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INTENSIVO I

Daniel Carnacchioni
Direito Civil
Aula 06

ROTEIRO DE AULA

Fundação privada e teoria geral dos bens jurídicos

Tema n. 1: fundação privada

Observações iniciais:

Há duas espécies de pessoas jurídicas cf. a sua estrutura orgânica:

 Pessoa jurídica composta por pessoas (p. ex.: sociedades e associações) ou por uma única pessoa (p. ex.: EIRELI).
 Pessoa jurídica composta por um patrimônio: fundações. São bens, os quais recebem uma personalização
(finalidade) e se tornam uma pessoa jurídica.

Observação: CC, arts. 62 a 69: disciplina as fundações privadas. Portanto, as fundações disciplinadas pelo Código Civil
são constituídas por um conjunto de bens privados – há diferença entre bens públicos e bens privados, a ser analisada
na teoria dos bens jurídicos.

Observação n. 2: distinção entre fundação pública e fundação privada: a fundação pública é constituída por bens
públicos. Observação: há distinção entre natureza dos bens que constituem uma fundação e a personalidade jurídica da
fundação: a) fundação privada: personalidade jurídica privada; b) fundações públicas: personalidade jurídica privada ou
pública.
Observação n. 3: distinção entre os bens, os quais constituem a fundação (essenciais) e os bens, os quais a fundação
possui para o cumprimento de sua finalidade - eventualmente, há identidade entre as categorias. Embora ambos os

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bens sejam privados, seu regime jurídico não coincide com o privado porque não é adotado o critério da titularidade,
mas o critério da finalidade.

1. Conceito

Conceito doutrinário: fundação é um patrimônio personalizado (dotação) vinculado a uma finalidade (social). A
fundação é administrada por pessoa natural ou jurídica e possui personalidade jurídica própria.

CC, art. 62: “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas”.

Questão: situação de insuficiência de bens do instituidor para a constituição de uma fundação – o Ministério Público é
responsável por averiguar a suficiência/insuficiência. Qual o destino dos bens insuficientes?

 Inicialmente, segue-se a vontade do instituidor. Ex.: encaminhar os bens a outra fundação ou reagrupar os bens
ao seu patrimônio.
 Omissão do instituidor: doação.

CC, art. 63: “Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não
dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante”.

2. Fases de constituição da fundação

MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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O rito de constituição é rígido e conta com a participação do Ministério Público em razão da finalidade da fundação. Se,
eventualmente, a fundação não for constituída para uma das finalidades indicadas pela Lei (desvio de finalidade) não
haverá a possibilidade de constituição de uma fundação.

a) Dotação de bens livres por escritura pública ou testamento

CC, art. 64: “Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por
mandado judicial”.

CC, art. 1.799, III: “Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: III - as pessoas jurídicas, cuja
organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação”.

b) Elaboração do estatuto social

Elaborador:

 Instituidor.
 Terceiro, designado pelo instituidor. Caso o terceiro não elabore o estatuto no prazo (mora):
 Ministério Público – legitimidade subsidiária.

CC, art. 65, parágrafo único: “Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público”.

c) Aprovação do estatuto social

Ocorrerá se elaborado pelo instituidor ou pelo terceiro designado e será realizada pelo Ministério Público.

O órgão ministerial analisara, p. ex., a legitimidade, o cumprimento dos requisitos mínimos, a legalidade da finalidade, a
suficiência dos bens destacados.

Desaprovando o estatuto ou requerendo suplemento: cabimento de recurso para o Poder Judiciário.

CC, art. 65: “Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão
logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação
MARCIO
da autoridade competente, com recurso LIMA DA CUNHA - 05308192790
ao juiz”.

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d) Registro

Constituição da pessoa jurídica.

3. Atribuições do Ministério Público

3.1. Fase da pré-constituição

MP possui legitimidade subsidiária para a elaboração do estatuto social e é a autoridade competente para aprovar o
estatuto social (controle de legalidade).

3.2. Fase pós-constituição - veladura

Questão: o que é veladura? Não se reduz ao controle de legalidade. Veladura significa participação efetiva do MP no dia
a dia da fundação. P. ex.: exigir prestação de contas, acompanhar a administração, participar das reuniões dos órgãos
deliberativos.

CC, art. 66: “Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º: Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios.
§ 2º: Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério
Público”.

Redação anterior do CC, art. 66, § 1º: “Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao
Ministério Público Federal”. ADI n 2.794-8.

4. Regime jurídico dos bens das fundações privadas

Os bens de uma fundação submetem-se a um regime jurídico diferenciado em razão de possuírem finalidade social. Os
bens são inalienáveis e indisponíveis, desde que enquanto estiverem vinculados à finalidade social.

Observação: a inalienabilidade é relativa, desde que haja parecer prévio do MP e autorização do PJ.

Tema n. 2: teoria geral dos bens jurídicos

MARCIO LIMA DA1ºCUNHA


parte - 05308192790

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1. Sistematização da matéria no Código Civil

O Código Civil classifica os bens jurídicos.

Objetivo: a partir da classificação – e dos critérios de classificação – é possível resolver problemas relacionados ao
direito obrigacional, contratual e real, p. ex.

2. Estudo sobre a relação jurídica

Elementos da relação jurídica:

 Sujeito – pessoa natural ou jurídica.


 Objeto – bem jurídico.
 Vínculo jurídico – originado de um fato jurídico.

O bem jurídico é aquele que pode ser objeto de uma relação jurídica. Ou seja, rotular o bem de jurídico – e em
consequência ser objeto de uma relação jurídica – é submetê-lo ao poder do sujeito de direitos. As pessoas relacionam-
se juridicamente porque possuem a necessidade de ter acesso ao bem jurídico - o bem jurídico é a causa de justificação
de uma relação jurídica.

Em outras palavras, o bem não qualificado como jurídico (localizado no mundo da vida) não ingressa na esfera do
Direito (mundo do Direito). O bem localizado no mundo da vida não é objeto de uma relação jurídica – é objeto de
outras relações (social, p. ex.).

Questão: como transpor o bem do mundo da vida para o mundo do Direito, isto é, qual o critério utilizado para que um
bem se qualifique como jurídico?

Em suma:

Relação Jurídica: Vínculo que o direito reconhece entre pessoas ou grupos, atribuindo-lhes poderes e deveres.

Relação jurídica entre pessoas (poderes e deveres previstos em lei) para a tutela de interesse (necessidade de ter bens –
a razão da relação jurídica).

3. Como compreender os bens jurídicos


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Questão n. 1: o que pode ser considerado bem jurídico?

O Código Civil é omisso em relação à indagação.

Premissa: separar “bem” e “jurídico”, pois “jurídico” é a qualificação imputada a qualquer bem (transposição do mundo
da vida para o mundo do Direito).

Questão n. 2: como qualificar o bem como “jurídico”? Qual o critério?

Critérios do Direito Civil clássico (critério positivista): economicidade, utilidade, suscetibilidade de apropriação e
exterioridade.

O critério positivista está superado em relação à atualidade? Sim. No entanto, é possível fazer uso dos critérios, acima
transcritos, como parâmetros mínimos. Isto é, para dar início, concretamente, à identificação de um bem jurídico. Em
outras palavras, os critérios retrotranscritos não são definitivos ou suficientes. P. ex.: é possível que, atualmente, um
bem jurídico possua ou não economicidade ou ser ou não susceptível de apropriação. Em suma, contemporaneamente
o bem é adjetivado como jurídico conforme o caso concreto e não conforme ideias preestabelecidas.

Ex.: suscetibilidade de apropriação e bens no comércio e fora do comércio jurídico de direito privado: necessidade da
vida moderna e a complexidade da sociedade pode levar à necessidade de proteção de coisas que são de todos – sem
que haja um titular específico – nesse sentido coisas fora do comércio podem ser bens jurídicos, mesmo que não
possam ser apropriadas por alguém (exemplo: questões que envolvem interesse jurídico difuso e possam ser utilizados
para a satisfação de necessidades sociais).

Critérios do Direito Civil contemporâneo (critério pós-positivista) – análise concreta: valor social e relevância
intersubjetiva (busca realizada no caso concreto).

Questão: há critério seguro? Não – o próprio Código Civil não disciplina a matéria.

Questão n. 3: qual a relevância de encontrar um bem jurídico?

A partir do momento em que um bem é considerado jurídico, a partir do caso concreto, o bem ingressa no mundo do
Direito.

Ao ingressar no mundo do Direito poderá o bem ser objeto de direito, isto é, objeto de uma relação jurídica. No
entanto, quem terá direito ao objeto?
MARCIOO sujeito de direito:
LIMA DA CUNHApessoa natural ou pessoa jurídica. Mas o direito subjetivo, o
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qual o sujeito possui sobre o bem, possui limites? Sim - a determinação de poderes sobre o bem jurídico será os limites

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da relação jurídica. P. ex.: relação jurídica obrigacional: termos do contrato; relação jurídica de direito real: lei. Em
outras palavras: objeto da relação jurídica é o bem (jurídico) sobre o qual recairá o direito subjetivo do sujeito - que
exercerá poder sobre esse bem.

Questão n. 4: relação entre bem jurídico e coisa.

O Código Civil de 1916 fazia referência à coisa. O atual Código não faz referência à coisa, mas, simplesmente, a bens. A
superação da terminologia “coisa” possui razões históricas. Correntes:

Corrente n. 1 (autores clássicos): bem jurídico é gênero. Subdivisão entre “coisa” e “bem jurídico em sentido estrito”.
Premissa: análise de bens jurídicos. Razão: os autores clássicos são contemporâneos à visão positivista de que os bens
são jurídicos se possuem as características retrocitadas. Divisão: a) bens jurídicos forem corpóreos (materiais): coisas; b)
bens jurídicos (imateriais) bens jurídicos em sentido estrito. Observação: anteriormente, denominava-se de “Direito das
Coisas” os atuais “Direitos Reais” – tradicionalmente, o “Direito das Coisas” trabalhava com direitos corpóreos.

Corrente n. 2: adéqua a teoria dos bens jurídicos de acordo com a concepção contemporânea de Direito Civil. O bem
jurídico deixa de ser gênero e passa a ser espécie. Mundo de coisas: há coisas que interessam para o Direito – possuem
valor social e relevância intersubjetiva -, as quais recebem uma qualificação: bem jurídico (coisa qualificada). Como
qualificá-la? Utilizando-se dos parâmetros mínimos dados pelo positivismo e da análise concreta (pós-positivismo) –
justificativa: não banalização da teoria dos bens jurídicos.

Em outras palavras (corrente n. 2): divisão em função da valoração social. Coisa como gênero (utilidade, valoração e
qualificação – a utilidade e a possibilidade de apropriação lhe confere valoração e, em consequência, pode ser objeto de
direito). As coisas que ostentam valor social se convertem em bens jurídicos.

Conclusões:

O objeto da relação jurídica é tudo aquilo que é submetida ao poder do sujeito de direito, como instrumento de
realização de suas finalidades jurídicas.

Bem jurídico é objeto de direito subjetivo e que pode ser submetido ao poder do sujeito de direito - é tudo que pode ser
objeto de relação jurídica (prestações – obrigações; direitos sobre direitos e bens jurídicos - direitos reais: materiais ou
imateriais). As coisas foram do comércio não podem ser objeto de relação jurídica.

Questão n. 5: é possível um conceito de bem jurídico?


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Bens materiais ou imateriais, corpóreos ou incorpóreos, econômicos ou, excepcionalmente, não econômicos, suscetíveis
de apropriação e úteis social e individualmente relevantes, os quais podem ser objeto de relação jurídica entre os
sujeitos de direito. Os bens são parte componente de relações jurídicas entre sujeitos – criam direitos subjetivos e
deveres jurídicos sobre os mesmos.

4. Bens corpóreos e incorpóreos

O Código Civil não realiza a distinção. No entanto, a doutrina a realiza em razão de duas questões: tutela possessória e
cessão de direitos.

A discussão sobre bens corpóreos e incorpóreos deve ser relativizada no modelo contemporâneo de Direito Civil.

A doutrina clássica afirma que os bens corpóreos submetem-se à tutela possessória e os bens incorpóreos, não. Ex. S.
228 STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”. Os bens incorpóreos, por sua vez,
quando disponibilizados (ex.: compra e venda), são objetos de cessão de direitos.

5. Bem jurídico e patrimônio

No Brasil, utilizamos a expressão “patrimônio” vulgarmente.

A expressão “patrimônio” não possui um conceito unívoco, mesmo juridicamente. No entanto, é preciso conceituá-lo
para responder aos seguintes questionamentos: a) O patrimônio pode ser considerado um bem jurídico e ser objeto de
relação jurídica? b) Há diferença entre bem jurídico e patrimônio?

Concepções (teorias) sobre patrimônio – a adoção de uma concepção deságua em respostas distintas aos
questionamentos propostos no parágrafo anterior:

a) Concepção subjetiva

O patrimônio está vinculado à personalidade – o patrimônio é uma projeção econômica da personalidade, como uma
universalidade de direito.

Por tratar-se de uma universalidade de direito deve possui um aspecto econômico. Portanto, mesmo vinculado à
personalidade o patrimônio é a projeção econômica da personalidade.

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Assim, patrimônio é distinto de bem jurídico. É possível possuir bens jurídicos que integrem o patrimônio, mas o
patrimônio não se confunde com os bens jurídicos. Os bens jurídicos são objeto de direito – o patrimônio, não, pois é
uma projeção emanada da personalidade.

Questão: por que o patrimônio é uno, indivisível e não suscetível de cessão? Porque a personalidade é una, indivisível e
não suscetível de cessão.

Em suma: o patrimônio não é um bem jurídico, mas um complexo de relações jurídicas (universalidade de direito). Ainda
que o indivíduo não possua absolutamente nada possuirá patrimônio, pois pode relacionar-se juridicamente.

Fundamento da concepção subjetiva: princípio da dignidade da pessoa humana. Portanto, o patrimônio não é um fim
em si mesmo, mas instrumento para a concretização da dignidade da pessoa humana em seu aspecto material. A teoria
do patrimônio mínimo, portanto, está diretamente relacionada à concepção subjetiva de patrimônio.

Para a teoria do patrimônio mínimo toda pessoa deve possuir um mínimo de patrimônio para ter tutelada a sua
dignidade no aspecto material. O Código Civil possui diversos dispositivos, os quais retratam a teoria:

CC, art. 548: “É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do
doador”.

CC, art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem”.

Quais as consequências da teoria subjetiva do patrimônio?

 Universalidade: todas as pessoas possuem personalidade, logo todas as pessoas possuem patrimônio.
 Cessão: o patrimônio não pode ser cedido, em razão da impossibilidade de ceder a personalidade.
 Unidade: o patrimônio é uno, pois a personalidade é una.
 Indivisibilidade: o patrimônio não pode ser fracionado em razão da impossibilidade de fracionamento da
personalidade.

b) Concepção objetiva

MARCIO LIMA
O patrimônio é desconectado da personalidade DA CUNHA
e se aproxima - 05308192790
da teoria dos bens jurídicos.

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Justificativa da concepção objetiva:

Pluralidade de patrimônios: afetar um bem para uma finalidade (afetação do patrimônio): destacamento de parcela do
patrimônio – aproximação à teoria dos bens jurídicos. Portanto, não há a adoção da concepção universal – a ideia de
patrimônio é restrita. Seria o ativo da pessoa. Evidência: a teoria do patrimônio mínimo baseia-se na concepção
subjetiva porque se atrela à concepção de dignidade da pessoa humana. A teoria objetiva se atrela ao ativo.

Em outras palavras: O patrimônio não seria unitário e indivisível, mas formado de vários núcleos separados – conjuntos
de bens destinados a fins específicos. P. ex.: substituição fideicomissária, nas garantias reais, massa falimentar.

Em suma: concepção subjetiva: a afetação não ocorre com o patrimônio, mas com os bens jurídicos, os quais integram o
patrimônio. Concepção objetiva: a afetação do patrimônio cria um patrimônio destacado e não um bem jurídico
destacado.

6. Classificação dos bens jurídicos

Todos os temas relacionados à classificação dos bens jurídicos orbitam em torno do seguinte questionamento: qual a
finalidade da classificação?

O Código Civil possui três classificações:

 Bens em si considerados.
 Bens reciprocamente considerados.
 Titularidade (púbicos e privados).

a) Bens em si considerados

A classificação é estática – critérios da Lei.

O bem é analisado isoladamente – classificação constante.

Relevância: identificar a natureza do bem jurídico. Razão: verificar o regime jurídico, ao qual o bem jurídico é submetido
nas relações jurídicas. Utilidade: resolução de questões jurídicas.

b) Bens reciprocamente considerados


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A classificação é dinâmica – depende dos bens com os quais o bem se relaciona (ex.: o bem pode ser principal ou
acessório a depender do bem com o qual se relaciona – caso concreto).

Os bens são analisados uns em relação aos outros - classificação eventual.

Relevância: definir, na relação entre bens, qual o regime jurídico preponderante, conforme definido na primeira
classificação. Razão: dinamização e facilitação.

Ex.: bem principal e bem acessório: eleger um bem como principal submeterá todos os bens ao seu regime jurídico e à
sua natureza.

CC, art. 92: “Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a
do principal”. Qual o critério para definir um bem como principal ou acessório?

c) Titularidade

Bens públicos e privados.

Relevância: vinculação ao regime jurídico (privado ou público).

Bens privados são extraídos por exclusão:

CC, art. 98: “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”.

CC, art. 99: “São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,
estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal,
ou real, de cada uma dessas entidades”.

Observação: STF relativiza o critério da titularidade adotando o critério da finalidade para permitir que os bens de
pessoas jurídicas de direito privado, as quais integram a Administração indireta do Estado (p. ex.: sociedade de
economia mista e empresa pública), sejam submetidas ao regime jurídico de direito público, mesmo que não sejam de
titularidade de pessoas jurídicas de direito público.
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7. Questões relevantes a serem abordadas na classificação quanto à natureza

a) Sistematização adequada

CC, art. 79. “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”.

CC, art. 80. “Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta”.

CC, art. 81: “Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem”.

Observação n. 1: o Código Civil considera imóvel:

 O solo.
 Bem por acessão
 Outros, os quais, por natureza, não seriam imóveis, mas são considerados imóveis para serem submetidos ao
regime jurídico dos imóveis (CC, art. 80, I e II).

b) Relação dos imóveis por acessão física com aquisição propriedade imobiliária

Imóvel por acessão é estudado no âmbito do direito de propriedade como um modo de aquisição da propriedade
imobiliária. Ou seja, há sintonia entre o CC, art. 79 e o considerado como aquisição da propriedade imobiliária.

c) Supressão dos imóveis por acessão intelectual

Eram bens imobilizados pela vontade humana. Tais bens foram suprimidos porque o espaço jurídico, o qual ocupavam,
são atualmente ocupados pelas pertenças.

Enunciado n. 11: “Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não
obstante a expressão "tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente", constante da parte final do art. 79 do
Código Civil”.

MARCIOnaLIMA
8. Questões relevantes a serem abordadas DA CUNHA
classificação quanto-à05308192790
vinculação entre os bens

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Questão n. 1: o que justifica a classificação? A necessidade de regras para resolver problemas jurídicos qua a
classificação quanto à natureza não resolve. Esses problemas surgem quando os bens passam a ser relacionar.

Assim, o Código Civil cria uma classificação entre bem principal e bem acessório, a fim de que todos os bens, inter-
relacionados, de forma fática ou jurídica, se submetam à natureza e ao regime jurídico do principal, como se todos
fossem um único bem. Portanto, é preciso identificar a natureza do bem principal, considerando-o isoladamente.

Questão n. 2: se os bens estiverem separados, a classificação dos bens reciprocamente considerados tem sentido?
Não.

Questão n. 3: qual o critério para diferenciar bem principal de acessório?

Código Civil: não prescreve nenhum critério.

Doutrina: critérios da funcionalidade e dependência.

Critérios:

 Subordinação (fática ou jurídica).


 Dependência (fática ou existencial).
 Autonomia funcional.

Não são critérios definitivos – são parâmetros mínimos utilizados para identificar se um determinado bem, ao se
relacionar com outro, concretamente, é principal ou acessório.

Regra: o acessório acompanha o destino do principal; o acessório, quando passa a se vincular economicamente ao
principal, assume a natureza dele e, em regra, o dono do principal é o dono do acessório (relação de titularidade).

Exceções:

 Convenção (autonomia privada).


 Lei.

Razão das exceções: o Estado entende que há outros interesses relevantes, os quais justificam o tratamento dos bens,
os quais seriam acessórios, de forma isolada, sem que submetam ao bem principal. Ou seja, quando houver essas
MARCIO
exceções é aplicado o regime jurídico LIMA
de acordo comDA CUNHA
a natureza do -bem
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isoladamente considerado. Em outras palavras:

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embora os bens estejam vinculados há o desprezo à vinculação e serão analisados isoladamente em razão do princípio
da autonomia privada (convenção) ou em razão de um interesse estatal maior a ser preservado (lei). Exemplos:

CC, art. 1.284: “Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de
propriedade particular”. Comentário: desprezo da vinculação: árvore (principal) e frutos (acessório). Função: preservar a
paz entre os vizinhos.

CC, art. 233: “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso”.

CC, art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto
às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis”.

CC, art. 1.220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito
de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”.

CC, art. 1.209: “A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem”.

CC, art. 1.232: “Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se,
por preceito jurídico especial, couberem a outrem”.

CC, art. 1.253: “Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa,
até que se prove o contrário”.

CC, art. 1.369: “O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo
determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis”.

CC, art. 1392: “Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos.
§ 1º: Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o
usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível,
o seu valor, estimado ao tempo da restituição”.

CC, art. 1.254: “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios,
adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de
má-fé”. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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CC, art. 1.255: “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé,
plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não
houver acordo”.

CC, art. 1.256: “Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções,
devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de
construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua”.

CC, art. 1.258: “Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à
vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção
exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização
da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a
propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder
consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção”.

CC, art. 1.259: “Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a
propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à
construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o
que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro”.

9. Pertenças

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