Capítulo I – Meio ambiente X Processo Histórico Filosófico
Espera-se demonstrar nesse capítulo as relações entre o Homem e o meio ambiente,
inseri-lo com posição de destaque através de uma linha de raciocínio cronológica, desde os pensadores gregos, seus principais filósofos, a época medieval, as revoluções industriais e o pensamento atual acerca do uso dos recursos naturais.
O movimento ambiental não nasce apenas a partir da década de 1970, com as
principais conferências internacionais que marcaram essa época. Ela vem se estabelecendo do estudo racional da relação Homem X Natureza. O sonho do equilíbrio dessa relação parte de épocas remotas, principalmente da essência de entender, em sua complexidade, o significado de recurso natural. Se analisarmos os períodos vividos pelo ser humano, observamos diferentes concepções, pois as maneiras de pensar o mundo foram modificadas com o passar dos tempos.
Os primeiros filósofos, denominados pré-socráticos, que antecederam a filosofia
antiga, não concebiam a separação entre homem e natureza. Assim sua denominação “Filósofos da natureza”, observavam todas as transformações que ocorriam no meio ambiente, e questionavam o porquê e como tudo era possível na sua transformação. Esse raciocínio não fazia parte de uma mitologia grega, por assim dizer, e sim de uma fase de princípios baseados na observação por constatações.
Estes pré-socráticos, de Tales de Mileto a Demócrito(DATA DE VIDA???), buscavam
entender o mundo a partir dos fenômenos existentes. Ao buscarem explicações, comparando acontecimentos, circunstâncias e situações. O principal instrumento de pesquisa era formado pelos quatro elementos: o fogo, a terra, a água e o ar. Segundo Di Mare (2002), Tales de Mileto afirmou que a causa de todas as coisas que existem é o elemento água. Ele obteve suas constatações através de seus experimentos, onde na ausência da água as plantas e os animais morriam, bem como levaria o ser humano a morte da mesma forma.
Progredindo na evolução do pensamento filosófico, o período clássico, entre 470 a 322
a.C, tendo como principais pensadores, Sócrates, Platão e Aristóteles. Aristóteles representou um avanço importante para a história da ciência, além de fundar diversas das disciplinas científicas, observou a natureza de um ponto de vista sistemático. As causas e explicações de que todas as coisas tendiam naturalmente para um fim, e era esta a concepção teológica da época, que explicava a natureza de todos os seres.
Como se pode observar, o conceito de Natureza foi desenvolvido pelos gregos, ao
longo de todo o período em que florescer a sua civilização, como um elemento fundamental para a compreensão do mundo e, sobretudo para a compreensão de sua sociedade (DANO AMBIENTAL). Porém o fenômeno de degradação ambiental não foi um tema muito abordado naquela época. Os recursos não eram escassos, e os sinais só foram notados em razão do crescimento populacional e a necessidade de expansão territorial.
Durante o período medieval, até aproximadamente o século XV, fora um período
marcado por revoluções e mudanças no campo da física e astronomia. Pensadores como Copérnico, Newton e Galileu. A terra passou a ser apenas um planeta (Heliocentrismo), deixando de ser o centro do universo, o ponto de partida da astronomia moderna. Galileu Galilei e seus estudos empíricos permitiram uma fonte de conhecimento para os estudos dos fenômenos físicos, através dos primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo, lei dos corpos e o princípio da inércia, precursoras da mecânica Newtoniana.
A busca pelo saber através da própria técnica marca a revolução do pensamento
científico do século XVII. E foi René Descartes quem contribuiu fortemente na oposição entre Homem-Natureza. Naquele momento, um mundo antropocêntrico, para Descartes o homem era possuidor da natureza e todos os conhecimentos úteis à vida. A Natureza passou a ser vista como um recurso, exposta de forma a ser utilizada por todos os meios, para um fim.
O pensamento de Descartes teve grandes conseqüências para a história do
pensamento ocidental, sua visão fragmentada e mecânica das estruturas vivas perpassou a modernidade e continua impregnada no pensamento atual. Tinha como objetivo principal, usar seu método para formar uma definição racional completa dos fenômenos naturais, em um sistema regido por princípios mecânicos e matemáticos.
Durante os anos do século XVIII, vimos a revolução industrial tomar conta da
necessidade do uso dos recursos cada vez em maior escala, e o sistema de fabricação doméstica agora fabril além da idéia de natureza objetiva e exterior ao homem. A ciência agora centralizada, a técnica retrata a natureza apenas como um objeto a ser possuído e dominado.
A concepção capitalista que surge concomitante favorece a separação entre homem-
natureza, a natureza adquire um conceito prático e utilitário, recurso natural, fonte de matéria-prima para a industrialização e manufatura. Essa sociedade capitaliza, justifica e sustenta o modo como produzimos, vivemos e nos relacionamos com as questões da natureza.
Vivemos a época contemporânea, século XXI, com os resquícios desse movimento
oscilatório entre a relação entre o Homem-Natureza. Hora separamos esse uso do recurso natural com a técnica a serviço do homem e sua sobrevivência, hora a técnica a serviço da evolução da própria vida no planeta. Nos últimos anos do século XIX, como iniciado nesse capítulo, o homem se viu em conflito com o próprio uso dessa técnica, e principalmente com a escassez dos recursos ainda existente, os quais um dia tidos como infinitos. Introduzindo o próximo capítulo, além do conflito com o uso desenfreado e desproporcional do meio ambiente, veremos o conflito técnico-ético que é usado para mascarar e justificar os meios utilizados para os fins que se deseja obter.