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INTRODUÇÃO GERAL 3
I. O CARÁTER DA BÍBLIA 4
V. ABREVIATURAS BÍBLICAS 19
X. ORIGINAIS EXISTENTES 23
XXII. BIBLIOGRAFIA 71
INTRODUÇÃO GERAL
3
Reconhecemos haver muitos e bons livros que versam sobre esta matéria; alguns
deles são ortodoxos e outros são heterodoxos; todos, porém, evidenciando o desejo,
cremos, sinceros, de seus autores, de manifestar os conhecimentos adquiridos sobre este
4
aspecto da Teologia. Alguns livros, por se destinarem a cursos avançados são demasiados
prolixos em suas exposições e outros, em alguns casos, são omissos e às vezes em ambos
casos desatualizados. Isto posto, o conteúdo de nosso curso nos compele à tentativa de
escrever esta apostila, com o propósito de incluir nela apenas o material que julgamos
indispensável aos nossos alunos. Ao mesmo tempo, reconhecemos ingrata a tarefa que
nos depara, mormente levando em consideração o limitado tempo de que dispomos para
elaborar este trabalho e as poucas fontes de consulta de que dispomos para a compilação
de tão relevante matéria. Aproveitamo-nos da oportunidade desta nota introdutória, para
recomendar ao professor desta matéria, cuidadosa pesquisa, quanto lhe for possível, para
a aplicação do ensino aqui constante, em cuja elaboração consultamos os autores
constantes da bibliografia dada abaixo, responsabilizando-nos, entretanto pelos conceitos
talvez incomuns em alguns casos.
I. O CARÁTER DA BÍBLIA1
A estrutura da Bíblia
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Introdução Bíblica – Como a Bíblia chegou até nós. Norman Geisler e Williams. Editora Vida. (1º Capítulo - O Caráter da
Bíblia).
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A Bíblia compõe-se de duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo
Testamento. O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela
preservado um milênio ou mais antes da era de Jesus. O Novo Testamento foi composto
pelos discípulos de Cristo ao longo do século d.C.
A palavra testamento, que seria mais bem traduzida por “aliança”, e tradução de
palavras hebraicas e gregas que significam “pacto” ou “acordo” celebrado entre duas
partes (“aliança”). Portanto, no caso da Bíblia, temos o contrato antigo, celebrado entre
Deus e seu povo, os judeus, e o pacto novo, celebrado entre Deus e os cristãos.
Estudiosos cristãos frisaram a unidade existente entre esses dois testamentos da
Bíblia sob o aspecto da Pessoa de Jesus Cristo, que declarou ser o tema unificador da
Bíblia. Agostinho dizia que o Novo Testamento acha-se velado no Antigo Testamento, e o
Antigo, revelado no Novo. Outros autores disseram o mesmo em outras palavras: “O
Novo Testamento está no Antigo Testamento ocultado, e o Antigo, no Novo revelado”.
Assim, Cristo se esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo. Os crentes
anteriores a Cristo olhavam adiante com grande expectativa, ao passo que os crentes de
nossos dias vêem em Cristo a concretização dos planos de Deus.
As seções da Bíblia
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LIVROS DO NOVO TESTAMENTO
Evangelhos História
1. Mateus 1. Atos dos Apóstolos
2. Marcos
3. Lucas
4. 4. João
Epístolas
1. Romanos 12. Tito
2. 1Coríntios 13. Filemom
3. 2Coríntios 14. Hebreus
4. Gálatas 15. Tiago
5. Efésios 16. 1Pedro
6. Filipenses 17. 2Pedro
7. Colossenses 18. 1João
8. 1Tessalonicenses 19. 2João
9. 2Tessalonicenses 20. 3João
10. 1Timóteo 21. Judas
11. 2Timóteo
Profecia
1. Apocalipse
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DISPOSIÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO HEBRAICO
A lei Os profetas Os escritos
(Tora) (Neviim) (Kethuvim)
1. Gênesis A. Profetas anteriores A. Livros poéticos
2. Êxodo 1. Josué 1. Salmos
3. Levítico 2. Juízes 2. Provérbios
4. Números 3. Samuel 3. Jó
5. Deuteronômio 4. Reis B. Cinco rolos (Megilloth)
1. O Cântico dos Cânticos
B. Profetas posteriores 2. Rute
1. Isaías 3. Lamentações
2. Jeremias 4. Ester
3. Ezequiel 5. Eclesiastes
4. Os Doze C. Livros históricos
1. Daniel
2. Esdras-Neemias
3. Crônicas
A despeito do fato de o Judaísmo ter mantido uma divisão tríplice até a presente
data, a Vulgata latina, de Jerônimo, e as Bíblias posteriores a ela seguiriam o formato
mais tópico das quatro partes em que se divide a Septuaginta. Se combinarmos essa
divisão com outra, mais natural e largamente aceita, também de quatro partes, do Novo
Testamento, a Bíblia pode ser divida na estrutura geral e cristocêntrica apresentada no
quadro da página seguinte.
Ainda que não existam razões de ordem divina para dividirmos a Bíblia em oito
partes, a insistência cristã em que as Escrituras devam ser entendidas tendo Cristo por
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centro baseia-se nos ensinos do próprio Cristo. Cerca de cinco vezes no Novo
Testamento, Jesus afirmou ser ele próprio o tema do Antigo Testamento (Mt 5.17; Lc
24.27; Jo 5.39; Hb 10.7). Diante dessas declarações, é natural que analisemos essa
divisão das Escrituras, em oito partes, por tópicos, sob o aspecto de seu tema maior —
Jesus Cristo.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA BÍBLIA
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II. Estudo Panorâmico da Bíblia 2
Transcrevo a seguir o primeiro capítulo do livro “Estudo Panorâmico da Bíblia” de
Henrietta C. Mears da editora VIDA:
“Por detrás e por baixo da Bíblia, acima e além da Bíblia, está o Deus da Bíblia”.
A Bíblia é a revelação escrita de Deus, acerca de sua vontade para os homens.
Seu tema central é a salvação mediante Jesus Cristo.
A Bíblia contém 66 livros, escrito por 40 escritores, abrangendo um período de
aproximadamente 1600 anos.
O Antigo Testamento foi escrito na maior parte em hebraico (algumas passagens
curtas em aramaico). Aproximadamente 100 anos antes da era cristã todo o Antigo
Testamento foi traduzido para o grego.
O Novo Testamento foi escrito na língua grega. Nossa Bíblia é uma tradução
dessas línguas originais.
A palavra “Bíblia” vem da palavra grega “biblos”.
A palavra “Testamento” quer dizer “aliança” ou pacto. O Antigo Testamento é a
aliança que Deus fez com o homem quanto à sua salvação, antes de Cristo vir. O Novo
Testamento é o pacto que Deus fez com o homem, quanto à sua salvação, depois de
Cristo vir.
No Antigo Testamento encontramos a aliança da lei. No Novo Testamento
encontramos a aliança da graça que veio por Jesus Cristo. Uma conduzia à outra (Gl 3.17-
25).
O Antigo Testamento começa o que o Novo completa.
O Antigo Testamento se reúne ao redor do Sinai.
O Antigo Testamento está associado com Moisés.
O Novo Testamento com Cristo (Jo 1.17).
Os autores (escritores) foram reis e príncipes, poetas e filósofos, profetas e
estadistas. Alguns eram instruídos em todo o conhecimento da sua época e outros eram
pescadores sem culturas. Alguns livros logo se tornam antiquados, mas este livro
atravessa os séculos.
A maior parte dos livros tem de ser adaptados às diferentes idades, mas tanto
velhos como jovens amam este livro.
O maior parte dos livros é regional e só interessam às pessoas em cuja língua foram
escritos, mas isto não acontece com a Bíblia. Ninguém sequer pensa que foi escrito em
línguas que hoje são mortas.
Livros do Novo Testamento
O Novo Testamento foi escrito a fim de nos revelar a Pessoa e os ensinos de Jesus
Cristo, o mediador da Nova Aliança; escreveram-nos oito homens, pelo menos, quatro
dos quais, Mateus, João, Pedro e Paulo, eram apóstolos; dois, Marcos e Lucas foram
companheiros dos apóstolos; dois, Tiago e Judas, eram irmãos de Jesus. Esses livros
foram escritos no decorrer da segunda metade do primeiro século.
O Antigo Testamento começa com Deus (Gn 1.1).
O Novo Testamento começa com Cristo (Mt 1.1).
De Adão a Abraão temos a história da raça humana.
De Abraão a Cristo temos a história da raça escolhida.
2
MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Miami, Florida: Editora Vida, 1982, p. 9-20.
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De Cristo em diante temos a história da Igreja.
“O conhecimento que muitos têm da História é como um colar de pérolas sem o
cordão”, disse certo historiador. Esta declaração parece especialmente verdadeira em
relação à história bíblica. Muitas pessoas conhecem os personagens bíblicos e os
principais acontecimentos, porém não conseguem colocar os acontecimentos em sua
ordem. Aqueles que já experimentaram a sensação de aprender a colocar as personagens
em sua posição certa, quanto ao tempo e lugar, compreendem a diferença que isso faz na
apreciação da Palavra de Deus.
Apanhe as “pérolas” das Escrituras e ponha-as em ordem, no cordão do Gênesis ao
Apocalipse, de modo que a história bíblica faça sentido para você.
Antigo Testamento – Personagens Principais
Esta é uma relação dos 40 principais personagens cuja história combinada
forma a história do Antigo Testamento.
1. Deus 11. Arão 21. Samuel 31. Isaías – Profeta
2. Satanás 12. Calebe 22. Saul 32. Jeremias – Profeta
3. Adão 13. Josué 23. Davi 33. Ezequiel - Profeta
4. Noé 14. Otniel (Juiz) 24. Salomão 34. Daniel - Profeta
5. Abraão 15. Débora (Juiz) 25. Elias 35. Nabucodonosor
6. Isaque 16. Baraque (Juiz) 26. Eliseu 36. Ciro
7. Jacó 17. Gideão (Juiz) 27. Reis de Israel (19) 37. Zorobabel
8. José 18. Jefté (Juiz) 28. Josafá (Rei de Judá) 38. Esdras
9. Faraó 19. Sansão (Juiz) 29. Ezequias (Rei de Judá) 39. Neemias
10. Moisés 20. Rute 30. Josias (Rei de Judá) 40. Éster
Você verá que no estudo do primeiro livro, Gênesis, encontram-se os primeiros oito
personagens. Que página extensa da História é escrita em torno deles!
Novo Testamento – Personagens Principais
1. João Batista
2. Cristo
3. Os discípulos (12)
4. Estevão
5. Felipe
6. Paulo
7. Tiago, irmão de Jesus.
Antigo Testamento – Lugares Principais
Os doze principais lugares em torno dos quais gira a história do Antigo Testamento
são:
1. Éden 7. Sinai
2. Monte Ararate 8. Deserto
3. Babel 9. Canaã
4. Ur dos Caldeus 10. Assíria (cativeiro de Israel)
5. Canaã 11. Babilônia (cativeiro de Judá)
6. Egito (com José) 12. Canaã (Palestina – volta dos exilados)
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Se você construir a história da Bíblia em torno destes lugares, terá a história em sua
ordem cronológica.
Outra maneira de estudar a Bíblia é acompanhar a ordem dos “Grandes
Acontecimentos” nela contidos.
Antigo Testamento – Acontecimentos Principais
1. Criação – Gn 1.1-2.3
2. Queda do homem – Gn 3
3. Dilúvio – Gn 6-9
4. Babel – Gn 11.1-9
5. Chamada de Abraão – Gn 11.10-12.3
6. Descida ao Egito – Gn 46,47
7. Êxodo – Êx 7-12
8. Páscoa – Gn 12
9. Entrega da Lei – Êx 19-24
10. Peregrinação no deserto – Nm 13,14
11. Conquista da terra prometida – Js 11
12. Período de obscurantismo do povo escolhido – Juízes
13. Saul ungido rei – 1Sm 9.27; 10.1
14. Período áureo dos hebreus sob Davi e Salomão – Reino Unido – 2Sm 5.4,5; 1Rs 10.6-
8
15. Reino dividido – Israel e Judá – 1Rs 12.26-33
16. Cativeiro – 2Rs 17,25
17. Retorno – Esdras
Períodos Principais:
I. Período dos Patriarcas até Moisés – Gênesis
A. A linha piedosa
Acontecimentos principais:
1. Criação
2. Queda
3. Criação
4. Queda
B. A família escolhida
Acontecimentos principais:
1. Chamada de Abraão
2. Descida ao Egito – escravidão
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II. Período de Grandes Líderes – de Moisés até Saul – Êxodo a Samuel
A. Saída do Egito
B. Peregrinação no deserto
C. Conquista de Canaã
D. Governo dos juízes
III. Períodos dos Reis – de Saul aos cativeiros – Samuel, Reis, Crônicas, Livros
Proféticos
A. O Reino Unido B. O Reino Dividido
1. Saul 1. Judá
2. Davi 2. Israel
IV. Período dos Governadores Estrangeiros – dos cativeiros até Cristo – Esdras,
Neemias, Éster, Profecias de Daniel e Ezequiel.
A. Cativeiro de Israel
B. Cativeiro de Judá
V. Cristo – Os Evangelhos
VI. A Igreja – Atos e Epístolas
A. Em Jerusalém
B. Alcançando os gentios
C. A todo o mundo
Lembre-se de que na Palavra de Deus o fundamento do Cristianismo se firma na
revelação do Deus único e verdadeiro. Deus escolheu um povo (os filhos de Israel) a fim
de tornar conhecida a sua vontade e preservar um registro de si mesmo.
A Bíblia nos fala da origem do pecado e como essa maldição separou o homem de
Deus. Descobrimos que era absolutamente impossível à lei levar ao homem a salvação de
que ele precisa, visto como pelas obras da lei nenhum homem será justificado porque
todos pecaram (veja Rm 3.20,23). Daí a promessa de um Salvador, Aquele que veio
buscar e salvar o que se havia perdido e dar a sua vida em resgate de muitos (Lc 19.10;
Mt 20.28). Vemos que através dos séculos um propósito é evidente – o de preparar o
caminho para a vinda do Redentor (Goel) do mundo.
Não há nenhum caminho fácil para o conhecimento da Bíblia. O Espírito de Deus
nos guiará a toda verdade, sem dúvida, mas o mandamento de Deus é que procuremos
apresentar-nos diante de Deus aprovados como obreiros que não têm de que se
envergonhar (2Tm 2.15).
Você precisa ter um propósito na leitura da Bíblia e talvez lhe dispense tão pouca
atenção porque há tão pouco propósito na leitura. Precisamos buscar a Bíblia com um
objetivo definido, sabendo o que desejamos alcançar.
Muitos dizem: “A Bíblia é muito grande. Não sei onde começar e nem sei que rumo
tomar”. Muitas vezes isto é dito com sinceridade. E é verdade que, se não seguirmos
algum método, certamente deixaremos de alcançar os melhores resultado, ainda que
gastemos muito tempo nesse Livro.
Campbell Morgan certa vez declarou: “A Bíblia pode ser lida do púlpito, desde o
primeiro capítulo do Gênesis ao último do Apocalipse, em 78 horas”. Um advogado o
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desafiou a provar isso. Morgan disse-lhe que experimentasse antes de desafia-lo. O
advogado foi casa e leu a Bíblia em menos de 80 horas.
Você quer ler a Bíblia do princípio ao fim? Dedique 80 horas à leitura da Bíblia.
Divida o tempo. Quanto tempo você pode despender por dia? Quantos dias por semana?
Esta é uma sugestão bastante prática e deve ser aproveitada até pelo mais ocupados.
Todos somos muito ocupados, mas precisamos tomar tempo para a leitura da Bíblia. Se
quisermos conhecer a Bíblia, é necessário que nos disponhamos a gastar tempo.
Precisamos organizar a nossa vida de modo que sobre tempo. A não ser que o façamos,
nunca chegaremos a um conhecimento de que realmente precisamos. A Bíblia revela a
vontade de Deus de modo a levar o homem a conhecê-la. Cada livro tem um ensino
direto. Descobrir qual é este ensino será o nosso propósito.
A Bíblia, conquanto seja uma biblioteca, é também “o Livro”. É uma história, uma
grandiosa história que avança do princípio ao fim. Aqui está algo fenomenal na literatura.
Suponhamos, por exemplo, que você fosse abranger os grandes campos de conhecimento,
tais como direito, história, filosofia, ética e profecia, e você quisesse juntar todos esses
assuntos e reuni-los num livro. Primeiro, que nome daria ao livro? Depois, que unidade
poderia esperar dessa miscelânea de assuntos? Uma infinidade e variedade de temas e
estilos, como encontramos na Bíblia, reunidos não através de algumas gerações, mas
através de séculos, torna a possibilidade de qualquer unidade incrivelmente pequena.
Nenhum editor se arrisca a publicar um livro assim, e se fizesse, ninguém o compraria
para ler. Entretanto, isso é que encontramos na Bíblia.
Lembre-se de que tudo isso foi escrito por 40 homens diferentes, num período de
aproximadamente 1600 anos. Foi reunido e encadernado e se chama “o Livro”. Podemos
começar no Gênesis e ler “o Livro” até o fim. Não há contradição. Podemos passar tão
suavemente de um estilo de literatura para outro, como se estivéssemos lendo uma
história escrita por uma única pessoa, e realmente temos nela uma história produzida por
uma só pessoa.
Apesar de divina, ela é humana. O pensamento é divino, a revelação é divina, mas
a expressão da comunicação é humana. “Homens falaram da parte de Deus [elemento
humano] movidos pelo Espírito Santo [elemento divino]” (2 Pedro 1:21).
Temos, pois, aqui um livro diferente de todos os demais. O Livro, uma revelação
divina, uma revelação progressiva, comunicada através de homens, movimenta-se
suavemente do princípio até o seu grandioso final. Lá no Gênesis temos os princípios, no
Apocalipse temos os fins, e do Êxodo a Judas vemos como Deus realizou seu propósito.
Não podemos dispensar nenhuma de suas partes.
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A história bíblica leva-nos de volta ao passado desconhecido da eternidade e suas
profecias conduzem-nos ao futuro, que de outro modo nos seria desconhecido.
O Antigo Testamento é o alicerce; o Novo Testamento é a superestrutura. O
alicerce é inútil se não se construir sobre ele. Um edifício é impossível, a não ser que haja
um fundamento. Assim, o Antigo e o Novo Testamento são essenciais um ao outro.
“O Novo está contido no Antigo”.
“O Antigo está explicado no Novo”.
“O Novo está latente no Antigo”.
“O Antigo está patente no Novo”.
O Antigo e o Novo testamentos constituem uma biblioteca divina, uma unidade
sublime, com origens no passado e assuntos do futuro, com processos entre os dois,
ligando duas eternidades.
Um Livro, uma História, um Relato.
A Bíblia é um livro, uma história, um relato, a história de Deus. Por trás de 10.000
acontecimentos está Deus, o construtor da História, o autor dos séculos. Tendo a
eternidade por limite de um e de outro lado, e o tempo no meio, o Gênesis marcando as
origens e o Apocalipse o término, entre um e outro Deus está operando. Você pode descer
aos mínimos detalhes em qualquer parte e verá que há um grande propósito
desenvolvendo-se através dos tempos — o desígnio eterno do Deus Todo-poderoso de
redimir um mundo destruído e arruinado.
A Bíblia é um livro e você não pode tomar textos isolados e esperar compreender a
magnificência da revelação de Deus. Precisa vê-lo no seu todo. Deus fez tudo para dar
uma revelação progressiva e devemos esforçar-nos por lê-lo do princípio ao fim. Não
pense que a leitura de alguns trechos pode tomar o lugar de um estudo profundo e
continuado da Bíblia. Não se lê nenhum livro assim, muito menos a Bíblia.
Outro modo de estudar a Bíblia é por grupos — lei, história, poesia, profetas
maiores e menores, Evangelhos, Atos, Epístolas e Apocalipse. Aqui novamente
encontramos grande unidade porque “no rolo do livro está escrito a meu respeito” (Salmo
40:7; Hebreus 10:7), diz Cristo. Tudo aponta para o Rei!
Cada livro tem uma mensagem, e devemos esforçar-nos por descobrir qual é ela.
Leia até que descubra a mensagem do livro. Por exemplo, em João é fácil descobrir o
propósito. Está mencionado em João 20:31. Nem sempre aparece tão claro, mas a
verdade pode ser achada.
Num sentido devemos tratar a Bíblia como qualquer outro livro, mas há outro
sentido em que não devemos fazê-lo. Quando apanhamos um livro da biblioteca, nunca o
trataríamos como à Bíblia. Nunca pensaríamos em ler só um parágrafo, tomando uns dez
minutos, lendo um pouquinho à noite e então lendo um pouquinho de manhã, desse modo
gastando semanas, talvez meses, em ler o livro todo. Agindo assim, não poderíamos
manter-nos interessados em qualquer história. Tome uma história de amor, por exemplo.
Naturalmente começaríamos no princípio e leríamos até o fim, a não ser que fôssemos ao
fim para ver como a história termina.
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Leia um Livro por Semana
Devemos encarar os livros da Bíblia como completos em si mesmos, todavia não
podemos deixar de lembrar que eles têm relação vital com o que vem antes e o que vem
depois. Devemos lê-los um de cada vez. Leia um livro por semana. Não pense que isso é
impossível, porque não o é. Quanto tempo você passa lendo, em 24 horas? Quanto tempo
lendo jornais e revistas? Quanto tempo lendo livros de ficção e outros? Quanto tempo
passa vendo televisão? Os livros mais longos da Bíblia não tomam mais tempo do que
aquele que alguns de vocês gastam diariamente nessas coisas.
Podemos levar algumas horas para ler com cuidado alguns dos livros maiores do
Antigo Testamento, como Gênesis, Êxodo, Deuteronômio e Isaias, e se você achar que
isso é muito, divida-os em sete partes iguais, mas faça um plano de leitura. Não deixe
decorrer muito tempo entre a leitura das diferentes partes para não perder a impressão do
todo. Não espere conhecer o conteúdo de qualquer livro da primeira vez que o ler.
Ao andar pelos corredores de uma galeria de arte e ver a exposição de quadros
ninguém pode dizer que já conhece a galeria. Você viu alguns quadros na parede, todavia
não pode dizer que os conhece. E preciso demorar em frente de um quadro e estudá-lo.
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VI. COMO A BÍBLIA VEIO A SE TORNAR REALIDADE?
Cremos que houve um tempo quando não havia uma só palavra escrita com o
sentido daquilo que hoje temos exarado na Bíblia como a Revelação do propósito divino
ao homem (Jo 5.39). Tudo que havia era o grande livro da natureza, a dar testemunho
implícito e visual da existência de Deus (Rm 1.18-20), até o momento quando Deus
determinou a Moisés que escrevesse (Ex 17.14; 24.4; 34.27). Cremos que foi então que
Deus revelou a Moisés o que encontramos descrito em todo o capítulo primeiro, até o
capítulo dois, versos um a sete de Gênesis, que passaremos a considerar na devida ordem.
1. A CRIAÇÃO ORIGINAL (Gn 1.1). Possivelmente, estão compreendidos neste
texto de tão poucas palavras, em que Moisés resume toda a história da criação original, os
milhões de anos geológicos de que nos fala a ciência. Deduz-se de Ezequiel 28.11-19 que o
mundo original era um mundo angelical, governado por Lúcifer, tendo por sede de seu
governo, um lugar denominado Éden, cuja descrição profética não corresponde com o
homônimo constante de Gênesis 2.8,9; e, portanto, cremos haver sido outro anterior a este,
que por sua natureza foi criado por Deus para habitação do homem e não de anjos. De
acordo com a descrição de Ezequiel, corroborada pela de Isaías 14.5-20, influenciado pelo
esplendor de sua grandeza, Lúcifer deixou-se vencer pelo orgulho e pela exaltação e
pereceu, causando tão grande comoção a sua queda, que deu lugar a terra perder sua forma
original, e ficar transformada num caos (Gn 1.1,2), em contrário ao propósito de Deus (Is
45.18).
2. COMO MOISÉS VEIO A SABER DESSES FATOS?. Só mediante a uma
revelação direta de Deus (Ex 3.14), pelo Espírito Santo (1Co 2.10,11; 2Pe 1.20,21), podia
dar-lhe a possibilidade de tal conhecimento. Talvez nos seja perguntado: POR QUE
MOISÉS NÃO DESCREVEU A CRIAÇÃO ORIGINAL E OS MOTIVOS QUE A
LEVARAM AO CAOS? Cremos que Moisés foi enfático ao afirmar: “As coisas encobertas
pertencem ao Senhor nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos
filhos para sempre...” (Dt 29.29). Cremos que se houvesse qualquer coisa na criação
original de interesse direto e proveitoso ao nosso conhecimento, Deus a teria revelado a
Moisés, e determinado que ele a deixasse escrita para nós, como deixou aquelas constantes
de Gn 1.2 a 50.1-26, etc.
Uma coisa é certa, e esta é, que o verbo hebraico BARÁ, no tempo perfeito, como
usado por Moisés em Gênesis primeiro, só é encontrado duas vezes em toda a Bíblia,
estas estão em Gn 1.1, quando trata da criação original e em Gn 1.21, quando se refere à
criação da vida animal. O referido verbo significa criar algo daquilo inexistente, a saber,
chamar à existência algo inexistente, para cuja confecção não existe matéria prima de que
lançar mãos para fazê-lo. Diferente disto, temos no verso nove de Gn 1, quando Deus
determinou: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar, e apareça a porção seca; e
no verso 11, volta a determinar: “Produza a terra árvores...”, deixando transparecer que a
terra original estava oculta em meio as águas, com o que Pedro está de acordo (2Pe 3.5;
Gn 2.5,9), deixa transparecer que as sementes já estavam na terra, porque se diz que dela
brotou e não que nasceu as plantas e árvores. Também quando Gn 2.7 fala-nos da
aparição do homem, Moisés usou o verbo IASSAR, ao invés de BARÁ, porque então, já
havia a matéria prima, a substância de que lançar mãos para fazer o homem que Deus se
propusera fazer (Gn 1.26,27).
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Portanto, cremos que todo o conteúdo de Gn 1.1 a 2.1-7, Moisés recebeu por direta
revelação de Deus mediante a inspiração do Espírito Santo, no momento em que lhe
determinou que escrevesse (Ex 17.14; 24.4). Cremos que determinando-lhe que
escrevesse, Deus lhe transmitiu pelo Espírito Santo, tudo o que deveria chegar ao nosso
conhecimento. E, sabemos haver sido Moisés um homem cheio do Espírito Santo (Nm
11.16,17,25).
3
MEIN, John. A Bíblia e como chegou até nós. 3ª ed. Rio de Janeiro. Editora JUERP, 1977, p. 13,14.
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aludirmos aos livros apócrifos. Deus, porém, só inspirou aos quatro, cujos livros estão
desde o primeiro século de nossa era, constantes do cânon do Novo Testamento.
2. Conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas
oculares, e ministros da palavra; certamente, nesta expressão, Lucas aos apóstolos que
conhecera e com quem privara, aos quais foi prometido que o Espírito Santo os guiaria à
toda a verdade e os faria lembrar aquilo que Jesus lhes ensinara (Jo 14.25,26; 16.12-14).
3. “Depois de acurada investigação desde a sua origem”. De fato, é Lucas o único
evangelista que narra os fatos desde a sua origem na terra, conforme todo o primeiro e
segundo capítulos de seu Evangelho. Isto posto, ao aprovar a inclusão dos escritos de
Lucas no cânon sagrado, Deus, pela Igreja Primitiva, sancionou como inspirados os
mesmos, mesmo quando ele afirma que obteve dados sobre o que escreveu mediante
acurada investigação oral, recebida através daqueles que foram testemunhas oculares dos
fatos que descreveu.
O mesmo pode ter ocorrido com os dados constantes de Gn 2.7 a Ex 2, com
respeito a Moisés, sem nenhum demérito quanto à inspiração deste maravilhoso replicário
de princípios, que desconhece rival em toda a literatura em toda a literatura universal – O
Livro de Gênesis.
X. ORIGINAIS EXISTENTES
Onde estão os manuscritos originais dos livros da Bíblia? Cremos poder afirmar
que, felizmente, não há uma só cópia de qualquer dos 66 livros de que compõe a Bíblia, a
saber, daqueles que foram originalmente escritos pelos próprios escritores sagrados, o que
temos atualmente, e podemos até afirmar em profusão, são cópias daqueles originais.
Mas, porque não existem originais de quaisquer dos livros? Cremos ser possível
responder a esta pergunta de modo duplo: a) Com a própria Bíblia, mediante a história
das vidas de reis ímpios tanto de Israel quanto de Judá; homens como Jeroboão, filho de
Nebate, que renunciou voluntária e conscientemente o culto de Jeová e levou o reino de
Israel à idolatria (1Rs 12.25-33; 2Rs 11.13-16). Acabe e sua mulher Jezabel (1Rs 16.29-
33; 21.25,26. Acaz (2Rs 16.1-18). Manassés (2Rs 21.1-9). Jeoaquim (Jr 36.20-23), a
destruição de Jerusalém e do Templo sagrado por Nabucodonosor (2Cr 36.17-21) e
depois por Tito (Mt 24.1,2; Lc 21.20,24). b) Quando consideramos que Jerusalém tem
sido uma das cidades que mais vezes tem sido destruída, seria um milagre indescritível a
existência de qualquer original dos livros da Bíblia. Ainda há um terceiro motivo
igualmente preponderante para que creiamos haver sido Deus em Sua soberania quem
permitiu o desaparecimento dos referidos originais. Imagine-se ao saber que determinado
original existisse escrito com a própria mão e caligrafia de Moisés, de João, de Pedro ou
de Paulo, à luz de 2Rs 18.4, estariam ou não muitos judeus e até muitos gentios
apelidados de cristãos adorando-o? Fatalmente, aqueles que se apegam às supostas
relíquias dos “santos”, estariam fanaticamente adorando a tais pergaminhos. Por isso,
graças a Deus, a inexistência deles, é motivo a menos à idolatria.
23
Desde que não temos os originais, o que é que temos que possamos atribuir
autoridade e inspiração, de modo a crermos sem sombra de dúvidas de que a Bíblia é a
Palavra de Deus, conforme as palavras de Jesus em Jo 5.39 e as de Pedro em 2Pe 1.19-21
e as de Paulo em 2Tm 3.14-16? Temos os antigos manuscritos, cópias autênticas dos
livros originais, que cremos serem tão autênticos quanto aqueles que foram copiados; e
destes temos mais de quatro mil, alguns dos quais têm quase todos os livros constantes de
nossas Bíblias, e, todos eles cotejados devidamente por homens piedosos e despidos de
quaisquer extremismos, no conjunto, encerram os mesmos 66 livros que possuímos em
nossa Bíblia em português. Deles, porém, devido à extensão de nosso curso, faremos a
seguir, menção honrosa apenas de alguns que são considerados os principais, devido a sua
Antigüidade e também o seu conteúdo de quase todos os livros em caráter individual e
que juntos se completam.
1. CÓDIGO VATICANO, que data do século 4º a.D., e está na livraria do
Vaticano desde o ano de 1481. Este manuscrito é um dos mais antigos, faltando-lhe
apenas os seguintes textos: Gn 1-46; Sl 105 a 137 e 2 Sm 1.2-7,10-13, no Velho
Testamento.
2. CÓDIGO SINAÍTICO, que também data do 4º Século a.D., e está no Museu
Britânico, em Londres, Inglaterra. Tudo indica que este manuscrito era absolutamente
completo, mas a ignorância dos frades do Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai
(que desconheciam a língua grega), onde ele foi encontrado pelo sábio alemão Conde
Tischendorf, muitas folhas dele se perderam, pois as primeiras encontradas pelo referido
sábio, já estavam num camburão de lixo para serem incineradas. Falta-lhe, portanto,
partes do Velho Testamento, porém tem o Novo Testamento completo.
24
4. CÓDIGO BEZA, datado do 5º Século, está na Biblioteca da Universidade de
Cambrige, na Inglaterra. Este código ou manuscrito, além de faltar alguns livros, tem a
característica de ser bilíngüe: grego e latim.
26
UM PERGAMINHO - é uma pele, ordinariamente de ovelha, cabra ou bezerro,
tratada e cortada em folhetos (a palavra “pergaminho” se originaria da cidade de
Pérgamo): estes são postos um em cima do outro para formar não um rolo, mas um
volume (em grego: teuchos) de onde vem a palavra Pentateuco para assinalar os
primeiros cinco livros do Velho Testamento. Os pergaminhos, trazendo textos do Novo
Testamento, datam somente do século IV, no máximo, mas apresentam-nos, geralmente,
textos completos do Novo Testamento. O princípio e o fim do texto faltam às vezes, em
consequência da deterioração, fácil de imaginar, dos folhetos da capa. Todos estes
documentos são escritos em grego, mas em um grego que não é mais o grego clássico.
(Este grego, comumente falado em todo império, é denominado Koinê: língua comum).
Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento são escritos em letras maiúsculas ou
“unciais”. Atualmente seu número é de 252 (excluem-se os achados de Qumran, que
ainda não foram reconstituídos totalmente, não sabendo-se assim o seu número exato). As
edições críticas os designam por letras maiúsculas. Os manuscritos em minúsculas
(conhecemos hoje 2646) datam no máximo do século IV. Entretanto não devem ser
negligenciados porque os copistas do século IX, X e XI recopiavam possivelmente
manuscritos em maiúsculas muito mais antigos, que não possuímos mais. As edições
críticas os assinalam por algarismos árabes. Todos estes manuscritos são assaz difíceis de
ler. As palavras, as frases e os parágrafos não são separados por espaço algum, e não
encontramos nem acento nem sinal de pontuação. Seis manuscritos em maiúsculas são
muito importantes:
O Vaticanos (designados por “B” nas edições críticas), assim chamado porque é
conservado na biblioteca do Vaticano. Datando do século IV, é o mais antigo de todos os
manuscritos sobre pergaminho.
O Sinaíticus (designados por “X”), descoberto em um convento do Sinai, no
século IX, vendido em 1933, pelo governo soviético ao British Museum em Londres,
também deve datar do século IV.
O Alexandrinus (designados por “A”), trazido de Alexandria a Inglaterra no
século XVIII e igualmente conservado no British Museum, data do século V.
O Códex Ephrem (designado por “C”), e uma “palimpsesto”, que quer dizer que o
texto primitivo, um manuscrito do Novo Testamento datando do século V, foi apagado no
século XII por um copista que se serviu do pergaminho para nele copiar tratados de
Ephrem da Síria. Felizmente, o texto primitivo não desapareceu totalmente e pode ainda
ser lido sob o texto medieval por olhos peritos (trabalho penoso, facilitado hoje em dia
pelos processos técnicos modernos). Este manuscrito é conservado em Paris, na
Biblioteca Nacional. Estes quatro primeiros manuscritos não diferem entre si a não ser
por “variantes” de pormenor. Dois outros manuscritos (designados por “D”) apresentam,
com os quatro precedentes, grande número de variantes e particularmente notória. Datam
ambos do século VI. O primeiro: Códex Bezae Cantabrigiensis deve seu nome ao fato de
ter pertencido, assim como aliás também o segundo, a Theodoro de Beza, amigo de
Calvino, e que em 1581, seu proprietário o ofertou a Cambrige. Escrito sobre duas
colunas, a primeira contendo texto grego, a segunda a tradução latina, oferece somente os
4 evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos.
Hoje em dia, após os achados do Qumran, existem vários manuscritos que estão
sendo estudados e também são apresentados ao público em geral. Eles encontram-se em
27
Jerusalém, no Museu do Livro. Ali percebemos o autêntico milagre de preservação dos
mesmos, pois encontram-se alguns inteiros e outros fragmentados de tal forma que é
preciso “montá-los” como a um quebra-cabeças para descobrir-se de que manuscrito se
trata.
A ciência tem colaborado muito para desvendar este quebra-cabeça. Os
manuscritos são feitos de pele de carneiro, e cada um deles está passando por um teste de
DNA. Este teste determina que pedaços pertencem aos manuscritos mais “completos”,
pois o DNA possui o código genético de cada animal em particular. Assim torna-se
impossível “juntar” pedaços diferentes!
28
da prisão romana, onde ele estava preso pela segunda vez, constante de 2Tm,
possivelmente entre os anos 66 a 67 a.D. antes do apóstolo ser decapitado.
É difícil afirmar qual dos Evangelhos foi escrito em primeiro lugar! A maioria dos
teóricos pendem para o lado de Marcos, crendo haver sido ele o primeiro a ser escrito.
Aliás uma tradição muito antiga, baseada em haver sido Marcos parente de Pedro (1Pe
5.13), afirma haver Marcos servido de amanuense de Pedro para escrever este Evangelho,
do mesmo modo que Paulo usou a Tércio para escrever em seu lugar a carta aos Romanos
(Rm 16.22) e Jeremias usou a Baruque para escrever em seu lugar (Jr 36.4). Tudo indica
haver sido Eusébio, Bispo e historiador cristão, quem pela primeira vez aludiu a esta
possibilidade, o que ocorreu entre os anos 270 a 340, quando viveu o referido historiador.
E, levando-se em consideração a responsabilidade e liderança de Pedro, constante de Atos
1-12, não é para duvidar haver ele sentido mais cedo do que outros a necessidade de ser
registrado em livro (pergaminho) os feitos do Senhor Jesus. Por este motivo, há quem
date o Evangelho de Marcos entre os anos 58 a 60 A.D. e João entre os anos 90 a 95 A.D.,
possivelmente escrito em Éfeso. De qualquer maneira, podemos afirmar que todos os
vinte e sete livros do Novo Testamento, estavam escritos no primeiro Século e já
circulavam em cópias entre as Igrejas judaicas e gentias.
Talvez alguém se interesse em saber quantos foram os escritores do Novo
Testamento e nós nos aventuramos a afirmar que eles não foram mais do que nove. A
saber: Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Tiago, Pedro, Judas e um anônimo que
escreveu a Epístola aso Hebreus. E coisa interessante, enquanto os 39 livros do Velho
Testamento absorveram nada menos de 1400 anos para serem escritos, os 27 do Novo
Testamento foram escritos em pouco mais de meio século.
29
XIII. OS NOMES DA BÍBLIA
Nós nos acostumamos às designações de Velho e Novo Testamento, que não se
originaram nos originais hebraico e grego e sim no latim de Jerônimo, posto que
testamento vem do latim testamentum, e esta palavra não é encontrada como descritiva
quer do Velho quer do Novo em qualquer dos originais. Neste caso, os vocábulos pacto,
aliança, ou tratado, (este com sentido de acordo), é o que encontramos em ambas partes
de nossa Bíblia em seus originais. Pois, os vocábulos hebraicos BERITH ( )בב רריִ֣ת
encontrado nos originais, como por exemplo em Gn 15.18; 31.44; Ex 24.7,8; Jr 31.31,
etc, e o grego DIATĒQUĒ (διαθήκη) encontrado em Mt 26.28; Gl 3.15 sempre
significam concerto, pacto, aliança e nunca testamento, que no próprio latim tem o
sentido de última vontade expressa por uma pessoa moribunda, delegando a alguém algo
de seus bens. Ora não é isto que acontece com BERITH e DIATEQUE, porque eles
expressam sentido de aliança feita entre dois seres vivos – Deus e o Homem. Destarte,
cremos que denominariam biblicamente certo as duas partes de nossa Bíblia de Antigo
Concerto e Novo Concerto, como o faz o autor da Epístola aos Hebreus no texto grego
em Hb 8.6,10.
Os escritores da Bíblia deram vários nomes à Bíblia:
1. A Escritura da Verdade (Dn 10.21);
2. A Lei (Mt 12.5; 1Co 14.21);
3. As Escrituras (Lc 24.27,32);
4. A Escritura de Deus (Ex 32.16);
5. A Lei de Moisés (Lc 24.44);
6. Os profetas (Lc 24.44);
7. Os Salmos (Lc 24.44);
8. A Palavra da Vida (At 7.38);
9. As Sagradas Letras (2Tm 3.15,16);
10.A Palavra de Deus (Hb 4.12), etc.
30
Em número, é a Rocha Ferida (Nm 20.7-13).
Em Deuteronômio, O Profeta maior (Dt 18.15).
Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor (Js 5.14).
Em Juizes, é o Libertador (Jz 3.9 conforme Rm 11.26).
Em Rute, é o Parente Remidor - Goel (Rt 3.12, conforme Tt 2.14).
Em Reis é o Rei Prometido (1 Rs 4.34 cf Ap 21.24).
Em Crônicas é O Descendente de Davi (1Cr 3.10 cf Mt 1.7).
Esdras: O ensinador divino (Ed 7.10, cf Mt 9.35).
Neemias: O Edificador (Ne 2.18,20).
Ester: A Providência divina, Et 4.14.
Em Jó, é o nosso Redentor (Goel), Jó 19.25.
Nos Salmos é o nosso Socorro e Alegria, Sl 46.1, cf Mt 28.20.
Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus, Pv 8.22-36.
Eclesiastes: O Pregador perfeito, Ec 12.10.
Em Cantares de Salomão, é o nosso Amado, Ct 2.8.
Em Isaías: O Servo do Senhor, Is 42;
Em Jeremias: O Senhor dos Exércitos, Jr 32.18;
Em Lamentações: O Consolador de Israel, Lm 1.2;
Em Ezequiel: O Senhor que reinará, Ez 33;
Em Daniel: O Quarto homem, Dn 3.25;
Em Oséias: O Esposo, Os 2.16;
Em Joel: O Juiz das nações, Jl 3.12;
Em Amós: O Deus de fogo, Am 1.4; 9.4-6;
Em Obadias: O Salvador, Ob 21;
Em Jonas, Aquele que venceu o Hades-Sheol, Jn 1.17; 2.1,2; Mt 12.39,40; At 2.27-
35.
Em Miquéias, O Ajuntador de Israel, Mq 2.12; 4.3;
Em Naum: O Cavaleiro da espada flamejante, Na 3.3;
Em Habacuque: O Puro de olhos, Hc 1.13;
Em Sofonias: O Pastor de Israel, Sf 3.13.
Em Ageu é “O que faz tremer os céus e a terra” (Ag 2.6, 7).
Em Zacarias é “O Renovo” (Zc 6.12); O Profeta das Mãos Feridas.
Em Malaquias é “O Anjo do Concerto” (Ml 3.1); O SOL DA JUSTIÇA.
Em Mateus é “O Messias” (Mt 2.6).
Em Marcos é “O Rei” (Mc 15.2).
Em Lucas é “O Filho do Homem” (Lc 12.8).
Em João é “O Filho de Deus” (Jo 1.14).
Em Atos dos Apóstolos é “O Cristo Ressurreto” (At 2.24).
Em Romanos é “A Justiça de Deus” (Rm 8.30).
Em 1 Coríntios é “O Cristo Crucificado” (1 Co 1.23).
Em 2 Coríntios é “A Imagem de Deus” (2 Co 4.5).
Em Gálatas é “O Cristo que Liberta” (Gl 5.1).
Em Efésios é “A Cabeça da Igreja” (Ef 4.15).
Em Filipenses é “O Viver” (Fl 1.21).
Em Colossenses é “O Homem Perfeito” (Cl 1.28).
Em 1 e 2 Tessalonicenses é “O Senhor que Virá” (1 Ts 4).
31
Em 1 Timóteo é “A Nossa Esperança” (1 Tm 1.1).
Em 2 Timóteo é “O Nosso General” (2 Tm 2.1).
Em Tito é “O Nosso Salvador” (Tt 3.6).
Em Filemon é “O Doador do Bem” (Fm 6).
Em Hebreus é “O Sacerdote Eterno” (Hb 7.3).
Em Tiago é “O Legislador” (Tg 4.12).
Em 1 Pedro é “O Rei” (1 Pe 2.17).
Em 2 Pedro é “Nosso Senhor” (2 Pe 1.2).
Em 1 João é “O Cristo” (1 Jo 5.1).
Em 2 João é “O Filho do Pai” (2 Jo 3).
Em 3 João é “A Verdade” (3 Jo 4).
Em Judas é “O Único Dominador e Senhor” (Jd 4).
Em Apocalipse é “O Alfa e o Ômega” (Ap 22.13).
Alguns escritores bíblicos registraram ter recebido ordem direta de Deus para
escreverem (Êx 17.14; 34.27; Nm 33.2; Is 30.8; Jr 30.2;36.2), outros, certamente,
sentiram-se impulsionados a escrever. Era Deus agindo em suas mentes e corações.
Devemos descartar porém, a possibilidade de pensarmos que Deus ditava e eles
escreviam. Deus usou-os precisamente como eles eram . A isto chamamos de inspiração
orgânica, ou seja, toda a estrutura humana esteve envolvida nesse processo: intelecto,
conhecimento, cultura, personalidade, caráter. Deus isentou tais homens e seus escritos de
erros e guiou-os até mesmo na escolha das palavras que deveriam usar. A Bíblia é um
produto divino humano.
33
descreve a orientação divina que Israel recebia constantemente por intermédio dos
profetas. Todas as atividades divinas em favor de Israel são coerentes e harmoniosas
no testemunho da fidelidade do Senhor no cumprimento fiel dos seus planos e das suas
promessas em favor do povo escolhido.
Não obstante a desobediência obstinada, e freqüentes revoltas de Israel contra “a
palavra de Deus”, o Senhor, pelos maravilhosos recursos do seu “hesed” (Desex),
disciplinou e guiou o seu povo escolhido, segundo a sua justiça divina, no desempenho da
sua missão no mundo (Êx 19.6; Is 2.1-3; 49.6). (Pág. 52,53).
A sobrevalorização da revelação
“Conhecer o Senhor” significa ser “reconciliado” com ele. Ele faz isso por nós
mediante a morte e a vida de seu Filho em nosso lugar (veja Rm 5.10-11; 2Co 5.15-21).
1. O conhecimento de Deus revelado aos homens é justamente aquele que satisfaz à sua
fome da sua natureza espiritual. A palavra Yada’ ((adfy) significa “conhecer
pessoalmente” (Gn 12.11: Êx 33.17; Dt 34.10); “conhecer por experiência” (Js 23.14);
“ganhar conhecimento” (Sl 119.152); “conhecer o caráter de uma pessoa” (2Sm 3.25);
“Ter relações amistosas com alguém” (Gn 29.5; Êx 1.8; Jó 42.11); “conhecer a Deus”
(Êx 5.2). A palavra descreve também p profundo conhecimento que Deus tem de
pessoas (Os 5.3; Jó 11.11; 1Rs 8.30; 2Sm 7.30; Sl 1.6). O conhecimento de Deus
6
Norman H. Snaith, The Distinctive Ideas of the Old Testament, p. 102. “Maravilhoso como é o amor de Deus para com o seu
povo do concerto, a sua persistência resoluta neste amor é ainda mais extraordinária. A mais importante de todas as idéias
distintas do Velho Testamento é esta persistência resoluta e maravilhosa em continuar a amar a Israel errante, apesar de sua
obstinação”.
34
resulta em adoração e obediência inteligente à sua vontade (Jz 2.10; 1Sm 2.12; Os 8.2;
Sl 79.6). Segundo os profetas, o conhecimento de Deus é o discernimento da natureza
divina por parte do conhecedor que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras
manifestações ou revelações da natureza e da vontade do Senhor.
2. “É no esforço prolongado de entender a nossa relação com Deus que chegamos a
entender as nossas relações com os outros” (John Baillie).
3. A experiência de Isaías com Deus transformou a sua vida, e determinou o caráter do
seu serviço na direção da história do seu povo.
“1 No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e
exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. 5 Então gritei: Ai de mim! Estou
perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios
impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! 6 Logo um dos serafins
voou até mim trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. 7
Com ela tocou a minha boca e disse: “Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua
culpa será removida, e o seu pecado será perdoado” (Is 6.1,5-7).
4. As Escrituras ensinam também que Deus não pode ser conhecido. Estas várias
declarações contraditórias entendem-se como antinomias7. Apresentadas juntas,
explicam-se facilmente.
5. A Bíblia não nos explica em que sentido Deus pode ou não ser visto; como pode ou
não ser conhecido. Mas é perfeitamente claro que os homens do Velho Testamento
entenderam a impossibilidade de conhecer a Deus na glória da sua transcendência.
Porém é o conhecimento da Pessoa de Deus, com o discernimento da parte do
conhecedor que o habilita a reconhecer o Criador de todas as coisas, o Senhor dos céus
e da terra. (PÁG. 60).
6. Para os hebreus o conhecimento de Deus não era especulação sobre o Ser Eterno ou
Princípio Transcendente, mas era o reconhecimento e o entendimento do Senhor, que
atua sabiamente, com plano e propósitos, e exige obediência aos seus mandamentos
por causa da sua própria natureza, como o Santo de Israel (Dt 11.2-7; Is 41.20).
SUA INERRÂNCIA
Ao afirmarmos que a Bíblia é soprada por Deus, que ela é produto divino humano,
que Deus usou homens em sua totalidade, que levou-os a registrarem até mesmo as
palavras que deveriam usar, estamos afirmando também que Deus os preservou de
cometerem erros em seus escritos. A isto damos o nome de Inerrância, que é o ensino da
própria Escritura a seu respeito que afirma que nela não há erros ou contradições (Jo
10.35; 17.17; Cl 1.5; 2Tm 2.15; Tg 1.18). Precisamos, contudo, deixar esclarecido que a
ausência de erros é sobre os originais hebraicos e gregos. Por mais fiel que seja uma
tradução ou versão das Escrituras ela não pode afirmar ser a última palavra escriturística
isenta de erros ou distorções. Também não quer dizer que os escritores sagrados não
cometeram erros em suas vidas. Nem tudo o que falaram foi inspirado. Nem tudo o que
fizeram foi correto. Pela 1ª carta de Paulo aos Coríntios, ficamos sabendo que o apóstolo
escreveu uma carta anterior, chamada de carta perdida, que certamente não foi inspirada
36
por Deus, pois Ele não a preservou até os nossos dias (1Co 5.9). Outro exemplo é a
repreensão que Pedro levou de Paulo por seu comportamento contraditório (Gl 2.11). O
exemplo clássico de sua inerrância é o fato de ter sido escrita num período de 1600 anos,
por cerca de 40 escritores diferentes, de épocas diferentes, em lugares diferentes, e que,
apesar de tudo isso, ela é toda verdade e nela não há contradição. Nenhum outro livro
possui essa característica.
1. Espírito Santo é o melhor intérprete (Jo 14.26; 16.13; 1Co 2.6-13; 2Pe 1.20,21).
2. A Bíblia é a Palavra de Deus (a questão da inerrância – Berkhof 8 Pág. 43;
Virkler9 Pág.21).
R. C. Sproul sugeriu que se pode apresentar um princípio lógico mais rigoroso em
favor da infalibilidade bíblica. Damos a seguir uma adaptação do raciocínio de Sproul:
Premissa A: A Bíblia é um documento basicamente confiável e digno de confiança;
Premissa B: À base deste documento confiável temos prova suficiente para crer
confiantemente que (1) Jesus Cristo reivindicou ser Filho de Deus (Jo 1.14,29,36,41,49;
4.42; 20.28) e (2) que ele forneceu prova suficiente para fundamentar essa reivindicação
(Jo 2.1-14; 4.46-54; 5.1-18; 6.5-13,16-21; 9.1-7; 11.1-45; 20.30,31);
Premissa C: Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus, é uma autoridade inteiramente
digna de confiança (i.e.; infalível);
Premissa D: Jesus Cristo ensina que a Bíblia é a própria Palavra de Deus;
Premissa E: A Palavra de Deus é completamente digna de confiança porque Deus
é perfeitamente digno de confiança;
Conclusão: À base da autoridade de Jesus Cristo, a Igreja crê que a Bíblia deve ser
totalmente digna de confiança.
8
BERKHOF, L. Princípios de Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro. Ed. JUERP, 1981.
9
VIRKLER, Henry A. Hermenêutica – Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. Miami. Ed. Vida, 1987.
37
XVI. A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Nosso propósito neste capítulo tem dois aspectos:
1º) Examinar as teorias a respeito da inspiração e;
2º) Apurar com máxima precisão o que está implícito no ensino da Bíblia a respeito
de sua própria inspiração.
Ao longo da história, as teorias da inspiração da Bíblia têm variado segundo as
características essenciais de três movimentos teológicos:
1º) A Ortodoxia: A Bíblia é a Palavra de Deus;
2º) O Modernismo: A Bíblia contém a Palavra de Deus;
3º) A Neo-Ortodoxia: A Bíblia torna-se a Palavra de Deus.
Ao surgir o idealismo e a crítica da Bíblia, surgiu também uma nova visão evoluída
da inspiração bíblica, a par do modernismo ou liberalismo teológico. Opondo-se à opinião
ortodoxa tradicional de que a Bíblia é a Palavra de Deus, os modernistas ensinam que a
Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. Afirmam que a Bíblia teria incorporado
muito das lendas, dos mitos e das falsas crenças relacionadas à ciência.
38
O CONCEITO DA ILUMINAÇÃO. Defendem alguns estudiosos que as “partes
inspiradas” da Bíblia resultam de uma espécie de iluminação divina, mediante a qual
Deus teria concedido uma profunda percepção religiosa a alguns homens piedosos. Tais
percepções teriam sido usufruídas com diferentes gradações de compreensão, tendo sido
registradas com misturas de idéias religiosas errôneas e crendices da ciência, comuns
naqueles dias. Daí resultaria um livro, a Bíblia, que expressa vários graus de inspiração,
dependendo da profundidade da iluminação religiosa experimentada por qualquer dos
autores.
40
C. Os princípios de Canonicidade dos Livros do N.T.:
1. Apostolicidade. O livro foi escrito ou influenciado por algum apóstolos?
2. Conteúdo. O seu caráter espiritual é suficiente?
3. Universalidade. Foi amplamente aceito pela igreja?
4. Inspiração. O livro oferecia prova interna de inspiração?
O primeiro a usar a palavra cânon foi Orígenes. Ele se referia à coleção de livros
sagrados, livros que eram ou serviam de regras e fé para o ensino cristão. Orígenes viveu
entre os anos 185-254 da era cristã. Logo os primeiros Sínodos da Igreja passaram a
chamar suas decisões de cânones. No Novo Testamento (doravante NT), somente Paulo
usa o termo cânon (κανών).Duas vezes como esfera de ação (2 Co 10.13,15), uma vez
como campo (2 Co 10.16) e uma vez, como regra (Gl 6.16). Deus no decorrer da história
preservou tais escritos pela sua soberana vontade para que seu povo fosse conduzido a
toda a verdade.
A Igreja Reformada reconhece como cânon os livros aceitos pelos judeus, ou seja,
39 livros do AT e mais os 27 do NT, e rejeita porém, os apócrifos que foram incluídos na
Vulgata de Jerônimo e reconhecidos como inspirados pela Igreja Católica Romana, no
Concílio de Trento (1545-1563).
10
Κανών , κανόνος , ὁ ( κάννα , hebraico ָ בֲקסֶנהuma cana, cana, árabe: Uma cana e uma lança, e uma vara ou bastão reto (veja
Vanicek, Fremdwörter, etc., p.21)), propriamente, uma haste ou pedaço de madeira arredondada, à qual qualquer coisa é presa
para mantê-la reta; Usado para várias finalidades (ver Passow (ou Liddell e Scott), sob a palavra); Uma vara de medição,
regra; Uma linha de carpinteiro ou fita métrica, Schol. Sobre Euripides , Hippolytus, 468; Portanto, equivalente a τό μέτρον
τοῦ πηδηματος ( Pollux , Onom. 3, 30, 151), a medida de um salto, como nos Jogos Olímpicos; De acordo com o NT.
STRONGS NT 2583: κανών
41
significando uma vara de medir ou uma régua (Ez 40.3). Usado, porém, para classificação
ou seleção dos livros sagrados quer do Novo quer do Velho Testamento, ele tem os
seguintes significados:
1. Uma linha reta;
2. Uma medida exata;
3. Uma regra ética;
4. Um prumo;
5. Um limite que não se pode ultrapassar.
Isto significa que, tanto a igreja judaica quanto a gentia, usaram de todo este
critério na seleção dos sessenta e seis livros que integram a Bíblia Sagrada. Quer dizer
que cada livro foi submetido à rigorosa crítica textual, de modo a comprová-lo como
inspirado divinamente por Deus, antes de ser admitido como livro canônico. Para tanto,
tal livro devia ser provado como de autoria profética, ou de alguém que fosse reconhecido
como um genuíno servo de Deus, e ter também o testemunho e reconhecimento das
igrejas judaicas para os 39 livros do Velho Testamento e cristã para os 27 do Novo
Testamento. Deste modo, a Igreja judaica reconhece como canônico os 39 livros, na
seguinte ordem de classificação:
1. TORAH – A Lei. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Convém notar que estes títulos são oriundos da versão grega – Septuaginta, não do
hebraico, onde eles não têm títulos e são conhecidos apenas pelas primeiras palavras com
se iniciam, a saber: (Extraído do livro: A Lei de Moisés e as “haftarot”):
a) BERESHIT = No princípio ( )בברְּראֵרשיִ֣ת. O primeiro livro do Pentateuco chama-se
Gênesis, isto é, “origem” e em hebraico, “Bereshit”, que significa “no
princípio”.
b) SHEMÓT = Nomes ()בשמְׁות. O segundo livro do Pentateuco chama-se em
hebraico “Shemót” (Nomes) em grego “Êxodo” (Saída).
c) VAYIKRAH = e chamou ֵ)ווירבקבֲרא.) O terceiro livro do Pentateuco chama-se
VAYIKRAH (e chamou), palavra com a qual começa este livro. Na Septuaginta
é Levítico, porém esta denominação não está de acordo com o seu conteúdo, já
que o livro só trata dos levitas esporadicamente, dedicando sua maior parte aos
“COHANIM” (sacerdotes) e ao culto em geral. Chamaram-no assim, talvez
porque Arão e seus filhos, os sacerdotes, pertenciam a tribo de Levi.
d) BAMIDBAR = no deserto ()בברמְׁבדֶובר. O quarto livro do Pentateuco foi intitulado
em hebraico “BAMIDBAR” (no deserto), pois nele está narrada a história dos
israelitas em sua longa permanência no deserto. Denominou-se também
“Humash Hapekudim” (Livro dos Censos), pelos diversos censos incluídos em
seus primeiros capítulos. A Septuaginta chamou este livro de “ARITMÓI”,
palavra que significa em grego, Números.
e) DEVARIM = palavras ()בדבֲברריִ֣ם. O quinto e último livro do Pentateuco é
conhecido em hebraico com o título de Devarim, que significa “palavras”, pela
razão de que começa com “Elle Hadevarim” = ָ( והָבדבֲברריִ֣ם רְּאֵסֶלהestas são as
palavras. A Septuaginta o chamou equivocadamente Deuteronômio, “segunda
lei” ou “repetição desta lei”, porém referindo-se somente ao 5º Livro de Moisés,
e inspirando-se no capítulo 17.18, de onde se faz referência à “uma cópia desta
42
lei” que o rei de Israel levava consigo para lê-la durante toda a sua vida. No
entanto, o que o rei de Israel tinha eram duas cópias conforme o estipula o
versículo acima mencionado.
2. NAVIIM RIXONIM – Profetas primitivos (Josué, Juízes 1, 2, Samuel 1, 2 e
2Reis).
3. NAVIIM ARRARONIM – Últimos Profetas (Isaías, Jeremias, Oséias, Joel,
Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias).
4. KETUVIM (ESCRITOS) – Salmos, Provérbios, Jó, Cantares de Salomão,
Rute, Lamentações de Jeremias, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1 e
2Crônicas.
Observa-se que os judeus dividem o Velho Testamento diferente de nós os cristãos,
que obedecemos ao seguinte critério:
1. A LEI. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio (5 livros);
2. HISTÓRIA. De Josué a Ester (12 livros);
3. POESIA. De Jó a Cantares de Salomão (5 livros);
4. PROFECIA. De Isaías a Malaquias (17 livros);
43
424 a.C., todos os livros sagrados do Velho Testamento já estavam arrolados e desde
então nada mais se lhes acrescentou. Veja a respeito de Moisés e da Lei em Gl 3.16,17.
Sobre o critério adotado e as datas da organização do Cânon dos livros do Novo
Testamento, podemos afirmar que desde Jerusalém, nos anos 48 a.C. aos anos 100 a.D., já
os livros que integram o Novo Testamento estavam devidamente selecionados e deles
expurgados os numerosos apócrifos constantes dos parágrafos XVII.
Mas, para efeito de estudo sistemático, as Epístolas podem ser subdivididas em:
a) EPÍSTOLAS ECLESIÁSTICAS: Romanos, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, 1e 2 Tessalonicenses.
b) EPÍSTOLAS PASTORAIS: 1e 2 Coríntios e Tito.
c) EPÍSTOLA PESSOAL: Filemon.
d) EPÍSTOLA AOS HEBREUS.
e) EPÍSTOLAS GERAIS: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1,2 e 3 João e Judas.
O CRITÉRIO CANÔNICO
O critério que a Igreja aplicou como teste de autenticidade era ditado pelas
necessidades de fazer face à controvérsia com hereges e descrentes. Como veremos a
seguir, na seleção do material que iria compor os primeiros escritos, as necessidades
missionárias, ao lado das apologéticas, são o critério para a seleção de testimonia, ditos,
milagres e parábolas de Jesus que, nos primórdios na nova época, iriam formá-los. Eis
alguns critérios de seleção: A apostolicidade A obra em consideração pela Igreja deveria
ter sido escrita por um dos doze ou possuir o que se chamaria hoje de imprimatur
apostólico. O escrito deveria proceder da pena de um apóstolo ou de alguém que estivera
em contato chegado com apóstolo e, quando possível, produzido a seu pedido ou haver
sido especialmente comissionado para fazê-lo. Como conseqüência este documento
deveria pertencer a um período bem remoto. Quanto aos Evangelhos, estes deveriam
manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com referência à encarnação e
ser na realidade um evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam
naquele tempo. A circulação e uso do livro É provável que certos livros houvessem sido
aceitos e circulado como autoridade antes mesmo que qualquer relação com apóstolo,
quer direta, quer indireta, fosse determinada. É deste modo que o escrito recebia o
imprimatur da própria comunidade cristã universal que o usava. Ortodoxia Este era
importante item na escala de padrões de aferimento. Percebe-se nos próprios escritos do
Novo Testamento, que depois formaram seu cânon, o repúdio à falsa doutrina e a luta pela
preservação da ortodoxia, que em Rm 6.17 chama de “padrão de doutrina”, ou o que II
Tm 1.13 denomina “padrão das sãs palavras”, ou ainda o “depósito de I Tm 6.20.
Autoridade diferenciadora Bem cedo, antes mesmo que os Evangelhos fossem
45
mencionados juntos, já os cristãos distinguiam livros que eram citados e lidos como tendo
autoridade divina e outros que continuavam fora do Novo Testamento.
A leitura em público Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na Igreja se
não possuísse características próprias. Muitos outros livros circulavam quando Mateus
começou a ser usado pelos cristãos. Poderiam ser bons e de leitura agradável, mas só
serviam para a aleitura em particular. Havia alguns, e entre eles os Evangelhos de modo
restrito e Mateus de modo singular, que se prestavam à leitura e ao comentário perante as
congregações cristãs, como a Lei e os Profetas nas Sinagogas. É o que I Tm 4.13 quer
dizer quando Timóteo é exortado a aplicar-se à leitura, isto é, à “leitura pública das
Escrituras” como sabiamente indica um rodapé da última revisão de Almeida.
Não se sabe quando as palavras do Senhor (At 20.35 e 1 Co 7.10) foram registradas
por escrito pela primeira vez. Porém, em mais ou menos 58 D.C., quando Lucas escreveu
seu Evangelho, muitos já haviam empreendido esta tarefa (Lc. 1.1). Pode ser que a
Epístola de Paulo aos Gálatas fosse escrita tão cedo como em 49 d.C. É claro que a
Epistola foi escrita antes de sua morte em 62 d.C. e as outras Epístolas de Paulo e Pedro,
antes da morte deles, na época de 68 d.C. A maior parte do Novo Testamento já estava
escrita antes da queda de Jerusalém em 70 d.C. O Evangelho e as Epístolas de João, e o
Apocalipse, certamente foram completadas antes do fim do primeiro século.
CLEMENTE, Bispo de Roma - Cerca de 95, escreveu uma carta a Igreja de Corinto, e
nesta carta menciona, 1Coríntios, Efésios, 1Timóteo, Tito, Tiago, o evangelho de João e
Hebreus.
INÁCIO, Bispo de Antioquia - Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona
passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas, colocando
os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos do Velho
Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.
INÁCIO, Bispo de Antioquia - Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona
passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas, colocando
os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos do Velho
Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.
46
POLICARPO, que conhecia João pessoalmente, escreveu uma carta em cerca de 105-
108, que menciona cartas de Paulo como autoritativas, principalmente Filipenses, mas
revela conhecimento de Mateus, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, 1 e 2
Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, 1 e 2 Pedro e 1 João. Estes escritores distinguiram
claramente entre seus próprios escritos e os escritos dos apóstolos, atribuindo a estes
últimos, inspiração e autoridade. Demonstram estes escritores que, mesmo nesta data
primitiva, os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, já se achavam em circulação
e eram honrados tanto nas igrejas do ocidente como do oriente. 100-150 D.C. - As
Escrituras do Novo Testamento lidas nas Igrejas.
PAPIAS - Cerca de 140 D.C. testifica que “a voz viva dos presbíteros ia sendo
substituída pela autoridade da palavra escrita”. Nos escritores deste período há
referências claras a todos os livros do Novo Testamento, com exceção a 6 ou 7 das
epístolas mais curtas; ele atesta a existência de Mateus e Marcos e o caráter apostólico
destas obras.
JUSTINO, o Mártir (148 D.C.) - fala das recordações dos apóstolos e os que seguiam
como sendo lidas nas igrejas. Tanto hereges, como cristãos ortodoxos, testemunham a sua
autoridade, muitas vezes citando o Novo Testamento e acrescentando “como está escrito”.
TERTULIANO (cerca de 200) foi o primeiro a chamar a coleção que temos de “Novo
Testamento”, assim colocando-a ao mesmo nível de inspiração como os livros do Velho
Testamento. BIBLIOTECAS se formaram em Alexandria, Jerusalém, Cesaréia,
Antioquia, Roma e ainda outras cidades, das quais a parte mais importante consistia em
manuscritos e comentários das Escrituras.
300 - 400 - O cânon bem estabelecido Vários fatores contribuíram para tornar importante
a distinção entre livros canônicos e outros livros não canônicos. Alguns dos fatores eram:
47
a) - A coleção num só livro dos livros inspirados.
b) - Serem reconhecidos estes livros com a autoridade da fé cristã.
c) - O aumento das heresias e falsa doutrina.
No ano de 367, Atanásio pela primeira vez apresentou um cânone do Velho e Novo
Testamentos firmemente circunscritos, dentro do qual eram definidas as classes
individuais dos textos e de sua seqüência. Ele designou vinte e sete livros como sendo os
únicos realmente canônicos do nosso Novo Testamento; ninguém pode acrescentar mais
nada a este número, bem como ninguém pode retirar coisa alguma. O 3° Concílio de
Cartago (397) mandou que: “além das Escrituras canônicas, nada se lesse na igreja sob o
título de “Escrituras divinas”. A discussão a respeito do cânon nos séculos subseqüentes
se acalmou, porém, muitos eruditos tem se perguntado a si mesmos porque haveriam eles
de concordar com a resolução já feita. Agostinho disse que concordou por causa da
natureza dos próprios livros e pela unidade praticamente completa entre os cristãos neste
assunto. Calvino baseava a sua crença na autoridade desses livros no testemunho do
Espírito Santo. Nós aceitamos por todas essas razões, mas principalmente porque já
provamos em nossas vidas a veracidade de tudo aquilo que está escrito. Quando vivemos
pelas Escrituras, descobrimos que elas são suficientes para todas as nossas necessidades,
completas em si mesmas. A única regra de fé e prática.
48
XVIII. OS LIVROS APÓCRIFOS.
Por apócrifo, entende-se em literatura judaico-cristã, um escrito que não é
reconhecido como canônico e, portanto não tem os lustres da inspiração divina, é espúrio,
é falso quanto a este aspecto fundamental a um livro que se preste ao ensino da verdade a
ser seguido por aqueles que se chegam a Deus. Noutras palavras, é uma literatura
duvidosa tanto em autoria, quanto em valor sagrado.
Há duas correntes distintas de livros apócrifos:
1. Os apócrifos correspondentes ao Velho Testamento e, portanto judaicos;
2. Os apócrifos correspondentes ao Novo Testamento, e pseudocristãos.
De modo nenhum essa lista é completa. Outros são conhecidos, mesmo alguns muito
interessantes que vieram à luz quando da descoberta dos rolos do mar Morto. Dentre
esses estão o Gênesis apócrifo e Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas etc.
(v. cap. 12).
*
Bâruque está relacionado entre os apócrifos (v. p, 92).
50
V. Os livros questionados por alguns — antilegômeno
11
Herbert DANBY, The Mishnah, Oxford, Oxford University Press», 1933, p, 782.
12
Ibid.
51
O que se negligencia quando se acusa o livro de ceticismo é tanto o contexto dessas
declarações quanto a conclusão geral do livro. Qualquer pessoa que procure a máxima
satisfação “debaixo do sol” com toda certeza há de sentir as mesmas frustrações sofridas
por Salomão, visto que a felicidade eterna não se encontra neste mundo temporal. Além
do mais, A conclusão e o ensino genérico desse livro todo estão longe de ser céticos.
Depois “de tudo o que se tem ouvido”, o leitor é admoestado, “a conclusão é: Teme a
Deus, e guarda os seus mandamentos, pois isto é todo o dever do homem” (Ec 12.13).
Tanto no que se refere ao Eclesiastes, Como ao Cântico dos Cânticos, o problema básico
é de interpretação do texto, e não de canonização ou inspiração.
Ester. Em vista da ausência do nome de Deus nesse livro, alguns pensaram que ele
não fosse inspirado. Perguntavam como podia um livro ser Palavra de Deus se nem ao
menos trazia o seu nome. Além disso, a história do livro parece ter natureza puramente
secular. O resultado é que se fizeram várias tentativas para explicar o fenômeno da
aparente ausência do nome de Deus em Ester.
Alguns acreditaram que os judeus persas não estavam na linhagem teocrática, e por
isso o nome do Deus da aliança não se relacionava a eles. Outros sustentam que a
omissão do nome de Deus é proposital, a fim de proteger o livro da possibilidade do
plágio pagão: o nome de Deus ser substituído por um falso deus. Ainda outros conseguem
ver o nome de Jeová ou Iavé (YHWH) num acróstico em quatro momentos cruciais na
história, o que em si eliminaria a possibilidade. Seja qual for a explicação, uma coisa é
certa: a ausência do nome de Deus é compensada pela presença de Deus na preservação
de seu povo. Ester e as pessoas que a cercavam eram devotas: prescreveu-se um jejum
religioso, e Ester exerceu grande fé (Et 4.16). O fato de Deus haver concedido grande
livramento, como narra o livro, serve de fundamento e razão da festa judaica do Purim
(Et 9.26-28). Basta esse fato para demonstrar a autoridade atribuída ao livro dentro do
judaísmo.
Ezequiel. Havia pessoas dentro da escola rabínica que pensavam que o livro de
Ezequiel era antimosaico em seu ensino. A escola de Shammai, por exemplo, achava que
o livro não estava em harmonia com a lei mosaica, e que os primeiros dez capítulos
exibiam uma tendência para o gnosticismo. É claro, então, que, se houvesse contradições
no livro, ele não poderia ser canônico. No entanto, não se verificaram contradições reais
em relação à Tora. Parece que outra vez teria sido mera questão de interpretação, e não de
inspiração.
Provérbios. A objeção a Provérbios centrava-se no fato de alguns dos ensinos do
livro parecerem incompatíveis com outros provérbios. Falando dessa alegada incoerência
interna, assim diz o Talmude: “Também procuraram esconder o livro de Provérbios,
porque suas palavras se contradiziam entre si” (“Shabbath”, 30b). Uma dessas supostas
contradições encontra-se no capítulo 26, em que o leitor é exortado a responder e ao
mesmo tempo não responder ao tolo segundo sua tolice: “Responde ao tolo segundo a sua
estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos” (Pv 26.4,5). Todavia, como
outros rabis têm observado, o sentido aqui é que há ocasiões em que o tolo deve receber
resposta de acordo com sua tolice, e outras ocasiões em que isso não deve ocorrer. Visto
que as declarações estão explicitadas em versículos sucessivos, forma legítima da poesia
52
hebraica, quem os redigiu não viu nenhuma contradição.' A frase qualificativa que indica
se alguém deveria ou não responder a um tolo revela que as situações que exigem reações
diferentes também são diferentes. Não existe contradição em Provérbios 26, nenhuma
contradição ficou demonstrada em nenhuma outra passagem de Provérbios, e, por isso,
nada atravanca o caminho da canonicidade.
VI. Os livros aceitos por alguns — apócrifos
O âmbito mais crucial de desacordo a respeito do cânon do Antigo Testamento entre
os cristãos é o debate sobre os chamados livros apócrifos.
Em suma: esses livros são aceitos pelo católicos romanos como canônicos e
rejeitados por protestantes e judeus. Na realidade, os sentidos da palavra apocrypha
refletem o problema que se manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No
grego clássico, a palavra apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”.
Posteriormente, tomou o sentido de esotérico, ou algo que só os iniciados podem
entender, não os de fora. Pela época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo
apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo
aos que foram classificados previamente como “pseudepígrafos”. Desde a era da
Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-canônicos
originários do período intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte: verificar
se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem era
profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa.
VII. Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento
Há quinze livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a
Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses
livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem
especificamente dois ou três séculos antes de Cristo. Na página seguinte se podem ver
suas datas e classificação:
Argumentos em prol da aceitação dos apócrifos do Antigo Testamento
Os livros apócrifos do Antigo Testamento têm recebido diferentes graus de aceitação
pelos cristãos. A maior parte dos protestantes e dos judeus aceita que tenham valor
religioso e mesmo histórico, sem terem, contudo, autoridade canônica. Os católicos
romanos desde o Concilio de Trento têm aceito esses livros como canônicos. Mais
recentemente, os católicos romanos têm defendido a idéia de uma deuterocanonicidade,
mas os livros apócrifos ainda são usados para dar apoio a doutrinas extrabíblicas, tendo
lido proclamados como livros de inspiração divina no Concilio de Trento. Outros grupos,
como os anglicanos e várias igrejas ortodoxas, nutrem deferentes concepções a respeito
dos livros apócrifos. A seguir apresentamos Um resumo dos argumentos que em geral são
aduzidos para a aceitação desses livros, na crença de que detêm algum tipo de
canonicidade:
1.Alusões no Novo Testamento. O Novo Testamento reflete o pensamento i registra
alguns acontecimentos dos apócrifos. Por exemplo, o livro de Hebreus fala de mulheres
que receberam seus mortos pela ressurreição Hb 11,35), e faz referência a 2 Macabeus 7 e
12, Os chamados apócrifos ou pseudepígrafos são também citados em sua amplitude pelo
Novo Testamento (Jd 14,15; 2Tm 3.8).
53
2.Emprego que o Novo Testamento faz da versão dos Septuaginta. A tradução grega
do Antigo Testamento hebraico, em Alexandria, é conhecida como Septuaginta (LXX). É a
versão mais citada pelos autores do Novo Testamento e pelos cristãos primitivos. A LXX
continha os livros apócrifos. A presença desses livros na LXX dá apoio ao cânon
alexandrino, mais amplo, do Antigo Testamento, em oposição ao cânon palestino, mais
reduzido, que os omite.
3.Os mais antigos manuscritos completos da Bíblia. Os mais antigos manuscritos
gregos da Bíblia contêm os livros apócrifos inseridos entre os livros do Antigo
Testamento. Os manuscritos Aleph, A e B (v. Cap. 12) incluem esses livros, revelando que
faziam parte da Bíblia cristã original.
4. A arte cristã primitiva. Alguns dos registros mais antigos da arte cristã refletem o uso
dos apócrifos. As representações nas catacumbas às vezes se baseavam na história dos fiéis
registrada no período intertestamentário.
TABELA DE LIVROS APÓCRIFOS
Gênero do livro Versão revista padrão Versão de Doual
Didático 1. Sabedora de Salomão (c. 30 a.C.) O livro da sabedoria
2. Eclesiástico (Siraque) (132 a.C.) Eclesiástico
Religioso 3. Tobias (c. 200 a.C.) Tobias
Romance 4. Judite (c. 150 a.C.) Judite
Histórico 5. 1Esdras (c. 150-100 a.C.) 3Esdras *
6. 1Macabeus (c. 110 a.C.) 1Macabeus
7. 2Macabeus (c. 110-70 a.C.) 2Macabeus
Profético 8. Baruque (c. 150-50 a.C.) Baruque 1-5
9. Epístola de Jeremias (c. 300-100 a.C.) Baruque 6
10. 2Esdras (c. 100 a.C.) 4Esdras **
Lendário 11. Adições a Ester (140-110 a.C.) Ester 10:4 – 16:24
12. Oração de Azarias (séculos I ou II a.C.) Daniel 3:24-90 **
(Cântico dos três jovens)
13. Susana (século I ou II a.C.) Daniel 13 **
14. Bel e o Dragão (c. 100 a.C.) Daniel 14 **
15. Oração de Manassés (século I ou II a.C.) Oração de Manassés *
5. Os primeiros pais da igreja. Alguns dos mais antigos pais da igreja, de modo
particular os do Ocidente, aceitaram e usaram os livros apócrifos em seu ensino e
pregação. E até mesmo no Oriente, Clemente de Alexandria reconheceu 2 Esdras como
inteiramente canônico. Orígenes acrescentou Macabeus bem como a Epístola de
Jeremias à lista de livros bíblicos canônicos. Irineu mencionava O livro da sabedoria, e
outros pais da igreja citavam outros livros apócrifos.
6. A influência de Agostinho. Agostinho (c. 354-430) elevou a tradição ocidental
mais aberta, a respeito dos livros apócrifos, ao seu apogeu, ao atribuir-lhes categoria
canônica. Ele influenciou os concílios da igreja, em Hipo (393 d.C.) e em Cartago (397
d.C), que relacionaram os apócrifos como canônicos. A partir de então, a igreja ocidental
passou a usar os apócrifos em seu culto público.
*
Livros não aceitos como canônicos no Concilio de Trento, em 1546.
**
Livros não relacionados no sumário de Douai por estarem apensos a outros livros.
54
7. O Concilio de Trento. Em 1546, o concilio católico romano do pós-Reforma,
realizado em Trento, proclamou os livros apócrifos como canônicos, declarando o
seguinte:
O sínodo [...] recebe e venera [...] todos os livros, tanto do Antigo Testamento como
do Novo [incluindo-se os apócrifos] — entendendo que um único Deus é o Autor de
ambos os testamentos [...] como se houvessem sido ditados pela boca do próprio Cristo,
ou pelo Espírito Santo [...] se alguém não receber tais livros como sagrados e canônicos,
em todas as suas partes, da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica [...]
seja anátema.13
Desde esse concilio de Trento, os livros apócrifos foram considerados canônicos,
detentores de autoridade espiritual para a Igreja Católica Romana.
8. Uso não-católico. As Bíblias protestantes desde a Reforma com freqüência
continham os livros apócrifos. Na verdade, nas igrejas anglicanas os apócrifos são lidos
regularmente nos cultos públicos, ao lado dos demais livros do Antigo e do Novo
Testamento. Os apócrifos são também usados pelas igrejas de tradição ortodoxa oriental.
9. A comunidade do mar Morto. Os livros apócrifos foram encontrados entre os
rolos da comunidade do mar Morto, em Qumran. Alguns haviam sido escritos em
hebraico, o que seria indício de terem sido usados por judeus palestinos antes da época de
Jesus.
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos
livros apócrifos por parte dos cristãos, desde os tempos mais primitivos, é evidência de
sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial
desses livros, no Concílio de Trento (1546), como se tivessem sido inspirados por Deus.
Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma
categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em
suas igrejas.
Razões por que se rejeita a canonicidade dos apócrifos
Os oponentes dos livros apócrifos têm apresentado muitas razões para excluí-los do
rol de livros canônicos. Seus argumentos serão apresentados na mesma ordem dos
argumentos levantados pelos que advogam a aceitação de um cânon maior.
1.A autoridade do Novo Testamento. O Novo Testamento jamais cita um livro
apócrifo indicando-o como inspirado. As alusões a tais livros não lhes emprestam
autoridade, assim como as alusões neotestamentárias a poetas pagãos não lhes conferem
inspiração divina. Além disso, desde que o Novo Testamento faz citações de quase todos
os livros canônicos do Antigo e atesta o conteúdo e os limites desse Testamento (omitindo
os apócrifos — v. cap. 7), parece estar claro que o Novo Testamento indubitavelmente
exclui os apócrifos do cânon hebraico. Josefo, o historiador judeu, rejeita expressamente
os apócrifos, relacionando apenas 22 livros canônicos.
2. A tradução dos Septuaginta. A Palestina é que era o lar do cânon judaico, jamais a
Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber, no Egito, não tinha autoridade para
saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o
13
Philip SCHAFF, org., The creads of Christendom, 6a, ed. rev., New York, Harper, 1919/ p. 81, v. 2.
55
lugar da tradução, não da canonização. O fato de a Septuaginta conter os apócrifos
apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos
judaicos do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos. Filo, o judeu
alexandrino, rejeitou com toda a clareza a canonicidade dos apócrifos, no tempo de
Cristo, assim como o judaísmo oficial em outros lugares e épocas. De fato, as cópias
existentes da LXX datam do século IV d.C. e não comprovam que livros haviam sido
incluídos na LXX de épocas (interiores,
3. A Bíblia cristã primitiva. Os mais antigos manuscritos gregos da Bíblia datam do
século IV. Seguem a tradição da LXX, que contém os apócrifos. Como foi observado
acima, era uma tradução grega, e não o cânon hebraico. Jesus e os escritores do Novo
Testamento quase sempre fizeram citações da LXX, mas jamais mencionaram um livro
sequer dentre os apócrifos. No máximo, a presença dos apócrifos nas Bíblias cristãs do
século IV mostra que tais livros eram aceitos até certo ponto por alguns cristãos, naquela
época. Isso não significa que os judeus ou os cristãos como um todo aceitaram esses
livros como canônicos, isso sem mencionarmos a igreja universal, que nunca os teve na
relação de livros canônicos.
4. A arte cristã primitiva. As representações artísticas não constituem base para
apurar a canonicidade dos apócrifos. As representações pintadas nas catacumbas,
extraídas de livros apócrifos, apenas mostram que os crentes daquela era estavam cientes
dos acontecimentos do período intertestamentário e os consideravam parte de sua herança
religiosa. A arte cristã primitiva não decide nem resolve a questão da canonicidade dos
apócrifos.
5. Os primeiros pais da igreja. Muitos dos grandes pais da igreja em seu começo,
dos quais Melito, Orígenes, Cirilo de Jerusalém e Atanásio, depuseram contra os
apócrifos. Nenhum dos primeiros pais de envergadura da igreja, anteriores a Agostinho,
aceitou todos os livros apócrifos canonizados em Trento.
6. O cânon de Agostinho. O testemunho de Agostinho não é definitivo, nem isento
de equívocos. Primeiramente, Agostinho às vezes faz supor que os apócrifos apenas
tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de Deus, 18,36), e não canonicidade absoluta.
Além disso, os Concílios de Hipo e de Cartago foram pequenos concílios locais,
influenciados por Agostinho e pela tradição da Septuaginta grega. Nenhum estudioso
hebreu qualificado esteve presente em nenhum desses dois concílios. O especialista
hebreu mais qualificado da época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao
rejeitar a canocidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os apócrifos
para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim vulgar (Vulgata latina). Só
depois da morte de Jerônimo e praticamente por cima de seu cadáver, é que os livros
apócrifos foram incorporados à Vulgata latina (v. cap. 18).
7. O Concilio de Trento. A ação do Concilio de Trento foi ao mesmo tempo
polêmica e prejudicial. Em debates com Lutero, os católicos romanos haviam citado
Macabeus, em apoio à oração pelos mortos (v. 2Macabeus 12.45,46). Lutero e os
protestantes que o seguiam desafiaram a canonicidade desse livro, citando o Novo
Testamento, os primeiros pais da igreja e os mestres judeus, em apoio. O Concilio de
Trento reagiu a Lutero canonizando os livros apócrifos. A ação do Concilio não foi
56
apenas patentemente polêmica, foi também prejudicial, visto que nem todos os catorze
(quinze) livros apócrifos foram aceitos pelo Concilio. Primeiro e Segundo Esdras (3 e
4Esdras dos católicos romanos; a versão de Douai denomina 1 e 2Esdras,
respectivamente, os livros canônicos de Esdras e Neemias) e a Oração de Manasses
foram rejeitados. A rejeição de 2Esdras é particularmente suspeita, porque contém um
versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2Esdras 7.105). Aliás, algum escriba
medieval havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2Esdras, sendo conhecida
pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em latim por Robert L. Bentley,
em 1874, numa biblioteca de Amiens, na França.
Essa decisão, em Trento, não refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro
da Igreja Católica e na Reforma. Nessa exata época o cardeal Cajetan, que se opusera a
Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou Comentário sobre todos os livros históricos
fidedignos do Antigo Testamento, em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda desse fato,
o cardeal Ximenes havia feito distinção entre os apócrifos e o cânon do Antigo
Testamento, em sua obra Poliglota complutense (1514-1517). Tendo em mente essa
concepção, os protestantes em geral rejeitaram a decisão do Concilio de Trento, que não
tivera base sólida.
8.Uso não-católico. O uso dos livros apócrifos entre igrejas ortodoxas, anglicanas e
protestantes foi desigual e diferenciado. Algumas os usam no culto público. Muitas
Bíblias contêm traduções dos livros apócrifos, ainda que colocados numa seção à parte,
em geral entre o Antigo e o Novo Testamento. Ainda que não-católicos façam uso dos
livros apócrifos, nunca lhes deram a mesma autoridade canônica do resto da Bíblia. Os
não-católicos usam os apócrifos em seus devocionais, mais do que na afirmação
doutrinária.
9. Os rolos do mar Morto. Muitos livros não-canônicos foram descobertos em
Qumran, dentre os quais comentários e manuais. Era uma biblioteca que continha
numerosos livros não tidos como inspirados pela comunidade. Visto que na biblioteca de
Qumran não se descobriram comentários nem citações autorizadas sobre os livros
apócrifos, não existam evidências de que eram tidos como inspirados. Podemos presumir,
portanto que aquela comunidade cristã não considerava os apócrifos canônicos. Ainda
que se encontrassem evidências em contrário, o fato de esse grupo ser uma seita que se
separara do judaísmo oficial mostraria ser natural que não fosse ortodoxo em todas as
suas crenças. Tanto quanto podemos distinguir, contudo, esse grupo era ortodoxo quanto
à canonicidade do Antigo Testamento. Em outras palavras, não aceitavam a canonicidade
dos livros apócrifos.
VIII. Resumo e conclusão
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24)
livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por
volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a partir dessa época não mudaram o
conteúdo do cânon. Foram nu livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que
obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega
de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no
Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por
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influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época
da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam
no Concilio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse concilio foi
polêmica e eivada de preconceito, como já o demonstramos.
Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que
tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua Canonicidade.
4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os
livros apócrifos.
6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros
apócrifos.
7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a premente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
À vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos
de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra de Deus, nem os citem em
apoio autorizado a qualquer doutrina cristã.
Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade,
estabelecidos e discutidos no capítulo 6, verificamos que aos livros apócrifos falta o
seguinte:
1.Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
2.Não detêm a autoridade de Deus.
3.Contêm erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias teológicas, como a
oração pelos mortos (2Macabeus 12.45[46]; 4).
4. Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais,
na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros
canônicos.
5. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos. Os apócrifos
nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.
7. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originariamente apresentados,
recusou-os terminantemente.
A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos.
Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se
lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos
como Escrituras Sagradas.
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Até aonde vai o nosso conhecimento, os apócrifos do Velho Testamento são em
número de nove (09), a saber, os que foram reconhecidos canônicos pelo Concílio de
Trento, Itália, reunido em 1545 a 1563 e reconhecido como Concílio Contra-Reforma-
Protestante. Esses nove livros têm os seguintes títulos: Tobias, Judite, acréscimo ao livro
de Ester do capítulo 10.5 ao fim do capítulo 16, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico,
Baruque com a carta de Jeremias, a história de Bel e o Dragão e a história de Susana
(capítulos 13 e 14) e mais o acréscimo do capítulo 3.57-90, 1 e 2 Macabeus. Conforme
foi dito acima, estes apócrifos são acrescidos ao Velho Testamento, por interpolação feita
pelo Concílio de Trento, mas nunca foram reconhecidos pelos rabinos judaicos como
livros canônicos e tão pouco pelos cristãos evangélicos universais. A mais desses
acréscimos, algumas edições católicas incluem também outro a que denominam de
Oração de Manassés.
O motivo porque o Concílio de Trento incluiu esses apócrifos foi a ênfase dada
pelos evangélicos contra a idolatria, as orações pelos mortos e coisas semelhantes,
portanto, para terem algo em que se apegarem, incluíram tais livros ao Velho Testamento.
Mas, eles foram infelizes em seu intento, porque nem mesmo os rabinos modernistas
entre os judeus deram valor a eles e por este motivo na tradução de Matos Soares, cada
acréscimo destes é precedido duma nota em que os denominam de “Deuterocanônicos”,
significando que eles não fazem parte dos antigos livros reconhecidos canônicos.
2) - Todos estes livros foram escritos depois da época quando a profecia cessou em Israel,
e não declaram ser mensagem de Deus ao homem. Fora dois deles, Eclesiástico e
Baruque, os livros são anônimos, e no caso de Eclesiástico, o autor não se diz profeta,
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nem asseverou que escreveu sob a inspiração de Deus. O livro de Baruque que se diz ser
escrito pelo secretário de Jeremias, não pode ser aceito como genuíno, pois contradiz o
relato bíblico. Os livros de Macabeus não tem nenhuma pretensão para autoria profética.
Mas registra detalhes sobre as guerras de independência em 165 A.C. quando os cinco
irmãos macabeus lutaram contra os exércitos da Síria. I Macabeus é geralmente
considerado como de maior valor histórico do que o II.
3) - O nível moral de muitos destes livros é bastante baixo. São cheios de erros históricos
e cronológicos, por exemplo, Baruque 1.1, diz que ele está na Babilônia, enquanto
Jeremias 43.6, diz que ele está no Egito. Baruque diz que os utensílios do templo foram
devolvidos da Babilônia, enquanto Esdras e Neemias revelam o contrário. Baruque cita
uma data errada para Beltesazar e diz que o cativeiro era de sete gerações 6.3, o que
contradiz as profecias de Jeremias e o cumprimento de Esdras. Tobias e Judite estão
cheios de erros geográficos, cronológicos e históricos. Tobias 1.4,5 contradiz 14.11.
Mentiras, assassinatos e decepções são apoiados. Judite é um exemplo. Temos suicídios
(4.10), encantamentos, magia e salvação pelas obras (Tobias 12.9; Judite 9.10,13).
4) - Não foram incluídos no Cânon até o fim do 4° século. Como já observamos, os livros
apócrifos, não foram incluídos no cânon hebraico. Os livros apócrifos foram incluídos na
Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento e que não é de origem hebraica, mas de
Alexandria, que é uma tradução do hebraico. Os Códices Vaticanos, Alexandrinos e
Sinaíticos, tem apócrifos entre os livros canônicos. Porém temos de notar vários fatores
aqui.
a) - Nem todos os livros apócrifos estão presentes nos Códices e não tem ordem fixa
dentro dos Códices.
b) - Por ser um livro de origem egípcia, pois vem de Alexandria, a Septuaginta não tinha
os mesmos salvaguardas contra erros e acréscimos, pois não tinham massoretas
orientando a obra com o mesmo cuidado que usaram no texto hebraico.
c) - Manuscritos, naquele tempo, ficavam em rolos, não livros e são facilmente
misturados, e seria fácil juntar outros que ficaram numa mesma caixa. No caso de guerras
ou desastres, estes manuscritos poderiam ser colocados em jarros de barro e lacrados para
serem posteriormente reutilizados. Alguns destes jarros foram achados nas cavernas de
Qumran com manuscritos que nos ajudaram a confirmar o conteúdo de nossas Bíblias
atualmente, além de revelarem uma série de fatos muito interessantes sobre a vida
daquela época.
d) - O preço de material para escrever pode influir também. Não era tão fácil calcular o
espaço necessário para fazer um livro. Que fariam se cortassem o couro e descobrissem
30 ou 40 páginas de couro sobrando no livro? Naturalmente encheria com conteúdo
devocional. A tendência seria de misturar livros bons com os canônicos até o ponto que
os não canônicos fossem aceitos como canônicos. e) Os livros não canônicos não foram
recebidos durante os primeiros quatro (4) séculos. Melito, o bispo de Sardis em 170 D.C.,
visitou a Judéia para verificar o número certo de livros do Velho Testamento. A lista que
ele fornece, inclui os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester (porque não
reconheceu entre os apócrifos) e não incluiu os apócrifos.
JERÔNIMO, que fez a Vulgata, não quis incluir os livros apócrifos por não
considerá-los inspirados, porém, os fez por obrigação do bispo, não por convicção,
mesmo assim só traduziu Judite e Tobias, os outros apócrifos foram tirados diretamente
dos versos latinos anteriores. Parece que a única figura da antigüidade a favor dos
apócrifos era Agostinho, e dois Concílios que ele mesmo dominou (393 e 397). Porém,
outros escritos dele (A cidade de Deus) parecem revelar uma distinção entre os livros
canônicos e os apócrifos (17.24; 18.36,38,42-45).
GREGÓRIO, O GRANDE, papa em 600 D.C., citando I Macabeus falou que não
era um livro canônico, e o cardeal Ximenis no seu poligloto afirma que os livros
apócrifos dentro de seu livro, não faziam parte do cânon. Os livros apócrifos não foram
aceitos como canônicos até 1546 quando o concílio de Trento decretou: “Este Sínodo
recebe e venera todos os livros do Velho e Novo Testamentos, desde que Deus o autor dos
dois, também as tradições e aquilo que pertence a fé e morais, como sendo ditados pela
boca de Cristo, ou pelo Espírito Santo”. A lista dos livros que segue inclui os apócrifos e
conclui dizendo: “Se alguém não receber como Sagradas e canônicos estes livros em
todas as partes, como foram lidos na Igreja Católica, e como estão na Vulgata Latina, e
que conscientemente e propositadamente contrariar as tradições já mencionadas, que ele
seja anátema”. Para nós o fator decisivo é que Cristo e seus discípulos não os
reconheceram como canônicos, pois não foram citados por Cristo nem os outros
escritores do Novo Testamento!
A Septuaginta
Duas outras versões antigas merecem destaques, devido a sua projeção em meio a
cristandade primitiva, uma das quais ainda em circulação atualmente. Foram elas a
Versão Siríaca e a Versão Latina, ambas datadas de 150 A.D.; de certo modo, a Velha
Latina tornou-se na conhecida VULGATA LATINA, que é a versão oficial da Igreja
Católica Romana, que surgiu no período 383-405 A.D. Também podemos aludir à Versão
Copta. Língua falada no antigo Egito, que surgiu no ano 250 a.D.
A Escritura que possuímos hoje é um pouco diferente daquela que foi produzida na
antiguidade pelos profetas no Velho Testamento e depois pelos apóstolos judeus no Novo
Testamento. Todas as citações abaixo não constam do texto original! Vejamos alguns
exemplos de adições:
1) - As palavras em itálico: elas não constam no original e servem para
complementar o sentido do texto. Seu objetivo é enfatizar e firmar algo que está sendo
dito.
64
2) - Palavras entre parêntesis: enquanto as palavras adicionais aparecem em itálico
em algumas versões, em outras isso ocorre através do uso de parêntesis.
3) - Palavras na margem ou no rodapé: determinados trechos ou palavras
encontrados ma margem ou no rodapé de nossas Bíblias são a tradução ou explicação de
um texto ou palavra duvidosa.
4) - Divisão em capítulos e versículos: Isso também não existe nos originais. Em
alguns casos este tipo de divisão prejudica, pois “quebra” o texto e tira o sentido
completo do mesmo, prejudicando assim a sua interpretação.
5) - Divisão do texto em parágrafos: não existe no texto original, embora esta
divisão seja muito útil para a compreensão da Escritura.
6) - Referências de rodapé: em praticamente todas as Bíblias hoje encontramos
notas de rodapé que correspondem à pequenos números que são inseridos no texto
bíblico. Estes números trazem aquilo que chamamos de “referências cruzadas”, ou seja,
outras ocorrências daquelas palavras ou expressões, o que torna mais fácil encontrarmos
determinadas palavras na Bíblia.
7) - Versões bíblicas: na atualidade temos uma série muito grande de versões dos
textos originais. Isso indica que houveram traduções variadas, algumas vezes adaptando-
se a linguagem mais popular, para facilitar o entendimento daqueles que lêem. O texto
original é único, sem variações e uniforme!
Todos estes fatores nos mostram, mais uma vez, o quanto evoluiu o processo de
aprimoramento da Bíblia como um livro especial para a humanidade! Isso não significa
que não devamos confiar na Bíblia, mas sim que precisamos cada vez mais nos
aprofundarmos no conhecimento (e relacionamento) com D'us e com sua Palavra, pois ela
é a única fonte de informação escrita que temos a respeito dele! Por isso, a Bíblia foi e
ainda é o livro mais lido, conhecido e vendido do mundo.
Sua evolução foi tão fantástica quanto a evolução humana: dos primeiros escritos
em pedras e papiros, passando pelas peles de animais, pergaminhos e papel, até
finalmente chegar aos nossos dias e ser agora difundida através dos bytes da tecnologia!
O avanço da tecnologia tem permitido que através dos bytes da informática a Palavra de
D'us tenha trânsito livre através de milhões de computadores, levando pessoas a se
renderem aos pés do Senhor Jesus através do avanço tecnológico! D'us está se utilizando
disso para semear sua Palavra nos quatro cantos da terra! Este será também um dos
motivos pelos quais a humanidade não poderá dizer: “eu não te conhecia Senhor!” Hoje
através da Internet temos acesso à muitas coisas ruins, mas também temos acesso à
Palavra do D'us Eterno que caminha pela rede mundial trazendo salvação, cura,
conhecimento, revelação e mostrando ao mundo que Jesus ainda é o Senhor! É por isso
que lemos na Palavra do Senhor: “Porque a palavra de D'us é viva e eficaz, e mais
penetrante do que ESPADA alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do
espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração” (Hb 4:12). A palavra de D’us é a única que não passará!
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traduzido até Ezequiel 48.21. Seu trabalho foi completado por Jacobus op den Akker, da
Batávia, em 1748.
A segunda versão do seu Novo Testamento foi publicado dois anos após a sua
morte, a saber, em 1695. Depois foram os Salmos traduzidos por Almeida que foram
editados com o livro de Oração Comum, para a Igreja Anglicana da Indonésia, em 1695.
A terceira edição do Novo Testamento de Almeida, foi publicada em Amsterdã,
Holanda, por iniciativa de Frederico IV, rei da Dinamarca, que era um monarca muito
interessado na difusão do livro sagrado em terras do Oriente. Essa edição teve lugar em
1712.
A primeira parte do Velho Testamento publicada foram Os Profetas Menores em
1732. A segunda parte foram os Salmos com os Livros Históricos em 1738. A primeira
edição de todo o Velho Testamento em português, foi feita em dois volumes: de Gênesis a
Ester em 1748 e de Jó a Malaquias em 1753. Todas estas edições foram feitas sob a
autorização da Companhia Holandesa das Índias Orientais, por permissão do Barão
Inhoff, Gustavo Guilherme, governador-geral em Batávia, Indonésia, em tipografia
própria da Igreja Reformada.
Foi em 1819 que foi pela primeira vez publicada a Bíblia Sagrada contendo O
Velho e o Novo Testamentos, traduzida em português por João Ferreira de Almeida, desta
vez em Londres, Inglaterra, na tipografia de R. A. Taylor. Depois já revista, sua segunda
edição foi publicada pela Sociedade Bíblica Britânica em 1894.
No contexto católico romano, duas traduções feitas a partir da Vulgata Latina
marcaram época desde o século XVIII. A primeira foi a do padre Antônio Pereira de
Figueiredo, publicada em 1790, e a segunda, publicada em 1930, foi a do padre Matos
Soares, referendada oficialmente pela Igreja Romana.
No início do século XX, em 1917, foi publicada no Brasil uma tradução bastante
literal e erudita que teve a colaboração de Rui Barbosa. Ficou conhecida como a
Tradução Brasileira e não é mais publicada atualmente.
A tradução de Almeida recebeu várias revisões durante o século XX, dando origem
a várias versões similares: Almeida Revista e Corrigida (última revisão em 1995) e
Almeida Revista e Atualizada (última revisão em 1993) publicadas pela Sociedade
Bíblica do Brasil; Corrigida Fiel (1994), pela Sociedade Bíblica Trinitariana e a Versão
Revisada (1967), publicada pela Imprensa Bíblica Brasileira (ligada à Convenção Batista
Brasileira).
A partir da década de 1970 novas traduções para o português foram publicadas.
Trata-se do início de uma série de versões não literais e fundamentadas nas pesquisas
exegéticas e linguísticas mais recentes. No contexto católico, surgiram as primeiras
versões traduzidas a partir dos originais. Em 1976 foi lançada a Bíblia de Jerusalém,
traduzida pela escola Bíblica de Jerusalém (padres dominicanos), bastante erudita e cheia
de notas técnicas. Em 1982 foi publicada a Bíblia Vozes com uma linguagem menos
erudita, mas muito bem fundamentada exegeticamente. Depois vieram a Bíblia Pastoral,
de linguagem popular, de base acadêmica e claramente afinada coma Teologia da
Libertação, e a Tradução Ecumênica (1997), muito especializada e a mais rica em notas
críticas e lingüísticas disponível em português.
No cenário evangélico, merece destaque a Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH,
Sociedade Bíblica do Brasil – 1988), feita intencionalmente em linguagem popular, sob
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uma filosofia de tradução mais flexível, mas baseada em exegese erudita e respeitada. A
BLH passou por uma ampla revisão, que deu origem à Nova Tradução na Linguagem de
Hoje (NTLH), lançada no final do ano 2000.
Em Portugal, recentemente, também foi publicada uma excelente versão da Bíblia,
contemporânea e interconfessional, chamada Bíblia em Português Corrente. A tradução
foi elaborada por uma comissão de eruditos portugueses.
Mais recentemente foi lançada a Nova versão Internacional (NVI), publicada em
março de 2001 (Novo Testamento em 1994); trata-se de versão fiel ao sentido do original
e em linguagem contemporânea. É uma versão marcada por sua riqueza exegética e por
ser evangélica em sua abordagem teológica, contribuindo assim para a história da Bíblia
em língua portuguesa. O propósito dos estudiosos que traduziram a NVI foi acrescentar à
lista das várias traduções existentes em português um novo texto que se definisse a partir
de quatro características fundamentais: tradução acurada, beleza de estilo, clareza e
dignidade.
A língua portuguesa é privilegiada pelo fato de contar com tantas boas traduções
das Escrituras Sagradas.
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XXII. BIBLIOGRAFIA
1. BERKHOF, L. Princípios de Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro. Editora JUERP,
1981.
2. GEISLER, Norman & NIX, William. Introdução Bíblica. Editora VIDA, 2001.
3. MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Miami, Florida: Editora Vida,
1982.
4. MEIN, John. A Bíblia e como chegou até nós. 3ª ed. Rio de Janeiro. Editora JUERP,
1977.
5. GOODSPEED, Edgard J. COMO NOS VEIO A BÍBLIA. Imprensa Metodista, 1981.
6. GILBERTO, Antônio. A BÍBLIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS. CPAD, 1986.
7. DOCKERY, David. Manual Bíblico. Editora VIDA NOVA, 2001.
8. ALEXANDER, David e Pat. O Mundo da Bíblia. Edições Paulinas, 1986.
9. MELAMED, Meir Matzliah. A Lei de Moisés e as Haftarot. Gráfica e Editora
Danúnbio S.A.
10.VASCONCELOS, A. Pereira de. Apostila de Introdução à Bíblia. IBADAM, 1976.
11.VIRKLER, Henry A. Hermenêutica – Princípios e Processos de Interpretação
Bíblica. Miami. Ed. Vida, 1987.
12.www.bibliabytes.com.br. A Bíblia em Bytes online. A Bíblia e suas origens.
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Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da Aeronáutica,
Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA), Pós-graduado
em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-graduado em Psicologia Pastoral pela
Pós-graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-graduado em Psicologia
Pastoral pela FATEH - Faculdade de Teologia Hokemãh, conferencista, filiado à
ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas Nacionais, professor dos seminários batistas:
STEB, SEBEMGE e Koinonia e também das instituições: Seminário Teológico Hosana,
UNITHEO, Seminário Teológico Goel e Escola Bíblica Central do Brasil, atuando nas
áreas de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Apologética, Escatologia,
Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho e Novo Testamento, Hermenêutica, e
Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa, Minas Gerais. É pastor presidente da
Igreja Batista Nacional Goel em Lagoa Santa - Minas Gerais. É casado com a pastora
Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três filhos: Joelma, Telma e Charles Reuel, e
duas netas: Eliza Bentes Zier e Anna Clara Bentes Rodrigues.
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