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Freud e as comunidades

Quando tratamos particularmente dos escritos de Freud, encontramos


que temas como sociedade e cultura figuram como elementos essenciais para
a compreensão do processo de socialização dentro da teoria psicanalítica.
Em “mal-estar na civilização”, texto que talvez seja o mais lembrado por
aqueles que buscam as contribuições de Freud para a compreensão do
fenômeno social, o autor esclarece o papel que a cultura, (entendida como um
objeto externo ao sujeito) exerce sobre a formação das instâncias psíquicas de
um indivíduo inscrito em princípio da realidade.

[...] Isso significa que, na formação do superego e no


surgimento da consciência, fatores constitucionais inatos
e influências do ambiente real atuam de forma
combinada. O que, de modo algum, é surpreendente; ao
contrário, trata-se de uma condição etiológica universal
para todos os processos desse tipo. (FREUD, 1930)

Herbert Marcuse em seu livro Eros e Civilização: Uma Interpretação


Filosófica do Pensamento de Freud (Marcuse, 1999), explica que sob esta
influência do mundo externo (o meio, a cultura, a sociedade), uma parte do id
(a que está equipada com os órgãos para a recepção e proteção contra os
estímulos), desenvolve-se gradualmente até formar o ego. Para ele, o ego
funcionaria como uma espécie de mediador entre o id e o mundo externo.
Fica evidente, que a teoria psicanalítica não apenas considera o mundo
externo como parte importante do processo de socialização, como atribui a
este o papel de agente de transformação, uma vez que será a partir destas
interações que o indivíduo integralmente se organizará.
Para Marcuse, todo o progresso da civilização só se torna possível
mediante a transformação e a utilização do instinto de morte e seus derivativos.
Seria esta energia pulsional agressiva (destrutividade primária) que sendo
desviada do ego para o mundo externo alimentaria o progresso tecnológico; e o
uso da pulsão de morte para a formação do superego realizaria a submissão
punitiva do “ego de prazer” ao “princípio de realidade”, assim como asseguraria
a moralidade civilizada. (MARCUSE, 1999).
Subentende-se que como numa via de mão dupla, a mesma energia que
quando desviada do interior do sujeito para o mundo externo, promove
mudanças e transforma a realidade, mas também modifica e transforma o
interior do sujeito, uma vez que este mundo externo, suas leis e códigos de
moralidade também formata a subjetividade.
O indivíduo então moldado por essa realidade tenta adaptar-se e neste
percurso, sofre já que torna-se um adversário deste ambiente de realidade
hostil, a partir deste conflito surgem as neurores.
Freud explica:
Descobriu-se que uma pessoa se torna neurótica porque
não pode tolerar a frustração que a sociedade lhe impõe,
a serviço de seus ideais culturais, inferindo-se disso que
a abolição ou redução dessas exigências resultaria num
retorno a possibilidades de felicidade (FREUD, 1937)

Em “Psicologia das massas e análise do ego”, Freud rememora uma de


suas analogias grupais metafóricas, quando menciona a comunidade totêmica
de irmãos ilustrada em sua obra anterior “Totem e Tabu”. Nesta cena
simbólica, o autor estabelece certas bases teóricas para a compreensão
psicanalítica da dinâmica em uma comunidade, onde encontramos a figura
simbólica do Pai, como figura de liderança, objeto alvo de afetos positivos e
negativos, assim como a dinâmica de funcionamento dos fenômenos grupais.

Formaram então a comunidade totêmica de irmãos,


todos com direitos iguais e unidos pelas proibições
totêmicas que se destinavam a preservar e a expiar a
lembrança do assassinato (FREUD, 1921)

REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do ego (1921). Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas, p. 91-183, 2006.

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (1930) Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 21. Rio Janeiro: Imago. (Originalmente
publicado em 1930), 1996.
MARCUSE, Herbert. Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de
Freud. LTC Editora, 1999.

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