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• O material voltado para o professor explicita qual bibliografia especializada foi utilizada na
sua confecção, o que nos auxilia na compreensão de algumas linhas teóricas escolhidas pelo
autor;
• O material voltado para os discentes desenvolve também uma visão moral sobre o problema,
ao criar uma narrativa de “menino-problema” para TOSCO e uma narrativa de “menino-
sucesso” para Samuel (o melhor amigo do protagonista). Ambos são vizinhos, estudam na
mesma escola e enfrentam um ambiente de enorme fragilidade social. Todavia, enquanto um
tem sua vida pautada por uma sucessão de “fracassos” devido à violência doméstica, uso de
drogas, delinquência juvenil, abandono da escola, etc, o outro é obediente à avó, tira boas
notas, é trabalhador desde jovem, etc. Grosso modo, o autor trabalha através da construção
de “arquétipos”. A própria “redenção” do protagonista ao final da narrativa se dá novamente
através de um ponto de vista individual: TOSCO arruma um emprego, passa a ser estudioso,
compra uma moto assim como seu amigo, consegue uma namorada que vira esposa, tem um
filho, etc. Enfim, ele é redmido pela realização dos sonhos comuns de uma vida pequeno-
burguesa através da ética do trabalho e da superação individual.
Para além do tratamento de um problema tão complexo ser feito a partir de “arquétipos”
simplórios, a editora “Alvorada”, responsável pelo projeto, é investigada desde 2016 pela Polícia
Federal por usar dinheiro da venda de livros como fonte de pagamento de propina e elo entre o ex-
governador André Puccinelli (MDB/MS) e um esquema de desvio de dinheiro público. Segundo a
denúncia, a gráfica era usada num esquema de lavagem de dinheiro por parte do governador,
emitindo notas frias sobre livros de distribuição gratuita nas escolas que não eram entregues em sua
totalidade. De acordo com a CGU, os gastos com livros no período entre 2010 e 2014 foi
incompatível com as necessidades da rede estadual do Mato Grosso do Sul, onde foi feita a
denúncia. O projeto TOSCO, escrito por Gilberto Mattje, consta na lista de livros. O dono da
editora responde o Inquérito em liberdade após ser preso pela PF em 2017*.
Sendo assim, diante de todas essas questões, acredito que o projeto “TOSCO em Ação” não
deva ser aplicado em nossa escola. Mas acredito também que seja necessário construirmos um
projeto próprio que seja capaz de lidar com o problema da violência no Pedro II Realengo, dado o
histórico recente de casos de agressão, assédios, bullying, homofobia, racismo, abuso de drogas
lícitas e ilícitas, etc, entre nossos estudantes. Já me coloco aqui à disposição para a formação de um
Grupo de Trabalho para discutirmos o problema. Espero contar com a participação de outros
colegas no encaminhamento da minha proposta.
Atenciosamente,
Eduardo de Oliveira Rodrigues
Professor de EBTT de Geografia – Unidade Realengo II
*https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/pf-ainda-procura-operador-e-laranja-de-esquema-
de-desvio-de-recursos-publicos-em-ms.ghtml