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RESUMO
O artigo visa discutir o papel do pensamento marxista no estudo das Relações Internacionais
sob o viés das teorias da Dependência e do Imperialismo.Além disso, defende que, embora a
análise marxista do sistema internacional tenha caído em desuso no pós- Guerra Fria, ainda
possui um certo fôlego explicativo.
Palavras-Chave: marxismo, teoria das relações internacionais, teoria da dependência, teoria
do imperialismo
ABSTRACT
The article aims at to argue the paper of the marxist thought in the study of the International
Relations under the bias of the theories of the Dependence and of the Imperialismo.Moreover,
it defends that, even so the marxist analysis of the international system has fallen in disuse in
the one after Cold War, still possesss a certain clarifying breath.
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Bacharelando do Curso de Relações Internacionais da FHDSS/UNESP-Franca.
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Podemos pensar também, como conseqüência dos interesses internacionais das classes
governantes, a redefinição da divisão internacional do trabalho associada ao modo de
produção vigente, a imensa expansão das grandes corporações empresariais e seu uso como
braço político por seu Estado de origem no âmbito internacional.
Uma outra visão possível refere-se às organizações e instituições internacionais
governamentais e ao seu uso pelos Estados como intrumentos de manutenção e, até mesmo,
legitimação de seu status quo, ou seja, a consolidação da posição favorável e vantajosa –
política, econômica, militar e até cultural – desses Estados no cenário internacional.
Como exemplo dessa formulação, podemos citar a atuação de fundos mundiais
(bancos) como o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou o BIRD (Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento) junto à política interna dos Estados com a introdução de
procedimentos e políticas econômicas que acabam por desfavorecer a economia interna,
afetando desde a capacitação de mão-de-obra e a educação até a criação e implantação de
estabelecimentos industriais nacionais, e favorecerem a penetração de capitais estrangeiros,
geralmente oriundos de Estados-potência, o que ocasiona a internacionalização da capaciadade
produtiva e dos recursos naturais do Estado em questão.
Não só com organizações internacionais de papel fundamentalmente econômico
podemos imaginar a ingerência de potências estatais na política interna de outros Estados.
Durante a Guerra Fria, a OEA (Organização dos Estados Americanos) foi usada, mediante
consentimento de outros integrantes – em alguns casos forçados ou subornados – para aplicar
punições a Cuba, que só interessavam ao governo dos Estados Unidos e ao fortalecimento de
sua doutrina anticomunista para a América.
No âmbito das organizações internacionais de cunho militar, observamos um uso ainda
mais agressivo por parte de Estados-potência que eventualmente as integram e
conseqüentemente exercem liderança dentro e sobre estas. O Pacto de Varsóvia é o exemplo
que melhor ilustra a defesa de interesses e ideologias feita por um Estado líder. As
intervenções organizadas pela União Soviética contra a Hungria e contra a Tchecoeslováquia
foram produtos de um desvinculamento de interesses e ações dos dois últimos Estados para
com o primeiro. Ao implementar regimes e práticas reformistas em seus regimes altamente
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BEDIM, Gilmar Antônio. Paradigmas das Relações Inrternacionais. Ijuí: Editora Unijuí, 2000.
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RODRIGUES, Gilberto Marcos Antônio. O que são Relações Internacionais. São Paulo: Brasiliense, 1994.
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BEDIM, Gilmar Antônio. Op. Cit.
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governo (embora não publicamente declarado) de cunho fascista, declara guerra à Alemanha
nazista visando não comprometer seus laços com os Estados Unidos; ou ainda, para nos valer
de um caso em que a posição adotada por um Estado dominado é forçada através de persuasão
ou ameaças feitas pelo Estado preponderante, podemos citar o exemplo do Líbano, o qual foi
submetido politicamente à Síria.
É claro que estes casos não se encaixam totalmente no modelo dependentista
tradicional: Estado periférico subdesenvolvido (geralmente ex-colônia) submetido ao Estado
central desenvolvido. Porém, a partir destes, podemos visualizar uma maior possibilidade de
aplicação da Teoria da Dependência no âmbito das relações internacionais, não
necessariamente ficando presos ao modelo tradicional, mas utilizando-nos desta para
interpretar casos isolados e que não necessariamente apresentem uma relação de potência e
dominado.
Com estes exemplos, pretendemos deixar claro como uma postura externa adotada por
um Estado pode repercurtir favorável ou desfavoravelmente para este, afetando sua conjuntura
política, desfazendo ou criando laços de relação e imprimindo uma nova ordem ao sistema do
qual ele faz parte. Convém lembrarmo-nos de que os efeitos causados nestas situações
afetariam somente a situação externa do Estado, no âmbito das relações internacionais.
Nos detendo agora sobre os efeitos internos (já descritos de forma parcial
anteriormente), podem ser decorrentes exclusivamente da situação interna do Estado, ou uma
fusão das situações interna e externa. Não longe do conceito da teoria, podemos citar a
situação do Paraguai antes e depois de se envolver em guerra contra seus vizinhos do cone sul-
americano (Brasil, Argentina e Uruguai). Após sua independência, o Paraguai experimentou
progressiva fase em que se observavaram grandes melhorias nos setores econômico e social
potencializando, de certo modo, o peso e força deste Estado no cenário internacional.
Evidentemente essa elevação político-econômica paraguaia afetava interesses europeus,
especialmente britânicos, que viam no crescimento e desenvolvimento do Paraguai ameaças a
seus interesses na América do Sul. Desse fato em diante, seguiu-se a Guerra do Paraguai
opondo este contra uma tríplice aliança integrada por brasileiros, argentinos e uruguaios que
resultou no total arrasamento de todas as capacidades paraguaias (além de dizimar imensa
maioria da população masculina) e no comprometimento deste país por um tempo incalculável
em meio à miséria e à destruição.
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estruturas políticas, seu sistema econômico, capacidades militares, etc), relegando o estudo
aprofundado das condições dos Estados dominados e, conseqüentemente, vítimas das políticas
imperialistas.
Um dos modelos que melhor podem ilustrar um sistema internacional de cunho
marxista pautado por noções de dependência externa seria a partir de um Estado forte detentor
de grande poderio econômico, político e militar que exerceria uma dominação baseada na
exploração e ameaça sobre os Estados integrantes de sistema mais fracos. Ou seja, um Estado
dominante possuidor de recursos importantes para a sobrevivência e manutenção do status quo
dos estados manipulados. Esse modelo evidentemente assemelha-se às proposições de Marx
acerca da análise da sociedade capitalista, ou seja, no meio internacional também o Estado
(neste raciocínio, o Estado seria o equivalente à classe burguesa no âmbito nacional) exerce a
exploração baseada na posse de meios geradores de riqueza e mantenedores do status quo.
Obviamente, não podemos afirmar que as relações internacionais de um bloco (ou
mundo) de Estados socialistas seriam marcadas pela igualdade e solidariedade entre seus
integrantes, porém podemos observar algumas das características citadas no parágrafo acima
nas relações entre Estados capitalistas e, de certa forma, também nas relações de Estados
socialistas que existiram.
É evidente que as teorias possíveis de serem elaboradas para explicar as relações
internacionais vistas através de uma ótica marxista não podem explicar totalmente a realidade
da política internacional, uma vez que existem sempre erros e falhas na teoria, assim como,
exceções e casos isolados no sistema internacional.
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Referências Bibliográficas
BEDIM, Gilmar Antônio. Paradigmas das Relações Inrternacionais. Ijuí: Editora Unijuí,
2000.
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LÊNIN, Vladimir Ilich. O Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo. São Paulo: Global,
1987.
RODRIGUES, Gilberto Marcos Antônio. O que são Relações Internacionais. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1994.