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Psicopedagogia

Institucional
Psicopedagogia Institucional
Autora: Ma. Anna Maria Nascimento Damiani
Como citar este documento: DAMIANI, Anna Maria Nascimento. Psicopedagogia Institucional.
Valinhos, 2015.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil? 05
Assista a suas aulas 17
Unidade 2: A Psicopedagogia Institucional 25
Assista a suas aulas 45
Unidade 3: Psicopedagogia Hospitalar 53
Assista a suas aulas 71
Unidade 4: O Psicopedagogo e as ONGs 79
Assista a suas aulas 98

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Apresentação da Disciplina

Caro(a) aluno(a), aprendizagem encontradas no aprender,


A disciplina “Psicopedagogia Institucional” buscando o prazer no ato de ensinar.
vem atuando com muito sucesso nas É uma ciência que estuda o processo
diversas Instituições, sejam escolas, de aprendizagem humana, sendo o seu
hospitais, ONGs e empresas. Seu papel objeto de estudo o ser em processo de
é analisar e assinalar os fatores que construção do conhecimento. A função do
favorecem, intervém ou prejudicam uma psicopedagogo institucional é observar e
boa aprendizagem em uma instituição. elaborar estratégias para construção de
Propõe e ajuda o desenvolvimento dos um novo conhecimento.
projetos favoráveis a mudanças, para um Todas as pessoas aprendem de maneiras
melhor aprendizado. diferentes, umas mais rapidamente,
Psicopedagogia Institucional é uma outras de forma mais devagar, mas todas
área que estuda o processo de ensino/ com competências e habilidades. Há
aprendizagem. Com isto, apresenta também diferentes formas de ensinar,
a missão de resgatar a Instituição com tendências pedagógicas diferentes,
Educacional do fracasso escolar, algumas adequadas para a clientela,
desde a educação infantil até o nível outras ainda a adequar. Dentro do processo
superior, diminuindo as dificuldades de educacional, os atos de aprender e ensinar
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estão interligados entre si e não é possível
separá-los.
A psicopedagogia institucional surge
da necessidade de compreender o
processo educacional de uma maneira
interdisciplinar, buscando fundamentos na
pedagogia, na psicologia e em diferentes
áreas de atuação focando também na
multidisciplinaridade. É mais um avanço na
área acadêmica. A construção do sujeito
mediando seu conhecimento para tornar a
sociedade mais justa, ética e humana.

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Unidade 1
Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?

Objetivos

1. Abordar um rastreamento histórico


para que se possa entender como e
quando, surgiu a psicopedagogia e se
é tão importante nos dias de hoje.
2. Conhecer, na visão de vários, autores
sua concepção e função.
3. Entender ao longo dos anos como foi
lapidado seu objeto de estudo.

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Introdução

O pior dano que se pode fazer a uma criança é leva-la a perder a


confiança em sua própria capacidade de pensar (Emília Ferreiro)
A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de
aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica, que busca conhecimento em outros
campos e cria seu próprio objeto de estudo (BOSSA, 2000, p. 23). Ocupa-se do processo
de aprendizagem humana: seus padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse
processo.

1. Linha Histórica da Psicopedagogia

A Psicopedagogia surgiu no Brasil em meados dos anos 1970, devido ao grande número de
crianças com fracasso escolar apresentando dificuldades de aprendizagem em sala de aula,
tendo em vista que a psicologia e a pedagogia, isoladamente, não deram conta de resolver
tais fracassos. Ainda nesta época, as dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma
disfunção neurológica denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda neste
período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.

6/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?


Cada ainda mencionar que Psicopedagogia alunos com dificuldades de aprendizagem.
foi introduzida aqui no Brasil baseada Nesta época, cabia a ela remediar e, com
nos modelos médicos de atuação e foi isto, ainda não possuía um estudo e uma
dentro desta concepção de problemas de teoria própria de conhecimento.
aprendizagem que se iniciaram, a partir de Em meados dos anos 1990, seu objetivo
1970, cursos de formação de especialistas de estudo passa a ser o processo de
em Psicopedagogia na Clínica Médico- aprendizagem visando o fracasso escolar,
Pedagógica de Porto Alegre, com a duração baseando-se nos trabalhos desenvolvidos
de dois anos. segundo Piaget, observando o sujeito e a
De acordo com Visca, a Psicopedagogia sua relação com o meio, dando ênfase aos
foi inicialmente uma ação subsidiada da aspectos cognitivos, afetivos e sociais.
Medicina e da Psicologia, perfilando-se
Nos dias de hoje a psicopedagogia passa
posteriormente como um conhecimento
a ser vista como uma ciência: ela não é
independente e complementar, possuída
apenas mais uma junção da psicologia
de um objeto de estudo, denominado de
com a pedagogia, mas possui objetivo
processo de aprendizagem, e de recursos
próprio, passa a cuidar do desenvolvimento
diagnósticos, corretores e preventivos
e conhecimento humano, um sujeito que
próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).
aprende inserido num meio ensinante.
Até os anos 1980, a psicopedagogia
tratava os sintomas apresentados pelos
7/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?
2. A Psicopedagogia na Visão dos Estudiosos

Alguns estudiosos e suas definições sobre a psicopedagogia facilitaram o conhecimento para


este mundo até então desconhecido, o aprender a apreender; são eles:
Para Kiguel:

o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em


torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos
normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola,
sociedade) no seu desenvolvimento. (1991, p. 24).
De acordo com Neves:

[...] [a] psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando


sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem,
tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do
conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em
pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão
implícitos (1991, p. 12).
8/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?
Segundo Scoz, “a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades,
e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e
sintetizando-os” (1994, p. 2). Para Golbert:

[...] o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir do


enfoque preventivo que considera o objeto de estudo da psicopedagogia
o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. E o enfoque
terapêutico que considera o objeto de estudo psicopedagogia a
identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e
tratamento das dificuldades de aprendizagem (1985, p. 13).
Para Rubinstein:

num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o


desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores
de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remedição e
desta forma promover desaparecimento dos sintomas (1996).

9/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?


Do ponto de vista de Weiss, “a Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia,
psicopedagogia busca a melhoria das que inicialmente foi uma ação subsidiária
relações com a aprendizagem, assim da Medicina e da Psicologia, perfilou-se
como a melhor qualidade na construção como um conhecimento independente e
da própria aprendizagem de alunos e complementar, possuída de um objeto de
educadores”. (1991, p. 6). estudo – o processo de aprendizagem –
Essas considerações em relação ao objeto e de recursos diagnósticos, corretores e
de estudo da Psicopedagogia sugerem preventivos próprios (1987).
que há certo consenso quanto ao fato A Psicopedagogia no Brasil, há trinta anos,
de que ela deve ocupar-se em estudar vem desenvolvendo um quadro teórico
a aprendizagem humana, porém é uma próprio. É uma nova área do conhecimento
ilusão pensar que tal consenso conduza que traz em si as origens e contradições de
todos a um único caminho. uma atuação interdisciplinar, necessitando
Falar a construção ou dos rumos da de muita reflexão teórica e pesquisa
Psicopedagogia no Brasil, é primeiramente (BOSSA, 2000, p.13).
reconhecer as contribuições dos Uma das grandes defensoras da
profissionais, em especial Jorge Visca, Sara psicopedagogia é Sara Paín. Ela foi
Paín e Alícia Fernández. professora de psicologia na Universidade
10/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?
Nacional de Buenos Aires e Mar Del Plata Também desenvolveu várias atividades e
por quinze anos. Por motivos políticos, ministrou o curso “A função da ignorância
teve de se exilar na França, onde reside na construção do conhecimento”.
desde 1977. Foi professora da Universidade Dentre as inúmeras obras e artigos que ela
Paris XIII e da Faculdade de Psicologia em escreveu é possível destacar:
Tolouse. Também trabalhou para a UNESCO
em missões de assessoria relacionadas a • Diagnóstico e tratamento dos
problemas de inteligência e aprendizagem. problemas de aprendizagem
Atualmente, participa da formação e (tradução no Brasil de 1985).
pesquisa em várias universidades e centros • A Função da ignorância (tradução no
de educação na França, no Brasil e na Brasil de 1999).
Argentina.
• Psicometria genética (tradução no
No Brasil, foi consultora científica do Brasil de 1992).
projeto Geempa (Grupo de Estudos sobre
• Teoria e técnica da arte-terapia
Educação, Metodologia de Pesquisa e
(Coautoria com Gladys Jarreau).
Ação) de Porto Alegre e do Cevec (Centro
de Estudos Educacionais Vera Cruz e • A gênesis do inconsciente.
da Escola Experimental), em São Paulo. • Psicopedagogia operativa.
11/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?
Glossário
Dificuldades de aprendizagem: caracterizam-se fundamentalmente pela presença de dificuldades
no aprender, maiores do que as naturalmente esperadas para a maioria das crianças e por seus pares de
turma e é, em boa parte das vezes, resistente ao esforço pessoal e ao de seus professores, gerando um
aproveitamento pedagógico insuficiente e autoestima negativa (MALUF, 2013, p. 1).
Patológicos: relacionados a alguma doença ou algum problema que precisa de um tratamento.
Preventivo: tem a meta de refletir e discutir os projetos pedagógico-educacionais, os processos didático-
metodológicos e a dinâmica institucional, melhorando de maneira qualitativa os procedimentos em
sala de aula, as avaliações, os planejamentos e oferecendo assessoramento aos professores, pedagogos,
orientadores (FAGALI; VALE, 2009, p. 9-10).

12/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?


?
Questão
para
reflexão

Retome o texto e faça um rastreamento histórico da


Psicopedagogia no Brasil e seus precursores. Faça uma
reflexão sobre os caminhos percorridos.

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Considerações Finais

A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 1970 devido ao fracasso


escolar.
Os primeiros cursos de Especialização em Psicopedagogia foram concebidos
na visão médica dos problemas de aprendizagem.
Inicialmente, sua conceituação foi pautada na visão médica e psicológica.
Foi uma longa trajetória da concepção da Psicopedagogia, como se pode ver
pelos autores, até os a dias de hoje.
A importância dos estudos sobre a Psicopedagogia desenvolvidos por
diferentes autores para uma atuação cada vez mais eficaz e ética no âmbito da
educação.

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Referências

ALVES, Maria Dolores; BOSSA Nádia. Psicopedagogia em Busca do sujeito. Disponível em: <http://
www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=809>.

Acesso em: 14 out. 2014.


BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2000.
______. Dificuldades de aprendizagem: o que são e como tratá-las? Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
FAGALI, Eloísa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional Aplicada: a
aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
FERNANDEZ, A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua
família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
GOLBERT, Clarissa S. Considerações sobre as atividades dos profissionais em Psicopedagogia
na Região de Porto Alegre. In: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 4, n. 8,
agosto de 1985.
KIGUEL, Sônia. Normalidade e patologia no processo desaprendizagem: abordagem
psicopedagógica. Revista Psicopedagogia, v.10, p.24, 1991.
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MALUF, Maria Irene. Crianças com dificuldade de aprendizagem. Direcional Escolas. 10 dez 2013.
Disponível em: <http://direcionalescolas.com.br/2013/12/10/criancas-com-dificuldade-de-
aprendizagem/>. Acesso em: 14 out. 2014.

NEVES, Maria. Psicopedagogia: um só termo e muitas definições. Revista da ABBP, n. 21, v.10,
p.12, 1991.
RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: SISTO, Fermino
Fernandes. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar. Petrópolis: Vozes,1994.
VISCA, Jorge. Clínica pedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

16/106 Unidade 1 • Como e por que Surgiu a Psicopedagogia Institucional no Brasil?


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: História da Psicopedagogia - Aula 1 - Tema: Do Trabalho Clínico ao Trabalho


Bloco I Institucional - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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aadf36a2db58aaddb490513cf70f098d>. 1d/400b4ffeec62a5ce514928c82ad476ca>.

17/106
Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Concepção e Função da Aula 1 - Tema: Atuação Institucional - Bloco IV


Psicopedagogia Institucional - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4c-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 4306dfc58ccf4a35a3af4f51a9ff1f>.
1f280669e8b54d2737c8ddb396248520>.

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Questão 1
1. Qual a década em que a psicopedagogia chegou ao Brasil?

a) Na década de 1980.
b) Na década de 1990.
c) Na década de 1950.
d) Na década de 1970.
e) Na década de 1920.

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Questão 2
2. Do que se trata a psicopedagogia?

a) Trata-se da busca para resolver os problemas de aprendizagem.


b) Trabalha os conteúdos programáticos.
c) Só com sindrômicos.
d) Minimiza dificuldades na comunicação.
e) É um trabalho sem vínculo.

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Questão 3
3. Quando é construída a aprendizagem?

a) Na evolução humana.
b) Terceira idade.
c) Na adolescência.
d) No período gestacional.
e) Desde o nascimento.

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Questão 4
4. A psicopedagogia é uma área de estudos recentes que resultou dos es-
tudos e conhecimentos de quais áreas?

a) Medicina e motricidade.
b) Psicologia e pedagogia.
c) Letras e matemática.
d) Engenharia e direito.
e) Gastronomia e estudos sociais.

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Questão 5
5. O profissional do psicopedagogo atua como:

a) Autoritário.
b) Facilitador.
c) Construtor.
d) Mediador.
e) Transformador.

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Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: B.

De acordo com o rastreamento histórico, Os primeiros conhecimentos foram da


chegou ao Brasil na década de 1970. psicologia e pedagogia, mas também
com um comprometimento de diversas
2. Resposta: A. áreas como a medicina, fonoaudiologia,
psicologia e outras.
Discute e analisa os problemas de
aprendizagem e busca subsídios para 5. Resposta: D.
entender o aluno.
Atua como mediador, intervindo entre
3. Resposta: E. o indivíduo e suas dificuldades de
aprendizagem.
Desde o nascimento, efeito de processos
naturais e espontâneos do indivíduo que,
desde cedo, aprende a sugar, balbuciar,
engatinhar garantindo a sua sobrevivência.

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Unidade 2
A Psicopedagogia Institucional

Objetivos

1. Pensar sobre como ocorre a


aprendizagem humana.
2. Apresentar o papel do Psicopedagogo
Institucional.
3. Refletir como ocorre a prática
psicopedagógica na instituição.

25/106
Introdução

Lembrando que o objetivo da suas ligações com emoção, memória e o


psicopedagogia é diminuir o fracasso cognitivo.
educacional usando a práxis A mais nobre aquisição da humanidade
psicopedagógica como o conhecimento é a fala; e as expressões mais úteis à
dos processos de aprendizagem nos sobrevivência são: os gestos, as escritas,
seus aspectos cognitivos, emocionais e criatividades, habilidades e o corpo em
corporais. movimento.
Sendo necessário, na maioria das vezes,
que o Psicopedagogo Institucional 1. O Fracasso Escolar
atue interferindo no planejamento das
instituições e desenvolvendo um trabalho Refletindo sobre o que se leu, será
de reeducação. Vivenciando e construindo analisado o fracasso escolar com a
projetos, aprimorando a percepção de si seguinte inquietação:
mesmo e do outro, enquanto ser individual, O fracasso escolar é de quem ensina ou de
social e cultural. quem aprende?
Para chegar à função do Psicopedagogo As práticas pedagógicas utilizadas em
Institucional deve-se refletir sobre a sala de aula contribuem para que o aluno
importância da aprendizagem humana e
26/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
aprendente elabore um conhecimento Não se pode deixar de pensar que a
criativo, ativo e crítico nas relações sociais, aprendizagem está entrelaçada com seu
educacionais e históricas. meio social, nas suas relações com os
Discutir e analisar os problemas de outros, se de fato nasce à elaboração e
aprendizagem é buscar subsídios para reelaboração de ideias sobre as situações
entender e ajudar o aluno que apresenta mais simples até as mais complexas que
dificuldades cognitivas, psicomotoras e surgem no seu dia a dia; desse modo, não
afetivas de aprendizagem intrinsecamente é possível conceber a aprendizagem como
ou extrinsecamente na escola, família e um processo mecânico e sem afeto.
sociedade. No entanto há de se pensar que o processo
A função da educação pode ser de aprendizagem acontece através da
apresentada alienando ou libertando, transmissão de conhecimento, havendo
dependendo de como for usada, quer dizer, interesse, motivação, conteúdos que sejam
a educação como tal não é culpada de uma significativos e utilizando metodologias
coisa ou de outra, mas a forma como se que possibilitem ao aluno relacionar o que
instrumenta esta educação pode ter efeito está aprendendo e o seu meio social.
alienante ou libertador (PAÍN, 1991, p. 12). Vive-se com alguns questionamentos, ora
encontram-se respostas ora não, e quando
27/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
não se encontra a saída, o que fazer?
Como dar continuidade frente ao fracasso
escolar?
Para saber mais
Assista à entrevista sobre Fracasso Escolar
Quais fatores interferem na aprendizagem dada por Bernard Charlot, Doutor em Ciências
dos alunos? da Educação pela Universidade de Paris,
Qual a maior dificuldade de aprendizagem pesquisador do Núcleo de Pós-Graduação em
sinalizada na escola? Educação da Universidade Federal de Sergipe.

Existem soluções para minimizar os Disponível em: <http://www.youtube.com/


problemas de aprendizagem na escola? watch?v=1HUJQlduYzk>. Acesso em: 14 out.
2014.
De quem é a culpa? Existe algum culpado?
Para tanto, deve-se falar de aprendizagem
e suas formas de aprender. 2. A Aprendizagem

Aprendizagem é o processo pelo


qual as competências, habilidades,
conhecimentos, comportamento ou
valores são adquiridos ou modificados,
28/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
como resultado de estudo, experiência, • A aprendizagem como um
raciocínio e conhecimento. Existem estabelecimento de novas relações
diferentes formas de aprender e várias entre o ser e o meio ambiente tem
teorias de aprendizagem. Compartilho sido objeto de vários estudos.
a seguir alguns pontos de vista sobre • A aprendizagem escolar se vincula
aprendizagem. com a motivação dos alunos,
• Aprendizagem é uma das funções indicando os objetivos procurados.
mentais mais importantes do ser É intrínseca quando se trata de
humano. objetivos internos (curiosidade,
necessidades orgânicas e sociais). É
• A aprendizagem está relacionada
extrínseca quando estimulada de fora
à educação e ao desenvolvimento
(exigências da escola, expectativa de
pessoal. Deve ser devidamente
benefícios sociais, estimulação da
orientada, quando o aluno é
família, do professor ou colega).
motivado a aprender, é mais
fácil adquirir o conhecimento e • Segundo Amélia Hamze (s/d),
transformá-lo em fonte de sabedoria. colunista do Brasil Escola:
“aprendizagem é um processo de
mudança de comportamento obtido
29/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e
ambientais”.
• Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente.
De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é o coautor
do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o
conhecimento é construído e reconstruído continuamente.
A aprendizagem e o conhecimento andam juntos para construir a cooperação, criticidade e a
criatividade. Estes elementos fomentam a liberdade e a coragem de expressão social, sendo
que o aluno se torna o sujeito ator, como protagonista da sua aprendizagem.
Deve-se neste trecho citar o educador Pedro Demo (1997, p. 16),

Porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter


história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos
outros. Uma história que permita ao sujeito participar da sociedade.

30/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional


Aprender é o resultado da interação entre na qual se destaca o Psicopedagogo
estruturas mentais e o mundo globalizado. Institucional, hoje uma ligação importante
De acordo com a nova estrutura dentro das instituições educacionais.
educacional, centrada no aluno, portanto Este reorganiza o processo educacional,
na aprendizagem, o professor é o mediador reorganizando os papéis, mediando novas
do processo de aprendizagem dos alunos. orientações de tendências pedagógicas
Quando a educação é construída pelo facilitando novos saberes a seguir. A
sujeito da aprendizagem, no ambiente Educação nos dias de hoje contempla
educacional prevalecem a ressignificação tempos e espaços novos, tempestades
de ideias, situações problemas surgindo
dos sujeitos, competências, habilidades,
à produção e manifestações próprias
criatividades, atitudes, respeito, formas
dos educandos. O professor exerce a sua
de comunicação diferentes, leitura,
habilidade de mediador das construções
escrita, caracterizando aprendizagens
de aprendizagem e saberes. Mediar é
significativas. Este é um cenário novo da
interferir para promover transformações.
educação que exige uma participação
Como mediador, o professor passa a ser
de todos os diretores, coordenadores,
um facilitador do conhecimento e exerce
orientadores, professores, alunos,
o seu papel de instigador do processo de
familiares e uma equipe multidisciplinar
aprender dos alunos.
31/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
Na relação desse novo panorama • Domínio afetivo (relacionado a
pedagógico, professores e alunos sentimentos, emoções, gostos ou
interagem usando a empatia, a confiança, atitudes).
o diálogo, o aprender a apreender. Isso
• Domínio psicomotor (que ressaltam o
é fundamental, pois nesse encontro
uso e a coordenação dos músculos).
professor e alunos vão construindo novos
métodos de se praticar a educação. É No domínio cognitivo há habilidades de
necessário que o trabalho escolar seja memorização, compreensão, aplicação,
competente, com conhecimento da análise, síntese e a avaliação. No domínio
clientela, ajustando aos métodos o que o afetivo há habilidades de receptividade,
aluno já trás da sua história, à cidadania resposta, valorização, organização e
emancipada, que exige sujeitos capazes de caracterização. No domínio psicomotor
transformar a sociedade. apresentam-se habilidades relacionadas
Os objetivos da aprendizagem são a movimentos básicos fundamentais,
classificados em: movimentos reflexos, habilidades
perceptivas e físicas e a comunicação não
• Domínio cognitivo (ligado a discursiva.
conhecimentos, informações ou
capacidades intelectuais).
32/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
E para que a aprendizagem tenha êxito, o externo, e afeta as pessoas. Para Wallon,
Psicopedagogo tem que estar focado em que estudou a afetividade geneticamente,
alguns pré-requisitos. São eles: os acontecimentos estimulam tanto os
movimentos do corpo quanto a atividade
• Afetividade.
mental, interferindo no desenvolvimento.
• Atenção.
• O professor, ao observar as emoções
• Memória. dos alunos, pode ter algumas pistas
Algumas situações emocionais podem de dificuldades de aprendizagem, se
existir para dificultar a aprendizagem, por está interferindo em algum ponto,
exemplo, a emoção muitas vezes interfere causando apatia para os estudos e
no processo da informação. Wallon, pesquisas.
segundo Almeida (2000), defende que a
pessoa é resultado da integração entre • O professor, ao observar a atenção
afetividade, cognição e movimento. O que dos alunos, tem que considerar o que
é conquistado em um desses conjuntos, está sendo apresentado para o aluno,
interfere nos demais. se tem significado e representa uma
novidade, um desafio.
O afeto, por meio de emoções, sentimentos
e paixões, sinaliza com o mundo interno e
33/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
Muitas vezes a falta de atenção ou memória, construindo sentido sobre o que
desinteresse do aluno decorre do meio se está vendo no seu dia a dia.
escolar ou de atuações inadequadas à
aprendizagem. Cabe ao professor refletir
sobre suas propostas e modificá-las
sempre que necessário. Para saber mais
A memória é fundamental para a No site Psicopedagogia Brasil – Pensar e Aprender
aprendizagem e, segundo Wallon, as é possível encontrar vários artigos sobre
pessoas são seres integrados com Aprendizagem, bem como sobre vários temas
afetividade, cognição e movimento. que contribuirão para a sua formação como
Portanto, acontecimentos que afetam psicopedagogo institucional.
e produzem sentidos ficam retidos na Disponível em: <http://www.
memória com mais facilidade. psicopedagogiabrasil.com.br>. Acesso em: 14
Aprender e memorizar é saber criar, out. 2014.
relacionar e refletir, chegando a sua
conclusão final. É tarefa do professor
planejar e adotar uma metodologia em que
os alunos se adaptem, aprendam e fique na
34/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
3. Normas e Condutas Éticas no 2. Considerar a leitura e a escrita como
Trabalho Escolar: Código de Ética ferramentas fundamentais de acesso
ao saber.
As questões de natureza ética são 3. Nortear sua prática dentro dos
muito importantes em qualquer princípios da liberdade do ser.
profissão. No caso da Psicopedagogia,
4. Reconhecer e assumir a dupla
o uso da ética é fundamental, trabalha-
polaridade de seu papel-transmissão
se com diagnósticos e intervenção de conhecimento e compreensão dos
psicopedagógica o tempo todo e a ética fatores psicológicos que interferem
se faz presente e passa a ser um norteador no ato de aprender.
das práticas psicopedagógicas.
5. Reconhecer o papel da família
Segundo Mery (1986), o trabalho como transmissora da cultura,
psicopedagógico deve estar ancorado em devendo analisar e compreender
alguns princípios gerais, tais como: os mecanismos dentro da relação
familiar que promovem bloqueio da
1. Acreditar que todo ser humano tem
aprendizagem.
direito ao pleno acesso ao saber
acumulado, representado pela 6. Reconhecer a escola como espaço
cultura. privilegiado para a transmissão
35/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
da cultura, e também o valor de responsabilidades, respeito, dentro
outras organizações sociais, ainda de um comportamento profissional
mantendo postura crítica frente às psicopedagógico que se faz necessário
dificuldades geradas pela própria para:
instituição escolar, usando a ética e
• O respeito aos outros profissionais.
recursos humanos durante todo o
planejamento. • O respeito ao sujeito envolvido no
A Psicopedagogia é investigativa para processo clínico e sua família.
a descoberta das causas dos problemas • O comprometimento com seu
de aprendizagem, olhando a relação trabalho, buscando através de estudo
interpessoal docente/discente e suas melhorar sua atuação.
dificuldades de aprendizagem, não só • Saber trabalhar em equipe, ter
em um nível intelectual, mas buscando princípios.
outras variáveis no domínio afetivo-
cognitivo-social. Para tal, o profissional • Ser responsável, enfim, ter um
de Psicopedagogia tem um Código comportamento profissional digno,
de Ética elaborado pelo Conselho visando sempre ao bem estar de seu
Nacional, que orienta sobre os princípios, paciente, cliente ou aluno.

36/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional


O psicopedagogo procurará manter
e desenvolver boa relação com os
profissionais de outras áreas que estiverem
envolvidos no caso, reconhecendo os
casos pertencentes aos demais campos
de especialização encaminhando-os a
profissionais habilitados e qualificados
para o atendimento.
A ética profissional deveria ser uma
disciplina para todos os cursos,
principalmente para aqueles que irão
trabalhar com o desenvolvimento humano,
suas dificuldades e seus processos. O
profissional sai da Academia, infelizmente,
sem esse tino profissional, atuando muitas
vezes de forma errada, prejudicando, assim,
seu aluno, paciente ou cliente, dependendo
de seu campo de atuação.
37/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
Glossário
Competências: faculdade para apreciar e resolver qualquer assunto (Dicionário Michaelis, 2009).
Habilidades: 1 Qualidade de hábil (Que tem capacidade para fazer uma coisa com perfeição e
conhecimento do que executa). 2 Capacidade, inteligência. 3 Aptidão, engenho. 4 Destreza. 5 Astúcia,
manha. (Dicionário Michaelis, 2009).
Conhecimentos: 1 Ato ou efeito de conhecer (Ter ou chegar a ter conhecimento, ideia, noção ou
informação de; Ter experiência de; Discernir, distinguir, reconhecer). 2 Faculdade de conhecer. 3 Ideia, noção;
informação, notícia. 4 Consciência da própria existência. (Dicionário Michaelis, 2009).

38/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional


?
Questão
para
reflexão
Agora quero convidá-lo para repensar a Instituição Educacional sobre o
olhar Psicopedagógico.
Leia com atenção o diálogo a seguir.
Dialogo Professor X Aluno:
_ Professora Maria Helena, gostaria tanto de saber ler para poder entender
os gibis da turma da Mônica. Aluno M.F. 12 anos.
_ Professora Marli, não consigo copiar do quadro negro porque não
conheço todas as letras... estou confusa. Aluna L.M. 10 anos.
_ Professora Joceli, tenho muito sono em sala de aula, não consigo ouvir
nem aprender. Aluna L.F. 9 anos.
_Não gosto da escola, não tenho interesse em ouvir a professora, ela grita
muito. Aluno D.D. 8 anos.
39/106
?
Questão
para
reflexão
Estes são apenas alguns depoimentos dos alunos a procura de socorro
educacional. É possível elencar tantos outros que já foram vivenciados ou
relatados por colegas.
As dificuldades descritas pelos alunos apontam as expectativas de
aprender, assinalam a vontade de compreender e desenvolver a leitura,
a escrita, com o domínio de habilidades para decodificar símbolos, o
exercício do controle motor, reconhecimento de letras, palavras e traços,
sem contar a afetividade, muito importante no aprender e no ensinar, o
significado maior do ato de ler e escrever para transformar.
Sugiro que pare um pouco para refletir, a partir do que já foi estudado,
como está ocorrendo a aprendizagem nos dias de hoje? Como é possível
atuar para melhorar o processo de aprendizagem?

40/106
Considerações Finais (1/2)
A psicopedagogia hoje tem por objetivo de estudo a aprendizagem
como um processo individual, em que a trajetória da construção do
conhecimento é valorizada e entendida como parte do resultado final.
A sua maior preocupação é o ser que aprende, o ser cognoscente e
o seu objetivo geral é desenvolver e trabalhar esse ser de forma a
potencializá-lo como uma pessoa autora, construtora da sua história,
de conhecimentos, e adequadamente inserida em um contexto social.
A dificuldade de aprendizagem nessa definição é entendida e
trabalhada com um agente dificultador para a construção do aprendiz,
que é um ser biológico, pensante, que tem uma história, emoções,
desejos e um compromisso político e social.
Os vários profissionais envolvidos na questão aprendizagem
perceberam que não bastava retirar o eixo da patologia para que a
aprendizagem acontecesse, mas era necessário saber que sujeito era
esse, de onde ele vinha e para onde ele queria e podia ir.
41/106
Considerações Finais (2/2)
A constatação que apenas uma área do conhecimento não conseguiria
respostas absolutas e definitivas para a situação deflagrou o que é
hoje a Psicopedagogia. A psicopedagogia se propõe a investigar e a
entender a aprendizagem com base no diálogo entre várias disciplinas.
Diante deste avanço, a criança que, não conseguindo aprender, é
entendida e trabalhada, não como alguém que possui um déficit ou um
problema, mas como um aprendiz que possui um estilo de aprender
diferente, que está diretamente relacionado ao estilo de família e da
comunidade a que pertence.
Em face da complexidade das questões aqui levantadas e da delicadeza
do objeto de trabalho, se faz necessário a parceria e ajuda do trabalho
de professores, psicólogos e equipe multidisciplinar.

42/106
Referências

ALMEIDA, Laurinda R. A Discussão Relacional no Processo de Formação do Docente. São Paulo,


Loyola, 2000.
BARONE, Leda Maria. C. Psicopedagogia, o Caráter Interdisciplinar na Formação e Atuação
Profissional: considerações a respeito da ética. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
BECKER, Fernando. Educação e construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a Partir da Prática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2000.
CAMARGO, Marculino. Fundamentos de Ética Geral e Profissional. Rio de Janeiro: Vozes,1999.
CÓDIGO DE ÉTICA DA ABPp. In: Revista Psicopedagogia. São Paulo. v.12, Nº25, p.36-37, ABPp, 1993.
______. In: Revista Psicopedagogia. São Paulo. v. 15, Nº38, p.2-3, ABPp, 1996.
DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1997.
DICIONÁRIO MICHAELIS. Editora Melhoramentos Ltda, 2009. Disponível em: <http://michaelis.
uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Aceso em: 14 out. 2014.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, Autores
Associados. 2007.
43/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional
HAMZE, Amélia. O que é a aprendizagem? s/d. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/
trabalho-docente/o-que-e-aprendizagem.htm>. Acesso em: 14 out. 2013.

MERY, Janine. Pedagogia Curativa Escolar e Psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas,1986.
OLIVEIRA, V. B; BOSSA, N. A. Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. 18. ed. São
Paulo: Vozes, 2009.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4 ed. Porto Alegre: Artmed,
1991. p. 12.
RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: Atuação
psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.
SCOZ, B. Psicopedagogia e a realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem, 15. ed. São
Paulo: Vozes, 2008.

44/106 Unidade 2 • A Psicopedagogia Institucional


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Fracasso Escolar - Bloco I Aula 2 - Tema: Aprendizagem Humana - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a50c2e0da8825330bdaa21db2ddc9d5f>. ae70b400c8c9b4e4345bd1cb580f9073>.

45/106
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Papel da Psicopedagogia Aula 2 - Tema: Prática Psicopedagógica - Bloco


Institucional - Bloco III IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
09d453ebde3b158065c3a6c9eb2345f9>. 8ca7b53d82c984bb494c3174f4146375>.

46/106
Questão 1
1. Qual é o papel da psicopedagogia institucional?

a) Analisar e assinalar.
b) Propor mudanças.
c) Modificar conteúdos.
d) Intervir.
e) Curar.

47/106
Questão 2
2. O psicopedagogo Institucional faz sua interação a partir:

a) Da história do indivíduo.
b) Mudança da sociedade.
c) Do entorno.
d) Da incorporação e informação.
e) Experiências vividas.

48/106
Questão 3
3. Qual o princípio norteador da psicopedagogia?

a) Inclusão do ser humano.


b) Integração do transtorno de aprendizagem.
c) Integração entre objetividade e a subjetividade.
d) Integração dos conteúdos.
e) Inclusão da sociedade.

49/106
Questão 4
4. Qual a função da psicopedagogia institucional?

a) Identificar.
b) Relacionar.
c) Reciclar.
d) Orientar.
e) Ocultar.

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Questão 5
5. Qual é a primeira etapa de planejamento para intervir na psicopedagogia
institucional?

a) Descrição.
b) Identificação.
c) Intervenção.
d) Análise.
e) Relatórios.

51/106
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: A.

Seu papel é analisar e assinalar os fatores Identificar, analisar, planejar, intervindo


que favoreçam, intervém ou prejudicam através das etapas de diagnósticos
uma boa aprendizagem. e de tratamento em um trabalho
interdisciplinar.
2. Resposta: A.
5. Resposta: B.
A história do indivíduo é de suma
importância para começar um A primeira etapa é a de identificação, o
planejamento das ações futuras, que é apresentado como queixa observada
diminuindo o fracasso escolar. através do cotidiano da instituição.

3. Resposta: C.

É a integração entre objetividade e a


subjetividade, nos processos de ensino-
aprendizagem.

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Unidade 3
Psicopedagogia Hospitalar

Objetivos

1. Conhecer a atuação do Psicopedagogo


Hospitalar.
2. Conscientizar, discutir e ampliar as ideias dos
profissionais da educação e saúde quanto a
proporcionar uma melhor qualidade de vida para
todas as pessoas que requerem um cuidado e
um olhar especial para o atendimento hospitalar.
3. Relacionar o trabalho psicopedagógico com o
contexto de atuação e a equipe multiprofissional
ou interdisciplinar.
53/106
Introdução

Nada posso lhe dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe
outro mundo de imagens além daquele que há em sua própria alma. Nada
lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a
tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo. (Hermann Hesse).
Nesta aula você conhecerá um pouco melhor o trabalho do psicopedagogo hospitalar, como
atuar em um ambiente hospitalar visando ao sujeito que aprende, com tantas variáveis
envolvidas no tratamento dos indivíduos que lá estão.

1. A Função da Psicopedagogia Hospitalar

A função da psicopedagogia hospitalar é muito importante, pois existem algumas dificuldades


de aprendizagem dentro do hospital. Crianças e jovens que necessitam de longas internações
acabam sofrendo uma carência em relação à aprendizagem, precisam de uma continuidade aos
estudos, com muito para fazer nesse “novo” da educação, pois, por meio do acompanhamento
educacional dentro do ambiente hospitalar, irão resgatar vários sentimentos, como aceitação,
autoestima, segurança, angústias, medos, uma melhor qualidade de vida e a continuidade do
desenvolvimento das potencialidades que eles apresentam.
54/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
A função do psicopedagogo será mediar e por ser um profissional interdisciplinar,
para que se recuperem sentimentos de multidisciplinar e transdisciplinar, está
autoestima, entre outros, assegurando apto a esta modalidade, utilizando todo o
a valorização da vida do paciente. O seu conhecimento para criar um mundo em
psicopedagogo hospitalar situa-se que as pessoas se preocupam umas com as
na modalidade da Educação Especial, outras.
definindo como suas principais ações as A alternativa de apoio psicopedagógico
atividades de classes hospitalares para ao paciente hospitalizado é interessante
crianças e adolescentes em tratamento para assegurar-lhe uma boa recuperação,
de saúde, diminuindo suas dificuldades de e tranquilizar as inquietações que surgem
aprendizagem. de preocupações sobre o tratamento
A proposta da psicopedagogia hospitalar recomendado e o tempo de hospitalização.
é ser interlocutor, não só de crianças, mas O ambiente hospitalar é um local que
também de todos aqueles que passam emana diversos sentimentos e sensações:
por internações, seja de curta, média ou ora doença ou saúde, imensa tensão ou
longa duração, doenças crônicas e de angústia, alívio, cura ou consolo. Ainda
pacientes terminais. O psicopedagogo não é fácil distinguir entre a dor e outras
hospitalar, embasado na teoria e na prática agressões de que a criança ou o adulto
55/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
são vítimas, como separação da família, os olhos podem ver, é o toque, o carinho,
mudança de quadro, mudanças da rotina, e um abraço bem dado, um sorriso ou
procedimentos desconhecidos. até mesmo um sofrer junto, pois, com a
Os pais e familiares diante da doença, enfermidade e hospitalização, o paciente
não sabendo como atenuar e controlar assume um estado de espera e passa a
o desespero e o sofrimento, poderão conviver com o ócio. É neste momento que
desenvolver um controle excessivo diante o psicopedagogo entra em ação por meio
do paciente. Nesse contexto humanizador de atividades educativas, em que pretende
se faz necessária a intervenção amenizar o estado ocioso e ocupar o tempo
psicopedagógica, optando por atividades do paciente mediante práticas educativas
que possam transpor os sentimentos que estimulem a criação, a socialização, o
de angústia e solidão, contribuindo não gosto pela a leitura, música, buscando na
somente com o físico, mas com o cognitivo, educação uma pedagogia transformadora,
afetivo e social também, deixando de no sentido de contribuir para a promoção
lado, por exemplo, as atividades lúdicas da saúde.
centradas na aprendizagem e utilizando Ao olhar o paciente em sua totalidade,
um exercício muito mais eficaz, que é o pergunta-se: por que não criar um espaço
fantástico exercício do olhar além do que prazeroso, alegre, lúdico, de expressão?
56/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
No qual o sujeito hospitalizado possa e hospitalizados, autoconhecimento,
jogar, interagir com os outros sujeitos desenvolvimento da autonomia, identidade
neste período, ocorrendo assim sua e responsabilidade no tratamento e nas
inserção no contexto hospitalar, visto necessidades da própria saúde, levando-o
que as ações educativas em ambiente a aprender sobre si, desejando modificar
hospitalar representam um adicional seu estado o mais rápido possível.
de possibilidades, no sentido de abrir
novas perspectivas a favor do tratamento 2. O Ambiente Hospitalar no seu
da saúde das pessoas hospitalizadas, Contexto
compreendidas como indivíduos em
estado permanente de aprendizagem De acordo com Leitão (1990), o hospital
e desenvolvimento de potencialidades é um ambiente que oferece certa
e capacidades, em comunicação com a privação aos estímulos fundamentais
vida saudável que humanamente inclui ao desenvolvimento infantil por não
aprender com o estado da doença. contar, geralmente, com atividades
que considerem as questões sociais,
Enquanto psicopedagogos, é possível
emocionais e motoras da criança. E quanto
contribuir para favorecer, na criança e
maior o tempo de tratamento, maior o
no jovem que se encontram doentes
57/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
estresse, a angústia e o medo da morte, • Aproximar a vivência da criança no
assim como menor é o desenvolvimento hospital à sua rotina diária anterior
da criança, já que o tratamento exige uma ao internamento, utilizando o
permanência muito grande em ambiente conhecimento como forma de
hospitalar. emancipação e formação humana.
Os principais objetivos da psicopedagogia • Fortalecer o vínculo com a criança
hospitalar podem ser apontados nos hospitalizada, possibilitando o fazer
seguintes itens: pedagógico na prática educacional
• Promover a integração entre a dos ambientes hospitalares.
criança, a família, a escola e o • Proporcionar à criança hospitalizada
hospital, amenizando os traumas a possibilidade de, mesmo estando
da internação e contribuindo para a em ambiente hospitalar, ter acesso à
interação social. educação.
• Dar oportunidade ao atendimento Conforme tudo que foi apresentado,
às crianças e adolescentes percebe-se que há necessidade do
hospitalizados, em busca da profissional da educação dentro do
qualidade de vida intelectiva e ambiente hospitalar. A criança e o jovem
sociointerativa.
58/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
não podem ser prejudicados pelo longo de desenvolver propostas consistentes,
período de internação que sofrem. tanto do ponto de vista psicopedagógico
Neste contexto, o psicopedagogo é quanto de apoio teórico, deixando de lado
o agente de mudanças, pois entende o assistencialismo ou o recreativo, que na
que o escolar doente não é um escolar maioria das vezes camuflam o contexto da
comum, ele se diferencia por estar psicopedagogia hospitalar.
acometido de moléstia, razão pela qual Considerando a legislação federal, a
precisou de cuidados médicos, bem como criança hospitalizada é considerada com
necessita ainda de ajuda para vencer as necessidades especiais, uma vez que sua
consequências de sua própria doença situação de saúde a impossibilita de estar
(MATOS; MUGGIATI, 2001, p. 39). inserida em seu cotidiano. Essa necessidade
O trabalho do psicopedagogo no hospital especial é temporária, não há dúvidas, se
é propiciar uma prática educativa for considerado, por exemplo, uma criança
visando à formação integral do aluno com hepatite: após a cura da enfermidade,
enfermo, numa proposta para amenizar retornará à sua rotina de vida.
a possível desmotivação e o estresse À sociedade devem-se soluções urgentes
ocasionados pela internação. Diante para essa situação, no sentido de que
do exposto, entende-se a necessidade todos os esforços sejam direcionados para
59/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
uma ação coletiva, que envolva a família, Direitos da Criança e do Adolescente,
a escola e o quadro clínico da criança e do da Lei n. 9.394/1996, Lei de Diretrizes e
jovem, garantindo que seus direitos sejam Bases da Educação Nacional, da Resolução
preservados nesse momento tão difícil e n. 02/2001 do Conselho Nacional de
frágil que é ocasionado pela doença. Educação.
Todas as crianças e jovens estão A esta modalidade de atendimento
amparados por lei. A educação é um educacional denomina-se Classe
direito de toda e qualquer criança ou Hospitalar, que segundo a Política Nacional
adolescente, e isso inclui o universo da de Educação Especial, publicada pelo
criança e do adolescente hospitalizado, que Ministério da Educação e da Cultura (MEC),
serão referidos daqui em diante apenas em Brasília, em 1994, visa ao atendimento
como criança hospitalizada. A legislação pedagógico e psicopedagógico das
brasileira reconhece tal direito através crianças e adolescentes que, devido às
da Constituição Federal de 1988, da Lei condições especiais de saúde, encontram-
n. 1.044/1969, da Lei n. 6.202/1975, da se hospitalizados.
Lei n. 8.069/1990, Estatuto da Criança e Apesar da existência de legislação sobre
do Adolescente, da Resolução n. 41/1995 a Classe Hospitalar, demonstrando
do Conselho Nacional de Defesa dos que já é reconhecida oficialmente, o
60/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
desconhecimento dessa modalidade de um amplo cenário do qual participam
atendimento é muito grande, tanto para os mais diversos atores, considerando,
propiciar a continuidade do processo portanto, esse valioso elenco participante,
educacional, quanto para fortalecer as vê-se como da mais extrema importância
ações para a promoção da saúde das a atuação de todos, quanto às suas
crianças e adolescentes em situação de respectivas atribuições, pela necessidade
internação. Por isso, a pesquisa realizada de preservação da real qualidade de suas
por Fonseca (1999) é de relevância tarefas (MATOS; MUGGIATI, 2001, p. 31).
indiscutível.
A educação em ambiente hospitalar é um
direito de toda criança ou adolescente
Para saber mais
hospitalizado. Porém, os estudos já Para conhecer mais sobre a atuação do
realizados demonstram que, na prática, Psicopedagogo Hospitalar, acesse o site:
nem todas as crianças usufruem desse <http://www.webartigos.com/artigos/
direito em virtude do número de hospitais psicopedagogo-hospitalar-qual-sua-
que fazem esse tipo de atendimento. funcao/30912/#ixzz2432j21Uh>. Acesso em:
Comparativamente, pode-se entender o 14 out. 2014.
hospital para a criança/adolescente como
61/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
3. Informações Importantes so- • Sirva de exemplo, mostre seu
bre o Atendimento Psicopeda- interesse e entusiasmo pelos alunos
gógico Hospitalar pacientes.
• Desenvolver estratégias de
Algumas dicas para o atendimento replanejamento, por exemplo, existe
psicopedagógico hospitalar: um problema para ser solucionado,
• Estabelecer uma relação de confiança pense, tenha atitude.
e colaboração com toda a equipe • Seja mediador do conhecimento,
multidisciplinar. aprenda com eles ao invés de só
• Escute mais e fale menos. querer ensinar.

• Informe a equipe médica e • Valorize sempre o que o seu aluno


educacional sobre os progressos paciente criou, mesmo que não tenha
feito o que você planejou.
feitos em cada passo dado.
• Disponibilize materiais para auxiliar
• Estabelecer horários para
na aprendizagem.
atendimentos e estudos, respeitando
a rotina hospitalar. • É preciso conversar, informar e
discutir com o seu aluno paciente
62/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
sobre quaisquer observações e hoje do agora, ele desenvolve um
comentários emitidos sobre ele. novo olhar e ensinamentos para
• Cada ser humano é único e singular. a construção de novos saberes,
momentos e continuidade do
• A cada vida tem sua própria história. aprender.
• É preciso saber que o aluno paciente • Recupera-se a socialização da
é um ser em evolução. Nunca destrua criança e do jovem hospitalizado
nada que ele construiu. por um processo de inclusão,
• O psicopedagogo ajuda a promover dando continuidade aos estudos e
mudanças, intervindo diante das diminuindo o fracasso escolar.
dificuldades que a escola e o estado • Um lugar em que a aprendizagem e o
de doença colocam, trabalhando conhecimento superam a dor.
com os equilíbrios/desequilíbrios e
resgatando o desejo de aprender. • Deve-se ser sensível para ouvir o não
dito, ver além do que se mostra, para
• O psicopedagogo não deve ter medo encontrar os melhores caminhos para
do amanhã, ele acolhe e ensina. cuidar educar e amar.
• Sem medo da solidão, da dor, do

63/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar


Para saber mais
Crianças internadas no Hospital Geral do
Pirajuçara, em Taboão da Serra, não perdem o
ano escolar. Veja uma ação pedagógica que está
funcionando.

Disponível em: <http://www.youtube.com/


watch?v=0S1cm0kbujY&feature=related>.
Acesso em: 14 out. 2014.

64/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar


Glossário
Interdisciplinar: a convergência de duas ou mais áreas do conhecimento, não pertencentes à mesma
classe, que contribua para o avanço das fronteiras da ciência e tecnologia, transfira métodos de uma área
para outra, gerando novos conhecimentos ou disciplinas e faça surgir um novo profissional com um perfil
distinto dos existentes, com formação básica sólida e integradora (CAPES, 2009, p. 6).
Multidisciplinar: o estudo que agrega diferentes áreas do conhecimento em torno de um ou mais temas,
no qual cada área ainda preserva sua metodologia e independência (CAPES, 2009, p. 6).
Transdisciplinar: a transdisciplinaridade é uma teoria do conhecimento, é uma compreensão de
processos, é um diálogo entre as diferentes áreas do saber e uma aventura do espírito. [...] é uma
nova atitude, é a assimilação de uma cultura, é uma arte, no sentido da capacidade de articular a
multirreferencialidade e a multidimensionalidade do ser humano e do mundo. Ela implica numa postura
sensível, intelectual e transcendental perante a si mesmo e perante o mundo. Implica, também, em
aprendermos a decodificar as informações provenientes dos diferentes níveis que compõem o ser humano
e como eles repercutem uns nos outros. A transdisciplinaridade transforma nosso olhar sobre o individual,
o cultural e o social, remetendo para a reflexão respeitosa e aberta sobre as culturas do presente e do
passado, do Oriente e do Ocidente, buscando contribuir para a sustentabilidade do ser humano e da
sociedade (BARROS, MELLO, SOMMERMAN, 2000; 2002).

65/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar


?
Questão
para
reflexão
Os profissionais da área da saúde aceitam o profissional
da educação?
Que tipos de obstáculos podem ser encontrados para a
ação educacional na instituição hospitalar?
Existe uma rotina dentro do hospital?
Qual a aceitação dos pais e que problemas podem vir a
surgir mediante o trabalho psicopedagógico?
Existe a superproteção dos pais junto a seus filhos e a
resistência para que esse trabalho não ocorra?
Quais os desafios a enfrentar que a área da saúde pode
trazer para este trabalho?
66/106
Considerações Finais (1/2)

O papel do psicopedagogo hospitalar: rever, planejar e replanejar.


Que nenhum aluno apresenta dificuldades de aprendizagem por sua própria
vontade.
O psicopedagogo deve estar atento às dificuldades apresentadas pelos
alunos e saber administrar as causas, considerando seu estado de saúde.
Não se pode deixar de pensar que o fracasso escolar também pode ser
entendido como um fracasso da instituição, do projeto, por não saber lidar
com a diversidade dos seus alunos enquanto ele estava inserido.
É preciso que o psicopedagogo esteja capacitado para adequar as suas
práticas psicopedagógicas mediando as diferentes formas de ensinar, pois há
muitas maneiras de aprender.
O psicopedagogo deve ter consciência da importância de criar vínculos com
os seus alunos pacientes através das atividades cotidianas, construindo e
reconstruindo sempre novos vínculos afetivos.
67/106
Considerações Finais (2/2)
A relação do psicopedagogo no dia a dia em seu leito hospitalar, uma
sala de aula informal, torna o aluno paciente capaz ou incapaz no seu
desenvolvimento.
Se o psicopedagogo tratá-lo como incapaz, o aluno paciente terá pouca
chance para aprender, mas se o psicopedagogo se mostrar preparado para
observar, encontrar formas de lidar com as dificuldades, este aluno paciente
vai ter mais chances de diminuir ou saber lidar com suas limitações.
Todo processo de aprendizagem, seja aprendizagem no seio familiar seja no
estabelecimento de ensino ou hospitalar, deve incluir a realidade cultural,
pois é para ela que o aluno paciente se constrói como cidadão.

68/106
Referências

BARROS, V. M.; MELLO, M. F.; SOMMERMAN, A. (Orgs.). Educação e transdisciplinaridade I. Brasília:


UNESCO, 2000.
BARROS, V. M.; MELLO, M. F.; SOMMERMAN, A. (Orgs.). Educação e transdisciplinaridade II. São
Paulo: Triom/UNESCO, 2002.
BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3.ed, Porto Alegre:
Artmed, 2007.
CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Diretoria de Avaliação.
Documento de Área 2009, 2009. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/
download/avaliacao/INTER03ago10.pdf>. Acesso em: 14 out. 2014.

FAGALI, Eloisa Quadros. Psicopedagogia “Porque e Como”. Psicopedagogia Institucional, São


Paulo: Salesiano Dom Bosco, 2007.
MATOS, Elisete L. M.; MUGGIATI, M. Pedagogia Hospitalar. Curitiba: Champagnat. p. 90. Coleção
Educação, Teoria e Prática.
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Hospitalar: Intermediando a Humanização na Saúde, Edição I,
2008.
SARGO. Claudete et al. A práxis Psicopedagogia Brasileira. São Paulo: ABPp.1994.
69/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar
SCHILK, Ana Lúcia Tarouquela. A educação além dos muros da escola. 1º Encontro Nacional
Sobre Atendimento Hospitalar. Universidade do Estado de São Paulo.
TEBEROSKY, A.; Cardoso, B. Reflexões sobre o ensino. Campinas/Petrópolis. Unicamp: Vozes, 1994
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A; 1999.

70/106 Unidade 3 • Psicopedagogia Hospitalar


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Aula 3 - Tema: Psicopedagogia e Saúde - Bloco I Aula 3 - Tema: Educação e Saúde - Bloco II
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Aula 3 - Tema: Especificidades do Contexto Aula 3 - Tema: Atendimento Hospitalar - Bloco IV


Hospitalar - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Questão 1
1. Qual a função do psicopedagogo hospitalar?

a) Conscientizar e sensibilizar setores da saúde e educação.


b) Mediar conflitos.
c) Reparar sofrimentos.
d) Estimular alunos pacientes.
e) Dar suporte aos enfermeiros.

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Questão 2
2. O ambiente hospitalar dá continuidade aos estudos das crianças e jovens
hospitalizados; qual o método usado?

a) Respeitando a singularidade de cada aluno paciente.


b) Dando continuidade aos conteúdos programáticos.
c) Adequando o currículo de acordo com o momento.
d) Exercitando o aluno paciente.
e) Mantendo a mesma metodologia da escola de origem.

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Questão 3
3. Para atuar no hospital o psicopedagogo necessita:

a) Conhecer todo o processo hospitalar.


b) Conhecer a equipe médica.
c) Conhecer a família.
d) Observar a equipe técnica de enfermeiros.
e) Conhecer o entorno do hospital.

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Questão 4
4. O atendimento psicopedagógico educacional no ambiente hospitalar
deve ser entendido como:

a) Uma escuta psicopedagógica.


b) Uma lamentação ao estudo.
c) Meio corporativo administrativo.
d) Realização pessoal.
e) Interação com o meio.

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Questão 5
5. O psicopedagogo deve estar atento para:

a) A angústia do aluno paciente.


b) As inquietações.
c) As exigências do aluno paciente.
d) As necessidades sociais e educacionais.
e) Desordem do aluno paciente.

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Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: A.

Sensibilizar e mostrar o trabalho do É uma escuta psicopedagógica e é


psicopedagogo hospitalar, permeando a adequada às necessidades do aluno
educação e diminuindo a dor da criança e paciente.
jovem hospitalizados.
5. Resposta: D.
2. Resposta: A.
Ao aluno paciente como um todo, mas
Os estudos são planejados mediante principalmente às necessidades sociais e
o estado de saúde do aluno paciente, educacionais.
observando também competências,
habilidades e criatividade de cada um.

3. Resposta: A.

É imprescindível compreender e conhecer


toda a estrutura hospitalar, sua rotina,
objetivos e metas.
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Unidade 4
O Psicopedagogo e as ONGs

Objetivos

1. Ampliar o conhecimento sobre as


áreas de atuação do Psicopedagogo
Institucional.
2. Conhecer a forma de atuação do
Psicopedagogo nas ONGs.
3. Relacionar o foco em aprendizagem
com as diferentes demandas nas
áreas de atuação.

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Introdução

O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco


pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade
e liberdade (Betinho).
Esta aula pretende trabalhar metodologias utilizadas para diagnosticar, planejar ações e
avaliações constantes e a criação de parcerias entre profissionais e instituições. Entende-
se também que o objetivo da Psicopedagogia para a valorização da ética e da ação de cada
participante está na atuação junto a profissionais da ONG, crianças atendidas, familiares ou
comunidade.

1. Atuação do Psicopedagogo na ONG

Você entenderá um pouco do que é uma ONG e seu desenvolvimento perante a sociedade,
educação e cultura. ONG é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem como objetivo
propor e desenvolver programas de responsabilidade social para as instituições públicas
e privadas, visando estabelecer padrões adequados de relacionamento com os diferentes
públicos impactados por suas atividades.

80/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


Sua atuação na área de educação é muito às crianças, jovens e adolescentes com
importante, facilitando o acesso e a maiores dificuldades sociais, educacionais
permanência dos que necessitam estudar e psicológicas.
e crescer no mundo contemporâneo As ações oferecidas pelas ONGs são
e tornando a sociedade mais justa e voltadas para atividades educacionais,
humana. Ação Educativa – Organização culturais e esportivas, voltadas para a
não governamental que atua no campo do profissionalização dos indivíduos. A partir
acompanhamento educacional, avaliando das ações educacionais busca-se criar e
os conhecimentos prévios dos alunos e reforçar a renda familiar dos indivíduos.
desenvolvendo metodologias adequadas Portanto, a importância dos jovens estarem
a cada grupo de estudos, da avaliação bem preparados educacionalmente para
crítica e da proposição de políticas públicas compartilhar o saber com o seu lado
relacionadas à educação e juventude. profissional, destacando-se em suas
Apesar da diversidade existente entre funções futuras.
as ONGs, é possível afirmar que, em Conforme se buscou mostrar, a qualidade
seu discurso, a ênfase na mudança dos serviços educacionais ofertados pelas
social construída coletivamente e ONGs existe desde os anos 1970. Dessa
democraticamente destina suas ações forma, acredita-se que os indivíduos, ao
81/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
estarem familiarizados com conhecimentos desenvolvido pela Psicopedagogia implica
de leitura, escrita e raciocínio lógico, um olhar direcionado para o preventivo
possuam meios para reclamarem por seus e para o curativo e, atualmente, vai
direitos e contribuírem para a possibilidade mais além, lançando um olhar para a
de uma construção mais justa, na qual interdisciplinaridade, multidisciplinaridade
possa haver a plena realização dos direitos e transdisciplinaridade e as implicações
humanos. das ações educativas e dos rumos da
O espaço do trabalho psicopedagógico vem aprendizagem.
se ampliando, conquistando uma relação A Psicopedagogia preocupa-se com todo
com outras áreas, com outros setores. o contexto da aprendizagem, seja na
Nesse sentido, esta aula vem em busca de área clínica, preventiva ou assistencial,
uma reflexão acerca dos possíveis papéis envolvendo elaboração teórica para
do psicopedagogo, principalmente junto ao construir uma prática resultando em sua
Terceiro Setor. práxis pedagógica, no sentido de relacionar
Não há definição de um papel acabado, os fatores envolvidos nesse ponto de
mas a construção feita dia a dia, a partir vista que aperfeiçoa o aprender de cada
da necessidade e da avaliação constantes indivíduo.
e do fracasso escolar. O trabalho
82/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
Esta aula consiste em um estudo de social e cultural de cada comunidade e
vários autores, com a leitura e releitura do para o sistema ao qual ele estará vinculado,
processo de aprendizagem e do processo ou seja, qual sua missão. Também nessa
de não aprendizagem, em todas as faixas fase cabe à busca do valor de atuação,
etárias e seu desenvolvimento, bem como que será definido como a abrangência a
da aplicabilidade e conceitos teóricos que um grupo específico, a uma localidade ou
lhe deem novos horizontes e significados, a determinada situação problema. Esse
gerando práticas mais consistentes no ato momento inicial dos trabalhos e a busca
de aprender. de uma sondagem prévia do indivíduo e da
A Psicopedagogia nas ONGs é, portanto, comunidade são de suma importância para
um caminho a ser explorado, implicando o desenvolvimento das ações seguintes, de
uma construção com articulação junto à forma que produzam resultados positivos.
realidade e aos fenômenos que dela são A etapa seguinte é da implantação, de
gerados e que a geram. modo geral, de dar forma às ideias que se
A primeira etapa da construção do planejou. É a etapa de aprofundar suas
trabalho psicopedagógico nas instituições metas e objetivos, criar ferramentas,
é planejar ações de conhecimento da construir uma equipe de ação, elaborar
realidade, seu pensamento, sua função parcerias multidisciplinares e caminhar
83/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
em suas propostas na realização de uma mobilização social e participação
prática psicopedagogia sólida. comunitária; todas essas ações integram
Após essas ações de conhecimento, a criança e o jovem à escola, assim
passa-se a agir avaliando e reorganizando como uma educação relacionada com a
cada passo, num movimento espiralado comunidade, ampliando o universo cultural
de desenvolvimento com ação e dos alunos, desenvolvendo sociabilidade,
avaliação contínua. É a fase do fazer conhecimentos, fazeres, valores e
psicopedagógico, todo seu planejamento habilidades exigidos na vida cotidiana
vai tomando forma e se exige um olhar e explorando com eles oportunidades
atento para sua questão problema. lúdicas, artísticas e esportivas.

O acompanhamento escolar e ações O próximo passo é adequar à metodologia


com a escola são de suma importância usada para cada caso ao tempo e ao
para um trabalho em conjunto com o espaço nos quais essas ações se inserem
aluno e sua família. A responsabilidade e um trânsito entre diferentes áreas do
ambiental e social educando para a conhecimento. A comunicação verbal
vida globalizada, as responsabilidades e não verbal neste primeiro momento
éticas, com autonomia e identidade de é muito importante. Explorar esta área
cada aluno, apoio e orientação familiar, considerando a dinâmica das relações de
84/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
um grupo e o contexto histórico-cultural aluno. Desde as brincadeiras da infância
no qual se encontra. até os jogos mais elaborados, chegando
O desenho livre expressa muitas vezes à sala de aula no raciocínio lógico e na
seu momento; é outro meio de linguagem alfabetização e letramento, é possível
usada para o conhecimento da realidade. detectar as carências que envolvem o
indivíduo, levando ao fracasso escolar.
Deve-se fazer um parêntese importante:
o psicopedagogo não pode usar Dessa forma, da junção de todas as
seus sentidos de forma comum, ele vivências pessoais e suas práticas nasce
precisa ter uma escuta, visão, e uma muito mais do que um resultado de soma,
percepção especializada, para isso mas um trabalho completo, articulando
é importante treinar o ouvir, o ver, o o já vivido com o novo. O psicopedagogo
fazer tanto para refletir como para agir conduz todo o seu trabalho apoiando-se
psicopedagogicamente. nas descobertas das atividades propostas
e, com isto, adequa seu trabalho preventivo
O trabalho com o lúdico é um dos nos valores educacionais pretendidos e em
melhores instrumentos, sendo que, por teorias e práticas que façam sentido.
meio da ação, reflexão e reorganização,
construiu um modo de atuar e avaliar o Como exemplo disso, após uma atividade
de leitura de contos de fada em que o
85/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
psicopedagogo ousou criar elementos espontaneidade, considerada o ponto de
novos na história, com finais diferentes, ele partida para impulsionar a ação com as
pode observar como os alunos se sentiram, crianças e jovens.
reações aos fatos novos, linguagem oral, As dinâmicas vão sendo propostas de
exposição de fatos sobre como tinham acordo com a necessidade de cada criança
se percebido durante tal atividade, sobre ou jovem, mediando o seu conhecimento
quais as relações de cada aluno ou grupo com o uso do desenho como importante
que ali apareceu e sobre o que puderam forma de expressão; de Winnicot e o
aprender de si mesmos naquele contexto. brincar individual aliado ao brincar com
E com tais práticas para o atendimento o outro, para dar sustentação ao lúdico
psicopedagógico, ao invés de uma presente no ato de aprender; de Paulo
construção de fora para dentro, optou-se Freire e a utopia como necessidade
por levar a cabo a definição etimológica fundamental do ser humano, solidificando
da palavra educar – conduzir de dentro a ideia da busca de um sonho em cada
para fora. Com tais vivências ancoradas ação diária; de Freinet e sua máxima “Ao
na reflexão, cada psicopedagogo pôde invés de procurar esquecer a infância,
se especializar em suas competências e acostume-se a revivê-la” (1996, p. 23).
habilidades, criatividades, e dar asas à
86/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
Um ponto forte no trabalho do integrante seria, além de parte do todo,
psicopedagogo é saber compreender a um todo em si mesmo” (ROGERS, 1979, p.
existência do outro com um olhar para a 31). Sendo assim, logo as crianças fazem as
complexidade existente sem conceitos escolhas das brincadeiras, e se revezavam
definidos. Apesar de toda a preparação, na organização do espaço físico para tal,
capacitação e estudos realizados, só a exercendo sua cidadania dentro de um
ação prática dentro dos grupos, junto a grupo com seus pares e resgatando sua
crianças e jovens, dá ao psicopedagogo autoestima.
e aos demais profissionais o olhar para a Neste trabalho o psicopedagogo escuta
complexidade, em que mais importante e observa os desejos individuais e as
do que ter algo a oferecer é saber possibilidades pelo tempo e espaço, cada
compreender a existência do outro. criança e jovem tem o direito de expressar
As brincadeiras soltas também são muito seus desejos, angústias e alegrias. Cabe
significativas no primeiro momento. Aos ao psicopedagogo adequar, minimizar
poucos, entre eles vão se arranjando e suas aflições com atitudes democráticas,
organizando; é uma forma de observação valendo-se da crença na existência de
e deles mesmos criarem formas diferentes uma ética que satisfaça não aos desejos,
de conduzir as brincadeiras, “[...] onde cada mas à capacidade de ser aceito e de
87/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
aceitar. Um dos maiores desejos é de ser com suas diferenças e igualdades e
feliz, considerando ética a capacidade do provocado a sair em busca de soluções
corpo e do pensamento em selecionar, que podem dar conta do problema. Dentro
nos encontros, o que permite ultrapassar do grupo, as ferramentas são dadas pelo
as condições de existência em direção à psicopedagogo.
felicidade, como um aprendizado contínuo. Fora do grupo, as discussões ocorrem
Outras dificuldades encontradas no com a interferência do psicopedagogo,
trabalho em ONGS são: acrescentando as ferramentas necessárias
à ação dos educadores de origem,
• Organização em casa e na escola.
articulando os conhecimentos adquiridos
• Brigas entre irmãos, colegas. por estas, estabelecendo diálogo com
• Violência doméstica. profissionais de outras áreas, criando uma
multidisciplinaridade maior e uma parceria
Deixa-se que os grupos se exponham,
escola-comunidade.
com cuidado para não virar tumultuo;
reorganizam-se tarefas; colocam-se A cada final de trabalho, elabora-
etapas de cada momento. A cada nova se um resumo das atividades com os
questão o grupo pode ser confrontado pontos positivos e negativos para novo
replanejamento posterior caso seja
88/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
necessário. Não existe um trabalho para olhar o novo e o já realizado, buscando
solucionar todas as questões existentes metas e objetivos para avaliar e adaptando
no meio educacional. Cada questão é um os rumos a partir de tais identificações,
universo novo que se abre, gerando uma conflitos e problemas apresentados.
nova ação e novas consequências, que Com este trabalho, há dados estatísticos
norteiam novas questões. comprovados de que existe diminuição
É possível dividir o ciclo de vida de um do índice de evasão escolar das crianças
plano de ação educativa e dos projetos e jovens participantes dos encontros
específicos que o compõem em quatro psicopedagógicos.
momentos, a saber: diagnóstico, O trabalho psicopedagógico vem se
planejamento, execução e avaliação. Essas ampliando, conquistando uma relação com
fases estão diretamente relacionadas entre outras áreas, com outros setores. Nesse
si e caracterizam um processo ininterrupto: sentido, este trabalho vem em busca de
diagnosticar, planejar, implementar, avaliar, uma reflexão acerca dos possíveis papéis
replanejar (CENPEC, 2003, p. 4). do psicopedagogo, principalmente junto ao
Nesse campo de atuação, nas ONGs, o Terceiro Setor. Dentro da psicopedagogia
papel do profissional de Psicopedagogia não há a definição de um papel acabado,
tem sido o de ter uma sensibilidade para mas a construção feita dia a dia, a partir da
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necessidade, da avaliação e do conhecimento prévio de cada indivíduo.
“O trabalho da Psicopedagogia implica um olhar direcionado para o preventivo e para
o curativo” (SCOZ, 1992, p. 2) e, atualmente, vai mais além, lançando um olhar para a
transdisciplinaridade e as implicações das ações educativas e dos rumos da aprendizagem.
Como Bossa discute, a Psicopedagogia ocupa-se de todo o contexto da aprendizagem, seja na
área clínica, preventiva, assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os
fatores envolvidos nesse ponto de vista que opera

[...] esse trabalho consiste numa leitura e releitura do processo de


aprendizagem e do processo de não aprendizagem, bem como da
aplicabilidade e conceitos teóricos que lhe deem novos contornos e
significados, gerando práticas mais consistentes (1994, p. 23).
Portanto, a psicopedagogia abre caminhos para construir novos horizontes a serem explorados,
implicando uma construção com articulação junto à realidade e aos fenômenos que dela são
gerados.

90/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


A ética da compreensão é a arte de
viver que demanda, em primeiro lugar,
compreender de modo desinteressado.
“[...] A ética da compreensão pede que se
Para saber mais
compreenda o incompreensível.” (MORIN, No periódico Construção Psicopedagógica,
2001, p. 99). publicado eletronicamente na PEPSIC (Periódicos
Eletrônicos em Psicologia), você poderá
ampliar seu conhecimento sobre a atuação
do Psicopedagogo no Terceiro Setor, com o
relato de caso de uma experiência na cidade de
Pirapora do Bom Jesus, em São Paulo. Acesse o
artigo A atuação da psicopedagogia no terceiro
setor: Em busca de um espaço amplo de ação em
resgate da cidadania. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1415-69542005000100008>.
Acesso em: 14 out. 2014.

91/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


Glossário
Evasão escolar: a situação do aluno que abandou a escola ou reprovou em determinado ano letivo, e que
no ano seguinte não efetuou a matrícula para dar continuidade aos estudos (QEDU, s/d.).
Lúdico: refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de
ação. Abrange atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de
intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações (SÁ, 2007).
ONG: Organização Não Governamental; uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem como objetivo
propor e desenvolver programas de responsabilidade social para as instituições públicas e privadas, visando
estabelecer padrões adequados de relacionamento com os diferentes públicos impactados por suas
atividades.

92/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


?
Questão
para
reflexão
Para contextualizar tudo que você leu sobre a atuação do
psicopedagogo nas ONGs, peço que assista ao vídeo Vivência
Psicopedagógica – ONG Operação Resgate – Mutirão/Patos/Paraíba/
Brasil, que aborda o contexto social do Mutirão, um bairro da
periferia do sertão paraibano; o trabalho da ONG e suas crianças e
adolescentes; e a intervenção psicopedagógica com as professoras.
Em seguida, reflita sobre a possibilidade de elaboração de um
projeto para uma ONG em sua cidade, se possível é indicado que
visite uma ONG para conhecer o trabalho desenvolvido e verificar se
existe na equipe um psicopedagogo.
O vídeo está disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=zRouUbnizaE>. Acesso em: 14 out. 2014.
93/106
Considerações Finais

É muito importante ressaltar que o Psicopedagogo Institucional pode


desenvolver trabalhos em diferentes áreas de atuação, não apenas em
escolas, mas também em hospitais, ONGs, associações e outros.
É possível um belo trabalho psicopedagógico, desde que ocorra o
comprometimento com a causa escolhida, seja ela em qualquer uma das
áreas estudadas nesta disciplina.
O psicopedagogo nunca pode perder seu foco, que é a aprendizagem.

94/106
Referências

ARON, Ana Maria.; MILICÍC, Neva. Viver Com os Outros: programa de desenvolvimento de
habilidades sociais. Campinas: Editorial PsyII, 1994.
ASSOCIAÇÃO NOVAS TRILHAS. Ata de Fundação. Pirapora do Bom Jesus: Associação Novas
Trilhas, 2001.
BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
CENPEC, Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Muitos
Lugares para Aprender. São Paulo: CENPEC/Fundação Itaú Social/Unicef, 2003.
______. Avaliar o Plano de Ação Educativa e Corrigir Rumos. São Paulo: Peirópolis, 2003.
COELHO, Simone de Castro Tavares. Terceiro Setor: um estudo comparativo entre Brasil e
Estados Unidos. São Paulo: SENAC, 2000.
FAGALI, Eloísa Quadros (Org.) et al. As Múltiplas Faces do Aprender: novos paradigmas da pós-
modernidade. São Paulo: Editoras Unidas, 2001.
FREINET, Celestin. Pedagogia do Bom Senso. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
FREIRE, Madalena. Avaliação e Planejamento Educativo em Questão. São Paulo: Espaço
Pedagógico, 1997.

95/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
______. Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.
LADIM, Leilah (Org.) et al. Sem Fins Lucrativos: as organizações não governamentais no Brasil.
Rio de Janeiro: Iser, 1988.
LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São Paulo: Mestre
Jou, 1977.
MORIN, Edgar. A Religação dos Saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
______. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PINHEIRO, Beatriz. O Visível do Invisível. São Paulo: Ysayama, 1999.
QEDU. Aprovação, Reprovação, Abandono, Evasão escolar e Distorção Idade-Série. Disponível em:
<http://www.qedu.org.br/ajuda/artigo/212405>. Acesso em: 14 out. 2014.
RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1998.
ROGERS, Carl. Grupos de Encontros. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
SÁ, Neusa Maria Carlan. Conceito de lúdico. 2007. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.
br/sites/publico/eixo3/ludicidade/neusa/conc_de_ludico.html>. Acesso em: 14 out. 2014.
96/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs
SCOZ, Beatriz et al. Psicopedagogia: contextualização, formação e atuação profissional. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1992.
STRECK, Danilo Romeu (org.). Paulo Freire: ética, utopia e educação. Petrópolis: Vozes, 2001.
TENÓRIO, Fernando (Org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

97/106 Unidade 4 • O Psicopedagogo e as ONGs


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Ongs e Sociedade - Bloco I Aula 4 - Tema: Psicopedagogia e Terceiro Setor -
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d365ac1722d9c2f13f9113ba97a0>.

98/106
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Aula 4 - Tema: Empresas e Aprendizagem - Aula 4 - Tema: Síntese Compreensiva da Atuação


Bloco III Institucional - Bloco IV
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1862cafdf95bcc943571ccf07e19cd06>. dd57602974bf376c04e2c6b61c209>.

99/106
Questão 1
1. Qual é a função do psicopedagogo nas ONGs?

a) Discriminar.
b) Acolher.
c) Amparar.
d) Segregar.
e) Facilitar.

100/106
Questão 2
2. Qual a primeira etapa de construção do psicopedagogo nas ONGs?

a) Reorganizar.
b) Diagnosticar.
c) Acompanhar.
d) Intervir.
e) Sondar.

101/106
Questão 3
3. Dentro da profissão de psicopedagogo não há definição de um papel
acabado, mas em construção... é fato!

a) Sim.
b) Não.
c) Em alguns casos.
d) Quase nunca.
e) Quase sempre.

102/106
Questão 4
4. A intervenção psicopedagógica nas ONGs deve estar direcionada:

a) Dimensão preventiva.
b) Terapêutica.
c) Psicológica.
d) Facilitadora.
e) Construtivista.

103/106
Questão 5
5. A primeira atuação do psicopedagogo nas ONGs se deu em meados
dos anos:

a) 1970.
b) 1990.
c) 1920.
d) 1980.
e) 1960.

104/106
Gabarito
1. Resposta: E. 4. Resposta: A.

O psicopedagogo tem com uma das O psicopedagogo tem como visão, dentro
funções facilitar o acesso e a permanência de seu conhecimento, sempre atuar
dos que necessitam estudar e crescer no de maneira preventiva antes dos fatos
mundo contemporâneo. aparecerem ou se agravarem.

2. Resposta: E. 5. Resposta: A.

É a partir de uma sondagem prévia que há Dado histórico.


subsídios para planejar ações.

3. Resposta: A.

O psicopedagogo trabalha hipóteses, existe


sempre um começo e meio, jamais um final.

105/106

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