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REVISTA LITERÁRIA TALARES
V.4, N 4 Novembro 2017
NUPEX: Núcleo de Pesquisa
Ensino e Extensão /ESMAC
ISSN: 2358-7741 - Ananindeua/ESMAC
Diretora acadêmica e
Coordenador do Instituto Superior de Ensino - ISE
SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS
Capa
Estação central de Berlim - 2017
Foto: Ilton Ribeiro
Revisão
CÂNDIDA ASSUMPÇÃO CASTRO
Bibliotecária
MARIANA ARAÚJO
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Semestral.
Organizadores: Sandra Christina F. dos Santos, Veridiana Valente Pinheiro,
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Sandra Christina F. dos Santos
....................................................................................................................................... 04
ARTIGOS
LEITURA DE FOI ASSIM, DE RUY BARATA
Paulo Maués
CORRÊA.......................................................................................................................05
DE BRASIL E PARAGUAI OU DE BRASILIANOS E PARAGUAYOS: TODOS
TEMOS UM POUCO – ENSAIO COM BASE NO LIVRO MÁS PARAGUAYO
QUE LA MANDIOCA DE ANIBAL ROMERO SANABRIA
Cândida CASTRO.........................................................................................................13
CENAS DA RUA: I CULTURAL DO PARÁ - 1968
Ilton Ribeiro dos SANTOS
....................................................................................................................................... 20
INICIAÇÃO CIENTIFICA
O HEDONISMO PRESENTE NA OBRA “O RETRATO DE DORIAN GRAY”
Jorge Augusto Pinheiro da COSTA
Orientador: Prof. Harley Farias DOLZANE
....................................................................................................................................... 32
ARTE & LITERATURA
RESSONÂNCIAS, imaginário
Sanchris SANTOS ........................................................................................................ 42
BERLIN HAUPTBAHNHOF: nomes para caminho
Ilton Ribeiro dos SANTOS ........................................................................................... 48
Série Fotografia - BERLIN HAUPTBAHNHOF, 2017
Ilton Ribeiro dos SANTOS ........................................................................................... 50
Caixas-Gavetas...contam em silêncio a tua presença!
Sanchris SANTOS ........................................................................................................ 56
Texto para livro de arte
Harley DOLZANE ........................................................................................................ 62
Pássaro Migratório
Harley DOLZANE ........................................................................................................ 63
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APRESENTAÇÃO
Os conceitos e afirmações contidos nos artigos são de inteira responsabilidade dos autores,
assim como a(s) imagem(ns) inserida(s) nos artigos.
Ananindeua, Novembro/2017
Profa. Dra. Sandra Christina F. dos Santos
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ARTIGOS
LEITURA DE FOI ASSIM, DE RUY BARATA
As confluências entre as duas artes são frequentes, tanto que uma abordagem
comparativa é possível. Um exemplo desse viés foi desenvolvido por Luciano Dias
Cavalcante, em Música Popular Brasileira e Poesia: a valorização do “pequeno”
1
Professor da rede estadual de ensino no Pará. Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do
Pará, onde cursa o Doutorado na mesma área. Autor de livros sobre Literatura e Cultura Amazônica e
infanto-juvenis. Bolsista da CAPES. Membro do Grupo de Pesquisa “Makunaíma: literatura, arte, cultura,
história e sociedade na Amazônia, Brasil e América Latina”, do CNPq.
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Foi assim,
como um resto de sol no mar,
como a brisa da preamar,2
nós chegamos ao fim.
Foi assim,
quando a flor ao luar se deu,
quando o mundo era quase meu,
tu te foste de mim.
Para os que conhecem a melodia, é impossível ler o texto sem pelo menos
solfejá-la. Em relação ao contraste entre a atividade de letrista e a de poeta, Ruy
Barata considera:
2
Na versão publicada por Alfredo Oliveira, esse terceiro verso é assim: “Como os lenços da preamar”. No
entanto, para a análise, fiz um pequeno ajuste, pois optei pelo texto da versão musicada.
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Em Foi Assim, Ruy Barata conseguiu tudo aquilo que preconiza na fala
citada: trata-se de uma letra poética [por isso me refiro ao texto como poema] e casa
perfeitamente com o ritmo da canção: que outro ritmo, além do bolero, teria a
sofreguidão e ao mesmo tempo a beleza para expressar a história da mulher trocada
por outra?
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REFERÊNCIAS
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Resumo:
O ensaio trata do livro Más paraguayo que la mandioca, de Anibal Romero Sanabria
(2007). Pretende-se demonstrar como a obra lida com os paradigmas culturais que
estão presentes nos dois países e que teve grande projeção à época de sua
publicação. Examinar os diferentes aspectos psicolingüísticos, sociolingüísticos e
polêmicos do paraguaio.
Resumen:
El ensayo trata del libro Más paraguayo que la mandioca, de Anibal Romero
Sanabria (2007). Se pretende demostrar cómo la obra se ocupa de los paradigmas
culturales que están presentes en los dos países y que tuvo gran proyección en la
época de su publicación. Examinar los diferentes aspectos psicolingüísticos,
sociolingüísticos y polémicos del paraguayo.
Ele nos deu a entender no final do ensaio de Sanabria (2007) que há muito do
Brasil no Paraguai e vice-versa culturalmente falando. Existem muitos traços que
nos tornam diferentes, nossa origem como um povo proveniente da colonização faz
com que os dois países tenham muitas particularidades em comum, como as
seguintes tradições, os costumes de seus colonizadores.
3
Cândida Assumpção Castro, professora mestranda pela U.A.A-PY , e orientadora de TCC do Curso de
Graduação e Pós-graduação em Letras da Escola Superior Madre, Coordenadora do NUPEX –Núcleo de
Pesquisa e Extensão da Esmac .E-mail: profesoracandida.a.castro@gmail.com
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Mas ao mesmo tempo nos torna diferentes. Uma única palavra ou teoria não
poderia abranger todos os processos e experiências históricas que sinalizam a
formação do povo brasileiro. Marcados pelas contradições do conflito e da
convivência, constituímos uma nação com traços singulares que ainda estão vivos
no cotidiano dos vários tipos de "brasileiros que reconhecemos em nosso território
de dimensões continentais".
Identificamos, entre outros, aspectos que, devido à sua gastronomia, dança,
jogos e tradições, tornam a cultura paraguaia uma mistura rica das raízes indígenas
da América do Sul e o contributo das diferentes culturas dos colonizadores e
conquistadores, onde devemos também enfatizar algo muito importante como foi o
contributo das missões jesuítas para a religiosidade popular.
Examinaremos os diferentes aspectos psicolinguísticos, sociolinguísticos e
polêmicos do paraguaio, bem como descrito por Sanabria (2007) em sua redação.
Em primeiro lugar, vamos comentar sobre a formação desses dois povos latino-
americanos, sua maneira de pensar e atuar na sociedade. Em segundo lugar, como
os paraguaios se olham, aqui fingimos de forma muito simples tentar explicar como
esse olhar, corrupção; A falta de nacionalismo - o patriotismo; admirar o que vem
de fora. E, finalmente, para comentar a questão do bilinguismo: o bilinguismo
paraguaio é uma macanada (macaneada) para brasileiros?
Um exemplo da diversidade dos tipos brasileiros pode ser visto na canção de
Nilson Chaves "Amazônia" (1990) que descreve o homem do norte do Brasil:
“Sim eu tenho a cara do saci,o sabor do tucumã
Tenho as asas do curió,e namoro cunhatã
Tenho o cheiro do patchouli e o gosto do taperebá
Eu sou açaí e cobra grande
O curupira sim saiu de mim, saiu de mim, saiu de mim...
Sei cantar o "tár" do carimbó, do siriá e do lundú
O caboclo lá de Cametá e o índio do Xingu
Tenho a força do muiraquitã
Sou pipira das manhãs
Sou o boto, igarapé
Sou rio Negro e Tocantins
Samaúma da floresta, peixe-boi e jabuti
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Esse é um dos pontos que nos faz distintos dos paraguaios, Sanabria (2007)
reconstrói a origem do povo paraguaio comparando-o com a yuca – mandioca, pois
a descrição fixa a atenção al aspecto externo da mandioca com a pele morena-
acastanhada, e o interior branco e simples por dentro; assim é o paraguaio, como a
mandioca que vem de uma terra fecunda e rica. A constituição do povo surgiu de
maneira natural e astuta, pelos motivos da colonização. Ironicamente o autor o
põem em relevo com a seguinte passagem do nascimento do “braguetazo”.
Reconhecemos que esta visão frente ao outro vai mais além da localização
geográfica, das fronteiras territoriais. O autor revela em seu texto e nos mostra com
muito humor e ironia os questionamentos do homem paraguaio que necessita
reconhecer-se como povo e valorizar a sua cultura.
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Nesta citação que escolhemos nos permite fazer uma leitura intertextual com
“Mas paraguayo que la mandioca” estabelecendo a visão que o indivíduo tem de si
mesmo.
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Abstract: The objective of this article is to analyze one of the cultural events related to the
transformations that occurred in the artistic panorama of the city of Belém do Pará in the
60 's, titled I Cultural do Pará. An important artistic event that was attended by Haroldo de
Campos, Hélio Oiticica, José Celso Martinez, Mário Schenberg, and others, giving
lectures, exhibitions and performances to the general public. But, mainly, for the local
artists and poets (Belém). Thus, the approach helps to understand the artistic processes and
the contradictions that occur in creative thinking, in the city and in the region where the
Amazonian metropolis is located. As a theoretical basis this research uses the theoretical
framework of BERMAN (1986), BENJAMIN (1991, 1995), in which it is understood that
the idea of modernity is an event that promotes in the environment the presence of threats,
eminence of a great adventure in which a new phenomenon of change and transformation
is triggered.
4“Primeira Cultural Belém 68” este era o título do evento apresentado no jornal A Província do
Pará da época, trazendo exposição de artistas da IX Bienal de São Paulo (1967) e conferências de
Mario Schenberg, Haroldo de Campos, Hélio Oiticica, José Celso Martinez e Maurício Nogueira
Lima. Fonte: A Província do Pará, domingo 11 e segunda-feira 12 de agosto de 1968, 1º caderno,
p. 7.
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Para a cidade de Belém, que abrira diálogos com outros centros de cultura do país, a
I Cultural teve grande importância para os artistas e para as instituições locais.
Para acertar os detalhes do evento, quase um mês antes, chegou uma equipe
de artistas e intelectuais que tinha como metas primeiramente estudar a
possibilidade de se fundar, no Pará, um Instituto de Arte e Comunicação e, em
segundo lugar, promover em Belém exposições de trabalhos da Bienal de São Paulo
e, a partir de ciclos de conferências, conjuntamente com a organização de exposição
de artistas locais, atribuir prêmios aos melhores trabalhos.
A primeira equipe que chegou a Belém, tendo em vista esses objetivos, era
composta por Leila Porto de Andrade, Claudio Tozzi e Mário Schenberg. Essas
pessoas foram recebidas por George Derenji e por Osvaldo Vieira, que, na
oportunidade, propuseram o alargamento da ideia para outros setores da arte, como
o teatro, o cinema e a música. Para tanto, entraram em contato com a Associação
Paraense de Críticos Cinematográficos, o Cine-Clube, a Escola de Teatro e os
demais grupos artísticos locais.
Numa entrevista para um jornal A Província do Pará, Mário Schemberg
afirmava:
Estamos vivendo uma época de profundas e rápidas
transformações. Hoje em 5 anos o mundo se transforma muito
mais do que o fazia antes em 50. Numa época assim a
experiência adquirida perde muito do valor que teria em
outras épocas, e pode até se transformar em peso morto. É
fácil explicar: a evolução se baseia na substituição do velho
pelo novo. A experiência é útil para dar ao novo o substituto
no qual vingará. Numa época em que as transformações são
rápidas, o novo se baseia em valores quase imediatos. Não há
porque, pois, persistir em velhos conceitos (SCHEMBERG,
1968, p. 08)
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5Excerto da entrevista realizada por Edison Farias com Osmar Pinheiro como parte da pesquisa que
gerou a tese de doutoramento do entrevistador: "Calor, Chuva Tela e Canivete - A pintura no tempo
do modernismo em Belém", sob a orientação da Profa. Dra. Neide Marcondes de Faria e apresentada à
ECA/USP em 2003.
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6
Cf. A Província do Pará, terça-feira, 13 de agosto, 1º caderno, p. 09.
7
Cf. A Província do Pará, terça-feira, 16 de agosto de 1968, 2º caderno, p. 07. Arte pode integrar sul e norte.
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Uma das artistas plásticas era uma moça que depois ela
permaneceu aqui. Leila...(Porto). Depois ela casou com um
engenheiro daqui... Eu ia te contar um fato interessante. Essa
Leila era filha de um banqueiro. Depois da...desse evento ela
ficou hospedada aqui no hotel Vanja. E tinha um cantor, não
estou lembrando o nome, estava passando por Belém, e que
era amigo dela. Eu vou te contar o fato mas eu não estava no
quarto com eles lá. Ela estava conversando com outras
pessoas, daqui a pouco bate na porta uma patrulha da polícia
da aeronáutica. Aí, o comandante da patrulha olha assim pra
dentro, vê o cantor lá dentro...Me dá um abraço (risos). Agora
você imagina naquela época. Num quarto de hotel...várias
pessoas conversando. Eles sabiam que essas pessoas eram
todas de esquerda. Bate uma patrulha na porta, imagina o
pavor que deve ser (DERENJI, 2011, p. 2).
Durante a I Cultural, outro artista que prestou entrevista para os jornais locais
foi Hélio Oiticica, que, na oportunidade, fez comentários sobre o panorama cultural
que se traçava no Brasil em diversas áreas culturais como na música, na literatura e
nas artes plásticas. Ao se referir a I Cultural, comentou que era um evento
importante para o estado, pois, para tanto, comenta ele:
8Cf. A Província do Pará, terça-feira, 16 de agosto de 1968, 2º caderno, p. 07. Arte pode integrar
sul e norte.
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Conforme a matéria “A arte pode integrar sul e norte”, referente a I Cultural publicada no jornal A
Província do Pará, terça-feira, 16 de agosto, 2º caderno, p. 07.
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Numa entrevista para a imprensa local, Schenberg relatava que grande parte
dos artistas convidados era jovem e entendia que era uma oportunidade para se
ouvir a nova geração. Dizia o crítico: “Um dos aspectos mais claros da crise
brasileira, é que a nossa sociedade se fixa em velhos conceitos, tendo inclusive
desconfianças dos elementos novos (...) Mas a juventude irá tomando o leme, e
ninguém poderá impedir que isso aconteça” (SCHENBERG, 1968). Desse modo,
Belém recebeu por meio da I Cultural uma caravana de artistas jovens brasileiros,
ávidos para contribuir na renovação e na transformação do pensamento artístico na
Região Norte. Inserir os novos artistas paraenses e suas poéticas num diálogo
cultural em movimentação renovadora para conduzi-los à modernidade. Não sendo
possível destacar somente um evento que deflagre um novo tempo nas artes
plásticas paraenses, mas, certamente, a I Cultural do Pará fez parte de um conjunto
de eventos que se totalizaram em força dinamizadora dos novos conceitos estéticos.
Não havia somente uma ruptura com o passado, era necessário também rever
atentamente o material simbólico localizado no Pará, sem perder a noção da
universalidade. Esse era o grande desafio lançado à velha e à nova geração de
artistas que vivenciavam aqueles anos de transformações: ser original num mundo
globalizado.
Referência
AMARAL, Aracy. Artes plásticas na semana de 22. São Paulo: Editora Perspectiva.
1979.
______________ (org.), Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burguer. São
Paulo: Nobel, 1983.
______________, Textos do Trópico de Capricórnio: artigos e ensaios (1980 –
2005) - vol. 1: Modernismo, arte moderna e o compromisso com o lugar. São Paulo:
Ed. 34, 2006.
BENJAMIN, Walter. Rua de mão única, obras escolhidas II. Trad. Rubens Rodrigues
Torres Filho e Carlos Martins Barbosa. 5ª edição. São Paulo. Editora brasiliense.
1995.
_______________. Walter Benjamin: Sociologia. Organizador e Tradutor Flávio R.
Kothe. Coordenador Florestan Fernandes. 2ª edição. São Paulo. Editora Ática. 1991.
BERMAN. Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar. A aventura da
modernidade. Trad. Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo.
Companhia das Letras. 1986.
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CORRÊA, José Celso M. O Rei da Vela, manifesto do Oficina. In: O Rei da Vela. São
Paulo, 1967. Programa do espetáculo.
SCHENBERG, Mário. Um velho professor sobre a universidade em crise. In: Jornal
A Província do Pará, 06 de julho de 1968, p. 08.
SCHENBERG, Mário. Concretismo e Neoconcretismo. 1977. CENTRO MARIO
SCHENBERG de Documentação da Pesquisa em Artes - ECA/USP.
http://www.eca.usp.br/nucleos/cms/index.php? Consultado em 11 de novembro de
2010, às 19:50 h.
A Província do Pará, sexta-feira, 12 de julho de 1968, 1º caderno, p. 6. I Cultural do
Pará será em agosto na Praça da República.
A Província do Pará, domingo e segunda-feira, 28 e 29 de julho de 1968. Confirmação
da vinda de José Celso Martinês.
A Província do Pará, domingo 11 e segunda-feira 12 de agosto de 1968, 1º caderno, p.
7.
A Província do Pará, terça-feira, 13 de agosto de 1968. I Cultural abriu ontem com
muitos visitantes. 1º caderno, p. 09.
A Província do Pará, terça-feira, 16 de agosto de 1968, Arte pode integrar sul e norte
(trechos de entrevista de Haroldo de Campos e Hélio Oiticica). 2º caderno, p. 07.
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INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RESUMO: O presente artigo interpretará o romance O Retrato de Dorian Gray (1890), de Oscar
Wild (1854-1900), com base na tensão estabelecida entre uma concepção de liberdade e moralismo
da sociedade inglesa no período vitoriano, que consiste no reinado da rainha Vitoria I (entre 1837 e
1901). No trabalho será analisado a representação que o romance desenvolve em torno da crítica ao
hedonismo, visto que tal tema foi abordados como critica a sociedade daquele período, e como tais
críticas afetavam a moralidade naquele período no qual era proibido qualquer relação com a falta
da moralidade, o que evidenciava a total hipocrisia da sociedade que se constituía naquela época
conservadorista. Logo, o objetivo do trabalho é mostrar as críticas que foram feitas no romance de
Wilde às pessoas de seu período. Tema que mostra o que uma pessoa pode fazer unicamente para
justificar e satisfazer seus desejos hedonistas motivados pela vontade de querer ou adquirir algo,
como os prazeres que avida pode proporcionar por meio da algo, fato esse que o protagonista
Dorian Gray, experimentou justamente por ter uma beleza considerada única em uma sociedade
que admirava todo tipo de beleza, e para conquistar tal objetivo, Dorian Negocia a sua própria
alma, para permanecer jovem para sempre, mostrando assim a decadência da alma do protagonista,
retratada em sua pintura, na qual era refletida tudo que se acontecia com Gray.
PALAVRAS-CHAVE: Moralismo. Período vitoriano. Dorian Gray, Hedonismo.
ABSTRACT: The present article will interpret the novel The Portrait of Dorian Gray (1890), of
Oscar Wild (1854-1900), based on the established tension between a conception of freedom and
moralism of the English society in the Victorian period, that consists in the reign of the Queen
Vitoria I (between 1837 and 1901). In the paper we will analyze the representation that the novel
develops around the criticism of hedonism, since such a theme was approached as it criticized the
society of that period, and how such criticisms affected morality in that period in which any
relation with the lack of morality was forbidden , which showed the total hypocrisy of the society
that was constituted in that time conservative. Therefore, the purpose of the paper is to show the
criticisms that were made in the novel of Wilde to the people of his period. A theme that shows
what a person can do only to justify and satisfy his hedonistic desires motivated by the will to want
or acquire something, such as the pleasures that he can provide through something, a fact that the
protagonist Dorian Gray, tried precisely to have a beauty considered unique in a society that
admired all kinds of beauty, and to achieve this goal, Dorian Negotiates his own soul, to remain
young forever, thus showing the decadence of the soul of the protagonist, portrayed in his painting,
in which he was reflected everything that happened to Gray.
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1. Introdução
Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde, um dos escritores que mais se
destacaram da língua inglesa do século XIX, teve uma produção em larga escala, na
qual se destacam os contos, a exemplo de “O Crime de Lord Arthur Saville” (1891);
e com a peça “O Leque de Lady Windermere” (1893); ensaios como A alma do
homem sob o socialismo (1891), além do romance O Retrato de Dorian Gray
(1890).
Nascido em Dublin, na Irlanda foi filho de Sir William Wilde que era médico
e de Jane Francesca Elgee, que era escritora e defensora da independência irlandesa.
Em virtude da “boa influência familiar” aquele cresceu rodeado de várias pessoas
nomeadas intelectuais, cujas influencias os ajudou nos estudos de suas obras, e no
aprimoramento de idioma. Foi criado desde cedo no protestantismo, assim como
várias outras famílias, pelo fato de estar no período em questão denominado de
Vitoriano. O contexto histórico da época em questão remete ao período da
Inglaterra em que a rainha vitória I (1819-1901) governou, entre 1837 a 1901.
Wilde, tal como foi dito no parágrafo anterior era de família protestante, logo,
foi criado nos dogmas do protestantismo, doutrina no qual o poder de Deus está
acima de todas as coisas e apenas ele pode determinar o começo, meio e fim da vida
de uma pessoa. Logo seria natural a pessoa nascer e ao longo da vida envelhecer.
Contudo envelhecer nunca foi algo agradável para um indivíduo, principalmente os
mais vaidosos, neste sentido as pessoas tentam burlar a sequência natural da vida
para aparentar serem mais jovens, como se tivessem estagnado no tempo.
Essa época foi marcada pelo grande desenvolvimento econômico e industrial
do país britânico, além das conquistas coloniais, classificadas como um marco
histórico para a nação. Onde a Inglaterra se tornaria o país mais rico e mais
poderoso do mundo, até então, tendo como característica principais desse grande
período a restauração do prestigio da coroa inglesa; o forte desenvolvimento
industrial – político - social baseado na implantação de rígidos valores morais,
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como a repressão aos críticos das ideias do momento, na qual aqueles que não
seguiam esse valor por exemplo eram duramente perseguidos, e isso inclui os
escritores, homossexuais, políticos, opositores e artistas.
Apesar de toda a censura imposta aos artistas durante o período Vitoriano, este
também foi marcado pelo grande desenvolvimento artístico - cultural, em que as
artes eram buscadas e apreciadas de forma árdua, arte esta que inspirou Wilde, em
1882 o escritor foi convidado a ir aos Estados Unidos para falar sobre sua proposta
de movimento estético, onde Wilde deu em linhas gerais que o Belo era a única
solução para enfrentar tudo aquilo considerado ruim na sociedade. Com isso esse
movimento visava transformar o tradicionalismo imposto na época vitoriana.
Em 1891, Wilde lança a sua obra prima, o romance “O Retrato de Dorian
Gray”, texto que relata a decadência da moral humana e da hipocrisia da sociedade
que se auto titulava moralista, seguidora das regras de um “estatuto” que
marginalizava várias atitudes, ou “prazeres”, tal como é discutido no romance.
Wilde aborda temas polêmicos de nodo agredir a “boa” conduta da sociedade
vigente no período, levando-o ao apogeu literário. Isso trouxe vários problemas
pessoais, visto que apareceram rumores sobre a sua sexualidade, sexualidade
presente de forma sutil em sua obra mas suficiente para leva-lo à prisão e ser
julgado.
A sua fama começou a diminuir e todas as suas produções artísticas suas obras
e livros foram retirados de circulação restando-lhe leiloar os seus pertences para
poder cobrir as despesas do processo judicial. Ao sair da prisão, ele viajou para
França, e adotou o nome artístico de Sebastian Melmouth, e passou dias de sua vida
sem nenhum rumo e entregue aos vícios da bebida.
2. O romance “o retrato de Dorian Gray” - Enredo
No romance p espaço principal é Londres. Basil Hallward é um pintor que vê
em Dorian Gray, um jovem de 18 anos que pertence à alta burguesia inglesa e dono
de uma beleza física muito atraente, a inspiração necessária para “colocar para fora”
toda a sua busca pelo perfeito com a finalidade de pintar um quadro de uma forma
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tão exata/viva na qual todos ficassem supressos com a veracidade da pintura, tendo
esse objetivo concluído, o quadro ficou tão perfeito que ficou parecendo mesmo que
Basil conseguiu captar a própria alma de Dorian.
Partindo desse momento o pacto foi feito. Dorian vende a sua própria alma.
Visando toda essa beleza encantadora de Gray, Lord Henry se sente desafiado pela
beleza e aparente inocência do jovem Dorian, aproxima-se de deste e passa a
instigá-lo e a estudá-lo em suas reações e atitudes, fazendo com que o jovem tome
consciência de sua beleza e do valor de sua juventude, iniciando-o assim num
mundo de vícios e desregramento. É nesse contexto que Dorian percebe a alteração
em seu quadro e espantado percebe que o desejo feito em um momento de fúria
realizou-se.
Dorian não envelhecera, e tudo que acontecesse com ele era perpetuado no
quadro, e não em seu belo corpo. Em virtude disso, inicia -se a gradual destruição
da figura no quadro, a figura a qual representava a própria alma de Dorian Gray,
este vive decadentemente, entregando-se aos prazeres sensuais, bons e ruins. O
retrato representa o registro de transgressões e envelhecimento, enquanto sua
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própria aparência permanece jovem e bela. E nesse momento que Dorian passou a
viver tudo que lhe era ou não permitido.
Porém, anos depois Dorian acaba se arrependendo da vida que levou e
principalmente tem problemas com a sua própria consciência, como por exemplo o
assassinato de seu amigo pintor Basil. Então logo a pós sucessivos problemas
Dorian pega a faca usada para matar anos atrás o autor da obra, Basil, e rasga o
retrato.
2.1 “[...] um novo hedonismo: eis o que quer o nosso século. Um novo
hedonista de que que o senhor poderia ser o símbolo visível” – Hedonismo em
questão.
A palavra hedonismo tem como significado a doutrina que concorda na
determinação do prazer como o bem supremo, finalidade e fundamento da vida
moral é derivado da palavra grega hedonê, que significa prazer e vontade,
o hedonismo é uma filosofia que coloca o prazer como bem supremo da vida
humana, acima de qualquer coisa. Considerado o pai do hedonismo, Aristipo de
Cirene (435 - 366 a.C.) fundou a Escola Cirenaica onde eram rejeitados os estudos
da física e da matemática por serem consideradas desnecessárias para que as
pessoas pudessem encontrar o bem e a felicidade. Os cirenaicos criam ainda a visão
do homem cosmopolita, no qual foge da organização social da polis da época, onde
havia quem ordenava e quem obedecia. O homem dessa forma não está preso a uma
cidade para obedecer as suas leis, este é cidadão do mundo e segue as suas próprias
leis, podendo assim viver livremente a busca dos seus prazeres, sem se preocupar
com as consequências.
No romance o hedonismo é recorrente e colocado em caráter explicito, na qual
Hanry é o responsável por introduzir esse conceito ao jovem Gray. tal percepção
hedonista, inserida no romance para criticar, (assim como todas as questões
expostas) os homens da época. Wilde coloca em destaque a figura do homem que
pratica esses atos. Como já foi discutido o período Vitoriano é marcado pela
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A vida deveria ser livre para o homem fazer o que ele tem vontade, visto que
os “homens representam o triunfo do espírito sobre a moral. [...]” (WILDE, Oscar.
O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p.55), com isso Henry
deixa exposto o seu gosto, “adoro prazeres simples – disse lorde henry, - eles são o
último refúgio do complexo” (WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São
Paulo: LANDMARK, 2012, p36), depois de implementar esses pensamentos ao
cotidiano de Gray que tem a vontade de ir atrás do seu próprio prazer, no qual
eventualmente Dorian nota a destruição de seu quadro, visto que a sua alma já
estava se apodrecendo pelas atitudes imorais e pela vida sem limites de um jovem.
Sabe-se que a concepção hedonista é voltada ao homem, visto que as mulheres
não tinham papel ativo na sociedade da época, o machismo é o comportamento,
expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos
e deveres entre os gêneros, que favorece o sexo masculino em detrimento do
feminino.
A ideologia do machismo está presente desde as raízes culturais da sociedade,
há séculos, tanto no sistema econômico e político mundial, como nas religiões, na
mídia e no núcleo família, onde a figura masculina representa a liderança. Neste
sentido a mulher encontra-se em um estado de submissão ao homem, perdendo o
seu direito de livre expressão ou sendo forçada pela sociedade machista a servir e
assistir as vontades do marido ou do pai, caracterizando um tradicional regime
patriarcal.
No romance de Wilde, Lorde Henry além de ser hedonista é classificado
também como machista:
Meu caro garoto, nenhuma mulher é talentosa: as mulheres
são um sexo decorativo. Elas nunca têm nada a dizer, mas o
dizem encantadoramente. Elas representam o triunfo da
matéria sobre a mente, assim como os homens representam a
vitória da mente sobre a moral. Há apenas dois tipos de
mulher, a comum e a colorida. As mulheres comuns são bem
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Por existir essa superioridade masculina na época os homens não respeitavam suas
mulheres, e acabavam por trai-las em bordeis, tudo escondido e acobertado pela
sociedade, não a sociedade vitoriada, mas, a sociedade machista que dominava o
período histórico.
3. considerações finais.
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limites para se obter prazer eram tão frágeis quanto a simples rosa que Henry
queimou em sinal do pacto de Dorian. 11
Tais críticas abordadas por Oscar Wilde no século XIX, acabam sendo
discutidas em pleno século XXI, onde temos a presença de tais temas criticados na
obra, na atualidade a busca pelo prazer na maioria das vezes é em torno do
narcisismo, buscando a cada dia uma estética considerada por muitos como padrão
da sociedade, impulsionando a busca pelo Belo, e justificando o motivo de Wilde
criticar a sociedade de seu período, visto que tanto aquela sociedade quanto a atual,
vive a hipocrisia de se achar no centro de todo, o sedutor mercado da beleza atrai
mais pessoas com a promessa de soluções para todo e qualquer problema que esteja
fora dos parâmetros. Além da própria satisfação, elas procuram admiração daqueles
que estão a sua volta, e quando essa admiração acaba, provoca uma nova procura
pela reparação de suas características físicas. O processo torna-se um ciclo vicioso e
uma luta incessante por padrões pré-estabelecidos.
Este artigo tem como base a obra O Retrato de Dorian Gray12, evidenciando a
críticas de uma sociedade autoritária onde o homem é colocado em patamar de
superioridade, e acima da moral, indo de frente inclusive com a moralidade que era
dever do homem dar o exemplo perante as mulheres, exemplo esse que era
disfarçado em uma vida de prazeres escondidos.
Em suma, a obra de Wilde apresentada neste trabalho evidencia também os
riscos que qualquer pessoa pode se submeter para a busca da perfeição, tendo como
referência o Retrato de Dorian Gray (o retrato literariamente) como a projeção da
alma de Gray, além das condições físicas justificadas pela vida de vícios marcadas
em seu quadro, onde tal degradação é a consequência de atos não pensados, fazendo
assim o ser humano pensar nos limites que deve seguir para continuar vivo.
11
No filme de 2009, Lord Henry é o responsável por realizar o pacto/venda de Dorian, porém sem ele mesmo
saber que ele mesmo tinha feito tal, venda, onde o mesmo pergunta a Dorian se ele “trocaria sua alma para se
manter jovem” e coloca uma rosa sob uma vela, quando Gray diz “Sim” a rosa se incendeia, dando a
entender que o pacto foi realizado naquele momento e a ala de Dorian teria sido aprisionada no Quadro de
Basil
12
Publicado originalmente em 1890
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4. Referencias
MARCONATTO, Arildo Luiz. Aristipo (435 - 366 a.C.). só filosofia, 2008-2017,
São Paulo [s.p]. disponível em
<http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=25>
WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p.40
WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p. 31
WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p.55
WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p.36
WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: LANDMARK, 2012, p.40
SOUZA, Osmar Martins; PEREIRA MELO, José Joaquim, O HEDONISMO DE
EPICURO E O HEDONISMO DA ESCOLA CIRENAICA. 2013 [s.p]. disponível
em
<http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario_ppe_2013/trabalhos/co_04/127.pdf
>
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SUPLEMENTO DE ARTE
RESSONÂNCIAS, imaginário
SANCHRIS SANTOS
Coordenação do GP Igarahart
e da Exposição Ressonâncias
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das outras espécies. Logo, o indivíduo está consciente quando qualquer objeto se
relaciona com o seu ego através dos sentidos (o corpo penetra e é penetrado).
O grupo é composto por 10 membros que apresentam experiências artísticas
com diferentes linguagens, buscando uma unidade na diversidade sob a intervenção
do curador convidado Neder Charone. A exposição será composta de 10 obras
contemplando o sentido do tema (e dos estudos teóricos). Durante a exposição a
relação do espectador com as obras se dará pela apreciação, interação e uma Roda
de Conversa proposta entre os produtores/criadores e o público (com data definida
com a coordenação da galeria).
As obras propostas neste projeto poetizam a concepção de realidade pela
fenomenologia da imaginação e da percepção. Do ponto de vista formal/estético, as
obras fogem do óbvio daqueles que esperam uma ordem que os remetam de
imediato a imagens da realidade.
Giddens (1994) ao analisar as consequências da modernidade, no final do
século XX, apresenta um conceito importante para nossa análise. Para ele, os
avanços tecnológicos da sociedade moderna têm permitido um distanciamento
progressivo dos indivíduos de suas referências de tempo e espaço, chamado de
“desencaixe”.
Acreditamos que as metáforas sobre a realidade amazônica nascem dos
fluxos imaginários que cada um membro do grupo faz de sua vivência com esse
lugar não se permitindo ser coisificados. Segundo Marcondes Filho (1996) e Augé
(1994), neste contexto surge a concepção de lugar e “não-lugar”. O lugar associado
à uma materialidade definida por relações simbólicas, míticas, identitárias e
históricas, cultural/social. O não-lugar, por sua vez, é marcado por uma relação com
o espaço de passagem, de não fixação e da ausência de identidade. É sob a ótica do
lugar e do não-lugar que tomamos o tema RESSONÂNCIAS, e sub-tema, o
imaginário amazônico em seus espaços/tempos de transmutação e hibridismo.
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Um caminho no caminho
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Ferreira Gullar enfatiza que a “Arte existe, porque a vida não basta”...
frase que veio me perseguindo na relação com estas produções propostas para
a exposição. Na obra Caixas-Gavetas...contam em silêncio a tua presença!
retorno às memórias de minha família e como nessa arqueologia e, de certa
forma, cartografia, há a necessidade de reter na imagem da mãe desdobrada
em palavras, frases, impressões e desenhos, fatos, sentimentos/emoções,
contidos no silêncio. Há também uma arquitetura em que do rosto da mãe
emerge o meu e de membros da família, continuidade da escrita genética
espiritual. Nessa escrita um silêncio sendo conquistado e que expressa o
estado de minha alma.
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sobra
sobre a poesia
o urro
que é
o erro
que é
o sussurro
que ela suscita:
a puta
ação
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