FICHAMENTO (CITAÇÕES): LIVRO “JOGO, TEATRO & PENSAMENTO” DE
RICHARD COURTNEY
Campo Limpo Paulista – SP
2018 COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro & Pensamento. São Paulo: Editora Perspectiva, 1980.
1. O TEATRO E A HISTÓRIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL
“A imaginação criativa é essencialmente dramática em sua natureza.” (p. 3) “[...] precisamos proporcionar uma educação que habilite os homens para desenvolverem suas qualidades humanas. [...] Tanto em nossa educação quanto em nosso lazer precisamos cultivar o “homem total” e nos concentrarmos nas habilidades criativas do ser humano. A imaginação dramática deve ser ajudada e assistida por todos os métodos modernos de educação.” (p. 4) “A educação deve começar desde cedo, mas “de maneira lúdica e sem qualquer ar de constrangimento”, principalmente para que as crianças possam desenvolver “a tendência natural de seu caráter”.” (p. 5) “A educação “musical”, equilibrada com a recreação física, incluía canto, dança e literatura, e deveria ser enfocada a partir da tendência para o jogo. Sua razão para atribuir tal importância a este aspecto é que “ritmo e harmonia submergem mais profundamente nos recessos da alma” e, dessa maneira, discernimento, julgamento, benevolência e justiça se desenvolverão.” (p. 6) “Ele [Platão] distingue o jogo, que deveria ser a base da educação, do teatro, que é mau porque é imitação.” (p. 6) “[...] a educação deve preparar para a vida prática e ao mesmo tempo proporcionar lazer, o jogo é de máxima importância.” (p. 6) “Platão equivocou-se quanto à natureza da imitação, diz Aristóteles. O teatro não imita os fatos mas as ideias abstratas [...]. Além disso, a imitação é natural à raça humana.” (p. 7) “[...] Para os romanos, o teatro era imitação e teria um propósito educacional se pudesse ser de utilidade e ensinasse lições morais.” (p. 8) “[...] São Tomás de Aquino, [...] foi o primeiro religioso a adaptar a filosofia aristotélica à fé católica, dando plena aprovação à representação, desde que fosse recreação, e aos jogos e divertimentos, se propiciassem relaxamento após trabalho sério.” (p. 9) “Na Renascença, [...] a influência do teatro alcançou as crianças.” (p. 10) “[...] O humanismo enfatizava a arte do falar, particularmente o latim, e, muitas vezes, essa prática se fazia através do diálogo; isto reintroduziu o estudo do teatro antigo. Como consequência, encenações escolares eram comuns. [...] Mas, esse caminho também permitiu aos pensadores desenvolverem formas ainda mais liberais de educação.” (p. 10) “[...] Richard Mulcaster [...] que defendeu o desenho e a música [...] viu no método dramático sua utilidade para o ensino de outras matérias, dando ênfase tanto ao jogo quanto às atividades de movimento.” (p. 11) “Outra evolução educacional [...] foi o uso do teatro feito pelos jesuítas. A Ordem, fundada em 1534 por Inácio de Loyola, teve uma base aristotélica e procurava fomentar o latim como língua internacional. [...] a maioria das peças [...], eram escritas pelos professores ou pelas crianças.” (p. 11) “[...] eles mantêm a tendência moralizante do período medieval. [...] a estrutura de cinco atos [...] e, enquanto Aristóteles havia enfatizado a unidade de ação, os pensadores da Renascença acrescentaram as de tempo e lugar.” (p. 12) “[...] duas partes da educação: literatura dramática e jogo, recreação e exercício físico. [...] distinção entre atuação profissional e educacional.” (p. 12) “Os puritanos [...] atacaram o teatro na Inglaterra, da metade do século XVI à metade do século XVII.” (p. 13) “[...] o sistema de raciocínio de Bacon havia penetrado amplamente nas escolas, através de Comenius. Embora ambos sustentassem o apoio ao teatro, um método educacional que estudasse objetos naturais para chegar à verdade muito dificilmente conduziria à atividade dramática. [...] Como resultado, o teatro na educação no século XVIII é o registro de apenas umas poucas peças escolares, encenadas com crianças de sexo masculino.” (p. 13-14) “Um conceito romântico dos mais significativos é o da dualidade do processo de vida: o homem está sujeito a duas forças que ora o atiram para este, ora para o outro lado.” (p. 16) “Para Rousseau, a primeira educação da criança deveria ser quase que inteiramente através do jogo. Os simples atos de correr, saltar e brincar tem valor. Não haveria repressão e os instintos naturais deveriam ser encorajados.” (p. 17) “[...] a criança era um organismo em desenvolvimento, que cada fase do crescimento deveria ser estimulada, e que o jogo fazia parte do ser humano em desenvolvimento tanto quanto outro elemento.” (p. 18)
2. TEATRO, JOGO E EVOLUÇÃO
“[...] Se a vida em si era um processo de crescimento, cada ação de cada coisa viva tinha um propósito em seu crescimento, e filósofos e pensadores tentaram encontrar propósitos evolucionistas no jogo e no jogo dramático.” (p. 19) “[...] Animais pequenos e crianças, porque são alimentados e protegidos por seus pais, não se preocupam com a autopreservação e dessa forma, toda sua energia é “excedente”, no sentido de que eles a usam inteiramente para o jogo.” (p. 20) “[...] a importância de Spencer não reside apenas na teoria da “energia excedente”. Seus interesses abrandem amplamente todo o campo do jogo [...] ele proclamou categoricamente que, à medida que a evolução continuasse, o jogo estaria destinado a tomar uma progressiva e importante parte na vida humana.” (p. 24) “[...] Para todos os seguidores da teoria do instinto, o jogo é um instinto: impulsos que são inerentemente parte da personalidade e do comportamento do homem.” (p. 24) “Gross rejeita, primeiramente, os conceitos prévios, particularmente o da teoria da “energia excedente”; ela é insuficiente porque não pode explicar as diferentes formas de jogo [...]. Embora retome de Spencer a noção de que o jogo é um treinamento para a vida posterior” (p. 25) “[...] O jogo surge na infância quando certos instintos importantes aparecem, anterior a uma necessidade real do indivíduo; assim, o jogo é necessário para o desenvolvimento de uma inteligência superior. E a imitação está relacionada com esse desenvolvimento” (p. 26). “A influência de Gross sobre os professores é ilustrada por Joseph Lee em Play in Education, que toma os princípios básicos da teoria e os aplica à educação.” (p. 29) “Se a lição é eficaz, o resultado não é meramente a obtenção de mais conhecimento ou mais inteligência, mas uma maior capacitação do indivíduo para o desempenho de todos os objetivos.” (p. 29) “O jogo dramático e a personificação são o meio para a criança entender seu mundo, compreender os outros:” (p. 30) “[...] Um instinto está associado a uma emoção como lutar associa-se à raiva ou ao ódio, mas a sociedade não pode permitir que as emoções reinem livres e elas são então inibidas; o jogo, em permitindo a luta, pode liberar essas emoções que, em seguida, serão apaziguadas.” (p. 30) “Esta teoria [Teoria da Recreação] sugere que o jogo reanima e restaura tanto física quanto mentalmente.” (p. 32) “Os processos mentais superiores são fatigantes e o relaxamento se encontra em “atividades racialmente antigas” que “envolvem áreas do cérebro que são velhas, desgastadas e anteriores”.” (p. 33) “Há três pontos essenciais para recapitulação. Em primeiro lugar, o conteúdo do jogo muda na medida em que a idade avança [...]. Segundo, o conteúdo do jogo corresponde a atividades ancestrais que se seguiram, uma às outras, na mesma ordem, através de sua evolução; em terceiro lugar, o jogo libera o homem de resíduos ancestrais e, ao mesmo tempo, acelera seu desenvolvimento para estágios superiores.” (p. 34) “[...] “Jogo é um instinto”; é o “impulso para agir” que deve satisfazer as necessidades do corpo em crescimento [...].” (p. 36) “[...] Os genes transmitem a tendência para o jogo e o organismo tem necessidade dele.” (p. 37) “Huizinga considera que a civilização moderna separou o jogo da vida. Não mais faz parte das atividades culturais de cada homem mas, ao contrário, está relegado a mero esporte e ocupações similares, que estão isoladas da elaboração do processo de vida. Geneticamente, o jogo é uma parte integral da vida e isolá-lo [...] é destruir o espírito verdadeiro, natural e seu derradeiro valor para o homem e a sociedade.” (p. 37) “O jogo autêntico, como a novela, coloca a ênfase mais no processo que no produto, dando ao público a possibilidade de ser antes um criador que um mero consumidor” (War & Peace, p. 173). (p. 39)