Ciências sociais- Pesquisa- Metodologia 4. Pesquisa avaliativa (Programas de ação social) 5. Pesquisa qualitativa I. Bauer, Martin W., II. Gaskell, George.
Objeto da Resenha: Capitulo 1 e 2
A obra:
Trata-se de uma obra organizada por Martin Bauer e George Gaskell em
2000, com objetivo dar início a construção de um referencial teórico bem como discutir as bases epistemológicas sobre as relações entres as pesquisas quantitativas e qualitativas. Como os próprios editores buscaram colaboradores com experiências em pesquisas na área social e que abarcam dos diversos pontos de vista e abordagens de interesse as essas tipo234ewdsxzs de pesquisa. O livro é dividido em 4 partes: A primeira “Construindo um corpus de pesquisa”, a segunda “Enfoques analíticos para texto, imagem e som”, e a terceira “O auxílio do computador”, e a e última “Questões da boa pratica” Cada das partes procura embasar o futuro pesquisador com as bases epistemológicas (primeira parte), questões sobre o procedimento analítico (segunda), novas tecnologias (terceira) e questões éticas e de validação da pesquisa (quarta. Com esta organização o pesquisador pode escolher a seção que possa trazer esclarecimentos as questões que surjam de sua pesquisa. Como forma de agilizar a busca em cada um dos capítulos possui um box com a palavras chaves do assunto e os aspectos que o capítulo trata, . Aspectos do Capitulo 1:
Este capítulo possui aspectos introdutórios a pesquisa qualitativa. Um dos
aspectos que é destacado pelos autores são os relativos a epistemologia da pesquisa qualitativa e quantificava e como estão estas duas formas de pesquisas estão relacionadas. Então no texto, os autores, no caso os próprios editores, procuram um tom conciliatório entre as comunidades que utilizam os dois formatos. Isto já se encontrava anunciado na própria apresentação da obra feita por Pedro Guareschi, que é também responsável pela tradução do original em inglês. Este capitulo está dividido em seis subtítulos que procuram dar subsídios ao início da pesquisa qualitativa. Inicialmente são considerações sobre a postura do pesquisador em relação ao seu objeto de estudo, dando ênfase à autorreflexão e podemos inferir também sobre como o objeto modifica o pesquisador. Desta forma o pesquisador muda de esfera de observação, lugar inatingível pelo objeto para outra em que interage com o objeto e seus atores. Sobre este aspecto os autores alertam para a concepção da imparcialidade ingênua que muitos iniciantes na pesquisa qualitativa possuem. A isto está associado a necessidade do entendimento dos acontecimentos sociais, que é uma postura subjetiva do pesquisador em que deverá considerar sobre suas percepções sobre os acontecimentos. Os autores deixam claro a necessidade da sistematização das observações e que não apenas o acontecimento social deva ser compreendido, mas que a análise deve estender- se as movimentações dos atores, bem como os seus vestígios materiais, termo usado por Bauer e Gaskell no final do primeiro subtítulo. O segundo subtítulo tem a intenção de lançar luzes sobre a construção do delineamento da pesquisa. Avançando sobre o tema, sugerimos que os autores pretendem criar um entorno metodológico que suporte quais são os parâmetros para limitar a pesquisa. Os autores criam um quadro onde estão as quatro dimensões da pesquisa social. São elas: princípios de delineamento, geração de dados, analise de dados e interesses de conhecimento. Infere-se que os autores consideram que estas formas de encadeamento entre as dimensões citadas sejam em série. e não é discutido, neste momento, a reconstrução do projeto após a constituição da pesquisa. Isto será tratado mais adiante sob o tema saturação da pesquisa, quando é discutido a formação do corpus da mesma. Diferente de outras seções, nesta apenas há a citação de Habemas e seu trabalho sobre a construção do consenso e processos emancipatórios. Não fica claro se os autores aventam a possibilidade do delimeamento ser construído a partir das propostas de Habemas, apenas podemos entender que o encadeamento é linear mas que existem possibilidades de combinações entre princípios de delineamento e métodos de coleta. O próximo subtítulo trata dos tipos de dados, mas início este segmento faz referências aos trabalhos Berger e Luckmann, 1979 e Luckmsnn,1995 sobre os mecanismos dos processos de comunicação relacionando pesquisa social, processos de comunicação e os dados sociais. E os interliga através das concepções existentes na referencias citadas. Desta concepção de mundo surge os modos dos dados sociais se manifestam e para tanto consideram um aspecto formal e outro informal. Esta separação na gênese dos dados também se manifesta no suporte material da comunicação. que segundo os autores tem três possibilidades: texto, imagem e sons. Subentende-se exista ligação com as competências e conhecimentos prévios para utilizar-se de uma forma ou outra, e que também está implícito regras que condicionam e regulam esta ligação. A antepenúltima seção deste capitulo encerra-se com considerações sobre a dicotomia acadêmica sobre qualitativa e quantitativa. Os autores deixam bem claro, não apenas nesta seção, mas em todo o texto que se trata de uma discussão estéril. Para lidar com a elucidação da questão estabelecem um roteiro para dissertar sobre o assunto. Consideram relações (os itens do roteiro) que para seriam, normalmente, utilizadas para garantir a supremacia de um método sobre outro, como elo de comunicação entre as duas formas de pesquisa. Aqui uma ressalva que não está captada nesta resenha. Neste texto tratamos como dois métodos separados, mas os autores consideram que não são formas de entendimento de fenômeno que se excluem e nem se complementam, mas se utilizam de métodos que são comuns aos dois, mas não pertencem exclusivamente a um ou outro. No último segmento os autores nos conduzem a um passeio pela história da filosofia da ciência buscando o fato gerador da dicotomia, que segundo eles estão nas ideias de ciência e retórica, passando por Comte e seu positivismo e desembocando, novamente, em Habemas. Apesar de um tom apolítico da obra, observa uma proximidade a aspectos do materialismo histórico dialético. Junta- se a isso as ideias de Habemas sobre o potencial emancipatório e da forte ligação ao diálogo. Não é explicitado aqui, se a proposta de Habemas também tem reflexo no diálogo que se estabelece internamente do pesquisador pelo contato com o objeto. Os autores, talvez nem consideram esta possibilidade, preferem alertam os pesquisadores para os questionamentos sobre pressupostos e analises que surgem durante e após o afastamento do pesquisado do objeto. Embora com contato na filosofia, este primeiro permite ao pesquisador de primeira viagem em visão bem ampla sobre a pesquisa qualitativa. Não que os autores centrassem suas observações e escritos neste assunto mas procuram dar um entorno epistemológico não pelas limitações do método, mas estabelecendo o diálogo entre as duas faces da investigação social e a humanidade que se esconde no pesquisador.