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O Caminho da Prosperidade

Há algumas semanas me dispus a ler os planos de governo dos principais candidatos à vitória
no pleito eleitoral e tentar resumi-los, no caso, à época, seriam Ciro Gomes e Jair Bolsonaro,
atualmente esta conjuntura se alterou, porém seguem minhas anotações sobre o documento
intitulado "O Caminho da Prosperidade" o qual apresenta as propostas de plano de governo do
candidato Jair Bolsonaro que ainda é cotado para alavancar-se ao segundo turno. Inicialmente
pude constatar que o documento é construído sobre uma base de viés religioso, pois a frase
"Deus acima de todos” consta em cada página da proposta ", algo que me remete ao Cabo
Daciolo (Glória à Deux), além disso há também um viés conspiratório no documento, isto é,
menções ao Foro de SP, doutrinação, gramscismo, marxismo cultural e Paulo Freire são
encontradas ao longo da leitura.

Inicialmente há um apanhado geral de valores que o candidato aponta como defendidos pelo
seu governo: "Propomos um governo decente, diferente de tudo aquilo que nos jogou em uma
crise ética, moral e fiscal". Nas primeiras páginas vemos uma defesa dos valores já
mencionados, vão desde liberdade, passando pela defesa da propriedade privada e da família
enquanto sagradas. Menções sobre corrupção, respeito à Constituição, direitos, liberdade de
imprensa e fraternidade onde se encontra o trecho: "Precisamos construir uma sociedade que
estenda a mão aos que caírem", voltaremos a esse trecho posteriormente. E finalmente a
menção ao marxismo cultural que é apontado como o culpado, junto ao gramscismo, por ter,
nos últimos 30 anos (?) minados os valores brasileiros através de governos de esquerda. Esse
fator é bastante interessante, pois se apega a um princípio que unifica diversas posições em
um conceito bastante abstrato de socialismo, por exemplo, criou-se um espantalho no qual a
implantação de um regime socialista pressupõe a eliminação da família tradicional, porém é
uma visão que não corresponde à realidade, pois se um dos objetivos do socialismo é a
dissolução da família tradicional por qual motivo nos países socialistas (Cuba, China, Coréia,
Vietnã, Laos) predominam essa forma de organização familiar, sendo que até mesmo os
principais nomes dentro dessa tradição se relacionavam dessa forma?

Após essa introdução segue-se para o capítulo "Mais Brasil, Menos Brasília", onde alguns
desafios são apresentados como o número de homicídios, alegando que mais de 1 milhão de
brasileiros foram assassinados desde a 1ª reunião do Foro de SP (?), e então uma afirmação de
que a epidemia de crack no país foi causada pelas filias das FARC, corrupção, infraestrutura e
desemprego. Segue-se uma defesa do liberalismo econômico, mencionando como o mesmo é
a melhor forma de promover desenvolvimento e como o Brasil nunca o adotou princípios
liberais em sua história Republicana seguindo pelo apontamento da necessidade de buscar um
superávit primário já em 2020. Nesse momento fica evidente como a conceitualização dos
termos socialismo e liberalismo é realizada de forma ideológica, pois o primeiro se baseia em
uma noção extremamente abrangente que se caracteriza mais em fatores morais do que no
fator econômico, isto é, socialização dos meios de produção fundamentais, enquanto o
segundo segue sempre sendo definido dentro de critérios bastante específicos ou não, quando
convém. Digo isso pois não existe uma régua que meça o quanto uma nação é liberal de forma
definitiva, tal falta de especificidade gera situações onde países com uma carga tributária
maior que a brasileira, outros que embora não tenham uma legislação trabalhista como a
nossa, mas possuem fortes raízes sindicais e até mesmo àqueles com benefícios sociais bem
estabelecidos sejam considerados liberais em critérios que se alteram de acordo com as
intenções do formulador do ranking de liberdade econômica.
SEGURANÇA
Finalmente chegamos às propostas, a primeira delas diz respeito ao número de ministérios
que seriam reduzidos com unificação de alguns deles, defesa do orçamento de base zero,
detalhado à frente, redução dos ditames burocráticos do estado, sendo esse o motivo do
slogan: "Mais Brasil, Menos Brasília". Em seguida são apresentadas as propostas de segurança
que se valem de um documentário chamado A Guerra do Brasil para construir a série de dados
que são apresentados referentes ao número de homicídios e são mencionados os números de
mortes de policiais que seriam condecorados no Panteão da Pátria de da Liberdade. Ao fim se
fala de investimentos nas forças policiais, "prender e deixar preso", ou seja, acabar com
progressão de penas e saídas temporárias, redução da maioridade penal para 16 anos,
reformulação do estatuto do desarmamento, porém sem detalhar quais elementos do
estatuto seriam flexibilizados, o que, ao meu ver, é uma falha dentro do plano de governo,
pois esse fator costuma ser apresentado como um dos carros chefe dentre as propostas do
candidato. Então segue-se por proteção jurídica aos policiais, tipificar como terrorismo
invasões de propriedades, remover relativizações da propriedade privada na Constituição e
redirecionamento da política de direitos humanos para as vítimas.

Este trecho infelizmente ignora todo o papel da importância social da ressocialização como
ferramenta para reduzir a criminalidade e destoa da frase que consta no próprio documento:
“Precisamos construir uma sociedade que estenda a mão aos que caírem”, pois sequer a
palavra ressocialização é mencionada. Além disso transforma medidas que não trazem
benefícios práticos como a redução da maioridade penal como um quesito importante na
redução da impunidade, ao meu ver falta responder a esta simples pergunta: De que forma
colocar um criminoso menor de idade junto aos criminosos adultos melhora a questão da
segurança pública do país? O problema da criminalidade no país é o sistema carcerário, mas a
solução para a redução da reincidência passa pelo sistema carcerário. Não adianta a gente
querer colocar o criminoso numa cadeia que não lhe dá nenhum tipo de chance de mudar e
esperar que ele saia de lá melhor do que entrou, pois é um problema complexo que não se
limita simplesmente ao crime em si, mas todo um entorno de problemas e que devíamos
buscar inspirações em modelos que trouxeram resultados e nenhum país do mundo foi capaz
de atingir níveis satisfatórios de redução de criminalidade somente com a repressão do estado.
Não adianta pensar em criminalidade sem pensar na totalidade que compõem o tema, seria
uma negação das narrativas históricas, tudo faz parte de um processo e não de fatos isolados.

SAÚDE
As propostas de saúde envolvem a ideia de que o orçamento atual seria suficiente para suprir
a demanda alegando que o gasto do estado é compatível com a média da OCDE. A primeira
proposta diz respeito a um Prontuário Eletrônico Nacional que teria o objetivo de formar uma
base de dados sobre os pacientes com a finalidade de agilizar os atendimentos. Também se
fala de um Credenciamento Universal dos Médicos com compartilhamento do público com o
privado e diz que todo médico poderá atender a qualquer plano de saúde. Se fala dos Médicos
Cubanos, de uma carreira de Médico do Estado para áreas carentes e do dentista para
prevenção de partos prematuros Junto à inclusão de profissionais de educação física no
programa Saúde da Família para ativar as academias ao ar livre.

Aqui seria complicado dentro de minha área de conhecimento avaliar tais propostas de forma
aprofundada, inicialmente me incomoda o fato de imiscuir público e privado sem detalhar de
que forma isso seria realizado, normalmente essas propostas resultam em sucateamento do
setor público, porém o Prontuário me parece uma proposta interessante. Sobre a polêmica
envolvendo saúde bucal e partos prematuros, acredito que seja simplório pontuar uma política
pública quando os estudos sobre o tema não são conclusivos, ou seja, há os que atestam uma
relação de causalidade e outros que atestam que são fatores isolados, entretanto, em nenhum
deles se atesta a saúde bucal como fator primordial quanto ao nascimento de bebês
prematuros.

EDUCAÇÃO
Na área da educação o mesmo discurso é repetido, ou seja, de que há recursos suficientes
para que esta seja oferecida com qualidade. Então fala-se que os conteúdos e o método de
ensino precisam ser mudados e é tecida uma crítica à "doutrinação" e "sexualização precoce" e
uma das teses defendidas pelo candidato surge: O investimento em educação deve priorizar a
educação infantil, fundamental e média ao invés do ensino superior. São apresentados os
dados no que se refere ao número de jovens fora da escola e se fala de modernizar a
educação, expurgar Paulo Freire, impedir a aprovação automática e se menciona a questão da
indisciplina nas escolas. A seguinte frase aparece em destaque: "Um dos maiores males atuais
é a forte doutrinação". Em seguida temos as universidades, apontando a busca por parcerias
privadas, fomentação do empreendedorismo e uma defesa da educação à distância como algo
que não deve ser vetado. A proposta de Integração é apresentada tendo em vista a crítica da
separação da divisão da educação nas diferentes instâncias com o governo federal imbuído do
ensino superior, estados médio/técnico e fundamental e municípios no ensino primário e
fundamental afirmando que não existe diálogo entre as três instâncias.

Ao meu ver, enquanto docente, os principais problemas no âmbito educacional deram lugar a
uma preocupação ideológica, pois ao defender que a doutrinação é o principal problema do
pais sem mencionar superlotação de salas de aula, a falta de um contingente necessário de
professores, falta de participação da família no processo educacional, a carga horária
ineficiente para aprimoramento do docente, o currículo engessado e que não se adequa à
realidade do discente, falta de materiais e de uma infraestrutura modernizada atendendo às
dinâmicas do século XXI e que ao mesmo tempo diz que o investimento atual é suficiente sem
demonstrar como irá mantê-lo é apenas a defesa de uma agenda que se diz “sem partido”,
mas ao fim é totalmente ideologizada, apenas travestida de imparcialidade. Alguns elementos
podem ser vistos como positivos, como o fim progressão continuada que, na prática, resultou
em aprovação automática e pressão do estado para o cumprimento de metas de números
baixos de retenção pelas escolas, o que acaba obrigando as escolas a realmente passarem os
alunos.

Dentro da crítica a Paulo Freire, seria interessante nos aprofundarmos em quais seriam a
críticas ao seu método, pois mesmo sendo passível de críticas, não dá para simplesmente
associar seu método com fracasso, principalmente se levarmos em conta suas propostas de
alfabetização, método que foi capaz de alfabetizar 300 adultos em 40 horas. Acredito que não
dá para considerar isso um fracasso, dá? Além do fato de nos determos em uma questão
implícita, aparentemente Freire, enquanto patrono da educação brasileira, parecer ter apenas
reconhecimento nacional por "professores esquerdistas", porém Freire ganhou 41 títulos de
doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford.
Outros pontos que podem ser destacados são a incapacidade de postular uma solução, dentro
de um contexto de que, acredito que todos esperavam essa questão: O método Paulo Freire
foi aplicado no Brasil? Sabemos como ele realmente funciona? O método Paulo Freire é
dividido em três etapas. Na etapa de Investigação, aluno e professor buscam, no universo
vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia.
Na segunda etapa, a de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o
seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido. E no final, a etapa de
problematização, aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão
crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido. Como conhecimento de
causa, sugiro uma leitura do Currículo Oficial do Estado de São Paulo e a comparação.
ECONOMIA
O restante do documento trata sobre economia e infraestrutura e dentre outros fatores é o
principal que me afasta do candidato, ao meu ver, é seu calcanhar de Aquiles. O plano de
governo é pautado no pensamento de Paulo Guedes e nos dá uma noção de continuidade e
aprofundamento das medidas já emplacadas no governo Temer. Nesse sentido existe a ideia
de unificar os ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio em um único
“superministério” intitulado Ministério da Economia que seria alinhado, mas independente do
Banco Central, algo implementado por Fernando Collor em 1990. Segue-se uma crítica ao
tamanho do estado e defesa do "Orçamento de Base Zero" com defesa de cortes de despesas,
redução de renúncias fiscais e de eliminação do déficit público no primeiro ano e superávit no
segundo. Fala-se do quebramento do "círculo vicioso do crescimento da dívida" sendo
reforçado com a realização de ativos públicos. Sobre os juros, defende-se a redução através de
desmobilização de ativos públicos, "com o correspondente resgate da dúvida mobiliária",
buscando reduzir em 20% o volume da dívida com privatizações com algumas poucas exceções
por seu caráter estratégico, concessões, vendas de propriedades mobiliárias da União.
Também diz que a redução natural do custo de vida, através da redução do endividamento
total, traria grau de investimentos positivo e estabilidade monetária.

A reforma da previdência é defendida aqui através de um modelo de capitalização introduzido


paralelamente e paulatinamente, com benefícios de redução de encargos trabalhistas aos que
optarem por este modelo, algo análogo ao sistema implementado no Chile de Pinochet e que
gerou uma enorme queda na qualidade de vida dos aposentados no país, pois os
trabalhadores que possuíam uma renda baixa ou passaram muito tempo desempregados não
foram capazes de sustentar uma poupança suficiente para a velhice, estando à mingua do
estado, sobrevivendo de bicos e com altas taxas de suicídio. Também seria criado um fundo
para bancar o período de transição e financiamento da previdência. Em seguida é apresentada
uma reforma tributária, com redução da carga bruta junto aos programas de privatização,
controle de gastos e desburocratização. Simplificação de tributos, descentralização e
municipalização, discriminação de receitas tributárias específicas para a previdência em
direção à migração para o sistema de capitalização com redução de tributação sobre os
salários, mecanismos capazes de criar um sistema de imposto negativo e renda mínima
universal e defesa de que os "pagam muito paguem menos e os que sonegam e burlam,
paguem mais". Segue-se a defesa do tripé macroeconômico vigente com câmbio flexível (mais
ainda), meta de inflação e fiscal (com maior ortodoxia) e apresentação da proposta de
independência do Banco Central com mandatos fixos, metas e métricas para a diretoria.

No âmbito da economia há ainda uma ampla defesa dos processos de privatização e do já


mencionado programa de renda mínima sem muitos detalhes, apenas propondo a
modernização de aprimoramento do Bolsa Família e do Abono Salarial, "com vantagens para
os beneficiários" (Quais?). Na questão da privatização são apresentados alguns dados
deficitários com um custo de empresas dependentes da União de R$ 122,3 bilhões e retorno
de R$ 89,35 bilhões e que algumas dificuldades políticas seriam contornadas com "Golden
Shares" com o BNDES atuando como um "banco de investimentos" da união garantindo o
máximo de valor pelos ativos públicos. Dentro desse campo essa unificação de dados sobre as
estatais constitui um dado enganoso, pois unifica empresas que alimentam as contas do
estado através de seus superávits com outras que possuem função social, ou seja, existem
para atender as demandas da população em questões que a iniciativa privada não se atreveria
a atuar, pois não são rentáveis. Além disso ignora os ditames burocráticos no que diz respeito
ao congresso para o processo de privatização e aqui trarei um trecho de uma análise feita por
Alexandre Andrada: Fala-se em “reduzir em 20% o volume da dívida por meio de privatizações,
concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em
instituições financeiras oficiais que hoje são utilizados sem um benefício claro à população
brasileira.”. Pois bem: a dívida pública brasileira é de R$ 3,7 trilhões. Os 20% descritos pelo
plano equivalem a R$ 740 bilhões de reais – o dobro do valor da Petrobrás, que costuma
ocupar o posto de maior empresa do Brasil, para se ter uma ideia. Não há possibilidade de se
fazer um ajuste de R$ 150 bilhões no espaço de um ano através da venda de ativos da União.
Então, como último e mais óbvio recurso, só caberá ao governo Bolsonaro (toc toc toc na
madeira) reduzir gastos.

Sobre a CLT ele aponta que a pessoa ao entrar no mercado de trabalho poderia optar pela
criação de uma carteira de trabalho paralela que permitiria o contrato individual prevalecendo
sobre a CLT, mantendo os direitos constitucionais enquanto a tradicional manteria o
ordenamento jurídico atual. Fala-se também da permissão para escolha entre sindicatos
balizada na competição entre os mesmos. Em seguida é feita uma defesa de uma abertura
comercial, com redução de alíquotas e construção de novos acordos bilaterais e também
propostas de aumento da produtividade: desenvolvimento e fortalecimento do mercado de
capitais, estímulos à inovação e investimento tecnológico através de políticas "do lado da
oferta", como depreciação acelerada e abertura comercial a equipamentos necessários.
Requalificação da força de trabalho e apoio a "startups" e "scale-ups" de alto potencial,
"sempre em parceria com instituições privadas do mercado de capitais". No fim há uma
proposta de desburocratização do processo de abertura e fechamento de empresas com a
criação de um "Balcão único" que centralizaria os procedimentos com um tempo máximo de
30 dias para resolução da documentação. Nesse momento eu gostaria de conciliar a fala do
vice General Mourão que tece críticas ao 13º salário à esta fala do próprio Jair Bolsonaro: “O
trabalhador terá que escolher entre mais direito e menos emprego, ou menos direito e mais
emprego”.

INFRAESTRUTURA
A partir da página 69 do documento há algumas propostas sobre infraestrutura, sempre em
direção à privatização e todo o arcabouço liberal com unificação de diversas secretárias dentro
do âmbito da Agricultura. Na questão de energia fala-se do um prazo para licenciamento
ambiental para operação de hidrelétricas de no máximo 3 meses, aponta expansão da matriz
energética eólica e fotovoltaica no Nordeste e elevar a importância do gás natural, além de
uma desburocratização na exploração do petróleo no país e continuidade dos preços da
Petrobras seguindo o mercado internacional, com suavização das flutuações de curto prazo
através de mecanismos de hedge. Venda de parte substancial da "capacidade de refino, varejo,
transporte e outras atividades" da Petrobras. E finaliza com aumento da importância do da
malha ferroviária e da infraestrutura portuária e dos aeroportos. Ao fim temos uma menção a
um Novo Itamaraty deixando de lado as ditaduras, menos a Arábia Saudita, e fortalecendo
acordo com outros países, democracias latinas e ênfase em acordos unilaterais.

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