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08 e 09 de junho de 2012

ISSN 1984-9354

Metodologia de Implantação de um sistema de Gestão


de Energia Utilizando ABNT NBR ISO 50001
Janquiel Fernando Frozza
(UTFPR)
Jean-Marc Stephane Lafay
(UTFPR)
Vitor Baldin
(UTFPR)
Filipe Marangoni
(UTFPR)

Resumo: Desde a década de 1970, muitos países têm desenvolvido programas de eficiência
energética em todos os setores.Programas de Eficiência Energética trazem muitos benefícios
onde são aplicados. Diminuem o custo com energia e, em consequência, o valor do produto final.
Em um contexto mais amplo eles contribuem para a minimização de gases causadores do efeito
estufa lançados à atmosfera e a necessidade de expansão do sistema de energia. Um programa
de eficiência energética é muitas vezes ineficiente por ser aplicado somente em alguns sistemas
isolados da empresa, e não em todo o conjunto, perdendo a confiabilidade ao longo do tempo por
falta de monitoração. Em contra partida há programas de gestão energética que visam efetuar o
controle energético de uma instituição, efetuar medidas, verificar falhas e aplicar correções. Em
junho de 2011 foi publicada no Brasil a norma ABNT NBR ISO 50001-Sistemas de gestão de
energia-Requisitos com orientação para uso. Seu objetivo é propiciar ás instituições um melhor
desempenho energético com eficiência energética. . Este artigo apresenta uma metodologia para
implantação de um sistema de gestão de energia utilizando a norma. A norma não especifica
como deverão ser efetuadas algumas etapas, por exemplo, como definir a linha de base
energética e indicadores. Pretende-se aqui apresentar como tais métodos poderão ser
implementados

Palavras-chaves: Gestão Energética,ISO 50001


VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
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1 INTRODUÇÃO

Um programa de Eficiência Energética traz muitos benefícios não somente onde aplicado,
mas também em um contexto mais amplo, como diminuição da necessidade de expansão do setor
energético, redução de custos em energia em instituições e principalmente contribui com a
minimização de impactos ambientais causados pelos gases de efeito estufa lançados à atmosfera.
No Brasil, o tema eficiência energética e conservação de energia começou a ser discutido
seriamente na década de 1970 com a primeira crise do petróleo onde a organização dos países
exportadores de Petróleo (OPEP) assumiu o controle sobre o sistema de preços (ALSSSOP 2011).
Desde aquele ano, muito tem se feito em respeito a eficiência energética no Brasil, como criação
de órgãos, Leis, Decretos, Resoluções e incentivos. Dentre tantos, pode –se citar o PROCEL
( Programa Nacional de Eficiência Energética), CONPET (Programa Nacional de Racionalização
de uso de derivados de Petróleo e Gás Natural), e PBE(Programa Brasileiro de Etiquetagem).
Os programas de eficiência energética mostraram bons resultados desde sua implantação.
Segundo dados do relatório de resultados PROCEL 2009 a atuação deste órgão possibilitou uma
economia de energia de 34,4 bilhões de kW.h entre os anos de 1986 e 2009. Essa energia equivale
a 9,9% do consumo de energia no ano de 2009. No mesmo ano segundo o relatório de 2009 o
programa PROCEL possibilitou uma economia de energia de 5,473 milhões de kW.h. Na Tabela 1
pode ser visto a atuação do órgão nos diferentes setores.

PROGRAMA PARTICIPAÇÃO

Procel Reluz 0,31%

Procel EPP 0,02%

Prêmio Procel 0,31%

Procel Selo 99,02%

Tabela 1: Economia de energia gerada pelo PROCEL por setores no ano de 2009
Fonte: Relatório PROCEL 2009

PROCEL Reluz se refere ao Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização


Semafórica Eficientes. PROCEL EPP se refere ao Programa de Eficiência Energética nos Prédios
Públicos. O prêmio PROCEL é concedido anualmente a várias categorias como Transportes, Setor

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Energético, Edificações, Imprensa, Micro e Pequenas Empresas e Indústria. O prêmio é concedido


as empresas que se destacarem com programas de conservação de energia. O Selo PROCEL tem
por objetivo apresentar ao consumidor o nível de eficiência energética dos produtos dentro de
diversas categorias.
Além do PROCEL, outro programa de eficiência energética muito atuante se trata da Lei
nº 9.991, de 24 de julho de 2000. Essa estabelece que concessionárias e permissionárias de energia
apliquem um percentual do montante de sua receita em programas de eficiência energética. Na
tabela 2 pode ser verificado a definição do programa por tipo.(PINHEIRO-2011).

Tabela 2: Divisão de programa de eficiência energética(Lei 9.991) por tipo


Fonte-PINHEIRO-2011

Na tabela 3 é demonstrado o resultado de eficiência energética aplicado por


concessionárias e permissionárias de energia através da Lei de número 9.991 nos diversos setores
entre os anos de 2008 e 2011(PINHEIRO-2011).
Importante notar através da tabela 3 que programas de baixa renda contribuem com 68%
energia economizada.

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Tabela 3: Resultado de eficiência energética através da Lei de número 9.991-PINHEIRO-2011


Dentro dos vários setores, um dos maiores consumidores de energia, principalmente
elétrica é o Industrial. Segundo o Balanço Energético de 2011(BEN,2011) em 2010 o consumo de
energia elétrica nesse setor representou 44,2% do total de energia elétrica consumida entre todos
os setores. Em 2009 esse mesmo setor teve um consumo de 43,3% do total de energia elétrica
consumida. Ao se verificar os dados das tabelas 2 e 3 conclui-se que os programas de EE não
estão inseridos de forma mais ampla no setor industrial; setor esse responsável pelo maior
consumo de energia elétrica registrado.
Há outros programas de eficiência energética sendo implantados na indústria,
principalmente o que se referem as ESCO’s (Empresas de Serviços de Conservação de Energia).
Esses programas, em muitos casos são pontuais, eficiência energética em motores, climatização,
refrigeração entre outros. Há casos em que o retorno de investimento é lento e empresas de
pequeno e médio porte não tem como investir em tais programas. Há, no entanto a possibilidade,
independente do tipo e tamanho da instituição aplicar um sistema de gestão energética.
Um sistema de gestão energética (SGE) visa ter conhecimento de todo o fluxo de energia
em uma instituição; verificar influências, possíveis pontos a serem melhorados e acima de tudo ter
controle sobre o sistema aplicando ações corretivas.
Em muitos casos, um sistema de gestão de energia é mais eficaz do que programa de
eficiência energética devido a sua atuação ser mais ampla e duradoura. Ela demanda um custo
inicial relativamente baixo em vista dos retornos vindos de forma de eficiência energética nos
diferentes processos.
No ano de 2011 foi lançada no Brasil a norma ABNT NBR ISO-50001- Sistemas de gestão
de energia-Requisitos com orientações para uso. Seu principal objetivo é propiciar ás instituições
um meio de estabelecerem um sistema para melhorar seu desempenho energético, incluindo

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eficiência energética; uso e consumo, além de prever uma significativa redução de emissão de
gases de efeito estufa.
Esse artigo faz parte de um trabalho de mestrado que está sendo desenvolvido na
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O trabalho apresentará uma “Metodologia de
implantação de um sistema de gestão energética utilizando a ABNT NBR ISO 50001”. O objetivo
principal do trabalho é utilizar a norma como estrutura da metodologia. Serão desenvolvidos
métodos para cumprir requisitos da norma. Métodos esses de como elaborar uma linha de base
energética, criar indicadores condizentes com a organização, escolher uma opção de medição de
economia e sobretudo como implantar o sistema de gestão.
NOMENCLATURA

AEE:Ação de Eficiência Energética

SGE:Sistema de Gestão Energética

CICE: Comissão interna de conservação de energia

EVO: Efficiency Valuation Organization

EE: Eficiência Energética

PIMVP:Protocolo Internacional de Medição e


Verificação de Performance

UC:Unidade Consumidora.

ANEEL:Agência Nacional de Energia Elétrica

RN:Resolução Normativa

QGBT:Quadro geral de Baixa tensão

CCM:Centro de controle de motores

ESCO’s: Empresas de Serviços de Conservação de


Energia

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2 REFERENCIAL TEÓRICO
O modelo de gestão energética segundo a norma ABNT NBR ISO 50001, pode ser
verificado na figura 1.
A norma baseia-se no modelo Plan-Do-Check-Act (PDCA). Como pode ser visto na Figura
1, ela é estruturada em uma política energética, um planejamento energético, implementação e
operação, verificação e análise crítica pela direção. Na verificação se tem uma monitoração,
medição e análises, não conformidades, correção, ação corretiva e preventiva e auditoria interna
do SGE.

Figura 1: Modelo de Sistema de Gestão de Energia


Fonte: Adaptado da ABNT-NBR ISO 50001

2.1 Política energética.

Em todo sistema de gestão seja ele de qualidade, ambiental ou até energético, o fator
determinante do funcionamento do programa é o apoio da direção. A direção com a equipe do
sistema de gestão é quem cria objetivos e metas a serem alcançadas. A política de um sistema de
gestão é estruturada e administrada por uma equipe.
No ano de 1990 através da administração pública federal foi criado o decreto 99.656. Tal
decreto estabelece a necessidade de estabelecimentos de administração federal com consumo
anual superior a 600MW.h ou consumo anual de 15 tep’s criarem uma Comissão interna de
conservação de energia(CICE). A concepção na elaboração da CICE adéqua-se a entidades
privadas. A política energética será mantida pela comissão. Utilizaremos nesse trabalho
orientações do guia técnico de gestão energética PROCEL para elaboração da CICE. Esta

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possibilidade se deve ao fato de a CICE ficar dentro de padrões nacionais para inclusive conseguir
com mais facilidade financiamentos em futuras ações de Eficiência Energética.
O guia recomenda que o CICE seja diretamente ligado a direção e tenha estrutura
matricial, ou seja, não deve ser de nível hierárquico. Nela deverão ter responsáveis de todas as
áreas e um coordenador que tenha conhecimento de EE. Para grandes empresas um CICE
suportaria um engenheiro de EE como coordenador. Isso não acontece para empresas de pequeno
e médio porte. A coordenação nesses casos poderá ser exercida preferencialmente por
responsáveis pelos setores de manutenção da empresa.

2.2 Planejamento Energético.

O Processo de Planejamento Energético é verificado na Figura 2.


Conforme demonstra a Figura 2 o planejamento de divide em Entrada de Planejamento,
Revisão Energética e Saídas de Planejamento. Três termos de muita importância para um sistema
de gestão energética se trata de revisão energética, linha de base energética e indicadores.
Importância essa devida ao fato que tais termos são identificados por variáveis técnicas onde
impactam diretamente sob a economia de energia gerada e demonstram se o sistema está dentro de
limites aceitáveis.

Figura 2: Diagrama conceitual do processo de planejamento Fonte: Adaptado da ABNT-NBR ISO 50001

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a) Revisão energética;

Segundo o item 3.5 NBR ABNT ISO 50001, revisão energética é a determinação do
desempenho energético da organização com base em dados e em outras informações conduzindo a
identificação de oportunidades de melhoria.
 Analisar uso e consumo de energia com base em medições e outros dados. Uso e consumo
de energia atual e passada.
 Com base na análise identificar área críticas:
i) Instalações, equipamentos, sistemas, processos, pessoal.
ii) Determinação de desempenho energético das instalações (Equipamentos, processos,
entre outros).
iii) Estimar os uso e consumo futuros.
 Identificar, priorizar e registrar oportunidades de melhoria de desempenho energético.
Na revisão energética é que se obtêm informações a respeito do fluxo de energia, setores de
maior consumo e se verifica possíveis pontos de melhoria. O nome dado pela norma é equivalente
em certo aspecto a um diagnóstico energético. KRAUSE(2002) define diagnóstico energético
como a avaliação de todos os sistemas consumidores de energia.
Dependendo do porte da empresa um diagnóstico energético pode levar um tempo
considerável, onde a quantidade de sistemas energéticos requer uma análise minuciosa. O
diagnóstico deve ser realizado por profissionais altamente qualificados, já que muitos processos
industriais contam com fontes de energia elétrica, vapor, água gelada, fluídos térmicos, ar
comprimido, refrigeração, etc (LEITE,2010).
Para contemplar requisitos da ISO 50001 é necessário assegurar na revisão energética que os
itens representados na figura 3 sejam satisfeitos. Conforme demonstra a figura 3, a análise de uso
e consumo de energia visa qualificar os tipos de energia sendo utilizadas e também quantificar o
que está sendo gasto. Identificar contas de energia elétrica, gás, lenha, etc.

Figura 3: Etapas do diagnóstico energético

Esta análise possibilitará a criação de uma linha de base para monitoração dos setores
consumidores de energia. Identificar áreas com uso significativo de energia é necessário para

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determinar onde será aplicado um maior número de horas e investimentos. Bueno (2008) verificou
em estudo de caso de um abatedouro de aves que os compressores da sala de máquinas
representam 97% do consumo total de energia elétrica do frigorífico. Em outros frigoríficos essa
porcentagem poderá ser um pouco diferente, dependendo de outras setores existentes. O
diagnóstico energético ainda possibilita a identificação de oportunidades de melhoria. Pontos
identificados serão analisados pela CICE e serão tomadas as devidas ações.
Os principais pontos que deverão ser diagnosticados são:
 Análise tarifária;
 Sistemas de refrigeração;
 Sistema de ar condicionado;
 Sistema de ar comprimido;
 Acionamentos;
 Sistema de vapor;
 Consumo de água;

b) Linha de base energética

Na revisão energética é que se obtém a linha de base energética. Conforme a ABNT NBR
ISO 50001 a linha de base energética pode ser defendida como referencia(s) quantitativa(s)
fornecendo uma base de desempenho energético onde:
- Uma linha de base energética reflete um período de tempo especificado;
- Uma linha de base energética pode ser normalizada usando variáveis que afetam o uso e/ou
consumo de energia, como nível de produção, graus-dia (temperatura exterior) etc.
- A linha de base energética é também utilizada para cálculo da economia de energia, como uma
referência antes e depois da implementação de ações de melhoria de desempenho energético.
Essa base pode depender de cada processo e instituição. A linha de base é que define o
indicador ideal de consumo de energia da organização. Mudanças no desempenho devem ser
comparadas a linha de base energética.
Segundo leite (2010) a grande importância no correto dimensionamento da linha de base é
conseguir mensurar a economia gerada apartir de investimentos de Eficiência Energética. Muitas
ESCO’s investem nas empresas em programas de conservação de energia. Muitos contratos são
feitos de forma que o retorno de investimento vem através da economia gerada. Daí outra
importância na correta determinação da linha de base.

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O objetivo do SGE além de um mapa do fluxo de energia é possibilitar a economia de energia


através de implantação de Ações de Eficiência Energética. Em muitos casos se deseja conhecer os
parâmetros de Eficiência para toda a instalação, em outros casos apenas um processo específico
(LEITE,2010). Para esses diferentes casos há formas distintas de estabelecer a linha de base
energética.
Há vários métodos para estabelecer uma linha de base energética como regressão estatística,
simulações, etc. A regressão estatística é a mais utilizada ( LEI e HU-2009).
Um cuidado que deve ser tomado na elaboração da linha de base é que fatores externos como
umidade e temperatura externa influenciam no consumo de energia, principalmente em
edificações que fazem uso de condicionadores de ar. Se fatores externos influenciam no consumo
de energia, a linha de base deve ser ajustada de forma a compensar tal desequilíbrio. Conforme
Miyata (2006), a economia de energia pode ser determinada pela diferença entre o consumo de
energia após a implantação de AEE e a energia consumida antes de programas de AEE. A linha de
base antes do retrofit é também chamada de linha de base de energia pré ajustada. Na figura 4
pode ser verificado um sistema no qual a linha de base depende de variáveis externas como
temperatura e umidade.
A EVO (Organização de Avaliação de Eficiência) é uma organização que tem por finalidade
fornecer ferramentas de medição e verificação de projetos de EE. Desde 2006 ela vem lançando ao
mercado o PIMVP. Segundo PIMVP(2010) um processo de medição e verificação tem por
finalidade medir a economia de energia gerada através de um programa de gestão de energia.
Segundo ela a economia não pode ser medida diretamente, já que há uma ausência no consumo de
energia. Desta forma ela traz subsídios para que se faça de forma segura uma análise da economia
gerada através de um retrofit. As atividades de um programa de M&V segundo PIMVP(2010),
compreende:
 instalação, calibração e manutenção de medidores;
 obtenção e tratamento de dados;
 desenvolvimento de um método de cálculo e estimativas aceitáveis;
 cálculos com dados medidos;
 garantia de qualidade e verificação de relatórios por terceiros.

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Figura 4 – Modelo de estimativa de ajuste de linha de base energética


Fonte:Miyata(2006)

A ANEEL em 2008 lançou um manual do programa de eficiência energética. O manual é um


guia para as empresas obrigadas a seguir a Lei no 9.991, de 24 de julho de 2000 fazerem seus
programas dentro de uma metodologia. No manual consta que a linha de base energética levantada
na etapa do diagnóstico deverá ser efetuada dentro dos moldes do PIMVP. Nota-se então que o
protocolo está inserido não apenas no contexto industrial mas também em setores de grande
relevância no cenário nacional. Isso justifica também que os moldes na elaboração da linha de
base energética e M&V sejam de acordo com o PIMVP.
Os objetivos do PIMVP segundo o manual são:
 Aumentar a economia de energia;
 Documentar transações financeiras;
 Aumentar o financiamento para projetos de eficiência;
 Melhorar projetos de engenharia, funcionamento e manutenção da instalação
 Gerir orçamentos energéticos;
 Aumentar o valor dos créditos de redução de emissão;
 Apoiar a avaliação de programas de eficiência regionais;
 Aumentar a compreensão do público acerca da gestão de energia como ferramenta de
política pública;
Na figura 5 pode ser verificado uma curva de consumo de uma caldeira com a implantação
de um retrofit de EE. Nota-se na figura que apartir da AEE, a produção do processo aumentou. A
economia de energia é a diferença entre o consumo de referência ( Aqui doravante chamado de
linha de base energética) e a energia que realmente foi medida. Verifica-se que sem o ajuste do
consumo de referência a economia de energia registrada teria sido inferior. É necessário separar
em um sistema as variáveis energéticas de outras variáveis que afetam o consumo como produção
e temperatura (PIMPV, 2010).

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O PIMPV sugere 4 formas de aplicar um sistema de M&V e consequentemente a


elaboração da Linha de base energética. As opções são A, B, C e D. Importante ressaltar que as
opções A e B se aplicam a sistemas isolados de AEE. Pode-se citar a verificação de AEE de uma
caldeira, de um sistema de Ar comprimido entre outros. As opções C e D aplicam-se a toda a
instalação.

Figura 5 – Exemplo de histórico de consumo de Energia.


Fonte:PIMVP(2010)

c) Indicadores de desempenho energético

Refere-se a valor ou medida quantitativa de desempenho energético conforme definido pela


organização (item 3.13 ABNT NBR ISO 50001). A organização deve identificar os IDE’s
apropriados para monitoramento e medição de seu desempenho energético. A metodologia para
determinar e atualizar os IDEs deve ser registrada e regularmente revisada (item 4.4.5 ABNT
NBR ISO 50001). A norma não dita a metodologia para determinação dos IDE’s. Porém esses
indicadores devem ser mantidos e atualizados e comparados a linha de base.
Os indicadores de desempenho energético visam demonstrar o estado de eficiência
energética dos diferentes sistemas para um SGE. Eles servem para verificar as possíveis mudanças
de eficiência energética (PETTERSON, 1996). Entende-se eficiência energética como o processo
que visa produzir a mesma quantidade de produto ou uso final com menos energia. Para um
processo industrial um indicador muito simples e utilizado pode ser verificado na equação 1
(PETTERSON,1996).

As duas principais normas para sistemas de medição e verificação são PIMPV da EVO e
ASHRAE 14. Essas, no entanto são omissas em relação a indicadores de eficiência energética e
deixam sob responsabilidade do Engenheiro de eficiência energética determinar os indicadores
(LEITE 2010). Como visto, os indicadores são de fundamental importância para a mensuração de

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economia gerada. Nota-se também que há um grande interesse em verificar se o consumo de


energia da planta está em acordo com o consumo de plantas referências em eficiência energética.
A importância dos indicadores também se deve ao fato de muitas vezes remeter dados econômicos
relativos aos investimentos em AEE.
Petterson (1996) define 4 grupos de indicadores, servindo principalmente para medir
mudanças de eficiência energética em um processo qualquer. São os quatro grupos de indicadores:
Termodinâmicos
São indicadores relacionados inteiramente a processos termodinâmicos. Alguns podem ser
simples e outros com estruturas mais complexas que se relacionam com o uso real de energia com
o processo ideal.
Físico-termodinâmicos
São indicadores híbridos onde a entrada se dá através de variáveis termodinâmicas e a saída
poderá ser outra unidade física, por exemplo tonelada de produtos.
Econômico-termodinâmicos
São indicadores onde a entrada são unidades termodinâmicas e saída tem relação com preço de
mercado.
Econômicos
São indicadores que medem mudanças de eficiência em termos de valores de mercado. A
entrada de energia e saída são relacionados a unidades monetárias.
Segundo Domanski (2011) na indústria o indicador mais utilizado é o físico termodinâmico.
Alguns autores utilizam esse indicador como consumo específico de energia (DOMANSKI,
2011). Esse indicador reflete diretamente o consumo de energia por produto produzido.

Em uma Indústria, um processo pode utilizar diferentes energias de entrada como


combustíveis, vapor e energia elétrica (SIITONEN,2009), então o CEE pode ser calculado da
forma:

Onde:
EC=Energia de combustíveis
EV=Energia de vapor
EE=Energia Elétrica

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Segundo Ferreira(1994) os indicadores energéticos podem ser divididos em Macroindicadores,


quando destinados a medir a eficiência de uma região ou país e Microindicadores que são
destinados a Eficiência de uma empresa, edifício ou habitação. Os macroindicadores e
microidicadores segundo o mesmo autor podem ser ainda identificados por função de seus
objetivos:
Indicadores descritivos: caracterizam a eficiência energética sem justificativa de alterações
e desvios; e
Indicadores explicativos: explicam as razões das possíveis variações de EE.Caracterizam
alterações tecnológicas, estruturais e de comportamento.
Os indicadores descritivos e explicativos podem ainda ser estabelecidos em dois critérios:
Critério econômico: São utilizados quando a Eficiência energética não pode ser
representada por variáveis físicas ou técnicas. São também designados por indicadores de
intensidade energética.
Critério técnico-econômico: São utilizados quando a Eficiência Energética pode ser representada
por variáveis físicas e/ou técnicas. Exemplo consumo de energia, distância percorrida, toneladas
de aço.etc.
Segundo Saidel, Favato e Morales (2005), no Brasil, os indicadores energéticos como ferramenta
para gestão energética são pouco explorados. Devido a tal fato os autores propõe alguns
indicadores energéticos do tipo explicativo de critério técnico-econômico aplicados em uma
instituição de ensino:

PCR(Índice Percentual de Consumo no Período Reservado).Objetiva caracterizar o impacto


de consumo de horário reservado em relação ao consumo total de uma unidade consumidora. Pode
verificar a quantidade de energia que pode estar sendo despendida no horário noturno comparando
com UC’s de segmento semelhante.

PCT(Índice Percentual de Consumo Total). Objetiva verificar quanto cada centro de consumo
impacta sobre o consumo total da instalação. Exemplo: Sistema de Ar condicionado, Refrigeração,
Iluminação, força motriz, etc.

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CMM(Índice de Consumo médio mensal por m²): Objetiva verificar o consumo por área
construída, comparar com indicadores de instituições semelhantes e verificar índice ótimo para
futuras construções.

CMF(Índice de Consumo médio Mensal por Funcionário). Objetiva caracterizar o perfil de


consumo por número de colaboradores.

CMA(Índice médio mensal por alunos). Da mesma forma que o CMF, objetica criar um
perfil de consumo em relação a alunos.

DMM (Índice de Demanda Máxima Mensal por m²). Objetiva comparar demanda entre
unidades e criar o valor ideal por m² auxiliando em futuros projetos, inclusive para
dimensionamento de equipamentos de potência como transformadores.

DMF(Índice de demanda máxima mensal por funcionários).Objetiva caracterizar relações


entre unidades e perfil de carregamento de circuitos.

DMA(Índice de demanda máxima mensal por alunos). Igualmente ao DMF, objetiva


caracterizar relações entre unidades e perfil de carregamento de circuitos.

Nota-se que tais indicadores foram elaborados para uma instituição de ensino, podem no
entanto ser utilizados em uma indústria principalmente o PCR e o PCT.
Outros indicadores que geralmente não são utilizados em programas de eficiência
energética mas produzem efeitos significativos nos custos de energia elétrica são relacionados a
contratação e qualidade de energia. Os principais podem ser citados como, fator de carga, fator de
potência, taxa de distorção harmônica, e perdas elétricas em cabos e equipamentos.
FP(Fator de Potência):O fator de potência pode ser definido como a porcentagem de
potência realmente utilizada (kW) da potência fornecida (KVA) (KRAUSE,2002). Baixo fator de

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potência indica um sistema com pouca eficiência. O fator de potência ideal é unitário. Segundo
Art.95 da Resolução Normativa n° 414 de 9 de setembro de 2010 (ANEEL) o fator de potência
indutivo ou capacitivo tem como limite mínimo permitido para UC’s no valor de 0,92;isso para
UC de grupo A de tarifação. Entende-se como grupo A segundo RN n° 414; “agrupamento
composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou
atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária”.

THD (Taxa de distorção harmônica total): Quando uma onda não for uma senoidal pura,
ela pode ser decomposta em várias senóides (Harmônicas). A primeira é chamada de
fundamental e as demais possuem múltiplos subsequentes do harmônico principal (KRAUSE,
2002). Segundo krause(2002) os principais problemas vindos de harmônicos são:
-Perdas adicionais e aquecimento em máquinas elétricas e capacitores.
-Interferência nos sistemas de telefonia.
- Aumento da corrente de neutro.
- Aumento das perdas em condutores.
- Erros em instrumentos convencionais por efeitos harmônicos.
-Redução da vida útil de lâmpadas incandescentes.
-Necessidade de sobredimensionamento de transformadores.
-A operação inadequada dos sistemas de controle.
-Ruídos adicionais em motores e outros dispositivos.
-Sobretensões causadas pelas ressonâncias na rede.
Ter um baixo THD na instalação significa diminuir os problemas descritos.
FC(Fator de carga): Esse fator é dado através da relação entre a demanda média e a
demanda máxima registrada. Ele pode variar de 0 a 1. Um baixo fator de carga pode indicar que
em períodos breves há uma grande solicitação de carga. Por vezes é contratada uma alta demanda
para esses intervalos. Aumentar um fator de carga indica uma diminuição de demanda necessária.
Na figura 6 pode ser visto uma curva de carga típica para um consumidor comercial. Nota-se que
as 13:00 horas há um decréscimo na demanda. Entre as 24:00 e 08:00 a demanda é mínima.

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Figura 6– Curva de carga típica consumidor comercial.


Fonte: Francisquini(2006)
Melhorar um indicador de fator de carga significa tentar deixar a curva de carga mais
próxima da média.
PE(Perdas Elétricas). Todo sistema elétrico sofre perdas de energia de alguma forma. Na
indústria as principais perdas de energia entre o ponto de entrega até painéis terminais pode-se
citar as de efeito joule em transformadores, barramentos condutores, chaves e conectores.
Diminuir perdas é sinônimo de dimensionar corretamente cabos, barramentos e equipamentos.
Uma forma de medir as perdas é medir a tensão de entrada do sistema e tensão terminal de
quadros. Quanto menor a diferença de tensão, menor serão as perdas.

2.3 Implementação e Operação

As etapas do processo de implementação e operação segundo a ISO 50001 compreende:


• Competência, Treinamento e conscientização
• Comunicação
• Documentação
• Controle Operacional
• Projeto
• Aquisição de serviços de energia, produtos, equipamentos e energia
Na implementação e operação deverão ser postos em prática todos os processos que visam
garantir o que foi definido na política energética e planejamento energético. Alguns exemplos
poderiam ser citados como treinamento do pessoal afim de conscientização de uso consciente de
energia, criar procedimentos para aquisição de novos equipamentos com alto rendimento
energético, informar fornecedores da existência de um sistema de gestão etc. Enfim, a implantação
é de caráter institucional e será variável para cada SGE.
Detalhes deste processo poderão ser verificados na norma ABNT NBR ISO 50001.

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2.4 Verificação.

A verificação ISO 50001 compreende:


Monitoramento, medição e análise;
Avaliação da conformidade com requisitos legais e outros requisitos;
Auditoria interna do SGE;
Não conformidades, correção, ação corretiva e ação preventiva;
Controle de registros;
O monitoramento poderá ser simplesmente pela leitura de faturas de energia elétrica, gás,
lenha, combustíveis diversos etc. Ou mais complexo como instalação de medidores de energia em
cada fronteira delimitada (Centros de consumo) interligados a um sistema supervisório com
medidas em tempo real e armazenamento em banco de dados. Ações corretivas destinam-se a
corrigir não conformidades ocasionadas. Tais não conformidades estão diretamente ligadas a
indicadores. Poderíamos citar algumas não conformidades x ações corretivas através da tabela 4.
NÃO CONFORMIDADES AÇÕES CORRETIVAS
Baixo fator de potência Verificar banco de capacitores
Nível de ilum inação acim a do Substituir lâm padas por de m enores
recom endado pela norm a potência
M otor trabalhando abaixo de 75% Ve rificar possibilidade de
da carga nom inal repontecialização

Tem peratura elevada em Verificar e stado das conexões elétricas


determ inado painel e subdim ensionam ento de elem entos

Alto THD Instalação de filtros para harm ônicos

Diferença de corrente entre fases Balancear cargas


Diferença de tensão acim a do
perm itido entre QGBT e CCM Redim ensionar alim entadores
Diferença de pressão acim a do
perm itido entre sistem a de ar Verificar vazam entos
com prim ido e circuitos term inais

Tabela 4-Exemplos de não conformidades e ações corretivas.

2.5 Análise crítica pela direção.

A análise crítica da direção segundo a ABNT NBR ISO 50001 compreende:


Entradas para análise crítica pela direção
Resultados da análise crítica pela direção.
Detalhes podem ser vistos no item 4.7 da norma.

3 METODOLOGIA

Tendo como base o referencial teórico onde foram definidas todas as etapas da norma e
algumas características de seus elementos, propõe-se aqui uma metodologia para a implantação de
um sistema de gestão energética. O objetivo do método é aplicar o SGE com caráter técnico-

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adminitrativo. Ou seja, implementar um sistema de gestão mas com informações técnicas de como
elaborar as diversas etapas do modelo. As normas de gestão, geralmente não trazem informações
técnicas de como elaborar certos procedimentos como indicadores, linha de base, etc. O método
aqui proposto visa justamente acrescentar essa visão técnica para o pleno funcionamento do SGE.
A implantação do SGE visará o conhecimento de todo o fluxo de energia da instituição, onde e
como a energia está sendo gasta, pontos falhos que poderão ser melhorados, economizar energia,
reduzir o custo do produto final, diminuir impactos ambientais e propiciar uma imagem de
referencia e termos de conservação de energia. A implantação do método se dá em duas etapas. Na
primeira etapa é necessário estabelecer diretrizes para o início do programa como diagnóstico
energético, criação da CICE, elaboração de indicadores, etc. A segunda etapa compreende o ciclo
do SGE conforme visto na figura 1. Ou seja planejar-fazer-checar-agir.
Segue etapas da implantação:

3.1 PRIMEIRA ETAPA(IMPLANTAÇÃO DO SGE)

3.1.1 Aprovação da direção

Independente do tipo de modelo de gestão, o apoio da direção é crucial para o startup e


manutenção do sistema. No caso específico do SGE, haverá a necessidade de envolvimento de
colaboradores de diversos setores, treinamentos internos e externos, investimento em
equipamentos, contato com fornecedores etc. A aprovação dos custos geralmente incide sobre a
direção. E necessário então um diálogo inicial apontando os principais retornos de um SGE:
- Diminuição do custo de energia;
- Diminuição da necessidade de manutenção de equipamentos;
- Melhoria da imagem da empresa perante a sociedade;
- Melhor conhecimento de onde a energia está sendo gasta;
- Distribuir responsabilidades de metas energética para vários setores;
- Possibilidade da expansão da Indústria com um conhecimento prévio do futuros gastos de
energia;
-Rateio de custos de energia entre os diversos setores;
-Conhecimento de gasto de energia sobre cada produto finalizado;
-Verificar se sua empresa está tendo um consumo energético compatível com empresas referencias
do mesmo setor;

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-Possibilidade de fazer da empresa uma referência em gestão de energia;


Esses são os principais retornos de um SGE. Deverá ficar bem claro de que os possíveis
investimentos de AEE trarão de benefícios á instituição.

3.1.2 Criação do CICE

O CICE será o órgão de implantação e manutenção do SGE. O primeiro passo será eleger
um responsável pelo setor. Esse gestor deverá ter um conhecimento sobre EE. Uma grande
empresa suportaria a contratação de um engenheiro de EE, isso não acontece para pequenas e
médias empresas.
O gestor será responsável para definir os representantes de outros setores e ter contanto com a
direção. Uma sugestão pode ser verificada na figura 7. É importante haver representante de todos
os setores para que cada um leve aos colaboradores informações em respeito a conservação de
energia e divulgação de indicadores. Em especial o representante de manutenção verificará o
estado de equipamentos e novas AEE a serem realizadas. O representante do setor de compras
deverá assegurar a aquisição de novos equipamentos com alto rendimento energético (Lâmpadas
econômicas, motor de alto rendimento, e equipamentos com selo PROCEL).

Figura 7: Estrutura CICE empresa de médio porte


Fonte:Produção própria.
3.1.3 Diagnóstico Energético

Esta etapa é complexa e exige conhecimento multidisciplinar, já que envolve sistemas de


calor, refrigeração, iluminação força motriz entre outros. O diagnóstico será efetuado na seguinte
sequência:

Divisão do sistema(Delimitação de fronteiras)


Se fará a divisão do sistema entre diferentes centros de consumo. Isso é importante para
facilitar a coleta de dados, organização, escolha de responsáveis e controle de indicadores. Uma
delimitação de fronteiras para uma indústria de abate de aves poderia ser dada pela figura 8.

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Verifica-se na figura 8 as diversas fronteiras. A sala de máquinas representa (Demarcada


em vermelho na figura) o maior consumo de energia elétrica para esse setor (BUENO, 2008).
Nota-se a demarcação simplificada de alguns fluxos de energia. Na medição geral há a entrada de
combustível para os geradores. Na caldeira há entrada de combustível e água. Na produção há
entrada de água. Alguns fluxos internos foram omitidos. Tais fluxos, quanto mais detalhados
melhor será o entendimento de possibilidade de AEE.
É importante ter a medição geral como centro de consumo, pois ela será uma linha de base
energética. Ela representa todo o consumo da empresa e os outros centros terão uma porcentagem
do consumo geral.

Figura 8: Exemplo de delimitação de fronteiras típica para frigorífico de abate de aves.

Coleta de dados.

Aqui será efetuado o levantamento de todo o consumo final de energia, descobrir pontos
falhos do sistema que poderão ser melhorados; isolação, sobredimensionamento de equipamentos,
equipamentos obsoletos, etc. O levantamento de dados será efetuado através de medições,
observações e análise de documentos como fatura de energia, planilhas de produção, e dados
técnicos de equipamentos.
A IEEE 739 (1995) sugere a observação das categorias a seguir:
 Iluminação:interior, exterior, natural e artificial;
 Aquecimento, ventilação e ar condicionado: efeitos de condução, convecção e radiação;
 Motores e acionamentos;
 Processos;

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 Outros equipamentos elétricos (Transformadores, contatores, condutores, seccionadoras,


etc).
 Aspecto exterior das edificações: infiltração térmica, isolação, transmissão;
Além do tratado para IEEE 739 (1995) fica definido a necessidade de uma análise tarifária.

Análise de dados e plano de ação


Aqui serão analisados todos os dados coletados e armazenados. O corpo técnico formado pelo
CICE ou pelo profissional contratado para o diagnóstico deverá entre tantas, verificar os estado
do sistema e principalmente:
Análise tarifária;fator de potência, fator de carga, demanda contratada, opção tarifária.
Verificar melhor opção, mercado livre ou cativo.
Verificar que equipamentos deverão ser substituídos ou que sistemas sofrerão
alteração. Repotencialização de motores, substituição de lâmpadas, substituição de
equipamentos obsoletos, manutenção de diversos equipamentos, limpeza, troca de
filtro de condicionadores de ar, etc.

3.1.4 Definição do Plano de medição e verificação

Conforme visto na revisão bibliográfica, segunda orientação do PIMVP o sistema de


medição e verificação poderá ser de diferentes níveis. Uma ação isolada de eficiência energética é
diferente da necessidade de uma ação coletiva de toda a indústria. Na figura 9 poderá ser
verificado o processo de seleção do modelo de medição e verificação. Importante notar que essa
escolha é dependente do plano de ação efetuado no diagnóstico energético. Lá será verificado se
algum centro de grande consumo necessita de uma medição isolada ou não.
A opção D seria a mais favorável à implantação de um SGE em uma indústria de abate de
aves. Conforme Bueno(2008) em seu estudo de caso os compressores da sala de máquinas
responsáveis pelo sistema de refrigeração representaram 97% do consumo total de energia do
frigorífico do abate de aves. Devido a tal fato, seria dispendioso a instalação de vários medidores e
um sistema complexo de supervisão para centros de baixo consumo. A opção D com análise de
medição geral e calibração de AEE seria desta forma o mais indicado.

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Fifura 9 – Processo de seleção de opção de plano de M&V


Fonte:PIMPV(2010)

3.1.5 Efetuar ações de EE

O diagnóstico energético possibilitará a melhoria de todo o sistema energético. Algumas


mudanças serão imediatas e outras a longo prazo. A limpeza de filtros de condicionadores de ar
são mais simples e baratas do que a substituição do motores de grande porte. Muitas substituições
serão gradativas. É vasta a quantidade de itens relacionados a AEE. O mais importante nesse
processo é que haja comprometimento na execução. É necessário criar um plano de ação com
estudo técnico econômico para a execução dessa tarefa.

3.1.6 Criação de linha de Base Energética e Indicadores de Desempenho Energético

A escolha de linha de base energética advém da escolha do modelo de medição e verificação


adotados. Escolhido o modelo de M&V a equipe deverá selecionar as variáveis independentes a
serem monitoradas (LEITE,2009). Em uma medição geral se está interessado em obter um bom
fator de potência e uma demanda abaixo da contratada, as variáveis independentes poderão ser

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então demanda e fator de potência e controle através de gerenciadores de energia e banco de


capacitores. Na caldeira o mais importante em termos de EE é produzir maior quantidade vapor
com uma menor quantidade de lenha e água possíveis com controle através de vazão de água e
quantidade de lenha. Os indicadores são variáveis para cada processo e fronteira. Em áreas
administrativas poderão ser utilizados indicadores como os definidos por Saidel, Favato e Morales
(2005), principalmente PCM,PCT e CMM. Em quadros elétricos Eficiência energética é sinônimo
de baixas temperaturas (indicando menores perdas possíveis), equilíbrio de correntes, fator de
potência mais próximos do valor unitário e baixo THD. Eficiência em sistemas de ar comprimido
é representada por maior quantidade de ar produzida por menor quantidade de energia requerida.
Enfim, os indicadores deverão ser definidos de tal forma que caracterizam Eficiência Energética
para o sistema delimitado por sua fronteira.

3.2 SEGUNDA ETAPA

Na segunda etapa será a gestão propriamente dita. Deverão ser realizadas reuniões
mensais do CICE, preferencialmente após recebimentos da conta de energia. Nas reuniões se fará
leitura de indicadores, propostas de melhorias e lançar planos de ação. Em suma deverá seguir o
ciclo:
a) Política energética:
-Atender os objetivos prescritos;
- Prezar pela melhoria contínua etc;
b) Planejamento energético;
- Atualizar linha de base energética;
-Verificar necessidade de novos diagnósticos energéticos;
- Atualizar indicadores;
- Verificar se indicadores estão adequados a instituição;
-Verificar necessidade de novas fronteiras;

c) Implementação e operação
- Implementar AEE
- Continuar treinamento e conscientização do programa;
- Organização de documentos;
- Monitorar serviços especializados
-Etc;

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d) Verificação;
- Monitorar os indicadores estipulados através de leituras e relatórios. (Fator de potência,
demanda, fator de carga, consumo de água e combustíveis diversos, perdas térmicas,
elétricas etc).
- Verificar não conformidades: multas por ultrapassagem de demanda e consumo de
potência reativa, ultrapassagem de consumo de energia de cada centro de consumo, alta
temperatura em determinados equipamentos, etc.
- Executar ações corretivas: Instalar bancos de capacitores, filtros de harmônicos, limpar
filtros de condicionadores de ar, substituir lâmpadas, adquirir equipamentos com maior
rendimento etc.
e) Análise crítica pela direção.
-Análise crítica da política energética, desempennho energético, grau de comprimento de
metas e objetivos energéticos.
-acompanhamento de auditorias energéticas
-recomendações de melhorias, etc.
Para detalhes verificar item 4.7 ABNT NBR ISO 50001.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Através da metodologia apresentada verifica-se a importância de prezar por indicadores de
nível qualitativo e quantitativo para a manutenção de um SGE. Indicadores qualitativos como
porcentagem de falhas das AEE, ou obtenção das metas energéticas refletem á direção a validação
dos investimentos. Indicadores quantitativos como fator de potência, fator de carga, etc são
necessários para a equipe técnica controlar o sistema. A delimitação de fronteiras é de vital
importância para reconhecer o fluxo de energia e produtos entre as várias conexões. Através
dessas delimitações pode-se reconhecer pontos críticos susceptíveis a melhorias e/ou
substituições. Quanto maior o nível de informações no fluxo de energia e massa maior será a
percepção para novas AEE. Diagramas Sankey são ideais para esse levantamento. Eles tem como
objetivo a caracterização de fluxo de energia e perdas de energia definidas pela largura de suas
linhas (DOMANSKI e LOURENÇO,2011). Na figura 10 pode ser visto um modelo de diagrama
Sankey de uma aplicação. Atualmente há softwares específicos para geração desse tipo de
diagrama.
Nota-se falhas ao implantar um sistema de gestão energética sem fatores técnicos relevantes
como opção de medição e verificação. O modelo de M&V adotado vai refletir a exatidão da leitura

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de variáveis que identificam a economia de energia economizada e refletir á direção a


possibilidade de novos investimentos. Demonstrou-se a importância de se efetuar um correto
diagnóstico energético contemplando todos os usos finais de energia e verificar pontos de maior
consumo próprios para AEE isoladas.

Figura 10: Aplicação de Diagrama Sankey


Fonte: Marques, 2006

5 CONCLUSÃO
Pela metodologia proposta verificou-se que em uma instituição, principalmente industrial
sempre haverá possibilidade de ações de eficiência energética. Ações isoladas atualmente
difundias perdem a validade muitas vezes por falta de monitoração. Um sistema de Gestão
Energética permite controlar o sistema de energia como insumo da empresa; entrada, saída,
distribuição para cada setor, meta de redução, evitar desperdício,etc. A vantagem de um SGE é
que permitirá um acompanhamento contínuo do fluxo de energia e produtos produzidos. Haverá
sempre a possibilidade de redução de consumo. Indicadores de EE farão com que o sistema
energético esteja atualizado e permaneça dentro da zona de controle onde as metas energéticas
foram propostas pela direção junto á CICE.

REFERÊNCIAS
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