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1| CADERNO DE APRESENTAÇÃO
O Caderno de apresentação é este material que está em suas mãos. Nele há uma apresentação geral
do Trilhas, destacando as intenções, os princípios e as concepções do projeto.
O Acervo de livros é composto de um conjunto de obras da literatura infantil que são apresenta-
das ou utilizadas como referência para as atividades propostas nos Cadernos de orientações. Esse
acervo deverá permanecer na instituição para que os professores possam utilizá-lo em sala.
CADERN
O DE OR
POEMAS
IENT AÇÕES
IENT AÇÕES
O DE OR
CADERN
HISTÓRIAS
RIMADAS
O Caderno Trilha de jogos é para uso do professor. Apresenta um repertório de jogos para favo-
recer a atenção das crianças para a relação que existe entre o universo oral e o escrito.
Os Cadernos de estudos são para uso dos professores e têm a finalidade de aprofundar os
conteúdos tratados nos diferentes Cadernos de orientações. Com base nesse material, os
professores poderão ganhar mais compreensão e autonomia para a realização das atividades: é
um instrumento para estudo, de forma que o professor se aproprie das teorias e conceitos que
embasam as atividades propostas.
Acreditamos que a formação de leitores deva ser uma das prioridades da área de educação e,
assim, esse tema precisa ter a atenção de todos, inclusive dos professores que trabalham com
crianças de 6 anos. As pesquisas mostram que esse período é o mais proveitoso para o desenvol-
vimento da aprendizagem, uma fase extraordinária para o estímulo intelectual.
Com a intenção de colaborar com o trabalho cotidiano do professor em sala de aula nasceu o
Projeto Trilhas, um conjunto de diferentes materiais que pretende criar oportunidades para
que crianças de 4 a 6 anos tenham maior acesso à literatura infantil e, consequentemente, à
cultura escrita.
A escola tem um papel fundamental na vida dos cidadãos, pois é ela que cria ou não as con-
dições e oportunidades para que as pessoas se tornem leitoras, possam construir cultura e ser
usuárias da linguagem escrita. Para aprender, é preciso ter acesso a saberes básicos, mas que
levem para além de um conhecimento mecânico. Isso se faz permitindo que, desde muito cedo e
de acordo com suas possibilidades, as crianças possam ler, escrever e conviver com livros, ex-
perimentando, de diversas formas, os modos de pensar por escrito e sobre o escrito. Para isso, é
preciso entender que elas são capazes de produzir e aprender desde muito cedo.
A alfabetização é um processo que começa bem antes da instrução formal e não deve ser confun-
dida com a escolarização precoce. As crianças, quando expostas ao contato sistemático com livros e
diferentes textos, descobrem muitas informações sobre a linguagem escrita. Sua aprendizagem é
sempre resultante daquilo que são capazes de deduzir a partir do que o ambiente lhes oferece. O
que pode fazer a diferença é o professor atuar no espaço da sala, criando condições para influir
sobre as fontes de informação que serão disponibilizadas e propiciando situações-problema que
convidem as crianças a dar respostas a partir do que recebem. É assim que se avança, se aprende
e se estabelece um vínculo saudável e estimulante com os livros e com o conhecimento. O objeti-
vo nessa fase da escolaridade não é acertar, mas perder o medo de errar e ganhar coragem para
arriscar, perguntar e entender.
Ter livros de literatura infantil como aliados para essa aventura de entrar no mundo do conheci-
mento, das histórias, dos textos e da linguagem, com certeza, faz a diferença. Nessa perspectiva,
favorecer a entrada na literatura infantil e, consequentemente, na cultura escrita, desde a mais
tenra idade, respeitando as possibilidades de cada um, contribui para um percurso de aprendi-
zagem em que saber ler e escrever é uma ponte para o desenvolvimento intelectual do indivíduo,
uma ferramenta pessoal e social.
A cultura escrita refere-se a todas as práticas que se foram estabelecendo historicamente em torno
do texto: a leitura em voz alta, a leitura silenciosa e a conversa sobre o texto ou sobre a escrita.
Portanto, um conceito amplo, que não se reduz a identificar a relação entre o som e a grafia, mas
que engloba os usos sociais que fazemos de materiais escritos. Ler conjunta e cotidianamente é
um exemplo de participação na cultura escrita.
A decodificação é, sem dúvida, uma dimensão importante, mas não a única implicada na apren-
dizagem da leitura, uma vez que de nada serve saber decodificar sem poder ir além da letra do
texto. O Trilhas valoriza e cria condições para que as crianças tenham oportunidade de entrar
no mundo dos livros, desvendar sua estrutura e conhecer a linguagem que se escreve mesmo antes
de ser capaz de ler e escrever autonomamente.
A proposta é colocá-las no lugar de intérpretes antes de serem leitoras. Como? Criando situações
em que se leia para elas e com elas. Para aprender a ler e escrever, é preciso ver outras pessoas
lerem; ter a chance de tentar ler, podendo experimentar e errar. Participando de situações de
leitura, as crianças podem entender em que circunstâncias se usa a língua escrita e aprender sobre
sua função comunicativa. Mas tudo isso deve ser feito sem perder de vista a leitura como porta de
entrada em outros mundos, reais ou imaginários: um momento especial para que as crianças con-
versem sobre as histórias, falem de seus pontos de vista e compartilhem suas dúvidas e descobertas.
Garantir um momento de troca agradável não impede que, ao conversar sobre as histórias, se
possa criar uma ocasião ideal para explorar os textos para além de seu conteúdo. O Trilhas
propõe que a leitura seja um momento em que se explorem os questionamentos das crianças sobre
as histórias, ao mesmo tempo que se converse sobre a língua e suas características. É uma ocasião
para aproveitar e incrementar seus conhecimentos prévios, para que arrisquem, por exemplo,
tanto explicações sobre o significado do texto quanto das palavras desconhecidas, ou mesmo para
que observem os sons das palavras e as comentem.
Por que a escolha pelo uso de livros de literatura e jogos com a linguagem? A perspectiva deste
projeto é, em primeiro lugar, influir sobre os materiais que chegam às mãos das crianças. É por
essa razão que as situações de aprendizagem propostas giram em torno de livros de literatura
infantil de qualidade, com um acervo que respeita critérios de seleção e que privilegia a varieda-
de de textos, temas, elementos gráficos e formas de comunicação e também em torno de jogos com
a linguagem. Os jogos produzidos apresentam critérios ricos para favorecer uma diversidade de
situações em que as crianças são convidadas a refletir e aprender sobre a língua em um contexto lúdico.
Nosso objetivo é colaborar para desenvolver a competência linguística das crianças tanto oral
quanto escrita. Por exemplo, ao estimular a leitura de narrativas, convidando-as a desven-
dar seus elementos: o tempo, os personagens e as relações entre eles, os aspectos psicológicos, as
questões gráficas, as ilustrações, o vocabulário, a gramática e a sonoridade da língua. Ou criar
atividades com o objetivo de, ao mesmo tempo, “entrar na história” que está sendo contada e
explorar a forma como o texto constrói a narrativa.
Com o apoio de um bom acervo de livros e de jogos com a linguagem, é possível trabalhar a
leitura e a língua em um contexto de realidade. Isso porque, mesmo antes de as crianças serem
capazes de ler e escrever por conta própria, elas estão aptas a ouvir, a pensar sobre o texto e sobre
o sistema de escrita.
Ao conversar sobre os livros com as crianças, abrimos uma porta para que elas se familiarizem com
os textos e, pouco a pouco, ganhem liberdade no universo da leitura e da literatura. Por outro
lado, ao propor situações em que as crianças joguem com a linguagem, contribui-se para que elas
pensem sobre a escrita das palavras, considerando sua grafia e sua sonoridade, e possam refletir
sobre a dimensão fonológica da língua.
que crianças inseridas em contextos de famílias letradas fazem informalmente, desde muito cedo.
O mesmo podemos considerar em relação aos livros de literatura infantil. Muitas vezes questio-
na-se a adequação de livros na educação de crianças pequenas, admitindo-se apenas que se contem
oralmente as histórias. Mas, efetivamente, o que acaba ocorrendo é que, nas famílias em que o
livro infantil é um objeto presente, as crianças passam a explorá-lo. Portanto, a defesa aqui é a de
que, se o material for bem selecionado e usado de maneira lúdica e adequada, favorecerá que as
crianças sejam leitoras antes de saber ler. E que ao mesmo tempo desenvolvam o prazer pela leitura
e a intimidade com esse universo.
Desvendando a linguagem
Os números que contam a história da educação em nosso país, mais precisamente da alfabetiza-
ção, mostram que muitas crianças vão sendo distanciadas do mundo dos livros e não avançam
em sua escolaridade justamente porque não se criam condições para que elas se apropriem da lin-
guagem escrita e compreendam seu funcionamento. As crianças que avançam, de uma maneira ou
de outra, em geral são aquelas que desenvolvem a capacidade de uso e análise da linguagem. Isso
parece óbvio, mas não é. O que propomos aqui é trabalhar intencionalmente esse aspecto e não
deixar a cargo das crianças essa compreensão, pois o risco de que muitas não consigam é alto.
A linguagem é o único sistema que pode se referir a si mesmo (isto é o que chamamos de meta-
linguagem). Ao ensinar a ler e escrever, nos referimos, necessariamente, a uma terminologia que
fala sobre a própria linguagem. Termos como palavra, frase, sílaba, letra etc. são difíceis porque
carregam um conceito dentro deles. Muitas vezes isso é banalizado. Se temos essa consciência,
podemos criar atividades que ajudem as crianças a compreender essa dimensão da linguagem.
Por isso, é preciso garantir para todas elas a possibilidade de conversar sobre a escrita, de desvendar
a linguagem. Complicado? Um pouquinho, mas importante.
Você pode estar pensando que nunca se preocupou com essas questões e nunca teve problemas
para ensinar. É verdade, é possível aprender sem um ensino sistemático e preocupado com essas
dimensões. No entanto, aquelas crianças com menos oportunidades de acesso à informação e
que dependem do contexto escolar para avançar serão, justamente, aquelas que, possivelmente,
ficarão à margem. O mundo de uma maneira geral é informador, o contato com a língua está
dado no cotidiano, e algumas crianças têm a chance de receber ajuda fora da escola, ou mesmo
ser tão atentas a ponto de desvendar o universo da leitura e da escrita. O desafio que está posto
é ajudar também aquelas que não vão por conta própria. O Trilhas parte do pressuposto de
que é possível juntar os processos, trabalhando intencionalmente letramento e decodificação,
ao mesmo tempo, dando assim oportunidade para que mais crianças sejam bem-sucedidas em
sua aprendizagem. Propiciar o processo de reflexão sobre o sistema e estimular a participação
em atividades letradas são objetivos complementares, e não sucessivos nem alternativos, pois
um não é pré-requisito do outro.
Vale lembrar que tudo o que está proposto aqui é para ser feito respeitando o direito das crian-
ças a brincar, mas sem negar que se desenvolvam e tenham acesso a conhecimentos. Brincar não
deve ser excludente de aprender. Partimos do pressuposto de que um trabalho bem-sucedido por
parte do professor é aquele que de forma adequada cria um campo favorável à aprendizagem e à
circulação da informação.
Muito ousado? Mas contamos com o seu entusiasmo e ousadia também. Sonho bom é aquele que
a gente sonha junto. Imagine que você está colaborando para que, em cada sala de aula a que este
material chegar, se ampliem as oportunidades de as crianças irem mais longe e superarem suas
condições iniciais. Isso pode mudar um país.
Certamente, é mais de meio caminho andado, mas a tarefa de criar condições para a aprendiza-
gem não está restrita à ação só do professor. É preciso envolvimento institucional para de fato
oferecer as condições necessárias ao ensino. Essas condições vão desde a definição de políticas
educacionais sob a responsabilidade dos gestores públicos até a criação de um espaço escolar
adequado e estimulante, e de uma sala dinâmica em que a língua escrita tenha lugar. Portanto,
um bom livro deve ser lido em um contexto próprio para a aprendizagem.
A sala deve ser um espaço que use as paredes tanto para oferecer informação quanto para registrar
o processo de aprendizagem das crianças, por meio da exibição dos produtos de seus trabalhos.
Deve ser uma micro-organização social em que os usos da escrita se dão de forma semelhante ao
que ocorre na vida real, e na qual as crianças se sintam participantes dessa construção.
Uma organização rica em situações funcionais requer que o espaço das salas seja pensado e planejado
para que as crianças tenham oportunidade para escutar, falar, ler e escrever. Considerar a distribuição
das diferentes atividades das quais a criança participa implica uma visão pedagógica.
Acreditamos que o Trilhas pode contribuir para o trabalho em sala, e você, professor, pode, sim,
fazer a diferença. Mas, certamente, seu trabalho renderá muito se houver ajuda para montar uma
sala adequada — em que as crianças tenham diferentes cantos e materiais disponíveis para usar a
escrita, possam ler um livro usando uma minibiblioteca com autonomia, brincar de ler e escrever
livremente, bem como usar esses recursos dentro de seus jogos (casinha, supermercado, médico etc.).
Como distribuir o tempo em sala e o tempo em outros espaços? Qual o melhor equilíbrio entre
as propostas ao longo de um dia? Quanto tempo dedicar a cada uma delas? Como pensar a roti-
na ao longo de um dia e de uma semana? Essas são tarefas que dependem de tomadas de decisão
compartilhadas e que envolvem os outros atores do processo educativo (equipe técnica da secre-
taria, supervisor, diretor e funcionários). Você, professor, dará sentido ao espaço e fará com que as
atividades ocorram da melhor maneira possível com base em um planejamento e boas interven-
ções. Mas o seu trabalho cotidiano está dentro de uma rotina institucional. Então, o ideal é que haja
instâncias coletivas de discussão juntamente com outros professores e o diretor de sua escola.
Da mesma forma que o cuidado com a organização espacial e o uso do tempo em sala podem po-
tencializar o trabalho, a maneira de organizar as crianças também pode influir positivamente no
resultado final. Criar condições para que elas trabalhem individualmente em alguns momentos,
mas também tenham ocasião para trabalhar em duplas, pequenos grupos ou mesmo com crianças
de outras salas, é extremamente enriquecedor para o processo de aprendizagem. Organizar inter-
câmbio com outras salas, ensinando os menores ou apresentando o resultado do trabalho para os
mais velhos, coloca a criança no lugar de produtora de conhecimento e gera um efeito interessante
no seu desenvolvimento. Outra estratégia poderosa é convidar os pais a participar de atividades, ler
um livro para a sala, contar uma história, fazer uma entrevista ou ainda assistir aos filhos expondo
algum trabalho.
Uma instituição que estrutura seu funcionamento nessas bases, em que a troca de informações e
conhecimentos tem lugar, estará certamente dando um apoio ao trabalho pedagógico. A apren-
dizagem estará, de fato, sendo vista como um evento que concerne a todo um sistema, onde você,
professor, é o protagonista.
TRILHAS
Iniciativa:
Instituto Natura
Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Básica
Realização:
Programa Crer para Ver, Instituto Natura
Desenvolvimento:
Comunidade Educativa Cedac
Ficha Técnica
Programa Crer para Ver, Instituto Natura Equipe da Gerência de Educação e Sociedade, Instituto Natura:
Coordenação: Maria Lucia Guardia, Lilia Asuca Sumiya, Maria Eugênia Franco,
Maria Lucia Guardia Fabiana Shiroma, Eliane Santos, Isabel Ferreira, Luara Maranhão,
Marcio Picolo
Comunidade Educativa Cedac
Coordenação: Edição de texto:
Beatriz Cardoso e Tereza Perez Marco Antonio Araujo
ISBN 978-85-7783-064-0
“ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NÃO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU
TOTALMENTE, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DO INSTITUTO NATURA,
COMUNIDADE EDUCATIVA CEDAC E DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.”
D esde 1995, a NATURA desenvolve o Programa Crer para Ver, que tem o objetivo de contribuir
para a melhoria da qualidade da educação pública do Brasil. No contexto desse programa,
o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público, o projeto TRILHAS, que visa orientar e instrumentalizar os
professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento
de competências e habilidades de leitura e escrita.
O Ministério da Educação (MEC), desejando implementar uma política pública, concluiu que a
metodologia e a estratégia desenvolvidas pelo projeto TRILHAS, assim como os materiais e publicações
concebidos e produzidos por esse projeto, são particularmente especiais e compatíveis com as diretrizes
do MEC.
Este material contribui para ampliar o universo cultural de alunos e professores, por meio do acesso à
leitura de obras da literatura infantil. A escolha da leitura como o principal tema do projeto justifica-se
por ser uma estratégia mundialmente reconhecida como determinante para a aprendizagem e melhoria
do desempenho escolar ao longo de toda a vida do estudante.
Com o objetivo de promover a qualidade da educação nas escolas públicas do país, o MEC apoia e
distribui o conjunto de materiais do TRILHAS, que visa contribuir para o desenvolvimento da leitura,
escrita e oralidade dos alunos de 6 anos de idade.
Esperamos que você possa utilizá-lo da melhor forma para que a melhoria da educação pública seja
concretizada em nosso país.