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Fernanda C. A.

Campos
Rosa M. E. Costa
Neide Santos

Fundamentos
da Educação a Distância,
Mídias e Ambientes Virtuais

Juiz de Fora
Editar
2007
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação – MEC,
Secretaria de Educação a Distância – SEED.

Instituição
CECIERJ - Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio
de Janeiro – Consórcio CEDERJ

Autores
Fernanda C.A. Campos - DCC/ICE/UFJF – Doutora em Engenharia de Sistemas e
Computação
Rosa M. E. da Costa – IME/UERJ - Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação
Neide Santos – IME/UERJ - Doutora em Engenharia de Produção

Impressão
Editar Editora Associada
Rua Alfredo Teixeira Lopes, 340, Jardim do Sol, Juiz de Fora, MG - 36062- 030
Tel (32)3213-2529

F981 FUNDAMENTOS da educação a distância, mídias e ambientes


virtuais / Fernanda C. A. Campos ... [et al.]. - Juiz de Fora:
Editar, 2007.
76 p. ilust.

ISBN 978-85-88279-67-4

1.Educação a Distância. 2. Tecnologia Educacional. 3.


Ensino Superior. 4. Aprendizagem – Metodologia. 5. Materiais
de Ensino. 6. Multimídia. 7. Internet (Redes de Computação) na
Educação. I. Campos, Fernanda C. A. II. Costa, Rosa M.E. III.
Santos, Neide. IV. Carvalho, Márcio L.B.

CDU: 378.155
CDD: 378.17

ii
Apresentação
A Educação a Distância - EAD - representa uma oportunidade para muitos excluídos dos
processos tradicionais de ensino das Universidades brasileiras e um desafio para educadores
e gestores.
O Ministério da Educação - MEC, através da Secretaria de Educação a Distância – SEED, em
parceria com as Universidades públicas vem promovendo projetos que buscam atender às
demandas por curso de qualidade, que sejam inclusivos e que atinjam profissionais em
serviço.
Nesse contexto a formação de professores conteudistas e gestores para atuarem em projetos
de EAD é uma prioridade. O CEDERJ, atendendo ao convite da SEED para liderar o Programa
Inter-Institucional de Capacitação em EAD para o Sistema UAB, elaborou a proposta de um
curso de capacitação de 180 horas para docentes e técnicos das IFES que irão implantar
cursos de graduação e de especialização a distância.
Esse curso de formação de professores e técnicos é constituído de três módulos seqüenciais
cujos principais tópicos englobam: Fundamentos de EAD, Mídias e Ambientes Virtuais,
Construção de Material Didático Impresso e Desenvolvimento de Cursos com Foco no Aluno.
Esse texto aborda o primeiro módulo do curso e discute os conteúdos básicos que embasam a
elaboração de material didático para cursos a distância. Em função do modelo de Educação a
Distância a ser implementado dentro da proposta do Sistema UAB, onde desempenham
importante papel pólos municipais ou estaduais, tutoria presencial e tutoria a distância, gestão
do sistema e interatividade, é fundamental que a socialização das experiências entre os
participantes tenha prioridade, através do compartilhamento de relatos, textos de interesse
comum e busca incessante da construção do conhecimento.
Os autores agradecem ao CEDERJ o convite e a oportunidade de elaborar esse texto e
esperam que o seu uso contribua para a disseminação da Educação a Distância de qualidade,
que rompa as barreiras geográficas, temporais e tecnológicas que separam professores e
alunos e que leve o Brasil a se orgulhar mais de sua Educação.

Os autores

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Sumário
Parte I
Fundamentos de EAD 01
1.1 Educação a Distância 01
1.1.1 Introdução 01
1.1.2 Histórico 02
1.1.3 Conceitos 04
1.1.4 Legislação brasileira 06
1.2 Teorias de aprendizagens aplicadas à EAD 07
1.2.1 Comportamentalismo 07
1.2.2 Construtivismo 08
1.2.3 Sócio-Interacionismo 09
1.3 Referenciais de qualidade em EAD 10

Parte II
Mídias e Plataformas de EAD 12
2.1 Mídias para EAD 12
2.2 Plataformas de EAD 17
2.3 Educação a Distância Baseada na Web 19
2.4 Aprendizagem cooperativa 22

Parte III
Material didático para EAD 28
3.1 Projetos de EAD 28
3.1.1 Gestão e equipe multidisciplinar 31
3.2 Produção de material didático para EAD 33
3.2.1 Material impresso 34
3.2.2 Material para a Web 35
3.2.3 Construindo materiais didáticos 39

Referências Bibliográficas 41

Apêndice 44

iv
Parte I
Fundamentos de EAD
1. Educação a Distância

1.1 Introdução
Uma das causas da exclusão social no Brasil é a impossibilidade de formação profissional fora
dos centros urbanos, que sempre discriminou os jovens que não podem se deslocar das suas
cidades do interior dos Estados para estudar num campus universitário, ou que mais
recentemente, não têm como arcar com as mensalidades das instituições particulares. A
Educação precisa ser inclusiva, com qualidade e acontecer ao longo de toda a vida.

Em um país como o Brasil, onde os níveis de escolaridade são desiguais, a Educação a Distância
– EAD - mostra-se como valioso meio de diminuir as distâncias geográficas e propiciar
transformações sociais e econômicas através do crescimento do nível de escolaridade da
população.

A EAD é uma alternativa indispensável para os avanços das soluções educacionais que visam
democratizar o acesso ao ensino, elevar o padrão de qualidade do processo educativo e
incentivar o aprendizado ao longo da vida. Para o efetivo uso desse modelo condições de infra-
estrutura, inovações e metodologias são necessárias (Campos, Santos e Braga, 2003).

A Educação a Distância pode viabilizar a formação de pessoas que vêm sendo excluídas do
processo educacional tradicional por questões de localização ou por indisponibilidade de tempo
nos horários tradicionais de aula. A EAD, segundo Neves (2002), não é um modismo: é parte de
um amplo e contínuo processo de mudança que inclui não só a democratização do acesso a
níveis crescentes de escolaridade e atualização permanente como, também, a adoção de novos
paradigmas educacionais.

Tendo em vista o rápido avanço tecnológico que estamos vivenciando e o advento de novos
meios de comunicação, muitas instituições vêm procurando integrar suas práticas tradicionais com
este novo modelo educacional. Por sua vez a Lei de Diretrizes e Bases - LDB nº 9.394/96 valoriza
a qualificação dos profissionais, destaca a possibilidade de capacitação em serviço, utilizando,
para isso, os recursos da Educação a Distância.

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O desenvolvimento de cursos a distância exige mudanças profundas no modelo didático-
pedagógico vigente. Neste sentido, várias questões associadas a estas mudanças continuam em
aberto e vão desde a escolha dos recursos a serem utilizados, passando por questões
relacionadas às estratégias de apresentação dos conteúdos e a questões de avaliação da
qualidade dos cursos.

A partir da definição de políticas públicas voltadas para o aumento da oferta de vagas,


notadamente para o ensino superior, a EAD poderá alcançar setores da sociedade que não são
atendidos pelo modelo tradicional, já que o número de vagas poderá ser ampliado com custos que
podem ser diluídos com o passar do tempo. Este fato tem contribuído para o aumento do
interesse na criação destes cursos, tanto em organizações privadas, quanto nas públicas, que
acenam com a possibilidade de formação de um grande número de alunos.

Esse texto foi elaborado com o objetivo de integrar um curso de formação de professores e
técnicos conteudistas e gestores para atuarem e implantarem projetos de graduação e de pós-
graduação lato-sensu à distância. A proposta é apresentar os fundamentos básicos da Educação
a Distância que embasam o aprofundamento dos estudos sobre a elaboração e avaliação de
material didático.

Como grande parte do sucesso de um curso a distância está em sua mobilidade e integração
entre os participantes, professores, tutores e alunos, esse texto deverá ser complementado com a
construção coletiva de uma biblioteca de textos, com o relato e a troca de experiência sobre os
temas abordados e a busca incessante da construção de uma comunidade virtual de
aprendizagem.

Relate para seus colegas e tutores uma experiência que você já teve como professor, tutor ou aluno de
um curso a distância.

1.1.2 Histórico

A pesquisa e o desenvolvimento dos recursos computacionais para uso em Educação,


tradicionalmente, correm em paralelo com os avanços da computação. Os programas de auto-
instrução apoiados por computadores, das décadas de 60 e 70, foram desenvolvidos, a partir da
melhoria da interação homem-máquina. Contudo, tais programas não provocaram o impacto
esperado na Educação de massa. Nos anos 80, na maioria dos países desenvolvidos ou não, os
setores governamental, acadêmico e educacional financiaram e pesquisaram, de forma
intensiva, o potencial dos computadores para a melhoria e ampliação da oferta de Educação.

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Nesta época, as ferramentas de produtividade (editores de texto, bancos de dados, editores
gráficos, planilhas eletrônicas, etc) tornaram-se populares nos meios educacionais devido ao
surgimento das interfaces gráficas e da conseqüente facilidade de uso. Estes programas, também,
não causaram o impacto esperado na Educação.

A análise histórica do desenvolvimento científico e tecnológico aponta que a ruptura de um status-


quo vigente é fruto da confluência simultânea de condicionantes tecnológicos, econômicos,
culturais e sociais. Na década atual, parece haver as condições necessárias para que a
informática e tecnologias associadas alterem o processo educacional, dados à difusão das redes
de comunicação, aos avanços na tecnologia de hipertexto e à urgência econômica e social pela
ampliação das oportunidades educacionais. Um dos cenários educacionais em fase de
consolidação combina o uso das redes de computadores, novas formas de organizar, apresentar
e recuperar informações e a aprendizagem cooperativa apoiada em computadores.

A Educação a Distância vem consolidando esse modelo, se apresentando como um processo


educacional em que a maior parte da comunicação é mediada através de recursos tecnológicos
que possibilitam superar a distância física. Como os modelos evoluíram ao longo do tempo as
tecnologias de entrega dos materiais didáticos passaram a adotar cada vez mais os recursos das
tecnologias de informática e comunicação.

Na primeira geração, chamada de modelo de correspondência, havia o predomínio do material


impresso. Na segunda geração o modelo multimídia imperou, trazendo a fita de áudio, vídeo, a
aprendizagem baseada em computadores e o vídeo interativo. A terceira geração se caracterizou
pelo tele-aprendizado com destaque para as áudio-teleconferências, videoconferência e TV/radio
Broadcast. Na quarta geração o modelo de aprendizagem flexível reforçou o uso da multimídia
interativa on-line, acesso a Web baseada em recursos e comunicação mediada por computador.
Na quinta geração observamos a ainda presença das tecnologias Web e um modelo de
aprendizagem flexível e inteligente, onde predominam recursos como: multimídia interativa on-
line, acesso a Web baseada em recursos, comunicação mediada por computador usando
sistemas de respostas automáticas e portais que permitem acesso aos recursos e processos da
instituição (Campos, 2007).

Existem inúmeros exemplos no mundo em que a modalidade de Educação a Distância é utilizada


com muita qualidade acadêmica. No Brasil, no âmbito das instituições públicas, devemos reportar
as iniciativas da UNIREDE (www.unirede.br) que congrega as universidades públicas brasileiras
em consórcios e parcerias. Cabe ressaltar, ainda, as experiências da Universidade Federal de
Mato Grosso (http://www.nead.ufmt.br/NEAD2006/principal.aspx#), na formação de professores,

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do Consórcio CEDERJ do Estado do Rio de Janeiro (http://www.cederj.edu.br/cecierj/), na
formação de um grande número de profissionais em diferentes cursos e em vários pólos, e tantas
outras ações e projetos que vêm se consolidando como casos de sucesso na formação de
profissionais em serviço. O Estado de Minas Gerais se destacou ao patrocinar o Projeto Veredas
para formação superior de professores dos anos iniciais do ensino fundamental.

Na história recente da Educação a Distância no Brasil, a partir de 2004, o Ministério da Educação,


através da Secretaria de Educação a Distância lançou os Editais Públicos I e II do Programa Pró
Licenciatura e mais recentemente lançou o Projeto da Universidade Aberta do Brasil - UAB, que
trouxeram para as instituições, notadamente as públicas, a possibilidade de participarem da oferta
de cursos de graduação a distância com o apoio do Ministério da Educação.

O Sistema Universidade Aberta do Brasil foi criado em 2005, no âmbito do Fórum das Estatais
pela Educação, para a articulação e integração de um sistema nacional de Educação superior a
distância, em caráter experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos, atividades
pertencentes as políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino
superior gratuito e de qualidade no Brasil. É uma parceria entre consórcios públicos nos três
níveis governamentais (federal, estadual e municipal), universidades públicas e demais
organizações interessadas.

Para a consecução do UAB, o Ministério da Educação, através da SEED lançou o Edital N° 1, em


20 de dezembro de 2005, com a Chamada Pública para a seleção de pólos municipais e
estaduais de apoio presencial e de cursos superiores de Instituições Federais de Ensino Superior
na Modalidade de Educação a Distância, para cursos com início em 2007. Em 14 de novembro de
2006 foi lançado o 2º Edital, que ampliou a chamada para as universidades estaduais e
municipais.

O que você pensa sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil? Seus objetivos serão alcançados? Os
investimentos são suficientes?

1.1.3 Conceitos

Estudiosos da área encontram muitas dificuldades em conceituar Educação a Distância devido à


crescente evolução que vem ocorrendo neste domínio. Essa evolução acontece, principalmente,
no uso das tecnologias, na mediação da comunicação professor-aluno e nas técnicas e
metodologias voltadas para a criação e melhoria dos cursos.

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB no art. 47, § 3º define que a Educação a Distância
deve ser compreendida como a atividade pedagógica que é caracterizada por um processo de
ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e a utilização de recursos didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação
e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada ou combinadamente, sem a
freqüência obrigatória de alunos e professores.

O Decreto n° 5622, de 19 de dezembro de 2005, em seu artigo 1º, define Educação a Distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino
e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias da informação e da comunicação,
com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos
diversos. Esse decreto ressalta ainda que a Educação a Distância organiza-se segundo
metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar previsto a obrigatoriedade
de momentos presencias.

A literatura trás uma grande diversidade de definições para EAD, entretanto, é possível perceber
que há um conjunto de características comuns e que podem ser assim sumarizadas (Nunes,
2005):

• separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;

• influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto,


organização dirigida, entre outros), que a diferencia da educação individual;

• utilização de meios técnicos de comunicação para unir o professor ao aluno e transmitir


os conteúdos educativos;

• previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um


diálogo, e da possibilidade de iniciativas de dupla via;

• possibilidade de encontros presenciais com propósitos didáticos e de socialização.

Apesar da reunião destes elementos considerados centrais, a dificuldade de se apresentar um


conceito para EAD está associada, muitas vezes, a existência de várias definições que se
contradizem. Existem ainda, termos alternativos como Ensino a Distância, Aprendizagem a
Distância, Aprendizagem Distribuída, Educação Virtual Interativa, Educação Mediada por
Tecnologia, Teleaprendizagem, numa possível tentativa de contornar problemas de definição de
aspectos conceituais associados ao tema.

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Procure na Web ou em materiais impressos uma outra conceituação de Educação a Distância ou escreva
uma com suas próprias palavras.

1.1.4 Legislação brasileira

No Brasil, as bases legais para a modalidade de Educação a Distância foram estabelecidas


pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996),
que foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/05 (que revogou
o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998)
com normatização definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria
Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998). Em 3 de abril de 2001, a Resolução n.º 1, do
Conselho Nacional de Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto
sensu.

Em 11 de janeiro de 2007 foi publicada pelo MEC a Portaria Normativa n.º 2, que dispõe sobre os
procedimentos de regulação e avaliação da educação superior na modalidade a distância.

No caso da oferta de cursos de graduação e Educação profissional em nível tecnológico, a


instituição interessada deve credenciar-se junto ao Ministério da Educação, solicitando, para isto,
a autorização de funcionamento para cada curso que pretenda oferecer. O processo é analisado
na Secretaria de Educação Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em
questão e por especialistas em Educação a Distância. O Parecer dessa Comissão é encaminhado
ao Conselho Nacional de Educação.

Os cursos de graduação a distância propostos pelas instituições são avaliados de acordo com os
mesmos procedimentos empregados para os cursos presenciais submetidos, sendo que a
qualidade do projeto da instituição será o foco principal da análise da Comissão. Para orientar a
elaboração de um projeto de curso de graduação a distância, a Secretaria de Educação a
Distância elaborou o documento Referencial de qualidade de EAD para Cursos de Graduação a
Distância, disponível no site do Ministério da Educação para consulta
(http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=62&Itemid=191).

No Portal do MEC encontra-se também, a relação de todas as instituições públicas e privadas


credenciadas para a oferta de cursos superiores a distância no Brasil,
(http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=category&sectionid=7&id=100&Item
id=298).

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Você acredita que a EAD contribuirá para transformar a realidade da Educação no Brasil? E no seu
Estado, o que pode mudar com a maior disseminação da EAD?

1.2.Teorias de aprendizagens aplicadas à EAD


Em geral, todo processo educacional é fundamentado em uma teoria de aprendizagem. A
Educação a Distância também deve fundamentar-se em uma visão de como ocorre o processo de
aprendizagem. A exploração dos fundamentos das teorias de aprendizagem gera impactos tanto
nas situações educacionais de sala de aula, quanto naquelas mediadas pelas novas tecnologias
de informação e comunicação, principalmente pelas redes de comunicação.

Baseado nas teorias, o professor define as etapas do processo de ensino e aprendizagem, prevê
as atividades a serem realizadas pelos alunos e como elas devem ser realizadas, as formas de
acompanhamento do trabalho do aluno e a política de avaliação adotada.

Três teorias de aprendizagem têm sido consideradas as mais representativas das correntes atuais
do pensamento educacional:

• Comportamentalismo

• Construtivismo

• Sócio-Interacionismo

Cada uma delas permite desenhar um ou mais cenários de Educação a Distância.

1.2.1 Comportamentalismo

Entende que o homem é um organismo passivo, governado por estímulos fornecidos pelo
ambiente externo (Skinner, 1974). O comportamento é o que pode ser observado e tudo o que
responde a mudança em contingências de reforço. A aprendizagem é descrita como um
repositório de comportamentos que se manifestam a partir de um estímulo particular e da
probabilidade de um comportamento especializado.

O reforço é o elemento mais importante do processo de ensino, mas não é somente a presença
de estímulos ou da resposta que leva à aprendizagem, mas a presença das contingências de
reforço. A aprendizagem seria tudo que pode ser observável através da mudança persistente no
comportamento do aluno em decorrência de estímulos e reforços positivos.

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As situações educacionais baseadas nas teorias comportamentalistas têm o foco na instrução
individual. A finalidade do processo educacional é levar o aluno a apreender conteúdos
curriculares, basicamente por memorização das informações fornecidas pelo professor. Não são
considerados os interesses e as motivações individuais. O feedback deve ser constante e a
avaliação é, de um modo geral, individual e através de testes objetivos. A interação e cooperação
entre alunos não são aspectos fundamentais para a aprendizagem.

O cenário comportamentalista ainda é bastante utilizado nas salas de aula presenciais. A


exploração desta abordagem nos cursos a distância integra diversas atividades que, em geral,
simulam as salas de aula presencias, dando suporte para o acesso ao material didático de cursos,
demandam a entrega de tarefas acadêmicas e a comunicação com o professor e com outros
estudantes.

O material didático pode incluir vídeos, textos, guias para o estudante e sites Web. Os ambientes
integrados visam apoiar a criação e aplicação de cursos à distância, se apresentando como
solução de baixo custo e longo alcance tanto para a implementação de programas de educação
continuada, como para apoio do processo de estudo de conteúdos curriculares na educação
formal (Alves, 2001).

1.2.2 Construtivismo

O conhecimento é (re)construído pelo indivíduo nas interações com o ambiente externo. A


aprendizagem é uma construção contínua considerando modificações dos atributos da estrutura
cognitiva em face de novas informações. Dois teóricos nos auxiliam a entender o alcance do
construtivismo no processo educacional: Piaget e Bruner. Para Piaget (1978) o desenvolvimento
da inteligência é uma contínua adaptação ao ambiente através de um processo de maturação. O
conhecimento progride através da formação de estruturas, negando o mecanismo de justaposição
de conhecimentos advogado pelos comportamentalistas. O pensamento é organizado através da
adaptação de experiências e das solicitações do ambiente. Tal organização forma as estruturas.

Bruner (1966) preocupa-se em induzir uma participação ativa do aluno no processo de


aprendizagem, contemplando a aprendizagem por descoberta.

Há alguns cenários EAD para o desenvolvimento de situações de aprendizagem de base


construtivista. Por exemplo: quando um professor oferece ao aluno ou grupos de alunos: (i) um
tema, um conjunto de fontes e o acesso às fontes. O trabalho de navegação é livre ou pouco
direcionado. Espera-se que o aluno aprenda por descoberta imprevista e descoberta de

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exploração livre; ou (ii) o objetivo educacional a ser atingido é uma tarefa a ser cumprida. Para
tanto, ele tem acesso a um conteúdo curricular. Espera-se que o aluno aprenda por recepção
direcionada, exposição indutiva e/ou exposição dedutiva.

Este cenário não tem sido muito utilizado em sala de aula porque o professor não foi formado para
adotá-lo. Mas, a Internet pode ajudar na construção de tal cenário, através de sites de estudo,
portais temáticos e ferramentas de comunicação disponíveis. Neste caso, cabe ao professor
estruturar ou selecionar o material didático, segundo seus critérios. Não é previsto o controle da
navegação, a captura de indicadores sobre a atuação do aluno ou algum tipo de avaliação. O
controle do aprendizado cabe ao aluno, ficando à sua escolha como percorrer a informação
disponível.

A difusão das tecnologias interativas promete facilitar a aprendizagem individual e colaborativa, e


está possibilitando a criação de novos ambientes de aprendizagem, as chamadas “comunidades
ou ambientes virtuais”, onde aprendizes de qualquer localidade trocam informações e aprendem
de forma interativa através da Web.

Neste contexto, a distância pode ser vista como um elemento positivo para o desenvolvimento da
autonomia na aprendizagem, permitindo que o estudante assimile conhecimento no seu próprio
ritmo. Já os portais temáticos reúnem em um mesmo espaço virtual informações selecionadas
sobre um determinado assunto ou campo do conhecimento, oferecendo formas de comunicação
entre seus usuários e podem dispor serviços de busca, de FAQ (Frenquently Asked Questions),
etc.

1.2.3 Sócio-interacionismo

A construção do conhecimento é uma construção coletiva, marcada pela história e pela cultura. O
desenvolvimento cognitivo é apoiado na concepção de um organismo vivo, onde o pensamento é
construído gradativamente em um ambiente histórico e, em essência, social (Vygotsky, 1989). A
interação social possui um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo e toda função no
desenvolvimento cultural do sujeito aparece primeiro no nível social, entre pessoas, e depois no
nível individual, dentro do próprio sujeito. A aprendizagem é resultado das interações sociais e um
processo social contínuo.

A idéia de zona de desenvolvimento proximal, considerada como um nível intermediário entre o


nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, é um conceito chave no
sócio-interacionismo.

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As situações educacionais desenvolvidas segundo a ótica sócio-interacionista utilizam os espaços
de trabalho cooperativo e de expressão do grupo. Quando se deseja transpor estas situações
para a Internet pode-se utilizar:

• um ambiente de aprendizagem cooperativa; ou

• criar um repositório de informações do trabalho em grupo, para registrar a comunicação


entre os participantes, suas decisões e atividades, além de registrar as informações
pessoais e atividades individuais de cada membro.

Reflita sobre as possibilidades de adoção de modelos de aprendizagem mais participativos em projetos


de EAD. Estamos diante de um novo paradigma?

1.3 Referenciais de qualidade


A Educação a Distância tem identidade própria, não estando limitada a uma concepção supletiva
do ensino presencial, entretanto, não há um único modelo de EAD. Os projetos podem apresentar
desenhos e combinações de recursos diferenciados, dependendo das condições de cada cenário,
mas o projeto de Educação a Distância tem que ser comprometido com a qualidade.

Os cursos à distância contêm características que os diferenciam do ensino presencial:

• material didático

• grade curricular

• formas de comunicação

• tutoria presencial e a distância.

O Referencial de Qualidade de EAD proposto pelo MEC (www.mec.gov.br) para a autorização de


cursos de graduação a distância apresenta uma lista de itens, que devem ser considerados em
um curso a distância, e tem por objetivo orientar alunos, professores, técnicos e gestores de
instituições de ensino superior na elaboração de novos projetos, visando que seus processos e
produtos alcancem um alto nível de qualidade.

Os indicadores sugeridos não têm força de lei, mas servem para orientação e devem merecer a
atenção das instituições que preparam seus programas de graduação à distância. Esses
indicadores são:

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• integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o ensino
superior como um todo e para o curso específico;

• desenho do projeto: a identidade da Educação a Distância;

• equipe profissional multidisciplinar;

• comunicação/interatividade entre professor e aluno;

• qualidade dos recursos educacionais;

• infra-estrutura de apoio;

• avaliação de qualidade contínua e abrangente;

• convênios e parcerias;

• edital e informações sobre o curso de graduação a distância;

• custos de implementação e manutenção da graduação a distância.

Que características de um projeto de Educação a Distância você identifica como fundamentais para o seu
sucesso?

ANOTAÇÕES

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Parte II
Mídias e Plataformas de EAD
2.1 Mídias para EAD
Estamos em uma era onde a Educação exige ciclos constantes e respostas imediatas, não mais
delimitadas pela sala de aula. Neste panorama a incorporação de novas metodologias, técnicas e
mídias à EAD viabilizam o desenvolvimento de cursos bem elaborados, com a intenção de
superar a separação física existente entre professor e aluno e procurando melhorar a
interatividade entre eles.

O computador e as redes de comunicação se converteram em elementos fundamentais do


processo de comunicação virtual e a Web entra como uma ferramenta que permite o acesso a um
mega sistema de informações. A Educação não é mais unidirecional, a informação circula agora
de forma bidirecional, colaborativa e interdisciplinar e as tecnologias quebram barreiras
geográficas e temporais.

As primeiras redes de computadores surgiram no final dos anos 60 e início dos anos 70, sendo
conhecidas como tecnologias de Redes Locais (LANs - Local Area Networks). Estas redes eram
compostas por computadores menores e mais baratos e pela necessidade de compartilhamento
de dados e informações. Porém, as várias tecnologias de Redes Locais não eram compatíveis.
Começavam então a ser construídas as chamadas WANs (Wide Area Networks), que conectavam
computadores distantes geograficamente. No entanto, LANs e WANs eram incompatíveis entre si.
A questão pendente era como maximizar o uso de recursos computacionais e compartilhar dados
geograficamente remotos, com compatibilidade, segurança e rapidez. No final de 1970, usando
tecnologias variadas, surge o projeto ARPA (Advanced Research Projects Agency), visando
resolver os problemas de incompatibilidade das redes. O principal aspecto das pesquisas do
ARPA era um enfoque novo para interconectar LANs e WANs, que se tornou conhecido como
Internet.

A partir de meados de 80, a Internet é, de forma crescente, um conjunto de redes de


computadores que interligam milhões de computadores, se tornando um espaço enorme de troca
de informações e comunicação. Este avanço tecnológico foi, e está sendo, fruto de demandas
sociais e dos setores produtivos. pois os problemas e desafios do mundo moderno apresentam
tais dimensões e complexidade que sua solução envolve cada vez o trabalho em equipe.

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É relativamente recente o desenvolvimento de diferentes tecnologias que permitiram o avanço da
Internet e consequentemente da World Wide Web – Web, o serviço mais conhecido e utilizado
dessa tecnologia. O compartilhamento de canais de informação, a digitalização de imagens e
sons, a possibilidade de acesso simultâneo de diversos usuários a mesma fonte de informação, as
interfaces gráficas, entre outras, forneceram a infra-estrutura necessária para a consolidação do
hipertexto como principal forma de apresentar e recuperar material didático e outro tipo de
informação nos sistemas de Educação a Distância da Internet.

O avanço das tecnologias de redes de computadores, o crescimento das telecomunicações e


conseqüente convergência das duas proporcionaram a liberação das barreiras espaço-temporais,
permitindo o acesso à informação, ao uso de documentos distribuídos por diferentes máquinas, à
replicação das imagens nas telas dos participantes e à transmissão de caracteres, áudio e
imagem, abrindo novas possibilidades para o processo educacional.

Com as redes de computadores o envio e busca de textos se faz com maior rapidez. A Web
permite que não só seja agilizado o processo de acesso a documentos textuais, mas também a
gráficos, fotografias, sons e vídeos, de forma não-linear usando a tecnologia de hipermídia. O
correio eletrônico permite que as pessoas se comuniquem assincronamente, enquanto que chats
ou bate-papos permitem a comunicação síncrona entre várias pessoas. Neste caso, as novas
tecnologias permitem também a realização de videoconferências, integrando componentes
audiovisuais e textuais.

Nesse cenário podemos classificar a "Evolução da Educação a Distância" organizando as


tecnologias em (figura 1): geração textual, geração analógica, geração digital.

Geração Textual Geração Analógica Geração Digital


Livro Televisão Hipertexto
Apostila Vídeo Multimídia
Revista Rádio CD-Rom
Artigo (em anais) Telefone Software Educacional
Carta (correio tradicional) Fax Editor (texto, imagem etc.)
Imagem (foto, desenho etc.) Áudio (fita K7 etc.) Realidade Virtual
Jogos Simulador
Correio-eletrônico (e-mail)
Lista de discussão
Chat (bate-papo)
Videoconferência
Jogos
Figura 1. A evolução da Educação a Distância (Pimentel, 1999)
Quando falamos em mídias para a EAD é importante diferenciar os recursos de comunicação e as
mídias a serem usadas na elaboração do material didático (figura 2). As ferramentas de
comunicação podem ser classificadas em síncronas e assíncronas, e seu uso deve ser adequado

13
aos propósitos da interação. A prática de EAD mostra que dentre as ferramentas síncronas mais
utilizadas em EAD estão o Chat e Vídeo-Conferência e entre as ferramentas assíncronas se
destacam o e-mail, o fórum de discussão, a lista de discussão e o quadro de avisos. Podemos
considerar que as mídias que concentram as maiores possibilidades para a elaboração de
material didático, tanto na forma impressa, quanto em CD-ROM e na Web são: textos, figuras,
animação, vídeos, multimídia e hipermídia, Realidade Virtual e objetos de aprendizagem.

EAD

Comunicação Mídias

Síncrona Assíncrona Web CD Impresso

Vídeo Quadro
Chat Conferência Fórum E-mail Aviso

Objetos
Aprendizagem Hipermídia Realidade
Virtual
Vídeo Animação
... Figura Texto

Figura 2 – Tecnologias de comunicação e mídias para EAD


Os documentos hipermídia permitem o acesso a grandes quantidades de informação de maneira
flexível e interativa, facilitando a exploração do conhecimento e o aprendizado. Uma hipermídia
pode ser vista como um sistema de base de dados com um acesso não-seqüencial, composto de
nós e ligações. Cada nó pode conter elementos de multimídia como textos, gráficos, sons, música,
vídeos, imagens e animações. Ou seja, a multimídia oferece uma variedade de tipos de dados que
facilitam a flexibilidade de expressar a informação, enquanto que, a hipermídia oferece uma
estrutura de controle para a navegação através da organização da informação em nós.

A tecnologia de Realidade Virtual – RV - vem se destacando nos últimos anos por sua
versatilidade de exploração em diferentes domínios do conhecimento. Através de técnicas e
equipamentos específicos, tais como óculos 3D, luvas e rastreadores de posição, a tecnologia de
RV permite ao usuário o uso do computador de uma forma mais intuitiva, criando a sensação de
estar dentro da interface. Os equipamentos captam os movimentos dos usuários e respondem em
tempo real, favorecendo uma interação mais realística e gerando sensações próximas àquelas

14
experimentadas em ambientes reais similares. Entretanto, as aplicações mais comuns ainda são
aquelas que utilizam a tela plana do computador para a visualização das cenas 3D.

A RV pode ser usada na EAD para que possamos aprender visitando lugares onde jamais
estaríamos na vida real, ou realizando atividades que seriam impossíveis ou perigosas de serem
realizadas ao vivo. Os ambientes virtuais 3D promovem uma experiência individual, em primeira
pessoa, o que facilitaria o aprendizado de novos conceitos. Atualmente, a evolução das redes e
dos equipamentos de hardware têm contribuído para ampliar o escopo das aplicações de RV.

Vários pesquisadores vêm desenvolvendo aplicações que poderiam ser utilizadas em cursos a
distância, tais como simulações de eventos físicos. ou museus virtuais
(http://www.louvre.fr/llv/musee/visite_virtuelle.jsp?bmLocale=fr_FR). Neste caso, temos como
exemplo, o trabalho desenvolvido por Cardoso (2004), que criou uma plataforma para a simulação
de eventos de física, onde o aluno pode controlar as variáveis envolvidas nas experiências de
mecânica, ótica ou eletrônica. No caso da mecânica, o usuário pode controlar uma simulação de
movimento de objetos, onde ele pode variar o tipo de piso, ou o peso do carrinho e assistir a sua
movimentação.

Procure saber mais sobre as mídias para materiais didáticos na Web e suas possibilidades de uso nas
suas áreas de interesse.

Objetos de aprendizagem são quaisquer recursos digitais que possam ser reutilizados para
suporte ao ensino. De acordo com o Learning Objects Metadata Workgroup, Objetos de
Aprendizagem podem ser definidos por "qualquer entidade, digital ou não digital, que possa ser
utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado suportado por tecnologias"
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Objeto_de_aprendizagem).

A principal idéia dos objetos de aprendizagem é quebrar os materiais de aprendizagem em


pequenos conteúdos, que possam ser reutilizados em diferentes ambientes de aprendizagem. A
idéia é que esses componentes educacionais sejam disponibilizados na Web em vários formatos
diferentes, como hipertexto, vídeo, animações, pequeno software, simulação etc. Quem incorpora
os objetos de aprendizagem pode interagir com eles, personalizando-os e adequando-os às suas
necessidades.

De acordo com a Wikipedia, a reusabilidade é obtida com o armazenamento lógico dos objetos,
permitindo que eles sejam localizados a partir da busca por temas, por nível de dificuldade, por
autor ou por relação com outros objetos em repositorios.

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Os objetos de aprendizagem são vistos como peças–chave para a melhoria da qualidade do
oferecimento de material didático e como uma solução eficiente para os problemas de
padronização e redução de custo de desenvolvimento de conteúdo na medida em que podem ser
reutilizados (Perpétuo et al., 2004).

Clark (1998) cita dois tipos de objetos de aprendizagem: (a) objetos de informação ou de
conhecimento e (b) objetos instrucionais. Os objetos de informação são partes apresentações,
necessários à entrega de conteúdos como fatos, conceitos, processos, procedimentos e
princípios. Os objetos instrucionais correspondem a objetivos de aprendizagem, exercícios
práticos e feedback. Eles podem também incluir simulações, materiais multimídia e jogos
educativos.

Um exemplo brasileiro de construção de Objetos de Aprendizagem para a Educação Básica


(Ensino Médio) é a Fábrica Virtual do RIVED (http://rived.proinfo.mec.gov.br/). Entre os objetos de
aprendizagem disponiveis, está Mecanica Vetorial (http://www.mecanicavetorial.com/), que reúne
informações textuais, um jogo educativo e simulações sobre o assunto. A figura 3 apresenta a
interface principal do objeto, a partir da qual as funcionalidades do objeto são acionadas.

Figura 3 – Tela de um objeto de aprendizagem (http://www.mecanicavetorial.com/).

Procure na Web repositórios de objetos de aprendizagem e identifique alguns que possam ser
reutilizados em sua disciplina. Quais características de qualidade um objeto de aprendizagem deve ter?

16
Segundo Aquino (2006), atualmente, vivemos a passagem da Web 1.0 para a Web 2.0 com o
surgimento de ferramentas que permitem a escrita coletiva via hipertexto. Estas ferramentas são
os blogs e a Wikipédia

Os blogs são páginas pessoais extremante populares nos dias de hoje. Para Aquino (2006):

O que caracteriza o blog como uma ferramenta de caráter coletivo é a possibilidade que os leitores de
um blog têm de inserir comentários, e consequentemente links, nestes espaços. Além disso, os
blogueiros linkam em seus blogs, os blogs de outros indivíduos, bem como diversos sites, o que forma
uma espécie de comunidade entre os blogueiros e uma modificação na rede hipertextual como um todo,
através da linkagem de outras páginas (é o usuário comum interferindo na morfologia da Rede). Assim,
ainda que o leitor não se torne um co-autor efetivo, já que não interfere no post, ele pode se tornar um
colaborador do dono do blog, já que pode fazer sugestões, críticas, e comentários, através de textos e
links, no comentários.
A Wikipedia é um hipertexto coletivo por excelência. O sistema funciona através de um script
instalado no servidor, o que permite que qualquer usuário da Internet altere ou edite, sem que seja
necessária a autorização do autor, as páginas de informação. Cada alteração realizada
permanece salva dentro do sistema, podendo ser verificada retrospectivamente. De acordo com
Primo e Recuero (2003, in Aquino, 2006), cada alteração, cada inclusão de link dentro de um
verbete da Wikipedia modifica toda sua rede hipertextual e dessa forma constrói-se um hipertexto
do tipo cooperativo.

2.2 Plataformas de EAD


A Educação a Distância utiliza as tecnologias da Web principalmente para a comunicação de
gestores, professores, tutores e alunos. Os ambientes virtuais de aprendizagem ou plataformas de
EAD fornecem as ferramentas que viabilizam a comunicação entre todos os atores e trouxeram a
expansão e acessibilidade do conhecimento.

Nos últimos anos, diferentes ambientes para a construção, administração e apresentação de


cursos à distância têm sido propostos em todo o mundo. Alguns se destacam por oferecer meios
de integração de recursos textuais, de som e de imagem, além de apoio para as interações entre
os participantes. Muitos destes sistemas ficam restritos às instituições que os desenvolvem,
enquanto que outros tornam-se produtos comerciais. Mais recentemente, o sistema Moodle, que é
um software livre, vem tomando o espaço do sistema mais bem conhecido e difundido.

Alguns ambientes computacionais de apoio à EAD oferecem funcionalidades que facilitam a


passagem gradual do modelo de sala de aula presencial para a sala de aula virtual, concentrando
seus esforços na ampliação dos espaços de comunicação entre os participantes de um curso.

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É necessário que as plataformas de EAD ofereçam o máximo de interatividade, usabilidade,
integridade e desempenho para os seus usuários, sendo que a interatividade é um ponto crítico,
pois não se trata somente de dar suporte às interações de ensino-aprendizagem entre alunos,
professores, material didático e instituição de ensino. Trata-se também de possibilitar a formação
de uma comunidade virtual que facilite a convivência social e a colaboração em grupo.

As plataformas de EAD podem ser então definidas como uma coleção de ferramentas para
criação de material educacional, gerenciamento da participação do aluno, testes e avaliações,
enfim tudo que é necessário em um ambiente de ensino/aprendizagem, incluindo as
funcionalidades necessárias para a comunicação entre os participantes do processo.

As ferramentas e funcionalidades das plataformas de EAD têm que facilitar a sua utilização por
todos os atores do processo educativo: suporte, coordenadores, professores, tutores e alunos.
Para esses diferentes usuários o software deve oferecer visões específicas, que se refletem na
permissão do acesso às funcionalidades: o pessoal do suporte tem o acesso mais amplo, os
coordenadores, professores e tutores, geralmente têm acesso às ferramentas de edição,
gerenciamento de avaliação e acompanhamento de participação, e os alunos, em geral, têm
acesso às funcionalidades associadas às suas atividades educacionais.

Algumas características e funcionalidade presentes na maioria das plataformas de EAD podem


ser assim resumidas:

• Oferecer ferramentas para disponibilizar material didático virtual para os alunos e links
para outros sites na Web;

• Oferecer ferramentas para avaliar o progresso e o desenvolvimento dos alunos;

• Oferecer ferramentas para administrar avaliações, testes e exercícios, mantendo os


resultados armazenados;

• Oferecer ferramentas para ajudar os professores a administrarem aulas e notas;

• Facilitar a edição/criação das páginas na Web;

• Oferecer ferramentas de cadastro de usuários e de portifólios individuais;

• Oferecer uma grande diversidade de ferramentas de comunicação.

Nenhuma plataforma, sozinha, poderá contemplar todas as necessidades e idiossincrasias das


instituições, dos projetos e cursos de EAD, por isso elas devem:

• Atender objetivos e concepções pedagógicas diversas;

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• Apoiar projetos à distância e presenciais que utilizem as plataformas como apoio;

• Contemplar os diversos modelos de avaliação;

• Contemplar as diferentes visões dos usuários;

• Permitir o uso flexível dos diferentes recursos e ferramentas.

No ambiente virtual a aprendizagem não pode ser passiva. A construção do conhecimento deve
ser o resultado de um processo coletivo, através de um processo ativo de aprendizagem. Os
estudantes não são apenas responsáveis pela sua conexão, mas também devem contribuir com o
processo de aprendizagem por meio do envio de mensagens com seus pensamentos e suas
idéias. Ao fazerem isso, alunos e professores estão criando uma rede de aprendizagem, onde os
fios são compostos pela interação entre eles (Palloff & Pratt, 2002 in Araújo e Filho, 2005).

Com o avanço das tecnologias digitais móveis têm surgido propostas de incorporação desses
dispositivos aos ambientes educacionais virtuais. Esses projetos podem mudar o paradigma da
formação de Comunidades Virtuais de aprendizado, a custos acessíveis, em projetos de
Educação a Distância. Esses ambientes utilizam dispositivos móveis como interface de acesso a
um conjunto de serviços na Web, que garantem a interoperabilidade e a interação entre diferentes
recursos e uma interação entre os usuários diversificada em termos de opções de dispositivos e
computadores.

A avaliação e a seleção de uma plataforma de Educação a Distância para um projeto exigem a


análise criteriosa de suas características para que a mesma seja adequada ao perfil dos seus
diferentes usuários: gestores, professores, tutores e alunos.

Nesse processo deve participar uma equipe multidisciplinar composta de todos os envolvidos no
projeto e mais a equipe de suporte à plataforma e os seguintes itens devem ser considerados
(Fernandes, 2007):

• Documentação: uma plataforma de EAD deve possuir uma documentação completa e


abrangente de forma a possibilitar aos seus administradores e usuários suporte quanto ao
uso de todas as suas funcionalidades.

• Escalabilidade: uma plataforma deve possuir o mesmo desempenho para variados


números de usuários. Uma plataforma escalável deve possuir desempenho semelhante
tanto para poucos quanto para grandes quantidades de usuários, mesmo quando
estiverem realizando acessos simultâneos.

19
• Extensibilidade: outro quesito importante é a extensibilidade das plataformas de EAD, isto
é, a capacidade da plataforma de aceitar novos módulos à sua estrutura. Esta
característica é essencial para a prática da EAD que evolui constantemente.

• Recursos: grande parte de uma plataforma de EAD é composta pelos recursos que ela
possui. São estes recursos que vão proporcionar a interação entre os envolvidos no
processo de aprendizagem e na difusão do conteúdo a ser apresentado.

• Usabilidade: uma plataforma rica em recursos pode não ser adequada se estes recursos
não são apresentados ao usuário de forma clara e fácil. Um dos maiores empecilhos à
difusão de uma plataforma é o fato de que nem todos os usuários possuem um
conhecimento mínimo para utilizar a Internet. A interface e a navegabilidade do sistema
devem utilizar os conceitos de usabilidade para se tornar de fácil uso e compreensão,
incluindo os usuários mais inexperientes e os portadores de necessidades especiais.

• Manutenção: um dos quesitos mais importantes de uma plataforma se refere ao custo da


sua manutenção. Deve ser levado em consideração o custo financeiro para a alocação de
responsáveis para a manutenção da plataforma e o nível de conhecimento técnico que
estes responsáveis necessitam ter para realizar esta manutenção.

LEIA NO APÊNDICE O MINI TUTORIAL SOBRE A PLATAFORMA MOODLE.

2.3 Educação a Distância baseada na Web


O desafio da implantação de projetos de EAD nos coloca frente às dificuldades de instituir uma
nova cultura educacional e uma nova forma de interação, onde deixamos de contar com a
presencialidade como condição para a realização das práticas educativas.

Gatti (2005) considera que a interatividade, uma das principais qualidades de programas de EAD,
deve ser constante, continuada, atenciosa e cuidada. Segundo a autora a interatividade deve ser
propiciada por diferentes meios no mesmo programa: momentos presenciais coletivos, Internet,
telefone, videoconferências, tele-salas, teleconferência, etc.

A utilização da Web vem sendo cada vez mais usada para apoiar a realização das atividades dos
cursos de EAD e isto se deve, às diferentes formas de comunicação que as redes oferecem e nos
diferentes níveis de interação entre os atores do processo educacional. Essas diversas formas de
comunicação podem ser resumidas em:

20
• Comunicação de um para um: os participantes de uma aula apoiada na Web podem
conversar entre si privativamente através de e-mail (forma assíncrona) ou de chats on-line
(forma síncrona), a utilização do e-mail permite a troca de documentos complexos, já os
chats limitam esses arquivos, quando muito, a imagens; outra possibilidade é a utilização
da vídeoconferência.

• Comunicação de um para muitos: São apresentações on-line ou anúncios, que podem ser
colocados em quadros de aviso, listas de discussão ou até mesmo em sessões de chat
com a presença de todos.

• Comunicação de muitos para muitos: Esse tipo de comunicação é facilitada por diversos
recursos da Web, como por exemplo, chats on-line, listas de discussão e conferências de
áudio e vídeo.

Nesse contexto a Educação baseada na Web, priorizando o uso de Tecnologias de Informação e


Comunicação - TIC para disponibilização e publicação de material didático e para a interação e
cooperação entre todos os atores do processo educacional se destaca como uma forma inovadora
e alternativa para a formação em larga escala.

A exploração dos recursos disponíveis na Web vem permitindo a criação de ambientes virtuais
ricos em estímulos para a aprendizagem. Estes ambientes permitem que se aprenda de forma
explorativa e automotivada, num ritmo próprio movido apenas pela vontade e pela capacidade de
aprender (Chaves, 2005). A flexibilidade da Web cria várias situações de uso, distribuídas no
tempo e na localização dos atores envolvidos, como observado na Figura 4 (Ferraz, 1999).

Em qualquer uma das possibilidades apresentadas, verifica-se a utilização de alguma forma de


interação, seja através dos e-mails, grupos de discussão ou chats; no mesmo horário ou em
horários diferentes. Independente da forma de interatividade entre professor-alunos e alunos-
alunos, a ocorrência desta comunicação poderá ser fundamental para o processo de
aprendizagem, possibilitando o acompanhamento do desenvolvimento dos estudantes com
aplicação de testes via formulários e apresentação de conferências multimídia. Na comunicação
síncrona os estudantes podem dispor de televisões, telões, câmeras de vídeo e facilidades de
áudio para receber as aulas de forma on-line e ao vivo, possibilitando a eles canais de
comunicação mais direta com professores e tutores. Na forma assíncrona, em geral, as aulas são
disponibilizadas na Web, permitindo o acesso independente de tempo e espaço.

21
MESMO LOCAL OCASIONALMENTE LOCAIS DIFERENTES
MESMO LOCAL
HORÁRIOS Alunos e professores nunca se
DIFERENTES encontram fisicamente ou
virtualmente. Exemplo: quando o
material é distribuído via Web e usado
o e-mail para mediar a comunicação
OCASIONALMENTE Quando os cursos Quando encontros face-a- Alunos e professores estão muito
NO MESMO tradicionais em sala de face ocorrem apenas no distantes fisicamente, porém ocorrem
HORÁRIO aula são combinados com início e no final do curso, encontros virtuais esporádicos.
listas de discussão para sendo os demais encontros Exemplo: chats ou bate-papos
que os alunos possam realizados de maneira
tirar dúvidas virtual
MESMO HORÁRIO Alunos e instrutores não se encontram
no mesmo lugar (fisicamente), mas os
encontros ocorrem ao mesmo tempo
de maneira virtual, tal como ocorrem
nos sistemas de videoconferência

Figura 4 - Variações de tempo e de espaço no aprendizado a distância (Ferraz,1999)


A seguir, são especificadas algumas das ferramentas constantes na maioria das plataformas de
EAD e destacadas a suas principais aplicações na EAD baseada na Web (Campos e Giraffa, 1999
in Pimentel, 2006) (Figura 5).

Funcionalidade Descrição e uso


E-mail Indicado para a circulação de mensagens privadas, definição de cronogramas e
transmissão de arquivos anexados e mensagens.
Chat Permite a comunicação síncrona de forma mais interativa e dinâmica, sendo
utilizada para a realização de reuniões, aulas virtuais, seção de tira-dúvidas,
discussões sobre assuntos trabalhados no curso e confraternização. Este recurso é
também denominado de bate-papo.
Fórum Mecanismo propício aos debates, os assuntos são dispostos hierarquicamente,
mantendo a relação entre o tópico lançado, respostas e contra-respostas. É usado
para a realização de debates assíncronos, exposição de idéias e divulgação de
informações diversas.
Lista de Discussão Auxilia o processo de discussão através do direcionamento automático das
contribuições relativas a determinado assunto, previamente sugeridos, para a caixa
de e-mail de todos os inscritos na lista. Apóia os debates assíncronos.
Mural Estudantes e professores podem disponibilizar mensagens que sejam interessantes
para toda a turma. Essas mensagens, geralmente, são: divulgação de links, convites
para eventos, notícias rápidas etc.
Portfólio É um espaço individual que dispõe de uma estrutura de armazenamento e
exposição dos trabalhos dos estudantes, favorecendo a realização de comentários
pelo professor e colegas da turma.
FAQ Esta ferramenta, também conhecida por Perguntas Freqüentes, auxilia o
tutor/professor a disponibilizar para todos as perguntas mais freqüentes. Usada para
a divulgação de instruções básicas e esclarecimento de dúvidas sobre o conteúdo
discutido no curso.
Perfil Permite que os usuários (professores, tutores e alunos) disponibilizem informações
pessoais (tais como: e-mail, fotos, mini-currículo) para todos os participantes.
Acompanhamento Apresenta informações que auxiliam o acompanhamento do estudante pelo
professor ou tutor, assim como, o auto-acompanhamento por parte do estudante. Os
relatórios gerados por esta ferramenta apresentam informações relativas ao

22
histórico de acesso ao ambiente, notas, freqüência por seção do ambiente visitado,
histórico dos artigos lidos e mensagens postadas para o fórum e correio,
participação em sessões de chat e mapas de interação.
Avaliação (online) Esta ferramenta envolve as avaliações que devem ser feitas ou postadas pelos
estudantes e recursos online para que o professor corrija as avaliações. Fornece
informações a respeito das notas, registro das avaliações, tempo gasto para
resposta etc.
Figura 5 - Ferramentas das Plataformas de EAD e suas aplicações
(Campos e Giraffa ,1999 in Pimentel, 2006 ).

Quais ferramentas de comunicação na Internet você utiliza para interagir com seus alunos? Quais
ferramentas você acha que deveria usar?

Em geral percebe-se que existem algumas características comuns encontradas em projetos de


Educação a Distância: utilizar estas modalidades de comunicação apoiadas na Web em atividades
associadas a uma abordagem mais construtivista, ou seja, envolver os estudantes em tarefas e
atividades autênticas, promover a motivação intrínseca, realçar as questões geradas pelos
estudantes e o interesse no aprendizado independente, mudar o papel do professor de fornecedor
de informação para facilitador e mentor, prover suporte tecnológico a professores e alunos para
facilitar a produção de atividades de aprendizagem, fornecer atividades síncronas e assíncronas
em diferentes lugares e tempos e prover acesso eqüitativo às tecnologias de aprendizado em
rede.

2.4 Aprendizagem cooperativa


A Aprendizagem Cooperativa pode ser definida como uma técnica através da qual estudantes se
ajudam no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si, e com o professor, com o
objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.

Na verdade, a idéia de aprendizagem cooperativa nos remete ao termo trabalho cooperativo. O


trabalho cooperativo possui uma longa história nas ciências sociais, sendo primeiramente
empregado no século XIX por economistas como designação geral e neutra do trabalho
envolvendo múltiplos atores. A colaboração, a troca de informação, a capacidade de
comunicação, o respeito às diferenças individuais e o exercício da negociação são requisitos
importantes para o trabalho cooperativo. Para haver cooperação é necessário existir um ambiente
democrático onde todos possam se expressar cooperando individualmente sem se sentirem
ameaçados por alguma forma de poder. O papel da comunicação é fundamental, podendo ser
realizada de várias formas, através de encontros face à face ou por meios eletrônicos.

23
A aprendizagem cooperativa incorpora algumas facetas básicas do trabalho cooperativo, mas
agrega elementos novos: a intencionalidade da aprendizagem e a tutoria (Barros, 1994). A
aplicação de técnicas de aprendizagem cooperativa na educação formal é importante não só para
a obtenção de ganhos no próprio processo ensino/aprendizagem, mas também na preparação dos
indivíduos para situações futuras no ambiente de trabalho, onde cada vez mais atividades exigem
pessoas aptas ao trabalho em equipe.

A aprendizagem cooperativa independe do uso das novas tecnologias, exigindo basicamente uma
postura pedagógica inovadora e sem preconceitos. Mas, a popularização e potencialidades das
redes de comunicação estão forjando um espaço para que a aprendizagem cooperativa ocorra
nos limites das salas de aula e fora deles. A Internet fornece serviços cada vez mais estáveis,
seguros e amigáveis para a criação de ambientes virtuais de aprendizagem cooperativa
distribuída, onde alunos e professores cooperam entre si, sem as limitações de barreiras
geográficas e de tempo.

Cooperação envolve vários processos - comunicação, negociação, coordenação, co-realização e


compartilhamento. A combinação das dimensões tempo e espaço permite diferentes modalidades
de interação entre os participantes de um grupo. Estes diferentes modelos de interação são
beneficiados pelo uso das redes de comunicação que podem facilitar a interação e a socialização,
aumentar as habilidades de resolução de problemas, facilitar a comunicação e ser uma forma
divertida de estudar.

No dia a dia, as pessoas interagem para trabalhar juntas, para se divertir ou simplesmente para se
comunicar. Estes agrupamentos, chamados de mundos sociais ou Comunidades Virtuais,
ultrapassam espaço e tempo e podem ter uma longa ou curta duração. Os ambientes de trabalho
cooperativo, que dão suporte aos mundos sociais, devem considerar todas as atividades formais e
informais, estruturadas e não estruturadas envolvidas neste processo.

Educar tradicionalmente centrava-se no ato de ensinar. As demandas do mundo moderno, aliadas


à popularização de novas tecnologias da informação vêm tornando o ato de educar em
disponibilizar ferramentas orientadas para o ato de aprender. Autonomia na aquisição do
conhecimento e cooperação na resolução de problemas são dimensões integradas ao binômio
educar-aprender. Estamos nos desprendendo de práticas pedagógicas instrumentais de cunho
comportamentalista e lançando mão de práticas construtivistas e pós-construtivistas.

Para atender aos objetivos apontados, é necessário dispor de um ambiente adequado, tanto do
ponto de vista da proposta pedagógica adotada, quanto da tecnologia escolhida. Para Hsiao
(2007), muitas teorias podem apoiar a aprendizagem cooperativa com o suporte de

24
computadores: o socioculturalismo de Vygotsky e o construtivismo de Piaget, bem como a
cognição situada, a aprendizagem ancorada, a flexibilidade cognitiva e a cognição distribuída.
Estas teorias têm como ponto comum a visão de que os indivíduos são agentes ativos que, a
partir de seus objetivos, constroem conhecimento dentro de contextos significativos.

O êxito da prática da cooperação no espaço educacional requer a observância de alguns aspectos


tidos como cruciais. Para Woodbine (1997), esta abordagem de aprendizagem deve apoiar-se em:

 responsabilidade individual pela informação reunida pelo esforço do grupo;

 interdependência positiva, de forma que os estudantes sintam que ninguém terá sucesso,
a não ser que todos o tenham;

 melhor forma de entender um dado material, tendo que explicá-lo a outros membros de um
grupo;

 desenvolvimento de habilidades interpessoais, que serão necessárias em outras situações


na vida do sujeito;

 desenvolvimento da habilidade para analisar a dinâmica de um grupo e trabalhar com


problemas;

 forma comprovada de aumentar as atividades e envolvimento dos estudantes; e

 um enfoque interessante e divertido.

Morris & Hayes (1997) entendem que a aprendizagem cooperativa traz benefícios para os alunos,
pois eles precisam aprender a interagir com os outros membros do grupo, a exercitar a tomada de
decisão e desenvolver habilidades de trabalho em grupo, tornando-se mais confiantes em expor
publicamente seus pontos de vista. Este enfoque de aprendizagem pode promover o surgimento
de resultados educacionais, que não são considerados estritamente acadêmicos, como o aumento
da competência de se trabalhar em grupo. Ela é geralmente mais efetiva em domínios onde as
pessoas estão engajadas na aquisição de habilidades, categorização, planejamento conjunto e
tarefas que requerem construção de memória coletiva (Kumar, 1996).

O trabalho cooperativo privilegia a produção em grupo em detrimento do trabalho individual


através de encontros face à face ou por meios eletrônicos. As ferramentas hoje disponíveis
permitem que pessoas dispersas geograficamente se encontrem e desenvolvam atividades
conjuntas. Assim sendo, Comunidades Virtuais são um espaço para debates através da troca de
mensagens entre participantes de um grupo de interessados e inscritos em um tema específico.

25
Os ambientes específicos para apoiar a aprendizagem cooperativa devem ter quatro requisitos
básicos:

• um espaço virtual compartilhado de aprendizagem;

• interface para comunicação e manipulação de objetos dentro do espaço de aprendizagem;

• mecanismos de suporte à comunicação interpessoal entre membros do grupo;

• processo de monitoramento e controle que permita o acompanhamento do progresso do


aluno no contexto do progresso do grupo como um todo.

O suporte computacional a ambientes de aprendizagem pode ser empregado para tratar a


cooperação em diferentes tipos de tarefas a serem realizadas. Estas tarefas determinarão o
modelo de cooperação proposto pelo ambiente e podem ser enumeradas, independentemente do
domínio de assunto que está sendo ensinado. Kumar (1996) identifica três tipos de tarefas: tarefas
cooperativas de aprendizagem de conceitos, tarefas cooperativas para solução de problemas e
tarefas cooperativas de desenvolvimento de projetos.

O desenvolvimento de sistemas de apoio à cooperação na Web necessita da integração de


diversas tecnologias. A hipermídia apóia os grupos que utilizam objetos compartilhados, servindo
como meio de comunicação e permitindo a criação incremental de uma base de informações. A
multimídia permite a expressão das diversas atividades humanas em diferentes mídias. A
Inteligência Artificial pode ser integrada ao ambiente cooperativo através de técnicas que buscam
melhorar a interação entre os usuários e agentes artificiais e/ou humanos. Já a Realidade Virtual,
oferece meios de tornar cenas e objetos mais semelhantes à realidade.

A maioria dos ambientes virtuais de aprendizagem cooperativa oferecem ferramentas que


permitem:

 comunicação entre os membros do grupo;

 realização das tarefas individuais e em grupo;

 coordenação das atividades;

 negociação e tomada de decisão;

 identificação e representação dos conhecimentos prévios de cada participante e de


cada grupo;

 representação dos conhecimentos do grupo;

26
 compartilhamento de uma base de dados (memória de grupo);

 percepção da presença e das ações dos demais participantes (awareness);

 designação de papéis;

 representação do fluxo de trabalho;

 monitoramento das ações dos participantes;

 avaliação dos resultados individuais e do grupo; e,

 suporte a multiusuários.

Encontre na Web outros ambientes virtuais, gratuitos ou livres, para a criação e apresentação de cursos
a distância. Escolha uma delas e descreva suas principais características e funcionalidades.

A aprendizagem cooperativa é geralmente mais efetiva em domínios onde as pessoas estão


engajadas na aquisição de habilidades, categorização, planejamento conjunto e tarefas que
requerem construção de memória coletiva (Kumar, 1996). Estudos realizados, propondo a
aprendizagem cooperativa para ajudar estudantes a entender assuntos complexos em ambientes
de domínios específicos (p. ex.: pensamento científico), apresentam bons resultados. Em tarefas
puramente procedimentais que não envolvem muito entendimento, torna-se mais difícil observar a
ocorrência de mudanças conceituais, apontando que existem domínios mais, e outros menos,
“compartilháveis”.

Estudos sobre os efeitos benéficos da aprendizagem cooperativa demonstraram que os


estudantes envolvidos com outros nestes processos de aprendizagem desenvolvem sentimentos
positivos acerca de si próprios, aprendem a interagir em situações sociais e, em muitas
circunstâncias, revelam uma maior capacidade de realização. No estudo com estudantes com e
sem deficiências, a aprendizagem cooperativa revelou-se superior à aprendizagem de orientação
competitiva ou individualista (Johnson e Johnson, 1987).

Para que os alunos trabalhem cooperativamente é necessário que cada um tenha


responsabilidade pela informação reunida pelo esforço do grupo, é fundamental que os
estudantes sintam que ninguém terá sucesso a não ser que todos tenham sucesso e percebam
que a melhor maneira de entender um material é explicá-lo a outros membros de um grupo.

O papel do professor que estrutura grupos cooperativos desloca-se do papel de um transmissor


de informações para o de mediador da aprendizagem. As principais tarefas do professor no
arranjo cooperativo entre aluno e professor podem assim ser descritos:

27
 especificar claramente os objetivos da atividade,

 tomar decisões sobre colocar os alunos em grupos de ensino para garantir a


heterogeneidade,

 explicar claramente que atividades de ensino são esperadas dos alunos e como a
interdependência positiva deve ser demonstrada,

 controlar a eficácia das interações cooperativas e intervir

 para proporcionar assistência a tarefa (p.ex: responder perguntas ou ensinar


habilidades relacionadas a elas) ou melhorar as habilidades interpessoais e de grupos
dos alunos e,

 avaliar as realizações do aluno e a eficiência do grupo.

Como você planejaria atividades cooperativas à distância para os alunos de sua disciplina? Qual
ambiente virtual você selecionaria?

ANOTAÇÕES

28
Parte III
Material didático para EAD

3.1 Projetos de EAD


Os projetos de Educação a Distância podem apresentar diferentes modelos e múltiplas
combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. A natureza do curso e as
reais condições do cotidiano e necessidades dos alunos são os elementos que irão definir a
melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como, a necessidade de momentos
presenciais.

É preciso, também, que o projeto contemple o oferecimento de processos de


ensino/aprendizagem inovadores, fortemente centrados na possibilidade de construção do
conhecimento pelos sujeitos da Educação.

Um projeto de EAD deve ser coerente com o projeto pedagógico e não pode ser uma mera
transposição do presencial, pois possui características, linguagem e formato próprios, exigindo
administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos e
pedagógicos condizentes com esse modelo.

Nos Editais da Secretaria de Educação a Distância do MEC para o Sistema UAB encontram-se as
diretrizes para a elaboração dos projetos dos cursos à distância pelas Instituições. Os principais
itens sugeridos incluem: projeto pedagógico (com todos os componentes curriculares, respectivos
ementários e demais componentes pedagógicos do curso), quantitativo de vagas, cronograma de
aprovação interna e execução do curso, necessidades específicas dos pólos de apoio presencial
(infra-estrutura física e logística - laboratórios, bibliotecas, recursos tecnológicos e outros),
quantitativo de pólos e localidades preferenciais de abrangência, descrição dos recursos humanos
(corpo docente específico para educação a distância - professor conteudista e coordenador,
tutores presenciais, tutores a distância, professores regentes e outros), detalhamento do
orçamento e cronograma de desembolso.

Pode-se então sintetizar que o processo educacional realizado a distância envolve a articulação
de uma série de ações pedagógico-administrativas, onde se destacam a construção do material
didático, a estrutura de tutoria, a montagem da infra-estrutura, a gestão do sistema, as formas de
interação e participação de todos os atores e as diferentes formas de avaliação – do aluno, do

29
processo, doa materiais didáticos, da tutoria, entre outros. A figura 6 apresenta os principais
componentes de um projeto (Campos, 2007).

Figura 6 – Componentes de um projeto de EAD.

Tutoria
O esforço solitário para aprender nem sempre é bem sucedido. Os alunos não têm hábitos de
estudo independente e a sensação de solidão e o trato impessoal, causados pela distância,
podem levá-los ao desânimo. Neste caso, um tutor pode fornecer meios para que os alunos
superem obstáculos, através de encontros presenciais, apoio por telefone, fax ou Internet.
O tutor é um elemento importante e indispensável na rede de comunicação que vincula os alunos
aos cursos, pois, além de incentivá-los, possibilita a retroalimentação acadêmica e pedagógica do
processo educativo. O tutor deve ter suficiente conhecimento da disciplina que tutora e domínio
das técnicas indicadas para o desenvolvimento da ação tutorial, em suas diversas formas e
estilos. Não lhe cabe, no entanto, transmitir informações adicionais aos alunos, mas ajudá-los a
superar as dificuldades no estudo.

O tutor é o agente do processo que estabelece o vínculo mais próximo do aluno, seja
presencialmente ou a distância. É da competência da tutoria tanto a orientação acadêmica quanto
a orientação não acadêmica. Esta última envolve o estabelecimento de vínculos de confiança e o
incentivo para que o aluno se sinta motivado a aprender.

30
Nos projetos de EAD a tutoria adquire um papel importante e, sem dúvida, constitui um dos mais
relevantes pontos na discussão. Não há um único modelo como referencial já que as propostas
variam de acordo com os paradigmas e características dos projetos. O papel do tutor tem sido ou
o de monitor tira dúvidas, centrando suas atividades no conteúdo das disciplinas, ou de
coordenador das atividades acadêmicas, ajudando o aluno a cumprir o cronograma e orientando
seus estudos.

Por meio da tutoria é possível garantir o processo de interlocução necessário a qualquer projeto
educativo e ela, em geral, existe em duas instâncias: a distância e presencial. A tutoria a distância
utiliza todos os recursos de comunicação tradicionais e os disponibilizados pela Internet,
principalmente as ferramentas dos ambientes virtuais, já a tutoria presencial credita forte ação de
presencialidade ao modelo de Educação a Distância.

Em um processo de ensino a distância, a tutoria, ao lado do material didático, se destaca como


um dos principais elementos de mediação pedagógica.

Qual o perfil de um tutor para orientar as atividades dos alunos? Qual seria a sua formação necessária?
Em quais disciplinas ele deveria ser capacitado?

Avaliação
Segundo Araújo e Filho (2005) a partir dessa nova visão de interatividade, espera-se que a
avaliação numa comunidade de aprendizagem se dê no sentido da profundidade do conhecimento
produzido e pelas novas competências adquiridas. A tradicional avaliação pelo número de fatos
memorizados ou pela quantidade de matéria memorizada perde o seu espaço.
Por sua vez os alunos precisam estar cientes e entenderem que serão também avaliados
construtivamente e exigirem que os métodos de avaliação reflitam os métodos inseridos nos
ambientes de aprendizagem.

Os processos avaliativos devem ser variados em suas forma (provas, trabalhos, memórias,
elaboração de textos, grupos de discussão, seminários) (Gatti, 2005). É imprescindível que a
avaliação seja organizada e desenvolvida como ação planejada tanto no plano político, como no
pedagógico e deve atender os requisitos da legislação que exige momentos presenciais.

Vasconcellos (1998) ressalta que avaliar é uma necessidade para verificar se estamos atingindo
aquilo que foi planejado, saber se a intencionalidade está se concretizando, analisar porque não
se conseguiu atingir o objetivo e recolhermos subsídios para estabelecer as mudanças que se
façam necessárias.

31
A EAD possibilita uma avaliação contínua, que pode ser realizada de modo virtual ou presencial. A
avaliação virtual apoiada em plataformas de EAD, pode ser realizada através do
acompanhamento da participação em fóruns e sessões de bate-papos, da geração de relatórios,
da solução de questões, dentre outras. A avaliação presencial é desenvolvida através de provas e
testes em formato similar àquelas propostas em cursos presenciais.

Material didático
A estruturação do material didático para EAD tem como objetivo superar a convencional tradição
expositivo-descritiva e levar tanto o estudante quanto o professor a construírem juntos o
conhecimento. Em geral esses materiais são os fascículos das disciplinas, os livros didáticos e os
materiais disponibilizados na Web.
Na Educação a Distância baseada na Web o grande desafio para a equipe de EAD está em
elaborar atividades diferenciadas e que possam ser representadas em cursos na Web que
atendam aos princípios pedagógicos e comunicacionais selecionados para a elaboração do curso.

Comunicação
A Internet trouxe uma nova mutação para a escola: o plano da interatividade. Ela vem alterando a
forma de interagir das pessoas e proporcionado oportunidades de criações de comunidades
virtuais, congregadas por interesses comuns. As mudanças são visíveis e a Web já modificou, de
alguma maneira, a prática pedagógica e mesmo as atitudes dos muitos professores e alunos
usuários da Internet.
A Educação a Distância utiliza as tecnologias da Web, principalmente para a comunicação de
gestores, professores, tutores e alunos. Os ambientes virtuais de aprendizagem fornecem as
ferramentas que viabilizam a comunicação entre todos os atores e trouxe a expansão e
acessibilidade do conhecimento.

Visite os sites de EAD das Universidades e Consórcios e identifique projetos na sua área de interesse.
Reflita sobre a proposta e o currículo do curso.

3.1.1 Gestão e Equipe multidisciplinar

A gestão de projetos de EAD exige um modelo diferenciado, que representa um desafio para
gestores, professores, tutores e alunos. Um dos desafios é saber lidar com o “just in time” e saber
usar os sistemas de gestão de EAD via Web, incorporados nos ambientes virtuais.

O processo educativo na modalidade a distância é firmado nos princípios de autonomia,


flexibilidade, comunicação multidirecional, aprendizagem independente e colaborativa. Assim,

32
para que este processo se realize os atores precisam assumir papeis diferentes dos que
assumem no ensino tradicional: o estudante deve ser agente ativo de sua aprendizagem e o
professor, facilitador do processo de aprendizagem do aluno.

É necessário que novas relações sejam criadas entre os atores envolvidos nos processos de
ensino e aprendizagem para que o aluno se torne autônomo, competente, capaz, enfim, de
conduzir sua formação como agente ativo do próprio conhecimento. A separação física deve ser
compensada pela criação de ambientes de ensino apoiados por um sistema de comunicação
baseado em múltiplos meios. Isso deve permitir a construção do conhecimento pela promoção do
trabalho cooperativo de todos os envolvidos.

Segundo Pimenttel (2006) uma vez definidos os objetivos educacionais, o desenho instrucional,
etapas e atividades, os mecanismos de apoio à aprendizagem, as tecnologias a serem utilizadas,
a avaliação, os procedimentos formais acadêmicos e o funcionamento do sistema como um todo,
é fundamental que se estabeleçam as estratégias e mecanismos pelos quais se pode assegurar
que esse sistema vá efetivamente funcionar conforme o previsto. É o que a autora chama de
gestão de sistemas de EAD. Trata-se da formalização de uma estrutura operacional que envolve
desde o desenvolvimento da concepção do curso, a produção dos materiais didáticos ou fontes
de informação e a definição do sistema de avaliação, até estabelecimentos dos mecanismos
operacionais de distribuição de matérias, disponibilização de serviços de apoio à aprendizagem e
o estabelecimento de procedimentos acadêmicos.

A gestão deve preocupar-se, ainda, com a preparação de bons materiais didáticos e o


funcionamento das tecnologias empregadas. Se, por exemplo, optou-se pela utilização de
materiais impressos, há toda uma organização necessária para a definição de tais materiais, das
pessoas ou equipes que trabalharão nesta elaboração, dos prazos para elaboração, produção e
distribuição dos mesmos.

Se, por outro lado, optou-se materiais online as diferentes tecnologias da Web serão utilizadas e a
formação e o trabalho de uma equipe multidisciplinar será imprescindível.

Em função da formação acadêmica, bem como da atuação e da prática profissional, os atores


envolvidos na formação a distância poderão ser classificados em (Pimentel, 2006):

• Coordenador pedagógico: analisa as necessidades de formação; determina os


objetivos e o conteúdo dos cursos; define os métodos (paradigmas
ensino/aprendizagem), os critérios e as estratégias de avaliação; concebe os
dispositivos de aprendizagem (individual e coletiva).

33
• Professor conteudista: produz o conteúdo à luz das orientações pedagógicas. É o
responsável pela elaboração dos conteúdos das disciplinas que integram o curso. Ele
faz também a seleção das estratégias de ensino e aprendizagem que serão aplicadas.

• Técnico de produtos e multimídias educativas: examina a pertinência da escolha da


mídia; previne os contextos de utilização; prevê as interações homem-mídia-máquina e
define o plano de avaliação da tecnologia utilizada.

• Tutor: coordena as atividades individuais e os passos da aprendizagem, aconselha e


orienta; ajuda a montar o percurso da formação; promove a comunicação; organiza os
grupos de trabalho; analisa as interações; motiva e facilita o uso dos recursos
computacionais; responde às questões individuais e/ou coletivas, bem como as modera

A equipe desenvolvedora de material didático deve integrar recursos humanos especializados,


não só em Informática mas também em EAD, entre eles os especialistas em Design Instrucional,
Pedagogia e Psicologia a fim de criarem ambientes educacionais e gerarem situações
pedagógicas. O professor deve participar como conteudista e especialista em Educação.

Quais são as características do público alvo dos cursos de EAD da sua Instituição? Eles são professores
ou profissionais em serviço? O que isso influencia no seu planejamento?

3.2 Produção de Material Didático para EAD


A elaboração de materiais didáticos é um elemento fundamental para a preparação de cursos à
distância. Esse texto destaca os materiais impressos na forma de livros e fascículos e os materiais
para a Web em seus fundamentos mais básicos, sem, entretanto, detalhar metodologias, aspectos
do design instrucional e logística do processo de produção.

Para Sales (2006), o material didático em EAD é

...um elemento mediador que traz em seu bojo a concepção pedagógica que norteia o ensino
aprendizagem. Consciente ou inconscientemente, o planejamento e a constituição do material didático
que mediará situações de ensino e aprendizagem, está intimamente relacionado com a concepção
pedagógica do produtor deste material. E, só para pontuar, devemos estar atentos a revisão dos
processos formativos do professor para atuar em Educação a Distância, pois o material didático deve
responder um dos princípios básicos da EAD – estudo autônomo.
Aspectos muito diferentes e complexos envolvem a concepção, planejamento, construção,
entrega e avaliação de projetos de EAD. Um ponto central nesta temática é o material didático.
Bielschowsky et al (2003) entendem que:

34
Em um processo de EAD, a mediação pedagógica realizada pelo material didático é muito mais relevante
do que a realizada no ensino presencial. Por isso, a produção do material didático constitui um aspecto de
fundamental importância nessa modalidade de Educação. O material didático de EAD precisa contemplar
não apenas o conteúdo; ele também deve ser motivador para a auto-aprendizagem e, de alguma forma,
promover a busca da interação entre os alunos e entre o aluno e o professor. Com efeito, esse é um
enfoque metodológico distinto do adotado em livros-textos comuns. A postura metodológica coincide com
a tendência pedagógica do Construtivismo. Isso significa que, enquanto aprende, o aluno constrói seu
conhecimento, reelaborando o saber. Assim, ao ser produzido, esse material não está voltado apenas
para o conteúdo, mas também tem como objetivo ajudar o aluno a estabelecer suas próprias conexões de
pensamento, levando-o a “construir” seu conhecimento em rede, respeitando a capacidade individual de
cada um.
Em um curso a distância é muito importante que o aluno receba um material didático de qualidade
e adequado à metodologia do ensino a distância. O material didático, juntamente com a estrutura
organizacional e metodológica de suporte, deve proporcionar interatividade em diversas formas:
aluno-aluno, aluno-professor, aluno-tutor, etc.

3.2.1 Material impresso

Os produtores do material didático têm grande responsabilidade pela mediação pedagógica, pois
a concretizam quando escrevem um texto, produzem um vídeo, uma fita de áudio, ou um CD-
ROM.

Para realizar esta mediação, faz-se necessário priorizar a forma como se utilizam os elementos
visuais e verbais. São considerados visuais todos os elementos que dão forma ao material
(tamanho, tipologia, destaques), suas divisões estruturais (sumários, títulos, unidades didáticas,
seções, aulas/atividades) e recursos (símbolos, ilustrações, quadros). Os elementos verbais
precisam ser empregados com rigor e cuidado, visando à melhor comunicação possível.

Portanto, vocabulário, normalização alfabética, pontos de ligação entre os temas, divisões e


subdivisões estruturais (seções, parágrafos) devem merecer especial atenção na elaboração do
texto. A redação, enfim, deve ser clara, coerente e de fácil compreensão, servindo aos objetivos
do curso.

Outros aspectos relativos a apresentação dos conteúdos e metodologias de desenvolvimento dos


cursos são destacados pela Secretaria de Educação a Distância do MEC, que entre outras
recomendações preconiza:

• Incluir no material educacional um guia (impresso ou on-line) que oriente o aluno quanto às
características da EAD, direitos, deveres e atitudes de estudo a serem adotados, informe
sobre o curso escolhido, esclareça como se darão as interações com professores, tutores
e colegas, apresente cronograma e sistema de acompanhamento.

35
• Defina de maneira clara e precisa, que meios de comunicação e informação serão
colocados á disposição do aluno (livro-texto, cadernos de atividades, leituras
complementares, roteiros, obras de referência, Websites, vídeos, etc).

• Detalhar nos materiais educacionais que competências cognitivas, habilidades e atitudes o


aluno deverá alcançar ao fim de cada unidade, módulo ou disciplina, oferecendo-lhe
oportunidades sistemáticas de auto-avaliação.

O material didático deve ainda, sugerir links onde outros materiais pedagógicos relacionados
podem ser encontrados. A produção do material didático deve ser feita por uma equipe
multidisciplinar, envolvendo docentes autores e equipe técnica composta de Web-designer,
diagramadores, especialistas em linguagem e comunicação e equipe de planejamento
instrucional.

Para cursos de graduação ou pós-graduação a distância a estrutura curricular pode organizar as


disciplinas em Módulos, que se subdividem em Aulas. Os Módulos são divisões temáticas (uma
disciplina pode estar subdividida em Módulos de tamanhos diferentes) e uma Aula representa,
aproximadamente, os conteúdos e atividades que poderiam ser trabalhados em unidades de
tempo previamente estabelecidas, por exemplo 3 horas presenciais e deve prever atividades
complementares (de estudo, fixação, aprofundamento) necessárias à uma aprendizagem plena.
Para a estruturação das disciplinas e de seus programas deve-se considerar a carga horária total
da disciplina e a duração total do curso na qual ela está inserida.

É importante que o material didático seja rico em links, notas históricas, indicações de atividades e
leituras suplementares (programas, simuladores, animações, vídeos e sites).

Toda disciplina deve ser acompanhada do "Guia Didático da Disciplina", ou algum tipo de ajuda
que esclareça para os alunos como eles devem trabalhar. O Guia pode vir anexo ou inserido no
próprio corpo da disciplina e deve orientar o aluno a respeito das exigências da disciplina e de
suas peculiaridades metodológicas.

3.2.2 Material para a Web

Quando em Educação a Distãncia se fala em material para a Web conceitos como colaboração,
compartilhamento, reutilização e construção coletiva do conhecimento ficam evidentes.

Antes do advento dos atuais navegadores Web no início de 1990, já havia sido produzida bastante
literatura técnica a respeito do potencial dos hipertexto em diferentes áreas entre elas a área

36
educacional. Criada, inicialmente, para ser um espaço de compartilhamento de documentos e de
colaboração entre pesquisadores, a Web cresceu de forma muito veloz, deixando de ser um local
de consultas para ser tornar um espaço comercial. De acordo com Aquino (2006), quando
Berners-Lee criou as páginas Web, o potencial de criação coletiva do hipertexto desapareceu, já
que construir páginas de informação exigia conhecimento da nova linguagem, o HTML e espaço
de armazenamento no disco rígido de algum provedor de acesso à Internet. Até muito
recentemenente, o usuário das páginas Web era um receptor de informações, como entendido por
Michalak e Coney (1993), com poucas possilbildiade de co-autoria .

No entanto, a consolidação da Web como espaço para consulta e de aprendizagem permitiu o


desenvolvimento de uma série de sistemas computacionais voltados para a EAD, acelerando em
todo o mundo a expansão da Educação a Distância mediada pelas redes de comunicação.

O uso crescente da Web como meio de oferta de Educação vai certamente requerer o
desenvolvimento de ferramentas mais adequadas ao processo educacional. O futuro da
Educação a distância com o apoio das tecnologias da Web é promissor e ainda em aberto.

Para que a livre navegação pela Web seja permitida e incentivada e que conteúdo do site
educacional seja adequado propomos as seguintes diretrizes para o planejamento (Campos,
2001):

• Abordar as informações adequadamente, de forma coerente e pertinente ao tema,


adequadas ao nível do curso e ao interesse dos alunos;

• Prover informações atuais e recentes, com autoria conhecida e referenciada;

• Prover informações consistentes e corretas e relevantes para o processo de ensino e


aprendizagem;

• Elaborar plano de navegação que garanta uma boa navegabilidade e busca das
informações de forma semântica;

• Fornecer extensão do conteúdo através da navegação em nós locais ou outros sites


relacionados para aprofundamento do conhecimento;

• Utilizar recursos multimídia e mídias variadas.

Para a definição e escolha dos temas a serem abordados em um material didático na Web duas
tecnologias vêem sendo muito usadas: os mapas conceituais e as ontologias. Um mapa
conceitual é uma ferramenta que permite representar e organizar conhecimento. Essa técnica é
formada por conceitos e relações existentes entre os conceitos, organizados de forma hierárquica.

37
Os conceitos mais gerais são colocados no topo da estrutura e os mais específicos vão sendo
acrescentados em um nível inferior, de acordo com seu grau de inclusão. É uma ferramenta
conceitual de grande valia para a representação e organização de conhecimento. Os conceitos
são representados através de nodos inter-relacionados, que expressam o conhecimento existente
sobre um assunto. A ligação entre dois ou mais conceitos é feita através de uma linha tracejada
entre eles. Para evidenciar o porquê de um relacionamento, palavras de ligação são colocadas
nas linhas, formando assim proposições simples que mostram o significado do vínculo. A figura 7
é um exemplo de uso de mapa conceitual na definição do conteúdo relacionado a esse material
didático, usando o software CmapTools v4.09 para Windows (http://cmap.ihmc.us/download/), de
acesso gratuito.

Figura 7 – Mapa Conceitual de Fundamentos de EAD, Mídias e Ambientes Virtuais.

Procure saber mais sobre mapas conceituais, instale uma ferramenta gratuita e aceite o desafio de definir
um mapa conceitual da sua disciplina.

As próximas gerações de sistemas educacionais baseados na Web deverão ser desenvolvidas


com embasamento em ontologias. Uma ontologia é um documento ou arquivo que formalmente
define as relações entre termos. Para Berners-Lee, Hendler & Lassila (2001), uma ontologia típica
para a Web reúne uma taxonomia e um mecanismo de inferência. Uma taxonomia define as

38
classes de objetos e as relações entre eles e quando corretamente definida deve preservar o
significado específico dos termos e expressões de um domínio do conhecimento. Ela é um
sistema ordenado de classificação, onde a informação é agrupada de acordo com
relacionamentos tidos como naturais. Ela deve ser estruturada de forma hierárquica, em sub-
categorias, com nível descendente de detalhes e refinamento de termos.

A importância de uma ontologia é esclarecer a estrutura de um conhecimento. Dado um domínio,


sua ontologia forma o centro de qualquer sistema de representação do conhecimento daquele
domínio. Sem ontologia, ou sem a conceituação do conhecimento, não pode haver um vocabulário
que represente o conhecimento. Portanto, as ontologias permitem entender e explicar o domínio
que está sendo analisado. A figura 8 mostra o exemplo do uso de uma arvore ontológica do
domínio da Educação a Distância (Campos, Santos e Braga, 2003).

Figura 8 – Árvore ontológica.

Observe materiais didáticos na Web e descreva as suas características boas e ruins. Isso pode lhe ser útil
para definir e avaliar suas propostas.

39
3.2.3 Construindo materiais didáticos

Na elaboração do material didático devemos considerar que se faz necessário a definição de:

a) Modelo educacional a ser adotado, que define o estilo de aprendizagem, as formas de


avaliação e os modelos de tutoria a serem adotados, como presencial e a distância.

b) Definição do conteúdo a ser disponibilizado – para tal pode-se fazer uso de mapas
conceituais ou ontologias.

c) Definição da mídia em que o conteúdo será apresentado: impresso, CD-ROM ou na


Web. Para cada forma definir as mídias que serão usadas como: objetos de
aprendizagem, hipermídia, Realidade Virtual, vídeo, animação, figuras, textos, entre
outros.

A figura 9 apresenta, na forma de diagrama, os principais componentes a serem considerados na


elaboração do material didático. A plataforma de EAD aparece como um elemento fundamental e
de apoio a todas as decisões, em termos de mídias a serem adotadas.

Material
Didático

Modelo Conteúdo Mídias

define usa seleciona

Estilo Avaliação Tutoria Mapas Ontologias Web CD Impresso

Presencial À distância

Objetos
Aprendizagem Hipermídia Realidade
Virtual
Vídeo Animação
... Figura Texto

Plataforma
Figura 9 – Componentes para elaboração de material didático para EAD.

40
Reflita sobre o diagrama de componentes para elaboração de material didático. Como ele pode ser
detalhado? Quais atividades são necessárias?

Essa seção não esgota o conteúdo sobre a elaboração de materiais didáticos. No contexto em
que esse texto foi elaborado, as questões relativas ao detalhamento das atividades são abordadas
em outros módulos. Mas cabe aqui uma reflexão final: Quem sabe fazer Educação à distância?
Quem sabe elaborar material didático para cursos on-line? Estamos trilhando caminhos,
rompendo barreiras, consolidando experiências e buscando soluções. O desafio está lançado.

Relacione algumas palavras-chave encontradas neste módulo, que devem corresponder ao que você
considerou mais relevante no conteúdo desse curso e apresente uma pequena justificativa.

ANOTAÇÕES

41
Referências Bibliográficas

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43
Apêndice
Plataforma Moodle
O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) (http://www.moodle.org) é
um ambiente de aprendizagem à distância, que permite a criação de cursos on-line, páginas de
disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. É um ambiente que apresenta
uma abordagem sociial construtivista em seu desenvolvimento e sua proposta de uso. A utilização
do ambiente é feita através de navegadores Web.

A plataforma Moodle foi desenvolvido por Martin Dougiamas e ainda é um projeto em andamento.
A primeira versão foi lançada em 2002, antes disso, vários protótipos foram desenvolvidos e
descartados. A versão inicial foi aplicada a turmas pequenas de nível universitário, e estava
sujeita à pesquisas de estudo de casos, analisando a colaboração e a reflexão entre os grupos de
participantes. Desde então, foram disponibilizadas uma série de novas versões com a introdução
de mais recursos, melhor escalabilidade e melhor desempenho.

É um software livre e gratuito, podendo ser baixado, utilizado e/ou modificado por qualquer pessoa
para atender necessidades específicas, desde que seguidas algumas regras, como por exemplo,
disponibilizar o código-fonte. Além disso, pode ser instalado em vários ambientes desde que estes
sejam capazes de executar a linguagem PHP, possui ainda suporte a diversos tipos de bases de
dados (em particular MySQL).

O Moodle não é usado apenas por Universidades, mas em escolas de ensino médio, escolas
primárias, organizações, companhias privadas e por professores independentes. Sua comunidade
atualmente congrega enorme quantidade de usuários, com mais de 75.000 usuários registrados,
falando 70 idiomas em 138 países.

Os participantes ou usuários do sistema são: o Administrador – responsável pela administração,


configurações do sistema, inserção de participantes e criação de cursos; o Tutor – responsável
pela edição e viabilização do curso e o Aluno. Os usuários do Moodle são globais no servidor,
isso significa que eles têm apenas uma conta de acesso para todos os cursos. A função permite,
por exemplo, que um usuário seja aluno em um curso e professor/tutor em outro curso.

A figura 10 apresenta a tela principal da plataforma Moodle, após o login do usuário e a escolha
do curso. A interface é simples, eficiente, compatível, e baseada em navegadores de tecnologia
simples. Na listagem dos cursos, é mostrada uma descrição dos cursos existentes no servidor,

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incluindo acessibilidade para convidados. Os cursos também podem ser categorizados e
pesquisados.

Figura 10 – Tela principal da plataforma Moodle.

Esta plataforma permite criar três formatos de cursos: Social, Semanal e Modular. O curso Social
é baseado nos recursos de interação entre os participantes e não em um conteúdo estruturado.
Os dois últimos tipos de cursos são estruturados e podem ser semanais e modulares. Esses
cursos são centrados na disponibilização de conteúdos e na definição de atividades. Na estrutura
semanal informa-se o período em que o curso será ministrado e o sistema divide o período
informado, automaticamente, em semanas. Na estrutura modular informa-se a quantidade de
módulos.

O Moodle conta com as principais funcionalidades de um ambiente virtual de aprendizagem.


Possui ferramentas de comunicação, de avaliação, de disponibilização de conteúdos e de
administração e organização. Elas são acessadas pelo tutor de forma separada em dois tipos de

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entradas na página do curso: de um lado adiciona-se o Material e do outro as Atividades. Este
recurso está apresentado na figura 11.

Figura 11 – Acrescentando materiais e atividades.

O Moodle possui ferramentas para a disponibilização de conteúdos. Materiais didáticos podem


ser disponibilizados por meio de páginas de texto simples, páginas Web e links para arquivos ou
endereços da Internet. O sistema permite, ainda, visualizar diretórios e inserir rótulos aos
conteúdos inseridos. Esses rótulos funcionam como categorias ou títulos e subtítulos que podem
subdividir os materiais disponibilizados. O ambiente permite ainda a criação de glossários de
termos e documentos em formato Wiki para a confecção compartilhada de textos, trabalhos e
projetos.

Em Atividades podem ser adicionadas ferramentas de comunicação, avaliação e outras


ferramentas complementares ao conteúdo como glossários, diários, ferramenta para importação e
compartilhamento de conteúdos.

As ferramentas de comunicação do ambiente Moodle são o fórum de discussões, as mensagens


privadas e o Chat. Elas apresentam um diferencial com relação a outros ambientes, pois não há
ferramenta de e-mail interna ao sistema. Ele utiliza o e-mail externo (padrão) do participante.
Entretanto, ao acessar o perfil de outro usuário da plataforma existe a possibilidade de enviar uma
mensagem direta a ele, estabelecendo assim uma comunicação privada. Outro diferencial é que a
ferramenta fórum permite ao participante enviar e receber mensagens via e-mail externo padrão.

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O participante tem a facilidade de cooperar com uma discussão a partir do seu próprio
gerenciador de e-mails.

As ferramentas de avaliação disponíveis no Moodle são: avaliação de curso, pesquisa de opinião,


questionário, tarefas e trabalhos com revisão. As ferramentas permitem, respectivamente, a
criação de avaliações gerais de um curso, pesquisas de opinião rápidas, ou enquetes, envolvendo
uma questão central, questionários formados por uma ou mais questões (10 tipos diferentes de
questões) inseridas em um banco de questões previamente definido, disponibilização de tarefas
para os alunos onde podem ser atribuídas datas de entrega e notas e por fim trabalhos com
revisão onde os participantes podem avaliar os projetos de outros participantes e exemplos de
projeto em diversos modos.

As ferramentas de administração, apresentadas ao tutor do curso, na lateral esquerda da tela de


curso, permitem controle de participantes - alunos e tutores como inscrições e upload de lista de
alunos, backups e restore de cursos; acesso aos arquivos de logs, logs da ultima hora,
gerenciamento dos arquivos dos cursos, disponibilização de notas, etc.

O Moodle é um dos ambientes virtuais de aprendizagem que apresenta uma gama de recursos
incluindo uma extensa variedade de formas de avaliação. Mesmo assim a instalação e a
manutenção da plataforma podem ser feitas com uma pequena equipe ou até mesmo uma
pessoa, mesmo para ambientes com um grande número de usuários. A figura 12 mostra todos os
módulos disponíveis na plataforma Moodle e o mecanismo de controle de recursos.

Figura 12 – Módulos da plataforma Moodle.

Devido a uma interface leve e customizável, a plataforma Moodle é altamente escalável e o seu
sistema modular, permitindo facilmente a inclusão e exclusão de módulos a partir da instalação
inicial. Dentre as funcionalidades e características do Moodle podemos citar:

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• Capacidade de ser instalado em plataformas Unix, Linux, Windows, Mac OS X,
Netware e qualquer outro sistema que suporte PHP;

• Projetado de forma modular, e permite uma grande flexibilidade para adicionar,


configurar ou remover funcionalidades, em vários níveis;

• Atualização simplificada de uma versão para outra mais recente: possui uma
sistemática interna que permite fazer atualização de suas bases de dados e reparar-se
automaticamente;

• Necessidade de apenas um banco de dados (que pode ser compartilhado com outras
aplicações, se necessário);

• Gerenciado por um “administrador”, definido durante a instalação inicial;

• Layout geral facilmente alterado a partir de temas pré-configurados;

• Módulos e plug-ins podem ser adicionados a partir de sua instalação inicial;

• Pacote para linguagem português-Brasil disponível, além de mais 40 outros idiomas,


se necessário;

• Código fonte do programa pode ser alterado para adaptar-se às necessidades, por
tratar-se de código aberto (software livre – GPL);

• Autenticação é feita por módulos plug-in, permitindo fácil integração com sistemas já
existentes na organização;

• Autenticação pode utilizar um banco de dados externo;

• Professores podem ter seus privilégios editados.

Esse texto não é um tutorial completo sobre a plataforma Moodle. O próprio site oficial da
plataforma é um curso sobre Moodle, contém uma excelente documentação para usuários e para
administradores e instruções para desenvolvedores. As comunidades Moodle, em cada país,
atuam de forma colaborativa para enriquecer as funcionalidades do sistema e o conteúdo da
documentação.

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