Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. INTRODUÇÃO
2. ESTUDO PILOTO
Este estudo teve como objectivo saber as características que esta amostra
considera comporem a imagem de político em geral, e o de político credível e não
credível com vista a utilizar as características num estudo experimental subsequente.
2.1 Participantes
Participaram neste estudo 27 estudantes universitários de Psicologia, (9 homens)
com idade média 24 anos e 2 meses (desvio-padrão de 3 anos e 5 meses).
2.2 Procedimentos
O experimentador abordou os indivíduos durante os intervalos das aulas,
solicitando a sua colaboração na resposta a um questionário que tinha como objectivo
saber qual a sua opinião sobre a classe política. Neste, pedia-se aos participantes que
2.3 RESULTADOS
2.4 DISCUSSÃO
Tal sugere que, apesar da opinião geral ser positiva existe elevada divergência nesta
imagem. A análise das características mais frequentemente referidas sobre o político
geral, permite-nos constatar que sete são positivas (e.g. persuasivo, culto e honesto) e
apenas três são negativas (e.g. corrupto e falso). O facto de algumas destas
características serem mesmo opostas (honestidade e falsidade) reflecte a dupla imagem
que o político pode suscitar em quem o percepciona.
3. ESTUDO EXPERIMENTAL
3.1 Método
3.1.2 Participantes e Delineamento: 79 alunos do 1º ano de Psicologia (7 homens,
Midade= 22 anos e 5 meses; DP= 6 anos e 3 meses) foram distribuídos aleatoriamente por
três condições experimentais: político não credível (PNC) político geral (PG) e político
credível (PC).
3.2 RESULTADOS
3.2.3 Mudança de atitude: Visto os 4 itens que mediam a atitude face à posição do
político comporem um único factor (79.6% de variância explicada) e apresentarem
elevada consistência interna (α=.91) foi calculada a média destes itens, como
representando a atitude final. Com vista a criar um índice de mudança atitudinal (IMA),
da atitude final foi subtraída a atitude prévia dos participantes. Foram excluídos das
análises 4 outliers nesta variável.
Efectuou-se uma ANOVA do delineamento 3 (político credível, político geral,
político não credível) x 2 (atitude prévia não favorável, atitude prévia favorável) ao
IMA. Esta análise revelou um efeito significativo da atitude prévia F(1,65) = 26. 118, p
<.000 na mudança atitudinal, sugerindo um papel preponderante desta variável nos
nossos dados. Os indivíduos cujas atitudes prévias eram desfavoráveis mudaram a sua
atitude (MApd =.77 ) mas os favoráveis não foram persuadidos pela posição advogada
pelo ministro, tendo inclusivamente alterado as suas atitudes em direcção oposta do que
era defendido por este (MApf=-.17). O impacto da credibilidade do ministro foi, como
esperado, moderado pela atitude prévia F(2, 74) = 4.239; p =.018; Mse =0.606
sugerindo que este apenas é verificado para a situação contra-atitudinal, isto é, quando a
atitude dos participantes era desfavorável ao processo de Bolonha (ver Figura 1). Como
esperado com atitudes prévias favoráveis a credibilidade do ministro não tem efeito.
CREDIBILIDADE VS ATITUDE PRÉVIA
F(2, 65)=4.239, p=.018
Vertical bars denote 0,95 confidence intervals
2,0
1,5
MUDANÇA: Indíce_Mudança
1,0
0,5
0,0
-0,5
de acordo obtido pelos juízes foi bom (kw=.72) (Fonseca et al., 2007). Os desacordos
foram solucionados por um terceiro juiz independente.
Total de pensamentos. Esperava-se que os indivíduos com atitudes prévias
favoráveis, que fossem confrontados com uma fonte não credível, fornecessem um
maior número de respostas cognitivas. Para testar esta hipótese foi efectuada uma
ANOVA factorial 3 (político credível, político geral, político não credível) x 2 (atitude
prévia desfavorável, atitude prévia favorável) para o total de pensamentos. A presença
de um efeito marginal da credibilidade F(2, 65) = 2.753 , p <.07 sugere que a situação
de base-line suscita um número médio de pensamentos menor (Mbl= 1.75) que as
situações onde se define o ministro pela sua credibilidade (Mnc= 2.61; Mc= 2.33). Na
realidade o contraste entre a primeira e as outras condições é significativo t(65)= 2.241;
p=.028. A presença de uma interacção significativa entre a credibilidade do ministro e a
atitude prévia F(2, 65) = 4.957; p <.010, sugere que, uma vez mais, a atitude prévia
moderou o efeito da credibilidade no total de pensamentos gerados pelos participantes.
A Figura 2 ilustra a relação existente entre a credibilidade do ministro, e as
atitudes prévias individuais na média do total de pensamentos reportados. É de salientar
o elevado número médio de pensamentos reportados pelos participantes que leram a
mensagem atribuída ao politico não credível, principalmente aqueles cuja atitude prévia
era favorável, o que é congruente com a ideia de que estes indivíduos geraram um maior
número de pensamentos devido ao facto de verem a sua atitude prévia ser desafiada por
uma fonte não credível. Por outro lado, os participantes cuja atitude prévia era
desfavorável e receberam a mensagem proveniente do politico credível geraram
igualmente um número elevado de pensamentos em resposta à mensagem, em ambos os
níveis de esforço cognitivo. Os indivíduos pertencentes ao grupo do político geral
geraram em média um número de pensamentos inferior, excepto na situação de esforço
elevado/atitude prévia favorável, sugerindo que desenvolveram um tipo de
processamento mais superficial.
Análise de pensamentos favoráveis e desfavoráveis. A proporção de pensamentos
favoráveis e desfavoráveis foi submetida como um factor de medidas repetidas numa
ANOVA factorial 3 (político credível, político geral, político não credível) x 2 (atitude
prévia desfavorável, atitude prévia favorável) x 2(pensamentos). Esta análise revelou
um efeito significativo do tipo de pensamento F(1, 65)=7.587, p=.007 sendo a
3,5
TOTAL_PE: Total_Pensamentos
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
Não Credível
Baseline
0,0 Credível
Desfavorável Favorável
fonte não credível suscitar uma maior proporção de pensamentos desfavoráveis (.38) do
que favoráveis (.22). Também a atitude prévia modera o efeito F(1, 65)=7.05, p=.009
visto a superioridade de pensamentos positivos relativamente aos negativos apenas se
verificar quando a atitude prévia é favorável (Mp= .52 vs Mn = .18) não se verificando
diferenças quando a atitude prévia é desfavorável (Mp=.27 vs Mn =.27 ).
3.2.5 Relação entre variáveis: A análise de dados realizada sugere que a mudança
atitudinal está dependente da atitude prévia, sendo esta determinante do tipo de
mudança verificado. Mais, apenas na condição contra-atitudinal é que a característica da
fonte é determinante da mudança. A proporção de pensamentos favoráveis e
desfavoráveis é superior na condição de atitude prévia favorável, sugerindo que
qualquer impacto da credibilidade deriva da natureza dos pensamentos suscitados. Na
realidade, a diferença de pensamentos favoráveis e desfavoráveis relaciona-se com a
mudança na condição de pró-atitudinal (r=.49), não se relacionando com a mudança na
condição contra-atitudinal (r=.07). Porém, consistentemente com a hipótese de
atenuação estes pensamentos não medeiam o impacto da credibilidade na atitude na
0,7
Proporção média de pensamentos
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,1 Favoráveis
Não Credível Baseline Credível
Desfavoraveis
CONDIÇÃO
0,6
Proporção média de pensamentos
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Favoráveis
0,0 Desfavoráveis
Desfavorável Favorável
Tal sugere que, os pensamentos obscurecem o efeito que também estaria aqui presente.
Ele seria o descrito na literatura: uma fonte de fraca credibilidade é menos prejudicial à
atitude do indivíduo (Mnc=.06), do que as restantes, que promovem efeitos de
boomerang na direcção contrária (Mbl=-.35; Mc= -.22).
4. DISCUSSÃO
Este estudo visou analisar o impacto persuasivo de diferentes níveis de
credibilidade associados a um político. Os dados permitiram detectar o efeito esperado:
um efeito directo da credibilidade apenas na condição contra-atitudinal. A atitude dos
participantes que tinham uma posição desfavorável tornou-se mais positiva quanto
maior credibilidade percepcionaram na fonte. A situação experimental suscitou nos
participantes previamente favoráveis à posição defendida pelo ministro, um maior
número de pensamento favoráveis do que desfavoráveis, que foram determinantes da
sua mudança atitudinal. Tal seria de esperar, pelo facto destes participantes terem-se
referido como mais motivados para lidar com o tópico em discussão. Como sugerido
por Chaiken e Maheswaran (1994) estes participantes envolveram-se num
processamento sistemático atenuando o impacto do processamento heurístico. Na
realidade, quando controlamos esta componente de processamento (operacionalizado
pela diferença entre número de pensamentos favoráveis e desfavoráveis) verificamos
vestígios do efeito da heurística.
Estes resultados encontram suporte na literatura em estudos na área da dissonância
cognitiva (Aronson, Turner & Carlsmith, 1963), que demonstraram que a mudança de
opinião é resultado de uma interacção entre a credibilidade do comunicador e a
discrepância da comunicação relativamente à atitude inicial do recipiente. No entanto
não estão em total consonância com resultados obtidos por Sternthal et al., (1978), que
demonstrou que para participantes com uma posição prévia favorável uma fonte
moderadamente credível induziu maior concordância e mais argumentação favorável.
Não só a mudança atitudinal não foi moderada pelos pensamentos dos indivíduos com
posições prévias favoráveis, como foi a fonte não credível a que promoveu maiores
índices de mudança quando controlado o efeito dos pensamentos.
Mas independentemente de gerar mudança via o impacto nos pensamentos, a
verdade é que a presença de uma fonte com um dado nível de credibilidade teve
5. CONCLUSÕES
Neste trabalho postulamos que as atitudes prévias dos indivíduos moderam o
impacto de um político credível ser mais persuasivo do que um político não credível.
Para o efeito, realizámos um estudo piloto que nos informou de que, um político no
geral é visto de forma ambígua, isto é, caracterizado por atributos positivos e atributos
negativos. Enquanto que, um político credível é percepcionado quase exclusivamente de
forma positiva, ao contrário de um político não credível, que é visto e caracterizado
quase exclusivamente por atributos negativos.
O estudo experimental apresentado testou directamente a nossa hipótese de
moderação do efeito pela atitude prévia. Os dados sugerem que, a credibilidade é um
factor relevante para perceber a eficácia de um discurso político, principalmente quando
este apresenta uma posição contra-atitudinal. Aqueles que já acreditavam nas suas
palavras, não levam em consideração a sua credibilidade, mas sim os pensamentos que
lhes ocorrem. Os nossos dados sugerem ainda que, situações pró-atitudinais uma fonte
pouco credível poderá inclusivamente ser mais persuasiva do que uma fonte credível.
Uma explicação possível é que nestas condições uma fonte pouco credível poderá
desafiar a atitude prévia, desencadeando processos cognitivos tais como a dissonância,
que poderão levar os indivíduos a reverem as suas atitudes e certificarem-se da validade
das mesmas. Estes processos poderão resultar em elaboração e reforço das atitudes
prévias. Futuros estudos esclarecerão a extensão deste efeito e a sua explicação.
A título de consideração final, este trabalho alerta-nos para o facto de que, pelo
menos na presente amostra os políticos não são percepcionados negativamente, e que,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aronson, E., Turner, J. A., & Carlsmith, J. M. (1963). Communicator credibility and
communication discrepancy as determinants of opinion change. Journal of Abnormal and
Social Psychology, 67, (1), 31-36.
Chaiken, S.(1980).Heuristic versus systematic information processing and the use of source
versus message cues in persuasion. Journal of Pers. and Soc. Psychology, 39, (5), 752-766.
Chaiken, S., & Maheswaran, D. (1994). Heuristic processing can bias systematic processing:
Effects of source credibility, argument ambiguity and task importance on attitude judgment.
Journal of Personality and Social Psychology, 66, (3), 460-473.
Chaiken, S., Liberman, A., & Eagly, A. H. (1989). Heuristic and systematic information
processing within and beyond the persuasion context. In J. S. Uleman & J. A. Bargh (Eds.),
Unintended thought. NY: The Guilford Press.
Eagly, A. H., & Chaiken, S. (1993). The psychology of attitudes. Forth North, Ph: Hartcourt
Brace Jovanovich.
Fonseca, R., Silva, P., & Silva, R. (2007). Acordo inter-juízes: O caso do coeficiente kappa.
Laboratório de Psicologia, 5, (1), 81-90.
Petty, R. E., Briñol, P. (2008). Persuasion: From single to multiple to meta-cognitive processes.
Perspectives on Psychological Science, 3, (2), 137-147.
Petty, R. E., Briñol, P, & Tormala, Z. L. (2002). Thought confidence as a determinant of
persuasion: The self-validation hypothesis. Jour.of Pers. and Soc. Psyc., 82, (5), 722-741.
Petty, R. E., Wegener, D. T., & Fabrigar, L. R. (1997). Attitudes and attitude change. Annual
Review of Psychology, 48, 609-647.
Petty, R. E., & Cacioppo, J. T. (1981). Attitudes and persuasion: Classic and contemporary
approaches .Dubuque, IA: Brown.
Petty, R. E., & Cacioppo, J. T. (1986). Methodological factors in the ELM. In R. E. Petty & J.
T. Cacioppo (Eds.), Communication and persuasion. Central and peripheral routes to
attitude change. NY: Springer-Verlag.
Smith, E. R., & Mackie, D. M. (2000). Social psychology (2ª ed.). Philadelphia: Psyc. Press.
Sternthal, B., Dholakia, R., & Leavitt, C. (1978). The persuasive effect of source credibility:
Tests of cognitive response. Journal of Consumer Research, 4, 252-260.