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AMBIENTAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com muita alegria que me dirijo a você durante este nosso estudo!
Meu nome é Heloísa Alva Cortez Gonçalves e elaborei para você este material de ma-
neira sistematizada e de fácil entendimento, para contribuir com sua formação nesta
importantíssima matéria de Legislação Ambiental.
Até pouco tempo, o estudo do Meio Ambiente e da Legislação Ambiental não recebia
muita atenção, porém, após os graves sinais de uma crise ecológica, este cenário mudou.
No mesmo sentido, no Brasil, foi necessária uma atualização na legislação, criticada por
alguns e aclamada por outros. Institui-se o chamado novo Código Florestal; a Lei 12.651
de 25.05.2012, revogando a Lei anterior (n. 4.771/1965). Este novo código é um dos di-
plomas legais mais polêmicos dos últimos anos, o que provocou uma mobilização da
sociedade e de setores econômicos. As entidades ambientalistas eram contrárias ao
novo Código Florestal de 2012, alegando que o mesmo promovia uma flexibilização na
proteção das áreas florestais, o que implicaria riscos à proteção ambiental. Já o setor do
agronegócio defendia uma nova configuração que não implicasse restrições à atividade
econômica.
Assim, nota-se que, um dos pontos que devem ser discutidos neste livro é o novo códi-
go florestal, já que, ao gestor ambiental, é necessário conhecer a legislação a fim de não
feri-la.
Sabemos que o Direito Ambiental tem um leque abrangente a ser abordado, porém
nossa intenção neste livro é apresentar os pontos mais importantes ao gestor ambien-
tal, apresentando-o ao universo jurídico a fim de familiarizá-lo com o tema. Por estas
razões, fizemos uma seleção de alguns pontos com observações práticas e dicas esque-
matizadas. No universo jurídico, atualizações nas leis são observadas constantemente,
por isso, sugerimos que consulte a legislação constantemente, a fim de não basear-se
em uma lei que já não esteja mais em vigor (revogada).
Tratamos assim de uma disciplina complexa, pois vai além da racionalidade jurídica, exi-
gindo uma visão transdisciplinar e um conhecimento interativo com várias áreas técni-
cas, de humanas e das sociológicas. Portanto, a fim de facilitar seu estudo, baseei este
livro em uma visão direta, sem exagero de linguagem e redundância na argumentação,
por isso inclui uma pequena introdução sobre a legislação e como e onde encontrá-la,
além de dicas de memorização, resumos esquemáticos, sínteses e algumas questões
práticas.
Para a elaboração deste livro, utilizei várias obras, sendo estas as mais indicadas recentes
e aclamadas do Direito Ambiental. Por serem fonte segura e didática no embasamento
desta obra, este ponto contribui para a qualidade de nosso material.
APRESENTAÇÃO
Bons estudos!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
35 Considerações Finais
44 Gabarito
UNIDADE II
47 Introdução
66 Zoneamento Ambiental
69 IBAMA
70 Considerações Finais
78 Gabarito
UNIDADE III
81 Introdução
86 Licenciamento Ambiental
89 Responsabilidade Ambiental
112 Gabarito
UNIDADE IV
115 Introdução
149 Gabarito
UNIDADE V
153 Introdução
186 Gabarito
184 REFERÊNCIAS
187 CONCLUSÃO
Professora Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
I
DIREITO AMBIENTAL
UNIDADE
BRASILEIRO E SEUS
ASPECTOS GERAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Localizar a Lei.
■■ Introduzir o(a) acadêmico(a) na disciplina do Direito Ambiental
e demonstrar sua importância, desmembrando-a desde seu
nascimento até a sociedade atual.
■■ Demonstrar a evolução do Direito Ambiental no Brasil e sua proteção
constitucional.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Direito Ambiental e desenvolvimento sustentável
■■ Conferências Internacionais para a proteção do Meio Ambiente
■■ Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988
■■ Sustentabilidade e Direito Ambiental Brasileiro
15
INTRODUÇÃO
Saber localizar uma lei, um artigo e seus desdobramentos é uma tarefa fácil para
os aplicadores do Direito. Porém, para quem nunca esteve em contato com esta
disciplina, é essencial demonstrar como estes se apresentam. É verdade que exis-
tem inúmeras leis, e um dos desafios para o leigo é saber se ainda estão valendo
ou não mais. Por estes motivos, apresentaremos a você onde encontrar a lei que
deseja e saber diferenciar seus desdobramentos, pois qualquer ação do gestor
ambiental deve estar pautada na Legislação. Também abordaremos sobre o meio
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como procurar e onde encontrar uma lei?
Importa citar que as normas infraconsti-
tucionais (que não são constitucionais) estão
separadas por assuntos. Assim, se queremos
©shutterstock
encontrar normas sobre Direito Ambiental,
nossa procura será na coletânea de Legislação Ambiental, e não no Código
Penal. Se você não tiver um código para consultar a legislação (é possível adqui-
rir obras completas com várias normas, como a Constituição Federal, o Código
Civil, Código Penal, dentre outros), a consulta pode ser feita no site do Planalto
por meio do Portal da Legislação.1
Mas, para facilitar a busca, sugiro a você que tenha sempre em mãos uma
coletânea de Legislação Ambiental. Lembre-se: tenha uma atualizada, pois evita
que você esteja consultando leis que não estão mais em validade.
Agora que você já sabe onde localizar a Lei, vamos falar sobre seus desdobramentos.
Você sabe como identificar a composição da Lei?
Vamos analisar brevemente a Lei n.º 9.433/1997 que trata sobre a Política
Nacional de Recursos Hídricos, pois vivemos períodos de crise no setor de abas-
tecimento de água.
Observe que a Lei 9.433/1997 tem em seu artigo 19 outras três disposições. Estas
se chamam INCISOS, pois estão representadas por números romanos.
Figura 1 - Composição da Norma
Composição da Norma
Artigos
É a unidade básica da lei. Toda lei tem, no mínimo, um artigo, e
eles constituem a forma mais prática de se localizar alguma
informação dentro da lei, por maior que ela seja.
Artigos
Parágrafos
É um desdobramento da norma de um determi-
nado artigo, podendo complementá-la, indicar
alguma exceção etc. é indicado pelo símbolo § e vem
seguido de um número.
Parágrafos
Incisos
É um desdobramento do artigo ou do
parágrafo, conforme o caso. São representados
Incisos por algarismos romanos. Um parágrafo
pode ser divido em incisos, mas um inciso
não pode se dividir em parágrafos.
Alíneas
Alíneas Representam o desdobramento dos
incisos ou dos parágrafos. São represen-
tadas por letras minúsculas, acompanha-
das de parênteses.
Fonte: a autora
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é
limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.
§ 3º (VETADO)
O homem tem uma tendência a achar que os recursos naturais são inesgo-
táveis, e com isso sua atividade predatória destrói cada dia mais as precio-
sidades do ecossistema. Vale lembrar que os famosos Jardins da Babilônia
(apesar das discussões sobre sua real existência) foram dizimados, e o para-
íso que se descrevia não existe mais. Justamente para assegurar a preserva-
ção do Meio Ambiente é que se mune de instrumentos o Direito Ambiental.
Sendo um dos mais recentes setores do Direito Moderno, com toda certeza
é um dos que tem sofrido as mais relevantes modificações, crescendo de
importância na ordem jurídica internacional e nacional. Como toda novida-
de, existem incompreensões e incongruências sobre o papel que ele deve
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Esta conferência originou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), que tem sede em Nairóbi, Quênia, com objetivo de promover a pro-
teção ao meio ambiente e o uso eficiente dos recursos naturais.
Após a conferência das nações unidas sobre meio ambiente humano em
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Rio 92, segundo Melo (2014), na verdade foi a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro e ficou
conhecida como a “Cúpula da Terra”. Participaram 179 países, e houve mais de
10.000 participantes. A importância da Rio 92 foi que esta originou a Declaração
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21, a Convenção
Quadro sobre Mudanças do Clima, a Convenção sobre Diversidade Biológica ou
da Biodiversidade e a Declaração de Princípios sobre Florestas. A Agenda 21 foi
um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis
em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental e
eficiência econômica. Neste documento se estabelecem diretrizes para a imple-
mentação do Desenvolvimento Sustentável.
IMPORTÂNCIA DA AGENDA 21
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONFERÊNCIA ANO/ LOCAL DOCUMENTO DECORRENTE
Conferência das Nações 1972/
Declaração de Estocolmo sobre o meio ambiente
Unidas sobre o Meio Estocolmo,
humano.
Ambiente Humano. Suécia.
Após 11 anos da realização da conferência de
Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, a ONU
criou a Comissão mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento (1983), que, após estudos,
Relatório Brundtland
apresentou o relatório Nosso Futuro Comum.
(Nosso Futuro 1987
Esse relatório definiu os contornos do conceito de
Comum)
desenvolvimento sustentável, como: “aquele que
atende as necessidades das gerações atuais sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações
terem suas próprias necessidades atendidas.”
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
Conferência do Rio Agenda 21.
1992/ Rio
de Janeiro sobre
de Janeiro, Convenção quadro sobre mudanças do clima.
Meio Ambiente e
Brasil. Convenção sobre Diversidade Biológica ou da
Desenvolvimento.
Biodiversidade.
Declaração de Princípios sobre Florestas.
Cúpula Mundial sobre 2002/ Declaração Política.
Desenvolvimento Joanesburgo,
Sustentável (Rio +10) África do Sul. Plano de Implementação.
Conferência das
2012/ Rio
Nações Unidas sobre
de Janeiro, O futuro que queremos.
Desenvolvimento
Brasil.
Sustentável (Rio +20)
Fonte: Melo, (2014, p. 28).
RIO+20
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em 1988. Dispõe sobre os direitos econômicos, sociais e culturais no sistema
interamericano de direitos humanos. Entre seus dispositivos está: contemplar
o direito a um meio ambiente sadio (art. 11).
Toda pessoa tem direito a viver em meio ambiente sadio e a contar com os
serviços públicos básicos. 2. Os Estados partes promoverão a proteção, preser-
vação e melhoramento do meio ambiente” (PROTOCOLO...on-line)7.
Para Guido Fernando Silva Soares (1995), a consciência da necessidade de
proteção do meio ambiente decorre:
a. Dos problemas advindos com o crescimento caótico das atividades
industriais.
b. Do consumismo desenfreado em âmbito local e mundial.
c. De uma filosofia imediatista pelo desenvolvimento a qualquer preço.
d. Da inexistência de uma preocupação inicial com as repercussões cau-
sadas ao meio ambiente pela atividade econômica.
e. Da assunção de que os recursos naturais seriam infinitos, inesgotáveis
e recicláveis por mecanismos automáticos incorporados à natureza –
Revolução Industrial.
MEIO AMBIENTE
MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE
NATURAL OU
ARTIFICIAL CULTURAL DO TRABALHO
FÍSICO
Corresponde ao espa-
ço urbano construído,
abrangendo conjunto
de edificações e equi-
pamentos públicos, Consiste nas
como ruas, avenidas, intervenções hu-
Corresponde à
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praças e espaços manas, com valor
Constitui-se qualidade do
livres em geral. Deste cultural. Abrange
pelo ar, atmosfe- ambiente em
aspecto deriva a ne- o patrimônio
ra, água, solo e que o traba-
cessidade de plane- histórico, artísti-
subsolo, fauna, lhador exerce
jamento e ordenação co, paisagístico,
flora e biodiver- a sua atividade
do território, avaliação ecológico, etc.
sidade. profissional. Art.
do processo de urba- Veja art. 216 da
200, II e VIII CF.
nificação e redução de Constituição
impactos para melhor Federal de 1988.
equilíbrio ambiental
nas cidades. Veja lei
10.257/2001, art. 2,
inciso I.
Fonte: a autora
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e minerais, inexistindo proteção ambiental.
■■ Na segunda Constituição Brasileira de 1891 houve a competência da união
para legislar sobre minas e terras, com objetivo claro de proteger os inte-
resses da burguesia e institucionalizar a exploração do solo (art. 34, n.º 29).
■■ A Constituição de 1934 trouxe dispositivos sobre proteção às belezas natu-
rais, patrimônio histórico, artístico e cultural e competência da união em
matéria de riquezas do subsolo, mineração, florestas, águas, caça e pesca e
sua exploração, com poderes para legislar somente a União nesses aspec-
tos. (art. 10, III, e 148)
■■ Na Constituição de 1937, conforme art. 134, os monumentos históricos,
artísticos e naturais, assim como as paisagens ou os locais particular-
mente dotados pela natureza, gozam da proteção e cuidados especiais da
nação, dos estados, e dos municípios. Fixou-se a competência da união
para legislar sobre bens de domínio federal, minas, metalurgia, energia
hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e sua exploração (art. 16, XIV),
podendo os estados legislar, respeitadas as regras da lei federal (art. 18, a).
■■ Em 1946, nossa 5ª Constituição dispôs formas para a racionalização econômica
das atividades de exploração dos recursos naturais, porém sem preocupação
de proteção ambiental. Vejamos a citação de Medeiros sobre esta constituição:
De qualquer sorte, apesar de não possuírem uma visão holística do am-
biente e nem uma conscientização de preservacionismo, por intermé-
dio de um desenvolvimento técnico industrial sustentável, essa Carta
teve mérito de ampliar, de forma significativa, as regulamentações refe-
rentes ao subsolo, à mineração, à flora, à fauna, às águas, dentre outros
itens de igual relevância (MEDEIROS, 2004, p. 62).
A sadia qualidade de vida esperada pelo texto constitucional propõe que só pode
ser alcançada com o meio ambiente ecologicamente equilibrado, saudável, não
poluído. Está ligado ao direito à vida, o que demonstra a essencialidade do meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Ao dispor também que é dever defender e preservar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações, mostra-se como uma das concepções mais inovadoras
e significativas em um texto constitucional em nível mundial; a responsabilidade
entre gerações. É uma responsabilidade ética intergeracional, um diálogo com o
futuro, com os nossos filhos e netos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DISPOSITIVO PREVISÃO COMENTÁRIOS
Todos: todos os brasileiros e quem estiver
no território residindo.
Art. 225, caput da
Norma matriz Meio ambiente ecologicamente equili-
CF
brado: é o meio ambiente com higidez e
salubridade.
Fonte: a autora.
©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Brundtland, consiste naquele que “satisfaz as
necessidades do presente sem pôr em risco a
capacidade das gerações futuras de terem suas
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José Rubens Morato Leite (2013) afirma que vivemos uma verdadeira crise eco-
lógica, que passou a ser reconhecida a partir do momento em que a degradação
ambiental atingiu índices alarmantes e tomou-se consciência de que a preser-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desse bem precioso. Sem embargo, de toda água existente no planeta, em números
aproximados, 97,5% é salgada e apenas 2,5% é doce, sendo que esse percentual
não está acessível para o consumo humano. Então, dos 2,5% existentes de água
doce, 2,493% encontram-se nas grandes geleiras e em regiões subterrâneas de
difícil acesso. 0,007% é a porcentagem que está à disposição do consumo humano
nos continentes, tanto em rios quanto em lagos. Com efeito, apesar de sua grande
importância, a água tem sido utilizada de forma predatória, ensejando uma ver-
dadeira crise onde se observam em várias regiões do planeta pessoas que morrem
por falta do referido recurso. Especialistas afirmam que a escassez da água de
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qualidade para o consumo humano será o maior problema do século XXI e que
irá afetar mais de dois terços da humanidade nos próximos anos.
Estudo da ONU estima que problemas de abastecimento afetarão dois
terços da humanidade por volta de 2025. O número de pessoas vivendo
nas regiões com problemas graves ou crônicos de falta de água quadru-
plicará nos próximos vinte e cinco anos, ou seja, um terço da população
mundial estará de alguma forma, passando sede. Nos países em desen-
volvimento, apenas metade da população tem acesso à água potável de
boa qualidade. Na China, 125 milhões de pessoas não possuem acesso
à água potável; na Índia, são cerca de 19% e na África do Sul, 30% da
população total. (GUERRA; GUERRA, 2014, p. 11).
Ainda segundo Guerra e Guerra (2014) outro ponto preocupante sobre a água
é que, além do seu desperdício, a distribuição dela em termos planetários não
ocorre de forma equânime, ou seja, isso é um fator de preocupação no plano
global. Para se ter noção da gravidade dos fatos, da água doce disponível exis-
tente no mundo, o Brasil é detentor do correspondente a quase um quinto (17%).
Essa condição propicia para cada brasileiro a disponibilidade do equivalente a
34 milhões de litros de água (em tese).
Assim, a escassez da água é um problema grave, e necessita que condutas
sejam repensadas e muito seja feito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, você, caro(a) aluno(a), entendeu como se dividem as normas legais
e como encontrá-las. Expusemos as noções introdutórias do Direito Ambiental
e suas classificações. Abordamos a importância da evolução histórica sobre a
preocupação ambiental, destacando a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 em Estocolmo, na Suécia, a qual é o
marco do Direito Ambiental internacional. Apontamos a importância do relatório
Nosso Futuro Comum, que definiu os contornos do conceito do Desenvolvimento
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sustentável. Com relação à Agenda 21, expusemos a Conferência Rio 92, conhe-
cida como cúpula da Terra, que, dentre os pontos importantes, elaborou um plano
de ação com uma série de instrumentos e iniciativas para a proteção do meio
ambiente no âmbito nacional, internacional, regional e local. Sobre a Rio+20,
realizada em 2012, concluiu-se em um documento chamado “O futuro que que-
remos”, mas que pouco teve aplicação, seja pela ausência dos líderes mundiais
ou pela falta de programas e metas específicas.
No que se refere à proteção interamericana, destacamos o protocolo de São
Salvador, que aponta entre seus dispositivos contemplar o direito a um meio
ambiente sadio. Posteriormente, fizemos uma classificação e conceituação do que
vem a ser meio ambiente, e compreendemos como sendo tudo aquilo que rodeia
o homem, seja natural, cultural, artificial ou do trabalho. Posteriormente, aponta-
mos a abordagem constitucional brasileira, fazendo um breve “passeio” nas (oito)
8 constituições que tivemos, avaliando-as e, por fim, nos prendemos a concei-
tuar e delimitar a atual preocupação ambiental na Constituição adotada (1988).
Sobre esta, percebemos que o conceito constitucional é amplo e assim o
deve ser. Por fim, percorremos algumas das principais problemáticas ambien-
tais e como a legislação deve atuar sobre elas. Percebemos que a crise ambiental
é grave e que o cenário somente tende a se agravar.
Considerações Finais
36
1. A Constituição Federal brasileira de 1988 assevera que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida. Sobre este artigo, qual concepção sobre meio ambien-
te se adota?
a. Holística.
b. Pragmática.
c. Criacionista.
d. Perfeccionista.
e. Antropocêntrica.
2. São vários os aspectos que envolvem o conceito de meio ambiente, por ser en-
tendido de modo amplo e completo. Sobre este tema, assinale a alternativa cor-
reta, particularmente sobre o meio ambiente cultural e do trabalho:
a. Considera-se meio ambiente como um bem público classificado pela Consti-
tuição Federal como de uso comum do povo, razão pela qual não se admite
que o seu uso seja oneroso ou imponha a necessidade de qualquer contra-
prestação de ordem pecuniária.
b. Meio ambiente cultural só pode ser entendido como o direito de participar
de espetáculos artísticos de boa qualidade.
c. Ao estabelecer a tutela do meio ambiente, a Constituição Federal dispõe a pro-
teção do meio ambiente nele compreendido o meio ambiente do trabalho.
d. O meio ambiente cultural é o integrado pelos equipamentos urbanos como
bibliotecas e museus.
3. Nesta unidade verificamos que vivemos uma verdadeira crise ecológica, que
passou a ser reconhecida a partir do momento em que a degradação ambiental
atingiu índices alarmantes e tomou-se consciência de que a preservação de um
ambiente sadio está intimamente ligada à preservação da própria espécie hu-
mana. Estudo da ONU estima que problemas de abastecimento afetarão dois ter-
ços da humanidade por volta de 2025. O número de pessoas vivendo nas regiões
com problemas graves ou crônicos de falta de água quadruplicará nos próximos
vinte e cinco anos. Assim, questionamos: quais as principais atitudes que devem
ser tomadas? Explique.
37
CRISE AMBIENTAL
Em 2007 foi produzido o relatório do clima, que demonstra os efeitos desastrosos da
ação produzida pelo homem e apresenta dados preocupantes sobre as mudanças cli-
máticas no planeta. Segundo o relatório, o cenário mundial vem sendo alterado pelas
mudanças climáticas e a população mundial terá dificuldades para se adaptar a ele.
As mudanças incluem não só o aumento do clima em si, mas também fenômenos como
precipitação e sazonalidade, importantes no que tange à capacidade de adaptação das
diferentes espécies, inclusive o ser humano. Água, ecossistemas/agricultura, sociedade/
economia e saúde estão entre os setores analisados pelo IPCC. (...) Dentre as previsões,
o IPCC afirma que cerca de 30% de costa litorânea será perdida em função do aumento
do nível da água, o que afetará não só a oferta de produção (peixes, por exemplo) como
a própria sobrevivência das populações humanas que habitam tais áreas. Outro dado
preocupante é a mudança da distribuição geográfica de vetores. Ou seja, insetos trans-
missores de doenças endêmicas (malária, dengue, febre amarela) poderão se alastrar
em regiões onde não são encontrados atualmente, como na Europa e na América do
Norte, já que tais regiões tendem a ficar mais quentes ao longo dos anos. (...) A curto
e médio prazo, os africanos é quem mais sofrerão com as consequências desastrosas
relacionadas ao acesso à agua. (...) Na Ásia, o derretimento do Himalaia provocará um
aumento de enchentes, deslizamentos de encostas e dificuldade de acesso aos recursos
hídricos nas próximas duas ou três décadas.
Na América latina, vários ecossistemas tendem a desaparecer, ou serem drasticamente
reduzidos. No Brasil, especialmente a própria Amazônia, segundo cientistas, poderá ser
substituída por uma vegetação característica de cerrados (savana brasileira). Recifes de
coral (estes importantíssimos para a reprodução de várias espécies marinhas) também
tendem a desaparecer, já que consistem em colônias que suportam baixíssima variação
climática. Caso a demanda por recursos naturais e os índices de degradação ambiental
permaneçam nas taxas atuais, é possível que, em poucos anos, os dados do relatório
sejam considerados extremamente amenos. Aliás, isso aconteceu já na sua apresen-
tação, quando cientistas foram acusados de suavizar os reais impactos das mudanças
climáticas previstos para os próximos 50 anos. Não se pode olvidar que os riscos, espe-
cialmente em matéria ambiental, possuem algumas especificidades que anunciam a
modernização reflexiva. A começar pela ideia de que os riscos ambientais não são limi-
tados a um determinado tempo e espaço, isto é, seus efeitos podem ser sentidos com
maior incidência ao longo dos anos e alcançar vários estados-nação, fazendo com que
tenhamos, de fato, um problema no plano global. Assim, em relação à espacialidade,
impende assinalar que o risco ambiental não está adstrito a um determinado espaço.
39
Ao contrário, os efeitos que são produzidos são de natureza transnacional. Existem vá-
rios casos que podem demonstrar bem essa realidade, qual seja a não observância das
fronteiras quando da ocorrência de uma lesão ao ambiente. Evidencia-se, por exemplo,
o problema da emissão dos gases poluentes, responsáveis também pelo aquecimento
global. Como visto, sua emissão contribui para o denominado efeito estufa, que produ-
zirá efeitos em termos planetários. Outro problema que tem sido discutido em vários
foros internacionais é pertinente à poluição transfronteiriça e à produção do lixo tóxi-
co, ou seja, quando ocorre o lançamento do efluente no mar ou no ar, seus efeitos e
desdobramentos são sentidos em estados vizinhos e dependendo da lesão produzida,
também no plano global. Do mesmo modo, o risco de eclosão de uma guerra nuclear
pode destruir a Terra em fração de poucos segundos.
Fonte: Guerra e Guerra (2014, p. 53 - 55).
40
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A partir da contradição econômica e ecológica, questionaram-se as formas de desen-
volvimento, já que se priorizou o desenvolvimento quantitativo (chamado crescimento
econômico) e descuidou-se do habitat humano. A humanidade, se não adotadas urgen-
tes e planejadas medidas em escala supranacional para salvaguarda do meio ambiente,
acha-se predestinada a terminar sua era em meio ao lixo, aos rios e mares assoreados,
às florestas desertificadas, ao calor insuportável, à poluição geral e sem perspectiva de
retorno, à fome e sede, enfim, ao cemitério dos mortos vivos.
Ante o paulatino e, às vezes, rápido processo de deterioração do meio ambiente e à
grande problemática econômica pela qual atravessa o mundo, tem-se apresentado dis-
tintas estratégias para a conservação do meio ambiente no planeta. A Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano de 1972 concluiu que os princípios de
conservação se incorporavam ao desenvolvimento,- dando origem ao termo ecodesen-
volvimento. Ou seja, desenvolvimento em níveis regionais e local, congruente com as
potencialidades da área em questão, prestando-se atenção ao uso adequado e racional
dos recursos naturais e à aplicação de estilos tecnológicos apropriados e à adoção de
formas de respeito dos ecossistemas naturais, centrando seu objetivo em utilizar os re-
cursos segundo as necessidades humanas e melhorar e manter a qualidade de vida para
esta geração e para as futuras.
Fonte: Guerra e Guerra (2014, p. 111).
MATERIAL COMPLEMENTAR
Primavera Silenciosa
Rachel Carson
Editora: Gaia
Sinopse: Quando a bióloga marinha Rachel Carlson lançou seu histórico
livro, Primavera Silenciosa, em setembro de 1962, qualquer indústria química de
inseticidas e outros derivados sintéticos podia lançar no meio ambiente o que bem
entendessem, sem testes cientificamente projetados. No fundo, praticamente
bastava que essas substâncias sintetizadas não matassem o químico responsável.
Aliás, nem existia nos EUA a agência de proteção ambiental, a EPA.
O texto trata sobre o desafio da autora de construir uma casa sustentável. A autora, que é jornalista
especialista em sustentabilidade, resolve brincar de “joão-de-barro” e relata seu desafio de armazenar
a água da chuva e tratar o esgoto, criando jardins funcionais. São excelentes ideias para todos nós!
Link: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/como-joao-de-barro-historia-casa-
sustentavel-748313.shtml>.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
Citação de Links
1
<http://www4.planalto.gov.br/legislacao>. Acesso em 12 dez. 2015.
2
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em 12 dez. 2015.
3
<www.unb.br/temas/desenvolvimento_sust/eco_92.php>. Acesso em 12 dez.
2008.
4
<www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/arquivos/estocolmo.doc>. Acesso em:
12 dez. 2015.
5
<https://ambiente.wordpress.com/2011/03/22/relatrio-brundtland-a-verso-origi-
nal/>. Acesso em: 12 dez. 2015.
6
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/agenda_21.html>. Acesso em:
28 dez. 2015.
7
<http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/e.Protocolo_de_San_Salvador.htm>.
Acesso em: 12 dez. 2015.
8
<https://dicionariodoaurelio.com/>. Acesso em: 12 dez. 2015.
GABARITO
1. E.
2. C.
5. B.
Professora Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
PRINCÍPIOS DO DIREITO
II
UNIDADE
AMBIENTAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar os principais princípios do Direito Ambiental.
■■ Expor a sistemática da Política Nacional do Meio Ambiente.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Princípios do Direito Ambiental
■■ Política Nacional do Meio Ambiente
47
INTRODUÇÃO
Introdução
48 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
faz sem dificuldades das mais variadas origens,
indo desde as conceituais até as operacionais.
Mas uma verdade pode ser proclamada: a pre- ©shutterstock
Este princípio tem base na Constituição Federal (1988) em seu art. 225, caput,
que dispõe: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.”
A declaração do Rio (1992) contemplou este princípio quando afirma: “Os
seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sus-
tentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dentre outros, dos princípios observados na figura 1.
Figura 1 - Princípios envolvidos no Direito Ambiental
Da defesa do
meio ambiente
Da função social
da propriedade
Fonte: a autora
O meio ambiente não pode ser prejudicado por interesses econômicos e empre-
sariais. A atividade econômica está condicionada a privilegiar a defesa do meio
ambiente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Social
Desenvolvimento
Sustentável
Econômico Ambiental
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adequados para a menor degradação possível.
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Deve-se aprender a pensar e agir com visão de longo prazo e evitar o irre-
versível. (Hans Jonas)
Fonte: a Autora.
Para Silva (2002), o princípio do poluidor pagador teria surgido pela primeira
vez por meio da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico,
(OCDE), em 1972, e buscava impor ao poluidor o dever de arcar com os custos
de medidas de recuperação ambiental.
Tem natureza econômica, cautelar e preventiva, que compreende a interna-
lização dos custos ambientais, que devem ser suportados pelo empreendedor,
afastando-os da coletividade. Visa este princípio internalizar os custos externos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Não mais se admite, nem se justifica, que para produzir ferro e aço a
indústria brasileira condene as gerações futuras a uma herança de ex-
ternalidades ambientais negativas, rastros ecologicamente perversos de
uma atividade empresarial que, por infeliz escolha própria mancha sua
reputação e memória ao exportar qualidade, apropriar-se dos benefícios
econômicos e, em contrapartida, literalmente queimar, nos seus fornos
nossas florestas e bosques, que nas fagulhas expelidas pelas chaminés,
se vão irreversivelmente (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2015).
Dessa forma, conclui-se que toda poluição gera um custo para a sociedade. Esse
princípio consiste no dever do poluidor de pagar por este custo ambiental, de
forma preventiva, por meio do investimento em tecnologias e outros mecanis-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mos, ou por meio de medidas reparadoras, quando o dano ambiental já ocorreu.
Na mesma vertente, pode-se afirmar que quanto mais rigorosa for a legis-
lação ambiental, maior será a busca por novas tecnologias que assegurem um
mínimo de desperdício no processo produtivo, até alcançar o grau máximo de
eficiência produtiva: ausência absoluta de resíduos.
Este princípio tem base constitucional, em seu art. 225, parágrafo 3º, que
dispõe:
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
Também a Lei n° 6.938/1981 no art. 4º, VII aponta: (BRASIL, Lei n.º 6.938, de
31 de agosto de 1981, on-line)2.
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
(...)
Já o art. 14, p. 1º, da Lei n° 6.938/1981 dispõe: (BRASIL, Lei n.º 6.938, de 31 de
agosto de 1981, on-line)3.
Portanto, mesmo sem ter “culpa” pelo dano ambiental gerado, o poluidor é obri-
gado a reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade.
Lembrou-se de algum fato?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Este princípio está previsto no inciso VII do art. 4º da Lei n° 6.938/1981, como
sendo um dos objetivos da política nacional do meio ambiente, com a impo-
sição ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com
fins econômicos. O mesmo decorre da necessidade de valorização econômica
dos recursos naturais, evitando o que chama de custo zero, que é a ausência
de cobrança pela utilização, pois o custo zero conduz a uma hiperexploração
do bem ambiental.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
seguintes princípios fundamentais, dentre outros,
a adoção de medidas de fomento à moderação do
consumo de água. (art. 2º, XIII) conforme a Lei n.º
9.4334 e a Lei n.º 12.8625.
©shutterstock
Este princípio é recente, uma vez que foi positivado com a Lei n° 12.305/2010
(BRASIL, Lei n.º 12.305, de 2 de agosto de 2010, on-line)6 , que se refere à polí-
tica nacional de resíduos sólidos. Tal princípio concede benefícios econômicos,
fiscais ou tributários aos agentes que optam por medidas de proteção ao meio
ambiente. Como exemplo deste princípio, citamos a servidão ambiental, a qual
o proprietário ou possuidor do imóvel pode limitar o uso de toda a sua proprie-
dade ou parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais
existentes, beneficiando-se com isenção do imposto territorial rural (ITR) sobre
a área de servidão.
Nas palavras de Fabiano Melo (2014, p.112), o princípio:
Nada mais justo, uma vez que aquele que protege ou renuncia à explo-
ração de recursos naturais em prol da coletividade deve ser contempla-
do com os incentivos decorrentes do princípio do protetor recebedor.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida
atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar
as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta
dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido
de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio
ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que
os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterio-
ração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação
de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a
fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos. (DE-
CLARAÇÃO...on-line)7.
“Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa
mãe. Tudo quanto fere a terra, fere os filhos da terra.” (Cacique Seatle)
Esse princípio não permite o recuo para níveis de proteção ambientais inferiores.
O que se pretende é a proteção contra retrocessos e flexibilizações na lei ambiental.
Nas palavras de Sarlet e Fensterseifer (2011, p.202)
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A informação é essencial para que a proteção ao meio ambiente seja efetivada.
Todos têm direito a amplo acesso às informações, dados e estudos relacionados
ao meio ambiente, produzidos e/ou guardados nos órgãos públicos, indepen-
dentemente da comprovação de algum interesse específico.
A Lei n° 6.938/1981 em seu inciso V do art. 4º dispõe:
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, me-
lhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes prin-
cípios:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preser-
vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à quali-
dade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas
para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de
dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a ma-
nutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização
de recursos ambientais com fins econômicos.
Programa de controle da
poluição do ar por veículos
automotores (proconve),
Programa nacional de resolução n. 18/1986.
controle de qualidade
do ar (pronar), pela
resolução n. 5/1990.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualidade das águas,
resolução n. 357/2005.
Fonte: a autora.
ZONEAMENTO AMBIENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A finalidade do CONAMA é assessorar, estudar e propor, ao Conselho do
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais, além de deliberar, no âmbito de sua competência, sobre nor-
mas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida. Conforme art. 8º da Lei n° 6.938/1981, são
competências do CONAMA:
III - revogado;
IV - vetado;
IBAMA
Ibama
70 UNIDADE II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quanto ao princípio do poluidor pagador, diferente do que se possa imagi-
nar ao ler o citado, impõe ao poluidor o dever de arcar com o custo ambiental
que a sua atividade gera, seja de modo preventivo, investindo em tecnologias e
outras formas, seja em medidas reparadoras, quando o dano ocorreu.
O princípio do desenvolvimento sustentável compatibiliza o desenvolvimento
das atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente. Já o princípio da
função socioambiental da propriedade impõe que, no uso da propriedade, seja
urbana ou rural, somente pode ocorrer se cumprir a função socioambiental. Esses
critérios estão estipulados no plano municipal – propriedade urbana, e na fun-
ção social da propriedade rural do art. 186 da CF. Por fim, sobre o princípio da
informação ambiental, dispõe que é direito da população receber e ter acesso a
informações sobre todos os procedimentos que intervenham no meio ambiente.
Sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, você percebeu que o objetivo
desta é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Existem
instrumentos da política nacional do meio ambiente que são mecanismos legais
e institucionais postos a disposição da administração pública para implementar
os objetivos do PNMA. Sobre o sistema nacional do meio ambiente (SISNAMA),
compreendemos ser o conjunto de entes e órgãos da união, estados, distrito
federal, municípios e suas respectivas administrações indiretas, responsáveis
pela proteção, controle, monitoramento e melhoria da qualidade e da política
ambiental do país.
Interessante matéria sobre a competência e atuação do IBAMA, porém com uma reper-
cussão negativa.
CASO: IBAMA MULTOU ÍNDIO QUE FAZIA ARTESANATO EM 3 MILHÕES DE REAIS.
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DO PARÁ É CONTRA A DECISÃO DO IBAMA
Um índio da etnia Wai-Wai foi multado em quase R$ 3 milhões pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente (IBAMA), em 2009. Nesta sexta-feira (26), o Ministério Público Federal
(MPF/PA) se manifestou em parecer enviado à Justiça Federal pedindo que a multa seja
anulada por ser desproporcional.
O indígena confeccionava e transportava artesanato feito com penas de aves e foi autu-
ado pelo IBAMA em Oriximiná, no oeste do Pará, em 2009, com 132 peças de artesanato.
A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com ação pedindo anulação da multa e o
MPF foi chamado a dar parecer, como fiscal da lei. O procurador Camões Boaventura, de
Santarém, chamou a atenção pela desproporcionalidade da multa aplicada. “A título de
comparação, a empresa Norte Energia S.A, concessionária da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, foi multada pelo IBAMA no valor de R$ 8 milhões por ter provocado a morte de
16 toneladas de peixe. A Norte Energia, pessoa jurídica responsável pela mais cara obra
pública em andamento no Brasil, orçada atualmente em R$ 32 bilhões, foi atuada pelo
IBAMA em apenas R$ 8 milhões, por crime ambiental inegavelmente mais grave - e de
mais severa repercussão socioeconômica - que a conduta praticada pelo indígena”, de-
fendeu.
A Fundação Nacional do Índio (FUNAI), também se manifestou no pro-
cesso e informou à Justiça que o índio multado pelo IBAMA não traba-
lha com produção em larga escala, nem mesmo com recursos ou tecnolo-
gias que causem impacto ambiental sobre a população local de papagaios.
“Ademais, a fabricação de adornos não impacta o meio ambiente nem afeta o modo de
vida tradicional da etnia Wai Wai. Ao contrário, fortalece as estratégias de sustentabilida-
de cultural, ambiental e econômica desse povo”, opinou a FUNAI.
(...)
O índio Timóteo Taytasi Wai-Wai estuda no núcleo urbano de Oriximiná e usava a venda
de artesanato para se sustentar longe da aldeia. Depois da autuação e da multa do IBA-
MA, além da dívida, encontra dificuldade para continuar os estudos.
O MPF destaca no parecer que os povos indígenas, com técnicas reconhecida-
mente sofisticadas de manejo da agrobiodiversidade e tecnologias de baixo im-
pacto ambiental, protegem o meio ambiente em seus territórios, o que se traduz
no índice de desmatamento de terras indígenas, que na média não passa de 1%.
“Bastante inferior ao índice encontrado em unidades de conservação gerenciadas pelo
ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão do governo
brasileiro), por exemplo”.
Fonte: G1 (2016, on-line)13.
72
Material Complementar
REFERÊNCIAS
Citação de Links
1
<https://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-
-Em-Portugues>. Acesso em: 25 de abr. de 2016.
2
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 25 de abr. de
2016.
3
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 25 de abr. de
2016.
4
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2016.
5
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12862.htm>. Aces-
so em: 25 de abr. de 2016.
6
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so em: 25 de abr. de 2016.
7
<www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc>. Acesso em:
25 de abr. de 2016.
8
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Aces-
so em: 25 de abr. de 2016.
9
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4297.htm>. Acesso em: 25
de abr. de 2016.
10
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99274.htm>. Acesso em:
25 de abr. de 2016.
11
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7735.htm>. Acesso em: 26 de abr. de
2016.
12
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm>. Aces-
so em: 25 de abr. de 2016.
13
<http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/02/ibama-no-pa-multa-indio-que-fazia-
-artesanato-em-r-3-milhoes.html>. Acesso em: 27 de abr. de 2016.
< http://veja.abril.com.br/complemento/brasil/para-que-nao-se-repita/>. Acesso
14
1. B.
3. C.
4. E.
Professora Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
III
ESTUDO PRÉVIO
UNIDADE
DE IMPACTO AMBIENTAL,
LICENCIAMENTO AMBIENTAL, DA
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Expor as particularidades do estudo prévio de impacto ambiental.
■■ Demonstrar a necessidade do Licenciamento Ambiental.
■■ Demonstrar a necessidade da reponsabilidade ambiental nas suas
esferas.
■■ Demonstrar a necessidade da Legislação Penal Ambiental.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Estudo prévio de impacto ambiental
■■ Licenciamento Ambiental
■■ Responsabilidade ambiental
■■ Dos crimes contra a fauna e a flora, e o princípio da insignificância
81
INTRODUÇÃO
com o EIA/RIMA, à medida em que pode ser entendido como um “típico ins-
trumento de prevenção aos danos ambientais”, visto que é nesse procedimento
(licenciamento) que o órgão ambiental licenciador verifica condições e termos.
Ainda sobre as licenças ambientais, falaremos sobre as suas espécies e dife-
renças entre elas, na medida em que são etapas sequenciais. Nesta unidade,
abordaremos também uma matéria bem específica aos aplicadores do direito,
que é fundamental ao gestor ambiental para entender as atitudes ilícitas e suas
consequências. Estamos falando da responsabilidade em termos ambientais,
que envolve três esferas. Trataremos destas de modo separado para que você
possa entender que ações ilícitas causam consequências diferentes no setor do
direito, podendo ser civis, administrativas e penais. Sobre a responsabilidade
penal, abordaremos o tema: Será que a pessoa jurídica pode ser punida na esfera
penal? Como?
Por fim, trataremos sobre a lei de crimes ambientais – Lei n° 9.605/1998, que
tratou de iniciar um importante passo na proteção ambiental. Porém, existem
vários pontos problemáticos nesta lei. Será que a mesma abriga a justificativa
do crime de bagatela para não responsabilizar o agente que cometeu o crime
ambiental?
Introdução
82 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
no gênero, do qual o estudo de impacto ambiental é uma das espécies. A própria
resolução CONAMA n° 1/1986 define impacto ambiental como sendo qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente. Tais
alterações são resultantes de atividades humanas que afetam diferentes panora-
mas, representados na Figura 1.
Figura 1 - Alterações da atividade humana
I
A saúde, a segurança e o
bem estar da população;
II
As atividades sociais e
econômicas;
III
A biota;
IV
As condições estéticas e
sanitárias do meio ambi-
ente;
V
A qualidade dos recursos
ambientais.
ESTUDO PRÉVIO
83
EIA E RIMA
Existe também uma diferença muito importante entre o EIA – Estudo Prévio de
Impacto Ambiental, e o RIMA- Relatório de Impacto Ambiental.
Vejamos:
Quadro 1: Principais diferenças entre o Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto
Ambiental
EIA RIMA
Documento técnico amplo e complexo, Relatório apresentando as conclusões
com a revisão da literatura, coleta de à comunidade, de forma acessível
dados e materiais, estudos de campo e didática, com as consequências
etc. ambientais de sua implementação.
O RIMA pode vir acompanhado de
Tem como função a prevenção e mapas, cartas, quadros, gráficos e
o monitoramento dos impactos demais técnicas de comunicação visual,
ambientais. É um instrumento de de modo que se possam entender as
materialização do princípio da vantagens e desvantagens do projeto,
prevenção, e em alguns casos do bem como todos as consequências
princípio da precaução também. ambientais de sua implementação (art.
9º, parágrafo único).
Fonte: a autora.
Deve ser confeccionado antes da licença previa, pois é condição para a mesma. O
órgão ambiental competente para o licenciamento elabora um termo de referên-
cia com as diretrizes que devem ser observadas pelo empreendedor na realização
do EIA. Com a aprovação do EIA, o empreendedor obtém a licença prévia.
E se o empreendimento estiver operando sem EIA e houver a necessidade
do mesmo? O que ocorre?
Não será o caso de realizar o EIA, mas sim outros estudos de avaliação des-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tinados a acompanhar ou controlar os possíveis impactos ambientais. Note-se
que o EIA deve ser PRÉVIO.
ESTUDO PRÉVIO
85
O EIA/ RIMA será objeto de análise do órgão ambiental para a sua aprovação
ou não. Vejamos:
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de polícia ambiental, com finalidade de avaliar os possíveis impactos e riscos
de uma atividade ou empreendimento potencialmente causador de degradação
ambiental ou poluição.
O Licenciamento Ambiental se trata de:
Típico instrumento de prevenção aos danos ambientais, visto que é
nesse procedimento que o órgão ambiental licenciador verifica a na-
tureza, dimensão e impactos (positivos e negativos) de um empreen-
dimento potencialmente poluidor, antes mesmo que ele seja instalado
e, a partir de tais constatações, condiciona o exercício da atividade ao
atendimento de inúmeros requisitos (chamados de condicionantes),
atos a eliminarem ou reduzirem tanto quanto possível os impactos am-
bientais negativos. (BECHARA, 2009, p. 82).
ESTUDO PRÉVIO
87
Licença prévia:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Licença de instalação:
Nesta licença, autoriza-se a instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicio-
nantes, da qual constituem motivo determinante. Neste ponto, é possível
edificar, construir, cortar árvores, usar água e todas as obras necessárias para
o empreendimento. O prazo para a licença de instalação é o definido no
projeto, e não pode ser superior a seis anos.
Licença de operação:
Esta verifica o cumprimento dos condicionantes das licenças anteriores, e
autoriza a operação da atividade ou empreendimento, estabelece os condi-
cionantes ambientais para o funcionamento, e tem prazo mínimo de quatro
anos e prazo máximo de dez anos.
Licenciamento Ambiental
88 UNIDADE III
LICENÇA DE LICENÇA DE
LICENÇA PRÉVIA
INSTALAÇÃO OPERAÇÃO
Aprova a
Autoriza a Autoriza a operação
localização e
Efeitos instalação do da atividade ou
concepção do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empreendimento empreendimento.
projeto
Estabelece os Define as medidas Verifica o
requisitos e de controle cumprimento das
condicionantes ambiental e os condicionantes das
Condicionantes
para as próximas condicionantes licenças anteriores
fases do para a próxima e estabelece para a
licenciamento fase. fase de operação
Mínimo: quatro
Prazos (res. N.º Não superior a Não superior a seis
anos, e máximo 10
237/1997) cinco anos. anos.
anos.
Fonte: a Autora.
ESTUDO PRÉVIO
89
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Fonte: a autora
Responsabilidade Ambiental
90 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
características do meio ambiente conforme art. 3º, II, da Lei n.º 6.938/1981. A
degradação do meio ambiente normalmente ocorre quando há uma atividade
antrópica (resultante da ação do homem), principalmente aquela que ocasione
poluição, mas é possível a degradação do meio ambiente sem intervenção humana,
como em uma erupção vulcânica, por exemplo.
Édis Milaré define o dano ambiental como: “lesão aos recursos ambientais,
com consequente degradação (alteração adversa) do equilíbrio ecológico e da
qualidade de vida.” (MILARÉ, 2012, p. 810).
Para Morato Leite e Ayla (2010), o dano ambiental deve ser compreendido
como toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não)
ao meio ambiente, diretamente, como macrobem de interesse da coletividade,
em uma concepção totalizante, e, indiretamente, a terceiros, tendo em vista inte-
resses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem.
Para se mensurar o dano ambiental, deve-se levar em conta:
A sua reparabilidade.
ESTUDO PRÉVIO
91
Responsabilidade Ambiental
92 UNIDADE III
Advertência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Multa simples.
Multa diária.
ESTUDO PRÉVIO
93
Responsabilidade Ambiental
94 UNIDADE III
O art. 5º, inciso XXXIX da Constituição Federal assim define: “não há crime
sem lei anterior que o defina.” A aplicação de sanções penais ambientais tem
como objetivo elementar assegurar a todos o direito ao meio ambiente ecologi-
camente equilibrado.
Já a pessoa física que comete crime ambiental, conforme Lei n.º 9.605/1998,
está sujeita às penas:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a. Privativas de liberdade. São aplicadas nos tipos elencados nos arts. 29
ao 69 A da Lei n.º 9.605/1998. Podem ser de detenção ou reclusão;
b. Multa;
c. Restritiva de direitos. Estas substituem as privativas de liberdade quan-
do, por exemplo, os motivos e circunstâncias do crime indicarem que a
substituição seja suficiente para reprovação e prevenção do crime (art.
7º da lei 9.605/1998).
ESTUDO PRÉVIO
95
É muito comum se referir a este princípio quando se cita o caso de pessoas com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trataremos agora sobre alguns dos crimes descritos na Lei nº 9.605/1998, que
são crimes contra o meio ambiente e estão divididos da seguinte forma:
I. Dos crimes contra a fauna (art. 29 ao art. 37);
II. Dos crimes contra a flora (art. 38 ao art. 53);
III. Da poluição e outros crimes ambientais (art. 54 ao art. 61);
IV. Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (art.
62 ao art. 65).
V. Dos crimes contra a administração ambiental (art. 66 ao art. 69 – A).
Responsabilidade Ambiental
96 UNIDADE III
©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DOS CRIMES CONTRA A FAUNA E A FLORA, E O
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
ESTUDO PRÉVIO
97
damento básico para a aplicação dos crimes contra a flora, o que motivou o
legislador a adotar desde logo critérios não só preventivos (art. 48) como repres-
sivos (art. 50) visando à aplicação das sanções penais ambientais.
Vejamos alguns artigos sobre a proteção à fauna (Lei n.º 9.605/1998):
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silves-
tre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou auto-
rização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bru-
to, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favo-
rável e licença expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você certamente quando criança conheceu a “brincadeira” praticada com
uma flor (dessas que se apanha nos jardins das casas ou praças públicas) do
“bem-me-quer-mau-me-quer”, que consiste em arrancar as pétalas da flor pro-
ferindo as palavras: bem-me-quer, mau-me-quer. Sabia que esta simples ação
está prevista na lei de crimes ambientais? Veja que interessante o artigo abaixo:
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou
meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em pro-
priedade privada alheia:
ESTUDO PRÉVIO
99
Vejamos mais alguns artigos previstos na Lei n.º 9.605/1998 sobre os crimes
ambientais contra a flora:
Estes são alguns dos tipos penais sobre os crimes contra a fauna. Recomendo
a você, caro(a) aluno(a), que faça a leitura da legislação n.º 9.605/1998 em sua
totalidade para melhor entendimento do tema.
A seção III da Lei n.º 9.605/1998, nos artigos 54 a 61, trata sobre proteção a
pessoa humana e proteção do meio ambiente. Por isso é considerado crime as
atividades descritas que causem poluição de qualquer natureza, e ainda resul-
tem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou mesmo em detrimento
de outros (fauna e flora), com rigoroso tratamento de sanções penais ambientais.
Vejamos o art. 54 da Lei 9.605/1998:
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resul-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
§ 1º Se o crime é culposo:
ESTUDO PRÉVIO
101
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
102 UNIDADE III
e que a reparação do dano neste caso ocorre em: reparação in natura, compensa-
ção ecológica, e indenização pecuniária, dando-se prioridade sempre à reparação
in natura, que é a reparação da lesão causada pelo dano ambiental. Quanto à res-
ponsabilidade administrativa ambiental, ocorre quando por toda ação ou omissão
que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
meio ambiente.
Já sobre a responsabilidade penal ambiental, conclui-se que pessoas físicas e
jurídicas estão sujeitas às penalidades descritas na lei, e que o princípio da insig-
nificância nos delitos ambientais não está pacificado.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sobre a poluição, verificou-se que só será crime se resultar ou puder resul-
tar em: danos à saúde humana, morte de animais ou destruição significativa da
flora, até porque, o simples ato de sair de carro, ônibus, moto, avião, enfim, já
polui o meio ambiente, na medida em que estes veículos lançam poluentes no ar.
Inúmeros são os temas pertinentes e interessantes acerca do meio ambiente
e suas esferas penais. Porém, em razão da necessidade de condensar o material
a ser trabalhado, elegemos apenas alguns. Espero que tenham gostado, e tenham
cuidado em “arrancar” flores de praças ou jardins particulares. Tal ato é definido
como um crime ambiental!
ESTUDO PRÉVIO
103
ANIMAIS EM CIRCO
Muito se discute sobre a origem do circo, ou melhor dizendo, da arte circense, chegan-
do alguns a apontar as suas raízes na Grécia antiga ou até mesmo no Egito, servindo
de espetáculo para marcar a volta da guerra e, assim, trazendo animais exóticos para
demonstrar a grandiosidade das batalhas e a distância percorrida pelos generais. Outros
atribuem o surgimento à China, destacando-se as acrobacias humanas. Mas a ideia de
circo moderno, com o picadeiro, a cobertura de lona, as arquibancadas, deve-se a Philip
Astley, da Inglaterra. Hoje se fala de um circo contemporâneo enaltecendo a figura do
homem e excluindo a participação de animais. Como anotou o deputado federal An-
tônio Carlos Biffi em seu parecer, “para realizar tarefas como dançar, andar de bicicleta,
tocar instrumentos, pular em argolas (com ou sem fogo), cumprimentar a plateia, entre
outras proezas, os animais são submetidos a treinamento que, regularmente, envolve
chicotadas, choques elétricos, chapas quentes, correntes e outros meios que os violen-
tam.” A alimentação e o descanso desses animais são, muitas vezes, inadequados e insu-
ficientes. Há ainda uma perversidade adicional gerada pela presença de carnívoros nos
espetáculos circenses – é comum que cães e gatos vivos sejam fornecidos a eles como
alimentação, muitas vezes trocados por ingressos pelos moradores da localidade onde
se encontra o circo. (PL N.° 7.291/2006, em 20.12.2007, apresentado na Comissão de
Educação e Cultura (CEC) da Câmara dos Deputados).
Segundo relata o deputado federal Jorge Pinheiro, ao analisar o PL n.º 7.291/2006, que
tramita na CD, “vários circos famosos internacionalmente - como o circo Soleil do Ca-
nadá, e o circo Oz da Austrália – não utilizam animais em seus espetáculos e, inclusive,
a escola nacional de circos se manifestou a favor do projeto de lei proibindo animais
em circos no estado do Rio de Janeiro. (...) a apresentação de animais nos espetáculos
circenses em nada contribui à educação ambiental da população, visto que o compor-
tamento apresentado não se assemelha ao comportamento natural desses animais, in-
clusive expondo-os ao ridículo.
Fonte: LENZA, 2012, p.1206 - 1207.
104
Infrações Administrativas
São infrações administrativas quaisquer ações ou omissões que violem regras jurídicas
de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. A Lei de Crimes
Ambientais disciplinou as infrações administrativas em seus arts. 70 a 76, e foi regula-
mentada pelo Dec. 6.514/08.
O Poder Público, no exercício do poder fiscalizador, ao lavrar o auto de infração e de
apreensão, indicará a multa prevista para a conduta, bem como, se for o caso, as demais
sanções estabelecidas no decreto, pela análise da gravidade dos fatos, dos antecedentes
e da situação econômica do infrator. A aplicação de sanções administrativas não impede
a penalização por crimes ambientais, se também forem aplicáveis ao caso.
Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração ambiental, poderá apre-
sentar representação às autoridades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambien-
te (SISNAMA). A autoridade ambiental não tem escolha: uma vez ciente, deverá promo-
ver imediatamente a apuração da infração ambiental sob pena de corresponsabilidade.
Balões
Dentre os crimes contra a flora, um dos mais notórios é a soltura de balões. Diante dos
grandes riscos e prejuízos que os balões juninos podem provocar, especialmente na
época da seca, o que antes era só contravenção (delito de pouca importância), agora é
crime. O art. 42 estabelece que fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam
provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação é crime com pena de um
a três anos de detenção e/ou multa. Conforme o art. 59 do Dec. 6.514/08, a multa é de 1
mil a 10 mil reais por balão.
Fonte: O eco (2014, on-line)7.
108
4. Sobre o Estudo Prévio de Impacto Ambiental, disposto na Lei n.º 6.938/1986, jul-
gue os itens e marque o correto:
a. Deve o EIA ser feito concomitantemente à implantação da obra ou à realiza-
ção da atividade.
b. Deve o EIA anteceder, necessariamente, a implantação da obra ou a realiza-
ção da atividade.
c. Pode ser dispensado o EIA mediante disposição expressa em Lei Federal.
d. O EIA pode ser substituída pela realização de relatório de viabilidade ambien-
tal.
e. O EIA pode ser dispensado caso o empreendedor julgue necessário por ser
importante para a comunidade.
Citação de Links
1
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 25
abr. 2016.
2
<http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=P&id=491>. Acesso
em: 25 abr. 2016.
3
<http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp?s1=pri nc%EDp io+-
da+insignific%E2ncia&pagina=29&base=INFO>. Acesso em: 26 abr. 2016.
4
<http://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/mata/fauna/fauna.htm>. Acesso em:
26 abr. 2016.
5
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/fauna-flora.htm>. Acesso em 25
abr. 2016.
6
<http://plantas-ornamentais.info/>. Acesso em: 25 abr. 2016.
7
<http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28289-entenda-a-lei-de-crimes-am-
bientais/>. Acesso em: 25 abr. 2016.
GABARITO
1. A.
2. A.
3. E.
4. B.
5. D.
Professora Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
IV
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
UNIDADE
E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651
DE 25 DE MAIO DE 2012
Objetivos de Aprendizagem
■■ Localizar a Lei Florestal.
■■ Destacar os principais pontos do Código Florestal Brasileiro.
■■ Situar o acadêmico na atual situação legislativa do país.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Objetivos do Código Florestal Brasileiro
■■ Área de preservação permanente (APP)
■■ Reserva Legal
■■ Cadastro Ambiental Rural
■■ Das áreas consolidadas
115
INTRODUÇÃO
1 Aquele que desmatasse áreas nativas e a tornasse “produtiva” ganhava até incentivos monetários do
INCRA na época da ditadura.
Introdução
116 UNIDADE IV
Antes de iniciarmos nossos estudos, proponho que você reflita sobre esta mensagem
na imagem abaixo. Proteger as florestas, a água, a biodiversidade, o solo é apenas
questão de “atrapalhar a economia”? Ou trata-se de proteger o local em que vivemos?
Figura 1: Novo Código Florestal: bancada ruralista
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Adaptado de Vazos (2012)1.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
117
De acordo com Melo (2014), o novo Código Florestal estabelece normas gerais
sobre a proteção da vegetação, áreas de preservação permanente e áreas de reserva
legal, a exploração florestal, o suprimento de matéria prima florestal, o controle da
origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais,
e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objeti-
vos. Reconhece o novo código que as florestas existentes no território nacional
e as demais formas de vegetação nativa são bens de interesse comum a todos os
habitantes do país, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações
da legislação em geral e especialmente do Código Florestal.
Assim, reconhecer as florestas e demais formas de vegetação nativa como
de interesse comum a todos os habitantes do país significa que a utilização e
exploração da vegetação, ações ou omissões contrárias ao que dispõe o Código
Florestal são uso irregular da propriedade, com sanções previstas. Tanto é que o
uso irregular de uma área protegida pelo código – APPs, RL, Área de uso restrito,
enseja responsabilidade não só do proprietário, mas do possuidor e também do
detentor, seja pessoa física ou jurídica. Assim, ao adquirir um imóvel rural, se o
mesmo estiver irregular, cabe a quem comprou recompor o passivo ambiental.
Desta forma, o objetivo do código é proteger a terra, sem que o comprador, ven-
dedor, ou detentor fique discutindo sobre quem deve regularizar a terra.
Você já sabe em qual cenário foi criado o novo Código Florestal, e também
qual o objeto dele, ou seja, a proteção da terra. Agora é importante mencionar
o que este instrumento jurídico objetiva, o que quer atingir.
F.
Criação e mobilização de
A.
Afirmação do compromisso
incentivos econômicos para soberano do Brasil com a
fomentar a preservação e recuper- preservação das suas florestas e
ação da vegetação nativa e para demais formas de vegetação
promover o desenvolvimento de nativa, bem como da biodiversi-
atividades produtivas sustentáveis. dade, do solo, dos recursos hídricos
e da integridade do sistema
climático, para o bem estar das
gerações presentes e futuras.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fomento
E. á pesquisa
B.
Reafirmação da importância
científica e tecnológica na busca da da função estratégica da atividade
inovação para o uso sustentável do agropecuária e do papel das florestas
solo e da água, a recuperação e a e demais formas de vegetação nativa
preservação das florestas e demais na sustentabilidade, no crescimento
formas de vegetação nativa. econômico, na melhoria da
qualidade de vida da população
brasileira e na presença do país nos
mercados nacional e internacion-
D.
al de alimentos de
Responsabilidade comum
C.
Ação governamental de
bioenergia.
Você já sabe o que estuda o novo código e quais seus objetivos. Agora, destaca-
remos alguns conceitos importantes.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
119
d. Amazônia Legal:
Quando o código cita Amazônia Legal, refere-se aos estados do Acre,
Pará, Amazonas, Roraima, Amapá e Mato Grosso, e às regiões dos esta-
dos de Tocantins, Goiás e Maranhão. É importante sabê-los, pois estes
definem os percentuais para a reserva legal.
e. Uso alternativo do solo:
Fazer uso alternativo do solo significa substituir a vegetação nativa e
formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades
industriais, de mineração, assentamentos urbanos ou outras formas de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ocupação humana, atividades agropecuárias, de geração e transmissão
de energia e transporte.
f. Manejo sustentável:
Significa administrar a vegetação natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sus-
tentação do ecossistema, objeto do manejo, considerando-se cumulativa
ou alternativamente a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não
de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de
outros bens e serviços.
©shutterstock
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
121
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.”
Sobre as APPS, destacam-se:
Quadro 1 - Área de preservação permanente
Nas APPS por força de lei temos 11 espécies, todas descritas no art. 4º do Código
Florestal. Citemos algumas:
■■ Áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais;
■■ As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer
que seja sua situação topográfica;
■■ As bordas dos tabuleiros ou chapadas;
■■ No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de
100 metros e inclinação média maior que 25 graus.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O artigo 4º do Código Florestal também dispõe sobre as metragens e extensões
para cada espécie. Vejamos algumas:
■■ As faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente.
Esta é uma das mais importantes espécies de APP. Nesta, excluem-se os efême-
ros, desde a borda da calha do leito regular em largura mínima de:
Quadro 2 - Proteção dos cursos d'água
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
123
Largura do rio
< 10m
Largura do rio Largura do rio
Largura do rio 200 - 600m > 600m
10 - 50m
Nascente Largura do rio
raio 50m 50 - 200m
Mata ciliar
30m
Mata ciliar
50m
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Mata ciliar
100m
Mata ciliar
200m
Mata ciliar
500m
Fonte: Euclides et al. (Atlas..., 2011, on-line)3.
Nesta, a proteção de APP ocorre no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa
com largura mínima de:
Quadro 3 - Proteção dos lagos e lagoas
As áreas entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes são considerados
APPs em um raio mínimo de 50 metros. Nascentes são o afloramento natural
do lençol freático que apresentam perenidade e dão início a um curso d’água. Já
olho d’água é o afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
■■ No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de
100 metros e inclinação média maior que 25 graus.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ As áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação.
■■ Áreas de preservação permanente declaradas de interesse social: é facultado
ao chefe do poder executivo, seja ele presidente da república, governa-
dor de estado ou prefeito municipal, declarar uma área coberta com
florestas ou outras formas de vegetação como de interesse social e confi-
gurá-la como APP. Mas para isso é necessário estar enquadrado em uma
das seguintes situações:
a. conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchente e deslizamentos de
terra e de rocha.
b. proteger as restingas ou veredas.
c. proteger várzeas.
d. abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção.
e. proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou
histórico.
f. formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias.
g. assegurar condições de bem estar público.
h. auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
125
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A intervenção e supressão de vegetação nativa protetora de
Fique LIGADO! nascente, dunas e restingas somente poderão ser autorizadas
em caso de UTILIDADE PÚBLICA.
Possibilidade de AMPLIAÇÃO das hipóteses de intervenção
e supressão em APP. Além das hipóteses de intervenção e
supressão em APP elencadas na lei, o novo código possibilita
que outras atividades se enquadrem nas hipóteses similares
FIQUE LIGADO! de utilidade pública ou de interesse social, bastando que sejam
caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo
próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao
empreendimento proposto, e definidas em ato do chefe do
poder executivo FEDERAL – presidente da república.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
127
RESERVA LEGAL
priedades e posses rurais no país! Deve ser conservada com cobertura vegetal
nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título,
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
Reserva Legal
128 UNIDADE IV
BIOMA AMAZÔNIA
BIOMA
CAATINGA
BIOMA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Amazônia 80% CERRADO
da propriedade
BIOMA
PANTANAL
35%
nos Estados da
Amazônia Legal
BIOMA MATA
20% ATLÂNTICA 20%
nos demais em outros
Estados Biomas
BIOMA
PAMPA
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
129
Reserva Legal
130 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ONDE DEVE ESTAR LOCALIZADA A RESERVA LEGAL?
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
131
nada obsta o uso econômico da Reserva Legal, que pode ser sem propósito comer-
cial ou com propósito comercial. O manejo sustentável para exploração florestal
eventual em propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de
autorização dos órgãos competentes e deve ser declarada previamente ao órgão
ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração
anual a 20 metros cúbicos (art. 20). A coleta de produtos florestais não madei-
reiros, como frutos e sementes, é livre, devendo observar o art. 21 do código.
Figura 6: Reserva Legal em regime de condomínio
Eu não
Eu tenho 5% tenho área
da reserva de reserva
legal legal
Reserva Legal
132 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nos prazos estabelecidos pelo programa de regularização ambiental (art. 18, p.4).
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
133
São tidos como Áreas Verdes Urbanas os espaços públicos ou privados com pre-
domínio de vegetação preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos
no plano diretor, nas leis de zoneamento urbano e uso do solo do município,
indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recre-
ação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos
hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifesta-
ções culturais (art. 3º, XX).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ÁREAS DE USO RESTRITO
O novo código instituiu este novo espaço: Áreas de Uso Restrito, que são:
a. Os Pantanais e Planícies Pantaneiras; aos quais é permitida a exploração
ecologicamente sustentável devendo-se considerar as recomendações técni-
cas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação
nativa para uso alternativo do solo condicionadas à autorização do Órgão
Estadual do Meio Ambiente, com base nestas recomendações.
b. As áreas de inclinação entre 25 e 45 graus: são permitidos o manejo flo-
restal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como
a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento de
atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vetada a con-
versão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e
interesse social.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
135
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
meio de normas de caráter específico, em razão de suas peculiaridades territo-
riais, e cabe à União editar as normas de caráter geral.
Afirma Melo (2014) que a inscrição do imóvel rural no cadastro ambiental
rural (CAR) é condição obrigatória para a adesão ao PRA.
Falaremos agora sobre os últimos temas selecionados sobre o Código Florestal,
e também um dos mais criticados.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
137
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fiscais
30 metros 50 metros
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
139
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reserva Legal. Percebemos que o novo Código estabelece normas gerais sobre a
proteção da vegetação, Áreas de Preservação Permanente e as Áreas de Reserva
Legal. Verificamos que existem dois tipos de APPs, a por força de lei e a decla-
rada de interesse social por ato do poder público, assim como a intervenção ou
a supressão de vegetação nativa em APP que somente ocorrerá nas hipóteses de
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, previstas no
código. Já a Reserva Legal é uma área localizada na propriedade ou posse rural
com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural. Nela deve ser conservada a cobertura vegetal nativa
pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante, seja pessoa física ou
jurídica, pública ou privada. A Reserva Legal deve manter a cobertura nativa de
acordo com área do imóvel localizado na Amazônia legal: de 80% no imóvel situ-
ado em florestas, de 35% no imóvel situado em área de cerrado, 20% no imóvel
em área de campos gerais e 20% se estiver localizado nas demais regiões do país.
Não é obrigatória a Reserva Legal em alguns casos como: os empreendimen-
tos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto, assim como não é
exigida Reserva Legal às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de
implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias. A localização
da Reserva Legal também deve obedecer a alguns pontos que são levados em
consideração. O Órgão Estadual integrante do SISNAMA ou instituição por ele
habilitada deverá aprovar a localização da reserva legal após inclusão do imóvel
no Cadastro Ambiental Rural. Um dos pontos mais interessantes apresentados
nesta unidade foi referente à possibilidade do computo das áreas de preserva-
ção permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel desde que:
Considerações Finais
140 UNIDADE IV
o benefício previsto não implique na conversão de novas áreas para uso alter-
nativo do solo, a área a ser computada esteja conservada ou em processo de
recuperação, conforme comprovação do proprietário ao Órgão Estadual inte-
grante do SISNAMA, e o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão no
Cadastro Ambiental Rural. Outro ponto interessante foi que, no caso de imóveis
rurais que detinham em 22.07.2008 área de até 4 módulos fiscais e que possu-
íam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no
art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação
nativa existente em 22.07.2008, vedadas novas conversões para uso alternativo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do solo. Dessa forma, verificamos que, em termos de proteção, o atual código
deveria ser mais rígido. Porém, percebemos que um dos pontos positivos deste
é que agora, finalmente, o Governo tem ferramentas para fiscalizar melhor as
florestas do nosso grande e desmatado país: o Brasil.
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS. LEI N.º 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012
141
O CÓDIGO FLORESTAL
O novo Código Florestal (Lei n.° 12.651/12) está em vigor desde maio de 2012, mas a sua
implementação ainda dá os primeiros passos. O prazo de um ano, prorrogável por mais
um, para que os cerca de 5,4 milhões de proprietários de imóveis rurais do país façam o
registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR), por exemplo, só começou a valer em 06 de
maio de 2014, quando foi publicada a Instrução Normativa n.º 2 do Ministério do Meio
Ambiente.
A nova lei, resultado da forte e continuada pressão pela flexibilização do Código Flores-
tal de 1964 por parte das entidades de classe que representam os grandes proprietários
rurais, manteve a exigência de proteção da vegetação nativa (Reserva Legal) em uma
parcela que varia de 20% a 80% da área dos imóveis rurais, dependendo do bioma.
Também foi mantida - apesar de ter sofrido redução - a exigência de proteção das Áreas
de Preservação Permanente (APPs) às margens de rios e encostas de morros, por exem-
plo. Áreas desmatadas ilegalmente até 22 julho de 2008, no entanto, ganharam trata-
mento diferenciado. Os maiores desafios da implementação do novo Código Florestal
são, justamente, a recomposição das APPs e a recuperação ou compensação da Reserva
Legal das propriedades.
O déficit acumulado em anos de sucessivos descumprimentos das regras de proteção
da vegetação nativa nas propriedades só será conhecido após a conclusão do cadastra-
mento ambiental, ocasião em que os proprietários irão declarar a situação dos imóveis
em cima de imagens de satélites.
Parte desse déficit desapareceu, por exemplo, quando o novo Código Florestal consi-
derou “consolidada” parte da área desmatada ilegalmente antes de 22 de julho de 2008
e desobrigou pequenas propriedades, com até quatro módulos fiscais, a recuperar a
Reserva Legal dos imóveis.
Ou permitiu que a recuperação das APPs levasse em conta o tamanho das propriedades.
Também passou a ser permitido somar as APPs à área de Reserva Legal para chegar ao
percentual de vegetação nativa exigido.
Tamanho do Passivo
Por ora, as previsões sobre o déficit remanescente variam de cerca de 20 milhões de hec-
tares a mais de 80 milhões de hectares, algo entre a dimensão do Estado de São Paulo e
o território do Estado do Mato Grosso.
O Código Florestal fixa em 20 anos o prazo para a recomposição ou compensação da
Reserva Legal dos imóveis rurais. Mas não há prazo para a recuperação das Áreas de
Preservação Permanente.
Tampouco há prazos para que os Estados analisem as declarações prestadas no Cadas-
tro Ambiental Rural, o que deve ser feito apenas por amostragem.
144
5. O novo Código Florestal (Lei n.° 12.651/2012) traz diversas disposições concer-
nentes à Área de Reserva Legal, sendo CORRETO afirmar que:
a. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão
de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos
pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são obrigados
a promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percen-
tuais exigidos na nova Lei.
b. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa
pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título,
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, não sendo admitida
sua exploração econômica.
c. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei muni-
cipal desobriga o proprietário ou posseiro na manutenção da área de Reserva
Legal.
d. Todo imóvel rural, localizado em qualquer região do país, deve manter área
com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo
da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, obser-
vados os percentuais mínimos em relação à área do imóvel e excetuados os
casos expressamente previstos na Lei.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
REFERÊNCIAS
Citação de Links
1
<https://vasosdopurus.wordpress.com/2012/03/07/charge-da-semana-novo-codi-
go-florestal/>. Acesso em: 26 de abr. de 2016.
2
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>.
3
<http://www.atlasdasaguas.ufv.br/exemplos_aplicativos/roteiro_dimensionamen-
to_barragens.html>. Acesso em: 26 de abr. de 2016.
4
< http://pt.slideshare.net/cafeicultura/palestra-cdigo-florestal-deputado-federal-
-paulo-piau>. Acesso em: 26 de abr. de 2016.
5
< http://www.tortugaonline.com.br/cartilha-area-de-reserva-legal-rl>. Acesso em:
26 de abr. de 2016.
6
<http://www.mma.gov.br/mma-em-numeros/cadastro-ambiental-rural>. Acesso
em: 26 de abr. de 2016.
7
<http://www.mma.gov.br/mma-em-numeros/cadastro-ambiental-rural>. Acesso
em: 26 de abr. de 2016.
8
<http://www.ibama.gov.br/servicosonline/phocadownload/manual/cartilha-escla-
recimentos-diversos-ada-2014-2.pdf>. Acesso em: 26 de abr. de 2016.
9
<http://www.observatorioflorestal.org.br/pagina-basica/o-codigo-florestal>. Aces-
so em: 26 de abr. de 2016.
149
GABARITO
1. Sim. Conforme o art. 15 do Código Florestal, será admitido o computo das áreas
de preservação permanente no calculo do percentual da Reserva Legal do imó-
vel deste que: o beneficio previsto não implique na conversão de novas áreas
para uso alternativo do solo, a área a ser computada esteja conservada ou em
processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao Órgão Es-
tadual Integrante do SISNAMA, e o proprietário ou possuidor tenha requerido
inclusão no Cadastro Ambiental Rural.
2. Deve-se levar em conta que o retrocesso ecológico não pode ocorrer, se pre-
tende proteger a legislação contra retrocessos e flexibilizações para pior, pois,
muitas vezes, o legislador faz a opção por interesses políticos e econômicos em
detrimento da garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
3. D.
4. B.
5. D.
Professora Me. Heloísa Alva Cortez Gonçalves
V
POLÍTICA NACIONAL DE
UNIDADE
RESÍDUOS SÓLIDOS E
RECURSOS HÍDRICOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar a lei sobre resíduos sólidos.
■■ Conhecer a lei de recursos hídricos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Política nacional de resíduos sólidos
■■ Recursos hídricos
153
INTRODUÇÃO
Nesta última unidade, abordaremos a Lei n.° 12.305/2012, que trata sobre os
resíduos sólidos, e que ficou mais de 20 (vinte) anos tramitando no Congresso
Nacional até sua aprovação. O objetivo desta Lei é a gestão integrada e o geren-
ciamento dos resíduos sólidos, que, tardiamente, passou a ser uma preocupação
brasileira.
O lixo sempre foi e está se tornando cada vez mais um problema enorme,
principalmente pela quantidade de pessoas habitando o mundo, juntamente à
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quantidade de lixo que cada uma possui. Estima-se que, atualmente, haja mais
de 7 bilhões de pessoas no mundo, e este número tende a aumentar e muito.
Assim, preocupar-se com o lixo que produzimos é um fato fundamental para
assegurar nossa própria existência.
Existem também normas correlatas aos resíduos sólidos, como a Lei n.º
11.445/2007 que trata sobre o saneamento básico. O plano de resíduos sólidos
constitui-se em documentos que definem a dinâmica, e instrumentos assim como
os procedimentos para a execução e gerenciamento integrado dos resíduos sóli-
dos. Plausivelmente, a lei existe, mas muito se discute acerca da sua aplicabilidade
e fiscalização. O que falta, então para chegarmos ao objetivo proposto pela Lei?
Outro tema que elegemos para tratar neste capitulo é a Lei n.º 9443/1997,
que trata sobre os recursos hídricos. A crise da água já atinge muitas localidades,
e a tendência é negativa caso este precioso recurso não seja preservado e racio-
nalizado. Estima-se que, quando atingirmos 10 bilhões de pessoas no mundo,
a situação piorará e muito. Quase 1,5 bilhão de pessoas não têm água potável, e
quase 2 bilhões não dispõem de instalações sanitárias. Por tais motivos, a luta
pela proteção da água se torna essencial, mas será que a nossa forma legal atende
a essa necessidade? Estaríamos protegendo nossa água de modo efetivo?
Introdução
154 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock
Santos (2009) afirma que a Terra, em breve, não será mais azul. A Terra, a pró-
pria quintessência da condição humana, ao que se sabe singular no universo
e ambiente único em que o homem pode viver sem artifícios, será coberta de
lixo. Essa previsão apocalítica do planeta conspurcado revela a inexistência de
dúvida de que sejamos capazes de destruir toda a vida orgânica na Terra e que
haja potencial para que isso ocorra neste próximo século.
Após refletirmos sobre tudo que consumimos e despejamos na natureza (na
qual não é absorvido por ela como se fosse um grande filtro do que não queremos
mais), vamos começar a entender melhor o porquê dessa enorme preocupação
quanto ao nosso lixo.
Segundo Pinho (2011) a história do lixo está ligada ao processo civilizatório
humano. Quando deixamos de ser nômades e começamos a nos fixar no terri-
tório, passamos a conviver com os resíduos gerados. A palavra lixo provém do
latim LIX, que significa lixívia ou cinzas. Também do latim provém o termo resí-
duo, que significa o que sobra: residuu. Afirma Seadon (2006) que, nos primeiros
núcleos habitacionais, o lixo era lançado diretamente nas ruas ou nas proximi-
dades da casa; outra prática era sua queima.
Não era comum a liderança no trato da questão, que era resolvida com estra-
tégias particulares, além de não haver definição de lugares para o lançamento de
resíduos. Entretanto, os gregos já possuíam o hábito de cobrir os resíduos dispos-
tos a céu aberto ao invés de queimá-los, e em Atenas, 320 a.C., já existia varrição
nas ruas. Como reflexo do crescimento das cidades, e por motivo de higiene, as
pessoas começaram a encaminhar os resíduos para fora dos muros da cidade,
ou distantes o suficiente para não incomodar a dinâmica do lugar.
De acordo com Velloso (2008), apenas no século XVI, com a Peste Negra
e outras epidemias, ocasionadas pela falta de salubridade, as pessoas se viram
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A primeira lixeira de que se tem notícia surgiu em Atenas, no ano 500 a.C.
Fonte: Martinho, Gonçalves (1999, p. 14)
Desse cenário histórico sobre o lixo, passemos a analisar a Lei brasileira que trata
sobre os resíduos sólidos.
Após longuíssima tramitação, o Congresso Nacional editou a Lei n.º 12.305
de 02 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) deve ser entendida como
uma lei voltada para a proteção ambiental, conforme art. 24 da Constituição
Federal Brasileira:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
Antunes (2014) afirma que esta Lei tem como objeto a gestão integrada e o
gerenciamento de resíduos sólidos. Dispõe sobre os princípios, objetivos, e
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive os perigosos, às responsabilidades
dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
Como se vê, relevante lei, espera-se, poderá vir a contribuir decisivamente para
a mitigação dos gravíssimos danos oriundos da inadequada disposição final de
resíduos sólidos, notadamente os perigosos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ABRANGÊNCIA DA LEI
Fonte: a autora.
Assim, rejeito é o resíduo sólido que não apresenta alternativa que não a dispo-
sição final ambiental adequada. Mas o que é a disposição final ambientalmente
adequada?
É a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas opera-
cionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança
e a minimizar os impactos ambientais adversos (art. 3º, VIII).
Outro conceito importante é o:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA: inclui a reutilização, re-
ciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético, e dis-
posição final.
Sobre estes conceitos, façamos alguns comentários, acordados com Melo (2014):
a. Reutilização: é o processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condi-
ções e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA
e, se couber, do SNVS e do SUASA (art. 3º, XVIII). Exemplo para com-
preensão: é a água usada para lavar roupa que pode ser usada para lavar
o quintal, ou ainda as garrafas de plástico podem ser usadas como vasos
de plantas.
b. Reciclagem: é o processo de transformação dos resíduos sólidos que
envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou bio-
lógicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos compe-
tentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA (art. 3º, XIV). O
produto reciclado é aquele que, após transformação química ou bioló-
gica, é reintroduzido no mercado e poderá ser usado novamente como
matéria prima de outro produto ou em sua forma original. É o caso do
papel reciclado, por exemplo.
c. Compostagem: é o conjunto de técnicas aplicadas a estimular a decom-
posição de materiais orgânicos. É um processo biológico em que
micro-organismos transformam a matéria orgânica, como estrume, folhas,
papel e restos de comida, num material semelhante ao solo, chamado de
composto, que pode ser usado como adubo. É uma forma de dar destinação
Importa citar que a Lei n.º 12.305/2010 não se aplica aos rejeitos RADIOATIVOS
(lei n.º 10.308/2001).
Disposição final
ambientalmente Reutilização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adequada dos
rejeitos.
Para efeitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estes podem ser classifi-
cados em:
1. Quanto à origem:
a. Resíduos domiciliares: originários de atividades domesticas.
b. Resíduos de limpeza urbana: originários da varrição, limpeza das vias
públicas e logradouros.
c. Resíduos sólidos urbanos: dispostos nos pontos A e B.
d. Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços.
Agora você conhece a classificação dos RESÍDUOS. Vamos tratar sobre o Plano
de Resíduos Sólidos.
Importante se estudar o Plano dos Resíduos Sólidos, pois estes irão definir a dinâ-
mica, os instrumentos e procedimentos para execução, de acordo com o que foi
elaborado, para o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos.
a. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: A União elaborará, coordenada pelo
Ministério do Meio Ambiente, um Plano Nacional de Resíduos Sólidos,
com vigência por prazo indeterminado, e horizonte de 20 (vinte) anos,
atualizando-se a cada quatro anos. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos
será elaborado mediante processo de mobilização e participação social,
com audiências e consultas públicas, conforme art. 15 da Lei. O PNRS
deve conter conteúdos mínimos descritos no art. 15 da Lei. Dentre estes
conteúdos, destacamos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Art. 17. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos será elaborado para
vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o território do
Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a cada 4
(quatro) anos, e tendo como conteúdo mínimo:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
XIV - metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre ou-
tras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para dispo-
sição final ambientalmente adequada;
XV - descrição das formas e dos limites da participação do poder público
local na coleta seletiva e na logística reversa, respeitado o disposto no art.
33, e de outras ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos;
XVI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito
local, da implementação e operacionalização dos planos de gerenciamento
de resíduos sólidos de que trata o art. 20 e dos sistemas de logística reversa
previstos no art. 33;
XVII - ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo programa
de monitoramento;
XVIII - identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sóli-
dos, incluindo áreas contaminadas, e respectivas medidas saneadoras;
XIX - periodicidade de sua revisão, observado prioritariamente o período de
vigência do plano plurianual municipal.
I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas “e”, “f”, “g” e “k” do
inciso I do art. 13;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:
a) gerem resíduos perigosos;
b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua
natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos do-
miciliares pelo Poder Público Municipal;
III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de nor-
mas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA;
IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na alínea “j”
do inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas
pelos órgãos do SISNAMA e, se couber, do SNVS, as empresas de transporte;
V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão
competente do SISNAMA, do SNVS ou do SUASA.
Parágrafo único. Observado o disposto no Capítulo IV deste Título, serão
estabelecidas por regulamento exigências específicas relativas ao Plano de
Gerenciamento de Resíduos Perigosos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do SNVS e do
SUASA e, se houver, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos:
a) explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resí-
duos sólidos;
b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do geren-
ciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador;
IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros
geradores;
V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de ge-
renciamento incorreto ou acidentes;
VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resí-
duos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do SISNA-
MA, do SNVS e do SUASA, à reutilização e reciclagem;
VII - se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos, na forma do art. 31;
VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resídu-
os sólidos;
IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência
da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do SISNAMA.
RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sível;
II - divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e elimi-
nar os resíduos sólidos associados a seus respectivos produtos;
III - recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, as-
sim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, no
caso de produtos objeto de sistema de logística reversa na forma do art. 33;
IV - compromisso de, quando firmados acordos ou termos de compromisso
com o Município, participar das ações previstas no plano municipal de ges-
tão integrada de resíduos sólidos, no caso de produtos ainda não inclusos
no sistema de logística reversa.
LOGÍSTICA REVERSA
Sobre a Logística Reversa, o conceito está disposto no art. 3º, XII da Lei n.°
12.305/2010, como:
XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e
social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada;
Ponto interessante sobre a Logística Reversa é que, fora dos dispostos no art. 33,
é possível ampliá-la para outros produtos, como as embalagens plásticas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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São ainda proibidas, conforme art. 48 da Lei PNRS, nas áreas de disposição final
de resíduos ou rejeitos, as atividades:
Art. 48. São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou
rejeitos, as seguintes atividades:
Gostaria de dividir com você uma recente matéria publicada sobre resíduos.
A Coreia do Norte tem enviado à Coreia do Sul balões contendo lixo.
Segundo o site Korea JoongAng Daily, recentemente os balões têm sido en-
chidos com lixo de verdade: bitucas de cigarro e até papel higiênico usado.
Fonte: Época (Negócios, 2016, on-line)1.
CONTROLA AS
CALORIAS ENERGIZA OS
MÚSCULOS
MELHORA A
COR DA PELE
BEBA MAIS
ÁGUA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRÊS COPOS DE ÁGUA POR DIA
MANTERÁ O EQUILÍBRIO
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RECURSOS HÍDRICOS
Porém, o objetivo deste breve estudo é apenas a Lei n.º 9.433/1997, que traz os
fundamentos, objetivos e instrumentos para o uso dos recursos hídricos no Brasil.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Recursos Hídricos
174 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VI. A gestão dos recursos hídricos deve descentralizar e contar com a parti-
cipação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
O art. 2º da Lei n.° 9.433/1997 define como objetivos da Política Nacional dos
Recursos Hídricos:
Art. 2º: São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
ponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Sobre a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, note-se que é um instrumento
que consubstancia o princípio do usuário pagador.
Figura 3 - Objetivos da cobrança pelo uso de recursos hídricos
Recursos Hídricos
176 UNIDADE V
A cobrança pelo uso de recursos hídricos está ligada à outorga do art. 12 da Lei
n.º 9.433/1997. Porém, existem critérios para fixação dos valores da cobrança,
conforme art. 21 da Lei citada. São eles:
■■ Nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu
regime de variação.
■■ Nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o
volume lançado e seu regime de variação e as características físico-quí-
micas, biológicas e de toxidade do afluente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em verdade, as discussões sobre a proteção aos recursos hídricos se
revestem de um desafio afeto a todos: poder público, setores empre-
sariais, usuários, comunidades, etc. Em última analise, mais que um
insumo produtivo, a gestão dos recursos hídricos tem como condão
garantir o consumo humano, o que implica reconhecer que a crise am-
biental é, igualmente, uma crise de água.” (MELO, 2014, p. 552).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
178
3. Sobre a Lei n.º 9433/1997 – Política Nacional dos Recursos Hídricos, assinale a
alternativa correta:
a. A outorga de direito de uso de recursos hídricos não implica a alienação das
águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
b. O Poder Público é apenas o gestor dos recursos hídricos, não sendo facultado
cobrar por sua utilização, visto que água, elemento que compõe o meio am-
biente, não é considerado bem econômico.
c. A água jamais pode ser cobrada, pois é direito de todos.
d. De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, em situações de es-
cassez, o uso dos recursos hídricos deve restringir-se ao consumo humano,
vedada sua utilização para qualquer outra finalidade.
182
Resíduos Sólidos
J. B. Torres de Albuquerque
Editora: Independente
Sinopse: A presente obra faz alusão à nova Lei n.º 12.305/2010, que nada mais
é, depois de 20 anos tramitando pelo Congresso, a Lei de Política Nacional
dos Resíduos Sólidos, agora em vigor no Brasil. A sanção aconteceu no dia
02 de agosto próximo passado, e vai por fim, em quatro anos, aos lixões. De
acordo com o projeto, a Lei estabelece responsabilidades compartilhadas entre
governo, indústria, comércio e consumidores sobre o destino final do lixo. A
disposição da matéria abrange todos os aspectos inerentes aos resíduos sólidos
tais como: lixões; aterros sanitários, incineração de resíduos; reciclagem etc. Para
maior entendimento, todos os tópicos mencionados fazem-se acompanhar por
legislação especifica; jurisprudência correlata e modelos de petições típicas.
Comentário: Este livro bastante completo traz como novidade as decisões do judiciário acerca do
tema de Resíduos Sólidos. Aborda os principais temas da Lei 12.305/2010, com algumas críticas.
Wall-E
Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade
deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro
durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta.
Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao
auto conserto de suas peças. Sua vida consiste em compactar o lixo existente no
planeta, que forma torres maiores que arranha-céus, e colecionar objetos curiosos
que encontra ao realizar seu trabalho. Até que um dia surge repentinamente uma
nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, Wall-E logo se
apaixona pela recém-chegada.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
ANTUNES, P. B. A justiça e o direito à água limpa. In: CAUBET, Guy (org.). Manejo
alternativo de recursos hídricos. Florianópolis: UFSC, 1994.
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF: Senado,
1988.
BRASIL. Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro
de 1989. Diário oficial da União. Brasília, DF, 09 de jan. de 1997.
BRASIL. Lei n.º 10.308/2001, de 20 de novembro de 2001. Dispõe sobre a seleção
de locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a
indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de
rejeitos radioativos, e dá outras providências. Diário oficial da União. Brasília, DF, 21
de nov. de 2011.
BRASIL. Lei n.º 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais
para o saneamento básico. Diário oficial da União. Brasília, DF, 08 de jan. de 2007.
BRASIL. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Lei n.º 12.305 de 02 de agosto de
2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário oficial da União. Brasília,
DF, 03 de ago. de 2010.
CARREGAL, L. T. L. O lixo: uma interpretação. In: GARCIA, P. (Org.). Falas em torno do
lixo. Rio de Janeiro: Nova, 1992.
COMISSÃO mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. Nosso futuro
comum. Rio de janeiro: editora FGV, 1991.
CONFERÊNCIA das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento.
Agenda 21. Curitiba: IPARDES, 2001.
MARTINHO, M. da G. M.; GONÇALVES, M. G. P. Gestão de resíduos. Lisboa:
Universidade aberta, 1999.
MELO, F. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Método, 2014.
PINHO, P. M. O. Avaliação dos planos municipais de gestão integrada de
resíduos sólidos urbanos na Amazônia brasileira. 2011. 249 f. Tese de Doutorado.
Programa de pós-graduação em Ciência ambiental. Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2011.
REZENDE, C. S.; HELLER, L. O Saneamento no Brasil: políticas e interfaces. Belo
Horizonte: UFMG, 2008.
185
REFERÊNCIAS
SANTOS, J. V. dos. A gestão dos resíduos sólidos urbanos: um desafio. 2009. 271 f.
Tese em Direito do Estado. Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2009.
SEADON, J. K. Integrated waste management–Looking beyond the solid waste
horizon. Waste management, v. 26, n. 12, 2006, p. 1327-1336.
VELLOSO, J. P. dos R. A verdadeira revolução brasileira. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2008.
Citação de Links
1
<http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2016/02/coreia-do-norte-usa-
-baloes-para-jogar-papel-higienico-usado-na-coreia-do-sul.html>. Acesso em: 27
de abr. de 2016.
2
<http://super.abril.com.br/crise-agua/solucoes.shtml>. Acesso em: 27 de abr. de
2016.
3
<http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/a-crise-da-agua-e-as-perspectivas-fu-
turas-eixye2vo6q0591gyzjzctcrim>. Acesso em: 27 de abr. de 2016.
GABARITO
1. B.
3. A.
4. B.
5. A.
187
CONCLUSÃO
Existem ainda normas correlatas aos resíduos sólidos, como a Lei n.º 11.445/2007
que trata sobre o saneamento básico. O Plano de Resíduos Sólidos constitui-se em
documentos que definem a dinâmica, e instrumentos, assim como os procedimen-
tos, para a execução e gerenciamento integrado dos resíduos sólidos.
Outro tema que elegemos para tratar nesta última unidade foi a Lei n.º 9443/1997,
que trata sobre os Recursos Hídricos. Expusemos que a crise da água é real e já
atinge muitas localidades, e a tendência é negativa caso este precioso recurso não
seja preservado e racionalizado. A água é tida como um bem de domínio público,
um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. A Lei tem como objetivo
assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, com
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, assim como a utilização ra-
cional e integrada dos recursos hídricos, a prevenção e a defesa contra eventos hi-
drológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos Recur-
sos Naturais. Mas veja que, em várias regiões do Brasil, nos últimos tempos, vivemos
uma grande crise por falta de água potável, por vários motivos. Assim fica a grande
pergunta: estamos cuidando bem do nosso meio ambiente? De nossa água? E você?
Faz a sua parte?