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São Paulo
2004
Bernardi, Luiz Paulo Orelli
Ações de usucapião na cidade de São Paulo aspectos legais e impactos sociais. /
Luiz Paulo Orelli Bernardi. São Paulo, 2004.
107p.
CDU 728.222(816.1)(043)
B523a
Nós vos pedimos com insistência: não
digam nunca: - Isso é natural! Diante dos
acontecimentos de cada dia numa época em
que reina a confusão, em que corre o
sangue, em que o arbitrário tem força de lei;
em que a humanidade se desumaniza não
digam nunca: - Isso é natural, para que nada
seja impossível de mudar.
Bertold Brecht
À Prof. Drª Neusa Serra pela orientação, rigor científico e estímulo para
concretização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. João Sette Whitaker Ferreira, pela pertinência das contribuições
prestadas na área da habitação, ampliando a abrangência desta pesquisa.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1 OBJETIVO ....................................................................................................................... 4
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 5
2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA HABITAÇÃO SOCIAL E DO USUCAPIÃO ................... 6
2.2 BASE LEGAL ................................................................................................................. 21
2.2.1 - O que deve ser registrado ...................................................................21
2.2.2 - Transcrição (até 30.12.1975) ...............................................................22
2.2.3 - Da matrícula (a partir de 01.01.1976) ..................................................23
2.2.4 - Da posse ...............................................................................................24
2.2.5 - O usucapião e suas espécies .............................................................26
2.2.5.1 – Do Código Civil .....................................................................28
2.2.5.1.1 – Usucapião extraordinário ......................................28
2.2.5.1.2 – Usucapião ordinário...............................................30
2.2.5.2 – Da Constituição ....................................................................31
2.2.5.2.1 – Usucapião especial urbano ...................................33
2.2.5.2.2 – Usucapião especial rural .......................................34
2.2.5.3 – Fluxograma básico do andamento processual de uma ação
de usucapião .......................................................................................35
3 METODOLOGIA ....................................................................................... 37
3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................................ 38
3.2 PROCEDIMENTOS PARA A PESQUISA DE CAMPO ........................................................ 40
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 43
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS IMÓVEIS E EXCLUSÃO SOCIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO ...... 44
4.2 CAPACIDADE DE PAGAMENTO DO REQUERENTE ....................................................... 48
4.3 CONTESTAÇÕES DA UNIÃO E PARTICULARES ........................................................... 49
4.4 IDENTIFICAÇÃO REGISTRAL ....................................................................................... 52
4.5 ÁREAS DE DESMATAMENTO NA CIDADE DE SÃO PAULO .......................................... 53
4.6 TIPOS DE USO DAS EDIFICAÇÕES ............................................................................... 54
4.7 PADRÕES CONSTRUTIVOS ........................................................................................... 57
4.8 TIPO DE POSSE ............................................................................................................. 58
4.9 TAMANHO DA ÁREA PLEITEADA ................................................................................ 59
4.10 ESPÉCIE DE USUCAPIÃO ............................................................................................ 60
4.11 SUCESSO DA AÇÃO..................................................................................................... 62
4.12 TEMPO PROCESSUAL ................................................................................................. 63
4.13 CAPACIDADE DE RENDA DOS OCUPANTES ................................................................ 64
4.14 SITUAÇÃO FAMILIAR DO REQUERENTE .................................................................... 67
1 INTRODUÇÃO
∗
Desídia : indolência, preguiça, incúria ou negligência.
seus efeitos e conseqüências para a sociedade, assim como sua
eventual utilização como instrumento de política de regularização
fundiária.
1.1 Objetivo
∗
Terras devolutas: as que, não sendo próprias nem aplicadas ao uso público, não se incorporam ao uso
privado. Nome derivado do fato de que qualquer espaço de terra, não titulado, era devolvido à Coroa
Portuguesa.
embora com cunho inequivocadamente garantidor da propriedade
privada (Alfonsin, 1997, p.37).
1
Cano, W. Raízes da Concentração Industrial em São Paulo. São Paulo; Difel, 1979
particulares já não davam conta do abastecimento de água, e os
detritos eram lançados nos rios e fossas. Havia necessidade de
transportes rápidos para atender os loteamentos indiscriminados que
clamavam por arruamento, canalizações de rios e córregos, drenagem
de brejos e várzeas e controle de enchentes” (Bonduki, 2002, p.18).
Fanfulla (1899, 14.03, 16.03) narra em seu texto uma idéia das
condições dos trabalhadores imigrantes recém chegados a São Paulo:
“Na Barra Funda falta tudo. Até nas ruas principais não há um metro
de calçamento, nem um palmo de calçada, nem um conduto
subterrâneo. Como resultado, a natureza, por conta própria, cavou
fossas que margeiam os canais, o que levou os habitantes a construir
pequenas pontes primitivas para entrar na própria casa (...). É
materialmente impossível que o Sr. Prefeito Municipal conheça o Brás
(...) as calçadas não existem e tanto nos dias de chuva como em dias
secos as pessoas não podem transitar senão descalças, com as saias
levantadas até os joelhos. Imaginai o cheiro de tais ambientes onde
várias vezes por dia entram pés tratados de tal forma, imaginai tudo o
mais e tereis uma idéia mais ou menos exata do estado daqueles
tugúrios e do dano imenso que disso deve necessariamente derivar
para a saúde pública (apud Pinheiro Et Hall 1981)”.
∗
Vila Operária: Pequenas moradias unifamiliares produzidas em série.
provenientes de aluguéis com habitações populares, face à enorme
demanda existente na cidade.
2
Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. “Padrão de Vida”. In: Boletim do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio 26, outubro, 1936.
Os proprietários alegavam sua inconstitucionalidade e diziam
que “ o Estado não apenas restringe o direito de propriedade (...) mas
transfere, por assim dizer, ao inquilino este direito. Operou por parte
do Estado, uma verdadeira expropriação gratuita. Não se limitou a
disciplinar o uso da propriedade (...) mas entra pelo conteúdo deste
direito, tornando-o praticamente nulo” (Costa Filho, 1953, p.226).
3
Malheiros, V. Trabalho e Habitação. In: Revista do Arquivo Municipal. 1942, p.82.
Conforme Viana4 (1942) diz: “As classes mais necessitadas
tinham apenas dois tipos de moradia a escolher: a casa feita com as
próprias mãos e o cortiço” (apud Bonduki, 2002, p.89).
Pelo acima exposto e com o uso deste instituto legal tão antigo,
é que faremos nossas reflexões sobre seu impacto social na cidade de
São Paulo, nos dias atuais, assim como esperamos contribuir para o
estudo de sua utilização como eventual política pública de
regularização da propriedade fundiária pelos organismos oficiais.
∗
titulus adquirendi: causa ou razão jurídica da transmissão ou aquisição; o título, o instrumento do
ato.
se-á os procedimentos contidos no artigo 231 da LRP (Brasil, 1990).
2.2.4 Da posse
A posse nada mais é que a exteriorização do domínio ou a
manifestação e o modo de utilização da propriedade.
Por sua vez o Código Civil Italiano em seu art. 2.105, define o
usucapião como:
5
Leopoldo Alas, De la usucapion; p.87
Pelo ACC:
Pelo NCC:
• Contra os incapazes;
• Contra os ausentes do país em serviço público da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
• Contra os que se encontram servindo na aeronáutica, na
marinha e no exército;
• Entre cônjuges;
• Entre ascendentes e descendentes;
• Entre tutelados e curatelados, assim como de seus tutores e
curadores;
• Não havendo citação válida;
• Havendo protesto judicial e
• Impossibilidade de usucapir bens públicos (usucapião
urbano).
2.2.5.1 – Do Código Civil
∗
animus domini: intenção de dono.
posse para adquirir o domínio do imóvel pelo usucapião extraordinário
era de 30 (trinta) anos. De 1955 até 2002 o tempo foi reduzido para 20
(vinte) anos e atualmente, foi vigorado em 15 (quinze) anos, metade do
estipulado inicialmente, pelo artigo 1.238 do NCC.
2.2.5.2 – Da Constituição
O artigo 183 da CF e o art. 1.240 do NCC rezam que:
Vistas ao MP
CITAÇÕES
Sim
Desloca competência
Fazenda Pública
Municipal ou União
Estadual
Vistas ao MP
Perí cia
Sentença de 1° grau
Não Sentença de
Interposição de Recursos 1° grau
Transitada
Recurso Especial ao Em julgado
Tribunal de Justiça
Sim Sucesso
Recurso Extraordinário ao da ação
Supremo Tribunal Federal (STF)
Legenda
Retorna ao Juiz
Recurso deferido pelo Tribunal Singular para reforma
CRI = Cartório de Registro de da sentença
Imóveis
Sentença transitado em julgado
MP = Ministério Público
Estadual Sucesso da ação
3 METODOLOGIA
d) padrão construtivo
e) tipo de posse;
f) área do terreno;
g) espécie de usucapião;
h) sucesso da ação;
i) tempo processual;
l) continuidade da posse e
JP
41% JP = Justiça Paga
JG = Justiça Gratuita
JG
59%
(63 CASOS)
5%
17%
(18 casos) Sem Contestação
União
Particular
78%
(84 casos)
∗
acessio possessiones: acessão de posse.
edificação, área do terreno usucapiendo, tipo de usucapião solicitado,
sucesso da ação e contestações.
3%
(3 casos)
Residencial
Comercial
Institucional
Sem edificação
Uso misto
87%
(94 casos)
Casa
Barraco
99%
(1 caso)
Rústico
Proletário
Econômico
28% Simples
(29 casos) Médio
44%
(46 casos)
Figura 5 – Distribuição dos imóveis Usucapiendos segundo Padrões Construtivos.
(3 CASOS)
7%
Posse direta
Posse indireta
93%
(42 CASOS)
(6 casos)
6% (25 casos)
23%
Constitucional
Ordinário
7% Extraordinário
(7 casos) Sem definição
64%
(69 casos)
(50 casos)
24 12 2 10
25 4 2 2
26 8 6 2
27 4 2 2
28 4 2 2
29 2 2 0
30 5 2 3
31 5 2 3
32 4 3 1
33 5 2 3
34 4 3 1
35 5 2 3
36 3 1 2
37 4 4 0
38 3 1 2
TOTAL 171 82 89
2%
Acompanhado de familiares
Desacompanhado
Figura 11 – Distribuição das Ações de Usucapião segundo Situação familiar
do requerente.
• Padrão Rústico
Pisos:
Paredes:
Instalações hidráulicas:
Esquadrias:
Pisos:
Paredes:
Instalações hidráulicas:
Instalações elétricas:
Pisos:
Paredes:
Forros:
Instalações hidráulicas:
Instalações elétricas:
Esquadrias:
Portas lisas de madeira, caixilhos de ferro, madeira ou de
alumínio e janelas com venezianas de madeira ou de alumínio de
padrão comercial.
• Padrão Luxo