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CARDIAC ARRITHMIAS
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Docentes. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. 2Médico Assistente. Hospital das Clínicas
da Faculdade Medicina de Ribeirão Preto - USP.
CORRESPONDÊNCIA: Prof. Dr. Antonio Pazin Filho. Centro de Estudos de Emergências em Saúde - Unidade de Emergência – HCFMRP-USP.
Rua Bernardino de Campos, 1000. Ribeirão Preto – SP. CEP: 14015-030. e-mail: apazin@fmrp.usp.br
PAZIN FILHO A; PYNTIÁ JP & SCHMIDT A. Distúrbios do ritmo cardíaco. Medicina, Ribeirão Preto, 36:
151-162, abr./dez. 2003.
RESUMO - São revisados conceitos fundamentais para o tratamento dos distúrbios do ritmo
cardíaco na sala de urgência. O tratamento das taquicardias, das bradicardias e, em particular,
da fibrilação e do flutter atrial é revisto em maior detalhe devido a sua prevalência.
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Pazin Filho A; Pyntiá JP & Schmidt A
compreende grande variedade de medicamentos com são ocasionadas por hipoxemia. Nessas situações, a
mecanismos de atuação distintos, mas que apresen- conduta deve visar corrigir a causa básica (choque,
tam característica comum: pró-arritmia(1). Trata-se da hipoxemia, etc), e não o distúrbio de ritmo cardíaco, o
capacidade dessas medicações de induzir distúrbios que poderia até ser prejudicial, na maioria dos casos.
do ritmo cardíaco. Em outras palavras, sempre que A Tabela I classifica os distúrbios do ritmo cardíaco
utilizarmos uma medicação antiarrítmica, existe po- como causas cardíacas e não cardíacas, para auxílio
tencial não desprezível de que ela possa induzir novo no diagnóstico diferencial.
distúrbio do ritmo cardíaco, ou agravar o até então Por todo o exposto, deve-se, sempre, excluir que
vigente. Se estivermos utilizando a medicação, num o distúrbio do ritmo cardíaco não seja secundário a
contexto em que o distúrbio do ritmo cardíaco seja outra afecção. Na maioria dessas situações, a corre-
responsável pelo quadro clínico do paciente, ou tenha ção do fator precipitante corrigirá, também, o distúrbio
o potencial de evoluir para situação mais crítica, esse do ritmo cardíaco sem que sejam necessárias outras
risco se justifica. Numa situação reversa, estaremos medidas ou incluídas as medicações antiarrítmicas.
submetendo o paciente a risco considerável, que au- A principal complicação de um distúrbio do rit-
menta, exponencialmente, ao associarmos duas medi- mo cardíaco é a diminuição do débito cardíaco efeti-
cações antiarrítmicas. vo, diminuição que pode ser sentida em diversos siste-
Frente a tais considerações, cabe a pergunta mas, sendo que quatro deles adquirem importância
de quando atribuir a um distúrbio do ritmo cardíaco os fundamental, por implicarem em maior morbimortali-
sintomas apresentados pelo paciente. É uma pergunta dade (Tabela II). A presença desses sintomas e de
de difícil resposta, haja vista o grande espectro de sinais de hipoperfusão aponta para a gravidade do
apresentação clínica desses distúrbios, como, por quadro clínico e alerta o médico para a conduta rápi-
exemplo, palpitações, serem ocasionados, também, por da. Esses sinais acontecem quer nas taquicardias quer
outros distúrbios. Outro complicador importante é o nas bradicardias. No contexto das taquicardias, a con-
fato de que várias entidades clínicas podem ocasionar duta é direcionada para a cardioversão elétrica, en-
alterações do ritmo cardíaco. Como exemplos, perda quanto que, nas bradicardias, é mandatória a coloca-
sangüínea aguda ou situações de choque podem oca- ção de marca-passo transcutâneo provisório, até que
sionar taquicardia sinusal reacional, enquanto bradi- se estabeleça acesso venoso para implantação do
cardia com graus variados de bloqueio atrioventricular marca-passo transvenoso.
C a u sa s C a rd í a c a s C a u sa s E x t ra c a rd í a c a s
- Insuficiência coronariana aguda (IAM) - Aumento d e cateco laminas end ó genas: d o r, ansied ad e,
- Miocardites agitação , feb re, anemia.
- Endocardite bacteriana; abscessos miocárdicos - Hip o xemia
- Pericardite aguda - Distúrb io s hid ro eletro lítico s
- Lesão miocárdica traumática - Distúrb io s acid o b ásico s
- Miocardiopatias (Doença de C hagas) - S e p se
- Esclerose do sistema de condução - Hip o termia
- Doenças do colágeno - Ho rmo nais (hip o o u hip ertireo id ismo )
- Limitação crônica do fluxo aéreo (DPO C ) - N eo p lasias: intracraniana, med iastinal
- Anomalias congênitas - N euro ló gicas: vago to nia, reação vaso vagal, trauma, AVC ,
p o lirad iculo neuro p atias.
- Med icamento sas: d igitálico s, xantinas, anfetaminas, lítio ,
feno tiazid as, antid ep ressivo s, aminas vaso ativas, etc.
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Distúrbios do ritmo cardíaco
Alteração do nível de consciência nos mais variados graus, desde confusão mental
1. Sistema N ervoso C entral
até coma.
Dispnéia de repouso, de grau leve até edema agudo de pulmão. Ao exame físico,
3. Pulmões
podem ser identificados estertores em bases pulmonares.
É natural que o sistema cardiovascular procure te que, para muitos pacientes, essa pode ser a única
se adaptar frente à alteração hemodinâmica, decor- oportunidade de se documentar o distúrbio para que,
rente de distúrbio do ritmo cardíaco. A integridade desse fora da crise, possa ser avaliado pelo especialista e
sistema é de fundamental importância no quadro clíni- possibilitar o tratamento adequado. Por exemplo, pa-
co. Embora a bomba cardíaca tenha papel fundamen- cientes com taquicardia supraventricular, decorrente
tal no processo, a adaptação envolve outros compo- da existência de um feixe anômalo de condução, po-
nentes do sistema, como a resistência vascular perifé- dem se queixar freqüentemente de palpitações, mas
rica, determinada pelo tônus vascular. Essas adapta- nunca terem tido oportunidade de documentar, num
ções podem ser responsáveis pela apresentação oli- eletrocardiograma, a taquicardia. Essa documentação
gossintomática de alguns pacientes e, de fundamental pode limitar a investigação, muitas vezes, morosa e
importância, podem ser influenciadas pela medida te- invasiva, a que tais pacientes poderiam, eventualmen-
rapêutica empregada, principalmente a de caráter te, ser submetidos.
farmacológico. Vários antiarrítmicos afetam a resis- A documentação do distúrbio do ritmo pode ser
tência vascular periférica (exemplo: bloqueadores dos efetuada pelo eletrocardiograma de doze derivações.
canais de cálcio) ou o inotropismo cardíaco (exemplo: Em alguns casos, a utilização de derivações especiais,
betabloqueadores). Portanto, deve-se considerar o como a derivação de Lewis e Golub, ou mesmo, a
estado do sistema cardiovascular e as possíveis adap- derivação transesofágica podem ser empregadas, se
tações que se encontram em curso para a escolha da o paciente se mantiver estável (Figura 1). Recursos
intervenção terapêutica. Em situações emergenciais, adicionais, como o aumento da velocidade do eletro-
a avaliação da integridade do sistema cardiovascular cardiógrafo ou o aumento da amplitude dos comple-
pode ser limitada, haja vista a impossibilidade de se xos, podem favorecer a interpretação (Figura 2).
obter exames de maior complexidade. Não se deve Algumas considerações, ainda, devem ser fei-
menosprezar, no entanto, a contribuição da anamnese tas quanto ao emprego das medicações antiarrítmi-
e do exame físico. Pacientes com história e sinais clí- cas. Para cada medicação a ser feita, deve-se sem-
nicos de insuficiência cardíaca, antecedentes de infarto pre considerar: quando fazer (indicação), como fa-
agudo do miocárdio ou miocardiopatias, apresentam, zer (farmacocinética e farmacodinâmica), porque está
provavelmente, menor capacidade de adaptação e sendo feita (mecanismo de ação) e atenção com os
devem ser conduzidos com maior cuidado. efeitos deletérios. Na Tabela III, pode-se encontrar,
Paralelamente à definição da etiologia e do grau de modo resumido, as principais medicações antiar-
de acometimento do distúrbio do ritmo cardíaco, outra rítmicas, de acordo com os citados princípios. Na ela-
preocupação deve ser a de documentá-lo o melhor boração da tabela, utilizou-se a apresentação disponí-
possível(2). É claro que, frente às situações emergen- vel na farmácia da U.E. – HCFMRP-USP.
ciais, em que o paciente apresenta qualquer dos sinto- A abordagem geral dos distúrbios do ritmo car-
mas listados na Tabela II, a documentação pode ser díaco pode ser encontrada na Figura 3, seguida de
limitada ou proibitiva. No entanto, deve-se ter presen- comentário mais detalhado de cada uma das situações.
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Pazin Filho A; Pyntiá JP & Schmidt A
A Lewis B Galop C
Braço D Braço D
AE
Braço E
Braço E
Transesofágica
Figura 1 - Derivações não convencionais para diagnóstico dos distúrbios do ritmo. A e B - Derivações de Lewis e Galop - Constituem-
se na colocação dos cabos da derivação D1 do eletrocardiograma nos pontos demonstrados na figura. C - Derivação esofágica
– a colocação de um eletrodo no esôfago, permite melhor documentação da atividade atrial, devido à proximidade com o átrio
esquerdo.
Velocidade 25 mm/s N
Velocidade 50 mm/s 2N
Figura 2 - Traçados eletrocardiográficos, na derivação D2, obtidos do mesmo paciente. No traçado inferior, aumentou-
se a velocidade do papel e a amplitude dos complexos, permitindo a identificação de onda f (setas), do flutter atrial
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Distúrbios do ritmo cardíaco
ADENOSINA TSV estável - 6 mg ev em bolus rápido - Diminui a condução através do - Efeitos colaterais: rubor facial, tosse, dispnéia,
- Caso não haja resposta, repetir NAV broncoespasmo
12 mg em 1 a 2 min após a - Interrompe distúrbios do ritmo, - Efeitos são transitórios
primeira dose dependentes de vias de reentrada, - Evitar em pacientes com asma
- Dose total - 30 mg que envolvam o NAV. - Não é eficaz nos pacientes em uso de
- Cada dose deve ser seguida de metilxantinas.
20 ml de solução salina ev rápido
Apre s e ntação
- ampolas de 6 mg/2ml
AMIODARONA TV Ataque - Diminui a condução através - Hipotensão arterial é o principal efeito colateral
TSV - PCR - 300 mg ev em bolus, segui- do sistema His- Purkinje e de - Bradicardia (pode necessitar de marca- passo)
FA/Flut t er dos de 20 ml de SF; considerar feixes anômalos - Precipita em meio básico
FV/TV sem pulso 150 mg após 15 min se não houver - Inibe receptores alfa e beta - Diminui o metabolismo da digoxina e da warfarina
reversão adrenérgicos e possui proprie- - Efeito aditivo com outras medicações que
- Fora da PCR - 150 mg diluídos dades vagolíticas e de bloquea- prolongam o QT: antiarrítmicos Classe IA,
em 100 ml, infundidos em 15 dores de canais de cálcio fenotiazínicos, tricíclicos, tiazídicos e sotalol
min; pode ser repetido a cada - Aumenta a duração do potencial
15 min até conversão do ritmo. de ação em todo o te cido cardíaco
M anute nção - No nó sinusal - reduz a FC, dimi-
- 1 mg/ min nas primeiras 6 h, nui a condução para o nó AV
seguido de 0,5 mg/min nas e diminui a resposta ventricular
18 h consecutivas
Dos e máxima diária - 2,2 g
Apre s e ntação
- 150 mg/ 3 ml; ampolas
ATROPINA Bradicardias - PCR - 1mg a cada 3 a 5 min - Aumenta a FC por acelerar a - Não utilizar doses menores do que o recomen-
sintomáticas - Fora da PCR - 0,5 a 1 mg a descarga do NSA e bloqueio dado (efeito paradoxal)
PCR por assistolia cada 3 a 5 min vagal - Taquicardia, TV e extra- sístoles
e AESP com ritmos Dos e máxima: - Efeito dromotrópico - Cuidado em pacientes isquêmicos e em pacientes
bradicárdicos - 0,03 a 0,04 mg/kg com alto grau de bloqueio AV
Apre s e ntação: - Não atua em corações transplantados
- variável; ampolas de
0,25 mg/1ml (0,5 e 1 mg
na dependência do serviço).
BLOQUEADO- - TSV estável Verapamil - 2,5 a 5 mg ev lento. Pode - Efeito inotrópico e dromotrópico - Bradicardia
RES DOS com função ven- se repetir 5 a 10 mg após 15 a 30 min negativo - Graus avançados de bloqueio AV
CANAIS DE tricular preser- da primeira dose até um total de 20 - Diminui a demanda miocárdica - Insuficiência cardíaca; choque cardiogênico;
CÁLCIO vada mg de oxigênio hipotensão arterial
DIGITAL - Controle de fre- De s lanós ido - Inotrópico positivo - Toxicidade - distúrbios gástricos e visuais
qüência em paci- - 0,8 a 1,6 mg em 4 doses - Diminui a condução através do (distorção da percepção de cores)
entes com FA e fracionadas NAV - Toxicidade aumentada em pacientes com distúrbio
f lut t er atrial Apre s e ntação eletrolítico (hipo ou hiperpotassemia e hipoma-
- TSV - ampolas 0,4 mg/2ml gnesemia)
- Complicações - bradicardia; graus variados de
BAV; intoxicação.
- Redução da dose - cor pulmonale, insuficiência
coronariana, distúrbios eletrolíticos; insuficiência
renal ou hepática; idosos.
- Interação medicamentosa - quinidina; antagonis-
tas de cálcio; amiodarona; espironolactona;trian-
tereno; eritromicina; tetraciclina, medicamentos
q ue imp lic a m e m a ume nt o d a c o nc e nt r a ç ã o
sérica de digital, predispondo à intoxicação
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LIDOCAÍNA - TV estável - TV estável - 1 a 1,5 mg/kg ev em - Inibe o influxo de sódio através - Metabolismo diminuído em pacientes com ICC,
- FV/TV sem pulso bolus; repetir 0,5 a 0,75 mg/kg a dos canais rápidos das células disfunção hepática, choque, idade maior de 70
cada 3 a 5 min se não houver reversão miocárdicas anos, perfusão periférica diminuída e uso de
- FV/TV sem pulso - 1 a 1,5 mg/kg - Diminui a condução em tecidos cimetidina ou betabloqueadores. Nesses pa-
ev em bolus; repetir 1 a 1,5 mg/kg a isquêmicos, com menor influência cientes, a dose de ataque é a mesma, mas a de
cada 3 a 5 min se não houver re- no tecido normal manutenção deve ser diminuída à metade
versão. Pode ser utilizada por cânula - Toxicidade SNC - graus variados de confusão
endotraqueal (dobro da dose ev) mental
- Dose máxima - 3 mg/kg - Contra- indicada em pacientes com graus avan-
M anute nção çados de BAV e Síndrome de Wolf- Parkinson-
- 1 a 4 mg/minuto White
Apre s e ntação
- 100 mg/5ml
MAGNÉSIO - TV polimórfica, in- Ataque - Essencial para várias enzimas - Cuidado em pacientes em uso de digital, com
duzida por drogas, - 1 a 2 gramas em 50 a intracardíacas, que atuam na insuficiência renal crônica, bloqueios atrioven-
mesmo na ausência 100 ml de SG5% em 5 a 60 min condução tricular es pré- existentes
de deficiência de (fora da PCR) ou 1 a 2 g em 10 ml - Deficiência implica em várias - Contra- indicações - depressão respiratória,
de SG5% em bolus (na PCR)
magnésio anormalidades de condução hipocalcemia e hipermagnesemia
M anute nção
- TV polimórfica, in- - 0,5 a 1 g/h. e automaticidade - Sinais de ov erdose - hipotensão, rubor facial,
duzida por deficiên- Apre s e ntação - Suprime a automaticidade mio- bradicardia e graus avançados de BAV,
cia de magnésio - ampolas de sulfato de magnésio cárdica em células parcialmente depressão respiratória, alteração do nível de
- PCR quando dis- 6% (0,6 g/10 ml) despolarizadas consciência, diminuição dos reflexos musculares
túrbio do ritmo e flacidez muscular
apresentado for su-
getivo de Torsades
de Pointes.
PROCAINAMIDA - TSV estável Ataque - Reduz condução atrial, ventricu- - Reduz a dose de manutenção em insuficiência
- Reversão de FA e - 20 mg/ min até: resolução do dis- lar e no sistema de His- Purkinge hepática e renal
f lut t er atrial túrbio de ritmo, hipotensão, alar- - Diminui a automaticidade - Contra- indicações - lúpus eritematoso
- Controle de FC gamento do QRS >50% basal, sistêmico; pacientes com reação de
na Síndrome de dose máxima de 17 mg/kg ter sido sensibilidade à procaína ou outros anestésicos
WPW administrada. à base de ésteres; QT prolongado
- TV estável M anute nção - Interação medicamentosa - amiodarona (meta-
- FV/TV sem pulso - 1 a 4 mg/min bolismo hepático), lidocaína (depressão SNC) e
Apre s e ntação colinérgicos (precipita crises miastênicas em
- ampolas 500 mg/5ml pacientes com Miastenia Gravis)
Propafenona - Reversão de FA e - 1 a 2 mg/kg ev lento a 10 mg/min. - Bloqueia canais rápidos de sódio - Contra- indicações - ICC; doença do NSA;
f lut t er atrial - Estabilização de membrana dos bradicardia severa e BAV de graus avançados;
- Controlar FC e - NÃO DISPONÍVEL NA miócitos hipotensão severa; choque cardiogênico; doença
reversão de FA na FARMÁCIA DA U.E. - HCFMRP - - Diminui a condução através do pulmonar, obstrutiva, crônica
SWPW com fun- USP NAV
ção ventricular - Reduz a condução em vias
preservada acessórias
Sotalol - TSV estável - 1 a 1,5 mg/kg ev lento a - diminui a FC - Contra- indicações: asma; bradicardia e BAV
- TV monomórfica 10 mg/min - diminui a condução através do de grau avançado; síndrome do QT longo
com função ven- - NÃO DISPONÍVEL NA NAV (congênita ou adquirida); choque cardiogênico;
tricular estável FARMÁCIA DA U.E. do - prolonga o período refratário ICC; evidência de hipersensibilidade prévia
- Controlar FC e HCFMRP - USP efetivo das células atriais, ventri- - Evitar em pacientes com hipocalemia e
reversão de FA na culares e das vias acessórias hipomagnesemia - predisposição a TV poli-
SWPW com fun- (quando presentes).
ção ventricular mórfica em pacientes com antecedentes
preservada
- TV polimórfica
com QT normal
AESP - Atividade Elétrica; BAV - bloqueio atrioventricular ; FA - fibrilação atrial; FC - freqüência cardíaca; NAV - nó atrioventricular ; NSA - nó sinoatrial; ; ICC - insuficiência
cardíaca congestiva; PCR - parada cardiorrespiratória; sem pulso SNC - sistema nervoso central; TSV - taquicardia supraventricular; TV - taquicardia ventricular
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Distúrbios do ritmo cardíaco
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CARDIOVERSÃO
INSTÁVEL ELÉTRICA
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Distúrbios do ritmo cardíaco
prévia ao evento, etc) sugerem que o paciente seja e o uso de adenosina endovenosa. Existem diversos
cardiopata e, portanto, a chance de aquela taquicardia tipos de manobras vagais, dentre as quais, a mais co-
de complexo QRS alargado, de origem ventricular, ser nhecida e de utilidade clínica mais documentada é a
muito maior. Em terceiro lugar, está o fato de que, massagem do seio carotídeo. Consiste em estímulo do
muitas das medicações antiarrítmicas, conforme já res- seio carotídeo, inicialmente à direita e, em caso de
saltado, anteriormente, apresentam uma série de efei- insucesso, à esquerda (nunca simultaneamente), no
tos colaterais sobre o sistema cardiovascular. Todas intuito de estimular, via conexões pontinas, o nervo
essas considerações fundamentam a diretriz de que vago, ocasionando diminuição da passagem do estí-
toda taquicardia de complexo QRS alargado, sal- mulo cardíaco através do nó atrioventricular . Antes
vo exceções onde um especialista esteja presente de se tentar a manobra, deve-se auscultar, com cuida-
ou se tenha certeza de que se trata de uma taqui- do, a área, em busca de sopros que indiquem a pre-
cardia supraventricular antidrômica, deve ser sença de obstruções por placas de ateroma. A pre-
conduzida como de origem ventricular. sença de sopro carotídeo implica em risco de trombo-
Após determinar o tipo de taquicardia, o trata- embolismo cerebral, na eventualidade da massagem,
mento, quando o paciente não se apresenta instável, constituindo contra-indicação à mesma. A segunda
poderá ser realizado com medicações antiarrítmicas. técnica é o uso de adenosina endovenosa (Vide Tabe-
Observe, como se pode depreender da Figura 3, que la III). O término da taquicardia frente à qualquer uma
as medicações antiarrítmicas são de uso exclusivo para das duas técnicas implica que o mecanismo de ação
as taquicardias estáveis. Não se utilizam medicações seja o de reentrada. A ausência de resposta, no entan-
antiarrítmicas em situações de bradicardia. to, não descarta a possibilidade.
As taquicardias supraventriculares, geral- Após se determinar o diagnóstico presuntivo
mente, apresentam-se com complexos QRS estreitos. para a taquicardia supraventricular, deve-se escolher
Envolvem uma ampla variedade de arritmias, que são a forma de tratamento. Nos casos estáveis, em que
ocasionadas por dois mecanismos fisiopatológicos dis- não tenha havido reversão com a manobra vagal ou
tintos, cujo reconhecimento é importante para a con- adenosina, o próximo passo é a escolha de uma medi-
duta terapêutica a ser adotada: a reentrada e o au- cação antiarrítmica, que segue os princípios previa-
mento do automatismo(4). mente descritos. Em pacientes com função cardíaca
As taquicardias mediadas por feixe anômalo, preservada, podemos utilizar betabloqueadores, blo-
como a Síndrome de Wolf-Parkinson-White, e a dupla queadores dos canais de cálcio ou amiodarona, en-
via nodal são exemplo de taquicardias supraventricu- quanto que somente esta última pode ser utilizada nos
lares mediadas por mecanismo de reentrada. Geral- pacientes com função deprimida.
mente, são encontradas em pacientes jovens, com As taquicardias ventriculares apresentam
episódios de taquicardia prévios e sem cardiopatia complexos alargados, ao eletrocardiograma. Está sem-
estrutural conhecida. Essas taquicardias podem ser pre implícito que se trata de distúrbios do ritmo car-
interrompidas por manobra vagal e por uso de adeno- díaco potencialmente letais e que devem ser reverti-
sina endovenosa, bem como respondem à cardiover- dos prontamente. Seguindo esse princípio é aceitável
são elétrica. que se opte pela cardioversão elétrica mesmo naque-
A taquicardia atrial multifocal(5) e a taquicardia les casos em que o paciente não apresente critérios de
juncional são exemplos de aumento do automatismo. instabilidade. Pode-se, no entanto, nos pacientes está-
São encontradas em pacientes com cardiopatia estru- veis, realizar tentativa com medicações antiarritmicas.
tural (pós-operatório de cardiopatias congênitas, isque- A escolha do antiarrítmico depende de dois fatores:
mia, etc) ou pneumopatias (Doença Pulmonar Obs- tipo de taquicardia e função ventricular (6).
trutiva Crônica). Não respondem à manobra vagal, Existem dois tipos de taquicardia ventricular: a
adenosina ou cardioversão. Comparativamente ao monomórfica e a polimórfica (Figura 7). A taquicardia
flutter e à fibrilação atrial, são de incidência mais rara. ventricular monomórfica é, geralmente, observada em
Apesar de a história clínica auxiliar na distin- pacientes com cardiopatia estrutural, está freqüente-
ção, em um número não desprezível de casos, a dife- mente relacionada ao mecanismo de reentrada, e res-
renciação eletrocardiográfica é difícil. As técnicas ponde ao uso de antiarrítmicos. Naqueles pacientes
descritas para documentação do distúrbio do ritmo, com função ventricular preservada, pode-se utilizar
previamente descritas, podem ser de grande valia. procainamida, sotalol, amiodarona ou lidocaína, enquan-
Outras duas técnicas podem ser úteis: a manobra vagal to que, naqueles com função deprimida, somente a
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Distúrbios do ritmo cardíaco
BRADICARDIA
NÃO SIM
Seqüência de Intervenção
BAVT ou • atropina 0,5 a 1 mg ev
BAV 2° GRAU TIPO II • marca-passo transcutâneo
• Dopamina 5 a 20 µg/kg/min
• Epinefrina 2 a 10 µg/kg/min
NÃO SIM
RR regular RR irregular
PP regular
5- FIBRILAÇÃO E FLUTTER ATRIAL bolo se alojar. Esse é o mecanismo que pode ser res-
ponsável por casos de necrose de extremidades,
A fibrilação e o flutter atrial quando compara- amaurose, e perda de função renal, entre outros, mas,
dos às situações previamente discutidas, apresentam sem dúvida nenhuma, a complicação mais temível é o
algumas peculiaridades que diferenciam seu tratamen- acidente vascular cerebral isquêmico. Pacientes com
to. São distúrbios do ritmo cardíaco extremamente fibrilação atrial apresentam chance cinco vezes maior
prevalentes na população. Sua presença implica em do que a população em ritmo sinusal, de desenvolver
perda da contração atrial efetiva, proporcionando acidente vascular cerebral isquêmico. Esse risco é
estase sangüínea e a formação de coágulos intracavi- atingido após 48 h da instalação do distúrbio de ritmo,
tários. Os coágulos podem se descolar da parede atrial fato que deve ser considerado no tratamento de paci-
e embolizar para a circulação, ocasionando quadro entes em tal situação.
clínico variável, na dependência do local onde o êm- Esses distúrbios do ritmo cardíaco podem ocor-
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rer em corações estruturalmente normais, mas, na gran- cações que revertam o distúrbio do ritmo para ritmo
de maioria dos casos, instalam-se em pacientes com sinusal. Nesses casos, se o paciente estiver estável, o
cardiopatia estrutural, principalmente valvulopatia objetivo deve ser controle da freqüência e a anticoa-
mitral, e pneumopatia. Frente a tal dado, as conside- gulação. Para tais fins, pode-se utilizar betabloquea-
rações anteriores sobre função ventricular devem ser dores e bloqueadores de canais de cálcio, se a função
mantidas em mente. ventricular for preservada, e digoxina, diltiazem (com
Podem se instalar em pacientes com pré-exci- cuidado!) e amiodarona, caso se encontre deprimida.
tação ventricular (pacientes portadores de feixe anô- Na presença de pré-excitação, deve-se evitar digoxina,
malo de condução, como na Síndrome de Wolf- adenosina, betabloqueadores e antagonistas dos ca-
Parkinson-White) e, nesse caso, em particular, impli- nais de cálcio, restando, como opção, amiodarona,
cam em morbimortalidade elevada, devendo ser cor- flecainide, procainamida, propafenona e sotalol, em-
rigidos, prontamente, com cardioversão elétrica. bora a depressão da função ventricular torne a amio-
Os objetivos do tratamento são: controle da fre- darona a única escolha.
qüência cardíaca, reversão para o ritmo sinusal e pre- Quando a duração da instalação da fibrilação
venção de fenômenos tromboembólicos. Para se ob- ou do flutter atrial for menor do que 48 h, os objetivos
ter tais objetivos, deve-se levar em consideração se o de tratamento passam a incluir a reversão para ritmo
paciente está instável ou não, função ventricular, pre- sinusal. Isso pode ser obtido por cardioversão elétri-
sença de pré-excitação e duração da instalação do ca, que pode ser utilizada independente da função ven-
distúrbio. Pacientes instáveis devem ser submetidos tricular ou da existência de pré-excitação. Se se optar
imediatamente à cardioversão elétrica. Mesmo que por medicações antiarrítmicas, as alternativas são
apresentem risco de fenômenos tromboembólicos, a amiodarona, flecainide, propafenona e procainamide
instabilidade implica em elevada morbimortalidade. (sotalol também é opção nos casos em que exista pré-
Se a duração da instalação do distúrbio do rit- excitação ventricular), quando a função ventricular for
mo for maior do que 48 h, há risco aumentado de fe- preservada. Nos casos de depressão da função ven-
nômenos tromboembólicos, limitando o uso de medi- tricular, as alternativas se restringem à amiodarona.
PAZIN FILHO A; PYNTIÁ JP & SCHMIDT A. Cardiac arrithmias. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 151-162,
apr./dec. 2003.
ABSTRACT - The fundamental concepts for emergency room cardiac arrithmias management
are discussed. The treatment of tachy and bradycardias, as well as atrial fibrillation and atrial
flutter are reviewed in greater detail due to their prevalence.
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