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COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

Conference Paper · July 2003

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5 authors, including:

Dario Cardoso de Lima Machado Carlos Cardoso


Universidade Federal de Viçosa (UFV) Universidade Federal de Viçosa (UFV)
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COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

Tiago Pinto da Trindade, Dario Cardoso de Lima, Carlos Alexandre Braz de Carvalho, Carlos
Cardoso Machado e Reginaldo Sérgio Pereira

1. INTRODUÇÃO

A compactação é entendida como ação mecânica por meio da qual se impõe ao solo
uma redução de seu índice de vazios. Embora seja um fenômeno similar ao do adensamento,
pois ambos se manifestam na compressibilidade dos solos, no adensamento a redução de vazios
é obtida pela expulsão da água intersticial, num processo natural ou artificial, que ocorre ao
longo do tempo, e que pode durar centenas de anos; na compactação esta redução ocorre, em
geral, pela expulsão do ar dos poros, num processo artificial de pequena duração. Como
ilustrado na Figura 1a, o solo é formado por partículas sólidas e por vazios preenchidos por ar e
água. Na Figura 1b são representadas as porções de sólidos, água e ar antes da compactação e a
Figura 1c elucida que após a aplicação do esforço de compactação ocorre redução apenas na
fração de ar.

Figura 1. Princípios da compactação dos solos (modificado de BARDET, 1997).

A compactação objetiva transformar o solo natural em um material mais denso, ou seja,


aumentar o peso específico aparente. Como conseqüência, ocorrem melhorias substanciais nas
propriedades de engenharia, tais como: aumentar a resistência ao cisalhamento, reduzir a
compressibilidade e aumentar a resistência à erosão.
Várias são as obras civis nas quais se empregam solos compactados. Citam-se entre
outras aplicações:

• os aterros compactados na construção de barragens de terra, de estradas ou na


implantação de loteamentos;
• o solo de apoio de fundações diretas;
• os terraplenos (backfills) dos muros de arrimo;
• os reaterros das valas escavadas a céu aberto e
• os retaludamentos de encostas naturais.

A técnica de compactação é creditada ao engenheiro norte-americano Ralph Proctor


que, no início da década de 30, publicou suas observações sobre a compactação de aterros,
mostrando que, aplicando-se uma certa energia de compactação (um certo número de passadas
de um determinado equipamento no campo ou um certo número de golpes de um soquete sobre
o solo contido num molde), o peso específico aparente seco é função da umidade em que o solo
estiver. De acordo com PINTO (2000), a partir dos trabalhos de Proctor surgiu o Ensaio de
Compactação, universalmente padronizado (com pequenas variações), que é mais conhecido
como Ensaio Proctor. A bem da verdade histórica, cita-se que Porter, do Departamento
Rodoviário do Estado da Califórnia, o mesmo que criou o ensaio CBR (Califórnia Bearing
Ratio), muito empregado em pavimentação, já em 1929 empregava um ensaio muito
semelhante, que não teve, porém, a mesma divulgação no meio técnico que o trabalho de
Proctor.

2. ENSAIO DE COMPACTÇÃO

Em seus estudos iniciais, Proctor observou que quando se compacta um solo com
umidade muito baixa, o atrito entre as partículas é muito alto e não se consegue uma
significativa redução dos vazios. Para umidades mais elevadas, próximas ao teor ótimo, a água
provoca um certo efeito de lubrificação entre as partículas sólidas do solo, fazendo com que
elas deslizem entre si, acomodando-se num arranjo mais compacto. Na compactação, as
quantidades de partículas e de água permanecem constantes; o aumento do peso específico
aparente seco corresponde à eliminação de ar dos vazios. A saída do ar é facilitada porque,
quando a umidade não é muito elevada, o ar se encontra em forma de canalículos
intercomunicados. A redução do atrito pela água e os canalículos permitem um peso específico
aparente seco maior quando o teor de umidade é maior. Entretanto, a partir de um certo teor de
umidade a compactação não consegue mais expulsar o ar dos vazios, pois o grau de saturação já
é elevado e o ar está ocluso (envolto por água). A Figura 2 mostra que para uma mesma energia
aplicada, há um certo teor de umidade, denominado teor de umidade ótimo (Wot), que conduz a
um peso específico aparente seco máximo (dmáx). O ramo ascendente da curva de compactação
é denominado ramo seco e, o descendente, de ramo úmido.

Figura 2. Curva de compactação.

O ensaio de compactação desenvolvido por Proctor foi normalizado pela associação


dos departamentos rodoviários americanos, AASHO (American Association of State Highway
Officials) e é conhecido como Ensaio de Proctor Normal ou como AASHO Standart (Entre nós,
ele foi normalizado pela ABNT por meio da MB-33 e tomou o nome de ensaio normal de
compactação). Atualmente, este ensaio é normalizado pela NBR 7182/86 “Solo - Ensaio de
Compactação”.
Os ensaios de compactação são utilizados: (i) no controle de compactação de aterros
de barragens, de camadas constitutivas de pavimentos, do solo utilizado no preenchimento
maciço e estrutura de arrimo, do solo utilizado no preenchimento de cavas de fundações e
tubulações enterradas; e (ii) na determinação dos parâmetros de compactação dos solos, na fase
de projeto de obras de terra, com a finalidade não só de conhecê-los, mas também utilizá-los
para execução de ensaios especiais (permeabilidade, adensamento, cisalhamento direto e
triaxiais).
2
O solo a ser ensaiado, depois de preparado de maneira ilustrada na Figura 3, deverá
apresentar um teor de umidade pelo menos 5% inferior ao teor ótimo previsto para
compactação do 1º ponto do ensaio. Após a compactação, deve-se anotar a massa do corpo de
prova para determinação da massa específica e retirar três porções do solo, colocá-las em
cápsulas e levá-las à estufa para determinação do teor de umidade. Em seguida, adiciona-se
uma quantidade de água ao solo, suficiente para elevar, em relação ao ponto anterior, o seu teor
de umidade, em torno de 2%. Toda a técnica descrita neste parágrafo deve ser repetida. O ideal
será tomar de quatro a cinco pontos de forma que se possam ter dois pontos abaixo e dois acima
do teor de umidade ótimo.

Figura 3. Amostra deformada secando ao ar (a); colocação em embalagens plásticas (b);


preparação da amostra com diferentes teores de umidade (c); e homogeneização da amostra (d).

Segundo NOGUEIRA (1988), dois aspectos de grande importância para alguns solos
referem-se ao reuso e a secagem prévia do material ao ar, antes de sua compactação. O reuso da
mesma porção de solo na obtenção dos diversos pontos da curva de compactação pode provocar
quebra de partículas, tornando o solo mais “fino”. A secagem e o umedecimento de um solo
argiloso, dependendo do argilo-mineral que o compõe, poderia causar mudanças nas
características do solo, quer pela aglutinação das partículas do solo, quer por alterações de
forma irreversível na própria estrutura dos argilos-minerais, refletindo nos valores das
coordenadas do ponto de máximo da curva de compactação. Por isso, se recomenda que os
solos argilosos não sejam secados diretamente ao sol ou em estufa e que o ensaio seja realizado
com amostras secadas à sombra, sempre que necessário.
O ensaio consiste em compactar uma porção de solo em um cilindro de 10 cm de
diâmetro, altura de 12,75 cm e 1.000 cm3 de volume, com um soquete de 2.500 ± 10 g, caindo
em queda livre de uma altura de 305 ± 2 mm (ver Figura 4a).

Figura 4. Cilindros e soquetes usados no ensaio de compactação.

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Por causa do aparecimento de equipamentos de grande porte, dotados de elevada
energia específica de compactação, diante dos grandes volumes dos aterros e da velocidade de
construção impostas, e para atender aos prazos de cronogramas, foram criados os seguintes
ensaios de compactação: Proctor Intermediário e Modificado. Nestes ensaios, a energia de
compactação foi aumentada, elevou-se o peso do soquete para 4.536 ± 10 g e a altura de queda
para 457 ± 2 mm. Quando o solo contiver pedregulhos (material retido na peneira de 4,8 mm), a
norma NBR 7182/86 indica que a compactação seja feita no cilindro maior, com 15,24 cm de
diâmetro, altura de 11,43cm e 12.085 cm3 de volume (ver Figura 4b). Apresentam-se a seguir,
no Quadro 1, as características inerentes a cada energia de compactação:

Quadro 1. Características inerentes a cada energia (compilado da NBR 7182/86).


Características inerentes a cada Energia de Compactação
Cilindro
energia de compactação Normal Intermediária Modificada
Soquete Pequeno Grande Grande
Pequeno Número de camadas 3 3 5
Número de golpes por camada 26 21 27
Soquete Grande Grande Grande
Número de camadas 5 5 5
Grande
Número de golpes por camada 12 26 55
Altura do disco espaçador (mm) 63,5 63,5 63,5

Em primeiro instante, é colocado o papel filtro no fundo do cilindro (ver Figura 5a).
Em seguida, lança-se a quantidade de solo prevista para cada camada, na umidade desejada
(vide esquema da Figura 5b), conforme energia especificada (normal, intermediária ou
modificada), tomando-se o cuidado de escarificar a face superior da camada compactada, antes
de lançar a próxima, para promover aderência entre ambas. As espessuras finais das camadas
compactadas devem ser quase iguais. O topo da última camada, após a compactação, deverá
estar rasante com as bordas do cilindro. A Figura 5c mostra a realização de um ensaio de
compactação com o cilindro grande. Após a compactação, o cilindro com o solo é pesado em
uma balança com capacidade para 10 kg (ver Figura 5d) e finalmente o corpo-de-prova é
extraído do molde (vide Figura 5e e 5f).

Figura 5. (a) colocação do papel filtro no fundo do cilindro; (b) compactação de acordo com
cada energia de compactação e tipo de solo a ser ensaiado; (c) compactação no cilindro grande;
(d) pesagem do corpo-de-prova após a compactação; (e) e (f) extração do corpo-de-prova.

4
De posse dos pares de valores, massa específica do solo e teor de umidade, pode-se
calcular a massa específica seca mediante a relação descrita pela Equação 1:

Pw
γd  (1)
V  1  W 

em que:
d - peso específico aparente seco;
Pw - peso úmido do solo compactado;
V - volume útil do molde cilíndrico (interno); e
W - teor de umidade do solo compactado.

Figura 6. Planilha do Laboratório Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa, feita


no Microsoft Excel ®, para cálculo do ensaio de compactação.

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Uma alternativa bastante prática, para se obter os pares de valores de teor de umidade e
peso específico aparente seco para cada ponto do ensaio, bem como as curvas de compactação e
saturação, seria anotar todos os dados em uma planilha eletrônica feita no Microsoft Excel ®,
semelhante à apresentada na Figura 6.
Com os pares de valores d versus W, traça-se a curva de compactação e determina-se
o teor de umidade ótimo e o peso específico seco máximo (ver Figura 6). Traçam-se também as
curvas de saturação, que podem ser calculadas, a partir da Equação 2:

γs  S r  γw
γd  (2)
S r  γw   γs  W 
em que:
d - peso específico aparente seco;
w - peso específico da água;
s - peso específico aparente dos sólidos;
W - teor de umidade do solo compactado; e
Sr - grau de saturação.

3. EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DE COMPACTAÇÃO

Diversos pesquisadores (PROCTOR, 1933; HOGENTOGLER, 1936; HILF, 1956;


LAMBE, 1958; e OLSON, 1963) explicaram a forma da curva de compactação de um solo,
baseando-se naquilo que lhes parecia lógico e no estado do conhecimento da época. O processo
que origina a forma da curva de compactação é muito complexo e envolve diversas variáveis,
tais como, pressão capilar, pressão na fase gasosa, pressão na fase fluida, permeabilidade e
tensão efetiva.
O conhecimento do assunto na década de trinta levou PROCTOR (1933) a admitir que
a compactação de um solo, com baixo teor de umidade, gera uma tensão capilar grande e
criando forças de atrito que se opõem às forças de compactação, resultando um solo com baixa
densidade e pequena plasticidade. O aumento no teor de umidade leva a um rearranjo das
partículas, devido a uma diminuição da tensão capilar, resultando na elevação da densidade e da
plasticidade do solo; este efeito continua, até que se alcance o teor de umidade ótima e o
máximo peso específico seco, para a energia utilizada no ensaio, resultando o ramo ascendente
da curva. As condições do solo, no pico da curva, são de solo não saturado, tornando-se difícil à
expulsão do ar existente nos seus vazios, para a mesma energia utilizada no ensaio. Para um
teor de umidade maior do que o ótimo (ramo úmido), as forças capilares diminuem e as
partículas se afastam resultando solos menos densos e mais plásticos, representados pelo ramo
descendente da curva de compactação.

3.1. Filmes de Água e Lubrificação

Segundo HOGENTOGLER (1936), a forma da curva de compactação reflete quatro


estágios dependentes da quantidade de água existente no solo, quais sejam: hidratação,
lubrificação, inchamento e saturação, conforme mostrado na Figura 7. A hidratação envolve a
absorção de água pelas partículas e o seu recobrimento por uma fina camada de água, de alta
viscosidade. A lubrificação é entendida como a fase onde parte da camada de água superficial
atua como um lubrificante, facilitando novos arranjos das partículas durante a compactação,
originando um solo mais denso e não saturado. No inchamento, a água em excesso causará um
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aumento no volume do solo, permanecendo com um volume de ar igual ao da fase anterior, e
com isto diminuindo o peso específico seco. No estágio final de saturação, todo o ar é expelido
do solo e a curva de compactação se aproxima da curva de saturação igual a 100%. Esta
explicação encontra objeções, pois, sabe-se que os pontos da curva com teores de umidade mais
elevados, ainda não se encontram saturados, com o ramo descendente tendendo a um
paralelismo com a curva de saturação igual a 100%, e que o conceito de camada de água de alta
viscosidade, está limitado a um volume de água correspondente a espessura de algumas
moléculas, enquanto na prática, o volume de água e muito maior.

Figura 7. Compactação e fases de umedecimento dos solos de acordo com teoria


HOGENTOGLER (1936).

3.2. Pressão Capilar e Pressão na Fase Gasosa

A explicação de HILF (1956) para a forma da curva de compactação foi dada, também,
em função dos conceitos de pressão capilar e pressão na fase gasosa dos solos. Para baixos
teores de umidade, são formados meniscos com raios de curvatura pequenos, gerando grandes
forças resistentes e resultando solos de baixa densidade. Como os vazios formados são de
dimensões, relativamente, grandes e estão interligados, o ar existente poderá ser expelido com
facilidade. Com o aumento do teor de umidade do solo, os meniscos se achatam diminuindo as
forças resistentes e obtendo-se solos mais densos, até que se atinja o teor de umidade ótimo.
Nesta fase, os vazios vão se tornando cada vez menores. Próximo ao teor de umidade ótimo,
não há mais condições para que se mantenham interligados, com a quase impossibilidade do ar
ser expelido do solo. Para o ramo úmido, a diminuição da densidade foi atribuída à dificuldade
de saída do ar, com aumento da pressão na fase gasosa e redução da eficiência do processo de
compactação.

3.3. Microestrutura dos Solos

A explicação de LAMBE (1958) para a forma da curva de compactação tem sua base
na teoria da química coloidal. A Figura 8 mostra duas curvas de um mesmo solo compactado
com energias diferentes.

7
Figura 8. Estrutura de solos argilosos compactados, segundo proposição de LAMBE (1958).

No ponto A, o teor de umidade não é suficiente para um pleno desenvolvimento da


dupla camada difusa, resultando uma concentração eletrolítica muito alta e reduzindo as forças
de repulsão entre as partículas. Como conseqüência, há uma tendência à floculação dos
colóides com um baixo grau de orientação resultando um solo pouco denso. Aumentando-se o
teor de umidade, diminui-se a deficiência em água, com uma expansão da dupla camada difusa
e uma redução do grau de floculação, permitindo um arranjo mais ordenado das partículas e por
conseqüência densidades mais altas, tal como mostrado no ponto B. O termo lubrificação, antes
usado como uma atividade física, agora é entendido como sendo a maior facilidade de as
partículas do solo se orientarem melhor e formarem camadas mais densas, devido ao aumento
das forças repulsivas. Um posterior aumento, do teor de umidade, produz nova expansão da
dupla camada difusa com, conseqüente, redução nas forças de atração entre partículas e um
maior grau de orientação em C do que em B. Com o aumento da água no solo, a concentração
de sólidos diminui, resultando densidades menores. Quanto ao volume de ar expelido durante a
compactação, pode-se dizer que no ramo seco há uma redução grande quando se passa de A
para B, não ocorrendo o mesmo no ramo úmido da curva. Sempre que houver um aumento na
energia de compactação, ocorrerá uma tendência das partículas se orientarem para uma forma
mais paralela com diminuição das distâncias entre elas, resultando um material mais denso,
como representado pelo ponto E na Figura 8. Para ponto D, situado no ramo úmido, com teor de
umidade mais elevado, o aumento na energia de compactação produz o efeito de simplesmente,
alinhar as partículas, sem diminuir as distâncias entre elas, não havendo por isto um acréscimo
no peso específico seco tão pronunciado como no ramo seco. LAMBE (1958) afirma, ainda,
que a variação estrutural com o teor de umidade depende de cada solo; alguns solos mostrando
uma extrema variação, indo desde a distribuição ao acaso das partículas até o paralelismo entre
elas; enquanto em outros solos, esta variação é muito menos sensível. Este modelo, ainda que
simplificado, pois a estrutura dos solos argilosos compactados é muito complexa, permite
justificar as diferenças de comportamento destes solos depois de compactados.

3.4. Tensão Efetiva

OLSON (1963) utilizou-se do conceito da tensão efetiva para explicar a curva de


compactação. Para o ramo seco da curva de compactação um aumento no teor de umidade
resultará na elevação, da pressão, nas fases líquida e gasosa, reduzindo a tensão efetiva e
permitindo que ocorra um melhor arranjo das partículas. Acrescentando-se mais água, os vazios

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vão ficando cada vez menores, até que se atinja um teor de umidade, no qual, se tornam
descontínuos e impedindo-se assim a saída de ar do solo; neste momento, não haverá mais
redução do volume da massa de solo, tendo-se alcançado o teor de umidade ótimo e o peso
específico seco máximo para a energia empregada. Para o ramo úmido, com o aumento do teor
de umidade aumenta a deformação do solo e diminui o peso específico seco.

4. MATERIAIS GRANULARES

No caso de solos arenosos, observa-se que a influência do teor de umidade no processo


de compactação é muito menos significativo do que no caso de solos argilosos. Para uma certa
energia de compactação, as curvas de compactação são muito achatadas, acarretando pequenas
variações no parâmetro peso específico aparente seco. Segundo PINTO (2000), este fato faz
com que os parâmetros de compactação tradicionais percam o significado, sendo comum,
recorrer-se ao parâmetro densidade relativa, definida pela Equação 3, para expressar o estado
de compactação de solos arenosos.

emax  enat
Dr  (3)
emax  emin

onde:
Dr - densidade relativa;
enat - índice de vazios do solo no estado natural;
emax - máximo índice de vazios que o material pode atingir; e
emin - mínimo índice de vazios que o material pode atingir.

A compactação desses materiais, tanto no campo como no laboratório, se faz muito


melhor por meio de vibração e, de maneira geral, é especificado que se atinja uma densidade
relativa igual ou superior a 65 ou 70%. Tais valores devem estar associados aos grupos de
compacidade das areias definidos por Terzaghi, como ilustrado no Quadro 2. Uma densidade
relativa acima de 66% colocaria as areias na categoria de compacta. Entretanto, sob o ponto de
vista do comportamento geotécnico, a fixação do limite mínimo deveria levar em consideração
o conceito de “índice de vazios críticos”.

Quadro 2. Terminologia sugerida por Terzaghi para classificação das areias segundo a
compacidade.
Classificação Dr (densidade relativa)
Areia fofa abaixo de 0,33
Areia de compacidade media entre 0,33 e 0,66
Areia compacta acima de 0,66

5. COMPORTAMENTO DOS SOLOS COMPACTADOS

Os valores apresentados no Quadro 3 mostram que de uma maneira geral, para uma
mesma energia de compactação, solos de granulometrias distintas apresentam valores de teor
de umidade ótimo e peso específico aparente seco máximo diferentes, resultando em curvas de
compactação de diferentes tipos, conforme dispostas na Figura 9.

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Quadro 3. Valores médios de teor de umidade ótimo e peso específico aparente seco máximo
dos solos, conforme sua granulometria.
Granulometria Wot (%) dmáx (kN/m3) médios
Areias 7 a 12 20
Siltes 18 a 25 16
Argilas 30 a 40 13

Figura 9. Diferentes tipos de solos compactados na mesma energia de compactação


(modificado de PINTO, 2000).

Quando o solo se encontra com umidade abaixo da ótima, a aplicação de maior energia
de compactação provoca aumento do peso específico aparente seco, mas quando a umidade é
maior que a ótima, maior esforço de compactação pouco ou nada provoca aumento do peso
específico aparente seco, pois não se consegue expelir o ar dos vazios. Este fenômeno também
ocorre no campo. A insistência da passagem de equipamento compactador quando o solo se
encontra muito úmido faz com que ocorra o fenômeno que os engenheiros chamam de
“borrachudo”; o solo se comprime na passagem do equipamento para, logo a seguir, se dilatar,
como se fosse uma borracha. O que se comprime são as bolhas de ar ocluso.
Pelo comportamento descrito anteriormente, conclui-se que, para um mesmo solo,
uma maior energia de compactação conduz a um maior peso específico aparente seco máximo e
um menor teor de umidade ótimo, deslocando-se a curva para a esquerda e para o alto, como se
mostra na Figura 10.

10
Figura 10. Curvas de compactação de um mesmo solo compactado em energias diferentes.

Uma vez compactado, o solo comporta-se como um solo não-saturado, sobreadensado,


com pressões de pré-adensamento, entre 35 a 50 kPa, imprimidas pelo rolo compactador
(MASSAD, 2003).

Figura 11. Variação da permeabilidade com a umidade de compactação (modificado de


LAMBE e WHITMAN, 1969).

11
Em termos de permeabilidade, os gráficos apresentados na Figura 11 revelam que,
para a mesma energia de compactação, aumentando-se a umidade de moldagem, a
permeabilidade diminui, sendo que no ramo úmido ocorre um pequeno aumento. Segundo
LAMBE e WHITMAN (1969), a razão desse comportamento reside no fato de os solos finos
compactados no ramo seco, formarem agregações, com grandes vazios entre si (poros
interagregações), por onde a água percola com facilidade; no ramo úmido as agregações tendem
a se desfazer, ou estão muito próximas, e a água tem que percolar pelos poros intraagregações.
Assim, no ponto ótimo ou acima dele, a permeabilidade é menor que no ramo seco.
LAMBE e WHITMAN (1969) relatam que em termos de compressibilidade, para um
mesmo peso específico seco e com a mesma energia de compactação, solos compactados no
ramo seco são menos compressíveis do que os compactados no ramo úmido, pelo menos para
baixas pressões (ver Figura 12).

Figura 12. Compressibilidade de solos compactados (LAMBE e WHITMAN, 1969).

No que diz respeito à resistência ao cisalhamento, a Figura 13 revela que solos


compactados no ramo seco apresentam maiores resistências de pico, quando comparados com
as amostras compactadas no ramo úmido. Além disso, a ruptura é do tipo “frágil” para os
primeiros e “plástica” para os segundos, confirmando as diferenças quanto a deformabilidade,
apontadas anteriormente. De acordo com LAMBE e WHITMAN (1969), a razão desse
comportamento está nas diferenças entre as estruturas dos solos nos ramos seco e úmido e,
conseqüentemente, nas pressões neutras que se desenvolvem durante os ensaios triaxiais, que
são maiores no ramo úmido. Certos solos, quando compactados muito secos, podem apresentar
estrutura colapsível ao submergir em água, resultando deformações bruscas e trincas.

12
Figura 13. Resistência ao cisalhamento em função da umidade de compactação (modificado de
LAMBE e WHITMAN, 1969).

5. TIPOS DE COMPACTAÇÃO

5.1. Compactação em Laboratório

Além dos procedimentos de compactação descritos anteriormente, no item 2 deste


trabalho, que poderiam ser denominados como “compactação dinâmica”, por se caracterizar
pela ação de queda de um soquete, três outros procedimentos são eventualmente empregados
em laboratório. A “compactação estática”, no qual se aplica uma pressão sobre o solo num
molde, é um procedimento restrito à moldagem de copos-de-prova. A “compactação por
pisoteamento” tem como objetivo reproduzir o efeito de compactação de um rolo
pé-de-carneiro; nela, os golpes são aplicados ao solo através de um pistão com mola, em vez da
queda do soquete. O pistão penetra no solo, iniciando-se a compactação pela parte inferior da
camada, como faz o pé-de-carneiro nas compactações de campo. E por fim a “compactação por
vibração”, aplicável a solos granulares em que se coloca uma sobrecarga no topo do solo,
dentro de um molde, ao mesmo tempo em que se vibra o conjunto, obtendo-se um maior
entrosamento entre os grãos.
Foi desenvolvido, em 1948, na Universidade de Harward o ensaio de compactação
miniatura (Ensaio Harward), sendo que neste ensaio, o solo é compactado em um cilindro de 10
cm2 de área e 10 cm de altura, em 10 camadas com um pisoteador constituído por uma haste de
12 mm de diâmetro acionada por uma mola cujo esforço aplicado é geralmente de 9 kgf e o
número de golpes é 25. Este procedimento é muito empregado na confecção de
corpos-de-prova de solo compactado, em especial em pesquisas com solo estabilizado com
aditivos químicos. Devido às pequenas dimensões do corpo-de-prova, as operações de cura e
ruptura são extremamente facilitadas. Este procedimento foi introduzido na tentativa de simular
melhor a compactação produzida pelo rolo pé-de-carneiro e, a estática, a do rolo liso ou
pneumático.
Para moldagem de corpos-de-prova de dimensões reduzidas, diferentes daquelas
padronizadas nos ensaios de compactação, por compactação dinâmica, deve-se lançar mão da
equação de energia para calcular o número de golpes de um soquete não padronizado para
compactar um determinado volume de solo em uma energia pré-estabelecida. A energia de
compactação é definida pela Equação 4, a seguir:

13
M  H  Ng  Nc
EC  (4)
V

onde:

EC - energia de compactação;
M - massa do soquete utilizado;
H - altura de queda do soquete;
Ng - número de golpes aplicados por camada;
Nc - número de camadas; e
V - volume de solos a ser compactado.

5.2. Compactação em Campo

Segundo MASSAD (2003), a compactação em campo compreende uma série de


atividades, que vão desde a escolha da área de empréstimo até a compactação propriamente
dita.

5.2.1. Escolha da Área de Empréstimo

Na escolha da área de empréstimo, intervêm fatores como a distância de transporte, o


volume de material disponível, os tipos de solos e seus teores de umidade (acerto de umidade).
Em princípio, qualquer tipo de solo serve, excetuando-se os solos saturados, com matéria
orgânica e os solos turfosos; deve-se também, procurar evitar os solos micáceos e os saibrosos.

5.2.2. Escavação, Transporte, Espalhamento e homogeneização do Solo

A escavação do solo na área de empréstimo deve ser feita com cuidados especiais
quanto à drenagem, para evitar a saturação do solo em época de chuva, e também quanto à
estocagem do solo sub-superficial, em geral laterizado, que, quando bem compactado,
apresenta elevada resistência à erosão. Quando na superfície aflora camada de solo orgânico, de
pequena espessura, pode-se estocá-lo para sua posterior colocação no local escavado após o
término da retirada do material de empréstimo, para propiciar a recomposição vegetal natural.
Depois de transportado e depositado em forma de leiras, o solo é espalhado em
camadas tais que sua espessura seja compatível com o equipamento compactador. Depois de
espalhado, o solo e homogeneizado com pulvimisturador ou arado de disco.

5.2.3. Compactação Propriamente Dita

Para cada obra de engenharia, existirá uma combinação ideal de parâmetros a se


atingir, diretamente relacionada às exigências de projeto e dependente do processo construtivo
empregado, e que levará a obtenção da máxima estabilidade e atenuação dos recalques devido
às solicitações na camada compactada. Por estas razões, que emerge a grande importância da
escolha correta do tipo de compactação e equipamento a serem utilizados em função do tipo de
material a ser empregado no campo.
Os princípios gerais que regem a compactação no campo são semelhantes aos de
laboratórios. No entanto, entre outras coisas, podem ser assinaladas:

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• não há, necessariamente, igualdade entre as energias de compactação no campo e
no laboratório, conduzindo a um mesmo d para um dado teor de umidade e isto se
deve, principalmente, às diferenças de confinamento do solo, no campo (em
camadas) e no laboratório (no interior de um cilindro);
• os equipamentos de compactação conduzem a linhas de ótimos, diferentes das de
laboratório, podendo estar mais ou menos próximas das linhas de saturação;
• como está implícito no item acima, podem ser diferentes os teores de umidade, W,
de campo e de laboratório, para um mesmo d de um mesmo material;
• são diferentes as estruturas conferidas ao solo no campo e em laboratório, o que
repercute diretamente na estabilidade alcançada.

Segundo DNER (1996), do ponto de vista da simplicidade, é comum considerar-se,


apenas, que, para um dado equipamento, a energia ou esforço de compactação é diretamente
proporcional ao número de passadas e inversamente proporcional à espessura da camada
compactada. Para variar o esforço de compactação no campo, o engenheiro pode atuar:

• no número de passadas, devendo lembrar-se, naturalmente, que d cresce


linearmente com o logaritmo do número de passadas;
• na espessura da camada compactada. Porter afirma que o esforço necessário para
obter-se um determinado d varia na razão direta do quadrado desta espessura. Por
exemplo, para uma espessura de 20 cm, o número de passadas n é quatro vezes o
necessário para uma espessura de 10 cm [n = (20/10)2];
• mudando as características do equipamento: peso total, pressão de contato ou o
próprio tipo de equipamento.

Figura 14. Efeitos dos diferentes tipos de aplicação da energia compactação em campo.

A Figura 14 mostra que a energia de compactação no campo pode ser aplicada, como
em laboratório, de três maneiras diferentes, citadas na ordem decrescente da duração das
tensões impostas:

• pressão estática (aplicada por rolos estáticos de cilindro liso, de pneu e


pé-de-carneiro). Ocorrem inicialmente deformações plásticas, e à medida que o
solo vai densificando predominam deformações elásticas;

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• impacto (aplicada por apiloadores e cargas de impacto). É gerada uma onda de
pressão que atua em grande profundidade;
• vibração (aplicada por rolos e compactadores vibratórios). Produz-se o
deslocamento de sucessivas e rápidas ondas de pressão que movimentam as
partículas e reduzem o atrito entre elas. Por exemplo, os rolos vibratórios lisos
geram três forças de compactação: pressão, impacto e vibração.

Os Fatores que influem na compactação e escolha dos equipamentos a serem


utilizados, são sumarizados a seguir:

• energia de compactação: deve-se escolher um equipamento que tenha condições de


transferir a energia especificada em projeto ao solo;
• umidade do solo: (i) quando W < Wot, deve-se irrigar o solo com um caminhão
tanque com barra de distribuição e bomba hidráulica; e (ii) quando W > Wot,
deve-se realizar uma aeração do solo, deixando-o em exposição ao vento e ao sol,
com espalhamento por arados, grades, pulvimisturadores ou motoniveladores;
• número de passadas: este fator está diretamente lidado ao tempo de execução. A
eficiência do aumento do número de passadas diminui com o número total de
passadas sobre uma camada de solo;
• espessura da camada: é função do tipo de solo e equipamento. Em geral, a
espessura máxima é fixada em 30 cm (ou 20 cm para materiais granulares);
• homogeneização: a camada de solo solto deve ser pulverizada de forma homogênea.
Preconiza-se que torrões secos ou muito úmidos, blocos e fragmentos de rocha
devem ser evitados;
• velocidade de rolagem: com material solto tem-se maior resistência à rolagem e
menor velocidade, obtendo-se maior esforço de compactação nas passadas iniciais.
O efeito de vibração é bem mais eficiente com menores velocidades;
• amplitude e freqüência das vibrações: em algumas situações, o aumento de
amplitude produz maior efeito de compactação que o aumento de freqüência.
Atingida a condição de ressonância, obtêm-se elevadas densidades.

Para ajuste destes fatores que influem na compactação são muitas vezes realizadas
canchas (ou aterros) experimentais.
Porém, chama-se atenção para o fato de que do mesmo modo que em laboratório, a
variação de d, com a energia de compactação é mais sensível nos solos siltosos ou argilosos, do
que nos solos pedregulhosos ou arenosos.
Os equipamentos de compactação comumente utilizados no campo se subdividem nos
seguintes grupos:

Rolos compressores:

• rolo liso: tambor de aço através do qual se aplica carga ao solo. O tambor pode estar
vazio ou cheio com água, areia ou pó de pedra. Utilizado na compactação de
pedregulhos, areias e pedra britada em camadas < 15 cm.
• rolo vibratório: rolo dotado de uma massa móvel com excentricidade em relação a
um eixo, provocando vibrações de certa freqüência (1000 a 4800 ciclos/minuto).
Ajustam-se as vibrações para que entrem em ressonância com as partículas de solo.
Apresenta maior rendimento a baixas velocidades. Utilizado na compactação de
solos granulares (areias, pedregulhos, britas) lançados em camadas < 15 cm.

16
• rolo pneumático: plataforma apoiada em eixos com pneus. O número de pneus por
eixo é variável (3 a 6), mantendo-se um alinhamento desencontrado para melhor
cobertura. A pressão de contato é função da pressão interna dos pneus. É aumentada
a carga por roda com o emprego de lastro. Empregado para quase todos tipos de
solos, especialmente para solos arenosos finos em camadas de até 40 cm.
• rolo pé-de-carneiro: consiste de tambor de aço onde são solidarizadas saliências
(patas) dispostas em fileiras desencontradas (90 a 120 por rolo). O pisoteamento
propicia o entrosamento entre as camadas compactadas. À medida que vai
aumentando a compactação, há menor penetração, resultando maior pressão de
contato. Empregado na compactação de solos coesivos (argilas e siltes) em
camadas de 10 a 20 cm.
• rolos combinados: combinação de tipos básicos. Exemplo: rolos pé-de-carneiro
com dispositivo vibratório.
• rolo de grade: rolo que na superfície lisa é solidarizada grade de malha quadrada.
Recomendado para a compactação de material granular ou solos muito entorroados.
• rolo de placas: rolo que na superfície lisa são solidarizados segmentos de placa
descontínuos.

Outros equipamentos:

• compactadores de impacto/vibratórios: pilões manuais, pilões a explosão (“sapos


mecânicos”) e soquetes a ar comprimido. Aplicados a quase todos tipos de terreno,
em operações complementares ou em áreas restritas e fechadas.
• queda livre de grandes pesos: compactação de aterros e terrenos naturais de grande
espessura.
• vibroflotação: equipamento vibratório com injeção d’água.

Alguns dos equipamentos descritos anteriormente podem ser visualizados na Figura


15 a seguir. O Quadro 4 ilustra as características de alguns rolos compactadores bem como suas
respectivas aplicações.

Quadro 4. Características e aplicações dos rolos compactadores.


Espessuras
Peso Uniformidade
Tipo de rolo máximas após Tipo de solo
máximo da camada
compactação
Pé-de-carneiro estático 20 t 40 cm Boa Argila e siltes
Pé-de-carneiro 30 t 40 cm Boa Misturas de areia
vibratório com silte e argila
Pneumático leve 15 t 15 cm Boa Misturas de areia
com silte e argila
Pneumático pesado 35 t 35 cm Muito boa Praticamente todos
Vibratório com rodas 30 t 50 cm Muito boa Areias, cascalhos e
metálicas lisas materiais granulares
Liso metálico estático 20 t 10 cm Regular Materiais granulares
(3 rodas) e brita
Grade (malhas) 20 t 20 cm Boa Materiais granulares,
ou em blocos
Combinados 20 t 20 cm Boa Praticamente todos

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Figura 15. Equipamentos corriqueiramente empregados na compactação de solos.

6. ESPECIFICAÇÕES PARA COMPACTAÇÃO

Com relação ao projeto, normalmente, fixam-se apenas o peso específico seco e o teor
ótimo de umidade a serem atingidos com o solo utilizado, sendo definido a partir deles o Grau
de Compactação (GC), o desvio de umidade (W) e a tolerância em torno desses parâmetros.
Cabe à fiscalização e ao executor a determinação dos parâmetros que permitam atingi-los com
uma compactação bem feita e de forma econômica. O Grau de compactação e o desvio de
umidade são definidos pelas Equações 5 e 6, respectivamente:
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γ dcampo
GC   100% (5)
γ dmáx

onde:

GC - é o grau de compactação do solo compactado em campo, expresso em (%);


 dcampo - é o peso específico seco obtido "in situ"; e
 dmáx - é o peso específico seco máximo obtido em laboratório, no ensaio de
compactação, para a energia especificada.

W  Wcampo  Wot (6)

em que:

W - é o desvio de umidade do solo compactado em campo, expresso (%);


W campo - é o teor de umidade determinado "in situ"; e
Wot - é o teor de umidade obtido em laboratório, no ensaio de compactação, para a
energia especificada.

Nas especificações gerais do DNER (1996) é determinado que GC atinja 95% até 60
cm abaixo do greide e 100% nos últimos 60 cm de aterro, com compactação feita na umidade
ótima, com uma variação admissível de  3%, e espessura das camadas após o adensamento
entre 20 e 30 cm. Quanto à qualidade dos materiais, deverão ser evitados solos com CBR < 2 e
expansão maior que 4%. Porem, estudos recentes, voltados para as características especiais dos
solos tropicais, podem vir a modificar a exigência sobre o valor do CBR. Quando nas estradas
se prevê tráfego pesado, com altas cargas por eixo, e freqüência elevada de solicitações,
procura-se aumentar a energia de compactação e trabalhar com o grau de compactação próximo
de 100%. Nos solos argilosos, quando desejadas densidades elevadas, deve-se prescrever o
Proctor modificado e execução com equipamentos pesados que aliem pressão estática com
amassamento (por exemplo, pneumáticos oscilantes pesados). O Quadro 5, a seguir, contém
alguns valores recomendados para o grau de compactação para certas obras de engenharia.

Quadro 5. Valores recomendados para o grau de compactação.


Finalidade Recomendação
Aterro rodoviário 90-95% do Proctor modificado (topo do
aterro, 60 cm)
95-100 % do Proctor normal
Barragens de terra 95-100 % do Proctor modificado
Aterros sob fundação de prédios 90-95% do Proctor modificado
95-100 % do Proctor normal
Camadas de base de pavimentos 95-100 % do Proctor modificado

A rolagem deve ser feita longitudinalmente, dos bordos para o eixo, e com
superposição de no mínimo 20 cm entre duas rolagens consecutivas.

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7. CONTROLE DE COMPACTAÇÃO NO CAMPO

O controle de compactação no campo é realizado por meio da comparação entre o grau


de compactação obtido “in situ” e o especificado.
A determinação do teor de umidade e do peso específico seco da massa de solo
compactado no campo pode feita das seguintes formas:

• determinação do teor de umidade:


– método da estufa;
– “Speedy Moisture Test”; e
– método da frigideira.

• determinação do peso específico:


– método do frasco de areia; e
– método do cilindro cortante.

Existem outros métodos mais precisos para o controle de compactação no campo.


Entretanto, não são muito empregados, por se tratarem de técnicas que exigem um
conhecimento teórico um pouco mais elaborado que os métodos descritos anteriormente. Estes
métodos são:

• método de Hilf;
• método das famílias de curvas de compactação; e
• relações empíricas estabelecidas com base em estudos estatísticos.

Recentemente, foram criados métodos de grande precisão, que fazem uso de material
radioativo. Como exemplo, cita-se o “Nuclear Moisture Density Meter”, baseado na emissão de
raios gama e neutrôns, onde a reflexão destes elementos está relacionada à densidade e umidade,
respectivamente.

A freqüência do controle, segundo às especificações de terraplanagem do DNER


(1996), são as que seguem:

• um controle de densidade e umidade para cada 1.000 m3 de material compactado; e


• para camadas finais, pode-se fazer um controle de densidade e umidade para cada
100 m de extensão, alternativamente no centro e nos bordos.

8. ATERROS EXPERIMENTAIS

Segundo PINTO (2000), quando se executam obras de grande vulto, justifica-se a


construção de aterros experimentais. Um pequeno aterro com o solo selecionado para obra, com
200 m de extensão, por exemplo, subdividido em 4 a 6 sub-trechos com umidades diferentes, é
compactado com o equipamento previsto. Depois de um certo número de passadas do
equipamento, determina-se a umidade de cada sub-trecho e o peso específico seco atingido.
Repetindo-se o procedimento para diversos números de passadas do equipamento, ou para
equipamentos diferentes, várias curvas podem ser obtidas, ou a eficácia do equipamento pode
ser estabelecida.
Os aterros experimentais orientam na seleção do equipamento a utilizar, e indicam as
umidades mais adequadas para cada equipamento, as espessuras de camadas, o número de
passadas do equipamento, a partir do qual pouco efeito é obtido, etc. Os aterros possibilitam a
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observação visual do solo compactado, com eventuais problemas de laminação ou trincas, e
deles podem ser retiradas amostras bem representativas para realização de ensaios mecânicos
em laboratórios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. (1986). NBR 7182/86,


Solos - Ensaio de Compactação - Procedimento. Rio de Janeiro-RJ, 10 p.
BARDET, J.P. (1997). Experimental Soil Mechanics. By Prentice-Hall, Inc., Simon &
Schuster/A Viacom Company, Upper Saddle River, New Jersey 07458, 579 p.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGENS - DNER. (1996).
Manual de Pavimentação. Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico, Divisão de
Capacitação Tecnológica, 2º edição, IPR - Publicação 697. Rio de Janeiro-RJ, 320 p.
HOGENTOGLER, C.A. (1936). Essentials of Soil Compaction. Highway Research Board,
Proceedings, National Research Council, Washington, D.C., vol. 16, pp. 309-316.
LAMBE, T.W. (1958). The Structured of Compacted Clays. Journal of Soil Mechanics and
Foundation Division, ASCE, vol. 84, No SM2, pp. 1654-1 to 1654-34.
LAMBE, T.W. & WHITMAN, R.V. (1969). Soil Mechanics. New York: John Wiley and Son,
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MASSAD, F. (2003). Obras de Terra: Curso Básico de Geotecnia. São Paulo-SP, Editora
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NOGUEIRA, J. B. (1988). Mecânica dos Solos. Escola de Engenharia de São Carlos - USP,
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OLSON, R.E. (1963). Effective Stress Theory of Soil Compaction. Journal of the Soil
Mechanics and Foundations Division, ASCE, vol. 89, No SM2, pp. 27-45.
PINTO, C.S. (2000). Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo-SP, Editora Oficina de
Textos, 247 p.
PROCTOR, R.R. (1933). Fundamentals Principles of Soil Compaction. Engineering News
Record, New York, 3(9) pp. 245-248; 3(10) pp. 268-289; 3(11) pp. 348-351; and 3(12) pp.
372-376.

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