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FILOSOFIA
Contexto histórico
Para o correto entendimento dos movimentos nazifascistas que assombraram – e
ainda nos assombram hoje, de uma forma escondida e sutil 1 – história da humanidade, é
preciso estudar um pouco dos problemas e eventos históricos que estruturaram esse século tão
complexo, ao ponto de ser denominado pelo historiador egípcio Eric Hobsbawm como a era
dos extremos. Ora, ao relembrar nossa aula sobre o welfare State [Estado de bem-estar
social], percebemos que os governos que originaram Estados de bem-estar social foram
soluções antiliberais à esquerda, levadas a cabo pelor diversos países na primeira
metade do século XX, em especial, emblematizados pelos países escandinavos (Noruega,
Suécia, Dinamarca, etc.) e inspiradas pelas teorias keynesianas (elaboradas pelo economista
inglês John Keynes). Contudo, também surgiram nesta época os governos nazifascistas,
soluções políticas igualmente antiliberais, porém à direita, ou melhor, à extrema direita,
tais como: o nazismo alemão e o fascismo italiano. Também não podemos nos esquecer do
primeiro movimento revolucionário de inspiração comunista, ou seja, a revolução de 1917 na
Rússia (tornando-a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [URSS]) que começou
comunista a partir do governo de Lênin, sob o comando dos sovietes (organizações formadas
por trabalhadores do campo e da cidade que definiam coletivamente os destinos da política e
da economia)2.
Nesta aula também aprendemos que a era dos extremos ficou conhecida como o
momento histórico da guerra total, marcada pro três fenômenos: o conflito total, a
devastação total e a mobilização total. Todos estes fenômenos não só marcaram
profundamente a história e a mentalidade europeia, bem como chocaram o “ovo da serpente”
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Em 2018, por conta do avanço de um candidato populista e autoritários os exemplos de fascismo no Brasil, tais
como assassinato e agressões a opositores políticos ou a membros de minorias sociais e identitárias (LGBTS,
mulheres, negros, entre outros) tem se escancarado.
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Embora não seja o tema da aula, não podemos ignorar os grandes benefícios que a Revolução Russa de 1917
representou para a URSS e para a história. Em primeiro lugar, podemos observar que a União Soviética saiu da
primeira guerra, derrubou um governo tirânico, recuperou a economia do país elevou o país em um rumo de
desenvolvimento, enquanto o resto da Europa estava mais preocupada em matar a si mesma. Em segundo lugar,
representou a primeira tentativa história de construção de uma sociedade socialista em rumo ao comunismo.
Contudo, depois da morte de Lênin e a posse de Stalin, a URSS pouco a pouco se afastou do intuito de organizar
a sociedade soviética rumo ao comunista, tornando-se uma sociedade extremamente burocratizada e vigiada pelo
Estado.
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que estava dormindo. Despertou-se na Europa a face mais crua e violenta do capitalismo: o
nazifascismo.
O nazifascismo
Antes de entrarmos a fundo na essência do nazifascismo, podemos levantar alguns
questionamentos sobre as suas principais características. Sendo assim, a primeira coisa que
devemos ter em mente é o fato dela ser o responsável pela completa destruição das
instituições políticas antigas, ao mesmo tempo que colabora para a reconstrução de
instituições autoritárias no lugar das velhas 3. Nesse sentido, é possível arquitetar uma
realidade na qual a vontade do governante totalitário seja univoca (seja ela a única fonte de
verdade e da lei). A consequência imediata dessa tendência é a perda da autonomia dos
cidadãos, a tal ponto que a sua forma de pensar, agir e sentir, logo se tornam uma extensão
das ordens do ditador. Além disso, todo governo ditatorial, para manter seu poder,
elabora uma suposta missão inquestionável, necessária e universal 4, utilizando-se dela
para criar leis próprias que justifiquem todas as suas decisões políticas. Tais como: invadir
outros países, praticar o genocídio de uma etnia ou população (tal como, os nazistas fizeram
com os judeus, ou os judeus atualmente estão fazendo com os palestinos), entre outras
medidas autoritárias. Podemos destacar também três outros elementos que estão presentes
no totalitarismo:
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No Brasil, por exemplo, em 1937, Getúlio Vargas deu um golpe com aceitação de parcelas significativas da
sociedade, fechou o congresso e criou três instituições autoritárias: 1) Departamento de Administração Pública e
Social (DASP), responsáveis por colocar interventores em todos os âmbitos do Estado, fiscalizando os servidores
públicos para que agissem de acordo com a ditadura. Departamento de imprensa e Propaganda (DIP),
responsável pela censura e doutrinação do regime ditatorial; e a Delegacia Especial de Segurança Pública e
Social (DESPS), responsável por caçar, prender e torturar todos os opositores de Vargas.
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Na Alemanha foi a ideia da Eugenia (raça superior) e o intuito de superar a condição que o país emergiu depois
da derrota na primeira guerra.
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II. O nacionalismo: usa-se do amor à pátria para justificar a repressão os movimentos
sociais e opositores do regime ditatorial, sempre tentando confundir as decisões que
beneficiam o líder e as forças que o apoiam (empresas, fazendeiros, religiões, etc.)
como se fossem algo em favor do país como um todo.
No geral, todo governo ditatorial tem como essência dois elementos: a ideologia
totalitária e o terror.
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É claro que não existiam apenas esses dois tipos de pessoas dentro de uma ditadura, na Alemanha nazista, por
exemplo, muito se revoltaram, se exilaram ou lutaram contra o regime nazi dentro do próprio país. Contudo essa
divisão mostra mais como funcionava o sistema de doutrinação do nazismo que pretendia construir dois tipos de
pessoas, os simpatizantes e os membros do partido.
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chamados “inimigos da nação” que, quando existem, não são tão numerosos e são
inimigos da ditadura e não da população. Além disso, tais “inimigos”, geralmente sã
oinventados e existem apenas para dar sustentação à doutrinação popular. Submetidos a
estratégias eficazes de doutrinação a população, ou melhor, a maioria dela, obedece
incondicionalmente as decisões tomadas pelo regime totalitário, inclusive, se sente parte
dele, sente-se como se fosse ele próprio do regime, embora não passe de manobra de massa.
A questão do terror
O terror é a forma mais eficiente de controle social, embora seja também a mais
vil e desumana. No entanto, como atua o terror? Por que ele gera dominação? O terror tem
o poder de separar as pessoas da sua realidade histórica, mergulhando-as em um mar de
ficção, supostamente melhor do que a vida na qual elas vivem. Em outras palavras, o terror se
aproveita da realidade histórica catastrófica e em crise, fazendo com que as pessoas não
critiquem as guerras, a desumanidade, o massacre em massa, entre outras mazelas de sua
época. Em vez disso, o terror proporciona para elas uma ficção, uma fantasia de
poderem viver outro mundo sobre o comando do líder, um mundo supostamente “livre”,
“igualitário” e “melhor” (mesmo que para isso acontecer tenha que se matar arbitrariamente
meio mundo – como fizeram os nazifascistas na Segunda Guerra Mundial – na tentativa de
criá-lo). Em resumo, sob o efeito do terror, não se pensa, não se sente, apenas se obedece
ou se fascina pelas promessas de um novo mundo governado por um único líder.
Nazifascismo
Nazismo
A primeira coisa que devemos ressaltar quando estudamos o nazifascismo é
enxergarmos a sua fundamentação em discursos fictícios. Na realidade, são todos grandes
farsas muito bem elaboradas, ou melhor, piadas de extremo mau gosto, haja vista que são
baseados em mentiras responsáveis pelo extermínio desumano de milhões de pessoas. Cada
governo totalitário geralmente se apoia em uma ilusão arquitetada para aterrorizar a
população, preparando o campo para o golpe de Estado, sempre levado a cabo com o
aval da população civil. No caso do nazismo, foi disseminado a ideia de uma suposta
conspiração judaica6 que pretendia se apoderar de todo o mundo. Essa conspiração servil de
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Tal conspiração forjada ficou conhecida como Protocolos de Sião e consistiam em planos de dominação
mundiais arquitetadas por judeus e maçons. O texto foi escrito em russo e somente em 1931 o monarquista russo
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pano de fundo para justificar o antissemitismo7 alemão que também viria a ser um das
principais bandeiras do nazismo. Ironicamente, o governo nazista aplicou na prática
aquilo que condenava na “suposta conspiração judaica”, isto é, dominação mundial e
disseminação do seu ideal de forma violenta e generalizada. Outra importante
característica do nazismo é o fato dele ser uma ideologia que não tem uma base própria,
muito pelo contrário, é uma mistura de várias ideias, sempre fora de seus contextos de
origem. Por exemplo, o partido nazista chamava-se Partido Nacional-Socialista dos
Trabalhadores Alemães (NSDAP), no entanto, o “nacional-socialismo nazista” era uma
verdadeira deturpação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, pois, afirmava que o
inimigo não era o capitalista, mas o povo judeu, caracteristicamente interpretado como
uma civilização de banqueiros e capitalistas. Dentro dessa lógica, os nazistas afirmavam
que após o extermínio dos judeus, todos os alemães poderiam se tornar burgueses. Isso
nada tem a ver com socialismo, foi apenas propaganda nazista misturada com discursos de
ódio e antissemitismo. A última característica nazista que podemos destacar nessa aula é a
questão da Eugenia, ou seja, a crença racista na existência de uma suposta raça pura e
superior ariana (branco, heterossexual, loiro de olhos azuis). Todos aqueles que não se
enquadravam nessa distinção eram exterminados indiscriminadamente pelos nazistas.
As instituições nazistas
As primeiras instituições nazistas foram o sistema de propaganda e disseminação
do ideal nazista. Em seguida foram sendo criadas centrais científicas para experimentos
nazistas, as escolas começaram a demitirem seus professores e contratarem ideólogos do
nazismo. As instituições do exército foram enfraquecidas, sendo substituídas ou auxiliadas
pelos grupos paramilitares8, tais como, a Sturmabteilung – SA (departamento responsável
pela inteligência, encarregado de realizar missões secretas encomendadas pelo Führer9, ou
Anton Idovsky admitiu ter escrito o texto, porque um bancário judeu havia recusado emprestar-lhe dinheiro.
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Como já discutimos em outra aula, consiste no preconceito contra os hebraicos, assírias, fenícias e,
posteriormente irá se concentrar nos judeus. As raízes mitológicas deste preconceito surgem da narrativa bíblica
de Noé, cujos filhos Sem (árabes e judeus), Cam (africanos) e Jafé (europeus) formaram grandes civilizações.
Antissemitismo, então significa o ódio contra a descendência de Sem, isto é, judeus e árabes.
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São organizações civis, sem ligação alguma com o exército, mas são treinadas militarmente, e que estão
submetidas a mesma disciplina aplicada aos membros do exército. Sempre possuem uma inspiração partidária,
religiosa ou ideológica.
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Termo alemão utilizado para se referir ao chefe ou líder máximo e absoluto. Na Rússia esse termo é
transformado em Czar e na China, é o imperador.
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seja, assassinatos políticos e outros assuntos de interesse da inteligência estatal); a
Schutzstaffel – SS (esquadrão responsável pela defesa pessoal de Adolf Hitler (1889 – 1945) e
dos demais membros importantes da cúpula nazista, tais como: Heinrich Luitpold Himmler10
(1900 – 1945) do exército e Paul Joseph Goebbels11 (1897 – 1945) da propaganda, entre
outros); a juventude hitlerista (programa de doutrinação e treinamento paramilitar de jovens
garotos alemães); a liga das moças alemãs (projeto semelhante a juventude hitlerista, só que
direcionado às garotas); os campos de concretação nazistas entre outras.
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Principal chefe do partido nazista alemão e comandante do exército e um dos homens mais poderosos da
Alemanha nazista. Participou ativamente dos processos de extermínio nos campos de concentração.
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Ministro da propaganda do partido nazista, um dos seguidores mais fervorosos de Hitler. Também teve
participação ativa na idealização da assim chamada “solução final” (proposta de extermínio dos judeus nos
campos de concentração).
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Valquírias eram entidades divinas da cultura nórdica em forma de mulheres montadas a cavalas com elmo e
lança. Sua responsabilidade era a busca dos guerreiros honrosamente mortos em batalha, com intuito de
encaminhá-los para Valhala, salão de guerra Asgard (cidade divina de Odin), onde os guerreiros mitológicos
mais corajosos e memoráveis habitam após sua morte.
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O fascismo italiano começou com a fundação do partido fascista na Itália, em 1919,
por Benitto Mussolini e organizado pela milícia armada, fanática, anticomunista, os camisas-
negras. Podemos citar seis principais características do fascismo italiano:
1. Corporativismo extremo: as forças produtivas eram organizadas em “sindicatos”
subordinados ao partido fascista. Além disso, o corporativismo fascista partida do
pressuposto de conciliação de classe, ou seja, acreditava que não havia conflito entre
os interesse dos capitalistas e o dos trabalhadores, mas em vez disso apenas harmonia.
2. Nacionalismo: os fascistas eram apoiados pela alta burguesia e pelos banqueiros. Ao
atender os interesses destes capitalistas e aos seus próprios, os fascistas afirmavam
agir de acordo com os “interesses da nação”. O racismo era outra característica
estruturante do fascismo italiano.
3. Autocracia e o culto a personalidade de Benito Mussolini.
4. Apoio da igreja católica (do Papa Pio XI, através do tratado de Latrão).
5. Anti-comunismo (caça, prisão e tortura dos comunistas no campo e na cidade).
6. O antissemitismo e a eugenia foram adotados também pelos fascistas, mas só após a
aliança com a Alemanha nazista.
Referências bibliográficas
HOBSBAWN, R, E. A era da guerra total. IN: ______. A era dos Extremos: O breve século
XX (1914 – 1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 29 – 60.
Referências filmográficas
O Menino do Pijama Listrado. EUA e Reino Unido. 2008. Direção: Mark Herma. Duração: 94
min
Die Welle [A Onda]. Alemanha. 2008. Direção: Dennis Gansel. Duração: 107 minutos.
Bastardos Inglórios. EUA. 2009. Direção: Eli Roth & Quentin Tarantino. Duração: 153 min.
O Grande Ditador. EUA. 1940. Direção: Charlie Chaplin. Duração: 124 min.
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Operação Valquíria. EUA. Direção: Bryan Singer. Duração: 123 min.
A Vida é Bela. Itália. 1997. Direção: Roberto Benigni. Duração: 116 min.
Novecento [1900]. Itália. 1976. Direção: Bernardo Bertolucci. Duração: 317 min.