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Economia Pública

1º Semestre 2018/19
Economia Pública
No curso de Economia Pública apresenta-se uma visão
geral dos motivos que justificam a intervenção do
Estado numa economia de mercado (no âmbito da
afectação de recursos, da redistribuição e da
estabilização macroeconómica).

Pretende-se que os alunos tenham uma compreensão


básica das situações em que o mercado falha e em
que a intervenção pública é justificada, a par das
dificuldades que a mesma apresenta e das suas
consequências.

Em termos gerais, espera-se que os alunos dominem


conceitos básicos de economia e aprendam a analisar
novas situações de uma maneira formal, com base em
modelos simplificados da realidade, desenvolvendo o
raciocínio lógico.
Economia Pública
Programa Base:

0. Revisões de Microeconomia
1. Intervenção do Estado na Economia
1.1 Objectivos
1.2 Bens Públicos
1.3 Externalidades
1.4 Bens Mistos*
1.5 Decisão Colectiva
1.6 Redistribuição
2. A restrição orçamental do Estado de curto e longo prazo
3. Descentralização financeira*
4. Regras versus discricionariedade
Economia Pública
Bibliografia:

Barbosa, A.S.P. Economia Pública, McGraw Hill.


Musgrave, R. e Musgrave, P. Public Finance in Theory and
Practice, McGraw Hill.
Hindriks, J. and G. D. Myles, Intermediate Public
Economics, MIT Press
Pereira, Paulo T. et al. Economia e Finanças Públicas,
Escolar Editora, 2005

Avaliação: Exame Final ou Exame + teste opcional (30%


na 6ª ou 7ª aula).
Método de ensino: Matéria exposta em aulas teóricas,
recorrendo-se à resolução de exercícios de apoio à
compreensão das materias abordadas.
Revisões de Micro: Mercados
• Economia estuda a forma como as sociedades
escolhem a afectação de recursos escassos
para satisfação de necessidades.
• Problemas de organização económica: o que
produzir, como produzir e para quem?
• Numa economia de mercado as decisões
individuais de milhões de pessoas e empresas
são coordenadas, de forma descentralizada,
através de um sistema de preços e mercados.
Revisões de Micro: Mercados
• Um mercado é o mecanismo (ou instituição)
pelo qual agentes económicos (compradores e
vendedores) interagem para trocar bens ou
serviços e determinar os preços.
• Em todos os mercados há uma procura
(compradores), uma oferta (vendedores) e um
preço.
• Os preços funcionam como sinais para os
agentes económicos e constituem o sistema de
comunicação no mercado.
Revisões de Micro: Procura
• Procura: modeliza-se o comportamento dos
consumidores através da função procura. Esta
função relaciona a quantidade de um bem que,
num dado intervalo de tempo, os agentes
desejam adquirir.
Quantidade = f(preço do bem, preço dos outros bens – substitutos e
complementos, rendimento, preferências, demografia, expectativas de
evolução dos preços, informação, etc...)

• É frequente representar graficamente a relação


entre quantidade e preço, mantendo todos os
outros factores constantes. O resultado é a
curva da procura.
Revisões de Micro: Procura
Procura por jogos de futebol no Estádio da Luz

60

50

40

Preço de reserva: máximo


Preço (Euros)

30 que o indivíduo está


disposto a pagar por cada
unidade do bem em causa
20
QA
QB
QC
10 QD
QE
QT
0
0 5 10 15 20 25 30
Quantidade
Revisões de Micro: Procura
• A curva da procura individual tende a ser
negativamente inclinada devido ao
benefício por unidade adicional do bem ser
decrescente.
Preço

Quantidade
Revisões de Micro: Procura
• A curva da procura de mercado obtém-se
através da agregação horizontal das
curvas de procura individuais.

Preço

+ =

Quantidade
Revisões de Micro: Procura
• A curva da procura de mercado altera-se
quando se altera um dos factores
determinantes da procura que não o preço
do bem em causa.
• Aumento do rendimento
• Aumento do preço de bem
Preço substituto
• Redução do preço de bem
Expansão da procura complementar
• Alteração de preferências
• Expansão demográfica
• Etc
Quantidade
Revisões de Micro: Procura

• Conhecendo a curva da procura é possível


medir a satisfação dos consumidores no
mercado em causa.
Excedente do consumidor (consumer surplus):
Preço
Diferença entre o máximo que estariam dispostos
a pagar por cada unidade e aquilo que os
consumidores pagam.
P0

Q0
Quantidade
Revisões de Micro: Procura
• Quando o preço aumenta, os consumidores
“perdem” por dois motivos:
1. As unidades que consomem geram menor excedente
2. Deixam de consumir algumas unidades que geravam
excedente.

Preço

P1

P0

Q1 Q0
Quantidade
Revisões de Micro: Procura
• As procuras podem ser classificadas de acordo
com a sua sensibilidade ao preço.
• Elasticidade da procura: e = - (DQ/DP) x (P/Q)
• A elasticidade da procura diz-nos quanto varia
percentualmente a quantidade em resposta a
uma variação de 1% no preço.
>1: procura elástica
=1: procura com
elasticidade unitária
e <1: procura rígida
=0: procura
perfeitamente rígida
Revisões de Micro: Oferta
• A tecnologia disponível é incorporada na
análise através da função de produção:

Inputs
Trabalho Output
Equipamentos Função Produção Bens e
serviços
Ferramentas
Terrenos
Revisões de Micro: Oferta
• Para simplificar assumimos que os inputs
subdividem-se em capital, K e trabalho, L.
• No curto prazo existem factores fixos (K) e
factores variáveis (L)
• No longo prazo a empresa é livre de
escolher tanto K como L.
Revisões de Micro: Oferta

Quantidade Impossível
Produzida (Y)
Y=F(K,L)

Possível, mas tecnicamente ineficiente

Trabalho (L)
Cada trabalhador adicional Cada trabalhador adicional é
é mais produtivo: menos produtivo: tem
especialização do trabalho menor quantidade do input
/ divisão do trabalho fixo
Revisões de Micro: Oferta

Quantidade
Produzida (Y)
Y=F(K,L)

“Lei” das produtividades


marginais decrescentes

Trabalho (L)

Produtividade marginal do trabalho: F/L


(Obs: não está à escala no gráfico)
Revisões de Micro: Oferta
Custos Contabilísticos ≠ Custos Económicos
Do ponto de vista da contabilidade, registam-se apenas os custos
explicitamente incorridos.
Existem outros custos, implícitos, que não são registados
contabilisticamente: a remuneração dos factores próprios da
empresas, como o capital.
Exemplo (Casa das folhas): Capital €10000; remuneração do
funcionário €5000; toner e papel consumidos €2000; electricidade,
telefone, água €1500; desgaste da fotocopiadora €2500; venda de
fotocópias €11200. (Taxa de juro relevante 4%)
Custos contabilisticos: €5000+ €2000+ €1500+ €2500= €11000
Lucro contabilistico: €200
Custos económicos: €5000+ €2000+ €1500+ €2500+0,04x € 10000= €11400
Lucro económico: €-200
Revisões de Micro: Oferta

Economista Contabilista

O valor associado à melhor Lucro


alternativa de remuneração Económico
Lucro
para os factores ou Contabilístico
recursos próprios da
Custos
empresa (como o capital, Implícitos
Receitas
no exemplo anterior)
denomina-se por CUSTO
DE OPORTUNIDADE. Custos Custos
Explícitos Explícitos
Revisões de Micro: Oferta
Funções Custos: Os custos dividem-se em custos variáveis
(aqueles que variam com a quantidade produzida) e custos
fixos (aqueles em que a empresa incorre mesmo sem
produzir).
Custos variáveis - CV(Q): matérias primas, energia, trabalho, etc.
Custos fixos – CF: rendas, custos administrativos, licenças, etc.
Custo total – CT(Q) = CF + CV(Q)
Custo total médio – CTM(Q) = CT(Q)/Q
Custo variável médio – CVM(Q) = CV(Q)/Q
Custo marginal – Cmg: Custo associado à produção de uma unidade
adicional. Se produzir +1 unidade, qual o impacto nos custos?
Revisões de Micro: Oferta
Q

150 Função Produção


140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0 1 2 3 4 5 L
Revisões de Micro: Oferta
Nº trab. - L Produção Pmg CF CV(L) CT
W=€10

0 0 - 30 0 30

1 50 50 30 10 40

2 90 40 30 20 50

3 120 30 30 30 60

4 140 20 30 40 70

5 150 10 30 50 80
Revisões de Micro: Oferta
Custo Total
Custo Total
80

70

60

50

40
Observa-se que o custo
30 por cada unidade
20 adicional é crescente...
10

0 20 40 60 80 100 120 140 Q


Revisões de Micro: Oferta
Cmg
Custos (€)

CTM
CVM

Quantidade
Experiência, descontos, Produtividade marginal produzida
(Q)
especialização decrescente, difícil
monitorização e planeamento
Revisões de Micro: Oferta
Concorrência Perfeita (hipóteses):
• Número elevado de pequenos vendedores
e compradores;
• Livre entrada e saída do mercado;
• Produto não diferenciado ou homogéneo
ou padronizado;
• Informação perfeita;
Revisões de Micro: Oferta
Empresa price taker ou tomadora de preços: actua como
se não alterasse o preço do mercado.
Resulta de a empresa ser “pequena”. Por outras palavras,
a empresa enfrenta uma procura horizontal:
P

P0

q
Revisões de Micro: Oferta
€ Cmg

CTM
P0
CVM

1 2 34 5 Quantidade produzida
pela empresa i (qi)

Qual a quantidade óptima a produzir? 4


Revisões de Micro: Oferta
€ Cmg

A CTM
CVM

B
Curva da oferta de curto
prazo de uma empresa em
concorrência perfeita
C

Quantidade produzida
Zona A: P > CTMi: deve operar no curto e longo prazo pela empresa i (qi)
Zona B: CTMi > P > CVMi: deve operar a curto e encerrar a longo prazo
Zona C: P < CVMi: deve encerrar no curto prazo
Revisões de Micro: Oferta
Conhecendo as ofertas individuais pode obter-se a oferta de
mercado através da sua agregação horizontal (somando
quantidades para cada preço)
A oferta de mercado indica para cada preço a quantidade que as
empresas estão dispostas a vender. Qs(P) = q1(P) +...+ qn(P)
P

Quantidade (Q)
Revisões de Micro: Oferta
• A oferta pode ser classificada de acordo
com a sua sensibilidade ao preço.
Preço Oferta infinitamente
rígida

Oferta infinitamente
elástica

Quantidade
31
Revisões de Micro: Oferta

• Conhecendo a curva da oferta é possível


medir o ganho das empresas no mercado
em causa, para cada preço.
Excedente do produtor
(producer surplus):
Preço
Diferença entre aquilo que os
produtores recebem e o mínimo
que estariam dispostos a
P0
receber por cada unidade

32
Q0
Quantidade
Revisões de Micro: Equilíbrio
Como é estabelecido o preço? Através do equilíbrio entre a oferta,
S, e a procura, D.
P
Excesso de oferta: P ↓
S

P1

P*
Equilíbrio de mercado

P0

D
Excesso de procura: P 
Quantidade (Q)
Q*
Revisões de Micro: Equilíbrio
Quais as consequências em termos de bem-estar?
i) A produção obtida é a eficiente
ii) A produção é efectuada da forma mais eficiente possível

P S

Valorização
máxima

Custo de
produção
D

Quantidade (Q)
Revisões de Micro: Equilíbrio
• O modelo de concorrência perfeita constitui um
benchmark: representa um sistema ideal que
produz o máximo benefício possível para a
sociedade com os recursos existentes, sem a
intervenção do Estado.
• Mas... As hipóteses do modelo são muito fortes
(traduzem a situação ideal) e todas as
economias de mercado têm imperfeições (que
produzem resultados indesejáveis como
poluição, desemprego ou pobreza extrema).
35
Revisões de Micro: Equilíbrio
• São essas imperfeições ou falhas no
funcionamento dos mercados que justificam a
intervenção do Estado na economia.
• Algumas falhas são:

– A existência de poder de mercado (por exº


monopólios)
– A existência de externalidades negativas
– A existência de bens públicos
– Assimetrias de informação

36
Revisões de Micro: Monopólio
A razão de fundo para existirem monopólios é
a existência de barreiras à entrada

As barreiras à entrada resultam de:


• propriedade de um recurso único;
• Estado concede, por lei, exclusividade
(ex. Patentes, copyright);
• custos de produção tornam mais eficiente
(ex.monopólio natural/economias de
escala), dimensão da procura.
Revisões de Micro: Monopólio
Hipóteses
• Uma única empresa no mercado;
• Produto diferenciado (sem substitutos
próximos);
• Entrada de mais empresas é impossível
(bloqueada);
• Maximização do lucro (empresa price
maker: actua sabendo que altera o preço do
mercado);
Revisões de Micro: Monopólio

Quantidade Preço RT Rmg Cmg


PxQ
1 100 100 100 20

2 80 160 60 20

3 60 180 20 20

4 40 160 -20 20

5 20 100 -60 20

6 0 0 -100 20
Monopólio
• A Receita marginal é o incremento na receita resultante de vender
mais uma unidade. No caso do monopolista tem dois termos:

– Vender mais uma unidade permite receber o seu preço P:


– Mas para vender mais uma unidade é necessário baixar o preço, o
que afecta negativamente todas as vendas anteriores
Preço

P0

P1

Q0 Q0+1
Quantidade
Revisões de Micro: Monopólio
No caso de a procura ser linear, a receita marginal é também uma recta
com o dobro do declive da procura.

Preço

A/b

A/2 A
Rmg Quantidade
Revisões de Micro: Monopólio
Determinação gráfica do óptimo do monopolista. Na
quantidade óptima verifica-se a condição:
Rmg = Cmg

Preço

A/b

PM

Cmg

QM A/2 A
Rmg Quantidade
Revisões de Micro: Monopólio
Índice de Lerner: £ = (P – Cmg)/P, medida do poder de
mercado.
A quantidade óptima do monopolista não é aquela que
maximiza o bem-estar social, entendido como a soma
do excedente do consumidor com os lucros das
empresas.
Seria possível aumentar ainda o bem-estar social em:

Preço

A/b

PM Triângulo de ineficiência ou
perda líquida de bem-estar
Cmg

QM A/2 A
Rmg Quantidade
Economia Pública
1.1 Objectivos da intervenção do Estado

Do ponto de vista económico, são duas as razões


que justificam a intervenção do Estado numa
economia de mercado:
- Promoção de eficiência
- Promoção da equidade
Economia Pública
a) Promoção da Eficiência:
Uma economia está numa situação eficiente à Pareto
quando não é possível melhorar o bem-estar de pelo
menos um indivíduo sem diminuir o bem-estar de pelo
menos outro.
O conceito de eficiência à Pareto relaciona-se com o de
movimento de Pareto: movimento em que a situação
de pelo menos um indivíduo melhora sem que piore a de
qualquer outro.
Economia Pública
Exemplo com dois indivíduos, A e B, com
utilidades UA e UB, respectivamente.

Fronteira de Possibilidades de
Utilidade: Dado o nível de utilidade
UB de um indíviduo, indica o máximo de
utilidade possível para outro
individuo.

UA
Economia Pública
Exemplo com dois indivíduos, A e B, com
utilidades UA e UB, respectivamente.

FPU
Z: ineficiente
W e Y: eficientes à Pareto
X
UB
X: inacessível
W De Z para W: movimento
de Pareto
De Z para Y: promove-se
Z Y a eficiência (mas não se
trata de um movimento
de Pareto).
UA
Economia Pública
Algumas questões a que responderemos ao longo
do curso:

Em que circunstâncias o funcionamento dos mercados


coloca a economia num ponto interior (como o Z)?
O que tem o Estado de especial para corrigir eventuais
ineficiências? E que problemas podem surgir associados
à sua intervenção?
Mesmo que se coloque a economia sobre a fronteira, isto
é, num ponto eficiente, há ainda uma questão a resolver:
qual dos pontos seleccionar?
Economia Pública
b) Promoção da Equidade:
Redistribuição voluntária e coerciva: Se a utilidade
individual contém um elemento de altruísmo, a FPU tem
o seguinte aspecto.
De Z para W: redistribuição
W
UB
FPU voluntária.
Z De W para X: redistribuição
X
coerciva (incide sobre o
segmento negativamente
inclinado da FPU)

UA
Economia Pública
Questões a que responderemos ao longo do
curso:

Que critério utilizar para escolher um ponto na fronteira,


uma vez que os agentes têm preferências diferentes?

Como comparar a utilidade de diferentes agentes?


Economia Pública
A classificação de Musgrave
Os objectivos da intervenção do Estado são:
- Correcção da afectação de recursos
- Redistribuição da riqueza e rendimento
- Estabilização económica
Economia Pública
Jogo de cartas: instruções.
1) Cada aluno receberá 2 cartas, 1 vermelha e 1 preta.
Apenas a cor é relevante.
2) Em cada jogada, cada aluno entrega uma carta que
não será divulgada. Apenas o nº total de cartas de cada
cor entregues será divulgado.
3) O seu resultado depende apenas do destino das cartas
vermelhas:
3.1) Cada carta vermelha na sua posse vale 4 pontos (apenas
para quem a detiver).
3.2) Cada carta vermelha entregue vale 1 ponto para todos os
alunos.
4) As cartas serão devolvidas e repetir-se-á o jogo.
Economia Pública
Jogo de cartas: instruções.
Resumo:
Pontos = 4 x nº de cartas vermelhas na
mão + 1 x nº total de cartas vermelhas
entregues.
Economia Pública
1.2 Bens Públicos
Características que definem um bem público:

a) Indivisibilidade ou não rivalidade no consumo


b) Impossibilidade de exclusão
c) Não rejeitabilidade
Economia Pública
a) Indivisibilidade ou não rivalidade no consumo

Significa que, dada uma certa quantidade do bem, podem


ser incluídos consumidores adicionais sem que se
reduza a utilidade ou a satisfação dos consumidores
iniciais.
Alguns bens podem perder esta característica devido ao
congestionamento.
Economia Pública
b) Impossibilidade de exclusão
Uma vez produzida determinada quantidade do bem, esta
torna-se acessível a consumidores adicionais.
Esta acessibilidade não é o resultado de alguma lei mas
sim das características físicas do bem: não há
tecnologias de exclusão.

c) Não rejeitabilidade
O consumo é imperativo. Esta característica decorre, de
certa forma, da impossibilidade de exclusão (neste
caso de auto-exclusão).
Economia Pública
Impossibilidade de Possibilidade de
exclusão exclusão

Rivalidade Recurso comum Bem privado

Não rivalidade Bem público Bem de clube

Note-se que
i) Indivisibilidade não implica impossibilidade de exclusão
Exemplo: pontes ou estradas não congestionadas, cinema.
ii) Impossibilidade de exclusão não implica indivisibilidade
Exemplo: recursos comuns (bancos de pesca, recursos do
subsolo)
Economia Pública
Exemplos:
Defesa Nacional
Qualidade Ambiental
Conhecimento geral/básico (não patenteável)
Iluminação pública
Fogo de artifício
Alerta de tornados
Sistemas de controlo de cheias

Não confundir com “O bem público”, ou com bens


produzidos pelo Estado ou sua propriedade.
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:

i) Número óptimo de consumidores


ii) Quantidade óptima: Diagrama de Bowen e
condição de Samuelson
iii) Financiamento: tributação de Lindahl
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
i) número óptimo de consumidores.

Na ausência de congestionamento, o número


óptimo de consumidores é o número máximo
possível, uma vez que a inclusão de mais um
consumidor beneficia-o sem prejudicar os
restantes.

n*=nmax
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
ii) Quantidade óptima P
DA
Agregação vertical das procuras
individuais: uma vez que cada
unidade do bem gera utilidade em g
mais do que um consumidor, P

agregam-se as procuras
DB
verticalmente, isto é, para cada
unidade soma-se a valorização dos
g
consumidores. P

DA+B

g
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
ii) Quantidade óptima
P
Condição de Samuleson:
DA+DB=Cmg

DA+B

Cmg

g* g
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
iii) Financiamento
P
Tributação de Lindahl:
Impostos-preços constantes
e iguais à valorização
DA+B
marginal de cada agente no
ponto óptimo.

Cmg
tB

tA
g* g
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
iii) Financiamento.
A tributação de Lindahl apresenta duas
características:
- Financiamento integral do custo do bem público
(se o custo marginal for constante)
- Unanimidade em torno da quantidade óptima.
A principal crítica aos preços de Lindahl é que os
indivíduos não têm incentivo em declarar a sua
verdadeira valorização.
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
iii) Financiamento
P P

DA+B DA+B

Cmg
Cmg

tB tB

tA tA
g* g g*A g* g*B g
Economia Pública
Provisão eficiente de um bem indivisível:
iii) Financiamento
Nos bens públicos, o relevante é a lógica da
provisão e não a da produção.
Provisão – forma como se torna disponível o bem
público, isto é, a forma como o bem público
chega ao consumidor.
Porém, pode existir provisão privada de bens
públicos; provisão pública de bens públicos e
provisão pública de bens privados.
Economia Pública
O mercado: Bens Privados e Bens Públicos

P P
BEM BEM
PRIVADO PÚBLICO

DA+B DA+B

DB

P=Cmg Cmg
DA
PB
DA
DB PA

QA QB Q* Q gB g* g
Economia Pública
• As procuras dos bens privados são somadas
horizontalmente porque os consumidores não
podem consumir a mesma unidade.

• A rivalidade no consumo é a causa da eficiência


do mercado: por exemplo, quando há excesso
de procura, o equilíbrio de mercado obtém-se
com uma subida dos preços que resulta da
concorrência entre os consumidores pelos bens
escassos (e divisíveis ou rivais).
Economia Pública
Falha de mercado e indivisibilidade

• O preço de equilíbrio do bem público não pode


ser P=Cmg: A não compraria o bem público e B
compraria a quantidade gB<g*.

• Fazer n*=nmax implica não praticar preços de


exclusão, o que não é geralmente compatível
com um preço único.
Economia Pública
Falha de mercado e indivisibilidade
• A solução seria produzir g* e cobrar a cada
consumidor PA e PB. Mas tal pode não ser
possível pois, ao contrário do preço, a quantidade
não é um mecanismo de mercado eficiente: para
uma dada quantidade os indivíduos não escolhem
o seu preço óptimo mas sim o mais baixo
possível.
• Os custos de informação de o fazer são elevados
para um monopolista discriminador (mas também
o são para o Estado).
Economia Pública
Falha de mercado e indivisibilidade
• No caso de provisão voluntária os indivíduos
não levam em consideração a contribuição que
o bem público tem para os restantes indivíduos.
Logo, a quantidade do bem público não
corresponde à quantidade óptima.
• No gráfico anterior poderá haver provisão
voluntária por parte de B, mas a quantidade será
gB<g*.
Economia Pública
Falha de mercado e impossibilidade de exclusão
(assumindo divisibilidade)
• Impossibilidade de exclusão significa que o
produtor não pode impedir os indivíduos de ter
acesso ao bem e de o consumir.
• O mercado tende a produzir quantidades destes
bens inferiores à óptima porque os individuos
têm incentivos em andar à boleia (free ride), ou
seja, beneficiar dos bens sem pagar, o que
reduz as receitas das empresas.
Economia Pública
Falha de mercado e impossibilidade de exclusão
(assumindo divisibilidade)
• O problema tem as características de um dilema
do prisioneiro.

Jogador 2
Não confessa Confessa
Não confessa -1,-1 -9,0
Jogador 1 Confessa 0,-9 -6,-6
Economia Pública
Falha de mercado e impossibilidade de exclusão
(assumindo rivalidade no consumo)
Custo do bem: 30 u.m. (divididos igualmente por quem
contribui)
Valorização por indivíduo: 40 u.m./nº de indivíduos

Jogador 2
Contribui Não contribui
Contribui 5,5 -10,20
Jogador 1 Não contribui 20,-10 0,0
Economia Pública
Falha de mercado e impossibilidade de exclusão

A gravidade do problema depende de estarmos na


presença de pequenos ou grandes números.
– Grandes números: a decisão não afecta a dos outros

Outros (1000)
Contribuem Não
contribuem
Contribui 5 (0,5) 0 (0,5)
Jogador 1 Não contribui 10 (0,5) 0 (0,5)
Economia Pública
Falha de mercado e impossibilidade de exclusão

A gravidade do problema depende de estarmos na


presença de pequenos ou grandes números.
– Pequenos números: a decisão afecta a dos outros

Outros (10)
Contribuem Não
contribuem
Contribui 5 (0,8) 0 (0,2)
Jogador 1 Não contribui 10 (0,2) 0 (0,8)
Economia Pública
1.3 Externalidades

Efeitos residuais (ou não planeados) gerados


por uma actividade principal no consumo ou na
produção que afectam, positiva ou
negativamente, o nível de utilidade ou
capacidade produtiva de terceiros não
directamente envolvidos na actividade principal,
não sendo esses efeitos internalizados pelo
sistema de preços.

Classroom experiment: BBQ


77
Economia Pública

Nem todos os efeitos da troca (produção e/ou


consumo) são capturados no mercado: surge
uma divergência entre o valor privado e o valor
social (dos custos ou benefícios) porque há
efeitos externos que são ignorados pelos
decisores.

Tal irá provocar uma diferença entre o óptimo


privado (Qp), dado pelo equilíbrio de mercado e
o óptimo social (Qs).

78
Economia Pública
VmgP
P (interno) CmgS P
(sociais=internos + VmgP CmgP
externos) (internas ou (internos)
CmgP privadas)
(internos ou VmgS
privados) (sociais=internas
P* P* + externas)

 

Qs Q P Q QP Qs Q

Externalidade negativa na produção Externalidade positiva na produção


(poluição) (I&D, florestação) ou no consumo
79
(vacinas)
Economia Pública
VmgP
P (interno) CmgS P
(sociais=internos + VmgP CmgP
externos) (internas ou (internos)
CmgP privadas)
(internos ou VmgS
privados) (sociais=internas
P* P* + externas)

Qs Q P Q QP Qs Q

Externalidade negativa na produção Externalidade positiva na produção


(poluição) (I&D, florestação) ou no consumo
(vacinas)
80
Economia Pública
VmgP 1
A magnitude dos efeitos
P CmgS
depende, por exemplo,
(i) do montante da
CmgP externalidade
VmgP 2
(ii) o declive da procura pelo
bem em causa.
P*
Os efeitos são mais
preocupantes se a procura
for mais horizontal
Q2s QP Q (elástica)
Q1s
Externalidade negativa na produção
(poluição)
Economia Pública

Ronald Coase considera a hipótese de os


particulares negociarem entre si em mercados
privados.

Teorema de Coase:
No caso de pequenos números em interacção
(i.e, reduzidos custos de transacção) é de
esperar que se atinja a solução eficiente,
independentemente da atribuição inicial dos
direitos que a lei efectua.

82
Economia Pública
Exemplo: Se uma empresa tem o
direito a poluir colocar-se-á no seu
RmgP
P óptimo privado. Só reduzirá a
CmgS produção se for compensada
pelas perdas em que incorrerá.
CmgP
Para reduzir para o óptimo social
exigirá pelo menos a área a
vermelho (compensação mínima
requerida). As “vitimas” da
externalidade estarão dispostas a
pagar até ao valor correspondente
à área a verde (compensação
Qs QP Q
máxima possível). O acordo é,
Externalidade negativa na produção
(poluição) criada por uma pois, possível.
empresa com as curvas de RmgP
e CmgP 83
Economia Pública
Exemplo: Se uma empresa não
tem o direito a poluir colocar-sé-á
RmgP
P no ponto 0. Só aumentará a
CmgS produção se compensar os
terceiros pelas suas perdas.
CmgP
Para produzir no óptimo social
estará disposta a pagar até ao
valor correspondente à área a
verde (compensação máxima
possível). As “vitimas” da
externalidade exigirão pelo
menos a área a vermelho
Qs QP Q
(compensação mínima
Externalidade negativa na produção
(poluição) criada por uma requerida). O acordo é, pois,
empresa com as curvas de RmgP possível.
e CmgP 84
Economia Pública
• A solução eficiente é obtida através de
negociação.

• O principal papel do Estado é garantir a


definição clara e inequívoca dos direitos de
propriedade e o cumprimento dos contratos.

• Diferentes definições dos direitos de


propriedade não afectam a eficiência do
resultado da negociação... Mas afectam a
distribuição de bem-estar.

85
Economia Pública
Dificuldades:

• Processo negocial consome muito tempo.


• Comportamento free rider por parte dos
agentes.
• Se a negociação for sequencial há incentivos
em não fechar acordo antes dos outros
(tipicamente os últimos terão maior poder
negocial).
• É necessário ter informação correcta acerca dos
benefícios/custos próprios

86
Economia Pública

Na ausência destes mecânismos espontâneos,


ocorre a falha de mercado e justifica-se outro
tipo de intervenção do Estado.

- Impostos (de Pigou)


- Subsídios
- Restrições quantitativas (quotas)

87
Economia Pública
E com poder de mercado (monopólio?)
Quantidade Preço RT Rmg Cmg Ext.
PxQ
1 100 100 100 20 40

2 80 160 60 20 40

3 60 180 20 20 40

4 40 160 -20 20 40

5 20 100 -60 20 40

6 0 0 -100 20 40 88
Economia Pública
1.5 Provisão/produção pública e decisão
colectiva

“Falhas” do Estado:

i) Regras de decisão colectiva


ii) Revelação da procura
iii) Distorção fiscal
iv) Fenómeno burocrático
Decisão Colectiva
No caso dos bens públicos, por exemplo, a
escolha da quantidade não pode diferir
entre os agentes.
Deverá ser escolhido um valor comum a
todos eles.
Esse valor dependerá da regra de decisão
colectiva a adoptar.
Decisão Colectiva
Método da Pluralidade: Vence o candidato com
maior número de votos (maioria simples).

Método de eliminação run-off simples: são


eliminados todos os candidatos excepto os dois
com mais votos. Estes disputam a final.

Método run-off sequencial: Faz-se a contagem


dos votos e elimina-se quem tiver o menor número.
Repete-se o processo até se obter o candidato
vencedor
Decisão Colectiva
Método de Borda: Para uma eleição
de n candidatos, cada um recebe pontos conforme
o grau de preferência. 1ª preferência tem n-1
pontos, 2ª preferência tem n-2 pontos (…) Última
preferência tem 0 pontos. Vence quem tiver o maior
número de pontos.

Método de Condorcet: É feita uma eleição entre


cada par de candidatos. Se um candidato vence
todos os outros no confronto directo, é o vencedor.
Decisão Colectiva
Exemplo da aplicação de diferentes
regras de decisão colectiva
55 votantes em divididos em 6 grupos com as seguintes
preferências pelas alternativas: A, B, C, D, E

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6


Nº de
18 12 10 9 4 2
membros
1ª escolha A B C D E E
2ª escolha D E B C B C
3ª escolha E D E E D D
4ª escolha C C D B C B
5ª escolha B A A A A A
Decisão Colectiva

• Método da pluralidade: vence A


• Método de Condorcet: vence E
• Método de eliminação run-off simples: vence B
• Método run-off sequencial: vence C
• Método de Borda: vence D

Contagem de Borda
Dependendo da regra, A 72
B 101
qualquer alternativa pode C 107

vencer…
D 136
E 134
Decisão Colectiva
Preferências individuais: (notação)

≥ pelo menos tão bom como

Preferência fraca: x≥y


Indiferença: x≥y e y≥x
Preferência forte: x≥y e não y≥x
Decisão Colectiva
Admita-se a escolha de um indivíduo entre 3
alternativas, x, y e z. A sua ordenação de
preferências é compatível com o
pressuposto da racionalidade se se
verificar que são:
1) Preferências reflexivas. Para cada x: x
≥ x.
2) Preferências completas. Para qualquer
par x,y: ou x ≥ y, ou y ≥ x ou ambos.
Decisão Colectiva
3) Preferências transitivas. Se x ≥y e y ≥ z
então, x ≥ z.
4 ) Preferências contínuas. Se x é
preferido (fortemente) a y e z é uma
alternativa suficientemente próxima de x,
então z deve ser preferido fortemente a y.
Decisão Colectiva
Uma regra de decisão colectiva não é mais do que
uma função das decisões (preferências)
individuais que determina a alternativa vencedora.
Seja Ei a escolha de um decisor i entre duas
alternativas x e y. Ei toma valores -1, 0 ou 1 se
x<y, x=y e x>y, respectivamente.
Uma regra de decisão colectiva para n agentes
será:
E = f(E1, E2, ..., En)
Decisão Colectiva
A regra da maioria é a regra de decisão binária
(para escolha entre duas opções) mais utilizada.
Se E1+E2+...+En>0 então E=1
Se E1+E2+...+En=0 então E=0
Se E1+E2+...+En<0 então E=-1

Não confundir a regra da maioria com a regra da


pluralidade em que a opção com mais votos
vence, independentemente de estes serem mais
ou menos de metade dos votos. São equivalentes
se existirem apenas duas opções.
Decisão Colectiva
Quais as características da regra da maioria?
Teorema de May:
Numa eleição com dois candidatos a regra da
maioria é a única que é anónima, neutral,
monótona.

Por outras palavras, uma função E = f(E1, E2, ...,


En) verifica as seguintes propriedades se e só
se for a regra da maioria.
Decisão Colectiva
Teorema de May:

1) Anonimato: o valor de E depende apenas dos


valores Ei e não da sua distribuição. Se se
trocarem os votos de dois eleitores, o resultado
não se altera (os indivíduos são tratados de
forma idêntica).
Decisão Colectiva
Teorema de May:

2) Neutralidade: Todas as alternativas são


tratadas de igual forma. (Se tiverem a mesma
ordenação de preferências, levam ao mesmo
resultado). Se todos os eleitores alterarem o seu
voto, o resultado será alterado.
Decisão Colectiva
Teorema de May:

3) Monotonicidade: Se a decisão do grupo era 0


ou 1 e um votante altera a sua posição de -1
para 0 ou para 1 ou de 0 para 1, a decisão do
grupo passa a ser 1.
Por outras palavras, se um candidato que iria
vencer receber mais um voto (ou se o perdedor
receber menos um voto), o vencedor mantém-
se.
Decisão Colectiva
Teorema do Votante Mediano (Black):
Se as preferências de todos os votantes forem
unimodais e se se exprimirem ao longo de uma
dimensão, então o ponto óptimo do votante
mediano é o vencedor de Condorcet.

Vencedor de Condorcet será a alternativa que


bate todas as outras quando votadas duas a
duas
Decisão Colectiva
Teorema do Votante Mediano (Black):

Preferências unimodais: Têm um único máximo


local.
Decisão Colectiva
Teorema do Votante Mediano (Black):
Votante mediano: o que divide ao meio os
óptimos individuais (devidamente ordenados).
No exemplo abaixo será o votante 3.

1 2 3

4
Decisão Colectiva
Apesar das suas propriedades, a regra da maioria
apresenta alguns problemas:

1) Pode gerar preferências colectivas


“irracionais”.
2) Os resultados podem ser dependentes da
votação ser feita em separado ou em conjunto.
3) Pode conduzir a resultados ineficientes do
ponto de vista económico.
Decisão Colectiva
1) Nem sempre é possível agregar as
preferências dos votantes de forma coerente.

No caso abaixo, C será um vencedor de


Condorcet.
Vencedor de Condorcet
1 2 3
1ª escolha A B C
2ª escolha C C A
3ª escolha B A B
Decisão Colectiva
Mas, neste caso:
Paradoxo de Condorcet
1 2 3
1ª escolha A B C
2ª escolha B C A
3ª escolha C A B

Comparando A com B: A vence (votantes 1+3)


Comparando B com C: B vence (votantes 2+3)
Comparando A com C: C vence (votantes 2+3)
A vence B e B vence C. Porém C vence A!
Decisão Colectiva
Este fenómeno é conhecido como maioria cíclica:
A>B e B>C e C>A
ou
A>B>C>A
É por vezes apresentado como uma forma de
irracionalidade colectiva: as preferências
colectivas não são transitivas.
Não se aplica aqui o resultado do votante
mediano: porquê?
Decisão Colectiva
votante 3
votante 1

votante 2

A B C

Neste caso as preferências não são unimodais,


(qualquer que seja a ordenação das opções).
Decisão Colectiva
2) O resultado depende de a votação ser em
separado ou em conjunto:
Considere-se a votação pela escolha das alternativas A, B,
C, D, E, F com os seguintes benefícios líquidos para os
votantes 1, 2 e 3:
Votação 1
1 2 3
A 1000€ 1000€ 1000€
B 2000€ 2000€ -4000€

A alternativa B vence com dois votos a favor (votantes 1+2)


e um contra (votante 3)
Decisão Colectiva
Votação 2
1 2 3
C 1000€ 1000€ 1000€
D 2000€ -4000€ 2000€

A alternativa D vence com dois votos a favor (votantes 1+3)


e um contra (votante 2)

Votação 3
1 2 3
E 1000€ 1000€ 1000€
F -4000€ 2000€ 2000€

A alternativa F vence com dois votos a favor (votantes 2+3)


e um contra (votante 1)
Decisão Colectiva
Separadamente, A, C e E são preteridos em
relação a B, D e F. Mas como um “pacote”
são escolhidos por unanimidade:
Votação conjunta
1 2 3
A+C+E 3000€ 3000€ 3000€
B+D+F 0 0 0

(admitiu-se que o benefício liquido do conjunto das


medidas é a soma dos benefícios líquidos de cada uma
delas)
Decisão Colectiva
3) A escolha através da regra da maioria, mesmo
que coerente, não garante a eficiência do
resultado.
Considere-se a decisão de aprovar ou não um
projecto com os seguintes benefícios e custos
para 5 votantes:
Benefícios difusos e custos concentrados
1 2 3 4 5
Benefícios 10 10 10 10 10
Custos 30 30 0 0 0
Benefícios - Custos -20 -20 10 10 10
Decisão Colectiva
Ou, em alternativa:
Benefícios concentrados e custos difusos
1 2 3 4 5
Benefícios 0 0 7 7 7
Custos 5 5 5 5 5
Benefícios - Custos -5 -5 2 2 2

Globalmente, os projectos têm maiores custos que


benefícios, mas são ambos aprovados.
Isto decorre da “desuniformidade” na intensidade com que
se avalia o projecto. A regra “um homem - um voto”
pode funcionar mal neste caso devido à uniformidade
dos pesos dos votos.
Decisão Colectiva
Será que a troca estratégica de votos (logrolling)
resolve este problema?
Troca eficiente
Votante Votante Votante Total
1 2 3
Projecto A -2 5 -2 1
Projecto B -2 -2 5 1

Os votantes 2 e 3 podem combinar votar


favoravelmente ambos os projectos, ganhando
com isso e levando à aprovação de dois
projectos eficientes (que caso contrário não
seriam aprovados).
Decisão Colectiva
Mas…
Troca ineficiente
Votante Votante Votante Total
1 2 3
Projecto A -2 3 -2 -1
Projecto B -2 -2 3 -1

Os votantes 2 e 3 podem combinar votar


favoravelmente ambos os projectos, ganhando
com isso e levando, neste caso, à aprovação
de projectos ineficientes.
Decisão Colectiva
Outras regras.
Paradoxo de Borda
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
(1 votante) (7 votantes) (7 votantes) (6 votantes)

1ª escolha A A B C
2ª escolha B C C B
3ª escolha C B A A

De acordo com o sistema plural vence A, mas


perderia quando comparado aos pares com os
restantes candidatos: seria eleito um perdedor
de Condorcet...
Decisão Colectiva
Para resolver o paradoxo, Borda propôs um
sistema: a contagem de Borda dá a cada
eleitor a possibilidade de atribuir uma
pontuação a cada candidato.
Por exemplo, havendo três candidatos, cada
eleitor daria dois pontos ao seu candidato
preferido, um ponto à sua segunda
preferência e zero ao restante.
A escolha recairia sobre o candidato mais
pontuado. Mas...
Decisão Colectiva

Considerem-se quatro votantes (1, 2, 3, 4), quatro


alternativas (A, B, C, D) e o seguinte ranking de
preferências:

Contagem de Borda
1 2 3 4
1ª escolha A D D B
2ª escolha B A A C
3ª escolha D C B A
4ª escolha C B C D
Decisão Colectiva
Contagem de Borda
1 2 3 4 Total
A 3 2 2 1 8
B 2 0 1 3 6
C 0 1 0 2 3
D 1 3 3 0 7

A alternativa A é a preferida por esta regra de


decisão colectiva, quando comparada com as
alternativas B, C e D.
O que sucederia se se eliminasse uma destas
opções?
Decisão Colectiva
Ao eliminar a alternativa B, mantendo-se o
restante ranking de preferências:
Contagem de Borda
1 2 3 4 Total
A 2 1 1 1 5

C 0 0 0 2 2
D 1 2 2 0 5

A alternativa A já não é a preferida! Passa a haver


indiferença entre a A e D apesar da ordenação
das preferências entre estas duas opções se ter
mantido...
Decisão Colectiva
Não se verifica a propriedade chamada de
independência das alternativas irrelevantes.
A introdução/remoção de uma alternativa afecta a
ordenação colectiva em relação às demais
apesar de a ordenação individual se manter.

Por outras palavras, esta propriedade significa que


a preferência colectiva entre A e B só deve
depender da forma como os votantes ordenam
estas opções e não da forma como ordenam
outras alternativas.
Decisão Colectiva
Além disso, no exemplo abaixo, a contagem de Borda
elege C quando A é vencedor de Condorcet (não
satisfaz o critério de Condorcet)
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
(51 votantes) (5 votantes) (23 votantes) (21 votantes)
1ª escolha A C B D
2ª escolha C B C C
3ª escolha B D D B
4ª escolha D A A A

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Total


A 3 0 0 0 153
B 1 2 3 1 151
C 2 3 2 2 220
D 0 1 1 3 91
Decisão Colectiva
Por estes exemplos, a pluralidade, regra da
maioria, contagem de Borda, e a eleição em
duas voltas (ver exercícios) apresentam alguns
problemas.

Haverá algum sistema de agregação de


preferências que cumpra propriedades
razoáveis?

Quais seriam essas propriedades?


Decisão Colectiva
1. Domínio ilimitado: Qualquer ordenação de
preferências individuais é admissível e deveria resultar
numa ordenação única e completa das escolhas da
sociedade.
2. Independência das alternativas irrelevantes: se
o mecanismo prefere X a Y, a eliminação de uma
alternativa Z não deve modificar essa preferência.
3. Transitividade: se o mecanismo preferir X a Y e Y a
Z então deverá preferir X a Z.
Decisão Colectiva
4. Não ditadura: não pode simplesmente “copiar” as
preferências de um elemento se os demais se
opuserem.
5. Postulado de Pareto: se um indivíduo preferir X a Y
e ninguém se opuser o mecanismo deverá preferir X a
Y.

O teorema da impossibilidade de Arrow diz que


não é possível encontrar um mecanismo de
escolha colectiva que cumpra estas condições,
para todas as ordenações.
Decisão Colectiva
Logo, não há forma “perfeita” de tomar decisões
colectivas. Não há forma perfeita de agregar
preferências individuais numa preferência
social.
Para termos uma forma de agregar preferências
individuais numa preferência social teremos de
abdicar de uma das propriedades acima.
Decisão Colectiva
Por outras palavras, se pretendemos um
mecanismo que cumpra a transitividade,
independência de alternativas irrelevantes,
verifique o postulado de Pareto e aceite
qualquer ordenação de preferências
individuais, teremos de aceitar uma ditadura...
(o ranking da sociedade é igual ao de um
indivíduo)
Economia Pública
1.5 Provisão pública e decisão colectiva

Falhas do Estado:

Regras de decisão colectiva


Revelação da procura
Distorção fiscal
Fenómeno burocrático
Revelação da procura
Imposto de Lindahl: Hipótese: n individuos iguais
Se um deles revelar, por exemplo,
P uma procura nula por um bem
D(n) público, a quantidade produzida
D(n-1) será menor, mas esse indivíduo
pagará menos por cada unidade.
Neste caso benefícia claramente.
Cmg

D(1)

t=Cmg/n

g*(n-1) g*(n) g
Revelação da procura
Imposto de Clarke:

Este mecanismo pretende incentivar os indivíduos


a revelarem as suas preferências (quanto ao
bem público).
Ideia:
Não depender da valorização revelada para evitar
subvalorizações.
Depender do custo que se impõe aos restantes
para evitar sobrevalorizações.
Revelação da procura
Imposto de Clarke:
1º Passo: Perguntar a cada indivíduo a
disponibilidade a pagar por diferentes opções.
2º Passo: Para cada indivíduo, atribuir 0 “votos” à
opção menos valorizada e a cada uma das
restantes a diferença entre o valor revelado e o
valor da opção menos valorizada.
3º Passo: Determinar a opção vencedora e os
votantes decisivos (aqueles cuja disponibilidade
a pagar altera o resultado)
Revelação da procura
Imposto de Clarke:
4º Passo: Para cada votante decisivo calcular o
imposto de Clarke: custo líquido do seu voto
decisivo sobre os restantes membros.

Exemplo:
Dois projectos, A e B, e seis votantes, 1 a 6.
Por exemplo, A e B podem ser, respectivamente,
produzir e não produzir um bem público, dada
uma regra de divisão do seu custo pelos 6
votantes.
Revelação da procura
Imposto de Clarke:
Verdadeiras preferências:
Votante Opção A Opção B Imposto Ganho
líquido

1 20 0 0 0
2 0 60 40 20
3 0 40 20 20
4 0 10 0 10
5 30 0 0 0
6 40 0 0 0
Soma 90 110 60 50
Revelação da procura
Vamos analisar se os diferentes tipos de votante
têm algum incentivo em revelar outro valor.

Votante 1: perdedor

Votante 2: vencedor decisivo

Votante 4: vencedor não decisivo


Revelação da procura
Imposto de Clarke:
Votante 1: Subvalorizar: sem efeito
Sobrevalorizar: +21 (torna-se decisivo)
Eleitores Opção A Opção B Imposto Ganho
líquido

1 20+21 0 40 -20
2 0 60
3 0 40
4 0 10
5 30 0
6 40 0
Soma 111 110
Revelação da procura
Imposto de Clarke:
Votante 2: Subvalorizar: -21 (inverte decisão)
Sobrevalorizar: sem efeito
Eleitores Opção A Opção B Imposto Ganho
líquido

1 20 0
2 0 60-21 0 0
3 0 40
4 0 10
5 30 0
6 40 0
Soma 90 89
Revelação da procura
Imposto de Clarke:
Votante 4: Subvalorizar: Corre o risco de inverter a
decisão e de ter de pagar imposto, ficando com
payoff nulo ou negativo.
Sobrevalorizar: sem efeito

Conclui-se que, dado que os outros eleitores


revelam a verdade acerca das suas
preferências, cada um não ganha nada em não
o fazer...
Revelação da procura
Mas...
Não é à prova de comportamento estratégico
(conluio entre dois agentes, 1 e 6)
Eleitores Opção A Opção B Imposto Ganho
líquido

1 20+79 0 0 20
2 0 60 0 0
3 0 40 0 0
4 0 10 0 0
5 30 0 0 30
6 40+59 0 0 40
Soma 228 110 0 90
Revelação da procura
O valor cobrado aos indivíduos não pode ser
posteriormente devolvido mesmo na
eventualidade de se verificar um excedente. Tal
devolução implicaria incentivos em deturpar as
preferências.
Economia Pública
1.5 Provisão pública e decisão colectiva

Falhas do Estado:

Regras de decisão colectiva


Revelação da procura
Distorção fiscal
Fenómeno burocrático
Distorção fiscal
A cobrança de impostos acarreta normalmente um
custo de eficiência.

A carga excedentária mede a perda de bem estar


decorrente do uso de um imposto distorcionário
(um imposto que distorce os preços relativos na
presença de substituibilidade).

Depende da elasticidade da procura e oferta e da


magnitude do imposto.
Distorção fiscal
Ilustração de imposição de imposto unitário
(T): efeitos sobre o bem-estar
P Excedente do consumidor

Excedente do produtor
S(Pv)

Receita do Estado (T*Q)


PC
T P0
PV Perda social ou
carga excedentária
D(PC)
Q1 Q0
D’(PV)

145
Distorção fiscal
Ilustração de imposição de imposto unitário
(T): efeitos sobre o bem-estar com procura
muito rígida

S(Pv)

Perda social ou
PC
T P0 carga excedentária
PV
D(PC)

Q1 Q0
D’(PV)
146
Distorção fiscal
Como varia a carga excedentária (CE) com a
receita fiscal (RF) para diferentes valores de T?

T RF CE

1 1x1400= 50
1400
3 3x1200= 450
3600
5 5x1000= 1250
5000
7 7x800= 2450
5600
Distorção fiscal
Como varia a carga excedentária (CE) com a
receita fiscal (RF) para diferentes valores de T?

Carga Excedentária T RF CE
3000
1 1x1400= 50
2500 1400
2000 3 3x1200= 450
3600
1500
5 5x1000= 1250
1000 5000
500 7 7x800= 2450
0
5600
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Distorção fiscal
No caso de bens públicos é necessário adaptar a
condição de Samuleson (DA+DB=Cmg) para
reflectir o custo de eficiência associado à carga
excedentária.

DA+DB=  Cmg

Com >1 na ausência de distorções iniciais ou


<1, por exemplo, no caso de impostos de Pigou.
Economia Pública
1.5 Provisão pública e decisão colectiva

Falhas do Estado:

Regras de decisão colectiva


Revelação da procura
Distorção fiscal
Fenómeno burocrático
Fenómeno burocrático
Ao analisar os bens públicos considerámos até
aqui a sua provisão pública. Focaremos agora
na produção pública dos mesmos
Burocrata: “monopolista” que chefia o
departamento público. Qual o seu contributo
para a eficiência dos resultados?
Comunidade de n indivíduos, incluindo um
burocrata. O bem público g é obtido com a
utilização de recursos x: g=f(x).
O burocrata usa x para produzir g mas retira
utilidade de ambos: U(g,x)
Fenómeno burocrático
Cmg/n: custos unitários de x
divididos igualmente pelos n
Db agentes. A procura do
burocrata por estes recursos,
Db, é superior à do “cidadão
D
comum”, D.

Cmg/n

x* xb x

Expansão da provisão pública além do ponto eficiente


Economia Pública
1.6 Redistribuição
Redistribuição voluntária e coerciva: Se a utilidade
individual contém um elemento de altruísmo, a FPU tem
o seguinte aspecto.
De Z para W: redistribuição
W
UB
FPU voluntária.
Z De W para X: redistribuição
X
coerciva (incide sobre o
segmento negativamente
inclinado da FPU)

UA
Redistribuição
Principais critérios redistributivos:

i) Dotação de factores
ii) Utilitarismo
iii) Rawls

Trade-off entre redistribuição e eficiência


Redistribuição

Iremos aplicar estes 3 critérios ao caso de:

2 agentes, A e B, com utilidades UA e UB,


obtidas a partir do rendimento.

2 factores produtivos, capital (K) e trabalho


(L), com preços unitários r e w.

Cada agente possui uma dotação inicial de


trabalho e capital.
Redistribuição

K
Rectas de igual rendimento:

A+B
+1
-w/r
Dotação de K de B A

Dotação de K de A
L
Dotação de L de A Dotação de L de B
Redistribuição
Repartição pessoal do
rendimento:
Fracção de rendimento de A: n/q
Fracção de Rendimento de A com
redistribuição de K: m/q a p/q
Rectas de igual
K rendimento: Repartição funcional do
rendimento:
Remuneração do trabalho: o/q
Remuneração do capital: 1-o/q
A+B
+1
-w/r
A

m n o p q L
Redistribuição
i) Dotação de factores

Defende a distribuição que decorre do livre


funcionamento do mercado.
A distribuição depende:
- da dotação de factores
- da remuneração dos factores
Redistribuição
Variantes:
Distribuição depende do mercado, mesmo
não concorrencial. Estado assegura
direitos de propriedade e cumprimento
de contratos.
Distribuição depende do mercado em
concorrência perfeita. Estado assegura
direitos de propriedade e cumprimento
de contratos e concorrência nos
mercados.
Redistribuição
Variantes:
Distribuição depende do mercado, apenas
no que diz respeito ao trabalho. Estado
redistribui stock de capital.
Distribuição depende do mercado com
igualdade de oportunidades à partida.
Redistribuição
ii) Utilitarismo

No caso anterior distribuiu-se a


produção/rendimento sem a
preocupação de saber como esta é
valorizada pelos indivíduos.

O critério utilitário introduz esta dimensão.


Os indivíduos retiram uma utilidade (ou
satisfação) da produção que lhes é
atribuída dada por Ui(yi).
Redistribuição
O utilitarismo defende que a produção deve
ser dividida de forma a maximizar a
soma de todas as utilidades:

U1(y1)+U2(y2)+...+Un(yn)

Admite a comparação de utilidades entre


indivíduos.
Leva à concentração da produção nos
individuos que maior utilidade retiram da
mesma.
Redistribuição
O que caracteriza o ponto
óptimo segundo este critério?
UB

A igualdade entre as utilidades


marginais.
Curvas de indiferença sociais
de acordo com o critério
utilitarista

UA
Redistribuição
Se as utilidades
subjectivas são iguais e
U se há utilidades
marginal
marginais
decrescentes, então
este critério leva a uma
distribuição igualitária
do rendimento ou
produção.

Porém, se isto não


acontecer, pode gerar
-1 +1
Rendimento
ou produção
grandes desigualdades.
Redistribuição
iii) Critério Rawlsiano:

Reconhece-se que a dificuldade em encontrar


uma distribuição justa resulta de os agentes
não serem imparciais.

A imparcialidade resulta de conhecerem a posição


que ocupam na sociedade e defenderem os
seus interesses próprios.

A única forma de ter juízos isentos seria a escolha


sem conhecer a sua posição: sob um véu de
ignorância (ou numa posição original)
Redistribuição
Além de definir o contexto em que a escolha seria
feita, Rawls antecipou o seu resultado:
UB

Curvas de indiferença sociais


de acordo com o critério de
Rawls (maximin)

UA
Redistribuição
Redistribuição e eficiência

A redistribuição efectuada através de impostos


cria distorções e perdas de eficiência na
economia.
Fronteira potencial ou hipotética
UB
Distribuição decorrente do
mercado

Fronteira efectiva

UA
Modelo Keynesiano
Modelo do multiplicador
Objectivo: determinação do nível do
rendimento numa economia (Y).
Etapas:
1º Economia fechada e sem estado
2º Inclusão do estado
3º Abertura ao exterior
Modelo Keynesiano
• Conceito central: Despesa agregada (AD)
Consiste na quantidade de bens e serviços
produzidos no país que os agentes econó-
micos desejam adquirir:
– Consumo: C=C+cY
– Investimento: I=I
– AD(Y) = C + I =C+cY + I
Modelo Keynesiano
AD

+c: propensão marginal a


+1 consumir: 0<c<1

C+I
termos
autónomos Y
Modelo Keynesiano
Qual será o rendimento de equilíbrio desta economia?

AD
45º
Acumulação de
stocks
(indesejada)

Desacumulação
de stocks
(indesejada)

Y1 Y2 Y3 Y
Modelo Keynesiano
Rendimento de equilíbrio: Y=AD(Y): É um
rendimento tal que gera uma despesa agregada
igual a ele próprio.
Fora do equilíbrio:
Y>AD(Y): Acumulação indesejada de stocks
Y<AD(Y): Desacumulação indesejada de stocks
Modelo Keynesiano
Como encontrar o rendimento de equilíbrio Y*?
Resolvendo a equação:
Y=AD(Y)=C+I
De onde se obtém:
Y*=(C+I)/(1-c)
Modelo Keynesiano
Quando se altera o rendimento de equilíbrio?
Se se alterar alguma termo autónomo da
despesa ou a propensão marginal a consumir.
Por exemplo:
DY* = DC/(1-c)
Se o consumo aumenta, o rendimento de
equilíbrio aumenta mais. Por cada unidade de
aumento no consumo autónomo, Y* aumenta
1/(1-c). A isto chama-se MULTIPLICADOR.
Modelo Keynesiano

Consumo
AD Y
Investimento

c
1-c

Poupança
Modelo Keynesiano
Efeitos de uma expansão no consumo autónomo:

AD
DC

Desacumulação
de stocks

DY*

Y* Y** Y
Modelo Keynesiano
Introdução do estado:
Inclui-se mais uma componente da despesa, G = G.
O consumo passa a depender do rendimento
disponível: C=C+cYd com Yd = Y – T e T = T + t Y
Assumimos que a função imposto tem dois termos:
um autónomo e outro induzido por uma taxa marginal
de imposto, t.
Y=AD(Y)=C+I+G

Y*=(C+I+G-cT)/(1-c(1-t))
Modelo Keynesiano
AD

+c(1-t)
+1

C+I+G-cT
C+I

Y
Modelo Keynesiano

Consumo
AD Y
Investimento
Gastos

c 1-t
1-c t
Poupança Impostos
Modelo Keynesiano
Partindo do equilíbrio (hip: t=0):
Y*=(C+I+G-cT)/(1-c)

O que acontece se o Estado aumentar os gastos


públicos e os impostos no mesmo montante DG=DT?

DY* = DG/(1-c)-cDT/(1-c)=DG
O rendimento aumenta porque parte dos impostos
vão reduzir não só o consumo mas também a
poupança.
Modelo Keynesiano
Abertura ao exterior:
Inclui-se mais uma componente da despesa, X = X.

É necessário retirar do consumo, investimento e


despesa pública as componentes importadas,
M=M+mY.

Y=AD(Y)=C+I+G+X-M

Y*=(C+I+G-cT+X-M)/(1-c(1-t)+m)
Modelo Keynesiano
AD

+c(1-t)-m
C+I+G-cT+X-M +1

C+I+G-cT
C+I

Y
Modelo Keynesiano

Consumo
AD Y
Investimento
Gastos
Export. Liq.

Poupança Impostos Importações


Modelo Keynesiano
Observações:
A função poupança é definida como S = Yd – C = Yd -
C-cYd em que s=1-c é a propensão marginal a
poupar.
t, m e s são estabilizadores automáticos porque
reduzem o multiplicador.
Qual a diferença?
Condição de eqº: Y=AD(Y)=C+I+G+X-M
Identidade Contabilística: PIBpm=C+I+G+X-M
Cálculo Financeiro
Só se podem somar valores monetários que se reportem
ao mesmo momento do tempo. Para isso deveremos
actualizar todos os valores ou capitaliza-los para um
momento futuro, antes de os comparar ou somar.
O valor actual de receber  daqui a um ano é  /(1+r) :
quanto seria necessário ter hoje para gerar  daqui a
um ano sabendo que a taxa de juro relevante é r.
Por exº: €1000 daqui a um ano tem o mesmo valor que €952,38 hoje
se a taxa de juro for 5% (porque 1,05x€952,38 = €1000)

Obs: Se precisar do valor hoje continua indiferente, pois pode


endividar-se dando os 1000 no futuro como garantia do
pagamento. Se precisar do valor no futuro, capitalizando os
€952,38 irá obter €1000.
A restrição orçamental do
Estado
No modelo anterior G denotou as despesas
do Estado em bens e serviços.
As despesas públicas totais, Gt+itBt-1,
incluem as despesas primárias, Gt, e os
juros da dívida pública, itBt-1.
Na expressão anterior it representa a taxa de
juro e Bt-1 o stock de dívida no final do período
anterior.
A restrição orçamental do
Estado
Para financiar as despesas públicas totais, o
Estado recorre a três grandes tipos de
receitas: Impostos, criação de moeda e
emissão de dívida pública.
Gt+itBt-1=Tt+∆H+ ∆B
com ∆H=Ht-Ht-1 e ∆B=Bt-Bt-1 designando
respectivamente a diferença entre o stock
final e inicial de moeda e de dívida. Esta é a
restrição orçamental de curto prazo.
A restrição orçamental do
Estado
Define-se saldo global (ou efectivo) à
diferença entre as receitas dos impostos e as
despesas públicas totais: Tt-Gt-iBt-1.
O défice global será Gt +iBt-1-Tt.
O saldo primário (ou excedente primário) é
dado por Tt-Gt.
O défice primário é dado por Gt-Tt.
A restrição orçamental do
Estado
Da restrição de curto prazo
Gt+itBt-1=Tt+∆H+ ∆B decorre que:
i) Quando se altera um dos 4 instrumentos,
pelo menos outro tem de se alterar. Como os
efeitos são diferentes consoante aquele que
se altera, é necessária uma especificação
completa de uma intervenção.
ii) Há, no máximo, liberdade para fixar 3
instrumentos. O 4º é fixado automaticamente.
A restrição orçamental do
Estado
Considere-se o caso de dois períodos, sem
emissão de moeda, dívida inicial e final.
G1-T1=B1
G2+(1+i)B1=T2
Substituindo a primeira expressão na
segunda obtemos:
G2+(1+i)(G1-T1)=T2
G1+G2/(1+i)=T1+T2/(1+i)
A restrição orçamental do
Estado
Esta é a restrição orçamental intertemporal
ou de longo prazo:
G1+G2/(1+i)=T1+T2/(1+i)
Se considerarmos mais períodos e dívida
inicial e final:
B0+G1/(1+i) +G2 /(1+i)2 +...=T1/(1+i) +T2 /(1+i)2
+...+ Bn/(1+i)n
A restrição orçamental do
Estado
Exemplo: 4 formas alternativas de financiar
G1=100 e G2=100, com juro de 5% (2
períodos)

Opção T1 B1 T2 VA (T1 + T2)


1 0 100 100+105 195,24
2 100 0 100+0 195,24
3 50 50 100+52,5 195,24
4 80 20 100+21 195,24
A restrição orçamental do
Estado
Equivalência Ricardiana:
A dívida pública não é mais do que impostos
diferidos para o futuro. O contribuinte
Ricardiano considera irrelevante a forma
como a despesa pública é financiada.
O impacto sobre a procura de financiar a
despesa com impostos ou dívida é o mesmo.
A restrição orçamental do
Estado
Equivalência Ricardiana:
O contribuinte Ricardiano:
i) tem expectativas racionais
ii) não tem restrições de liquidez
iii) preocupa-se com as gerações
futuras
iv) A taxa de juro activa e passiva é
igual.
A restrição orçamental do
Estado
Análise do saldo orçamental:
A. Perspectiva microeconómica:
1. Peso do Estado
2. Suavização Fiscal
3. Equidade intertemporal
4. Mobilidade Espacial de Factores
A restrição orçamental do
Estado
1. Peso do Estado
Como medir o peso do Estado na economia?
Pressão fiscal: Tt/Yt
Dia livre de impostos: 13 de Maio de
2010, 4 de Junho de 2013, 6 Junho 2014
A restrição orçamental do
Estado
- Salário bruto real anual: 21 766 euros
- Segurança social do empregador: 4 177 euros
- Salário bruto anual: 17 589 euros
- Carga fiscal: 2 057 euros
- Segurança social do trabalhador: 1 935 euros
- Salário líquido anual livre de impostos: 13 597 euros
- Estimativa de gastos com IVA (23%): 1 016 euros
- Salário líquido de impostos: 12 580 euros
- Carga fiscal: 42,2%

Fonte: estudo “O fardo fiscal dos trabalhadores médios na Europa a 27”


A restrição orçamental do
Estado
Gt+itBt-1=Tt+∆H+ ∆B
Do lado direito temos Tributação convencional
+ Tributação implícita pois:
Moeda = Imposto da inflação
Dívida = Impostos futuros
“Os verdadeiros impostos, afinal, são as
despesas”. (Gt+itBt-1)/Yt mede de forma mais
adequada o peso do Estado na economia.
A restrição orçamental do
Estado
A restrição orçamental do
Estado
Porém, o diferimento dos impostos e a menor
percepção dos mesmos pode criar uma ilusão
ou anestesia fiscal.
Esta percepção pode levar os agentes as
solicitar uma quantidade acrescida do sector
público (promovendo a ineficiência).
Pelos mesmos motivos há vantagens políticas
em utilizar a tributação implicita.
A restrição orçamental do
Estado
2. Suavização fiscal
Recorrer ao défice
pode ter um efeito
positivo na economia, 3000
Carga Excedentária
pois pode evitar-se 2500

uma carga 2000

excedentária elevada 1500

ao distribuir a carga 1000

fiscal por um maior 500

número de bases. 0
0 1000 2000 3000 4000 5000 60
A restrição orçamental do
Estado
3. Equidade intertemporal. As despesas e
receitas do estado podem dividir-se em:
Despesas Correntes, são as que o Estado faz em
bens consumíveis; as Despesas de Capital, são as
realizadas em bens duradouros e no reembolso de
empréstimos.

i) despesas correntes: proporcionam


benefícios no próprio período
ii) despesas de capital: proporcionam
benefícios nos períodos futuros.
A restrição orçamental do
Estado
Receitas Correntes, são as que provêm do
rendimento do próprio período; as Receitas de
Capital, são as que resultam de empréstimos.

iii) receitas correntes: representam uma


diminuição de benefícios que ocorreriam no
próprio período.
iv) receitas de capital: as que diminuem
benefícios futuros.
A restrição orçamental do
Estado
OGE 2010 / 2011 / 2012 / 2017 (mil milhões de
euros):

Total das receitas correntes: 34 / 37 / 38 / 45


Total das receitas de capital: 119 / 141 / 150 / 95

Total das despesas correntes: 47 / 46 / 44 / 50


160
Total das despesas de capital: 106 / 132 /144 / 90
140

120
Total geral: 153 / 178 / 188 /141
100
Capital
80 Correntes
60

40

20

0
Receitas Despesas
A restrição orçamental do
Estado
Gc+Gk= Rc+Rk ou Gc-Rc= Rk-Gk
Se o orçamento corrente é deficitário, o de
capital será superavitário e vice-versa. Se as
receitas de capital excedem as despesas de
capital há uma transferência de benefícios do
futuro para o presente.
O equilíbrio do orçamento corrente (regra de
ouro orçamental) garante a neutralidade em
termos redistributivos.
O equilíbrio do orçamento global (violando a
A restrição orçamental do
Estado
Críticas à regra de ouro:
- Difícil distinção entre algumas despesas
correntes e de capital.
- Dificil suavizar o consumo público (despesas
correntes) na presença de ciclos económicos
que fazem oscilar os impostos (receitas
correntes). A regra de ouro poder-se-ia aplicar
em média ao longo do ciclo.
A restrição orçamental do
Estado
4. Mobilidade Espacial de Factores
(economias abertas)
Há um perigo adicional associado a défices
que violem a regra de ouro.
Quando uma despesa corrente é financiada
por dívida ocorre um resíduo fiscal positivo:
excesso de benefícios em relação aos custos.
No futuro seguir-se-á um resíduo negativo
(impostos para pagar a dívida: receitas
correntes a financiar despesas de capital).
A restrição orçamental do
Estado
Consequência: Influxo de factores no
presente e emigração no futuro para tirar
proveito dos resíduos positivos evitando os
negativos.
A emigração futura poderá por em causa a
solvabilidade da dívida.
A restrição orçamental do
Estado
Análise do saldo orçamental:
B. Perspectiva macroeconómica:
O deficit é muitas vezes apresentado como
indicador do impulso dado à economia. Um
deficit significaria que o Estado está a injectar
mais fundos na economia do que a retirar.
Porém, esta interpretação não está
necessariamente correcta.
A restrição orçamental do
Estado
1. Tributação implicita e equivalência
Ricardiana
2. Multiplicadores diferenciados
3. Endogeneidade do saldo/défice
A restrição orçamental do
Estado
1. Tributação implicita e equivalência
Ricardiana
Se os agentes forem Ricardianos antecipam
que um deficit presente corresponderá a
impostos futuros e deverão contrair a
despesa no presente para fazer face aos
pagamentos futuros (tal como se os
impostos fossem aumentados no
presente).
A restrição orçamental do
Estado
2. Multiplicadores diferenciados
- Os gastos públicos têm um efeito directo
sobre a despesa agregada.
-Os impostos têm um efeito indirecto, através
do rendimento disponível que reduz consumo
e poupança
Para variações do mesmo montante, os
gastos terão, em valor absoluto, um maior
impacto sobre o produto do que o impostos.
A restrição orçamental do
Estado
2. Multiplicadores diferenciados
Nesta área, o
Variação de G defice diminui
embora as
políticas tenham
um efeito
100 expansionista
Recomenda-se
80 aqui o uso do
saldo ponderado.

100 Variação de T
A restrição orçamental do
Estado
3. Endogeneidade do saldo/défice
O defice pode
G, T T(Y) agravar-se (ou
reduzir-se) mesmo
G na ausência de
qualquer tipo de
intervenção
deliberada.

Ciclos económicos Y

Crescimento económico
A restrição orçamental do
Estado
3. Endogeneidade do saldo/défice O defice não se
altera, apesar de
G, T T(Y) uma política
delibrada de
aumento dos
G
gastos (se, por
exemplo,
aumentar ao
mesmo tempo o
consumo ou
Y investimento)
A restrição orçamental do
Estado
3. Endogeneidade do saldo/défice
Para superar este problema avalia-se o saldo
num valor fixo para as variáveis endógenas.
Por exemplo, fixa-se o produto no nível de
pleno emprego – saldo estrutural ou de
pleno emprego ou ao nível do ano anterior –
saldo estandardizado.
SAL = SALn+SALc
A restrição orçamental do
Estado
Saldo e sustentabilidade dinâmica
O grau de endividamento de um país é
geralmente medido pelo peso da dívida
pública no PIB:  = B/Y.
A restrição orçamental do
Estado
De que depende a evolução deste indicador?
Bt=Bt-1+itBt-1 +Gt-Tt
Bt/Yt=(1+it)Bt-1/Yt +(Gt-Tt)/Yt
t -  t-1 = (it-y)/(1+y)  t-1 +(Gt-Tt)/Yt
Se o produto crescer a uma taxa superior à
taxa de juro é possível ter defices primários
sem que o peso da dívida no produto se
agrave.
Regras ou poder discricionário

Poder discricionário: o Estado tem total


liberdade para escolher os instrumentos que
usa em cada momento.
Aparentemente, um regime com esta
flexibilidade permite reproduzir o resultado
que se obteria com a utilização de regras, em
que a flexibilidade só existe quando estas são
escolhidas. Além disso, permite reagir a
acontecimentos inesperados.
Qual a razão de se optar pelo uso de regras?
Regras ou poder discricionário

O constitucionalismo económico examina


as razões pelas quais regras podem ser
preferidas ao uso do poder discricionário.
1. Inconsistência dos planos óptimos
2. Incerteza quanto ao modelo relevante
3. Incerteza e redistribuição
4. Distorções políticas
Regras ou poder discricionário

1. Inconsistência dos planos óptimos


Surge quando uma decisão do Estado
considerada óptima em t=0 deixa de ser
óptima em t=1 (sem que tenha surgido algum
acontecimento inesperado).

Anúncio das Decisão dos Implementação


medidas privados das medidas
Regras ou poder discricionário
Teoria dos Jogos: Jogos na forma extensiva: Representam-se na forma
extensiva jogos em que a escolha das estratégias não é simultânea.
1

D Backward Induction:
E

2 2

e d e d

Jogador 1: 14 2 1 3
Jogador 2: 7 10 0 1
Regras ou poder discricionário

Exemplo: Tributação
Timing:
1º Escolha e anúncio pelo Governo do
plano fiscal de tributação sobre K e L.
2º Escolha de K e L pelos privados
3º Aplicação do plano fiscal
Outros exemplos: Regulação/patentes,
emissão de DP.
Regras ou poder discricionário

2. Incerteza quanto ao modelo relevante


Hipóteses: O instrumento X actua sobre a
variável Y de acordo com Y=mX. Porém, “m”
pode ser desconhecido.
O objectivo é tornar Y o mais próximo
possível de Y*.
Regras ou poder discricionário

Se se conhece m: X*=Y*/m
Se há incerteza quanto a m: m+e ou m-e
reduzir X permite ficar, em média mais
próximo de Y*
Exemplo: Alvo: Y=1000, m=4, X*=250
Se e=1 teremos m=3 ou m=5
X*=250: Y=750 ou Y=1250
X*=249: Y=747 ou Y=1245
Regras ou poder discricionário
Quanto maior a incerteza
X
menor o valor óptimo a fixar
X* para o instrumento X. Se se
limitarem as possibilidades
X**
de intervenção é possível
que o bem-estar seja
Y superior. Tal poderia ser
interpretado como uma
limitação ao poder
discricionário.

Y* Y
Regras ou poder discricionário
3. As regras permitem reduzir custos de
conflitualidade ao remeterem para data futura
os efeitos de uma decisão política. O “véu da
ignorância” e a incerteza permitem atenuar os
efeitos da mesma.
4. As regras permitem limitar comportamentos
negativos para os interesses da comunidade
quando estes não estão alinhados com os
dos agentes do Estado (ciclos eleitorais).
5. Facilitam a compreensão das expectativas
dos agentes.

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