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8º
Semestre
M. Okumura
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Direito Ambiental Agrário II
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Direito Ambiental Agrário II
DANO AMBIENTAL
Dano é toda lesão a um bem jurídico tutelado. Dano ambiental é a lesão aos recursos
ambientais, com consequente degradação do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida.
É preciso ressaltar que não se pode confundir: poluição, impacto e dano. Poluição
ambiental, como define o art. 3º, III, da Lei 6.938/811 é “a degradação da qualidade ambiental”.
Impacto ambiental é, conforme a Resolução n° 01/86 do CONAMA, qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a
qualidade dos recursos ambientais. O dano ambiental, não possui definição legal. Porém, a
doutrina entende que: “o dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão intolerável
causada por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente, diretamente, como
macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e indiretamente, a
terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem”.
Para Édis Milaré, dano ambiental é “a lesão aos recursos ambientais, com a consequente
degradação/alteração adversa ou in pejus do equilíbrio ecológico e da qualidade ambiental”.
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Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
[...]
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
[...]
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Direito Ambiental Agrário II
Ao afetar o meio ambiente recai sobre interesses pessoais, legitimando os lesados a uma
reparação pelo prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial sofrido. A tutela se dá pela
responsabilização civil objetiva. São casos típicos desse tipo de dano, problemas de saúde
pessoal por emissão de gases e partículas em suspensão ou ruídos, a infertilidade do solo de um
terreno privado por poluição do lençol freático, doença e morte de gado por envenenamento da
pastagem por resíduos tóxicos etc.
b) Dificuldade da valoração:
Nem sempre é possível calcular o dano ambiental, justamente em virtude de sua
irreparabilidade.
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“Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados
terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao
meio ambiente.” (Lei 6.938/81, art. 14, §1º). Para maior proteção ambiental adotou-se a Teoria
do Risco Integral, de acordo com esta teoria, todo aquele que causar dano ao meio ambiente ou
a terceiro será obrigado a recuperá-lo ou ressarci-lo.
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Responsabilidade do Estado
“Toda pessoa física ou jurídica é responsável pelos danos causados ao meio ambiente”
(Lei 6.938/81, art. 3º, IV).
O Estado deve ser responsabilizado solidariamente pelos danos causados por omissão
ou por ação. Ex.: falta de fiscalização, concessão de licenciamento irregular, realização de obras
ou atividades degradadoras, etc.
Poderá o Estado voltar-se contra o causador direto do dano por meio de ação regressiva.
Excludente de responsabilidade
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Direito Ambiental Agrário II
A Lei 7.347/85 disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados
ao meio ambiente.
Inquérito civil (Lei 7.347/85, art. 8º, §1º e CF, art. 129, III):
É um procedimento administrativo, não obrigatório, com a finalidade investigativa e
extraprocessual, sob a presidência do Ministério Público, destinado a colher o conjunto
probatório para a instrução da ação civil pública.
O inquérito civil possui 3 fases:
a) Instauração: através de portaria do MP, despacho lançado em requerimento ou representação
por qualquer pessoa, autoridade ou associação. Do despacho de instauração caberá recurso em
5 dias e do seu indeferimento em 10 dias ao Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).
b) Instrução: colheita de provas dos danos causados ao meio ambiente.
c) Conclusão: relatório final, com três possíveis desdobramentos (arquivamento, TAC, ação
civil pública).
- Arquivamento: esgotadas todas as diligências, caso o MP se convença da inexistência de
fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito
civil de forma fundamentada, que deverá ser remetido ao CSMP para a homologação no prazo
de 3 dias, sob pena de falta grave. Caso o CSMP deixe de homologar o arquivamento, será
designado outro órgão do MP para o ajuizamento da ação civil pública.
- TAC (Termo de Ajustamento de Conduta): trata-se de um instrumento administrativo,
utilizado pelos órgãos públicos, em especial o Ministério Público, para realizar acordos entre
este, e aquele que está causando ou na iminência de causar algum prejuízo contra o meio
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ambiente. Este termo de conduta será considerado um título executivo extrajudicial, de forma
que o agente causador do dano estará admitindo ter consciência da ofensa que está praticando
contra o meio ambiente, e se comprometendo a, num espaço de tempo preestabelecido no
próprio termo, deixar de causar dano ou recuperar o meio ambiente à sua forma original. Caso
o agente provocador do dano não venha a cumprir o que fora determinado no termo de
ajustamento, o órgão público responsável terá o dever de executar diretamente o ofensor, de
modo que não se faz mais necessário o reconhecimento do direito, pelo processo de
conhecimento, uma vez que o termo de ajustamento possui a característica de título executivo.
- Propositura da ação civil pública: havendo fundamento o MP ajuizará a ação civil pública,
iniciando-se a fase processual.
Fase processual
A Lei 7.347/85 disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados ao meio ambiente e outros (Lei 7.347/85, art. 1º).
a) Competência: o juízo competente para processar e julgar a ações previstas na referida Lei
será o do foro do local onde ocorrer o dano (Lei 7.347/85, art. 2º).
b) Finalidade: a ação civil poderá ter por finalidade a condenação pecuniária ou o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer (Lei 7.347/85, art. 3º).
c) Legitimidade: têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar o MP; a
Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia,
empresa pública, a fundação ou sociedade de economia mista e a associação, que
concomitantemente, esteja constituída a mais de 1 ano e inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, etc (Lei 7.347/85,
art. 5º).
d) Intervenção obrigatória do MP: caso o MP não seja parte no processo, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei (Lei 7.347/85, art. 5º, §1º).
e) Multa liminar: “A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em
julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.” (Lei 7.347/85, art. 12, §2º).
A ação civil pública é imprescritível e indispensável, pois o meio ambiente é um bem
difuso.
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Norma penal em branco: pelo caráter complexo e multidisciplinar das questões ambientais
utiliza-se normas penais em branco, que determinam integralmente somente a sanção, sendo
que o preceito, descrito de modo impreciso, necessita de outra norma legal para sua
complementação, ou seja, são normas que fixam a sanção penal, mas que descrevem o conteúdo
da matéria de proibição de maneira generalizada, remetendo de forma expressa ou tácita a
outros dispositivos de lei. As normas penais em branco são muito flexíveis, pois a matéria de
proibição modifica-se facilmente.
Sujeitos do crime
Sujeito ativo:
Qualquer pessoa física imputável e a pessoa jurídica. “As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos
em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” (Lei 9.605/98, art. 3º).
Sujeito passivo:
Será sempre a coletividade, pois o bem jurídico tutelado é de uso comum do povo (CF,
art. 225). O objeto material pode ser público ou privado.
Concurso de pessoas:
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Imputação simultânea. “Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente,
o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem,
deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.” (Lei 9.605/98, art. 2º). “A
responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou
partícipes do mesmo fato.” (Lei 9.605/98, art. 3º, § único).
Culpabilidade:
Será culpável toda e qualquer pessoa que concorra para a prática do crime, sem a
necessidade de participar dos atos executórios do crime, basta a prática de conduta que de
alguma forma tenha efeito na ação criminosa.
Sanções penais
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restritivas de direitos são autônomas, conforme se lê do dispositivo legal, e, dessa forma, não
podem ser aplicadas em conjunto com as privativas de liberdade. Com todo efeito, ou aplica a
pena privativa de liberdade, ou, se atendidos os requisitos da lei, aplica-se a restrita de direitos,
mas, em hipótese alguma, as duas em conjunto. Além disso, as penas restritivas de direito
possuem caráter educacional, daí a necessidade de serem adequadas ao crime praticado, porque
não tem sentido condenar em algo que não se refira ao meio ambiente, uma vez que a intenção
em educar o infrator. “Assim, segundo o sistema da nova lei, as penas alternativas passaram a
constituir a regra, ficando reservadas as penas privativas de liberdade para casos excepcionais.”
(Édis Milaré). Para a aplicação da pena, o juiz, em primeiro lugar, fixa a pena privativa de
liberdade, e, após, a substitui pela restritiva de direitos, que terá a mesma duração da substituída.
Sem dúvida é uma evolução do direito moderno, haja vista a busca incessante de se afastar as
penas restritivas de liberdade em função do colapso que vive o sistema prisional brasileiro, e
são elencadas de acordo dispõe o art. 8º do referido diploma legal: “I – prestação de serviços à
comunidade; II – interdição temporária de direitos; III – suspensão parcial ou total de
atividades; IV – prestação pecuniária; V – recolhimento domiciliar”. Das penas citadas, é mister
enfatizar que não se verifica uma sobreposição ou uma hierarquia entre elas, tendo o juiz
discricionariedade na aplicação das mesmas, no entanto verifica-se ao passo da atual conjuntura
econômica nacional, a maior aplicação da pena de prestação de serviços à comunidade e a pena
de prestação pecuniária, sendo que historicamente a primeira se deriva da segunda, ao passo
que era aplicada àquelas pessoas que não reuniam condições de solver com as pecuniárias.
A prestação de serviços à comunidade consiste em pena não institucional, ou seja, é
executada em liberdade, e sem qualquer vinculação com estabelecimento prisional. É também
pena alternativa, ou seja, é sanção de natureza criminal, porém diversa da prisão. Será sempre
cumprida em parques, jardins, e unidades de conservação, sendo que estas são espaços
territoriais e seus recursos ambientais, e águas, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, e com garantias especiais de proteção. (Lei 9.605/98, art.
9º).
A interdição temporária de direitos consiste na proibição do condenado contratar com o
Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de
participar de licitações. Terminado o cumprimento da pena, termina, também, a interdição
temporária a que o condenado é submetido. (Lei 9.605/98, art. 10).
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saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da
ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente; III - (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim
caracterizado pelo órgão competente”.
Nas disposições finas, tratou o legislador de explicitar a aplicabilidade do princípio da
subsidiariedade da lei penal comum, tendo então, perfeita aplicabilidade em se tratando de
crimes ambientais o art. 23 do Código Penal.
Por fim, há de se destacar o veto presidencial do inciso III, do art. 37, tal se verificou
com louvor, haja vista, previa o referido inciso uma possibilidade de legítima defesa contra o
ataque de animais ferozes, o que, porventura aceito vislumbraria no ordenamento jurídico
mundial como uma aberração, em razão da legítima defesa figurar-se possível somente contra
sujeitos de direitos e deveres, ou seja, pessoas.
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Para a aplicação da penalidade multa, utiliza-se a regra determinada pelo art. 18, da
citada Lei nº 9.605/98, que é aplicável para pessoas físicas e jurídicas indistintamente. Ou seja,
a mesma pena pecuniária é aplicada para todos, fato que tem ensejado muita discussão, uma
vez que a vantagem obtida através do crime ambiental pelas pessoas jurídicas é sempre muito
maior do que o obtido por uma pessoa física, e, dessa forma, a multa aplicada às primeiras
deveria ser sempre em maior valor.
As penas restritivas de direitos aplicadas às pessoas jurídicas são as seguintes: a)
suspensão parcial ou total de atividades, que ocorre quando não estão sendo obedecidas as
disposições legais ou regulamentares relativas à proteção do meio ambiente; b) interdição
temporária de estabelecimento, obra ou atividade, que ocorre no caso de funcionamento sem a
devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou
regulamentar, e; c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações, que não poderá exceder o prazo de 10 anos.
Em se tratando da suspensão das atividades, assim como se verifica no direito
administrativo, constitui-se um ato punitivo. Dada a gravidade do dano, verificar-se-á a
aplicação da suspensão parcial ou total, no entanto nota-se que a suspensão susta tão somente
a execução.
Em se tratando da interdição, explica o § 2º: “a interdição será aplicada quando o
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização ou em
desacordo com a concedida, ou com a violação de disposição legal ou regulamentar”. Nota-se
que este parágrafo traz de forma taxativa os casos onde caberá a aplicação da interdição.
Por fim, a proibição de contratar com o Poder Público é aplicada às pessoas jurídicas de
grande repercussão em suas áreas de atuação. No que se relaciona à pessoa física, tal restrição
foi fixada de 03 (nos casos de crimes culposos) a 05 anos (nos casos de crimes dolosos). No
caso da pessoa jurídica, previu o legislador o prazo máximo de 10 anos. Sabe-se que as penas
que vedam subsídios e adjacências repercutem em muito nas empresas, haja vista sua natureza
financeira.
A pena de prestação de serviços à comunidade consiste em um desenvolvimento por
parte da pessoa jurídica condenada de programas e projetos de cunho social, bem como o
desenvolvimento de recuperação de áreas degradas. Na impossibilidade de se verificar o
cumprimento destas, poderá ser aplicada a contribuição a entidades, sendo que pela ordem, tais
deverão ser: ambientais, culturais e públicas. As penas de prestação de serviços à comunidade
revelam-se as mais acertadas, dentre todas as cabíveis contra pessoas jurídicas, uma vez que
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Em se tratando da ação penal, tratou o legislador de ser objetivo, haja vista que dispôs
tal matéria em tão somente três artigos.
Do anteprojeto da referida lei, vetou-se o § único do art. 26, que previa a possibilidade
de que nos municípios onde não se verificasse a Justiça Federal, a competência seria da Justiça
Estadual, bem como do Ministério Público Estadual. Na motivação do veto anotou-se o fato de
que já em muitos tipos penais prevê-se a competência estadual.
Dispõe o art. 26: “nas infrações penais previstas nesta lei a ação penal é pública e
incondicionada”. Assim sendo, têm-se como exclusivamente competente para propor a ação o
Ministério Público, não cabendo de forma alguma a ação penal privada. Salienta-se ainda que
a referida ação independe de qualquer representação ou requisição. “Dentro dos princípios que
regem o Ministério Público, mais do que a obrigatoriedade (para alguns legalidade) funciona o
princípio da oportunidade, especialmente nos crimes ambientais, onde uma ação esperada em
lugar de uma precipitada pode propiciar a descoberta do grupo ou de seus responsáveis”.
Aplicação da Lei 9.099/95 com condições específicas (Lei 9.605/98, art. 28)
Poderão ocorrer crimes ambientais em que cuja competência seja do Juizado Especial
Criminal, uma vez em que o delito possua como pena máxima não superior a dois anos.
Em todo delito de competência do Juizado Especial Criminal há a primeira audiência
que é denominada de audiência preliminar. Nesta haverá a proposta pelo representante do
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Ministério Público para a transação penal, em que o autor do fato reconhece o delito, cumpre
uma pena não privativa de liberdade, e com isso fica livre da pena de reclusão ou detenção. Se
teve como mensurar o dano material, poderá fazer a transação penal, caso contrário o processo
prosseguirá com seu curso normalmente. A transação penal somente será concedida após a
comprovação da recomposição do dano ambiental, salvo nos casos de comprovada
impossibilidade de reparação. Essa transação será homologada pelo juiz e não importará na
caracterização de reincidência nem constará de anotações criminais, registrando-se a aplicação
da penalidade apenas com vistas a impedir que o autor do fato, no período de 5 anos, se veja
novamente alcançado pela medida benéfica.
Conforme o artigo 89, da Lei 9099/95, após a denúncia do promotor de justiça, poderá
ser proposta a suspensão condicional do processo, de dois a quatro anos, em que cuja a pena
mínima cominada não seja superior a um ano.
O artigo 28, da Lei 9605/98 aplica esta suspensão aos crimes de menor potencial
ofensivo, que encontra-se nesta Lei, visando:
a) A declaração da punibilidade prevista no artigo 89, §5º, da Lei 9099/95 somente poderá ser
realizada após a juntada do laudo da constatação de reparação de dano ambiental, salvo se
houver impossibilidade de fazê-lo.
b) Na hipótese do laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo
de suspensão do processo será prorrogado por até cinco anos, suspendendo-se a prescrição.
c) Finda a prorrogação, será feito um novo laudo de constatação, e, dependendo de seu resultado,
o período poderá ser novamente prorrogado por igual prazo e sem imposição das condutas
previstas no artigo 89, §1º, II, III e IV, da Lei 9099/95.
d) Esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção da punibilidade
dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências
necessárias à reparação integral do dano.
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Reincidência
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Será reincidente o infrator que cometer nova infração ambiental, no prazo de 5 anos a
contar da lavratura do auto de infração ambiental anterior, confirmada em julgamento. A
reincidência implicará ao infrator a aplicação da multa em triplo, em se tratando de mesma
infração, ou, a aplicação da multa em dobro, caso se tratar de infração diversa (Decreto nº
6.514/08, art. 11).
Sanções administrativas
Medidas administrativas
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Praticada uma infração administrativa há um rol de sanções que devem ser imputadas
àquele que por ação ou omissão que violou as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção
e recuperação do meio ambiente. Contudo, quando constatado o cometimento dessa infração
ambiental poder-se-á aplicar uma medida administrativa desde que se faça necessário prevenir
a ocorrência de novas infrações, resguardar a recuperação ambiental e garantir o resultado
prático do processo administrativo.
A sanção administrativa tem natureza de punição pela violação das regras jurídicas de
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente e tem uma função
eminentemente repressiva e pedagógica, sendo aplicada pelo Estado para que o poluidor e a
sociedade saibam que não é admissível a prática de ilícitos ambientais. A sanção administrativa
só poderá ser aplicada depois da decisão definitiva.
Já a medida administrativa tem uma natureza acautelatória e se dá em função do poder
que a Administração Pública tem de limitar o direito, interesse ou liberdade dos indivíduos em
benefício do interesse público. Será aplicada no ato do auto de infração ambiental de maneira
excepcional, antes da decisão definitiva.
As sanções administrativas não se confundem com as medidas administrativas, pois
possuem natureza e objetivos distintos. As sanções encontram-se previstas no art. 3º do Decreto
6.514/08 e as medidas administrativas encontram-se previstas no art. 101 do mesmo dispositivo
legal. As medidas administrativas estão revestidas do atributo de autoexecutoriedade, surtindo
efeito com a mera aplicação pelo agente autuante ou, incidentalmente, pela autoridade julgadora.
A sanção, por outro lado, somente se consubstancia com decisão da autoridade julgadora e serve
para reprimir e educar o infrator.
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Procedimento administrativo
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autuado para apresentar alegações finais no prazo de 10 dias. Salvo se houver indicativo de
agravamento da situação do autuado, dispensa-se a intimação pessoal e recorre-se à publicação
de intimação na sede administrativa do local onde tramita o processo e no sítio eletrônico do
órgão responsável pela autuação na rede mundial de computadores.
Após transcurso do prazo para apresentação de alegações finais, o auto de infração deve
ser levado a julgamento, oportunidade em que deverá ser confirmada a autoria, a materialidade
e as sanções cominadas. Quanto a estas, é dado à autoridade julgadora proceder a sua majoração,
minoração, substituição, acréscimo ou cancelamento. A decisão administrativa deverá ser
motivada, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia.
É por ocasião do julgamento que preclui a possibilidade de se aplicar o agravamento de
que trata o art. 11 do Decreto (reincidência). A decisão da autoridade administrativa deverá
abordar, ainda, as medidas acautelatórias que porventura tenham sido aplicadas. Também é na
decisão do julgamento que a autoridade ambiental deverá se manifestar acerca do pleito de
conversão de multa.
O autuado deverá ser notificado da decisão de julgamento do auto de infração, a partir
de quando passa a transcorrer o prazo de 20 dias para interposição de recurso. O recurso deverá
ser dirigido à autoridade julgadora que, se não reconsiderar sua decisão, encaminhará as razões
recursais à autoridade superior. O recurso, salvo decisão expressa das autoridades
administrativas, não tem efeito suspensivo, ressalvados os atos de cobrança da sanção
pecuniária. A autoridade superior responsável pelo julgamento do recurso poderá confirmar,
modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida.
Introdução
Conceito
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Objetivo
É regular os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins da
execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
Atividade agrária
a) Autonomia legislativa:
Que se deu com a EC nº 10/64, que acrescentou na Constituição Federal de 1946 a
competência da União para legislar sobre Direito Agrário. Atualmente prevista no art. 22, I, da
Constituição Federal.
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b) Autonomia científica:
Possui normas e princípios próprios.
c) Autonomia didática:
Desde 1972 o Ministério da Educação inseriu o Direito Agrário como objeto de ensino
nas faculdades de Direito.
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“Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os
fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.” (Lei 4.504/64, art. 1º).
“É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada
pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.” (Lei 4.504/64, art. 2º, caput).
“A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,
simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela
labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c)
assegura a conservação dos recursos naturais; d) observa as disposições legais que regulam as
justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.” (Lei 4.504/64, art. 2º, §1º).
“É dever do Poder Público: a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador
rural à propriedade da terra economicamente útil, de preferência nas regiões onde habita, ou,
quando as circunstâncias regionais, o aconselhem em zonas previamente ajustadas na forma do
disposto na regulamentação desta Lei; b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua
função social, estimulando planos para a sua racional utilização, promovendo a justa
remuneração e o acesso do trabalhador aos benefícios do aumento da produtividade e ao bem-
estar coletivo.” (Lei 4.504/64, art. 2º, §2º).
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Reforma Agrária
Política Agrícola
Imóvel rural: é “o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se
destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos
públicos de valorização, quer através de iniciativa privada” (Lei 4.504/64, art. 4º, I), assim, o
que define um imóvel como rural é a atividade desenvolvida, independentemente de sua
localização.
Propriedade familiar: é “o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e
sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros” (Lei 4.504/64, art. 4º, II), ou seja, é o imóvel
rural trabalhado pelo proprietário e sua família, e, eventualmente, com ajuda de terceiros; com
área máxima fixada para cada região, que corresponda a um módulo rural.
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Módulo rural: é “a área fixada nos termos do inciso anterior” (Lei 4.504/64, art. 4º, III),
corresponde à área de propriedade familiar, ou seja, é a medida ideal para reforma agrária,
fixada pelo INCRA em cada região.
Latifúndio: extensão maior que 600 módulos rurais, caracterizada pela improdutividade,
produtividade deficiente ou exploração inadequada. Nos termos do art. 4º, V, da Lei 4.504/64:
“a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b (600 módulos rurais),
desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que
se destine; b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior
à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às
possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente
ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural”.
São instrumentos que visam combater os latifúndios: a) desapropriação; b) tributação. “Não se
considera latifúndio: a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características
recomendem, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente
realizada, mediante planejamento adequado; b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular,
cujo objeto de preservação florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para
fins de tombamento, pelo órgão competente da administração pública.” (Lei 4.504/64, art. 4º,
Parágrafo único).
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de uma área rural, destinado à exploração de atividades agrárias com finalidade de lucro,
devendo a pessoa física ter registro no INCRA e a pessoa jurídica, além do registro no INCRA,
deve manter arquivo dos atos constitutivos no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica.
Parceleiro: “é aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma
Agrária ou à colonização pública ou privada” (Lei 4.504/64, art. 4º, VII).
CONTRATOS AGRÁRIOS
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sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária, agroindustrial e extrativa, nos
termos desta Lei.” (Lei 4.504/64, art. 92, caput).
Partes contratantes:
No arrendamento o proprietário da terra denomina-se arrendador e aquele que
desenvolve a atividade é o arrendatário; e na parceria, respectivamente, parceiro outorgante e
parceiro outorgado.
Objetivo:
No arrendamento o arrendador sede o uso e o gozo do imóvel ao arrendatário, mediante
recebimento de valor preestabelecido e na parceria o parceiro outorgante cede apenas o uso
específico do imóvel mediante partilha dos resultados.
Vantagens e riscos:
No arrendamento as vantagens e riscos são do arrendatário, ficando o arrendador com o
direito de receber o valor contratado independentemente da frustração do empreendimento, já
na parceria os riscos e as vantagens são de ambos, já que os resultados serão partilhados,
portanto, na parceria o valor a ser pago não será preestabelecido, já que podem ser lucros ou
prejuízos.
Arrendamento
Espécies de arrendamento:
Agrícola, pecuária, agroindustrial (beneficiamento), de extração e misto (mais de uma
modalidade de exploração).
Prazos do arrendamento:
Presume-se o prazo mínimo do arrendamento pecuário e do arrendamento agrícola de 3
anos (Lei 4.504/64, art. 95, II), caso o prazo for superior a 10 anos é necessário a concordância
do cônjuge do proprietário do imóvel.
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Direito Ambiental Agrário II
Subarrendamento:
É o contrato pelo qual o arrendatário transfere a outrem, no todo ou em parte, os direitos
e obrigações do seu contrato de arrendamento, caso em que se exige o expresso consentimento
do proprietário (Lei 4.504/64, art. 95, VI).
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