qualquer
época. A maioria dos mulçumanos preferem que o bebê seja circuncidado antes de
sair do hospital. As mulheres devem amamentar seus bebês, do nascimento até os
dois anos de idade e, de um modo geral, não podem comer carne de porco ou
produtos derivados de porco49.
39
Contextualização do objeto de estudo
Mesmo hospitalizados, devem rezar cinco vezes por dia. Antes de rezar, o
paciente deve limpar seu corpo, roupas, lavar suas mãos, antebraço, boca, rosto e
molhar o topo da cabeça, orelhas e pés. Os islâmicos entendem que a morte cerebral
significa morte. Espera-se que os mulçumanos cuidem uns dos outros, especialmente
dos mais idosos. Todo o tipo de sofrimento é considerado um teste de Alá49.
O corpo da pessoa que está morrendo deverá estar virado para Qiblah (a
parede de Meca e a parede em que os mulçumanos põem suas cabeças para orar).
Amigos e entes queridos devem rezar por misericórdia, perdão e para que benções de
Alá sejam dadas às pessoas que estão morrendo. Os amigos devem ler a Surah 36 do
Corão. As pessoas em volta da cama devem falar das misericórdias e perdão de Alá e,
assim, o paciente pode pedir perdão. Depois que a morte acontece, uma pessoa do
mesmo gênero prepara o corpo para o enterro. A cremação é proibida e o enterro deve
ocorrer no mesmo dia da morte, se possível49.
Além disso, fazem a guerra santa (Jihad). A palavra jihad significa lutar por
Deus. Isto pode ser interpretado como guerra ou qualquer outra forma de luta a favor
de Deus52.
40
Contextualização do objeto de estudo
Para o mulçumano, a vida terrena é uma só e não haverá uma segunda. Têm
que fazer o bem antes que estejam mortos e, se falharem como mulçumanos nesta
vida, serão os eternos perdedores. O arrependimento, oração, humildade, renúncia,
paciência, caridade, temor a Allah, o criador e esperança, tudo isso é o resultado
imediato da lembrança da morte55.
2.3.2.3 Protestantismo
Foi um monge alemão, Martinho Lutero, o maior responsável por esse conflito
teológico. Ele deu forte destaque à fé e à palavra (a Bíblia), como os elementos mais
significativos. Os reformadores suíços Calvino e Zuínglio defendiam um rompimento
41
Contextualização do objeto de estudo
mais radical com o catolicismo. Davam menos valor ao batismo e à eucaristia do que
os católicos e os luteranos, mas julgavam vital mexer na organização da Igreja.
Contra essa verdade e acima dela, pairava o ensino da igreja medieval de que
o homem pode alcançar a salvação pelas obras, pelos sacramentos que a Igreja, que se
dizia divinamente autorizada, prescrevia. Nessa época, estavam sendo vendidas as
indulgências emitidas pelo papa, com o propósito de diminuição das penas do
purgatório, o que ia de encontro com ao que Lutero pensava; então, ele decidiu
enfrentar a Igreja. Nas universidades medievais era costume fixar, em lugares
públicos, a defesa ou o ataque ade certas opiniões. E eEm 31 de outubro de 1517,
42
Contextualização do objeto de estudo
Quanto aos dízimos e ofertas, crêem que, de acordo com o tamanho da fé, a
pessoa faz a oferta. Também iIdentificam a prosperidade financeira como sendo um
sinal evidente das bênçãos de Deus sobre a vida de alguém, e a. A transformação que
Deus opera nas vidas das pessoas é entendida, por exemplo, em termos de cura da
AIDS, cura de paralíticos, restauração de casamentos e sucesso financeiro 59,60.
Faz uso dos elementos mágicos nos cultos e das superstições populares do
Brasil, entre eles o sal grosso (para afastar maus espíritos), a rosa ungida (usada nos
despachos e nas oferendas a Iemanjá), a água fluidificada (usada por credos
espiritualistas a fim de trazer a influência espiritual para o corpo humano), fitas e
pulseiras (semelhantes na sua designação às fitas do chamado Senhor do Bonfim), e o
ramo de arruda usado para afastar coisas más, contra os demônios59.
Para resolver o problema do pecado do homem e com isso sua morte, Deus
enviou Seu próprio filho, para morrer em lugar dos homens, e assim ocorreu a morte
da morte, na morte de Cristo. Esta é a posição do protestantismo sobre o fim da vida,
uma posição extraída da Bíblia, cheia de esperança, conforto e convicção de que este
mundo é passageiro e de que o melhor ainda está por vir 61.
“nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles
xviii
2.3.3.1 Hinduísmo
O Hinduísmo não tem fundador, nem credo fixo, nem organização de espécie
alguma. Caracteriza-se como a “religião eterna”, possui grande diversidade e
capacidade de abranger novos modos de pensamento e expressão religiosa 46.
No Induísmo, todas as ações de uma vida, e somente elas, formam a base para
a próxima; assim, o carma não é uma punição pelas más ações ou uma recompensa
pelas boas. O carma é uma constante impessoal - como uma lei natural46.
Embora a pessoa deva se submeter ao carma que herdou de uma vida anterior,
ela também exerce o livre-arbítrio no âmbito de sua existência atual. Dessa forma, a
pessoa pode sempre melhorar seu carma e, assim, estabelecer fundações para uma
vida melhor, na próxima encarnação46.
2.3.3.2 Budismo
Durante sete dias e sete noites, o Buda ficou sentado debaixo de sua árvore da
iluminação. Ganhou, dessa forma, a compreensão de uma realidade que não é
transitória, uma realidade absoluta acima do tempo e do espaço, que no budismo se
chama nirvana, e conseguiu alcançar a salvação para si mesmo46.
remédios para dor, desde que eles afetem o estado de alerta da pessoa e da mente,
como também o bem estar espiritual, pois ele pode estar tentando atingir um estado
“positivo” da mente49,62.
O nirvana final, que a pessoa atinge quando morre, é irreversível. Por vezes
ele é designado no budismo por um termo especial, parinir-vana, isto é, “extinção
absoluta”, ou “extinção última”46.
pessoa pertence a um deus, que é senhor da sua “cabeça”, seu orixá. Desse orixá
hHerda traços de personalidade e tendências de seu comportamento, que podem ser
qualidades, mas também defeitos46.
A pessoa descobre quem é o seu orixá por meio do jogo de búzios, que é uma
forma de atendimento pessoal realizado pelo babalorixá (pai-de-santo) ou da ialorixá
(mãe-de-santo). Todos os orixás, além de terem funções distintas e poderes
específicos, têm também símbolos particulares como roupas, cores dessas roupas e
das contas, canções, bebidas, alimentos e animais sacrificiais próprios46.
Todos esses guias são cultuados como “espíritos de luz”, mas a Uumbanda
também reconhece a existência de espíritos das trevas e os situa nos mais baixos
escalões da evolução espiritual; são os exus, os demônios da mitologia cristã. Os exus
femininos são chamados de pombagiraspomba giras. Os exus e as pombagiraspomba
giras pertencem ao lado oculto da Uumbanda - a Qquimbanda, o lado reprimido
socialmente, que se dedica à magia negra e, que pratica feitiçaria. A Uumbanda torna-
se cada vez mais híbrida, mais sincrética, mais brasileira, incorporando novidades,
como as práticas mágicas e terapêuticas da Nova Era46.
xix
Luiz Olimpio Teles de Menezes nasceu Nascido em 26 de julho de 1825, na cidade de Salvador, Bahia, e faleceu em 16 de
março de 1893, na cidade do Rio de Janeiro. Professor, grande defensor da causa espírita, foi tradutor da 13ª edição francesa do
“O Livro dos Espíritos”. Antes o povo não tinha acesso ao Espiritismo pois os livros eram em Francês. Apenas os mais cultos
podiam ler as obras da codificação. Conseguiu que a livraria Garnier fosse autorizada a traduzir para o português todas as obras
de Kardec. No dia 17 de setembro de 1865 , fundou o “Grupo Familiar do Espiritismo” e, no mesmo dia, os membros do Grupo
recém-fundado receberam assinada por “Anjo de Deus”, a primeira página psicográfica de que se tem notícia na Bahia. Em 8 de
março de 1869 publicou o 1º jornal espírita brasileiro, “Eco de Além - Túmulo”. Disponível em
<www.nossolar.org.br/c_menezes.php>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
xx
Francisco Cândido Xavier ou Chico Xavier foi o médium mais famoso e estimado, no Brasil e no exterior, e com maior tempo
de atividade mediúnica. Nascido na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, em 2 de Abril de 1910, iniciou-se no Espiritismo
aos 17 anos, quando sua irmã Maria Xavier Pena, doente e desenganada pelos médicos, foi levada até a casa de uma família
espírita. Após uma prece em torno do leito da irmã, da qual participou Chico, ela ficou curada. A partir daí começou a freqüentar
reuniões espíritas. Auxiliado pelo irmão José Cândido Xavier, fundou o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em maio de 1927. Em 8
de julho do mesmo ano, psicografou pela primeira vez, recebendo uma mensagem de 17 páginas, de um Espírito Amigo, e que
versava sobre Deveres Espíritas. No final de 1931, conheceu Emmanuel, seu luminoso guia, e a partir daí iniciou-se o que se
pode chamar de "sublime ponte" entre o Céu e a Terra. Sob a sua orientação espiritual, Chico Xavier psicografou milhares de
páginas de instrução, educação e consolo, ditadas por inúmeros eEspíritos, e compiladas em quatrocentos e dois livros, sendo
que o último, chamado "Degraus da Vida", foi publicado em 1996. Muitos deles foram traduzidos para outras línguas, e entre as
quais o inglês, o espanhol e o esperanto. Mesmo doente e em idade avançada, compareceu, sempre que possível, aos sábados à
noite, no Grupo Espírita da Prece, para receber as centenas de pessoas que se comprimiam no local, ansiosas por uma palavra de
carinho, que ele tinha sempre para todos, e por seu gesto de amor, uma característica especial: o beijo terno nas mãos que o
procuravam. Chico Xavier residiu por muitos anos em Uberaba, Minas Gerais, Brasil, falecendo em 30/06/2002, com a idade de
92 anos. Disponível em <www.institutoandreluiz.org/chico_xavier_biografia.html>. Acesso em 28 de nov, de 2011.
57
Contextualização do objeto de estudo
está afiliado à Federação Espírita Brasileira, para quem Allan Kardecxxi é considerado
o Mestre Divino, define como espírita todo aquele que crê nas manifestações dos
espíritas52.
A noção que o Kardecismo tem de Deus exalta-o como Ser e Fim Supremo, a
meta de perfeição de todo o processo evolutivo dos espíritos. Deus é inacessível aos
homens. Está separado do homem por um abismo intransponível e, mais próximos
dos seres humanos, estão os espíritos desencarnados, para os quais o espiritismo
disponibiliza o principal meio de expiar e aliviar suas obrigações cármicas - a
xxi
Allan Kardec Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de aritmética, pesquisador de astronomia e
magnetismo, foi convidado por um amigo seu a ver de perto estas manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa.
Rivail era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da Ppedagogia moderna, e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Nascido em
3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia bem o que estava
acontecendo. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como estudioso do magnetismo humano acreditava
que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção
espiritual. O professor então participou de algumas sessões e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas
emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo".
Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os
mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes. Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam,
dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser
invisível disse-lhe ser um erEspírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação
de uma nova doutrina . Atento ao dizeres do eEspírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, resolveu aceitar a tarefa
que lhe fora incumbida. Através dos eEspíritos, Rivail descobriu que, em uma de suas encarnações anteriores, fora um sacerdote
druida, de nome Allan Kardec. Foi então que resolveu adotar esse pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria
a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos
ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador, quem os estivesse divulgando, mas sim, que
todos os que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de
quem a divulgasse ou a apoiasse. Disponível em <www.espiritismo.org/biokardec.htm>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
58
Contextualização do objeto de estudo
tempo e a vida afetiva emocional. Pode-se dizer também que se vive em uma
“sociedade terapêutica” em que o referencial é sempre a saúde, elevada à categoria de
máximo bem, paradigma da felicidade e sucesso.
Esse fenômeno da “saúde como religião” coincide com outro não menos
importante da “saúde na religião”, a busca da saúde na e através da religião. Nesse
contexto, há também os movimentos e correntes espirituais no âmbito católico e
protestante, que praticam habitualmente as liturgias de cura (missas de cura e oração
para cura)65.
Pessini67 conclui sobre oum cuidado digno dizendo que “há muito a fazer em
termos de operacionalização de políticas públicas relacionadas com a questão, bem
como a necessidade de intervir no aparelho formador de profissionais, para criar uma
nova cultura”.
enfrentando um destino que não pode mudar, pode erguer-se acima de si mesma,
crescer para além de si mesma e, assim, mudar-se a si mesma”.
a dor, resolução de dilemas sobre temas de cuidado de pacientes, temas sobre final de
vida, de tratamento e responsabilidade para a equipe.
O Voluntariado faz parte do Terceiro Setor, que “são todas as instituições sem
fins lucrativos que, a partir do âmbito privado, perseguem propósitos de interesse
público79” 79.
NJá na área da saúde, a caridade sempre foi ligada à religião; por isso, grande
parte dos candidatos a voluntários na área da saúde serve em nome de Deus,
impelidos por sua formação religiosa. Quase todas as religiões do mundo, desde a
mais antiga até as mais novas, consideram a caridade como a maior das virtudes.
Esses ensinamentos, ditados por Jesus, Alá e Buda, estão expressos na Bíblia, no
Alcorão e na Torah, dentre outros livros religiosos. As igrejas evangélicas, por serem
de origem cristã, têm, na caridade, um trabalho importante, sendo bastante atuantes
no auxílio aos encarcerados, pobres e doentes mentais. No espiritismo, mais do que
um valor, a caridade é um mandamento e, como tal, demanda recursos tanto pessoais
70
Contextualização do objeto de estudo
3 OBJETIVO
4 MÉTODO
Silva Junior83 destaca “que os dados obtidos nos documentos não trarão, por si
só as respostas às questões da pesquisa. Esses carecem de elaboração intelectual do
pesquisador, com triangulação das informações das outras fontes documentais e da
interpretação dos documentos na base teórica em estudo”.
Por outro lado, a história oral, por meio de entrevista gravada, objetiva
preencher os vazios da historiografia deixada pelos documentos. Sua contribuição
tem maior importância em áreas pouco estudadas. Sobre ela, concluem Luchesi e
Lopes86: “fazer história oral tem como base produzir conhecimento científico e não
apenas obter relatos das experiências da vida dos sujeitos”.
Para Carrijo87,
Para Sanna89, que analisa esse método de forma a vê-lo de maneira mais
abrangente, “o uso da História Oral possibilita o conhecimento de um grupo ou de
uma sociedade vista do seu interior, revelando como os depoentes interagem e qual a
lógica da construção de relações naquele contexto”.
74
Método
O fato de haver uma portaria para designar o padre João Inácio Mildner para
um ser o representante, junto à diretoria técnica do IIER, das entidades religiosas,
formalizou a instituição da Capelania Evangélica Hospitalar no IIER em 2004, uma
vez que, se houvesse apenas uma capelania, não haveria necessidade de nomear-se
um representante de todas as entidades religiosas, configurando a existência formal de
outras entidades com a mesma finalidade, na instituição.
O IIER é um hospital porte I91 que possui 200 leitos de internação e 17 leitos
de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O atendimento especializado compreende
várias áreas: cirurgia, neurologia, neurocirurgia, ginecologia, oftalmologia,
otorrinolaringologia, psiquiatria, hematologia e pneumologia infantil. Oferece
serviços tais como Grupo de Atendimento à Gestante com AIDS; Grupo de
75
Método
4.4 Fontes
Fonte primária é aquela que teve relação direta com os fatos analisados
existindo um relato ou registro da experiência vivenciada. Transcrições oficiais,
documentos e matérias que reproduzem registros diretos de um acontecimento
constituem-se também em fontes primárias. A fonte primária está relacionada
diretamente com o evento82.
As fontes secundárias são aquelas que não têm relação direta com o
acontecimento registrado, mas se referem a ele e apresentam ampla variação em
relação à proximidade do acontecimento. Na fonte secundária existe pelo menos outra
pessoa que participa da geração da informação82.
A coleta dos dados deu-se a partir de contato prévio pessoal e por telefone, e
os encontros realizaram-se, na maioria, no local de trabalho dos entrevistados, sendo
apenas um deles realizado na residência do entrevistado. A duração do encontro foi
estabelecida de acordo com a disponibilidade e esgotamento do assunto abordado.
Não houve necessidade de um segundo encontro com qualquer dos entrevistados,
para complementar a entrevista, porém, após leitura da transcrição, um entrevistado
solicitou que alguns trechos da entrevista não integrassem a pesquisa, no que o
mesmo foi atendido.
A esse respeito Richardson82 afirma que uma boa análise histórica consiste,
por um lado, na interpretação dos dados existentes e, por outro, no exame dos fatores
que podem ter contribuído para a sobrevivência dessas informações e o
desaparecimento de outras.
Foi os EUA o país que mais produziu artigos sobre o tema, (53) 82,81%,
seguido de Canadá e Inglaterra, com (3) 4,8%31.
Após a leitura dos documentos, de acordo com sua relação com o objeto deo
estudo, foi realizado seu ordenamento em ordem cronológica. Esses foram, então,
armazenados em pasta arquivo, dentro de sacos plásticos individuais, de onde foram
retirados para consulta ao longo da construção dos capítulos da presente tese e
novamente lá armazenados.
Para Max Weber, o cientista social deve estar pronto para o reconhecimento
da influência que as formas culturais, como a religião, por exemplo, podem ter sobre
a estrutura econômica. Para ele, a Sociologia é uma ciência que procura compreender
e interpretar o significado da ação social e dar explicações do prosseguimento e efeito
produzido por esta ação. Considera, assim, o indivíduo e suas ações como ponto
chave da investigação, favorecendo a compreensão e a percepção do sentido que a
pessoa atribui à sua conduta95.
Uma ordem sustentada só por motivos racionais de fim é muito mais frágil
que outra que provenha de uma orientação que é mantida unicamente pela força do
costume, que é a forma mais freqüente da atitude íntima. Mas, ainda assim, é mais
frágil comparada com aquela ordem que apareça com o prestígio de ser obrigatória e
modelo, é dizer, com o prestígio da legitimidade95.
No campo das Ciências Sociais, foi Max Weber quem estabeleceu as bases
teórico-metodológicas da Sociologia Compreensiva. Para ele, a “sociologia exige um
ponto de vista específico, já que os fatos de que se ocupa implicam um gênero de
causação desconhecido das ciências da natureza”. Sua definição passou a ser um
marco para os que consideram, teoricamente, o papel do indivíduo e da sua ação na
construção da realidade82.
particulares, sem que se perdesse na infinidade disforme dos seus aspectos concretos,
sendo o principal instrumento o “tipo ideal”, o qual cumpriria duas funções: primeiro
a de selecionar explicitamente a dimensão do objeto que veio a ser analisado e,
posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, sem sutilezas
concretas95.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Depoimentos
Eu sempre gostei da área médica. Tenho um tio que é médico cirurgião gastro.
Ele morou muito anos na cidade de Rio Verde em Goiás, ajudou a administrar o
hospital evangélico de lá e depois mudou para Rio Claro, em São Paulo. Pelo menos
duas vezes por ano, eu ia à casa dele, nas festas de aniversário, e adorava ir à
biblioteca dele e ver os livros de medicina, ficar vendo as fotos, lendo algumas coisas.
Eu pensava: é o que eu quero na minha vida, mas isso foi quando eu tinha uns 7 ou 8
anos de idade. Depois, quando eu estava acabando o colegial, o segundo grau, eu
amava Biologia e pensei em fazer Biologia, pensei em fazer Medicina, mas, ao
mesmo tempo, eu gostava de Psicologia, gostava de alguma coisa que lidasse com
pessoas e, aíi, eu comecei a me interessar mais sobre a área médica e pensei: se eu
fizer Medicina, do jeito que eu sou, não vou sair do hospital, não vou ter mais vida
própria, não vou fazer mais nada. Eu quero ter uma família, eu quero poder cuidar
deles; então, acho que não é Medicina. Enfermagem é maravilhoso, mas vou entrar na
mesma, Psicologia, eu não vou poder cuidar da pessoa espiritualmente, vou ficar
limitada e não é isso que eu quero. Daí, um dia, eu ouvi falar em capelania hospitalar,
mas em uma época em que meus filhos eram muito pequenos; então, deixei pra lá.
Nessa época, eu abrigava em casa dois seminaristas do Seminário Presbiteriano José
87
Resultados e Discussão
Manoel da Conceiçãoxxii, por que a minha casa ficava atrás da igreja presbiteriana e
eles dormiam lá nos finais de semana. Um deles, que tinha toda a família no interior,
teve um problema de um pelo encravado no final da coluna e teve que passar por uma
cirurgia, em São Paulo. Quando fui lá visitá-lo, ele estava agoniado porque nunca
havia entrado em um hospital, tinha pavor de hospital e implorou que eu o tirasse de
lá e o levasse para casa. Daí, o médico cirurgião, que era um pastor nosso amigo,
autorizou a alta, desde que eu me comprometesse a cuidar dele em casa. Ele me
ensinou o que teria que fazer e, apesar de estar com três filhos pequenos, eu cuidei
dele por quase um ano. Durante esse tempo, pude observar todas as visitas que
vinham da igreja e perceber quando elas o estavam perturbando, quando ele estava
aflito para mudar de posição na cama e não podia, quando ele queria ir ao banheiro e
tinha gente falando o tempo inteiro e também quando falavam bobagem. Então, eu
comecei a cuidar dele no sentido de protegê-lo também, a dar uma orientada no
pessoal da igreja. Depois, ele assumiu o pastorado e foi para a terra dele, mas esse
tempo foi muito importante para mim, para eu descobrir o que eu queria. Eu me
lembrolembro de que comecei a ler livros nessa área. Eu trabalhava bastante com a
UNES - União Nacional Evangélica da Saúdexxiii, nos cursos e nas palestras.
Freqüentava alguns congressos deles, mas ainda meus filhos eram muito pequenos e
não podia sair de casa para nada. Daí, fiquei grávida de novo. Quando ele estava com
um ano de idade, tínhamos uma empregada maravilhosa, que adorava as crianças. Ela
ficava com os dois menores, eu pegava os dois maiores, levava-os para escola e
ficava no hospital; na volta, eu os pegava na escola novamente. Fui começando
assim, duas vezes por semana, três vezes por semana e fui ampliando o atendimento.
Descobri que havia um curso de capelania hospitalar ministrado pelo capelão do
HCFMUSP que, na época (1980), era o pastor Marcos Petriaggixxiv, que era capelão e
ao mesmo tempo trabalhava como gerente do banco, no hospital. Quando ele saia do
banco, ia atender alguns pacientes, mas era impossível dar conta, em uma, duas horas
xxii
Seminário Presbiteriano "Rev. José Manoel da Conceição" foi implantado em São Paulo em 11 de Fevereiro de 1980, como
extensão do Seminário Presbiteriano do Sul, que foi emancipado pelo Supremo Concílio em Julho de 1982. Disponível em
<http://www.seminariojmc.br>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
xxiii
UNES - União Nacional Evangélica da Saúde é uma missão evangelística, sem cor denominacional ou orientação político
partidária, especializada em todas as atividades que envolvem o campo da saúde física, mental e espiritual. É um braço da igreja
evangélica, que, mesmo orientada por normas, deixa lugar para convicções pessoais. Disponível em <www.unesaude.org.br>.
Acesso em 28 de nov. de 2011.
Marcos Petriaggi – é pPastor há 25 anos da Igreja Batista em Planalto Paulista, situada na Al. dos Guaicanãs 103, em São
xxiv
xxv
CTL - Curso de Treinamento de Líderes O CTL começou em 1979, na sede nacional da Palavra da Vida Brasil em Atibaia-
SP. Disponível em <www.pvnorte.com.br/ctl/historia>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
xxvi
Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB A Igreja Presbiteriana do Brasil é a mais antiga denominação reformada do país, tendo
sido fundada pelo missionário Ashbel Green Simonton (1833-1867), que aqui chegou em 1859. Mais tarde, ao longo do século
XX20, surgiram outras igrejas congêneres que também se consideram herdeiras da tradição calvinista. São as seguintes, por
ordem cronológica de organização: Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (1903), com sede em São Paulo; Igreja
Presbiteriana Conservadora (1940), com sede em São Paulo; Igreja Presbiteriana Fundamentalista (1956), com sede em Recife;
Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (1975), com sede em Arapongas, Paraná, e Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1978),
com sede no Rio de Janeiro. Disponível em <www.ipb.org.br/portal/historia> Acesso em 28 de nov. de 2011.
xxvii
Junta de Missões Nacionais da IPB (JMN), desde 1940, tem como objetivo alcançar o país com o Evangelho de Cristo e
plantar novas igrejas presbiterianas em território nacional. Disponível em <www.ipb.org.br/institucional>. Acesso em 28 de nov.
de 2011.
Mackenzie – fundado em 1870, mantém o compromisso de oferecer formação integral aos seus alunos, não somente na ação
xxviii
pedagógica, mas também no desenvolvimento do cidadão ético que entende a solidariedade como elemento indispensável de seu
dia-a-dia. (Presente hoje em seis cidades brasileiras, São Paulo, Barueri Tamboré,), Campinas, Brasília, Rio de Janeiro e Recife,
proporciona, aos seus mais de 40 mil alunos, a oportunidade de permanecerem na mesma instituição de ensino desde a
Educação Infantil até a Pós-Graduação, em níveis de especialização, mestrado e doutorado, dando ênfase especial à produção de
pesquisas acadêmicas. Disponível em <www.mackenzie.br/dhtm/assessoria_comunicacao/imprensa/institucional.php>. Acesso
em 28 de nov. de 2011.
89
Resultados e Discussão
xxix
Gideões Internacionais é uma Associação Interdenominacional de homens de negócio e profissionais cristãos, membros, em
plena comunhão, de igrejas protestante-evangélicas que têm, como missão, levar as boas novas através do testemunho pessoal e
da distribuição da Palavra de Deus em mais de 190 países ao redor do mundo. Disponível em <www.gideoes.org.br>. Acesso em
28 de nov. de 2011.
xxx
Armando Sambataro é Médico Acumputurista – Consultório na Av. 15 de novembro, 408 – Centro - em Araraquara – SP.
Disponível em <http://cnes.datasus.gov.br/Exibe_Ficha_Estabelecimento.asp?VCo_Unidade=3503206083218>. Acesso em 28
de nov. de 2011.
xxxi
Novo Testamento :a coleção completa dos livros divinamente inspirados que constituem a Bíblia, e chamada de cânon. O
Novo testamento foi escrito pelos discípulos de Jesus Cristo. Eles queriam que outros ouvissem àa respeito da nova vida que é
possível através da morte e ressurreição de Jesus. É dividida em grupos de conteúdos semelhantes, quer pelos assuntos tratados,
quer pelos autores ou pelos objetivos. Em 1676, foi concluída sua tradução que só viria a ser publicada em 1681 na Holanda, por
problemas de revisão. Disponível em <http://virtualbooks.terra.com.br/biblia/novo.htm>. Acesso em 29 de nov. de 2011.
xxxii
Vicente Amato Neto foi Secretário da Saúde, graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (1951), infectologista,
Superintendente do HCFMUSP, e Prof. Titular do FMUSP, atuando principalmente nos seguintes temas: trypanosoma cruzi,
aids, plasmodium berghei, chagas e transfusão de sangue. Plataforma Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011.
90
Resultados e Discussão
hospital, poderia até fazer parte de várias comissões. Foi na época da AIDS que a
Capelania Evangélica começou no IIER. Morria muita gente. Nós perdíamos em
média de nove a 12 pacientes por semana. Era um número muito grande. O paciente
sobrevivia por um ano, um ano e meio, mesmo assim com freqüentes internações por
causa de doenças oportunistas. Então, era comum fazermos amizade, possibilitando
um vínculo profundo com os pacientes e, depois, perdê-los rapidamente, o que nos
causava muita dor. Os próprios profissionais da saúde não agüentavam essa situação,
pois era muito forte e muito pesado para eles também. Eles já haviam vivido
epidemias, mas era uma coisa passageira - dois, três meses e passava, mas a AIDS
veio para ficar. Então, eles tinham que se acostumar com esse novo inimigo. Foi
interessante porque essa situação ofereceu oportunidade para que eu pudesse começar
a treinar alguns médicos do IIER. Começamos um trabalho que se denomina hoje de
“Minutos com Deus”. Mas eu comecei na UTI, com uma enfermeira que era muito
especial, deu-me muita abertura e solicitava também que cuidássemos dos
profissionais de saúde. Eu me sentava com ela na copa, uma ou duas vezes por
semana, lia um pequeno texto bíblico e orava com eles. Eu me lembro que, na época,
havia uma auxiliar de enfermagem, que era mãe de santo, e ela falava: “escutem o
que ela tem para dizer por que é verdade o que ela está dizendo”. Mas ela mesma
sempre ficava de lado e continuava a fazer as suas atividades. Depois foi criado, pelo
governador, o Conselho de AIDS do Estado de São Paulo - CONAIDS, com um
representante de cada Secretaria de Estado, e eles tinham que indicar também um
representante da sociedade civil. A disputa para esse cargo estava entre o meu nome e
o do padre Leo Pessinixxxv e, então, eles me puseram como representante civil do
Conselho, do CONAIDS, do qual participei por volta de quatro anos. A reunião se
dava no IIER, na Casa Rosada. Era discutida ali a política do Estado e éramos
referência para o governador. Então, foi um tempo também muito interessante, pois
nós estávamos sempre aprendendo a cada reunião. Estávamos constantemente tendo
aprimoramento através de vários cursos e palestras: um desses era de pedagogia, com
várias técnicas diferentes de ensino e aprofundamento sobre AIDS. Durante esse
período, fazíamos muitas palestras sobre AIDS nas igrejas, em indústrias e nas
xxxv
Leo Pessini é doutor em Teologia Moral-Bioética em Clinical Pastoral Education and Bioethics, pelo St. Luke's Medical
Center, em Milwaukee, nos EUA. Também é membro da Diretoria da Associação Internacional de Bioética e superintendente da
União Social Camiliana, além de vice-reitor do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. Disponível em
<http://www.revistamissoes.org.br/artigos/ler/id/927>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
92
Resultados e Discussão
xxxvi
José Mauro Marchiori , fazia parte da equipe da Capelania Evangélica Hospitalar do HCFMUSP e do IIER.
Cadastro da ACEH.
xxxvii
José Ramos Souza Neto, fazia parte da equipe de Capelania Evangélica Hospitalar do HCFMUSP e do IIER. Hoje é
pastor evangélico. Cadastro da ACEH.
xxxviii
Carlos Henrique, fazia parte da equipe de Capelania Evangélica Hospitalar do HCFMUSP e do IIER. Cadastro da
ACEH.
xxxix
Ester Aparecida Nogueira Monteiro Abib, educadora em saúde pública, pedagoga, especialista em saúde
Pública,trabalhava no IIER e em uma das casas de recuperação de drogados96.
93
Resultados e Discussão
xli
Igreja Batista em Morro Grande localizada à Rua Francisco Nunes Siqueira, 306 Morro Grande - São Paulo - SP,
Disponível em <www.ibmorrogrande.blogspot.com>. Acesso dia 28 de nov. de 2011.
94
Resultados e Discussão
república, governador, enfim, muitas pessoas. Nós tivemos 350 pessoas nesse
congresso, tudo coberto pelo HCFMUSP. Foi ótimo e marcou história. Tivemos,
nesse congresso, pessoas que poderiam ter criado grande problema, porque tínhamos,
um responsável pelo Movimento de Defesa dos Direitos Homossexuaisxlii que se
sentou na primeira cadeira, na primeira fileira, em frente ao palco, onde eu ficava.
Depois dele terde ele ter assistido uns dois dias do congresso, veio falar para mim:
“eu não vou fazer escarcéu aqui por tua causa, porque eu te considero muito,
considero o seu trabalho, o que você tem feito, por isso eu não vou abrir a boca”.
Realmente, ele ficou quieto o tempo todo. Então, fiquei no HCFMUSP como capelã
titular 22 anos. Agora faz cinco anos que saímos de lá, em novembro de 2004. A
nossa saída se deu porque foi alterado o estatuto do HCFMUSP, quanto ao
atendimento religioso no hospital, transformando o serviço religioso católico e
evangélico em um só, fazendo uma capelania ecumênica, para todos os credos,
reunidos em um só local. Isso aconteceu quando houve uma mudança de diretoria do
HCFMUSP, saiu o ProfProf. Amato, que tinha bastante proximidade com a Capelania
Evangélica, e entrou outra diretoria que tinha outra visão das coisas. Foram realizados
vários esforços para fazer uma composição, que se revelaram insatisfatórios. Como
eu já estava na Capelania Evangélica do IIER, resolvi deixar a Capelania Evangélica
do HCFMUSP. Nós saímos de lá com sessenta pessoas da capelania, para o IIER e
outros hospitais onde desenvolvíamos este serviço. Na equipe do IIER, alguns destes
tinham AIDS ou eram do grupo de maior risco na época, porque um era homossexual
ou tinha sido homossexual e agora fazia parte de uma igreja batista, onde era ajudante
do pastor; outro tinha sido viciado em drogas e também garoto de programa; outro
tinha sido travesti por sete anos e eu o encontrei quando estava fazendo uma palestra
sobre capelania, numa igreja batista também. Falei da minha grande dificuldade de
falar com os travestis porque um era o nome no prontuário médico e outro era o nome
pelo qual ele queria ser chamado. Faziam parte dessa equipe de capelania o Mauro, o
xlii
Movimento de Defesa dos Direitos Homossexuais - surgiu na Europa, no final do século XX, tendo como principal bandeira a
descriminalização da homossexualidade e o reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais. Durante o Nazismo, mais de
300 mil gays foram presos nos campos de concentração, e só depois da Segunda Guerra Mundial que o Movimento
Homossexual começou a se estruturar na Europa e Estados Unidos. 1979 foi um ano chave na História do Movimento Brasileiro
de Homossexuais (MHB), ano de fundação do Jornal Lampião da Esquina e do primeiro grupo gay brasileiro, o Somos/SP,
ambas instituições pioneiras e fundamentais no desenvolvimento dos demais grupos de defesa dos direitos de gays e lésbicas no
país. Assim, em fins de 1979 quando já existiam mais de uma dezena de grupos no eixo Rio São Paulo e Brasília,. oO Lampião e
o Somos de São Paulo, idealizaram a organização de um encontro nacional, o primeiro de uma série de doze, sendo: 6 EBHOs
(Encontro Brasileiro de Homossexuais) 2 prévias para o EBHOs e 4 encontro regionais. Disponível em
<http://lgbtt.blogspot.com/2010/04/historia-do-movimento-lgbt-brasileiro.html.>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
95
Resultados e Discussão
xliii
Carolina fazia parte da equipe de Capelania Evangélica Hospitalar do HCFMUSP e IIER. Disponível em
<www.bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/01inv_pesqII2003.pdf>. Acesso dia 28 de nov. de 2011.
xliv
Igreja Presbiteriana de Pirituba está presente no bairro há mais de 40 anos. Desde sua fundação, esta comunidade evangélica
propõe-se a propagar os ensinamentos de Jesus Cristo de forma simples mas impactante, Rua Joaquim de Oliveira Feitas, 2466 –
São Domingos –São Paulo. Disponível em <http://www.ippirituba.com.br/site/a-igreja.html>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
xlv
Lucinéia Ferreira Ramos Souza, faz parte da equipe de capelania evangélica hospitalar, é paciente do IIER. Cadastro da
ACEH.
96
Resultados e Discussão
HIV, agora eu quero falar pra você sobre como Deus curou a minha alma, e Ele
também pode curar doenças, mas a primeira coisa que Ele fez foi me dar uma nova
vida, uma nova visão sobre Ele e mim mesmo, e me dar uma nova razão de viver”.
Eles também tinham trejeitos. Então, fomos trabalhando a vida deles também, para
que eles perdessem os trejeitos, mudando o linguajar deles, e ao mesmo tempo,
lidando com eles, para que eles não caíssem nas cantadas que eles recebiam até
mesmo dos funcionários dos hospitais, porque tinham todas as características gays.
Essa equipe foi a melhor para começar porque eles tinham AIDS, eles eram pacientes
do hospital e tinham autoridade ao falar sobre a esperança que Deus estava lhes dando
a cada dia, quando as pessoas perdiam a esperança. Eles mostravam que a esperança
que Deus havia dado a eles, que não morria com a doença, nem com as dificuldades
que eles estavam enfrentando. A formação para a equipe era ministrada através do
Curso Nível I, mais ou menos o mesmo que nós damos até hoje. Eram quatro dias de
teoria e mais 60 horas de prática. Vinham pessoas do Brasil inteiro. Cada um dos que
estavam conosco passavam por esse treinamento e, depois, passavam a treinar outros
também. No Serviço de Capelania Evangélica Hospitalar, cada pessoa fazia
atendimento três dias por semana. As igrejas às quais eles pertenciam os mantinham
financeiramente, algumas dando, pelo menos, recursos para o transporte. O hospital
oferecia alimentação para toda a equipe de capelania e disponibilizava uma sala. Nós
tivemos duas salas grandes a princípio, uma na entrada do hospital e outra no prédio
da internação; tínhamos muito espaço e muito apoio dos profissionais da saúde, desde
o começo, principalmente do pessoal da Enfermagem. Logo que eu entrei, no
primeiro dia, a enfermeira encarregada da Eeducação Ccontinuada me levou a cada
posto de enfermagem e foi me apresentando, dizendo que eu tinha acesso a todos os
prontuários médicos e também a todo material de paramentação. O que eu precisasse,
poderia pedir à Enfermagem que eles nos ajudariam em tudo que pudessem. Nosso
relacionamento com a equipe de enfermagem sempre foi muito bom, com as diretoras
de enfermagem, com as enfermeiras da Eeducação Ccontinuada e com auxiliares de
enfermagem. Nós éramos bastante procuradas para compartilhar coisas boas e coisas
ruins porque nos interessávamos pela vida deles. O SCEH se reportava diretamente
ao diretor geral do hospital. Fazíamos relatórios a cada mês e os entregávamos ao
dDiretor do hospital. Participávamos de todas as atividades do hospital com todos os
profissionais da saúde e estávamos muito adaptados a toda a rotina hospitalar. As
97
Resultados e Discussão
atividades que nós realizávamos eram diárias. Fazíamos atendimento aos funcionários
do hospital e toda a programação em datas especiais, com corais. A Superintendência
é quem nos solicitava porque não tinha qualquer serviço católico ou espírita. Era só o
nosso, o evangélico. Dois anos depois que nós entramos no hospital, a Cúria
Metropolitana Católicaxlvi, que também era responsável pela Capelania Católica do
HCFMUSP, colocou lá um padre. Isso aconteceu porque eles viram a influência do
trabalho evangélico, que estava crescendo. A princípio, o padre tentou colocar o
diretor contra nós de todas as formas. Hostilizou-nos muito, mas o diretor nos
conhecia muito bem e ao nosso trabalho, e não deu muita atenção. O diretor era um
médico judeu que tinha saído da Superintendência do Hospital do Servidor Público
do Estado. Era um médico muito querido. Nós fizemos muita amizade e ele nos
ajudou em tudo que ele pode, de todas as formas. Quando os médicos chefes de
setores queriam tomar nossa sala no andar, ele dava a sala dele para eles usarem nesse
período, para que não pegassem nossa sala. A ação dele foi muito importante. Depois,
quando veio o novo diretor do IIER, este fez questão de colocar o nome do padre
oficialmente, publicando, no Diário Oficial, sua designação como responsável pelas
duas capelanias no hospital. Por elas serem de diferentes religiões, tinham salas
separadas, mas, administrativamente, eu respondo a ele, e ele, o padre, responde ao
diretor geral do hospital. Então, todas as programações que nós fazemos, têm que ser
entregues ao padre, tendo sido estabelecido a divisão de espaços na comemoração das
datas especiais que vigora até hoje. Quanto às atividades desenvolvidas, nossas
equipes cobriam todos os andares e atuavam em todos os dias da semana. Em todas as
datas especiais, nós sempre fazíamos alguma coisa especial, como palestras para
profissionais da saúde, cartões e mensagens escritas; tudo que nós fazíamos para o
HCFMUSP, fazíamos também para o IIER. As atividades eram desenvolvidas
fazendo visitação leito a leito nos andares, no ambulatório, no hospital dia e no
necrotério. Uma ocasião houve um pedido de um funcionário porque o clima na sua
unidade estava extremamente pesado e eles não sabiam o que fazer; então, nos
xlvi
Cúria Metropolitana Católica é uma instância que congrega toda a supervisão e administração da Arquidiocese nos seus mais
variados âmbitos, de acordo com o Concílio Vaticano II. Com finalidades pastorais, administrativas e judiciais, a Cúria
assessora o Arcebispo em sua missão de governar. A Cúria Metropolitana se estrutura articulando vários organismos, de forma a
atender às múltiplas exigências do governo pastoral da Arquidiocese: Vigariaria Geral, Chancelaria, Secretaria Geral do
Arcebispado, Tribunal Eclesiástico, Mitra Arquidiocesana, Vicariatos Episcopais Especiais, Regiões Episcopais, Foranias e
Paróquias. Disponível em <www.arquidiocesebh.org.br/site/arquidiocese.php?id=154>. Acesso dia 28 de nov. de 2011.
98
Resultados e Discussão
delicada porque ela é membro de uma igreja católica, mas dirige o trabalho espírita.
Ela tem feito um trabalho espírita lá e começou a fazer “Palavra com afeto”, alguma
coisa assim. Era um trabalho mais social, mas com toda conotação espírita, sem
esconder nada. Depois, ela quis forçar a entrada de uma capelania espírita, mas o
padre, que é o responsável pelas capelanias, como ela é membro de uma igreja
católica, solicitou a ela uma carta do centro espírita, nomeando-a como responsável
no hospital e ela terá que se desligar da igreja católica. Por enquanto, o trabalho
espírita continua acho que uma vez por semana. Eles podem entrar, mas não é
oficializado como um serviço religioso, é como um atendimento. No IIER, eu não
tinha acesso aos prontuários como no HCFMUSP. No HCFMUSP eu tinha acesso a
todos os prontuários de todos os setores, mas só tinha a oportunidade de fazer o
relatório do aconselhamento bíblico, no prontuário da Ppsiquiatria, onde participava
de todas as discussões de caso da equipe na qual eu participava como parte da equipe
multidisciplinar e também das aulas que eram dadas e das sessões de
eletroconvulsoterapia, onde aprendi bastante. Nessa época, logo que eu comecei,
fizemos ótima amizade com o Dr. Armando Sambataro. Ele era um médico agnóstico,
mas era alguém muito atencioso, inteligente, uma mente brilhante e tinha uma
memória fantástica. Ele chegava uma hora antes em um dia da semana, para que
pudéssemos conversar. Então, nós nos tornamos grandes amigos. Ele me ajudou
muito, orientou-me, também, quanto à forma mais adequada de escrever os relatórios
e cartas para a diretoria. No IIER, na área de costura, tínhamos um trabalho com os
funcionários que era muito bem aceito e estávamos aumentando. Depois, com a
chegada do diretor Sebastião André de Felice, ele fechou todo nosso trabalho. Ele
deve ter ficado nessa função cerca perto de oito anos. Quando ele chegou, ouviu o
padre, que fez a mesma coisa que havia tentado fazer da outra vez com Dr. Paulo
Augusto Ayrosa Galvão e, quando eu fui apresentar o nosso trabalho para o Dr.
André, a primeira coisa que ele falou foi que iria revogar o documento assinado por
iniciativa do Dr. Paulo Augusto Ayrosa Galvão e eu não seria mais a capelã titular do
hospital porque eu tinha muita projeção. Ele disse: “eu vou apagar um pouco a sua
imagem aqui dentro”. Nosso trabalho estava bem organizado, eu havia mostrado, para
a Dra. Gloria Brunettixlix, que era a assistente do Dr. André, e ela estava encantada
xlix
Gloria Brunetti assistente do Diretor Clínico do IIER, graduada em Medicina pela Unisa, em 1984. Médica concursada pelo
estado, trabalhou no Centro de Treinamento e Referência AIDS. Estudou em Roma por seis meses e outro semestre em Boston,
nos EUA, especializou-se em doenças infecciosas, mas especificamente em AIDS. Ao voltar para o Brasil, em 1994, novamente
100
Resultados e Discussão
com nosso trabalho. Uma das coisas que nós fazíamos eram bazares. Arrecadávamos
muitas roupas para os funcionários da equipe de saúde e famílias com AIDS,
vendidas a preço baratíssimo. Compravam de tudo lá. Eu me lembro que um dia, eu
estava saindo do IIER e Dr. Guido Levi me falou que havia indicado o meu nome
para fazer parte do Comitê de Ética em Pesquisa do hospital e fez muitos elogios ao
nosso trabalho e à minha pessoa. Daí, comecei a fazer parte do Comitê de Ética. Para
mim era muito difícil porque eles distribuíam as teses dos médicos e eu tinha que
entender de termos médicos e aprovar sozinha aquelas teses em uma semana e eu já
estava com muitas coisas: o HCFMUSP, mais o IIER e abrindo capelanias em outros
hospitais. Depois de quatro anos, eu disse que não tinha mais condição de continuar
no Comitê de Ética em Pesquisa, mas foi interessante observar e fazer parte dele
oficialmente. Outro serviço de que fizemos parte foi o grupo de cuidados paliativos.
Ele foi criado um pouco depois, talvez depois de seis a sete anos de existência e da
capelania implantada no IIER e começou com a Dra. Elisa l que, junto com a Dra.
Heloisa, que era psicóloga do IIER, foi assistir uma palestra do Dr. Marco Túlioli e
gostou muito. Aí, nós organizamos e chamamos mais duas ou três enfermeiras - a
Sandra Helenalii, que estava desde o começo a Cleide, que fez parte algum tempo, a
Elizabeteliii do 4º andar e as assistentes sociais. Eram quatro ou cinco médicos
infectologistas, além da Dra. Elisa e o Dr. Ronaldoliv, especializados em dor. Aí
começamos a atender os pacientes através de pedido de interconsulta de médicos de
cada andar. Nós sempre atuamos ali junto com os profissionais do andar, com toda
abertura também. No começo, a equipe de cuidados paliativos, tinha um grupo maior,
no Emílio Ribas, como médica concursada, atuouando no Pronto Socorro, função que exerce até hoje. Disponível em
<www.versocial.org.br/default.asp?item=CV_gloria>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
l
Elisa Miranda Aires, graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (1984) e Mestre em Ciências pelo Programa
de Pós-Graduação da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (2002). Atualmente
é médica infectologista da Prefeitura do Município de São Paulo e médica infectologista do Instituto de Infectologia Emilio
Ribas da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Doenças Infecciosas
e Parasitárias, atuando principalmente nos seguintes temas: AIDS, cuidados paliativos, infectologia, dor e HIV. Plataforma
Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011.
li
Marco Túlio Assis Figueiredo, médico, professorprofessor da Disciplina de Cuidados Paliativos da UNIFESP-EPM; Chefe do
Ambulatório de Cuidados Paliativos da UNIFESP-EPM; Sócio fundador da International Association for Hospice and Palliative
Care (USA); São Paulo, SP. Disponível em <direitodoidoso.braslink.com/01/artigo026.htm>. Acesso dia 28 de nov. de 2011.
lii
Sandra Helena enfermeira, participou da Equipe de Cuidados Paliativos do IIER. Recursos Humanos do IIER.
liii
Elizabete enfermeira, participou da Equipe de Cuidados paliativos no IIER. Informação obtida na entrevista da capelã da
Capelania Evangélica Hospitalar do IIER.
liv
Ronaldo da Cruz médico, participou da Equipe de Cuidados Paliativos do IIER., Médico do Programa Cuidados Paliativos do
Instituto de Infectologia Emílio Ribas de São Paulo. Disponível em <www.cremesp.org.br> . Acesso em 28 de nov. de 2011.
101
Resultados e Discussão
lv
Sonia Regina Rocha Miura, médica, participou da equipe de Cuidados Paliativos do IIER, médica do Programa de Cuidados
Paliativos do Instituto de Infectologia Emília Ribas de São Paulo CRM 35545 Inscrito em.21/08/1979. Disponível em
<www.cremesp.org.br> . Acesso em 28 de nov. de 2011.
lvi
Maria Aparecida Guerra, médica, fazia parte da Equipe de Cuidados Paliativos e do Serviço de Epidemiologia do IIER
Informação obtida através da entrevista com a capelã da capelania evangélica.
lvii
Neide Correia Menezes, capelã, fazia parte da equipe de capelania hospitalar evangélica do IIER. Cadastro da ACEH.
102
Resultados e Discussão
texto intitulado “O que fazer quando aparentemente não há mais nada a fazerlviii”
sobre como lidar com os pacientes terminais e ainda dar esperança, dar a eles algum
alívio em meio ao sofrimento. Logo que a revista foi publicada, Dr. Marco Túlio, que
eu não conhecia, entrou em contato comigo e convidou-me para fazer parte da equipe
dele, como responsável pela parte espiritual. Convidou-me para ministrar aulas sobre
tanatologia, sobre pacientes terminais e sobre cuidados paliativos. Daí, nós
começamos a ministrar aulas na Faculdade de Medicina do ABClix, (não sei se o
nome era Anchieta) e tínhamos ali muitos alunos e vários professores também. Foi
muito boa essa atividade. Dr. Marco Túlio já era Prof. Titular da UNIFESP; então, ele
me pediu para ministrar aulas também em um curso que era como matéria eletiva na
área de paliativos, na UNIFESP. Ministrei aulas vários anos, dentro do curso que ele
promoveu. O curso era direcionado para médicos e estudantes de medicina, e foi
aberto também, depois, para a Faculdade de Enfermagem e não sei se Nutrição e
Fisioterapia também. As palestras eram muito bem aceitas, como todo material que
nós levávamos. Outra atividade desenvolvida, a partir da equipe de cuidados
paliativos do hospital, foi dois anos depois que o Serviço de Capelania Evangélica
havia sido implantado. O Ministério da Saúde solicitou que fossemos preparados, por
eles, para ministrarmos cursos sobre cuidados paliativos. Levaram-nos para o Estado
do Rio Grande do Sul, onde fizemos uma semana de curso. A partir daí, o Ministério
da Saúde sempre mandava consultores para nos acompanharem, investindo em nosso
aprimoramento. Vários hospitais criaram os serviços de cuidados paliativos. Depois
de algum tempo, quando nós já tínhamos começado o Serviço de Capelania
Evangélica no Hospital do Servidor Público do Estado, a Dra. Maria Goretilx
“O que fazer quando aparentemente não há mais nada a fazer”, artigoartigo publicado na Revista Âmbito Hospitalar.
lviii
lx
Maria Goreti Maciel é graduada em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (1983) e especialista em Medicina
Geral e Comunitária pela Associação Hospital de Cotia AHC (1986). Atualmente é coordenadora do Programa de Cuidados
Paliativos do Hospital Samaritano São Paulo, Diretora de Serviço de Cuidados Paliativos do Instituto de Assistência Médica ao
103
Resultados e Discussão
responsável pelo serviço, através do Dr. Luizlxi que era o Diretor de Atendimento
Domiciliar do Hospital do Servidor Público Estadual, solicitou-me que indicasse e
preparasse um capelão para integrar a equipe de paliativos de lá. Indiquei a Maria
Lúcialxii, que já tinha sido bem treinada no IIER em cuidados paliativos e com
pacientes terminais. Dessa forma, estávamos levando recursos humanos e experiência
adquirida no IIER, para outros hospitais. De tudo isso, eu acho que tem várias coisas
que eu posso enxergar para minha vida e para a capelania. Para minha vida, primeiro
a dependência total de Deus, em buscar um propósito Dele para mim. Eu sei que me
tornei famosa no HCFMUSP pelo que Deus foi fazendo na vida dos pacientes, na
vida dos profissionais da saúde. Todas as oportunidades que nós tivemos lá, através
das programações musicais mensais, no saguão do hospital, pois o Dr. Amato nos
pedia para fazer programações para o hospital todo. Aliás, pedia para trazer
enfermeiros evangélicos para o hospital, porque eram mais profissionais e cuidavam
melhor dos pacientes. A aceitação da Capelania Evangélica foi pela qualidade do
nosso trabalho, principalmente com o intuito de tornar o nome de Deus conhecido lá
dentro, de glorificar a Deus, através das vidas a que a palavra Dele tivesse acesso. Eu
aprendi muito sobre minha enorme fragilidade, aprendi como os momentos de raiva
podem ser produtivos, principalmente quando é uma ira justa. Aprendi sobre a
riqueza da equipe, a diversidade de dons, talentos e personalidades. A riqueza do
corpo [igreja], de se complementarem e, juntos, formarem realmente uma unidade e
espelharem a Cristo, dentro do hospital. Como nós somos reconhecidos por isso!
Como isso marcou época! É interessante que, hoje mesmo, quando eu vou visitar
alguém da Psiquiatria do HCFMUSP, tenho livre acesso, um ou outro porteiro avisa
que “a capelã está aqui” e entro tranquilamente. Quando saio passando pelo Prédio
dos Ambulatórios, sempre encontro profissionais da saúde ou funcionários que
conheciam nosso trabalho e eles falam: “Ah que bom! Vvocês estão aqui de volta!
Nossa! Nós não temos mais nada aqui. Vocês precisam voltar”. Então, são coisas
gostosas de saber que deixamos, que marcou a história, a vida de pessoas. Aprendi
sobre a fome que as pessoas têm de Deus e que não importa a posição, a cultura, os
Servidor Público Estadual de São Paulo e Diretora/Professora do Instituto Paliar. Tem experiência na área de Medicina da
Família, Cuidados Paliativos e Saúde Pública. Plataforma Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011.
lxi
Luiz Michima graduado em medicina, responsável pelo Serviço de Atendimento Domiciliar do Hospital do Servidor Público
Estadual de SP. Informação obtida através da entrevista com a capelã da capelania evangélica.
lxii
Maria Lúcia Prado Soares, capelã, fazia parte da equipe de capelania evangélica hospitalar do IIER . Cadastro da ACEH.
104
Resultados e Discussão
títulos que elas têm; mas que em todo coração existe um vazio em forma de Deus,
que nós temos, que só é preenchido buscando sabedoria em Deus. Temos acesso a
esse coração e podemos ser usados por Deus, para deixar uma mensagem de vida.
Aprendi a não ter medo de autoridades, pois tive que enfrentar todas, de todos os
tipos. Pude ver que Deus é maior do que qualquer autoridade, e que essas autoridades
são colocadas por Ele por algum tempo e depois são retiradas. Aprendi como temos
que falar com o paciente. Mesmo que estejamos trabalhando há muitos anos nessa
área, cada história de vida é única. Eu só sei que ele quer conhecer a Deus e Deus
precisa me dar meios, sabedoria e táticas para chegar lá. Então, o que descobrimos
sobre o uso da “palavra chave” que o paciente nos dá, é super importante para
responder à necessidade dele, que ele mesmo levantou. Por isso, sabemos que a
mensagem vai ser sempre bem aceita pelo paciente. Aprendi o valor da família,
porque ela sempre me deu apoio e liberdade. Nunca cobrou nada de mim. Mesmo
meus filhos, quando eram pequenos, viveram “capelania” o tempo todo porque eu
não só levava histórias para casa, mas levava pacientes para casa também. Eu os levei
muitas vezes. Levei a turma do “Branco Dinamite”, que ficou por dois anos indo lá
em casa. Depois disso, levei um assassino profissional, que se converteu no hospital,
que pegou meus filhos no colo. Levei gente “da pesada”. Levei bruxa que se
converteu em casa, levei muita gente. Levei um dos nossos capelães, quando teve
tuberculose e estava num estado gravíssimo. Ele morava sozinho em São Paulo, não
tinha para onde ir e não queria ficar hospitalizado de jeito nenhum. Eu o isolei no
quarto debaixo da minha casa. Aprendi com a Enfermagem como fazer toda a
paramentação, todos os cuidados necessários e cuidei dele o tempo todo. Aprendi um
bocado de coisa e continuo aprendendo. Minha casa era e sempre foi a extensão do
hospital. Eu me lembro que, quando começou a ir a turma do Branco Dinamite em
casa, as pessoas falavam: “é doida, vão roubar sua casa!” Já tinham roubado antes!
Dois meses antes de iniciarmos esses encontros, uma quadrilha tinha entrado na casa
e levado tudo, não tinha mais nada de valor para ser roubado. Mas não foram eles. Eu
vou lá ver o Branco essa semana, estou com saudades dele. Ele mora no Parque São
Domingos, na saída da Via Anhanguera. Quantas vezes o Mauro dormiu em casa,
viajou. Travestis foram em casa e dormiram lá também. Eu vejo assim: como Deus
me deu graça e nos protegeu, também deu paciência para os meus filhos e aceitação,
105
Resultados e Discussão
porque eles me dividiram com mil pessoas, milhares de pessoas. Tenho muita história
para contar e eles também!
A capelania surgiu antes de eu vir para o IIER. Antes de mim, era o padre
Thomas Scottlxiii, o padre Leo Pessini e o padre Cristianlxiv que atendiam, a partir do
HCFMUSP. A Capelania Evangélica já existia no HCFMUSP há vinte anos e, no
IIER, a dona Eleny já a tinha implantado, quando eu cheguei aqui. A Capelania
Católica começou desde a fundação da assistência religiosa. Então, a primeira igreja
que tem registro é a igreja da Consolação porque, no final de 1800, era a igreja mais
antiga. Depois foi a Igreja Nossa Senhora de Fátima e, depois, a São Luiz Gonzaga.
Existe um livro histórico das paróquias, registrado nos livros de tombo. A Capelania
Católica foi criada no HCFMUSP há quase 60 anos. Então, a partir dali, o HCFMUSP
assumia a responsabilidade do IIER. Há 21 anos, eu fiz um estágio e vim fazer o
curso de capelania hospitalar. Nessa época, já existia implantada a Capelania
Evangélica coordenada pela Eleny. Eu fiz estágio junto aos padres camilianos no
HCFMUSP e, dali, eu atendia o IIER, no mesmo período de estágio. Aí, eu voltei
para o Rio Grande do Sul. Vim, depois, fazer outro estágio de um ano. Aí, pedi mais
um ano e não me deixaram mais voltar. Estou “fazendo estágio” há 20 anos. Eu me
lembro que a Capelania Evangélica, quando comecei, era muito atuante aqui. Figura
na minha lembrança essa presença marcante dos membros da Capelania Evangélica
dentro da instituição que, por sinal, é muito positiva. Na Capelania Católica, fazemos
uma visita diária, a missa semanal, para levar a eucaristia para o doente, consolo aos
enfermos, a benção e a confissão. Já teve inúmeros casos de batizados de crianças
lxiii
Thomas Scott padre, citado pelo padre da capelania católica como sendo um dos primeiros padres a pertencer a equipe da
capelania católica no IIER.
lxiv
Cristian de Paul de Barchifontaine é graduado em Enfermagem pelo Institut of Nursing Saint Elisabeth de Bergem (1972),
graduado em Filosofia - Seminário de Tournai (1969) e graduado em Teologia - Seminário de Bruxelas (1975). É mestre em
Administração Hospitalar e da Saúde pelo Centro Universitário São Camilo (1989) e doutor em Enfermagem na Universidade
Católica Portuguesa (UCP). Atualmente é membro do Conselho Superior da Associação Nacional de Educação Católica do
Brasil, Superintendente da União Social Camiliana e Reitor do Centro Universitário São Camilo, . Aalém de Vice-Presidente da
Sociedade Brasileira de Bioética de São Paulo. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem de Saúde
Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: bioética, administração hospitalar, pastoral da saúde, administração.
hospitalar e reabilitação. Plataforma Lattes. Acesso em 28 de nov. de 2011.
106
Resultados e Discussão
lxv
Contadores de História é uma organização sem fins lucrativos que tem quatorze anos de experiência na gestão de voluntários e
faz uma seleção criteriosa e treinamento com as pessoas que queiram fazer parte do projeto contador de histórias. Disponível em
<http://www.vivaedeixeviver.org.br/>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
Voluntariado – Que é feito sem constrangimento ou coação; espontâneo. Que só age de acordo com a sua própria vontade;
lxvi
caprichoso, voluntarioso. Indivíduo que se alista espontaneamente num exército, ou que se encarrega de uma incumbência à qual
não estava obrigado. Disponível em <www.dicionariodoaurelio.com/Voluntario>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
107
Resultados e Discussão
teve alta. Então, você nunca pode perder o hoje. O momento é o hoje e o amanhã
deixamos para amanhã. Então, ele é mais desafiador. Mas ele é muito gratificante.
Podemos conviver e trabalhar juntos. Nesse sentido, é muito mais gostoso, não é uma
paróquia católica ou uma igreja evangélica: nós estamos juntos convivendo. Hoje, os
hospitais estão mais preocupados com a humanização, pensando de uma forma bem
ampla nesse aspecto de assistência espiritual ao paciente. Vou dar só um exemplo: há
pouco tempo, eu acompanhei um cardeal que foi internado no Hospital São Luiz lxvii.
O professor preferiu fazer lá a cirurgia e, quando eu esperava por ele, um velho
médico do HCFMUSP que agora trabalha lá, me parou e me cumprimentou falando:
“puxa vida, padre, porque a gente não pode ter um serviço no nosso hospital
também?”. Até falaram: “nós precisamos de um capelão aqui”. Hoje, as instituições
sentem que o serviço religioso é parte integrante do trabalho. Não adianta você curar
o resto, pois, muitas vezes, a ferida está no espiritual. Então, eles percebem que o
trabalho em conjunto hoje é um desafio que as igrejas têm que se colocar, preparar
pessoas para esse ministério e não pensar: “Ah, porque o padre está velhinho, o pastor
esta velhinho, então vamos colocá-los no hospital”. Temos que profissionalizar os
ministros religiosos para essa finalidade da ética, da bioética, da humanização, para
que nossa palavra seja uma palavra com autoridade. A Capelania Evangélica foi
sempre muito atuante junto aos profissionais, aos doentes, sempre marcando essa
assistência. Havia sempre pastores agregados, existia outro pasto,r João Hamiltonlxviii,
um pastor bem moreno escuro. Lembro-me dele, do Netto, que também atuava
bastante aqui. Agora a Jenylxix, a Neide, a Oneidalxx são muito atuantes. Nós sempre
tivemos uma visão muito positiva da Capelania Evangélica. Nossa relação é marcada
pela fraternidade porque nosso objetivo não é concorrer. Até podemos dizer que
concorremos no sentido positivo, para prestar a melhor assistência religiosa e humana
ao paciente. Então, nesse sentido, usamos os termos paulinos: nos
rivalizamosrivalizamos-nos pelo bem do paciente. Mas não há uma competição entre
lxvii
Hospital São Luiz foi inauguradoinaugurado em 1938 como uma policlínica, e hoje é uma rede com três
unidades hospitalares, 803 leitos e 14 mil médicos credenciados, estabelecida em São Paulo capital. Disponível
em < http://www.saoluiz.com.br.> Acesso em 28 de nov. de 2011.
lxviii
João Hamilton fazia parte da equipe de capelania evangélica hospitalar do IIER. Cadastro da ACEH.
lxix
Jeny Andrade, capelã fazia parte da equipe de capelania evangélica hospitalar do IIER. Cadastro da ACEH.
lxx
Oneida Green de Almeida fazia parte da capelania evangélica hospitalar. É presidente do Ministério Viúvas
Evangélicas em Missão (VEM) e membro da equipe de Capelães do Inst. de Infectologia Emílio Ribas Disponível
em <www.iceuniao.sites.uol.com.br/capelaniahcusp.htm>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
108
Resultados e Discussão
nós, de quem é melhor: os católicos ou os evangélicos? Não! Nós nos damos aàs
mãos para atender o doente. Esse é o objetivo da capelania e também, em
conseqüência, dar uma assistência aos profissionais da saúde da instituição. Isso, nós,
na espontaneidade e na fraternidade, que eu e o pastor João Garcia Batistalxxi temos, é
uma coisa muito bonita e gratificante. Não temos nenhuma dificuldade na relação
administrativa ou nas relações de comunicação com a Capelania Evangélica. Nós
sempre conversamos, temos um diálogo muito franco e aberto, muito maduro, porque
entendemos que somos irmãos de caminhada e temos uma responsabilidade e, como
queremos o bem da instituição e do doente, se existe alguma coisa, nós conversamos.
Essa experiência bonita que temos aqui, eu aprendi com o pastor Joãolxxii, no
HCFMUSP. Nós dividíamos a tarefa de dar cobertura aos andares do hospital porque
era um departamento muito grande. Com o passar dos anos, cada um pegava dois
pacientes e, no fim, nós nos juntávamos e trocávamos informação. Olha, aquele quer
ir à missa, aquele quer ir ao culto, outro gostaria de receber uma oração, o outro a
eucaristia. Trocávamos informações sobre como todo o hospital estava, quem tinha
sido visitado e cada um ia fazer o trabalho específico da sua confissão religiosa.
Havia também a indicação de um capelão para o outro sobre a visitação de doentes.
Eu venho do Rio Grande do Sul, onde a colonização foi conjunta, católica e
evangélica luterana; então, para mim, foi um choque muito grande quando vim para
São Paulo e vi a idéia de competição entre as duas religiões. No Sul, isso não havia;,
nós sempre trabalhávamos juntos, fazíamos reuniões entre as capelanias, não com
espírito de competição, mas de colaboração, para o bem comum. Acho que, antes de
nós olharmos o que nos separa como igreja, temos que olhar o que nos une. Quando
formos olhar o que nos une, é muito mais do que as mínimas coisas que nos separam.
No Sul, eu não trabalhava como capelão e as igrejas evangélicas só faziam visitação
hospitalar, não existia capelania evangélica hospitalar. Eu acumulava ser padre da
lxxi
João Garcia Batista é graduado em teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e especializado em Aconselhamento
Bíblico pelo NUTRA – Núcleo de Treinamento, Recursos e Aconselhamento Bíblico. Capelão No IIER e CRT em DST/AIDS
de São Paulo. Fez o Ccurso e o treinamento em Capelania Pós-Desastre pela academia do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio
de Janeiro. Atua como capelão na Equipe de Cuidados Paliativos do IIER e na equipe do CRT/DST/AIDS no Atendimento
Domiciliar. Informação obtida no livro: Catástrofes Atuação Multidisciplinar em Emergência, Malagutti W. Ed Martinari 2011.
lxxii
João Domingos Alves Filho é graduado em Teologia. Em abril de 1990, iniciou trabalho de auxílio espiritual no complexo do
Hospital das Clínicas. Disponível em <www.felipegodoy.wordpress.com/2011/08/12/palavras-de-paz/> . Acesso em 28 de nov.
de 2011.
109
Resultados e Discussão
Catedral Santo Ângelolxxiii e do serviço religioso dos hospitais. Mas, quando precisava
de um pastor, eu pegava o telefone e chamava um. Fazíamos mensalmente encontros
de padres e de pastores e, quando um precisava da ajuda do outro na comunidade, nós
nos ajudávamos. Inúmeras vezes eu ia à catedral e emprestava os paramentos dos
religiosos católicos para cultos evangélicos, da Igreja Luterana de Missourilxxiv. Eles
usam paramentos da tradição da igreja católica e da ortodoxa. Então, eles iam pegar
os paramentos da igreja católica. Às vezes, para a confraternização, nós pegávamos
pratos e talheres. Tínhamos um trabalho muito bonito. Então, nesse sentido, o serviço
de capelania mostra que é possível, embora vivendo de formas diferentes, seguirmos
um único Senhor, que é Jesus, podermos ser irmãos porque o amor de Cristo nos une.
Então, nós podemos mostrar isso para o mundo, numa dimensão ecumênica muito
bonita. Quanto aos cursos, tanto a Capelania Evangélica como a católica fazem cursos
de preparação. A agência pastoral, no caso da Capelania Católica, e os auxiliares de
capelania, no caso da Capelania Evangélica, têm um treinamento específico, com as
equipes do Comitê de Controle Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital, com o Corpo
Clínico, com a Enfermagem, Nutrição, com a assistente social e com a psicóloga.
Aquilo que é específico da capelania, como o lado religioso, os grupos também têem.
Os dois lados têm um estágio assistido, pois não se faz o curso e não se libera a
pessoa para entrar, sem passar por uma avaliação, um preparo específico. Depois das
visitas, fazemos um feed back com os voluntários, para que eles se sintam maduros
para visitar os doentes. Só no momento em que ele se sente seguro e que “o padrinho
da visita” sentir também confiança, ele tem autonomia para visitar o doente. Em
termos institucionais, o fluxo, a subordinação das capelanias, a partir de 1994 ou
1995, o Dr. Sebastião André de Felice criou uma coordenação do serviço religioso e,
com essa decisão, eu tenho a responsabilidade. Antes disso, era cada um por si. Mas o
Dr. André achou por bem, como havia dificuldade de relacionamento da instituição
com alguns grupos pentecostais, ele achou por bem criar uma coordenação que
lxxiii
Catedral Santo Ângelo, Rua Marques do Herval, 1113 - Santo Ângelo – RS. Disponível em
<www.diocesedesantoangelo.org.br/fale_conosco.aspx>. Acesso em 28 de nov. de 2011
lxxiv
Igreja Luterana de Missouri - O impulso definitivo para que se erguesse um templo de 1906, com a doação de um terreno,
cedido pelos senhores Daniel e Hermann Heydenreich. Em abril do ano seguinte, lançou-se a pedra fundamental do templo, mas
somente no dia 25 de dezembro de 1908 - dezessete anos depois da constituição da Comunidade - foi inaugurada a primeira
"casa" dos luteranos em São Paulo. Localizado na Avenida Rio Branco, o templo - o primeiro em estilo neogótico na capital - foi
chamado inicialmente pelo nome alemão (Stadtkirche), passando a ser conhecido, mais tarde, como Igreja Matriz. Em 1991, foi
"rebatizado" como Igreja Martin Luther. A União Paroquial São Paulo, constituída em 1972, hoje possui dez comunidades, além
de uma vasta rede de entidades diaconais. Disponível em <www.luteranos.com.br/3025/historico.html>. Acesso em 28 de nov.
de 2011.
110
Resultados e Discussão
lxxv
David Everson Uip é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação Universitária do ABC (1975), Mestre
em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1989), e Doutor em Doenças
Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1993), e Professor Titular da Faculdade de
Medicina do ABC e Diretor Técnico de Serviço do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Disponível em
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=P932818>. Acessado em 28 de nov. de 2011.
111
Resultados e Discussão
hospital? Então, deve ser uma pessoa jurídica, reconhecida pelo governo federal. A
Capelania Evangélica reúne várias denominações que podem trabalhar juntas. Nós
católicos, por exemplo, não teríamos dificuldade se a igreja ortodoxa, ou a igreja
anglicana, quisesse participar conosco, ou outras denominações. Então, para que criar
“N” capelanias e dividir forças? Melhor juntar para prestar um serviço de melhor
qualidade. O fluxo de solicitação do paciente para a visitação de uma capelania ou de
outra funciona assim: o paciente evangélico se dirige à Capelania Evangélica. A
Capelania Evangélica, durante a visitação dos pacientes leito a leito, procura saber se
o paciente quer um ministro religioso, no caso de judeu, muçulmano, hindu ou
espírita. Também a Enfermagem, ou o Serviço Social, me comunica e nós entramos
em contato com a denominação. Se tiver algum membro de alguma igreja externa
para visita, ele tem o direito a visitar aquele paciente e pede isso ao Serviço
Religioso. Ele não tem liberdade para passear no hospital, visitar outros doentes,
mesmo porque, num hospital de infectologia, existem as precauções para se proteger
e proteger o paciente. Então, na nossa prática, o ministro religioso se apresenta em
uma das capelanias e um membro da capelania vai fazer a visita ao doente junto com
o ministro religioso, com toda a liberdade. Esse acompanhamento é para dar
segurança para ele, frente à equipe profissional e também para que ele se proteja de
alguma doença contagiosa de que o paciente possa estar sofrendo. Então, por
exemplo, quando o paciente se interna, ficamos sabendo da denominação da religião
dele através das visitas diárias, pois a visitação da capelania do hospital é livre para
visitar todos os pacientes. A diretoria nos dá toda a liberdade, a não ser quando haja
uma epidemia, como esta que houve da gripe, ou supostas epidemias que poderiam
virar uma pandemia. O serviço de CCIH restringiu as visitas a um representante
católico e um evangélico fixo, para a visita do doente, para não colocar em risco a
equipe toda, porque nós ainda não sabíamos os níveis da dimensão da doença. Mas
depois, quando se viu que não era nada tão grave, se liberou. Quanto a instrumentos
para avaliar a qualidade da assistência prestada pelas capelanias, o próprio retorno do
doente nos dá. Acho que a melhor avaliação que podemos fazer é caminhar aqui no
pátio e ver como os doentes nos param. Nós nem nos lembramos deles, de tantos que
nós atendemos, e eles param e vem nos dar um abraço. Acho que o melhor
termômetro vem do próprio paciente, do retorno que eles dão, até quando não estão
internados. O carinho e a gratidão que eles tem por nós, acho que é a melhor forma de
113
Resultados e Discussão
avaliar a capelania nos hospitais. Nós podemos até fazer uma avaliação com normas
científicas, mas não vai ser tão real, como o que nós podemos ver no dia a dia.
Existem relatórios formais das capelanias quanto ao número de atendimentos. Isso
ainda é interno; cada capelania tem um. Por enquanto, o hospital não cobra um
relatório, mas, num futuro, vai ter. Isso também está sendo estruturado. Nós somos
um hospital-escola e o Ministério da Saúde vai exigir um banco de horas do serviço
voluntário no hospital. Vai ser o próximo passo: que cada voluntário determine um
dia e quantas horas vai doar para a instituição. Fazemos um relatório mensal das
atividades. Graças a Deus, o hospital é bem atendido em termos religiosos. Eu acho
que nem um hospital católico ou evangélico pode se vangloriar de ter duas equipes
tão atuantes, tão presentes com os doentes e com os profissionais de saúde. Não é raro
os profissionais se dirigirem a nós, no campo ético, no campo humano, para pedir a
nossa opinião sobre algo, o que demonstra a confiança que o profissional tem no
serviço religioso do hospital. Com a equipe de saúde, não temos um trabalho
formalizado. Nós passamos conversando, temos liberdade, quando ocorre alguma
questão com o paciente, de dialogar com a equipe multiprofissional. Existe muita
abertura nesse sentido e os profissionais gostam. Isso eu posso dizer com carinho e
com água na boca até: eles gostam da presença do Serviço Religioso. Quando, por um
motivo ou outro, alguns dos que estão na liderança das capelanias estão fora do
hospital por alguns dias, eles sentem a nossa falta e cobram nossa presença e, se eles
estão cobrando, é que sentem falta e, se sentem falta, é porque sentem apoio e
respaldo do Serviço Religioso. Na Capelania Católica, o número de voluntários
trabalhando é de 35 atualmente, distribuídos de segunda a domingo. À noite não há
visitação de pacientes pelas capelanias. A instituição pede que não haja por causa do
repouso dos doentes, por haver menor número de funcionários e por questões de
segurança. Então, para evitar conflitos, que já existiram, mas agora não existem mais,
preconizamos que a visita vá até as 20 horas. Também, depois das 20 horas, o
paciente quer dormir. Ninguém vai fazer culto às três3 horas da manhã, nem deve.
Eu recebi convite de vários hospitais para sair do IIER e trabalhar lá, mas eu não
abandono o IIER. Nós sentimos dificuldade em conseguir padres para atender os
hospitais e acho que as comunidades evangélicas sentem também porque, para nós, é
muito mais cômodo ter uma paróquia, uma comunidade estruturada, do que no
hospital, em que você não a tem. Então, esse também, para nós, é um desafio: os
114
Resultados e Discussão
ministros religiosos saírem das igrejas e irem para o campo missionário nos hospitais,
presídios, ou trabalhar com químico-dependentes. Acho que esse é um novo desfio
para as igrejas: ter que assumir os hospitais como campo missionário. Para mim, o
capelão é um missionário e também um profissional. Eu não separo, pois, no
momento em que eu sou um bom profissional e atuo dentro hospital, estou sendo um
missionário. Só vou conseguir ser um bom profissional quando eu for missionário,
porque eu assumo a missão que Jesus me confiou: “Ide por todo mundo e pregai o
Evangelho”. Não tem como separar as duas porque, de bem intencionado, diz o
ditado popular, o inferno está cheio. Então, temos que unir os dois; a missão e o
profissionalismo, sejam no hospital ou em outros campos.
aquelas pessoas que já estavam doentes, mas, com o tempo, passou a diminuir o
número de internações. No Hospital do Servidor Público Estadual, na enfermaria em
que eu trabalho até hoje, nós chegamos a ter praticamente todos os leitos ocupados
com AIDS. Hoje, nós temos três a quatro pacientes, um número que caiu
verticalmente. Os pacientes com AIDS são pacientes ambulatoriais, que vem ao
hospital, recebem o remédio, fazem consulta e vão embora. Mas, naquele tempo,
chegou-se a se fazer convênios com outros hospitais. O governo do Estado de São
Paulo, por exemplo, fez convênio com o Hospital Sorocabanalxxvi para ter leitos de
AIDS. Uma coisa interessante foi que, naquele tempo, existiam 18 casas de apoio
para receber pacientes com AIDS que não tinham onde ficar, não tinham lar e
estavam abandonados. Algumas dessas casas eram para crianças, outras para adultos.
Mas, mesmo com o trabalho da Capelania Evangélica, de vez em quando entrava pelo
hospital um pastor dizendo o seguinte: “Jesus te curou, através de mim você está
curado e não precisa mais tomar remédio”, e isso destruía um trabalho feito por meses
ou anos a fio, para que esse paciente se conscientizasse, tomasse o medicamento e
tudo o mais. Então, nós tínhamos, desde gente séria, seríssima, que estava lá no
hospital para colaborar, para reduzir o sofrimento dos pacientes, para melhorar sua
qualidade de vida, mesmo para aqueles que tinham pouco tempo de vida, melhorar
essa fase final da sua doença ou, para outros, encaminhá-los, ajudá-los a estudar e a se
manterem atualizados, enquanto se mantivessem internados. Tinha junto, ao lado
desses, aqueles que vinham dizer que não precisava mais tomar remédio. A Capelania
Evangélica veio atender, então, mais do que uma utilidade em relação aos pacientes.
Uma delas era trazer esse conforto espiritual, que era tão importante. Além disso,
muitas vezes, o conforto espiritual era associado a um trabalho material mesmo, de
trazer livros, de ajudar com atualização na escola e, ao mesmo tempo, encarreguei a
Eleny Vassão, que era a capelã titular da Capelania Evangélica naquele tempo, de ser,
eu vou usar um termo que eu usava, embora não seja um termo que conste em
Hospital Sorocabanao – Iniciou suas atividades em 1955 na Rua Faustolo, na Lapa. O objetivo do hospital era atender os
lxxvi
funcionários da Ferrovia Paulista S/A – FEPASA. Credenciado pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social – INAMPS –, nos anos 1960, passou a integrar o Sistema Único de Saúde (SUS) tornando-se ao longo dos anos um dos
mais importantes hospitais de atendimento público, encerrou suas atividades em 2010. Disponível em
<http://www.redebrasilatual.com.br/jornais/jba-sao-paulo/zona-oeste/sorocabana-o-hospital-que-naufragou-em-dividas> Acesso
em 28 de nov. de 2011.
116
Resultados e Discussão
nenhum local da história da instituição: ela foi a “triadora oficial”, para mim, das
pessoas que iam ter acesso aos pacientes na área dos evangélicos. Então, quem queria
ter acesso aos pacientes, na área dos evangélicos, tinha que conversar com a Eleny, e
ela podia fazer não só uma triagem, mas também uma avaliação prévia daquele
indivíduo que ia ter acesso aos pacientes, e também um treinamento dessas pessoas
quanto aos isolamentos, como deviam se comportar em termos de vestuário, lavagem
de mãos e também em termos de conhecimento da patologia que os pacientes
apresentavam, para que eles não dissessem nada discordante daquilo que a equipe
médica estava dizendo. Ela teve um resultado muito bom, nesse sentido, por um
longo tempo. Por que eu não digo em definitivo? Porque chegou um momento em
que nós íamos ter uma eleição para governador, veio uma ordem de cima, de que um
pessoal ligado a um dos nossos instrumentos mais poderosos da mídia, que não fazia
parte do grupo dos bem intencionados, que ele devia ter acesso aos pacientes para
prestar assistência religiosa, por ordem do governo. Então isso, naquele momento,
desautorizou a capelania e foi muito desagradável, porque eu sabia que a finalidade
era simplesmente conseguir o apoio dessa rede de comunicações, que era muito
poderosa, para as eleições. Mas, fora esse tipo de situação, o trabalho da capelania foi
sempre muito correto, eficiente e carinhoso. Eu só tenho elogios a fazer ao trabalho
da capelania. A Eleny tem uma liderança muito grande. Consegue aliar firmeza com
doçura; é uma pessoa formidável. Nós tínhamos também outros grupos: os católicos,
representados pelo padre João Mildner, e existiam ainda algumas representações bem
minoritárias, por exemplo, de grupos de cultos afro-brasileiros, uma pessoa que
representava a umbanda e o candomblé. Também uma pessoa formidável que,
sozinha, mantinha 30trinta crianças HIV positivo sem ajuda de ninguém. Mas o
trabalho mais importante, realmente, era o da Capelania Evangélica, sem dúvida, o
trabalho mais poderoso. A Capelania Evangélica se subordinava diretamente à
Diretoria que, no caso, era eu, bem como a Capelania Católica. Mas a Capelania
Católica tinha uma, vamos dizer assim, uma distância muito grande. Enquanto o
trabalho com a Capelania Evangélica foi sempre um trabalho muito solidário,
convergente, infelizmente, com o padre João Mildner, da Capelania Católica, eu tive
muitos problemas. Eu fiquei quase sete anos na direção do IIER e, nesse tempo todo,
tivemos um relacionamento muito distante. Nunca houve um trabalho colaborativo.
Já com a Capelania Evangélica, foi muito mais amistoso e próximo. A Eleny Vassão
117
Resultados e Discussão
Uma vez ao mês, Dom Paulo Evaristo Arnslxxvii ia celebrar missa lá, que era muito
linda e bastante procurada. Os funcionários gostavam muito. Ele participou do
movimento da AIDS no IIER, no começo, e foi de grande ajuda e apoio espiritual
para os funcionários. Também começaram as visitas quase que diárias de membros da
Capelania Evangélica e havia um grupo grande de voluntários que nós víamos
chegando e saindo, para fazer esse atendimento nos quartos. O trabalho deles
consistia em visitas, no período da tarde, porque, pela manhã, era um horário mais
pesado, pois havia outros cuidados a serem realizados; mesmo assim, a Capelania
Evangélica tinha sempre alguém lá na sala deles e, caso fosse necessário, nós os
chamávamos para atender algum paciente ou atender os familiares. Eles prestavam
assistência espiritual no hospital todo, cobriam todas as unidades de internação e o
Pronto Socorro que, na década 1990, era muito difícil, pela situação da unidade em
relação à AIDS. Possuía uma planta física pequena, apertada, muitos médicos
internos, residentes, pessoal de enfermagem e macas que não cabiam mais nos
corredores. Hoje [2010], esstes corredores estão vazios, os pacientes estão dentro dos
boxes, já como se fossem internados, mas antes não era assim. Havia macas de ponta
a ponta do corredor, que se abria inclusive para dentro do hall de entrada. Isso tornava
muito difícil o atendimento. Não me lembro se havia algum atendimento a
funcionários, mas, se houvesse, não era nada sistematizado para atendê-los. Inclusive,
na época, nós começamos a ter problemas com funcionários: doenças, afastamento
por crise nervosa, etc. Mas o que diferenciava, no meu olhar, o atendimento
evangélico do atendimento da Capelania Católica, é que o padre João Mildner, por ser
homem, levava a coisa mais para o lado da brincadeira com os pacientes. Eu gostava
muito dele, pois ele tinha carisma. Ele entrava, brincava, falava umas bobagens e
alegrava. A Capelania Evangélica já ia para o lado espiritual mesmo. Eu os via
falando da paz, da busca de uma palavra no evangelho, a procura da paz interior,
ofereciam textos bonitos, folhetos para ler; então, havia um atendimento mais
lxxvii
Paulo Evaristo Arns, filho de pequenos agricultores, nasceu em Forquilhinha, interior de Santa CatarinaCatarina, e ordenou-
se padre em 1945. Religioso com formação erudita e ligado ao setor progressista da Igreja, doutorou-se com o mais alto grau
acadêmico -, três "três honorable", em Letras, pela Universidade de Sorbonne, em Paris, na França, com a tese A Técnica do
Livro de São Jerônimo, em 1952. De volta a Petrópolis, trabalhou como professor de Teologia, como jornalista e como vigário
nos subúrbios da cidade. Foi promovido à condição de bispo em 1966. Quatro anos depois, o papa Paulo VI nomeou-o arcebispo
de São Paulo, e, em 1973, cardeal. Pediu demissão do cargo de cardeal-arcebispo em 1998, como determinam as normas da
Igreja. Incentivando a integração entre padres, religiosos e leigos, criou 43 paróquias e apoiou a criação de mais de 2 mil
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nas periferias da metrópole. Disponível em <www.netsaber.com.br>. Acesso em 28 de
nov. de 2010.
120
Resultados e Discussão
lxxviii
São Camilo - Curso de Graduação em Enfermagem do Ccentro UniversitarioUniversitário São Camilo, conta com corpo
docente qualificado e atualizado, e oferece adequada estrutura para a prática em laboratório e para a realização de estágios em
hospitais de referência da cidade de São Paulo e Unidades Básicas de Saúde. Os alunos também têm a oportunidade de participar
de projetos comunitários e de extensão universitária. O Curso também oferece a oportunidade de intercâmbio com a
Universidade Católica Portuguesa localizada na cidade do Porto - Portugal. Disponível em <www.saocamilo-
sp.br/novo/graduacao/enfermagem.php>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
lxxix
A Universidade Santo Amaro foi fundada em 1968 e possuem atualmente três Campi na cidade de São Paulo, além dos Polos
de Apoio Presencial da Unisa Digital, para oferta de cursos à distância, no Distrito Federal e nos Estados do Alagoas, Bahia,
Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Rondônia e São Paulo. Disponível em <www.unisa.br>. Acesso em 28 de nov. De 2011.
124
Resultados e Discussão
e as enfermeiras antigas, era composta por um pessoal muito humanizado, uma gente
que ficou muitos anos sozinha. Eu já havia trabalhado na rede privada hospitalar.
Nessa época, a Enfermagem estava muito desacreditada. Aí, quando voltei a
trabalhar, voltei para o serviço público. Comecei a fazer caridade no hospital público.
Como cursei uma escola pública, esse é o meu retorno social, do que recebi de graça.
Sempre fui idealista! Então, achei que trabalhar em um hospital público era uma
forma de retribuir o que eu recebi de dinheiro do povo, da minha família, de todos e
fui muito feliz lá dentro.
lxxx
Roselaine, fazia parte da equipe da capelania evangélica hospitalar do IIER. Cadstro da ACEH.
127
Resultados e Discussão
ICr – Instituto da Criança - foi criado em 2 de julho de 1970 como um Departamento do Hospital das Clínicas da Faculdade
lxxxi
de Medicina da Universidade de São Paulo e iniciou suas atividades no atual endereço à Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 647,
em1976. Anteriormente, a Pediatria estava alocada no edifício do Instituto Central do HC, como uma de suas Divisões. O ICr é
um hospital de grande porte de alta complexidade; com 207 leitos instalados, que presta serviço de assistência à saúde e
especializado, além de constituir importante pólo formador de profissionais de saúde e produtor de pesquisas e inovações
tecnológicas na área da Pediatria. Disponível em <www.anestesiologiausp.com.br/institucional/atuacao/instituto-da-crianca>.
Acesso em 28 de nov. de 2011.
128
Resultados e Discussão
depois, ficava um pouco na Ssecretaria. A Eleny ficava muito aqui nessa época. Ela
ficava aqui e no HCFMUSP, mas ficava bastante tempo no IIER. Na época em que eu
entrei, ela chegava de manhã e fazia o que eu faço até hoje: atendia ao telefone e
carimbava os folhetos. Hoje tem mais coisas para fazer do que antes, mas o
devocional de manhã sempre se fez. PrestavamosPrestávamos assistência religiosa
quando entrava algum paciente que queria conversar, orávamos, conversávamos e
aconselhávamos. Então, praticamente, na sala, o atendimento é o mesmo. A sala da
Capelania abria todos os dias, de segunda a sábado, de manhã e de tarde. Ficou um
bom tempo funcionando as duas capelanias juntas, a do HCFMUSP e do IIER, de
1991 a 2001. Depois veio o pessoal do HCFMUSP e a Eleny fez assim: algumas
pessoas vieram para o IIER e outras foram para o Hospital do Servidor Público
Estaduallxxxii. Nessa época, também tínhamos a Capelania no Instituto da Criança-
ICR e foi dividindo. Tínhamos também o Hospital Pérola Byingtonlxxxiii e o Hospital
Jaraguálxxxiv. Tem um documento que fala que o padre João Mildner fica como
responsável pelas capelanias e que nós ficamos subordinados a ele. Desde o começo,
sempre tivemos crachá. No começo, quando a Eleny, o Neto e a Oneida entraram,
eles tinham o crachá até da Secretaria da Saúde, que era igual ao dos funcionários do
lxxxii
Hospital do Servidor Público Estadual "Francisco Morato de Oliveira". Fundado em 1961 para oferecer atendimento aos
servidores públicos do estado, seus dependentes e agregados, figura hoje entre os maiores do Estado de São Paulo, tanto em
estrutura quanto em modernização de equipamentos, serviços e tratamentos. Contando com mais de 43 diferentes especialidades
médicas, o hospital presta atendimento em todos os níveis de atenção, executando procedimentos desde os mais simples até os
de mais alta complexidade. Disponível em <http://www.iamspe.sp.gov.br>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
lxxxiii
Hospital Pérola Byington - Nascida em 1879, na cidade de Santa Bárbara do Oeste, Pérola Byington foi uma mulher à frente
de seu tempo. Pérola sempre teve um projeto bem delineado de assistência social e uma longa experiência neste setor, adquirida
em trabalhos realizados junto à Cruz Vermelha dos EUA e do Brasil. Nos anos 1920, quando o Estado de São Paulo passava por
grandes mudanças culturais e comerciais, as diferenças sociais começaram a se acentuar, e as taxas de mortalidade,
principalmente infantil, eram altíssimas. Foi nesste contexto, que, em 1930, surgiu a Cruzada Pró-Infância, fundada por Pérola
em parceria com a educadora sanitária Maria Antonieta de Castro. A Cruzada nasceu com o objetivo de coordenar e ampliar os
esforços feitos em prol das crianças e das gestantes, mas com o tempo essa idéia cresceu e o programa da Cruzada incluía uma
grande variedade de atividades. Sempre junto de Maria Antonieta, Pérola Byington criou dispensários com serviços de clínica
geral, higiene infantil e pré-natal; organizou parques e creches; criou bibliotecas infantis e patrocinou a criação de um lactário.
Procurou influenciar autoridades para a execução de programas voltados ao cumprimento dos direitos da mulher e, no Brasil, foi
uma das primeiras a defender a divulgação das causas de mortalidade no parto e pós-parto, com o objetivo de melhorar o pré-
natal. Em 1959, ela inaugurou o Hospital Infantil e Maternidade da Cruzada Pró-infância, onde, além dos atendimentos à
população, eram oferecidos cursos de formação para estagiários acadêmicos. Para manter o funcionamento da Cruzada, Pérola
mobilizou todos que pudessem ajudar: utilizando os meios de comunicação, divulgou os projetos e convocou a população a
participar dos eventos de arrecadação de fundos, e, para manter a qualidade do hospital, conseguiu que profissionais renomados
fizessem os atendimentos., Mmuitas vezes voluntariamente, laboratórios que realizavam os exames gratuitamente e farmácias
que cediam os medicamentos necessários. Pérola Byington foi diretora-geral da Cruzada desde a fundação até a sua morte, em
1963, e seu nome sempre estará associado à história da assistência à infância e maternidade no Brasil. Disponível em
<www.hospitalperola.com.br>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
Hospital Jaraguá – hospital que funcionou na Av. Juriti, 73 – Moema SP, atual local de futuros prédios residenciais.
lxxxiv
Disponível em <http://www.lopes.com.br/ficha-imovel-lancamento/lps/agre/sp/sao-
paulo/sul/moema/apartamento/hemisphere/1867>. Acesso em 28 de Nov. de 2011.
130
Resultados e Discussão
IIER. Eles não eram como funcionários porque não eram registrados, mas tinham o
crachá igual. Eles podiam, no máximo até oito pessoas, almoçar no próprio refeitório.
Depois que mudou o diretor, um antes do Dr. Guido Levi, de quem eu não me lembro
olembro do nome, isso mudou. A Capelania era subordinada à Superintendência, que
o era Dr. Guido Levi, na época. Com o tempo, eles nomearam o padre João Mildner
para ser responsável pelas capelanias e, aí, qualquer problema que nós tivéssemos,
tinha que levar para ele e ele levaria para a Diretoria. Essa mudança não causou
nenhuma diferença. As coisas que ele queria resolver, ele chamava a Eleny para
conversar, falava com ela o que seria mudado e ela passava para nós. Eu não vejo
problema com o padre João Mildner. Os visitadores sabem os procedimentos da
visita. Eles têm que respeitar quando estamos visitando algum paciente e nós temos
que respeitá-los da mesma forma. Se nós vamos ao mesmo quarto, temos que esperar
eles saírem para nós podermos entrar. Normalmente não entregávamos nenhum
relatório, pois eles não pediam. Esse ano isso mudou. Um grupo do hospital que está
à frente das capelanias e da humanização veio até nós para saber qual o nosso
trabalho aqui dentro, tanto a Capelania Evangélica, como a Católica e o Voluntariado.
Eles fizeram uma série de perguntas. Aí, eles falaram que iam mudar o nosso crachá.
Eles pediram para nós fazermos um cadastro de todos os voluntários da Capelania,
colocando os dias em que eles vêm, os horários e que setor eles estão visitando esse
ano. Agora eles estão preparando outro crachá, que é igual a um que nós já tivemos.
Agora eles tomaram a frente do grupo de voluntários do hospital. Não que nós
fizéssemos o que queríamos, nós sempre falávamos com o diretor. Por exemplo, se
precisávamos do anfiteatro, fazíamos um requerimento e encaminhávamos para a
divisão científica, para que ela anotasse os dias que nós precisávamos. Eles viam se
estava disponível e esse requerimento era encaminhado para a Diretoria. Eles
avaliavam, viam a possibilidade de usarmos, autorizavam e, daí, voltava para a
Humanização, para eles autorizarem. Eles cobram 100 reais por dia para usar o
anfiteatro e disponibilizam os funcionários para ficarem trabalhando para nós, na área
técnica. O Voluntariado fazia também o trabalho de atendimento leito a leito, mas não
para orientação espiritual, e tem também a Capelania Espírita. Nós não sabemos os
dias em que eles estão aqui. A Capelania Espírita está aqui há muito tempo, mas são
poucas pessoas. Os “Minutos com Deus“ nos setores começaram com o pessoal da
limpeza. A Neide Correa era quem fazia e, aí, algumas pessoas começaram a pedir
131
Resultados e Discussão
alguns momentos de oração antes do trabalho; então, tivemos que pedir autorização
para a Diretoria. Mas teve um tempo que paramos porque houve mudança de diretor,
depois do Dr. Guido, que não queria, porque ele achava que atrapalhava o trabalho.
Aí, os funcionários insistiram para voltar e voltou novamente. Quando a pessoa era
internada, se ela entrava pelo Pronto Socorro, a assistente social conversava com o
paciente, perguntava qual era a religião dele e se ele aceitava visita religiosa. Isso foi
antes. O Serviço Social dá muito apoio para a Capelania. Eles têm uma admiração
muito grande pelo trabalho da Capelania, da visita leito a leito. Eles falam que a
Capelania faz um papel fundamental aqui dentro, que o trabalho da Capelania, tanto
religioso, como social, deveria ter em todos os hospitais. Então, a Capelania é muito
bem vista pelo Serviço Social e também pela Enfermagem. Eles nos admiram.
Algumas vezes, os próprios enfermeiros nos ligam solicitando uma visita e solicitam
também cultos nos setores de internação. Hoje nós não sabemos se tem algum
paciente que não quer ter visita religiosa. A enfermeira do andar, quando vamos
visitar o paciente e pedimos para ver o censo, nos fala se há algum paciente que não
quer visita religiosa. Já aconteceu muitas vezes do paciente solicitar vista nossa para
o padre João e ele nos avisar. Da mesma forma, nós, quando o paciente quer uma
vista dele, também o avisamos. Na Capelania nós temos muito apoio de alguns
diretores. Alguns que passaram aqui tinham ótimo relacionamento com a Eleny,
como o Dr. Guido Levi. Quanto aos relatórios, só fazemos para a ACEH sobre a
literatura utilizada. Na Enfermagem, cada setor tem uma enfermeira. No tempo em
que a Capelania iniciou no IIER, a enfermeira chefe era a Dona Dorothy, que hoje
está aposentada. Ela sempre ajudou a Eleny e sempre conversava com ela. Ela
gostava do nosso trabalho. Havia outras enfermeiras, como a Isabellxxxv da enfermaria
do quinto andar, que também era da Capelania e nos ajudou bastante. Hoje ela não
está mais no hospital. Das psicólogas, a Dra Heloisa também gostava bastante da
Eleny. Houve uma época em que tivemos bastante contato com a Dra. Mara Cristina
S. M. Pappalardo lxxxvi, que era médica, chefe do quarto andar, de pacientes adultos.
Ela ministrou palestras muito boas, inclusive sobre morte. Há alguns cursos que o
lxxxv
Isabel , enfermeira do 5º andar do IIER. Não identificada nas fontes documentais primárias e fontes secundárias consultadas
lxxxvi
Mara Cristina S. M. Pappalardo graduada em medicina pela UMC- Universidade de Mogi das Cruzes), residência médica
no Hospital Emílio Ribas, de 1981 a 1982, especialista em Ddoenças Infecciosas, médica assistente e chefe- substituta da 4a
unidade de internação do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, médica efetiva da Prefeitura, no Centro de Referência em
DST/AIDS de Santo Amaro. <www.bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/01inv_pesqII2003.pdf>. Acesso em 28 de nov. de
2011.
132
Resultados e Discussão
capelão (D3). Seu sucessor foi o reverendo Atael Fernando Costa, que serviu no
HCFMUSP até 1975 (D4), tendo sido designado, pelo Conselho, Estadual da
Confederação Evangélica do Brasil, para prestar assistência religiosa no HCFMUSP,
em 25 de novembro de 1964 (D5).
Oscar Cesar Leitelxxxvii, veio requerer a reformulação do contrato firmado, bem como
o reajuste do pagamento por prestação de serviço que, no momento, era de CR$
100,00 (cem cruzeiros), em 21 de novembro de 1975lxxxviii (D10).
lxxxvii
Oscar Cesar Leite médico e administrador, foi superintendente do HCFMUSP, 1971 a 1979. Disponível em
<www.hcnet.usp>. Acesso em 11 nov. 2011.
lxxxviii
Naquela época o valor de CR$ 100.000, representava 19% do salário mínimo que era de CR$ 532,80 cruzeiros. Disponível
em <www.debit.com.br/conecamos.php>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
136
Resultados e Discussão
Péricles Eugênio da Silva Ramos – foi tradutor, poeta, ensaísta, crítico literário e professor. Nasceu em Lorena – SP em
lxxxix
1919 e teve seus primeiros poemas publicados em 1936, no jornal carioca Diário de Notícias. Formou-se em 1943 pela
Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Três anos depois, estreou com o livro Lamentação Floral. Em 1947, fundou, com
Domingos Carvalho da Silva, João Acioli e, Ledo Ivo, entre outros escritores e poetas, a Revista Brasileira de Poesia,
divulgadora dos preceitos estéticos da chamada Geração de 1945. A partir da revista, criou o Clube de Poesia de São Paulo, do
qual foi presidente em 1952 e entre 1958 e 1963. Manteve, por vários anos, sua coluna de crítica literária no Jornal de São Paulo,
no Correio Paulistano e na Folha da Manhã. De 1966 a 1992, lecionou Literatura Portuguesa e Técnica Redatorial na Faculdade
de Comunicação Social Cásper Líbero em São Paulo. Em 1970, foi diretor técnico do Conselho Estadual de Cultura. Participou
da criação do Museu de Arte Sacra de São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e do Museu da Casa Brasileira. Recebeu o
prêmio de Poesia concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1988 pelo livro A Noite da Memória. Traduziu
poemas de Byron, Villon, Shakespeare e, Cozzens, entre outros. Organizou várias antologias da poesia brasileira e publicou os
livros de ensaios O Verso Romântico e Outros Ensaios e Do Barroco ao Modernismo. Péricles Eugênio da Silva Ramos faleceu
em São Paulo em 1992. Disponível em <http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/PericlesEugeniodaSilvaRamos.htm#p>.
Acesso em 3 de Dez de 2011.
xc
Paulo Egídio Martins nasceu em São Paulo e, aos dois anos, foi viver em Santos, com os pais. Aos 11, mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde realizou seus estudos, formando-se em Engenharia, e casou-se com Lila Byington Egydio Martins. Retornou a São
Paulo aos 25 anos, cidade onde nasceram seus sete filhos, treze netos e uma bisneta. No campo profissional, atuou em
engenharia, administração, indústria, mineração, comércio e comércio exterior. Foi pecuarista e presidente da Itaucorp S.A., do
Grupo Itaú. Paulo Egydio iniciou sua militância política muito cedo, atuando no movimento estudantil universitário da União
Nacional dos Estudantes (UNE). Teve participação no movimento de 31 de março de 1964. Foi ministro da Indústria e
Comércio, membro da Junta Arbitral do Café Solúvel, da Organização Internacional do Café (OIC), na disputa entre Brasil e
Estados Unidos; superintendente do Consórcio de Desenvolvimento do Vale do Paraíba (Codivap); e Governador do Estado de
São Paulo. Disponível em <www.pauloegydio.com.br/site2010/Biografia.aspx>. Acesso em 28 de nov. de 2011.
137
Resultados e Discussão
foi legalmente definida pela Lei no 10.066, cujo parágrafo único do artigo 4º
estabeleceu: “A atuação religiosa será feita sem ônus para os cofres públicos” (D16).
Nos EUA, ao contrário, o capelão é remunerado pelo hospital ano qual presta
serviços, sendo que o balizador do salário para o clérigo deve ser o mesmo que o dos
empregados do hospital, comparados os atributos treinamento e experiência. O pastor
hospitalar tem um nível acima da graduação pois, além dos três anos de seminário,
tem um ano de treinamento clínico. Além disso, precisa de certificação nacional,
experiência pastoral no ambiente de paróquia e aprovação denominacional100.
vários locais como hotéis e hospitais, pediram auxílio à Eleny Vassão, então capelã
titular do HCFMUSP e presidente da ACEH, para distribuir o “Novo Testamento”,
que é parte da Bíblia, no IIER, pois não haviam conseguido entrar lá. Essa situação
foi a porta de entrada para a Capelania Evangélica no IIER, para atender à demanda
de assistência aos pacientes com AIDS.
É certo que o SCEH do IIER foi aberto quando ainda o atendimento do SCEH
do HCFMUSP estava em funcionamento. O diretor técnico naquela época era
Armando Sambataro que, a pedido de Eleny Vassão e por conhecer o trabalho dela no
HCFMUSP, autorizou a entrada dos Gideões no IIER, mas eles só poderiam distribuir
o “Novo Testamento” para os funcionários do hospital e, aos pacientes, somente
Eleny os distribuiria. Ao fazê-lo, ela observou que havia necessidade de assistência
espiritual aos pacientes internados. Nessa época, em 1987, a AIDS ainda era
fenômeno recente e havia muitos pacientes infectados solicitando atendimento
espiritual.
No ano de 1992, Paulo Augusto Ayrosa Galvão, que era o diretor geral do
IIER, propôs para Eleny entrar sozinha, duas vezes por semana, no período da tarde,
por duas a três horas, por um período de três meses, ao final do qual ele iria pedir, às
chefias dos diferentes serviços do hospital, que avaliassem o trabalho dela. Assim, se
houvesse qualquer oposição, ela sairia, mas, se ela fosse aprovada por todos, teria a
liberdade para entrar e trazer quem ela quisesse e seria oficializada a Capelania
Evangélica Hospitalar no IIER.
Foi assim que aconteceu. Ela ficou sozinha durante os três meses,
conquistando pacientes, funcionários dos serviços de apoio administrativo, alunos e
profissionais da saúde, tendo trabalhado principalmente na UTI, até que a Capelania
Evangélica pudesse ser aceita.
Nessa época, foi atendido, no IIER, um paciente que tinha AIDS e havia
contaminado sua esposa, com quem tinha dois filhos pequenos. A Capelania
Evangélica os acompanhou até que ele falecesse, oferecendo assistência social para a
família. Quando ele faleceu, a Capelania os acolheu e pediu para que sua mulher os
viesse ajudar nos seus trabalhos, para que também fosse dada uma ajuda financeira à
família. Depois de um ano aproximadamente, ela casou com um dos capelães, que
também se tratava de AIDS, em oficio realizado pelo marido de Eleny, que era pastor.
Depois de cerca de cinco anos, foi designada secretária dna Capelania do IIER, onde
permanece até 2011, totalizando 15 anos de trabalho.
infectados, correndo risco de morrer vida, tinham uma vida nova, em paz com Deus,
com a certeza de vida eterna e qualidade de vida terrena.
A situação evoluiu até a saída de Eleny da Capelania Evangélica, que era por
ela dirigida no HCFMUSP, em 2004. Isso se deu porque foi alterada a estrutura
formal da instituição, quanto ao atendimento religioso, transformando o serviço
religioso católico e evangélico em um só local, fazendo uma capelania ecumênica,
para todos os credos, reunidos em um só local (D29). Isso aconteceu quando houve
mudança de diretoria do HCFMUSP: saiu o ProfProf. Dr. Vicente Amato Neto, que
tinha bastante proximidade com a Capelania Evangélica, e entrou outra diretoria, que
tinha visão diferente sobre esse trabalho. Foram realizados vários esforços para fazer
uma composição, que se revelaram insatisfatórios. Como ela e seu grupo de
aproximadamente 60 pessoas do HCFMUSP que também já integravam a Capelania
145
Resultados e Discussão
necessidade social legítima, que era o desespero dos pacientes com AIDS e dos que
deles cuidavam.
Um dos membros do SCEH ficou sabendo que havia contraído AIDS antes de
ter se convertido à religião protestante, o que resultou em uma época muito difícil
para ele e para a equipe. Seu testemunho apresenta mudança de valores e de vida,
como se pode ver a seguir103:
“...e por mais que tentasse novas motivações prá sair da monotonia, nem dinheiro,
nem sexo, nem drogas, nem viagens poderiam preencher meu vazio interior, minha
insatisfação. Em nome da independência homossexual joguei tudo pela janela... Mas
um dia um carro passou devagar, um rapaz vistoso desceu, esticou o braço para mim
e me deu um folheto, dizendo: “Eu também fui como você, mas Jesus mudou a
minha vida, e pode fazer o mesmo com a sua!”. Bêbado e furioso, expulsei-o aos
berros, gritando palavrões, mas no entorpecimento de minha consciência, guardei o
folheto dentro da bolsinha tira-colo. Naquela noite, dormi mal, e quando acordei, já
era quase meio-dia, e estava morto de fome. Abri a bolsa para procurar algum
dinheiro e achei o folheto, e sem saber bem porque, comecei a ler. Deus tocou o meu
coração de maneira tão profunda que cai de joelhos, chorando, sem saber bem como
falar com Ele. Decidi contar com Ele e descobri que apesar da AIDS, o
homossexualismo, o grande buraco negro da minha vida, tinha solução[...]”
Motivada por uma mudança de valores e de vida, outra paciente do IIER veio
fazer parte da equipe de Capelania Evangélica de forma bastante incomum, como já
comentado anteriormente, vindo a integrar a equipe, exercendo a função de
secretariar do SCEH no IIER e somando mais um recurso humano para o trabalho da
capelania.
inscrição no curso, porém, os candidatos tinham que trazer três cartas de referência
dos líderes de suas igrejas e passavam também por entrevista com os capelães. Nela,
verificava-se equilíbrio doutrinário, emocional, capacidade de receber ensinamentos e
a vocação para esse ministério.
Depois, havia o Curso Nível II, em que, na parte teórica, era ministrado o
conteúdo sobre noções de psiquiatria, cuidados paliativos, peculiaridade dos pacientes
internados na UTI, pronto socorro e pacientes queimados. Com a experiência
adquirida participando da equipe de cuidados paliativos e a prestação de assistência
espiritual a pacientes fora de possibilidades terapêuticas do IIER, foi possível indicar
uma capelã, que havia sido treinada nessa área, para fazer parte da Equipe de
Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, o que
equivale a dizer que a Capelania Evangélica do IIER também desempenhava o papel
de formador de recursos humanos, no seu campo de atuação, para outros serviços de
saúde.
Essa foi uma das formas que os EUA criaram para formar seus capelães,
desenvolvendo suas competências para oferecer o cuidado pastoral por meio da
realização de estágio prático na Clínica de Educação Pastoral.
Já, nos EUA, para ser certificado como capelão profissional, o candidato deve
demonstrar as seguintes qualificações: ter habilidade com a teoria do cuidado
pastoral, articular a teologia para o cuidado espiritual com a teoria da prática pastoral,
incorporar o conhecimento do trabalho das disciplinas de psicologia, sociologia,
práticas e crenças religiosas, na assistência do cuidado pastoral, incorporar a
dimensão emocional e espiritual para o desenvolvimento humano na prática do
cuidado pastoral, incorporar o conhecimento da ética apropriada para o contexto
pastoral e articular o entendimento conceitual para a dinâmica do grupo e ambiente
organizacional106.
Pode-se concluir que, nos EUA, a formação daqueles que trabalham com
capelania se dá por meio de treinamento profissional, promovido pelo seu ministério,
no nível apropriado do seu trabalho. O processo de treinamento inclui educação e
reflexão pastoral e teológica, conhecimento sobre as tarefas do cuidado de saúde,
supervisão clinica, prática e orientação espiritual 101.
Foi realizada uma pesquisa nacional nos EUA, em 2005, com diretores de
hospitais, para obter a opinião deles sobre as diversas funções da capelania. O
objetivo da pesquisa foi examinar e comparar as opiniões dos profissionais das
diferentes disciplinas hospitalares, sobre a importância das funções da capelania.
Concluiu-se que os capelães trazem uma perspectiva única para a equipe
interdisciplinar porque eles têm uma maneira diferente de ver o mundo, no que tange
ao sucesso do resultado para o paciente. A visão do capelão sobre a doença do
paciente é mais abrangente, pois é entendida como uma jornada espiritual113.
O fato de, no Brasil, o capelão nem sempre ser considerado como um membro
da equipe de saúde faz com que, apesar da assistência espiritual praticada nesses
moldes ser reconhecida como uma ação social legítima, esta não seja ainda
legitimada, ou seja, não está formalizada, está em fase de transição, uma situação
ainda de instalação, ; está operante, mas não está consolidada.
capelães. Para atingir esse objetivo, a CHP desenvolveu um banco de dados que
trouxe os seguintes resultados: servir como um inventário de todos os envolvidos em
cuidado espiritual, ajudar a CHP a achar uma forma de encontrar padrões sistemáticos
para a certificação, assistir na identificação de oportunidades para a educação
continuada e o desenvolvimento profissional dos capelães115.
atividade tem sido empreendido, porém, a formalização não está presente na sua
dimensão legal.
expressa pela validade da ordem em questão, visto que a validade de uma ordem
significa algo mais que uma regularidade no desenvolvimento da ação social,
simplesmente determinada pelo costume.
Foi realizada uma pesquisa em New York, em 2008, sobre a visita a pacientes
por capelães e seus familiares, em 13 instituições de cuidado de saúde, de 1994 a
1996. Constatou-se que o atendimento da Capelania, em uma situação grave, tende a
161
Resultados e Discussão
ser menos frequente, porém mais longo do que em situações crônicas. Em média, o
capelão gastou menos tempo com os pacientes que estavam sozinhos, do que com
aqueles que estavam com a família, durante a visita ou nas visitas a familiares
somente118.
Constata-se que como o hospital, por ser uma organização muito complexa,
faz uso dos pressupostos do Weber, para burocraticamente funcionar. Nesse sentido
procura prever a ação social, que é intencional e pode ser prevista, e prescreve-lhe
formas de acontecer que permitam ao governo da instituição controlá-la.
165
Resultados e Discussão
Frente a isso pode-se concluir que, de acordo com Max Weber, a Capelania
Evangélica criou condições para o empreendimento de uma ação social, pois só é
ação social quando o ator atribui, à sua conduta, um significado, e esse se relaciona
com o comportamento de outras pessoas95. Assim, ficou evidente que o capelão fez
ação social e a Capelania fez ação no social.
igreja, providenciar, com os pacientes, uma lista atualizada das suas igrejas,
providenciar bíblias para todos os quartos dos pacientes e bíblias em CD para o
paciente que não pudesse ler, criar e distribuir pequenos folhetos sobre espiritualidade
no hospital. Os empregados do hospital ainda poderiam ir ao quarto do paciente para
orar com eles, se eles solicitassem, e formar um Comitê Consultivo de pastores125.
Esse relatório era bastante abrangente, pois apresentou os resultados dos quase
dez10 anos de SCEH no IIER, que foram: humanização do ambiente hospitalar,
enfrentamento da morte, qualidade de vida, melhor aceitação do tempo de da
hospitalização, redução do tempo de hospitalização, engajamento no tratamento
médico, cooperação com os profissionais da saúde, aprendizado de uma profissão
para os pacientes por meio dos artesanatos, mudança de hábito de vida, valorização
do ser humano e valorização do atendimento hospitalar. Apresentaram ainda, as
dificuldades encontradas em relação à falta de refeições oferecidas pelo IIER, aos
voluntários, bem como a falta do vale transporte, pois se tratava de pessoas de baixa
renda (D24).
171
Resultados e Discussão
A relação do SCEH, com a diretoria, na pessoa de Guido Levi, foi muito boa.
Foi uma relação de confiança, amistosa e próxima, pois havia reconhecimento da
importância e competência gerencial do SCEH. As duas capelanias, católica e
173
Resultados e Discussão
Na visão dessa enfermeira, o padre João Mildner era muito querido pela
administração e circulava com desenvoltura pelo hospital. Foi acolhido também pela
equipe médica e de enfermagem. Nunca presenciou nenhum desentendimento entre as
capelanias que, aparentemente, tinham bom relacionamento, prova disso que, na
morte de funcionários, as duas capelanias se faziam representar, e isso era visto como
uma forma ecumênica de capelania.
Por outro lado, em 2008, foi exigido, dos serviços de capelania hospitalar,
uma ampla atuação que permeasse aspectos administrativos como o reconhecimento
da organização da instituição hospitalar, a habilidade de negociação com
administradores, a participação em Comitês de Ética, o envolvimento em programas
de educação para médicos e enfermeiras e a advocacia em departamentos
orçamentários, entre outras funções. O aumento das atividades, bem como o papel e o
lugar que hoje a capelania hospitalar ocupa nos EUA, proporciona grandes benefícios
para aqueles a quem a servem, provendo o cuidado para a família e para a própria
instituição. Esses benefícios incluem: cuidado espiritual competente, diálogo entre o
capelão e o pessoal de saúde e um relacionamento colaborativo entre capelães e
administradores, que possa ajudar a instituição a permanecer focada em sua
missão107.
Na Portaria no 19/2004, pode ser constatada como essa medida foi tomada. O
diretor técnico de Departamento de Saúde do IIER, Sebastião André de Felice, do
IIER, comunicou que “o padre João Inácio Mildner, da Capelania Católica, passou, a
partir da presente data, a ser o representante, junto à Diretoria Técnica, das entidades
religiosas que assistem os pacientes do IIER, devendo, em conjunto com os demais, e
no prazo de 30 dias, apresentarem normas internas e rotinas das citadas atividades
(D29). Sete dias depois, em 24 de março de 2004, o padre João Inácio Mildner
apresentou, ao Diretor Técnico do IIER, as Normas para Assistência Religiosa e as
Normas a serem seguidas pelos Auxiliares das Capelanias no IIER, que vigoram até a
atualidade [(2011]) (D30).
6 CONCLUSÃO
O cenário foi favorável porque eram tempos de AIDS. Essa circunstância fez
com que o SCEH obtivesse sucesso porque respondeu às necessidades sociais
presentes no início da doença e os primeiros esforços para o seu controle. De fato, ao
tempo em que se valorizava a assistência espiritual nos tempos da AIDS, porque, na
verdade, terapeuticamente os resultados não eram muito bons, e não havia muito o
que oferecer, por outro lado, também se reconhecia que valorizar exclusivamente o
lado espiritual poderia levar a enganos que inclusive prejudicariam a aderência do
paciente ao pouco arsenal terapêutico de que se dispunha para oferecer.
encerra um suporte social e psicológico, no sentido de fazer com que a pessoa não se
sentisse tão só e desamparada. A ação do SECH se estendeu para esse território
também.
O significado que o pensamento cristão dá para a vida é que esta se vive pelo
trabalho. Esse é também o modo de ajudar seu semelhante. O trabalho tem o objetivo
de honrar a Deus, e honrar a Deus é amar seu próximo. Dessa maneira, a formação
cristã protestante dos capelães foi determinante para o sucesso da instalação do SCEH
no IIER pois, no protestantismo, graças à tradução que Lutero fez do Eclesiastesxcii, a
noção de vocação ganhou o sentido de profissão, ou oficio. A sacralização do
trabalho consolidou o entendimento de que o ofício é um chamado e favoreceu o
autopoliciamento do trabalhador.
xcii
Eclesiastes - Livro do Velho testamento da Bíblia demonstra a futilidade da vida e que o supremo propósito e
significado da vida podem ser encontrados somente no servir a Deus. Disponível em
<http://www.estudosdabiblia.net/d68.htm>. Acesso em 29 de nov. de 2011.
185
Conclusão
O perfil dos valores e crenças dos atores sociais que presenciaram e atuaram
nesse período de instalação do SCEH do IIER influenciou diretamente na condução
das ações para sua instalação e em muito contribuiu para o seu sucesso. Esses atores
sociais não são apenas as pessoas, mas o que elas representam. O diretor do IIER
falou pelos dirigentes e por uma parte da equipe multiprofissional e, por ser judeu,
trouxe os valores do judaísmo; o capelão católico representou o poder da Igreja
Católica e o pensamento cristão naquela vertente; a enfermeira representou o corpo de
funcionários; e os outros atores - paciente, família, ministros de outras religiões e os
capelães evangélicos que estavam presentes nesse meio, completaram o elenco da
história do SCEH do IIER.
catolicismo, cujo clero exerce domínio espiritual sobre seus seguidores, por meio de
seus dogmas autoritários e a condenação, como hereges, dos cristãos que não
concordavam ou não se conformavam com eles, influenciaram a maneira como o
capelão se via e suas atitudes, no contexto hospitalar do IIER. Sua relação com a
Diretoria do IIER e o com o SCEH retificou a relação de poder da Igreja Católica
com as autoridades instituídas.
Essa visão totalitária de poder, que a Igreja Católica possui, explica porque
não consegue manter relações simétricas com outros grupos religiosos, porque a
assunção de uma única verdade pressupõe a negação da verdade de todas as outras
igrejas, por mais que se faça o discurso de ecumenismo, já que o princípio é
excludente.
uma doença nova, pouco conhecida por toda equipe de saúde e que resultava em
muitas mortes. Gerenciar e administrar a assistência de enfermagem nessa situação
foi um grande desafio técnico, emocional e espiritual. Pode ser comparado a uma
situação de guerra, onde as regras não são claras e o caos está instalado, a liderança
está dispersa e cada um age de acordo com suas possibilidades, capacidade e valores.
Weber afirma que as ciências sociais a nada servem senão para que se possam
conhecer as razões pelas quais as pessoas agem dessa ou daquela forma na sociedade.
Isso equivale a dizer que é tarefa dessas ciências “captar as singularidades” (emoções,
paixões e intimidades), os sentidos subjetivos (imateriais, impalpáveis, e abstratos)
das ações sociais, que são materiais, palpáveis, e objetivas 132.
Nessa direção pode-se concluir que o SCEH do IIER obteve sucesso porque se
ancorou no ideário protestante e assim foi organizado. A sua sustentação se deveu ao
fato de ser estruturado como órgão administrativo. Não foi aceita sem críticas, mas
atendeu a necessidades sentidas em tempos de AIDS e, por isso, foi reconhecido
administrativamente., prova disso é que a direção do IIER lhe concedeu a autoridade
para legitimar outras religiões evangélicas para exercerem papel similar na
instituição.
Havia muitos fatores para que a implantação do SCEH não ocorresse - não era
a religião prevalente entre os pacientes, estava inserida num mundo do sincretismo
religioso, a visão da assistência espiritual no campo da saúde ainda era difusa e não
profissional e havia poucos caminhos que permitiam a entrada desse tipo de ação
voluntária na instituição. Apesar disso, o SCEH obteve êxito e, para isso, uma
conjunção de fatores o favoreceu, dentre os quais estão a natureza do seu trabalho,
190
Conclusão
que era extremamente desejável naquele momento e o modo como esse trabalho foi
organizado e empreendido, numa ação social que respondeu a necessidade social
legítima, e que o serviço logrou atender plenamente.
191
Referências documentais
7 REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS
D2. Aitken, Eleny Vassão de Paula (Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Instituto de
Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, São Paulo, Brasil). São Paulo, 29
de agosto de 2001: [breve histórico da capelania e comentários, quanto aos cursos de
visitação hospitalar, frutos do Ministério, posicionamento teológico desta equipe de
capelania, avanços da capelania, representatividade].
D3. Plaza, Edson; Aitken, Eleny Vassão de Paula; Ermel, Walter Augusto; Romero,
Helena Moyano; Costa, Edna; Petriaggi, Marcos; Carvalho, Esther (Hospital das
Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil).
Histórico dos 50 anos: “levando consolo e esperança” [histórico da capelania – parte
I, depoimento da Sra. Helena Moyano Romero, histórico da capelania – parte II,
histórico da capelania – parte III, histórico da capelania IV, histórico da capelania V].
D14. Ramos, Péricles Eugênio da Silva (Gabinete do Secretário, Casa Civil, Governo
do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil). São Paulo, 8 de outubro de 1976.
193
Referências documentais
D15. Martins, Paulo Egydio (Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil).
Decreto n., de de de 1977: Fixa normas que possibilitem ao Estado os meios de
melhor facultar a assistência religiosa nos estabelecimentos de internação coletiva.
D19. Oficio do Hospital das Clínicas do Prof.Dr. Vicente Amato neto superintendente
do H.C. comunicando estar de acordo com a indicação formulado pelo Supremo
Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, para atuar como Capela Evangélica Titular
em lugar do Reverendo Edson Plaza, em 1 de setembro de 1988
D24. Aitken, Eleny Vassão de Paula (Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público
Estadual, Capelania Evangélica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas,
Coordenação dos Institutos de Pesquisa, São Paulo, Brasil). Mapeamento das
iniciativas humanizadoras e ações contra a violência na saúde.
D26. Levi, Guido Carlos (Instituto de Infectologia “Emílio Ribas”, Coordenação dos
Institutos de Pesquisa, Secretaria de Estado de Saúde). São Paulo, 15 de março de
2000: [Ao Dr. Arthur Olhovetchi Kalichman, M.D. Diretor do CRT-AIDS].
D27. Aitken, Eleny Vassão de Paula (Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil). Informativo: [Sob a visão do
ministério de capelania iniciada em 1952...].
D30. Normas para Assistência Religiosa e Normas dos Auxiliares das Capelanias no
IIER apresentadas pelo padre João Inácio Mildner ao Diretor Técnico do IIER, Dr
Sebastião André de Felice, no dia 24 de março de 2004.
195
Referências documentais
8 REFERÊNCIAS
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9 ANEXOS
ANEXO 1
211
Anexos
212
Anexos
ANEXO 2
213
Anexos
ANEXO 3
Para participar do estudo, sei que deverei ser entrevistado (a) a respeito da
implantação da Capelania Hospitalar Evangélica da Associação de Capelania
Hospitalar Evangélica no Instituto de Infectologia Emilio Ribas I.I.E.R. que devem
ser respondidas, de acordo com as situações vivenciadas.
Não haverá despesas pessoais para mim em qualquer fase do estudo. Também
não haverá compensação financeira relacionada à minha participação. Se existir
qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. O
pesquisador compromete-se a utilizar os dados coletados para esta pesquisa, para fins
de ensino e pesquisa, divulgando os resultados na forma de publicação científica.
214
Anexos
São Paulo, de de 20
215
Anexos
ANEXO 4
10. Que impacto a ACHE teve no I.I.E.R., em relação à sua estrutura administrativa,
pacientes, familiares e equipe de saúde?