1. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro - LINDB:
Inclui no Decreto-Lei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público; 1.1. Conceito: E o que seria à lei de introdução às normas do direito brasileiro? Trata-se de legislação anexa ao Código Civil, mas autônoma, dele não fazendo parte; Tem caráter universal, aplicando-se a todos os ramos direito; Trata-se de um conjunto de normas sobre normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento no tempo e no espaço; A LINDB ultrapassa o âmbito do direito civil, pois enquanto o objeto das leis em geral é o comportamento humano, o da LINDB, é a própria norma, visto que disciplina a sua elaboração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, as suas fontes etc. Contém normas de sobredireito ou de apoio, sendo considerada um Código de Normas, por ter a lei como tema central. Dirige-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica; 1.2. Funções: Regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas (arts. 1º e 2º), apresentando soluções ao conflito de normas no tempo (art. 6º) e no espaço (arts. 7º ao 30º); Fornecer critérios de hermenêutica (art. 5º); Estabelecer mecanismos de integração de normas quando houver lacunas (art. 4º); e, Garantir não só a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo o erro de direito (art. 3º) que a comprometeria, mas também a certeza, a segurança e a estabilidade do ordenamento, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece (art. 6º). 1.3. Principais Alterações no Ano de 2018: O Presidente da República, Michel Temer, sancionou com vetos o PL 7.448/2017, agora transformado em Lei 13.655/2018, que introduziu 10 (dez) novos artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB); O PL 7.448/2017, iniciado originalmente pelo Senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) em 2015, foi encaminhado à sanção presidencial em 25 de abril de 2018, após a análise da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados; O PL incumbia-se incluir na LINDB (Decreto-lei 4.567/1942) “disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do Direito Público”. O caput do artigo 20 da Lei de Introdução explicita que nas esferas administrativa, controladora (Tribunais de Contas – Poder Legislativo) e judicial, as decisões não poderão ser tomadas com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. E o que seria Valores Jurídicos Abstratos? O Direito é composto por valores jurídicos abstratos cujo conteúdo e definição estão em permanente disputa por parte dos grupos sociais. Destarte que, seja pela natureza mesma do Direito, seja pela instrumentalização desonesta desse conjunto de regras que, em última instância, legitimam o uso da força pelo Estado, essa disputa pelo conteúdo de valores abstratos, isto é, sempre é vencida pelos grupos sociais que detém maior poder econômico. Desta forma, “valores jurídicos abstratos” passam a ser vedados nas decisões administrativas, controladoras e judiciais. Dando continuidade, um dos dispositivos que, também, gerou mais polêmica é o artigo 28, cujo caput prevê a responsabilidade pessoal dos agentes públicos por dolo ou erro grosseiro em decisões e opiniões técnicas. Os três parágrafos do artigo foram integralmente vetados pelo Presidente in verbis: Art. 28 – LINDB: O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018); § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018); § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018); § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018); Já o artigo 25, integralmente vetado, foi motivo de manifestação do Tribunal de Contas da União, uma vez que, o dispositivo previa a possibilidade de ajuizamento de uma ação declaratória de validade do ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, cuja sentença faria coisa julgada com eficácia erga omnes. 1.4. Conflito das Leis no Espaço: As leis são criadas para, em regra, valer para o futuro. Quando a lei é modificada por outra e já se haviam formado relações jurídicas na vigência da lei anterior, pode instaurar-se o conflito das leis no tempo. A dúvida dirá respeito à aplicação ou não da lei nova às situações anteriormente constituídas. Para solucionar tal dúvida, são utilizados dois critérios: o das Disposições Transitórias e o da Irretroatividade das Normas. Resolve-se por aplicação de regras de Direito Internacional PRIVADO. Lei do país A vs. Lei do país B. Na federação brasileira não se leva em conta a naturalidade da pessoa para determinar se é a lei do Estado A ou do Estado B que deve ser aplicada a ele. Aqui, a lei de cada Munícipio se aplica dentro daquele Munícipio, o que também ocorre com as leis estaduais, que somente se aplicam dentro dos respectivos Estados. E como surgem os conflitos de lei no espaço? Os conflitos surgem, no entanto, quando estão envolvidas leis de nações diferentes ou pessoas de nacionalidades diferentes ou, ainda, pessoas domiciliadas em países diversos. A solução desses conflitos não constitui matéria do Direito Civil, senão do Direito Internacional Privado. 1.5. Conflitos de Leis no Tempo: Não pode a lei nova atingir: a) Ato Jurídico Perfeito: Ato exaurido, consumado, completo. b) Direito Adquirido: Direito subjetivo incorporado à esfera jurídica da pessoa. c) Coisa Julgada: Questão cujo mérito foi definitivamente julgado. 1.6. Disposições Transitórias: São elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo, destinadas a evitar e a solucionar conflitos que poderão emergir do confronto da Nova Lei com a Antiga, tendo vigência TEMPORÁRIA. O CC/2002, p. ex., no livro complementar “Das disposições finais e transitórias” (arts. 2.028 a 2.046), contém vários dispositivos com esse objetivo, sendo de se destacar o art. 2.028, que regula a contagem dos prazos quando reduzidos pelo novo diploma, e o art. 2.035, concernente à validade dos negócios jurídicos constituídos antes de sua entrada em vigor. Vaticina este último dispositivo: “A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor desde Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrair preceitos de ordem pública, tais como estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”. Assim, regras do CC/2002 sobre a validade dos negócios jurídicos não se aplicam aos contratos celebrados, cumpridos e extintos antes de sua entrada em vigor. Aplicasse- lhes a lei do tempo em que foram celebrados. 1.7. Eficácia da Lei no Espaço: Os arts. 7º ao 30º da LINDB, trazem regras de Direito Internacional Público e Privado. Tratam-nos especialmente dos limites territoriais da Aplicação da Lei Estrangeira. 1.8. Os Princípios da Territorialidade e da Extraterritorialidade: Em razão da soberania estatal, a norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado; O princípio da Territorialidade não é absoluto. A cada dia é mais acentuado o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a Estados diferentes; Muitas vezes, dentro dos limites territoriais de um Estado, surge a necessidade de regular relação entre nacionais e estrangeiros. Essa realidade levou o Estado a permitir que a lei estrangeira, em determinadas hipóteses, tenha eficácia em seu território, sem comprometer a soberania nacional, admitindo assim o sistema da extraterritorialidade. 1.9. Aplicação – Territorialidade – Extraterritorialidade: Pelo sistema da territorialidade, a norma jurídica aplica-se ao território do Estado, estendendo-se às embaixadas, consulados, navios de guerra, onde quer se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou em alto – mar, navios estrangeiros (menos os de guerra em águas territoriais), aeronaves no espaço aéreo do Estado e barcos de guerra onde quer que se encontrem. O Brasil segue o sistema da territorialidade moderada. Pelo sistema da extraterritorialidade, a norma é aplicada em território de outro Estado, segundo os princípios e convenções internacionais. Estabelece-se um privilégio pelo qual certas pessoas escapam a jurisdição do Estado cujo território se achem, submetendo-se apenas à jurisdição do seu país. A norma estrangeira passa a integrar momentaneamente o direito nacional, para solucionar determinado caso submetido à apreciação.