Sei sulla pagina 1di 20

UNIVERSIDADE SÃO TÓMAS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ÉTICA E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Tema:

A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento Sustentável

Maputo, Outubro de 2018


INDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 1
1.1. Objectivos do Trabalho .......................................................................................................................... 1
1.1.1. Geral.................................................................................................................................................... 1
1.1.2. Específicos .......................................................................................................................................... 1
1.2. Metodologia ........................................................................................................................................... 1
2. DEBATE CONCEPTUAL ....................................................................................................................... 2
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................................ 4
3.1. A cooperação internacional para o Desenvolvimento ............................................................................ 4
3.2. O desenvolvimento Sustentável: Contexto de surgimento..................................................................... 6
3.3. O desenvolvimento Sustentável e meio ambiente.................................................................................11
3.4. Os Estados com quotas de Poluição mais elevados..............................................................................12
3.4.1. Protocolo de Quioto e Princípio das Responsabilidades dos Estados................................................13
3.4.2. Princípio das Responsabilidades dos Estados....................................................................................13
3.5. A questão de mudanças Climatica........................................................................................................14
3.6. Desenvolvimento Verde........................................................................................................................16
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 17
5. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ...................................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO

A cooperação internacional para o desenvolvimento tem-se tornado tema de crescente


complexidade e importância em um mundo contemporâneo globalizado, onde as desigualdades
se fazem mais visíveis, e a provisão de bens públicos, mais premente. Países emergentes, assim
como organizações intergovernamentais, empresas e organizações da sociedade civil têm
passado a desempenhar um papel mais relevante e autónomo nesta cooperação, e contribuído
para redefinir seus princípios e práticas. Dada a persistência dos desafios do desenvolvimento
global, impõe-se a construção de um arcabouço institucional inclusivo que sirva para harmonizar
tais princípios e práticas, com base nos quais a agenda pós-2015 possa ser acordada.

Nos últimos 70 anos, a cooperação internacional surgiu como objectivo e meio para se alcançar
um ambiente internacional pacífico com estabilidade política e económica. À medida que crescia
a complexidade das relações entre os múltiplos e distintos actores internacionais, crescia também
a gama de possibilidades de cooperação entre eles. Este trabalho se propoe a discutir a
cooperação internacional virada para o desenvolvimento sustentável.

1.1. Objectivos do Trabalho

1.1.1. Geral

 Analisar o processo de cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável

1.1.2. Específicos

 Destacar os aspectos ligados a cooperação internacional


 Elucidar sobre o desenvolvimento sustentável
 Abordar sobre a cooperacao internacional para o acelerar do do desenvolvimento
sustentavel

1.2. Metodologia
A materialização desta pesquisa teve como base metodológicos, a pesquisa documental. A
pesquisa documental consistiu na busca de documentos primários (relatórios, entre outros) e de
livros que tratam da cooperacao internacional e o desenvolvimento sustentavel.

1
2. DEBATE CONCEPTUAL

Nesta secção são apresentados os conceitos básicos considerados fundamentais para uma melhor
reflexão em torno do tema a ser debatido.

a) Cooperação internacional

De acordo com Ribeiro (2007, p.432), “cooperação internacional é a actuação conjunta de países,
instituições multilaterais e não-governamentais em busca de um objectivo comum”.

No plano teórico, a cooperação internacional envolve dois ou mais atores que se dispõem a
transferir conhecimentos e/ou recursos financeiros em áreas de interesse comum seja em caráter
permanente ou transitório. Em relação aos temas, encontram-se formas de cooperação
económica, política, técnica, militar, científica, cultural, comercial e financeira (Braga, 1996).

A cooperação pode ser estabelecida de forma bilateral (entre dois Estados) ou multilateral (entre
Estados e Organismos Internacionais). Os atores participantes desse processo são os Estados, as
organizações internacionais, as agências governamentais, a ONU e suas agências, fundações,
órgãos de fomento, ONGs e empresas privadas (Garcia, 2005).

b) Desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que dá resposta às necessidades do presente,


sem comprometer a capacidade das gerações futuras de poderem satisfazer as suas (WCSD,
1987:54).

Para Baker (2006), vários factores contribuíram para elevar a definição de Desenvolvimento
Sustentável constante no Relatório Brundtland a formulação dominante na esfera internacional,
no âmbito da discussão ambiental e do desenvolvimento. Em primeiro lugar, a formulação
proporcionou um modo de reconciliar objectivos sociais aparentemente conflituantes (como por
exemplo a protecção ambiental e o crescimento económico). Depois, porque surgiu numa época
em que a poluição e a deterioração ambiental estavam no topo da agenda política, sustentadas em
casos bastante mediáticos como sejam o buraco de ozono sobre a Antárctida, ou o desastre
nuclear de Chernobyl. Finalmente, porque o relatório apoiava a melhoria dos objectivos sociais e

2
económicos dos países em desenvolvimento. Acrescente-se, como quarta razão, o facto de ser
uma formulação vaga, com que dificilmente não se estará de acordo.

c) Cooperação Internacional para o Desenvolvimento

É o conjunto de actuações de carácter internacional realizadas pelos atores públicos e privados,


entre países de diferentes níveis de renda, para promover o progresso económico e social dos
países em vias de desenvolvimento. A principal finalidade da cooperação ao desenvolvimento
deve ser a erradicação da pobreza e da exclusão social e o incremento permanente dos níveis de
desenvolvimento político, social, económico e cultural nos países do sul (Ayllon, 2006, p. 6).

3
3. REVISÃO DA LITERATURA

Apresenta-se aqui a discussão literária sobre a cooperação internacional e o desenvolvimento


sustentável. O objectivo da revisão da literatura é sintetizar o conhecimento de vários autores
sobre o assunto abordado, podendo contribuir, também, para enfatizar e dar sustentação teórica
sobre o tema em questão.

3.1. A cooperação internacional para o Desenvolvimento

As origens da cooperação internacional para o desenvolvimento remontam a um mundo do pós-


Guerra composto pelos países ocidentais capitalistas, os países do bloco comunista, e um
conjunto de países que ficou conhecido como terceiro mundo, muitos dos quais ainda se
encontravam em um contexto de descolonização e dependiam de assistência externa para
sustentar suas economias e a construção de suas instituições nacionais.

De acordo com Ashoff (2014, p. 46), a partir dos anos 1960, os países-membros do Comité de
Assistência ao Desenvolvimento (CAD), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) – cujas origens remontam à cooperação internacional para o
desenvolvimento na forma do Plano Marshall – passaram a ser conhecidos como doadores
tradicionais, conquanto os países do chamado terceiro mundo – ele mesmo um grupamento
altamente heterogéneo – eram identificados como recipiendários.

Dentro do estudo das relações internacionais há diferentes abordagens e visões sobre o fenómeno
da cooperação internacional e suas consequências para a estabilização do cenário político e
económico internacional. A corrente institucionalista, por exemplo, procura repensar a noção de
anarquia do sistema de Estados e enfatiza as possibilidades de cooperação criadas pelas
organizações internacionais. Segundo Robert Keohane e Joseph Nye (citado por MAGNOLI,
2004, p. 44-45):

O principal foco dos institucionalistas encontra-se nos processos políticos internacionais. Os


institucionalistas observam que existem oscilações, no decorrer do tempo e ao longo do espaço, na
capacidade dos Estados de estabelecer comunicação e cooperar uns com os outros e que os
aumentos nessa capacidade podem oferecer oportunidade para a redefinição de interesses e para a
adopção de novas estratégias. A análise institucionalista sustenta uma afirmação que a singulariza:
apesar da falta de governo comum na política internacional, a cooperação prolongada é possível

4
sob algumas condições bem definidas. Essas condições abrangem a existência de interesses
mútuos que possibilitam [...] vantagens para todos os parceiros, relações duradouras entre um
número relativamente pequeno de agentes e a prática da reciprocidade em virtude de padrões de
comportamento compartilhados. Tal cooperação não é antítese do conflito, mas constitui um
processo de administração do conflito.

Essa nova corrente, portanto, abre nova polémica teórica e metodológica no campo do realismo
após o período de pós-Guerra e de bipolarização do mundo. Aliás, o cenário económico mundial
do período pós-Guerra reflectia as chagas trazidas pelos conflitos, que além de afectarem as
capacidades produtivas da maioria dos países envolvidos, também impactava a geração de
demanda por novas mercadorias.

Além do factor económico, o clima de instabilidade também era perceptível na esfera política,
que perpassava as fronteiras europeias divididas, entre capitalismo e comunismo, e alcançava os
países do então terceiro mundo, “muitos dos quais ainda se encontravam em um contexto de
descolonização e dependiam da assistência externa para sustentar suas economias e a construção
de suas instituições nacionais” (Souza, 2014, p.11). Com o intuito de superar o clima de
instabilidade económica e fortalecer as instituições políticas foram criados o Banco Internacional
de Reconstrução e Desenvolvimento e o Fundo Monetário Internacional, resultantes dos Acordos
de Bretton Woods de 1944. (Hobsbawn, 1995, p.269).

Com a criação da Organização das Nações Unidas fica evidenciada essa necessidade de
cooperação entre os países para superara as instabilidades dos anos anteriores. Entretanto a
cooperação internacional para o desenvolvimento como a conhecemos hoje começou a tomar sua
forma apenas nos anos 1960, quando a então Organização Europeia para a Cooperação
Económica foi sucedida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE), o qual buscava “auxiliar os países a atingirem um crescimento económico e um nível
de emprego sustentáveis”.

Por meio da OCDE foi possível estabelecer uma divisão clara entre os países do Norte, tidos
como países doadores de cooperação, e os países do Sul, lembrados como os receptores de
cooperação internacional.

Segundo (Hobsbawn, 1995, p.270), actualmente, a cooperação internacional para o


desenvolvimento ultrapassa a dicotomia das relações norte-sul, abrangendo um gama de
5
interacções mais complexas, diversas e dinâmicas do que quando pensado em sua origem. Além
da incorporação de outros atores não estatais (como organizações não governamentais, fundações
e empresas multinacionais), os quais desempenham crescente relevância no equilíbrio de forças
das relações internacionais contemporâneas, o papel e a forma de interacção dos atores estatais
também mudaram.

Alguns dos estados, antes tidos apenas como receptores de cooperação, passaram ao papel de
doares. Outros acumulam ambas as funções. E ainda há a possibilidade de modalidades de
cooperação internacional envolvendo mais de dois actores, de categorias diferentes ou não.
Assim, o próprio entendimento do que seriam países doadores e países receptores se torna mais
complexo, motivo pelo qual alguns preferem empregar a terminologia de países “parceiros” da
cooperação internacional para o desenvolvimento.

3.2. O desenvolvimento Sustentável: Contexto de surgimento

As preocupações com a sustentabilidade emergiram nos séculos XVIII e XIX, com autores como
Malthus e Jevons, que dedicaram atenção à escassez de recursos em face do aumento
populacional (Baker, 2006). Mas foi já na segunda metade do século XX que a questão ganhou
uma dimensão acrescida, justificada pelos impactos ambientais provocados pelo modo de
desenvolvimento industrial.

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu na década de 1980 como uma alternativa ao


modelo de crescimento económico predominante, ou seja, um modelo predatório aos recursos
naturais. O desenvolvimento sustentável abarcou não só alternativas para resolver problemas
ambientais, mas também evidenciou que tais alternativas somente serão conquistadas se
incorporarem questões sociais, políticas e culturais.

Desde a II Guerra Mundial que o modelo económico seguido pelos principais países ocidentais
assenta no sistema agrícola capitalista, na industrialização em larga escala e na massificação da
produção e consumo (Miller & Twining-Ward, 2005). Em consequência assistiu-se a um período
de prosperidade económica assinalável nos países do hemisfério Norte1, acompanhado por
impactos ambientais, sociais e culturais até então nunca vistos, e ao alargamento do fosso de
desenvolvimento relativamente aos países do Sul, incapazes de acompanhar o ritmo de
crescimento (Maddison, 2003).

6
O ponto de partida para o desenvolvimento sustentável consistiu na necessidade de integrar as
questões ambientais na política económica (Dresner, 2002). Nas décadas de 60 e 70, a política
internacional do ambiente iniciou passos em defesa de um modelo de desenvolvimento diferente,
tendo-se, nas últimas quatro décadas, efectuado um longo percurso com avanços e recuos em
torno das preocupações e políticas ambientais.

Em 1983, as Nações Unidas criaram a Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento e


quatro anos mais tarde seria publicado o relatório “O Nosso Futuro Comum” – disponível na
plataforma, o qual ficaria conhecido por Relatório Brundtland, que constitui um marco
fundamental, já que:

 Define abstracta e normativamente ‘Desenvolvimento Sustentável’ tornando-se, com o


passar dos anos, na mais popular das definições, utilizada por governos, empresas e
outras organizações1 (Gladwin et al., 1995).
 ii) Aponta necessidades a serem colmatadas para alcançar um desenvolvimento
sustentável, onde se destacam a adopção de um modelo de desenvolvimento económico,
sem a degradação e a exaustão dos recursos naturais;
 A equidade na distribuição de recursos.

A camada de ozono é preocupação da Convenção de Viena (1985) e do Protocolo de Montreal


(1987), e o movimento transfronteiriço de resíduos perigosos é disciplinado pela Convenção de
Basileia (1989). Em Portugal é criada a Lei-quadro do Ambiente, em 1987. Ainda no seguimento
do Relatório Brundtland, realiza-se no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência das Nações
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, com o objectivo de “elaborar estratégias e medidas
tendentes a acabar e inverter os efeitos da degradação do ambiente, no contexto de um aumento
dos esforços nacionais e internacionais, tendo em vista promover um desenvolvimento
sustentável e ecologicamente racional em todos os países.

Nobre (2002) considera que a expressão “desenvolvimento sustentável” tenha sido empregada
pela primeira vez no Simpósio das Nações Unidas, em 1979, sobre as Inter-relações entre
Recursos, Ambiente e Desenvolvimento discutidas em Estocolmo. Porém, o conceito só adquiriu

1
Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que dá resposta às necessidades do presente, sem comprometer
a capacidade das gerações futuras de poderem satisfazer as suas (WCSD, 1987:54).

7
destaque a partir da publicação do The World Conservation Strategy (WCS): Living Resourse
Conservation for Sustainable Development, de 1980, lançado conjuntamente pela International
Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN), pelo Fundo para a Vida
Selvagem (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

De acordo com Nobre (2002), foi uma jogada estratégica o WCS ter deixado de fora as questões
controversas ou delicadas, pois abriu caminho para acordos futuros de importância:

Ao estabelecer um vínculo mais frouxo entre ecologia e desenvolvimento económico, ao deixar em


suspenso as questões políticas e institucionais, o WCS afastou exactamente o que emperrava qualquer
avanço negociado. Com isso, veio para o primeiro plano a necessidade de preservar, de conservar, de
maneira que, ao retornarem as velhas questões (crescimento económico, desigualdades sociais, instituições
políticas internacionais etc.), elas viriam reorganizadas segundo esse ponto de vista, abrindo caminho para
o “desenvolvimento sustentável” tal como seria definido depois pelo Relatório Brundtland. (NOBRE, 2002,
p. 38-39).

O WCS trouxe a mensagem de que a conservação não é o oposto de desenvolvimento. A partir


da publicação do World Conservation Strategy, a noção de sustentabilidade ganhou relevância e
passou a ser introduzida nas plataformas políticas internacionais.

O Relatório Brundtland teve um papel decisivo na divulgação do termo desenvolvimento


sustentável, reconhecendo-o oficialmente e declarando o meio ambiente como um autêntico
limite de crescimento (Franco citado por Camargo, 2003).

Em 1987 o relatório efectuado pelo WCED, apresenta ligações causais entre economia,
sociedade e ambiente. Ao termo ‘desenvolvimento’ associa as questões sócio-económicas. Ao
termo ‘sustentabilidade’ associa os objectivos ecológicos. Chama a atenção para as
‘necessidades’ dos mais pobres e para os limites bio-físicos do planeta que poderão condicionar
o crescimento económico, mesmo se este resultar de uma nova organização social e tecnológica.
O conceito de desenvolvimento sustentável, é

 antropocêntrico, uma vez que não atribui à natureza um valor intrínseco mas meramente
instrumental para os seres humanos: importa preservar a natureza para as gerações futuras
(esta questão será devidamente explorada no módulo de Ética);

8
 optimista, uma vez que coloca esperança na capacidade da humanidade colectivamente
em se comprometer de forma construtiva num futuro sustentável (deposita esperanças no
desenvolvimento tecnológico);
 e apresenta sugestões para o futuro, mas não determina políticas de implementação de
forma detalhada.

Os organizadores do WSSD referem que o Desenvolvimento Sustentável persegue a melhoraria


da qualidade de vida de todas as pessoas sem aumentar o uso dos recursos naturais para além da
capacidade de carga do planeta.

Nobre (2002) considera que a noção de “desenvolvimento sustentável” implica duas


características básicas: a primeira, a aceitação universal do conceito e a segunda, a dificuldade de
saber exactamente o que é o “desenvolvimento sustentável” e como colocá-lo em prática. Essas
duas características fazem com que a noção de “desenvolvimento sustentável” se torne, num
primeiro momento, contraditória, uma vez que não é possível aceitar algo que não está bem
definido.

Segundo Nobre (2002), o conceito de desenvolvimento sustentável, apesar de vago, surgiu como
uma noção destinada a produzir consenso. As imprecisões e contradições tornaram possível a
aceitação geral deste conceito, que reuniu posições teóricas e políticas contraditórias, conciliando
os interesses dos desenvolvimentistas e dos ambientalistas. “Isto só foi possível exactamente
porque a noção de desenvolvimento sustentável não nasceu definida: a sua definição e o seu
sentido são decididos no debate teórico e na luta política” (Nobre, 2002, p.08).

A ideia de desenvolvimento sustentável se tornou o paradigma de desenvolvimento dos anos


1990. A Rio-92 contribuiu para que a expressão “desenvolvimento sustentável” fosse o padrão
de medida da política de desenvolvimento e meio ambiente. A ONU criou, logo após a Rio-92, a
Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (CDS) para que fosse assegurado
o efectivo prosseguimento e implementação dos acordos firmados durante a Cúpula da Terra
(Rio-92) em nível local, regional e internacional.

É a partir do conceito de desenvolvimento sustentável, portanto, que surgiu a noção de


sustentabilidade. Essa definição passa por diversos aspectos da esfera ecológica, tecnológica,

9
económicos, entre outros, o que implica numa maior dificuldade de operacionalização, ou de
delimitação.

Sachs (2002) apresenta algumas dimensões que deveriam ser contempladas na noção de
sustentabilidade, evidenciado o carácter multifacetado (planetário) do conceito e as dificuldades
de operacionalização adjacentes:

 Social: criação de um modo de desenvolvimento sustentado, com vistas a equidade na


distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos
ricos e dos pobres; suprindo as necessidades das populações quanto a trabalho,
alimentação, educação, cuidados de saúde, energia, água e saneamento básico.

 Económica: alocação e gestão eficiente dos recursos e de um fluxo constante de


investimentos públicos e privados. A eficiência económica, no entanto, seria baseada em
critérios sociais, não apenas nos indicadores microeconómicos de rentabilidade;
Crescimento económico e equidade a longo prazo e extensível a todas as comunidades e
países.

 Ecológica: aqui são sugeridas uma série de medidas para preservar o meio ambiente,
entre estes: limitar o consumo de combustíveis fósseis, reduzir a quantidade de resíduos e
de poluição (conservar energia, reciclagem, etc.), promover estratégias de controlo do
consumo, novas tecnologias, reformas na legislação para protecção ambiental;

 Espacial: construção de uma nova configuração equilibrada do espaço rural e urbano,


para uma melhor distribuição territorial;

Cultural: favorecer processos endógenos integrados; reconhecimento das tradições, deve ser
preservada, os direitos dos trabalhadores respeitados e os cidadãos devem ser chamados a
assumir um papel na determinação do seu futuro.

De outro modo, outros autores defendem que o desenvolvimento sustentável depende da força e
da qualidade das organizações de um país (Brinkerhohh & Goldsmith, 1992). Desse modo, a
noção de sustentabilidade ultrapassa os limites da política de desenvolvimento e alinha-se às
estratégias de desenvolvimento das organizações.

10
3.3. O desenvolvimento Sustentável e meio ambiente

A preocupação com o binômio Meio Ambiente x Desenvolvimento, fez com que no ano de 1973 se
pensasse numa proposta de desenvolvimento ecologicamente orientado, como forma de minimizar a
degradação ambiental, provocada principalmente pelo avanço do processo de industrialização dos
países desenvolvidos, surge então à expressão Ecodesenvolvimento para designar uma forma de
desenvolvimento pautado na preservação ambiental, com os seus princípios básicos, a saber:

 Satisfação das necessidades básicas;


 Solidariedade com as gerações futuras;
 Participação da população envolvida;
 Preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral;
 Elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a
outras culturas; e
 Programas de educação.

O ecodesenvolvimento visa basicamente uma mudança com relação ao modo de produção e


consumo pregado pelo sistema capitalista, que visa apenas os aspectos quantitativos em
detrimentos dos qualitativos. Para Sachs (1980, apud BARBIERI, 2003), a ideia de
ecodesenvolvimento trazia em si um convite para estudar novas modalidades de
desenvolvimento.

Na década de 1980 o termo ecodesenvolvimento passou a ser denominado de Desenvolvimento


Sustentável, se tornando o centro das discussões relacionadas com a temática ambiental. O
mesmo teve sua divulgação no Relatório Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland), mas
apenas na Conferência Rio 92 é que o termo desenvolvimento sustentável tornou-se conhecido
publicamente, passando mesmo, em muitos casos, a ser usado como sinônimo para o
ecodesenvolvimento.

Toda a distorção social e ambiental que ora se presencia, se deve, em parte, ao crescimento
acelerado da economia, que foi impulsionada a expandir-se cada vez mais e a conquistar novos
mercados, como se esta expansão a todo custo fosse sinônimo de desenvolvimento, o que não o
é, fato que pode ser mais bem explicitado por Furtado (1998, p.47), ao afirmar que: “Quando a

11
capacidade criativa do homem se volta para a descoberta de suas potencialidades, ele se empenha
em enriquecer o universo que o gerou, produz-se o que chamamos desenvolvimento. Este
somente se efectiva quando a acumulação conduz à criação de valores que se difundem na
colectividade.

3.4. Os Estados com quotas de Poluição mais elevados

É um facto que a industrialização trouxe desenvolvimento e riqueza aos países, mas também é
certo que é o principal causador de um efeito com proporções globais e pouco saudáveis para o
planeta e para a vida dos seres vivos. A poluição faz parte da sociedade moderna, todos os países
querem estar na vanguarda da tecnologia, principalmente os mais desenvolvidos ou com
economias emergentes. Basta dizer que seis países do G8 constam desta lista dos 10 países mais
poluidores (JURAS, 2013).

Os países emergentes, como China e Brasil, são grandes emissores de gases poluentes, mas os
países desenvolvidos poluem e agravam ainda mais o aquecimento global. Este, antigamente,
conhecido como G-8 mais a Rússia, é um grupo internacional que reúne os sete países mais
industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo, mais a Rússia. Sendo que Rússia é
um país que não participa de todas as reuniões desse grupo. Esse é composto: por Reino Unido,
Estados Unidos, Japão, França, Canadá, Alemanha, Itália e Rússia, grandes poluidores mundiais
e concordaram em reduzir até 50% suas emissões até 2050. Os países mais poluidores do mundo
são:
 A China, devido, principalmente, às suas actividades industriais e à queima de carvão
para obtenção de energia elétrica.
 A Índia, que depende muito do carvão, apesar de possuir vários projectos para
diminuição da emissão de gases poluentes e utilização de fontes de energia mais limpas.
 Os EUA, que se recusaram a aderirem ao Protocolo de Kyoto, mas ainda assim possuem
alguns projectos de energias renováveis.
 E União Europeia, que pretende diminuir suas emissões de gases nocivos até 2050 e
primar pela utilização de energias renováveis.

12
O aquecimento global é um problema real; entender as mudanças e estar atento (a) às medidas
tomadas pelos países é de suma importância para compreendermos e convivermos com o meio
ambiente.

3.4.1. Protocolo de Quioto e Princípio das Responsabilidades dos Estados

Segundo Barbieri (2003), o protocolo foi aprovado em 11 de Dezembro de 1997, o Protocolo de


Quioto, adiante designado Protocolo, é um Tratado que complementa e reforça a Convenção,
adoptando os mesmos objectivos, princípios, órgãos e mecanismos. Sendo, como tal, condição
sine qua non à sua adesão, a adesão prévia à Convenção.

Para a sua entrada em vigor dois requisitos foram exigidos: primeiro, que 55 países membros
ratifiquem-no, cujas emissões signifiquem pelo menos 55% das emissões totais verificadas em
1990. Esta foi assim, a forma encontrada para garantir a eficácia do mesmo e, paralelamente,
potenciar um maior comprometimento dos países desenvolvidos, historicamente responsáveis
pelos elevados níveis de GEE presentes na atmosfera terrestre.

3.4.2. Princípio das Responsabilidades dos Estados


Apesar de defender a imposição de metas quantificadas de redução de GEE, como forma de
proteger o sistema climático para as gerações presentes e futuras, o Protocolo assume que existe
uma diferença a ser levada em consideração entre os países desenvolvidos e os países em vias de
desenvolvimento. Diferença esta que reside, sobretudo, no facto dos primeiros serem os
responsáveis directos pelo aumento das emissões de GEE verificadas a partir da Revolução
Industrial.

Com efeito, o Protocolo distingue-os em Partes incluídas e Partes não incluídas da Convenção.
Significando isto, que o Protocolo, tal como a Convenção, diferencia, à partida, as Partes
constituídas por países desenvolvidos, aos quais foram atribuídas metas fixas de redução de
GEE. E, pelos países com economias ditas em transição para economias de mercado, aos quais se
atribuiu um regime especial. Estes usufruem de um estatuto que lhes atribui a faculdade de
prorrogar, por alguns anos, o cumprimento das metas impostas pelo Protocolo ou de usar como

13
ano de base, outro que não 1990, dando-lhes assim, uma maior flexibilidade para alcançar os
objectivos estabelecidos2.

E, por fim, as partes não incluidas, temos os países em vias de desenvolvimento, como é o caso
de Moçambique, que não têm metas fixas de redução de emissões, mas que devem enveredar
esforços no sentido de diminuir o nível de emissões de GEE. Não obstante, caso isto não se
traduza propriamente numa redução, não se verifica nenhum incumprimento no âmbito do
Protocolo, porque se presume que esse aumento esteja, directamente, relacionado com o
crescimento económico, imprescindível ao desenvolvimento dos mesmos.

Ora, o Protocolo assenta na necessidade de responsabilização dos países desenvolvidos e na


necessidade de cooperação, destes, com os países em vias de desenvolvimento. E fá-lo através da
consagração do princípio das responsabilidades comuns, porém, diferenciadas. No âmbito do
qual, devem ser levadas em consideração as necessidades específicas e especiais de cada parte,
principalmente das que estejam mais vulneráveis às mitigações climáticas (BARBIERI 2003).

Nesse sentido, ficou estipulado que os países em desenvolvimento não podem ser cobrados de
forma a causar danos ou prejuízos em suas economias, já que estariam a ser responsabilizados
por encargos que não podem assumir e dos quais não foram os agentes directamente causadores3

Assim, o princípio das responsabilidades comuns, porém, diferenciadas está, dessa forma, em
directa consonância com o princípio do poluidor-pagador, que estabelece que aquele que fez o
uso irracional do meio ambiente deve ser o responsável pela reparação do dano que causou. Cria,
dessa forma, uma relação de causa/efeito, onde o poluidor deve responsabilizar-se, não podendo
penalizar aqueles que mantiveram uma conduta ecologicamente mais equilibrada ou aqueles que
não contribuíram significativamente para a prática do facto.

3.5. A questão de mudanças Climatica

A acção humana sobre a natureza está promovendo alterações de grande escala há, pelo menos,
um século. As mudanças climáticas, o aumento da temperatura média da Terra e todos os
desdobramentos desses eventos indicam que estamos vivendo uma nova era.

2
Artigo 3º, do Protocolo à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
3
Artigo 10º, do Protocolo à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

14
O aumento do número de eventos climáticos extremos, as mudanças nos ecossistemas, a
ascensão do nível do mar, a migração de populações, o desaparecimento de geleiras de altitude, a
redução das calotas polares e as alterações da disponibilidade de recursos já fazem parte da
realidade de milhares de pessoas, e a compreensão dos factores determinantes destes padrões
climáticos mundiais desafia, tanto os pesquisadores especializados, como a população em geral
(The Worldwatch Institute, 2014).

Nesta perspectiva, a mudança do clima é uma mudança atribuída directa ou indirectamente à


actividade humana que altere a composição da atmosfera global e que seja adicional à
variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis de tempo. A
mudança do clima ocorre por causa de mudanças internas dentro do sistema climático ou na
interação de seus componentes, ou por causa de mudanças no forçamento externo por razões
naturais, ou ainda devido às atividades humanas.

Geralmente não é possível fazer uma atribuição clara entre essas causas. As projeções da
mudança do clima no futuro relatadas pelo IPCC geralmente consideram apenas a influência
sobre o clima dos aumentos antrópicos de gases de efeito estufa e outros fatores relacionados ao
homem.

Segundo Marengo (2007, p. 19), as mudanças climáticas são associadas ao aquecimento global
como consequência do aumento da concentração de gases de efeito estufa e também em
mudanças do uso da terra. Existem evidências (IPCC, 2001) de que eventos extremos, como
secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furações e tempestades, têm afectado diferentes partes
do planeta e produzido enormes perdas econômicas e de vidas.

O aquecimento do sistema climático é inequívoco e, desde os anos 1950, muitas das mudanças
observadas não têm precedentes em décadas ou milênios. A atmosfera e o oceano se aqueceram,
a quantidade de gelo e neve diminuiu, o nível do mar se elevou e as concentrações de GEE
aumentaram. Cada uma das últimas três décadas têm sido sucessivamente mais quente na
superfície terrestre que qualquer década anterior desde 1850 (JURAS, 2013, p. 4-9).

Entretanto, a maior parte dos aspectos da mudança do clima persistirá por muitos séculos, ainda
que as emissões de CO2 sejam interrompidas.

15
3.6. Desenvolvimento Verde

Embora o desenvolvimento verde seja apresentada a partir de diferentes enfoques e a própria


ONU reconheça que ela não tem um conceito claro, é crucial um esforço para sua compreensão e
definição de modo a melhor se posicionar frente ao que ela propõe.
Entende-se que o desenvolvimento verde consiste na redução do consumo de energia e de
matéria-prima por unidade de produto e na redução das emissões de gases de efeito estufa
(GEE), sobretudo o dióxido de carbono (CO2), para o que verdadeira revolução tecnológica é
necessária. A tal conceituação, estabelecida a partir de várias propostas, estão associados vários
processos (MACHADO e POPPE, 2011).

Ao valorizar os recursos naturais, o desenvolvimento verde oferece a oportunidade para


implementar um novo modo de utilização do território e do património natural nele contido, que
constitui imenso potencial de desenvolvimento.

16
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cooperação internacional tem entre seus objectivos básicos, a complexa tarefa de promover o
nivelamento das condições de vida por meio da educação e da modernização de sistemas de
produção por meio de sua equiparação aos padrões internacionais. É uma tarefa que exige muito
trabalho e muita sensibilidade uma vez que deve levar em conta as bases culturais e sociológicas
das nações envolvidas e também as muitas dificuldades de adaptação das sociedades. Em outras
palavras, inevitavelmente o processo de cooperação resulta em transformações sociais e
económicas bastante profundas que produzem efeitos também significativos na esfera política.

Conclui-se ainda que o Desenvolvimento Sustentável persegue a melhoria da qualidade de vida


de todas as pessoas sem aumentar o uso dos recursos naturais para além da capacidade de carga
do planeta e que a cooperação internacional foi buscada não só em questões ambientais, como
principalmente para o desenvolvimento econômico. As questões ambientais e sociais presentes
na sociedade atual fazem do desenvolvimento sustentável um conceito fundamental para se
pensar formas de atender as necessidades da humanidade no presente, sem comprometer as
possibilidades de as gerações futuras terem suas necessidades de sobrevivência também
satisfeitas.

17
5. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 ASHOFF, G. (2014) Managing international development cooperation: institutional


frameworks, Johanesburg.
 AYLLÓN, B. (2006). O sistema internacional de cooperação ao desenvolvimento e seu
estado nas relações internacionais: a evolução histórica e as dimensões teóricas. São
Paulo.
 Baker, S. (2006) Sustainable Development, Routledge.
 BARBIERI, J. C. (2003). Desenvolvimento e Meio Ambiente: As Estratégias de
Mudanças da Agenda 21. 6 ed. Petrópolis.
 HOBSBAWM, E. A era dos extremos: o breve século XX 1914 – 1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
 Gladwin, T.N., Kennelly, J.J. & Krause T. (1995) Shifting paradigms for sustainable
development: implications for management theory and research. Academy of
Management Review.
 IPCC. Fourth assessment report: climate change 2007 (AR4), Intergovernmental Panel on
Climate Change. Cambridge: Cambridge University Press, United Kingdom and New
York, 2007.
 JURAS, I. da A. G. M. (2013). Mudança do clima: principais conclusões do 5° Relatório
do IPCC.
 MAGNOLI, D. (2004). Relações internacionais: teoria e história. Saraiva, São Paulo.
 SOUZA, A. Repensando a cooperação internacional para o desenvolvimento. Brasília:
Ipea, 2014. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=24257
 NOBRE, Marcos; AMAZONAS, Maurício de Carvalho (Orgs.). Desenvolvimento
sustentável: a institucionalização de um conceito. Brasília: IBAMA, 2002.
 WCSD (1987), O Nosso Futuro Comum, Meribérica. Lisboa: Portugal.
 VIOLA, Eduardo. As complexas negociações internacionais para atenuar as mudanças
climáticas. In: TRIGUEIRO, André (org.). Meio ambiente no século 21. 21 especialistas
falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.

18

Potrebbero piacerti anche