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ARTIGOS

O HOMEM E A MULHER, O NAMORO,


NOIVADO E MATRIMÔNIO NO PLANO DE
DEUS

Organização: Gabriel Luan


Sumário
Como lidar com o desejo sexual de forma plenamente cristã, humana e madura? ......................................... 1
Quando guardar é uma Doença ........................................................................................................................ 3
VOCES SE AMAM? ............................................................................................................................................. 5
O Poder de um Pai ............................................................................................................................................. 6
51 – Uma Boa Idade para Ter 21 Filhos ............................................................................................................. 8
Deixar Pai e Mãe .............................................................................................................................................. 10
Mal casadas ..................................................................................................................................................... 12
Você acha que há uma crise de liderança masculina na Igreja? ..................................................................... 17
A Terceirização da Família ............................................................................................................................... 20
UM CORPO SAGRADAO ................................................................................................................................... 22
Inimigos do Diálogo no Casamento ................................................................................................................. 24
“Quando os meninos se tornam homens e não viris” ..................................................................................... 26
Test Drive para o Casamento?......................................................................................................................... 33
Feminilidade: o que está acontecendo com as mulheres? ............................................................................. 35
Maternidade .................................................................................................................................................... 40
Homens que se recusam a amadurecer e a crescer ........................................................................................ 45
Quatro Coisas sobre o Casamento na Vida Real que Você Precisa Saber ....................................................... 47
Estresse Para Toda a Vida ................................................................................................................................ 49
Os meninos precisam de homens para lhes ensinar a serem homens. .......................................................... 51
Boa Comunicação é mais que Simplesmente Falar ......................................................................................... 53
Seis dicas para um casamento feliz ................................................................................................................. 55
A figura paterna e seu indispensável papel na educação dos filhos e filhas................................................... 59
Exterminadores do Futuro da Vida a Dois ....................................................................................................... 61
As mulheres e a amizade com homens. Deixando o homem ser homem? .................................................... 63
Palavras que Unem a Família .......................................................................................................................... 65
Dez Áreas para Fortalecer o Casamento ......................................................................................................... 67
10 perguntas sobre o casamento .................................................................................................................... 70
“A sociedade espera que a mulher se comporte como homem e ainda seja capaz de amar como mulher” 79
Aprendendo a Brigar no Casamento ............................................................................................................... 82
A verdadeira libertação das mulheres............................................................................................................. 85
A MULHER NA IDADE MÉDIA ........................................................................................................................... 86
O Homem Católico........................................................................................................................................... 90
A Dignidade e a Vocação da Mulher................................................................................................................ 93
O Amor no Casamento (parte 1) – O Que Ela Mais Deseja ........................................................................... 106
O Amor no Casamento (parte 2) – O Que Ele Mais Precisa .......................................................................... 109
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Como lidar com o desejo sexual de forma


plenamente cristã, humana e madura?
Blog Carmadélio
João Paulo II escreveu que, para se experimentar a vitória sobre a luxúria, devemos nos dedicar a
“uma educação progressiva do autocontrole da vontade, dos sentimentos, das emoções, que deve
ser desenvolvida desde os mais simples gestos, nos quais é relativamente fácil colocar a decisão
interior em prática” (TC 24/10/1984) *.
Por exemplo, podemos analisar os nossos hábitos alimentares. Se uma pessoa não consegue dizer
não a um pedaço de bolo, como poderá dizer não para um e-mail pedindo para olhar pornografia
na Internet? O jejum é uma forma maravilhosa de crescer no domínio de nossas paixões. Se isso
ainda não é parte da vida de uma pessoa, ela deve começar com um simples sacrifício que seja
relativamente fácil de pôr em prática. À medida que se continua exercitando esse “músculo”, ela
continuará vendo sua força aumentar.
O que antes era “impossível” gradualmente se torna possível. A analogia do músculo, porém, é
apenas parcialmente correta. Crescer na pureza certamente exige esforço humano, mas também
somos ajudados pela graça sobrenatural. É fundamental distinguir entre a repressão e a entrada na
redenção. Quando o desejo “se acende”, em vez de reprimi-lo, empurrando-o para o subconsciente,
tentando ignorá-lo, ou ainda procurando aniquilá-lo, podemos ao invés entregar as nossas paixões
a Cristo e permitir que ele as “crucifique” (cf. Gal 5, 24). Ao fazermos isso, “o Espírito do Senhor dá
forma nova aos nossos desejos” (Catecismo da Igreja Católica, 2764). Em outras palavras, ao
permitir que a luxúria seja “crucificada”, chegamos também a experimentar a “ressurreição” do
desejo sexual como Deus o quer.
Não imediatamente, não facilmente, mas gradualmente, progressivamente, à medida que tomamos
a nossa cruz de cada dia. Só assim poderemos vir a experimentar o desejo sexual como o poder de
amar à imagem de Deus. Quando as tentações sexuais nos assaltam, como normalmente acontece,
podemos dizer uma oração como esta: “Senhor, eu vos agradeço pelo dom de meus desejos sexuais.
Eu entrego meus desejos desordenados ao Senhor, e peço, por favor, pelo poder de vossa morte e
ressurreição, que corrijais em mim as distorções que o pecado produziu, para que eu possa vir a
sentir desejo sexual do modo como desejais – como o desejo de amar como vós amais, à vossa
imagem”.
Como João Paulo II escreveu na sua Teologia do Corpo, “perseverança e coerência” são necessárias
para aprender “o que é o significado do corpo, o significado da feminilidade e da masculinidade…
Isso é uma ciência que não pode realmente ser aprendida apenas de livros, porque consiste
primariamente em um profundo conhecimento ‘da interioridade humana’”, isto é, do coração
humano.
No fundo do coração aprendemos a distinguir os tesouros místicos da sexualidade daquilo que traz
apenas a marca da luxúria. “Deve-se acrescentar,” diz João Paulo, “que essa tarefa pode ser
realizada e que é verdadeiramente digna do homem” (TC 12/11/1980). Certamente é verdade que
às vezes o amor e a luxúria são difíceis de distinguir. Um homem, por exemplo, ao reconhecer a
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beleza de uma mulher, deve estar se perguntando onde está o limite entre vê-la como um objeto
para sua própria gratificação e admirar ternamente sua beleza.
Como escreve João Paulo II, a luxúria ou concupiscência “nem sempre é sempre simples e óbvia; às
vezes está escondida, de modo que se faz passar por ‘amor’ … Isso significa que devemos desconfiar
do coração humano? Não!”, o Papa insiste. “É só para dizer que temos de permanecer no controle
dele” (TC 23/07/1980).”
Controle” aqui não significa apenas dominar os desejos desordenados a fim de mantê-los “sob
vigilância”. À medida que amadurecemos no autocontrole, passamos a experimentá-lo como “a
capacidade de orientar as reações [sexuais], tanto com relação ao seu conteúdo quanto ao seu
caráter” (TC 31/10/1984).
A pessoa que é verdadeiramente senhora de si mesmo é capaz de dirigir o desejo erótico “para o
que é verdadeiro, bom e belo” (TC 12/11/1980). Quando isso acontece passamos a compreender e
experimentar o mistério da sexualidade “em uma profundidade, simplicidade e beleza até então
completamente desconhecidas” (TC 04/07/1984). Por sua vez, passamos a perceber que a versão
da sexualidade promovida pela cultura é como “lixo” em comparação com o banquete do amor
revelado no plano divino*
A sigla TC refere-se à “Teologia do Corpo”, e a data ao lado da sigla diz respeito ao dia da audiência
em que o trecho foi retirado. A Teologia do Corpo constitui-se na coletânea de 129 catequeses
proferidas por João Paulo II durante as audiências gerais de quarta-feira no Vaticano.
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Quando guardar é uma Doença

Acumuladores. Não sei se você já ouviu essa expressão, mas ela trata de uma doença muito difícil
de ser resolvida. Esse termo se refere às pessoas que têm o hábito de recolherem coisas, por onde
passam, e guardá-las em casa. Elas vão juntando tanto coisas importantes quanto lixo. Além de
juntarem, também não conseguem se livrar dessas coisas, produzindo o efeito de terem coisas em
demasia, mas em completa bagunça. A casa dessas pessoas, geralmente, não tem espaço para mais
nada. Muitas pessoas vivem em ambientes que parecem mais um lixão municipal.
A razão de estar falando sobre esse tema é porque fiquei impressionado com uma notícia que
apareceu no programa Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (07/06/2015). Ele falava de
uma funcionária pública de 67 anos, que morava em Porto Alegre, e que havia morrido três anos
antes.
Ela não era casada, morava sozinha, e só foi percebida sua morte três dias depois. Apesar de isso
ser uma situação muito estranha, o mais interessante disso tudo é que quando as pessoas entraram
em seu apartamento, encontraram, além do corpo da senhora, uma grande quantidade de objetos
e lixo.
Os que a conheciam, diziam que constantemente pegava algum tênis ou outro objeto encontrado
na rua. Sua explicação é que ela daria aquele objeto para outra pessoa. No entanto, ao que parece,
ela levava para casa e guardava em seu apartemento.
Para se ter uma ideia, esses objetos iam do chão até ao teto. Os três quartos do apartamento
estavam cheios de roupas, malas, sacolas, cobertores e outros objetos. Mas o mais impressionante
era o banheiro. O box estava lotado. Não era possível nem entrar para tomar banho.
No quarto onde a aposentada dormia, era difícil até de caminhar. Havia uma coleção de jarros,
copos, pilhas de papéis, livros, dezenas de almofadas de todos os tipos e tamanhos.
No apartamento, no meio de toda a bagunça, ela guardava mais de três quilos de ouro e 37 mil
dólares, cerca de R$ 115 mil. Uma fortuna que estava dentro de potes de café. Contando seus
investimentos em outros locais, a aposentada devia ter um patrimônio de R$ 2 milhões.
Ninguém descobriu essa situação porque essa senhora nunca deixava as pessoas entrarem em seu
apartamento. Ela não abria a porta para ninguém.
Com tanto dinheiro, por que precisava guardar tanta coisa? E que vida era essa, que só tinha sentido
se estivesse dentro de casa? Por que uma pessoa decide se fechar somente para si, e perde a chance
de partilhar sua vida com os outros? Que vida era essa, que foi necessário três dias antes de alguém
perceber que ela não estava mais viva?
Essa situação me fez pensar muito sobre a vida de intimidade de muitas pessoas. Posso pensar que
elas são acumuladoras, mas de “coisas emocionais”. Muita gente traz consigo “objetos” do passado,
ou seja, experiências ruins, traumas, mágoas e ressentimentos que impedem as outras pessoas de
se relacionarem diretamente com elas. São como a senhora da história, não permitem que as
pessoas entrem em sua vida, mantém a “porta fechada” para relacionamentos significativos.
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Por essa razão, tornam-se pessoas solitárias. Percebem que não confiam nas outras pessoas, por
isso decidem que são suficientes para si mesmas. Só que a solidão muitas vezes cobra um preço
muito alto, que inclui se sentir sem um propósito claro na vida, sem ter certeza do porquê vivem.
E muitas delas, ficam apenas acumulando mais e mais experiências e sentimentos que em nada
contribuem para uma vida mais feliz e realizada. Com isso, não percebem que se tornam
acumuladoras emocionais.
Se a pessoa não permite que as outras se relacionem com elas, se escolhem não se abrir, e não
permitir que outros as ajudem e se relacionem com elas, o triste fim é morrerem para os sonhos,
para as alegrias, para os planos da vida, e ninguém perceber isso. São pessoas que perdem a alegria
de viver, e se concentram tão somente em sobreviver a cada dia. Com certeza você conhece pessoas
assim. São aquelas que estão sempre de mal humor, que criticam todas as coisas, que nunca estão
satisfeitas, que são extremamente perfeccionistas. E, infelizmente, não há nada a ser feito por elas,
porque não estão dispostas a se abrirem, a permitirem que outras pessoas entrem e ajudem na
limpeza.
Se você é uma pessoa assim, gostaria de lhe dizer que acumular essas coisas do passado de nada
adianta. Pode ter certeza de que você será mais feliz se permitir que outros ajudem você na limpeza.
Talvez você já tenha tentado, mas se machucou, e isso foi suficiente para fazer com que você
fechasse a porta de vez. Saiba que há sim chance de você se livrar dessas coisas. Nunca é tarde para
começar de novo. Mesmo que você tenha traumas profundos e sofrimentos muito íntimos, as coisas
podem melhorar, e você pode encontrar cura. É necessário tão somente que você escolha alguém
maduro, que tenha uma vida religiosa que seja significativa ou que tenha formação profissional para
ajudar você. Não desista de tentar. Tenha certeza de que você pode sair dessa situação.
Por outro lado, se você conhece alguém que passa por isso, quero recomendar que você seja a
pessoa amiga disposta a limpar a sujeira. Mas lembre-se de que muitas vezes essas pessoas estão
tão marcadas e machucadas pela vida que não estão dispostas a serem ajudadas. A melhor decisão
que você pode tomar para servir de ajuda é oferecer aceitação incondicional para a pessoa, não
usando da crítica ou da censura, mas tratando-a com amor. Além disso, deve também praticar a
empatia, tentando entender o que significou para a pessoa todas as experiências que ela viveu, e
como ela foi machucada por isso. Por fim, você precisa oferecer um canal aberto de comunicação
verdadeira. Precisa estar disposto/a a ouvir a pessoa, a não julgar, a entender não apenas o que ela
disse, mas o que tudo aquilo significou para ela.
Não sei se você é quem passa por isso, ou é quem deseja ajudar alguém que é acumulador
emocional. O que posso dizer é que sempre há chance de mudar essa situação, basta apenas ter
vontade para agir, e ter amor demonstrado de maneira prática.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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VOCES SE AMAM?
Pe. Casemiro Campos
Muitas vezes uma jovem séria, depois de vários encontros com moço, começa a duvidar se de fato
existe amor entre os dois. Outras vezes ela já está apaixonada por ele, mas duvida se é realmente
correspondida. É um momento perigoso, talvez decisivo.
Cuidado! Quando amamos, pensamos e julgamos com o coração e não com a cabeça. Ora, o
coração, disse Alencar, é sempre criança, mesmo debaixo da casa dos oitenta anos. Criança não tem
juízo. É de Shakespeare este conselho de ouro: "Não tomes por verdadeiro fogo esses clarões que
dão mais luz que calor. Eles perdem ao mesmo tempo calor e luz, apagam-se tão rápidos como
nasceram."
Algumas reflexões muito simples. mas que podem ser nestes casos excelente guia:
a) A convivência de vocês e moralmente boa?
Você acha que os dois se ajudam mutuamente na pratica da virtude e se tornam melhores? Reflita
neste pensamento de Cervantes: "Onde falta o desejo do melhor não há amor, mas apetite sem
freio." Se tal namoro está sendo ocasião de pecado: se nos encontros de vocês tem havido palavras
ou ações de que se envergonhariam ou de que vocês têm remorsos, cuidado! Amor que não é casto
é desatino começado. É luxuria, não é amor. E a "luxuria separada do amor, diz Chesterton,
perecera".
b) Existe entre vocês uma base genuína de concórdia?
O amor se funda numa harmoniosa concordância de duas almas. Concordância que por sua vez
requer alguma semelhança nos gostos, pontos de vista, aspirações, etc. Noutras palavras: o motivo
pelo qual vocês gostam de estar juntos é alguma realidade capaz de ligá-los por verdadeira amizade?
Se for apenas a beleza do rosto, a elegância do porte, ou de maneiras, ou qualquer outro predicado
passageiro, podem ser os clarões enganosos de que fala Shakespeare, jamais, porém amor.
c) Vocês dois são capazes de sacrifício um pelo outro?
Acertou Hobbes quando escreveu: "Amar é sentir os sacrifícios que a eternidade impõe à vida." É
que o "amor nasce do sacrifício".
Especialmente, quando você nega a ele alguma exigência indevida, ele sabe renunciar?
É muito claro que estas normas não são absolutas. Nem é possível em pouco tempo a moça
descobrir todas estas qualidades, nos seus encontros com um rapaz.
São, porém, excelentes avisos. Em matéria de amor, mais que noutro qualquer terreno, é melhor
prevenir que curar.
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O Poder de um Pai

Ronald Rohner, pesquisador da Universidade de Connecticut, nos


EUA, publicou na Revista de Psicologia Social e Personalidade um
estudo afirmando que o amor da figura paterna contribui tanto, ou
até mais, para o desenvolvimento da criança do que o amor da
figura materna. Ou seja, a maneira como a criança é tratada e
cuidada em termos de carinho e respeito que o pai oferece pode
ser comparado ou até supera o amor demonstrado pela mãe.
Esse estudo juntou os resultados de 36 outros estudos a redor do
mundo, e envolveu, no total, mais de 10.000 participantes. Foram usados também achados
científicos de pesquisas da última década nas áreas de psicologia e neurociência, que revelaram que
as mesmas partes do cérebro que são ativadas quando as pessoas se sentem rejeitadas, também
são ativadas quando ela experimenta dor física. A diferença é que a lembrança da rejeição pode
fazer com que esse efeito perdure por muito tempo.
O resultado é que a dor da rejeição, especialmente quando ocorre no período da infância, tende a
permanecer até a fase adulta, dificultando com isso as pessoas de se relacionarem de maneira mais
segura e com confiança com seus parceiros amorosos.
A explicação porque a rejeição do pai causa um efeito tão forte na criança é porque, segundo os
resultados iniciais das pesquisas que estão sendo feitas, as crianças e jovens parecem dar mais
atenção à figura que são percebidas por eles como as que possuem mais poder ou prestígio
interpessoal. Ou seja, se o pai é a pessoa que parece ter mais capacidade de lidar com o mundo
social, eles procuram mais a atenção do pai. Caso seja a mãe, ela se torna o alvo da atenção. Como
em nossa cultura brasileira, os pais são vistos de maneira mais forte socialmente que as mães, a
tendência de valorizar o afeto e o carinho demonstrado pelo pai se torna maior.
Agora, independente disso, o amor de um pai é crítico para o desenvolvimento de uma pessoa. A
mãe contribui com afeto e com carinho, mas o pai é que provê segurança e força para os filhos
enfrentarem a vida social, a vida adulta, as responsabilidades da vida.
Não estou dizendo que a mãe não possa fazer isso. Conheço muitas mães que desempenham esse
papel de uma maneira muito presente, e conseguem ser bem-sucedidas na educação de seus filhos.
Mas, em geral, esse não é o caso.
Por isso, quero me dirigir a você, que é pai. Não trate essa questão como se fosse algo sem
importância. Não ache que ser pai é simplesmente pagar contas, resolver questões, e pronto. Que
carinho quem deve dar e a mãe, que pai não tem obrigação por ser homem, que macho não faz isso,
e etc. Seu filho ou filha precisam muito de você. Precisam da sua presença. Precisam de seu apoio.
Precisam de seu ânimo. Precisam de você, como pai. Esteja você vivendo com seus filhos ou não,
eles precisam de você. Por isso, tome um propósito de ser o pai que eles desejam. Esteja presente.
Transforme seu amor por seus filhos em atos e palavras concretos. Priorize-os, dando importância
ao que realmente é importante: a formação do caráter deles para o futuro. Se você tiver um carro
do ano, uma casa em um condomínio de luxo, mas filhos que não conseguem enfrentar a vida, que
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se sentem temerosos e inseguros, você com certeza será um fracassado. Pois seu dinheiro não
suprirá a alegria que só um filho realizado pode trazer ao pai.
Em segundo lugar, quero me dirigir para você que tem pai. Ao ler a pesquisa que apresentei, você
pode ter se sentido mal, pois percebeu que seu pai não agiu do jeito que você desejava. Percebeu
que seu pai deixou você na mão, que na verdade, foi ele quem criticou você, quem colocou em você
esse sentimento de incapacidade, de menos valia, de baixa autoestima. Você pode, talvez, ter
lembrado dos momentos em que a única coisa que você desejava era que ele viesse e lhe falasse
palavras de carinho, o animasse. Mas recebeu apenas críticas. Talvez você tenha relembrado dos
ressentimentos e frustrações que foi adquirindo com o tempo, e que, em sua opinião, são
responsabilidade de seu pai. Pois bem, para você, eu queria dizer que você não tem como mudar o
que lhe aconteceu no passado. Você não pode voltar no tempo para corrigir os erros, para exigir
algo diferente. Mas você pode se preocupar em mudar a maneira como você mesmo reage a isso.
Não precisa ter sido perfeito, mas pode ter sido melhor do que hoje você pensa. Você pode escolher
agir diferente, não ficar tão fixado em coisas ruins, mas se concentrar nas coisas boas que lhe
aconteceram. Pode também deixar o passado para trás, e começar a agir diferente para criar um
novo futuro. Pode parar de lamentar pelo que passou, e agir com determinação e coragem para
construir um novo futuro. Pense que você pode perdoar seu pai por não ter sido um pai como
deveria, e pode se preocupar em ser pai ou em ser uma figura paterna para pessoas que hoje podem
estar precisando de você, seja na igreja, em sua comunidade, ou mesmo nas escolas ou clube de
desbravadores de sua região.
Por fim, quero falar para aqueles que não tiveram a oportunidade de ter um pai. Ou que ainda não
tem ninguém para chamar ou considerar como pai. Para vocês, eu digo: talvez você não tenha um
pai de carne e osso. Talvez você não saiba quem é seu pai, ou pelo que você sabe, seu pai abandonou
você, sua família, ou mesmo a vida. Saiba que mesmo não existindo um pai de carne e osso, temos
um Pai no céu. Romanos 8:16 diz que podemos nos alegrar, pois somos filhos de Deus. Ou seja,
temos um Pai no céu, que nunca vai abandonar você. Um Pai que conhece todos os seus erros e
dificuldades, e mesmo assim lhe estende a mão para ajudar a passar pelas dificuldades. Pode ter
certeza de que esse nunca vai frustrar você, ou abandoná-lo. Ele vai ser o pai que você precisa. Basta
confiar.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr (Psicólogo do CEAFA)
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51 – Uma Boa Idade para Ter 21 Filhos

Imagine uma mulher com 51 anos. Qual a cor dos cabelos


dela? Como está seu corpo? Quão ativa ela se encontra?
Moradora da cidade de São Cristóvão, parte da Grande
Aracaju, em Sergipe. Seu nome, Sebastiana. Um nome
comum. De gente que luta pela vida. Que vai sempre atrás
de seus sonhos. Casada com um homem de também 51
anos, que vive da venda de pescados. Uma família
simples, tradicional do Brasil. Seria mais uma, não fosse
um fato extremamente inusitado.
Aos 51 anos, ela acabou de se tornar mãe… de seu 21º
filho. Sim, você não está lendo enganado: ela teve seu
vigésimo primeiro filho. Todos nascidos de parto normal.
E, ao ser questionada pelo repórter, disse acreditar que
esse foi o último, mas que não fará cirurgia, e se Deus
enviar outro, ela ainda tem vontade de conceber.
Sebastiana diz que começou a ter filhos aos 13 anos. Teve 10 mulheres e 11 homens. Três já
morreram, e o resto continua vivo. Seus três últimos filhos antes do recém-nascido possuem,
respectivamente, três anos e onze meses, dois anos e oito meses, um ano e seis meses. E agora,
chegou o novo filho, que ela chamou de Tássio, nascido com 3.040 kg, e medindo 46,5 cm.
Ao ser questionada sobre a quantidade de filhos, Sebastiana disse que nunca teve medo, e que acha
ser boa de barriga. Disse que é uma mulher forte. E que gostaria de ter mais um. Ela disse que um
dos problemas que enfrenta é o preconceito das pessoas, que ao verem-na com um bebê
perguntam se é neto dela. Quando ela diz que é filho, as pessoas fazem um olhar meio estranho.
Ela diz que não liga para isso. Diz que nasceu para ser mãe, e que entende que essa é uma virtude
que Deus a deu. Ela diz que ama cada um dos filhos dela, e que tem uma grande felicidade por eles.
Essa é uma experiência impressionante. Uma mulher que encara seu papel na vida como o de ser
mãe. E leva muito a sério essa responsabilidade, pois ainda não pensou em se aposentar. Não
importa os esforços e desafios (afinal, agora ela tem quatro filhos com menos de quatro anos). Ela
permanece desempenhando seu papel.
Isso me fez pensar sobre a vida de muitas pessoas. Uma mulher que é feliz por ser mãe de 21, que
se realiza, que toma tempo para amar seus filhos. Enquanto há mães, e também pais, que com
apenas um ou dois filhos, não possuem tempo para nada.
Infelizmente, se torna cada vez mais comum a realidade de filhos órfãos de pais vivos. Pais que ficam
tão envolvidos com o que fazem, com seus amigos, com suas vidas sociais e profissionais, que se
esquecem que o filho ou a filha precisa deles.
Pais que acham que simplesmente prover alimento bom, carro, casa, brinquedos eletrônicos,
celulares de última geração, poder oferecer o estudo nas melhores escolas, oferecer curso de
qualquer idioma que o filho precise, e muitas outras coisas mais que os filhos podem pensar em ter,
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tudo isso será suficiente para compensar a falta de tempo e de interesse desses pais para gastar
com seus filhos.
Parece que a lógica do mundo atual, de que ter coisas é mais importante do que ser alguém para
outra pessoa, tomou conta da mente de muitas famílias. Pais que procuram ter uma casa melhor,
ter um carro melhor, ter um estudo melhor… correm em busca de coisas que não trazem satisfação.
Pois a cada carro comprado, outro melhor ocupa o lugar, e a busca continua. E o mesmo pode ser
deito de todas as coisas que as pessoas desejam ter.
Isso acontece assim porque como seres humanos e sociais que somos, dotados por Deus da
capacidade de amar e sermos amados, nunca nos satisfaremos com as coisas. Fomos feitos para SER
amigos, amados, admirados, ansiados, desejados, confortados, enfim, sermos pessoas por inteiro
em nossas relações.
Por isso, a experiência dessa mulher é tão impressionante. Mesmo sem ter muitas condições, ela
ainda se preocupa em ser feliz, em ser mãe, em ser cuidadosa com seus filhos.
Quantos de nós precisamos parar e pensar no que estamos realmente sendo em nossa vida?
Quantos de nós não precisamos abrir mão de dinheiro no banco, para investirmos tempo de
qualidade em nossos casamentos, com nossos filhos, com nossos familiares? Quantos de nós não
precisam se preocupar com um carro mais caro, para que possamos colocar a família em um carro
mais barato, mas com o qual possamos sair para usufruir de férias maravilhosas, em um local onde
poderemos passar tempo uns com os outros? Quantos de nós não precisamos parar de querer
morar em casas melhores, para que possamos naquelas casas não tão boas viver experiências que
ficarão na memória de nossos filhos para o resto de suas vidas, como a melhor casa que já viveram?
Está na hora de sermos mais, e nos preocuparmos menos com ter as coisas. Assim, talvez, possamos
voltar a sentir o prazer da maternidade ou da paternidade. Talvez então poderemos enfim encontrar
o real sentido de ser mães e pais, que é formar, educar, conduzir filhos para a fase adulta. Tudo é
uma questão de saber o que é mais importante para você: TER ou SER?
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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Deixar Pai e Mãe

Não sei onde surgiu, mas sempre ouço um ditado que diz mais ou
menos o seguinte: “Quem casa, quer casa”. Fiquei me perguntando o
que isso significaria. Depois de casado foi que comecei a entender
que isso se refere ao relato bíblico encontrado em Gênesis 2:24, que
diz: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e eles se tornarão uma só carne”.
O significado dessas duas ideias é que quando um casal decide se
casar, isso implica passar por um processo de reajuste das
prioridades. Quem antes era indispensável, agora se torna menos
importante. E quem antes era uma pessoa importante agora se torna
a mais importante de todas.
Já vi muitos casamentos que acontecem apenas pela união das duas pessoas. Parece que uma, ou
as duas, não deixam seus pais ou mães. Esse é um dos passos mais importantes para a felicidade
conjugal. Deixar pai e mãe significa continuar respeitando-os, mas não fazendo deles a palavra final.
Lembro de uma história na qual um casal visitava outro casal, amigo deles. De repente, o telefone
tocou. A dona da casa atendeu. Falou algumas coisas em voz baixa, e depois chamou o marido para
irem à cozinha. Não menos que cinco minutos depois, o casal volta, com a fisionomia serena, porém
sem esconder a ideia de que algo sério tinha acontecido. O casal que estava de visita perguntou se
estava tudo bem, se precisavam que eles se retirassem. O homem que os recebia disse: “Não se
preocupem. No telefone era nossa filha, que acabou de voltar da lua de mel. Ela estava nos falando
que teve uma discussão séria com o marido, e perguntou se podia voltar para casa. Eu respondi que
ela já estava em casa”.
A moral da história é que ela não tinha novamente que voltar para a casa dos pais dela, pois ali não
era mais a casa dela. Ao escolher casar, ela escolhia abrir mão de resolver seus problemas com seus
pais, e começar a resolver os problemas com seu marido. Isso é o que significa deixar pai e mãe. Só
que isso demanda muita maturidade.
E esse aspecto da maturidade é a terceira lição do primeiro casamento, em continuação ao texto da
semana passada, que podemos aplicar para nossa vida hoje.
Quando duas pessoas decidem se casar, elas precisam estar cientes que isso implica em partilharem
a vida apenas um com o outro. Não deve haver outras pessoas na relação. Precisam ter maturidade
para assumir a vida deles, de maneira construtiva.
Para deixar esse ponto ainda mais claro, quero analisar alguns tipos de maturidade que precisam
fazer parte da vida de um casal.

Maturidade Física. O texto bíblico fala que o casal sai da casa dos pais para se tornar um. Isso está
implicando na relação física. É necessário que se tenha uma maturidade física para se engajar em
um relacionamento. Pessoas muito jovens, ainda sem total compreensão de si mesmas e de seu
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corpo, não podem assumir compromissos para a vida inteira. Precisam estar crescidas, mais
maduras, mesmo em termos físicos. Fico muito preocupado quando vejo casamentos de pessoas
muito jovens, pois nem mesmo se corpo se desenvolveu o suficiente para que possam enfrentar as
dificuldades na vida. Normalmente, essa questão da maturidade física é um problema para
relacionamentos nos quais a esposa casa grávida, e ainda é muito jovem. Isso precisa ser cuidado,
para que não causem problemas ainda piores.

Maturidade Emocional. Essa talvez seja a parte mais importante da maturidade. Tem gente que
casa, mas não larga a barra da saia da mãe. Em tudo quer a opinião dos pais, até mesmo para saber
como resolver as coisas dentro de sua própria casa. Há pessoas que se casam e vão viver dentro da
casa dos pais, para não perderem a boa vida que levam. Se não estão preparados para viverem
somente os dois, não devem tomar a decisão de se casarem. O problema é que muitas pessoas
fantasiam muito sobre o que o casamento pode parecer para eles, e no final percebem que as
escolhas são frustradas, e o casamento não é nem perto o que desejavam que fosse. Isso porque
não se preparam emocionalmente para o casamento. Aqui vou falar novamente de uma ideia que
me incomoda muito: pessoas que querem se casar, mesmo sem terem muita exigência com respeito
a quem. Querem simplesmente ter alguém para chamarem de marido/esposa. Não se envolvem
emocionalmente e de verdade para começarem uma nova família. Isso causa muitos problemas, e
facilita em muito a decisão de um divórcio.

Maturidade Financeira. Essa talvez seja a razão mais comum para as crises de casamentos com
pessoas muitos jovens: ainda não têm condição de cuidarem financeiramente de si mesmos. Sei de
casais que se casam, mas os pais deles ainda pagam as contas. São os pais que fazem as compras,
que pagam os estudos, que pagam até mesmo a gasolina do carro. Isso é uma afronta à ideia bíblica
de deixar pai e mãe. Uma coisa é verdade: quem coloca o dinheiro em casa tem todo o direito de
dar as ordens, e definir os rumos que o casamento deve tomar. É por essa razão que há o ditado
“quem casa, quer casa”. Espera-se que os dois tenham condição de viverem por si mesmos. Não
estou dizendo que os pais não possam dar uma ajuda de vez em quando. Alguns casais realmente
precisam dessa ajuda, e isso não é um problema. O que estou pontuando aqui é que há pais que
sustentam, que pagam TODAS ou A MAIORIA das contas do casal. E isso não pode ser algo aceito
normalmente. Se as pessoas decidem casar, o mínimo que precisam é ter condição de manterem-
se, pelo menos nas necessidades básicas. Se precisam dos pais, que seja algo muito pontual, e
específico. E que não vejam os pais como bancos ou com financiadores da relação dos dois.

Que Deus abençoe você e seu casamento,


Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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Mal casadas
Pe. Casemiro Campos

O bom casamento é um porto contra os temporais da vida. Porém, o mau casamento é uma
tempestade no porto...
Dona Alice Pontes é professora. Casou-se há doze anos com funcionário público. Ela se arrependeu.
Afirma sempre que toda mulher se arrepende de ter casado. Para ela o casamento é uma fortaleza
de guerra: quem está fora quer entrar e quem está dentro quer sair.
Sua casa é uma antecâmara do inferno. Só tiveram dois filhos, Jairo e Neli. Pobre crianças!
Materialmente falando nada lhes falta. Mas já compreendem bastante a desventura dos pais.
Presenciam diariamente discussões cheias de fel. Reconhecem que são o último laço que ainda traz
amarrado o casal infeliz. Já começaram a sofrer. Sua formação está comprometida.
São numerosas as donas Alice. Os advogados, os médicos e os sacerdotes frequentemente ouvem
as queixas tardias das esposas arrependidas, infelizes. Das que abandonam o marido, das que foram
por ele abandonadas, das que vivem com ele sem amor, presas somente por motivos econômicos,
conveniências sociais ou pelos filhos.
Graças às conquistas da técnica, apesar da crise de habitação das cidades grandes, mais que outrora
se consegue hoje conforto material nos lares. Mas adianta o bem-estar externo quando por dentro
fervem os corações?
Sempre houve casamentos infelizes.
Inegavelmente, porém, o mal cresceu em nossos dias tumultuosos. A filosofia burguesa da
vida substituiu o amor pelo contato ardente de duas epidermes. O gozo dos sentidos tornou-se a
grande lei da vida. Brutificou-se o amor. O hedonismo, divulgado por mil modos, invadiu todos os
setores da atividade humana, privada e social.
Esqueceu-se a ideia de pecado.
Freud reduziu o homem a um poço de libido, a vida humana a uma luta pela consecução do prazer
sensual, o amor humano à pura carnalidade.
Ainda não bastava ao delírio sensual deste século libidinoso. A França nos deu a mais requintada
expressão do sensualismo burguês: o existencialismo. Nada é imoral, desde que dê prazer. Para
Sartre só tem valor o fato. Homens e mulheres sendo fim de si mesmos podem buscar o prazer do
modo que entenderem.
Mas a sociedade burguesa cobre essa podridão com o manto dourado de um belo eufemismo:
modernismo.
E a torrente ululante vai diariamente acachoando nos inditosos lares preparados e fundados sob a
bandeira escarlate do modernismo.
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Daí o aumento surpreendente dos maus casamentos, dos dramas conjugais, das tragédias
amorosas, dos crimes passionais.
Você, leitora, é jovem, tem na sua fronte o facho da esperança e no coração o fogo do entusiasmo,
as labaredas do amor.
Não vá extingui-los na masmorra fria de um mau casamento.
O matrimônio infeliz em duas portas: a má preparação e a má escolha. Fuja ainda enquanto é tempo
da corrente letal de um matrimônio frustrado.

A MÁ PREPARAÇÃO
Percorramos por miúdo as fontes perigosas, de onde nasce para a mulher todo fracasso do amor.
O drama da solteirona inconformada e as tragédias passionais situam-se quase sempre na falsa
preparação para o casamento. Por sua vez, os matrimônios desastrosos dependem geralmente da
má preparação e da má escolha.
Parece exagero. Porém, se se considera que a preparação ao matrimônio deve iniciar-se, quando
não mais cedo, pelo menos no momento em que a adolescente começa a experimentar atração
pelo outro sexo, então se compreenderá o sentido que damos à palavra preparação ao casamento
e o alcance espantoso do comportamento de muitas mocinhas.
Alguns romances (nem sempre aconselháveis à mocidade) ministram às jovens inexperientes lições
formidáveis. Ali por vezes se pinta muito ao vivo a tragicomédia da burguesia. Semelhante ao
Tântalo da fábula, a família aburguesada em vão procura saciar-se nos prazeres fúteis, tornando-se
cada vez mais insatisfeita, mais infeliz.
O amor é o grande mutilado na derrocada moral a que assistimos. A mulher, a primeira vítima do
sensualismo desenfreado.
Passemos agora ao exame pormenorizado de alguns erros femininos conducentes ao fracasso do
amor.

ORGULHOSAS
"Mulheres, obedecei a vossos maridos." É o conselho de São Paulo.
É muito fácil obedecer ao noivo. Depois do casamento, finda a lua-de-mel, muda-se o quadro.
Aquela meiguice do noivo diminuiu muito. Tornou-se ele exigente. A mulher orgulhosa, altiva, não
se conforma com a atitude dele.
No começo não era nada. Mas o orgulho da mulher não se curvou. Brigaram. Foi a primeira faísca.
O incêndio não tardou. Depois a separação. O divórcio.
A outros perigos se expõe a moça orgulhosa. Aspira casar com um rapaz mais altamente colocado
que ela. O resultado será sempre desastroso. Mal casada, solteirona, fracassada sempre.
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Mas, como saber se você é orgulhosa? Examine seus pensamentos, seus devaneios, seus atos.
Obedece prontamente aos pais? Como trata as domésticas, os empregados, os rapazes de condição
mais humilde que a sua? Cede facilmente a um parecer oposto ao seu? Quando contrariada, volta
logo ao normal ou permanece horas e até dias melindrada, anuada? Procura ser amiga e indulgente
para seus irmãos ou não sabe suportar as grosserias naturais deles?
A estes quesitos você pode juntar muitos outros e fazer frequentes exames de consciência para fugir
do orgulho que lhe pode assassinar o coração.

EGOÍSTAS E AMBICIOSAS
São outras infelizes. Só pensam em si mesmas, nos seus divertimentos, nas suas joias, nos seus
vestidos. Ninguém espere delas um pouco de dedicação. Nunca lhes sobra tempo para sair de seu
narcisismo. O bem da comunidade social não lhes interessa.
Não lhes falte dinheiro para seus caprichos e pouco se importam que o pobre não tenha pão, que
as próprias domésticas a seu serviço passem fome. Nada disto cabe no mesquinho âmbito de suas
preocupações. Este tipo de moça vê o casamento tão somente sob o prisma da ambição.
Uma delas namora simultaneamente dois moços. Queria, naturalmente, um só. Tarcísio é mais
educado. Até um pouco idealista. Mais atraente, enfim. Roberto tem o rosto estragado por
espinhas, um semblante marcado pelo vício. Conversas levianas, conversa incomparavelmente
inferior à de Tarcísio. Mas Roberto traja com mais elegância.
Qual dos dois o mais rico?
Certa noite parou à porta de Alice deslumbrante Cadillac. Era de Roberto. Comprara-o naquele dia.
Vinha convidá-la para o cinema.
Estava decidida a escolha. Alice rompeu no dia seguinte com Tarcísio, na esperança de casar com
Roberto. Mas não casou. Coitada!
E quando esse tipo de mulher se casa, que desgraça irremediável! São inimigas dos sagrados deveres
de mãe e de dona de casa. Se encontram um marido à sua imagem, mergulham os dois no mesmo
inferno em vida. Em pouco tempo brigam, separam-se. Pior ainda quando quem cai na armadilha é
um homem sério que antevia no casamento uma vida de amor e felicidade.

FANTASISTAS
Toda adolescente normal é sonhadora. É até um direito de sua idade. Daí a paixão com que se
entregam aos romances, às novelas. São distrações aparentemente inofensivas, mas cujas
consequências podem ser fatais.
Nesse jogo perigoso há vários males: os romances apresentam falsos modelos, história falsa,
caricaturas do amor. Nada mais perigoso na formação da mocidade que a mutilação, a falsificação
do amor. Ora, a maioria dos romances trucida o amor, reduzindo-o a mero sensualismo ou a
exaltações passionais.
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Muitos deles encerram traições, adultérios, dramas conjugais, divórcios, não raro dourados pela
fantasia do escritor, de modo a impressionar fortemente, e mesmo, a entusiasmar pelo erro uma
jovem inteligente, mas pouco avisada. "Dize-me com quem andas e te direi quem és": há muita
verdade nesse provérbio. Ora, os personagens dos romances e das novelas nem sempre servem de
modelo à juventude. A moça leitora habitual de romance e ouvinte apaixonada de novelas correm
o risco de viver psicologicamente na companhia de homens e mulheres pouco recomendáveis.
Acrescente-se que nem sempre o autor do romance ou novela tem critério filosófico e moral segura.
De onde pode acontecer que o cônjuge infiel seja apresentado aos olhos, aos ouvintes e à
inteligência da jovem como herói ou mártir envolvido num halo de simpatia e até de verdadeiro
fascínio.
A esta altura você já interrompeu a leitura para replicar: mas então seremos crianças? não
saberemos distinguir o bem do mal? não teremos controle?
Calme, senhorita. Criança nas coisas do amor podemos ser todos nós, pois nesses domínios quem
manda o mais das vezes é o coração, e este menino levado jamais cria juízo.
Controle, se você de fato o possui, use dele para regrar suas leituras e seus programas. Distinguir o
bem do mal é muito fácil quando a coisa não nos interessa. Mas se o coração apaixonado, a
imaginação incendiada, abrem caminho, os mais experimentados fracassam, tomam por bem o mal.
Hoje não há dúvida de que o nosso comportamento, nossa mentalidade, é em boa parte
condicionada por imagens ocultas no inconsciente. De lá, do fundo escuro do nosso ser, onde não
chega a luz da razão, o farol da consciência, aquelas imagens nos impelem, arrastam, determinam
nossos pontos de vista, nossos gostos, nossas alegrias, nossa interpretação de vida. É assim que
cenas e personagens do romance e da novela, completamente esquecidos influem na sua
mentalidade, na sua conquista do príncipe encantado.
Ademais. E o poder da imitação da adolescência? E a força inconsciente do exemplo?

REVOLTADAS
Muitas moças não se conformam com a condição da mulher: "Somos umas inferiores, só o homem
tudo pode, só no homem nada pega. Por que nós, mulheres, não temos os mesmos direitos do
homem?"
Reflita mais, menina! Conhece a história dos membros que se revoltam contra o estômago?
Certa vez, nos diz Menêmio Agripa, os membros do corpo começaram a considerar: "Nós
trabalhamos, cansamo-nos à busca dos alimentos, enquanto o estômago vive à nossa custa, ocioso,
inerte." Fizeram greve. Por três dias não deram nada ao estômago. No fim do terceiro dia estavam
os membros desfalecidos. Compreenderam: eram todos, estômago e membros, órgãos do mesmo
corpo. Cada qual, porém, com função diversa.
Fato análogo se passa em relação aos direitos do homem e da mulher.
Vocês não são inferiores a nós homens. Nem em si mesmas, nem perante a lei no Direito ocidental
moderno. Se a sociedade paganizada afirma que o homem, em relação ao outro sexo, tem mais
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direitos que a mulher, é tão somente para encobrir as fraquezas do sexo forte. A sã filosofia, porém,
sempre combateu semelhante monstruosidade.
Mas homem é homem e mulher é mulher. Cada qual com os mesmos direitos, mas gozando-os de
maneira diversa. O homem nasceu para ser o chefe da família, o dirigente das empresas. A mulher,
cooperadora da Providência, complemente do homem, é a graça, a beleza, a espiritualidade da
família, o coração dos lares, o amor personificado.
Se o homem é um mundo abreviado, disse um poeta, a mulher é o céu deste mundo. Nos metais
grosseiros é menos chocante a mancha da ferrugem. A joia mareada perde o valor. O homem é
ferro, a mulher é joia preciosa e cobiçada. O homem sabe disto.
Negando-se à mulher certas pseudo-regalias, tem-se apenas em vista preservar-lhe o valor.
Afinal de contas vocês são muito poderosas. Alencar não errou quando escreveu na sua Guerra dos
Mascates: "Há quem pense que nada se move neste mundo sem licença da mulher. Do mais não
sei, mas de guerra posso afirmar que nunca as houve, nem é possível haver quando não o queira a
soberana saia."
O mal entrou no mundo pela porta de uma mulher. Mas para consolo de vocês, foi pela mulher que
entrou na terra a salvação. Nada, pois, de pessimismo. Vocês valem tanto quanto o homem, podem
tanto quanto ele. Mas cada qual no seu terreno.
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Você acha que há uma crise de liderança


masculina na Igreja?
Blog Carmadélio
Na edição de julho-agosto da revista The Atlantic, Hanna Rosin pergunta se “O fim dos homens”
está diante de nós. Ela argumenta que as mulheres – com níveis crescentes de educação e de
emprego mais flexíveis nesta recessão econômica – vão assumir o controle, fazendo dos homens o
segundo sexo. Nossa busca pela igualdade de gênero fez com que as mulheres disparassem na
frente, deixando os homens na poeira. Será que isso é verdade? A reportagem é de Christine B.
Whelan, publicada no sítio Busted Halo, revista eletrônica dos padres paulinos dos EUA.
Eu já falei anteriormente sobre isso – assim como vários outros artigos que incentivam a misandria
[aversão ao sexo masculino] e que diminuem o papel dos homens –, mas, ainda em abril, eu me
encontrei com Damian Wargo, co-fundador e diretor do The King’s Men (www.thekingsmen.us), um
ministério católico masculino com sede na Filadélfia, nos EUA, que é especialista nessas questões.
Ele e eu nos conhecemos em Nova York para debater em um programa de televisão as diferenças
de gênero e o namoro a partir de uma perspectiva católica. Depois de termos debatido no ar,
Damian e eu tivemos a oportunidade de conversar sobre a sua organização, suas opiniões sobre
sexo, namoro e vida familiar, e sobre como os jovens homens pode se envolver com a Igreja.
Ele e eu temos perspectivas diferentes sobre algumas questões referentes aos papéis de gênero,
mas seu desejo de envolver os homens na família e nas atividades comunitárias é admirável. Além
disso, seu conselho para homens sobre namoro e casamento é muito sólido.
Eis a entrevista.

Conte-me um pouco sobre o The King’s Men: por que ele começou? Quantos homens estão
envolvidos? Qual é a sua missão e o seu objetivo?
O The King’s Men teve início em resposta à crise da masculinidade. Infelizmente, muitos homens
não são ativos na Igreja de forma nenhuma. Alguns homens até veem as iniciativas de fé como
exclusivamente para mulheres. Além disso, muitos homens estão confusos sobre seu papel natural
como líderes, protetores e sustentadores. Meu colega MarkHouck e eu começamos o The King’s
Men para enfrentar essa crise e para convocar os homens a agir, especialmente lutando nobres
batalhas.
A missão do The King’s Men é: “Sob o chamado universal de Cristo Rei a servir, nós, como homens,
comprometemo-nos a unir-nos e a fortalecer outros homens nos moldes do líder, do protetor e do
sustentador, por meio da educação, da formação e da ação”. Existem cerca de 200 homens que são
King’s Men muito ativos, e nossas iniciativas chegam a milhares de homens por ano.
Você fala de ajudar a edificar a fé em uma “modalidade masculina”. O que isso significa?
Todos os homens são chamados a ser líderes, protetores e sustentadores. São Tomás de Aquino
ensina que “a graça supõe a natureza”. Assim, para que um homem suba na vida espiritual, ele
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precisa de uma boa formação em um nível natural, tornando-se finalmente muito animado pela
graça de Deus. Os homens gostam de construir estruturas que sustentam as necessidades dos
outros. Essa é a base do amor auto sacrificial, da liderança e da sustentação.
O homem, pela sua natureza física, é chamado a proteger as mulheres e as crianças. Não podemos
ignorar esse fato ou fugir dessa realidade, ou a vida de fé de um homem não possuirá um
componente para a sua missão dada por Deus. A fé apresentada em uma modalidade masculina
sempre vai chamar os homens a agir pelo amor e pelo bem de sua família e do bem comum.
O The King’s Men é muito explícito com relação aos perigos da pornografia. Por quê? Qual é o
impacto que a pornografia tem nos homens jovens, e o que os grupos King’s Men sugere como
soluções para o amplo consumo de pornografia online entre os jovens?
A indústria da pornografia é uma indústria de 13 bilhões de dólares por ano nos EUA. Os homens
são os consumidores primários. A única solução para esse problema é que os homens vejam esse
flagelo na nossa cultura como uma batalha que precisa ser vencida, de forma a proteger o bem
comum. A maioria dos homens cresceu em uma cultura completamente sexualizada, que ensina os
homens, desde seus primeiros anos, que usar as mulheres para a luxúria e o sexo não é algo errado.
Na verdade, equivocadamente, eles são ensinados que isso deve ser admirado.
Isso teve um impacto devastador sobre a nossa cultura, já que ensina os homens a desenvolver
vícios nessa área em vez de virtudes. Os resultados são doenças, divórcio, violência, vícios e dor
incalculáveis. A solução é que os homens se convençam que a pornografia é gravemente maligna, e
que um homem pode, com a graça de Deus, levar uma vida virtuosa de castidade. Uma vez que um
homem comece a desenvolver seu autodomínio, ele também pode começar a ajudar a guiar os
outros nessa área e formar alianças que não irão tolerar a pornografia em suas comunidades ou por
meio da Internet e de outras mídias.
Em agosto, o The King’s Men organizou um retiro chamado “Into the Wild”, nos arredores de
Pittsburgh (intothewildweekend.com). Como foi esse retiro? Quem participou e o que aconteceu
nesse retiro?
Partindo do princípio que a graça supõe a natureza, o “Into the Wild” foi principalmente um fim de
semana orientado a habilidades ao ar livre, centrado em oferecer aos homens experiências ligadas
à vocação natural de um homem como líder, protetor e sustentador. Situado no Estado da
Pensilvânia, o “Into the Wild” treina homens em questões como orientação, topografia, armamento,
defesa pessoal, técnicas de sobrevivência, construção ao ar livre, pesca, caça, jogos na selva,
preparação de alimentos e muito mais.
A parte inicial das manhãs consistia em oração, missa e uma pequena palestra ligada ao arquétipo
masculino do dia que estávamos nos esforçando para desenvolver. Na metade das manhãs, nos
dedicávamos à aquisição de habilidades, e, à tarde, a competições em equipe e/ou simulações de
desafios. As noites eram um tempo para o descanso, o relaxamento, a oração e o companheirismo
ao redor das fogueiras. As acomodações para o descanso consistiam em pequenas cabanas de estilo
rústico sem eletricidade.
O “Into the Wild” é para qualquer homem. Em primeiro lugar, o “Into the Wild” é ótimo para um
homem acostumado com a vida do campo, que busca estar com outros homens de fé no meio do
campo. Em segundo lugar, também é excelente para pais e filhos e homens em geral que buscam
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uma tremenda experiência de ligação. Finalmente, é bom para homens que têm o desejo de
compreender melhor a vida na selva e ser treinados em habilidades ao ar livre.
O “Into the Wild” e as atividades do The King’s Men também estão abertos àqueles que buscam
uma experiência espiritual?
Absolutamente. Muitos homens que participaram do “Into the Wild” nos disseram que esses dias
foram o final de semana mais espiritual das suas vidas.
Seu padroeiro é Santo Agostinho. Como vocês o escolheram?
A maioria dos homens podem se identificar com as lutas de Santo Agostinho com a pureza e vê-lo
como um homem apaixonado, que teve uma radical transformação que levou a um coração que
batia apenas para Deus. Ele é um modelo para os homens de todas as esferas da vida.
Se você pudesse dar três pequenos conselhos para os homens solteiros e jovens que estão
interessados em namorar e em ter um relacionamento, quais seriam?
Um: quando o Senhor coloca uma forte atração por uma mulher em seu coração, e o seu intelecto
concorda, busque essa mulher com propósito e paixão. Não tenha medo de pedir o telefone para
uma menina ou para sair com ela. Simplesmente por mostrar um forte e genuíno interesse de uma
maneira saudável, você irá se separar da grande maioria dos homens que falha nessa área.
Dois: ser muito claro com suas intenções. Deixe que a mulher saiba que você não está interessado
em um relacionamento casual, mas tem o desejo em seu coração de, algum dia, ser um marido e
pai.
Três: se você estiver desanimado com a garota que você está namorando, não continue buscando-
a. Uma mulher merece um homem que queira estar com ela e só com ela. Assim que você souber
que ela não é a mulher que Deus lhe reservou, avise-a que você discerniu isso, mesmo que você só
tenha saído com ela uma ou duas vezes.
E três conselhos para os homens que estão namorando ou são casados?
Um: seja um homem em busca do coração da sua esposa!
Dois: sempre coloque as necessidades da sua esposa acima das suas próprias.
Três: nunca fale negativamente sobre a sua esposa aos seus amigos.
Eu escrevi um artigo sobre a misandria – o ódio pelos homens. Como as mulheres podem apoiar os
homens e encorajá-los a ser tudo o que podem ser?
Para os homens, ser respeitados pode ser uma necessidade tão forte assim como a necessidade de
uma mulher de ser amada. Eu já encontrei algumas mulheres que eram excessivamente críticas com
relação aos homens e rápidas em apontar as falhas de um homem aos outros. Isso é terrível para
um homem. Além disso, por mais difícil que seja, tente confiar em um homem até que se prove o
contrário. Infelizmente, muitos homens já deixaram algumas mulheres em situações muito trágicas.
Isso levou a uma forte desconfiança nos homens, em geral. No entanto, existem homens bons por
aí, em quem se pode confiar, e que têm o desejo de fazer a coisa certa. E isso pode prosperar quando
ele sabe que as mulheres ao seu redor confiam e admiram-no.
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A Terceirização da Família

Infelizmente, cônjuges e pais têm deixado a desejar os


papeis e as funções que devem desempenhar dentro da vida
familiar. Parece que não entenderam a importância do que
precisa ser feito por eles. E não percebem também como
esses lapsos vão tornando cada vez mais complicada e
sofrida a relação dentro do lar.
Maridos têm esquecido que a segurança da esposa e da
família depende muito do papel que eles desempenham.
Eles são o suporte, a segurança, o esteio da família. O problema é que muitos maridos têm se
dedicado mais à sua própria vida que à vida da família. Trabalham por prazer, para obter mais
dinheiro, para conseguirem comprar carros novos, casas novas, eletrodomésticos novos. Mas não
agem para a cada dia trazer uma novidade para a vida de casal. Parece que se esquecem de investir
e namorar sua esposa. Não estou falando da relação íntima. Estou falando de conversar sobre a vida
delas, os planos, o que desejam, o que ainda pensam sobre o casamento, que ideia elas têm deles.
Os maridos simplesmente se fecham em suas próprias vidas, e deixam que a mulher encontre
amizade e interesse em sua vida com suas mães, com suas amigas, ou com outras mulheres.
Esquecem que a pessoa mais importante da vida de casado é sua esposa.
A pior situação que existe é que eles esqueceram que Deus os chamou para serem os sacerdotes,
os intercessores de sua família. Deles é esperado que sejam as pessoas que vão apresentar suas
famílias a Deus, que vão dirigir filhos e esposa aos pés de Jesus a cada manhã e cada tarde. Eles
terceirizaram esse serviço, e deixaram nas mãos das mães, dos pastores, ou mesmo de membros de
igreja.
Já as esposas, por sua vez, também não ficam para trás. Em relação ao lar, são elas que oferecem
apoio e suporte emocional. As mães são as primeiras pessoas que desejamos impressionar, que
desejamos que tenham um bom conceito de nós. Mas, muitas mães na atualidade, em virtude do
tempo de trabalho que têm, e dos compromissos da vida moderna, estão deixando de lado o papel
de entender acerca do filho, de educa-lo nos caminhos da retidão e do bem. Elas têm se esquecido
de seres esposas, de serem companheiras. Não possuem mais o desejo de verem seus maridos se
desenvolverem enquanto pessoas, enquanto homens de sucesso. Elas estão tão preocupadas com
elas mesmas, ou tão ressentidas da falta de amor e de companheirismo deles, que simplesmente
deixa o papel de cuidar e de auxiliar para a diarista, para ele mesmo. Elas terceirizam a função de
serem auxiliadoras para seus maridos, e saem em busca de seus sonhos, não percebendo que se o
lar não é um lugar feliz, o emprego não supre essa falta.
Finalmente, há muitos pais em nossos dias que também perderam de vista a responsabilidade de
cuidarem e educarem seus próprios filhos. Em virtude da correria, da necessidade de trabalhar mais
para pagar as contas, ou mesmo de se envolver mais com seu mundo, tanto pais quanto mães têm
terceirizado o papel de educar seus filhos. Eles têm colocado nas mãos das babás, dos avós, da
televisão, das escolas, das igrejas. Em minha igreja, muitas são as vezes nas quais sou procurado por
um pai ou uma mãe, dizendo que precisam que eu vá falar com o filho ou filha deles, para ver se
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consigo ajuda-los a voltarem para a igreja. Nada poderia ser menos efetivo. Os filhos precisam
aprender o caminho certo com os pais. Eles, os que lhes deram à vida, possuem, no começo da vida,
a legitimidade para ajuda-los, e os filhos depositam sua confiança irrestrita nos pais.
Infelizmente, em virtude do descaso ou da falta de disponibilidade dos pais, os filhos simplesmente
se fecham e desistem de viver esperando o tempo e o amor de seus pais. Decidem romper com os
laços sociais dos quais fazem parte (igreja, grupo de amigos, até mesmo férias familiares). Os filhos
parecem desenvolver uma vontade totalmente contrária à dos pais. E a razão é que os pais não
andam mais com eles.
Por isso, não sei como você vive hoje, verifique se por acaso em suas relações você não tem estado
a terceirizar o relacionamento com seus filhos e cônjuge. se estiver, pare agora mesmo, e volte a
priorizar o que é realmente importante em sua vida.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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UM CORPO SAGRADAO
Pe. Casemiro Campos
"Não sabeis que vossos corpos são templo do Espírito Santo?", diz São Paulo. O corpo do cristão
participa da santidade que o batismo produz na alma. O seu destino é ressuscitar glorificado para
eternizar-se no Céu numa juventude sem fim.
Longe de condenar o cuidado do corpo, a doutrina católica o inculca. Só é condenável o colocar-se
o corpo acima da alma quando é certo que é do espírito que o corpo tira a sua dignidade.

SAÚDE
Sem saúde é impossível o bom desempenho das obrigações de esposa e mãe. De duas maneiras
deve a jovem cuidar da saúde física: afastando tudo o que lhe parece nocivo e buscando os meios
de conservar ou readquirir a robustez.
Se condenamos o excesso de certas práticas, recomendamos o uso racional do esporte: "Os
esportes moderados estão ao alcance de todas e trazem apreciáveis resultados. A caminhada, o
tênis, a natação, etc., fortificam o organismo e ajudam a dispô-lo para as funções sagradas e difíceis
da maternidade" (Pe. Negromonte).
Não insistimos em outros meios práticos de conservar a saúde e avigorar o organismo, pois toda
moça os conhece. De passagem, todavia, lembramos a urgência da abstenção de certas
extravagâncias como as vigílias prolongadas, excessos na alimentação, bebidas alcoólicas, banhos
frios e outros exercícios nos dias do mês em que o corpo feminino exige cuidados especiais.

UMA RECEITA PRÁTICA


No dia em que minha avó paterna completou, há pouco, 100 anos, gozando de absoluta lucidez de
espírito, foi entrevistada pelos jornais.
Perguntaram-lhe pelo segredo da saudável longevidade daquela centenária que criara e
amamentara 18 filhos. Ela respondeu, sorridente e enérgica: "Nunca me alimentei em excesso,
nunca fiquei ociosa, nunca me deitei tarde, nunca amanheci dormindo."

BELEZA FÍSICA
É preocupação envolvente da mocinha parecer bela. Não há mal nessa tendência, desde que se
proceda racionalmente, cristãmente.
A formosura da mulher, diz a Bíblia Sagrada, alegra o rosto do marido e produz nele um afeto
superior a todos os desejos do homem (Ecles 36, 24).
Sozinha nada vale a beleza. Unida ao pudor e à bondade, é dote apreciável.
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Aquele grande pregador que foi São Bernardino de Sena repreendia com veemência as mulheres
casadas que não se ornavam para agradar aos maridos. Muita união conjugal se arruína pelo
desleixo da esposa para com sua pessoa. Ora, como cuidará da boa aparência depois de casada, a
jovem que estando solteira não cuida de sua beleza?
Daí o direito que tem a moça de, trajando-se modestamente, seguir com bom gosto a moda de seu
tempo. O mal, como sempre, não está no uso, mas no abuso.
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Inimigos do Diálogo no Casamento

Um assunto que nunca sai de moda quando discutimos a


questão da boa vida familiar é a questão da necessidade
de marido e mulher conversarem sobre as coisas da vida.
Parece que o casal depois que casa simplesmente deixa
de ter assunto. Os contatos se tornam muitas vezes
simplesmente mecânicos.
Por isso que repetidamente percebe-se em cursos e livros
sobre relacionamentos a questão do diálogo como parte muito importante da vida familiar. No texto
dessa semana, quero discutir quatro atitudes que servem de empecilho, que se tornam inimigas
para o bom diálogo no casamento.
Discutir e não dialogar. A primeira delas é a atitude que algumas pessoas apresentam de discutir ao
invés de dialogar. Para elas, se precisam conversar, é porque algo está errado. E aí, elas querem
fazer valer sua opinião, sua visão da vida. Não param para escutar o que a outra precisa ou deseja
falar. Simplesmente assumem o controle do diálogo e passam a não ligar para mais nada. Com isso,
a outra pessoa perde o desejo de conversar, e deixa de acreditar que seu cônjuge realmente tem
intenção de ser seu/sua companheiro/companheira. E o pior, quanto mais o tempo passa, menos
contato há, e menos troca de palavras, e por fim, desaparece o sentimento.
Por essa razão, é extremamente necessário que os dois aprendam a dialogar. Um bom diálogo é
feito de duas partes: falar e ouvir. Você precisa entender o que seu cônjuge está dizendo, propondo,
ou mesmo comentando. Precisa ouvir primeiro, ter certeza de que entendeu, e então dar sua
opinião. Muitas pessoas ouvem apenas para retrucar, para falar coisas mais fortes depois, ou
mesmo para se mostrarem mais sábias. Poucos são os que ouvem realmente o que a outra pessoa
está dizendo, e está tentando dizer.
Por isso, para não transformar as conversas de vocês dois em campos de guerra, aprenda a ouvir
primeiro, ter certeza de que entendeu, e então dê sua opinião.
Fingir que não há nada errado. Um segundo ponto que também é um grande problema para o
relacionamento é quando um marido ou uma esposa simplesmente não conversa sobre as coisas
que acha que estão erradas. Fazem de conta que tudo está certo. Conheço muita gente que toma
essa atitude, porque acredita que não confrontar é a melhor maneira de evitar brigas. Só que, como
apresentei no primeiro ponto, nem todo momento de discordância de ideias necessariamente pode
significar uma briga. É necessário que tanto marido quanto mulher apresentem seus pontos de vista,
falem do que lhes incomoda.
Se por acaso decidem não partilhar, e não conversar sobre as coisas, se esquecem de que com o
vazio na comunicação cria-se um vão, um abismo emocional entre os dois. E com o tempo, isso vai
fazendo o sentimento de amor diminuir.
Não apresentar as coisas que incomodam é como acender uma banana de dinamite e colocar
embaixo da cama. Mesmo que no momento não tenha efeito, pode ter certeza de que uma hora vai
estourar.
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Assim, não deixe de falar o que lhe incomoda, o que lhe atrapalha. Isso não quer dizer falar de
qualquer jeito. Muitas vezes essas palavras precisam ser usadas da melhor forma, no momento
certo, com o tom de voz certo. “Tempere” suas palavras com um bom tempero e pode ter certeza
de que seu ponto será ouvido.
Criticar sempre. Esse talvez seja o pior aspecto. Muitas pessoas se sentem tão senhoras de si, ou tão
orgulhosas consigo mesmas, que sua única forma de tratar as ideias e comentários dos outros é por
meio de críticas. Essas pessoas não percebem que isso apenas prejudica o diálogo. Ninguém quer
falar e ser criticado logo em seguida. Muitas vezes, as pessoas desistem de falar para não sofrerem
reprimenda ou sarcasmo.
Além de orgulhas, as pessoas críticas também podem ter um vazio de autoestima muito grande, o
que lhes prejudica bastante no contato com os outros. Por isso, se seu cônjuge tem o costume de
criticar muito, nem sempre é porque ele é mau. Muitas vezes é porque tem dificuldades em
reconhecer as coisas boas dos outros, pois não se sente bom.
Estar sempre certo. E esse é o último aspecto desse texto. Não dá para conversar com uma pessoa
que está sempre do lado certo das coisas. Pois, se ele/ela está certo, logo você está sempre do lado
errado. E ninguém está certo em todos os momentos. O problema é que essas pessoas, mesmo com
boa intenção, não percebem que essa atitude serve apenas para colocar a outra pessoa para baixo,
fazer com que ele/ela se sinta mal, sem vontade de compartilhar nada, e nem mesmo
compreendido/a por seu cônjuge. E assim, emocionalmente, as pessoas vão ficando cada vez mais
solitárias, e distantes. O resultado dessas quatro atitudes, com certeza, é o fim do relacionamento.
Por essa razão, apresentei aqui esses tópicos para ajudar você e seu cônjuge a analisarem como
anda o padrão de diálogo entre vocês. Se perceberem que algo está errado, não percam tempo:
revejam seus erros, corrijam suas atitudes erradas, e tornem o diálogo de vocês algo que apenas
contribua para o crescimento do seu amor.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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“Quando os meninos se tornam homens e não


viris”
Blog Carmadélio
A abordagem não é religiosa no sentido estreito do termo mas antropológica e sociológica.
Esse dado não prejudica em hipótese nenhuma a reflexão, que tem como pano de fundo a visão
católica do homem e o questionamento da influência nefasta do feminismo no esvaziamento da
virilidade masculina (Não confundir virilidade com machismo que é uma deformação dessa
virilidade)
O Assunto é pertinente nestes dias de questionamento por parte de certas ideologias da natureza
masculina e feminina e da inaceitável defesa da “ideologia do gênero” e sua pretensão de resposta
a atual crise da masculinidade e feminilidade.
Essa ideologia nega as diferenças naturais entre o homem e a mulher que seriam frutos, segundo
essa visão redutiva, APENAS da construção das culturas, daí ser possível “reformatá-las”.
É artigo para ler devagar e refletir.
***
Por Roger Scruton
Traduzido por Andrea Patrícia
As feministas têm batido na mesma tecla em relação à posição das mulheres nas sociedades
modernas. Mas e sobre os homens?
As mudanças radicais nos hábitos sexuais, padrões de trabalho e vida doméstica, viraram sua vida
de cabeça para baixo. Os homens agora não encontram as mulheres como “sexo frágil”, mas como
concorrentes de igualdade na esfera pública, a esfera onde os homens costumavam comandar. E na
esfera privada, onde uma antiga divisão do trabalho dava orientação para aqueles que cruzassem
seu limite, não há conhecimento sobre qual estratégia será a mais eficaz.
Gestos viris – abrir uma porta para uma mulher, ajudá-la num automóvel, carregar suas malas –
podem desencadear rejeição ultrajante; mostra de riqueza, poder ou influência pode parecer
ridícula para uma mulher que tem até mais do que ele; e o desaparecimento da modéstia feminina
e da contenção sexual tornou difícil para um homem acreditar, quando uma mulher recua aos seus
avanços, que ela faz isso como uma homenagem especial ao seu poder masculino, ao invés de uma
transação do dia-a-dia, em que ele, como a última, é dispensável.
A revolução sexual não é a única causa da confusão dos homens. Mudanças sociais, políticas e legais
têm diminuído a esfera masculina até o ponto do desaparecimento, redefinindo toda a atividade
em que os homens um dia provaram que eram indispensáveis, de modo que agora as mulheres
podem fazer o trabalho também, ou pelo menos parecem fazê-lo.
As feministas têm farejado o orgulho masculino onde quer que ele tenha crescido e o arrancado
impiedosamente. Sob pressão, a cultura moderna tem diminuído ou rejeitado tais virtudes
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masculinas como a coragem, tenacidade e bravura militar em favor dos hábitos mais suaves, mais
“socialmente inclusivos”.
O advento da fertilização in vitro e a promessa de clonagem criam a impressão de que os homens
não são nem mesmo necessários para a reprodução humana, enquanto o crescimento das famílias
monoparentais – nas quais a mãe é o único adulto, e o Estado é muitas vezes o único provedor – fez
com que a infância órfã de pai se tornasse uma opção cada vez mais comum.
Essas mudanças ameaçam fazer da masculinidade algo desnecessário, e agora muitas crianças já
crescem sem reconhecer nenhuma fonte de amor, autoridade ou de orientação além da mãe, cujos
homens vêm e vão como trabalhadores sazonais, vagando pelo reino matriarcal, sem perspectiva
de uma posição permanente.
A infelicidade dos homens decorre diretamente do colapso de seu antigo papel social como
protetores e provedores. Para as feministas, este antigo papel social era uma maneira de confinar
as mulheres à família, onde elas não concorreriam pelos benefícios disponíveis lá fora. Sua
destruição, elas afirmam, é, portanto, uma libertação não só das mulheres, mas dos homens,
também, que agora podem escolher se querem afirmar-se na esfera pública, ou se, pelo contrário,
querem ficar em casa com o bebê (que pode muito bem ser bebê de outro alguém). Esta é a ideia
central do feminismo, que “os papéis de gênero” não são naturais, mas culturais, e que mudando
tais papéis podemos derrubar velhas estruturas de poder e conseguir formas novas e mais criativas
de ser.
O ponto de vista feminista é a ortodoxia em toda a academia norte-americana, e ele é a premissa
de todo o pensamento jurídico e político entre a elite esquerdista, cujos dissidentes que se opõem
colocam em perigo sua reputação ou carreiras. No entanto, uma onda de resistência a ela está
ganhando força entre os antropólogos e sociobiólogos.
Típico é Lionel Tiger, que há três décadas inventou o termo “vínculo masculino” para designar algo
que todos os homens precisam, e que poucos agora têm. Não foi uma convenção social que ditou o
papel tradicional do homem e da mulher, Tiger sugere; em vez disso, os milhões de anos de evolução
que formaram a nossa espécie fizeram-nos o que somos. Você pode fazer os homens fingirem ser
menos dominantes e menos agressivos, você pode fazer com que eles finjam aceitar um papel
submisso na vida doméstica e uma posição de dependência na sociedade. Mas, no fundo, no fluxo
da vida instintiva que é a masculinidade em si, eles irão revoltar-se. A infelicidade dos homens, Tiger
argumenta, vem deste profundo e inconfessado conflito entre faz-de-conta social e necessidade
sexual. E quando a masculinidade finalmente explodir – como inevitavelmente acontecerá – será
em formas distorcidas e perigosas, como as gangues de criminosos da cidade moderna ou a
misoginia arrogante do malandro urbano.
Tiger vê o sexo como um fenômeno biológico, cuja profunda explicação reside na teoria da seleção
sexual. Cada um de nós, ele acredita, age em obediência a uma estratégia integrada em nossos
genes, que procuram a sua própria perpetuidade através do nosso comportamento sexual. Os genes
de uma mulher, que é vulnerável no trabalho de parto e necessita de apoio durante os anos da
educação infantil, chamam um companheiro que irá protegê-la e sua prole. Os genes de um homem
exigem uma garantia de que as crianças que provê são suas, senão todo o seu trabalho é (do ponto
de vista dos genes) desperdiçado. Assim, a própria natureza, trabalhando através de nossos genes,
decreta uma divisão de papéis entre os sexos. Predispõe os homens para lutar por território, para
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proteger suas mulheres, para afastar rivais, e lutar por status e reconhecimento no mundo público
– o mundo onde os homens combatem. Isso predispõe as mulheres a serem fiéis, privadas e
dedicadas ao lar. Ambas as disposições envolvem o trabalho em longo prazo de estratégias
genéticas – estratégias que não cabe a nós a mudar, já que somos o efeito e não a causa delas.
As feministas, obviamente, não terão nada disso. A Biologia pode certamente atribuir-nos um sexo,
na forma deste ou daquele órgão. Mas muito mais importante do nosso sexo, elas dizem, é o nosso
“gênero” – e gênero é uma construção cultural, não um fato biológico.
O termo “gênero” vem da gramática, onde é usado para distinguir os substantivos masculinos dos
femininos. Ao importá-lo para a discussão do sexo, as feministas indicam que nossos papéis sexuais
são fabricados e, portanto, maleáveis como a sintaxe. O gênero inclui os rituais, hábitos e imagens
através dos quais nós representamos a nós mesmos aos outros como seres sexuais. Não se trata de
sexo, mas da consciência do sexo. Até aqui, dizem as feministas, a “identidade de gênero” das
mulheres é algo que os homens impuseram sobre elas. Chegou a hora das mulheres forjarem sua
própria identidade de gênero, para refazer a sua sexualidade como uma esfera de liberdade, em vez
de uma esfera de escravidão.
Levado ao extremo – e o feminismo leva tudo ao extremo – a teoria reduz o sexo a uma mera
aparência, com o gênero como realidade. Se, depois de ter forjado sua verdadeira identidade de
gênero, você encontra-se alojado no tipo errado do corpo, então é o corpo que tem de mudar. Se
você acredita ser uma mulher, então você é uma mulher, não obstante o fato de você ter o corpo
de um homem. Daí que os médicos, em vez de observar as operações de mudança de sexo como
uma violação grosseira do corpo e, na verdade uma espécie de agressão, agora as homologa e, na
Inglaterra, o Serviço Nacional de Saúde paga por elas. Gênero, na concepção radical que as
feministas têm disso, começa a soar como uma perigosa fantasia, um pouco como as teorias de
genética de Lysenko, o biólogo preferido de Stalin, que argumentou que características adquiridas
poderiam ser herdadas, por isso o homem poderia moldar sua própria natureza, com plasticidade
quase infinita. Talvez devamos substituir a velha pergunta que James Thurber colocou diante de nós
no início da revolução sexual com um equivalente novo: não “O Sexo é Necessário?”, mas “O Gênero
é possível?”
Em certa medida, no entanto, as feministas têm razão em distinguir sexo de gênero e dar a entender
que somos livres para rever as nossas imagens do masculino e do feminino. Afinal, o argumento dos
sociobiólogos descreve com precisão as semelhanças entre as pessoas e os macacos, mas ignora as
diferenças. Animais na selva são escravos de seus genes. Os seres humanos na sociedade não são.
Toda a questão da cultura é que ela nos faz algo mais do que criaturas de simples biologia e nos
coloca no caminho para a auto realização. Onde na sociobiologia está o ser, suas escolhas e sua
realização? Certamente os sociobiólogos estão errados ao pensar que os nossos genes por si só
determinam os papéis sexuais tradicionais.
Mas, assim como certamente as feministas estão erradas ao acreditar que estamos completamente
livres da nossa natureza biológica e que os papéis sexuais tradicionais surgiram apenas a partir de
uma luta social pelo poder em que os homens saíram vitoriosos e as mulheres foram escravizadas.
Os papéis tradicionais existem, a fim de humanizar nossos genes e também para controlá-los. O
masculino e o feminino eram ideais, através dos quais o animal foi transfigurado no pessoal. A
moralidade sexual foi uma tentativa de transformar uma necessidade genética em uma relação
pessoal. Ela já existia justamente para impedir os homens de dispersar suas sementes pela tribo, e
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para evitar que as mulheres aceitassem a riqueza e o poder, ao invés do amor, como o sinal para a
reprodução. Foi a resposta cooperativa a um desejo profundo, tanto do homem quanto da mulher,
para a “parceria”, que vai tornar a vida significativa.
Em outras palavras, homens e mulheres não são apenas organismos biológicos. Eles também são
seres morais. A Biologia estabelece limites para o nosso comportamento, mas não determina isso.
A arena formada por nossos instintos apenas define as possibilidades entre as quais temos de
escolher se queremos ganhar o respeito, aceitação e amor um do outro.
Homens e mulheres moldaram-se não apenas com a finalidade de reprodução, mas a fim de trazer
dignidade e bondade para as relações entre eles. Com esta finalidade, eles têm criado e recriado o
masculino e o feminino, desde que eles perceberam que as relações entre os sexos devem ser
concretizadas por meio de negociação e consenso, e não pela força. A diferença entre a moral
tradicional e feminismo moderno é que a primeira pretende reforçar e humanizar a diferença entre
os sexos, enquanto o segundo quer reduzir ou até mesmo aniquilá-la. Nesse sentido, o feminismo é
realmente contra a natureza.
No entanto, ao mesmo tempo, o feminismo parece ser uma resposta inevitável para o colapso da
moralidade sexual tradicional. As pessoas aceitam prontamente os papéis tradicionais quando a
honra e a decência os sustentam. Mas por que as mulheres devem confiar nos homens, já que os
homens são tão rápidos em descartar as suas obrigações? O casamento foi um dia permanente e
seguro; ele oferecia a mulher status social e de proteção, muito tempo depois que ela deixasse de
ser sexualmente atraente. E forneceu uma esfera na qual ela era dominante. O sacrifício que o
casamento permanente exigiu dos homens tornou tolerável para mulheres o monopólio masculino
sobre a esfera pública, na qual os homens competiam por dinheiro e recompensas sociais. Os dois
sexos respeitavam o território do outro e reconheciam que cada um deve renunciar a algo para
benefício mútuo. Agora que os homens, na esteira da revolução sexual se sentem livre para ser
polígamo em série, as mulheres não têm mais um território seguro próprio. Elas não têm escolha,
portanto, senão captar o que elas podem do território que um dia foi monopolizado pelos homens.
Foi uma das grandes descobertas da civilização a de que os homens não ganham a aceitação das
mulheres pela exibição impetuosa de sua masculinidade em gestos agressivos e violentos. Mas eles
ganham aceitação sendo cavalheiros. O cavalheiro não era uma pessoa com o gênero feminino e o
sexo masculino. Ele era inteiramente um homem. Mas ele também era gentil em todos os sentidos
desta palavra brilhante. Ele não era agressivo, mas corajoso, não possessivo, mas protetor, não
agressivo com outros homens, mas ousado, calmo, e pronto para concordar com os termos. Ele era
animado por um senso de honra, que significava assumir a responsabilidade por suas ações e
proteger aqueles que dependiam dele. E o seu atributo mais importante era a lealdade, o que
implicava que ele não iria negar as suas obrigações apenas porque ele estava em posição de lucrar
com isso. Grande parte da raiva das mulheres com relação aos homens surgiu porque o ideal do
cavalheiro está agora tão perto da extinção. O entretenimento popular tem apenas uma imagem da
masculinidade para apresentar aos jovens: e é uma imagem de agressividade desenfreada, na qual
armas automáticas desempenham um papel importante e em que a gentileza, sob qualquer forma
aparece como uma fraqueza e não como uma força. Até que ponto isso é distante daqueles épicos
do amor cortês, que colocaram em marcha uma tentativa europeia de resgatar a masculinidade da
biologia e remodelá-la como uma ideia moral, não precisa de elaboração.
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Não foram apenas a classes superiores, que idealizaram a relação entre os sexos ou moralizaram
seus papéis sociais. Na comunidade da classe trabalhadora a partir da qual a família de meu pai veio,
a velha reciprocidade era parte da rotina da vida doméstica, encapsulada em mostras de
reconhecida força masculina e feminina. Um desses era o ritual do envelope de salário da sexta-
feira. Meu avô chegava em casa e colocava na mesa da cozinha o envelope fechado contendo o seu
salário. Minha avó pegava o envelope e o esvaziava passando o conteúdo para sua carteira,
devolvendo para meu avô duas moedas para ele beber. Meu avô, então, ir ao bar e bebia em um
estado de autoafirmação orgulhosa entre seus pares. Se as mulheres chegassem ao bar elas
permaneciam na porta, comunicando-se através de um mensageiro com as salas cheias de fumo no
interior, mas respeitando o limiar dessa arena masculina, como se fosse guardada por anjos.
O gesto do meu avô, quando ele colocava o envelope com o salário na mesa da cozinha, estava
imbuído de uma graça peculiar: era um reconhecimento da importância da minha avó como uma
mulher, do seu direito à sua consideração e do seu valor como mãe de suas crianças. Da mesma
forma, a sua espera fora do bar até o momento final, quando ele estaria demasiado inconsciente
para sofrer esta humilhação, antes de transportá-lo para casa num carrinho de mão, era um gesto
repleto de consideração feminina. Era sua maneira de reconhecer a sua soberania inviolável como
um assalariado e um homem.
Cortesia, boas maneiras, e fazer a corte eram muitas portas até a corte do amor, onde os seres
humanos se moviam como em um desfile. Meus avós foram excluídos pelo seu modo de vida do
proletariado de todas as outras formas de cortesia, razão pela qual esta era tão importante. Era a
sua abertura para um encantamento que eles não poderiam obter de outra maneira. Meu avô tinha
pouco de si para recomendar a minha avó, além de sua força, boa aparência e comportamento viril.
Mas ele respeitava a mulher nela e desempenhou o papel de cavalheiro da melhor maneira possível,
cada vez que ele a acompanhava para fora de casa. Daí a minha avó, que não gostavam dele
intensamente, – pois ele era ignorante, complacente, e bêbado, e manteve-se entre o limiar de sua
vida como um obstáculo inamovível para o avanço social – no entanto, o amava apaixonadamente
como homem. Este amor não poderia ter durado se não fosse o mistério do gênero. A masculinidade
do meu avô o separou de uma esfera de soberania própria, assim como a feminilidade da minha avó
a protegia de sua agressividade. Tudo aquilo que eles conheciam como virtude havia sido aplicado
a tarefa de permanecer de algum modo misterioso ao outro. E nisso eles foram bem sucedidos,
como foram bem sucedidos em algumas coisas mais.
Uma divisão similar de esferas ocorreu em toda a sociedade, e em cada canto do globo. Mas o
casamento era a sua instituição central, e o casamento dependia da fidelidade e da contenção
sexual. Os casamentos não duraram apenas porque o divórcio era reprovado, mas também porque
o casamento era precedido por um longo período de namoro, em que o amor e a confiança criavam
raízes antes da experiência sexual. Este período de namoro era também o de exibição, no qual os
homens mostravam sua masculinidade e as mulheres sua feminilidade. E é isso que queremos
significa, ou deveria significar, a “construção social” do gênero. Por encenação, os dois parceiros
preparavam-se para os seus papéis futuros, aprendendo a admirar e valorizar a separação de suas
naturezas. O homem cortês deu glamour ao personagem masculino, assim como a mulher cortês
deu mistério para o feminino. E algo desse glamour e mistério permaneceu depois, um tênue halo
de encantamento que fez com que um encorajasse o outro ao distanciamento que ambos tanto
admiravam.
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O casamento não se limita a servir as estratégias reprodutivas dos nossos genes, que atendem a
necessidade de reprodução da sociedade. Serve também o indivíduo em sua busca de uma vida e
satisfação própria. Sua capacidade de ordenar e santificar o amor erótico vai além de qualquer coisa
exigida pelos nossos genes. Como a nossa moralidade iluminista corretamente insiste, nós também
somos seres livres, cuja experiência é completamente qualificada por nosso senso de valor moral.
Nós não respondemos uns aos outros como animais, mas como pessoas, o que significa que, mesmo
no desejo sexual, a liberdade de escolha é essencial ao objetivo. O objeto de desejo deve ser tratado,
nas famosas palavras de Kant, não apenas como um meio, mas como um fim. Daí o verdadeiro
desejo sexual é o desejo por uma pessoa, e não pelo sexo, concebido como um produto
generalizado. Nós cercamos o ato sexual com restrições e proibições que não são de maneira
alguma ditados pela espécie, precisamente de modo a concentrar os nossos pensamentos e desejos
sobre o ser livre, ao invés de concentrar no mecanismo corporal. Nisto somos imensamente
superiores aos nossos genes, cuja atitude em relação ao que está acontecendo é, por comparação,
mera pornografia.
Mesmo quando a visão sacramental do casamento começou a minguar a humanidade ainda
mantinha os sentimentos eróticos aparte, como as coisas demasiado íntimas para discussão pública,
que só podem ser maculadas por sua exibição. A castidade, a modéstia, a vergonha e a paixão eram
parte de um drama artificial, mas necessário. O erotismo foi idealizado a fim de que o casamento
devesse perdurar. E o casamento, entendido como nossos pais e avós entendiam, era uma fonte de
realização pessoal e a principal forma pela qual uma geração passou seu capital social e moral para
a próxima.
Foi essa visão do casamento como um compromisso para a vida existencial, que estava por trás do
processo de “construção de gênero” nos dias em que homens eram domados e as mulheres eram
idealizadas. Se o casamento não é mais seguro, porém, as meninas são obrigadas a procurar outro
lugar para a sua realização. E outro lugar significa a esfera pública – pois é uma área dominada por
estranhos, com regras e procedimentos claros, na qual você pode se defender contra a exploração.
A vantagem de habitar este espaço não precisa ser explicada a uma menina cuja mãe abandonada
está sofrendo em seu quarto. Nem as suas experiências na escola ou faculdade irão ensiná-la sobre
a confiança ou o respeito pelo personagem masculino. Suas aulas de educação sexual a ensinaram
que os homens devem ser utilizados e descartados como os preservativos que os embrulham. E a
ideologia feminista incentivou-a a pensar que só uma coisa importa – que é descobrir e realizar a
sua verdadeira identidade de gênero, deixando de lado a falsa identidade de gênero que a “cultura
patriarcal” tem impingido a ela. Assim como os meninos se tornam homens sem tornarem-se viris,
as meninas se tornam mulheres sem tornarem-se femininas. A modéstia e castidade são
descartadas como politicamente incorretas; e em cada esfera onde elas se deparam com os homens,
as mulheres encontram-nos como concorrentes. A voz que acalmou a violência da masculinidade –
ou seja, o chamado feminino para proteção – tem sido remetida ao silêncio.
Assim como as virtudes femininas existiam, a fim de tornar o homem gentil, a virilidade existia a fim
de quebrar a reserva que fazia com que as mulheres retivessem seus favores até que a segurança
estivesse à vista. No mundo do “sexo seguro”, os velhos hábitos parecem tediosos e redundantes.
Em consequência, surgiu outro fenômeno marcante na América: a litigiosidade das mulheres para
com os homens com quem elas dormiram. Parece que o consentimento, oferecido de modo livre e
sem levar em conta as preliminares, uma vez assumido como indispensável, não é realmente
consentimento e pode ser retirado com efeitos retroativos. As acusações de assédio ou até mesmo
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de “estupro no encontro” ficam sempre na reserva. O tapa na cara que é utilizado para limitar os
avanços importunos é agora oferecido após o evento, e de forma muito mais letal – uma forma que
não é mais privada, íntima e remediável, mas pública, regulamentada, e com a objetividade absoluta
da lei. Você pode tomar isto como uma mostra de que o “sexo seguro” é realmente o sexo em sua
forma mais perigosa. Talvez o casamento seja o único sexo seguro que nós conhecemos.
Quando Stalin impôs as teorias de Lysenko sobre a União Soviética como a base “científica” do seu
esforço para remodelar a natureza humana e transformá-la no “Novo Homem Soviético”, a
economia humana continuou escondida sob os imperativos loucos do Estado stalinista. E uma
economia sexual paralela persiste na América moderna, que nenhum policiamento feminista ainda
conseguiu eliminar. Os homens continuam tomando conta das coisas, e as mulheres continuam a
postergar para os homens. As meninas ainda querem ser mães e obter um pai para seus filhos, os
meninos ainda querem impressionar o sexo oposto com sua valentia e seu poder. As etapas para a
consumação da atração podem ser curtas, mas são passos em que os papéis antigos e os antigos
desejos pairam no limite das coisas.
Assim, não há nada mais interessante o antropólogo visitante que as palhaçadas dos estudantes
universitários americanos: a menina que, no meio de alguma diatribe feminista de baixo calão, de
repente, começa a enrubescer; ou o menino que, andando com sua namorada, estende um braço
protegê-la. Os sociobiólogos nos dizem que esses gestos são ditados pela espécie. Devemos vê-los,
sim, como revelações do senso moral. Eles são o sinal de que há realmente uma diferença entre o
masculino e o feminino, para além da diferença entre o macho e a fêmea. Sem o masculino e o
feminino, na verdade, o sexo perde seu significado.
E aqui, certamente, reside a nossa esperança para o futuro. Quando as mulheres forjam sua própria
“identidade de gênero”, na forma como os feministas recomendam, elas deixam de ser atraentes
para os homens – ou são atraentes apenas como objetos sexuais, e não como pessoas individuais.
E quando os homens deixam de ser cavalheiros, eles deixam de ser atraentes para as mulheres. O
companheirismo sexual então continua pelo mundo. Tudo o que se precisa para salvar os jovens
dessa situação é que moralistas antiquados passem despercebidos pelas guardiãs feministas e
sussurrem a verdade em ouvidos ansiosos e surpresos. Na minha experiência, os jovens ouvem com
suspiros de alívio que a revolução sexual pode ter sido um erro, que as mulheres estão autorizadas
a ser modestas, e que os homens podem acertar o alvo ao serem cavalheiros.
E é isso que devemos esperar. Se somos seres livres, então é porque, ao contrário dos nossos genes,
podemos ouvir a verdade e decidir o que fazer sobre isso.
_______________________
Notas da tradução: (1) No original “harped and harpied”, um trocadilho impossível de traduzir. Harped é o mesmo que
“bater na mesma tecla” e harpied é uma brincadeira com “ave de rapina”.
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Test Drive para o Casamento?

Temos atualmente no Brasil um grande comércio de carros.


As concessionárias apresentam opções as mais variadas,
fazendo com que decidir fique muito difícil. Então, querendo
garantir que sua escolha seja a melhor, há a opção de fazer
um test drive com o veículo. Você pode dirigir um pouco,
para sentir o que significa ter aquele carro. A expectativa é
que depois que você experimente o veículo, você tenha
certeza de que é aquilo mesmo que você quer.
Dia desses estava lendo na internet que há uma ideia de que o casal pode decidir morar junto antes
de oficiar a cerimônia de casamento, pois com isso, teria certeza de que estariam escolhendo as
pessoas certas, estariam dispostas a superar as dificuldades, e ter certeza de que poderiam ser mais
felizes e realizadas com isso.
Será que essa lógica do test drive para o relacionamento dá certo? Será que os problemas
diminuiriam se por acaso o casal passasse um tempo vivendo junto antes?
Bom, acredito que algumas coisas precisam ser analisadas antes, para se ter a certeza de que tudo
está sendo levado em consideração.
A primeira, e mais importante delas, é a pessoa entender realmente porque deseja estar com
alguém. Tem gente que é tão infeliz sozinha, que pensa que a única chance de ser realmente feliz é
estando ao lado de alguém. Por essa razão, quando aparece alguém interessante, essa pessoa acaba
se tornando a resposta para todos os anseios, o caminho para a felicidade.
O problema é que quando acontece isso, temos a tendência de fechar os olhos para tudo de ruim
que a outra pessoa tem. O foco fica apenas naquilo que ela tem de bom, e não no que tem de
complicado. Só que muita gente acredita que esse tipo de dificuldade só se resolve se viver junto.
Aí sim vai ser possível ver a outra pessoa como ela realmente é.
Pois bem, concordo em parte com isso. É claro que só podemos entender a outra pessoa quando
vivemos com ela. Alguns dizem que só sabemos quem a outra pessoa realmente é quando
partilhamos um saco de sal. Ou seja, com o tempo de convivência.
Só que isso não quer dizer que tem que ser necessariamente quando vivem juntos. É para isso que
serve o namoro. Devemos investir nesse tipo de relacionamento para conhecer a outra pessoa. Só
que isso não acontece, porque muita gente fica tão preocupado/a em impressionar e não perder a
outra pessoa, pois vai voltar a ficar solteiro/solteira, que se submete a todo tipo de coisa, e tenta
parecer a melhor pessoa que pode ser. Ou seja, não é porque vão morar juntos que esse problema
pode ser evitado. Deve-se gastar tempo conversando, entendendo o que o outro pensa da vida,
quais seus valores mais importantes, etc.
Outros acham que morar juntos ajuda se for necessário se separar, pois já que não oficializaram
nada, isso pode permitir a uma pessoa se desvencilhar mais rapidamente. Essa é outra opinião
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equivocada. As pessoas não percebem que quando fazem a opção de morar juntos, tanto o homem
quanto a mulher emocionalmente se unem como se estivessem em uma relação. Não é que são
duas pessoas solteiras partilhando um lar. Ambas se consideram casadas, apenas não fizeram o
processo da cerimônia. Ora, isso pode acontecer por motivos financeiros, por questão de trauma
da pessoa, ou mesmo para evitar a expectativa social. Infelizmente, nada disso fica de fora. Diante
de uma decisão de morar juntos, não há a opção de ficar emocionalmente separado. Já implica uma
união emocional. Com isso, qualquer separação entre os dois, vai trazer os mesmos tipos de
consequências, mesmo perante a lei, de uma união formalizada.
Agora, uma coisa importante a ser considerada é que a vida é feita de ciclos, e de decisões que
mudam a perspectiva de como viver. Entrar na escola, Entrar no ensino médio, entrar na faculdade,
formar-se na faculdade, conseguir o primeiro emprego, etc., todas essas situações implicam em
mudanças sociais, de como se percebe a pessoa, e de expectativas e necessidades. Uma das
importantes mudanças da vida é aquela que advém da decisão de casar-se. Ela implica mudança
não apenas do status do Facebook, nem das fotos postadas nas redes sociais. Implica uma nova
perspectiva de vida, uma nova forma de entender como as pessoas devem agir, como devem se
comportar. Implica uma mudança de prioridades, de propósitos, de interesses. Por essa razão, acho
que é muito importante haver o casamento, seja ele como for (só o civil, civil e religioso, civil e
religioso e festa). Não apenas para os outros, mas para que o casal também possa conscientizar-se
de que uma nova etapa se inicia para os dois, e que mudanças precisam ser feitas. Esses ritos sociais
de mudança servem para isso. E são muito importantes.
Por isso, o namoro deve ser aproveitado para se pensar bem sobre a relação, conhecer a pessoa,
saber se ela é ou não alguém com quem você suporta viver durante sua vida. Então, tome as
decisões necessárias, para fazer do momento em que decidem viver sob o mesmo teto um
momento de realmente assumir responsabilidade um pela vida do outro. E depois, jogue fora a
chave, queime a ponte que usou para cruzar o abismo da vida de solteiro para a vida de casado.
Assuma seu relacionamento e faça o que for necessário para fazê-lo funcionar.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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Feminilidade: o que está acontecendo com as


mulheres?
Equipe Christo Nihil Praeponere
I. Introdução
Dando prosseguimento a este ciclo de aulas dedicado à dignidade da mulher, meditaremos hoje a
respeito da feminilidade e, de modo mais específico, sobre a postura e o comportamento de Nosso
Senhor em relação às mulheres, tal como nos relatam os quatro evangelhos. Faremos, pois, um
breve apanhando do quinto capítulo da Carta Apostólica "Mulieris Dignitatem", de cuja leitura
pudemos depreender até agora que o estatuo de dignidade feminina radica-se, em última análise,
no fato de a mulher ser feita à imagem e semelhança de Deus, com Quem é chamada a entabular
relações em Cristo, e que a opressão por ela sofrida não pertence ao projeto original de Deus para
o relacionamento entre os sexos, mas decorre, como triste consequência, da Queda de nossos Pais.
II. «Homem e mulher os criou»
§ 1. O ser pessoa. — A Igreja Católica nos ensina que há um desígnio divino para a criação, quer
dizer, Deus fez o mundo, submeteu-o a certos limites e não deixa nunca de o governar. O livro de
Jó, por exemplo, traz uma narrativa eloquente de como a sabedoria divina ordena as criaturas
segundo um projeto pré-estabelecido e impõe a cada uma delas funções e possibilidades
determinadas. Ao dirigir-se ao mar, com efeito, o Senhor lhe diz: "Chegarás até aqui, não irás mais
longe; aqui se deterá o orgulho de tuas ondas" (Jó 38, 11). Esta é uma verdade que vale também
para o ser humano, cume da criação e ponto de contato entre as esferas corporal e espiritual: "O
homem e a mulher", diz o Catecismo, "foram criados, isto é, foram queridos por Deus: por um lado,
em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas e, por outro, no seu ser respectivo de homem e
de mulher." [1] O ser pessoa, nesse sentido, vem logicamente antes de sua dimensão sexual; é,
portanto, a natureza pessoal, predicável tanto do homem quanto da mulher, que por primeiro
personifica e dá sentido à dualidade sexual que diferencia machos e fêmeas. Ora, admitir o
contrário, isto é, que antes se é homem ou mulher para só então ser pessoa, nos levaria ao
"contrassenso de pensar que existem duas classes substanciais de «pessoas humanas», a pessoa
masculina e a pessoa feminina." [2] Deus constituiu o homem e a mulher sobre o mesmo substrato
pessoal, fê-los antes de tudo naquele "plano em que se é «pessoa»" e que "é mais radical que a
dualidade de sexos" [3].
§ 2. A realidade sexual. — Mas o "ser homem" e o "ser mulher" são também realidades boas e
queridas por Ele [4]. Se, no plano substancial da pessoa, homens e mulheres são igualmente dignos
e possuem, por isso, os mesmo direitos e deveres, na dimensão sexual uns e outras não são
"respectiva e reciprocamente, nem superior nem inferior; simplesmente são diferentes" [5]. Essa
diferença, que se traduz numa verdadeira complementaridade por que ambos são chamados a
cooperar na obra do gênero humano, configura os dois modos possíveis pelos quais são capazes,
cada um à sua maneira, de refletir na ordem criada a inesgotável e incomensurável perfeição do
Criador, pois "Deus", continua o Catecismo, "não é de modo algum à imagem do homem. Não é
nem homem nem mulher. Deus é puro espírito, não havendo nele lugar para a diferença dos sexos.
Mas as «perfeições» do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as de uma
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mãe e as de um pai e esposo." [6] De fato, em muitas passagens das Escrituras Deus dá a conhecer
o amor e o zelo—superiores, aliás, ao carinho materno—que nutre por Seu povo: "Pode uma mulher
esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que
ela o esquecesse, Eu não te esquecerei nunca" (Is 49, 14-15). A atenção que o Senhor dispensa tem
também algo de maternal: "Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém"
(Is 66, 13). Ele manifesta paralelamente o Seu amor incansável, perseverante e paterno: "Israel era
ainda criança, e já Eu o amava, e do Egito chamei Meu filho. Mas, quanto mais os chamei, mais se
afastaram; e queimaram ofertas aos ídolos. Eu, entretanto, ensinava Efraim a andar, tomava-o nos
Meus braços, mas não compreenderam que eu cuidava deles" (Os 11, 1-3; cf. Jr 3, 4-19).
§ 3. O fracasso feminista. — Pensado e desejado por Deus desde a eternidade, tudo o que os sexos
têm de próprio e complementar deveria levar-nos a afirmar que, se já é bom ser homem, é decerto
maravilhoso ser mulher. Criada para amar a Deus e entregar-Se-lhe com coração indiviso, a mulher
é chamada a aceitar a si mesma e reconhecer a sua condição de "filha de Deus na sua identidade
especifica de mulher, expressamente querida dessa forma por Ele." [7] Não deixa, pois, de causar
algum espanto que, na esteira do mais radical feminismo, tenhamos chegado hoje ao ponto de, ao
querermos emancipar as mulheres a qualquer custo, as termos privado do que lhes é exclusivo e
peculiar enquanto mulheres, reduzindo-as a "uma grotesca imitação do modo masculino de atuar"
[8]:
Nessa trilha, não é raro ver mulheres que se sentem no "direito" de assumir precisamente os erros
de comportamento do sexo oposto, como se fossem prerrogativas vantajosas do homem: o sexo
desprovido de responsabilidades e consequências (a principal reivindicação do movimento),
acompanhado do seu clássico séquito—a anticoncepção, a defesa do divórcio e do aborto—; a
grosseria de maneiras e a completa ausência de pudor; e os vícios outrora considerados
"masculinos", como a embriaguez, o jogo, as drogas... [9]
Esse radicalismo feminista, à semelhança das demais ideologias revolucionárias, é uma realidade
que pretende opor-se à ordem em que o mundo foi criado. Poder-se-iam inclusive apreender certas
semelhanças entre o feminismo mais renhido e alguns dos traços comuns às várias gnoses que
surgiram ao longo da história. O mundo, supõem os gnósticos, não só está mal feito como é produto
do mal, ou seja: do demiurgo, princípio co-eterno a Deus e admitido como explicação para os males
e imperfeições que afligem e, por assim dizer, caracterizam a realidade terrena. Ora, a distinção
sexual entre homem e mulher, dizem, é também fruto da desordem intrínseca a todo o mundo
material; ela deve, pois, ser combatida e, na medida do possível, abolida ou anulada. Dependente
como é de uma cosmovisão bastante rasteira e algo materialista, o feminismo imanentiza esse
princípio cósmico do mal, plasmando-o nas "instituições opressoras" ou no afamado e vaporoso
"sistema", que, gerido por uma ideologia patriarcal, machista e chauvinista, seria considerado o
responsável histórico pela desigualdade entre homens e mulheres, pela divisão de papéis sexuais,
pela opressão secular, enfim, a que as mulheres têm sido submetidas há tantos séculos.
III. Jesus Cristo perante as mulheres
§ 4. As mulheres no Evangelho. — É no entanto o próprio Cristo quem nos dá a chave de leitura para
compreendermos o real valor da mulher. Os quatro evangelhos, com efeito, ao narrarem a postura
de Nosso Senhor em relação às diversas figuras femininas que vez por outra lhe cruzam o caminho,
descrevem um "comportamento extremamente simples e, exatamente por isso, extraordinário, se
visto no horizonte do seu tempo" [10]; trata-se de um comportamento que, por sua profundidade
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e transparência, quebra os "tabus" da sociedade judaica de então. É de fato desconcertante para a


mentalidade da época a singeleza, a sinceridade com que Jesus dialoga com a Samaritana, para a
qual deixa "transparecer pela primeira vez a sua condição de Messias" (cf. Jo 4, 1-14) [11]. São, aliás,
os próprios discípulos que de certa maneira se escandalizam ao ver o Mestre em conversa com uma
mulher pertencente ao povo talvez mais execrado pelos judeus:
Admite-se universalmente—e até por parte de quem se posiciona criticamente diante da mensagem
cristã—que Cristo se constituiu, perante os seus contemporâneos, promotor da verdadeira
dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Às vezes, isso provocava estupor,
surpresa, muitas vezes raiando o escândalo: "ficaram admirados por estar ele a conversar com uma
mulher" (Jo 4, 27), porque este comportamento se distinguia daquele dos seus contemporâneos.
"Ficaram admirados" até os próprios discípulos de Cristo. O fariseu, a cuja casa se dirigiu a mulher
pecadora para ungir os pés de Jesus com óleo perfumado, "disse consigo: «Se este homem fosse
um profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que o toca: é uma pecadora»" (Lc 7, 39).
Estranheza ainda maior ou até "santa indignação" deviam provocar nos ouvintes satisfeitos de si as
palavras de Cristo: "Os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus" (Mt 21,
31) [12].
A solicitude e o respeito mantidos por Cristo diante da mulher, qualquer que fosse a sua condição,
vêm sempre acompanhados daquela reserva e gravidade que marcam a pureza de vida de Nosso
Senhor. Mas nem por isso Ele "deixa de tratá-las com especial [...] deferência" [13]. Será justamente
uma mulher, Maria Madalena, a primeira testemunha da Gloriosa Ressurreição; a ela caberá o
encargo, conferido pelo mesmo Jesus, de transmitir aos Apóstolos, amedrontados e desconsolados,
a boa nova (cf. Jo 20, 11-18). Foram três mulheres que três dias antes mantiveram-se firmes,
perseverantes embora tristes, ao pé da Cruz de que pendia o santíssimo corpo flagelado do Verbo
encarnado (cf. Jo 19, 25). Foram também três mulheres que tiveram o desvelo de, logo ao
amanhecer, ir ao sepulcro de Deus para o ungir e lavar. Poder-se-ia ver nesta coragem e fortaleza
femininas que recorrentemente despontam no Evangelho um prenúncio da íntima relação que, na
história da Igreja, se faria sentir entre mística e feminilidade, pois as mulheres, ao menos de um
modo geral, deixam-se enamorar por Deus com mais facilidade do que os homens. Com efeito,
talvez a constituição mesma do ser mulher, orientada para a doação ao esposo e aos filhos, frutos
da união conjugal [14], seja, só por si, uma cristalização física da maior docilidade que têm as
mulheres à moção da Graça e ao Espírito Santo. Como quer que seja, o fato é que desde "o início da
missão de Cristo, a mulher demonstra para com Ele e seu mistério uma sensibilidade especial que
corresponde a uma característica da sua feminilidade." [15]
§ 5. «No princípio não foi assim». — Outro aspecto importante da postura de Cristo relativamente
às mulheres é o chamado, expresso de modo particular em Seus debates sobre o matrimônio (cf.
Mt 19, 3-12; Mc 10, 1-12; Lc 16, 18), ao "princípio", ou seja, à origem da humanidade e ao projeto
original de Deus para o ser humano antes de o pecado haver entrado no mundo. Interrogado pelos
fariseus se era lícito ao homem, como permitia a legislação mosaica, rejeitar sua esposa, Jesus,
quebrando o legalismo típico da mentalidade farisaica, faz referência ao "começo", quando Deus
fez o homem e a mulher e disse, pela boca de Adão: "Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe
para se unir à mulher; e já não são mais que uma só carne" (Gn 2, 24). "Portanto", conclui o Senhor,
"não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6). Pensando ter ao seu lado a prescrição de Moisés,
os fariseus tentam pôr Cristo à prova e, para isso, colocam-lhe a questão do direito "«masculino»
de «repudiar a própria mulher por qualquer motivo» (Mt 19, 3); e, portanto, também do direito da
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mulher, da sua justa posição no matrimônio, da sua dignidade." [16] Recusando, porém, submeter-
se ao jogo dos fariseus, o Senhor responde: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu
essa lei" (Mc 10, 5), isto é, a possibilidade de escrever uma carta de divórcio e despedir a mulher;
"mas no começo não foi assim" (Mt 19, 8). Jesus nos remete, pois, "para a criação do homem como
homem e mulher e para o ordenamento de Deus que se fundamenta no fato" [17] de que ambos
foram feitos à imagem e semelhança de Deus. Ele reconduz as coisas ao lugar que lhes fora
designado no "começo"; a libertação que Cristo traz à mulher é um retorno ao plano de Deus, que
fez o homem e a mulher um para o outro:
[...] não que Deus os tivesse feito apenas "pela metade" e "incompletos"; criou-os para uma
comunhão de pessoas, na qual cada um dos dois pode ser "ajuda" para o outro, por serem ao
mesmo tempo iguais enquanto pessoas ("ossos de meus ossos...") e complementares enquanto
masculino e feminino. No matrimônio, Deus os une de maneira que, formando "uma só carne" (Gn
2, 24), possam transmitir a vida humana: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra" (Gn 1, 28).
Ao transmitir a seus descendentes a vida humana, o homem e a mulher, como esposos e pais,
cooperam de forma única na obra do Criador [18].
IV. A cumplicidade no pecado
Um outro ponto não menos importante que convém ter em conta nos é revelado ou antes
relembrado no episódio da mulher surpreendida em adultério. Como diz o Bem-aventurado Papa
João Paulo II, Jesus entra aqui de maneira incisiva na condição histórica e concreta da mulher, sobre
a qual pesa e recai também a herança do pecado. "Onerados pela pecaminosidade hereditária",
escreve o Papa, homem e mulher "carregam em si a constante «causa do pecado», ou seja, a
tendência a ferir a ordem moral, que corresponde à própria natureza racional e à dignidade do ser
humano como pessoa" [19]. Esta como que inclinação latente à depravação e ao desvio "exprime-
se, entre outras coisas, no costume que discrimina a mulher em favor do homem" [20]. Propenso à
dominação e ao uso indiscriminado da autoridade que lhe confere o vigor físico, o homem no estado
atual sente dentro de si a tendência a utilizar-se da mulher como um objeto e a eximir-se do pecado
de que com ela (pois os dois pecam juntos) se torna réu. Nesse sentido, as acusações feitas à mulher
adúltera servem a Jesus de ocasião não apenas para manifestar a Sua misericórdia—"Nem eu te
condeno. Vai e não tornes a pecar" (Jo 8, 11)—, mas sobretudo para despertar
[...] a consciência do pecado nos homens que a acusam para apedrejá-la, manifestando assim a sua
profunda capacidade de ver as consciências e as obras humanas segundo a verdade. Jesus parece
dizer aos acusadores: esta mulher, com todo o seu pecado, não é talvez também, e antes de tudo,
uma confirmação das vossas transgressões, da vossa injustiça "masculina", dos vossos abusos? [21]
A mulher não deixa, portanto, de ser responsável pelos próprios erros. Mas é ela que muitas vezes
tem de arcar com os resultados das faltas, sobretudo as de ordem sexual, em que homem teve sua
cota, quando não a própria iniciativa, de participação. Na verdade, mais "do que um conflito entre
os sexos, o que existe é [...] uma cumplicidade na corrupção. E, nessa cumplicidade, é a mulher que
sofre mais violentamente as consequências" [22]:
Quantas vezes, de modo semelhante, a mulher paga pelo próprio pecado (pode acontecer que seja
ela, em certos casos, a culpada pelo pecado do homem como "pecado do outro"), mas paga ela só
e paga sozinha! Quantas vezes ela fica abandonada na sua maternidade, quando o homem, pai da
criança, não quer aceitar a sua responsabilidade? E ao lado das numerosas "mães solteiras" das
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nossas sociedades, é preciso tomar em consideração também todas aquelas que, muitas vezes,
sofrendo diversas pressões, inclusive da parte do homem culpado, "se livram" da criança antes do
seu nascimento. "Livram-se": mas a que preço? A opinião pública de hoje tenta, de várias maneiras,
"anular" o mal deste pecado; normalmente, porém, a consciência da mulher não consegue esquecer
que tirou a vida do próprio filho, porque não consegue apagar a disponibilidade a acolher a vida,
inscrita no seu "ethos" desde o "princípio" [23].
Desfazendo, assim, a hipocrisia masculina, Jesus—cuja inteligência talvez estivesse, também neste
episódio, em contato com o mistério daquele "«princípio», quando o homem foi criado homem e
mulher, e a mulher foi confiada ao homem com a sua diversidade feminina, e também com a sua
potencial maternidade"—deixa a grade lição de que o conflito entre os sexos, quando surge, se deve
principalmente ao "egoísmo de se buscar a felicidade própria acima de tudo. E daí o paradoxo de se
encontrar a frustração e a infelicidade precisamente onde se buscava a felicidade..." [24]
Referências
Catecismo da Igreja Católica (CIC), n. 369.
Pedro-Juan Viladrich, A Agonia do Casamento Legal. Braga: Theologica, 1978, p. 38.
Id., ibid.
Cf. CIC, loc. cit.
Pedro-Juan Viladrich, op. cit., loc. cit.
CIC, n. 370.
Sueli C. Uliano, Por um Novo Feminismo. São Paulo: Quadrante, 1995, p. 19.
Id., p. 8.
Id., ibid.
João Paulo II, Carta Apostólica "Mulieris Dignitatem80
Sueli C. Uliano, op. cit., p. 21.
MD, loc. cit.
Sueli C. Uliano, op. cit., loc. cit.
Cf. João Paulo II, 21.ª Catequese, "O mistério da mulher revela-se na maternidade", de 12 mar. 1980. Disponível em (sítio):
<goo.gl/W02BT6
MD, n. 16.
Id., n. 12.
Id., ibid.
CIC, n. 372.
MD, n. 10.
Id., n. 14.
Id., ibid.
Sueli C. Uliano, op. cit., p. 31.
MD, loc. cit.
Sueli C. Uliano, op. cit., loc. cit.
40

Maternidade
Equipe Christo Nihil Praeponere
I. Introdução
Dando continuidade ao nosso estudo da Carta Apostólica "Mulieris Dignitatem", do Bem-
aventurado Papa João Paulo II, dedicaremos a aula de hoje ao tema da maternidade, vocação básica
e caminho de realização por excelência da personalidade feminina. Falaremos no próximo encontro
a respeito da virgindade e, tendo diante dos olhos o conjunto destas duas aulas ao vivo, poderemos
vislumbrar sob melhores luzes como a Toda Pura e Imaculada Maria, plenamente Mãe e
perpetuamente Virgem, constitui para as mulheres de todos os tempos e condições o modelo
perfeito de entrega, doação e valorização quer do ser mulher, quer da nossa condição de servos e
servas de Deus, pois a Santíssima Mãe de Nosso Senhor nos ajuda a compreender que o matrimônio
e a virgindade, duas dimensões da vocação da mulher, enquanto pessoa, não se limitam, mas antes
se desdobram e completam mutuamente [1].

II. O dom de ser mãe


Maternidade e paternidade, cada um conforme seus traços peculiares, são um dom recíproco pelo
qual homem e mulher não apenas participam da obra criadora de Deus, mas também refletem o
amor com que Ele mesmo, no mistério da geração eterna das Pessoas Divinas, Se ama em Sua
intimidade [2]. Este amor de entrega que só o matrimônio pode garantir e resguardar cristaliza-se
já na estrutura corporal mesma que diferencia ambos os sexos e lhes atribui um sentido
eminentemente esponsal [3] e ordenado à formação da família: "a imagem típica da mulher", pela
qual se distingue do homem e o atrai, "corresponde biologicamente ao que tem de possível mãe"
[4]: seus seios e quadris sinalizam, assim, uma potencial maternidade e conferem à mãe tudo de
que precisará para dar seu filho à luz e suprir-lhe as primeiras necessidades. A constituição sexual
masculina, por sua vez, se apresenta como algo orientado para a paternidade e como "veículo para
transmitir o seu amor à mulher". Aqui reside, mais do que sob qualquer outro aspecto, o papel
claramente ativo que o homem desempenha na relação sexual: o seu sexo "está feito para expressar
a ternura do amor" [5] e do carinho devida à mulher que se lhe confia e entrega no leito conjugal.
Este amor encontra sua expressão corporal também na mútua dependência física que a natureza
exige para o ato de conceber uma criança; é para a mulher, contudo, que esta capacidade de gerar
novas vidas tem especial significado e ressonância. De fato, a maternidade constitui uma parte
importante, senão a mais comprometedora e delicada, no ato de ter um filho, porque o ser pais,
ainda que diga respeito tanto ao homem quanto à mulher, realiza-se mais visível e radicalmente
nesta, sobretudo no período precedente ao parto. É sobre a mãe, com efeito, "que recai
diretamente o «peso» deste comum gerar, que absorve literalmente as energias do seu corpo e da
sua alma." [6].
A realização desta natural disponibilidade que tem o organismo feminino para a gestação de uma
criança, além das repercussões físicas que acarreta, introduz a futura mãe num processo complexo
e irredutível a fatores meramente materiais. Ele comporta, pois, uma dimensão mais profunda, que
afeta a interioridade psíquica da gestante e assinala, no curso normal das coisas, sua maturidade
41

seja física, seja moral: "a mulher, carregando em si o filho, é fisiologicamente condicionada à
maternidade" [7] e espiritualmente disposta ao dom de si que, tendo início já na união com o
esposo, se transfigura na entrega e dedicação ao fruto do amor matrimonial. O ser mãe, nesse
sentido, implica "uma comunhão especial com o mistério da vida que amadurece no seio da mulher"
[8] e escapa por completo ao homem, "o qual sempre se sente «fora» do processo da gravidez e do
nascimento." [9] Com efeito, se a gestante, por um lado, vai desde já admirando este mistério e,
com intuição singular, compreendendo "o que se vai formando dentro de si", o pai, por outro, vê-
se obrigado a cultivar sua paternidade com diferente empenho; ele deve, de certa maneira,
aprender da mãe e com a mãe a sua própria paternidade [10]. Pode-se dizer que isto
[...] faz parte do dinamismo humano normal do ser genitores, também quando se trata das
etapas sucessivas ao nascimento da criança, especialmente no primeiro período. A educação do
filho, globalmente entendida, deveria conter em si a dúplice contribuição dos pais: a
contribuição materna e paterna. Todavia, a materna é decisiva para as bases de uma nova
personalidade humana [11].

III. Maternidade e carreira


No entanto, sob a pressão multifária de correntes feministas, essa essencial presença da mãe tem
cedido o passo cada vez mais à inserção das mulheres no mercado de trabalho e à sobrevalorização
da carreira e do sucesso. De um modo geral, existe uma certa tendência, hoje bastante arraigada, a
desmerecer a vida do lar. Nas últimas décadas, aliás, os media tiveram um peso importante ao
propagar a impressão de que a uma mulher letrada e inteligente, arrojada e progressista, não
convém ficar em casa vendo a vida passar. O desligamento progressivo das mulheres de seus lares,
filhos e maridos, na verdade, viria acrescentar-se aos fatores responsáveis por gerações e gerações
de crianças emocionalmente desequilibradas; pela epidemia já alarmante de indisciplina e
agressividade infantil; pelo surto da atividade sexual pré-matrimonial etc. etc.
Conjugada às revoluções liberais e econômicas por que passou o Ocidente ao longo dos séculos XVIII
e XIX, a ideia de que as mulheres deveriam emancipar-se da mais "antiga forma de opressão"—a
dos machos sobre as fêmeas—e de dependência—a da esposa em relação ao marido—levou a um
progressivo envilecimento da vida doméstica e familiar e, ao fim e ao cabo, da própria vocação à
maternidade. Sob a legitimidade de supostos direitos civis, o feminismo acabou por diluir a mulher
na dinâmica vazia e desespiritualizada da vida moderna, que, longe de constituir uma prerrogativa
masculina, afeta e prejudica qualquer pessoa. Também a crença algo paradoxal de que a realização
da identidade feminina só pode dar-se pelo total esvaziamento das noções de "homem" e "mulher"
tem acentuado a crescente incapacidade de compreendermos a especificidade de cada sexo—suas
formas de expressão, de relacionamento consigo e com outro etc.—e o direito de as mulheres
serem integralmente mulheres, de realizarem as aspirações que lhes dita o coração e de não terem
por régua a figura inconstante e dispersa do homem de hoje. "O primeiro direito da mulher",
escreve Jacques Leclercq, "é o de ser ela mesma, ser mulher e não procurar meios de se desenvolver
à semelhança do homem." [12]
Embora tenham vocações diferentes, homem e mulher estão associados para cumprirem juntos "a
obra do gênero humano" [13] e, por isso, "têm o dever de se entregarem a ela cada um no seu
lugar." [14] Nesse sentido, a mulher tem a mesma obrigação que o homem de ser útil. Isto por si só
já exclui duas concepções equivocadas da vida feminina, a saber: que as mulheres estão autorizadas
42

a levar uma existência ociosa e sem responsabilidades ou, pelo contrário, que elas devem exercer
os mesmos papéis que o homem. A função habitual da mulher—trata-se, de certa forma, de sua
profissão—é a de ser esposa e mãe, "função normalmente absorvente" [15] e mais desgastante do
que muitas atividades masculinas. Há, pois, certa incoerência ao falar-se hoje de "mães que
trabalham", como se com isso se desse a entender que as mães inteiramente dedicadas ao lar não
trabalhassem de jeito nenhum. A missão e o papel primários da mulher é cuidar do lar, pois o pai, o
esposo, já "consagra normalmente a sua atividade à profissão" [16]:
Uma sociedade bem organizada deve permitir a todos os seus membros que se expandam e
sejam úteis, cada um em seu lugar e de acordo com as suas aptidões. Nesse ponto é que o
feminismo falha, porque muitos feministas defendem ideias destruidoras da família, e destruir
a família é envilecer a mulher; alma do lar, a mulher lucra na medida em que lucra a família.
Quanto mais estável for a família, tanto mais garantida estará a situação da mulher, tanto mais
esta ganhará em autoridade e liberdade, tanto mais respeitável se tornará a vida matrimonial,
tanto mais respeitada a maternidade, tanto mais assegurado terá a mulher o pleno
desenvolvimento da sua personalidade [17].

Ora,
Uma vez que a mulher foi feita para a família e em especial para a maternidade, a divisão do
trabalho entre a mulher e o homem realiza-se naturalmente, cabendo à mulher a direção do lar
e ao homem, o trabalho externo. Mas, como é o trabalho externo o que permite a família viver,
o homem é normalmente o sustentáculo da família e a mulher deve estar protegida contra todo
o abandono eventual. [...] Para que a família seja estável e respeitada, o que é preciso é reter o
homem. A mulher será livre, respeitada, soberana, na medida em que a família for estável [18].

Em vista disso, não se pode considerar normal e nem mesmo aconselhável que uma mulher casada
se dedique a uma profissão ou qualquer outra atividade que a tire ou separa do lar [19]. É lógico
que as mulheres, quando exercem uma profissão, têm toda a capacidade e competência necessárias
para realiza-la com perfeição; a vida doméstica, porém, exige-lhes mais presença do que o trabalho.
Isto não quer dizer que, em determinadas circunstâncias, elas não possam procurar um emprego.
O ritmo da vida moderna quase sempre o exige e impõe. Mas não se trata, é óbvio, de um "tudo ou
nada": ou a mãe passa o dia inteiro fora de casa a trabalhar ou se enclausura para sempre na
cozinha. O fato é que, seja em casa, seja numa outra ocupação, a mãe, assim como o pai, acaba não
podendo escapar ao trabalho, mas isso não significa dizer que ela tem necessariamente todo o
tempo ocupado, de sorte a não poder fazer mais nada [20].
O conflito que muitas mulheres têm hoje experimentado entre o cuidado familiar e a manutenção
de um emprego se deve, em parte, à falsa e disseminadíssima ideia de que, ao contrário dos
homens, as mulheres conseguem fazer várias coisas simultaneamente: é o mito da multitarefa [21]
acrescido às virtudes femininas. A experiência de pelo menos seis décadas, no entanto, tem
demonstrado que, na esmagadora maioria das vezes, isto não apenas não é verdade como, na
prática, os efeitos de uma vida desfocada tendem a ser bastante desastrosos. Ora, se é verdade que
as mulheres são de certo modo mais dispostas a realizar muitas tarefas ao mesmo tempo, também
é verdade que elas, como qualquer outro ser humano, não as podem fazer todas igualmente bem;
é preciso um mínimo da atenção e individualização no que se está fazendo—e isto se torna tanto
mais necessário quanto mais grave e importante é a tarefa a que nos dedicamos. A mulher moderna,
assim, se não despreza de todo nem a família nem o ter filhos, deseja no mínimo abraçar o mundo;
43

e ela acaba assoberbada com uma multidão de afazeres esgotantes: ou o trabalho se torna um peso
ou a família, um martírio.
A solução proposta para tal conflito é a chamada sequenciação (sequencing), isto é, um plano de
vida em que se procure dar ao lar ao menos tanta atenção quanto ao trabalho. A estratégia básica
deste método é permanecer em casa com os filhos durante o período de desenvolvimento infantil
em que a presença da mãe no lar é imprescindível para o crescimento normal e saudável da criança.
Há muitos indícios de que a permanência da mãe em casa é altamente positiva para os pequenos
[22]:

— "As crianças que recebem os primeiros cuidados em creches (durante o primeiro ano de vida)
mostraram níveis de aprendizagem e compreensão mais baixos que as outras, e problemas
emocionais e no estudo ao chegarem aos oito anos" [23].

— Uma síntese de 88 estudos de ampla escala chegou à conclusão de que um cuidado não
paterno de mais de 20 horas semanais provoca um inconfundível efeito negativo no
desenvolvimento sócio-emocional, no comportamento e no carinho dos filhos [24].

— Dez estudos de diferentes países relacionaram o ambiente de creches com o comportamento


agressivo e negativo das crianças, e com a decrescente cooperação com os seus iguais e os
adultos [25].

— Em 2001, o Times informava que um estudo "tinha mostrado que há uma conexão entre o
tempo que a criança passa na creche e certos traços como agressão, desconfiança e
desobediência... [e que] essas descobertas eram válidas independentemente do tipo ou
qualidade dos cuidados, do sexo da criança, do status socioeconômico da família ou de as mães
lhes darem depois uma atenção delicada em casa". As crianças educadas pela mãe "apresentam
um terço dos problemas de comportamento que os que apresentam as que passam o dia todo
na creche" [26].

Trata-se sobretudo de uma questão de prioridade. A mulher que deseja ser mãe, mas não exclui a
possibilidade de uma carreira, tem de perguntar-se a si mesma: quais lembranças terei daqui
quarenta, cinquenta anos: meus sucessos no consultório, na empresa, no fórum—realizações
passageiras—ou os momentos em que passei ao lado dos meus filhos—destinados à felicidade
eterna—, as ocasiões em que lhes pude ensinar algo valioso para a vida? Na verdade, as mulheres
devem lembrar-se de que ficar em casa quando os filhos ainda são pequenos e requerem a presença
materna não significa que não se possa, no futuro, recomeçar a vida profissional e reingressar no
mercado de trabalho. Crescidas as crianças, a mãe tem todo o direito e liberdade de desprender-se
um pouco do lar, a fim de crescer profissionalmente ou contribuir, se for o caso, para o orçamento
familiar.

Referências
Cf. João Paulo II, Carta Apostólica "Mulieris Dginitatem80
Cf. G. Cappelli, «Paternidade/Maternidade», verbete in: VV.AA. Lexicon: Dicionário Teológico Enciclopédico. São Paulo: Loyola, 2003,
p. 575.
V. João Paulo II, 80.ª Catequese, de 28 abr. 1982. Disponível em (sítio): <goo.gl/SNK5F3
Mikel G. S. Garai, Saber Amar com o Corpo. Trad. port. de J. Dionísio de Almeida. Lisboa: Rei dos Livros, 1994, p. 29.
44

Id., p 35.
Cf. MD., n. 18.
G. Cappelli, op. cit., loc. cit.
MD, loc. cit.
G. Cappelli, op. cit., loc. cit.
MD, loc. cit.
Id., ibid.
Jacques Leclercq, A Família. Trad. port. Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante; Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP),
[s./d.], p. 300, § 53.
Id., ibid.
Id., ibid.
Id., p. 301.
Id., ibid.
Id., ibid.
Id., ibid.
Cf. id., p. 305.
Cf. id., ibid.
V. Dave Crenshaw, The Myth of Multitasking
Dados extraídos de Thomas G. Morrow, O Namoro Cristão
D. L. Vandell e M. A. Corasantini, "Childcare and the Family: Complex Contributors to the Child Development", in: K. McCartney, Child
Care and Maternal Employment. São Franciso: Jossey-Bass, 1990.
C. Violata e C. Russell, Effects of Non-maternal Care on Child Development: a Meta-analysis of Published Research. Conferência
apresentada no LV Congresso anual da Canadian Psychological Association. Penticon, British Columbia, 1994.
Haskins R., "Public School Aggression among Children with Varying Daycare Experience", in: Child Development, vol. 56, 1985, pp.
689-703.
S. G. Stolberg, "Link Found Between Behavorial Problems and Time in Child Care", in: New York Times, de 19 de abr. 2001; cf. G.
Flanagan, "Daycare is Harmful to Children", in: Liberation Journal.
45

Homens que se recusam a amadurecer e a


crescer
Blog Carmadélio
Medo de enfrentar a responsabilidade da fase adulta cresce entre a população masculina
O desejo de crescer e ser um adulto do dia para a noite já esteve presente na mente da maioria das
crianças. Do outro lado, estão os que pensam e agem como o personagem da Disney, Peter Pan, o
menino que quer ser criança para sempre. Esse medo de crescer acaba, portanto, não se
restringindo apenas aos contos de fadas. Negar-se a amadurecer é, atualmente, uma realidade
também para muitos adultos.
Chegar à vida adulta é um dos processos mais difíceis pelos quais temos de passar. Segundo o
psicólogo e professor da Faculdade de Ciências Humanas do Centro de Estudos Superiores de
Maceió/AL (CESMAC) e autor do artigo “Grupo de homens: repensando o papel masculino na
sociedade contemporânea”, Fábio Ribeiro Machado, o medo de assumir responsabilidades, da
perda do porto seguro que é a infância e de todo o choque que o crescer representa, são
sentimentos comuns na adolescência, período no qual um turbilhão de sentimentos e de novas
experiências traz insegurança e uma série de conflitos internos.

Novos Peter Pans


No século 21, ser um Peter Pan é comum a muitos homens que não conseguem atingir um estado
de maturidade para encarar sentimentos e responsabilidades próprias de sua idade. São ansiosos e
narcisistas, caracterizando, o que os especialistas chamam de Síndrome de Peter Pan, termo
definido pelo psicólogo americano Dan Kiley, nos anos 1980.
Fábio Ribeiro Machado revela que, para esconder a dificuldade de encarar com maturidade as
situações da vida, esses homens utilizam como defesa uma falsa alegria que, no início, é encarada
pela sociedade como uma qualidade. São simpáticos e comunicativos, causando boa impressão
principalmente nas mulheres. No entanto, a convivência mostra que nem tudo é como parece.

Super-protetoras
Trintões e quarentões que se negam a sair da zona de conforto da casa dos pais, não querem assumir
responsabilidades, vestem-se e se comportam como adolescentes, abominam o casamento e
dedicam grande parte do tempo à academia e ao cuidado com a aparência física, são prováveis
candidatos a Peter Pans modernos. Quem não tem um na família ou já viu algum deles por aí?
Tripp, um trintão interpretado por Matthew McConaughey em “Armações do amor”, apesar de ter
um trabalho, não quer nem pensar em deixar a casa dos pais. Relacionamentos de uma noite só,
esportes radicais, motos, barcos e noitadas com os amigos são seus passatempos preferidos. O
simpático solteirão não quer ter responsabilidades, muito menos um casamento, ou seja, Tripp, é
um típico Peter Pan.
46

Assim como na maioria dos casos, é grande a influência da família, principalmente da figura
materna. A mãe de Tripp é só mimos e faz tudo o que ele quer. Para Fábio Machado, a educação
machista que a maioria das mães ainda dá aos filhos é um importante fator para o desenvolvimento
da síndrome.
A prevalência masculina não se dá apenas por conta do amadurecimento feminino que ocorre mais
cedo, mas também devido ao contexto social. A falta da figura do pai na sociedade moderna faz
com que os meninos se transformem em homens sem nenhuma preparação. “Sem conhecer a
dinâmica interior de um homem amadurecido e saudável, os meninos são forçados a buscar a sua
ideia de individualidade em imagens muitas vezes distorcidas e idealizadas pela mídia”, explica Fábio
Machado.
Adulto imaturo
A carreira profissional desses homens, muitas vezes é prejudicada, fazendo com que eles só
trabalhem sob pressão. Narcisistas e explosivos, acham que os empregos são indignos a eles e
entram constantemente em conflito com seus superiores. Fábio Machado explica que eles tendem
a ter relacionamentos amorosos pouco duradouros e com mulheres mais novas ou imaturas. Se
casados, as esposas terão de ser verdadeiras “mães”.
A aceitação do problema é uma das fases mais difíceis, porém, com a ajuda dos familiares e de um
psicoterapeuta, esses homens podem chegar a um amadurecimento emocional e a uma
consequente melhora na convivência social.

Atitudes infantis
É importante não confundir a Síndrome de Peter Pan com o Infantilismo. Este último caracteriza-se
por uma espécie de sensação de bem-estar ao ter atitudes infantis como usar fraldas, mamadeiras
e chupetas, vestir-se, comer e brincar como um bebê. Na maioria das vezes, esses atos são
praticados secretamente, pois o indivíduo infantilizado tem vergonha de si. Ao contrário da
Síndrome de Peter Pan, na qual há apenas o comprometimento da conduta e do modo de encarar
a realidade, no infantilismo há uma regressão do adulto ao estágio infantil levando em conta a
aparência e o comportamento.
Cuidados na infância
A família é o centro da formação psicossocial de um indivíduo. Um lar bem estruturado e algumas
atitudes dos pais podem ajudar a evitar dificuldades de amadurecimento na fase adulta;
Os filhos não devem dormir constantemente na cama com os pais;
Os pais devem deixar que os pequenos tenham fantasias, mas devem deixar claro os limites
existentes entre a realidade e a ficção;
O berço precisa ser trocado pela cama assim que as crianças começarem a andar;
A chupeta e a mamadeira devem ser retiradas após os dois anos de idade;
As fraldas devem permanecer, no máximo até os três anos;
Deve-se tomar cuidado com atitudes e mimos proporcionados pelos avós e cuidadores.
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Quatro Coisas sobre o Casamento na Vida


Real que Você Precisa Saber

O que significa estar casado? Como realmente encarar essa decisão da


vida, e ser bem sucedido? Não há texto suficiente para explicar todas as
questões envolvidas. Na verdade, quanto mais coisas se escreve, mais
aprendemos. E mesmo aspectos que já conhecíamos, muitas vezes são
apresentados de maneiras diferentes, e nos fazem refletir e decidir
mudar. Por essa razão, falo de um tema que já apresentei em vários
artigos, mas acho que precisaríamos refletir sobre o mesmo.
Minha esposa me enviou esses dias um link de internet que apresentava
um artigo sobre esse tema. Achei muito interessante, e resolvi escrever
minha opinião sobre o assunto.
Casar nunca é fácil. Mas por mais complicado que seja decidir se casar, permanecer casado com
certeza é o aspecto mais complicado. Muitas vezes dizemos que é por falta de amor, quando na
verdade, é apenas porque não compreendemos a outra pessoa, e a situação em que nos
encontramos. Quanto mais crenças erradas eliminarmos de nossa núcleo de importância de vida,
mais fácil será para superarmos as dificuldades e permanecermos juntos. Apresento abaixo quatro
ideias muito importantes sobre o que é estar casado, e espero que seja útil para fortalecer seu
próprio relacionamento.
Em primeiro lugar, o casamento é uma decisão que une fidelidade e compromisso. Muitas vezes
esperamos demais, fantasiamos demais, criamos sentimentos demais, sobre o que vem a ser o
relacionamento, e como ele deve ser vivido. Ficamos induzidos pelos filmes românticos que
assistimos, e por essa razão, não percebemos o quanto as coisas são menos glamorosas na vida real.
Esperamos um príncipe encantando, e na verdade, percebemos que vivemos com um sapo ou uma
bruxa. O ponto é que ninguém deixa de ser o príncipe ou a princesa. O que acontece é que agora
precisam ser vistos de maneiras diferentes. Se você não se comprometer a ficar junto, independente
do que possa vir a acontecer, pode ter certeza de que a vida de casado vai ser insuportável. Por
outro lado, se você faz questão de permanecer fiel, mesmo quando as coisas estiverem ruins, e
mantém o compromisso de ficar junto com a pessoa até a morte, mesmo que descubra que ela não
é aquele tipo de pessoa que você imaginava, você fortalece seu casamento, e fecha as portas para
as situações que podem enfraquecer a vida a dois. Valorize a fidelidade e o compromisso de seu
relacionamento, e vai perceber que a outra pessoa voltará a ser a pessoa certa para você.
Outra ideia é que um bom casamento não precisa ter sexo todos os dias. Esse é um grande
problema. Tanto a frequência quanto o desempenho na relação sexual se tornam quase que uma
obrigação. Por essa razão, o marido ou a esposa acham que se a outra pessoa não apresenta a
mesma disposição que ele/ela, então o casamento não dá certo, as coisas não devem funcionar.
Isso não poderia estar mais errado. Em um casamento, o sexo não pode ocupar o papel principal
para união do casal. A música “entre tapas e beijos”, que fala que um casal acaba com as diferenças
dentro do quarto, em cima da cama, apenas coloca em palavras a crença de que independente do
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que aconteça, se houver química entre os dois, tudo vai dar certo. Não é verdade. Muitas vezes, o
relacionamento precisa de conversa, de toque sem intenção sexual, de carinho, de tempo a dois
sem intenção. Aprenda a não se concentrar apenas no ato sexual, mas na pessoa. Assim fazendo,
você vai perceber que mesmo que não ocorra a relação, ou não seja maravilhosa, vocês ainda ficarão
realizados um com o outro.
Um casamento feliz inclui duas pessoas inteiras e dispostas. Essa ideia nos faz pensar naquelas
pessoas que acham que encontraram a metade que faltava em suas vidas. Acha que um completa
o outro. Ora, essa ideia dá a impressão de que as pessoas estão incompletas, e que apenas ao
encontrarem a pessoa certa, poderão ser felizes. Aí, quando se casam, e começam a ter problemas,
ficam com a impressão de que cometeram um erro, e de que a pessoa certa não existe. E isso faz
com que muitas pessoas se distanciem uma da outra. Mas, se você entender que precisa cuidar de
você, de suas carências, e não cobrar da outra pessoa, vai perceber que viver junto e se relacionar
é algo muito mais recompensador do que parece. Não temos que colocar nos ombros da outra
pessoa o que desejamos para a nossa felicidade. Precisamos ser felizes, e partilhar essa felicidade
com a outra pessoa. Outra coisa, se você não fica esperando que o seu cônjuge seja a resposta para
suas necessidades, você terá disposição para mudar e fazer o que for necessário para dar certo.
Você vai entender que a vida a dois depende muito mais de sua disposição do que de encontrar
uma pessoa perfeita.
E, por fim, o amor no casamento precisa ser cultivado e crescer, sem egoísmo. O amor não é um
estado no qual você entra e nunca mais precisa se preocupar com ele. Na verdade, o amor é uma
ponte de ligação muito sensível entre duas pessoas, e que precisa de manutenção diária. As pessoas
acham que só o fato de viverem juntas já é suficiente para que os outros entendam que ele/ela os
ama. Mentira. Expressões de amor (palavras, gestos, atitudes) têm prazo de validade, e por essa
razão, precisam ser constantemente renovados. Apenas quando o amor é constantemente
expresso, e todos têm a certeza de que são amados, pois as palavras e os atos dão a mesma
mensagem, você pode ter certeza de que será realizado em seu casamento.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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Estresse Para Toda a Vida


Essa semana estava lendo um livro sobre o ciclo de vida
da família, e encontrei sete etapas da vida da família
que elevam o nível de estresse da família. Achei
interessante, e decidi partilhar com vocês neste texto.
Estágio Um: Casais sem Filhos
Nesse estágio, a maior parte das situações estressantes
se concentram em quatro áreas específicas: organizar o
tempo para trabalho e família, questões financeiras,
problemas de relacionamento e questões de doença e
cuidado da família. A primeira é o que estamos falando
há algum tempo, sobre a necessidade de se priorizar o
tempo, e valorizar os momentos que devem passar juntos em família. Saber organizar o horário,
para não pesar nem para a família, nem ficar sem o trabalho, é o grande desafio. Mas esses dois
momentos são muito importantes. E esses afetam o segundo ponto, que são as questões
financeiras. O casal em começo de casamento, geralmente, está começando a organizar-se
financeiramente, pensando em carro, casa, móveis, etc. E o dinheiro, geralmente, nunca é
suficiente. Aqui também é necessário que o casal lide bem com as questões do que é prioritário, o
que pode ser uma exceção, e o que é completamente dispensável (Um aviso para os homens, o
gasto das mulheres com salão de beleza não é algo dispensável. É essencial para o bem estar da
mulher). O aspecto dos problemas de relacionamento dizem respeito à adaptação que tanto o
homem quanto a mulher precisam passar quando decidem viver juntos. Os dois vêm de lares
diferentes, e veem as coisas de maneira diferente. Por essa razão, precisam aprender a ceder. É
melhor ser feliz que estar certo, em muitas decisões. E o quarto aspecto é a de questões de doença
e cuidado da família. Essa família não é apenas o marido e a esposa, mas também as pessoas
significativas da família (pais, sogros, cunhados, etc). Isso causa muito estresse, e se o casal não
conseguir lidar bem com essas situações, com certeza o relacionamento vai se deteriorar.
Estágio Dois: Estágio de Cuidar das Crianças
Com a chegada de um, dois ou mais filhos, não é de se surpreender que as prioridades do casal
mudam. E não é apenas isso. Os problemas do primeiro momento volta a se tornar uma
preocupação. O dinheiro novamente passa a ser uma situação difícil, pois exige que a família refaça
o orçamento, repense as prioridades, e assuma uma boa maneira de fazer o salário durar. Muitas
pessoas contraem dívidas que afetam por muito tempo a situação. Na verdade, essa questão
financeira é responsável por quase cinquenta por cento de todas as preocupações da vida familiar.
Outro problema é que o casal pode colocar os filhos no centro do relacionamento, e com isso
prejudicar a relação dos dois. Mesmo com a chegada dos filhos, o pai e mãe precisam lembrar que
o cônjuge é mais importante. Infelizmente, muitas pessoas não se dão conta disso, e acabam
desenvolvendo um relacionamento frio e sem graça, dependente sempre dos filhos para serem
felizes.
Estágio Três: Famílias com Crianças na Idade Escolar
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Nesse momento da vida da família, levar o filho na escola, deixar a filha aos cuidados de outra
pessoa, pode ser uma grande fonte de estresse. Lógico que eu sei que para algumas famílias, acaba
sendo o melhor, já que o filho parece ter energia demais para os pais gastarem em um dia apenas.
Mas, em geral, deixar o filho na escola, começar a ver ele se distanciando, é algo que gera muitas
crises. Além disso, o aspecto financeiro continua sendo preocupante, pois os gastos com a criança
aumentam, já que os materiais escolares são sempre muito caros. O casal precisa organizar seus
horários para dar conta de todas as atividades que precisam fazer para si e para os filhos.
Estágio Quatro: Famílias com Adolescentes
Essa talvez seja uma das fases mais complicadas e geradoras de estresse para a família. No momento
em que os adolescentes aparecem na história, gerando momentos de desconforto, de crise, de
questionamentos, parece que o aspecto relacional é o que sofre mais. Muitas vezes, as lutas do
adolescente acabam refletindo no relacionamento dos pais, que se não concordarem com respeito
às regras dos filhos, não serão capazes de superarem as dificuldades. A família passa por uma crise
estressora muito grande, na tentativa de reajustar a ordem e o respeito dentro de casa.
Estágio Cinco: Filhos Saindo de Casa
Essa fase é muito complicada para muitos pais. Infelizmente, ao dar a luz a um filho, os pais não
pensam que estão com alguém que vai ficar apenas por um período de tempo com eles. Eles acham
que os filhos estarão com eles para sempre. Que o valor que estão gastando com eles vai ser
retribuído por eles não desejando sair de casa. Muitos pais não se preparam para a saída, e assim
enfrentam muitas situações estressantes quando os filhos começam a buscar o rumo de suas vidas.
Estágio Seis: O Ninho Vazio
Esse estágio é muito complicado para o casal. Muitas vezes, os filhos aparecem cedo na vida, e por
essa razão, os dois não conseguiram fortalecer os laços de união entre eles. Assim, quando os filhos
saem de casa, e o casal se vê novamente a sós, um com o outro, percebe que não se conhecem
mais, que não têm nada em comum, e por isso, qualquer problema, qualquer diferença, é motivo
de grandes brigas. Isso não acontece com todos, mas muitos passam por essas dificuldades.
Estágio Sete: Famílias Aposentadas
Por fim, a última grande fase da vida é o período da aposentadoria. Para muitas pessoas, o trabalho
se torna a principal fonte de segurança, de valor próprio, de se sentir parte de algo útil. E não se
preparam para o momento em que vão parar. Por essa razão, quando decidem se aposentar, e se
recolhem para ficar em casa, descobrem que a vida não tem mais sentido. Muitas pessoas passam
por sérios momentos de depressão. Perdem o valor próprio, e passam a se sentir inúteis, sem saber
como contribuir para o futuro dos filhos, netos, etc. Esquecem que sua experiência pode fazer
grande diferença na vida dos filhos. E que eles não precisam parar de fazer tudo, apenas podem se
dedicar a fazer o que mais gostam, agora sem a pressão de tempo ou do chefe.
Passar pela vida não é algo simples, fácil, e sem dificuldades. Mas certamente, ao estar ciente dessas
dificuldades, você e seu cônjuge podem começar a se preparar para tal situação.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr (Psicólogo do CEAFA)
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Os meninos precisam de homens para lhes


ensinar a serem homens.
Blog Carmadélio
Recentemente, li um artigo extraordinário sobre o assunto do motivo por que tantos rapazes estão
revoltados, chateados e rebeldes. A escritora desse artigo (Tiffani) tem cinco filhos, inclusive dois
meninos com as idades de 14 e 2 anos.
No laboratório de uma vida familiar feliz, estável e caótica, ela criou essa louca teoria: de que os
meninos precisam de homens para lhes ensinar a ser homens.
À medida que Tiffani observava os padrões morais, atitudes, ética profissional e senso de
responsabilidade da sociedade se deteriorarem, ela não conseguia deixar de especular se a falta de
um homem forte na vida dos meninos os transforma de “doces, amorosos menininhos corados” em
adolescentes monstruosos. E ela ficou pensando… será que a rebelião na adolescência é uma fase
natural da vida, ou será que é causada por algo de que os meninos têm falta? A premissa da teoria
de Tiffani é que as mães precisam saber quando se retirar e deixar seus filhos do sexo masculino
aprenderem a ser homens sob a tutela de seus pais (ou figuras paternas).
Como todas as mães, Tiffani quer proteger seus meninos de ferimentos. Mas isso é bom a longo
prazo? Talvez não. Tiffani está aprendendo quando afastar-se e deixar seu marido assumir a
orientação de seus meninos. À medida que amadurecem, os meninos nem sempre vão querer — ou
precisar — proteção. Eles precisam de desafios, aventuras e atos de cavalheirismo. Os pais — os
pais fortes — sabem quando afastar a proteção das mães e começar a treinar seus filhos a serem
homens.
A palavra-chave é disciplina. O treinamento é decisivo. Meninos sem treinamento crescem e se
tornam monstruosos: fora de controle, predatórios em cima das mulheres, irresponsáveis,
incapazes ou indispostos a limitar seus impulsos movidos à testosterona para agressão ou sexo.
Nossa atual sociedade está toda encardida com os prejuízos que sobraram dos meninos que nunca
aprenderam o que é necessário para ser um homem.
Lamentavelmente, esses “meninos adultos” muitas vezes procriam indiscriminadamente e
despreocupadamente, então se recusam a ser pai para os filhos que eles produzem. Mas homens
disciplinados transformam a sociedade. Eles trabalham duro. Eles movem coisas pesadas. Eles
constroem abrigos. Eles protegem, defendem e resgatam. Eles providenciam provisão para suas
famílias. Eles fazem todas as coisas assustadoras, feias e sujas que as mulheres não conseguem (ou
não querem) fazer. Homens treinados são, nas palavras do colunista Dennis Prager, a glória da
civilização.
Conforme aponta Tiffani, os meninos precisam de homens para ajudá-los a estabelecer sua
masculinidade de modo apropriado. Os homens entendem que os meninos precisam de
experiências e desafios definidores para cumprir seus papéis biologicamente programados. As
mulheres não entendem isso, mas não tem problema. Pais fortes (ou figuras paternas fortes)
instintivamente intervirão e começarão a treinar os meninos como domar a testosterona, como
trabalhar, como respeitar as mulheres, como liderar e defender e como eliminar ameaças. O
52

problema começa quando não há um modelo de papel masculino para um menino imitar. Se os
homens estão ausentes, enfraquecidos ou indispostos a ensinar os meninos como se conduzir,
então os meninos não aprendem como ser homens. É simples assim. As mães não têm a capacidade
de ensinar os meninos a ser homens. Não importa quanto amemos nossos filhos do sexo masculino,
não temos essa capacidade. As mães querem ser mães porque, afinal, é o que fazemos. Protegemos,
cuidamos e beijamos as feridas dos nossos meninos. Mas chega uma hora na vida de todo menino
em que ele precisa se erguer acima dos beijos nas feridas e ser um homem. Os homens não dão
beijos nas feridas. É assim que eles se tornam guerreiros e protetores.
Lembro-me de quando o filho de 13 anos de nosso vizinho andou de bicicleta até nossa casa, uma
distância de um quilometro e meio em difícil estrada de terra. Ele levou um tombo desagradável e
chegou coberto de arranhões e sangue. Quando lhe perguntei o que havia acontecido, ele explicou
sobre o tombo… então acrescentou um sorriso radiante: “Mas não tem problema. Sou menino”.
Não é preciso dizer mais nada. Se eu tivesse me descabelado com a situação dele, falando
carinhosamente, agindo de forma excessivamente preocupada e beijando seus machucados, eu
teria roubado dele a aventura de ter sobrevivido de seu acidente. Ele se orgulhou das cicatrizes de
sua batalha, e a última coisa que ele queria era cobri-las com ataduras infantis.
O que acontece quando os meninos não têm um homem forte para lhes ensinar? Os resultados
variam de indivíduos fracos e covardes a totais brigões. Dou um exemplo em meu blog sobre uma
mulher dominadora com um marido fraco criando dois filhos do sexo masculino. Esses meninos
estão crescendo num lar torcido e desordenado que vai contra a natureza humana e a programação
biológica, e os meninos vão virar homens abrutalhados.
Meninos que crescem com nada senão a “proteção” de suas mães — sem nenhum homem forte
para lhes dar a chance de acabarem com as ameaças — se tornam revoltados e cheios de amargura.
Eles sabem que algo está errado. Eles sabem que têm de defender as mulheres, mas eles guardam
tanto ressentimento de suas mães por “protegerem” a eles de todos os desafios que o modo como
eles veem as mulheres fica distorcido. Se o marido dessa mulher tivesse desempenhando seu papel
como cabeça da casa, esses meninos poderiam ter se tornado homens diferentes. Se ele tivesse
resgatado seus filhos do perpétuo amor protetor de sua esposa, seus filhos poderiam ser Homens
em Treinamento em vez de Futuros Abrutalhados. Mas temo que seja tarde demais.
Creio que uma parte de criar filhos fortes e equilibrados vem de meninos observando suas mães
honrarem seu pai. O lar em que a mãe e o pai respeitam um ao outro por suas várias forças
biológicas cria os filhos da forma mais estável e equilibrada possível.
Meu marido e eu não temos filhos para criar e se tornarem homens. Mas nossas meninas estão
aprendendo a admirar a verdadeira masculinidade, não potenciais abrutalhados ou fracos e
covardes. Ajuda tremendamente que, em nossa vizinhança, estejamos cercados de pais
responsáveis que estão criando excelentes rapazes — fortes, prontos para ajudar, protetores das
mulheres, ansiando serem heróis.
Com que tipo de homem você pensa que quero que minhas filhas casem algum dia? O Homem de
Verdade que assume seu papel biológico de protetor e guerreiro? Ou o Rapaz Revoltado que xinga
a mãe e despreza o pai? Qual lhe parece o homem mais equilibrado e firme? Nada disso é difícil
demais de entender — ou, pelo menos, não devia. Infelizmente na cultura andrógina feminista de
hoje, esse conceito se tornou motivo de desprezo e zombaria.
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Boa Comunicação é mais que Simplesmente


Falar
Em um relacionamento, se você desejar que ele cresça e se
torne melhor, é necessário investir na comunicação. Essa
ideia é clara para muita gente. No entanto, não é
simplesmente o fato de parar e falar com a pessoa que
amamos que define uma boa comunicação. Precisa estar
incluído também o aspecto do que vamos falar, e como
falamos.
Falar é algo que faz parte da história do ser humano desde
os primeiros anos. Aprendemos a nos comunicar, a pedir o que necessitamos, a demonstrar nosso
gosto, etc. O problema é que com o passar do tempo, tendemos a transformar a conversa, o diálogo,
em um instrumento de convivência, mas sem deixar que isso se torne muito profundo.
Quando a criança é pequena, gosta de falar muito, sobre muitas coisas. Quando chega à
adolescência, ela fala apenas com seus amigos, abrindo o coração para eles. Quando crescemos um
pouco mais, a conversa se torna uma maneira de conquistarmos a outra pessoa, para crescer na
vida, para nos colocarmos no mundo. Só que o processo do crescimento da linguagem parece que
é oposto ao processo do que expressamos de nós mesmos pelas conversas. Parece que quanto mais
adultos nos tornamos, mais superficiais se tornam nossos contatos. Parece que preferimos falar
sobre coisas da vida, a falar de nossa própria vida.
Por que isso acontece? Porque começamos a nos fechar em nós mesmos, a não permitir que os
outros nos conheçam? Podem existir várias razões. Algumas delas podem ser o fato de não termos
desenvolvido isso em nossa infância, em virtude de nossos pais ou aqueles que eram importantes
para nós não terem dedicado tempo e atenção para nós. Ou então, pode ser porque passamos por
situações nos quais nos magoamos ou nos decepcionamos com pessoas, e por isso decidimos nunca
mais nos expor da mesma maneira, para evitar sofremos daquele jeito. Ou então, nunca
desenvolvemos relações com amigos que tivessem sido realmente profundos e sinceros. Por isso,
não achamos que alguém se interesse realmente por nós.
Podem existir mais razões, mas acho que já deu para perceber que esse problema atinge muita
gente. Por isso, precisamos nos preocupar com essa situação. É por meio da conversa íntima, que
podemos melhorar o nosso relacionamento.
É muito ruim para uma pessoa conviver com outra, partilhar a mesma cama com ele/ela, e não
conhecê-lo/la de verdade. E a única maneira possível disso acontecer é por meio das conversas
significativas. É gastando tempo para se abrir, e se mostrar como é realmente. Sem essa decisão,
não tem como o casal conseguir criar um ambiente de intimidade verdadeira.
Por essa razão, quero ajudar você a melhorar sua forma de conversar com seu cônjuge. Para isso,
vou usar a ideia de cinco níveis diferentes de comunicação, que podem definir o jeito que você
conversa. Minha expectativa é que você, ao refletir sobre isso, possa entender em que ponto você
se encontra, e possa decidir mudar. Aqui vão:
54

Conversar apenas clichês. Esse é o tipo de conversa em piloto automático. É aquele diálogo que não
exige nada de você. É falar do tempo, do jornal, das notícias, dos acontecimentos cotidianos. Esse
tipo de conversa não aprofunda. Você pode ter com alguém no elevador, com o porteiro do seu
prédio, com o garçom do restaurante, com o cuidador de carros, com o recepcionista de consultório.
É a conversa que não implica em nenhuma exposição. Não precisa nem da sua opinião. Mas
também, não serve para nada para mostrar quem você é de verdade, ou para aumentar a
intimidade.
Falar dos outros. Esse é o segundo nível. Muitas pessoas se encontram nessa situação. Falar dos
outros é quando tomamos tempo para expor fraquezas ou situações ocorridas com as outras
pessoas. Normalmente, começa com a frase “Você lembra de Tal Pessoa? Pois eu fiquei sabendo
que ele/ela…” É o velho e conhecido ato de fofocar, fazer mexericos. Apesar de isso ser um pouco
diferente do outro, isso também não demonstra quem você é. Não fala sobre o que vai no profundo
de seu coração. Trata apenas de situações que envolvem apenas sua observação. Nada de você.
Meus posicionamentos e julgamentos. Esse é o terceiro nível de conversa que você pode ter com
seu cônjuge. Nesse estágio, a pessoa simplesmente dá suas opiniões sobre as situações. “Eu acho
isso… Não concordo com aquilo… Não estou disposto/a a lidar com isso…” Apesar de mostrar um
pouco o que você pensa, não necessariamente serve para unir as pessoas. Na verdade, esse tipo de
conversa pode cair no perigo de supervalorizar você e subestimar a outra pessoa. Assim, ainda não
serve para aumentar a intimidade, porque no fundo você está apenas mostrando aspectos já
elaborados de você. É como se fosse uma conversa mostrando apenas sua imagem. Não seu interior.
Minhas emoções. Esse ponto é muito importante. Nesse ponto, a pessoa decide falar não apenas
sua opinião, mas também o que sente, como reage emocionalmente. Esse nível de conversa implica
em um reconhecimento de confiança na outra pessoa. Falar das emoções é abrir um pouco do que
vai no fundo da sua alma. Só que não é o estágio final. E isso pode gerar um problema. As pessoas
acham que se abrir para o cônjuge é simplesmente dizer quando está se sentindo bem, quando está
feliz, quando está triste, quando está abalado, etc. E se contentam com essa situação. Não
percebem que ainda assim podem esconder quem são. Ainda não são completamente expostos
para a outra pessoa.
Honestidade total. Se você quiser realmente fazer seu relacionamento funcionar bem, e ter o nível
de intimidade que ele deveria ter, você precisa se comunicar com honestidade total. Isso implica
em abrir também os medos, as inseguranças, as lutas, as derrotas. Até aqui, você pode se comunicar,
e ainda assim, deixar aspectos de quem você é escondidos. Mas nesse ponto, não dá. Você se
apresenta como é de verdade, e por isso, você corre o risco de se mostrar fragilizado, com as
barreiras de proteção abaixadas. Você pode se ferir, mas é o preço que se deve pagar para conseguir
ser realmente feliz.
Posso lhe dizer que pagar o preço da intimidade parece muito alto a princípio, mas no futuro, se
mostra o que de melhor poderia ser feito. Decida hoje começar a se comunicar de um jeito
diferente.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr (Psicólogo do CEAFA)
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Seis dicas para um casamento feliz


Equipe Christo Nihil Praeponere
Não há dúvidas de que a família está em crise. À luz da história, no entanto, é mais exato dizer que
a família nasceu em crise. O plano primordial do Criador para o homem e a mulher - que vivessem
o amor, como imagem do amor com que Deus os criou -, infelizmente, foi perturbado pelo pecado
original. O Catecismo da Igreja Católica destaca que, “desde sempre, a união de ambos foi ameaçada
pela discórdia, pelo espírito de dominação, pela infidelidade, pelo ciúme e por conflitos que podem
chegar ao ódio e à ruptura" [1].
Mas, como é verdade que “Deus todo-poderoso (...), sendo soberanamente bom, nunca permitiria
que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do
próprio mal, fazer surgir o bem" [2], Ele mesmo enviou, na plenitude dos tempos, o seu Filho, para
redimir não só o homem, mas também todas as suas relações, de que se sobressai a união entre o
homem e a mulher. Elevando o matrimônio à dignidade de sacramento, Nosso Senhor fez da aliança
conjugal um sinal de Seu amor pela Igreja e um meio para a santificação e o crescimento mútuo dos
esposos.
Se o seu casamento começou do jeito certo, com a graça do sacramento e a bênção da Igreja, meio
caminho já foi andado. Agora, é preciso conformar-se ao dom recebido e educar-se a partir da moral
católica e da cartilha dos santos, para transformar a sua família em uma autêntica Igreja doméstica.
Seguem, abaixo, algumas breves dicas para continuar bem o caminho ou, quem sabe, colocar o seu
relacionamento no eixo. São palavras da sabedoria de dois mil anos da Igreja, que com certeza
ajudarão na construção do seu lar.
1. Ninguém pode saciar plenamente o seu coração
A primeira advertência pode parecer desalentadora, mas é, sem dúvida, a mais importante de todas:
ninguém - absolutamente ninguém - pode saciar o seu coração. Muitas pessoas hoje se casam para
“serem felizes", com a esperança de que os seus esposos e as suas esposas as completem e montem
para elas um “pequeno paraíso" nesta terra. Após um tempo, quando elas caem em si e percebem
que o paraíso prometido não veio - e nem virá -, bate o desespero e a desilusão: afinal, o que deu
errado?
O casal que entra nessa crise deve entender que nenhuma criatura pode saciar a sede de infinito do
homem. Este só se realiza plenamente quando encontra o único Outro que o transcende: Deus.
“Fizestes-nos para Vós, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Vós"
[3], reza Santo Agostinho. Mais do que ser companheiro para uma pessoa do sexo oposto, o ser
humano foi “constituído à altura de 'companheiro do Absoluto'" [4], como ensinou São João Paulo
II. Mais do que um pacto matrimonial, o homem foi feito para uma aliança eterna com Deus.
2. Homens e mulheres são real e profundamente diferentes
Nenhuma ideologia pode obscurecer este fato inscrito na natureza humana: homens e mulheres
são real e profundamente diferentes.
Para explicar a diferença entre os sexos, o escritor norte-americano John Gray chegou a colocar
homens e mulheres em planetas diferentes. Em seu famoso best-seller “Os Homens São de Marte,
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as Mulheres São de Vênus", ele conta que “marcianos" e “venusianas" viveram por muito tempo
em paz, até que “os efeitos da atmosfera da Terra assumiram o controle, e certa manhã todos
acordaram com (...) amnésia" [5]: tinham esquecido que vieram de planetas diferentes e, por isso,
passaram a viver constantemente em conflito.
Pela história da Criação, nós sabemos que Deus criou o homem e a mulher no mesmo planeta, mas
com as suas diferenças, e que a “amnésia" que iniciou o referido conflito nada mais é do que o
pecado original, que “teve como primeira consequência a ruptura da comunhão original do homem
e da mulher" [6].
Não se pode, porém, restaurar a harmonia entre o casal negando as diferenças evidentes entre os
sexos, como em uma atitude de rebeldia contra o Criador. Mais do que uma história dos contos de
fadas, o cavaleiro que, com sua armadura reluzente, mata o dragão e liberta a princesa do alto do
castelo, é uma bela imagem de como o homem, por exemplo, é chamado à bravura. Na vida
ordinária, isso significa enfrentar o mundo, trabalhando e provendo o sustento da casa e a
segurança da família.
Para a mulher, a figura de mãe não é menos heróica. Significa a doação de amor para que os seus
filhos vivam e recebam uma boa educação. Infelizmente, o feminismo tem introjetado na cabeça
das mulheres que ser mãe é uma desgraça e que elas só serão felizes quando forem “iguais" aos
homens. A realidade, porém, é que, após o tão sonhado “empoderamento" das mulheres, estas não
encontraram a felicidade, mas tão somente a desilusão e a frustração de uma vida reduzida ao
serviço do mercado e do próprio egoísmo. Como disse G. K. Chesterton, “o feminismo trouxe a ideia
confusa de que as mulheres são livres quando servem aos seus empregadores, mas são escravas
quando ajudam os seus maridos" [7].
3. Ame o seu cônjuge como Cristo amou a Igreja
Em sua Carta aos Efésios, São Paulo exorta os maridos a amarem as suas esposas como Cristo amou
a Igreja e se entregou por ela [8]. Com isso, demonstra que o amor não é um “sentimentalismo
barato", baseado no fundamento instável das emoções, mas uma determinação viril, baseada na
rocha sólida da vontade. O pacto matrimonial é uma aliança de sangue, pela qual os esposos dizem
um para o outro: “Eu derramo o meu sangue, mas não desisto de você". Não sem razão o autor do
Cântico dos Cânticos canta que “o amor é forte como a morte" [9].
De fato, o próprio Deus, no ato mais extremo de amor, morreu pelos nossos pecados. Seguindo o
seu modelo, todo casal que sobe ao altar deve pensar que está subindo o Calvário, a fim de oferecer
a Deus o sacrifício de si mesmo, pela salvação do outro. Para o bem da pessoa amada, na verdade,
tanto o homem quanto a mulher devem fazer o que for preciso, mesmo que a isso custe fazer o que
não se quer. Muitas contendas entre os casais começam justamente porque um não é capaz de “dar
o braço a torcer" em favor do outro. Sacrificam-se, então, a paz e a harmonia entre os dois, para
satisfazer as próprias veleidades, ao invés de se sacrificar a própria vontade em favor do outro.
Também para o casamento vale o chamado de Nosso Senhor: “Quem quiser vir após mim, renuncie
a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me" [10].
4. Deus deve ser o centro de suas vidas e de seus dias
Não adianta morrer um pelo outro se, primeiro, não se ama a Deus. Por isso, Ele deve ser o centro
de suas vidas e de seus dias.
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Para amar alguém, primeiro, é preciso conhecê-lo. O que se diria de um casal de noivos que, estando
prestes a se casar, não soubessem nada um do outro e não fizessem o mínimo esforço para se
conhecerem? Com razão se poderia chamá-los de loucos, pois querem permanecer unidos até o fim
da vida a quem nem mesmo conhecem. Ora, se para o casamento terreno, que finda com a morte,
é preciso preparar-se com cuidado e empenho, quanto mais para o encontro com Deus, a quem
estaremos unidos não por um dia ou uma vida, mas por toda a eternidade!
Por isso, é importante estudar as verdades de nossa fé, contidas principalmente no Catecismo da
Igreja Católica e nos Evangelhos, sem jamais descuidar da oração, pela qual o próprio Deus Se revela
e Se comunica a nós.
Uma vez conhecido o grande amor com que Deus nos amou, então, é preciso que o casal O ame de
volta, mudando toda a sua rotina e a sua vida para colocá-Lo no primeiro lugar de tudo. Se de manhã
se acordava correndo para ir ao trabalho, urge levantar um pouco mais cedo, para oferecer a Deus
o que dia que começa - e, quem sabe, até participar da Santa Missa. Se à noite a família se reunia
para assistir à TV e acabava vendo programas que não prestam - como são as novelas -, por que não
começar a rezar o Santo Terço em família? Se o domingo tem sido tão somente o “feriado", com
passeios e viagens, está na hora de transformá-lo realmente em “dia do Senhor", levando toda a
família para um encontro com a melhor de todas as famílias, que é a Igreja. Lembrem-se sempre
que a sua aliança matrimonial é, antes de tudo, um compromisso com Deus. Dois sozinhos não são
capazes de levar adiante um casamento; ao contrário, “a corda tripla não se arrebenta facilmente"
[11].
5. O sexo não é um parque de diversões
A Igreja, ao mesmo tempo em que valoriza a sexualidade como um dom precioso do Criador,
reconhece que “a sexualidade é fonte de alegria e prazer". Com isso, ela não pretende dar aos seus
filhos uma autorização para que, depois de casados, façam o que bem entenderem um com o outro,
mas que vivam o sexo de forma equilibrada, mantendo-se, na expressão do Papa Pio XII, “dentro
dos limites duma justa moderação" [12].
Infelizmente, em nosso mundo supersexualizado, o que deveria ser uma expressão de amor tem
degenerado na busca do próprio egoísmo. É muito comum, por exemplo, que, saturados por
múltiplas experiências com pornografia e masturbação, os homens queiram trazer o chiqueiro do
mundo para o seu leito conjugal, transformando a mulher em um objeto de satisfação sexual, ao
invés de amá-la e respeitá-la como pessoa e companheira. Por outro lado, as mulheres, em troca de
compensação afetiva, acabam aceitando ser transformadas em “coisas" e usadas como objetos. Ao
fim, o que deveria ser uma “aliança de amor" acaba se tornando um “consórcio de egoísmos".
Para consertar as coisas, é preciso desmascarar a ideia, que alcançou sucesso com a Revolução
Sexual, de que o sexo seria como um parque de diversões, o qual se buscaria tão somente para o
prazer próprio e para a satisfação dos próprios caprichos. Isso não é o sexo, mas a sua perversão. A
relação sexual foi concebida por Deus para unir os esposos, mas também para gerar vidas. Por isso,
sexo significa, antes de qualquer coisa, família.
De fato, na família, todos vivem - ou deveriam viver - como em uma “ilha de paz": a menina, por
exemplo, pode andar tranquilamente por sua casa, consciente de que não será cobiçada por seu pai
ou por seus irmãos. Para afastar do pensamento o adultério do coração [13], de que fala Nosso
Senhor, seria sadio que os homens olhassem para as mulheres como se fossem suas “irmãs", e vice-
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versa. Afinal, é nesse estado que todos os seres humanos se encontram, desde que nasceram, e que
se encontrarão principalmente no fim de suas vidas, quando estiverem face a face com Deus.
Quando seu cônjuge envelhecer, por exemplo, vão-se embora com o tempo não só o vigor da
juventude, como também os atrativos físicos do outro. Se seu relacionamento está baseado só no
sexo, essa é uma péssima notícia. Se desde o começo, no entanto, você foi treinado para amar - e
como diz o Apóstolo, “o amor tudo suporta" [14]-, você chegará à velhice feliz por ter sido casto e
fiel.
6. Estejam sempre abertos ao dom dos filhos
Esta dica é indissociável da anterior: estejam sempre abertos ao dom dos filhos. Quando um casal
deliberadamente se fecha à transmissão da vida, inicia um círculo de egoísmo e morte que destrói
pouco a pouco a si mesmo.
Para entender a imperiosidade deste ensinamento, basta olhar para a natureza do ato sexual, que
foi concebido pelo Criador tanto para unir os esposos quanto para torná-los participantes de Seu
poder criador, na geração dos filhos. Se separar essas duas dimensões fora do matrimônio significa
falta de compromisso, separá-las dentro do próprio casamento não deixa de ser uma manifestação
“mais refinada", por assim dizer, de egoísmo e falta de amor. Por isso a Igreja condena os métodos
contraceptivos, que vão contra a própria verdade do sexo. Como ensina São João Paulo II, “o ato
conjugal destituído da sua verdade interior, porque privado artificialmente da sua capacidade
procriadora, deixa também de ser ato de amor" [15].
Todo casal deveria perguntar com sinceridade se a sua decisão de evitar filhos não vem mais de uma
atitude de egoísmo por parte dos dois do que de uma razão realmente grave e justa. E, para quem
argumenta que “filho dá despesa", o Catecismo da Igreja Católica responde dizendo que “o filho não
é uma dívida, é uma dádiva" [16]. Basta lançar um olhar às numerosas famílias de alguns anos atrás,
que, embora não vivessem imersas em luxo, eram muito mais felizes que as minúsculas e egoístas
famílias de hoje. O salmista diz que “os filhos são a bênção do Senhor" [17]. Mesmo que a sociedade
de hoje os veja como uma maldição, as palavras do Espírito Santo permanecem. Continua valendo
a pena esperar de Deus o número de filhos que Ele quiser, ao invés de reduzirmos o número de
crianças à medida do nosso comodismo.
Referências
Catecismo da Igreja Católica, 1606
Santo Agostinho, Enchiridion de fide, spe et caritate. 3. 11: CCL 46, 53 (PL 40, 236)
Confissões, I, 1: PL 32
Audiência geral, 24 de outubro de 1979, 2
John Gray, Homens são de Marte, mulheres são de Vênus, Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 19
Catecismo da Igreja Católica, 1607
G. K. Chesterton, Social Reform versus Birth Control, 1927
Ef 5, 25
Ct 8, 6
Lc 9, 23
Ecl 4, 12
Catecismo da Igreja Católica, 2362
Cf. Mt 5, 28
1 Cor 13, 7
Audiencia general, 22 de agosto de 1984, 6
Catecismo da Igreja Católica, 2378
Sl 127, 3
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A figura paterna e seu indispensável papel na


educação dos filhos e filhas
Blog Carmadélio
Além das funções tradicionais designadas aos homens como provedores do lar e figura paterna no
desenvolvimento dos filhos, a vida do século 21 lhes confiou novas tarefas, que os levam a envolver-
se mais ainda na família.
O papel do pai deu um giro positivo em muitos aspectos. No geral, o pai, hoje, tem as mesmas
responsabilidades que a esposa no lar: está junto na criação dos filhos, faz compras, troca fraldas,
ajuda nas tarefas escolares, transporta as crianças etc.
Isso se deve, em parte, à inclusão da mulher no mundo do trabalho, o que deu ao pai a possibilidade
e obrigação de assumir novas funções dentro da família. As grandes beneficiadas desta mudança
são, certamente, as esposas, ao trabalhar em equipe com seus maridos, filhos e a família inteira,
como instituição e base da sociedade.
Por isso, dadas as circunstâncias da vida moderna, os homens têm algumas prioridades:
1. Uso do tempo
O equilíbrio entre família e trabalho é uma das maiores dificuldades dos pais. Muitos reclamam da
falta de tempo para estar com os filhos, pois, na verdade, é algo que querem fazer. Frente a este
desafio, vale a pena recordar a máxima: “Trabalhamos por eles e para eles, não os percamos no
caminho”. Dessa maneira, a prioridade volta a ser a família, e o trabalho ocupa o lugar que lhe
corresponde.
Além disso, é preciso revalorizar aquelas pequenas e cotidianas oportunidades (refeições,
deslocamentos de carro, hora de dormir etc.) e tirar o maior proveito possível delas, estabelecendo,
assim, uma comunicação mais íntima entre pai e filhos.
É preciso, além disso, que este seja um tempo de qualidade – o que se consegue apenas com
vontade e dedicação. Por conseguinte, ao chegar em casa, é preciso desligar a televisão, guardar o
celular e o tablete, e aproveitar os poucos minutos que se tem com as crianças, antes de que vão
dormir.
2. Ser pai, não amigo dos filhos
Alguns pais modernos, na hora de educar os filhos, tentam mudar certos esquemas com os quais
foram educados, e se propõem a cultivar uma relação mais próxima com eles, em especial com os
meninos. Ainda que a intenção seja maravilhosa, isso não pode ser confundido com o desejo de ser
“amigos” dos filhos.
Também é inconveniente assumir uma atitude que leva os pais a se comportarem como os filhos,
tentando estar no seu nível quanto à moda, o léxico e o trato com os amigos dos filhos.
Vale a pena esclarecer que o compartilhar atividades com os filhos (ir a um jogo de futebol, levá-los
às suas primeiras festas, jogar videogame com eles, ensinar-lhes a dançar) é um espaço primordial,
próprio de uma relação de confiança, mas não de amizade.
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3. Dar exemplo
O pai é a primeira referência masculina dos filhos, e sua função varia em relação ao filho ou filha.
Para as filhas, segundo explica a Dra. Meg Meeker, autora do livro “Pais fortes, filhas felizes”, o pai
é o homem mais importante da vida da filha; a relação pai-filha a preparará para relacionar-se com
os outros homens.
“As filhas observam os pais como falcões. Não somente observam como eles as tratam, mas
também como tratam a mãe. Se veem que o pai abre a porta para a mãe, a ajuda a limpar a cozinha
e tem paciência, levarão tudo isso ao seu próprio casamento e, queiram ou não, de maneira
consciente ou inconsciente, reproduzirão este modelo. As filhas aprendem como devem ser
tratadas ao ver como seus pais tratam suas mães.”
Quanto aos filhos, a função não é menos louvável. A figura do pai é determinante na transmissão
do conceito de masculinidade aos filhos. É ele quem transmite o principal modelo a ser imitado e,
conforme o observar, o filho adotará as condutas. Daí a transcendência disso, pois o pai é a
referência. O filho precisa aprender do pai o papel que este exerce dentro da família, bem como as
atividades relativas ao seu sexo.
É por isso que o bom ou mau exemplo dos pais é tão determinante. Sua grande influência na
transmissão de regras e valores os tornam peças chaves na formação dos filhos.
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Exterminadores do Futuro da Vida a Dois


O título pode ter assustado você um pouco. Mas
quero aproveitar o título desse filme para discutir
um aspecto do relacionamento que destrói
profundamente a felicidade futura, e mesmo o
sucesso da vida a dois. São coisas que afetam a
possibilidade de alegria e felicidade futura do casal.
Aproveite a lista para refletir sobre o que acontece
em sua vida, e como você pode enfrentar essas
dificuldades.
Expectativas Irreais
Quando um casal decide se casar, em sua maioria, eles não sabem exatamente o que terão pela
frente. E, por estarmos por tanto tempo sendo alimentados pelos filmes de amor, que implicam um
relacionamento que é bem sucedido sem qualquer esforço, as pessoas acham que não têm nada a
fazer, que o sucesso vem naturalmente para quem ama. Acredita-se que quando se escolhe a pessoa
certa, com certeza o relacionamento funcionará bem por todo o tempo.
Aí, depois de casados, percebem que as coisas não são exatamente como eles pensam. Percebem
que o relacionamento depende muito mais do buscar fazer a relação funcionar, do tentar agir para
o bem comum, do abrir mão do meu ponto de vista em função do outro.
E por isso ser muito difícil, as pessoas não estão dispostas a pagar o preço de permanecerem juntas.
Não entendem que se sintonizarem sua expectativa com a realidade, perceberão que podem sim
ser felizes com a pessoa com quem se casaram.
O Fator Controle
Esse ponto é muito importante. Nele está contido o aspecto da chantagem emocional. Muitas
pessoas só se sentem em segurança se puderem estar no controle das situações. Controle dos
gastos, controle das decisões da família, controle até mesmo do que vão comer em casa. Com isso,
não percebem que vão anulando a outra pessoa, e vão fazendo com que o cônjuge perca a
capacidade de tomar decisões, de tomar iniciativa.
Além disso, a vida nos apresenta inúmeras situações que fogem ao nosso controle. Nunca teremos
condição de controlar tudo o que nos acontece. Por essa razão, precisamos estar dispostos a nos
adaptar às novas situações. Isso é indispensável para a vida a dois.
Egoísmo
Juntamente com a característica do controle na relação, está a do egoísmo. Isso aparece quando
uma pessoa deseja que tudo seja do jeito dela, caso contrário, não interessa. O dinheiro da casa não
é suficiente para que a esposa compre uma roupa nova, mas serve para pagar uma TV por assinatura
para que o homem assista mais jogos. Ou então, a mulher não acha que é necessário comprar
determinados tipos de comida, mas ela não vive sem seus chocolates. É a tendência da pessoa de
pensar com mais tolerância para com seus próprios desejos, e mais impaciência para com as
vontades do outro. E isso destrói a vontade de partilhar característica do casamento.
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Condescendência
Nesse caso, estou falando de situações nas quais as pessoas não impõem limites para as atitudes
dos outros. Elas permitem que ações e palavras com as quais não concordam sejam ditas e feitas
sem qualquer tipo de reclamação ou sem comentar que aquilo não deve ser feito. Muitas pessoas
reclamam da maneira como seu cônjuge age dentro de casa, mas não percebem que muitas vezes
essas ações surgem por falta de limites da sua própria parte. Os limites servem para nós mesmos,
para não aceitarmos o que as outras pessoas fazem e com o que não concordamos.
Não Perdoar
Nada separa mais um casal da possibilidade de uma vida a dois satisfatória do que permitir que o
ressentimento se coloque entre os dois. Na vida do casamento, muitas coisas acontecerão e que
nos magoarão, ou nos deixarão machucados. Não temos como evitar isso. O que podemos fazer é
não impedir o perdão de cumprir o papel de restaurar a relação. Precisamos aprender a parar de
ficar pensando tanto no que aconteceu que nos prejudicou. Precisamos nos concentrar na
possibilidade de perdoar para ser feliz. A vingança nunca traz felicidade para o casamento.
Falta de Compreensão e de Respeito
Uma última característica que destrói o futuro do relacionamento é quando há falta de respeito e
compreensão por parte do cônjuge. Temos a tendência de sermos muito rígidos com aquilo que
acreditamos, sem permitir que as pessoas pensem diferente. O que não percebemos é que sem
entender o ponto de vista da outra pessoa, e respeitar a sua maneira de pensar e agir, não seremos
capazes de desenvolver a felicidade no coração do outro, e assim não teremos a certeza de que
permaneceremos juntos no futuro. Precisamos aprender a olhar a vida com os olhos do outro, para
termos compreensão e respeitarmos as coisas como ele/ela veem, pensam e sentem.

Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,


Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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As mulheres e a amizade com homens.


Deixando o homem ser homem?
Blog Carmadélio
As mulheres possuem uma habilidade maior para fazer amizade e para ser amiga. Pode-se dizer,
falando melhor, que elas, por natureza, são inclinadas ao cuidar. As mulheres cuidam,
especificamente, de pessoas. Elas são capazes, intuitivamente, de entrar na realidade interior dos
seres humanos. E isso as torna mais capazes de ser e ter amigos. Não é surpresa para ninguém que
a mulher faz amizade com outras mulheres com muita facilidade. Elas mostram interesse umas nas
outras. Elas gostam de trocar informações pessoais. Perseguem com sinceridade o conhecimento
da outra pessoa para além da apresentação externa.
Os homens, por outro lado, são primariamente interessados no mundo exterior. Por natureza, os
homens focam mais no “que” ao invés do “quem” na vida. É claro, eu não estou dizendo que os
homens não possuem habilidade de “cuidar”. Estou apenas ressaltando que as mulheres têm mais
facilidade do que os homens na amizade. Os homens se conhecem uns aos outros mais pelas ações
do que pela conversa. Eles não se sentam e ficam trocando ideias sobre o que sentem por dentro,
ou seus gostos e desgostos. Eles apenas agem, e falam dentro de situações, e o conhecimento sobre
o homem se revela durante o processo. É por isso que os homens são muito mais transparentes que
as mulheres.
Por que é tão importante considerar isso? Porque em namoros e no casamento pode haver uma
preocupação excessiva por parte das mulheres, por elas desejarem que o homem seja o “melhor
amigo” em um nível tal que é provavelmente fora da realidade. Sou totalmente a favor da amizade
no namoro e no casamento, mas a amizade necessária para o casamento precisa ser definida e
compreendida. Não pode ser entendida como se a mulher fosse conseguir uma pessoa com quem
pudesse conversar todo tempo que quisesse, e sobre qualquer coisa.
Para conhecer qualquer pessoa de verdade, inevitavelmente terá que haver conversação falada. A
razão é que nunca se pode conhecer “realmente” o que uma pessoa está falando ou
experimentando no nível pessoal, ou porque fez algo, se a pessoa não falar. As ações podem sim
revelar verdades sobre a pessoa, mas as ações sozinhas não bastam para trazer todas as
informações sobre a pessoa inteira. Então, os homens têm que falar e ser capazes de manter
conversas com as mulheres. Ele não pode simplesmente ser muito tímido e não falar nada.
Por definição, uma pessoa é um ser que age. Então, o que uma pessoa faz transmite muito do que
ela é. Entretanto, como seres humanos, temos uma natureza humana decaída, que nos inclina ao
pecado. E, de fato, pecamos todos os dias. Agora, os nossos atos pecaminosos devem definir quem
somos como pessoas? Seria injusto se fosse assim, porque todos têm a liberdade, caso abandone a
graça, de ser perdoado e ter uma nova chance. A maneira com que se recupera dessas quedas diz
muito mais sobre a pessoa. Obviamente, alguém que continue fazendo as mesmas coisas
repetidamente provavelmente não vai parar de fazê-las. Portanto, as ações devem ser julgadas
periodicamente, ao invés de apenas em momentos.
Essa é a cortesia que os homens precisam desesperadamente receber das mulheres hoje em dia
porque os homens são mais orientados para a ação do que as mulheres. Portanto, os homens estão
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mais propensos a fazer coisas estúpidas do que as mulheres. Os homens precisam de uma paciência
extra das mulheres, se ele for tentar atingir o nível de amizade que as mulheres desejam. As
mulheres têm que entender, entretanto, que os homens, tipicamente, não “precisam” do tipo de
amizade profunda que as mulheres desejam. É por isso que é importante para as mulheres ter
amigas mulheres próximas. Há necessidades que as mulheres têm, a nível de amizade, que não se
pode esperar ser preenchida por um homem. Eu compreendo que há um ideal no casamento
moderno que o homem e a mulher sejam algo como “melhores amigos”, mas isso não deve nos
distrair dos aspectos práticos da vocação matrimonial aos olhos de Deus. Os dois se tornam uma só
carne, mas não uma só pessoa. Sempre haverá dois indivíduos únicos no casamento, o que significa
que a pessoalidade de ambos sempre vai estar se desenvolvendo e se formando. A ligação de
amizade no matrimônio traz amor, segurança, sacrifício, e interesse no bem do outro. Nessa
amizade só se cresce juntos.
Mas é impossível a um homem preencher completamente uma mulher, assim como é impossível a
uma mulher preencher completamente um homem. Acima de tudo, só Deus pode preencher
completamente uma pessoa. Isso é dado. Mas também, as pessoas precisam de outras pessoas para
fazê-las sempre continuar sendo pessoas inteiras. Alguns casais têm grandes problemas em lidar
com o que o outro faz fora da relação dos dois. Há uma possessividade que faz as pessoas acharem
horrível quando o(a) namorado(a) ou cônjuge faz algo sem elas ou não falam para elas tudo que
esperam ouvir. Essas pessoas que são assim se sentem traídas, pois acreditam que o verdadeiro
amor significa fazer toda e qualquer coisa sempre junto, e só compartilhar as coisas com aquela
única pessoa. E não gostam também se uma coisa que falaram entre si é compartilhada com
qualquer outra pessoa.
A amizade no casamento não é isso. A amizade não significa possuir cada pequeno pedaço de
informação sobre o outro, nem fazer todas as coisas juntos, senão o amor não seria verdadeiro ou
real. Há casais que realmente parecem ser assim. Porém, muitos bons casais terminaram seus
relacionamentos por não serem assim. E isso é errado. As mulheres vão ter dificuldades em
encontrar um homem que deseje contar tudo e queira fazer tudo com ela. Alguns homens podem
gostar de ser assim, mas não a maioria. Os homens definitivamente têm que se abrir mais para as
mulheres, mas as mulheres definitivamente precisam de uma amiga para ter com quem abrir o
coração, e falar sobre tudo. Tipicamente as mulheres encontram isso em uma outra mulher. É por
isso que, quando cada cônjuge tem seus amigos (a mulher amigas mulheres; o homem amigos
homens) nesse caso há muitos casamentos felizes. Essas amizades fora do casal dão força para a
pessoa e os fazem ser melhor cônjuge um para o outro.
As mulheres não deveriam cobrar demais dos homens para serem os amigos que precisam para
conversar. Mas os homens precisam, sim falar mais com as mulheres. As mulheres precisam de
conversa. Elas precisam saber o que está se passando por dentro. Muitas vezes o homem sequer
sabe muito bem o que se passa em seu interior para compartilhar com alguém. As mulheres
precisam ter paciência com isso. Não desista de um homem que define sua pessoa pelas próprias
ações. Só porque ele não fala tanto quanto você deseja não quer dizer que ele não vai ser um bom
esposo e bom pai. Assegure-se de ter amigos(as) que fazem de você uma pessoa melhor, e então
pegue essa melhoria e traga para o namoro ou a amizade conjugal.
(Steve Pokorny)
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Palavras que Unem a Família


Um homem tinha uma esposa que se sacrificava em tudo para agradá-lo, mas ele nunca falou nem
mesmo uma palavra para expressar sua gratidão pelo que ela fazia. Ela se sentia a pessoa mais
miserável de sua cidade, e depois de algum tempo ela morreu com o coração faminto de
reconhecimento. Depois de sua morte, seu marido, lendo o diário dela, percebeu o erro que tinha
cometido. Um amigo o encontrou junto ao túmulo dela, com um imenso arrependimento, e falando:
“Se apenas eu soubesse disso… ela não teria morrido tão cedo!”
Esse é aspecto muito importante da vida da família, e que faz toda a diferença: a capacidade de
reconhecer e falar sobre os valores de cada membro da família. Desde pequenos, todos nós fazemos
as coisas esperando que as pessoas que são especiais para nós reconheçam e falem isso.
Quando somos crianças, é a questão da tarefa bem feita, da nota da prova, de ter feito todas as
recomendações que a mãe e o pai pediram. Fazemos e ficamos esperando que as outras pessoas
reconheçam.
Já quando nos tornamos adolescentes, apesar de mudar um pouco a situação, ainda é a questão de
esportes na escola, dos problemas que resolvemos, e assim por diante.
Por fim, na vida adulta, mesmo depois de casados, queremos ser reconhecidos e elogiados. Por isso
que os homens lavam a louça, tiram o lixo, colocam as roupas para lavar, consertam o que for
necessário dentro de casa. Eles querem que as mulheres os reconheçam por isso.
E conheço mulheres que fazem o melhor que podem na cozinha, que capricham bastante na
arrumação da casa, que se preocupam em fazer sempre o melhor para o marido, só que
infelizmente, eles acabam não reconhecendo, e nunca falam nada.
Há pessoas que vivem em um deserto em termos de elogios e reconhecimento, pois nunca recebem
nada de concreto das pessoas que consideram importantes. Aí, com o tempo, começam a
desenvolver um grande ressentimento, e sentem que nunca são valorizadas como merecem.
O pior é que nem sempre a outra pessoa não valoriza. É que ela não fala. Muitos pensam que se
falarem vão fazer com que a outra pessoa se torne orgulhosa, e por isso não falam nada. Mas o
efeito é exatamente o contrário. Pessoas que não são elogiadas e nem são reconhecidas se tornam
pessoas inseguras, exigentes e nunca satisfeitas com o que recebem e fazem.
Em virtude disso, desejo apresentar três aspectos importantes para que você possa começar a
reconhecer e elogiar a vida das pessoas com quem convive.

Reconhecer o valor dos membros da família.


A primeira coisa a fazer em seu lar é reconhecer o que a pessoa tem de bom. Somos ótimos para
apontar os defeitos e erros, mas quase que somos cegos para falar das virtudes e dos pontos
positivos. Precisamos começar a enfatizar os pontos positivos, e diminuir a crítica.
Se você acha isso difícil, comece a prestar atenção ao que a outra pessoa faz, e que produz em você
um sentimento de satisfação, de alegria, e felicidade por fazer parte da vida dela. Muitas vezes,
pode ser algo simples como lhe passar o controle remoto da televisão quando você chega para
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assistir. Outras vezes pode ser abastecer o carro para você, ou então preparar um lanche quando
você precisa sair rápido e não tem condição de comer. Não sei o que pode ser, mas sei que precisa
ser reconhecido. Você precisa falar disso, pontuar especificamente o que a outra pessoa fez, e como
você está agradecido/a por isso.

Elogiar
E falar disso é o ato de elogiar. Você precisa colocar em palavras aquilo que você sente. Algumas
pessoas podem entender o seu olhar, o que você está pensando, ou mesmo o que você quer dizer.
Mas a maioria das pessoas precisa que você fale claramente sobre o que sente, sobre a gratidão
que sente pelo que ele/ela faz, e como isso é algo que você admira nele/nela.
Mas lembre-se de falar de coração. Porque falar só por falar, em tom de falsidade, é pior do que
não falar. Aprenda a ser completamente honesto em seu elogio, e com certeza isso vai fazer
diferença.

Aceitar os elogios
Agora, preciso pontuar também que algumas pessoas podem estar pensando que nunca ninguém
as elogiou, ou então que cresceram e nunca foi preciso esse reconhecimento da parte de ninguém.
Para quem passa por isso, eu tenho um ponto muito importante a lhe dizer: provavelmente, se você
não recebe ou não recebeu muitos elogios durante a sua vida, deve ter extrema dificuldade em
ouvir as pessoas lhe elogiarem. Sempre que alguém fala bem de suas ações ou de como você se
vestiu, pode ser que você pense que a pessoa falou aquilo só por educação, ou então, você pontua
coisas que desmerecem aquilo que a outra pessoa falou.
Por isso, quero lhe dizer que você precisa aprender a receber os elogios, precisa estar aberto a ser
reconhecido/reconhecida pelo que faz. Isso não é errado, nem pecado. O próprio Deus, quando
terminou de criar o mundo, afirmou que era muito bom. Ele não se eximiu de reconhecer que tinha
feito um bom trabalho. Você também não precisa fugir do fato de ter feito algo bom.

Que Deus abençoe você e seu casamento,


Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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Dez Áreas para Fortalecer o Casamento

O número de divórcios cresce assustadoramente.


Muitos ainda se casam, mas muitos mais se
divorciam. A impressão que se tem é que o
casamento virou uma coisa simples, como uma
roupa que se troca. E o casamento é mais que isso,
muito mais.
Para evitar divórcios, é muito importante se
fortalecer o relacionamento enquanto ele ainda
existe. Por essa razão, é necessário que façamos um exercício de fortalecimento constante da
relação. Investindo nelas, não significa que as coisas serão perfeitas, mas servirão para facilitar a
vida a dois.
Aprenda a apreciar o “jeito” de seu cônjuge
Muitos relacionamentos terminam pelo que costuma se denominar de diferenças de gênios. No
entanto, é importante lembrar que ninguém é perfeito ou completamente terrível. Em geral, as
pessoas possuem pontos positivos e negativos. Quando estamos enfrentando algumas dificuldades
na relação, temos a tendência de nos concentrar apenas nos pontos negativos da outra pessoa, e
nos esquecemos de valorizar aquilo que ela tem de positivo. Por essa razão, para fortalecer o
casamento, aprenda a supervalorizar os pontos positivos, e diminuir a importância dos pontos
negativos. Tenho certeza de que a vida a dois será muito melhor, mais tranquila, e o relacionamento
poderá crescer e se fortalecer.

Desenvolva uma boa comunicação


Temos dificuldade para conversar quando somos cônjuges. Durante o namoro, parece que não falta
assunto. Depois, parece que nada mais existe para conversar. Ambos se preocupam apenas em
trocar ideias básicas sobre manutenção da casa, conversas vazias sobre o dia, e coisas sem
importância (notícias de jornal, fofocas, etc.). Uma boa comunicação é mais uma questão do que se
fala, do que quanto se fala. É o abrir o coração, falar dos medos, sonhos, esperanças, expectativas,
vontades, frustrações. É falar sobre experiências com Deus, novas perspectivas na vida, etc. Esse
nível de conversa está em falta nos relacionamentos, principalmente nos casamentos. Por essa
razão, é tão importante para o sucesso do relacionamento.

Resolver conflitos
Uma mensagem entendida errada, ou uma frase mal compreendida pode gerar alguns dias e muito
esforço para tentar resolver o estresse emocional provocado por esse tipo de desentendimento.
Por isso, não interessa como esteja seu emocional, você não pode deixar que isso domine você e
faça com que você fale sem pensar, ou fale palavras muito duras, ou use de palavrões ou
xingamentos. O melhor exemplo disso é Jesus, que mesmo sofrendo todo tipo de xingamento e
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sendo desafiado enquanto era crucificado, não abriu sua boca. Ele não se deixou levar pelo
emocional. Não quis fazer valer sua opinião ou sua vontade por meio de palavras duras e fortes. Ele
escolheu esperar que Deus cuidasse Dele. Faça a mesma coisa. Não tente vencer argumentos com
palavras duras. Simplesmente se disponha a ser paciente. O melhor

Cuidar bem do dinheiro


O dinheiro é uma fonte constante de preocupações e brigas no casamento. Ou porque um gasta
demais, ou porque não gasta no que precisam, ou porque não conseguem juntar o dinheiro, ou
porque um demonstra não se preocupar em ganhar o suficiente. Independente do que se seja, pode
ter certeza de que o dinheiro é uma grande fonte de preocupação e dificuldades no casamento,
além de ser uma grande fonte de briga. Por essa razão, o casal precisa colocar a preocupação com
o dinheiro em discussão. Ambos precisam se comprometer com esse tema, e fazer tudo o que
puderem para viver dentro do que ganham a cada mês. Ambos precisam ceder em algumas coisas,
e se organizar para sobrar, e não pegar empréstimos. Isso fará muito bem para a saúde do marido,
da mulher, e do casamento.

Partilhar atividades de lazer


Mas nem só de trabalho vive um casamento. Por essa razão, a família precisa ter momentos
específicos nos quais os seus membros possam se divertir, possam trocar experiências memoráveis,
e criar lembranças agradáveis para o futuro. Lazer não significa necessariamente gastar muito
dinheiro. Passear no parque, jogar juntos um jogo de tabuleiro ou de mesa, brincar de pega-pega,
qualquer coisa, que possa ser feito junto, serve. O importante é que esses momentos de lazer são a
cola que mantém uma família unida. É como se fosse uma fortaleza sendo erguida para proteger a
família.

Intimidade sexual
Essa é uma questão muito importante. Um relacionamento sexual saudável implica não apenas na
relação física, mas em todo o contexto que envolve os momentos de intimidade. Por isso, envolve
as conversas, os elogios, o modo de se tratarem. Não ache que o sexo no casamento se resume ao
quarto. Ele é influenciado por tudo o que acontece nos outros ambientes, nas outras situações, e
em outros momentos. A qualidade do casamento e da união do casal é medida pela intimidade
sexual.

Preocupações acerca dos filhos


Nesse ponto, muitos casais cometem vários deslizes. Sempre parece que um assume mais a
responsabilidade que o outro, e acaba doando todo o tempo e a atenção para os filhos. Com isso, a
outra pessoa acha que não é mais amada, e por essa razão, o amor vai esfriando. A consequência é
que quando os filhos crescem, e saem de casa, os pais percebem que estão juntos de uma pessoa
que parece ser completamente estranha. Por essa razão, para evitar esse tipo de crise do “ninho
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vazio”, é necessário que a criação dos filhos seja uma tarefa partilhada, e que ambos percebam que
os filhos não são feitos para ficar com os pais, mas para o mundo. O papel dos pais não é prendê-
los, mas prepara-los para a vida.
Relacionamentos familiares e de amizade
O casal não pode abrir mão de cultivar amizades, seja com familiares seja com os amigos. Eu sei que
parece muito fácil se fechar consigo mesmo, e apenas viver com conhecidos. Mas muitas situações
da vida de casal se resolvem melhor por meios dos amigos que dos cônjuges. Certos estresses,
preocupações, dificuldades, que possam parecer difíceis demais para partilhar com o cônjuge, são
muito melhor resolvidas quando compartilhadas com amigos. Por essa razão, não se pode perder
os vínculos de amizade.
Divisão igual de papeis
O que cada um vai fazer no casamento é uma das maiores fontes de brigas no casamento. Entender
que ambos têm responsabilidade tanto em prover dinheiro para a casa, quanto no cuidado dessa, e
na criação dos filhos, e partilhando as tarefas, são uma ótima garantia de que o casal permanecerá
junto, e se fortalecerá, pois em toda a tarefa, fazer a dois é sempre melhor que fazer sozinho.
Partilhar valores espirituais
Agora, o mais importante é que vocês dois partilhem dos valores espirituais. O melhor jeito de
construir a vida da família é quando ela é fundada em princípios eternos. Isso é até mesmo uma
segurança para a esposa e para o marido, pois sabem que diante de Deus, os dois serão sempre
responsáveis, e por isso não se submeterão ao pecado.
Que Deus abençoe você e sua família,
Osmar Reis Junior
Psicólogo do CEAFA
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10 perguntas sobre o casamento


São Josemaria Escrivá
1- Poderia dizer-nos quais os valores mais importantes do matrimónio cristão?
Vou falar de algo que conheço bem e que é da minha experiência de sacerdote, de muitos anos e
em muitos países. A maior parte dos sócios do Opus Dei vivem no estado matrimonial e, para eles,
o amor humano e os deveres conjugais fazem parte da vocação divina. O Opus Dei fez do
matrimónio um caminho divino, uma vocação, e isto tem muitas consequências para a santificação
pessoal e para o apostolado. Há quase quarenta anos que prego o sentido vocacional do
matrimónio. Que olhos cheios de luz vi mais de uma vez, quando - e pensando eles e elas que eram
incompatíveis na sua vida a entrega a Deus e um amor humano nobre e limpo - me ouviam dizer
que o matrimónio é um caminho divino na Terra!
O matrimónio existe para que aqueles que o contraem se santifiquem nele e através dele. Para isso,
os cônjuges têm uma graça especial que o sacramento instituído por Jesus Cristo confere. Quem é
chamado ao estado matrimonial, encontra nesse estado - com a graça de Deus - tudo o que é
necessário para ser santo, para se identificar cada dia mais com Jesus Cristo e para levar ao Senhor
as pessoas com quem convive.
É por isso que penso sempre com esperança e com carinho nos lares cristãos, em todas as famílias
que brotaram do Sacramento do Matrimónio, que são testemunhos luminosos desse grande
mistério divino - sacramentum magnum! (Ef. 5, 32), grande sacramento - da união e do amor entre
Cristo e a sua Igreja. Devemos trabalhar para que essas células cristãs da sociedade nasçam e se
desenvolvam com afã de santidade, com a consciência de que o sacramento inicial - o Baptismo -
confere já a todos os cristãos uma missão divina, que cada um deve cumprir no caminho que lhe é
próprio.
Os esposos cristãos têm de ter consciência de que são chamados a santificar-se santificando, a ser
apóstolos, e de que o seu primeiro apostolado está no lar. Devem compreender a obra sobrenatural
que significa a fundação de uma família, a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade.
Desta consciência da própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida, a
sua felicidade.
Mas não esqueçam que o segredo da felicidade conjugal está no quotidiano, não em sonhos. Está
em encontrar a alegria íntima que dá a chegada ao lar; está no convívio carinhoso com os filhos; no
trabalho de todos os dias, em que colabora toda a família; no bom humor perante as dificuldades,
que é preciso encarar com desportivismo; e também no aproveitamento de todos os progressos
que nos proporciona a civilização para tornar a casa agradável, a vida mais simples, a formação mais
eficaz.
Nunca deixo de dizer aos que foram chamados por Deus a formar um lar que se amem sempre, que
se queiram com o amor cheio de entusiasmo que tinham quando eram noivos. Pobre conceito tem
do matrimónio - que é um sacramento, um ideal e uma vocação - quem pensa que o amor acaba
quando começam as penas e os contratempos que a vida traz sempre consigo. É então que o amor
se fortalece. As torrentes dos desgostos e das contrariedades não são capazes de submergir o
verdadeiro amor. O sacrifício partilhado generosamente une mais. Como diz a Escritura, aquae
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multae - as muitas dificuldades, físicas e morais - non potuerunt extinguere caritatem (Cant. 8,7),
não poderão apagar o amor.

2- Padre, que conselhos daria a um casal recém-casado que procura a santidade?


Primeiro, que se amem muito, segundo a lei de Deus. Depois, que não tenham medo à vida, que
amem todos os defeitos de um e de outro quando não sejam ofensa a Deus; e depois ainda que
procures não te descuidar, porque não te pertences. Já to disseram, e tu sabes isso muito bem, que
pertences ao teu marido e ele a ti. Não deixes que to roubem! É uma alma que tem de ir para o Céu
contigo e, além disso, dará qualidade chilena – o mesmo é dizer cristã -, e graça humana também,
aos filhos que o Senhor lhes enviar. Rezem um pouco juntos. Não muito, mas um bocadinho todos
os dias. Quando tu te esqueceres, que seja ele a dizer-to, e quando seja ele a esquecer-se, és tu que
lho lembras. Não lhe atires nada em cara, não o aborreças com picuinhices.

3- Há hoje em dia pessoas que afirmam que o amor justifica tudo, e concluem que o namoro é
como que um casamento à experiência. Não seguir o que consideram imperativos do amor,
pensam que é inautêntico, retrógrado. Que pensa desta atitude?
O noivado deve ser uma ocasião de aprofundar o afecto e o conhecimento mútuo. E, como toda a
escola de amor, deve ser inspirado não pela ânsia de posse, mas por espírito de entrega, de
compreensão, de respeito, de delicadeza. Por isso, há pouco mais de um ano quis oferecer à
Universidade de Navarra uma imagem de Santa Maria, Mãe do Amor Formoso, para que os rapazes
e raparigas que frequentam aquelas Faculdades aprendessem d'Ela a nobreza do amor - do amor
humano também.
Matrimónio à experiência? Que pouco sabe de amor quem fala assim! O amor é uma realidade mais
segura, mais real, mais humana. Algo que não se pode tratar como um produto comercial, que se
experimenta e depois se aceita ou se deita fora, segundo o capricho, a comodidade ou o interesse.
Essa falta de critério é tão lamentável, que nem sequer parece necessário condenar quem pensa ou
procede assim porque eles mesmo se condenam à infecundidade, à tristeza, a um isolamento
desolador, que sofrerão mal passem alguns anos. Não posso deixar de rezar muito por eles, amá-
los com toda a minha alma e tratar de lhes fazer compreender que continuam a ter aberto o
caminho de regresso a Jesus Cristo, e que, se se empenharem a sério, poderão ser santos, cristãos
íntegros, porque não lhes faltará nem o perdão nem a graça do Senhor. Só então compreenderão
bem o que é o amor: o Amor divino e também o amor humano nobre; e saberão o que é a paz, a
alegria, a fecundidade.

4- Que conselhos daria para que, com o passar do tempo, a vida matrimonial continue feliz, sem
cedências à monotonia? Pode parecer uma questão pouco importante, mas recebem-se muitas
cartas sobre este tema.
A mim parece-me que, com efeito, é um assunto importante, e por isso o são também as possíveis
soluções, apesar da sua aparência modesta. Para que no matrimónio se conserve o encanto do
começo, a mulher deve procurar conquistar o seu marido em cada dia, e o mesmo teria que dizer
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ao marido em relação à mulher. O amor deve ser renovado em cada novo dia, e o amor ganha-se
com o sacrifício, com sorrisos e com arte também. Se o marido chega a casa cansado de trabalhar e
a mulher começa a falar sem medida, contando-lhe tudo o que lhe parece que correu mal, pode-se
surpreender que o marido acabe por perder a paciência? Essas coisas menos agradáveis podem-se
deixar para um momento mais oportuno, quando o marido esteja menos cansado, mais bem
disposto.
Outro pormenor: o arranjo pessoal. Se outro sacerdote vos dissesse o contrário, penso que seria um
mau conselho. À medida que uma pessoa, que deve viver no mundo, vai avançando em idade, mais
necessário se torna melhorar não só a vida interior como - precisamente por isso - procurar estar
apresentável. Evidentemente, sempre em conformidade com a idade e as circunstâncias. Costumo
dizer, por brincadeira, que as fachadas, quanto mais envelhecidas, mais necessidade têm de
reparação. É um conselho sacerdotal. Um velho refrão castelhano diz que la mujer compuesta saca
al hombre de otra puerta, a mulher arranjada tira o homem de outra porta.
Por isso atrevo-me a afirmar que as mulheres têm a culpa de oitenta por cento das infidelidades dos
maridos, porque não sabem conquistá-los em cada dia, não sabem ter pequenas amabilidades e
delicadezas. A atenção da mulher casada deve-se centrar no marido e nos filhos. Assim como a do
marido se deve centrar na mulher e nos filhos. E para fazer isto bem é preciso tempo e vontade.
Tudo o que torne impossível esta tarefa é mau, não está bem.
Não há desculpa para não cumprir esse amável dever. Para já, não é desculpa o trabalho fora do lar,
nem sequer a própria vida de piedade, a qual, se não é compatível com as obrigações de cada dia,
não é boa, Deus não a quer. A mulher casada tem que se ocupar primeiro do lar. Recordo uma antiga
da minha terra, que diz: La mujer que, por la iglesia, / deja el puchero quemar, / tiene la mitad de
ángel, / de diablo la otra mitad. - A mulher que, pela igreja, / deixa esturrar a comida, / tem metade
de anjo, / de diabo a outra metade. A mim parece-me inteiramente um diabo.

5- São também habituais as discussões entre marido e mulher, o que às vezes chega a
comprometer seriamente a paz familiar. Que conselhos daria aos casais?
Que se amem. Que saibam que ao longo da vida haverá desentendimentos e dificuldades que,
resolvidos com naturalidade, contribuirão inclusivamente para tornar o amor mais profundo.
Cada um de nós tem o seu feitio, os seus gostos pessoais, o seu génio - o seu mau génio, por vezes
- e os seus defeitos. Cada um tem também coisas agradáveis na sua personalidade e por isso e por
muitas mais razões, pode-se amá-lo. A convivência é possível quando todos se empenham em
corrigir as próprias deficiências e procuram passar por alto as faltas dos outros, isto é, quando há
amor, que anula e supera tudo o que falsamente poderia ser motivo de separação ou de divergência.
Pelo contrário, se se dramatizam os pequenos contrastes e mutuamente se começa a lançar à cara
os defeitos e os erros, então acaba-se a paz e corre-se o risco de matar o amor.
Os casais têm graça de estado - a graça do sacramento - para viverem todas as virtudes humanas e
cristãs da convivência: a compreensão, o bom humor, a paciência, o perdão, a delicadeza no
convívio. O que é importante é não se descontrolarem, não se deixarem dominar pelo nervosismo,
pelo orgulho ou pelas manias pessoais. Para isso, o marido e a mulher devem crescer em vida
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interior e aprender da Sagrada Família a viver com delicadeza - por um motivo humano e
sobrenatural ao mesmo tempo - as virtudes do lar cristão. Repito: a graça de Deus não lhes falta.
Se alguém diz que não pode aguentar isto ou aquilo, que lhe é impossível calar-se, exagera para se
justificar. É preciso pedir a Deus força para saber dominar o próprio capricho, graça para saber ter
o domínio de si próprio, porque os perigos de uma zanga são estes: que se perca o controlo e as
palavras se encham de amargura e cheguem a ofender e, ainda que talvez não se desejasse, a ferir
e a causar mal.
É necessário aprender a calar, a esperar e a dizer as coisas de modo positivo, optimista. Quando ele
se zanga, é o momento de ser ela especialmente paciente, até que chegue de novo a serenidade, e
vice-versa. Se há afecto sincero e preocupação por aumentá-lo, é muito difícil que os dois se deixem
dominar pelo mau humor na mesma altura...
Outra coisa muito importante: devemo-nos acostumar a pensar que nunca temos toda a razão.
Pode-se dizer, inclusivamente, que, em assuntos desses, ordinariamente tão opináveis, quanto mais
seguros estamos de ter toda a razão, tanto mais certo é que não a temos. Discorrendo deste modo,
torna-se depois mais fácil rectificar e, se for preciso, pedir perdão, que é a melhor maneira de acabar
com uma zanga. Assim se chega à paz e à ternura. Não vos animo a discutir, mas é natural que
discutamos alguma vez com aqueles de quem mais gostamos, porque são os que habitualmente
vivem connosco. Não vamos zangar-nos com o Preste João das Índias... Portanto, essas pequenas
zangas entre os esposos, se não são frequentes - e é preciso procurar que não o sejam -, não
demonstram falta de amor e até podem ajudar a aumentá-lo.
Um último conselho: que nunca se zanguem diante dos filhos. Para consegui-lo, basta que se
ponham de acordo com uma palavra determinada, com um olhar, com um gesto. Discutirão depois,
com mais serenidade, se não forem capazes de evitá-lo. A paz conjugal deve ser o ambiente da
família, porque é condição necessária para uma educação profunda e eficaz. Que os filhos vejam
nos seus pais um exemplo de entrega, de amor sincero, de ajuda mútua, de compreensão, e que as
ninharias da vida diária não lhes ocultem a realidade de um afecto que é capaz de superar seja o
que for.
As vezes tomamo-nos demasiado a sério. Todos nos aborrecemos de quando em quando, umas
vezes porque é necessário, outras porque nos falta espírito de mortificação. O que importa é
demonstrar que esses aborrecimentos não quebram o afecto, restabelecendo a intimidade familiar
com um sorriso. Numa palavra, que marido e mulher vivam amando-se um ao outro e amando os
filhos, porque assim amam a Deus.

6- Muitos casais vêem-se desorientados em relação ao tema do número de filhos. Que


aconselharia a estes casais?
Os que perturbam dessa maneira as consciências esquecem que a vida é sagrada e tornam-se
merecedores das duras censuras do Senhor contra os cegos que guiam outros cegos, contra os que
não querem entrar no Reino dos Céus e não deixam sequer entrar os outros. Não julgo as suas
intenções e até estou certo de que muitos dão tais conselhos guiados pela compaixão e pelo desejo
de solucionar situações difíceis; mas não posso ocultar o profundo desgosto que me causa esse
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trabalho destruidor - em muitos casos diabólico - de quem não só não dá boa doutrina, como a
corrompe.
Não esqueçam os esposos, ao ouvir conselhos e recomendações nessa matéria, que o que importa
é conhecer o que Deus quer. Quando há sinceridade - rectidão - e um mínimo de formação cristã, a
consciência sabe descobrir a vontade de Deus, nisto como em tudo o mais. Porque pode suceder
que se esteja a procurar um conselho que favoreça o próprio egoísmo, que cale, precisamente, com
a sua pretensa autoridade, o clamor da própria alma e, inclusive, que se vá mudando de conselheiro,
até encontrar o mais benévolo. Além do mais, isto é uma atitude farisaica, indigna de um filho de
Deus.
O conselho de outro cristão, e especialmente - em questões morais ou de fé - o conselho do
sacerdote, é uma ajuda poderosa para reconhecer o que Deus nos pede numa circunstância
determinada; mas o conselho não elimina a responsabilidade pessoal. É cada um de nós que tem de
decidir em última análise, e é pessoalmente que havemos de dar contas a Deus das nossas decisões.
Acima dos conselhos privados está a lei de Deus contida na Sagrada Escritura e que o Magistério da
Igreja - assistido pelo Espírito Santo - guarda e propõe. Quando os conselhos particulares
contradizem a Palavra de Deus tal como o Magistério a ensina, temos de afastar-nos decididamente
desses conselhos erróneos. A quem procede com esta rectidão, Deus ajudá-lo-á com a sua graça,
inspirando-lhe o que deve fazer e, quando o necessitar, levando-o a encontrar um sacerdote que
saiba conduzir a sua alma por caminhos rectos e limpos, ainda que algumas vezes sejam difíceis.
O exercício da direcção espiritual não deve orientar-se no sentido de fabricar criaturas carecidas de
juízo próprio, que se limitam a executar materialmente o que outrem lhes disse; pelo contrário, a
direcção espiritual deve tender a formar pessoas de critério. E o critério pressupõe maturidade,
firmeza de convicções, conhecimento suficiente da doutrina, delicadeza de espírito, educação da
vontade.
É importante que os esposos adquiram o sentido claro da dignidade da sua vocação, saibam que
foram chamados por Deus para atingir também o amor divino através do amor humano, que foram
escolhidos, desde a eternidade, para cooperar com o poder criador de Deus, pela procriação e
depois pela educação dos filhos, que o Senhor lhes pede que façam, do seu lar e de toda a sua vida
familiar, um testemunho de todas as virtudes cristãs.
O matrimónio - não me cansarei nunca de o repetir - é um caminho divino, grande e maravilhoso e,
como tudo o que é divino em nós, tem manifestações concretas de correspondência à graça, de
generosidade, de entrega, de serviço. O egoísmo, em qualquer das suas formas, opõe-se a esse
amor de Deus que deve imperar na nossa vida. Este é um ponto fundamental que é preciso ter muito
presente a propósito do matrimónio e do número de filhos.

7- Há mulheres que não se atrevem a comunicar a parentes e amigos a chegada de um novo filho.
Temem as críticas daqueles que pensam que uma família com muitos filhos é coisa do passado.
Que nos diria sobre isto?
Abençoo os pais que, recebendo com alegria a missão que Deus lhes confia, têm muitos filhos.
Convido os casais a não estancarem as fontes da vida, a terem sentido sobrenatural e coragem para
manter uma família numerosa, se Deus lha mandar.
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Quando louvo a família numerosa, não me refiro à que é consequência de relações meramente
fisiológicas, mas à que é fruto do exercício das virtudes cristãs, à que tem um alto sentido da
dignidade da pessoa, à que sabe que dar filhos a Deus não consiste só em gerá-los para a vida
natural, mas que exigem também uma longa tarefa educadora: dar-lhes a vida é a primeira coisa,
mas não é tudo.
Pode haver casos concretos em que a vontade de Deus - manifestada pelos meios ordinários - esteja
precisamente em que uma família seja pequena. Mas são criminosas, anticristãs e infra-humanas,
as teorias que fazem da limitação da natalidade um ideal ou um dever universal ou simplesmente
geral.
Seria adulterar e perverter a doutrina cristã, querer apoiar-se num pretenso espírito pós-conciliar
para ir contra a família numerosa. O Concílio Vaticano II proclamou que entre os cônjuges, que assim
cumprem a missão que lhes foi confiada por Deus, são dignos de menção muito especial os que, de
comum acordo e reflectidamente, se decidem com magnanimidade a aceitar e a educar dignamente
uma prole mais numerosa (Const. past. Gaudium et spes , n.º 50). E Paulo VI, numa alocução
pronunciada em 12 de Fevereiro de 1966, comentava: que o Concílio Vaticano II, recentemente
concluído, difunda nos esposos cristãos o espírito de generosidade para dilatarem o novo Povo de
Deus... Recordem sempre que essa dilatação do Reino de Deus e as possibilidades de penetração da
Igreja na humanidade para levar a salvação - a eterna e a terrena - estão confiadas também à sua
generosidade.
O número não é por si só decisivo. Ter muitos ou poucos filhos não é suficiente para que uma família
seja mais ou menos cristã. O que importa é a rectidão com que se vive a vida matrimonial. O
verdadeiro amor mútuo transcende a comunidade de marido e mulher e estende-se aos seus frutos
naturais, os filhos. O egoísmo, pelo contrário, acaba por rebaixar esse amor à simples satisfação do
instinto, e destrói a relação que une pais e filhos. Dificilmente haverá quem se sinta bom filho -
verdadeiro filho - de seus pais, se puder vir a pensar que veio ao mundo contra a vontade deles, que
não nasceu de um amor limpo, mas de uma imprevisão ou de um erro de cálculo.
Dizia eu que, por si só, o número de filhos não é determinante. Contudo, vejo com clareza que os
ataques às famílias numerosas provêm da falta de fé, são produto de um ambiente social incapaz
de compreender a generosidade, um ambiente que tende a encobrir o egoísmo e certas práticas
inconfessáveis com motivos aparentemente altruístas. Dá-se o paradoxo de que os países onde se
faz mais propaganda do controlo da natalidade - e a partir dos quais se impõe a sua prática a outros
países - são precisamente aqueles que alcançaram um nível de vida mais elevado. Talvez se
pudessem tomar a sério os seus argumentos de carácter económico e social, se esses mesmos
argumentos os levassem a renunciar a uma parte da opulência de que gozam, a favor dessas pessoas
necessitadas. Enquanto o não fizerem, torna-se difícil não pensar que, na realidade, o que
determina esses argumentos é o hedonismo e uma ambição de domínio político e de
neocolonialismo demográfico.
Não ignoro os grandes problemas que afligem a humanidade, nem as dificuldades concretas com
que pode deparar uma família determinada. Penso nisto com frequência e enche-se de piedade o
coração de pai que, como cristão e como sacerdote, tenho obrigação de ter. Mas não é lícito
procurar a solução por esses caminhos.
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8- A infecundidade matrimonial – e a frustração que pode trazer consigo – é, por vezes, fonte de
desavenças e incompreensões. Na sua opinião, que sentido devem dar ao casamento os esposos
cristãos que não têm descendência?
Em primeiro lugar, dir-lhes-ei que não devem dar-se por vencidos com demasiada facilidade. É
preciso pedir a Deus que lhes conceda descendência, que os abençoe - se for essa a sua vontade -
como abençoou os Patriarcas do Antigo Testamento. Depois, é conveniente que recorram a um bom
médico, elas e eles. Se, apesar de tudo, o Senhor não lhes dá filhos, não devem ver nisso nenhuma
frustração, devem ficar satisfeitos, descobrindo nesse facto precisamente a Vontade de Deus em
relação a eles. Muitas vezes, o Senhor não dá filhos porque pede mais. Pede que se tenha o mesmo
esforço e a mesma entrega delicada ajudando o próximo, sem o júbilo bem humano de ter tido
filhos. Não há, pois, motivo para se sentirem fracassados, nem para dar lugar à tristeza.
Se os esposos têm vida interior, compreenderão que Deus os insta, levando-os a fazer da sua vida
um generoso serviço cristão, um apostolado diferente do que realizariam com os seus filhos, mas
igualmente maravilhoso.
Que olhem à sua volta, e descobrirão imediatamente pessoas que necessitam de ajuda, de caridade
e de carinho. Há, além disso, muitas ocupações apostólicas em que podem trabalhar. E, se sabem
pôr o coração nessa tarefa, se se sabem dar generosamente aos outros, esquecendo-se de si
próprios, terão uma fecundidade esplêndida, uma paternidade espiritual que encherá a sua alma
de verdadeira paz.
As soluções concretas podem ser diferentes em cada caso, mas, no fundo, todas se reduzem a
ocupar-se dos outros com afã de servir, com amor. Deus recompensa sempre aqueles que têm a
generosa humildade de não pensarem em si mesmos, dando às suas almas uma profunda alegria.

9- Há casais que por situações degradantes e insustentáveis se separaram. Nestes casos, têm
dificuldade em aceitar a indissolubilidade matrimonial e lamentam que lhes seja negada a
possibilidade de constituir um novo lar. Que resposta daria ante estas situações?
Diria a essas mulheres, compreendendo o seu sofrimento, que também podem ver nessa situação
a Vontade de Deus, que nunca é cruel, porque Deus é Pai amoroso. É possível que por algum tempo
a situação seja especialmente difícil, mas, se recorrerem ao Senhor e à sua Santa Mãe, não lhes
faltará a ajuda da graça.
A indissolubilidade do matrimónio não e um capricho da Igreja e nem sequer uma mera lei positiva
eclesiástica. É de lei natural, de direito divino, e corresponde perfeitamente à nossa natureza e à
ordem sobrenatural da graça. Por isso, na imensa maioria dos casos, é condição indispensável de
felicidade dos cônjuges, e de segurança, mesmo espiritual, para os filhos. E sempre - ainda nesses
casos dolorosos de que falámos - a aceitação rendida da vontade de Deus traz consigo uma profunda
satisfação, que nada pode substituir. Não é um recurso, não é uma simples consolação, é a essência
da vida cristã.
Se essas mulheres já têm filhos a seu cargo, hão-de ver nisso uma exigência contínua de entrega
amorosa, maternal, então especialmente necessária para suprir nessas almas as deficiências de um
lar dividido. E hão-de entender generosamente que essa indissolubilidade, que para elas implica
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sacrifício, é para a maior parte das famílias uma defesa da sua integridade, algo que enobrece o
amor dos esposos e impede o desamparo dos filhos.
Este assombro em face da aparente dureza do preceito cristão da indissolubilidade não é novo. Os
Apóstolos estranharam quando Jesus o confirmou. Pode parecer uma carga, um jugo; mas o próprio
Cristo disse que o seu jugo é suave e a sua carga leve.
Por outro lado, reconhecendo embora a inevitável dureza de bastantes situações - as quais, em não
poucos casos, se poderiam e deveriam ter evitado -, é necessário não dramatizar demasiado. A vida
de uma mulher nessas condições será realmente mais dura que a de outra mulher maltratada, ou
que a vida de quem padece algum dos outros grandes sofrimentos físicos ou morais que a existência
traz consigo?
O que verdadeiramente torna uma pessoa infeliz - e até uma sociedade inteira - é essa busca ansiosa
de bem-estar, o cuidado de eliminar, seja como for, tudo o que nos contrariar. A vida apresenta mil
facetas, situações diversíssimas, umas árduas, outras, talvez só na aparência, fáceis. A cada uma
delas corresponde a sua própria graça; cada uma é uma chamada original de Deus, uma ocasião
inédita de trabalhar, de dar o testemunho divino da caridade. A quem sentir a angústia de uma
situação difícil, eu aconselharia que procurasse também esquecer-se um pouco dos seus próprios
problemas para se preocupar com os problemas dos outros. Fazendo isto, terá mais paz e,
sobretudo, santificar-se-á.

10- Fala da unidade familiar como sendo de um grande valor. Como é que o Opus Dei não organiza
actividades de formação espiritual onde possam participar marido e mulher?
Nisto, como em tantas outras coisas, nós os cristãos temos a possibilidade de escolher entre várias
soluções, de acordo com as preferências ou opiniões próprias, sem que ninguém possa pretender
impor-nos um sistema único. É preciso fugir, como da peste, dessa maneira de conceber a pastoral
e, em geral, o apostolado, que não parece mais do que uma nova edição, corrigida e aumentada, do
partido único na vida religiosa.
Sei que há grupos católicos que organizam retiros espirituais e outras actividades formativas para
casais. Parece-me muitíssimo bem que, usando da sua liberdade, façam o que consideram
conveniente e que também vão a essas actividades os que encontram nelas um meio que os ajuda
a viver melhor a sua vocação cristã. Mas considero que não é essa a única possibilidade e nem
sequer é evidente que seja a melhor.
Há muitas facetas da vida eclesial que os casais, e inclusivamente toda a família, podem e, às vezes,
devem viver juntos, como seja a participação no Sacrifício Eucarístico e em outros actos do culto.
Penso, no entanto, que determinadas actividades de formação espiritual são mais eficazes se a elas
forem separadamente o marido e a mulher. Por um lado, afirma-se mais o carácter
fundamentalmente pessoal da própria santificação, da luta ascética, da união com Deus, que depois
reverterá a favor dos outros, mas onde a consciência de cada um não pode ser substituída. Por outro
lado, assim é mais fácil adequar a formação às exigências e às necessidades pessoais de cada um, e
inclusivamente à sua própria psicologia. Isto não quer dizer que, nessas actividades, se prescinda do
estado matrimonial dos assistentes - nada mais longe do espírito do Opus Dei.
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Há quarenta anos que venho dizendo de palavra e por escrito que cada homem, cada mulher, tem
de se santificar na sua vida habitual, nas condições concretas da sua existência quotidiana; que,
portanto, os esposos têm de se santificar vivendo com perfeição as suas obrigações familiares. Nos
retiros espirituais e em outros meios de formação que o Opus Dei organiza e aos quais assistem
pessoas casadas, procura-se sempre que os esposos tomem consciência da dignidade da sua
vocação matrimonial e que com a ajuda de Deus se preparem para vivê-la melhor.
Em muitos aspectos, as exigências e as manifestações práticas do amor conjugal são diferentes para
o homem e para a mulher. Com meios de formação específicos, pode-se ajudar cada um a descobri-
los eficazmente na realidade da sua vida, de modo que essa separação de umas horas ou de uns
dias fá-los estar mais unidos e amarem-se mais e melhor ao longo de todo o outro tempo, com um
amor também cheio de respeito.
Repito que nisto não pretendemos sequer que o nosso modo de actuar seja o único bom, ou que
toda a gente o deva adoptar. Parece-me simplesmente que dá muito bons resultados e que há
razões sólidas - além de uma longa experiência - para proceder assim, mas não ataco a opinião
contrária.
Além disso, devo dizer que, se no Opus Dei seguimos este critério para determinadas iniciativas de
formação espiritual, em variadíssimas actividades de outro género os casais participam e colaboram
como tais. Penso, por exemplo, no trabalho que se faz com os pais dos alunos em colégios dirigidos
por membros do Opus Dei, nas reuniões, conferências, tríduos, etc., especialmente dedicados aos
pais dos estudantes que vivem em Residências dirigidas pela Obra.
Como vê, quando a natureza da actividade requer a presença do casal, são marido e mulher quem
participa nestes trabalhos. Mas este tipo de reuniões e iniciativas é diferente dos que se dirigem
directamente à formação espiritual pessoal.
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“A sociedade espera que a mulher se comporte


como homem e ainda seja capaz de amar como
mulher”
Blog Carmadélio
Revista Época
Escritora americana Camille Paglia, de 64 anos, ganhou destaque na década de 1990 ao analisar a
interação entre sociedade e cultura em seu livro Personas sexuais.
Professora da Universidade das Artes, na Filadélfia, há quase 30 anos, algumas de suas opiniões
mais famosas – e polêmicas – são sobre a influência negativa do movimento feminista americano.
Camille se diz uma dissidente. Para ela, o feminismo do final da década de 1960 fez com que as
mulheres se colocassem no papel de vítimas. Agora, Camille volta sua crítica à ditadura da mulher
profissional – aquela que deixa a família em segundo lugar para cuidar da carreira e fica infeliz ao
perceber que é tarde demais para ser mãe. “O feminismo deveria encorajar escolhas e ser aberto a
decisões individuais”, diz Camille, ex-companheira da curadora de artes Alison Maddex, cujo filho,
Lucien, ela adotou.
ÉPOCA – Hoje, muitas mulheres escolhem voltar à vida doméstica e abandonam a carreira em prol
da família. Essa tendência é um avanço ou um retrocesso?
Camille Paglia – Muitas feministas de minha geração se opuseram com fervor a essa tendência de
as mulheres voltarem a se dedicar exclusivamente ao papel de mãe, mas eu não concordo com essas
feministas. Desde o fim da década de 1960, há uma depreciação de quem quer ser mãe e mulher.
Para mim, feminismo é a luta por oportunidades iguais para as mulheres. Ou seja: remover qualquer
barreira que atrapalhe o avanço na educação superior e no mercado de trabalho. O feminismo
deveria encorajar escolhas e ser aberto a decisões individuais. As feministas estavam erradas ao
exaltar a mulher profissional como mais importante que a mulher mãe e esposa. Uma geração
inteira de profissionais americanas adiou a maternidade e, quando finalmente decidiu engravidar,
não conseguiu encontrar parceiro ou teve problemas de fertilidade.
ÉPOCA – O adiamento da maternidade foi uma consequência negativa do feminismo?
Camille – O feminismo não tem sido honesto sobre a realidade biológica que as mulheres têm de
enfrentar se quiserem unir maternidade a ambições profissionais. Nesse caso, a natureza entra em
conflito com o idealismo moderno da igualdade sexual. As feministas asseguraram às mulheres que
haveria tempo suficiente para elas terem filhos mais tarde, com 40 anos ou 50 anos, depois de
alcançarem o sucesso profissional. Quanta ignorância científica!
Há muito tempo sabemos que os riscos para a mãe e para a criança são maiores quando se tem mais
de 35 anos. Segundo a perspectiva médica, a mulher é mais fértil e tem mais facilidade para criar os
filhos quando está na casa dos 20 anos. Tornar-se mãe ou pai nessa idade é bastante diferente de
aos 40 anos. Meus pais me tiveram quando estavam com 21 anos, enquanto meu pai ainda estava
na faculdade. Eles eram mais espontâneos e divertidos do que 15 anos depois, quando meu pai se
tornou professor e tinha uma rotina pesada de tarefas a cumprir.
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ÉPOCA – Em muitos países, inclusive no Brasil, as mulheres são maioria nas universidades e
constituem boa parte da força de trabalho, mas pesquisas sugerem que elas nunca se sentiram tão
infelizes. Quais são as causas da tristeza?
Camille – As mulheres ganharam muito com a emancipação feminina. Acima de tudo, a possibilidade
de trabalhar fora e de ser financeiramente independente, sem a humilhante subordinação ao pai
ou ao marido. As mulheres provaram que podem ser tão bem-sucedidas quanto os homens, mas
seres humanos são mais do que apenas profissionais. É mais complicado para elas do que para eles
integrar sucesso profissional à felicidade emocional e sexual.
ÉPOCA – Por que as mulheres sofrem para se sentir realizadas?
Camille – Como uma mulher poderosa, acostumada a ter total controle no escritório, pode fazer a
transição para a vida doméstica, em que o marido não quer ser tratado como empregado? Qual é o
perfil ideal de parceiro para essa mulher? Um homem com uma postura quase de um filho:
respeitador, subserviente, que obedece ternamente a cada ordem, ou um rival confiante e
altamente sexual, que exige que ela abandone a postura dominadora? Essa tensa e delicada dança
entre homem e mulher não pode ser atribuída, de maneira simplista, à misoginia (o ódio contra as
mulheres) ou ao machismo (uma forma exagerada de orgulho das características masculinas). A
infelicidade que muitas mulheres sentem hoje resulta em parte da incerteza delas sobre quem são
e sobre o que querem nesta sociedade materialista, voltada para o status, que espera que a mulher
se comporte como homem e ainda seja capaz de amar como mulher.
ÉPOCA – O feminismo não havia rejeitado as diferenças emocionais entre os gêneros?
Camille – A partir dos anos 1960, o movimento feminista tentou apagar qualquer menção às
diferenças de comportamento causadas pelos hormônios. Elas foram consideradas irrelevantes
para o desenvolvimento feminino. Qualquer pessoa que se referisse aos hormônios estava
supostamente reduzindo as mulheres a animais irracionais. Mas homens e mulheres sentem e
expressam emoções de maneira diversa, porque os hormônios atingem o cérebro dos dois sexos
em níveis diferentes.
ÉPOCA – O feminismo fragiliza a figura feminina ao mostrá-la como vítima da sociedade dominada
por homens. A senhora concorda com essa representação da mulher?
Camille – Como dissidente do feminismo, eu rejeito essa projeção sexista conspiratória. O
feminismo argumenta que a autoestima das mulheres é sistematicamente atacada por mensagens
da sociedade dizendo que elas são inferiores. Por isso, estariam condenadas a uma vida de
preocupação sobre o que os outros pensam delas. A fascinação das mulheres por espelhos, por
exemplo, é interpretada como se a mulher tivesse incorporado o olhar crítico e negativo da
sociedade machista. Não posso concordar com isso.
ÉPOCA – A sexualidade foi afetada pela presença das mulheres no mercado de trabalho?
Camille – O novo ambiente de trabalho, altamente tecnológico, é mais favorável às mulheres que o
antigo mundo do trabalho manual, em que a força física dos homens era uma vantagem. Sentados
ao computador, homens e mulheres têm habilidades iguais. Entretanto, a supressão do corpo no
ambiente estéril do escritório é dessexualizante.
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ÉPOCA – A senhora escreveu que Lady Gaga, o maior sucesso do pop dos últimos anos, é a “morte
do sexo” e que os fãs dela “estão isolados numa tecnocracia de pobreza emocional”. Lady Gaga
representa uma era assexuada?
Camille – Fico horrorizada com a popularidade mundial de Lady Gaga, porque isso demonstra o
declínio chocante da qualidade da música popular. As músicas dela são medíocres, com letras vazias
e sem sentido.
Em segundo lugar, detesto as fantasias pretensiosas, e às vezes grotescas, que ela usa até no dia a
dia. Ela se gaba de nunca ter sido vista em público a não ser fantasiada de Lady Gaga. Isso significa
que gasta muito tempo e desvia muita energia para parecer apenas superficial.
Madonna, ao contrário, se deixa fotografar como ela mesma, sem maquiagem, da maneira como
ela se veste cotidianamente. Uma grande estrela pop como Gaga não deveria andar por aeroportos
de sutiã e meia arrastão. Além de estar muito longe de ser sexy, essa exposição feia e embaraçosa
mostra que Gaga é neuroticamente alienada de seu próprio corpo.
ÉPOCA – A eleição de uma mulher presidente significa que o Brasil está à frente na igualdade de
gênero?
Camille – A eleição de Dilma é certamente uma incrível demonstração do progresso brasileiro na
igualdade de gêneros. Em comparação, nos Estados Unidos, nenhuma mulher jamais foi indicada
para ser candidata à Presidência por nenhum dos dois grandes partidos. O problema, nos Estados
Unidos, é que o presidente também é o comandante das Forças Armadas. Uma mulher precisa
demonstrar aptidão para esse papel – pelo cumprimento do serviço militar ou por estudar assuntos
militares. O Brasil é afortunado por ser livre da união entre militarismo e patriotismo.
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Aprendendo a Brigar no Casamento

Por quê? Essa é a primeira coisa que vem à mente


quando pensamos sobre brigas no casamento. Se duas
pessoas se amam, se elas decidiram viver juntas, por
que precisam brigar tanto? E às vezes, parecem que só
sabem brigar. Muitos acham que se brigam demais é
porque não devem ficar juntos. Será que brigar é
realmente um sinal de que não há amor?
Se isso fosse verdade, a briga fosse sinal de falta de
amor, eu diria que ninguém ama de verdade, porque
não existe casal que não tenha desavenças. E, se esse é
o caso, saiba que alguma coisa muito errada está
acontecendo: ou um dos dois não tem opinião
nenhuma, ou tem medo de expor suas opiniões para a
outra pessoa.
Outra situação de briga no casamento pode ser por causa das variações emocionais características
de certos momentos do mês, ou ocasionadas pelo estresse no trabalho, ou mesmo porque as
pessoas têm realmente dificuldade em controlar suas próprias emoções.
Aí você pode perguntar, se isso é tão normal, por que não apareceu antes, no namoro? Bom, eu
penso em duas razões. Primeiro, no namoro, você tem tempo para ir embora, ir para casa, e esfriar
a cabeça. Quando acontecem brigas no namoro, ficam um tempo sem se falar, e depois, com a
cabeça mais fria, procuram resolver. Depois que casam, não existe mais essa possibilidade. Você
briga com seu cônjuge, e pode esperar que em cinco minutos vai ter que se deitar ao lado dele/dela.
Com isso, não consegue pensar friamente, e a tendência é a briga continuar por mais tempo do que
deveria.
E uma segunda razão que penso, é porque no namoro, estamos tão apaixonados, que esse
sentimento funciona como um anestésico natural, nos fazendo ficar em estado de muito mais
tolerância, achando que fomos realmente feitos um para o outro. Depois do casamento, esse tipo
de sentimento passa, e aí nos tornamos pessoas mais realistas.
Bom, depois disso tudo que escrevi até agora, você deve estar pensando que eu tenho uma visão
muito pessimista acerca do casamento. Não é isso. Não quero dizer que se você se casar, vai ficar
preso para sempre a um ringue de luta livre, enquanto ambos viverem, ou enquanto não houver
divórcio. A vida do casamento é muito boa. E as brigas podem ser instrumentos muito úteis para
nos fazer crescer e amadurecer. Pode nos ajudar a repensar quem somos, e como podemos
enfrentar a vida de uma maneira diferente. Pode nos tornar mais pacientes, pode nos fazer mais
tolerantes, e acima de tudo, nos tornar mais prontos a perdoar. E isso nos torna mais semelhantes
a Jesus. Por isso, não deixe que os conflitos de seu casamento sejam simplesmente tempestades,
mas aproveite para torna-los em um belo arco-íris.
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Para ajudar a transformar as discussões em crescimento, e para ensinar você a brigar de uma
maneira justa no casamento, apresento abaixo sete regras que devem nortear você na hora das
discussões. Não deixe para memoriza-las quando estiver irritado. Decore-as quando estiver tudo
bem, para que sejam úteis quando as coisas ficarem difíceis.

Regras para Aprender a Brigar no Casamento


Primeira regra: Saiba que em um casamento sempre acontecem brigas. É isso o que venho tentando
dizer desde o começo desse artigo. Desentendimentos, brigas, conflitos, sempre vão acontecer nos
relacionamentos. Não dá para evita-los. O que pode ser evitado é perder-se o controle, apelar, partir
para a ignorância. Isso não deve existir nos relacionamentos.
Segunda regra: Não se esqueça que você está brigando com uma pessoa amada, não com um
inimigo. Essa regra eu acho uma das principais a serem consideradas. Muitas pessoas discutem com
o cônjuge como discutiriam com um amigo, com um conhecido, ou até em um campo de futebol.
As brigas precisam ser de um tipo diferente. No casamento não se enfrenta um adversário, mas uma
pessoa a quem você prometeu amar em todas as circunstâncias. Se você não consegue considerar
isso quando briga, você precisa de ajuda profissional, pois muito provavelmente estará colocando
no outro as suas próprias inseguranças e traumas pessoais.
Terceira regra: Treine a você mesmo para falar de maneira tranquila. Você pode discordar, mas não
precisa se deixar levar pelos gritos e berros. Muitas pessoas acham que quanto mais alto falarem,
mais facilmente sairão vencedoras dos conflitos. Nada poderia ser mais errado. Na verdade, é bem
ao contrário. Quanto mais se briga, mais se provoca a outra pessoa a também brigar, e a tentar
resolver as diferenças de uma maneira que não deve: na força. Uma pessoa realmente grande, que
realmente é forte, é aquela que não deixa a voz sair do controle. Que prefere brigar por causa das
ideias, e não por causa da altura dos gritos. Essa pessoa quer resolver realmente a situação, e não
simplesmente se afirmar diante da outra pessoa. Manter a calma, mesmo diante de situações de
conflito, é um grande passo para realmente transformar os conflitos em pontos positivos para o seu
casamento.
Quarta regra: “Lave a roupa suja em casa”. Não queira continuar a discussão da vida a dois em
público. Não leve as diferenças para serem resolvidas em reuniões sociais, com amigos, nem mesmo
com parentes (isso inclui pai e mãe). Tem muitos pais que são jogados dentro da discussão pelos
filhos, e acabam tentando tomar partido dentro do lar do casal, querendo resolver os problemas.
Não é responsabilidade deles. Quando duas pessoas decidem se casar, elas precisam estar cientes
que agora começam a resolver as diferenças juntas, e não mais com a ajuda do papai e da mamãe.
O ditado de que “roupa suja se lava em casa” não poderia ser mais verdadeiro para pensar essa
questão das brigas e conflitos do casal.
Quinta regra: Aprenda a reconhecer que algumas desavenças nunca serão resolvidas, e ainda assim
você pode continuar amando a pessoa. Eu sei que na hora em que você está na maior pilha, você se
encontra mais afetado pela raiva, pelas emoções, você quer de todo o jeito chegar ao final da
discussão. E muitas coisas pelas quais brigamos nunca chegarão a um fim. As coisas nem sempre se
resolvem. Algumas vezes, precisamos encontrar um ponto em comum, para que possamos
conversar. Algumas vezes precisamos deixar para depois, para quando estivermos mais calmos. E
algumas coisas precisam ser entendidas como não tendo como ser resolvidas. Por isso, devemos
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aprender a conviver com elas. Na verdade, muitas das coisas pelas quais brigamos se encaixam
nessa última categoria.
Sexta regra: Não deixe acumular muito tempo. Se algo incomoda você, não deixe passar, ou não
espere simplesmente que com o tempo vai desaparecer. As coisas não funcionam desse jeito. Em
geral, aquilo que você deixa ficar por muito tempo acaba crescendo, e se tornando mais forte do
que você pode esperar. Por essa razão, acaba prejudicando ainda mais, pois você vai acumulando
raiva e ressentimento por muito tempo. Fica parecendo uma bomba relógio, pronta a explodir. E aí,
qualquer coisa de menor importância se torna o gatilho para fazer essa grande raiva ser despejada
para fora, como se fosse um vulcão em erupção. Trate cada dia com o mal daquele dia, e se você
resolver não lidar com o assunto, esqueça-o, tire-o da memória. Não fique pensando nele, pois isso
só vai prejudicar a vida a dois.
Sétima regra: Não se esqueça que se um ganhar, os dois perdem. O ponto mais importante é que
em uma confusão entre marido e mulher, se um dos dois vence o conflito na força, pode saber que
os dois perderam. Perderam porque um casamento não é uma corrida em que se compete, para ver
quem chega primeiro, mas uma maratona de revezamento, na qual cada um, por sua vez, corre para
o bem do time, ou seja, do casal. Não tente vencer, seja o primeiro a propor as pazes, a lembrar o
quanto ama a outra pessoa, a buscar a felicidade dos dois, e não apenas buscar estar certo. Lembre-
se, a real vitória é aquela em que vocês dois terminam mais unidos do que estavam anteriormente.
E isso não se consegue pela força, mas pelo amor expresso em palavras e ações.
Que Deus abençoe você e sua família,
Osmar Reis Junior
Psicólogo do CEAFA
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A verdadeira libertação das mulheres


Carlos Ramalhete
Estamos entrando no que alguns chamam de era pós-industrial, em que a casa e o trabalho não são
mais necessariamente separados. Quem mais sofreu com a era industrial foram indubitavelmente
as mulheres, forçadas a escolher entre a família e o trabalho, privadas do que antes sempre fora, e
agora volta a poder ser, uma combinação feliz de ambos.
Na era industrial, trabalho foi algo feito fora de casa, ponto. Os lares deixaram de ser
empreendimentos produtivos (fazendinhas, oficinas etc.) governados por mulheres, e passaram a
ser um dormitório de casal ou uma prisão para a mulher. Antes dessa concentração dos postos de
trabalho em imundos e enormes edifícios industriais, era comum que mulheres desenvolvessem
todo o seu potencial profissional, sendo ao mesmo tempo dirigentes e mães de família, com o lar e
o trabalho reunidos no mesmo lugar.
Como exemplo, podemos citar Eleanor de Aquitânia (1122-1204 d.C.), rainha da França e da
Inglaterra, que estabeleceu as bases do que ainda hoje vigora no direito marítimo internacional.
Indo mais longe ainda, podemos ver a belíssima descrição bíblica da “mulher forte” no Livro dos
Provérbios, capítulo 31.
A fábrica acabou com tudo isso. As mulheres passaram a ter de escolher entre o sacrifício da carreira
ou da família, com soluções improvisadas que só aumentam a dor dessa escolha: licenças que
afastam a profissional do trabalho, seguidas de creches ou babás com que se terceiriza o cuidado
materno.
Hoje, contudo, está se tornando novamente possível fazer do lar uma unidade produtiva.
Muitíssimas “mulheres fortes” conseguem conjugar no mesmo espaço seus talentos de tradutoras,
psicólogas, artistas, produtoras rurais ou advogadas e a belíssima vocação de mãe. Do mesmo
modo, a cada dia mais fábricas terceirizam a produção dos insumos para pequenas unidades
produtivas, que podem e devem ser empreendimentos familiares, em que marido e mulher
trabalhem juntos, construindo juntos um patrimônio, sempre perto dos filhos, sempre perto um do
outro.
É a hora em que finalmente se torna possível libertar-se da falsa escolha a que a industrialização
forçou as mulheres. Não é da natureza feminina nem abandonar a família oito horas por dia nem
viver trancada em um apartamentinho, tirando o pó dos móveis.
Na hora de escolher uma carreira, voltou a ser possível pensar em algo que possa fazer do local do
convívio familiar o local onde se obtém o pão de cada dia. Sempre havia sido assim, até o triste
século 19, e está voltando a ser. Que bom.
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A MULHER NA IDADE MÉDIA


Veritatis Splendor
A história da mulher na idade média é sempre ocultada e distorcida, bem como toda a história da
idade média. Alguns chegam ao absurdo de dizer que neste tempo da história era considerado que
a mulher não possuía alma. Estranhamente vemos neste período um dos de maior devoção a
Santíssima Virgem Maria; quantos não foram os artistas a retratarem-Na majestosamente? Além do
que, se fosse do pensamento da Igreja que a mulher não tivesse alma, porque ministrava a elas os
sacramentos? Ou porque se difundiam tantas ordens religiosas dedicadas às mulheres?
Importantes figuras femininas insurgiram na Idade Média, precisamente pelo fato de que este foi
um período áureo da sociedade católica, onde Igreja exercia grande papel na vida social e cotidiana:
Rainhas como Branca de Castela, e Eleonora de Aquitânia, exerceram legitimamente sua autoridade
de governantes, na ausência do rei (morto ou doente). A coroação de uma Rainha era de grande
solenidade, tal como a dos reis, geralmente acontecia em uma catedral.
Grandes lideranças, como Santa Joana D`arc, Santa Catarina de Senna. Grandes intelectuais como a
abadessa Herrade de Landsberg, que é autora da mais conhecida enciclopédia do século XII; e Santa
Brígida que fundou inúmeros mosteiros. Existiam mulheres no posto de “senhor feudal. Existiam as
abadessas, a filha de Santa Edwiges, Gertrudes, era abadessa; e muitas outras, que eram até mesmo
superioras não só de mosteiros femininos, mas também masculinos, como a abadessa Pétronille de
Chemillé. .
Existiam mulheres em variados cargos e encargos da sociedade, a historiadora Regíne Pernoud
assevera- “Através de documentos, pôde-se constatar a existência de cabeleireiras, salineiras
(comércio do sal), moleiras, castelãs, mulheres de cruzados, viúvas de agricultores, etc.”-.
A Socióloga Évelyne Sullérot afirma que quase todas as profissões foram acessíveis às mulheres nos
séculos X, XI, XII, XIII e XIV.
È claro que muitos poderiam questionar que na idade média havia ainda uma predominância
masculina, claro, isso derivou dos séculos em que a sociedade marginalizou a mulher. Mas o que é
interessante notar, e é incontestável frente aos fatos, é que Igreja lutou pela mulher, a educou como
nunca antes: “Na Idade Média, algumas universidades, e, muito particularmente a universidade de
Bolonha, tinham admitido, do século XII ao século XVII, algumas mulheres, e chegaram a oferecer
cátedras de direito a diplomadas femininas como, por exemplo, Magdalena Buonsingnori, Betina
Calderini e Bettesta Gozzadini.”- (Sullérot 1970, p.l 10).
Santa Hildegard de Bingen, escreveu os mais conhecidos tratados de medicina do século XII no
ocidente; compôs também mais de setenta sinfonias, além de escritos de espiritualidade e teologia.
A abadessa Hrotsvitha tem conhecida influencia literária sobre os países germânicos, a ela são
atribuídas seis comédias em prosa rimada.
Como nunca antes a mulher foi ouvida: imaginemos o Papa escutando e atendendo Santa Catarina
de Senna. Já imaginaram o Rei da França recebendo uma jovem camponesa e dando atenção aos
seus conselhos a ponto de confiar a ela um exército? Difícil imaginar isso em nossos dias, mas foi
exatamente isto que aconteceu com Santa Joana D’Arc.
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A idade média é o modelo mais perfeito de sociedade ordenada; hoje é certo que as mulheres têm
direitos equiparados aos dos homens, porém a mulher teve que se tornar masculinizada para isto,
teve que imitar o homem para ser respeitada, e por isto em nosso século está extinta a figura
materna, a figura doce, na mulher moderna. Na idade média, pelo contrário, a mulher achou seu
espaço da forma que ela é, forte e doce, profissional e mãe, atuante e esposa. E porque isto
aconteceu na idade média? Mais uma vez, exatamente pelo fato da sociedade medieval curvar-se
aos desígnios divinos, colocando-se sob a tutela da Igreja, pois foi a Igreja quem restaurou o lugar
de destaque da mulher na sociedade, a valorizou, a defendeu, a superestimou.
È clichê dizer que na Idade Média era costumeiro que o pai escolhesse o futuro esposo da filha, é
verdade, porém isto não acontecia só com a moça, mas também com o rapaz. Além do que, vale
destacar que a Igreja sempre se opôs a esta prática. -“ Uma força lutou contra estas uniões impostas,
e esta foi a Igreja; ela multiplicou, no direito canônico, as causas de nulidade, reclamou sem cessar
a liberdade para os que se unem” – (Pernoud, Regíne. Idade Média, o que não nos ensinaram).
Ainda hoje encontramos em grande parcela da população mundial a ausência desta liberdade
fundamental, pela qual sempre lutou a Igreja; sendo que nos países orientais são absolutamente
comuns os casamentos impostos.
Dizem ainda que na idade média a mulher era tratada como inferior ao esposo, sempre servil a ele;
quando na verdade observa-se que a mulher não é inferior ao homem, apenas são diferentes, e
ocupam na vida familiar posições distintas. Tal qual a prescrição evangélica, o homem medieval é a
cabeça de seu lar, mas tem por sua vez uma obrigação irrevogável, amar a esposa. Vemos por isso
na idade média, a figura do cavaleiro, um bravo e destemido, sempre pronto a dar a vida pelo papa,
pelo rei, e pela amada. Esta é uma verdadeira tradução do seguinte trecho de São Paulo: – “As
mulheres estejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor, porque o marido é cabeça da mulher,
como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual Ele é o Salvador.. Ora, assim como a Igreja está
sujeita a Cristo, assim o estejam também as mulheres a seus maridos em tudo. Maridos, amai as
vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo (…)” (Ef. V,
22-25).
Para encerrar a questão de que as mulheres eram mal tratadas na idade média, segue um trecho de
um grande teólogo da época, o extraordinário São Tomás de Aquino, – “A mulher não deve
“dominar o homem”, conforme a frase do Apóstolo [São Paulo] (I Tim, II, 12). Por essa razão, Deus
não fez a mulher de um osso da cabeça do homem. Nem tão pouco deve o homem desprezá-la,
como se ela lhe estivesse submetida servilmente — [com subserviência] — , e, por isso, ela não foi
feita de uma matéria retirada dos pés do homem.” (S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, I q. 92, a.
3)
Ao contrário do período antigo onde a civilizações, principalmente a greco-romana, não davam o
menor valor a mulher, o que ainda acontece com alguns povos( na China é absolutamente comum
o aborto de meninas). Um historiador afirma : – “Em Roma, a mulher, sem exagero ou paradoxo,
não era sujeito de direito… Sua condição pessoal, as relações da mulher com seus pais ou com seu
marido são da competência da domus da qual o pai, o sogro ou o marido são os chefes todo-
poderosos… A mulher é unicamente um objeto”-.
No Direito Romano, a mulher era perpetuamente “menor”, passava da tutela do pai para à do
marido. Durante a idade média, sob o refúgio da igreja, a mulher supera esta condição de
88

inferioridade. O casamento monogâmico assegura a mulher um posto de destaque na vida familiar,


e conseqüentemente na vida social. Exatamente como assevera São Paulo: – “A mulher não pode
dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma, o marido não pode dispor de
seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1 Cor 7, 4. )
Fazendo uma linha histórica, vemos na antiguidade clássica, a cultura romano-helenica, a mulher
em uma posição sempre servil, rasteira, que em pouco diferia dos escravos, sem vontade ou
liberdade, sem prestígio ou opinião. Aí chegamos à idade média, uma era muito heterogênea e de
crescente espiritualidade cristã; então a mulher adquiri direitos, é vista não mais como objeto, é
posta em equivalência com o homem; na família ela presta ao marido uma relação de submissão e
não de escravidão, e o marido ama a esposa porque ela não é um objeto seu, mas é uma parte dele.
Ainda neste ponto, podemos estabelecer um paralelo entre a mulher da idade média, e a mulher
atual. A primeira era respeitada, admirada, dignificada, amada e protegida pelo esposo como uma
parte de sua própria carne. A mulher atual, porém, é vendida como um objeto de prazer, não é mais
respeitada ou menos ainda admirada; na televisão, nas revistas e jornais, nos outdoors, ou
caminhando pelas ruas, em toda parte; vemos figuras femininas de forma tão corrompida e imoral,
mulheres que já não se pode ter por indivíduos, na contra mão de toda a conquista da mulher
medieval, tornaram-se mais uma vez objetos.
Seguindo a linha do tempo, passado o esplendor da baixa idade média, chegamos ao período
decadente deste tempo e começo do Renascença. Renascença de que? Os renascentistas buscavam
um renascimento da antiguidade clássica, por isso vemos mais uma vez o culto aos ídolos, e entre
outros, o revigoramento do Direito Romano; desta forma, a mulher retoma aquela inferioridade dos
tempos antigos, perde muitos direitos, e cai de cena. Entre os renascentistas é citada alguma
mulher? Alguma figura feminina emblemática?
Mais um paralelo que se pode traçar entre a estas “duas” mulheres, a medieval e a atual, é no que
diz respeito a maternidade. A capacidade de gerar filhos está entre as mais excelsas prerrogativas
femininas, e foi sempre vista de forma natural e desejável. A mulher da idade média, muita vez
intelectual como Eleonor de Aquitânea, ativa como Branca de Castela, piedosa como Santa Brígida,
ou simples como uma camponesa comum, tinham, entretanto, um desejo em comum, o de gerar
os filhos, tantos quanto fossem da vontade de Deus e de dá-los todos a Deus novamente.
A Rainha Branca de Castela foi uma grande estadista, entretanto teve quatorze filhos,e depois da
morte de seu marido, o rei Luiz VIII, foi ela quem regeu a França até que seu filho mais velho atingisse
a maior idade. Eleonor de Aquitânea, avó materna de Branca de Castela, foi outra importante
Rainha, e teve também uma dezena de filhos.
A Rainha Branca de Castela governava a França ao mesmo tempo em que educava seus inúmeros
filhos, foi uma grande monarca, mas primeiramente, foi uma exímia mãe, formando seus filhos para
a Coroa e para Deus; para que fossem bons como Senhores do povo, e ainda muito melhores como
servos de Deus. Não é de se estranhar que no rebento de uma mãe tão zelosa, contem-se muitos
santos; um de santidade heróica reconhecida pela Igreja, e que hoje brilha na glória dos Altares, o
grande São Luiz IX.
A mulher atual, vai na contramão de tudo o que dissemos acerca desta mulher maternal da idade
média. Sacrificam tudo as custas de grandes carreiras, de cargos de chefia, de triunfo profissional,
sacrificam até mesmo esta parte tão bela de sua natureza, que é a natureza de gerar.
89

É triste ver a mulher moderna consumir-se em um egoísmo infeliz, que vem as fadando ao fracasso;
não um fracasso profissional ou financeiro, mas um fracasso existencial.
Não é estranho perceber que em uma era em que tudo o que vale é ser feliz, o mundo caminha para
uma tristeza mórbida? E porque? Porque as pessoas estão muito vazias. Tão vazias que procuram
de todas as formas, maneiras para sentirem-se repletas; e por isso nunca como hoje se viu tão
acentuada a procura por prazeres efêmeros: na droga, no álcool, em vícios diversos, na sexualidade
desordenada.
Mas como podem estar vazios em uma era em que o homem já alcançou as estrelas, já dominou os
pólos da terra, já desvendou tantos mistérios do mundo? Fato é que estão vazios; vazios porque
não cumpriram a missão que Deus os incumbiu; muitos até abraçaram o casamento, porém tiraram
dele parte fundamental: multiplicar-se, e encher o reino do Deus; se, é claro, for da vontade de Deus
que o casal tenha filhos.
A mulher da idade média é um modelo para todas as gerações de mulheres, porque são mulheres
que acharam a verdadeira felicidade. Acharam-na cumprindo o que Deus queria delas, como
rainhas, mães, esposas, camponesas, como leigas consagradas no mundo, como religiosas
encerradas em conventos, como nobres ou na servidão, como filósofas ou bordadeiras, poetisas e
cozinheiras; enfim, como mulheres a serviço de Deus, mulheres dignificadas pela dignidade de
Maria que apagou a chaga deixada por Eva, mulheres à imagem da “Ave”.
Nunca nenhuma instituição lutou tanto pela mulher como Igreja, por isso, sobretudo as mulheres
deveriam defender a Igreja neste tempo em que tantos erguem-se contra Ela.
Mulheres, está na hora de restaurar aquele antigo valor que nos foi atribuído, e também, por
gratidão, já é hora de retribuir tantos favores.
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O Homem Católico
Pe. Simon Henry | Tradução: Sensus Fidei
Se papai acredita seriamente em Deus, então a mensagem para seus filhos é que Deus deve ser
levado a sério. Isso confirma o papel essencial do pai como líder espiritual, o que eu chamaria de a
verdadeira paternidade
Isso não é novo, mas só me deparei agora e achei que vale a pena compartilhar. Sei que alguns
sacerdotes têm iniciado grupos especificamente destinados para que os homens explorem a sua fé
e desenvolvam algum tipo de espiritualidade no mundo moderno — e na Igreja moderna.
Lembrei-me do tempo em que passei na VI Forma e na Capelania da escola, onde o meu melhor
acesso aos alunos e formas para discutir assuntos de fé muitas vezes dava-se através da acolhida
em departamentos bem afastados do Departamento de Educação Religiosa. Por exemplo, o Chefe
dos Esportes passou a ser um católico comprometido e praticante (e “não” é raramente um dado
em nossas escolas “Católicas” hoje). Ele raramente falava diretamente sobre sua fé, mas ele tinha
regras rígidas sobre coisas como não falar palavrões e equidade nos campos de jogos e sendo visto
dando boas-vindas ao Capelão encorajou os alunos a me receber também.
A tranquila certeza e manifestação da Fé no curso normal do trabalho ou da escola é muito rara
hoje — particularmente entre os homens, eu acho. É precisamente aqui que o Concílio Vaticano II
fala da vocação e missão dos leigos lá fora, no mundo. Um paradoxo estranho que desde então,
todas essas organizações de homens leigos engajados com o mundo parecem estar se debatendo
— o SVP … YCW … solidariedade dos homens e dias de caminhada, etc.
Lembro-me, também, de que é possível dirigir uma escola católica com uma equipe católica, onde
à Fé é dada a honra de um lugar que a torna uma parte comum e esperada da vida cotidiana — em
um lugar como o Chavagnes International College.
Isto de Roman Catholic Man.
Em uma exortação apostólica poderosamente redigida, o bispo Thomas Olmsted de Phoenix, no
Arizona, pediu aos homens que “não hesitem em se envolver na batalha que se enfurece ao seu
redor”.
Em uma exortação de 23 páginas, intitulada “Into the Breach”, o Bispo Olmsted desafia os homens
a se unirem em um combate “principalmente espiritual” contra forças que estão “matando
progressivamente o ethos cristão restante em nossa sociedade e cultura e até mesmo em nossos
próprios lares.”
“Homens católicos, não hesitem em entrar na batalha que se trava em torno de vocês, a batalha
que está ferindo nossas crianças e famílias, a batalha que está distorcendo a dignidade de homens
e mulheres. Esta batalha seguiu e se mantém oculta, mas ela é muito real. Esta batalha é
principalmente espiritual, mas está matando o que resta do caráter cristão de nossa sociedade e
cultura, e até mesmo em nossos próprios lares”.
O mundo está sob ataque de Satanás, conforme Nosso Senhor disse que seria (1 Pedro 5: 8-14). Esta
batalha está ocorrendo na própria Igreja, e a devastação é muito evidente. Desde o ano 2000, 14
milhões de católicos deixaram a fé, a educação religiosa paroquial das crianças caiu 24%, a
91

escolaridade católica diminuiu em 19%, o batismo infantil caiu 28%, o batismo adulto caiu 31% e os
casamentos sacramentais católicos caíram 41%. Esta é uma brecha séria, um buraco enorme nas
linhas de batalha de Cristo…
Uma das principais razões por que a igreja está vacilando sob os ataques de Satanás é que muitos
homens católicos não estão dispostos a “permanecer firmes na brecha” — preenchendo esse
espaço aberto e vulnerável a ataques. Um terço deixou a fé e muitos dos que ainda são “católicos”
praticam a fé com timidez e um compromisso mínimo de transmitir a fé aos seus filhos. Novas
pesquisas revelam que grandes números de jovens homens católicos estão deixando a fé para se
tornar “Nenhum”, homens que não têm afiliação religiosa. As crescentes perdas de homens
católicos jovens terão um impacto devastador sobre a Igreja nos EUA nas décadas seguintes, na
medida que homens velhos morrem e os homens jovens não permaneçam nem se casem na Igreja,
acelerando assim as perdas que já ocorreram.
Estes dados são devastadores; porque a medida que nossos pais, irmãos, tios, filhos e amigos se
afastam da igreja, caem mais profundamente no pecado, o qual rompe nossos laços com Deus e
torna os homens vulneráveis ao fogo do inferno. Embora saibamos que Cristo acolhe todo pecador
arrependido, acontece que enormes quantidades de homens católicos estão fracassando no
cumprimento das promessas que fizeram no batismo de seus filhos no sentido de conduzi-los a
Cristo e criá-los na fé da Igreja.
Esta crise se faz evidente no desânimo e na desconexão de homens católicos como vocês e eu; na
verdade, é precisamente por isso que considero necessária esta exortação, e até mesmo a razão da
minha esperança. Porque Deus sempre supera o mal com o bem; a alegria do Evangelho é mais forte
do que a tristeza trazida pelo pecado. Uma cultura de descarte não pode resistir a luz e a vida nova
que constantemente Cristo irradia. Por isso, eu os chamo para que abram suas mentes e corações
a Ele, o Salvador que os fortalece para permanecer firmes na brecha! [Nota de Sensus Fidei: Cf.
Firmes na Brecha — Uma Chamada para a Batalha ]

ESTUDO CONFIRMA NECESSIDADE DE OS PAIS TOMAR SUA FÉ SERIAMENTE


Um bastante abrangente e importante estudo conduzido pelo governo suíço em 1994 e publicado
em 2000 revelou alguns fatos surpreendentes com relação à transmissão geracional da fé e dos
valores religiosos. Em suma, o estudo revela: “É a prática religiosa do pai da família que, acima de
tudo, determina o futuro atendimento ou ausência da igreja por parte das crianças”.
O estudo relata:
1 — Se ambos, pai e mãe, comparecerem regularmente, 33 por cento dos filhos acabarão sendo
frequentadores regulares da igreja, e 41 por cento acabarão frequentando irregularmente. Apenas
um quarto dos seus filhos acabarão por não praticar nada.
2 — Se o pai é irregular e a mãe regular, apenas 3% das crianças se tornarão posteriormente
regulares, enquanto outros 59% se tornarão irregulares. Trinta e oito por cento estarão perdidos.
3 — Se o pai não é não praticante e a mãe regular, apenas 2 por cento das crianças se tornarão
frequentadores regulares, e 37 por cento irão participar irregularmente. Mais de 60% de seus filhos
estarão completamente perdidos para a igreja!
92

O que acontece se o pai é regular, mas a mãe irregular ou não praticante? Surpreendentemente, a
percentagem de crianças que se tornam regulares aumenta de 33 por cento para 38 por cento com
a mãe irregular e até 44 por cento com os não praticantes. Isso sugere que a lealdade ao
compromisso do pai cresce em resposta à frouxidão da mãe ou indiferença em relação à religião.
Em suma, se um pai não vai à igreja — não importa quão fiéis sejam as devoções de sua esposa —
apenas uma criança em 50 irá se tornar um frequentador regular. Se um pai vai regularmente,
independentemente da prática da mãe, entre dois terços e três quartos de seus filhos se tornarão
frequentadores de igrejas (regulares e irregulares). Uma das razões sugeridas para esta distinção é
que as crianças tendem a tirar suas sugestões sobre a vida doméstica da mãe, enquanto suas
concepções do mundo exterior vêm de papai. Se papai acredita seriamente em Deus, então a
mensagem para seus filhos é que Deus deve ser levado a sério.
Isso confirma o papel essencial do pai como líder espiritual, o que eu chamaria de a verdadeira
paternidade. Os pais devem amar suas esposas como Cristo ama a igreja, modelando o amor do Pai
em sua relação terrena mais importante. Os pais devem cuidar de seus filhos como nosso Pai no céu
cuida de nós e, finalmente, os pais desempenham um papel primordial em ensinar seus filhos a
verdade sobre a realidade. É o pai que deve instruir seus filhos em sua compreensão do mundo sob
o prisma de uma visão de mundo cristã consciente e informada. É o pai o essencial para conduzir
seus filhos adiante com uma visão bíblica da realidade e uma fé em Jesus Cristo que está enraizada
numa sólida compreensão.
É hora de os pais retomarem a masculinidade honrosa e reconsiderarem suas prioridades e realinhá-
las com os mandamentos, decretos e leis de Deus, ensinando essas coisas aos seus filhos “tu as
inculcarás a teus filhos, e delas falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te
deitares e ao te levantares.” (Deuteronômio, 6,7).
_____
Publicado originalmente: Offerimus Tibi Domine — The Catholic Man
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A Dignidade e a Vocação da Mulher


Aline Brodbeck
Evidentemente, algumas coisas aqui apresentadas são próprias de uma espiritualidade específica (a
do Regnum Christi). Todavia, como se trata de uma espiritualidade cristã, fundamentalmente, o
conteúdo, com as devidas adaptações, serve a toda classe de católicos fiéis à Igreja!

I. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. A dignidade e a vocação da mulher
“O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas
e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus
quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também chamados
a transmitir a vida humana, formando no matrimônio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a terra
como «administradores» de Deus.” (Comp. Cat., 71)

II. Dois erros opostos


No tema da mulher, há dois erros opostos.
De um lado, a tentativa de humilhar e escravizar, na prática, a mulher, como se fosse inferior ao
homem. Tal foi a idéia predominante no mundo antigo até o advento do Cristianismo. Com efeito,
o paganismo foi pródigo em desprezar a mulher e só com a Idade Média, aquela época em que o
espírito do Evangelho governou os povos, no dizer de Leão XIII, que garantias jurídicas passaram a
existir para a companheira do homem, que lhe é igual em dignidade.
O outro erro é o igualitarismo, de matriz marxista, que vê homem e mulher como iguais não só em
essência, mas mesmo nos acidentes. Ora, a igualdade de ambos está em sua origem e destino
comuns, no chamado universal à felicidade, e na sua dignidade; não nos elementos acidentais.
Homens e mulheres, é a própria natureza quem nos diz, não são superiores ou inferiores uns aos
outros, mas tampouco são iguais. São distintos!

III. A relação entre o homem e a mulher na ordem da Criação


“Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher,
chamou-os, no Matrimônio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, «de modo que
já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes: «sede fecundos e
multiplicai-vos» (Gn 1,28). (...)
A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está
por sua natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos filhos.
Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é indissolúvel, como afirma Jesus Cristo:
«O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc 10,9).” (Comp. Cat., 337-338)
94

“No Gênesis encontramos ainda uma outra descrição da criação do homem — homem e mulher (cf.
2, 18-25) — à qual nos referiremos em seguida. Desde agora, todavia, é preciso afirmar que da
citação bíblica emerge a verdade sobre o caráter pessoal do ser humano. O homem é uma pessoa,
em igual medida o homem e a mulher: os dois, na verdade, foram criados à imagem e semelhança
do Deus pessoal.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, de 15
de agosto de 1988, nº 6)
O homem, como cabeça do casal e chefe da família não pode, em razão de sua autoridade, desprezar
e maltratar sua esposa. A autoridade do marido é inconteste na Escritura: “Sujeitai-vos uns aos
outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o
marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador.
Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus
maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para
santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda
gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível.
Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua
mulher, ama-se a si mesmo. (...) Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher
como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.” (Ef 5,21-28.33) Entretanto, essa autoridade é
espiritual e, pois, não se confunde, com a autoridade mundana. Ser chefe, ser senhor, na
espiritualidade cristã, importa em ser servidor. O marido, por chefe, não é o que manda, mas o que
serve, o que protege, o que provê a casa com os mantimentos necessários – ainda que a mulher
possa e, nos dias de hoje, quase que deva também fazê-lo, como veremos adiante. Outrossim, a
submissão da mulher deve ser corretamente entendida: não se trata de subserviência, mas de estar
“sob a missão” do marido, de ser dele companheira.

IV. Ser mulher... privilégio e responsabilidade


Há um privilégio na feminilidade: ser mãe – natural ou espiritual. E toda uma série de predicados
exclusivos desse ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Como todo privilégio, envolve responsabilidades. É o diálogo entre os privilégios e os deveres da
mulher que dará a tônica em nosso círculo.

V. Os papéis da mulher: esposa, mãe, educadora, consagrada


Os modos como se explicitam a dignidade da mulher são a vida consagrada, a virgindade por amor
ao Reino, e a maternidade e sua condição de esposa. Claro que pode a mulher realizar tarefas
profissionais, ocupar um emprego, mas, como diz a doutrina da Igreja e a visão natural das coisas,
“também não se pode afirmar unilateralmente que a mulher só fora do lar alcança sua perfeição,
como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade
da sua personalidade. O lar — seja qual for, porque também a mulher solteira deve ter um lar — é
um âmbito particularmente propício ao desenvolvimento da personalidade. A atenção prestada à
família será sempre para a mulher a sua maior dignidade: no cuidado com o marido e os filhos ou,
para falar em termos mais gerais, no trabalho com que procura criar em torno de si um ambiente
acolhedor e formativo, a mulher realiza o que há de mais insubstituível em sua missão e, por
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conseguinte, pode atingir aí sua perfeição pessoal.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do
cristianismo, 87)
Como é próprio do homem o sustento da casa e a chefia da família, é próprio da mulher a gerência
do lar e o exercício da maternidade e do matrimônio. A vocação primordial do homem casado se dá
no âmbito profissional, e a da mulher no âmbito do lar. Em que pese isso, lembre-se que falamos
em vocação primordial: secundariamente, o homem pode participar do lar como a mulher pode
realizar-se profissionalmente. Os dois âmbitos não se excluem; é apenas questão de pôr o peso
devido em cada um para o homem e para a mulher.
“Em primeiro lugar, e de modo ordinário, a mulher realiza a vocação ao amor no matrimônio, como
esposa e como mãe. Neste estado de vida, que Cristo santificou por um sacramento, a mulher
encontra o espaço vital para dar plenitude à sua existência na doação total de si mesmo a seu esposo
e filhos.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
A mulher deve realizar-se, antes do profissional, no âmbito pessoal: como mãe e esposa, de um
lado, como consagrada, de outro. E sempre, quer como mãe e esposa, quer como consagrada, como
educadora. A mulher, tenha ou não formação em pedagogia, é uma educadora por excelência: de
seus filhos (e até do marido!), de seus alunos, de seus parentes, daqueles a quem dá conselho, no
uso de seu fino dom, de sua sensibilidade natural. Tem a mulher um “instituto pedagógico, que a
natureza lhe deu.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)

VI. O movimento feminista e suas distorções


“Existem, hoje, tendências que apresentam a maternidade como um fardo que a mulher deve
suportar, que a amarra nos meses de gestação do filho, e posteriormente durante os anos de sua
educação. Desta perspectiva, a mulher se realizaria plenamente apenas na vida profissional, na
defesa ao ultraje à própria liberdade e autonomia. Claro está que, nesta visão, os filhos se apresenta
como inimigos da pretendida felicidade da mulher. Se crê que a mulher ficará prisioneira da família
e dos filhos, e que não se poderá realizar. Contudo, as mulheres que compreendem sua vocação à
maternidade e a vivem com amor são pessoas totalmente realizadas, alegres, felizes, com uma
profunda plenitude humana e uma especial irradiação espiritual.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
As feministas, em seu anseio por uma igualdade utópica e injusta, lutam contra esse ensino
profundamente cristão. Para elas, o papel da mulher no lar, tal como ensina a Igreja, é uma
humilhação. O lar, dizem, não é a vocação principal da mulher casada. Deve ela realizar-se no
trabalho, primeiramente. Quão cegas andam... Ademais, o feminismo é um movimento machista
por excelência: então as mulheres só serão dignas se forem iguais ao homem?
“Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher,, não devem significar uma pretensão de
igualdade — de uniformidade — com o homem, uma imitação do modo de atuar masculino: isso
seria um logro, seria uma perda para a mulher; não porque ela seja mais, mas porque é diferente.
Num plano essencial — que deve ser objeto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como
no eclesiástico —, aí, sim, pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exatamente
como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus. Mas, a partir dessa igualdade
fundamental, cada um deve atingir o que lhe é próprio; e, neste plano, dizer emancipação é o
mesmo que dizer possibilidade real de desenvolver plenamente as virtudes próprias; as que tem em
96

sua singularidade e as que tem como mulher. A igualdade perante o direito, a igualdade de
oportunidades em face da lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é
riqueza para todos.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)

VII. O trabalho da mulher


“Tanto como na vida do homem, ainda que com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão
sempre um lugar central na vida da mulher: é evidente que a dedicação aos afazeres familiares
representa uma grande função humana e cristã. Isto, porém, não exclui a possibilidade de uma
ocupação em outros trabalhos profissionais — o do lar também o é —, em qualquer dos ofícios e
empregos nobres que há na sociedade em que se vive.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do
cristianismo, 87)
Embora sua vocação essencial, para a mulher casada, seja no lar, como companheira do marido e
educadora dos filhos, “isso não se opõe à participação em outros aspectos da vida social e mesmo
da política, por exemplo. Também nesses setores pode a mulher dar uma valiosa contribuição, como
pessoa, e sempre com as peculiaridades de sua condição feminina; e assim o fará na medida em que
estiver humana e profissionalmente preparada.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do
cristianismo, 87)
“A mulher participa cada vez mais e com maior competência e profissionalismo no vasto mundo
profissional, social, econômico, cultural, político. Nossa sociedade necessita desse toque feminino
que transforma as relações frias e burocráticas em relações calorosas e cheias de vida.” (Pe. Marcial
Maciel, LC. A mulher)

VIII. Espiritualidade da mulher


Há toda uma espiritualidade própria da mulher, que consiste na consciência de sua vocação ao
matrimônio, à maternidade e à consagração, na resposta ao amor de Deus que a chama à santidade,
na imitação da Santíssima Virgem, na união com Cristo a modo esponsal. O cultivo das virtudes que
são muito caras à mulher também cabe nessa espiritualidade específica: delicadeza, generosidade,
temperança, equilíbrio, prudência, firmeza, principalmente no seio de seu lar.
Como esposa, imita Nossa Senhora em seu cuidado com São José. Imita a Igreja, obediente e dócil
a Cristo, que lhe protege, tal qual o marido protege sua esposa. Como mãe, imita, igualmente, Nossa
Senhora e a Igreja: a primeira, mãe de Jesus Cristo; a segunda, mãe de todos nós pelo Batismo.
Deve, outrossim, a mulher viver em plenitude sua vocação cristã nos ambientes em que
desempenha seus papéis.
“Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma
experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos
seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.
Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa
relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.
97

Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social,
as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.
Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica,
cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura
capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do «
mistério », à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade.
Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo,
Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a
humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta «esponsal», que exprime
maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.
Obrigado a ti, mulher, pelo simples fato de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua
feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações
humanas.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta às Mulheres, de 29 de Junho de 1995, nº 2)

IX. A vivência da castidade


“A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se
verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma
virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.
O que supõe a virtude da castidade?
Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom
de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de
crescimento.
(...)
Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o
próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais
fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal;
os não casados vivem a castidade na continência.” (Comp. Cat., 488-489.491)

X. Aspectos exteriores, símbolos da vida interior.


Todo ser humano deve comportar-se como elegância, como um sinal exterior de sua vida interior.
De fato, embora o interior seja o que mais valha, deve ele exteriorizar-se. É próprio da antropologia
corretamente entendida que seja assim, dado que o ser humano é dotado de corpo e alma
substancialmente unidos. O que é interno deve manifestar-se externamente. Diz-nos a boa filosofia
católica que a ordem exterior reflete a ordem interior. Daí que a elegância, como traço natural
distintivo da delicadeza da alma, seja própria do ser humano, e, mais ainda, quase que uma
obrigação do verdadeiro cristão, mais ainda da mulher. Nossa imagem deve projetar nossos valores
pessoais mais profundos: assim, se uma mulher é piedosa, busca a castidade, evitará conversas
mundanas e se vestirá com sobriedade; se uma mulher reconhece sua própria dignidade e percebe-
se como filha do Deus Altíssimo, usará não será uma “desajeitada”.
98

A elegância verdadeira deve brotar do interior da mulher. Não só é uma distinção das formas e das
maneiras, como, em um sentido mais profundo, um modo como a própria mulher se valoriza e se
percebe. Andam juntas elegância e auto-estima (a verdadeira, pois de falsas auto-estimas, mais
vaidade do que outra coisa, o mundo contemporâneo está cheio). Como a mulher se sente, assim
se projeta no exterior.
E, já que a apresentação pessoal pode abrir portas ou fechá-las (não só profissionalmente, mas até
no apostolado!), esse tema da elegância adquire não apenas o significado antropológico, mais
profundo, de que até agora estamos tratando, senão, igualmente, um sentido prático.
Bem sabemos que, como católicos, adotamos a cultura do pudor e procuramos trajar vestes
distintas, sóbrias e delicadamente elegantes, modestas e ao mesmo tempo dignas, procurando
estarmos sempre bem vestidos, conforme a ocasião, e sabendo que boas maneiras, educação,
urbanidade e etiqueta são modos de manifestar a virtude da caridade.
“La elegancia abarca todos los modos de presentarse y comportarse la persona. Se extiende también
a los objetos humanos de uso más directo y de un modo amplio se puede hablar de una arquitectura
o de una ciudad elegante.
(…)
La elegancia, entendida como el buen gusto y el estilo propio en el modo de presentarse, está
articulada con el pudor, actitud humana que defiende la intimidad personal.” (Blanca Castilla
Cortazar, Antropología de la elegância)1. Elegância, sobriedade e distinção no falar e no portar-se
A elegância não se limita às vestes. É, antes de tudo, um jeito característico de portar-se e de falar.
O porte diz tudo: altivo, mas não prepotente; humilde, mas não subserviente; nobre, mas não
afetada – assim deve ser a mulher, principalmente a mulher de Deus. Circunspeção e discrição
devem ser palavras de ordem à mulher católica.
“Finalmente, quero estimulá-los com toas as ânsias do meu coração a revisar, talvez retificar, e a
entregar-se com novo empenho ao trabalho de polir e de aperfeiçoar as suas formas sociais,
especialmente o modo de se apresentar e de tratar as pessoas, não só as estranhas, mas os próprios
companheiros.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 21 de setembro de 1966)
Consta que o cristão deve ser moderado e discreto no falar, amante do silêncio, da justiça e da
sobriedade. Comportamentos espalhafatosos, teatrais, salientes, devem ser duramente corrigidos,
pois não só demonstram uma imaturidade imprópria do católico maduro, como prejudicam seu
crescimento humano e, sobretudo, espiritual.
A mulher do Reino deve ser uma mestra na cortesia, nos bons modos, na etiqueta:
• deve saber sorrir, mesmo nas situações adversas;
• deve cumprimentar a todos, superiores e subordinados, a todos tratando com carinho e caridade;
• deve vigiar o tom de suas palavras, procurando não ofender o outro;
• deve ordenar sua casa, evitando gritos na correção dos filhos, por exemplo;
• deve ser consciente de que gargalhadas em uma mulher a fazem vulgar quando em público: pode-
se rir com gana e vontade, sem necessidade de fazer escândalo;
99

• deve saber comportar-se à mesa, como pegar os talheres, como mastigar com delicadeza de
gestos;
• deve ser elegante, mas não pedante e afetada: sua elegância e cortesia precisam ser naturais.
Isso nada tem de futilidade. Quando uma mulher se aperfeiçoa na etiqueta, nos bons modos, na
cortesia, na elegância, trabalha em todas as áreas de sua vida: sua dimensão física (desenvolvendo
uma marca pessoal), sua dimensão humana (aumentando a segurança em si mesma pela certeza de
fazer as coisas certas), sua dimensão espiritual (dado que boas maneiras são, em suma, pensar nos
outros; etiqueta é um modo de regular a caridade).

2. Elegância, sobriedade e distinção no vestir


“Além disso, sem ostentar cuidados nímios ou impróprios de um homem, o homem do Reino deverá
se apresentar sempre com correção e distinção no vestir (...).” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 21
de setembro de 1966)
Vejam que isso não significa que meninas e meninas tenham que se vestir de um modo antiquado,
anacrônico. Tal seria uma afetação de matriz puritana, uma atitude esnobe até mesmo. Podemos
nos vestir de modo contemporâneo, casual. Mas, com elegância. Justamente aí está a sobriedade.
Elegância não é “peruagem”, mas equilíbrio.
A expressão chave para compreendermos isso é “sóbria elegância”, manifestação das virtudes do
pudor e mesmo da caridade. Caridade para com os outros, que se sentirão bem ao ver alguém
elegantemente vestido, perfumado, de boa aparência. Caridade para com Deus, que não será
ofendido por tantas modas que violam o mandamento da castidade.
Sim, pois as roupas nos podem trair, as roupas podem ser causa de olhares dos homens – e quem
se veste de modo indigno contribui para o pecado de outrem. As roupas podem ser causa de nosso
próprio pecado de falta de pudor.
“A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da
castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua
comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade
mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma luta constante contra a
permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errônea da liberdade humana.” (Comp.
Cat., 530)
Um texto de Sheila Morataya-Fleishman nos fará refletir:
“A mulher elegante tem, sobretudo, pudor. O pudor é a tendência natural à reserva daquilo que é
íntimo. Onde há intimidade brota o pudor.
A intimidade, por si mesmo se recata, se reserva, se oculta em seu próprio mistério, consciente do
alto valor que possui. Porque estou convencida disso como mulher, é que, sim, me importa a largura
que têm minhas roupas, a forma em que desnudo ou cubro meus ombros, e o detalhe ao usar uma
veste que não fique de maneira excessivamente justa nas formas do meu corpo.
Por isso é que, na hora de ir em busca de um estilo pessoal, o qual só pode se manifestar com o
tempo, é importante que nos perguntemos: em que creio? Que relação há entre o que creio e o que
100

visto? Existe coerência entre o que digo e dou a entender na hora de vestir-me? Se pela primeira
vez se apresentar, inesperadamente, diante de mim uma pessoa que admiro, me sentiria orgulhosa
da impressão que lhe dei?” (La presencia que encanta)

3. A “roupa de Missa”
O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, antecipado na Última Ceia, e é tornado novamente
presente em cada Missa celebrada. Ceia, Cruz e Missa são o mesmo e único sacrifício de Cristo!
Esse o significado, portanto da Santa Missa: é o mesmo, único e suficiente sacrifício de Nosso Senhor
Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário, pelo perdão de nossos
pecados, tornado real e novamente presente, ainda que de outro modo, incruento, no altar da igreja
pelas mãos do sacerdote validamente ordenado. Por isso, a Igreja nos ensina que “o sacrifício de
Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.” (Cat., 1367)
Roupas que expõem o corpo devem ser evitadas, i.e., todas aquelas com decotes profundos, shorts
e saias curtas, blusas que mostrem a barriga ou boa parte dos ombros e dos braços, calças apertadas
ou de ginástica. Melhor que uma mulher utilize uma calça normal ou, melhor ainda (e, em
determinados locais, pode ser mais conveniente), uma saia ou vestido. Não nos esqueçamos,
outrossim, do piedoso costume das mulheres assistirem Missa de véu cobrindo os cabelos, o que,
embora não mais obrigatório, é uma saudável prática que ainda existe em inúmeros lugares.
“Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se
fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus,
em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que
recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles
que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” (São Leonardo de Porto Maurício.
Tesouro Oculto)
Se no dia-a-dia temos de saber muito bem como nos vestir, ainda mais na Santa Missa, o mais solene
momento do universo, a ocasião em que o temos de ter o máximo respeito.
“Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a
alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até
com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas,
que sabiam pagar Amor com amor.” (São Josemaria Escrivá. Homilias sobre a Eucaristia)

XI. Superação pessoal


“Os recursos pessoais da feminilidade certamente não são menores que os recursos da
masculinidade, mas são diversos. A mulher, portanto, — como, de resto, também o homem — deve
entender a sua « realização » como pessoa, a sua dignidade e vocação, em função destes recursos,
segundo a riqueza da feminilidade, que ela recebeu no dia da criação e que herda como expressão,
que lhe é peculiar, da « imagem e semelhança de Deus ». Somente por este caminho pode ser
superada também aquela herança do pecado que é sugerida nas palavras da Bíblia: « sentir-te-ás
atraída para o teu marido, e ele te dominará ». A superação desta má herança é, de geração em
101

geração, dever de todo homem, seja homem, seja mulher.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II.
Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, de 15 de agosto de 1988, nº 10)
O tema da superação pessoal atinge, de modo direto, a mulher de hoje. O recado do movimento
feminista é de que, para superar-se e atingir sua realização humana, a mulher deve abrir mão de
suas realidades próprias, priorizar o trabalho ou os relacionamentos “abertos” mais do que os
“valores arcaicos da sociedade machista” (leia-se, casamento e maternidade).
Bem sabemos, pela própria natureza, sem o recurso à fé, que tal é uma falácia. Já vimos que, embora
não seja inferior ao homem, não é a mulher igual a ele. São diferentes, e na diferença encontramos
a sadia complementaridade, tal como Deus a quis. Confundem, ademais, as feministas, a realização
pessoal com uma mera realização profissional – quando, já o vimos também, o lado profissional, se
bem que deva ser valorizado pela mulher, ainda mais a mulher contemporânea, é um adendo à sua
vocação primordial, que é de ser esposa e mãe, de um lado, ou consagrada, de outro.
A realização da mulher, portanto, não se esgota no profissional (que, aliás, nem sempre é um campo
em que ela atua). Deve realizar-se como pessoa – e isso o faz, mais do que tudo, como esposa e
mãe, ou como consagrada –, e de modo integral. Não tem a mulher do Reino só a dimensão
espiritual, só a afetiva, só a profissional, só a intelectual, só a apostólica. Não! Nuestro Padre insiste
muito em nos dizer que a formação dada no Regnum Christi é a da pedagogia integral: deve-se
formar, antes do santo, o homem. “A graça tem necessidade da natureza. Antes de ser santo, é
preciso ser homem (...)”(Pe. Marcial Maciel, LC, apud COLINA, Jesús. Minha vida é Cristo, pergunta
88)
Nesse sentido, é que precisam as mulheres do Reino trabalhar em uma formação integral, que lhes
ajude no crescimento humano, espiritual e intelectual.
“Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver sua própria personalidade, sem se deixar
levar por um ingênuo espírito de imitação que — em geral — a situaria facilmente num plano de
inferioridade, impedindo-lhe a realização das suas possibilidades mais originais. Se se forma bem,
com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para
que se sente chamada, seja qual for: sua vida e trabalho serão realmente construtivos e fecundos,
cheios de sentido, quer passe o dia dedicada ao marido e aos filhos, quer se entregue plenamente
a outras tarefas, se renunciou ao casamento por alguma razão nobre. Cada uma em seu próprio
caminho, sendo fiel à vocação humana e divina, pode realizar e realiza de fato a plenitude da
personalidade feminina.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do cristianismo, 87)
Assim, para viver as virtudes cristãs, tão próprias da dimensão espiritual, o cristão é encorajado a
também cultivar as humanas, a adquirir valores: constância, decisão, valentia, sobriedade, distinção
no vestir, educação, boas maneiras, humildade, iniciativa, espírito de equipe, atenção às
necessidades dos outros, lealdade, honra, honestidade, civismo, cortesia, obediência,
cavalheirismo, discrição e moderação no falar, equilíbrio, responsabilidade em todos os seus
afazeres. O programa de reforma de vida auxiliar também na formação humana, e a direção
espiritual é ocasião de avaliar o crescimento humano, numa prova de que as dimensões se
interpenetram de fato.
Nas casas de formação dos Legionários de Cristo, onde são preparados seus futuros sacerdotes,
ministra-se uma disciplina acadêmica peculiar, que serve de exemplo a esse campo do treinamento
humanístico: aulas de urbanidade. É que no trato cortês com as pessoas, na maneira gentil – mas
102

não afetada – de comportar-se, na sabedoria para discernir as ocasiões em que deve ser rígido ou
afável, no cultivo de boas maneiras à mesa, na distinção ao vestir-se, no domínio de seus impulsos,
e na sobriedade com as palavras e gestos, demonstra-se o equilíbrio do cristão, algo que é caro à
tradição da Igreja, e faz do homem um ser bem formado, capaz de grandes feitos por Deus. Ainda
que os membros de primeiro e segundo graus não tenham tais aulas, devem procurar leituras
apropriadas e a ajuda dos demais, notadamente seu diretor e o responsável de sua equipe, para
formar-se também em urbanidade, etiqueta, boas maneiras – que, aliás, são expressão inequívoca
de caridade, mola mestra da espiritualidade cristã.
Atividades esportivas e mesmo as ações apostólicas e espirituais quando feitas em equipe, grupo,
também ajudarão na construção daquelas virtudes humanas acima referidas, contribuindo para a
formação do caráter. O católico militante, além do bom cristão que pretende ser, quer, igualmente,
exercer competentemente seu labor profissional, seus deveres familiares e estudantis, comportar-
se com modéstia e elegância, distinguindo-se pela bondade e pela liderança. Aliás, é por desejar ser
bom cristão que assim se comporta, visto que o cristianismo não é uma idéia espiritual apenas, mas
uma doutrina concreta que deve se encarnar na vida completa do homem. Para sua formação
humana, outrossim, não se lhe escapa uma sólida base intelectual.
Deve a mulher do Reino trabalhar fortemente na formação de sua vontade, pois é essa faculdade
da alma que lhe será particularmente útil na perseverança do bem e na recusa do pecado. “É
conveniente que exercite muito a sua vontade, vencendo-a com coragem e por amor a Jesus Cristo
naquelas coisas que mais te custam, não cedendo um milímetro por preguiça, inapetência, apatia
ou algo semelhante. Cada mão da abnegação, essa virtude imprescindível em quem se trata de
seguir a Cristo pelo caminho do Calvário, e, todavia, se cair mil vezes, levante-se e caminhe, porque
a vitória é só daqueles que se esforçam e lutam. Não aceite nunca em seu interior o sofisma do
homem velho: ‘É que não tenho vontade’. Você sabe que tem e que nas coisas do seu agrado, a
vontade traz a tona todos os recursos para alcançar tal coisa. Pois bem, convença a ti mesmo do
que pode: que pode ser um santo, que pode ser um grande apóstolo, que pode ser bom estudante,
que pode ser mais decidido e incisivo em sua pessoa, etc. E vá em frente.” (Pe. Marcial Maciel, LC.
Carta de 30 de março de 1981)
O esforço por uma luta contínua, de auto-aperfeiçoamento, é o programa de vida do cristão. Em
uma carta a uma senhorita do Movimento Regnum Christi, Nuestro Padre ensina: “Quero convidá-
la a ter paciência consigo mesma e com as suas falhas e limitações. Pense que a santidade não é
trabalho de um dia, mas de toda a vida; que toda a vida é luta com suas vitórias e fracassos.
Simplesmente tenha a certeza de que, se você luta e se esforça, no final do seu caminho se
encontrará com Cristo, que lhe abrirá os braços apesar das suas misérias e quedas, porque Ele é Pai
e conhecerá o seu esforço.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 16 de junho de 1979)
Sem embargo, um líder, um membro do Movimento Regnum Christi, deve desenvolver uma forte
estrutura de pensamento, criando um espírito crítico e melhorando suas capacidades intelectuais,
na medida dos talentos dados por Deus e tendo por modelo a inteligência de Cristo e dos santos.
O membro do Regnum Christi visa a adquirir um amplo conhecimento das disciplinas próprias de
sua profissão. Sabe que sendo um excelente profissional ampliará suas qualidades humanas (ligação
com a formação humana), e exercerá um melhor serviço a Deus, o que é causa de santificação
(ligação com a formação espiritual). Não lhe é alheio o leque das demais áreas da ciência e da
cultura, de modo que deve primar por conhecer línguas, países, história, e dominar num ou noutro
103

grau, conceitos básicos de raciocínio e filosofia. Para enfrentar os problemas que o mundo moderno,
tão longe de Deus, apresenta, prima por ser intelectualmente capaz de apresentar respostas ao
homem. Ele entende que sem a graça, sem a formação espiritual, nada pode fazer; mas também
percebe que essa graça manifesta-se aos outros ordinariamente pelos meios naturais, de maneira
que, v.g., um professor católico de História, bem formado, poderá defender a Igreja e a Idade Média
das calúnias que seus inimigos propagam, e o advogado, o político e o médico devidamente
orientados, intelectualmente preparados em suas profissões, no pensar e na doutrina católica,
poderão ser muitos úteis no combate à cultura de morte que promove o aborto, a “camisinha”, a
eutanásia.
As verdades da fé, vemos, não podem ser descuidadas nessa dimensão. É outro ponto de ligação
entre a formação espiritual e a intelectual. Quem crê quer saber também por que crê!
“Vivemos numa sociedade que não admite facilmente as crenças tradicionais. A hegemonia das
ciências positivas impôs nas mentes a necessidade de avaliar racionalmente qualquer convicção.
Crer, hoje, exige justificar ante a própria consciência os motivos pelos quais se crê e, ante os demais,
dar uma razão daquilo que se crê. O que dizia São Pedro aos primeiros cristãos, incompreendidos
em sua conduta exemplar, perseguidos por sua fé em Jesus Cristo: ‘Vivei sempre dispostos a dar
uma resposta a todo aquele que vos peça razão de vossa esperança.’ (1Pe 3,15) O que é que crê um
cristãos? O que significa aquilo que crê? Por que o crê? Aos homens do Reino não se pede que façam
um curso especializado de alta teologia. Porém, é imperativo que estudem e aprofundem sua fé,
que tenham a inquietude de conhecer mais a fundo o conteúdo de sua fé cristã e que procurem os
meios práticos para alcançar esta meta (...), por conhecer e aprofundar a doutrina católica,
descartando qualquer resíduo de negligência ou passividade nesta matéria. O Movimento oferece-
lhes alguns meios, como os círculos de estudo, a orientação moral, cursinhos e ciclos de conferências
monográficas, etc. Porém, é preciso que cada membro se esmere, por iniciativa própria e com a
ajuda do orientador espiritual, em procurar leituras adequadas que o ajudem a aprofundar cada vez
mais o conhecimento de sua fé.” (Pe. Marcial Maciel, LC. As Dimensões Apostólicas da Vocação
Cristã)
Ser melhor jovem, melhor consagrada, melhor esposa, melhor mãe, melhor profissional, melhor
católica, melhor catequista, melhor amiga, cultivar a elegância, a sobriedade no falar e no vestir,
buscar a distinção nos gestos, aperfeiçoar-se nas virtudes, corrigir os defeitos: eis o programa de
vida de uma mulher católica!

XII. O campo de ação apostólica da mulher


“Através das cartas que recebo diariamente dos membros das diversas seções femininas do Regnum
Christi, posso perceber seus anseios de santidade e de esforços por levar a cabo a missão apostólica
que lhes foi confiada por Deus. Comprovo que o Espírito Santo vai operando maravilhas em suas
almas, impulsionando-as sempre ao bem e até um maior amor a Deus e aos demais.” (Pe. Marcial
Maciel, LC. A mulher)
Diz Nuestro Padre Fundador que “se alguma instituição cristã não é individualista é o catolicismo,
que se distingue por seu caráter essencialmente comunitário e hierárquico. Porém,
desgraçadamente, o individualismo invadiu a Igreja e a tem fortemente condicionada. Este
individualismo leva o nome da ‘contestação’ ou do rechaço. Desta maneira, a atitude laicista e anti-
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religiosa conseguiu penetrar na Igreja, e são muitos os católicos que, cientes ou não, aceitam e
compartilham a agenda do laicismo. Os promotores dessa revolução eclesial insistem de tal maneira
na modernização da doutrina da Igreja que a mensagem de Cristo começa a desaparecer.
Apresentam Jesus Cristo como uma figura carismática meramente humana, não como o Filho de
Deus. Em ambos os lados do Atlântico existem grupos que denunciam as estruturas de governo da
Igreja como arbitrárias e não representativas. Questionam o caráter universal da Igreja, a jurisdição
do Vigário de Cristo e seu direito e dever de ensinar com autoridade. No campo da moral, esses
grupos propagam com suas mensagens e comunicados a imagem de um Papa insensível e cruel
diante das tragédias e sofrimentos de tantos homens e mulheres. Afinal de contas, o que esses
indivíduos pretendem é que a Igreja dê luz verde para o que eles entendem como grandes e
urgentes ‘obras de misericórdia’, como o aborto, a homossexualidade, o sacerdócio feminino, o
divórcio, a anticoncepção, a eutanásia, a fecundação ‘in vitro’, a livre interpretação dos artigos da
fé, e a espiritualidade ‘sensível’ do ‘isto me faz sentir bem.’” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
É contra essa situação toda que os católicos, unidos ao Papa, devem lutar, em seu campo de atuação
profissional, no seio de suas famílias, e pela ação apostólica organizada e eficaz. Sobretudo o
Regnum Christi, que possui essa vocação primordial de instaurar o Reino de Cristo nas almas e nas
sociedades.
“A mulher está destinada a levar à família, à sociedade, à Igreja, algo de característico, que lhe é
próprio e que só ela pode dar: sua delicada ternura, sua generosidade incansável, seu amor pelo
concreto, sua agudeza de engenho, sua capacidade de intuição, sua piedade profunda e simples,
sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição
insubstituível, e se não a insere na própria vida.” (São Josemaria Escrivá. Questões atuais do
cristianismo, 87)
Nessa luta toma parte também a mulher do Reino, com sua missão específica.
“A mulher do Reino, quando responde ao chamado de Cristo a pertencer ao Movimento, assume
como próprio o compromisso de estender o Reino de Cristo nos corações e na sociedade pelos
meios mais eficazes. Cristo e a Igreja esperam dela sua contribuição peculiar na realização deste
carisma.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
1. Transmissão da fé e educação nos valores religiosos“Em razão de sua missão materna, a mulher
possui especiais dotes pedagógicos que também se aplicam à formação religiosa. Daí que a mulher
na Igreja tenha, desde as origens, um posto de primeiríssima ordem no que se refere à comunicação
e difusão da fé, sobretudo esse tipo de comunicação pessoal que se absorve pelo testemunho, mais
do que por muitas palavras. Quantos de nós devemos a nossas mães o tesouro imenso da fé católica,
que elas nos transmitiram com a mesma espontaneidade com que nos deram a vida, nos
alimentaram ou nos vestiram!” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
2. Catequese na paróquia, na escola, em grupos. Apostolados vários“Porém, a missão de comunicar
a fé não se esgota na própria família. Deve-se estender à catequese paroquial ou escolar, à
evangelização da juventude ou dos adultos, a tudo o que se relaciona com o testemunho alegre e
valente da fé; testemunho que será tanto mais convincente quanto mais se apóie na própria
santidade de vida.“ (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
Além do trabalho apostólico em paróquias e colégios, quantos apostolados podem as senhoras e as
jovens católicas desenvolver! A ajuda financeira às obras da Igreja, a organização de atividades
105

beneficentes, as obras caritativas, culturais, evangelísticas. Podem, com sua peculiaridade feminina,
auxiliar em centros de atendimento às famílias, atendendo às pessoas que sofrem material,
espiritual e emocionalmente, aconselhando casais. Podem usar de seus talentos profissionais para
secretariar centros de apostolado, para gerenciar obras apostólicas, escolas, institutos, faculdades,
para neles dar aula. E, enfim, aportar com sua delicadeza intrínseca nas atividades mais devocionais,
ou nas ações internas de formação espiritual em seus grupos e movimentos.
3. A oblação própria da mulher
Mais do que um fazer algo, a mulher colabora com a obra de Cristo no mundo pelo oferecimento
de sua própria vida. Claro, todos, homens ou mulheres, somos chamados a isso. Todavia, no caso
da mulher, há toda uma mística que lhe é própria: a imitação da Santíssima Virgem.
De fato, Maria foi aquela que nada falou, mas tudo fez, quando, diante do anúncio da Encarnação,
deu seu “fiat” à vontade divina. Agüentou tudo: a separação de Jesus, que saiu para seu ministério
público, a solidão humana, o desprezo, o escárnio dos que zombavam de seu Filho, e até a suprema
dor ao ver Cristo morto. É essa Nossa Senhora das Dores, com o coração traspassado pela espada
do sofrimento, o modelo por excelência da mulher do Reino.
Esse oferecimento da vida, tudo suportando por amor a Cristo, é uma espécie de apostolado
invisível, imperceptível, mas que não poucas almas tem salvo, e não desprezível ação da graça tem
produzido no mundo.
4. Luta contra o feminismo radical
a) pelo correto entendimento das relações entre homem e mulher
b) pela valorização de sua maternidade
c) pelo apostolado discreto das pequenas coisas
d) pelo vestir-se

XIII. Conclusão
“O Regnum Christi proporciona dentro da Igreja um espaço espiritual onde a mulher cristã é ajudada
a compreender-se a si mesma na beleza, na potencialidade e na responsabilidade de sua condição
e de sua missão, e é motivada a levar ao mundo o que Deus e a graça de Cristo põem nessa sua
condição de mulher e de crente.” (Pe. Marcial Maciel, LC. A mulher)
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O Amor no Casamento (parte 1) – O Que Ela


Mais Deseja
Há umas duas semanas foi comemorado o dia mais
romântico do ano, o dia dos namorados. Para muitos
casais, essa talvez seja a única ocasião, em 365 dias, em
que o esposo ou esposa demonstra carinho, afeto e
atenção pelo outro. Por que será que isso acontece? Em
que momento da vida nós perdemos aquela paixão que
nos motivava a escrever bilhetes de amor, enviar flores,
passar horas no telefone? O que acontece na relação
conjugal logo após dizermos o “sim” na frente do pastor
ou do juiz?
O que a maioria dos casais não sabe é que o relacionamento entre um homem e uma mulher passa
por algumas fases. À medida em que entendemos essas fases, fica mais fácil compreender a situação
em que se encontra o seu casamento, e como você pode melhorá-lo a cada, de modo que o dia dos
namorados não aconteça apenas no dia 12 de junho, mas todos os dias do ano. Ficou curioso para
saber que fases são essas? Então vamos lá!
Fase Um: Paixão - para muitos, esse estágio representa apenas uma distante lembrança. Foi nessa
fase que vocês começaram a se conhecer melhor, e descobriram que a presença um do outro
causava borboletas no estômago, esfriava as mãos, fazia as palavras gaguejarem e o coração querer
sair pela boca. Aqui, o casal é tomado pela “poção do amor”. E essa poção é pura química! Quando
conhecemos alguém que atrai nossos sentidos, especialmente o olhar e o olfato, nosso corpo passa
a produzir substâncias químicas que geram as sensações de euforia, felicidade, ansiedade e
excitação, todas ao mesmo tempo. O rapaz calado torna-se falante e passa a declamar poesias com
facilidade. A moça caseira torna-se uma apreciadora de passeios ao ar livre. Tudo o que vocês
querem é ter a companhia um do outro para sempre! E por isso decidem SE CASAR!
Fase Dois: Conformismo - esse estágio pega muitos casais de surpresa, especialmente porque ele
aparece logo depois do casamento. Na fase do conformismo, a poção do amor perde seus efeitos,
à semelhança do conto infantil, em que a Cinderela se torna a gata borralheira à meia-noite. O
encantamento passa, a química desaparece, e você não entende o que te atrai nessa pessoa com a
qual você está unido(a) pela vida inteira. Os defeitos se tornam evidentes, e pequenas
características que antes pareciam encantadoras, agora são irritantes! Os dois voltam ao seu
comportamento natural, e primeira impressão que vem à mente é: cometi um grande erro! Nesse
momento, todo casal fica diante de uma encruzilhada em que há três caminhos a seguir. A maioria
dos casamento escolhe a opção mais “fácil”, chamada divórcio; outra grande parte, segue pelo
caminho da infelicidade, e passam a conviver sob o mesmo teto, mas não há mais companheirismo,
amizade ou respeito; há alguns, porém, que decidem pagar o preço para se ter um casamento feliz
e realizado, e passam à terceira etapa do casamento, que é:
Fase Três: Descoberta – essa talvez seja a fase mais difícil entre as quatro, porque necessita de força
de vontade e espírito de equipe. Nesse estágio, você já descobriu que seu cônjuge não é perfeito, e
que ele ou ela não são um príncipe ou princesa encantados. Mas, nesse momento, ao invés de
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desistir de tudo, vocês dois decidem trabalhar juntos pelo sucesso da relação, desenvolvendo
características que atendam às necessidades do outro. E que necessidades seriam essas? Agora é a
hora de redescobrir! Tomem tempo para conversar um com o outro sobre suas fraquezas e seus
desejos. Exercite a memória para relembrar o que você fazia no tempo do namoro, a fim de
conquistar o coração do seu amado(a) e coloque em prática! Peça a Deus para ajuda-lo(a) a
enaltecer as virtudes de seu cônjuge, ao invés dos defeitos. Um bocado de vontade e uma pitada de
paciência os ajudarão a obter valiosos resultados nessa etapa, e os levarão à fase seguinte, a mais
prazerosa de todas!
Fase Quatro: Conexão – nesse estágio, reunimos o melhor da paixão, com o melhor da descoberta.
Depois de passarem por turbulências e nuvens carregadas, o casamento de vocês sai fortalecido, e,
de repente, você descobre que seu cônjuge, nesse intervalo, se tornou o seu melhor amigo. Esse é
o momento para fortalecer a amizade, o companheirismo e a cumplicidade. Vocês já se conhecem
tão bem, que sabem exatamente o que não fazer a fim de evitar irritações, e o que fazer para afagar
o coração amado. As relações mais felizes e mais duradouras são as que conseguem chegar a essa
última etapa. Mas, e você? Em que fase se encontra? Está preso no conformismo? Não consegue
desenvolver a descoberta? Deseja muito chegar à conexão, mas não sabe por onde começar? Para
ajuda-lo(a), trouxemos aqui algumas dicas para ajuda-lo a abrir novamente o coração do seu
cônjuge. Não vá deixar para começar a coloca-las em prática amanhã, hein? A hora é agora!

Necessidades femininas
Pessoas são diferentes, e cada mulher tem necessidades especiais e peculiares. Porém, há algumas
que são comuns a todas, e, pode ter certeza, aplicam-se à sua esposa também. Então, se você quer
reconquistar sua amada, e fazer do seu casamento um eterno romance, mãos à obra!
A primeira e mais básica necessidade de uma mulher é AFETO. Afeto, para a mente feminina,
significa amor. Toda mulher precisa saber que é amada por seu marido. Demonstre afeto através
de toques – andar de mãos dadas, abraça-la enquanto ela cozinha, beijá-la sem segundas intenções;
através de atos – comprar flores sem motivo especial, deixar um bilhetinho no espelho para quando
ela acordar, abrir a porta do carro para ela entrar; e através de palavras – diga diária e
repetidamente “eu te amo”, elogie-a com frequência, valorize o que ela é e o que ela faz.
Não menos importante do que o afeto é a HONRA. Honra significa fidelidade. Sua esposa precisa
saber que ela está acima de todas as outras mulheres em sua vida, inclusive a sua mãe. Ela também
necessita sentir-se honrada naquilo que você olha. Nada afeta mais a autoestima de uma mulher do
que saber que seu marido olha para outras mulheres (ainda que apenas na televisão, internet ou
em um outdoor na rua) com desejo ou lascívia. Para isso, feche as avenidas da tentação, desvie o
olhar, mude o canal, desligue o computador, e honre o seu casamento e o seu lar.
A terceira necessidade feminina é TRANSPARÊNCIA. Homens, naturalmente, tem dificuldade de se
abrir e falar sobre emoções, mas sua esposa necessita saber o que vai no seu coração! Se algo está
deixando você preocupado, conte a ela. Se necessário, peça-lhe um tempo para pensar no seu
problema, mas deixa-a a par do que se passa. Conte-lhe seus planos, seus sonhos, fracassos.
Informe-a o motivo de seu atraso para chegar em casa, onde você esteve durante o intervalo do
almoço, etc. Essas informações a deixarão mais segura e mais confiante em você.
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Toda mulher precisa de COMPREENSÃO. Não é novidade para ninguém que mulheres choram,
certo? Choram quando estão felizes, quando estão tristes, quando estão preocupadas, quando
veem um filme… O homem, quando vê uma mulher chorando, logo pensa que precisa “consertá-
la”, mas não é disso que ela precisa. Ela só necessita ser ouvida, abraçada e consolada. Ofereça um
lenço e o seu ombro para que ela possa chorar e desabafar, e você se tornará o grande herói da sua
amada.
Por fim, a quinta necessidade feminina é de COMPROMISSO. Compromisso significa que você
emprega todas as suas energias para a felicidade do seu casamento. Isso implica que, além do
trabalho árduo que você realiza para sustentar a casa, será necessário também colaborar nas
atividades pelas quais ela é responsável, como lavar a louça, cuidar das crianças, colocar a mesa
para o jantar… Ou seja, você, marido, precisa mostrar que seu relacionamento e sua família estão
acima de qualquer outra coisa, e que seu desejo é fazê-la feliz.
O homem também tem suas necessidades, mas essas serão exploradas no próximo artigo. Por
enquanto, maridos, aproveitem para entender melhor sua esposa, e não desistir de amá-la,
independente do momento e da fase do amor em que se encontram. Saibam que o amor de vocês
ainda tem muito a crescer para glorificar a Deus, e ser uma alegria para sua família.
Que Deus abençoe você e seu casamento,
Osmar Reis Junior e Bruna Reis
Psicólogo e Advogada – CEAFA
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O Amor no Casamento (parte 2) – O Que Ele


Mais Precisa

Em nosso último artigo discutimos aspectos para não


permitir que o amor simplesmente desapareça do
casamento. Demos a recomendação inicial para os
homens, para que entendessem um pouco melhor como
lidar com as suas esposas. Minha esposa escreveu a maior
parte do artigo, para que os homens pudessem ter ideia
do que as mulheres realmente sentem faltam, e sonham
em receber de seus maridos.
Agora, tomo a frente para escrever sobre as necessidades masculinas. Mulheres, nós também temos
necessidades, mesmo que vocês não percebam isso. Contudo, uma diferença básica entre homens
e mulheres é que para as mulheres, as necessidades são sentidas profundamente. Para os homens,
muitas vezes eles nem percebem que precisam disso. A razão para tal é que muitos deles nunca
encontraram, nem mesmo em sua infância, alguém que suprisse neles essa falta. Por essa razão,
muitos deles escolheram se fechar para si mesmos, e se preocupar apenas em agradar suas esposas.
Muitos ignoram a si mesmos, em termos emocionais, e depois não conseguem entender porque
estão se sentindo do jeito que se sentem. Muitos levam a vida em uma correria que nem mesmo
percebem que estão tentando suprir pelo seu trabalho carências que são de âmbito emocional.
Pois bem, mulheres, vocês podem ser instrumentos de transformação de seus maridos. Sim, vocês
podem fazer a diferença. Só que essa diferença não acontece quando você fala para ele o que
percebe que ele sente. Pois como ele nunca pensou, é muito provável que não reconheça que sente
falta disso. O que você deve fazer é simplesmente começar a agir, e com isso, transformar a forma
de tratá-lo. Se fizer isso, pode ter certeza de que com o tempo, ele será outro homem, e você não
terá tido nem o trabalho de confrontá-lo ou perdido tempo com brigas para fazê-lo entender.
Agora, um último detalhe: Quando os homens têm a tendência de quando ouvem o que necessitam
fazer para corrigir as coisas, simplesmente fazer uma lista mental de tudo e começar a colocar em
prática, o mais fielmente possível ao que entenderam. Já as mulheres, quando entram em contato
com ideias novas, que ainda não conhecem, passam por um momento de descrença, esperando
para ver se ele age primeiro, ou tomando a iniciativa, mas apenas como teste para ver se realmente
faz alguma diferença.
Pois bem, aqui segue um conselho especial para as esposas: Façam e podem ter certeza de que as
coisas serão diferentes. Agora, vocês precisam fazer realmente. Não adianta fazer um dia e esperar
que no dia seguinte ele seja o príncipe encantado com o qual você sempre sonhou. Imagine que a
situação se parece mais com a necessidade de fazer um retorno com o transatlântico. Demanda
tempo e paciência para que alguma coisa diferente aconteça na vida do casal.
Então, quero listar abaixo cinco necessidades que a maioria dos homens tem, e que faz com que
eles se sintam amados e cuidados por suas esposas.
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Necessidades Masculinas
Sim, como já foi dito no artigo anterior, as pessoas são diferentes, e têm necessidades peculiares. O
que estamos apresentando nesses artigos são tendências gerais, realidades mais comuns. Pode ser
que em seu caso, a lista ou a ordem das coisas seja diferente. Isso não quer dizer que não esteja
certo. Simplesmente ajuste as questões, e coloque em prática para transformar também o seu
casamento.
A primeira e mais importante necessidade masculina é a de respeito e admiração. Todo homem,
não importa quantos anos tenha, tem a necessidade de se sentir admirado por alguém. Desde
pequeno, ele levava a tarefa escolar para casa, e mostrava para seu pai e/ou mãe, para que fosse
elogiado. Muitos nunca receberam nem mesmo uma palavra de admiração. Ao contrário, muitos
sempre viveram com críticas e sendo menosprezados.
Assim, quando eles percebem que a mesma situação se repete em seu casamento, ele se sente
extremamente vazio e irritado com sua esposa.
Cara esposa, lembre-se de que não há ninguém no mundo que possa competir com seu marido.
Você precisa ser a admiradora mais empolgada de seu marido. Mesmo que ele não mereça sua
admiração e respeito, ele necessita desesperadamente disso. Se você não consegue ver nada pelo
que possa admirar seu marido, peça a Deus para lhe mostrar quais são os talentos, as virtudes, os
aspectos mais bonitos dele.
Mesmo quando ele faz algo errado, e com o que você não concorde, discorde dele com respeito.
Trate da situação, e não da pessoa que ele é.
E, principalmente, evite a tendência de agir como mãe de seu marido. Ao tentar expor sua
insatisfação, você pode agir tentando pontuar para ele em que ele errou. Mas lembre-se que isso
vai soar aos ouvidos dele como se fosse a mãe dele falando, e ou ele reagirá com raiva, ou então se
fechará e se transformará numa pedra de gelo, acabando com a comunicação. Nunca tente
consertar seu marido. Peça para Deus atuar em você, e nele. E deixe que Deus o transforme.
A segunda grande necessidade do marido é de companheirismo. O homem almeja que sua esposa
se interesse pelas atividades das quais ele gosta. No fundo, apesar de não reconhecer isso, ele
deseja fazer as coisas de homem com a esposa dele. Mas que ele esteja realmente interessada na
sua companhia. Minha esposa de vez em quando lê artigos na internet sobre futebol, e vem
conversar comigo, pois sabe que eu gosto desse tema. Ela não é uma expert no assunto, mas consigo
conversar com ela, e isso é muito bom. Agora, ela não fica constantemente me perguntando as
regras. Depois que a internet se popularizou, ela consegue ver as regras muito melhor explicadas
em algum site do que comigo. Digo isso porque, apesar de gostarmos da companhia de nossas
esposas, não queremos ter de explicar tudo a todo o momento. Por isso, lembre-se: esteja por perto,
mas converse pouco. Ele apenas deseja sua companhia.
Em terceiro lugar, entre as necessidades masculinas, está a necessidade que ele tem de que
você cuide de sua aparência. O tempo passa, e as marcas ficam. Mas você deve pensar em fazer o
melhor que puder para ele. Isso não quer dizer que você deve buscar cirurgia a cada nova variação
em seu corpo ou em sua pele. Não, porque isso é lutar contra a dura realidade do tempo. E essa luta
não tem fim. O que você deve se preocupar em fazer é se preparar para ele, se arrumar para ele.
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Capriche em seu visual. Valorize-se por ser esposa dele. Homens gostam de ver mulheres que se
preocupam em estar bem por que vivem com eles.
A quarta necessidade do homem é a de afeto. Sim, por incrível que pareça, os homens também
precisam de afeto, só que isso se resume à intimidade física. Essa é uma parte muito importante
para o homem, pois comunica profunda união e segurança emocional. Se por acaso para você é algo
complicado, por causa de traumas ou dificuldades que você tenha, procure ajuda. Não deixe que
essas questões destruam sua vida conjugal.
Por fim, entre as principais necessidades masculinas, está a de uma auxiliadora. O propósito da
criação da mulher foi esse. E isso ainda é uma realidade mesmo tanto tempo depois. O homem
precisa da mulher para lidar com a vida. Ele precisa dela para compartilhar as responsabilidades,
para ajudá-lo a ver coisas de novas perspectivas, e também de alguém que cuide dele, da casa e dos
filhos. Não estou dizendo que ela é a única responsável por isso, pois acredito que ambos
necessitam se envolver no cuidado da casa e das crianças. Mas acho que a mulher deve gerir, deve
tomar a frente. Na maioria das vezes, elas conseguem fazer mais coisas do que os homens. Acima
de tudo, ela deveria se perguntar: “como posso aperfeiçoar o sucesso de meu marido nessa vida?”

Aqui estão as necessidades. Não sei se você concordou com elas, ou se desaprovou-as. Se não
concorda, e quiser expressar sua opinião, pode escrever para nosso e-mail abaixo, ou deixar um
comentário no final desse texto. Mas, quero dizer que muitos casamentos podem ser diferentes se
os casais adotarem como estilo de vida o desejo de tratar seus cônjuges não de acordo com o que
eles fazem, mas de acordo com o que necessitam.

Que Deus abençoe você e seu casamento,


Osmar Reis Junior e Bruna Reis
Psicólogo e Advogada – CEAFA

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