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A Doutrina Secreta da Kabbalah – Parte 8

Fundamentos Teóricos

A Doutrina Hebraica Secreta do Filho

O Significado Esotérico do Sh'ma


Como a principal mensagem da tradição esotérica judaica permaneceu
notavelmente constante por sua longa história, assim também seu principal método
de transformação espiritual: a prece mística, um entendimento de seu propósito
oculto que foi passado de professor para iniciado em conjunto com a cosmologia
cujo objetivo era para ser alcançado.
A prece tem um sentido, para aqueles instruídos apenas na tradição exotérica
haláquica, diferente daquele peculiar aos que o aprendizado permite ler a
mensagem oculta nelas.
Mas esses significados diferentes são particularmente verdadeiros no cerne das
preces matutina e vespertina; refiro-me à afirmação do Sh'ma cujas palavras Israel
deve repetir duas vezes por dia.
Veremos que, como a mensagem central da tradição esotérica judaica é a
derradeira unificação do humano com o divino, assim também se apresenta o
significado esotérico do Sh'ma, a principal afirmação do Judaísmo com a qual a
cosmologia e a prática espiritual são unidas.
O significado esotérico do Sh'ma aparece com destaque no Zohar e é
consistentemente repetido ao longo da história recente da Kabbalah, confirmando
não apenas uma simples união divina, mas uma unificação divina, Yichud.
Esse Yichud envolve um Deus concebido femininamente, imanente em
multiplicidade, YHVH Elohaynu, e um Deus gerado de forma masculina,
transcendente e além de qualquer qualificação, YHVH.
Afinal, Elohaynu, normalmente traduzido pela forma qualificada de "nosso Deus", é
também o plural do nome divino Elohim.
O Zohar expressa isso na afirmação: "Este é o mistério de: 'Escuta ó Israel, Deus é
nosso Senhor, Deus é Um' (...) O mistério é que os dois estão unidos como um".

Esse significado é mais claramente transmitido por meio da seguinte tradução do


Sh'ma:
Escuta, [ó] Israel, YHVH nosso Deus [e] YHVH [são] um. Independentemente de
entendermos a distinção entre as divinas imanência e transcendência como formas
de geração diversas, ou de diferenças de gênero, a tradição esotérica que
desenvolveu tal distinção deve ter certamente precisado afirmar sua enorme crença
na unidade subjacente a essas duas formas de divindade.
Assim, não há razão para não aceitar que a revelação medieval desse significado
esotérico não se relacione à sua formulação original no Deuteronômio.
Mas, em vista das análises anteriores, caracterizando a participação de Israel nessa
unificação, gostaria de sugerir um entendimento ainda mais profundo dessas
palavras:
Escuta: Israel, YHVH nosso Deus, [e] YHVH [são] um.
Essa interpretação introduziria o mistério central do destino cósmico de Israel na
afirmação primeira de seu credo: sua função divinamente atribuída de unificar a
transcendência divina com sua imanência e assim alcançar sua própria divinização.
Esse entendimento do Sh'ma como uma unificação tríplice das divinas imanência e
transcendência com a necessária participação de Israel também parece ser
sugerido no Zohar. Aparece na seção mais recôndita da porção "Terumah" do
Êxodo, que reafirma a associação entre essa cosmologia de unificação divina e o
centro da vocação sacerdotal, o Santuário:
No tempo em que Israel proclama a unidade — o mistério contido no Sh'ma — com
intenção perfeita (...) o Esposo fica pronto para entrar no dossel a fim de unir-se à
Matrona. Portanto, proclamamos em alto e bom som: "Escuta, ó Israel; prepara-te,
pois teu Marido veio para receber-te".
E também dizemos: "O Senhor nosso Deus, o Senhor é Um", que significa que os
dois estão unidos em um, em uma união perfeita e gloriosa, sem nenhuma falha
que possa frustrá-la (...) Abençoado é o povo que percebe essas coisas, orientando
suas preces de acordo com esse mistério da Fé! (...) Assim como Ele une-se acima
de acordo com seis aspectos, Ela une-se abaixo conforme outros seis aspectos, de
tal forma que a unidade possa ser completa, tanto acima quanto abaixo, como está
escrito: "O senhor será Um, e seu Nome Um" (Zc 14:9): seis palavras acima —
Shema Israel YHVH Elohenn YHVH ehad, correspondendo aos seis aspectos; e seis
palavras abaixo — baruk shem kabod malkuto le 'olam waed (abençoado seja o
nome (...) ) — correspondendo aos outros seis aspectos (...) O Sagrado Um,
abençoado seja Ele, que é Um acima, não assume Seu lugar no Trono de Glória até
que Ela tenha entendido o mistério do Um de acordo com sua essência de Unidade,
para ser Um em Um.'

O Zohar aqui, identifica Israel com a Shekinah como a Noiva do Sagrado Um,
abençoado seja Ele.
Indica claramente que há duas unificações acontecendo no Sh'ma, de Israel com
YHVH Elohaynu e de YHVH Elohaynu com YHVH, a primeira, unificação de
identidades, e a última, de diferenças.
A identificação de Israel com a Shekinah é um conceito kabbalistico mais
generalizado, já que ambos são vistos como diferentes aspectos da sefirah Malkhut,
a sefirah mais inferior e receptáculo final do Diagrama da Árvore da Vida.
Essa identificação é o centro do entendimento místico da prece de Israel que
expressa o anseio da Shekinah pela unificação com o Sagrado Um, abençoado seja
Ele.
Essa passagem do Zohar também esclarece outros aspectos do Yichud divino.
Explica a famosa declaração de Zacarias — "O Senhor será Um e seu Nome Um" —,
tornando claro que, quando se faz referência ao "Nome" de Deus, isso é sempre
entendido esotericamente como referência a Shekinah, mostrando como essa
declaração pode ser interpretada como uma chave para o Sh'ma.
Mostra também que a inserção litúrgica de "Abençoado seja o Nome de Glória de
seu Reino para todo o sempre", em seguida às seis palavras do Sh'ma, tem o
propósito de revelar o significado esotérico do Sh'ma nas orações, envolvendo uma
unificação divina do masculino com o feminino.
Essa referência a Shekinah, ela, que se entende por nome, Glória e Reino
(Malkhut), seria apropriada apenas se as palavras precedentes a Sh'ma fossem
esotericamente entendidas implicando um Yichud envolvendo Shekinah, o que a
unidade proclamou ser uma unificação.
Podemos deduzir que esse Yichud era entendido como tríplice por causa da fórmula
que introduz a terceira bênção do Amidah depois do Kedushah: "Tu és santo e Teu
Nome é santo, e seres santos louvam-te diariamente, para sempre".
Os seres santos que dividem com Deus e Seu Nome o divino atributo de santidade
podem ser identificados com os anjos que executam o Kedushah celestial, uma
concepção que aparece em todas as visões posteriores do Trono que derivam dessa
tradição sacerdotal.
Entretanto, são vistos como os executores humanos do Kedushah, aqueles que
recitam essas palavras durante seus serviços devocionais terrenos e que, por isso,
se tomam Kedushim, os Santos celestiais que representam a forma final de suas
transfigurações, como Metatron simbolizou a figura transfigurada de Enoch.
Então, executando o Kedushah terreno, o celebrante tem uma experiência de
unificação com o coro celestial em louvor ao Sagrado Um, abençoado seja Ele, pela
qual é preenchido com mesma santidade que é a promessa dessa bênção "para
sempre".
Outra indicação do coração esotérico do Judaísmo normativo é dada na prece com a
qual o devoto introduz suas várias bênçãos.
Isso, na versão mais condensada, pode ser traduzido como: "Veja, estou pronto e
preparado para cumprir o Mandamento [Mitzvah] de pela unificação [Yichud] do
Sagrado Um, abençoado seja Ele, e Sua Shekinah por meio daquilo que está
escondido e velado em nome dc toda Israel".

Aqui, novamente, podemos verificar uma unificação tríplice do Sagrado Um,


abençoado seja Ele, a Shekinah e a comunidade de Israel.
De fato, diz-se que essa unificação só é possível por meio de alguma coisa
escondida e velada em nome de Israel, entendido aqui em seu sentido místico da
comunidade de almas justas.
O que essa alguma coisa poderia ser parece estar revelado na primeira definição do
nome Israel: "Como um príncipe, lutaste com Deus e com os homens, e
prevaleceste" (Gn 32:28).
Como mostrado anteriormente, o nome Israel significa um "príncipe de Deus" que
pode exercer seu poder derivado de Deus e assim prevalecer.
O Israel místico é, portanto, a comunidade daquelas almas que sobressaíram,
suplantando todos os impedimentos à sua evolução espiritual enquanto aumentava
seu poder até chegar à Terra prometida da salvação, uma unificação Com o divino
que também é uma unificação Do divino — a masculinidade e feminilidade divinas,
sua transcendência e imanência — por meio deles e neles.
Na cosmologia de Luria, todo o propósito da criação e definição do Tikkun é a
transformação da unidade divina inefável em um Partzufim múltiplo, um processo
que requer o serviço espiritual do homem.
Porém, uma evidência de uma futura função humana nesse Tikkun pode ser
encontrada mais detalhadamente em uma citação do Zohar, a qual afirma que a
mais importante dessas Partzufim, o filho divino Ze'ir Anpin, nasce duas vezes.
[A atribuição desse conceito ao Zohar certamente envolve um salto interpretativo
por parte de Luria ou Vital.
Há duas referências nessa página zohárica que, separadas ou juntas, podem ter
oferecido a semente dessa idéia.
A primeira refere-se ao período entre a meia-noite e o alvorecer e ao coro angélico
que preside esse período: "Então, aquele 'jovem' que mama em sua mãe levanta-
se para purificá-los e entra para ministrar. Esse é o momento de favor quando a
Matrona conversa com o Rei, e o Rei cede [65a] uma linha de bênçãos envolvendo
a Matrona e tudo o que estiver junto dela. Estes são aqueles que estudam a Torah
à noite, depois da meia-noite" (V, 55). O "jovem" aqui mencionado pode referir-se
a Ze'ir Anpin, bem como à sua clara associação verbal com Metatron, e a seqüência
da amamentação desse "jovem" pela Imma-Matrona e sua conversa "sexualmente
entendida" com Abba-Rei refere-se a uma segunda ou nova concepção daquele
mesmo "jovem", apesar de essa sugestão estar longe de ser dada explicitamente.
Logo depois, a concepção cósmica é relatada em três ou quatro estágios:
R. Eleazar, então, pediu a seu pai para explicar-lhe o nome EHYEH ASHER EHYEH
(Eu sou o que Eu sou).
Ele disse: 'Este nome é bem compreensível [65b](...) Primeiro veio Ehyeh (Eu
serei), o útero escuro de tudo. Depois, Asher Ehyeh (que Eu sou), indicando que a
Mãe está pronta para procriar tudo. Então, depois que a criação tinha começado,
veio o nome Ehyeh sozinho, como dizendo: Agora eu virei e tudo prepararei.
Finalmente, quando tudo tinha sido criado e colocado em seu lugar, o nome Ehyeh
é abandonado e teremos YHVH (Ibid.,15) um nome individual indicando
confirmação" (V, 56-57).
O uso de dois nomes diferentes para traduzir Criação, Ehyeh e YHVH, sugere
novamente uma seqüência de duas ordens diferentes do que é criado.
Aquela representada por YHVH sugere claramente o Partzuf de Ze'ir Anpin
associado na Arvore com esse nome divino "individual" ou pessoal.
E esse produto culminante da criação é precedido pelo produto preparatório menos
individualizado representado por Ehyeh, dependente "de a mãe estar pronta para
procriar tudo".
Essa declaração surpreendente da natureza feminina da Criação divina poderia
referir-se aos conceitos luriânicos que discutiremos em texto posterior, das "águas
femininas" mayim nukvah, que precisam ser levantadas para que a unificação
"Yichud" aconteça, ou a primeira concepção mental de Imma do Ze'ir Anpin
andrógino.
Mas é difícil encontrar nessa passagem uma referência a um período intermediário
de amamentação entre as duas etapas de gestação de Ze'ir Anpin no útero de
Imma.
Assim, esse conceito radical parece ter sido originado com Luria, mesmo que ele
tenha atribuído sua fonte ao Zohar ou que seja inspirado por essas passagens.]

Como explica Chayim Vital em seu Etz Chayinz, há três curiosos estágios na
maturação de Ze'ir Anpin: depois de sua primeira gestação no útero de Imma e de
um período de amamentação, há o retorno para uma segunda gestação:
E agora explicaremos o que diz o Zohar no capítulo Acharei Mot, p.65: "Depois que
ele [Ze 'ir Anpin] acabou a amamentação, entra em um segundo período de
gestação". Ze' ir Anpin retorna ao útero de Imma para conseguir seu cérebro,
mesmo que já tenha completado para si um total Partzuf de seis sefirot durante a
amamentação. E para que não fique surpreso com a idéia de uma segunda gravidez
[de Imma] depois do período de amamentação, não diga: "De minha carne verei
Deus"

O que é mais interessante a respeito da circunstância "surpreendente" na segunda


gravidez de Imma é que, simbolicamente, está sendo representado o processo
humano de renascimento espiritual, trazendo isso uma identificação entre este e o
duplo nascimento do Partzuf do filho.
Como reconheceu acertadamente Aryeh Kaplan, "o homem é a contraparte de Ze'ir
Anpin".
Mas o que Luria e qualquer outro kabbalista nunca disseram é precisamente essa
implicação do processo cósmico, que as múltiplas Partzufim são as personalidades
dadas à essência divina identificada com Tiferet por aqueles adeptos humanos que
formam a comunidade mística de Israel, Klal Yisrael, aqueles que, pelo
cumprimento da aliança, atingiram o nível da filiação divina.
Esse filho divino, que combina em sua própria natureza as formas transcendentes e
imanentes do divino e que dota essa síntese com sua própria personalidade
purificada, pode finalmente ser identificado com a forma superna do filho divino.
Apesar de essas implicações derradeiras estarem ocultas, podemos dizer que a
cosmologia de Luria completou a longa história dessa doutrina esotérica judaica
revelando o maior propósito da criação.
Esse significado oculto não se resume ao fato de que o filho divino representa a
unificação do humano com o divino, mas que, adquirindo essas múltiplas
personalidades divinas por meio da evolução cósmica, culminará em um homem
espiritualmente perfeito que traduz a materialização do espírito divino.
Todo o processo cósmico foi dirigido à gênese dessa criança cósmica divina.

Essa, então, é a gnose secreta que envolveu a religião hebraica desde a fundação,
a essência oculta de sua tradição esotérica ao longo dos milênios e a fonte da
vitalidade permanente do Judaísmo.
Por mais escondida que estivesse, os textos e mestres também estavam lá,
capazes de satisfazer os buscadores sérios e infundir devoção comunitária com
reformulações sempre novas de seu conteúdo místico.
Com ou sem a apropriada kavanah, os serviços devocionais e outras observâncias
ritualísticas conduzem um poder que toca e transforma a alma.
Os textos bíblicos e místicos sussurram significados que podem, posteriormente,
instruir a alma a respeito da natureza e do propósito de suas experiências,
capacitando-a finalmente a "escutar" a mensagem secreta da criação:
Sh'ma: Yisrael, YHVH Elohaynu, YHVH — echad! Escuta: Israel, YHVH Elohaynu, [e]
YHVH [são] um!

Continua

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