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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DO

FORO CENTRAL DE PORTO ALEGRE/RS

CONSULTORIA DE NEGÓCIOS LTDA - CFG, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, CNPJ, sob o nº 13.724.815/0001-65, com sede à Avenida
Borges de Medeiros, nº 308, conjunto nº 175, 17º andar, cidade de Porto Alegre/RS, através de seu
sócio representante, Senhor FÁBIO PEREIRA RÖDEL, cédula de identidade nº 4085767863 e
Cadastro de Pessoal Física, CPF, nº 004.235.200-24, e-mail fabio@cfgpromotora.com.br, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, através de seus advogados, apresentar:

AÇÃO INDENIZATÓRIA (artigos 319 a 321 do CPC)

em contrariedade ao BGN S.A., atual BANCO CETELEM S.A., inscrito junto ao Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica, CNPJ, sob o nº 00.558.456/0001-71, com sede na Alameda Rio Negro,
nº 161, 7º andar, bairro Alphaville Industrial, na cidade de Barueri Estado de São Paulo, CEP.
06.454-00, endereço eletrônico não cadastrado; e

em insurgência à BEVICRED INFORMAÇÕES CADASTRAIS, sociedade empresária de


responsabilidade limitada, inscrita no CNPJ sob o nº 07.452.085/0001-98, sediada à Rua Manoel
Goulart, nº 300, bairro Vila Nova na cidade de Presidente Prudente Estado de São Paulo, CEP
19010-270, endereço eletrônico portal@bevicred.com.br.

1. DOS FATOS

Em 11 de setembro de 2015, a demandante, CFG Consultoria de Negócios Ltda., foi


responsabilizada pela perda da margem consignável do cliente Aristarco Bensabath, contraindo
dívida de R$ 41.695,46 (quarenta e um mil, seiscentos e noventa e cinco reais e quarenta e seis
centavos) pelo prejuízo daí advindo.

Ocorre que a primeira demandada, BANCO CETELEM S.A., contratou a sociedade


empresária BEVICRED Informações Cadastrais como sua correspondente bancária. Esta, por sua
vez, firmou contrato de parceria para prospecção de clientes e portabilidade de dívidas com a
demandante, CFG Consultoria de Negócios Ltda.

Neste contexto, realizando de forma “quarteirizada” a atividade da primeira ré, BANCO


CETELEM S.A., a empresa demandante entrou em contato com o Sr. Aristarco Bensabath em 05 de
maio de 2015, ofertando-lhe a portabilidade de sua dívida com o Banco Itaú BMG para o BANCO
CETELEM S.A., mediante a contratação de empréstimo consignado junto ao banco demandado.

Praça Osvaldo Cruz, nº 15, sala 201, bairro centro, Porto Alegre, CEP: 90038-900 - Contato: (51)
9874-7770 - (51) 8124-2848 – contato@akm.adv.br
Para que a transação fosse levada a efeito com êxito, exigiam-se duas condutas do réu,
BANCO CETELEM S.A., quais sejam: i) a quitação da dívida do Sr. Aristarco junto ao banco Itaú
BMG, liberando, com isso, a margem consignável de seu futuro cliente; e ii) que, de forma
simultânea, averbasse informação de novo empréstimo consignado junto à margem de Sr. Aristarco,
evitando a utilização da margem consignável – a partir daí liberada – por outro banco.

Pois bem. A quitação da dívida originária, requisito indispensável à portabilidade, foi


levada a efeito em 05 de maio de 2015 (vide.doc.01), sendo que no 7º (sétimo) dia do mesmo mês a
averbação da margem consignável do Sr. Aristarco ainda não havia sido registrada pelo Banco
demandado, razão pela qual coube a parte autora tomar as providências que estavam a seu alcance
(vide.doc.02), exigindo da BEVICRED, corresponde bancária da primeira demandada e único canal
de comunicação entre a autora e a primeira ré, interferência junto ao BANCO CETELEM S.A.,
solicitando-lhe o cumprimento de sua obrigação, isto é, o registro da contratação de novo
empréstimo consignado junto à margem disponível do Sr. Aristarco.

A despeito dos esforços do demandante (vide.doc.02) e, por desídia do réu, BANCO


CETELEM S.A., a nova margem consignável do Sr. Aristarco acabou por ser utilizada na
contratação de novo empréstimo consignado junto ao Banco Itaú BMG, sendo a responsabilidade
patrimonial vinculada a compra da dívida originária do Sr. Aristarco – R$ 41.695,46 – repassada à
Correspondente Bancária do demandado, BEVICRED LTDA., que, por sua vez, transferiu-a à
empresa demandante, CFG Consultoria de Negócios Ltda., prejudicada pela atitude omissa e
negligente das demandadas.

Até o dia 10 de janeiro de 2015 a autora já havia pago R$ 10.707,23 (dez mil setecentos e
sete reais e vinte e três centavos) dos R$ 41.695,46 (quarenta e um mil seiscentos e noventa e cinco
reais e quarenta e seis centavos) que lhe foram exigidos, numerários os quais foram retidos pela
BEVICRED a título de comissão.

2. DO DIREITO

2.1. Da regular distribuição da ação no foro da comarca de Porto Alegre/RS – letra


“a” inciso IV artigo 53 do CPC

Por imposição do artigo 53, inciso IV, letra “a”, do CPC1, compete ao foro do lugar do ato
ou fato jurídico a ação que tem por desígnio reparação patrimonial. Dentro deste contexto, incumbe
ao Foro da Comarca de Porto Alegre/RS processar e julgar a presente demanda, uma vez que o dano

1
Código de Processo Civil: artigo 53. É competente o foro: (...) IV - do lugar do ato ou fato: a) para
a ação de reparação do dano;

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suportado pela demandante perfectibilizou-se nesta capital. Sobre a temática decidiu o STJ no Resp
533556/SP e no AgRg no Agravo de Instrumento nº 978.533/PR:
A ação indenizatória por danos morais e materiais tem por foro o local onde
ocorreu o ato ou o fato, ainda que a demandada seja pessoa jurídica, com sede
em outro lugar. Precedentes. 2. Prevalência da regra específica do art. 100, inc. V,
letra 'a', do CPC, sobre as normas genéricas dos artigos 94 e 100, IV, 'a', do mesmo
diploma. 3. Recurso não conhecido." (4ª Turma, REsp 533556/SP, Rel. Min. Jorge
Scartezzini, unânime, DJ 17.12.2004).

AGRAVO REGIMENTAL. COMPETÊNCIA. FORO DO LOCAL DO ATO OU


FATO. REPARAÇÃO DE DANOS. PRECEDENTES. "A ação indenizatória por
danos morais e materiais tem por foro o local onde ocorreu o ato ou o fato, ainda
que a demandada seja pessoa jurídica, com sede em outro lugar" (RESP
533.556/SP, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, DJ 17.12.2004). Agravo regimental
desprovido. AgRg no Agravo de Instrumento nº 978.533 – PR. Relator: Ministro
Fernando Gonçalves.

Desta forma, sob pena de afronta à letra “a” inciso IV artigo 53 do CPC, requer a sociedade
demandante a fixação do Foro Central da Comarca de Porto Alegre/RS para o julgamento da
presente demanda.

2.2. Da plena legitimidade das partes para a presente demanda

De acordo com o 18º artigo do Código de Processo Civil, “ninguém poderá pleitear direito
alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico2”, o que nas palavras
do processualista Guilherme Marinoni significa que:
“(...) somente tem legitimidade para a causa, na qualidade de autor, aquele que se
diz titular do direito material, podendo ser réu apenas aquele que, no plano do
direito material, tem a obrigação correspondente ao direito material afirmado na
petição inicial3.”

No que tange ao caso dos autos, afirma a demandante que o prejuízo de R$ 41.695,46
(quarenta e um mil, seiscentos e noventa e cinco reais e quarenta e seis centavos) – obtido com a
ilegal imputação da dívida supra referida – provem da conduta desidiosa das rés, que, mesmo ao
serem provocadas a tomar providências que evitassem o sacrifício de seus próprios patrimônios,
permaneceram silentes.

Além disto, por imposição do artigo 11 da Portaria nº 1 do Ministério do Planejamento,


Orçamento e Gestão, cabe, exclusivamente aos consignatários, isto é, àqueles agentes que exploram

2
Código de Processo Civil: Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico
3
Marinoni, Luiz Guilherme; Arenhart, Sérgio Cruz. Manual do Processo de Conhecimento: a tutela
jurisdicional através do processo de conhecimento. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p.
68.

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a atividade de empréstimos em consignação4, o registro dos contratos de mútuo nas margens
consignáveis averbáveis. In verbis:
Art. 11. Os comandos de consignações, exceto a pensão alimentícia voluntária e os
serviços de saúde prestados diretamente por órgão público federal, serão efetivados
diretamente pelos consignatários, por intermédio do SIAPEnet, mediante
autorização expressa do consignado, observados os cronogramas da folha de
pagamento divulgados pelo DASIS.

Dentro desse contexto, alcança-se a compreensão de que a omissão voluntária da primeira


ré causou prejuízos à parte demandante, preenchendo, assim, o comando normativo positivado nos
artigos 186 e 927 do Código Civil5. Por força do exposto, restam conectados o direito material à
reparação civil a que faz jus a demandante e o direito material de reparar imposto às demandadas,
concluindo-se, por consequência, como correta a fixação dos polos ativo e passivo da presente ação.

2.3. Da boa-fé objetiva como obrigação extracontratual e do dever de mitigar as


perdas - Duty to Mitigate the Loss

Muito embora não haja entre as partes em litígio – demandante e primeira demandada – um
contrato de prestação de serviços, mostra-se claro que o êxito financeiro da primeira ré passa de
forma inequívoca pelo comprometimento, transparência e primor das atividades desempenhadas pela
empresa autora.

Desta forma, em atenção ao artigo 422 do Código Civil6, deveria a primeira demandada ter
agido de forma proba e leal, buscando, em harmonia com seus prestadores de serviços – contratados
ou não – evitar quaisquer prejuízos na busca e realização de sua atividade comercial. Todavia, da
análise dos fatos, depreende-se justamente o contrário. Senão vejamos:

Com a quitação da dívida em portabilidade do Sr. Aristarco, realizada junto ao banco Itaú
BMG em 05 de maio de 2015, efetuou-se a liberação da margem consignável. O momento em
questão, isto é, a liberação da margem após a quitação da dívida, é de altíssimo risco, uma vez que,

4
Portaria nº1 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Artigo 3º. Considera-se para fim
desta Portaria:
I – consignatário: pessoa física ou jurídica de direito público ou privado destinatária de créditos
resultantes de consignações compulsória ou facultativa, em decorrência de relação jurídica estabelecida por
contrato com o consignado; II (...)
III - consignado: servidor público integrante da administração pública federal direta ou
indireta, ativo, aposentado, ou beneficiário de pensão, cuja folha de pagamento seja processada pelo
SIAPE, e que por contrato tenha estabelecido com o consignatário relação jurídica que autorize o
desconto de valores mediante consignação em folha de pagamento; (...).
5
Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Código Civil: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
6
Código Civil: Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

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entre o ato de liberação da margem e a contratação de novo empréstimo consignado com o pagante
da dívida, poderá o cliente ser procurado por outra instituição bancária, contratando, se assim
desejar, consignação em pagamento com instituição diferente da que lhe oportunizou a quitação da
dívida.

Na tentativa de impedir o “furto” da margem consignável – apta à liberação após o


pagamento da dívida – deverá o pagante – consignatário – registrar a contratação de novo
empréstimo junto ao sistema SIAPE, procedimento que alguns bancos, como o BANRISUL,
realizam através de sistema operacional que, de forma automática, tenta o registro da contratação de
novo empréstimo junto à margem consignável de 6 (seis) em 6 (seis) minutos a partir da quitação da
dívida do promitente contratante.

Desta forma, mesmo sob a alegação de que a primeira demandada não possua tal
ferramenta, informa a parte autora que avisou à sociedade empresária BEVICRED LTDA – único
canal de comunicação entre a autora e a primeira ré – sobre a liberação da margem consignável do
cliente Aristarco nos dias 07, 08, 11 e 12 de maio de 2015 (vide.doc.03), sendo os referidos avisos
(vide correspondência eletrônica dia 11 de maio) remetidos por e-mail à primeira ré, que, deixando
de impedir o prejuízo do próprio patrimônio, quedou-se inerte, ou seja, não providenciou a
averbação de novo empréstimo junto à margem consignável já liberada do Sr. Aristarco.

Ademais, salienta a empresa autora que não possui acesso ao sistema de registro e
contratação de empréstimos em margens consignáveis, sendo tal prerrogativa, conforme
dispõe o artigo 11 da Portaria nº 1/2010 da Secretaria de Recursos Humanos 7 (vide.doc.04), de
exclusividade da demandada.

Neste contexto, vislumbra-se que as demandadas – mesmo após serem cientificadas pela
sociedade demandante – não agiram de forma a aplacar seus próprios agravos econômicos,
adotando, além disto, postura muito pior. A primeira ré, ao verificar o prejuízo financeiro produto de
sua própria omissão e negligência, repassou o agravo à sua correspondente bancária, BEVICRED, a
qual, por sua vez, repassou a perda à demandante.

Diante das atitudes tomadas pelas demandadas, tornam-se cristalinas três conclusões: i) a
desídia e a negligência das demandadas foram as únicas responsáveis pela perfectibilização do dano;

7
Secretaria de Recursos Humanos | Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Portaria nº1.
Art. 11. Os comandos de consignações, exceto a pensão alimentícia voluntária e os serviços de saúde
prestados diretamente por órgão público federal, serão efetivados diretamente pelos consignatários, por
intermédio do SIAPEnet, mediante autorização expressa do consignado, observados os cronogramas da folha
de pagamento divulgados pelo DASIS. Disponível em:
https://conlegis.planejamento.gov.br/conlegis/pesquisaTextual/atoNormativoDetalhesPub.htm?id=7590

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ii) as rés – principalmente a primeira – não tomaram as atitudes cabíveis para evitar o agravo dos
próprios patrimônios, ignorando, assim, o Enunciado nº 169 das Jornadas de Direito Civil 8; e iii) o
repasse do prejuízo causado pelas próprias demandadas a terceiros fere o princípio da boa-fé
objetiva, comprovando, assim, o desrespeito das demandadas aos ditames basilares da lei civil.

2.4. A obrigatória submissão do contrato à lei: o plano da validade do negócio jurídico

De acordo com os incisos II e VI do artigo 166 do CCB, são nulos os negócios jurídicos –
manifestação de vontade, tácita ou expressa, que almeja acionar efeitos do ordenamento jurídico
mediante observância dos requisitos de existência, validade e eficácia – que, entre outros, “for
ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto” ou “tiver por objetivo fraudar lei imperativa”.

Pois bem. Sob o ângulo do plano da validade – “subsunção do negócio jurídico existente
ao ordenamento jurídico em vigor 9” – o “Termo de compromisso para portabilidade” firmado entre
a segunda demandada e autora apresenta patentes agressões à Lei 4.595/1964 e à Resolução
4.292/2013 do BACEN (verificar cláusulas 1 (um) e 3 (três) do instrumento).

O artigo 17 da Lei 4.595/1964 define como instituição financeira as pessoas jurídicas


públicas e privadas “que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou
aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a
custódia de valor de propriedade de terceiros.”. Para a referida lei é indispensável à caracterização de
uma instituição financeira “a custódia de valor de propriedade de terceiros.”. O artigo 18 da lei
acima citada vai mais longe na delimitação do conceito de instituição financeira, submetendo sua
aplicação ao crivo do Banco Central do Brasil ou a Decreto do Poder Executivo. Cientes dos
pressupostos de existência de uma instituição financeira, atente-se às atividades desenvolvidas pela
atual ré, atividades as quais se limitam a operacionalizar ações terceirizáveis e, no presente caso,
“quarteirizáveis” das reais instituições financeiras.

Neste contexto, vem à tona a Resolução 4.292/2013 do BACEN, que dispõe e regula a
portabilidade de operações de crédito no Brasil. No primeiro artigo da referida regra está consagrado
que “as instituições financeiras devem garantir a portabilidade das suas operações de crédito
realizadas com pessoas naturais, mediante o recebimento de recursos (...)”. Portanto, a
Resolução afirma que a responsabilidade pelas operações de portabilidade recai sobre as
instituições financeiras, sendo estas as pessoas jurídicas que observarão as formalidades legais,
os prazos e os procedimentos atinentes ao negócio. Assim, pois, se a autora não ostenta os

8
Enunciado nº 169 das Jornadas de Direito Civil: Art. 422. O princípio da boa-fé objetiva deve levar
o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
9
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho. Novo curso de direito civil: (abrangendo
o Código de 1916 e novo Código Civil). São Paulo: Saraiva, 2003, p. 370.

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requisitos para ser considerada uma instituição financeira; não possui nem pretende possuir
autorização do BACEN para sê-lo; e, por fim, a Resolução que regula a portabilidade de dívidas
impõe às instituições financeiras a responsabilidade sobre as operações desta natureza, não deve a
CFG Consultoria de Negócios LTDA, empresa que nem sequer tem acesso aos sistemas bancários
para realização das portabilidades e averbação das operações financeiras, responsabilizar-se por
quaisquer perdas de margens consignáveis.

Face ao exposto, levando-se em conta que a manifestação de vontade contida no “termo de


portabilidade” impunha contrariedade ao ordenamento jurídico – transferindo a autora, em total
desrespeito à boa-fé, obrigação imposta à primeira demandada em decorrência da lei – atingindo,
por via de consequência, os artigos 112 e 113, bem como os incisos II e VI do artigo 116 – todos
comandos legais do CCB – deve ser declarada a nulidade dos itens 1 (um) e 3 (três) da avença
firmada entre a autora e segunda demandada.

2.5. A função social da empresa e o prejuízo às atividades da autora em decorrência


da ação das rés

A ordem econômica financeira, de acordo com o artigo 170 da Constituição Federal, é


fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por finalidade assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, estando as sociedades empresárias,
ferramentas de produção, circulação e distribuição de riquezas, vinculadas a tais princípios e
finalidades.

Neste contexto, cumpre função social a empresa que gera empregos, tributos e riqueza 10,
contribuindo com cenário econômico e social de onde está inserida. No caso dos autos, a sociedade
empresária demandante emprega 8 (oito) funcionário sob o regime da Consolidação das Leis do
Trabalho, os quais recebem remuneração superior ao salário mínimo nacional. Além desses
empregados, a demandante integra ao mercado de trabalho 3 (três) estagiários, inferindo-se, diante
do contexto apresentado, que a autora gera postos de trabalho, recolhe tributos e distribui riqueza
mesmo no atual contexto de recessão econômica. Além disso, cumpre destacar que as micro e
pequenas empresas representam 99,2% das empresas do Brasil e empregam 57,2% da força de
trabalho nacional, razão pela qual são indispensáveis à economia e ao desenvolvimento do país 11.
Portanto, quando as demandadas impõem à autora ônus financeiro em total desrespeito à legislação

10
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012, p.81.
11
REIS, Zenaide Radessa dos. Micro e pequenas empresas: a importância de aprender a empreender.
Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV. Curso de
Mestrado em Gestão Empresarial. Acesso em 15 de maio de 2017:
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/8710

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vigente estão gerando mais do que danos individuais, porquanto a obstrução das atividades de uma
empresa de pequeno porte ocasiona o fechamento da principal fonte de postos de trabalho, reduz a
arrecadação tributária e impacta no mercado consumo como um todo. Face ao exposto, os
argumentos aqui trazidos – prejuízo social/coletivo do dano imposto à autora – devem ser
considerados no ato de fixação do quantum indenizatório.

2.4. Da responsabilidade civil pela omissão e negligência do comportamento da


demandada

Para que se impute a alguém o dever de indenizar, mostra-se, em regra, necessário: i)


prejuízo à esfera imaterial ou material do ou da requerente; ii) ação ou omissão antijurídica; iii)
liame causal entre a ação e o injusto sofrido; e iv) verificação de dolo ou culpa na ação lesiva.

No caso em análise, o prejuízo resta perfectibilizado de forma abrangente, uma vez que,
com a perda da margem consignável do Sr. Aristarco, frise-se, ocasionada exclusivamente pelo
comportamento omisso e desidioso das rés, viu-se a empresa autora obrigada a assumir uma dívida
no valor de R$ 41.695,46 (quarenta e um mil, seiscentos e noventa e cinco reais e quarenta e seis
centavos) em favor da sociedade empresária BEVICRED LTDA., correspondente bancária da
primeira demandada.

Desta feita, conforme os argumentos e fatos já trabalhados na presente petição, configura-se


como ação antijurídica a inércia da primeira demandada em averbar o contrato de empréstimo
consignado na margem disponível do Sr. Aristarco.

O ilícito, positivado no artigo 186 do Código Civil, torna-se ainda mais claro a partir
da dicção do artigo 11 da portaria nº 1 da Secretaria de Recursos Humanos, a qual impõe ao
consignatário, isto é, ao banco beneficiário do empréstimo por desconto em folha, a obrigação
de averbar o contrato junto ao sistema SIAPE, extinguindo, assim, a margem consignável
disponível e perfectibilizando a portabilidade da dívida.

Portanto, por imposição da Portaria nº 1 da Secretaria de Recursos Humanos e dos decretos


federais que a legitimam12, cabia exclusivamente à primeira demandada a responsabilidade por
averbar empréstimos sobre margens consignáveis disponíveis, sendo a delegação da referida tarefa a
terceiro vedada por ato normativo. Logo, imputar à demandante responsabilidade por um dano
que poderia ser impedido apenas pela primeira demandada mostrar-se injusto e, acima de
tudo, ilegal.

12
Decretos Federais: nº 6.386/2008; nº 6.574/2008; e 6.967/2008. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6386.htm

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Além disso, não bastasse a obrigação que incumbia exclusivamente à primeira ré, informou
a empresa autora, nos dias 07, 08, 11 e 12 de maio de 2015 (vide. doc.03), a inexistência de
averbação do empréstimo junto à margem do Sr. Aristarco, cobrando da primeira demandada,
através de sua correspondente bancária, BEVICRED LTDA, providências que evitassem a utilização
da margem consignável por outro banco e, com isso, o prejuízo que deu vida ao dano ora reclamado.

Dentro deste contexto, alcança-se a compreensão de que o prejuízo suportado pela


demandante – retenção de suas comissões para adimplemento da margem consignável extraviada –
provém da conduta ilícita das rés, as quais, por ato de suas próprias vontades, deixaram de averbar o
contrato de empréstimo firmado com o Sr. Aristarco no sistema SIAPE, perdendo, com isso, a
utilização da margem consignável para o Banco Itaú BMG, e repassando, posteriormente, seus
prejuízos à sociedade empresária demandante, CFG Consultoria de Negócios Ltda.

Neste compasso, informa a autora que dos R$ 41.695,46 (quarenta e um mil seiscentos e
noventa e cinco reais e quarenta e seis centavos) que lhe estão sendo erroneamente exigidos, R$
10.707,23 (dez mil setecentos e sete reais e vinte e três centavos) já foram retidos a título de
comissões pela sociedade empresária BEVICRED (vide. doc. 05), valores os quais devem ser
ressarcidos na forma da Súmula 43 do STJ.

Por todo exposto, requer a autora: i) a condenação das empresas rés no valor de R$
10.707,23 (dez mil setecentos e sete reais e vinte e três centavos) a título de ressarcimento pelos
valores ilegitimamente retidos; ii) seja declarado inexigível o débito de R$ 30.988,23 (trinta mil,
novecentos e oitenta e oito reais e vinte e três centavos) proveniente da diferença entre o valor que
lhe está sendo erroneamente exigido pelas rés e a quantia que já lhe fora descontada em comissões
para venda de produtos bancários. A quantia deve ser corrigida monetariamente a contar do ato
ilícito, atribuindo-se juros moratórios a partir da citação.

2.5. Do dano à esfera imaterial da empresa demandante e da perda de sua


credibilidade no mercado face a conduta negligente e omissa da ré

O inciso X do 5º artigo da CF garante a inviolabilidade da honra, da vida privada, da


intimidade e da imagem de toda e qualquer pessoa, imputando responsabilidade ao agressor por seu
desrespeito. Dentro deste contexto, estende a doutrina às Pessoas Jurídicas a garantia de alguns
elementos da personalidade, entre os quais os direitos à imagem e à honra. No caso em riste, faz-se
presente o direito à honra objetiva da empresa demandante, pelo que conecta-se à forma pela qual o
mercado de atuação da autora a conhece, conceituando-a como digna de respeito e confiabilidade ou,
diante de eventuais erros, como uma parceira insatisfatória para os negócios.

Sobre o tema, Pablo Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho:

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Se é certo que uma pessoa jurídica jamais terá uma vida privada, mais evidente
ainda é que ela pode e deve zelar pelo seu nome e imagem perante o público-alvo,
sob pena de perder largos espaços na acirrada concorrência de mercado. Se é óbvio
que o dano moral, como dor íntima e sentimental, não poderá jamais atingir a
pessoa jurídica, não podemos deixar de colocar que o dano à honra e à imagem, por
exemplo, afetará valores societários e não sentimentais, pelo que não se justifica a
restrição, sob pena de violação aos princípios maior de neninem laedere 13.

Neste aspecto, ao transferir a responsabilidade pela perda da margem consignável à autora,


as empresas demandadas macularam a respeitabilidade desta junto ao mercado de correspondentes e
parceiros bancários, sendo esta lástima, em desfecho, a materialização de um injusto de ordem
moral. Salienta a demandante que a responsabilização pela perda de margens consignáveis confere
péssimo status a seu negócio, ainda mais que a segunda ré – BEVICREDI LTDA – também trabalha
com outras instituições financeiras, constatando-se, a partir daí, que a conduta desidiosa que lhe fora
injustamente atribuída pelas rés pode facilmente chegar ao conhecimento do mercado de
financiamentos creditícios. Isto é, por uma atribuição injusta de responsabilidade, as demandadas
acabaram por fragilizar a atuação empresarial da parte autora.

Face ao exposto, requer a autora a condenação da ré ao pagamento de danos morais no


valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) os quais devem ser atualizados monetariamente a contar da
fixação em sentença e reajustados em juros de mora a contar da citação.

3. DOS PEDIDOS

Face ao exposto, REQUER:

a) seja a inicial recebida, distribuída e processada, citando-se, na forma do inciso I do art. 221
do CPC, as rés para contestarem os pedidos e fundamentos jurídicos aqui articulados;

b) seja a presente demanda julgada integralmente procedente conforme seus fundamentos;

c) sejam as rés condenadas ao pagamento de dano moral no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) corrigidos monetariamente a contar da citação e com juros de mora a contar as
sentença;

d) sejam as rés condenadas a pagar, a título de danos emergentes, a quantia de R$ 10.707,23


(dez mil setecentos e sete reais e vinte e três centavos) corrigidos monetariamente na forma
da súmula 43 do STJ e com juros de mora a contar da citação;

13
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: abrangendo o Código de 1916 e o Novo
Gódigo Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 149.

Praça Osvaldo Cruz, nº 15, sala 201, bairro centro, Porto Alegre, CEP: 90038-900 - Contato: (51)
9874-7770 - (51) 8124-2848 – contato@akm.adv.br
e) seja declarada inexigível a quantia de R$ 30.988,23 (trinta mil, novecentos e oitenta e oito
reais e vinte e três centavos) proveniente da diferença entre o valor que lhe fora imputado
pelas rés e a quantia que já lhe fora descontada em comissões para venda de produtos
bancários;

f) sejam declaradas nulas as cláusulas 1 (um) e 3 (três) do termo de compromisso para


portabilidade;

g) requer o autor a condenação das rés ao ônus da sucumbência nos termos dos arts. 85 a 97 do
CPC;

h) sejam as futuras intimações ou notificações dirigidas ao advogado Felipe Montiel da Silva,


OAB/RS 100.260;

i) requer produção de provas por todos os meios admitidos em direito.

Atribui-se à causa o valor de R$ 41.695,46 (quarenta e um mil, seiscentos e noventa e cinco


reais e quarenta e seis centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 26 de maio de 2017.

Felipe Montiel da Silva Jorge Alberto de Macedo Acosta Júnior


OAB/RS 100.260 OAB/RS 100.924

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