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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

NF 1.30.001.004223/2018-89

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DECLÍNIO DE ATRIBUIÇÃO

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1. Trata-se de 5 representações recebidas através do Serviço de Atendimento
ao Cidadão, todas versando sobre vídeo que circula nas mídias sociais, no
qual o candidato a deputado estadual, Rodrigo Amorim (PSL), acompanhado
dos candidatos a deputado federal Daniel Silveira (PSL) e a governador,
Wilson Witzel (PSC), aparece em comício eleitoral, em data não identificada,
pronunciando as seguintes palavras:

“Esses canalhas do PSOL, PT, PC do B... eles vão ter dias muito
difíceis na ALERJ. Porque eu vou sentar um dedo nesses
vagabundos na ALERJ. (...) A Marielle foi assassinada. Mais de 60 mil
brasileiros morrem todos os anos. Esses vagabundos fizeram... eu vou
dar uma notícia para vocês... esses vagabundos eles foram à
Cinelândia e à revelia de todo mundo eles botaram uma placa
escrita Marielle Franco. Eu e Daniel fomos lá essa semana e
quebramos a placa. Jair Bolsonaro sofreu atentado contra a
democracia, e esses canalhas calaram a boca. Por isso que a gente

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vai varrer esses vagabundos [exibe a placa com o nome de


Marielle Franco quebrada]. Acabou PSOL, acabou PC do B, acabou
essa porra aqui [aponta para a placa quebrada], agora é Bolsonaro,

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porra!”.

2. Por tratar-se de ato de propaganda eleitoral, a matéria é regulada pelo Código


Eleitoral (Lei 4.737/65), pela Lei Complementar 64/90 e pela Resolução TSE

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23.551/2017.

3. Nos termos dos arts. 242 e 243 do Código Eleitoral:

Art. 242. A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade,


mencionará sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua
nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a
criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais,
emocionais ou passionais.

Art. 243. Não será tolerada propaganda:


(...)
III - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;
(...)
IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como
órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública.

4. Também nos termos dos arts. 326 e 327 do Código Eleitoral:

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Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de


propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua

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natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-
multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código
Penal.

Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e 326, aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
(...)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
divulgação da ofensa.

4. A propósito do assunto, leciona José Jairo Gomes, em sua conhecida obra


“Direito Eleitoral” (14a edição, pp. 535-537):

“O desvirtuamento da propaganda por partidos e candidatos


beneficiários caracteriza ilícito e pode e deve ser rechaçado pela
Justiça Eleitoral, seja ex offcio – no âmbito do exercício do poder

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de polícia (LE, art. 41, §§ 1o e 2o) - , seja mediante provocação do


interessado ou do Ministério Público – já no campo jurisdicional. A
atuação da Justiça tem o sentido de restabelecer a igualdade de

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oportunidades que deve sempre nortear essa matéria. Também tem o
propósito de preservar a veracidade e a seriedade das mensagens
veiculadas.
(...)

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Em diversos dispositivos, a Lei das Eleições impõe sanção à conduta
que violar as regras atinentes à propaganda. O sistema sancionatório
contempla várias espécies. Vejam-se, por exemplo, os artigos 36, § 3o
(multa), 37, § 1o (restauração do bem e multa), 39, § 8o (retirada do
outdoor e multa), 43, § 2o (multa), 53, § 1o (perda do direito à veiculação
de propaganda), 53, § 2o (impedimento de reapresentação de
propaganda), 55, parágrafo único (perda de tempo no horário eleitoral
gratuito), 56, caput (suspensão da programação normal da emissora).
Algumas vezes, a sanção limita-se à cessação da conduta (art. 39, §
3o), à adequação ou retirada da propaganda irregular. (...)
A depender da natureza e do volume, irregularidades na propaganda
eleitoral podem configurar abuso de poder econômico ou político,
rendendo ensejo à decretação de inelegibilidade, bem como à
cassação do registro de candidatura ou do diploma do candidato
eleito, conforme consta dos artigos 19 e 22, XIV, ambos da Lei
Complementar 64/90.”

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5. No registro do vídeo, objeto das representações, salta aos olhos o uso das
expressões: “eu vou sentar um dedo [i.e., “matar com uma arma”, “atirar em uma
pessoa”] nesses vagabundos [do PSOL, PT, PC do B]”, seguida da narrativa da

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ação na qual a placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle
Franco é retirada da Cinelândia, destruída e exibida para a multidão.

6. Por tratar-se de ato de propaganda eleitoral envolvendo candidatos a

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governador, deputado federal e deputado estadual, a atribuição para quaisquer
providências pertence ao Procurador Regional Eleitoral, por força do disposto nos
arts. 29, 30 do Código Eleitoral c.c. o art. 77 da Lei Complementar Federal 75/93.

7. Assim sendo, promovo o DECLÍNIO DE ATRIBUIÇÃO do presente


procedimento, à PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL DA 2a REGIÃO,
para as providências que o resp. PRE entender de direito. Encaminhe-se os
autos, com urgência, àquela PRE.

Rio de Janeiro, 09 de outubro de 2018.

RENATO FREITAS SOUZA MACHADO


Procurador Regional dos Direitos do Cidadão

ANA PADILHA LUCIANO DE OLIVEIRA


Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão

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SERGIO GARDENGHI SUIAMA

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Procurador Regional dos Direitos do Cidadão

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Assinatura/Certificação do documento PR-RJ-00102382/2018 DECLÍNIO DE ATRIBUIÇÃO

Signatário(a): SERGIO GARDENGHI SUIAMA


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Signatário(a): RENATO DE FREITAS SOUZA MACHADO


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Signatário(a): ANA PADILHA LUCIANO DE OLIVEIRA


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