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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS

ANA LUIZA ROCHA DE ALBUQUERQUE


HERISSON BARBOSA PEREIRA
MARÍLIA DE LIMA ALVES BATALHA XAVIER
MATHEUS BARBOSA DE MELO
RENATA DE LIMA CAETANO
TAÍS OLIVEIRA PEDROSA DE SOUZA

ANÁLISE DAS CORRENTES DE PENSAMENTO DA PSICOLOGIA

MACEIÓ - AL
2015
ANA LUIZA ROCHA DE ALBUQUERQUE
HERISSON BARBOSA PEREIRA
MARÍLIA DE LIMA ALVES BATALHA XAVIER
MATHEUS BARBOSA DE MELO
RENATA DE LIMA CAETANO
TAÍS OLIVEIRA PEDROSA DE SOUZA

ANÁLISE DAS CORRENTES DE PENSAMENTO DA PSICOLOGIA

Trabalho acadêmico referente à disciplina de


Psicologia Forense do 2º período do curso de
Direito da Universidade Federal de Alagoas, como
requisito para obtenção de nota referente ao 1º
bimestre.

Orientador: Prof. Raimundo Palmeira

MACEIÓ - AL
2015
Endereçamos este trabalho a todos os
estudantes e interessados no estudo das
correntes de pensamento da psicologia.
Agradecemos ao Prof. Raimundo Palmeira pelo
estímulo à concretização deste trabalho.
“A ciência não é uma ilusão, mas seria uma
ilusão acreditar que poderemos encontrar
noutro lugar o que ela não nos pode dar.”
Sigmund Freud
RESUMO

Dentro do estudo das correntes teóricas da psicologia que permearam o decorrer dos
dois últimos séculos, é de extrema importância a análise das relevantíssimas contribuições de
Wilhelm Wundt para o universo psicológico. Criou o laboratório de investigação experimental
dos fenômenos da consciência, visando à compreensão da mente e suas características e
padrões, a partir da observação das experiências humanas. Na era pós-Wundt, surgem as ideias
estruturalistas de Edward Titchtener. Para ele, a mente é um conjunto de elementos ou
conteúdos mentais, cabendo ao estruturalismo determinar quais são os elementos e como estão
organizados. Em contraposição ao Estruturalismo, irrompe o Funcionalismo, liderado por John
Dewey, o qual, a partir de visão pragmática, designa que devem ser estudadas as funções
mentais e a maneira pela qual operam. Paralelo a tais correntes, surge o Behaviorismo, em
contraste aos ideais geneticistas. Behavioristas asseguram que o comportamento humano seria
estimulado por fatores externos presentes no ambiente, negando qualquer origem genética para
esses estímulos. Destaca-se também a teoria da Psicologia Cognitiva Comportamental, que
buscou demonstrar por vias empíricas a validade da teoria da psicanálise para fins médicos,
baseando-se na ideia de que cognições distorcidas que confluíam nas características
comportamentais depressivas de um paciente poderiam ser revertidas a partir de cognições
modificadas por um profissional psiquiátrico. Findando esta pesquisa, expomos a Gestalt,
corrente alemã que surgiu em contraposição às ideias elementaristas wunditianas, ressaltando
o processo de percepção como intermediário entre o estímulo fornecido pelo ambiente e seu
reflexo no comportamento humano, diferindo neste aspecto da corrente behaviorista.

PALAVRAS-CHAVE: Correntes; Wilhelm Wundt; Mente; Edward Titchtener Experiência;


Cognição.
ABSTRACT

Within the study of theoretical schools of psychology which permeated the course of
the last two centuries, it is extremely important to analyze the very relevant contributions of
Wilhelm Wundt to the psychological universe. He created the experimental research
laboratory of the consciousness phenomena, aimed at understanding the mind and its
characteristics and patterns, based in the observation of human experiences. After Wundt
ideas, comes the structuralism of Edward Titchtener. For him, the mind is a set of elements or
mental contents, being a function of structuralism to determine which are these elements and
how they are organized. In contrast to structuralism, functionalism manifests itself, led by
John Dewey, who, from pragmatic view, designate that mental functions and the way they
operate must be studied. Parallel to these currents, behaviorism comes as an opposite chain to
geneticists ideals. Behaviorists ensure that human behavior would be stimulated by external
factors in the environment, denying any genetic origin to these stimuli. Also noteworthy is the
theory of Cognitive Behavioral Psychology, which sought to demonstrate by empirical way
the validity of the psychoanalysis theory for medical purposes, based on the idea that distorted
cognitions which converged in depressive behavioral characteristics of a patient could be
reversed from cognitions modified by a psychiatric professional. Concluding this research, we
expose the Gestalt, a German chain that emerged in opposition to Wundt elementarists ideas,
highlighting the process of perception as intermediary between the stimulus provided by the
environment and its effects on human behavior, differing in this aspect from behaviorist chain
.
KEYWORDS: Chains; Wilhelm Wundt; Mind; Edward Titchtener Experience; Cognition.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1 WUNDT E O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA..................................10
1.1 A trajetória de Wundt.......................................................................................................10
1.2 Pesquisas e o campo teórico wundtianos..........................................................................10
1.3 Processos de experiência consciente e superiores mentais.............................................11
1.4 O legado de Wundt............................................................................................................11
2 ESTRUTURALISMO...........................................................................................................11
2.1 A contribuição de Wundt para o surgimento do estruturalismo.....................................11
2.2 A construção da teoria estruturalista...............................................................................12
2.2.1 A apercepção wundtiana e o associativismo estruturalista..............................................12
2.2.2 O método da introspecção................................................................................................12
2.2.3 A experiência pessoal e a cognição..................................................................................12
2.2.4 O paralelismo psicofísico..................................................................................................13
2.3 Elementos de análise da consciência.................................................................................13
2.4 Contribuições do Estruturalismo.....................................................................................13
3. FUNCIONALISMO.............................................................................................................14
3.1 A oposição ao estruturalismo e o surgimento do funcionalismo....................................14
3.2 Princípios teóricos funcionalistas.....................................................................................14
3.3 A função como foco de análise..........................................................................................14
3.4 Mecanicismo e adaptação..................................................................................................15
3.5 Contribuições do funcionalismo.......................................................................................15
4. BEHAVIORISMO...............................................................................................................15
4.1 A Origem do behaviorismo...............................................................................................15
4.2 O behaviorismo em oposição ao geneticismo...................................................................15
4.3 Princípios teóricos behavioristas......................................................................................16
4.3.1 Estímulos condicionados e incondicionados....................................................................16
4.3.2 As experiências de Watson e os problemas incorridos à sua família...............................16
4.4 O behaviorismo radical de Skinner..................................................................................17
4.5 Terapia behaviorista..........................................................................................................17
4.6 Contribuições do behaviorismo........................................................................................17
5. PSICOLOGIA COGNITIVA..............................................................................................18
5.1 O surgimento da terapia cognitiva comportamental......................................................18
5.2 Princípios teóricos cognitivo-comportamentais..............................................................18
5.2.1 Terapia com foco no presente...........................................................................................18
5.2.2 Relação entre cognição e comportamento........................................................................18
5.2.3 A disfuncionalidade psíquica e a mudança.......................................................................19
5.3 Princípios básicos da terapia cognitivo comportamental...............................................19
5.4 O tratamento na terapia cognitivo comportamental......................................................20
6. GESTALT.............................................................................................................................20
6.1. Definição............................................................................................................................20
6.2. Contexto histórico.............................................................................................................20
6.2.1 A rebelião contra o atomismo de Wundt...........................................................................20
6.2.2 O distanciamento do comportamentalismo.......................................................................21
6.2.3. Confronto com o behaviorismo........................................................................................21
6.3. Antecedentes teóricos........................................................................................................21
6.3.1 Immanuel Kant..................................................................................................................21
6.3.2 Ernst Mach........................................................................................................................21
6.3.3 O movimento fenomenológico na psicologia e na filosofia alemãs..................................22
6.3.4 O zeitgeist da Virada de Século........................................................................................22
6.4. A fundação da psicologia da Gestalt...............................................................................22
6.4.1 Principais pensadores.......................................................................................................22
6.4.2 Início do movimento.........................................................................................................22
6.4.3 Definição wertheimeriana de Gestalt...............................................................................23
6.5. Elementos da teoria gestaltista.........................................................................................23
6.5.1 A percepção.......................................................................................................................23
6.5.2 A teoria do isomorfismo....................................................................................................23
6.5.3 Meio geográfico e meio comportamental..........................................................................24
6.5.4 O campo psicológico.........................................................................................................24
6.5.5 Insght.................................................................................................................................24
6.5.6 A teoria de campo de Kurt Lewin.....................................................................................24
6.6. Críticas à psicologia da Gestalt........................................................................................25
6.7. Contribuições da psicologia da Gestalt...........................................................................26
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

As Ciências Sociais são fruto de uma revolução complexa nascida no seio das Ciências
Naturais e impulsionadas pelo otimismo cientificista do fim do séc. XIX. Dentre as tais, o
surgimento da Psicologia reflete a perplexidade do olhar humano voltado para o humano. O
ser humano mergulha na descoberta de si mesmo.
Sob a herança da racionalidade técnica científica, a Psicologia apresenta dinâmica
processual difusa. Os pressupostos filosóficos admitidos se remodelam, a Biologia se
apresenta ora como ciência afim, ora como desafio para a emancipação dos estudos
psicológicos. Aumentam as interfaces com a Física, sobretudo nas descobertas que ampliam o
conceito de campo.
No âmbito jurídico, dada as novas implicações dos paradigmas da pós-modernidade,
torna-se cada vez mais imprescindível para a compreensão científica do comportamento
humano uma racionalidade baseada na análise dos princípios elementares do psiquismo.
Partindo-se do entendimento de que forma e conteúdo são esteios basilares na práxis jurídica,
a complexificação do conteúdo do componente social torna imperativo a percepção dos
fenômenos psíquicos que estão implicados nos fatos dos quais a ciência jurídica se ocupa.
Em seguida, serão apresentadas laconicamente as principais linhas teóricas
concernentes às mais importantes vertentes modernas da Psicologia. Delineando-se sob
approach crítico, onde possível há o aporte de conjuntura histórica, buscando-se correlações
entre metodologias e elementos de continuidade ou ruptura.
1 WUNDT E O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA

1.1 A trajetória de Wundt

Wilhelm Maximilian Wundt nasceu em 16 de agosto de 1832, em Neckarau na


Alemanha e faleceu em 31 de agosto de 1920, em Grobothen no mesmo país. Wundt foi
médico, filósofo, fisiologista, professor, psicólogo, sendo considerado um dos pais da
psicologia, junto a Ernest Heinrich Weber (1795-1878) e Gustav Theodor Fechner (1801-
1889). Wundt recebe o título de fundador da moderna psicologia científica (experimental).
“Os fundadores são promotores, eles podem não ser os primeiros a atingir alguma coisa, mas
são os primeiros a proclamar o pioneirismo de suas realizações.” (BORING, 1950, apud
ANDY, 2011).
O reconhecimento de Wundt deve-se a criação em 1879, na cidade de Leipzing na
Alemanha, do laboratório destinado à investigação experimental dos fenômenos da
consciência, dando continuidade ao programa de pesquisa que iniciou em Heidelberg – visto
que ele já havera passado por outras três universidades como Tubigen, Berlin e Zurique – e
consolidou seu objetivo dando início a uma psicologia científica livre de especulações. Para
publicar suas descobertas junto aos seus alunos, em 1881, Wundt lançou a revista de pesquisa
Philosophische Studien.

1.2 Pesquisas e o campo teórico wundtianos

De acordo com Wundt (1909):


As principais áreas de pesquisa no laboratório eram: intensidade das
sensações, sensações táteis, psicologia do som, sensações de luz,
gustação, olfação, percepções espaciais, curso das representações,
estética experimental, processos atencionais, sentimentos e afetos,
processos de associação e memória, etc.
O laboratório de Wundt funcionava de acordo com o plano de trabalho esboçado por
ele, o qual estabelecia as atividades em dois tipos. O primeiro era um curso introdutório de
seis meses para os alunos novatos se familiarizarem com os instrumentos, os métodos e as
técnicas experimentais. O segundo referia-se às atividades especiais dos membros antigos.
Wundt concebia a psicologia como uma ciência intermediária entre as ciências da
natureza e as ciências da cultura e centraliza seus estudos no consciente, sendo o objeto da
psicologia a experiência imediata dos sujeitos. Essa particularidade diz respeito à experiência
tal como o sujeito a vive antes de se por a pensar sobre ela, comunicá-la e/ou conhecê-la.
Sendo assim, a psicologia tem como tarefa investigar de forma complementar os processos
psicológicos individuais (psicologia experimental fisiológica) e os produtos culturais coletivos
- como a linguagem, os mitos e a religião (psicologia dos povos ou Völkerpsychologie) - para
que a mente possa ser compreendida em todos os seus aspectos, originando a psicologia social
e comunitária (Saulo de Freitas Araujo, 2009).

1.3 Processos de experiência consciente e superiores mentais

Nesse âmbito, Wundt trabalhou com dois processos de experiência: um era a análise da
experiência consciente ou imediata (como na explicação supracitada) por métodos
laboratoriais, outro era o estudo dos processos superiores mentais, não laboratoriais. Isto
porque, ele entendia que através da análise dos fenômenos culturais há a manifestação dos
processos superiores da vida mental.
Vale ressaltar que a experiência consciente só acontece por intermédio da introspecção,
ou seja, a observação do sujeito de seu próprio interior, para, assim, externar suas experiências
conscientes. Dessa forma, Wundt prezava pelo relato introspectivo do julgamento sobre o
tamanho, a intensidade e a duração dos estímulos físicos, a fim de compará-lo com as
medições laboratoriais.

1.4 O legado de Wundt

Wundt foi bastante influente enquanto vivo, no entanto esta influência decaiu com o
tempo após a sua morte. Muitos laboratórios modernos copiaram o de Wundt, porém estes não
reproduziam o sistema teórico fielmente a sua complexidade original. Assim, resultando na
imagem simplificada de Wundt como experimentador.

2 ESTRUTURALISMO

2.1 A contribuição de Wundt para o surgimento do estruturalismo


O Estruturalismo, dentro da área da Psicologia, é advindo das pesquisas do psicólogo
inglês Edward Tichtener, a partir de modificações no sistema preestabelecido por seu mestre,
Wilhelm Wundt, tendo Tichtener criado, pois, uma nova corrente psicológica.

2.2. A construção da teoria estruturalista

2.2.1 A apercepção wundtiana e o associativismo estruturalista

Tal corrente consiste na ideia de que a mente é formada por um conjunto de elementos
ou conteúdos mentais, os quais serão o objeto de estudo de Tichtener. É nesse aspecto que as
escolas de pensamento de Wundt e Tichtener se distinguem: para o primeiro, a mente humana
é sintetizadora espontânea de elementos mediante o princípio da apercepção. Já o segundo,
centra-se na avaliação desses elementos que compõem a consciência, aceitando em sua tese
um foco associacionista entre esses conteúdos mentais, característica esta rejeitada nas teorias
wunditianas.

2.2.2 O método da introspecção

O estruturalismo de Tichtener atuará, portanto, na descoberta de quais são esses


elementos mentais, qual seu conteúdo e a maneira pela qual se estruturam, intuindo
determinar, por fim, a estrutura mental como um todo através dessa análise das partes que a
formam. Ou seja, as premissas básicas da psicologia estão apoiadas em três perguntas básicas:
“o que”, “como” e “porquê” da consciência ou experiência, que serão investigadas mediante o
método psicológico da introspecção.
Logo, a psicologia buscará responder “o que” corresponde ao conteúdo dessas
experiências, “como” estes processos mentais estão relacionados entre si e “por que”
determinados processos mentais provocam certos efeitos na consciência subjacente de
processos fisiológicos do sistema nervoso (isto é, estuda a relação de causa e efeito entre essas
duas instâncias).

2.2.3 A experiência pessoal e a cognição

Esta análise da consciência ou experiência elementar e o estudo de sua natureza levam


a outro tema deveras considerado dentro da corrente psicológica estruturalista: “O
estruturalismo sustentava que a psicologia é a experiência humana, estudada do ponto de vista
1
da pessoa experiente.” Podemos extrair de tal afirmação que o indivíduo influi diretamente
na singularidade de cada experiência, sendo, pois, seu determinante fundamental.
Titchtener compara, portanto, o estudo da psicologia com o de outras áreas, como a
física. Nesta última, o foco principal do estudo baseia-se na análise de fatos que são os
mesmos para qualquer pessoa, a qualquer momento, a exemplo da temperatura de uma sala,
que será igual em qualquer situação, independentemente da presença ou não de alguém dentro
da mesma. O que vai mudar, necessariamente, é a maneira de interpretação dessa temperatura
de acordo com cada indivíduo que passe por ela – alguns sentirão calor, outros não. É nessa
área que opera a psicologia, analisando os fenômenos com base na experiência pessoal de
quem os vivencia.
Para Tichtener, essas experiências pessoais serão, então, fonte de todo o conhecimento
humano, que deverá ser entendido não como um maniqueísmo de verdades e inverdades, mas,
em sua maioria, como uma agregação de diferentes perspectivas.

2.2.4 O paralelismo psicofísico

Outro ponto bastante levantado dentro da escola estruturalista é o do paralelismo


psicofísico, que tenta responder questionamentos acerca da relação entre mente e corpo, que
serão, de acordo com esse estudo, substâncias separadas, não havendo interação mútua. Isso
quer dizer que não haverá fatores dentro do sistema de consciência que causarão efeitos no
sistema corporal, ou vice-versa. O que de fato acontece é a correspondência de eventos
mentais com eventos corporais.

2.3 Elementos de análise da consciência

Dentro do estruturalismo, vale notificar também o surgimento do que seriam os três


elementos irredutíveis para a análise da consciência: sentimentos, imagens e estados afetivos.
Tais elementos não poderão mais ser decompostos pela análise introspectiva, mas poderão ser
descritos mediante a avaliação de seus atributos, que podem ser a qualidade, a intensidade e a
duração de cada um.

1
CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário Técnico de Psicologia. 1996, pg. 116.
2.4 Contribuições do Estruturalismo

Em suma, o principal objetivo estruturalista seria descobrir e estudar os fatos


estruturais e elementares da mente, considerando a consciência como a soma das experiências
presentes em um indivíduo em determinado momento, e a mente como a soma de todas as
experiências já vividas pelo mesmo. O estruturalismo acabou sendo rejeitado enquanto teoria
em detrimento do surgimento de novas escolas de estudo da psicologia, como o funcionalismo
e o behaviorismo. Trouxe, porém, uma nova abordagem com relação a relatos subjetivos de
estados sensoriais e estados afetivos de consciência, sendo de extrema importância para o
decorrer dos estudos psicológicos contemporâneos.

3. FUNCIONALISMO

3.1 A oposição ao estruturalismo e o surgimento do funcionalismo

O Funcionalismo é uma escola psicológica, originalmente americana, contrária ao


Estruturalismo. Nos Estados Unidos, John Dewey criticou os métodos estruturalistas e,
desenvolvendo seu sistema de psicologia, tornou-se o fundador oficial do Funcionalismo.
Segundo Dewey, o objeto da psicologia deveria ser o estudo do organismo.

3.2 Princípios teóricos funcionalistas

Os princípios funcionalistas foram convertidos em escola no final do século XIX nas


universidades de Chicago e Columbia. Em Chicago, foi liderada por James Angell e Harvey
Carr que anunciavam as bases desse Funcionalismo através de sínteses publicadas. Ao mesmo
tempo, destacavam-se na Universidade de Columbia, Edward Thorndike e Robert Woodworth.
Os psicólogos dessa escola afirmam que a psicologia é uma ciência biológica, e partem
do pressuposto da biologia evolutiva. Assim, desenvolvem a ideia de que viverão melhores os
seres que desenvolverem as características orgânicas e comportamentais adequadas à
adaptação ao ambiente.

3.3 A função como foco de análise


Além disso, essa escola enfatiza os processos, operações e atos mentais como objeto de
estudo da psicologia preocupando-se com as funções e não com os elementos mentais. Sendo
assim, os funcionalistas questionam “para que é” a mente, e não “o que é” a mente.
Sustenta assim, que a mente deve ser analisada em função de sua utilidade para o
organismo, tendo em conta a adaptação ao seu meio. Então, a mente tem a função de dirigir o
comportamento, ajustando o indivíduo às condições ambientais e ao seu meio físico e social. E
nesse sentido, a adaptação refere-se a um processo ontogenético, ligado à adaptação
individual.

3.4 Mecanicismo e adaptação

Segundo Thorndike, a solução dos problemas é governada por um conjunto casual de


respostas, selecionadas por seus efeitos de satisfação. Dessa forma, a adaptação ao meio
advém de um conjunto de mecanismos casuais, mecânicos e possíveis de controle.

3.5 Contribuições do funcionalismo

O Funcionalismo está voltado para as questões práticas de aplicação da psicologia.


Através da visão pragmática – na qual o valor do conhecimento se dá pela sua utilidade, ou
seja, suas consequências práticas – a psicologia funcional visa transforma-se em um
instrumento de adaptação, promovendo-a.

4. BEHAVIORISMO

4.1 A Origem do behaviorismo

Também conhecido como Comportamentalismo, a origem do Behaviorismo se dá no


século XX, na conferência “A Psicologia Como um Comportamentista Vê” – realizada em
1913 – onde foi divulgado o manifesto Behaviorista. Afastando a psicologia da filosofia,
dissociando a matéria da subjetividade, John Broadus Watson queria propor um novo modelo
de estudo que pudesse ser mais concreto e palpável, sugerindo como objeto desse estudo o
comportamento.

4.2 O behaviorismo em oposição ao geneticismo


Essa tese se contrapõe a vertente geneticista, em maior uso na época, pois afirmam que o
comportamento humano não estaria ligado a fatores genéticos e sim estímulos do ambiente ou
também pela junção da evolução genética, interação com o ambiente e evolução de
aprendizagem.
O primeiro experimento a dar base a essa tese foram os famosos cães de Pavlov. O
fisiologista russo Ivan Pavlov tocava sinos enquanto alimentava seus cães, até que o simples
soar dos sinos – mesmo não havendo comida – já era o suficiente para os cães salivarem. O
resultado foi publicado em 1903, tornando-se a base do Behaviorismo.

4.3 Princípios teóricos behavioristas

Influenciado por este estudo, Watson passou a defender a ideia de que os seres humanos
eram condicionados pelo meio – seríamos o que aprendemos a partir de estímulos do
ambiente, não haveria nada que provocasse pré-determinação. Em sua visão Lockeana, ao
nascermos somos como uma folha de papel em branco que seria preenchida ao longo do nosso
aprendizado.

4.3.1 Estímulos condicionados e incondicionados

Utilizando-se a teoria de Pavlov, Watson dividiu os estímulos em condicionados e


incondicionados. Aqueles são produzidos propositalmente buscando uma reação específica, já
estes são efeitos produzidos sem nenhuma intenção.
Watson buscava realizar experiências inovadoras, e para testar sua teoria, inovou
fazendo testes em humanos quando na época normalmente eram utilizados animais. O bebê
Albert recebia estímulos condicionados que buscavam desenvolver o medo. Sempre que
colocava o bebê em contato com o rato, Watson produzia um barulho desagradável que
irritava o bebê. Passado certo tempo, a simples presença do rato já causava grande desconforto
à criança. Desta forma, Watson provava que medos são aprendidos e não herdados, portanto o
comportamento humano seria passível de previsão, controle e modificação.

4.3.2 As experiências de Watson e os problemas incorridos à sua família

Watson também aplicava sua teoria a seus filhos, o que lhe rendeu críticas publicadas até
mesmo por sua esposa no artigo “Sou a mãe dos filhos de um pai Behaviorista”, onde ela o
acusava de insensibilidade e falava da dificuldade de se afastar afetivamente de seus filhos,
como seu marido queria. Seus filhos cresceram sem carinho dos pais, em um ambiente rígido,
sem demonstrações de afeto. Mais tarde, o mais velho se suicidou e o mais novo, que
descrevia o pai como uma pessoa insensível, precisou de acompanhamento psicológico
durante anos.

4.4 O behaviorismo radical de Skinner

Contestando em partes essa teoria – que ficou conhecida como Behaviorismo


Metodológico – Burrhus Frederic Skinner patenteou o Behaviorismo Radical. Sua teoria tem
foco na consequência da ação e compreende que o comportamento pode ser inserido pelo
ambiente. Entretanto, não descarta que causas mentais podem influenciar – ainda que não se
acredite na introspecção – definindo as atitudes como condicionantes ou condicionáveis.
O comportamento poderia ser um reflexo voluntário, ou seja, quando o indivíduo age
voluntariamente ou um comportamento operante sendo aquele que teve estímulo do ambiente.
A tese de Skinner de que tudo aquilo que é importante para o ser como parte do
comportamento teve bastante aceitação no Brasil.

4.5 Terapia behaviorista

Pode ser descrita em três passos. Primeiro, o paciente apresenta suas queixas –
apresentação de reclamações, momento de avaliação do profissional. Em seguida, o
profissional ajuda a ressignificar a compreensão sobre o mundo – fase da intervenção. Por fim,
o próprio paciente aprende a analisar seu comportamento – fase da finalização.
Essa terapia é indicada para casos em que os padrões comportamentais já estão
consolidados, por exemplo: Transtorno de ansiedade, pânico, depressão, dependência química.

4.6 Contribuições do behaviorismo

Podemos perceber nitidamente a utilização do Behaviorismo na educação como técnica


utilizada para estimular ou desestimular determinadas condutas – o que Skinner denomina de
reforços positivos e negativos. O reforço positivo seria uma espécie de recompensa, seja ela
material ou de reconhecimento perante uma atitude desejada pelo educador. Já a punição ou
reforço negativo é retirar algo material ou reprimir verbalmente como forma de estimular que
o comportamento não se repita. Por exemplo, o reconhecimento mediante bolsa de alunos
estudiosos estimula o estudo, já a aplicação de advertências aos alunos indisciplinados é uma
medida para desestimular aquele tipo de conduta.

5. PSICOLOGIA COGNITIVA

5.1 O surgimento da terapia cognitiva comportamental

A terapia cognitiva comportamental surgiu na década de 1960, com Aaron T. Beck – na


época, professor assistente na University of Pennsylvania. De caráter essencialmente prático, é
criada com o objetivo de demonstrar por vias empíricas a validade da teoria da psicanálise à
comunidade médica, porém, seus resultados o levaram a resultados diametralmente opostos e
que proporcionaram uma revolução no campo da saúde mental.

5.2 Princípios teóricos cognitivo-comportamentais

A partir de suas pesquisas, Beck identificou cognições negativas e distorcidas como


características primárias da depressão e desenvolveu um tratamento de curta duração, no qual
um dos objetivos principais era o teste da realidade do pensamento depressivo do paciente.

5.2.1 Terapia com foco no presente

Tal terapia era voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e
a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. O tratamento também está
baseado em uma compreensão de cada paciente levando em conta sua realidade social e o
meio em que vive. O terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança cognitiva –
modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente – para produzir uma mudança
emocional e comportamental duradoura.

5.2.2 Relação entre cognição e comportamento

A cognição e o comportamento se relacionam à medida que, segundo a teoria, tudo o


que é pensado influencia diretamente no seu modo de agir. Em poucas palavras, o modelo
cognitivo propõe que o pensamento disfuncional, diretamente ligado ao humor, é comum a
todos os transtornos psicológicos. Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de
modo mais realista e adaptativo, elas obtêm uma melhora no seu estado emocional e
comportamento.

5.2.3 A disfuncionalidade psíquica e a mudança

Com vista a uma maior eficácia do efeito da terapia cognitiva comportamental – dessa
forma, havendo uma melhora duradoura no humor e comportamento do paciente – os
terapeutas cognitivos trabalham em um nível mais profundo de cognição que consiste nas
crenças do indivíduo sobre ele mesmo, seu mundo e as outras pessoas. A modificação das
crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura. Segundo pesquisas,
mais de 500 estudos comprovaram a eficácia da terapia cognitiva comportamental para uma
ampla gama de transtornos psiquiátricos, principalmente no que concerne à depressão e à
ansiedade.
No caso da depressão, os componentes importantes da psicoterapia cognitivo-
comportamental incluem foco na ajuda aos pacientes para solucionarem problemas, tornarem-
se comportalmente ativados e identificarem, avaliarem e responderem ao seu pensamento
depressivo, especialmente pensamentos negativos sobre si mesmos, seu mundo e seu futuro.

5.3 Princípios básicos da terapia cognitivo comportamental

Existem princípios básicos da terapia cognitivo comportamental aplicáveis a todos os


pacientes, mesmo considerando a necessidade de compreender a individualidade de cada um.
O primeiro considera que a terapia cognitiva comportamental está baseada em uma
formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes associado ao caráter
individual de cada paciente em termos cognitivos. Em seguida, ressalta a importância da
manutenção de uma aliança terapêutica sólida e, além disso, enfatiza a colaboração e
participação ativa.
A terapia cognitiva comportamental é orientada para os objetivos e focada nos
problemas enfatizando, inicialmente, o presente. Possui caráter educativo tendo como objetivo
ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatizando a prevenção de recaída. Visa,
ainda, ser limitada no tempo e são estruturadas com base em uma parte introdutória, uma
intermediária e uma final. Por fim, a terapia cognitiva comportamental ensina os pacientes a
identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais, além de usar
uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.

5.4 O tratamento na terapia cognitivo comportamental

Esses princípios básicos se aplicam a todos os pacientes. No entanto, a terapia varia


consideravelmente de acordo com o paciente, com a natureza das suas dificuldades e seu
momento de vida, assim como seu nível intelectual e de desenvolvimento, seu gênero e origem
cultural. O tratamento também varia dependendo da origem do paciente, de sua capacidade
para desenvolver um vínculo terapêutico consistente, da sua motivação para mudar, sua
experiência prévia com terapia e suas preferências de tratamento, entre outros fatores.
Sempre que se experimenta um estado de humor existe um pensamento relacionado a ele
que ajuda a o definir. É importante que se identifique o que está pensando visto que isso nos
leva às suas crenças. Diferentes crenças levam a estados de humor diferentes. Com
informações adicionais ou um ponto de vista ampliado, a percepção sobre si e o mundo
mudará, e, em consequência, se terão novos sentimentos e comportamentos.

6. GESTALT

6.1. Definição

Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português


seria “forma” ou “configuração”, que não é utilizado, por não corresponder exatamente ao seu
real significado em Psicologia.

6.2. Contexto histórico

6.2.1 A rebelião contra o atomismo de Wundt

Enquanto as ideias iniciais de Wundt e do comportamentalismo de Watson e Skinner se


formavam nos Estados Unidos, a revolução da Gestalt acontecia na Alemanha. Tratava-se de
mais um protesto contra a psicologia wundtiana, rebelião que teve como foco primordial seu
atomismo ou elementarismo.
Os gestaltistas consideravam o pressuposto wundtiano da condição fundamental dos
elementos sensoriais e fizeram disso o alvo de sua oposição. De fato, a tese de que todos os
fatos psicológicos consistem em átomos sem relação entre si foi o fator de perplexidade que
alavancou o movimento.

6.2.2 O distanciamento do comportamentalismo

O ataque dos gestaltistas à posição elementarista de Wundt foi simultânea ao


comportamentalismo nos Estados Unidos. Ambos começaram se opondo às mesmas ideias,
mas chegariam a se opor uma à outra. Os psicólogos da Gestalt aceitavam o valor da
consciência, mas criticavam a tentativa de analisá-la em elementos. Os comportainentalistas se
recusavam até a reconhecer a existência da consciência para a psicologia.

6.2.3. Confronto com o behaviorismo

Tanto a Gestalt quanto o Behaviorismo definem a Psicologia como a ciência que estuda
o comportamento. Contudo, os experimentos com a percepção levaram ao questionamento da
causalidade, princípio implícito na teoria behaviorista. Para os gestaltistas, entre o estímulo
que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção.

6.3. Antecedentes teóricos

6.3.1 Immanuel Kant

Kant influenciou a Psicologia com sua ênfase na unidade de um ato perceptivo.


Afirmava que, no ato de percepção de um objeto, os estados mentais poderiam parecer
compostos de pedaços de fragmentos. Contudo, esses elementos são organizados
significativamente a priori. A mente forma ou cria uma experiência unitária.
Segundo Kant, a percepção é uma organização ativa de elementos numa experiência
coerente. Logo, a mente confere forma e organização ao material bruto da percepção. Essa
posição se opõe à doutrina da associação.

6.3.2 Ernst Mach


Ernst Mach, professor de Física da Universidade de Praga, exerceu uma influência mais
direta sobre a revolução da Gestalt. Em seu livro “A Análise das Sensações” – de 1885 –
Mach escreveu sobre sensações da forma do espaço e da forma do tempo. Ele considerou os
padrões espaciais como figuras geométricas e os padrões temporais como melodias-sensações.
Essas sensações da forma do espaço e da forma do tempo independiam os seus elementos.
Mach afirmava que a percepção visual ou auditiva de um objeto não muda mesmo que se
modifique a orientação espacial com relação a ele.

6.3.3 O movimento fenomenológico na psicologia e na filosofia alemãs

Metodologicamente, a fenomenologia se refere a uma descrição imparcial da


experiência imediata tal como ela ocorre. É uma observação não corrigida em que a
experiência não é analisada em elementos nem abstraída artificialmente de alguma outra
maneira.

6.3.4 O zeitgeist da Virada de Século

Particularmente o clima intelectual da Física. Nas últimas décadas do século XIX, essa
disciplina tornava-se menos atomista à medida que os físicos iam reconhecendo e aceitando
noção de campos de força.
Destaca-se Max Planck, um dos arquitetos da Física moderna. Devido à influência de
Planck, começou-se a perceber um vínculo entre a Física dos campos e a ênfase da Gestalt no
todo. Desde então, a psicologia da Gestalt se tornou uma espécie de aplicação da Física dos
campos a partes essenciais da Psicologia.

6.4. A fundação da psicologia da Gestalt

6.4.1 Principais pensadores

Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-


1941). Baseados nos estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção,
construíram a base de uma teoria eminentemente psicológica.

6.4.2 Início do movimento


O movimento formal surgiu de uma pesquisa feita em 1910, por Max Wertheimer.
Durante as férias, ele teve a idéia de fazer uma experiência sobre a visão do movimento
quando nenhum movimento real tinha ocorrido – ao que ele chamou “fenômeno phi”. Mais
tarde, fez pesquisas mais formais na Universidade de Frankfurt. Dois outros jovens psicólogos,
Kurt Koffka e Wolfgang Kõhler, se engajaram com Wertheimer.
Wertheimer publicou os resultados de sua pesquisa em 1912, em “Estudos
Experimentais da Percepção com o Movimento”, artigo considerado o marco do começo da
escola de pensamento da psicologia da Gestalt.

6.4.3 Definição wertheimeriana de Gestalt

Segundo Wertheimer, a “fórmula” fundamental da teoria da Gestalt poderia ser


expressa da seguinte maneira: existem totalidades, cujo comportamento não é determinado
pelos seus elementos individuais, mas nos quais os processos parciais são eles mesmos
determinados pela natureza intrínseca do todo. A teoria da Gestalt alimenta a esperança de
determinar a natureza dessas totalidades.

6.5. Elementos da teoria gestaltista

6.5.1 A percepção

Os psicólogos gestaltistas acreditam que há mais coisas na percepção do que vêem os


nossos olhos, que a nossa percepção vai além dos elementos sensoriais, dos dados físicos
básicos fornecidos pelos órgãos dos sentidos.

6.5.2 A teoria do isomorfismo

Como paradigma metodológico, os gestaltistas sustentam a teoria do isomorfismo, que


supõe uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada ao todo. Assim, o
comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração
as condições que alteram a percepção do estímulo. O comportamento é determinado pela
percepção do estímulo.
A Gestalt encontra nos fenômenos da percepção as condições para a compreensão do
comportamento humano. A maneira de perceber determinado estímulo irá desencadear dado
comportamento.

6.5.3 Meio geográfico e meio comportamental

O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio


ambiental. São conhecidos dois tipos de meio: o geográfico e o comportamental.
O meio geográfico é o meio enquanto tal, o meio físico em termos objetivos. O meio
comportamental é o meio resultante da interação do indivíduo com o meio físico e implica a
interpretação desse meio através das forças que regem a percepção - equilíbrio, simetria,
estabilidade e simplicidade.
A particular interpretação do meio, onde o que se percebe agora é uma "realidade"
subjetiva, particular, criada pela mente, é o meio comportamental. Naturalmente, o
comportamento é desencadeado pela percepção do meio comportamental.

6.5.4 O campo psicológico

Pode ser descrito como um campo de força tendencial que leva o indivíduo a buscar a
melhor forma possível em situações que não estão muito estruturadas. Uma tendência a
estabelecer a unidade das semelhanças entre elementos, mais que as suas diferenças.

6.5.5 Insght

A Psicologia da Gestalt vê a aprendizagem como a relação entre o todo e a parte, onde


o todo tem papel fundamental na compreensão do objeto percebido.
Em certos casos, o fenômeno de percepção de uma situação obscura recebe uma
elucidação imediata, a partir do realce de elementos conhecidos. A esse fenômeno a Gestalt dá
o nome de insight. O termo designa uma compreensão imediata, enquanto uma espécie de
"entendimento interno".

6.5.6 A teoria de campo de Kurt Lewin


Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou durante 10 anos com Wertheimer, Koffka e Köhler
na Universidade de Berlim, e dessa colaboração com os pioneiros da Gestalt nasceu a sua
Teoria de Campo. Não poder ser considerado como um gestaltista, já que ele acaba seguindo
um outro rumo.
O principal conceito de Lewin é o do espaço vital, que ele define como "a totalidade
dos fatos que determinam o comportamento do indivíduo num certo momento". Noutros
termos, Lewin concebeu como campo psicológico o espaço de vida considerado
dinamicamente, onde se levam em conta não somente o indivíduo e o meio, mas também a
totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes. Contudo, campo não deve
ser compreendido como uma realidade física, mas sim fenomênica.
A realidade fenomênica em Lewin pode ser compreendida como o meio
comportamental da Gestalt, ou seja, a maneira particular como o indivíduo interpreta uma
determinada situação. Para Lewin, esse conceito não está se referindo apenas à percepção
(enquanto fenômeno psicofisiológico), mas também a características de personalidade do
indivíduo, a componentes emocionais ligados ao grupo e à própria situação vivida, assim
como a situações passadas e que estejam ligadas ao acontecimento, na forma em que são
representadas no espaço de vida atual do indivíduo.
Como Lewin considerava que o comportamento deve ser visto em sua totalidade, não
demorou muito para chegar ao conceito de grupo. Praticamente todos os momentos de nossas
vidas se dão no interior de grupos. Transportando a noção de campo psicológico para a
Psicologia social, Lewin criou o conceito de campo social, formado pelo grupo e seu
ambiente. Das várias características do grupo, destaca-se o clima social, onde uma liderança
autocrática, democrática ou laissez-faire irá determinar o desempenho do grupo.

6.6. Críticas à psicologia da Gestalt

As críticas à posição gestaltista incluem a acusação de que os psicólogos da Gestalt


tentavam resolver problemas transformando-os em postulados. Alegam os críticos que isso
equivalia a resolver um problema por meio da negação da sua existência. Do mesmo modo,
afirmou-se que os gestaltistas nunca explicaram as leis do seu sistema. Para muitos psicólogos
experimentais, sua posição era vaga, e os conceitos e termos básicos não foram definidos com
rigor suficiente para serem cientificamente significativos. Os gestaltistas se defenderam
insistindo que as tentativas de uma jovem ciência para explicar e definir têm necessariamente
de ser incompletas, mas que ser incompleto não é o mesmo que ser vago.
6.7. Contribuições da psicologia da Gestalt

O movimento gestaltista deixou uma marca indelével na Psicologia. Tal como outros
movimentos que se opuseram a concepções mais antigas, ele teve um efeito revigorante e
estimulante sobre a Psicologia como um todo. O ponto de vista gestaltista influenciou as áreas
da percepção e da aprendizagem, e trabalhos recentes derivados da escola sugerem que o
movimento ainda tem contribuições a dar.
CONCLUSÃO

Podemos concluir que a psicologia como uma ciência humana, ainda dotada de
uma enorme complexidade, tendo seu foco o estudo intrínseco do ser distanciando-se assim
das outras ciências naturais e culturais que vem o homem como um ser essencialmente social e
produtor de uma cultura.
Os estudos acima apresentados discorrem sobre a evolução desta ciência que tem
como foco de estudo o ser como mente e corpo sendo estes como partes ou um mesmo ser.
Após uma análise mais profunda podemos afirmar que o comportamento humano não pode ser
explicado como reações a estímulos do ambiente como queriam afirmar os behavioristas,
também foram descartadas as teses de que a mente seria apenas um ente funcional do ser
utilizado para determinar o comportamento mais propício ao ambiente que ele se encontrasse
inserido, tese esta defendida pelos funcionalistas, até mesmo a tese geneticista que debatia em
torno de como determinado genes poderiam ser a chave da diferença entre os povos foi
rechaçada após a segunda grande guerra argumentando-se que não haveria dados suficientes
para sua comprovação.
É preciso discorrer ainda que a psicologia ao longo dos anos avançou
exponencialmente em métodos e resultados, a partir do behaviorismo, por exemplo, o pequeno
Albert foi o primeiro humano utilizado em experimentos, ou seja, a ciência antes trabalhava
apenas com animais em laboratório, as terapias estão mais incisivas e com resultados cada vez
mais palpáveis, a introspecção nunca foi tão reproduzida, hoje a psicologia alia-se com outras
ciências e ajuda a entender o homem como individuo único e irreproduzível bem como ser
pertencente a um meio social.
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Você é o que você aprende: o guia da psicologia da psicanálise de Schultz, Duane P. e Sydney
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Wundt: da psicologia experimental fisiológica à psicologia dos povos. Portal Educação.


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Wundt e a criação do Primeiro laboratório de Psicologia na Alemanha. Psicologado.


Disponível em: <https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da-psicologia/wundt-e-a-
criacao-do-primeiro-laboratorio-de-psicologia-na-alemanha>. Acesso em: 10 abril 2015
15h50.

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