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Hermelinda Adriana Georgina Hermínia Florinda Amélia

Ministério da Cultura, Instituto Tomie Ohtake Lygia Angelina de


Maria da Janacópulos de Nogueira dos Santos da Silva
GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE
apresentam Pape Figueiredo
Rocha Bastos Albuquerque Borges Carvalho Costa

Chiquinha Maria Luisa Abigail Fanny Angelina Fédora Haydéa


Gonzaga Pompeu de de Andrade Volk Agostini do Rego Santiago
Camargo Monteiro

Francisca Maria Margaret Maria Nicota


Pinheiro Amélia Mee Fornero Bayeux
Costa

Antonieta Julieta Zélia Mariana Nicolina Nair Zina Aita

MU
Santos de França Salgado Crioula Vaz de de Teffé
Feio Assis

LHER
Maria Regina Tomie Mira Alina Iracema
Martins Veiga Ohtake Schendel Okinaka Orosco
Freire

Bertha Dinorá Anna Eufrásia para


Lygia Anita e
Worms Carolina de Vasco Teixeira Clark
além de Tarsila
Azevedo Leite

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Hermelinda Adriana Georgina Hermínia Florinda Amélia Lygia Angelina de
Maria da Janacópulos de Nogueira dos Santos da Silva Pape Figueiredo
Rocha Bastos Albuquerque Borges Carvalho Costa

Chiquinha Maria Luisa Abigail Fanny Angelina Fédora Haydéa


Gonzaga Pompeu de de Andrade Volk Agostini do Rego Santiago
Camargo Monteiro

Francisca Maria Margaret Maria Nicota


Pinheiro Amélia Mee Fornero Bayeux
Costa

Antonieta Julieta Zélia Mariana Nicolina Nair Zina Aita

MU
Santos de França Salgado Crioula Vaz de de Teffé
Feio Assis

LHER
Maria Regina Tomie Mira Alina Iracema
Martins Veiga Ohtake Schendel Okinaka Orosco
Freire

Bertha Dinorá Anna Eufrásia Lygia Anita e


Worms Carolina de Vasco Teixeira Clark Tarsila
Azevedo Leite
INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE
ANITA E
TARSILA
INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

O Núcleo de Cultura e Participação do Ins- Esta publicação, ligada à exposição Invenções da Felipe Arruda
tituto Tomie Ohtake realiza um extenso pro- mulher moderna, para além de Anita e Tarsila, Diretor do Núcleo
grama que promove o acesso, a experimenta- foi concebida a partir de dois laboratórios que de Cultura e
ção e o engajamento do público em atividades contaram com a presença de cinco professo- Participação
ligadas à arte e à cultura. O programa inclui res convidados e sete educadores da equipe do Instituto
uma pesquisa permanente sobre arte, visitas Instituto. A participação dos professores neste Tomie Ohtake
mediadas, práticas em ateliês, residências, con- processo é fundamental para que este material
versas e visitas a ateliês de artistas, formação considere a diversidade dos espaços de educa-
de educadores, projetos socioculturais, par- ção e sirva de fato como apoio para o educador
cerias com instituições de educação e cultura, dentro de seu plano pedagógico. Neste sentido,
grupos de estudo em arte contemporânea, cur- esta publicação pretende não só abordar as ar-
sos, prêmios, seminários, mostras de arte, mos- tistas em cartaz no Instituto, mas ser um dispa-
tras de filmes, contações de histórias, derivas e rador para tratar mais amplamente dos temas
intervenções poéticas na cidade, oficinas, au- instigados pela mostra, como a posição social
dioguias, produções audiovisuais e publicações. da mulher no Brasil e suas contribuições para a
construção da história da arte brasileira.
As publicações educativas, vinculadas às expo-
sições em cartaz e direcionadas a professores e As histórias das mulheres em todo o mundo pre-
educadores pretendem se constituir como um ins- cisam ser contadas, revistas e recontadas para
trumento de apoio ao trabalho pedagógico e de mostrar que, independente do campo de atua-
disseminação das pesquisas e práticas educativas ção, não deve haver hierarquia entre gêneros.
desenvolvidas no Instituto Tomie Ohtake. A publi- Na arte brasileira, não é diferente. Esperamos,
cação parte da tríade: apresentação dos assuntos assim, que este material possa contribuir para
da mostra; reflexão a partir da criação de paralelos novos olhares e investigações a respeito das his-
entre o assunto e as questões que são pulsantes tórias do nosso passado e das histórias em curso,
para aquele público; e a prática possível nos es- sendo construídas pelas mulheres de hoje.
paços de educação formal e não formal.
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INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

EDUCA TIVA
Esta publicação foi pensada como uma ferra- DISPARADORES Estão divididos em qua- BIBLIOGRAFIA Traz livros e artigos PANORAMA É composto por uma
menta para que você, professor e educador, possa DE REFLEXÕES tro áreas referentes a SUGERIDA que podem auxiliar linha do tempo com
aprofundar os conhecimentos sobre a história da temas que atravessam no aprofundamento acontecimentos vinculados à presença das mu-
arte, mediar diálogos entre os alunos e estimular a exposição: Institucionalização da arte, Arte fe- da pesquisa sobre a história da arte, proces- lheres na sociedade, na educação e na luta por
novas maneiras de pensar. Para isso, vale-se de minina?, Arte como documento do tempo e Arte sos de criação artística, métodos pedagógicos, direitos desde meados do século XIX até o início
apontamentos que tangenciam o universo da arte, e expressão. Pretendem fornecer respaldo para história e questões relacionadas aos debates de do século XXI. Diante da impossibilidade de re-
da cultura e da educação a partir de reflexões, que você possa aprofundar a pesquisa e a refle- gênero e ao feminismo. gistrar todos os momentos em que as mulheres
debates e demandas trazidos por professores xão sobre os temas que o interessam e propor tiveram relevância e protagonismo, a construção
convidados e educadores do Núcleo de Cultura aulas e atividades para os seus alunos. Dentro IMAGENS São reproduções de desse material partiu de um processo de pes-
e Participação dentro do contexto proposto pela de cada área você encontrará um conjunto de trabalhos presentes na quisa e seleção de fatos que podem servir como
exposição Invenções da Mulher Moderna, para três conteúdos diferentes e complementares: exposição Invenções da mulher moderna, para estimuladores de uma investigação mais apro-
além de Anita e Tarsila. contexto, discussão e proposta. além de Anita e Tarsila que foram cuidadosa- fundada em relação aos conteúdos desenvolvidos
mente escolhidos para dar respaldo à sua pesquisa nesta publicação. Portanto, fique à vontade para
Neste caderno de textos você encontrará uma O contexto apresenta alguns aspectos da ex- e às atividades que você queira desenvolver com incluir novas informações no panorama.
breve apresentação da exposição, os dispara- posição vinculados à história da arte e escolhi- seus alunos. Assim, consideram a diversidade de
dores de reflexões, uma bibliografia sugerida e dos segundo as possibilidades de reverberação linguagens, temas e épocas. Esses conteúdos foram desenvolvidos para que
espaços para anotações. Dentro da caixa estão no trabalho em sala de aula. A discussão con- a publicação educativa seja potente em dois âm-
dez imagens de obras que compõem a exposição, siste num texto construído a partir do cruza- COMENTÁRIOS Você também encontrará bitos: servir de apoio para que você inicie as dis-
os comentários e o panorama. mento das questões apresentadas no contexto dentro da caixa um cartaz cussões com seus alunos antes da visita à mostra
com aquelas vivenciadas atualmente na socie- com comentários acerca dos termos que com- e, também, para que desenvolva pesquisas sobre
dade e tem como intuito propor reflexões que põem o título da mostra. As ideias desenvolvidas temas de seu interesse e crie propostas de aulas e
abarquem o contexto específico de cada escola, sobre invenções, mulher e moderna, longe de atividades adequadas a seu contexto. Utilize esta
comunidade ou outro grupo que utilize esta pu- definirem significados estanques, buscam alar- publicação para inventar seus próprios métodos
blicação. Por fim, a proposta apresenta ideias gar as possibilidades de interpretação, discussão e estratégias de trabalho, convide seus alunos e
de atividades para serem adaptadas e realiza- e questionamento. Converse com seus alunos experimente-a da maneira que preferir.
das por professores, educadores e alunos. sobre esses conceitos e busquem, juntos, novos
significados e camadas de leitura.
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INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

MU
LHER
MO
A exposição inédita Invenções da mulher Com fotografias, vídeos, pinturas, gravuras, Além de rever a história da arte e incluir mu-
moderna, para além de Anita e Tarsila, com esculturas, desenhos, objetos e documentos lheres que antes estiveram ofuscadas, a mostra
curadoria de Paulo Herkenhoff e realizada pelo acerca de importantes figuras femininas que apresenta novos apontamentos sobre a histó-
Instituto Tomie Ohtake, parte de uma consis- tensionaram as tramas sociais e tiveram impor- ria e a produção de figuras de destaque, como

DER
tente pesquisa historiográfica e crítica acerca tante participação na construção da história Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Inau-
da participação das mulheres na construção da de sua época, a exposição propõe outras nar- gura, assim, novas possibilidades de enxergar
história da arte no Brasil nos séculos XIX e XX. rativas e extrapola os critérios cronológicos e a participação feminina na história da arte e a
Sabe-se que elas estiveram presentes e tiveram a visão de “arte feminina” que considera mais construção de uma imagem da mulher, tanto
enorme relevância criativa, intelectual e política, o gênero do que a obra. como autora quanto como objeto, dentro de um

NA,
mas a bibliografia sobre o assunto nem sempre contexto moderno.
considera essa participação. Ou, quando con- Dentro do recorte proposto pelo curador estão
sidera, enxerga a produção artística feminina mulheres que se destacaram por sua atuação na
como um campo à parte, sem empreender uma sociedade escravocrata no século XIX, como
análise crítica sobre seus trabalhos segundo os Eufrásia Teixeira Leite e Mariana Crioula,
mesmos critérios utilizados para a abordagem e a caricaturista Nair de Teffé. Importantes
de obras feitas por artistas homens. expoentes da fotografia, como Hermínia No-
gueira Borges e Fanny Volk. Escultoras, repre-
sentadas por Adriana Janacópulos, Julieta de
PARA ALÉM França, Maria Martins, Nicolina Vaz de As-
sis e Zélia Salgado. As que se dedicaram à pin-
DE ANITA tura, a exemplo de Abigail de Andrade, Alina
E TARSILA Okinaka, Antonieta Santos Feio e Georgina
de Albuquerque. Importantes nomes da arte
contemporânea, como Lygia Clark, Lygia Pape,
Mira Schendel e Tomie Ohtake; entre outras
grandes artistas.

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INSTITucIo-
NALIzAção
DA ARTE

P. 16

ARTE coMo
DocuMENTo
Do TEMPo

P. 28

RE
ARTE
fEMININA?

P. 22

FLE
XÕES
ARTE E
ExPRESSão

P. 34
INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

ARTE
CONTEXTO
DA
O processo de institucionalização do ensino As escolas particulares de arte começaram a Além do pioneirismo nesta prática, ambas eram
artístico no Brasil teve início com a chegada da aceitar as mulheres antes, mas cobravam um escultoras, domínio das artes também asso-
corte portuguesa, o que impulsionou diversas valor equivalente ao dobro daquele cobrado dos ciado ao masculino devido à manipulação de
reformas que buscaram alçar a antiga colônia, homens. Convém mencionar que a maioria dos materiais rígidos que demandavam força física.
estruturalmente e culturalmente, ao posto de artistas que tinha acesso ao ensino vinha de fa-
sede do Império. Parte desse processo foi a Mis- mílias com alto poder aquisitivo. No caso das Ainda que muitos artistas construíssem suas
são Artística Francesa, uma comitiva de artistas, mulheres, soma-se o fato de que grande parte obras à margem do ensino oficial, o modelo neo-
arquitetos e artesãos que aportou no Brasil em possuía outros artistas na fa- clássico francês exerceu forte
1816 com o objetivo de criar um sistema oficial mília, representados pelos pais “APESAR DA influência na produção artística
das artes que pudesse integrar, padronizar e ou maridos. PERMISSÃO DO do século XX ao reforçar o dis-
orientar a produção segundo o modelo acadê- INGRESSO DE tanciamento entre a arte eru-
mico francês, pautado em preceitos do neoclas- Apesar da permissão do in- MULHERES NA dita e a arte popular e ao criar
sicismo. Antes disso, o ensino das artes acontecia gresso de mulheres na aca- ACADEMIA TER um mercado consumidor com
de modos diversificados e informais, por meio das demia ter ocorrido em 1892, OCORRIDO EM 1892, gostos formados pelo modelo
relações entre mestre e aprendiz que produziam apenas em 1896 foi criado um APENAS EM 1896 academicista, a saber, o domínio
objetos vinculados, principalmente, ao barroco ateliê de modelo vivo exclusivo FOI CRIADO UM de técnica aprimorada e o re-
colonial e à arte sacra. para elas e, ainda assim, houve ATELIÊ DE MODELO pertório temático preconizado
resistência à matrícula porque VIVO EXCLUSIVO pela instituição. É importante
Somente a partir de 1892 as mulheres come- tal prática não era vista com PARA ELAS.” mencionar que, mesmo com a
çaram a ser aceitas na Escola Nacional de Be- bons olhos pela sociedade de- dificuldade de acesso a docu-
las Artes do Rio de Janeiro, nome que passou a vido ao fato de o modelo se portar nu. Formavam- mentos e pesquisas sobre o assunto, é inegável a
designar a Academia Imperial de Belas Artes se miniaturistas, pintoras de naturezas-mortas, existência de uma produção que não se enqua-
após a proclamação da República. Muitas mu- de porcelanas e outros tipos de artes que não drava no modelo de arte imposto pelos aparatos
lheres optavam pelo ingresso livre e não pela exigissem a representação do corpo humano. As institucionais, como os objetos produzidos pelas
matrícula oficial devido aos exames de admissão, duas primeiras mulheres que pleitearam matrí- populações indígenas e africanas, a artesania po-
que exigiam conhecimentos aos quais elas não cula na aula de modelo vivo foram Julieta de pular e incontáveis outras modalidades expressi-
tinham acesso nas poucas instituições de ensino França e Nicolina Vaz de Assis. vas encontradas ao longo do território nacional.
16 secundário que as aceitavam.
INSTITUCIONALIZAÇÃO INVENÇÕES DA PARA
DA ARTE MULHER MODERNA, ALÉM DE

DISCUSSÃO

Museus, centros culturais, escolas de arte, ga- O substrato define o produto. Aqui, não se fala ONDE É
lerias e outros equipamentos de arte e cultura apenas de materiais que condizem com deter- POSSÍVEL VER
cumprem o importante papel de disseminar minada vontade expressiva, mas de condições ARTE?
a produção artística para além dos limites da para que se desenvolva um ímpeto criativo, ma-
reserva técnica e dos acervos pessoais. Além neiras de dividi-lo com o mundo e políticas de QUEM PODE
disso, constituem espaços de educação, diálogo, incentivo e valorização da produção. É preciso PRODUZIR
encontro, debate e mais o que se puder criar no compreender a arte como um campo de conheci- ARTE?
entorno da produção artística, considerando a mento, expressão e construção
vocação de cada espaço e os anseios de seus de subjetividades independente “É PRECISO
frequentadores. No entanto, muito se produz, das instituições, como parte da COMPREENDER A
pesquisa e experimenta fora dos equipamentos vida cotidiana e pertencente a ARTE COMO UM CAMPO
oficiais de arte e cultura. vários sujeitos. DE CONHECIMENTO,
EXPRESSÃO E
Nos séculos XIX e XX, muitas manifestações Para além da criação que acon- CONSTRUÇÃO DE
artísticas produzidas no território nacional fo- tece a partir de ensinamentos SUBJETIVIDADES,
ram suprimidas da história oficial e desvaloriza- sistematizados, que conta com COMO PARTE DA
das diante da nova produção que se instaurava, estrutura adequada e que é VIDA COTIDIANA E
criada a partir de modelos, regras e técnicas mostrada em condições ideais PERTENCENTE A
vindas da França e ensinadas com rigidez. Hoje, nos espaços expositivos, existe VÁRIOS SUJEITOS.”
ainda que desvencilhada da dominação da lin- muita coisa. Professores de arte
guagem acadêmica e de um ensino hegemô- inventam processos criativos junto com seus alu-
nico, a produção artística permanece bastante nos; pequenos grupos organizam-se para criar
vinculada a instituições, sistemas oficiais e dis- espaços de disseminação de arte e cultura; ex-
cursos legitimadores, evidenciando a existência posições, saraus, festivais e mais uma infinidade
de arranjos sociais e políticos que delimitam de formatos de eventos culturais acontecem em
lugares e atores. lugares improvisados. A história da arte é uma
narrativa em constante construção, da qual todos
18 podemos e devemos ser autores.
INSTITUCIONALIZAÇÃO INVENÇÕES DA PARA
DA ARTE MULHER MODERNA, ALÉM DE

PROPOSTA

O museu cria uma experiência imersiva por Pesquise possíveis artistas, grafiteiros, cantores, Com o auxílio de seus alunos, invente espaços e
constituir um espaço isolado dos trânsitos co- poetas e artesãos de seu bairro ou cidade que maneiras para mostrar o que foi criado.
tidianos. Arquitetura, iluminação, organização possuam alguma relação com a história desses
das obras, isolamento acústico e regras específi- locais. Escolha um deles como ponto de par- Como organizar uma exposição, um festival, um
cas de comportamento constroem as condições tida para uma conversa com os estudantes, ou sarau, de modo a propiciar que todos os envol-
ditas adequadas para a fruição da arte. Apesar mesmo alguma notícia ou acontecimento que vidos se vejam representados nesses espaços?
disso, a produção e a expe- envolva a escola ou o bairro. O importante é se- Como usar os lugares de deslocamento, apren-
“O ENSINO DA ARTE riência estética acontecem em lecionar algo que pertença à realidade de todos. dizagem, descanso, alimentação, entre outros,
É UMA EXPERIÊNCIA vários âmbitos da vida e não para a vivência estética?
COLETIVA PORQUE estão cerceadas por condições Faça leituras dessas manifestações artísticas
OS DIÁLOGOS CRIAM estruturais. e culturais com a turma, proponha questio-
IDEIAS, E INDIVIDUAL namentos, argumente, estimule e auxilie-os
PORQUE A MANEIRA O ensino da arte, ainda que no aprofundamento da discussão e na busca
DE EXPRESSÁ-LAS opere por meio do alarga- por novos olhares. Depois, conversem sobre
É DE AUTORIA mento do campo simbólico e maneiras de expressar as ideias apontadas por
DO SUJEITO QUE da apresentação de referências meio de linguagens artísticas, como a poesia,
AS EXPRESSA.” que aumentam o repertório in- a pintura, a música, a dança, a performance, a
dividual e estimulam a criação, escultura, a instalação, a fotografia, o desenho
não consegue construir o método ideal para e o que mais aparecer. Identifique as potências
cada indivíduo. É possível dizer que o ensino da individuais e estimule-os a dar vazão ao que foi
arte é experiência coletiva e individual. Coletiva discutido por meio da modalidade expressiva
porque os diálogos criam ideias, individual por- que mais interessar a cada um.
que a maneira de expressá-las é de autoria do
sujeito que as expressa.

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INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

FEMI
NINA?
CONTEXTO

Durante muito tempo as mulheres estiveram pedia que fossem abordadas segundo os mesmos Às mulheres coube a produção das modalidades Com o advento de uma nova classe média urbana
presentes na produção artística apenas como critérios utilizados na abordagem de obras feitas vistas como menores, como as cenas de gênero e e as transformações no contexto político e so-
modelos e musas. Isso se deve, principalmente, por homens. Além dessa exclusão vinda de um a natureza-morta, campos nos quais se destacou cial do Brasil, as cenas de gênero começaram a
às dificuldades de acesso aos equipamentos de critério de análise vinculado ao gênero e à impos- Abigail de Andrade. Isso se deve a resquícios ganhar notoriedade. Inaugurou-se um interesse
ensino da arte e a barreiras sociais que impediam sibilidade de profissionalização dele decorrente, de uma sociedade em que a atuação das mulhe- maior pelas cenas cotidianas, pelo interior do-
que se dedicassem profissionalmente a essa ocu- a crítica dedicava-se à identificação de caracte- res estava restrita ao ambiente méstico burguês e por narra-
pação. De modo algum isso significa que elas não rísticas femininas expressas nas obras feitas por doméstico - no qual lhes era “QUANDO AS tivas mais objetivas e próximas
produziram e, principalmente, que suas obras não mulheres, como a pincelada leve, o olhar feminino, possível apenas a observação e MULHERES da vida. Essas mudanças re-
tiveram as qualidades que justificassem a sua in- a delicadeza e outros termos que, sob uma análise a representação de arranjos de COMEÇARAM A presentaram, também, maiores
serção nos livros de arte. Sabemos que a história coerente, não se sustentam nas obras em si. alimentos e interiores - e não a FIGURAR NOS possibilidades de inserção das
da arte encobriu muitos sujeitos, principalmente uma predisposição natural ao SALÕES DE ARTE A mulheres no campo da produ-
as mulheres, que entraram nos principais livros Dentre os gêneros da pintura ensinados e es- desenvolvimento desse tema. CRÍTICA ABORDAVA ção artística.
de arte depois de revisões históricas – poucas timulados pela Escola Nacional de Belas Artes SUA PRODUÇÃO
vezes estiveram nas primeiras edições. havia uma clara hierarquia, na qual o ápice era A primeira pintura histórica EM RELAÇÃO À DE Posteriormente, com o advento
a pintura de temática histórica, seguida pelo re- feita por uma mulher é a tela OUTRAS MULHERES do modernismo e o enfraque-
Quando as mulheres começaram a figurar nos sa- trato, pela paisagem, pela natureza-morta e pela Sessão de Conselho do Estado E À DE ARTISTAS cimento da rigidez temática
lões de arte, no final do século XIX, a crítica abor- pintura de gênero. Durante muito tempo a pin- (1922), na qual Georgina de HOMENS VISTOS e formal do academismo, as
dava sua produção em relação à de outras mu- tura histórica foi um campo de atuação restrito Albuquerque retrata a Inde- COMO AMADORES.” questões de gênero já não
lheres e, eventualmente, em relação à produção aos homens, do qual as mulheres eram excluídas pendência do Brasil a partir de tinham força para delimitar
de artistas homens vistos como amadores. Assim, principalmente pela ausência de domínio da ana- um viés até então inusitado (pesquise a pintura âmbitos de atuação masculinos e femininos na
criou-se um nicho específico que ficou conhecido tomia humana decorrente do fato de que não ti- Independência ou Morte, feita por Pedro Amé- produção artística, a exemplo do surgimento
como “arte feminina”, um filtro que isolava as qua- nham acesso ao ensino de arte e, especificamente, rico em 1888). Na obra da artista, a Princesa de nomes como Anita Malfatti e Tarsila do
lidades estéticas das produções femininas e im- ao estudo do nu. Leopoldina é representada como personagem Amaral em posição de grande relevância na
da negociação política que levou à independência, história da arte.
inserida em lugar de destaque na pintura.

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ARTE FEMININA? INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

DISCUSSÃO

O sexo biológico acompanha o indivíduo desde o Além disso, os cerceamentos impostos às mu- Empreender uma análise sobre obras produzi- A IDENTIDADE
nascimento e define características físicas espe- lheres definiram por muito tempo sua área de das por homens e mulheres é transitar entre ca- NOS DEFINE OU
cíficas. O gênero se inscreve no corpo a partir de atuação social, o que consequentemente difi- tegorias arbitrariamente criadas, estereótipos NÓS DEFINIMOS
construções culturais que atribuem característi- cultava ou impedia o acesso a atividades vistas culturalmente construídos e contextos específi- A IDENTIDADE?
cas subjetivas, funções sociais, habilidades ditas como masculinas, para além do campo da arte. cos de cada gênero. As categorias, como a “arte
inatas e limites aos corpos femininos e masculi- feminina”, têm vínculo com os estereótipos, que QUEM PODE
nos. De acordo com essa perspectiva, o sexo vem A manutenção da construção cultural do gê- por sua vez têm como substrato os contextos FALAR?
da natureza e o gênero vem da cultura, assim nero acontece em várias esferas da vida. Por nos quais se desenvolvem os indivíduos. Ainda QUEM
como a arte. Vale ressaltar que alguns pesqui- exemplo, até hoje há diferenças entre os brin- que não existam características femininas na- CONSEGUE SER
sadores de questões vinculadas a gênero e sexo, quedos oferecidos às crianças. Por um lado, os turalmente expressas na produção artística, é ESCUTADO?
desde a década de 1980, têm colocado os dois meninos têm acesso a brinquedos que estimu- necessário considerar que as mulheres têm
conceitos no âmbito da cultura, visto que tanto lam a imaginação vinculada à aventura e ao acesso às estruturas sociais de acordo com o
o sexo quanto o gênero têm relação com formas universo do trabalho; por outro, a maioria dos que lhes é permitido, ou, desde o advento dos
de conhecimento acerca do corpo. brinquedos criados para as meninas reforça o movimentos feministas, com o que reivindicam.
vínculo com o ambiente doméstico e a mater-
Não se pode falar em indícios de predisposições nidade. Deste modo, desde a infância são defi-
biológicas das mulheres à expressão de deter- nidos papéis sociais de gênero que reverberam
minados assuntos ou temas. na vida adulta, a exemplo de
Trata-se de uma construção “NÃO SE PODE FALAR um conjunto de profissões que
social da feminilidade pautada EM INDÍCIOS DE são culturalmente atribuídas a
em valores morais, em uma es- PREDISPOSIÇÕES homens ou mulheres.
trutura patriarcal e em meca- BIOLÓGICAS DAS
nismos de exercício do poder. MULHERES À
EXPRESSÃO DE
DETERMINADOS
ASSUNTOS OU TEMAS.
TRATA-SE DE UMA
24 CONSTRUÇÃO SOCIAL.”
ARTE FEMININA? INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

PROPOSTA

O corpo é um espaço de atravessamentos que Converse com seus alunos sobre o modo como
se veste de significados, linguagens, discursos o corpo ocupa os espaços – por exemplo, a es-
e ocupa lugares no mundo. Através dele, apren- cola, o museu, a cozinha, a sala, a rua etc. Como
demos, absorvemos e repetimos comporta- a estrutura e o uso dos ambientes definem a
mentos. Esses rituais do corpo, postura e a maneira como o corpo se movi-
“O CORPO RESPONDE definidos por cada cultura in- menta? É possível perceber os movimentos,
AOS ESTÍMULOS serida em seu tempo e seu es- também, como elaborações que passam pelo
EXTERNOS A paço, reafirmam identidades corpo inteiro, considerando que cada um deles
PARTIR DO QUE e papéis sociais esperados de ativa processos de decisão que reverberam nos
DELE É ESPERADO cada sujeito, contexto no qual músculos e articulações até que o movimento
E DA ESTRUTURA se inserem as construções de se complete.
QUE O ACOLHE, sexo e gênero. A repetição
REPRODUZINDO dos rituais e os atos perfor- Divida-os em pequenos grupos e proponha a
COMPORTAMENTOS mativos não se dão apenas invenção coletiva de novas maneiras de realizar
ENTENDIDOS COMO na esfera individual de cada ações do dia a dia, como sentar, levantar, cami-
ADEQUADOS.” corpo, visto que visam à natu- nhar, cumprimentar, pular etc. Estimule-os a
ralização de seus significados atuar, encenar, improvisar e experimentar as
em um contexto compartilhado. Assim, o corpo potências do corpo e de como ele pode ocupar
responde aos estímulos externos a partir do o espaço de maneiras inusitadas. Depois, con-
que dele é esperado e da estrutura que o aco- versem sobre a experiência de usar o corpo e os
lhe, reproduzindo comportamentos entendidos movimentos como ferramentas de invenção de
como adequados ao contexto e à expressão da novos modos de executar as ações cotidianas e
identidade de cada um. de expressar identidades.

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INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

DO CONTEXTO

CU
Até o século XIX havia uma clara distinção en- A produção artística do final do século XIX e Nas fotografias capturadas por Fanny Volk, por
tre os papéis sociais masculinos e femininos. A início do século XX constitui um importante do- exemplo, é possível observar os modelos fami-
vida pública, bem como a atuação na política, na cumento acerca das estruturas sociais, costumes liares, as vestimentas, os ambientes de trabalho
ciência, nas artes e outras áreas de grande nota- e condições de vida da época. É possível observar, e as distinções entre a figuração das mulheres
bilidade, era reservada aos homens, enquanto a por exemplo, critérios de gosto na decoração dos e dos homens, tanto no que tange às situações

MEN
vida doméstica era reservada às mulheres, o que ambientes que figuram nas cenas de gênero; a construídas quanto às cenas de trabalho. Além
envolvia o cuidado com a casa, a educação dos moda presente nas vestimentas dos retratados disso, as fotografias revelam a construção do
filhos, a assistência às necessidades do marido e e a vinculação desta com determinada classe olhar fotográfico e do enquadramento de modo
outras atividades que não demandassem grande social; os alimentos presentes nas naturezas- subjetivo, características marcantes na produção
atuação pública. Exemplo claro desse cercea- mortas e a associação com um gosto burguês de Hermínia Nogueira Borges.

TO
mento é a existência comum dos muxarabis no e a ideia de fartura e requinte;
século XIX, que podem ser vistos em diversas a construção de narrativas nas “A ARTE É, TAMBÉM, A arte é, também, documento
gravuras e fotografias da época. De origem árabe, cenas representadas e os códi- DOCUMENTO DAS das tensões entre tradição e
os muxarabis constituem-se de estruturas que gos morais por trás disso, bem TENSÕES ENTRE ação individual. Ainda que hou-
separam o ambiente doméstico da via pública e como os modos de vida e orga- TRADIÇÃO E AÇÃO vesse obstáculos à participação
eram instalados nas janelas das casas para que nização da sociedade; os tipos INDIVIDUAL.” das mulheres na vida pública,
as mulheres pudessem vislumbrar uma parte físicos presentes nas obras e a muitas quebraram barreiras e
da vida que se passava nas ruas sem que fossem vinculação com um padrão de beleza estabele- tiveram uma atuação social de grande relevância,
vistas pelos transeuntes. cido, principalmente no caso das mulheres; entre a exemplo de Nair de Teffé, a primeira caricatu-
outros aspectos. rista brasileira. As caricaturas de Nair represen-
tam figuras da aristocracia da época, visto que a
O registro fotográfico é particularmente im- própria artista vinha desse meio, trazendo à tona
portante nesse sentido por contemplar cenas e discursos sobre a sociedade. A caricaturista teve
situações muitas vezes ignoradas pelos temas também atuação importante em outras esferas

TEMPO
correntes do academismo. ao colocar-se publicamente a favor do sufrágio
feminino, dos direitos das mulheres e do divórcio,
contribuindo para a construção da ideia de um
28 exercício da autonomia feminina.
ARTE COMO INVENÇÕES DA PARA
DOCUMENTO DO TEMPO MULHER MODERNA, ALÉM DE

DISCUSSÃO

Olhamos para o passado com as lentes do pre- cortinas cerradas das casas, dos muros dos Se analisarmos as situações apresentadas pela COMO OS
sente. Ainda que o contexto social, político e condomínios e mais incontáveis possibilidades mídia, perceberemos que atualmente esse mo- SILENCIAMENTOS
econômico dos documentos antigos seja hoje de diálogo. De modo semelhante, os ambien- delo ainda constitui grande parte dos enunciados. CONSTROEM AS
parcialmente conhecido e pesquisado, sempre tes revelados na pintura de gênero podem ser HISTÓRIAS?
há um fator de indefinição decorrente da so- comparados com as moradias construídas No entanto, a existência de arranjos sociais e
breposição de narrativas. O presente permeia atualmente e gerar reflexões sobre os modos modelos de conduta não impediu que se ma- COMO PODEMOS
o passado e vice-versa. Costumes e modos de de vida e como as tecnologias alteram as ne- nifestassem posturas contestadoras, como REINTERPRETAR
vida existentes no século XIX foram se modi- cessidades básicas e a infraestrutura. é possível observar por meio da atuação das A HISTÓRIA POR
ficando a partir das mudanças das macroestru- mulheres no campo da arte. Se os discursos MEIO DA ARTE?
turas e dos questionamentos individuais, dando A produção artística do século XX permite, enunciados têm como intuito
origem aos comportamentos contemporâneos. também, uma pesquisa acerca de padrões de a manutenção de valores ex- “CONSTRUIR NOVOS
Ao mesmo tempo, olhar fotografias, pinturas e beleza, identidades, modelos familiares e códi- cludentes e do domínio de DISCURSOS PARA
esculturas criadas em uma época diferente da gos sociais vigentes em relação aos papéis de- um gênero sobre outro, ou de RECONHECER-SE NA
nossa leva a questionamentos provenientes de sempenhados por homens e mulheres. Muitas uma classe social sobre outra, ARTE, NA CULTURA,
um repertório atual. vezes as obras documentam os homens exer- evidencia-se a potência de NA MÍDIA, NAS
cendo trabalhos na esfera pública e as mulhe- um olhar crítico sobre eles. INSTITUIÇÕES SOCIAIS,
Indo além, a comparação não acontece apenas res exercendo trabalhos domésticos. Nas ima- É necessário construir novos ENFIM, COLOCAR-SE
no âmbito dos costumes, mas também no das gens com crianças, fica clara a predominância discursos para reconhecer-se SOCIALMENTE COMO
estruturas físicas que emolduram a vida. Por da presença da mulher como cuidadora. na arte, na cultura, na mídia, SUJEITO ATIVO E
exemplo, é possível olhar para os muxarabis e nas instituições sociais, enfim, PROPOSITOR.”
colocá-los ao lado das grades das escolas, das colocar-se socialmente como
sujeito ativo e propositor.

30
ARTE COMO INVENÇÕES DA PARA
DOCUMENTO DO TEMPO MULHER MODERNA, ALÉM DE

PROPOSTA

Registrar uma história é editá-la. Isso acon- Mostre as imagens que acompanham esta pu-
tece no texto, quando há uma seleção do que blicação a seus alunos e converse com eles so-
será narrado e das palavras que serão usadas; bre narrativas, processos de escolha, autorias e
na pintura, no desenho e na gravura, quando discursos que podem ser percebidos por meio
são definidos os detalhes imagéticos que farão da observação.
parte da cena e as nuances que eles terão; na
fotografia, quando é escolhido Proponha que cada aluno pense em uma histó-
“REGISTRAR UMA um enquadramento que in- ria. Pode ser uma autobiografia, uma ficção, a
HISTÓRIA É EDITÁ- clui uma parte do que o olhar história de um conhecido, enfim, as possibilida-
LA POR MEIO DE abarca e excluído o que está des são inúmeras. Definam juntos maneiras de
UM PERCURSO COM fora de suas margens; e em registrar a história para que ela possa ser com-
VÁRIAS CAMADAS diversos outros meios de ex- partilhada com outras pessoas. Vocês podem
E PROCESSOS DE pressão. A realidade que nos utilizar recortes de revistas e jornais, objetos,
ESCOLHA VINCULADOS cerca é extremamente ampla trechos de músicas, fotografias e o que mais
A UMA IDEIA DE para ser percebida e regis- for sugerido pelos alunos e estiver ao alcance.
AUTORIA.” trada em sua totalidade.
Depois de prontos, observem todos os traba-
O processo de escolha e edição considera, além lhos, façam leituras coletivas e discutam sobre
das possibilidades técnicas, o que a memória o processo de edição, as soluções formais e es-
apreendeu do acontecido - decorrente da truturais encontradas por cada um, as ideias
atenção direcionada a cada detalhe -, e o que que surgiram a partir dos materiais escolhidos
o autor do discurso considera importante den- e as dificuldades de cada percurso.
tro de seu repertório, suas ideologias e suas ex-
pectativas quanto ao interlocutor. Sendo assim,
todo registro vem de um percurso com várias
camadas e processos de escolha vinculados a
uma ideia de autoria.
32
INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

EX CONTEXTO

PRES
Muitas vezes os artistas aglutinam-se em gru- No entanto, é importante destacar os pontos de Mira Schendel empreendeu uma pesquisa
pos com interesses compartilhados e produções contato entre academismo e modernismo: pri- acerca da linguagem até dissolvê-la em gestos
semelhantes. Essas uniões são de grande auxílio meiro, ambos buscavam a expressão alegórica da gráficos mínimos e esvaziar o código linguístico
à construção do discurso da história da arte. brasilidade, cada um a seu modo; segundo, havia em composições que tocam o vazio e o indizí-
Abordar os artistas a partir de seus contempo- uma resistência à prática da não figuração. Deste vel, processo que pode ser verificado no grande

SÃO
râneos e de poéticas compartilhadas facilita o modo, a liberdade formal ainda enfrentava al- número de monotipias que a artista realizou.
trabalho de catalogação, memória, abordagem guns cerceamentos diante de Lygia Clark investigou a su-
crítica e curadorias cronológicas. Por exemplo, um discurso construído acerca “SOBRESSAI-SE perfície pictórica até tirá-la da
podemos falar em artistas acadêmicos, abstra- da produção artística e da fun- A PESQUISA DE planaridade e chegar a lugares
tos, concretistas, neoconcretistas, conceituais ção dos artistas. CADA ARTISTA, A não previstos, como os Bichos.
e muitas outras categorizações possíveis. Ainda MODALIDADE
assim, a expressão individual encontra espaço Com o enfraquecimento do EXPRESSIVA Sobressai-se a pesquisa de cada
de reverberação. discurso modernista, a te- ESCOLHIDA, AS artista, a modalidade expressiva
matização da linguagem deu TÉCNICAS DISPONÍVEIS, escolhida, as técnicas disponí-
Com o surgimento do modernismo no Brasil, a lugar à possibilidade de ex- OS ASSUNTOS E veis, os assuntos e problemas
crítica passou a falar de arte como expressão perimentações mais intensas PROBLEMAS QUE que as estimularam a passar
com mais frequência. Antes, com o academismo, no campo da forma, dentre AS ESTIMULARAM A longos anos produzindo arte.
o foco da expressão criativa estava mais no tema as quais é possível destacar a PRODUZIR ARTE” Há que se ressaltar a constru-
do que na forma, subjugada aos ditames técnicos abstração à qual se lançaram ção de um estilo próprio que
da academia. O modernismo trouxe novas possi- Tomie Ohtake, Mira Schendel e Lygia não está mais vinculado a uma necessidade de
bilidades de experimentação formal ao absorver Clark. Apesar da vinculação emblemática, es- inserção, mas a uma necessidade de expres-
as inovações das vanguardas europeias. sas três artistas desenvolveram caminhos de são - diferente de tempos anteriores, em que
produção, pesquisa e expressão absolutamente a questão de gênero muitas vezes subjugava a
únicos. Tomie Ohtake, durante seus 60 anos pesquisa poética. Interessa a pesquisa constante
de produção, deixou-se levar por um experi- e insistente, debruçar-se sobre um tema, técnica
mentalismo intenso da forma e da cor, investi- ou problema e nele seguir até que se revelem os
gando incansavelmente a pintura e a abstração. meandros do próprio assunto ou que a pesquisa
34 vire o leme para outras direções.
ARTE E EXPRESSÃO INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

DISCUSSÃO

É possível entender a criação como um pro- Ao elaborarmos um objeto ou uma ideia, inseri- O percurso enfrentado entre a elaboração da COMO DIZER
cesso que parte de uma vontade, mais ou menos mos no mundo uma parte de nossa identidade ideia e a prática passa por meandros não pre- SEM FALAR?
definida e identificada, de expressão de algo que e, no processo de feitura, absorvemos algo do vistos no início do processo. A manipulação dos
até então permanece num universo interior do mundo. Isso acontece porque o ato criativo materiais escolhidos, como tinta, argila, pala- COMO
artista, sujeito do cruzamento entre as condi- passa por muitas instâncias do corpo, sendo ele vras, sons, movimentos, objetos e mais uma in- INVESTIGAÇÕES
ções de seu tempo e sua própria consciência. físico, social e sensível. Ao corpo físico cabe inse- finidade de possibilidades, envolve uma relação E PROCESSOS
As possibilidades de combinação são infinitas rir-se no mundo em sua inteireza; ao social, re- de descoberta que nos tira do caminho plane- ARTÍSTICOS
e estimulam uma busca por algo ainda não fletir sobre as questões de seu tempo e contexto jado e nos leva a diversos outros, demandando CONSTROEM
delineado. A criação é, também, resposta aos e, assim, encontrar possibilidades de existência uma reelaboração de estratégias. O erro e a in- CONHECIMENTO?
estímulos do entorno, desde o contexto social criativa e atuação; ao corpo sensível cabe abrir- sistência fazem parte do processo criativo. Aqui,
e a vontade de mudança até as micropolíticas se à experiência criativa e vivenciar os processos entende-se como erro não a
da vida cotidiana que, absorvidas, demandam sendo ao mesmo tempo sujeito e objeto. impossibilidade de se chegar “ENTENDE-SE
elaboração e respostas que não se restringem ao objetivo escolhido, mas os COMO ERRO NÃO A
à comunicação verbal. Portanto, desenhamos, desvios que podem ser muito IMPOSSIBILIDADE
pintamos, escrevemos, dançamos, cantamos, mais potentes que a via prin- DE SE CHEGAR AO
esculpimos, encenamos e fazemos o que mais cipal. Criar é aprender com o OBJETIVO ESCOLHIDO,
for preciso para dar vazão ao impulso criativo. que se cria e desenvolver um MAS OS DESVIOS QUE
olhar sensível para outras for- PODEM SER MUITO
mas de expressão. MAIS POTENTES QUE
A VIA PRINCIPAL.”

36
ARTE E EXPRESSÃO INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

PROPOSTA

Na final da década de 1950, Tomie Ohtake Transforme a sala de aula em um lugar de ex- MOVIMENTO
começou a realizar experiências que ficaram perimentação plástica e invenção de estratégias PESO
conhecidas como “pinturas cegas”. Com os de criação. Convide seus alunos a sugerirem LEVEZA
olhos vendados, a artista adicionava e subtraía materiais de criação que não são comumente TEMPO
a tinta, deixando rastros de acaso e intencio- usados na produção artística e que possam ser CALMA
nalidade na superfície da tela. Ao prescindir facilmente encontrados, como folhas de árvo- FORÇA
da visão e trabalhar com as possibilidades da res, terra, papel amassado, tecidos, embalagens CHEIO
sensibilidade tátil e da materialidade da tinta, vazias, tijolos etc. Organizem os materiais na VAZIO
Tomie Ohtake inaugurou uma nova maneira sala e, se preferirem, incluam objetos de apoio, ESPAÇO
de lidar com seu próprio pro- como barbante, cola, tesoura, fita adesiva e o INTENSIDADE
“A EXPERIÊNCIA cesso criativo. que acharem necessário. ENERGIA
PLÁSTICA É UMA TEXTURA
NEGOCIAÇÃO A experiência plástica é uma Anote em pequenos pedaços de papel palavras GESTO
CONSTANTE ENTRE O negociação constante entre o que possam auxiliar na criação, como movimento,
ARTISTA, O MATERIAL artista, o material escolhido e peso, leveza, tempo, calma, força, cheio, vazio,
ESCOLHIDO E AS as motivações que dão forma espaço, intensidade, energia, textura, gesto etc.
MOTIVAÇÕES QUE DÃO à criação, bem como uma Faça duas ou três cópias das palavras e distribua
FORMA À CRIAÇÃO.” abertura ao acaso sensível que uma para cada aluno. Depois, convide-os a es-
nos orienta a fazer escolhas colher e experimentar algum material que possa
estéticas que nem sempre passam pelo crivo ajudá-los a dar forma à palavra. Se preferir, colo-
da razão. Criamos o que sentimos e sentimos que uma música que estimule a criação. Quando
o que criamos. todos terminarem, conversem sobre o processo
vivenciado durante a experiência, as estratégias
de criação e os resultados encontrados.

38
BI
INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

BLIO
GRA
FIA BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo, 1949. LEAL, Dodi. A desnaturalização da cisgene-
ridade: impasses e performatividades, 2017.
BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofí-
cio de historiador, 2001. SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Entre con-
venções e discretas ousadias: Georgina de
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico, 1989. Albuquerque e a pintura histórica feminina
no Brasil, 2002.
BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e
imagem, 2004. SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Profissão ar-
tista: Pintoras e escultoras acadêmicas brasi-
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: femi- leiras entre 1884 e 1922, 2008.
nismo e subversão da identidade, 2003.
SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário de
DUCHAMP, Marcel. O ato criador, 1965. Viola Spolin, 1975.

ESTRADA, Luiz Gonzaga Duque. A arte bra- NOCHLIN, Linda. Por que não houve grandes
sileira, 1888. mulheres artistas?, 1971.

FRIEDAN, Betty. Mística feminina, 1963. WOOLF, Virginia. Um teto todo seu, 1928.

HERKENHOFF, Paulo. Mulheres do presente, ZANINI, Walter (coord). História geral da arte
a clareza entre sombras, 2016. no Brasil, 1983.

40
FICHA TÉCNICA INVENÇÕES DA PARA
MULHER MODERNA, ALÉM DE

Instituto Tomie Ohtake Publicação

Presidente Coordenação de conteúdo Divina Prado


Ricardo Ohtake Assistência de conteúdo André Castilho Pinto, Anita
Curadoria Limulja, Bruno Ferrari, Felipe Tenório, Jordana
Paulo Miyada (curador) Braz, Lucia Abreu Machado, Melina Martinho,
Produção Nádia Bosquê, Pedro Costa e Priscila Menegasso
Vitoria Arruda (diretora) Laboratório de criação Anita Limulja, Divina Prado,
Administração e Finanças Felipe Tenório, Gabriela Gotlieb Ribas, Janice de
Roberto Souza Leão (diretor executivo) Piero, Lucia Abreu Machado, Maralice Camillo,
Negócios Marisa Pires Duarte, Melina Martinho, Paulo
Ivan Lourenço (diretor) Roberto Magalhães, Pedro Gabriel Costa e Priscila
Cultura e Participação Menegasso
Felipe Arruda (diretor) Projeto Gráfico Margem
Revisão Isabela Maia
Núcleo de Cultura e Participação
Exposição Invenções da mulher moderna,
Direção Felipe Arruda para além de Anita e Tarsila
Assistência de direção Fernanda Beraldi Realizada no Instituto Tomie Ohtake
Administração Maurício Yoneya, Elisabeth Barboza e de 14 de junho a 20 de agosto de 2017
Jane Santos
Ação e Pesquisa Educativa Felipe Tenório, Beatriz
Ribas, Divina Prado e Melina Martinho
Educadores André Castilho Pinto, Anita Limulja,
Bruno Ferrari, Jordana Braz, Lucia Abreu
Machado, Nádia Bosquê, Pedro Costa e Priscila
Menegasso
Projetos socioculturais Luis Soares, Bruna Kury,
Bruno Perê, Bruno Vital, Claudio Rubino,
Fernanda Castilhos, Isadora Mellado, Kellen
Nascimento, Leonardo Bernardo, Maiara Paiva,
Misael Prado e Victor Santos
Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel
Ágata Rodriguez e Beatriz Ribas
Prêmio Territórios Educativos Natame Diniz
Prêmio Energias na Arte
COMENTÁRIOS CAPACIDADE DESCOBERTA COISA FANTASIA
CRIATIVA, OU INVENTADA

INVEN
IMAGINAÇÃO CRIAÇÃO POR
CRIADORA ALGUÉM

Invenção como as Ato de inventar, Aquilo que foi in- Coisa inventada
possibilidades in- criar, produzir, ventado e, portanto, por alguém e que
finitas de criação enfim, inserir um é um produto ou carrega consigo
e a potência de elemento novo objeto da criação. o estigma de per-
exploração desse no mundo, seja A coisa inventada tencer ao campo
campo. Reelabora- ele algo físico ou pode ter várias da imaginação. Por
ção do repertório uma elaboração funções no mundo, vezes a invenção é
para a criação de mental. O instante desde aquela mais percebida em seu
algo novo ou de de ação do gesto utilitária, ligada à aspecto negativo,

ÇÕES
novas estratégias criativo envolve inovação tecnoló- como mentira ou
para lidar com a pesquisa, trabalho, gica ou à alteração discurso criado com
realidade. Postu- insistência, inspira- dos modos de vida, objetivos escusos.
ra ativa do sujeito ção e imaginação. até aquela mais
dotado de capaci- poética, relacionada
dade de invenção. ao campo da arte,
da literatura, da
música etc.

MU
SER UM, DOIS, SER
BIOLÓGICO TRÊS SEXOS SOCIAL

Indivíduo que apre- No entanto, há Os gregos acre- Nos últimos anos, A concepção de mulher
senta caracteres pessoas que não se ditavam que havia o debate sobre os como o ser que apre-
sexuais primários e identificam com o somente um sexo e procedimentos em senta características
secundários vincu- sexo definido por as mulheres eram relação a bebês que do gênero feminino
lados ao sexo femi- seus órgãos genitais uma categoria hu- nascem com órgãos está influenciada pelos
nino. Os caracteres e pessoas que pos- mana inferior aos sexuais masculinos arquétipos, entendidos
sexuais primários suem predomínio de homens. A partir da e femininos trouxe por Carl Jung como as
referem-se aos ór- hormônios que não Revolução Francesa, à luz a existência de imagens psíquicas do
gãos sexuais que já condizem com seu a ciência passou a mais do que dois se- inconsciente coletivo

LHER
são diferenciados sexo biológico, evi- aceitar que homens xos, mostrando que que definem modelos e
no momento do denciando que a de- e mulheres são a divisão binária padrões de comporta-
nascimento do indi- finição biológica não seres com sexos entre homens e mu- mento. Essa feminilida-
de apontada pelo senso
víduo, enquanto os é suficiente para a distintos, mas man- lheres não conse-
comum pode ser vista
secundários dizem definição do sexo. teve a noção de in- gue abarcar a com-
como um conjunto de
respeito às modifi- ferioridade feminina. plexidade humana.
práticas que, repetidas
cações que ocorrem e reforçadas constan-
no corpo devido aos temente, transformam-
hormônios mascu- se em rótulos do ser fe-
linos ou femininos. minino cujo intuito é a
manutenção de deter-
minada estrutura social.

MO
SUJEITO MODERNO MODERNIDADE
EM SEU TEMPO NA ARTE

Relativo ou per- Referente à produ- No entanto, é ne- O momento que


tencente à época ção artística desen- cessário considerar marca a chegada
histórica em que volvida a partir do os pontos de conta- de novos tempos no
se vive e cujas final do século XIX, to entre os termos, contexto da Revo-
características re- momento marcado os interesses dos lução Francesa, no
fletem tendências por movimentos atores do proces- qual métodos anti-
contemporâneas. de ruptura com a so e as mudanças gos são substituídos
O sujeito moderno tradição e por expe- sociais e políticas por outros que re-
tenta se alinhar ao rimentações esté- que emolduraram presentam o avanço
tempo histórico ticas. Essa acepção as rupturas. Ape- e a renovação vincu-

DERNA
corrente por meio envolve a noção de sar de não existir lados às ideias de ra-
do questionamen- oposição com o que um consenso entre cionalidade e univer-
to do antigo e da é considerado tradi- os pesquisadores salidade. Entretanto,
afirmação do novo. cional ou acadêmico. sobre o início do deve-se mencionar
período contem- que as estruturas
porâneo na arte, é ditas universais têm
possível situar seu lugar de origem nas
surgimento na me- culturas dominantes
tade do século XX. do mundo ocidental.
Assim, a moderni-
zação se confunde
com um processo
de ocidentalização e
dominação de cultu-
ras diferentes.
PA
1827 1832 1838 1874 1879
ACESSO
AO ENSINO
SUPERIOR
NO BRASIL
PRINCESA
ISABEL:
LEI
ÁUREA

1881 1888 1889 1892 1896 1898 1900 1909


Em 15 de outubro é pro- Nísia Floresta publica o Eclode na região de Vas- As mulheres surdas têm o As mulheres conquistam o As mulheres poderiam O Liceu de Artes e Ofícios Princesa Isabel promulga Proclamação da República. As mulheres começam a ser Foi criado um ateliê ex- Julieta de França e Cerca de 40% dos artistas Nair de Teffé tem uma
mulgada a primeira lei do livro Direitos das Mulheres souras uma das maiores acesso negado ao Instituto direito de acesso ao ensino cursar o ensino superior do Rio de Janeiro começa a a Lei Áurea. aceitas como alunas regu- clusivamente feminino Nicolina Vaz de Assis expositores do Salão Na- caricatura publicada em
Brasil sobre a educação e Injustiça dos Homens. insurreições quilombolas do Nacional de Surdos-Mudos superior no Brasil por meio desde que assistissem aulas aceitar mulheres. Para isso lares da Escola Nacional de na Escola Nacional de matriculam-se nas aulas de cional de Belas Artes eram revista pela primeira vez.
elementar. A lei permitia Consistiu em uma tradução Império do Brasil. Foi lide- (INSM), que a partir de do decreto nº 7.247 de em lugares separados e foi criado o curso Profis- Josefina Álvares de Belas Artes. Belas Artes, sob a dire- modelo vivo da Escola Nacio- mulheres.
que as mulheres frequen- livre do livro A Vindication rada por Mariana Crioula 1957 passaria a se chamar 19 de abril, que também passassem pelos mesmos sional Feminino. Azevedo funda o jor- ção de Rodolfo Amoedo nal de Belas Artes, sendo as
tassem as escolas em of the Rights of Woman e Manuel Congo, ambos Instituto Nacional de Edu- regulamentava a educação exames de aprovação que nal A Família, dedicado e Henrique Bernardelli. primeiras mulheres a fazê-lo.
turmas separadas e com da inglesa Mary Wollsto- escravizados por Manuel cação de Surdos (INES). elementar e secundária. O os homens. à discussão do direito Apenas Julieta foi aceita.

NO
um currículo diferenciado. necraft com a inclusão de Francisco Xavier. decreto reforçava algumas feminino de acesso à
Além da exclusão dos en- comentários e reflexões de diferenças entre o ensino educação e ao sufrágio.
sinamentos avançados em Nísia vinculados ao con- secundário para homens e
geometria e aritmética, texto brasileiro. mulheres. Por exemplo, os
fazia parte do programa o meninos aprendiam noções
ensino de noções de econo- de economia social e prática
mia doméstica. A lei previa manual de ofícios enquanto
a equiparação do salário de PUBLICA- às meninas cabia o aprendi- DIREITOS
mestres e mestras. zado de noções de economia
ÇÃO DO doméstica e costura. REGULA- DE
LIVRO EM MENTAÇÃO SUFRÁGIO
TORNO DA DO VOTO EQUIPA-
EDUCAÇÃO FEMININO RADOS

1910 1914 1917 1918 1919 1922 1924 1928 1932 1934 1941 1960 1962 1965
Leolinda Daltro funda O tango Corta-Jaca de Acontece uma passeata Maria Lacerda de Moura Na Conferência do Con- Georgina de Albuquer- Nair de Teffé concede Alzira Soriano de Souza O voto é regulamentado Consolidação do Código Getúlio Vargas cria o Tomie Ohtake ganha o É aprovado o Estatuto da Direitos de sufrágio são
o Partido Republicano Chiquinha Gonzaga é exigindo extensão do voto publica o livro Em torno da selho Feminino Interna- que pinta a tela Sessão uma entrevista intitulada é eleita a primeira prefeita no Brasil pelo Decreto nº Eleitoral e remoção das res- Decreto-lei nº 3.199 Prêmio Probel de Pintura do Mulher Casada, que define equiparados para homens
Feminino. executado ao violão no às mulheres liderada por educação, no qual aborda cional do Trabalho (OIT) do Conselho de Estado, a Reivindicações Políticas ao do Brasil pelo município de 21.076, sendo estendido às trições de 1932. Apenas mu- que proíbe mulheres de Museu de Arte Moderna de que as mulheres casadas e mulheres segundo a Lei
Palácio do Catete, por Leolinda Daltro. a educação como elemento é aprovada a resolução de primeira pintura de temática Jornal de Petrópolis, na qual Lajes (RN). mulheres solteiras e viúvas lheres em profissões públicas praticar esportes como São Paulo. têm autorização para traba- nº 4.737.
ocasião de uma festa pro- transformador da vida das igualdade de salários para histórica feita por uma mu- defende a participação das com renda própria e às mu- eram obrigadas a votar. luta, futebol, polo, hal- lhar, receber herança e pedir
movida por Nair de Teffé mulheres e a necessidade homens e mulheres. lher da qual se tem registro. mulheres na vida política. Oswald de Andrade escreve lheres casadas com permis- terofilismo e beisebol. a guarda dos filhos em caso
e o marechal Hermes da Pinturas de Anita Malfatti de maior inclusão. o Manifesto Antropófago. são do marido. No entanto, de separação. Antes disso a
Fonseca. Sendo a primeira são exibidas na Exposição Bertha Lutz e Maria La- Acontece a Semana de Arte Oswald de Andrade escreve o voto só era obrigatório mulher casada era conside-

RA
vez em que a música po- de Pintura Moderna, rece- cerda de Moura fundam Moderna no Theatro Muni- o Manifesto da Poesia para os homens. rada juridicamente incapaz.
pular e o violão entravam bendo ferrenhas críticas de a Liga para Emancipação cipal de São Paulo. Pau-Brasil.
em um ambiente de elite, o Monteiro Lobato no artigo Intelectual da Mulher. É criada uma seção feminina
episódio causou escândalo Paranoia ou Mistificação. Ercília Nogueira Cobra no Instituto Nacional de
e ficou conhecido como publica o livro Virgindade Surdos-Mudos. Desde os
Noite do Corta-Jaca. inútil – novela de uma re- anos 20 a Aliança Nacional
voltada. Posteriormente das Mulheres pressionava a
publicaria o livro Virgindade instituição para que voltasse

QUEM LEI
anti-higiênica – Preconcei- a aceitar as meninas surdas.
MOVIMENTO tos e convenções hipócritas

AMA MARIA
(1924) e Virgindade inútil e
FEMININO anti-higiênica – novela libe-

NÃO DA
lística contra a sensualidade
PELA egoísta dos homens (1931).

ANISTIA MATA PENHA

1975 1977 1979 1980 1983 1985 1987 1988 1996 2002 2006 2010 2011
Therezinha Zerbini funda Reunião das feministas Institui-se oficialmente o Devido ao Decreto-lei nº Um grupo de mulheres Criação do Programa de O Ministério da Justiça cria Criação do Conselho Primeiro Encontro Nacio- Inclusão do sistema de O Conselho Nacional dos É sancionada a Lei Maria da Eleição de Dilma Rous- Acontece a Primeira Marcha
o Movimento Feminino na Associação Brasileira divórcio no Brasil. 3.199, a equipe feminina realizou um protesto em Atenção Integral à Saúde o Conselho Nacional dos Estadual dos Direitos da nal de Mulheres Negras. cotas na Legislação Elei- Direitos da Mulher vincula- Penha. seff (PT), a primeira das Vadias na cidade de São
pela Anistia, marcado pela de Imprensa (ABI) do Rio de judô se inscreve para São Paulo contra a violên- da Mulher (PAISM). Direitos da Mulher. Mulher do Rio de Janeiro toral, segundo o qual 20% se à Secretaria de Políticas mulher a ocupar a pre- Paulo, tendo como pauta a
militância contra o governo de Janeiro, constituindo disputar o campeonato Sul- cia doméstica, cobrando (CEDIM/RJ) a partir de Luiza Erundida (PT) as- das vagas de candidatura para as Mulheres (SPM). sidência do Brasil. denúncia de violência con-
militar. É criado, também, um marco do feminismo -Americano usando nomes mudanças no Código Penal, Criação da primeira De- reivindicações dos mo- sume a prefeitura da cidade deveriam ser preen- tra a mulher, o combate ao
o jornal Brasil Mulher, que negro com discussões masculinos. A ação motiva a denunciando impunidade legacia Especializada de vimentos de mulheres. de São Paulo, sendo a pri- chidas por mulheres. Primeiro Encontro das machismo e a reivindicação
funcionava como porta-voz sobre herança da es- revogação do decreto. e questionando a aceitação Atendimento à Mulher meira mulher a fazê-lo. Mulheres Indígenas da da autonomia do corpo. A

MA
do Movimento Feminino cravidão e objetificação da tese da “legítima defesa (DEAM-SP). Amazônia Brasileira. adoção do termo “vadia” tem
pela Anistia. das mulheres negras. Pela primeira vez uma mu- da honra” utilizada pelos como intuito se opor à culpa
lher assume o posto de se- homens nos tribunais. O que recai sobre as mulheres
É realizado o Seminário nadora. Eunice Michiles movimento ficou conhecido vítimas de abuso sexual em
sobre o Papel e o Com- (PSD/AM) ocupa o cargo como Quem ama não mata. virtude da exposição do corpo.
portamento da Mulher na depois do falecimento do
Sociedade Brasileira no Rio titular eleito.
de Janeiro, com discussões
sobre a condição da mulher,
saúde física e mental, ques-
tões do trabalho, discrimi-
nação racial, homossexuali-
dade feminina e democracia.
NAIR

Nair de Teffé
Caricatura da atriz francesa Jeanne
Bourgeois, dita Mistinguett / Rian, s.d.
Nanquim, grafite e Aquarela sobre papel
44,9 × 31,6 cm
Museu Histórico Nacional / IBRAM /
MINC 17/2017
NAIR

Nair de Teffè
Petrópolis – Um diário, 1922
Nanquim e grafite sobre papel
25,5 × 19 cm
Coleção Onze Dinheiros ESC. De Artes
HER
MÍNIA

Hermínia Nogueira Borges


O modelo e o pintor Rheingantz, 1936
Brometo
24 × 17,8 cm
Coleção Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro.
Doação do Artista
MI
RA

Mira Schendel
Universo, 1964
Monotipia a óleo sobre papel-arroz
47,8 × 23,9 cm
Coleção Museu de Arte Moderna de
São Paulo, doação Paulo Figueiredo
Foto: Rômulo Fialdini
LY
GIA

Lygia Clark
Bicho, 1960
Alumínio
21 × 31 cm
Coleção particular
GEOR
GINA

Georgina de Albuquerque
Autorretrato, 1904
Óleo sobre tela
46 × 31,2 cm
Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/Minc
TO
MIE

Tomie Ohtake
Sem título, 1960
Óleo sobre tela
120 × 100 cm
Coleção Instituto São Fernando
FAN
NY

Fanny Paul Volk


Sem título, 1904
Fac-símile
12,4 × 17,2 cm
Acervo da Casa da Memória /
Diretoria do Patrimônio Cultural /
Fundação Cultural de Curitiba
Autor desconhecido
Moucharabis, 1867–1899
Papel fotográfico
28,2 × 21,7 cm
MAR – Museu de Arte do Rio /
Secretaria Municipal de Cultura
da cidade do Rio de Janeiro
Foto: Thales Leite

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