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Revista Portuguesa de Psicossomática

ISSN: 0874-4696
revista@sppsicossomatica.org
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Portugal

Estevinho, Maria Fernanda; Soares-Fortunato, JM


Dopamina E Receptores
Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 5, núm. 1, junho, 2003, pp. 21-31
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Porto, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28750103

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DOPAMINA E RECEPTORES 21

DOPAMINA E RECEPTORES
Maria Fernanda Estevinho*, J. Soares Fortunato**

RESUMO 1. INTRODUÇÃO
A dopamina é um importante neuro-
transmissor envolvido no controle da motili- A dopamina (DA) foi reconhecida como um
dade, nos mecanismos de recompensa, nas neurotransmissor propriamente dito na década
emoções e ainda em funções cognitivas e endó- de 50 quando a sua distribuição não uniforme
crinas. no sistema nervoso foi relacionada com a sua
A dopamina, a noradrenalina e a adre- especificidade funcional (1).
nalina são passos sucessivos da cascata O estudo da dopamina intensificou-se com
biossintética que se inicia com a tirosina. a descoberta do importante papel que esta subs-
Níveis elevados de dopamina são obser- tância desempenha na patogénese e tratamento
vados em neurónios do mesencéfalo, substân- de doenças cerebrais tais como a esquizofrenia e
cia negra e tegmento ventral. Alguns axónios a doença de Parkinson(2).
seguem para o estriado e desempenham um Os estudos anatómicos, electrofisiológicos e
papel importante na modulação da motilida- farmacológicos realizados por Cools e Van
de. Rossum sugeriram que existia mais de um tipo
Sob o ponto de vista molecular e farmaco- de receptor para a dopamina. Em 1970, estudos
lógico existem duas famílias de receptores da bioquímicos baseados em ensaios com segundos
dopamina. Os receptores D1 e D5 pertencem à mensageiros, por exemplo, estimulação da pro-
superfamília dos receptores tipo D1 (D1-like) dução de AMPc, e com ligandos, demonstraram
associada à estimulação da adenilciclase. Os a existência de mais do que um tipo de receptor
receptores D2 (D2s e D2l), D3 e D4 pertencem à de dopamina. Em 1979, Kebabian e Calne apro-
superfamília dos receptores tipo D2 (D2-like) e veitando algumas ideias de Spano, propuseram
interferem com os canais de Ca2+ e K+. a existência de duas classes de receptores distin-
Estes subtipos de receptores estão presen- tos bioquímica, farmacológica e fisiologicamen-
tes no sistema nervoso e supra-renais, e no te: D1 e D2. Na década de 80 a aplicação de técni-
tracto digestivo. cas de clonagem de genes revelou a existência
Pertubações do sistema dopaminérgico es- de pelo menos 5 receptores de dopamina dife-
tão associados à doença de Parkinson, rentes que podem ser divididos em duas famíli-
esquizofrenia, dependência de substâncias e as com propriedades bioquímicas e farmacológi-
alterações cognitivas. cas semelhantes aos receptores D1 e D2 inicial-
Conhecimentos sobre a base molecular mente descobertos (1).
destas doenças irão melhorar o seu controle. Pode haver mais subtipos de receptores ain-
Palavras-chave: Dopamina; Receptores da não descobertos, por exemplo, outros recep-
D1, D5 e D2, D3, D4. tores tipo D1 foram clonados em Xenopus, gali-
nhas e drosophilas (3).

2. DOPAMINA

A dopamina é um importante neurotrans-


missor envolvido no controlo motor, funções
* Aluna da FMP. endócrinas, cognição, compensação e emotivi-
** Regente de Fisiologia FMP. dade (1). Esta amina biogénica desempenha a par

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do glutamato um importante papel na memó- na são catecolaminas e partilham a mesma via


ria e na cognição (4). biossintética, ilustrada na Fig. 1, que começa
Além do seu papel como neurotransmissor com o aminoácido tirosina. A tirosina é conver-
no SNC, a dopamina actua como um transmis- tida em L-dopa pela enzima tirosina hidroxilase.
sor inibidor no corpo carotídeo e nos gânglios A L-dopa, por sua vez, é convertida em dopa-
simpáticos. Parece também actuar num sistema mina por uma descarboxílase específica. É nesta
dopaminérgico periférico distinto. etapa que termina a via nos neurónios dopami-
A dopamina induz várias respostas não atri- nérgicos. Nos adrenérgicos a via continua e a
buíveis à estimulação de receptores adrenérgi- dopamina é convertida em noradrenalina pela
cos clássicos: suprime a libertação de aldostero- dopamina β-hidroxílase. A noradrenalina é o
na; estimula directamente a excreção renal de transmissor primário para os neurónios pós-
sódio; suprime a libertação de noradrenalina nas ganglionares simpáticos. Nas células cromafins
terminações simpáticas por um mecanismo pré- da medula supra-renal a via continua, é adicio-
sináptico inibidor; relaxa o esfíncter esofágico nado um radical metilo à noradrenalina para
inferior, retarda o esvaziamento gástrico; pro- produzir a hormona adrenalina (4).
voca dilatação da circulação arterial renal e me-
sentérica (5). Regula a actividade dos interneu-
rónios colinérgicos do estriado e a libertação de
acetilcolina. Participa na regulação da hemodi-
nâmica e transporte de electrólitos, assim como
na secreção de renina (6).
Em relação ao SNC a dopamina está presen-
te em 4 vias principais:
1. do mesencéfalo (mais propriamente da
substância negra) para as zonas motoras
involuntárias dos núcleos da base (núcleo
estriado); a deterioração das células desta
zona origina a doença de Parkinson;
2. do mesencéfalo para os lobos frontais; estas
vias parecem estar relacionadas com a aten-
ção e orientação e podem estar envolvidas
na viciação em drogas e na hiperactividade
que conduz ao défice de atenção;
3. do mesencéfalo para o sistema límbico (con-
trolo das respostas emocionais); estas áreas
parecem estar relacionadas com os centros
de reforço e estimulação e podem justificar
a dependência das drogas que aumentam a
função dopaminérgica; também inclui áreas
que aparentam estar hiperactivas na
esquizofrenia, o que explica que no trata-
mento desta patologia se recorra a fármacos
que bloqueiam o efeito da dopamina;
4. via curta relacionada com a libertação das
hormonas da hipófise (5).

2.1. Biossíntese da Dopamina

A dopamina, a noradrenalina e a adrenali- Fig. 1 - Síntese das catecolaminas.

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2.2. Armazenamento e libertação estão expressos no cérebro e nas estruturas


extracerebrais, por exemplo coração, veias, cor-
A dopamina é armazenada nas vesículas si- po carotídeo, glândula supra-renal, glândula
nápticas. A entrada da dopamina está depen- paratiroíde e tracto gastrointestinal (2). Os recep-
dente do gradiente de pH estabelecido por uma tores da dopamina estão associados a proteínas
proteína presente na membrana da vesícula, G e podem ser classificados em 2 grandes famíli-
que bombeia protões para dentro da vesícula as com base em características bioquímicas, far-
mediante um processo activo dependente do macológicas e moleculares.
ATP. A superfamília dos receptores semelhantes
A libertação de dopamina envolve exocito- a D1 (receptores D1-like) inclui os receptores D1
se. A despolarização da membrana abre os ca- e D5, também conhecidos nos roedores como
nais de cálcio voltagem-dependentes, permitin- locais D1a e D1b. Estes receptores estão ligados à
do um influxo de cálcio. Esse cálcio desempe- estimulação da adenilcíclase (6). A superfamília
nha um papel inicial na exocitose que liberta a dos receptores semelhantes ao D2 inclui os re-
dopamina para o espaço sináptico (7). ceptores D2, D3 e D4. Estes receptores ou estão
ligados à inibição da adenilcíclase ou não estão
relacionados com a referida enzima. Eles tam-
2.3. Metabolismo bém interferem na abertura de canais de cálcio
e de potássio(6).
Uma vez no espaço sináptico a dopamina Os receptores dopaminérgicos não se relaci-
difunde-se e é rapidamente captada pelos recep- onam unicamente com a estimulação ou inibi-
tores da membrana pós-sináptica. A dopamina ção da adenilcíclase, pela acção das proteínas
pode também ser recaptada pelo neurónio pré- G(s) alfa ou G(i)alfa respectivamente (Fig. 2).
sináptico e reincorporada em vesículas por Estudos recentes, utilizando células em cultura,
transportadores de alta afinidade. Pode também demonstraram que múltiplas e várias cascatas
ser degradada quer na fenda sináptica quer no são activadas pelos diferentes subtipos de recep-
terminal pré-sináptico(7). As catecolaminas são tores dopaminérgicos (2).
rapidamente metabolizadas pela catecol-O- A multiplicidade de respostas de sinalização
metiltransferase (COMT) e pela monoaminoxi- está relacionada com o acoplamento de proteí-
dase (MAO), convertidas à forma O-metilada e nas G a cada receptor, e cada receptor pode
desaminadas, respectivamente.
O ácido homovanílico (AVH) é o produto fi-
nal do metabolismo da dopamina.

3. RECEPTORES DA DOPAMINA

Os receptores dopaminérgicos específicos,


distintos dos alfa e beta-adrenérgicos clássicos,
são encontrados nos sistemas nervosos central e
periférico e em diversos tecidos não neuronais.
Existem 5 tipos de receptores D1, D2 (D2a e D2b),
D3, D4 e D5(6).
Ao passo que os receptores D1 e D2, abun-
dantemente expressos, foram detectados por Fig. 2 - Esquema representativo do receptor de dopa-
métodos bioquímicos e farmacológicos, os me- mina acoplado à proteína G: os membros da família
nos abundantes D3, D4 e D5 só recentemente fo- de receptores dependentes das proteínas G têm 7 α-
ram detectados (1). hélices transmembranares, cada uma com 22 a 28
Os subtipos de receptores dopaminérgicos aminoácidos predominantemente hidrofóbicos.

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interagir com mais de um tipo de proteína G. lação). A sua activação pela fixação de ligando
Um tipo de receptor pode ligar-se a diferentes estimulante, como a dopamina aos receptores
proteínas G da mesma família ou a proteínas G tipo D1, faz com que a subunidade α se prenda
pertencentes a famílias diferentes. As interac- ao GTP e de seguida liberte βγ. αs interage com
ções entre proteínas G e receptores geram efei- a adenilcíclase activando-a.
tos fisiológicos que ora aumentam ora diminu- Já no caso dos receptores D2, a dopamina irá
em a resposta inicial do receptor e estimulam activar a proteína Gi, que tem subunidades αi
vias aparentemente distintas. (i- inibitória) e podem ser inactivadas pela toxi-
No SNC, a coexpressão de tipos diferentes na da tosse convulsa (PTX). A subunidade αi
de receptores em células heterogéneas ainda activada dissocia-se do dímero βγ, liga-se à
torna mais complexo o processo de sinalização, adenilcíclase inibindo-a. Além disso os dímeros
e pequenas alterações no estado do receptor/ βγ podem fixar-se a subunidades αs livres, dimi-
proteína G associada, durante o desenvolvimen- nuindo a estimulação da adenilcíclase pelo blo-
to ou já em adultos pode resultar em alterações queio da acção de ligandos estimulantes (4).
da sinalização presente em doenças tais como Os receptores da família D2 (D2s e D2l, D3s, D3l
esquizofrenia, doença de Parkinson e a e D4) ligam-se também à proteína G-Gz insensí-
hiperactividade que leva ao défice de atenção (2). vel ao PTX para produzir a inibição da activida-
de da adenilcíclase. Verificaram que os recepto-
res D2s e D2l podem ligar-se com igual afinidade
3.1. Mecanismos de transdução do si- aos receptores Gi e Gz. O receptor D4 liga-se pre-
nal ferencialmente a Gz (responsável por 60% da
inibição da acumulação de Adenosina Mono-
Quando a Dopamina (ou outra molécula re- fosfática Cíclica (AMPc) (8). As isoformas D3s e
guladora ou uma hormona) se liga ao seu re- D3l ligam-se pouco à proteína Gz. Esta ligação é
ceptor, o receptor interage com a proteína G e responsável pela inibição da acumulação de
transforma a subunidade α na forma activa au- AMPc, de 15 a 30% da actividade de D3s e D3l,
mentando a sua afinidade ao GTP e diminuin- respectivamente. Verificaram ainda que os re-
do-a ao par βγ. A subunidade α activada liberta ceptores D3 também ligam-se a proteínas Gs (9,10).
GDP, fixa GTP e em seguida dissocia-se de βγ. O PTX actua desacoplando as proteínas Gαi/
Na maioria das proteínas G, a subunidade o pela ADR-ribosilação dessas subunidades num
dissociada α interage com a proteína seguinte carboxilo do domínio terminal do resíduo de
da via de transdução do sinal. Contudo, nalguns cisteína (Cys). Por mutação este resíduo Cys
casos, o dímero βγ parece ser responsável pelas mantido em Gαi1, Gαi2, Gαi3 e Gαo é substitu-
respostas mediadas pelos receptores, em parte ído por um resíduo de serina (ser) resistente à
ou na totalidade. ribosilação gerando uma série de proteínas Gαi/
A proteína G activada interage com um ou o mutantes insensiveís ao PTX (G-PTX). Como
mais dos seguintes: a mutação de Cys para Ser conserva a estrutura,
a) adenilcíclase; a proteína G mutante mantém-se funcional
b) canais de Ca2+ ; após o pré-tratamento com PTX.
c) ácido araquidónico;
d) canais de K+; b) Canais de Ca2+
e) trocador de Na+/H+; Os receptores tipo D1 modulam os níveis in-
f) ATPase Na+/K+; tracelulares de cálcio (Ca++) por uma grande va-
g) vias de transdução envolvidas na mitogé- riedade de mecanismos. Alguns resultados indi-
nese. cam que estes receptores activam indirectamen-
te a proteínocínase C (PKC) via fosfolípase C
a) Adenilcíclase (PLC) (9).
A proteína Gs é uma proteína G heterotri- Há também receptores, por exemplo, D2s de
mérica com subunidades do tipo αs (s-estimu- células de linhagem mesenquimatosa que acti-

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vam as proteínas G, chamadas proteínas Gq e classe particular de canais de K+ para aumentar


actuam sobre a fosfolípase C (8). Esta, cliva o a probabilidade de abertura(1). Isto contribui
fosfatidilinositol-4,5-bifosfato em inositol-1,4,5- para a hiperpolarização celular que por sua vez
trifosfato (IP3) e em diacilglicerol. O IP3 fixa-se a inibe a libertação de DA pelos autorreceptores
canais específicos de Ca2+ ligandodependentes, do cérebro e aumenta secreção de prolactina
no retículo endoplasmático (RE), libertando pela hipófise(9).
dessa forma Ca2+ e elevando a sua concentração
citosólica. e) Trocador de Na+/H+
Por outo lado, o receptor D1 parece estimu- Os receptores da dopamina parecem afectar
lar a libertação de cálcio por um mecanismo di- a actividade do trocador de Na+/H+ sensível ao
ferente do turnover de fosfatidilinositol. amiloride, responsável pela regulação do pH e
O aumento intracelular de cálcio, em célu- volume celular. Este trocador é também de
las 293, é minimizado por outros mecanismos grande importância na absorção de sódio em
de aumento dos níveis de AMPc, mediados pela muitos epitélios. A actividade deste trocador é
activação da proteínocínase A (PKA). Os recep- regulada por múltiplos mecanismos, incluindo:
tores D1 reduzem estas correntes de Ca2+ pela dependentes da fosforilação; independentes; e
estimulação de uma fosfatase, pela PKA, que regulados directamente pela subunidade G i-3α.
desfosforila os canais conduzindo à sua inacti- No tecido renal, os agonistas dos receptores
vação (9). D1 causam inibição da actividade do trocador
Na+/H+ por mecanismos quer dependentes quer
c) Ácido araquidónico independentes do AMPc.
Os receptores D2 potenciam a libertação de áci- Por sua vez, o receptor D2 activa este troca-
do araquidónico (AA) estimulado pelo cálcio. dor, em células da hipófise anterior e no tecido
O diacilglicerol, juntamente com o Ca2+ ac- renal. Aí, o aumento da acidificação extracelular
tiva outra classe importante de proteinocínases, não é bloqueada pela PTX, o que sugere que a via
a proteinocínase C (PKC). envolvida não está associada à proteína Giα.
Esta desempenha um papel vital na regulação Em células CHO, os receptores D2, D3 e D4,
dos processos celulares. Também converte as célu- aumentam a taxa de acidificação por um meca-
las normais, de crescimento controlado, em células nismo sensível à PTX (9).
transformadas que crescem descontroladamente(4).
A PKC é necessária para a potenciação da liberta- f) ATPase Na+-K+
ção de ácido araquidónico (1). A maioria dos estudos sugere que os efeitos da
A activação mais duradoura desta enzima dopamina na bomba de sódio-potássio são media-
pode ser causada pela fosfolípase D, esta última dos pelo receptor D1. Outros referem que tanto a
activada por receptores D2 (10). A fosfolípase D activação dos receptores D1 como D2 são essenciais.
activada cliva a fosfatidilcolina para produzir áci- No túbulo proximal renal, a activação dos
do fosfatídico e colina. O ácido fosfatídico conti- receptores D1-like causa inibição da ATPase Na+-
nua a ser degradado até diacilglicerol, que parti- K+, ao passo que a estimulação dos receptores
cipa na esti-mulação a longo prazo da PKC (4). D2 não têm qualquer efeito. No rim, a activação
da ATPase Na+-K+ parece resultar de reacções
d) Canais de K+ em cadeia que envolvem a PKA e a PKC ou pa-
Pouco é sabido sobre a influência dos recep- rece resultar de reacções em cadeia que envol-
tores tipo D1 sobre estes canais. Pelo contrário, o vem tanto a PKA como a PKC.
papel dos receptores tipo D2 foi amplamente es-
tudado (9) . g) Vias de transdução envolvidas na
Os receptores tipo D2 aumentam a saída de mitogénese
potássio da célula. Ocorre activação de uma pro- As proteínas semelhantes à Rhas (rhas-like)
teína Gi, a subunidade αi dissocia-se do dímero são exemplos de proteínas fixadoras de GTP
βγ. Este último interage directamente com uma monoméricas com efeitos no controle do cresci-

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mento e da diferenciação. Foi recentemente de- SNC tais como núcleo caudado, putamen, nú-
monstrado que os efeitos mitogénicos do recep- cleo accumbens, tubérculo olfactivo e córtex ce-
tor D2 estão relacionados com uma via que en- rebral. Também estão presentes no sistema car-
volve as proteínas Go/Gi e Rhas/MEK (1). diovascular (3).
Entre os processos que são regulados pelas Os receptores D1 são acoplados à Gs. A ocu-
vias com participação das proteínas G monomé- pação do receptor D1 está portanto associado à
ricas incluem-se: os alongamentos de cadeias estimulação da adenilcíclase e resulta em au-
peptídicas; síntese proteica; proliferação e dife- mento do AMPc que por sua vez activa a PKA e
renciação celular; transformação neoplásica de outras proteinocinases dependentes do AMPc.
células; controle da actina do citosqueleto e da A fosforilação da proteína resultante altera a ac-
matriz extracelular; transporte de vesículas en- tividade de enzimas e a função de outras proteí-
tre diferentes organelos; e secreção exócrina. As nas, culminando com uma resposta celular que
proteínas semelhantes à Rhas participam em depende do tecido que está a ser estimulado (2).
vias de transdução de sinais que ligam os recep-
tores da tirosina cínase para factores de cresci- Receptor D5
mento e seus efeitos intracelulares. O receptor D5 apresenta propriedades farma-
cológicas semelhantes às do receptor D1 apesar de
ter 10 vezes mais afinidade para a dopamina.
RECEPTORES TIPO D1 Tal como o receptor D1, o receptor D5 estimula
a actividade da adenilcíclase via proteína Gs.
Ambos os receptores tipo D1 (D1 e D5) têm Por hibridização in situ e northern blot verificou-
características farmacológicas semelhantes aos se que este receptor é específico dos neurónios; não
primeiros receptores definidos como D1, isto é: foi detectado RNAm no rim, fígado, baço, coração
elevada afinidade para os ligandos SCH 23390 e ou glândulas paratiroídes. Ao contrário dos recep-
SKF 83566 da benzazepina, antagonistas selec- tores D1 presentes em níveis elevados nos núcleos
tivos destes subtipos. E elevada afinidade para da base, os receptores D5 são bastante raros. Estão
tioxantenos e fenotiazinas, antagonistas com localizados em regiões do córtex frontal, estriado,
elevada afinidade para todos os tipos de recep- hipocampo e hipotálamo.
tores de dopamina. Apresentam moderada afi- O receptor D5 parece estar associado à ma-
nidade para agonistas típicos dos receptores de nutenção do tónus dopaminérgico e aos com-
dopamina, por exemplo a apomorfina, e para portamentos do despertar. Poderá contribuir
agonistas selectivos tais como SKF 38393, SKF para a manutenção ou expressão de doenças
82526 e driidrexidina. neuropsiquiátricas (11).
Há algumas diferenças no que diz respeito à
afinidade de alguns compostos para os recepto- Receptores D2-like
res D1 e D5, mas ainda não se conhecem verda- Os receptores tipo D2 (D2, D3 e D4) apresen-
deiros compostos selectivos. tam propriedades farmacológicas similares às do
Os receptores tipo D1 apresentam uma 3ª receptor D2 primeiramente definido, ou seja,
ansa intracelular curta e longos terminais car- apresentam elevada afinidade para butirofeno-
boxilo o que os distingue dos receptores tipo D2 nas (antagonistas específicos) e para fenotiazi-
com 3 ansas intracelulares longas e terminais nas e tioxantenos. O quinpirole e o N-0437 são
carboxilo curtos. agonistas selectivos para estes receptores. A
Os receptores tipo D1 medeiam: a vasodila- Raclopride apresenta elevada afinidade para os
tação renal, mesentérica, coronária e influenci- receptores D2 e D3 e baixa para os receptores D4.
am a função cardiovascular, a cognitiva e a fun- Por sua vez a Clozapina tem grande afinidade
ção motora a nível do SNC (5). para o receptor D4. Os antagonistas L-741,626,
PD 58491 e L-745 são selectivos para os recep-
Receptor D1 tores D2 (~40 vezes), D3 (~100 vezes) e D4
Os receptores D1 predominam em regiões do (~4000 vezes) respectivamente (5).

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A maioria dos antagonistas tem maior afini- A dopamina em concentrações fisiológicas


dade para o receptor D2, quando comparado provoca uma inibição do receptor D2b mediada
com os receptores D3 e D4. Os receptores tipo D2 pelo péptideo relacionado com o ao gene da
manifestam moderada afinidade para os agonis- calcitoi-na, o que estimula a acumulação de
tas típicos da dopamina, com os receptores D3 a AMPc que é quase o dobro da gerada pela inibi-
apresentaram maior afinidade que todos os ou- ção do receptor D2a. Além disso o subtipo D2b
tros subtipos de receptores. pode atenuar a acumulação de AMPc até um
Como já foi referido, os receptores tipo D2 nível máximo de 85% ao passo que o subtipo
possuem uma 3ª ansa intracelular longa e uma D2a só alcança os 64%. Assim, os subtipos D2a e
terminação carboxilo curta. D2b constituem formas funcionalmente distin-
Estes receptores inibem a transmissão nos tas do receptor dopaminérgico que podem asso-
gânglios simpáticos, a libertação de noradrena- ciar-se a várias vias de sinalização intracelular(11).
lina pelas terminações nervosas simpáticas por Nas células GHAC1 da hipófise os recepto-
um efeito na membrana pré-sináptica, inibem a res D2 inibem fortemente a adenilcíclase e a es-
libertação de prolactina na hipófise e causam o timulação da libertação de prolactina e a activi-
vómito. Afectam a função cardiovascular, a fun- dade dos promotores de prolactina (1).
ção motora e o comportamento (5). Foi recentemente demonstrado que os efei-
Partilham com os receptores D1 a localiza- tos mitogénicos do receptor D2 ocorrem através
ção no núcleo caudado, putamen, núcleo de uma via que envolve as proteínas Go/Gi e
accumbens, tubérculo olfactivo, córtex cerebral Ras/MEK (MAPK/ERK cinase). Outros estudos
anterior, hipófise e sistema cardiovascular. indicam que o receptor D2 podem activar a
Os receptores tipo D2 ou estão ligados à ini- MAPK (mitogen-actived protein cinase) por
bição da adenilcíclase e consequentemente que- uma via dependente da proteína G (1).
da do AMPc ou não estão relacionados com a
referida enzima. Potenciam a libertação de áci- Receptor D3
do araquidónico, abrem canais de K+, e inibem Os receptores D3 podem existir em duas iso-
os canais de cálcio em alguns tecidos (1). formas D3s e D3l, conforme o mecanismo de
splicing. Localizam-se no núcleo accumbens, tu-
Receptor D2 bérculo olfactivo, ilhas de Calleja e menos no
As isoformas do receptor D2 sinalizam para córtex cerebral (poucos). Estes podem desem-
uma variedade de efectores quer no sistema ner- penhar um papel importante na mediação dos
voso central (SNC) quer no periférico. No SNC, efeitos dos agonistas DA e estes receptores têm
os receptores D2 estão presentes no caudado, uma localização pré-sináptica (12).
putamen, núcleo accumbens, tubérculo olfacti- Os receptores D3 presumivelmente activam
vo e menor no córtex cerebral (pouco). as proteínas Gi/Go, tal como os receptores aná-
Existem 2 isoformas do receptor D2: o D2s logos D2, mas o mecanismo de sinalização ainda
(curto) ou D2a e o D2l (longo) ou D2b, que apre- não está bem estabelecido em virtude dos fracos
senta uma inserção de 29 aminoácidos no ter- sinais funcionais (13).
ceiro loop intracelular. Nas células do lobo ante-
rior da hipófise ambas as formas de receptor D2 Receptor D4
estão presentes nas células lactotropas. Os receptores D4 localizam-se principalmen-
Estes 2 subtipos D2a e D2b diferem não só es- te no córtex frontal, mesencéfalo, amígdala,
truturalmente como também funcionalmente. hipocampo, medula (muito raros) e na retina.
A expressão destes subtipos em células da linha- As variantes do receptor humano D4 da do-
gem dos fibroblastos demonstrou que enquan- pamina contém 2, 4 ou 7 aminoácidos repeti-
to a ocupação de ambos os receptores gerava dos dos 16 da 3ª ansa que pode inibir a activida-
um aumento do cálcio citosólico eles diferem de da adenilcíclase (14).
na sua capacidade para inibir a produção de Na retina de ratos, o receptor D4 foi associado à
AMPc. redução dos níveis de AMPc na adaptação ao escu-

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ro, indicando que este subtipo é activo in vivo (15). actividade motora foram exaustivamente estu-
Experiências realizadas com células em cul- dados. A locomoção é primariamente controla-
tura expressando este receptor têm fornecido da pelo estriado ventral através da activação de
algumas pistas sobre o seu papel na sinalização. receptores D1, D2 e D3.
Quase todos os estudos com receptores D4 A activação de autorreceptores D2 reduz a
recombinantes, demonstraram que este recep- libertação de dopamina e consequentemente a
tor está funcionalmente acoplado à proteína G actividade locomotora. Por sua vez a estimula-
sensível a PTX(Gi/Go) (1). ção dos receptores D2 pós-sinápticos aumenta
O uso de proteína mutante Gα t2 resistente ligeiramente a locomoção.
à PTX revelou que o receptor D4 pode activar Os receptores D1 têm pouco ou nenhum
esta proteína Gt e uma vez activada inibir a efeito directo na actividade locomotora. Não se
adenilcíclase. O receptor D4 foi o primeiro re- sabe bem se há uma interação sinergista entre
ceptor (não opsina) identificado acoplado à Gt2; os receptores D1 e D2 na determinação da loco-
contudo não foram encontrados quaisquer efei- moção mas a estimulação dos receptores D1 é
tos na actividade da fosfodiesterase do GMPc, o essencial para os agonistas de D2 produzirem o
efector da Gαt-estimulada pela rodopsina. Re- efeito máximo.
centemente demonstrou-se a ligação preferen- O receptor D3, desempenha um papel inibi-
cial do receptor D4 à proteína Gaz resistente à dor da locomoção. Os efeitos opostos dos recep-
PTX, uma proteína G expressa no córtex cere- tores D2 e D3 na actividade locomotora podem
bral e na retina. Nas células MN9D do homem, estar relacionados com os seus efeitos opostos
ao contrário do rato, in vitro, o receptor D4 não é na expressão do gene da neuroten-sina no nú-
selectivo para as proteínas Gαi (14). cleo accumbens (9).
O receptor D4 estimula a acidificação extra- No estriado, os receptores D1 favorecem a
celular sensível à PTX pela activação do resposta dos receptores ao glutamato, particu-
antiporte Na+/H+ sensível ao amiloride. larmente a mediada pelos receptores NMDA (N-
Numa experiência realizada, por Liu et al, metil-D-aspartato). Em contraste, a activação do
em 1999, utilizando células mesencefálicas ve- receptor D2 reduz as respostas dos receptores ao
rificou-se que enquanto os receptores D2 e D3 glutamato, em especial dos receptores NMDA.
aumentam o fluxo K+ para o exterior, o recep- Estes receptores podem actuar como mo-
tor D4 reduz este fenómeno por um mecanismo duladores da acção de glutamato, podendo pro-
que envolve a proteína Ga(16). teger os neurónios do estriado da excitação ex-
O receptor D4 pode também activar "MAP cessiva (17).
kinases ERK1 (extracellular signal – regulated kinase) A degenerescência das sinapses dopaminér-
e ERK2 nas células CHO-K1. Esta via pode medi- gicas, no corpo estriado, ocorre na doença de
ar os efeitos do receptor D4 na libertação do ácido Parkinson, podendo ser causa principal de tre-
araquidónico, na mitogénese e morfogénese mores musculares e da rigidez que caracterizam
neural. O papel desempenhado pela via da MAPK a doença. O tratamento de alguns pacientes pa-
no SNC, no estabelecimento de potenciação a rkinsonianos com L-dopa, um percursor da do-
longo prazo, sugere que estas cinases podem ser pamina, melhora o seu comportamento motor.
importantes vias de transdução de sinais em re- Em contrapartida, a hiperactividade das sinap-
ceptores ligados a proteínas G (1). ses dopaminérgicas pode estar implicada em al-
gumas formas de psicose (4).
A dopamina mesolimbocortical está envolvida
4. ACÇÕES nos mecanismos da atenção, gratificação e vicia-
ção. A administração de drogas causa um aumento
4.1. Funções dos receptores da dopami- da dopamina nas áreas mesolimbicas enquanto a
na no SNC ausência dessas drogas reduz a transmissão dopa-
minérgica. Os receptores D2 medeiam a viciação à
Os efeitos dos receptores de dopamina na droga enquanto os D1 são permissivos.

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DOPAMINA E RECEPTORES 29

Estudos recentes demonstraram que no me- ganglionares e inibem a libertação de noradre-


canismo de viciação pela cocaína os receptores nalina causando indirectamente vasodilatação
tipo D2 aumentam a dependência enquanto os na artéria femoral e redução da contrac-tilidade
D1-like parecem reduzi-la. Desta forma os ago- cardíaca (9).
nistas dos receptores tipo D1 poderão ser utiliza-
dos como terapia em cocaínodependentes. b) Sistema Renina-angiotensina-aldostero-
A dopamina mesolimbocortical desempe- na
nha também um papel importante no cresci- O papel da dopamina na secreção da Reni-
mento e na memória. A activação dos recepto- na não é ainda bem conhecido. A própria activi-
res D1 e D2 no hipocampo melhora a memo- dade da DA no sistema cardiovascular torna os
rização de tarefas no rato. resultados, in vivo, difíceis de interpretar. Os efei-
No homem, o receptor D1 é fracamente ex- tos da DA na pressão e fluxo sanguíneos pode
presso na formação do hipocampo, ao contrário influenciar directamente a secreção de renina.
do receptor D5, daí que provavelmente seja este Por outro lado, verificou-se que os agonistas D1
último o mais importante na aprendizagem e podem estimular a secreção de renina no córtex
memória. renal e que os receptores D1 estão presentes nas
Os receptores D1 e D2 predominam no cór- vesículas contendo renina existentes no apare-
tex e estão mais relacionados com os comporta- lho justaglomerular.
mentos mediados pelo córtex pré-frontal. O balanço de sódio é crucial para o nível de
O papel desempenhado pelos receptores D3 dopamina exógena e secreção de aldosterona.
e D4 na fisiologia do sistema dopaminérgico con- Durante a depleção de sódio, a excreção de DA
tinua por desvendar. Expressam-se especifica- desce, a aldosterona circulante aumenta e a res-
mente nas regiões límbicas e corticais envolvi- posta desta última à angiotensina II também au-
das no controlo da cognição e emoção, e menos menta. Verificou-se que os efeitos da DA na se-
extensamente no estriado dorsal. Esta localiza- creção de aldosterona são mediados por recep-
ção torna-os num alvo preferencial para drogas tores D2 localizados nas células da glomerulosa
antipsicóticas com poucos efeitos secundários da supra-renal. A activação dos receptores D2
nas vias extrapiramidais. inibe a produção de aldosterona induzida pela
angiotensina II, mas não modifica a libertação
4.2. Funções dos receptores periféricos da hormona em condições basais ou após esti-
da dopamina mulação pela hormona adrenocorticotropica.
Por outro lado, a activação dos receptores
Para lá do papel exercido no sistema nervo- D2 inibe a formação de AMPc e o influxo de
so central e periférico pela dopamina e seus re- Ca2+, ambos induzidos pela angiotensina II (9).
ceptores a sua presença no aparelho cardiovas-
cular, rins e órgãos endócrinos deixa presumir c)Libertação das catecolaminas
outros papeis para lá do que constituíram o cen- Vários estudos revelam a existência de re-
tro desta revisão. ceptores D2 nas terminações dos nervos simpá-
ticos inibindo a libertação de noradrenalina. Es-
a) Sistema cardiovascular tes efeitos parecem ser mediados pela inibição
Foram realizados alguns estudos em cães da activação dos canais de cálcio dependentes
anestesiados e registados em simultâneo a acti- da voltagem pelos receptores D2. O recrutamen-
vidade dos receptores D1 e D2 e a contractilidade, to desses canais pela estimulação dos receptores
débito cardíaco, pressão sanguínea, fluxo san- D1 pode estar na base de um feedback positivo no
guíneo renal e femoral (9). Os resultados permi- mecanismo de secreção das catecolaminas me-
tiram verificar que os receptores D 1 pós- diado pela dopamina (9).
juncionais presentes na artéria renal produzem
vasodilatação. Os receptores D2 pré-juncionais d) Rim
estão localizados nos nervos simpáticos pós- Os receptores de dopamina estão envolvi-

R E V I S TA P O RT U G U E S A D E P S I C O S SO M Á T I C A
30 MARIA FERNANDA ESTEVINHO, J. SOARES FORTUNATO

dos na regulação da hemodinâmica, transporte receptores de dopamina. Há indicações da existên-


de electrólitos, assim como na secreção de reni- cia de mais subtipos de receptores de dopamina.
na. Apesar da regulação da excreção renal do Até ao momento, as propriedades estruturais e
cálcio e fosfato pela dopamina já ter sido descri- transducionais foram largamente estudadas, mas
ta, as investigações mais recentes centram-se na as funções exactas continuam por determinar.
regulação da homeostasia do sódio. A adminis- A marcação de genes e sua inactivação tem sido
tração intravascular de DA provoca aumento do essencial na investigação da função de cada subti-
fluxo sanguíneo renal, diurese e natriurese. po de receptor.
No rim, a DA é sintetizada nos nervos renais Duas grandes questões continuam por resol-
próximo ao aparelho justaglomerular e nas cé- ver: a necessidade de agentes farmacológicos selec-
lulas epiteliais de certas regiões do nefrónio. tivos para cada subtipo de receptor e o conheci-
Além disso, os agonistas D1 estimulam a secre- mento da função de cada um dos subtipos.
ção de renina e interagem com a produção de
outras hormonas que actuam no rim, tais como:
a angiotensina, o peptídeo natriurético auricular ABSTRACT
e a hormona antidiurética(9).
A relação entre a hipertensão e os recepto- Dopamine is an important neurotransmitter in-
res dopaminérgicos do rim já foi investigada. volved in motility control, rewarding, emotions and
Disfunções quer ao nível dos receptores D1a quer also in cognitive and endocrine functions.
D3 provocam hipertensão nos ratos (6). Dopamine, noradrenaline and adrenaline are
Uma deficiente produção renal de dopami- successive steps of the biossintetic cascade that starts
na ou mau funcionamento dos receptores estão from Thyrosine.
associados à hipertensão humana primária as- High levels of dopamine exist in neurons of the
sim como a modelos genéticos de hipertensão mesencephalum, substantia nigra and ventral teg-
animal. Poderá haver um defeito primário no mentum. Some axons follow to the striatum and have
receptores D1-like e uma sinalização alterada no an important role in motility modulation.
sistema de túbulos proximais, o que conduz à Dopamine has two families of receptors on mo-
redução dos efeitos mediados pela dopamina na lecular and pharmacological basis.
excreção renal de sódio e consequentemente à Receptors D1 and D5 belong to the superfamily of
hipertensão. D1-like associated to adenilciclase stimulation.
Receptors D2 (D2s and D2l), D3 and D4 belong to
the D2 superfamily and interfere in Ca2+ and k+ chan-
5. CONCLUSÃO nels.
These subtypes of receptors are present in the nerv-
O sistema dopaminérgico tem sido alvo de ous system and also blood vessels, carotid body, kid-
intensa investigação, sobretudo porque condi- ney, parathyroid and adrenals, and in the digestive
ções patológicas como a doença de Parkinson, tract.
Esquizofrenia, psicoses, síndrome de Tourett e Disturbances of the dopaminergic system are as-
hiperprolactinemia estão relacionadas com a sociated with Parkinson disease, schizophrenia, drug
disregulação da transmissão dopaminérgica. adition and cognitive disturbances.
Um dos desafios dos últimos anos tem sido Further knowledge of molecular basis of these dis-
descobrir drogas selectivas isentas de efeitos cola- eases will improve its management.
terais. Foram criados numerosos novos agentes Key-words: Dopamine; D1, D5 and D2, D3, D4
terapêuticos que ainda não resolvem a etiologia receptores.
dos problemas clínicos mas que permitiram co-
nhecer melhor o sistema dopaminérgico.
As técnicas de clonagem de genes, a hibridi-
zação e o PCR permitiram, a par de ensaios far-
macológicos, isolar e caracterizar 5 subtipos de

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DOPAMINA E RECEPTORES 31

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