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Peça Profissional VI

Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se
encantou.

Após um bate-papo informal e troca de beijos, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local
trocaram carícias, e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Felipe.

Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas
redes sociais.

No dia seguinte, Felipe, ao acessar a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência
adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Felipe ficado em choque com essa constatação.

O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte
do Ministério Público Estadual, pois o pai de Ana, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial,
narrando o fato.

Por Ana ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público
Estadual denunciou Felipe pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A,
na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no
regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da
embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.

O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito
Santo, local de residência do réu.

Felipe, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade.

Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que
tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos.

As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para
sair com as amigas.

As testemunhas de defesa, amigos de Felipe, disseram que o comportamento e a vestimenta da Ana eram
incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa
maior de 14 (quatorze) anos, e que Felipe não estava embriagado quando conheceu Ana.

O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Ana, por ser muito bonita e por estar bem vestida.
Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas
maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade,
de forma espontânea e voluntária por ambos.

A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o
primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual.

O Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos termos da denúncia.

A defesa de Felipe foi intimada no dia 10 de abril de 2014 (quinta-feira).

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima,
redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus,
sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0)
Padrão de Resposta / Espelho de Correção

O examinando deve redigir alegações finais na forma de memoriais, com fundamento no art. 403, § 3º, do
Código de Processo Penal, sendo a petição dirigida ao juiz da XX Vara Criminal de Vitória, Estado do Espírito
Santo. Conforme narrado no texto da peça prático-profissional, o examinando deveria abordar em suas
razões a necessidade de absolvição do réu diante do erro de tipo escusável, que colimou na atipicidade da
conduta. Conforme ficou narrado no texto da peça prático-profissional, o réu praticou sexo oral e vaginal
com uma menina de 13 (treze) anos, que pelas condições físicas e sociais aparentava ser maior de 14
(quatorze) anos.
O tipo penal descrito no artigo 217- A do CP, estupro de vulnerável, exige que o réu tenha ciência de que
se trata de menor de 14 (quatorze) anos. É certo que o consentimento da vítima não é considerado no
estupro de vulnerável, que visa tutelar a dignidade sexual de pessoas vulneráveis. No entanto, tal reforma
penal não exclui a alegação de erro de tipo essencial, quando verificado, no caso concreto, a absoluta
impossibilidade de conhecimento da idade da vítima. Na leitura da realidade, o réu acreditou estar
praticando ato sexual com pessoa maior de 14 (quatorze) anos, incidindo, portanto, a figura do erro de
tipo essencial, descrita no artigo 20, caput, do CP. Como qualquer pessoa naquela circunstância incidiria
em erro de tipo essencial e como não há previsão de estupro de vulnerável de forma culposa, não há outra
solução senão a absolvição do réu, com base no artigo 386, III, do CPP.
Por sua vez, o examinando deveria desenvolver que no caso de condenação haveria a necessidade do
reconhecimento de crime único, sendo excluído o concurso material de crimes. A prática de sexo oral e
vaginal no mesmo contexto configura crime único, pois a reforma penal oriunda da lei 12.015/2009 uniu as
figuras típicas do atentado violento ao pudor e o estupro numa única figura, sendo, portanto, um crime
misto alternativo. Prosseguindo em sua argumentação, o examinando deveria rebater o pedido de
reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, pois não foram produzidas provas no sentido
de que Felipe se embriagou com intuito de tomar coragem para a prática do crime, também indicando a
presença da atenuante da menoridade. Por fim, por ser o réu primário, de bons antecedentes e por existir
crime único e não concurso material de crimes, o examinando deveria requerer a fixação da pena-base no
mínimo legal, com a consequente fixação do regime semiaberto.
Apesar do crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como infração hedionda na
lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei,
sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em
concreto e não o preceito em abstrato. Assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena será fixada
em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a
melhor solução para o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes
com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso.
Ao final o examinando deveria formular os seguintes pedidos:
a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade;
Diante da condenação, de forma subsidiária:
b) Afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único.
c) Fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a
incidência da atenuante da menoridade.
d) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alínea “b”,
do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/90.
Por derradeiro, cabe destacar que o texto da peça prático-profissional foi expresso em exigir a
apresentação dos memoriais no último dia do prazo. Considerado o artigo 403,§ 3º, do CPP, o prazo será
de 5 (cinco) dias, sendo certo que o último dia para apresentação é o dia 15 de abril de 2014.

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